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A estrutura e partes das plantas Cultivar uma planta sem conhecer o seu "corpo" é o mesmo que tentar chegar a algum lugar sem conhecer o caminho, pode dar certo ou não. A planta, ser vivo assim como o homem, é dividida em partes, cada uma com funções definidas, que devem ser muito bem cuidadas. A planta é composta de raiz, caule, folha, flor, fruto e semente, que precisam ter todas as suas necessidades satisfeitas. Raiz Esta é a parte responsável pela alimentação. É através da raiz que a planta absorve água, sais minerais e conduz matéria orgânica até o caule. Ela funciona também como "dispensa", guardando reservas de nutrientes. As raízes podem ser subterrâneas (sob o solo), aquáticas (submersas na água)ou aéreas(nem na terra, nem dentro da água). Caule É a espinha dorsal da planta, mantendo-a ereta. O caule tem várias denominações. Nas árvores, chama-se tronco; haste nas plantas rasteiras e tenras; estipe, nos coqueiros e palmeiras; e colmo, quando dividido em nós e entre-nós. O caule pode, ainda, ser chamado estolão, nas suculentas e trepadeiras e, quando modificado, é conhecido por rizoma, bulbo, gavinha ou espinho. Folhas As folhas são responsáveis pela fotossíntese, respiração e transpiração, funções primordiais de um ser vivo do reino vegetal. Geralmente são constituídas de lâminas e pecíolo (cabinho que a une ao caule), e apresentam-se de várias formas; lineares, oblíquas, lanceoladas, etc. Uma folha pode ainda ser simples (só uma lâmina) ou composta. A distribuição no caule é normalmente, alternada, composta ou verticulada. Em alguns casos suprindo a planta, até que ela consiga produzir seu próprio alimento, ou servindo como proteção (assume a forma de espinhos), a folha para bem cumprir sua função deve estar viçosa, limpa e bem nutrida. Flor Quando uma flor desabrocha significa que está pronta para reproduzir-se. Com a parte masculina (estames) e a feminina (pistilo ou estigma e ovário) perfeitamente estruturadas, os agentes da natureza conseguem depositar o pólen no estigma fecundando óvulo e ovários. Quando uma planta "dá flor", está em sua fase mais crítica, pois direciona toda a energia à esta atividade. Fruto 1

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A estrutura e partes das plantas

Cultivar uma planta sem conhecer o seu "corpo" é o mesmo que tentar chegar a algum lugar sem conhecer o caminho, pode dar certo ou não. A planta, ser vivo assim como o homem, é dividida em partes, cada uma com funções definidas, que devem ser muito bem cuidadas. A planta é composta de raiz, caule, folha, flor, fruto e semente, que precisam ter todas as suas necessidades satisfeitas.

RaizEsta é a parte responsável pela alimentação. É através da raiz que a planta absorve água, sais minerais e conduz matéria orgânica até o caule. Ela funciona também como "dispensa", guardando reservas de nutrientes. As raízes podem ser subterrâneas (sob o solo), aquáticas (submersas na água)ou aéreas(nem na terra, nem dentro da água). CauleÉ a espinha dorsal da planta, mantendo-a ereta. O caule tem várias denominações. Nas árvores, chama-se tronco; haste nas plantas rasteiras e tenras; estipe, nos coqueiros e palmeiras; e colmo, quando dividido em nós e entre-nós. O caule pode, ainda, ser chamado estolão, nas suculentas e trepadeiras e, quando modificado, é conhecido por rizoma, bulbo, gavinha ou espinho. FolhasAs folhas são responsáveis pela fotossíntese, respiração e transpiração, funções primordiais de um ser vivo do reino vegetal. Geralmente são constituídas de lâminas e pecíolo (cabinho que a une ao caule), e apresentam-se de várias formas; lineares, oblíquas, lanceoladas, etc. Uma folha pode ainda ser simples (só uma lâmina) ou composta. A distribuição no caule é normalmente, alternada, composta ou verticulada. Em alguns casos suprindo a planta, até que ela consiga produzir seu próprio alimento, ou servindo como proteção (assume a forma de espinhos), a folha para bem cumprir sua função deve estar viçosa, limpa e bem nutrida. FlorQuando uma flor desabrocha significa que está pronta para reproduzir-se. Com a parte masculina (estames) e a feminina (pistilo ou estigma e ovário) perfeitamente estruturadas, os agentes da natureza conseguem depositar o pólen no estigma fecundando óvulo e ovários. Quando uma planta "dá flor", está em sua fase mais crítica, pois direciona toda a energia à esta atividade. Fruto

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É o ovário fecundado que incumbe-se de proteger a maior riqueza de uma planta, a semente, guardando-a em seu interior. Homens e animais que se alimentam dele, transportam sementes para outros locais, ampliando a proliferação das espécies. SementesPossuem reservas de alimento, para possibilitar que a planta germine e cresça até ter folhas e poder realizar a fotossíntese. Para brotar, algumas dividem-se em duas, como o feijão e a soja, outras se mantém inteiras, como o milho e o arroz. Sua função é de preservar a espécie, através da multiplicação seminal. Ligadas entre si, todas as partes da planta trabalham em um sincronismo perfeito. Assim, procure tratá-las com o devido cuidado, garantindo a vitalidade e o bom desenvolvimento de sua planta.

Como funcionam as plantas

Vamos pensar assim: se conhecermos como funcionam as plantas, entendendo os processos fundamentais da vida e do seu desenvolvimento, ficará muito mais fácil cultivá-las! Fazendo uma simples comparação entre as plantas e os seres humanos, verificamos que ambas possuem as mesmas necessidades como seres vivos, ou seja, necessitam de água, ar, luz, nutrição e calor.

As células da planta e as do homem são parecidas e funcionam de forma semelhante. Entretanto, somente os vegetais possuem capacidade para captar a energia solar (luz) e transformá-la em energia química (alimento), por meio de um processo chamado fotossíntese.

O que ela faz:

A planta retira do solo, por meio dos pêlos absorventes de suas raízes, (pêlos radiculares), os alimentos de que necessita, como os sais minerais para a sua nutrição: nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, magnésio e cálcio. Da água que absorve, retira o hidrogênio e o oxigênio do ar, retira o carbono.

Como ela é:

Raizes: fixam a planta no solo, absorvem a água e os sais minerais e os conduzem até o caule. É imprescindível lembrar que as raízes precisam respirar. Portanto, se uma planta é regada em excesso, o solo fica saturado e as raízes podem morrer ou apodrecer.

Caules: conduzem a seiva através dos seus vasos, que levam a água das raízes, os alimentos às folhas, para ativar regiões ou serem armazenadas, além disso, têm a função de produção e sustentação de folhas, flores e frutos.

Folhas: realizam a fotossíntese, a respiração e a transpiração de toda a planta. Entre as folhas e as raízes acontece uma permanente ligação de solução dos componentes do solo veiculados através da água.

Flores: onde se realiza a reprodução dos vegetais. Nesse processo, entram os diversos agentes da natureza, como o vento, os pássaros e insetos, que fazem o transporte de pólen entre as plantas para que se realize a fecundação.

Frutos: resultam da fecundação e desenvolvimento das flores.

Vejam que interessante analogia:

Na planta,as raízes são como os intestinos;a seiva é o sangue;as folhas são os pulmões;as flores os órgãos sexuais.A compra de plantas

Falta profissionalismo na hora de se vender mudas.

Geralmente as pessoas compram as plantas pela sua beleza, e geralmente quem vende, não tem o conhecimento das espécies. Como por exemplo, o seu nome científico, a sua origem, clima, tamanho que irão ter quando adultas, e tantos outros fatores que são necessários para tê-las saudáveis e bonitas.

O que se quer é vender, sem a menor preocupação se vão morrer ou não. Se morrer tem sempre a desculpa de que não molhou direito, não adubou, e tantos outros artifícios para vender outra muda. O que vemos são floriculturas e empresas de jardinagem, vendendo sem ter nenhum critério ou conhecimento.

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Os vasos, canteiros e jardins são feitos pelo método das tentativas. Planto hoje, daqui a três meses não deu certo, compro outras mudas, também não dá certo, e assim vai.

Pode ser que se acerte de primeira, pode ser que levem anos para achar uma espécie adequada. O melhor seria consultar um profissional, pois assim se economizaria um bom tempo e dinheiro.

Mas como não temos a cultura de jardinagem, as pessoas não querem pagar pelo trabalho deste profissional, no caso o paisagista.Identifique e corrija o seu solo

Mudas saudáveis, regas freqüentes e plantio adequado: não é só isso que assegura a beleza de uma planta. Se o solo for ruim, não há boa vontade que mantenha um exemplar em pé por muito tempo. Por isso, ao cultivar o verde, não se esqueça de pensar também na terra de seu jardim. Além de dar sustentação as plantas, o solo lhes oferece água e nutrientes. Conforme as ações do clima, relevo, plantas, rochas, animais e microorganismos, vão se estabelecendo as características físicas e minerais do substrato. Usualmente, são 13 os elementos que o compõem: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês, zinco, boro, cobre, cloro e molibdênio. Na medida certa, eles se unem para garantir a saúde das plantas do seu jardim. Tipos de solo São muitos os solos dos terrenos do país, mas de modo geral, podem ser divididos em três grupos: a) Arenosos Com altíssima capacidade de drenagem, apresentam dificuldades na retenção de água e nutrientes. Para compensar esta deficiência, vale a pena acrescentar a estes solos, matéria orgânica e terra argilosa. Neste substrato, use e abuse das cactáceas, suculentas e palmáceas. b) Argilosos Quanto mais argiloso o solo, mais favorável para o acúmulo de matéria orgânica. Sua baixa permeabilidade, no entanto, dificulta a drenagem da água, e torna-o propenso a encharcar, comprometendo as raízes nos períodos de chuvas. Além disso, é muito compactado e dificulta a fixação de raízes profundas. Para conseguir maior soltura e maciez, deve-se juntar a ele areia e húmus. As plantas que melhor se adaptam a solos argilosos são samambaias, avencas, antúrios e filodendros. c) Misto (argilo-arenoso) Nem tanto ao sol, nem à terra, o solo misto é conseguido combinando-se a capacidade de drenagem da areia, com a facilidade de retenção de água e nutrientes da argila. A maior parte das plantas ornamentais desenvolve-se bem nessas condições e, por isso, ele é o mais indicado para jardins. Identificando o solo do seu jardim Análises precisas de composição de solo podem ser feitas somente em laboratórios especializados, com equipamentos próprios para isso. Mesmo assim, observando a textura, cor e consistência da terra, é possível conhecer um pouco de seu solo. a) Cor Quanto mais clara a terra, menor sua concentração de matéria orgânica. Em geral, o solo arenoso é de tonalidade amarelo escura, ao passo que o argiloso é marrom. 0 auge da concentração de matéria orgânica, por sua vez, é o húmus de minhoca, como prova sua coloração negra. b) pH Este índice aponta se o solo é neutro (pH igual a 7,0), ácido (menor que 7,0) ou básico (maior que 7,0). 0 pH ligeiramente ácido (entre 6 e 6,5) é o ideal para jardins. Isso porque ele cria excelentes condições para o armazenamento de nutrientes no solo. Algumas espécies, no entanto, preferem solos mais ácidos (por volta de pH 6,0). Entre elas, estão o rododendro, azaléia, caméIia, prímula, petúnia, begônia, samambaia e maranta. Para deixar o solo mais ácido, basta acrescentar matéria orgânica e fazer regas freqüentes. Por outro lado, para torná-lo mais

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básico, é preciso acrescentar calcário (500 g por metro quadrado é uma boa medida). Para verificar o pH do solo, existem kits próprios à venda em casas de jardinagem. c) Consistência O solo pode ser solto (muito poroso), duro (compactado) ou macio, um meio termo conveniente por permitir a penetração e a fixação das raízes. Para garantir a maciez, pode-se misturar partes iguais de argila, areia e terra humificada, e antes de plantar qualquer espécie, revolver o solo. Melhore seu solo Depois de identificar o tipo de solo que você tem e saber o que falta em sua composição, é hora de melhorá-lo. Para isso, aproveite restos de folhas, galhos, etc., que podem ser excelentes adubos. Se quiser, deixe-os no próprio terreno, mas se por motivos estéticos preferir removê-los, guarde-os em uma composteira, para mais tarde utilizá-los como adubo. A matéria orgânica aplicada às plantas deve ser muito bem compostada, para que eventuais agentes patógenos não transmitam doenças às plantas. Por meio da textura, é muito difícil verificar o tipo de solo do seu jardim: coloque nas mãos um pouquinho de terra. Se o solo for argiloso, você perceberá uma forma pastosa se formando; a medida em que manipula o conteúdo. No caso do arenoso, o solo permanecerá granulado e a manipulação irá gerar atrito.

A influência que os principais nutrientes do solo tem sobre as plantas: Nitrogênio (N) - é fundamental para a fabricação de clorofila, pigmento verde das plantas, responsável pela fotossíntese. Potássio (K) - aumenta a resistência das plantas à seca e a diversas doenças, além de evitar a queda precoce de frutos.

Fósforo (P) - fortalece os tecidos das plantas, também contribui com o vigor da planta, tamanho das folhas, intensidade do florescimento e formação de sementes. Também contribui corn o vigor da planta, tamanho das folhas, intensidade do florescimento e formação de sementes. Saibro 0 saibro é um solo de baixíssima fertilidade. Para torná-lo produtivo, é preciso mudar toda sua constituição. Quatro vezes ao ano, deve-se revolver todo o conteúdo, acrescentando 8 kg de terra humificada por metro quadrado. Adubações semestrais com torta de mamona e terra vegetal também ajudam. Ainda com estes cuidados, só sobrevivem nele espécies resistentes e com raízes fortes. Se o seu terreno tiver um solo destes, não hesite em preencher parte dele com vasos, embora não criem o mesmo efeito, garantem o verde em uma terra de precárias condições de cultivo.

Adubação

A prática da adubação consiste, em repor os nutrientes retirados do solo pelas plantas. Num jardim existem plantas com diferentes necessidades de nutrientes, e a água das chuvas favorece uma rápida lixiviação do solo, a adubação, em jardinagem, acaba se tornando uma prática necessária. Isso é tão mais verdade quando se fala de plantas cultivadas em vasos, jardineiras ou canteiros internos.

A pouca possibilidade de recomposição natural dos nutrientes do solo que acontece na natureza pela decomposição de restos vegetais e animais, toma a prática da adubação quase obrigatória. Aliás, plantas melhoradas geneticamente, como muitas das ornamentais que utilizamos nos nossos vasos e jardins, são muito mais exigentes em termos de nutrientes. E isso deve ser levado em conta na hora da adubação, para não se correr o risco de perder a muda ou abreviar seu tempo de vida. Na prática, costuma-se dividir os adubos em dois grandes grupos: orgânicos e inorgânicos. Orgânicos são aqueles

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provenientes de matéria de origem vegetal ou animal, os inorgânicos são obtidos a partir da extração mineral ou de derivados do petróleo. Os adubos orgânicos têm maior permanência no solo, embora sejam absorvidos mais lentamente, enquanto os adubos inorgânicos são absorvidos mais rapidamente e têm concentração mais forte, donde vem o perigo da superadubação. Assim, uma medida sensata, na hora de adubar, seria privilegiar sempre os adubos orgânicos, deixando os inorgânicos para os casos de cultivo em solos comprovadamente pobres ou para o caso de correção de deficiências nutricionais verificadas no desenvolvimento das plantas. A matéria orgânica aumenta a capacidade de retenção de água, melhora a condição de penetração das raízes, propicia condições para os organismos microscópicos se desenvolverem, além de conter os nutrientes necessários. Os adubos orgânicos tem na sua composição diferentes elementos químicos em quantidades semelhantes. Por isso, eles melhoram a textura do solo e tendem a aumentar a quantidade de bactérias que dão vida ao solo. Como precisam de mais tempo para se degradar, são absorvidos pelas plantas mais lentamente. Contratar um profissional técnico que possa analisar o solo e fazer uma indicação balanceada de todos os nutrientes que o solo necessita seria o ideal. E Regue sempre as plantas depois da adubação.

Dosagem. Leia e releia sempre as instruções dos rótulos antes de preparar e aplicar adubos industrializados. Adubação É a reposição dos nutrientes retirados do solo pelas plantas para o crescimento, floração, frutificação e a multiplicação. Num jardim cultivamos plantas com diferentes necessidades de nutrientes, e a água das chuvas favorece uma rápida lixiviação dos nutrientes e a adubação em jardinagem acaba se tornando necessária. A reposição da fertilidade deve ser cíclica para não haver prejuízos dos solos ajardinados, quer pela perda da porosidade natural, pelo ressecamento do substrato e sua esterilização pelos raios solares. A manutenção da fertilidade do solo em níveis ideais proporciona as condições satisfatórias ao desenvolvimento das plantas. A melhor forma de adubação é a mista, organo química, composta de matéria orgânica e adubos sintéticos. Adubos: são elementos fertilizantes que constituem a reserva dos nutrientes básicos para as espécies vegetais, podem ser orgânicos ou inorgânicos. Adubos orgânicos:são aqueles provenientes de matéria de origem vegetal ou animal, os inorgânicos são obtidos a partir da extração mineral ou de derivados de petróleo. Os adubos orgânicos ficam mais tempo no solo e são absorvidos mais lentamente, os inorgânicos são absorvidos rapidamente e são mais concentrados, existindo o perigo de uma super adubação, que pode interferir no metabolismo vegetal prejudicando o desenvolvimento da planta, por isso devem ser utilizados seguindo as dosagens recomendadas. Adubos Químicos: são chamados de NPK porque contém em suas fórmulas maior quantidade de hidrogênio, fósforo e potássio. Uma fórmula NPK 12–10–6, indica que o produto contém 12% de N (nitrogênio) + 10% de (fósforo) + 6% de K (potássio), obtém-se 28% de elementos nobres presentes na mistura. Aplicação do adubo e época Para a fertilização da camada arável do solo, deve-se incorporar o adubo homogeneamente à terra até 20 a 30 cm de profundidade, que propiciará um maior desenvolvimento da parte aérea e subterrânea da planta. Quando o jardim já estiver plantado, no caso de árvores, fazer um anel de coroa, isto é cavarmos um anel de 15 cm em volta do tronco, na projeção da copa da árvore, onde colocaremos o adubo, deve ser feito uma vez ao ano, no início da primavera, misturando-se NPK com composto orgânico. Para arbustos a mesma adubação das árvores, espalhando-se no solo em volta, um pouco afastado do tronco. Nos gramados é feita a adubação por cobertura, no início da primavera e do verão. Pode-se espalhar composto orgânico em toda a sua extensão, regar com uréia misturada a água conforme dosagem recomendada, ou espalhar NPK, cuidando para que não haja acúmulo e depois regar abundantemente. Nos canteiros espalhar também adubos orgânicos ou misturados com NPK.

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Em vasos usar uma mistura de terra preta vegetal, humus, matéria orgânica, areia e NPK. Podemos usar os adubos foliares, são líquidos, misturados em água e pulverizados nas plantas, são absorvidos através das folhas. Durante o outono e inverno as plantas entram numa fase de dormência, caracterizada pela redução de sua atividade vegetativa. A fertilização durante este período deve ser diminuída ou evitada. Cuidado com a superadubação, todo o excesso prejudica as plantas, as folhas e caules apresentam-se queimados, ficam com aspecto doentio e fracas. Para corrigir, regar abundantemente, ou trocar o substrato no caso de vasos.

Como planejar e implantar um jardim

Integração das áreas externas e internas

O cuidado com as áreas externas da casa é fundamental para a valorização da arquitetura. Mas para obter bons resultados, é preciso planejar os jardins com antecedência.

Como planejar e implantar um jardim

Segundo as tendências atuais do paisagismo, um jardim deve reunir características estéticas e funcionais para permitir a integração da casa na paisagem, proporcionar uma área de descanso e lazer junto à natureza, proteger a casa de olhares estranhos, e de fatores climáticos desagradáveis, como ventos frios ou quentes.

Por isso, a implantação de um projeto paisagístico exige um planejamento detalhado, feito a partir da planta do terreno e de uma listagem de todas as necessidades e desejos de sua família. O ideal é sempre elaborar o projeto do jardim junto com o projeto da casa para que haja perfeita integração da construção com o meio ambiente.

Isso possibilita o aproveitamento do formato do terreno, da topografia, da localização da casa, das áreas íntimas externas em relação à posição do sol e dos ventos. Mas mesmo se você vai fazer uma reforma, poderá tirar partido da vegetação externa para criar um ambiente agradável em sua casa.

Neste caso, apenas o que está pronto não poderá ser alterado, devendo ser tomado como um dado básico, e você terá que planejar o jardim em função da construção já existente. O importante é fazer um levantamento das necessidades de sua família, considerando os seguintes itens:

Controle do clima: se você mora em regiões onde a luz e as temperaturas são muito intensas, proteja a casa construindo ao seu redor um pergolado, onde você poderá plantar trepadeiras. Ou plante árvores com folhas perenes para filtrar o sol amenizando a temperatura e a luminosidade dos ambientes. Já nas regiões mais frias faça um projeto que permita ao sol aquecer a casa. Se for usar árvores, prefira as de folhas caducas, que perdem as folhas no inverno e não constituem obstáculos à insolação. Em regiões de muito vento faça barreiras com árvores e arbustos com folhagens densas.

A entrada da casa: o jardim deve separar a casa da rua, mas não ser muito grande, porque em geral não é aproveitado para o lazer. Reserve o espaço necessário para guardar os carros considerando o sentido do tráfego na rua, a inclinação do terreno, o espaço para manobras. Nesta área escolha um piso resistente que proporcione rápida drenagem das águas da chuva e segurança.

Área social: deve ficar numa área bem ensolarada e abrigada dos ventos fortes para tornar agradável o convívio ao ar livre. Neste setor você deve prever a piscina, a churrasqueira, áreas para descanso, refeições, etc. Ao redor da churrasqueira, coloque piso de pedra, para facilitar a manutenção. Junto à piscina, piso antiderrapante e deck de madeira para banhos de sol. Se você tem animais, procure colocar pouca área gramada nestes locais, porque a

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manutenção seria trabalhosa.

Área de serviço: deve ficar num setor que tenha saída independente para facilitar a remoção de lixo, entrada de compras e circulação de empregados. Deixe aí uma área reservada para os varais. Nesta área você poderá reservar espaço para uma horta, árvores frutíferas, canteiros para flores de corte e um espaço pavimentado para as crianças brincarem com carrinhos e bicicletas.

Áreas íntimas: nos terrenos mais espaçosos, os dormitórios e banheiros podem ser abertos para jardins ou terraços fechados, ótimos para descanso.

Depois que você esquematizou em um papel milimetrado a área da casa e dividiu todos os setores da área externa, o próximo passo é escolher as espécies vegetais que vão ser plantadas e os materiais que vão formar o piso, cercas, pergolados, etc.

Esta escolha deve ser criteriosa, pois vai determinar os custos com a implantação do projeto e depois os custos com a manutenção do jardim. Por exemplo, a decisão de pavimentar áreas do jardim, vai onerar o projeto, mas a manutenção posterior ficará mais barata. Já a implantação de um gramado deixa a execução do projeto mais acessível, mas a manutenção é dispendiosa, pois os gramados precisam de podas, adubações e limpezas periódicas.

Todavia as vantagens de um gramado são maiores que as do piso pavimentado: um piso gramado é bonito, integra todas as partes do jardim sem problemas, ajuda a drenar o terreno e assegura maior estabilidade da temperatura no jardim.

Outra idéia para deixar seu jardim colorido, é reservar alguns canteiros para o plantio de flores anuais. Mas deixe pequenas árvores, pois as plantas anuais precisam ser trocadas a cada três ou quatro meses, já que morrem após a floração, deixando os canteiros vazios e sujeitos à erosão.

Ainda em pequenos canteiros ou partes em declive onde não haverá trânsito, outra opção é o uso de forrações, como begônias, impatiens e outras plantas que cresçam mais que a grama comum. As forrações precisam de podas, adubações e limpezas para não serem sufocadas por ervas daninhas.

Outro ponto importante é a escolha das árvores e arbustos. Lembre-se que estes elementos são importantes na formação de barreiras para proteger sua casa de olhares estranhos, dos ventos frios do sul, e das correntes de ar quente que sopram do noroeste. Evite fazer barreiras densas a nordeste de sua casa para aproveitar as brisas suaves que vêm deste ponto.

Procure selecionar espécies que se dão bem em sua região e que não necessitem de muitos cuidados de manutenção. Uma solução que sempre dá ótimos resultados é usar vegetação nativa de sua região.

IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

A implantação do projeto paisagístico pode começar com a execução da casa, desde que você não se esqueça de deixar os espaços necessários para o trânsito do pessoal, de caminhões para descarregar material e uma área para o preparo de argamassa e outros serviços.

O processo de implantação pode ser dividido em duas fases: execução e consolidação. Na primeira você deverá providenciar a estrutura básica para o plantio, especialmente o deslocamento de terra, perfuração de covas, análise e adubação do solo, colocação de tutores para trepadeiras e cercas protetoras para as árvores recém plantadas. Para maior facilidade, siga as etapas:

Terraplanagem e drenagem: Faça a movimentação da terra que for necessária e providencie o sistema de drenagem, que pode ser superficial, apenas com um ligeiro declive do terreno, ou então subterrânea, através de tubulações. Neste caso, faça um plano para que as tubulações não coincidam com o sistema radicular de árvores e arbustos, para não prejudicar nem o vegetal, nem o sistema de drenagem.

Análise e adubação do solo: Providencie uma análise do solo para aplicar os produtos necessários à boa fertilidade e perfeito desenvolvimento das plantas.Construção: Logo após a preparação do terreno é hora de construir estruturas para trepadeiras, pérgulas, ripados, bancos fixos, escadas, calçadas, quadras, piscinas, churrasqueiras e outros melhoramentos.

Plantio dos elementos estruturais: Plante os elementos básicos do jardim: as árvores grandes que irão formar o teto do jardim, os gramados e forrações do piso, e os arbustos e árvores de porte menor que vão dividir as diferentes áreas do jardim e proteger a área de lazer de olhares e ventos desagradáveis.

Enriquecimento: Depois de plantar as espécies básicas e definitivas, plante as floríferas e folhagens. Nesta fase também é hora de colocar os enfeites como estatuetas, os bancos e outros acessórios que serão a mobília do seu

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jardim.

Depois de todo trabalho de execução vem a consolidação do jardim, que demora em média um ano. Durante este tempo o jardim vai exigir regas e adubações freqüentes até as plantas desenvolverem o sistema radicular. Podas de formação que vão proporcionar um esqueleto bonito e que facilite os futuros cuidados culturais, como pulverizações, podas, etc.

Ainda durante a fase de consolidação do jardim fique atento para combater prontamente qualquer praga ou doença, porque as mudas novas não tem defesas naturais.

Controle natural de pragas

A cultura popular brasileira é rica em dicas para o controle ou repelência de pragas de plantas, da casa do homem e de seus produtos. A maior parte das pragas atacam geralmente na primavera, período de fertilidade e de grande atividade na natureza. Elas causam vários estragos nas plantas, além de favorecer o surgimento de doenças, principalmente fúngicas. As pragas geralmente se tornam um problema mais sério quando há um desequilíbrio ecológico no sistema onde a planta está inserida. Outras situações que podem favorecer o seu surgimento são desequilíbrios térmicos, excesso ou escassez de água e insolação inadequada.

Principais pragas e algumas dicas naturais de controle

PulgõesOs pulgões podem ser pretos, marrons, cinzas e até verdes. Alojam-se as folhas mais tenras, brotos e caules, sugando a seiva e deixando as folhas amareladas e enrugadas. Em grande quantidade podem debilitar demais a planta e até transmitir doenças perigosas. Podem aparecer em qualquer época do ano, mas os períodos mais propícios são a primavera, o verão e o início do outono. Precisam ser controlados logo que notados, pois multiplicam-se com rapidez. Dica - As joaninhas são predadoras naturais dos pulgões. Um chumaço de algodão embebido em uma mistura de água e álcool em partes iguais ajuda a retirar os pulgões das folhas e isso pode ser feito semanalmente; aplique calda de fumo ou macerado de urtiga. CochonilhasAs cochonilhas são insetos minúsculos, geralmente marrons ou amarelos, que alojam-se principalmente na parte inferior das folhas e nas fendas. Além de sugar a seiva da planta, as cochonilhas liberam uma substância pegajosa que facilita o ataque de fungos, em especial, o fungo fuliginoso.Dá para perceber sua presença quando as folhas apresentam uma crosta com consistência de cera. Algumas cochonilhas apresentam uma espécie de carapaça dura, que impede a ação de inseticidas em spray. Neste caso, produtos à base de óleo costumam dar melhores resultados, pois formam uma capa sobre a carapaça, impedindo a respiração do inseto. A calda de fumo costuma dar bons resultados também.Dica - as joaninhas também são suas predadoras naturais, além de certos tipos de vespas; calda de fumo e a emulsão de óleo são os métodos naturais mais eficientes para combatê-las; deve-se evitar o controle químico mas, quando necessário em casos extremos, normalmente são usados óleo mineral e inseticida organofosforado.

Moscas BrancasSão insetos pequenos e, como diz o nome, de coloração branca. Não é difícil a notar a sua presença ao esbarrar numa planta infestada por moscas brancas, dá para ver uma pequena revoada de minúsculos insetos brancos. Costumam localizar-se na parte inferior das folhas, onde liberam um líquido pegajoso que deixa a folhagem viscosa e favorece o ataque de fungos. Alimentam-se da seiva da planta. As larvas deste inseto, praticamente imperceptíveis, também alojam-se na parte inferior das folhas e, em pouco tempo, causam grande infestação.Dica - é difícil eliminá-las, por isso muitas vezes é preciso aplicar insetidas específicos para plantas. Quando o

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ataque é pequeno, o uso de plantas repelentes como tagetes ou cravo-de-defunto (Tagetes sp), hortelã (Mentha sp), calêndula (Calendula officinalis), arruda (Ruta graveolens) costuma dar bons resultados. Lesmas e caracóisNormalmente atacam à noite, furando e devorando folhas, caules e botões florais, mas também podem atingir as raízes subterrâneas.Dica - besouros e passarinhos são seus predadores naturais. Uma boa forma de eliminá-los é usar armadilhas, feitas com isca de cerveja para atraí-los. Faça assim: tire a tampa de uma lata de azeite e enterre-a deixando a abertura no nível do solo. Coloque dentro um pouco de cerveja misturada com sal. As lesmas e os caracóis caem na lata atraídas pela cerveja e morrem desidratados pelo sal.

LagartasCostumam atacar mais as plantas de jardim mas, em alguns casos, também podem danificar as plantas de interior. Fáceis de serem reconhecidas, as lagartas costumam enrolar-se nas folhas jovens e literalmente comem brotos, hastes e folhas novas, formando uma espécie de teia para proteger-se.Todas as plantas que apresentam folhas macias estão sujeitas ao seu ataque. As chamadas taturanas são lagartas com pêlos e algumas espécies podem queimar a pele de quem as toca. Caso não apresente um ataque maciço, o controle das lagartas deve ser manual, ou seja, devem ser retiradas e destruídas uma a uma, lembrando que é importante usar uma proteção para a que a lagarta não toque na pele. A Calda de Angico ajuda a afastar as lagartas e não prejudica a planta. O uso de plantas repelentes, como a arruda, pode ajudar a mantê-las afastadas.Dicas - aves e pequenas vespas são suas inimigas naturais. É preciso lembrar que sem as lagartas, não tem borboletas. Ao eliminá-las completamente, se está privando da beleza e da graça desses belos seres alados. Mais uma vez, o equilíbrio é a chave. ÁcarosO tipo de ácaro mais comum é conhecido como ácaro-vermelho, tem a aparência de uma aranha de cor avermelhada. Ataca flores, folhas e brotos, deixando marcas semelhantes à ferrugem. O ataque de ácaros diminui o ritmo de crescimento, favorece a má formação de brotos e, em caso de grande infestação, pode matar a planta. Ambientes quentes e secos favorecem o desenvolvimento dessa praga. Apesar de quase invisíveis a olho nu, sua presença é denunciada pelo aparecimento de uma teia fina. Costuma atacar mais as plantas envasadas do que as que estão em canteiros.Dicas - uma boa dica é borrifar a planta com água, regularmente, já que este inseto não gosta de umidade. Casos mais severos exigem que as partes bem atacadas sejam retiradas; a Calda de Fumo ajuda a controlar o ataque. PercevejosSão mais conhecidos como maria-fedida ou fede-fede, pois exalam um odor desagradável quando se sentem ameaçados. Seu ataque costuma provocar a queda de flores, folhas e frutos, prejudicando novas brotações.Dica - vespas são suas predadoras naturais. Devem ser removidos manualmente, um a um; se o controle manual não surtir efeito, a Calda de Fumo pode funcionar como um repelente natural. TatuzinhosOs tatuzinhos são muito comuns nos jardins com umidade excessiva, são também conhecidos como tatus-bolinha, pois se enrolam como uma bolinha quando são tocados. Vivem escondidos e alimentam-se de folhas, caules e brotos tenros, além de transmitir doenças às plantas.Dica - evitar a umidade excessiva em vasos e canteiros. Devem ser retirados manualmente e eliminados um a um. NematóidesSão parentes das lombrigas e atacam pelo solo. As plantas afetadas apresentam raízes grossas e cheias de fendas. Num ataque intenso, provocam a morte do sistema radicular e, conseqüentemente, da planta. Algumas plantas dão sinais em sua parte aérea, mostrando sintomas do ataque de nematóides: as dálias, por exemplo, podem apresentar áreas mortas, de coloração marrom, nas folhas mais velhas.Dica - o melhor repelente natural é o plantio de tagetes (o popular cravo-de-defunto) na área infestada. Se o controle ficar difícil, é indicado eliminar a planta infestada do jardim, para evitar a proliferação. FormigasAs formigas cortadeiras (Atta spp e Acromyrmex spp) são as que mais causam estragos. Elas cortam as folhas para levá-las ao formigueiro, onde servem de nutrição para os fungos, os verdadeiros alimentos das formigas.Dica - um bom método natural para espantar as formigas e espalhar sementes de gergelim em torno dos canteiros. Além disso, o gergelim colocado sobre o formigueiro, intoxica o tal fungo e ajuda a eliminar o ninho das formigas. Em ataques maciços, recomenda-se o uso de iscas formicidas, à venda em casas especializadas em produtos para jardinagem. As formigas carregam a isca fatal para o formigueiro.

