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FACULDADE ESTÁCIO SÃO LUÍS
ESPECIALIZAÇÃO EM ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
LEANDRO RODRIGUES SANTOS
O USO DO WHATSAPP PELAS ASSESSORIAS DE IMPRENSA Análise do grupo “PRF & Imprensa” e as novas formas de interação proporcionadas
pelo aplicativo
São Luís 2016
LEANDRO RODRIGUES SANTOS
O USO DO WHATSAPP PELAS ASSESSORIAS DE IMPRENSA Análise do grupo “PRF & Imprensa” e as novas formas de interação proporcionadas
pelo aplicativo
Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Assessoria de Comunicação da Universidade Estácio de Sá como requisito para a obtenção do título de Especialista em Assessoria de Comunicação.
Orientadora: Profª. Ms. Poliana Sales Alves Costa.
São Luís
2016
RESUMO
Este trabalho objetiva analisar de que forma se configura a influência das chamadas Novas Tecnologias de Comunicação e Informação (NTCI) no trabalho desenvolvido pelas Assessorias de Comunicação. Para isso, o artigo vai debruçar-se sobre o aplicativo WhatsApp, que vem causando mudanças no modo de pensar e produzir conteúdo jornalístico, seja ele para jornais impressos, rádios, televisões e, principalmente, para o ambiente virtual. Ao longo deste artigo será analisado o grupo criado no aplicativo pela Polícia Rodoviária Federal e as formas de interações que se estabelecem entre o órgão e os jornalistas que fazem parte desse grupo.
SUMÁRIO
1 – Introdução. 2 – Tecnologia e Sociabilidade; 2.1 – Alteração nos padrões de sociabilidade; 2.2 – A produção de conteúdo para o ambiente digital. 3 – As Novas Tecnologias e a Assessoria de Imprensa; 3.1 – O papel da Assessoria de Imprensa; 3.2 – Novas ferramentas nas Assessorias de Imprensa; 3.3 – Produção de conteúdo para dispositivos móveis. 4 – O WhatsApp como ferramenta de comunicação; 4.1 – Funcionalidades do aplicativo; 4.2 – O processo de comunicação por meio do WhatsApp. 5 – O WhatsApp da Polícia Rodoviária Federal do Maranhão. 6 – Considerações Finais. Referências. Apêndice.
1 INTRODUÇÃO
Com o natural e contínuo desenvolvimento da sociedade ao longo dos anos, foram
sendo desenvolvidos pelo homem diversos aparatos tecnológicos que causaram grandes
influencias nos modos de comunicação. Pode-se dizer que essas ferramentas deram às
pessoas uma gama de possibilidades que influenciaram diretamente no modo de
interação entre os indivíduos.
Dessa forma, o que se observa é que as Novas Tecnologias de Comunicação e
Informação (NTCI) contribuíram diretamente para alterar os padrões de sociabilidade.
Novas relações passaram a ser estabelecidas entre os indivíduos, ocasionado no
surgimento de outras formas de interação social.
Para Recuero (2009), a sociedade foi fortemente influenciada pelo avanço das novas
tecnologias na medida em que cada vez mais as pessoas foram se apropriando de
ferramentas digitais para estabelecer alguma forma de interação. Nessa perspectiva, a
distância entre duas ou mais pessoas não mais passou a ser levada em consideração no
momento em que for estabelecido algum tipo de comunicação.
Como exemplo, tem-se o aplicativo WhatsApp que é usado por 900 milhões de
pessoas em todo o mundo1 de acordo com o co-fundador do software, Jan Koum. Com
ele, duas ou mais pessoas pode interagir instantaneamente, podendo estar separadas por
milhares de quilômetros de distância. Uma série de outros aplicativos também
possibilita esse tipo de comunicação instantânea, mas o WhatsApp tornou-se popular
entre os brasileiros pelas facilidades que ele proporciona.
Nessa perspectiva, esse trabalho pretende analisar como o WhatsApp tem modificado
os modelos de interação entre os indivíduos e as formas de comunicação que tem
surgindo, principalmente no ambiente onde se desenvolvem as relações profissionais
entre as pessoas.
A atividade jornalística, mas especificamente o processo de produção e transmissão
das informações, foi bastante afetada pelo uso do aplicativo de mensagens instantâneas.
Novas relações foram estabelecidas como, por exemplo, as interações que são feitas
agora entre o jornalista de um determinado veículo de comunicação e o assessor de
imprensa de um órgão. Esse novo tipo de relacionamento é o principal foco desse artigo.
Para isso, pretende-se primeiramente fazer exposições a respeito da influência das
novas tecnologias nos padrões de sociabilidade dos indivíduos, mostrando esses novos
aparatos vêm causando modificações no processo de relacionamento entre as pessoas.
Dessa forma, autores como Manuel Castells e Raque Recuero serão analisados.
Ao longo do trabalho também serão analisadas as influências das novas tecnologias
na produção jornalística e também de que forma elas alteraram as rotinas das assessorias
de imprensa. Por fim, o artigo vai discorrer sobre o aplicativo WhatsApp, analisando as
suas características e especificidades, focando no grupo criando no aplicativo pela 18ª
Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal no Maranhão (18ª
SRPRF/MA) que reúne diversos profissionais da comunicação e a assessoria de
imprensa do órgão federal. Com isso, objetiva-se verificar como são estabelecidas as
relações entre os jornalistas e o órgão por meio do WhatsApp.
A pesquisa a ser desenvolvida é do tipo exploratória, pois objetiva levantar e analisar
dados e informações sobre o WhatsApp e de que forma ele tem alterado as relações
entre as assessorias de imprensa e os jornalistas, tomando como base a análise do grupo
1 O anúncio dessa quantidade de usuários foi feito em setembro de 2015. Atualmente, a quantidade de usuários já superou essa marca.
no WhatsApp “PRF & Imprensa”, criado pela Polícia Rodoviária no estado com o
intuito de auxiliar no trabalho de divulgação de informações.
As informações a cerca do trabalho serão obtidas por meio de: levantamento
bibliográfico; aplicação de questionário com os integrantes do grupo do WhatsApp
“PRF & Imprensa”; e análise dos dados obtidos juntamente com cruzamento das
informações com a pesquisa bibliográfica.
