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i
SERGIO DA SILVA LACERDA
PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS NA FASE DE PRÉ-CONSTRUÇÃO EM UNIVERSIDADE PÚBLICA
UTILIZANDO O MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR: ESTUDO DE CASO
CAMPINAS 2013
iii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO
SERGIO DA SILVA LACERDA
PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS NA FASE DE PRÉ-CONSTRUÇÃO EM UNIVERSIDADE PÚBLICA
UTILIZANDO O MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR: ESTUDO DE CASO
Orientador: Prof. Dr. Flávio Augusto Picchi
Dissertação de Mestrado apresentada à Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual da Campinas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil na área de concentração de Arquitetura e Construção.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO OU TESE DEFENDIDA PELO(A) ALUNO SERGIO DA SILVA LACERDA E ORIENTADO PELO PROF. DR. FLÁVIO AUGUSTO PICCHI. ASSINATURA DO ORIENTADOR ______________________________________
CAMPINAS 2013
iv
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
L116p
Lacerda, Sergio da Silva Proposição de melhorias na fase de pré-construção em universidade pública utilizando o mapeamento de fluxo de valor: estudo de caso / Sergio da Silva Lacerda. --Campinas, SP: [s.n.], 2013. Orientador: Flavio Augusto Picchi. Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. 1. Construção civil. 2. Obras públicas. 3. Fluxo de valor. I. Picchi, Flavio Augusto, 1957-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. III. Título.
Título em Inglês: Proposition improvements in pre-construction on public
university using value stream mapping: a case study Palavras-chave em Inglês: Construction, Public building, Stream mapping Área de concentração: Arquitetura e Construção Titulação: Mestre em Engenharia Civil Banca examinadora: Ariovaldo Denis Granja, Ercília Hitomi Hirota Data da defesa: 21-02-2013 Programa de Pós Graduação: Engenharia Civil
vii
AGRADECIMENTOS Primeiramente, gostaria de agradecer e dedicar a realização desse trabalho a minha
querida esposa Jane, por ter me incentivado desde o início e compartilhado todas as
angústias e dificuldades. Graças ao seu apoio e sua compreensão, esse sonho foi
realizado.
Aos meus filhos Guilherme e Eduardo, razões da minha vida.
Ao meu pai (Antonio) e minha mãe (Inês), pois para eles devo minha vida.
Ao amigo e Profº Dr. Evandro Ziggiatti Monteiro pela ajuda na minha indicação para
ingresso e início na pós-graduação da FEC.
Ao o Profº Dr. Ariovaldo Denis Granja por ter participado de minha banca tanto de
qualificação como de defesa, contribuindo com sugestões importantes para melhoria e
aprimoramento do meu trabalho.
Ao Profº Dr. Flávio Augusto Picchi por ter aceitado ser meu orientador e com muita
capacidade e competência me conduziu e ajudou na elaboração da minha dissertação
com profissionalismo, interesse e seriedade.
Por fim agradeço a todos da Coordenadoria de Projetos e Obras da Unicamp em nome
do Engº Eduardo Jamal e da Engª Gabriela Romero pela paciência, ajuda, discussões e
disponibilidade de todas as informações utilizadas, pois sem essa colaboração, seria
impossível a elaboração deste trabalho.
ix
RESUMO
LACERDA, Sergio da Silva. Proposição de melhorias na fase de pré-construção em universidade pública utilizando o mapeamento de fluxo de valor: estudo de caso. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – Universidade Estadual de
Campinas, 2013, Dissertação de mestrado.
Com o crescimento e desenvolvimento da economia nacional brasileira, em detrimento
ao déficit tanto de infraestrutura como de habitação, programas como o do Governo
Federal através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Programa Minha
Casa Minha Vida e também os investimentos sendo feitos por empresas privadas vem
alavancando cada vez mais o setor da construção civil. Um segmento que também
acompanha esse crescimento da economia nacional são as Universidades públicas,
que vem investindo em obras de construções visando à expansão física em virtude do
crescimento da demanda tanto do ensino como da pesquisa e extensão. Na mesma
proporção desse crescimento, os problemas com relação à contratação, execução e
entrega dessas obras, vem sendo bastante questionados, principalmente pelo Tribunal
de Contas da União (TCU). As questões mais comumente apontadas são: falta de
planejamento na concepção inicial, projetos básicos deficientes e problemas nas
licitações. Vários esforços vêm sendo empreendidos com o intuito de mapear esses
problemas, descobrir suas causas e estabelecer soluções. O presente trabalho tem
como objetivo identificar os desperdícios existentes e propor melhorias no processo
administrativo referente à fase de pré-construção em Universidade Pública através do
uso da ferramenta de mapeamento do fluxo de valor (MFV) do conceito Lean Thinking.
A estratégia de pesquisa adotada foi a de estudo de caso, sendo realizado em uma
obra da Unicamp. Como resultado, o MFV adaptado aos fluxos administrativos
proporcionou a avaliação dos resultados obtidos no estudo de caso, com relação aos
principais problemas apontados na revisão bibliográfica, mostrando os pontos de
desperdícios e possibilitando a proposição de melhorias no processo.
Palavras-chave: Construção civil, Obras públicas, Fluxo de valor.
xi
ABSTRACT
LACERDA, Sergio da Silva. Proposition improvements in pre-construction on public university using value stream mapping: a case study. Faculty of Civil Engineering, Architecture and Planning - University of Campinas, 2013, Dissertation. With the growth and development of the Brazilian national economy, the deficit at the expense of both infrastructure and housing, programs like the federal government through the Growth Acceleration Program (PAC), My House My Life and also the investments being made by private companies is increasingly leveraging the construction industry. A segment that also accompanies this growth of national economy are public universities, which has been investing in construction works aimed at expanding physical because of growing demand from both the education and research and extension. In the same proportion of this growth, problems with respect to hiring, execution and delivery of these works has been widely questioned, mainly by the Court of Audit (TCU). The issues most commonly cited are: lack of planning in the initial design, deficient basic designs and problems in bidding. Several efforts have been undertaken in order to map these problems, find solutions and establish their causes. This study aims to identify existing waste and propose improvements in the administrative procedure for pre-construction Public University by using the tool of value stream mapping (VSM) of Lean Thinking. The research strategy adopted was the case study, being conducted on a work at Unicamp. As a result, the MFV adapted to flows provided an administrative review of the results obtained in the case study with respect to the major problems identified in the literature, which presents the main points of waste and enabling the proposition process improvements. Keywords: Construction, Public building, Stream mapping
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Fluxograma de procedimentos..............................................................15
Figura 2.2 – Interação dos envolvidos no ciclo de vida do empreendimento ............23
Figura 3.1 – Passos iniciais do mapeamento Lean ...................................................32
Figura 4.1 – Etapas da pesquisa...............................................................................44
Figura 4.2 – Estrutura organizacional (UNICAMP, 2012)..........................................48
Figura 5.1 – MFV – Mapa do estado atual (piloto) ....................................................61
Figura 5.2 – MFV – Mapa do estado futuro (piloto) ...................................................62
Figura 5.3 – MFV – Mapa do estado atual ................................................................79
Figura 5.4 – Melhoria na atividade de análise e aprovação da obra .......................115
Figura 5.5 – Melhoria na atividade de levantamento de campo ..............................116
Figura 5.6 – Melhoria na atividade de realização de projetos .................................117
Figura 5.7 – MFV – Mapa do estado futuro.............................................................122
xv
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 - Fases de pré-construção......................................................................16
Quadro 2.2 – Fase de pré-construção - Universidade Pública do Kwait ...................21
Quadro 2.3 - Pontos críticos na fase de pré-construção ...........................................24
Quadro 2.4 - Comparativo entre as etapas de pré-construção..................................27
Quadro 4.1 – Relação de obras novas prediais em etapa de contratação................53
Quadro 4.2 - Obra escolhida para o estudo de caso.................................................53
Quadro 5.1 - Roteiro para implantação de empreendimentos de engenharia ...........58
Quadro 5.2 – Fase de pré-construção.......................................................................66
Quadro 5.3 - Tempo de permanência (TP) por cada participante .............................86
Quadro 5.4 - Tempos médios para contratações de projetos ...................................88
Quadro 5.5 - Tempo de espera - estado atual...........................................................90
Quadro 5.6 - Check list de boas práticas a partir da revisão bibliográfica.................95
Quadro 5.7 - Prazos definidos em contrato para elaboração dos projetos versus
prazo executado......................................................................................................102
Quadro 5.8 – Situação das solicitações atendidas de projetos/obras na Unicamp. 106
Quadro 5.9 – Causas e efeitos identificados no processo ......................................110
xvii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
AL – Área de licitação e contratação
CONFEA – Conselho federal de Engenharia e Arquitetura
CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
CHIS - Conjunto Habitacional de Interesse Social
CPO - Coordenadoria de Projetos e Obras
DMA - Divisão de Meio Ambiente
DSIS - Divisão de Sistemas
EPT - Escritório de Projeto Terceirizado
EF – Empresa fomentadora
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos
FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa
FEQ – Faculdade de Engenharia Química
FCM – Faculdade de Ciências Médicas
FEM – Faculdade de Engenharia Mecânica
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ISO – International Organization for Standardization
IB – Instituto de Biologia
IC – Instituto da Computação
IMECC – Instituto de Matemática Estatística e Ciência da Computação
LECEBP - Laboratório de Excelência de Caracterização e Estudo da Biodegradação de
Polímeros.
MFV - Mapeamento de Fluxo de Valor
NBR – Normas Brasileiras Reguladoras
xviii
PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat
PFI – Private Finance Initiative
PRDU - Pró Reitoria de Desenvolvimento Universitário
PC – Prefeitura do Campus
PRP – Pró Reitoria de Pesquisa
QUALIHAB – Programa da Qualidade na Habitação Popular, no Estado de São Paulo.
QUALIOP – Programa de Qualidade das Obras Públicas, no Estado da Bahia
USP - Universidade de São Paulo
SEF – Superintendência do Espaço Físico
STP - Sistema Toyota de Produção
TCU - Tribunal de Contas da União
TP - Tempo de Permanência
TRA - Tempo de Realização da Atividade
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
UNESP - Universidade Estadual Paulista
UNESP – Universidade Estadual Paulista
xix
Sumário
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. vii
RESUMO...................................................................................................................... ix
ABSTRACT..................................................................................................................xi
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. xiii
LISTA DE QUADROS.................................................................................................xv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................... xvii
1 Introdução ......................................................................................................... 1
1.1 Justificativa ......................................................................................................... 1
1.2 Objetivo .................................................................................................................. 5
2 Processo de contratação de obras públicas.................................................. 7
2.1 A Licitação Pública com base na Lei Federal de Licitações Nº 8.666/93 ........... 7
2.2 Conceito do projeto básico como base para a contratação.............................. 11
2.3 Fases e etapas que compõem o processo de pré-construção de Obras
Públicas.......................................................................................................................13
2.4 Fases e etapas do processo de pré-construção de obras em Universidades
Públicas ..................................................................................................................... 18
2.5 Pontos críticos no processo de pré-construção de obras públicas................... 22
2.6 Discussão......................................................................................................... 24
3 Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV) para análise de melhoria de fluxos administrativos......................................................................................................... 29
3.1 Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV)............................................................. 29
3.2 Fluxo de Valor dos Processos Administrativos................................................. 33
3.3 Aplicações do MFV em processos administrativos relacionados ao fluxo de pré-
construção.................................................................................................................. 38
3.3.1 Síntese ............................................................................................................. 41
xx
4 Método de pesquisa ....................................................................................... 43
4.1 Estratégia ......................................................................................................... 43
4.2 Delineamento da pesquisa ............................................................................... 44
4.2.1 Revisão bibliográfica ........................................................................................ 45
4.2.2 Estudo piloto..................................................................................................... 45
4.2.2.1 Caracterização da Unidade onde foi desenvolvido o estudo ....................... 46
4.2.2.2 Coleta de dados sobre a fase de pré-construção ........................................ 48
4.2.3 Proposição de etapas relativas à fase de pré-construção de obras em
Universidade Pública.................................................................................................. 50
4.2.4 Estudo de caso................................................................................................. 51
4.2.4.1 Critérios de escolha do estudo de caso ....................................................... 51
4.2.4.2 Mapeamento do fluxo de valor do estado atual ........................................... 54
4.2.4.3 Análise dos tempos do estado atual............................................................... 54
4.2.4.4 Discussão do estado atual com relação às boas práticas identificadas na
revisão bibliográfica.................................................................................................... 54
4.2.4.5 Proposição de melhorias na fase de pré-construção do caso estudado...... 55
4.2.4.6 Mapeamento do fluxo de valor do estado futuro .......................................... 55
4.2.5 Conclusão ........................................................................................................ 55
5 Resultados ...................................................................................................... 57
5.1 Estudo piloto..................................................................................................... 57
5.1.1 Mapeamento do estado atual do estudo piloto................................................. 59
5.1.2 Aprendizados com o uso da ferramenta no mapeamento do estado atual do
estudo piloto ............................................................................................................... 63
5.1.3 Mapeamento do estado futuro do estudo piloto ............................................... 63
5.1.4 Aprendizados com o uso da ferramenta no mapeamento piloto do estado futuro
do estudo piloto .......................................................................................................... 64
5.2 Proposição das etapas relativas à fase de pré-construção .............................. 65
5.3 Estudo de caso................................................................................................. 68
5.3.1 Mapeamento do fluxo de valor do estado atual do estudo de caso.................. 68
5.3.2 Analise dos tempos - estado atual.................................................................... 86
xxi
5.3.3 Discussão do estado atual com relação às boas práticas identificadas na
revisão bibliográfica.................................................................................................... 91
5.3.4 Discussão geral do estado atual..................................................................... 108
5.3.5 Proposição de melhorias na fase de pré-construção do caso estudado ........ 111
5.3.6 Discussão das melhorias propostas no estado futuro .................................... 121
6 Conclusão ..................................................................................................... 127
7 Referências ................................................................................................... 131
APÊNDICE............................................................................................................... 139
APÊNDICE A - Folha de coleta dados para informações......................................... 139
APÊNDICE B – Ícones e nomenclaturas adaptados para o mapeamento do estado
atual e futuro ............................................................................................................ 146 ANEXOS .................................................................................................................. 148
ANEXO A – Ficha informativa .................................................................................. 148
ANEXO B – Formulário de solicitação de obra......................................................... 150
ANEXO C – Roteiro de gerenciamento e desenvolvimento de projetos para a CPO /
UNICAMP................................................................................................................. 152
1
1 Introdução
1.1 Justificativa
O processo de concepção e execução de uma obra é composto por fases, etapas e
atividades a serem cumpridas para que o produto final seja entregue dentro dos prazos
e custos definidos.
A fase inicial desse processo, aqui tratada como fase de pré-construção, é por sua vez
composta de etapas e atividades de planejamento, projeto e documentação que
precisam estar integradas, pois segundo Motta (2005), se os requisitos dessas etapas
não forem atendidos, poderá haver um impacto negativo em todas as fases
subsequentes e até o comprometimento da entrega do produto final. Ainda de acordo
com o autor, a tendência do restante do processo será a perda da qualidade,
retrabalhos, aditivos físicos e financeiros com aumento de custos, atraso no cronograma
ou até paralisação na obra.
Quando se trata de obras públicas esse problema se torna ainda mais complexo, pois
envolve questões como alternâncias cíclicas de gestão, política, cultura organizacional
pública, departamentalização de áreas técnicas, administrativas e jurídicas, processos
burocratizados, alinhamento de objetivos e cumprimento à legislação.
Gusmão (2008) relata que todo empreendimento relacionado à indústria da construção
civil está vinculado ao planejamento das suas etapas e que o planejamento requer o
conhecimento da legislação que regulamenta as tomadas de decisões.
Motta (2005) discute sobre a relação direta entre a qualidade das obras públicas e a
interpretação e aplicação dos fundamentos da legislação brasileira e apresenta
elementos de apoio às etapas de concepção, planejamento, execução e
acompanhamento, controle e fiscalização das obras públicas.
2
Estudos precedentes apontam para as etapas que compõem o processo de pré-
construção de obras públicas e que são imprescindíveis para o sucesso da edificação a
ser executada, sendo que deficiências nesse processo podem levar a diversas
conseqüências inclusive obras inacabadas.
O interesse pelo tema ‘obras inacabadas’ não é recente. Há bastante tempo, tanto a
sociedade quanto as próprias entidades públicas preocupam-se em acabar, ou mesmo
diminuir, a ocorrência desse desperdício no país. Vários esforços já foram
empreendidos com o intuito de mapear o problema, descobrir suas causas e
estabelecer soluções. Nakano (2009) aponta a criação em 2001 pelo Congresso
Nacional, da CPI das obras inacabadas, com o objetivo de investigar possíveis
irregularidades em obras iniciadas e não concluídas.
O Tribunal de Contas da União (TCU) fez um diagnóstico sobre as obras inacabadas
realizadas com recursos da união, envolvendo 113 obras listadas como prioritárias. Os
problemas no projeto/execução da obra destacaram-se como a segunda maior
incidência dos casos, superados apenas pelas questões de Fluxo
Orçamentário/Financeiro.
O estudo concluiu que a maior parte das paralisações das obras teve como causa
apontada a ausência de planejamento na concepção inicial, ocasionando interrupções
no fluxo orçamentário/financeiro, os quais podem prejudicar o andamento da obra em
dois momentos: quando da decisão em incluir o projeto no orçamento e nas etapas de
definição da obra para a licitação (BRASIL, 2006).
Em novo relatório entregue no final do ano de 2009, o TCU encaminhou ao Congresso
Nacional uma solicitação de paralisação de 12 obras do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC). Ao todo o TCU recomendou a paralisação de 41 obras no país,
bem como o bloqueio de repasses de recursos. Entre as irregularidades mais comuns
estão: planejamento na concepção inicial, projetos básicos deficientes, preços cobrados
acima dos praticados no mercado e problemas nas licitações (BRASIL, 2009).
Júnior; Fabrício (2011), destacam a importância de uma obra não entregue por
problemas no projeto, ou ainda por não atender as necessidades dos usuários,
acabando por punir duplamente a população; pelo desperdício de dinheiro público e
pela própria ausência do equipamento urbano necessário. Os autores sugerem que o
3
aprimoramento dos modelos de gestão de projetos pela esfera pública contribui
decisivamente na entrega de produtos que atendam aos preceitos legais e às
necessidades dos futuros usuários das edificações.
Percebe-se, pelos dados apresentados, que a fase inicial anterior à contratação é de
grande importância no processo como um todo, acarretando impactos nas fases
subsequentes e, principalmente, no produto final.
O interesse na fase de pré-construção e também nas legislações que regulamentam o
processo de licitação e contratação de obras públicas se dá a partir do pressuposto de
que todo projeto é único e de alta complexidade, exigindo que o processo de
planejamento para licitação e contratação, que tem impacto direto nas fases
subseqüentes, não comprometa a programação físico-financeira global planejada.
Dentre os diversos tipos de obras públicas, encontram-se aquelas desenvolvidas em
Universidades. Nos últimos quatro anos (2009 a 2012), o Governo do Estado de São
Paulo reservou recursos de aproximadamente 450 milhões de reais para ampliação e
adequação das instalações físicas das universidades estaduais: Universidade de São
Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Estadual
Paulista (UNESP), totalizando intervenções em aproximadamente 165,5 mil metros
quadrados de edificações (São Paulo, 2012).
Esses dados não incluem investimentos feitos por meio de agências de fomento a
pesquisa como, por exemplo, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Fundação
de Amparo à Pesquisa (FAPESP) e de convênios com empresas em geral.
Em virtude desse crescimento contínuo de investimentos nestes edifícios educacionais,
crescem também diagnósticos feitos por entidades públicas reguladoras no sentido de
entendimento e melhoria nos processos de contratação e execução deste tipo de obra..
Esses estudos e diagnósticos feitos por entidades públicas resultaram em algumas
iniciativas visando à melhoria da qualidade dos processos e produtos relativos a
execução de obras públicas.
Por exemplo, buscando meios para modernizar o setor da construção civil habitacional
para população de baixa renda e exercendo o seu poder de compra, o Governo do
Estado de São Paulo, oficializou em 25 de novembro de 1996, através do decreto no
41.337, o programa QUALIHAB – Programa da Qualidade na Habitação Popular.
4
Constata-se que a partir do exemplo do QUALIHAB e do Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade na Habitação (PBQP-H), vários programas de certificação
evolutiva da qualidade foram implantados. Dentre esses programas destaca-se o
QUALIOP – Programa de Qualidade das Obras Públicas, no Estado da Bahia, o PARÁ
OBRAS - Programa de Qualidade das Obras Públicas, no Estado do Pará entre outros
(LIMA e JORGE, 2000).
Outra iniciativa que vem fazendo parte da evolução em busca da qualidade e eficiência
da gestão pública é a adoção do conceito Lean Thinking.
Baseado no Sistema Toyota de Produção, o Lean Thinking foi inicialmente desenvolvido
em ambiente de manufatura, mais especificamente na indústria automobilística, sendo
logo em seguida aplicado em diversos setores. O conceito resume-se em cinco
princípios básicos: entender as necessidades do cliente, analisar o desperdício nas
etapas de produção, implementar o fluxo, puxar a produção e melhorar continuamente
(BULHÕES, 2009).
No ambiente da construção civil, o conceito Lean Thinking também vem sendo bastante
utilizado.
Picchi; Reis (2003 e 2004) e Fontanini; Picchi (2008) apresentam estudos com o
objetivo de avaliar o potencial de aplicação do conceito Lean Thinking ao fluxo de
negócios da construção civil, a partir da utilização da ferramenta de mapeamento de
fluxo de valor (MFV).
Os estudos foram realizados em órgãos públicos e também em empresas privadas,
como forma de destacar e eliminar os desperdícios existentes no processo
administrativo e agregar valor no produto final.
Os autores concluíram que, além da possibilidade de otimização do processo através da
aplicação do MFV e outros conceitos Lean Thinking, o estudo desperta o interesse de
estudos futuros e o mapeamento de outros processos de forma a incorporar conceitos e
ferramentas Lean que auxiliem na racionalização das atividades do fluxo de negócios da
construção civil.
Apesar dessas iniciativas visando à qualidade de processos e produtos no sentido de
melhorar as contratações de obras públicas, Motta e Salgado (2003) alertam sobre as
dificuldades em se implantar a filosofia da qualidade em instituições públicas, devido à
5
característica de trabalharem segundo uma lógica política e burocrática, a qual não
necessariamente está afinada com a lógica empresarial.
1.2 Objetivo
O objetivo deste trabalho foi: identificar os desperdícios existentes e propor melhorias
no processo administrativo referente à fase de pré-construção em Universidade Pública.
Para tanto, foi feito um estudo de caso usando a ferramenta de mapeamento de fluxo de
valor (MFV) do conceito Lean Thinking na Universidade Estadual de Campinas, na
Coordenadoria de projetos e obras (CPO), área essa responsável por todo o processo
de gerenciamento de obras na Universidade desde a solicitação até a entrega da obra
requerida.
A intenção foi analisar a fase denominada de pré-construção. Fase esta constituída das
etapas que foram tratadas como planejamento, projeto e documentação. As análises
foram feitas sob o ponto de vista qualitativo das atividades realizadas em cada etapa,
bem como das formas de controle e documentação envolvida.
7
2 Processo de contratação de obras públicas
2.1 A Licitação Pública com base na Lei Federal de Licitações Nº 8.666/93
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 (BRASIL,1993), estabelece normas gerais sobre
licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, compras, alienações
e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
Motta (2005) parte do pressuposto de que conhecer a Lei é o fundamento para o
cumprimento dos requisitos exigidos. Mesmo que considerada por muitos como carente
em elementos efetivos, esta lei traz regras que permitem, se bem interpretadas e
praticadas, uma ordenação do processo.
A contratação de obras públicas é um procedimento formal, regido pela Lei nº 8.666/93
e desencadeado em etapas sucessivas, no sentido de buscar a seleção da proposta
mais vantajosa para a administração.
Conforme Santos et. al. (2002) a noção de licitação surge da necessidade da
organização escolher a melhor proposta para contratação de uma obra garantindo a
imparcialidade nos julgamentos, e ocorre sempre que o poder público desejar contratar
algum serviço dentro de uma determinada faixa de preço.
A licitação foi introduzida no Brasil há mais de cento e trinta anos, somente sendo
sistematizada através do Decreto-Lei nº 200/67. Posteriormente, o Decreto-lei Nº 2.300,
de nº 21.11.86, atualizado em 1987, pelos Decretos-lei nº 2.348 e Nº 2.360, instituiu,
pela primeira vez, o Estatuto Jurídico das Licitações e Contratos Administrativos,
reunindo normas gerais e especiais relacionadas à matéria, tendo sido substituído pela
Lei nº 8.666/93, em vigor atualmente¹. 1 Para simplicidade de exposição nos referiremos a esta lei (Brasil, 1993) daqui para frente nesse
trabalho como Lei 8.666.
8
Entende-se por Licitação aquele procedimento administrativo destinado a selecionar a melhor proposta de fornecimento, entendendo-se aqui como sendo na maioria das vezes a de menor preço, aquela que seja a mais vantajosa para a administração, e onde todos os ofertantes devem ser tratados com absoluto respeito e igualdade, incluindo-se o exame da situação técnica e econômica dos interessados (MUKAI, 1995, p.1).
