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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE MINAS GERAIS
Instituto de Cincias Humanas Pedagogia com nfase em Necessidades Educacionais Especiais
ESCRITA DE SINAIS PARA ALUNOS SURDOS
ROSELY LUCAS DE OLIVEIRA
BELO HORIZONTE
2009
2
NEUSA DONATA DE S. NASCIMENTO ROSELY LUCAS DE OLIVEIRA
ESCRITA DE SINAIS PARA ALUNOS SURDOS
Trabalho de concluso de curso para obteno de grau em Pedagogia com nfase em Necessidades Educacionais Especiais, no primeiro semestre de 2009. Alunas: Rosely Lucas de Oliveira.
Orientadores: Prof. Dr.; Sheila Brasileiro
BELO HORIZONTE
Junho / 2009
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OLIVEIRA, Rosely Lucas de.
Escrita de Sinais para Alunos Surdos
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Graduao em Pedagogia com nfase em Necessidades Educacionais Especiais da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Licenciada em Pedagogia. Belo Horizonte, 16 de junho de 2009.
_______________________________________________________ Prof. Sheilla Alessandra Brasileiro de Menezes (Orientadora) PUC Minas
______________________________________________________ Prof. Francisco ngelo Coutinho - Banca Examinadora Puc Minas
______________________________________________________ Prof. Rodrigo Rocha Malta - Banca Examinadora Puc Minas
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impossvel para aqueles que no conhecem a lngua de sinais percebem a sua importncia para as pessoas surdas, sua enorme influncia sobre a felicidade moral e social dos que so privados da audio e sua maravilhosa capacidade de levar o pensamento a intelectos que de outra forma ficariam em perptua. Enquanto houver dois surdos no mundo e eles se encontrarem, haver o uso de sinais. (J.Schuylerhong)
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RESUMO
Expressar idias, sentimentos e emoes atravs de escrita sempre foi um
grande desafio para as pessoas surdas. Desafios estes que encontramos
diariamente no processo de alfabetizao e letramento desde a infncia at a
juventude. Baseado nisto pretendeu-se desenvolver neste Projeto de Interveno o
tema da escrita de sinais para crianas surdas.
Este trabalho tem como finalidade verificar se a criana surda tem capacidade
e habilidade para adquirir a Escrita de Sinais nos anos iniciais do ensino
fundamental. Acredita-se que atravs deste sistema Sign Writing, as crianas com
dificuldades no aprendizado da Lngua Portuguesa, utiliza de sua prpria lngua
materna LIBRAS como referencial para construo de seu letramento.
Posteriormente esse aprendizado ser relevante para a aquisio do portugus
escrito como segunda lngua.
Trs grandes autores so os norteadores da nossa pesquisa: Ronice Mller
de Quadros, Marianne Stumpf e Vygostky. Com base nas discusses sobre
letramento, linguagem, aquisio da lngua de sinais e lngua portuguesa, cultura
surda e registros em escrita de sinais, fizemos uma interveno de cinco dias em
duas turmas de alunos da rede municipal de Belo Horizonte em idade de
alfabetizao. Essa atividade buscou introduzir os fundamentos da escrita de sinais.
O trabalho ainda est em processo, portanto ainda no podemos apresentar
concluses.
Palavras-chaves: LIBRAS, Alunos Surdos, Escrita de Sinais.
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Agradecimento
Agradeo primeiramente minha famlia pelo apoio at aqui
minha amiga Neusa, pelo carinho e as oportunidades oferecidas.
Tambm agradeo comunidade surda, na qual aprendemos muito como
conviver e obter as experincias aqui repassadas seja na escola especial ou regular
nossa Orientadora Prof. Sheilla Brasileiro, obrigada pela motivao, auxilio
e aprovao em nossa pesquisa, por acreditar em nosso desejo em expressar
nossas opinies e desejo enquanto pessoas surdas.
Prof. Marianne Stumpf pela contribuio nas pesquisas brasileiras em
escrita de sinais e ao curso de Letras/LIBRAS da UFSC.
Aos colegas do curso de Pedagogia com nfase em Necessidades
Educacionais Especiais da PUC Minas.
Aos profissionais Regiane e Guilherme Ramiro pela preocupao em minha
pesquisa.
Rosely Lucas
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SUMRIO
1 INTRODUO .................................................................................................................... 8
2 ASPECTOS TERICOS SOBRE A SURDES: O SER SURDO.........................10
2.1 A importncia da linguagem e da lngua ....................................................11
2.2 Teorias educacionais para surdos..............................................................14
2.3 A lngua de sinais e identidade ...................................................................15
2.4 Alfabetizao dos surdos no Brasil ...........................................................17
2.5 A escrita de sinais .......................................................................................20
3 APRESENTAO ESCOLA MUNICIPAL TANCREDOS PHIDEAS
GUIMARES...........................................................................................................28
4 DESENVOLVIMENTO ...........................................................................................30
4.1 A escolha da escola e conversas com a colaboradora...............................30
4.2 Expositiva aula da Escrita de Sinais .............................................................31
4.3 Analisar do resultado .....................................................................................33
4.3.1 Dados Estatsticos ...............................................................................34
5 CONCLUSO ........................................................................................................36
6 REFERNCIA ........................................................................................................38
7 APNDICE .............................................................................................................39
8 ANEXOS ................................................................................................................41
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1. INTRODUO
A presente pesquisa parte da observao de um contexto de alfabetizao
precria dos surdos brasileiros, em geral. Baseamos-nos no histrico da educao
dos surdos e em nossas prprias experincias para elaborar essa pesquisa. Alm da
observao da falta de metodologia para a alfabetizao dos surdos que utilizam a
lngua de sinais como primeira lngua, o que nos instigou foi o surgimento de novos
estudos nessa recente rea da escrita dos sinais. Atravs do curso de Letras/Libras
da Universidade Federal de Santa Catarina que tem algumas disciplinas referentes
ao tema pudemos ter contato com a escrita de sinais e observar o quanto ela pode
ser rica nos registros da Libras.
H, entretanto, algumas questes a serem colocadas. H um profundo
desconhecimento e rejeio ao ensino da escrita de sinais nas escolas.
Historicamente a prpria lngua brasileira de sinais sofre discriminao e o seu
ensino nas escolas comum bastante recente. A escrita de sinais mais recente
ainda e comeou no Brasil em 1996. Isso faz com que ela seja desconhecida ou
vista com desconfiana.
Alm disso, muitos professores acreditam que o ensino de escrita de sinais
trabalhoso para as crianas surdas. Eles tambm no reconhecem a relevncia da
escrita de sinais como registro da prpria lngua.
Outra justificativa para essa rejeio de que o ensino de escrita de sinais
no est previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educao (LDB) 9394/96 e por
isso muitas escolas no o adotam ou nem sequer ouviram falar desse mtodo de
registro.
Enfim, percebe-se que as escolas em geral no aceitam utilizar a escrita de
sinais. A presente monografia partiu do pressuposto que isso pode gerar um atraso
na alfabetizao da escrita do portugus. Esse atraso j existe porque geralmente
faltam metodologias adequadas para a alfabetizao de crianas surdas, faltam
recursos adequados, materiais didticos, planejamento, dentre outros. A maioria dos
educadores utiliza a mesma metodologia aplicada os ouvintes e a est o grande
fracasso da educao dos surdos. H um despreparo dos professores para o
ensino e alfabetizao da criana surda e tambm da famlia, pois em geral, as
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crianas surdas entram na escola sem letramento e sem o domnio da lngua de
sinais.
Em nossa pesquisa, temos o objetivo de iniciar o processo de alfabetizao
de alunos surdos, j fluentes em Lngua Brasileira de Sinais, na escrita de sinais.
Pretendemos ensinar noes bsicas da Escrita de Sinais e observar como as
crianas se apropriam dessa escrita e como elas se expressam por meio dela. A
idia observar as habilidades da criana surda em desenvolver a escrita de sinais
em sala de aula, a partir do que ela j sabe de Libras. Para isso, desenvolveremos
metodologias de iniciao no ensino de escrita de sinais para crianas surdas,
buscaremos ensinar e estimular o desenvolvimento de escrita de sinais, alm de
analisar como elas fazem o registro da sua lngua materna, sendo esse registro todo
feito em Escrita de Sinais. Um dos pressupostos de que haja tambm o
aperfeioamento do desenvolvimento da Lngua de sinais da criana surda, por meio
do seu registro.
A relevncia a pesquisa se ancora, primeiramente, no fato de que a escrita de
sinais uma forma de defesa da lngua de sinais e, em ltima instncia, da cultura
surda, historicamente discriminada. Na literatura mundial, os registros mais antigos
sobre pessoas surdas so as passagens do Antigo Testamento que mostram que
hebreus, egpcios e romanos j conviviam com os surdos e os consideravam
inferiores (PERLIN, 2002). Desde ento, diversas representaes dos surdos e de
tudo o que se refere a eles considerada menor ou inferior. Nesse sentido, a escrita
de sinais vem apresentar uma forma de registrar a lngua de sinais e defender,
assim, a cultura surda.
tambm uma forma de registro da lngua de sinais. Assim como toda lngua
tem a sua forma de registro e a sua grafia peculiares (ingls, mandarim, rabe,
japons, dentre outros), a lngua de sinais tambm est em desenvolvimento de um
modo escrito.
Alm disso, acredita-se que a escrita de sinais facilita a alfabetizao da
criana surda na lngua portuguesa como segunda lngua, considerando que a
lngua de sinais a lngua materna dos surdos. Dessa maneira, a criana poder
utilizar a escrita de sinais para que eles possam se expressar com mais facilidade
alm de ajudar no desenvolvimento da lngua portuguesa. A maioria das crianas
surdas tem dificuldade de utilizar a lngua portuguesa na forma escrita, assim a
escrita de sinais pode ajudar no aprendizado da escrita do Portugus.
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O ensino-aprendizagem da escrita de sinais se justifica nas dificuldades que a
criana surda enfrenta na aprendizagem do portugus escrito por no ser sua lngua
materna. Acredita-se que o ensino da escrita de sinais para a criana ir ajud-la na
alfabetizao uma vez que ela aprender na modalidade escrita sua lngua materna
a Libras, lngua est que a criana j faz uso na modalidade espao-visual. Assim
sendo a aprendizagem da escrita de sinais facilitar a aprendizagem da lngua
portuguesa na modalidade escrita.
ASPECTOS TERICOS SOBRE A SURDES: O SER SURDO
A maioria das pessoas surdas profundas no ouve, nem mesmo com
aparelho auditivo. Com o aparelho alguns surdos podem melhorar a audio, mas
dificilmente ouviro 100%. Se for surdez profunda dificilmente tero melhora
auditivas. Muitos surdos, inclusive, se sentem incomodados com aparelho auditivo.
Diante disso, muitos pais ficam desesperados e tentam fazer o possvel para
seus filhos ouvirem. Por isso, muitos pais obrigam os filhos a falarem a todo custo, o
que os leva a no desenvolver a linguagem da criana surda.
Segundo Bernardino (2000), a condies da surdez muitas vezes pode passar
inadvertida quando o beb muito pequeno, ou pode ser confundida com outras
doenas, uma vez que a marca visvel pode ser a mudez, ou a ausncia da fala,
de modo que difcil diagnosticar uma criana como surda antes dos dois anos,
idade em que se espera que ela esteja falando. Quando o beb surdo,
necessrio que os pais utilizem um meio de se comunicar espontneo. Na verdade,
na maioria das vezes os pais acreditam na viso dos mdicos de que a surdez
uma deficincia, uma falta, uma incapacidade. No percebem que o surdo capaz e
deve-se, portanto, apostar em sua potencialidade.
A nossa explorao terica vai tratar, primeiramente, da importncia da
linguagem e da lngua para o desenvolvimento humano, a fim de defender o uso da
lngua de sinais, lngua materna dos surdos, como meio de comunicao destes. Em
seguida, faremos uma discusso sobre cultura e identidade surda, a fim de mostrar
a relevncia da escrita de sinais para estas. Em terceiro lugar, vamos falar de
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algumas teorias educacionais utilizadas para a alfabetizao dos surdos e localizar a
escrita de sinais nesse contexto. Em seguida, falaremos, mais especificamente, da
educao dos surdos. Por fim, discutiremos os aspectos tericos da escrita de
sinais.
A importncia da linguagem e da lngua
Muitas vezes os surdos no adquirem a lngua de sinais, pois os pais no
conhecem uma lngua para se comunicar com o surdo. por meio das primeiras
comunicaes, ainda beb, que as pessoas adquirem linguagem e depois uma
lngua. Temos como exemplo o filme O Enigma de Kaspar Hauser, em que um
jovem de aproximadamente dezesseis anos, criado em um cativeiro sem qualquer
contato com linguagem, encontrado em 1828 em uma rua com uma carta na mo
que contava sua histria. O filme conta a histria de uma criana selvagem, sem
aquisio de qualquer tipo de linguagem e que no consegue se comunicar.
Podemos comparar com uma criana surda. Se a famlia no se comunicar isso
pode acontecer. No haver o desenvolvimento da lngua de sinas e nem de lngua
alguma.
No relato da atriz surda francesa Emmanuelle Laborit (1994), em sua
biografia, ela conta que at os sete anos de idade no sabia que cada pessoa tinha
um nome. A palavra EU, a ela, no fazia sentido algum. Como todos se referiam a
Emmanuelle por ELA, a menina surda desconhecia o sentido de si prpria. No
havia o eu. Eu era Ela (LABORIT, 1994, p. 51).
Garcz (2008) citou em sua pesquisa que no raro, encontra-se histrias de
surdos que foram oralizados e que, antes de descobrirem a lngua de sinais, sequer
entendiam o correr dos dias, o ontem, o hoje e o amanh. O neurolingista Oliver
Sacks (1984) conta que atendeu uma criana de 11 anos que no tinha conscincia
de tempo, de senso histrico e de cronologia e por isso no fazia distino entre um
ano atrs e um dia anterior. Assim, a criana era incapaz de contar como passou o
fim de semana. Nem ao menos entendia a pergunta que foi feita a ela.
Sem uma linguagem, o surdo impedido de adquirir uma viso de mundo. As
lnguas diversas da lngua orais tm estrutura prpria e so codificadores de uma
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viso de mundo. LIBRAS tm gramticas e apresentando especificidades em todos
os nveis (fonolgico, sinttico, semntico e pragmtico).
Snchez, citados em Bernardino (2000): 1) comunicar entende tudo o que se passa conosco e com o mundo nossa volta, como nenhum animal ou nenhuma mquina, por mais sofisticada que seja, pode faz-lo; 2) pensar, ser inteligente, desenvolver o pensamento abstrato, o que nos permite observar, aprender, experimentar, explicar, inventar, criar, transformar o mundo e a ns mesmos.
Bernardino (2000) aponta uma srie de estudos sobre a relevncia da
aquisio da linguagem. A importncia desses estudos se d pelo fato de que indica
caminhos para os fatores da lngua portuguesa para os surdos. Nesse sentido,
preciso conhecer o desenvolvimento da linguagem e conhecer as condies que se
impem ao processo de aquisio de uma segunda lngua. Isso deve ser o ponto de
partida para qualquer profissional que objetive trabalhar com o ensino da lngua
portuguesa para surdos. Os estudos sobre a aquisio da linguagem esto
diretamente ligados com as diferentes abordagens sobre a aquisio. A abordagem
comportamentalista um processo aquisio da linguagem que se d por estmulo,
reforo, condicionamento, treino e imitao, (Skinner, 1957). A abordagem
lingstica trata a linguagem como uma caracterstica da espcie humana, com forte
base gentica em que o ambiente tem um papel menor no processo maturacional
(Ckomsky, 1986). E a ltima abordagem interacionista (social e cognitiva), baseados
em Vigotsky (1987), estrutura e regras gramaticais que a tornam diferente de outros
comportamentos. Enfatizam o papel do ambiente na produo da estrutura da
linguagem. Colocam que as regras gramaticais so desenvolvidas a partir de
associaes e memorizaes no contexto social. Valorizam a linguagem dirigida
criana que visa facilitar o desenvolvimento, considerando-a que o ambiente
lingstico restringido por fatores que favorecem a Ah, fornecendo s crianas as
experincias lingsticas necessrias.
