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O jornal das lutas comunitárias e da cultura popular Ano 4 - Número 42 Março de 2010 Editorial Prefeito apóia a votação do Peu das Vargens e sonha com a remoção da Vila Autódromo e de outras comunidades para agradar as empresas imobiliárias e construtoras que financiaram sua campanha eleitoral. Será esse o legado das Olimpíadas de 2016? Morador da Taquara reclama dos governos pelo abandono de Jacarepaguá “O Jornal Abaixo-Assinado volta com tudo”. Volta para promover o debate da cidade e país que queremos. Volta para denunciar as mazelas sociais. Volta para dar voz aos oprimidos e abrir suas páginas ao movimento popular na sua luta por melhores condições de vida em nossa região, que é o desejo de todos nós. Volta para discutir os principais assuntos políticos, sociais e culturais de nossa comunidade. Aqui o Jornal Abaixo-Assinado entra em nossas vidas em defesa da região – esse é um ponto de partida para sua vida mudar – porque construímos com extrema dificuldade uma mídia alternativa e independente. 2010 é um ano importante. As eleições vêm aí, e não há como se assumir uma postura neutra, você que deseja ver sua vida mudar, precisa se preocupar com sua cidade, seu estado e seu país. O seu voto é poder e pode mudar nossas vidas, começando em derrotar os políticos corruptos e sem compromisso com as lutas do povo. Na vida é necessário compromisso, sem ele, não vamos a lugar algum. Mas para irmos a um lugar seguro e melhor é preciso que o comprometimento seja com a causa, a ideologia certa. Vote consciente. Voltamos, caros leitores, e queremos sua participação! Você que gosta do nosso jornal por suas reivindicações, denúncias e discussões dos problemas das comunidades; tem agora a oportunidade de fazer com que elas se tornem realidade. Entre nessa luta e solte o seu grito em nossas páginas. Estamos de volta, gente! Luta contra a remoção da Vila Autódromo Atitude Cidadã: Lar de Frei Luiz Professora conta em entrevista como ensina utilizando o JAAJ Páginas 4 e 5 Página 2 Página 6 Página 8 foto: Sheila Jacob/ NPC

Jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá - Ed. 42 - Março de 2010

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Jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá - Ed. 42 - Março de 2010

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O jornaldas lutas

comunitáriase da cultura

popular

Ano 4 - Número 42Março de 2010

Editorial

Prefeito apóia a votação do Peu das Vargens e sonha com a remoção daVila Autódromo e de outras comunidades para agradar as empresasimobiliárias e construtoras que financiaram sua campanha eleitoral.

Será esse o legado das Olimpíadas de 2016?

Morador da Taquara reclama dosgovernos pelo abandono de Jacarepaguá

“O Jornal Abaixo-Assinado volta comtudo”. Volta para promover o debate dacidade e país que queremos. Volta paradenunciar as mazelas sociais. Volta paradar voz aos oprimidos e abrir suaspáginas ao movimento popular na sua lutapor melhores condições de vida emnossa região, que é o desejo de todosnós. Volta para discutir os principaisassuntos políticos, sociais e culturais denossa comunidade.

Aqui o Jornal Abaixo-Assinado entraem nossas vidas em defesa da região –esse é um ponto de partida para sua vidamudar – porque construímos comextrema dificuldade uma mídia alternativae independente.

2010 é um ano importante. As eleiçõesvêm aí, e não há como se assumir umapostura neutra, você que deseja ver suavida mudar, precisa se preocupar comsua cidade, seu estado e seu país. O seuvoto é poder e pode mudar nossas vidas,começando em derrotar os políticoscorruptos e sem compromisso com aslutas do povo.

Na vida é necessário compromisso,sem ele, não vamos a lugar algum. Maspara irmos a um lugar seguro e melhor épreciso que o comprometimento sejacom a causa, a ideologia certa. Voteconsciente.

Voltamos, caros leitores, e queremossua participação! Você que gosta donosso jornal por suas reivindicações,denúncias e discussões dos problemasdas comunidades; tem agora aoportunidade de fazer com que elas setornem realidade.

Entre nessa luta e solte o seu grito emnossas páginas.

Estamosde volta, gente!

Luta contra a remoção da Vila Autódromo

Atitude Cidadã: Lar de Frei Luiz

Professora conta em entrevista comoensina utilizando o JAAJ

Páginas 4 e 5

Página 2

Página 6

Página 8

foto: Sheila Jacob/ NPC

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Ano 5 - Número 42Março de 2010

[email protected].: (21) 7119-6044

Cx. Postal 70514 – Taquara – RJCEP 22.740-971

Publicação mensal daRPC Editora Gráfica LtdaCNPJ 08.855.227/0001-20

Conselho Editorial Almir Paulo, Ivan Lima, Manoel Meirelles,Val Costa, Jayme Rocha, Sílvia Regina,

Paulo Silva, Luciana Araujo,Sônia dos Santos, Cláudio Mattos,

Pedro Ivo e Maraci Soares

Colaboraram nessa ediçãoLuciane Sá, Ione Santana, Jerônimo daSilva, Jane Nascimento, Sheyla Jacob e

Tatiana Santiago

Diagramação e Arte-finalJane Fonseca

Mala-direta: Governo Federal; CâmaraFederal (bancada do Rio); Governo do

Estado; Assembléia Legislativa; Prefeitura;Câmara Municipal; Tribunal de Justiça;partidos políticos; Acija; Acibarra; Acir;

sindicatos; cooperativas; associações demoradores; FamRio; Famerj; Faferj; Faf-Rio;

Ong’s; Ibase; Fase; Viva Rio; rádios comunitárias

As matérias assinadas são deresponsabilidade dos autores

Distribuição gratuita

EXPEDIENTE

Cartas dos leitores

Cartas Informe nome completo, telefone e endereço. O jornal sereserva o direito de, sem alterar o conteúdo, resumir ou editar as cartas.