De acordo com Lei 8.666 - SEÇÃO I - Da Licitação (Das Modalidades, Limites e
Dispensa) Artigo 22 - São modalidades de licitação:
I - concorrência;
II - tomada de preços;
III - convite;
IV - concurso;
V - leilão.
Onde:
§ 1º - Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na
fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
§ 2º - Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária
qualificação.
§ 3º - Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu
objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três)
pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento
convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade
que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
apresentação das propostas.
§ 4º - Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha
de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na
imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
9
§ 5º - Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de
bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos
ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
Art. 23 - As modalidades de licitação são determinadas em função dos seguintes limites,
tendo em vista o valor estimado da contratação:
Para obras e serviços de engenharia:
a) convite: até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);
b) tomada de preços: até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
Ainda de acordo com Lei 8.666 - SEÇÃO III (Das Obras e Serviços) Artigo sétimo - As
licitações para a execução de obras devem obedecer em particular, à seguinte
seqüência:
I - projeto básico;
II - projeto executivo;
III - execução das obras e serviços.
Neste mesmo artigo o parágrafo primeiro define que a execução de cada etapa será
obrigatoriamente precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade competente, dos
trabalhos relativos às etapas anteriores.
O parágrafo segundo complementa, definindo que as obras somente poderão ser
licitadas quando:
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para
exame dos interessados em participar do processo licitatório;
II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de
todos os seus custos unitários;
III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das
obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício
financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;
IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no
Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso.
10
A Lei 8.666 deixa claro que o projeto executivo poderá ser desenvolvido
concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também
autorizado pela Administração.
De acordo com o Art.40 § 2º da Lei 8.666, devem fazer parte do edital: o projeto básico
e/ou executivo, desenhos, especificações e outros complementos compreendidos por:
cronograma, memorial descritivo, subsídios técnicos, especificações técnicas, materiais
gráficos, orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários.
A partir do exposto, fica clara a possibilidade de contratação de uma obra pública
apenas com projeto básico, porém com o cumprimento do nível de detalhamento
exigido.
Gomes (2003) afirma que as diversas interpretações sobre o projeto básico acabam
levando as licitações a serem realizadas sem que haja um projeto básico consolidado,
ocasionando alterações inadmissíveis na fase de elaboração do projeto executivo.
Ainda segundo o referido autor, tais modificações, ao longo da execução contratual,
descaracteriza muitas vezes o objeto licitado, o que poderia levar, inclusive, a um
resultado diferente daquele obtido no procedimento licitatório, caso fosse realizado novo
certame com o projeto executivo.
Motta (2005) afirma que teoricamente existe uma relação direta entre a qualidade das
obras públicas em função da correta interpretação e aplicação dos fundamentos da Lei
8.666.
Esse conjunto de informações e ações pode colaborar para que as obras públicas
sejam executadas dentro de padrões de custo, qualidade e efetividade, definidos,
visando à minimização de excessivos aditivos contratuais em função de alterações de
projetos, reequilíbrio físico-financeiro etc., que podem descaracterizar e provocar
atrasos na entrega do produto final.
Desta forma, torna-se fundamental a discussão e entendimento de que deve compor o
projeto básico e o projeto executivo, para melhor compreensão deste estudo com
relação à qualidade das peças técnicas a serem apresentadas para a licitação e
contratação de uma obra.
11
2.2 Conceito do projeto básico como base para a contratação
Segundo Junior e Fabrício (2011), embora parte integrante de qualquer processo de
licitação, os projetos básicos e executivos invariavelmente apresentam falhas ou erros
em diferentes níveis. Em função da segmentação dos processos licitatórios, muitas
vezes esses erros são observados somente durante a etapa de execução das obras.
Apontam ainda que a dissociação entre os processos de projeto e produção torna-se
ainda mais latente nas obras públicas.
Gusmão (2008) relata que o desenvolvimento de um projeto básico, conforme a Lei
8.666 determina, contribuirá para a perfeita definição do objeto, evitando alterações
durante a execução dos serviços que, muitas vezes, descaracterizam o
empreendimento anteriormente licitado.
As definições técnicas constantes das leis e resoluções, apesar de serem conhecidas,
algumas vezes podem ter uma interpretação diferente do que é entendido na prática por
profissionais multidisciplinares envolvidos no planejamento e concepção do
empreendimento requerido a ser contratado.
A Lei 8.666 define projeto básico como: Um conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos: a) Desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza; b) Soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem; c) Identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; d) Informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
12
e) Subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso; f) Orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados.
Por sua vez, a resolução CONFEA 361/90 define o projeto básico como sendo: Um conjunto de elementos abrangentes de estudos e projetos, precedido por estudos preliminares, anteprojeto, estudos de viabilidade técnica, econômica e avaliação de impacto ambiental que define a obra, de tal modo que as características básicas e desempenho almejado estejam bem definidos, possibilitando a estimativa de custo e prazo de execução e deixa claro que a fase do projeto básico será sucedida pela fase de projeto executivo ou detalhamento (CONFEA, 1990).
Completa ainda no Artigo 2 - § 2º que a qualidade do projeto deverá ser assegurada em
cada uma das fases anteriores ao projeto básico, bem como a responsabilidade técnica
de seus autores de forma a minimizar os problemas que venham a ocorrer nas fases
subseqüentes, a licitação e contratação. O atendimento dessas exigências poderá fazer
com que as deficiências técnicas, os questionamentos técnicos e administrativos feitos
pelas contratantes, bem como as necessidades de aditivos físicos ou financeiros sejam
bastante minimizadas no momento da execução.
O TCU faz as seguintes afirmações sobre o projeto básico: É o elemento mais importante na execução de obra pública. Falhas em sua definição ou constituição podem dificultar a obtenção do resultado almejado pela Administração. Deve ser elaborado anteriormente à licitação, abranger toda a obra e possuir os requisitos estabelecidos pela Lei das Licitações (TCU, 2009).
Lembra também que a inconsistência ou inexistência dos elementos que devem compor
o projeto básico poderá ocasionar problemas futuros, de significativa magnitude
podendo frustrar o procedimento licitatório, dadas as diferenças entre o objeto licitado e
o que será efetivamente executado e levar à responsabilização daqueles que
aprovaram o projeto básico que se apresentou inadequado.
Verifica-se que as três definições apresentadas sobre conceito de projeto básico são
bastante parecidas, e que tanto o TCU quanto a resolução CONFEA 361/90 procuram,
de certa forma, subsidiar ainda mais as definições que por si só estão claramente
definidas na Lei 8.666.
Motta (2005) reforça que o atendimento aos princípios legais relativos à Lei 8.666, no
que refere ao planejamento consistente, à normalização técnica e demais disposições
regulamentares existentes, acompanhados de ações objetivas de controle, dão suporte
13
e dificultam a elaboração de projetos deficientes que, na maioria dos casos, são
responsáveis por resultados inadequados.
Cabe à autoridade competente da instituição, como citado na SEÇÃO III, Art. 7º,
parágrafo 2 da referida Lei, zelar para que o processo de contratação atenda a todos os
requisitos legais constantes das alíneas I a IV já citadas.
2.3 Fases e etapas que compõem o processo de pré-construção de Obras Públicas
Como apoio ao estudo apresentam-se exemplos utilizados no sentido de ordenar as
etapas e atividades que compõem a fase de pré-construção de obras públicas.
A NBR 13531 (ABNT,1995) apresenta as atividades sucessivas do processo de
desenvolvimento das atividades técnicas que precedem o projeto da edificação
propriamente dito e que dá suporte principalmente à decisão pela administração da
continuidade do projeto pretendido. Essas atividades são:
a) Levantamento – coleta das informações de referência que representam as
condições preexistentes para instrução da elaboração do projeto. Inclui os
seguintes tipos de dados: físicos, técnicos, legais e jurídicos, sociais, financeiros
e outros que se fizerem necessários para o estudo de viabilidade;
b) Programa de necessidades – determinação das exigências de caráter prescritivo
e de desempenho, principalmente no atendimento às necessidades e
expectativas dos clientes usuários a serem satisfeitas pela edificação a ser
concebida;
c) Estudo de viabilidade – elaboração de análises e avaliações para seleção e
recomendação de alternativas para a concepção da edificação;
d) Estudo preliminar – concepção e representação do conjunto de informações
técnicas iniciais e aproximadas, necessários à compreensão e configuração da
edificação, podendo incluir soluções alternativas;
14
e) Anteprojeto ou pré-execução - consiste na concepção e representação das
informações técnicas provisórias de detalhamento da edificação, necessárias ao
inter-relacionamento das atividades técnicas de projeto e suficientes para
elaboração de estimativas aproximadas de custos e de prazos;
f) Projeto legal - representação das informações técnicas necessárias à análise e
aprovação, pelas autoridades competentes, da concepção da edificação com
base nas exigências legais (municipal, estadual e federal), e à obtenção do
alvará ou das licenças e demais documentos indispensáveis para as atividades
de construção;
g) Projeto básico - concepção e representação das informações técnicas da
edificação, ainda não completas ou definitivas, mas consideradas compatíveis
com os projetos básicos das atividades técnicas necessárias e suficientes à
licitação (contratação) dos serviços de obra correspondentes;
h) Projeto para execução – concepção e representação final das informações
técnicas da edificação e de seus elementos, instalações e componentes,
completas e definitivas, necessárias e suficientes à licitação (contratação) e à
execução dos serviços de obras correspondentes.
O TCU define obra pública como: Toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem público podendo ser realizada de forma direta, quando a obra é feita pelo próprio órgão ou entidade da Administração, por seus próprios meios, ou de forma indireta, quando a obra é contratada com terceiros por meio de licitação TCU (2009).
Ainda segundo o TCU, a conclusão de obra pública é evento que depende de uma série
de etapas, que se iniciam muito antes da licitação propriamente dita e se constituem em
passos fundamentais para a garantia de sucesso do empreendimento. O cumprimento
ordenado dessas etapas leva à obtenção de um conjunto de informações precisas que
refletirão menor risco de prejuízos à administração.
Vale reforçar que, de acordo com o item 7.3 da ABNT NBR ISO 9001/2008, “a
organização deve gerenciar as interfaces entre os grupos diferentes envolvidos no
projeto e desenvolvimento para assegurar a comunicação eficaz e a designação clara
de responsabilidades”.
15
Melhado (2008) reforça a importância da participação de todos os agentes e a
formalização das ações e responsabilidades de cada um deles no processo.
A figura 2.1 ilustra o fluxograma que procura demonstrar ao gestor, em ordem
sequencial, as fases e as etapas a serem realizadas para a adequada execução de uma
obra pública.
Em análise a figura 2.1, percebe-se que as etapas seqüenciais do processo, mais
especificamente a etapa de projeto (fase interna da licitação) e a etapa de produção
(fase contratual) encontram-se em fases distintas, com diferentes envolvidos em cada
etapa, em cumprimento aos dispositivos legais (art.9.º, incisos I, II e III da Lei 8.666/93).
Figura 2.1 – Fluxograma de procedimentos
(BRASIL, 2009)
16
Segundo Motta (2005), as obras públicas devem ser planejadas de forma que integrem
todas as suas fases internas. A título de classificação, define as etapas do processo
global de realização das obras em quatro fases: conceitual estratégica, de viabilização
financeira, de planejamento executivo e de materialização. Estas fases não são
estanques e têm interação constante entre si sendo que as três primeiras etapas
ocorrem na fase de pré-construção, como mostrado no quadro 2.1.
Segundo o referido autor, o processo licitatório somente deverá ser aberto após a
concepção projetual definitiva da obra; reforça dizendo que nesta fase não é incomum a
elaboração de projetos de forma acelerada, em função das deficiências de
planejamento nos diferentes níveis hierárquicos, resultando em prejuízo na qualidade
das obras.
Quadro 2.1 - Fases de pré-construção
ETAPAS DESCRIÇÃO
Conceitual estratégica
A necessidade da execução da obra, confrontada com as prioridades de gestão. Nesta fase já deve existir: • Estimativa aproximada dos custos e dos prazos; • Definição das opções tecnológicas disponíveis; • Concepção ampla da obra.
Viabilização financeira
O planejamento financeiro com uma estimativa mais acurada dos custos e dos prazos de execução das obras, dentro de recursos disponíveis – ou mesmo da busca de fontes externas de recursos. Quando há necessidade de captação externa de recursos, geralmente há a necessidade de um projeto com um bom nível de detalhamento.
Planejamento executivo
A conclusão efetiva dos projetos e a viabilização de sua execução através de licitação. A atuação passa a ter cunho de operacionalidade, executada de forma quase que exclusiva por parte de técnicos.
(MOTTA, 2005)
Gidado (2002) afirma que um bom planejamento antes da implementação de um projeto
é um requisito essencial para o sucesso de sua entrega. No entanto, há uma indicação
de que muitas vezes há um tempo insuficiente para o planejamento de projetos de
construção, especialmente em licitação ou na fase de pré-contrato. A abordagem de
planejamento ou de procedimento ou processo utilizado pelos prestadores de serviços
17
também variam de empresa para empresa e de projeto para projeto. Não parece haver
melhor prática ou procedimento padronizado que seja capaz de melhorar a precisão do
custo do projeto e do tempo.
No que refere ao planejamento da construção, o autor classifica em dois aspectos
principais:
a) Planejamento físico: inclui os processos de programação e organização do
trabalho que é necessário para concluir um projeto e,
b) Planejamento financeiro: plano que prevê o montante de dinheiro que é devido
dentro e fora do projeto e quando isto acontece.
Propõe também uma abordagem sistêmica com relação ao processo, composto por
fases e etapas da obra, onde cada fase não pode ser iniciada até a fase que a precede
seja completada, assim como existem fases mais flexíveis, as quais podem ser
sobrepostas simultânea ou seqüencialmente:
• Fase de Pré-projeto - Programa de necessidades, viabilidade técnica, e
viabilidade financeira.
• Fase de Pré-construção - Estudo preliminar, projeto completo, autoridade
financeira e informação da produção.
• Fase de Construção - Construção
• Fase de Pós-construção - Operação e Manutenção
Gidado (2002) dá destaque à informação da produção denominada de pré-construção,
como uma fase importante, porque compromissos financeiros contratuais significativos
são concretizados.
O planejamento que se realiza nesta fase do projeto é supostamente o mais intensivo,
pois envolve um maior número de participantes que tenham responsabilidades
diferentes dependendo do tipo de sistema de contratos utilizados para o projeto.
O processo de pré-construção constitui a base sobre a qual estimativas de custo dos
itens principais do trabalho são efetuados.
São efetuadas e concluídas nesta fase: a revisão dos projetos, o plano de aquisições e
o plano de custos.
18
A integração real da concepção e construção intensifica-se ao máximo durante a fase
de pré-construção. É também nesta fase que o monitoramento, controle e sistemas de
feedback necessários para o processo de produção são criados (tempo, custo,
qualidade, segurança, disputas, informações).
Gidado (2002) verificou que a prática atual do processo de planejamento na fase de pré-
construção não se cumpre totalmente, podendo ser devido a vários motivos como: falta
de tempo suficiente, implicação financeira, falta de consciência, falta de conhecimento e
competência ou qualquer combinação ou todos os fatores.
O trabalho conclui que a implementação de um sistema de planejamento na fase de
pré-construção contribui para a captura de conhecimento e experiência e para a
produção de consistência e confiabilidade na prática e, assim, produzir inovação e valor
em implementação de sistemas de projeto com previsões mais confiáveis de tempo e
custos de projeto da construção.
2.4 Fases e etapas do processo de pré-construção de obras em Universidades Públicas
Este item apresenta, através da revisão bibliográfica, como as universidades públicas
pesquisadas têm seus processos de pré-construção de obras estruturados.
A Universidade de São Paulo (USP) possui em sua estrutura organizacional uma
Superintendência do Espaço Físico (SEF) responsável por garantir um uso e uma
expansão física harmônica da Universidade, de modo a dar suporte para as atividades
fim da Universidade (USP, 2012).
São suas competências o planejamento de intervenções físicas nos edifícios e territórios
dos Campi, quer pelas propostas de novas edificações, suas ampliações ou reformas
quer pelos estudos e propostas de redes de infraestrutura dos sistemas: viário, elétrico,
hidráulicos, de informação, ambiental e outros.
19
Em seu processo de gestão de projetos e obras as etapas são compostas da seguinte
maneira:
a) Planejamento – As informações iniciais do Projeto (acadêmico ou
administrativo) são necessárias para a viabilização do empreendimento requerido e com
a devida justificativa com recursos financeiros necessários aprovados e garantidos.
O edifício pretendido deve ter seu planejamento físico justificado nos aspectos
acadêmicos, demográficos e administrativos, e ter os recursos financeiros necessários
aprovados e garantidos.
Informações importantes são consideradas num primeiro momento como definição de
áreas de possível expansão; determinando um zoneamento do campus, de seu sistema
viário, áreas “aedificandi” e não “aedificandi”, respeitando áreas de preservação
ambiental; barreiras ou acidentes físicos, respeitando normas e legislação vigentes e
propondo diretrizes que garantam sua harmonia e habitabilidade; definição de redes
preferenciais de sistema viário e de infra-estrutura, sua origem e destino dos efluentes
(drenagem, esgoto e coleta de resíduos).
b) Projetos – É constituída pelas seguintes etapas: Programas de necessidades,
normas e legislações aplicáveis, estudo preliminar de viabilidade físico-financeira e
projetos executivos.
c) Documentação – Preparação de documentação técnica para licitações e
assessoria às Comissões de Licitação. A Universidade Estadual Paulista (UNESP) possui em sua estrutura organizacional um
Grupo Técnico de Investimentos em Obras e Equipamentos (GOE), o qual é
responsável pela supervisão das obras e serviços de engenharia executados em todos
os seus Campi. Ainda, tem como atribuição assistir às Unidades Universitárias, desde a
fase de planejamento até a execução das obras (UNESP, 2012).
Em seu processo de gestão de projetos e obras as etapas são compostas da seguinte
maneira:
a) Projetos – Onde são realizadas as atividades de suporte técnico na elaboração
de projetos de arquitetura, engenharia de estrutura, elétrica e hidráulica, bem como
orientar e definir as diretrizes quando da contratação de projetos de terceiros.
Levantamentos quantitativos de materiais, serviços e custos unitários dos projetos de
20
engenharia e arquitetura que irão para a licitação, elaboração dos memoriais
descritivos.
b) Documentação - Onde são realizadas as atividades como montagem da pasta
técnica, elaboração dos memoriais descritivos e preparação de documentação técnica
para licitação.
Na Universidade Pública do Kuwait (KUCP), Khaled et. al. (2005) realizaram um estudo
com o objetivo de aplicação de um sistema de gestão denominada de sistema de
controle de projeto (SCP) que tem como foco a fase de pré-construção. A Universidade do Kuwait foi escolhida por ter iniciado um ambicioso programa de
construção de cerca de 18 grandes projetos a serem construídos num período de dez
anos em diferentes Campi Universitários espalhados por todo o Kuwait.
A escolha tomou por base também a dimensão, complexidade e magnitude da
Universidade do Kuwait e as dificuldades enfrentadas anteriormente pela referida
Universidade em lidar com a gerência e execução desses tipos de projetos.
Os dados e informações são estruturados através de um sistema de controle do projeto
(PCS), utilizado na fase de pré-construção. A estrutura resumida do PCS está
demonstrada no quadro 2.2.
Segundo os referidos autores a utilização do sistema de controle de projeto contribuiu
para a definição do grupo técnico envolvido nos projetos, os canais de comunicação, os
métodos de controle e monitoramento e também na identificação dos problemas e
gargalos no processo com foco em dois principais pré-requisitos, tempo e custo, que
eram fundamentais para o sucesso dos projetos. Todas as dificuldades encontradas
foram classificadas como conflitos relacionados aos tempos, prioridades, recursos
humanos, pareceres técnicos, procedimentos e custos. O sistema foi considerado de
grande utilidade também em situações onde vários projetos são executados
simultaneamente.
21
Quadro 2.2 – Fase de pré-construção - Universidade Pública do Kwait
Etapas Elementos da etapa Formas de controle Pl
anej
amen
to
• Orçamento estimativo - Exclusivo para fase de planejamento.
• Programação preliminar - Identificação e monitoramento de todas as atividades de pré-construção.
• Programa de controle de atualização - Identificação de um sistema de comunicação adequado para o proprietário.
• Administração - Dados iniciais necessários e atualizações.
• Agendamento - Definições e revisões dos cronogramas.
• Custos - Estimativas de custos.
• Financeiro. • Insumos.
Proj
eto
A etapa de projeto é dividida em duas partes: Projeto preliminar e Projeto detalhado. • Programa do projeto detalhado; • Definição de prazo e Metas; • Programa de monitoramento e
acompanhamento.
• Status do projeto; • Revisões; • Conceito de
desenvolvimento; Auditoria e;
• Revisões e aprovações periódicas.
Doc
umen
tos
Preparação e emissão de documentos para contratação.
(KHALED et. al., 2005)
Outra vantagem descrita foi a aplicabilidade do sistema como uma ferramenta para
auxiliar na identificação antecipada dos problemas e gargalos no processo, para que
não ocorram em canteiros de obras.
A abordagem sugerida permite que os projetistas tenham um maior controle e
acompanhamento necessários para o sucesso de qualquer projeto de construção o qual
é destacado em dois aspectos vitais para o cliente: prazo e custo.
Comentam também que a supervisão ou planejamento inadequado desses dois
aspectos durante a fase pré-construção, invariavelmente resulta em extrapolação tanto
em termos de tempo como de custo dos projetos. Sugerem ainda que para estes casos
22
a abordagem pró-ativa e não reativa exerce uma importância significativa para
antecipação aos problemas. Outro aspecto destacado no estudo é a vantagem do uso e da revisão constante de um
termo de referência durante a fase de planejamento, a fim de incorporar as lições
aprendidas dos projetos executados.
Por fim os autores afirmam que a previsibilidade na fase de pré-construção pode trazer
sustentabilidade na fase de construção, portanto a metodologia proposta, se
implementada, tende a produzir resultados positivos em projetos de construção.
A KUCP utiliza um sistema informatizado que compõe desde os elementos da etapa de
planejamento com as informações iniciais, o programa do projeto detalhado e a
definição de prazo e metas a serem atingidos.
O programa de monitoramento e acompanhamento sistemático das ações é também um
ponto forte do sistema de gestão que completa-se pelos relatórios e ferramentas de
controle pré-definidos em cada etapa.
Além do sistema, percebe-se também uma preocupação com a garantia da qualidade e
atendimento aos requisitos durante a etapa de planejamento e a etapa de projeto na
fase de pré-construção com auditoria e revisões e aprovações periódicas durante o
processo.
2.5 Pontos críticos no processo de pré-construção de obras públicas
Na intenção de identificar e analisar pontos críticos relativos ao processo de pré-
construção de obras públicas, Santos et. al. (2002) fizeram uma análise critica
comparativa do processo de contratação de obras públicas no Brasil em relação ao
modelo inglês do PFI – Private Finance Initiative.
O PFI surgiu com o propósito de encorajar a iniciativa privada a trazer propostas ao
setor público para ajudar o governo a identificar as dificuldades encontradas na
realização de seus projetos, tornando-os parceiros, gerando uma inversão de papéis, ou
23
seja, o governo passa a ser o cliente e o setor privado assume os riscos do
empreendimento (TRESURE TASKFORCE, 1996).
O diferencial encontrado pelos autores na comparação entre os modelos foi que na
filosofia do PFI busca-se promover a cooperação entre cliente, construtor, fornecedor e
projetistas tornando-os parceiros e não somente prestadores de serviços.
Outra preocupação do PFI é com todo o ciclo de vida do empreendimento, isto é, a
concepção, planejamento, execução, manutenção e demolição sendo que em todas
essas atividades os envolvidos estão diretamente ligados (Figura 2.2).
O trabalho apresenta o mapeamento do fluxo de informação, desde a abertura do
processo de licitação até a etapa de medição e pagamento.
Os pontos críticos a serem melhorados no processo de contratação de obras, baseado
nos dados e observações de campo realizados na empresa do estudo de caso e na
análise crítica da literatura de PFI estão expostos no quadro 2.3.
O estudo discute sobre a contratação de obras públicas no Brasil, sendo do
entendimento dos autores que é possível obter um processo de licitação mais enxuto e
eficiente na empresa pública, melhorando o entendimento das práticas modernas de
gerenciamento por parte de administradores públicos e, fundamentalmente, alterando a
legislação em vigor.
