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Ascensão de Cristo
Título original: Christ's ascension, and session
at god's right hand
Extraído de: The rock of our salvation
Por: William S. Plumer (1802-1880)
Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra
Mar/2017
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P734 Plumer, William S. (1802-1880) Ascensão de Cristo / William S. Plumer Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2017. 23p.; 14,8 x 21cm Título original: Christ's ascension, and session at god's right hand 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230
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"Vinde, cantemos ao Senhor; jubilemos à rocha
da nossa salvação" (Salmo 95.1)
O primeiro passo na exaltação de Cristo foi sua
ressurreição; o segundo, sua ascensão ao céu; o
terceiro, o assenta-se à direita de Deus.
I. ASCENSÃO DE CRISTO.
1. Nosso Senhor, tendo ressuscitado, não subiu
imediatamente ao céu, mas permaneceu na
terra quarenta dias. (Atos 1: 3). Por esta demora:
(1) Daria aos seus seguidores toda a prova
razoável de sua humanidade: "Olhai as minhas
mãos e os meus pés, que sou eu mesmo;
apalpai-me e vede; porque um espírito não tem
carne nem ossos, como percebeis que eu tenho.
E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.”
(Lucas 24.39,40).
Muito tempo depois de sua ascensão ao céu, o
último apóstolo sobrevivente testifica: "O que
era desde o princípio, o que ouvimos, o que
vimos com os nossos olhos, o que
contemplamos e as nossas mãos apalparam, a
respeito do Verbo da vida (pois a vida foi
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manifestada, e nós a temos visto, e dela
testificamos, e vos anunciamos a vida eterna,
que estava com o Pai, e a nós foi manifestada);
sim, o que vimos e ouvimos, isso vos
anunciamos, para que vós também tenhais
comunhão conosco; e a nossa comunhão é com
o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo." (1 João 1: 1-
3).
(2) Cristo daria toda satisfação razoável a
respeito da realidade de sua ressurreição. E fez
isto de muitas maneiras, inclusive chamando
um pobre duvidoso para estender seu dedo e
tocar suas mãos, e estender a mão, e tocar em
seu lado. (João 20:27). De fato, ele se mostrou
vivo depois de sua paixão, por muitos sinais
infalíveis. (Atos 1: 3).
(3) Cristo permaneceu na terra um tempo para
ajudar seus discípulos a se recuperarem do
terrível choque que sua fé recebera na
crucificação e para confirmar e instruir mais
sobre a natureza e as coisas de seu reino.
"Depois lhes disse: São estas as palavras que vos
falei, estando ainda convosco, que importava
que se cumprisse tudo o que de mim estava
escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos
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Salmos. Então lhes abriu o entendimento para
compreenderem as Escrituras." (Lucas 24:44,
45).
2. A profecia exigia a ascensão de nosso Senhor,
e as Escrituras não podem ser quebradas.
Assim, lemos: "Deus subiu entre aplausos, o
Senhor subiu ao som de trombeta." (Salmos 47:
5). "Subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro;
recebeste dons para os homens, sim para os
rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse
entre eles". (Salmos 68:18). Dessa predição
temos uma interpretação inspirada e tão
infalível dada por Paulo em Efésios 4: 8-13: “Por
isso foi dito: Subindo ao alto, levou cativo o
cativeiro, e deu dons aos homens. Ora, isto - ele
subiu - que é, senão que também desceu às
partes mais baixas da terra? Aquele que desceu
é também o mesmo que subiu muito acima de
todos os céus, para cumprir todas as coisas. E
ele deu uns como apóstolos, e outros como
profetas, e outros como evangelistas, e outros
como pastores e mestres, tendo em vista o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo;
até que todos cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado
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de homem feito, à medida da estatura da
plenitude de Cristo.”
Daniel previu a mesma coisa: "Eu estava olhando
nas minhas visões noturnas, e eis que vinha com
as nuvens do céu um como filho de homem; e
dirigiu-se ao ancião de dias, e foi apresentado
diante dele. E foi-lhe dado domínio, e glória, e
um reino, para que todos os povos, nações e
línguas o servissem; o seu domínio é um
domínio eterno, que não passará, e o seu reino
tal, que não será destruído." (Dan 7:13, 14).