Segundo Vygotsky (1987), a evoluo intelectual caracterizada por saltos
qualitativos. Para explicar isso desenvolveu o conceito de zona de desenvolvimento
proximal e definiu como a distncia entre o nvel de desenvolvimento potencial,
determinado atravs da soluo de problemas sob a orientao de um adulto, ou em
colaborao com companheiros mais capazes. a que separa a pessoa de um
desenvolvimento que est prximo, mas ainda no foi alcanado. O mesmo
acontece com a lngua e a linguagem. O conhecimento s possvel atravs delas.
13
A criana nasce com apenas funes psicolgicas bsicas (ateno
involuntria), tais funes transformam-se em funes psicolgicas superiores (como
a conscincia, planejamento). Para que isso ocorra necessrio destacar a
importncia do papel da linguagem. A linguagem tem a funo de processar a
reelaborao dos contedos, interferindo no desenvolvimento psicolgico.
A criana aprende essa lngua na interao com os pais e familiares
(Vygotsky, 1984), sem necessitar de um ensino sistematizado. No preciso muito,
basta possibilitar a interao com outros que ela aprende a lngua materna de uma
forma natural, sem ter conscincia do est aprendendo a respeito da lngua. A partir
do que a criana aprende em LIBRAS, vivencia em seu meio, ele levanta hipteses,
cria, tira concluses a respeito da lngua.
Por isso o pensamento de Vygotsky costuma ser chamado de
sociointeracionista. H uma interao dialtica que se d, desde o nascimento, entre
o ser humano e o meio social e cultural em que vive. O indivduo vai sendo formado
a partir desta constante interao com o meio, que inclui as dimenses interpessoais
e culturais.
A Lngua Materna a primeira lngua (L1) aprendida por um sujeito, em
contato com o ambiente familiar imediato. No Brasil, a lngua materna dos surdos a
LIBRAS, lngua sinalizada por nossos familiares usurios em LIBRAS mais prximos
e tambm pela comunidade surda em geral. Se formos morar em outro pas, por
exemplo, em USA, e adotarmos a lngua ASL (Lngua de Sinais da Amrica) pela
comunidade de l, a nossa lngua materna continua a ser a LIBRAS. Se tivermos um
filho neste pas e se, a primeira lngua que ele aprender conosco for a LIBRAS, esta
ser a sua lngua materna, mesmo que ele domine a lngua do pas onde est e a
use na comunidade mais ampla e mesmo em famlia. Dizemos que o sujeito
usurio nativo da primeira lngua que aprendeu.
No caso dos surdos brasileiros, a primeira lngua natural a LIBRAS (L1) e a
lngua portuguesa a segunda lngua (L2). Na verdade, o que acontece a famlia
dos surdos, por falta de informao, pensa que o contrrio. No sabe usar lngua
de sinais e, por isso, acaba por prejudicar a criana surda.
A lngua de sinais e identidade
14
A primeira lngua (aquisio, aprender naturalmente, isto L1) dos surdos a
Lngua de Sinais. A lngua escrita a ser ensinada (esforando a aprender o
Portugus e outras lnguas, por exemplo) tida como 2a lngua (L2).
A Lngua de Sinais considerada a lngua natural dos surdos. Lngua natural
aquela que os indivduos adquirem na interao com outros usurios da Lngua de
Sinais, sem necessitar de muito esforo e de um trabalho sistematizado. Os surdos
adquirem assim a Lngua de Sinais (como os ouvintes adquirem o portugus oral).
Para Ronice Quadros (1997) a lngua de sinais uma lngua natural adquirida
de forma espontnea pela pessoa surda em contato com pessoas que usam essa
lngua oral que aprendida com os ouvintes
A primeira parte indica que ao ingressar na vida escolar a criana surda tem
dificuldades de aprendizagem da lngua portuguesa como segunda lngua. Outra
dificuldade dos professores que no tem conhecimento para aplicar estratgias de
ensinar as duas lnguas, LIBRAS e portugus.
A lngua de sinais constri a identidade surda, e a aceitao de uma lngua
implica sempre a aceitao de uma cultura. A lngua de sinais est intimamente
relacionada cultura surda que, por sua vez, remete identidade do sujeito que
convive, quase sempre, com as duas comunidades (surda e ouvinte). importante
analisar o modo com que os sujeitos inseridos em escolas bilngues se narram como
sujeitos da comunidade surda. Sendo assim, o papel do professor surdo e da lngua
de sinais no ambiente escolar essencial para que haja construo da identidade
surda. Na sociedade, voc olha para um surdo na qualidade de sujeito interativo
que se constitui nas relaes sociais. Enfim, na sociedade como um todo, comum
encontrarmos, pessoas com culturas, lnguas e identidades diferentes. O mesmo
ocorre na comunidade surda. Podemos encontrar surdos com identidades plurais e
multifacetadas, biculturais, mas que falam uma mesma lngua: LIBRAS. como
tudo se fosse um elo, tudo est relacionado com cultura, identidade e lngua, e no
tem como separa.
Os surdos se relacionam com outros surdos, pois tm a mesma lngua e mais
facilidade para comunicar e alm de terem associaes para encontros informais.
Isso acontece na famlia, j que a famlia no se comunica com os surdos. A autora
aponta:
15
Os adolescentes, os adultos surdos, logo quando se tornam independentes da escola e da famlia, buscam relaes com outros surdos atravs da lngua de sinais. No Brasil, as associaes de surdos brasileiras foram sendo criadas e tornando-se espao de bate-papo e lazer em sinais para os surdos, enquanto as escolas especiais oralizavam ou as integravam crianas surdas nas escolas regulares de ensino. QUADROS (1997:72)
Teorias educacionais para surdos
So trs as teorias educacionais para surdos: 1) Oralismo; 2) Comunicao
Total; e 3) Bilingismo, que defende a aprendizagem da lngua de sinais,
reconhecendo o surdo na diferena e especificidade, e depois o aprendizado de
portugus.
Em geral, o oralismo quando a pessoa no tem contato com a lngua de
sinais. A famlia, por orientao dos mdicos, probe os filhos de usar a lngua sinais
e defende o aprendizado apenas da lngua oral. Na educao, toda a alfabetizao
dos alunos feita por meio da fala. Mdicos, fonoaudilogos e alguns educadores
acreditam na eficincia desse mtodo, mas ele tambm muito criticado.
De acordo com SKLIAR (2001, p.124), Vygotsky criticava com veemncia os
mtodos de ensino da lngua oral para surdos, opinando que o ensino da linguagem
ao surdo est construdo em contradio com a sua natureza, mas tambm
duvidava que a lngua de sinais fosse uma verdadeira linguagem a servio da
formao social dos surdos e como um instrumento para a mediao dos processos
psicolgico superiores.
A segunda teoria de ensino para surdos a Comunicao Total, que
reconhece as lnguas de sinais como direito da criana surda, mas que usa o
portugus sinalizado, que emprega sinais. O portugus usado simultaneamente
com a fala e os sinais. O mtodo chamado tambm de bimodalismo. Para se
comunicar, o Bimodalismo usa o movimento da boca com a lngua de sinais.
E a filosofia educacional que procura desenvolver todas as habilidades da comunicao. Tais como: a fala, a audio, os sinais, leitura, escrita e outros recursos. Aqui no Brasil e em outros paises, a comunicao total usa muito o Bimodalismo. FENEIS (1995)
16
A terceira teoria educacional o Bilingismo. um mtodo onde as pessoas
usam o portugus escrito com a lngua de sinais. Isso leva a um desenvolvimento da
lngua materna e facilitador do aprendizado de sinais e do portugus. No
Bilingismo as pessoas podem aprender a falar, mas a nfase est em ser
alfabetizado no portugus depois de aprender, com fluncia, a lngua de sinais,
respeitando a sua estrutura.
Segundo QUADROS (1997), o bilingismo uma proposta de ensino usada
por escolas que se propem a tornar acessvel criana duas lnguas no contexto
escolar outra e o portugus e considerado essa proposta como sendo mais
adequada para o ensino de criana surda.