Figura 2.2 – Interação dos envolvidos no ciclo de vida do empreendimento
(SANTOS et. al., 2002)
24
Quadro 2.3 - Pontos críticos na fase de pré-construção
PONTOS CRÍTICOS OBSERVAÇÕES
Planejamento
Poucas ações no sentido de promover o planejamento continuado das atividades de projeto e produção. A literatura mostra que planejamento sistemático antes e durante a execução é considerado como fundamental para a redução das incertezas de execução das obras. A participação do construtor na concepção e planejamento, assim como no risco econômico-financeiro da obra, aumenta seu comprometimento com as metas estabelecidas;
Especificações
A empresa, mantinha um caderno de encargos utilizado na fase de projeto, porém partes importantes das informações não eram utilizadas. No PFI, através da integração de todos os stakeholders é feita a compatibilização não só dos projetos, mas também das especificações de materiais e métodos construtivos que serão utilizadas na obra. O executor tem menor necessidade de troca de informações para solucionar problemas de especificações durante a fase de execução;
Estimativa de Custos
Era realizado um orçamento estimativo que estipulava o valor máximo para a obra, entretanto, seu banco de dados utilizado não se enquadrava às realidades de custo do mercado. No PFI, como o executor participa da concepção do projeto e da análise das soluções construtivas há maior probabilidade de estimativas de custos mais precisos;
(SANTOS et. al., 2002)
2.6 Discussão
Na revisão bibliográfica realizada pode-se destacar em primeiro plano, a abrangência da
Lei 8.666 com relação a normas gerais sobre licitações e contratos para obras, foco
deste trabalho, bem como serviços, compras, alienações e locações.
Para a execução de obras a referida Lei descreve que devem ser obedecidas à seguinte
seqüência: I - projeto básico, II - projeto executivo e III - execução das obras e serviços
e define que a execução de cada etapa deverá obrigatoriamente ser precedida da
conclusão e aprovação dos trabalhos relativos às etapas anteriores.
25
Porém, a Lei 8.666 permite, que as obras podem ser licitadas quando houver projeto
básico.
Com relação a bibliografia que trata sobre a fase de pré-construção, foi possível
identificar que as etapas consideradas que compõem esta fase são:
• Planejamento;
• Concepção do projeto e;
• Documentação para contratação.
A literatura destaca uma preocupação com a necessidade de obediência no
atendimento à seqüência lógica das atividades inerentes a essas etapas.
Santos et. al. (2002) alertam que apesar da literatura mostrar que o planejamento
sistemático antes e durante a execução é considerado como fundamental para a
redução das incertezas de execução das obras, poucas ações são encontradas na
prática no sentido de promover o planejamento das atividades de projeto e produção.
Menches et. al., (2008) afirmam que apesar de todos os processos serem essenciais, a
etapa de planejamento na fase de pré-construção é especialmente importante, porque
estabelece os sistemas que serão usados para gerenciar e controlar todo o trabalho
durante a fase de execução do projeto.
O quadro 2.4 resume, na fase de pré-construção, etapas e atividades pesquisadas e
que serão utilizadas como subsídio para definição do modelo a ser adotado para fins
desse estudo, na etapa do estudo de caso.
Alem da identificação das diversas etapas, os diversos autores enfatizam aspectos
importantes para a qualidade do processo de licitação, os quais podem ser entendidos
como recomendações de boas práticas.
O atendimento a alguns preceitos como:
• A execução da obra estar alinhada com as prioridades de gestão;
• Justificar a obra solicitada nos aspectos: acadêmico, demográfico e
administrativo financeiro.
• Ter um orçamento estimativo exclusivo para etapa de planejamento;
• Ter uma programação e monitoramento de todas as atividades;
• Ter um programa de controle de atualização e comunicação adequado.
• Atendimento a normatização específica para as atividades técnicas de projeto;
26
• Elaboração dos projetos em nível de executivo;
• Revisões periódicas e aprovações dos projetos durante sua elaboração;
• Programa do projeto detalhado, definição de prazos e metas e programa de
monitoramento e acompanhamento, e;
• A atenção com relação à documentação completa e necessária para montagem
da pasta técnica para licitação/contratação da obra requerida.
No referido quadro, destaca-se na fase de pré-construção a observação de Gidado
(2002) com relação a fase em que o planejamento torna-se o mais intensivo e também
onde reúne-se o maior número de participantes multidisciplinares para a tomada de
decisões.
Quanto à etapa de estudos iniciais, Motta (2005), Khaled (2005) e na USP, as
informações iniciais requeridas precisam estar bem estruturadas e em condições
suficientes de subsídios para a continuidade das etapas seguintes.
Com relação à etapa de projeto, a NBR 13531/95 e a UNESP definem claramente as
atividades sequenciais para a elaboração dos projetos desde o programa de
necessidades até a orçamentação e cronograma físico da obra.
Na etapa de documentação Khaled (2005) e UNESP tratam com ênfase e importância a
documentação necessária para a licitação da obra.
Vale a pena ressaltar também a preocupação de Khaled (2005) em todas as etapas da
fase de pré-construção com relação ao sistema de controle de projeto, estrutura dos
elementos que constituem as etapas de planejamento e de projeto, definição de formas
de controle e monitoramento e geração da documentação e relatórios com revisões
periódicas e auditorias em todo o processo.
27
Quadro 2.4 - Comparativo entre as etapas de pré-construção
NBR 13531 TCU Motta (2005) Gidado (2002) USP UNESP KUCP • Orçamento estimativo. • Identificação e monitoramento
de todas as atividades iniciais • Sistema de comunicação.
Formas de controle: • Administração - Dados e
atualizações. • Agendamento - cronogramas. • Custos - Estimativas de
custos.
PLA
NEJ
AM
ENTO
• Recursos
orçamentários. • Necessidade
da execução da obra versus prioridades de gestão.
• Estimativa dos custos e dos prazos;
• Definição das opções tecnológicas
• Informações iniciais; • Recursos financeiros
aprovados e garantidos;
Justificativa (acadêmica, demográfica e administrativa);
• Definição de áreas e zoneamento, sistema viário e de preservação ambiental;
• Normas e legislação.
Documentação gerada na etapa:
• Termos de referência; • Proposta de projeto; • Relatório de avaliação e; • Aprovação do projeto.
• Programa do projeto detalhado;
• Definição de prazo e Metas; • Programa de monitoramento e
acompanhamento.
PRO
JETO
• Levantamento; • Programa de
necessidades; • Estudo de
viabilidade ; • Estudo preliminar; • Anteprojeto e/ou
pré-execução; • Projeto legal; • Projeto básico; • Projeto para
execução
• Programa de necessidades;
• Estudos de viabilidade;
• Ante projeto; • Projeto
básico; • Projeto
executivo;
• Estimativa dos custos e prazos de execução das obras.
• Concepção ampla da obra.
• Conclusão dos projetos técnicos.
• Programa de Necessidades
• Viabilidade técnica;
• Estudo preliminar; • Viabilidade
Financeira; • Autoridade Projeto
completo • Coordenação de
Projeto • Completa
Autoridade Financeira
• Programas de necessidades;
• Normas e legislações aplicáveis;
• Estudo preliminar de viabilidade físico-financeira e;
• Projetos executivos. Formas de controle: Não identificado
• Suporte técnico na elaboração de projetos;
• Diretrizes para contratação de projetos de terceiros.
• Levantamentos quantitativos de materiais, serviços e custos unitários dos projetos que irão para a licitação;
Formas de controle: • Status do projeto; • Revisões; • Conceito de desenvolvimento; • Aprovação; • Auditoria; • Revisões e aprovações
periódicas.
DO
CU
MEN
TAÇ
ÃO
• Edital de licitação.
• Viabilização de execução através do processo de licitação.
• Informação da Produção
• Preparação de documentação técnica para licitações e;
• Assessoria às Comissões de Licitação.
• Memoriais descritivos;
• Montagem das respectivas pastas técnicas para licitação.
• Preparação e emissão de documentos para contratação.
29
3 Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV) para análise de melhoria de fluxos administrativos
3.1 Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV)
O Sistema Toyota de Produção (STP) foi desenvolvido pela Toyota Motor Corporation
com base em dois pilares de sustentação: o Just in time (JIT ) que é um sistema de
produção que produz e entrega apenas o necessário, quando necessário e na
quantidade necessária; e a autonomação que é a habilidade de máquinas e
operadores em detectar uma não conformidade e interromper imediatamente o
trabalho permitindo a construção da qualidade do produto em cada etapa do processo,
eliminando a causa raiz dos defeitos.
O objetivo do STP é a total eliminação dos desperdícios, maior qualidade possível,
menor tempo de produção e menor lead time (tempo de ciclo) de entrega. O
desenvolvimento é creditado a Taiichi Ohno no período posterior à Segunda Guerra
Mundial.
O conceito Lean Thinking baseia-se no STP. Foi desenvolvido em ambiente de
manufatura, mais especificamente na industria automobilística. O termo Lean foi
adotado visando caracterizar este novo paradigma de produção, em comparação ao
paradigma da produção em massa (PICCHI, 2003).
O termo Lean thinking foi disseminado por Womack, Jones e Roos (1992), que
identificaram diferenças significativas de produtividade entre as empresas japonesas e
ocidentais e que essas diferenças eram resultantes de um sistema integrado de
princípios e técnicas.
Koskela (1992), em seu artigo Application of the new production philosophy to
construction comenta sobre uma nova filosofia de produção referindo-se a um
conjunto de metodologias, técnicas e ferramentas evolutivas e que esses novos
30
conceitos surgiram, baseados principalmente no JIT e Total Quality Control (TQC),
sendo o Lean Thinking um desses conceitos.
Womack; Jones (2004) resumem o Lean Thinking como uma forma de fazer mais com
cada vez menos e oferecer aos clientes cada vez mais o que eles desejam, para isso
como ponto de partida, descrevem os conceitos do pensamento enxuto: Valor, Fluxo
de Valor, Fluxo, Puxar e Perfeição.
O conceito Lean Thinking amplamente difundido na manufatura, principalmente em
empresas automobilísticas, segundo Womack; Jones (1992) resultaria em mudanças
globais em quase todas as indústrias.
No decorrer dos tempos, com essa amplitude de aplicação, o setor da construção civil,
apesar de complexo e diversificado, também começou a se beneficiar de seus
conceitos.
Koskela (1992), avaliou a aplicabilidade do Lean Thinking da indústria automobilística
na indústria da construção civil. Denominou de Lean Construction, também conhecida
como Construção Enxuta, como uma nova filosofia de gestão de produção originada
do Sistema Toyota de Produção e adaptada para a construção civil.
Picchi (2003), já apontava que apesar das diferenças com relação ao ambiente de
manufatura, verificavam-se grandes possibilidades de aplicação do Lean Thinking na
construção civil com relação aos fluxos de projeto, suprimentos e obra.
Shingo (1996), cita que um dos pilares que sustentam o STP é o esforço contínuo
para eliminar as perdas num processo e que desse esforço, surge o conceito de
agregar valor ao processo e, conseqüentemente, a necessidade de separar as
atividades que agregam valor das atividades que não agregam valor.
Uma das ferramentas do conceito Lean bastante utilizada na identificação das
atividades que agregam valor diferenciado das atividades que não agregam valor é o
Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV).
O Fluxo de Valor tem sua definição compartilhada por Rother; Shook (2004), Womack;
Jones (2004), como o conjunto de todas as ações específicas, gerando valor ou não,
necessárias para se levar um produto específico passando-o por todos os fluxos
essenciais de solução de problemas, gerenciamento da informação e transformação
31
física. Para o entendimento e estudo desse processo torna-se importante a análise do
empreendimento de forma sistêmica. Womack; Jones (2004), também sugerem o
MFV para identificar todas as ações necessárias para levar o produto da concepção
ao ponto desejado. Em seguida eliminar quaisquer ações que não criem valor e fazer
com que as ações que criem valor prossigam num fluxo contínuo. Liker; Meyer (2005)
constataram em visitas que as plantas tendem a implementar melhorias em processos
isolados em detrimento aos fluxos de valor.
Rother; Shook (2004) complementam dizendo que o MFV é uma ferramenta que
utiliza papel e lápis e ajuda a enxergar e entender o fluxo de material e de informação,
na medida em que o produto segue o fluxo de valor desenhando cuidadosamente uma
representação visual de cada processo no fluxo de material e informação, após
formular um conjunto de questões chave e desenhar um mapa do estado futuro de
como o valor deveria fluir.
Rother; Shook (2004) indicam os passos necessários para o mapeamento do fluxo de
valor – escolher a família de produto, fazer o desenho do estado atual e após fazer o
desenho do estado futuro que é a meta para projetar e introduzir um fluxo enxuto de
valor e finalmente definir o plano de implementação descrevendo como será planejada
a transição do estado atual para o estado futuro.
Os autores chamam a atenção para a inter-relação constante entre o desenho do
estado atual e o do estado futuro na construção e entendimento de cada um que nada
mais é que um Kaizen (melhoria contínua) no nível do fluxo de valor.
O mapeamento do fluxo de valor, ainda segundo os autores, permite: a visão
sistêmica dos processos, a identificação da fonte dos desperdícios, unicidade da
linguagem no tratamento dos processos, fluxos visíveis para discussão de decisões. O
uso conjunto de conceitos e técnicas enxutas referencia o plano de implementação,
relaciona o fluxo de informação e o de material e detalha como a sua unidade
produtiva deveria operar para criar o fluxo.
O Lean Institute Brasil (2007) define mapeamento do fluxo de valor (MFV) ou VSM
(Value Strem Mapping) como um diagrama simples de todas as etapas envolvidas no
fluxo de material e informação, necessárias para atender aos clientes, desde o pedido
32
até a entrega. Os mapas de fluxo de valor são desenhados em diferentes momentos,
a fim de revelar as oportunidades de melhoria – estado atual, estado futuro e estado
ideal (ver figura 3.1).
É importante iniciar-se a análise pela expedição final e, em seguida, pelos processos
anteriores, pois os processos finais são os que estão mais próximos dos
consumidores.
Detalhando a ferramenta, no estado atual é preciso selecionar a família de produtos,
especificar a demanda, quantos tipos de peças são feitos, qual a freqüência de
entrega e o tamanho da embalagem. Além disso, dados do processo como tempo de
ciclo, tempo de troca, tempo de operação efetivo e tamanho do lote de produção são
importantes.
Figura 3.1 – Passos iniciais do mapeamento Lean
(ROTHER; SHOOK, 2003)
Apesar do MFV ter se mostrado como uma ferramenta em potencial de uso, do ponto
de vista técnico, para melhoria de processos, Lasa, Laburu e Vila (2008) alertam para
alguns aspectos principalmente organizacionais que devem ser considerados como
Desenho do estado
Desenho do estado
Plano de trabalho
Família de produto
33
formação e treinamento da equipe, comprometimento da direção e recursos
garantidos para o projeto como sendo essenciais para que se tenham bons
resultados. Além da aplicação na cadeia de suprimentos, o mapeamento do fluxo de valor
também pode ser utilizado com algumas adaptações em outros tipos de processos.
Fontanini (2004), por exemplo, aplicou a mentalidade enxuta no fluxo de suprimentos
de uma empresa da construção civil, Fontanini; Picchi (2005) aplicaram no
mapeamento do fluxo de aprovação de projetos em uma Prefeitura.
Tatiana; Picchi (2003), aplicaram a mentalidade enxuta no fluxo de negócios de uma
empresa da construção civil, Bulhões (2009) aplicou em diretrizes para implementação
de fluxo contínuo na construção civil com abordagem baseada na mentalidade enxuta.
Cada vez mais vem confirmando a potencialidade de aplicação do conceito Lean
Thinking na melhoria de processos de trabalho na construção civil através de
ferramentas aplicáveis à análise de processos inclusive administrativos.
3.2 Fluxo de Valor dos Processos Administrativos
O conceito de fluxo é um dos principais elementos da filosofia lean para se determinar
e extinguir o desperdício (PICCHI; GRANJA, 2004).
Os fluxos inerentes à construção civil, conforme proposto por Picchi (2003), são:
a) Fluxo de negócio – compreende desde a identificação de necessidades,
planejamento do empreendimento, aprovações, obtenção de financiamento,
contratações, monitoramento do projeto e construção, recebimento da
construção e entrega da mesma ao usuário final.
b) Fluxo de projeto – envolve o contratante (identificação de necessidades e
briefing) e os demais projetistas como principais participantes.
34
c) Fluxo de obra – envolve geralmente elevado grau de sub-contratação.
d) Fluxo de suprimentos – envolve todos os fornecedores e sub-fornecedores
de materiais e serviços.
e) Fluxo de uso e manutenção – Compreende uso, operação e manutenção,
reparo, reforma, remodelagem e demolição.
Para este estudo podemos apontar como focos principais: o fluxo de negócio e o fluxo
de projeto, sendo que não é escopo desse trabalho analisar tecnicamente o modo
como os projetos são concebidos e sim as interfaces administrativas com fluxo de
projeto que fazem parte do processo.
Existe, por exemplo, muita relação entre os fluxos de negócios e o de projetos; o que
os diferencia é que o de negócios compreende a contratação dos projetos, não sua
execução; assim como a contratação da obra, não sua execução, que pertence ao
fluxo da obra, etc. (REIS, 2004).
Segundo Reis; Picchi (2003), para o ambiente administrativo, todas as ferramentas
Lean desenvolvidas originalmente para fábrica precisam ser adaptadas.
Shook (2003) afirma que tanto no estado atual quanto no estado futuro este deve ser
feito do mesmo modo como é feito na produção, diferindo apenas na dificuldade de
distinguir o fluxo dos materiais do fluxo de informações.
Picchi (2003) descreve o fluxo de negócio como o de maior duração dentro da cadeia
produtiva de um empreendimento e abrange basicamente as atividades
administrativas, nas quais praticamente somente informações são transferidas.
Battaglia (2008) complementa que pelo fato de muitas vezes não serem compostos
por etapas físicas de transformação, fluxos de valor destinados à prestação de
serviços ou compostos por etapas eminentemente administrativas não são tão fáceis
de serem “enxergados”. Etapas “invisíveis” dificultam o entendimento comum a
respeito de qual é o trabalho real a ser executado.
Picchi (2003) apresenta diretrizes para se adaptar o mapeamento de fluxo de valor a
ambientes administrativos:
a) O fluxo de valor para administração é único (só informação);
35
b) Em geral é desenhado da esquerda para a direita;
c) Cada atividade é um bloco (atividades feitas por diferentes pessoas ou em
momentos diferentes), e deve conter as seguintes informações: Atividade, quem faz,
como, conexões entre atividades, as entradas e saídas, especificar o que sai e como e
registrar idas e vindas.
d) Os dados úteis para a análise devem ser registrados, tais como: Tempo de
Permanência (TP) e Tempo de Realização da Atividade (TRA).
O TP é o tempo que a informação leva da saída da atividade anterior até a saída da
atividade subseqüente. Inclui o tempo em que a informação fica parada esperando em
filas ou sendo transportada sem agregar valor. A soma de todos os TP’s é o Lead
Time do processo total.
O TRA é o tempo dos elementos de trabalho que efetivamente transformam uma
unidade do produto dentro do processo, sendo, portanto menor ou igual ao TP
(observe-se que o TP inclui o TRA).
O MFV foi adaptado para o ambiente administrativo por Tapping; Shuker (2003), e
definido como um processo para planejar e ligar as iniciativas lean com a captura
sistemática de dados, e de sua análise, resultando na redução de custo, eliminação de
desperdícios e criação de fluxos suaves de informação e trabalho.
Segundo os autores, a alta administração da empresa precisa compreender os
conceitos Lean antes de adotá-lo como modelo de gestão. O MFV oferece a estrutura
necessária para que o grupo envolvido no projeto mantenha seu comprometimento e
uso de ferramentas de comunicação para avaliação dos resultados.
A aplicação do MFV em ambientes administrativos, segundo Tapping; Shuker (2003)
deve seguir oito passos:
1) Comprometimento com o lean: é necessário o comprometimento de todos na
empresa.
2) Escolha do fluxo de valor: focar nas reclamações do cliente e buscar a
origem dos problemas.
3) Aprendizado sobre lean: treinamento planejado de acordo com as
características e necessidades da empresa.
36
4) Mapeamento do estado atual: o mapeamento ilustra o fluxo de trabalho e
suas informações, sendo indispensável para a melhoria do processo.
5) Identificação de medidas de desempenho lean: a forma de manter a equipe
comprometida com a implementação da Mentalidade Enxuta.
6) Mapeamento do estado futuro: todos devem colaborar na implementação,
solucionando os problemas do estado atual e assegurando que os requisitos dos
clientes serão atendidos. O mapeamento do estado futuro é dividido em três fases:
compreensão da demanda do cliente, estabelecimento de fluxos contínuos e
nivelamento da carga de trabalho.
7) Criação dos planos de Kaizen: Esse processo de planejamento é necessário
para assegurar que as melhorias serão sustentadas.
8) Implementação dos planos de Kaizen: Execução
Além destes oito passos, existem quatro questões cruciais para o sucesso da
aplicação dos conceitos lean (TAPPING; SHUKER, 2003):
• Assumir o compromisso de melhorar o fluxo de valor fornecendo os recursos
necessários para que as metas desejadas para o estado futuro sejam
alcançadas;
• Conhecer a demanda dos clientes externos e internos minuciosamente;
• Retratar e conhecer o estado atual do fluxo de valor com precisão e detalhes;
• Estabelecer uma comunicação eficiente entre todos os relacionados ao fluxo de
valor.
Ainda segundo os autores, o objetivo dos oito passos e também das quatro questões
sugeridas é permitir que uma maior quantidade de trabalho seja realizada em um
tempo mais curto, e com maior facilidade.
Segundo Tapping; Shuker (2003), os principais desperdícios existentes nos fluxos de
atividades administrativas são:
• Superprodução: Produzir em excesso ou antecipadamente (papéis e
informações em excesso ou no momento errado).
37
• Esperas: interromper o fluxo de trabalho e fazer o cliente interno esperar.
• Superprocessamento: são etapas redundantes, retrabalhos.
• Inventários: é o excesso de estoques, ocupando espaço, podendo se tornar
obsoleto.
• Locomoção: qualquer locomoção desnecessária é vista como desperdício.
• Retrabalhos: tipo de desperdício que causa interrupção no fluxo de produção,
material e tempo extra para refazê-lo.
• Transporte: transportar algo além do necessário ou até um local temporário
Segundo Rother; Shook (2004) o primeiro passo para o MFV é desenhar o estado
atual, o que é feito a partir da coleta de informações a ser estudada.
Após a representação do estado atual, parte-se para a representação do estado
futuro.
Para o MFV do estado futuro, Picchi (2003) propõe questões, quando pertinentes,
para adaptação a ambientes administrativos. Essas questões visam nortear a
construção do mapeamento e também subsidiar melhorias no processo. As questões
são:
• Onde pode ser usado fluxo contínuo?
• Onde atividades departamentalizadas podem ser reunidas em células?
• É possível “puxar” (produzir sob demanda) alguma parte do fluxo?
• Quem demanda cada atividade?
• Onde o fluxo não puder ser contínuo, pode ser “puxado” por algum tipo de
sinalização?
• Quais melhorias (kaizens) devem ser implementadas?
Ainda segundo o referido autor, as ferramentas de sustentação para o estado futuro
proposto serão:
• O trabalho padronizado (atividades e sequência, ritmo, inventário padrão).
• O gerenciamento visual (programação controle de andamento, qualidade) e,
38
• A sistemática de melhoria (identificação rápida de problemas, comunicação
direta para a resolução, melhoria rápida pelos operadores, padronização da
melhoria).
3.3 Aplicações do MFV em processos administrativos relacionados ao fluxo de pré-construção
Reis; Picchi (2003) apresentam um estudo sobre a aplicação da mentalidade enxuta
ao fluxo de negócios na construção civil.
O método utilizado foi o mapeamento de fluxo de valor, adaptado para ambientes
administrativos, utilizando-se como estudo de caso um edifício residencial vertical,
feito a preço fechado (mercado de incorporação), por uma empresa de pequeno porte,
na cidade de Campinas-SP.
O objetivo do estudo foi aplicar ao fluxo de negócios, de forma exploratória, a
“Mentalidade Enxuta” (Lean Thinking), visando propor formas de gerar lançamentos
mais rápidos e tempo de resposta mais sintonizado ao mercado, além de reduzir
desperdícios existentes.
O caso estudado foi o do lançamento de um edifício residencial vertical, multifamiliar,
localizado num bairro de classe média da cidade de Campinas-SP, feito a preço
fechado, mercado de incorporação, sem financiamento, a partir de recursos de um
investidor interessado no empreendimento o qual foi realizado por uma empresa de
pequeno porte.
Os referidos autores concluem que na aplicação exploratória o mapeamento do fluxo
de valor é um importante instrumento para identificar os inúmeros desperdícios
existentes no Fluxo de Negócios de um empreendimento.
A visão do fluxo como um todo possibilitou aos diversos agentes uma análise
sistêmica, que apontou possíveis ações que vão além das iniciativas que cada um
pode tomar isoladamente em seus processos internos.
39
O uso das ferramentas Lean Thinking, como trabalho em fluxo, células de trabalho, e
outros, também se mostraram viáveis, no desenho de estados futuros com menos
desperdícios.
Outro estudo apresentado por Fontanini; Picchi (2005) foi a aplicação do Lean thinking
em processos administrativos no mapeamento do fluxo de aprovação de projetos na
Prefeitura da Cidade de Campinas.
Com o objetivo de proporcionar a visualização dos desperdícios nos processos
administrativos do empreendimento e estudar sua melhoria, os referidos autores
escolheram focar um segmento do fluxo de informações que resultava na aprovação
de projetos na Prefeitura.