Algumas receitas com produtos naturais para controle biológico de pragas

Alho

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Indicação - o extrato do alho pode ser utilizado na agricultura como defensivo agrícola, tendo ampla ação contra pragas e moléstias. Segundo vários pesquisadores, quando adequadamente preparado tem ação fungicida, combatendo doenças como míldio e ferrugens; tem ação bactericida e controla insetos nocivos como a lagarta da maçã, pulgão, etc. Sua principal ação é de repelência sobre as pragas, sendo inclusive recomendado para plantio intercalar de certas fruteiras como a macieira, para repelir pragas.Características e preparo - no Brasil o uso do alho está restrito ainda a pequenas áreas, como na agricultura orgânica, enquanto que em outros países como nos Estados Unidos, pela possibilidade de empregar o óleo de alho, obtido através de extração industrial, já é possivel empregá-lo em larga escala em cultivos comerciais. Uma fórmula para o preparo de um defensivo com alho compreende a mistura de 1,0 kg de alho + 5,0 litros de água + 100 gramas de sabão + 20 colheres (de café) de óleo mineral. Os dentes de alho devem ser finamente moídos e deixados repousar por 24 horas, em 20 colheres de óleo mineral. Em outro vasilhame, dissolve-se 100 gramas de sabão (picado) em 5 litros de água, de preferência quente. Após a dissolução do sabão, mistura-se a solução de alho. Antes de usar filtra-se e dilui-se a mistura com 20 partes de água. As concentrações são variáveis de acordo com o tipo de pragas que se quer combater (Stoll, 1989). Quando pulverizado sobre as plantas depois de 36 horas não deixa cheiro, nem odor nos produtos agrícolas. Chá de Cavalinha (Equisetum arvense ou E. giganteum)Indicação - é muito indicada e empregada na horticultura orgânica para aumentar a resistência das plantas contra insetos nocivos em geral.Preparo e aplicação - ingredientes: 100 gramas de cavalinha seca ou 300 gramas de planta verde; 10 litros de água para maceração e 90 litros de água para diluição. Preparo: ferver as folhas de cavalinha em 10 litros de água por 20 minutos. Diluir a calda resultante em 90 litros de água. Aplicação: regar ou pulverizar as plantas, alternando com a urtiga. Fonte: Geraldo Deffune, 1992. ConfreiIndicação - combate a pulgões em hortaliças e frutíferas e adubo foliar.Preparo e aplicação - ingredientes: 1,0 kg de confrei e água para diluição.Preparo: utilizar o liqüidificador para triturar 1 quilo de folhas de confrei com água ou então deixar em infusão por 10 dias. Acrescentar 10 litros de água. Aplicação: pulverizar periodicamente as plantas. Cravo de Defunto (Tagetes spp)Indicação - combate a pulgões, ácaros e algumas lagartas .Preparo e aplicação - ingredientes: 1 kg de folhas de talo de cravo-de-defunto e 10 litros de água. Preparo: misturar 1quilo de folhas de talos de cravo-de-defuntos em 10 litros de água. Levar ao fogo e deixar ferver durante meia hora ou então deixar de molho (picado) por dois dias.Aplicação: Coar o caldo obtido e pulverizar as plantas atacadas. Fumo (nicotina)Indicação - a nicotina contida no fumo é um excelente inseticida, tendo ação de contato contra pulgões, tripes e outras pragas. Quando aplicada como cobertura do solo, pode prevenir o ataque de lesmas, caracóis e lagartas cortadeiras, porém pode prejudicar insetos benéficos do solo como as minhocas. 0 fumo em pó sobre os vegetais é um defensivo contra pragas de corpo mole, como lesmas e outras, sendo menos tóxico se empregado nesta forma. Na agricultura orgânica seu emprego deve ser precedido de autorização do orgão certificador.Características - a calda pronta pode ser acrescida de sabão e cal hidratada, melhorando a sua atividade e persistência na folha. Quando a nicotina é exposta ao sol, diminui sua ação em poucos dias. A adição de algumas gotas de fenol, é recomendada para manter suas características iniciais. A colheita do vegetal tratado deve ser feita, somente 3 dias após a aplicação do fumo. Não deve ser empregado o fumo em plantas da família da batata ou tomate (Solanaceae). 0 tratamento com concentrações acima do recomendado, pode causar danos para muitas plantas. A nicotina bem diluída apresenta baixo risco para o homem e animais de sangue quente e 24 horas depois de pulverizada, torna-se inativa. No entanto, em elevada concentração é tóxica para o ser humano e pode afetar os inimigos naturais. 0 seu preparo e aplicação requerem cuidados. No caso de hortaliças e medicinais, aconselha-se respeitar um intervalo mínimo de 3 dias antes do consumo. Devido ao seu alto poder inseticida, o seu emprego na agricultura orgânica é bastante restrito.

Receita 1 - para controle de pulgões, cochonilhas, grilos, vagalumes.Ingredientes: 15 a 20 cm de fumo de corda e água. Preparo: Coloque o fumo de corda deixando de molho durante 24 horas, com água suficiente para cobrir o recipiente. Aplicação: Para cada litro de água, use 5 colheres (de sopa) dessa mistura, usando no mesmo dia.

Receita 2 - controle de lagartas e pulgões em plantas frutíferas e hortaliças. Ingredientes: 100 g de fumo em corda, 1 litro de álcool e 100 g de sabão. Preparo: misture 100 g de fumo em corda cortado em pedacinhos com 1 litro de álcool. Junte 100 g de sabão e deixe curtir por 2 dias. Aplicação: para pulverizar plantas utilize 1 copo do produto em 15 litros de água.

Receita 3 - controle de vaquinhas, pulgões, cochonilhas, lagartas. Ingredientes: 1 pedaço de fumo de corda (10 - 15 cm), 0,5 litros de álcool, 0,5 litros de água e 100 g de sabão em barra. Preparo: corte o fumo em pequenos pedaços e

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junte a água e o álcool. Misture em um recipiente deixando curtir durante 15 dias. Decorrido esse tempo, dissolva o sabão em 10 litros de água e junte com a mistura já curtida de fumo e álcool. Aplicação: pode ser aplicado com pulverizador ou regador. No caso de hortaliças, aconselha-se respeitar um intervalo mínimo de 3 dias antes da colheita.

Receita 4 - controle de pulgões, vaquinhas, cochonilhas. Ingredientes: 20 colheres ( sobremesa) de querosene, 3 colheres (sopa) de sabão em pó, 1 litro de calda de fumo e 10 litros de água. Preparo e Aplicação: para o preparo da água de fumo coloque 20 gramas de fumo de rolo bem forte e picado em 1 litro de água, fervendo essa mistura durante 30 minutos. Após, coá-la em pano fino, adicione 3-4 litros de água limpa e utilize o produto obtido no mesmo dia. Em seguida, aqueça 10 litros de água e junte 20 colheres (de sobremesa) de querosene e 3 colheres (de sopa) de sabão em pó. Deixe esfriar em temperatura ambiente e adicione então 1 litro de calda de fumo.

Receita 5 - controle de pulgões, lagartas e tripes. Ingredientes: 1,0 kg de folhas trituradas de fumo em 15 litros de água por 24 horas. Preparo: a solução é coada e adicionado um pouco de sabão. Aplicação: pulverizada conforme a receita acima ou no solo na forma de pó feito com folhas secas ou pedaços de folhas colocadas no chão em cobertura.

Neem (Nim) (Azadirachta indica)Indicação: pragas de hortaliças, traças, lagartas, pulgões, gafanhotos, etc. Recomendada como inseticida e repelente de pragas em geral. É uma das plantas de maior potencial no controle de pragas, atuando sobre 95% dos insetos nocivos. Já é utilizada comercialmente em vários países do mundo. Tem como princípio ativo Azadiractina, podendo ser aproveitado as suas folhas e frutos para extrair esse ingrediente ativo de largo emprego inseticida. Nas doses recomendadas é um produto sem efeitos de toxicidade ao homem e aos animais.Receitas - Óleo de Nim é empregado na dosagem de 0,5% (0,5 litro em 100 litros de água) pulverizado sobre as folhagens e frutos. No caso do emprego de sementes, o procedimento é o seguinte: 25-50 g de sementes moídas (amarradas em um pano); 1 litro de água, deixando repousar por 1 dia. Indicação: lagarta do cartucho, lagartas das hortaliças, gafanhoto. 5 Kg de sementes secas e moídas; 5 litros de água e 10 g de sabão. Colocar os 5 quilos de sementes de Neem moídas em um saco de pano, amarrar e colocar em 5 litros de água. Depois de 12 horas, espremer e dissolver 10 gramas de sabão neste extrato. Misture bem e acrescente água para obter 100 litros de preparado. Aplique sobre as plantas infestadas, imediatamente após preparado. O prensado de Neem pode ser utilizado misturando-se com o solo na base de 1a 2 t/ha. Esta medida protege as beringelas contra minadoras e tomates contra nematóides e septorioses. Pimenta MalaguetaIndicação - a pimenta (vermelha ou malagueta) pode ser empregada como um defensivo natural em pequenas hortas e pomares. Tem boa eficiência quando concentrada e misturada com outros defensivos naturais, no combate a pulgões, vaquinhas, grilos e lagartas. Obedecer um período de carência mínima de 12 dias da colheita, para evitar obter frutos com forte odores.

Receita 1 - ingredientes: 50 g de fumo de rolo, picado + 1 punhado de pimenta vermelha + 1 litro de álcool + 250 g de sabão em pó. Preparo: dentro de 1 litro de álcool, coloque o fumo e a pimenta, deixando essa mistura curtir durante 7 dias. Para usar essa solução, dilua o conteúdo em 10 litros de água contendo 250 gramas de sabão em pó dissolvido ou então, detergente, de modo que o inseto grude nas folhas e nos frutos. No caso de hortaliças e medicinais, aconselha-se respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita.

Receita 2 - ingredientes: 500 g de pimenta vermelha (malagueta) + 4 litros de água + 5 colheres (de sopa) de sabão de coco em pó. Preparo: bater as pimentas em um liqüidificador com 2,0 litros de água até a maceração total. Coar o preparado e misturar com 5 colheres (de sopa) de sabão de coco em pó, acrescentando então os 2,0 litros de água restantes. Aplicação: pulverizar sobre as plantas atacadas. Primavera/Maravilha (Bougainvillea spectabilis / Mirabilis jalapa)Indicação - método eficiente para imunizar mudas de tomate contra o vírus do vira cabeça do tomateiro.Preparo de aplicação - utilizar a quantidade de 1 litro de folhas maduras e lavadas de primavera ou maravilha (rosa ou roxa) e 1 litro de água. Juntar estes ingredientes e bater no liqüidificador. Coe com pano fino de gaze e dilua em 20 litros de água. Pulverize imediatamente (em horas frescas). Não pode ser armazenado. Aplicar em mudas de tomateiros 10 dias após a germinação (2 pares de folhas) e repetir a cada 2 a 3 dias até a idade de 45 dias. UrtigaIndicação - planta empregada na agricultura orgânica, prinicipalmente na horticultura para aumentar a resistência e no combate a pulgões.Preparo e aplicação - 2 Ingredientes: 500 g de urtiga fresca ou 100g de urtiga seca e 10 litros de água. Preparo: Colocar 500 gramas de urtiga fresca ou 100 gramas de urtiga seca em 10 litros de água por dois dias ou então deixar curtir por quinze dias. Aplicação: a primeira forma de preparo para aplicação imediata sobre as plantas atacadas. A segunda, deve ser diluída, sendo uma parte da solução concentrada para 10 partes de água.

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Plantas BenéficasHá na vegetação natural plantas que servem de abrigo e reprodução dos insetos que se alimentam das pragas. O manejo correto destas ervas e da adubação verde permitirá o incremento da fauna benéfica e o controle biológico natural. Dentre as plantas que servem para o manejo ecológico, estão a Ageratum conyzoides (mentrasto), Raphanus raphanistrum (nabo forrageiro), Euphorbia brasilensis (erva-de-santa-luzia), Sorghum bicolor (sorgo granífero) e em segundo lugar: Portulaca oleracea (beldoega), Amaranthus deflexus (caruru rasteiro, caruru). No caso do sorgo, suas panículas em flor favorecem o abrigo e a reprodução de insetos e ácaros benéficos, como o percevejo Orius insidiosus, predador de lagartas, ácaros e tripes da cebola. Outras plantas fornecem o polén como alimento para os ácaros predadores e néctar para as vespinhas parasitas de pragas. Para vários pesquisadores, pode ser constituido na propriedade um programa de manejo ecológico com mentrasto e outras plantas que vegetam bem verão e início do outono, complementadas com o plantio no inverno de nabo forrageiro ou o sorgo. Há no entanto, plantas que são desfavoráveis à preservação e aumento de inimigos naturais das pragas, como: mamona, capim fino, grama seda, capim amargoso, guanxuma, tiririca, brachiária, picão branco, carrapicho carneiro, etc.

Plantas CompanheirasA instalação de linhas de plantas companheiras pode ser benéfico em pequenas áreas para a repelência de pragas nocivas. Entre outras, são conhecidos os efeitos repelentes das seguintes plantas, bastante comuns: Alecrim repele borboleta da couve e moscas da cenoura. Hortelã repele formigas, ratos e borboleta da couve. Mastruço repele afídeos e outros insetos. Tomilho repele borboleta da couve. Sálvia repele mariposa do repolho. Urtiga repele percevejo do tomate. O plantio da Trefosia candida, por conter o princípio ativo da rotenona, vem sendo recomendado para a formação de barreira vegetal contra pragas, senvindo também como quebra-ventos. Outras plantas como a erva cidreira e o girassol são também indicadas para repelir pragas dos cultivos. O gergelim é outra planta útil, que é cortado e levado pelas saúvas, intoxicando o fungo que elas se alimentam.

Produtos Orgânicos

Cinzas - a cinza de madeira é um material rico em potássio, muito recomendado na literatura mundial para controle de pragas e até algumas doenças. Pode ser aplicado na mistura com outros produtos naturais.

Receita 1 - Para o combate a lagartas e vaquinhas dos melões. Preparo e aplicação: Testar nas condições locais a seguinte fórmula: 0,5 copo de cinza de madeira, 0,5 copo de cal virgem e quatro litros de água. A cinza deve ser colocada antes em água, deixando repousar pelo menos 24 horas, coada, misturada com a cal virgem hidratada e pulverizada. Para o preparo de maiores quantidades de calda, pode ser preparado: 1,0 kg. de cinza de madeira + 1,0 kg de cal e 100 litros de água. A adição de soro de leite (1 a 2%) na mistura de cinza com água pode favorecer o seu efeito no combate contra pragas e moléstias.

Receita 2 - Para combater insetos sugadores e larva minadora. Preparo e aplicação: testar nas condições locais a receita: 0,5 kg de cinzas de madeira, deixando descansar 24 horas em quatro litros de água. Coar e acrescentar seis colherinhas (café) de querosene. Misturar e aplicar preventivamente.

Farinha de TrigoIndicação - a farinha de trigo de uso doméstico pode ser efetiva no controle de ácaros, pulgões e lagartas em horta domésticas e comunitárias. Preparo e Aplicação: o seu emprego é favorável em dias quentes e secos, com sol. Aplicar de manhã em cobertura total nas folhas. Mais tarde, as folhas secando com o sol, forma uma película que envolve as pragas e caem com o vento. Ela pode ser pulverizada em vegetais sujeitos ao ataque de lagartas. Preparo: diluir 1 colher de sopa (20 g) em 1,0 litro de água e pulverize nas folhas atacadas. Repetir depois de 2 semanas

LeiteIndicação - o leite na sua forma natural ou como soro de leite é indicado para controle de ácaros e ovos de diversas lagartas, atrativo para lesmas e no combate de várias doenças fúngicas e viróticas. O seu emprego é recomendado para hortas domésticas e comunitárias. Preparo e recomendações: um dos métodos recomendados, é diluir 1 litro de leite em 3 a 10 litros de água e pulverizar as plantas. Repetir depois de 10 dias para doenças e 3 semanas quando aplicado contra insetos. A mistura de leite azedo com água e cinza de madeira, é citado como efetivo no controle de míldio. Há indicações do uso do leite como atrativo para lesmas. Distribuir no chão, ao redor das plantas, estopa ou saco de amiagem molhado com água e um pouco de leite. De manhã, virar a estopa ou o saco utilizado e mate as lesmas que se reuniram embaixo. Pode ser utilizado como fungicida no pimentão, pepino, tomate, batata. Sem contra-indicação para hortaliças. Preparar mistura com: 2,5 litros de leite, 1,5 kg de cinza de madeira, 1,5 kg de esterco fresco de bovino e 1,5 kg de açúcar. Aplicar no tomate a cada 10 dias, aplicar no café a cada 15 a 30 dias.

Sabão e suas MisturasIndicação - o sabão (não detergente) tem efeito inseticida e quando acrescentado em outros defensivos naturais pode aumentar a sua efetividade. 0 sabão sozinho tem bom efeito sobre muitos insetos de corpo mole como: pulgão, lagartas e mosca branca. A emulsão de sabão e querosene é um inseticida de contato, que foi muito empregado no passado, contra insetos sugadores, sendo indicada para combate aos pulgões, ácaros e cochonilhas. Características

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de emprego: o preparo mais comum consiste em dissolver, mexendo bem, 50 gramas de sabão (picado) para 2 até 5 litros de água quente. A solução feita com sabão tem boa adesividade na planta e no inseto praga. Pulverizar sobre as folhagens e pragas. Nas plantas delicadas e árvores novas, no verão ou períodos quentes, utiliza-se a solução de sabão e querosene bem diluída, ou seja uma parte para 50 a 60 partes de água. Depois de preparada a emulsão deve ser aplicada dentro de um ou dois dias, para evitar a separação do querosene, o que acarretaria queimaduras nas folhagens. No inverno, em plantas caducas, utiliza-se dosagens mais concentradas, assim como a pincelagem do tronco contra cochonilhas.

Receita 1 - para o controle de cochonilhas e lagartas. Ingredientes: 50 g de sabão de coco em pó + 5 litros de água. Preparo: Coloque 50 g de sabão de coco em pó em 5 litros de água fervente. Aplicação: essa solução deve ser pulverizada freqüentemente no verão e na primavera.

Receita 2 - para o combate de pulgões, cochonilhas e lagartas. Ingredientes: 1 colher (de sopa) de sabão caseiro + 5 litros de água. Preparo: utilize uma colher (de sopa) de sabão caseiro raspado e misture em 5 litros de água agitando bem até dissolver o mesmo. Aplicação: essa calda deve ser aplicada sobre as plantas com o auxílio de pulverizador ou regador.

Receita 3 - para o combate a pulgões, ácaros, brocas, moscas da fruta e formigas. Ingredientes: 1 kg de sabão picado + 3 litros de querosene + 3 litros de água. Preparo: derreta o sabão picado numa panela com água. Quando estiver completamente derretido, desligue o fogo e acrescente o querosene mexendo bem a mistura. Aplicação: em seguida, para a sua utilização, dissolva 1 litro dessa emulsão em 15 litros de água, repetindo a aplicação com intervalos de 7 dias. No caso de hortaliças e medicinais, aconselha-se respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita.

Receita 4 - como inseticida de contato para sugadores: ácaros, pulgões e cochonilhas. Ingredientes : 500 g de sabão + 8 litros de querosene + 4 litros de água. Preparo a quente: ferver e dissolver o sabão picado em 4 litros de água. Retirar do fogo e dissolver vigorosamente 8 litros de querosene, com a mistura ainda quente. Mexer vigorosamente a mistura quente, até formar uma emulsão perfeita. Aplicação: diluir para cada parte do produto 10 a 60 partes de água.

Ervas daninhas

É quase impossível evitar que elas apareçam no jardim, especialmente no gramado. Mas certos cuidados simples podem mantê-las sob controle. Veja aqui alguns conselhos para ganhar essa difícil briga. No começo, o jardim era uma beleza, com um gramado homogêneo e belos canteiros de flores. Lentamente, sem você perceber, as ervas daninhas foram invadindo espaços e ganhando força. O que fazer? Em primeiro lugar, entender o que são, quem são e como se multiplicam essas insistentes plantinhas, capazes de destruir o paciente trabalho do melhor dos jardineiros. Para usar uma definição clássica, erva daninha é toda planta que nasce importunamente numa cultura e começa a competir com ela por espaço e nutrientes. Assim, não somente a tiririca e a açariçola (algumas das pragas mais comuns) são ervas daninhas. Um pé de coentro que cresce, por exemplo, numa cultura de alface também pode ser chamado de invasor. É quase impossível evitar o desenvolvimento dessas "praguinhas" num jardim, especialmente no gramado, mas alguns cuidados simples podem impedir que elas proliferem em demasia. Antes de mais nada, vem a escolha da grama mais adequada às condições locais. AÍ, se for bem projetado e executado, o gramado desenvolverá seu sistema radicular e foliar de forma saudável. Com isso, você estará evitando 90 a 95% das ocorrências de ervas daninhas. Isso porque a maioria das invasoras se propaga por sementes, e num bom gramado se forma uma verdadeira manta protetora de folhas, que retém as sementes e as expõe ao sol matando-as. Por causa disso também, é importante que a poda da grama seja feita de maneira correta. Aliás, é bom saber que freqüentes podas não impedem o seu desenvolvimento. As gramíneas têm sua gema — a parte do vegetal responsável pela procura de luz — no interior da planta e não no ápice, como outras espécies. Dessa forma, ela está mais protegida e não perde a força de rebrota mesmo quando é constantemente podada. Algumas dicas: se você verificar que a invasora que atacou o seu gramado tem um desenvolvimento vertical acentuado, realize podas baixas no gramado. Se, ao contrário, a erva daninha for rasteira, deixe a grama crescer um pouco mais — para sufocar as invasoras — e só depois pode o gramado. Além disso, procure fazer as podas antes do período de floração e formação de sementes das invasoras, para evitar sua disseminação. Outra técnica natural e bastante simples de combater as ervas daninhas, quando a infestação não é muito grande, consiste na retirada manual das invasoras. Existe uma ferramenta chamada firmino que é ótima para isso. Tome, porém, um cuidado elementar: arranque-as sempre com a raiz.

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Fique atento também quando adquirir terra para cobrir o gramado, verificando sua procedência e eventual infestação por pragas. Neste caso, o mais seguro, é usar terra tirada pelo menos 50 cm abaixo do nível do solo. No entanto, mais importante do que tudo isso é cuidar para que sua grama cresça forte e saudável. Num gramado saudável quase não existem pragas. E isso começa na hora do plantio, com a preocupação de que as mudas ou placas sejam plantadas o mais próximo possível uma das outras. Quanto mais denso for o gramado, menores serão as chances das invasoras proliferarem. Para isso, é preciso que o solo, na hora do plantio, esteja bem preparado. Solos pobres são o melhor habitat de ervas daninhas. Verifique primeiro a textura do solo de seu terreno. Solos muito argilosos, ou demasiadamente arenosos, não são recomendáveis. Nestes casos a melhor forma de melhorar-lhes a textura é incorporar a eles matéria orgânica (esterco de curral bem curtido ou composto orgânico). Além disso, é recomendável analisar a acidez da terra, corrigindo o pH, se necessário, para níveis entre 6 e 7. Faça os testes necessários e realize correções com calcário. Se, mesmo com todos esses cuidados, você perceber que a grama ainda precisa de ajuda, recorra ao uso de fertilizantes químicos, como o NPK, que vai trazer nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) tão necessários às plantas. Se o terreno onde você vai cultivar o gramado já estiver infestado de pragas, erradique as invasoras com o auxílio de herbicidas. Existem dois tipos: os de pré-emergência e os de pós-emergência. Os primeiros devem ser usados antes que as ervas daninhas brotem. Formam uma camada protetora no solo que queimará as sementes quando germinarem. Os herbicidas de pós-emergência atacam as ervas já desenvolvidas. Agem por contato, queimando a planta ou atuando em seu sistema vital, matando-a. Podem ser utilizados no combate de pragas de folhas largas ou estreitas. Depois que seu gramado estiver plantado, cuide para que as regas sejam bem feitas, sem formar poças ou deixar áreas ressecadas. Não molhe só a superfície da terra. O sistema radicular de um gramado deve ter, no mínimo, 10 cm de altura, e se a água estiver só na superfície, as raízes não se darão ao trabalho de aprofundar-se na terra.

De olho na lua

Antes de iniciar trabalhos na terra, os agricultores sempre voltaram seus olhos para os céus, a fim de observar em que fase a Lua se encontrava. Eles sabiam da forte ligação entre a circulação da seiva nas plantas, a luminosidade e a força da gravidade em cada fase lunar. Depois, com o uso de adubos, essas teorias foram deixadas um pouco de lado. Mas, com a agricultura biológica utilizada hoje em dia, essa prática está voltando a ser empregada com a força de uma Lua cheia.

Muitos paisagistas afirmam que todas as estações do ano são propícias para o plantio, exceto o inverno. Mas, se ficar alguma dúvida, é sempre bom dar uma olhadinha no céu e consultar o calendário lunar. Você acabará se surpreendendo com os bons resultados.

Calendário lunar

Nova A lua está mais próxima do Sol e fica entre ele e a Terra, por isso sua luminosidade é mínima. É quando, a seiva está em cicio de descanso. Tempo de baixa resistência às pragas e ruim para o plantio. Indicado para arar, podar, eliminar ervas daninhas, enxertar. É uma boa época para transplante, limpeza e adubação.

Quarto crescenteTem apenas metade da face iluminada, na forma da letra C. Sua luz atrai a seiva dos vegetais para cima da terra. Com a seiva ativada, é a fase de semear. Favorece o crescimento de frutos e flores.

Cheia Está do lado oposto ao Sol em relação à Terra. Sua face está iluminada. Seiva na plenitude. Ideal para plantar, fazer mudas por estacas e para colher plantas curativas, ervas medicinais e frutos.

Quarto minguanteEla mostra apenas metade de sua face iluminada, como a letra D. Nessa lua a seiva começa a

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entrar em descanso. Bom período para tudo o que cresce sob a terra. Fase de transplante, plantação de raízes e de hortaliças.

Terra & Lua Tudo o que brota sobre a terra deve ser semeado da lua crescente até a lua cheia. E tudo o que brota sob a terra deve ser semeado da lua minguante até a véspera da lua nova. Cortar, colher, quando lua decresce.

É primavera elas despertam

Durante o inverno, as plantas que você tem em casa provavelmente não exigiram maiores cuidados. Afinal elas se encontravam em seu período de repouso. Com a chegada da primavera porém, as plantas começam a despertar do chamado "sono verde” e passam a exigir maior atenção. Por isso, você deve se preparar para esse período em que elas vão “reviver”, tendo o cuidado de reiniciar em primeiro lugar as operações de replante dos vegetais velhos ou novos. A hora da poda A poda só deve ser feita na última metade da primavera, quando terão que ser removidos os brotos fracos. Corte-os bem na base, ou na junção com outro ramo mais velho, para renovar seu crescimento. Muitas plantas perdem a maioria das suas folhas no inverno. Se isso tiver ocorrido, pode-as até 5 cm acima do nível do solo. No caso específico de trepadeiras heras e filodendros, arranque os brotos acima das folhas. As plantas floridas que anualmente produzem novos botões devem ser podadas completamente na primavera. As que produzem botões só depois de bem desenvolvidas, não precisam mais do que o corte de alguns brotos. Os coléus apresentam flores insignificantes que precisam ser cortadas para evitar a queda das folhas após a floração. Outros cuidados Para alimentar suas plantas use um adubo líquido contendo nitrogênio, fósforo e potássio. O nitrogênio estimula o crescimento da folhagem e o colorido das folhas. O fósforo ajuda na formação de flores, frutos, sementes e raízes. O potássio torna a planta, resistente às doenças e fortalece o crescimento. No entanto, se a planta estiver doente ou for recém-plantada, não a adube. Durante a primavera e o verão alimente melhor a sua planta aplicando o adubo a cada 15 dias. Obedeça rigorosamente as instruções do fabricante. A maior parte das plantas ornamentais precisa ser regada mais ou menos duas a três vezes por semana na primavera. Além do regar de maneira apropriada, você deve manter suas plantas livres da poeira. Remova o pó por meio de pulverização ou com uma esponja macia embebida em água pura. Conserve a planta na sombra até secar. As samambaias podem ser limpas utilizando-se um vaporizador a curta distância, e as plantas com folhas peludas (violetas-africanas), os cactos e as suculentas, com o auxilio do uma escova de pêlo macia. Remova as folhas velhas, as flores murchas e o musgo. As plantas ornamentais bem cuidadas raramente são atacadas pelas pragas. Examine-as atentamente uma vez por semana. Se uma delas estiver contaminada retire-a de junto das outras. Aplique fungicida em um local bem ventilado. Luz e ar são essenciais para a vida de suas plantas. Deixe-as fora, ao ar livre, uma noite por semana. Recolha, logo pela manhã antes do o sol ficar demasiado quente, regando-as antes das 10 horas ou no fim da tarde.

Flores coloridas alegram o jardim durante o ano todo

Entremeando espécies que florescem em períodos variados, você obtém lindos arranjos para alegrar o jardim: Escolha as que mais lhe agradam e use a imaginação para fazer uma composição harmoniosa. Criar efeitos visuais, jogando com cores e volumes no jardim, é um recurso que pode valorizar ainda mais a arquitetura de sua casa. E isso não se aplica apenas, aos canteiros externos Você pode fazer lindas, composições em jardineiras e terraços, escolhendo vários tipos de flores cujo colorido possibilite contrastes harmonioso. No Brasil, existem vária espécies que florescem praticamente durante o ano todo, reunindo plantas anuais, que completam seu cicio de vida e um ano, e plantas vivazes que florescem durante anos seguidos. Seu único problema vai ser escolher as espécies certas para cada situação. Por exemplo, as plantas anuais, como o amor-perfeito, boca-de-leão, flox, lobélias, tagetes e begônias-sempre-floridas são indicadas para dar novo colorido aos canteiros do jardim e ficam ótimas em vasos e jardineiras,

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enquanto que as plantas vivazes, como os gerânios, azaléias, verbenas, crisântemos e margaridas são mais apropriados para canteiros de jardins, porque precisa de solo mais profundo, muito sol e desenvolvem touceiras que vão florescer por vários anos, alegrando seu jardim. Escolha as plantas com cuidado Tanto as plantas anuais como as vivazes possibilitam inúmeras composições de canteiros, porque nestas categorias você vai encontrar desde espécies com 20 ou 30 cm de altura, como as verbenas, amor-perfeito e gazânias, até plantas que atingem mais de um metro, como a sálvia, os hemerocallis e algumas variedades de crisântemos e margaridas. Todas são ótimas para proporcionar canteiros muito floridos, seja com uma única cor, se você optar por uma espécie de planta, ou multicoloridos, com uma mistura criteriosa de vários tipos, em cores e tamanhos diferentes. Neste caso, você terá que planejar com antecedência o plantio para ter um resultado harmonioso. O ideal é decidir quantas espécies vai colocar em um canteiro e estipular a posição de cada uma. Se o canteiro for junto à parede, escolha uma planta maior para ficar junto a ela e outra menor para fazer a bordadura. Em um canteiro central, você poderá plantar no meio a planta alta e uma ou duas variedades menores, fazendo a bordadura ao redor do canteiro todo. Em qualquer situação, a escolha das plantas e da quantidade de variedades vai depender do tamanho do canteiro. Lembre-se que muitas variedades em um canteiro pequeno podem resultar num aspecto desordenado. Já massas maiores de uma mesma variedade vão realçar a beleza das espécies escolhidas. Se você for escolher espécies com cores diferentes para uma bordadura pequena, dê preferência a flores com cores contrastantes, como amarelo e vermelho, amarelo e branco, para ter menos possibilidade de erros. Em espaços maiores você pode ficar mais livre, adotando qualquer combinação de cor, em linhas retas ou sinuosas, ao longo das calçadas do jardim ou ao redor das plantas maiores.

O preparo do solo é muito Importante Tanto as plantas anuais como as vivazes necessitam de um solo fofo, com boa drenagem, rico em matéria orgânica e com pH ligeiramente ácido, em torno de 6,5. Para que o solo fique em condições de receber as sementes ou as novas mudas, normalmente precisa começar a ser preparado pelo menos com um mês de antecedência. Depois de corrigir o pH do solo, deixando no nível apropriado para o cultivo de plantas anuais e vivazes, é hora de fazer a adubação. Você poderá usar adubos orgânicos como esterco de curral bem curtido ou farinha de osso, ou então optar pelos adubos químicos do tipo NPK, sendo que para estas espécies de plantas o mais indicado é a fórmula NPK 6-12-6, pois estimula a floração. Durante a fase de crescimento e floração, você deve aplicar doses de NPK 12-8-5, fórmula mais rica em nitrogênio e própria para intensificar a coloração das flores. A periodicidade e quantidade são recomendadas pelo fabricante e devem ser rigorosamente obedecidas, pois o excesso de fertilizante é prejudicial.

Como multiplicar as plantas vivazes A categoria de plantas vivazes é formada por vários gêneros e por isso não há um único método de multiplicação para todas. Algumas são reproduzidas facilmente por sementes, semeadas diretamente nos canteiros definitivos, como as gazânias, sálvia, agerato, begônia-sempre-florida. Outras, como crisântemos e margaridas, são reproduzidas a partir de pedaços de caules,ou divisão de touceiras. A multiplicação da íris é feita através de touceiras com mais de quatro anos. Mas, em qualquer hipótese, plante sempre em solo com pH adequado, bem fofo, rico em matéria orgânica e com ótima drenagem.

As anuais só podem ser semeadas As plantas anuais multiplicam-se por sementes e florescem em pouco tempo, deixando os espaços alegres e coloridos. Você só precisa providenciar sementeiras com terra apropriada para vaso, bem leve, além de semente de boa qualidade. Assim, quando as mudinhas estiverem crescidas, poderão ser escolhidas e plantadas nos canteiros ou vasos definitivos. Mas não se esqueça que as plantas anuais morrem logo após a floração e, por isso, enquanto um canteiro está florido, você já deve estar providenciando outra sementeira para substituir fogo às plantas anteriores. Para evitar esse trabalho constante, outra opção é comprar mudas já crescidas, cultivadas em viveiros. Assim, você terá sempre em sua casa as flores da época, praticamente sem nenhum trabalho.

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Cuidados Indispensáveis Para manter seus canteiros e vasos sempre bonitos e saudáveis, você precisa tomar alguns cuidados importantes. Pelo a menos, dia sim e dia não, examine as plantas para ver se não há focos de alguma praga ou doença. Se houver, retire logo a folha ou caule contaminado para evitar que o mal se alastre por todo o jardim. Também é necessário retirar folhas e flores murchas e manter o solo sempre limpo, livre de ervas daninhas que podem sufocar as plantinhas menores, pois dificultam a circulação do ar e facilitam o aparecimento de doenças. As regas são imprescindíveis, principalmente no período de floração As espécies mais frágeis precisam ser molhadas delicadamente, de preferência com uma mangueira perfurada, sempre que a superfície do solo estiver ressecada.

