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EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ESCOLA DE INTELIGÊNCIA MILITAR DO EXÉRCITOCel Inf Antônio Jorge Dantas de Oliveira
Comissão Editorial da Revista "A LUCERNA"Cel Inf Antônio Jorge Dantas de OliveiraCel Cav Carlos Augusto Ramires TeixeiraTen Cel Cav Silney Biagio CatãoTen Cel José Fernandes Filgueiras FilhoMaj Vagner Knopp de CarvalhoMaj Aron Ferreira MachadoMaj Márcio Fernandes do Nascimento
Capa1º Sgt Luiz Carlos de Almeida
Elaboração GráficaS Ten MB Luís Fernando Silva Alves - Seção de Doutrina e Pesquisa
RevisãoCel Inf Antônio Jorge Dantas de OliveiraCel Cav Carlos Augusto Ramires TeixeiraTen Cel Cav Silney Biagio Catão
Catalogação bibliográfica internacional, normalização e editoraçãoBiblioteca do Colégio Militar de Brasília
Disponível em: http://www.esimex.ensino.eb.mil.br
Contatos:Av. Duque de Caxias, S/Nr - SMUCep: 70630-000 Brasília-DFE-mail: [email protected] desta edição: 300 (trezentos) exemplares
Impressão:Gráfica Positiva - Brasília-DFOs artigos desta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da EsIMEx.É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos desta revista, desde que citada a fonte.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)A Lucerna / Escola de Inteligência Militar do Exército. Vol. 2 nº 2(dez. 2012). Brasília: Positiva, 2012.
64p.
Semestral
ISSN 2316-364X
1. Inteligência Militar 2. Exército Brasileiro 3. Escola de Inteligência Militar do Exército CDU: 355.40(81)
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Sumário
5 Editorial
7 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA CIBERNÉTICA ÀS INFRAESTRUTURAS CRÍTICAS NACIONAIS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA
Luís Henrique Santos Franco
23 A INTELIGÊNCIA MILITAR NA DEFESA CIBERNÉTICA: um estudo sobre as possibilidades de apoio da inteligência aos planejamentos das ações de defesa cibernética
Alexandre Fernandes Lobo Nogueira
37 A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PARA O PROCESSO DECISÓRIO NO EXÉRCITO BRASILEIRO
César Augusto Rosa de Araújo
45 A UTILIZAÇÃO DAS FONTES ABERTAS NOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO E DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO:uma proposta
Guilherme Otávio Godinho de Carvalho
55 ENSAIO SOBRE A METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: uma proposta dialógica de quebra de paradigmas e desmitificação do julgamento do conteúdo da técnica de avaliação de dados
Paulo Ricardo da Silva
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
2
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ESCOLA DE INTELIGÊNCIA MILITAR DO EXÉRCITOCel Inf Antônio Jorge Dantas de Oliveira
Comissão Editorial da Revista "A LUCERNA"Cel Inf Antônio Jorge Dantas de OliveiraCel Cav Carlos Augusto Ramires TeixeiraTen Cel Cav Silney Biagio CatãoTen Cel José Fernandes Filgueiras FilhoMaj Vagner Knopp de CarvalhoMaj Aron Ferreira MachadoMaj Márcio Fernandes do Nascimento
Capa1º Sgt Luiz Carlos de Almeida
Elaboração GráficaS Ten MB Luís Fernando Silva Alves - Seção de Doutrina e Pesquisa
RevisãoCel Inf Antônio Jorge Dantas de OliveiraCel Cav Carlos Augusto Ramires TeixeiraTen Cel Cav Silney Biagio Catão
Catalogação bibliográfica internacional, normalização e editoraçãoBiblioteca do Colégio Militar de Brasília
Disponível em: http://www.esimex.ensino.eb.mil.br
Contatos:Av. Duque de Caxias, S/Nr - SMUCep: 70630-000 Brasília-DFE-mail: [email protected] desta edição: 300 (trezentos) exemplares
Impressão:Gráfica Positiva - Brasília-DFOs artigos desta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da EsIMEx.É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos desta revista, desde que citada a fonte.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)A Lucerna / Escola de Inteligência Militar do Exército. Vol. 2 nº 2(dez. 2012). Brasília: Positiva, 2012.
64p.
Semestral
ISSN 2316-364X
1. Inteligência Militar 2. Exército Brasileiro 3. Escola de Inteligência Militar do Exército CDU: 355.40(81)
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Sumário
5 Editorial
7 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA CIBERNÉTICA ÀS INFRAESTRUTURAS CRÍTICAS NACIONAIS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA
Luís Henrique Santos Franco
23 A INTELIGÊNCIA MILITAR NA DEFESA CIBERNÉTICA: um estudo sobre as possibilidades de apoio da inteligência aos planejamentos das ações de defesa cibernética
Alexandre Fernandes Lobo Nogueira
37 A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PARA O PROCESSO DECISÓRIO NO EXÉRCITO BRASILEIRO
César Augusto Rosa de Araújo
45 A UTILIZAÇÃO DAS FONTES ABERTAS NOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO E DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO:uma proposta
Guilherme Otávio Godinho de Carvalho
55 ENSAIO SOBRE A METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: uma proposta dialógica de quebra de paradigmas e desmitificação do julgamento do conteúdo da técnica de avaliação de dados
Paulo Ricardo da Silva
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
3
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
EDITORIAL
A Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx) tem a grata satisfação de apresentar a segunda
edição de artigos científicos, na Revista “A Lucerna”.
A publicação dessa coletânea consolida um dos mais importantes projetos da EsIMEx, que objetiva a
contribuir para a evolução da Doutrina de Inteligência Militar, a partir das relevantes pesquisas conduzidas
pelos discentes do seu programa de pós-graduação.
Gostaria de recordar que a nossa querida “Escola dos Soldados do Silêncio” já possuiu outra publicação,
um Boletim Informativo, com a mesma denominação – “A Lucerna” –. Desta forma, entendemos que a
manutenção desse título, que representa o pensamento criativo e reflexivo no seio da Atividade de Inteligência,
é uma justa homenagem àqueles que difundiram os aspectos mais importantes desse instigante ofício,
notadamente o ensino dessa especialização, por meio daquele noticiário.
Aproveito esta oportunidade para externar, com muito orgulho, em nome dos integrantes da nossa
Escola, de ontem e de hoje, que neste ano atingimos a maioridade, cumprindo com efetividade as normas e
diretrizes do Sistema de Educação e Cultura do Exército, ao mesmo tempo em que continuamos concorrendo
para a unidade de doutrina no âmbito do Sistema de Inteligência do Exército, com destaque para o incremento
no ensino do Sistema Operacional Inteligência.
Nesses dezoito anos de existência, tivemos o privilégio de especializar cerca de 2.250 militares das
Forças Singulares, policiais e bombeiros militares, além de militares de Nações Amigas. De igual modo,
capacitamos mais de 1.000 integrantes de organizações civis pertencentes ao poder público.
Assim, congratulo-me com os atuais e “antigos” integrantes da EsIMEx, docentes e discentes, além dos
distintos colaboradores, que, com a participação ativa nos nossos cursos e estágios, valorizaram sobremaneira a
relevância do processo ensino-aprendizagem e a evolução doutrinária da Atividade de Inteligência.
Dedico um agradecimento especial aos autores dos artigos científicos desta edição, que despenderam
preciosas horas de seus afazeres para a pesquisa e elaboração dos trabalhos. Tenho a certeza que o esforço foi
recompensado. No entanto, acredito que a verdadeira recompensa será o reconhecimento das suas proposições.
Aos estimados leitores solicito que enviem suas sugestões e observações à EsIMEx, como fito de
contribuirmos, ainda mais, para o aprimoramento doutrinário e com a melhoria da qualidade deste projeto. Boa
leitura!
Antes de tudo, Inteligência!
Antônio Jorge Dantas de Oliveira – CoronelComandante e Diretor de Ensino da EsIMEx
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
EDITORIAL
A Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx) tem a grata satisfação de apresentar a segunda
edição de artigos científicos, na Revista “A Lucerna”.
A publicação dessa coletânea consolida um dos mais importantes projetos da EsIMEx, que objetiva a
contribuir para a evolução da Doutrina de Inteligência Militar, a partir das relevantes pesquisas conduzidas
pelos discentes do seu programa de pós-graduação.
Gostaria de recordar que a nossa querida “Escola dos Soldados do Silêncio” já possuiu outra publicação,
um Boletim Informativo, com a mesma denominação – “A Lucerna” –. Desta forma, entendemos que a
manutenção desse título, que representa o pensamento criativo e reflexivo no seio da Atividade de Inteligência,
é uma justa homenagem àqueles que difundiram os aspectos mais importantes desse instigante ofício,
notadamente o ensino dessa especialização, por meio daquele noticiário.
Aproveito esta oportunidade para externar, com muito orgulho, em nome dos integrantes da nossa
Escola, de ontem e de hoje, que neste ano atingimos a maioridade, cumprindo com efetividade as normas e
diretrizes do Sistema de Educação e Cultura do Exército, ao mesmo tempo em que continuamos concorrendo
para a unidade de doutrina no âmbito do Sistema de Inteligência do Exército, com destaque para o incremento
no ensino do Sistema Operacional Inteligência.
Nesses dezoito anos de existência, tivemos o privilégio de especializar cerca de 2.250 militares das
Forças Singulares, policiais e bombeiros militares, além de militares de Nações Amigas. De igual modo,
capacitamos mais de 1.000 integrantes de organizações civis pertencentes ao poder público.
Assim, congratulo-me com os atuais e “antigos” integrantes da EsIMEx, docentes e discentes, além dos
distintos colaboradores, que, com a participação ativa nos nossos cursos e estágios, valorizaram sobremaneira a
relevância do processo ensino-aprendizagem e a evolução doutrinária da Atividade de Inteligência.
Dedico um agradecimento especial aos autores dos artigos científicos desta edição, que despenderam
preciosas horas de seus afazeres para a pesquisa e elaboração dos trabalhos. Tenho a certeza que o esforço foi
recompensado. No entanto, acredito que a verdadeira recompensa será o reconhecimento das suas proposições.
Aos estimados leitores solicito que enviem suas sugestões e observações à EsIMEx, como fito de
contribuirmos, ainda mais, para o aprimoramento doutrinário e com a melhoria da qualidade deste projeto. Boa
leitura!
Antes de tudo, Inteligência!
Antônio Jorge Dantas de Oliveira – CoronelComandante e Diretor de Ensino da EsIMEx
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
5
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
LUIS HENRIQUE SANTOS FRANCO1
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
A automação da informação encontra-se cada vez
mais presente em empresas de caráter público ou privado.
Nesta direção, o gerenciamento operacional de grande
parte das Infraestruturas Críticas Nacionais2 (ICN) é
realizado de forma eletrônica e remota com o operador à
distância, às vezes até em outro Estado. Isto só é
1Oficial (Major) da Arma de Engenharia do Exército Brasileiro,
Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (eSIMEx).
2 ICN é defina pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) como sendo o conjunto de instalações, serviços, bens e sistemas que, se forem interrompidos ou destruídos, provocarão sério impacto social, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da sociedade (MANDARINO JR, 2009, p. 7). Atualmente o termo está sendo atualizado pelo GSI-PR para Estruturas Estratégicas, englobando as instalações existentes, as em construção e aquelas que ainda estão em estudos. Entretanto, esta terminologia, até o fechamento deste artigo, ainda não estava homologada. Portanto, o termo utilizado por este autor será ICN.
perfeitamente factível por intermédio do uso maciço de
softwares e sistemas digitais. Esse incremento na
automação de coleta e transmissão de dados implica na
necessidade de se proteger digitalmente tais sistemas,
garantindo o pleno funcionamento dos serviços essenciais
à população.
A dependência inevitável de sistemas
computadorizados no controle operacional das
infraestruturas de um país oferece uma nova dimensão de
estudos de segurança e defesa.
Tais reflexões crescem de importância na medida
em que o Brasil foi escolhido para sediar inúmeros
eventos de amplitude mundial, a saber: Conferência
Mundial Sobre o Meio Ambiente “Rio+20” (2012),
Jornada Mundial da Juventude Católica e visita do Papa
Bento XVI (2013), Copa das Confederações (2013),
A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA CIBERNÉTICA ÀS INFRAESTRUTURAS
CRÍTICAS NACIONAIS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA
O incremento da automação da informação no gerenciamento das Infraestruturas fundamentais de um
país torna-se instigante, uma vez que a humanidade depara-se com o ambiente cibernético, ferramenta cada
vez mais presente em conflitos modernos. Nesta direção, o atual gerenciamento operacional de grande parte
das Infraestruturas Críticas Nacionais (ICN) do País é realizado de forma eletrônica com dispositivos
remotos, por meio do uso maciço de softwares e sistemas de controle em tempo real. Parte daí a necessidade
de se acompanhar e proteger tais sistemas, garantindo o pleno funcionamento dos serviços essenciais à
população. Para a Inteligência, este assunto pode ser revolucionário, na medida em que amplia tanto as
possibilidades de busca e coleta de dados, quanto as vulnerabilidades das redes computacionais das ICN. A
fim de restringir o escopo desse estudo, a atenção é concentrada no setor de energia elétrica. Destarte, o
presente trabalho visa estudar a adequação da Atividade de Inteligência na segurança às ICN, com foco na
segurança cibernética do setor de energia elétrica brasileiro. O estudo foi baseado em pesquisas
bibliográficas, entrevistas a personalidades governamentais de destacado conhecimento em suas áreas e na
remessa de questionários para integrantes do Sistema de Inteligência do Exército (SIEx).
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
7EsIMEx - 2º Semestre de 2012
LUIS HENRIQUE SANTOS FRANCO1
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
A automação da informação encontra-se cada vez
mais presente em empresas de caráter público ou privado.
Nesta direção, o gerenciamento operacional de grande
parte das Infraestruturas Críticas Nacionais2 (ICN) é
realizado de forma eletrônica e remota com o operador à
distância, às vezes até em outro Estado. Isto só é
1Oficial (Major) da Arma de Engenharia do Exército Brasileiro,
Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (eSIMEx).
2 ICN é defina pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) como sendo o conjunto de instalações, serviços, bens e sistemas que, se forem interrompidos ou destruídos, provocarão sério impacto social, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da sociedade (MANDARINO JR, 2009, p. 7). Atualmente o termo está sendo atualizado pelo GSI-PR para Estruturas Estratégicas, englobando as instalações existentes, as em construção e aquelas que ainda estão em estudos. Entretanto, esta terminologia, até o fechamento deste artigo, ainda não estava homologada. Portanto, o termo utilizado por este autor será ICN.
perfeitamente factível por intermédio do uso maciço de
softwares e sistemas digitais. Esse incremento na
automação de coleta e transmissão de dados implica na
necessidade de se proteger digitalmente tais sistemas,
garantindo o pleno funcionamento dos serviços essenciais
à população.
A dependência inevitável de sistemas
computadorizados no controle operacional das
infraestruturas de um país oferece uma nova dimensão de
estudos de segurança e defesa.
Tais reflexões crescem de importância na medida
em que o Brasil foi escolhido para sediar inúmeros
eventos de amplitude mundial, a saber: Conferência
Mundial Sobre o Meio Ambiente “Rio+20” (2012),
Jornada Mundial da Juventude Católica e visita do Papa
Bento XVI (2013), Copa das Confederações (2013),
A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA CIBERNÉTICA ÀS INFRAESTRUTURAS
CRÍTICAS NACIONAIS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA
O incremento da automação da informação no gerenciamento das Infraestruturas fundamentais de um
país torna-se instigante, uma vez que a humanidade depara-se com o ambiente cibernético, ferramenta cada
vez mais presente em conflitos modernos. Nesta direção, o atual gerenciamento operacional de grande parte
das Infraestruturas Críticas Nacionais (ICN) do País é realizado de forma eletrônica com dispositivos
remotos, por meio do uso maciço de softwares e sistemas de controle em tempo real. Parte daí a necessidade
de se acompanhar e proteger tais sistemas, garantindo o pleno funcionamento dos serviços essenciais à
população. Para a Inteligência, este assunto pode ser revolucionário, na medida em que amplia tanto as
possibilidades de busca e coleta de dados, quanto as vulnerabilidades das redes computacionais das ICN. A
fim de restringir o escopo desse estudo, a atenção é concentrada no setor de energia elétrica. Destarte, o
presente trabalho visa estudar a adequação da Atividade de Inteligência na segurança às ICN, com foco na
segurança cibernética do setor de energia elétrica brasileiro. O estudo foi baseado em pesquisas
bibliográficas, entrevistas a personalidades governamentais de destacado conhecimento em suas áreas e na
remessa de questionários para integrantes do Sistema de Inteligência do Exército (SIEx).
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
8 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Copa do Mundo (2014), Olimpíadas e
Paralimpíadas (2016).
Nesses eventos de grande envergadura aumenta a
responsabilidade do papel do Estado como organizador e
principalmente como garantidor da segurança e pleno
funcionamento das ICN. Nesse contexto, Canongia e
Mandarino Jr. (BRASIL, 2010), organizadores do Livro
Verde da Defesa Cibernética, ressaltam que a Segurança
Cibernética é um novo desafio deste século e que “vem
se destacando como função estratégica de Estado,
essencial à manutenção das infraestruturas críticas de um
país, tais como Energia, Defesa, Transporte,
Telecomunicações, Finanças, da própria Informação,
dentre outras”.
No Brasil, a Estratégia Nacional de Defesa
(END), de 2008, ressalta que a área cibernética é um dos
três setores estratégicos prioritários para o Estado
Brasileiro. O grande objetivo é capacitar os recursos
humanos a fim de constituir uma estrutura eficaz capaz
de desenvolver o setor cibernético nos campos industrial
e militar (BRASIL, 2008, p. 24). Tal diretriz tem
provocado o debate, ainda que em estágio inicial, na
sociedade e na comunidade acadêmica, no que se refere
ao controle do espaço cibernético, visando sua melhor
regulamentação, defesa e segurança.
No âmbito do Ministério da Defesa (MD), a
Diretriz Ministerial nº 014/2009, de 09 de novembro de
2009, atribuiu ao Exército Brasileiro (EB) a
responsabilidade pela coordenação e integração do Setor
Cibernético. Esta tarefa traz impactos imediatos para os
Órgãos de Inteligência do EB.
Para a Atividade de Inteligência, a produção de
conhecimento para proteção dos sistemas que controlam
a funcionalidade das ICN é fundamental para que o
agente decisor possa intervir com oportunidade,
minimizando ou neutralizando os possíveis danos
causados por ações mal intencionadas. A correta
aplicação dos preceitos de segurança orgânica também
contribuirá para que os riscos sejam mitigados. Para
tanto, é fundamental ter seus recursos humanos
preparados para o ambiente cibernético, inclusive os da
área de inteligência, alocando-os em uma estrutura
organizacional eficiente e prática. Esta estrutura deve
possuir a capacidade de, permanentemente, acompanhar a
evolução das formas de ataques e cooptação de pessoas a
fim de impedir intrusões maliciosas nos sistemas
informatizados das ICN.
O presente artigo busca investigar a seguinte
indagação: a atual estrutura organizacional do Sistema
Brasileiro de Inteligência (SISBIN) permite uma eficiente
proteção das Infraestruturas Críticas Nacionais,
particularmente do setor de energia elétrica, contra
ataques cibernéticos?
2 A INTELIGÊNCIA E A GUERRA CIBERNÉTICA
O Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República (GSI-PR) e a Agência
Brasileira de Inteligência (ABIN), como órgão central do
Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), tem como
uma de suas missões, monitorar o funcionamento seguro
das ICN e desenvolver uma mentalidade de segurança
nessas corporações, abrangendo também a segurança
cibernética (BRASIL, 2012c).
O GSI-PR é um órgão essencial da Presidência e
presta assistência imediata e constante ao Chefe de
Estado. Entre outras atribuições, o GSI-PR tem
competência para prevenir e gerenciar crises em caso de
ameaça à estabilidade institucional. Além disso, possui o
status de ministério e assessora a Presidência nos
assuntos militares e de segurança. Coordena, ainda, as
atividades de Inteligência de Estado e de Segurança da
Informação (BRASIL, 2012i).
O GSI-PR não possui ascendência sobre os
demais ministérios e órgãos governamentais. Desta
forma, para obter maior resultado em suas decisões
atinentes à Segurança das ICN e na Segurança
Cibernética, o Gabinete utiliza-se da Câmara de Relações
Exteriores e Defesa Nacional (CREDEN) e do Conselho
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
de Defesa Nacional (CDN), que possuem poderes
para intervir na segurança das ICN.
O Conselho de Defesa Nacional (CDN) é
presidido diretamente pela Presidenta da República e
entre suas atribuições está a de “propor os critérios e
condições de utilização das áreas indispensáveis à
segurança do território nacional” o que lhe garante o
poder de regular, discutir e propor assuntos relativos às
ICN (BRASIL, 2012e). A Medida Provisória nº 2216-37,
de 2001, que modifica a Lei nº 8.183 de 11 de Abril de
1991, atribuiu ao Ministro Chefe do GSI-PR a missão de
secretário-executivo do CDN, cabendo a ele a execução
das atividades permanentes necessárias ao exercício da
competência do CDN. Além disso, concedeu poder ao
GSI-PR para instituir grupos e comissões especiais,
integrados por representantes de órgãos e entidades,
pertencentes ou não à Administração Pública, com o fim
de tratar de problemas específicos, afetos ao Conselho de
Defesa Nacional. Por meio desse dispositivo legal, o
GSI-PR adquiriu poderes para formar Grupos de
Trabalho para o estudo da segurança das ICN (BRASIL,
2012f).
A CREDEN foi criada por meio do Decreto
Presidencial nº 4801, de 6 de agosto de 2003, com a
finalidade de formular políticas públicas e diretrizes de
matérias relacionadas com a área das relações exteriores
e defesa nacional do Governo Federal ou sempre que se
fizer necessária a participação de mais de um ministério.
O Ministro-Chefe do GSI-PR é o presidente da CREDEN
e convoca os demais integrantes, dentre eles diversos
Ministros de Estado de áreas afins. Entre os assuntos
sobre os quais tem acompanhamento destacam-se:
cooperação internacional em assuntos de segurança e
defesa, integração fronteiriça, operações de
paz, narcotráfico e outros delitos de configuração
internacional, atividade de Inteligência, segurança para as
infraestruturas críticas (incluindo serviços segurança da
informação, definida no art. 2o, inciso II, do Decreto nº
3.505, de 13 de junho de 2000) e segurança cibernética
(BRASIL, 2012d).
Devido às suas atribuições muitas das legislações
(portarias, decretos, e outros) que regulamentam a
Proteção das ICN e a Segurança Cibernética são oriundas
da CREDEN e do CDN, conferindo um maior peso
institucional aos dispositivos.
Subordinados ao GSI-PR, estão a Secretaria de
Acompanhamento e Estudos Institucionais (SAEI), o
Departamento de Segurança da Informação e
Comunicações (DSIC) e a Agência Brasileira de
Inteligência (ABIN).
Entre suas diversas atribuições, a SAEI se
destaca por monitorar e coordenar a atividade de
segurança de infraestruturas críticas. Além disso,
coordena e supervisiona a realização de estudos
relacionados com a prevenção da ocorrência e articulação
do gerenciamento de crises. Em outra vertente, essa
Secretaria realiza estudos estratégicos, especialmente
sobre temas relacionados com a segurança institucional.
Na área de segurança em ICN, a SAEI coordena
as reuniões dos Grupos de Trabalho (GT) de Segurança
de ICN. Estes grupos formaram-se a partir de 2007, com
a resolução nº 2 da CREDEN de 24 de Outubro, a qual
prevê, em seu art 2º, a criação dos Grupos Técnicos de
Segurança das Infraestruturas Críticas (GTSIC), com a
finalidade de propor medidas relacionadas com a
segurança das ICN (DEMETERCO, 2012).
O mesmo autor destaca que o propósito dos
GTSIC é fundamentalmente sistematizar os estudos. O
objetivo é levantar as vulnerabilidades e as ameaças às
ICN, assim como identificar suas interdependências com
outras estruturas semelhantes, propondo, por fim, um
método de gerenciamento de risco das mesmas. Este
estudo conduzirá a um sistema de informações que
conterá dados atualizados das ICN para apoio à decisão.
As reuniões são periódicas e mensais a fim de dar
continuidade aos trabalhos dos mais de cem funcionários
das diversas agências e ministérios e entidades que
integram os grupos (idem, 2011).
O DSIC é um órgão do GSI-PR, bastante atuante
na Administração Pública Federal (APF) e que conduz
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
9EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Copa do Mundo (2014), Olimpíadas e
Paralimpíadas (2016).
Nesses eventos de grande envergadura aumenta a
responsabilidade do papel do Estado como organizador e
principalmente como garantidor da segurança e pleno
funcionamento das ICN. Nesse contexto, Canongia e
Mandarino Jr. (BRASIL, 2010), organizadores do Livro
Verde da Defesa Cibernética, ressaltam que a Segurança
Cibernética é um novo desafio deste século e que “vem
se destacando como função estratégica de Estado,
essencial à manutenção das infraestruturas críticas de um
país, tais como Energia, Defesa, Transporte,
Telecomunicações, Finanças, da própria Informação,
dentre outras”.
No Brasil, a Estratégia Nacional de Defesa
(END), de 2008, ressalta que a área cibernética é um dos
três setores estratégicos prioritários para o Estado
Brasileiro. O grande objetivo é capacitar os recursos
humanos a fim de constituir uma estrutura eficaz capaz
de desenvolver o setor cibernético nos campos industrial
e militar (BRASIL, 2008, p. 24). Tal diretriz tem
provocado o debate, ainda que em estágio inicial, na
sociedade e na comunidade acadêmica, no que se refere
ao controle do espaço cibernético, visando sua melhor
regulamentação, defesa e segurança.
No âmbito do Ministério da Defesa (MD), a
Diretriz Ministerial nº 014/2009, de 09 de novembro de
2009, atribuiu ao Exército Brasileiro (EB) a
responsabilidade pela coordenação e integração do Setor
Cibernético. Esta tarefa traz impactos imediatos para os
Órgãos de Inteligência do EB.
Para a Atividade de Inteligência, a produção de
conhecimento para proteção dos sistemas que controlam
a funcionalidade das ICN é fundamental para que o
agente decisor possa intervir com oportunidade,
minimizando ou neutralizando os possíveis danos
causados por ações mal intencionadas. A correta
aplicação dos preceitos de segurança orgânica também
contribuirá para que os riscos sejam mitigados. Para
tanto, é fundamental ter seus recursos humanos
preparados para o ambiente cibernético, inclusive os da
área de inteligência, alocando-os em uma estrutura
organizacional eficiente e prática. Esta estrutura deve
possuir a capacidade de, permanentemente, acompanhar a
evolução das formas de ataques e cooptação de pessoas a
fim de impedir intrusões maliciosas nos sistemas
informatizados das ICN.
O presente artigo busca investigar a seguinte
indagação: a atual estrutura organizacional do Sistema
Brasileiro de Inteligência (SISBIN) permite uma eficiente
proteção das Infraestruturas Críticas Nacionais,
particularmente do setor de energia elétrica, contra
ataques cibernéticos?
2 A INTELIGÊNCIA E A GUERRA CIBERNÉTICA
O Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República (GSI-PR) e a Agência
Brasileira de Inteligência (ABIN), como órgão central do
Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), tem como
uma de suas missões, monitorar o funcionamento seguro
das ICN e desenvolver uma mentalidade de segurança
nessas corporações, abrangendo também a segurança
cibernética (BRASIL, 2012c).
O GSI-PR é um órgão essencial da Presidência e
presta assistência imediata e constante ao Chefe de
Estado. Entre outras atribuições, o GSI-PR tem
competência para prevenir e gerenciar crises em caso de
ameaça à estabilidade institucional. Além disso, possui o
status de ministério e assessora a Presidência nos
assuntos militares e de segurança. Coordena, ainda, as
atividades de Inteligência de Estado e de Segurança da
Informação (BRASIL, 2012i).
O GSI-PR não possui ascendência sobre os
demais ministérios e órgãos governamentais. Desta
forma, para obter maior resultado em suas decisões
atinentes à Segurança das ICN e na Segurança
Cibernética, o Gabinete utiliza-se da Câmara de Relações
Exteriores e Defesa Nacional (CREDEN) e do Conselho
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
de Defesa Nacional (CDN), que possuem poderes
para intervir na segurança das ICN.
O Conselho de Defesa Nacional (CDN) é
presidido diretamente pela Presidenta da República e
entre suas atribuições está a de “propor os critérios e
condições de utilização das áreas indispensáveis à
segurança do território nacional” o que lhe garante o
poder de regular, discutir e propor assuntos relativos às
ICN (BRASIL, 2012e). A Medida Provisória nº 2216-37,
de 2001, que modifica a Lei nº 8.183 de 11 de Abril de
1991, atribuiu ao Ministro Chefe do GSI-PR a missão de
secretário-executivo do CDN, cabendo a ele a execução
das atividades permanentes necessárias ao exercício da
competência do CDN. Além disso, concedeu poder ao
GSI-PR para instituir grupos e comissões especiais,
integrados por representantes de órgãos e entidades,
pertencentes ou não à Administração Pública, com o fim
de tratar de problemas específicos, afetos ao Conselho de
Defesa Nacional. Por meio desse dispositivo legal, o
GSI-PR adquiriu poderes para formar Grupos de
Trabalho para o estudo da segurança das ICN (BRASIL,
2012f).
A CREDEN foi criada por meio do Decreto
Presidencial nº 4801, de 6 de agosto de 2003, com a
finalidade de formular políticas públicas e diretrizes de
matérias relacionadas com a área das relações exteriores
e defesa nacional do Governo Federal ou sempre que se
fizer necessária a participação de mais de um ministério.
O Ministro-Chefe do GSI-PR é o presidente da CREDEN
e convoca os demais integrantes, dentre eles diversos
Ministros de Estado de áreas afins. Entre os assuntos
sobre os quais tem acompanhamento destacam-se:
cooperação internacional em assuntos de segurança e
defesa, integração fronteiriça, operações de
paz, narcotráfico e outros delitos de configuração
internacional, atividade de Inteligência, segurança para as
infraestruturas críticas (incluindo serviços segurança da
informação, definida no art. 2o, inciso II, do Decreto nº
3.505, de 13 de junho de 2000) e segurança cibernética
(BRASIL, 2012d).
Devido às suas atribuições muitas das legislações
(portarias, decretos, e outros) que regulamentam a
Proteção das ICN e a Segurança Cibernética são oriundas
da CREDEN e do CDN, conferindo um maior peso
institucional aos dispositivos.
Subordinados ao GSI-PR, estão a Secretaria de
Acompanhamento e Estudos Institucionais (SAEI), o
Departamento de Segurança da Informação e
Comunicações (DSIC) e a Agência Brasileira de
Inteligência (ABIN).
Entre suas diversas atribuições, a SAEI se
destaca por monitorar e coordenar a atividade de
segurança de infraestruturas críticas. Além disso,
coordena e supervisiona a realização de estudos
relacionados com a prevenção da ocorrência e articulação
do gerenciamento de crises. Em outra vertente, essa
Secretaria realiza estudos estratégicos, especialmente
sobre temas relacionados com a segurança institucional.
Na área de segurança em ICN, a SAEI coordena
as reuniões dos Grupos de Trabalho (GT) de Segurança
de ICN. Estes grupos formaram-se a partir de 2007, com
a resolução nº 2 da CREDEN de 24 de Outubro, a qual
prevê, em seu art 2º, a criação dos Grupos Técnicos de
Segurança das Infraestruturas Críticas (GTSIC), com a
finalidade de propor medidas relacionadas com a
segurança das ICN (DEMETERCO, 2012).
O mesmo autor destaca que o propósito dos
GTSIC é fundamentalmente sistematizar os estudos. O
objetivo é levantar as vulnerabilidades e as ameaças às
ICN, assim como identificar suas interdependências com
outras estruturas semelhantes, propondo, por fim, um
método de gerenciamento de risco das mesmas. Este
estudo conduzirá a um sistema de informações que
conterá dados atualizados das ICN para apoio à decisão.
As reuniões são periódicas e mensais a fim de dar
continuidade aos trabalhos dos mais de cem funcionários
das diversas agências e ministérios e entidades que
integram os grupos (idem, 2011).
O DSIC é um órgão do GSI-PR, bastante atuante
na Administração Pública Federal (APF) e que conduz
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
10 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
diversos seminários, palestras, cursos, buscando
difundir a mentalidade de segurança em TI. Dentre suas
atribuições, previstas no art. 6º do Decreto nº 7.411, de
29 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2012i), cabe destacar
aquelas que mais se relacionam com o escopo do presente
trabalho, a saber:
- planejar e coordenar a execução das atividades
de segurança cibernética e de segurança da informação e
comunicações na administração pública federal;
- definir requisitos metodológicos para
implementação da segurança cibernética e da segurança
da informação e comunicações pelos órgãos e entidades
da administração pública federal; e
- estudar legislações correlatas e implementar as
propostas sobre matérias relacionadas à segurança
cibernética e à segurança da informação e comunicações.
Subordinada diretamente ao Ministro-Chefe do
GSI-PR, a ABIN é um órgão de Estado e foi instituída
pela lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Ela tem
como missão principal assessorar o Presidente da
República por meio da produção de conhecimentos
estratégicos que apontem oportunidades, antagonismos e
ameaças aos interesses da nação.
O Decreto Presidencial nº 3505, de 13 de Junho
de 2000, em seu art. 5º destaca que compete à ABIN, por
intermédio do seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
para a Segurança das Comunicações (CPESC), apoiar o
CDN nos assuntos de caráter científico tecnológicos. Este
apoio é voltado para os assuntos de Segurança em TI, nos
quais, eventualmente, se inserem os sistemas de controle
das ICN (BRASIL, 2012b). Ressalte-se que, nas
atribuições da ABIN, não existe dispositivo específico
determinando que a mesma realize o Gerenciamento de
Risco das ICN no país.
2.1 A GUERRA CIBERNÉTICA
Antes de apresentar os conceitos diretamente
associados à Guerra Cibernética, faz-se necessário
realizar uma distinção semântica entre segurança,
proteção e defesa. O senso comum indica que,
isoladamente, o termo “proteção” remete a uma idéia de
prevenção, um estado anterior a uma ruptura do status
quo. Ferreira (1999), em seu conceituado dicionário,
define “proteção” como sendo um estado atual, que
perdura durante um espaço de tempo ou ainda “cuidado
que se toma em favor de” alguém ou algo. Já o termo
“segurança” é definido, pelo mesmo autor, como sendo o
estado de alguém que se acha seguro. Prossegue ainda
conceituando “defesa” como sendo “a resistência a um
ataque”, indicando claramente uma ação.
O Decreto Presidencial nº 3.505, de 13 de Junho
de 2000, aborda a Segurança da Informação sob o
seguinte prisma:
Art. 2o Para efeitos da Política de Segurança da Informação, ficam estabelecidas as seguintes conceituações:[...]
II - Segurança da Informação: proteção dos sistemas de informação contra a negação de serviço a usuários autorizados, assim como contra a intrusão, e a modificação desautorizada de dados ou informações, armazenados, em processamento ou em trânsito, abrangendo, inclusive, a segurança dos recursos humanos, da documentação e do material, das áreas e instalações das comunicações e computacional, assim como as destinadas a prevenir, detectar, deter e documentar eventuais ameaças a seu desenvolvimento (BRASIL, 2012b).
Oliveira (2012) procurou fornecer seu
entendimento acerca do significado do termo cibernético.
Segundo ele atualmente, o termo “cibernética” é utilizado
procurando estabelecer as relações entre o homem e a
máquina e seus efeitos nas diversas atividades humanas.
Sua origem vem do termo grego kybernetike, que
significa condutor, governador, aquele que tem o leme ou
o timão. Recebendo um tratamento mais científico no
século XX, passou a caracterizar o estudo do controle e
da comunicação dos seres vivos e das máquinas, sob o
enfoque da transmissão da informação nesses ambientes.
De acordo com o Ministério da Defesa, durante o
I Seminário de Defesa Cibernética, espaço cibernético é o
espaço virtual composto por dispositivos computacionais
conectados em rede ou não, no qual as informações
trafegam, são processadas e eventualmente armazenadas
(BRASIL, 2010).
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Para efeito deste estudo, o espaço
cibernético será considerado como sendo o ambiente
delimitado pela conexão de computadores via sistema de
redes, físicas ou não, onde a informação trafega a
velocidades quase instantâneas e, como consequência, as
pessoas, ora denominadas usuários, podem se comunicar
de diversas maneiras: via mensagens eletrônicas, grupos
de discussão, realização de vídeo-conferências,
transmissão de dados, e outros (CANONGIA e
MANDARINO JR, 2009. p. 25).
De acordo com o Livro Verde de Defesa
Cibernética, a atuação da Segurança Cibernética poderá
compreender aspectos e atitudes, tanto de prevenção,
quanto de repressão. De fato, a segurança cibernética
remonta à proteção dos ativos de informação estratégicos,
principalmente aqueles relacionados com o controle do
funcionamento das ICN. Por esta característica, abrange o
controle de sistemas privados e públicos, o que confere à
relação entre as partes envolvidas, um caráter jurídico
muito mais complexo (BRASIL, 2010).
