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EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ESCOLA DE INTELIGÊNCIA MILITAR DO EXÉRCITOCel Inf Antônio Jorge Dantas de Oliveira

Comissão Editorial da Revista "A LUCERNA"Cel Inf Antônio Jorge Dantas de OliveiraCel Cav Carlos Augusto Ramires TeixeiraTen Cel Cav Silney Biagio CatãoTen Cel José Fernandes Filgueiras FilhoMaj Vagner Knopp de CarvalhoMaj Aron Ferreira MachadoMaj Márcio Fernandes do Nascimento

Capa1º Sgt Luiz Carlos de Almeida

Elaboração GráficaS Ten MB Luís Fernando Silva Alves - Seção de Doutrina e Pesquisa

RevisãoCel Inf Antônio Jorge Dantas de OliveiraCel Cav Carlos Augusto Ramires TeixeiraTen Cel Cav Silney Biagio Catão

Catalogação bibliográfica internacional, normalização e editoraçãoBiblioteca do Colégio Militar de Brasília

Disponível em: http://www.esimex.ensino.eb.mil.br

Contatos:Av. Duque de Caxias, S/Nr - SMUCep: 70630-000 Brasília-DFE-mail: [email protected] desta edição: 300 (trezentos) exemplares

Impressão:Gráfica Positiva - Brasília-DFOs artigos desta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da EsIMEx.É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos desta revista, desde que citada a fonte.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)A Lucerna / Escola de Inteligência Militar do Exército. Vol. 2 nº 2(dez. 2012). Brasília: Positiva, 2012.

64p.

Semestral

ISSN 2316-364X

1. Inteligência Militar 2. Exército Brasileiro 3. Escola de Inteligência Militar do Exército CDU: 355.40(81)

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Sumário

5 Editorial

7 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA CIBERNÉTICA ÀS INFRAESTRUTURAS CRÍTICAS NACIONAIS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA

Luís Henrique Santos Franco

23 A INTELIGÊNCIA MILITAR NA DEFESA CIBERNÉTICA: um estudo sobre as possibilidades de apoio da inteligência aos planejamentos das ações de defesa cibernética

Alexandre Fernandes Lobo Nogueira

37 A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PARA O PROCESSO DECISÓRIO NO EXÉRCITO BRASILEIRO

César Augusto Rosa de Araújo

45 A UTILIZAÇÃO DAS FONTES ABERTAS NOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO E DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO:uma proposta

Guilherme Otávio Godinho de Carvalho

55 ENSAIO SOBRE A METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: uma proposta dialógica de quebra de paradigmas e desmitificação do julgamento do conteúdo da técnica de avaliação de dados

Paulo Ricardo da Silva

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

2

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ESCOLA DE INTELIGÊNCIA MILITAR DO EXÉRCITOCel Inf Antônio Jorge Dantas de Oliveira

Comissão Editorial da Revista "A LUCERNA"Cel Inf Antônio Jorge Dantas de OliveiraCel Cav Carlos Augusto Ramires TeixeiraTen Cel Cav Silney Biagio CatãoTen Cel José Fernandes Filgueiras FilhoMaj Vagner Knopp de CarvalhoMaj Aron Ferreira MachadoMaj Márcio Fernandes do Nascimento

Capa1º Sgt Luiz Carlos de Almeida

Elaboração GráficaS Ten MB Luís Fernando Silva Alves - Seção de Doutrina e Pesquisa

RevisãoCel Inf Antônio Jorge Dantas de OliveiraCel Cav Carlos Augusto Ramires TeixeiraTen Cel Cav Silney Biagio Catão

Catalogação bibliográfica internacional, normalização e editoraçãoBiblioteca do Colégio Militar de Brasília

Disponível em: http://www.esimex.ensino.eb.mil.br

Contatos:Av. Duque de Caxias, S/Nr - SMUCep: 70630-000 Brasília-DFE-mail: [email protected] desta edição: 300 (trezentos) exemplares

Impressão:Gráfica Positiva - Brasília-DFOs artigos desta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da EsIMEx.É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos desta revista, desde que citada a fonte.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)A Lucerna / Escola de Inteligência Militar do Exército. Vol. 2 nº 2(dez. 2012). Brasília: Positiva, 2012.

64p.

Semestral

ISSN 2316-364X

1. Inteligência Militar 2. Exército Brasileiro 3. Escola de Inteligência Militar do Exército CDU: 355.40(81)

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Sumário

5 Editorial

7 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA CIBERNÉTICA ÀS INFRAESTRUTURAS CRÍTICAS NACIONAIS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA

Luís Henrique Santos Franco

23 A INTELIGÊNCIA MILITAR NA DEFESA CIBERNÉTICA: um estudo sobre as possibilidades de apoio da inteligência aos planejamentos das ações de defesa cibernética

Alexandre Fernandes Lobo Nogueira

37 A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PARA O PROCESSO DECISÓRIO NO EXÉRCITO BRASILEIRO

César Augusto Rosa de Araújo

45 A UTILIZAÇÃO DAS FONTES ABERTAS NOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO E DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO:uma proposta

Guilherme Otávio Godinho de Carvalho

55 ENSAIO SOBRE A METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: uma proposta dialógica de quebra de paradigmas e desmitificação do julgamento do conteúdo da técnica de avaliação de dados

Paulo Ricardo da Silva

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012

EDITORIAL

A Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx) tem a grata satisfação de apresentar a segunda

edição de artigos científicos, na Revista “A Lucerna”.

A publicação dessa coletânea consolida um dos mais importantes projetos da EsIMEx, que objetiva a

contribuir para a evolução da Doutrina de Inteligência Militar, a partir das relevantes pesquisas conduzidas

pelos discentes do seu programa de pós-graduação.

Gostaria de recordar que a nossa querida “Escola dos Soldados do Silêncio” já possuiu outra publicação,

um Boletim Informativo, com a mesma denominação – “A Lucerna” –. Desta forma, entendemos que a

manutenção desse título, que representa o pensamento criativo e reflexivo no seio da Atividade de Inteligência,

é uma justa homenagem àqueles que difundiram os aspectos mais importantes desse instigante ofício,

notadamente o ensino dessa especialização, por meio daquele noticiário.

Aproveito esta oportunidade para externar, com muito orgulho, em nome dos integrantes da nossa

Escola, de ontem e de hoje, que neste ano atingimos a maioridade, cumprindo com efetividade as normas e

diretrizes do Sistema de Educação e Cultura do Exército, ao mesmo tempo em que continuamos concorrendo

para a unidade de doutrina no âmbito do Sistema de Inteligência do Exército, com destaque para o incremento

no ensino do Sistema Operacional Inteligência.

Nesses dezoito anos de existência, tivemos o privilégio de especializar cerca de 2.250 militares das

Forças Singulares, policiais e bombeiros militares, além de militares de Nações Amigas. De igual modo,

capacitamos mais de 1.000 integrantes de organizações civis pertencentes ao poder público.

Assim, congratulo-me com os atuais e “antigos” integrantes da EsIMEx, docentes e discentes, além dos

distintos colaboradores, que, com a participação ativa nos nossos cursos e estágios, valorizaram sobremaneira a

relevância do processo ensino-aprendizagem e a evolução doutrinária da Atividade de Inteligência.

Dedico um agradecimento especial aos autores dos artigos científicos desta edição, que despenderam

preciosas horas de seus afazeres para a pesquisa e elaboração dos trabalhos. Tenho a certeza que o esforço foi

recompensado. No entanto, acredito que a verdadeira recompensa será o reconhecimento das suas proposições.

Aos estimados leitores solicito que enviem suas sugestões e observações à EsIMEx, como fito de

contribuirmos, ainda mais, para o aprimoramento doutrinário e com a melhoria da qualidade deste projeto. Boa

leitura!

Antes de tudo, Inteligência!

Antônio Jorge Dantas de Oliveira – CoronelComandante e Diretor de Ensino da EsIMEx

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012

EDITORIAL

A Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx) tem a grata satisfação de apresentar a segunda

edição de artigos científicos, na Revista “A Lucerna”.

A publicação dessa coletânea consolida um dos mais importantes projetos da EsIMEx, que objetiva a

contribuir para a evolução da Doutrina de Inteligência Militar, a partir das relevantes pesquisas conduzidas

pelos discentes do seu programa de pós-graduação.

Gostaria de recordar que a nossa querida “Escola dos Soldados do Silêncio” já possuiu outra publicação,

um Boletim Informativo, com a mesma denominação – “A Lucerna” –. Desta forma, entendemos que a

manutenção desse título, que representa o pensamento criativo e reflexivo no seio da Atividade de Inteligência,

é uma justa homenagem àqueles que difundiram os aspectos mais importantes desse instigante ofício,

notadamente o ensino dessa especialização, por meio daquele noticiário.

Aproveito esta oportunidade para externar, com muito orgulho, em nome dos integrantes da nossa

Escola, de ontem e de hoje, que neste ano atingimos a maioridade, cumprindo com efetividade as normas e

diretrizes do Sistema de Educação e Cultura do Exército, ao mesmo tempo em que continuamos concorrendo

para a unidade de doutrina no âmbito do Sistema de Inteligência do Exército, com destaque para o incremento

no ensino do Sistema Operacional Inteligência.

Nesses dezoito anos de existência, tivemos o privilégio de especializar cerca de 2.250 militares das

Forças Singulares, policiais e bombeiros militares, além de militares de Nações Amigas. De igual modo,

capacitamos mais de 1.000 integrantes de organizações civis pertencentes ao poder público.

Assim, congratulo-me com os atuais e “antigos” integrantes da EsIMEx, docentes e discentes, além dos

distintos colaboradores, que, com a participação ativa nos nossos cursos e estágios, valorizaram sobremaneira a

relevância do processo ensino-aprendizagem e a evolução doutrinária da Atividade de Inteligência.

Dedico um agradecimento especial aos autores dos artigos científicos desta edição, que despenderam

preciosas horas de seus afazeres para a pesquisa e elaboração dos trabalhos. Tenho a certeza que o esforço foi

recompensado. No entanto, acredito que a verdadeira recompensa será o reconhecimento das suas proposições.

Aos estimados leitores solicito que enviem suas sugestões e observações à EsIMEx, como fito de

contribuirmos, ainda mais, para o aprimoramento doutrinário e com a melhoria da qualidade deste projeto. Boa

leitura!

Antes de tudo, Inteligência!

Antônio Jorge Dantas de Oliveira – CoronelComandante e Diretor de Ensino da EsIMEx

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

LUIS HENRIQUE SANTOS FRANCO1

RESUMO

1 INTRODUÇÃO

A automação da informação encontra-se cada vez

mais presente em empresas de caráter público ou privado.

Nesta direção, o gerenciamento operacional de grande

parte das Infraestruturas Críticas Nacionais2 (ICN) é

realizado de forma eletrônica e remota com o operador à

distância, às vezes até em outro Estado. Isto só é

1Oficial (Major) da Arma de Engenharia do Exército Brasileiro,

Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (eSIMEx).

2 ICN é defina pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) como sendo o conjunto de instalações, serviços, bens e sistemas que, se forem interrompidos ou destruídos, provocarão sério impacto social, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da sociedade (MANDARINO JR, 2009, p. 7). Atualmente o termo está sendo atualizado pelo GSI-PR para Estruturas Estratégicas, englobando as instalações existentes, as em construção e aquelas que ainda estão em estudos. Entretanto, esta terminologia, até o fechamento deste artigo, ainda não estava homologada. Portanto, o termo utilizado por este autor será ICN.

perfeitamente factível por intermédio do uso maciço de

softwares e sistemas digitais. Esse incremento na

automação de coleta e transmissão de dados implica na

necessidade de se proteger digitalmente tais sistemas,

garantindo o pleno funcionamento dos serviços essenciais

à população.

A dependência inevitável de sistemas

computadorizados no controle operacional das

infraestruturas de um país oferece uma nova dimensão de

estudos de segurança e defesa.

Tais reflexões crescem de importância na medida

em que o Brasil foi escolhido para sediar inúmeros

eventos de amplitude mundial, a saber: Conferência

Mundial Sobre o Meio Ambiente “Rio+20” (2012),

Jornada Mundial da Juventude Católica e visita do Papa

Bento XVI (2013), Copa das Confederações (2013),

A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA CIBERNÉTICA ÀS INFRAESTRUTURAS

CRÍTICAS NACIONAIS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA

O incremento da automação da informação no gerenciamento das Infraestruturas fundamentais de um

país torna-se instigante, uma vez que a humanidade depara-se com o ambiente cibernético, ferramenta cada

vez mais presente em conflitos modernos. Nesta direção, o atual gerenciamento operacional de grande parte

das Infraestruturas Críticas Nacionais (ICN) do País é realizado de forma eletrônica com dispositivos

remotos, por meio do uso maciço de softwares e sistemas de controle em tempo real. Parte daí a necessidade

de se acompanhar e proteger tais sistemas, garantindo o pleno funcionamento dos serviços essenciais à

população. Para a Inteligência, este assunto pode ser revolucionário, na medida em que amplia tanto as

possibilidades de busca e coleta de dados, quanto as vulnerabilidades das redes computacionais das ICN. A

fim de restringir o escopo desse estudo, a atenção é concentrada no setor de energia elétrica. Destarte, o

presente trabalho visa estudar a adequação da Atividade de Inteligência na segurança às ICN, com foco na

segurança cibernética do setor de energia elétrica brasileiro. O estudo foi baseado em pesquisas

bibliográficas, entrevistas a personalidades governamentais de destacado conhecimento em suas áreas e na

remessa de questionários para integrantes do Sistema de Inteligência do Exército (SIEx).

Page 7: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

7EsIMEx - 2º Semestre de 2012

LUIS HENRIQUE SANTOS FRANCO1

RESUMO

1 INTRODUÇÃO

A automação da informação encontra-se cada vez

mais presente em empresas de caráter público ou privado.

Nesta direção, o gerenciamento operacional de grande

parte das Infraestruturas Críticas Nacionais2 (ICN) é

realizado de forma eletrônica e remota com o operador à

distância, às vezes até em outro Estado. Isto só é

1Oficial (Major) da Arma de Engenharia do Exército Brasileiro,

Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (eSIMEx).

2 ICN é defina pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) como sendo o conjunto de instalações, serviços, bens e sistemas que, se forem interrompidos ou destruídos, provocarão sério impacto social, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da sociedade (MANDARINO JR, 2009, p. 7). Atualmente o termo está sendo atualizado pelo GSI-PR para Estruturas Estratégicas, englobando as instalações existentes, as em construção e aquelas que ainda estão em estudos. Entretanto, esta terminologia, até o fechamento deste artigo, ainda não estava homologada. Portanto, o termo utilizado por este autor será ICN.

perfeitamente factível por intermédio do uso maciço de

softwares e sistemas digitais. Esse incremento na

automação de coleta e transmissão de dados implica na

necessidade de se proteger digitalmente tais sistemas,

garantindo o pleno funcionamento dos serviços essenciais

à população.

A dependência inevitável de sistemas

computadorizados no controle operacional das

infraestruturas de um país oferece uma nova dimensão de

estudos de segurança e defesa.

Tais reflexões crescem de importância na medida

em que o Brasil foi escolhido para sediar inúmeros

eventos de amplitude mundial, a saber: Conferência

Mundial Sobre o Meio Ambiente “Rio+20” (2012),

Jornada Mundial da Juventude Católica e visita do Papa

Bento XVI (2013), Copa das Confederações (2013),

A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA CIBERNÉTICA ÀS INFRAESTRUTURAS

CRÍTICAS NACIONAIS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA

O incremento da automação da informação no gerenciamento das Infraestruturas fundamentais de um

país torna-se instigante, uma vez que a humanidade depara-se com o ambiente cibernético, ferramenta cada

vez mais presente em conflitos modernos. Nesta direção, o atual gerenciamento operacional de grande parte

das Infraestruturas Críticas Nacionais (ICN) do País é realizado de forma eletrônica com dispositivos

remotos, por meio do uso maciço de softwares e sistemas de controle em tempo real. Parte daí a necessidade

de se acompanhar e proteger tais sistemas, garantindo o pleno funcionamento dos serviços essenciais à

população. Para a Inteligência, este assunto pode ser revolucionário, na medida em que amplia tanto as

possibilidades de busca e coleta de dados, quanto as vulnerabilidades das redes computacionais das ICN. A

fim de restringir o escopo desse estudo, a atenção é concentrada no setor de energia elétrica. Destarte, o

presente trabalho visa estudar a adequação da Atividade de Inteligência na segurança às ICN, com foco na

segurança cibernética do setor de energia elétrica brasileiro. O estudo foi baseado em pesquisas

bibliográficas, entrevistas a personalidades governamentais de destacado conhecimento em suas áreas e na

remessa de questionários para integrantes do Sistema de Inteligência do Exército (SIEx).

Page 8: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

8 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Copa do Mundo (2014), Olimpíadas e

Paralimpíadas (2016).

Nesses eventos de grande envergadura aumenta a

responsabilidade do papel do Estado como organizador e

principalmente como garantidor da segurança e pleno

funcionamento das ICN. Nesse contexto, Canongia e

Mandarino Jr. (BRASIL, 2010), organizadores do Livro

Verde da Defesa Cibernética, ressaltam que a Segurança

Cibernética é um novo desafio deste século e que “vem

se destacando como função estratégica de Estado,

essencial à manutenção das infraestruturas críticas de um

país, tais como Energia, Defesa, Transporte,

Telecomunicações, Finanças, da própria Informação,

dentre outras”.

No Brasil, a Estratégia Nacional de Defesa

(END), de 2008, ressalta que a área cibernética é um dos

três setores estratégicos prioritários para o Estado

Brasileiro. O grande objetivo é capacitar os recursos

humanos a fim de constituir uma estrutura eficaz capaz

de desenvolver o setor cibernético nos campos industrial

e militar (BRASIL, 2008, p. 24). Tal diretriz tem

provocado o debate, ainda que em estágio inicial, na

sociedade e na comunidade acadêmica, no que se refere

ao controle do espaço cibernético, visando sua melhor

regulamentação, defesa e segurança.

No âmbito do Ministério da Defesa (MD), a

Diretriz Ministerial nº 014/2009, de 09 de novembro de

2009, atribuiu ao Exército Brasileiro (EB) a

responsabilidade pela coordenação e integração do Setor

Cibernético. Esta tarefa traz impactos imediatos para os

Órgãos de Inteligência do EB.

Para a Atividade de Inteligência, a produção de

conhecimento para proteção dos sistemas que controlam

a funcionalidade das ICN é fundamental para que o

agente decisor possa intervir com oportunidade,

minimizando ou neutralizando os possíveis danos

causados por ações mal intencionadas. A correta

aplicação dos preceitos de segurança orgânica também

contribuirá para que os riscos sejam mitigados. Para

tanto, é fundamental ter seus recursos humanos

preparados para o ambiente cibernético, inclusive os da

área de inteligência, alocando-os em uma estrutura

organizacional eficiente e prática. Esta estrutura deve

possuir a capacidade de, permanentemente, acompanhar a

evolução das formas de ataques e cooptação de pessoas a

fim de impedir intrusões maliciosas nos sistemas

informatizados das ICN.

O presente artigo busca investigar a seguinte

indagação: a atual estrutura organizacional do Sistema

Brasileiro de Inteligência (SISBIN) permite uma eficiente

proteção das Infraestruturas Críticas Nacionais,

particularmente do setor de energia elétrica, contra

ataques cibernéticos?

2 A INTELIGÊNCIA E A GUERRA CIBERNÉTICA

O Gabinete de Segurança Institucional da

Presidência da República (GSI-PR) e a Agência

Brasileira de Inteligência (ABIN), como órgão central do

Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), tem como

uma de suas missões, monitorar o funcionamento seguro

das ICN e desenvolver uma mentalidade de segurança

nessas corporações, abrangendo também a segurança

cibernética (BRASIL, 2012c).

O GSI-PR é um órgão essencial da Presidência e

presta assistência imediata e constante ao Chefe de

Estado. Entre outras atribuições, o GSI-PR tem

competência para prevenir e gerenciar crises em caso de

ameaça à estabilidade institucional. Além disso, possui o

status de ministério e assessora a Presidência nos

assuntos militares e de segurança. Coordena, ainda, as

atividades de Inteligência de Estado e de Segurança da

Informação (BRASIL, 2012i).

O GSI-PR não possui ascendência sobre os

demais ministérios e órgãos governamentais. Desta

forma, para obter maior resultado em suas decisões

atinentes à Segurança das ICN e na Segurança

Cibernética, o Gabinete utiliza-se da Câmara de Relações

Exteriores e Defesa Nacional (CREDEN) e do Conselho

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

de Defesa Nacional (CDN), que possuem poderes

para intervir na segurança das ICN.

O Conselho de Defesa Nacional (CDN) é

presidido diretamente pela Presidenta da República e

entre suas atribuições está a de “propor os critérios e

condições de utilização das áreas indispensáveis à

segurança do território nacional” o que lhe garante o

poder de regular, discutir e propor assuntos relativos às

ICN (BRASIL, 2012e). A Medida Provisória nº 2216-37,

de 2001, que modifica a Lei nº 8.183 de 11 de Abril de

1991, atribuiu ao Ministro Chefe do GSI-PR a missão de

secretário-executivo do CDN, cabendo a ele a execução

das atividades permanentes necessárias ao exercício da

competência do CDN. Além disso, concedeu poder ao

GSI-PR para instituir grupos e comissões especiais,

integrados por representantes de órgãos e entidades,

pertencentes ou não à Administração Pública, com o fim

de tratar de problemas específicos, afetos ao Conselho de

Defesa Nacional. Por meio desse dispositivo legal, o

GSI-PR adquiriu poderes para formar Grupos de

Trabalho para o estudo da segurança das ICN (BRASIL,

2012f).

A CREDEN foi criada por meio do Decreto

Presidencial nº 4801, de 6 de agosto de 2003, com a

finalidade de formular políticas públicas e diretrizes de

matérias relacionadas com a área das relações exteriores

e defesa nacional do Governo Federal ou sempre que se

fizer necessária a participação de mais de um ministério.

O Ministro-Chefe do GSI-PR é o presidente da CREDEN

e convoca os demais integrantes, dentre eles diversos

Ministros de Estado de áreas afins. Entre os assuntos

sobre os quais tem acompanhamento destacam-se:

cooperação internacional em assuntos de segurança e

defesa, integração fronteiriça, operações de

paz, narcotráfico e outros delitos de configuração

internacional, atividade de Inteligência, segurança para as

infraestruturas críticas (incluindo serviços segurança da

informação, definida no art. 2o, inciso II, do Decreto nº

3.505, de 13 de junho de 2000) e segurança cibernética

(BRASIL, 2012d).

Devido às suas atribuições muitas das legislações

(portarias, decretos, e outros) que regulamentam a

Proteção das ICN e a Segurança Cibernética são oriundas

da CREDEN e do CDN, conferindo um maior peso

institucional aos dispositivos.

Subordinados ao GSI-PR, estão a Secretaria de

Acompanhamento e Estudos Institucionais (SAEI), o

Departamento de Segurança da Informação e

Comunicações (DSIC) e a Agência Brasileira de

Inteligência (ABIN).

Entre suas diversas atribuições, a SAEI se

destaca por monitorar e coordenar a atividade de

segurança de infraestruturas críticas. Além disso,

coordena e supervisiona a realização de estudos

relacionados com a prevenção da ocorrência e articulação

do gerenciamento de crises. Em outra vertente, essa

Secretaria realiza estudos estratégicos, especialmente

sobre temas relacionados com a segurança institucional.

Na área de segurança em ICN, a SAEI coordena

as reuniões dos Grupos de Trabalho (GT) de Segurança

de ICN. Estes grupos formaram-se a partir de 2007, com

a resolução nº 2 da CREDEN de 24 de Outubro, a qual

prevê, em seu art 2º, a criação dos Grupos Técnicos de

Segurança das Infraestruturas Críticas (GTSIC), com a

finalidade de propor medidas relacionadas com a

segurança das ICN (DEMETERCO, 2012).

O mesmo autor destaca que o propósito dos

GTSIC é fundamentalmente sistematizar os estudos. O

objetivo é levantar as vulnerabilidades e as ameaças às

ICN, assim como identificar suas interdependências com

outras estruturas semelhantes, propondo, por fim, um

método de gerenciamento de risco das mesmas. Este

estudo conduzirá a um sistema de informações que

conterá dados atualizados das ICN para apoio à decisão.

As reuniões são periódicas e mensais a fim de dar

continuidade aos trabalhos dos mais de cem funcionários

das diversas agências e ministérios e entidades que

integram os grupos (idem, 2011).

O DSIC é um órgão do GSI-PR, bastante atuante

na Administração Pública Federal (APF) e que conduz

Page 9: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

9EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Copa do Mundo (2014), Olimpíadas e

Paralimpíadas (2016).

Nesses eventos de grande envergadura aumenta a

responsabilidade do papel do Estado como organizador e

principalmente como garantidor da segurança e pleno

funcionamento das ICN. Nesse contexto, Canongia e

Mandarino Jr. (BRASIL, 2010), organizadores do Livro

Verde da Defesa Cibernética, ressaltam que a Segurança

Cibernética é um novo desafio deste século e que “vem

se destacando como função estratégica de Estado,

essencial à manutenção das infraestruturas críticas de um

país, tais como Energia, Defesa, Transporte,

Telecomunicações, Finanças, da própria Informação,

dentre outras”.

No Brasil, a Estratégia Nacional de Defesa

(END), de 2008, ressalta que a área cibernética é um dos

três setores estratégicos prioritários para o Estado

Brasileiro. O grande objetivo é capacitar os recursos

humanos a fim de constituir uma estrutura eficaz capaz

de desenvolver o setor cibernético nos campos industrial

e militar (BRASIL, 2008, p. 24). Tal diretriz tem

provocado o debate, ainda que em estágio inicial, na

sociedade e na comunidade acadêmica, no que se refere

ao controle do espaço cibernético, visando sua melhor

regulamentação, defesa e segurança.

No âmbito do Ministério da Defesa (MD), a

Diretriz Ministerial nº 014/2009, de 09 de novembro de

2009, atribuiu ao Exército Brasileiro (EB) a

responsabilidade pela coordenação e integração do Setor

Cibernético. Esta tarefa traz impactos imediatos para os

Órgãos de Inteligência do EB.

Para a Atividade de Inteligência, a produção de

conhecimento para proteção dos sistemas que controlam

a funcionalidade das ICN é fundamental para que o

agente decisor possa intervir com oportunidade,

minimizando ou neutralizando os possíveis danos

causados por ações mal intencionadas. A correta

aplicação dos preceitos de segurança orgânica também

contribuirá para que os riscos sejam mitigados. Para

tanto, é fundamental ter seus recursos humanos

preparados para o ambiente cibernético, inclusive os da

área de inteligência, alocando-os em uma estrutura

organizacional eficiente e prática. Esta estrutura deve

possuir a capacidade de, permanentemente, acompanhar a

evolução das formas de ataques e cooptação de pessoas a

fim de impedir intrusões maliciosas nos sistemas

informatizados das ICN.

O presente artigo busca investigar a seguinte

indagação: a atual estrutura organizacional do Sistema

Brasileiro de Inteligência (SISBIN) permite uma eficiente

proteção das Infraestruturas Críticas Nacionais,

particularmente do setor de energia elétrica, contra

ataques cibernéticos?

2 A INTELIGÊNCIA E A GUERRA CIBERNÉTICA

O Gabinete de Segurança Institucional da

Presidência da República (GSI-PR) e a Agência

Brasileira de Inteligência (ABIN), como órgão central do

Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), tem como

uma de suas missões, monitorar o funcionamento seguro

das ICN e desenvolver uma mentalidade de segurança

nessas corporações, abrangendo também a segurança

cibernética (BRASIL, 2012c).

O GSI-PR é um órgão essencial da Presidência e

presta assistência imediata e constante ao Chefe de

Estado. Entre outras atribuições, o GSI-PR tem

competência para prevenir e gerenciar crises em caso de

ameaça à estabilidade institucional. Além disso, possui o

status de ministério e assessora a Presidência nos

assuntos militares e de segurança. Coordena, ainda, as

atividades de Inteligência de Estado e de Segurança da

Informação (BRASIL, 2012i).

O GSI-PR não possui ascendência sobre os

demais ministérios e órgãos governamentais. Desta

forma, para obter maior resultado em suas decisões

atinentes à Segurança das ICN e na Segurança

Cibernética, o Gabinete utiliza-se da Câmara de Relações

Exteriores e Defesa Nacional (CREDEN) e do Conselho

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

de Defesa Nacional (CDN), que possuem poderes

para intervir na segurança das ICN.

O Conselho de Defesa Nacional (CDN) é

presidido diretamente pela Presidenta da República e

entre suas atribuições está a de “propor os critérios e

condições de utilização das áreas indispensáveis à

segurança do território nacional” o que lhe garante o

poder de regular, discutir e propor assuntos relativos às

ICN (BRASIL, 2012e). A Medida Provisória nº 2216-37,

de 2001, que modifica a Lei nº 8.183 de 11 de Abril de

1991, atribuiu ao Ministro Chefe do GSI-PR a missão de

secretário-executivo do CDN, cabendo a ele a execução

das atividades permanentes necessárias ao exercício da

competência do CDN. Além disso, concedeu poder ao

GSI-PR para instituir grupos e comissões especiais,

integrados por representantes de órgãos e entidades,

pertencentes ou não à Administração Pública, com o fim

de tratar de problemas específicos, afetos ao Conselho de

Defesa Nacional. Por meio desse dispositivo legal, o

GSI-PR adquiriu poderes para formar Grupos de

Trabalho para o estudo da segurança das ICN (BRASIL,

2012f).

A CREDEN foi criada por meio do Decreto

Presidencial nº 4801, de 6 de agosto de 2003, com a

finalidade de formular políticas públicas e diretrizes de

matérias relacionadas com a área das relações exteriores

e defesa nacional do Governo Federal ou sempre que se

fizer necessária a participação de mais de um ministério.

O Ministro-Chefe do GSI-PR é o presidente da CREDEN

e convoca os demais integrantes, dentre eles diversos

Ministros de Estado de áreas afins. Entre os assuntos

sobre os quais tem acompanhamento destacam-se:

cooperação internacional em assuntos de segurança e

defesa, integração fronteiriça, operações de

paz, narcotráfico e outros delitos de configuração

internacional, atividade de Inteligência, segurança para as

infraestruturas críticas (incluindo serviços segurança da

informação, definida no art. 2o, inciso II, do Decreto nº

3.505, de 13 de junho de 2000) e segurança cibernética

(BRASIL, 2012d).

Devido às suas atribuições muitas das legislações

(portarias, decretos, e outros) que regulamentam a

Proteção das ICN e a Segurança Cibernética são oriundas

da CREDEN e do CDN, conferindo um maior peso

institucional aos dispositivos.

Subordinados ao GSI-PR, estão a Secretaria de

Acompanhamento e Estudos Institucionais (SAEI), o

Departamento de Segurança da Informação e

Comunicações (DSIC) e a Agência Brasileira de

Inteligência (ABIN).

Entre suas diversas atribuições, a SAEI se

destaca por monitorar e coordenar a atividade de

segurança de infraestruturas críticas. Além disso,

coordena e supervisiona a realização de estudos

relacionados com a prevenção da ocorrência e articulação

do gerenciamento de crises. Em outra vertente, essa

Secretaria realiza estudos estratégicos, especialmente

sobre temas relacionados com a segurança institucional.

Na área de segurança em ICN, a SAEI coordena

as reuniões dos Grupos de Trabalho (GT) de Segurança

de ICN. Estes grupos formaram-se a partir de 2007, com

a resolução nº 2 da CREDEN de 24 de Outubro, a qual

prevê, em seu art 2º, a criação dos Grupos Técnicos de

Segurança das Infraestruturas Críticas (GTSIC), com a

finalidade de propor medidas relacionadas com a

segurança das ICN (DEMETERCO, 2012).

O mesmo autor destaca que o propósito dos

GTSIC é fundamentalmente sistematizar os estudos. O

objetivo é levantar as vulnerabilidades e as ameaças às

ICN, assim como identificar suas interdependências com

outras estruturas semelhantes, propondo, por fim, um

método de gerenciamento de risco das mesmas. Este

estudo conduzirá a um sistema de informações que

conterá dados atualizados das ICN para apoio à decisão.

As reuniões são periódicas e mensais a fim de dar

continuidade aos trabalhos dos mais de cem funcionários

das diversas agências e ministérios e entidades que

integram os grupos (idem, 2011).

O DSIC é um órgão do GSI-PR, bastante atuante

na Administração Pública Federal (APF) e que conduz

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

10 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

diversos seminários, palestras, cursos, buscando

difundir a mentalidade de segurança em TI. Dentre suas

atribuições, previstas no art. 6º do Decreto nº 7.411, de

29 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2012i), cabe destacar

aquelas que mais se relacionam com o escopo do presente

trabalho, a saber:

- planejar e coordenar a execução das atividades

de segurança cibernética e de segurança da informação e

comunicações na administração pública federal;

- definir requisitos metodológicos para

implementação da segurança cibernética e da segurança

da informação e comunicações pelos órgãos e entidades

da administração pública federal; e

- estudar legislações correlatas e implementar as

propostas sobre matérias relacionadas à segurança

cibernética e à segurança da informação e comunicações.

Subordinada diretamente ao Ministro-Chefe do

GSI-PR, a ABIN é um órgão de Estado e foi instituída

pela lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Ela tem

como missão principal assessorar o Presidente da

República por meio da produção de conhecimentos

estratégicos que apontem oportunidades, antagonismos e

ameaças aos interesses da nação.

O Decreto Presidencial nº 3505, de 13 de Junho

de 2000, em seu art. 5º destaca que compete à ABIN, por

intermédio do seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento

para a Segurança das Comunicações (CPESC), apoiar o

CDN nos assuntos de caráter científico tecnológicos. Este

apoio é voltado para os assuntos de Segurança em TI, nos

quais, eventualmente, se inserem os sistemas de controle

das ICN (BRASIL, 2012b). Ressalte-se que, nas

atribuições da ABIN, não existe dispositivo específico

determinando que a mesma realize o Gerenciamento de

Risco das ICN no país.

2.1 A GUERRA CIBERNÉTICA

Antes de apresentar os conceitos diretamente

associados à Guerra Cibernética, faz-se necessário

realizar uma distinção semântica entre segurança,

proteção e defesa. O senso comum indica que,

isoladamente, o termo “proteção” remete a uma idéia de

prevenção, um estado anterior a uma ruptura do status

quo. Ferreira (1999), em seu conceituado dicionário,

define “proteção” como sendo um estado atual, que

perdura durante um espaço de tempo ou ainda “cuidado

que se toma em favor de” alguém ou algo. Já o termo

“segurança” é definido, pelo mesmo autor, como sendo o

estado de alguém que se acha seguro. Prossegue ainda

conceituando “defesa” como sendo “a resistência a um

ataque”, indicando claramente uma ação.

O Decreto Presidencial nº 3.505, de 13 de Junho

de 2000, aborda a Segurança da Informação sob o

seguinte prisma:

Art. 2o Para efeitos da Política de Segurança da Informação, ficam estabelecidas as seguintes conceituações:[...]

II - Segurança da Informação: proteção dos sistemas de informação contra a negação de serviço a usuários autorizados, assim como contra a intrusão, e a modificação desautorizada de dados ou informações, armazenados, em processamento ou em trânsito, abrangendo, inclusive, a segurança dos recursos humanos, da documentação e do material, das áreas e instalações das comunicações e computacional, assim como as destinadas a prevenir, detectar, deter e documentar eventuais ameaças a seu desenvolvimento (BRASIL, 2012b).

Oliveira (2012) procurou fornecer seu

entendimento acerca do significado do termo cibernético.

Segundo ele atualmente, o termo “cibernética” é utilizado

procurando estabelecer as relações entre o homem e a

máquina e seus efeitos nas diversas atividades humanas.

Sua origem vem do termo grego kybernetike, que

significa condutor, governador, aquele que tem o leme ou

o timão. Recebendo um tratamento mais científico no

século XX, passou a caracterizar o estudo do controle e

da comunicação dos seres vivos e das máquinas, sob o

enfoque da transmissão da informação nesses ambientes.

De acordo com o Ministério da Defesa, durante o

I Seminário de Defesa Cibernética, espaço cibernético é o

espaço virtual composto por dispositivos computacionais

conectados em rede ou não, no qual as informações

trafegam, são processadas e eventualmente armazenadas

(BRASIL, 2010).

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Para efeito deste estudo, o espaço

cibernético será considerado como sendo o ambiente

delimitado pela conexão de computadores via sistema de

redes, físicas ou não, onde a informação trafega a

velocidades quase instantâneas e, como consequência, as

pessoas, ora denominadas usuários, podem se comunicar

de diversas maneiras: via mensagens eletrônicas, grupos

de discussão, realização de vídeo-conferências,

transmissão de dados, e outros (CANONGIA e

MANDARINO JR, 2009. p. 25).

De acordo com o Livro Verde de Defesa

Cibernética, a atuação da Segurança Cibernética poderá

compreender aspectos e atitudes, tanto de prevenção,

quanto de repressão. De fato, a segurança cibernética

remonta à proteção dos ativos de informação estratégicos,

principalmente aqueles relacionados com o controle do

funcionamento das ICN. Por esta característica, abrange o

controle de sistemas privados e públicos, o que confere à

relação entre as partes envolvidas, um caráter jurídico

muito mais complexo (BRASIL, 2010).

Com isso, pode-se afirmar que segurança

cibernética engloba o conjunto de normas que visam a

proteger, com ações preventivas, o ambiente eletrônico

no qual trafegam as informações. Vale destacar que, para

esta proteção virtual obter sucesso, é imprescindível uma

eficiente implementação de medidas de segurança

orgânica na corporação pública ou privada que administra

a transmissão dos dados. Estas medidas devem ser alvo

de constantes reavaliações, para que o gestor possa,

eventualmente, corrigir rumos ou reforçar as ações

preventivas mais eficazes.

Nesse sentido, a Segurança Cibernética vem se

caracterizando cada vez mais como uma função

estratégica de Estado, e essencial à manutenção e

preservação das infraestruturas críticas de um país, tais

como Energia, Transporte, Telecomunicações, Águas,

Finanças, Informação, dentre outras.

Para a expressão Defesa Cibernética, entende-se

que a mesma compreenderá ações operacionais de

combates ofensivos. Carvalho (2011b, p. 18) ensina que é

o conjunto de ações, fundamentada em um planejamento

tipicamente militar, executadas no todo ou em parte no

ambiente cibernético, com a finalidade de: proteger os

sistemas de informação, fornecer dados para Inteligência

e causar prejuízos aos sistemas do oponente. Para as

Forças Armadas, estas ações, que envolvem o preparo e o

emprego de grupos constituídos nas ações ofensivas,

defensivas e exploratórias em ambiente cibernético,

caracterizam a Guerra Cibernética. Este conceito difere

de Segurança Cibernética que é voltada para ações

preventivas e medidas de segurança orgânica

(CARVALHO, 2011).

Mandarino Jr (2010) complementa esta assertiva,

afirmando que a lógica da Guerra Cibernética está em

atacar as informações do oponente, em qualquer setor que

faça uso de meios informatizados. Ou seja, poderia ser

composta de uma simples desfiguração de site, um

bloqueio de serviços eletrônicos de bancos ou até um

comprometimento do funcionamento de uma ICN.

Todas estas definições ligadas à área cibernética se

traduzem em uma nova e desafiadora fonte de dados, ao

mesmo tempo em que é um meio de busca para a

Atividade de Inteligência:

A atividade de inteligência exerce papel fundamental nos ambientes de Segurança, Defesa e Guerra Cibernética. Ela é essencial na busca de informações, empregando todas as fontes disponíveis, para identificar e prevenir ameaças cibernéticas e proporcionar respostas adequadas, com oportunidade.Além disso, os profissionais que atuam no Setor Cibernético devem desenvolver atitude arraigada de contrainteligência, a fim de proteger o conhecimento e as informações inerentes às suas atividades (OLIVEIRA, 2011. p. 112).

Visualizando atender a esta situação evolutiva, a END de

2008 assinalou que um dos setores de importância

estratégica para o Estado é o cibernético, tendo como

prioridade a capacitação de recursos humanos e o

desenvolvimento de tecnologias da informação para as

Forças Armadas atuarem em rede. Partindo dessa

premissa, definiu que o Ministério da Defesa (MD) deve

planejar para que o Sistema de Defesa Nacional disponha

Page 11: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

11EsIMEx - 2º Semestre de 2012

diversos seminários, palestras, cursos, buscando

difundir a mentalidade de segurança em TI. Dentre suas

atribuições, previstas no art. 6º do Decreto nº 7.411, de

29 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2012i), cabe destacar

aquelas que mais se relacionam com o escopo do presente

trabalho, a saber:

- planejar e coordenar a execução das atividades

de segurança cibernética e de segurança da informação e

comunicações na administração pública federal;

- definir requisitos metodológicos para

implementação da segurança cibernética e da segurança

da informação e comunicações pelos órgãos e entidades

da administração pública federal; e

- estudar legislações correlatas e implementar as

propostas sobre matérias relacionadas à segurança

cibernética e à segurança da informação e comunicações.

Subordinada diretamente ao Ministro-Chefe do

GSI-PR, a ABIN é um órgão de Estado e foi instituída

pela lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Ela tem

como missão principal assessorar o Presidente da

República por meio da produção de conhecimentos

estratégicos que apontem oportunidades, antagonismos e

ameaças aos interesses da nação.

O Decreto Presidencial nº 3505, de 13 de Junho

de 2000, em seu art. 5º destaca que compete à ABIN, por

intermédio do seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento

para a Segurança das Comunicações (CPESC), apoiar o

CDN nos assuntos de caráter científico tecnológicos. Este

apoio é voltado para os assuntos de Segurança em TI, nos

quais, eventualmente, se inserem os sistemas de controle

das ICN (BRASIL, 2012b). Ressalte-se que, nas

atribuições da ABIN, não existe dispositivo específico

determinando que a mesma realize o Gerenciamento de

Risco das ICN no país.

2.1 A GUERRA CIBERNÉTICA

Antes de apresentar os conceitos diretamente

associados à Guerra Cibernética, faz-se necessário

realizar uma distinção semântica entre segurança,

proteção e defesa. O senso comum indica que,

isoladamente, o termo “proteção” remete a uma idéia de

prevenção, um estado anterior a uma ruptura do status

quo. Ferreira (1999), em seu conceituado dicionário,

define “proteção” como sendo um estado atual, que

perdura durante um espaço de tempo ou ainda “cuidado

que se toma em favor de” alguém ou algo. Já o termo

“segurança” é definido, pelo mesmo autor, como sendo o

estado de alguém que se acha seguro. Prossegue ainda

conceituando “defesa” como sendo “a resistência a um

ataque”, indicando claramente uma ação.

O Decreto Presidencial nº 3.505, de 13 de Junho

de 2000, aborda a Segurança da Informação sob o

seguinte prisma:

Art. 2o Para efeitos da Política de Segurança da Informação, ficam estabelecidas as seguintes conceituações:[...]

II - Segurança da Informação: proteção dos sistemas de informação contra a negação de serviço a usuários autorizados, assim como contra a intrusão, e a modificação desautorizada de dados ou informações, armazenados, em processamento ou em trânsito, abrangendo, inclusive, a segurança dos recursos humanos, da documentação e do material, das áreas e instalações das comunicações e computacional, assim como as destinadas a prevenir, detectar, deter e documentar eventuais ameaças a seu desenvolvimento (BRASIL, 2012b).

Oliveira (2012) procurou fornecer seu

entendimento acerca do significado do termo cibernético.

Segundo ele atualmente, o termo “cibernética” é utilizado

procurando estabelecer as relações entre o homem e a

máquina e seus efeitos nas diversas atividades humanas.

Sua origem vem do termo grego kybernetike, que

significa condutor, governador, aquele que tem o leme ou

o timão. Recebendo um tratamento mais científico no

século XX, passou a caracterizar o estudo do controle e

da comunicação dos seres vivos e das máquinas, sob o

enfoque da transmissão da informação nesses ambientes.

De acordo com o Ministério da Defesa, durante o

I Seminário de Defesa Cibernética, espaço cibernético é o

espaço virtual composto por dispositivos computacionais

conectados em rede ou não, no qual as informações

trafegam, são processadas e eventualmente armazenadas

(BRASIL, 2010).

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Para efeito deste estudo, o espaço

cibernético será considerado como sendo o ambiente

delimitado pela conexão de computadores via sistema de

redes, físicas ou não, onde a informação trafega a

velocidades quase instantâneas e, como consequência, as

pessoas, ora denominadas usuários, podem se comunicar

de diversas maneiras: via mensagens eletrônicas, grupos

de discussão, realização de vídeo-conferências,

transmissão de dados, e outros (CANONGIA e

MANDARINO JR, 2009. p. 25).

De acordo com o Livro Verde de Defesa

Cibernética, a atuação da Segurança Cibernética poderá

compreender aspectos e atitudes, tanto de prevenção,

quanto de repressão. De fato, a segurança cibernética

remonta à proteção dos ativos de informação estratégicos,

principalmente aqueles relacionados com o controle do

funcionamento das ICN. Por esta característica, abrange o

controle de sistemas privados e públicos, o que confere à

relação entre as partes envolvidas, um caráter jurídico

muito mais complexo (BRASIL, 2010).

Com isso, pode-se afirmar que segurança

cibernética engloba o conjunto de normas que visam a

proteger, com ações preventivas, o ambiente eletrônico

no qual trafegam as informações. Vale destacar que, para

esta proteção virtual obter sucesso, é imprescindível uma

eficiente implementação de medidas de segurança

orgânica na corporação pública ou privada que administra

a transmissão dos dados. Estas medidas devem ser alvo

de constantes reavaliações, para que o gestor possa,

eventualmente, corrigir rumos ou reforçar as ações

preventivas mais eficazes.

Nesse sentido, a Segurança Cibernética vem se

caracterizando cada vez mais como uma função

estratégica de Estado, e essencial à manutenção e

preservação das infraestruturas críticas de um país, tais

como Energia, Transporte, Telecomunicações, Águas,

Finanças, Informação, dentre outras.

Para a expressão Defesa Cibernética, entende-se

que a mesma compreenderá ações operacionais de

combates ofensivos. Carvalho (2011b, p. 18) ensina que é

o conjunto de ações, fundamentada em um planejamento

tipicamente militar, executadas no todo ou em parte no

ambiente cibernético, com a finalidade de: proteger os

sistemas de informação, fornecer dados para Inteligência

e causar prejuízos aos sistemas do oponente. Para as

Forças Armadas, estas ações, que envolvem o preparo e o

emprego de grupos constituídos nas ações ofensivas,

defensivas e exploratórias em ambiente cibernético,

caracterizam a Guerra Cibernética. Este conceito difere

de Segurança Cibernética que é voltada para ações

preventivas e medidas de segurança orgânica

(CARVALHO, 2011).

Mandarino Jr (2010) complementa esta assertiva,

afirmando que a lógica da Guerra Cibernética está em

atacar as informações do oponente, em qualquer setor que

faça uso de meios informatizados. Ou seja, poderia ser

composta de uma simples desfiguração de site, um

bloqueio de serviços eletrônicos de bancos ou até um

comprometimento do funcionamento de uma ICN.

Todas estas definições ligadas à área cibernética se

traduzem em uma nova e desafiadora fonte de dados, ao

mesmo tempo em que é um meio de busca para a

Atividade de Inteligência:

A atividade de inteligência exerce papel fundamental nos ambientes de Segurança, Defesa e Guerra Cibernética. Ela é essencial na busca de informações, empregando todas as fontes disponíveis, para identificar e prevenir ameaças cibernéticas e proporcionar respostas adequadas, com oportunidade.Além disso, os profissionais que atuam no Setor Cibernético devem desenvolver atitude arraigada de contrainteligência, a fim de proteger o conhecimento e as informações inerentes às suas atividades (OLIVEIRA, 2011. p. 112).

Visualizando atender a esta situação evolutiva, a END de

2008 assinalou que um dos setores de importância

estratégica para o Estado é o cibernético, tendo como

prioridade a capacitação de recursos humanos e o

desenvolvimento de tecnologias da informação para as

Forças Armadas atuarem em rede. Partindo dessa

premissa, definiu que o Ministério da Defesa (MD) deve

planejar para que o Sistema de Defesa Nacional disponha

Page 12: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

12 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

de meios que permitam a segurança das

infraestruturas críticas (BRASIL, 2008).

As Forças Armadas, por estarem voltadas para a Guerra

Cibernética, estão inseridas somente nos níveis

operacionais e táticos daquele setor e, a priori, não estão

sendo cogitadas para atuarem na Segurança Cibernética,

a qual estaria restrita ao nível político (a cargo do GSI-

PR). Entretanto, é difícil acreditar que, na prática, a

Segurança permaneça restrita somente ao nível político,

pois ela permeia os níveis estratégicos e operacionais,

posto que não há Defesa e Guerra Cibernéticas eficientes

se não houver previamente a execução de uma adequada

política na área de Segurança Cibernética. Desta forma, o

Ministério da Defesa e as Forças Armadas também

deveriam participar da Segurança Cibernética, além dos

papéis de Defesa e Guerra. Caso as ações das Forças

Armadas se restrinjam ao contexto de Guerra

Cibernética, a tendência natural é que elas venham a se

afastar das ações preventivas voltadas para Segurança

Cibernética.

No âmbito da Defesa, a Diretriz Ministerial nº

14/2009, de 9 de novembro de 2009, do MD, definiu que

caberá ao Exército Brasileiro (EB) a gestão e o

desenvolvimento do setor cibernético no âmbito do

Ministério da Defesa. Com isto, o EB terá a atribuição

que definir sua abrangência e propor ações para integrar o

setor nas três Forças (CARVALHO, 2011. p.11).

Neste escopo, o Centro de Defesa Cibernética do

Exército (CDCiber) foi criado pela Portaria do

Comandante do Exército nº 666, de 4 de Agosto de 2010.

Suas principais atribuições são: coordenar as atividades

do setor cibernético no Exército e promover ações que

atendam ao preconizado na Estratégia Nacional de

Defesa, com ênfase na atuação em rede. Atualmente, o

CDCiber tem o foco de suas ações voltado para proteger

inicialmente as estruturas de informática do Exército,

desenvolver pesquisas no setor, fomentar a capacitação

humana, gerenciar a aquisição de materiais específicos e

desenvolver uma doutrina de emprego, em consonância

com a END.

No futuro, após consolidado como um setor dentro do

Exército, há uma possibilidade de evolução do CDCiber

para a esfera do Ministério da Defesa. Sobre essa

assertiva, o atual Chefe do CDCiber se pronunciou, em

entrevista à imprensa escrita:É, este é o Centro de Defesa Cibernética, por enquanto, do Exército. Se no futuro o Ministério da Defesa decidir que vamos exercer também o papel de Centro de Defesa Cibernética das Forças Armadas, é perfeitamente viável e até consta das diretrizes do Ministério da Defesa que tenhamos, nesse centro, militares da Marinha e da Força Aérea.

[...]

A infraestrutura de telemática é uma coisa em que hoje as empresas estão totalmente envolvidas. Imagina-se que algo semelhante deva ocorrer no futuro, em que teríamos militares das três forças trabalhando em conjunto, e serviços prestados por empresas habilitadas. (SANTOS, apud SÁ, 2012).

Segundo Mandarino (2010), em reunião da

CREDEN, em 2008, o Diretor do DSIC apresentou a

complexidade e a dificuldade de cooperação entre os

órgãos da APF no quesito segurança cibernética. A

proposta, feita e aprovada, foi a de que, a segurança deve

ser coordenada pelo GSI-PR (por meio do DSIC), haja

vista ser um órgão essencial da Presidência da República.

Mas essa coordenação envolve inúmeros atores, desde

ministérios até agências reguladoras, passando inclusive

por empresas de capital misto.

3 O SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA E A

SEGURANÇA CIBERNÉTICA

A partir dos anos 90, o setor elétrico brasileiro

passou por grandes transformações, deixando de ser

centrado no monopólio estatal para adotar um novo

arranjo de mercado, com a participação de múltiplos

agentes e investimentos compartilhados com o capital

privado (COUTINHO, 2007). Esta reestruturação

permitiu descentralizar o antigo padrão, com o objetivo

de que o setor privado se incumbisse do financiamento do

segmento elétrico, enquanto o Estado ficaria com a

função de regulação. Como consequência desta nova

forma de atuar, a concorrência entre as empresas se

encarregaria de transferir aos consumidores os ganhos de

eficiência.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Em 1996, foi criada a Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel), que tinha como finalidade

regular e fiscalizar a produção, transmissão e

comercialização de energia elétrica, garantindo um

ambiente equilibrado, com companhias obtendo

resultados e consumidores satisfeitos (OLIVEIRA, 2012).

A partir do governo do Presidente Luís Inácio

Lula da Silva, instituiu-se o chamado novo modelo do

setor elétrico que mesclava o intervencionismo público

com certo nível de concorrência. Em 2004, com esse

padrão, o Estado recebeu novamente a responsabilidade

de planejamento do setor. Os principais objetivos eram:

promover a concorrência tarifária, garantir a segurança

no longo prazo para fornecimento de energia e promover

a inclusão social. Além disso, o segmento elétrico passou

a ser coordenado por diversos atores institucionais,

responsáveis por planejar, monitorar, avaliar,

acompanhar e sugerir as ações para seu eficiente

funcionamento (Ibidem).

Com o novo quadro, o Governo centralizou o

poder de fixar as políticas, o planejamento e o

monitoramento do sistema. A Aneel manteve suas

funções de implementar as diretrizes governamentais e de

fiscalizar os agentes executores. Estes, por sua vez,

continuaram participando das entidades responsáveis pela

comercialização e operação do sistema, sem, contudo,

exercerem o mesmo grau de controle previsto no antigo

padrão.

Neste contexto, o que se verifica hoje é a

exploração dos serviços de energia elétrica por terceiros,

a segmentação das atividades (geração, transmissão,

distribuição e comercialização), e a regulamentação e

fiscalização do sistema por agências reguladoras.

A estrutura administrativa que compõe o sistema

é a descrita na figura 1, a qual identifica as principais

instituições do setor: o Conselho Nacional de Política

Energética, o Ministério de Minas e Energia, a Empresa

de Pesquisa Energética (criada pela Lei nº 10.847), a

Agência Nacional de Energia Elétrica, a Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica (responsável pela

viabilização dos mercados livre e regulado), o Operador

Nacional do Sistema (agora com maior controle pelo

Governo) e o Comitê de Monitoramento do Setor

Elétrico.

Fig 1 - Estrutura Administrativa do Setor de Energia Elétrica.

Fonte: ONS

A Aneel permanece como o órgão regulador,

responsável pela normatização das políticas e diretrizes

estabelecidas e a fiscalização dos serviços prestados. O

Sistema Interligado Nacional (SIN) e os sistemas isolados

formam o sistema nacional de energia elétrica e é

composto pelas empresas geradoras e transmissoras, sob

a regulamentação da Aneel. Ele é altamente

interconectado e dinâmico, possuindo cerca de

novecentas linhas que perfazem um total de

aproximadamente oitenta e nove mil quilômetros. O

Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é uma

empresa de capital privado sem fins lucrativos,

responsável pela coordenação e a supervisão da operação

centralizada de geração e transmissão do sistema

interligado (OLIVEIRA, 2012).

O Centro Nacional de Operação do Sistema

(CNOS) e os Centros Regionais de Operação do Sistema

(CROS) abrigam os sistemas informatizados de controle

e gerenciamento de energia das empresas concessionárias

e do Operador Nacional do Sistema. Estes Centros

monitoram os dados obtidos pelas Unidades Terminais

Remotas (UTR) e pelos Sistemas de Supervisão e

Controle Local (SSCL) para garantir que o sistema está

Page 13: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

13EsIMEx - 2º Semestre de 2012

de meios que permitam a segurança das

infraestruturas críticas (BRASIL, 2008).

As Forças Armadas, por estarem voltadas para a Guerra

Cibernética, estão inseridas somente nos níveis

operacionais e táticos daquele setor e, a priori, não estão

sendo cogitadas para atuarem na Segurança Cibernética,

a qual estaria restrita ao nível político (a cargo do GSI-

PR). Entretanto, é difícil acreditar que, na prática, a

Segurança permaneça restrita somente ao nível político,

pois ela permeia os níveis estratégicos e operacionais,

posto que não há Defesa e Guerra Cibernéticas eficientes

se não houver previamente a execução de uma adequada

política na área de Segurança Cibernética. Desta forma, o

Ministério da Defesa e as Forças Armadas também

deveriam participar da Segurança Cibernética, além dos

papéis de Defesa e Guerra. Caso as ações das Forças

Armadas se restrinjam ao contexto de Guerra

Cibernética, a tendência natural é que elas venham a se

afastar das ações preventivas voltadas para Segurança

Cibernética.