[email protected]. postal 70514 – Taquara – 22.740-971

Os problemas continuam em JacarepaguáAs Entidades Uzina Eco Arte, Federação dos Estudantes (Fesn) e a União

Geral dos Trabalhadores (Ugt-RJ) cobram das Autoridades Públicas maisinvestimentos dos Governos Federal, Estadual e Municipal no bairro deJacarepaguá. Um bairro de mais de 700 mil habitantes e uma das maioresarrecadações de impostos do Rio de Janeiro. Mas, que está literalmenteabandonado. Vejam os problemas de anos:·A única Maternidade Pública do bairro está fechada a mais de 4 anos.·As Lagoas continuam poluídas.·Falta Saneamento Básico em muitas Comunidades.·Os alunos do Colégio Estadual Maria Terezinha na Praça Seca aguardam peloinício das obras no Prédio da Escola.· Falta de Creches Públicas para atender a demanda local.·A Floresta da Pedra Branca é constantemente vítima das ocupações irregulares eda degradação.· Os alunos do Colégio Estadual Stella Matutina sofrem por causa das péssimascondições do prédio alugado.·Prédios Públicos abandonados, como o Prédio da Secretaria de Estado de Educaçãono Largo do Tanque.· Falta Transporte de massas como METRÔ ou VLT (Veiculo Leves sobre Trilhos).·As ruas e estradas do bairro estão esburacadas e mal iluminadas.Nós, da Uzina Eco Arte, Fesn e Ugt-RJ, esperamos mais atenção do Poder Público,pois o grande presente de aniversário que o Bairro de Jacarepaguá precisa é maisinvestimentos público para melhoria da qualidade de vida do seu povo.*Márcio Luiz, Vice-presidente da Uzina Eco Arte e morador de Jacarepaguá, por e-mail.

Queremos chegar na PenhaA Transcarioca linha expressa ligando a Barra da Tijuca a Penha, não vai passar

pela Cidade de Deus, pois segundo me informaram in loco, as indenizações naquelaárea são baixas, portanto a especulação imobiliária não poderia anunciar através doprefeito, 300 milhões só em desapropriação, fora a obra da ordem de 450 milhões.A linha expressa deixará de atender diretamente cerca de 15 mil moradores dacomunidade, que se deslocam todos os dias para os bairros de Irajá, Vaz Lobo,Vicente de Carvalho e adjacências, e pagam duas tarifas todo santo dia, mais oaborrecimento e estress do trânsito. A rota normal desta via poderia ser pela RuaEdgard Werneck, continuando pela Estrada Miguel Salazar Mendes de Morais, porémseu trajeto foi mudado para o Autódromo, pela Av Embaixador Abelardo Bueno,local muito mais valorizado, e que traria as empreiteiras interessadas em construir,novos prédios e shoppings, uma grande alegria. Com certeza desta forma DuduMalvadeza, garante a sua reeleição de alcaide da cidade. Em breve farei um ato napraça da Cidade de Deus contra esta obra que exclui os trabalhadores da comunidade.

*Paulo Silva, cineasta e morador da Cidade de Deus, por e-mail.

Nos dias 5, 6 e 7 de março acontece no Hotel Guanabara, Av. Pres.Vargas, 392, a 4ª Conferência Municipal da Cidade com o objetivo de debatere avaliar os Avanços, Dificuldades e Desafios na Implementação da Políticade Desenvolvimento Urbano, a Gestão Democrática e o Controle Social, aspropostas básicas para o Plano Municipal de Habitação de Interesse Sociale a constituição do Conselho da Cidade.

O Grupo dos 50 realiza dia 12 de março, a partir das 19h, importantesolenidade de comemoração ao Dia Internacional de Luta da Mulher, noRestaurante Caldeirão – Rua Apiacás, 130, Taquara.

Agenda

Utilidade Pública

KAROLINA SOUZA VIANAIDADE: 15 ANOS

DESAPARECEU EM 14/10/2009

O Rio de Janeiro irá receber oV Fórum Urbano Mundial, de 22 a 26de março de 2010, no Cais do Portodo Rio de Janeiro, evento gratuito,organizado pelo Programa das NaçõesUnidas para os AssentamentosHumanos (UN-HABITAT), baseadoem Nairóbi, Quênia.

Espera-se que o encontro reúnacerca de 15 mil pessoas de todo omundo.

O tema deste 5º Congresso é “ODireito à Cidade”, um conceito novoe riquíssimo em potencial parafortalecer as vozes de liderançascomunitárias do Rio e de todo omundo. Este tema reconhece que odireito à cidade não é baseado nopoder de compra do cidadão e sim emsua participação na construção dacidade. Essa será uma chance ímparpara comunidades cariocas parti-ciparem de debates de nível global,mas, com efeito, local dada à presençade autoridades, representantes da Onu,parlamentares e organizações nãogovernamentais do mundo inteiro noevento, sobre assuntos polêmicos emque essas comunidades são espe-cialistas: falta de moradia popular,remoção, regularização fundiária,urbanização, falta de participação naformulação de políticas públicas, emuito mais.

O UN-HABITAT é uma agênciaespecializada da ONU dedicada àpromoção de cidades social e am-bientalmente sustentável de maneiraa que todos os seus residentesdisponham de abrigo adequado.

Como ParticiparA inscrição é gratuita e tem que

ser feita até o dia 14 de março.Basta preencher o formulário on-

line no site da UN-HABITAT(www.unhabitat.org) e do Ministériodas Cidades. Depois desta data ainscrição terá que ser feita no local doevento no Cais do Porto.