Irrigação em Paisagismo

A irrigação é um item esquecido no planejamento do jardim. Se ele for muito grande, deixar de prever um sistema de irrigação pode implicar na perda futura de horas e horas do seu tempo para molhar as plantas com mangueira, sem falar nos transtornos, quando ela não alcança aqueles cantinhos mais longínquos ou difíceis. Quando se fala em irrigação de jardim, vem logo à cabeça um regador ou mangueira com esguicho. Nada impede que as plantas recebam a água por um desses meios. Porém, haja paciência e tempo disponível. E mesmo existindo a maior boa vontade da parte de quem está regando, estes métodos tradicionais, digamos assim, nem sempre irrigam na freqüência e quantidade adequadas.Mas, para satisfazer as necessidades de plantas que dividem espaços de tamanhos e formas diferentes, sem gastar muito do seu tempo, foram desenvolvidos métodos distintos de irrigação. Esses sistemas contêm acessórios que variam em tamanho, constância e abrangência do fluxo de água. Há aqueles mais sofisticados, com aspersores escamoteáveis (ficam escondidos e só aparecem quando em uso) e que podem, inclusive, ser controlados por computador. E outros, bem mais simples, encontrados com facilidade até em supermercados. Substituindo a mangueira comum por um sistema de irrigação subterrâneo, ou mesmo portátil você estará proporcionando às plantas, água na freqüência e dosagem adequadas. Irrigação Neste caso, é importante escolher os modelos pela sua real necessidade em termos de irrigação, e não por conta da estética. Em síntese, tudo depende do tamanho do jardim, e do tempo e dinheiro que você se dispõe a gastar.

Os sistemas mais simples Os irrigadores portáteis resumem-se num dispositivo colocado na extremidade de uma mangueira, com a finalidade de imitar a chuva. Podem ser de dois tipos: estáticos e móveis. Os estáticos Tem uma base fixa, que se encaixa na ponta de uma mangueira, e devido à pressão que se forma dentro do irrigador, a água que vem da mangueira imita a chuva, mais forte ou mais fraca, conforme a regulagem. Apesar de indicado para canteiros floridos e gramados, este sistema não permite que a água chegue nos cantos do jardim, já que “a chuva” molha apenas um círculo de uns 4 metros de raio. Porém, naturalmente, com um pouco de boa vontade, e gastando-se mais que o necessário de água é possível abranger o jardim inteiro, mudando sucessivamente a mangueira de lugar. Os giratórios Seguem a mesma linha dos estáticos, e representam o grupo mais numeroso entre os portáteis. Práticos, pelo fato de quase não exigirem manutenção, a não ser a limpeza dos furinhos, para que não entupam com as impurezas da água, todos eles funcionam mais ou menos do mesmo jeito. Os injetores (furinhos) fixos ou de jato dirigido, liberam a água suavemente, sendo que, quando dirigidos, pode-se regular o alcance da área que será regada. Para escolher o modelo adequado, além do raio de alcance da água e intensidade com que ela é liberada, é preciso prestar atenção no tipo de base, que deve ser suficientemente firme e estável, para não tombar com a pressão da água.

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Dependendo do modelo, os irrigadores giratórios podem ter dois, três ou quatro braços. Os oscilantes São os mais versáteis entre todos os irrigadores portáteis. Neles, o fluxo de água provoca a movimentação de um braço cheio de injetores (furinhos),não em círculo, como nos giratórios, e sim em meia-lua. Esse movimento é que permite a irrigação em áreas retangulares, e de tamanho definido, conforme a regulagem. Assim, é possível fazer regas próximas de janelas, paredes e calçadas, sem molhá-las, evitando o desperdício de água.

Os sistemas sofisticados Neles, os aspersores são alimentados por uma tubulação subterrânea instalada a 20 ou 30 centímetros de profundidade, por onde a água circula sob pressão, “empurrada” por uma bomba centrífuga. Em geral, a rede subterrânea é dividida em diversos setores, cada um deles com a sua própria válvula, de modo a permitir a irrigação apenas das áreas desejadas. Se o seu jardim já estiver pronto não tem problema, a instalação do sistema fixo e subterrâneo é rápida e não danifica as plantas, que são retiradas e repostas nos devidos lugares. Por ser um sistema fixo e subterrâneo, é recomendável que se use irrigadores escamoteáveis. Estes irrigadores foram concebidos com um pistão interno que emerge do solo sob pressão da água. Ou seja: enquanto a válvula está fechada, eles ficam embutidos nas suas bases, contudo, uma vez aberto o registro, a pressão da água, reforçada pela bomba centrífuga, empurra o pistão para fora. Por conter, no topo, um ou mais injetores, dependendo da capacidade com que foram desenhados e da pressão da água, eles irrigam círculos de tamanhos variados, que podem chegar a 20 metros de diâmetro. Fechado o registro, cessa a pressão da água e eles se recolhem. O processo de abertura das válvulas e ligação da bomba pode ser comandado manual ou eletronicamente. Neste último caso, sob o comando de um pequeno computador, que liga e desliga a bomba, e abre e fecha as válvulas, em dias e horários pré-determinados. Pode fazer até mais, se acoplado a um dispositivo que mede a umidade do solo, que pode ligar e desligar o sistema, toda vez que a umidade da terra chegue a um nível determinado. Gotejamento, um sistema à parte O método foi descoberto por acaso em 1930 pelo Dr. Symcha Blass, que teve a sua atenção despertada por uma árvore que superava as demais em um pomar. Ao procurar o motivo para a diferença entre as plantas, encontrou um cano condutor de água, corroído pelo tempo, que vazava próximo à raiz daquela árvore. Ela era a única do pomar que recebia a água freqüentemente, embora em pequena quantidade. Da descoberta surgiu não só o sistema subterrâneo, mas também o gotejamento por meio de tubos aparentes. O subterrâneo apresenta canos com injetores que regam as raízes diretamente. Além de permitir um aproveitamento máximo dos adubos dissolvidos pela água, este sistema não depende de pressão, o que o toma mais simples. No caso do gotejamento com tubos aparentes, os “furinhos” são dispostos de modo a pingar de vaso em vaso ou em canteiros e floreiras estreitas, principalmente os de apartamentos. O gotejamento é útil, sobretudo para quem viaja muito e deixa suas plantas sozinhas. Muito diferente de quando surgiu, no hemisfério norte, somente com o objetivo de suprir a falta d’água dos gramados e canteiros das cidades mais quentes e secas, hoje a irrigação está se tomando cada vez mais popular. Com isso, a tendência é a substituição do bom e velho, mas ultrapassado regador, por métodos ágeis, com equipamentos mais fáceis de manusear. Assim, a distribuição da água pode ser feita na dosagem e freqüência necessária a cada planta, de forma muito mais simples e prática.

Rega das plantas de interior

A regra fundamental é regar quando for necessário. Não há outras regras estabelecidas, mas existem algumas indicações a se considerar, relacionadas sobre tudo com o tipo de planta e as fases vegetativas.

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Quando devem ser aplicadas? As respostas são várias: o filodendro e todas as aráceas geralmente atrasam seu crescimento durante o inverno, mas não se encontram em repouso absoluto; por isso também têm necessidade moderada de água.

Assim, deve-se molhar ligeiramente a terra ou a sua estaca, naquelas que são cultivadas com suporte. As moráceas, e em particular o fícus-benjamim, atrasam a tal ponto o crescimento no inverno rigoroso que ficam numa fase de quase repouso, com pouquíssima necessidade de água. As plantas suculentas, se ficarem em um ambiente umidificado, não precisam ser regadas durante todo o inverno.

Algumas indicações para a rega apenas para as plantas de interior:

• regar sempre com moderação;• regar só depois de verificar as condições de umidade do solo, bastando para isso encostar um dedo para lhe sentir a secura;• nunca regar com água muito fria;• regar ou pulverizar as folhas só das espécies que suportam e agradecem esse tratamento.

O prato de drenagem

É aconselhável inundar o prato para regar uma planta? Isso varia. O prato serve principalmente para recolher o excesso de água. Depois da lixiviação, essa água que sobra deveria até ser retirada.

Mas algumas plantas, especialmente no período de calor forte, podem se beneficiar das regas feitas no prato, se você não se esquecer de que a permanência da água no recipiente deve ser breve para evitar a asfixia ou a atrofia das raízes.

Os ciclamens, as plantas bulbosas e as tuberosas em geral suportam mal as regas abundantes, pois preferem uma umidade constante da terra, que nunca deve estar saturada de água.

Por isso, você pode submergir o vaso num recipiente com cerca de dois dedos de água durante algumas horas e, depois, deve-se escorre-la e coloca-la num lugar seco e bem iluminado.

Iluminação de jardim

Para grandes áreas

Se a sua área externa dispõe de muito espaço, ou você está pretendendo iluminar o jardim da chácara ou sitio, é importante que haja um bom equipamento com foco amplo para iluminação de grandes áreas, e para esta utilidade as peças mais indicadas são os postes de luz.

O objetivo dos postes de luz não é especificamente criar efeitos ou destacar alguma parte do jardim. Eles devem ser colocados em locais onde se pretenda ter uma iluminação intensa e por isso não são indicados para pequenos espaços, já que seu foco, bastante aberto, ofuscaria a visão da área externa nos espaços menores, não permitindo que os moradores aproveitem a visão do jardim.

Existem postes de luz de todos os tamanhos e modelos. Procure escolher um que combine com arquitetura do seu jardim; afinal, um projeto em estilo clássico merece uma peça que siga a mesma linha.

Balizadores

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Este tipo de equipamento é muito utilizado para iluminar caminhos existentes no jardim. Sendo quase sempre colocados em seu contorno, dão luz suficiente ao espaço, mas sem excessos.

0s balizadores também possuem foco amplo, mas por serem de pequeno porte sua iluminação é periférica e menos intensa que a dos postes de luz. Assim, este tipo de equipamento pode ser utilizado em áreas de qualquer tamanho, podendo até substituir os postes de luz em áreas grandes. Tendo menor potência, eles clareiam sem ofuscamento, sendo uma ótima opção para quem gosta de admirar o céu à noite, ação que um equipamento mais potente poderia atrapalhar.

Para quem gosta de equipamentos mais sofisticados e modernos, já existem balizadores com alto falantes, ideais para quem gosta de ouvir boa música enquanto curte a beleza do jardim.

Arandelas

Existem no mercado arandelas com todos os tipos de focos possíveis, mas o objetivo maior de seu emprego nas áreas externas é iluminar o plano geral do espaço onde é exposta.A diferença básica da arandela para os postes e balizadores é que esta é instalada na parede e não no solo como os outros dois equipamentos. O mais comum é utilizar este tipo de iluminador para dar claridade a terraços ou varandas.

Dependendo do modelo da arandela, é possível colocá-la nas paredes em volta do jardim, prendendo-a em altura mais baixa que o convencional e escondendo-a atrás das plantas. Desta maneira a vegetação será iluminada com sutileza e sem foco centrado.

Efeitos especiais

Os projetores são equipamentos muito especiais para dar aquele destaque aos elementos mais importantes da área externa. Devido ao seu foco centrado, estes objetos trazem ao jardim uma nova cara no período noturno.

É muito importante saber quais os pontos que se pretende deixar em primeiro plano para não cometer excessos. Afinal, para obter o efeito desejado, é importante que se destaque apenas alguns pontos do jardim, que devem ser antecipadamente planejados para não exagerar na dose e distorcer a arquitetura vigente.

Existem projetores de tamanhos diversos, com potências e focos diferentes. 0s equipamentos grandes normalmente são mais utilizados para destacar a fachada da casa ou uma árvore, pois possuem foco um pouco menos concentrado. Já os equipamentos de menor porte têm como objetivo focar pequenos ou médios espaços, deixando o verde existente no local em primeiro plano.

Bem planejado

As lâmpadas mais comuns utilizadas em equipamentos para iluminação externa são as de vapor de sódio, halógenas ou as econômicas fluorescentes incandescentes, que normalmente trazem luz de coloração branca, tonalidade que costuma dar maior efeito estético.

O material utilizado na fabricação dos equipamentos para iluminação de jardim deve ser sempre resistente aos fatores climáticos do local onde ficarão expostos, principalmente se o lugar a ser iluminado for à casa de praia. Afinal, spots feitos em ferro ou aço poderão enferrujar facilmente com a maresia. Neste caso, o mais indicado é adquirir peças em alumínio, que não sofrerão este tipo de problema.

Outro fator que deve ser levado em consideração é a segurança do equipamento e do projeto a ser executado. Por isso, é imprescindível que, antes de trazer luz ao jardim, você procure um profissional competente que com certeza irá Ihe dar as dicas dos melhores equipamentos para sua casa.

A agradável arte de colecionar orquídeas

Frágeis e delicadas, as orquídeas são uma festa para os olhos. E seu cultivo não é tão difícil assim: com, alguns cuidados e um pouco de dedicação, a arte de colecioná-las pode se transformar num hobby muito agradável. Saiba como e experimente.

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Uma orquídea em flor é um espetáculo de rara beleza. E que, ao contrário do que geralmente se pensa, pode acontecer todos os dias em sua casa, sem grandes dificuldades. A verdade é que, apesar do aspecto frágil e delicado que muitas vezes chega a inibir aqueles que gostariam de cultivá-las as orquídeas são resistentes e ótimas para o nosso clima. Afinal, não se pode esquecer que muitas espécies são nativas de nossas florestas. Assim, com certos cuidados básicos de cultivo e algumas mudas de boa qualidade, você poderá ter uma coleção que vai proporcionar belas floradas durante o ano todo. O caminho certo para conseguir boas mudas O primeiro passo é comprar mudas de cultivadores conceituados, de preferência aos poucos. Lembre-se de que em qualquer época do ano sempre há inúmeras espécies em floração. Assim, se você comprar duas ou três orquídeas por mês,acabará formando uma coleção que vai garantir sempre plantas com flores. Um jeito gostoso de fazer isso é visitar orquidários ou feiras de orquídeas, onde, além de encontrar ótimas plantas, você tem a oportunidade de conhecer cultivadores que gostam de trocar informações e orientar os iniciantes. E se você mora numa região onde as feiras de plantas são raras, pode comprar orquídeas pelo reembolso postal. Basta solicitar um catálogo, escolher as variedades de sua preferência e fazer a encomenda. Mas quem gosta de aventuras tem ainda uma outra alternativa: coletar orquídeas em seu próprio habítat. Sem dúvida, esta é uma tarefa emocionante, mas exige bom senso para preservar a natureza. Tome cuidado para não estragar nenhuma planta, nunca corte árvores para alcançar um exemplar muito alto e só colha as mudas que você tem condições! de cultivar. Nunca colha uma planta, inteira. Retire apenas três ou quatro pseudobulbos da parte frontal, para que a muda possa continuar a crescer conservando a espécie na natureza. Após a colheita, faça a limpeza da parte retirada no próprio local, removendo partes secas, doentes ou quebradas e limpando toda muda com uma esponja bem limpa, macia e úmida. As orquídeas precisam de um cantinho especial Na natureza, as orquídeas podem ser encontradas em florestas, montanhas, vales pântanos e até em rochas Por isso fica difícil determinar de modo geral qual o melhor ambiente para cultivá-las. A epífitas, por exemplo, nascem em árvores e gostam de iluminação intensa e difusa, enquanto as terrestres podem tanto viver sob densas florestas, com baixa luminosidade, como em campos abertos, onde a luz é farta, Já as rupículas nascem fixadas em rochas, expostas ao sol pleno. Mas, como a maioria das orquídeas cultivadas são provenientes de florestas, de modo geral pode-se afirmar que em ambientes onde as samambaias se dão bem o cultivo de orquídeas terá sucesso.

Monte você mesmo o seu orquidário Para fazer um orquidário é importante ter um cantinho que receba o sol da manhã. Num clima como o nosso, uma boa solução é construir ripados de madeira ou bambu, de modo que os raios solares fiquem filtrados, proporcionando luz na medida exata. Esses ripados se assemelham a armários com cerca de 2,40 m de altura. A parte do fundo, as laterais e a parte superior são feitas com ripas de madeira com 5 cm de largura. No teto, essas peças devem ser dispostas no sentido norte-sul, para o sol caminhar sobre as orquídeas no sentido leste-oeste e gradativamente ir passando sobre as plantas. Em geral, a distancia entre as ripas é de 3 cm, mas pode ser menor em regiões de luminosidade Intensa, Com essas condições, é possível montar um orquidário com capacidade para acomodar até 200 orquídeas, considerando-se uma largura média de 5 metros. Os exemplares maiores, que necessitam de bastante aeração junto às raízes, podem ficar pendurados. A prateleira central é um bom lugar para as mudas recém plantadas e em fase de crescimento. Na parte de baixo, apoiadas em blocos, podem ficar as espécies que gostam .de mais sombra, como os cimbídios. De preferência, use peroba sem pintura, a prateleira poderá ser pintada com óleo queimado e nos caibros de sustentação deve ser aplicado Neutrol, para evitar o apodrecimento da madeira. No mercado há ainda o Sombrite, uma tela especial para proteger as plantas do sol excessivo. Esse material, que substitui as ripas, chega a filtrar 60% dos raios solares, criando uma atmosfera ótima para a maioria das orquídeas, já que deixa os ambientes bem ventilados e protegidos tanto do sol como de insetos e outros animais.