No bilingismo, prope-se que o surdo adquira a Lngua de Sinais desde mais
cedo, assim como os ouvintes adquirem a fala. Assim sendo, as crianas surdas
passam por estgios muito semelhantes s ouvintes, estgio de um sinal; estgio
das primeiras combinaes; estgio das mltiplas combinaes.
Para Skutnabb-Kangas (1994:152) o bilingismo importante por garantir os
direitos que os seres humanos tm de identificarem-se com uma lngua materna (s)
e de serem aceitos e respeitados. Para ele, todos tm o direito de aprender a(s)
lngua materna(s) completamente nas suas formas oral (quando fisiologicamente
possvel) e escrita (pressupondo que a minoria lingstica seja educada na sua
lngua materna). Alm disso, ele defende que todos tm o direito de usar a sua
lngua materna em todas as situaes oficiais (inclusive na escola) e que qualquer
mudana que ocorra na lngua materna seja voluntria e nunca imposta. Ento as
pessoas surdas tm o direito de ser ensinadas na lngua de sinais. A proposta
bilnge busca captar esse direito.
Em uma educao bilnge h espao para a escrita de sinais, que
promover o registro da lngua de sinais.
Alfabetizao dos surdos no Brasil
Partindo deste pressuposto a alfabetizao das crianas surdas s ter
sentido se acontecer atravs da lngua de sinais. Uma atividade fundamental neste
processo a contagem de histrias infantis na lngua de sinais. De acordo com
17
QUADROS (2006, p.54), O relato de estrias inclui a produo espontnea das
crianas e do professor, bem como a produo de estrias existentes, portanto, de
literatura infantil.
Ainda de acordo com os estudos de Quadros (1997), Brasil h uma
preocupao com a educao do surdo e que os processos para o desenvolvimento
tambm da linguagem utilizam um mtodo de Oralizao. A maioria dos adultos
surdos fracassou na aquisio da lngua portuguesa, porque os surdos tm como
primeira lngua a LIBRAS e como segunda o portugus. Isso por que professores
no preparam um mtodo prprio para surdos.
Se o surdo usa mais o concreto, como faz atravs da lngua visual-espacial,
crianas surdas conseguem desenvolver quando a escola tem a LIBRAS? Segundo
Quadros (1997) sim, mas escola precisa se preparar para garantir o acesso a
LIBRAS. Se a LIBRAS no estiver presente, as crianas surdas no aprendem. A
educao de surdos continua fraca, pois na escola no tem a lngua de sinais e
preciso que tenha a lngua de sinais. A criana ouvinte vai escola e aprende
portugus e tem mais facilidade, porque o portugus sua primeira lngua. A autora
afirma que:
A escola torna-se, portanto, um espao lingstico fundamental, pois normalmente o primeiro espao que a criana surda entra em contato com a lngua brasileira de sinais. Por meio da lngua de sinais, a criana vai adquirir a linguagem. Isso significa que ela estar concebendo um mundo novo usando uma lngua que percebida e significada ao longo do seu processo. Todo esse processo possibilita a significao por meio da escrita que pode ser na prpria lngua de sinais, bem como, no portugus. QUADROS (2006:)
Vrios so os desafios apontados pelos professores de surdos em idade de
alfabetizao. Ronice Quadros (1997) cita:
As crianas chegam a um determinado nvel e trancam. As crianas no conseguem sair da representao da palavra. No consigo fazer com que eles escrevem um texto. Eles conseguem escrever somente as palavras trabalhadas em aula e assim por diante. QUADROS (1997:75)
Mas alguns os professores precisam avaliar o seu trabalho com crianas
surdas e mudar o mtodo. Como usar um processo de alfabetizao para crianas
surdas que usa o nvel silbico? Para compreender a escrita os surdos precisam
18
visualizar essa escrita. O som no faz sentido, j que os surdos no se escutam. A
leitura labial tambm problemtica e o aluno surdo pode se perder. Para a criana
surda oralizada quase impossvel aprender a lngua portuguesa escrita atravs da
lngua oral, porque ela s entende 20% do que transmitido oralmente. A criana
oralizada s ser capaz de captar a fala atravs leitura labial, portanto fica difcil
para entender. E na verdade a maioria das crianas que usa a oralizao no a
entende, por isso que usa mais a visualizao. No Brasil usa-se mais a escrita
alfabtica da lngua portuguesa, mas no tem como a criana significar em LIBRAS.
possvel usar palavras em LIBRAS, mas se acompanhar com portugus falado,
figura-se como portugus sinalizado e no como a Libras.
A autora acredita que o processo de alfabetizao vai sendo delineado com
base neste processo de descoberta da prpria lngua e de relaes expressadas por
meio da lngua. QUADROS (2000, p.55). Ronice Quadros afirma que no momento
em que a criana surda aprender o portugus escrito elas ter o mesmo portugus
que a criana ouvinte. Deve-se diferenciar o portugus de mtodos artificiais de
estruturao de linguagem, que usam o portugus sinalizado. Esses mtodos so a
causa do fracasso na aquisio do portugus de muitos alunos surdos. Se crianas
surdas conseguem usa a escrita das lnguas de sinais, tambm conseguiro
alfabetizao visual. No entanto, apresenta-se a seguinte constatao:
Alfabetizadores percebem que quando a criana surda atinge o nvel silbico de sua produo escrita, ela se apia na leitura labial da palavra.Esse processo acontece at a criana precisar passar do nvel da palavra para nvel textual, nvel em que os problemas com o portugus escrito permanecem tendo em vista a limitao da leitura labial. QUADROS (1997:84)
Na verdade os alunos entendem as palavras, s que no conseguem
entender o sentido do texto no portugus. Ela cita algumas do s regras o que pode
se ensinar para a criana surda:
O processamento cognitivo espacial especializado dos surdos; O potencial das relaes visuais estabelecidas pelos surdos; A possibilidade de transferncia da LIBRAS para o portugus; As diferenas nas modalidades das lnguas no processo educacional; As diferenas dos papis sociais e acadmicos cumpridos por cada lngua; As diferenas entre as relaes que a comunidade surda estabelece com a escrita tendo em vista sua cultura; Um sistema de escrita alfabtica diferente do sistema de escrita das lnguas de sinais; e
19
A existncia do alfabeto manual que representa uma relao visual com as letras usadas na escrita do portugus. QUADROS (1997:85)
E como pode ser o ensino de lngua: usar de acordo com ambiente, em
interao, idade, estratgia e estilos de aprendizagem, fatores emocionais, fatores
sociais e a motivao dos alunos. Tudo isso importante para o ensino da criana.
Portanto o que a criana usa mais visualmente vale a pena ser utilizado na
aprendizagem. A escrita de sinais pode ser um meio visual para a alfabetizao no
portugus.
No lugar de se usar mais a fala, que no natural, pois o surdo no aprende
naturalmente para o portugus, devese ensinar usandose a LIBRAS. Nota-se que
os surdos sabem a LIBRAS e escrevem como a LIBRAS. Tambm importante que
o aluno mais tempo de contato com a L2. O aluno pode ter oportunidade de ler
estrias escritas em portugus e tambm aprend-las usando a lngua visual-
espacial como a escrita de sinais. Deve-se deixar que a criana escreva como base
na LIBRAS, e s depois da produo que a professora deve corrigir para que os
alunos aprendam o portugus correto. Ronice Quadros constata:
A Interveno do professor representa o feedback para o aluno surdo possibilitando a reflexo sobre hipteses que criou na sua produo
(output). QUADROS (1997:17)
A criana precisa de atividade que atendam seus interesses. Isso
importante para aulas com classe em nmero reduzido (5 a 10 alunos) para
conhecer todos os alunos se tem habilidade de aprendizagem e facilidade de ensino
L2. Entretanto no bom que se obrigue a criana surda a aprender o portugus a
fora. Isso pode levar os alunos a desistirem aprender portugus. necessrio
estimular. Os surdos adultos j sabem que precisam aprender portugus, mas a
criana no.
Alm disso, h muitas especificidades culturais na lngua, que tornam o
aprendizado do portugus mais difcil para os surdos. Por exemplo: gua mole em
pedra dura tanto bate at que fura. uma metfora que o surdo tem que saber no
portugus.
