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Título Literatura fantástica: o jogo entre dois mundos
Disciplina (ingresso no PDE) Língua Portuguesa
Autora Regina Maria Fernandes Stuani
Escola de Implementação do
Projeto e sua localização
Colégio Estadual Rosa Delúcia Calsavara - Ensino
Fundamental e Médio.
Município da Escola Cambira - PR
Núcleo Regional de Educação Apucarana
Professor Orientador Maria Carolina de Godoy
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Londrina - UEL
Relação interdisciplinar
Resumo É preciso encontrar um elo entre o interesse do jovem
e a literatura para que a tarefa de ler não seja encarada
como enfadonha, sem sentido e cansativa. É
necessário buscar temas que lhes aproximem do texto
literário, além de novos caminhos e perspectivas para
a formação do leitor literário. O trabalho proposto é
com contos fantásticos, um texto envolvente que leva
o leitor a posicionar-se diante do lido. A opção pelo
texto literário foi resultado da observação e da
experiência de muitos anos de sala de aula em escola
pública, onde se verifica a possibilidade de maximizar
a bagagem cultural do estudante, não lhe negando o
direito à leitura e, por conseguinte, à cultura.
Palavras-chave Literatura; Formação; Leitor Literário; Contos
Fantásticos.
Formato do Material Didático Unidade Didática
Público Alvo 1º ano do Ensino Médio
“Não sei exatamente por que
acredito que um livro nos traz a possibilidade
da felicidade, mas sou profundamente grato
por esse modesto milagre.”
Jorge Luis Borges
Apresentação
A proposta desta Unidade Didática é trabalhar com o texto literário como forma
atrativa para novas leituras e aprimoramento do leitor, por isso a escolha do gênero
discursivo denominado narrativa fantástica.
A literatura fantástica tematiza o sobrenatural, o nefasto, a imortalidade, as
forças ocultas, enfim, os mistérios da vida e da morte que intervêm no imaginário das
pessoas. Tais eventos vêm aparentemente influenciando o gosto e opção por este tipo de
literatura. Em se tratando da formação do leitor literário, a direção da pesquisa será
realizada considerando algumas questões: a partir do contexto em que estão inseridos,
os alunos poderão apreciar a literatura fantástica tradicional? Compreendendo literatura
fantástica tradicional como aquela já consagrada, tendo sido analisada e incorporada a
importantes estudos da literatura fantástica através das obras de Todorov, Lovecraft,
Ítalo Calvino, Flávio Moreira da Costa e José Paulo Paes entre outros, todos estes
referenciados nesta Unidade didática. Será possível ver algum sinal de leitura
espontânea de outros textos literários, além dos apresentados? Para que a leitura seja
considerada espontânea será levado em conta se o interesse em ler partiu do aluno, sem
que para isso tenha havido indicações ou exigências do professor-mediador. Ao instigar
a leitura gratuita (PENNAC, 1993), aquela feita por prazer, sem cobrança através de
provas, fichas ou outros instrumentos de avaliação, a intenção é propor vários contos
fantásticos para que a experiência com este tipo de texto seja ampliada. Serão
trabalhados contos, textos informativos e outros textos de diferentes linguagens como
cinema, fotografia e imagem que tratem do fantástico.
Objetiva-se formar leitores de textos literários a partir de contos fantásticos, levando
os alunos do 1º ano do Ensino Médio a ler para ampliar sua concepção de mundo e de si
mesmo e a valorizar a leitura como fonte de prazer.
O conjunto de atividades a serem aplicadas seguirá a unidade didática ou sequência
de aprendizagem, esta por evocar organização, planejamento e graduação de desafios
que movimentam os estudantes, impulsionando-os a serem protagonistas do seu próprio
refletir. Esta Unidade Didática prioriza a oralidade, porém nada impede que o professor
ou a professora desenvolva as atividades sugeridas, por escrito.
UNIDADE DIDÁTICA
Literatura fantástica: o jogo entre dois mundos
Convite!
Você está convidado a adentrar
num mundo de enigma e suspense.
Você vai apreciar imagens,
ouvir músicas, ver cenas de filmes,
ler, ouvir e contar história
do universo fantástico.
Segure-se em sua cadeira,
o mistério vai começar... Disponível em: http://www.dreamstime.com/stock-images-invitation-background-image19562164 Acesso em 25/11/2012
Vamos conversar...
1. Você já ouviu falar em narrativa fantástica?
2. Qual é a primeira ideia que lhe vem quando pensa em FANTÁSTICO?
3. Você sabe o que é oralidade? Você sabia que as aulas desta Unidade serão muito
mais orais que escritas?
4. Você gosta de ouvir e contar histórias?
5. Qual o tipo de final que você gosta mais? Final feliz ou suspense?
OFICINA 1
O fantástico vai sendo tecido
A literatura é arte que oferece prazer, imprimindo novo olhar sobre as palavras,
ritmos, sons e imagens, levando o leitor a mundos imaginários, mobilizando sentidos,
sentimentos e emoções em direção à sensibilidade de quem lê.