No âmbito da Defesa, a Diretriz Ministerial nº

14/2009, de 9 de novembro de 2009, do MD, definiu que

caberá ao Exército Brasileiro (EB) a gestão e o

desenvolvimento do setor cibernético no âmbito do

Ministério da Defesa. Com isto, o EB terá a atribuição

que definir sua abrangência e propor ações para integrar o

setor nas três Forças (CARVALHO, 2011. p.11).

Neste escopo, o Centro de Defesa Cibernética do

Exército (CDCiber) foi criado pela Portaria do

Comandante do Exército nº 666, de 4 de Agosto de 2010.

Suas principais atribuições são: coordenar as atividades

do setor cibernético no Exército e promover ações que

atendam ao preconizado na Estratégia Nacional de

Defesa, com ênfase na atuação em rede. Atualmente, o

CDCiber tem o foco de suas ações voltado para proteger

inicialmente as estruturas de informática do Exército,

desenvolver pesquisas no setor, fomentar a capacitação

humana, gerenciar a aquisição de materiais específicos e

desenvolver uma doutrina de emprego, em consonância

com a END.

No futuro, após consolidado como um setor dentro do

Exército, há uma possibilidade de evolução do CDCiber

para a esfera do Ministério da Defesa. Sobre essa

assertiva, o atual Chefe do CDCiber se pronunciou, em

entrevista à imprensa escrita:É, este é o Centro de Defesa Cibernética, por enquanto, do Exército. Se no futuro o Ministério da Defesa decidir que vamos exercer também o papel de Centro de Defesa Cibernética das Forças Armadas, é perfeitamente viável e até consta das diretrizes do Ministério da Defesa que tenhamos, nesse centro, militares da Marinha e da Força Aérea.

[...]

A infraestrutura de telemática é uma coisa em que hoje as empresas estão totalmente envolvidas. Imagina-se que algo semelhante deva ocorrer no futuro, em que teríamos militares das três forças trabalhando em conjunto, e serviços prestados por empresas habilitadas. (SANTOS, apud SÁ, 2012).

Segundo Mandarino (2010), em reunião da

CREDEN, em 2008, o Diretor do DSIC apresentou a

complexidade e a dificuldade de cooperação entre os

órgãos da APF no quesito segurança cibernética. A

proposta, feita e aprovada, foi a de que, a segurança deve

ser coordenada pelo GSI-PR (por meio do DSIC), haja

vista ser um órgão essencial da Presidência da República.

Mas essa coordenação envolve inúmeros atores, desde

ministérios até agências reguladoras, passando inclusive

por empresas de capital misto.

3 O SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA E A

SEGURANÇA CIBERNÉTICA

A partir dos anos 90, o setor elétrico brasileiro

passou por grandes transformações, deixando de ser

centrado no monopólio estatal para adotar um novo

arranjo de mercado, com a participação de múltiplos

agentes e investimentos compartilhados com o capital

privado (COUTINHO, 2007). Esta reestruturação

permitiu descentralizar o antigo padrão, com o objetivo

de que o setor privado se incumbisse do financiamento do

segmento elétrico, enquanto o Estado ficaria com a

função de regulação. Como consequência desta nova

forma de atuar, a concorrência entre as empresas se

encarregaria de transferir aos consumidores os ganhos de

eficiência.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Em 1996, foi criada a Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel), que tinha como finalidade

regular e fiscalizar a produção, transmissão e

comercialização de energia elétrica, garantindo um

ambiente equilibrado, com companhias obtendo

resultados e consumidores satisfeitos (OLIVEIRA, 2012).

A partir do governo do Presidente Luís Inácio

Lula da Silva, instituiu-se o chamado novo modelo do

setor elétrico que mesclava o intervencionismo público

com certo nível de concorrência. Em 2004, com esse

padrão, o Estado recebeu novamente a responsabilidade

de planejamento do setor. Os principais objetivos eram:

promover a concorrência tarifária, garantir a segurança

no longo prazo para fornecimento de energia e promover

a inclusão social. Além disso, o segmento elétrico passou

a ser coordenado por diversos atores institucionais,

responsáveis por planejar, monitorar, avaliar,

acompanhar e sugerir as ações para seu eficiente

funcionamento (Ibidem).

Com o novo quadro, o Governo centralizou o

poder de fixar as políticas, o planejamento e o

monitoramento do sistema. A Aneel manteve suas

funções de implementar as diretrizes governamentais e de

fiscalizar os agentes executores. Estes, por sua vez,

continuaram participando das entidades responsáveis pela

comercialização e operação do sistema, sem, contudo,

exercerem o mesmo grau de controle previsto no antigo

padrão.

Neste contexto, o que se verifica hoje é a

exploração dos serviços de energia elétrica por terceiros,

a segmentação das atividades (geração, transmissão,

distribuição e comercialização), e a regulamentação e

fiscalização do sistema por agências reguladoras.

A estrutura administrativa que compõe o sistema

é a descrita na figura 1, a qual identifica as principais

instituições do setor: o Conselho Nacional de Política

Energética, o Ministério de Minas e Energia, a Empresa

de Pesquisa Energética (criada pela Lei nº 10.847), a

Agência Nacional de Energia Elétrica, a Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica (responsável pela

viabilização dos mercados livre e regulado), o Operador

Nacional do Sistema (agora com maior controle pelo

Governo) e o Comitê de Monitoramento do Setor

Elétrico.

Fig 1 - Estrutura Administrativa do Setor de Energia Elétrica.

Fonte: ONS

A Aneel permanece como o órgão regulador,

responsável pela normatização das políticas e diretrizes

estabelecidas e a fiscalização dos serviços prestados. O

Sistema Interligado Nacional (SIN) e os sistemas isolados

formam o sistema nacional de energia elétrica e é

composto pelas empresas geradoras e transmissoras, sob

a regulamentação da Aneel. Ele é altamente

interconectado e dinâmico, possuindo cerca de

novecentas linhas que perfazem um total de

aproximadamente oitenta e nove mil quilômetros. O

Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é uma

empresa de capital privado sem fins lucrativos,

responsável pela coordenação e a supervisão da operação

centralizada de geração e transmissão do sistema

interligado (OLIVEIRA, 2012).

O Centro Nacional de Operação do Sistema

(CNOS) e os Centros Regionais de Operação do Sistema

(CROS) abrigam os sistemas informatizados de controle

e gerenciamento de energia das empresas concessionárias

e do Operador Nacional do Sistema. Estes Centros

monitoram os dados obtidos pelas Unidades Terminais

Remotas (UTR) e pelos Sistemas de Supervisão e

Controle Local (SSCL) para garantir que o sistema está

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

14 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

funcionando adequadamente (Figura 2). Os

Centros de Operação também despacham mensagens de

controle para as Unidades Geradoras e Subestações para

regular o fluxo de potência que poderá ser repassado.

Figura 2 - Representação da Distribuição de Energia. Fonte: Empresa Elipse.

Os Sistemas Computacionais de Controle

permitem aos operadores a regulação do fluxo de

potência (geração, transmissão e distribuição) e são

chamados de Sistemas de Gerenciamento de Energia

Elétrica (em inglês, EPMS ou simplesmente EMS). Já os

sistemas de controle utilizados para monitoramento da

segurança, confiabilidade e proteção do sistema elétrico

são chamados de Sistemas de Controle Supervisório e

Aquisição de Dados (em inglês, SCADA – “Supervisory

Control and Data Acquisition”) (COUTINHO, 2007).

Do exposto, percebe-se que a organização do

setor elétrico no Brasil é composta por diversos atores de

caráter público e privado que gerenciam a geração,

transmissão e distribuição de energia.

3.1 A ENGENHARIA E AS VULNERABILIDADES NOS SISTEMAS AUTOMATIZADOS DE CONTROLE DA ENERGIA ELÉTRICA

Por volta de 1940, o controle dos sistemas das

usinas hidrelétricas era realizado por meio da lógica de

relés, que enviavam sinais para mesas de controle com

chaves e luzes de advertência. O operador era o maior

responsável por interpretar os sinais e luzes e adotar as

medidas corretas em um menor prazo de tempo possível.

Entretanto, para não sobrecarregar a capacidade do

operador, muitos sinais eram deixados de fora do painel.

Para suprir as deficiências existentes, começaram

a surgir os sistemas automatizados que supervisionavam,

controlavam e adquiriam dados dos relés do sistema. Este

mecanismo deu origem ao Sistema SCADA, composto

inicialmente por uma estação de monitoramento central

de grande porte e por unidades remotas de controle (UTR

– Unidade Terminal Remota). Apesar do salto qualitativo

no controle operacional, o sistema ainda apresentava

limitações quanto à quantidade de tarefas de controle a

executar e o número de interfaces gráficas na tela do

computador. (ERKILLA e SCHIMITT, 2002).

Com o surgimento dos controladores lógicos

programáveis (PCL – Programable Control Logic), os

relés antigos foram substituídos. Posteriormente, o

avanço dos microprocessadores permitiu a criação dos

sistemas de controle distribuídos (DCS – Distributed

Control System), o que levou o controle inteligente até as

unidades de campo com redundância dos controladores e

das telas gráficas que se apresentam para os operadores.

Como isso, o operador passou a ter um controle e

supervisão da usina de forma centralizada e organizada

(ibidem).

Atualmente, o sistema SCADA moderno é o

responsável pela interface com o operador por meio de

telas e gráficos em tempo real. Além disso, executa

funções lógicas, de controle e arquiva dados históricos,

permitindo a conexão em redes de processo e a

configuração de redes lógicas com o propósito de

supervisão do sistema (ibidem).

Por meio da evolução dos sistemas de controle

das usinas percebe-se que a automação por meio de

softwares e terminais computacionais é irreversível, pois

confere economia, confiabilidade operacional e

otimização do gerenciamento. Mas isso não significa que

tais sistemas sejam imunes a ataques cibernéticos. De

fato, a introdução maciça de softwares baseados na

comunicação em redes internas (intranet), externas

(internet) e sem fio (wireless) tem tornado os sistemas de

controle de processos das ICN do setor elétrico ainda

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

mais vulneráveis a ataques cibernéticos. Esta

tendência traz consigo os riscos de ataques perpetrados

por hackers e ciberterroristas.

Dessa forma, invasões cibernéticas podem

produzir efeitos desastrosos, caso os dispositivos

eletrônicos de controle sejam manipulados de forma

proposital e direcionada. A fim de proteger o segmento

de energia elétrica contra esse tipo de ameaça, faz-se

necessário identificar suas vulnerabilidades. Ralph

Langner, o homem que primeiro decodificou o vírus

Stuxnet, que imobilizou parte das centrífugas de

enriquecimento de urânio no Irã, colocou, em entrevista,

seu ponto de vista acerca desta nova modalidade de arma

cibernética. Segundo ele, este vírus pode ser copiado

facilmente e poderia infectar qualquer sistema de usinas

controladas de forma automatizada em tempo real

(LANGNER, apud MILLS, 2012).

Em princípio, um ataque cibernético, conduzido

por outra nação, provavelmente estará contido numa fase

que antecederá uma guerra (a escalada da crise). Mas,

para grupos terroristas, grupos ativistas, em luta por suas

convicções, ou mesmo para indivíduos sem motivações

políticas, a invasão de um sistema de ICN do setor

elétrico ocorreria sem a necessidade de o cenário se

apresentar como sendo de uma guerra. Portanto, ataques

cibernéticos de vulto podem acontecer mesmo em tempo

de paz, inclusive por ocasião dos grandes eventos

mundiais - como forma de protesto ou desafio - tais como

aqueles previstos para o Brasil sediar nos próximos anos.

Infere-se que a intensa automação dos sistemas

que controlam as ICN pode vir a proporcionar uma

eficácia operacional inversamente proporcional à

segurança contra invasões de rede.

4 RESULTADOS ALCANÇADOS

A fim de instrumentalizar os dados colhidos

durante a consulta bibliográfica foram realizadas

pesquisas quantitativas e qualitativas durante os meses de

abril a junho de 2012, por meio da remessa de

questionários de respostas objetivas e do contato pessoal,

no caso das entrevistas.

No tocante à pesquisa quantitativa, com a

finalidade de selecionar a população a ser observada,

foram ouvidos grupos formados por militares integrantes

do Sistema de Inteligência do Exército (SIEx). Com isso

formou-se um total de 49 (quarenta e nove) indivíduos

direcionados para a pesquisa quantitativa, os quais

responderam um questionário de 13 (treze) perguntas.

As respostas apontaram que 85,71% (oitenta e

cinco vírgula setenta e um por cento) dos entrevistados

acham muito importante possuírem pessoal habilitado em

defesa/segurança cibernética nos Órgãos de Inteligência.

Há que se destacar ainda que, 12,24% (doze vírgula vinte

e quatro por cento) responderam ter certa relevância a

presença de militares com esta habilidade. Ou seja,

considerando as respostas com inclinação favorável,

obtém-se mais de 97% (noventa e sete por cento) de

respostas indicando a necessidade de que haja militares

com essa habilidade nos Órgãos de Inteligência.

Foi questionado, também, acerca da importância

de o SIEx estar permanentemente acompanhando e

contribuindo para a evolução da mentalidade de

segurança cibernética das ICN. A esmagadora maioria

(mais de 97%) respondeu que este acompanhamento

prévio seria imprescindível ou importante numa situação

de eventual crise.

A última pergunta do questionário voltou-se para

relacionar a capilaridade do EB com a possibilidade de

que o SIEx efetivamente possa colaborar com a

segurança cibernética nas empresas que operam as ICN

do setor de energia elétrica. Cerca de 83% (oitenta e três

por cento) dos entrevistados achou positiva essa

possibilidade de apoio. Destes, 55, 1% (cinquenta e um

por cento) declararam que esta deveria ser uma tarefa em

apoio à ABIN, e 22,45% (vinte e dois vírgula quarenta e

cinco por cento) ressaltaram que esta missão já faz parte

das atribuições do SIEx e, portanto, seria perfeitamente

factível.

Page 15: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

15EsIMEx - 2º Semestre de 2012

funcionando adequadamente (Figura 2). Os

Centros de Operação também despacham mensagens de

controle para as Unidades Geradoras e Subestações para

regular o fluxo de potência que poderá ser repassado.

Figura 2 - Representação da Distribuição de Energia. Fonte: Empresa Elipse.

Os Sistemas Computacionais de Controle

permitem aos operadores a regulação do fluxo de

potência (geração, transmissão e distribuição) e são

chamados de Sistemas de Gerenciamento de Energia

Elétrica (em inglês, EPMS ou simplesmente EMS). Já os

sistemas de controle utilizados para monitoramento da

segurança, confiabilidade e proteção do sistema elétrico

são chamados de Sistemas de Controle Supervisório e

Aquisição de Dados (em inglês, SCADA – “Supervisory

Control and Data Acquisition”) (COUTINHO, 2007).

Do exposto, percebe-se que a organização do

setor elétrico no Brasil é composta por diversos atores de

caráter público e privado que gerenciam a geração,

transmissão e distribuição de energia.

3.1 A ENGENHARIA E AS VULNERABILIDADES NOS SISTEMAS AUTOMATIZADOS DE CONTROLE DA ENERGIA ELÉTRICA

Por volta de 1940, o controle dos sistemas das

usinas hidrelétricas era realizado por meio da lógica de

relés, que enviavam sinais para mesas de controle com

chaves e luzes de advertência. O operador era o maior

responsável por interpretar os sinais e luzes e adotar as

medidas corretas em um menor prazo de tempo possível.

Entretanto, para não sobrecarregar a capacidade do

operador, muitos sinais eram deixados de fora do painel.

Para suprir as deficiências existentes, começaram

a surgir os sistemas automatizados que supervisionavam,

controlavam e adquiriam dados dos relés do sistema. Este

mecanismo deu origem ao Sistema SCADA, composto

inicialmente por uma estação de monitoramento central

de grande porte e por unidades remotas de controle (UTR

– Unidade Terminal Remota). Apesar do salto qualitativo

no controle operacional, o sistema ainda apresentava

limitações quanto à quantidade de tarefas de controle a

executar e o número de interfaces gráficas na tela do

computador. (ERKILLA e SCHIMITT, 2002).

Com o surgimento dos controladores lógicos

programáveis (PCL – Programable Control Logic), os

relés antigos foram substituídos. Posteriormente, o

avanço dos microprocessadores permitiu a criação dos

sistemas de controle distribuídos (DCS – Distributed

Control System), o que levou o controle inteligente até as

unidades de campo com redundância dos controladores e

das telas gráficas que se apresentam para os operadores.

Como isso, o operador passou a ter um controle e

supervisão da usina de forma centralizada e organizada

(ibidem).

Atualmente, o sistema SCADA moderno é o

responsável pela interface com o operador por meio de

telas e gráficos em tempo real. Além disso, executa

funções lógicas, de controle e arquiva dados históricos,

permitindo a conexão em redes de processo e a

configuração de redes lógicas com o propósito de

supervisão do sistema (ibidem).

Por meio da evolução dos sistemas de controle

das usinas percebe-se que a automação por meio de

softwares e terminais computacionais é irreversível, pois

confere economia, confiabilidade operacional e

otimização do gerenciamento. Mas isso não significa que

tais sistemas sejam imunes a ataques cibernéticos. De

fato, a introdução maciça de softwares baseados na

comunicação em redes internas (intranet), externas

(internet) e sem fio (wireless) tem tornado os sistemas de

controle de processos das ICN do setor elétrico ainda

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

mais vulneráveis a ataques cibernéticos. Esta

tendência traz consigo os riscos de ataques perpetrados

por hackers e ciberterroristas.

Dessa forma, invasões cibernéticas podem

produzir efeitos desastrosos, caso os dispositivos

eletrônicos de controle sejam manipulados de forma

proposital e direcionada. A fim de proteger o segmento

de energia elétrica contra esse tipo de ameaça, faz-se

necessário identificar suas vulnerabilidades. Ralph

Langner, o homem que primeiro decodificou o vírus

Stuxnet, que imobilizou parte das centrífugas de

enriquecimento de urânio no Irã, colocou, em entrevista,

seu ponto de vista acerca desta nova modalidade de arma

cibernética. Segundo ele, este vírus pode ser copiado

facilmente e poderia infectar qualquer sistema de usinas

controladas de forma automatizada em tempo real

(LANGNER, apud MILLS, 2012).

Em princípio, um ataque cibernético, conduzido

por outra nação, provavelmente estará contido numa fase

que antecederá uma guerra (a escalada da crise). Mas,

para grupos terroristas, grupos ativistas, em luta por suas

convicções, ou mesmo para indivíduos sem motivações

políticas, a invasão de um sistema de ICN do setor

elétrico ocorreria sem a necessidade de o cenário se

apresentar como sendo de uma guerra. Portanto, ataques

cibernéticos de vulto podem acontecer mesmo em tempo

de paz, inclusive por ocasião dos grandes eventos

mundiais - como forma de protesto ou desafio - tais como

aqueles previstos para o Brasil sediar nos próximos anos.

Infere-se que a intensa automação dos sistemas

que controlam as ICN pode vir a proporcionar uma

eficácia operacional inversamente proporcional à

segurança contra invasões de rede.

4 RESULTADOS ALCANÇADOS

A fim de instrumentalizar os dados colhidos

durante a consulta bibliográfica foram realizadas

pesquisas quantitativas e qualitativas durante os meses de

abril a junho de 2012, por meio da remessa de

questionários de respostas objetivas e do contato pessoal,

no caso das entrevistas.

No tocante à pesquisa quantitativa, com a

finalidade de selecionar a população a ser observada,

foram ouvidos grupos formados por militares integrantes

do Sistema de Inteligência do Exército (SIEx). Com isso

formou-se um total de 49 (quarenta e nove) indivíduos

direcionados para a pesquisa quantitativa, os quais

responderam um questionário de 13 (treze) perguntas.

As respostas apontaram que 85,71% (oitenta e

cinco vírgula setenta e um por cento) dos entrevistados

acham muito importante possuírem pessoal habilitado em

defesa/segurança cibernética nos Órgãos de Inteligência.

Há que se destacar ainda que, 12,24% (doze vírgula vinte

e quatro por cento) responderam ter certa relevância a

presença de militares com esta habilidade. Ou seja,

considerando as respostas com inclinação favorável,

obtém-se mais de 97% (noventa e sete por cento) de

respostas indicando a necessidade de que haja militares

com essa habilidade nos Órgãos de Inteligência.

Foi questionado, também, acerca da importância

de o SIEx estar permanentemente acompanhando e

contribuindo para a evolução da mentalidade de

segurança cibernética das ICN. A esmagadora maioria

(mais de 97%) respondeu que este acompanhamento

prévio seria imprescindível ou importante numa situação

de eventual crise.

A última pergunta do questionário voltou-se para

relacionar a capilaridade do EB com a possibilidade de

que o SIEx efetivamente possa colaborar com a

segurança cibernética nas empresas que operam as ICN

do setor de energia elétrica. Cerca de 83% (oitenta e três

por cento) dos entrevistados achou positiva essa

possibilidade de apoio. Destes, 55, 1% (cinquenta e um

por cento) declararam que esta deveria ser uma tarefa em

apoio à ABIN, e 22,45% (vinte e dois vírgula quarenta e

cinco por cento) ressaltaram que esta missão já faz parte

das atribuições do SIEx e, portanto, seria perfeitamente

factível.

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

16 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

No que tange à pesquisa qualitativa, as principais

considerações dos entrevistados serão destacadas a

seguir:

a) Oficial da Seção de Ensino de Guerra

Cibernética do Centro Integrado de Guerra Eletrônica

(CIGE): segundo ele, seria possível que o EB, por meio

do SIEx, acompanhasse a segurança em TI das empresas

públicas e privadas do setor de energia elétrica.

Entretanto, este tipo de relacionamento teria de ser

baseado em um caráter de cooperação, sem jamais deixar

transparecer uma atitude de auditoria ou fiscalização,

pois encontraria significativa resistência e não teria

respaldo em lei. Completou informando que, atualmente,

somente o TCU efetivamente realiza auditorias na área de

TI nas empresas da Administração Pública Federal

(APF), haja vista a natureza eminentemente fiscalizatória

daquele tribunal. Ao que sabe, estas auditorias são

focadas na avaliação da aplicação dos recursos públicos

na gestão de TI do órgão ou empresa e não visa a

especificamente verificar a segurança cibernética da

instituição (FONTENELE, 2012).

b) Chefe de Gabinete do Ministério das Minas e

Energia: de acordo com o entrevistado, os procedimentos

de segurança das empresas e energia elétrica são

regulados pela ANEEL. Estas empresas devem manter os

padrões estabelecidos, sob pena de terem suas concessões

canceladas. Entretanto, a segurança em TI é efetivada

pelas próprias empresas e pelas próprias usinas

geradoras. O entrevistado ainda ressaltou que atualmente

o Sistema Integrado Nacional (SIN) apresenta destacada

redundância nas linhas principais. Desta maneira, se uma

linha sofrer interrupção abrupta de qualquer ordem, a

carga é transferida para outras linhas e a chance de

ocorrer um colapso é mínima (MENDES, 2012).

c) Chefe da Seção de Doutrina da EsIMEx:

quanto à interação entre o setor cibernético e a

Inteligência, o entrevistado citou que ainda existem

discussões e estudos a serem realizados nesta área. A

proposta de criação do Batalhão de Inteligência, com uma

subunidade de guerra cibernética, poderia ser uma

solução. Outra opção seria criar um destacamento de

Guerra Cibernética, oriundo do CDCiber, com

mobilidade tal que permitisse sua atuação em todo o

território nacional. Para ele, a possibilidade de o SIEx

participar da segurança cibernética das ICN não seria

nada mais do que a segurança de ponto sensível que o

Exército Brasileiro sempre fez, agregando o componente

cibernético. Para ele o Programa PROTEGER será uma

excelente ferramenta para facilitar o relacionamento com

as empresas que operam as ICN. Pelo Programa, as atuais

Áreas de Segurança Integrada serão transformadas em

Áreas de Proteção Integrada, visando proteger a

sociedade e as ICN (TEIXEIRA, 2012).

d) Diretor-Gerente do Operador Nacional do

Sistema (ONS): segundo ele, a missão principal do ONS

é o controle do equilíbrio do Sistema Elétrico Nacional,

garantindo a confiabilidade, a segurança e a continuidade

do negócio. Na prática, esta entidade não possui ativos do

sistema, somente recebe as informações dos agentes e

emite os comandos para equilibrar a geração e a

distribuição das cargas energéticas. Quanto à interação do

ONS com o DSIC ou o GSI, ele ressaltou que possui

mais contato com a SAEI, nos Grupos de Trabalho de

Segurança das ICN. O ONS participa das reuniões sobre

as ICN, mas, nelas, não é muito abordado o tema de

segurança em TI ou cibernética, o que pode ser uma

falha, provavelmente devido à falta de unificação nos

órgãos que gerenciam a segurança das ICN (FILHO,

2012).

e) Oficial de Inteligência da ABIN: a proteção às

ICN é um dos temas que a ABIN acompanha,

particularmente na composição do mosaico de temas

semanal apresentado à Presidenta da República. Somente

a partir de 2008, a ABIN iniciou o gerenciamento de

risco de ICN, e apoiando-se em cooperação voluntária

entre as partes envolvidas. Hoje a ABIN possui uma

metodologia própria de análise de risco, chamada

ARENA. Entretanto, verifica-se que pouquíssimas

estruturas foram analisadas pelo órgão até a presente data

(UHE Tucuruí, UHE Sobradinho e instalações da

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ELETRONORTE). Quanto à existência de uma

seção específica na ABIN voltada para a segurança

cibernética em ICN, ele relatou que ainda não existe.

Acrescentou que, quando há incidentes nas ICN, a ABIN

é chamada a apoiar. Mas estas situações são esporádicas

e não há um controle, por parte da Agência, de tentativas

de invasão aos sistemas de TI. Quando ocorre um

problema, o CPESC (Centro de Pesquisa em Segurança

das Comunicações) da ABIN presta o apoio técnico, além

de trabalhar sempre em conjunto com o DSIC do GSI-

PR. Ao ser questionado se o Exército Brasileiro poderia

contribuir para a segurança cibernética das ICN, o Oficial

de Inteligência da ABIN foi favorável, principalmente se

o EB atuar junto às empresas públicas. Mas ressaltou que,

antes de tudo, devem haver diretrizes ou normas sobre os

limites de atuação. Esta regulamentação teria que apontar

o que as Organizações Militares (OM) precisariam

acompanhar e qual o Repertório de Conhecimentos

Necessários (RCN). O entrevistado destacou, por último,

que o ritmo de trabalho dos Grupos de Trabalho das ICN

é lento e complexo pois envolve muitos atores com

interesses diversos. Segundo ele, a frequência das

reuniões do GT no último ano diminuiu, prejudicando a

progressividade dos levantamentos (SILVA, 2012).

f) Oficial do CDCiber: o entrevistado foi

questionado se as estruturas atuais do GSI-PR, por meio

do DSIC, bem como da ABIN seriam suficientes para

acompanhar a evolução da proteção cibernética sistemas

de informação das empresas que controlam as ICN do

setor energético brasileiro. Ele posicionou-se afirmando

ser difícil que alguma entidade tenha estrutura suficiente,

no curto prazo. O GSI-PR, via DSIC, está se apoiando no

CDCiber, em forma de parceria muito positiva. Ao ser

perguntado se o entrevistado acreditava que o SIEx

poderia participar da análise de risco e do

acompanhamento das empresas do setor de energia

elétrica, no que tange à segurança cibernética, o Oficial

respondeu que essa possibilidade estaria inserida em um

contexto de disponibilidade de material e de capacitação

de pessoal. Segundo ele, o ideal seria disseminar células

estruturais com pessoal e material vocacionados para

defesa cibernética pelos Comando Militares de Área. Mas

isso em um futuro no médio prazo, pois o primeiro passo

é consolidar o CDCiber (CARNEIRO, 2012).

g) Assessora Técnica do DSIC: a entrevistada

explicou que o GSI-PR é um órgão no nível ministerial e

com caráter estratégico. Assim sendo, ele trabalha com

visão prospectiva das ICN e portanto, a atual gestão do

GSI passou a adotar a terminologia de Estrutura

Estratégica que englobaria não só as ICN já existentes,

mas também as que estão em construção e aquelas ainda

em fase de projeto, ou seja, um horizonte futuro. Dentro

da estrutura do GSI-PR, a SAEI é o órgão vocacionado

para a segurança das ICN. Nesse sentido, organizou-se

Grupos de Trabalho (GT) para realizar o levantamento

das ICN em cinco setores (água, transportes, energia,

comunicações e finanças). Segurança da Informação e a

Segurança Cibernética agem em todos estes setores. Os

GT basicamente trabalham no levantamento das ICN,

verificando quais realmente são estratégicas. Eles devem

realizar a análise de risco, e elaborar o plano de proteção

das ICN. Um dos grupos é responsável pela área de

Segurança Cibernética e permeia todos os outros. Nesse

sentido, este grupo está trabalhando muito com o

CDCiber diretamente. De fato o CDCiber foi escolhido

como ponto focal para acompanhar o perfil das forças

externas cibernéticas, para construção de cenários e para

monitorar o espaço cibernético. Há uma expectativa de

que ocorra uma evolução rápida do CDCiber para que ele

represente o MD com as três Forças. A entrevistada

deixou claro que o GSI-PR não tem competência

regulamentar para impor ações aos demais órgãos,

particularmente os Ministérios. Portanto, não tendo poder

fiscalizador, se embasa nos Acórdãos do Tribunal de

Contas da União (TCU), muitas vezes usados para calcar

as Instruções Normativas do DSIC. Para a entrevistada, o

apoio do EB na proteção Cibernética às ICN seria

importante para aumentar a capacidade de segurança do

setor (CANONGIA, 2012).

Page 17: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

17EsIMEx - 2º Semestre de 2012

No que tange à pesquisa qualitativa, as principais

considerações dos entrevistados serão destacadas a

seguir:

a) Oficial da Seção de Ensino de Guerra

Cibernética do Centro Integrado de Guerra Eletrônica

(CIGE): segundo ele, seria possível que o EB, por meio

do SIEx, acompanhasse a segurança em TI das empresas

públicas e privadas do setor de energia elétrica.

Entretanto, este tipo de relacionamento teria de ser

baseado em um caráter de cooperação, sem jamais deixar

transparecer uma atitude de auditoria ou fiscalização,

pois encontraria significativa resistência e não teria

respaldo em lei. Completou informando que, atualmente,

somente o TCU efetivamente realiza auditorias na área de

TI nas empresas da Administração Pública Federal

(APF), haja vista a natureza eminentemente fiscalizatória

daquele tribunal. Ao que sabe, estas auditorias são

focadas na avaliação da aplicação dos recursos públicos

na gestão de TI do órgão ou empresa e não visa a

especificamente verificar a segurança cibernética da

instituição (FONTENELE, 2012).

b) Chefe de Gabinete do Ministério das Minas e

Energia: de acordo com o entrevistado, os procedimentos

de segurança das empresas e energia elétrica são

regulados pela ANEEL. Estas empresas devem manter os

padrões estabelecidos, sob pena de terem suas concessões

canceladas. Entretanto, a segurança em TI é efetivada

pelas próprias empresas e pelas próprias usinas

geradoras. O entrevistado ainda ressaltou que atualmente

o Sistema Integrado Nacional (SIN) apresenta destacada

redundância nas linhas principais. Desta maneira, se uma

linha sofrer interrupção abrupta de qualquer ordem, a

carga é transferida para outras linhas e a chance de

ocorrer um colapso é mínima (MENDES, 2012).

c) Chefe da Seção de Doutrina da EsIMEx:

quanto à interação entre o setor cibernético e a

Inteligência, o entrevistado citou que ainda existem

discussões e estudos a serem realizados nesta área. A

proposta de criação do Batalhão de Inteligência, com uma

subunidade de guerra cibernética, poderia ser uma

solução. Outra opção seria criar um destacamento de

Guerra Cibernética, oriundo do CDCiber, com

mobilidade tal que permitisse sua atuação em todo o

território nacional. Para ele, a possibilidade de o SIEx

participar da segurança cibernética das ICN não seria

nada mais do que a segurança de ponto sensível que o

Exército Brasileiro sempre fez, agregando o componente

cibernético. Para ele o Programa PROTEGER será uma

excelente ferramenta para facilitar o relacionamento com

as empresas que operam as ICN. Pelo Programa, as atuais

Áreas de Segurança Integrada serão transformadas em

Áreas de Proteção Integrada, visando proteger a

sociedade e as ICN (TEIXEIRA, 2012).

d) Diretor-Gerente do Operador Nacional do

Sistema (ONS): segundo ele, a missão principal do ONS

é o controle do equilíbrio do Sistema Elétrico Nacional,

garantindo a confiabilidade, a segurança e a continuidade

do negócio. Na prática, esta entidade não possui ativos do

sistema, somente recebe as informações dos agentes e

emite os comandos para equilibrar a geração e a

distribuição das cargas energéticas. Quanto à interação do

ONS com o DSIC ou o GSI, ele ressaltou que possui

mais contato com a SAEI, nos Grupos de Trabalho de

Segurança das ICN. O ONS participa das reuniões sobre

as ICN, mas, nelas, não é muito abordado o tema de

segurança em TI ou cibernética, o que pode ser uma

falha, provavelmente devido à falta de unificação nos

órgãos que gerenciam a segurança das ICN (FILHO,

2012).

e) Oficial de Inteligência da ABIN: a proteção às

ICN é um dos temas que a ABIN acompanha,

particularmente na composição do mosaico de temas

semanal apresentado à Presidenta da República. Somente

a partir de 2008, a ABIN iniciou o gerenciamento de

risco de ICN, e apoiando-se em cooperação voluntária

entre as partes envolvidas. Hoje a ABIN possui uma

metodologia própria de análise de risco, chamada

ARENA. Entretanto, verifica-se que pouquíssimas

estruturas foram analisadas pelo órgão até a presente data

(UHE Tucuruí, UHE Sobradinho e instalações da

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ELETRONORTE). Quanto à existência de uma

seção específica na ABIN voltada para a segurança

cibernética em ICN, ele relatou que ainda não existe.

Acrescentou que, quando há incidentes nas ICN, a ABIN

é chamada a apoiar. Mas estas situações são esporádicas

e não há um controle, por parte da Agência, de tentativas

de invasão aos sistemas de TI. Quando ocorre um

problema, o CPESC (Centro de Pesquisa em Segurança

das Comunicações) da ABIN presta o apoio técnico, além

de trabalhar sempre em conjunto com o DSIC do GSI-

PR. Ao ser questionado se o Exército Brasileiro poderia

contribuir para a segurança cibernética das ICN, o Oficial

de Inteligência da ABIN foi favorável, principalmente se

o EB atuar junto às empresas públicas. Mas ressaltou que,

antes de tudo, devem haver diretrizes ou normas sobre os

limites de atuação. Esta regulamentação teria que apontar

o que as Organizações Militares (OM) precisariam

acompanhar e qual o Repertório de Conhecimentos

Necessários (RCN). O entrevistado destacou, por último,

que o ritmo de trabalho dos Grupos de Trabalho das ICN

é lento e complexo pois envolve muitos atores com

interesses diversos. Segundo ele, a frequência das

reuniões do GT no último ano diminuiu, prejudicando a

progressividade dos levantamentos (SILVA, 2012).

f) Oficial do CDCiber: o entrevistado foi

questionado se as estruturas atuais do GSI-PR, por meio

do DSIC, bem como da ABIN seriam suficientes para

acompanhar a evolução da proteção cibernética sistemas

de informação das empresas que controlam as ICN do

setor energético brasileiro. Ele posicionou-se afirmando

ser difícil que alguma entidade tenha estrutura suficiente,

no curto prazo. O GSI-PR, via DSIC, está se apoiando no

CDCiber, em forma de parceria muito positiva. Ao ser

perguntado se o entrevistado acreditava que o SIEx

poderia participar da análise de risco e do

acompanhamento das empresas do setor de energia

elétrica, no que tange à segurança cibernética, o Oficial

respondeu que essa possibilidade estaria inserida em um

contexto de disponibilidade de material e de capacitação

de pessoal. Segundo ele, o ideal seria disseminar células

estruturais com pessoal e material vocacionados para

defesa cibernética pelos Comando Militares de Área. Mas

isso em um futuro no médio prazo, pois o primeiro passo

é consolidar o CDCiber (CARNEIRO, 2012).

g) Assessora Técnica do DSIC: a entrevistada

explicou que o GSI-PR é um órgão no nível ministerial e

com caráter estratégico. Assim sendo, ele trabalha com

visão prospectiva das ICN e portanto, a atual gestão do

GSI passou a adotar a terminologia de Estrutura

Estratégica que englobaria não só as ICN já existentes,

mas também as que estão em construção e aquelas ainda

em fase de projeto, ou seja, um horizonte futuro. Dentro

da estrutura do GSI-PR, a SAEI é o órgão vocacionado

para a segurança das ICN. Nesse sentido, organizou-se

Grupos de Trabalho (GT) para realizar o levantamento

das ICN em cinco setores (água, transportes, energia,

comunicações e finanças). Segurança da Informação e a

Segurança Cibernética agem em todos estes setores. Os

GT basicamente trabalham no levantamento das ICN,

verificando quais realmente são estratégicas. Eles devem

realizar a análise de risco, e elaborar o plano de proteção

das ICN. Um dos grupos é responsável pela área de

Segurança Cibernética e permeia todos os outros. Nesse

sentido, este grupo está trabalhando muito com o

CDCiber diretamente. De fato o CDCiber foi escolhido

como ponto focal para acompanhar o perfil das forças

externas cibernéticas, para construção de cenários e para

monitorar o espaço cibernético. Há uma expectativa de

que ocorra uma evolução rápida do CDCiber para que ele

represente o MD com as três Forças. A entrevistada

deixou claro que o GSI-PR não tem competência

regulamentar para impor ações aos demais órgãos,

particularmente os Ministérios. Portanto, não tendo poder

fiscalizador, se embasa nos Acórdãos do Tribunal de

Contas da União (TCU), muitas vezes usados para calcar

as Instruções Normativas do DSIC. Para a entrevistada, o

apoio do EB na proteção Cibernética às ICN seria

importante para aumentar a capacidade de segurança do

setor (CANONGIA, 2012).

Page 18: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

18 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

h) Assessora da Coordenação-Geral de Cenários

Institucionais da SAEI (GSI-PR): a partir de 2006, por

determinação presidencial, foram feitos estudos a fim de

levantar a localização e a importância das ICN, além de

realizar uma análise de risco e descrever a

interdependência entre elas. Para tanto, foram articulados

Grupos de Trabalho (GT) em cada setor (Transporte,

Telecomunicações, Energia, Água e Finanças).

Posteriormente, os GT foram ampliados acrescentando

mais quatro setores (Cibernético, Nuclear, Espacial e

Ativos de Informática), formato que permanece até hoje.

O setor de energia envolve muitos atores e diversas

vertentes e por isso foi subdividido em 12 (doze)

subgrupos. Um deles é o grupo da energia elétrica.

Segundo a entrevistada, foram realizadas muitas

reuniões, que às vezes são altamente produtivas, mas em

outras ocasiões se avança muito pouco. Para ela, não

haveria ganhos substanciais na participação do EB na

Segurança Cibernética. Ela acrescentou que a Política

Nacional de Segurança das ICN, apesar de ser

fundamental para o setor, ainda permanece em estudos

(SOUZA, 2012).

i) Auditora da Secretaria de Fiscalização em

Tecnologia da Informação (SEFTI) do Tribunal de

Contas da União (TCU): primeiramente a entrevistada

informou que o TCU realiza a fiscalização da gestão e

governança em TI. Segundo ela, o negócio da SEFTI é o

controle externo de TI na Administração Pública Federal

(APF). A missão é assegurar que a Tecnologia da

Informação agregue valor ao negócio da APF em

benefício da sociedade. Para ela, a governança envolve

políticas, normas e emprego dos recursos previstos em

orçamento e capacitação dos recursos humanos. Quanto à

Segurança da Informação, a SEFTI/TCU verifica como é

o controle, o acesso e a continuidade do negócio. Realiza

também auditorias nos sistemas de informação a fim de

certificar que os recursos federais estão sendo bem

aplicados na gestão de TI do órgão auditado. Com estas

atribuições, a SEFTI emite seus relatórios por meio dos

Acórdãos, que servem para toda a APF. Isto é positivo

para a segurança em TI, pois, com base no Acórdão

resultante de auditoria, o TCU pode determinar que a

APF adote determinadas medidas que serão elaboradas

pelo GSI-PR ou DSIC. Assim, muitas vezes, os Acórdãos

do TCU indicam a direção que as Instruções Normativas

do DSIC devem seguir. Com isto, a natureza

fiscalizadora do TCU consegue imprimir uma reação

positiva nos entes auditados, além de atuar em parceira

com o DSIC, fornecendo-lhe o respaldo para que a APF

cumpra os requisitos necessários a implementar uma

segurança cibernética eficaz. Entretanto, os entes

privados que controlam parte das ICN do setor elétrico

não são objeto de auditoria direta pelo TCU (QUEIROZ,

2012).

j) Oficial-General, Chefe do Escritório de

Projetos do Exército: de acordo com o entrevistado, um

dos fatores decisivos para a manutenção da ordem social

em Operações de Garantia da Lei e da Ordem, Operações

na Faixa de Fronteira e Defesa Nacional, está calcado na

continuidade do fornecimento dos serviços essenciais

para a sociedade. Esses serviços são providos por meio

das Infraestruturas Críticas Nacionais e desta reflexão

nasceu o Projeto PROTEGER. A força motriz do projeto

é articular um sistema integrado para a proteção das ICN.

Com isso, um dos objetivos do projeto é oferecer ao

Estado a capacidade nominal de antecipação e pronta-

resposta para a proteção das ICN e da sociedade. Neste

sentido, a capilaridade e presença do Exército Brasileiro,

com OM distribuídas em todo o território nacional,

aparece, como recurso ímpar ao Estado brasileiro, para

dispor de pessoal capacitado a implementar soluções que

vão desde a obtenção e gerenciamento das informações,

até a pronta resposta às situações de crise. Em situações

de crise, a integridade territorial, o bem estar da

sociedade e a estabilidade institucional estariam

ameaçados, sejam por causas externas ou internas,

naturais ou humanas. O incremento da capacidade de

proteção das ICN, somado aos sistemas de segurança

orgânica e de segurança pública já existentes, contribuirá

para mitigar os riscos que possam comprometer a

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

continuidade da prestação de serviços essenciais

em significativas parcelas do território nacional. A

concepção do projeto se fundamenta em quatro vetores

fundamentais: reconhecimento e diagnóstico,

identificação de necessidades, equipamento e instalações

e treinamento integrado a outros órgãos. Neste caso, a

proposta de preparo e emprego do EB estaria voltada para

ações de Garantia da Lei e da Ordem, com as

Organizações Militares recebendo Áreas e Subáreas de

Proteção Integrada, em uma divisão de responsabilidade

equivalente às atuais Áreas de Segurança Integrada. De

fato, o grande mérito do Projeto PROTEGER está em

realizar a sistematização do processo de proteção das

ICN, reduzindo os riscos sobre as ICN, fortalecendo o

Estado brasileiro, assegurando o bem-estar da sociedade

e elevando a capacidade operacional das Forças

Armadas. O desenvolvimento do setor cibernético no EB

é distinto do PROTEGER, mas interagem entre si e

acontecem de forma paralela (IASBECH, 2012).

Face ao exposto no presente capítulo, pode-se

inferir que a ampla maioria dos entrevistados é favorável

ao aumento da participação do EB na Segurança

Cibernética das ICN, desde que haja uma regulamentação

clara.

Verificou-se que a ABIN não possui um setor

específico para monitorar as ICN. Do mesmo modo,

apesar dessa Agência possuir uma metodologia própria

de Análise de Risco (ARENA), a mesma não está sendo

aplicada, de forma rotineira, na segurança das ICN.

Cabe destacar que o DSIC e a SAEI, apesar de

serem órgãos distintos dentro do GSI-PR, desempenham

papel de extrema relevância no gerenciamento da

segurança das ICN. Possivelmente, obteriam resultados

mais rápidos, caso houvesse um único setor que tratasse

do assunto no âmbito do GSI-PR. Por outro lado, o apoio

do TCU ao GSI-PR mostrou ser uma ferramenta que

concede maior peso às deliberações do GSI-PR, no que

tange à segurança cibernética.

O Projeto PROTEGER apresenta-se como uma

sistematização da segurança das ICN, o que contribuirá

para os trabalhos de Levantamento e Análise de Risco

das ICN na SAEI.

5 CONCLUSÃO

A estrutura de Inteligência do SISBIN não

mostrou ser eficaz no acompanhamento da proteção das

ICN do setor elétrico no Brasil. O próprio controle das

ICN está em desenvolvimento, tendo em vista que

levantamento de boa parcela das ICN permanece sendo

realizado pelos Grupos de Trabalho (GTSIC). A

multiplicidade de atores e a falta de um órgão com

vocação para centralizar, coordenar e fazer cumprir as

normas dificulta o progresso mais rápido dos trabalhos.

O Setor de Segurança Cibernética, capitaneado

pelo DSIC, mostrou-se bem estruturado e organizado,

conferindo uma grande eficiência na difusão da

mentalidade de segurança em TI no âmbito da APF. A

dificuldade que o DSIC possui, ao não ter ascendência

efetiva sobre os demais atores, vem sendo contornada

com o apoio do TCU, que lhe confere respaldo, com

caráter impositivo aos agentes do setor de energia

elétrica. Esta intervenção do TCU, via SEFTI, provoca

uma reação positiva nas empresas e nos órgãos da APF,

contribuindo para a melhora na qualidade da segurança

dos sistemas informatizados.

Entretanto, ficou latente, durante as entrevistas,

que há a necessidade de coordenação entre o DSIC e a

SAEI, pois ambos os setores estudam as ICN sob

perspectivas diferentes e realizam trabalhos estanques.

Uma oportunidade de melhoria seria a ativação de uma

estrutura dentro do GSI-PR que congregasse todos os

órgãos que tratam da segurança das ICN, seja segurança

física, seja segurança cibernética, pois elas não são

dissociadas.

Não obstante, há uma necessidade premente de

aprovação da Política de Segurança de ICN, para que o

Plano Nacional de Segurança de ICN possa ser colocado

em prática antes da ocorrência dos grandes eventos

mundiais previstos para o País sediar, a partir de 2012.

Page 19: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

19EsIMEx - 2º Semestre de 2012

h) Assessora da Coordenação-Geral de Cenários

Institucionais da SAEI (GSI-PR): a partir de 2006, por

determinação presidencial, foram feitos estudos a fim de

levantar a localização e a importância das ICN, além de

realizar uma análise de risco e descrever a

interdependência entre elas. Para tanto, foram articulados

Grupos de Trabalho (GT) em cada setor (Transporte,

Telecomunicações, Energia, Água e Finanças).

Posteriormente, os GT foram ampliados acrescentando

mais quatro setores (Cibernético, Nuclear, Espacial e

Ativos de Informática), formato que permanece até hoje.

O setor de energia envolve muitos atores e diversas

vertentes e por isso foi subdividido em 12 (doze)

subgrupos. Um deles é o grupo da energia elétrica.

Segundo a entrevistada, foram realizadas muitas

reuniões, que às vezes são altamente produtivas, mas em

outras ocasiões se avança muito pouco. Para ela, não

haveria ganhos substanciais na participação do EB na

Segurança Cibernética. Ela acrescentou que a Política

Nacional de Segurança das ICN, apesar de ser

fundamental para o setor, ainda permanece em estudos

(SOUZA, 2012).

i) Auditora da Secretaria de Fiscalização em

Tecnologia da Informação (SEFTI) do Tribunal de

Contas da União (TCU): primeiramente a entrevistada

informou que o TCU realiza a fiscalização da gestão e

governança em TI. Segundo ela, o negócio da SEFTI é o

controle externo de TI na Administração Pública Federal

(APF). A missão é assegurar que a Tecnologia da

Informação agregue valor ao negócio da APF em

benefício da sociedade. Para ela, a governança envolve

políticas, normas e emprego dos recursos previstos em

orçamento e capacitação dos recursos humanos. Quanto à

Segurança da Informação, a SEFTI/TCU verifica como é

o controle, o acesso e a continuidade do negócio. Realiza

também auditorias nos sistemas de informação a fim de

certificar que os recursos federais estão sendo bem

aplicados na gestão de TI do órgão auditado. Com estas

atribuições, a SEFTI emite seus relatórios por meio dos

Acórdãos, que servem para toda a APF. Isto é positivo

para a segurança em TI, pois, com base no Acórdão

resultante de auditoria, o TCU pode determinar que a

APF adote determinadas medidas que serão elaboradas

pelo GSI-PR ou DSIC. Assim, muitas vezes, os Acórdãos

do TCU indicam a direção que as Instruções Normativas

do DSIC devem seguir. Com isto, a natureza

fiscalizadora do TCU consegue imprimir uma reação

positiva nos entes auditados, além de atuar em parceira

com o DSIC, fornecendo-lhe o respaldo para que a APF

cumpra os requisitos necessários a implementar uma

segurança cibernética eficaz. Entretanto, os entes

privados que controlam parte das ICN do setor elétrico

não são objeto de auditoria direta pelo TCU (QUEIROZ,

2012).

j) Oficial-General, Chefe do Escritório de

Projetos do Exército: de acordo com o entrevistado, um

dos fatores decisivos para a manutenção da ordem social

em Operações de Garantia da Lei e da Ordem, Operações

na Faixa de Fronteira e Defesa Nacional, está calcado na

continuidade do fornecimento dos serviços essenciais

para a sociedade. Esses serviços são providos por meio

das Infraestruturas Críticas Nacionais e desta reflexão

nasceu o Projeto PROTEGER. A força motriz do projeto

é articular um sistema integrado para a proteção das ICN.

Com isso, um dos objetivos do projeto é oferecer ao

Estado a capacidade nominal de antecipação e pronta-

resposta para a proteção das ICN e da sociedade. Neste

sentido, a capilaridade e presença do Exército Brasileiro,

com OM distribuídas em todo o território nacional,

aparece, como recurso ímpar ao Estado brasileiro, para

dispor de pessoal capacitado a implementar soluções que

vão desde a obtenção e gerenciamento das informações,

até a pronta resposta às situações de crise. Em situações

de crise, a integridade territorial, o bem estar da

sociedade e a estabilidade institucional estariam

ameaçados, sejam por causas externas ou internas,

naturais ou humanas. O incremento da capacidade de

proteção das ICN, somado aos sistemas de segurança

orgânica e de segurança pública já existentes, contribuirá

para mitigar os riscos que possam comprometer a

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

continuidade da prestação de serviços essenciais

em significativas parcelas do território nacional. A

concepção do projeto se fundamenta em quatro vetores

fundamentais: reconhecimento e diagnóstico,

identificação de necessidades, equipamento e instalações

e treinamento integrado a outros órgãos. Neste caso, a

proposta de preparo e emprego do EB estaria voltada para

ações de Garantia da Lei e da Ordem, com as

Organizações Militares recebendo Áreas e Subáreas de

Proteção Integrada, em uma divisão de responsabilidade

equivalente às atuais Áreas de Segurança Integrada. De

fato, o grande mérito do Projeto PROTEGER está em

realizar a sistematização do processo de proteção das

ICN, reduzindo os riscos sobre as ICN, fortalecendo o

Estado brasileiro, assegurando o bem-estar da sociedade

e elevando a capacidade operacional das Forças

Armadas. O desenvolvimento do setor cibernético no EB

é distinto do PROTEGER, mas interagem entre si e

acontecem de forma paralela (IASBECH, 2012).

Face ao exposto no presente capítulo, pode-se

inferir que a ampla maioria dos entrevistados é favorável

ao aumento da participação do EB na Segurança

Cibernética das ICN, desde que haja uma regulamentação

clara.

Verificou-se que a ABIN não possui um setor

específico para monitorar as ICN. Do mesmo modo,

apesar dessa Agência possuir uma metodologia própria

de Análise de Risco (ARENA), a mesma não está sendo

aplicada, de forma rotineira, na segurança das ICN.

Cabe destacar que o DSIC e a SAEI, apesar de

serem órgãos distintos dentro do GSI-PR, desempenham

papel de extrema relevância no gerenciamento da

segurança das ICN. Possivelmente, obteriam resultados

mais rápidos, caso houvesse um único setor que tratasse

do assunto no âmbito do GSI-PR. Por outro lado, o apoio

do TCU ao GSI-PR mostrou ser uma ferramenta que

concede maior peso às deliberações do GSI-PR, no que

tange à segurança cibernética.

O Projeto PROTEGER apresenta-se como uma

sistematização da segurança das ICN, o que contribuirá

para os trabalhos de Levantamento e Análise de Risco

das ICN na SAEI.

5 CONCLUSÃO

A estrutura de Inteligência do SISBIN não

mostrou ser eficaz no acompanhamento da proteção das

ICN do setor elétrico no Brasil. O próprio controle das

ICN está em desenvolvimento, tendo em vista que

levantamento de boa parcela das ICN permanece sendo

realizado pelos Grupos de Trabalho (GTSIC). A

multiplicidade de atores e a falta de um órgão com

vocação para centralizar, coordenar e fazer cumprir as

normas dificulta o progresso mais rápido dos trabalhos.

O Setor de Segurança Cibernética, capitaneado

pelo DSIC, mostrou-se bem estruturado e organizado,

conferindo uma grande eficiência na difusão da

mentalidade de segurança em TI no âmbito da APF. A

dificuldade que o DSIC possui, ao não ter ascendência

efetiva sobre os demais atores, vem sendo contornada

com o apoio do TCU, que lhe confere respaldo, com

caráter impositivo aos agentes do setor de energia

elétrica. Esta intervenção do TCU, via SEFTI, provoca

uma reação positiva nas empresas e nos órgãos da APF,

contribuindo para a melhora na qualidade da segurança

dos sistemas informatizados.

Entretanto, ficou latente, durante as entrevistas,

que há a necessidade de coordenação entre o DSIC e a

SAEI, pois ambos os setores estudam as ICN sob

perspectivas diferentes e realizam trabalhos estanques.

Uma oportunidade de melhoria seria a ativação de uma

estrutura dentro do GSI-PR que congregasse todos os

órgãos que tratam da segurança das ICN, seja segurança

física, seja segurança cibernética, pois elas não são

dissociadas.

Não obstante, há uma necessidade premente de

aprovação da Política de Segurança de ICN, para que o

Plano Nacional de Segurança de ICN possa ser colocado

em prática antes da ocorrência dos grandes eventos

mundiais previstos para o País sediar, a partir de 2012.

Page 20: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

20 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Os resultados dos questionários quantitativos

apontam também para a percepção de que, caso o SIEx

possua recursos humanos capacitados e material adequado,

poderá apoiar o acompanhamento da proteção às ICN do

setor elétrico. Na verdade, a pesquisa bibliográfica e a

entrevista com Teixeira (2012) e Fontenele (2012) indicam

que esta já é uma atribuição do SIEx e que, somente estará

sendo agregado o valor do setor cibernético, como meio de

obtenção de dados e como ambiente operacional. Ficou

bastante claro, também, que este apoio deverá ser sob

forma de cooperação, de parceria, a fim de não ferir

suscetibilidades entre as entidades. O amparo legal para

este apoio fundamenta-se na própria missão constitucional

das Forças Armadas, bem como nas diretrizes traçadas pela

Estratégia Nacional de Defesa.

A possibilidade de o setor cibernético de Defesa

apoiar a segurança das ICN do setor elétrico, ainda é

bastante incipiente, haja vista o estado embrionário o qual

se encontra o CDCiber. No entanto, já se vislumbra que,

no futuro, o CDCiber poderá tornar-se o Comando de

Defesa Cibernética do Ministério da Defesa e a partir daí

ter um alcance maior. Saliente-se que, mesmo em estágio

de implantação, o CDCiber, em 2012, passou muito bem

por seu primeiro teste, no gerenciamento da segurança

cibernética da Conferência Mundial “Rio+20”, em

parceria com órgãos públicos e privados. Verificou-se, na

prática, a integração entre setor público militar e civil e

órgãos privados direcionados para proteção cibernética,

obtendo multiplicidade nos resultados alcançados.

As vulnerabilidades existentes no setor

cibernético das ICN do setor elétrico são primordialmente

calcadas no tipo de controle automatizado que as

empresas utilizam cada vez mais. Para tanto, a segurança

dos softwares utilizados e os meios de transmissão dos

dados merece atenção especial por parte do Estado, a fim

de impedir qualquer tentativa de intrusão nos sistemas e

proteger a sociedade.