Nosso Senhor muitas vezes anunciou sua
própria ascensão: "Eu vou ao Pai". (João 14:28).
"Vou para o que me enviou". (João 16: 5). “E
acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo
que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus
subindo e descendo sobre o Filho do homem.”
(João 1:51). Muito mais ele disse para o mesmo
efeito. Para que, sem dúvida alguma, várias
predições, correndo pelo espaço de pelo menos
mil anos, exigissem que Cristo subisse a Deus.
3. Com a profecia, o registro histórico bem e
totalmente concorda. Nem Mateus nem João
registram a ascensão de Cristo. No entanto, é
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declarado em quatro livros do Novo
Testamento. O testemunho de Marcos sobre o
assunto é: "Assim, depois que o Senhor lhes
falou, foi recebido no céu, e assentou-se à
destra de Deus". Em seu evangelho, Lucas diz:
"Quando ele os levou para a vizinhança de
Betânia, ele levantou as mãos e os abençoou,
enquanto os abençoava, os deixou e foi levado
para o Céu. Então o adoraram e voltaram a
Jerusalém com grande alegria, e ficaram
continuamente no templo, louvando a Deus."
(Lucas 24: 50-53). E em Atos 1: 9-11 lemos:
"Tendo ele dito estas coisas, foi levado para
cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o
recebeu, ocultando-o a seus olhos. Estando eles
com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia,
eis que junto deles apareceram dois varões
vestidos de branco, os quais lhes disseram:
Varões galileus, por que ficais aí olhando para o
céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para
o céu, há de vir assim como para o céu o vistes
ir.”
Em 1 Timóteo 3:16, Paulo diz que ele foi
recebido na glória. Assim, o registro concorda
com a previsão e explica-a.
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4. No lado sudeste de Jerusalém, e separado
dele pelo vale do ribeiro Cedron, há uma
cordilheira correndo ao norte e ao sul. Seu cume
está a cerca de meia milha do muro da cidade
santa. Por muitos milhares de anos tem sido
famosa por suas oliveiras, e desde os dias de
Samuel até os tempos atuais tem sido chamado
de Monte das Oliveiras. (2 Sam 15:30). Sobre
este Davi fugiu chorando, quando se retirou de
seu palácio na rebelião de Absalão. O caminho
para Jericó e o Jordão atravessa este cume. Na
sua base no oeste estava o jardim sempre
famoso do Getsêmani. Em sua vertente oriental
estava a aldeia afastada de Betânia, tão
frequentemente favorecida com a presença do
Salvador. Muitas vezes cruzava o Monte das
Oliveiras. Este monte, que se eleva a cerca de
duzentos metros acima de Jerusalém, é
escolhido por Zacarias como o lugar ou o
emblema de grandes e terríveis julgamentos.
Ele testemunhou muitas das maravilhas e
misericórdias e sofrimentos de nosso Senhor.
Dele ele subiu. A tradição tenta marcar o ponto
de onde ele surgiu; mas tudo isso é incerto.
Sobre este monte ele tinha visto a cidade santa
e chorou sobre ela. Na sua base, ele estava triste
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e muito angustiado; sim, seu suor era como se
fossem grandes gotas de sangue caindo no
chão. Tinha testemunhado sua fraqueza
humana e seus terríveis sofrimentos. Na sua
ascensão, testemunhou o seu triunfo e glória
incrível. Aqui ele lutou com os poderes das
trevas. Aqui ele agora "fez uma exposição deles
abertamente."
5. Do Monte das Oliveiras ascendeu ao céu. De
sua subida ao céu é expressamente dito que foi
necessário: "Quem o céu deve receber até os
tempos de restauração de todas as coisas".
(Atos 3:21). O propósito de Deus, a verdade da
profecia e a aptidão das coisas requeriam a
ascensão de Cristo ao céu. Marcos diz: "Ele foi
recebido no céu." Lucas diz: "Ele ... foi levado
para o céu". O próprio Cristo diz: "Ninguém
subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu,
o Filho do homem que está nos céus". (João
3:13). Em Atos 1:11 temos as palavras dos
anjos: "Esse Jesus, que dentre vós foi elevado
para o céu, há de vir assim como para o céu o
vistes ir."
Estevão viu "os céus se abrindo, e o Filho do
homem, que estava à direita de Deus". Paulo
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adverte os senhores para serem gentis, e dá a
isto uma razão, "sabendo que o vosso Mestre
também está no céu". (Efésios 6: 9). Mais uma
vez: "Nossa pátria está no céu, de onde também
esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo".
(Filipenses 3:20). Novamente: "Pois Cristo não
entrou num santuário feito por mãos, figura do
verdadeiro, mas no próprio céu, para agora
comparecer por nós perante a face de Deus."
(Hebreus 9:24). Pedro também diz: Ele "foi para
o céu". Mas, Paulo diz que ele é "feito mais alto
do que os céus". (Hebreus 7:26). Este modo de
falar pode ter referência à ideia judaica de três
céus - primeiro o céu atmosférico, e depois os
céus estrelados. Cristo é feito mais alto que
estes céus, e entrou no terceiro céu, muitas
vezes chamado de o céu dos céus.
6. Quando falamos do Cristo ascendente,
falamos de seu corpo humano e alma humana.
Sua natureza divina preenche, e sempre encheu,
céu e terra. Essencialmente preenche todo o
espaço, é confinado a nenhum lugar, mas
impregna a imensidão. Quando Cristo estava
caminhando aqui na terra, ele falou do Filho do
homem como estando então no céu. (João 3:13).
Em todos os tempos isso era verdade para a sua
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natureza divina, e apenas para ela. O efeito
dessa exaltação sobre a natureza humana de
Cristo não era aniquilá-la, não sublimá-la para
que deixasse de ser natureza humana, mas para
glorificá-la, para a coroar de glória e honra.
Quando Saulo de Tarso o viu, logo após sua
ascensão, ele brilhou com um brilho acima do
brilho do sol. A visão produziu cegueira, que foi
milagrosamente curada. Cerca de sessenta anos
depois, João o viu, e caiu a seus pés como
morto. O modo ordinário de explicar esta
maravilhosa mudança na aparência de Cristo é
que, enquanto ele estava aqui na terra, sua
glória estava velada. Em sua transfiguração o
véu foi tirado, e sua veste tornou-se branca e
brilhante. No céu não há véu, nem cobertura. A
glória brilha intensamente, e nada a obscurece.
7. O modo de ascensão de Cristo é digno de
nossa atenção. Cristo ascendeu não
figurativamente, mas literalmente; não
espiritualmente, mas corporalmente; não
insensivelmente, mas visivelmente. Seus
discípulos o viram ascender ao céu tão
claramente como o viram na cruz, ou no barco,
ou no lado do mar. Subiu em uma nuvem.
Ninguém nos disse quão brilhante era essa
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nuvem, ou qual era sua aparência; mas era
como a nuvem em que ele chegará ao
julgamento. (Atos 1:11). Nem foi tirado de
repente. Ele foi visto para deixando a terra, e
visto por algum tempo depois que ele a deixou.
Eles olharam para ele quando ele subia.
Sua ascensão foi triunfante. Quarenta e três dias
antes ele havia subido a Jerusalém num
jumentinho. Ele agora ascende triunfalmente à
Jerusalém celeste. Ele deixou o mundo falando
palavras de encorajamento e bênção aos
humildes. As nove primeiras frases de seu
sermão no monte começaram com a palavra
benção. A última coisa que ele fez na terra foi
pronunciar uma bênção sobre o seu povo. Sua
ascensão ao céu era gloriosa em todos os
sentidos, e seu séquito foi primeiro o exército
celestial de anjos. Em Atos é feito menção,
senão a dois anjos que foram vistos. Mas, a
profecia que prediz expressamente sua
ascensão começa dizendo: "Os carros de Deus
são vinte mil, até milhares de anjos, o Senhor
está entre eles como no Sinai, no lugar santo".
(Salmos 68:17). Compare o versículo 18 e
Efésios 4: 8-12.
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A lei no Sinai foi dada pelos anjos. O Salvador
chegará ao juízo com os seus anjos da mesma
maneira que deixou o mundo. A ascensão de
nosso Senhor foi, de todos os modos, um
evento alegre, e foi assim considerado por seus
discípulos, como Lucas nos informa
expressamente. Foi o fruto abençoado de seus
sofrimentos e obediência. E foi testemunhado
por um número suficiente de testemunhas
competentes e críveis, não menos de
quinhentas. (1 Cor. 15: 6). Nenhum homem
jamais sugeriu um pretexto plausível para
qualquer um dizendo que o tinha visto subir, a
menos que fosse verdade.
(Nota do tradutor: A ascensão de nosso Senhor,
é a garantia de que os próprios crentes também
ascenderão em corpos glorificados ao céu,
como o do Senhor, por ocasião do
arrebatamento da Igreja. É pois um forte
fundamento para a nossa fé, que depois de
passarmos por este vale de sofrimentos
terrenos por amor ao Evangelho, assim como
ele também passou, por fim, haveremos de ser
glorificados e recebidos nas alturas, tendo os
nossos corpos ressuscitados de entre os
mortos.)
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II. SEU ASSENTAR-SE À DIREITA DE DEUS.
Esta é a terceira medida da recompensa de
nosso Senhor - o terceiro passo na sua
exaltação.
Isso foi exigido pela profecia. Davi havia dito:
"Disse o Senhor a meu Senhor: Senta-te à minha
direita, até que eu ponha os teus inimigos por
escabelo de teus pés". (Salmo 110: 1). Comparar
com Lucas 20:42 e Hebreus 1:13. Tanto Pedro
como Paulo provam que isso se aplica a Cristo.
Cristo mesmo previu a mesma coisa quando
estava nas mãos de seus assassinos: "Daqui em
diante o Filho do homem assentará à direita do
poder de Deus". (Lucas 22:69).
Este assentar-se à direita de Deus é muito falado
nas Escrituras. Marcos diz que ele "estava
assentado à destra de Deus". Paulo diz que Deus
"o pôs à sua direita nos lugares celestiais".
(Efésios 1:20). Pedro diz: "Ele está à direita de
Deus". (1 Pedro 3:22).
1. A questão então surge: Qual é a importância
da frase, "sentado à direita?" A palavra sentar
não ensina que o corpo de nosso Senhor está
16
sempre em uma postura sentada. De fato, a
mera postura não é mencionada em absoluto.
Pedro e Paulo, cada um, simplesmente dizem:
"Ele está à direita de Deus". E Estevão,
morrendo, viu "o Filho do homem que está à
direita de Deus". (Atos 7:56). Permanente é uma
postura em que uma está pronta para receber
outra, ou dar-lhe assistência. Era exatamente o
que Estevão indicava.
(1) A primeira coisa ensinada por Cristo
"sentado à direita de Deus" é que ele agora tem
quietude, repouso. Ele entrou em seu descanso.
Ele cessou de suas próprias obras. Assim diz
Miquéias: "Cada um se assentará debaixo da sua
videira e debaixo da sua figueira, e ninguém os
assustará". (Miquéias 4: 4). Assim, no
Apocalipse: "Ao que vencer, eu concederei
sentar-se comigo no meu trono, assim como eu
venci, e me assentei com meu Pai em seu trono".
(Apo 3:21). É certo que depois do trabalho deve
vir o descanso; após a guerra, a paz. Depois do
conflito, Cristo e seu povo descansam de seus
trabalhos e tristezas.
(2) O termo sentar também denota permanência
de morada e posse. Assim se diz: "Aser
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continuou [literalmente, sentou] à beira-mar",
(Juízes 5:17); Isto é, ele tinha a posse
permanente desse lugar. Cristo tem repouso e
uma morada permanente e uma possessão
legítima no céu.
(3) Sentar-se também expressa autoridade e
domínio. "Sente-se à minha direita, até que eu
faça de seus inimigos seu escabelo" (Salmo 110:
1), é paralelo a "Ele deve reinar até que ele
coloque todos os inimigos debaixo de seus
pés." (1 Cor 15:25). Não convém que o rei fique
de pé na presença de seus súditos, mesmo dos
admitidos mais próximos de seu trono.