A literatura é arte com palavras e como arte deve ser recebida com prazer e não
como obrigação. Em seu livro Como um romance Daniel Pennac (1993, p.55) diz que
devemos recusar: [...] a transformar em obrigação aquilo que era prazer,
entretendo esse prazer até que ele se faça um dever, fundindo
esse dever na gratuidade de toda aprendizagem cultural, e
fazendo com que encontrem, eles mesmos, o prazer nessa
gratuidade.
http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photography-heart-image8544467. Acesso em 25/111/2012
LITERATURA
Como toda arte, é uma transfiguração do real, é a
realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas,
que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida,
autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de
onde proveio." ( COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2.
ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978. p. 9-10)
"A Literatura é, assim, a vida, parte da vida, não se
admitindo possa haver conflito entre uma e outra. Através das obras literárias,
tomamos contato com a vida, nas suas verdades
eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma
condição humana."
(Afrânio Coutinho)
AS FORMIGAS – Lygia Fagundes Telles.
Quando minha prima e eu descemos do táxi já era quase noite. Ficamos imóveis
diante do velho sobrado de janelas ovaladas, iguais a dois olhos tristes, um deles vazado
por uma pedrada. Descansei a mala no chão e apertei o braço da prima.
_ É sinistro.
Ela me impeliu na direção da porta. Tínhamos outra escolha? Nenhuma pensão nas
redondezas oferecia um preço melhor a duas pobres estudantes, com liberdade de usar o
fogareiro no quarto, a dona nos avisara por telefone que podíamos fazer refeições
ligeiras com a condição de não provocar incêndio. Subimos a escada velhíssima,
cheirando a creolina.
_ Pelo menos não vi sinal de barata – disse minha prima.
A dona era uma velha balofa, de peruca mais negra do que a asa da graúna. Vestia
um desbotado pijama de seda japonesa e tinha as unhas aduncas recobertas por uma
crosta de esmalte vermelho-escuro descascado nas pontas encardidas. Acendeu um
charutinho.
_ É você que estuda medicina? – perguntou soprando a fumaça na minha direção.
_ Estudo direito. Medicina é ela.
A mulher nos examinou com indiferença. Devia estar pensando em outra coisa
quando soltou uma baforada tão densa que precisei desviar a cara. A saleta era escura,
atulhada de móveis velhos, desparelhados. No sofá de palhinha furada no assento, duas
almofadas que pareciam ter sido feitas com os restos de um antigo vestido, os bordados
salpicados de vidrilho.
[...]
Leia o texto integralmente acessado:
http://www.essaseoutras.xpg.com.br/as-formigas-de-lygia-fagundes-
telles-conto-de-terror-inteiro-veja/
Lygia Fagundes Telles
Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo, no dia 19 de abril de 1923. Passou
a infância e a adolescência entre cidades do interior paulista, o Rio de Janeiro e São
Paulo. Interessada desde cedo por literatura, publicou seu primeiro livro de contos,
Porões e Sobrados (1938), aos 15 anos e recebeu elogios da crítica. A segunda obra,
Praia Viva (1944), fez sucesso editorial. Formou-se em direito e em educação física e
tentou exercer a advocacia, antes de se decidir pela dedicação integral à literatura. Sua
obra registra conflitos e personagens urbanos, particularmente mulheres, de forma
intimista. Publicou, entre outros livros, Ciranda de Pedra (1954), Antes do Baile Verde
(1970), As Meninas (1973) e Seminário dos Ratos (1977). Em 1985 foi eleita para a
Academia Brasileira de Letras. Ganhou dois prêmios Jabuti, pelos livros de contos As
Meninas e Invenção e Memória (2000). Disponível em:
http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_418722.shtml.
Acesso em 18 out. 2012
Conhecendo uma narrativa fantástica:
NARRAÇÃO FANTÁSTICA
É uma história que retrata ficcionalmente a realidade do normal e do
cotidiano, porém em dado momento um acontecimento vai causar
estranhamento. “É no mundo da realidade e da normalidade que vai
ocorrer de repente um fato inteiramente oposto às leis do real e às
convenções do normal.” José Paulo Paes.
As narrativas fantásticas são “tecidas” de forma a possuírem:
Narrador – geralmente em 1ª pessoa, o narrador vai contando sua
história e nos enredando de forma a ficarmos sobressaltados, assim como
ele, com os acontecimentos.
Personagens – seres comuns que acabam vivendo uma experiência de
“irrealidade da realidade”.
Lugar – uma cidade, uma fazenda, uma universidade, um bar, ou seja,
um espaço cotidiano, não necessariamente sombrio ou macabro.
Ambiente – neste tipo de história, o ambiente assume grande
importância, possui uma atmosfera trivial e amena, mas colaborara com
o questionamento da realidade que o leitor acaba por fazer ao final da
história.
Tempo – pode ser atual ou passado. É importante saber que o tempo
não nos tira da realidade e não nos leva, por exemplo, a mundos
estranhos ou inverossímeis. A realidade é questionada
independentemente do tempo em que a história acontece.
A narração tem por objetivo contar uma história real, fictícia ou
mesclando dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de
acontecimentos, mesmo que não mantenham relação de linearidade
com o tempo real. A narrativa pode estar em 1ª ou 3ª pessoa,
dependendo do papel que o narrador assuma em relação à história.
