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EVANGELHO À LUZ DO ESPIRITISMO
JESUS E O TEMPLO
NÃO DEPENDIA DELE, MAS O FREQUENTAVA.
Adorando a Deus, "em espírito e em verdade", Jesus amava a Deus e ao próximo, cumprindo, em tudo e sempre, a vontade de Deus, onde, quando, como e com quem estivesse.
Para essa adoração, não dependia do majestoso edifício do Templo nem
de seus cerimoniais, rituais, prescrições ou
autoridade de seus sacerdotes.
Não quer dizer que não respeitasse a atividade
do Templo, que a considerasse inútil, nem
que a combatesse.
Durante sua vida terrena, Jesus muitas vezes esteve no Templo de Jerusalém.
Na infância, levado por seus pais; na idade adulta, comparecendo pessoal e voluntariamente.
Natural o fizesse, pois tinha de dar orientação espiritual ao povo e, para os israelitas, o Templo era o necessário e importante ponto de encontro para o trato das coisas espirituais.
A APRESENTAÇAO DE JESUS NO TEMPLO(LUCAS, 2.)
Seus pais o levaram (vs. 22/24): sendo Jesus um filho primogênito, mandava a lei dos israelitas que fosse apresentado ao Senhor, no Templo, e sua mãe levasse uma oferenda.
Os pais de Jesus cumpriram essa lei, levando-o (com apenas um mês de nascido); como eram pobres, ofereceram somente 2 pombinhos.
Simeão o identifica (vs. 25/35): homem
justo e piedoso, Simeão morava em Jerusalém e "o Espírito Santo estava nele" (era médium dos
bons espíritos).
Fora avisado (mediunicamente) que não morreria antes de
ver o Cristo.
No dia em que os pais de Jesus o levaram ao Templo, inspirado espiritualmente Simeão também foi lá e, ao ver Jesus, o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo:
-"Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque os meus olhos já viram a tua salvação (...)".
Ante a admiração de Maria e José por
esse louvor e profecia sobre Jesus, Simeão esclareceu:
-"Eis que este menino está
destinado tanto para ruína como
para levantamento de muitos em
Israel, e para ser alvo de
contradição, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações".
Anunciou, também, que Maria teria sua alma transpassada por uma espada (= sofreria uma grande dor).
Ana, a profetisa (Vs. 26/38): também médium, era uma mulher de idade avançada (84 anos). Apenas 7 anos estivera casada, enviuvando bem moça. Desde então, não se apartava do Templo, servindo a Deus noite e dia, em jejuns e oração. — Chegou ao Templo na mesma hora da apresentação de Jesus e "louvava a Deus e falava de Jesus a todos aqueles que esperavam a redenção de Jerusalém".
Como vimos na aula "Nascimento e Infância
de Jesus", quando tinha 12 anos Jesus
acompanhou os pais a Jerusalém, para as
festividades religiosas da Páscoa e lá
dialogou com os doutores da lei, a
todos admirando com a sabedoria de suas
respostas, argumentando depois com Maria que devia tratar dos "assuntos
do seu Pai".
No pináculo do Templo, para ser tentado. (Mt. 4
vs. 1/11, Mc. 1 vs. 12/13 e Lc. 4 vs. 1/13)
A tentação de Jesus provavelmente não foi um fato real.
A tentação teria começado no "deserto" (= isolamento, soledade); de fato é sozinho e no íntimo que cada um experimenta os apelos da inferioridade, a que deve resistir, como Jesus fez.
Parece mais um simbolismo de como a criatura é experimentada, antes de poder realizar sua missão espiritual.
Abrangeu 3 pontos fundamentais, em que toda criatura precisa ser experimentada, testada:
1- Quando Jesus, no deserto, teve fome, o tentador se aproximou:
-"Se és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães".
É a tentação do materialismo, o apelo para colocarmos o espírito a serviço da matéria, quando a matéria é que serve ao espírito; é a sugestão inferior para cuidar mais do corpo e da satisfação dos sentidos que da vida espiritual, até desviando para isso faculdades espirituais.
-"Não só de pão vive o homem, mas de toda a
palavra que vem da boca de Deus",
respondeu Jesus, citando Deut. 8 v.3.
De fato, o espírito se alimenta de muitos
recursos invisíveis com que Deus lhe sustenta a
vida (ex.: verdade, amor, fluidos).
