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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR 99003 - ESTAGIO CURRICULAR OBRIGATORIO SUPERVISIONADO
AGR REL 2006-039
MATEUS PEREIRA GONZA TTO 2521/01-0
EMA TER/RS-ASCAR
Ii EmATER/RS ~ ~llIndense de EmPfll!lllQimenlos
de ASsist6nCla Tllcnlca e ~ Rural
-m- ASSOCIACAo ,/11\'" SUUNA OE CREOITO E .16."" ASSISltNCIA RURAL
ASCAR
'ORTO ALEGRE, junho de 2006.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA AGR 99003 - ESTAGIO CURRICULAR OBRIGATORIO SUPERVISIONADO
Mateus Pereira Gonzatto
RELATORIO DE ESTAGIO CURRICULAR OBRIGATORIO SUPERVISIONADO
Engenheiro Agronomo - Dairton Ramos Lewandowski (Orientador de Estagio)
Tutor - Prof. Paulo Vitor Dutra de Sousa
Comissao de Estagios:
Prof!. Maria Jane Sereno
Prof. Josue Sant'Ana
Prof. Lair Ferreira
Prof!. Lucia Franke
Prof. Elemar Cassol
Prof!. Mari Lourdes Bernardi
PORTO ALEGRE, junho de 2006.
II
SUMARIO
1. INTRODUCAO ............................................................................................................... 6
2. DESCRICAO DO MEIO FisICO E SOCIO-ECONOMICO DA REGIAO DE REALIZACAO DO ESTAGIO ........................................................................................... 7
2.1 ORIGEM, HISTORICO E LOCALIZACAO ............................................................................. 7
2.2CLIMA •.•••.•.••.•..•..•.•••••••.••.••.•.•••.•..•.•..•••......••....••.•..•.••.••.••.•.••.••.••.••.••.••.•..•.••••••••••••••••••• 9
2.3 SOLOS ........................................................................................................................ 10
2.4 VEGETACAO ................................................................................................................ 13
2.5 HIDROGRAFIA ...................................................................... , ....................................... 14
2.6 Uso DA TERRA ............................................................................................................ 15
2.7 ASPECTOS SOCIO-ECONCMICOS ................................................................................... 15
2.8 PERFIL DO SETOR PRIMARIO DO MUNiCiPIO .................................................................... 16
3. CARACTERIZACAO DA INSTITUICAO DE REAPZACAO DO ESTAGIO .............. 19
4. ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTAGIO ............................................................... 22
4.1 CREDITO RURAL E SEGURO AGRiCOLA .......................................................................... 22
4.2 PARTICIPACAO E ORGANIZACAO EM TARDE DE CAMPO SOBRE VITIVINICUTURA ................. 25
4.3 PARTICIPACAO DE REUNIAO NIVELAMENTO TECNICO SOBRE CAPTACAO DA AGUA DA CHUVA
ATRAVES DE CISTERNAS .................................................................................................... 26
4.4 CURSO DE TREINAMENTO SOBRE PLANTAS MEDICINAlS NO CERTA (CENTRO REGIONAL DE
QUALIFICACAO PROFISSIONAL DE PRODUTORES RURAIS DE TEUTCNIA) ............................... 27
4.5 PARTICIPACAO E ORGANIZACAO DE REUNIAO SOBRE CERTIFICACAO FLORESTAL NA
PROPRIEDADE DA ERVATEIRA PUTINGUENSE LTDA .............................................................. 27
4.6 GEORREFERENCIAMENTO DA PROPRIEDADE DA ERVATEIRA PUTINGUENSE LTDA. E DE
PROPRIEDADES CIRCUNVIZINHAS ........................................................................................ 28
4.7 ELABORACAO DE MAPA DE SOLOS DA MICRORREGIONAL DR. RICARDO (EMATERlRS-
ASCAR) E GEORREFERENCIAMENTO DAS ESTRADAS INTERNAS DO MUNiCiPIO ...................... 30
4.6 ASPECTOS DAS PRINCIPAlS CUL TURAS ACOMPANHADAS ................................................ 30
4.6.1 Cultura do Milho ................................................................................................... 30
iii
4.6.2 Viticultura ............................................................................................................. 31 4.6.3 Olericultura ........................................................................................................... 33
5. CONCLUSOES ........................................................................................................... 34
6. ANALISE CRITICA ..................................................................................................... 35
REFERENCIAS .............................................................................................................. 36
ANEXOS ..... , ........................................................... ERROl INDICADOR NAo DEFINIDO.
iv
RELACAO DE FIGURAS
Figura 1. Putinga e municipios circun-adjacentes (Pereira Filho et aI., 2004) ..................... 8
Figura 2. Localizayao do municipio de Putinga na Microrregiao Geografica Guapore e no Rio Grande do sui (compilado a partir de Pereira Filho et aI., 2004) ..................................... 9
Figura 3. Mapa de solos da microrregiao de Dr. Ricardo - Regiao de Estrela da EMATER, compilado a partir do levantamento de reconhecimento dos Solos do Rio Grande do Sui (Brasil, 1973), por Lewandowski (2006, nao publicado) ............................. 12
Figura 4. Mapa da vegetayao e de hidrologia do municipio de Putinga e proximidades, compilado a partir de IBGE (2003a, 2003b). Em verde, com a sigla Acc+Ap+Vss+Mm, encontram-se a Floresta ombr6fila mista montana; em amarelo, com a sigla Acc+Vss+Cs+Ap, encontra-se a Floresta estacional semidecidual sUbmontana; em branco, com a sigla Egf+Ap, encontra-se a Estepe gramineo-Ienhosa com f/oresta de galeria . ............................................................................................................................................ 14
Figura 5. Evoluyao da populayao rural e urbana do municipio de Putinga entre os anos de 1970 e 2005 (dados compilados por EMATER, 2006) ...................................................... 16
v
1. INTRODUCAO
o estagio, enquanto atividade de confronto entre 0 conhecimento adquirido
durante 0 curso de agronomia e a atividade do profissional da area, nos permite
visualizar, ao menos de alguma forma, a intera<;ao entre 0 que se imagina que se espere
de um engenheiro agronomo e 0 que e realizado no dia-a-dia da pratica profissional.
Desse choque entre teoria e pratica nasce a seguran<;a de que somos
capazes, e desmistifica-se a ideia da teoria como des necessaria frente a pratica.
Aqredito que 0 estagio sirva para uma reflexao sobre a profissao que escolhemos, e
onde precisamos melhorar, para sermos realmente capazes de gerar desenvolvimento
rural, e nao agir como um ator em um mon610go, mas como um participante de uma
realidade, que atraves de certos instrumentos (conhecimento tecnico, capacidade de
reflexao e de organiza<;ao) pode colaborar para a realiza<;ao da cena, do espetaculo.
Este estagio, realizado no Escrit6rio Municipal da EMATER/RS-ASCAR de
Putinga, mostrou-se muito importante no que tange a percep<;ao das dificuldades de
tradu<;ao entre 0 conhecimento academico (estudante de agronomia) e a agricultura real
(agricultor). Tambem se destaca a importancia do aprendizado do trabalho em grupo em
situa<;oes reais onde simplifica<;oes sao feitas para que dentro do tempo e recursos
disponiveis 0 melhor possa ser feito.
Enfim, acredito ser 0 estagio de fundamental importancia, alem das questoes
tecnico-cientificas, para percebermos as nossas limita<;oes e potencialidades, enquanto \
tecnicos, de ajudarmos a modificar realidades enquanto seres humanos.
6
t . .
2. DESCRICAO DO MEIO FisICO E SOCIO-ECONOMICO DA REG lAO DE REALlZACAO DO ESTAGIO
2.1 ORIGEM, HISTORICO E LOCAlIZA~AO
o municipio de Putinga foi criado pela Lei n°. 4.689, de 23 de dezembro de
1963. Putinga desmembrou-se do municipio de Encantado, que teve origem em 1915,
em area anteriormente pertencente ao municipio de Soledade, 0 qual foi criado com
area dos municipios de Rio Pardo e Lajeado de Porto Alegre.