Numa narrativa em 1ª pessoa, o narrador participa ativamente dos
fatos narrados, mesmo que não seja a personagem principal (narrador
= personagem). Já a narrativa em 3ª pessoa traz o narrador como um
observador dos fatos que pode até mesmo apresentar pensamentos de
personagens do texto (narrador = observador).
No site www.graudez.com.br você encontrar esta definição e muito mais
informações a respeito do assunto.
CONHECENDO O TEXTO
Uma das características marcantes da narrativa fantástica é o narrador fazer parte da
narrativa. Diante de tal observação, qual é o foco narrativo do texto e o que isso
contribui para a narrativa fantástica?
O foco narrativo é o narrador-personagem. O texto está em 1ª pessoa. E este tipo de
narrador contribui para a criação de ambiguidade no texto, uma vez que a narrativa é
controlada por um narrador e suas dúvidas.
O conto fantástico caracteriza-se pelo surgimento de um fato para o qual não há
explicação. Que fato, neste conto, causou-nos estranhamento?
As formigas organizarem-se para montar o esqueleto do anão
Ao ler o texto, você se perguntou se o fato teria acontecido ou não? Qual é a dúvida que
permanece? O que isso significa para a narrativa fantástica?
Perguntamos-nos se o fato poderia ter ocorrido ou não. Fica-nos a dúvida sobre o que
teria acontecido se as meninas continuassem no quarto quando houvesse a completa
montagem do esqueleto.
São encontradas, no conto, marcas que nos fazem saber se o fato é atual ou não. Que
marcas são essas? Em que época se passa a história?
Investigar a linguagem, os móveis, o vestuário e o comportamento das personagens e
peça comentem de forma a concluírem a época do conto.
Você sabe o que significa verossimilhança? Procure o significado no dicionário e vamos
discutir a relação desta palavra com a literatura fantástica.
A prima advogada usa a expressão: “Deus me livre, tenho nojo de osso! Ainda mais de
anão”. Para você o que esta expressão significa?
Que a moça tem nojo de osso e também de anão, mostrando uma atitude preconceituosa.
Lygia Fagundes Telles usa um neologismo muito bem empregado no texto. Neologismo:
é quando uma nova palavra ou expressão é inventada, ou é dado um novo sentido para
uma palavra que já existe. A palavra é ‘desformigar’. Explique porque se afirmou que o
neologismo foi muito bem formulado?
Sugestão: “Desformigar” tem uma coerência muito interessante com o texto porque as
formigas em trilha iam parar dentro da caixa do esqueleto, ou seja, desformigavam lá
dentro.
No texto As Formigas, você vai encontrar
referência sobre as gravuras de Grassmann “prendi,
na parede, com durex, uma gravura de Grassmann”
conheça as suas obras acessando o link:
http://www.youtube.com/watch?v=uyJXZP1hS24.
Acesso em 16 out. 2012 Disponível em: http://www.dreamstime.com/stock-images-
ant-image5243274. Acesso 27/11/2012
OFICINA 2
Romper com toda lógica
Há no texto O que foi sepultado algumas palavras que podem ter o
significado desconhecido para você. Faça um levantamento de tais palavras e
procure descobrir os seus significados, para só então proceder à leitura.
Vamos ler o texto:
O que foi Sepultado – Miguel de Unamuno
A mudança de comportamento sofrida pelo meu amigo era extraordinária. Um rapaz
jovial, espirituoso e despreocupado, transformara-se num homem tristonho, taciturno e
excessivamente escrupuloso. Eram frequentes os seus momentos de abstração e, durante
esses momentos, diria que o seu espírito viajava por caminhos de outro mundo. Um dos
nossos amigos, leitor e decifrador assíduo de Browning, recordando a estranha
composição em que este nos fala da vida de Lázaro depois de ressuscitado, costumava
dizer que o pobre Emílio visitara a morte. E fizemos todas as diligências para adivinhar
a causa daquela misteriosa mudança de feitio; mas foram diligências infrutíferas.
Contudo, de tal modo e com tal insistência o assediei que, finalmente, um dia,
deixando transparecer o esforço que custa tomar uma resolução difícil e muito
reprimida, subitamente me disse: “Pois bem, vais saber o que me aconteceu, mas exijo
que, por tudo o que te seja mais sagrado, não conte a ninguém enquanto eu não tiver
voltado a morrer.” Prometi-lho com toda a solenidade e levou-me à sua sala de estudo,
onde nos fechamos.
[...]
Para ler o texto integral, acesse:
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1540930.html
CONHECENDO O TEXTO
O que estas imagens nos fazem lembrar?
Você seria capaz de contar alguma história fantástica como as lidas até aqui?
Em relação ao conto, houve hesitação quanto à realidade dos fatos e estes não foram
explicados pela lógica da realidade. Esta seria a característica mais marcante do
fantástico. Comente sobre o fato inexplicado do conto O que foi sepultado.
O fato inexplicado é o personagem principal assistir à sua própria morte, enterrar seu
próprio cadáver e continuar uma “segunda vida” até morrer de causa natural.