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Seja qual for o material escolhido, não esqueça que a parte sul deve ficar ao abrigo dos ventos. Portanto, deixe esse lado com a parede mais fechada e nas épocas mais frias coloque protetores de plástico transparente. Se você não dispõe de espaço externo, pode também cultivar dentro de casa ou até no apartamento, pois a temperatura em interiores, entre 15 e 251°C é ideal para essas plantas. É só construir prateleiras junto a janelas bem iluminadas (face norte ou oeste), protegidas no lado de fora por uma tela, para que os vasos recebam sol filtrado. Segredos para manter plantas saudáveis Além de ambientes quentes, bem ventilados e com atmosfera úmida, as orquídeas precisam de regas e adubações criteriosas, e muita limpeza para crescerem sadias, sem o ataque de pragas ou doenças. Por isso, conserve o ambiente limpo, sem mato, lave as prateleiras e bancadas com produtos à base de cloro e limpe periodicamente as folhas com uma flanela macia para remover o pó. De seis em seis meses, é bom lavar todas as plantas com uma esponja embebida em água e sabão neutro. Assim elas vão ficar com todos os poros desobstruídos para respirarem livremente. A umidade na medida certa também é muito importante. Regue os vasos semanalmente, logo pela manhã, e nunca esqueça que as orquídeas gostam de solo úmido, mas detestam água empoçada junto às suas raízes. As plantas floridas não necessitam de muita água. Nessa fase, molhe apenas o solo, deixando as flores secas. Para manter a umidade do ar, pulverize as folhas com água na temperatura ambiente, principalmente nas épocas mais secas. Na hora de adubar, você pode escolher entre duas alternativas. Aplicar um fertilizante químico com fórmula NPK 15-15-15 ou NPK : 18-18-18 a cada 15 dias, ou então um adubo natural a cada seis meses. Nesse caso, uma boa recomendação é a seguinte mistura, desenvolvida pela Sociedade Bandeirante de Orquidófilos: 30% de farinha de osso, 50% de torta de mamona, 15% de esterco de passarinho ou de codornas e 5% de cinza. Aplique longe dos rizomas das plantas para não queimá-los. Após a floração, corte as flores murchas sempre na junção das folhas. Isso é muito importante, pois as hastes das flores são ocas e, se forem mantidas, vão acumular água e poderão apodrecer, prejudicando toda a planta. Não se esqueça de que facas, tesouras e alicates devem ser previamente esterilizados com álcool, e logo antes de serem usados em qualquer muda, a fim de evitar transmissão de doenças de uma planta para outra. Na hora de plantar, muito carinho Na hora de plantar ou replantar suas orquídeas, um pouco de cuidado e carinho é fundamental para elas logo pegarem bem e retomarem com todo o vigor seu ciclo de crescimento. Embora os vasos de barro sejam ótimos para essas plantas, elas podem também ser cultivadas em placas de xaxins (o xaxim está proibido, pode-se utilizar placas de coco), troncos ou pranchas de madeira.Para plantar em vasos escolha recipientes novos, a fim de evitar contágio de possíveis doenças. Como substrato, use fibra de coco. Primeiramente, lave bem o vaso e também a fibra para eliminar todo o pó. Depois, tampe o furo de drenagem com cacos, coloque uma camada de xaxim e a muda, já com as raízes envoltas em um pouco de fibra. Para terminar, preencha o vaso com o substrato, compactando bem nas laterais, mas deixando as raízes da frente mais soltas para elas se fixarem à vontade no novo meio.Se você preferir criar algumas mudas em troncos ou placas, envolva as raízes em um pouco de fibra de cococ e fixe-as amarrando com um fio de cobre ou com um barbante. As várias maneiras de reprodução Entre pequenos cultivadores as orquídeas são normalmente reproduzidas através de mudas ou de sementes. O sistema por divisão de mudas assegura variedades idênticas à planta-mãe, mas é muito demorado para quem deseja reproduzir em quantidade, pois são necessários de dois a três anos para se obter uma nova muda. Já a reprodução por sementes, embora demorada (leva até sete anos, desde a fecundação da flor até a primeira floração), proporciona inúmeros exemplares, mas com características diferentes da planta-mãe. Isso acontece porque o cruzamento pode ser feito entre duas espécies distintas resultando numa nova orquídea. Por isso, cultivadores que comercializam essas plantas em larga escala, já há alguns anos, recorrem a clonagem, uma técnica de laboratório que assegura inúmeros exemplares idênticos à planta-mãe, a partir de células de folhas ou raízes. Para isso, algumas células são separadas e colocadas em um tubo de ensaio com um líquido nutriente. Depois dealguns meses, as células se multiplicam dando origem a uma pequena muda.Graças a essa técnica é possível reproduzir plantas raras ou em processo de extinção, tornando-as mais acessíveis a todos os cultivadores. O início de tudo

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É exponencial o crescimento imobiliário em varias regiões das grandes cidades. São prédios cada vez mais deslumbrantes, mas com alto valor a fim de compensar os investimentos que não foram poucos na fase de elaboração e execução da construção.

Arquitetos e engenheiros se empenham cada vez mais em otimizar espaços, para que sua área disponível para venda seja ampliada. Esquecem-se porém, que haverá sempre uma lacuna naquelas construções exuberantes, quando estas não foram acompanhadas de um belo projeto paisagístico. E impressionante como o espaço reservado aos jardins vem decrescendo cada vez mais nos prédios, apesar de ser crescente a preocupação com o verde. Ou o discurso sobre ecologia é hipócrita, ou realmente os projetistas não tem noção da importância das plantas para o homem.

São verdadeiras afrontas aos limites da natureza, pois as dimensões disponíveis para as plantas muitas das vezes são patéticas. Existem casos onde prédios com 30, 40 metros de frente, detém uma jardineira de 25m de comprimento por 20cm de largura e 20 cm de profundidade. Como será possível executar-se algo bonito e interessante neste filete? Salvaguardando os casos em que o projetista, por questões técnicas, não teve possibilidade de ampliação, não estão dando a devida preocupação para a área ajardinável. O jardim vende um empreendimento muito melhor que vários outdoors espalhados pelas ruas, isto é fato.

O inverso também pode ocorrer quando o assunto é dimensionamento de jardineiras. Alguns profissionais idealizam grandes vãos onde será instalado o jardim. No momento da execução da obra, a instrução é que seja depositado uma parte de entulho nas jardineiras, para que seja diminuído os gastos futuros com aquisição de substratos para plantas. È um outro absurdo, já que não existe planta que se desenvolva plenamente sobre entulho, a não ser as de plástico, que nem se desenvolvem.

Os espaços reservados ao jardim devem ser coerentes com a grandiosidade da obra e com a necessidade de contato com as plantas. Esta ganância por mais área negociável pode trazer prejuízos, haja visto que um prédio bem ajardinado é vendido bem mais rápido e com preços mais interessantes do que aqueles sem ânimo ou com jardins irrisórios.

A arte do paisagismo a serviço do homem

As enciclopédias, em geral, referem-se ao paisagismo com o termo arquitetura paisagística. E não é sem razão. O paisagismo provavelmente surgiu, ou mostrou seus primeiros sinais, quando o homem sentiu a necessidade de modificar o ambiente em que vivia, adaptando a natureza que o cercava, de forma a tornar sua sobrevivência mais atraente; mais agradável e conveniente. Diversas descobertas arqueológicas provam que essa necessidade manifestou-se em tempos muito remotos, embora não tenhamos como situar exatamente essa data. A arte do paisagismo tem acompanhado e participado da história do homem. Não são os Jardins Suspensos da Babilônia uma das sete maravilhas do mundo? Já na época do Renascimento, especialmente na Itália, a arte do paisagismo alcançou acentuado desenvolvimento. Prova disso são os notáveis jardins renascentistas italianos. Falar em paisagismo, é falar sobre uma atividade que sempre esteve à serviço do homem e torna-se cada vez mais necessária para a vida harmônica no próximo milênio. O Paisagismo, além de sua função ecológica, se reveste de uma função social inegável, promovendo o convívio comunitário em parques e praças públicas e levando a natureza até para dentro de shopping centers. Acompanhando a história, podemos perceber que a arte paisagística italiana, francesa e inglesa atingiu grande expressão num momento em que a sociedade era dominada por aqueles que detinham o poder hierárquico e financeiro. Com as transformações que foram ocorrendo ao longo do tempo (declínio da monarquia, etc.), a arte do paisagismo começou a alcançar a sociedade em geral. Um dos primeiros exemplos de arquitetura paisagístico que pode ser encarada como um serviço público, foi o Central Park de Nova York, uma obra com objetivos bem definidos em direção a população. No Brasil a história do paisagismo praticamente tem inicio com a vinda de Dom João VI para o Rio de Janeiro, quando foram criadas praças e parques, num processo de urbanização da cidade, para torná-la adequada a instalação da corte. Data desta época a criação do atual Jardim Botânico, que abrigou viveiros de reprodução de espécies nativas e vindas de outros países. Hoje, o paisagismo, além de sua função ecológica, se reveste de uma função social inegável, promovendo o convívio comunitário em parques e praças públicas e levando a natureza até para dentro de shopping centers. A arquitetura em relação com ao paisagismo, vivem em estreitas relações e conotações históricas e culturais, caminhando numa relação simbólica, a serviço do homem e de sua necessidade de abrigo e proteção, da maneira mais conveniente: em harmonia com a natureza.

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A importância do bom planejamento

Tarefa complexa, projetar um jardim exige conhecimentos bem específicos e, principalmente, envolve uma série de providências, que abrangem desde o simples ponto de água para irrigação até as condições de vento e ruído. Somados, esses pequenos grandes detalhes diferenciam um jardim bem planejado de outro feito de forma improvisada.

Certamente, você mesmo pode elaborar seu jardim, plantando e escolhendo espécies de sua preferência. Entretanto, esse trabalho, que exige tempo, ganha uma outra dimensão quando é feito por um profissional habilitado e experiente. Paisagismo parece ser um universo inteiramente desconhecido para a maioria das pessoas e, como todo conhecimento, engloba técnicas bastante específicas.

Antes de tudo, o paisagista tira partido da incidência do sol no terreno, cria barreiras quando o vento se mostra violento, avalia eventuais elementos arquitetônicos que precisam ser alterados, sabe como corrigir solos, verifica drenagem e irrigação e, evidentemente, conhece plantas como ninguém.

Todo o trabalho é realizado com critérios e objetivos bem definidos, por isso resulta numa composição harmoniosa e equilibrada, em que a arquitetura da casa acaba sendo valorizada, e as plantas destacadas, através da distribuição adequada e da iluminação, só para citar dois exemplos. Também há a necessidade de trabalhar os volumes e a topografia do terreno, observando a área construída e o espaço necessário para salientar determinadas espécies, segmentos do jardim ou ainda disfarçar desníveis muito acentuados. O projeto de um jardim pode ser entendido como uma arquitetura de exterior, que deve estar em sintonia com a arquitetura da casa. Mas a forma de um jardim não é definida apenas pelas plantas. Caminhos, taludes, bancos, pisos, quiosques, pergolados, piscinas, muros, churrasqueiras e piso. Todos estes elementos construtivos têm grande importância. São recursos que quebram a monotonia e podem ser usados com muita criatividade, disfarçando possíveis defeitos e salientando as soluções paisagísticas. "O ideal é que o paisagista trabalhe paralelamente com o arquiteto, se possível na hora do proJeto da casa", o resultado será, sem dúvida, muito mais harmonioso. Definindo seu jardim

Se você quer participar ativamente da definição do seu jardim, deve ter em mente as suas preferências por plantas, estilos de jardim e as necessidades de sua família (espaço para seus filhos andarem de bicicleta, quiosque, recantos com sombra, viveiro, horta, etc.). Anote todas essas informações. Elas serão muito valiosas no primeiro contato com o paisagista, que é o momento de expor detalhadamente todas as suas idéias.

A partir desse contato inicial, o paisagista vai elaborar um jardim que esteja de acordo com a sua preferência. Aos poucos, cliente e paisagista passam a estabelecer uma relação de afinidade e confiança recíproca. É dever do paisagista respeitar as idéias e sugestões do cliente, mas também é dever, orientar e mostrar um leque de espécies e soluções que possam enriquecer o jardim. Então, procure ouvir e avaliar os argumentos do paisagista e saiba abrir mão de suas idéias, na hora certa. Se for necessário, peça informações adicionais. Após os primeiros contatos, o paisagista vai fazer uma análise detalhada do terreno em questão, estudando a topografia, orientação em relação ao sol, tipo de solo, vegetação existente, observação de ruídos, ventos e análise das construções existentes no terreno. Com todos estes elementos, é definido o anteprojeto, apresentado ao cliente através de plantas baixas e perspectivas. Elas permitirão que você visualize melhor a proposta do profissional. Esclareça todas as suas dúvidas e solicite alterações, se for o caso. A seguir, o paisagista apresenta um orçamento com o custo detalhado do projeto e da execução, que pode ou não ser feita pelo profissional. Vale lembrar: "Um jardim mais econômico pode ser obtido com a utilização de espécies jovens. Se a escolha recair sobre espécies já formadas ou raras, o custo será muito maior. Em geral, os paisagistas cobram por metro quadrado da área projetada, sendo que a execução é à parte e pode ser cobrada por dia. Entretanto, isso varia muito, uma vez que grandes áreas podem representar um extenso gramado, que não exige o mesmo trabalho que um recanto, onde for realizada uma grande composição de espécies. Depois de firmar o contrato e estabelecer a forma de pagamento, o paisagista parte para a definição de um programa mais detalhado, estabelecendo plano de massas de vegetação (arbustos, árvores de grande porte, fonações, etc.), pontos de água para irrigação, jardineiras e respectivos pontos de luz, ralos e grelhas para o escoamento da água, bem como o acerto dos últimos detalhes. Todos estes elementos têm muita importância e diferenciam um jardim

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bem planejado de outro feito de forma improvisada.

Enfim, muito verde

Está na hora de entrar na fase de execução propriamente dita, quando o paisagista orienta e faz a marcação dos elementos construtivos, como caminhos, pisos, pergolados, que são executados em geral pelo cliente. Após o término dessa fase vem o plantio. Para se ter idéia do tempo necessário de planejamento e execução de um jardim, reserve um mês para o projeto e de um a dois meses para a execução, prazo que varia em função da quantidade de elementos construtivos e das condições climáticas. Terminado o plantio, o paisagista entrega o memorial com os nomes de todas as espécies que compõem o jardim e respectivas observações, orientando o cliente e, se for o caso, o jardineiro, quanto à irrigação, tratamento, adubação, poda, etc. De forma geral, os paisagistas dão manutenção nos primeiros 30 e 60 dias, momento de verificar se as espécies estão se adaptando ao novo ambiente. É um tipo de garantia, pois o profissional pode ainda fazer o replantio de algumas mudas. Para obter melhor resultado, dê preferência ao próprio paisagista, na hora da execução. Ele acompanha todas as etapas e pode, assim, garantir o serviço e a fidelidade ao projeto. Agora, é só esperar e acompanhar a fase de crescimento das plantas. Um jardim demora, em média, de três a quatro anos para ser totalmente formado. Dentro de um ano, os arbustos e forrações já estarão bem crescidos; as árvores demoram cerca de três a quatro anos para atingir uma altura média.

A importância do paisagismo nos dias de hoje

Criar, planejar, executar... Dar a cada pessoa que procura um paisagista o desvendar de seus anseios, descobrir seu desejo de trazer a natureza um pouco mais perto, seja em um jardim, um vaso ou uma pequena jardineira.

Projetar um ambiente com plantas é tarefa árdua que deve ser conduzida com mãos de maestro, onde entram em jogo fatores como forma, harmonia, cor, textura, beleza e técnica.

Não existe um projeto igual ao outro, a resolução de um bom paisagismo, de um bom jardim, passa pela integração com a residência, com o edifício e pelos critérios com a escolha das plantas que melhor se adaptam ao clima e suas finalidades.

Valorizar a beleza das plantas individualmente, deixando de lado o efeito das massas agrupadas, evitando-se amontoados de espécies muito próximas, tendo cada planta o seu lugar onde pode ser observada como única e como elemento de um conjunto maior que é o jardim. Que não se restringe só às plantas, mas aos caminhos, churrasqueiras, bancos, pisos, pergolados, quiosques, fontes, piscinas e acessos. São recursos que quebram a monotonia e podem ser usados com muita criatividade.

Hoje o paisagismo se funde às construções. O verde realça as formas, disfarça as imperfeições, rompe a rigidez dos materiais, suaviza o dia a dia de trabalho. Deve ser estudado e elaborado para que possa valorizar ainda mais o projeto arquitetônico e sua finalidade.

A natureza se apresenta como uma grande aliada para valorizar e humanizar estabelecimentos comerciais, tornando lojas e escritórios mais atraentes. O verde é capaz de amenizar a rigidez de um local de trabalho, criando ambientações mais acolhedoras, contribuindo para o aumento de produtividade pelo efeito tranqüilizante que as plantas causam nas pessoas.

O profissional de paisagismo trabalha em etapas, até chegar ao projeto definitivo. A primeira delas é o estudo

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preliminar, onde são feitos os levantamentos de todos os dados técnicos do ambiente, como luz, volumes e espaços, e entrevista com o cliente a respeito sobre suas expectativas e necessidades.

A Segunda etapa é o anteprojeto, que é apresentado por desenhos para a melhor visualização do trabalho, espécies de plantas, troca de idéias e mudanças se necessário.

Com a aprovação do cliente passa-se para a última etapa, o projeto de execuções, que traz os detalhes da construção do jardim. Através de plantas e detalhes, especificação da vegetação, quantidades de cada espécie, nomes científicos e o custo da execução da obra.