A area onde hoje se encontra a sede do municipio foi colonizada por volta de
1910, principalmente por imigrantes italianos. Em 1920, a entao localidade de 'Putinga '
foi elevada a categoria de distrito do municipio de Encantado.
Entre os tatos hist6ricos de maior relevancia para 0 municipio, esta a queda
de um meteorito em 17 de agosto de 1937. Este fato foi muito importante na epoca, pOis
a queda do meteorito se deu em plena festa do padroeiro da entao localidade de
Putinga, Sao Roque. Este fato tambem tem reflexos ate hoje na identidade municipal,
sendo que 0 lema do municipio e: "Putinga: A cidade do meteorito". Parte deste
meteorito (45 kg) encontra-se hoje no Museu de Mineralogia e Petrologia "Prof. Luiz
Englert", no Instituto de Geociencias da UFRGS. Os restantes fragmentos do meteorito
encontram-se em diversos museus ao redor do mundo.
Sobre a origem do nome 'Putinga' ha varias hip6teses:
a) 0 nome teria se originado da denominagao de uma especie de bambu ou
taquara, da familia poaceae, muito abundante na epoca da colonizagao da regiao. Esta
planta apresenta haste delgada e compacta, sendo suas folhas usadas como alimento
para 0 gado (Cherini, 2001).
A ocorrencia desta planta era associada com areas de boa fertilidade, pelos
primeiros colonizadores. Muito provavelmente, isto se deva ao tato deste. tipo de
vegetagao estar mais associada na paisagem aos vales de rios.
7
Assim, 0 nome 'Putinga' significaria em tupi-guarani "cara branca", e estaria
associado a esta planta (Cherini, 2001).
b) A palavra 'Putinga' significaria em tupi-guarani "Estrondo enjoativo" e
estaria associado ao arroio que corta 0 municipio, de mesmo nome. (Pereira Filho et aI.,
2004).
c) A palavra 'Putinga' significaria em tupi-guarani "Queda d'agua em cachoeira
esbranquic;ada", pois 'PU' significaria "estalar" ou "rebentar" (d'agua) e 'TINGA'
significaria "barranco", segundo Cherini (2001). Esta hip6tese pode ser associada a ocorrencia de varias cachoeiras no municipio.
o municipio de Putinga, que possui 0 C6digo de Unidade Territorial n°
4315206, localiza-se entre as longitudes 52°02'43 "W e 52°13'42" W, e as latitudes
28~56'38 "s e 29°06'54" S. Encontra-se inserido na encosta inferior do Nordeste, na
regiao do Alto-Taquari, distanciando-se 199 Km da capital de Porto Alegre.
Segundo a Secreta ria de Agricultura e Abastecimento do RS (SAA, 2003,
apud Pereira Filho et aI., 2004) 0 municipio de Putinga teria uma superficie total de
219,30 km2. Ja para 0 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE, 2000, apud
Pereira Filho et aI., 2004) seriam 220 km2. Ja em relat6rio tecnico de mapeamento
(Pereira Filho et aI., 2004), encontrou-se apenas 205,96 km2 de extensao territorial do
municipio.
j
I cc ~.J
Figura 1. Putinga e municipios circun-adjacentes (Pereira Filho et aI., 2004).
8
,
o municipio de Putinga limita-se ao norte com 0 municipio de lIopolis, ao sui,
com os municipios de Coqueiro Baixo e Relvado, a leste, com Anta Gorda e Ooutor
Ricardo, e a oeste, com Arvorezinha, Fontoura Xavier, Sao Jose do Herval e Pouso
Novo (Figura 1).
Putinga esta inserida na Microrregiao Geografica de Guapore (codigo 43014).
Seu posicionamento na Microrregiao Geografica Guapore e no estado do Rio Grande do
Sui podem ser observados na figura 2.
Figura 2. Localizac;ao do municipio de Putinga na Microrregiao Geografica Guapore e no Rio Grande do sui (compilado a partir de Pereira Filho et aI., 2004).
Atualmente 0 municipio possui cerca de 27 comunidades no seu interior,
sendd que foi criado, atraves da Lei 645/92 de 11 de maio de 1992, 0 1 ° Oistrito de
Xarqueada (abrangendo as Linha 'Xarqueada', Linha 'Sobras' e Linha 'Quadros') que
somava aproximadamente 46 km2. Posteriormente, at raves do Decreto 489/94 de 5 de
setembro de 1994, houve retificac;ao das divisas do 1 ° Distrito de Xarqueada.
2.2CLlMA
o clima do municipio e do tipo Cfa de Koppen, subtropical chuvoso com verao
quente. As temperaturas medias anuais variam de 14 a 18 °C. A precipitac;ao pluvial e
9
de aproximadamente 2.250 mm, sendo essas principalmente de origem frontal. 0
numero medio de dias de chuva e de 130 dias. Os ventos predominantes sao de leste e
sudoeste, com velocidade media de 2 a 4 m/s. Ventos mais fortes tern origem de norte a
noroeste com velocidades que variam de 6 a 12 m/s. Ocorrem de 10 a 15 geadas entre
o oiJtono e a primavera (Pereira Filho et aI., 2004).
2.3 SOLOS
Na tabela 1, encontram-se descritos os principiais solos que ocorrem no
municipio de Putinga, bern como 0 percentual de ocorrencia no municipio.
Tabela 1. Principais unidades de mapeamento (UM) e associac;oes de solos que cO"lpoe municipio de Putinga - RS (Brasil, 1973; Embrapa, 1999; Streck et al., 2001 ).
UM Classificacao Area (Brasil,1973). (Embrapa, 1999; Streck et aI., 2001) (%)
Associac;ao Ciriaco-Charrua
Oasis
Chernossolo Argiluvico ferrico tfpico e Neossolo Lit61ico eutr6fico chernoss61ico
Argissolo Vermelho-Amarelo aluminico aliss61ico
96,65
3,35
A associac;ao das unidades de mapeamento Ciriaco, Chernossolo Argiluvico
ferrico tfpico, e Charrua, Neossolo Lit61ico eutr6fico chernoss6lico, ocupam mais de 95 %
da superficie do municipio.
Os Chernossolos Argiluvicos caracterizam-se por possuir horizonte
diagn6stico superficial A chernozemico (saturac;ao de bases ~ 65 %), seguido de \
horizonte B textural au B nftico. 0 Chernossolo Argiluvico ferrico tipico situa-se na
paisagem em relevos ondulados a fortemente ondulados, 0 que dificulta a mecanizac;ao
e exige praticas conservacionistas intensivas e manejo adequado do solo. Sao aptos
para 0 cultivo desde culturas anuais ate reflorestamento (Streck et al., 2001). Quanto a
caracteristicas de fertilidade, este solo apresenta altos valores de saturac;ao de bases e
de CTC (capacidade de troca de cations), e baixos teores de P disponivel (Brasil, 1973).
Os Neossolo Lit6lico caracterizam-se pela ausencia de horizonte
subsuperficial diagn6stico, apresentando 0 horizonte superficial assentado sobre urn
10
horizonte C (rocha parcialmente alterada) ou sobre a pr6pria rocha (camada R). 0
Neossolo 1it6lico eutr6fico chernozemico caracteriza-se por possuir horizonte superficial
A chernozemico, e situa-se na paisagem em relevos fortemente ondulados a
montanhosos, com pedregosidade e afloramento de rochas, possuindo serias restriyoes
a mecanizay80. Este solo tem fortes restriyoes para culturas anuais, devido a sua baixa
tolerancia a perda de solo por eros80 hidrica. Sendo recomendado 0 cultivo com plantas
anuais, quando acompanhado de praticas conservacionistas intensivas, apenas nos
solos com perfil A-C-R, em declividades menores que 15 % (Streck et a/., 2001). Oa
mesma forma que 0 solo anterior, este solo possui altos valores de saturay80 de bases e
de CTC, e baixos teo res de P disponivel (Brasil, 1973).
A unidade de mapeamento Oasis, Argissolo Vermelho-Amarelo aluminico
ali~s6lico, ocupa menos de 5 % da area total do municipio, no limite norte do municipio
(ver Figura 3). Esta unidade de mapeamento pode ter inclusoes das unidades de
mapeamento Guassupi (Neossolo distr6fico Ut61ico tipico) e Julio de Castilhos (Argissolo
Vermelho-Amarelo aluminico tipico) em pequenas proporyoes.