(4) Sentar é também uma postura de ajuste para
um juiz. Salomão fala de "um rei que está
sentado no trono do juízo". (Provérbios 20: 8).
Falando de Cristo, Isaías, 16: 5, diz: "Em
misericórdia o trono será estabelecido; e ele se
assentará verdadeiramente na tenda de Davi,
julgando, buscando juízo e apressando a
justiça". E ele não deve falhar nem se desanimar
até que ele tenha julgado na terra; sim, "ele
julgará os pobres do povo, ele salvará os filhos
do necessitado, e despedaçará o opressor".
(Salmos 72: 4).
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2. Estar sentado, estar à direita é figurativo.
Deus não tem partes corpóreas. Ele usa essa
linguagem em condescendência com a fraqueza
humana. A figura é de uso frequente nas
Escrituras. Jacó pôs a mão direita sobre a cabeça
do filho mais novo de José com intenção de lhe
dar a maior bênção. No Salmo 80:17 estão estas
palavras: "Que a tua mão esteja sobre o homem
da tua destra, sobre o filho do homem, que
fizeste forte para ti". Qual é a importância da
figura?
(1) As mãos são os instrumentos principais do
poder humano do corpo, e por causa do uso, a
mão direita é geralmente a mais forte das duas.
É um emblema apto de força, e é
frequentemente usado para denotar o poder
onipotente de Deus. Assim, no cântico de
Moisés: "A tua destra, ó Senhor, se tornou
gloriosa em poder; a tua destra, Senhor,
despedaçou o inimigo". (Êxodo 15: 5). Assim,
Jesus Cristo, à direita de Deus, tem todo o
poder. Ele é capaz de fazer toda a Sua vontade.
(2) Com a mão direita os dons eram geralmente
concedidos e recebidos. Assim, quando Cristo
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subiu ao alto, recebeu dons para os homens, e
para si glória e domínio. (Efésios 4: 8).
(3) A mão direita do poder real é por homens
considerados um lugar de gozo. Como tal, é
muito procurado. Assim, no Salmo 16:11, que
se relaciona muito com Cristo, lemos: "Na tua
presença há plenitude de alegria, à tua direita
há prazeres para sempre". Nosso Salvador não é
mais "um homem de dores". A dor não chega
mais a ele.
(4) A mão direita, de acordo com ideias
hebraicas, é o posto de honra. Quando Salomão
conferiu honra peculiar a sua mãe, ele a fez
sentar-se à direita de seu trono. (1 Reis 2:19).
Dizer que Cristo está à mão direita de Deus é
declarar que ele é exaltado por seu Pai com
grande dignidade e glória. Isso corresponde à
declaração de Paulo em Filipenses 2: 9. Nossa
tradução é: "Deus o exaltou muito". O siríaco é:
"Deus multiplicou sua sublimidade". O árabe é:
"Deus o elevou com uma altura". Justino diz:
"Deus o exaltou fielmente". Deus ouviu a sua
oração e o glorificou consigo mesmo, com a
glória que teve com o Pai antes que o mundo
existisse. Sim, "vemos Jesus coroado de glória e
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honra". (João 17: 5; Hebreus 2: 9). Para um
maior grau de repouso, e governo, e felicidade,
e favor, e poder e majestade.
Neste estado glorioso, Jesus Cristo executa
todos os ofícios mediadores. Ele é o grande
PROFETA da igreja. Com ele está a plenitude do
Espírito. Pelo seu Espírito, ele convence o
mundo do pecado, da justiça e do juízo. Não
podemos dizer, como alguns fazem, que o
Espírito foi comprado por Cristo, muito menos
que ele é o ministro de Cristo. O Espírito Santo
é "livre". (Salmos 51:12). Ele não tem guia nem
conselheiro. Ele é igual ao Pai e ao Filho. Ele é
soberano em todos os seus atos. (1 Cor. 12:11).
Ele não pode ser comprado nem com dinheiro,
nem com lágrimas, nem com sangue. Mas há
uma gloriosa harmonia nos conselhos da
Trindade. O Espírito Santo procede do Pai e do
Filho. Não há diversidade de conselho ou de
vontade na Divindade. No dia do Pentecostes,
Pedro disse: "Jesus, estando à mão direita de
Deus exaltado, e tendo recebido do Pai a
promessa do Espírito Santo, derramou isto que
agora vedes e ouvis". (Atos 2:33). Assim, o
Espírito Santo é o Espírito de Cristo. Ele ilumina
nossas mentes, trabalha fé em nós e nos salva.
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Cristo também ressuscita, qualifica e envia
todos os verdadeiros ministros do evangelho.
Ele é Cabeça sobre todas as coisas para a igreja.
Em seu estado exaltado, Cristo continua sendo
nosso SACERDOTE. Ele não faz, de fato, mais
ofertas; mas gloriosamente intercede por nós. A
glória de sua intercessão pode ser aprendida
com esses fatos:
1. A pessoa do intercessor é eficientemente
graciosa;
2. Ele é o deleite de seu Pai;
3. Sua intercessão está cheia de autoridade;
4. Ele sempre prevalece;
5. Ele continua para sempre.
Na sua exaltação, Cristo é também um REI.
Nesta sua grande glória:
1. Seu reino é espiritual, e assim tem seu lugar
nos corações de seu povo.
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2. É inteiramente ordenado na verdade, e
equidade, e justiça.
3. É tão estável quanto o trono de Deus.
4. É para sempre e sempre.
1. Temos o direito de esperar a conversão de
todos os escolhidos de Deus. A depravação
nativa e os hábitos prolongados de pecar
podem parecer tornar uma mudança de coração
desesperada; mas porque Cristo está sentado à
direita de Deus, seu povo estará disposto no dia
de seu poder. (Salmo 110: 1, 3).
2. Não haverá fracasso na conclusão de todos
os planos e esquemas de Deus: "O Senhor, à tua
direita, quebrantará reis no dia da sua ira.
Julgará entre as nações; enchê-las-á de
cadáveres; quebrantará os cabeças por toda a
terra. Pelo caminho beberá da corrente, e
prosseguirá de cabeça erguida." (Salmos 110: 5-
7).
3. A igreja é segura. Sua cabeça é exaltada, e ele
a ama, e a comprou com seu sangue. Ele a
gravou nas palmas de suas mãos. Seu sucesso
depende de um braço cheio de poder, de uma
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graça infinita, da intercessão que sempre
prevalece. A confiança humilde e exclusiva no
capitão de nossa salvação, nunca pode ser
decepcionada.
4. Para o mesmo estado glorioso os crentes em
Cristo estão tendendo rapidamente. O céu, o
céu dos céus, o terceiro céu, o paraíso, a nova
Jerusalém, a cidade de Deus, são alguns dos
nomes pelos quais a glória dos espíritos dos
homens justos aperfeiçoados é designada. A
glória daquele mundo abençoado em que o
Cordeiro é a sua luz. Seremos como ele, porque
o veremos como ele é. Nossos corpos vis serão
modelados como seu corpo glorioso. Estaremos
para sempre com o Senhor.
5. A submissão e obediência fervorosas e
universais a Cristo são razoáveis e obrigatórias.
Devemos nos submeter alegremente para a
salvação, ou relutar para a destruição. Agora os
homens podem se afetar, e até sentir desprezo
pela religião e seu Autor; mas esses são
pensadores superficiais que não sabem que a
coragem desconsiderada logo cede lugar a
consternação terrível, enquanto a apreensão
sóbria prepara a mente para o pior. Nenhum
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grito de misericórdia será mais forte, nenhum
grito de angústia será mais penetrante, nenhum
gemido de desespero será mais doloroso do que
aqueles proferidos no último dia por homens
que toda a sua vida fizeram pouco caso das
coisas eternas. Se você ainda está em seus
pecados, uma de duas coisas é verdadeira - ou
sua consciência está em perpétua e terrível
guerra com sua prática - ou você abraçou algum
erro que tira a vida de dignidade do céu mata a
esperança de alcançá-lo.