2 TECNOLOGIA E SOCIABILIDADE
2.1 Alteração nos padrões de sociabilidade
Foi no contexto de surgimento de novas ferramentas tecnológicas, muito anterior ao
WhatsApp, que surgiu o que autores Castells (2003), por exemplo, caracterizam como
Sociedade da Informação, no qual o contínuo desenvolvimento dessas novas tecnologias
refletiu, principalmente, sob os modos de ser, agir, se relacionar e existir dos indivíduos
dessa sociedade, propondo dessa forma novos modelos de comunicação e novos
parâmetros de sociabilidade.
Ainda dentro da Sociedade da Informação, tem-se ainda o surgimento das
comunidades virtuais. Elas, originalmente, poderiam ser definidas como um grupo de
pessoas que possuem algum nível de relação ou interesse mútuo e estabelecem laços
sociais por meio da mediação do computador.
Porém, atualmente não é mais necessária a presença do computador para que esses
laços sejam estabelecidos. Essas relações podem ser feitas por meio de aplicativos
instalados em dispositivos móveis como tablets ou smartphones que possibilitam que as
pessoas estejam conectadas e interajam umas com as outras. Os grupos no WhatsApp
são exemplos dessa funcionalidade.
Essas comunidades na maioria das vezes formam-se em torno de assuntos comuns
entre os próprios integrantes desta rede, independendo de fronteiras ou demarcações
territoriais físicas, seguindo sempre um padrão. Segundo Recuero (2009, p.142), “esses
padrões seriam referentes ao modo de relação entre os atores da rede e auxiliam a
encontrar quem pertence e quem não pertence a um determinado grupo”.
Nesses espaços, os indivíduos estabelecem interações uns com os outros,
independentemente do lugar onde eles se encontram, uma vez que os aparatos
tecnológicos utilizados nessa interação possibilitam que haja essa aproximação entre as
pessoas, anulando completamente a distância que existe entre esses usuários.
Uma situação totalmente contrária também pode ser observada pelo impacto das
novas tecnologias na sociedade. É o que Castells (2003) chama de individualismo na
rede no qual as pessoas acabam evitando as relações face a face com outros usuários
para voltar-se apenas para as relações mediadas pelo computador.
O papel mais importante da Internet na estruturação das relações sociais é sua contribuição para o novo padrão de sociabilidade baseada no individualismo... Cada vez mais, as pessoas estão organizadas não simplesmente em redes sociais, mas em redes sociais mediadas por computador. Assim, não é a Internet que cria um padrão de individualismo em rede, mas seu desenvolvimento que fornece um suporte material apropriado para a difusão do individualismo em rede como forma dominante de sociabilidade (CASTELLS, 2003, p.109).
Contudo, é importante deixar claro que esse individualismo mencionado pelo autor e
causado por esse desenvolvimento tecnológico é observado apenas no ambiente físico,
ou seja, no real. No ciberespaço, as pessoas têm a possibilidade e interagir umas com as
outras e estabelecer laços sociais fortes mesmo que estejam separadas por grandes
distâncias.
2.2 A produção de conteúdo para o ambiente digital
Diante dessas transformações, houve uma reorganização da sociedade em torno do
produto que é fortemente influenciado pelo contínuo desenvolvimento das novas
tecnologias: informação. Ela, por sua vez, passou a ser produzida, transmitida e
consumida pelas pessoas em uma velocidade nunca vista anteriormente.
A partir desta nova configuração, qualquer tipo de conteúdo pode ser facilmente
obtido e transmitido de forma quase que instantânea para qualquer lugar do mundo. A
distância de um lugar para outro, por exemplo, passou a ser algo quase que desprezível
diante da possibilidade de conexão entre vários pontos possibilitada por diversas
ferramentas digitais.
A partir do momento em que as influências das novas tecnologias de comunicação
ficaram mais evidências houve, consequentemente, uma alteração no modo de pensar e
fazer o Jornalismo. Foram registradas mudanças nos processos de apuração, produção,
publicação e circulação da informação por causa dessas novas ferramentas.
Essas novas ferramentas, além de abrirem um novo espaço para a produção
jornalística, fizeram com que os profissionais que atuam nessa área se adaptassem a esta
nova realidade do fazer jornalístico. Nessa perspectiva, é necessário que os profissionais
que trabalham nessa área tenham um amplo conhecimento dessas novas tecnologias
para tirar o proveito de todas as potencialidades elas proporcionam na atividade
jornalística.
As alterações no jornalismo também levaram mudanças às atividades desenvolvidas
pelas assessorias de imprensa, que também passaram a ser influenciadas pelas novas
tecnologias. As relações entre os jornalistas que estão na redação de algum veículo e os
profissionais que atuam nas assessorias também se modificaram graças à essas novas
ferramentas.
3 AS NOVAS TECNOLOGIAS E AS ASSESSORIAS DE IMPRENSA
É fato que o trabalho das assessorias de imprensa tem sido impactado pelas
potencialidades que o ambiente digital disponibiliza. Esse impacto pode ser claramente
observado no modo com se desenvolvem as relações entre os jornalistas e determinadas
empresas ou órgãos, relações essas mediadas pela figura do assessor. Diversas
ferramentas existentes hoje, e que surgiram graças aos avanços da internet, possibilitam
uma maior interação e, consequentemente, estreitamento das relações entre os
jornalistas e as assessorias de imprensa. O WhatsApp é uma dessas ferramentas.
3.1 O papel da Assessoria de Imprensa
Mas, antes de debruçar-se especificamente no trabalho desenvolvido pelas
assessorias de imprensa por meio do aplicativo WhatsApp, tomando como base as
relações dos jornalistas e a 18ª SRPRF/MA, que é o principal objeto de estudo deste
artigo, é necessário discorrer sobre as funções das assessorias nas instituições.
Hoje, as assessorias de comunicação tornaram-se indispensáveis dentro da estrutura
organizacional de uma determinada instituição, seja ela empresarial ou governamental.