Os Argissolos 580 solos bem drenados, com gradiente textural entre 0
horizonte superficial e 0 horizonte subsuperficial, que apresentam horizonte
subsuperficial diagn6stico B textural, contendo argila de baixa atividade. 0 Argissolo
Vermelho-Amarelo aluminico aliss61ico encontra-se na paisagem em relevo ondulado a
fortemente ondulado, 0 que dificulta a mecanizay80 e exige praticas conservacionistas
intensivas (Streck et al., 2001). Este solo possui altos teores de silte superficial
(aproximadamente 50%), tendo sua textura classificada como franco argilo siltosa a
argilo siltosa (Brasil, 1973). Quanto a caracteristicas de fertilidade, este solo possui forte
aCi~ez, com saturay80 p~r aluminio maior que 50% e baixa saturay80 de bases (Brasil,
1973).
II
T,
t'
\ r- 1\ I,' !"
Anta Gorda
Putinga
Doutor ~icardo
Relvado
Coqueiro Baixo
Nova Brescia 10.000 5.000 0 10.000 m
t=-=--,-=c::l...:::,,:: __
LJ ASSOCIAC;Ao CIRIACO-CHARRUA (78,88%) Chernossolo Argiluvico ferrico tipico e Neossolo Lit61ico eutr6fico chernoss6lico
.. oAsIS (14,46%) Argissolo Vermelho-Amarelo aluminico aliss6lico
.. ASSOCIAC;Ao JULIO DE CASTILHOS - GUASSUPI (6,66%)
Argissolo Vermelho-Amarelo aluminico tipico e Neossolo Lit61ico distr6fico trpico Limites municipais
Figura 3. Mapa de solos da microrregiao de Dr. Ricardo - Regiao de Estrela da EMATER, compilado a partir do levantamento de reconhecimento dos Solos do Rio Grande do Sui (Brasil, 1973), por Lewandowski (2006, nao publicado).
12
2.4 VEGETAc;AO
Segundo a carta de vegeta<;ao da folha de Caxias do Sui - SH. 22-V-D (IBGE,
2003a) e da folha de Passo Fundo - SH. 22-V-B (IBGE, 2003b), no municipio de Putinga
encontra-se tres principais forma<;oes fitoecol6gicas: a Floresta ombr6fila mista Montana
(Mm), a qual ocorre em maior area; a Floresta estacional semidecidual sUbmontana
(Cs), em toda a regiao oeste e a sudeste, e a Estepe gramineo-Ienhosa com f/oresta de
galeria, no extremo norte do municipio (Egf) (ver Figura 4).
A Floresta ombr6fila mista caracteriza 0 Planalto das Araucarias. 0 principal
constituinte desta vegeta<;ao e a Araucaria angustifolia, acompanhado de urn rico sub
bosque. A area de ocorrencia desta vegeta<;ao predomina a a<;ao antr6pica em rela<;ao a vegeta<;ao natural. A agricultura de cicio anual (Acc) ocupa mais de 50% da area onde
ocorre esta vegeta<;ao (IBGE, 2003a; IBGE, 2003b). Ocorrem associados a esta
forma<;ao tambem areas de pastagem (Ap) e de Vegeta<;ao secundaria (Vss).
A Floresta estacional semidecidual e uma forma<;ao fitoecol6gica vinculada a ideia de urn clima de duas esta<;oes, com intensa varia<;ao termica, umida e com quatro
meses ao ana com temperaturas medias inferiores a 15°C, (Leite e Klein, s.d; Teixeira e
Coura Neto, 1986.), sendo este 0 motivo causador da estacionalidade fisiol6gica nas
plantas (Teixeira e Coura Neto; IBGE, 2003a). Diferencia-se da Floresta estacional
decidual pela ausencia da grapia (Apuleia leiocarpa) e a presen<;a de algumas especies
da Mata atlantica, para Teixeira e Coura Neto (1986). Segundo Leite e Klein (s.d.),
registra-se para essa forma<;ao, na regiao sui do Brasil, cerca de 213 especies arb6reas,
sendo que destas 20 a 60 % sao caducif6lias, e cerca de 10 % sao especies exclusivas
desta forma<;ao.
A Estepe gramineo-Ienhosa com f/oresta de galeria e a forma<;ao de menos
ocorre, situando-se apenas no extremo norte do municipio, junto a divisa com 0
municipio de 116polis. Comparando-se as figuras 3 e 4, supoe-se uma provavel
associa<;ao entre a unidade de mapeamento Oasis (Argissolo Vermelho-Amarelo
aluminico aliss6lico) com esta vegeta<;ao.
13
2.6 Uso DA TERRA
Segundo ISGE (2004) apud Pereira Filho et al. (2004), avaliando imagens de
satelite determinaram que ha predominancia de florestamento na area do municipio,
com 7.404,73 ha, constando esse de florestas nativas ou ex6ticas e de capoeiroes. As
areas de campo somam 7.096,23 ha, tambem bastante significativas. Ja, as areas
usadas com agricultura totalizam 6.904,36 ha, representando 31,48 % da superficie
municipal. As areas de lamina d'agua, caracterizadas pelos rios e reservat6rios d'agua, e
as areas sombreadas quando do registro da imagem de satelite possuem areas irris6rias
(ver tabela 2).
A area urbana do municipio consta de 127 ha (Pereira Filho et aI., 2004).
Tabe!a 2. Classes de usos da terra de putinga (ISGE, 2004, apud Pereira Filho, 2004).
Classes de usos Areas (ha) Percentual (%) Florestamento 7.404,73 33,77
Areas de campo 7.096,23 32,36 Agricultura 6.904,36 31,48
Lamina d'agua 11,08 0,05
2.7 ASPECTOS SOCIO-ECONCMICOS
Segundo FEE (2006), 0 produto interno bruto (PIS) do municfpio de putinga,
em 2003, foi de aproximadamente R$ 74,8 milhoes, representando menos de 0,06 % do
PIS do Rio Grande do SuI (R$ 128 bilhoes). Apesar da pequena participayao econOmica
no estado, 0 PIS per capta, isto e 0 produto interno bruto dividido pela populayao
municipal, no mesmo ano, foi de R$ 17.555,00, sendo este 45 % superior ao PIS per
capta do RS (R$ 12.071,00).
A principal fonte de riqueza do municipio e a produyao agropecuaria. Segundo
dad os de 2003, a agropecuaria e responsavel por 75,5 % da produyao de riquezas do
municipio. A industria e 0 setor de serviyos representam, respectivamente, 3,62 e 20,88
% (FEE, 2006).
A populayao do municipio de Putinga esteve, desde 1970 ate 2000, em
decrescimo, 0 qual foi causado principalmente pelo exodo rural para grandes centr~s
15
(Porto Alegre e outras capitais) . Nota-se tambem um acrescimo na popula9ao urbana,
no mesmo periodo (figura 5). A popula9ao atual e de 4660 e parece ter se mantido
estavel em rela9ao a de 2000 (EMATER, 2006).
A popula9ao na faixa eta ria de 30 a 50 anos soma 31 % da popula9ao
putinguense e 30,11 % dos habitantes possui menos que 20 anos. Cerca de 42% da
popula9ao possui entre 4 e 7 anos de escolaridade. Aproximadamente 52% da
popula9ao possui renda ate tres salarios minimos e 18,25% da popula9ao nao possui
renda fixa (Mota, 2004 apud Pereira Filho et aI., 2004).
8000
I/)
$ r:: 6000 ~ :0 co -; 4000 "0 o L-eu E 2000
'::::s Z
I
O+-
o Rural 0 Urbana III Total
,-1970 1980 1991 2000 2005
Anos
Figura 5. Evolu9ao da popula9ao rural e urbana do municipio de Putinga entre os anos de 1970 e 2005 (dados compilados par EMATER, 2006).
2.8 PERFIL DO SETOR PRIMARIO DO MUNiCiPIO
o municipio de Putinga e basicamente agricola. Ressalta-se a predominancia
de pequenas propriedades rurais, caracterizadas pela agricultura de mao-de-obra
familiar. 0 tamanho medio das propriedades e de 15 ha (SMARTWOOD, 2003).