O estudo teve um caráter exploratório com o objetivo analisar o fluxo de informações
sob o ponto de vista Lean, através da aplicação do mapeamento do fluxo de valor nos
processos administrativos internos do Departamento de Aprovação de projetos da
referida Prefeitura.
Numa primeira ação, os referidos autores buscaram entender o fluxo de atividades
para aprovação de projetos. Para tanto foram tomadas iniciativas no sentido de
observar o funcionamento da área de projetos de algumas prefeituras das principais
capitais do Brasil, com relação à otimização de processos e disponibilização de
informações para a aprovação de projetos para o usuário. Por entender a importância
da dinâmica de funcionamento, foi observado também o Poupa Tempo do Governo do
Estado de São Paulo.
Para a elaboração do desenho do MFV do estado atual os autores realizaram
entrevistas com funcionários do Departamento de Uso e Ocupação de Solo da
Prefeitura de Campinas.
Com base no MFV do estado atual, foi desenhado o MFV do estado futuro analisando
todas as atividades envolvidas, com relação a relevância de sua execução. Segundo
os autores, neste estudo exploratório o MFV do Estado Futuro apontou alguns
exemplos de possíveis soluções baseadas nos princípios Lean, para a redução dos
tempos observados.
40
Os autores concluíram que o mapa de fluxo de valor para processos administrativos é
uma importante ferramenta na identificação de desperdícios existentes nos processos
administrativos de órgãos públicos. As ferramentas Lean utilizadas na elaboração do
mapa de fluxo de valor do estado futuro, tais como: trabalho em fluxo, células de
trabalho e outros, também podem auxiliar na indicação de soluções para a eliminação
de desperdícios e redução do tempo na transferência de informação entre atividades.
Para finalizar, as sugestões apresentadas indicaram um rearranjo organizacional,
citando como grande desafio, a transformação cultural dentro dos órgãos públicos
com relação à otimização dos processos e redução de desperdícios.
Fontanini; Picchi (2008) apresentaram outro estudo de caso exploratório com a
aplicação da ferramenta Lean, mapeamento de fluxo de valor administrativo, no
processo de contratação de construtoras de uma agência responsável pela construção
de habitações de interesse social no estado de São Paulo.
O objetivo foi aplicar o MFV para descrever os processos administrativos envolvidos
no ciclo de vida de um empreendimento denominado: Conjunto Habitacional de
Interesse Social (CHIS), identificar os desperdícios inerentes aos processos
mapeados, e sugerir possíveis melhorias a serem adotadas para aumento de valor no
produto final.
Para a realização do mapeamento administrativo do fluxo de valor do setor de projetos
da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), foi escolhido o
projeto do CHIS de Itatiba (SP). O levantamento de dados consistiu na análise de
documentos e realização de entrevistas semiestruturadas.
Na análise de resultados foi comentado sobre a dificuldade no levantamento dos
tempos de permanência (TP) e os tempos reais de realização das atividades (TRA)
como um todo.
Na análise do MFV administrativo, os autores verificaram que várias atividades como:
análise e verificação de documentos recebidos, solicitação de diretrizes de
infraestrutura e verificação de sondagem não agregam valor ao cliente final. Foi
verificada a necessidade de retrabalho de informação e também atividades que
poderiam ser suprimidas sem prejuízo para o produto final. Outro ponto importante
41
destacado pelos autores foi a identificação de estoque de projetos referindo-se aos
projetos parados que aguardavam uma avaliação para a verificação dos dados
enviados para análise.
Os autores concluem que é possível, através da aplicação do MFV, identificar
desperdícios inerentes aos processos administrativos e burocráticos, que nem sempre
são visíveis durante a execução do projeto e que a identificação dos desperdícios é
fundamental para analisar a possibilidade de uma reestruturação das atividades
sempre sob a ótica de agregação de valor ao produto final.
Lima; Bisio; Alves (2009) empregaram a ferramenta MFV para analisar o processo
administrativo de um órgão público responsável pela elaboração de projetos voltados
à habitação de interesse social na Fundação de Desenvolvimento Habitacional da
Prefeitura Municipal de Fortaleza – Habitafor.
Os autores concluíram a partir dos levantamentos para o mapeamento da situação
atual, que várias atividades no fluxo analisado não agregavam valor e comprometiam
os tempos de realização das atividades, resultando em um processo com lead time
extenso. Constataram também que a falta de inter-setorialidade pôde ser apontada
como causa fundamental para os tempos de espera. Além disso, foi possível observar
o desperdício de tempo da mão de obra qualificada e escassa do arquiteto utilizada
para atividades que não são o foco do trabalho.
E por fim concluíram também que o MFV no caso apresentado teve limitações quanto
à proposição de melhorias, uma vez que, para garantir a continuidade e estabilidade
do fluxo, seria necessário interferir em unidades externas, como por exemplo, os
órgãos reguladores.
3.3.1 Síntese Os quatro estudos apresentados tiveram como estratégia de pesquisa um caráter
exploratório e também de teste do uso do MFV para análise dos fluxos estudados. Os
estudos foram aplicados tanto em fluxos de negócios como de informações.
42
Os processo analisados foram processos administrativos e a conclusão de todos foi
que o MFV é uma importante ferramenta na identificação de desperdícios existentes
nos processos administrativos tanto em de Órgãos Privados como Públicos. Que não
só o MFV como também o uso de outras ferramentas Lean Thinking, como trabalho
em fluxo, células de trabalho, e outros, também se mostraram um importante
instrumento para identificar desperdícios e apontar possíveis ações de melhorias.
O que difere um trabalho do outro foi que:
No primeiro estudo, os autores analisaram o fluxo de negócios explorando e testando
as ferramentas do Lean como o MFV, o trabalho em fluxo e as células de trabalho.
No segundo estudo, os autores analisaram o fluxo de informações, através também da
aplicação do MFV em processos administrativos, desta vez em Órgão Público. E
verificaram que é uma importante ferramenta na identificação de desperdícios.
No terceiro estudo, os autores analisaram aplicaram o MFV também em processos
administrativos em Órgão Público e apontaram dificuldades no levantamento do tempo
de permanência e os tempos reais de realização das atividades (TRA) como um todo.
As conclusões expostas nos três estudos nos remetem a concluir sobre a
potencialidade da aplicação da ferramenta MFV na análise de fluxos, nestes casos
processos administrativos, independente se aplicada em Órgão públicos ou privados,
como uma ferramenta útil na identificação de desperdícios e no apoio para proposição
de melhorias.
Apesar dessa potencialidade, a aplicação da ferramenta MFV, pela dificuldade de
obtenção de informações, pode também apresentar uma limitação quando utilizada na
identificação dos tempos de permanência (TP) e também nos tempos de realização
das atividades (TRA).
43
4 Método de pesquisa
O método de pesquisa utilizado está relatado neste capítulo, bem como o
delineamento geral da pesquisa.
4.1 Estratégia
A estratégia de pesquisa utilizada foi a de estudo de caso. Yin (2001) explica que o
estudo de caso é uma estratégia de pesquisa utilizada para investigar cientificamente
um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real. Baseia-se em
várias fontes de evidência e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições
teóricas para conduzir a coleta e análise dos dados. Nesta pesquisa será um estudo
de caso específico de um processo administrativo relativo à fase de pré-construção de
obras em Universidade Pública. Segundo Hirota et. al. (2001), os processos de
pesquisas em especialidades como gerenciamento da construção, não são
desenvolvidos através de experimentos ou procedimentos matemáticos, mas têm
como objetos empíricos a própria realidade, complexa e sujeita a inúmeras variáveis.
Com base nesse objetivo o tipo de pesquisa escolhida foi à exploratória. “A pesquisa
exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema com
vistas a torná-lo mais explicito ou a construir hipóteses” (GIL, 2002).
A pesquisa é exploratória, porque analisa vários casos com o objetivo de conhecer,
entender e se familiarizar com todas as etapas e atividades, conforme apresentado no
quadro 2.4, no sentido de identificar e tornar claro os problemas e desperdícios do
processo.
Este trabalho trata de um assunto ainda pouco explorado que é o fluxo administrativo
relativo à fase de pré-contratação de obras em Universidade pública.
44
4.2 Delineamento da pesquisa
A pesquisa foi desenvolvida conforme mostrado na figura 4.1.
Figura 4.1 – Etapas da pesquisa
Estudo piloto para consolidar conhecimento
Estudo de caso
Revisão bibliográfica sobre a fase de pré-construção de obra
Revisão bibliográfica sobre MFV (método de
análise escolhido)
Proposição de etapas relativas à fase de pré-construção de obras
em Universidade Pública
45
4.2.1 Revisão bibliográfica
A revisão bibliográfica buscou explorar assuntos relativos à fase de pré-construção de
obras em instituições públicas, legislações vigentes inerentes ao assunto e também
ferramentas para mapeamento e identificação de desperdícios nos processos de
trabalho.
A pesquisa foi realizada com vistas ao entendimento da legislação vigente que rege as
contratações de obras públicas no que concerne a definição e exigência necessária da
Lei 8.666 frente a um processo de contratação.
Para completar o entendimento da Lei 8.666 fez-se um estudo específico a respeito do
conceito de projeto básico, que é o nível de projeto aceito para uma contratação de
obra pública.
Foram pesquisadas fases e etapas de contratação de obras em instituições públicas,
em universidades nacionais e internacionais, normas específicas como a NBR
13531/95 e indicações do TCU.
Foi também estudada a ferramenta de apoio utilizada para análise do processo em
questão: mapeamento de fluxo de valor (MFV) do conceito Lean Thinking com foco no
uso em processos administrativos.
Conforme revisão bibliográfica foi elaborado o quadro 5.2 e também um Check list, o
qual está demonstrado no quadro 5.8 que proporcionou a discussão do estado atual
com relação às boas práticas identificadas.
4.2.2 Estudo piloto
Foi realizado um estudo piloto que serviu de base para consolidar o conhecimento e
prática de aplicação da ferramenta MFV.
46
Para a realização tanto do estudo piloto como do estudo de caso, foi escolhida a
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por ser meu local de trabalho e,
portanto pela facilidade de acesso as informações.
Na Unicamp, a área escolhida foi a Coordenadoria de Projetos e Obras da Unicamp
(CPO).
4.2.2.1 Caracterização da Unidade onde foi desenvolvido o estudo
A caracterização da Unidade de estudo (CPO) foi obtida através de entrevistas com o
Coordenador da CPO e consulta a documentos da Unidade. Esta Unidade foi objeto
tanto do estudo piloto quanto do estudo de caso.
A UNICAMP possui várias áreas que planejam, projetam e gerenciam obras dentro do
campus. Dentre essas áreas está a CPO.
Considerando que a CPO é responsável pelo maior número de gerenciamento de
projetos e obras no campus e a única diretamente vinculada à administração central
da Universidade, foi definido desenvolver o estudo de caso neste local.
A CPO tem como missão: Planejar, Projetar e Gerenciar a execução de
empreendimentos de engenharia de forma sustentável, contribuindo para a melhoria
do espaço físico da Universidade (UNICAMP, 2012).
A CPO está hierárquica e administrativamente ligada a Pró Reitoria de
Desenvolvimento Universitário (PRDU), Pró Reitoria esta que tem como missão: Promover soluções integradas nas áreas de administração, tecnologia da
informação e comunicação, serviços, infra-estrutura e gestão de pessoas,
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento
institucional da Unicamp (UNICAMP, 2012).
A CPO conta com as áreas de projetos, orçamentação, cadastramento e
gerenciamento e fiscalização de obras.
As áreas de interesse para este estudo são:
47
Área de projetos - responsável pelo planejamento, elaboração da Pasta Técnica para
contratação de projetos, elaboração de projetos e gerenciamento de escritórios
terceirizados de elaboração de projetos.
Área de orçamentação – responsável pela orçamentação das obras e elaboração da
Pasta Técnica para contratação da execução das obras.
Atualmente o volume de Projetos e obras contratados para execução está em torno de
70 por ano totalizando em aproximadamente 60.000 metros quadrados (UNICAMP,
2012).
São negócios da CPO: desenvolvimento e gerenciamento de Projetos, gerenciamento
de execução de obras, serviços de engenharia, assessoria técnica e sistema gerencial
de bens imóveis.
A equipe é composta por 62 profissionais distribuídos da seguinte forma:
• 01 engenheiro Coordenador;
• 02 engenheiros e 01 estagiário responsável pela orçamentação de obra;
• 05 engenheiros, 04 tecnólogos de edificação, 04 mestres de obras, 02
apontadores e 12 estagiários responsáveis pelo gerenciamento e fiscalização
de execução das obras;
• 03 engenheiros, 01 geógrafo, 02 técnicos e 01 estagiário responsáveis pelo
cadastramento de infraestrutura do campus;
• 02 arquitetos, 08 engenheiros e 05 estagiários responsáveis pelo
desenvolvimento e gerenciamento de projetos;
• 03 Técnicos para serviços administrativos e;
• 01 Analista de sistemas, 02 técnicos e 02 estagiários na área de informática.
A estrutura organizacional está ilustrada na figura 4.2.
48
Figura 4.2 – Estrutura organizacional (UNICAMP, 2012)
(UNICAMP, 2012)
4.2.2.2 Coleta de dados sobre a fase de pré-construção
Para realização do levantamento de dados e mapeamento do processo estudado,
como fonte de informação, foi utilizada a pasta de documentos “capa azul”.
Nesta pasta são arquivados todos os documentos inerentes a cada obra, sendo
possível identificar e entender as etapas e atividades do fluxo, tempos de espera e
tempo de ciclo, que representa toda a tramitação histórica da obra desde a concepção
passando pela execução até a entrega do produto final ao cliente.
As informações foram coletadas em folha de dados específica conforme (APÊNDICE
A).
As informações obtidas foram: a seqüência das etapas do roteiro para solicitação de
empreendimentos, os responsáveis por cada etapa, o tipo de informação necessária
REITORIA
PRDU
ADMINISTRATIVO INFORMÁTICA
PROJETOS OBRAS
ORÇAMENTO CADASTRO
CPO
49
para realização de cada etapa e o tempo decorrido entre as datas de
encaminhamento dos documentos, conhecido em empresas públicas como
“despacho”.
4.2.2.3 Mapeamento do estado atual
Para realização do mapeamento do estado atual, segundo Rother e Shook (2004), o
primeiro passo é desenhar o estado atual, o que foi feito a partir da coleta de
informações, como já descrito, na fonte de informações históricas da obra.
Os símbolos utilizados para representar os fluxos foram sugeridos por Rother e Shook
(2004) e adaptados para o ambiente administrativo por Tapping e Shuker (2003) e
também Reis e Picchi (2003).
As informações para o MFV do estado atual para este estudo piloto obtidas foram: a
seqüência das etapas do roteiro para solicitação de empreendimentos, os
responsáveis por cada etapa, o tipo de informação necessária para realização de cada
etapa e o tempo decorrido entre as datas de encaminhamento dos documentos,
conhecido em empresas públicas como “despacho”.
4.2.2.4 Mapeamento do estado futuro
No estudo piloto, foi realizado também a proposição do estado futuro como teste da
ferramenta MFV.
Como apoio na proposição do estado futuro, foram utilizadas também as seguintes
questões segundo Picchi (2003):
a) Onde pode ser usado fluxo contínuo?
b) Onde atividades departamentalizadas podem ser reunidas em células?
c) É possível “puxar” (produzir sob demanda) alguma parte do fluxo?
d) Quem demanda cada atividade?
50
e) Onde o fluxo não puder ser contínuo, pode ser “puxado” por algum tipo de
sinalização?
f) Quais melhorias (kaizens) devem ser implementadas?
O estudo piloto realizado proporcionou a consolidação do conhecimento com relação
ao uso da ferramenta MFV, bem como suas limitações principalmente com relação a
obtenção dos tempos de realização das atividades (TRA), sendo possível apenas a
identificação e computação dos dados de permanência (TP) do processo estudado.
Com relação à obtenção de informações, foi possível com o estudo de caso piloto,
desenvolver um modelo de folha de coleta de dados para informações, conforme
(APÊNDICE A), para melhor organização das informações obtidas.
O estudo de caso piloto proporcionou também o conhecimento de todo o fluxo
estudado, bem como do tipo de informação que deveria ser coletada que contribuiria
para a análise do estudo de caso.
Em função da revisão bibliográfica e também do estudo piloto realizado, foi possível a
consolidação do conhecimento para a proposição de etapas relativas à fase de pré-
construção de obras em Universidade Pública.
4.2.3 Proposição de etapas relativas à fase de pré-construção de obras em Universidade Pública
Com base na revisão bibliográfica e também do estudo piloto, foi possível identificar
as várias etapas e atividades, mais citadas pelas fontes estudadas, que compõe a
fase de pré-construção, tanto em empresas públicas em geral como em Universidades
públicas.
A identificação dessas etapas e atividades possibilitou a proposição das etapas e
atividades referentes à fase de pré-construção de obras em Universidade Pública
conforme ilustrado no quadro 5.2.
51
As etapas e atividades propostas foram definidas e serviram de referência para o
desenvolvimento do estudo de caso com relação ao entendimento da sequência lógica
do fluxo, da definição das informações a serem coletadas, como referência de boas
práticas a serem identificadas no fluxo estudado, como também no apoio para o
mapeamento dos estados atual e futuro a fim de identificar os desperdícios e propor
melhorias.
4.2.4 Estudo de caso
Considerando que, com a realização do estudo piloto, foi possível obter conhecimento
com relação ao uso da ferramenta MFV, o roteiro de implantação de
empreendimentos de engenharia na Unicamp, o desenvolvimento da folha de coleta
de dados para informações e também a definição das etapas e atividades que compõe
a fase de pré-construção de obras em Universidade Pública, o desenvolvimento do
estudo de caso seguiu da seguinte forma:
4.2.4.1 Critérios de escolha do estudo de caso
Após o estudo piloto, foi realizada a escolha da obra para o estudo caso que se deu
através do seguinte critério.
Em entrevista com o coordenador, verificou-se nos relatórios de obras fornecidos, que
a CPO classifica suas obras por tipos da seguinte maneira:
52
• Obra nova predial;
• Reforma e ampliação predial;
• Reforma e ampliação da infraestrutura urbana e;
• Benfeitoria predial.
O primeiro critério de escolha foi o tipo de obra. O tipo escolhido foi “obras novas
prediais”, por tratar-se de um tipo que é desenvolvido através de um processo mais
complexo que envolve todas as etapas de uma obra, demandando um planejamento
mais intensivo englobando desde a definição da área de implantação, que até o
momento da solicitação é inexistente, passando por aprovações e análises técnicas
do terreno escolhido até o desenvolvimento de projetos executivos completos. Outros
fatores que também contribuíram para escolha foram: maior lead time e maior
consumo de recursos em relação aos outros tipos de obras citadas.
O segundo critério de escolha foi considerar o status do processo. Neste caso foram
consideradas obras que estavam com a documentação pronta para
licitação/contratação, pois estar nesta etapa significava que o processo já havia se
cumprido desde a solicitação até a pasta técnica que é o produto final e o limite deste
estudo.
Após a definição do tipo e status da obra, o passo seguinte foi analisar o histórico das
obras, contido em uma pasta de documentos, normalmente usada para formalização
de toda documentação da obra, como já foi descrito anteriormente.
Ao analisar os processos das obras selecionadas, verificou-se novamente como já
havia acontecido no estudo piloto, uma dificuldade em conseguir rastrear as
informações.
Neste momento foi necessário definir o terceiro critério de escolha que foi a
disponibilidade na obtenção do histórico de informações.
Após a classificação das obras por: tipo, status e disponibilidade de informações, o
quarto critério de escolha do caso foi o tamanho da obra, ou seja, foram selecionadas
obras acima de 800 m².
53
Portanto os critérios para escolha dos casos estudados foram definidos por: tipo,
status, disponibilidade de informações e tamanho da obra.
Considerando estes critérios, foi possível então elaborar o quadro 4.1 e escolher o
caso para o estudo.
Quadro 4.1 – Relação de obras novas prediais em etapa de contratação.
Item Data da
documentação pronta
Obras Solicitante Informação Disponível
Área (m²)
01 05/03/2009 Centro Pesquisa Clínica FCM Incompleta 974
02 02/12/2011 Laboratório Processos Térmicos Industriais FEM Completa 800
03 03/09/2009 Laboratório Obesidades e Diabetes - Betacel IB Incompleta 1.175
04 26/05/2010 Novo Prédio IC-04 IC Incompleta 2.168
05 26/11/2009 Prédio Laboratório Computação Científica IMECC Incompleta 1.287
06 05/03/2012 Laboratório Bioenergia PRP Incompleta 1.000
07 13/04/2012 Laboratório de
Biodegradação de Polímeros
FEQ Completa 953
O Quadro 4.2 apresenta os dados da obra escolhida.
Quadro 4.2 - Obra escolhida para o estudo de caso
Descrição da obra Laboratório de excelência para caracterização e estudo da biodegradação de Polímeros
Solicitante Faculdade de Engenharia Química (FEQ) Área da obra (m²) 953 Preço do projeto R$ 53.100,00
Preço estimado da obra R$ 2.815.377,83 Fonte de recursos Convênio com empresa fomentadora
54
4.2.4.2 Mapeamento do fluxo de valor do estado atual
O mapeamento do fluxo de valor do estado atual foi realizado levando-se em conta a
experiência obtida com o uso das ferramentas e métodos citados e utilizados no
estudo de caso piloto.
Para o mapeamento do estado atual, foram adaptados os ícones e abreviaturas
conforme ilustrado no (APÊNDICE B).
4.2.4.3 Análise dos tempos do estado atual
Após o mapeamento do estado atual e em poder de informações levantadas foi
possível analisar os tempos de permanência de cada participante no processo
estudado e também os tempos de espera.
4.2.4.4 Discussão do estado atual com relação às boas práticas identificadas na revisão bibliográfica
Na revisão bibliográfica, foi possível a identificação de boas práticas, citadas por
vários autores como necessárias na realização das atividades que compõe as etapas
da fase de pré-construção.
Com as boas práticas identificadas, foi desenvolvido um “check list de boas práticas”
conforme quadro 5.6.
A partir “check list de boas práticas”, foi possível confrontá-las com a realidade
encontrada no estudo de caso em três aspectos: se atendiam, se atendiam
parcialmente ou se não atendiam aos requisitos citados.
Na discussão do atendimento às boas práticas, foram identificadas informações
complementares fornecidas pela CPO com relação ao fluxo de obra na Unicamp,
referentes ao acúmulo de projetos aguardando decisões.
55
A identificação dessas boas práticas favoreceu e facilitou na análise do caso estudado
e também na proposição de melhorias.
4.2.4.5 Proposição de melhorias na fase de pré-construção do caso estudado
Após a análise e identificação das causas geradoras de atrasos e tempos de espera
que não agregam valor no caso estudado o passo seguinte foi aplicar as ferramentas
lean com o objetivo de eliminá-las.
Para isso foi proposto o mapeamento do estado futuro considerando as questões
segundo PICCHI (2003) para se adaptar o mapeamento de fluxo de valor MFV a
ambientes administrativos.
4.2.4.6 Mapeamento do fluxo de valor do estado futuro
O mapeamento do fluxo de valor do estado futuro foi realizado com base nas
melhorias propostas em função do principalmente do não atendimento de algumas
boas práticas identificadas e também de rearranjos no fluxo com propostas de criação
de células de trabalho visando a eliminação dos retrabalhos e redução dos
desperdícios identificados.
Para o mapeamento do estado futuro, também foram adaptados os ícones e
abreviaturas conforme ilustrado no (APÊNDICE B).
4.2.5 Conclusão A conclusão foi feita levando-se em consideração, todos os levantamentos de
informações e análises feitas com relação ao fluxo estudado.
57
5 Resultados
5.1 Estudo piloto
A CPO possui um roteiro para implantação de empreendimentos de engenharia, o
qual é composto por quatro etapas. Para este estudo piloto foram consideradas
apenas as primeiras 03 etapas que representam o processo de pré-construção,
conforme quadro 5.1.
Foi verificado que as etapas do fluxo administrativo estudado não acontecem de forma
centralizada, ou seja, num mesmo local, dificultando a obtenção dos dados.
As informações obtidas para o estudo exploratório foram: a seqüência das etapas do
roteiro para solicitação de empreendimentos, os responsáveis, o tipo de informação
necessária para realização de cada etapa e data de recebimento e encaminhamento
dos documentos.
O caso piloto estudado foi a construção de um edifício educacional, com salas de aula
e laboratórios denominado Laboratório de Facilidade Experimental para Estudos em
Escoamento de Óleo e Gás com aproximadamente 1.700 m² de área.
O estudo piloto foi realizado com o objetivo de identificar dificuldades, cuidados,
necessidade de adaptação, facilidade de visualização do processo e definição de
questões a serem respondidas. O estudo piloto contribuiu para a familiarização e
prática de aplicação da ferramenta, conhecimento das fases e etapas do processo e
também a visualização de possíveis desperdícios no processo através do uso da
ferramenta MFV.