As análises de risco das ICN do setor elétrico

ainda não foram realizadas por falta de coordenação e

pela lentidão na execução dos trabalhos dos grupos

técnicos formados com esta finalidade. Paralelamente, o

não aproveitamento da metodologia ARENA

desenvolvida pela ABIN demonstra o pouco sincronismo

nas ações integradoras da SAEI com a ABIN e o DSIC.

Após a reflexão conclusiva, as propostas de ações a

serem adotadas pelas entidades responsáveis são as

seguintes:

- unificar, no âmbito do GSI-PR, em uma

Secretaria (ou similar) a coordenação dos trabalhos de

segurança das ICN, inclusive a parte de segurança

cibernética. Este órgão deveria englobar todos os demais

órgãos relacionados com o tema, com estabelecimento de

metas, a fim de permitir uma avaliação do ritmo de

desenvolvimento dos trabalhos;

- a fim de permitir a maior inserção do setor

cibernético de defesa na segurança cibernética das ICN,

poderia ser formalizado, oportunamente, um termo de

cooperação ou convênio entre o Ministério da Defesa e o

Ministério das Minas e Energia, com a concordância das

agências reguladoras. Desta maneira, o SIEx e CDCiber

teriam um instrumento legal para melhor acompanhar e

difundir as boas práticas em segurança de TI para os

agentes do setor elétrico;

- no âmbito do Ministério da Defesa, a ação de

segurança cibernética deveria ser acrescida para as Forças

Armadas, além da ação de Defesa Cibernética já prevista;

- executar exercícios simulados de Guerra

Cibernética no âmbito do MD envolvendo Comandos

Militares de Área em operações conjuntas. Em um

primeiro momento, bastaria inserir o tema cibernético nas

operações conjuntas já planejadas; e

- prosseguir na implantação do Projeto

PROTEGER, o qual permitirá um avanço significativo na

efetiva coordenação da proteção às ICN.

Devido à interdependência estabelecida entre

estas infraestruturas críticas, toda a sociedade está

exposta às ameaças de segurança. Para proteger as ICN

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

de ataques cibernéticos, o Estado deve melhor

coordenar suas ações para manter os objetivos de

segurança para as redes automatizadas de operação.

O Estado necessita adotar medidas, no curto

prazo, para acelerar o processo de Proteção das ICN,

consolidando o setor cibernético no Ministério da Defesa

e capacitando seus recursos humanos. Com o apoio do

GSI-PR, particularmente do DSIC, poderá conscientizar

os usuários de TI das ICN acerca da mentalidade de

segurança a ser incorporada. Entretanto, a unificação de

esforços é vital para dirimir eventuais morosidades

facilmente encontradas em relações tão complexas

quanto as estudadas até aqui.

Por último, é imprescindível a coordenação

eficaz da proteção das Infraestruturas Críticas Nacionais

para que o país não permaneça vulnerável a atores hostis,

cujas motivações sejam suficientes para deflagrarem um

ataque cibernético contra redes do setor elétrico,

principalmente no momento em grandes eventos

mundiais estão sendo realizados no Brasil.

REFERÊNCIASBRASIL. Conselho de Defesa Nacional. Secretaria Executiva. Portaria nº 34, de 5 de Agosto de 2009: Institui Grupo de Trabalho de Segurança das Infraestruturas Críticas da Informação, no âmbito do Comitê Gestor de Segurança da Informação – CGSI. Brasília, 2009. Disponível em <http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp? jornal=1&pagina=4&data=06/08/2009>. Acesso em: 2 jun. 2012._____. Constituição da República Federativa do Brasil 15. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. Promulgada em 05 out. 1988. Versão atualizada até as Emendas Complementares 41 e 42 de 2003.______. Ministério da Defesa. Doutrina Militar de Defesa - MD51-M-04, 2. ed. Brasília, 2007.______. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa - END, Brasília,2008. 59 p.______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Minuta de Nota de Coordenação Doutrinária ao I Seminário de Defesa Cibernética do Ministério da Defesa. Brasília, 2010._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 2.335 de 6 de Outubro de 1997: Constitui a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, autarquia sob regime especial, aprova sua Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e Funções de Confiança e dá outras providências. Brasília, 1997. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2335.HTM>. Acesso 10 junho 2012a._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 3.505, de 13 de junho de 2000: Institui a política de segurança da informação nos órgãos e entidades da administração pública federal.Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3505.htm>. Acesso em 2 junho 2012b._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos Jurídicos. Decreto nº 6540, de 13 set. 2008 – Altera o SISBIN. Disponível em < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6540.htm#art4 > Acesso em 5 maio 2012c._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 4801, de 6 ago. 2003 - Cria a Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional, do Conselho de Governo. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4801.htm> Acesso em 5 maio 2012d._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.183 de 11 de abril de 1991: Dispõe sobre a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional (CDN). Brasília, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8183.htm>. Acesso 30 maio 2012e._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Medida Provisória nº 2216-37 de 31 de Agosto de 2001: Altera dispositivos da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. Brasília, 2001. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2216-37.htm>. Acesso 3 junho 2012f._____. Presidência da República. Estrutura da Presidência. Disponível em <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/estrutura-da-presidencia>. Acesso em 18 mar 2012g._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Estrutura da ABIN. Disponível em http://www.gsi.gov.br/sobre/estrutura/abin>. Acesso em 18 Mar 2012h._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 7411, de 29 dez. 2010 – Dispõe sobre remanejamento de cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Gratificações de Exercício em Cargo de Confiança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; altera o Anexo II do Decreto no 7.063, de 13 de janeiro de 2010, e dá outras providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7411.htm > Acesso em 5 maio 2012i._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Departamento de Segurança da Informação e Comunicações. Livro verde: segurança cibernética no Brasil / Gabinete de Segurança Institucional,

Page 21: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

21EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Os resultados dos questionários quantitativos

apontam também para a percepção de que, caso o SIEx

possua recursos humanos capacitados e material adequado,

poderá apoiar o acompanhamento da proteção às ICN do

setor elétrico. Na verdade, a pesquisa bibliográfica e a

entrevista com Teixeira (2012) e Fontenele (2012) indicam

que esta já é uma atribuição do SIEx e que, somente estará

sendo agregado o valor do setor cibernético, como meio de

obtenção de dados e como ambiente operacional. Ficou

bastante claro, também, que este apoio deverá ser sob

forma de cooperação, de parceria, a fim de não ferir

suscetibilidades entre as entidades. O amparo legal para

este apoio fundamenta-se na própria missão constitucional

das Forças Armadas, bem como nas diretrizes traçadas pela

Estratégia Nacional de Defesa.

A possibilidade de o setor cibernético de Defesa

apoiar a segurança das ICN do setor elétrico, ainda é

bastante incipiente, haja vista o estado embrionário o qual

se encontra o CDCiber. No entanto, já se vislumbra que,

no futuro, o CDCiber poderá tornar-se o Comando de

Defesa Cibernética do Ministério da Defesa e a partir daí

ter um alcance maior. Saliente-se que, mesmo em estágio

de implantação, o CDCiber, em 2012, passou muito bem

por seu primeiro teste, no gerenciamento da segurança

cibernética da Conferência Mundial “Rio+20”, em

parceria com órgãos públicos e privados. Verificou-se, na

prática, a integração entre setor público militar e civil e

órgãos privados direcionados para proteção cibernética,

obtendo multiplicidade nos resultados alcançados.

As vulnerabilidades existentes no setor

cibernético das ICN do setor elétrico são primordialmente

calcadas no tipo de controle automatizado que as

empresas utilizam cada vez mais. Para tanto, a segurança

dos softwares utilizados e os meios de transmissão dos

dados merece atenção especial por parte do Estado, a fim

de impedir qualquer tentativa de intrusão nos sistemas e

proteger a sociedade.

As análises de risco das ICN do setor elétrico

ainda não foram realizadas por falta de coordenação e

pela lentidão na execução dos trabalhos dos grupos

técnicos formados com esta finalidade. Paralelamente, o

não aproveitamento da metodologia ARENA

desenvolvida pela ABIN demonstra o pouco sincronismo

nas ações integradoras da SAEI com a ABIN e o DSIC.

Após a reflexão conclusiva, as propostas de ações a

serem adotadas pelas entidades responsáveis são as

seguintes:

- unificar, no âmbito do GSI-PR, em uma

Secretaria (ou similar) a coordenação dos trabalhos de

segurança das ICN, inclusive a parte de segurança

cibernética. Este órgão deveria englobar todos os demais

órgãos relacionados com o tema, com estabelecimento de

metas, a fim de permitir uma avaliação do ritmo de

desenvolvimento dos trabalhos;

- a fim de permitir a maior inserção do setor

cibernético de defesa na segurança cibernética das ICN,

poderia ser formalizado, oportunamente, um termo de

cooperação ou convênio entre o Ministério da Defesa e o

Ministério das Minas e Energia, com a concordância das

agências reguladoras. Desta maneira, o SIEx e CDCiber

teriam um instrumento legal para melhor acompanhar e

difundir as boas práticas em segurança de TI para os

agentes do setor elétrico;

- no âmbito do Ministério da Defesa, a ação de

segurança cibernética deveria ser acrescida para as Forças

Armadas, além da ação de Defesa Cibernética já prevista;

- executar exercícios simulados de Guerra

Cibernética no âmbito do MD envolvendo Comandos

Militares de Área em operações conjuntas. Em um

primeiro momento, bastaria inserir o tema cibernético nas

operações conjuntas já planejadas; e

- prosseguir na implantação do Projeto

PROTEGER, o qual permitirá um avanço significativo na

efetiva coordenação da proteção às ICN.

Devido à interdependência estabelecida entre

estas infraestruturas críticas, toda a sociedade está

exposta às ameaças de segurança. Para proteger as ICN

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

de ataques cibernéticos, o Estado deve melhor

coordenar suas ações para manter os objetivos de

segurança para as redes automatizadas de operação.

O Estado necessita adotar medidas, no curto

prazo, para acelerar o processo de Proteção das ICN,

consolidando o setor cibernético no Ministério da Defesa

e capacitando seus recursos humanos. Com o apoio do

GSI-PR, particularmente do DSIC, poderá conscientizar

os usuários de TI das ICN acerca da mentalidade de

segurança a ser incorporada. Entretanto, a unificação de

esforços é vital para dirimir eventuais morosidades

facilmente encontradas em relações tão complexas

quanto as estudadas até aqui.

Por último, é imprescindível a coordenação

eficaz da proteção das Infraestruturas Críticas Nacionais

para que o país não permaneça vulnerável a atores hostis,

cujas motivações sejam suficientes para deflagrarem um

ataque cibernético contra redes do setor elétrico,

principalmente no momento em grandes eventos

mundiais estão sendo realizados no Brasil.

REFERÊNCIASBRASIL. Conselho de Defesa Nacional. Secretaria Executiva. Portaria nº 34, de 5 de Agosto de 2009: Institui Grupo de Trabalho de Segurança das Infraestruturas Críticas da Informação, no âmbito do Comitê Gestor de Segurança da Informação – CGSI. Brasília, 2009. Disponível em <http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp? jornal=1&pagina=4&data=06/08/2009>. Acesso em: 2 jun. 2012._____. Constituição da República Federativa do Brasil 15. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. Promulgada em 05 out. 1988. Versão atualizada até as Emendas Complementares 41 e 42 de 2003.______. Ministério da Defesa. Doutrina Militar de Defesa - MD51-M-04, 2. ed. Brasília, 2007.______. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa - END, Brasília,2008. 59 p.______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Minuta de Nota de Coordenação Doutrinária ao I Seminário de Defesa Cibernética do Ministério da Defesa. Brasília, 2010._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 2.335 de 6 de Outubro de 1997: Constitui a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, autarquia sob regime especial, aprova sua Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e Funções de Confiança e dá outras providências. Brasília, 1997. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2335.HTM>. Acesso 10 junho 2012a._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 3.505, de 13 de junho de 2000: Institui a política de segurança da informação nos órgãos e entidades da administração pública federal.Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3505.htm>. Acesso em 2 junho 2012b._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos Jurídicos. Decreto nº 6540, de 13 set. 2008 – Altera o SISBIN. Disponível em < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6540.htm#art4 > Acesso em 5 maio 2012c._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 4801, de 6 ago. 2003 - Cria a Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional, do Conselho de Governo. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4801.htm> Acesso em 5 maio 2012d._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.183 de 11 de abril de 1991: Dispõe sobre a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional (CDN). Brasília, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8183.htm>. Acesso 30 maio 2012e._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Medida Provisória nº 2216-37 de 31 de Agosto de 2001: Altera dispositivos da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. Brasília, 2001. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2216-37.htm>. Acesso 3 junho 2012f._____. Presidência da República. Estrutura da Presidência. Disponível em <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/estrutura-da-presidencia>. Acesso em 18 mar 2012g._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Estrutura da ABIN. Disponível em http://www.gsi.gov.br/sobre/estrutura/abin>. Acesso em 18 Mar 2012h._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 7411, de 29 dez. 2010 – Dispõe sobre remanejamento de cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Gratificações de Exercício em Cargo de Confiança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; altera o Anexo II do Decreto no 7.063, de 13 de janeiro de 2010, e dá outras providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7411.htm > Acesso em 5 maio 2012i._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Departamento de Segurança da Informação e Comunicações. Livro verde: segurança cibernética no Brasil / Gabinete de Segurança Institucional,

Page 22: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

22 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Departamento de Segurança da Informação e Comunicações; Claudia Canongia e Raphael Mandarino Junior (Org.) – Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010. 63 p._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Departamento de Segurança da Informação e Comunicações. Guia de Referência para Segurança da Informação e Comunicações/ Gabinete de Segurança Institucional, Departamento de Segurança da Informação e Comunicações; organização Claudia Canongia, Admílson Gonçalves Júnior e Raphael Mandarino Júnior. – Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010 (b). 151 p.BRANQUINHO, Marcelo. O uso de padrões abertos para proteção de sistemas SCADA e de automação. Palestra. Nov 2011. Rio de Janeiro.CANONGIA, Cláudia; MANDARINO Jr, Raphael. Segurança Cibernética: o Desafio da Nova Sociedade da Informação. Revista Parcerias Estratégicas.Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) no Ministério da Ciência e Tecnologia, dez. 2009, V. 14, n. 29, P 21-46. ISSN 1413-9375. CANONGIA, Cláudia. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.CARNEIRO, João Marinonio Enke. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.CARMO, E. K. A Guerra Cibernética e a Contrainteligência Virtual. [S.I.] set. 2011. Monografia de Conclusão de Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (Especialização). Escola Superior de Guerra. Rio de Janeiro, 2011CARVALHO, Paulo Sergio Melo de. A Defesa Cibernética e as Infraestruturas Críticas Nacionais. Artigo Científico. Brasília, 2011. 20 f.CARVALHO, Paulo Sergio Melo de. O Setor Cibernético nas Forças Armadas Brasileiras. Desafios Estratégicos para a Segurança e Defesa Cibernética.Anais. Brasília, 2011b. P. 13-36.CLARKE, Richard A; KNAKE, Robert K. Cyberwar: the next threat to national security and what to do about it. New York, USA: Harper Collins, 2010, 290 p, ISBN 978-0-06-196223-3.COUTINHO, Maurílio Pereira. Detecção de Ataques em Infraestruturas Críticas de Sistemas Elétricos em Potência usando técnicas inteligentes. Tese de Doutorado. Out. 2007. Universidade Federal de Itajubá, MG. 259 fl.DARTORA, Jurandir; FRANÇA, Amauri Terres. Integração de sistemas digitais para teleoperação de usinas. 3º Simpósio de Especialistas em Operação de Centrais hidrelétricas. Nov. 2002. Foz do Iguaçu, PR.DEMETERCO, Fernando Antônio. Segurança das Infraestruturas Críticas. In: Ciclo de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 10. 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ECEME, 2011. 18 p. DEMETERCO, Fernando Antônio. Segurança das Infraestruturas Críticas. In: Ciclo de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 10. 2011, Rio de Janeiro. Palestra. Disponível em: <http://www.eceme.ensino.eb.br/ciclodeestudosestrategicos/index.php/CEE/XCEE/paper/download/2/5> Acesso em: 10 jun. 2012.DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES DO GSIPR. Instrução Normativa GSI No. 1, de 13 de junho de 2008: Disciplina a gestão de segurança da informação e comunicações na administração pública federal, direta e indireta, e dá outras providências. Brasília, junho 2008. Publicada no DOU No. 115, de 18 Jun 2008 – Seção 1. Disponível em: <http://dsic.planalto.gov.br/legislacaodsic>. Acesso em: 12 mar. 2012.DINIZ, Eugenio. CONSIDERAÇÕES SOBRE A POSSIBILIDADE DE ATENTADOS TERRORISTAS NO BRASIL - II ENCONTRO DE ESTUDOS TERRORISMO - Brasília Julho – 2004. II Encontro de Estudos: Terrorismo. – Brasília: Gabinete de Segurança Institucional; Secretaria de Acompanhamento e Estudos Institucionais, 2004. 123p. (Pg 15-46) DO CARMO, Euzimar Knippel. O Sistema de Defesa Cibernético Brasileiro – Uma Proposta – Brasília: O autor, 2011. 120 p.; Ilustrado; 25 cm. Monografia (especialização) – Universidade de Brasília. Instituto de Ciências Exatas. Departamento de Ciência da Computação, 2011.ENTREVISTA com o Cyberczar brasileiro. Revista Galileu. Disponível em < http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87000-7833-216,00-ENTREVISTA+ COM+O+CYBERCZAR+BRASILEIRO.html> Acesso em 14 jun. 2012.ELETROBRAS. O papel da Eletrobras. Disponível em < http://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS641DB632PTBRIE.htm> Acesso em: 14 jun. 2012a.

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MANDARINO JR, Raphael. Segurança e Defesa do Espaço Cibernético Brasileiro. Recife: Cubzac, 2010. 182 p. il. ISBN: 978-85-61293-13-0.MENDES, Gualter Carvalho. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.OLIVEIRA, Luiz Guilherme de. Tendências Tecnológicas do Setor Elétrico. Inovação tecnológica no setor elétrico brasileiro: uma avaliação do programa de P&D regulado pela Aneel. Fabiano Mezadre Pompermayer, Fernanda De Negri, Luiz Ricardo Cavalcante (Org.), Brasília: Ipea, p. 55 - 87, 2011. Disponível em < http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_inovacatecnologica.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012. OLIVEIRA, João Roberto de. Sistema de Segurança e Defesa Cibernética Nacional: Abordagem com Foco nas Atividades Relacionadas com a Defesa Nacional. Desafios estratégicos para segurança e defesa cibernética. Otávio Santana Rêgo Barros, Ulisses de Mesquita Gomes e Whitney Lacerda de Freitas (Org.), Brasília: Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2011. P. 105-128. ISBN 978-85-85142-32-2.QUEIROZ, Roberta. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.SÁ, Nelson de. General detalha implantação do Centro de Defesa Cibernética, novo órgão brasileiro. 7 maio 2012. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/tec/1085498-general-detalha-implantacao-do-centro-de-defesa-cibernetica-novo-orgao-brasileiro.shtml> Acesso em: 12 maio 2012.SILVA, Pedro Jorge S. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.SOUZA, Regina Maria de Felice. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.TEIXEIRA, Carlos Augusto Ramires. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.TRIBUNAL, de Contas da União. Organização. Disponível em < http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/institucional/conheca_tcu/institucional_competencias> Acesso em: 9 jun. 2012.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ALEXANDRE FERNANDES LOBO NOGUEIRA3

1 INTRODUÇÃO

A Guerra Cibernética é tema ainda pouco

conhecido, mas ações cibernéticas já são evidentes em

conflitos recentes. Efeitos valiosos dessa dimensão

virtual têm motivado pesquisas e estudos sobre o assunto,

embora a experiência das lições práticas ainda sejam

insipientes.

As redes e os computadores hospedam volume de

dados e informações que correspondem a quase 48 GB

por habitante da Terra (CARR,2011). Além dos dados, os

sistemas críticos que controlam as atividades principais

3Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro,

Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas negras (AMAN),Graduado em Engenharia da Computação pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).

da humanidade estão baseados em computadores

interconectados e, muitos deles, interligados às redes

mundiais. Nesse ponto está a causa raiz da grande

vulnerabilidade promovida pelo ambiente cibernético.

Conforme Alvim e Heidi Toffler (1995), o Conhecimento

e a Informação são componentes de desequilíbrio na

competição universal desde o final do século XX.

A ligação exponencial de redes e computadores

cria um ambiente computacional de múltiplas

possibilidades. O espaço multidimensional das redes

interconectadas é de difícil controle, sendo favorável à

dissimulação e ao anonimato, permeado de

vulnerabilidades. Por isso, o domínio cibernético

possibilita atos ofensivos inteligentemente arquitetados,

sem que os agressores sejam facilmente identificados ou

responsabilizados.

RESUMO

As inovações na computação e nas infraestruturas de redes do mundo conectado possibilitam o emprego de forças

em conflitos conhecidos como Guerra Cibernética. Esse novo domínio permite que ocorram confrontos que podem se

refletir na dimensão virtual e no mundo real.

Esse cenário impõe mudanças de conceitos, legislações, doutrinas e forma de combater. Entre os

aperfeiçoamentos necessários encontra-se o Sistema Operacional Inteligência. Esse trabalho estuda a Inteligência

Cibernética no cenário e frente aos atores virtuais, onde a antecipação, a previsão e o direcionamento preciso da

Inteligência será fator de desequilíbrio.

Os principais casos recentes de conflitos cibernéticos são estudados para identificar as atuações da Inteligência,

buscando-se novos parâmetros que possam ser adicionados à Doutrina de Inteligência. As capacidades da Inteligência

Cibernética são analisadas, indicando-se referenciais para preparação dos recursos humanos para o contexto da Análise de

Inteligência Cibernética. Como resultados, são elaboradas propostas de fluxos de dados para a Inteligência Cibernética,

modelos de sumário de informações cibernéticas, atribuições para órgãos que atuam nesse segmento no Exército,

indicações de competências para os Analistas de Inteligência Cibernética e Repertório de Conhecimentos Necessários.

A INTELIGÊNCIA MILITAR NA DEFESA CIBERNÉTICA: UM ESTUDO SOBRE AS POSSIBLIDADES DE APOIO DA INTELIGÊNCIA AOS PLANEJAMENTOS DAS

AÇÕES DE DEFESA CIBERNÉTICA

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

23EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Departamento de Segurança da Informação e Comunicações; Claudia Canongia e Raphael Mandarino Junior (Org.) – Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010. 63 p._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Departamento de Segurança da Informação e Comunicações. Guia de Referência para Segurança da Informação e Comunicações/ Gabinete de Segurança Institucional, Departamento de Segurança da Informação e Comunicações; organização Claudia Canongia, Admílson Gonçalves Júnior e Raphael Mandarino Júnior. – Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010 (b). 151 p.BRANQUINHO, Marcelo. O uso de padrões abertos para proteção de sistemas SCADA e de automação. Palestra. Nov 2011. Rio de Janeiro.CANONGIA, Cláudia; MANDARINO Jr, Raphael. Segurança Cibernética: o Desafio da Nova Sociedade da Informação. Revista Parcerias Estratégicas.Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) no Ministério da Ciência e Tecnologia, dez. 2009, V. 14, n. 29, P 21-46. ISSN 1413-9375. CANONGIA, Cláudia. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.CARNEIRO, João Marinonio Enke. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.CARMO, E. K. A Guerra Cibernética e a Contrainteligência Virtual. [S.I.] set. 2011. Monografia de Conclusão de Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (Especialização). Escola Superior de Guerra. Rio de Janeiro, 2011CARVALHO, Paulo Sergio Melo de. A Defesa Cibernética e as Infraestruturas Críticas Nacionais. Artigo Científico. Brasília, 2011. 20 f.CARVALHO, Paulo Sergio Melo de. O Setor Cibernético nas Forças Armadas Brasileiras. Desafios Estratégicos para a Segurança e Defesa Cibernética.Anais. Brasília, 2011b. P. 13-36.CLARKE, Richard A; KNAKE, Robert K. Cyberwar: the next threat to national security and what to do about it. New York, USA: Harper Collins, 2010, 290 p, ISBN 978-0-06-196223-3.COUTINHO, Maurílio Pereira. Detecção de Ataques em Infraestruturas Críticas de Sistemas Elétricos em Potência usando técnicas inteligentes. Tese de Doutorado. Out. 2007. Universidade Federal de Itajubá, MG. 259 fl.DARTORA, Jurandir; FRANÇA, Amauri Terres. Integração de sistemas digitais para teleoperação de usinas. 3º Simpósio de Especialistas em Operação de Centrais hidrelétricas. Nov. 2002. Foz do Iguaçu, PR.DEMETERCO, Fernando Antônio. Segurança das Infraestruturas Críticas. In: Ciclo de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 10. 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ECEME, 2011. 18 p. DEMETERCO, Fernando Antônio. Segurança das Infraestruturas Críticas. In: Ciclo de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 10. 2011, Rio de Janeiro. Palestra. Disponível em: <http://www.eceme.ensino.eb.br/ciclodeestudosestrategicos/index.php/CEE/XCEE/paper/download/2/5> Acesso em: 10 jun. 2012.DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES DO GSIPR. Instrução Normativa GSI No. 1, de 13 de junho de 2008: Disciplina a gestão de segurança da informação e comunicações na administração pública federal, direta e indireta, e dá outras providências. Brasília, junho 2008. Publicada no DOU No. 115, de 18 Jun 2008 – Seção 1. Disponível em: <http://dsic.planalto.gov.br/legislacaodsic>. Acesso em: 12 mar. 2012.DINIZ, Eugenio. CONSIDERAÇÕES SOBRE A POSSIBILIDADE DE ATENTADOS TERRORISTAS NO BRASIL - II ENCONTRO DE ESTUDOS TERRORISMO - Brasília Julho – 2004. II Encontro de Estudos: Terrorismo. – Brasília: Gabinete de Segurança Institucional; Secretaria de Acompanhamento e Estudos Institucionais, 2004. 123p. (Pg 15-46) DO CARMO, Euzimar Knippel. O Sistema de Defesa Cibernético Brasileiro – Uma Proposta – Brasília: O autor, 2011. 120 p.; Ilustrado; 25 cm. Monografia (especialização) – Universidade de Brasília. Instituto de Ciências Exatas. Departamento de Ciência da Computação, 2011.ENTREVISTA com o Cyberczar brasileiro. Revista Galileu. Disponível em < http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87000-7833-216,00-ENTREVISTA+ COM+O+CYBERCZAR+BRASILEIRO.html> Acesso em 14 jun. 2012.ELETROBRAS. O papel da Eletrobras. Disponível em < http://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS641DB632PTBRIE.htm> Acesso em: 14 jun. 2012a.

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ALEXANDRE FERNANDES LOBO NOGUEIRA3

1 INTRODUÇÃO

A Guerra Cibernética é tema ainda pouco

conhecido, mas ações cibernéticas já são evidentes em

conflitos recentes. Efeitos valiosos dessa dimensão

virtual têm motivado pesquisas e estudos sobre o assunto,

embora a experiência das lições práticas ainda sejam

insipientes.

As redes e os computadores hospedam volume de

dados e informações que correspondem a quase 48 GB

por habitante da Terra (CARR,2011). Além dos dados, os

sistemas críticos que controlam as atividades principais

3Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro,

Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas negras (AMAN),Graduado em Engenharia da Computação pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).

da humanidade estão baseados em computadores

interconectados e, muitos deles, interligados às redes

mundiais. Nesse ponto está a causa raiz da grande

vulnerabilidade promovida pelo ambiente cibernético.

Conforme Alvim e Heidi Toffler (1995), o Conhecimento

e a Informação são componentes de desequilíbrio na

competição universal desde o final do século XX.

A ligação exponencial de redes e computadores

cria um ambiente computacional de múltiplas

possibilidades. O espaço multidimensional das redes

interconectadas é de difícil controle, sendo favorável à

dissimulação e ao anonimato, permeado de

vulnerabilidades. Por isso, o domínio cibernético

possibilita atos ofensivos inteligentemente arquitetados,

sem que os agressores sejam facilmente identificados ou

responsabilizados.

RESUMO

As inovações na computação e nas infraestruturas de redes do mundo conectado possibilitam o emprego de forças

em conflitos conhecidos como Guerra Cibernética. Esse novo domínio permite que ocorram confrontos que podem se

refletir na dimensão virtual e no mundo real.

Esse cenário impõe mudanças de conceitos, legislações, doutrinas e forma de combater. Entre os

aperfeiçoamentos necessários encontra-se o Sistema Operacional Inteligência. Esse trabalho estuda a Inteligência

Cibernética no cenário e frente aos atores virtuais, onde a antecipação, a previsão e o direcionamento preciso da

Inteligência será fator de desequilíbrio.

Os principais casos recentes de conflitos cibernéticos são estudados para identificar as atuações da Inteligência,

buscando-se novos parâmetros que possam ser adicionados à Doutrina de Inteligência. As capacidades da Inteligência

Cibernética são analisadas, indicando-se referenciais para preparação dos recursos humanos para o contexto da Análise de

Inteligência Cibernética. Como resultados, são elaboradas propostas de fluxos de dados para a Inteligência Cibernética,

modelos de sumário de informações cibernéticas, atribuições para órgãos que atuam nesse segmento no Exército,

indicações de competências para os Analistas de Inteligência Cibernética e Repertório de Conhecimentos Necessários.

A INTELIGÊNCIA MILITAR NA DEFESA CIBERNÉTICA: UM ESTUDO SOBRE AS POSSIBLIDADES DE APOIO DA INTELIGÊNCIA AOS PLANEJAMENTOS DAS

AÇÕES DE DEFESA CIBERNÉTICA

Page 24: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

24 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

De fato, é possível superar barreiras de

segurança e causar efeitos danosos no mundo real por meio

de ações computacionais remotas pela rede mundial. A alta

dependência da Tecnologia da Informação (TI) no mundo

moderno torna organizações e Nações suscetíveis à ataques

cibernéticos que podem provocar graves efeitos reais, danos e

prejuízos incalculáveis.

De forma assimétrica, um inimigo com poder

militar inferior poderá empregar, oportunamente,

ferramentas computacionais que venham a atingir alvos

estratégicos, afetando profundamente um oponente de

capacidade superior no campo de batalha.

Desde o início do século XXI, as informações

mais poderosas do mundo estão concentradas nas redes

de computadores de cerca de 50 a 60 países (BEER,

2002). Ao atingir informações sensíveis ou sistemas

críticos, um hacker4 poderá bloquear o trânsito de

cidades, afetar o sistema de controle de tráfego e até

suspender o fornecimento de água e energia.

Operadores computacionais experientes e mal

intencionados que causam danos por meio de computadores.

Conforme o Livro Verde de Segurança

Cibernética (BRASIL, 2010b), esse tema vem se

tornando, cada vez mais, uma função estratégica de

Estado. Logo, é interessante aprofundar o conhecimento

sobre esse novo ramo dos conflitos modernos, identificar

suas características e estabelecer doutrinas de emprego.

Por meio de ampla reflexão, pode-se perceber

que o tempo e a oportunidade serão fatores decisivos no

espaço cibernético, especialmente no planejamento das

ações no cenário assimétrico.

Saber, conhecer e avaliar os movimentos do

oponente cibernético, antes de suas ações, será

imprescindível. Haverá sempre intervalo muito pequeno

para agir e menos tempo ainda para decidir. Por isso, a

atuação da Inteligência surge como fator de grande

importância para promover conhecimentos que conduzam

a decisões acertadas e a resultados eficazes.

4 Operadores computacionais experientes e mal intencionados que causam danos por meio de computadores.

No espaço cibernético não há fronteiras definidas

e nem linha nítida que segmente cada um dos agentes,

independente do país ou nação. Baseado nesse

pressuposto, é relevante conhecer os aspectos que

compõem esses conflitos, identificando os tipos de atores

e as origens de suas ações.

A partir dessa percepção, justifica-se estudar

como levantar, obter e tratar informações sobre as ações

dos adversários no ambiente cibernético. A pesquisa das

formas de emprego da Inteligência no domínio virtual

levará a aperfeiçoamentos que adequem suas operações

para a obtenção de informações de valor e de relevância

para ações cibernéticas.

Esses conhecimentos poderão promover

desequilíbrio se forem apropriadamente manipulados.

Fundamentado nesses aspectos, esse artigo se

propõe a discutir alguns temas relacionados aos Conflitos

Cibernéticos, investigando como será possível empregar

as ações de Inteligência em proveito dos melhores

planejamentos da Defesa Cibernética.

Adicionalmente, esse estudo busca discutir

aspectos da obtenção de dados vocacionados para

produzir conhecimentos adequados ao contexto da

Defesa Cibernética.

Assim, a problemática proposta para a

investigação depara-se no seguinte questionamento: de

que modo a Inteligência Militar poderá ser empregada

para contribuir com informações e conhecimentos

específicos para apoio aos planejamentos de ações de

Defesa Cibernética?

É dentro desses domínios que esse artigo propõe-

se a refletir sobre esse problema, frente aos conceitos da

Inteligência Militar, integrando-os aos aspectos dos

conflitos cibernéticos modernos.

2 O EXÉRCITO E A DEFESA CIBERNÉTICA“Ministério da Defesa criou, por meio do Comando do Exército, o Centro de Defesa Cibernética. Sua missão é aprofundar o estudo de ameaças, estabelecer a doutrina nacional sobre o tema e aperfeiçoar os meios de defesa contra essas ameaças(...)”

Celso Amorim – Ministro de Estado da Defesa, 2012.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Pela Estratégia Nacional de Defesa (END), o

Brasil definiu que o Setor Cibernético é estratégico e

precisa ser estruturado para compor o circuito da Defesa

Nacional. O Exército Brasileiro, como os demais grandes

exércitos do mundo, está inserido no desafio de

desenvolver o Setor Cibernético (BRASIL, 2008). Como

visto anteriormente, a Inteligência será componente

importante nesse segmento.

O Setor Cibernético foi criado no Exército

Brasileiro (EB) em 2009 e sua implantação iniciou-se em

2010, sendo concretizado a partir da criação do Núcleo

do Centro de Defesa Cibernética (C D Ciber) (BRASIL,

2010a). O Processo de Transformação do Exército

iniciou-se na década de 2010, sendo etapa adequada para

aperfeiçoamentos em vários setores. As medidas de

aperfeiçoamento do segmento de Inteligência Militar,

certamente, contemplarão inserções doutrinárias que irão

direcionar o emprego na produção de conhecimentos

específicos para a Defesa Cibernética.

Esse conjunto de estrutura e processo possibilita

ao EB vincular o componente da Inteligência ao escopo

do contexto cibernético. Conhecer o oponente e suas

ações será fundamental em cenário de conflito virtual. Do

mesmo modo que no domínio convencional, a

informação oportuna, relevante e devidamente tratada

será fator de sucesso para ações eficientes de ataque ou

de defesa no domínio cibernético.

O estudo da Inteligência Militar no EB e o

aprofundamento nos aspectos atinentes aos conflitos

cibernéticos poderão promover o desenvolvimento de

novos processos de produção de conhecimentos

específicos para os planejamentos das ações cibernéticas.

Essa discussão busca inferir possíveis formas de emprego

da Inteligência em confronto cibernético.

Estudar esse domínio é importante para qualquer

exército do mundo e no caso do Exército Brasileiro,

torna-se ainda mais relevante por sua responsabilidade

com respeito ao Setor Cibernético.

A END promoveu uma sequência de

desdobramentos no sentido da organização da estrutura

de Defesa Cibernética no Brasil. No entanto, há

segmentos que ainda faltam ser definidos e padronizados.

Entre esses, encontra-se o segmento da Inteligência,

demandando aperfeiçoamentos para a sua atuação no

ambiente operacional cibernético.

Ainda não há doutrina definida para o emprego

da Inteligência no escopo dos conflitos cibernéticos.

Assim, é necessário empreender estudos e pesquisas para

avaliação das ações de Inteligência adequadas para

levantar, identificar, avaliar e qualificar informações no

ambiente cibernético. Esse trabalho propõe-se a

contribuir com esse segmento. Convém notar que a

Diretriz Geral do Cmt EB para 2011-2014 determina

"aperfeiçoar a doutrina de Inteligência Militar" e

"aperfeiçoar o Sistema de Inteligência do Exército",

buscando "aproveitamento das capacidades a serem

adquiridas com o advento de Macroprojetos da Força, em

especial (…) o Setor Cibernético (...)"(BRASIL, 2011a,

p. 21). A partir do estudo dessa Diretriz, pode-se

interpretar que a intenção do Comandante do Exército, no

que diz respeito aos temas Inteligência e Setor

Cibernético, determina que se adotem ações para

conduzir adaptações e aperfeiçoamentos que permitam

integrar a Inteligência Militar ao contexto do Setor

Cibernético.

Portanto, é importante discutir amplamente o

tema e buscar conclusões que visem a contribuir com

aspectos que induzam ao aperfeiçoamento do Sistema de

Inteligência do Exército (SIEx), apresentando inovações

que possam embasar estudos voltados para sua adequação

aos novos cenários em contexto cibernético.

3 DISCUSSÕES CONCEITUAIS E DOUTRINÁRIAS

Desde os primórdios das civilizações, a evolução

foi marcada por eventos sucessivos de Guerra e Paz. A

utilização de artefatos bélicos, construídos com

tecnologia elevada para as diversas épocas, aprimoraram

as armas dos exércitos nos conflitos.

Nesse início de Século XXI, as nações convivem

globalmente interligadas, interdependentes, com

Page 25: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

25EsIMEx - 2º Semestre de 2012

De fato, é possível superar barreiras de

segurança e causar efeitos danosos no mundo real por meio

de ações computacionais remotas pela rede mundial. A alta

dependência da Tecnologia da Informação (TI) no mundo

moderno torna organizações e Nações suscetíveis à ataques

cibernéticos que podem provocar graves efeitos reais, danos e

prejuízos incalculáveis.

De forma assimétrica, um inimigo com poder

militar inferior poderá empregar, oportunamente,

ferramentas computacionais que venham a atingir alvos

estratégicos, afetando profundamente um oponente de

capacidade superior no campo de batalha.

Desde o início do século XXI, as informações

mais poderosas do mundo estão concentradas nas redes

de computadores de cerca de 50 a 60 países (BEER,

2002). Ao atingir informações sensíveis ou sistemas

críticos, um hacker4 poderá bloquear o trânsito de

cidades, afetar o sistema de controle de tráfego e até

suspender o fornecimento de água e energia.

Operadores computacionais experientes e mal

intencionados que causam danos por meio de computadores.

Conforme o Livro Verde de Segurança

Cibernética (BRASIL, 2010b), esse tema vem se

tornando, cada vez mais, uma função estratégica de

Estado. Logo, é interessante aprofundar o conhecimento

sobre esse novo ramo dos conflitos modernos, identificar

suas características e estabelecer doutrinas de emprego.

Por meio de ampla reflexão, pode-se perceber

que o tempo e a oportunidade serão fatores decisivos no

espaço cibernético, especialmente no planejamento das

ações no cenário assimétrico.

Saber, conhecer e avaliar os movimentos do

oponente cibernético, antes de suas ações, será

imprescindível. Haverá sempre intervalo muito pequeno

para agir e menos tempo ainda para decidir. Por isso, a

atuação da Inteligência surge como fator de grande

importância para promover conhecimentos que conduzam

a decisões acertadas e a resultados eficazes.

4 Operadores computacionais experientes e mal intencionados que causam danos por meio de computadores.

No espaço cibernético não há fronteiras definidas

e nem linha nítida que segmente cada um dos agentes,

independente do país ou nação. Baseado nesse

pressuposto, é relevante conhecer os aspectos que

compõem esses conflitos, identificando os tipos de atores

e as origens de suas ações.

A partir dessa percepção, justifica-se estudar

como levantar, obter e tratar informações sobre as ações

dos adversários no ambiente cibernético. A pesquisa das

formas de emprego da Inteligência no domínio virtual

levará a aperfeiçoamentos que adequem suas operações

para a obtenção de informações de valor e de relevância

para ações cibernéticas.

Esses conhecimentos poderão promover

desequilíbrio se forem apropriadamente manipulados.

Fundamentado nesses aspectos, esse artigo se

propõe a discutir alguns temas relacionados aos Conflitos

Cibernéticos, investigando como será possível empregar

as ações de Inteligência em proveito dos melhores

planejamentos da Defesa Cibernética.

Adicionalmente, esse estudo busca discutir

aspectos da obtenção de dados vocacionados para

produzir conhecimentos adequados ao contexto da

Defesa Cibernética.

Assim, a problemática proposta para a

investigação depara-se no seguinte questionamento: de

que modo a Inteligência Militar poderá ser empregada

para contribuir com informações e conhecimentos

específicos para apoio aos planejamentos de ações de

Defesa Cibernética?

É dentro desses domínios que esse artigo propõe-

se a refletir sobre esse problema, frente aos conceitos da

Inteligência Militar, integrando-os aos aspectos dos

conflitos cibernéticos modernos.

2 O EXÉRCITO E A DEFESA CIBERNÉTICA“Ministério da Defesa criou, por meio do Comando do Exército, o Centro de Defesa Cibernética. Sua missão é aprofundar o estudo de ameaças, estabelecer a doutrina nacional sobre o tema e aperfeiçoar os meios de defesa contra essas ameaças(...)”

Celso Amorim – Ministro de Estado da Defesa, 2012.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Pela Estratégia Nacional de Defesa (END), o

Brasil definiu que o Setor Cibernético é estratégico e

precisa ser estruturado para compor o circuito da Defesa

Nacional. O Exército Brasileiro, como os demais grandes

exércitos do mundo, está inserido no desafio de

desenvolver o Setor Cibernético (BRASIL, 2008). Como

visto anteriormente, a Inteligência será componente

importante nesse segmento.

O Setor Cibernético foi criado no Exército

Brasileiro (EB) em 2009 e sua implantação iniciou-se em

2010, sendo concretizado a partir da criação do Núcleo

do Centro de Defesa Cibernética (C D Ciber) (BRASIL,

2010a). O Processo de Transformação do Exército

iniciou-se na década de 2010, sendo etapa adequada para

aperfeiçoamentos em vários setores. As medidas de

aperfeiçoamento do segmento de Inteligência Militar,

certamente, contemplarão inserções doutrinárias que irão

direcionar o emprego na produção de conhecimentos

específicos para a Defesa Cibernética.

Esse conjunto de estrutura e processo possibilita

ao EB vincular o componente da Inteligência ao escopo

do contexto cibernético. Conhecer o oponente e suas

ações será fundamental em cenário de conflito virtual. Do

mesmo modo que no domínio convencional, a

informação oportuna, relevante e devidamente tratada

será fator de sucesso para ações eficientes de ataque ou

de defesa no domínio cibernético.

O estudo da Inteligência Militar no EB e o

aprofundamento nos aspectos atinentes aos conflitos

cibernéticos poderão promover o desenvolvimento de

novos processos de produção de conhecimentos

específicos para os planejamentos das ações cibernéticas.

Essa discussão busca inferir possíveis formas de emprego

da Inteligência em confronto cibernético.

Estudar esse domínio é importante para qualquer

exército do mundo e no caso do Exército Brasileiro,

torna-se ainda mais relevante por sua responsabilidade

com respeito ao Setor Cibernético.

A END promoveu uma sequência de

desdobramentos no sentido da organização da estrutura

de Defesa Cibernética no Brasil. No entanto, há

segmentos que ainda faltam ser definidos e padronizados.

Entre esses, encontra-se o segmento da Inteligência,

demandando aperfeiçoamentos para a sua atuação no

ambiente operacional cibernético.

Ainda não há doutrina definida para o emprego

da Inteligência no escopo dos conflitos cibernéticos.

Assim, é necessário empreender estudos e pesquisas para

avaliação das ações de Inteligência adequadas para

levantar, identificar, avaliar e qualificar informações no

ambiente cibernético. Esse trabalho propõe-se a

contribuir com esse segmento. Convém notar que a

Diretriz Geral do Cmt EB para 2011-2014 determina

"aperfeiçoar a doutrina de Inteligência Militar" e

"aperfeiçoar o Sistema de Inteligência do Exército",

buscando "aproveitamento das capacidades a serem

adquiridas com o advento de Macroprojetos da Força, em

especial (…) o Setor Cibernético (...)"(BRASIL, 2011a,

p. 21). A partir do estudo dessa Diretriz, pode-se

interpretar que a intenção do Comandante do Exército, no

que diz respeito aos temas Inteligência e Setor

Cibernético, determina que se adotem ações para

conduzir adaptações e aperfeiçoamentos que permitam

integrar a Inteligência Militar ao contexto do Setor

Cibernético.

Portanto, é importante discutir amplamente o

tema e buscar conclusões que visem a contribuir com

aspectos que induzam ao aperfeiçoamento do Sistema de

Inteligência do Exército (SIEx), apresentando inovações

que possam embasar estudos voltados para sua adequação

aos novos cenários em contexto cibernético.

3 DISCUSSÕES CONCEITUAIS E DOUTRINÁRIAS

Desde os primórdios das civilizações, a evolução

foi marcada por eventos sucessivos de Guerra e Paz. A

utilização de artefatos bélicos, construídos com

tecnologia elevada para as diversas épocas, aprimoraram

as armas dos exércitos nos conflitos.

Nesse início de Século XXI, as nações convivem

globalmente interligadas, interdependentes, com

Page 26: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

26 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

empresas transnacionais e com sistemas

computacionais vinculados. É um ambiente no qual

Guerra Cibernética aparece como uma nova dimensão

dos confrontos entre Estados. Na prática, cria-se um

paradoxo: se por um lado a informatização dos processos

vem se mostrando uma ferramenta ágil e facilitadora na

geração do desenvolvimento de um país, na integração de

organizações e na interação de pessoas, por outro,

evidencia e potencializa a vulnerabilidade desses

inúmeros processos informatizados, ampliando a

necessidade de mecanismos de proteção e defesa.

É nesse cenário que surge a necessidade de se

aperfeiçoar Sistemas de Defesa, compatibilizando-os aos

novos requisitos dos enfrentamentos diante das novas

dimensões do Teatro de Operações (TO) moderno. Entre

os aperfeiçoamentos necessários, insere-se a Inteligência

Militar, demandando aprimoramentos para conter novas

Doutrinas de Emprego que incluam conhecimentos

específicos para os planejamentos de Ações Cibernéticas.

Para o estudo das decorrências da integração da

Defesa Cibernética com o emprego da Inteligência

Militar, torna-se importante, primeiramente, caminhar

por alguns conceitos fundamentais desses segmentos,

tentando definir limites para as inferências doutrinárias e

operacionais no campo da Defesa, as quais tenham

interseção com a Inteligência.

3.1 DOMÍNIO CIBERNÉTICO E INTELIGÊNCIA

O termo Cibernético surgiu no final da década de

1940. O pesquisador Norbert Wiener utilizou pela

primeira vez a expressão “Cybernetics”, buscando

representar o conceito de que certas funções de controle e

processamento de informações, em seres vivos, podem

ser semelhantes em máquinas. A palavra é derivada do

es) que significa “piloto

do barco ou timoneiro” (BEER, 2002).

Os conceitos foram evoluindo nas décadas

seguintes, produzindo o que hoje se poderia denominar

de “cibercultura”. Essa percepção é mais clara nas

tecnologias especializadas em mimetizar a vida

(Tecnologia da Informação, robótica, biônica e

nanotecnologia) (KIM, 2004). Assim, o termo

“cibernético” pode abranger tudo o que esteja relacionado

com Tecnologia da Informação e robótica.

De maneira equivalente, em 1984, Willian

Gibson definiu o termo cyberspace5 como sendo uma

rede global de simulação do mundo real no ambiente

computacional (mundo virtual). No “espaço cibernético”

encontra-se uma camada de interação intangível entre os

mundos real e virtual, promovendo o surgimento do

conceito de “realidade virtual”. Nessa dimensão virtual,

as entidades cibernéticas interagem, atuam, sofrem ações

e vivem situações que induzem a reações. De uma forma

ou de outra, há um mundo paralelo ao real onde atos e

fatos acontecem e têm consequências. Como no mundo

físico, na dimensão virtual podem ocorrer guerras e

conflitos.

Segundo o TRADOC (2010), o espaço

operacional cibernético é um dos cinco componentes

dimensionais da Guerra moderna: terra, ar, mar, espaço

sideral e espaço cibernético. Esse espaço deve ser

entendido como um conjunto integrado de três camadas

distintas: física, lógica e social. Essa última camada

compõe-se das pessoas e de suas relações com o mundo

computacional. No nível da camada de usuários virtuais

(também denominados

de cyber persona), ocorrem as verdadeiras interações no

mundo virtual.

Sob o aspecto da percepção da Inteligência, uma

pessoa pode ter múltiplos usuários virtuais

(personalidades virtuais) e um usuário virtual pode ser

conduzido por mais de uma pessoa do mundo real

(compartilhamento de contas e senhas entre pessoas).

Essa ambiguidade cria ambiente adequado para ações

anônimas, dissimulações e ocultações que exigem

técnicas apuradas de Inteligência no assessoramento das

decisões no espaço cibernético.

3.2 CONTRIBUIÇÕES DA INTELIGÊNCIA NA

GUERRA CIBERNÉTICA

5 Espaço cibernético – indica o conjunto das entidades envolvidas no contexto cibernético - Tradução do Autor.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Quase tudo que possa ocorrer no mundo real

poderá ser mapeado no espaço cibernético. Assim, ações

criminosas, maliciosas ou perturbadoras da ordem têm

ocorrido e causado prejuízos no mundo real. Hackers

podem dominar e manipular objetos virtuais e

informações privilegiadas, bem como ganhar acesso a

dados e informações sensíveis de Nações ou

Organizações. A partir daí, cria-se o cenário perfeito para

que atores isolados ou em grupos, representando Estados

ou Nações, possam interferir, prejudicar ou impedir a

ação de expressões do poder de outros países em conflito.

Quando isso ocorre, pode-se entender que o

conflito real passou para o espaço cibernético. Esse tipo

de enfrentamento denomina-se cyberwar (Guerra

Cibernética).

Alinha-se a essa conceituação a abordagem

proposta por Saalbach (2011) ao considerar que, na

prática, emprega-se o termo cyberwar quando os ataques

aos computadores ocorrerem inseridos em um conflito

entre dois ou mais Estados ou Nações. Grande número de

especialistas e autores consideram que ataques

cibernéticos de larga escala não poderiam ser

empreendidos sem o apoio de governos ou estados. No

entanto, o problema principal reside na atribuição da

responsabilidade. O desafio para a Inteligência será

identificar o agressor. As vulnerabilidades existem, as

ameaças estão atuantes e os impactos das ações dessas

ameaças são suficientemente altos para criar tensões de

várias ordens as quais precisam do trabalho da

Inteligência para sua antecipação.

Assim, em confrontos de qualquer ordem entre

povos ou nações, a exploração das vulnerabilidades e a

ação ofensiva sobre redes de computadores pode levar o

adversário a obter vantagem decisiva contra o inimigo,

dentro e fora dos campos de batalha (DUTRA,2007).

Essa é a situação que configura o cenário ideal para o

conflito cibernético. A exploração de vulnerabilidades

cibernéticas críticas oferece um caminho para

levantamentos que tenham objetivos de atacar o inimigo

no seu “Centro de Gravidade” (RIOS, 2010).

Como dito por Joe Sauver (2008), o espaço

cibernético possibilita o entrelaçamento das fronteiras

dos domínios dos sistemas civis e militares. Não há linha

nítida que segmente cada um deles, independente do país

no qual seja realizada a análise. Assim, é importante

estudar os aspectos que constituem os conflitos

cibernéticos, conhecendo os limites e as fronteiras das

suas ações. Por esse entendimento, será possível inferir

princípios que sejam adequados para que a Inteligência

atue na obtenção de informações de valor a respeito das

ações oponentes. Adicionalmente, poderá ser elaborado

um conjunto de normas que estabeleçam o ambiente

doutrinário do emprego da Inteligência, viabilizando a

geração de conhecimentos importantes para os

planejamentos de Defesa Cibernética.

3.3 INTERSEÇÕES DA INTELIGÊNCIA NA

DEFESA CIBERNÉTICA

De acordo com Saalbach (2011), o Departamento

de Defesa dos Estados Unidos (DoD) define as

Operações em Redes de Computadores (CNO) como uma

das cinco capacidades principais das Operações de

Informações. Essas Operações em Redes6 (CNO)

correspondem ao que foi definido como cyberwar e são

compostas por três subconjuntos:

- Operações de Ataque a Redes de

Computadores7 (CNA);

- Operações de Defesa de Rede de

Computadores8 (CND);

- Operações de Exploração de Redes de

Computadores9 (CNE).

Verifica-se que para os EUA a atividade de

exploração está definida em um vetor específico, o qual

tem forte vinculação com a Inteligência. Essa observação

motiva reflexão direcionada para o aprofundamento e

para avaliações meticulosas, buscando-se encontrar as

melhores soluções coerentes com a realidade nacional. O

6 CNO – Computer Nerwork Operations.

7 CNA – Computer Nerwork Attacks.8 CND – Computer Nerwork Defense.9 CNE – Computer Nerwork Exploitation.

Page 27: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

27EsIMEx - 2º Semestre de 2012

empresas transnacionais e com sistemas

computacionais vinculados. É um ambiente no qual

Guerra Cibernética aparece como uma nova dimensão

dos confrontos entre Estados. Na prática, cria-se um

paradoxo: se por um lado a informatização dos processos

vem se mostrando uma ferramenta ágil e facilitadora na

geração do desenvolvimento de um país, na integração de

organizações e na interação de pessoas, por outro,

evidencia e potencializa a vulnerabilidade desses

inúmeros processos informatizados, ampliando a

necessidade de mecanismos de proteção e defesa.

É nesse cenário que surge a necessidade de se

aperfeiçoar Sistemas de Defesa, compatibilizando-os aos

novos requisitos dos enfrentamentos diante das novas

dimensões do Teatro de Operações (TO) moderno. Entre

os aperfeiçoamentos necessários, insere-se a Inteligência

Militar, demandando aprimoramentos para conter novas

Doutrinas de Emprego que incluam conhecimentos

específicos para os planejamentos de Ações Cibernéticas.

Para o estudo das decorrências da integração da

Defesa Cibernética com o emprego da Inteligência

Militar, torna-se importante, primeiramente, caminhar

por alguns conceitos fundamentais desses segmentos,

tentando definir limites para as inferências doutrinárias e

operacionais no campo da Defesa, as quais tenham

interseção com a Inteligência.

3.1 DOMÍNIO CIBERNÉTICO E INTELIGÊNCIA

O termo Cibernético surgiu no final da década de

1940. O pesquisador Norbert Wiener utilizou pela

primeira vez a expressão “Cybernetics”, buscando

representar o conceito de que certas funções de controle e

processamento de informações, em seres vivos, podem

ser semelhantes em máquinas. A palavra é derivada do

es) que significa “piloto

do barco ou timoneiro” (BEER, 2002).

Os conceitos foram evoluindo nas décadas

seguintes, produzindo o que hoje se poderia denominar

de “cibercultura”. Essa percepção é mais clara nas

tecnologias especializadas em mimetizar a vida

(Tecnologia da Informação, robótica, biônica e

nanotecnologia) (KIM, 2004). Assim, o termo

“cibernético” pode abranger tudo o que esteja relacionado

com Tecnologia da Informação e robótica.

De maneira equivalente, em 1984, Willian

Gibson definiu o termo cyberspace5 como sendo uma

rede global de simulação do mundo real no ambiente

computacional (mundo virtual). No “espaço cibernético”

encontra-se uma camada de interação intangível entre os

mundos real e virtual, promovendo o surgimento do

conceito de “realidade virtual”. Nessa dimensão virtual,

as entidades cibernéticas interagem, atuam, sofrem ações

e vivem situações que induzem a reações. De uma forma

ou de outra, há um mundo paralelo ao real onde atos e

fatos acontecem e têm consequências. Como no mundo

físico, na dimensão virtual podem ocorrer guerras e

conflitos.

Segundo o TRADOC (2010), o espaço

operacional cibernético é um dos cinco componentes

dimensionais da Guerra moderna: terra, ar, mar, espaço

sideral e espaço cibernético. Esse espaço deve ser

entendido como um conjunto integrado de três camadas

distintas: física, lógica e social. Essa última camada

compõe-se das pessoas e de suas relações com o mundo

computacional. No nível da camada de usuários virtuais

(também denominados

de cyber persona), ocorrem as verdadeiras interações no

mundo virtual.

Sob o aspecto da percepção da Inteligência, uma

pessoa pode ter múltiplos usuários virtuais

(personalidades virtuais) e um usuário virtual pode ser

conduzido por mais de uma pessoa do mundo real

(compartilhamento de contas e senhas entre pessoas).

Essa ambiguidade cria ambiente adequado para ações

anônimas, dissimulações e ocultações que exigem

técnicas apuradas de Inteligência no assessoramento das

decisões no espaço cibernético.

