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Serão os valores morais Serão os valores morais relativos? relativos? Ou Serão Universais e absolutos? Ou Serão Universais e absolutos? Argumentos para esclarecer este Argumentos para esclarecer este problema problema

Serão os valores morais relativos?

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Serão os valores morais Serão os valores morais relativos?relativos?

Ou Serão Universais e absolutos?Ou Serão Universais e absolutos?

Argumentos para esclarecer este Argumentos para esclarecer este problemaproblema

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A natureza dos valoresA natureza dos valores

Dos vários tipos de valores é Dos vários tipos de valores é fácil perceber que alguns fácil perceber que alguns dependem do sujeito, das dependem do sujeito, das suas preferências, das suas suas preferências, das suas necessidades, são valores necessidades, são valores subjectivos porque sobre o subjectivos porque sobre o mesmo objecto diferentes mesmo objecto diferentes sujeitos reconhecem sujeitos reconhecem diferentes valores.diferentes valores.

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Diversidade subjectivaDiversidade subjectiva

Por exemplo: Umas luvas podem ter muito valor Por exemplo: Umas luvas podem ter muito valor para quem vive na Sibéria ou para quem sofre de para quem vive na Sibéria ou para quem sofre de fieiras e nenhum valor para quem está neste fieiras e nenhum valor para quem está neste momento no Brasil, ou para quem simplesmente momento no Brasil, ou para quem simplesmente não gosta de luvas. não gosta de luvas. O valor da utilidade dado às O valor da utilidade dado às luvas parece depender da circunstância ou do luvas parece depender da circunstância ou do gosto de cada um dos sujeitos, dizemos que gosto de cada um dos sujeitos, dizemos que esses valores têm um carácter subjectivo.esses valores têm um carácter subjectivo.

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Será assim tão simples?Será assim tão simples?

Mas em relação aos valores morais parece que Mas em relação aos valores morais parece que eles são diferentes porque não dependem do eles são diferentes porque não dependem do gosto ou das circunstâncias do sujeito. Por gosto ou das circunstâncias do sujeito. Por exemplo torturar uma pessoa inocente, parece exemplo torturar uma pessoa inocente, parece ser sempre incorrecto, independentemente de ser sempre incorrecto, independentemente de alguém numa certa circunstância o defender. Os alguém numa certa circunstância o defender. Os valores morais parecem ter um carácter valores morais parecem ter um carácter objectivo e não subjectivo.objectivo e não subjectivo.

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A diversidade culturalA diversidade cultural

Podemos ainda pensar que há valores que Podemos ainda pensar que há valores que dependem do nosso contexto cultural. Por dependem do nosso contexto cultural. Por exemplo: O valor dado à liberdade religiosa, exemplo: O valor dado à liberdade religiosa, política e de união dos indivíduos, parece ser política e de união dos indivíduos, parece ser mais valioso para a nossa cultura que para outras mais valioso para a nossa cultura que para outras em que é considerado incorrecto não seguir a em que é considerado incorrecto não seguir a religião do seu país. religião do seu país.

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Diferentes concepções do casamentoDiferentes concepções do casamento

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O que é a cultura?O que é a cultura? A cultura como criação: recebe-se por tradição mas vai-se A cultura como criação: recebe-se por tradição mas vai-se

renovando com a integração de novos elementos (aculturação).renovando com a integração de novos elementos (aculturação). A cultura como informação: conjunto de conhecimentos A cultura como informação: conjunto de conhecimentos

teóricos (ciência) e práticos (boa educação)teóricos (ciência) e práticos (boa educação) A cultura como factor de humanização: o homem só cumpre a A cultura como factor de humanização: o homem só cumpre a

sua natureza essencial no seio da cultura.sua natureza essencial no seio da cultura. A cultura é a adopção e partilha de um conjunto de símbolos e A cultura é a adopção e partilha de um conjunto de símbolos e

rituais que possibilitam uma interpretação da realidade e a rituais que possibilitam uma interpretação da realidade e a sensação de pertença a um grupo. Exemplo: os rituais do sensação de pertença a um grupo. Exemplo: os rituais do casamento, de funeral, a língua, forma de vestir.casamento, de funeral, a língua, forma de vestir.

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Assim há discussão sobre o carácter dos valores. Serão Assim há discussão sobre o carácter dos valores. Serão subjectivos e dependentes dos gostos de cada um? subjectivos e dependentes dos gostos de cada um? Serão objectivos e independentes dos gostos? Serão Serão objectivos e independentes dos gostos? Serão culturais?culturais?

A questão é mais importante se pensarmos nos valores A questão é mais importante se pensarmos nos valores morais e nos abusos e crueldades que se podem morais e nos abusos e crueldades que se podem cometer sobre certos indivíduos.cometer sobre certos indivíduos.

Quanto aos valores morais é urgente compreender as Quanto aos valores morais é urgente compreender as razões que nos podem elucidar sobre a sua natureza.razões que nos podem elucidar sobre a sua natureza.

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Terá a natureza um valor absoluto? Terá a natureza um valor absoluto? Ou a democracia?Ou a democracia?

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Para esta questão há três respostas Para esta questão há três respostas possíveis:possíveis:

A TEORIA SUBJECTIVISTAA TEORIA SUBJECTIVISTA que afirma que os valores morais dependem que afirma que os valores morais dependem do sujeito e não há portanto nenhuma autoridade moral que possa afirmar do sujeito e não há portanto nenhuma autoridade moral que possa afirmar objectivamente que esta acção é correcta ou incorrecta. Não há verdade objectivamente que esta acção é correcta ou incorrecta. Não há verdade moral.moral.

A TEORIA RELATIVISTA MORALA TEORIA RELATIVISTA MORAL que deriva do relativismo cultural e que deriva do relativismo cultural e da diversidade de culturas e de procedimentos. Afirma que não há verdade da diversidade de culturas e de procedimentos. Afirma que não há verdade moral universal ou que cada cultura tem a sua verdade moral.moral universal ou que cada cultura tem a sua verdade moral.

A TEORIA OBJECTIVISTAA TEORIA OBJECTIVISTA que afirma que há verdade moral baseada na que afirma que há verdade moral baseada na razão, e que há portanto o correcto e o incorrecto independentemente das razão, e que há portanto o correcto e o incorrecto independentemente das preferências do sujeito e da cultura.preferências do sujeito e da cultura.

Argumentos a favor e contra cada uma destas formas de encarar os juízos Argumentos a favor e contra cada uma destas formas de encarar os juízos morais.morais.

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Qual destas três teorias tem melhores Qual destas três teorias tem melhores argumentos?argumentos?

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Argumento a favor do relativismo Argumento a favor do relativismo cultural e moral:cultural e moral:

Favorece a tolerânciaFavorece a tolerância, isto é, aceitação da diversidade. Deste modo preserva-, isto é, aceitação da diversidade. Deste modo preserva-se a diferenciação e permite o diálogo entre diferentes formas de conceber as se a diferenciação e permite o diálogo entre diferentes formas de conceber as relações humanas. Compreende-se que não há culturas superiores e, assim, relações humanas. Compreende-se que não há culturas superiores e, assim, não se pode impor um padrão. Combate o etnocentrismo, isto é, a razão que não se pode impor um padrão. Combate o etnocentrismo, isto é, a razão que alguns grupos culturais evocam para destruir os costumes de outros.alguns grupos culturais evocam para destruir os costumes de outros.

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Outro argumento a favor:Outro argumento a favor:

A A DiversidadeDiversidade de costumes, e de de costumes, e de procedimentos, assim como de formas de procedimentos, assim como de formas de valorar.valorar.

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Objecção: Relativismo cultural não Objecção: Relativismo cultural não significa relativismo moral.significa relativismo moral.

A aceitação de que não há culturas superiores, não A aceitação de que não há culturas superiores, não significa que todas as práticas culturais sejam significa que todas as práticas culturais sejam moralmente aceitáveis.moralmente aceitáveis.

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Argumento contra o relativismo Argumento contra o relativismo cultural e moralcultural e moral

A indiferença:A indiferença: O facto de aceitarmos evidentes O facto de aceitarmos evidentes crueldades sobre comunidades mais fracas, crueldades sobre comunidades mais fracas, como a violência sobre as mulheres, com a como a violência sobre as mulheres, com a justificação da diversidade, torna-nos cúmplices justificação da diversidade, torna-nos cúmplices e indiferentes do ponto de vista moral.e indiferentes do ponto de vista moral.

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IndiferençaIndiferença

é um valor negativo, é a ausência de sensibilidade para o é um valor negativo, é a ausência de sensibilidade para o outrooutro

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Outro argumento contra:Outro argumento contra: Conformismo social:Conformismo social: Dentro de cada cultura há Dentro de cada cultura há

indivíduos que discordam e lutam contra certas práticas indivíduos que discordam e lutam contra certas práticas e tradições. Não concordam com a forma como as leis e tradições. Não concordam com a forma como as leis morais punem e não têm em conta os direitos das morais punem e não têm em conta os direitos das minorias. Sendo relativistas estamos a negar a minorias. Sendo relativistas estamos a negar a independência do pensamento de alguns que se independência do pensamento de alguns que se revoltam contra as injustiças das suas culturas. Estamos revoltam contra as injustiças das suas culturas. Estamos a defender o conformismo social, a verdade da maioria. a defender o conformismo social, a verdade da maioria. Negamos também a evolução dos costumes que se vão Negamos também a evolução dos costumes que se vão alterando pela reivindicação e revolta de alguns alterando pela reivindicação e revolta de alguns dissidentes.dissidentes.

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Outra espécie de relativismo: O Outra espécie de relativismo: O SubjectivismoSubjectivismo

ARGUMENTOS A FAVOR: ARGUMENTO DA ARGUMENTOS A FAVOR: ARGUMENTO DA

DIVERSIDADE OU DO DESACORDODIVERSIDADE OU DO DESACORDO Este argumento também é válido para o Este argumento também é válido para o

RELATIVISMORELATIVISMO e baseia-se na verificação do facto de e baseia-se na verificação do facto de que os juízos de valor variam consoante os indivíduos, que os juízos de valor variam consoante os indivíduos, há, portanto, diversas formas de considerar as acções e, há, portanto, diversas formas de considerar as acções e, muitas vezes há desacordo sobre o que está correcto ou muitas vezes há desacordo sobre o que está correcto ou incorrecto.incorrecto.

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Não podemos pôr um fecho éclair na Não podemos pôr um fecho éclair na história da pluralidade. história da pluralidade.

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Argumento contra:Argumento contra:

A CONTRADIÇÃO:A CONTRADIÇÃO: Parece implicar uma Parece implicar uma contradiçãocontradição considerar que não há qualquer verdade moral e que considerar que não há qualquer verdade moral e que todos os juízos e procedimentos morais são todos os juízos e procedimentos morais são justificáveis. Se assim fosse o diálogo seria impossível, justificáveis. Se assim fosse o diálogo seria impossível, visto que não haveria forma de mostrar por um visto que não haveria forma de mostrar por um conjunto válido de razões porque certos juízos e conjunto válido de razões porque certos juízos e procedimentos são incorrectos, não haveria mesmo o procedimentos são incorrectos, não haveria mesmo o bem e o mal, mas certas disposições, todas boas ou bem e o mal, mas certas disposições, todas boas ou nenhuma boa. nenhuma boa.

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Será justificável queimar livros?Será justificável queimar livros?

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Objecção: Argumento contraObjecção: Argumento contra

O Objectivismo contraria este argumento O Objectivismo contraria este argumento dizendo que o facto de haver diversidade de dizendo que o facto de haver diversidade de opiniões e juízos não significa que sejam todos opiniões e juízos não significa que sejam todos verdadeiros, alguns podem ser verdadeiros e verdadeiros, alguns podem ser verdadeiros e outros falsos. Porque as pessoas podem estar outros falsos. Porque as pessoas podem estar enganadas acerca dos seus valores morais e à enganadas acerca dos seus valores morais e à forma como julgam as suas acções e as dos forma como julgam as suas acções e as dos outros.outros.

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A declaração universal dos direitos A declaração universal dos direitos do Homem?do Homem?

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Talvez haja valores morais absolutos Talvez haja valores morais absolutos e universais.e universais.

A TEORIA OBJECTIVISTAA TEORIA OBJECTIVISTA afirma que há afirma que há verdades morais, e valores morais objectivos, de verdades morais, e valores morais objectivos, de acordo com a razão, independentemente das acordo com a razão, independentemente das preferências do sujeito e da cultura. A carta preferências do sujeito e da cultura. A carta universal dos direitos humanos poderia ser um universal dos direitos humanos poderia ser um facto que fundamenta esta concepção.facto que fundamenta esta concepção.

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Nesta perspectiva a Natureza tem Nesta perspectiva a Natureza tem valor absoluto. Intrínsecovalor absoluto. Intrínseco

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Argumentos a favor:Argumentos a favor:

ARGUMENTO DAS CONSEQUÊNCIAS ARGUMENTO DAS CONSEQUÊNCIAS INDESEJÁVEIS:INDESEJÁVEIS:Se aceitarmos o subjectivismo e o relativismo Se aceitarmos o subjectivismo e o relativismo teremos de aceitar procedimentos racistas e teremos de aceitar procedimentos racistas e práticas de crueldade sobre inocentes.práticas de crueldade sobre inocentes.

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Outro argumento a favor:Outro argumento a favor:

COINCIDÊNCIA DE VALORESCOINCIDÊNCIA DE VALORES Como o subjectivista salienta a diversidade, o Como o subjectivista salienta a diversidade, o

objectivista pode salientar a comunidade de objectivista pode salientar a comunidade de certos valores, há consenso sobre certos valores certos valores, há consenso sobre certos valores morais, como a Carta Universal dos Direitos morais, como a Carta Universal dos Direitos Humanos.Humanos.

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Parece haver consenso sobre isto.Parece haver consenso sobre isto.

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Objecções:Objecções:

ARGUMENTO DOS VALORES NÃO SEREM ARGUMENTO DOS VALORES NÃO SEREM ENTIDADESENTIDADES

Se os valores não tivessem na nossa mente, teria de Se os valores não tivessem na nossa mente, teria de haver algo como a beleza, ou algo como a justiça, como haver algo como a beleza, ou algo como a justiça, como entidades separadas e isso parece muito estranho.entidades separadas e isso parece muito estranho.

O OBJECTIVISTA contrapõe dizendo que as O OBJECTIVISTA contrapõe dizendo que as propriedades primárias e objectivas como as cores dos propriedades primárias e objectivas como as cores dos objectos também precisam de alguém que as avalie e, objectos também precisam de alguém que as avalie e, no entanto são qualidades dos próprios objectos e não no entanto são qualidades dos próprios objectos e não são dadas pelo sujeito.são dadas pelo sujeito.

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Observe a figura e responda à Observe a figura e responda à seguinte questão: O que deve o seguinte questão: O que deve o

guarda fazer? Justifique.guarda fazer? Justifique.