As principais culturas anuais produzidas sao 0 fume (Nicotiana tabacum L.) e
o milho (Zea mays L.), sendo a receita proveniente da cultura do fumo a principal
componente da renda agricola da maiaria dos produtores rurais do municipio. A cultura
do milho tem um papel muito importante, sendo usada como insumo nos sistemas de
16
produc;ao animal, sejam eles destinados a subsistencia ou para comercializac;ao. A
produc;ao de feijao e cada vez menor e restringe-se, de maneira geral a subsistencia.
Na produc;ao florestal destaca-se a produc;ao de erva-mate, a qual ocorre
principalmente no norte do municipio, sendo processada pelas ervateiras da regiao
(duas das quais tem sede no municipio).
Quanto a produc;ao frutlcola, a viticultura e a mais expressiva, principalmente
com fins de elaborac;ao de vinhos coloniais, os quais tem um grande procura. Segundo
IBGE (2004) apud Pereira Filho et al. (2004), a area de parreirais no municipio em 2002
era de 95 ha, sendo 0 rendimento medio 10 tlha.
Na produc;ao animal municipal , destacam-se: a bovinocultura de leite, que sao
processados pela Cooperativa de Suinocultores de Encantado Ltda. (Cosuel) ou pelo
Lathpfnio Cenci ; a suinocultura, comercializada principalmente junto a Cosuel e a
DouxlFrangosul ; e a avicultura de corte , por meio de integrac;ao vertical com empresas
como a Avipal , a Sadia e a Doux/Frangosul.
Tabela 3. Dimensao e rendimento medio dos principais produtos agropecuarios do municipio de Putinga (EMATER, 2006) .
Produto
Milho
Fumo
Erva Mate
Feijao
Sufnos
Leite
Frangos de Corte
Dimensao
5.000 ha
1230 ha
1.800 ha
250 ha
3.680 matrizes
3.449 matrizes
39 aviarios
Rendimento medio
4.000 kg/ha
1.800 kg/ha
2.000 kg/ha
1.080 kg/ha
8.280.000 kg/ano
2.313 kg/vaca/ano
2.450.000 frangos/ano
Segundo EMATER (2006) , os principais sistemas de produc;ao do setor
primario do municfpio de Putinga sao: a) sistema "milho/sufnos + gado leiteiro"; b)
sistema "milho + frango de corte"; c) sistema "milho/sufnos + erva-mate" e 0 d) sistema
de produc;ao de fumo.
a) 0 sistema "milho/suinos + gada leiteiro" e 0 sistema que traduz a realidade
media municipal. Este sistema integra a produc;ao de graos e a produc;ao animal,
17
d
aumentando a renda do produtor. Neste sistema, 0 leite proporciona uma entrada
mensa I de recursos e uma reserva de capital (as matrizes leiteiras) que pode ser
comercializada em caso de dificuldades. Por escassez de mao-de-obra, a explorac;ao do
gada leiteiro geralmente apresenta baixa tecnologia .
b) 0 sistema "milho + frango de corte" constitui-se uma boa alternativa para a
pequena propriedade, tendo, porem, como desvantagem os altos custos de implantac;ao.
Neste sistema de produc;ao, 0 produtor tem a vantagem de dispor da cama dos frangos
como adubo orgfmico da lavoura de milho, diminuindo 0 custo de produc;ao desta. Dutra
vantagem deste sistema e que a avicultura de corte necessita de pouca mao-de-obra, ao
ser comparada a outras atividades.
c) No sistema "milho/suinos + erva-mate", 0 milho e diretamente relacionado,
como alimento, a produc;ao suina. A explorac;ao da erva-mate demanda pouca mao-de
obr~ e proporciona importante entrada de recursos na propriedade rural.
d) Os sistemas de produc;ao baseados na fumicultura vem crescendo em
importancia. Neste sistema a fumicultura , ocupa quase a totalidade da mao-de-obra
familiar durante 0 periodo do verao, dificultando 0 desenvolvimento de outras atividades
econ6micas e limitando ate mesmo os cultivos de subsistencia. A limitac;ao dos cultivos
de subsistencia, principal mente em anos de baixo retorno econ6mico da cultura do fumo,
proporcionou, em varios estabelecimentos rurais do municipio, uma acentuada queda na
qualidade de vida .
Cabe ressaltar a grande importancia dos cultivos de subsistencia, os quais,
visando 0 auto-abastecimento da familia , propiciam a seguridade alimentar dos
pequenos produtores rurais . Este tipo de produc;ao tem grande importancia na economia
da pequena propriedade rural do municipio.
18
\
3. CARACTERIZACAO DA INSTITUICAO DE REALIZACAO DO ESTAGIO
A EMATER/RS (Associac;ao Riograndense de Empreendimentos de
AssistEmcia Tecnica e Extensao Rural) conjuntamente com a ASCAR (Associac;ao Sulina
de Credito, e Assistencia Rural) , e vinculada, por meio de convenio, a Secretaria da
Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado do Rio Grande do Sui, tendo a
func;ao de executar, em carater oficial , as politicas publicas federais e estaduais de
Assistencia Tecnica e Extensao Rural no estado.
A atuac;ao da EMATER/RS-ASCAR nos munidpios implanta-se mediante
celebirac;ao de convenio com a Prefeitura Municipal, baseando sua ac;ao a partir da
realizac;ao de diagn6sticos e planejamento envolvendo autoridades, lideranc;as e as
comunidades rurais que atraves de continuas discussoes, pass am a deli near a
priorizac;ao dos esforc;os institucionais na promoc;ao do desenvolvimento rural
sustentavel .
Faz-se presente com Escrit6rios Municipais em 482 municipios do estado.
Possui 10 Escrit6rios Regionais, um Escrit6rio Central, 8 Centres de Capacitac;ao, 1
laborat6rio e 45 Unidades de Classificac;ao e Certificac;ao.
A missao da instituic;ao e:
"Promover e desenvolver aqoes de Assistencia Tecnica e Extens80
Rural, mediante processos educativos, em parceria com as famflias
rurais e suas organizaqoes, priorizando a agricultura familiar, visando
o desenvolvimento rural sustentavel, atraves da melhoria da
qualidade de vida, da seguranqa e soberania alimentar, da geraq80
de emprego e renda e da preservaq80 ambienta/". (EMATER, 2006) .
o alvo das ac;oes da EMATER/RS-ASCAR sao as unidades de produc;ao
niliar, que constituem a maioria da populac;ao rural no Rio Grande do SuI. Essas
19
ayoes sao estendidas, tambem, a assentamentos da reforma agraria, quilombolas,
pescadores artesanais e indios, totalizando 223 mil assistidos.
o governo do estado do RS tem feito investimentos na EMATER/RS-ASCAR,
participando com cerca de 80% do custeio dos serviyos. Este apoio estadual e
complementado com a contribuiyao das prefeituras, custeando cerca de 10% do
oryamento da instituiyao. Os restantes 10% tem origem na prestayao de serviyos de
classificayao e certificayao de produtos agricolas.
No municipio de Putinga, a EMATER/RS-ASCAR atua desde 31 de maio
1978, isto e, ha mais de 28 anos. Sua atuayao iniciou-se atraves da abertura de seu
Escrit6rio Municipal, responsavel pelo trabalho junto as comunidades rurais no ambito
municipal.
(2006) :
Sendo 0 objetivo do Escrit6rio Municipal de Putinga, segundo EMATER
"Construir 0 planejamento capaz de promover 0 desenvolvimento
social, economico, cultural e ambiental sustentavel da Agricultura
Familiar do Municipio de Putinga".