Quadros (1997) orienta todos os profissionais da pedagogia a se
preocuparem com o ensino para a criana surda. Se os professores no se
20
comunicarem com o aluno em lngua de sinais, eles no vo conseguir a aquisio
em L2. Ela conclui que:
a aquisio da linguagem que deve ser garantia atravs de uma lngua espao-visual, isto ,uma lngua de sinais (no caso do Brasil, a LIBRAS); a alfabetizao que deve acontecer naturalmente atravs da escrita das lnguas de sinais; a aquisio do portugus que envolve um processo de aquisio de L2 . QUADROS (1997:87)
A escrita de sinais
Ronice Quadros acredita que a alfabetizao dos surdos deve ser feita
atravs da escrita das LIBRAS.
Fonte: Artigos Aquisio de L1 e L2: o contexto da pessoa surda
Fonte: Artigos Aquisio de L1 e L2: o contexto da pessoa surda
Entretanto, importante se compreender a escrita das LIBRAS, pois a criana
precisa estar acostumada com esses smbolos. Com a escrita espontnea das
21
crianas h uma ajuda no portugus escrito. Bernardino (2000) tambm considera
importante o ensino da escrita de sinais, pois ele auxilia no desenvolvimento
cognitivo, afetivo e social da criana surda.
Na dcada de 1920, Vygotsky cria em Moscou o Instituto de Estudos de
Deficincias. Publicou tambm um trabalho voltado para este pblico: Problemas da
Educao de crianas, cegas, surdas-mudas e retardadas apresentando reflexes
acerca desta temtica.
O objetivo da teoria de Vygotsky pode ser representado pela caracterizao
dos aspectos humanos do comportamento, as chamadas Funes Psicolgicas
Superiores pela elaborao de hipteses de como essa caracterizao se forma, ao
longo da histria humana, e de como se desenvolve, durante a vida. Vygotsky, parte
da premissa de que o homem se constitui como tal atravs de suas interaes
sociais, portanto, visto como algum que se transforma nas relaes produzidas
em determinada cultura.
consistia em examinar como as funes-psicolgicas como a memria, a ateno, a percepo e o pensamento- aparecem primeiro em forma primria para logo se transformar em formas superiores. Para fundamentar sua tese, distingue entre a linha de desenvolvimento natural e a linha de desenvolvimento social(cultural). O desenvolvimento natural produz funes com formas primrias, enquanto o desenvolvimento cultural transforma os processos elementares em processos superiores. Vygotysk (1994:27)
A escrita da lngua de sinais promove exatamente isso. Uma passagem da
percepo para o entendimento. Ela utiliza smbolos visuais para representar as
configuraes de mo, os movimentos, as expresses faciais e os movimentos do
corpo das lnguas de sinais. Este alfabeto - uma lista de smbolos visualmente
delineados utilizado para escrever movimentos de qualquer lngua de sinais no
mundo.
O SignWriting foi criado por Valerie Sutton em 1974. Sutton criou um sistema
para escrever danas e despertou a curiosidade dos pesquisadores da lngua de
sinais dinamarquesa que estavam procurando uma forma de escrever os sinais.
Portanto, na Dinamarca foi registrada a primeira pgina de uma longa histria: a
criao de um sistema de escrita de lnguas de sinais. Conforme os registros feitos
pela Valerie Sutton1, em 1974, a Universidade de Copenhagen solicitou Sutton que
registrasse os sinais gravados em vdeo cassete. As primeiras formas foram
1 http://www.signwriting.org
22
inspiradas no sistema escrito de danas. A dcada de 70 caracterizou um perodo
de transio de Dancewriting para SignWriting, isto , da escrita de danas para a
escrita de sinais das lnguas de sinais. O pesquisador surdo francs Roch
Ambroise Bbian que trabalhava no Institut National de Jeunes Sourds de Paris -
INJS de Paris antes do Congresso de Milo foi o primeiro a criar um sistema
para escrever a escrita em SW.
A escrita um cdigo de comunicao secundria em relao linguagem articulada oralmente ou sinalizada. Dizemos que ela um sistema de representao porque signo grfico serve para anotar uma mensagem oral ou sinalizada a fim de poder conserva - l ou transmiti. Eles representam graficamente a mensagem. (Stumpt, 2007).
A escrita de sinais importante, pois promove o registro da cultura. Faz uma
escrita prpria da lngua de sinais. Percebe-se hoje que a histria dos surdos sofreu
prejuzos no seu registro porque o grupo de surdos mais velhos que se comunicava
por meio da lngua de sinais aprendida naturalmente, mas como todos os registros
histricos eram feitos em portugus, os surdos mais velhos deixaram de registrar a
histria das associaes, das comunidades e da cultura surda.
Por no terem tido a oportunidade, h anos atrs, de conhecerem e usarem a
escrita da prpria lngua de sinais muitos surdos deixaram de registrar sua histria e
cultura atravs dos tempos at hoje. E, se fizeram na escrita de outra lngua
(portuguesa ou outra) foram pouqussimos, pois essas outras lnguas so de difcil
compreenso para eles e, raramente, faz produzir sentidos verdadeiros.
Os surdos, com certeza, teriam mais motivao e criatividade para registrar
sua cultura e histria, sem se preocupar com o registro em outras lnguas, pois isso
poder ser feito por tradutores, para outras lnguas.
A cultura Surda est minimamente registrada, porque as situaes que os surdos vivem, no conseguem escrever em sua prpria lngua. STUMPF (2007)
At hoje h uma influncia de que obrigatria a escrita em portugus. E
como os surdos tm dificuldade de fazerem leituras em portugus, no tem acesso
nem produo e nem leitura de textos. Essa influncia da obrigatoriedade do
portugus faz com que haja uma valorizao de apenas uma lngua. Isso promove o
desrespeito a qualquer outra lngua que seja utilizada no Brasil.
23
Denomina-se ento que a escrita de sinais Sign writing vem como um artefato cultural linguistico. E foi um fato histrico importante para o povo surdo, pois, outrora, diziam que a lngua desse povo era grafa. STROBEL (2008)
Assim, aprende-se primeiro a lngua de sinais, sabe-se o conhecimento
construdo na minha prpria lngua e depois aprende a escrita de sinais como
facilitador para a lngua de portuguesa.
Para os ouvintes a escrita de portugus importante, pois a escrita em
portugus o registro da fala do ouvinte, mas se o povo surdo, a escrita em
portugus no faz muito sentido, pois para que se escreva em contexto de
portugus precisa conhecer as regras da gramtica de portugus que tem
combinao com o som. Acredita-se ser a escrita de sinais o registro da lngua de
sinais de muita utilidade, pois so os sinais registrados no papel, assim como h
outros povos que registram sua lngua no papel, como no Japo, onde h uma
escrita que mais parece desenho. Todo o povo tem sua escrita que diferente de
outros povos, que tem sua prpria gramtica e contexto. O povo surdo precisa ter
sua escrita tambm.
Os ouvintes j registraram sua lngua no papel e o povo surdo ainda no
registrou. Ento os surdos so influenciados a saberem a gramtica de portugus
que no da sua lngua natural. Segundo Stumpf (2007), a importncia dos surdos
desenvolverem sua prpria escrita seria que, ao ter sua escrita em Libras, ajudariam
aos outros surdos a se desenvolverem em todas as reas: educao, vida social,
famlia, trabalho. A escrita ajuda muito a desenvolver a lngua de um povo. O ouvinte
sempre est lendo para ajud-lo em seu discurso. Quando o ouvinte l alguma
escrita ele se recorda do que aprendeu, e assim ser com o surdo quando tiver
acesso escrita em Libras. A escrita de sinais vai ajudar o surdo em seu discurso
em Libras. As nossas crianas quando aprenderem escrita em SignWriting vo
desenvolver com mais facilidade at mesmo em outras lnguas. O modelo bilnge/bi
cultural ajuda os surdos a dominar vrias lnguas e a ter interao com outros povos
como: os ouvintes, surdos de outros pases, escrita de portugus e estrangeiro.
Assim os surdos no ficam limitados somente s lnguas de sinais.