3.2 CONTRIBUIÇÕES DA INTELIGÊNCIA NA

GUERRA CIBERNÉTICA

5 Espaço cibernético – indica o conjunto das entidades envolvidas no contexto cibernético - Tradução do Autor.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Quase tudo que possa ocorrer no mundo real

poderá ser mapeado no espaço cibernético. Assim, ações

criminosas, maliciosas ou perturbadoras da ordem têm

ocorrido e causado prejuízos no mundo real. Hackers

podem dominar e manipular objetos virtuais e

informações privilegiadas, bem como ganhar acesso a

dados e informações sensíveis de Nações ou

Organizações. A partir daí, cria-se o cenário perfeito para

que atores isolados ou em grupos, representando Estados

ou Nações, possam interferir, prejudicar ou impedir a

ação de expressões do poder de outros países em conflito.

Quando isso ocorre, pode-se entender que o

conflito real passou para o espaço cibernético. Esse tipo

de enfrentamento denomina-se cyberwar (Guerra

Cibernética).

Alinha-se a essa conceituação a abordagem

proposta por Saalbach (2011) ao considerar que, na

prática, emprega-se o termo cyberwar quando os ataques

aos computadores ocorrerem inseridos em um conflito

entre dois ou mais Estados ou Nações. Grande número de

especialistas e autores consideram que ataques

cibernéticos de larga escala não poderiam ser

empreendidos sem o apoio de governos ou estados. No

entanto, o problema principal reside na atribuição da

responsabilidade. O desafio para a Inteligência será

identificar o agressor. As vulnerabilidades existem, as

ameaças estão atuantes e os impactos das ações dessas

ameaças são suficientemente altos para criar tensões de

várias ordens as quais precisam do trabalho da

Inteligência para sua antecipação.

Assim, em confrontos de qualquer ordem entre

povos ou nações, a exploração das vulnerabilidades e a

ação ofensiva sobre redes de computadores pode levar o

adversário a obter vantagem decisiva contra o inimigo,

dentro e fora dos campos de batalha (DUTRA,2007).

Essa é a situação que configura o cenário ideal para o

conflito cibernético. A exploração de vulnerabilidades

cibernéticas críticas oferece um caminho para

levantamentos que tenham objetivos de atacar o inimigo

no seu “Centro de Gravidade” (RIOS, 2010).

Como dito por Joe Sauver (2008), o espaço

cibernético possibilita o entrelaçamento das fronteiras

dos domínios dos sistemas civis e militares. Não há linha

nítida que segmente cada um deles, independente do país

no qual seja realizada a análise. Assim, é importante

estudar os aspectos que constituem os conflitos

cibernéticos, conhecendo os limites e as fronteiras das

suas ações. Por esse entendimento, será possível inferir

princípios que sejam adequados para que a Inteligência

atue na obtenção de informações de valor a respeito das

ações oponentes. Adicionalmente, poderá ser elaborado

um conjunto de normas que estabeleçam o ambiente

doutrinário do emprego da Inteligência, viabilizando a

geração de conhecimentos importantes para os

planejamentos de Defesa Cibernética.

3.3 INTERSEÇÕES DA INTELIGÊNCIA NA

DEFESA CIBERNÉTICA

De acordo com Saalbach (2011), o Departamento

de Defesa dos Estados Unidos (DoD) define as

Operações em Redes de Computadores (CNO) como uma

das cinco capacidades principais das Operações de

Informações. Essas Operações em Redes6 (CNO)

correspondem ao que foi definido como cyberwar e são

compostas por três subconjuntos:

- Operações de Ataque a Redes de

Computadores7 (CNA);

- Operações de Defesa de Rede de

Computadores8 (CND);

- Operações de Exploração de Redes de

Computadores9 (CNE).

Verifica-se que para os EUA a atividade de

exploração está definida em um vetor específico, o qual

tem forte vinculação com a Inteligência. Essa observação

motiva reflexão direcionada para o aprofundamento e

para avaliações meticulosas, buscando-se encontrar as

melhores soluções coerentes com a realidade nacional. O

6 CNO – Computer Nerwork Operations.

7 CNA – Computer Nerwork Attacks.8 CND – Computer Nerwork Defense.9 CNE – Computer Nerwork Exploitation.

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

28 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Brasil vem conduzindo ações pioneiras,

alinhando-se com as iniciativas de outros países

desenvolvidos, definindo marcos legais que estruturam o

arcabouço formal do setor.

Note-se que a Política de Defesa Nacional (PDN)

impõe, em seu item 7., condutas a adotar, relacionadas ao

campo cibernético:

XII - aperfeiçoar os dispositivos e procedimentos

de segurança (...) contra ataques cibernéticos (...)

(BRASIL, 2005, p.9)

Em uma primeira análise, pode-se identificar que

a atuação da Inteligência vocacionada ao contexto

cibernético, poderá contribuir para a redução da

vulnerabilidade citada na PDN.

O Brasil vem se destacando no cenário

internacional em diversas áreas, passando a ser provável

alvo compensador a potenciais hackers, o que exige

postura coerente no campo da Defesa. Isso leva a adoção

de um modelo adequado à nova dimensão cibernética da

Guerra moderna.

Nesse viés, a Estratégia Nacional de Defesa

(END) inclui ações estratégicas próativas voltadas para a

proteção de alvos potenciais no Brasil:

(…) o aperfeiçoamento dos dispositivos e procedimentos

de segurança que reduzam a vulnerabilidade dos sistemas

relacionados à Defesa Nacional contra ataques

cibernéticos (...) a cargo da Casa Civil da Presidência da

República, dos Ministérios da Defesa (...) e do GSI-PR

(...) (BRASIL, 2008, p.35).

Mediante a apreciação dos citados textos

normativos, pode-se inferir que o "aperfeiçoamento de

(...) procedimentos de segurança", contido no trecho

citado acima, insere o emprego da Inteligência no

contexto cibernético, motivando reflexões doutrinárias

que tragam contribuições para a doutrina de emprego da

Inteligência Militar nesse domínio.

O Manual MD30-M01 (BRASIL, 2011b) que

trata da Doutrina de Operações Conjuntas apresenta uma

série de conceitos importantes que complementam esse

estudo e definem limites para o entendimento geral.

Primeiramente, sinaliza a finalidade da Política

de Defesa Cibernética, cujo objetivo primordial é

“orientar os Planejamentos dos diversos escalões quanto

ao emprego da Defesa Cibernética que seja necessária ao

cumprimento da destinação constitucional das Forças

Armadas”. Para isso, o MD30-M01 estabelece os níveis

de ações no espaço cibernético:

- Nível Político: Segurança da Informação e

Comunicações, a cargo do GSI/PR.

- Nível Estratégico: Defesa Cibernética, a cargo

do MD.

- Nível Operacional: Guerra Cibernética, nível

das Forças Armadas (Operacional).

Vários outros temas relacionados com a Defesa

Cibernética ainda são incluídos, destacando-se os

aspectos relacionados à Inteligência:

(….)

4.9.3 Ações Cibernéticas

4.9.3.1 As Ações Cibernéticas englobam a Exploração

Cibernética, para fins de produção de conhecimento de

Inteligência, o Ataque Cibernético e a Proteção

Cibernética.

4.9.3.2 Exploração Cibernética – consiste em ações de

busca, nos Sistemas de Tecnologia da Informação de

interesse (….), para a produção de conhecimento (….)

(BRASIL, 2011b, p. 54/120) (grifos nossos)

Naturalmente, impõe-se ao Exército Brasileiro a

necessidade de atribuir destaque especial para o

componente da Inteligência nesse segmento, decorrendo-

se do previsto no manual do MD citado anteriormente.

De fato, em um cenário de conflito cibernético,

conhecer o oponente e suas ações será fundamentalmente

importante. Não se fará defesa ou ataque cibernéticos

eficientes sem a informação oportuna e relevante,

devidamente tratada e analisada. Isto é, sem o concurso

da Inteligência.

Na medida em que se amplia o uso da tecnologia

em operações e se aumenta a dependência da TI nas

sociedades, cresce ainda mais a necessidade de se

conhecer dados sobre o adversário cibernético. É fato

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

incontestável que a Inteligência passa a ser

instrumento imprescindível. Principalmente porque o

ambiente cibernético possibilita a dissimulação, a

ocultação e o anonimato. A obtenção das informações e a

produção dos conhecimentos sobre o oponente será

desafio ainda maior.

Então, não há como afastar-se da imperiosa

necessidade de adaptações doutrinárias para adequar

medidas já consolidadas no espaço convencional para as

cinco dimensões do TO moderno. A Diretriz do

Comandante do Exército 2011-2014 contempla essa

percepção na medida que determina "aperfeiçoar o

Sistema de Inteligência do Exército", buscando

"aproveitamento das capacidades a serem adquiridas com

o advento de Macroprojetos da Força, em especial (…) o

Setor Cibernético (…)" (BRASIL, 2011a, p. 21). De fato,

no tocante ao planejamento das operações militares, as

informações sobre o inimigo e sobre o ambiente

operacional são necessárias. Em se tratando de ambiente

operacional cibernético, essa demanda será altamente

especializada.

Há diversos exemplos de conflitos recentes nos

quais houve emprego de forças cibernéticas vocacionadas

para degradar o Poder Nacional do oponente. Conhecer a

atividade e acompanhar o adversário nesse novo domínio

passa a ser relevante. Logo, a Inteligência precisará de

aperfeiçoamentos. Há que se aprofundar estudos para

definir quais as novas medidas de Inteligência a adotar,

como devem ser buscadas e quais são as informações que

têm importância para o escopo de ações cibernéticas.

3.4 INTELIGÊNCIA CIBERNÉTICA

Para o estudo de aspectos atinentes ao ambiente

cibernético, considera-se adequado estabelecer

referenciais conceituais que definam os domínios do

entendimento. Nessa discussão e como proposta para

estudos ou avaliações posteriores, entende-se que o

conceito de Inteligência Cibernética seja diferente do

conceito de Fonte de Dados Cibernética.

A doutrina em vigor considera que a Fonte de

Dados é o componente principal do trabalho da

Inteligência na obtenção das informações, onde a

natureza das fontes consideradas na atualidade são:

Humanas (HUMINT), Sinais (SIGINT) e Imagens

(IMINT). Integrando-se a doutrina atual com os aspectos

já explorados anteriormente, propõe-se considerar a

Fonte Cibernética como a quarta fonte de dados para a

Inteligência.

O intenso uso dos meios de TI propiciam dados

de Inteligência que podem ser usados para atender às

demandas das necessidades de conhecimentos. A seguir,

comentam-se alguns exemplos práticos.

Se um Analista realiza uma coleta de dados em

um sítio na Internet para levantar informações sobre

algum tema que esteja necessitando confirmar ou avaliar,

está realizando essa atividade dentro do domínio

cibernético. Essa operação de Inteligência está usando a

Internet como um meio. Analogamente, essa operação

poderia ser realizada por intermédio da leitura de jornal

ou por meio da varredura de documentos em arquivos

físicos. Note-se que a Internet, nesse exemplo, é um canal

ou ambiente operacional e não uma técnica. As

informações serão obtidas na Fonte de Dados

Cibernética. Em outras palavras, a Fonte Cibernética é

mais uma fonte de dados para a Inteligência, atendendo

às necessidades de conhecimentos.

Entende-se, portanto, que o domínio cibernético

admite o emprego das técnicas operacionais, permitindo

o mapeamento do que é feito no mundo real para o que

pode ser realizado no mundo virtual.

De forma sintética, verifica-se que atuar no

domínio cibernético, para coletar ou buscar dados gerais

no escopo de uma Operação de Inteligência qualquer, não

implica que essa atividade venha a ser classificada como

Inteligência Cibernética. Nessa abordagem, não há

Operação Cibernética.

No que concerne ao contexto da Defesa

Cibernética, está claro que haverá necessidades de

conhecimentos específicos que serão utilizados nos

planejamentos dessas Operações. Para isso, esse estudo

define a Inteligência Cibernética como sendo o

Page 29: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

29EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Brasil vem conduzindo ações pioneiras,

alinhando-se com as iniciativas de outros países

desenvolvidos, definindo marcos legais que estruturam o

arcabouço formal do setor.

Note-se que a Política de Defesa Nacional (PDN)

impõe, em seu item 7., condutas a adotar, relacionadas ao

campo cibernético:

XII - aperfeiçoar os dispositivos e procedimentos

de segurança (...) contra ataques cibernéticos (...)

(BRASIL, 2005, p.9)

Em uma primeira análise, pode-se identificar que

a atuação da Inteligência vocacionada ao contexto

cibernético, poderá contribuir para a redução da

vulnerabilidade citada na PDN.

O Brasil vem se destacando no cenário

internacional em diversas áreas, passando a ser provável

alvo compensador a potenciais hackers, o que exige

postura coerente no campo da Defesa. Isso leva a adoção

de um modelo adequado à nova dimensão cibernética da

Guerra moderna.

Nesse viés, a Estratégia Nacional de Defesa

(END) inclui ações estratégicas próativas voltadas para a

proteção de alvos potenciais no Brasil:

(…) o aperfeiçoamento dos dispositivos e procedimentos

de segurança que reduzam a vulnerabilidade dos sistemas

relacionados à Defesa Nacional contra ataques

cibernéticos (...) a cargo da Casa Civil da Presidência da

República, dos Ministérios da Defesa (...) e do GSI-PR

(...) (BRASIL, 2008, p.35).

Mediante a apreciação dos citados textos

normativos, pode-se inferir que o "aperfeiçoamento de

(...) procedimentos de segurança", contido no trecho

citado acima, insere o emprego da Inteligência no

contexto cibernético, motivando reflexões doutrinárias

que tragam contribuições para a doutrina de emprego da

Inteligência Militar nesse domínio.

O Manual MD30-M01 (BRASIL, 2011b) que

trata da Doutrina de Operações Conjuntas apresenta uma

série de conceitos importantes que complementam esse

estudo e definem limites para o entendimento geral.

Primeiramente, sinaliza a finalidade da Política

de Defesa Cibernética, cujo objetivo primordial é

“orientar os Planejamentos dos diversos escalões quanto

ao emprego da Defesa Cibernética que seja necessária ao

cumprimento da destinação constitucional das Forças

Armadas”. Para isso, o MD30-M01 estabelece os níveis

de ações no espaço cibernético:

- Nível Político: Segurança da Informação e

Comunicações, a cargo do GSI/PR.

- Nível Estratégico: Defesa Cibernética, a cargo

do MD.

- Nível Operacional: Guerra Cibernética, nível

das Forças Armadas (Operacional).

Vários outros temas relacionados com a Defesa

Cibernética ainda são incluídos, destacando-se os

aspectos relacionados à Inteligência:

(….)

4.9.3 Ações Cibernéticas

4.9.3.1 As Ações Cibernéticas englobam a Exploração

Cibernética, para fins de produção de conhecimento de

Inteligência, o Ataque Cibernético e a Proteção

Cibernética.

4.9.3.2 Exploração Cibernética – consiste em ações de

busca, nos Sistemas de Tecnologia da Informação de

interesse (….), para a produção de conhecimento (….)

(BRASIL, 2011b, p. 54/120) (grifos nossos)

Naturalmente, impõe-se ao Exército Brasileiro a

necessidade de atribuir destaque especial para o

componente da Inteligência nesse segmento, decorrendo-

se do previsto no manual do MD citado anteriormente.

De fato, em um cenário de conflito cibernético,

conhecer o oponente e suas ações será fundamentalmente

importante. Não se fará defesa ou ataque cibernéticos

eficientes sem a informação oportuna e relevante,

devidamente tratada e analisada. Isto é, sem o concurso

da Inteligência.

Na medida em que se amplia o uso da tecnologia

em operações e se aumenta a dependência da TI nas

sociedades, cresce ainda mais a necessidade de se

conhecer dados sobre o adversário cibernético. É fato

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

incontestável que a Inteligência passa a ser

instrumento imprescindível. Principalmente porque o

ambiente cibernético possibilita a dissimulação, a

ocultação e o anonimato. A obtenção das informações e a

produção dos conhecimentos sobre o oponente será

desafio ainda maior.

Então, não há como afastar-se da imperiosa

necessidade de adaptações doutrinárias para adequar

medidas já consolidadas no espaço convencional para as

cinco dimensões do TO moderno. A Diretriz do

Comandante do Exército 2011-2014 contempla essa

percepção na medida que determina "aperfeiçoar o

Sistema de Inteligência do Exército", buscando

"aproveitamento das capacidades a serem adquiridas com

o advento de Macroprojetos da Força, em especial (…) o

Setor Cibernético (…)" (BRASIL, 2011a, p. 21). De fato,

no tocante ao planejamento das operações militares, as

informações sobre o inimigo e sobre o ambiente

operacional são necessárias. Em se tratando de ambiente

operacional cibernético, essa demanda será altamente

especializada.

Há diversos exemplos de conflitos recentes nos

quais houve emprego de forças cibernéticas vocacionadas

para degradar o Poder Nacional do oponente. Conhecer a

atividade e acompanhar o adversário nesse novo domínio

passa a ser relevante. Logo, a Inteligência precisará de

aperfeiçoamentos. Há que se aprofundar estudos para

definir quais as novas medidas de Inteligência a adotar,

como devem ser buscadas e quais são as informações que

têm importância para o escopo de ações cibernéticas.

3.4 INTELIGÊNCIA CIBERNÉTICA

Para o estudo de aspectos atinentes ao ambiente

cibernético, considera-se adequado estabelecer

referenciais conceituais que definam os domínios do

entendimento. Nessa discussão e como proposta para

estudos ou avaliações posteriores, entende-se que o

conceito de Inteligência Cibernética seja diferente do

conceito de Fonte de Dados Cibernética.

A doutrina em vigor considera que a Fonte de

Dados é o componente principal do trabalho da

Inteligência na obtenção das informações, onde a

natureza das fontes consideradas na atualidade são:

Humanas (HUMINT), Sinais (SIGINT) e Imagens

(IMINT). Integrando-se a doutrina atual com os aspectos

já explorados anteriormente, propõe-se considerar a

Fonte Cibernética como a quarta fonte de dados para a

Inteligência.

O intenso uso dos meios de TI propiciam dados

de Inteligência que podem ser usados para atender às

demandas das necessidades de conhecimentos. A seguir,

comentam-se alguns exemplos práticos.

Se um Analista realiza uma coleta de dados em

um sítio na Internet para levantar informações sobre

algum tema que esteja necessitando confirmar ou avaliar,

está realizando essa atividade dentro do domínio

cibernético. Essa operação de Inteligência está usando a

Internet como um meio. Analogamente, essa operação

poderia ser realizada por intermédio da leitura de jornal

ou por meio da varredura de documentos em arquivos

físicos. Note-se que a Internet, nesse exemplo, é um canal

ou ambiente operacional e não uma técnica. As

informações serão obtidas na Fonte de Dados

Cibernética. Em outras palavras, a Fonte Cibernética é

mais uma fonte de dados para a Inteligência, atendendo

às necessidades de conhecimentos.

Entende-se, portanto, que o domínio cibernético

admite o emprego das técnicas operacionais, permitindo

o mapeamento do que é feito no mundo real para o que

pode ser realizado no mundo virtual.

De forma sintética, verifica-se que atuar no

domínio cibernético, para coletar ou buscar dados gerais

no escopo de uma Operação de Inteligência qualquer, não

implica que essa atividade venha a ser classificada como

Inteligência Cibernética. Nessa abordagem, não há

Operação Cibernética.

No que concerne ao contexto da Defesa

Cibernética, está claro que haverá necessidades de

conhecimentos específicos que serão utilizados nos

planejamentos dessas Operações. Para isso, esse estudo

define a Inteligência Cibernética como sendo o

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

30 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

subconjunto da Inteligência Militar que terá

como finalidade a produção de conhecimentos

específicos para as Operações Cibernéticas. Em outras

palavras, Inteligência Militar Cibernética. Note-se que a

ênfase, nesse caso, recai sobre conhecimentos específicos

para as Operações Cibernéticas. A ideia-força desse

conceito proposto está nessa especificidade.

A ação da Inteligência Militar Cibernética

resultará em coletas e buscas de dados específicos para

Operações Cibernéticas, tais como os citados na Revista

Segurança Digital, em seu exemplar nº 1. Assim, nomes

de domínio, existência de sistemas de detecção de

intrusão (IPS), endereços e telefones de administradores

dos sistemas e servidores de uma rede, entre outros,

podem ser dados valiosos quando utilizados nos

planejamentos para realizar uma operação cibernética

(SEGURANÇA DIGITAL, 2011).

Naturalmente, para a produção de grande parte

dos conhecimentos Cibernéticos serão empregadas

técnicas operacionais próprias com forte componente

técnico computacional.

Uma amostragem desses conhecimentos

específicos pode ser representada pelos dados das

características de um servidor de banco de dados, pela

configuração de um Proxy10 reverso de uma rede, pela

senha do administrador de um sistema, pela

vulnerabilidade de um firewall de uma rede, pelo dados

internos do servidor de autenticação VPN11 de uma rede,

entre outros. Note-se que haverá necessidade de pessoal

especializado em computação para obter essas

informações. Além disso, fica claro que as técnicas

operacionais a serem empregadas serão avançadas e terão

forte componente computacional.

De forma sintética, pode-se resumir as definições

discutidas no Quadro a seguir:

10 Proxy – denominação dada ao servidor que busca os dados na Internet para os computadores da rede interna.

11 VPN – Virtual Private Nerwork – Redes privadas virtuais – Sigla que corresponde ao mecanismo de ligação de máquinas a redes privadas via Internet por meio de protocolos de criptografia, garantindo tráfego seguro.

Essa discussão esclarece o entendimento e

diferencia os conceitos pela finalidade do emprego dos

produtos da Inteligência, bem como pelas técnicas

operacionais específicas utilizadas. A compreensão de

Coleman (2011) está alinhada com esse entendimento ao

abordar o tema Inteligência Cibernética no contexto

norte-americano. Observe-se o texto a seguir:(…) the result of a recent report that warned the U.S.

must develop cyber

intelligence as a new and better coordinated government discipline.(….)The challenge of cyber intelligence is unprecedented! (COLEMAN, 2011,p. 1)(grifo nosso).

Coleman (2011) ainda acrescenta que

adicionando-se a rápida expansão e a mobilidade das

conexões à ubiquidade do ambiente das redes integradas

obtém-se ambiente operacional que apresenta-se com

inúmeros desafios para a Inteligência Cibernética. Esse

conceito pode ser replicado para o caso do Brasil, onde

essa disciplina poderia ser desenvolvida e inserida nos

aperfeiçoamentos doutrinários como uma nova área de

Análise especializada no domínio Cibernético. A

integração desses conceitos direciona o entendimento das

possibilidades da Inteligência no apoio às Operações

Cibernéticas.

4 EVIDÊNCIAS DA INTELIGÊNCIA NA GUERRA CIBERNÉTICA

4.1 FATOS RECENTES

Em alguns casos de confrontos recentes, houve

emprego de operações cibernéticas, seja no apoio, seja na

preparação das ações convencionais. Essa constatação

motiva a apreciação das condicionantes desses conflitos

para que se identifiquem princípios e ensinamentos

doutrinários.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

A seguir, faz-se uma abordagem de alguns desses

conflitos, notadamente naqueles em que houve evidente

ação de Inteligência Cibernética como definido nesse

estudo.

4.1.1 Moonlight Maze – 1998

O caso exemplifica emprego de Inteligência por

parte dos atacantes, realizando operações exploratórias ou

operações de busca de dados (arquivos). O fato

concretizou-se por uma série de ataques cibernéticos

ocorridos em período de quase dois anos (1998-2000)

contra computadores e sistemas computacionais norte-

americanos em empresas privadas, no Pentágono, na

NASA e no Departamento de Energia, entre outros.

Houve sondagens sucessivas para levantamento

de níveis de segurança (exploração) e cerca de milhares

de arquivos foram extraídos (busca). Os EUA acusaram a

Rússia, mas a autoria foi negada.

4.1.2 Titan Rain – 2007

Tratou-se de um ataque massivo a rede de

computadores de empresas e do governo, no Oeste dos

EUA. Cerca de 10 a 20 terabytes de dados foram

extraídos desses equipamentos.

Suspeita-se que os ataques foram originados na

China, mas não há confirmação. Cerca de 117 mil

ataques foram registrados contra os computadores no

Departamento de Segurança Interno (DHS) norte-

americano e também contra os sistemas de segurança da

Alemanha (SAALBACH, 2011). A análise dos ataques

mostrou que os dados foram enviados para computadores

localizados fisicamente na província de Guangdong, na

China, caracterizando uma operação de Inteligência

exploratória para exfiltração de dados do alvo.

4.1.3 O ataque da Estônia – 2007

Em 2007, os sistemas da Estônia foram todos

atacados massivamente por uma negação de serviço

distribuída (DDoS). As redes da Estônia foram

derrubadas a partir de computadores atacantes

localizados na Rússia. Provavelmente, essa ação não foi

realizada pelo Estado, mas por grupos organizados de

patriotas radicais por motivos ideológicos. Fica evidente

que houve trabalho de Inteligência para levantamentos de

dados para esse ataque. A seleção de alvos, o

conhecimento sobre a dependência da Estônia em relação

à TI e a escolha dos meios utilizados caracterizam a

atuação de Inteligência na preparação das ações.

4.1.4 Campanha Cibernética na Geórgia – AGO 2008

A Campanha da Rússia contra a Geórgia, em

agosto de 2008, foi o evento mais concreto que se pode

avaliar com emprego de operações cibernéticas em

conjunto com operações terrestres. Naquela ocasião,

ataques cibernéticos foram desencadeados como uma

fase preparatória para o combate convencional, podendo-

se identificar duas fases bem distintas (SHAKARIAN,

2011). A primeira fase visava atingir os sítios Internet do

governo da Geórgia e da mídia local. Essa operação se

fez por meio de ataque distribuído de negação de serviço

(DDoS), utilizando-se uma rede de zumbis (bots12) para

negar serviço por força bruta.

A segunda fase ocorreu pela ampliação das

ações, passando a atacar instituições financeiras,

empresas, organizações educacionais e alguns sítios de

mídia ocidental (BBC e CNN).

Também foram espalhados e-mail (spam),

utilizando-se caixas postais de políticos georgianos.

Os ataques de desconfiguração dos sítios foram

realizados pela técnica de Injeção de SQL (SQL

Injections13). Está evidente que as servidões do ataque

cibernético seriam isolar e silenciar.

Houve um intenso trabalho na composição do

planejamento das ações em função da velocidade dos

ataques das botnets14 na primeira fase. Além disso, a

percepção da existência de uma lista de alvos predefinida,

do conhecimento das vulnerabilidades ao ataque SQL

Injection e da evidência de uma seleção estratégica dos

12 Bots – abreviatura do termo em inglês robot, significando robô. Representando um componente de software instalado em computador sem autorização do usuário para ser acionado pelo hacker remotamente.13 SQL Injection – ataque que se aproveita de uma página de texto para obter acesso direto ao banco de dados.14 Botnet – rede de bots. Conjunto de computadores zumbis sob o comando de um usuário remoto

Page 31: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

31EsIMEx - 2º Semestre de 2012

subconjunto da Inteligência Militar que terá

como finalidade a produção de conhecimentos

específicos para as Operações Cibernéticas. Em outras

palavras, Inteligência Militar Cibernética. Note-se que a

ênfase, nesse caso, recai sobre conhecimentos específicos

para as Operações Cibernéticas. A ideia-força desse

conceito proposto está nessa especificidade.

A ação da Inteligência Militar Cibernética

resultará em coletas e buscas de dados específicos para

Operações Cibernéticas, tais como os citados na Revista

Segurança Digital, em seu exemplar nº 1. Assim, nomes

de domínio, existência de sistemas de detecção de

intrusão (IPS), endereços e telefones de administradores

dos sistemas e servidores de uma rede, entre outros,

podem ser dados valiosos quando utilizados nos

planejamentos para realizar uma operação cibernética

(SEGURANÇA DIGITAL, 2011).

Naturalmente, para a produção de grande parte

dos conhecimentos Cibernéticos serão empregadas

técnicas operacionais próprias com forte componente

técnico computacional.

Uma amostragem desses conhecimentos

específicos pode ser representada pelos dados das

características de um servidor de banco de dados, pela

configuração de um Proxy10 reverso de uma rede, pela

senha do administrador de um sistema, pela

vulnerabilidade de um firewall de uma rede, pelo dados

internos do servidor de autenticação VPN11 de uma rede,

entre outros. Note-se que haverá necessidade de pessoal

especializado em computação para obter essas

informações. Além disso, fica claro que as técnicas

operacionais a serem empregadas serão avançadas e terão

forte componente computacional.

De forma sintética, pode-se resumir as definições

discutidas no Quadro a seguir:

10 Proxy – denominação dada ao servidor que busca os dados na Internet para os computadores da rede interna.

11 VPN – Virtual Private Nerwork – Redes privadas virtuais – Sigla que corresponde ao mecanismo de ligação de máquinas a redes privadas via Internet por meio de protocolos de criptografia, garantindo tráfego seguro.

Essa discussão esclarece o entendimento e

diferencia os conceitos pela finalidade do emprego dos

produtos da Inteligência, bem como pelas técnicas

operacionais específicas utilizadas. A compreensão de

Coleman (2011) está alinhada com esse entendimento ao

abordar o tema Inteligência Cibernética no contexto

norte-americano. Observe-se o texto a seguir:(…) the result of a recent report that warned the U.S.

must develop cyber

intelligence as a new and better coordinated government discipline.(….)The challenge of cyber intelligence is unprecedented! (COLEMAN, 2011,p. 1)(grifo nosso).

Coleman (2011) ainda acrescenta que

adicionando-se a rápida expansão e a mobilidade das

conexões à ubiquidade do ambiente das redes integradas

obtém-se ambiente operacional que apresenta-se com

inúmeros desafios para a Inteligência Cibernética. Esse

conceito pode ser replicado para o caso do Brasil, onde

essa disciplina poderia ser desenvolvida e inserida nos

aperfeiçoamentos doutrinários como uma nova área de

Análise especializada no domínio Cibernético. A

integração desses conceitos direciona o entendimento das

possibilidades da Inteligência no apoio às Operações

Cibernéticas.

4 EVIDÊNCIAS DA INTELIGÊNCIA NA GUERRA CIBERNÉTICA

4.1 FATOS RECENTES

Em alguns casos de confrontos recentes, houve

emprego de operações cibernéticas, seja no apoio, seja na

preparação das ações convencionais. Essa constatação

motiva a apreciação das condicionantes desses conflitos

para que se identifiquem princípios e ensinamentos

doutrinários.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

A seguir, faz-se uma abordagem de alguns desses

conflitos, notadamente naqueles em que houve evidente

ação de Inteligência Cibernética como definido nesse

estudo.

4.1.1 Moonlight Maze – 1998

O caso exemplifica emprego de Inteligência por

parte dos atacantes, realizando operações exploratórias ou

operações de busca de dados (arquivos). O fato

concretizou-se por uma série de ataques cibernéticos

ocorridos em período de quase dois anos (1998-2000)

contra computadores e sistemas computacionais norte-

americanos em empresas privadas, no Pentágono, na

NASA e no Departamento de Energia, entre outros.

Houve sondagens sucessivas para levantamento

de níveis de segurança (exploração) e cerca de milhares

de arquivos foram extraídos (busca). Os EUA acusaram a

Rússia, mas a autoria foi negada.

4.1.2 Titan Rain – 2007

Tratou-se de um ataque massivo a rede de

computadores de empresas e do governo, no Oeste dos

EUA. Cerca de 10 a 20 terabytes de dados foram

extraídos desses equipamentos.

Suspeita-se que os ataques foram originados na

China, mas não há confirmação. Cerca de 117 mil

ataques foram registrados contra os computadores no

Departamento de Segurança Interno (DHS) norte-

americano e também contra os sistemas de segurança da

Alemanha (SAALBACH, 2011). A análise dos ataques

mostrou que os dados foram enviados para computadores

localizados fisicamente na província de Guangdong, na

China, caracterizando uma operação de Inteligência

exploratória para exfiltração de dados do alvo.

4.1.3 O ataque da Estônia – 2007

Em 2007, os sistemas da Estônia foram todos

atacados massivamente por uma negação de serviço

distribuída (DDoS). As redes da Estônia foram

derrubadas a partir de computadores atacantes

localizados na Rússia. Provavelmente, essa ação não foi

realizada pelo Estado, mas por grupos organizados de

patriotas radicais por motivos ideológicos. Fica evidente

que houve trabalho de Inteligência para levantamentos de

dados para esse ataque. A seleção de alvos, o

conhecimento sobre a dependência da Estônia em relação

à TI e a escolha dos meios utilizados caracterizam a

atuação de Inteligência na preparação das ações.

4.1.4 Campanha Cibernética na Geórgia – AGO 2008

A Campanha da Rússia contra a Geórgia, em

agosto de 2008, foi o evento mais concreto que se pode

avaliar com emprego de operações cibernéticas em

conjunto com operações terrestres. Naquela ocasião,

ataques cibernéticos foram desencadeados como uma

fase preparatória para o combate convencional, podendo-

se identificar duas fases bem distintas (SHAKARIAN,

2011). A primeira fase visava atingir os sítios Internet do

governo da Geórgia e da mídia local. Essa operação se

fez por meio de ataque distribuído de negação de serviço

(DDoS), utilizando-se uma rede de zumbis (bots12) para

negar serviço por força bruta.

A segunda fase ocorreu pela ampliação das

ações, passando a atacar instituições financeiras,

empresas, organizações educacionais e alguns sítios de

mídia ocidental (BBC e CNN).

Também foram espalhados e-mail (spam),

utilizando-se caixas postais de políticos georgianos.

Os ataques de desconfiguração dos sítios foram

realizados pela técnica de Injeção de SQL (SQL

Injections13). Está evidente que as servidões do ataque

cibernético seriam isolar e silenciar.

Houve um intenso trabalho na composição do

planejamento das ações em função da velocidade dos

ataques das botnets14 na primeira fase. Além disso, a

percepção da existência de uma lista de alvos predefinida,

do conhecimento das vulnerabilidades ao ataque SQL

Injection e da evidência de uma seleção estratégica dos

12 Bots – abreviatura do termo em inglês robot, significando robô. Representando um componente de software instalado em computador sem autorização do usuário para ser acionado pelo hacker remotamente.13 SQL Injection – ataque que se aproveita de uma página de texto para obter acesso direto ao banco de dados.14 Botnet – rede de bots. Conjunto de computadores zumbis sob o comando de um usuário remoto

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

32 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

alvos denotam o trabalho com dados oportunos e

relevantes na preparação do planejamento das ações.

Essas constatações são sinais nítidos do trabalho da

Inteligência. Ainda durante esses episódios, houve

intenso recrutamento de patriotas russos com seus

computadores para atuarem junto nas operações

cibernéticas (chamados de hacktivistas). Note-se que o

recrutamento15 também é uma técnica operacional da

Inteligência. Todos esses casos demonstram ações

prévias da Inteligência Cibernética nesse episódio

(SHAKARIAN, 2011).

Ainda há outros indícios de ação da Inteligência

anterior às operações. Por volta de julho de 2008, isto é,

um mês antes da operação cibernética, alguns servidores

governamentais georgianos foram atacados. Nessa

primeira ocorrência, os computadores receberam uma

“pichação” com a frase “win+love+in+Russia”.

Suspeita-se que essa ação teria sido preparação

ou ensaio cibernético para a operação principal. Essa

atividade só poderia ter sido realizada mediante o

conhecimento anterior das características do alvo e das

suas vulnerabilidades, ressaltando-se a provável

contribuição da Inteligência.

Conforme Thomas (2010), após os embates na

Geórgia, a Federação Russa avaliou os eventos e adotou

algumas medidas de aperfeiçoamento. Ainda em outubro

de 2008, foi anunciada uma nova estrutura para o Sistema

Militar de Inteligência que foi encomendada a uma

empresa privada, tendo como objetivo coletar dados

sobre o ambiente operacional cibernético.

Tomando-se por base os dados do caso da

Geórgia, propõe-se estudo mais aprofundado desse

conflito para que se possa inferir algumas capacidades

específicas para a Inteligência Cibernética na obtenção de

dados operacionais. A análise dos aspectos, das

operações e dos prováveis dados utilizados poderão gerar

conjunto de capacidades que sejam adequadas a serem

15 Ação de cooptar atores para contribuir com determinada atividade planejada.

desenvolvidas no pessoal que irá trabalhar nesse campo.

Essa coletânea de capacidades também poderá

ser especializada em conjunto de Elementos Essenciais

de Informação Cibernéticos (EEIC).

4.1.5 O ataque ao Irã pelo Stuxnet – 2010

Em 2010, um malware conhecido como Stuxnet

foi usado em larga escala para atacar os Sistema de

Controle e Aquisição de Dados16 (SCADA),

particularmente nos dispositivos industriais fabricados

pela Siemens. O Stuxnet é um worm, ou seja, um

programa malicioso que é capaz de prejudicar a atividade

de outro sistema. A máquina infectada envia informações

para servidores externos localizados em outros locais

(busca de dados). Além disso, o Stuxnet contém um

mecanismo de “rootkit”17.

Provavelmente, a infecção foi iniciada por um

pendrive contaminado, espalhando-se pela rede. Seu

custo de produção foi estimado em US$ 1 milhão e seu

código explora conjunto de falhas de sistemas

proprietários que até então eram desconhecidas. Esses

aspectos resultaram na teoria de que o Stuxnet tenha sido

desenvolvido por um Estado como uma “arma

cibernética” para causar danos ao programa nuclear

iraniano. (SAABALCH, 2011).

Em função dessas peculiaridades do Stuxnet e

dos danos causados às instalações nucleares iranianas,

estima-se que, provavelmente, houve trabalho da

Inteligência para o levantamento de dados e para a

identificação das vulnerabilidades dos sistemas,

garantindo que o ataque atingiria o alvo desejado e

causando graves danos ao programa nuclear daquele país.

16 SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition .

17 Rootkit – software embutido em vírus que permite ao hacker ocontrole da máquina como administrador.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

De fato, pelas informações apresentadas por

Gates (2012) na Edição de 1º de junho de 2012 do The

New York Times, fica clara a preparação e a operação de

Inteligência para o levantamento de plantas e outros

dados das instalações nucleares. Inicialmente, foram

enviadas armas cibernéticas como sinalizadores (beacon)

para levantar informações das instalações.

Posteriormente, o programa espião enviou dados

coletados para as agências de Inteligência que processaram essas

informações e apoiaram os programadores da arma cibernética,

como visto na Figura 1.

Várias notícias no jornal The New York Times

atribuem essa origem a programas secretos apoiados em

operações de inteligência cibernética que foram

articulados entre os Estados Unidos e Israel. A principal

intenção seria prejudicar o programa nuclear iraniano. Há

informações de que as centrífugas enriquecedoras de

urânio do Irã foram danificadas, constando de relatório

sobre interrupções confirmados pelo Irã, tanto em 2009,

como em 2010. A Siemens divulgou que 15 clientes

foram infectados, sendo cerca de 60% localizados no Irã.

4.1.6 Nova arma cibernética – Flame – 2012.

No início de 2012, computadores de altos

funcionários iranianos foram atingidos por um vírus de

mineração de dados batizado de Flame18. Esse pode ter

sido um dos mais destrutivos ataques cibernéticos contra

o Irã desde a ação do vírus Stuxnet (ERDBRINK, 2012).

18 Flame – Chama ou fogo – Tradução do Autor.

A presença da mineração de dados denota uma

ação direta de Inteligência. A ideia que se infere dessa

operação cibernética está focada no monitoramento

global do Irã por meio de ferramentas cibernéticas.

Diferentemente do Stuxnet, essa arma foi projetada para

coletar secretamente uma enorme gama de dados,

tipicamente uma operação de Inteligência.

Alguns pesquisadores de segurança especulam

que sua elaboração representa um esforço multi-

milionário que provavelmente seja resultado do trabalho

de alguns anos. É quase certo que tenha sido criado por

um Estado-nação (DUCAN, 2012). A empresa Kapersky,

desenvolvedora russa de antivírus, publicou, em seu sítio

na Internet, um comentário a respeito do Flame nos

seguintes termos:(…) The complexity and functionality of the newly discovered malicious programexceed those of all other cyber menaces known to date. (…) The primary purpose ofFlame appears to be cyber espionage, by stealing information from infectedmachines. (...) The diverse nature of the stolen information, which can includedocuments, screenshots, audio recordings and interception of network traffic,(...) (KAPERSKY, 2012) (grifos nossos).

Verifica-se que a análise feita pela Kapersky

configura o Flame como um poderoso instrumento de

Inteligência. Essa arma de reconhecimento e vigilância

pode capturar imagens de telas dos usuários de

computador, registro de e-mail e mensagens instantâneas,

ligar microfones à distância para gravação de conversas

do ambiente, monitorar teclado e tráfego de rede, entre

outras capacidades ainda desconhecidas. Note-se o forte

componente de Inteligência. Mesmo que um dispositivo

infectado não esteja conectado à Internet, o Flame é

capaz de se espalhar para outros dispositivos por meio de

conexão Bluetooth19, podendo ativar e saltar para outros

dispositivos conectados à Internet em uma rede local

(PERLROTH, 2012).

De acordo com Sanger (2012), o Flame varreu

grande volume de dados e informações a partir das

19 Bluetooth – Termo que representa uma especificação para conexão de redes pessoais de curta distância.

Page 33: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

33EsIMEx - 2º Semestre de 2012

alvos denotam o trabalho com dados oportunos e

relevantes na preparação do planejamento das ações.

Essas constatações são sinais nítidos do trabalho da

Inteligência. Ainda durante esses episódios, houve

intenso recrutamento de patriotas russos com seus

computadores para atuarem junto nas operações

cibernéticas (chamados de hacktivistas). Note-se que o

recrutamento15 também é uma técnica operacional da

Inteligência. Todos esses casos demonstram ações

prévias da Inteligência Cibernética nesse episódio

(SHAKARIAN, 2011).

Ainda há outros indícios de ação da Inteligência

anterior às operações. Por volta de julho de 2008, isto é,

um mês antes da operação cibernética, alguns servidores

governamentais georgianos foram atacados. Nessa

primeira ocorrência, os computadores receberam uma

“pichação” com a frase “win+love+in+Russia”.

Suspeita-se que essa ação teria sido preparação

ou ensaio cibernético para a operação principal. Essa

atividade só poderia ter sido realizada mediante o

conhecimento anterior das características do alvo e das

suas vulnerabilidades, ressaltando-se a provável

contribuição da Inteligência.

Conforme Thomas (2010), após os embates na

Geórgia, a Federação Russa avaliou os eventos e adotou

algumas medidas de aperfeiçoamento. Ainda em outubro

de 2008, foi anunciada uma nova estrutura para o Sistema

Militar de Inteligência que foi encomendada a uma

empresa privada, tendo como objetivo coletar dados

sobre o ambiente operacional cibernético.

Tomando-se por base os dados do caso da

Geórgia, propõe-se estudo mais aprofundado desse

conflito para que se possa inferir algumas capacidades

específicas para a Inteligência Cibernética na obtenção de

dados operacionais. A análise dos aspectos, das

operações e dos prováveis dados utilizados poderão gerar

conjunto de capacidades que sejam adequadas a serem

15 Ação de cooptar atores para contribuir com determinada atividade planejada.

desenvolvidas no pessoal que irá trabalhar nesse campo.

Essa coletânea de capacidades também poderá

ser especializada em conjunto de Elementos Essenciais

de Informação Cibernéticos (EEIC).

4.1.5 O ataque ao Irã pelo Stuxnet – 2010

Em 2010, um malware conhecido como Stuxnet

foi usado em larga escala para atacar os Sistema de

Controle e Aquisição de Dados16 (SCADA),

particularmente nos dispositivos industriais fabricados

pela Siemens. O Stuxnet é um worm, ou seja, um

programa malicioso que é capaz de prejudicar a atividade

de outro sistema. A máquina infectada envia informações

para servidores externos localizados em outros locais

(busca de dados). Além disso, o Stuxnet contém um

mecanismo de “rootkit”17.

Provavelmente, a infecção foi iniciada por um

pendrive contaminado, espalhando-se pela rede. Seu

custo de produção foi estimado em US$ 1 milhão e seu

código explora conjunto de falhas de sistemas

proprietários que até então eram desconhecidas. Esses

aspectos resultaram na teoria de que o Stuxnet tenha sido

desenvolvido por um Estado como uma “arma

cibernética” para causar danos ao programa nuclear

iraniano. (SAABALCH, 2011).

Em função dessas peculiaridades do Stuxnet e

dos danos causados às instalações nucleares iranianas,

estima-se que, provavelmente, houve trabalho da

Inteligência para o levantamento de dados e para a

identificação das vulnerabilidades dos sistemas,

garantindo que o ataque atingiria o alvo desejado e

causando graves danos ao programa nuclear daquele país.

16 SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition .

17 Rootkit – software embutido em vírus que permite ao hacker ocontrole da máquina como administrador.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

De fato, pelas informações apresentadas por

Gates (2012) na Edição de 1º de junho de 2012 do The

New York Times, fica clara a preparação e a operação de

Inteligência para o levantamento de plantas e outros

dados das instalações nucleares. Inicialmente, foram

enviadas armas cibernéticas como sinalizadores (beacon)

para levantar informações das instalações.

Posteriormente, o programa espião enviou dados

coletados para as agências de Inteligência que processaram essas

informações e apoiaram os programadores da arma cibernética,

como visto na Figura 1.

Várias notícias no jornal The New York Times

atribuem essa origem a programas secretos apoiados em

operações de inteligência cibernética que foram

articulados entre os Estados Unidos e Israel. A principal

intenção seria prejudicar o programa nuclear iraniano. Há

informações de que as centrífugas enriquecedoras de

urânio do Irã foram danificadas, constando de relatório

sobre interrupções confirmados pelo Irã, tanto em 2009,

como em 2010. A Siemens divulgou que 15 clientes

foram infectados, sendo cerca de 60% localizados no Irã.

4.1.6 Nova arma cibernética – Flame – 2012.

No início de 2012, computadores de altos

funcionários iranianos foram atingidos por um vírus de

mineração de dados batizado de Flame18. Esse pode ter

sido um dos mais destrutivos ataques cibernéticos contra

o Irã desde a ação do vírus Stuxnet (ERDBRINK, 2012).

18 Flame – Chama ou fogo – Tradução do Autor.

A presença da mineração de dados denota uma

ação direta de Inteligência. A ideia que se infere dessa

operação cibernética está focada no monitoramento

global do Irã por meio de ferramentas cibernéticas.

Diferentemente do Stuxnet, essa arma foi projetada para

coletar secretamente uma enorme gama de dados,

tipicamente uma operação de Inteligência.

Alguns pesquisadores de segurança especulam

que sua elaboração representa um esforço multi-

milionário que provavelmente seja resultado do trabalho

de alguns anos. É quase certo que tenha sido criado por

um Estado-nação (DUCAN, 2012). A empresa Kapersky,

desenvolvedora russa de antivírus, publicou, em seu sítio

na Internet, um comentário a respeito do Flame nos

seguintes termos:(…) The complexity and functionality of the newly discovered malicious programexceed those of all other cyber menaces known to date. (…) The primary purpose ofFlame appears to be cyber espionage, by stealing information from infectedmachines. (...) The diverse nature of the stolen information, which can includedocuments, screenshots, audio recordings and interception of network traffic,(...) (KAPERSKY, 2012) (grifos nossos).

Verifica-se que a análise feita pela Kapersky

configura o Flame como um poderoso instrumento de

Inteligência. Essa arma de reconhecimento e vigilância

pode capturar imagens de telas dos usuários de

computador, registro de e-mail e mensagens instantâneas,

ligar microfones à distância para gravação de conversas

do ambiente, monitorar teclado e tráfego de rede, entre

outras capacidades ainda desconhecidas. Note-se o forte

componente de Inteligência. Mesmo que um dispositivo

infectado não esteja conectado à Internet, o Flame é

capaz de se espalhar para outros dispositivos por meio de

conexão Bluetooth19, podendo ativar e saltar para outros

dispositivos conectados à Internet em uma rede local

(PERLROTH, 2012).

De acordo com Sanger (2012), o Flame varreu

grande volume de dados e informações a partir das

19 Bluetooth – Termo que representa uma especificação para conexão de redes pessoais de curta distância.

Page 34: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

34 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

máquinas iranianas. Os EUA se recusaram

assumir a responsabilidade pelo ataque. Há grandes

preocupações norte-americanas em assumir autoria de

ações com uso de armas cibernéticas, principalmente para

que não sirvam como argumentos para que terroristas,

hackers ou outros países justifiquem ataques contra os

EUA.

4.2 RESUMO DAS AÇÕES DE INTELIGÊNCIA

NOS CONFLITOS ESTUDADOS

4.3 VISÃO GERAL DOS PAÍSES NO MUNDO

Completa-se essa abordagem geral por meio de

uma avaliação do tema nos demais países do mundo. A

avaliação baseia-se no estudo realizado pelo Center of

Strategic and International Studies20 (CSIS) da United

Nations Institute for Disarmament Research (UNIDIR),

destinado a avaliar o cenário da implantação de forças de

defesa cibernética. Esse estudo contribui para a

percepção geral do arranjo mundial com relação ao tema,

também quanto ao contexto da inteligência.

Foram analisadas cerca de 133 nações dentre as

quais identificou-se 33 países que incluem a capacidade

cibernética em seus planejamentos e em organizações

militares. Da análise do montante de quase 25 nações, das

33 citadas, verifica-se que cerca de 13 países incluem as

Operações Ofensivas Cibernéticas (Ataque) em suas

missões. Em torno de 7 nações inserem a competência

para atuar no campo da Inteligência Cibernética nas

atribuições das suas Unidades Cibernéticas. Cabe

destacar, ainda, que cerca de 10 Estados já possuem

doutrinas estabelecidas ou mesmo esboços doutrinários

relacionados à Cibernética. (LEWIS; TIMLIM, 2011).

20 Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais – ONU – Tradução do Autor.

Com o desenvolvimento da Internet, a

espionagem e as atividades militares cibernéticas

tornaram-se os temas centrais de segurança da grande

maioria das nações do mundo. Os atos governamentais

mais recentes identificados naquelas nações referem-se à

criação de organizações militares ou comandos

específicos para a atuação no espaço cibernético.

Alternativamente, algumas nações incluem esse vetor

como pertencente às unidades vocacionadas para o

emprego na Inteligência. Dentre os elementos comuns

nas doutrinas, pode-se destacar o uso das capacidades

cibernéticas para: reconhecimentos, operações de

informações e rompimento de serviços de rede de

computadores (cyberattack).

Comparando-se o cenário mundial avaliado com

a situação brasileira no planejamento para 2011-2014,

percebe-se que há grandes avanços em andamento,

principalmente pela implantação do Centro de Defesa

Cibernética (C D Ciber) no Exército Brasileiro. No

entanto, o tema ainda inédito impõe muito trabalho a ser

realizado no campo doutrinário e no campo da

Inteligência Cibernética. Portanto, há demandas por

estudos e aprofundamentos que conduzirão a avanços

ainda mais promissores. Essas iniciativas, certamente,

garantirão ao Brasil manter-se na entre as várias nações

que estão na vanguarda do tema cibernético.

5 CONCLUSÃO

O mundo moderno apoia-se sobre uma camada

de tecnologia. Nesse emaranhado de inovações,

princípios de Guerra, como a Economia de Forças, e

Estratégias, como a Manutenção da Liberdade de Ação,

já são resultantes do emprego de novas técnicas

operacionais no domínio da Guerra Cibernética. O Gênio

da Guerra Sun Tzu (2007) tem suas palavras cada dia

mais reais. Vencer sem lutar, usar a dissimulação,

conhecer o inimigo, atacar por caminhos inesperados e

outros pensamentos milenares estão perfeitamente

encaixados no cenário onde a Guerra Cibernética passa a

ser a quinta dimensão do domínio operacional.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Nessa nova ordem, cresce a importância pelos

aperfeiçoamentos no Sistema Operacional Inteligência.

Como visto nessa discussão, não será possível realizar

operações cibernéticas sem as informações oportunas e

relevantes da Inteligência. Alinhado com esse

entendimento, o Exército inclui a dimensão cibernética

na evolução da Inteligência Militar.

Recentes conflitos contaram com a ação

operacional de forças cibernéticas. Nesses casos houve a

real participação da Inteligência e evidências mostram

minucioso levantamento de dados e de informações que

suportaram aqueles planejamentos. Há elementos nítidos

do trabalho prévio de uma Inteligência habilitada a atuar

em ambientes digitalmente configurados. Embora ainda

não haja doutrina consolidada sobre o emprego de forças

cibernéticas, pelo estudo das características dos recentes

conflitos, verifica-se que o trabalho da Inteligência

Cibernética mostra-se imprescindível, principalmente

para acompanhar o cenário e os atores, antecipando-se

aos possíveis conflitos.

Sem a Inteligência Cibernética não haverá como

atuar com precisão e oportunidade.

No domínio virtual, os intervalos de tempo serão

reduzidos ao mínimo. A antecipação e o direcionamento

preciso da Inteligência Cibernética serão fatores de

desequilíbrio. A força que melhor souber utilizar essas

capacidades terá vantagem estratégica sobre o adversário.

Para cumprir as missões que estão no porvir da

Inteligência, há que se definir novos parâmetros

doutrinários, iniciando pelas capacidades desejadas para a

Inteligência Cibernética. Novas ideias precisam ser

aprofundadas e novos perfis necessitam ser elaborados

para a preparação dos recursos humanos para Análise de

Inteligência Cibernética.

Por fim, sugere-se que o tema seja amplamente

discutido e tenha o concurso de colaborações

multidisciplinares para que sejam alcançados

conhecimentos doutrinários inovadores para a

Inteligência com foco num futuro que, em última análise,

já é o “agora”.

REFERÊNCIAS

BEER, Stafford. What is cybernetics?. Emerald Group Publishing Limited. UK. 2002.BRASIL. EXÉRCITO. Port Res Nº 04 Cmt EB, 22 JUL 10. Aprova as Diretrizes para Implantação do Centro de Defesa Cibernético.Gabinete do Comandante do Exército. Brasília-DF, 2010a.______. Diretriz Geral do Comandante do Exército para o período de 2011-2014. D.O.U. Edição Especial, Seção 2, 1º JAN 11. Brasília-DF, 2011a.______.MINISTÉRIO DA DEFESA. PORTARIA NORMATIVA Nº 3.810/MD. Doutrina de Operações Conjuntas. MD30-M01 (1ª Edição/2011). Gabinete do Ministro de Estado da Defesa. Brasília-DF, 2011b.______. Presidência da República. Política de Defesa Nacional.Decreto nº 5.484, de 30 de junho de 2005. Brasília, DF, 2005.______. Estratégia Nacional de Defesa. Ministério da Defesa. Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Brasília, DF, 2008.______. Presidência da República. Livro Verde: Segurança Cibernética no Brasil. Gabinete de Segurança Institucional. Brasília, DF, 2010b.CARR, Jefrey. Inside Cyber Warfare. 2nd Edition. O'Reailly Media, Inc. Sebastopol. California. EUA 2011COLEMAN, Kevin G. Cyber Intelligence: Does The U.S. Need A Cyber Intelligence Agency? AOL. Government. Disponível em <http://gov.aol.com/2011/09/26/cyberintelligence-does-the-u-s-need-a-cyber-intelligence-agen/> acessado em 5 MAIO 2012 às 11h28 . EUA. 2011.DUCAN, Geoff. Sophisticated Flame virus takes malware to a new level, now what? Digital Trends. EUA. 2012. Disponível em http://www.digitaltrends.com/computing/flametakesmalware-to-a-whole-new-level/ > Acessado em 16 JUN 12 às 23h20.DUTRA, André M. C. Introdução à Guerra Cibernética: a necessidade de um despertar brasileiro para o assunto. ITA. SP. 2007.ERDBRINK, Thomas. Iran Confirms Attack by Virus That Collects Information. The New York Times. 2012. Disponível em <http://www.nytimes.com/2012/05/30/world/middleeast/iran -confirms-cyber-attack-by-new-virus-alled-flame.html > Acessado em 11 JUN 12 - 21h37.GATES, Guilbert. How a Secret Cyberwar Program Worked . The New York Times. EUA. 2012. Disponível em <http://www.nytimes.com/interactive/2012/06/01/world/middleeast/how-a-secret-cyberwar-program-worked.html?ref=middleeast>Acessado em 10 JUN 12 às 20h27.

KAPERSKY. Kaspersky Lab and ITU Research Reveals New Advanced Cyber Threat .Kaspersky Lab ZAO. Moscow. Federação Russa. 2012. Disponível em http://www.kaspersky.com/ about/news/virus/2012/Kaspersky_Lab_and_ITU_Research_Reveals_New_Advanced_Cyber_Threat > Acessado em 15 JUN 12 às 23h11.KIM, J. Ho. Cibernética, Ciborgues e Ciberespaço: Notas sobre as origens da cibernéticae sua reinvenção cultural. Universidade de São Paulo, 2004.LEWIS, James. TIMLIM, Katrina. Cybersecurity and Cyberwafare2011. Center for Strategic and International Studies. UNIDIR. UN. New York, USA. 2011.PERLROTH, Nicole. Researchers Find Clues in Malware . The New York Times. 2012. Disponível emhttp://www.nytimes.com/2012/05/31/ technology/researchers-link-flamevirus-to-stuxnet-and-duqu.html > Acessado em 14 JUN 12 às 23h51.RIOS, Billy K. Sun Tzu was a Hacker: An Examination of the Tactics and Operations from a Real World Cyber Attack. NATO Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence. Tallinn.Estônia. 2011. Disponível em <http://www.ccdcoe.org/publications/virtualbattlefield/10_RIOS_Sun_Tzu_was_a_hacker.pdf> Acessado em 5 MAIO 2012 às 12h33.

Page 35: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

35EsIMEx - 2º Semestre de 2012

máquinas iranianas. Os EUA se recusaram

assumir a responsabilidade pelo ataque. Há grandes

preocupações norte-americanas em assumir autoria de

ações com uso de armas cibernéticas, principalmente para

que não sirvam como argumentos para que terroristas,

hackers ou outros países justifiquem ataques contra os

EUA.

4.2 RESUMO DAS AÇÕES DE INTELIGÊNCIA

NOS CONFLITOS ESTUDADOS

4.3 VISÃO GERAL DOS PAÍSES NO MUNDO

Completa-se essa abordagem geral por meio de

uma avaliação do tema nos demais países do mundo. A

avaliação baseia-se no estudo realizado pelo Center of

Strategic and International Studies20 (CSIS) da United

Nations Institute for Disarmament Research (UNIDIR),

destinado a avaliar o cenário da implantação de forças de

defesa cibernética. Esse estudo contribui para a

percepção geral do arranjo mundial com relação ao tema,

também quanto ao contexto da inteligência.

Foram analisadas cerca de 133 nações dentre as

quais identificou-se 33 países que incluem a capacidade

cibernética em seus planejamentos e em organizações

militares. Da análise do montante de quase 25 nações, das

33 citadas, verifica-se que cerca de 13 países incluem as

Operações Ofensivas Cibernéticas (Ataque) em suas

missões. Em torno de 7 nações inserem a competência

para atuar no campo da Inteligência Cibernética nas

atribuições das suas Unidades Cibernéticas. Cabe

destacar, ainda, que cerca de 10 Estados já possuem

doutrinas estabelecidas ou mesmo esboços doutrinários

relacionados à Cibernética. (LEWIS; TIMLIM, 2011).

20 Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais – ONU – Tradução do Autor.

Com o desenvolvimento da Internet, a

espionagem e as atividades militares cibernéticas

tornaram-se os temas centrais de segurança da grande

maioria das nações do mundo. Os atos governamentais

mais recentes identificados naquelas nações referem-se à

criação de organizações militares ou comandos

específicos para a atuação no espaço cibernético.

Alternativamente, algumas nações incluem esse vetor

como pertencente às unidades vocacionadas para o

emprego na Inteligência. Dentre os elementos comuns

nas doutrinas, pode-se destacar o uso das capacidades

cibernéticas para: reconhecimentos, operações de

informações e rompimento de serviços de rede de

computadores (cyberattack).

Comparando-se o cenário mundial avaliado com

a situação brasileira no planejamento para 2011-2014,

percebe-se que há grandes avanços em andamento,

principalmente pela implantação do Centro de Defesa

Cibernética (C D Ciber) no Exército Brasileiro. No

entanto, o tema ainda inédito impõe muito trabalho a ser

realizado no campo doutrinário e no campo da

Inteligência Cibernética. Portanto, há demandas por

estudos e aprofundamentos que conduzirão a avanços

ainda mais promissores. Essas iniciativas, certamente,

garantirão ao Brasil manter-se na entre as várias nações

que estão na vanguarda do tema cibernético.

5 CONCLUSÃO

O mundo moderno apoia-se sobre uma camada

de tecnologia. Nesse emaranhado de inovações,

princípios de Guerra, como a Economia de Forças, e

Estratégias, como a Manutenção da Liberdade de Ação,

já são resultantes do emprego de novas técnicas

operacionais no domínio da Guerra Cibernética. O Gênio

da Guerra Sun Tzu (2007) tem suas palavras cada dia

mais reais. Vencer sem lutar, usar a dissimulação,

conhecer o inimigo, atacar por caminhos inesperados e

outros pensamentos milenares estão perfeitamente

encaixados no cenário onde a Guerra Cibernética passa a

ser a quinta dimensão do domínio operacional.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Nessa nova ordem, cresce a importância pelos

aperfeiçoamentos no Sistema Operacional Inteligência.

Como visto nessa discussão, não será possível realizar

operações cibernéticas sem as informações oportunas e

relevantes da Inteligência. Alinhado com esse

entendimento, o Exército inclui a dimensão cibernética

na evolução da Inteligência Militar.

Recentes conflitos contaram com a ação

operacional de forças cibernéticas. Nesses casos houve a

real participação da Inteligência e evidências mostram

minucioso levantamento de dados e de informações que

suportaram aqueles planejamentos. Há elementos nítidos

do trabalho prévio de uma Inteligência habilitada a atuar

em ambientes digitalmente configurados. Embora ainda

não haja doutrina consolidada sobre o emprego de forças

cibernéticas, pelo estudo das características dos recentes

conflitos, verifica-se que o trabalho da Inteligência

Cibernética mostra-se imprescindível, principalmente

para acompanhar o cenário e os atores, antecipando-se

aos possíveis conflitos.

Sem a Inteligência Cibernética não haverá como

atuar com precisão e oportunidade.

No domínio virtual, os intervalos de tempo serão

reduzidos ao mínimo. A antecipação e o direcionamento

preciso da Inteligência Cibernética serão fatores de

desequilíbrio. A força que melhor souber utilizar essas

capacidades terá vantagem estratégica sobre o adversário.

Para cumprir as missões que estão no porvir da

Inteligência, há que se definir novos parâmetros

doutrinários, iniciando pelas capacidades desejadas para a

Inteligência Cibernética. Novas ideias precisam ser

aprofundadas e novos perfis necessitam ser elaborados

para a preparação dos recursos humanos para Análise de

Inteligência Cibernética.

Por fim, sugere-se que o tema seja amplamente

discutido e tenha o concurso de colaborações

multidisciplinares para que sejam alcançados

conhecimentos doutrinários inovadores para a

Inteligência com foco num futuro que, em última análise,

já é o “agora”.

REFERÊNCIAS

BEER, Stafford. What is cybernetics?. Emerald Group Publishing Limited. UK. 2002.BRASIL. EXÉRCITO. Port Res Nº 04 Cmt EB, 22 JUL 10. Aprova as Diretrizes para Implantação do Centro de Defesa Cibernético.Gabinete do Comandante do Exército. Brasília-DF, 2010a.______. Diretriz Geral do Comandante do Exército para o período de 2011-2014. D.O.U. Edição Especial, Seção 2, 1º JAN 11. Brasília-DF, 2011a.______.MINISTÉRIO DA DEFESA. PORTARIA NORMATIVA Nº 3.810/MD. Doutrina de Operações Conjuntas. MD30-M01 (1ª Edição/2011). Gabinete do Ministro de Estado da Defesa. Brasília-DF, 2011b.______. Presidência da República. Política de Defesa Nacional.Decreto nº 5.484, de 30 de junho de 2005. Brasília, DF, 2005.______. Estratégia Nacional de Defesa. Ministério da Defesa. Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Brasília, DF, 2008.______. Presidência da República. Livro Verde: Segurança Cibernética no Brasil. Gabinete de Segurança Institucional. Brasília, DF, 2010b.CARR, Jefrey. Inside Cyber Warfare. 2nd Edition. O'Reailly Media, Inc. Sebastopol. California. EUA 2011COLEMAN, Kevin G. Cyber Intelligence: Does The U.S. Need A Cyber Intelligence Agency? AOL. Government. Disponível em <http://gov.aol.com/2011/09/26/cyberintelligence-does-the-u-s-need-a-cyber-intelligence-agen/> acessado em 5 MAIO 2012 às 11h28 . EUA. 2011.DUCAN, Geoff. Sophisticated Flame virus takes malware to a new level, now what? Digital Trends. EUA. 2012. Disponível em http://www.digitaltrends.com/computing/flametakesmalware-to-a-whole-new-level/ > Acessado em 16 JUN 12 às 23h20.DUTRA, André M. C. Introdução à Guerra Cibernética: a necessidade de um despertar brasileiro para o assunto. ITA. SP. 2007.ERDBRINK, Thomas. Iran Confirms Attack by Virus That Collects Information. The New York Times. 2012. Disponível em <http://www.nytimes.com/2012/05/30/world/middleeast/iran -confirms-cyber-attack-by-new-virus-alled-flame.html > Acessado em 11 JUN 12 - 21h37.GATES, Guilbert. How a Secret Cyberwar Program Worked . The New York Times. EUA. 2012. Disponível em <http://www.nytimes.com/interactive/2012/06/01/world/middleeast/how-a-secret-cyberwar-program-worked.html?ref=middleeast>Acessado em 10 JUN 12 às 20h27.

KAPERSKY. Kaspersky Lab and ITU Research Reveals New Advanced Cyber Threat .Kaspersky Lab ZAO. Moscow. Federação Russa. 2012. Disponível em http://www.kaspersky.com/ about/news/virus/2012/Kaspersky_Lab_and_ITU_Research_Reveals_New_Advanced_Cyber_Threat > Acessado em 15 JUN 12 às 23h11.KIM, J. Ho. Cibernética, Ciborgues e Ciberespaço: Notas sobre as origens da cibernéticae sua reinvenção cultural. Universidade de São Paulo, 2004.LEWIS, James. TIMLIM, Katrina. Cybersecurity and Cyberwafare2011. Center for Strategic and International Studies. UNIDIR. UN. New York, USA. 2011.PERLROTH, Nicole. Researchers Find Clues in Malware . The New York Times. 2012. Disponível emhttp://www.nytimes.com/2012/05/31/ technology/researchers-link-flamevirus-to-stuxnet-and-duqu.html > Acessado em 14 JUN 12 às 23h51.RIOS, Billy K. Sun Tzu was a Hacker: An Examination of the Tactics and Operations from a Real World Cyber Attack. NATO Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence. Tallinn.Estônia. 2011. Disponível em <http://www.ccdcoe.org/publications/virtualbattlefield/10_RIOS_Sun_Tzu_was_a_hacker.pdf> Acessado em 5 MAIO 2012 às 12h33.

Page 36: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

36 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ROBINSON, Colin. Military and Cyber-Defense: Reactions to the threat. CDI - Center for Defense Information. 2002. Disponível em < http://www.cdi.org/terrorism/cyberdefensepr.cfm > Acessado em 06 ABR 2012 às 23h50.SA, Nelson. CDCiber - Centro de Defesa Cibernética inicia em Junho. Folha On Line.Brasil. Maio, 2012. Disponível em <http://www.defesanet.com.br/cyberwar/noticia/5954/CDCiber---Centro-de-Defesa-Ci bernetica-inicia-em-Junho- >Acessado em 16 MAI 12 às 21h45.SAALBACH, K. Cyber War: Methods and Practice – Version 3.0.Universität Osnabrück. Osnabrück. Alemanha. 2011.SANGER, David. Obama Order Sped Up Wave of Cyberattacks Against Iran . The New York Times. EUA. 2012. Disponível em http://www.nytimes.com/2012/06/01/world/middleeast/ obama-

ordered-wave-of-cyberattacks-against-iran.html?pagewanted=all >Acessado em 11 JUN 12 às 22h42.SAUVER, J. S. Cyber War, Cyber Terrorism and Cyber Espionage (v1.2). Apresentação realizada em IT Security Conference Fargo, North Dakota, USA, 2008.SEGURANÇA DIGITAL. Footprint. Revista Nº 01 – Julho de 2011. Brasília, DF. 2011.SHAKARIAN, Paulo. Análise da Campanha Cibernética da Rússia contra a Geórgia, em 2008. Military Review – Edição Brasileira –Nov/Dez 2011.THE ECONOMIST. Cyberwarfare: Marching off to cyberwar. The Economist. December2008. Disponível em http://www.economist.com/node/12673385 > Acessado em 20 MAIO

12 às 16h06.THOMAS, Timothy L. Russian Information Warfare Theory: The Consequences of August 2008 (Chapter 4) / The Russian Military Today and Tomorrow. Strategic Studies Institute of the US Army War College (SSI). Carlisle. Pensilvanya. EUA. 2010.TOFFLER, Alvin; TOFFLER, Heidi. Guerra e Anti-Guerra. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1995.TRADOC. Cyberspace Operations – Concepts Capability Plan 2016-2028 (TRADOC Pamphlet 525-7-8). Training Doctrine and Command. US Army. Fort Monroe, Virginia. EUA. 2010.TZU, Sun. A Arte da Guerra, os 13 capítulos. tradução: Cândida de Sampaio Bastos. São Paulo, S.P; DPL, 2007.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

CESAR AUGUSTO ROSA DE ARAÚJO21

1 INTRODUÇÃO

A competição permanente entre os estados,

marcada pelas mudanças constantes da situação política e

econômica, torna a produção do Conhecimento, e a sua

negação, importante ferramenta para assegurar as suas

existências.

21 Oficial da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro,Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Mestre em Aplicações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).

No período denominado de “Guerra Fria”, a

Atividade de Inteligência passou a identificar as ameaças

de eventuais conflitos, particularmente no que se refere

aos aspectos político-ideológicos e militares.

O Exército Brasileiro participa da Atividade de

Inteligência no mais alto nível de assessoramento do

governo por meio do Estado-Maior do Exército e do

Centro de Inteligência do Exército, que também atendem

às necessidades de Conhecimento do Comandante do

Exército, do Órgão de Direção-Geral e dos Órgãos de

Direção Setorial.

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PARA O PROCESSO DECISÓRIO NO EXÉRCITO BRASILEIRO

RESUMO

O objetivo deste trabalho é tratar do assunto “A importância da Inteligência Estratégica para o

Processo Decisório no Exército Brasileiro”. Ressaltou-se a Produção do Conhecimento, o nível de

abrangência e a relação com o Processo Decisório e o Planejamento Estratégico do Exército, destacando a

sua participação na análise prospectiva. Foi possível verificar, também, que a Atividade de Inteligência, no

nível estratégico, é relevante, particularmente no momento em que o Exército Brasileiro planeja transformar-

se, adotando uma nova configuração como consequência da execução do Projeto de Força/EB 2030; que a

difusão de Conhecimentos de Inteligência oriundos do Sistema de Inteligência de Defesa (SINDE) e do

Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) poderá subsidiar a tomada de decisão dos chefes militares que

atuam no nível estratégico do Exército Brasileiro; que a atualização do Sistema de Planejamento do Exército

(SIPLEx) depende da determinação das ameaças e das oportunidades para o Exército Brasileiro. O trabalho

está baseado em fatos portadores futuro (FPF) que poderão projetar o EB 2030 (ProForça) e na participação

do SIEx no Grupo de Controle LINCE, muito importante para o processo, pois envolve diretamente o Centro

de Inteligência do Exército (CIE), órgão que contribui com o Estado-Maior do Exército (EME) na realização

de estudos prospectivos para atender às demandas de emprego do Exército Brasileiro para o futuro. Ao final,

conclui-se que a Atividade de Inteligência Estratégica é fundamental para o processo decisório no Exército

Brasileiro, necessitando de melhorias na integração e na interação entre os sistemas existentes e o SIEx.

Palavras-Chave: Inteligência Estratégica. Processo Decisório. Exército Brasileiro.

Page 37: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

37EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ROBINSON, Colin. Military and Cyber-Defense: Reactions to the threat. CDI - Center for Defense Information. 2002. Disponível em < http://www.cdi.org/terrorism/cyberdefensepr.cfm > Acessado em 06 ABR 2012 às 23h50.SA, Nelson. CDCiber - Centro de Defesa Cibernética inicia em Junho. Folha On Line.Brasil. Maio, 2012. Disponível em <http://www.defesanet.com.br/cyberwar/noticia/5954/CDCiber---Centro-de-Defesa-Ci bernetica-inicia-em-Junho- >Acessado em 16 MAI 12 às 21h45.SAALBACH, K. Cyber War: Methods and Practice – Version 3.0.Universität Osnabrück. Osnabrück. Alemanha. 2011.SANGER, David. Obama Order Sped Up Wave of Cyberattacks Against Iran . The New York Times. EUA. 2012. Disponível em http://www.nytimes.com/2012/06/01/world/middleeast/ obama-

ordered-wave-of-cyberattacks-against-iran.html?pagewanted=all >Acessado em 11 JUN 12 às 22h42.SAUVER, J. S. Cyber War, Cyber Terrorism and Cyber Espionage (v1.2). Apresentação realizada em IT Security Conference Fargo, North Dakota, USA, 2008.SEGURANÇA DIGITAL. Footprint. Revista Nº 01 – Julho de 2011. Brasília, DF. 2011.SHAKARIAN, Paulo. Análise da Campanha Cibernética da Rússia contra a Geórgia, em 2008. Military Review – Edição Brasileira –Nov/Dez 2011.THE ECONOMIST. Cyberwarfare: Marching off to cyberwar. The Economist. December2008. Disponível em http://www.economist.com/node/12673385 > Acessado em 20 MAIO

12 às 16h06.THOMAS, Timothy L. Russian Information Warfare Theory: The Consequences of August 2008 (Chapter 4) / The Russian Military Today and Tomorrow. Strategic Studies Institute of the US Army War College (SSI). Carlisle. Pensilvanya. EUA. 2010.TOFFLER, Alvin; TOFFLER, Heidi. Guerra e Anti-Guerra. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1995.TRADOC. Cyberspace Operations – Concepts Capability Plan 2016-2028 (TRADOC Pamphlet 525-7-8). Training Doctrine and Command. US Army. Fort Monroe, Virginia. EUA. 2010.TZU, Sun. A Arte da Guerra, os 13 capítulos. tradução: Cândida de Sampaio Bastos. São Paulo, S.P; DPL, 2007.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

CESAR AUGUSTO ROSA DE ARAÚJO21

1 INTRODUÇÃO

A competição permanente entre os estados,

marcada pelas mudanças constantes da situação política e

econômica, torna a produção do Conhecimento, e a sua

negação, importante ferramenta para assegurar as suas

existências.

21 Oficial da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro,Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Mestre em Aplicações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).

No período denominado de “Guerra Fria”, a

Atividade de Inteligência passou a identificar as ameaças

de eventuais conflitos, particularmente no que se refere

aos aspectos político-ideológicos e militares.

O Exército Brasileiro participa da Atividade de

Inteligência no mais alto nível de assessoramento do

governo por meio do Estado-Maior do Exército e do

Centro de Inteligência do Exército, que também atendem

às necessidades de Conhecimento do Comandante do

Exército, do Órgão de Direção-Geral e dos Órgãos de

Direção Setorial.

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PARA O PROCESSO DECISÓRIO NO EXÉRCITO BRASILEIRO

RESUMO

O objetivo deste trabalho é tratar do assunto “A importância da Inteligência Estratégica para o

Processo Decisório no Exército Brasileiro”. Ressaltou-se a Produção do Conhecimento, o nível de

abrangência e a relação com o Processo Decisório e o Planejamento Estratégico do Exército, destacando a

sua participação na análise prospectiva. Foi possível verificar, também, que a Atividade de Inteligência, no

nível estratégico, é relevante, particularmente no momento em que o Exército Brasileiro planeja transformar-

se, adotando uma nova configuração como consequência da execução do Projeto de Força/EB 2030; que a

difusão de Conhecimentos de Inteligência oriundos do Sistema de Inteligência de Defesa (SINDE) e do

Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) poderá subsidiar a tomada de decisão dos chefes militares que

atuam no nível estratégico do Exército Brasileiro; que a atualização do Sistema de Planejamento do Exército

(SIPLEx) depende da determinação das ameaças e das oportunidades para o Exército Brasileiro. O trabalho

está baseado em fatos portadores futuro (FPF) que poderão projetar o EB 2030 (ProForça) e na participação

do SIEx no Grupo de Controle LINCE, muito importante para o processo, pois envolve diretamente o Centro

de Inteligência do Exército (CIE), órgão que contribui com o Estado-Maior do Exército (EME) na realização

de estudos prospectivos para atender às demandas de emprego do Exército Brasileiro para o futuro. Ao final,

conclui-se que a Atividade de Inteligência Estratégica é fundamental para o processo decisório no Exército

Brasileiro, necessitando de melhorias na integração e na interação entre os sistemas existentes e o SIEx.

Palavras-Chave: Inteligência Estratégica. Processo Decisório. Exército Brasileiro.

Page 38: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

38 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Devido à importância da Inteligência

Estratégica e à obrigatória colaboração do Exército para a

consecução dos objetivos nacionais nos assuntos de

Defesa, mostra-se necessário analisar a situação atual

dessa atividade na Força Terrestre e como ocorre a sua

participação no processo decisório.

2 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

Para se entender o conceito de Inteligência

Estratégica será necessário observar como os

especialistas definem Inteligência no segmento civil e

militar desta atividade. No Vade-Mécum de Inteligência

Militar, Inteligência pode ser definida:O termo Inteligência (do latim inteligentia )também é uma palavra de vários significados, podendo ser entendido como a “faculdade de compreender e de perceber” e como “a maneira de entender ou interpretar”. Ainda pode ser definido como “relações ou entendimentos secretos” e, também, como “a capacidade de resolver situações problemáticas novas mediante a reestruturação dos dados perceptivos”(Vade-Mécum de Inteligência Militar, 2011, p 4).

Segundo Sherman Kent, a Inteligência é dividida em

três faces: produto, organização e atividade.

A Inteligência como produto trata do resultado do método apropriado de produção do Conhecimento e tem como usuário o tomador de decisão em diferentes níveis. Inteligência é, portanto, Conhecimento produzido.[...]A Inteligência como organização diz respeito às estruturas funcionais que têm como missão primordial a obtenção de dados e a produção de Conhecimentos. São as organizações que atuam na busca do dado negado, na produção de Conhecimentos e na salvaguarda dessas informações, os chamados “Serviços Secretos”.[...]A Inteligência como atividade ou processo refere-se aos meios pelos quais certos tipos de informações são requeridas, coletadas/buscadas, analisadas e difundidas, e, ainda, os procedimentos para a obtenção de determinados dados, em especial aqueles protegidos. Esse processo possui metodologia própria (2011, p. 5).

A Atividade de Inteligência Militar, segundo as

Instruções Provisórias (IP 30-1)22, é a atividade técnica-

militar especializada, permanentemente exercida, com o

objetivo de produzir Conhecimentos de interesse do

22 BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A atividade de inteligência militar. 1. ed. Brasília: Confidencial, 1995.

comandante de qualquer nível hierárquico, e proteger

Conhecimentos sensíveis, instalações e pessoal do

Exército contra ações patrocinadas pelos serviços de

Inteligência oponentes e/ou adversos. A atividade é

exercida em dois ramos: Inteligência e

Contrainteligência.

2.1 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

ESTRATÉGICA

As informações não são privativas da Inteligência.

A Atividade de Inteligência se encarrega de coletar, tratar

e disseminar o seu produto, o Conhecimento, às

autoridades.

As informações como ativos estratégicos permitem

ao tomador de decisão, baseado na conjuntura nacional e

internacional, identificar fato ou situação que possa

ameaçar os interesses do Estado ou tornar-se uma

oportunidade para uma ação governamental, após uma

análise sistêmica.

Nesse contexto, o conceito difundido por Sherman

Kent para a Atividade de Inteligência Estratégica a define

como “A busca de Conhecimentos sobre os quais as

relações exteriores do nosso país devem basear-se na paz

e na guerra.”

Essa ação, exemplificada por Kent, pode ser

representada pelo acompanhamento permanente do

ambiente externo, nas áreas de interesse, pelo Estado, por

meio dos órgãos instituídos, organizados e preparados

para tal tarefa. As potenciais ameaças e oportunidades,

uma vez analisadas e definidas as suas influências para os

interesses da nação, serão levadas ao Conhecimento dos

decisores no nível estratégico.

Outro conceito que compartilha de características

semelhantes ao de Inteligência Estratégica é o de Defesa

Nacional, pois trata de ameaças externas à soberania e

aos interesses do Estado. Identificada a ameaça, poderá

ocorrer o emprego do poder militar.

Assim, pode-se concluir que a Atividade de

Inteligência, no nível estratégico, pode estar voltada,

prioritariamente, para o Campo Externo.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

2.2 A INTELIGÊNCIA E O PROCESSO

DECISÓRIO

Percebe-se que tão importante quanto conhecer os

conceitos de Inteligência Estratégica é saber identificar a

relação existente entre a Atividade de Inteligência e o

Processo Decisório. Para isso, serão apresentadas ideias

de acordo com as Instruções Provisórias (IP 30-2)

(Produção do Conhecimento), que ratificam a

necessidade desse relacionamento.

Para o seu preparo, coerente com a concepção

geral de emprego, a Força Terrestre (FT) necessita

conhecer fatos e situações explicitados em

Conhecimentos de Inteligência, voltados para o combate

ou para o enfrentamento das forças adversas.

A produção do Conhecimento baseia-se no

acompanhamento permanente das expressões militar,

psicossocial, política, econômica e científico-tecnológica,

além dos aspectos geográficos da área considerada.

Em situação de normalidade, as formas de

obtenção de dados, a produção de Conhecimentos e a

salvaguarda dos Conhecimentos sensíveis de posse do

Exército Brasileiro são realizadas segundo normas,

método e processos padronizados pelo Sistema de

Inteligência do Exército (SIEx).

As decisões colocadas em sequência, dentro de

uma organização, podem ser definidas como Processo

Decisório. Esse processo também pode ser conceituado

como a sistematização lógica de procedimentos

executados com a finalidade de permitir a escolha

racional de uma linha-de-ação, entre várias que conduza à

concretização eficaz de seus objetivos.

A finalidade da Atividade de Inteligência nos

Estados Modernos é produzir, com independência,

Conhecimentos em benefício da segurança, agregando

dados protegidos em suas análises, protegendo-os contra

as ações adversas promovidas por serviços de

Inteligência estrangeiros.

As atividades desenvolvidas pelo Exército

Brasileiro são decorrentes da missão prevista na

Constituição Federal para as Forças Armadas e em outros

preceitos legais.

2.2.1 O Sistema de Planejamento do Exército

O Planejamento Estratégico é definido como uma

das mais variadas e abrangentes formas de se atingir

objetivos.

Diante da nova conjuntura mundial, do

aperfeiçoamento das técnicas de planejamento, da

necessidade de adequar a doutrina do Exército aos

documentos elaborados pelo Ministério da Defesa, bem

como alinhar, no âmbito do Exército, o planejamento

administrativo ao planejamento estratégico, o

Comandante do Exército, em 2005, determinou ao

Estado-Maior da Força a realização de uma revisão no

SIPLEx. A partir desse momento, o Sistema buscou

atingir as seguintes finalidades:

- caracterizar a missão do Exército;

- avaliar o Exército;

- estabelecer a política militar terrestre;

- definir estratégias para o Exército;

- estabelecer planos para a consecução das

estratégias;

- padronizar e racionalizar o planejamento; e

- permitir o acompanhamento da execução do

planejamento, de forma a realimentar o Sistema.

O SIPLEx passou a ter a seguinte estrutura:

- Missão do Exército (SIPLEx 1);

- Avaliação (SIPLEx 2);

- Política Militar Terrestre (SIPLEx 3);

- Estratégias (SIPLEx 4);

- Planos (SIPLEx 5); e

- Planejamento Administrativo (SIPLEx 6).

2.2.2 A Avaliação

A Avaliação abrange o diagnóstico da situação

atual, considerando os ambientes externo e interno e,

também, os cenários prospectivos. O diagnóstico do

Page 39: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

39EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Devido à importância da Inteligência

Estratégica e à obrigatória colaboração do Exército para a

consecução dos objetivos nacionais nos assuntos de

Defesa, mostra-se necessário analisar a situação atual

dessa atividade na Força Terrestre e como ocorre a sua

participação no processo decisório.

2 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

Para se entender o conceito de Inteligência

Estratégica será necessário observar como os

especialistas definem Inteligência no segmento civil e

militar desta atividade. No Vade-Mécum de Inteligência

Militar, Inteligência pode ser definida:O termo Inteligência (do latim inteligentia )também é uma palavra de vários significados, podendo ser entendido como a “faculdade de compreender e de perceber” e como “a maneira de entender ou interpretar”. Ainda pode ser definido como “relações ou entendimentos secretos” e, também, como “a capacidade de resolver situações problemáticas novas mediante a reestruturação dos dados perceptivos”(Vade-Mécum de Inteligência Militar, 2011, p 4).

Segundo Sherman Kent, a Inteligência é dividida em

três faces: produto, organização e atividade.

A Inteligência como produto trata do resultado do método apropriado de produção do Conhecimento e tem como usuário o tomador de decisão em diferentes níveis. Inteligência é, portanto, Conhecimento produzido.[...]A Inteligência como organização diz respeito às estruturas funcionais que têm como missão primordial a obtenção de dados e a produção de Conhecimentos. São as organizações que atuam na busca do dado negado, na produção de Conhecimentos e na salvaguarda dessas informações, os chamados “Serviços Secretos”.[...]A Inteligência como atividade ou processo refere-se aos meios pelos quais certos tipos de informações são requeridas, coletadas/buscadas, analisadas e difundidas, e, ainda, os procedimentos para a obtenção de determinados dados, em especial aqueles protegidos. Esse processo possui metodologia própria (2011, p. 5).

A Atividade de Inteligência Militar, segundo as

Instruções Provisórias (IP 30-1)22, é a atividade técnica-

militar especializada, permanentemente exercida, com o

objetivo de produzir Conhecimentos de interesse do

22 BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A atividade de inteligência militar. 1. ed. Brasília: Confidencial, 1995.

comandante de qualquer nível hierárquico, e proteger

Conhecimentos sensíveis, instalações e pessoal do

Exército contra ações patrocinadas pelos serviços de

Inteligência oponentes e/ou adversos. A atividade é

exercida em dois ramos: Inteligência e

Contrainteligência.

2.1 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

ESTRATÉGICA

As informações não são privativas da Inteligência.

A Atividade de Inteligência se encarrega de coletar, tratar

e disseminar o seu produto, o Conhecimento, às

autoridades.

As informações como ativos estratégicos permitem

ao tomador de decisão, baseado na conjuntura nacional e

internacional, identificar fato ou situação que possa

ameaçar os interesses do Estado ou tornar-se uma

oportunidade para uma ação governamental, após uma

análise sistêmica.

Nesse contexto, o conceito difundido por Sherman

Kent para a Atividade de Inteligência Estratégica a define

como “A busca de Conhecimentos sobre os quais as

relações exteriores do nosso país devem basear-se na paz

e na guerra.”

Essa ação, exemplificada por Kent, pode ser

representada pelo acompanhamento permanente do

ambiente externo, nas áreas de interesse, pelo Estado, por

meio dos órgãos instituídos, organizados e preparados

para tal tarefa. As potenciais ameaças e oportunidades,

uma vez analisadas e definidas as suas influências para os

interesses da nação, serão levadas ao Conhecimento dos

decisores no nível estratégico.

Outro conceito que compartilha de características

semelhantes ao de Inteligência Estratégica é o de Defesa

Nacional, pois trata de ameaças externas à soberania e

aos interesses do Estado. Identificada a ameaça, poderá

ocorrer o emprego do poder militar.

Assim, pode-se concluir que a Atividade de

Inteligência, no nível estratégico, pode estar voltada,

prioritariamente, para o Campo Externo.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

2.2 A INTELIGÊNCIA E O PROCESSO

DECISÓRIO

Percebe-se que tão importante quanto conhecer os

conceitos de Inteligência Estratégica é saber identificar a

relação existente entre a Atividade de Inteligência e o

Processo Decisório. Para isso, serão apresentadas ideias

de acordo com as Instruções Provisórias (IP 30-2)

(Produção do Conhecimento), que ratificam a

necessidade desse relacionamento.

Para o seu preparo, coerente com a concepção

geral de emprego, a Força Terrestre (FT) necessita

conhecer fatos e situações explicitados em

Conhecimentos de Inteligência, voltados para o combate

ou para o enfrentamento das forças adversas.

A produção do Conhecimento baseia-se no

acompanhamento permanente das expressões militar,

psicossocial, política, econômica e científico-tecnológica,

além dos aspectos geográficos da área considerada.

Em situação de normalidade, as formas de

obtenção de dados, a produção de Conhecimentos e a

salvaguarda dos Conhecimentos sensíveis de posse do

Exército Brasileiro são realizadas segundo normas,

método e processos padronizados pelo Sistema de

Inteligência do Exército (SIEx).

As decisões colocadas em sequência, dentro de

uma organização, podem ser definidas como Processo

Decisório. Esse processo também pode ser conceituado

como a sistematização lógica de procedimentos

executados com a finalidade de permitir a escolha

racional de uma linha-de-ação, entre várias que conduza à

concretização eficaz de seus objetivos.

A finalidade da Atividade de Inteligência nos

Estados Modernos é produzir, com independência,

Conhecimentos em benefício da segurança, agregando

dados protegidos em suas análises, protegendo-os contra

as ações adversas promovidas por serviços de

Inteligência estrangeiros.

As atividades desenvolvidas pelo Exército

Brasileiro são decorrentes da missão prevista na

Constituição Federal para as Forças Armadas e em outros

preceitos legais.

2.2.1 O Sistema de Planejamento do Exército

O Planejamento Estratégico é definido como uma

das mais variadas e abrangentes formas de se atingir

objetivos.

Diante da nova conjuntura mundial, do

aperfeiçoamento das técnicas de planejamento, da

necessidade de adequar a doutrina do Exército aos

documentos elaborados pelo Ministério da Defesa, bem

como alinhar, no âmbito do Exército, o planejamento

administrativo ao planejamento estratégico, o

Comandante do Exército, em 2005, determinou ao

Estado-Maior da Força a realização de uma revisão no

SIPLEx. A partir desse momento, o Sistema buscou

atingir as seguintes finalidades:

- caracterizar a missão do Exército;

- avaliar o Exército;

- estabelecer a política militar terrestre;

- definir estratégias para o Exército;

- estabelecer planos para a consecução das

estratégias;

- padronizar e racionalizar o planejamento; e

- permitir o acompanhamento da execução do

planejamento, de forma a realimentar o Sistema.

O SIPLEx passou a ter a seguinte estrutura:

- Missão do Exército (SIPLEx 1);

- Avaliação (SIPLEx 2);

- Política Militar Terrestre (SIPLEx 3);

- Estratégias (SIPLEx 4);

- Planos (SIPLEx 5); e

- Planejamento Administrativo (SIPLEx 6).

2.2.2 A Avaliação

A Avaliação abrange o diagnóstico da situação

atual, considerando os ambientes externo e interno e,

também, os cenários prospectivos. O diagnóstico do

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

40 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ambiente externo restringe-se a aspectos

correntes, isto é, relativos ao momento em que se efetua a

avaliação e que têm potencial para afetar diretamente o

planejamento estratégico da Instituição. O diagnóstico do

ambiente interno tem como finalidade levantar fatores

(internos) que devem ser considerados na elaboração

desse planejamento.

O documento não esgota os temas abordados, não

repete literalmente dispositivos legais ou doutrinários

nem interpretações já explicitadas pelos escalões

superiores. É elaborado pelo Estado-Maior do Exército,

que coleta dados em Órgãos de Assessoramento Direto e

Imediato ao Comandante do Exército e nos Órgãos de

Direção Setorial do Comando da Força.

A Avaliação do Exército Brasileiro é um processo

contínuo. Entretanto, a atualização da Avaliação

completa deve ser realizada no início da gestão de cada

Comandante do Exército ou sempre que se fizer

necessário.

3 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

DESENVOLVIDA PELO SISTEMA BRASILEIRO

DE INTELIGÊNCIA E PELO SISTEMA DE

INTELIGÊNCIA DE DEFESA

O Sistema Brasileiro de Inteligência foi criado

pela Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999, com o

objetivo de substituir o Serviço Nacional de Informações

(SNI).

O Sistema de Inteligência de Defesa foi

instituído pela Portaria nº 295/MD de 03 Jun 02

(OSTENSIVA) e integra o SISBIN, devendo fornecer

dados e Conhecimentos específicos relacionados com a

defesa das instituições e dos interesses nacionais para a

ABIN.

3.1 O SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA

Desde 1999, o SISBIN tem por objetivo integrar as

ações de planejamento e a execução da Atividade de

Inteligência do país, com a finalidade de fornecer

subsídios ao Presidente da República nos assuntos de

interesse nacional.

O SISBIN tem como missões realizar a atividade

de obtenção e análise de dados e informações; e de

produção e difusão de Conhecimentos, dentro e fora do

território nacional, relativos a fatos e situações de

imediata ou potencial influência sobre o processo

decisório, a ação governamental, a salvaguarda e a

segurança da sociedade e do Estado; prevenir, detectar,

obstruir e neutralizar a Inteligência adversa e ações de

qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda

de dados, informações e Conhecimentos de interesse da

segurança da sociedade e do Estado.

A ABIN poderá manter, em caráter permanente,

representantes dos órgãos componentes do Sistema

Brasileiro de Inteligência no Departamento de Integração

do Sistema Brasileiro de Inteligência (DISBIN).

O DISBIN tem por atribuição coordenar a

articulação do fluxo de dados e informações oportunas e

de interesse da Atividade de Inteligência de Estado, com

a finalidade de subsidiar o Presidente da República em

seu processo decisório.

Nas Forças Armadas, cada força singular possui a

sua doutrina de Inteligência. A ABIN, o Departamento de

Polícia Federal e as polícias (civis e militares dos

Estados) possuem, também, suas próprias doutrinas e

procedimentos. A existência de uma doutrina única

permitiria uma boa comunicação e a coordenação entre

os diversos integrantes do SISBIN.

O Estado Brasileiro necessita de uma estrutura de

Inteligência que possa alertá-lo, por meio da produção de

Conhecimentos estratégicos sobre oportunidades,

antagonismos e ameaças reais ou potenciais a interesses

do país e da sociedade.

Fica evidenciado que o SISBIN, com a sua

composição atual e as missões bem definidas, poderá

atender as necessidades de Inteligência determinadas pelo

Estado. Para isso, é fundamental que se tenha uma

Política Nacional de Inteligência, um Plano Nacional de

Inteligência e uma Doutrina Nacional de Inteligência

aprovada no Brasil.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Após verificar-se a Lei de criação do

SISBIN, não foram identificados documentos ou

Conhecimentos de Inteligência produzidos pela ABIN ou

por outros órgãos civis integrantes do SISBIN, que sejam

enviados, sistematicamente, aos órgãos de mais alto nível

do Exército Brasileiro, a fim de melhor subsidiar o apoio

à decisão, de forma regular ou esporádica.

3.2 O SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE DEFESA

O SINDE integra as ações de planejamento e

execução da Atividade de Inteligência de Defesa, visando

assessorar o processo decisório no âmbito do MD.

A Atividade de Inteligência de Defesa é

desenvolvida no interesse da Defesa e engloba os Ramos

Inteligência e Contrainteligência.

O SINDE é integrado pelos Órgãos de Inteligência

de mais alto nível do MD e das Forças Armadas. O seu

funcionamento fundamenta-se em ligações sistêmicas

entre seus elementos, sem vínculos de subordinação. Tem

como órgão central a Subchefia de Inteligência

Estratégica - SCIE, da Chefia de Assuntos Estratégicos

do Estado-Maior e do Conjunto das Forças Armadas.

A missão da Subchefia de Inteligência Estratégica

é conduzir a Atividade de Inteligência Estratégica de

Defesa por meio do acompanhamento sistematizado da

evolução dos cenários nacional e internacional, com base

no exame corrente das situações estratégicas.

Os documentos de Inteligência produzidos pelo

MD, em função do acompanhamento das áreas e os

Temas selecionados, são de interesse do Exército

Brasileiro, pois contribuem para subsidiar o Processo

Decisório na Força, complementando a reunião de

Conhecimentos de Inteligência produzidos pelo SIEx.

4 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

DESENVOLVIDA PELO SISTEMA DE

INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO

O SIEx é o conjunto de órgãos e pessoas do

Exército Brasileiro que, nos diversos níveis hierárquicos,

estão envolvidos na normatização e na execução da

Atividade de Inteligência, visando permitir um trabalho

coordenado e integrado.

O Estado-Maior do Exército integra o SIEx por

intermédio da sua 2ª Subchefia, que é a responsável por

normatizar, supervisionar e acompanhar a Atividade de

Inteligência. Além disso, concebe e difunde a doutrina e

emite diretrizes sobre essa Atividade.

3.3 O SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO

O Sistema de Inteligência do Exército estrutura-se

com base nas Segundas Seções dos Grandes Comandos,

Grandes Unidades e Unidades do Exército, até o nível

Subunidade independente, onde desempenham um papel

fundamental. Elas são chamadas de Agências de

Inteligência (AI) e denominadas Classe "A", Classe "B",

Classe "C" e Especiais de Inteligência.

As Companhias de Inteligência (Cia Intlg) e os

Grupos de Operações de Inteligência (Gp Op Intlg) são

denominados órgãos de Inteligência (Org Intlg), pois têm

a missão de buscar o dado que não se encontra

disponível.

As Agências e Órgãos estabelecem ligações, por

intermédio do canal técnico de Inteligência, mecanismo

no qual o trâmite de documentos/Conhecimentos ocorre

atendendo ao princípio da oportunidade. O uso do canal

técnico permite a ligação direta entre uma AI e outra não

imediatamente superior/subordinada na Cadeia de

Comando.

No que se refere à produção do Conhecimento, as

Agências orientam seus esforços de Inteligência para que

as enquadradas como Classe “A” e Classe “B” produzam

Conhecimentos de Inteligência dos tipos Informe,

Informação e Apreciação; como Classe “C” orientem seu

esforço para a produção de Informes; e como Especiais

possam produzir Conhecimentos análogos às de Classe

“A” e “B”. Em virtude de suas especificidades, o

resultado das análises realizadas poderá ser difundido via

Relatórios Especiais de Inteligência.

A prioridade estabelecida para o

acompanhamento será a conjuntura do país, com seus

efeitos para o Exército e para as Forças Armadas. Cabe

Page 41: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

41EsIMEx - 2º Semestre de 2012

ambiente externo restringe-se a aspectos

correntes, isto é, relativos ao momento em que se efetua a

avaliação e que têm potencial para afetar diretamente o

planejamento estratégico da Instituição. O diagnóstico do

ambiente interno tem como finalidade levantar fatores

(internos) que devem ser considerados na elaboração

desse planejamento.

O documento não esgota os temas abordados, não

repete literalmente dispositivos legais ou doutrinários

nem interpretações já explicitadas pelos escalões

superiores. É elaborado pelo Estado-Maior do Exército,

que coleta dados em Órgãos de Assessoramento Direto e

Imediato ao Comandante do Exército e nos Órgãos de

Direção Setorial do Comando da Força.

A Avaliação do Exército Brasileiro é um processo

contínuo. Entretanto, a atualização da Avaliação

completa deve ser realizada no início da gestão de cada

Comandante do Exército ou sempre que se fizer

necessário.

3 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

DESENVOLVIDA PELO SISTEMA BRASILEIRO

DE INTELIGÊNCIA E PELO SISTEMA DE

INTELIGÊNCIA DE DEFESA

O Sistema Brasileiro de Inteligência foi criado

pela Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999, com o

objetivo de substituir o Serviço Nacional de Informações

(SNI).

O Sistema de Inteligência de Defesa foi

instituído pela Portaria nº 295/MD de 03 Jun 02

(OSTENSIVA) e integra o SISBIN, devendo fornecer

dados e Conhecimentos específicos relacionados com a

defesa das instituições e dos interesses nacionais para a

ABIN.

3.1 O SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA

Desde 1999, o SISBIN tem por objetivo integrar as

ações de planejamento e a execução da Atividade de

Inteligência do país, com a finalidade de fornecer

subsídios ao Presidente da República nos assuntos de

interesse nacional.

O SISBIN tem como missões realizar a atividade

de obtenção e análise de dados e informações; e de

produção e difusão de Conhecimentos, dentro e fora do

território nacional, relativos a fatos e situações de

imediata ou potencial influência sobre o processo

decisório, a ação governamental, a salvaguarda e a

segurança da sociedade e do Estado; prevenir, detectar,

obstruir e neutralizar a Inteligência adversa e ações de

qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda

de dados, informações e Conhecimentos de interesse da

segurança da sociedade e do Estado.

A ABIN poderá manter, em caráter permanente,

representantes dos órgãos componentes do Sistema

Brasileiro de Inteligência no Departamento de Integração

do Sistema Brasileiro de Inteligência (DISBIN).

O DISBIN tem por atribuição coordenar a

articulação do fluxo de dados e informações oportunas e

de interesse da Atividade de Inteligência de Estado, com

a finalidade de subsidiar o Presidente da República em

seu processo decisório.

Nas Forças Armadas, cada força singular possui a

sua doutrina de Inteligência. A ABIN, o Departamento de

Polícia Federal e as polícias (civis e militares dos

Estados) possuem, também, suas próprias doutrinas e

procedimentos. A existência de uma doutrina única

permitiria uma boa comunicação e a coordenação entre

os diversos integrantes do SISBIN.

O Estado Brasileiro necessita de uma estrutura de

Inteligência que possa alertá-lo, por meio da produção de

Conhecimentos estratégicos sobre oportunidades,

antagonismos e ameaças reais ou potenciais a interesses

do país e da sociedade.

Fica evidenciado que o SISBIN, com a sua

composição atual e as missões bem definidas, poderá

atender as necessidades de Inteligência determinadas pelo

Estado. Para isso, é fundamental que se tenha uma

Política Nacional de Inteligência, um Plano Nacional de

Inteligência e uma Doutrina Nacional de Inteligência

aprovada no Brasil.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Após verificar-se a Lei de criação do

SISBIN, não foram identificados documentos ou

Conhecimentos de Inteligência produzidos pela ABIN ou

por outros órgãos civis integrantes do SISBIN, que sejam

enviados, sistematicamente, aos órgãos de mais alto nível

do Exército Brasileiro, a fim de melhor subsidiar o apoio

à decisão, de forma regular ou esporádica.

3.2 O SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE DEFESA

O SINDE integra as ações de planejamento e

execução da Atividade de Inteligência de Defesa, visando

assessorar o processo decisório no âmbito do MD.

A Atividade de Inteligência de Defesa é

desenvolvida no interesse da Defesa e engloba os Ramos

Inteligência e Contrainteligência.

O SINDE é integrado pelos Órgãos de Inteligência

de mais alto nível do MD e das Forças Armadas. O seu

funcionamento fundamenta-se em ligações sistêmicas

entre seus elementos, sem vínculos de subordinação. Tem

como órgão central a Subchefia de Inteligência

Estratégica - SCIE, da Chefia de Assuntos Estratégicos

do Estado-Maior e do Conjunto das Forças Armadas.

A missão da Subchefia de Inteligência Estratégica

é conduzir a Atividade de Inteligência Estratégica de

Defesa por meio do acompanhamento sistematizado da

evolução dos cenários nacional e internacional, com base

no exame corrente das situações estratégicas.

Os documentos de Inteligência produzidos pelo

MD, em função do acompanhamento das áreas e os

Temas selecionados, são de interesse do Exército

Brasileiro, pois contribuem para subsidiar o Processo

Decisório na Força, complementando a reunião de

Conhecimentos de Inteligência produzidos pelo SIEx.

4 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

DESENVOLVIDA PELO SISTEMA DE

INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO

O SIEx é o conjunto de órgãos e pessoas do

Exército Brasileiro que, nos diversos níveis hierárquicos,

estão envolvidos na normatização e na execução da

Atividade de Inteligência, visando permitir um trabalho

coordenado e integrado.

O Estado-Maior do Exército integra o SIEx por

intermédio da sua 2ª Subchefia, que é a responsável por

normatizar, supervisionar e acompanhar a Atividade de

Inteligência. Além disso, concebe e difunde a doutrina e

emite diretrizes sobre essa Atividade.

3.3 O SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO

O Sistema de Inteligência do Exército estrutura-se

com base nas Segundas Seções dos Grandes Comandos,

Grandes Unidades e Unidades do Exército, até o nível

Subunidade independente, onde desempenham um papel

fundamental. Elas são chamadas de Agências de

Inteligência (AI) e denominadas Classe "A", Classe "B",

Classe "C" e Especiais de Inteligência.

As Companhias de Inteligência (Cia Intlg) e os

Grupos de Operações de Inteligência (Gp Op Intlg) são

denominados órgãos de Inteligência (Org Intlg), pois têm

a missão de buscar o dado que não se encontra

disponível.

As Agências e Órgãos estabelecem ligações, por

intermédio do canal técnico de Inteligência, mecanismo

no qual o trâmite de documentos/Conhecimentos ocorre

atendendo ao princípio da oportunidade. O uso do canal

técnico permite a ligação direta entre uma AI e outra não

imediatamente superior/subordinada na Cadeia de

Comando.

No que se refere à produção do Conhecimento, as

Agências orientam seus esforços de Inteligência para que

as enquadradas como Classe “A” e Classe “B” produzam

Conhecimentos de Inteligência dos tipos Informe,

Informação e Apreciação; como Classe “C” orientem seu

esforço para a produção de Informes; e como Especiais

possam produzir Conhecimentos análogos às de Classe

“A” e “B”. Em virtude de suas especificidades, o

resultado das análises realizadas poderá ser difundido via

Relatórios Especiais de Inteligência.

A prioridade estabelecida para o

acompanhamento será a conjuntura do país, com seus

efeitos para o Exército e para as Forças Armadas. Cabe

Page 42: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

42 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

observar que a expressão militar inclui os

Conhecimentos sobre oponentes e condições climáticas

e meteorológicas.

No campo externo, quando for o caso, serão

acompanhados os países estrangeiros.

A terceira premissa considera a existência de um

ou mais militares voltados para o ramo

Contrainteligência, orientando a execução do Programa

de Desenvolvimento de Contrainteligência (PDCI) e

acompanhando permanentemente a situação,

produzindo Conhecimentos sobre ações de Inteligência

adversa e de qualquer natureza que constituam ameaças

à salvaguarda de dados, Conhecimentos, áreas,

instalações, pessoas e meios que o Exército Brasileiro

tenha interesse de preservar, inclusive em combate.

4.2 O CENTRO DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO

(CIE)

O CIE tem a missão de planejar, orientar,

coordenar, supervisionar e avaliar as atividades de

Inteligência do Exército, atendendo as Diretrizes do

Comandante do Exército e a orientação geral e

normativa do EME como órgão central do SIEx.

Para atender as demandas previstas para a

Atividade de Inteligência do Exército, o CIE

desenvolve seu trabalho como Órgão de

Assessoramento Direto e Imediato (OADI) do

Comandante do Exército nos assuntos relativos à

Inteligência Militar.

Como Agência de Inteligência, produz

Conhecimentos de Inteligência e Contrainteligência, a

fim de assessorar o processo decisório, além de integrar

o Sistema Brasileiro de Inteligência e o Sistema de

Inteligência de Defesa.

O CIE colabora com o Estado-Maior do Exército e

com os Órgãos de Direção Setorial na produção de

documentos e pareceres sobre os mais diversos assuntos,

subsídios para a tomada de decisão do mais alto nível do

Exército, do Ministério da Defesa e da Presidência da

República.

No Ramo Inteligência são produzidos,

rotineiramente, os documentos de Inteligência e outros

não considerados, específicos, de Inteligência como

Análise de Risco, Avaliação da Conjuntura Nacional e

Internacional e Avaliação Estratégica Setorial.

No Ramo Contrainteligência são realizadas

análises em processos que subsidiam a seleção de

militares para cursos no Brasil e cursos e missões no

Exterior, nomeações de comandantes de organizações

militares, concessão de medalhas militares e promoções

etc.

O CIE participa, ainda, com parte de seus

integrantes, de grupos de trabalho organizados pelo EME

para desenvolverem projetos voltados para atualização da

doutrina e a transformação do Exército. São exemplos

dessa participação o Grupo de Trabalho de Defesa

Cibernética e Grupo de Controle LINCE.

O Grupo de Controle LINCE está inserido na

produção de trabalhos do Centro de Estudos e

Formulação Estratégica do Exército (CEFEEx) que

servem para subsidiar as atividades de concepção e de

formulação estratégica relacionadas ao Sistema de

Planejamento do Exército. Para isso, seus trabalhos

fundamentam-se no diagnóstico da conjuntura atual e nos

Cenários Prospectivos do Exército Brasileiro.

A participação do CIE ocorre, durante o

diagnóstico estratégico, na análise dos ambientes interno

e externo. No ambiente interno é estudado o Exército

Brasileiro, seus pontos fortes e fracos. No externo,

levantam-se variáveis externas e atores que afetam a

organização, classificando-os, conforme a influência de

cada um sobre os objetivos estratégicos do EB, como

oportunidade, ameaça ou aspecto neutro. Os elementos

externos e os pontos que emergiram do diagnóstico

interno são então considerados como fatos portadores de

futuro.

Após o desenvolvimento da visão estratégica,

segundo duas perspectivas – presente e futuro –, onde

foram definidos os cenários mais provável, ideal e de

tendência, são selecionados os eventos que mais causarão

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

impacto para o Exército na faixa temporal. Nessa

fase, cabe ao CIE monitorar, mensalmente, os fatos

portadores de futuro e informar ao CEFEEx sobre a

situação, bem como contribuir para a atualização e a

avaliação das conjunturas nacional e internacional com

foco nas questões estratégicas já determinadas pelo

Centro de Formulação.

Observa-se que o CIE é o único órgão de

Inteligência do SIEx que contribui, no mais alto nível,

com o processo de atualização do SIPLEx, produzindo

Conhecimentos de Inteligência para subsidiar a análise

prospectiva. Assim sendo, acredita-se que essa

participação do CIE é fundamental para o Planejamento

Estratégico do Exército.

CONCLUSÃO

Devido à incerteza do futuro e à dificuldade de

prevê-lo, os Estados Nacionais procuram acompanhar os

eventos que possam comprometer as ações de governo ou

oferecer oportunidades relacionadas aos Campos do

Poder Nacional. O monitoramento das Conjunturas

Nacional e Internacional faz-se necessário para que o

governo tenha condições de interferir naqueles eventos

que são de seu interesse e colabore para que suas

políticas se concretizem.

Desde 1990, a ABIN vem se organizando para

melhor atender às necessidades de Inteligência do Estado.

No entanto, percebe-se que a integração entre os diversos

órgãos participantes do SISBIN ainda não é eficiente

devido às dúvidas que os setores do governo apresentam

em relação à organização e ao trabalho desenvolvido pela

Agência, pois é a herdeira do extinto SNI. Assim sendo,

os produtos originados da ABIN não são totalmente

difundidos e conhecidos por todos os usuários integrantes

do Sistema de Inteligência de mais alto nível no

Brasil.Na expressão Militar do Poder Nacional, o Sistema

de Inteligência de Defesa é o responsável pela

formulação da Política de Inteligência de Defesa, de

Estratégias de Inteligência de Defesa e de doutrinas

inerentes à atividade. Para isso, a produção de

Conhecimentos é realizada para atender às necessidades

do processo decisório no mais alto nível, no âmbito do

Ministério da Defesa com o objetivo de subsidiar a

formulação e a condução do Planejamento Estratégico

Militar. Todo esse esforço visa atender à Política de

Defesa Nacional.

A avaliação estratégica de Defesa determinará a

política militar de Defesa, baseada em cenários

prospectivos e em objetivos militares de Defesa.

O Exército Brasileiro contribui com o Ministério

da Defesa na produção de Conhecimentos, no nível

estratégico, por meio do acompanhamento das

conjunturas nacional e internacional, nos aspectos de

interesse da Defesa, produzindo Conhecimentos de

Inteligência e a avaliação estratégica setorial, que após a

sua finalização é encaminhada à subchefia de Inteligência

Estratégica.

A participação da Inteligência, no nível estratégico,

fica bem caracterizada com as contribuições realizadas

pelo SIEx e o EME. Esse, por meio da 7ª Subchefia, tem

a atribuição de monitorar as conjunturas nacional e

internacional para determinar situações, na área externa

ao EB, que possam sugerir a tomada de iniciativas para

superar conflitos e crises ou para atender interesses da

Defesa Nacional. Ainda, conduz estudos prospectivos de

interesse do Exército, colaborando com o reajuste das

políticas e estratégias que não se enquadrem no nível

operacional.