A equipe de trabalho do Escrit6rio Municipal de Putinga e formada por:
• Dairton Ramos Lewandowski - Engenheiro Agronomo (Chefe do escrit6rio
a partir de fevereiro de 2006);
• Ovidio Ribeiro Lopes - Tecnico Agropecuario. (Chefe do Escrit6rio
Municipal ate janeiro de 2006);
• Tanea Mara Santin Brandini - Auxiliar Administrativo; e
• Nilze Maria Chiesa Nedeff - Auxiliar de Serviyos Gerais
o Escrit6rio Municipal de Putinga faz parte do Escrit6rio Regional de Estrela 0
qual e gerenciado pelo Engenheiro Agronomo Valmir Netto Wegner. Dentro da regiao de
Estrela, 0 Escrit6rio Municipal de Putinga encontra-se na Microrregiao de Dr. Ricardo, a
qual e supervisionada pelo Engenheiro Agronomo Mario Gerber.
o Escrit6rio Municipal da EMATER/RS-ASCAR, at raves do trabalho de sua
equipe, realizou , no ana de 2005, 743 projetos de credito agricola, abrangendo 761
20
beneficiados, num montante de R$ 3,6 milh6es. Houve 809 visitas tecnicas a
propriedades e foram atendidas 3.426 pessoas no Escrit6rio Municipal. Ha atua<;ao
tambem por meios de comunica<;ao de massa, como radio e jornal. As principais
atividades realizadas sao visitas tecnicas a propriedades, reuni6es e demonstra<;6es
tecnicas, seminarios e encontros, alem de atendimentos diretamente no Escrit6rio
Municipal.
o Escrit6rio Municipal da EMATER/RS-ASCAR de Putinga destaca-se
estadual e nacionalmente pelas atividades em plantas medicinais, por assessorar 0
projeto "Rel6gio do Corpo Humano" da Pastoral da Saude, e sistemas de produ<;ao
organica de erva-mate nativa, acompanhando 0 manejo agroflorestal certificado de
ervais da "Ervateira Putinguense" Ltda. Tanto 0 projeto do "Rel6gio do Corpo Humano"
c0rll0 a "Ervateira Putinguense" ja foram premiados nacionalmente.
21
4. ATIVIDADES REALIZADAS NO EST AGIO
o estagio, realizado no periodo de 9 de janeiro a 3 de marc;o de 2006, baseou
se no acompanhamento das atividades realizadas pela equipe tecnica do Escrit6rio
Municipal da EMATER/RS-ASCAR, composta pelo Engenheiro Agronomo Dairton
Ramos Lewandowski e pelo Tecnico em Agropecuaria Ovidio Ribeiro Lopes. As
atividades acompanhadas foram realizadas em escrit6rio e a campo. Em escrit6rio
registrou-se 0 atendimento de 385 pessoas, sendo deste total 13% mulheres e 2%
jov~ns.
Entre as principais atividades realizadas pode-se citar: auxilio na elabora9ao
de projetos, propostas e pareceres tecnicos de credito rural e seguro agricola;
participa9ao e organiza9ao de eventos tecnicos; atividades do programa "RS
biodiversidade: Nascentes do Rio Forqueta"; auxilio na elabora9ao do mapa de solos da
microrregiao de Dr. Ricardo da EMATER/RS-ASCAR, com os limites politicos,
referencias cartograticas e percentuais por municipio; e 0 acompanhamento da
assistencia tecnica a atividades como: a vitivinicultura, a cultura do milho, a cultura da
erva-mate e a produ9ao olericola de brassicas.
Alem dessas atividades, tambem friza-se a participa9ao na reuniao semanal
da equpe, todas as segundas-feiras pela manha, onde se planejava as atividades a
serem realizadas durante a semana. Tambem auxiliou-se nas apresenta90es dos
programas de radio, os quais ocorriam semanalmente, nas segundas a tarde.
4.1 CREDITO RURAL E SEGURO AGRiCOLA
o estagiario acompanhou as atividades referentes ao Programa Nacional de
Auxilio a Agricultura Familiar (Pronaf) e ao Programa Nacional de Credito Fundiario
(PNCF).
o Pronaf caracteriza-se, segundo PRONAF (2006), por ser um programa de
22
apoio ao desenvolvimento rural, a partir do fortalecimento da agricultura familiar como
segmento gerador de postos de trabalho e renda.
Para ser um beneficiario deste programa federal de credito, 0 produtor rural
deve atender os seguintes requisitos (FERREIRA, 2005): ser proprietario, arrendatario,
posseiro, parceiro ou concessionario da reform a agraria; residir na propriedade ou em
local pr6ximo; deter no maximo 4 m6dulos fiscais de terra, ou no maximo 6 m6dulos
fiscais, quando pecuarista familiar; 0 trabalho familiar deve ser a base da explora«ao do
estabelecimento rural.
o PNCF busca, como resultado direto da cria«ao de ocupa«oes produtivas
perinanentes para as familias beneficiadas, 0 aumento da renda e a conseqOente
melhoria das condi«oes de vida da popula«ao rural, segundo PNCF (2006). Atraves
des~e programa de credito, criado a partir do antigo programa 'Banco da Terra', 0
governo financia a compra de terras para agricultores que nao possuem propriedade.
As atividades em credito rural e segura agricola durante 0 periodo do estagio
foram:
a) Elabora«ao de projetos ao Programa Nacional de Credito Fundiario (PNCF),
reunindo-se os documentos necessarios aos encaminhamentos das propostas junto ao
Ministerio de Desenvolvimento Agrario, para os agricultores beneficiados (comprador e
vendedor) em reuniao previa da Comissao Municipal de Desenvolvimento Rural
(COMDER), composta por cidadaos municipais e presidida pelo secretario da agricultura
municipal. Nas reunioes do COMDER delibera-se sobre, a partir dos pedidos, quais
devem ter acesso ao PNCF.
Para tanto, em determinada fase da elabora«ao, faz-se necessaria a
realiza«ao de parecer tecnico avaliando a viabilidade de sobrevivencia da familia na area
pro posta de compra. Avalia-se nesse parecer, atraves de vistoria, qual a area
agricultavel da gleba a ser adquirida, bem como a presen«a de reserva legal e as
condi«oes de produ«ao que terao as atividades com as quais 0 comprador pretende se
sustentar e ao mesmo tempo pagar as parcelas do financiamento.
Participou-se efetivamente de uma vistoria, na area destinada a compradora
Ana Maria Strapasson de Freitas, a 8 km da sede, no Distrito de Xarqueada. A area foi
considerada viavel, tendo condi«oes com a mao-de-obra disponivel e com as culturas
23
..
propostas (Fumo e Milho) prover 0 sustento da familia e garantir 0 pagamento do
financiamento, segundo progn6stico.
Realizou-se organizac;ao dos dados dos beneficiarios do PNeF, atraves de
revisao de listagem, a partir das atas das reunioes do eOMDER. Da mesma forma,
auxiliou-se no atendimento de duvidas sobre 0 PNeF, junto ao Escrit6rio Municipal da
EMATER/RS-ASeAR.
b) Elaborac;ao de material sobre 0 PRONAF e - eusteio, no qual destaca-se
um informativo do seguro agricola (PROAGRO - Programa de Garantia da Atividade
Agropecuaria), 0 qual informa aos mutuarios de seus direitos, em caso de perdas, de
origem climatica (seca, granizo, vendaval , etc ... ), superiores a 30% da lavoura financiada
devido a seca. No material explicava-se tambem como proceder para estar dentro das
normas para recebimento do seguro, em caso de frustrac;ao da safra 2005/2006. Este I
material juntamente com 0 periodo de semeadura e a lista de cultivares de milho
recomendada para a 2005/2006 , e folders sobre erosao do solo e sobre a importancia
de preservar a agua foram distribuidos em reuniao com os mutuarios do. PRONAF 'e' -
eusteio, na camara de vereadores no dia 20 de janeiro de 2006.
o estagiario tambem participou da organizac;ao desta reuniao com os
mutuarios do PRONAF 'e' - eusteio da lavoura de milho. Reuniao necessaria devido a
convenio com 0 Ministerio do Desenvolvimento Agrario para assistencia tecnica aos
mutuarios do PRONAF 'e' - eusteio, e tendo como principal objetivo esclarecer as
regras sobre 0 seguro agricola PROAGRO, esclarecer 0 zoneamento agricola de
cultivares de milho recomendadas para 0 municipio e realizar esclarecimentos sobre 0
manejo da cultura. A reuniao abrangeu boa parte dos agricultores mutuarios do
PRONAF 'e' - eusteio safra 2005/2006.
c) Acompanhamento e auxilio na realizac;ao de vistorias de lavouras de milho
para a concessao do segura agricola PROAGRO, durante 0 periodo de 22 de fevereiro a
3 de marc;o.
