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Notas práticas para condução da fertilização em horticultura protegida e ao ar livre Notas prévias Os dados aqui referidos, para além de alguma experiência pessoal, foram obtidos através de consulta a diferentes documentos, com especial destaque para o Manual de Fertilização das Culturas (LQARS) e “notas técnicas” que serviam de base para a execução de numerosos trabalhos de campo que decorreram no Centro de Experimentação Horto-Fruticola do Patacão – CEHFP- (foto 1) no período de 1981 a 1987 (Projecto-Luso Alemão) da autoria de W. Bagwitz. Foto 1 – Estufa com uma cultura de tomate no CEHFP Tem este trabalho a finalidade de apresentar, sucintamente, linhas de orientação de carácter essencialmente prático, para a condução de operações de fertilização de culturas hortícolas protegidas cultivadas em estufa ou ao livre. Como sabemos os resultados de uma análise à terra diferem em função do método usado pelo laboratório. Nos serviços oficiais do Ministério da Agricultura o mais comum é tomar como referência a metodologia recomendada pelo Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva (LQARS). Para recolha da terra é recomendável percorrer o terreno em “Ziguezague” (fig.1) e recolher ao acaso, pelo menos em 15 a 20 amostras na camada dos 0 a 20 que se depositam num balde. Se a cultura já estiver instalada e a rega for gota a gota, colher as sub amostras a meia distância entre os gotejadores e o pé da planta. No final misturam- se bem e retira-se uma parte (0,5 a 1,0 kg) que se colocam num saco devidamente identificado que se envia para o laboratório acompanhado de ficha para análise de terra correctamente preenchida.

Notas práticas para condução da fertilização em horticultura protegida e ao ar livre

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Notas práticas para condução da fertilização em horticultura protegida e ao ar livre Notas prévias Os dados aqui referidos, para além de alguma experiência pessoal, foram obtidos através de consulta a diferentes documentos, com especial destaque para o Manual de Fertilização das Culturas (LQARS) e “notas técnicas” que serviam de base para a execução de numerosos trabalhos de campo que decorreram no Centro de Experimentação Horto-Fruticola do Patacão – CEHFP- (foto 1) no período de 1981 a 1987 (Projecto-Luso Alemão) da autoria de W. Bagwitz. Foto 1 – Estufa com uma cultura de tomate no CEHFP Tem este trabalho a finalidade de apresentar, sucintamente, linhas de orientação de carácter essencialmente prático, para a condução de operações de fertilização de culturas hortícolas protegidas cultivadas em estufa ou ao livre. Como sabemos os resultados de uma análise à terra diferem em função do método usado pelo laboratório. Nos serviços oficiais do Ministério da Agricultura o mais comum é tomar como referência a metodologia recomendada pelo Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva (LQARS). Para recolha da terra é recomendável percorrer o terreno em “Ziguezague” (fig.1) e recolher ao acaso, pelo menos em 15 a 20 amostras na camada dos 0 a 20 que se depositam num balde. Se a cultura já estiver instalada e a rega for gota a gota, colher as sub amostras a meia distância entre os gotejadores e o pé da planta. No final misturam-se bem e retira-se uma parte (0,5 a 1,0 kg) que se colocam num saco devidamente identificado que se envia para o laboratório acompanhado de ficha para análise de terra correctamente preenchida.

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Figura 1- Recolha de amostras no terreno em “Ziguezague.” Com os resultados das análises o agricultor / técnico ficará então com uma ideia mais precisa sobre a fertilidade da sua terra, podendo depois utilizar esses resultados para estabelecer um programa de fertilização das culturas. No caso de culturas em meios homogéneos (turfas e outros substratos, culturas sem solo / hidroponia) a situação é diferente, visto que teremos que fertilizar com maior precisão do que no caso das culturas em solo natural, onde a margem entre os níveis óptimos e máximo pode ter variações da ordem dos 25 %. W. Bagwitz, técnico alemão que connosco trabalhou na década de 80, refere que pela sua experiência, com culturas em clima mediterrânico, terras com pouca matéria orgânica e com águas de elevada condutividade, será recomendável a manutenção dos nutrientes no solo a níveis médios, ou ligeiramente mais baixos e recurso, sempre que possível, à aplicação do adubos através da água de rega. Nas culturas ao ar livre, onde por vezes a fertirrega se torna impraticável, recomenda aplicar os adubos, especialmente os mais facilmente arrastados pela água, em várias aplicações. Assim podemos tomar com referência o seguinte:

a) – Adubação de fundo Considera-se adubação de fundo a aplicação de adubos que se realiza antes ou simultaneamente com as sementeiras ou plantações. Tem como finalidade ajustar os níveis do solo, de acordo com os resultados da análise, mas atendendo também à condutividade do solo e considerando, depois, na adubação de cobertura os excessos que posam existir de algum ou alguns elementos.

b) – Adubação de cobertura A adubação de cobertura efectua-se com as plantas em pleno crescimento e desenvolvimento. Sendo mais frequentemente utilizada para a aplicação do azoto, pode ser feita com qualquer elemento fertilizante que se julgue necessário. A aplicação dos nutrientes necessários deverá ser programada de acordo com o estado de desenvolvimento das plantas e ter em atenção os consumos de água. Se a planta está na fase de crescimento, consome mais água, aumentando também as necessidades de nutrientes. Na fase final do ciclo vegetativo da cultura recomenda-se a suspensão da adubação a fim de baixar os níveis de fertilidade do solo.

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Fertilização das culturas A fertilização é, entre outras, uma medida que tem influência no sucesso ou insucesso de uma cultura. São vários os factores e medidas de igual importância para o bom desenvolvimento das plantas.

• Controlo de praga e doenças; • Controlo de infestantes; • Escolha de boas variedades em função da época do ano, • Podas e densidade de plantação adequadas em função da espécie e época do ano; • Controlo climático das estufas; • Qualidade do solo e da água de rega; • Condução da rega, tipo de rega, quantidade de água aplicada.

Análise de terra

A análise do solo dá-nos uma indicação sobre os vários elementos disponíveis na terra e os resultados fornecidos servem para orientação da adubação. Como referimos anteriormente, os valores podem variar em função do método de análise utilizado, devendo por isso ser comparados com tabelas cujos valores tenham sido estudados de acordo com a metodologia utilizada. Alguns laboratórios expressam os elementos na forma oxidada e outros sobre a forma elementar (exemplo K2O e K), sendo por isso necessário em muitos casos fazer depois a conversão. Assim temos:

P2 O5 x 0,436 = P K2O x .0,830 = K CaO x 0,715 = Ca Ca CO3 x 0,400 = Ca Mg O x 0,600 = Mg Mg CO3 x 0.288 = Mg

pH - sua influência nos nutrientes do solo

O pH influi muito na disponibilidade dos nutrientes, a qual está ligada à forma como os elementos são absorvidos pelo solo.

• São iões negativos o P, S, Mo, Cl; • São iões positivos o K, Ca; Mg, Fe, Mn, Zn, Cu.

Quanto mais baixo for o pH mais rapidamente acorrem os processos químicos no solo. Em geral o nível ideal de pH, para a absorção dos nutrientes, situa-se entre os valores 5,5 e 7,5. Neste intervalo verifica-se uma absorção óptima para os elementos N, S, P, B, Cu e Zn. Os valores de nutrientes encontrados no solo e mencionados nas análises, são variáveis de acordo com:

• O consumo das plantas; • A lavagem dos nutrientes do solo, por acção da chuva ou das regas; • Perdas na forma gasosa (N);

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• Retenção no solo; • Mobilização dos elementos no solo; • Fornecimento de elementos pela adubação, pela água e pelo ar;