Para reforma do jardim, o paisagista segue as mesmas etapas, discriminando as obras necessárias para a sua reformulação, tanto da vegetação quanto dos elementos construtivos.

Também a manutenção das plantas, mesmo em vasos, é essencial para o seu bom desenvolvimento, é muito importante que um técnico especializado faça o acompanhamento do jardim, para que depois de implantado possa se desenvolver e durar muito tempo, ficando a cada ano mais bonito e atraente.

Seguindo um projeto e as orientações de um profissional, evita-se aborrecimentos e surpresas desagradáveis, como as plantas amarelarem e morrerem, causando um prejuízo não recuperável.

Hoje em dia, salvo raras exceções, o paisagismo é extremamente comercial. Vai-se em busca do menor preço e com uma preocupação super imediatista, em que os critérios técnicos e a integração com o meio ambiente são esquecidos ou ignorados.

Felizmente aos poucos esta mentalidade está mudando, pois a cada experiência desagradável, as pessoas procuram um serviço especializado, onde recebem a orientação técnica de um paisagista profissional. "Jardim é moldura de projeto de arquitetura. Quando você acaba a arquitetura de uma casa, ela está pronta. Mas quando você termina um jardim, ele está apenas começando".

A importância do paisagismo para a arquitetura

Ao se iniciar um projeto de arquitetura, é muito importante a observação cuidadosa da topografia, do conjunto da vegetação existente nas proximidades, do potencial da paisagem e principalmente o caminho do sol. A implantação adequada da obra em relação ao solo e ao entorno existente contribui muito para o resultado se tornar positivo.

Além dos ganhos materiais na qualidade do uso do espaço, como salubridade e conforto físico, deve-se levar em conta o fator psicológico que as possibilidades de paisagem agradável aos olhos oferecem. Uma obra arquitetônica que permite diálogo com a área externa oferece sensação de liberdade e de bem estar. É por isso que deve ser dada máxima atenção ao projeto de paisagismo. Além do papel de recuperação da área transformada pela obra, o paisagismo pode acrescentar e explorar as possibilidades que o uso do espaço oferece.

Elementos arquitetônicos como aberturas, passagens, vidros, varandas, gazebos, pergolados, trazem a vegetação para o diálogo fundindo os espaços internos e externos. O verde, em suas infinitas tonalidades, somado aos múltiplos coloridos de flores e frutas, pode se usar em conjunto com os materiais de construção, em harmonia e solidariedade. É o que se procura no projeto de jardim. O limite que separa a arquitetura e o paisagismo deve desaparecer favorecendo o conjunto final.

Muitas vezes surgem preocupações com o aspecto de manutenção que os jardins pode necessitar para que preservem a beleza esperada. Tais preocupações devem ser levadas em conta no projeto.

Além da coerência com o solo e o clima, a vegetação deverá ter afinidade com o usuário do espaço. Pessoas que apreciam cuidar pessoalmente do desenvolvimento das plantas criam vínculo com a vegetação, fazem desse cuidado uma terapia. É o caso do jardim receber espécies mais trabalhadas e diversificadas. Quando o usuário tem menos intimidade com plantas, um jardim mais “clean” pode ser o mais indicado, pois necessita menos atenção e a manutenção é mais econômica.

Nem sempre o paisagismo é complementar em relação à arquitetura. Muitas vezes acontece o contrário. Um exemplo disso é quando se projetam equipamentos para uma praça. Abrigo para espera de ônibus, banca de jornal, coreto, espelhos d’água, fontes, sanitários são elementos arquitetônicos necessários como infra-estrutura, mas não

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devem prevalecer em relação às funções principais da praça como passeio, recantos, vegetação, ar livre, lazer, recreação. Às vezes o projeto de uma edificação nas imediações da praça procura uma acomodação visual com ela usando materiais que funcionam como espelho para o entorno.

A área externa possui uma dinâmica de luzes e sombras que contribui para a percepção do tempo e o sol se movimentando cria ritmos e ângulos surpreendentes. Daí não é exagero concluir que quanto mais a natureza participa de um espaço, mais bonito ele fica.

A importância do planejamento e projeto paisagístico

Os habitantes das grandes cidades em meio ao desenvolvimento desenfreado passam a sentir a necessidade premente de reconciliação com a natureza, e implantando áreas verdes nos espaços disponíveis entre as construções, recompõe a paisagem. É onde o paisagismo destaca-se como fator imprescindível e fundamental.

O paisagismo não é apenas a criação de jardins através do plantio desordenado de algumas plantas ornamentais. Muito mais do que isso é a técnica artesanal, aliada à sensibilidade, procurando reconstituir a paisagem natural dentro do cenário devastado pelas construções. E requer conhecimentos de botânica, ecologia, variações climáticas regionais e estilos arquitetônicos, sendo também importante o conhecimento das compatibilidades plásticas para o equilíbrio das formas e cores.

Desse conjunto resulta a base para a idealização de um projeto harmônico do paisagismo de cada área, utilizando-se espécies de plantas que sejam, além de ornamentais, compatíveis com as condições do clima, solo e cenário do local onde será implantado o jardim.

O paisagismo tem a finalidade precípua à integração do homem com a natureza facultando-lhe melhores condições de vida pelo equilíbrio do meio ambiente. É inegável a influência benéfica das áreas verdes na vida de qualquer comunidade. Seus efeitos são essencialmente notados, no equilíbrio do ecossistema, resultando na melhoria da qualidade do ar, controle natural da temperatura ambiental, manutenção equilibrada dos índices pluviométricos, diminuição do nível de ruídos urbanos e visuais agradavelmente repousantes. Por outro lado tem sido criados nas cidades vários jardins que são verdadeiras aberrações paisagísticas, agredindo o bom senso e fadados ao desaparecimento em curto prazo de tempo. Isso é causado pelo uso impróprio das espécies, cujas características de desenvolvimento em desacordo com o tipo de clima, condições de solo, luminosidade e espaço, resultam em exemplares mal desenvolvidos e frágeis. Outras vezes, plantas de grande porte, inadequadamente alocadas, acabam por asfixiar as menores, eliminando-as.

Dessa forma, a prática do paisagismo em mãos inábeis acaba por deturpar suas finalidades principais, muitas vezes transmutando-o em mera mercantilização do verde. Faz-se necessário entender que paisagismo é o meio pelo qual o ser humano pode conseguir restabelecer parte do equilíbrio rompido da natureza através da sua própria ânsia progressista, desequilíbrio hoje que já se faz sentir em todas as partes do mundo civilizado através de muitas catástrofes naturais do meio ambiente conturbado e poluído.

É preciso conscientizar as pessoas da importância do planejamento e projeto paisagístico.

A trajetória dos jardins no Brasil

Brilhantes profissionais, como o mestre Burle Marx, deram vida e personalidade à nossa cultura paisagística, tirando proveito da criatividade e dos exuberantes recursos naturais.

Entre as primeiras manifestações paisagísticas verificadas no país, temos o Passeio Público do Rio de janeiro, idealizado por volta de 1769 pelo Mestre Valentim; os jardins Botânicos da capital carioca e de São Paulo (início do século XIX) e já no século atual os grandes parques das quintas e chácaras; além dos palacetes, onde as casas ficavam situadas em meio a grandes jardins de inspiração francesa e inglesa.

Em meados de 1900 era comum a preferência pela estética de padrões importados, mas gradativamente passou-se a incluir a vegetação tropical nos projetos. Assim, despontou o uso de helicônias, marantas, filodendros, entre várias outras espécies, o que podia ser visto nos casarões dos Campos Elíseos e em parques públicos, como o do Ipiranga.

Nessa época, ocorria o apogeu do ecletismo, no qual se veneravam pseudo-estilos (gótico, romano e neoclássico). Já no período pré 2ª Guerra Mundial, o advento do movimento moderno na arquitetura brasileira desencadeou uma resposta paisagística condizente com essa manifestação. E começaram a surgir os grandes gênios dessa atividade no país.

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Burle Marx, sem dúvida, é um profissional singular no paisagismo nacional e também no cenário mundial. Ele enalteceu a utilização das espécies nativas e inovou o desenho dos jardins, uma vez que esteve ligado ao Modernismo. Suas soluções incluem grandes manchas coloridas e outros recursos, como espelhos d'água, mosaicos portugueses, seixos e pedras. Imprime em suas criações um toque cênico, certamente devido à sua brilhante vocação artística, tirando partido da forma, cor, textura e luminosidade dos vegetais, com forte expressividade. Suas obras, como os jardins do Itamaraty e Aterro do Flamengo, entre tantas outras, São referências fundamentais para o nosso paisagismo.

Em São Paulo, no começo da década de 50, se destacaram outros dois profissionais. Waldemar Cordeiro, um artista rústico engajado na corrente Concretista e muito preocupado com a coerência de seus trabalhos, que dedicava ao landscape cuidados de obras de arte. Ou seja, ele utilizava os terrenos como, campos gráficos, tratados de forma dimensional na disposição das massas vegetais. Jogos cromáticos eram uma de suas marcas, assim como curvas e deslocamentos geométricos. Originou um dos chavões do paisagismo contemporâneo: "cada caso é um caso"; sem esquecer as adequações técnicas e funcionais aliadas à liberdade. A área verde do Clube Espéria foi sua concepção.

Roberto Coelho Cardozo é considerado o fundador da "escola paulista de paisagismo", pois foi ele quem introduziu no curso de arquitetura da FAU/USP esta especialidade, visando consolidar a profissão. Sua formação acadêmica, ocorrida nos Estados Unidos, favoreceu o desenvolvimento do conceito da paisagem urbana, ao lado dos itens residências e parques. Para tanto, adaptou-se A tropicalidade e exuberância da flora local, bem como às condições climáticas e ambientais. Deixou bem caracterizada a idéia de que o paisagismo deve ser uma síntese entre a história natural e a reflexão artística, preconizando a realização de projetos a condições fixas e não padrões rígidos. Entre seus traços peculiares estavam uma marcante geometrização - linhas retas, ângulos, polígonos e ainda semicírculos e curvas.Indiscutivelmente, estes talentosos nomes, que decodificaram na paisagem os ideais do Modernismo, com o fim da rigidez e a exaltação da. livres criações, são pessoas fundamentais na trajetória do paisagismo brasileiro. Em suma, as vertentes da produção verificada hoje em dia.

Composição paisagística

Quando falamos em Composição Paisagística freqüentemente ouvimos que se trata de uma simples combinação de plantas dentro de um espaço. Não está errado, mas sim totalmente incompleto, existem teorias por detrás destas combinações, trata-se dos Princípios da Composição Paisagística, e são eles: a mensagem, o equilíbrio, a escala, a dominância, a harmonia e o clímax da paisagem.

Mas para falarmos destes princípios precisamos entender os elementos de comunicação de um jardim. Dentre os mais significativos temos as linhas, formas, texturas e cores, além dos invisíveis como sons, cheiros, etc.

As linhas podem ser retas, curvas ou mistas. Elas têm o poder de oferecer impressões diversas ao observador e bem exploradas conferem significado ao jardim da seguinte maneira:

-linhas horizontais: transmitem calma, paz, descanso-linhas verticais: sugerem ascensão, grandiosidade, força, permanência. Quem nunca teve esta sensação perante uma imponente palmeira ou um grande cipreste italiano?-linhas curvas: relacionadas com graça, movimento e dinamismo, caso típico de caminhos sinuosos por entre o jardim.

Este planejamento de linhas serve para fazer a divisão dos espaços, de acordo com a função de cada ambiente.

Em relação às formas, cada planta possui a sua , como também cada conjunto delas, as copas das árvores possuem formas diferentes, os arbustos, as palmeiras e as flores, não é difícil imaginar este maravilhoso jogo de formas em um jardim.A textura está relacionada diretamente com as nossas sensações, com o aspecto. Olhar um cacto e uma rosa, cada um passa sensações diferentes e deve-se diretamente à textura de cada um. Este conjunto de texturas no jardim, bem explorado, cria fantásticos efeitos. As cores têm uma importância e um poder de comunicação tão significativos, que seu uso deve ser extremamente estudado antes de se compor qualquer projeto junto aos seus respectivos usuários. Isto se deve ao poder das cores transmitirem sensações. Tomemos duas cores totalmente opostas; azul e vermelho. O vermelho causa sensação de euforia, excitação, ação, calor, além de dar a impressão de recuo, portanto causando a impressão de diminuição do espaço onde está sendo usado, portanto podemos dizer que se tomarmos grandes áreas e quisermos causar o efeito de diminuição, o uso do vermelho é extremamente recomendado. O vermelho também causa aumento da pressão arterial e tensão muscular, tornado-se extremamente estressante quando mal usado.O azul por sua vez é o oposto, a sensação de paz, frescor ,calma e ao contrario do vermelho confere ao jardim o

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sentimento de amplitude, portanto recomendado para pequenos espaços.

Visto isto finalmente podemos entender melhor os princípios da composição paisagística:

-a mensagem: não basta o jardim estar “arrumadinho”, ele tem que dar o recado, tem que falar com o usuário, deve ter sentido em cada planta colocada.-o equilibrio: como em uma balança de dois pratos, funciona também nosso jardim. É como se houvesse um eixo central e de cada lado o peso dos componentes deste jardim deve ser igual ao outro.-a escala: diz sobre o aproveitamento dos espaços, suas distâncias corretas e no caso das plantas o fator tempo nunca deve ser esquecido, pois o desenvolvimento de algumas espécies pode interferir na escala antes prevista.-a dominancia: algo sempre dominará o espaço, nem sempre em quantidade, mas as vezes por expressão conforme cada elemento de comunicação.-a harmonia: sempre lembrada, a harmonia é a primeira coisa que pensamos que um jardim deve ter, e a chave para o sucesso normalmente é a simplicidade. Quando olhamos para o jardim e não conseguimos conceber que nada pode ser tirado nem colocado, aí sim, ele está harmônico, ou seja, tudo vira uma coisa só.-o climax: em qualquer jardim algo nos chama a atenção em primeiro lugar, aquele objeto que prende nosso olhar por alguns segundos, este é o clímax do jardim. Podem ser usados um ou mais, cuidado com os exageros que podem causar uma poluição visual devido a causar uma confusão para o observador.

O jardim é uma forma de arte, classificado nas “Belas Artes”, que requer do paisagista conhecimentos de diversas áreas como botânica, geologia entre outras. Mas o paisagismo é arte no seu poder de causar emoções e estas emoções causadas dependem do íntimo de cada profissional, basta lembrar dos grandes artistas que ficaram para a história , eles colocavam sua alma no que se propunham a fazer. Como em uma tela, como numa escultura ,assim deve ser também no jardim. O artista tem a teoria em sua alma e só aperfeiçoa seus conhecimentos no desenvolvimento de seu trabalho.

Estilos de jardins

Os jardins da antiguidade eram basicamente jardins utilitários, com o plantio desordenado de diversas ocasiões comestíveis ou de plantas com finalidade medicinal e, mais tardiamente, cosméticas. Apesar deste jardim utilitário dominar os primórdios do jardim organizado, há jardins que foram louvados por sua beleza. Um bom exemplo foram os jardins suspensos da Babilônia. Também há registros de jardins da antiguidade na China, no Egito, na Grécia Clássica e Pérsia. Estes jardins evoluíram (ou involuíram) para jardins enclausurados nos mosteiros, ou cidades muradas, durante a idade média. Tais jardins continuam a ser basicamente locais de cultivo de vegetais comestíveis. Mais tardiamente, durante a Renascença, eles evoluíram para maravilhosos jardins planejados, com o objetivo de cultivo de plantas para o deleite estético e decorativo. Em todas as culturas, as influências da natureza sempre se fizeram sentir, pois qualquer que tenha sido o objetivo da construção de um jardim (utilitário ou decorativo) a sujeição ao clima, solo, latitude e espécimes oriundos daquela região se fez imperativa. Hoje em dia nas grandes metrópoles, o estilo do jardim pode refletir o desejo de seus proprietários, de vez que os materiais existentes no mercado são diversos e variados. Além disto muita aclimatação de plantas já foi conseguida, dando uma ênfase ainda maior nas possibilidades de escolha de plantas, de acordo com a necessidade do cliente.