O papel que elas desempenham é de fundamental importância não apenas para mediar
as relações entre mídia e a empresa, mas também para solidificar a imagem dessa
organização frente ao público a qual ela se destina a para sociedade de forma geral.
É importante ressaltar que o papel das assessorias dentro das organizações não se
restringe apenas no que diz respeito a mediação entre empresa, mídia e público, mas
também de cunho estratégico. Os profissionais da comunicação que atuam nesse setor
devem ter o controle do fluxo de informações dentro das empresas e repassá-las da
melhor forma possível, sem prejudicar a imagem da instituição, para a imprensa, que
por sua vez se encarregará de levar essas informações para a sociedade.
Para Duarte (2006), as relações que se estabelecem entre a imprensa e uma
determinada organização, mediadas pela assessoria de comunicação, são fundamentais
para que a sociedade tenha conhecimento das ações desenvolvidas por essa instituição.
Uma das principais funções dos veículos de comunicação na sociedade atualmente é
fazer a aproximação entre os fatos e a sociedade. Partindo desse pressuposto, as
assessorias de comunicação buscam hoje a mídia para repassar as informações
necessárias para a sociedade, contribuindo para estreitar a relação entre atores e
instituições sociais para que, dessa forma, as pessoas possam formar as suas opiniões a
respeito dessas organizações.
Deve-se levar em consideração também o importante papel das assessorias de
comunicação dentro das empresas que é o de avaliar e mensurar as informações que
serão repassadas para a imprensa, o que está incluindo no gerenciamento de atividades
de comunicação organização.
Tal atividade deve ser realizada constantemente, com o objetivo de obter um
diagnóstico não apenas da empresa, mas também do contexto exterior, principalmente
no que tange as relações com a imprensa, para que sejam colocadas em prática as ações
que possam trazer os melhores resultados.
Se partimos do pressuposto de que a atividade de assessoramento de comunicação é estratégica e, por isso, deve ser parte da administração, não podemos deixar de inserir a avaliação como um dos passos essenciais do processo. [...] As atividades de comunicação estão inseridas num ambiente de administração que, numa visão quase taylorista, envolve ações coordenadas e ordenadas de organização, planejamento, direção, acompanhamento e controle, que podem ser aplicadas formal ou informalmente a qualquer situação de vida, ambiente social e empresa. Dessa forma, a avaliação deveria perpassar por todas essas fases. No entanto, geralmente, é considerado apenas na verificação dos pontos positivos e negativos do que foi planejado e executado, como algo que só pode ser feito no final do processo (DUARTE, 2006, p.131)
As grandes transformações pelas quais o campo da comunicação passa
constantemente refletem diretamente nas rotinas profissionais. No campo do jornalismo,
por exemplo, essas transformações são ainda mais evidentes, no qual esses profissionais
deixaram de atuar exclusivamente nas redações e começaram a exercer suas funções em
outros ambientes. Dentro das empresas, sejam elas públicas e privadas, as assessorias de
comunicação dispõem de um jornalista que desempenha papel estratégico na mediação
entre essa organização com a sociedade e com a imprensa.
Hoje, o assessor de comunicação tem um papel importante dentro da instituição,
atuando de forma intermediar o contato entre as diversas fontes que existem dentro da
organização e os jornalistas. Para Costa (2011) as atividades desenvolvidas dentro de
uma determinada assessoria devem ser desenvolvidas levando em consideração as
rotinas que existem dente das redações dos veículos de comunicação.
É preciso lembrar que as ações da uma assessoria de imprensa estão diretamente vinculadas ao cotidiano da redação dos veículos de comunicação. As sugestões de pauta e demais materiais produzidos pela assessoria são enviadas para editorias específicas, contendo informação útil e construídas com seriedade na apuração. As fontes indicadas devem ser precisas, específicas de acordo com o assunto abordado. A mediação entre jornalistas e fontes da organização deve ser facilitada e o fornecimento de informações solicitadas pelos profissionais da imprensa deve ser atendida com o máximo de prontidão. O envio de qualquer material para as redações também deve respeitar os deadlines dos veículos, horários de fechamento das edições que serão veiculadas periodicamente, fornecendo sempre uma (ou mais) informação útil, relevante e de interesse público (COSTA, 2011, p.9).
Além disso, deve-se destacar ainda que de grande importância que seja mantida uma
boa relação entre o assessor e a imprensa de forma geral, para que as ações da
instituição para qual ele trabalha possam ser divulgadas de forma ampla.
3.2 Novas ferramentas nas Assessorias de Imprensa
Para que essa relação seja desenvolvida da melhor forma possível, com o intuito de
potencializar as mediações realizadas entre as organizações e os veículos de
comunicação, é necessário que o assessor tenha conhecimento e saiba usar da maneira
mais eficiente alguns instrumentos que passaram a fazer parte do seu cotidiano
profissional.
Tais instrumentos foram sendo desenvolvidos com as mudanças sofridas dentro do
campo da comunicação como um todo. Tais alterações foram causadas pelo contínuo
desenvolvimento de novas tecnologias, que passaram a disponibilizar para o assessor
novas ferramentas para que ele desempenhasse sua atividade de forma mais eficiente.
Para Ribeiro (2012), essas mudanças vêm se processando ao longo dos anos.
Segundo ela, nas últimas duas décadas, com a disseminação e utilização do arcabouço
de ferramentas relacionadas à tecnologia da informação, a comunicação organizacional
e a mídia alteraram seus modos de trabalho, incorporando novas atitudes e práticas para
atuarem de forma mais rápida e ágil com seus públicos.
Nessa perspectiva, ocorreram e ocorrem, a cada instante, alterações no modo de planejar estratégias buscando melhorar a atuação no mercado, estabelecer relacionamentos e promover diálogo com os públicos por parte das organizações e das empresas de mídia. Mesmo optando por não atuar no cenário digital, as empresas em ação no momento atual, devem, sob pena de extinguir-se, pelo menos conhecer como funciona o universo digital e assim optar por agir de forma tradicional, ou inserir-se nessa nova realidade onde os cidadãos podem agir isoladamente ou em rede para expor seus sentimentos, críticas, que podem levar as organizações de um minuto a outro do sucesso à crise (RIBEIRO, 2012, p. 2).