Fórum Social UrbanoAs organizações da sociedade civil

brasileira farão um evento paralelo, oFórum Social Urbano, no CentroCultural da Ação da Cidadania Contraa Fome, na Avenida Barão de Tefé, nº75 – a 300 metros do evento oficial.

V Fórum

Urbano Mundial

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Opinião

“A dor da gente não sai no jornal”,disse o poeta. No “Abaixo-Assinado”,circulando desde março de 2005, sob acoordenação do Almir Paulo e suaequipe de ativistas sociais, sai. Trata-sede um veículo de informação livre ealternativo, onde a população se iden-tifica com seu conteúdo, de linguagemfácil, inteligente e sem meias palavras.

Os moradores de Jacarepaguá,Taquara, Colônia Juliano Moreira,Cidade de Deus, Freguesia, PraçaSeca, Curicica e Vargem Grande têmbons motivos para comemorar esseretorno, depois de brevíssimo intervalo.Toda a Baixada de Jacarepaguá, apartir de agora, voltará a ter acesso àinformação direta e de boa qualidade.Notícias que vão ao encontro das de-mandas das comunidades da região,que denunciam os problemas vividospelos moradores. Um jornal que temlado e não se omite. Não se vende! Porisso tem credibilidade e “ficha limpa”para criticar a omissão das autoridades,divulgar os artistas do pedaço e re-pudiar a ação demagógica daqueles quese dizem representantes do povo, massó aparecem de dois em dois anos parapedir votos e poluir a região com suascampanhas milionárias.

O “Abaixo-Assinado”, esse sim umJornal popular, é uma alternativa aosjornalões das grandes empresas de comu-nicação - a chamada mídia grande que, comcerteza, também tem seu lado, seus interesses

e tenta impor suas “verdades absolutas”.Apesar de popular e alternativo, o

“Abaixo-Assinado” não tem pretensõespequenas, medíocres. Muito pelocontrário: pensa grande. Quer contribuir,junto com você – leitor atento – com obem estar de sua região. Para trans-formar a Baixada de Jacarepaguá, o Riode Janeiro, o Brasil e, quiçá, o mundo.Para tanto, o “Abaixo-Assinado” insistena esperança teimosa dos moradores einveste na conscientização cidadã.Aposta na força e na organização dosMovimentos Sociais e no potencialreivindicativo das Associações de Bair-ro. E também acredita na grande capa-cidade mobilizadora das mais diversasreligiões. Sabe que é preciso muita co-ragem, espírito público e persistência pa-ra alcançar seu objetivo: o bem comum.

Almir Paulo e sua equipe, quandose propuseram a construir essa fer-ramenta de comunicação popular,pensaram, acima de tudo, em levar, aosquatro cantos da Baixada de Ja-carepaguá, notícias da sua região, semmaquiagem e sem distorções. Apenasa informação, nua e crua, para que oleitor atento, de forma crítica, possatirar suas conclusões. E, organi-zadamente, agir.

Participe desse “Abaixo-Assinado”.Ele proporciona a você, morador daBaixada de Jacarepaguá, o conhe-cimento do que anda acontecendo,bem aí, na sua rua, no seu bairro, nasua vida. O “Abaixo Assinado” é umaobra coletiva, tocada por gente que temhistória e quer contribuir para apontarnovos caminhos.Chico Alencar é Professor de História

e Deputado Federal pelo PSOL- RJ

Chico

Alencar

Chico

Alencar

*Almir Paulo

“Para o mal triunfar, basta quehomens de bem se omitam”.(Edmund Burke – Filósofo)

No Brasil do século 21, onde 20milhões de crianças e adolescentesvivem abaixo da linha de pobreza, aESCOLA com toda certeza é a soluçãopara a violência e uma vida digna.

A violência e a barbárie é a dura ecruel realidade em que vivem nossosjovens nos dias atuais. A primeira causade morte entre adolescentes, pelo últimocenso do IBGE, é homicídio. Há 12anos, o homicídio vinha em quinto lugare hoje já supera os acidentes – que vêmem segundo lugar.

A esperança para nossas crianças ejovens, cujas famílias enfrentam dificuldadesmateriais, é a escola. É lá no espaço escolara segunda – e talvez a última – chance deencontrar um ambiente favorável a umdesenvolvimento pleno e saudável, onde sepossa construir a cidadania, valores, ética e,acima de tudo, a fraternidade e asolidariedade. Do contrário, nossas crianças

A Escola é o caminho

da liberdade, do sonho e da utopiae jovens farão parte das estatísticas de mortepor violência.

Meu sentimento é que a violência étambém contra a capacidade dessesjovens de existirem como pessoas. Nãohá sonho, nem desejo e muito menosuma utopia e o que existe é a exclusãosocial como pessoa. O certo,infelizmente, é que a violência apaga osentido de existir no mundo.

E aí, eu pergunto: que caminho temum jovem de 14 anos, vivendo aexclusão conjuntamente com seus paise irmãos, traça uma maconha oucocaína e põe uma arma na mão?Minha resposta: poucos caminhos quenão a maldade. A arma lhe dávisibilidade, poder, prestígio, a “mina”mais gostosa e bonita da comunidade eo incrível tênis da Adida.

A escola é a saída para as criançase jovens desenvolverem a capacidadede pensar, de sonhar, de brincar e debuscar modelos saudáveis nasociedade. Portanto, a nossa luta contraa violência e a droga é a construção deESCOLAS de boa qualidade e detempo integral.