O SIPLEx constitui o Planejamento Estratégico

Prospectivo do Exército, definindo os objetivos e as

ações estratégicas necessárias para alcançá-los, com

vistas a capacitar o Exército Brasileiro, de forma

permanente, para o exercício de suas responsabilidades.

No Caderno de Avaliação, observa-se que o

SIPLEx apresenta o diagnóstico atual, no qual são

considerados os ambientes externo e interno, e os

cenários prospectivos.

Nas situações em que as ameaças percebidas

possam se transformar em crises, e potencialmente, em

conflito armado, a Inteligência Estratégica tem a

Page 43: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

43EsIMEx - 2º Semestre de 2012

observar que a expressão militar inclui os

Conhecimentos sobre oponentes e condições climáticas

e meteorológicas.

No campo externo, quando for o caso, serão

acompanhados os países estrangeiros.

A terceira premissa considera a existência de um

ou mais militares voltados para o ramo

Contrainteligência, orientando a execução do Programa

de Desenvolvimento de Contrainteligência (PDCI) e

acompanhando permanentemente a situação,

produzindo Conhecimentos sobre ações de Inteligência

adversa e de qualquer natureza que constituam ameaças

à salvaguarda de dados, Conhecimentos, áreas,

instalações, pessoas e meios que o Exército Brasileiro

tenha interesse de preservar, inclusive em combate.

4.2 O CENTRO DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO

(CIE)

O CIE tem a missão de planejar, orientar,

coordenar, supervisionar e avaliar as atividades de

Inteligência do Exército, atendendo as Diretrizes do

Comandante do Exército e a orientação geral e

normativa do EME como órgão central do SIEx.

Para atender as demandas previstas para a

Atividade de Inteligência do Exército, o CIE

desenvolve seu trabalho como Órgão de

Assessoramento Direto e Imediato (OADI) do

Comandante do Exército nos assuntos relativos à

Inteligência Militar.

Como Agência de Inteligência, produz

Conhecimentos de Inteligência e Contrainteligência, a

fim de assessorar o processo decisório, além de integrar

o Sistema Brasileiro de Inteligência e o Sistema de

Inteligência de Defesa.

O CIE colabora com o Estado-Maior do Exército e

com os Órgãos de Direção Setorial na produção de

documentos e pareceres sobre os mais diversos assuntos,

subsídios para a tomada de decisão do mais alto nível do

Exército, do Ministério da Defesa e da Presidência da

República.

No Ramo Inteligência são produzidos,

rotineiramente, os documentos de Inteligência e outros

não considerados, específicos, de Inteligência como

Análise de Risco, Avaliação da Conjuntura Nacional e

Internacional e Avaliação Estratégica Setorial.

No Ramo Contrainteligência são realizadas

análises em processos que subsidiam a seleção de

militares para cursos no Brasil e cursos e missões no

Exterior, nomeações de comandantes de organizações

militares, concessão de medalhas militares e promoções

etc.

O CIE participa, ainda, com parte de seus

integrantes, de grupos de trabalho organizados pelo EME

para desenvolverem projetos voltados para atualização da

doutrina e a transformação do Exército. São exemplos

dessa participação o Grupo de Trabalho de Defesa

Cibernética e Grupo de Controle LINCE.

O Grupo de Controle LINCE está inserido na

produção de trabalhos do Centro de Estudos e

Formulação Estratégica do Exército (CEFEEx) que

servem para subsidiar as atividades de concepção e de

formulação estratégica relacionadas ao Sistema de

Planejamento do Exército. Para isso, seus trabalhos

fundamentam-se no diagnóstico da conjuntura atual e nos

Cenários Prospectivos do Exército Brasileiro.

A participação do CIE ocorre, durante o

diagnóstico estratégico, na análise dos ambientes interno

e externo. No ambiente interno é estudado o Exército

Brasileiro, seus pontos fortes e fracos. No externo,

levantam-se variáveis externas e atores que afetam a

organização, classificando-os, conforme a influência de

cada um sobre os objetivos estratégicos do EB, como

oportunidade, ameaça ou aspecto neutro. Os elementos

externos e os pontos que emergiram do diagnóstico

interno são então considerados como fatos portadores de

futuro.

Após o desenvolvimento da visão estratégica,

segundo duas perspectivas – presente e futuro –, onde

foram definidos os cenários mais provável, ideal e de

tendência, são selecionados os eventos que mais causarão

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

impacto para o Exército na faixa temporal. Nessa

fase, cabe ao CIE monitorar, mensalmente, os fatos

portadores de futuro e informar ao CEFEEx sobre a

situação, bem como contribuir para a atualização e a

avaliação das conjunturas nacional e internacional com

foco nas questões estratégicas já determinadas pelo

Centro de Formulação.

Observa-se que o CIE é o único órgão de

Inteligência do SIEx que contribui, no mais alto nível,

com o processo de atualização do SIPLEx, produzindo

Conhecimentos de Inteligência para subsidiar a análise

prospectiva. Assim sendo, acredita-se que essa

participação do CIE é fundamental para o Planejamento

Estratégico do Exército.

CONCLUSÃO

Devido à incerteza do futuro e à dificuldade de

prevê-lo, os Estados Nacionais procuram acompanhar os

eventos que possam comprometer as ações de governo ou

oferecer oportunidades relacionadas aos Campos do

Poder Nacional. O monitoramento das Conjunturas

Nacional e Internacional faz-se necessário para que o

governo tenha condições de interferir naqueles eventos

que são de seu interesse e colabore para que suas

políticas se concretizem.

Desde 1990, a ABIN vem se organizando para

melhor atender às necessidades de Inteligência do Estado.

No entanto, percebe-se que a integração entre os diversos

órgãos participantes do SISBIN ainda não é eficiente

devido às dúvidas que os setores do governo apresentam

em relação à organização e ao trabalho desenvolvido pela

Agência, pois é a herdeira do extinto SNI. Assim sendo,

os produtos originados da ABIN não são totalmente

difundidos e conhecidos por todos os usuários integrantes

do Sistema de Inteligência de mais alto nível no

Brasil.Na expressão Militar do Poder Nacional, o Sistema

de Inteligência de Defesa é o responsável pela

formulação da Política de Inteligência de Defesa, de

Estratégias de Inteligência de Defesa e de doutrinas

inerentes à atividade. Para isso, a produção de

Conhecimentos é realizada para atender às necessidades

do processo decisório no mais alto nível, no âmbito do

Ministério da Defesa com o objetivo de subsidiar a

formulação e a condução do Planejamento Estratégico

Militar. Todo esse esforço visa atender à Política de

Defesa Nacional.

A avaliação estratégica de Defesa determinará a

política militar de Defesa, baseada em cenários

prospectivos e em objetivos militares de Defesa.

O Exército Brasileiro contribui com o Ministério

da Defesa na produção de Conhecimentos, no nível

estratégico, por meio do acompanhamento das

conjunturas nacional e internacional, nos aspectos de

interesse da Defesa, produzindo Conhecimentos de

Inteligência e a avaliação estratégica setorial, que após a

sua finalização é encaminhada à subchefia de Inteligência

Estratégica.

A participação da Inteligência, no nível estratégico,

fica bem caracterizada com as contribuições realizadas

pelo SIEx e o EME. Esse, por meio da 7ª Subchefia, tem

a atribuição de monitorar as conjunturas nacional e

internacional para determinar situações, na área externa

ao EB, que possam sugerir a tomada de iniciativas para

superar conflitos e crises ou para atender interesses da

Defesa Nacional. Ainda, conduz estudos prospectivos de

interesse do Exército, colaborando com o reajuste das

políticas e estratégias que não se enquadrem no nível

operacional.

O SIPLEx constitui o Planejamento Estratégico

Prospectivo do Exército, definindo os objetivos e as

ações estratégicas necessárias para alcançá-los, com

vistas a capacitar o Exército Brasileiro, de forma

permanente, para o exercício de suas responsabilidades.

No Caderno de Avaliação, observa-se que o

SIPLEx apresenta o diagnóstico atual, no qual são

considerados os ambientes externo e interno, e os

cenários prospectivos.

Nas situações em que as ameaças percebidas

possam se transformar em crises, e potencialmente, em

conflito armado, a Inteligência Estratégica tem a

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

44 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

incumbência de determinar o valor dessas

ameaças. Isso permitirá ao Estado verificar as condições

para desenvolver as estratégias necessárias e adequadas

para a oposição a elas, bem como servirá para estabelecer

qual o adequado nível de preparo da estrutura de defesa

do país, aí incluídas as Forças Armadas.

Persistindo a ameaça e ocorrendo o conflito, a

Inteligência Estratégica será um valioso instrumento de

assessoria no estabelecimento das estratégias para a

utilização do poder militar.

A Inteligência Estratégica eficaz pode ser

caracterizada por desenvolver atividades complexas. Ela

deve ser organizada para desenvolver o monitoramento

do poder nacional dos países de interesse, ou blocos,

representado, pelo poder político, pelo poder militar, pelo

potencial de ciência e tecnologia e de inovações

tecnológicas, de áreas geográficas e da evolução

geopolítica, e o poder econômico.

Assim, conclui-se que o Sistema de Inteligência do

Exército, representado pelo Centro de Inteligência do

Exército, participa ativamente da atividade de

Inteligência Estratégica, contribuindo com o Sistema

Brasileiro de Inteligência e o Sistema de Inteligência de

Defesa na manutenção da política de Defesa Nacional.

Verificou-se, ainda, que o CIE, órgão central do

SIEx, atua como Órgão de Assessoramento Direto e

Imediato do Comandante do Exército e como Agência de

Inteligência do Gabinete do Comandante do Exército,

prestando assessoramento seguro, oportuno, amplo,

objetivo, imparcial, claro e integrado aos Órgãos de

Direção-Geral e Setorial, além de igualmente colaborar

com o SINDE e o SISBIN para a antecipação de eventos.

Acredita-se que desse modo foi possível

caracterizar a importância da Inteligência Estratégica

para o Processo Decisório no Exército Brasileiro,

asseverando que a integração e a interação entre os

Sistemas de Inteligência poderá ser mais eficiente e

eficaz quando ocorrer a aprovação da Lei que trata da

Política Nacional de Inteligência.

REFERÊNCIAS

AGENCY, Center Intelligence. Shermam Kent and the Profession of Intelligence Analysis. Disponível em https://www.cia.gov/library/kent-center-occasional-papers/vol1no5.htm. Acessado em 27 de abril de 2012, às 21hs e 15 min.ALMEIDA, Bíblia de Estudo. Revista e Atualizada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Ed 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.

BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A atividade de inteligência militar. 1.ed Brasília, DF, 1995. Confidencial.BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-2: Produção do Conhecimento. 1.ed Brasília, DF, 1997. Confidencial.BRASIL. Estado-Maior do Exército (EME). Relatório Resumido “Cenários Prospectivos Exército Brasileiro/2022”. George Luiz Coelho Cortês (Org). Brasília, 2008. CD Rom, 91 KB. Última modificação em 27 jun.2008.BRASIL. Estado-Maior do Exército. Sistema de planejamento do exército (SIPLEX). Brasília, DF, 2011.BRASIL. Estado-Maior do Exército. Vade-Mécum de inteligência militar. Brasília, DF, 2011.BRASIL. Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Institui o Sistema Brasileiro, cria a Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 dez. 1999, P.1.BRASIL. Ministério da Defesa. BRE nº 12: ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA. Brasília, 2009.BRASIL. Ministério da Defesa. MD32-M-06: Doutrina de inteligência operacional para operações combinadas. Brasília, DF, 2006. Reservado.BRASIL. Ministério da Defesa. MD 33–M–02 : Manual de abreviaturas, siglas, símbolos e convenções cartográficas das Forças Armadas. 2. ed. Brasília, 2001.BRASIL. Portaria Normativa nº 277/MD, de 19 de junho de 2002. Dispõe sobre as Normas de Funcionamento do Sistema de Inteligência de Defesa (NOSINDE). Brasília. 19 JUN 02.BRASIL. Portaria Normativa nº 295/MD, de 3 de junho de 2002. Institui o Sistema de Inteligência de Defesa, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 jun. 2002, Seção 1. P.16.CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa: edição de bolso. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lexikon, 2012.CURSO SUPERIOR DE INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA DA ESG (CSIE). Rio de Janeiro, 2012. Disponível em http://csie-esg.blogspot.com.br.Acessado em 27 de abril de 2012, às 20hs e 30 min.MORAES, Márcio Bonifácio. A Atividade de Inteligência, em nível Estratégico, uma proposta para o Brasil. Disponível em http://reservaer.com.br/estrategicos/atividade-de-inteligencia.html. Acessado em 15 de abril de 2012, às 20hs e 10 min.PERI, Enzo Martins. Diretriz Geral do Comandante do Exército 2011-2014. Exército Brasileiro. Brasília. Junho 2011.

PITA, Manuel Carlos Giavedoni. Apuntes de Estratégia (Teoria de la Estrategia General y bases para el Planeamento Estratégico de la Defensa). Buenos Aires. Instituto de Publicaciones Navales Editores. 2010.ROCHA, Márcio. Inteligência Estratégica e a Defesa Nacional.Disponível em http://www.artigonal.com/authors/274581. Acessado em 27 de abril de 2012, às 19hs e 15 min.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

GUILHERME OTÁVIO G. DE CARVALHO23

RESUMO

1 INTRODUÇÃO

Ao longo das últimas décadas, o mundo tem

observado um significativo e irrefutável avanço da

democratização do acesso a informações em todas as

áreas do conhecimento. O enorme volume de dados

disponíveis, fenômeno este potencializado com o advento

da rede mundial de computadores, tem gerado novas

23 Oficial da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro, Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN/1990), Mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais(EsAO) , Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx) e Pós-graduado em Análise de Inteligência Militar (EsIMEx).

oportunidades e novos desafios aos profissionais que

trabalham com Inteligência.

Como consequência, a oferta de Fontes Abertas

tornou a circulação de dados praticamente irrestrita,

reduzindo, do ponto de vista quantitativo, os

procedimentos especializados para obtenção de

informações de acesso negado ou controlado.

A complexidade do mencionado quadro reside

nas exigências advindas da tríade “volume considerável

de dados x fluxo acelerado de informações x velocidade

na tomada de decisões”.

A conjuntura internacional vem sofrendo profundas alterações após a queda do muro de Berlim e,

mais recentemente, depois do 11 de Setembro. O “equilíbrio” mundial, atualmente, sofre impactos de uma

pletora de fatores complexos que podem ser enquadrados sob as óticas da não linearidade, imprevisibilidade,

heterogeneidade, mutabilidade e dinamismo. As antigas ameaças, que mantinham coordenadas de espaço e

de tempo bem definidas, vem sofrendo mutações, dando lugar a um período de anormal instabilidade, com

uma ampla série de riscos e perigos, uns novos, outros antigos, que apenas subiram na hierarquia das

preocupações dos Estados. A “Nova Era” apresenta uma marcante e significativa característica: a explosão

da informação - em especial da digital. Tal fato tem gerado o surgimento de um “nevoeiro” informacional,

causado pelo excesso de informação disponível. Neste contexto, as Fontes Abertas assumem um novo papel

nos processos característicos da atividade de Inteligência, haja vista o exponencial crescimento da

disponibilidade de dados “desprotegidos”, bem como a velocidade com que estes podem ser transmitidos,

atualmente. Este trabalho apresenta algumas possibilidades das Fontes Abertas de Inteligência, bem como

analisa as oportunidades de melhoria do seu emprego no Sistema de Inteligência do Exército, em especial no

que tange à sua integração com outras Fontes, bem como sua importância no processo de produção do

Conhecimento.

A UTILIZAÇÃO DAS FONTES ABERTAS NOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO E DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA PROPOSTA

Page 45: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

45EsIMEx - 2º Semestre de 2012

incumbência de determinar o valor dessas

ameaças. Isso permitirá ao Estado verificar as condições

para desenvolver as estratégias necessárias e adequadas

para a oposição a elas, bem como servirá para estabelecer

qual o adequado nível de preparo da estrutura de defesa

do país, aí incluídas as Forças Armadas.

Persistindo a ameaça e ocorrendo o conflito, a

Inteligência Estratégica será um valioso instrumento de

assessoria no estabelecimento das estratégias para a

utilização do poder militar.

A Inteligência Estratégica eficaz pode ser

caracterizada por desenvolver atividades complexas. Ela

deve ser organizada para desenvolver o monitoramento

do poder nacional dos países de interesse, ou blocos,

representado, pelo poder político, pelo poder militar, pelo

potencial de ciência e tecnologia e de inovações

tecnológicas, de áreas geográficas e da evolução

geopolítica, e o poder econômico.

Assim, conclui-se que o Sistema de Inteligência do

Exército, representado pelo Centro de Inteligência do

Exército, participa ativamente da atividade de

Inteligência Estratégica, contribuindo com o Sistema

Brasileiro de Inteligência e o Sistema de Inteligência de

Defesa na manutenção da política de Defesa Nacional.

Verificou-se, ainda, que o CIE, órgão central do

SIEx, atua como Órgão de Assessoramento Direto e

Imediato do Comandante do Exército e como Agência de

Inteligência do Gabinete do Comandante do Exército,

prestando assessoramento seguro, oportuno, amplo,

objetivo, imparcial, claro e integrado aos Órgãos de

Direção-Geral e Setorial, além de igualmente colaborar

com o SINDE e o SISBIN para a antecipação de eventos.

Acredita-se que desse modo foi possível

caracterizar a importância da Inteligência Estratégica

para o Processo Decisório no Exército Brasileiro,

asseverando que a integração e a interação entre os

Sistemas de Inteligência poderá ser mais eficiente e

eficaz quando ocorrer a aprovação da Lei que trata da

Política Nacional de Inteligência.

REFERÊNCIAS

AGENCY, Center Intelligence. Shermam Kent and the Profession of Intelligence Analysis. Disponível em https://www.cia.gov/library/kent-center-occasional-papers/vol1no5.htm. Acessado em 27 de abril de 2012, às 21hs e 15 min.ALMEIDA, Bíblia de Estudo. Revista e Atualizada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Ed 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.

BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A atividade de inteligência militar. 1.ed Brasília, DF, 1995. Confidencial.BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-2: Produção do Conhecimento. 1.ed Brasília, DF, 1997. Confidencial.BRASIL. Estado-Maior do Exército (EME). Relatório Resumido “Cenários Prospectivos Exército Brasileiro/2022”. George Luiz Coelho Cortês (Org). Brasília, 2008. CD Rom, 91 KB. Última modificação em 27 jun.2008.BRASIL. Estado-Maior do Exército. Sistema de planejamento do exército (SIPLEX). Brasília, DF, 2011.BRASIL. Estado-Maior do Exército. Vade-Mécum de inteligência militar. Brasília, DF, 2011.BRASIL. Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Institui o Sistema Brasileiro, cria a Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 dez. 1999, P.1.BRASIL. Ministério da Defesa. BRE nº 12: ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA. Brasília, 2009.BRASIL. Ministério da Defesa. MD32-M-06: Doutrina de inteligência operacional para operações combinadas. Brasília, DF, 2006. Reservado.BRASIL. Ministério da Defesa. MD 33–M–02 : Manual de abreviaturas, siglas, símbolos e convenções cartográficas das Forças Armadas. 2. ed. Brasília, 2001.BRASIL. Portaria Normativa nº 277/MD, de 19 de junho de 2002. Dispõe sobre as Normas de Funcionamento do Sistema de Inteligência de Defesa (NOSINDE). Brasília. 19 JUN 02.BRASIL. Portaria Normativa nº 295/MD, de 3 de junho de 2002. Institui o Sistema de Inteligência de Defesa, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 jun. 2002, Seção 1. P.16.CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa: edição de bolso. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lexikon, 2012.CURSO SUPERIOR DE INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA DA ESG (CSIE). Rio de Janeiro, 2012. Disponível em http://csie-esg.blogspot.com.br.Acessado em 27 de abril de 2012, às 20hs e 30 min.MORAES, Márcio Bonifácio. A Atividade de Inteligência, em nível Estratégico, uma proposta para o Brasil. Disponível em http://reservaer.com.br/estrategicos/atividade-de-inteligencia.html. Acessado em 15 de abril de 2012, às 20hs e 10 min.PERI, Enzo Martins. Diretriz Geral do Comandante do Exército 2011-2014. Exército Brasileiro. Brasília. Junho 2011.

PITA, Manuel Carlos Giavedoni. Apuntes de Estratégia (Teoria de la Estrategia General y bases para el Planeamento Estratégico de la Defensa). Buenos Aires. Instituto de Publicaciones Navales Editores. 2010.ROCHA, Márcio. Inteligência Estratégica e a Defesa Nacional.Disponível em http://www.artigonal.com/authors/274581. Acessado em 27 de abril de 2012, às 19hs e 15 min.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

GUILHERME OTÁVIO G. DE CARVALHO23

RESUMO

1 INTRODUÇÃO

Ao longo das últimas décadas, o mundo tem

observado um significativo e irrefutável avanço da

democratização do acesso a informações em todas as

áreas do conhecimento. O enorme volume de dados

disponíveis, fenômeno este potencializado com o advento

da rede mundial de computadores, tem gerado novas

23 Oficial da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro, Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN/1990), Mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais(EsAO) , Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx) e Pós-graduado em Análise de Inteligência Militar (EsIMEx).

oportunidades e novos desafios aos profissionais que

trabalham com Inteligência.

Como consequência, a oferta de Fontes Abertas

tornou a circulação de dados praticamente irrestrita,

reduzindo, do ponto de vista quantitativo, os

procedimentos especializados para obtenção de

informações de acesso negado ou controlado.

A complexidade do mencionado quadro reside

nas exigências advindas da tríade “volume considerável

de dados x fluxo acelerado de informações x velocidade

na tomada de decisões”.

A conjuntura internacional vem sofrendo profundas alterações após a queda do muro de Berlim e,

mais recentemente, depois do 11 de Setembro. O “equilíbrio” mundial, atualmente, sofre impactos de uma

pletora de fatores complexos que podem ser enquadrados sob as óticas da não linearidade, imprevisibilidade,

heterogeneidade, mutabilidade e dinamismo. As antigas ameaças, que mantinham coordenadas de espaço e

de tempo bem definidas, vem sofrendo mutações, dando lugar a um período de anormal instabilidade, com

uma ampla série de riscos e perigos, uns novos, outros antigos, que apenas subiram na hierarquia das

preocupações dos Estados. A “Nova Era” apresenta uma marcante e significativa característica: a explosão

da informação - em especial da digital. Tal fato tem gerado o surgimento de um “nevoeiro” informacional,

causado pelo excesso de informação disponível. Neste contexto, as Fontes Abertas assumem um novo papel

nos processos característicos da atividade de Inteligência, haja vista o exponencial crescimento da

disponibilidade de dados “desprotegidos”, bem como a velocidade com que estes podem ser transmitidos,

atualmente. Este trabalho apresenta algumas possibilidades das Fontes Abertas de Inteligência, bem como

analisa as oportunidades de melhoria do seu emprego no Sistema de Inteligência do Exército, em especial no

que tange à sua integração com outras Fontes, bem como sua importância no processo de produção do

Conhecimento.

A UTILIZAÇÃO DAS FONTES ABERTAS NOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO E DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA PROPOSTA

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

46 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

A inundação de dados gerada pela

“democratização da informação” e pela popularização

das tecnologias da comunicação aumentou a carga sobre

os “decisores”, bem como impôs limitações ao uso de

Fontes Abertas.

A “Inteligência de Fontes Abertas” – produto da

Era da Informação24 – como ferramenta gestacional,

compõe ativamente os processos de integração de dados e

de produção do conhecimento. Concebida a partir de

informação publicamente disponível, é coletada,

explorada e disseminada de maneira oportuna, com a

finalidade de atender uma demanda específica.

Os trabalhos acadêmicos que versam sobre

Inteligência definem as técnicas de coleta/busca por meio

de acrônimos derivados do uso norte-americano:

HUMINT (Inteligência de Fontes Humanas), SIGINT

(Inteligência de Sinais), IMINT (Inteligência de Imagens)

e OSINT (Inteligência de Fontes Abertas). A doutrina de

Inteligência Militar da Força Terrestre não considera a

OSINT na composição dos processos de integração de

dados e de produção do Conhecimento.

OSINT é definida como a análise baseada na

“obtenção legal de documentos oficiais sem restrição de

segurança, da observação direta e não clandestina dos

aspectos políticos, militares e econômicos da vida interna

de outros países ou alvos, do monitoramento da mídia, da

aquisição legal de livros e revistas especializadas de

caráter técnico-científico, enfim, de um leque mais ou

menos amplo de Fontes disponíveis, cujo acesso é

permitido sem restrições especiais de segurança.” A

OSINT pode compor um documento como subsídio à

análise, tais quais a HUMINT, SIGINT e IMINT, ou

mesmo basear inteiramente um produto de Inteligência.

A grande vantagem das Fontes Abertas é o alto

grau de oportunidade e o baixo custo para obtê-las. A

OSINT torna-se atraente, principalmente, em épocas de

24Era da Informação (também conhecida como Era Digital) é o nome

dado ao período que vem após a Era Industrial, mais especificamente após a década de 1980 embora suas bases tenham começado no princípio do século XX e, particularmente, na década de 1970, com invenções tais como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra óptica e o computador pessoal.

contingenciamento orçamentário e para aquelas nações

que adotam o princípio da efetividade em seu arcabouço

jurídico. Ampliam, portanto, as possibilidades da

atividade de Inteligência.

Para a Inteligência Militar, o impacto dessas

inovações se faz presente, exigindo a adequação dos

conceitos estabelecidos referentes aos processos de

integração de dados e de produção do Conhecimento, os

quais podem se adequar no que tange às novas

prioridades no trato das Fontes Abertas.

Dessa forma, este trabalho tem por escopo

apresentar uma proposta de otimização do uso das Fontes

Abertas como ferramenta eficaz para os processos de

integração de dados e de produção do Conhecimento de

Inteligência, assim como ratificar a sua importância como

fundamental vetor no amplo e desafiador espectro de

coleta/busca de dados no mundo atual.

2 FONTES ABERTAS / OSINT:

CARACTERÍSTICAS, POSSIBILIDADES E

LIMITAÇÕES

OSINT, sigla para Open Source Intelligence, é o

termo usado, principalmente em inglês, para descrever a

Inteligência, no sentido de informações, como em

Serviço de Inteligência, obtida através dados disponíveis

para o público em geral, como jornais, revistas científicas

e emissões de TV. [Wikipédia].

Referem-se a dados e/ou informações de domínio

público, ou seja, encontram-se disponíveis para qualquer

pessoa, podendo ser legal e eticamente acessada a baixo

custo. Parte dessas informações é utilizada pela

Inteligência, sendo admitido, atualmente, que a grande

maioria do conhecimento produzido pelas Agências – no

Brasil e no exterior – são provenientes de OSINT.

Uma tradução para o termo seria “Inteligência de

fontes livres ou abertas”, que mantém a ideia do termo

original: Inteligência produzida com base em

informações de acesso público. Surge, principalmente, do

conceito de que cada comunicação, quando relacionada a

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

outras, durante um certo período de tempo, pode

ser utilizada para revelar mais conteúdo do que o

originalmente planejado.

A OSINT, em geral, muito embora não seja

dependente de recursos complexos ou dispendiosos,

tende a possuir elevado potencial para a atividade de

Inteligência. Mesmo quando se trata de assuntos

relacionados ao Campo Militar, uma significativa

quantidade de material está disponível, subsidiando uma

produção relevante de Conhecimentos, comparativamente

a outros tipos de Fontes. James Woolsey, Diretor da CIA,

de 1993 até 1995, estimou que 80% das informações

confidenciais já podem ser deduzidas com base,

exclusivamente, em Fontes Abertas.

Uma visão comum, porém questionável, é que a

OSINT tende a ter pouca credibilidade, pois não se

poderia confiar, plenamente, na maior parte das fontes

públicas, como jornais, emissores de televisão ou sites na

Web. Tal situação, entretanto, só torna mais aparente a

necessidade do chamado pensamento crítico no

tratamento das informações, ainda mais se considerando

o volume dos dados disponíveis.

George Kennan25, importante diplomata norte americano, comentou uma vez acerca da Inteligência do seu país: “eu diria que algo em torno de 95% do que nós precisamos saber poderia muito bem ser obtido por um estudo cuidadoso e competente de fontes perfeitamente legítimas de informação abertas e disponíveis para nós nas ricas bibliotecas e arquivos deste país. Boa parte do resto, se não pudesse ser encontrada aqui (e existe muito pouco que não poderia), poderia facilmente ser descoberta de maneira não-secreta em fontes similares em outros países.”

O vertiginoso crescimento da Internet e a

popularização dos meios de acesso às diversas Fontes

25 George Frost Kennan (16 de fevereiro de 1904 — 17 de março de 2005) foi um diplomata, cientista político e historiador norte-americano, sendo uma figura central na emergência da Guerra Fria.Ele posteriormente escreveu histórias sobre as relações da Rússiacom as potências ocidentais. No final da década de 1940, seus escritos inspiraram a Doutrina Truman e a política externa norte-americana de "contenção" da União Soviética, dando-o um duradouro papel de autoridade líder durante a Guerra Fria.

tornaram públicas quantidades sem precedentes de dados.

A sistematização do uso dessas informações, sua

organização, interpretação e análise podem ser de grande

valia em qualquer atividade, seja civil ou militar, pública

ou privada. As instituições em geral - como o Exército

Brasileiro - têm a possibilidade, por exemplo, de

relacionar as Fontes Abertas com os seus próprios bancos

de dados.

A OSINT é produzida a partir de informações

disponíveis livremente, que são coletadas, processadas,

analisadas e disseminadas tempestivamente, em formato

adequado, visando atender as necessidades de

inteligência de tomadores de decisão nos diversos níveis

organizacionais.

Dentre as vantagens das Fontes Abertas pode-se

destacar o alto grau de oportunidade e, como já abordado,

o baixo custo para obtê-las, tornando-a atraente,

principalmente, em épocas de contingenciamento

orçamentário. Por sua característica não intrusiva, tende a

ampliar as possibilidades da atividade de Inteligência.

Com relação ao uso de fontes ostensivas na

atividade de Inteligência no Brasil, é importante

sublinhar que, em artigo para o periódico Folha de São

Paulo, o antigo Ministro de Estado Chefe do Gabinete de

Segurança Institucional (GSI) da Presidência da

República do Brasil, General Jorge Armando Félix,

declarou que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)

“estima em mais de 90% o conhecimento obtido das

chamadas Fontes Abertas.” (FELIX, 2005).

Segundo Klanovicz (2006), como Inteligência

corresponde a uma informação categorizada e específica

que atende demandas de um certo cliente e que exige

acuidade de análise, precisão de conteúdo, apresentação

clara e objetiva do tema tratado, além de eficiência e

rapidez na elaboração, as Fontes Abertas apresentam-se

como instrumentos vantajosos para a obtenção de dados,

ética e legalmente disponíveis e de baixo custo.

Klanovicz (2006) cita ainda que, no amplo rol de

Fontes Abertas, o processo de obtenção de dados incide

sobre ambientes (entidades e instituições, espaços

Page 47: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

47EsIMEx - 2º Semestre de 2012

A inundação de dados gerada pela

“democratização da informação” e pela popularização

das tecnologias da comunicação aumentou a carga sobre

os “decisores”, bem como impôs limitações ao uso de

Fontes Abertas.

A “Inteligência de Fontes Abertas” – produto da

Era da Informação24 – como ferramenta gestacional,

compõe ativamente os processos de integração de dados e

de produção do conhecimento. Concebida a partir de

informação publicamente disponível, é coletada,

explorada e disseminada de maneira oportuna, com a

finalidade de atender uma demanda específica.

Os trabalhos acadêmicos que versam sobre

Inteligência definem as técnicas de coleta/busca por meio

de acrônimos derivados do uso norte-americano:

HUMINT (Inteligência de Fontes Humanas), SIGINT

(Inteligência de Sinais), IMINT (Inteligência de Imagens)

e OSINT (Inteligência de Fontes Abertas). A doutrina de

Inteligência Militar da Força Terrestre não considera a

OSINT na composição dos processos de integração de

dados e de produção do Conhecimento.

OSINT é definida como a análise baseada na

“obtenção legal de documentos oficiais sem restrição de

segurança, da observação direta e não clandestina dos

aspectos políticos, militares e econômicos da vida interna

de outros países ou alvos, do monitoramento da mídia, da

aquisição legal de livros e revistas especializadas de

caráter técnico-científico, enfim, de um leque mais ou

menos amplo de Fontes disponíveis, cujo acesso é

permitido sem restrições especiais de segurança.” A

OSINT pode compor um documento como subsídio à

análise, tais quais a HUMINT, SIGINT e IMINT, ou

mesmo basear inteiramente um produto de Inteligência.

A grande vantagem das Fontes Abertas é o alto

grau de oportunidade e o baixo custo para obtê-las. A

OSINT torna-se atraente, principalmente, em épocas de

24Era da Informação (também conhecida como Era Digital) é o nome

dado ao período que vem após a Era Industrial, mais especificamente após a década de 1980 embora suas bases tenham começado no princípio do século XX e, particularmente, na década de 1970, com invenções tais como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra óptica e o computador pessoal.

contingenciamento orçamentário e para aquelas nações

que adotam o princípio da efetividade em seu arcabouço

jurídico. Ampliam, portanto, as possibilidades da

atividade de Inteligência.

Para a Inteligência Militar, o impacto dessas

inovações se faz presente, exigindo a adequação dos

conceitos estabelecidos referentes aos processos de

integração de dados e de produção do Conhecimento, os

quais podem se adequar no que tange às novas

prioridades no trato das Fontes Abertas.

Dessa forma, este trabalho tem por escopo

apresentar uma proposta de otimização do uso das Fontes

Abertas como ferramenta eficaz para os processos de

integração de dados e de produção do Conhecimento de

Inteligência, assim como ratificar a sua importância como

fundamental vetor no amplo e desafiador espectro de

coleta/busca de dados no mundo atual.

2 FONTES ABERTAS / OSINT:

CARACTERÍSTICAS, POSSIBILIDADES E

LIMITAÇÕES

OSINT, sigla para Open Source Intelligence, é o

termo usado, principalmente em inglês, para descrever a

Inteligência, no sentido de informações, como em

Serviço de Inteligência, obtida através dados disponíveis

para o público em geral, como jornais, revistas científicas

e emissões de TV. [Wikipédia].

Referem-se a dados e/ou informações de domínio

público, ou seja, encontram-se disponíveis para qualquer

pessoa, podendo ser legal e eticamente acessada a baixo

custo. Parte dessas informações é utilizada pela

Inteligência, sendo admitido, atualmente, que a grande

maioria do conhecimento produzido pelas Agências – no

Brasil e no exterior – são provenientes de OSINT.

Uma tradução para o termo seria “Inteligência de

fontes livres ou abertas”, que mantém a ideia do termo

original: Inteligência produzida com base em

informações de acesso público. Surge, principalmente, do

conceito de que cada comunicação, quando relacionada a

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

outras, durante um certo período de tempo, pode

ser utilizada para revelar mais conteúdo do que o

originalmente planejado.

A OSINT, em geral, muito embora não seja

dependente de recursos complexos ou dispendiosos,

tende a possuir elevado potencial para a atividade de

Inteligência. Mesmo quando se trata de assuntos

relacionados ao Campo Militar, uma significativa

quantidade de material está disponível, subsidiando uma

produção relevante de Conhecimentos, comparativamente

a outros tipos de Fontes. James Woolsey, Diretor da CIA,

de 1993 até 1995, estimou que 80% das informações

confidenciais já podem ser deduzidas com base,

exclusivamente, em Fontes Abertas.

Uma visão comum, porém questionável, é que a

OSINT tende a ter pouca credibilidade, pois não se

poderia confiar, plenamente, na maior parte das fontes

públicas, como jornais, emissores de televisão ou sites na

Web. Tal situação, entretanto, só torna mais aparente a

necessidade do chamado pensamento crítico no

tratamento das informações, ainda mais se considerando

o volume dos dados disponíveis.

George Kennan25, importante diplomata norte americano, comentou uma vez acerca da Inteligência do seu país: “eu diria que algo em torno de 95% do que nós precisamos saber poderia muito bem ser obtido por um estudo cuidadoso e competente de fontes perfeitamente legítimas de informação abertas e disponíveis para nós nas ricas bibliotecas e arquivos deste país. Boa parte do resto, se não pudesse ser encontrada aqui (e existe muito pouco que não poderia), poderia facilmente ser descoberta de maneira não-secreta em fontes similares em outros países.”

O vertiginoso crescimento da Internet e a

popularização dos meios de acesso às diversas Fontes

25 George Frost Kennan (16 de fevereiro de 1904 — 17 de março de 2005) foi um diplomata, cientista político e historiador norte-americano, sendo uma figura central na emergência da Guerra Fria.Ele posteriormente escreveu histórias sobre as relações da Rússiacom as potências ocidentais. No final da década de 1940, seus escritos inspiraram a Doutrina Truman e a política externa norte-americana de "contenção" da União Soviética, dando-o um duradouro papel de autoridade líder durante a Guerra Fria.

tornaram públicas quantidades sem precedentes de dados.

A sistematização do uso dessas informações, sua

organização, interpretação e análise podem ser de grande

valia em qualquer atividade, seja civil ou militar, pública

ou privada. As instituições em geral - como o Exército

Brasileiro - têm a possibilidade, por exemplo, de

relacionar as Fontes Abertas com os seus próprios bancos

de dados.

A OSINT é produzida a partir de informações

disponíveis livremente, que são coletadas, processadas,

analisadas e disseminadas tempestivamente, em formato

adequado, visando atender as necessidades de

inteligência de tomadores de decisão nos diversos níveis

organizacionais.

Dentre as vantagens das Fontes Abertas pode-se

destacar o alto grau de oportunidade e, como já abordado,

o baixo custo para obtê-las, tornando-a atraente,

principalmente, em épocas de contingenciamento

orçamentário. Por sua característica não intrusiva, tende a

ampliar as possibilidades da atividade de Inteligência.

Com relação ao uso de fontes ostensivas na

atividade de Inteligência no Brasil, é importante

sublinhar que, em artigo para o periódico Folha de São

Paulo, o antigo Ministro de Estado Chefe do Gabinete de

Segurança Institucional (GSI) da Presidência da

República do Brasil, General Jorge Armando Félix,

declarou que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)

“estima em mais de 90% o conhecimento obtido das

chamadas Fontes Abertas.” (FELIX, 2005).

Segundo Klanovicz (2006), como Inteligência

corresponde a uma informação categorizada e específica

que atende demandas de um certo cliente e que exige

acuidade de análise, precisão de conteúdo, apresentação

clara e objetiva do tema tratado, além de eficiência e

rapidez na elaboração, as Fontes Abertas apresentam-se

como instrumentos vantajosos para a obtenção de dados,

ética e legalmente disponíveis e de baixo custo.

Klanovicz (2006) cita ainda que, no amplo rol de

Fontes Abertas, o processo de obtenção de dados incide

sobre ambientes (entidades e instituições, espaços

Page 48: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

48 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

públicos e privados, além de visitas in loco),

pessoas (público em geral, aposentados, desempregados,

informantes) e, tomando-se de empréstimo o jargão dos

estudos historiográficos, fontes primárias e secundárias

(bancos de dados, bibliotecas, mídia em geral, anais de

seminários e congressos, conferências, notas de aulas e

palestras, mapas e gráficos, serviços de referência,

coleções iconográficas, hipertextos, fontes digitais e

magnéticas).

Segundo MARINHO (2011), a OSINT

caracteriza-se como “matéria-prima” para vários tipos de

informações. Ela pode valer-se de fontes midiáticas,

circunstância em que sua matéria prima para

processamento estará disponível, originalmente, em

jornais, revistas, programas de TV e de rádio, ou contida

em outros tipos de fontes jornalísticas hoje existentes no

ambiente virtual da Internet.

Ainda segundo MARINHO (2011), a OSINT

também pode valer-se de material proveniente do

“mundo virtual”, sem que ele seja, entretanto, midiático.

É o caso dos produtos originados das comunidades ou

redes sociais, em suas diferentes expressões. Uma

característica marcante deste tipo de dado é o fato do

conteúdo ter sido gerado, normalmente, pelo próprio

usuário.

Além dos exemplos citados, outros dados podem

ser obtidos de conteúdos produzidos pela “área oficial”.

Diários Oficiais, Orçamentos Públicos, Processos

Legislativos, Contratos Públicos, dentre outros, são

alguns dos insumos derivados deste setor.

MARINHO (2011) cita ainda que uma

característica peculiar da informação do Século XXI é o

fato dela poder assumir uma dimensão geoespacial e

cibernética, não incluindo, portanto, somente elementos

textuais. Um exemplo a ser citado são os programas de

espacialização digital por satélite disponíveis na Internet,

como o Google Earth.

Outros dados provenientes de Fontes Abertas

podem ser identificados no meio acadêmico ou técnico-

profissional. É o conhecimento comunicado em artigos,

conferências, encontros e/ou simpósios, bem como

documentação especializada regularmente difundida por

organizações especializadas técnico-profissionais. Aí

estão incluídos tanto órgãos estatais quanto privados,

além de ONG.

Ademais, não menos importante deve ser

encarado o papel da pesquisa em Fontes Abertas para a

construção do Conhecimento acerca de determinada área,

bem como - e principalmente – das características

culturais da sua população.

AFONSO (2006), em seu artigo publicado na Revista Brasileira de Inteligência, cita que gerenciar a coleta de informação nos dias atuais “é menos um problema de se esgueirar em becos escuros em terras estrangeiras para encontrar algum agente secreto do que surfar na Internet, debaixo das luzes florescentes de um escritório apertado, a fim de encontrar alguma Fonte Aberta. Isso passou a ser, também, um exercício de eficiência e bom senso financeiro, que ressalta as capacidades de mesclar oportunidade e clareza, conhecer quem tem a informação e onde se encontra quem a detém”.

Ainda segundo AFONSO (2006), a natureza da

informação ostensiva, sua tendência a sobrecarregar o

analista, sua vulnerabilidade e sua possível sujeição à

baixa qualidade não parecem privá-la da capacidade de

basear ou compor um relatório de Inteligência.

Primeiramente, quando bem instruídos acerca dos

instrumentos de procura de dados e das técnicas de

validação de fonte e informação, os coletores poderão ser

capazes de aliar tempo e qualidade ao utilizarem Fontes

Abertas. Em segundo lugar, entre Serviços de

Inteligência, os focos e abordagens da análise de um

mesmo tema não são, necessariamente, semelhantes, em

função da diferença de interesses e de situações que

lapidam as demandas dos decisores. Finalmente,

coletores e analistas preparados e especializados em suas

áreas temáticas poderiam constituir um filtro capaz de

reduzir os déficits analíticos causados por tentativas de

desinformação ou pela má qualidade do dado.

Alguns especialistas, todavia, consideram que,

apesar de imprescindíveis, as Fontes Abertas dificilmente

seriam eficazes no caso da necessidade de analisar

regimes fechados, como, por exemplo, o da Coréia do

Norte. Ademais, pode-se acrescentar o domínio de outras

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

línguas como uma limitação para a atuação dos

Analistas de Inteligência.

Do exposto, pode-se inferir que o trato desejável e

profissional de Fontes Abertas, visando à produção de

conhecimento confiável, carece de especialização

pertinente (recursos humanos) e infraestrutura adequada

(meios de TI e outros recursos).

3 FONTES ABERTAS NA INTEGRAÇÃO DE

DADOS E NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

3.1 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS x

INTELIGÊNCIA

A interação entre o Sistema de Inteligência do

Exército (SIEx) e o Sistema de Operações Psicológicas

do Exército (SIOPEx), apesar de intensa, reveste-se de

certa “simplicidade”. Tal assertiva é baseada na premissa

de que a Inteligência pode apoiar as Operações

Psicológicas (Op Psico) por meio de ações de busca e/ou

coleta, formalizando os Conhecimentos por intermédio

dos documentos padronizados pelo SIEx.

Da mesma forma, as demandas das Op Psico

podem ser apresentadas por intermédio de Pedido de

Busca (PB), com vistas, por exemplo, ao levantamento de

públicos-alvo, de veículos de difusão de produtos, etc.

COSTA (2007), em seu trabalho, relata que,

“desde sempre”, de forma permanente e sistemática,

deveria haver a produção de Conhecimentos específicos

de Inteligência para as Op Psico:Quando o escalão tático ou operacional decide por empregar as Op Psico a fim de contribuir com sua missão, deve estar certo que um longo e penoso trabalho de Inteligência já veio sendo feito, gerando conhecimentos em número e qualidade, disponíveis de forma imediata. Além disso, é preciso lembrar que as Op Psico não trabalham com dados concretos, e sim dados psicossociais e voláteis. Entender tecnicamente o que se passa na cabeça dos neutros, dos inimigos, suas lideranças e demais atores envolvidos requer preparo e aculturamento. Somente a criação de uma imagem fiel do comportamento e das reações do público-alvo, segundo seus valores e crenças, assegura a maneira correta de afetá-lo de maneira eficiente no campo das emoções. Portanto, o maior desafio é produzir, desde o tempo de paz ou normalidade, conhecimentos que sirvam de maneira direta para o desenvolvimento das campanhas de Op Psico. Estes dados, oriundos de diversas fontes, devem ser trabalhados segundo uma metodologia própria, tal qual a Inteligência Militar preconiza, para que se transformem em uma base sólida para as Op Psico atuarem. O manual C 45-4 (1999, p.

4-6) assegura que a Inteligência oportuna e objetiva é um pré-requisito para a eficácia das campanhas de Op PSICO. Diz ainda que o SIEx, por intermédio de todas as Agências e Fontes disponíveis, é o responsável pelo fornecimentos da maior parte dos dados psicológicos de interesse. (COSTA 2007, p.114-115, grifo nosso)

O trabalho de análise do público-alvo, por

exemplo, deve ser continuamente atualizado e, sem uma

alimentação de conhecimentos oriundos da Inteligência, a

tendência é que os Registros de Públicos–alvo (RPA)

percam sua relevância. Atualizar RPA, preparar

Levantamentos Estratégicos de Área (LEA) e colaborar

com as atividades de pré-teste de produtos, por exemplo,

caracterizam os pontos de contato entre o SIEx e o

SIOPEx.

LIMA (2009) elencou outros pontos de contato,

tais como o levantamento das vulnerabilidades do

inimigo ou de qualquer público-alvo; o trabalho

coordenado – no nível estratégico – no combate e

prevenção ao terrorismo, especialmente no estudo de

públicos-alvos; entrevistas de prisioneiros de guerra;

entre outros.

Ademais, a Contra Ação Psicológica26 (C Aç

Psico), atividade de Contrainteligência ativa, por

doutrina, deve ser realizada pela Inteligência,

especificamente o que tange as medidas necessárias de

contrapropaganda (primeira etapa)27.

26 Contra Ação Psicológica é o conjunto de medidas destinadas a detectar, identificar, avaliar, explorar e neutralizar ações psicológicas adversas, em especial a propaganda adversa, que possam causar prejuízos aos interesses do Exército Brasileiro.

27 Contrapropaganda é o conjunto de medidas destinado a detectar, identificar, avaliar, explorar e neutralizar a propaganda adversa que possa causar prejuízos aos interesses do Exército Brasileiro. As medidas a serem adotadas estão relacionadas com ações específicas de C Aç Psico e outras vinculadas às de Segurança Orgânica. A implementação específica da C Aç Psico se divide em duas etapas: a primeira compreende a detecção, a identificação e a avaliação; e a segunda compreende a avaliação, a exploração e a neutralização. A primeira etapa constitui a fase proativa que alimentará a prevenção, desenvolvendo todas as medidas para proteger o Sistema Exército, os possíveis “alvos” para Aç Psico e, também, para definir o planejamento destas ações. A segunda etapa é aquela que põe em execução todas as medidas necessárias para minimizar os efeitos da Aç Psico executada até o emprego dos especialistas em Op Psico. Esta execução estará a cargo da OM Op Psico, não da Inteligência, sendo estas ações planejadas e coordenadas pela Seç Op do escalão considerado. (Manual de Campanha C 30 – 3CONTRAINTELIGÊNCIA)

Page 49: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

49EsIMEx - 2º Semestre de 2012

públicos e privados, além de visitas in loco),

pessoas (público em geral, aposentados, desempregados,

informantes) e, tomando-se de empréstimo o jargão dos

estudos historiográficos, fontes primárias e secundárias

(bancos de dados, bibliotecas, mídia em geral, anais de

seminários e congressos, conferências, notas de aulas e

palestras, mapas e gráficos, serviços de referência,

coleções iconográficas, hipertextos, fontes digitais e

magnéticas).

Segundo MARINHO (2011), a OSINT

caracteriza-se como “matéria-prima” para vários tipos de

informações. Ela pode valer-se de fontes midiáticas,

circunstância em que sua matéria prima para

processamento estará disponível, originalmente, em

jornais, revistas, programas de TV e de rádio, ou contida

em outros tipos de fontes jornalísticas hoje existentes no

ambiente virtual da Internet.

Ainda segundo MARINHO (2011), a OSINT

também pode valer-se de material proveniente do

“mundo virtual”, sem que ele seja, entretanto, midiático.

É o caso dos produtos originados das comunidades ou

redes sociais, em suas diferentes expressões. Uma

característica marcante deste tipo de dado é o fato do

conteúdo ter sido gerado, normalmente, pelo próprio

usuário.

Além dos exemplos citados, outros dados podem

ser obtidos de conteúdos produzidos pela “área oficial”.

Diários Oficiais, Orçamentos Públicos, Processos

Legislativos, Contratos Públicos, dentre outros, são

alguns dos insumos derivados deste setor.

MARINHO (2011) cita ainda que uma

característica peculiar da informação do Século XXI é o

fato dela poder assumir uma dimensão geoespacial e

cibernética, não incluindo, portanto, somente elementos

textuais. Um exemplo a ser citado são os programas de

espacialização digital por satélite disponíveis na Internet,

como o Google Earth.

Outros dados provenientes de Fontes Abertas

podem ser identificados no meio acadêmico ou técnico-

profissional. É o conhecimento comunicado em artigos,

conferências, encontros e/ou simpósios, bem como

documentação especializada regularmente difundida por

organizações especializadas técnico-profissionais. Aí

estão incluídos tanto órgãos estatais quanto privados,

além de ONG.

Ademais, não menos importante deve ser

encarado o papel da pesquisa em Fontes Abertas para a

construção do Conhecimento acerca de determinada área,

bem como - e principalmente – das características

culturais da sua população.

AFONSO (2006), em seu artigo publicado na Revista Brasileira de Inteligência, cita que gerenciar a coleta de informação nos dias atuais “é menos um problema de se esgueirar em becos escuros em terras estrangeiras para encontrar algum agente secreto do que surfar na Internet, debaixo das luzes florescentes de um escritório apertado, a fim de encontrar alguma Fonte Aberta. Isso passou a ser, também, um exercício de eficiência e bom senso financeiro, que ressalta as capacidades de mesclar oportunidade e clareza, conhecer quem tem a informação e onde se encontra quem a detém”.

Ainda segundo AFONSO (2006), a natureza da

informação ostensiva, sua tendência a sobrecarregar o

analista, sua vulnerabilidade e sua possível sujeição à

baixa qualidade não parecem privá-la da capacidade de

basear ou compor um relatório de Inteligência.

Primeiramente, quando bem instruídos acerca dos

instrumentos de procura de dados e das técnicas de

validação de fonte e informação, os coletores poderão ser

capazes de aliar tempo e qualidade ao utilizarem Fontes

Abertas. Em segundo lugar, entre Serviços de

Inteligência, os focos e abordagens da análise de um

mesmo tema não são, necessariamente, semelhantes, em

função da diferença de interesses e de situações que

lapidam as demandas dos decisores. Finalmente,

coletores e analistas preparados e especializados em suas

áreas temáticas poderiam constituir um filtro capaz de

reduzir os déficits analíticos causados por tentativas de

desinformação ou pela má qualidade do dado.

Alguns especialistas, todavia, consideram que,

apesar de imprescindíveis, as Fontes Abertas dificilmente

seriam eficazes no caso da necessidade de analisar

regimes fechados, como, por exemplo, o da Coréia do

Norte. Ademais, pode-se acrescentar o domínio de outras

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

línguas como uma limitação para a atuação dos

Analistas de Inteligência.

Do exposto, pode-se inferir que o trato desejável e

profissional de Fontes Abertas, visando à produção de

conhecimento confiável, carece de especialização

pertinente (recursos humanos) e infraestrutura adequada

(meios de TI e outros recursos).

3 FONTES ABERTAS NA INTEGRAÇÃO DE

DADOS E NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

3.1 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS x

INTELIGÊNCIA

A interação entre o Sistema de Inteligência do

Exército (SIEx) e o Sistema de Operações Psicológicas

do Exército (SIOPEx), apesar de intensa, reveste-se de

certa “simplicidade”. Tal assertiva é baseada na premissa

de que a Inteligência pode apoiar as Operações

Psicológicas (Op Psico) por meio de ações de busca e/ou

coleta, formalizando os Conhecimentos por intermédio

dos documentos padronizados pelo SIEx.

Da mesma forma, as demandas das Op Psico

podem ser apresentadas por intermédio de Pedido de

Busca (PB), com vistas, por exemplo, ao levantamento de

públicos-alvo, de veículos de difusão de produtos, etc.

COSTA (2007), em seu trabalho, relata que,

“desde sempre”, de forma permanente e sistemática,

deveria haver a produção de Conhecimentos específicos

de Inteligência para as Op Psico:Quando o escalão tático ou operacional decide por empregar as Op Psico a fim de contribuir com sua missão, deve estar certo que um longo e penoso trabalho de Inteligência já veio sendo feito, gerando conhecimentos em número e qualidade, disponíveis de forma imediata. Além disso, é preciso lembrar que as Op Psico não trabalham com dados concretos, e sim dados psicossociais e voláteis. Entender tecnicamente o que se passa na cabeça dos neutros, dos inimigos, suas lideranças e demais atores envolvidos requer preparo e aculturamento. Somente a criação de uma imagem fiel do comportamento e das reações do público-alvo, segundo seus valores e crenças, assegura a maneira correta de afetá-lo de maneira eficiente no campo das emoções. Portanto, o maior desafio é produzir, desde o tempo de paz ou normalidade, conhecimentos que sirvam de maneira direta para o desenvolvimento das campanhas de Op Psico. Estes dados, oriundos de diversas fontes, devem ser trabalhados segundo uma metodologia própria, tal qual a Inteligência Militar preconiza, para que se transformem em uma base sólida para as Op Psico atuarem. O manual C 45-4 (1999, p.

4-6) assegura que a Inteligência oportuna e objetiva é um pré-requisito para a eficácia das campanhas de Op PSICO. Diz ainda que o SIEx, por intermédio de todas as Agências e Fontes disponíveis, é o responsável pelo fornecimentos da maior parte dos dados psicológicos de interesse. (COSTA 2007, p.114-115, grifo nosso)

O trabalho de análise do público-alvo, por

exemplo, deve ser continuamente atualizado e, sem uma

alimentação de conhecimentos oriundos da Inteligência, a

tendência é que os Registros de Públicos–alvo (RPA)

percam sua relevância. Atualizar RPA, preparar

Levantamentos Estratégicos de Área (LEA) e colaborar

com as atividades de pré-teste de produtos, por exemplo,

caracterizam os pontos de contato entre o SIEx e o

SIOPEx.

LIMA (2009) elencou outros pontos de contato,

tais como o levantamento das vulnerabilidades do

inimigo ou de qualquer público-alvo; o trabalho

coordenado – no nível estratégico – no combate e

prevenção ao terrorismo, especialmente no estudo de

públicos-alvos; entrevistas de prisioneiros de guerra;

entre outros.

Ademais, a Contra Ação Psicológica26 (C Aç

Psico), atividade de Contrainteligência ativa, por

doutrina, deve ser realizada pela Inteligência,

especificamente o que tange as medidas necessárias de

contrapropaganda (primeira etapa)27.

26 Contra Ação Psicológica é o conjunto de medidas destinadas a detectar, identificar, avaliar, explorar e neutralizar ações psicológicas adversas, em especial a propaganda adversa, que possam causar prejuízos aos interesses do Exército Brasileiro.