Estas vistorias visavam avaliar, posteriormente ao pedido de vistoria do
mutuario do PRONAF 'e' - eusteio junto ao Banco onde foi retirado 0 financiamento, a
perda de rendimento, em relac;ao ao declarado com rendimento esperado, na lavoura
financiada. 0 Escrit6rio Municipal da EMATER/RS-ASeAR de Putinga era responsavel
24
pelos pedidos de vistoria das instituigoes financeiras Sicredi, agencia 'Putinga', e alguns
financiamentos feitos pelo Banco do Brasil, agencia 'ilopolis' (quando as areas das
lavouras financiadas pertencessem ao municipio de Putinga). As vistorias de seguro
agricola referentes a financiamentos adquiridos junto a agencia municipal do Banrisul
nao eram realizadas pelo escritorio. A vistoria consistia em percorrer a lavoura e estimar
a perda de rendimento atraves da observagao das espigas e da condigao das plantas.
Esta poderia, apos a colheita ser comprovada em caso de duvida, pela determinagao da
massa de graos produzidos em uma area conhecida, atraves de amostragens na
lavoura, realizando-se uma segunda vistoria.
Durante 0 final de fevereiro e inicio de margo, participou-se de sete vistorias
de avaliagao de perdas em lavouras de milho, sendo tres na linha 'Santos Filhos', duas
na linha 'Sao Pedro Baixo' e duas na linha 'Putinga Baixa'. Em cinco destas, realizou-se \
o georreferenciamento das propriedades e das lavouras, com aparelho de GPS (Global
Position System), marca Garmin®. Em alguns casos, georreferenciou-se 0 perimetro
para comprovar se a area financiada estava de acordo com a area implantada.
As perdas estimadas ficaram em bastante acima dos 30% requeridos,
variando de 50 a 90 % de perda. Apenas em um caso se estimou a perda de 30%, onde
seria posteriormente realizada uma segunda vistoria no momenta da colheita.
4.2 PARTICIPAl;AO E ORGANIZAl;AO EM TARDE DE CAMPO SOBRE VITIVINICUTURA
Participou-se da organizagao da tarde de campo sobre 'Vitivinicultura', que
ocorreu dia 14 de janeiro, sabado, na linha 'Miguelzinho Alto' , on de existe uma
associagao de produtores de uvas. A tarde de campo foi organizada pelo Escritorio da
EMATER/RS-ASCAR de Putinga em parceria com a Agropecuaria Bassegio, do
municipio de Anta Gorda. A tarde de campo contou com a presenga do gerente regional
da EMATER/RS-ASCAR, Valmir Netto Wegner.
Para palestrar sobre a elaboragao de vinho de qualidade na pequena
propriedade, foi convidado 0 Engenheiro Agronomo Itacir Barbieri do Escrit6rio da
EMATER/RS-ASCAR de Nova Brescia. A palestra abordou aspectos desde a produgao
de uvas ate a conservagao do vinho, ressaltando a questao da higiene e da dificuldade
de se produzir vinho de qualidade com baixa tecnologia, e evidenciando os beneficios
25
do uso racional do metabissulfito de potassio como "selecionador" de leveduras, insumo
geralmente considerado danese per se, sobre a qualidade e conservayao do vinho.
Posteriormente, representantes comerciais da 'Agropecuaria Bassegio'
apresentaram 0 fertilizante foliar "AGROSIX@", 0 qual e produzido utilizando-se a agua
dEl extrayao de xisto betuminoso. No sentido de demonstrar os efeitos do produto sobre
os cultivos, foram apresentados videos com depoimentos de produtores de diversas
especies vegetais reiterando a qualidade do produto. Tambem se apresentaram videos
sobre 0 usa deste produto em videiras e seu efeito sobre diversas culturas. Porem, nao
foram demonstrados dados experimentais, mas apenas observayoes subjetivas. Cabe
expor que os representantes comerciais do produto nao tinham nenhum tipo de
formayao na area agricola.
Participaram da tarde de campo, entre agricultores e interessados 45 pessoas.
4.3 PARTICIPAyAO DE REUNIAO NIVELAMENTO TECNICO SOBRE CAPTAyAO DA AGUA DA CHUVA
ATRAVES DE CISTERNAS
o estagiario teve a oportunidade de participar de uma reuniao de nivelamento
tecnico, da microrregiao de Dr. Ricardo, sobre projetos de construyao de cisternas para
captayao de agua da chuva. A reuniao ocorreu no Escrit6rio Municipal da EMATER/RS
ASCAR de Nova Brescia dia 27 de janeiro, a tarde. A reuniao contava com a presenya
do supervisor da microrregiao de Dr. Ricardo, Mario Gerber, e engenheiros agronomos e
tecnicos agricolas de toda a microrregiao.
A reuniao constou de uma apresentayao, do Engenheiro Agronomo do
Escrit6rio Municipal da EMATER/RS-ASCAR de Encantado, sobre a construyao de
cistern as de fibrocimento e conseqOente discussao sobre 0 assunto. Ressaltou-se a
importancia de captar a agua da chuva em areas com baixa poluiyao atmosferica e com
problemas de falta d'agua, bem como as possiveis adaptayoes as realidades s6cio
culturais da microrregiao.
Chegou-se a conclusao de que 0 fomento de construyoes de alvenaria,
alternativamente ao fibrocimento, seria uma opyao mais viavel de ser realizada nas
condiyoes dos municipios em questao, devido a maior difusao desse metodo de
construyao junto aos agricultores.
26
...
Foi comentado tambem, que mesmo havendo linhas especificas de credito
para a construyao de cisternas, 0 baixo uso dessa tecnica de aproveitamento e
armazenamento da agua da chuva.
4.4 CURSO DE TREINAMENTO SOBRE PLANTAS MEDICINAlS NO CERTA (CENTRO REGIONAL DE
QUALlFICA<;Ao PROFISSIONAL DE PRODUTORES RURAIS DE TEUTONIA)
Durante uma semana do mes de fevereiro , foi realizado, juntamente com 0
Engenheiro Agronomo Dairton Ramos Lewandowski, no Centro Regional de
Qualificayao Profissional de Produtores Rurais de Teutonia - RS (CERTA), curso de
treinamento em plantas medicinais, aromaticas e condimentares. 0 curso foi realizado
juntamente com agricultoras dos municipios de Bom Retiro do Sui, Guaiba e Sao Pedro
do Butia.
No curso foram ministrados temas desde identificayao e herborizayao de
plantas, e aspectos de cultivo e beneficiamento, ate usos medicinais de plantas, tanto
em humanos como em animais (fitozooterapia) .
Ponto alto do curso foi proporcionar a troca de experiencias entre pessoas de
varias origens e hist6ricos de vida diversos.
4.5 PARTICIPA<;Ao E ORGANIZA<;Ao DE REUNIAo SOBRE CERTIFICA<;Ao FLORESTAL NA
PROPRIEDADE DA ERVATEIRA PUTINGUENSE LTDA.
No dia 15 de fevereiro, 0 estagiario participou de palestra sobre certificayao
florestal na Ervateira Putinguense Uda, localizada na linha 'Santos Filhos'. A palestra foi
ministrada pela Engenheira Florestal Patricia Cota Gomes do instituto 'Imaflora' (Instituto
de Manejo e Certificayao Florestal e Agricola) 0 qual e sediado em Piracicaba - SP.
o objetivo da reuniao foi de divulgar a certificayao florestal de erva-mate,
principalmente a certificayao em grupo para os fornecedores da Ervateira Putinguense
Ltda. A Ervateira Putinguense Uda. possui 0 selo de certificayao florestal Forest
Stewardship Council (FSC) desde 2003 (SMARTWOOD, 2003), selo este que certifica
parte da materia-prima da empresa (70.000 Kg erva-mate verde ou 28.000 kg de erva
mate seca ao ano, segundo SMARTWOOD (2003», como sendo extraida e manejada
27
de forma sustentavel da floresta ombr6fila mista que ocorre na regiao (ver figura 4).