JAAJ, o jornal das lutas comunitárias

Tel. 7119-6044

JAAJ é para lutar

(21) 7119-6125 / (21) 7119-6163E-mail: [email protected]

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Luta contra a remoção Daqui nãosaio, daquininguémme tira

*Maraci Santos Soares

Aprovaram na Câmara deVereadores o Plano de Estruturação Urbana dasVargens sem discussão e sem audiência pública comos moradores da região. O prefeito anuncia na Suíçaa remoção da Vila Autódromo. Crescem os boatosde remoção e despejos de comunidades carentes daBaixada de Jacarepaguá já por conta da Copa doMundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Estão tentando arrancar nossas identidades a favorda especulação imobiliária – que votou maciçamenteno prefeito Paes. Virou moda na região e são aquelasmesmas pessoas que dizem que trabalham cominclusão social, mas estão usando um discurso sórdidodo qual já estamos cansados. Querem na verdadenos excluir da cidade. Agora chamam de desordemurbana as favelas.

Com o Plano Diretor e o Peu das Vargens queremexpulsar os verdadeiros donos destas terras. Aqui noAlto do Camorim somos remanescentes de quilom-bolas e são anos que tentamos dizer: nós tambémfazemos parte dessa história e da grandeza destacidade e país e queremos a titulação e a urbanizaçãode nossa comunidade.

Sabe, bem parece que voltamos no tempo em quealgozes perseguiam os povos. Vila Autódromoconcentra parte desse povo perseguido, com noventae cinco por cento de sua população tendo nascido ecrescido ali. Como me lembro da época que águascristalinas e dunas brancas como neve existiam naBarra, e de repente foi invadida por luxuososcondomínios e que até hoje despejam litros e maislitros de esgotos nas nossas lagoas.

Todavia, o povo pobre e trabalhador não podemmorar na Barra e nem no Recreio, segundo o conceitoopressor do prefeito e seus aliados da indústria daespeculação imobiliária. O mais triste é saber quevários políticos de partidos ditos de esquerda fazemparte de seu governo e estão calados diante daofensiva de remoção e despejos da Vila Autódromoe outras comunidades.

Diante da situação que estamos vivendo, daremosnosso grito de liberdade. O Brasil mudou e nós nãocontinuaremos oprimidos. Somos e seremos Zumbi dosNossos Palmares e lutaremos incessantemente para quea nossa história não seja brutalmente assassinada e onosso povo massacrado por qualquer prefeitinho. Porisso, eu canto “daqui não saio, daqui ninguém me tira”.

*Diretora da Associação dos Moradoresdo Alto do Camorim e do

Movimento União Popular (MUP)

*Ivan PauloO anúncio de qualquer obra pública deveria ser

motivo apenas de satisfação. Demonstra que asautoridades estão cumprindo seu papelconstitucional de garantir os direitos da populaçãoa uma vida digna. Contudo, nem sempre é assimque ocorre. Recentemente, a cidade do Rio deJaneiro ganhou a disputa internacional para ser asede das Olimpíadas de 2016. Diversas obras foramanunciadas e bilhões de reais serão investidos.Entretanto, nem todos sairão ganhando. O projetoque apresenta as construções que deverão ser feitaspara preparar a cidade para o evento prevê, entreoutras coisas, a remoção de milhares de famíliasde seu local de moradia. As comunidades queestarão no caminho das obras serão simplesmenteretiradas, sem garantia de serem realocadas emoutra localidade com dignidade e respeito.

“O prefeito quer a remoção da Vila Autódromoe de várias comunidades na Barra, Recreio,Jacarepaguá e Vargem Grande para agradar asimobiliárias e construtoras que sempre financiaramsuas campanhas eleitorais (vereador, deputadofederal, ao governo estadual e prefeitura). E vaiaproveitar as obras para a Copa do Mundo de 2014e os Jogos Olímpicos de 2016 para concretizar seucompromisso de remoção de comunidades pobresdas áreas nobres da Barra e Recreio”, diz revoltadoAlmir Paulo, coordenador do Grupo dos 50 e daequipe do Jornal Abaixo-Assinado.

Não bastassem os ataques anunciados pelarealização dos Jogos Olímpicos de 2016, a Prefeituratem ameaçado os moradores de favelasconstantemente, seja através do conhecido “choquede ordem”, seja pelas tentativas de remoção.Recentemente, a Secretaria Municipal de Habitaçãodivulgou uma lista de 119 comunidades a serem

despejadas. Não fosse o já conhecido desrespeitoaos direitos dos moradores destas localidades porparte do poder público, esta notícia não seriarecebida com desconfiança. Contudo, ela circulariajustamente após as catástrofes ocorridas em Angrados Reis, onde várias pessoas morreram devido adeslizamentos de terra. A secretaria obviamenteaproveitou uma catástrofe para anunciar outra: aremoção de comunidades, em especial a VilaAutódromo.

“Por tudo isso, fizemos um primeiro Ato contraa remoção na porta da Prefeitura no dia 10 defevereiro. Continuaremos protestando contra o queconsideramos uma injustiça, um desrespeito aonosso direito de habitar na cidade, e à própriacidade. Não queremos ser removidos, mas sim quenossos locais de moradia sejam urbanizados eregularizados. Não podemos esquecer que somosnós que construímos e mantemos essa cidade emfuncionamento, com nosso trabalho, todos os dias”,fala revoltada dona Jane Nascimento (foto acima),diretora da Associação de Moradores da VilaAutódromo.

O Ato contra a remoção na porta da Prefeiturano último dia 10 de fevereiro fez com que o prefeitoPaes agendasse uma reunião para o dia 3 de março,às 17h, com representantes da comunidade e daAssociação de Moradores da Vila Autódromo.

As entidades da sociedade civil, como aFederação das Associações de Favelas do Rio deJaneiro (Faferj) e o Movimento União Popular (Mup),prometem muita na luta na defesa das comunidadese pretendem organizar uma ocupação na sede doComitê Olímpico Brasileiro (COB) em dia de visitaao Rio do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Remoção Não!Prefeito quer remoção da Vila Autódromo para agradar as imobiliárias e

construtoras que sempre financiaram suas campanhas eleitorais

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Peu das Vargens

Como votaram cadavereador e vereadora no Peu

Equipe do Jornal Abaixo-Assinado parabeniza a atuação firmedos sete vereadores que votaram contra a aprovação do Peu dasVargens e depois entraram com ação no Ministério Público paraanulação da sessão na Câmara. São eles: Alfredo Sirkis, AndreaGouvêa Vieira, Clarissa Garotinho, Eliomar Coelho (foto), PauloPinheiro, Reimont e Stepan Nercessian.

A votação do Peu das Vargens naCâmara de Vereadores do Riorepercute até hoje pela decisão deexcluir a comunidade de VilaAutódromo como área de interessesocial e aumentar o gabarito deprédios na região. Por este motivo oJornal Abaixo-Assinado nãodeixará cair no esquecimento comovotou cada vereador.

Veja se seu vereador ou suavereadora apóia a especulaçãoimobiliária e a remoção decomunidades na nossa região.

Na primeira votação, no dia 27de outubro de 2009, votaram afavor do projeto os vereadores:Alexandre Cerruti, Aloísio de Freitas,Bencardino, Carlo Caiado, ChiquinhoBrazão, Claudinho da Academia,Cristiano Girão, Dr. Carlos Eduardo,Dr. Eduardo Moura, Dr. FernandoMoraes, Dr. Gilberto, Dr. Jairinho,Dr. Jorge Manaia, Elton Babú, FaustoAlves, João Cabral, João Mendes deJesus, Jorge Braz, Jorge Felippe,Jorge Pereira, Jorginho da SOS,Leonel Brizola Neto, Liliam Sá,Lucinha, Luiz Carlos Ramos, NereidePedregal, Patrícia Amorim, PauloMessina, Professor Uóston, RenatoMoura, Roberto Monteiro, RogérioBittar, S.Ferraz, Tânia Bastos, TioCarlos e Vera Lins.

Oito vereadores votaramcontra o projeto: Alfredo Sirkis,Andrea Gouvêa Vieira, CarlosBolsonaro, Clarissa Garotinho,Eliomar Coelho, Paulo Pinheiro,

Reimont e Stepan Nercessian.Não votaram, mas estavam

com presença no plenário: AdilsonPires, Ivanir de Mello, Marcelo Piuíe Teresa Bergher.

Vereadores ausentes: AspásiaCamargo, Eider Dantas e RosaFernandes.

Na segunda votação, no dia 3de novembro de 2009,votaram afavor 38 vereadores: Adilson Pires,Alexandre Cerruti, Aloísio de Freitas,Bencardino, Carlo Caiado, ChiquinhoBrazão, Claudinho da Academia,Cristiano Girão, Dr. Carlos Eduardo,Dr. Eduardo Moura, Dr. FernandoMoraes, Dr. Gilberto, Dr. Jairinho,Dr. Jorge Manaia, Elton Babú, FaustoAlves, João Cabral, João Mendes deJesus, Jorge Braz, Jorge Felippe,Jorge Pereira, Jorginho da SOS,Leonel Brizola Neto, Liliam Sá,Lucinha, Luiz Carlos Ramos, MarceloPiuí, Nereide Pedregal, PatríciaAmorim, Professor Uóston, RenatoMoura, Roberto Monteiro, RogérioBittar, S.Ferraz, Tânia Bastos, TeresaBergher, Tio Carlos e Vera Lins.

Sete vereadores votaramcontra: Alfredo Sirkis, AndreaGouvêa Vieira, Clarissa Garotinho,Eliomar Coelho, Paulo Pinheiro,Reimont e Stepan Nercessian.

Não votaram, mas estavamcom presença no plenário: CarlosBolsonaro, Eider Dantas, Ivanir deMelo e Paulo Messina

Vereadores ausentes: AspásiaCamargo e Rosa Fernandes

*Manoel Meirelles

Ainda repercute o jogo sujo quedominou a Câmara de Verea-dores nos dias 27 de outubro e 3de novembro de 2009 quando foiaprovado em segunda e últimavotação o Peu das Vargens, queestabelece parâmetros de cons-trução e de uso do solo na regiãoda Vargem Grande, Vargem Pe-queno, Riocentro, Camorim, partedo Recreio, Barra e Jacarepaguá.Bem na surdinha e tudo feito em umasemana, com apoio dos vereadoresda base e do líder do governo doprefeito Paes, que é um vereador doPT, a votação foi de 40 x 7.

Os vereadores também conse-guiram retirar a comunidade daVila Autódromo do artigo que agarantia como AIES – Área deInteresse Especial. Com issogarantiam um velho desejo doprefeito de remo-ção e despejo da

comunidade.A forma como se deu a votação

e a aprovação do Peu das Vargensé um flagrante desrespeito à LeiOrgânica do Município, ao PlanoDiretor e ao Estatuto das Cidades,que exigem amplo debate eaudiências públicas para apro-vação de legislação urbanística.

Evitaram o debate com ascomunidades, sequer houvetempo para entender direito oprojeto e o que acontecerá naregião após as mudanças. Umacerteza é gigantesca especulaçãoimobiliária, com ganhos milionáriospara alguns, crescimento popula-cional e construtivo e nenhumaproteção ambiental. Como des-culpa, naturalmente, a Copa doMundo e as Olimpíadas.

E o prefeito começa a pagar oapoio que recebeu das empresasimobiliárias e construtoras quesempre financiaram suas eleições.