A escrita de sinais fundamental para os surdos escreverem por sua prpria
lngua, pois tem a modalidade gestual-visual a ser escrita, pode representar idias e
usar o pensamento na forma visual. Quando os surdos adquirem o conhecimento e
querem guardar as experincias da vida social. Querem expressam sua lngua de
24
sinais, mas nem sempre possvel colocar o registro no papel para guardar as
coisas e para narrar a histria de experincia de vida de surdos usando a lngua
portuguesa como a segunda lngua. Por isso, importante usar a escrita de sinais
para lembrar como o registro de cultura surda. Para um povo ouvinte, fala e escrita
de lngua portuguesa so registradas porque fornecem o sentido para ele aprender,
na lngua dele, a fala do outro ouvinte.
A construo da escrita passa pela experimentao de hiptese. Na teoria de
Piaget, o conhecimento objetivo aparece como uma aquisio, e no como um
dado inicial. Segundo Piaget certos instintos, reflexos deixam de funcionar
normalmente por falta de um meio apropriado em um determinado momento. Nos
bebs surdos podemos observar este fato, em relao aos balbucios iniciais,
comuns a todos os bebs, tambm aos surdos, que desaparecem ao invs de
evoluir para a fala por falta do estmulo auditivo, que seria proporcionado pelo meio.
A escrita da lngua de sinais capta as relaes que a criana estabelece com a lngua de sinais. Se as crianas (surdas) tivessem acesso a essa firma de escrita para construir suas hipteses a respeito da escrita, a alfabetizao seria uma conseqncia do processo. A partir disso, poder se ia garantir o letramento do aluno ao longo do processo educacional. Quadros,2003.
Soares, citado em Trindade (2002) cita que
O letramento vai alm da alfabetizao, porque o primeiro ultrapassa o simples ato de aprender a ler e a escrever, j que consiste no entendimento do uso dessas capacidades dentro de prticas sociais que se fundamentam no texto impresso (Soares apud Trindade, 2002).
Por isso, a criana surda deve conhecer desde beb com a Lngua de Sinais
para adquirir da Linguagem. Com o letramento, depois a criana surda j capaz de
se desenvolver e pode ser alfabetizar.
Interessante o que o artigo revela sobre isso. A autora cita
Smolka (2003), (...) as crianas no escreviam para registrar uma idia, nem para documentar um fato, nem por necessidade ou prazer de comunicar ou interagir com algum. As crianas copiavam palavras soltas, provavelmente com algum significado para elas, mas sem articulao e sem sentido(as palavras tem, certamente um significado, mas que elas podem no ter sentido algum para as crianas (49).
25
Na verdade, a criana surda s aprendeu a copiar e no desenvolve
significados, por isso a criana s consegue entender com a visualizao e com a
escrita dos prprios sinais.
A autora tambm cita Quadros,
(...) a escrita alfabtica da lngua portuguesa no Brasil no serve para representar significao com conceitos elaborados na LIBRAS, uma lngua visual espacial. Um grafema, uma silaba, uma palavra escrita no portugus no apresenta nenhuma analogia com um fonema, uma slaba e uma palavra na LIBRAS, mas sim com o portugus falado. A lngua portuguesa no um a lngua natural da criana surda.. (p. 5),
Assim, a lngua portuguesa no substitui da lngua de sinais, pois a estrutura
gramatical diferente da lngua de sinais.
A escrita de sinais pode ajudar a criana surda, para visualizar e registrar da
escrita de sinais e tambm pode ajudar a o portugus escrito.
O programa de escrita de sinais gerou um software que veio dos EUA. Sign
Writer um editor de textos em sinais desenvolvido por Richard Gleaves e difundido
pelo Deaf ction Committe (EUA). Tambm outro programa SW-Edit um editor de
textos de lnguas de sinais, multi-plataforma, com interface tipo Windows,
desenvolvido pela Universidade Catlica de Pelotas, pelo professor Rafael Piccin
Torchelsen e Antnio Carlos da Rocha Costa. H tambm:
SignTalk que tem como objetivo a interao tanto atravs da LIBRAS quanto
do Portugus via chat,
Figura 3 - SignTalk (Souza, 2002)
Fonte: BARTH, 2007
SignSim, que um tradutor semi-automtico entre lngua de sinais e glosas
em lngua oral,
26
Figura 4 SignSim (Souza, 2002)
Fonte: BARTH, 2007
SignEd, que um editor de sinais escritos, para utilizao no SignTalk e no
SignSim.
Figura 5 - SignSim (Souza, 2002)
Fonte: BARTH, 2007
O teclado virtual para escrita pode ajudar a alfabetizar a criana surda e ainda
no desenvolvimento que tem como base linguagens de programao que
possibilitem maior facilidade na sua aquisio por qualquer usurio.
27
Figura 6: Layout do Teclado Virtual para escrita da LIBRAS
Fonte: BARTH, 2007
Este software oferece uma interface que adiciona diversas ferramentas ao
desenvolvedor, como criao de recursos grficos, entre eles imagens.gif e .jpg, e
filmes animados no formato .swf; importao de arquivos externos, tais como vdeo e
udio, criados ou editados em outros programas.
Citando autora Quadros, quanto alfabetizao, parece que as crianas
surdas alfabetizam-se naturalmente quando em contato com o sistema escrito das
lnguas de sinais. Por outro lado, o processo de aquisio/aprendizagem do
portugus no essencial, mas necessrio na sociedade brasileira; assim sendo,
os alunos surdos precisam adquirir o portugus escrito.
APRESENTAO NA ESCOLA MUNICIPAL TANCREDOS PHIDEAS
GUIMARES
Ensino Fundamental Completo (1, 2 e 3 ciclo), que uma escola regular e
trabalha com a incluso de alunos surdos.
O espao fsico da escola se constitui de quadra de esporte, biblioteca com
acervo que inclui alguns livros sobre surdez e dicionrio de libras, auditrio,
refeitrio, sala dos professores, salas bem distribudas. Tem uma estrutura completa
embora no seja muito grande.
28
Os alunos de 06 a 15 anos comeam no 1 ciclo, que equivale a pr-escola do
Ensino Fundamental, e vo at o 3 ciclo. A escola inclui alunos de diferentes
classes, scio-econmicas e culturais alm de pessoa surda, com deficincia
mental, visual e com dificuldade de locomoo. Existem muitos alunos com
deficincias, e alguns casos com deficincias mltiplas. Ao todo so 650 alunos de
manh e a tarde, sendo 54 o nmero de aluno surdos, que estudam pela manh.
O perfil dos alunos surdos variado, porque tem alunos de vrias idades e
vrios nveis de conhecimento. Nenhum aluno surdo oralizado e todos so
sinalizados. Eles aprenderam Libras na prpria escola, que conta com instrutores
surdos. A escola tem alunos ouvinte e as turmas no so mistas. Os alunos surdos e
ouvintes tm contato apenas durante os intervalos. Os alunos, em geral, so de
baixa renda,
Quanto aos professores, so formadas em curso superior de Pedagogia,
Letras, Filosofia, Educao Fsica, dentre outros. Alguns tm ps-graduao e so
efetivos. H tambm estagirios para acompanharem os alunos com dificuldade
locomotora, alm de dois instrutores de Libras para estimular a lngua de sinais e
trs intrpretes de lngua de sinais para interpretar os alunos surdos, pois so
poucos os professores que conhecem a lngua de sinais. Os instrutores so
tercerizados, atravs de uma parceria com a associao dos Surdos de Minas
Gerais, alm dee 1 estagirio.
Em 2003, a Secretaria da Educao determinou que esta escola fosse plo
da regional para receber alunos surdos.
A relao entre professor e aluno acontece de forma democrtica, o professor
tenta priorizar o respeito mutuo. Atualmente tm acontecidos alguns casos de
violncia por parte dos alunos que necessitam de atendimento especifico psicolgico
mdico. No geral convivem com uma famlia desestruturada.
A escola segue a linha do Programa Curricular Nacional (PCNs) que o
governo federal sugere para escolas. Em relao a LIBRAS, a valoriza como 1
lngua do surdo.
No existe nenhuma discusso profunda em relao a etnia, religio, classe e
gnero. No que tange a religio a escola favorece as religio, crists, omitindo uma
debate mais amplo em relao outras religies.