58
Quadro 5.1 - Roteiro para implantação de empreendimentos de engenharia
Etapa Sub-etapa Responsabilidade 1. Solicitação
da Obra 1.1 Preenchimento do formulário de solicitação de obra. Unidade
2.1. Abertura do Processo de Planejamento 2.2. Definição da estratégia geral
2. Planejamento
2.3. Levantamento de campo
CPO
3. Projetos 3.1. Abertura do processo para contratação dos projetos
CPO
3.2. Reserva de recursos Unidade 3.3. Pasta Técnica CPO 3.4. Análise jurídica PG 3.5. Contratação dos projetos 3.6. Administração do Contrato
DGA ou FUNCAMP
3.7. Desenvolvimento dos projetos
Empresa terceirizada sob gerenciamento da CPO
3.8. Recebimento dos projetos CPO
3.9. Liquidação e pagamento DGA ou FUNCAMP 4.1. Abertura de processo para contratação da obra CPO
4.2. Reserva de recursos Unidade 4.3. Pasta Técnica CPO 4.4. Análise jurídica PG 4.5. Visita Técnica Empresas licitantes. 4.6. Licitação da obra 4.7. Administração do contrato DGA ou FUNCAMP
4.8. Execução da obra Empresa terceirizada sob gerenciamento da CPO
4.9. Recebimento da obra CPO e Unidade 4.10. Liquidação e pagamento DGA ou FUNCAMP
4. Obra
4.11. Incorporação do bem imóvel ao Patrimônio da Universidade DGA
(UNICAMP, 2012)
59
5.1.1 Mapeamento do estado atual do estudo piloto
O primeiro passo foi desenhar o estado atual a partir das informações históricas da
obra. Na maioria dos casos, o solicitante por meio da necessidade do
desenvolvimento de uma pesquisa, demanda a realização de um empreendimento
com aporte de recursos subsidiado via convênios como Fapesp, Ministério da
Educação, Finep ou empresa fomentadora de pesquisa ou até com recursos
orçamentários da própria Universidade.
Após o convênio efetivado, o solicitante negocia com a Reitoria uma área física para
implantação da obra requerida e dá início ao processo efetivo de solicitação.
A partir deste momento o fluxo tem a seguinte sequência:
a) A Solicitação - se dá com anuência do Diretor da Faculdade ou Instituto /
informando as necessidades, previamente aprovadas junto à Reitoria.
b) Análise de viabilidade técnica - a área de projetos através de subsídios
técnicos identifica as interferências que possam existir no local definido
onde será o empreendimento. Foi identificada nesta etapa a falta de um
banco de dados com todas as informações e também a descentralização
das áreas responsáveis por formalizar essas informações.
c) Estudo Preliminar - desenvolvido pela própria CPO.
d) Estimativa de Custos – com base em banco de dados próprio, Tabela de
Composições de Preços para Orçamento (TCPO), Fundação para o
Desenvolvimento da Educação (FDE), o Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) entre outros.
e) Em seguida a CPO encaminha à PRDU para ciência da magnitude do
projeto que aprova ou não a continuidade do processo.
f) Estratégia de Execução - a execução do empreendimento pode ser por
etapas. Neste caso foi definida a execução total da obra requerida.
g) Contratação do Projeto Executivo - A CPO elabora a pasta técnica para
contratação dos projetos executivos e encaminha à área de licitações.
60
h) Desenvolvimento dos Projetos - Verificou-se que a área de projetos possui
um roteiro definido para a coordenação e gerenciamento das etapas de
desenvolvimento dos projetos executivos.
i) Elaboração da Pasta Técnica - para licitação. Este estudo limitou-se até
esta etapa do processo, pois a próxima etapa que é a de construção
propriamente dita ainda estava na fase de licitação e contratação e também
não fazia parte do escopo dessa pesquisa.
O mapa do estado atual do estudo piloto está demonstrado através da figura
5.1.
63
5.1.2 Aprendizados com o uso da ferramenta no mapeamento do estado atual do estudo piloto
O ponto de partida foi identificar se as informações necessárias para o mapeamento do
estado atual estavam disponíveis.
Apesar das dificuldades de obtenção, as informações foram conseguidas a partir do
estudo histórico contido em uma pasta de documentos normalmente usada para
formalização de toda documentação da obra.
Para delinear o mapa do estado atual, houve a necessidade de conhecer e entender os
tipos de atividades realizadas em cada etapa, como computar o tempo de realização de
cada atividade, identificar o responsável, saber se havia áreas externas envolvidas no
processo e se sim, se estavam localizadas na mesma área física, como era o fluxo de
informações no desenvolvimento das atividades e se as atividades realizadas bem
como as etapas a serem cumpridas eram claras e conhecidas por todos os envolvidos.
O aprendizado obtido com o mapeamento do estado atual através do uso da ferramenta
do MFV foi positivo com relação a: visualização sistêmica do processo, interface entre
as fases, etapas e atividades desenvolvidas, identificação visual de retrabalhos,
possibilidade de identificação de desperdícios por fases, etapas e atividades mapeadas,
pontos críticos do processo principalmente relativos a atividades que não agregam valor
e tempos despendidos nas tarefas.
5.1.3 Mapeamento do estado futuro do estudo piloto Para a proposição do estado futuro, foram analisadas, dentro do conceito Lean, as
possibilidades de atividades departamentalizadas serem agrupadas e desenvolvidas em
células, a possibilidade de melhorias para que o fluxo seja o mais contínuo possível,
que houvesse a possibilidade de produção sob demanda e também qual o tipo de
sinalização poderia ser implementada para que o fluxo pudesse ser puxado.
O mapeamento do estado futuro foi delineado conforme figura 5.2.
64
5.1.4 Aprendizados com o uso da ferramenta no mapeamento piloto do estado futuro do estudo piloto
Comparando os dois mapas nota-se que a utilização da ferramenta contribuiu na
proposição de um novo fluxo visualmente mais enxuto e tecnicamente mais eficiente e
produtivo com relação ao tempo gasto para completar o tempo de ciclo.
As questões propostas por Picchi (2003), para se adaptar o mapeamento de fluxo de
valor a ambientes administrativos se mostraram adequadas.
Com relação à identificação da possibilidade do uso do fluxo contínuo, por exemplo, em
várias situações onde envolvem definições e decisões diretas da alta administração da
Universidade, poderia haver políticas pré-definidas, bem como fluxos e processos
padronizados para implantação de obras no Campus.
Com relação às atividades departamentalizadas que poderiam ser reunidas em células,
pôde-se identificar esta possibilidade em várias etapas do processo, por exemplo, na
etapa de analise de viabilidade técnica, onde participam das atividades áreas externas
à CPO.
Com relação a produzir sob demanda alguma parte do fluxo, verificou-se que a
possibilidade de aplicação na etapa de desenvolvimento de projetos desde que o
processo seja suportado por um sistema contínuo de produção de projetos como, por
exemplo, ter um contrato guarda chuva.
Com relação a quem demanda cada atividade, neste caso foi possível identificar que as
atividades são sempre demandadas pelas etapas subseqüentes podendo, no entanto,
surgir demandas extra fluxo principalmente pelo solicitante.
Com relação à questão, onde o fluxo não puder ser contínuo, pode ser “puxado” por
algum tipo de sinalização, neste caso como a etapa sugerida para o fluxo puxado,
elaboração de projetos, era terceirizada, a referida questão proporcionou uma reflexão
de qual o tipo de sinalização poderia ser utilizada com o objetivo de avisar que alguma
especificação técnica está sendo requisitada para a continuidade do processo.
Com o apoio da ferramenta MFV, foram propostas melhorias no sentido de reduzir os
principais desperdícios do estado atual que podem ser observadas na proposição do
estado futuro.
65
O conhecimento adquirido no estudo piloto foi com relação principalmente a
identificação de onde as informações seriam obtidas, como seriam coletadas e quais os
tipos de informações seriam necessárias para o estudo do caso escolhido e também
como já descrito, com relação ao uso da ferramenta MFV.
As informações obtidas como: a seqüência lógica das etapas na fase de pré-
construção, os responsáveis pelas atividades envolvidas e as informações necessárias
para a realização de cada atividade.
Outro ponto importante foi a verificação da possibilidade de medir apenas os tempos de
permanência (TP), pois os tempos para realização das tarefas (TRA), considerando o
modo como as informações seriam obtidas, seria praticamente impossível.
E por fim, a identificação das boas práticas pesquisadas norteou os tipos de
informações que precisariam ser levantadas para possibilitar a comparação com as
atividades e etapas do caso definitivo a ser estudado.
5.2 Proposição das etapas relativas à fase de pré-construção
Para a proposição das etapas e atividades, conforme demonstrado no quadro 5.2,
foram consideradas as referências pesquisadas, conforme item 2.3 e também o
conhecimento adquirido com o estudo de caso piloto.
O escopo do estudo foi definido como “Fase de Pré-Construção”, fase esta citada em
todas as referências pesquisadas e que antecede o processo de contratação e a fase
de execução da obra requerida.
O produto final desta fase será considerado a pasta técnica, que é composta por um
conjunto de documentos técnicos, projetos executivos, especificações e outros
complementos compreendidos (cronograma, memorial descritivo, subsídios técnicos,
especificações técnicas, material gráfico e planilha orçamentária), que servem como
subsídios necessários para a contratação da obra requerida.
66
Quadro 5.2 – Fase de pré-construção.
ETAPAS
ATIVIDADES BOAS PRÁTICAS
Planejamento
Onde acontece desde a solicitação de uma obra, passando por autorizações, justificativas e viabilidades técnicas, financeiras e estratégias de execução e sistemas de comunicação e monitoramento do processo.
a) A necessidade da execução da obra estar alinhada com as prioridades de gestão da organização;
b) A necessidade, neste momento, de justificar a obra solicitada nos aspectos:
• Acadêmicos com relação a, por exemplo, aumento de vagas, novas pesquisas,
• Fatores demográficos com relação a disponibilidade de espaço físico e
• Administrativo financeiro, etc, para que se tenha o recurso aprovado e garantido.
c) A necessidade de ter um orçamento estimativo exclusivo para etapa de planejamento;
d) A necessidade de ter uma programação preliminar com identificação e monitoramento de todas as atividades e;
e) A necessidade de ter um programa de controle de atualização e comunicação adequado.
(continua)
67
Quadro 5.2 – Fase de pré-construção.
(continuação)
ETAPAS
ATIVIDADES BOAS PRÁTICAS
Projeto
Compreendida pelas atividades de: viabilidade técnica e financeira, levantamento de dados, programa de necessidades, licitação e contratação dos projetos executivos e atividades técnicas de elaboração de projetos.
a) Atendimento a normatização específica para as atividades técnicas de projeto de edificação e seus elementos, instalações e componentes;
b) Elaboração dos projetos em nível de executivo para encaminhamento para licitação e contratação e;
c) Especificamente ao processo de licitação e contratação, quando necessário, para elaboração dos projetos por empresas terceirizadas.
d) As revisões periódicas e aprovações dos projetos durante sua elaboração e termos de referência.
e) Programa do projeto detalhado, definição de prazos e metas e programa de monitoramento e acompanhamento.
Documentação
Compreendida por todas as peças e materiais técnicos gerados nas etapas anteriores e que servirão como subsídios para contratação e execução da obra nas fases subsequentes, sendo o produto final desta fase.
a) A atenção com relação à documentação completa e necessária para montagem da pasta técnica e preparação da documentação técnica para licitação/contratação.
68
5.3 Estudo de caso
5.3.1 Mapeamento do fluxo de valor do estado atual do estudo de caso
Como limitação, o mapeamento de fluxo de valor do estado atua não focou o TRA
apenas o TP, portanto o lead time foi medido através da somatória do tempo que a
informação leva da saída da atividade anterior até a saída da atividade subseqüente,
incluindo o tempo em que a informação fica parada esperando a próxima etapa ou
sendo transportada sem agregar valor.
Após a definição do caso a ser estudado através do critério de escolha apresentado e
também de sua caracterização, o passo seguinte foi a partir das documentações e
informações históricas da obra contidas na pasta de documentos “capa azul”, que
representa toda a tramitação histórica da obra a ser executada, identificar todas as
etapas e atividades realizadas, ocorrências, documentações geradas, tempos de
permanência das atividades e esperas e também qualidade dos projetos gerados.
Foram descritas todas as atividades realizadas que estão a seguir.
Para o entendimento e acompanhamento do processo mapeado as ações e atividades
desenvolvidas foram identificadas através de “letras” quando a atividade for externa a
Universidade e através de “números arábicos” quando for inerente às áreas internas a
Universidade.
A a E - Atividade externa a Universidade.
1 a 36 - Atividade interna a Universidade.
Atividade A - As atividades foram iniciadas com a empresa fomentadora
procurando a Faculdade de Engenharia Química (FEQ) na Unicamp, com a
intenção de viabilização e criação de laboratório de excelência para
caracterização e estudo da biodegradação de polímeros, composto por salas de
69
aulas, salas reuniões, salas de vídeo conferência e laboratórios de pesquisa, no
Campus da Universidade.
Para que o projeto fosse viabilizado, havia a necessidade principalmente da
construção de uma área física (edifício) para implantação desse laboratório.
Atividade B - Frente ao interesse demonstrado pela FEQ, a empresa
fomentadora solicitou algumas informações preliminares necessárias para
aprovação do projeto como: objetivo do projeto, justificativa, resultados
esperados, mecanismos de acompanhamento de execução, indicação da equipe
responsável pelo acompanhamento, indicação de um terreno para implantação
do prédio, estudo preliminar com custo estimativo de projeto e da obra, bem
como um cronograma de desembolso, para estudo e aprovação do projeto
apresentado.
Atividade 1 - Em poder dessas necessidades de informações, a FEQ, que a partir
desse momento será chamada de solicitante, apresentou o projeto de forma integral
para aprovação junto a Reitoria.
Atividade 2 - Segundo informação do solicitante, a Reitoria analisou e aprovou o
projeto de implantação do laboratório no Campus.
Atividade 3 - Essa afirmação do solicitante aparece em um documento formal
encaminhado pelo solicitante à PRDU em 21/08/2009, informando a aprovação feita
pela Reitoria e já solicitando além das informações requeridas pela empresa
fomentadora, também aprovação da área pretendida para implantação do laboratório no
Campus.
Atividade 4 - A PRDU recebeu a solicitação, analisou e aprovou a área pretendida,
liberando o terreno para a edificação.
A negociação com a PRDU se dá caso a caso, pois o Campus não possui um Plano
Diretor definido e, portanto não possui uma definição clara de área por Faculdade,
70
Instituto ou Administração. A CPO nestes casos assessora tecnicamente a PRDU com
relação ás áreas que ainda estão livres para construção.
Atividade 5 - Ao aprovar e liberar o terreno, o próximo passo é a Prefeitura do Campus
providenciar o cadastramento da área. Sem um plano diretor, a Prefeitura do Campus
encontra dificuldades no cadastro e na definição de áreas limítrofes a área requisitada.
Atividade 6 - A CPO em poder dessas informações abre a pasta de documentos “capa
azul” indica um engenheiro para gerenciar o projeto e solicita o início dos estudos
técnicos preliminares a fim de fornecer as informações necessárias ao solicitante na
apresentação para empresa fomentadora para continuidade do projeto.
Atividade 7 - Após a abertura da pasta de documentos “capa azul”, a área de cadastro
da CPO foi a campo fazer os levantamentos necessários. Essas informações foram
descritas na ficha informativa (ANEXO A) atendendo aos itens de 01 a 07 solicitados
anexando todos os documentos gerados.
Os itens de 01 a 07 que compõem a ficha informativa são:
1. Informações sobre planta de interferências – Ao longo do tempo foram
executadas instalações de infraestrutura principalmente enterrada como redes de
água, esgoto, dados e voz, e não foram cadastradas, o que dificulta nos dias de
hoje, os levantamentos de campo. Ao final desse levantamento, deve estar
demonstrado no projeto cadastral a área possível de implantação da obra.
2. Planta de infraestrutura – contempla a quadra toda e as quadras ao redor para
fornecer subsídios a elaboração dos projetos referentes às redes de
infraestrutura.
3. Levantamento topográfico e de sondagem de solo;
4. Relatório fotográfico;
5. Necessidade de ampliação do plano diretor de pavimentação;
6. Necessidades de aprovações em órgãos externos a Universidade, e;
7. Cadastramento no plano geral da Prefeitura do Campus
71
Atividade 8 – Depois de atendida as informações dos itens de 1 a 7 como já descritos,
a área de planejamento da CPO enviou a ficha de levantamento de campo para a
Divisão de Sistemas (DSIS), área esta hierarquicamente ligada a Prefeitura do Campus,
para preenchimento do item 8. Atividade 9 - A DSIS é a área responsável pela infraestrutura de energia elétrica e
saneamento do Campus. O item 08 da ficha informativa, refere-se as informações de
infraestrutura básica (saneamento, média tensão e instalação de posto de
transformação elétrico). Se houver informações suficientes até este momento, são
definidos os pontos de interligação com as redes de esgoto, águas pluviais, água de
consumo, incêndio e energia elétrica. São informadas, também, possíveis obras
planejadas pela DSIS que possam conflitar com a solicitação dentro da área em
questão. Após a informação, a DSIS devolveu a ficha preenchida para a área de
planejamento da CPO.
Atividade 10 - A área de planejamento da CPO recebeu a ficha informativa preenchida
no item 08 e enviou para a Divisão de Meio Ambiente (DMA) área esta também
hierarquicamente ligada a Prefeitura do Campus, para preenchimento do item 9.
Atividade 11 - A DMA é a área responsável pelas questões de meio ambiente do
Campus. O item 09 da ficha informativa refere-se a avaliação técnica das condições de
implantação da obra e sua interferência com as áreas de proteção ambiental e árvores
existentes. Caso seja verificada a necessidade, define-se nesse momento a
possibilidade de corte e/ou poda de árvores, remanejamentos ou compensações. Após
a informação, a DMA devolve a ficha preenchida para a área de planejamento da CPO.
Pode-se identificar que as atividades internas 8 e 10 realizadas, não agregam valor
algum e impactam diretamente em desperdício de tempo e mão de obra. Com isso a
CPO gasta tempo no encaminhamento e recebimento das informações solicitadas,
através de despachos, um por vez, na pasta de documentos “capa azul” pelas áreas
responsáveis por cada especificidade de preenchimento das informações, ou seja, para
72
a DSIS responsável pelas questões de infra-estrutura de elétrica e saneamento e
depois para a DMA, ambas ligadas hierarquicamente a Prefeitura do Campus.
Com relação às atividades internas 9 e 11 as atividades também impactam diretamente
em desperdício de tempo e mão de obra considerando a falta de um banco de dados
com o cadastramento de todas essas informações e também a descentralização, físicas
e hierárquicas, das áreas responsáveis pela formalização dessas informações.
Para a realização das atividades de 7 a 11 foram gastos 54 dias.
Atividade 12 - Em poder de todas essas informações técnicas, a área de planejamento
da CPO elaborou a estimativa de custo e o cronograma de macro etapas da obra
requerida. As informações constantes no relatório técnico encaminhado ao solicitante
foram:
• Custo do m² da construção;
• Custo dos projetos;
• Infraestrutura necessária (ruas, estacionamentos, drenagem, redes de esgoto,
elétrica), instalações especiais (gases, revestimentos, climatização), e;
• Benefícios e despesas indiretas (BDI) e cronograma.
Junto com o envio do relatório, a CPO pediu para que o solicitante indicasse nesse
momento os recursos financeiros existentes.
Para a realização dessa atividade a CPO levou 44 dias para preparar o relatório, devido
à solicitação feita pela empresa fomentadora, de alteração do plano de trabalho
inicialmente apresentado.
Neste momento o solicitante ainda não conseguiu indicar os recursos existentes.
Atividade 13 - Em poder dessas informações encaminhadas pela CPO, o solicitante
encaminhou para a empresa fomentadora para análise.
Atividade C - A empresa fomentadora recebeu e analisou a documentação
solicitada e formalizou o contrato com a Universidade.
73
A análise e a formalização do contrato por parte da empresa fomentadora
demoraram 63 dias, porém ainda neste momento ainda não havia sido feita a
liberação dos recursos financeiros.
Mesmo após a assinatura do contrato, o solicitante ficou aguardando 245
dias para liberação dos recursos financeiros por parte da empresa
fomentadora. Não foi possível identificar o motivo dessa demora.
Atividade D - Só após esse período a empresa fomentadora liberou os recursos.
Atividade 14 - Em paralelo à formalização do contrato, com a análise de viabilidade
completada e com a espera da aprovação do projeto e liberação dos recursos por parte
da empresa fomentadora, a CPO iniciou o estudo preliminar e desenvolveu o projeto
executivo de arquitetura. Por facilidade esses projetos foram elaborados pela própria
CPO que ao longo do tempo desenvolveu um know-how por conhecer tanto o perfil e as
expectativas dos solicitantes quanto ao padrão de edificação desenvolvido na
Universidade.
O projeto executivo de arquitetura demorou 60 dias para ficar pronto. Como o tempo de
liberação dos recursos financeiros por parte da empresa fomentadora foi de 240 dias,
mesmo desenvolvendo o projeto executivo de arquitetura em paralelo, o processo ficou
parado por 180 dias até que fosse liberado.
Atividade 15 - Após os 240 dias corridos, o solicitante informou à CPO que os recursos
financeiros foram liberados. Só então a partir daí o processo foi retomado.
Atividade 16 - Em poder das informações técnicas levantadas, do projeto executivo de
arquitetura elaborado e da informação do solicitante que os recursos financeiros foram
liberados, a CPO elaborou a pasta técnica para a contratação dos projetos executivos e
enviou para o solicitante. Os documentos que compuseram a pasta técnica para
contratação dos projetos executivos foram:
• Memorial descritivo;
74
• Subsídios técnicos;
• Diretrizes de projeto;
• Roteiro de gerenciamento;
• Modelo de planilha de preços;
• Estudo preliminar e projeto executivo de arquitetura;
• Planilha de prazos para execução, e;
• Parcelas de pagamento por etapa.
Atividade 17 - O solicitante recebeu a pasta técnica e encaminhou para a área de
licitação. A pasta técnica ficou em poder do solicitante por 39 dias antes que este
enviasse para a área de licitação. Não foi possível identificar o motivo de tal demora,
porém na sequência de registros do processo de contratação, nada foi anexado o que
leva crer que o tempo em que ficou parado nenhum valor foi agregado ao processo,
portanto foi apenas um desperdício de tempo.
Atividade 18 - A área de licitação recebeu a pasta técnica e a usou como subsídio para
montar o edital de contratação. Considerando que o orçamento estimado para
elaboração dos projetos executivos foi de R$ 65.000,00, conforme a Lei 8.666, o edital
foi montado na modalidade convite.
Na modalidade convite, a área de licitação solicita os orçamentos aos
escritórios de projetos interessados na participação do certame, os quais,
por Lei, têm 15 dias para apresentação das propostas. Portanto durante
este tempo o processo permaneceu parado aguardando a apresentação
das propostas.
Atividade 19 - Ao receber as propostas, a área de licitação monta uma planilha com as
informações dos documentos apresentados para a habilitação técnica dos escritórios de
projetos e encaminha a CPO para análise e parecer.
Para habilitação técnica, os requisitos solicitados foram:
75
• Registro do escritório junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(CREA);
• Atestados de elaboração de projetos de características, quantidades e prazos
compatíveis ao objeto da cotação de preços, sendo que o atestado deve ser
expedido por empresa pública ou privada, devendo ter sido emitido em nome da
empresa licitante obedecendo as parcelas de maior relevância relativas ao
projeto;
• Comprovação de vínculo do escritório com o profissional de nível superior
devidamente reconhecido pelo CREA, profissional este que deve ser o detentor
do atestado e/ou acervo técnico e também ser o responsável técnico pelo objeto
a ser contratado. A comprovação foi exigida através dos seguintes documentos:
Carteira de trabalho, contrato social ou contrato particular firmado entre o
escritório e o profissional detentor dos atestados e/ou acervo técnico.
Atividade 20 - A CPO recebeu e analisou a documentação para habilitação técnica
apresentada pelos escritórios de projetos participantes do certame de licitação. Após
análise da documentação a CPO emitiu um parecer técnico desclassificando uma
proposta por não apresentar as exigências técnicas constantes do edital,
permanecendo apenas dois escritórios classificados. Dos dois escritórios classificados a
CPO também já emitiu um parecer com relação a estar de acordo com a proposta
apresentada de menor preço. O parecer foi devolvido a área de licitação para
prosseguimento do processo.
Pelos modelos de editais apresentados pela Universidade e validados por sua
Procuradoria Geral, esta relação de documentos é suficiente na comprovação de
habilitação técnica dos escritórios concorrentes, pois abrange desde a regularização
técnica tanto da empresa como dos profissionais que nela trabalham junto ao Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e também exige o acervo técnico dos
escritórios atestando a elaboração de projetos por eles, de características, quantidades
e prazos compatíveis ao objeto da cotação de preços.
A área técnica, neste caso a CPO, é que analisa formalmente e atesta tanto a
habilitação técnica quanto a capacidade técnica dos escritórios de projetos. Esta
76
definição se torna bastante importante considerando o conhecimento técnico da área
que está analisando a documentação, portanto a análise e decisão não ficam a cargo
de uma área não técnica.
Atividade 21 - A área de licitação, considerando o parecer da CPO, formalizou o
contrato com o escritório de projeto vencedor, de menor preço, e encaminhou para
assinatura.
Atividade 22 - O escritório de projetos assinou o contrato e após devolveu à área de
licitação. O escritório de projetos levou 16 dias para a assinatura do contrato.
Atividade 23 - Ao receber o contrato assinado pelo escritório de projetos, a área de
licitações enviou para a empresa fomentadora para assinatura.
Atividade E - A empresa fomentadora recebeu e assinou o contrato e devolveu
para a área de licitação. A empresa fomentadora levou 71 dias para a assinatura
do contrato. Não foi possível identificar o motivo.
Atividade 24 - Ao receber o contrato assinado pelo escritório de projetos, a área de
licitações enviou uma cópia do contrato para a CPO, informando que os trabalhos já
estavam liberados para início.
Atividade 25 – A CPO após o recebimento do contrato assinado entre as partes,
realizou com o escritório de projetos contratado a reunião técnica para início dos
projetos. A partir desta reunião, a elaboração dos projetos executivos seguiu o “Roteiro
de Gerenciamento de Projetos” conforme (anexo C) padronizado pela CPO.
77
Atividade 26 – O escritório de projetos elaborou os anteprojetos. O tempo de
elaboração foi de 66 dias. Após a elaboração dos anteprojetos, enviou à CPO para
análise.
Atividade 27 – A CPO recebeu os anteprojetos para análise. A análise teve 25 dias de
duração.
Houve um aditivo físico no contrato, fazendo com que o contrato fosse alterado de 110
dias, tempo inicial contratado, para 293 dias.
Atividade 28 – O escritório de projetos elaborou os projetos pré-executivos. O tempo
de elaboração foi de 20 dias. Após a elaboração dos projetos pré-executivos, enviou à
CPO para análise.
Atividade 29 – A CPO recebeu os projetos pré-executivos para análise. A análise teve
duração de 13 dias.
Atividade 30 – O escritório de projetos elaborou os projetos executivos. O tempo de
elaboração foi de 20 dias. Após a elaboração dos projetos executivos, enviou a CPO
para análise.
Atividade 31 – A CPO recebeu os projetos executivos para análise. A análise teve
duração de 30 dias.
Houve demora na análise dos projetos executivos por parte da CPO por motivo de alta
demanda de serviços.
Atividade 32 – O escritório de projetos fez as correções nos projetos executivos
apontadas pela CPO. O tempo para correção foi de 17 dias. Após as correções dos
projetos executivos, enviou à CPO para nova análise.
78
Atividade 33 – A CPO recebeu os projetos executivos com as correções solicitadas
analisou e aprovou a última versão. A análise teve duração de 11 dias. Após análise e
aprovação, solicitou ao escritório de projetos que aprovasse os projetos no corpo de
bombeiros.
Atividade 34 – O escritório de projetos, submeteu os projetos executivos para análise e
aprovação junto ao corpo de bombeiros da cidade de Campinas.
Os projetos foram apresentados duas vezes ao corpo de bombeiros, pois em sua
análise foram verificadas inconformidades que o escritório de projetos teve que alterar e
adequar os projetos às normas vigentes. Esse processo levou 87 dias, pois o corpo de
bombeiros possui em suas regras internas um tempo aproximado de 30 dias para cada
análise de projetos solicitada.
Atividade 35 – A CPO recebeu os projetos executivos com aprovação no corpo de
bombeiros e fez o recebimento definitivo. Atividade 36 – Após o recebimento definitivo, como produto final da fase de pré-
construção, a CPO montou a pasta técnica para a contratação da execução da obra e
encaminhou para a área de licitação.
Na figura 5.3, está ilustrado o mapeamento de fluxo de valor do estado atual.
86
5.3.2 Analise dos tempos - estado atual
a) Tempos de permanência O quadro 5.3 mostra os tempos de permanência gastos por cada participante no
estado atual.
Quadro 5.3 - Tempo de permanência (TP) por cada participante
Participante Dias % Empresa fomentadora 375 38,8 Projetista 232 24 Área de licitação 41 4,2 Solicitante 66 6,8 CPO 230 23,8 PRDU 02 0,3 Prefeitura do Campus 20 2,1
TOTAL 966 100 Analisando o quadro 5.3 de forma sistêmica, ou seja, no contexto geral do fluxo
estudado, sob o ponto de vista do tempo de permanência, medido em dias, que
cada participante utilizou, pôde-se fazer as seguintes observações:
Empresa fomentadora As informações solicitadas pela empresa fomentadora para viabilização do projeto
proposto, conforme constatado em documento, foram enviadas pelo solicitante. Os
tempos despendidos identificados foram:
- 61 dias para análise da documentação e formalização do convênio com a
Unicamp;
- 245 dias para liberação dos recursos financeiros e;
- 69 dias para assinatura do contrato para elaboração dos projetos.
A somatória desses tempos resultou em 375 dias, tempo este bastante longo e
que acabou causando um impacto significativo no processo. O tempo total
despendido não se justificou considerando que as demandas solicitadas para a
87
Universidade foram atendidas de forma integral e qualitativa. Não foi possível
identificar junto a empresa o motivo desses tempos apontados.
Projetista O tempo de permanência total de 232 dias significou 16 dias para a assinatura do
contrato para elaboração dos projetos executivos e mais 216 dias efetivamente
utilizado na elaboração dos projetos executivos. O tempo utilizado acabou ficando
além do tempo previsto contratado, conforme pode-se verificar no quadro 5.9,
onde o tempo total contratado para elaboração dos projetos era de 80 dias , ou
seja, o prazo acabou sendo acrescido em 136 dias.
Os motivos para que o tempo previsto contratado para a elaboração dos projetos
não ter sido cumprido foram:
• Solicitação de alteração no projeto feito pelo próprio solicitante, já na fase
de anteprojeto. Estas modificações acabaram elevando o tempo contratado
de elaboração dos anteprojetos de 20 para 66 dias, ou seja, 46 dias a mais.
• Correções nos projetos executivos, etapa esta não considerada na planilha
de contratação, conforme também indicado no quadro 5.9, que acabou
somando ao tempo total, mais 17 dias.
• Aprovação dos projetos no corpo de bombeiros, neste caso por
responsabilidade do projetista contratado, que era de 15 dias, com
necessidades de ajustes nos projetos de combate a incêndio acabou
impactando em 87 dias, ou seja, 72 dias a mais.
As boas práticas verificadas na revisão bibliográfica com relação a se ter um
escopo de projeto bem definido no início, de modo a evitar retrabalho ao longo do
processo, definições coerentes de prazos e metas para execução dos projetos e
um monitoramento efetivo em todas as etapas, poderia ter reduzido esses
impactos de prazos durante essa etapa de projeto.
Área de licitação O tempo utilizado de 26 dias, pela área de licitação, para contratação da
elaboração dos projetos executivos, foi mais rápido que a média, levando–se em
88
conta que foi uma licitação do tipo convite, considerada mais rápida, tendo em
vista os tempos médios usados para contratações de projetos na Universidade
segundo a CPO. O quadro 5.6 mostra os tempos médios por tipo de licitação, os
dados referem-se ao período de Jan/2010 a Nov/2011.
Se o tempo para contratação tivesse seguido a média conforme indicado no
quadro 5.4, o processo poderia sofrer um atraso ainda maior de aproximadamente
160 dias.
Quadro 5.4 - Tempos médios para contratações de projetos
Tipo de licitação Quantidade de Contratações
Tempo Médio (Meses)
Dispensa 9 3,6 Convite 11 6,3 Tomada de preços 1 13,0
Solicitante Com relação aos tempos utilizados pelo solicitante no processo para o
encaminhamento das informações, não foi identificada nenhuma causa que
justificasse o próprio solicitante, o maior interessado no projeto, demorar 24 dias
para informar que os recursos tinham sido liberados, conforme ilustrado na
atividade 15 do mapeamento da situação atual e também demorar mais 40 dias
para encaminhar a pasta técnica para a área de licitação para contratação dos
projetos executivos, sendo que toda a documentação já estava em seu poder
conforme ilustrado na atividade 17.
CPO O tempo de permanência utilizado pela CPO foi considerado excessivo em
algumas atividades, como por exemplo:
• As atividades 8 e 10 poderiam ser excluídas e as informações fluírem de
forma contínua na sequência lógica das informações a serem obtidas, ou
89
seja, não precisaria a pasta de documentos “capa azul” voltar a CPO para
ser reenviado a outra área.
• Na atividade 12, apesar de todas as informações necessárias estarem
completas, foram utilizados 76 dias para informar a estimativa de custo e o
cronograma de macro etapas da obra requerida.
• Com relação ao gerenciamento dos projetos, por parte da CPO, conforme
indicado no quadro 5.9, os tempos indicados em contrato para análises das
etapas dos projetos, ficaram acima do efetivamente executado, ou seja, o
tempo contratado para análise dos projetos era de 20 dias e o tempo
efetivamente utilizado foi de 93 dias. Apesar de a CPO possuir um termo de
referência para gerenciamento de projetos (ANEXO C), o tempo esse total
previsto em contrato para as análises, se mostrou na prática, sub-
dimensionado pela complexidade e tamanho da obra. Foi verificado em
documentos anexo a pasta de informações, que esse aumento de prazo
não ocorreu por motivo de alteração do projeto e sim por falta de
capacidade produtiva em relação a demanda de atividades. Por exemplo,
foi identificado um documento onde relatava que a arquiteta responsável
pelo gerenciamento dos projetos ficou doente e haveria a necessidade do
aguardo desta profissional retornar ao trabalho para prosseguimento das
atividades.
Com relação às boas práticas pesquisadas, no planejamento inicial deve haver
além da previsão dos recursos financeiros, também a previsão de recursos
humanos adequados de acordo com o tamanho e complexidade do projeto, logo
no inicio dos trabalhos.
Esse não planejamento de forma correta, causou um impacto final no contrato que
era de 110 dias para 309 dias, ou seja, 280% de acréscimo no tempo contratado
para a elaboração dos projetos executivos.
90
PRDU e Prefeitura do Campus Quanto aos 22 dias utilizados pela PRDU e pelas áreas da Prefeitura do Campus,
não impactou significativamente no tempo total de ciclo do processo.
b) Tempos de espera
Os tempos de espera identificados no processo estudado, estão indicados no
quadro 5.5.
Esses tempos identificados foram relevantes, os quais causaram um impacto
significante no tempo total final do processo.
Quadro 5.5 - Tempo de espera - estado atual
Prazos relevantes identificados de espera no processo DiasAguardando liberação dos recursos financeiros por parte da empresa fomentadora 245
Aguardando apresentação de propostas dos escritórios de projetos 15 Total de tempo de espera 260
Não foi possível a identificação das causas do tempo de espera de 245 dias que a
empresa fomentadora levou para a liberação dos recursos, pois não foi
identificado nenhuma solicitação de modificação na documentação encaminhada
para a assinatura do convênio que pudesse interferir ou ser indicada como causa
dessa espera.
Quanto ao tempo de espera de 15 dias para apresentação das propostas pelos
escritórios de projetos concorrentes, são necessários e previstos por Lei.
Por todos esses fatos apontados é que a etapa de planejamento, tão comentada e
citada na revisão, deve prever e esclarecer todas essas possibilidades, para que
não se tenha durante a execução dos trabalhos, surpresas desse tipo que acabam
interferindo diretamente nos prazos pré-fixados.
91
Os elevados tempos de permanência e de espera observados nas atividades do
fluxo de obra da Universidade mostram um potencial de melhoria considerando os
motivos apurados.
5.3.3 Discussão do estado atual com relação às boas práticas
identificadas na revisão bibliográfica Para facilitar a discussão do estudo de caso mapeado com relação às boas
práticas identificadas, as considerações foram dividas conforme as etapas do
quadro 5.2, sendo as boas práticas avaliadas com base no quadro 5.6.
a) ETAPA DE PLANEJAMENTO
Havia um formulário de para solicitação da obra? O documento enviado pelo solicitante à PRDU, para solicitação da área e
também da obra pretendida, não foi através de formulário de solicitação de
obra e sim apenas através de um documento comum denominado de ofício,
documento este utilizado na Universidade para o trato de informações
variadas.
A negociação com a PRDU se dá caso a caso, pois o Campus não possui
um Plano Diretor definido e, portanto não possui uma definição clara de
área por Faculdade, Instituto ou Administração. A CPO nestes casos
assessora tecnicamente a PRDU com relação ás áreas que ainda estão
livres para construção.
Na maioria das vezes as informações neste momento ainda não são claras
principalmente em função, como neste caso, da ainda não indicação dos
recursos financeiros e também da magnitude/complexidade do projeto a ser
concebido.
Em entrevista com o coordenador, a CPO implantou o formulário de
solicitação de obras (ANEXO B) no ano de 2011, como o caso estudado
92
teve início em 2009, nesta data ainda não havia um termo de referência
para solicitação.
Foi verificado também que a CPO possui um site na internet para tornar
público e informar sobre os diversos tipos de serviços oferecidos, termos de
referências utilizados, tira dúvidas e também a possibilidade de
acompanhamento do status das obras solicitadas.
Os documentos de solicitação explicitavam o alinhamento com a política e as prioridades de gestão da Universidade?
Nos registros históricos, no ofício encaminhado para a PRDU com o
objetivo de solicitar a área e também a obra pretendida, o solicitante
escreveu dizendo que já havia negociado e aprovado o projeto integral pela
reitoria, porém não foi identificado documento que explicitasse essas
informações.
Houve a justificativa da obra solicitada nos aspectos: acadêmico, demográfico e administrativo financeiro?
Não foi identificado no histórico de informações, documento que
apresentasse essas justificativas. Foi verificado que a Universidade não
possui essa prática de forma planejada e institucionalizada.
A obra solicitada tinha recursos aprovados e garantidos?
Neste caso estudado apesar de ter havido uma solicitação da CPO para
que o solicitante indicasse o recurso disponível, isto só aconteceu 445 dias,
desde a solicitação da obra até a liberação dos recursos, quando a
empresa fomentadora analisou toda a documentação requisitada, ou seja,
as atividades foram conduzidas sem se ter a certeza que os recursos
seriam liberados, dificultando principalmente o início da etapa de projeto.
De acordo com a revisão bibliográfica todos os autores citados são
unânimes em afirmar que a indicação, aprovação e garantia dos recursos, é
fundamental que aconteça na fase de planejamento de uma obra, caso
93
contrário a tendência de atrasos nas fases subsequentes e até em alguns
casos a inviabilidade da obra.
Em entrevista com o coordenador, atualmente a CPO, em função de uma
solicitação de obra, faz toda a análise de viabilidade técnica da obra
requerida e enquanto os recursos não forem indicados, o processo
permanece parado.
94
Quadro 5.6 - Check list de boas práticas a partir da revisão bibliográfica
ETAPAS CRITÉRIOS DE ANÁLISE SIM NÃO PARCIAL1 Havia formulário de solicitação de obra? X
2 Os documentos de solicitação explicitavam o alinhamento com a política e as prioridades de gestão da Universidade? X
3 Houve a justificativa da obra solicitada nos aspectos: acadêmico, demográfico e administrativo financeiro? X
4 A obra solicitada tinha recursos aprovados e garantidos? X
5 Houve programa de monitoramento, controle e atualização de todas as atividades realizadas? X
6 Foi definido um programa sistematizado para revisões periódicas e aprovações em cada etapa? X
7 Foi definido um sistema de comunicação entre o solicitante e a CPO a ser utilizado em todas as etapas da fase de pré-construção? X
8 Houve ações sistemáticas no sentido de promover o planejamento continuado das atividades de projeto? X
9 Houve a participação do construtor na concepção e planejamento, assim como no risco econômico-financeiro da obra? X
10 Havia termo de referência para geração e acompanhamento de indicadores? X
11 Foi realizado um orçamento estimativo estipulando o valor máximo para a obra? X
Planejamento
12 As fontes de informações para elaboração do orçamento refletiam a realidade de custo do mercado? X
(continua)
95
Quadro 5.6 - Check list de boas práticas a partir da revisão bibliográfica
(continuação)
ETAPAS CRITÉRIOS DE ANÁLISE SIM NÃO PARCIAL
13 O escopo do projeto foi bem definido no início, de modo a evitar retrabalho ao longo do processo? X
14 Havia termo de referência para análise e monitoramento dos projetos? X
15 O detalhamento do projeto elaborado para a contratação da obra foi em nível de projeto executivo? X
16 A elaboração dos projetos seguiu a determinação pela NBR 13531/95 com relação às atividades técnicas do projeto de edificação e de seus elementos, instalações e componentes?
X
17 Foram definidos e cumpridos prazos e metas para execução dos projetos? X
18 Foi feito relatório de avaliação e aprovação do projeto? X
19 A Universidade possui um caderno de encargos? Se sim, este caderno foi utilizado no desenvolvimento dos projetos? x
Projeto
20 Houve participação do solicitante, fornecedor, executor, e projetista na compatibilização não só dos projetos, mas também das especificações de materiais e métodos construtivos que serão utilizadas na obra?
x
As seguintes peças e documentações técnicas necessárias para licitação e contratação da obra estavam presentes na Pasta Técnica? 21 Projetos executivos. x 22 Memoriais descritivos. x 23 Planilha orçamentária de quantitativos e preços unitários. x 24 Cronograma físico financeiro. x
Documentação (Pasta Técnica)
25 Subsídios técnicos. x
96
Houve programa de monitoramento, controle e atualização de todas as atividades realizadas?
Foi verificado que a CPO possui algumas ferramentas para o
gerenciamento de obras.
Conforme já descrito no estudo piloto, existe um roteiro para implantação
de empreendimentos que define todas as etapas e atividades a serem
seguidas e atendidas (quadro 5.1). Esse roteiro, apesar de ainda não
institucionalizado, norteia a sequência lógica a ser seguida para a
implantação de empreendimentos no Campus.
Cada etapa do roteiro é composta por atividades e cada atividade possui
seus termos de referência, os quais servem de padronização e
monitoramento de todas as atividades realizadas.
Quanto a termos de referência de controle e atualização de todas as
atividades realizadas, a CPO ainda não possui de forma sistematizada.
Isso fica claro nas dificuldades encontras na obtenção das informações
para este próprio estudo de caso.
Foi definido um programa sistematizado para revisões periódicas e aprovações em cada etapa?
De certa maneira foram identificadas ações pontuais, porém não
sistematizadas. Foram verificadas algumas revisões periódicas, quando
necessárias, principalmente frente a mudanças de projeto pelo solicitante
em etapa avançada.
Foi definido um sistema de comunicação entre o solicitante e a CPO a ser utilizado em todas as etapas da fase de pré-construção?
A comunicação formal mais utilizada foi a pasta de documentos “capa azul”,
onde todas as informações são arquivadas. Outro meio de comunicação
utilizado é o de e-mail, os quais foram impressos e também arquivados na
pasta de documentos “capa azul”.
97
Houve ações sistemáticas no sentido de promover o planejamento continuado das atividades de projeto?
Com relação a um planejamento continuado das atividades de projetos,
referenciado por todos os autores pesquisados pela importância, mostrou-
se bastante confuso, principalmente pela falta de informações tanto técnica
como financeira, o que acabou causando indefinições esperas e atrasos em
todo o processo estudado.
Houve a participação do construtor na concepção e planejamento, assim como no risco econômico-financeiro da obra?
Neste caso vale a pena citar a Lei 8.666 – CAPÍTULO I - SEÇÃO III - Art. 9º
- onde descreve que não poderá participar, direta ou indiretamente, da
licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a
eles necessários:
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica;
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração
do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente,
gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital
com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou sub-contratado;
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável
pela licitação. Considerando a legislação, há uma prática na Universidade
em não envolver o projetista e / ou executor da obra nas atividades de
concepção e planejamento.
Portanto, neste caso estudado não houve a participação do construtor na
concepção e planejamento, assim como no risco econômico-financeiro da
obra.
98
Havia termo de referência para geração e acompanhamento de indicadores?
Não foi identificada nenhuma ação com relação à geração e tão pouco ao
acompanhamento de indicadores durante a realização de todas as
atividades e etapas da fase de pré-construção.
Percebe-se que a falta de indicadores acaba dificultando o
acompanhamento das atividades, etapas e fases do processo como um
todo, principalmente nos tempos despendidos.
Foi realizado um orçamento estimativo estipulando o valor máximo para a obra?
A CPO elaborou a estimativa de custo e o cronograma de macro etapas da
obra requerida. A estimativa feita foi composta das seguintes informações
constantes no relatório técnico encaminhado ao solicitante: custo do m² da
construção, custo dos projetos, infraestrutura necessária, instalações
especiais e benefícios e despesas indiretas (BDI) e cronograma. O preço
estimado foi de R$ 1.901.370,28.
Como já descrito a realização dessa atividade levou 44 dias, devido a
solicitação da empresa fomentadora de alteração do plano de trabalho
inicialmente apresentado.
As fontes de informações para elaboração do orçamento refletiam a realidade de custo do mercado?
A CPO utiliza para elaboração dos orçamentos as bases do sistema Volare
como Tabela de Composição de Preços para Orçamentos (TCPO) e
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
(SINAPI) e também os bancos de dados Fundação de Desenvolvimento da
Educação (FDE) e seu próprio banco de dados histórico de preços.
Portanto entende-se que os orçamentos apresentados refletiram a
realidade de custo de mercado.
99
b) ETAPA DE PROJETO
A pasta técnica para contratação dos projetos foi montada com os seguintes
documentos:
• Memorial descritivo;
• Subsídios técnicos;
• Diretrizes de projeto;
• Roteiro de gerenciamento;
• Modelo de planilha de preços;
• Estudo preliminar de arquitetura;
• Planilha de prazos e parcelas de pagamento por etapa.
O escopo do projeto foi bem definido no início, de modo a evitar retrabalho ao longo do processo?
O que se pode perceber foi que não houve um escopo do projeto bem
definido, pois já na elaboração do anteprojeto, houve necessidade de um
aditivo físico no contrato pelos seguintes motivos:
• Revisão do estudo preliminar com relação a alterações das divisões
internas dos laboratórios, bem como áreas técnicas para instalações dos
equipamentos.
• Atraso da análise do anteprojeto de arquitetura e estrutura por parte da
CPO por motivos de licença médica da responsável pelo acompanhamento
do desenvolvimento e validação do projeto.
• Complemento de informações por parte do solicitante, com relação aos
pontos funcionais dos laboratórios. Cito: capelas, fluxo laminar,
equipamentos da planta piloto e etc...
A definição de forma exaurida de um bom escopo inicial de projeto também
é um ponto bastante citado pelos autores pesquisados, pois a não atenção
100
a esta atividade pode trazer dificuldades, atrasos e retrabalhos durante a
elaboração dos projetos.
Havia termo de referência para análise e monitoramento dos projetos? A CPO possui um roteiro para gerenciamento de projetos composto por
dezesseis etapas (ANEXO C) claramente definidas tanto para as atividades
de elaboração dos projetos como para as análises de cada etapa
(ilustradas no mapeamento do estado atual), com termo de referência para
cada uma.
O detalhamento do projeto elaborado para a contratação da obra foi em nível de projeto executivo?
Conforme descrito e mapeado, a CPO desenvolveu internamente o estudo
preliminar e também o projeto executivo de arquitetura e contratou um
escritório de projeto terceirizado para elaboração do restante dos projetos
executivos (estrutura, elétrica, hidráulica, dados e voz e ar condicionado),
portanto os projetos para execução da obra foram em nível de projeto
executivo.
Em entrevista com o coordenador, a CPO não contrata execução de obras,
sem que os projetos estejam em níveis de executivo.
A elaboração dos projetos seguiu a determinação pela NBR 13531/95 com relação às atividades técnicas do projeto de edificação e de seus elementos, instalações e componentes?
As etapas do roteiro para gerenciamento de projetos seguem plenamente
todas as atividades técnicas determinada pela NBR 13531/95. Junto ao
roteiro, foram exigidas também, diretrizes técnicas a serem consideradas,
com relação a elementos, instalações e componentes, pelo escritório
técnico de projeto na elaboração dos projetos executivos.
101
Foram definidos e cumpridos prazos e metas para execução dos projetos?
Foram definidos em contrato pela CPO, prazos e metas para execução dos
projetos. Esses prazos e metas estão representados no quadro 5.7.
Considerando o quadro 5.7 podemos verificar que as atividades 25, 32 e 33
foram realizadas, porém não foram consideradas na somatória dos tempos.
Isso resultou numa diferença de 39 dias a mais no prazo inicial contratado.
Outro ponto importante verificado foi o tempo definido em contrato para
análise de cada etapa do projeto relativo às atividades 27, 29 e 31. Pode-se
perceber que todos os tempos indicados em contrato totalizando 20 dias
ficaram abaixo do real despendido na análise de cada etapa que foi de 93
dias.
A diferença totalizou 73 dias a mais do tempo planejado, o que mostra que
trata-se de um quesito que precisa ser analisado pela CPO, para que não
haja este tipo de atraso que acaba impactando no tempo real contratado
para entrega dos projetos executivos.
Ao final, considerando essas diferenças, de tempo contratado e executado,
e em decorrência do aditivo físico no contrato em função das modificações
no projeto durante a elaboração, o tempo inicial pré-definido de 110 dias,
passou para 309 dias.
Com as modificações no projeto, a área da obra aumentou de 800m² para
953m².
O preço para execução da obra que fora estimado em R$ 1.901.370,28,
com os projetos executivos prontos o preço real ficou em R$ 2.815.377,83.
Foi feito relatório de avaliação e aprovação do projeto?
Foi gerado no recebimento final dos projetos (atividade 35) um termo de
referência de recebimento formal e definitivo do objeto contratado, ou seja,
dos projetos executivos. Porém esse termo de referência não possui um
caráter avaliatório do material entregue. A CPO não possui um instrumento
de avaliação dos projetos contratados e recebidos.
102
Quadro 5.7 - Prazos definidos em contrato para elaboração dos projetos
versus prazo executado
Nº Atividade Responsável Contratado (dias)
Executado(dias)
25 Reunião técnica inicial CPO Não considerado 1
26 Elaboração dos anteprojetos Projetista 20 66 27 Análise dos anteprojetos CPO 05 26
28 Elaboração dos projetos pré-executivos Projetista 20 21
29 Análise dos projetos pré-executivos CPO 05 13
30 Elaboração dos projetos executivos (inclui memoriais descritivos, planilha orçamentária e ART)
Projetista 20 21
31 Análise dos projetos executivos CPO 10 32
32 Correções nos projetos executivos Projetista Não
considerado 17
33 Análise dos projetos executivos e planilha orçamentária
CPO Não considerado 21
34 Entrega do objeto contratado (inclui aprovação no corpo de bombeiros)
Projetista 15 87
35 Entrega definitiva Projetista 15 4 Total do cronograma de etapas 110 309
Total de tempo utilizado pelo projetista 80 216 Total de tempo utilizado pela CPO 20 93
A Universidade possui um caderno de encargos? Se sim, este caderno foi utilizado no desenvolvimento dos projetos?
A CPO possui um caderno de encargos de projeto com as diretrizes
necessárias a serem seguidas. Esse caderno faz parte dos subsídios
técnicos encartados no edital de contratação da elaboração dos projetos.
103
Após análise dos projetos entregues, percebeu-se que o caderno de
encargos foi seguido pelo escritório de projetos terceirizado.
Houve participação do solicitante, fornecedor, executor, e projetista na compatibilização não só dos projetos, mas também das especificações de materiais e métodos construtivos que serão utilizadas na obra?
Remete-se também a Lei 8.666 – CAPÍTULO I - SEÇÃO III - Art. 9º
c) ETAPA DE DOCUMENTAÇÃO
As seguintes peças e documentações técnicas necessárias para licitação e contratação da obra estavam presentes na Pasta Técnica?
Projetos executivos.
Memoriais descritivos.
Planilha orçamentária de quantitativos e preços unitários.
Cronograma físico financeiro.
Subsídios técnicos.
Toda a documentação necessária citada estava completa e foi encartada na
pasta técnica para a contratação da obra.
A pasta técnica, produto final desta fase de pré-construção, foi encaminhada
com a seguinte documentação:
Anotações de Responsabilidade Técnica dos autores dos projetos de:
• Arquitetura e da Coordenação de Projetos;
• Estrutural, Elétrico;
• Hidráulico;
• Planilha Orçamentária e;
• Ar Condicionado e Ventilação Mecânica;
104
Memoriais descritivos de:
• Arquitetura;
• Estrutura;
• Instalações Elétricas;
• Telecomunicações e Informática;
• Estudo de Proteção em Média Tensão - 15 kV;
• Instalações Hidráulicas e;
• Instalação de Ar Condicionado e Ventilação.
Projeto Completo de Prevenção e Combate a Incêndio, a saber:
• Formulário de segurança contra incêndio;
• Formulário – vistorias;
• Anotação de responsabilidade técnica do autor do projeto;
• Memorial de incêndio - projeto hidráulico;
• Memorial de arquitetura e;
• Projeto técnico de segurança contra incêndio.
Projetos executivos de:
• Arquitetura;
• Estrutura;
• Instalação elétrica;
• Instalação hidráulica e;
• Instalação de ar condicionado e ventilação mecânica;
Outros documentos:
• Planilha orçamentária;
• Cronograma físico-financeiro;
Ao final do documento encaminhado junto com a pasta técnica, a CPO informa
ainda que, caso o solicitante não possua os recursos financeiros totais para a
105
contratação da obra, agenda-se uma reunião para avaliação da possibilidade de
se contratar a obra em etapas.
A CPO informa ainda neste documento que, dependendo da data em que for
tomada a decisão de contratação da execução da obra, o preço necessitará ser
reajustado.
Dos 25 (vinte e cinco) critérios de análise de boas práticas identificadas na revisão
bibliográfica e indicadas no quadro 5.6, foi verificado no fluxo de obra estudado
que:
• Foram atendidos 13 (treze) critérios, com destaque para a realização de um
orçamento estimativo, com a utilização de fontes de informações para
elaboração do orçamento que refletiam a realidade de custo do mercado, o
detalhamento do projeto em nível de projeto executivo e por fim, a presença
na pasta técnica das peças e documentações técnicas completas e
necessárias para licitação e contratação da obra.
• Com atendimento parcial foram 03 critérios. São os três: o programa de
monitoramento, controle e atualização de todas as atividades realizadas, a
definição de um programa sistematizado para revisões periódicas,
aprovações em cada etapa e ações sistemáticas no sentido de promover o
planejamento continuado das atividades de projeto. Esses critérios
apareceram apenas na etapa de projetos. Faltou realmente ao fluxo um
programa sistematizado de acompanhamento das atividades.
• Não foram atendidos 09 (nove) critérios com destaque para falta de termo
de referência para solicitação da obra, justificativa da obra solicitada,
recursos aprovados e garantidos, escopo do projeto bem definido e
definição e cumprimento de prazos e metas para execução dos projetos. Os
critérios 9 e 20 não foram atendidos por motivos de legislação.
Apesar do número de critérios não atendidos ter sido menor que os atendidos,
foram critérios bastante citados na revisão bibliográfica e que na prática
impactaram diretamente nos prazos pré-estabelecidos do fluxo de obra estudado.
106
Além das análises realizadas através do estudo dos tempos de permanência e
espera e também dos critérios de análise de boas práticas, foram identificadas
informações complementares fornecidas pela CPO com relação ao fluxo de obra
na Unicamp.
O quadro 5.8 mostra a quantidade de solicitações e o status de obra em
processamento e ou já finalizadas, bem como o que isso significa em metros
quadrados de produção pela CPO. Os dados referem-se ao período do ano de
2009 a 2011.
Quadro 5.8 – Situação das solicitações atendidas de projetos e obras na Unicamp.
ITEM STATUS QUANT. ÁREA (m²) S1 Suspenso – aguardando decisão unidade 55 66.830 S2 Planejamento 60 119.243 S3 Licitação de projeto 5 2.116 S4 Desenvolvimento de projeto 24 23.102
S5 Projeto concluído aguardando decisão da unidade 48 65.869
S6 Licitação de obra 24 20.927 S7 Execução de obra 61 108.901 S8 Obras concluídas 125 50.856
TOTAL 402 458.803 Em entrevista com o coordenador da CPO, do status apresentados no quadro 5.8,
os itens S1 e S5 mereceram alguns comentários.
ITEM S1 Status - Suspenso aguardando decisão unidade.
Significa que, foram realizadas e finalizadas todas as atividades
necessárias para a estimativa de custos e cronograma de macro etapas da
obra requerida.
Neste momento, o solicitante fica com a documentação em suspenso pelos
seguintes motivos:
• O solicitante altera no estudo preliminar o que ele solicitou inicialmente
para tentar adequar o projeto ao seu recurso existente;
107
• O solicitante em função da estimativa de custos apresentada, não tem
os recursos financeiros necessários e garantidos. Diante dessa situação, o
solicitante simplesmente ignora essa solicitação e entra com novo pedido.
ITEM S5 Status - Projeto concluído aguardando decisão da unidade.
Significa que foi realizada e finalizada toda a fase de pré-construção, ou
seja, já está com a documentação completa para contratação da execução
da obra requerida.
A Unidade solicitante, em poder dessa documentação, pede para que o
processo seja aguardado devido aos seguintes motivos:
• A maioria das Unidades solicitantes não tem recursos para execução
da obra.
• A estimativa de custo feita do (projeto+obra) acaba ficando com uma
diferença menor em relação a planilha orçamentária elaborada em função
dos projetos executivos.
Considerando as solicitações de obras que se encontram nos itens S1 e
S5, podemos verificar que a CPO possui um grande estoque de projetos
solicitados pelas Unidades pertencentes a Universidades, que foram
iniciados e paralisados pelos motivos alegados e descritos.
Além do estoque desses projetos, podemos verificar que ao modificar
projetos durante sua elaboração, ao ajustar projeto em andamento em
função dos recursos financeiros existentes, ao solicitar e autorizar a
elaboração de um projeto sem ter os recursos garantidos e após a
mobilização desses esforços simplesmente deixar esses projetos parados,
a Universidade acaba tendo grandes desperdícios de esforços com mão de
obra e recursos financeiros.
Dependendo do tempo que esses projetos prontos permanecerem parados,
provavelmente no momento de sua execução, sofrerão alterações que mais
uma vez impactarão em mais custos e demoras.
108
A falta de política e planejamento da Universidade, com relação a
solicitação e execução de obra, fica evidente pelos problemas encontrados.
Requisitos importantes e necessários nos aspectos acadêmico,
demográfico e administrativo financeiro, recursos aprovados e garantidos e
o alinhamento com as prioridades de gestão da Universidade deveriam
compor a justificativa para solicitação de uma obra. Itens estes
exaustivamente citados pelos autores na revisão bibliográfica e que
acabam por comprometer todo processo, com impacto direto no produto
final que é o edifício requerido pelo solicitante.
Com isso sabe-se a data em que o processo se inicia, porém não se sabe a
data que termina.
5.3.4 Discussão geral do estado atual
Após a realização do mapeamento do fluxo de valor do estado atual, foi possível
ter a visão global do fluxo de obra estudado.
Na análise do tempo total do fluxo de 966 dias, não foi possível medir os tempos
de realização das atividades (TRA’s) que mostraria o tempo real de cada
atividade. Foram medidos apenas os tempos de permanência (TP’s), nos quais
foram incluídos além da realização da atividade, os trâmites dos documentos, as
esperas, retrabalhos e desperdícios.
Os tempos mais relevantes apontados conforme pode ser visto no quadro 5.3
foram:
• O tempo total que a empresa fomentadora participou do processo de 375
dias sendo que 245 dias, foi apenas de espera para indicação e liberação
dos recursos financeiros, situação esta que nos remete as boas práticas
109
apontadas com relação principalmente a iniciar o processo apenas com os
recursos indicados e garantidos.
• Os 20 dias da Prefeitura do Campus com relação aos trâmites de idas e
voltas da pasta de documentos nas atividades relativas as informações
técnicas de infraestrutura elétrica e de meio ambiente, situação esta que
poderia se amenizada através da criação de uma célula de trabalho no
sentido de otimizar essas atividades;
• Os 216 dias utilizados pelo projetista para a elaboração dos projetos que
impactaram em 136 dias a mais do tempo planejado que era 80 dias. A
principal ação de uma boa definição do escopo completo do projeto no
início, tanto comentado na revisão bibliográfica, acabou impactando em
necessidades de alterações de projeto durante a elaboração;
• Dos 230 dias participados pela CPO no processo, 20 dias estavam
planejados para a etapa de análise de projetos, que acabou sendo elevado
para 93 dias, ou seja, 73 dias a mais do planejado, fato este pelo não
planejamento de sua capacidade de produção.
São apresentados no quadro 5.9, exemplos de causas e efeitos que acabaram
impactando diretamente no processo estudado principalmente com vistas aos
desperdícios e conseqüente aumento do tempo de ciclo. Exemplos esses que
apresentam grande potencial de melhoria.
Estas situações relatadas podem explicar o estoque em processo de projetos na
Universidade, mostrados no quadro 5.8 e discutidos nos status S1 e S5.
Quadro 5.9 – Causas e efeitos identificados no processo
110
N.º ATIVIDADE CAUSA EFEITO
01 Análise e aprovação das solicitações de obra
Universidade não ter diretrizes definidas e institucionalizadas.
Demora nas decisões.
02 Análise e aprovação das solicitações de obra
Exigências de indicação e garantia de recursos logo no início do processo.
Estoque de projetos; Processos paralisados; Desperdício de recursos.
03 Contrato de parceria com as empresas financiadoras.
Falta de conhecimento dos trâmites internos das empresas parceiras como a empresa fomentadora.
Demora nas autorizações que neste caso resultou em 375 dias.
04
Elaboração dos projetos executivos
Não definição do escopo do projeto de forma detalhada. Cronograma com tempos incompatíveis para elaboração dos projetos.
Alterações e correções de projeto; Retrabalho; Aditivos no contrato; Aumento do tempo que neste caso foi de 232 dias.
05 Estudos de viabilidade técnica e análise dos projetos.
Dificuldade de obtenção de informações. Cronograma com tempos incompatíveis para análise dos projetos.
Banco de dados inconsistente; Aditivos no contrato; Aumento do tempo do processo que neste caso foi de 230 dias.
111
5.3.5 Proposição de melhorias na fase de pré-construção do caso estudado
Após a análise e identificação das causas geradoras de atrasos e tempos de
espera que não agregam valor no caso estudado o passo seguinte foi aplicar as
ferramentas lean com o objetivo de eliminá-las.
Para isso foi proposto o mapeamento do estado futuro considerando as questões
segundo PICCHI (2003) para se adaptar o mapeamento de fluxo de valor MFV a
ambientes administrativos.
a) Onde pode ser usado fluxo contínuo? As grandes dificuldades identificadas do fluxo contínuo para este caso estudado
são:
• A obrigatoriedade da legislação em conduzir todo o processo via pasta de
documentos e a cada informação a pasta ter que circular via protocolo.
Esse procedimento em algumas situações compromete o fluxo contínuo do
processo, pois foi verificado que em alguns casos a pasta passa por áreas
que não agregam valor.
• A CPO ter que contratar a elaboração de todos os seus projetos executivos,
o que demanda tempo e espera.
Porém, é possível pensar em melhorias para que o fluxo seja o mais contínuo
possível. Como melhorias pode-se propor:
• A Universidade estabelecer e institucionalizar políticas e diretrizes
específicas com relação à solicitação e execução de obras nos Campi.
Como por exemplo só autorizar a execução de obra se os recursos tanto de
investimento como de custeio estiverem garantidos, e;
• Padronizar procedimentos, atividades e documentos para que o processo
de trabalho possa fluir de forma contínua. Como por exemplo,
institucionalizar e fazer respeitar o roteiro de implantação de
empreendimentos na Universidade.
As sugestões para uso do fluxo contínuo na fase de pré-construção foram
analisadas sob três aspectos: padronização, comunicação e informação.
112
Padronização A Universidade possuir diretrizes definidas e institucionalizadas, bem como
informações suficientes no momento da análise e aprovação dos projetos
conforme demonstrado na figura 5.4. Os parâmetros a serem adotados na análise,
de acordo com a demanda de solicitação, podem seguir os aspectos apontados na
revisão bibliográfica, como:
a) A necessidade da execução da obra requerida estar alinhada com as
prioridades de gestão da Universidade;
b) Que todos os projetos apresentados tenham os recursos financeiros
disponíveis e garantidos no momento da solicitação da obra. Como citados
por todos os autores na revisão bibliográfica, é de extrema importância que
os recursos sejam apontados e garantidos logo no início dos trabalhos para
que não haja desperdício de trabalho e recursos e também estoque de
projetos e;
c) A exigência da justificativa da obra nos aspectos:
• Acadêmico - relativas ao número total de sala de aulas, laboratórios,
anfiteatros, bem como suas taxas de freqüência de uso para que se tenha a
possibilidade de serem compartilhados não havendo, portanto necessidade
de construção de novas instalações. e;
• Demográfico – informações sobre taxa de ocupação do solo e áreas ainda
possíveis de serem ocupadas e;
• Administrativo financeiro – Além da construção da área requerida com
recursos financeiros de investimentos garantidos, qual o planejamento ou
os recursos financeiros para custeio disponíveis para o novo prédio.
d) Definir e padronizar um fluxo de trabalho com as agências e ou empresas
de fomento a pesquisa como, por exemplo, neste estudo de caso, a
empresa fomentadora.
e) A Universidade ter um contrato guarda chuva ou até mesmo um escritório
de projetos próprio com processo puxado para que não haja necessidade
de se licitar projeto a projeto como hoje acontece, fato que demanda tempo
113
e em alguns casos interrupção das atividades conforme demonstrado na
figura 5.6.
Com relação a um documento para solicitação de obra, hoje a CPO já possui
um “Formulário de Solicitação de Obra” conforme (anexo 02) com solicitação
de todas as informações iniciais necessárias e completas, principalmente com
a indicação e garantia dos recursos disponibilizados antes do início dos
estudos técnicos.
Comunicação
a) Os tempos dilatados identificados para análise, aprovação do projeto e
liberação dos recursos e a falta de informação por parte do solicitante e da
própria CPO durante o desenvolvimento das atividades, mostram que tanto
a Universidade quanto os Órgãos Financiadores conheçam e se façam
conhecer os trâmites e procedimentos internos para que não haja, como foi
verificado, grande atraso na liberação das atividades, o que também
compromete o fluxo contínuo.
b) A universidade padronizar e institucionalizar e divulgar o roteiro de
implantação de empreendimentos, para que seja o norteador de todo o
fluxo. A comunidade Universitária precisa conhecer e entender quais os
trâmites internos necessários e também os tempos requeridos por cada
atividade, principalmente considerando a necessidade de obediência da
legislação vigente que rege as licitações e contratações na esfera pública,
de forma que o solicitante não acabe se frustrando em função dos tempos
de cada etapa a ser vencida até a materialização da obra requerida.
Hoje a CPO já possui um site que vem ajudando bastante com relação a
divulgação de informações sobre solicitação de obras, comunicação com relação a
dúvidas e também com relação ao acompanhamento do status de cada solicitação
ou obra.
114
A CPO implantou recentemente um sistema de comunicação de trâmite de
informações, através da identificação diferenciada na cor da pasta de documentos
“capa azul”, o qual é padronizado e utilizado para todos os assuntos tratados. A
ação tomada foi alterar a cor da pasta de documentos para “capa amarela” no
intuito de sinalizar que trata-se da pasta de documentos relativo ao assunto obra,
precisando portanto, ser analisada e encaminhada o mais breve possível e que a
documentação envolvida não tenha que passar por áreas que não agregam valor
ao fluxo.
Informação A universidade possuir um plano diretor com todas as informações do Campus,
relativas a taxa de ocupação do solo e áreas ainda possíveis de serem ocupadas,
diretrizes técnicas como recuos, calçadas e arruamentos, interferências, áreas de
proteção ambiental, entre outros;
O plano diretor segundo Saboya (2007), é um documento que sintetiza e torna
explícitos os objetivos consensuados e estabelece princípios, diretrizes e normas
a serem utilizadas como base para que as decisões dos atores envolvidos no
processo convirjam, tanto quanto possível, na direção desses objetivos.
Com um plano diretor definido, a possibilidade de tornar esse fluxo contínuo
cresce em função da obtenção das informações e também subsidia na tomada de
decisão.
118
b) Onde atividades departamentalizadas podem ser reunidas em células? Conforme a figura 5.3, para a realização das atividades de 7 a 11, poderia ser
criada uma célula de trabalho composta pelas atividades desenvolvidas pela
Divisão de Sistemas (DSIS), Divisão de Meio Ambiente (DMA) e Coordenadoria de
Projetos e Obras (CPO) que são responsáveis pelas informações técnicas
requeridas através do termo de referência denominado ficha informativa. A
proposta da célula está demonstrada na figura 5.5.
Como já descrito no item “informação”, o cadastramento e a criação de um banco
de dados com informações das interferências e disponibilidades de infraestrutura
existente, bem como de todas as diretrizes das áreas de preservação ambiental a
serem respeitadas para implantação de qualquer empreendimento no Campus,
essa célula futuramente poderia até deixar de existir, pois as informações estariam
automaticamente disponíveis.
c) É possível “puxar” (produzir sob demanda) alguma parte do fluxo? Para que não haja produção em “massa” gerando o estoque de estudos e projetos
conforme verificado e mostrado no quadro 5.8, status “S1 e S5”, é possível que o
fluxo de elaboração de projetos da fase de pré-construção possa ser puxado. Para
isso seria necessário tomar algumas ações como:
• Que todos os projetos apresentados tenham os recursos financeiros
disponíveis e garantidos para que não ocorressem alterações/adequações
de projetos em função do desconhecimento dos valores disponíveis. Isso
facilitaria as análises e aprovações com possibilidade dos estudos e
projetos não ficarem estocados aguardando recursos financeiros.
• A CPO ter um contrato guarda chuva com escritório de projetos, ou seja,
um contrato p.ex. anual, com preços unitários pré-definidos, que seriam
aplicados a todos os projetos no período do contrato, evitando a
necessidade de contrata-los, caso a caso. Essas contratações, como
verificado, por serem morosas, acabam gerando estoque de materiais
técnicos para contratação de projetos e atravancando o fluxo. Em
119
entrevistas identificou-se inclusive que esta prática de contratos guarda
chuva já foi utilizada anteriormente pela CPO.
• A CPO ter um planejamento com previsão de demanda de projetos.
A proposição de um contrato guarda chuva é totalmente viável frente a Lei 8.666,
desde que, como citado no CAPÍTULO I - SEÇÃO I - § 1º, não comprometa,
restrinja ou frustre o caráter competitivo e estabeleça preferências ou distinções
em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato.
O contrato guarda chuva inserido na Lei 8.666 é tratado como a contratação de
um serviço conforme - CAPÍTULO I - SEÇÃO II - Art. 6º - item II – onde define
serviço como - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse
para a Administração, tais como: trabalhos técnico-profissionais e item VIII –
através de execução indireta onde o órgão ou entidade contrata com terceiros,
neste caso, sob o regime de empreitada por preço unitário que é quando se
contrata a execução do serviço por preço certo de unidades determinadas como
por exemplo (número de pranchas ou metro quadro projetado).
Por fim, no CAPÍTULO III - Dos Contratos - SEÇÃO I - Disposições Preliminares –
no Art. 57 - Item II - descreve que a duração dos contratos de prestação de
serviços a serem executados de forma contínua, poderá ter a sua duração
prorrogada por iguais e sucessivos períodos, limitada a sessenta meses, ou seja,
é possível a contratação de um escritório de projetos para prestação de serviços,
considerado pela referida Lei como serviços técnicos profissionais especializados,
por até no máximo cinco anos dentro das características definidas de modo de
medição dos serviços, tipo de contratação e forma de pagamento dos serviços
executados.
d) Quem demanda cada atividade? No início do fluxo, as atividades, com relação a solicitação das obras, geralmente
são demandadas pelos Institutos e Faculdades e também pela Administração da
Universidade.
120
Daí em diante, no fluxo corrente da fase de pré-construção, as atividades são
demandadas pelas atividades anteriores. Foi verificado em algumas atividades,
que podem surgir demandas extra fluxo como a solicitação de alteração de
projeto, solicitação de aditivo no contrato, mudança de área de implantação da
obra e necessidade de aprovação de projeto por órgãos públicos externos.
e) Onde o fluxo não puder ser contínuo, pode ser “puxado” por algum tipo de sinalização? Nos fluxos puxados normalmente é utilizado algum tipo de sinalização, neste caso
as atividades sugeridas para o fluxo puxado seriam:
• Por exemplo, como já descrito no item “comunicação”, a possibilidade de
alteração da cor pasta de documentos “capa azul”, para “capa amarela”,
vermelha, etc., sinalizando que trata-se de processo relativo ao assunto
obra e precisa ser analisado e encaminhado o mais breve possível.
• Com relação ao desenvolvimento de projetos, como é terceirizada, a
comunicação visual poderia ser através de sistema eletrônico (e-mail)
informando que alguma especificação está sendo requisitada, mantendo o
fluxo de forma puxada.
f) Quais melhorias devem ser implementadas? Outras melhorias apontadas para a fase de pré-construção do caso estudado
seriam:
a) A CPO ter um sistema informatizado de gestão de obras para o
planejamento, monitoramento, controle, atualização e geração de
indicadores de todas as atividades realizadas e também melhorar e
qualificar o banco de dados para facilidade das informações. A falta de um
sistema de informações estruturado acaba dificultando a obtenção e análise
dos dados, bem como a definição e apontamento de indicadores.
b) A CPO mapear suas atividades e reorganizar o fluxo de modo a identificar e
reduzir os desperdícios e deixá-lo o mais contínuo possível;
121
c) A universidade poderia melhorar seu sistema de comunicação em todos os
níveis. Uma ação simples, conforme já descrito, e que se mostrou bastante
eficiente foi a substituição da cor da pasta de documentos de “capa azul”
para “capa amarela”, sinalizando que trata-se de um processo
administrativo relativo a obras que ao tramitar pelas diversas áreas da
Universidade, seja tratado como um assunto prioritário e que precisa ser
encaminhado o mais breve possível.