Essa situação deve-se à mudança de comportamento das organizações provocada
pelo impacto das novas tecnologias. O surgimento a cada dia de novas ferramentas
contribui diretamente para a alteração dos fluxos de comunicação, estabelecendo novas
relações entre as assessorias de comunicação e os jornalistas.
Tais alterações implicam, consequentemente, em mudanças no comportamento do
assessor. É de extrema importância que esse profissional tenha conhecimento e saiba
manusear da melhor as novas ferramentas que o ambiente digital disponibiliza com o
intuito de estabelecer uma relação mais próxima entre os profissionais da imprensa e
também para a sociedade em geral, principalmente para os públicos que são atendidos
por essa instituição.
Nessa perspectiva, as funções desempenhadas pelo assessor de imprensa dentro de
uma determinada instituição foram sendo gradativamente modificadas. Antes, as
atividades eram muito limitadas a apenas o envio de releases e ao agendamento de
entrevistas, por exemplo, agora passaram a ir muito além dessas atividades.
É notável que os jornalistas utilizam as redes sociais e diversas outras ferramentas de
comunicação disponibilizadas pelo ambiental digital para buscar informações e levá-las
para a sociedade. Por isso, aqueles que atuam nas assessorias de imprensa também
devem utilizar as mesmas ferramentas para ter o maior controle do fluxo de informações
da instituição onde atuam e ainda repassá-las para veículos de comunicação.
Dessa forma, o ambiente digital constantemente vem proporcionando mudanças no
modo de pensar e fazer o trabalho nas assessorias de imprensa, com foco no
relacionamento, no diálogo e na colaboração com a mídia tradicional e com os novos
produtores de notícia que surgiram nos últimos anos com a popularização de
ferramentas de produção de conteúdo para o ciberespaço.
Na contemporaneidade, fica difícil imaginar o trabalho do assessor e sua relação com os media sem o auxílio dos aparatos tecnológicos. A divulgação de releases e contato com jornalistas são feitos quase que sempre através do ciberespaço. As plataformas digitais proporcionam uma rapidez e fluidez no cotidiano dos profissionais que trabalham com comunicação, e são parte essencial para a agilidade exigida na profissão atualmente [...]Ter habilidades e competências para propagar mensagens através de mídias sociais contribui para um crescimento sustentável das corporações. Para isso, é necessário que o comunicador compreenda este universo e saiba explorá-lo ao máximo (MANO, 2011, p. 37).
Essas novas ferramentas contribuíram diretamente para uma divulgação mais ágil das
informações de um determinado órgão pela sua assessoria de imprensa ou mesmo tempo
que também fizeram com que os jornalistas dos veículos de comunicação tivesses um
retorno mais rápido de suas demandas.
3.3 Produção de conteúdo para dispositivos móveis
Outra alteração causada pelas novas tecnologias e que pode ser facilmente observada
é a produção de conteúdos especificamente para dispositivos móveis. Na velocidade em
que as informações são processadas atualmente, muitas vezes os usuários não dispõem
de tempo para “consumir” essas informações sentados diante de um computador ou um
notebook, por exemplo. Diante dessa nova tendência, cada vez mais conteúdos estão
sendo desenvolvidos levando em consideração as características e especificidades dos
dispositivos móveis como celulares, tablets entre outros.
Um claro exemplo pode ser visto em muitos sites que disponibilizam versões dos
seus conteúdos para os computadores convencionais e para dispositivos móveis. A
principal diferença entre elas é o layout que facilita a leitura do conteúdo para aquelas
pessoas que dispõem de aparelhos móveis, como pode ser observado nas figuras abaixo.
Cada vez mais os usuários estão acessando os conteúdos disponíveis no ambiente
digital por meio de plataformas móveis até mesmo pela praticidade que isso representa.
O barateamento para a aquisição de aparelhos como esses também é outro fator que
ajuda na utilização desses equipamentos.
Só no Brasil, de acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2011 (Sampaio, 2012), o celular é a segunda tecnologia mais presente em domicílios, atrás apenas da televisão: 87% dos lares no país têm celulares, enquanto a TV chega a 98% deles. O número é elevado se comparado com o de desktops e notebooks, que chegam a 37% e 18% das residências, respectivamente. Ao mesmo tempo, o número de brasileiros que começaram a utilizar a internet pelo celular saltou de 5% para 17% em apenas um ano, segundo pesquisa anual do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Uma das razões seria o preço acessível dos planos pré-pagos, que apresentam possibilidade de conexão móvel por até R$ 0,50 (€ 0,18) ao dia de uso (CANAVILHAS, 2013. p. 155).
Outro fato importante e que deve ser levando em consideração no que diz respeito a
produção de conteúdo em dispositivos móveis é o caráter multimídia das informações.
Os diversos dispositivos existentes e que auxiliam nesse tipo de produção apresentam
suporte para a realização de fotos, áudios e vídeos, fazendo com que o conteúdo
jornalístico, por exemplo, seja produzido levando em consideração os diversos tipos de
suportes.
Essa dimensão multitarefa dos dispositivos móveis enquadra-se na própria proposta da convergência jornalística que determina uma exploração dos equipamentos multimídia para distribuição multiplataforma, que pode ser acionada via jornalismo móvel pela especificidade de ocupação de espaço aberto pelo uso dos computadores portáteis. Portanto, a potencialização concentrada num único aparelho como o celular, com capacidades crescentes de processamento e de execução de tarefas antes centradas nos desktops das redações físicas, nos coloca diante de uma descentralização por estamos diante de uma redação móvel que compartilha processos operacionais de registro de imagens, áudios, vídeos e transmissão através das aplicações e recursos de hardwares embarcados para essas possibilidades (SILVA. 2011. p. 6).
Essa característica pode ser observada no próprio WhatsApp uma vez que o
aplicativo possibilita a produção de fotos, vídeos e áudios pelos usuários. Esses recursos
contribuem, por exemplo, para que uma determinada informação seja repassada de
forma mais completa como será visto mais adiante.
4 O WHATSAPP COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO
4.1 Funcionalidades do aplicativo
Um dos aplicativos para dispositivos móveis que alterou consideravelmente a forma
de comunicação entre os usuários é o WhatsApp. As potencialidades que ele apresenta
são tamanhas que influenciaram as rotinas da atividade jornalística, principalmente no
processo de produção da notícia. Foi justamente por causa dessas potencialidades que as
assessorias de imprensa também passaram a utilizar o aplicativo.
O WhatsApp Messenger foi criado em 2009 por Brian Acton e Jan Koum. Ele é um
aplicativo de mensagens multiplataforma que permite trocar mensagens pelo celular
sem pagar por SMS. Ele está disponível para smartphones iPhone, BlackBerry,
Windows Phone, Android e Nokia.
Como o aplicativo usa o mesmo plano de dados de internet que é utilizado para e-
mails e navegação, não há custo para enviar mensagens. Além das mensagens básicas,
os usuários do WhatsApp podem criar grupos, enviar mensagens ilimitadas com
imagens, vídeos e áudio. Outra funcionalidade é que as pessoas podem fazer ligações
telefônicas através do aplicativo.
Atualmente o WhatsApp é um dos aplicativos de smartphone mais populares no
Brasil e está presente em aproximadamente 70% dos smartphones no país de acordo
com uma pesquisa feita em 2015 pela Mobile Marketing Association e a Nielson. Ele
funciona como uma plataforma de comunicação rápida e de amplo alcance para os
brasileiros, por muitas vezes atuando como um substituto para funções de outros
serviços de mensagens como o e-mail, SMS e redes sociais.
As pessoas utilizam o aplicativo para comunicações com outros usuários
individualmente também por meio de grupos, onde existem outras pessoas que
compartilham informações sobre um determinado assunto.
As facilidades do WhatsApp também se estendem para o mundo corporativo. Muitas
empresas usam o aplicativo como um modo alternativo para contatar pessoas, agendar
entregas, prestação de serviços, assim como campanhas publicitárias, comunicação
interna, atendimento ao consumidor entre outras atividades.
4.2 O processo de comunicação por meio do WhatsApp
A comunicação é uma característica inerente ao ser humano desde primórdios.
Vicente (2014) chama atenção para o fato de que com as novas ferramentas disponíveis
na nova cultura digital, o processo comunicacional entre os indivíduos se tornou mais
dinâmico e convergente por meio de equipamentos capazes de permitir o diálogo e a
troca de informações em tempo real.
O uso de tecnologias móveis contribui para acentuar esse processo de comunicação
entre as pessoas, aumentando as formas de compartilhamento de conteúdos pelo
ambiente virtual.
Recentemente, a popularização das tecnologias móveis acentuou ainda mais o processo que se iniciou com o acesso fixo à Internet, criando novas formas virtuais de comunicação e de compartilhamento de conteúdos e informações. Smartphones e tablets, dotados de aplicativos, softwares e funcionalidades próprias, permitem ao usuário permanecer conectado à rede o tempo inteiro e deslocar-se pelo espaço físico sem se desligar do mundo virtual. A telefonia sem fio, que até pouco tempo atrás oferecia chances relativamente restritas de interação (ligações e mensagens SMS), passou a contemplar diversos canais destinados à recepção, à produção e ao compartilhamento de dados, mensagens, imagens, fotos e vídeos. A variedade de aplicativos de conversação, como o WhatsApp, que podem ser baixados gratuitamente, alargou as possibilidades interativas e facilitou o diálogo entre pessoas que se encontram geograficamente distantes. Além das ferramentas dedicadas à sociabilidade, podemos mencionar aplicações interativas, como Google Maps, Easy Taxi e outras, destinadas à compra de ingressos e passagens e os guias de restaurantes, que dão acesso a informações e auxiliam a circulação de pessoas pelo espaço urbano (MORAES; NERCOLINI, 2014. p. 2).
E foi justamente por essa troca de conteúdos em tempo real que os aplicativos de
transmissão de mensagens se tornaram populares entre os usuários, principalmente os
brasileiros. Foi pelas características e facilidade que o Whatsapp apresenta que ele se
tornou tão utilizado.
Com o uso de aplicativos para dispositivos móveis como o WhatsApp, por exemplo,
ampliou-se ainda a possibilidade de experiências locais. Isso implica dizer que o usuário
pode dividir com outras pessoas informações e vivências baseadas no contexto em que
ele se encontra.
5 O WHATSAPP DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL DO MARANHÃO
A partir do que foi exposto até o momento, é possível compreender como o
WhatsApp contribuiu para modificar as rotinas de produção da assessoria de
comunicação da 18ª SRPRF/MA e a forma dela se relacionar com os veículos de
comunicação local.
Como foi citado anteriormente, o aplicativo possibilita a formação de grupos onde os
usuários podem compartilhar entre si interesses específicos. Nessa perspectiva, foi
formado o grupo que reúne jornalistas dos mais variados veículos de comunicação do
estado e funcionários da PRF.
O grupo foi criado no dia 26 de outubro de 2014 pelo inspetor Antônio Noberto que
exerce a função de assessor de comunicação do órgão federal. Atualmente o grupo conta
com 101 participantes entre jornalistas e inspetores do órgão.
Nas palavras do próprio inspetor Antônio Noberto, criador e administrador do grupo
“PRF & Imprensa”, a criação do grupo foi fundamental para ter uma comunicação mais
ágil com os veículos de comunicação no que diz respeito à divulgação das informações
do órgão federal com relação às prisões de pessoas e apreensões de materiais.
Vivemos a era da informação, onde todos querem saber de tudo. Estar ligado, antenado nunca teve tanto valor quanto agora. [...] Nos mais de 3.400 quilômetros de rodovias no estado acontecem muitas coisas em 24 horas. Antes os usuários das nossas rodovias viam o policial rodoviário federal como o guarda barrigudo sentado em uma cadeira de macarrão com o boné descansando sobre a perna. Esse estereótipo é em parte injusto, porém, a PRF se aperfeiçoou à medida que a sociedade se tornou mais conhecedora dos seus direitos, mais violenta também e mais interativa (todo mundo filma tudo e quer mostrar o que filmou). Tal dinâmica fez com que o policial ficasse mais proativo e mais antenado. É nessa esteira que a comunicação da PRF caminha. Além da questão do trânsito as BRs são palco de prisões, apreensões e uma série de outras ocorrências. Hoje não dá para trabalhar deixando de lado as novas mídias. [...] A criação dos grupos PRF & IMPRENSA (atualmente são dois) foi um importante passo para uma comunicação mais eficaz, mas ainda temos muito o que melhorar nesse quesito (NOBERTO, 2016).
Uma das principais informações postadas no grupo é o relatório das ocorrências
registradas nas rodovias federais maranhenses que incluem a quantidade de acidentes,
os feridos e mortos. Anteriormente essas informações eram repassadas via e-mail para
os veículos de comunicação e agora, com a criação do grupo, essas ocorrências são
repassadas com mais rapidez.
Além disso, no grupo também são compartilhados fotos e vídeos das ocorrências
registradas nas estradas federais maranhenses2. Tais arquivos multimídia contribuem
para contextualizar os dados repassados e ainda para que os veículos de comunicação
transmitam a informação para o público em geral de uma forma mais completa.
O WhatsApp também permite o compartilhamento da localização do usuário e
também arquivos de áudio, o que também contribuem para que a informação seja
repassada de forma completa. Na maioria das vezes, as ocorrências nas estradas são
repassadas não apenas pelo administrador do grupo, mas também por outros inspetores
da 18ª SRPRF/MA que atuam nas outras delegacias do órgão no estado.
2 Como o grupo se consolidou com o passar do tempo outras informações, além daquelas que estão diretamente relacionadas com a atuação do órgão, também são compartilhadas pelo grupo.
FIGURA 1: Relatório de ocorrências repassado pelo administrador do grupo
Fonte: WhatsApp
FIGURA 2: Exemplo de um acidente compartilhado no grupo
Fonte: WhatsApp
Outros tipos de ocorrências da 18ª SRPRF/MA também são divulgadas por meio do
grupo para a imprensa maranhense. Como exemplo pode-se citar uma ação social
realizada por inspetores do órgão federal na cidade de Balsas.
FIGURA 3: Registro da ação social realizada por inspetores da PRF em Balsas
Fonte: WhatsApp
O que se observa também com frequência no grupo são as interações realizadas entre
todos os integrantes. A partir da postagem de uma determinada ocorrência os
integrantes do grupo podem tirar dúvidas a respeito desse fato, trocando informações
uns com os outros.
Antes da criação do grupo, todas as informações eram repassadas através do e-mail.
Essa era uma forma eficiente de manter um contato com a imprensa, uma vez que
grande parte das assessorias utiliza o e-mail para manter o contato com os veículos de
comunicação e também responder qualquer tipo de solicitação. Na opinião do criador do
grupo, a divulgação das informações pelo grupo no WhatsApp contribuiu diretamente
para a maior agilidade na transmissão dos dados.
Antes a informação chegava um pouco defasada, pois tudo era enviado por e-mail. O que acontecia entre sexta-feira e domingo a sociedade só ia saber quando era passado o relatório na segunda-feira. Fora isso algumas emissoras de rádio ligavam toda manhã para a CIOP para saber das ocorrências. O PRF de plantão dava entrevistas para as emissoras. O envio de imagens era um pouco raro e as ocorrências não tinham muita riqueza. Hoje boa parte dos policiais são capacitados para produzir vídeos e fotos de boa qualidade e textos com riqueza de detalhes. Esse dinamismo faz com que a PRF ocupe espaço na mídia. Quando a PRF está em plena ação ela se torna um dos entes que mais dão pauta para a imprensa. Fazer essa "roda" da informação girar, ou seja, captar as informações na fonte, trabalha-la e posta-la nas primeiras horas do dia nos grupos foi um longo caminho, que muitas vezes trouxe desgastes. Quem dos grupos não lembra que até bem pouco tempo informações do tipo dia da semana ou do mês vinha com erro. Mas o caminho é o bem servir e a perfeição (NOBERTO, 2016).
Com a divulgação das informações por meio do WhatsApp, a 18ª SRPRF/MA passou
a ter um contato mais próximo com os profissionais dos veículos de comunicação do
estado. Houve um grande estreitamento das relações que contribuiu ainda para que a
sociedade conhecesse ainda mais as ações desenvolvidas pelo órgão federal por meio da
imprensa local.
O uso do Whatsapp foi decisivo para a instituição mostrar seu trabalho. Mas a posterior criação dos grupos que foi o divisor de águas para se atingir o estado de forma mais forte. Os grupos possuem integrantes de várias regiões e municípios do Maranhão. Muitos deles conversam e se ajudam como se fossem velhos conhecidos. Isso é legal, pois é um dos objetivos do grupo PRF & IMPRENSA. Os grupos também ajudam a democratizar a informação, pois todos tem ao mesmo tempo o acesso ao conteúdo dos fatos. Às vezes um ou outro profissional me pede uma foto exclusiva. Quando tenho eu envio sim, sem problemas. O importante é ajudar na pauta e nas demandas dos participantes. O grupo serve também para outras utilidades. [...] O grupo serve muito para integrar os profissionais da comunicação do estado. Mas isso acontece porque desde o início deixamos que todos entendessem que o espaço do grupo não se destina à discussões políticas. Isso parece banal, mas foi decisivo para que os diferentes se encontrem e se deem as mãos (NOBERTO, 2016).
Os participantes buscam no grupo informações relacionadas aos acidentes nas
estradas federais maranhenses; casos de prisões e apreensões realizadas pelos inspetores
do órgão federal; informações sobre interdições em algum trecho das rodovias federais
entre outros dados.
Antes da criação do grupo, todas as informações eram solicitadas via e-mail ou então
por contato telefônico com a PRF e eram repassadas normalmente, mas sem a agilidade
e com a riqueza de detalhes como é possibilitado atualmente por meio do WhatsApp.
Além disso, toso os jornalistas que fazem do grupo “PRF & Imprensa” são unânimes
ao afirmar que, por meio do aplicativo, foi facilitado o acesso às informações
relacionadas com as estradas federais maranhense, que passaram a ser divulgadas com
mais agilidade e precisão. Como consequência, uma nova rotina pode ser estabelecida
graças ao dinamismo que o surgimento das novas tecnologias proporcionou ao processo
de divulgação de informações.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de comunicação está em constante mudança. Com o contínuo
desenvolvimento da sociedade, novas ferramentas de comunicação foram desenvolvidas
e, com o surgimento da Internet, a distância geográfica entre duas pessoas passou a ser
praticamente ignorada no processo de interação entre os indivíduos.
Vivemos hoje em uma sociedade em que temos à nossa disposição uma gama de
ferramentas que possibilitam uma grande interação entre os indivíduos e a cada dia
surgem novas ferramentas que dinamizam ainda mais esse processo comunicacional
entre as pessoas.
O WhatsApp hoje é um dos aplicativos para dispositivos móveis mais utilizados
pelos brasileiros e isso se deve às funcionalidades que ele apresenta e que possibilitam
uma troca de informação entre os usuários de maneira ágil. Além disso, o fato de
compartilhar arquivos multimídias como fotos, vídeos e áudios, por exemplo, contribui
diretamente para que esse processo de comunicação seja feito de forma ainda mais
amplo, explorando todas possibilidades disponíveis.
O WhatsApp tornou-se uma grande ferramenta na atividade jornalística, modificando
as formas de produção, transmissão e recepção de conteúdos. Os veículos de
comunicação passaram a utilizar aplicativo também para ter um contato maior com o
público.
Vendo as grandes possibilidades que o aplicativo disponibiliza, as assessorias de
imprensa também passaram a utilizar a ferramenta para manter um contato mais
próximo com as redações dos veículos de comunicação. Como exemplo, tem-se o grupo
“PRF & Imprensa”, que foi objeto de estudo deste artigo.
Com base na nossa investigação, identificamos mudanças nas relações entre o órgão
federal e a imprensa local com a utilização dessa ferramenta: As informações passaram
a ser divulgadas com mais agilidade e com maior riqueza de detalhes, situação essa que
não era observada antes da utilização do aplicativo.
Não se deve pensar que as rotinas de produção das assessorias de imprensa,
proporcionadas pelas novas tecnologias de comunicação, permanecerão imutáveis nos
próximos anos. A cada dia, novos aplicativos são desenvolvidos com funcionalidades
completamente diferentes e que trazem novas contribuições para o processo de
comunicação como um todo.
REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
CANAVILHAS, João (org). Noticias e Mobilidade: Jornalismo na Era dos Dispositivos Móveis. Livros Labcom. 2013
COSTA, Juliana Ferreira dos Santos. Comunicação Pública, Assessoria de Imprensa e Compromisso com a Cidadania: O caso IFPE. 2011. Disponível em http://www.bocc.uff.br/pag/costa-juliana-comunicacao-publica-assessoria-de-imprensa.pdf. Acesso em 27 de dezembro de 2015.
DUARTE, Jorge (org). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 2ª edição.São Paulo. Atlas, 2006.
MANO, Bruna Faely. Novas Tecnologias, Comunicação Especializada e Assessoria de Imprensa. Trabalho de Conclusão de Curso. Bauru. São Paulo. 2011.
MORAES Lívia Assad de; NERCOLINI Marildo José. Tecnologias móveis, Vida Cotidiana e Comunicação Instantânea. In Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano. Universidade Federal Fluminense. 2014.
NOBERTO, Antônio. Entrevista. Mensagem recebida via WhatsApp no dia 6 de dezembro de 2015.
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009a. (Coleção Cibercultura).
RIBEIRO, Maria Eugênia. O papel do assessor de imprensa em um mundo movido pelas tecnologias digitais. Disponível em: http://www2.metodista.br/unesco/1_Ecom%202012/GT2/7.O%20papel%20do%20assessor%20de%20imprensa_Maria%20Eug%C3%AAnia.pdf. Acesso no dia 27 de dezembro de 2015
SILVA, Fernando Firmino. Repórteres em campo com tecnologias móveis conectadas: Uma abordagem teórica sobre convergência e mobilidade. 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. 2011.
VICENTE, Cláudia Aparecida da Costa. A nova febre da comunicação móvel: WhatsApp. Artigo apresentado no VIII Simpósio Nacional da ABCiber. São Paulo. 2014
APÊNDICES
Apêndice 1 – Entrevista com Antônio Noberto, inspetor da 18ª da SRPRF/MA e responsável pela comunicação do órgão.
1 – Por que você decidiu criar o grupo PRF & Imprensa?
Vivemos a era da informação, onde todos querem saber de tudo. Estar ligado,
antenado nunca teve tanto valor quanto agora. Todos já ouvimos falar que "tempo é
dinheiro", e informação também é dinheiro e poder. Quanto às nossas BRs, elas sempre
foram alvo da curiosidade dos maranhenses. Nos mais de 3.400 quilômetros de rodovias
no estado acontecem muitas coisas em 24 horas. Antes os usuários das nossas rodovias
viam o policial rodoviário federal como o guarda barrigudo sentado em uma cadeira de
macarrão com o boné descansando sobre a perna. Esse estereótipo é em parte injusto,
porém, a PRF se aperfeiçoou à medida que a sociedade se tornou mais conhecedora dos
seus direitos, mais violenta também e mais interativa (todo mundo filma tudo e quer
mostrar o que filmou). Tal dinâmica fez com que o policial ficasse mais proativo e mais
antenado. É nessa esteira que a comunicação da PRF caminha. Além da questão do
trânsito as BRs são palco de prisões, apreensões e uma série de outras ocorrências. Hoje
a PRF prepara os novos policiais para uma atividade dinâmica, porque as rodovias tem
um dinamismo próprio. Hoje não dá para trabalhar deixando de lado as novas mídias. A
criação do grupo PRF & IMPRENSA veio suprir uma lacuna na instituição, que fazia
muito, mas não "corria matraca". A PRF sempre foi uma instituição policial que produz.
E isto é cada vez mais aperfeiçoado. 2% de toda a maconha apreendida no mundo foi a
PRF quem apreendeu, e 1% de toda a cocaína. É a polícia que mais realiza prisões e
apreensões na América do Sul. Os números da instituição são excelentes, considerando
que somos apenas dez mil policiais em todo o país. A criação dos grupos PRF &
IMPRENSA (atualmente são dois) foi um importante passo para uma comunicação mais
eficaz, mas ainda temos muito o que melhorar nesse quesito.
2 – Houve algum critério para a seleção dos membros que estão presentes hoje no
grupo?
Participa do grupo os profissionais da imprensa que se interessam pelo tema polícia e
manifestam interesse em entrar no grupo. São jornalistas, radialistas, comunicadores,
apresentadores, etc. Quando alguém me pede para entrar no grupo e eu não conheço,
vou atrás de informações para saber se a pessoa realmente tem condições de participar.
Já teve gente que me pediu, mas não permiti porque a pessoa não deixou comprovado
que o uso das informações que circulam no grupo realmente teriam a finalidade que se
propõe. Com tanta violência não dá para vacilar.
Eu confesso aqui que tenho dificuldade de excluir alguém dos grupos. Tem um monte
de gente querendo entrar, mas não tem mais vaga. Os dois grupos tem 100 participantes
cada. E não considero interessante abrir um terceiro. Mas isso está em análise. É muito
raro alguém sair do grupo.
3 – Quais as informações que você posta no grupo?
O grupo serve para mantermos os profissionais da imprensa e a sociedade
atualizados das ocorrências nas sete rodovias federais que cortam o Maranhão. Pela
manhã, entre as 5h e 6h, posto o relatório das últimas 24h. São acidentes, mortos,
feridos, crimes ocorridos nas rodovias, bem como o enfrentamento a esses crimes,
prisões, fiscalizações, etc. Passado o relatório diário, elaborado pela Central de
Informações Operacionais - CIOP PRF, tudo o que vai acontecendo de mais importante
nas rodovias federais no estado a gente recebe nos grupos internos (NUCOM.MA,
CIOP, Del de Pedrinhas, etc), trabalha a informação (faz adequação gramatical, filtra as
informações, retira o que não tem consistência e reforça o que tem lastro) e posta nos
dois grupos. Muitas vezes, por diversas razões, a gente posta algumas coisas um pouco
in natura. A partir daí os demais participantes interagem e trocam informação. A PRF só
posta aquilo que tem certeza, apesar de já ter havido erro, ainda que muito raro. E para
postar com total certeza é preciso esperar a confirmação do policial responsável pela
ocorrência. Muitas vezes a gente sabe o que aconteceu, mas não pode divulgar porque
não teve o ok de quem está no local da ocorrência. Isso é terrível (risos) porque todos
querem saber para poder publicar em primeira mão, mas faz parte do jogo. Em um
mundo meio sem norte, onde muito do que rola no mundo virtual é falso, é importante a
certitude e a chancela da convicção que o grupo e a instituição PRF proporcionam.
4 – Antes da criação do grupo, de que forma você informava as ocorrências para a
imprensa?
Antes a informação chegava um pouco defasada, pois tudo era enviado por email. O
que acontecia entre sexta-feira e domingo a sociedade só ia saber quando era passado o
relatório na segunda-feira. Fora isso algumas emissoras de rádio ligavam toda manhã
para a CIOP para saber das ocorrências. O PRF de plantão dava entrevistas para as
emissoras. O envio de imagens era um pouco raro e as ocorrências não tinham muita
riqueza. Hoje boa parte dos policiais são capacitados para produzir vídeos e fotos de boa
qualidade e textos com riqueza de detalhes. Esse dinamismo faz com que a PRF ocupe
espaço na mídia. Quando a PRF está em plena ação ela se torna um dos entes que mais
dão pauta para a imprensa. Fazer essa "roda" da informação girar, ou seja, captar as
informações na fonte, trabalha-la e posta-la nas primeiras horas do dia nos grupos foi
um longo caminho, que muitas vezes trouxe desgastes. Quem dos grupos não lembra
que até bem pouco tempo informações do tipo dia da semana ou do mês vinha com erro.
Mas o caminho é o bem servir e a perfeição.
5 – Você acha que a criação do grupo facilitou a interação entre a PRF e
Imprensa?
O uso do Whatsapp foi decisivo para a instituição mostrar seu trabalho. Mas a
posterior criação dos grupos que foi o divisor de águas para se atingir o estado de forma
mais forte. Os grupos possuem integrantes de várias regiões e municípios do Maranhão.
Muitos deles conversam e se ajudam como se fossem velhos conhecidos. Isso é legal,
pois é um dos objetivos do grupo PRF & IMPRENSA. Os grupos também ajudam a
democratizar a informação, pois todos tem ao mesmo tempo o acesso ao conteúdo dos
fatos. Às vezes um ou outro profissional me pede uma foto exclusiva. Quando tenho eu
envio sim, sem problemas. O importante é ajudar na pauta e nas demandas dos
participantes. O grupo serve também para outras utilidades. Quase todo dia tem um
assunto diferente: futebol, festas, uma foto ou fato curioso em algum evento que reuniu
os integrantes, ou só mesmo coisas sem muita importância, mas que acabam
provocando interação e risadas. A interação começa muito cedo com um bom dia ou
com alguma felicitação. E não tem hora para acabar. O grupo serve muito para integrar
os profissionais da comunicação do estado. Mas isso acontece porque desde o início
deixamos que todos entendessem que o espaço do grupo não se destina à discussões
políticas. Isso parece banal, mas foi decisivo para que os diferentes se encontrem e se
deem as mãos.
Apêndice 2: Perguntas feitas para os participantes do grupo no WhatsAPP PRF &
Imprensa
1 – Qual o veículo que você trabalha?
2- Qual a função que você desempenha nele?
3 – Há quanto tempo você participa do grupo PRF & Imprensa?
4 – Com que frequência você entra no grupo?
5 – Quais os tipos de informações que você mais busca no grupo?
6 – Antes da existência do grupo, de que forma você conseguia as informações junto à PRF?
7 – Você acha que o grupo facilitou a comunicação com a PRF?