Unamuno faz um trabalho com as palavras para dar efeito de um medo crescente pelo
qual passa o personagem que conta a história para o narrador. Com lápis colorido,
identifique no texto este momento.
Sugestão: “O medo era já algo que me oprimia por todos os lados, que me punha um nó
na garganta, ameaçando fazer estourar o coração e a cabeça. Chegou um dia, em sete de
Setembro, em que acordei no paroxismo do terror; o corpo e o espírito entorpecidos.
Preparei-me para morrer de medo”.
Este conto faz uma intertextualidade com outro texto. Identifique e comente esta
intertextualidade.
A intertextualidade é feita com o texto bíblico, "A morte de Lázaro". Quando este
também volta à vida depois de morto há dias.
Disponível em: http://www.bibliaon.com/a_morte_de_lazaro/. Acesso 18 out. 2012 ou
na Bíblia João 11:1-16.
Por que Emílio ria e até deixou um tratado a respeito da lógica e da realidade?
Para ele a lógica é uma instituição social e a realidade é aquilo em que cada um acredita.
O narrador cita o poeta Robert Browning, sua tarefa será pesquisar uma poesia deste
autor e trazê-la para a sala.
Muitas tentativas de conceituação do fantástico foram formuladas
ao longo do tempo, ficaremos com a definição de Todorov, até
mesmo porque os textos escolhidos para o desenvolvimento do
projeto se encaixam perfeitamente em sua defesa. De acordo com
Todorov (1970, p.43), o fantástico dura apenas o tempo de uma
hesitação: hesitação comum ao leitor e à personagem, que devem
decidir se aquilo que vivem pertence à realidade ou à irrealidade.
INTERTEXTUALIDADE
Júlia Kristeva, uma búlgara que estudou e viveu na França, fez a clássica definição de Intertextualidade “(...) todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto.” (KRISTEVA, 1974, p. 64).
Em outras palavras, toda vez que um texto fizer menção a outro texto , acontecerá a
intertextualidade. Este texto pode ser de diferentes gêneros e linguagens: música, pintura, filme romance,
provérbio e assim por diante.
Filmes que retomam filmes, quadros que dialogam com outros, propagandas que se utilizam do discurso
artístico, poemas escritos com versos alheios, romances que se apropriam de formas musicais,
tudo isso são textos em diálogo com outros textos: intertextualidade. Acesso em 27/11/2012.
Acesso em 27/11/2012. Disponível em: http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=442&Itemid=2
Acesso em 27/11/2012. Disponível em: http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-images-key-to-success-image3804639
OFICINA 3
Literatura fantástica. Fantástica!
Tragam livros e outros suportes que
contenham textos que considere do
gênero fantástico, ou seja com as
características vistas até aqui.
Nas referências você vai encontrar
o nome de algumas coletâneas de
contos fantásticos.
http://www.dreamstime.com/stock-images-books-image26555334 . Acesso em 25/11/2012.
Saki é o pseudônimo do britânico Hector Hugh Munro (1870-1916), considerado
por Graham Greene como o melhor humorista inglês do século vinte. Munro retirou o
nome Saki de um verso de Omar Khayyam, após ler o Rubayat. Seu forte eram histórias
curtas de finais surpreendentes. Após a morte de sua mãe, Saki foi criado por duas tias
rabugentas e antipáticas, que não lhe proporcionaram uma infância infeliz, razão pela qual
algumas de suas histórias tratam da crueldade da qual as crianças são capazes, caso de “A
janela aberta". Munro morreu na França durante a Primeira Guerra Mundial.
Disponível em: http://www.releituras.com/saki_janela.asp. Acesso 25 nov. 2012.
LAURA – Saki
_ Você não está morrendo de verdade, está? _ perguntou Amanda.
_ Tenho permissão do médico para viver até terça _ disse Laura.
_ Mas hoje é sábado! Isso é sério! _ disse Amanda.
_ Não sei se é sério; mas é mesmo sábado _ disse Laura.
_ A morte é sempre coisa séria _ disse Amanda.
_ Eu não disse que ia morrer para sempre. O mais provável é que eu deixe de ser a
Laura e vire outra coisa. Algum tipo de animal, por exemplo. Porque aqueles que não
foram bons em suas vidas reencarnam em formas mais baixas. E eu não fui muito boa,
pensando bem. Fui má, perversa, vingativa, e fiz todas as sacanagens que as
circunstâncias me permitiram.
_As circunstâncias nunca permitem sacanagens _ disse Amanda acidamente.
_ Se não se importa que eu diga _ observou Laura. _Egbert é uma circunstância que
permite qualquer tipo de sacanagem. Para você, claro, é diferente – você se casou com
ele. Você jurou amá-lo, honrá-lo e respeitá-lo. Eu não.
_Não vejo o que há de errado com Egbert _ protestou Amanda.
_Oh, acho que o erro está em mim _ admitiu Laura friamente. _Ele é só, como
direi?_ um detonador. Por exemplo: ele criou um caso dos diabos só porque levei os
filhotes de collie para passear, outro dia.
_ Eles correram atrás da ninhada de codornas e arrancaram duas galinhas dos
ninhos, além de correr pelos canteiros de flores. E você sabe como ele é dedicado às
aves e ao jardim.
_Bem, mas não precisava ficar reclamando a noite inteira, precisava? E depois ainda
veio dizer “Vamos encerrar esse assunto” bem quando eu estava começando a gostar da
briga. Foi aí que eu levei em frente uma das minhas vingancinhas _ continuou Laura
com uma risada. _ Enfiei a família inteira de codornas na estufa de sementes no dia
seguinte.
Como pôde?_ exclamou Amanda.
_Foi fácil_ disse Laura. _Duas das galinhas quiseram entrar também, e eu, claro,
deixei.
_Nós achamos que tinha sido um acidente!
[...]
http://consumo.wordpress.com/2004/12/24/um-conto-de-saki/.
Neste link você vai encontrar o texto na íntegra.
A presença de um conto de outra cultura, embora existam mais exemplos na literatura brasileira, é um modo de mostrar ao que o fantástico está presente em produções estrangeiras.
CONHECENDO O TEXTO
“Há um fenômeno estranho que se pode explicar de duas maneiras, por meio de causas
de tipo natural e sobrenatural. A possibilidade de se hesitar entre os dois criou o efeito
fantástico.” (TODOROV, 2010, p. 31). Comente o fenômeno. Para sua definição do
fantástico, não tente buscar explicação para os acontecimentos.
O fenômeno estranho do conto de Saki é a possibilidade da personagem Laura ter se
tornado uma lontra e depois numa negrinha que foi atormentar Amanda num hotel no
Cairo.
Logo no início do texto Laura fala: “Eu não disse que ia morrer para sempre. O mais
provável é que eu deixe de ser a Laura e vire outra coisa. Algum tipo de animal, por
exemplo” . Nesta fala há referência a uma questão social-religiosa. Você saberia dizer
qual é esta polêmica.
O fenômeno da reencarnação que algumas pessoas acreditam e defendem e outras não e
que está ligada a uma questão religiosa.
Trace um perfil psicológico de Laura.
Laura era fria, vingativa, vaidosa, mesmo com uma doença terminal não mostrava
humildade era irreverente, desrespeitosa, inconveniente, não respeitava regras e etiqueta
“_ Não há nada nas regras de etiqueta que obrigue alguém a demonstrar respeito pelo
próprio velório” (personagem Sir Lulworth).
Por que Amanda tentou evitar a morte da lontra?
Amanda acreditava na possibilidade da lontra ser Laura reencarnada.
No texto de Saki, o narrador refere-se a um(a) negrinho(a) núbio (primitivo). Note que o
uso dessa expressão se deu no contexto de um texto escrito por volta de 1902, quando,
embora houvesse leis contra a escravidão e uma preocupação com a violência contra os
escravos, não havia o debate e/ou a preocupação quanto ao uso de palavras
instigadoras de discriminação como se discute hoje. Além disso, por ser um texto
literário, se permite usar tal linguagem. Explore no texto, expressões que nos apontam
para o lugar onde ocorreram os fatos. Localize (cidade/país) onde se passa a história.
West Kensington é uma localidade em Londres, portanto a história acontece na
Inglaterra.
Comente sobre os textos trazidos para a sala de aula, é importante que
você observe se são textos que se classificam como fantástico. O
principal critério é perceber se ao final da leitura houve uma hesitação,
ou seja, um fato estranho sem explicação.
Acesso em 27/11/2012. Disponível em: http://www.dreamstime.com/stock-images-reading-image22373534
OFICINA 4
Literatura fantástica:
o jogo entre dois mundos
A Caçada - Lygia Fagundes Telles
A loja de antiguidades tinha o cheiro de uma arca de sacristia com seus anos
embolorados e livros comidos de traça. Com as pontas dos dedos, o homem tocou numa
pilha de quadros. Uma mariposa levantou voo e foi chocar-se contra uma imagem de
mãos decepadas.
_ Bonita imagem - disse ele.
A velha tirou um grampo do coque, e limpou a unha do polegar. Tornou a enfiar o
grampo no cabelo.
_ É um São Francisco.
Ele então se voltou lentamente para a tapeçaria que tomava toda a parede no fundo
da loja. Aproximou-se mais. A velha aproximou-se também.
_ Já vi que o senhor se interessa mesmo é por isso... Pena que esteja nesse estado.
O homem estendeu a mão até a tapeçaria, mas não chegou a tocá-la.
_ Parece que hoje está mais nítida...
_ Nítida? _ repetiu a velha, pondo os óculos. Deslizou a mão pela superfície puída. _
Nítida, como?
_ As cores estão mais vivas. A senhora passou alguma coisa nela?
A velha encarou-o. E baixou o olhar para a imagem de mãos decepadas. O homem
estava tão pálido e perplexo quanto à imagem.
_ Não passei nada, imagine... Por que o senhor pergunta?
_ Notei uma diferença.