Sem discussão Peu dasVargens é aprovado com

apoio do Prefeito

Sete vereadoresmerecem aplausos

Movimento União Popular(MUP) conclama os moradoresque pressionem o prefeitoenviando mensagens para o e-mail [email protected] que ele vete o projeto. A Federação de Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj),

que conta com 700 associações filiadas, representando 1.700.000 (um milhão esetecentos mil) moradores, vêm manifestar “Moção de Repúdio” aos vereadoresque votaram a favor das alterações do PEU das Vargens que promove a remoção dedezenove comunidades de forma obscura e arbitrária.

O não cumprimento das determinações do Estatuto das Cidades, que prevê arealização de audiências públicas, demonstra um claro comprometimento com aespeculação imobiliária e o poder econômico em detrimento dos menos favorecidos.

Desta forma, tornaremos público o nome dos vereadores que votaram a favor detal projeto, para que toda a população tome conhecimento e não vote nos mesmos,varrendo-os da vida pública por não serem seus legítimos representantes.

Rossino de Castro Diniz – Presidente da Faferj

Moção de Repúdio

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Texto e fotos: Jayme Rocha

“Em Jacarepaguá existe um lugar demuita paz onde podemos exercitar oamor pelo próximo, além de podermosolhar para nós mesmos”. Essa frase ditapor um frequentador do EducandárioSocial Lar de Frei Luiz, tambémdenominado Mini-Cidade do Amorretrata não só uma opinião, mas umsentimento que milhares de pessoas quesemanalmente visitam a instituiçãocompartilham.

Há mais de 60 anos foi criado ogrupo de trabalho dessa grande obra peloentão presidente Luis da Rocha Lima,orientado por Frei Luiz, com a missãode prover assistência social a pessoasnecessitadas, assim como auxílioespiritual e tratamento para o público emgeral.

Localizado num terreno bastantearborizado, além dos mais de três milvisitantes em média que visitam ainstituição nos dias de trabalho, ocomplexo abriga 42 crianças e 25 idosos;cerca de 180 crianças semi-internas dascomu-nidades carentes próximas e 114

Atitude cidadã

Lar de Frei Luiz

um exercício de amor ao próximo

crianças na creche, representando assimem uma obra social de grande impor-tância.

Toda essa assistência é gratuita eatividades diárias são ministradas pelosvoluntários. Os idosos têm aulas nasoficinas de fuxico e artesanato em ma-deira, além de fazerem passeios e se di-vertirem em eventos, como o do “aniver-sariante do mês”; as crianças da crecheparticipam de atividades físicas e edu-cativas elaboradas pelas professoras; ascrianças residentes e semi-internas alémde reforço escolar, tem aulas de capoeira,informática, percussão, artesanato,bijouteria, dobraduras em papel, mar-cenaria, teatro, música e evangelizaçãomoral-cristã.

Além das aulas para os pequenos, ospais têm à disposição aulas profis-sionalizantes de cabeleireiro e pintura emtecido. Novas ofertas de cursos depen-dem de professores voluntários, quepodem procurar a assistência social nosdias úteis ou ligar para 3539-9550.

Na área de assistência social sãorealizadas atividades como:- Distribuição mensal de sacolas com

alimentos para as pessoas idosasnecessitadas que moram próximas.- Distribuição mensal de roupas,cobertores e sopa para pessoas emsituação de mendicância.- Laboratório de análises clínicas.- Ambulatório para tratamento médicoe dentário de pessoas pobres. Na áreaodontológica só em 2008 foram quase1.200 atendimentos.Sob o ponto de vista espiritual, o Larde Frei Luiz oferece:- Auxílio espiritual e tratamento para opúblico em geral, oferecido nassessões mediúnicas que acontecem àsquartas-feiras e aos domingos.- Tratamento espiritual a pacientesescolhidos pelos mentores espirituais,nos sábados pela manhã, durante ostrabalhos de materialização.

- Seções de anti-goécia na últimasexta-feira de cada mês.

O Centro de Terapia Dr. LauroNeiva, promove o atendimento depessoas agendadas pela triagem nasespecialidades de Reiki, Cromoterapia,Fisioterapia e Acupuntura.

Por não ter auxílio governamental,o Lar de Frei Luiz sobrevive essencial-mente de doações, financeira ou deobjetos, trabalhos comerciais execu-tados pelo Centro Gráfico a custobaixo; contribuições mensais depessoas sensibilizadas; a venda delivros na instituição e do artesanatoproduzido pelas crianças e jovens e dalanchonete. A Festa Julina que vaiocorrer no dia 12 de julho, a partir das12h, é outra forma de angariar fundos.A entrada é gratuita. Participe!

Um grupo de militantes dos movimentossociais, estudantes, aposentados e deprofissionais liberais da Baixada deJacarepaguá fundaram o Núcleo deJacarepaguá do Psol – Partido Socialismo eLiberdade, na busca de uma nova alternativapartidária num tempo de agudas crises, de forteindução à despolitização e ao abandono dascomunidades da região ameaçadas deremoção.

“Temos uma história de luta em defesa dascomunidades e na construção de umasociedade justa e igualitária. Não podemos nos

Nasce o PSOL-Jacarepaguá

Para saber como você pode ajudar

Educandário Social Lar de FreiLuiz – Estrada da Boiúna 1733 –TaquaraTelefone geral – 3539-9550 /Doações – [email protected](no assunto escrever central dedoações)www.lardefreiluiz.org.br

Depósitos de qualquer valorpodem ser feitos:

Banco ItaúAgência: 6021 C/C: 21250-8

Banco BradescoAgência: 3007-4 C/C: 299-2

Banco do BrasilAgência: 1579 C/C: 13283-7

omitir! Daí nossa opção em organizar emJacarepaguá o Psol numa região onde predominao conservadorismo e o clientelismo”, diz convictoIvan Paulo, um dos coordenadores do Núcleodo Psol-Jacarepaguá.