Adição de nutrientes ao solo por mineralização

Pela mineralização da matéria orgânica liberta-se, por exemplo, o azoto (N), elemento a considerar ao proceder aos cálculos da adubação. Em termos médios, podemos estimar por esta via uma adição anual de:

• N = 20 a 100 kg • P2O5 = 10 a 30 kg • K2 O = 05 a 50 Kg

Perda de Nutrientes do solo

A perda de nutrientes depende de muitos factores nomeadamente o tipo de solo, a sua estrutura, as chuvas e as regas. E termos médios, podemos estimar perdas anuais da seguinte ordem:

• N = 05 a 60 kg; • P2 O5 = 00 a 10 kg; • K2 O = 05 a 30 kg; • Mg O = 10 a 50 kg; • Ca O = 100 a 150 kg.

Salinidade / condutividade do solo – Suas causas

• Rega com águas salinas; • Falta de lavagem do solo (pluviosidade baixa, insuficiência de regas); • Excesso de adubação.

No sentido de evitar a salinização dos solos podemos recorrer a alguns expedientes dos quais salientamos os seguintes:

• Usar águas com pouca salinidade; • Regar sempre com um pouco mais de água do que o exigido pelas culturas de

modo a provocar a lavagem do solo; • Repartir a aplicação dos fertilizantes por várias aplicações; • Usar fertilizantes com elevada % do elemento útil; • Aumentar a % de matéria orgânica no solo; • Controlar a salinidade através de análise ao solo e aplicar apenas os fertilizantes

necessários. A lavagem do solo com muita água é um meio expedito, e nalguns casos bastante eficaz, no controlo da salinidade do solo. O título orientativo aconselha-se regar de tempos a tempos (final da cultura) com volumes de água 1 a 2 vezes a capacidade máxima de campo o que, dependendo do tipo de solo, poderá requerer regas com 300 a 600 litros de água por m2.

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A tolerância das culturas à salinidade depende muito da % de matéria orgânica existente no solo sendo, para as mesmas culturas, os solos ricos em matéria orgânica mais favoráveis em termos de tolerância à salinidade.

% Matéria Orgânica

% Max. de Sal

% Matéria Orgânica

% Max. de Sal

05 0.2 25 0.6 10 0.3 30 0.7 15 0.4 35 0.8 20 0.5 40 0.9

A título de exemplo, para um solo com 10 a 15 % de matéria orgânica, a % de sal total tolerado é a seguinte:

• Tomate 0,6 % • Couves 0,5 - 0,6 % • Alface 0,4 % • Morango 0,2 %

Para as recomendações de fertilização o LQARS propõe a divisão das culturas em 3 grupos:

• Grupo 1 – Culturas muito sensíveis aos sais, como, por exemplo, alface, feijão, morango, antúrio, gerbera, gladíolo, lilium, narciso etc.

• Grupo 2 – Culturas medianamente sensíveis aos sais, como, por exemplo, beringela, melão, pepino, pimento, crisântemo, espargo ornamental, etc.

• Grupo 3 – Culturas pouco sensíveis aos sais, com, por exemplo, tomate, craveiro, roseira, etc.

Em relação à horticultura, um solo ideal deveria conter os seguintes níveis de matéria orgânica:

• Horticultura ao ar livre 3 – 5 % • Horticultura protegida (estufa) 6 – 8 %

Infelizmente para nós, nos solos da região do Algarve, estes valores são quase inexistentes, é difícil encontrar solos com mais de 3 – 5 % de matéria orgânica, sendo frequente as análises registarem valores da ordem dos 1,5% ou mesmo menos.