29
So avaliados atravs de prova internas e provas elaboradas pelo governo.
Trabalhos em grupo ou individual e exerccios dentro da sala de aula com conceitos
padronizados, para avaliar 1, 2 e 3 ciclo.
De 3 em 3 meses faz-se uma avaliao dos alunos, os professores discutem
a situao de cada aluno revelando quais as suas dificuldades.
DESENVOLVIMENTO
4.1 A escolha da escola e conversas com os colaboradores
No ano de 2008, ficamos sabendo que a instrutora Clarissa Fernandes Dores,
dessa escola, estava ensinando escrita de sinais para a turma do 1 ciclo.
Combinamos com ela de fazer um projeto de interveno com alunos surdos, que
seria a nossa monografia.
Neste ano, ao conversar com o coordenador da escola Cssio de Souza e
apresentarmos o projeto de interveno, o mesmo ficou interessado, mas a
execuo do projeto dependia da liberao da diretora Marlinda Tadeu S. Ferreira,
que permitiu a interveno. Inicialmente, ns gostaramos de fazer a interveno na
turma do 1 ciclo, ainda em incio da alfabetizao, por acreditarmos que os
resultados seriam mais interessantes do que em alunos em estgio mais avanado
de alfabetizao. Entretanto, o coordenador sugeriu que fizssemos em outra turma,
do 2 ciclo, porque a professora dos menores no autorizou a interveno na turma
do 1 ciclo.
No segundo dia de visita escola nos reunimos com a professora Snia
Maria Menezes de Sousa e com o Instrutor de Libras Nivaldo Mariano. Explicamos
sobre o projeto de interveno, que foi bastante elogiado pela professora da turma
do 2 ciclo. Combinamos o horrio para trabalhar com a turma para evitar que eles
fossem prejudicados nas aulas regulares. A prpria professora organizou o horrio
das aulas de escrita de sinais.
As aulas duraram 9 dias, sendo duas horas de aula por dia.
30
4.2. Aula da Escrita de Sinais
No primeiro dia, o instrutor Nilvaldo ministrou a aula de LIBRAS e ns
observamos. Em seguida, o professor nos apresentou e apresentou a turma. Ele
explicou sobre a Escrita de Sinais e sobre o perfil dos alunos:eles so fluentes em
Lngua de Sinais, ao todo so 16 alunos surdo, com idade de 10 a 16 anos. Uma
das alunas possui dificuldade locomotora parcial com paralisia cerebral, mas
consegue entender e se comunicar. Ela j est em processo de alfabetizao e tem
boa escrita em portugus. Explicamos, em seguida para os alunos, que Escrita de
Sinais. Uma das alunas j conhecia, pois j aprendeu no ano passado. Ela tambm
explicou aos colegas o que era e mostrou um exemplo no quadro. Escrevemos os
sinais no quadro e os alunos no conseguiram entender. Mostramos exemplos da
escrita em portugus, escrita em ingls, escrita em rabe e escrita do Japo.
Lanamos a pergunta: mas e a LIBRAS, cad a escrita? Os alunos ficaram refletindo
enquanto distribumos as folhas brancas para eles escreverem os sinais. Primeiro
mostramos exemplos de sinais como casa e perguntamos aos alunos sobre a
configurao de mo B, que gera vrios sinais, tais como AMIGO. Assim, eles
escreveram sinais. Os alunos ficaram bem animados, mas o tempo ficou curto e ao
final da aula distribumos as folhas com a configurao de mos para os alunos
conhecerem cada configurao de mos.
No segundo dia, o coordenador pediu que os alunos de outra turma, com 5
alunos, se juntassem a nossa turma, pois a professora faltou. Mesmo com esses
alunos, avaliamos somente da turma de 10. Organizamos grupos, explicando aos
alunos e relembrando o contedo do dia anterior: o que Escrita de Sinais.
Perguntamos aos alunos e eles responderam sobre os registros da escrita de sinais.
Em seguida, distribumos o jogo de baralho em escrita de sinais em configurao. A
atividade consistia no grupo escolher, sem ver, quais configuraes de mo. Os
alunos precisavam identificar qual o sinal e escreve no papel em escrita de sinais. O
grupo registrou os sinais de acordo com a configurao de mo, conforme a figura 5.
31
Figura 7: Baralho configurao de mo
No terceiro dias, percebemos que os alunos estavam inquietos e ficavam em
p. Ento fizemos cartazes para pendurar no quadro escrito em escrita de sinais
SILNCIO, OBENDECER, POR FAVOR, E SENTAR, conforme a figura 6. O
interessante que os alunos identificaram os sinais. Deixamos pendurado no quadro
para alunos sempre lembrarem. A terceira da atividade consistia em mostrar
exemplos aos alunos sobre os sinais das professoras e pedir aos alunos que
escrevessem no quadro o sinal deles e depois escrever no papel, e depois escrever
em SW o sinal do colega de quem eles gostam mais.
Figura 8: Quadro
No quarto dia de aula, para relembrar a escrita de sinais, os alunos
escreveram o que eles lembravam. Depois, fizemos a leitura de histrias em escrita
de sinais em grupos. Foram 5 grupos, com as seguintes histrias: Ado e Eva,
Cacho Dourados, A rvore surda, Viva as diferenas, Ivo. Os alunos liam o livro e
faziam o reconto da histria, explicavam o que entenderam. Depois distribumos a
figura 7 com sinais para os alunos identificarem os sinais e formarem frases.
32
Figura 9: Figura da escrita de sinais
No quinto dia, distribumos as folhas com a datilologia do alfabeto manual e
nmeros. Os alunos copiaram e repetiram, alm de escreverem o nome, datas, ms
e ano. Essa atividade serviu para os alunos conhecerem a datilologia e
desenvolverem habilidade em escrever nomes e nmeros, pois tem alfabeto manual
do registro.
No 6 dia de aula distribumos duas atividades para identificar a escrita de
sinais e escreverem em portugus. Os alunos ficaram bem animados e responderam
a atividade muito rapidamente. O objetivo da atividade era perceber se os alunos
conseguiam identificar o alfabeto manual. A atividade est em anexo.
No ltimo dia de aula, distribumos duas atividades, uma para ligar a escrita
de sinais gravura. O tema era material escolar. O objetivo era perceber se eles
conseguiam identificar a escrita de sinais em ligao com as gravuras. A segunda
atividade era para descobrir a escrita de sinais dos animais e colar onde fica o
desenho dos animais. O objetivo era procurar as figuras dos animais e ligar escrita
de sinais.
4.3. Anlise dos resultados
Observando os resultados, conclumos que os alunos so fluentes em Lngua
de sinais. Percebemos que os alunos tm facilidade de visualizar e identificar a
escrita de sinais. Isso, em parte, se deve fluncia em Libras. Mesmo a aluna com
deficincia locomotora se mostrou com facilidade de identificar a escrita de sinais.
Ela possui dificuldade com Lngua de Sinais. Por causa das mos ela no consegue
sinalizar, mas consegue entender e se comunicar.
33
Percebemos que os alunos gostaram muito da atividade e ficaram com muita
curiosidade em escrita de sinais. No comeo eles desenhavam partes do corpo e
tambm do cabelo, desenhos que remetiam aos sinais e que tem a ver com a
prpria escrita de sinais. Entretanto eles no conheciam os smbolos. Depois que
mostramos os smbolo da escrita de sinais eles identificaram com facilidade devido
concretude do smbolo.
Na leitura dos livros de histrias, percebemos que foi um pouco difcil, porque,
no trabalhamos mais profundamente caractersticas da escrita de sinais tais como
direo, movimento e locao. Ensinamos apenas o bsico, e os alunos tiveram
alguma dificuldade na leitura para entender a escrita de sinais. Nos perguntavam
vrias vezes e depois que explicamos eles compreenderam, mas o aprendizado no
foi aprofundado.
Como resultado, observamos que os alunos tm facilidade de aprendizagem
e percebemos que eles tm boa vontade de aprender, ficaram com curiosidade de
perguntar qual palavras em portugus do sinal da escrita de sinais, pois um sinal
tem vrios significados por isso os alunos queriam saber qual nome. Este
depende do contexto quem no estiver escrita portugus.
