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“A BOLA AMARELA” Raquel Delgado O sol é uma bola amarela Que gosta das rosas, Que gosta do mar, E da primeira andorinha Que possa voar O sol gosta de mim, O sol gosta de ti, O sol gosta de todos os meninos Que vê a brincar

Fichas De Poesia

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Page 1: Fichas De Poesia

“A BOLA AMARELA”Raquel Delgado

O sol é uma bola amarela

Que gosta das rosas,

Que gosta do mar,

E da primeira andorinha

Que possa voar

O sol gosta de mim,

O sol gosta de ti,

O sol gosta de todos os meninos

Que vê a brincar

“HOJE É NATAL”Maria Aurora

Page 2: Fichas De Poesia

- Mamã, rasguei o vestidoNão ralhes comigo, Porque hoje é Natal !

- Papá desenruga a testa,Vá, faz-me uma festa,Porque hoje é Natal !

- Avô larga o teu bordãoDá-me a tua mão,Porque hoje é Natal !

- Bebé, eu dou-te o leitinhoNão faças beicinho,Porque hoje é Natal !

- Amigo enche a tua cestaDe maças, de figos e bolos,De ternura aos molhos,Vem comer connosco,Porque hoje é Natal !

“O VERDE”M. Alberta Menéres, António Torrado

Eu sou o verde,Vim de um arco-íris e escorregueiPor dentro de uma gota de chuva.O céu era azul e a terra amarela, E deles nasci.Andei à cata de coisasE poisei num cacto do deserto.

Page 3: Fichas De Poesia

De mar em mar, De lagarto em rã, Descobri esmeraldasE abri olhos de gatos.Andei de gatas, rasteirinho,Pela terra de gafanhotos novos,Da salsa, das nabiçasDa alface, da hortelã.Fiz-me caldo verde,Fui à mesa, escondido no verde das garrafas.Dei-me a cheirar nos manjericos.Espreitei pelas persianas e vi os carrosPassarem quando eu mandava.Mostrei-me nas bandeiras.Subi às alturas na hera dos muros;Nos limos, nas algas, desci às funduras.Viajei muito, colecciono tudo:Penas de papagaio,Berlindes,Ervilhas,Trevos de quatro folhas,Moedas desenterradas,Umas vezes sou velho, outras vezes sou novo.Tanto posso desapontar de uma erva escondidaComo posso secar numa folha caída.

“PINTAS COM TINTAS”

Fiz uma pintaCom tinta.Pintei o sol, Pintei o marE todas as coisasQue possas pensar.Uma pinta amarela – o sol.Uma pinta verde – o mar.Uma pinta vermelha – o morango, Que te dei para merendar.Agora é a tua vez,Tens de ser tua a pintar.Uma pinta rosa – a violeta.Uma pinta escura – o gavião.Com pintas de muitas cores

Page 4: Fichas De Poesia

Tu pintas um coração.

“VERMELHO”M. Alberta Menéres, António Torrado

Eu sou o vermelhoE sei o que queroHá quem me chame encarnadoMas eu gosto maisDa cor do meu sangue.Não só nas flores existo,Ouçam o que diz a Joaninha:- Falem em mim, em mim.- E então eu ? – alvoroça-se o rabanete.Parte-se a melancia desesperada:- Não se iludam, não se iludamOlhem-me para o coração !Contemplo-os a todosSão o meu território,O meu mundo.Mas o que seria eu sem eles ???

Page 5: Fichas De Poesia

“AMARELO”M. Alberta Menéres, António Torrado

Tenho muitos inimigosCaluniam-me; Insinuam-me:“Que seria do amarelose não houvesse o mau gosto ?”Fico amarelo de raiva.E agora que nesta tribuna, Tenho a grande oportunidadeDe os desmascarar, Só lhes grito na minha voz clara:- Gema;- Sol;- Ouro !!!Com estes argumentos os desfaço!

Page 6: Fichas De Poesia

“XADREZ”Sidónio Muralha

É branca a gata gatinha,É branca como a farinha.

É preto o gato gatão,É preto como o carvão.

E os filhos, gatos gatinhos,São todos aos quadradinhos.

Os quadradinhos branquinhosFazem lembrar a mãe gatinha,Que é branca como a farinha.Os quadradinhos pretos,Fazem lembrar o pai gato,Que é preto como o carvão.

Se é branca a gata gatinha,E é preto o gato gatão,Como é que são os gatinhos ?

Os gatinhos eles são,São todos aos quadradinhos !!!

Page 7: Fichas De Poesia

“MENINA VESTIDA DE NOITE”M. Rosa Colaço

Menina de preto

Tão triste! Tão nua!

Corpinho de fome

Olhinhos da lua

De lua de luto

Da lua de dó

Menina de preto

Tão triste! Tão só!

Menina, menina

Tão rica de nada

Dá a tua mão

De flor desfolhada

Dá-me a tua mão

Anda a ver a vida

Menina calada

De preto vestida.

“CONSULTA”Maria Alberta Menéres

Page 8: Fichas De Poesia

Um senhor doutor

Colheu uma flor

Para pôr ao peito

E todo vaidoso

Foi para o consultório

Muito satisfeito!

Chegou um doente

E disse o doutor:

Eu tenho uma flor!

Eu tenho uma flor!

E disse o doente:

Eu tenho uma dor!

Eu tenho uma dor!

“INSECTO”Alice Gomes

A lagarta comia

comeu

comerá

a polpa doce de uma bela pêra.

Já farta de comer, de digerir

Page 9: Fichas De Poesia

Procurou uma fresta para dormir.

E dorme

Dormirá

Dormiria

Tanto de noite como em pleno dia.

Durante o sono mudou forma e cor

Já não parece bicho mas flor.

“O PIRILAMPO”

M. Rosa Colaço

Nos dedos da noite

Sou uma lanterninha

Pareço uma estrela

Que viaja sozinha.

Nas horas serenas

Cheias de calor

Eu pouso nos ramos

Na terra e na flor.

Page 10: Fichas De Poesia

E vivo contente

Com a minha sina

Basta-me esta luz

Mesmo pequenina.

É tudo o que espero

Não peço mais nada:

Ser o sol que baste

Para a minha estrada.

“PEIXE NO AQUÁRIO

M. Rosa Colaço

Que tristeza a vidaNa casa fechadaCom búzios fingidosCom areia pintada.

Que saudades do ventoQue saudades do marQue saudades do solDa água a cantar.

Que raiva ser peixeEm sala de genteTudo o que é igual Deixa-me doente.

Era melhor um anzolEra melhor uma redeOs dias sem aventuraNão matam fome nem sede.

Partam a caixa de vidroTirem a postiça paisagemDeixei-me ao mesmo espaço

Page 11: Fichas De Poesia

Para a última viagem.

“MARSUPIAL”Alice Gomes

Ó mamã canguru,

Tens tanta sorte!

Escusas de juntar,

Como qualquer mamã mulher,

No seu baú

Camisas,

Casaquinhos,

Fraldas,

Mantas,

E tantas

Tantas peças de agasalho

Que dão tanto trabalho

A coser,

A lavar,

A remendar !!!

Page 12: Fichas De Poesia

“O PIRILAMPO”

Ontem por trás da janela

Vi a brilhar um farol

Pensei: “Que luz é aquela

Que não é lua nem sol ?”

Luzia no parapeito

A pequena faísca

Vi então um pirilampo

A acender o pisca-pisca.

“O GALO”

Page 13: Fichas De Poesia

Eis sua excelência

O senhor D. Galo!

E as galinhas todas

Vão cumprimentá-lo!

Revirando o olho

Sacudindo a crista,

O galo vaidoso

Só quer meter vista.

Mas os fanganotes

Fazem ar de gozo:

Não ligam nenhuma

Ao pretensioso !!!

Sugestão: Apresentação da poesia no flanelógrafo.

“JOANINHA “AVÔA-AVÔA” “

M. Rosa Colaço

Joaninha pequena

Pousada no malmequer

Pergunta àquela menina

Que coisa quer ela ter

Page 14: Fichas De Poesia

Menina ! Minha menina

Do saiote de riscado:

Queres um palácio de oiro

Ou um anel encantado ?

Só queria ser como tu

Só queria ser uma flor:

Nada quero Joaninha

Nada quero meu amor !!!

“ BICHINHO DE CONTA”

Maria Rosa Colaço

Debaixo da pedra

Mora um bichinho

De corpo cinzento

Muito redondinho.

Tem medo do sol

Tem medo de andar

Bichinho de conta

Não sabe contar.

Page 15: Fichas De Poesia

Muito redondinho

Rebola no chão

Rebola na erva

E na minha mão.

Rebola e é bola

E não sabe saltar

Bichinho de conta

E não sabe contar.

“BURRINHO MANSO”

Maria Rosa Colaço

Ó burrinho manso

Da velha cantiga

Teus olhos são aves

Que o céu não abriga.

Pudesse ser eu

Como tu, burrinho !

Parado, calado,

No campo sozinho.

E passar as noites

Como as madrugadas

Rindo para as flores

Ao sol desfolhadas.

Page 16: Fichas De Poesia

Que história mais linda

A deste burrinho

Parado calado,

Tão manso e branquinho !!!

“RATINHO TONTO”

O ratinho tonto

Nunca olha para o chão

E a toda a hora

Dá um trambolhão

No degrau da escada

Deixou um patim,

Pôs-lhe um pé em cima...

Plim, pim, catrapim !

Não será tolice

Colocá-lo

Outra vez ali

No mesmo lugar ?

Page 17: Fichas De Poesia

“QUERES IR À LUA ?”

Alice Gomes

Cabrito

Bonito

Saltito

Saltão

É um brincalhão.

Trepa ao penedo, sem medo

Corre pelo monte,

Corre pela pradaria,

Esquece o sustento

Não pensa na fonte,

Porque bebe vento

E come alegria.

Dá saltos tão altos

Parece que flutua.

Tantos sobressaltos

Dá a mãe aflita

Que ela chora e grita:

Oh ! Filho Meu!

Mas que ousadia a tua!

Pois queres subir ao céu ?

Queres ir à lua ?

“A ARANHA TECEDEIRA”

Page 18: Fichas De Poesia

Fia, fia a tua teia.

Tece, tece aranha feia !

Trabalhas e não descansas,

Enquanto as moscas bailando

Só querem festas e danças.

Aí delas, se distraídas

Vierem cair na rede

Que tecestes na parede !!!

Sugestão: cada criança terá um fio de sua cor vão-se cruzando

até obter uma teia colorida (para crianças mais velhas)

“ERA UMA VEZ...”

Sidónio Muralha

Era uma vez...Uma cabrinha MontêsQue tinha Um rabinhoCurtinhoE quando saltavaO rabinho abanava

Page 19: Fichas De Poesia

E girava, giravaO rabinho curtinho!

Por isso, eu chamavaChamava a cabrinhaA cabrinha montês:Rabinho, rabinhoDe ventoinha !!!

E a cabrinha gostavaE o rabinho giravaE toda a gente chamavaChamava a cabrinhaRabinho, rabinhoDe ventoinha.

Era uma vezEra uma vezUma cabrinha Montês.

“BONS AMIGOS”Sidónio Muralha

O esquilo diz ao coelho

A quem faz muitas partidas:

- Você já se viu ao espelho ?

Mas que orelhas tão compridas !

Amanhã vindo da escola

Eu trago-lhe uma cartola !

- Meu caro muito obrigado.

Responde o outro, eu não digo,

Pois sou coelho educado,

O que penso do meu amigo...

Page 20: Fichas De Poesia

Mas se dissesse, diria:

“Um rabo assim enrolado

é francamente mania !

Eu vou gastar dez tostões

Para lhe dar uns calções.”

Pôs-se o coelho a pular,

Riu o esquilo às gargalhadas

E lá foram passear

Como dois bons camaradas.

“O DENTINHO”

Maria Isabel Mendonça Soares

Já sabem ? Caiu-me um dente !

Um destes aqui da frente.

Pareço mesmo um velhinho...

Foi este dente o primeiro.

Mas o meu pai ensinou-me

Que o pusesse atrás da porta

Para que de noite um ratinho

Me desse em troca um dinheiro.

Assim fiz. Hoje acordei

E encontrei no seu lugar

Uma moeda a brilhar !

Tenho muitos outros dentes

Que ainda faltam cair.

Page 21: Fichas De Poesia

Portanto se multiplico

Os dentes pelas moedas

Daqui a pouco estou rico !!!

“DIREITA E ESQUERDA”

Esta mão é a direita

A esquerda é esta mão

Com esta digo que sim

Com esta digo que não

Levanto a direita ao céu

Aponto a esquerda p’ro chão

Agora que já as conheço

Já não faço confusão !

Page 22: Fichas De Poesia

“SOMBRA”

Álvaro Feijó

O sol

Põe na parede, a sombra do seu corpo pequenino

Que já fazia sombra

E que o menino

Descobriu.

Erguendo o braço

Quis tocar a sombra

Mas a sombra fugiu !!!

Page 23: Fichas De Poesia

“CONVERSA DOS DEDOS”

Querem saber os segredos

Que em conversa ouvi aos dedos ?

Fala o maior, mais pimpão:

Tenho fome, quero pão.

Responde o polegar: Não há !

Mas deixa estar Deus dará !

E o dos anéis que é medraço:

Pede-se a alguém um pedaço

Ou furta-se, ainda é melhor

Lembra mais o indicador !

“ PORQUÊ ?”

Page 24: Fichas De Poesia

Quando construo uma torre

Uma ponte ou coisa assim

Dizem-me: ”Está muito linda!

Mas é preciso arrumar

Todos os cubos no fim !”

E ninguém diz ao meu pai

Para arrumar a papelada

Que ele deixa no escritório

A toda a hora espalhada !

“A GAIVOTA”

É noite.

À noite os barcos dormem.

Dormem os barcos

E dormem as conchas.

Mas uma gaivota de vestido branco

Page 25: Fichas De Poesia

Que não tinha sono

Andava a voar

Por cima do mar

E olhava para a noite,

Olhava para o mar,

E poisou num barco

À espera que acordasse o sol.

“O FOGÃO DA MINHA AVÓ”

Quando a minha avó

Vem cá de visita

O espanto que faz !

- Que coisa bonita

Um fogão a gás !

Volta-se um botão...

E é uma beleza !

Pão de ló ou empadão

Estão prontos a pôr na mesa !

Mas quando vou eu

Page 26: Fichas De Poesia

A casa da avó

Todo o espanto é meu.

- Que lindo fogão !

Preto e luzidio como o alcatrão!

E o calor que espalha

O lume encarnado

Dentro da fornalha !

Avó nunca venda

Este meu fogão !

“COMBOIZINHO”

Matilde Rosa AraújoComboizinho, aonde vais ?Pouca terra ! Pouca terra !Uh!...Uh!...São cavalos a correrE as meninas a aprenderE uma bandeirinha no cais.Comboizinho, aonde vais ?Pouca terra ! Pouca terra !Uh!...Uh!...São cavalos a correrE as meninas a aprenderComboizinho que aflição!Se achas que a terra é pouca, Pára a corrida louca.Eu já não posso parar,Nem mesmo na estação,Dá-me a tua mão, Vamos ver, Os cavalos a correrE as meninas a aprender,Nos campos,Na escola,Sem livros,Nem sacola,Vamos dizerQue a terra é pouca,

Page 27: Fichas De Poesia

Para esta corrida louca.Vamos dizer,Que não podemos parar,E os cavalos a voarE as meninas a sonhar.Uh!...Uh!...

“A ESTRELINHA”Sidónio Muralha

Eu vejo do meu quarto de dormir,

Uma estrelinha

Miudinha,

A luzir...

Mas se o sol é tão grande

E tanto brilha,

A estrelinha miudinha

É certamente sua filha.

E enquanto o pai sol

Enorme,

Dorme,

Ela vai passear

Todas as noites...

Quando o pai sol acordar

A estrelinha miudinha

Leva açoites

E vai-se logo a deitar !!!

Page 28: Fichas De Poesia

“PAZ DE MUSGO VERDE”

Maria Rosa Colaço

No seu mundo de erva fresca

Dona lagarta verdinha

Mastiga couves e sol

E sente-se uma rainha

Rainha de corpo verde

Do prado verde rainha

Mastiga couves e sol

Dona lagarta verdinha.

Tua paz de musgo verde

Teu manto de princesinha

Que mos dera. Que mos dera!

Dona lagarta mansinha!

“UM CÃO”

Maria Cândida Mendonça

Conheci um cão,

Que falava,

Page 29: Fichas De Poesia

Que escutava,

Que cantava,

Que brincava,

Que ladrava,

Que fazia o pino,

E que era um grande dançarino.

Que jogava à bola,

Que perdia,

Que ganhava,

Que estudava

E que andava comigo na escola.

E que tal ?

Era ou não uma perfeição de cão ?

Não acreditam ?

Não faz mal

Era um cão de imaginação !!!

“BRINQUEDO”

Miguel Torga

Foi um sonho que eu tive

Era uma grande estrela de papel

Um cordel, e um menino de bibe.

O menino tinha lançado a sua estrela

Com ar de quem semeia uma ilusão,

Page 30: Fichas De Poesia

E a estrela ia subindo, azul e amarela,

Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu

Que deixou de ser estrela de papel,

E o menino, ao vê-la assim, sorriu

E cortou-lhe o cordel.

“UMA ESTRELA NA MÃO”

Miguel Bernardes

Com guache

E aguarela

Pinta-se uma estrela !

Mas o melhor

É ir à noite

Olhar o céu

E vê-la...

Ou até subir

Subir ...

Page 31: Fichas De Poesia

Subir lá acima

E pegar nela !

“SIM ? NÃO?”

Patrícia Joyce

Sim, não, sim, nãoEsquerda, direita, no cimo, no chãoSim, não, sim, nãoGrande, pequeno, gigante, anão.Sim, não, sim, nãoO sol e a noite, a luz e o carvãoSim, não, sim, nãoAqui, acolá, no cimo, no chão Sim, não, sim, nãoMenino risonho, menino chorãoSim, não, sim, nãoAqueles que tiram, aqueles que dãoSim, não, sim, nãoBurrinho a trotar e um foguetãoSim, não, sim, nãoCastelos no ar e vento suãoSim, não, sim, nãoDuzentos à hora, carrinhos de mãoSim, não, sim, nãoO rio Nabão, a serra MarãoSim, não, sim, não

Page 32: Fichas De Poesia

Para o balance, dá-me a tua mão.Vamos acabar com esta confusão.

“O PASSEIO”

Vou passear a bonecaPassa por mim muita genteDou os “Bons-Dias” a todosQue vejo na minha frente.Ensinou-me a minha mãeQue era boa educaçãoMas sorrir e dar “Bom-Dia”Não custa nada, pois não ?!

“O CARRINHO”

O vendedor ambulanteVende muitas coisas boasNo Verão compro-lhe geladosE só gasto cinco coroas.De Inverno compro castanhasQuentinhas, enfarruscadas.No resto do ano, enfim,Pevides e amendoim.Gosto muito deste amigoQue encontro pelo caminhoE às vezes penso comigo:“Quem me dera o seu

carrinho !”

Page 33: Fichas De Poesia

“A ESCADA ROLANTE”

Ando nas escadas rolantesQuando vou ao armazémUma sobe, a outra desceLeva a gente num vaivém !

Se pudesse ali ficavaToda a tarde a divertir-me,Porque uma escada que mexeÉ melhor que o chão firme !

“O URSO VELHO”

Ai tantos brinquedosNovinhos em folhaQue o Zé recebeuDifícil a escolha !

Mas adormecidoO Zézinho abraçaO seu urso velhoRoído de traça.

“O RAMALHETE”

Page 34: Fichas De Poesia

Foi apanhar o junquilho

Lindo amarelo-doirado

E miósotis azuis

Que havia à beira do prado.

Mais uma florinha branca

(que não sei que nome tem)

Juntei-as num ramalhete

E vou dá-lo à minha mãe.

“MIMI BONECA”

M. Alzira P. Machado

Bolas de sabão

Vivos a brilhar

Seus olhitos dão

O ar de falar.

Page 35: Fichas De Poesia

Curva, leve, o rosto

Parece sorrir

Um ar tão composto

Será a fingir ?!

É capaz ainda

De “mamã” dizer

E a palavra linda

Parece entender !!!

“O GATINHO”

- És muito pequenino aindaPara andares à beira do rio !Disse a mãe gata ao gatinhoO chão é escorregadio !

Mas o gatinho travessoNão vez caso do que ouviaCatrapus ! Caiu à águaMiau ! Miau ! Ai que água tão fria !

“TRÊS LEÕZINHOS”Três leõzinhos na tocaNum dia de vendavalDiziam uns para os outros:

Page 36: Fichas De Poesia

- Que é aquilo ? Um animal A rugir mais do que nós

Com um barulho que atordoa ?- Não. É o vento velozQue parece um leão feroz.Respondeu a mãe boa.

“A LUA”Oh ! Quem me dera saberSe na lua haverá ratos!A lua cheia é um queijoMas em cada noite a vejoCom um bocadinho a menos !Se os ratos a vão roendo, Qualquer dia os astronautasSe quiserem lá voltarJá não encontram nenhumaOnde possam alunar !

“A LUA CURIOSA”Penso muita vezQue a lua é curiosa:Acorda de noitePara nos espreitar.Mas não ganha nadaPorque a essa horaEstá tudo a dormirE a ressonar.E será talvez,Por essa razão,Que às vezes de diaEla nos espia,

Page 37: Fichas De Poesia

Despotada e fria !!!

“VIAGEM”Sidónio Muralha

De uma casquinha de nozDe cinzento pintadaSai a voz bem afinadaDa formiga que cantaCanta Esta cantiga:

Quando o Senhor VentoAssoprarO meu barquinho cinzentoVai navegar !!!

Barquinho cinzentoCinzento é eleMas coisa engraçadaTem a chaminé de vermelho pintada.

Tem a chaminé deVermelho pintadaQue vai navegarQuando o Senhor ventoAssoprar.

Meu barquinhoA duas coresCarregadinho De flores.

DepoisA formiga calou-seE o barquinho partiu,Como a cantiga doceO barquinho seguiu,Seguiu nas ondas do mar

Page 38: Fichas De Poesia

Se você o viuFaça a favor de telefonar.

“SONHO”Luís Monte Branco

Não tens asas,

Não tens pés,

Não tens braços p’ra nada...

Como fazes nuvenzinha para no céu passear ?

- O vento que é meu amigo,

Leva-me p’ra onde eu quero.

- E que fazes tu sozinha ?

Fugiste à tua mãezinha ?...

- Não minha linda amiguinha,

Ando só a passear.

- Se eu tivesse uma escadinha

Com que pudesse trepar,

Subia ao céu nuvenzinha,

Ia contigo brincar...

“POESIA”

Hélio da Costa Ferreira

Page 39: Fichas De Poesia

Todos os dias

Voando, voando

As aves caminham

Ao longo do mar.

Todos os dias

Cantando, cantando

As crianças caminham

Em qualquer lugar.

Todos os dias, meu Deus,

Tanta esperança

Nos braços abertos

De cada criança

“A ARITMÉTICA”

Um e um são dois

Dois bombons. E depois ?

Dois e um são três

Dois para mim desta vez

Três e um são quatro

Com recheio de ananás

Apanha-os lá se és capaz !

Page 40: Fichas De Poesia

“QUE ESQUISITOS SÃO OS

ESPELHOS”

- Que esquisitos são os espelhos !

Quando me ponho na frente

Vejo uma rapariguinha

Vestida decentemente.

Mas a mãe, essa protesta:

- Puseste o chapéu de lado

E o casaco do avesso !

Estas mascarada na testa !

Com o casaco desatado

E tens sujos os joelhos !

Por isso é que me aborreço

Que esquisitos são os espelhos !

“O JANTARINHO”

Matilde Rosa Araújo

Maria fazia a sopaNum tachinho de alumínio José estrelava os ovosEm frigideira de barro.

Abanava o abaninhoO fogo que já ardia,No brincar aos jantarinhosDe José e de Maria.

- Onde está a hortelã ?Lhe perguntava a Maria.- Está aqui ao pé da água !O José lhe respondia.

Page 41: Fichas De Poesia

- Onde é que está o sal ?Lhe perguntava o José.- Numa caixinha de estrelas,Está mesmo aqui ao pé.

Abanava o abaninhoO fogo já ardia,No brincar aos jantarinhosDe José e Maria.

“ AS PESSOAS CRESCIDAS”

Oh, como são aborrecidas

Estas pessoas crescidas !

Decerto o seu dicionário

Diz as coisas ao contrário !

Porque se a gente pedir

Que nos contem uma história

À noite antes de dormir,

Respondem: “Mais tarde conto.”

Isto é, ponto por ponto,

Em linguagem de pais:

“Que não contam nunca mais”.

Se pedirmos um presente

(Mesmo que se venda em frente

da casa onde a gente mora)

Respondem-nos sem demora:

“Está, depois se verá”.

O que significa “Não”.

E a gente nunca o terá.

Page 42: Fichas De Poesia

“BARQUINHO”

Maria Alzira P. Machado

Corre, corre

Dança, dança

Nas ondas

Balança...

Eu vou aprender

Contigo a correr,

Contigo a dançar,

Barquinho do mar.

Barquito, amiguinho

Vai anoitecer.

Regressa cedito,

Não te vais perder...

Page 43: Fichas De Poesia

“CANÇÃO”Eugénio de Andrade

Tinha um cravo no me balcão:Veio um rapaz e pediu-mo,- Mãe, dou-lho ou não ?

Sentada, bordava um lenço da mão,Veio um rapaz e pediu-mo,- Mãe, dou-lho ou não ?

Dei um cravo e dei um lenço,Só não dei o coração,Mas se o rapaz mo pedir,- Mãe, dou-lho ou não ?

“ OLHOS DE MENINOS”

Henriqueta Lisboa

Quando à noite

Vem baixando,

Page 44: Fichas De Poesia

Nas raízes ao lusco-fusco

E na penumbra

Das moitas

E na sombra enorme dos campos,

Piscam, piscam, Pirilampos !

São pirilampos

Que acendem pisca-piscando

As suas verdes lanternas,

Ou são claros olhos verdes,

De menininhos travessos,

Verdes olhos semitontos,

Semitontos mas acesas

Que está lutando com sono ?

À noite, que observam os teus olhos ?

“PROMESSA”

Tarcísio Miranda

Mãe compra-me o barco de lata

Que está na montra do Armelim.

Não mais farei de pirata

Nem serei menino ruim.

Não lutarei à pedrada na Rua do Castelo

Nem sujarei o bibe amarelo.

Page 45: Fichas De Poesia

Não jogarei à bola no adro do mosteiro

E entre todos na escola serei o primeiro

Mãe mereço uma prenda.

Compra-me o barco de lata

Antes que o Armelim o venda

A outro marinheiro.

“O GRILO, A CIGARRA E A FORMIGA”

Grilo, grilarim

Tens um canto azul

Na noite de cetim !

Cigarra, cigarrinha

Tens um canto branco

Na noite de cambraia !

Formiga, miga, miga

Só tu cantas os nadas

Page 46: Fichas De Poesia

Do silêncio do sol,

Das estrelas caladas...

“A CONSTIPAÇÃO DO CARACOL”

Senhor caracolAndou pela hortaPasseio para aquiPasseio para aliPauzinhos no arCabecinha ao sol

Não tem cuidado E depoisAtchim !Senhor caracol Ficou constipado

Hoje de manhãNão saiu da cascaNão foi para a hortaNem para o jardim.EntãoLamentou-se:Que grande arrelia !Coitado de mim !

Ao saber do caso A dona lagartaLogo resolveuMandar-lhe uma carta (Carta que transcrevo e dizia assim:)Senhor Caracol:Siga o meu conselhoNão torne para aí de cabeça ao léu

Page 47: Fichas De Poesia

Quando andar ao solPonha o seu chapéu !

“ORAÇÃO AO MENINO JESUS”

Oh! Meu Menino JesusNeste tempo sem igualVenho fazer-te um pedidoPara o dia de Natal

Lá longe p’ra lá do marEstão os meninos de TimorE para eles eu peçoUm barco cheio de amor.

Para os meninos de AngolaQue cheios de fome estãoEu peço muita comidaDentro de um grande avião

Para os meninos de todo o mundoE em especial neste diaEu peço um grande comboioMuito cheio de alegria

E para os meninos de PortugalEu desejo um Bom Natal !!!

“NATAL”

Page 48: Fichas De Poesia

Natal é o sol no InvernoÉ brisa fresca no VerãoÉ juventude no OutonoAmor, em cada estação.

Natal não é uma festa!

Porque nasceu um meninoNatal, é a minha cançãoQuando o menino tem fome E tem pão !

Natal é aquele segundoEm que encheste a tua vidaSó porque encontraste um mundoUma lágrima caída...

Natal não é uma festa !

Natal é simples, choupanaSempre com porta abertaP’ra receber um amigoUm sonho que desperta

Natal não é uma festa !