2- O demônio, então, o transportou à cidade santa (Jerusalém) e o colocou sobre o ponto mais alto do Templo (pináculo), dizendo-lhe:"Se és o Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé nalguma pedra" (Salmo 90 vs. 11/12).
É a tentação do orgulho, o apelo a julgar-se muito importante, merecendo tratamento especial, privilegiado.
Jesus respondeu, citando o Deut. 6:16: — "Não tentarás o Senhor teu Deus".
Significa que devemos respeitar as leis divinas, que visam ao bem geral, sem a pretensão de recebermos condições especiais em nosso favor, nem mesmo por servirmos na área religiosa, espiritual.
3- Então, o "demônio o transportou
uma vez mais a um monte muito alto, e lhe mostrou
todos os reinos do
mundo e a sua glória,
dizendo-lhe:
-"Dar-te-ei tudo isto se,
prostrando-te diante de mim, me
adorares".
É a tentação da ambição,
o apelo ao desejo de poder e de
posse (mando
pessoal e domínio
sobre seres e coisas).
JESUS NO TEMPLO
Como não era sacerdote, Jesus, quando ia ao Templo, não podia entrar no Santo dos Santos e nem sequer no pátio mais interno. Mas no pátio dos israelitas ele podia entrar, pois também era um deles.
Geralmente, porém, Jesus ficava no pátio dos gentios (o mais externo deles e onde qualquer pessoa podia entrar).
Ali é que fazia sua pregação, conversando tanto com o povo (gentios ou não) como com os sacerdotes, escribas, fariseus, saduceus, doutores da lei.
Formulava perguntas ou a elas
respondia, discursava ou
contava parábolas.
Uma das passagens em que a presença de Jesus
no Templo mais repercutiu e ensejou, em seguida, muitos
ensinamentos, foi a da expulsão dos vendilhões.
A EXPULSÃO DOS VENDILHÕES(MI. 21 V. 12/13, MC. 11 V. 15/18, LC. 19 V. 45/46 E JO. 2 VS. 14/17.)
No pátio dos gentios havia comércio (de animais e objetos de culto), câmbio de moedas (para visitantes e forasteiros) e coleta de esmolas ou donativos.
Tudo isso causava muito movimento, ruído, vozerio, agitação, num jogo de interesses, disputas e ambição que:
-desviava a finalidade do Templo;
-perturbava o seu ambiente espiritual.Certo dia, quando entrou no Templo, Jesus fez azorrague dos cordéis e começou a expulsar a todos que compravam e vendiam, bem como as ovelhas e bois; derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas deles e as cadeiras dos que vendiam pombos; e não deixava que ninguém conduzisse qualquer utensílio pelo Templo.
Com isso, Jesus:
-não condenava
nem impedia o
serviço espiritual
do Templo;
-nem afastava os sacerdotes ou os fiéis dos cultos.
O que procurava
era:
-corrigir o desvio da finalidade
superior do Templo;
-defender a pureza da atividade
espiritual dentro dele.
Estaria transtornado pela cólera, quando agiu
assim?
Verificamos que não, porque não feriu nenhum ser vivente (nem mesmo os pombos, cujas gaiolas mandou retirar para que eles não se ferissem); apenas afugentou animais e pessoas, derramou dinheiro e virou mesas e cadeiras.
Por que agiu desta forma espetacular?
A fim de atrair a atenção de todos para o que queria ensinar:
-"Não está escrito: 'A minha casa será chamada casa de oração?
Vós, porém, a tendes feito covil de salteadores".
Graças à preparação psicológica que Jesus fizera nos assistentes, pelo impacto emocional que causou, o ensino ficou gravado em seus espíritos, de modo indelével:
-os discípulos lembraram do
salmo "O zelo de tua casa me consumiu"
(Salmos, 69 v.9);
-o povo todo comentou o fato,
passando o ensino adiante;
-nenhum dos 4 evangelistas
deixou de registrar o
acontecimento.
OS ENSINOS SUBSEQUENTES À EXPULSÃO DOS VENDILHÕES
O acontecimento provocou muitas perguntas e comentários que Jesus aproveitou, para ministrar outros ensinamentos.
Vamos citar apenas dois deles, que têm relação mais direta com o Templo.
Com que autoridade fazes estas
coisas? Quem te deu essa autoridade?
Indagação dos principais dos sacerdotes e anciãos
do povo a Jesus, no Templo, no dia seguinte
ao da expulsão dos vendilhões.
-Eu também vos farei uma pergunta; se me
responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas.
Donde era o
batismo de João: do céu ou dos homens
?
Confabularam entre
si:
Se dissermos:
Do céu, ele nos
dirá: Então, por que não
acreditastes nele?
E se dissermos
: Dos homens,
é de temer o povo,
porque todos
consideram João como
profeta.
-Não sabemos.
Como não lhes
convinha responder nem de um jeito nem de outro, disseram:
-Nem eu vos digo com que
autoridade faço estas coisas.
Ensino: ao enfrentar
adversários, não se indignar nem acusar, usar a inteligência.
Em três dias o reerguerei
(Jo. 2 vs. 18/22.)
Perguntaram-lhe os judeus:
Que sinal nos apresentas tu, para
proceder deste modo?
Destruí este templo, e eu o reerguerei em
três dias.
" Em 46 anos foi edificado este templo, e tu hás de levantá- lo
em 3 dias?"
"Mas ele falava do templo do
seu corpo. Depois que
ressurgiu dos mortos, os seus
discípulos lembraram-se
destas palavras, e creram na
Escritura e na palavra de
Jesus".
Jesus, por sua grande evolução, em apenas 3 dias estava em plenas
condições de equilíbrio e ação
no mundo espiritual, após a desencarnação,
assim reaparecendo
aos seus discípulos,
fazendo, tanto do seu corpo fluídico
como o fizera com o físico, um templo divino.
Feio ou bonito, saudável ou
enfermo, íntegro ou deficiente,
nosso corpo foi planejado para ser também um templo divino, onde devemos fazer o culto do
eterno bem. Como e para
quê o estamos usando?
O ANÚNCIO DA DESTRUIÇÃO DO TEMPLO:
A saída do templo, os discípulos disseram a
Jesus:
-Olha que pedras e que monumentos!
-Não ficará pedra sobre
pedra que não seja
derrubada, responde
Jesus.
E, em seguida, o Mestre profere o sermão
profético.
Assim Jesus ensinava mais uma vez aos
discípulos que o espírito é que é de importância fundamental, sendo a
matéria uma construção temporária.
Referências de Jesus ao Templo em seus
ensinos e feitos
Vai mostrar-te ao sacerdote
Ao leproso que curou, na descida do monte,
após o sermão das bem-aventuranças, Jesus recomendou:
-Nada digas a ninguém mas vai, mostra-te ao
sacerdote (por certo no Templo) e apresenta a
oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
Dois homens no Templo (Lc. 18 v. 10)
Contando a parábola do fariseu e do publicano, que
subiram ao templo para orar, Jesus ensina
a necessidade de contrição, humildade e desejo do bem para
a prece alcançar atendimento.
Maior que o Templo é a criatura (Mt. 12 v. 6)
Passando os discípulos
de Jesus por uma seara,
tiveram fome,
colheram espigas e as comeram.
Mas era sábado, dia em que o
trabalho era proibido, e
colher espigas
considerado trabalho.
Fariseus: "Não é
lícito". E recriminavam a Jesus,
porque como
mestre era o responsável
pela orientação da conduta
de seus discípulos.
Jesus relembra então, quando Davi e seus homens, perseguidos e famintos, entraram no Templo e comeram os pães reservados para culto e oferenda a Deus e ninguém os condenava por isso.Lembrou também Jesus que os sacerdotes no templo violavam o sábado (trabalhavam nas funções religiosas) e não havia culpa nisso.
A essa altura da comparação, já dava para entender que os discípulos de Jesus estavam plenamente justificados de haverem colhido espigas mesmo num dia de sábado, porque o haviam feito:
-para saciar a fome e sobreviver (como Davi).
-e enquanto estavam em função espiritual, socorrendo e orientando o povo (como os sacerdotes no Templo).
ENTÃO, CONCLUIU JESUS:
-Pois aqui está quem é maior do que o templo.
A criatura é mais importante que o templo, pois o templo existe para ela e não ela para o templo.Muitas outras passagens esclarecedoras e edificantes existem nos Evangelhos sobre Jesus no Templo. Algumas ainda serão abordadas em aulas futuras.
Do que já aprendemos, fica claro que, como Jesus, devemos zelar e cuidar do nosso templo, a
casa espírita, fazendo dela um
lugar onde se ensina a verdade
espiritual e se vive o amor a
Deus e ao próximo.
Se possível, procuremos atrair
para o templo espírita as demais criaturas, a fim de
que nele se beneficiem
também, como o fomos nós no passado e o
estamos sendo no presente.
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Therezinha Oliveira
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