27 Contrapropaganda é o conjunto de medidas destinado a detectar, identificar, avaliar, explorar e neutralizar a propaganda adversa que possa causar prejuízos aos interesses do Exército Brasileiro. As medidas a serem adotadas estão relacionadas com ações específicas de C Aç Psico e outras vinculadas às de Segurança Orgânica. A implementação específica da C Aç Psico se divide em duas etapas: a primeira compreende a detecção, a identificação e a avaliação; e a segunda compreende a avaliação, a exploração e a neutralização. A primeira etapa constitui a fase proativa que alimentará a prevenção, desenvolvendo todas as medidas para proteger o Sistema Exército, os possíveis “alvos” para Aç Psico e, também, para definir o planejamento destas ações. A segunda etapa é aquela que põe em execução todas as medidas necessárias para minimizar os efeitos da Aç Psico executada até o emprego dos especialistas em Op Psico. Esta execução estará a cargo da OM Op Psico, não da Inteligência, sendo estas ações planejadas e coordenadas pela Seç Op do escalão considerado. (Manual de Campanha C 30 – 3CONTRAINTELIGÊNCIA)

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

50 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

A fim de reunir as melhores condições para o

desempenho desta atividade, é lícito inferir que haja

premente necessidade – por parte do(s) Analista(s) de

Contrainteligência responsável (eis) – de um

acompanhamento cerrado do maior número possível de

mídias e/ou outros instrumentos de comunicação.

Dessa forma, fica latente a necessidade de

pesquisas em Fontes Abertas para o atendimento às

demandas das Op Psico, haja vista as especificidades

culturais, sociais e antropológicas requeridas exigirem

estudos direcionados e continuados, bem como o

sistemático acompanhamento dos meios de comunicação,

a fim de melhor desempenhar as ações de

contrapropaganda.

É interessante que a interação entre os

mencionados Sistemas se dê em todos os níveis, havendo

necessidade de discriminação dos dados a serem obtidos

no Repertório de Conhecimentos Necessários (RCN)

constante do Plano de Inteligência do Exército (PIEx) –

nível estratégico -, com desdobramentos para os demais

escalões – níveis operacional e tático.

3.2 CENTRO DE CULTURA DO TRADOC: EXEMPLO AMERICANO

Inaugurado em fevereiro de 2006, o Centro de

Cultura do Comando de Adestramento e Doutrina do

Exército dos EUA (US Army Training and Doctrine

Command — TRADOC) está localizado no Centro de

Inteligência do Exército dos EUA (US Army Intelligence

Center — USAIC, Forte Huachuca, Arizona), inserindo-

se num novo conceito de atuação da Força Terrestre

daquele país.

A criação do Centro de Cultura faz parte da

“campanha de conhecimento cultural”, que procura

melhorar a capacidade do soldado norte-americano em

entender e dar importância a fatores culturais. Se os

primeiros conflitos da guerra contra o terrorismo

alertavam sobre o futuro, a necessidade de entender

culturas estrangeiras passou a assumir um nível sem

precedentes de importância para as Forças Armadas

daquele país. As análises contemporâneas cada vez mais

identificam as populações estrangeiras como centros de

gravidade, fato que ressalta a importância da iniciativa do

conhecimento cultural ou cultural awareness28.

O objetivo principal do Centro é apoiar o

desenvolvimento e o treinamento de conhecimento

cultural e divulgar relevantes experiências de culturas,

conhecimento e produtos por intermédio do Exército e,

principalmente, pelo Departamento de Defesa dos EUA.

Outras propostas do Centro incluem treinamento

intercultural, educação, pesquisa, colaboração entre

intelectuais militares e civis. À medida que o Centro

amadurece, espera-se que ele influa no surgimento de

novos centros culturais no Exército, Forças Singulares e

Departamento de Defesa.

O Centro tem cinco seções: um escritório central,

uma Seção de Treinamento Cultural e Educação, um

Laboratório de Idiomas, uma Seção de Formação de

Equipes e uma Seção Intercultural de Pesquisa Aplicada

e Divulgação. É subordinado à 111ª Brigada de

Inteligência Militar, do Centro de Inteligência do

Exército dos EUA.

Nesse contexto, cabe à Inteligência um

importante papel, cujo viés mais adequado e pertinente é

o assessoramento especial baseado na pesquisa em Fontes

Abertas (OSINT), complementado por ações

operacionais específicas ligadas à HUMINT.

Embora o assunto, no Exército Brasileiro, ainda

seja incipiente, pode-se inferir que o exemplo dos EUA

deve ser apreciado. Considerando as especificidades

brasileiras - país de dimensões continentais e

multicultural -, bem como o provável aumento da

participação do País em futuras missões de paz sob a

28 Cultural awareness pode ser traduzido como “consciência cultural”. Trata-se de um conhecimento genérico de uma cultura ou sociedade específica, não significando um nível de conhecimento elevado ou vivência. Aborda aspectos tangíveis, como vestimentas, culinária, esportes típicos, idioma e arquitetura, dentre outros; e intangíveis, como tolerância às mudanças, noção de tempo e de espaço, crenças, sentimento de justiça e semântica das palavras. (ABREU 2010)

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

égide da ONU, é desejável um aprofundamento na

questão apresentada.

3.3 MÍDIAS SOCIAIS x INTELIGÊNCIA

A atual interconexão generalizada entre as

pessoas tem chamado a atenção de muitos teóricos sobre

seus efeitos no quadro das relações individuais e,

igualmente, na forma como os coletivos se comportam

quando se constituem como redes de alta densidade.

Relações individuais e coletivas, particularmente

no ciberespaço, têm despertado o interesse dos estudiosos

de redes sociais, dos sociólogos, etnógrafos virtuais, dos

ciberteóricos, dos especialistas em gestão do

conhecimento e da informação, enfim, de todos aqueles

que pressentem que há algo de novo a ser investigado,

que a atual vertigem da interação coletiva pode ser

compreendida dentro de uma certa lógica, dentro de

certos padrões, o que já era anunciado nos anos 1980

pelos analistas estruturais de redes sociais (Wellman &

Berkowitz, 1988).

Temas relacionados ao assunto são cada vez mais

recorrentes entre teóricos reconhecidos, que apontam

para uma mesma situação: estamos em rede,

interconectados com um número cada vez maior de

pontos e com uma freqüência que só faz crescer. A partir

disso, torna-se claro o desejo de compreender melhor a

atividade desses coletivos, a forma como

comportamentos e ideias se propagam, o modo como

notícias afluem de um ponto a outro do planeta etc. A

explosão das comunidades virtuais parece ter se tornado

um verdadeiro desafio para nossa compreensão.

MARINHO (2011) cita que a sociedade atual

convive com o período histórico que coincide com a

revolução dentro da grande revolução da rede mundial,

que é o advento das redes sociais com seus microblogs e

redes de relacionamento, interagindo as diferenças

culturais e sócio-econômicas – enfim, experiências – de

milhões de pessoas. As redes sociais representam um

conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e

recursos em torno de valores e interesses compartilhados,

exprimindo as relações na comunicação imediata

propiciada pelos computadores.

A onda de protestos no mundo árabe, que ficou

conhecida como “Primavera Árabe”, virou foco de estudo

de historiadores, sociólogos, filósofos e outros

pesquisadores, que tentam entender quais são os impactos

políticos, sociais e históricos dessas transformações, que

ocorreram ou ainda ocorrem em países como Tunísia,

Egito, Iêmen, Líbia e Síria. Um fator chamou a atenção

no mundo todo: o uso das redes sociais, que auxiliaram

na queda de ditadores como Zine Ben Ali, na Tunísia e

Hosni Mubarak, no Egito.

O Pentágono estuda usar redes sociais como o

Twitter e o Facebook como fonte de informações de

possíveis ataques terroristas e como arma em conflitos

futuros. De acordo com uma reportagem do "The New

York Times", o órgão planeja criar um fundo de US$ 42

milhões para quem conseguir ajudar no trabalho de

identificação de "memes"29 da Internet que podem servir

de estopim para revoluções e conflitos.

O Jornal afirma que as mídias sociais se tornaram

um meio de criar revoluções como as vistas em países

como Egito e Irã, e que os militares querem ter sistemas

para detectar e rastrear a proliferação e o

compartilhamento de ideias em uma escala abrangente,

um rastreador de “memes”. O Órgão de Defesa acredita

que seria útil saber, por exemplo, se os sinais de uma

rebelião generalizada são autênticos ou se foram criados

por um pequeno grupo, que nada tem a ver com a

questão.

A ferramenta que o Pentágono procura, segundo

o "The New York Times", deve monitorar pistas

linguísticas, padrões de fluxo de informações, análise de

tópicos em evidência, entre outros. Desse modo, as redes

sociais permitiriam que o Exército norte americano

29 termo utilizado para identificar este tipo de fenômeno da comunicação, em uma analogia ao conceito criado pelo zoólogo Richard Dawkins para explicar a disseminação de pensamentos, idéias e produtos culturais.

Page 51: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

51EsIMEx - 2º Semestre de 2012

A fim de reunir as melhores condições para o

desempenho desta atividade, é lícito inferir que haja

premente necessidade – por parte do(s) Analista(s) de

Contrainteligência responsável (eis) – de um

acompanhamento cerrado do maior número possível de

mídias e/ou outros instrumentos de comunicação.

Dessa forma, fica latente a necessidade de

pesquisas em Fontes Abertas para o atendimento às

demandas das Op Psico, haja vista as especificidades

culturais, sociais e antropológicas requeridas exigirem

estudos direcionados e continuados, bem como o

sistemático acompanhamento dos meios de comunicação,

a fim de melhor desempenhar as ações de

contrapropaganda.

É interessante que a interação entre os

mencionados Sistemas se dê em todos os níveis, havendo

necessidade de discriminação dos dados a serem obtidos

no Repertório de Conhecimentos Necessários (RCN)

constante do Plano de Inteligência do Exército (PIEx) –

nível estratégico -, com desdobramentos para os demais

escalões – níveis operacional e tático.

3.2 CENTRO DE CULTURA DO TRADOC: EXEMPLO AMERICANO

Inaugurado em fevereiro de 2006, o Centro de

Cultura do Comando de Adestramento e Doutrina do

Exército dos EUA (US Army Training and Doctrine

Command — TRADOC) está localizado no Centro de

Inteligência do Exército dos EUA (US Army Intelligence

Center — USAIC, Forte Huachuca, Arizona), inserindo-

se num novo conceito de atuação da Força Terrestre

daquele país.

A criação do Centro de Cultura faz parte da

“campanha de conhecimento cultural”, que procura

melhorar a capacidade do soldado norte-americano em

entender e dar importância a fatores culturais. Se os

primeiros conflitos da guerra contra o terrorismo

alertavam sobre o futuro, a necessidade de entender

culturas estrangeiras passou a assumir um nível sem

precedentes de importância para as Forças Armadas

daquele país. As análises contemporâneas cada vez mais

identificam as populações estrangeiras como centros de

gravidade, fato que ressalta a importância da iniciativa do

conhecimento cultural ou cultural awareness28.

O objetivo principal do Centro é apoiar o

desenvolvimento e o treinamento de conhecimento

cultural e divulgar relevantes experiências de culturas,

conhecimento e produtos por intermédio do Exército e,

principalmente, pelo Departamento de Defesa dos EUA.

Outras propostas do Centro incluem treinamento

intercultural, educação, pesquisa, colaboração entre

intelectuais militares e civis. À medida que o Centro

amadurece, espera-se que ele influa no surgimento de

novos centros culturais no Exército, Forças Singulares e

Departamento de Defesa.

O Centro tem cinco seções: um escritório central,

uma Seção de Treinamento Cultural e Educação, um

Laboratório de Idiomas, uma Seção de Formação de

Equipes e uma Seção Intercultural de Pesquisa Aplicada

e Divulgação. É subordinado à 111ª Brigada de

Inteligência Militar, do Centro de Inteligência do

Exército dos EUA.

Nesse contexto, cabe à Inteligência um

importante papel, cujo viés mais adequado e pertinente é

o assessoramento especial baseado na pesquisa em Fontes

Abertas (OSINT), complementado por ações

operacionais específicas ligadas à HUMINT.

Embora o assunto, no Exército Brasileiro, ainda

seja incipiente, pode-se inferir que o exemplo dos EUA

deve ser apreciado. Considerando as especificidades

brasileiras - país de dimensões continentais e

multicultural -, bem como o provável aumento da

participação do País em futuras missões de paz sob a

28 Cultural awareness pode ser traduzido como “consciência cultural”. Trata-se de um conhecimento genérico de uma cultura ou sociedade específica, não significando um nível de conhecimento elevado ou vivência. Aborda aspectos tangíveis, como vestimentas, culinária, esportes típicos, idioma e arquitetura, dentre outros; e intangíveis, como tolerância às mudanças, noção de tempo e de espaço, crenças, sentimento de justiça e semântica das palavras. (ABREU 2010)

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

égide da ONU, é desejável um aprofundamento na

questão apresentada.

3.3 MÍDIAS SOCIAIS x INTELIGÊNCIA

A atual interconexão generalizada entre as

pessoas tem chamado a atenção de muitos teóricos sobre

seus efeitos no quadro das relações individuais e,

igualmente, na forma como os coletivos se comportam

quando se constituem como redes de alta densidade.

Relações individuais e coletivas, particularmente

no ciberespaço, têm despertado o interesse dos estudiosos

de redes sociais, dos sociólogos, etnógrafos virtuais, dos

ciberteóricos, dos especialistas em gestão do

conhecimento e da informação, enfim, de todos aqueles

que pressentem que há algo de novo a ser investigado,

que a atual vertigem da interação coletiva pode ser

compreendida dentro de uma certa lógica, dentro de

certos padrões, o que já era anunciado nos anos 1980

pelos analistas estruturais de redes sociais (Wellman &

Berkowitz, 1988).

Temas relacionados ao assunto são cada vez mais

recorrentes entre teóricos reconhecidos, que apontam

para uma mesma situação: estamos em rede,

interconectados com um número cada vez maior de

pontos e com uma freqüência que só faz crescer. A partir

disso, torna-se claro o desejo de compreender melhor a

atividade desses coletivos, a forma como

comportamentos e ideias se propagam, o modo como

notícias afluem de um ponto a outro do planeta etc. A

explosão das comunidades virtuais parece ter se tornado

um verdadeiro desafio para nossa compreensão.

MARINHO (2011) cita que a sociedade atual

convive com o período histórico que coincide com a

revolução dentro da grande revolução da rede mundial,

que é o advento das redes sociais com seus microblogs e

redes de relacionamento, interagindo as diferenças

culturais e sócio-econômicas – enfim, experiências – de

milhões de pessoas. As redes sociais representam um

conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e

recursos em torno de valores e interesses compartilhados,

exprimindo as relações na comunicação imediata

propiciada pelos computadores.

A onda de protestos no mundo árabe, que ficou

conhecida como “Primavera Árabe”, virou foco de estudo

de historiadores, sociólogos, filósofos e outros

pesquisadores, que tentam entender quais são os impactos

políticos, sociais e históricos dessas transformações, que

ocorreram ou ainda ocorrem em países como Tunísia,

Egito, Iêmen, Líbia e Síria. Um fator chamou a atenção

no mundo todo: o uso das redes sociais, que auxiliaram

na queda de ditadores como Zine Ben Ali, na Tunísia e

Hosni Mubarak, no Egito.

O Pentágono estuda usar redes sociais como o

Twitter e o Facebook como fonte de informações de

possíveis ataques terroristas e como arma em conflitos

futuros. De acordo com uma reportagem do "The New

York Times", o órgão planeja criar um fundo de US$ 42

milhões para quem conseguir ajudar no trabalho de

identificação de "memes"29 da Internet que podem servir

de estopim para revoluções e conflitos.

O Jornal afirma que as mídias sociais se tornaram

um meio de criar revoluções como as vistas em países

como Egito e Irã, e que os militares querem ter sistemas

para detectar e rastrear a proliferação e o

compartilhamento de ideias em uma escala abrangente,

um rastreador de “memes”. O Órgão de Defesa acredita

que seria útil saber, por exemplo, se os sinais de uma

rebelião generalizada são autênticos ou se foram criados

por um pequeno grupo, que nada tem a ver com a

questão.

A ferramenta que o Pentágono procura, segundo

o "The New York Times", deve monitorar pistas

linguísticas, padrões de fluxo de informações, análise de

tópicos em evidência, entre outros. Desse modo, as redes

sociais permitiriam que o Exército norte americano

29 termo utilizado para identificar este tipo de fenômeno da comunicação, em uma analogia ao conceito criado pelo zoólogo Richard Dawkins para explicar a disseminação de pensamentos, idéias e produtos culturais.

Page 52: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

52 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

pudesse se antecipar e preparar uma ação militar.

Um exemplo desse monitoramento pode ser o uso sobre

rumores da localização de algum suspeito que comece a

se espalhar nas redes. O Órgão poderia detectar o

crescimento de uma crise e tentar reduzi-la usando os

mesmos canais, além de poder entrar em ação, caso

necessário.

Gabriel Weimann, professor de comunicação

política da universidade israelense de Haifa, estuda, há 12

anos, o uso da web por redes terroristas. No início do

trabalho, tudo o que sua equipe conseguiu encontrar

foram 12 sites do tipo. Hoje, os acadêmicos monitoram

mais de 70.800 páginas em 20 línguas - incluindo o

português. Qualquer organização que venha à mente -

Hamas, Al Qaeda, Talibã, Al Qassam - já conta com um

setor especializado na web, com mídias sociais, serviços

de chat e até ensino à distância.

Do exposto, pode-se concluir acerca da

adequabilidade do monitoramento, por parte da

Inteligência, dessa Fonte Aberta. Ademais, a

especialização nesse tipo de coleta, num futuro próximo,

tende a se transformar em uma realidade inexorável, haja

vista as crescentes demandas que ora se apresentam,

apontando para a necessidade da integração com outras

Fontes (HUMINT, SIGINT, IMINT e CIBERINT).

3.4 ANÁLISE ESTRATÉGICA

A 7ª Subchefia do Estado Maior do Exército (7ª

SCh EME) tem a responsabilidade – dentre outras

atribuições – de monitorar as conjunturas nacional e

internacional para determinar situações, na área externa

ao EB, que aconselhem iniciativas para superar conflitos

e crises ou para atender interesses da Defesa Nacional.

Tal missão é consequência direta da necessidade

de monitoramento dos eventos que podem interferir no

Cenário Alvo, produto principal da Análise Estratégica

desenvolvida pelo Órgão de Direção Geral (ODG), por

meio da 7ª SCh.

O monitoramento dos eventos tem por objetivo

fornecer subsídios para a atualização do Diagnóstico

Estratégico do EB, para a elaboração de cenários e de

indicações, visando atingir o Cenário Alvo, que pode ser

impactado em razão de ruptura de tendências e/ou

modificação nas estratégias dos atores envolvidos.

O Quadro de Monitoramento de Eventos (QME)

é estruturado por meio de diagnóstico estratégico,

elaboração de cenários e elaboração de indicações. Estas

últimas orientam as ações à luz do futuro desejado,

caracterizando-se como ações de natureza estratégica que

irão orientar a formulação dos objetivos da Política

Militar Terrestre e das estratégias decorrentes.

O trabalho de acompanhamento do QME é

baseado, principalmente, na coleta realizada em Fontes

Abertas, cabendo ao Analista a responsabilidade de

avaliar os Fatos Portadores de Futuro (FPF).

Isso posto, cabe concluir sobre a importância da

OSINT no trabalho desenvolvido pelo ODG na Análise

Estratégica e o consequente acompanhamento dos

cenários estimados.

Devido à importância da mencionada atividade,

cabe uma reflexão acerca da metodologia atualmente

empregada – consulta aos meios de comunicação – pelos

responsáveis pelo acompanhamento do QME.

3.5 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA

A ABIN destacou pessoal para trabalhar, de

forma sistemática, em coleta de Fontes Abertas. Para tal

criou o Centro de Inteligência em Fontes Abertas

(CINFA), estrutura que funciona com o objetivo de

atender às demandas da Agência e, por extensão, aos seus

parceiros no Departamento de Integração do Sistema

Brasileiro de Inteligência (DISBIN).

O produto do trabalho do CINFA é

disponibilizado por meio de um site seguro

(https://cifa.abin.gov.br), cujo acesso é feito por

intermédio de senhas. Estruturado por áreas de interesse,

as “matérias” são apresentadas de forma a franquear a

fonte e a data/hora em que foi publicada.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

De fácil apresentação, o site caracteriza-se,

também, pelo bom espectro de coleta abrangido pelos

profissionais que trabalham no CINFA, proporcionado

um produto pertinente e oportuno.

3.6 PROJETO HERMES

O Centro de Inteligência do Exército (CIE),

Órgão Central do SIEx, vem desenvolvendo o Projeto

HERMES, cujo objetivo é apresentar uma proposta para

um novo modelo de Gestão do Conhecimento, baseado

numa moderna plataforma de Tecnologia da Informação

(TI), capaz de otimizar os processos de coleta de dados e

de produção do Conhecimento, bem como unificar os

bancos de dados hoje utilizados pelo Exército.

Tendo como um dos principais objetivos o

aperfeiçoamento da integração das Fontes, o Projeto

HERMES, por meio de um conjunto inteligente de

softwares, visa, dentre outras possibilidades, tornar mais

eficiente a coleta em Fontes Abertas e a sua interação

com os diversos bancos de dados, gerando novas

capacidades para os Analistas de Inteligência.

Do exposto, conclui-se parcialmente que as

demandas por Conhecimentos produzidos a partir de

dados obtidos, essencialmente, por intermédio de coleta

em Fontes Abertas, têm se apresentado de forma efetiva e

crescente, caracterizando a premente necessidade da

Inteligência Militar – em particular o SIEx – efetivar

mecanismos eficazes para o trato da questão. Ademais,

pode-se perceber a importância que outras Agências, no

Brasil e no exterior, já demonstram acerca do assunto.

4 CONCLUSÃO

O advento da “Era da Informação” tem

impulsionado um relevante processo de transformação

nas relações humanas. As diversificadas possibilidades

advindas da evolução (ou revolução) tecnológica têm

permitido um significativo alargamento do espectro de

informações disponíveis, gerando novos conceitos de

conhecimento e de comunicação, norteados por

princípios calcados no volume acessível, bem como na

velocidade de obtenção e de difusão de dados.

A explosão de dados disponíveis, em especial na

Internet, tem levado as principais Agências de

Inteligência do mundo a repensarem os métodos de

gerenciamento dos processos típicos da Atividade, a fim

de otimizarem a coleta e o processamento com

oportunidade, relevância e segurança.

Diante do mencionado quadro, os consagrados

métodos utilizados pela Inteligência Militar do Exército

Brasileiro necessitam ser repensados, sob o risco de haver

depreciação na qualidade dos produtos do SIEx, em

especial quanto à possibilidade do não atendimento – de

forma adequada e desejável – de um dos princípios da

Atividade: a amplitude.

O jornal norte-americano USA TODAY

publicou, em 07 de abril de 2008, o artigo “Descobertas

dos espiões modernos estão à vista de todos na Internet”,

escrito por Peter Eisler, em Washington. Segundo o

periódico, funcionários da Inteligência norte-americana

reuniram informações sobre a capacidade nuclear do Irã a

partir de fotos na Internet. Ademais, já “desenterraram”

documentos, inclusive um manual de treinamento

terrorista, em conferências internacionais e fóruns

públicos. Já encontraram informações em bibliotecas de

universidades estrangeiras e serviços noticiosos.

A CIA criou um “Centro de Fonte Aberta”,

sediado em um prédio de escritórios discreto no subúrbio

de Washington, onde os Oficiais de Inteligência analisam

de tudo, desde sites apoiados pela Al Qaeda até

documentos distribuídos em normais simpósios de

ciência e tecnologia. Outras agências, como a FBI e a

Agência de Inteligência de Defesa, estão treinando

muitos Analistas para garimpar as Fontes Abertas. No

Brasil, conforme exposto neste trabalho, a ABIN criou o

CINFA.

As experiências de outras nações – exploradas

neste trabalho – podem ser aproveitadas pelo SIEx,

necessitando, todavia, a viabilização das adaptações

necessárias à realidade do Exército Brasileiro (EB) e às

Page 53: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

53EsIMEx - 2º Semestre de 2012

pudesse se antecipar e preparar uma ação militar.

Um exemplo desse monitoramento pode ser o uso sobre

rumores da localização de algum suspeito que comece a

se espalhar nas redes. O Órgão poderia detectar o

crescimento de uma crise e tentar reduzi-la usando os

mesmos canais, além de poder entrar em ação, caso

necessário.

Gabriel Weimann, professor de comunicação

política da universidade israelense de Haifa, estuda, há 12

anos, o uso da web por redes terroristas. No início do

trabalho, tudo o que sua equipe conseguiu encontrar

foram 12 sites do tipo. Hoje, os acadêmicos monitoram

mais de 70.800 páginas em 20 línguas - incluindo o

português. Qualquer organização que venha à mente -

Hamas, Al Qaeda, Talibã, Al Qassam - já conta com um

setor especializado na web, com mídias sociais, serviços

de chat e até ensino à distância.

Do exposto, pode-se concluir acerca da

adequabilidade do monitoramento, por parte da

Inteligência, dessa Fonte Aberta. Ademais, a

especialização nesse tipo de coleta, num futuro próximo,

tende a se transformar em uma realidade inexorável, haja

vista as crescentes demandas que ora se apresentam,

apontando para a necessidade da integração com outras

Fontes (HUMINT, SIGINT, IMINT e CIBERINT).

3.4 ANÁLISE ESTRATÉGICA

A 7ª Subchefia do Estado Maior do Exército (7ª

SCh EME) tem a responsabilidade – dentre outras

atribuições – de monitorar as conjunturas nacional e

internacional para determinar situações, na área externa

ao EB, que aconselhem iniciativas para superar conflitos

e crises ou para atender interesses da Defesa Nacional.

Tal missão é consequência direta da necessidade

de monitoramento dos eventos que podem interferir no

Cenário Alvo, produto principal da Análise Estratégica

desenvolvida pelo Órgão de Direção Geral (ODG), por

meio da 7ª SCh.

O monitoramento dos eventos tem por objetivo

fornecer subsídios para a atualização do Diagnóstico

Estratégico do EB, para a elaboração de cenários e de

indicações, visando atingir o Cenário Alvo, que pode ser

impactado em razão de ruptura de tendências e/ou

modificação nas estratégias dos atores envolvidos.

O Quadro de Monitoramento de Eventos (QME)

é estruturado por meio de diagnóstico estratégico,

elaboração de cenários e elaboração de indicações. Estas

últimas orientam as ações à luz do futuro desejado,

caracterizando-se como ações de natureza estratégica que

irão orientar a formulação dos objetivos da Política

Militar Terrestre e das estratégias decorrentes.

O trabalho de acompanhamento do QME é

baseado, principalmente, na coleta realizada em Fontes

Abertas, cabendo ao Analista a responsabilidade de

avaliar os Fatos Portadores de Futuro (FPF).

Isso posto, cabe concluir sobre a importância da

OSINT no trabalho desenvolvido pelo ODG na Análise

Estratégica e o consequente acompanhamento dos

cenários estimados.

Devido à importância da mencionada atividade,

cabe uma reflexão acerca da metodologia atualmente

empregada – consulta aos meios de comunicação – pelos

responsáveis pelo acompanhamento do QME.

3.5 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA

A ABIN destacou pessoal para trabalhar, de

forma sistemática, em coleta de Fontes Abertas. Para tal

criou o Centro de Inteligência em Fontes Abertas

(CINFA), estrutura que funciona com o objetivo de

atender às demandas da Agência e, por extensão, aos seus

parceiros no Departamento de Integração do Sistema

Brasileiro de Inteligência (DISBIN).

O produto do trabalho do CINFA é

disponibilizado por meio de um site seguro

(https://cifa.abin.gov.br), cujo acesso é feito por

intermédio de senhas. Estruturado por áreas de interesse,

as “matérias” são apresentadas de forma a franquear a

fonte e a data/hora em que foi publicada.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

De fácil apresentação, o site caracteriza-se,

também, pelo bom espectro de coleta abrangido pelos

profissionais que trabalham no CINFA, proporcionado

um produto pertinente e oportuno.

3.6 PROJETO HERMES

O Centro de Inteligência do Exército (CIE),

Órgão Central do SIEx, vem desenvolvendo o Projeto

HERMES, cujo objetivo é apresentar uma proposta para

um novo modelo de Gestão do Conhecimento, baseado

numa moderna plataforma de Tecnologia da Informação

(TI), capaz de otimizar os processos de coleta de dados e

de produção do Conhecimento, bem como unificar os

bancos de dados hoje utilizados pelo Exército.

Tendo como um dos principais objetivos o

aperfeiçoamento da integração das Fontes, o Projeto

HERMES, por meio de um conjunto inteligente de

softwares, visa, dentre outras possibilidades, tornar mais

eficiente a coleta em Fontes Abertas e a sua interação

com os diversos bancos de dados, gerando novas

capacidades para os Analistas de Inteligência.

Do exposto, conclui-se parcialmente que as

demandas por Conhecimentos produzidos a partir de

dados obtidos, essencialmente, por intermédio de coleta

em Fontes Abertas, têm se apresentado de forma efetiva e

crescente, caracterizando a premente necessidade da

Inteligência Militar – em particular o SIEx – efetivar

mecanismos eficazes para o trato da questão. Ademais,

pode-se perceber a importância que outras Agências, no

Brasil e no exterior, já demonstram acerca do assunto.

4 CONCLUSÃO

O advento da “Era da Informação” tem

impulsionado um relevante processo de transformação

nas relações humanas. As diversificadas possibilidades

advindas da evolução (ou revolução) tecnológica têm

permitido um significativo alargamento do espectro de

informações disponíveis, gerando novos conceitos de

conhecimento e de comunicação, norteados por

princípios calcados no volume acessível, bem como na

velocidade de obtenção e de difusão de dados.

A explosão de dados disponíveis, em especial na

Internet, tem levado as principais Agências de

Inteligência do mundo a repensarem os métodos de

gerenciamento dos processos típicos da Atividade, a fim

de otimizarem a coleta e o processamento com

oportunidade, relevância e segurança.

Diante do mencionado quadro, os consagrados

métodos utilizados pela Inteligência Militar do Exército

Brasileiro necessitam ser repensados, sob o risco de haver

depreciação na qualidade dos produtos do SIEx, em

especial quanto à possibilidade do não atendimento – de

forma adequada e desejável – de um dos princípios da

Atividade: a amplitude.

O jornal norte-americano USA TODAY

publicou, em 07 de abril de 2008, o artigo “Descobertas

dos espiões modernos estão à vista de todos na Internet”,

escrito por Peter Eisler, em Washington. Segundo o

periódico, funcionários da Inteligência norte-americana

reuniram informações sobre a capacidade nuclear do Irã a

partir de fotos na Internet. Ademais, já “desenterraram”

documentos, inclusive um manual de treinamento

terrorista, em conferências internacionais e fóruns

públicos. Já encontraram informações em bibliotecas de

universidades estrangeiras e serviços noticiosos.

A CIA criou um “Centro de Fonte Aberta”,

sediado em um prédio de escritórios discreto no subúrbio

de Washington, onde os Oficiais de Inteligência analisam

de tudo, desde sites apoiados pela Al Qaeda até

documentos distribuídos em normais simpósios de

ciência e tecnologia. Outras agências, como a FBI e a

Agência de Inteligência de Defesa, estão treinando

muitos Analistas para garimpar as Fontes Abertas. No

Brasil, conforme exposto neste trabalho, a ABIN criou o

CINFA.

As experiências de outras nações – exploradas

neste trabalho – podem ser aproveitadas pelo SIEx,

necessitando, todavia, a viabilização das adaptações

necessárias à realidade do Exército Brasileiro (EB) e às

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

54 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

suas demandas. Incluem-se neste contexto as

limitações técnicas (meios TI) que estão atreladas às

especificidades geográficas regionais brasileiras.

Além dos mencionados esforços, o SIEx, por

intermédio do desenvolvimento do Projeto HERMES,

objetiva sistematizar a utilização da OSINT, conjugando,

no mesmo projeto, outras tentativas para o

aperfeiçoamento da metodologia de trabalho dos

especialistas em Inteligência do EB, em especial o uso de

ferramentas auxiliares de análise. O incremento do

papel desta Atividade nos processos que envolvem as Op

Psico e o Planejamento Estratégico contextualizam o

surgimento de “novas demandas”.

Cabe ressaltar, por fim, que a utilização da

OSINT deve ser conjugada/integrada com outras Fontes,

não devendo substituir o trabalho especializado dos

Analistas/Operadores. O grande desafio se traduz na

“nova especialização” dos mencionados atores no trato

das Fontes Abertas, visando à otimização dos processos,

à economia de tempo e de recursos, ao aumento da

credibilidade da avaliação das fontes disponíveis e,

principalmente, das capacidades de produção dos

especialistas.

REFERÊNCIAS

ABREU, Heitor Freire. Cultural Awareness: Moda ou Tendência? Rio de Janeiro, RJ, 2010. Artigo Científico – Revista de Ciências Militares da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2010.AFONSO, Leonardo Singer. Fontes Abertas e Inteligência de Estado. Brasília, DF, 2006. Artigo Científico – Revista Brasileira de Inteligência, v.2, n.2, 2006.BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. IP 30-1 (reservada):Atividade de Inteligência Militar-1ª Parte (Conceitos Básicos). Brasília, 1995. BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. C 30-3 (reservada) Contrainteligência. Brasília, 2009. CIFA. Disponível em HTTPS://cifa.abin.gov.br. Acesso em 15 de junho de 2012. COSTA, Carlos Eduardo Barbosa. A interação dos Sistemas de Inteligência e Operações Psicológicas do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, RJ, 2007. Monografia (Mestrado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2007.FLYNN Michael T. Integrando Inteligência e Informações: “Os Dez Pontos a Serem Considerados pelo Comandante”. Artigo Científico – Military Review, março-abril 2012. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2012.HAIJAR, Remi. TRADOC: O Novo Centro Cultural do Exército. Artigo Científico – Military Review, maio-junho 2007. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2007.IHS JANE´S, Inteligência e Conhecimento Estratégico. Disponível em www.janes.com. Acesso em 22 de maio de 2012.INTELLIGENCE ONLINE. Disponível em www.intelligenceonline.com. Acesso em 22 de maio de 2012. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2008.JÚNIOR, Paulo César Bessa Neves. Uma Proposta para o Emprego de Imagens e Informações Geográficas em Apoio à Atividade de Inteligência. Rio de Janeiro, RJ, 2010. Monografia (Mestrado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2010.

KLANOVICZ, Jó. Fontes Abertas: Inteligência e o Uso de Imagens. Brasília, DF, 2006. Artigo Científico – Revista Brasileira de Inteligência, v.2, n.2, 2006.LIMA, Luciano Batista. Operações Psicológicas Estratégicas: uma estrutura para o Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, RJ, 2009. Monografia (Doutorado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2009.MARINHO, Fred Antonio Tigre. As Redes Sociais como Fontes Abertas para a Inteligência Militar. Brasília, DF, 2011. Monografia (Especialização em Inteligência Militar) – Curso Avançado de Inteligência par Oficiais. 2011.MILITARY REVIEW. Disponível em HTTP://militaryreview.army.mil. Acesso em 19 de maio de 2012. NATO. North Atlantic Tracted Organization: Open Source Intelligence. 2002.ONU. Disponível em www.onu.org.br. Acesso em 19 de maio de 2012.

PERRY, Chondra. Mídias Sociais e o Exército. Artigo Científico – Military Review, maio-junho 2010. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2010.SALMONI, Barak A. Avanços em Adestramento Cultural antes do Desdobramento: A Abordagem dos Fuzileiros Navais dos EUA. Artigo Científico – Military Review, março-abril 2007. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2007.STRATFOR. Disponível em www.stratfor.com. Acesso em 22 de maio de 2012.UNITED STATES OF AMERICA. Open Source Exploitation: A Guide for Intelligence Analists. Second Edition.

USA TODAY. Artigo “Descoberta dos espiões modernos estão à vista de todos na Internet”. Publicação de 07 de abril de 2008.

VEJA. Disponível em www.vejaonline.com.br. Acesso em 22 de maio de 2012.

WELLMAN Barry, BERKOWITZ S.D. (1988), A network approach Social Structures, Cambridge, Cambridge University Press.

em http://www.london2012.com/. Acesso em 14 ABR 12.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

PAULO RICARDO DA SILVA30

RESUMO

1. INTRODUÇÃO

O presente material tem o objetivo de, como

sugere seu título, abordar alguns aspectos relativos a

Metodologia Para a Produção do Conhecimento em vigor

no Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), que é uma

das etapas do Ciclo da Produção do Conhecimento

(Figura 1), porém com a proposta de dialogar com os

usuários da citada Metodologia, os quais são, por

extensão, integrantes do SIEx.

30 Paulo Ricardo da Silva é 1º Sargento da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro, da Turma de Formação da Escola de Sargentos das Armas do ano de 1992. Licenciado em Letras Português/Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo, especialista em Interpretação de Imagens (EsIE/2001), Operações de Inteligência (EsIMEx/2005), Análise de Ordem de Batalha (Escuela de Inteligencia del Ejército de Chile/2006) e Análise de Inteligência contra o Narcoterrorismo (Instituto para a Cooperação e Segurança Hemisférica, ou WHINSEC, por sua sigla em inglês, Estados Unidos/2011). Foi monitor da EsIMEx no período de 2006 a 2010.

Figura 1: Ciclo da Produção do ConhecimentoFonte: IP 30-2, 1997

É mister destacar que o material apresentado busca

dialogar, também, com outros segmentos da Atividade de

Inteligência, quais sejam, externos ao SIEx, uma vez que

tratam-se de conceitos que não são exclusivos do

* Somente* Somenteconsiderado naconsiderado naprodução doprodução doconhecimentoconhecimentoestimativaestimativa

CICLO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTOCICLO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

PLAN

EJA-

MEN

TO

REUNIÃO

ANÁLISE E SÍNTESE

INTERPRE- TAÇÃO FO

RMALIZAÇÃO

E DIFUSÃO

COLETA

BUSCA

(REGISTRO)

VALO

R

INTE

GR

ÃO

a*

b* c

FORMALIZAÇÃO

DIFUSÃOAGÊNCIA/ÓRGÃOS DE

INTELIGÊNCIA

USUÁRIOS DO SIExNECESSIDADES

DE CONHECIMENTOS NOVAS NECESSIDADES

DE CONHECIMENTOS

(REALIM

ENTAÇÃO)

00

OORRIIEE

NNTT

AAÇÇ ÃÃ UU TT

IILLII

ZZAA

ÇÇÃÃOO

PP RR OO DD U U ÇÇ ÃÃ OO

a. FATORES DEa. FATORES DE INFLUÊNCIA INFLUÊNCIAb. DELINEAMENTOb. DELINEAMENTO DA TRAJETÓRIA DA TRAJETÓRIAc. SIGNIFICADOc. SIGNIFICADO FINAL FINAL

ENSAIO SOBRE A METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA PROPOSTA DIALÓGICA DE QUEBRA DE PARADIGMAS E DESMITIFICAÇÃO DO JULGAMENTO DO CONTEÚDO DA TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DE DADOS (TAD)

O presente trabalho busca, dentre outros aspectos, abordar alguns tópicos relativos à Metodologia

Para a Produção do Conhecimento em vigor no Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), que é uma das

etapas do Ciclo da Produção do Conhecimento. No caso da Produção do Conhecimento de Inteligência, três

são os fatores que permitem que o resultado obtido se materialize em um produto dentro dos padrões

doutrinários vigentes, quais sejam: os cursos realizados, a cultura geral do Analista e a prática constante. Um

dos temas abordados é o parâmetro Compatibilidade, o qual é determinante para concluir a respeito do

julgamento do Conteúdo, uma vez que contempla os diferentes graus de harmonia (total, parcial, pouca ou

nenhuma) que se atribui ao objeto analisado. É mister destacar que a Atividade de Inteligência busca

incessantemente a verdade, a certeza, precedidas que são das evidências. Porém, as evidências devem ser

perscrutadas de tal modo a evitar a ilusão da verdade, que é a principal componente do erro. Tanto a

aplicação da Técnica de Avaliação de Dados (TAD), quanto a integração (dentro da Análise e Síntese)

necessitam ser entendidas como determinantes da qualidade do Conhecimento resultante. A Metodologia,

em sua plenitude, com ênfase nos esforços críticos da Avaliação de Dados, encontra, na Certeza do Analista,

a Verdade no Conhecimento produzido, ou se aproxima dela, quando o número de evidências for

insuficiente para atingir a chamada convicção plena.

Page 55: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

55EsIMEx - 2º Semestre de 2012

suas demandas. Incluem-se neste contexto as

limitações técnicas (meios TI) que estão atreladas às

especificidades geográficas regionais brasileiras.

Além dos mencionados esforços, o SIEx, por

intermédio do desenvolvimento do Projeto HERMES,

objetiva sistematizar a utilização da OSINT, conjugando,

no mesmo projeto, outras tentativas para o

aperfeiçoamento da metodologia de trabalho dos

especialistas em Inteligência do EB, em especial o uso de

ferramentas auxiliares de análise. O incremento do

papel desta Atividade nos processos que envolvem as Op

Psico e o Planejamento Estratégico contextualizam o

surgimento de “novas demandas”.

Cabe ressaltar, por fim, que a utilização da

OSINT deve ser conjugada/integrada com outras Fontes,

não devendo substituir o trabalho especializado dos

Analistas/Operadores. O grande desafio se traduz na

“nova especialização” dos mencionados atores no trato

das Fontes Abertas, visando à otimização dos processos,

à economia de tempo e de recursos, ao aumento da

credibilidade da avaliação das fontes disponíveis e,

principalmente, das capacidades de produção dos

especialistas.

REFERÊNCIAS

ABREU, Heitor Freire. Cultural Awareness: Moda ou Tendência? Rio de Janeiro, RJ, 2010. Artigo Científico – Revista de Ciências Militares da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2010.AFONSO, Leonardo Singer. Fontes Abertas e Inteligência de Estado. Brasília, DF, 2006. Artigo Científico – Revista Brasileira de Inteligência, v.2, n.2, 2006.BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. IP 30-1 (reservada):Atividade de Inteligência Militar-1ª Parte (Conceitos Básicos). Brasília, 1995. BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. C 30-3 (reservada) Contrainteligência. Brasília, 2009. CIFA. Disponível em HTTPS://cifa.abin.gov.br. Acesso em 15 de junho de 2012. COSTA, Carlos Eduardo Barbosa. A interação dos Sistemas de Inteligência e Operações Psicológicas do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, RJ, 2007. Monografia (Mestrado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2007.FLYNN Michael T. Integrando Inteligência e Informações: “Os Dez Pontos a Serem Considerados pelo Comandante”. Artigo Científico – Military Review, março-abril 2012. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2012.HAIJAR, Remi. TRADOC: O Novo Centro Cultural do Exército. Artigo Científico – Military Review, maio-junho 2007. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2007.IHS JANE´S, Inteligência e Conhecimento Estratégico. Disponível em www.janes.com. Acesso em 22 de maio de 2012.INTELLIGENCE ONLINE. Disponível em www.intelligenceonline.com. Acesso em 22 de maio de 2012. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2008.JÚNIOR, Paulo César Bessa Neves. Uma Proposta para o Emprego de Imagens e Informações Geográficas em Apoio à Atividade de Inteligência. Rio de Janeiro, RJ, 2010. Monografia (Mestrado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2010.

KLANOVICZ, Jó. Fontes Abertas: Inteligência e o Uso de Imagens. Brasília, DF, 2006. Artigo Científico – Revista Brasileira de Inteligência, v.2, n.2, 2006.LIMA, Luciano Batista. Operações Psicológicas Estratégicas: uma estrutura para o Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, RJ, 2009. Monografia (Doutorado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2009.MARINHO, Fred Antonio Tigre. As Redes Sociais como Fontes Abertas para a Inteligência Militar. Brasília, DF, 2011. Monografia (Especialização em Inteligência Militar) – Curso Avançado de Inteligência par Oficiais. 2011.MILITARY REVIEW. Disponível em HTTP://militaryreview.army.mil. Acesso em 19 de maio de 2012. NATO. North Atlantic Tracted Organization: Open Source Intelligence. 2002.ONU. Disponível em www.onu.org.br. Acesso em 19 de maio de 2012.

PERRY, Chondra. Mídias Sociais e o Exército. Artigo Científico – Military Review, maio-junho 2010. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2010.SALMONI, Barak A. Avanços em Adestramento Cultural antes do Desdobramento: A Abordagem dos Fuzileiros Navais dos EUA. Artigo Científico – Military Review, março-abril 2007. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2007.STRATFOR. Disponível em www.stratfor.com. Acesso em 22 de maio de 2012.UNITED STATES OF AMERICA. Open Source Exploitation: A Guide for Intelligence Analists. Second Edition.

USA TODAY. Artigo “Descoberta dos espiões modernos estão à vista de todos na Internet”. Publicação de 07 de abril de 2008.

VEJA. Disponível em www.vejaonline.com.br. Acesso em 22 de maio de 2012.

WELLMAN Barry, BERKOWITZ S.D. (1988), A network approach Social Structures, Cambridge, Cambridge University Press.

em http://www.london2012.com/. Acesso em 14 ABR 12.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

PAULO RICARDO DA SILVA30

RESUMO

1. INTRODUÇÃO

O presente material tem o objetivo de, como

sugere seu título, abordar alguns aspectos relativos a

Metodologia Para a Produção do Conhecimento em vigor

no Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), que é uma

das etapas do Ciclo da Produção do Conhecimento

(Figura 1), porém com a proposta de dialogar com os

usuários da citada Metodologia, os quais são, por

extensão, integrantes do SIEx.

30 Paulo Ricardo da Silva é 1º Sargento da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro, da Turma de Formação da Escola de Sargentos das Armas do ano de 1992. Licenciado em Letras Português/Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo, especialista em Interpretação de Imagens (EsIE/2001), Operações de Inteligência (EsIMEx/2005), Análise de Ordem de Batalha (Escuela de Inteligencia del Ejército de Chile/2006) e Análise de Inteligência contra o Narcoterrorismo (Instituto para a Cooperação e Segurança Hemisférica, ou WHINSEC, por sua sigla em inglês, Estados Unidos/2011). Foi monitor da EsIMEx no período de 2006 a 2010.

Figura 1: Ciclo da Produção do ConhecimentoFonte: IP 30-2, 1997

É mister destacar que o material apresentado busca

dialogar, também, com outros segmentos da Atividade de

Inteligência, quais sejam, externos ao SIEx, uma vez que

tratam-se de conceitos que não são exclusivos do

* Somente* Somenteconsiderado naconsiderado naprodução doprodução doconhecimentoconhecimentoestimativaestimativa

CICLO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTOCICLO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

PLAN

EJA-

MEN

TO

REUNIÃO

ANÁLISE E SÍNTESE

INTERPRE- TAÇÃO FO

RMALIZAÇÃO

E DIFUSÃO

COLETA

BUSCA

(REGISTRO)

VALO

R

INTE

GR

ÃO

a*

b* c

FORMALIZAÇÃO

DIFUSÃOAGÊNCIA/ÓRGÃOS DE

INTELIGÊNCIA

USUÁRIOS DO SIExNECESSIDADES

DE CONHECIMENTOS NOVAS NECESSIDADES

DE CONHECIMENTOS

(REALIM

ENTAÇÃO)

00

OORRIIEE

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a. FATORES DEa. FATORES DE INFLUÊNCIA INFLUÊNCIAb. DELINEAMENTOb. DELINEAMENTO DA TRAJETÓRIA DA TRAJETÓRIAc. SIGNIFICADOc. SIGNIFICADO FINAL FINAL

ENSAIO SOBRE A METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA PROPOSTA DIALÓGICA DE QUEBRA DE PARADIGMAS E DESMITIFICAÇÃO DO JULGAMENTO DO CONTEÚDO DA TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DE DADOS (TAD)

O presente trabalho busca, dentre outros aspectos, abordar alguns tópicos relativos à Metodologia

Para a Produção do Conhecimento em vigor no Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), que é uma das

etapas do Ciclo da Produção do Conhecimento. No caso da Produção do Conhecimento de Inteligência, três

são os fatores que permitem que o resultado obtido se materialize em um produto dentro dos padrões

doutrinários vigentes, quais sejam: os cursos realizados, a cultura geral do Analista e a prática constante. Um

dos temas abordados é o parâmetro Compatibilidade, o qual é determinante para concluir a respeito do

julgamento do Conteúdo, uma vez que contempla os diferentes graus de harmonia (total, parcial, pouca ou

nenhuma) que se atribui ao objeto analisado. É mister destacar que a Atividade de Inteligência busca

incessantemente a verdade, a certeza, precedidas que são das evidências. Porém, as evidências devem ser

perscrutadas de tal modo a evitar a ilusão da verdade, que é a principal componente do erro. Tanto a

aplicação da Técnica de Avaliação de Dados (TAD), quanto a integração (dentro da Análise e Síntese)

necessitam ser entendidas como determinantes da qualidade do Conhecimento resultante. A Metodologia,

em sua plenitude, com ênfase nos esforços críticos da Avaliação de Dados, encontra, na Certeza do Analista,

a Verdade no Conhecimento produzido, ou se aproxima dela, quando o número de evidências for

insuficiente para atingir a chamada convicção plena.

Page 56: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

56 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Exército Brasileiro, como, por exemplo, aqueles

oriundos da obra de Washington Platt 31.

Não obstante, cabe mencionar que se trata de um

ensaio, e, como tal, externa um ponto de vista sobre os

fatos, apoiados naquelas que o autor entende serem as

premissas que sustentam sua posição. Tampouco objetiva

ofertar-lhes um material com força de Nota de

Coordenação Doutrinária, a qual deve, sob minha ótica,

surgir a partir de Seções ou Divisões de Doutrina e

Pesquisa, porém como estudo científico poderá servir de

base para estudos futuros.

Ao longo do presente trabalho o emprego do

termo Analista não se restringirá a funções

desempenhadas somente por oficiais, mas a todos –

oficiais, praças ou civis – que labutam no segmento da

Atividade que se dedica à Produção do Conhecimento

como integrante de uma Agência de Inteligência (AI)32.

Finalmente, impõem-se aqui alguns

esclarecimentos relativos aos tópicos da Metodologia a

serem abordados no presente trabalho, já que tratar dela

(Metodologia) como um todo enseja, sem dúvida, um

volume considerável de material, o que, definitivamente,

não é o objetivo deste ensaio. Serão tratados diversos

pontos e, como meta, foram traçados os seguintes

objetivos:

- abordar aspectos relativos ao Quadro de

Referência do Analista e suas relações com os critérios

ou parâmetros empregados para o Julgamento do

Conteúdo (Semelhança, Coerência e, no caso deste

trabalho, principalmente Compatibilidade) quando da

crítica dos dados empregando a Técnica de Avaliação de

Dados (TAD);

- citar a importância do parâmetro Coerência no

Julgamento do Conteúdo e algumas ideias sobre os

31 PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).32 . Estrutura das 2ª Seções de Grandes Comandos, de Grandes Unidades e de Unidades do Exército (até o nível Subunidade independente), responsáveis pela condução da Atividade de Inteligência. De acordo com a Estrutura do SIEx, existem os seguintes níveis de Agências de Inteligência: Classe “A”, Classe “B”, Classe “C” e Especiais. (Adaptado do Vade-Mécum de Inteligência Militar, 2011).

motivos de não serem utilizados dados incoerentes na

Produção do Conhecimento;

- analisar as relações entre o Estado da Mente “Certeza”

e o Conteúdo julgado como Confirmado (“1”);

- reflexionar sobre a questão: Um conteúdo “3”

pode confirmar outros conteúdos, tornando-os “1”; e

- citar a Crítica dos Dados de Sherman Kent33.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Sherman Kent propõe a questão “Até que ponto

as novidades se amoldam ao que já se sabia?”. Sua

resposta indica que “o melhor crítico é aquele que tem o

maior número de coisas no lado já estabelecido de suas

anotações...”. Ou seja, é perceptível que, traçando um

paralelo com a atual terminologia em uso no SIEx, se

trata de aferir a compatibilidade e de Quadro de

Referência.

a. Abordar aspectos relativos ao Quadro de

Referência do Analista e suas relações com os critérios

ou parâmetros empregados para o Julgamento do

Conteúdo (Semelhança, Coerência e, no caso deste

trabalho, principalmente Compatibilidade) quando da

crítica dos dados empregando a Técnica de Avaliação de

Dados (TAD).

Invoco, neste ponto, o preconizado nas IP 30-2:

“[…] A formação de um bom Analista de Inteligência

depende não só da aquisição de conhecimentos teórico-

técnicos nos cursos de formação e especialização como,

também, de um embasamento cultural prévio e da

prática constante nos diversos níveis do SIEx, visto que

a Atividade de Inteligência não admite improvisações

nem amadorismos.” (Letra d., do item 1.4, do Artigo II,

do Capítulo 1 das Instruções Provisórias IP 30-2

PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO DE

INTELIGÊNCIA).34

Da citação acima transcrita é factível depreender que, no

caso da Produção do Conhecimento de Inteligência, três

são os fatores que permitem que o resultado obtido se

materialize em um produto dentro dos padrões

33 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.34 BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

doutrinários vigentes, sendo eles: os cursos

realizados, a cultura geral do Analista e a prática

constante.

Tais fatores estão indissociavelmente conectados.

O curso forja o especialista; a cultura geral – o

conhecimento prévio, em última análise – permite ao

Analista estabelecer valores perante os fatos que analisa,

o que resultará nos Estados da Mente perante a verdade

(Certeza, Opinião, Dúvida ou, quando desconhecer o

tema, Ignorância); e, finalmente, a prática constante

serve ao Analista como ferramenta para a ampliação da

cultura geral, bem como aperfeiçoamento do emprego

das técnicas que lhe foram aportadas por ocasião da

realização dos Cursos.

Importa destacar que, no que tange à cultura

geral, esta não deve ser considerada como algo

estagnado. Pelo contrário, deve ser objeto de constante

atualização. Por maior que seja a cultura geral do

Analista, este certamente terá de buscar embasamento

quando, por exemplo, deixar de acompanhar determinada

área para passar a se dedicar a outra.

É o caso, por exemplo, da necessidade de

adequação de um Analista de Condições Meteorológicas

– o qual se ocupa, dentre outros, de aspectos ligados à

temperatura, à umidade, à radiação, aos ventos, etc - que

deixa sua função para ser Analista de Equipamentos

Militares do Oponente – e que necessariamente deverá

possuir conhecimentos sobre veículos, aeronaves,

embarcações, armamentos, etc.

Não é absurdo entender que “a prática

constante” citada nas IP 30-2 não recomende tais trocas

de função, sob pena de perda de um volume considerável

de conhecimentos sobre determinado assunto.

Porém, há que se considerar que, em muitos

momentos, tais trocas se impõem e o empenho pessoal do

designado em sua nova função será decisivo para a

manutenção da qualidade do Conhecimento produzido.

Uma proposta de interpretação para a expressão

“Quadro de Referência do Analista” é a seguinte:

conjunto de dados e conhecimentos disponíveis no

espectro de atuação do Analista, que dão base intelectual

para o profissional estabelecer os diversos níveis de

julgamento da fonte e conteúdo e, cumprida esta etapa,

partir do Valor para a Integração, na Análise e Síntese,

que é uma das etapas da Metodologia para a Produção do

Conhecimento35 (Figura 2).

Impõe lembrar que Coerência36 e

Compatibilidade37 são parâmetros para a verificação ou

julgamento do conteúdo do dado.

Figura 2: Metodologia Para a Produção do Conhecimento

Fonte: IP 30-2, 1997

No que diz respeito ao parâmetro Coerência,

momento em que o Analista busca verificar se o dado

possui harmonia interna e encadeamento lógico, a tarefa

não é das mais complexas, uma vez que nesta etapa

analisa-se o fato em si.

Porém, ainda que de maneira sumária, o Analista

necessita lançar mão de seu embasamento cultural

prévio, a fim de não incorrer no indesejável

aproveitamento de dados que, a priori38, não servem,

pelo menos por ora, para a Produção do Conhecimento.

35 O Ciclo do Conhecimento se divide em três etapas, a saber: Orientação, Produção e Utilização. A Produção, por sua vez, é divida em cinco fases: Planejamento, Reunião, Análise e Síntese, Interpretação e Formalização e Difusão.36 “... qualidade, condição ou estado de coerente; ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão; apresentar nexo; lógico, racional...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.37 “... condição do que é compatível; passível de coexistir ou conciliar-se, com outro ou outros...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.38 Expressão em Latim que significa “partindo daquilo que vem antes”.

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

57EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Exército Brasileiro, como, por exemplo, aqueles

oriundos da obra de Washington Platt 31.

Não obstante, cabe mencionar que se trata de um

ensaio, e, como tal, externa um ponto de vista sobre os

fatos, apoiados naquelas que o autor entende serem as

premissas que sustentam sua posição. Tampouco objetiva

ofertar-lhes um material com força de Nota de

Coordenação Doutrinária, a qual deve, sob minha ótica,

surgir a partir de Seções ou Divisões de Doutrina e

Pesquisa, porém como estudo científico poderá servir de

base para estudos futuros.