Atualmente a Ervateira Putinguense e a (mica fornecedora de erva-mate nativa para a
empresa de cosmeticos 'Natura', a qual fabrica atualmente xampu e sabonete de 'mate
verde'.
Na reuniao, foram mostrados dados sobre 0 trabalho da empresa 'Imaflora'
tanto em produtos florestais madeireiros como nao-madeireiros. Oestacou-se ser a
. Ervateira Putinguense a unica empresa com certifica9ao da proveniencia sustentavel de
sua materia-prima.
Mostrou-se 0 cenario da certifica9ao florestal em grupo, ressaltando-se 0 baixo
custo desta para pequenos produtores (NUSSBAUM, 2003) .
Estiveram presentes na reuniao varias autoridades, tanto do municipio de
Putinga como de 116polis, ja que a propriedade do Sr. Guadagnin encontra-se na divisa
ao norte entre os dois municipios.
4.6 GEORREFERENCIAMENTO DA PROPRIEDADE DA ERVATEIRA PUTINGUENSE LTDA. E DE
PROPRIEDADES CIRCUNVIZINHAS
Atraves do uso de aparelho de GPS (Global Position System), marca
Garmin®, e tendo em maos 0 mapa planialtimetrico da propriedade, encontrou-se as
coordenadas de alguns marcos da propriedade.
A propriedade do Sr. Eduardo Guadagnin, proprietario da Ervateira
Putinguense, possui uma propriedade de 69 ha, sendo destes 31 de erva-mate nativa
adensada associada a floresta ombr6fila mista (manejada em 'agrofloresta'), sendo 0
corte realizado a cada 2-3 anos
Alem disso, foram georreferenciados marcos das propriedades vizinhas de
fornecedores de erva-mate para a ervateira, algumas das quais foram alvos da reuniao
de certifica9ao florestal (item 4.6). As propriedades trabalhadas foram as dos Srs.
Germano Bruneto, Valdomiro Brunetto e Danilo Benica.
o Sr. Germano Brunetto possui erval manejado em sub-bosque de floresta
recomposta com plantio suplementar da bracatinga (Mimosa scabrella Bentham). No
erval, tambem ocorre consorcio com feijao para fins de subsistencia. 0 produtor
encontra-se em transi9ao tecnol6gica, ja que cultivou fume durante 42 anos, por motivos
28
dos danos sentidos em sua pr6pria as saude, devidos ao uso excessive de defensivos
por esta cultura . Na area observada do srval do Sr. Germano Brunetto, p6de-se notar
sintomas de podridao radicular associada a morte de plantas de erva-mate,
provavelmente relacionadas a fusariose (Fusarium sp.) . Geralmente essa moh3stia e
associada a contaminaC(ao, quando do desenvolvimento das mudas em viveiro. Porem,
Pol~tto (2006) levanta a hip6tese de que os fungos comprovadamente causadores desta
doenC(a em erva-mate (Fusarium oxysporum, Fusarium so/ani, Fusarium decemcellulare,
Fusarium tricinctum e Fusarium tabacinum) poderiam ter side trazidos por culturas
anuais (como 0 feijao, que no caso e cultivado na area) . Poletto (2006) tambem nao
descarta a possibilidade destes fungos serem habitantes naturais dos solos da regiao, ja
que a mesma doenC(a ocorre em areas bastante isoladas e sem cultivos de outras
especies.
o Sr. Valdomiro Brunetto, filho do Sr. Germano Brunetto possui erval
altamente adensado que esta em transformaC(ao para um sistema florestado. Para tanto,
sta praticando 0 plantio de arvores leguminosas como a bracatinga (que segundo
informaC(ao local, a partir dos 6-8 anos, comeC(aria a aportar nitrogenio no sistema,
consideravelmente), bem como raleando as plantas de erva-mate. Da mesma forma que
o Sr. Germano Brunetto, 0 Sr. Valdomiro Brunetto nao usa agrot6xicos em suas
produC(oes.
o Sr. Danilo Benica, proprietario de aproximadamente 26 ha, e produtor de
fumo, porem tem bastante interesse de substituir a cultura , sua principal geradora de
renda, por ervais, ao longo dos anos. Esse seu interesse se da tambem como uma
tentativa de fugir da dependencia econ6mica das empresas fumageiras e abandonar 0
uso de agrot6xicos. Para tanto 0 Sr. Danilo Benica pretende implantas mudas de erva
mate nativa em areas de floresta , atraves de desmatamento seletivo, necessario para
que se tenha um valor maximo de sombreamento, 0 qual, segundo Mazuchowski (2004),
deve ser entre 50 e 70%.
Esses produtores acima citados, provavelmente, faraD parte do projeto IRS
biodiversidade - Nascentes do Rio Forqueta ', atraves da organizaC(ao de uma I EstaC(ao'
de produC(ao sustentada de erva-mate em agroflorestas, a qual se situaria na
propriedade da Ervateira Putinguense Ltda., e podera demonstrar os diversos sistemas
29
de produ<.;:ao de erva-mate nativa na floresta.
4.7 ElABORA9AO DE MAPA DE SOLOS DA MICRORREGIONAl DR. RICARDO (EMATERlRS
ASCAR) E GEORREFERENCIAMENTO DAS ESTRADAS INTERNAS DO MUNiCiPIO
o estagiario auxiliou-se a elabora<.;:ao do mapa de solos, em nivel de
reconhecimento , baseando nos dados de Brasil (1973) e Streck et al. (2001), um mapa
de solos na microrregional Dr. Ricardo da EMATER/RS-ASCAR. Os municipios que
integram a microrregional sao: Putinga, Nova Brescia, Coqueiro Baixo, Relvado, Dr.
Ricardo, Anta Gorda, 116polis, Arvorezinha e Itapuca.
o resultado do trabalho pode ser visualizado na figura 3, onde se percebe que
78,88% da area da microrregiao e composta pela associa<.;:ao Ciriaco-Charrua
(Chernossolo Argiluvico ferrico tipico e Neossolo Lit61ico eutr6fico chernoss6lico,
respectivamente), 14,46% da area e composta pela unidade de mapeamento Oasis
(Argissolo Vermelho-Amarelo aluminico aliss6lico) e apenas 6,66% da area e composta
da associa<.;:ao Julio de Castilhos-Guassupi (Argissolo Vermelho-Amarelo aluminico
tipico e Neossolo Lit61ico distr6fico tipico, respectivamente).
Tambem foi realizada revisao bibliogratica sobre os solos identificados,
destacando-se, principalmente suas principais limita<.;:ao ao uso agricola. Este trabalho
foi realizado com 0 intuito de ser divulgado entre a equipe tecnica dos Escrit6rios
Municipais da EMATER/RS-ASCAR desta regiao.
Tambem se auxiliou no georreferenciamento das estradas do interior do
municipio quando das visitas tecnicas aos produtores rurais, por meio de equipamento
de GPS (Global Position System), marca Garmin®.
4.6 ASPECTOS DAS PRINCIPAlS CUl TURAS ACOMPANHADAS
4.6.1 Cultura do Milho
A cultura do milho no municipio ocorre muito ainda sobre prepar~
convencional, porem, devido a a<.;:ao da assistencia tecnica e a redu<.;:ao de demanda de
mao-de-obra, ha uma grande area em cultivo minimo, e uma area crescente em sistema
30
de plantio direto.
Durante 0 estagio houve necessidade de se selecionar produtores que
possuissem cultivo de milho sobre sistema de plantio direto, para realizagao de
reportagem pela Ulbra TV. Notou-se que, de maneira geral, os produtores que utilizam
esta .tecnologia atingem altos rendimentos em relagao a media municipal (mais de 6.000
kg/ha, enquanto a media municipal gira em torno de 4.000 kg/ha) . Estes agricultores
geralmente utilizam adubagao organica proveniente de aviarios pr6prios ou da produgao
de suinos e complementam essa adubagao com fertilizantes minerais (f6rmulas NPK na
base'e ureia em cobertura), geralmente sem realizagao de analise de solo.