4.3.1 Dados Estatsticos
Distribumos o roteiro de entrevistas para as professoras. Uma sntese das
respostas est nos grficos das entrevistas. Foram 7 entrevistados, entre
professores que trabalham com aluno alunos, entre 1, 2 e 3 ciclo, e tambm
interpretes de Lngua de Sinais e instrutores de Lngua de Sinais (so 3 intrpretes,
1 instrutor e 3 professores).
34
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
2 grau
completo
3 grau
imcompleto
3 grau
completo
Ps
graduao
Formao Acadmica
0
1
2
3
4
5
6
7
Ouvinte Surda
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
sim no
Interprete de Lngua de Sinais
0
1
2
3
4
5
Feminino Masculino
Sexo
0
1
2
3
4
5
6
Sim No
Instrutor de Lngua de Sinais
0
1
2
3
4
5
6
7
Pblica Privada
Instituio em que atua
35
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
Curso Aprendeu
na escola
Namorado,
amigo e
pais famlia
surdo
Como comeo em LIBRAS?
0
1
2
3
4
5
6
Sim No
Certificado ou formao especfica em
LIBRAS
0
1
2
3
4
5
Mais de 360hr 1 vez por semana
Durao em curso
0
1
2
3
4
5
Importante
LIBRAS
Aula
especializadas
No tem
experincia
Como acontece o processo de alfabetizao
do aluno surdo
0
0,5
11,5
22,5
33,5
4
Falta
pedagogia
surda
Professor
precisa
conhecer
Dificuldade
do
vocabulrio
Qual a barreira por pessoa surda em
sua gramtica?
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
Sim 1 vez agora Pouco
Conhece a Escrita de Sinais?
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
Conheci agora Bsico Intermedirio
Qual conhece da Escrita de Sinais?
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
Sim Acho que sim No tem
opinio
Voc acredita a Escrita de Sinais
auxilia portugus?
36
CONSIDERAOES FINAIS
Os objetivos propostos foram alcanados, a escola j havia utilizado a escrita
de sinais anteriormente. Mas a interveno realizada no foi na mesma turma. A
turma onde a atividade aconteceu foi a da alfabetizao, entre 6 e 10 anos. A escola
municipal Tancredo Phideas Guimares, se mostrou interessada no projeto e
gostaria de continu-lo no prximo semestre, e a professora que nos acompanhou
tambm achou interessante o projeto e reconheceu a importncia para os alunos
surdos e respeitando a prpria Lngua dos surdos. Analisamos tambm o
questionrio de entrevista, e as professoras concordaram que importante para
surdo, e a coordenao se mostrou satisfeita.
Acreditamos que a metodologia trabalhada foi adequada, e os alunos
desempenharam bem as atividades e o processo de avaliao foi positivo. Um dos
obstculos encontrados foi a durao estimada anteriormente, pois na elaborao
da metodologia acreditamos que o tempo seria o suficiente e no foi. Assim,
precisamos refazer alguns pontos para facilitar a organizao. Outra questo a
questo dos alunos no serem alfabetizados, esto em processo, mas em
contrapartida so fluentes em Lngua de sinais. Anteriormente o projeto era para
turmas j alfabetizadas, mas a coordenao no aprovou e nos encaminhou para
outra turma. Para uma avaliao final, os alunos conseguiram entender a escrita de
sinais e tambm perceber os smbolos.
Tenho interesse de refazer o projeto para crianas no inicio da alfabetizao.
Vimos na referencia terica que a escrita de sinais pode funcionar como um suporte
para a o aprendizado do portugus.
A nossa sugesto seria para a escola incluir um horrio de aula dedicado
escrita de sinais, para que os alunos possam utilizar a prpria lngua. Poderia
refazer o horrio da disciplina de LIBRAS dividindo-a com a escrita de sinais.
Acreditamos os alunos podem aprender a valorizar sua prpria lngua atravs
de seu registro pela escrita de sinais.
37
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:
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BERNARDINO, Elida Lcia. Absurdo ou Lgica? A produo lingstica do surdo. Belo Horizonte: Editora Profetizando Vida, 2000.208p. Blikstein, I. (1983). Kaspar Hauser ou a fabricao da realidade. So Paulo: Cultrix / EDUSP. Federao Nacional de Educao e Integrao dos Surdos (RS). Projeto LIBRAS Legal: manual para Kit Libras Legal. Porto Alegre, 2003. Federao Nacional de Educao e Integrao dos Surdos (MG). LIBRAS: Lngua Brasileira de Sinais: manual FENEIS. Belo Horizonte. 1995, 14p. GARCZ, Regiane L.O. O valor poltico dos testemunhos: os surdos e a luta por reconhecimento na internet. Belo Horizonte, 2008, 195 f. Dissertao (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Ps-Graduao em Comunicao Social. LABORIT, E. O vo da gaivota. So Paulo: Best Seller, 1994. PERLIN, G. Histria dos surdos. Caderno Pedaggico Pedagogia para Surdos. Florianpolis: UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina)/CEAD, 2002. QUADROS, Ronice Muller de. Educao de Surdos: a aquisio da linguagem. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1997. QUADRO, Ronice M. de KARNOPP, Lodenir B. Lngua de sinais brasileira: estudos lingsticos. Porto Alegre: Armed, 2004. p24-37 QUADROS, Ronice Muller de. Aquisio de L1 e L2: o contexto da pessoa surda. In Anais do Seminrio: Desafios e Possibilidades na Educao Bilnge para Surdos. p. 70-87 QUADROS, R. M. SCHMIEDT, M. L. P. Idias para ensinar portugus para alunos surdos. Braslia: MEC; SEESP, 2006.
38
SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem pelo mundo dos surdos. So Paulo: Companhia das Letras, 1989. SKINNER, B. F. Comportamento Verbal. So Paulo: Cultrix, 1957/1978.
SKLIAR, Carlos (org.). Atualidades da educao bilnge para surdos. 2 ed., volume 2, Porto Alegre: Mediao, 1999. STROBEL Karin Lilian, as imagens do outro sobre a cultura surda. Florianpolis, Editora da UFSC,2008 STUMPF, Marianne. Apostila Letras LIBRAS, Escrita de Sinais I, II e III. Florianpolis, 2007. STUMPF, Marianne. Tese Aprendizagem de Escrita de Lngua de Sinais de Lngua de Sinais pelo sistema Signwriting: Lngua de Sinais no Papel e no Computador. Porto Alegre, 2005 SUTTON, Valerie. Sign Writing. Disponvel em: Acesso em: 02 mar. 2009. VIGOTSKY, L. S. A formao da mente. So Paulo: Martins fontes, 1984. VIGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. So Paulo: Martins fontes, 1987.
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APNDICE: Questionrio para professora
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Nome do entrevistado: _________________________________________________________
Formao Acadmica: _________________________________________________________
Usurio de LIBRAS: ( ) sim ( ) no
( ) OUVINTE ( ) PESSOA SURDA
Intrprete de Lngua de Sinais: ( ) sim ( ) no
Sexo: F ( ) M ( )
Instrutor de Lngua de Sinais: ( ) sim ( ) no
Instituio em que atua: Pblica ( ) Privada ( )
Estado:
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1 - Relate, sucintamente, como voc comeou ou se tornou um estudioso ou usurio fluente de
Libras/ILS.
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2 - Voc possui curso, certificao ou formao especfica em Libras? ( ) sim ( ) no
Se sim, esclarea o(s) curso(s), quantas horas, onde fez, etc.
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Se no, justifique por qu?
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3 - Especificamente sobre cultura surda, relate em sua opinio como acontece o processo de
alfabetizao da criana surda
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4 - No que se refere Lngua Portuguesa, relacione as barreiras encontradas por pessoas surdas em
sua gramtica e afins.
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5 Voc conhece o Sign Writing? Qual sua opinio sobre a escrita de sinais?
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6 Qual o seu conhecimento de Escrita de Sinais: ( ) Bsico ( ) Intermedirio ( )
Profundo
7 - Das metodologias encontradas hoje para ensinar Portugus a pessoa surda, voc acredita que o
Sign wrting (escrita de sinais) auxiliaria?
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ANEXOS
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