O Psol é um partido da luta dos direitos dopovo, da soberania nacional, do cuidadoambiental, da auditoria da dívida, do Fora Arrudae todos os corruptos, da coerência e da ética napolítica.

O Psol agora estará presente nas lutascomunitárias e debates de políticas públicas emdefesa e desenvolvimento de nossa região.

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No dia 21 de março, o Jornal Abaixo Assinado e aPersonal Sudio realizarão a 7ª Caminhada Eco-Histórica até a Represa do Camorim.

O trajeto será feito dentro do Parque Estadual daPedra Branca, onde se destacam jequitibás,quaresmeiras, ipês amarelos e roxos, jacarandás ecedros. No parque está situado o ponto culminante doRio de Janeiro, o Pico da Pedra Branca, com 1.024metros de altitude.

O ponto de encontro será na Igreja São Gonçalode Amarante, localizada na Estrada do Camorim, no

925, de onde sairemos em caminhada por uma trilhade aproximadamente 1h30min de subida dentro daMata Atlântica.

A taxa de participação é de R$ 20,00, com direitoa camisa do evento. As inscrições ocorrem na PersonalStudio, Estrada do Tindiba, 185, Pechincha. Tel: 3327-4007.

Não es-queçam delevar água,um lanchena mochila,e irem comroupas ecalçados a-propriadospara tri-lhas.

7ª Caminhada Eco-Histórica

cultura

Dia 18 de janeiro aconteceuo lançamento do livro ‘O EnsinoMédio Integrado no Contexto daMundialização do Capital’,escrito pelo jovem professorBruno Neves, que é da Equipedo Jornal Abaixo-Assinado.

“No livro falo da situação do país, da questão dodesemprego e da necessidade de unirmos a formaçãogeral à educação técnica, garantindo os conhe-cimentos necessários para uma vida digna. Temosque impedir que os filhos dos trabalhadores continuema trabalhar em situações ruins e por baixos salários– isto quando conseguememprego, ao invés de estu-dar”, explica Bruno.

O livro vai fundo nosdilemas da educação e suarelação com o mundo do tra-balho. A necessidade sentidapelos trabalhadores paraconcluir seus estudos, pre-ferencialmente em cursostécnicos para conseguiremempregos faz com que,

propostas que unam a escolarização à formaçãoprofissional ganhem destaque, pois assim seriapossível conseguir um emprego de carteira assinada.Ainda mais, nesta época em que a mídia faz umacampanha responsabilizando os trabalhadores‘desqualificados’ pelo não preenchimento de vagasdisponíveis no mercado de trabalho. Esta campanhanão diz que no Rio de Janeiro, 42,2% dos jovens de18 a 24 anos de idade ainda cursam o ensinofundamental e médio, enquanto o analfabetismo atinge11,1% das pessoas com mais de 15 anos. Os recordesde geração de empregos não são capazes de garantirocupação aos trabalhadores jovens e adultos

desempregados.“Mesmo assim, tentam nos con-

vencer que o desemprego e a pobrezasão gerados pela baixa escolaridade. Éa desigualdade social que nos impedede estudar e viver melhor!”, diz o nobreprofessor Bruno.

Para adquirir o livro ‘O EnsinoMédio Integrado no Contexto daMundialização do Capital’, que custaR$ 30,00, envie e-mail [email protected]

*Fernando Calderón

Nossa participação como colunista voluntário no JornalAbaixo-Assinado de Jacarepaguá é para tratarimportantes temas relacionados com a gastronomiacomo elemento cultural, capaz de mostrar o acervo,a memória alimentar e identidade de uma região.A Associação de Restauradores Gastronômicos dasAméricas, entidade internacional presente em maisde 30 países no mundo, e por mim representada noestado de Rio de Janeiro, comunica aos leitores doJAAJ o trabalho desenvolvido até a presente data, enosso interesse de divulgar o Projeto AREGALA-RJ,voltada para região de Jacarepaguá.O Projeto AREGALA-RJ consiste nos seguintespontos:1- Realização de cursos em parceria com o JAAJ,ACIJA e pólos gastronômicos da região, no intuitode preparar jovens e adultos interessados dascomunidades, bem como em reciclar os funcionáriosatuais dos bares, restaurantes e hotéis de acordo com aexcelência dos serviços da gastronomia internacional. 2- A criação de uma equipe de pesquisa (historiadores,sociólogos, antropólogos e etc) para fazer umlevantamento de campo, para o resgate da memóriaalimentar de região na época Brasil Colônia o quepermitira criar uma oferta gastronômica regional, alémdas já comercializadas.3- Organizar um festival gastronômico de porteinternacional, com a participação dos máster chefesde Aregala Internacional, na região de Jacarepaguá oque permitiria a partir de 2010 a inclusão de nossaregião no circuito de festivais gastronômicos do estado. 4- Criar um roteiro turístico na região de Jacarepaguá,em parceria com Riotur, que permita mostrar aovisitante estrangeiro e nacional o patrimôniocolonial arquitetônico da “Colônia”, restauraçãoalimentar regional e a Escola de Samba Renascer deJacarepaguá a que mantém vivo as tradições festivasde raízes populares. Portanto, nossa luta é árdua. Até a próxima edição doJAAJ.

* Máster Executivo Chef e Diretor RegiãoSudeste da Associação de Restauradores

Gastronômicos das Américas.