Contudo, não se pode esquecer que o jardim de uma residência ou edifício é o aposento exterior, ao ar livre daquela construção, devendo portanto seguir o estilo do interior ou de sua estrutura. Dentro da atual classificação de estilos podemos citar as seguintes: RuralContemporâneoFormalColonial

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MediterrâneoOrientalTropical Considere também, na hora de escolher o estilo de jardim, a natureza e o ambiente que o rodeia. Por exemplo, é mais fácil construir um jardim formal em Petrópolis do que em Búzios. Jardim RuralGeralmente, adaptado ao ambiente rural ou de fazendas ou sítios,A pavimentação é bem natural, com seixos, cascalhos ou brita. Os vasos muitas vezes são adaptados de antigas peças utilitárias, tais como cestas, carrinhos de mão laqueados em branco, etc. Charretes, rodas de carroças antigas são utilizadas, como peças de adorno. As cercas são de madeira. Muitas vezes estas peças rústicas são combinadas com plantas de delicada textura e cor, a fim de se somarem num efeito de um romantismo despojado. Jardim ContemporâneoNestes jardins os elementos de decoração muitas vezes possuem linhas retas e simples e quase sempre dão vez ao "prazer de viver”. Neste caso, as piscinas, jacuzzis e quadras de esportes, são pontos fundamentais no jardim que se caracteriza por plantas estruturais que realcem e façam um pano a estes confortos. Geralmente as pavimentações são lisas, bem confeccionadas, de materiais caros e nobres, e a mobília adaptada ao modernismos de vida requerido dela. Os vasos podem ser quase esculturas ou jardineiras construídas para este fim. Jardim FormalO estilo formal é facilmente reconhecível, pois tem um equilíbrio rígido e formal, um desenho geométrico, e usa bastante a topiaria como elemento decorativo de suas sebes e cercas vivas. A decoração é clássica e inspirada na Renascença Italiana. O jardim delineia um ambiente quase teatral e dramático, como esculturas clássicas. Os recipientes de plantas são vasos de cerâmica trabalhada e bem acabada, muitas vezes em feitio de urnas ou ânforas. Jardim ColonialO estilo colonial pode se confundir com o rural, de vez que muitos de seus elementos decorativos provêm de antigas fazendas, do tempo colonial. Mas caracteriza-se principalmente, por incorporar materiais coloniais, assim como fontes e lagos. Jardim MediterrâneoEste é um jardim praieiro. As plantas utilizadas gostam de pouca rega, solo pobre e muita luz. Plantas tais como alecrim, o limoeiro, a videira e a nêspera, fazem parte desta ambientação. Elementos marinhos como conchas moídas para o pisoteio, ou acabamento de canteiros, também, compõem este estilo. Cerâmicas vitrificadas ou não, fazem a pavimentação. Pequenas fontes e pequenos pátios, também. Jardim OrientalEste jardim muitas vezes é um jardim em miniatura, composto por um desenho rígido e simples, arquitetado com bonsai. O jardim oriental utiliza magnólias, azaléias, coníferas, bambus, pedras em número impar e sempre possuem um recanto aquático. Este jardim tem como objetivo pacificar o espírito, equilibrá-lo em contato com a natureza e abrí-lo a meditação. Jardim TropicalO expoente máximo dentro do jardim tropical foi a criação de Burle Marx. Seus jardins passaram a valorizar nossas plantas e folhagens, e num movimento de antítese aos jardins europeus, o mestre direcionou-se para suas nuances e texturas, relegando a segundo plano o uso de flores delicadas e românticas. Seu uso de plantas estruturais e gigantes, e seu estilo natural, revalorizaram as nossas matas, como fontes de inspiração para os jardins. Muitas vezes também utilizou-se de diversas gramíneas, tentando revalorizá-las aos olhos preconceituosos do público brasileiro, que as encara na maioria das vezes como matos, praga ou capins.

Funções de um jardim

Ao ser chamado para projetar e executar um jardim, o profissional precisa reunir uma serie de informações que vão dar as diretrizes ao seu trabalho. Saber para que finalidade o cliente deseja seu futuro jardim, por exemplo, é fundamental.

O estilo de um jardim é determinado pela área disponivel, pelas especificações vegetais que o meio ambiente (clima, solo, etc.) permite cultivar, peias formas arquitetônicas que o rodeiam (e com as quais, eventualmente, pode contrastar) e pelas funcões que apresenta. Em outras palavras, pelas finalidades a que a área se presta, no todo ou em suas subdivisões.

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A intervenção do profissional tem mais peso justamente neste último ponto. Antes de mais nada , é preciso avaliar com o maior cuidado as reais necessidades dos moradores da residência onde será implantado o jardim. Por isso, o número de familiares, a presenca de crianças e os equipamentos ou móveis que cada um gostaria de ver implantado na área externa a casa (em função de uma vida social mais ou menos intensa, por exemplo) são excelentes indicadores para a obtenção de bons resultados.

Assim como a moradia, o jardim pode dispor de diversos ambientes que, por sua vez, desempenharão diferentes funções. Mesmo quando a área disponível é pequena, a parte mais "nobre" ficará próxima da entrada social da casa; nesse ponto, os elementos ornamentais serão predominantes. Os elementos vegetais arbustivos e florais comporão as formas desejadas, sejam elas canteiros, os limites com a rua e os terrenos vizinhos ou a delimitação de trilhas e acessos. As combinações de formas e cores sao infinitas, mas devem obedecer a critérios bem definidos.

Se as dimensões do terreno permitirem, o profissional pode agregar elementos decorativos como muretas, espelhos d'agua e quiosques. A composicao resultante enfatiza os aspectos estéticos: cria se, desse modo, um jardim para ser contemplado, a qualquer hora do dia e da noite (desde seja instalada iluminação noturna) e em qualquer estação do ano.

Nas residências mais amplas e que, em geral abrigam familias maiores, pode-se acrescentar ao núcleo central decorativo outras caracteristicas funcionais. É o momento de pensar no playground para as crianças, na piscina, num local para refeições ao ar livre (uma churrasqueira ou um recanto protegido por uma pergula) ou num terraço para aproveitar os dias de sol. E, se o espaço for realmente generoso, ate mesmo numa quadra poliesportiva. Nessas condições, são necessários alquns cuidados no que se refere ao ajardinamento. O tráfego de pessoas, tanto as da família como seus convidados, exige um planejamento prévio, para que sejam usadas espécies mais resistentes.

Em alquns casos, as pessoas desejam garantir uma certa privacidade e, portanto, o porte das plantas deve ser escolhido de acordo com esse objetivo. No caso das piscinas, sem deixer de levar em conta o fator decorativo, deve-se evitar a proximidade de arbustos ou árvores de folhas caducas que, em certos meses, perdem as folhas e acarretam cuidados e despesas extras com limpeza.

Quando o terreno comporta uma grande área livre nos fundos, é comum a instalação de compartimentos de servico, como lavanderia, depósito etc. Trilhas de acesso pode fazem a ligação com estas áreas, além disso, elas também podem ser disfarçadas com o plantio de sebes altas.

Em propriedades maiores, como os sítios e chácaras, o jardim ornamental e recreativo pode ganhar uma área destinada ao cultivo de uma horta ou pomar. Assim, dadas as suas finalidades e os recursos necessários para o cultivo, que implicam o uso de ferramentas e o transporte de equipamentos e materiais, o acesso a essas áreas deve ser objeto de cuidadoso planejamento.

Finalmente, nao se pode esquecer que a função básica ou o conjunto de funções integradas num projeto paisagístico não é, por força, definitivo. Freqüentemente, com o tempo, passa a ser interessante, ou até mesmo necessário, transformar o plano original. Por exemplo: depois que as crianças estiverem crescidas, a área ocupada por um playground pode receber uma nova função, mais útil às novas necessidades.

Jardim japonês

Efeitos estéticos repletos de significados, num lugar onde reinam a paz e a harmonia, integrando o homem ao universo através das formas da natureza. Plenos de mensagens, os jardins japoneses expressam a eterna busca da perenidade, convidam à reflexão e estimulam a espiritualidade.

Seus preceitos orientam o povo do Sol Nascente e a cada dia ganham espaço nas residências ocidentais. Executados em grandes áreas, ou até mesmo em cantinhos restritos, os jardins japoneses abrigam setores ligados entre si, cheios de simbologias e princípios filosóficos baseados no conceito de Yin (feminino) e Yang (masculino).

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De visual leve e preciso, combina com arte, plantas, pedras, água e a luz do sol, sugerindo repouso e meditação. O ponto de partida é reproduzir a natureza, miniaturizando seus elementos, seja pela disposição das plantas, seja pelas formas de pedras e lagos.

Logo à entrada, mesmo em um pequeno canteiro, estão contidas diversas representações. As plantas com flores perfumadas, como pitospóros e magnólias, simbolizam o irashai (seja bem-vindo). Afastando os "maus espíritos" as nandinas, que evitam a proliferação de bactérias, são geralmente colocadas a sudoeste, onde há maior umidade. Para completar o cenário, aparece a família, encarnada por pedras ou plantas. Uma pedra grande ou um pinus pode ser o mestre do jardim, representando o pai. Ao lado, uma pedra menor ou uma azaléia simboliza a mãe. Os filhos aparecem nos bambus plantados bem próximos aos dois. Se houver espaço, é possível que parentes próximos e amigos estejam presentes nos talos da ráfis.

Pinheiros maiores, que agem como guardiões da casa, protegem a família toda. Um corredor cercado por heras e podocarpus saúda os visitantes bem-vindos, que caminham sobre pedras irregulares formando uma linha sinuosa. O percurso deve ser feito lentamente, para uma observação demorada de cada elemento. O objetivo é isolar o mundo exterior, favorecendo a interiorização.

O fim do corredor é marcado por uma pedra côncava que abriga a água corrente que passa por ela, anunciando a proximidade do interior do jardim e convidando os visitantes a lavar as mãos: os maus espíritos não resistem à força da água.

Sintetizando os elementos da natureza, a parte interior do jardim busca aguçar a visão, o tato, o olfato e a audição, através dos sons da queda d'água e do vento, dos diferentes odores, texturas e efeitos de luz e sombra.

Recoberto com zoyzia (grama japonesa), íris e dicondra, o chão se compõe de relevos e nuanças. O efeito provocado pelo conjunto é sinestésico. Essa atmosfera anula as tensões e permite ao visitante do jardim desfrutar da companhia da família que o hospeda, já retratada pelos símbolos. Detalhe: quando o pai for representado pelo pinus, este deve apresentar torções dos galhos, obtidas com podas. O importante é manter o pai sempre em evidência, num local ensolarado.

A ambientação conta ainda com as lanternas japonesas, chamadas tooro, feitas com cimento, granito ou entalhadas em pedras. A colocação deve obedecer à disposição triangular, formando os pontos chin (mestre), soe (terra) e tal (céu), representando a trindade. Essa simbologia pode aparecer com pedras ou plantas também. A representação da sagrada torre de pedra, o gorin-no-to, que simboliza o céu, o vento, o fogo, a água e a terra, serviu para o desenvolvimento do desenho do tooro e de outras formações com pedras, onde a base retangular representa a terra, o triângulo o céu e o círculo, entre os dois, o homem.

Os antepassados também aparecem no jardim japonês, nos troncos de árvores fincados à beira da água, que corre para formar um tanque com carpas, que, com seu intenso colorido, traduzem a sorte e a felicidade. O tanque, que representa o mar interior, se localiza no centro do jardim. Para abastecê-lo, a água corrente vem de uma cascata que fica no leste, no oriente. O escoamento é feito para o oeste, ocidente, para onde são levadas as impurezas. Pontes devem aparecer sobre a água, refletindo a busca de caminhos superiores, acima de todas as coisas.

Outra figura simbólica importante é a representação em pedras ou terra do monte Sumeru, o centro do mundo, segundo a tradição budista. Um fator a ser levado em consideração é o uso de plantas de crescimento lento, para que o jardim permaneça com a mesma aparência, numa demonstração de perenidade, como se ele estivesse ali há milênios.

Algumas plantas devem ser evitadas nesse jardim, segundo a tradição japonesa. Por ter flores que caem inteiras, significando cabeças decepadas, a camélia não aparece nas casas dos samurais. A cerejeira, árvore-símbolo do Japão, também fica ausente, pois suas folhas caem facilmente, representando perdas e modificando visualmente o

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espaço. Mas nada impede que sejam plantadas do lado de fora da entrada do jardim.

Todo o espaço, quando necessário, pode receber cercas de bambu com amarrações. Altas ou baixas, fechadas ou com frestas, elas protegem de forma harmoniosa, sem se chocar com a ambientação.

As pedras têm grande importância nos jardins japoneses, nos quais são usadas às toneladas. Os formatos mais comuns são os arredondados, sugerindo a ação de desgaste pelo tempo. Dispostas de forma casual, compondo montes ou trilhas, as rochas foram utilizadas pelos monges japoneses para compor todo o jardim, abolindo o uso das plantas. Esses jardins compostos apenas por pedras são típicos de mosteiros Zen e Xintoístas, e exploram uma combinação de matizes e formas minerais.

O uso inteligente da água é incorporado a projetos paisagísticos

Nos últimos anos os moradores das cidades, como São Paulo, têm passado por constantes rodízios de água. Em contrapartida, cada vez mais os projetos paisagísticos utilizam a água como um elemento de destaque. Basta lembrar a fonte dançante construída no final do ano passado no parque do Ibirapuera. As pessoas se sentem atraídas pela água, gostam de estar em lugares com esse elemento da Natureza.

A utilização da água em projetos paisagísticos é milenar, mas ganhou destaque nos últimos anos. Água é apenas um dos itens de um bom projeto paisagístico, assim como plantas, flores, madeira, metais, iluminação e outros artefatos que compõem o trabalho.

Para evitar o desperdício, deve-se aplicar técnicas para o reuso da água. Um dos métodos, é a captação e armazenamento da água da chuva em cisternas, com emprego de bombas para sua reutilização. Em um jardim, a água pode ser usada em repouso, com lagos e espelhos d’água, ou em movimento, com fontes e cachoeiras. Além de acrescentar efeitos ornamentais, como fibra óptica para jogos de luz. Quando a água está presente em um jardim, ela se torna o foco principal do ambiente. Pode ser utilizada em maior ou menor escala, dependendo do tamanho do projeto.Paisagismo e segurança

Não é só a má construção que derruba edifícios, obras de paisagismo inadequadas, executadas por pessoas não habilitadas, colocam em risco a vida de moradores e a própria segurança do patrimônio.

Problemas com espécies plantadas inadequadamente são encontrados com facilidade em todos os cantos das cidades, tais como árvores muito próximas a edificações, jardins sobre lajes de edifícios, vasos e jardineiras colocadas em cima de marquises, jardins em coberturas de prédios com plantas de grande porte, floreiras sem acesso para manutenção colocando em risco quem delas cuidam, árvores em calçadas com raízes que levantam as mesmas colocando em risco os pedestres e a falta de manutenção adequada para que estes problemas possam ser amenizados.

Na maioria dos edifícios, que possuem jardins sobre lajes, apresentam problemas de fissuras, infiltrações e sobrecargas, pois o crescimento exagerado das plantas e suas raízes, que chegam a perfurar a impermeabilização e ocasionar o entupimento das saídas de água, colocam em risco toda a estrutura envolvida, e podem com o tempo ruir.

A necessidade de um projeto

Todos estes problemas levam a uma reflexão sobre a necessidade de olhar o paisagismo com mais seriedade e profundidade. Em uma obra são necessários os projetos arquitetônico, estrutural, elétrico e hidráulico, tendo cada um deles um profissional responsável. Já no caso dos jardins, os serviços são entregues a pessoas despreparadas e não habilitadas, levando a ocorrência dos fatos já constatados. Porque não a necessidade de um projeto de paisagismo?

O profissional de paisagismo na elaboração do projeto, não leva em conta apenas a parte plástica, como a harmonia, cor, textura e forma, mas também as questões da parte botânica das plantas, como tipos de raízes, folhas, tamanho que terão quando adultas e segurança da obra. Com a elaboração de um projeto e uma análise detalhada das condições do local onde será implantado o jardim, pode-se economizar muito dinheiro e evitar sérios transtornos no futuro, pois refazer uma parte da obra devido a falta de um planejamento adequado custa muito caro.

Com um trabalho em conjunto desde o início do projeto, com o arquiteto e o paisagista estes problemas poderão ser resolvidos. O paisagismo é um conjunto de conhecimentos multidisciplinares, devemos estar aptos para implantá-los quando da confecção de um projeto e da sua execução.

O paisagismo no Brasil ainda não é uma profissão, não é reconhecido oficialmente, não é regulamentado e nem normatizado, inexiste sobre o aspecto de profissão, não sabemos qual o profissional que pode exercê-lo, se o

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arquiteto, engenheiro florestal, engenheiro agrônomo, biólogo, botânico ou tantas outras profissões com conhecimentos para atuar nesta área.

Cabe a nós com o movimento das várias profissões, dotar as pessoas para que possam exercer este belo trabalho, tão amplo de conhecimento e fundamental para a melhoria da qualidade de vida de vida, a qual nos fez ficar conhecidos no mundo inteiro por nosso Burle Marx.

Sugestões técnicas para elaboração do projeto de paisagismo

Introdução

O Projeto de Paisagismo se divide em duas fases:

1. Projeto propriamente dito.2. Execução do Projeto ou Implantação do Projeto.

O Projeto de Paisagismo

Tal projeto deverá ser concebido dentro de altos padrões de qualidade; e de respeito ao meio ambiente e a natureza na qual deverá ser inserido.Todo projeto de Paisagismo deverá ser concebido integrando-o a seu meio ambiente, procurando sempre preservar a mata nativa do local; e respeitando a legislação ambiental vigente.

O projeto de Paisagismo deverá constar de:

1. Análise de solo; medida de ph do solo2. Análise da necessidade de irrigação do solo ou de sua drenagem, com recomendação subseqüente3. Levantamento topográfico do local quando em terreno acidentado4. Planta baixa de localização, apresentada em escala compatível com a melhor representação do local.Tal planta poderá ser desenhada à mão, ou por programas de computação para este fim.5. Memorial descritivo do projeto, identificando materiais e suas quantidades.6. Memorial botânico, identificando os espécimes vegetais a serem utilizados; com nomes científicos e vulgares quando houver, com suas quantidades unitárias.7. Descrição das plantas e mudas quanto a seu tamanho e idade.8. Nome do paisagista, seu endereço, telefone e registro

Implantação ou execução do Projeto

A execução do Projeto de Paisagismo deverá seguir todas normas de qualidade e segurança em anexo descritas, assegurando a materialização do projeto, de forma técnica e eficiente.

Qualidade das mudas

Fundamental é respeitar a idade; tamanho e espécie das mudas de acordo com a especificação do projeto.Preferência deverá ser dada a mudas que sejam certificadas em sua qualidade e processo de cultivo.

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