_ Não, não passei nada, essa tapeçaria não aguenta a mais leve escova, o senhor não
vê? Acho que é a poeira que está sustentando o tecido acrescentou, tirando novamente o
grampo da cabeça. Rodou-o entre os dedos com ar pensativo. Teve um muxoxo: _ Foi
um desconhecido que trouxe, precisava muito de dinheiro. Eu disse que o pano estava
por demais estragado, que era difícil encontrar um comprador, mas ele insistiu tanto...
Preguei aí na parede e aí ficou. Mas já faz anos isso. E o tal moço nunca mais me
apareceu.
[...]
Para continuar a leitura acesse:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/lygia-fagundes/a-cacada.php
Veja que interessante comparação o estudioso considerado um dos autores mais
inovadores e originais de seu tempo e mestre do conto curto diz sobre o este gênero
(1974, p.151):
Numa fotografia ou num conto de grande qualidade (...) o fotógrafo
ou o contista sentem necessidade de escolher e limitar uma imagem ou
um acontecimento que sejam significativos, que não só valham por si
mesmos, mas também sejam capazes de atuar no espectador ou no leitor
como uma espécie de abertura, de fermento que projete a inteligência e
a sensibilidade.
Obra literária de ficção, narração sintética e monocrónica de um fato da vida. Podemos afirmar que o contar é tão antigo quanto a vida em comunidade, pois é inerente à natureza humana, o falar, a necessidade, de comunicarmos ao outro o que sentimos, descobrimos, queremos desejamos, etc. Como o é também a curiosidade de ouvir, conhecer, sabermos dos outros. E cada qual contando e ouvindo de acordo com sua imaginação, fantasia, temperamento. Fácil é imaginarmos que, em tempos primitivos, foi das diferenças de temperamento ou fantasia dos que falavam, que foram surgindo aqueles que fabulavam. Isto é, os “contadores”, aqueles que (por particular magia da voz e da imaginação) fabulavam os fatos ou acontecimentos e davam-lhes uma forma-de-dizer sedutora que seus ouvintes passavam a repetir e que se transformava na versão dominante, no conto que, de geração para geração, era narrado e transformado em detalhes ou variantes, pois como diz o ditado: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”. Nelly Novaes Coelho.
Disponível em: http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link/_id=700&Itemid=2. Acesso em 27/11/2012
Disponível em: http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photos-concept-doubt-choice-image24472788
CONHECENDO O TEXTO
Este conto difere, dos demais lidos até aqui, em pelo menos uma característica própria
do gênero narrativo fantástico e que não ocorre nos textos desta Unidade. Especifique
esta diferença.
A diferença está no foco-narrativo.
O texto explora de forma bastante marcante as cores. Qual a contribuição deste recurso
para o texto.
Esta mudança de cores acentua a sensação de mistério, pois as transformações do tapete
interferem abruptamente no comportamento do personagem principal.
No final do conto, você como leitor, experimentou a hesitação entre o real e o irreal.
Conte qual foi esta hesitação.
A hesitação é saber se o homem realmente morreu e qual era o seu papel na cena de
caçada da tapeçaria.
Ao longo do conto A caçada, o personagem desenvolve várias ações consecutivas que
acabam sugerindo o seu estado emocional. Releia o texto, localize estas ações e faça
uma relação dos sentimentos do personagem diante do tapete na parede.
(Sugestão) Localizar todas as ações (verbo de ação) do personagem no texto quando
poderá chegar-se à conclusão de que o personagem estava angustiado, apreensivo,
nervoso, pois acendia o cigarro, apagava o cigarro, enxugava o rosto, enxugava o vão
dos dedos, enxugava a testa, deitava-se de bruços na cama, andava de um lado para
outro e assim por diante.
Seu desafio agora
será definir CONTO.
Você pode
pesquisar nas fontes
que desejar.
http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photo-i-stand-bifurcated-image14200965
Acesso em 26/11/2012
O bom conto precisa causar
emoção e excitação no leitor.
Você atingiu estes sentimentos
no conto A Caçada?
Justifique.
Observe a figura e explique porque pode haver uma relação da imagem com a
definição de fantástico?
Acesso em 27/11/2012. Disponível em: http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-image-reading-time-image8534926
Estes são alguns dos elementos que caracterizam o gênero narrativo fantástico.
Narrador predominantemente em 1ª pessoa.
Foco-narrativo= narrador-personagem.
Há uma dúvida sobre a realidade ou a irrealidade.
Os personagens são pessoas comuns.
O ambiente é cotidiano.
O elemento estranho não possui nenhuma explicação.
Nos textos lidos, indique pelas cores as características apresentadas em
cada um deles:
1. As formigas
2. O que foi enterrado
3. Laura
4. A caçada
11 Consegui outros textos com características da narrativa fantástica
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
Questionário de autoavaliação e aprendizagem
Nome do aluno (a)
Série: Nº Data
Por favor, responda os itens de acordo com a verdadeira aprendizagem da Unidade
Didática – Literatura Fantástica: o jogo entre dois mundos.
1 Li com interesse os contos apresentados
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
2 Compreendi que a principal característica da narrativa fantástica é o
surgimento de um fato para o qual não há explicação.
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
3 Consegui me expressar bem quando as atividades eram orais
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
4 Os contos realmente me deixaram intrigado(a)
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
5 Observei o foco narrativo dos contos
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
6 Compreendi a intertextualidade
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
7 Compreendi o significado de verossimilhança
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
8 Achei importante conhecer a biografia dos autores dos contos
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
9 O neologismo é um recurso válido para o texto literário
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
10 Os trechos de filmes e músicas realmente levaram ao clima do fantástico
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
12 O texto informativo sobre narração foi esclarecedor
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
13 Os exercícios a respeito do texto foram complicados
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
14 O texto literário proporcionou uma de suas funções: prazer de lê-lo
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
15 Gostei de fazer os registros escritos solicitados
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
16 Pude acessar algum do material sugerido disponível na internet
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
17 O material audiovisual auxiliou no entendimento do gênero fantástico
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
18 Compreendo o que vem a ser um texto literário
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
19 As histórias lidas me motivaram para a leitura de mais histórias
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
20 Os textos literários lidos me motivaram para a leitura de outros textos literários
1 2 3 4 5
Totalmente falso Falso + ou - verdade Verdade Totalmente verdade
A escala Likert é uma escala psicométrica muito
conhecida e utilizada em pesquisa quantitativa, já
que pretende registrar o nível de concordância ou
discordância com uma declaração dada. Cada um
dos itens é um ITEM LIKERT. A pontuação final
da escala será a soma de todas as pontuações de
cada item.
Disponível em: http://www.netquest.com/br/blog/a-escala-likert-
coisas-que-todo-pesquisador-deveria-saber/ Acesso em 25 out. 2012
Disponível em: http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photos-question-mark-image22537418.
Acesso 28/11/2012
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Ao instigar a leitura gratuita, a intenção é propor vários contos fantásticos para
que a experiência com este tipo de texto seja ampliada. Serão trabalhados contos, textos
informativos e outros textos de diferentes linguagens como cinema, música, fotografia e
imagem que tratem do fantástico. Pretende-se dar abertura aos alunos para que contem
as histórias fantásticas que circulam em seu universo particular.
É providencial inserir a imagem em qualquer proposta metodológica, pois
exercem uma influência de ordem cognitiva no indivíduo (SAOUTER, 2006).
Na introdução de Calvino (2004) aos Contos fantásticos do século XIX: o
fantástico visionário e o fantástico cotidiano, obra de sua organização, o autor faz uma
alusão ao uso da imagem. Esta não passará despercebida, pois ao planejar as estratégias
de ação, além dos textos literários, outros recursos foram evidenciados no presente
projeto:
O dado comum a todos esses escritores tão diferentes que
mencionei até aqui é colocar em primeiro plano uma sugestão
visual. E não por acaso. Como disse no início, o verdadeiro
tema do conto fantástico oitocentista é a realidade daquilo que
se vê: acreditar ou não acreditar nas aparições fantasmagóricas,
perceber por trás da aparência cotidiana um outro mundo,
encantado ou infernal. É como se o conto fantástico, mais que
qualquer outro gênero narrativo, pretendesse "dar a ver",
concretizando-se numa sequêencia de imagens e confiando sua
força de comunicação ao poder de suscitar "figuras". (2004, p.6)
Para que a experiência seja mais enriquecedora e indutiva de novas leituras, os
alunos irão compartilhar a leitura e fazer levantamento das características dos contos
fantásticos e os elementos que despertaram emoções tais como medo, dúvida,
estranhamento.
Para leitura mais apurada, os alunos procederão à observação através de breve
análise da presença do fantástico na literatura, no cinema, na TV e no saber popular.
A produção escrita terá pouco enfoque e se dará basicamente através de quadros
de esquemas ou comparações, cuja função será a de registro do refletido.
O conjunto de atividades a serem aplicadas seguirá uma unidade de análise,
também nomeada por Zabala como unidade didática ou sequência de aprendizagem,
esta por evocar organização, planejamento e graduação de desafios que movimentam os
estudantes, impulsionando-os a serem protagonistas de o próprio refletir. O autor define
unidade de análise como sendo “o conjunto ordenado de atividades, estruturadas e
articuladas para a consecução de um objetivo educativo em relação a um conteúdo
concreto." ZABALA (2006, p.179).
Como o objetivo da unidade é explorar a leitura gratuita e por puro prazer, não
se realizarão atividades explicitamente voltadas para a estrutura textual do gênero e sim
para o mundo das ideias e das características que o definem como fantástico. O registro
escrito terá como fim a documentação do processo ensino-aprendizagem, ou seja, do
que foi verdadeiramente internalizado – o entrosamento com a literatura.
A direção do processo ensino e aprendizagem, assim como a Unidade Didática –
estratégia – serão sustentadas no Construtivismo:
[...] aprender equivale a elaborar uma representação pessoal
do conteúdo objeto de aprendizagem. Essa representação não se
realiza em uma mente em branco, mas em alunos com
conhecimentos que lhes servem para “enganchar” o novo
conteúdo e lhes permitem atribuir-lhe algum grau de
significado. O gancho ou vinculação não é automático, mas
resulta de um processo ativo do aluno e da aluna, que lhes
permitirá reorganizar e enriquecer o próprio conhecimento.
MAURI (2006, p.87).
Através dos contos, disponíveis na internet, assim como nas obras referenciadas:
As formigas – Lygia Fagundes Telles, O que foi sepultado – Miguel de Unamuno,
Laura – Saki e a A caçada de Lygia Fagundes Telles, cruzam-se muitas das
características fundamentadas em Todorov. Não foram escolhidos como mero material
didático que busca melhorar o desempenho escolar na leitura, ao contrário, foram
escolhidos, pois como prefere Lajolo, “que a escola transforme a leitura literária que
patrocina em uma atividade mais significativa.” (LAJOLO, 2005, p.93).
A estrutura narrativa será analisada, mas se fará um ressalto ao narrador-
personagem que tem um prestígio no conto fantástico. Selma Calasans que reúne em
seu livro O Fantástico a maioria dos pesquisadores quem têm discorrido sobre o tema
até então, nos fala a respeito do narrador-personagem: “A maior parte das narrativas
fantásticas dos séculos XVIII e XIX tem um narrador-personagem, um eu que dirige o
enunciado, como testemunho.” (1988, p.44).
REFERÊNCIAS:
COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2. ed. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1978.
CALVINO, Ítalo (Org.) Contos fantásticos do século XIX : o fantástico visionário e o
fantástico cotidiano São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Disponível também em: http://pt.scribd.com/doc/74459473/CALVINO-Italo-Contos-
Fantasticos-do-Seculo-XIX . Acesso 18 out. 2012.
COSTA, Flávio Moreira da. (Org.), PORTOCARRERO, Celina (Col.), CARNEIRO,
Flávio (Apr.) e LISBOA, Adriana (Trad.) et al. Os Melhores Contos Fantásticos. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
Disponível também em: http://pt.scribd.com/doc/7055476/Flavio-Moreira-Da-Costa-
Os-Melhores-Contos-FantAsticos . Acesso em 18 out. 2012
CULLER, Jonathan. Capítulo 2 – O que é literatura e tem ela importância? Teoria
Literária: uma introdução. Tradução de Sandra Vasconcelos. São Paulo: Beca, 1999.
PP.26-47.
CORTÁZAR, Julio. Valise de Cronópio. São Paulo: Debates, 1974.
DA SILVA, Fernando Correia (Org.); PAES, José Paulo (Int., Sel.). Maravilhas do
Conto Fantástico. São Paulo. Cultrix, 1960.
KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. Trad. Lúcia Helena França Ferraz. São
Paulo: Perspectiva, 1974.
______ LAJOLO, Marisa, Cap. 7. Leitura-literatura: mais do que uma rima, menos do
que uma solução. In: Leitura: Perspectivas Interdisciplinares. ZILBERMAN, Regina,
SILVA, Ezequiel Theodoro da (Org.), 5 ed. São Paulo: Ática 2005.
LOVECRAFT, Howard Philip. O horror sobrenatural em literatura. Tradução de Celso
M. Paciornik – São Paulo: Iluminuras, 2007.
MAURI, Teresa. Cap. 4: O que faz com que o aluno e a aluna aprendam os conteúdos
escolares? In COLL, Cesar; MARTÍN, Elena; MAURI, Teresa; (et al). O construtivismo
na sala de aula. 6 ed. (Série Fundamentos) São Paulo: Ática, 2006. p.79-121.
PENNAC, Daniel. Como um romance; tradução de Leny Werneck. Rio de Janeiro:
Rocco.1993.
______ ZABALA, Antoni. Cap. 6. Os enfoques didáticos. In COLL, Cesar; MARTÍN,
Elena; MAURI, Teres; .(et al). O construtivismo na sala de aula. 6 ed. (Série
Fundamentos) São Paulo: Ática, 2006. p.153-195.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares de língua
portuguesa para a educação básica. Curitiba: 2008.
RODRIGUES, Selma Calasans. O fantástico. São Paulo: Ática 1988. (Princípios).
TAVARES, Bráulio (Sel.e Apr.). Páginas de Sombra: Contos Fantásticos Brasileiros.
Ilustração Romero Cavalcanti. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.444
TODOROV, T. Introdução à literatura fantástica. Coleção Debates. Trad. Maria Clara
Correa Castello. 4 ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.
Material disponível na internet:
Site de clipart (free)
http://www.dreamstime.com/photos-images/heart.html
As formigas – Lygia Fagundes Telles. Disponível em:
http://www.essaseoutras.xpg.com.br/as-formigas-de-lygia-fagundes-telles-conto-de-
terror-inteiro-veja/. Acesso 10 out. 2012.
O que foi sepultado – Miguel de Unamuno. Disponível em:
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1540930.html. Acesso 10 out. 2012.
Laura – Saki . Disponível em:
http://consumo.wordpress.com/2004/12/24/um-conto-de-saki/.
Acesso 10 out. 2012.
A caçada – Lygia Fagundes Telles. Disponível em:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/lygia-fagundes/a-cacada.php. Acesso em 10 out. 2012.
Site de E-Dicionário Termos Literários
www.edtl.com.pt
Site da Secretaria da Educação do Paraná. SEED
PORTAL DIA A DIA EDUCAÇÃO
www.educacao.pr.gov.br
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