Livro defende ensino técnico

Gastronomia PopularIlé Ifé

O Jornal Abaixo-Assinado publicará a cadaedição uma coluna, intitulada Ilé Ifé:Gastronomia Popular, do cubano FernandoCalderón, Máster Executivo Chef e Diretor daRegião Sudeste da Associação deRestauradores Gastronômicos das Américas,que abordará como a gastronomia popular temrelação direta com a vida e cultura de seu povo.

Aregala-Brasil: um projetode gastronomia popular

fotos: Nivaldo José

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Frases & Pensamentos

Jornal Abaixo-Assinado: Comosurgiu a idéia de trabalhar com asmatérias do Jornal Abaixo-Assinadode Jacarepaguá com os seus alunos?

Professora Clarice Maria Silva: Otempo todo lemos, interpretamos eescrevemos diferentes tipos de textos(avisos, cartas, anúncios, bulas, receitas,notícias, poemas, diários, piadas e etc).O objetivo era ajudar o aluno a analisarcriticamente os diferentes discursos eutilizar a língua materna para estruturaras experiências vividas e explicar arealidade. Utilizamos o Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá porque acheique seria mais fácil para os alunostrabalharem com textos, fotos e temasmais próximos da nossa realidade.Consegui um exemplar para cada alunoe a proposta era ler e interpretar demaneira crítica os interesses e in-tenções do autor de um texto publicado.Aproveitamos também para trabalhar

formas e a organização do jornal di-ferentes modos de exposição de in-formações, o tratamento dado às in-formações apresentadas, suporte (nocaso o jornal), permanência em cir-culação, periodicidade da publicação,modo de ler, etc.

JAAJ: Conte-nos um pouco como foidesenvolvido esse trabalho em salade aula?

Professora Clarice: Ao escrever, o autorvai deixando pistas de suas intenções.Diante do texto, os alunos deveriamdescobrir estas pistas e chegar mais pertodos motivos que levaram ao autor aprodução do mesmo. Fizemos a leitura dacoluna do professor Val Costa esta-belecendo relações com o contexto his-tórico, social, político e cultural, re-conhecendo os elementos organizacionaise estruturais e identificando a funçãopredominante do texto em questão.Conhecer o autor é importante paracompreender o texto. Para quem fala oautor? Quem lê o jornal? Sobre o que fala

o autor? Qual o assunto? Qual a posiçãodo autor diante do assunto? Com queintenção o autor fala? O que o autor esperado leitor? Convidamos o professor Valdeire ele conversou com a turma sobre o jornal,sobre o que ele escreve, sua visão de mundoe interesses. Após o diálogo com o autorconversamos sobre as muitas possibilidadesde reflexão entre as diferenças entre ostextos falados e escritos.

JAAJ: No Ano de 2009, você tam-bém realizou um projeto utilizandoo filme “Escritores da Liberdade”(Freedom Writers, EUA, 2007).Fale-nos um pouco sobre ele.

Professora Clarice: O trabalho foirealizado com a intenção de demonstrarque a valorização das atividadesescolares e da própria escola passapelo resgate da história dos alunos. Aproposta não tinha intenção de ofereceruma visão aprofundada sobre diáriospublicados ou inéditos e sim de-senvolver habilidades de leitura eescrita. Os alunos escreveram folhas

Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá na sala de aulaEntrevista Especial com

Clarice Maria Silva, professora deportuguês do Município do Rio de Janeiro

avulsas de diários relatando expe-riências significativas ou desabafos.Não fizemos leitura dos relatos e nãoera necessária a identificação. Dis-cutimos e avaliamos a atividade.Tivemos dificuldades? Quais sentimen-tos foram despertados no momento daescrita? Gostaria que o texto fosse lidopor alguém? Alguns alunos relataramque já faziam anotações diárias emagendas e outros demonstraram in-teresse em narrar o dia a dia a partirdas atividades realizadas na escola. Osalunos sairão da escola este ano, maso material produzido integrará o acervoda escola e poderá ser contemplado portoda comunidade escolar. Este trabalhofez parte da exposição “Fragmentos devidas: diários, diaristas e seus leitores”que aconteceu no Centro Cultural daUerj no período de 15 a 18 dedezembro.

JAAJ: Qual a importância de meios decomunicação alternativos, como oJornal Abaixo-Assinado de Jacarepa-guá, para a formação de cidadãoscríticos dentro do ensino formal?

Professora Clarice: Falamos eescrevemos sobre as coisas que estãono mundo, sobre fatos que presencia-mos. Em um jornal de bairro, porexemplo, nos sentimos mais próximosde quem escreve e sobre o que é es-crito. Lemos sobre fatos, pessoas elugares que conhecemos, sobre coisasque vivemos, pensamos, desejamos.Escrever e ler são formas de transfor-mar o que vivemos.

Entrevista

(21) 7119-6125 / (21) 7119-6163E-mail: [email protected]

(21) 7119-6125 / (21) 7119-6163E-mail: [email protected]

• “As pessoas que compartilham seus conhecimentos sãoagraciadas porque confiam plenamente na fartura que a vida lheproporciona”.(Khalil Gibran)

• “Somos aquilo que repetidamente fazemos. A excelência, portanto,não é um feito, mas um hábito.”(Aristóteles)

• “Se você treme de indignação contra as injustiças do mundo,então somos companheiros”(Ernesto Che Guevara)

O professor e pesquisador Val Costa, colunista do nosso jornal, fezuma entrevista especial com a professora Clarice Maria Silva, formadaem Letras (Português-Literatura) e com Especialização em Alfabetização,Administração Escolar e Filosofia, que leciona a vinte e quatro anos, sobrea experiência que ela teve ao trabalhar textos do Jornal Abaixo-Assinadode Jacarepaguá (JAAJ) com os seus alunos do 9º Ano no Município.

Está muito interessante! Vale a pena conferir.