Nota-se na maioria das propriedades uso de cultivares hibridas de alto
potencial produtivo sendo subutilizadas, enquanto existiriam alternativas de menor
pote~ cial produtivo e de menor custo, e, portanto, mais adequadas as condigoes de
cultivo empregadas, como as variedades de polinizagao aberta.
Outra alternativa, pouco utilizada, e 0 uso de cons6rcios com leguminosas (de
interesse econ6mico como 0 feijao , ou de cobertura de verao como crotalaria e mucuna
ana), os quais poderiam ser mais estimulados e poderiam, juntamente com a inoculagao
de riz6bios, prover boa parte do nitrogenio que hoje e aportado atraves de adubagao
mineral (ureia) , diminuindo custos e permitindo a expressao de propriedades emergente
no sistema (GLIESMANN , 2001)
Um problema muito comum e 0 dito "armazenamento do milho na lavoura",
atraves da realizagao da colheita na medida em que se necessita do grao para a
alimentagao animal. Isto causa diminuigao da qualidade dos graos e perdas
consideraveis por ataque de insetos e fungos .
4.6.2 Viticultura
o cultivo de videiras e uma pratica muito comum em regioes de origem
predominantemente italiana. Em geral os sistemas de produgao sao de subsistencia
sendo que 0 sistema predominante de condugao e em "Iatada", sendo que tambem
ocorre em determinadas areas 0 sistema "Iatada descontinua" ou tambem conhecido
como "dupla pergola". Geralmente sendo efetuadas as podas em agosto, devido ao
medo de geadas tardias . Os tratamentos de inverno que tem por objetivo reduzir os
31
niveis de inoculo, realizando a limpeza da planta, sao realizados com calda sulfocalcica.
o principal fungicida empregado e a calda bordalesa.
Atualmente a uma grande procura e valoriza<;ao do vinho colonial na regiao e
em todo 0 estado. Portanto, a atividade vitivinicola e incentivada. Alem disso, ocorre
algyns casos de produtores como 0 Sr. Agostinho Valdemeri e 0 Sr. Paulo Valdemeri
que por produzirem uvas de mesa (como a cv. 'Niagara Branca') conseguiram nesta
safra acessar 0 varejo municipal, comercializado-a por um pre<;o diferenciado. Sendo
que outros produtores ja pensam em realizar substitui<;ao de copa por variedades de
mesa, com as quais se elabora vinhos brancos muito procurados devido ao seu aroma
frutado (como 'Niagara Branca' , 'Niagara rosada' e 'Moscato Embrapa 131 ')
Praticamente so ocorre cultivo de videiras americanas (Vitis labrusca L.), a
naolser por uma pequena area implantada com a cv. 'Merlot' na linha 'Varzea Grande'.
As principais cultivares existentes sao: 'Concord' (conhecida como 'Francesa'), 'Isabel',
'Couderc' (corretamente 'Seibel 1077'), 'Bordo' (corretamente 'Ives Seedling'), 'Niagara
Branca', 'Niagara Rosada' e 'Champanha' (ou 'Borgonha'). Dentre estas, a cvs.
'Concord' e 'Isabel' sao usadas em corte junto com as cvs . 'Couderc' e 'Bordo' (estas
ultimas devido a sua cor) . As cvs. 'Niagara Branca' e 'Niagara Rosada' sao utilizadas
para a fabrica<;ao de vinhos varietais .
A epoca media de colheita no municipio foi na primeira quinzena de fevereiro.
Cabe ressaltar 0 servi<;o prestado pelo Escritorio da Municipal da EMATER/RS-ASCAR
de medi<;ao do teor de a<;ucar, em °Babo, utilizando 0 densimetro (ou mostimetro) de
Babo. Atraves da medi<;ao tambem se realizava a recomenda<;ao da quantidade de
a<;ucar necessaria para a corre<;ao do mosto, em kg de a<;ucar/100l de mosto (com 0
intuito de apos a fermenta<;ao alcoolica, chegar-se no nivel alcoolico pretendido).
A safra 2005/2006 foi bastante prejudicada devido a grande incidencia de
antracnose (Elsinoe ampelina) . Essa alta incidencia se deu devido a fatores ambientais
como baixas temperaturas associadas a umidade (molhamento foliar) no periodo do
inicio da brota<;ao e flora<;ao.
Ressalta-se tambem 0 uso por parte de alguns produtores da enxertia verde,
como metodo propagativ~, e de poda verde mais severa (nos periodos de outubro a
novembro), juntamente com sucessiva desbrota, como 0 intuito de gerar uma pequena
32
segunda colheita aproximadamente dois meses ap6s a colheita normal.
4.6.30Iericultura
Quanto a produ<;:ao de olericolas, observaram-se as poucas experie!ncias com
o c.ultivo, principalmente de brassicas (couve-flor, br6colis e repolho). Nessa area, falta
e~trutura logistica de escoamento de produ<;ao e comercializa<;ao. Existem projetos de
organiza<;ao de associa<;6es, atraves dos quais se imagina tornar a olericultura uma
alternativa, ao menos em parte, a fumicultura.
33
\
5. CONCLUSOES
Atraves da realizayao deste estagio p6de-se perceber as dificuldades da
atividade profissional , bem como as limitayoes de nossa formayao academica frente as
demandas cotidianas.
P6de-se notar, tambem, 0 confronto entre 0 entusiasmo de aplicar 0
instrumental recebido na nossa formayao e as limitayoes que as situayoes praticas
impoem.
Enfim, 0 estagio cumpriu sua funyao de nos impor um enfrentamento com a
realidade profissional do engenheiro agr6nomo, e do contexte vivenciado por esse I
profissional (relayao com agricultores, decisoes rapidas , soluyoes adaptadas a cada
situayao, ayoes em grupos, difusao de tecnoI6gica ... ), da mesma forma que vislumbrou
nos a necessidade cada vez maior de uma formayao mais voltada para as condiyoes
humanas e reais, on de as tecnologias nao sao 0 foco, mas sim instrumentos de
modificayao nas interayoes homem-natureza.
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6. ANALISE CRiTICA
Observando-se as realidades partilhadas, pede-se perceber algumas
incoerencias, principal mente relacionadas as politicas publicas que atingem a regiao,
como 0 descaso dos 6rgaos concessores de cn§dito agricola (ban cos) com a nao
adequac;ao do uso e manejo do solo a capacidade de uso da terra, concedendo credito
sem se preocupar se a area onde sera implantada, por exemplo, a lavoura de milho, e
apta para tal. Desta forma, encontram-se areas completamente inaptas para cultivos
anuair (com declividades maiores ate que 30%), sendo alvos de credito e recebendo,
em anos de frustrac;ao climatica, segura agricola. No entanto, sabe-se que a condic;ao
de relevo onde se inserem varias areas do municipio seria impr6pria para cultivos anuais
que sao indispensaveis para a subsistencia dos produtores (milho, feijao, etc .. . ), mas a
percepc;ao desta realidade poderia gerar atitudes e soluc;oes de conservac;ao de solo,
at raves de politicas publicas, para pelo menos parte das areas.
Da mesma forma, 0 comercio e uso indiscriminado de agrot6xicos, sem 0
necessario suporte tecnico, tanto por parte do setor varejista como por parte dos
agricultores. Sendo esta uma situac;ao comum nao s6 do municipio em questao como
tambem de varias regioes do estado. 0 uso de herbicidas por parte da administrac;ao
municipal, na area urbana tambem nao parece ser legalizado.
Quanto aos sistemas de produc;ao, pede-se perceber a grande dependencia
econemica da cultura do fumo, e a aplicac;ao massiva de pacotes tecnol6gicos com
insumos de alto custo em relac;ao aos prec;os encontrados no varejo . Ocorrem varios
casos de agricultores com sequelas de intoxicac;oes com agrot6xicos usados na cultura
do fumo. Cabe ressaltar, que devido a assistencia tecnica pr6pria fornecida pelas
empresas fumageiras, a EMATER/RS-ASCAR nao presta assistencia nessa cultura.
Quanto aos conhecimentos que foram exigidos do estagiario, nota-se que nos
falta uma visao em certas areas da agronomia, voltada aos diversos sistemas de
produc;ao, principalmente aos de baixa tecnologia.
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