Com isso, pode-se afirmar que segurança
cibernética engloba o conjunto de normas que visam a
proteger, com ações preventivas, o ambiente eletrônico
no qual trafegam as informações. Vale destacar que, para
esta proteção virtual obter sucesso, é imprescindível uma
eficiente implementação de medidas de segurança
orgânica na corporação pública ou privada que administra
a transmissão dos dados. Estas medidas devem ser alvo
de constantes reavaliações, para que o gestor possa,
eventualmente, corrigir rumos ou reforçar as ações
preventivas mais eficazes.
Nesse sentido, a Segurança Cibernética vem se
caracterizando cada vez mais como uma função
estratégica de Estado, e essencial à manutenção e
preservação das infraestruturas críticas de um país, tais
como Energia, Transporte, Telecomunicações, Águas,
Finanças, Informação, dentre outras.
Para a expressão Defesa Cibernética, entende-se
que a mesma compreenderá ações operacionais de
combates ofensivos. Carvalho (2011b, p. 18) ensina que é
o conjunto de ações, fundamentada em um planejamento
tipicamente militar, executadas no todo ou em parte no
ambiente cibernético, com a finalidade de: proteger os
sistemas de informação, fornecer dados para Inteligência
e causar prejuízos aos sistemas do oponente. Para as
Forças Armadas, estas ações, que envolvem o preparo e o
emprego de grupos constituídos nas ações ofensivas,
defensivas e exploratórias em ambiente cibernético,
caracterizam a Guerra Cibernética. Este conceito difere
de Segurança Cibernética que é voltada para ações
preventivas e medidas de segurança orgânica
(CARVALHO, 2011).
Mandarino Jr (2010) complementa esta assertiva,
afirmando que a lógica da Guerra Cibernética está em
atacar as informações do oponente, em qualquer setor que
faça uso de meios informatizados. Ou seja, poderia ser
composta de uma simples desfiguração de site, um
bloqueio de serviços eletrônicos de bancos ou até um
comprometimento do funcionamento de uma ICN.
Todas estas definições ligadas à área cibernética se
traduzem em uma nova e desafiadora fonte de dados, ao
mesmo tempo em que é um meio de busca para a
Atividade de Inteligência:
A atividade de inteligência exerce papel fundamental nos ambientes de Segurança, Defesa e Guerra Cibernética. Ela é essencial na busca de informações, empregando todas as fontes disponíveis, para identificar e prevenir ameaças cibernéticas e proporcionar respostas adequadas, com oportunidade.Além disso, os profissionais que atuam no Setor Cibernético devem desenvolver atitude arraigada de contrainteligência, a fim de proteger o conhecimento e as informações inerentes às suas atividades (OLIVEIRA, 2011. p. 112).
Visualizando atender a esta situação evolutiva, a END de
2008 assinalou que um dos setores de importância
estratégica para o Estado é o cibernético, tendo como
prioridade a capacitação de recursos humanos e o
desenvolvimento de tecnologias da informação para as
Forças Armadas atuarem em rede. Partindo dessa
premissa, definiu que o Ministério da Defesa (MD) deve
planejar para que o Sistema de Defesa Nacional disponha
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
11EsIMEx - 2º Semestre de 2012
diversos seminários, palestras, cursos, buscando
difundir a mentalidade de segurança em TI. Dentre suas
atribuições, previstas no art. 6º do Decreto nº 7.411, de
29 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2012i), cabe destacar
aquelas que mais se relacionam com o escopo do presente
trabalho, a saber:
- planejar e coordenar a execução das atividades
de segurança cibernética e de segurança da informação e
comunicações na administração pública federal;
- definir requisitos metodológicos para
implementação da segurança cibernética e da segurança
da informação e comunicações pelos órgãos e entidades
da administração pública federal; e
- estudar legislações correlatas e implementar as
propostas sobre matérias relacionadas à segurança
cibernética e à segurança da informação e comunicações.
Subordinada diretamente ao Ministro-Chefe do
GSI-PR, a ABIN é um órgão de Estado e foi instituída
pela lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Ela tem
como missão principal assessorar o Presidente da
República por meio da produção de conhecimentos
estratégicos que apontem oportunidades, antagonismos e
ameaças aos interesses da nação.
O Decreto Presidencial nº 3505, de 13 de Junho
de 2000, em seu art. 5º destaca que compete à ABIN, por
intermédio do seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
para a Segurança das Comunicações (CPESC), apoiar o
CDN nos assuntos de caráter científico tecnológicos. Este
apoio é voltado para os assuntos de Segurança em TI, nos
quais, eventualmente, se inserem os sistemas de controle
das ICN (BRASIL, 2012b). Ressalte-se que, nas
atribuições da ABIN, não existe dispositivo específico
determinando que a mesma realize o Gerenciamento de
Risco das ICN no país.
2.1 A GUERRA CIBERNÉTICA
Antes de apresentar os conceitos diretamente
associados à Guerra Cibernética, faz-se necessário
realizar uma distinção semântica entre segurança,
proteção e defesa. O senso comum indica que,
isoladamente, o termo “proteção” remete a uma idéia de
prevenção, um estado anterior a uma ruptura do status
quo. Ferreira (1999), em seu conceituado dicionário,
define “proteção” como sendo um estado atual, que
perdura durante um espaço de tempo ou ainda “cuidado
que se toma em favor de” alguém ou algo. Já o termo
“segurança” é definido, pelo mesmo autor, como sendo o
estado de alguém que se acha seguro. Prossegue ainda
conceituando “defesa” como sendo “a resistência a um
ataque”, indicando claramente uma ação.
O Decreto Presidencial nº 3.505, de 13 de Junho
de 2000, aborda a Segurança da Informação sob o
seguinte prisma:
Art. 2o Para efeitos da Política de Segurança da Informação, ficam estabelecidas as seguintes conceituações:[...]
II - Segurança da Informação: proteção dos sistemas de informação contra a negação de serviço a usuários autorizados, assim como contra a intrusão, e a modificação desautorizada de dados ou informações, armazenados, em processamento ou em trânsito, abrangendo, inclusive, a segurança dos recursos humanos, da documentação e do material, das áreas e instalações das comunicações e computacional, assim como as destinadas a prevenir, detectar, deter e documentar eventuais ameaças a seu desenvolvimento (BRASIL, 2012b).
Oliveira (2012) procurou fornecer seu
entendimento acerca do significado do termo cibernético.
Segundo ele atualmente, o termo “cibernética” é utilizado
procurando estabelecer as relações entre o homem e a
máquina e seus efeitos nas diversas atividades humanas.
Sua origem vem do termo grego kybernetike, que
significa condutor, governador, aquele que tem o leme ou
o timão. Recebendo um tratamento mais científico no
século XX, passou a caracterizar o estudo do controle e
da comunicação dos seres vivos e das máquinas, sob o
enfoque da transmissão da informação nesses ambientes.
De acordo com o Ministério da Defesa, durante o
I Seminário de Defesa Cibernética, espaço cibernético é o
espaço virtual composto por dispositivos computacionais
conectados em rede ou não, no qual as informações
trafegam, são processadas e eventualmente armazenadas
(BRASIL, 2010).
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Para efeito deste estudo, o espaço
cibernético será considerado como sendo o ambiente
delimitado pela conexão de computadores via sistema de
redes, físicas ou não, onde a informação trafega a
velocidades quase instantâneas e, como consequência, as
pessoas, ora denominadas usuários, podem se comunicar
de diversas maneiras: via mensagens eletrônicas, grupos
de discussão, realização de vídeo-conferências,
transmissão de dados, e outros (CANONGIA e
MANDARINO JR, 2009. p. 25).
De acordo com o Livro Verde de Defesa
Cibernética, a atuação da Segurança Cibernética poderá
compreender aspectos e atitudes, tanto de prevenção,
quanto de repressão. De fato, a segurança cibernética
remonta à proteção dos ativos de informação estratégicos,
principalmente aqueles relacionados com o controle do
funcionamento das ICN. Por esta característica, abrange o
controle de sistemas privados e públicos, o que confere à
relação entre as partes envolvidas, um caráter jurídico
muito mais complexo (BRASIL, 2010).
Com isso, pode-se afirmar que segurança
cibernética engloba o conjunto de normas que visam a
proteger, com ações preventivas, o ambiente eletrônico
no qual trafegam as informações. Vale destacar que, para
esta proteção virtual obter sucesso, é imprescindível uma
eficiente implementação de medidas de segurança
orgânica na corporação pública ou privada que administra
a transmissão dos dados. Estas medidas devem ser alvo
de constantes reavaliações, para que o gestor possa,
eventualmente, corrigir rumos ou reforçar as ações
preventivas mais eficazes.
Nesse sentido, a Segurança Cibernética vem se
caracterizando cada vez mais como uma função
estratégica de Estado, e essencial à manutenção e
preservação das infraestruturas críticas de um país, tais
como Energia, Transporte, Telecomunicações, Águas,
Finanças, Informação, dentre outras.
Para a expressão Defesa Cibernética, entende-se
que a mesma compreenderá ações operacionais de
combates ofensivos. Carvalho (2011b, p. 18) ensina que é
o conjunto de ações, fundamentada em um planejamento
tipicamente militar, executadas no todo ou em parte no
ambiente cibernético, com a finalidade de: proteger os
sistemas de informação, fornecer dados para Inteligência
e causar prejuízos aos sistemas do oponente. Para as
Forças Armadas, estas ações, que envolvem o preparo e o
emprego de grupos constituídos nas ações ofensivas,
defensivas e exploratórias em ambiente cibernético,
caracterizam a Guerra Cibernética. Este conceito difere
de Segurança Cibernética que é voltada para ações
preventivas e medidas de segurança orgânica
(CARVALHO, 2011).
Mandarino Jr (2010) complementa esta assertiva,
afirmando que a lógica da Guerra Cibernética está em
atacar as informações do oponente, em qualquer setor que
faça uso de meios informatizados. Ou seja, poderia ser
composta de uma simples desfiguração de site, um
bloqueio de serviços eletrônicos de bancos ou até um
comprometimento do funcionamento de uma ICN.
Todas estas definições ligadas à área cibernética se
traduzem em uma nova e desafiadora fonte de dados, ao
mesmo tempo em que é um meio de busca para a
Atividade de Inteligência:
A atividade de inteligência exerce papel fundamental nos ambientes de Segurança, Defesa e Guerra Cibernética. Ela é essencial na busca de informações, empregando todas as fontes disponíveis, para identificar e prevenir ameaças cibernéticas e proporcionar respostas adequadas, com oportunidade.Além disso, os profissionais que atuam no Setor Cibernético devem desenvolver atitude arraigada de contrainteligência, a fim de proteger o conhecimento e as informações inerentes às suas atividades (OLIVEIRA, 2011. p. 112).
Visualizando atender a esta situação evolutiva, a END de
2008 assinalou que um dos setores de importância
estratégica para o Estado é o cibernético, tendo como
prioridade a capacitação de recursos humanos e o
desenvolvimento de tecnologias da informação para as
Forças Armadas atuarem em rede. Partindo dessa
premissa, definiu que o Ministério da Defesa (MD) deve
planejar para que o Sistema de Defesa Nacional disponha
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
12 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
de meios que permitam a segurança das
infraestruturas críticas (BRASIL, 2008).
As Forças Armadas, por estarem voltadas para a Guerra
Cibernética, estão inseridas somente nos níveis
operacionais e táticos daquele setor e, a priori, não estão
sendo cogitadas para atuarem na Segurança Cibernética,
a qual estaria restrita ao nível político (a cargo do GSI-
PR). Entretanto, é difícil acreditar que, na prática, a
Segurança permaneça restrita somente ao nível político,
pois ela permeia os níveis estratégicos e operacionais,
posto que não há Defesa e Guerra Cibernéticas eficientes
se não houver previamente a execução de uma adequada
política na área de Segurança Cibernética. Desta forma, o
Ministério da Defesa e as Forças Armadas também
deveriam participar da Segurança Cibernética, além dos
papéis de Defesa e Guerra. Caso as ações das Forças
Armadas se restrinjam ao contexto de Guerra
Cibernética, a tendência natural é que elas venham a se
afastar das ações preventivas voltadas para Segurança
Cibernética.
No âmbito da Defesa, a Diretriz Ministerial nº
14/2009, de 9 de novembro de 2009, do MD, definiu que
caberá ao Exército Brasileiro (EB) a gestão e o
desenvolvimento do setor cibernético no âmbito do
Ministério da Defesa. Com isto, o EB terá a atribuição
que definir sua abrangência e propor ações para integrar o
setor nas três Forças (CARVALHO, 2011. p.11).
Neste escopo, o Centro de Defesa Cibernética do
Exército (CDCiber) foi criado pela Portaria do
Comandante do Exército nº 666, de 4 de Agosto de 2010.
Suas principais atribuições são: coordenar as atividades
do setor cibernético no Exército e promover ações que
atendam ao preconizado na Estratégia Nacional de
Defesa, com ênfase na atuação em rede. Atualmente, o
CDCiber tem o foco de suas ações voltado para proteger
inicialmente as estruturas de informática do Exército,
desenvolver pesquisas no setor, fomentar a capacitação
humana, gerenciar a aquisição de materiais específicos e
desenvolver uma doutrina de emprego, em consonância
com a END.
No futuro, após consolidado como um setor dentro do
Exército, há uma possibilidade de evolução do CDCiber
para a esfera do Ministério da Defesa. Sobre essa
assertiva, o atual Chefe do CDCiber se pronunciou, em
entrevista à imprensa escrita:É, este é o Centro de Defesa Cibernética, por enquanto, do Exército. Se no futuro o Ministério da Defesa decidir que vamos exercer também o papel de Centro de Defesa Cibernética das Forças Armadas, é perfeitamente viável e até consta das diretrizes do Ministério da Defesa que tenhamos, nesse centro, militares da Marinha e da Força Aérea.
[...]
A infraestrutura de telemática é uma coisa em que hoje as empresas estão totalmente envolvidas. Imagina-se que algo semelhante deva ocorrer no futuro, em que teríamos militares das três forças trabalhando em conjunto, e serviços prestados por empresas habilitadas. (SANTOS, apud SÁ, 2012).
Segundo Mandarino (2010), em reunião da
CREDEN, em 2008, o Diretor do DSIC apresentou a
complexidade e a dificuldade de cooperação entre os
órgãos da APF no quesito segurança cibernética. A
proposta, feita e aprovada, foi a de que, a segurança deve
ser coordenada pelo GSI-PR (por meio do DSIC), haja
vista ser um órgão essencial da Presidência da República.
Mas essa coordenação envolve inúmeros atores, desde
ministérios até agências reguladoras, passando inclusive
por empresas de capital misto.
3 O SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA E A
SEGURANÇA CIBERNÉTICA
A partir dos anos 90, o setor elétrico brasileiro
passou por grandes transformações, deixando de ser
centrado no monopólio estatal para adotar um novo
arranjo de mercado, com a participação de múltiplos
agentes e investimentos compartilhados com o capital
privado (COUTINHO, 2007). Esta reestruturação
permitiu descentralizar o antigo padrão, com o objetivo
de que o setor privado se incumbisse do financiamento do
segmento elétrico, enquanto o Estado ficaria com a
função de regulação. Como consequência desta nova
forma de atuar, a concorrência entre as empresas se
encarregaria de transferir aos consumidores os ganhos de
eficiência.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Em 1996, foi criada a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), que tinha como finalidade
regular e fiscalizar a produção, transmissão e
comercialização de energia elétrica, garantindo um
ambiente equilibrado, com companhias obtendo
resultados e consumidores satisfeitos (OLIVEIRA, 2012).
A partir do governo do Presidente Luís Inácio
Lula da Silva, instituiu-se o chamado novo modelo do
setor elétrico que mesclava o intervencionismo público
com certo nível de concorrência. Em 2004, com esse
padrão, o Estado recebeu novamente a responsabilidade
de planejamento do setor. Os principais objetivos eram:
promover a concorrência tarifária, garantir a segurança
no longo prazo para fornecimento de energia e promover
a inclusão social. Além disso, o segmento elétrico passou
a ser coordenado por diversos atores institucionais,
responsáveis por planejar, monitorar, avaliar,
acompanhar e sugerir as ações para seu eficiente
funcionamento (Ibidem).
Com o novo quadro, o Governo centralizou o
poder de fixar as políticas, o planejamento e o
monitoramento do sistema. A Aneel manteve suas
funções de implementar as diretrizes governamentais e de
fiscalizar os agentes executores. Estes, por sua vez,
continuaram participando das entidades responsáveis pela
comercialização e operação do sistema, sem, contudo,
exercerem o mesmo grau de controle previsto no antigo
padrão.
Neste contexto, o que se verifica hoje é a
exploração dos serviços de energia elétrica por terceiros,
a segmentação das atividades (geração, transmissão,
distribuição e comercialização), e a regulamentação e
fiscalização do sistema por agências reguladoras.
A estrutura administrativa que compõe o sistema
é a descrita na figura 1, a qual identifica as principais
instituições do setor: o Conselho Nacional de Política
Energética, o Ministério de Minas e Energia, a Empresa
de Pesquisa Energética (criada pela Lei nº 10.847), a
Agência Nacional de Energia Elétrica, a Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (responsável pela
viabilização dos mercados livre e regulado), o Operador
Nacional do Sistema (agora com maior controle pelo
Governo) e o Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico.
Fig 1 - Estrutura Administrativa do Setor de Energia Elétrica.
Fonte: ONS
A Aneel permanece como o órgão regulador,
responsável pela normatização das políticas e diretrizes
estabelecidas e a fiscalização dos serviços prestados. O
Sistema Interligado Nacional (SIN) e os sistemas isolados
formam o sistema nacional de energia elétrica e é
composto pelas empresas geradoras e transmissoras, sob
a regulamentação da Aneel. Ele é altamente
interconectado e dinâmico, possuindo cerca de
novecentas linhas que perfazem um total de
aproximadamente oitenta e nove mil quilômetros. O
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é uma
empresa de capital privado sem fins lucrativos,
responsável pela coordenação e a supervisão da operação
centralizada de geração e transmissão do sistema
interligado (OLIVEIRA, 2012).
O Centro Nacional de Operação do Sistema
(CNOS) e os Centros Regionais de Operação do Sistema
(CROS) abrigam os sistemas informatizados de controle
e gerenciamento de energia das empresas concessionárias
e do Operador Nacional do Sistema. Estes Centros
monitoram os dados obtidos pelas Unidades Terminais
Remotas (UTR) e pelos Sistemas de Supervisão e
Controle Local (SSCL) para garantir que o sistema está
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
13EsIMEx - 2º Semestre de 2012
de meios que permitam a segurança das
infraestruturas críticas (BRASIL, 2008).
As Forças Armadas, por estarem voltadas para a Guerra
Cibernética, estão inseridas somente nos níveis
operacionais e táticos daquele setor e, a priori, não estão
sendo cogitadas para atuarem na Segurança Cibernética,
a qual estaria restrita ao nível político (a cargo do GSI-
PR). Entretanto, é difícil acreditar que, na prática, a
Segurança permaneça restrita somente ao nível político,
pois ela permeia os níveis estratégicos e operacionais,
posto que não há Defesa e Guerra Cibernéticas eficientes
se não houver previamente a execução de uma adequada
política na área de Segurança Cibernética. Desta forma, o
Ministério da Defesa e as Forças Armadas também
deveriam participar da Segurança Cibernética, além dos
papéis de Defesa e Guerra. Caso as ações das Forças
Armadas se restrinjam ao contexto de Guerra
Cibernética, a tendência natural é que elas venham a se
afastar das ações preventivas voltadas para Segurança
Cibernética.
No âmbito da Defesa, a Diretriz Ministerial nº
14/2009, de 9 de novembro de 2009, do MD, definiu que
caberá ao Exército Brasileiro (EB) a gestão e o
desenvolvimento do setor cibernético no âmbito do
Ministério da Defesa. Com isto, o EB terá a atribuição
que definir sua abrangência e propor ações para integrar o
setor nas três Forças (CARVALHO, 2011. p.11).
Neste escopo, o Centro de Defesa Cibernética do
Exército (CDCiber) foi criado pela Portaria do
Comandante do Exército nº 666, de 4 de Agosto de 2010.
Suas principais atribuições são: coordenar as atividades
do setor cibernético no Exército e promover ações que
atendam ao preconizado na Estratégia Nacional de
Defesa, com ênfase na atuação em rede. Atualmente, o
CDCiber tem o foco de suas ações voltado para proteger
inicialmente as estruturas de informática do Exército,
desenvolver pesquisas no setor, fomentar a capacitação
humana, gerenciar a aquisição de materiais específicos e
desenvolver uma doutrina de emprego, em consonância
com a END.
No futuro, após consolidado como um setor dentro do
Exército, há uma possibilidade de evolução do CDCiber
para a esfera do Ministério da Defesa. Sobre essa
assertiva, o atual Chefe do CDCiber se pronunciou, em
entrevista à imprensa escrita:É, este é o Centro de Defesa Cibernética, por enquanto, do Exército. Se no futuro o Ministério da Defesa decidir que vamos exercer também o papel de Centro de Defesa Cibernética das Forças Armadas, é perfeitamente viável e até consta das diretrizes do Ministério da Defesa que tenhamos, nesse centro, militares da Marinha e da Força Aérea.
[...]
A infraestrutura de telemática é uma coisa em que hoje as empresas estão totalmente envolvidas. Imagina-se que algo semelhante deva ocorrer no futuro, em que teríamos militares das três forças trabalhando em conjunto, e serviços prestados por empresas habilitadas. (SANTOS, apud SÁ, 2012).
Segundo Mandarino (2010), em reunião da
CREDEN, em 2008, o Diretor do DSIC apresentou a
complexidade e a dificuldade de cooperação entre os
órgãos da APF no quesito segurança cibernética. A
proposta, feita e aprovada, foi a de que, a segurança deve
ser coordenada pelo GSI-PR (por meio do DSIC), haja
vista ser um órgão essencial da Presidência da República.
Mas essa coordenação envolve inúmeros atores, desde
ministérios até agências reguladoras, passando inclusive
por empresas de capital misto.
3 O SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA E A
SEGURANÇA CIBERNÉTICA
A partir dos anos 90, o setor elétrico brasileiro
passou por grandes transformações, deixando de ser
centrado no monopólio estatal para adotar um novo
arranjo de mercado, com a participação de múltiplos
agentes e investimentos compartilhados com o capital
privado (COUTINHO, 2007). Esta reestruturação
permitiu descentralizar o antigo padrão, com o objetivo
de que o setor privado se incumbisse do financiamento do
segmento elétrico, enquanto o Estado ficaria com a
função de regulação. Como consequência desta nova
forma de atuar, a concorrência entre as empresas se
encarregaria de transferir aos consumidores os ganhos de
eficiência.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Em 1996, foi criada a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), que tinha como finalidade
regular e fiscalizar a produção, transmissão e
comercialização de energia elétrica, garantindo um
ambiente equilibrado, com companhias obtendo
resultados e consumidores satisfeitos (OLIVEIRA, 2012).
A partir do governo do Presidente Luís Inácio
Lula da Silva, instituiu-se o chamado novo modelo do
setor elétrico que mesclava o intervencionismo público
com certo nível de concorrência. Em 2004, com esse
padrão, o Estado recebeu novamente a responsabilidade
de planejamento do setor. Os principais objetivos eram:
promover a concorrência tarifária, garantir a segurança
no longo prazo para fornecimento de energia e promover
a inclusão social. Além disso, o segmento elétrico passou
a ser coordenado por diversos atores institucionais,
responsáveis por planejar, monitorar, avaliar,
acompanhar e sugerir as ações para seu eficiente
funcionamento (Ibidem).
Com o novo quadro, o Governo centralizou o
poder de fixar as políticas, o planejamento e o
monitoramento do sistema. A Aneel manteve suas
funções de implementar as diretrizes governamentais e de
fiscalizar os agentes executores. Estes, por sua vez,
continuaram participando das entidades responsáveis pela
comercialização e operação do sistema, sem, contudo,
exercerem o mesmo grau de controle previsto no antigo
padrão.
Neste contexto, o que se verifica hoje é a
exploração dos serviços de energia elétrica por terceiros,
a segmentação das atividades (geração, transmissão,
distribuição e comercialização), e a regulamentação e
fiscalização do sistema por agências reguladoras.
A estrutura administrativa que compõe o sistema
é a descrita na figura 1, a qual identifica as principais
instituições do setor: o Conselho Nacional de Política
Energética, o Ministério de Minas e Energia, a Empresa
de Pesquisa Energética (criada pela Lei nº 10.847), a
Agência Nacional de Energia Elétrica, a Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (responsável pela
viabilização dos mercados livre e regulado), o Operador
Nacional do Sistema (agora com maior controle pelo
Governo) e o Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico.
Fig 1 - Estrutura Administrativa do Setor de Energia Elétrica.
Fonte: ONS
A Aneel permanece como o órgão regulador,
responsável pela normatização das políticas e diretrizes
estabelecidas e a fiscalização dos serviços prestados. O
Sistema Interligado Nacional (SIN) e os sistemas isolados
formam o sistema nacional de energia elétrica e é
composto pelas empresas geradoras e transmissoras, sob
a regulamentação da Aneel. Ele é altamente
interconectado e dinâmico, possuindo cerca de
novecentas linhas que perfazem um total de
aproximadamente oitenta e nove mil quilômetros. O
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é uma
empresa de capital privado sem fins lucrativos,
responsável pela coordenação e a supervisão da operação
centralizada de geração e transmissão do sistema
interligado (OLIVEIRA, 2012).
O Centro Nacional de Operação do Sistema
(CNOS) e os Centros Regionais de Operação do Sistema
(CROS) abrigam os sistemas informatizados de controle
e gerenciamento de energia das empresas concessionárias
e do Operador Nacional do Sistema. Estes Centros
monitoram os dados obtidos pelas Unidades Terminais
Remotas (UTR) e pelos Sistemas de Supervisão e
Controle Local (SSCL) para garantir que o sistema está
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
14 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
funcionando adequadamente (Figura 2). Os
Centros de Operação também despacham mensagens de
controle para as Unidades Geradoras e Subestações para
regular o fluxo de potência que poderá ser repassado.
Figura 2 - Representação da Distribuição de Energia. Fonte: Empresa Elipse.
Os Sistemas Computacionais de Controle
permitem aos operadores a regulação do fluxo de
potência (geração, transmissão e distribuição) e são
chamados de Sistemas de Gerenciamento de Energia
Elétrica (em inglês, EPMS ou simplesmente EMS). Já os
sistemas de controle utilizados para monitoramento da
segurança, confiabilidade e proteção do sistema elétrico
são chamados de Sistemas de Controle Supervisório e
Aquisição de Dados (em inglês, SCADA – “Supervisory
Control and Data Acquisition”) (COUTINHO, 2007).
Do exposto, percebe-se que a organização do
setor elétrico no Brasil é composta por diversos atores de
caráter público e privado que gerenciam a geração,
transmissão e distribuição de energia.
3.1 A ENGENHARIA E AS VULNERABILIDADES NOS SISTEMAS AUTOMATIZADOS DE CONTROLE DA ENERGIA ELÉTRICA
Por volta de 1940, o controle dos sistemas das
usinas hidrelétricas era realizado por meio da lógica de
relés, que enviavam sinais para mesas de controle com
chaves e luzes de advertência. O operador era o maior
responsável por interpretar os sinais e luzes e adotar as
medidas corretas em um menor prazo de tempo possível.
Entretanto, para não sobrecarregar a capacidade do
operador, muitos sinais eram deixados de fora do painel.
Para suprir as deficiências existentes, começaram
a surgir os sistemas automatizados que supervisionavam,
controlavam e adquiriam dados dos relés do sistema. Este
mecanismo deu origem ao Sistema SCADA, composto
inicialmente por uma estação de monitoramento central
de grande porte e por unidades remotas de controle (UTR
– Unidade Terminal Remota). Apesar do salto qualitativo
no controle operacional, o sistema ainda apresentava
limitações quanto à quantidade de tarefas de controle a
executar e o número de interfaces gráficas na tela do
computador. (ERKILLA e SCHIMITT, 2002).
Com o surgimento dos controladores lógicos
programáveis (PCL – Programable Control Logic), os
relés antigos foram substituídos. Posteriormente, o
avanço dos microprocessadores permitiu a criação dos
sistemas de controle distribuídos (DCS – Distributed
Control System), o que levou o controle inteligente até as
unidades de campo com redundância dos controladores e
das telas gráficas que se apresentam para os operadores.
Como isso, o operador passou a ter um controle e
supervisão da usina de forma centralizada e organizada
(ibidem).
Atualmente, o sistema SCADA moderno é o
responsável pela interface com o operador por meio de
telas e gráficos em tempo real. Além disso, executa
funções lógicas, de controle e arquiva dados históricos,
permitindo a conexão em redes de processo e a
configuração de redes lógicas com o propósito de
supervisão do sistema (ibidem).
Por meio da evolução dos sistemas de controle
das usinas percebe-se que a automação por meio de
softwares e terminais computacionais é irreversível, pois
confere economia, confiabilidade operacional e
otimização do gerenciamento. Mas isso não significa que
tais sistemas sejam imunes a ataques cibernéticos. De
fato, a introdução maciça de softwares baseados na
comunicação em redes internas (intranet), externas
(internet) e sem fio (wireless) tem tornado os sistemas de
controle de processos das ICN do setor elétrico ainda
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
mais vulneráveis a ataques cibernéticos. Esta
tendência traz consigo os riscos de ataques perpetrados
por hackers e ciberterroristas.
Dessa forma, invasões cibernéticas podem
produzir efeitos desastrosos, caso os dispositivos
eletrônicos de controle sejam manipulados de forma
proposital e direcionada. A fim de proteger o segmento
de energia elétrica contra esse tipo de ameaça, faz-se
necessário identificar suas vulnerabilidades. Ralph
Langner, o homem que primeiro decodificou o vírus
Stuxnet, que imobilizou parte das centrífugas de
enriquecimento de urânio no Irã, colocou, em entrevista,
seu ponto de vista acerca desta nova modalidade de arma
cibernética. Segundo ele, este vírus pode ser copiado
facilmente e poderia infectar qualquer sistema de usinas
controladas de forma automatizada em tempo real
(LANGNER, apud MILLS, 2012).
Em princípio, um ataque cibernético, conduzido
por outra nação, provavelmente estará contido numa fase
que antecederá uma guerra (a escalada da crise). Mas,
para grupos terroristas, grupos ativistas, em luta por suas
convicções, ou mesmo para indivíduos sem motivações
políticas, a invasão de um sistema de ICN do setor
elétrico ocorreria sem a necessidade de o cenário se
apresentar como sendo de uma guerra. Portanto, ataques
cibernéticos de vulto podem acontecer mesmo em tempo
de paz, inclusive por ocasião dos grandes eventos
mundiais - como forma de protesto ou desafio - tais como
aqueles previstos para o Brasil sediar nos próximos anos.
Infere-se que a intensa automação dos sistemas
que controlam as ICN pode vir a proporcionar uma
eficácia operacional inversamente proporcional à
segurança contra invasões de rede.
4 RESULTADOS ALCANÇADOS
A fim de instrumentalizar os dados colhidos
durante a consulta bibliográfica foram realizadas
pesquisas quantitativas e qualitativas durante os meses de
abril a junho de 2012, por meio da remessa de
questionários de respostas objetivas e do contato pessoal,
no caso das entrevistas.
No tocante à pesquisa quantitativa, com a
finalidade de selecionar a população a ser observada,
foram ouvidos grupos formados por militares integrantes
do Sistema de Inteligência do Exército (SIEx). Com isso
formou-se um total de 49 (quarenta e nove) indivíduos
direcionados para a pesquisa quantitativa, os quais
responderam um questionário de 13 (treze) perguntas.
As respostas apontaram que 85,71% (oitenta e
cinco vírgula setenta e um por cento) dos entrevistados
acham muito importante possuírem pessoal habilitado em
defesa/segurança cibernética nos Órgãos de Inteligência.
Há que se destacar ainda que, 12,24% (doze vírgula vinte
e quatro por cento) responderam ter certa relevância a
presença de militares com esta habilidade. Ou seja,
considerando as respostas com inclinação favorável,
obtém-se mais de 97% (noventa e sete por cento) de
respostas indicando a necessidade de que haja militares
com essa habilidade nos Órgãos de Inteligência.
Foi questionado, também, acerca da importância
de o SIEx estar permanentemente acompanhando e
contribuindo para a evolução da mentalidade de
segurança cibernética das ICN. A esmagadora maioria
(mais de 97%) respondeu que este acompanhamento
prévio seria imprescindível ou importante numa situação
de eventual crise.
A última pergunta do questionário voltou-se para
relacionar a capilaridade do EB com a possibilidade de
que o SIEx efetivamente possa colaborar com a
segurança cibernética nas empresas que operam as ICN
do setor de energia elétrica. Cerca de 83% (oitenta e três
por cento) dos entrevistados achou positiva essa
possibilidade de apoio. Destes, 55, 1% (cinquenta e um
por cento) declararam que esta deveria ser uma tarefa em
apoio à ABIN, e 22,45% (vinte e dois vírgula quarenta e
cinco por cento) ressaltaram que esta missão já faz parte
das atribuições do SIEx e, portanto, seria perfeitamente
factível.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
15EsIMEx - 2º Semestre de 2012
funcionando adequadamente (Figura 2). Os
Centros de Operação também despacham mensagens de
controle para as Unidades Geradoras e Subestações para
regular o fluxo de potência que poderá ser repassado.
Figura 2 - Representação da Distribuição de Energia. Fonte: Empresa Elipse.
Os Sistemas Computacionais de Controle
permitem aos operadores a regulação do fluxo de
potência (geração, transmissão e distribuição) e são
chamados de Sistemas de Gerenciamento de Energia
Elétrica (em inglês, EPMS ou simplesmente EMS). Já os
sistemas de controle utilizados para monitoramento da
segurança, confiabilidade e proteção do sistema elétrico
são chamados de Sistemas de Controle Supervisório e
Aquisição de Dados (em inglês, SCADA – “Supervisory
Control and Data Acquisition”) (COUTINHO, 2007).
Do exposto, percebe-se que a organização do
setor elétrico no Brasil é composta por diversos atores de
caráter público e privado que gerenciam a geração,
transmissão e distribuição de energia.
3.1 A ENGENHARIA E AS VULNERABILIDADES NOS SISTEMAS AUTOMATIZADOS DE CONTROLE DA ENERGIA ELÉTRICA
Por volta de 1940, o controle dos sistemas das
usinas hidrelétricas era realizado por meio da lógica de
relés, que enviavam sinais para mesas de controle com
chaves e luzes de advertência. O operador era o maior
responsável por interpretar os sinais e luzes e adotar as
medidas corretas em um menor prazo de tempo possível.
Entretanto, para não sobrecarregar a capacidade do
operador, muitos sinais eram deixados de fora do painel.
Para suprir as deficiências existentes, começaram
a surgir os sistemas automatizados que supervisionavam,
controlavam e adquiriam dados dos relés do sistema. Este
mecanismo deu origem ao Sistema SCADA, composto
inicialmente por uma estação de monitoramento central
de grande porte e por unidades remotas de controle (UTR
– Unidade Terminal Remota). Apesar do salto qualitativo
no controle operacional, o sistema ainda apresentava
limitações quanto à quantidade de tarefas de controle a
executar e o número de interfaces gráficas na tela do
computador. (ERKILLA e SCHIMITT, 2002).
Com o surgimento dos controladores lógicos
programáveis (PCL – Programable Control Logic), os
relés antigos foram substituídos. Posteriormente, o
avanço dos microprocessadores permitiu a criação dos
sistemas de controle distribuídos (DCS – Distributed
Control System), o que levou o controle inteligente até as
unidades de campo com redundância dos controladores e
das telas gráficas que se apresentam para os operadores.
Como isso, o operador passou a ter um controle e
supervisão da usina de forma centralizada e organizada
(ibidem).
Atualmente, o sistema SCADA moderno é o
responsável pela interface com o operador por meio de
telas e gráficos em tempo real. Além disso, executa
funções lógicas, de controle e arquiva dados históricos,
permitindo a conexão em redes de processo e a
configuração de redes lógicas com o propósito de
supervisão do sistema (ibidem).
Por meio da evolução dos sistemas de controle
das usinas percebe-se que a automação por meio de
softwares e terminais computacionais é irreversível, pois
confere economia, confiabilidade operacional e
otimização do gerenciamento. Mas isso não significa que
tais sistemas sejam imunes a ataques cibernéticos. De
fato, a introdução maciça de softwares baseados na
comunicação em redes internas (intranet), externas
(internet) e sem fio (wireless) tem tornado os sistemas de
controle de processos das ICN do setor elétrico ainda
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
mais vulneráveis a ataques cibernéticos. Esta
tendência traz consigo os riscos de ataques perpetrados
por hackers e ciberterroristas.
Dessa forma, invasões cibernéticas podem
produzir efeitos desastrosos, caso os dispositivos
eletrônicos de controle sejam manipulados de forma
proposital e direcionada. A fim de proteger o segmento
de energia elétrica contra esse tipo de ameaça, faz-se
necessário identificar suas vulnerabilidades. Ralph
Langner, o homem que primeiro decodificou o vírus
Stuxnet, que imobilizou parte das centrífugas de
enriquecimento de urânio no Irã, colocou, em entrevista,
seu ponto de vista acerca desta nova modalidade de arma
cibernética. Segundo ele, este vírus pode ser copiado
facilmente e poderia infectar qualquer sistema de usinas
controladas de forma automatizada em tempo real
(LANGNER, apud MILLS, 2012).
Em princípio, um ataque cibernético, conduzido
por outra nação, provavelmente estará contido numa fase
que antecederá uma guerra (a escalada da crise). Mas,
para grupos terroristas, grupos ativistas, em luta por suas
convicções, ou mesmo para indivíduos sem motivações
políticas, a invasão de um sistema de ICN do setor
elétrico ocorreria sem a necessidade de o cenário se
apresentar como sendo de uma guerra. Portanto, ataques
cibernéticos de vulto podem acontecer mesmo em tempo
de paz, inclusive por ocasião dos grandes eventos
mundiais - como forma de protesto ou desafio - tais como
aqueles previstos para o Brasil sediar nos próximos anos.
Infere-se que a intensa automação dos sistemas
que controlam as ICN pode vir a proporcionar uma
eficácia operacional inversamente proporcional à
segurança contra invasões de rede.
4 RESULTADOS ALCANÇADOS
A fim de instrumentalizar os dados colhidos
durante a consulta bibliográfica foram realizadas
pesquisas quantitativas e qualitativas durante os meses de
abril a junho de 2012, por meio da remessa de
questionários de respostas objetivas e do contato pessoal,
no caso das entrevistas.
No tocante à pesquisa quantitativa, com a
finalidade de selecionar a população a ser observada,
foram ouvidos grupos formados por militares integrantes
do Sistema de Inteligência do Exército (SIEx). Com isso
formou-se um total de 49 (quarenta e nove) indivíduos
direcionados para a pesquisa quantitativa, os quais
responderam um questionário de 13 (treze) perguntas.
As respostas apontaram que 85,71% (oitenta e
cinco vírgula setenta e um por cento) dos entrevistados
acham muito importante possuírem pessoal habilitado em
defesa/segurança cibernética nos Órgãos de Inteligência.
Há que se destacar ainda que, 12,24% (doze vírgula vinte
e quatro por cento) responderam ter certa relevância a
presença de militares com esta habilidade. Ou seja,
considerando as respostas com inclinação favorável,
obtém-se mais de 97% (noventa e sete por cento) de
respostas indicando a necessidade de que haja militares
com essa habilidade nos Órgãos de Inteligência.
Foi questionado, também, acerca da importância
de o SIEx estar permanentemente acompanhando e
contribuindo para a evolução da mentalidade de
segurança cibernética das ICN. A esmagadora maioria
(mais de 97%) respondeu que este acompanhamento
prévio seria imprescindível ou importante numa situação
de eventual crise.
A última pergunta do questionário voltou-se para
relacionar a capilaridade do EB com a possibilidade de
que o SIEx efetivamente possa colaborar com a
segurança cibernética nas empresas que operam as ICN
do setor de energia elétrica. Cerca de 83% (oitenta e três
por cento) dos entrevistados achou positiva essa
possibilidade de apoio. Destes, 55, 1% (cinquenta e um
por cento) declararam que esta deveria ser uma tarefa em
apoio à ABIN, e 22,45% (vinte e dois vírgula quarenta e
cinco por cento) ressaltaram que esta missão já faz parte
das atribuições do SIEx e, portanto, seria perfeitamente
factível.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
16 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
No que tange à pesquisa qualitativa, as principais
considerações dos entrevistados serão destacadas a
seguir:
a) Oficial da Seção de Ensino de Guerra
Cibernética do Centro Integrado de Guerra Eletrônica
(CIGE): segundo ele, seria possível que o EB, por meio
do SIEx, acompanhasse a segurança em TI das empresas
públicas e privadas do setor de energia elétrica.
Entretanto, este tipo de relacionamento teria de ser
baseado em um caráter de cooperação, sem jamais deixar
transparecer uma atitude de auditoria ou fiscalização,
pois encontraria significativa resistência e não teria
respaldo em lei. Completou informando que, atualmente,
somente o TCU efetivamente realiza auditorias na área de
TI nas empresas da Administração Pública Federal
(APF), haja vista a natureza eminentemente fiscalizatória
daquele tribunal. Ao que sabe, estas auditorias são
focadas na avaliação da aplicação dos recursos públicos
na gestão de TI do órgão ou empresa e não visa a
especificamente verificar a segurança cibernética da
instituição (FONTENELE, 2012).
b) Chefe de Gabinete do Ministério das Minas e
Energia: de acordo com o entrevistado, os procedimentos
de segurança das empresas e energia elétrica são
regulados pela ANEEL. Estas empresas devem manter os
padrões estabelecidos, sob pena de terem suas concessões
canceladas. Entretanto, a segurança em TI é efetivada
pelas próprias empresas e pelas próprias usinas
geradoras. O entrevistado ainda ressaltou que atualmente
o Sistema Integrado Nacional (SIN) apresenta destacada
redundância nas linhas principais. Desta maneira, se uma
linha sofrer interrupção abrupta de qualquer ordem, a
carga é transferida para outras linhas e a chance de
ocorrer um colapso é mínima (MENDES, 2012).
c) Chefe da Seção de Doutrina da EsIMEx:
quanto à interação entre o setor cibernético e a
Inteligência, o entrevistado citou que ainda existem
discussões e estudos a serem realizados nesta área. A
proposta de criação do Batalhão de Inteligência, com uma
subunidade de guerra cibernética, poderia ser uma
solução. Outra opção seria criar um destacamento de
Guerra Cibernética, oriundo do CDCiber, com
mobilidade tal que permitisse sua atuação em todo o
território nacional. Para ele, a possibilidade de o SIEx
participar da segurança cibernética das ICN não seria
nada mais do que a segurança de ponto sensível que o
Exército Brasileiro sempre fez, agregando o componente
cibernético. Para ele o Programa PROTEGER será uma
excelente ferramenta para facilitar o relacionamento com
as empresas que operam as ICN. Pelo Programa, as atuais
Áreas de Segurança Integrada serão transformadas em
Áreas de Proteção Integrada, visando proteger a
sociedade e as ICN (TEIXEIRA, 2012).
d) Diretor-Gerente do Operador Nacional do
Sistema (ONS): segundo ele, a missão principal do ONS
é o controle do equilíbrio do Sistema Elétrico Nacional,
garantindo a confiabilidade, a segurança e a continuidade
do negócio. Na prática, esta entidade não possui ativos do
sistema, somente recebe as informações dos agentes e
emite os comandos para equilibrar a geração e a
distribuição das cargas energéticas. Quanto à interação do
ONS com o DSIC ou o GSI, ele ressaltou que possui
mais contato com a SAEI, nos Grupos de Trabalho de
Segurança das ICN. O ONS participa das reuniões sobre
as ICN, mas, nelas, não é muito abordado o tema de
segurança em TI ou cibernética, o que pode ser uma
falha, provavelmente devido à falta de unificação nos
órgãos que gerenciam a segurança das ICN (FILHO,
2012).
e) Oficial de Inteligência da ABIN: a proteção às
ICN é um dos temas que a ABIN acompanha,
particularmente na composição do mosaico de temas
semanal apresentado à Presidenta da República. Somente
a partir de 2008, a ABIN iniciou o gerenciamento de
risco de ICN, e apoiando-se em cooperação voluntária
entre as partes envolvidas. Hoje a ABIN possui uma
metodologia própria de análise de risco, chamada
ARENA. Entretanto, verifica-se que pouquíssimas
estruturas foram analisadas pelo órgão até a presente data
(UHE Tucuruí, UHE Sobradinho e instalações da
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ELETRONORTE). Quanto à existência de uma
seção específica na ABIN voltada para a segurança
cibernética em ICN, ele relatou que ainda não existe.
Acrescentou que, quando há incidentes nas ICN, a ABIN
é chamada a apoiar. Mas estas situações são esporádicas
e não há um controle, por parte da Agência, de tentativas
de invasão aos sistemas de TI. Quando ocorre um
problema, o CPESC (Centro de Pesquisa em Segurança
das Comunicações) da ABIN presta o apoio técnico, além
de trabalhar sempre em conjunto com o DSIC do GSI-
PR. Ao ser questionado se o Exército Brasileiro poderia
contribuir para a segurança cibernética das ICN, o Oficial
de Inteligência da ABIN foi favorável, principalmente se
o EB atuar junto às empresas públicas. Mas ressaltou que,
antes de tudo, devem haver diretrizes ou normas sobre os
limites de atuação. Esta regulamentação teria que apontar
o que as Organizações Militares (OM) precisariam
acompanhar e qual o Repertório de Conhecimentos
Necessários (RCN). O entrevistado destacou, por último,
que o ritmo de trabalho dos Grupos de Trabalho das ICN
é lento e complexo pois envolve muitos atores com
interesses diversos. Segundo ele, a frequência das
reuniões do GT no último ano diminuiu, prejudicando a
progressividade dos levantamentos (SILVA, 2012).
f) Oficial do CDCiber: o entrevistado foi
questionado se as estruturas atuais do GSI-PR, por meio
do DSIC, bem como da ABIN seriam suficientes para
acompanhar a evolução da proteção cibernética sistemas
de informação das empresas que controlam as ICN do
setor energético brasileiro. Ele posicionou-se afirmando
ser difícil que alguma entidade tenha estrutura suficiente,
no curto prazo. O GSI-PR, via DSIC, está se apoiando no
CDCiber, em forma de parceria muito positiva. Ao ser
perguntado se o entrevistado acreditava que o SIEx
poderia participar da análise de risco e do
acompanhamento das empresas do setor de energia
elétrica, no que tange à segurança cibernética, o Oficial
respondeu que essa possibilidade estaria inserida em um
contexto de disponibilidade de material e de capacitação
de pessoal. Segundo ele, o ideal seria disseminar células
estruturais com pessoal e material vocacionados para
defesa cibernética pelos Comando Militares de Área. Mas
isso em um futuro no médio prazo, pois o primeiro passo
é consolidar o CDCiber (CARNEIRO, 2012).
g) Assessora Técnica do DSIC: a entrevistada
explicou que o GSI-PR é um órgão no nível ministerial e
com caráter estratégico. Assim sendo, ele trabalha com
visão prospectiva das ICN e portanto, a atual gestão do
GSI passou a adotar a terminologia de Estrutura
Estratégica que englobaria não só as ICN já existentes,
mas também as que estão em construção e aquelas ainda
em fase de projeto, ou seja, um horizonte futuro. Dentro
da estrutura do GSI-PR, a SAEI é o órgão vocacionado
para a segurança das ICN. Nesse sentido, organizou-se
Grupos de Trabalho (GT) para realizar o levantamento
das ICN em cinco setores (água, transportes, energia,
comunicações e finanças). Segurança da Informação e a
Segurança Cibernética agem em todos estes setores. Os
GT basicamente trabalham no levantamento das ICN,
verificando quais realmente são estratégicas. Eles devem
realizar a análise de risco, e elaborar o plano de proteção
das ICN. Um dos grupos é responsável pela área de
Segurança Cibernética e permeia todos os outros. Nesse
sentido, este grupo está trabalhando muito com o
CDCiber diretamente. De fato o CDCiber foi escolhido
como ponto focal para acompanhar o perfil das forças
externas cibernéticas, para construção de cenários e para
monitorar o espaço cibernético. Há uma expectativa de
que ocorra uma evolução rápida do CDCiber para que ele
represente o MD com as três Forças. A entrevistada
deixou claro que o GSI-PR não tem competência
regulamentar para impor ações aos demais órgãos,
particularmente os Ministérios. Portanto, não tendo poder
fiscalizador, se embasa nos Acórdãos do Tribunal de
Contas da União (TCU), muitas vezes usados para calcar
as Instruções Normativas do DSIC. Para a entrevistada, o
apoio do EB na proteção Cibernética às ICN seria
importante para aumentar a capacidade de segurança do
setor (CANONGIA, 2012).
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
17EsIMEx - 2º Semestre de 2012
No que tange à pesquisa qualitativa, as principais
considerações dos entrevistados serão destacadas a
seguir:
a) Oficial da Seção de Ensino de Guerra
Cibernética do Centro Integrado de Guerra Eletrônica
(CIGE): segundo ele, seria possível que o EB, por meio
do SIEx, acompanhasse a segurança em TI das empresas
públicas e privadas do setor de energia elétrica.
Entretanto, este tipo de relacionamento teria de ser
baseado em um caráter de cooperação, sem jamais deixar
transparecer uma atitude de auditoria ou fiscalização,
pois encontraria significativa resistência e não teria
respaldo em lei. Completou informando que, atualmente,
somente o TCU efetivamente realiza auditorias na área de
TI nas empresas da Administração Pública Federal
(APF), haja vista a natureza eminentemente fiscalizatória
daquele tribunal. Ao que sabe, estas auditorias são
focadas na avaliação da aplicação dos recursos públicos
na gestão de TI do órgão ou empresa e não visa a
especificamente verificar a segurança cibernética da
instituição (FONTENELE, 2012).
b) Chefe de Gabinete do Ministério das Minas e
Energia: de acordo com o entrevistado, os procedimentos
de segurança das empresas e energia elétrica são
regulados pela ANEEL. Estas empresas devem manter os
padrões estabelecidos, sob pena de terem suas concessões
canceladas. Entretanto, a segurança em TI é efetivada
pelas próprias empresas e pelas próprias usinas
geradoras. O entrevistado ainda ressaltou que atualmente
o Sistema Integrado Nacional (SIN) apresenta destacada
redundância nas linhas principais. Desta maneira, se uma
linha sofrer interrupção abrupta de qualquer ordem, a
carga é transferida para outras linhas e a chance de
ocorrer um colapso é mínima (MENDES, 2012).
c) Chefe da Seção de Doutrina da EsIMEx:
quanto à interação entre o setor cibernético e a
Inteligência, o entrevistado citou que ainda existem
discussões e estudos a serem realizados nesta área. A
proposta de criação do Batalhão de Inteligência, com uma
subunidade de guerra cibernética, poderia ser uma
solução. Outra opção seria criar um destacamento de
Guerra Cibernética, oriundo do CDCiber, com
mobilidade tal que permitisse sua atuação em todo o
território nacional. Para ele, a possibilidade de o SIEx
participar da segurança cibernética das ICN não seria
nada mais do que a segurança de ponto sensível que o
Exército Brasileiro sempre fez, agregando o componente
cibernético. Para ele o Programa PROTEGER será uma
excelente ferramenta para facilitar o relacionamento com
as empresas que operam as ICN. Pelo Programa, as atuais
Áreas de Segurança Integrada serão transformadas em
Áreas de Proteção Integrada, visando proteger a
sociedade e as ICN (TEIXEIRA, 2012).
d) Diretor-Gerente do Operador Nacional do
Sistema (ONS): segundo ele, a missão principal do ONS
é o controle do equilíbrio do Sistema Elétrico Nacional,
garantindo a confiabilidade, a segurança e a continuidade
do negócio. Na prática, esta entidade não possui ativos do
sistema, somente recebe as informações dos agentes e
emite os comandos para equilibrar a geração e a
distribuição das cargas energéticas. Quanto à interação do
ONS com o DSIC ou o GSI, ele ressaltou que possui
mais contato com a SAEI, nos Grupos de Trabalho de
Segurança das ICN. O ONS participa das reuniões sobre
as ICN, mas, nelas, não é muito abordado o tema de
segurança em TI ou cibernética, o que pode ser uma
falha, provavelmente devido à falta de unificação nos
órgãos que gerenciam a segurança das ICN (FILHO,
2012).
e) Oficial de Inteligência da ABIN: a proteção às
ICN é um dos temas que a ABIN acompanha,
particularmente na composição do mosaico de temas
semanal apresentado à Presidenta da República. Somente
a partir de 2008, a ABIN iniciou o gerenciamento de
risco de ICN, e apoiando-se em cooperação voluntária
entre as partes envolvidas. Hoje a ABIN possui uma
metodologia própria de análise de risco, chamada
ARENA. Entretanto, verifica-se que pouquíssimas
estruturas foram analisadas pelo órgão até a presente data
(UHE Tucuruí, UHE Sobradinho e instalações da
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ELETRONORTE). Quanto à existência de uma
seção específica na ABIN voltada para a segurança
cibernética em ICN, ele relatou que ainda não existe.
Acrescentou que, quando há incidentes nas ICN, a ABIN
é chamada a apoiar. Mas estas situações são esporádicas
e não há um controle, por parte da Agência, de tentativas
de invasão aos sistemas de TI. Quando ocorre um
problema, o CPESC (Centro de Pesquisa em Segurança
das Comunicações) da ABIN presta o apoio técnico, além
de trabalhar sempre em conjunto com o DSIC do GSI-
PR. Ao ser questionado se o Exército Brasileiro poderia
contribuir para a segurança cibernética das ICN, o Oficial
de Inteligência da ABIN foi favorável, principalmente se
o EB atuar junto às empresas públicas. Mas ressaltou que,
antes de tudo, devem haver diretrizes ou normas sobre os
limites de atuação. Esta regulamentação teria que apontar
o que as Organizações Militares (OM) precisariam
acompanhar e qual o Repertório de Conhecimentos
Necessários (RCN). O entrevistado destacou, por último,
que o ritmo de trabalho dos Grupos de Trabalho das ICN
é lento e complexo pois envolve muitos atores com
interesses diversos. Segundo ele, a frequência das
reuniões do GT no último ano diminuiu, prejudicando a
progressividade dos levantamentos (SILVA, 2012).
f) Oficial do CDCiber: o entrevistado foi
questionado se as estruturas atuais do GSI-PR, por meio
do DSIC, bem como da ABIN seriam suficientes para
acompanhar a evolução da proteção cibernética sistemas
de informação das empresas que controlam as ICN do
setor energético brasileiro. Ele posicionou-se afirmando
ser difícil que alguma entidade tenha estrutura suficiente,
no curto prazo. O GSI-PR, via DSIC, está se apoiando no
CDCiber, em forma de parceria muito positiva. Ao ser
perguntado se o entrevistado acreditava que o SIEx
poderia participar da análise de risco e do
acompanhamento das empresas do setor de energia
elétrica, no que tange à segurança cibernética, o Oficial
respondeu que essa possibilidade estaria inserida em um
contexto de disponibilidade de material e de capacitação
de pessoal. Segundo ele, o ideal seria disseminar células
estruturais com pessoal e material vocacionados para
defesa cibernética pelos Comando Militares de Área. Mas
isso em um futuro no médio prazo, pois o primeiro passo
é consolidar o CDCiber (CARNEIRO, 2012).
g) Assessora Técnica do DSIC: a entrevistada
explicou que o GSI-PR é um órgão no nível ministerial e
com caráter estratégico. Assim sendo, ele trabalha com
visão prospectiva das ICN e portanto, a atual gestão do
GSI passou a adotar a terminologia de Estrutura
Estratégica que englobaria não só as ICN já existentes,
mas também as que estão em construção e aquelas ainda
em fase de projeto, ou seja, um horizonte futuro. Dentro
da estrutura do GSI-PR, a SAEI é o órgão vocacionado
para a segurança das ICN. Nesse sentido, organizou-se
Grupos de Trabalho (GT) para realizar o levantamento
das ICN em cinco setores (água, transportes, energia,
comunicações e finanças). Segurança da Informação e a
Segurança Cibernética agem em todos estes setores. Os
GT basicamente trabalham no levantamento das ICN,
verificando quais realmente são estratégicas. Eles devem
realizar a análise de risco, e elaborar o plano de proteção
das ICN. Um dos grupos é responsável pela área de
Segurança Cibernética e permeia todos os outros. Nesse
sentido, este grupo está trabalhando muito com o
CDCiber diretamente. De fato o CDCiber foi escolhido
como ponto focal para acompanhar o perfil das forças
externas cibernéticas, para construção de cenários e para
monitorar o espaço cibernético. Há uma expectativa de
que ocorra uma evolução rápida do CDCiber para que ele
represente o MD com as três Forças. A entrevistada
deixou claro que o GSI-PR não tem competência
regulamentar para impor ações aos demais órgãos,
particularmente os Ministérios. Portanto, não tendo poder
fiscalizador, se embasa nos Acórdãos do Tribunal de
Contas da União (TCU), muitas vezes usados para calcar
as Instruções Normativas do DSIC. Para a entrevistada, o
apoio do EB na proteção Cibernética às ICN seria
importante para aumentar a capacidade de segurança do
setor (CANONGIA, 2012).
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
18 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
h) Assessora da Coordenação-Geral de Cenários
Institucionais da SAEI (GSI-PR): a partir de 2006, por
determinação presidencial, foram feitos estudos a fim de
levantar a localização e a importância das ICN, além de
realizar uma análise de risco e descrever a
interdependência entre elas. Para tanto, foram articulados
Grupos de Trabalho (GT) em cada setor (Transporte,
Telecomunicações, Energia, Água e Finanças).
Posteriormente, os GT foram ampliados acrescentando
mais quatro setores (Cibernético, Nuclear, Espacial e
Ativos de Informática), formato que permanece até hoje.
O setor de energia envolve muitos atores e diversas
vertentes e por isso foi subdividido em 12 (doze)
subgrupos. Um deles é o grupo da energia elétrica.
Segundo a entrevistada, foram realizadas muitas
reuniões, que às vezes são altamente produtivas, mas em
outras ocasiões se avança muito pouco. Para ela, não
haveria ganhos substanciais na participação do EB na
Segurança Cibernética. Ela acrescentou que a Política
Nacional de Segurança das ICN, apesar de ser
fundamental para o setor, ainda permanece em estudos
(SOUZA, 2012).
i) Auditora da Secretaria de Fiscalização em
Tecnologia da Informação (SEFTI) do Tribunal de
Contas da União (TCU): primeiramente a entrevistada
informou que o TCU realiza a fiscalização da gestão e
governança em TI. Segundo ela, o negócio da SEFTI é o
controle externo de TI na Administração Pública Federal
(APF). A missão é assegurar que a Tecnologia da
Informação agregue valor ao negócio da APF em
benefício da sociedade. Para ela, a governança envolve
políticas, normas e emprego dos recursos previstos em
orçamento e capacitação dos recursos humanos. Quanto à
Segurança da Informação, a SEFTI/TCU verifica como é
o controle, o acesso e a continuidade do negócio. Realiza
também auditorias nos sistemas de informação a fim de
certificar que os recursos federais estão sendo bem
aplicados na gestão de TI do órgão auditado. Com estas
atribuições, a SEFTI emite seus relatórios por meio dos
Acórdãos, que servem para toda a APF. Isto é positivo
para a segurança em TI, pois, com base no Acórdão
resultante de auditoria, o TCU pode determinar que a
APF adote determinadas medidas que serão elaboradas
pelo GSI-PR ou DSIC. Assim, muitas vezes, os Acórdãos
do TCU indicam a direção que as Instruções Normativas
do DSIC devem seguir. Com isto, a natureza
fiscalizadora do TCU consegue imprimir uma reação
positiva nos entes auditados, além de atuar em parceira
com o DSIC, fornecendo-lhe o respaldo para que a APF
cumpra os requisitos necessários a implementar uma
segurança cibernética eficaz. Entretanto, os entes
privados que controlam parte das ICN do setor elétrico
não são objeto de auditoria direta pelo TCU (QUEIROZ,
2012).
j) Oficial-General, Chefe do Escritório de
Projetos do Exército: de acordo com o entrevistado, um
dos fatores decisivos para a manutenção da ordem social
em Operações de Garantia da Lei e da Ordem, Operações
na Faixa de Fronteira e Defesa Nacional, está calcado na
continuidade do fornecimento dos serviços essenciais
para a sociedade. Esses serviços são providos por meio
das Infraestruturas Críticas Nacionais e desta reflexão
nasceu o Projeto PROTEGER. A força motriz do projeto
é articular um sistema integrado para a proteção das ICN.
Com isso, um dos objetivos do projeto é oferecer ao
Estado a capacidade nominal de antecipação e pronta-
resposta para a proteção das ICN e da sociedade. Neste
sentido, a capilaridade e presença do Exército Brasileiro,
com OM distribuídas em todo o território nacional,
aparece, como recurso ímpar ao Estado brasileiro, para
dispor de pessoal capacitado a implementar soluções que
vão desde a obtenção e gerenciamento das informações,
até a pronta resposta às situações de crise. Em situações
de crise, a integridade territorial, o bem estar da
sociedade e a estabilidade institucional estariam
ameaçados, sejam por causas externas ou internas,
naturais ou humanas. O incremento da capacidade de
proteção das ICN, somado aos sistemas de segurança
orgânica e de segurança pública já existentes, contribuirá
para mitigar os riscos que possam comprometer a
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
continuidade da prestação de serviços essenciais
em significativas parcelas do território nacional. A
concepção do projeto se fundamenta em quatro vetores
fundamentais: reconhecimento e diagnóstico,
identificação de necessidades, equipamento e instalações
e treinamento integrado a outros órgãos. Neste caso, a
proposta de preparo e emprego do EB estaria voltada para
ações de Garantia da Lei e da Ordem, com as
Organizações Militares recebendo Áreas e Subáreas de
Proteção Integrada, em uma divisão de responsabilidade
equivalente às atuais Áreas de Segurança Integrada. De
fato, o grande mérito do Projeto PROTEGER está em
realizar a sistematização do processo de proteção das
ICN, reduzindo os riscos sobre as ICN, fortalecendo o
Estado brasileiro, assegurando o bem-estar da sociedade
e elevando a capacidade operacional das Forças
Armadas. O desenvolvimento do setor cibernético no EB
é distinto do PROTEGER, mas interagem entre si e
acontecem de forma paralela (IASBECH, 2012).
Face ao exposto no presente capítulo, pode-se
inferir que a ampla maioria dos entrevistados é favorável
ao aumento da participação do EB na Segurança
Cibernética das ICN, desde que haja uma regulamentação
clara.
Verificou-se que a ABIN não possui um setor
específico para monitorar as ICN. Do mesmo modo,
apesar dessa Agência possuir uma metodologia própria
de Análise de Risco (ARENA), a mesma não está sendo
aplicada, de forma rotineira, na segurança das ICN.
Cabe destacar que o DSIC e a SAEI, apesar de
serem órgãos distintos dentro do GSI-PR, desempenham
papel de extrema relevância no gerenciamento da
segurança das ICN. Possivelmente, obteriam resultados
mais rápidos, caso houvesse um único setor que tratasse
do assunto no âmbito do GSI-PR. Por outro lado, o apoio
do TCU ao GSI-PR mostrou ser uma ferramenta que
concede maior peso às deliberações do GSI-PR, no que
tange à segurança cibernética.
O Projeto PROTEGER apresenta-se como uma
sistematização da segurança das ICN, o que contribuirá
para os trabalhos de Levantamento e Análise de Risco
das ICN na SAEI.
5 CONCLUSÃO
A estrutura de Inteligência do SISBIN não
mostrou ser eficaz no acompanhamento da proteção das
ICN do setor elétrico no Brasil. O próprio controle das
ICN está em desenvolvimento, tendo em vista que
levantamento de boa parcela das ICN permanece sendo
realizado pelos Grupos de Trabalho (GTSIC). A
multiplicidade de atores e a falta de um órgão com
vocação para centralizar, coordenar e fazer cumprir as
normas dificulta o progresso mais rápido dos trabalhos.
O Setor de Segurança Cibernética, capitaneado
pelo DSIC, mostrou-se bem estruturado e organizado,
conferindo uma grande eficiência na difusão da
mentalidade de segurança em TI no âmbito da APF. A
dificuldade que o DSIC possui, ao não ter ascendência
efetiva sobre os demais atores, vem sendo contornada
com o apoio do TCU, que lhe confere respaldo, com
caráter impositivo aos agentes do setor de energia
elétrica. Esta intervenção do TCU, via SEFTI, provoca
uma reação positiva nas empresas e nos órgãos da APF,
contribuindo para a melhora na qualidade da segurança
dos sistemas informatizados.
Entretanto, ficou latente, durante as entrevistas,
que há a necessidade de coordenação entre o DSIC e a
SAEI, pois ambos os setores estudam as ICN sob
perspectivas diferentes e realizam trabalhos estanques.
Uma oportunidade de melhoria seria a ativação de uma
estrutura dentro do GSI-PR que congregasse todos os
órgãos que tratam da segurança das ICN, seja segurança
física, seja segurança cibernética, pois elas não são
dissociadas.
Não obstante, há uma necessidade premente de
aprovação da Política de Segurança de ICN, para que o
Plano Nacional de Segurança de ICN possa ser colocado
em prática antes da ocorrência dos grandes eventos
mundiais previstos para o País sediar, a partir de 2012.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
19EsIMEx - 2º Semestre de 2012
h) Assessora da Coordenação-Geral de Cenários
Institucionais da SAEI (GSI-PR): a partir de 2006, por
determinação presidencial, foram feitos estudos a fim de
levantar a localização e a importância das ICN, além de
realizar uma análise de risco e descrever a
interdependência entre elas. Para tanto, foram articulados
Grupos de Trabalho (GT) em cada setor (Transporte,
Telecomunicações, Energia, Água e Finanças).
Posteriormente, os GT foram ampliados acrescentando
mais quatro setores (Cibernético, Nuclear, Espacial e
Ativos de Informática), formato que permanece até hoje.
O setor de energia envolve muitos atores e diversas
vertentes e por isso foi subdividido em 12 (doze)
subgrupos. Um deles é o grupo da energia elétrica.
Segundo a entrevistada, foram realizadas muitas
reuniões, que às vezes são altamente produtivas, mas em
outras ocasiões se avança muito pouco. Para ela, não
haveria ganhos substanciais na participação do EB na
Segurança Cibernética. Ela acrescentou que a Política
Nacional de Segurança das ICN, apesar de ser
fundamental para o setor, ainda permanece em estudos
(SOUZA, 2012).
i) Auditora da Secretaria de Fiscalização em
Tecnologia da Informação (SEFTI) do Tribunal de
Contas da União (TCU): primeiramente a entrevistada
informou que o TCU realiza a fiscalização da gestão e
governança em TI. Segundo ela, o negócio da SEFTI é o
controle externo de TI na Administração Pública Federal
(APF). A missão é assegurar que a Tecnologia da
Informação agregue valor ao negócio da APF em
benefício da sociedade. Para ela, a governança envolve
políticas, normas e emprego dos recursos previstos em
orçamento e capacitação dos recursos humanos. Quanto à
Segurança da Informação, a SEFTI/TCU verifica como é
o controle, o acesso e a continuidade do negócio. Realiza
também auditorias nos sistemas de informação a fim de
certificar que os recursos federais estão sendo bem
aplicados na gestão de TI do órgão auditado. Com estas
atribuições, a SEFTI emite seus relatórios por meio dos
Acórdãos, que servem para toda a APF. Isto é positivo
para a segurança em TI, pois, com base no Acórdão
resultante de auditoria, o TCU pode determinar que a
APF adote determinadas medidas que serão elaboradas
pelo GSI-PR ou DSIC. Assim, muitas vezes, os Acórdãos
do TCU indicam a direção que as Instruções Normativas
do DSIC devem seguir. Com isto, a natureza
fiscalizadora do TCU consegue imprimir uma reação
positiva nos entes auditados, além de atuar em parceira
com o DSIC, fornecendo-lhe o respaldo para que a APF
cumpra os requisitos necessários a implementar uma
segurança cibernética eficaz. Entretanto, os entes
privados que controlam parte das ICN do setor elétrico
não são objeto de auditoria direta pelo TCU (QUEIROZ,
2012).
j) Oficial-General, Chefe do Escritório de
Projetos do Exército: de acordo com o entrevistado, um
dos fatores decisivos para a manutenção da ordem social
em Operações de Garantia da Lei e da Ordem, Operações
na Faixa de Fronteira e Defesa Nacional, está calcado na
continuidade do fornecimento dos serviços essenciais
para a sociedade. Esses serviços são providos por meio
das Infraestruturas Críticas Nacionais e desta reflexão
nasceu o Projeto PROTEGER. A força motriz do projeto
é articular um sistema integrado para a proteção das ICN.
Com isso, um dos objetivos do projeto é oferecer ao
Estado a capacidade nominal de antecipação e pronta-
resposta para a proteção das ICN e da sociedade. Neste
sentido, a capilaridade e presença do Exército Brasileiro,
com OM distribuídas em todo o território nacional,
aparece, como recurso ímpar ao Estado brasileiro, para
dispor de pessoal capacitado a implementar soluções que
vão desde a obtenção e gerenciamento das informações,
até a pronta resposta às situações de crise. Em situações
de crise, a integridade territorial, o bem estar da
sociedade e a estabilidade institucional estariam
ameaçados, sejam por causas externas ou internas,
naturais ou humanas. O incremento da capacidade de
proteção das ICN, somado aos sistemas de segurança
orgânica e de segurança pública já existentes, contribuirá
para mitigar os riscos que possam comprometer a
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
continuidade da prestação de serviços essenciais
em significativas parcelas do território nacional. A
concepção do projeto se fundamenta em quatro vetores
fundamentais: reconhecimento e diagnóstico,
identificação de necessidades, equipamento e instalações
e treinamento integrado a outros órgãos. Neste caso, a
proposta de preparo e emprego do EB estaria voltada para
ações de Garantia da Lei e da Ordem, com as
Organizações Militares recebendo Áreas e Subáreas de
Proteção Integrada, em uma divisão de responsabilidade
equivalente às atuais Áreas de Segurança Integrada. De
fato, o grande mérito do Projeto PROTEGER está em
realizar a sistematização do processo de proteção das
ICN, reduzindo os riscos sobre as ICN, fortalecendo o
Estado brasileiro, assegurando o bem-estar da sociedade
e elevando a capacidade operacional das Forças
Armadas. O desenvolvimento do setor cibernético no EB
é distinto do PROTEGER, mas interagem entre si e
acontecem de forma paralela (IASBECH, 2012).
Face ao exposto no presente capítulo, pode-se
inferir que a ampla maioria dos entrevistados é favorável
ao aumento da participação do EB na Segurança
Cibernética das ICN, desde que haja uma regulamentação
clara.
Verificou-se que a ABIN não possui um setor
específico para monitorar as ICN. Do mesmo modo,
apesar dessa Agência possuir uma metodologia própria
de Análise de Risco (ARENA), a mesma não está sendo
aplicada, de forma rotineira, na segurança das ICN.
Cabe destacar que o DSIC e a SAEI, apesar de
serem órgãos distintos dentro do GSI-PR, desempenham
papel de extrema relevância no gerenciamento da
segurança das ICN. Possivelmente, obteriam resultados
mais rápidos, caso houvesse um único setor que tratasse
do assunto no âmbito do GSI-PR. Por outro lado, o apoio
do TCU ao GSI-PR mostrou ser uma ferramenta que
concede maior peso às deliberações do GSI-PR, no que
tange à segurança cibernética.
O Projeto PROTEGER apresenta-se como uma
sistematização da segurança das ICN, o que contribuirá
para os trabalhos de Levantamento e Análise de Risco
das ICN na SAEI.
5 CONCLUSÃO
A estrutura de Inteligência do SISBIN não
mostrou ser eficaz no acompanhamento da proteção das
ICN do setor elétrico no Brasil. O próprio controle das
ICN está em desenvolvimento, tendo em vista que
levantamento de boa parcela das ICN permanece sendo
realizado pelos Grupos de Trabalho (GTSIC). A
multiplicidade de atores e a falta de um órgão com
vocação para centralizar, coordenar e fazer cumprir as
normas dificulta o progresso mais rápido dos trabalhos.
O Setor de Segurança Cibernética, capitaneado
pelo DSIC, mostrou-se bem estruturado e organizado,
conferindo uma grande eficiência na difusão da
mentalidade de segurança em TI no âmbito da APF. A
dificuldade que o DSIC possui, ao não ter ascendência
efetiva sobre os demais atores, vem sendo contornada
com o apoio do TCU, que lhe confere respaldo, com
caráter impositivo aos agentes do setor de energia
elétrica. Esta intervenção do TCU, via SEFTI, provoca
uma reação positiva nas empresas e nos órgãos da APF,
contribuindo para a melhora na qualidade da segurança
dos sistemas informatizados.
Entretanto, ficou latente, durante as entrevistas,
que há a necessidade de coordenação entre o DSIC e a
SAEI, pois ambos os setores estudam as ICN sob
perspectivas diferentes e realizam trabalhos estanques.
Uma oportunidade de melhoria seria a ativação de uma
estrutura dentro do GSI-PR que congregasse todos os
órgãos que tratam da segurança das ICN, seja segurança
física, seja segurança cibernética, pois elas não são
dissociadas.
Não obstante, há uma necessidade premente de
aprovação da Política de Segurança de ICN, para que o
Plano Nacional de Segurança de ICN possa ser colocado
em prática antes da ocorrência dos grandes eventos
mundiais previstos para o País sediar, a partir de 2012.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
20 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Os resultados dos questionários quantitativos
apontam também para a percepção de que, caso o SIEx
possua recursos humanos capacitados e material adequado,
poderá apoiar o acompanhamento da proteção às ICN do
setor elétrico. Na verdade, a pesquisa bibliográfica e a
entrevista com Teixeira (2012) e Fontenele (2012) indicam
que esta já é uma atribuição do SIEx e que, somente estará
sendo agregado o valor do setor cibernético, como meio de
obtenção de dados e como ambiente operacional. Ficou
bastante claro, também, que este apoio deverá ser sob
forma de cooperação, de parceria, a fim de não ferir
suscetibilidades entre as entidades. O amparo legal para
este apoio fundamenta-se na própria missão constitucional
das Forças Armadas, bem como nas diretrizes traçadas pela
Estratégia Nacional de Defesa.
A possibilidade de o setor cibernético de Defesa
apoiar a segurança das ICN do setor elétrico, ainda é
bastante incipiente, haja vista o estado embrionário o qual
se encontra o CDCiber. No entanto, já se vislumbra que,
no futuro, o CDCiber poderá tornar-se o Comando de
Defesa Cibernética do Ministério da Defesa e a partir daí
ter um alcance maior. Saliente-se que, mesmo em estágio
de implantação, o CDCiber, em 2012, passou muito bem
por seu primeiro teste, no gerenciamento da segurança
cibernética da Conferência Mundial “Rio+20”, em
parceria com órgãos públicos e privados. Verificou-se, na
prática, a integração entre setor público militar e civil e
órgãos privados direcionados para proteção cibernética,
obtendo multiplicidade nos resultados alcançados.
As vulnerabilidades existentes no setor
cibernético das ICN do setor elétrico são primordialmente
calcadas no tipo de controle automatizado que as
empresas utilizam cada vez mais. Para tanto, a segurança
dos softwares utilizados e os meios de transmissão dos
dados merece atenção especial por parte do Estado, a fim
de impedir qualquer tentativa de intrusão nos sistemas e
proteger a sociedade.
As análises de risco das ICN do setor elétrico
ainda não foram realizadas por falta de coordenação e
pela lentidão na execução dos trabalhos dos grupos
técnicos formados com esta finalidade. Paralelamente, o
não aproveitamento da metodologia ARENA
desenvolvida pela ABIN demonstra o pouco sincronismo
nas ações integradoras da SAEI com a ABIN e o DSIC.
Após a reflexão conclusiva, as propostas de ações a
serem adotadas pelas entidades responsáveis são as
seguintes:
- unificar, no âmbito do GSI-PR, em uma
Secretaria (ou similar) a coordenação dos trabalhos de
segurança das ICN, inclusive a parte de segurança
cibernética. Este órgão deveria englobar todos os demais
órgãos relacionados com o tema, com estabelecimento de
metas, a fim de permitir uma avaliação do ritmo de
desenvolvimento dos trabalhos;
- a fim de permitir a maior inserção do setor
cibernético de defesa na segurança cibernética das ICN,
poderia ser formalizado, oportunamente, um termo de
cooperação ou convênio entre o Ministério da Defesa e o
Ministério das Minas e Energia, com a concordância das
agências reguladoras. Desta maneira, o SIEx e CDCiber
teriam um instrumento legal para melhor acompanhar e
difundir as boas práticas em segurança de TI para os
agentes do setor elétrico;
- no âmbito do Ministério da Defesa, a ação de
segurança cibernética deveria ser acrescida para as Forças
Armadas, além da ação de Defesa Cibernética já prevista;
- executar exercícios simulados de Guerra
Cibernética no âmbito do MD envolvendo Comandos
Militares de Área em operações conjuntas. Em um
primeiro momento, bastaria inserir o tema cibernético nas
operações conjuntas já planejadas; e
- prosseguir na implantação do Projeto
PROTEGER, o qual permitirá um avanço significativo na
efetiva coordenação da proteção às ICN.
Devido à interdependência estabelecida entre
estas infraestruturas críticas, toda a sociedade está
exposta às ameaças de segurança. Para proteger as ICN
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
de ataques cibernéticos, o Estado deve melhor
coordenar suas ações para manter os objetivos de
segurança para as redes automatizadas de operação.
O Estado necessita adotar medidas, no curto
prazo, para acelerar o processo de Proteção das ICN,
consolidando o setor cibernético no Ministério da Defesa
e capacitando seus recursos humanos. Com o apoio do
GSI-PR, particularmente do DSIC, poderá conscientizar
os usuários de TI das ICN acerca da mentalidade de
segurança a ser incorporada. Entretanto, a unificação de
esforços é vital para dirimir eventuais morosidades
facilmente encontradas em relações tão complexas
quanto as estudadas até aqui.
Por último, é imprescindível a coordenação
eficaz da proteção das Infraestruturas Críticas Nacionais
para que o país não permaneça vulnerável a atores hostis,
cujas motivações sejam suficientes para deflagrarem um
ataque cibernético contra redes do setor elétrico,
principalmente no momento em grandes eventos
mundiais estão sendo realizados no Brasil.
REFERÊNCIASBRASIL. Conselho de Defesa Nacional. Secretaria Executiva. Portaria nº 34, de 5 de Agosto de 2009: Institui Grupo de Trabalho de Segurança das Infraestruturas Críticas da Informação, no âmbito do Comitê Gestor de Segurança da Informação – CGSI. Brasília, 2009. Disponível em <http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp? jornal=1&pagina=4&data=06/08/2009>. Acesso em: 2 jun. 2012._____. Constituição da República Federativa do Brasil 15. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. Promulgada em 05 out. 1988. Versão atualizada até as Emendas Complementares 41 e 42 de 2003.______. Ministério da Defesa. Doutrina Militar de Defesa - MD51-M-04, 2. ed. Brasília, 2007.______. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa - END, Brasília,2008. 59 p.______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Minuta de Nota de Coordenação Doutrinária ao I Seminário de Defesa Cibernética do Ministério da Defesa. Brasília, 2010._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 2.335 de 6 de Outubro de 1997: Constitui a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, autarquia sob regime especial, aprova sua Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e Funções de Confiança e dá outras providências. Brasília, 1997. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2335.HTM>. Acesso 10 junho 2012a._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 3.505, de 13 de junho de 2000: Institui a política de segurança da informação nos órgãos e entidades da administração pública federal.Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3505.htm>. Acesso em 2 junho 2012b._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos Jurídicos. Decreto nº 6540, de 13 set. 2008 – Altera o SISBIN. Disponível em < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6540.htm#art4 > Acesso em 5 maio 2012c._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 4801, de 6 ago. 2003 - Cria a Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional, do Conselho de Governo. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4801.htm> Acesso em 5 maio 2012d._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.183 de 11 de abril de 1991: Dispõe sobre a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional (CDN). Brasília, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8183.htm>. Acesso 30 maio 2012e._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Medida Provisória nº 2216-37 de 31 de Agosto de 2001: Altera dispositivos da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. Brasília, 2001. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2216-37.htm>. Acesso 3 junho 2012f._____. Presidência da República. Estrutura da Presidência. Disponível em <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/estrutura-da-presidencia>. Acesso em 18 mar 2012g._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Estrutura da ABIN. Disponível em http://www.gsi.gov.br/sobre/estrutura/abin>. Acesso em 18 Mar 2012h._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 7411, de 29 dez. 2010 – Dispõe sobre remanejamento de cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Gratificações de Exercício em Cargo de Confiança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; altera o Anexo II do Decreto no 7.063, de 13 de janeiro de 2010, e dá outras providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7411.htm > Acesso em 5 maio 2012i._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Departamento de Segurança da Informação e Comunicações. Livro verde: segurança cibernética no Brasil / Gabinete de Segurança Institucional,
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
21EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Os resultados dos questionários quantitativos
apontam também para a percepção de que, caso o SIEx
possua recursos humanos capacitados e material adequado,
poderá apoiar o acompanhamento da proteção às ICN do
setor elétrico. Na verdade, a pesquisa bibliográfica e a
entrevista com Teixeira (2012) e Fontenele (2012) indicam
que esta já é uma atribuição do SIEx e que, somente estará
sendo agregado o valor do setor cibernético, como meio de
obtenção de dados e como ambiente operacional. Ficou
bastante claro, também, que este apoio deverá ser sob
forma de cooperação, de parceria, a fim de não ferir
suscetibilidades entre as entidades. O amparo legal para
este apoio fundamenta-se na própria missão constitucional
das Forças Armadas, bem como nas diretrizes traçadas pela
Estratégia Nacional de Defesa.
A possibilidade de o setor cibernético de Defesa
apoiar a segurança das ICN do setor elétrico, ainda é
bastante incipiente, haja vista o estado embrionário o qual
se encontra o CDCiber. No entanto, já se vislumbra que,
no futuro, o CDCiber poderá tornar-se o Comando de
Defesa Cibernética do Ministério da Defesa e a partir daí
ter um alcance maior. Saliente-se que, mesmo em estágio
de implantação, o CDCiber, em 2012, passou muito bem
por seu primeiro teste, no gerenciamento da segurança
cibernética da Conferência Mundial “Rio+20”, em
parceria com órgãos públicos e privados. Verificou-se, na
prática, a integração entre setor público militar e civil e
órgãos privados direcionados para proteção cibernética,
obtendo multiplicidade nos resultados alcançados.
As vulnerabilidades existentes no setor
cibernético das ICN do setor elétrico são primordialmente
calcadas no tipo de controle automatizado que as
empresas utilizam cada vez mais. Para tanto, a segurança
dos softwares utilizados e os meios de transmissão dos
dados merece atenção especial por parte do Estado, a fim
de impedir qualquer tentativa de intrusão nos sistemas e
proteger a sociedade.
As análises de risco das ICN do setor elétrico
ainda não foram realizadas por falta de coordenação e
pela lentidão na execução dos trabalhos dos grupos
técnicos formados com esta finalidade. Paralelamente, o
não aproveitamento da metodologia ARENA
desenvolvida pela ABIN demonstra o pouco sincronismo
nas ações integradoras da SAEI com a ABIN e o DSIC.
Após a reflexão conclusiva, as propostas de ações a
serem adotadas pelas entidades responsáveis são as
seguintes:
- unificar, no âmbito do GSI-PR, em uma
Secretaria (ou similar) a coordenação dos trabalhos de
segurança das ICN, inclusive a parte de segurança
cibernética. Este órgão deveria englobar todos os demais
órgãos relacionados com o tema, com estabelecimento de
metas, a fim de permitir uma avaliação do ritmo de
desenvolvimento dos trabalhos;
- a fim de permitir a maior inserção do setor
cibernético de defesa na segurança cibernética das ICN,
poderia ser formalizado, oportunamente, um termo de
cooperação ou convênio entre o Ministério da Defesa e o
Ministério das Minas e Energia, com a concordância das
agências reguladoras. Desta maneira, o SIEx e CDCiber
teriam um instrumento legal para melhor acompanhar e
difundir as boas práticas em segurança de TI para os
agentes do setor elétrico;
- no âmbito do Ministério da Defesa, a ação de
segurança cibernética deveria ser acrescida para as Forças
Armadas, além da ação de Defesa Cibernética já prevista;
- executar exercícios simulados de Guerra
Cibernética no âmbito do MD envolvendo Comandos
Militares de Área em operações conjuntas. Em um
primeiro momento, bastaria inserir o tema cibernético nas
operações conjuntas já planejadas; e
- prosseguir na implantação do Projeto
PROTEGER, o qual permitirá um avanço significativo na
efetiva coordenação da proteção às ICN.
Devido à interdependência estabelecida entre
estas infraestruturas críticas, toda a sociedade está
exposta às ameaças de segurança. Para proteger as ICN
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
de ataques cibernéticos, o Estado deve melhor
coordenar suas ações para manter os objetivos de
segurança para as redes automatizadas de operação.
O Estado necessita adotar medidas, no curto
prazo, para acelerar o processo de Proteção das ICN,
consolidando o setor cibernético no Ministério da Defesa
e capacitando seus recursos humanos. Com o apoio do
GSI-PR, particularmente do DSIC, poderá conscientizar
os usuários de TI das ICN acerca da mentalidade de
segurança a ser incorporada. Entretanto, a unificação de
esforços é vital para dirimir eventuais morosidades
facilmente encontradas em relações tão complexas
quanto as estudadas até aqui.
Por último, é imprescindível a coordenação
eficaz da proteção das Infraestruturas Críticas Nacionais
para que o país não permaneça vulnerável a atores hostis,
cujas motivações sejam suficientes para deflagrarem um
ataque cibernético contra redes do setor elétrico,
principalmente no momento em grandes eventos
mundiais estão sendo realizados no Brasil.
REFERÊNCIASBRASIL. Conselho de Defesa Nacional. Secretaria Executiva. Portaria nº 34, de 5 de Agosto de 2009: Institui Grupo de Trabalho de Segurança das Infraestruturas Críticas da Informação, no âmbito do Comitê Gestor de Segurança da Informação – CGSI. Brasília, 2009. Disponível em <http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp? jornal=1&pagina=4&data=06/08/2009>. Acesso em: 2 jun. 2012._____. Constituição da República Federativa do Brasil 15. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. Promulgada em 05 out. 1988. Versão atualizada até as Emendas Complementares 41 e 42 de 2003.______. Ministério da Defesa. Doutrina Militar de Defesa - MD51-M-04, 2. ed. Brasília, 2007.______. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa - END, Brasília,2008. 59 p.______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Minuta de Nota de Coordenação Doutrinária ao I Seminário de Defesa Cibernética do Ministério da Defesa. Brasília, 2010._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 2.335 de 6 de Outubro de 1997: Constitui a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, autarquia sob regime especial, aprova sua Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e Funções de Confiança e dá outras providências. Brasília, 1997. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2335.HTM>. Acesso 10 junho 2012a._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 3.505, de 13 de junho de 2000: Institui a política de segurança da informação nos órgãos e entidades da administração pública federal.Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3505.htm>. Acesso em 2 junho 2012b._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos Jurídicos. Decreto nº 6540, de 13 set. 2008 – Altera o SISBIN. Disponível em < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6540.htm#art4 > Acesso em 5 maio 2012c._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 4801, de 6 ago. 2003 - Cria a Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional, do Conselho de Governo. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4801.htm> Acesso em 5 maio 2012d._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.183 de 11 de abril de 1991: Dispõe sobre a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional (CDN). Brasília, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8183.htm>. Acesso 30 maio 2012e._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Medida Provisória nº 2216-37 de 31 de Agosto de 2001: Altera dispositivos da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. Brasília, 2001. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2216-37.htm>. Acesso 3 junho 2012f._____. Presidência da República. Estrutura da Presidência. Disponível em <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/estrutura-da-presidencia>. Acesso em 18 mar 2012g._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Estrutura da ABIN. Disponível em http://www.gsi.gov.br/sobre/estrutura/abin>. Acesso em 18 Mar 2012h._____. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 7411, de 29 dez. 2010 – Dispõe sobre remanejamento de cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Gratificações de Exercício em Cargo de Confiança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; altera o Anexo II do Decreto no 7.063, de 13 de janeiro de 2010, e dá outras providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7411.htm > Acesso em 5 maio 2012i._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Departamento de Segurança da Informação e Comunicações. Livro verde: segurança cibernética no Brasil / Gabinete de Segurança Institucional,
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
22 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Departamento de Segurança da Informação e Comunicações; Claudia Canongia e Raphael Mandarino Junior (Org.) – Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010. 63 p._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Departamento de Segurança da Informação e Comunicações. Guia de Referência para Segurança da Informação e Comunicações/ Gabinete de Segurança Institucional, Departamento de Segurança da Informação e Comunicações; organização Claudia Canongia, Admílson Gonçalves Júnior e Raphael Mandarino Júnior. – Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010 (b). 151 p.BRANQUINHO, Marcelo. O uso de padrões abertos para proteção de sistemas SCADA e de automação. Palestra. Nov 2011. Rio de Janeiro.CANONGIA, Cláudia; MANDARINO Jr, Raphael. Segurança Cibernética: o Desafio da Nova Sociedade da Informação. Revista Parcerias Estratégicas.Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) no Ministério da Ciência e Tecnologia, dez. 2009, V. 14, n. 29, P 21-46. ISSN 1413-9375. CANONGIA, Cláudia. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.CARNEIRO, João Marinonio Enke. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.CARMO, E. K. A Guerra Cibernética e a Contrainteligência Virtual. [S.I.] set. 2011. Monografia de Conclusão de Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (Especialização). Escola Superior de Guerra. Rio de Janeiro, 2011CARVALHO, Paulo Sergio Melo de. A Defesa Cibernética e as Infraestruturas Críticas Nacionais. Artigo Científico. Brasília, 2011. 20 f.CARVALHO, Paulo Sergio Melo de. O Setor Cibernético nas Forças Armadas Brasileiras. Desafios Estratégicos para a Segurança e Defesa Cibernética.Anais. Brasília, 2011b. P. 13-36.CLARKE, Richard A; KNAKE, Robert K. Cyberwar: the next threat to national security and what to do about it. New York, USA: Harper Collins, 2010, 290 p, ISBN 978-0-06-196223-3.COUTINHO, Maurílio Pereira. Detecção de Ataques em Infraestruturas Críticas de Sistemas Elétricos em Potência usando técnicas inteligentes. Tese de Doutorado. Out. 2007. Universidade Federal de Itajubá, MG. 259 fl.DARTORA, Jurandir; FRANÇA, Amauri Terres. Integração de sistemas digitais para teleoperação de usinas. 3º Simpósio de Especialistas em Operação de Centrais hidrelétricas. Nov. 2002. Foz do Iguaçu, PR.DEMETERCO, Fernando Antônio. Segurança das Infraestruturas Críticas. In: Ciclo de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 10. 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ECEME, 2011. 18 p. DEMETERCO, Fernando Antônio. Segurança das Infraestruturas Críticas. In: Ciclo de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 10. 2011, Rio de Janeiro. Palestra. Disponível em: <http://www.eceme.ensino.eb.br/ciclodeestudosestrategicos/index.php/CEE/XCEE/paper/download/2/5> Acesso em: 10 jun. 2012.DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES DO GSIPR. Instrução Normativa GSI No. 1, de 13 de junho de 2008: Disciplina a gestão de segurança da informação e comunicações na administração pública federal, direta e indireta, e dá outras providências. Brasília, junho 2008. Publicada no DOU No. 115, de 18 Jun 2008 – Seção 1. Disponível em: <http://dsic.planalto.gov.br/legislacaodsic>. Acesso em: 12 mar. 2012.DINIZ, Eugenio. CONSIDERAÇÕES SOBRE A POSSIBILIDADE DE ATENTADOS TERRORISTAS NO BRASIL - II ENCONTRO DE ESTUDOS TERRORISMO - Brasília Julho – 2004. II Encontro de Estudos: Terrorismo. – Brasília: Gabinete de Segurança Institucional; Secretaria de Acompanhamento e Estudos Institucionais, 2004. 123p. (Pg 15-46) DO CARMO, Euzimar Knippel. O Sistema de Defesa Cibernético Brasileiro – Uma Proposta – Brasília: O autor, 2011. 120 p.; Ilustrado; 25 cm. Monografia (especialização) – Universidade de Brasília. Instituto de Ciências Exatas. Departamento de Ciência da Computação, 2011.ENTREVISTA com o Cyberczar brasileiro. Revista Galileu. Disponível em < http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87000-7833-216,00-ENTREVISTA+ COM+O+CYBERCZAR+BRASILEIRO.html> Acesso em 14 jun. 2012.ELETROBRAS. O papel da Eletrobras. Disponível em < http://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS641DB632PTBRIE.htm> Acesso em: 14 jun. 2012a.
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MANDARINO JR, Raphael. Segurança e Defesa do Espaço Cibernético Brasileiro. Recife: Cubzac, 2010. 182 p. il. ISBN: 978-85-61293-13-0.MENDES, Gualter Carvalho. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.OLIVEIRA, Luiz Guilherme de. Tendências Tecnológicas do Setor Elétrico. Inovação tecnológica no setor elétrico brasileiro: uma avaliação do programa de P&D regulado pela Aneel. Fabiano Mezadre Pompermayer, Fernanda De Negri, Luiz Ricardo Cavalcante (Org.), Brasília: Ipea, p. 55 - 87, 2011. Disponível em < http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_inovacatecnologica.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012. OLIVEIRA, João Roberto de. Sistema de Segurança e Defesa Cibernética Nacional: Abordagem com Foco nas Atividades Relacionadas com a Defesa Nacional. Desafios estratégicos para segurança e defesa cibernética. Otávio Santana Rêgo Barros, Ulisses de Mesquita Gomes e Whitney Lacerda de Freitas (Org.), Brasília: Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2011. P. 105-128. ISBN 978-85-85142-32-2.QUEIROZ, Roberta. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.SÁ, Nelson de. General detalha implantação do Centro de Defesa Cibernética, novo órgão brasileiro. 7 maio 2012. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/tec/1085498-general-detalha-implantacao-do-centro-de-defesa-cibernetica-novo-orgao-brasileiro.shtml> Acesso em: 12 maio 2012.SILVA, Pedro Jorge S. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.SOUZA, Regina Maria de Felice. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.TEIXEIRA, Carlos Augusto Ramires. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.TRIBUNAL, de Contas da União. Organização. Disponível em < http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/institucional/conheca_tcu/institucional_competencias> Acesso em: 9 jun. 2012.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ALEXANDRE FERNANDES LOBO NOGUEIRA3
1 INTRODUÇÃO
A Guerra Cibernética é tema ainda pouco
conhecido, mas ações cibernéticas já são evidentes em
conflitos recentes. Efeitos valiosos dessa dimensão
virtual têm motivado pesquisas e estudos sobre o assunto,
embora a experiência das lições práticas ainda sejam
insipientes.
As redes e os computadores hospedam volume de
dados e informações que correspondem a quase 48 GB
por habitante da Terra (CARR,2011). Além dos dados, os
sistemas críticos que controlam as atividades principais
3Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro,
Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas negras (AMAN),Graduado em Engenharia da Computação pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).
da humanidade estão baseados em computadores
interconectados e, muitos deles, interligados às redes
mundiais. Nesse ponto está a causa raiz da grande
vulnerabilidade promovida pelo ambiente cibernético.
Conforme Alvim e Heidi Toffler (1995), o Conhecimento
e a Informação são componentes de desequilíbrio na
competição universal desde o final do século XX.
A ligação exponencial de redes e computadores
cria um ambiente computacional de múltiplas
possibilidades. O espaço multidimensional das redes
interconectadas é de difícil controle, sendo favorável à
dissimulação e ao anonimato, permeado de
vulnerabilidades. Por isso, o domínio cibernético
possibilita atos ofensivos inteligentemente arquitetados,
sem que os agressores sejam facilmente identificados ou
responsabilizados.
RESUMO
As inovações na computação e nas infraestruturas de redes do mundo conectado possibilitam o emprego de forças
em conflitos conhecidos como Guerra Cibernética. Esse novo domínio permite que ocorram confrontos que podem se
refletir na dimensão virtual e no mundo real.
Esse cenário impõe mudanças de conceitos, legislações, doutrinas e forma de combater. Entre os
aperfeiçoamentos necessários encontra-se o Sistema Operacional Inteligência. Esse trabalho estuda a Inteligência
Cibernética no cenário e frente aos atores virtuais, onde a antecipação, a previsão e o direcionamento preciso da
Inteligência será fator de desequilíbrio.
Os principais casos recentes de conflitos cibernéticos são estudados para identificar as atuações da Inteligência,
buscando-se novos parâmetros que possam ser adicionados à Doutrina de Inteligência. As capacidades da Inteligência
Cibernética são analisadas, indicando-se referenciais para preparação dos recursos humanos para o contexto da Análise de
Inteligência Cibernética. Como resultados, são elaboradas propostas de fluxos de dados para a Inteligência Cibernética,
modelos de sumário de informações cibernéticas, atribuições para órgãos que atuam nesse segmento no Exército,
indicações de competências para os Analistas de Inteligência Cibernética e Repertório de Conhecimentos Necessários.
A INTELIGÊNCIA MILITAR NA DEFESA CIBERNÉTICA: UM ESTUDO SOBRE AS POSSIBLIDADES DE APOIO DA INTELIGÊNCIA AOS PLANEJAMENTOS DAS
AÇÕES DE DEFESA CIBERNÉTICA
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
23EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Departamento de Segurança da Informação e Comunicações; Claudia Canongia e Raphael Mandarino Junior (Org.) – Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010. 63 p._____. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Departamento de Segurança da Informação e Comunicações. Guia de Referência para Segurança da Informação e Comunicações/ Gabinete de Segurança Institucional, Departamento de Segurança da Informação e Comunicações; organização Claudia Canongia, Admílson Gonçalves Júnior e Raphael Mandarino Júnior. – Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010 (b). 151 p.BRANQUINHO, Marcelo. O uso de padrões abertos para proteção de sistemas SCADA e de automação. Palestra. Nov 2011. Rio de Janeiro.CANONGIA, Cláudia; MANDARINO Jr, Raphael. Segurança Cibernética: o Desafio da Nova Sociedade da Informação. Revista Parcerias Estratégicas.Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) no Ministério da Ciência e Tecnologia, dez. 2009, V. 14, n. 29, P 21-46. ISSN 1413-9375. CANONGIA, Cláudia. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.CARNEIRO, João Marinonio Enke. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.CARMO, E. K. A Guerra Cibernética e a Contrainteligência Virtual. [S.I.] set. 2011. Monografia de Conclusão de Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (Especialização). Escola Superior de Guerra. Rio de Janeiro, 2011CARVALHO, Paulo Sergio Melo de. A Defesa Cibernética e as Infraestruturas Críticas Nacionais. Artigo Científico. Brasília, 2011. 20 f.CARVALHO, Paulo Sergio Melo de. O Setor Cibernético nas Forças Armadas Brasileiras. Desafios Estratégicos para a Segurança e Defesa Cibernética.Anais. Brasília, 2011b. P. 13-36.CLARKE, Richard A; KNAKE, Robert K. Cyberwar: the next threat to national security and what to do about it. New York, USA: Harper Collins, 2010, 290 p, ISBN 978-0-06-196223-3.COUTINHO, Maurílio Pereira. Detecção de Ataques em Infraestruturas Críticas de Sistemas Elétricos em Potência usando técnicas inteligentes. Tese de Doutorado. Out. 2007. Universidade Federal de Itajubá, MG. 259 fl.DARTORA, Jurandir; FRANÇA, Amauri Terres. Integração de sistemas digitais para teleoperação de usinas. 3º Simpósio de Especialistas em Operação de Centrais hidrelétricas. Nov. 2002. Foz do Iguaçu, PR.DEMETERCO, Fernando Antônio. Segurança das Infraestruturas Críticas. In: Ciclo de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 10. 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ECEME, 2011. 18 p. DEMETERCO, Fernando Antônio. Segurança das Infraestruturas Críticas. In: Ciclo de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 10. 2011, Rio de Janeiro. Palestra. Disponível em: <http://www.eceme.ensino.eb.br/ciclodeestudosestrategicos/index.php/CEE/XCEE/paper/download/2/5> Acesso em: 10 jun. 2012.DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES DO GSIPR. Instrução Normativa GSI No. 1, de 13 de junho de 2008: Disciplina a gestão de segurança da informação e comunicações na administração pública federal, direta e indireta, e dá outras providências. Brasília, junho 2008. Publicada no DOU No. 115, de 18 Jun 2008 – Seção 1. Disponível em: <http://dsic.planalto.gov.br/legislacaodsic>. Acesso em: 12 mar. 2012.DINIZ, Eugenio. CONSIDERAÇÕES SOBRE A POSSIBILIDADE DE ATENTADOS TERRORISTAS NO BRASIL - II ENCONTRO DE ESTUDOS TERRORISMO - Brasília Julho – 2004. II Encontro de Estudos: Terrorismo. – Brasília: Gabinete de Segurança Institucional; Secretaria de Acompanhamento e Estudos Institucionais, 2004. 123p. (Pg 15-46) DO CARMO, Euzimar Knippel. O Sistema de Defesa Cibernético Brasileiro – Uma Proposta – Brasília: O autor, 2011. 120 p.; Ilustrado; 25 cm. Monografia (especialização) – Universidade de Brasília. Instituto de Ciências Exatas. Departamento de Ciência da Computação, 2011.ENTREVISTA com o Cyberczar brasileiro. Revista Galileu. Disponível em < http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87000-7833-216,00-ENTREVISTA+ COM+O+CYBERCZAR+BRASILEIRO.html> Acesso em 14 jun. 2012.ELETROBRAS. O papel da Eletrobras. Disponível em < http://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS641DB632PTBRIE.htm> Acesso em: 14 jun. 2012a.
ELETROBRAS. Nossas empresas. Disponível em < http://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMISBF7839BFPTBRIE.htm > Acesso em: 14 jun. 2012b. ELIPSE. Empresa de Software para supervisão e controle de processos. Disponível em < http://www.elipse.com.br/noticia_int.aspx?id=967&idioma=1>. Acesso em: 2 Jun. 2012.
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio eletrônico: século XXI. V.3.0. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1999. CD-ROM.FILHO, Braz Campanholo. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.FONTENELE, Marcelo Paiva. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.GUARINI, Priscilla de Castro. Esquemas de Controle de segurança aplicados à operação do sistema interligado nacional. 2007. 95 f. Monografia (graduação). Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Departamento de Engenharia Elétrica, Rio de Janeiro, RJ, Dez. 2007.IASBECH, José Fernando. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.MANDARINO JR, Raphael. Um Estudo sobre a Segurança e a Defesa do Espaço Cibernético Brasileiro. 2009. 156 f. Monografia (especialização). Universidade de Brasília (UnB). Departamento de Ciência da Computação –DCE, Brasília, DF, Jun. 2009.
MANDARINO JR, Raphael. Segurança e Defesa do Espaço Cibernético Brasileiro. Recife: Cubzac, 2010. 182 p. il. ISBN: 978-85-61293-13-0.MENDES, Gualter Carvalho. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.OLIVEIRA, Luiz Guilherme de. Tendências Tecnológicas do Setor Elétrico. Inovação tecnológica no setor elétrico brasileiro: uma avaliação do programa de P&D regulado pela Aneel. Fabiano Mezadre Pompermayer, Fernanda De Negri, Luiz Ricardo Cavalcante (Org.), Brasília: Ipea, p. 55 - 87, 2011. Disponível em < http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_inovacatecnologica.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012. OLIVEIRA, João Roberto de. Sistema de Segurança e Defesa Cibernética Nacional: Abordagem com Foco nas Atividades Relacionadas com a Defesa Nacional. Desafios estratégicos para segurança e defesa cibernética. Otávio Santana Rêgo Barros, Ulisses de Mesquita Gomes e Whitney Lacerda de Freitas (Org.), Brasília: Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2011. P. 105-128. ISBN 978-85-85142-32-2.QUEIROZ, Roberta. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.SÁ, Nelson de. General detalha implantação do Centro de Defesa Cibernética, novo órgão brasileiro. 7 maio 2012. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/tec/1085498-general-detalha-implantacao-do-centro-de-defesa-cibernetica-novo-orgao-brasileiro.shtml> Acesso em: 12 maio 2012.SILVA, Pedro Jorge S. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.SOUZA, Regina Maria de Felice. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.TEIXEIRA, Carlos Augusto Ramires. 2012. Entrevista concedida a Luis Henrique Santos Franco.TRIBUNAL, de Contas da União. Organização. Disponível em < http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/institucional/conheca_tcu/institucional_competencias> Acesso em: 9 jun. 2012.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ALEXANDRE FERNANDES LOBO NOGUEIRA3
1 INTRODUÇÃO
A Guerra Cibernética é tema ainda pouco
conhecido, mas ações cibernéticas já são evidentes em
conflitos recentes. Efeitos valiosos dessa dimensão
virtual têm motivado pesquisas e estudos sobre o assunto,
embora a experiência das lições práticas ainda sejam
insipientes.
As redes e os computadores hospedam volume de
dados e informações que correspondem a quase 48 GB
por habitante da Terra (CARR,2011). Além dos dados, os
sistemas críticos que controlam as atividades principais
3Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro,
Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas negras (AMAN),Graduado em Engenharia da Computação pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).
da humanidade estão baseados em computadores
interconectados e, muitos deles, interligados às redes
mundiais. Nesse ponto está a causa raiz da grande
vulnerabilidade promovida pelo ambiente cibernético.
Conforme Alvim e Heidi Toffler (1995), o Conhecimento
e a Informação são componentes de desequilíbrio na
competição universal desde o final do século XX.
A ligação exponencial de redes e computadores
cria um ambiente computacional de múltiplas
possibilidades. O espaço multidimensional das redes
interconectadas é de difícil controle, sendo favorável à
dissimulação e ao anonimato, permeado de
vulnerabilidades. Por isso, o domínio cibernético
possibilita atos ofensivos inteligentemente arquitetados,
sem que os agressores sejam facilmente identificados ou
responsabilizados.
RESUMO
As inovações na computação e nas infraestruturas de redes do mundo conectado possibilitam o emprego de forças
em conflitos conhecidos como Guerra Cibernética. Esse novo domínio permite que ocorram confrontos que podem se
refletir na dimensão virtual e no mundo real.
Esse cenário impõe mudanças de conceitos, legislações, doutrinas e forma de combater. Entre os
aperfeiçoamentos necessários encontra-se o Sistema Operacional Inteligência. Esse trabalho estuda a Inteligência
Cibernética no cenário e frente aos atores virtuais, onde a antecipação, a previsão e o direcionamento preciso da
Inteligência será fator de desequilíbrio.
Os principais casos recentes de conflitos cibernéticos são estudados para identificar as atuações da Inteligência,
buscando-se novos parâmetros que possam ser adicionados à Doutrina de Inteligência. As capacidades da Inteligência
Cibernética são analisadas, indicando-se referenciais para preparação dos recursos humanos para o contexto da Análise de
Inteligência Cibernética. Como resultados, são elaboradas propostas de fluxos de dados para a Inteligência Cibernética,
modelos de sumário de informações cibernéticas, atribuições para órgãos que atuam nesse segmento no Exército,
indicações de competências para os Analistas de Inteligência Cibernética e Repertório de Conhecimentos Necessários.
A INTELIGÊNCIA MILITAR NA DEFESA CIBERNÉTICA: UM ESTUDO SOBRE AS POSSIBLIDADES DE APOIO DA INTELIGÊNCIA AOS PLANEJAMENTOS DAS
AÇÕES DE DEFESA CIBERNÉTICA
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
24 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
De fato, é possível superar barreiras de
segurança e causar efeitos danosos no mundo real por meio
de ações computacionais remotas pela rede mundial. A alta
dependência da Tecnologia da Informação (TI) no mundo
moderno torna organizações e Nações suscetíveis à ataques
cibernéticos que podem provocar graves efeitos reais, danos e
prejuízos incalculáveis.
De forma assimétrica, um inimigo com poder
militar inferior poderá empregar, oportunamente,
ferramentas computacionais que venham a atingir alvos
estratégicos, afetando profundamente um oponente de
capacidade superior no campo de batalha.
Desde o início do século XXI, as informações
mais poderosas do mundo estão concentradas nas redes
de computadores de cerca de 50 a 60 países (BEER,
2002). Ao atingir informações sensíveis ou sistemas
críticos, um hacker4 poderá bloquear o trânsito de
cidades, afetar o sistema de controle de tráfego e até
suspender o fornecimento de água e energia.
Operadores computacionais experientes e mal
intencionados que causam danos por meio de computadores.
Conforme o Livro Verde de Segurança
Cibernética (BRASIL, 2010b), esse tema vem se
tornando, cada vez mais, uma função estratégica de
Estado. Logo, é interessante aprofundar o conhecimento
sobre esse novo ramo dos conflitos modernos, identificar
suas características e estabelecer doutrinas de emprego.
Por meio de ampla reflexão, pode-se perceber
que o tempo e a oportunidade serão fatores decisivos no
espaço cibernético, especialmente no planejamento das
ações no cenário assimétrico.
Saber, conhecer e avaliar os movimentos do
oponente cibernético, antes de suas ações, será
imprescindível. Haverá sempre intervalo muito pequeno
para agir e menos tempo ainda para decidir. Por isso, a
atuação da Inteligência surge como fator de grande
importância para promover conhecimentos que conduzam
a decisões acertadas e a resultados eficazes.
4 Operadores computacionais experientes e mal intencionados que causam danos por meio de computadores.
No espaço cibernético não há fronteiras definidas
e nem linha nítida que segmente cada um dos agentes,
independente do país ou nação. Baseado nesse
pressuposto, é relevante conhecer os aspectos que
compõem esses conflitos, identificando os tipos de atores
e as origens de suas ações.
A partir dessa percepção, justifica-se estudar
como levantar, obter e tratar informações sobre as ações
dos adversários no ambiente cibernético. A pesquisa das
formas de emprego da Inteligência no domínio virtual
levará a aperfeiçoamentos que adequem suas operações
para a obtenção de informações de valor e de relevância
para ações cibernéticas.
Esses conhecimentos poderão promover
desequilíbrio se forem apropriadamente manipulados.
Fundamentado nesses aspectos, esse artigo se
propõe a discutir alguns temas relacionados aos Conflitos
Cibernéticos, investigando como será possível empregar
as ações de Inteligência em proveito dos melhores
planejamentos da Defesa Cibernética.
Adicionalmente, esse estudo busca discutir
aspectos da obtenção de dados vocacionados para
produzir conhecimentos adequados ao contexto da
Defesa Cibernética.
Assim, a problemática proposta para a
investigação depara-se no seguinte questionamento: de
que modo a Inteligência Militar poderá ser empregada
para contribuir com informações e conhecimentos
específicos para apoio aos planejamentos de ações de
Defesa Cibernética?
É dentro desses domínios que esse artigo propõe-
se a refletir sobre esse problema, frente aos conceitos da
Inteligência Militar, integrando-os aos aspectos dos
conflitos cibernéticos modernos.
2 O EXÉRCITO E A DEFESA CIBERNÉTICA“Ministério da Defesa criou, por meio do Comando do Exército, o Centro de Defesa Cibernética. Sua missão é aprofundar o estudo de ameaças, estabelecer a doutrina nacional sobre o tema e aperfeiçoar os meios de defesa contra essas ameaças(...)”
Celso Amorim – Ministro de Estado da Defesa, 2012.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Pela Estratégia Nacional de Defesa (END), o
Brasil definiu que o Setor Cibernético é estratégico e
precisa ser estruturado para compor o circuito da Defesa
Nacional. O Exército Brasileiro, como os demais grandes
exércitos do mundo, está inserido no desafio de
desenvolver o Setor Cibernético (BRASIL, 2008). Como
visto anteriormente, a Inteligência será componente
importante nesse segmento.
O Setor Cibernético foi criado no Exército
Brasileiro (EB) em 2009 e sua implantação iniciou-se em
2010, sendo concretizado a partir da criação do Núcleo
do Centro de Defesa Cibernética (C D Ciber) (BRASIL,
2010a). O Processo de Transformação do Exército
iniciou-se na década de 2010, sendo etapa adequada para
aperfeiçoamentos em vários setores. As medidas de
aperfeiçoamento do segmento de Inteligência Militar,
certamente, contemplarão inserções doutrinárias que irão
direcionar o emprego na produção de conhecimentos
específicos para a Defesa Cibernética.
Esse conjunto de estrutura e processo possibilita
ao EB vincular o componente da Inteligência ao escopo
do contexto cibernético. Conhecer o oponente e suas
ações será fundamental em cenário de conflito virtual. Do
mesmo modo que no domínio convencional, a
informação oportuna, relevante e devidamente tratada
será fator de sucesso para ações eficientes de ataque ou
de defesa no domínio cibernético.
O estudo da Inteligência Militar no EB e o
aprofundamento nos aspectos atinentes aos conflitos
cibernéticos poderão promover o desenvolvimento de
novos processos de produção de conhecimentos
específicos para os planejamentos das ações cibernéticas.
Essa discussão busca inferir possíveis formas de emprego
da Inteligência em confronto cibernético.
Estudar esse domínio é importante para qualquer
exército do mundo e no caso do Exército Brasileiro,
torna-se ainda mais relevante por sua responsabilidade
com respeito ao Setor Cibernético.
A END promoveu uma sequência de
desdobramentos no sentido da organização da estrutura
de Defesa Cibernética no Brasil. No entanto, há
segmentos que ainda faltam ser definidos e padronizados.
Entre esses, encontra-se o segmento da Inteligência,
demandando aperfeiçoamentos para a sua atuação no
ambiente operacional cibernético.
Ainda não há doutrina definida para o emprego
da Inteligência no escopo dos conflitos cibernéticos.
Assim, é necessário empreender estudos e pesquisas para
avaliação das ações de Inteligência adequadas para
levantar, identificar, avaliar e qualificar informações no
ambiente cibernético. Esse trabalho propõe-se a
contribuir com esse segmento. Convém notar que a
Diretriz Geral do Cmt EB para 2011-2014 determina
"aperfeiçoar a doutrina de Inteligência Militar" e
"aperfeiçoar o Sistema de Inteligência do Exército",
buscando "aproveitamento das capacidades a serem
adquiridas com o advento de Macroprojetos da Força, em
especial (…) o Setor Cibernético (...)"(BRASIL, 2011a,
p. 21). A partir do estudo dessa Diretriz, pode-se
interpretar que a intenção do Comandante do Exército, no
que diz respeito aos temas Inteligência e Setor
Cibernético, determina que se adotem ações para
conduzir adaptações e aperfeiçoamentos que permitam
integrar a Inteligência Militar ao contexto do Setor
Cibernético.
Portanto, é importante discutir amplamente o
tema e buscar conclusões que visem a contribuir com
aspectos que induzam ao aperfeiçoamento do Sistema de
Inteligência do Exército (SIEx), apresentando inovações
que possam embasar estudos voltados para sua adequação
aos novos cenários em contexto cibernético.
3 DISCUSSÕES CONCEITUAIS E DOUTRINÁRIAS
Desde os primórdios das civilizações, a evolução
foi marcada por eventos sucessivos de Guerra e Paz. A
utilização de artefatos bélicos, construídos com
tecnologia elevada para as diversas épocas, aprimoraram
as armas dos exércitos nos conflitos.
Nesse início de Século XXI, as nações convivem
globalmente interligadas, interdependentes, com
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
25EsIMEx - 2º Semestre de 2012
De fato, é possível superar barreiras de
segurança e causar efeitos danosos no mundo real por meio
de ações computacionais remotas pela rede mundial. A alta
dependência da Tecnologia da Informação (TI) no mundo
moderno torna organizações e Nações suscetíveis à ataques
cibernéticos que podem provocar graves efeitos reais, danos e
prejuízos incalculáveis.
De forma assimétrica, um inimigo com poder
militar inferior poderá empregar, oportunamente,
ferramentas computacionais que venham a atingir alvos
estratégicos, afetando profundamente um oponente de
capacidade superior no campo de batalha.
Desde o início do século XXI, as informações
mais poderosas do mundo estão concentradas nas redes
de computadores de cerca de 50 a 60 países (BEER,
2002). Ao atingir informações sensíveis ou sistemas
críticos, um hacker4 poderá bloquear o trânsito de
cidades, afetar o sistema de controle de tráfego e até
suspender o fornecimento de água e energia.
Operadores computacionais experientes e mal
intencionados que causam danos por meio de computadores.
Conforme o Livro Verde de Segurança
Cibernética (BRASIL, 2010b), esse tema vem se
tornando, cada vez mais, uma função estratégica de
Estado. Logo, é interessante aprofundar o conhecimento
sobre esse novo ramo dos conflitos modernos, identificar
suas características e estabelecer doutrinas de emprego.
Por meio de ampla reflexão, pode-se perceber
que o tempo e a oportunidade serão fatores decisivos no
espaço cibernético, especialmente no planejamento das
ações no cenário assimétrico.
Saber, conhecer e avaliar os movimentos do
oponente cibernético, antes de suas ações, será
imprescindível. Haverá sempre intervalo muito pequeno
para agir e menos tempo ainda para decidir. Por isso, a
atuação da Inteligência surge como fator de grande
importância para promover conhecimentos que conduzam
a decisões acertadas e a resultados eficazes.
4 Operadores computacionais experientes e mal intencionados que causam danos por meio de computadores.
No espaço cibernético não há fronteiras definidas
e nem linha nítida que segmente cada um dos agentes,
independente do país ou nação. Baseado nesse
pressuposto, é relevante conhecer os aspectos que
compõem esses conflitos, identificando os tipos de atores
e as origens de suas ações.
A partir dessa percepção, justifica-se estudar
como levantar, obter e tratar informações sobre as ações
dos adversários no ambiente cibernético. A pesquisa das
formas de emprego da Inteligência no domínio virtual
levará a aperfeiçoamentos que adequem suas operações
para a obtenção de informações de valor e de relevância
para ações cibernéticas.
Esses conhecimentos poderão promover
desequilíbrio se forem apropriadamente manipulados.
Fundamentado nesses aspectos, esse artigo se
propõe a discutir alguns temas relacionados aos Conflitos
Cibernéticos, investigando como será possível empregar
as ações de Inteligência em proveito dos melhores
planejamentos da Defesa Cibernética.
Adicionalmente, esse estudo busca discutir
aspectos da obtenção de dados vocacionados para
produzir conhecimentos adequados ao contexto da
Defesa Cibernética.
Assim, a problemática proposta para a
investigação depara-se no seguinte questionamento: de
que modo a Inteligência Militar poderá ser empregada
para contribuir com informações e conhecimentos
específicos para apoio aos planejamentos de ações de
Defesa Cibernética?
É dentro desses domínios que esse artigo propõe-
se a refletir sobre esse problema, frente aos conceitos da
Inteligência Militar, integrando-os aos aspectos dos
conflitos cibernéticos modernos.
2 O EXÉRCITO E A DEFESA CIBERNÉTICA“Ministério da Defesa criou, por meio do Comando do Exército, o Centro de Defesa Cibernética. Sua missão é aprofundar o estudo de ameaças, estabelecer a doutrina nacional sobre o tema e aperfeiçoar os meios de defesa contra essas ameaças(...)”
Celso Amorim – Ministro de Estado da Defesa, 2012.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Pela Estratégia Nacional de Defesa (END), o
Brasil definiu que o Setor Cibernético é estratégico e
precisa ser estruturado para compor o circuito da Defesa
Nacional. O Exército Brasileiro, como os demais grandes
exércitos do mundo, está inserido no desafio de
desenvolver o Setor Cibernético (BRASIL, 2008). Como
visto anteriormente, a Inteligência será componente
importante nesse segmento.
O Setor Cibernético foi criado no Exército
Brasileiro (EB) em 2009 e sua implantação iniciou-se em
2010, sendo concretizado a partir da criação do Núcleo
do Centro de Defesa Cibernética (C D Ciber) (BRASIL,
2010a). O Processo de Transformação do Exército
iniciou-se na década de 2010, sendo etapa adequada para
aperfeiçoamentos em vários setores. As medidas de
aperfeiçoamento do segmento de Inteligência Militar,
certamente, contemplarão inserções doutrinárias que irão
direcionar o emprego na produção de conhecimentos
específicos para a Defesa Cibernética.
Esse conjunto de estrutura e processo possibilita
ao EB vincular o componente da Inteligência ao escopo
do contexto cibernético. Conhecer o oponente e suas
ações será fundamental em cenário de conflito virtual. Do
mesmo modo que no domínio convencional, a
informação oportuna, relevante e devidamente tratada
será fator de sucesso para ações eficientes de ataque ou
de defesa no domínio cibernético.
O estudo da Inteligência Militar no EB e o
aprofundamento nos aspectos atinentes aos conflitos
cibernéticos poderão promover o desenvolvimento de
novos processos de produção de conhecimentos
específicos para os planejamentos das ações cibernéticas.
Essa discussão busca inferir possíveis formas de emprego
da Inteligência em confronto cibernético.
Estudar esse domínio é importante para qualquer
exército do mundo e no caso do Exército Brasileiro,
torna-se ainda mais relevante por sua responsabilidade
com respeito ao Setor Cibernético.
A END promoveu uma sequência de
desdobramentos no sentido da organização da estrutura
de Defesa Cibernética no Brasil. No entanto, há
segmentos que ainda faltam ser definidos e padronizados.
Entre esses, encontra-se o segmento da Inteligência,
demandando aperfeiçoamentos para a sua atuação no
ambiente operacional cibernético.
Ainda não há doutrina definida para o emprego
da Inteligência no escopo dos conflitos cibernéticos.
Assim, é necessário empreender estudos e pesquisas para
avaliação das ações de Inteligência adequadas para
levantar, identificar, avaliar e qualificar informações no
ambiente cibernético. Esse trabalho propõe-se a
contribuir com esse segmento. Convém notar que a
Diretriz Geral do Cmt EB para 2011-2014 determina
"aperfeiçoar a doutrina de Inteligência Militar" e
"aperfeiçoar o Sistema de Inteligência do Exército",
buscando "aproveitamento das capacidades a serem
adquiridas com o advento de Macroprojetos da Força, em
especial (…) o Setor Cibernético (...)"(BRASIL, 2011a,
p. 21). A partir do estudo dessa Diretriz, pode-se
interpretar que a intenção do Comandante do Exército, no
que diz respeito aos temas Inteligência e Setor
Cibernético, determina que se adotem ações para
conduzir adaptações e aperfeiçoamentos que permitam
integrar a Inteligência Militar ao contexto do Setor
Cibernético.
Portanto, é importante discutir amplamente o
tema e buscar conclusões que visem a contribuir com
aspectos que induzam ao aperfeiçoamento do Sistema de
Inteligência do Exército (SIEx), apresentando inovações
que possam embasar estudos voltados para sua adequação
aos novos cenários em contexto cibernético.
3 DISCUSSÕES CONCEITUAIS E DOUTRINÁRIAS
Desde os primórdios das civilizações, a evolução
foi marcada por eventos sucessivos de Guerra e Paz. A
utilização de artefatos bélicos, construídos com
tecnologia elevada para as diversas épocas, aprimoraram
as armas dos exércitos nos conflitos.
Nesse início de Século XXI, as nações convivem
globalmente interligadas, interdependentes, com
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
26 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
empresas transnacionais e com sistemas
computacionais vinculados. É um ambiente no qual
Guerra Cibernética aparece como uma nova dimensão
dos confrontos entre Estados. Na prática, cria-se um
paradoxo: se por um lado a informatização dos processos
vem se mostrando uma ferramenta ágil e facilitadora na
geração do desenvolvimento de um país, na integração de
organizações e na interação de pessoas, por outro,
evidencia e potencializa a vulnerabilidade desses
inúmeros processos informatizados, ampliando a
necessidade de mecanismos de proteção e defesa.
É nesse cenário que surge a necessidade de se
aperfeiçoar Sistemas de Defesa, compatibilizando-os aos
novos requisitos dos enfrentamentos diante das novas
dimensões do Teatro de Operações (TO) moderno. Entre
os aperfeiçoamentos necessários, insere-se a Inteligência
Militar, demandando aprimoramentos para conter novas
Doutrinas de Emprego que incluam conhecimentos
específicos para os planejamentos de Ações Cibernéticas.
Para o estudo das decorrências da integração da
Defesa Cibernética com o emprego da Inteligência
Militar, torna-se importante, primeiramente, caminhar
por alguns conceitos fundamentais desses segmentos,
tentando definir limites para as inferências doutrinárias e
operacionais no campo da Defesa, as quais tenham
interseção com a Inteligência.
3.1 DOMÍNIO CIBERNÉTICO E INTELIGÊNCIA
O termo Cibernético surgiu no final da década de
1940. O pesquisador Norbert Wiener utilizou pela
primeira vez a expressão “Cybernetics”, buscando
representar o conceito de que certas funções de controle e
processamento de informações, em seres vivos, podem
ser semelhantes em máquinas. A palavra é derivada do
es) que significa “piloto
do barco ou timoneiro” (BEER, 2002).
Os conceitos foram evoluindo nas décadas
seguintes, produzindo o que hoje se poderia denominar
de “cibercultura”. Essa percepção é mais clara nas
tecnologias especializadas em mimetizar a vida
(Tecnologia da Informação, robótica, biônica e
nanotecnologia) (KIM, 2004). Assim, o termo
“cibernético” pode abranger tudo o que esteja relacionado
com Tecnologia da Informação e robótica.
De maneira equivalente, em 1984, Willian
Gibson definiu o termo cyberspace5 como sendo uma
rede global de simulação do mundo real no ambiente
computacional (mundo virtual). No “espaço cibernético”
encontra-se uma camada de interação intangível entre os
mundos real e virtual, promovendo o surgimento do
conceito de “realidade virtual”. Nessa dimensão virtual,
as entidades cibernéticas interagem, atuam, sofrem ações
e vivem situações que induzem a reações. De uma forma
ou de outra, há um mundo paralelo ao real onde atos e
fatos acontecem e têm consequências. Como no mundo
físico, na dimensão virtual podem ocorrer guerras e
conflitos.
Segundo o TRADOC (2010), o espaço
operacional cibernético é um dos cinco componentes
dimensionais da Guerra moderna: terra, ar, mar, espaço
sideral e espaço cibernético. Esse espaço deve ser
entendido como um conjunto integrado de três camadas
distintas: física, lógica e social. Essa última camada
compõe-se das pessoas e de suas relações com o mundo
computacional. No nível da camada de usuários virtuais
(também denominados
de cyber persona), ocorrem as verdadeiras interações no
mundo virtual.
Sob o aspecto da percepção da Inteligência, uma
pessoa pode ter múltiplos usuários virtuais
(personalidades virtuais) e um usuário virtual pode ser
conduzido por mais de uma pessoa do mundo real
(compartilhamento de contas e senhas entre pessoas).
Essa ambiguidade cria ambiente adequado para ações
anônimas, dissimulações e ocultações que exigem
técnicas apuradas de Inteligência no assessoramento das
decisões no espaço cibernético.
3.2 CONTRIBUIÇÕES DA INTELIGÊNCIA NA
GUERRA CIBERNÉTICA
5 Espaço cibernético – indica o conjunto das entidades envolvidas no contexto cibernético - Tradução do Autor.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Quase tudo que possa ocorrer no mundo real
poderá ser mapeado no espaço cibernético. Assim, ações
criminosas, maliciosas ou perturbadoras da ordem têm
ocorrido e causado prejuízos no mundo real. Hackers
podem dominar e manipular objetos virtuais e
informações privilegiadas, bem como ganhar acesso a
dados e informações sensíveis de Nações ou
Organizações. A partir daí, cria-se o cenário perfeito para
que atores isolados ou em grupos, representando Estados
ou Nações, possam interferir, prejudicar ou impedir a
ação de expressões do poder de outros países em conflito.
Quando isso ocorre, pode-se entender que o
conflito real passou para o espaço cibernético. Esse tipo
de enfrentamento denomina-se cyberwar (Guerra
Cibernética).
Alinha-se a essa conceituação a abordagem
proposta por Saalbach (2011) ao considerar que, na
prática, emprega-se o termo cyberwar quando os ataques
aos computadores ocorrerem inseridos em um conflito
entre dois ou mais Estados ou Nações. Grande número de
especialistas e autores consideram que ataques
cibernéticos de larga escala não poderiam ser
empreendidos sem o apoio de governos ou estados. No
entanto, o problema principal reside na atribuição da
responsabilidade. O desafio para a Inteligência será
identificar o agressor. As vulnerabilidades existem, as
ameaças estão atuantes e os impactos das ações dessas
ameaças são suficientemente altos para criar tensões de
várias ordens as quais precisam do trabalho da
Inteligência para sua antecipação.
Assim, em confrontos de qualquer ordem entre
povos ou nações, a exploração das vulnerabilidades e a
ação ofensiva sobre redes de computadores pode levar o
adversário a obter vantagem decisiva contra o inimigo,
dentro e fora dos campos de batalha (DUTRA,2007).
Essa é a situação que configura o cenário ideal para o
conflito cibernético. A exploração de vulnerabilidades
cibernéticas críticas oferece um caminho para
levantamentos que tenham objetivos de atacar o inimigo
no seu “Centro de Gravidade” (RIOS, 2010).
Como dito por Joe Sauver (2008), o espaço
cibernético possibilita o entrelaçamento das fronteiras
dos domínios dos sistemas civis e militares. Não há linha
nítida que segmente cada um deles, independente do país
no qual seja realizada a análise. Assim, é importante
estudar os aspectos que constituem os conflitos
cibernéticos, conhecendo os limites e as fronteiras das
suas ações. Por esse entendimento, será possível inferir
princípios que sejam adequados para que a Inteligência
atue na obtenção de informações de valor a respeito das
ações oponentes. Adicionalmente, poderá ser elaborado
um conjunto de normas que estabeleçam o ambiente
doutrinário do emprego da Inteligência, viabilizando a
geração de conhecimentos importantes para os
planejamentos de Defesa Cibernética.
3.3 INTERSEÇÕES DA INTELIGÊNCIA NA
DEFESA CIBERNÉTICA
De acordo com Saalbach (2011), o Departamento
de Defesa dos Estados Unidos (DoD) define as
Operações em Redes de Computadores (CNO) como uma
das cinco capacidades principais das Operações de
Informações. Essas Operações em Redes6 (CNO)
correspondem ao que foi definido como cyberwar e são
compostas por três subconjuntos:
- Operações de Ataque a Redes de
Computadores7 (CNA);
- Operações de Defesa de Rede de
Computadores8 (CND);
- Operações de Exploração de Redes de
Computadores9 (CNE).
Verifica-se que para os EUA a atividade de
exploração está definida em um vetor específico, o qual
tem forte vinculação com a Inteligência. Essa observação
motiva reflexão direcionada para o aprofundamento e
para avaliações meticulosas, buscando-se encontrar as
melhores soluções coerentes com a realidade nacional. O
6 CNO – Computer Nerwork Operations.
7 CNA – Computer Nerwork Attacks.8 CND – Computer Nerwork Defense.9 CNE – Computer Nerwork Exploitation.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
27EsIMEx - 2º Semestre de 2012
empresas transnacionais e com sistemas
computacionais vinculados. É um ambiente no qual
Guerra Cibernética aparece como uma nova dimensão
dos confrontos entre Estados. Na prática, cria-se um
paradoxo: se por um lado a informatização dos processos
vem se mostrando uma ferramenta ágil e facilitadora na
geração do desenvolvimento de um país, na integração de
organizações e na interação de pessoas, por outro,
evidencia e potencializa a vulnerabilidade desses
inúmeros processos informatizados, ampliando a
necessidade de mecanismos de proteção e defesa.
É nesse cenário que surge a necessidade de se
aperfeiçoar Sistemas de Defesa, compatibilizando-os aos
novos requisitos dos enfrentamentos diante das novas
dimensões do Teatro de Operações (TO) moderno. Entre
os aperfeiçoamentos necessários, insere-se a Inteligência
Militar, demandando aprimoramentos para conter novas
Doutrinas de Emprego que incluam conhecimentos
específicos para os planejamentos de Ações Cibernéticas.
Para o estudo das decorrências da integração da
Defesa Cibernética com o emprego da Inteligência
Militar, torna-se importante, primeiramente, caminhar
por alguns conceitos fundamentais desses segmentos,
tentando definir limites para as inferências doutrinárias e
operacionais no campo da Defesa, as quais tenham
interseção com a Inteligência.
3.1 DOMÍNIO CIBERNÉTICO E INTELIGÊNCIA
O termo Cibernético surgiu no final da década de
1940. O pesquisador Norbert Wiener utilizou pela
primeira vez a expressão “Cybernetics”, buscando
representar o conceito de que certas funções de controle e
processamento de informações, em seres vivos, podem
ser semelhantes em máquinas. A palavra é derivada do
es) que significa “piloto
do barco ou timoneiro” (BEER, 2002).
Os conceitos foram evoluindo nas décadas
seguintes, produzindo o que hoje se poderia denominar
de “cibercultura”. Essa percepção é mais clara nas
tecnologias especializadas em mimetizar a vida
(Tecnologia da Informação, robótica, biônica e
nanotecnologia) (KIM, 2004). Assim, o termo
“cibernético” pode abranger tudo o que esteja relacionado
com Tecnologia da Informação e robótica.
De maneira equivalente, em 1984, Willian
Gibson definiu o termo cyberspace5 como sendo uma
rede global de simulação do mundo real no ambiente
computacional (mundo virtual). No “espaço cibernético”
encontra-se uma camada de interação intangível entre os
mundos real e virtual, promovendo o surgimento do
conceito de “realidade virtual”. Nessa dimensão virtual,
as entidades cibernéticas interagem, atuam, sofrem ações
e vivem situações que induzem a reações. De uma forma
ou de outra, há um mundo paralelo ao real onde atos e
fatos acontecem e têm consequências. Como no mundo
físico, na dimensão virtual podem ocorrer guerras e
conflitos.
Segundo o TRADOC (2010), o espaço
operacional cibernético é um dos cinco componentes
dimensionais da Guerra moderna: terra, ar, mar, espaço
sideral e espaço cibernético. Esse espaço deve ser
entendido como um conjunto integrado de três camadas
distintas: física, lógica e social. Essa última camada
compõe-se das pessoas e de suas relações com o mundo
computacional. No nível da camada de usuários virtuais
(também denominados
de cyber persona), ocorrem as verdadeiras interações no
mundo virtual.
Sob o aspecto da percepção da Inteligência, uma
pessoa pode ter múltiplos usuários virtuais
(personalidades virtuais) e um usuário virtual pode ser
conduzido por mais de uma pessoa do mundo real
(compartilhamento de contas e senhas entre pessoas).
Essa ambiguidade cria ambiente adequado para ações
anônimas, dissimulações e ocultações que exigem
técnicas apuradas de Inteligência no assessoramento das
decisões no espaço cibernético.
3.2 CONTRIBUIÇÕES DA INTELIGÊNCIA NA
GUERRA CIBERNÉTICA
5 Espaço cibernético – indica o conjunto das entidades envolvidas no contexto cibernético - Tradução do Autor.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Quase tudo que possa ocorrer no mundo real
poderá ser mapeado no espaço cibernético. Assim, ações
criminosas, maliciosas ou perturbadoras da ordem têm
ocorrido e causado prejuízos no mundo real. Hackers
podem dominar e manipular objetos virtuais e
informações privilegiadas, bem como ganhar acesso a
dados e informações sensíveis de Nações ou
Organizações. A partir daí, cria-se o cenário perfeito para
que atores isolados ou em grupos, representando Estados
ou Nações, possam interferir, prejudicar ou impedir a
ação de expressões do poder de outros países em conflito.
Quando isso ocorre, pode-se entender que o
conflito real passou para o espaço cibernético. Esse tipo
de enfrentamento denomina-se cyberwar (Guerra
Cibernética).
Alinha-se a essa conceituação a abordagem
proposta por Saalbach (2011) ao considerar que, na
prática, emprega-se o termo cyberwar quando os ataques
aos computadores ocorrerem inseridos em um conflito
entre dois ou mais Estados ou Nações. Grande número de
especialistas e autores consideram que ataques
cibernéticos de larga escala não poderiam ser
empreendidos sem o apoio de governos ou estados. No
entanto, o problema principal reside na atribuição da
responsabilidade. O desafio para a Inteligência será
identificar o agressor. As vulnerabilidades existem, as
ameaças estão atuantes e os impactos das ações dessas
ameaças são suficientemente altos para criar tensões de
várias ordens as quais precisam do trabalho da
Inteligência para sua antecipação.
Assim, em confrontos de qualquer ordem entre
povos ou nações, a exploração das vulnerabilidades e a
ação ofensiva sobre redes de computadores pode levar o
adversário a obter vantagem decisiva contra o inimigo,
dentro e fora dos campos de batalha (DUTRA,2007).
Essa é a situação que configura o cenário ideal para o
conflito cibernético. A exploração de vulnerabilidades
cibernéticas críticas oferece um caminho para
levantamentos que tenham objetivos de atacar o inimigo
no seu “Centro de Gravidade” (RIOS, 2010).
Como dito por Joe Sauver (2008), o espaço
cibernético possibilita o entrelaçamento das fronteiras
dos domínios dos sistemas civis e militares. Não há linha
nítida que segmente cada um deles, independente do país
no qual seja realizada a análise. Assim, é importante
estudar os aspectos que constituem os conflitos
cibernéticos, conhecendo os limites e as fronteiras das
suas ações. Por esse entendimento, será possível inferir
princípios que sejam adequados para que a Inteligência
atue na obtenção de informações de valor a respeito das
ações oponentes. Adicionalmente, poderá ser elaborado
um conjunto de normas que estabeleçam o ambiente
doutrinário do emprego da Inteligência, viabilizando a
geração de conhecimentos importantes para os
planejamentos de Defesa Cibernética.
3.3 INTERSEÇÕES DA INTELIGÊNCIA NA
DEFESA CIBERNÉTICA
De acordo com Saalbach (2011), o Departamento
de Defesa dos Estados Unidos (DoD) define as
Operações em Redes de Computadores (CNO) como uma
das cinco capacidades principais das Operações de
Informações. Essas Operações em Redes6 (CNO)
correspondem ao que foi definido como cyberwar e são
compostas por três subconjuntos:
- Operações de Ataque a Redes de
Computadores7 (CNA);
- Operações de Defesa de Rede de
Computadores8 (CND);
- Operações de Exploração de Redes de
Computadores9 (CNE).
Verifica-se que para os EUA a atividade de
exploração está definida em um vetor específico, o qual
tem forte vinculação com a Inteligência. Essa observação
motiva reflexão direcionada para o aprofundamento e
para avaliações meticulosas, buscando-se encontrar as
melhores soluções coerentes com a realidade nacional. O
6 CNO – Computer Nerwork Operations.
7 CNA – Computer Nerwork Attacks.8 CND – Computer Nerwork Defense.9 CNE – Computer Nerwork Exploitation.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
28 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Brasil vem conduzindo ações pioneiras,
alinhando-se com as iniciativas de outros países
desenvolvidos, definindo marcos legais que estruturam o
arcabouço formal do setor.
Note-se que a Política de Defesa Nacional (PDN)
impõe, em seu item 7., condutas a adotar, relacionadas ao
campo cibernético:
XII - aperfeiçoar os dispositivos e procedimentos
de segurança (...) contra ataques cibernéticos (...)
(BRASIL, 2005, p.9)
Em uma primeira análise, pode-se identificar que
a atuação da Inteligência vocacionada ao contexto
cibernético, poderá contribuir para a redução da
vulnerabilidade citada na PDN.
O Brasil vem se destacando no cenário
internacional em diversas áreas, passando a ser provável
alvo compensador a potenciais hackers, o que exige
postura coerente no campo da Defesa. Isso leva a adoção
de um modelo adequado à nova dimensão cibernética da
Guerra moderna.
Nesse viés, a Estratégia Nacional de Defesa
(END) inclui ações estratégicas próativas voltadas para a
proteção de alvos potenciais no Brasil:
(…) o aperfeiçoamento dos dispositivos e procedimentos
de segurança que reduzam a vulnerabilidade dos sistemas
relacionados à Defesa Nacional contra ataques
cibernéticos (...) a cargo da Casa Civil da Presidência da
República, dos Ministérios da Defesa (...) e do GSI-PR
(...) (BRASIL, 2008, p.35).
Mediante a apreciação dos citados textos
normativos, pode-se inferir que o "aperfeiçoamento de
(...) procedimentos de segurança", contido no trecho
citado acima, insere o emprego da Inteligência no
contexto cibernético, motivando reflexões doutrinárias
que tragam contribuições para a doutrina de emprego da
Inteligência Militar nesse domínio.
O Manual MD30-M01 (BRASIL, 2011b) que
trata da Doutrina de Operações Conjuntas apresenta uma
série de conceitos importantes que complementam esse
estudo e definem limites para o entendimento geral.
Primeiramente, sinaliza a finalidade da Política
de Defesa Cibernética, cujo objetivo primordial é
“orientar os Planejamentos dos diversos escalões quanto
ao emprego da Defesa Cibernética que seja necessária ao
cumprimento da destinação constitucional das Forças
Armadas”. Para isso, o MD30-M01 estabelece os níveis
de ações no espaço cibernético:
- Nível Político: Segurança da Informação e
Comunicações, a cargo do GSI/PR.
- Nível Estratégico: Defesa Cibernética, a cargo
do MD.
- Nível Operacional: Guerra Cibernética, nível
das Forças Armadas (Operacional).
Vários outros temas relacionados com a Defesa
Cibernética ainda são incluídos, destacando-se os
aspectos relacionados à Inteligência:
(….)
4.9.3 Ações Cibernéticas
4.9.3.1 As Ações Cibernéticas englobam a Exploração
Cibernética, para fins de produção de conhecimento de
Inteligência, o Ataque Cibernético e a Proteção
Cibernética.
4.9.3.2 Exploração Cibernética – consiste em ações de
busca, nos Sistemas de Tecnologia da Informação de
interesse (….), para a produção de conhecimento (….)
(BRASIL, 2011b, p. 54/120) (grifos nossos)
Naturalmente, impõe-se ao Exército Brasileiro a
necessidade de atribuir destaque especial para o
componente da Inteligência nesse segmento, decorrendo-
se do previsto no manual do MD citado anteriormente.
De fato, em um cenário de conflito cibernético,
conhecer o oponente e suas ações será fundamentalmente
importante. Não se fará defesa ou ataque cibernéticos
eficientes sem a informação oportuna e relevante,
devidamente tratada e analisada. Isto é, sem o concurso
da Inteligência.
Na medida em que se amplia o uso da tecnologia
em operações e se aumenta a dependência da TI nas
sociedades, cresce ainda mais a necessidade de se
conhecer dados sobre o adversário cibernético. É fato
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
incontestável que a Inteligência passa a ser
instrumento imprescindível. Principalmente porque o
ambiente cibernético possibilita a dissimulação, a
ocultação e o anonimato. A obtenção das informações e a
produção dos conhecimentos sobre o oponente será
desafio ainda maior.
Então, não há como afastar-se da imperiosa
necessidade de adaptações doutrinárias para adequar
medidas já consolidadas no espaço convencional para as
cinco dimensões do TO moderno. A Diretriz do
Comandante do Exército 2011-2014 contempla essa
percepção na medida que determina "aperfeiçoar o
Sistema de Inteligência do Exército", buscando
"aproveitamento das capacidades a serem adquiridas com
o advento de Macroprojetos da Força, em especial (…) o
Setor Cibernético (…)" (BRASIL, 2011a, p. 21). De fato,
no tocante ao planejamento das operações militares, as
informações sobre o inimigo e sobre o ambiente
operacional são necessárias. Em se tratando de ambiente
operacional cibernético, essa demanda será altamente
especializada.
Há diversos exemplos de conflitos recentes nos
quais houve emprego de forças cibernéticas vocacionadas
para degradar o Poder Nacional do oponente. Conhecer a
atividade e acompanhar o adversário nesse novo domínio
passa a ser relevante. Logo, a Inteligência precisará de
aperfeiçoamentos. Há que se aprofundar estudos para
definir quais as novas medidas de Inteligência a adotar,
como devem ser buscadas e quais são as informações que
têm importância para o escopo de ações cibernéticas.
3.4 INTELIGÊNCIA CIBERNÉTICA
Para o estudo de aspectos atinentes ao ambiente
cibernético, considera-se adequado estabelecer
referenciais conceituais que definam os domínios do
entendimento. Nessa discussão e como proposta para
estudos ou avaliações posteriores, entende-se que o
conceito de Inteligência Cibernética seja diferente do
conceito de Fonte de Dados Cibernética.
A doutrina em vigor considera que a Fonte de
Dados é o componente principal do trabalho da
Inteligência na obtenção das informações, onde a
natureza das fontes consideradas na atualidade são:
Humanas (HUMINT), Sinais (SIGINT) e Imagens
(IMINT). Integrando-se a doutrina atual com os aspectos
já explorados anteriormente, propõe-se considerar a
Fonte Cibernética como a quarta fonte de dados para a
Inteligência.
O intenso uso dos meios de TI propiciam dados
de Inteligência que podem ser usados para atender às
demandas das necessidades de conhecimentos. A seguir,
comentam-se alguns exemplos práticos.
Se um Analista realiza uma coleta de dados em
um sítio na Internet para levantar informações sobre
algum tema que esteja necessitando confirmar ou avaliar,
está realizando essa atividade dentro do domínio
cibernético. Essa operação de Inteligência está usando a
Internet como um meio. Analogamente, essa operação
poderia ser realizada por intermédio da leitura de jornal
ou por meio da varredura de documentos em arquivos
físicos. Note-se que a Internet, nesse exemplo, é um canal
ou ambiente operacional e não uma técnica. As
informações serão obtidas na Fonte de Dados
Cibernética. Em outras palavras, a Fonte Cibernética é
mais uma fonte de dados para a Inteligência, atendendo
às necessidades de conhecimentos.
Entende-se, portanto, que o domínio cibernético
admite o emprego das técnicas operacionais, permitindo
o mapeamento do que é feito no mundo real para o que
pode ser realizado no mundo virtual.
De forma sintética, verifica-se que atuar no
domínio cibernético, para coletar ou buscar dados gerais
no escopo de uma Operação de Inteligência qualquer, não
implica que essa atividade venha a ser classificada como
Inteligência Cibernética. Nessa abordagem, não há
Operação Cibernética.
No que concerne ao contexto da Defesa
Cibernética, está claro que haverá necessidades de
conhecimentos específicos que serão utilizados nos
planejamentos dessas Operações. Para isso, esse estudo
define a Inteligência Cibernética como sendo o
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
29EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Brasil vem conduzindo ações pioneiras,
alinhando-se com as iniciativas de outros países
desenvolvidos, definindo marcos legais que estruturam o
arcabouço formal do setor.
Note-se que a Política de Defesa Nacional (PDN)
impõe, em seu item 7., condutas a adotar, relacionadas ao
campo cibernético:
XII - aperfeiçoar os dispositivos e procedimentos
de segurança (...) contra ataques cibernéticos (...)
(BRASIL, 2005, p.9)
Em uma primeira análise, pode-se identificar que
a atuação da Inteligência vocacionada ao contexto
cibernético, poderá contribuir para a redução da
vulnerabilidade citada na PDN.
O Brasil vem se destacando no cenário
internacional em diversas áreas, passando a ser provável
alvo compensador a potenciais hackers, o que exige
postura coerente no campo da Defesa. Isso leva a adoção
de um modelo adequado à nova dimensão cibernética da
Guerra moderna.
Nesse viés, a Estratégia Nacional de Defesa
(END) inclui ações estratégicas próativas voltadas para a
proteção de alvos potenciais no Brasil:
(…) o aperfeiçoamento dos dispositivos e procedimentos
de segurança que reduzam a vulnerabilidade dos sistemas
relacionados à Defesa Nacional contra ataques
cibernéticos (...) a cargo da Casa Civil da Presidência da
República, dos Ministérios da Defesa (...) e do GSI-PR
(...) (BRASIL, 2008, p.35).
Mediante a apreciação dos citados textos
normativos, pode-se inferir que o "aperfeiçoamento de
(...) procedimentos de segurança", contido no trecho
citado acima, insere o emprego da Inteligência no
contexto cibernético, motivando reflexões doutrinárias
que tragam contribuições para a doutrina de emprego da
Inteligência Militar nesse domínio.
O Manual MD30-M01 (BRASIL, 2011b) que
trata da Doutrina de Operações Conjuntas apresenta uma
série de conceitos importantes que complementam esse
estudo e definem limites para o entendimento geral.
Primeiramente, sinaliza a finalidade da Política
de Defesa Cibernética, cujo objetivo primordial é
“orientar os Planejamentos dos diversos escalões quanto
ao emprego da Defesa Cibernética que seja necessária ao
cumprimento da destinação constitucional das Forças
Armadas”. Para isso, o MD30-M01 estabelece os níveis
de ações no espaço cibernético:
- Nível Político: Segurança da Informação e
Comunicações, a cargo do GSI/PR.
- Nível Estratégico: Defesa Cibernética, a cargo
do MD.
- Nível Operacional: Guerra Cibernética, nível
das Forças Armadas (Operacional).
Vários outros temas relacionados com a Defesa
Cibernética ainda são incluídos, destacando-se os
aspectos relacionados à Inteligência:
(….)
4.9.3 Ações Cibernéticas
4.9.3.1 As Ações Cibernéticas englobam a Exploração
Cibernética, para fins de produção de conhecimento de
Inteligência, o Ataque Cibernético e a Proteção
Cibernética.
4.9.3.2 Exploração Cibernética – consiste em ações de
busca, nos Sistemas de Tecnologia da Informação de
interesse (….), para a produção de conhecimento (….)
(BRASIL, 2011b, p. 54/120) (grifos nossos)
Naturalmente, impõe-se ao Exército Brasileiro a
necessidade de atribuir destaque especial para o
componente da Inteligência nesse segmento, decorrendo-
se do previsto no manual do MD citado anteriormente.
De fato, em um cenário de conflito cibernético,
conhecer o oponente e suas ações será fundamentalmente
importante. Não se fará defesa ou ataque cibernéticos
eficientes sem a informação oportuna e relevante,
devidamente tratada e analisada. Isto é, sem o concurso
da Inteligência.
Na medida em que se amplia o uso da tecnologia
em operações e se aumenta a dependência da TI nas
sociedades, cresce ainda mais a necessidade de se
conhecer dados sobre o adversário cibernético. É fato
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
incontestável que a Inteligência passa a ser
instrumento imprescindível. Principalmente porque o
ambiente cibernético possibilita a dissimulação, a
ocultação e o anonimato. A obtenção das informações e a
produção dos conhecimentos sobre o oponente será
desafio ainda maior.
Então, não há como afastar-se da imperiosa
necessidade de adaptações doutrinárias para adequar
medidas já consolidadas no espaço convencional para as
cinco dimensões do TO moderno. A Diretriz do
Comandante do Exército 2011-2014 contempla essa
percepção na medida que determina "aperfeiçoar o
Sistema de Inteligência do Exército", buscando
"aproveitamento das capacidades a serem adquiridas com
o advento de Macroprojetos da Força, em especial (…) o
Setor Cibernético (…)" (BRASIL, 2011a, p. 21). De fato,
no tocante ao planejamento das operações militares, as
informações sobre o inimigo e sobre o ambiente
operacional são necessárias. Em se tratando de ambiente
operacional cibernético, essa demanda será altamente
especializada.
Há diversos exemplos de conflitos recentes nos
quais houve emprego de forças cibernéticas vocacionadas
para degradar o Poder Nacional do oponente. Conhecer a
atividade e acompanhar o adversário nesse novo domínio
passa a ser relevante. Logo, a Inteligência precisará de
aperfeiçoamentos. Há que se aprofundar estudos para
definir quais as novas medidas de Inteligência a adotar,
como devem ser buscadas e quais são as informações que
têm importância para o escopo de ações cibernéticas.
3.4 INTELIGÊNCIA CIBERNÉTICA
Para o estudo de aspectos atinentes ao ambiente
cibernético, considera-se adequado estabelecer
referenciais conceituais que definam os domínios do
entendimento. Nessa discussão e como proposta para
estudos ou avaliações posteriores, entende-se que o
conceito de Inteligência Cibernética seja diferente do
conceito de Fonte de Dados Cibernética.
A doutrina em vigor considera que a Fonte de
Dados é o componente principal do trabalho da
Inteligência na obtenção das informações, onde a
natureza das fontes consideradas na atualidade são:
Humanas (HUMINT), Sinais (SIGINT) e Imagens
(IMINT). Integrando-se a doutrina atual com os aspectos
já explorados anteriormente, propõe-se considerar a
Fonte Cibernética como a quarta fonte de dados para a
Inteligência.
O intenso uso dos meios de TI propiciam dados
de Inteligência que podem ser usados para atender às
demandas das necessidades de conhecimentos. A seguir,
comentam-se alguns exemplos práticos.
Se um Analista realiza uma coleta de dados em
um sítio na Internet para levantar informações sobre
algum tema que esteja necessitando confirmar ou avaliar,
está realizando essa atividade dentro do domínio
cibernético. Essa operação de Inteligência está usando a
Internet como um meio. Analogamente, essa operação
poderia ser realizada por intermédio da leitura de jornal
ou por meio da varredura de documentos em arquivos
físicos. Note-se que a Internet, nesse exemplo, é um canal
ou ambiente operacional e não uma técnica. As
informações serão obtidas na Fonte de Dados
Cibernética. Em outras palavras, a Fonte Cibernética é
mais uma fonte de dados para a Inteligência, atendendo
às necessidades de conhecimentos.
Entende-se, portanto, que o domínio cibernético
admite o emprego das técnicas operacionais, permitindo
o mapeamento do que é feito no mundo real para o que
pode ser realizado no mundo virtual.
De forma sintética, verifica-se que atuar no
domínio cibernético, para coletar ou buscar dados gerais
no escopo de uma Operação de Inteligência qualquer, não
implica que essa atividade venha a ser classificada como
Inteligência Cibernética. Nessa abordagem, não há
Operação Cibernética.
No que concerne ao contexto da Defesa
Cibernética, está claro que haverá necessidades de
conhecimentos específicos que serão utilizados nos
planejamentos dessas Operações. Para isso, esse estudo
define a Inteligência Cibernética como sendo o
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
30 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
subconjunto da Inteligência Militar que terá
como finalidade a produção de conhecimentos
específicos para as Operações Cibernéticas. Em outras
palavras, Inteligência Militar Cibernética. Note-se que a
ênfase, nesse caso, recai sobre conhecimentos específicos
para as Operações Cibernéticas. A ideia-força desse
conceito proposto está nessa especificidade.
A ação da Inteligência Militar Cibernética
resultará em coletas e buscas de dados específicos para
Operações Cibernéticas, tais como os citados na Revista
Segurança Digital, em seu exemplar nº 1. Assim, nomes
de domínio, existência de sistemas de detecção de
intrusão (IPS), endereços e telefones de administradores
dos sistemas e servidores de uma rede, entre outros,
podem ser dados valiosos quando utilizados nos
planejamentos para realizar uma operação cibernética
(SEGURANÇA DIGITAL, 2011).
Naturalmente, para a produção de grande parte
dos conhecimentos Cibernéticos serão empregadas
técnicas operacionais próprias com forte componente
técnico computacional.
Uma amostragem desses conhecimentos
específicos pode ser representada pelos dados das
características de um servidor de banco de dados, pela
configuração de um Proxy10 reverso de uma rede, pela
senha do administrador de um sistema, pela
vulnerabilidade de um firewall de uma rede, pelo dados
internos do servidor de autenticação VPN11 de uma rede,
entre outros. Note-se que haverá necessidade de pessoal
especializado em computação para obter essas
informações. Além disso, fica claro que as técnicas
operacionais a serem empregadas serão avançadas e terão
forte componente computacional.
De forma sintética, pode-se resumir as definições
discutidas no Quadro a seguir:
10 Proxy – denominação dada ao servidor que busca os dados na Internet para os computadores da rede interna.
11 VPN – Virtual Private Nerwork – Redes privadas virtuais – Sigla que corresponde ao mecanismo de ligação de máquinas a redes privadas via Internet por meio de protocolos de criptografia, garantindo tráfego seguro.
Essa discussão esclarece o entendimento e
diferencia os conceitos pela finalidade do emprego dos
produtos da Inteligência, bem como pelas técnicas
operacionais específicas utilizadas. A compreensão de
Coleman (2011) está alinhada com esse entendimento ao
abordar o tema Inteligência Cibernética no contexto
norte-americano. Observe-se o texto a seguir:(…) the result of a recent report that warned the U.S.
must develop cyber
intelligence as a new and better coordinated government discipline.(….)The challenge of cyber intelligence is unprecedented! (COLEMAN, 2011,p. 1)(grifo nosso).
Coleman (2011) ainda acrescenta que
adicionando-se a rápida expansão e a mobilidade das
conexões à ubiquidade do ambiente das redes integradas
obtém-se ambiente operacional que apresenta-se com
inúmeros desafios para a Inteligência Cibernética. Esse
conceito pode ser replicado para o caso do Brasil, onde
essa disciplina poderia ser desenvolvida e inserida nos
aperfeiçoamentos doutrinários como uma nova área de
Análise especializada no domínio Cibernético. A
integração desses conceitos direciona o entendimento das
possibilidades da Inteligência no apoio às Operações
Cibernéticas.
4 EVIDÊNCIAS DA INTELIGÊNCIA NA GUERRA CIBERNÉTICA
4.1 FATOS RECENTES
Em alguns casos de confrontos recentes, houve
emprego de operações cibernéticas, seja no apoio, seja na
preparação das ações convencionais. Essa constatação
motiva a apreciação das condicionantes desses conflitos
para que se identifiquem princípios e ensinamentos
doutrinários.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
A seguir, faz-se uma abordagem de alguns desses
conflitos, notadamente naqueles em que houve evidente
ação de Inteligência Cibernética como definido nesse
estudo.
4.1.1 Moonlight Maze – 1998
O caso exemplifica emprego de Inteligência por
parte dos atacantes, realizando operações exploratórias ou
operações de busca de dados (arquivos). O fato
concretizou-se por uma série de ataques cibernéticos
ocorridos em período de quase dois anos (1998-2000)
contra computadores e sistemas computacionais norte-
americanos em empresas privadas, no Pentágono, na
NASA e no Departamento de Energia, entre outros.
Houve sondagens sucessivas para levantamento
de níveis de segurança (exploração) e cerca de milhares
de arquivos foram extraídos (busca). Os EUA acusaram a
Rússia, mas a autoria foi negada.
4.1.2 Titan Rain – 2007
Tratou-se de um ataque massivo a rede de
computadores de empresas e do governo, no Oeste dos
EUA. Cerca de 10 a 20 terabytes de dados foram
extraídos desses equipamentos.
Suspeita-se que os ataques foram originados na
China, mas não há confirmação. Cerca de 117 mil
ataques foram registrados contra os computadores no
Departamento de Segurança Interno (DHS) norte-
americano e também contra os sistemas de segurança da
Alemanha (SAALBACH, 2011). A análise dos ataques
mostrou que os dados foram enviados para computadores
localizados fisicamente na província de Guangdong, na
China, caracterizando uma operação de Inteligência
exploratória para exfiltração de dados do alvo.
4.1.3 O ataque da Estônia – 2007
Em 2007, os sistemas da Estônia foram todos
atacados massivamente por uma negação de serviço
distribuída (DDoS). As redes da Estônia foram
derrubadas a partir de computadores atacantes
localizados na Rússia. Provavelmente, essa ação não foi
realizada pelo Estado, mas por grupos organizados de
patriotas radicais por motivos ideológicos. Fica evidente
que houve trabalho de Inteligência para levantamentos de
dados para esse ataque. A seleção de alvos, o
conhecimento sobre a dependência da Estônia em relação
à TI e a escolha dos meios utilizados caracterizam a
atuação de Inteligência na preparação das ações.
4.1.4 Campanha Cibernética na Geórgia – AGO 2008
A Campanha da Rússia contra a Geórgia, em
agosto de 2008, foi o evento mais concreto que se pode
avaliar com emprego de operações cibernéticas em
conjunto com operações terrestres. Naquela ocasião,
ataques cibernéticos foram desencadeados como uma
fase preparatória para o combate convencional, podendo-
se identificar duas fases bem distintas (SHAKARIAN,
2011). A primeira fase visava atingir os sítios Internet do
governo da Geórgia e da mídia local. Essa operação se
fez por meio de ataque distribuído de negação de serviço
(DDoS), utilizando-se uma rede de zumbis (bots12) para
negar serviço por força bruta.
A segunda fase ocorreu pela ampliação das
ações, passando a atacar instituições financeiras,
empresas, organizações educacionais e alguns sítios de
mídia ocidental (BBC e CNN).
Também foram espalhados e-mail (spam),
utilizando-se caixas postais de políticos georgianos.
Os ataques de desconfiguração dos sítios foram
realizados pela técnica de Injeção de SQL (SQL
Injections13). Está evidente que as servidões do ataque
cibernético seriam isolar e silenciar.
Houve um intenso trabalho na composição do
planejamento das ações em função da velocidade dos
ataques das botnets14 na primeira fase. Além disso, a
percepção da existência de uma lista de alvos predefinida,
do conhecimento das vulnerabilidades ao ataque SQL
Injection e da evidência de uma seleção estratégica dos
12 Bots – abreviatura do termo em inglês robot, significando robô. Representando um componente de software instalado em computador sem autorização do usuário para ser acionado pelo hacker remotamente.13 SQL Injection – ataque que se aproveita de uma página de texto para obter acesso direto ao banco de dados.14 Botnet – rede de bots. Conjunto de computadores zumbis sob o comando de um usuário remoto
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
31EsIMEx - 2º Semestre de 2012
subconjunto da Inteligência Militar que terá
como finalidade a produção de conhecimentos
específicos para as Operações Cibernéticas. Em outras
palavras, Inteligência Militar Cibernética. Note-se que a
ênfase, nesse caso, recai sobre conhecimentos específicos
para as Operações Cibernéticas. A ideia-força desse
conceito proposto está nessa especificidade.
A ação da Inteligência Militar Cibernética
resultará em coletas e buscas de dados específicos para
Operações Cibernéticas, tais como os citados na Revista
Segurança Digital, em seu exemplar nº 1. Assim, nomes
de domínio, existência de sistemas de detecção de
intrusão (IPS), endereços e telefones de administradores
dos sistemas e servidores de uma rede, entre outros,
podem ser dados valiosos quando utilizados nos
planejamentos para realizar uma operação cibernética
(SEGURANÇA DIGITAL, 2011).
Naturalmente, para a produção de grande parte
dos conhecimentos Cibernéticos serão empregadas
técnicas operacionais próprias com forte componente
técnico computacional.
Uma amostragem desses conhecimentos
específicos pode ser representada pelos dados das
características de um servidor de banco de dados, pela
configuração de um Proxy10 reverso de uma rede, pela
senha do administrador de um sistema, pela
vulnerabilidade de um firewall de uma rede, pelo dados
internos do servidor de autenticação VPN11 de uma rede,
entre outros. Note-se que haverá necessidade de pessoal
especializado em computação para obter essas
informações. Além disso, fica claro que as técnicas
operacionais a serem empregadas serão avançadas e terão
forte componente computacional.
De forma sintética, pode-se resumir as definições
discutidas no Quadro a seguir:
10 Proxy – denominação dada ao servidor que busca os dados na Internet para os computadores da rede interna.
11 VPN – Virtual Private Nerwork – Redes privadas virtuais – Sigla que corresponde ao mecanismo de ligação de máquinas a redes privadas via Internet por meio de protocolos de criptografia, garantindo tráfego seguro.
Essa discussão esclarece o entendimento e
diferencia os conceitos pela finalidade do emprego dos
produtos da Inteligência, bem como pelas técnicas
operacionais específicas utilizadas. A compreensão de
Coleman (2011) está alinhada com esse entendimento ao
abordar o tema Inteligência Cibernética no contexto
norte-americano. Observe-se o texto a seguir:(…) the result of a recent report that warned the U.S.
must develop cyber
intelligence as a new and better coordinated government discipline.(….)The challenge of cyber intelligence is unprecedented! (COLEMAN, 2011,p. 1)(grifo nosso).
Coleman (2011) ainda acrescenta que
adicionando-se a rápida expansão e a mobilidade das
conexões à ubiquidade do ambiente das redes integradas
obtém-se ambiente operacional que apresenta-se com
inúmeros desafios para a Inteligência Cibernética. Esse
conceito pode ser replicado para o caso do Brasil, onde
essa disciplina poderia ser desenvolvida e inserida nos
aperfeiçoamentos doutrinários como uma nova área de
Análise especializada no domínio Cibernético. A
integração desses conceitos direciona o entendimento das
possibilidades da Inteligência no apoio às Operações
Cibernéticas.
4 EVIDÊNCIAS DA INTELIGÊNCIA NA GUERRA CIBERNÉTICA
4.1 FATOS RECENTES
Em alguns casos de confrontos recentes, houve
emprego de operações cibernéticas, seja no apoio, seja na
preparação das ações convencionais. Essa constatação
motiva a apreciação das condicionantes desses conflitos
para que se identifiquem princípios e ensinamentos
doutrinários.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
A seguir, faz-se uma abordagem de alguns desses
conflitos, notadamente naqueles em que houve evidente
ação de Inteligência Cibernética como definido nesse
estudo.
4.1.1 Moonlight Maze – 1998
O caso exemplifica emprego de Inteligência por
parte dos atacantes, realizando operações exploratórias ou
operações de busca de dados (arquivos). O fato
concretizou-se por uma série de ataques cibernéticos
ocorridos em período de quase dois anos (1998-2000)
contra computadores e sistemas computacionais norte-
americanos em empresas privadas, no Pentágono, na
NASA e no Departamento de Energia, entre outros.
Houve sondagens sucessivas para levantamento
de níveis de segurança (exploração) e cerca de milhares
de arquivos foram extraídos (busca). Os EUA acusaram a
Rússia, mas a autoria foi negada.
4.1.2 Titan Rain – 2007
Tratou-se de um ataque massivo a rede de
computadores de empresas e do governo, no Oeste dos
EUA. Cerca de 10 a 20 terabytes de dados foram
extraídos desses equipamentos.
Suspeita-se que os ataques foram originados na
China, mas não há confirmação. Cerca de 117 mil
ataques foram registrados contra os computadores no
Departamento de Segurança Interno (DHS) norte-
americano e também contra os sistemas de segurança da
Alemanha (SAALBACH, 2011). A análise dos ataques
mostrou que os dados foram enviados para computadores
localizados fisicamente na província de Guangdong, na
China, caracterizando uma operação de Inteligência
exploratória para exfiltração de dados do alvo.
4.1.3 O ataque da Estônia – 2007
Em 2007, os sistemas da Estônia foram todos
atacados massivamente por uma negação de serviço
distribuída (DDoS). As redes da Estônia foram
derrubadas a partir de computadores atacantes
localizados na Rússia. Provavelmente, essa ação não foi
realizada pelo Estado, mas por grupos organizados de
patriotas radicais por motivos ideológicos. Fica evidente
que houve trabalho de Inteligência para levantamentos de
dados para esse ataque. A seleção de alvos, o
conhecimento sobre a dependência da Estônia em relação
à TI e a escolha dos meios utilizados caracterizam a
atuação de Inteligência na preparação das ações.
4.1.4 Campanha Cibernética na Geórgia – AGO 2008
A Campanha da Rússia contra a Geórgia, em
agosto de 2008, foi o evento mais concreto que se pode
avaliar com emprego de operações cibernéticas em
conjunto com operações terrestres. Naquela ocasião,
ataques cibernéticos foram desencadeados como uma
fase preparatória para o combate convencional, podendo-
se identificar duas fases bem distintas (SHAKARIAN,
2011). A primeira fase visava atingir os sítios Internet do
governo da Geórgia e da mídia local. Essa operação se
fez por meio de ataque distribuído de negação de serviço
(DDoS), utilizando-se uma rede de zumbis (bots12) para
negar serviço por força bruta.
A segunda fase ocorreu pela ampliação das
ações, passando a atacar instituições financeiras,
empresas, organizações educacionais e alguns sítios de
mídia ocidental (BBC e CNN).
Também foram espalhados e-mail (spam),
utilizando-se caixas postais de políticos georgianos.
Os ataques de desconfiguração dos sítios foram
realizados pela técnica de Injeção de SQL (SQL
Injections13). Está evidente que as servidões do ataque
cibernético seriam isolar e silenciar.
Houve um intenso trabalho na composição do
planejamento das ações em função da velocidade dos
ataques das botnets14 na primeira fase. Além disso, a
percepção da existência de uma lista de alvos predefinida,
do conhecimento das vulnerabilidades ao ataque SQL
Injection e da evidência de uma seleção estratégica dos
12 Bots – abreviatura do termo em inglês robot, significando robô. Representando um componente de software instalado em computador sem autorização do usuário para ser acionado pelo hacker remotamente.13 SQL Injection – ataque que se aproveita de uma página de texto para obter acesso direto ao banco de dados.14 Botnet – rede de bots. Conjunto de computadores zumbis sob o comando de um usuário remoto
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
32 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
alvos denotam o trabalho com dados oportunos e
relevantes na preparação do planejamento das ações.
Essas constatações são sinais nítidos do trabalho da
Inteligência. Ainda durante esses episódios, houve
intenso recrutamento de patriotas russos com seus
computadores para atuarem junto nas operações
cibernéticas (chamados de hacktivistas). Note-se que o
recrutamento15 também é uma técnica operacional da
Inteligência. Todos esses casos demonstram ações
prévias da Inteligência Cibernética nesse episódio
(SHAKARIAN, 2011).
Ainda há outros indícios de ação da Inteligência
anterior às operações. Por volta de julho de 2008, isto é,
um mês antes da operação cibernética, alguns servidores
governamentais georgianos foram atacados. Nessa
primeira ocorrência, os computadores receberam uma
“pichação” com a frase “win+love+in+Russia”.
Suspeita-se que essa ação teria sido preparação
ou ensaio cibernético para a operação principal. Essa
atividade só poderia ter sido realizada mediante o
conhecimento anterior das características do alvo e das
suas vulnerabilidades, ressaltando-se a provável
contribuição da Inteligência.
Conforme Thomas (2010), após os embates na
Geórgia, a Federação Russa avaliou os eventos e adotou
algumas medidas de aperfeiçoamento. Ainda em outubro
de 2008, foi anunciada uma nova estrutura para o Sistema
Militar de Inteligência que foi encomendada a uma
empresa privada, tendo como objetivo coletar dados
sobre o ambiente operacional cibernético.
Tomando-se por base os dados do caso da
Geórgia, propõe-se estudo mais aprofundado desse
conflito para que se possa inferir algumas capacidades
específicas para a Inteligência Cibernética na obtenção de
dados operacionais. A análise dos aspectos, das
operações e dos prováveis dados utilizados poderão gerar
conjunto de capacidades que sejam adequadas a serem
15 Ação de cooptar atores para contribuir com determinada atividade planejada.
desenvolvidas no pessoal que irá trabalhar nesse campo.
Essa coletânea de capacidades também poderá
ser especializada em conjunto de Elementos Essenciais
de Informação Cibernéticos (EEIC).
4.1.5 O ataque ao Irã pelo Stuxnet – 2010
Em 2010, um malware conhecido como Stuxnet
foi usado em larga escala para atacar os Sistema de
Controle e Aquisição de Dados16 (SCADA),
particularmente nos dispositivos industriais fabricados
pela Siemens. O Stuxnet é um worm, ou seja, um
programa malicioso que é capaz de prejudicar a atividade
de outro sistema. A máquina infectada envia informações
para servidores externos localizados em outros locais
(busca de dados). Além disso, o Stuxnet contém um
mecanismo de “rootkit”17.
Provavelmente, a infecção foi iniciada por um
pendrive contaminado, espalhando-se pela rede. Seu
custo de produção foi estimado em US$ 1 milhão e seu
código explora conjunto de falhas de sistemas
proprietários que até então eram desconhecidas. Esses
aspectos resultaram na teoria de que o Stuxnet tenha sido
desenvolvido por um Estado como uma “arma
cibernética” para causar danos ao programa nuclear
iraniano. (SAABALCH, 2011).
Em função dessas peculiaridades do Stuxnet e
dos danos causados às instalações nucleares iranianas,
estima-se que, provavelmente, houve trabalho da
Inteligência para o levantamento de dados e para a
identificação das vulnerabilidades dos sistemas,
garantindo que o ataque atingiria o alvo desejado e
causando graves danos ao programa nuclear daquele país.
16 SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition .
17 Rootkit – software embutido em vírus que permite ao hacker ocontrole da máquina como administrador.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
De fato, pelas informações apresentadas por
Gates (2012) na Edição de 1º de junho de 2012 do The
New York Times, fica clara a preparação e a operação de
Inteligência para o levantamento de plantas e outros
dados das instalações nucleares. Inicialmente, foram
enviadas armas cibernéticas como sinalizadores (beacon)
para levantar informações das instalações.
Posteriormente, o programa espião enviou dados
coletados para as agências de Inteligência que processaram essas
informações e apoiaram os programadores da arma cibernética,
como visto na Figura 1.
Várias notícias no jornal The New York Times
atribuem essa origem a programas secretos apoiados em
operações de inteligência cibernética que foram
articulados entre os Estados Unidos e Israel. A principal
intenção seria prejudicar o programa nuclear iraniano. Há
informações de que as centrífugas enriquecedoras de
urânio do Irã foram danificadas, constando de relatório
sobre interrupções confirmados pelo Irã, tanto em 2009,
como em 2010. A Siemens divulgou que 15 clientes
foram infectados, sendo cerca de 60% localizados no Irã.
4.1.6 Nova arma cibernética – Flame – 2012.
No início de 2012, computadores de altos
funcionários iranianos foram atingidos por um vírus de
mineração de dados batizado de Flame18. Esse pode ter
sido um dos mais destrutivos ataques cibernéticos contra
o Irã desde a ação do vírus Stuxnet (ERDBRINK, 2012).
18 Flame – Chama ou fogo – Tradução do Autor.
A presença da mineração de dados denota uma
ação direta de Inteligência. A ideia que se infere dessa
operação cibernética está focada no monitoramento
global do Irã por meio de ferramentas cibernéticas.
Diferentemente do Stuxnet, essa arma foi projetada para
coletar secretamente uma enorme gama de dados,
tipicamente uma operação de Inteligência.
Alguns pesquisadores de segurança especulam
que sua elaboração representa um esforço multi-
milionário que provavelmente seja resultado do trabalho
de alguns anos. É quase certo que tenha sido criado por
um Estado-nação (DUCAN, 2012). A empresa Kapersky,
desenvolvedora russa de antivírus, publicou, em seu sítio
na Internet, um comentário a respeito do Flame nos
seguintes termos:(…) The complexity and functionality of the newly discovered malicious programexceed those of all other cyber menaces known to date. (…) The primary purpose ofFlame appears to be cyber espionage, by stealing information from infectedmachines. (...) The diverse nature of the stolen information, which can includedocuments, screenshots, audio recordings and interception of network traffic,(...) (KAPERSKY, 2012) (grifos nossos).
Verifica-se que a análise feita pela Kapersky
configura o Flame como um poderoso instrumento de
Inteligência. Essa arma de reconhecimento e vigilância
pode capturar imagens de telas dos usuários de
computador, registro de e-mail e mensagens instantâneas,
ligar microfones à distância para gravação de conversas
do ambiente, monitorar teclado e tráfego de rede, entre
outras capacidades ainda desconhecidas. Note-se o forte
componente de Inteligência. Mesmo que um dispositivo
infectado não esteja conectado à Internet, o Flame é
capaz de se espalhar para outros dispositivos por meio de
conexão Bluetooth19, podendo ativar e saltar para outros
dispositivos conectados à Internet em uma rede local
(PERLROTH, 2012).
De acordo com Sanger (2012), o Flame varreu
grande volume de dados e informações a partir das
19 Bluetooth – Termo que representa uma especificação para conexão de redes pessoais de curta distância.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
33EsIMEx - 2º Semestre de 2012
alvos denotam o trabalho com dados oportunos e
relevantes na preparação do planejamento das ações.
Essas constatações são sinais nítidos do trabalho da
Inteligência. Ainda durante esses episódios, houve
intenso recrutamento de patriotas russos com seus
computadores para atuarem junto nas operações
cibernéticas (chamados de hacktivistas). Note-se que o
recrutamento15 também é uma técnica operacional da
Inteligência. Todos esses casos demonstram ações
prévias da Inteligência Cibernética nesse episódio
(SHAKARIAN, 2011).
Ainda há outros indícios de ação da Inteligência
anterior às operações. Por volta de julho de 2008, isto é,
um mês antes da operação cibernética, alguns servidores
governamentais georgianos foram atacados. Nessa
primeira ocorrência, os computadores receberam uma
“pichação” com a frase “win+love+in+Russia”.
Suspeita-se que essa ação teria sido preparação
ou ensaio cibernético para a operação principal. Essa
atividade só poderia ter sido realizada mediante o
conhecimento anterior das características do alvo e das
suas vulnerabilidades, ressaltando-se a provável
contribuição da Inteligência.
Conforme Thomas (2010), após os embates na
Geórgia, a Federação Russa avaliou os eventos e adotou
algumas medidas de aperfeiçoamento. Ainda em outubro
de 2008, foi anunciada uma nova estrutura para o Sistema
Militar de Inteligência que foi encomendada a uma
empresa privada, tendo como objetivo coletar dados
sobre o ambiente operacional cibernético.
Tomando-se por base os dados do caso da
Geórgia, propõe-se estudo mais aprofundado desse
conflito para que se possa inferir algumas capacidades
específicas para a Inteligência Cibernética na obtenção de
dados operacionais. A análise dos aspectos, das
operações e dos prováveis dados utilizados poderão gerar
conjunto de capacidades que sejam adequadas a serem
15 Ação de cooptar atores para contribuir com determinada atividade planejada.
desenvolvidas no pessoal que irá trabalhar nesse campo.
Essa coletânea de capacidades também poderá
ser especializada em conjunto de Elementos Essenciais
de Informação Cibernéticos (EEIC).
4.1.5 O ataque ao Irã pelo Stuxnet – 2010
Em 2010, um malware conhecido como Stuxnet
foi usado em larga escala para atacar os Sistema de
Controle e Aquisição de Dados16 (SCADA),
particularmente nos dispositivos industriais fabricados
pela Siemens. O Stuxnet é um worm, ou seja, um
programa malicioso que é capaz de prejudicar a atividade
de outro sistema. A máquina infectada envia informações
para servidores externos localizados em outros locais
(busca de dados). Além disso, o Stuxnet contém um
mecanismo de “rootkit”17.
Provavelmente, a infecção foi iniciada por um
pendrive contaminado, espalhando-se pela rede. Seu
custo de produção foi estimado em US$ 1 milhão e seu
código explora conjunto de falhas de sistemas
proprietários que até então eram desconhecidas. Esses
aspectos resultaram na teoria de que o Stuxnet tenha sido
desenvolvido por um Estado como uma “arma
cibernética” para causar danos ao programa nuclear
iraniano. (SAABALCH, 2011).
Em função dessas peculiaridades do Stuxnet e
dos danos causados às instalações nucleares iranianas,
estima-se que, provavelmente, houve trabalho da
Inteligência para o levantamento de dados e para a
identificação das vulnerabilidades dos sistemas,
garantindo que o ataque atingiria o alvo desejado e
causando graves danos ao programa nuclear daquele país.
16 SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition .
17 Rootkit – software embutido em vírus que permite ao hacker ocontrole da máquina como administrador.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
De fato, pelas informações apresentadas por
Gates (2012) na Edição de 1º de junho de 2012 do The
New York Times, fica clara a preparação e a operação de
Inteligência para o levantamento de plantas e outros
dados das instalações nucleares. Inicialmente, foram
enviadas armas cibernéticas como sinalizadores (beacon)
para levantar informações das instalações.
Posteriormente, o programa espião enviou dados
coletados para as agências de Inteligência que processaram essas
informações e apoiaram os programadores da arma cibernética,
como visto na Figura 1.
Várias notícias no jornal The New York Times
atribuem essa origem a programas secretos apoiados em
operações de inteligência cibernética que foram
articulados entre os Estados Unidos e Israel. A principal
intenção seria prejudicar o programa nuclear iraniano. Há
informações de que as centrífugas enriquecedoras de
urânio do Irã foram danificadas, constando de relatório
sobre interrupções confirmados pelo Irã, tanto em 2009,
como em 2010. A Siemens divulgou que 15 clientes
foram infectados, sendo cerca de 60% localizados no Irã.
4.1.6 Nova arma cibernética – Flame – 2012.
No início de 2012, computadores de altos
funcionários iranianos foram atingidos por um vírus de
mineração de dados batizado de Flame18. Esse pode ter
sido um dos mais destrutivos ataques cibernéticos contra
o Irã desde a ação do vírus Stuxnet (ERDBRINK, 2012).
18 Flame – Chama ou fogo – Tradução do Autor.
A presença da mineração de dados denota uma
ação direta de Inteligência. A ideia que se infere dessa
operação cibernética está focada no monitoramento
global do Irã por meio de ferramentas cibernéticas.
Diferentemente do Stuxnet, essa arma foi projetada para
coletar secretamente uma enorme gama de dados,
tipicamente uma operação de Inteligência.
Alguns pesquisadores de segurança especulam
que sua elaboração representa um esforço multi-
milionário que provavelmente seja resultado do trabalho
de alguns anos. É quase certo que tenha sido criado por
um Estado-nação (DUCAN, 2012). A empresa Kapersky,
desenvolvedora russa de antivírus, publicou, em seu sítio
na Internet, um comentário a respeito do Flame nos
seguintes termos:(…) The complexity and functionality of the newly discovered malicious programexceed those of all other cyber menaces known to date. (…) The primary purpose ofFlame appears to be cyber espionage, by stealing information from infectedmachines. (...) The diverse nature of the stolen information, which can includedocuments, screenshots, audio recordings and interception of network traffic,(...) (KAPERSKY, 2012) (grifos nossos).
Verifica-se que a análise feita pela Kapersky
configura o Flame como um poderoso instrumento de
Inteligência. Essa arma de reconhecimento e vigilância
pode capturar imagens de telas dos usuários de
computador, registro de e-mail e mensagens instantâneas,
ligar microfones à distância para gravação de conversas
do ambiente, monitorar teclado e tráfego de rede, entre
outras capacidades ainda desconhecidas. Note-se o forte
componente de Inteligência. Mesmo que um dispositivo
infectado não esteja conectado à Internet, o Flame é
capaz de se espalhar para outros dispositivos por meio de
conexão Bluetooth19, podendo ativar e saltar para outros
dispositivos conectados à Internet em uma rede local
(PERLROTH, 2012).
De acordo com Sanger (2012), o Flame varreu
grande volume de dados e informações a partir das
19 Bluetooth – Termo que representa uma especificação para conexão de redes pessoais de curta distância.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
34 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
máquinas iranianas. Os EUA se recusaram
assumir a responsabilidade pelo ataque. Há grandes
preocupações norte-americanas em assumir autoria de
ações com uso de armas cibernéticas, principalmente para
que não sirvam como argumentos para que terroristas,
hackers ou outros países justifiquem ataques contra os
EUA.
4.2 RESUMO DAS AÇÕES DE INTELIGÊNCIA
NOS CONFLITOS ESTUDADOS
4.3 VISÃO GERAL DOS PAÍSES NO MUNDO
Completa-se essa abordagem geral por meio de
uma avaliação do tema nos demais países do mundo. A
avaliação baseia-se no estudo realizado pelo Center of
Strategic and International Studies20 (CSIS) da United
Nations Institute for Disarmament Research (UNIDIR),
destinado a avaliar o cenário da implantação de forças de
defesa cibernética. Esse estudo contribui para a
percepção geral do arranjo mundial com relação ao tema,
também quanto ao contexto da inteligência.
Foram analisadas cerca de 133 nações dentre as
quais identificou-se 33 países que incluem a capacidade
cibernética em seus planejamentos e em organizações
militares. Da análise do montante de quase 25 nações, das
33 citadas, verifica-se que cerca de 13 países incluem as
Operações Ofensivas Cibernéticas (Ataque) em suas
missões. Em torno de 7 nações inserem a competência
para atuar no campo da Inteligência Cibernética nas
atribuições das suas Unidades Cibernéticas. Cabe
destacar, ainda, que cerca de 10 Estados já possuem
doutrinas estabelecidas ou mesmo esboços doutrinários
relacionados à Cibernética. (LEWIS; TIMLIM, 2011).
20 Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais – ONU – Tradução do Autor.
Com o desenvolvimento da Internet, a
espionagem e as atividades militares cibernéticas
tornaram-se os temas centrais de segurança da grande
maioria das nações do mundo. Os atos governamentais
mais recentes identificados naquelas nações referem-se à
criação de organizações militares ou comandos
específicos para a atuação no espaço cibernético.
Alternativamente, algumas nações incluem esse vetor
como pertencente às unidades vocacionadas para o
emprego na Inteligência. Dentre os elementos comuns
nas doutrinas, pode-se destacar o uso das capacidades
cibernéticas para: reconhecimentos, operações de
informações e rompimento de serviços de rede de
computadores (cyberattack).
Comparando-se o cenário mundial avaliado com
a situação brasileira no planejamento para 2011-2014,
percebe-se que há grandes avanços em andamento,
principalmente pela implantação do Centro de Defesa
Cibernética (C D Ciber) no Exército Brasileiro. No
entanto, o tema ainda inédito impõe muito trabalho a ser
realizado no campo doutrinário e no campo da
Inteligência Cibernética. Portanto, há demandas por
estudos e aprofundamentos que conduzirão a avanços
ainda mais promissores. Essas iniciativas, certamente,
garantirão ao Brasil manter-se na entre as várias nações
que estão na vanguarda do tema cibernético.
5 CONCLUSÃO
O mundo moderno apoia-se sobre uma camada
de tecnologia. Nesse emaranhado de inovações,
princípios de Guerra, como a Economia de Forças, e
Estratégias, como a Manutenção da Liberdade de Ação,
já são resultantes do emprego de novas técnicas
operacionais no domínio da Guerra Cibernética. O Gênio
da Guerra Sun Tzu (2007) tem suas palavras cada dia
mais reais. Vencer sem lutar, usar a dissimulação,
conhecer o inimigo, atacar por caminhos inesperados e
outros pensamentos milenares estão perfeitamente
encaixados no cenário onde a Guerra Cibernética passa a
ser a quinta dimensão do domínio operacional.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Nessa nova ordem, cresce a importância pelos
aperfeiçoamentos no Sistema Operacional Inteligência.
Como visto nessa discussão, não será possível realizar
operações cibernéticas sem as informações oportunas e
relevantes da Inteligência. Alinhado com esse
entendimento, o Exército inclui a dimensão cibernética
na evolução da Inteligência Militar.
Recentes conflitos contaram com a ação
operacional de forças cibernéticas. Nesses casos houve a
real participação da Inteligência e evidências mostram
minucioso levantamento de dados e de informações que
suportaram aqueles planejamentos. Há elementos nítidos
do trabalho prévio de uma Inteligência habilitada a atuar
em ambientes digitalmente configurados. Embora ainda
não haja doutrina consolidada sobre o emprego de forças
cibernéticas, pelo estudo das características dos recentes
conflitos, verifica-se que o trabalho da Inteligência
Cibernética mostra-se imprescindível, principalmente
para acompanhar o cenário e os atores, antecipando-se
aos possíveis conflitos.
Sem a Inteligência Cibernética não haverá como
atuar com precisão e oportunidade.
No domínio virtual, os intervalos de tempo serão
reduzidos ao mínimo. A antecipação e o direcionamento
preciso da Inteligência Cibernética serão fatores de
desequilíbrio. A força que melhor souber utilizar essas
capacidades terá vantagem estratégica sobre o adversário.
Para cumprir as missões que estão no porvir da
Inteligência, há que se definir novos parâmetros
doutrinários, iniciando pelas capacidades desejadas para a
Inteligência Cibernética. Novas ideias precisam ser
aprofundadas e novos perfis necessitam ser elaborados
para a preparação dos recursos humanos para Análise de
Inteligência Cibernética.
Por fim, sugere-se que o tema seja amplamente
discutido e tenha o concurso de colaborações
multidisciplinares para que sejam alcançados
conhecimentos doutrinários inovadores para a
Inteligência com foco num futuro que, em última análise,
já é o “agora”.
REFERÊNCIAS
BEER, Stafford. What is cybernetics?. Emerald Group Publishing Limited. UK. 2002.BRASIL. EXÉRCITO. Port Res Nº 04 Cmt EB, 22 JUL 10. Aprova as Diretrizes para Implantação do Centro de Defesa Cibernético.Gabinete do Comandante do Exército. Brasília-DF, 2010a.______. Diretriz Geral do Comandante do Exército para o período de 2011-2014. D.O.U. Edição Especial, Seção 2, 1º JAN 11. Brasília-DF, 2011a.______.MINISTÉRIO DA DEFESA. PORTARIA NORMATIVA Nº 3.810/MD. Doutrina de Operações Conjuntas. MD30-M01 (1ª Edição/2011). Gabinete do Ministro de Estado da Defesa. Brasília-DF, 2011b.______. Presidência da República. Política de Defesa Nacional.Decreto nº 5.484, de 30 de junho de 2005. Brasília, DF, 2005.______. Estratégia Nacional de Defesa. Ministério da Defesa. Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Brasília, DF, 2008.______. Presidência da República. Livro Verde: Segurança Cibernética no Brasil. Gabinete de Segurança Institucional. Brasília, DF, 2010b.CARR, Jefrey. Inside Cyber Warfare. 2nd Edition. O'Reailly Media, Inc. Sebastopol. California. EUA 2011COLEMAN, Kevin G. Cyber Intelligence: Does The U.S. Need A Cyber Intelligence Agency? AOL. Government. Disponível em <http://gov.aol.com/2011/09/26/cyberintelligence-does-the-u-s-need-a-cyber-intelligence-agen/> acessado em 5 MAIO 2012 às 11h28 . EUA. 2011.DUCAN, Geoff. Sophisticated Flame virus takes malware to a new level, now what? Digital Trends. EUA. 2012. Disponível em http://www.digitaltrends.com/computing/flametakesmalware-to-a-whole-new-level/ > Acessado em 16 JUN 12 às 23h20.DUTRA, André M. C. Introdução à Guerra Cibernética: a necessidade de um despertar brasileiro para o assunto. ITA. SP. 2007.ERDBRINK, Thomas. Iran Confirms Attack by Virus That Collects Information. The New York Times. 2012. Disponível em <http://www.nytimes.com/2012/05/30/world/middleeast/iran -confirms-cyber-attack-by-new-virus-alled-flame.html > Acessado em 11 JUN 12 - 21h37.GATES, Guilbert. How a Secret Cyberwar Program Worked . The New York Times. EUA. 2012. Disponível em <http://www.nytimes.com/interactive/2012/06/01/world/middleeast/how-a-secret-cyberwar-program-worked.html?ref=middleeast>Acessado em 10 JUN 12 às 20h27.
KAPERSKY. Kaspersky Lab and ITU Research Reveals New Advanced Cyber Threat .Kaspersky Lab ZAO. Moscow. Federação Russa. 2012. Disponível em http://www.kaspersky.com/ about/news/virus/2012/Kaspersky_Lab_and_ITU_Research_Reveals_New_Advanced_Cyber_Threat > Acessado em 15 JUN 12 às 23h11.KIM, J. Ho. Cibernética, Ciborgues e Ciberespaço: Notas sobre as origens da cibernéticae sua reinvenção cultural. Universidade de São Paulo, 2004.LEWIS, James. TIMLIM, Katrina. Cybersecurity and Cyberwafare2011. Center for Strategic and International Studies. UNIDIR. UN. New York, USA. 2011.PERLROTH, Nicole. Researchers Find Clues in Malware . The New York Times. 2012. Disponível emhttp://www.nytimes.com/2012/05/31/ technology/researchers-link-flamevirus-to-stuxnet-and-duqu.html > Acessado em 14 JUN 12 às 23h51.RIOS, Billy K. Sun Tzu was a Hacker: An Examination of the Tactics and Operations from a Real World Cyber Attack. NATO Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence. Tallinn.Estônia. 2011. Disponível em <http://www.ccdcoe.org/publications/virtualbattlefield/10_RIOS_Sun_Tzu_was_a_hacker.pdf> Acessado em 5 MAIO 2012 às 12h33.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
35EsIMEx - 2º Semestre de 2012
máquinas iranianas. Os EUA se recusaram
assumir a responsabilidade pelo ataque. Há grandes
preocupações norte-americanas em assumir autoria de
ações com uso de armas cibernéticas, principalmente para
que não sirvam como argumentos para que terroristas,
hackers ou outros países justifiquem ataques contra os
EUA.
4.2 RESUMO DAS AÇÕES DE INTELIGÊNCIA
NOS CONFLITOS ESTUDADOS
4.3 VISÃO GERAL DOS PAÍSES NO MUNDO
Completa-se essa abordagem geral por meio de
uma avaliação do tema nos demais países do mundo. A
avaliação baseia-se no estudo realizado pelo Center of
Strategic and International Studies20 (CSIS) da United
Nations Institute for Disarmament Research (UNIDIR),
destinado a avaliar o cenário da implantação de forças de
defesa cibernética. Esse estudo contribui para a
percepção geral do arranjo mundial com relação ao tema,
também quanto ao contexto da inteligência.
Foram analisadas cerca de 133 nações dentre as
quais identificou-se 33 países que incluem a capacidade
cibernética em seus planejamentos e em organizações
militares. Da análise do montante de quase 25 nações, das
33 citadas, verifica-se que cerca de 13 países incluem as
Operações Ofensivas Cibernéticas (Ataque) em suas
missões. Em torno de 7 nações inserem a competência
para atuar no campo da Inteligência Cibernética nas
atribuições das suas Unidades Cibernéticas. Cabe
destacar, ainda, que cerca de 10 Estados já possuem
doutrinas estabelecidas ou mesmo esboços doutrinários
relacionados à Cibernética. (LEWIS; TIMLIM, 2011).
20 Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais – ONU – Tradução do Autor.
Com o desenvolvimento da Internet, a
espionagem e as atividades militares cibernéticas
tornaram-se os temas centrais de segurança da grande
maioria das nações do mundo. Os atos governamentais
mais recentes identificados naquelas nações referem-se à
criação de organizações militares ou comandos
específicos para a atuação no espaço cibernético.
Alternativamente, algumas nações incluem esse vetor
como pertencente às unidades vocacionadas para o
emprego na Inteligência. Dentre os elementos comuns
nas doutrinas, pode-se destacar o uso das capacidades
cibernéticas para: reconhecimentos, operações de
informações e rompimento de serviços de rede de
computadores (cyberattack).
Comparando-se o cenário mundial avaliado com
a situação brasileira no planejamento para 2011-2014,
percebe-se que há grandes avanços em andamento,
principalmente pela implantação do Centro de Defesa
Cibernética (C D Ciber) no Exército Brasileiro. No
entanto, o tema ainda inédito impõe muito trabalho a ser
realizado no campo doutrinário e no campo da
Inteligência Cibernética. Portanto, há demandas por
estudos e aprofundamentos que conduzirão a avanços
ainda mais promissores. Essas iniciativas, certamente,
garantirão ao Brasil manter-se na entre as várias nações
que estão na vanguarda do tema cibernético.
5 CONCLUSÃO
O mundo moderno apoia-se sobre uma camada
de tecnologia. Nesse emaranhado de inovações,
princípios de Guerra, como a Economia de Forças, e
Estratégias, como a Manutenção da Liberdade de Ação,
já são resultantes do emprego de novas técnicas
operacionais no domínio da Guerra Cibernética. O Gênio
da Guerra Sun Tzu (2007) tem suas palavras cada dia
mais reais. Vencer sem lutar, usar a dissimulação,
conhecer o inimigo, atacar por caminhos inesperados e
outros pensamentos milenares estão perfeitamente
encaixados no cenário onde a Guerra Cibernética passa a
ser a quinta dimensão do domínio operacional.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Nessa nova ordem, cresce a importância pelos
aperfeiçoamentos no Sistema Operacional Inteligência.
Como visto nessa discussão, não será possível realizar
operações cibernéticas sem as informações oportunas e
relevantes da Inteligência. Alinhado com esse
entendimento, o Exército inclui a dimensão cibernética
na evolução da Inteligência Militar.
Recentes conflitos contaram com a ação
operacional de forças cibernéticas. Nesses casos houve a
real participação da Inteligência e evidências mostram
minucioso levantamento de dados e de informações que
suportaram aqueles planejamentos. Há elementos nítidos
do trabalho prévio de uma Inteligência habilitada a atuar
em ambientes digitalmente configurados. Embora ainda
não haja doutrina consolidada sobre o emprego de forças
cibernéticas, pelo estudo das características dos recentes
conflitos, verifica-se que o trabalho da Inteligência
Cibernética mostra-se imprescindível, principalmente
para acompanhar o cenário e os atores, antecipando-se
aos possíveis conflitos.
Sem a Inteligência Cibernética não haverá como
atuar com precisão e oportunidade.
No domínio virtual, os intervalos de tempo serão
reduzidos ao mínimo. A antecipação e o direcionamento
preciso da Inteligência Cibernética serão fatores de
desequilíbrio. A força que melhor souber utilizar essas
capacidades terá vantagem estratégica sobre o adversário.
Para cumprir as missões que estão no porvir da
Inteligência, há que se definir novos parâmetros
doutrinários, iniciando pelas capacidades desejadas para a
Inteligência Cibernética. Novas ideias precisam ser
aprofundadas e novos perfis necessitam ser elaborados
para a preparação dos recursos humanos para Análise de
Inteligência Cibernética.
Por fim, sugere-se que o tema seja amplamente
discutido e tenha o concurso de colaborações
multidisciplinares para que sejam alcançados
conhecimentos doutrinários inovadores para a
Inteligência com foco num futuro que, em última análise,
já é o “agora”.
REFERÊNCIAS
BEER, Stafford. What is cybernetics?. Emerald Group Publishing Limited. UK. 2002.BRASIL. EXÉRCITO. Port Res Nº 04 Cmt EB, 22 JUL 10. Aprova as Diretrizes para Implantação do Centro de Defesa Cibernético.Gabinete do Comandante do Exército. Brasília-DF, 2010a.______. Diretriz Geral do Comandante do Exército para o período de 2011-2014. D.O.U. Edição Especial, Seção 2, 1º JAN 11. Brasília-DF, 2011a.______.MINISTÉRIO DA DEFESA. PORTARIA NORMATIVA Nº 3.810/MD. Doutrina de Operações Conjuntas. MD30-M01 (1ª Edição/2011). Gabinete do Ministro de Estado da Defesa. Brasília-DF, 2011b.______. Presidência da República. Política de Defesa Nacional.Decreto nº 5.484, de 30 de junho de 2005. Brasília, DF, 2005.______. Estratégia Nacional de Defesa. Ministério da Defesa. Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Brasília, DF, 2008.______. Presidência da República. Livro Verde: Segurança Cibernética no Brasil. Gabinete de Segurança Institucional. Brasília, DF, 2010b.CARR, Jefrey. Inside Cyber Warfare. 2nd Edition. O'Reailly Media, Inc. Sebastopol. California. EUA 2011COLEMAN, Kevin G. Cyber Intelligence: Does The U.S. Need A Cyber Intelligence Agency? AOL. Government. Disponível em <http://gov.aol.com/2011/09/26/cyberintelligence-does-the-u-s-need-a-cyber-intelligence-agen/> acessado em 5 MAIO 2012 às 11h28 . EUA. 2011.DUCAN, Geoff. Sophisticated Flame virus takes malware to a new level, now what? Digital Trends. EUA. 2012. Disponível em http://www.digitaltrends.com/computing/flametakesmalware-to-a-whole-new-level/ > Acessado em 16 JUN 12 às 23h20.DUTRA, André M. C. Introdução à Guerra Cibernética: a necessidade de um despertar brasileiro para o assunto. ITA. SP. 2007.ERDBRINK, Thomas. Iran Confirms Attack by Virus That Collects Information. The New York Times. 2012. Disponível em <http://www.nytimes.com/2012/05/30/world/middleeast/iran -confirms-cyber-attack-by-new-virus-alled-flame.html > Acessado em 11 JUN 12 - 21h37.GATES, Guilbert. How a Secret Cyberwar Program Worked . The New York Times. EUA. 2012. Disponível em <http://www.nytimes.com/interactive/2012/06/01/world/middleeast/how-a-secret-cyberwar-program-worked.html?ref=middleeast>Acessado em 10 JUN 12 às 20h27.
KAPERSKY. Kaspersky Lab and ITU Research Reveals New Advanced Cyber Threat .Kaspersky Lab ZAO. Moscow. Federação Russa. 2012. Disponível em http://www.kaspersky.com/ about/news/virus/2012/Kaspersky_Lab_and_ITU_Research_Reveals_New_Advanced_Cyber_Threat > Acessado em 15 JUN 12 às 23h11.KIM, J. Ho. Cibernética, Ciborgues e Ciberespaço: Notas sobre as origens da cibernéticae sua reinvenção cultural. Universidade de São Paulo, 2004.LEWIS, James. TIMLIM, Katrina. Cybersecurity and Cyberwafare2011. Center for Strategic and International Studies. UNIDIR. UN. New York, USA. 2011.PERLROTH, Nicole. Researchers Find Clues in Malware . The New York Times. 2012. Disponível emhttp://www.nytimes.com/2012/05/31/ technology/researchers-link-flamevirus-to-stuxnet-and-duqu.html > Acessado em 14 JUN 12 às 23h51.RIOS, Billy K. Sun Tzu was a Hacker: An Examination of the Tactics and Operations from a Real World Cyber Attack. NATO Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence. Tallinn.Estônia. 2011. Disponível em <http://www.ccdcoe.org/publications/virtualbattlefield/10_RIOS_Sun_Tzu_was_a_hacker.pdf> Acessado em 5 MAIO 2012 às 12h33.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
36 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ROBINSON, Colin. Military and Cyber-Defense: Reactions to the threat. CDI - Center for Defense Information. 2002. Disponível em < http://www.cdi.org/terrorism/cyberdefensepr.cfm > Acessado em 06 ABR 2012 às 23h50.SA, Nelson. CDCiber - Centro de Defesa Cibernética inicia em Junho. Folha On Line.Brasil. Maio, 2012. Disponível em <http://www.defesanet.com.br/cyberwar/noticia/5954/CDCiber---Centro-de-Defesa-Ci bernetica-inicia-em-Junho- >Acessado em 16 MAI 12 às 21h45.SAALBACH, K. Cyber War: Methods and Practice – Version 3.0.Universität Osnabrück. Osnabrück. Alemanha. 2011.SANGER, David. Obama Order Sped Up Wave of Cyberattacks Against Iran . The New York Times. EUA. 2012. Disponível em http://www.nytimes.com/2012/06/01/world/middleeast/ obama-
ordered-wave-of-cyberattacks-against-iran.html?pagewanted=all >Acessado em 11 JUN 12 às 22h42.SAUVER, J. S. Cyber War, Cyber Terrorism and Cyber Espionage (v1.2). Apresentação realizada em IT Security Conference Fargo, North Dakota, USA, 2008.SEGURANÇA DIGITAL. Footprint. Revista Nº 01 – Julho de 2011. Brasília, DF. 2011.SHAKARIAN, Paulo. Análise da Campanha Cibernética da Rússia contra a Geórgia, em 2008. Military Review – Edição Brasileira –Nov/Dez 2011.THE ECONOMIST. Cyberwarfare: Marching off to cyberwar. The Economist. December2008. Disponível em http://www.economist.com/node/12673385 > Acessado em 20 MAIO
12 às 16h06.THOMAS, Timothy L. Russian Information Warfare Theory: The Consequences of August 2008 (Chapter 4) / The Russian Military Today and Tomorrow. Strategic Studies Institute of the US Army War College (SSI). Carlisle. Pensilvanya. EUA. 2010.TOFFLER, Alvin; TOFFLER, Heidi. Guerra e Anti-Guerra. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1995.TRADOC. Cyberspace Operations – Concepts Capability Plan 2016-2028 (TRADOC Pamphlet 525-7-8). Training Doctrine and Command. US Army. Fort Monroe, Virginia. EUA. 2010.TZU, Sun. A Arte da Guerra, os 13 capítulos. tradução: Cândida de Sampaio Bastos. São Paulo, S.P; DPL, 2007.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
CESAR AUGUSTO ROSA DE ARAÚJO21
1 INTRODUÇÃO
A competição permanente entre os estados,
marcada pelas mudanças constantes da situação política e
econômica, torna a produção do Conhecimento, e a sua
negação, importante ferramenta para assegurar as suas
existências.
21 Oficial da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro,Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Mestre em Aplicações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).
No período denominado de “Guerra Fria”, a
Atividade de Inteligência passou a identificar as ameaças
de eventuais conflitos, particularmente no que se refere
aos aspectos político-ideológicos e militares.
O Exército Brasileiro participa da Atividade de
Inteligência no mais alto nível de assessoramento do
governo por meio do Estado-Maior do Exército e do
Centro de Inteligência do Exército, que também atendem
às necessidades de Conhecimento do Comandante do
Exército, do Órgão de Direção-Geral e dos Órgãos de
Direção Setorial.
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PARA O PROCESSO DECISÓRIO NO EXÉRCITO BRASILEIRO
RESUMO
O objetivo deste trabalho é tratar do assunto “A importância da Inteligência Estratégica para o
Processo Decisório no Exército Brasileiro”. Ressaltou-se a Produção do Conhecimento, o nível de
abrangência e a relação com o Processo Decisório e o Planejamento Estratégico do Exército, destacando a
sua participação na análise prospectiva. Foi possível verificar, também, que a Atividade de Inteligência, no
nível estratégico, é relevante, particularmente no momento em que o Exército Brasileiro planeja transformar-
se, adotando uma nova configuração como consequência da execução do Projeto de Força/EB 2030; que a
difusão de Conhecimentos de Inteligência oriundos do Sistema de Inteligência de Defesa (SINDE) e do
Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) poderá subsidiar a tomada de decisão dos chefes militares que
atuam no nível estratégico do Exército Brasileiro; que a atualização do Sistema de Planejamento do Exército
(SIPLEx) depende da determinação das ameaças e das oportunidades para o Exército Brasileiro. O trabalho
está baseado em fatos portadores futuro (FPF) que poderão projetar o EB 2030 (ProForça) e na participação
do SIEx no Grupo de Controle LINCE, muito importante para o processo, pois envolve diretamente o Centro
de Inteligência do Exército (CIE), órgão que contribui com o Estado-Maior do Exército (EME) na realização
de estudos prospectivos para atender às demandas de emprego do Exército Brasileiro para o futuro. Ao final,
conclui-se que a Atividade de Inteligência Estratégica é fundamental para o processo decisório no Exército
Brasileiro, necessitando de melhorias na integração e na interação entre os sistemas existentes e o SIEx.
Palavras-Chave: Inteligência Estratégica. Processo Decisório. Exército Brasileiro.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
37EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ROBINSON, Colin. Military and Cyber-Defense: Reactions to the threat. CDI - Center for Defense Information. 2002. Disponível em < http://www.cdi.org/terrorism/cyberdefensepr.cfm > Acessado em 06 ABR 2012 às 23h50.SA, Nelson. CDCiber - Centro de Defesa Cibernética inicia em Junho. Folha On Line.Brasil. Maio, 2012. Disponível em <http://www.defesanet.com.br/cyberwar/noticia/5954/CDCiber---Centro-de-Defesa-Ci bernetica-inicia-em-Junho- >Acessado em 16 MAI 12 às 21h45.SAALBACH, K. Cyber War: Methods and Practice – Version 3.0.Universität Osnabrück. Osnabrück. Alemanha. 2011.SANGER, David. Obama Order Sped Up Wave of Cyberattacks Against Iran . The New York Times. EUA. 2012. Disponível em http://www.nytimes.com/2012/06/01/world/middleeast/ obama-
ordered-wave-of-cyberattacks-against-iran.html?pagewanted=all >Acessado em 11 JUN 12 às 22h42.SAUVER, J. S. Cyber War, Cyber Terrorism and Cyber Espionage (v1.2). Apresentação realizada em IT Security Conference Fargo, North Dakota, USA, 2008.SEGURANÇA DIGITAL. Footprint. Revista Nº 01 – Julho de 2011. Brasília, DF. 2011.SHAKARIAN, Paulo. Análise da Campanha Cibernética da Rússia contra a Geórgia, em 2008. Military Review – Edição Brasileira –Nov/Dez 2011.THE ECONOMIST. Cyberwarfare: Marching off to cyberwar. The Economist. December2008. Disponível em http://www.economist.com/node/12673385 > Acessado em 20 MAIO
12 às 16h06.THOMAS, Timothy L. Russian Information Warfare Theory: The Consequences of August 2008 (Chapter 4) / The Russian Military Today and Tomorrow. Strategic Studies Institute of the US Army War College (SSI). Carlisle. Pensilvanya. EUA. 2010.TOFFLER, Alvin; TOFFLER, Heidi. Guerra e Anti-Guerra. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1995.TRADOC. Cyberspace Operations – Concepts Capability Plan 2016-2028 (TRADOC Pamphlet 525-7-8). Training Doctrine and Command. US Army. Fort Monroe, Virginia. EUA. 2010.TZU, Sun. A Arte da Guerra, os 13 capítulos. tradução: Cândida de Sampaio Bastos. São Paulo, S.P; DPL, 2007.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
CESAR AUGUSTO ROSA DE ARAÚJO21
1 INTRODUÇÃO
A competição permanente entre os estados,
marcada pelas mudanças constantes da situação política e
econômica, torna a produção do Conhecimento, e a sua
negação, importante ferramenta para assegurar as suas
existências.
21 Oficial da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro,Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Mestre em Aplicações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).
No período denominado de “Guerra Fria”, a
Atividade de Inteligência passou a identificar as ameaças
de eventuais conflitos, particularmente no que se refere
aos aspectos político-ideológicos e militares.
O Exército Brasileiro participa da Atividade de
Inteligência no mais alto nível de assessoramento do
governo por meio do Estado-Maior do Exército e do
Centro de Inteligência do Exército, que também atendem
às necessidades de Conhecimento do Comandante do
Exército, do Órgão de Direção-Geral e dos Órgãos de
Direção Setorial.
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PARA O PROCESSO DECISÓRIO NO EXÉRCITO BRASILEIRO
RESUMO
O objetivo deste trabalho é tratar do assunto “A importância da Inteligência Estratégica para o
Processo Decisório no Exército Brasileiro”. Ressaltou-se a Produção do Conhecimento, o nível de
abrangência e a relação com o Processo Decisório e o Planejamento Estratégico do Exército, destacando a
sua participação na análise prospectiva. Foi possível verificar, também, que a Atividade de Inteligência, no
nível estratégico, é relevante, particularmente no momento em que o Exército Brasileiro planeja transformar-
se, adotando uma nova configuração como consequência da execução do Projeto de Força/EB 2030; que a
difusão de Conhecimentos de Inteligência oriundos do Sistema de Inteligência de Defesa (SINDE) e do
Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) poderá subsidiar a tomada de decisão dos chefes militares que
atuam no nível estratégico do Exército Brasileiro; que a atualização do Sistema de Planejamento do Exército
(SIPLEx) depende da determinação das ameaças e das oportunidades para o Exército Brasileiro. O trabalho
está baseado em fatos portadores futuro (FPF) que poderão projetar o EB 2030 (ProForça) e na participação
do SIEx no Grupo de Controle LINCE, muito importante para o processo, pois envolve diretamente o Centro
de Inteligência do Exército (CIE), órgão que contribui com o Estado-Maior do Exército (EME) na realização
de estudos prospectivos para atender às demandas de emprego do Exército Brasileiro para o futuro. Ao final,
conclui-se que a Atividade de Inteligência Estratégica é fundamental para o processo decisório no Exército
Brasileiro, necessitando de melhorias na integração e na interação entre os sistemas existentes e o SIEx.
Palavras-Chave: Inteligência Estratégica. Processo Decisório. Exército Brasileiro.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
38 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Devido à importância da Inteligência
Estratégica e à obrigatória colaboração do Exército para a
consecução dos objetivos nacionais nos assuntos de
Defesa, mostra-se necessário analisar a situação atual
dessa atividade na Força Terrestre e como ocorre a sua
participação no processo decisório.
2 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
Para se entender o conceito de Inteligência
Estratégica será necessário observar como os
especialistas definem Inteligência no segmento civil e
militar desta atividade. No Vade-Mécum de Inteligência
Militar, Inteligência pode ser definida:O termo Inteligência (do latim inteligentia )também é uma palavra de vários significados, podendo ser entendido como a “faculdade de compreender e de perceber” e como “a maneira de entender ou interpretar”. Ainda pode ser definido como “relações ou entendimentos secretos” e, também, como “a capacidade de resolver situações problemáticas novas mediante a reestruturação dos dados perceptivos”(Vade-Mécum de Inteligência Militar, 2011, p 4).
Segundo Sherman Kent, a Inteligência é dividida em
três faces: produto, organização e atividade.
A Inteligência como produto trata do resultado do método apropriado de produção do Conhecimento e tem como usuário o tomador de decisão em diferentes níveis. Inteligência é, portanto, Conhecimento produzido.[...]A Inteligência como organização diz respeito às estruturas funcionais que têm como missão primordial a obtenção de dados e a produção de Conhecimentos. São as organizações que atuam na busca do dado negado, na produção de Conhecimentos e na salvaguarda dessas informações, os chamados “Serviços Secretos”.[...]A Inteligência como atividade ou processo refere-se aos meios pelos quais certos tipos de informações são requeridas, coletadas/buscadas, analisadas e difundidas, e, ainda, os procedimentos para a obtenção de determinados dados, em especial aqueles protegidos. Esse processo possui metodologia própria (2011, p. 5).
A Atividade de Inteligência Militar, segundo as
Instruções Provisórias (IP 30-1)22, é a atividade técnica-
militar especializada, permanentemente exercida, com o
objetivo de produzir Conhecimentos de interesse do
22 BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A atividade de inteligência militar. 1. ed. Brasília: Confidencial, 1995.
comandante de qualquer nível hierárquico, e proteger
Conhecimentos sensíveis, instalações e pessoal do
Exército contra ações patrocinadas pelos serviços de
Inteligência oponentes e/ou adversos. A atividade é
exercida em dois ramos: Inteligência e
Contrainteligência.
2.1 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
ESTRATÉGICA
As informações não são privativas da Inteligência.
A Atividade de Inteligência se encarrega de coletar, tratar
e disseminar o seu produto, o Conhecimento, às
autoridades.
As informações como ativos estratégicos permitem
ao tomador de decisão, baseado na conjuntura nacional e
internacional, identificar fato ou situação que possa
ameaçar os interesses do Estado ou tornar-se uma
oportunidade para uma ação governamental, após uma
análise sistêmica.
Nesse contexto, o conceito difundido por Sherman
Kent para a Atividade de Inteligência Estratégica a define
como “A busca de Conhecimentos sobre os quais as
relações exteriores do nosso país devem basear-se na paz
e na guerra.”
Essa ação, exemplificada por Kent, pode ser
representada pelo acompanhamento permanente do
ambiente externo, nas áreas de interesse, pelo Estado, por
meio dos órgãos instituídos, organizados e preparados
para tal tarefa. As potenciais ameaças e oportunidades,
uma vez analisadas e definidas as suas influências para os
interesses da nação, serão levadas ao Conhecimento dos
decisores no nível estratégico.
Outro conceito que compartilha de características
semelhantes ao de Inteligência Estratégica é o de Defesa
Nacional, pois trata de ameaças externas à soberania e
aos interesses do Estado. Identificada a ameaça, poderá
ocorrer o emprego do poder militar.
Assim, pode-se concluir que a Atividade de
Inteligência, no nível estratégico, pode estar voltada,
prioritariamente, para o Campo Externo.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
2.2 A INTELIGÊNCIA E O PROCESSO
DECISÓRIO
Percebe-se que tão importante quanto conhecer os
conceitos de Inteligência Estratégica é saber identificar a
relação existente entre a Atividade de Inteligência e o
Processo Decisório. Para isso, serão apresentadas ideias
de acordo com as Instruções Provisórias (IP 30-2)
(Produção do Conhecimento), que ratificam a
necessidade desse relacionamento.
Para o seu preparo, coerente com a concepção
geral de emprego, a Força Terrestre (FT) necessita
conhecer fatos e situações explicitados em
Conhecimentos de Inteligência, voltados para o combate
ou para o enfrentamento das forças adversas.
A produção do Conhecimento baseia-se no
acompanhamento permanente das expressões militar,
psicossocial, política, econômica e científico-tecnológica,
além dos aspectos geográficos da área considerada.
Em situação de normalidade, as formas de
obtenção de dados, a produção de Conhecimentos e a
salvaguarda dos Conhecimentos sensíveis de posse do
Exército Brasileiro são realizadas segundo normas,
método e processos padronizados pelo Sistema de
Inteligência do Exército (SIEx).
As decisões colocadas em sequência, dentro de
uma organização, podem ser definidas como Processo
Decisório. Esse processo também pode ser conceituado
como a sistematização lógica de procedimentos
executados com a finalidade de permitir a escolha
racional de uma linha-de-ação, entre várias que conduza à
concretização eficaz de seus objetivos.
A finalidade da Atividade de Inteligência nos
Estados Modernos é produzir, com independência,
Conhecimentos em benefício da segurança, agregando
dados protegidos em suas análises, protegendo-os contra
as ações adversas promovidas por serviços de
Inteligência estrangeiros.
As atividades desenvolvidas pelo Exército
Brasileiro são decorrentes da missão prevista na
Constituição Federal para as Forças Armadas e em outros
preceitos legais.
2.2.1 O Sistema de Planejamento do Exército
O Planejamento Estratégico é definido como uma
das mais variadas e abrangentes formas de se atingir
objetivos.
Diante da nova conjuntura mundial, do
aperfeiçoamento das técnicas de planejamento, da
necessidade de adequar a doutrina do Exército aos
documentos elaborados pelo Ministério da Defesa, bem
como alinhar, no âmbito do Exército, o planejamento
administrativo ao planejamento estratégico, o
Comandante do Exército, em 2005, determinou ao
Estado-Maior da Força a realização de uma revisão no
SIPLEx. A partir desse momento, o Sistema buscou
atingir as seguintes finalidades:
- caracterizar a missão do Exército;
- avaliar o Exército;
- estabelecer a política militar terrestre;
- definir estratégias para o Exército;
- estabelecer planos para a consecução das
estratégias;
- padronizar e racionalizar o planejamento; e
- permitir o acompanhamento da execução do
planejamento, de forma a realimentar o Sistema.
O SIPLEx passou a ter a seguinte estrutura:
- Missão do Exército (SIPLEx 1);
- Avaliação (SIPLEx 2);
- Política Militar Terrestre (SIPLEx 3);
- Estratégias (SIPLEx 4);
- Planos (SIPLEx 5); e
- Planejamento Administrativo (SIPLEx 6).
2.2.2 A Avaliação
A Avaliação abrange o diagnóstico da situação
atual, considerando os ambientes externo e interno e,
também, os cenários prospectivos. O diagnóstico do
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
39EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Devido à importância da Inteligência
Estratégica e à obrigatória colaboração do Exército para a
consecução dos objetivos nacionais nos assuntos de
Defesa, mostra-se necessário analisar a situação atual
dessa atividade na Força Terrestre e como ocorre a sua
participação no processo decisório.
2 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
Para se entender o conceito de Inteligência
Estratégica será necessário observar como os
especialistas definem Inteligência no segmento civil e
militar desta atividade. No Vade-Mécum de Inteligência
Militar, Inteligência pode ser definida:O termo Inteligência (do latim inteligentia )também é uma palavra de vários significados, podendo ser entendido como a “faculdade de compreender e de perceber” e como “a maneira de entender ou interpretar”. Ainda pode ser definido como “relações ou entendimentos secretos” e, também, como “a capacidade de resolver situações problemáticas novas mediante a reestruturação dos dados perceptivos”(Vade-Mécum de Inteligência Militar, 2011, p 4).
Segundo Sherman Kent, a Inteligência é dividida em
três faces: produto, organização e atividade.
A Inteligência como produto trata do resultado do método apropriado de produção do Conhecimento e tem como usuário o tomador de decisão em diferentes níveis. Inteligência é, portanto, Conhecimento produzido.[...]A Inteligência como organização diz respeito às estruturas funcionais que têm como missão primordial a obtenção de dados e a produção de Conhecimentos. São as organizações que atuam na busca do dado negado, na produção de Conhecimentos e na salvaguarda dessas informações, os chamados “Serviços Secretos”.[...]A Inteligência como atividade ou processo refere-se aos meios pelos quais certos tipos de informações são requeridas, coletadas/buscadas, analisadas e difundidas, e, ainda, os procedimentos para a obtenção de determinados dados, em especial aqueles protegidos. Esse processo possui metodologia própria (2011, p. 5).
A Atividade de Inteligência Militar, segundo as
Instruções Provisórias (IP 30-1)22, é a atividade técnica-
militar especializada, permanentemente exercida, com o
objetivo de produzir Conhecimentos de interesse do
22 BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A atividade de inteligência militar. 1. ed. Brasília: Confidencial, 1995.
comandante de qualquer nível hierárquico, e proteger
Conhecimentos sensíveis, instalações e pessoal do
Exército contra ações patrocinadas pelos serviços de
Inteligência oponentes e/ou adversos. A atividade é
exercida em dois ramos: Inteligência e
Contrainteligência.
2.1 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
ESTRATÉGICA
As informações não são privativas da Inteligência.
A Atividade de Inteligência se encarrega de coletar, tratar
e disseminar o seu produto, o Conhecimento, às
autoridades.
As informações como ativos estratégicos permitem
ao tomador de decisão, baseado na conjuntura nacional e
internacional, identificar fato ou situação que possa
ameaçar os interesses do Estado ou tornar-se uma
oportunidade para uma ação governamental, após uma
análise sistêmica.
Nesse contexto, o conceito difundido por Sherman
Kent para a Atividade de Inteligência Estratégica a define
como “A busca de Conhecimentos sobre os quais as
relações exteriores do nosso país devem basear-se na paz
e na guerra.”
Essa ação, exemplificada por Kent, pode ser
representada pelo acompanhamento permanente do
ambiente externo, nas áreas de interesse, pelo Estado, por
meio dos órgãos instituídos, organizados e preparados
para tal tarefa. As potenciais ameaças e oportunidades,
uma vez analisadas e definidas as suas influências para os
interesses da nação, serão levadas ao Conhecimento dos
decisores no nível estratégico.
Outro conceito que compartilha de características
semelhantes ao de Inteligência Estratégica é o de Defesa
Nacional, pois trata de ameaças externas à soberania e
aos interesses do Estado. Identificada a ameaça, poderá
ocorrer o emprego do poder militar.
Assim, pode-se concluir que a Atividade de
Inteligência, no nível estratégico, pode estar voltada,
prioritariamente, para o Campo Externo.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
2.2 A INTELIGÊNCIA E O PROCESSO
DECISÓRIO
Percebe-se que tão importante quanto conhecer os
conceitos de Inteligência Estratégica é saber identificar a
relação existente entre a Atividade de Inteligência e o
Processo Decisório. Para isso, serão apresentadas ideias
de acordo com as Instruções Provisórias (IP 30-2)
(Produção do Conhecimento), que ratificam a
necessidade desse relacionamento.
Para o seu preparo, coerente com a concepção
geral de emprego, a Força Terrestre (FT) necessita
conhecer fatos e situações explicitados em
Conhecimentos de Inteligência, voltados para o combate
ou para o enfrentamento das forças adversas.
A produção do Conhecimento baseia-se no
acompanhamento permanente das expressões militar,
psicossocial, política, econômica e científico-tecnológica,
além dos aspectos geográficos da área considerada.
Em situação de normalidade, as formas de
obtenção de dados, a produção de Conhecimentos e a
salvaguarda dos Conhecimentos sensíveis de posse do
Exército Brasileiro são realizadas segundo normas,
método e processos padronizados pelo Sistema de
Inteligência do Exército (SIEx).
As decisões colocadas em sequência, dentro de
uma organização, podem ser definidas como Processo
Decisório. Esse processo também pode ser conceituado
como a sistematização lógica de procedimentos
executados com a finalidade de permitir a escolha
racional de uma linha-de-ação, entre várias que conduza à
concretização eficaz de seus objetivos.
A finalidade da Atividade de Inteligência nos
Estados Modernos é produzir, com independência,
Conhecimentos em benefício da segurança, agregando
dados protegidos em suas análises, protegendo-os contra
as ações adversas promovidas por serviços de
Inteligência estrangeiros.
As atividades desenvolvidas pelo Exército
Brasileiro são decorrentes da missão prevista na
Constituição Federal para as Forças Armadas e em outros
preceitos legais.
2.2.1 O Sistema de Planejamento do Exército
O Planejamento Estratégico é definido como uma
das mais variadas e abrangentes formas de se atingir
objetivos.
Diante da nova conjuntura mundial, do
aperfeiçoamento das técnicas de planejamento, da
necessidade de adequar a doutrina do Exército aos
documentos elaborados pelo Ministério da Defesa, bem
como alinhar, no âmbito do Exército, o planejamento
administrativo ao planejamento estratégico, o
Comandante do Exército, em 2005, determinou ao
Estado-Maior da Força a realização de uma revisão no
SIPLEx. A partir desse momento, o Sistema buscou
atingir as seguintes finalidades:
- caracterizar a missão do Exército;
- avaliar o Exército;
- estabelecer a política militar terrestre;
- definir estratégias para o Exército;
- estabelecer planos para a consecução das
estratégias;
- padronizar e racionalizar o planejamento; e
- permitir o acompanhamento da execução do
planejamento, de forma a realimentar o Sistema.
O SIPLEx passou a ter a seguinte estrutura:
- Missão do Exército (SIPLEx 1);
- Avaliação (SIPLEx 2);
- Política Militar Terrestre (SIPLEx 3);
- Estratégias (SIPLEx 4);
- Planos (SIPLEx 5); e
- Planejamento Administrativo (SIPLEx 6).
2.2.2 A Avaliação
A Avaliação abrange o diagnóstico da situação
atual, considerando os ambientes externo e interno e,
também, os cenários prospectivos. O diagnóstico do
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
40 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ambiente externo restringe-se a aspectos
correntes, isto é, relativos ao momento em que se efetua a
avaliação e que têm potencial para afetar diretamente o
planejamento estratégico da Instituição. O diagnóstico do
ambiente interno tem como finalidade levantar fatores
(internos) que devem ser considerados na elaboração
desse planejamento.
O documento não esgota os temas abordados, não
repete literalmente dispositivos legais ou doutrinários
nem interpretações já explicitadas pelos escalões
superiores. É elaborado pelo Estado-Maior do Exército,
que coleta dados em Órgãos de Assessoramento Direto e
Imediato ao Comandante do Exército e nos Órgãos de
Direção Setorial do Comando da Força.
A Avaliação do Exército Brasileiro é um processo
contínuo. Entretanto, a atualização da Avaliação
completa deve ser realizada no início da gestão de cada
Comandante do Exército ou sempre que se fizer
necessário.
3 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
DESENVOLVIDA PELO SISTEMA BRASILEIRO
DE INTELIGÊNCIA E PELO SISTEMA DE
INTELIGÊNCIA DE DEFESA
O Sistema Brasileiro de Inteligência foi criado
pela Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999, com o
objetivo de substituir o Serviço Nacional de Informações
(SNI).
O Sistema de Inteligência de Defesa foi
instituído pela Portaria nº 295/MD de 03 Jun 02
(OSTENSIVA) e integra o SISBIN, devendo fornecer
dados e Conhecimentos específicos relacionados com a
defesa das instituições e dos interesses nacionais para a
ABIN.
3.1 O SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA
Desde 1999, o SISBIN tem por objetivo integrar as
ações de planejamento e a execução da Atividade de
Inteligência do país, com a finalidade de fornecer
subsídios ao Presidente da República nos assuntos de
interesse nacional.
O SISBIN tem como missões realizar a atividade
de obtenção e análise de dados e informações; e de
produção e difusão de Conhecimentos, dentro e fora do
território nacional, relativos a fatos e situações de
imediata ou potencial influência sobre o processo
decisório, a ação governamental, a salvaguarda e a
segurança da sociedade e do Estado; prevenir, detectar,
obstruir e neutralizar a Inteligência adversa e ações de
qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda
de dados, informações e Conhecimentos de interesse da
segurança da sociedade e do Estado.
A ABIN poderá manter, em caráter permanente,
representantes dos órgãos componentes do Sistema
Brasileiro de Inteligência no Departamento de Integração
do Sistema Brasileiro de Inteligência (DISBIN).
O DISBIN tem por atribuição coordenar a
articulação do fluxo de dados e informações oportunas e
de interesse da Atividade de Inteligência de Estado, com
a finalidade de subsidiar o Presidente da República em
seu processo decisório.
Nas Forças Armadas, cada força singular possui a
sua doutrina de Inteligência. A ABIN, o Departamento de
Polícia Federal e as polícias (civis e militares dos
Estados) possuem, também, suas próprias doutrinas e
procedimentos. A existência de uma doutrina única
permitiria uma boa comunicação e a coordenação entre
os diversos integrantes do SISBIN.
O Estado Brasileiro necessita de uma estrutura de
Inteligência que possa alertá-lo, por meio da produção de
Conhecimentos estratégicos sobre oportunidades,
antagonismos e ameaças reais ou potenciais a interesses
do país e da sociedade.
Fica evidenciado que o SISBIN, com a sua
composição atual e as missões bem definidas, poderá
atender as necessidades de Inteligência determinadas pelo
Estado. Para isso, é fundamental que se tenha uma
Política Nacional de Inteligência, um Plano Nacional de
Inteligência e uma Doutrina Nacional de Inteligência
aprovada no Brasil.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Após verificar-se a Lei de criação do
SISBIN, não foram identificados documentos ou
Conhecimentos de Inteligência produzidos pela ABIN ou
por outros órgãos civis integrantes do SISBIN, que sejam
enviados, sistematicamente, aos órgãos de mais alto nível
do Exército Brasileiro, a fim de melhor subsidiar o apoio
à decisão, de forma regular ou esporádica.
3.2 O SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE DEFESA
O SINDE integra as ações de planejamento e
execução da Atividade de Inteligência de Defesa, visando
assessorar o processo decisório no âmbito do MD.
A Atividade de Inteligência de Defesa é
desenvolvida no interesse da Defesa e engloba os Ramos
Inteligência e Contrainteligência.
O SINDE é integrado pelos Órgãos de Inteligência
de mais alto nível do MD e das Forças Armadas. O seu
funcionamento fundamenta-se em ligações sistêmicas
entre seus elementos, sem vínculos de subordinação. Tem
como órgão central a Subchefia de Inteligência
Estratégica - SCIE, da Chefia de Assuntos Estratégicos
do Estado-Maior e do Conjunto das Forças Armadas.
A missão da Subchefia de Inteligência Estratégica
é conduzir a Atividade de Inteligência Estratégica de
Defesa por meio do acompanhamento sistematizado da
evolução dos cenários nacional e internacional, com base
no exame corrente das situações estratégicas.
Os documentos de Inteligência produzidos pelo
MD, em função do acompanhamento das áreas e os
Temas selecionados, são de interesse do Exército
Brasileiro, pois contribuem para subsidiar o Processo
Decisório na Força, complementando a reunião de
Conhecimentos de Inteligência produzidos pelo SIEx.
4 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
DESENVOLVIDA PELO SISTEMA DE
INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO
O SIEx é o conjunto de órgãos e pessoas do
Exército Brasileiro que, nos diversos níveis hierárquicos,
estão envolvidos na normatização e na execução da
Atividade de Inteligência, visando permitir um trabalho
coordenado e integrado.
O Estado-Maior do Exército integra o SIEx por
intermédio da sua 2ª Subchefia, que é a responsável por
normatizar, supervisionar e acompanhar a Atividade de
Inteligência. Além disso, concebe e difunde a doutrina e
emite diretrizes sobre essa Atividade.
3.3 O SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO
O Sistema de Inteligência do Exército estrutura-se
com base nas Segundas Seções dos Grandes Comandos,
Grandes Unidades e Unidades do Exército, até o nível
Subunidade independente, onde desempenham um papel
fundamental. Elas são chamadas de Agências de
Inteligência (AI) e denominadas Classe "A", Classe "B",
Classe "C" e Especiais de Inteligência.
As Companhias de Inteligência (Cia Intlg) e os
Grupos de Operações de Inteligência (Gp Op Intlg) são
denominados órgãos de Inteligência (Org Intlg), pois têm
a missão de buscar o dado que não se encontra
disponível.
As Agências e Órgãos estabelecem ligações, por
intermédio do canal técnico de Inteligência, mecanismo
no qual o trâmite de documentos/Conhecimentos ocorre
atendendo ao princípio da oportunidade. O uso do canal
técnico permite a ligação direta entre uma AI e outra não
imediatamente superior/subordinada na Cadeia de
Comando.
No que se refere à produção do Conhecimento, as
Agências orientam seus esforços de Inteligência para que
as enquadradas como Classe “A” e Classe “B” produzam
Conhecimentos de Inteligência dos tipos Informe,
Informação e Apreciação; como Classe “C” orientem seu
esforço para a produção de Informes; e como Especiais
possam produzir Conhecimentos análogos às de Classe
“A” e “B”. Em virtude de suas especificidades, o
resultado das análises realizadas poderá ser difundido via
Relatórios Especiais de Inteligência.
A prioridade estabelecida para o
acompanhamento será a conjuntura do país, com seus
efeitos para o Exército e para as Forças Armadas. Cabe
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
41EsIMEx - 2º Semestre de 2012
ambiente externo restringe-se a aspectos
correntes, isto é, relativos ao momento em que se efetua a
avaliação e que têm potencial para afetar diretamente o
planejamento estratégico da Instituição. O diagnóstico do
ambiente interno tem como finalidade levantar fatores
(internos) que devem ser considerados na elaboração
desse planejamento.
O documento não esgota os temas abordados, não
repete literalmente dispositivos legais ou doutrinários
nem interpretações já explicitadas pelos escalões
superiores. É elaborado pelo Estado-Maior do Exército,
que coleta dados em Órgãos de Assessoramento Direto e
Imediato ao Comandante do Exército e nos Órgãos de
Direção Setorial do Comando da Força.
A Avaliação do Exército Brasileiro é um processo
contínuo. Entretanto, a atualização da Avaliação
completa deve ser realizada no início da gestão de cada
Comandante do Exército ou sempre que se fizer
necessário.
3 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
DESENVOLVIDA PELO SISTEMA BRASILEIRO
DE INTELIGÊNCIA E PELO SISTEMA DE
INTELIGÊNCIA DE DEFESA
O Sistema Brasileiro de Inteligência foi criado
pela Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999, com o
objetivo de substituir o Serviço Nacional de Informações
(SNI).
O Sistema de Inteligência de Defesa foi
instituído pela Portaria nº 295/MD de 03 Jun 02
(OSTENSIVA) e integra o SISBIN, devendo fornecer
dados e Conhecimentos específicos relacionados com a
defesa das instituições e dos interesses nacionais para a
ABIN.
3.1 O SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA
Desde 1999, o SISBIN tem por objetivo integrar as
ações de planejamento e a execução da Atividade de
Inteligência do país, com a finalidade de fornecer
subsídios ao Presidente da República nos assuntos de
interesse nacional.
O SISBIN tem como missões realizar a atividade
de obtenção e análise de dados e informações; e de
produção e difusão de Conhecimentos, dentro e fora do
território nacional, relativos a fatos e situações de
imediata ou potencial influência sobre o processo
decisório, a ação governamental, a salvaguarda e a
segurança da sociedade e do Estado; prevenir, detectar,
obstruir e neutralizar a Inteligência adversa e ações de
qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda
de dados, informações e Conhecimentos de interesse da
segurança da sociedade e do Estado.
A ABIN poderá manter, em caráter permanente,
representantes dos órgãos componentes do Sistema
Brasileiro de Inteligência no Departamento de Integração
do Sistema Brasileiro de Inteligência (DISBIN).
O DISBIN tem por atribuição coordenar a
articulação do fluxo de dados e informações oportunas e
de interesse da Atividade de Inteligência de Estado, com
a finalidade de subsidiar o Presidente da República em
seu processo decisório.
Nas Forças Armadas, cada força singular possui a
sua doutrina de Inteligência. A ABIN, o Departamento de
Polícia Federal e as polícias (civis e militares dos
Estados) possuem, também, suas próprias doutrinas e
procedimentos. A existência de uma doutrina única
permitiria uma boa comunicação e a coordenação entre
os diversos integrantes do SISBIN.
O Estado Brasileiro necessita de uma estrutura de
Inteligência que possa alertá-lo, por meio da produção de
Conhecimentos estratégicos sobre oportunidades,
antagonismos e ameaças reais ou potenciais a interesses
do país e da sociedade.
Fica evidenciado que o SISBIN, com a sua
composição atual e as missões bem definidas, poderá
atender as necessidades de Inteligência determinadas pelo
Estado. Para isso, é fundamental que se tenha uma
Política Nacional de Inteligência, um Plano Nacional de
Inteligência e uma Doutrina Nacional de Inteligência
aprovada no Brasil.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Após verificar-se a Lei de criação do
SISBIN, não foram identificados documentos ou
Conhecimentos de Inteligência produzidos pela ABIN ou
por outros órgãos civis integrantes do SISBIN, que sejam
enviados, sistematicamente, aos órgãos de mais alto nível
do Exército Brasileiro, a fim de melhor subsidiar o apoio
à decisão, de forma regular ou esporádica.
3.2 O SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE DEFESA
O SINDE integra as ações de planejamento e
execução da Atividade de Inteligência de Defesa, visando
assessorar o processo decisório no âmbito do MD.
A Atividade de Inteligência de Defesa é
desenvolvida no interesse da Defesa e engloba os Ramos
Inteligência e Contrainteligência.
O SINDE é integrado pelos Órgãos de Inteligência
de mais alto nível do MD e das Forças Armadas. O seu
funcionamento fundamenta-se em ligações sistêmicas
entre seus elementos, sem vínculos de subordinação. Tem
como órgão central a Subchefia de Inteligência
Estratégica - SCIE, da Chefia de Assuntos Estratégicos
do Estado-Maior e do Conjunto das Forças Armadas.
A missão da Subchefia de Inteligência Estratégica
é conduzir a Atividade de Inteligência Estratégica de
Defesa por meio do acompanhamento sistematizado da
evolução dos cenários nacional e internacional, com base
no exame corrente das situações estratégicas.
Os documentos de Inteligência produzidos pelo
MD, em função do acompanhamento das áreas e os
Temas selecionados, são de interesse do Exército
Brasileiro, pois contribuem para subsidiar o Processo
Decisório na Força, complementando a reunião de
Conhecimentos de Inteligência produzidos pelo SIEx.
4 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
DESENVOLVIDA PELO SISTEMA DE
INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO
O SIEx é o conjunto de órgãos e pessoas do
Exército Brasileiro que, nos diversos níveis hierárquicos,
estão envolvidos na normatização e na execução da
Atividade de Inteligência, visando permitir um trabalho
coordenado e integrado.
O Estado-Maior do Exército integra o SIEx por
intermédio da sua 2ª Subchefia, que é a responsável por
normatizar, supervisionar e acompanhar a Atividade de
Inteligência. Além disso, concebe e difunde a doutrina e
emite diretrizes sobre essa Atividade.
3.3 O SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO
O Sistema de Inteligência do Exército estrutura-se
com base nas Segundas Seções dos Grandes Comandos,
Grandes Unidades e Unidades do Exército, até o nível
Subunidade independente, onde desempenham um papel
fundamental. Elas são chamadas de Agências de
Inteligência (AI) e denominadas Classe "A", Classe "B",
Classe "C" e Especiais de Inteligência.
As Companhias de Inteligência (Cia Intlg) e os
Grupos de Operações de Inteligência (Gp Op Intlg) são
denominados órgãos de Inteligência (Org Intlg), pois têm
a missão de buscar o dado que não se encontra
disponível.
As Agências e Órgãos estabelecem ligações, por
intermédio do canal técnico de Inteligência, mecanismo
no qual o trâmite de documentos/Conhecimentos ocorre
atendendo ao princípio da oportunidade. O uso do canal
técnico permite a ligação direta entre uma AI e outra não
imediatamente superior/subordinada na Cadeia de
Comando.
No que se refere à produção do Conhecimento, as
Agências orientam seus esforços de Inteligência para que
as enquadradas como Classe “A” e Classe “B” produzam
Conhecimentos de Inteligência dos tipos Informe,
Informação e Apreciação; como Classe “C” orientem seu
esforço para a produção de Informes; e como Especiais
possam produzir Conhecimentos análogos às de Classe
“A” e “B”. Em virtude de suas especificidades, o
resultado das análises realizadas poderá ser difundido via
Relatórios Especiais de Inteligência.
A prioridade estabelecida para o
acompanhamento será a conjuntura do país, com seus
efeitos para o Exército e para as Forças Armadas. Cabe
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
42 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
observar que a expressão militar inclui os
Conhecimentos sobre oponentes e condições climáticas
e meteorológicas.
No campo externo, quando for o caso, serão
acompanhados os países estrangeiros.
A terceira premissa considera a existência de um
ou mais militares voltados para o ramo
Contrainteligência, orientando a execução do Programa
de Desenvolvimento de Contrainteligência (PDCI) e
acompanhando permanentemente a situação,
produzindo Conhecimentos sobre ações de Inteligência
adversa e de qualquer natureza que constituam ameaças
à salvaguarda de dados, Conhecimentos, áreas,
instalações, pessoas e meios que o Exército Brasileiro
tenha interesse de preservar, inclusive em combate.
4.2 O CENTRO DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO
(CIE)
O CIE tem a missão de planejar, orientar,
coordenar, supervisionar e avaliar as atividades de
Inteligência do Exército, atendendo as Diretrizes do
Comandante do Exército e a orientação geral e
normativa do EME como órgão central do SIEx.
Para atender as demandas previstas para a
Atividade de Inteligência do Exército, o CIE
desenvolve seu trabalho como Órgão de
Assessoramento Direto e Imediato (OADI) do
Comandante do Exército nos assuntos relativos à
Inteligência Militar.
Como Agência de Inteligência, produz
Conhecimentos de Inteligência e Contrainteligência, a
fim de assessorar o processo decisório, além de integrar
o Sistema Brasileiro de Inteligência e o Sistema de
Inteligência de Defesa.
O CIE colabora com o Estado-Maior do Exército e
com os Órgãos de Direção Setorial na produção de
documentos e pareceres sobre os mais diversos assuntos,
subsídios para a tomada de decisão do mais alto nível do
Exército, do Ministério da Defesa e da Presidência da
República.
No Ramo Inteligência são produzidos,
rotineiramente, os documentos de Inteligência e outros
não considerados, específicos, de Inteligência como
Análise de Risco, Avaliação da Conjuntura Nacional e
Internacional e Avaliação Estratégica Setorial.
No Ramo Contrainteligência são realizadas
análises em processos que subsidiam a seleção de
militares para cursos no Brasil e cursos e missões no
Exterior, nomeações de comandantes de organizações
militares, concessão de medalhas militares e promoções
etc.
O CIE participa, ainda, com parte de seus
integrantes, de grupos de trabalho organizados pelo EME
para desenvolverem projetos voltados para atualização da
doutrina e a transformação do Exército. São exemplos
dessa participação o Grupo de Trabalho de Defesa
Cibernética e Grupo de Controle LINCE.
O Grupo de Controle LINCE está inserido na
produção de trabalhos do Centro de Estudos e
Formulação Estratégica do Exército (CEFEEx) que
servem para subsidiar as atividades de concepção e de
formulação estratégica relacionadas ao Sistema de
Planejamento do Exército. Para isso, seus trabalhos
fundamentam-se no diagnóstico da conjuntura atual e nos
Cenários Prospectivos do Exército Brasileiro.
A participação do CIE ocorre, durante o
diagnóstico estratégico, na análise dos ambientes interno
e externo. No ambiente interno é estudado o Exército
Brasileiro, seus pontos fortes e fracos. No externo,
levantam-se variáveis externas e atores que afetam a
organização, classificando-os, conforme a influência de
cada um sobre os objetivos estratégicos do EB, como
oportunidade, ameaça ou aspecto neutro. Os elementos
externos e os pontos que emergiram do diagnóstico
interno são então considerados como fatos portadores de
futuro.
Após o desenvolvimento da visão estratégica,
segundo duas perspectivas – presente e futuro –, onde
foram definidos os cenários mais provável, ideal e de
tendência, são selecionados os eventos que mais causarão
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
impacto para o Exército na faixa temporal. Nessa
fase, cabe ao CIE monitorar, mensalmente, os fatos
portadores de futuro e informar ao CEFEEx sobre a
situação, bem como contribuir para a atualização e a
avaliação das conjunturas nacional e internacional com
foco nas questões estratégicas já determinadas pelo
Centro de Formulação.
Observa-se que o CIE é o único órgão de
Inteligência do SIEx que contribui, no mais alto nível,
com o processo de atualização do SIPLEx, produzindo
Conhecimentos de Inteligência para subsidiar a análise
prospectiva. Assim sendo, acredita-se que essa
participação do CIE é fundamental para o Planejamento
Estratégico do Exército.
CONCLUSÃO
Devido à incerteza do futuro e à dificuldade de
prevê-lo, os Estados Nacionais procuram acompanhar os
eventos que possam comprometer as ações de governo ou
oferecer oportunidades relacionadas aos Campos do
Poder Nacional. O monitoramento das Conjunturas
Nacional e Internacional faz-se necessário para que o
governo tenha condições de interferir naqueles eventos
que são de seu interesse e colabore para que suas
políticas se concretizem.
Desde 1990, a ABIN vem se organizando para
melhor atender às necessidades de Inteligência do Estado.
No entanto, percebe-se que a integração entre os diversos
órgãos participantes do SISBIN ainda não é eficiente
devido às dúvidas que os setores do governo apresentam
em relação à organização e ao trabalho desenvolvido pela
Agência, pois é a herdeira do extinto SNI. Assim sendo,
os produtos originados da ABIN não são totalmente
difundidos e conhecidos por todos os usuários integrantes
do Sistema de Inteligência de mais alto nível no
Brasil.Na expressão Militar do Poder Nacional, o Sistema
de Inteligência de Defesa é o responsável pela
formulação da Política de Inteligência de Defesa, de
Estratégias de Inteligência de Defesa e de doutrinas
inerentes à atividade. Para isso, a produção de
Conhecimentos é realizada para atender às necessidades
do processo decisório no mais alto nível, no âmbito do
Ministério da Defesa com o objetivo de subsidiar a
formulação e a condução do Planejamento Estratégico
Militar. Todo esse esforço visa atender à Política de
Defesa Nacional.
A avaliação estratégica de Defesa determinará a
política militar de Defesa, baseada em cenários
prospectivos e em objetivos militares de Defesa.
O Exército Brasileiro contribui com o Ministério
da Defesa na produção de Conhecimentos, no nível
estratégico, por meio do acompanhamento das
conjunturas nacional e internacional, nos aspectos de
interesse da Defesa, produzindo Conhecimentos de
Inteligência e a avaliação estratégica setorial, que após a
sua finalização é encaminhada à subchefia de Inteligência
Estratégica.
A participação da Inteligência, no nível estratégico,
fica bem caracterizada com as contribuições realizadas
pelo SIEx e o EME. Esse, por meio da 7ª Subchefia, tem
a atribuição de monitorar as conjunturas nacional e
internacional para determinar situações, na área externa
ao EB, que possam sugerir a tomada de iniciativas para
superar conflitos e crises ou para atender interesses da
Defesa Nacional. Ainda, conduz estudos prospectivos de
interesse do Exército, colaborando com o reajuste das
políticas e estratégias que não se enquadrem no nível
operacional.
O SIPLEx constitui o Planejamento Estratégico
Prospectivo do Exército, definindo os objetivos e as
ações estratégicas necessárias para alcançá-los, com
vistas a capacitar o Exército Brasileiro, de forma
permanente, para o exercício de suas responsabilidades.
No Caderno de Avaliação, observa-se que o
SIPLEx apresenta o diagnóstico atual, no qual são
considerados os ambientes externo e interno, e os
cenários prospectivos.
Nas situações em que as ameaças percebidas
possam se transformar em crises, e potencialmente, em
conflito armado, a Inteligência Estratégica tem a
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
43EsIMEx - 2º Semestre de 2012
observar que a expressão militar inclui os
Conhecimentos sobre oponentes e condições climáticas
e meteorológicas.
No campo externo, quando for o caso, serão
acompanhados os países estrangeiros.
A terceira premissa considera a existência de um
ou mais militares voltados para o ramo
Contrainteligência, orientando a execução do Programa
de Desenvolvimento de Contrainteligência (PDCI) e
acompanhando permanentemente a situação,
produzindo Conhecimentos sobre ações de Inteligência
adversa e de qualquer natureza que constituam ameaças
à salvaguarda de dados, Conhecimentos, áreas,
instalações, pessoas e meios que o Exército Brasileiro
tenha interesse de preservar, inclusive em combate.
4.2 O CENTRO DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO
(CIE)
O CIE tem a missão de planejar, orientar,
coordenar, supervisionar e avaliar as atividades de
Inteligência do Exército, atendendo as Diretrizes do
Comandante do Exército e a orientação geral e
normativa do EME como órgão central do SIEx.
Para atender as demandas previstas para a
Atividade de Inteligência do Exército, o CIE
desenvolve seu trabalho como Órgão de
Assessoramento Direto e Imediato (OADI) do
Comandante do Exército nos assuntos relativos à
Inteligência Militar.
Como Agência de Inteligência, produz
Conhecimentos de Inteligência e Contrainteligência, a
fim de assessorar o processo decisório, além de integrar
o Sistema Brasileiro de Inteligência e o Sistema de
Inteligência de Defesa.
O CIE colabora com o Estado-Maior do Exército e
com os Órgãos de Direção Setorial na produção de
documentos e pareceres sobre os mais diversos assuntos,
subsídios para a tomada de decisão do mais alto nível do
Exército, do Ministério da Defesa e da Presidência da
República.
No Ramo Inteligência são produzidos,
rotineiramente, os documentos de Inteligência e outros
não considerados, específicos, de Inteligência como
Análise de Risco, Avaliação da Conjuntura Nacional e
Internacional e Avaliação Estratégica Setorial.
No Ramo Contrainteligência são realizadas
análises em processos que subsidiam a seleção de
militares para cursos no Brasil e cursos e missões no
Exterior, nomeações de comandantes de organizações
militares, concessão de medalhas militares e promoções
etc.
O CIE participa, ainda, com parte de seus
integrantes, de grupos de trabalho organizados pelo EME
para desenvolverem projetos voltados para atualização da
doutrina e a transformação do Exército. São exemplos
dessa participação o Grupo de Trabalho de Defesa
Cibernética e Grupo de Controle LINCE.
O Grupo de Controle LINCE está inserido na
produção de trabalhos do Centro de Estudos e
Formulação Estratégica do Exército (CEFEEx) que
servem para subsidiar as atividades de concepção e de
formulação estratégica relacionadas ao Sistema de
Planejamento do Exército. Para isso, seus trabalhos
fundamentam-se no diagnóstico da conjuntura atual e nos
Cenários Prospectivos do Exército Brasileiro.
A participação do CIE ocorre, durante o
diagnóstico estratégico, na análise dos ambientes interno
e externo. No ambiente interno é estudado o Exército
Brasileiro, seus pontos fortes e fracos. No externo,
levantam-se variáveis externas e atores que afetam a
organização, classificando-os, conforme a influência de
cada um sobre os objetivos estratégicos do EB, como
oportunidade, ameaça ou aspecto neutro. Os elementos
externos e os pontos que emergiram do diagnóstico
interno são então considerados como fatos portadores de
futuro.
Após o desenvolvimento da visão estratégica,
segundo duas perspectivas – presente e futuro –, onde
foram definidos os cenários mais provável, ideal e de
tendência, são selecionados os eventos que mais causarão
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
impacto para o Exército na faixa temporal. Nessa
fase, cabe ao CIE monitorar, mensalmente, os fatos
portadores de futuro e informar ao CEFEEx sobre a
situação, bem como contribuir para a atualização e a
avaliação das conjunturas nacional e internacional com
foco nas questões estratégicas já determinadas pelo
Centro de Formulação.
Observa-se que o CIE é o único órgão de
Inteligência do SIEx que contribui, no mais alto nível,
com o processo de atualização do SIPLEx, produzindo
Conhecimentos de Inteligência para subsidiar a análise
prospectiva. Assim sendo, acredita-se que essa
participação do CIE é fundamental para o Planejamento
Estratégico do Exército.
CONCLUSÃO
Devido à incerteza do futuro e à dificuldade de
prevê-lo, os Estados Nacionais procuram acompanhar os
eventos que possam comprometer as ações de governo ou
oferecer oportunidades relacionadas aos Campos do
Poder Nacional. O monitoramento das Conjunturas
Nacional e Internacional faz-se necessário para que o
governo tenha condições de interferir naqueles eventos
que são de seu interesse e colabore para que suas
políticas se concretizem.
Desde 1990, a ABIN vem se organizando para
melhor atender às necessidades de Inteligência do Estado.
No entanto, percebe-se que a integração entre os diversos
órgãos participantes do SISBIN ainda não é eficiente
devido às dúvidas que os setores do governo apresentam
em relação à organização e ao trabalho desenvolvido pela
Agência, pois é a herdeira do extinto SNI. Assim sendo,
os produtos originados da ABIN não são totalmente
difundidos e conhecidos por todos os usuários integrantes
do Sistema de Inteligência de mais alto nível no
Brasil.Na expressão Militar do Poder Nacional, o Sistema
de Inteligência de Defesa é o responsável pela
formulação da Política de Inteligência de Defesa, de
Estratégias de Inteligência de Defesa e de doutrinas
inerentes à atividade. Para isso, a produção de
Conhecimentos é realizada para atender às necessidades
do processo decisório no mais alto nível, no âmbito do
Ministério da Defesa com o objetivo de subsidiar a
formulação e a condução do Planejamento Estratégico
Militar. Todo esse esforço visa atender à Política de
Defesa Nacional.
A avaliação estratégica de Defesa determinará a
política militar de Defesa, baseada em cenários
prospectivos e em objetivos militares de Defesa.
O Exército Brasileiro contribui com o Ministério
da Defesa na produção de Conhecimentos, no nível
estratégico, por meio do acompanhamento das
conjunturas nacional e internacional, nos aspectos de
interesse da Defesa, produzindo Conhecimentos de
Inteligência e a avaliação estratégica setorial, que após a
sua finalização é encaminhada à subchefia de Inteligência
Estratégica.
A participação da Inteligência, no nível estratégico,
fica bem caracterizada com as contribuições realizadas
pelo SIEx e o EME. Esse, por meio da 7ª Subchefia, tem
a atribuição de monitorar as conjunturas nacional e
internacional para determinar situações, na área externa
ao EB, que possam sugerir a tomada de iniciativas para
superar conflitos e crises ou para atender interesses da
Defesa Nacional. Ainda, conduz estudos prospectivos de
interesse do Exército, colaborando com o reajuste das
políticas e estratégias que não se enquadrem no nível
operacional.
O SIPLEx constitui o Planejamento Estratégico
Prospectivo do Exército, definindo os objetivos e as
ações estratégicas necessárias para alcançá-los, com
vistas a capacitar o Exército Brasileiro, de forma
permanente, para o exercício de suas responsabilidades.
No Caderno de Avaliação, observa-se que o
SIPLEx apresenta o diagnóstico atual, no qual são
considerados os ambientes externo e interno, e os
cenários prospectivos.
Nas situações em que as ameaças percebidas
possam se transformar em crises, e potencialmente, em
conflito armado, a Inteligência Estratégica tem a
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
44 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
incumbência de determinar o valor dessas
ameaças. Isso permitirá ao Estado verificar as condições
para desenvolver as estratégias necessárias e adequadas
para a oposição a elas, bem como servirá para estabelecer
qual o adequado nível de preparo da estrutura de defesa
do país, aí incluídas as Forças Armadas.
Persistindo a ameaça e ocorrendo o conflito, a
Inteligência Estratégica será um valioso instrumento de
assessoria no estabelecimento das estratégias para a
utilização do poder militar.
A Inteligência Estratégica eficaz pode ser
caracterizada por desenvolver atividades complexas. Ela
deve ser organizada para desenvolver o monitoramento
do poder nacional dos países de interesse, ou blocos,
representado, pelo poder político, pelo poder militar, pelo
potencial de ciência e tecnologia e de inovações
tecnológicas, de áreas geográficas e da evolução
geopolítica, e o poder econômico.
Assim, conclui-se que o Sistema de Inteligência do
Exército, representado pelo Centro de Inteligência do
Exército, participa ativamente da atividade de
Inteligência Estratégica, contribuindo com o Sistema
Brasileiro de Inteligência e o Sistema de Inteligência de
Defesa na manutenção da política de Defesa Nacional.
Verificou-se, ainda, que o CIE, órgão central do
SIEx, atua como Órgão de Assessoramento Direto e
Imediato do Comandante do Exército e como Agência de
Inteligência do Gabinete do Comandante do Exército,
prestando assessoramento seguro, oportuno, amplo,
objetivo, imparcial, claro e integrado aos Órgãos de
Direção-Geral e Setorial, além de igualmente colaborar
com o SINDE e o SISBIN para a antecipação de eventos.
Acredita-se que desse modo foi possível
caracterizar a importância da Inteligência Estratégica
para o Processo Decisório no Exército Brasileiro,
asseverando que a integração e a interação entre os
Sistemas de Inteligência poderá ser mais eficiente e
eficaz quando ocorrer a aprovação da Lei que trata da
Política Nacional de Inteligência.
REFERÊNCIAS
AGENCY, Center Intelligence. Shermam Kent and the Profession of Intelligence Analysis. Disponível em https://www.cia.gov/library/kent-center-occasional-papers/vol1no5.htm. Acessado em 27 de abril de 2012, às 21hs e 15 min.ALMEIDA, Bíblia de Estudo. Revista e Atualizada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Ed 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A atividade de inteligência militar. 1.ed Brasília, DF, 1995. Confidencial.BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-2: Produção do Conhecimento. 1.ed Brasília, DF, 1997. Confidencial.BRASIL. Estado-Maior do Exército (EME). Relatório Resumido “Cenários Prospectivos Exército Brasileiro/2022”. George Luiz Coelho Cortês (Org). Brasília, 2008. CD Rom, 91 KB. Última modificação em 27 jun.2008.BRASIL. Estado-Maior do Exército. Sistema de planejamento do exército (SIPLEX). Brasília, DF, 2011.BRASIL. Estado-Maior do Exército. Vade-Mécum de inteligência militar. Brasília, DF, 2011.BRASIL. Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Institui o Sistema Brasileiro, cria a Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 dez. 1999, P.1.BRASIL. Ministério da Defesa. BRE nº 12: ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA. Brasília, 2009.BRASIL. Ministério da Defesa. MD32-M-06: Doutrina de inteligência operacional para operações combinadas. Brasília, DF, 2006. Reservado.BRASIL. Ministério da Defesa. MD 33–M–02 : