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3A vida em Cristo
PRIMEIRA SEÇÃO
Para que estamos na Terra, o que devemos fazer
e como nos ajuda o Espírito Santo de Deus
PRIMEIRO CAPÍTULO
A dignidade do ser humano
ESCOLHA, PAIXÕES E CONSCIÊNCIAYC 291-298
Como pode uma pessoa distinguir se a sua ação é boa ou má?
291
O ser humano tem capacidade para distinguir as ações boas das más, porque possui razão e consciência, que lhe permitem juízos claros. [1749-1754, 1757-1758]Existem algumas diretrizes que ajudam a distinguir as boas das más ações:
1. Aquilo que faço deve ser bom; não basta uma boa intenção. 2. Mesmo que aquilo que eu faço seja realmente bom, a má intenção com que o faço torna má toda ação.
3. As circunstâncias em que uma pessoa atua podem diminuir a responsabilidade, embora não mudem em nada o bom ou mau caráter dessa ação.
Não, não se deve fazer ou aceitar algo mau para que daí surja algo bom. Muitas vezes, porém, temos de aceitar um mal menor, para impedir um maior. [1755-1756, 1759-1761]
Os fins não justificam os meios. Não é correto praticar adultério para estabilizar o casamento.
Pode uma pessoa fazer o mal para que daí surja um bem?292
“Se uma pessoa desejar
verdadeiramente o bem, tem de querer fazer ou sofrer tudo pelo
bem.” (Sören Kierkegaard)
Para que fim Deus nos deu as paixões?293
As paixões existem para sermos atraídos para o bem, mediante emoções fortes e sensibilidade clara para o que é correto, e para sermos repelidos do que é mau e perverso. [1762-1766, 1771-1772]
Deus fez o ser humano com capacidade para amar e odiar, desejar ou desprezar, ser atraído por certas coisas e ter medo de outras, estar cheio de alegria, de tristeza ou de cólera.
Uma pessoa é pecadora se sentir em si paixões fortes?
294
Não, as paixões podem ser muito valiosas. Só por causa de uma má orientação é que servem o mal as paixões que foram pensadas para uma poderosa realização do bem. [1767-1770, 1773-1775]
As paixões que foram orientadas para o bem tornam-se virtudes. Elas tornam-se, então, carburante para uma vida de luta pelo bem e pela justiça. As paixões que dominam o ser humano, lhe roubam a liberdade e o desencaminham para o mal chamam-se vícios.
O que é a consciência?O que é a consciência?
“Quando nos sentimos responsáveis,
envergonhados e assustados por um delito
contra a voz da consciência, isso implica que há Alguém perante o
qual somos responsáveis e envergonhados, e por cujas pretensões acerca de nós
temos respeito.”
(Beato John Henry Newman)
295
A consciência é a voz interior do ser humano que incondicionalmente o move a procurar o bem e a evitar o mal. É também a capacidade de distinguir uma coisa da outra. Deus fala ao ser humano pela consciência. [1776-1779]
Podemos forçar alguém contra a sua consciência?
296
Ninguém deve ser forçado a agir contra a própria consciência, enquanto a sua ação se desenrolar dentro dos limites do BEM COMUM. [1780-1782, 1798]Quem passa por cima da consciência de uma pessoa, ignorando-a e exercendo pressão sobre ela, fere a sua dignidade. De fato, quase nada faz uma pessoa mais humana que o dom de poder sozinha distinguir e escolher o bem e o mal. Isso vale até quando a decisão é claramente má. Quando uma consciência está bem formada, a voz interior fala um uníssono com aquilo que, perante Deus, é razoável, justo e bom.
Pode uma pessoa formar a sua consciência?Pode uma pessoa formar a sua consciência?297
Sim, deve inclusivamente fazê-lo. A consciência, inata a todo ser humano, dotado de razão, pode ser mal orientada e anestesiada. Deve ser por isso formada, a fim de se tornar um instrumento cada vez mais fino de compartamento reto. [1783-1788, 1799-1800]
“Violentar a consciência humana
significa ferí-la profundamente, desferir o mais
doloroso golpe à sua dignidade. Em certa medida é mais grave
que matá-la.
Beato Jõao XXIII
É culpado, perante Deus, alguém que age de É culpado, perante Deus, alguém que age de consciência errônea?consciência errônea?
298
Não. Quem faz um profundo exame de si e formula um juízo seguro deve seguir a sua voz interior em qualquer circunstância, mesmo que corra o risco de fazer algo errado. [1790-1794, 1801-1802]
Deus não nos culpa pela desgraça que trazemos ao mundo se a nossa consciência estiver invencivelmente errônea. Embora, em última análise, se deva seguir sempre a própria consciência, deve ter-se, todavia, bem claro diante dos olhos que, apelando abusivamente à suposta consciência errônea, já se cometeram falsificações, assassinatos, torturas e fraudes.