Ao longo do presente trabalho o emprego do

termo Analista não se restringirá a funções

desempenhadas somente por oficiais, mas a todos –

oficiais, praças ou civis – que labutam no segmento da

Atividade que se dedica à Produção do Conhecimento

como integrante de uma Agência de Inteligência (AI)32.

Finalmente, impõem-se aqui alguns

esclarecimentos relativos aos tópicos da Metodologia a

serem abordados no presente trabalho, já que tratar dela

(Metodologia) como um todo enseja, sem dúvida, um

volume considerável de material, o que, definitivamente,

não é o objetivo deste ensaio. Serão tratados diversos

pontos e, como meta, foram traçados os seguintes

objetivos:

- abordar aspectos relativos ao Quadro de

Referência do Analista e suas relações com os critérios

ou parâmetros empregados para o Julgamento do

Conteúdo (Semelhança, Coerência e, no caso deste

trabalho, principalmente Compatibilidade) quando da

crítica dos dados empregando a Técnica de Avaliação de

Dados (TAD);

- citar a importância do parâmetro Coerência no

Julgamento do Conteúdo e algumas ideias sobre os

31 PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).32 . Estrutura das 2ª Seções de Grandes Comandos, de Grandes Unidades e de Unidades do Exército (até o nível Subunidade independente), responsáveis pela condução da Atividade de Inteligência. De acordo com a Estrutura do SIEx, existem os seguintes níveis de Agências de Inteligência: Classe “A”, Classe “B”, Classe “C” e Especiais. (Adaptado do Vade-Mécum de Inteligência Militar, 2011).

motivos de não serem utilizados dados incoerentes na

Produção do Conhecimento;

- analisar as relações entre o Estado da Mente “Certeza”

e o Conteúdo julgado como Confirmado (“1”);

- reflexionar sobre a questão: Um conteúdo “3”

pode confirmar outros conteúdos, tornando-os “1”; e

- citar a Crítica dos Dados de Sherman Kent33.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Sherman Kent propõe a questão “Até que ponto

as novidades se amoldam ao que já se sabia?”. Sua

resposta indica que “o melhor crítico é aquele que tem o

maior número de coisas no lado já estabelecido de suas

anotações...”. Ou seja, é perceptível que, traçando um

paralelo com a atual terminologia em uso no SIEx, se

trata de aferir a compatibilidade e de Quadro de

Referência.

a. Abordar aspectos relativos ao Quadro de

Referência do Analista e suas relações com os critérios

ou parâmetros empregados para o Julgamento do

Conteúdo (Semelhança, Coerência e, no caso deste

trabalho, principalmente Compatibilidade) quando da

crítica dos dados empregando a Técnica de Avaliação de

Dados (TAD).

Invoco, neste ponto, o preconizado nas IP 30-2:

“[…] A formação de um bom Analista de Inteligência

depende não só da aquisição de conhecimentos teórico-

técnicos nos cursos de formação e especialização como,

também, de um embasamento cultural prévio e da

prática constante nos diversos níveis do SIEx, visto que

a Atividade de Inteligência não admite improvisações

nem amadorismos.” (Letra d., do item 1.4, do Artigo II,

do Capítulo 1 das Instruções Provisórias IP 30-2

PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO DE

INTELIGÊNCIA).34

Da citação acima transcrita é factível depreender que, no

caso da Produção do Conhecimento de Inteligência, três

são os fatores que permitem que o resultado obtido se

materialize em um produto dentro dos padrões

33 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.34 BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

doutrinários vigentes, sendo eles: os cursos

realizados, a cultura geral do Analista e a prática

constante.

Tais fatores estão indissociavelmente conectados.

O curso forja o especialista; a cultura geral – o

conhecimento prévio, em última análise – permite ao

Analista estabelecer valores perante os fatos que analisa,

o que resultará nos Estados da Mente perante a verdade

(Certeza, Opinião, Dúvida ou, quando desconhecer o

tema, Ignorância); e, finalmente, a prática constante

serve ao Analista como ferramenta para a ampliação da

cultura geral, bem como aperfeiçoamento do emprego

das técnicas que lhe foram aportadas por ocasião da

realização dos Cursos.

Importa destacar que, no que tange à cultura

geral, esta não deve ser considerada como algo

estagnado. Pelo contrário, deve ser objeto de constante

atualização. Por maior que seja a cultura geral do

Analista, este certamente terá de buscar embasamento

quando, por exemplo, deixar de acompanhar determinada

área para passar a se dedicar a outra.

É o caso, por exemplo, da necessidade de

adequação de um Analista de Condições Meteorológicas

– o qual se ocupa, dentre outros, de aspectos ligados à

temperatura, à umidade, à radiação, aos ventos, etc - que

deixa sua função para ser Analista de Equipamentos

Militares do Oponente – e que necessariamente deverá

possuir conhecimentos sobre veículos, aeronaves,

embarcações, armamentos, etc.

Não é absurdo entender que “a prática

constante” citada nas IP 30-2 não recomende tais trocas

de função, sob pena de perda de um volume considerável

de conhecimentos sobre determinado assunto.

Porém, há que se considerar que, em muitos

momentos, tais trocas se impõem e o empenho pessoal do

designado em sua nova função será decisivo para a

manutenção da qualidade do Conhecimento produzido.

Uma proposta de interpretação para a expressão

“Quadro de Referência do Analista” é a seguinte:

conjunto de dados e conhecimentos disponíveis no

espectro de atuação do Analista, que dão base intelectual

para o profissional estabelecer os diversos níveis de

julgamento da fonte e conteúdo e, cumprida esta etapa,

partir do Valor para a Integração, na Análise e Síntese,

que é uma das etapas da Metodologia para a Produção do

Conhecimento35 (Figura 2).

Impõe lembrar que Coerência36 e

Compatibilidade37 são parâmetros para a verificação ou

julgamento do conteúdo do dado.

Figura 2: Metodologia Para a Produção do Conhecimento

Fonte: IP 30-2, 1997

No que diz respeito ao parâmetro Coerência,

momento em que o Analista busca verificar se o dado

possui harmonia interna e encadeamento lógico, a tarefa

não é das mais complexas, uma vez que nesta etapa

analisa-se o fato em si.

Porém, ainda que de maneira sumária, o Analista

necessita lançar mão de seu embasamento cultural

prévio, a fim de não incorrer no indesejável

aproveitamento de dados que, a priori38, não servem,

pelo menos por ora, para a Produção do Conhecimento.

35 O Ciclo do Conhecimento se divide em três etapas, a saber: Orientação, Produção e Utilização. A Produção, por sua vez, é divida em cinco fases: Planejamento, Reunião, Análise e Síntese, Interpretação e Formalização e Difusão.36 “... qualidade, condição ou estado de coerente; ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão; apresentar nexo; lógico, racional...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.37 “... condição do que é compatível; passível de coexistir ou conciliar-se, com outro ou outros...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.38 Expressão em Latim que significa “partindo daquilo que vem antes”.

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

58 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Já no que se refere ao julgamento do parâmetro

Compatibilidade, o Quadro de Referência irá impactar

decisivamente no resultado da Avaliação dos Dados,

resultado este que será expresso por um código alfa-

numérico composto por uma letra (A, B, C, D, E ou F, no

caso específico do julgamento da Fonte) e por um

número (1, 2, 3, 4, 5 ou 6, no julgamento do Conteúdo).

Tal código consta da obra A Produção de

Informações Estratégicas39 (Figura 3) e das IP 30-2

Produção do Conhecimento de Inteligência40 (Figura 4).

A inserção das duas figuras neste ensaio, ainda que

considerada a similaridade acentuada entre ambas, tem o

objetivo de ratificar a condição de Metodologia à prática

em vigor no SIEx.

Figura 3: O Sistema Letra-Número de Washington Platt

Fonte: PLATT, Washington. A Produção de Informações

Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974,

baseada na 2ª Edição (1962).

Figura 4: O Sistema Alfa –Numérico das IP 30-2

Fonte: IP 30-2, 1997

A Compatibilidade é o grau de harmonia (total,

parcial, pouca ou nenhuma) do dado com o que já se sabe

(seja sob a forma de Banco de Dados, Conhecimentos

disponíveis ou Quadro de Referência do Analista).

39 PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).40 BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.

Não é excesso recordar que os conteúdos aos

quais venham a ser atribuídos o número “1” (Coerente,

Compatível e Semelhante, ou seja, confirmado por

outras fontes) ou o número “2” (embora não

Confirmado, é Coerente e Compatível, logo, é

provavelmente verdadeiro), como resultado do

julgamento do Conteúdo, divergem apenas no parâmetro

semelhança. No que diz respeito à Compatibilidade

ambos os conteúdos são totalmente compatíveis.

Prosseguindo nas questões relativas à verificação

da Compatibilidade, é factível concluir, na aplicação da

TAD, que o dado pode possuir conteúdo avaliado como

“3” (possivelmente verdadeiro, ou seja, apresenta

Compatibilidade Parcial com os fatos), “4” (duvidoso,

apresenta Pouca Compatibilidade com os fatos) ou “5”

(improvável, em virtude de não apresentar

Compatibilidade com os fatos).

Diante do contexto explicitado no parágrafo

anterior, pode-se vislumbrar que quanto mais amplo for o

Quadro de Referência, mais fácil será identificar o grau

de Compatibilidade (Total, Parcial, Pouca ou Nenhuma)

do dado com o “todo”.

Concluir que o julgamento do conteúdo na

aplicação da TAD resulta nos números “1”, “2”, “3”, “4”

ou “5”, significa entender o quanto se harmoniza o dado

em julgamento com o quadro do qual se dispõe. Quanto

menor a harmonia41, ou seja, a compatibilidade, maior

será o código numérico atribuído ao julgamento do

conteúdo, em virtude de que tal conteúdo se distancia

cada vez mais daquilo que se conhece sobre o tema

examinado.

Não podemos olvidar, também, que tal

harmonia/compatibilidade está diretamente ligada ao

estado da mente do Analista. Se a mente do Analista

acata integralmente a imagem formada pelo fato ou

situação, sem refutá-la em momento algum, o estado será

41 “... combinação de elementos ligados por uma relação de pertinência, que produz uma sensação agradável e de prazer; ausência de conflitos; conformidade entre coisas ou pessoas; concordância, acordo ...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

o da Certeza42, ou seja, convicção plena (conteúdo

“1”), sem necessidade de novas evidências43. Pode-se

inferir que nesta situação estão, também, os dados

avaliados como “provavelmente verdadeiros”, os quais

divergem dos confirmados apenas, e tão somente, pelo

fato de que não apresentaram Semelhança (conteúdo

“2”).

Pode-se considerar que a Semelhança confere um

grau maior de valor ao dado em apreço e que esta seria

“a regra”. Porém, os inclinados à exceção defendem que

tal valorização atinge muito mais o usuário do

Conhecimento do que propriamente o Analista, uma vez

que este já atingiu a certeza, a convicção plena ou, ainda,

o acatamento integral da imagem que sua mente

formulou.

Há Analistas que entendem que os dados

avaliados como Provavelmente Verdadeiros carecem de

evidências. Mas, há, também, os que pensam que não

carecem. Deve-se ter em conta que a Metodologia Para a

Produção do Conhecimento, ainda que tenha como um de

seus objetivos limitar o subjetivismo, reveste-se, mesmo

assim, de características fortemente ligadas ao ponto de

vista do Analista, de seu quadro de referência, da sua

visão de mundo.

Há, ainda, os Analistas que possuem reservas em

relação ao quadro concebido, ou seja, o acatamento da

imagem pela sua mente não é integral, embora esteja

próximo disso (compatibilidade parcial), e o estado da

mente é o da Opinião, o que significa dizer que o dado ou

fato ora manipulado é “possivelmente verdadeiro”

(conteúdo “3”).

Na situação em que a mente do Analista encontra

motivos para acatar a imagem por ela mesmo formada,

mas, também, em igual número, para refutar a imagem, o

42 “... convicção; o que não oferece dúvida; afirmação categórica...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.43 “... qualidade ou caráter do que é evidente, do que não dá margem à dúvida; aquilo que indica a existência de algo; indicação; indício; constatação de uma verdade que não suscita qualquer dúvida, pela clareza e distinção com que se apresenta ao espírito ...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.

estado da mente é o da Dúvida. O especialista está,

portanto, diante de um dado de conteúdo “4”, ou seja,

“duvidoso”.

Por mais paradoxal que pareça, posso ter Certeza

não apenas sobre a ocorrência de algo – como visto

anteriormente -, mas também a Certeza da NÃO

ocorrência de algo, ou seja, tenho a convicção plena de

que o objeto em estudo NÃO ocorrerá, pois, ainda que

coerente, é totalmente incompatível com o que sabe sobre

os fatos em análise. Atribui-se, portanto, conteúdo “5”,

classificando-o como “improvável”.

O Quadro de Kent (Figura 5), demonstrando o

grau de certeza, ilustra bem a certeza da “não

ocorrência”. Ainda que comungue do entendimento de

que a TAD “não é matemática”, no caso específico da

Certeza os números servem como excelente subsídio para

elucidar alguns questionamentos.

Figura 5: O quadro de Kent demonstrando o grau de

Certeza

Fonte: KENT, Sherman. Informações Estratégicas.

Biblioteca do Exército Editora, 1967.

Finalmente, existe, ainda, a possibilidade de se

analisar ou manipular dados que não formam nenhum

tipo de imagem na mente do Analista, ou seja, este é

ignorante a respeito dos fatos que analisa. Trata-se do

estado da mente Ignorância.

Apontando especificamente no caso das Agências

Classe “C” do SIEx (2ª Seção das OM valor Batalhão ou

Subunidade independente), pode-se sintetizar os

procedimentos do julgamento do Conteúdo em:

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EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

59EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Já no que se refere ao julgamento do parâmetro

Compatibilidade, o Quadro de Referência irá impactar

decisivamente no resultado da Avaliação dos Dados,

resultado este que será expresso por um código alfa-

numérico composto por uma letra (A, B, C, D, E ou F, no

caso específico do julgamento da Fonte) e por um

número (1, 2, 3, 4, 5 ou 6, no julgamento do Conteúdo).

Tal código consta da obra A Produção de

Informações Estratégicas39 (Figura 3) e das IP 30-2

Produção do Conhecimento de Inteligência40 (Figura 4).

A inserção das duas figuras neste ensaio, ainda que

considerada a similaridade acentuada entre ambas, tem o

objetivo de ratificar a condição de Metodologia à prática

em vigor no SIEx.

Figura 3: O Sistema Letra-Número de Washington Platt

Fonte: PLATT, Washington. A Produção de Informações

Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974,

baseada na 2ª Edição (1962).

Figura 4: O Sistema Alfa –Numérico das IP 30-2

Fonte: IP 30-2, 1997

A Compatibilidade é o grau de harmonia (total,

parcial, pouca ou nenhuma) do dado com o que já se sabe

(seja sob a forma de Banco de Dados, Conhecimentos

disponíveis ou Quadro de Referência do Analista).

39 PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).40 BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.

Não é excesso recordar que os conteúdos aos

quais venham a ser atribuídos o número “1” (Coerente,

Compatível e Semelhante, ou seja, confirmado por

outras fontes) ou o número “2” (embora não

Confirmado, é Coerente e Compatível, logo, é

provavelmente verdadeiro), como resultado do

julgamento do Conteúdo, divergem apenas no parâmetro

semelhança. No que diz respeito à Compatibilidade

ambos os conteúdos são totalmente compatíveis.

Prosseguindo nas questões relativas à verificação

da Compatibilidade, é factível concluir, na aplicação da

TAD, que o dado pode possuir conteúdo avaliado como

“3” (possivelmente verdadeiro, ou seja, apresenta

Compatibilidade Parcial com os fatos), “4” (duvidoso,

apresenta Pouca Compatibilidade com os fatos) ou “5”

(improvável, em virtude de não apresentar

Compatibilidade com os fatos).

Diante do contexto explicitado no parágrafo

anterior, pode-se vislumbrar que quanto mais amplo for o

Quadro de Referência, mais fácil será identificar o grau

de Compatibilidade (Total, Parcial, Pouca ou Nenhuma)

do dado com o “todo”.

Concluir que o julgamento do conteúdo na

aplicação da TAD resulta nos números “1”, “2”, “3”, “4”

ou “5”, significa entender o quanto se harmoniza o dado

em julgamento com o quadro do qual se dispõe. Quanto

menor a harmonia41, ou seja, a compatibilidade, maior

será o código numérico atribuído ao julgamento do

conteúdo, em virtude de que tal conteúdo se distancia

cada vez mais daquilo que se conhece sobre o tema

examinado.

Não podemos olvidar, também, que tal

harmonia/compatibilidade está diretamente ligada ao

estado da mente do Analista. Se a mente do Analista

acata integralmente a imagem formada pelo fato ou

situação, sem refutá-la em momento algum, o estado será

41 “... combinação de elementos ligados por uma relação de pertinência, que produz uma sensação agradável e de prazer; ausência de conflitos; conformidade entre coisas ou pessoas; concordância, acordo ...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

o da Certeza42, ou seja, convicção plena (conteúdo

“1”), sem necessidade de novas evidências43. Pode-se

inferir que nesta situação estão, também, os dados

avaliados como “provavelmente verdadeiros”, os quais

divergem dos confirmados apenas, e tão somente, pelo

fato de que não apresentaram Semelhança (conteúdo

“2”).

Pode-se considerar que a Semelhança confere um

grau maior de valor ao dado em apreço e que esta seria

“a regra”. Porém, os inclinados à exceção defendem que

tal valorização atinge muito mais o usuário do

Conhecimento do que propriamente o Analista, uma vez

que este já atingiu a certeza, a convicção plena ou, ainda,

o acatamento integral da imagem que sua mente

formulou.

Há Analistas que entendem que os dados

avaliados como Provavelmente Verdadeiros carecem de

evidências. Mas, há, também, os que pensam que não

carecem. Deve-se ter em conta que a Metodologia Para a

Produção do Conhecimento, ainda que tenha como um de

seus objetivos limitar o subjetivismo, reveste-se, mesmo

assim, de características fortemente ligadas ao ponto de

vista do Analista, de seu quadro de referência, da sua

visão de mundo.

Há, ainda, os Analistas que possuem reservas em

relação ao quadro concebido, ou seja, o acatamento da

imagem pela sua mente não é integral, embora esteja

próximo disso (compatibilidade parcial), e o estado da

mente é o da Opinião, o que significa dizer que o dado ou

fato ora manipulado é “possivelmente verdadeiro”

(conteúdo “3”).

Na situação em que a mente do Analista encontra

motivos para acatar a imagem por ela mesmo formada,

mas, também, em igual número, para refutar a imagem, o

42 “... convicção; o que não oferece dúvida; afirmação categórica...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.43 “... qualidade ou caráter do que é evidente, do que não dá margem à dúvida; aquilo que indica a existência de algo; indicação; indício; constatação de uma verdade que não suscita qualquer dúvida, pela clareza e distinção com que se apresenta ao espírito ...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.

estado da mente é o da Dúvida. O especialista está,

portanto, diante de um dado de conteúdo “4”, ou seja,

“duvidoso”.

Por mais paradoxal que pareça, posso ter Certeza

não apenas sobre a ocorrência de algo – como visto

anteriormente -, mas também a Certeza da NÃO

ocorrência de algo, ou seja, tenho a convicção plena de

que o objeto em estudo NÃO ocorrerá, pois, ainda que

coerente, é totalmente incompatível com o que sabe sobre

os fatos em análise. Atribui-se, portanto, conteúdo “5”,

classificando-o como “improvável”.

O Quadro de Kent (Figura 5), demonstrando o

grau de certeza, ilustra bem a certeza da “não

ocorrência”. Ainda que comungue do entendimento de

que a TAD “não é matemática”, no caso específico da

Certeza os números servem como excelente subsídio para

elucidar alguns questionamentos.

Figura 5: O quadro de Kent demonstrando o grau de

Certeza

Fonte: KENT, Sherman. Informações Estratégicas.

Biblioteca do Exército Editora, 1967.

Finalmente, existe, ainda, a possibilidade de se

analisar ou manipular dados que não formam nenhum

tipo de imagem na mente do Analista, ou seja, este é

ignorante a respeito dos fatos que analisa. Trata-se do

estado da mente Ignorância.

Apontando especificamente no caso das Agências

Classe “C” do SIEx (2ª Seção das OM valor Batalhão ou

Subunidade independente), pode-se sintetizar os

procedimentos do julgamento do Conteúdo em:

Page 60: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

60 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

- Determinar se o dado é ou não Coerente. Caso

não seja, deve ser descartado (a justificativa para tal

descarte encontra-se no item b. do presente ensaio). Caso

seja coerente, o Analista prossegue na aplicação da TAD.

- Aferir o grau de Compatibilidade do dado. Se

for nenhum, o dado é “5”. Se for pouco, o dado é “4”.

Caso seja parcial, será “3”. Se a compatibilidade for

total, o dado será “2” ou “1”, sendo, neste último caso,

necessariamente confirmado por outras fontes.

b. Citar a importância do parâmetro Coerência

no Julgamento do Conteúdo e algumas ideias sobre os

motivos de não serem utilizados dados Incoerentes na

Produção do Conhecimento.

Ao julgar o Conteúdo quando da aplicação da

TAD, são observados três parâmetros, a saber:

Semelhança (verificar se conteúdo conforme foi

difundido ou teve origem em outra fonte),

Compatibilidade (qual o grau de harmonia do dado em

questão com o que se sabe sobre o fato ou situação) e

Coerência (qual a harmonia interna do dado, ou seja, se

possui encadeamento lógico e não apresenta

contradições).

De acordo com o explicitado até aqui, pode-se

inferir que a Compatibilidade é determinante para o

Analista concluir a respeito do julgamento do Conteúdo,

uma vez que contempla os diferentes graus de harmonia

(total, parcial, pouca ou nenhuma) que se atribui ao que

é analisado. Tais graus de harmonia vão desde “1”

(harmonia total, estado da mente certeza) até “6” (quando

a mesma não pode ser avaliada), passando pelo “2”

(também harmonia total, porém sem difusão por outras

fontes), pelo “3” (harmonia parcial), pelo “4” (pouca

harmonia) e pelo “5” (sem harmonia).

Porém, é importante considerar que, pela

Doutrina em vigor no SIEX, o Analista avança para a

análise da Compatibilidade somente após concluir sobre

a Coerência do dado. Ou seja, dado incoerente44 não

44 “... falta de lógica, de ligação, de nexo entre fatos, ideias, ações, etc; ausência de congruência, de harmonia com o fim a que se destina; desarmonia; que não é lógico; não forma um todo

serve como matéria-prima para a Produção do

Conhecimento.

Destacando aqui que o dado cujo conteúdo foi

julgado como sendo “6” refere-se àquele que não foi

possível julgar sob o ponto de vista de Semelhança,

Compatibilidade e Coerência, o que NÃO implica em

dizer que o dado é incoerente. Ao contrário disso, após o

Analista se posicionar sobre um conteúdo e ficar em

condição de concluir, e, efetivamente o faça, implica,

necessariamente, entender que somente deve ser

aproveitado o que apresentar Coerência. A(s) premissa(s)

que sustenta(m) tal assertiva é a própria Metodologia45

(letra c. do item 7-21 Técnica de Avaliação de Dados das

IP 30-2) quando aborda o julgamento do Conteúdo, a

qual contempla, de modo claro e inequívoco, que os

dados de “1” a “5” são coerentes.

A obra de Sherman Kent46 indica textualmente

que “Se um dado incorreto não for rejeitado, a hipótese

que surgirá será igualmente incorreta, bem como o

quadro final da situação.” Um dado incoerente em um

produto (o conhecimento) submetido a uma Metodologia

(para a Produção do Conhecimento) não é algo adequado.

Ademais, convém lembrar que se está no

contexto da aplicação de uma Metodologia47 e, como tal,

inserir variáveis incoerentes torna factível a percepção de

ter havido subversão do Método48.

c. Analisar as relações entre o Estado da Mente

“Certeza” e o Conteúdo julgado como Confirmado (“1”)

A Atividade de Inteligência busca incessantemente a

verdade49. Segundo o preconizado nas IP 30-2, a verdade

racional...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.45. BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.46 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.47 “... ramo da lógica que se ocupa dos métodos das diferentes ciências; parte de uma ciência que estuda os métodos aos quais ela própria recorre...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.48 “... conjunto sistemático de regras e procedimentos que, se respeitados em uma investigação cognitiva, conduzem à verdade...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.49 “... propriedade de estar conforme os fatos ou a realidade; correspondência, adequação ou harmonia passível de ser

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

é precedida, necessariamente, das evidências. Ou

seja, a mente, quando conduzida à certeza, pelas

evidências, tende a encontrar a verdade. Entretanto, as

mesmas IP indicam que as evidências devem ser

perscrutadas de tal maneira que se evite a ilusão da

verdade, que é a principal componente do erro50.

Considerando-se que os estudiosos da relação

“Sujeito x Objeto” concebem que a verdade não está no

objeto, senão que na mente do sujeito, pode-se mais

facilmente entender a necessidade de um número de

evidências que determinado Analista (sujeito) precisa

para chegar à certeza, enquanto outros chegam ao mesmo

estado da mente com um número menor, ou maior, de

evidências.

Volta-se novamente à importância do Quadro de

Referência. Quanto mais amplo for o Quadro do

Analista, mais facilmente as imagens se formarão em sua

mente, ou seja, menor será o tempo para chegar à

convicção plena.

O contrário também é factível: quanto menor o

Quadro do Analista, mais próximo ele estará do estado

da mente Ignorância, logo, necessitará um número maior

de evidências para chegar à convicção plena e esquivar-

se de incorrer no erro (a ilusão da verdade).

No texto das IP 30-2, encontra-se a definição que

diz que o conteúdo julgado à luz da TAD, e que receba o

código numérico “1”, necessita ter sido difundido por

mais de uma fonte, bem como ser coerente e

compatível.

Por outro lado, as mesmas IP mencionam (letra f.

do item 8-21 DETERMINAÇÃO DO VALOR DOS

CONHECIMENTOS E / OU DADOS REUNIDOS) que

“a verificação da credibilidade é consolidada por um

trabalho no qual as frações significativas são

estabelecida, por meio de um discurso ou pensamento, entre a subjetividade cognitiva do intelecto humano e os fatos, eventos e seres da realidade objetiva...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.50 “... juízo ou julgamento em desacordo com a realidade observada; engano; qualidade daquilo que é inexato, incorreto...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.

comparadas entre si e com o que o próprio Analista

sabe sobre o assunto.”

Imagine um dado analisado pelo Analista “A” e

cujo conteúdo foi avaliado como “2” (provavelmente

verdadeiro, ou seja, necessita “apenas” a confirmação por

outra fonte para ser tratado como “1”). Tal dado foi

encaminhado para o Escalão que o enquadra.

Imagine, ainda, um segundo Analista (“B”), que

também analisa um dado, que é idêntico ao do Analista

“A”, também avaliado por “B” como sendo “2”,

carecendo, da mesma forma que no primeiro exemplo,

“apenas” da confirmação para passar a ser considerado

como “1”, e que também é enviado ao escalão que o

enquadra.

Nos dois casos (Analistas “A” e “B”), tratam-se

de Agências de Inteligência (AI) que são enquadradas

pelo mesmo Escalão. Ou seja, os dois dados (ambos

avaliados como “2”) chegaram ao Analista “C”, ao qual

cabe integrá-los na Produção do Conhecimento.

O Analista “C”, baseado no que diz a letra f. do

item 8-21 das IP 30-2, terá dois conteúdos “2”

(provavelmente verdadeiros), ambos coerentes, ambos

compatíveis, mas que, uma vez “contrastados” com o

Quadro de Referência de “C” pode não levá-lo ao estado

da mente certeza, ou seja, “C” não terá convicção plena,

seja por dispor de um Quadro tão amplo que torne claro

não se tratar do conteúdo mais nobre, ou seja por dispor

de um Quadro limitado que o faça sentir a necessidade de

dispor de mais evidências para tratar os dados como “1”

(coerente, compatível e confirmado por outra fonte).

Ainda que a TAD aponte na direção objetiva da

confirmação, as mesmas IP preconizam que o Quadro de

Referência do Analista é sim uma das componentes a ser

considerada, mesmo que ele seja “somente” o integrador.

Não há dúvida de que o tema é discutível, mas

este também é um dos objetivos deste ensaio, qual seja,

quebrar paradigmas. Cabe mencionar que se o leitor for

o Analista “C” e considere que os dados de “A” e “B” se

confirmam, são coerentes e compatíveis, logo são “1”,

não há nenhum erro aqui. Tampouco há erro se adota a

Page 61: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

61EsIMEx - 2º Semestre de 2012

- Determinar se o dado é ou não Coerente. Caso

não seja, deve ser descartado (a justificativa para tal

descarte encontra-se no item b. do presente ensaio). Caso

seja coerente, o Analista prossegue na aplicação da TAD.

- Aferir o grau de Compatibilidade do dado. Se

for nenhum, o dado é “5”. Se for pouco, o dado é “4”.

Caso seja parcial, será “3”. Se a compatibilidade for

total, o dado será “2” ou “1”, sendo, neste último caso,

necessariamente confirmado por outras fontes.

b. Citar a importância do parâmetro Coerência

no Julgamento do Conteúdo e algumas ideias sobre os

motivos de não serem utilizados dados Incoerentes na

Produção do Conhecimento.

Ao julgar o Conteúdo quando da aplicação da

TAD, são observados três parâmetros, a saber:

Semelhança (verificar se conteúdo conforme foi

difundido ou teve origem em outra fonte),

Compatibilidade (qual o grau de harmonia do dado em

questão com o que se sabe sobre o fato ou situação) e

Coerência (qual a harmonia interna do dado, ou seja, se

possui encadeamento lógico e não apresenta

contradições).

De acordo com o explicitado até aqui, pode-se

inferir que a Compatibilidade é determinante para o

Analista concluir a respeito do julgamento do Conteúdo,

uma vez que contempla os diferentes graus de harmonia

(total, parcial, pouca ou nenhuma) que se atribui ao que

é analisado. Tais graus de harmonia vão desde “1”

(harmonia total, estado da mente certeza) até “6” (quando

a mesma não pode ser avaliada), passando pelo “2”

(também harmonia total, porém sem difusão por outras

fontes), pelo “3” (harmonia parcial), pelo “4” (pouca

harmonia) e pelo “5” (sem harmonia).

Porém, é importante considerar que, pela

Doutrina em vigor no SIEX, o Analista avança para a

análise da Compatibilidade somente após concluir sobre

a Coerência do dado. Ou seja, dado incoerente44 não

44 “... falta de lógica, de ligação, de nexo entre fatos, ideias, ações, etc; ausência de congruência, de harmonia com o fim a que se destina; desarmonia; que não é lógico; não forma um todo

serve como matéria-prima para a Produção do

Conhecimento.

Destacando aqui que o dado cujo conteúdo foi

julgado como sendo “6” refere-se àquele que não foi

possível julgar sob o ponto de vista de Semelhança,

Compatibilidade e Coerência, o que NÃO implica em

dizer que o dado é incoerente. Ao contrário disso, após o

Analista se posicionar sobre um conteúdo e ficar em

condição de concluir, e, efetivamente o faça, implica,

necessariamente, entender que somente deve ser

aproveitado o que apresentar Coerência. A(s) premissa(s)

que sustenta(m) tal assertiva é a própria Metodologia45

(letra c. do item 7-21 Técnica de Avaliação de Dados das

IP 30-2) quando aborda o julgamento do Conteúdo, a

qual contempla, de modo claro e inequívoco, que os

dados de “1” a “5” são coerentes.

A obra de Sherman Kent46 indica textualmente

que “Se um dado incorreto não for rejeitado, a hipótese

que surgirá será igualmente incorreta, bem como o

quadro final da situação.” Um dado incoerente em um

produto (o conhecimento) submetido a uma Metodologia

(para a Produção do Conhecimento) não é algo adequado.

Ademais, convém lembrar que se está no

contexto da aplicação de uma Metodologia47 e, como tal,

inserir variáveis incoerentes torna factível a percepção de

ter havido subversão do Método48.

c. Analisar as relações entre o Estado da Mente

“Certeza” e o Conteúdo julgado como Confirmado (“1”)

A Atividade de Inteligência busca incessantemente a

verdade49. Segundo o preconizado nas IP 30-2, a verdade

racional...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.45. BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.46 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.47 “... ramo da lógica que se ocupa dos métodos das diferentes ciências; parte de uma ciência que estuda os métodos aos quais ela própria recorre...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.48 “... conjunto sistemático de regras e procedimentos que, se respeitados em uma investigação cognitiva, conduzem à verdade...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.49 “... propriedade de estar conforme os fatos ou a realidade; correspondência, adequação ou harmonia passível de ser

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

é precedida, necessariamente, das evidências. Ou

seja, a mente, quando conduzida à certeza, pelas

evidências, tende a encontrar a verdade. Entretanto, as

mesmas IP indicam que as evidências devem ser

perscrutadas de tal maneira que se evite a ilusão da

verdade, que é a principal componente do erro50.

Considerando-se que os estudiosos da relação

“Sujeito x Objeto” concebem que a verdade não está no

objeto, senão que na mente do sujeito, pode-se mais

facilmente entender a necessidade de um número de

evidências que determinado Analista (sujeito) precisa

para chegar à certeza, enquanto outros chegam ao mesmo

estado da mente com um número menor, ou maior, de

evidências.

Volta-se novamente à importância do Quadro de

Referência. Quanto mais amplo for o Quadro do

Analista, mais facilmente as imagens se formarão em sua

mente, ou seja, menor será o tempo para chegar à

convicção plena.

O contrário também é factível: quanto menor o

Quadro do Analista, mais próximo ele estará do estado

da mente Ignorância, logo, necessitará um número maior

de evidências para chegar à convicção plena e esquivar-

se de incorrer no erro (a ilusão da verdade).

No texto das IP 30-2, encontra-se a definição que

diz que o conteúdo julgado à luz da TAD, e que receba o

código numérico “1”, necessita ter sido difundido por

mais de uma fonte, bem como ser coerente e

compatível.

Por outro lado, as mesmas IP mencionam (letra f.

do item 8-21 DETERMINAÇÃO DO VALOR DOS

CONHECIMENTOS E / OU DADOS REUNIDOS) que

“a verificação da credibilidade é consolidada por um

trabalho no qual as frações significativas são

estabelecida, por meio de um discurso ou pensamento, entre a subjetividade cognitiva do intelecto humano e os fatos, eventos e seres da realidade objetiva...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.50 “... juízo ou julgamento em desacordo com a realidade observada; engano; qualidade daquilo que é inexato, incorreto...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.

comparadas entre si e com o que o próprio Analista

sabe sobre o assunto.”

Imagine um dado analisado pelo Analista “A” e

cujo conteúdo foi avaliado como “2” (provavelmente

verdadeiro, ou seja, necessita “apenas” a confirmação por

outra fonte para ser tratado como “1”). Tal dado foi

encaminhado para o Escalão que o enquadra.

Imagine, ainda, um segundo Analista (“B”), que

também analisa um dado, que é idêntico ao do Analista

“A”, também avaliado por “B” como sendo “2”,

carecendo, da mesma forma que no primeiro exemplo,

“apenas” da confirmação para passar a ser considerado

como “1”, e que também é enviado ao escalão que o

enquadra.

Nos dois casos (Analistas “A” e “B”), tratam-se

de Agências de Inteligência (AI) que são enquadradas

pelo mesmo Escalão. Ou seja, os dois dados (ambos

avaliados como “2”) chegaram ao Analista “C”, ao qual

cabe integrá-los na Produção do Conhecimento.

O Analista “C”, baseado no que diz a letra f. do

item 8-21 das IP 30-2, terá dois conteúdos “2”

(provavelmente verdadeiros), ambos coerentes, ambos

compatíveis, mas que, uma vez “contrastados” com o

Quadro de Referência de “C” pode não levá-lo ao estado

da mente certeza, ou seja, “C” não terá convicção plena,

seja por dispor de um Quadro tão amplo que torne claro

não se tratar do conteúdo mais nobre, ou seja por dispor

de um Quadro limitado que o faça sentir a necessidade de

dispor de mais evidências para tratar os dados como “1”

(coerente, compatível e confirmado por outra fonte).

Ainda que a TAD aponte na direção objetiva da

confirmação, as mesmas IP preconizam que o Quadro de

Referência do Analista é sim uma das componentes a ser

considerada, mesmo que ele seja “somente” o integrador.

Não há dúvida de que o tema é discutível, mas

este também é um dos objetivos deste ensaio, qual seja,

quebrar paradigmas. Cabe mencionar que se o leitor for

o Analista “C” e considere que os dados de “A” e “B” se

confirmam, são coerentes e compatíveis, logo são “1”,

não há nenhum erro aqui. Tampouco há erro se adota a

Page 62: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

62 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

postura de fazer prevalecer o seu Quadro de

Referência, conservando o conteúdo como “2”. É

“apenas” uma questão de estado da mente do Analista.

Lembre-se de Kant, que menciona que a Verdade está

na mente do sujeito, e não no objeto com o qual ele se

relaciona.

d. Reflexionar sobre a questão: Um conteúdo “3”

pode confirmar outros conteúdos, tornando-os “1”?

A Metodologia para a Produção do

Conhecimento em vigor no SIEx preconiza, quando da

aplicação da TAD, que um conteúdo será julgado como

“1” quando for coerente, compatível e confirmado por

outras fontes. Importa destacar que não flexibiliza o

parâmetro compatibilidade, ou seja, é factível inferir que,

por se tratar do conteúdo mais nobre, segundo a aplicação

da Técnica, trata-se de total compatibilidade.

Excluindo-se o conteúdo julgado como “2”

(provavelmente verdadeiro), e o próprio “1”, todos os

demais julgamentos do conteúdo (“3”, “4”, “5” ou “6”)

não necessariamente servirão para serem comparados

com outros dados disponíveis e “melhorar” o conteúdo

para “1”, confirmado. Poderão servir, como também

poderão não servir para tal fim. Dependerá, em última

instância, da mente do Analista.

Conteúdos julgados como “3” (possivelmente

verdadeiro), “4” (duvidoso), “5” (improvável) ou “6”

(não possível de ser avaliado), apresentam,

respectivamente, compatibilidade parcial, pouca,

nenhuma ou não avaliada. Ora, se no caso dos dados de

conteúdo “2” impõem-se totais coerência e

compatibilidade, é lícito que alguns Analistas entendam

que ao “cruzar” dados “3”, “4”, “5” ou “6” com outros

dados, ainda que estes tenham sido avaliados como “2”, o

quadro resultante não necessariamente leve a mente

do integrador à Certeza. Ou seja, é

“compreensivelmente normal” que tal Analista

necessite de mais evidências. Parece claro, ainda, que

conteúdos julgados como “4” (duvidoso) e “5”

(improvável) devem ter sua utilização para fins de

confirmação de outros dados evitada, em virtude de “se

afastarem muito da total compatibilidade”. Porém,

registre-se que o fato de entender que um conteúdo “2”

passe a ser “1” após ser confirmado por conteúdos “2”,

“3”, “4”, “5” ou “6”, não é de um todo “condenável”. O

sentimento do Analista será o determinante nestes casos.

Há que considerar que trata-se aqui da condição em que

um Analista preenche todos os requisitos para ser visto

como tal, quais sejam, ser especialista, ter um bom

Quadro de Referência e prática constante da

Metodologia.

A compatibilidade é tão importante que será ela,

em última instância, a “peneira” que vai delimitar que

tipo de Conhecimento será produzido. Compatibilidade

total (dados julgados como “1” ou “2”) permite que se

produza qualquer um dos 4 (quatro) Conhecimentos em

vigor. A partir da Compatibilidade parcial (dados

julgados como “3”), só é possível produzir Informe.

Lembrando uma vez mais que ao julgar a

Compatibilidade, o Analista já concluiu que o conteúdo é

Coerente.

e. Citar a Crítica dos Dados de Sherman Kent51.

Em sua obra, Kent divide a Produção do

Conhecimento em seis estágios: o aparecimento do

problema, a análise do problema, a busca de dados, a

avaliação dos dados, o momento da hipótese e, o último,

a apresentação. Dentre estes, o quarto estágio (a

avaliação dos dados) é o que interessa no contexto do

presente ensaio.

Kent faz questão de deixar claro que a palavra

crítica é a que talvez seja mais adequada para o momento

de avaliar os dados, indicando claramente que criticar

significa comparar, referindo-se ao que o Analista já

possui, com aquilo que recebe como novo, ou seja,

comparar o banco de dados do qual dispõe, bem como o

seu próprio Quadro de Referência, com os novos dados

que receba, a fim de produzir um Conhecimento que seja

produto de uma integração.

51 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Sendo assim, tanto a aplicação da TAD (valor),

quanto a integração (ambos dentro da Análise e Síntese)

necessitam ser entendidas como determinantes da

qualidade do Conhecimento resultante.

3. CONCLUSÕES

O Quadro de Referência do Analista

desempenha papel fundamental no julgamento do

Conteúdo. Há, porém, que se considerar que tal quadro é

formado desde “sempre” (educação, cultura geral,

estudo, experiência profissional, etc.) sendo lapidado com

os cursos e aperfeiçoado com a prática constante.

Dos parâmetros para o Julgamento do Conteúdo,

quando da aplicação da TAD, à exceção da Semelhança,

os demais estão diretamente ligados ao Quadro de

Referência: a coerência, em menor proporção, e a

compatibilidade, em maior, uma vez que será decisiva

para se concluir sobre o grau de harmonia dos dados

com o que se sabe sobre os fatos, resultando em um

número de “1” a “6”, conforme o caso.

Para a Produção do Conhecimento parece ser

essencial dedicar especial atenção ao julgamento do

Conteúdo. Partindo da Coerência (e só prosseguindo

após entender/concluir que ela está presente no dado

julgado naquele momento), chegar-se-á à

Compatibilidade. Impõe-se, portanto, inclusive apoiado

no que preconiza a Metodologia em vigor no SIEx,

utilizar somente dados coerentes como insumo, sob pena

de o Analista inserir no todo uma variável que carece de

valor que justifique seu aproveitamento.

A Certeza depende diretamente da(s)

evidência(s). Cada Analista chegará (ou não) à Certeza

após contrastar os dados em questão com tudo o que

dispõe, inclusive com o seu Quadro de Referência.

Exatamente nesta comparação (com o seu Quadro de

Referência) é que se vislumbra a hipótese de que em

dado momento dois dados julgados como sendo de

conteúdo “2” não serão considerados como suficientes

para conduzir à Certeza, ou seja, não servirão para

“confirmação”.

Dados que possuem compatibilidade parcial,

pouca ou, ainda, que não possuem compatibilidade com

o que se julga, não necessariamente servirão para

confirmar “outros” dados, ainda que estes “outros”

dados apresentem conteúdo julgado como “2”. Servirão,

ou não, conforme o sentimento do Analista, ou seja, uma

vez mais o Quadro de Referência será protagonista na

Produção do Conhecimento.

Manter atualizado o Quadro de Referência é

ponto fundamental na Produção do Conhecimento. Ainda

que o Analista disponha de outra ferramenta poderosa,

qual seja, a especialização obtida em Cursos, ela de nada

valerá se o integrador não dispor de um Quadro o mais

amplo possível, visando a minimizar as possibilidades de

vir a julgar “para menos” a compatibilidade de algo que,

sob um olhar mais refinado, se revelará como possuidor

de harmonia total ou parcial com o tema objeto da

análise.

Cabe, ainda, aqui reiterar que o presente trabalho

objetiva:

- Dialogar especificamente com as Agências

de Inteligência (AI) Classe “C”, por se tratar de ambiente

no qual a existência do especialista por vezes mostra-se

rara, mas onde, também, a Atividade de Inteligência

mantém-se constante, a exigir esforços quanto à

cooperação e colaboração dos que preenchem tal lacuna

(a ausência do especialista).

- A assertiva anterior, porém, não inviabiliza

ou impede que o conteúdo aqui abordado seja útil para

outras agências, seja no âmbito do SIEx ou em outros

Sistemas de Inteligência, já que os esforços críticos da

Avaliação de Dados encontram, na Certeza do Analista,

a Verdade no Conhecimento produzido, ou se

aproximam dela, quando o número de evidências for

insuficiente para atingir a chamada “convicção plena”.

- “Trazer à luz” aspectos da Produção do

Conhecimento que estão um pouco além da “mecânica”

aplicação da TAD.

- Expor um ponto de vista, para que o

mesmo encontre defensores e detratores, ou, ainda,

Page 63: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

63EsIMEx - 2º Semestre de 2012

postura de fazer prevalecer o seu Quadro de

Referência, conservando o conteúdo como “2”. É

“apenas” uma questão de estado da mente do Analista.

Lembre-se de Kant, que menciona que a Verdade está

na mente do sujeito, e não no objeto com o qual ele se

relaciona.

d. Reflexionar sobre a questão: Um conteúdo “3”

pode confirmar outros conteúdos, tornando-os “1”?

A Metodologia para a Produção do

Conhecimento em vigor no SIEx preconiza, quando da

aplicação da TAD, que um conteúdo será julgado como

“1” quando for coerente, compatível e confirmado por

outras fontes. Importa destacar que não flexibiliza o

parâmetro compatibilidade, ou seja, é factível inferir que,

por se tratar do conteúdo mais nobre, segundo a aplicação

da Técnica, trata-se de total compatibilidade.

Excluindo-se o conteúdo julgado como “2”

(provavelmente verdadeiro), e o próprio “1”, todos os

demais julgamentos do conteúdo (“3”, “4”, “5” ou “6”)

não necessariamente servirão para serem comparados

com outros dados disponíveis e “melhorar” o conteúdo

para “1”, confirmado. Poderão servir, como também

poderão não servir para tal fim. Dependerá, em última

instância, da mente do Analista.

Conteúdos julgados como “3” (possivelmente

verdadeiro), “4” (duvidoso), “5” (improvável) ou “6”

(não possível de ser avaliado), apresentam,

respectivamente, compatibilidade parcial, pouca,

nenhuma ou não avaliada. Ora, se no caso dos dados de

conteúdo “2” impõem-se totais coerência e

compatibilidade, é lícito que alguns Analistas entendam

que ao “cruzar” dados “3”, “4”, “5” ou “6” com outros

dados, ainda que estes tenham sido avaliados como “2”, o

quadro resultante não necessariamente leve a mente

do integrador à Certeza. Ou seja, é

“compreensivelmente normal” que tal Analista

necessite de mais evidências. Parece claro, ainda, que

conteúdos julgados como “4” (duvidoso) e “5”

(improvável) devem ter sua utilização para fins de

confirmação de outros dados evitada, em virtude de “se

afastarem muito da total compatibilidade”. Porém,

registre-se que o fato de entender que um conteúdo “2”

passe a ser “1” após ser confirmado por conteúdos “2”,

“3”, “4”, “5” ou “6”, não é de um todo “condenável”. O

sentimento do Analista será o determinante nestes casos.

Há que considerar que trata-se aqui da condição em que

um Analista preenche todos os requisitos para ser visto

como tal, quais sejam, ser especialista, ter um bom

Quadro de Referência e prática constante da

Metodologia.

A compatibilidade é tão importante que será ela,

em última instância, a “peneira” que vai delimitar que

tipo de Conhecimento será produzido. Compatibilidade

total (dados julgados como “1” ou “2”) permite que se

produza qualquer um dos 4 (quatro) Conhecimentos em

vigor. A partir da Compatibilidade parcial (dados

julgados como “3”), só é possível produzir Informe.

Lembrando uma vez mais que ao julgar a

Compatibilidade, o Analista já concluiu que o conteúdo é

Coerente.

e. Citar a Crítica dos Dados de Sherman Kent51.

Em sua obra, Kent divide a Produção do

Conhecimento em seis estágios: o aparecimento do

problema, a análise do problema, a busca de dados, a

avaliação dos dados, o momento da hipótese e, o último,

a apresentação. Dentre estes, o quarto estágio (a

avaliação dos dados) é o que interessa no contexto do

presente ensaio.

Kent faz questão de deixar claro que a palavra

crítica é a que talvez seja mais adequada para o momento

de avaliar os dados, indicando claramente que criticar

significa comparar, referindo-se ao que o Analista já

possui, com aquilo que recebe como novo, ou seja,

comparar o banco de dados do qual dispõe, bem como o

seu próprio Quadro de Referência, com os novos dados

que receba, a fim de produzir um Conhecimento que seja

produto de uma integração.

51 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.

EsIMEx - 2º Semestre de 2012

Sendo assim, tanto a aplicação da TAD (valor),

quanto a integração (ambos dentro da Análise e Síntese)

necessitam ser entendidas como determinantes da

qualidade do Conhecimento resultante.

3. CONCLUSÕES

O Quadro de Referência do Analista

desempenha papel fundamental no julgamento do

Conteúdo. Há, porém, que se considerar que tal quadro é

formado desde “sempre” (educação, cultura geral,

estudo, experiência profissional, etc.) sendo lapidado com

os cursos e aperfeiçoado com a prática constante.

Dos parâmetros para o Julgamento do Conteúdo,

quando da aplicação da TAD, à exceção da Semelhança,

os demais estão diretamente ligados ao Quadro de

Referência: a coerência, em menor proporção, e a

compatibilidade, em maior, uma vez que será decisiva

para se concluir sobre o grau de harmonia dos dados

com o que se sabe sobre os fatos, resultando em um

número de “1” a “6”, conforme o caso.

Para a Produção do Conhecimento parece ser

essencial dedicar especial atenção ao julgamento do

Conteúdo. Partindo da Coerência (e só prosseguindo

após entender/concluir que ela está presente no dado

julgado naquele momento), chegar-se-á à

Compatibilidade. Impõe-se, portanto, inclusive apoiado

no que preconiza a Metodologia em vigor no SIEx,

utilizar somente dados coerentes como insumo, sob pena

de o Analista inserir no todo uma variável que carece de

valor que justifique seu aproveitamento.

A Certeza depende diretamente da(s)

evidência(s). Cada Analista chegará (ou não) à Certeza

após contrastar os dados em questão com tudo o que

dispõe, inclusive com o seu Quadro de Referência.

Exatamente nesta comparação (com o seu Quadro de

Referência) é que se vislumbra a hipótese de que em

dado momento dois dados julgados como sendo de

conteúdo “2” não serão considerados como suficientes

para conduzir à Certeza, ou seja, não servirão para

“confirmação”.

Dados que possuem compatibilidade parcial,

pouca ou, ainda, que não possuem compatibilidade com

o que se julga, não necessariamente servirão para

confirmar “outros” dados, ainda que estes “outros”

dados apresentem conteúdo julgado como “2”. Servirão,

ou não, conforme o sentimento do Analista, ou seja, uma

vez mais o Quadro de Referência será protagonista na

Produção do Conhecimento.

Manter atualizado o Quadro de Referência é

ponto fundamental na Produção do Conhecimento. Ainda

que o Analista disponha de outra ferramenta poderosa,

qual seja, a especialização obtida em Cursos, ela de nada

valerá se o integrador não dispor de um Quadro o mais

amplo possível, visando a minimizar as possibilidades de

vir a julgar “para menos” a compatibilidade de algo que,

sob um olhar mais refinado, se revelará como possuidor

de harmonia total ou parcial com o tema objeto da

análise.

Cabe, ainda, aqui reiterar que o presente trabalho

objetiva:

- Dialogar especificamente com as Agências

de Inteligência (AI) Classe “C”, por se tratar de ambiente

no qual a existência do especialista por vezes mostra-se

rara, mas onde, também, a Atividade de Inteligência

mantém-se constante, a exigir esforços quanto à

cooperação e colaboração dos que preenchem tal lacuna

(a ausência do especialista).

- A assertiva anterior, porém, não inviabiliza

ou impede que o conteúdo aqui abordado seja útil para

outras agências, seja no âmbito do SIEx ou em outros

Sistemas de Inteligência, já que os esforços críticos da

Avaliação de Dados encontram, na Certeza do Analista,

a Verdade no Conhecimento produzido, ou se

aproximam dela, quando o número de evidências for

insuficiente para atingir a chamada “convicção plena”.

- “Trazer à luz” aspectos da Produção do

Conhecimento que estão um pouco além da “mecânica”

aplicação da TAD.

- Expor um ponto de vista, para que o

mesmo encontre defensores e detratores, ou, ainda,

Page 64: A lucena ano_1_nr_02_dez_2012

EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército

Renato M. Okamoto1

RESUMO

A chegada da Era do Conhecimento

enfatizou a importância da ciência, tecnologia e

inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas

transformações e de sobrevivência das organizações.

Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado

atual tem tornado mais complexo o gerenciamento

desses recursos. Acompanhando a tendência

mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,

diretrizes e planejamentos, busca seu processo de

transformação, apontando a C,T&I como um dos

vetores de importância estratégica, e o uso da

prospecção como uma metodologia a ser empregada.

Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,

Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.

1 INTRODUÇÃO

No cenário dinâmico e globalizado do início

do século XXI, os responsáveis pela tomada de

decisões na área de ciência e tecnologia necessitam

de informações acerca das prioridades que orientem

o planejamento estratégico da organização e a

pesquisa e o desenvolvimento.

O decisor estratégico deve possuir

informações sobre os riscos que inovações

tecnológicas possam trazer no futuro, as

possibilidades do emprego de inovações, as

potencialidades que a instituição possui em

desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas

tecnologias teriam em seus objetivos ou na

sociedade. Nesse contexto, a prospecção de

tecnologias emergentes ou futuras e suas

conseqüentes implicações são questões altamente

relevantes para a sobrevivência das instituições,

economias, sociedades ou organizações, permitindo

orientar a tomada de decisão num largo espectro de

opções que se vislumbra para o futuro.

Em um contexto mais amplo, os objetivos

estratégicos e as suas respectivas diretrizes

provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e

Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se

espelham nos objetivos e respectivas ações

estratégicas anteriormente traçados na Concepção

Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa

Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece

que:

É imprescindível estabelecer uma

linha de trabalho em prospecção,

para que seja possível acompanhar

a evolução mundial de materiais e

A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

serviços de Defesa no campo

científico-tecnológico-inovador e

identificar os programas e

projetos que possam produzir

impactos positivos para a Defesa e

para a Sociedade. (BRASIL, 2003,

p. 24).

Para se ter uma ideia da complexidade e

multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de

sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional, documento elaborado

conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,

2003), relaciona as tecnologias de interesse da

Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,

Sistemas de Informação, Radares de Alta

Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,

Potência Pulsada, Navegação Automática de

Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos

Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,

Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de

Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,

Integração de Sistemas, entre outras.

Em 2008, o Ministério da Ciência e

Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia

e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano

de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse

plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações

e programas que possibilitem tornar mais decisivo o

papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no

desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,

2008). Um de seus programas é o Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.

Tal programa tem por objetivo promover a

pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de

interesse da Segurança Nacional, incentivando a

sinergia de atores públicos e privados,

principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e

outros sistemas de navegação, de materiais

estratégicos, de sistemas avançados de geração de

energia e de propulsão, de sistemas de informações

de interesse da Defesa, de integração de sistemas de

Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e

nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de

sistemas de detecção.

2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

O Exército define em sua Política de Ciência

e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o

acompanhamento e identificação das tendências nas

inovações científicas e tecnológicas de interesse da

Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e

Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento

estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).

O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como

Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por

missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia

do Exército (SCTEx) para produzir os resultados

científico-tecnológicos necessários à

operacionalidade da Força Terrestre.

Atualmente, o DCT possui oito Organizações

Militares diretamente subordinadas (OMDS):

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);

Diretoria de Fabricação (DF);

Centro de Avaliações do Exército

(CAEx);

Centro de Desenvolvimento de

Sistemas (CDS);

64 EsIMEx - 2º Semestre de 2012

indiferentes, tudo com a intenção principal de

fomentar o debate em torno da prática realizada nas

diversas Agências de Inteligência (AI), dos ajustes que

podem ser feitos em relação a tal prática, bem como

instigar outros militares a exporem seus pontos de vista e

demonstrarem que também estão em condições de aportar

subsídios a eventuais necessidades de correções de

rumos.

Finalmente, parece oportuno considerar a

hipótese de este trabalho servir como motivador de

discussões sobre a Metodologia, ainda que seu conteúdo

venha a ser visto como absurdo – possibilidade que deve

ser, e efetivamente o é, considerada por seu autor.

Mesmo que possa vir a ser refutado no todo ou em parte,

já terá cumprido seu papel, qual seja auxiliar os

estudiosos do assunto a chegarem ao Estado da Mente

“Certeza52” de que podem prescindir do conteúdo deste

ensaio.

52 Segundo a Metodologia em vigor no SIEx, os Estados da Mente do Analista perante a Verdade são a Certeza, a Opinião, a Dúvida e a Ignorância.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do

Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.

HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa.

Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.

KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército

Editora, 1967.

PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas.

Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).