5.3.6 Discussão das melhorias propostas no estado futuro A proposta do estado futuro não teve a pretensão de apontar exatamente o quanto
seria possível reduzir o lead time de toda a fase de pré-construção mapeada, uma
vez que proposições deste tipo teriam que ser discutidas, elaboradas, aprovadas e
implementadas pelos participantes do processo.
Foram sugeridas melhorias com possibilidade de redução de tempo em algumas
atividades, com objetivo de ilustrar o potencial de geração de ações que a análise
através do Mapeamento de fluxo de valor pode propiciar, contribuindo para uma
redução significativa deste lead time.
Em função das melhorias propostas, foi possível então, desenhar o mapa do
estado futuro, conforme figura 5.7.
125
Por exemplo, com um plano diretor definido, as informações e análise se tornariam mais
fáceis e rápidas e talvez não houvesse mais a necessidade do trabalho de
levantamento de campo.
Com a formação da célula de trabalho, poderíamos vislumbrar as seguintes melhorias:
• A célula de trabalho tem como um dos objetivos resolver as dúvidas
conjuntamente, onde não há a necessidade de um solicitar para o outro como
ilustrado nas atividades 8 e 10 do estado atual. As solicitações de informação
seriam eliminadas, e o fornecimento de informações poderia ser em paralelo.
• As atividades inseridas na célula de trabalho, por exemplo, não demorariam 12
dias para ser respondidas, as respostas seriam imediatas.
• Outra facilidade seria se houvesse cadastros organizados e informatizados, isso
possibilitariam que estes fornecimentos de informações e analises de
interferências fossem feitos pela célula de trabalho em poucos dias.
Com a formação da célula de trabalho, relativa às atividades de 7 a 11 e com o plano
diretor implantado, os 54 dias corridos utilizados poderiam ser reduzidos para 1 dia.
Academicamente fica difícil fazer essa afirmação, se os TRA’s tivessem sido
identificados, isso ficaria evidente.
Dentro do principio lean de se vislumbrar melhorias e estabelecimento de metas a
serem perseguidas com as mesmas, seria factível estabelecer-se uma meta para as
atividades desta célula de uma semana, o que é claro dependeria da implementação e
ajustes para verificar se ela seria realmente factível.
Com relação ao tempo de espera de 245 dias aguardando liberação dos recursos
algumas melhorias podem ser apontadas e que juntas podem eliminar esse tempo
despendido, como:
• A definição de política e diretrizes por parte da Universidade, no sentido de ter
parâmetros pré-definidos técnicos, administrativos e financeiro no momento da
análise e aprovação;
• A exigência de comprovação dos recursos financeiros garantidos e aprovados no
início do processo;
• A divulgação dos trâmites internos tanto da parte da empresa fomentadora como
da Universidade, no sentido de alinhar as informações.
126
Outra melhoria importante apontada foi a existência de um contrato guarda chuva ou a
formação de uma equipe própria da CPO para elaboração dos projetos executivos,
definição esta considerada como estratégica e de forte impacto na redução de tempo no
processo.
Essa definição eliminaria as atividades relacionadas de 17 a 24, reduzindo de imediato
em 171 dias, tempo esse relativo a montagem de edital, analises jurídicas, tempo de
publicação, habilitação e assinaturas, pois não haveria necessidade de contratação de
elaboração de projetos caso a caso.
Dentre as propostas de melhorias apresentadas, nenhuma possui algum impeditivo
frente à Lei 8.666 pesquisada, pois a referida Lei remete-se à questões técnicas no
sentido da qualidade e na totalidade dos requisitos técnicos e informações necessárias
para uma licitação , enquanto que as proposições referem-se a aspectos de gestão
Com essas melhorias implementadas, seria possível reduzir em 469 dias no total de
tempo gasto nesta fase de pré-construção estudada, ou seja, o lead time passaria de
966 dias para 497 dias, uma redução de 51,44%. Observa-se que este é um ganho
potencial, que dependeria de diversos ajustes na implementação.
Além destes possíveis ganhos, outros podem ser obtidos explorando a diferença entre o
tempo real para realização de cada atividade, sem esperas internas ou interrupções,
caracterizado pela diferença entre o TRA (tempo de realização da atividade) e o TP
(tempo de permanência). Uma vez que neste estudo não foi possível obter os TRA’s,
este potencial não pôde ser avaliado.
Trabalhos apresentados por Reis e Picchi (2003), Fontanini e Picchi (2005) em
mapeamentos de fluxo de valor em instituições públicas mostraram que a soma dos
Tempos de realização das atividades (TRA) representou 16% e 2,5%, respectivamente,
em relação ao lead time total (tempo total do início ao final do fluxo estudado),
sugerindo que este potencial é significativo.
127
6 Conclusão
A ferramenta MFV apresentou um significativo potencial de aplicação possibilitando
enxergar os pontos críticos do processo de trabalho estudado, principalmente relativo a
atividades que não agregam valor.
O uso da ferramenta MFV adaptada a fluxos administrativos na fase de pré-construção
de obras em uma Universidade publica, possibilitou:
• Conhecer e entender todas as etapas e atividades realizadas no fluxo estudado,
bem como todos as áreas e responsáveis envolvidos;
• Os tempos demandados entre cada atividade;
• As necessidades e o tipo de informação demandada em cada atividade;
• Os trâmites das documentações e por fim;
• A identificação e análise dos principais retrabalhos e desperdícios.
Diversos problemas apontados na revisão bibliográfica puderam ser verificados e os
principais problemas observados tanto administrativos como técnicos estiveram
presentes no caso estudado como um todo.
Dentre os principais problemas administrativos foram observados:
• Ausência de políticas e diretrizes específicas relativas ao fluxo de obra;
• Planejamento inicial com escopo pouco detalhado;
• Falta de um sistema de comunicação e informação eficiente;
• Dificuldade na contratação da elaboração dos projetos;
• Entraves burocráticos;
• Trâmites de documentos totalmente manuais;
• Desconhecimento do fluxo de obra por parte tanto do usuário como da
fomentadora de pesquisa;
• Atividades realizadas que não agregam valor, entre outras.
128
Dentre os principais problemas técnicos foram observados que:
• O escopo do projeto não foi bem detalhado tendo havido a necessidade de
modificação durante a elaboração;
• Que não há um banco de dados para informações de campo e;
• Que a área responsável pelo gerenciamento de projetos não possui um sistema
estruturado de indicadores;
• Que os tempos definidos em contrato para elaboração e análise dos projetos não
foram bem dimensionados e conseqüentemente não foram atendidos.
Em função destes desperdícios, observou-se um lead time de quase 3 anos, somente
para esta fase de pré-construção, o que certamente impacta negativamente nas
atividades às quais os edifícios se destinam.
Os dados levantados mostraram que estes problemas no fluxo resultam em um
acúmulo de projetos em processo, formando uma fila de 55 processos suspensos e 48
processos com projetos concluídos aguardando decisão do solicitante conforme
demonstrado no quadro 5.8. Os retrabalhos observados demandam tempo de
profissionais envolvidos no processo, representando um desperdício de recursos
públicos.
Dos problemas e desperdícios encontrados, não foi identificada nenhuma causa em que
a Lei 8.666 tenha sido responsável.
Observou-se também que os órgãos ou empresas que fornecem o recurso têm também
atividades que resultam em esperas significativas, as quais poderiam ser
racionalizadas.
As questões propostas por Picchi (2003), levaram à proposição de um estado futuro
que enfoca os principais desperdícios do estado atual direcionando propostas, dentre
as quais podemos citar:
• A definição de políticas e diretrizes para solicitação e execução de obra na
Universidade;
• A comprovação e garantia dos recursos a serem utilizados no momento da
solicitação da obra;
129
• A possibilidade de criação de células de trabalho;
• A diminuição de trâmites de documentos;
• A qualificação do banco de informações e;
• A formalização de um contrato guarda chuva ou de uma equipe própria para a
elaboração de projetos entre outros.
Estas propostas podem propiciar uma remodelação total na fase de pré-construção que
pode impactar em uma redução significativa no lead time, principalmente nos tempos de
espera e de movimentação de documentos.
Boas práticas também foram identificadas na literatura conforme compiladas no quadro
5.6, as quais contribuíram de forma fundamental nas proposições de melhoria no
estado futuro.
Estas melhorias puderam ser propostas através do método adotado, e demandariam a
análise, implementação e ajuste por parte dos envolvidos.
Uma limitação deste trabalho foi a não obtenção dos TRA’s (Tempos de realização das
atividades), que confrontado com os TP’s (Tempos de permanência) apontariam
diversos potenciais adicionais de melhoria.
Para futuros estudos sugerimos a aplicação completa do MFV, obtendo-se os dados de
TRA, o que exigiria a utilização de metodologia diferente. Enquanto este estudo se
utilizou de dados históricos, a obtenção do TRA só poderia ser obtida com medidas
durante as atividades ou entrevistas com os envolvidos, analisando-se atividades
recentes.
O estudo evidenciou as etapas e atividades onde se encontram os maiores
desperdícios de tempo e destacou principalmente algumas linhas de atuação que foram
identificadas com o método utilizado de MFV.
O trabalho limitou-se a um estudo de caso, espera-se que o mesmo estimule outros
pesquisadores a realizarem outros estudos, para os diversos tipos de contratações, e
em diferentes Universidades e Órgãos Públicos, o que possibilitaria a generalização de
conclusões e propostas.
130
Estudos futuros poderiam também explorar a aplicação não só do MFV, mas também
de todos os demais conceitos e ferramentas lean nos diferentes fluxos que compõem o
processo sistêmico de concepção e execução de novos empreendimentos.
131
7 Referências
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139
APÊNDICE
APÊNDICE A - Folha de coleta dados para informações
DATA DE ENVIO
DATA DE RECEBIMENTO
DATA DE ENVIO
TEMPO TOTAL EM
DIAS SOLICITANTE 21/08/2009
ATIVIDADE Solicitação da obra OBSERVAÇÕES Solicitação de área física para implantação da obra
PRDU 21/08/2009 23/08/2009 2
ATIVIDADE Aprova a área e prioriza a obra OBSERVAÇÕES Não existe área cadastrada e pré definida
PC 23/08/2009 25/08/2009 2
ATIVIDADE Define uma área para implantação e envia para autorização
CPO Planej. 25/08/2009 27/08/2009 2
ATIVIDADE Início do processo e solicitação interferências enterradas, topografia e sondagens
OBSERVAÇÕES Ficha informativa itens de 1 a 7
CPO - Cadastro 27/08/2009 25/09/2009 29
ATIVIDADE Informa sobre interferências enterradas, topografia e sondagens
CPO Planej. 25/09/2009 27/09/2009 2
ATIVIDADE Solicita informações sobre infraestrutura existente Elétrica e Saneamento
PC / DSIS 27/09/2009 09/10/2009 12
ATIVIDADE Informações técnicas sobre a existência de Infraestrutura de
energia elétrica e saneamento no local de implantação da obra.
(continua)
140
APÊNDICE A - Folha de coleta dados para informações
(continuação)
CPO Planej. 09/10/2009 14/10/2009 5
ATIVIDADE Solicitação de informação de interferências (Árvores, vegetação).
PC / DMA 14/10/2009 20/10/2009 6
ATIVIDADE Informações técnicas sobre a existência de interferências (Árvores, vegetação) no local de implantação da obra.
OBSERVAÇÕES Ficha informativa item 9
CPO Planej. 20/10/2009 04/01/2010 76
ATIVIDADE Faz a estimativa de custo e o cronograma de macro etapas e solicita indicação de recursos
SOLICITANTE 04/01/2010 06/01/2010 2
ATIVIDADE Encaminha a documentação requerida
EF 06/01/2010 08/03/2010 61 ATIVIDADE Analisa a documentação e formaliza o contrato.
OBSERVAÇÕES Neste momento ainda não há indicação dos recursos
EF 08/03/2010 08/11/2010 245 ATIVIDADE Libera os recursos
OBSERVAÇÕES O processo ficou parado aguardando a liberação dos recursos
SOLICITANTE 08/11/2010 02/12/2010 24 ATIVIDADE Informa que os recursos já foram liberados
CPO Projetos 02/12/2010 09/12/2010 7 ATIVIDADE Elabora a Pasta Técnica
SOLICITANTE 09/12/2010 18/01/2011 40
ATIVIDADE Encaminha Pasta Técnica para contratação do escritório de projetos
(continua)
141
APÊNDICE A - Folha de coleta dados para informações
(continuação)
AL 18/01/2011 31/01/2011 13
ATIVIDADE Elabora o edital e faz a publicação
AL 31/01/2011 15/02/2011 15 ATIVIDADE Aguardando a apresentação das propostas
AL 15/02/2011 17/02/2011 2
ATIVIDADE Monta a planilha para habilitação técnica os escritórios de projetos
CPO Projetos 17/02/2011 22/02/2011 5
ATIVIDADE Faz a análise de habilitação técnica dos escritórios de
projetos e opta pelo menor preço
AL 22/02/2011 01/03/2011 7
ATIVIDADE Formaliza o contrato com o escritório de projetos vencedor e envia para assinatura
ETP 01/03/2011 17/03/2011 16 ATIVIDADE Assina e devolve o contrato
AL 17/03/2011 19/03/2011 2
ATIVIDADE Envia o contrato para a empresa fomentadora assinar
EFP 19/03/2011 27/05/2011 69 ATIVIDADE Assina e devolve o contrato
AL 27/05/2011 29/05/2011 2
ATIVIDADE Envia cópia do contrato assinado para a CPO
(continua)
142
APÊNDICE A - Folha de coleta dados para informações
(continuação)
CPO
projetos/EPT 29/05/2011 30/05/2011 1
ATIVIDADE Faz reunião técnica de início da elaboração dos projetos
EPT 30/05/2011 04/08/2011 66 ATIVIDADE Elabora os anteprojetos
CPO Projetos 04/08/2011 30/08/2011 26 ATIVIDADE Analisa os anteprojetos
OBSERVAÇÕES Nesta etapa houve duas intercorrências:
1 - Aditivo físico no contrato em função de revisão no projeto, por solicitação do cliente.
2 – Atraso na revisão dos projetos por parte da CPO.
EPT 30/08/2011 20/09/2011 21 ATIVIDADE Elabora os projetos pré-executivos
CPO Projetos 20/09/2011 03/10/2011 13 ATIVIDADE Analisa os projetos pré-executivos
EPT 03/10/2011 24/10/2011 21
ATIVIDADE Elabora os projetos executivos
CPO Projetos 24/10/2011 25/11/2011 32 ATIVIDADE Analisa os projetos executivos
OBSERVAÇÕES Houve demora na análise dos projetos executivos por parte da CPO por motivo de alta demanda de serviços.
(continua)
143
APÊNDICE A - Folha de coleta dados para informações
(continuação)
EPT 25/11/2011 12/12/2011 17
ATIVIDADE Faz correções nos projetos executivos
CPO Projetos 12/12/2011 02/01/2012 21 ATIVIDADE Analisa os projetos executivos e planilha orçamentária
EPT 02/01/2012 29/03/2012 87
ATIVIDADE Aprova os projetos executivos no corpo de bombeiros
OBSERVAÇÕES Houve, duas vezes, não conformidades apontadas pelo Corpo de Bombeiros para ajuste nos projetos. (As análises de projeto
do Corpo de Bombeiros demoraram 30 dias cada)
CPO Projetos 29/03/2012 02/04/2012 4 ATIVIDADE Recebe em definitivo os projetos executivos
CPO Projetos 02/04/2012 13/04/2012 11 ATIVIDADE Monta a Pasta Técnica para contratação da obra
966 DIAS
145
APÊNDICE B – Ícones e nomenclaturas adaptados para o mapeamento do estado atual e futuro
Número da atividade
ATIVIDADE REALIZADA
TP - Tempo de Permanência(nº de dias corridos entre a data de entrada e a data de saída de
cada atividade).
Quem realiza a atividade
Bifurcação
S - Data de saída do documento
E - Data de entrada do documento
X
Espera
Conexão
Comentários
Documento Documentos
anexados a pasta “capa
azul”
Fluxo dos documento
Órgão financiador
Kaizen Entrega ao cliente
Fluxo puxado
Interação / troca de informações
Célula de
Trabalho
147
ANEXOS
ANEXO A – Ficha informativa
EMPREENDIMENTO: UNIDADE: DATA:
1. PLANTA DE INTERFERÊNCIAS 1.1. Elaborar projeto cadastral, indicando todas as interferências:
1.1.1. rede de água de consumo. 1.1.2. rede de incêndio. 1.1.3. rede de esgoto. 1.1.4. rede de águas pluviais. 1.1.5. rede elétrica de baixa tensão. 1.1.6. rede elétrica de média tensão. 1.1.7. rede de computação. 1.1.8. rede telefonia. 1.1.9. árvores. 1.1.10. postes. 1.1.11. áreas de proteção permanente. 1.1.12. outras redes 1.1.13. encaminhamento de todas as tubulações e respectivos diâmetros. 1.1.14. caixas de passagem e poços de visita das redes de esgoto, águas
pluviais, rede elétrica, computação, telefonia. • Base utilizada: • Indicar o Norte Magnético • Fazer as observações necessárias no próprio projeto. • Pesquisar no Acervo Técnico da DT e conferir “in loco”. • Consultar a equipe da CINFRA sobre possíveis redes não cadastradas e não
visíveis. • Deverá estar demonstrado no projeto cadastral a área possível de
implantação da obra (delimitar a área e hachurar).
2. PLANTA DE INFRAESTRUTURA 2.1. Elaborar planta contemplando a quadra toda e as quadras ao redor para
fornecer subsídios à elaboração dos projetos referentes às redes de infraestrutura. Deverá ser hachurada nesta planta a área de interesse de ocupação. A base a ser utilizada para esta planta de infraestrutura deverá ser a do SIG (consultar a DSIS/CINFRA para orientações quanto à área a ser representada).
(continua)
148
ANEXO A – Ficha informativa (continuação)
2.2. Anexar levantamentos topográficos e sondagens de subsolo existentes nos arquivos técnicos, referentes à área em questão.
3. Montar um relatório fotográfico da área em questão.
4. Necessidade de ampliação do plano diretor de pavimentação: (anexar croqui, se
necessário).
5. Informações da Diretoria Técnica sobre possíveis obras planejadas na área em
questão, assim como necessidade de aprovação em órgãos externos à Universidade (DPRN, DAEE, etc.).
6. Cadastramento do Empreendimento no Plano Geral da Prefeitura. 7. Informações da Divisão de Sistemas e/ou Divisão de Manutenção:
Informações sobre a disponibilidade de infraestrutura básica (Saneamento, Média Tensão e instalação de posto de transformação elétrico). Se houver informações suficientes até este momento, deverão ser definidos os pontos de interligação com as redes de esgoto, águas pluviais, água de consumo, incêndio e energia elétrica. Deverão ser informadas, também, possíveis obras planejadas pela DSIS e/ou DM dentro da área em questão e que possam conflitar com a solicitação da Unidade.
8. Informações da Divisão de Meio Ambiente: Relatório técnico avaliando as condições de implantação da obra e sua interferência com as áreas de proteção permanente e árvores existentes. Deverá ser definida neste momento a possibilidade de corte e/ou poda de árvores, remanejamentos ou compensações. Deverão ser informadas, também, possíveis obras planejadas pela DMA dentro da área em questão e que possam conflitar com a solicitação da Unidade. (anexar Relatório) 9. Após as etapas acima, encaminhar ao Sr. Prefeito para a análise quanto ao uso da
área.
149
ANEXO B – Formulário de solicitação de obra
Unidade/Órgão:
Nome: Depto Email Solicitante
Ramal Nome da obra (será referência para todas as documentações desse momento em diante).
Justificativa da necessidade (conforme IN-70/2009 da DGA)
Local previsto da obra Tipo da Obra: (assinalar apenas uma das opções)
( ) Reforma da área existente (sem ampliação) ( ) Obra nova (independente da área existente) ( ) Ampliação (conectada a área existente) ( ) Ampliação com reforma de parte de área existente. ( ) Continuidade de Obra que se encontra paralisada.
Área de intervenção aproximada (m²) Haverá alteração em elementos que contenham amianto? (divisórias, telhas, etc.)
Qual será a ocupação e uso do local? Quais os resíduos serão gerados após a ocupação do local.
Há recursos garantidos? Montante: Origem:
Recursos financeiros
Prazos de convênios: Data:
1) Este formulário deverá ser impresso, assinado e anexado ao Ofício de encaminhamento à PRDU. Não serão aceitos documentos do tipo memorando ou similares. 2) Anexar outros documentos pertinentes, se houver (estudos ou projetos, orçamentos preliminares, dados de convênios etc). 3) Outras informações poderão ser acrescentadas ao Oficio de encaminhamento a PRDU. 4) A Unidade/Órgão não deverá abrir processo. Ele será aberto pela CPO de acordo com os procedimentos estabelecidos para estes casos. 5) Se houver dúvidas quanto ao preenchimento, ligar para a CPO.
________________________ ______________________________________ Assinatura do solicitante Assinatura e carimbo do Diretor da Unidade
151
ANEXO C – Roteiro de gerenciamento e desenvolvimento de projetos para a CPO / UNICAMP
Etapa 1. Reunião técnica inicial Responsabilidade: CPO
Produto: Ata de Reunião.
Etapa 2. Levantamento de Dados e Programa de Necessidades Responsabilidade: CPO ou Contratada (a definição consta do Memorial Descritivo)
Produto: Diretrizes de Projeto.
Etapa 3. Entrega do Estudo Preliminar de Arquitetura Responsabilidade: Escritório de projetos terceirizado
Produto: Estudo Preliminar de Arquitetura, conforme Escopo de Fornecimento.
Obs.: A critério da CPO esta Etapa poderá ser suprimida.
Etapa 4. Análise do Estudo Preliminar de Arquitetura Responsabilidade: CPO
Produto: Relatório de Análise
Obs.: A critério da CPO esta Etapa poderá ser suprimida.
Etapa 5. Reunião técnica para discussão do Estudo Preliminar de Arquitetura Responsabilidade: CPO
Produto: Ata de reunião, com a definição da liberação ou não para a etapa de
anteprojeto e aprovação do cliente.
Obs.: A critério da CPO esta Etapa poderá ser suprimida.
(continua)
152
ANEXO C – Roteiro de gerenciamento e desenvolvimento de projetos para a CPO / UNICAMP
(continuação) Etapa 6. Entrega dos Anteprojetos Responsabilidade: Escritório de projetos terceirizado
Produto: Anteprojetos compatibilizados de todas as especialidades e Pré Memorial
Descritivo, conforme Escopo de Fornecimento.
Etapa 7. Análise dos Anteprojetos Responsabilidade: CPO
Produto: Relatório de Análise
Etapa 8. Reunião técnica para discussão dos Anteprojetos Responsabilidade: CPO
Produto: Ata de reunião, com a definição da liberação ou não para a etapa de Pré-
executivos.
Obs.: A critério da CPO esta Etapa poderá ser suprimida.
Etapa 9. Entrega dos Pré-executivos Responsabilidade: Escritório de projetos terceirizado
Produto: Pré-executivos compatibilizados de todas as especialidades e protocolo de
entrada no Corpo de Bombeiros, conforme Escopo de Fornecimento.
Etapa 10. Análise dos Pré-executivos Responsabilidade: CPO
Produto: Relatório de Análise
(continua)
153
ANEXO C – Roteiro de gerenciamento e desenvolvimento de projetos para a CPO / UNICAMP
(continuação)
Etapa 11. Reunião técnica para discussão dos Pré-executivos Responsabilidade: CPO
Produto: Ata de reunião, com a definição da liberação ou não para a etapa de
Executivos.
Obs.: A critério do CPO esta Etapa poderá ser suprimida.
Etapa 12. Entrega dos Executivos Responsabilidade: Escritório de projetos terceirizado
Produto: Projetos executivos completos e compatibilizados de todas as
especialidades, incluindo plantas, memoriais e planilhas, tudo impresso, plotado e
assinado em papel sulfite e respectivas ART’s, conforme Escopo de Fornecimento.
Etapa 13. Análise dos Executivos Responsabilidade: CPO
Produto: Relatório de análise.
Etapa 14. Entrega do Objeto Responsabilidade: Escritório de projetos terceirizado
Produto: Plantas, memoriais e planilhas, tudo impresso, plotado e assinado em
papel sulfite e o Projeto de Proteção e Combate a Incêndio aprovado, conforme Escopo
de Fornecimento.
(continua)
154
ANEXO C – Roteiro de gerenciamento e desenvolvimento de projetos para a CPO / UNICAMP
(continuação)
Etapa 15. Análise do Objeto Responsabilidade: CPO
Produto: Relatório de análise com o aceite final e liberação para emissão da última
Nota Fiscal e gravação do CD.
Etapa 16. Recebimento definitivo Responsabilidade: CPO
Produto: Informação Técnica à Área de Administração de Contratos da
Universidade informando a data de entrega dos serviços, sem pendências.
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