Avaliação da fertilidade do solo Existem numerosos quadros que apresentam e relacionam os níveis de fertilidade do solo para os diferentes elementos tendo em consideração a % de matéria orgânica e a textura do solo. Por exemplo, de acordo com “ D”ungung im Gartenbau Heft 14 LWK – Rheinland”, temos:

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1 - Solos arenosos contendo 3 a 5 % de matéria orgânica

Nível de fertilidade

N P2O5 K2O Mg

Baixo 50 100 100 40 Médio 50-100 100-180 100-150 40-60 Alto 110-200 190-350 160-250 60-12 Muito alto >200 >350 >250 >120 Nota – Valores em mg / kg de terra (=ppm) 2 - Solos argilosos contendo 3 a 5 % de matéria orgânica

Nível de fertilidade

N P2O5 K2O Mg

Baixo 50 110 150 80 Médio 50-100 110-180 150-300 80-160 Alto 110-200 190-350 310-500 160-200 Muito alto >200 >350 >500 >200 Nota – Valores em mg / kg de terra (=ppm) O LQARS, para os elementos P2O5, K2O e Mg, e independentemente do tipo de solo ou % de matéria orgânica, refere a seguinte classificação para culturas ao ar livre

Classe de fertilidade

P2O5 K2O Mg

Muito Baixa <25 <25 <30 Baixa 26-50 26-50 31-60 Média 51-100 51-100 61-90 Alta 101-200 101-200 91-125 Muito alta >200 >200 >125 Método de extracção

Egner-Riehm modificado

Egner-Riehm modificado

Acetato de amónio a pH 7

Apresentam ainda outro quadro que estabelece a correspondência entre os índices de fertilidade e os teores de fósforo, potássio e magnésio.

Teores do solo (ppm ou mg/kg)

Nível ou índice

P2O5 K2O Mg

1 <25 <25 <30 2 26-50 26-50 31-60 3 51-80 51-80 61-90 4 81-120 81-120 91-125 5 121-150 121-150 >125 6 151-200 151-200 7 >200 >200

Os dados inseridos nestes dois últimos quadros servem de referência para a fertilização de diversas culturas hortícolas e horto-industriais, devendo nestas condições seguir-se a

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metodologia inserida no livro “Manual de fertilização das culturas” editado pelo referido laboratório. No caso da recomendação de fertilização ser referente a “Culturas Protegidas (em estufa) o LQARS propões para as análise de terra, métodos diferentes dos utilizados para as culturas ao ar livre. Para além das culturas protegidas, estes métodos são igualmente aplicáveis a algumas culturas de ar livre, nomeadamente naquelas em que o solo é coberto com plástico e a fertilização é feita através da água de rega. Neste método, contrariamente ao que ocorre nas culturas ao ar livre, é sempre feita a determinação do azoto mineral, que é tido em conta nas recomendações de fertilização

Classe de fertilidade

Azoto mineral (Nmin)

Fósforo (P2O5)

Potássio (K2O)

Cálcio (CaO)

Magnésio (Mg)

Sódio (Na)

Muito baixa <05 <10 <20 <50 <10 <50 (óptimo)

Baixa 06-29 11-20 21-59 51-75 11-20 51-100 (médio)

Média 30-50 21-30 60-120 76-250 21-30 101-150

(alto)

Alta 51-75 31-60 121-150 251-300 31-50 Muito alta >75 >60 >150 >300 >50

>150 (muito alto)

Nota: classificação dos teores dos parâmetros em solos – método de extracção com água na proporção solo:água = 1:5 p/v. Os dados inseridos neste quadro servem de referência para a fertilização de “Culturas Protegidas” devendo nestas condições seguir-se a metodologia inserida no livro “Manual de fertilização das culturas” editado pelo referido laboratório.

Elementos para orientação da fertilização Para elaboração dos planos de fertilização é recomendável efectuar as análises ao solo e à água de rega. Caso o agricultor o solicite os serviços do Ministério da Agricultura, nomeadamente a Direcção Regional de Agricultura do Algarve, elaboram depois um plano de fertilização adequado à cultura em causa tendo como referência a metodologia inserida no livro “Manual de fertilização das culturas” editado pelo “Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva - LQARS”. Não sendo possível ou viável seguir este caminho, indicam-se de seguida alguns dados de carácter pratico e meramente orientativos, que podem ajudar o agricultor na hora de decidir a fertilização a aplicar a algumas culturas hortícolas, quer em estufa quer ao ar livre, na região do Algarve, considerando que os níveis de nutrientes no solo estão dentro dos valores médios. Chama-se a atenção para as culturas que possam decorrer em explorações inserida nas denominadas “Zonas Vulneráveis de Faro e Luz de Tavira” onde a legislação em vigor (Portaria nº 259/2012 de 28 de Agosto) impõe restrições ao uso de adubos azotados, devendo nessas condições evitar–se a aplicação de quantidades acima dos valores máximos permitidos. Hortícolas em Estufa (culturas protegidas) a) - Adubação de Fundo ou de Instalação

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Nível de adubação recomendado (g/m2) CULTURAS

Produção esperada

t/ha N P2O5 K2O MgO Aboborinha (courgette) 40-50 2-3 6-10 10-20 2-3 Alface 40-60 2-4 10-15 10-15 3-4 Beringela 50-60 2-3 6-12 10-20 2-3 Feijão Verde 35-45 2-4 6-12 10-20 2-3 Melão 50-60 2-3 6-12 10-20 2-3 Morangueiro 40-50 3-4 8-15 8-15 1-2 Pepino 80-100 2-3 10-15 10-25 2-3 Pimento 80-100 2-3 6-15 10-25 2-3 Tomate 100-120 2-3 6-15 10-25 2-3 a) - Adubação de Cobertura

Nível de adubação recomendado (g/m2) CULTURAS

Produção esperada

t/ha N P2O5 K2O Mg Aboborinha (courgette) 40-50 18-25 4-6 30-50 2-3 Alface 40-60 10-15 00-00 15-25 0-0 Beringela 50-60 15-25 4-6 30-40 3-4 Feijão Verde 35-45 12-25 4-6 20-25 1-2 Melão 50-60 18-25 6-8 30-50 2-3 Morangueiro 40-50 10-15 4-6 25-30 1-2 Pepino 80-100 18-25 6-8 40-60 3-4 Pimento 80-100 18-25 4-6 40-50 3-4 Tomate 100-120 18-25 6-8 50-70 3-4 Nota: - Aos valores indicados deduzir 10 a 20% nos solos de textura média e 30 a 40% em solos de textura fina (pesados/argilosos). A aplicação dos adubos em cobertura, muito em especial o Azoto e o Potássio; deverá ser fraccionada tendo em consideração a qualidade da água de rega, a época do ano, o estado de desenvolvimento da cultura, evitando aplicar mais de 1,5 a 2,0 g de adubo por litro de água. Hortícolas ao ar livre Adubação (considerando um nível de 3 para o fósforo e potássio e uma classe de fertilidade média para o Mg)

Nível de adubação recomendado (Kg/ha) CULTURAS

Produção esperada

t/ha N P2O5 K2O Mg

Abóbora e Aboborinha (courgette)

30-40 70-90 60-120 100-140 10

Alface 30-40 80-120 60-80 60-80 20-25 Alho comum 12 40-60 50-60 50-60 0-0 Batata 35-40 130-145 100-110 160-180 20-30 Cebola, Alho-Françes 35-40 125-140 110-120 110-120 0-5 Cenoura, Nabo 30-40 90-120 100-120 110-120 20-30 Couves (repolho, coração de 30-80 100-180 100-120 100-120 0-10

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boi, lombarda, roxa, bruxelas) Ervilhas (vagem) 8-10 0-40 100-120 80-100 20-30 Espinafre 20-30 80-100 100-120 100-120 20-30 Feijão verde (vagem) 15-20 60-80 80-90 80-90 20-30 Melancia, Pepino 25-35 90-135 80-120 120-140 5-10 Melão 35-40 135-150 120-130 140-160 20-30 Morangueiro 30-35 110-120 80-90 120-140 20-30 Pimento 30-40 125-150 100-125 125-150 20-30 Tomate 70-80 180-200 130-150 160-180 20-30 As culturas ao ar livre, nomeadamente as horto industriais, nem sempre dispõem de condições para efectuar a fertirrega com vista à aplicação dos adubos de cobertura. Assim, em geral, aconselha-se aplicar a totalidade do fósforo e a maior parte do potássio e do magnésio em fundo. No caso do azoto aplicar apenas metade a um terço em fundo. O restante, bem como o que falta do potássio e do magnésio, deverá ser aplicado em várias coberturas, se possível, em fertirrega. Em termos práticos aconselha-se iniciar a fertilização (cobertura) 3 a 4 semanas após a plantação, quando as plantas já estão pegadas e evitar a aplicação dos adubos na fase final do ciclo, como forma de atenuar os fenómenos de salinização dos solos,. Como é evidente se os solos forem pobres, num ou mais elementos (N, P2O5, K2O, MgO) ou se prevemos produções mais elevadas, os valores a aplicar serão um pouco mais elevados. Do mesmo modo se os solos forem ricos, num ou mais elementos (N, P2O5, K2O, MgO) ou se prevemos produções mais baixas, os valores a aplicar serão menores.

Cálculo das quantidades de adubo a aplicar Para calcular a quantidade de adubo necessária para fornecer os nutrientes adequados a cada cultura temos primeiramente que escolher o adubo, ou adubos, mais adequados a cada caso.

1 - Adubos que fornecem azoto : - Ureia, Nitrato de amónio, sulfato de amónio; nitrato de cálcio, nitrato de potássio, nitrato de magnésio; 2 - Adubos que fornecem fósforo: -- Superfosfatos, acido fosfórico, fosfatomonoamónio; 3 - Adubos que fornecem Potássio: -- Nitrato de potássio, sulfato de potássio; 4 - Adubos que fornecem azoto e fósforo: - Fosfato de amónio, fosfatomonoamónio; 5 - Adubos que fornecem azoto e potássio: - Nitrato de potássio; 6 – Adubos que fornecem azoto, fósforo e potásio: - Foskamonio 10-10-10, foskamonio 15-15-15; 7 – Adubos que fornecem magnésio: - Sulfato de magnésio, nitrato de magnésio.

É também importante saber se o adubo é apara aplicar a lanço ou em fertirrega. No primeiro caso usam-se adubos sólidos que podem aparecer no mercado sob a forma de granulados (foskamonio, superfosfato) de cristais (sulfato de amónio) ou de pérolas brancas (ureia) e não necessitam ser solúveis em água. Caso os adubos sejam aplicados em fertirrega, exige-se que os mesmos sejam solúveis em água (nitrato de amónio, fosfatomonoamónio, nitrato de potássio, nitrato de magnésio) ou que sejam líquidos (ácido fosfórico, adubos líquidos complexos).

Exemplo de adubos a aplicar num hectare de Tomate em estufa

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a) - Adubação de Fundo ou de Instalação

Nível de adubação recomendado (Kg/ha) CULTURA

Produção esperada

t/ha N P2O5 K2O MgO Tomate 100 20 100 200 20

Adubos escolhidos Superfosfato 18% (N=00-P2O5=18- K2O=00-Ca=00-Mg=00) Sulfato de Potássio (N=00-P2O5=00- K2O=50-Ca=00-Mg=00) Sulfato de Amónio (N=20,5-P2O5=00- K2O=00-Ca=00-Mg=00) Sulfato de Magnésio (N=00-P2O5=00- K2O=00-Ca=00-Mg=16)

kg/Área Adubos N P2O5 K2O MgO

556 Superfosfato 18% 100

400 Sulfato de Potássio 200

98 Sulfato de Amónio 20

333 Sulfato de Magnésio 20

20 100 200 20

b) - Adubação de Cobertura

Nível de adubação recomendado (Kg/ha) CULTURA

Produção esperada

t/ha N P2O5 K2O MgO Tomate 100 250 60 500 30

Adubos escolhidos Ácido fosfórico (N=00-P2O5=54.3- K2O=00-Ca=00-Mg=00) Nitrato de Potássio (N=13-P2O5=00- K2O=46-Ca=00-Mg=00) Sulfato de Amónio (N=20,5-P2O5=00- K2O=00-Ca=00-Mg=00) Sulfato de Magnésio (N=00-P2O5=00- K2O=00-Ca=00-Mg=16)

kg/Área Adubos N P2O5 K2O MgO

110 Ácido Fosfórico 60

1087 Nitrato de Potássio 141 500

324 Nitrato de Amónio 109

500 Sulfato de Magnésio 30

250 60 500 30

Substratos para viveiros de culturas hortícolas Hoje em dia existem na região do Algarve viveiros especializados que fornecem as plantas hortícolas prontas para a plantação, na época adequada a cada espécie ou variedade. Todavia isso não invalida que alguns agricultores queiram ou tenham

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necessidade de preparar na sua exploração o viveiro tendo em vista a produção de jovem plantas para estufa ou ar livre (Foto 2). Fotografia 2 – Plantas de tomate em viveiro Nestas condições poderá o agricultor adquirir no mercado substratos, já preparados para o efeito, ou preparar ele próprio na sua exploração um substrato adequado à sementeira de diferentes espécies hortícolas.

Quantidades dos diferentes elementos necessários à obtenção de um substrato:

• 2 sacos de turfa 640 litros • Terra de boa qualidade (isente de sementes, e contaminantes) 320 litros • Carbonato de cálcio (CaCO3) 2,00 kg • Adubo N-P-K-Mg (2:1:3:1) 1,5 kg • Quelato de ferro 25 gramas • Sulfato de manganês 10 gramas • Sulfato de cobre 5 gramas • Sulfato de zinco 5 gramas • Boro (bórax) 5 gramas • Molibdato de amónio 2 gramas

Nota: os microelementos devem ser diluídos em água.

Não misturar o ferro (Fe), o Boro (B) e o Molibdato de amónio (Mo) com os outros elementos. Podemos substituir os microelementos por 100 g de um adubo com os microelementos acima indicados (ex. Fetrilon combi).

Dependendo do tamanho do mote, ou das alvéolos das placas de sementeira, o volume assim preparado permite obter 2000 (motes de 7cm) a 7000 (motes de 5 cm) plantas.

Duração dos viveiros De 1981 a 1987 decorreram na DRAPAG (Projecto Luso-Alemão) numerosos ensaios onde, utilizando os substratos acima referidos se semearam diferentes culturas hortícolas.

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Hoje em dia, como já referimos, as condições são diferentes e os motes e substratos antes referidos são pouco utilizados. A título orientativo/informativo insere-se o quadro seguinte, com valores médios relativos ao tempo que decorreu, em diferentes épocas, da sementeira à saída das plantas do viveiro. Cultura Mote Julho/Agosto Novembro/Dezembro Janeiro/Fevereiro Março/Abril Tomate 7 cm 3-4 semanas 7-8 semanas 6-7 semanas 3-4 semanas Pepino 7 cm 2-3 semanas 6-7 semanas 4-5 semanas 2-3 semanas Melancia 7 cm 2-3 semanas 6-7 semanas 5-6 semanas 3-4 semanas Courgette 7 cm 2-3 semanas 4-5 semanas 2-3 semanas Pimento 7 cm 4-5 semanas 7-8 semanas 6-7 semanas 4-5 semanas Couves 5 cm 3-4 semanas 6-7 semanas 4-5 semanas 3-4 semanas Alface 5 cm 3-4 semanas 4-5 semanas 4-5 semanas 3-4 semanas Nota: - viveiros em estufas sem ambiente aquecido. 04/06/2013 Armindo Rosa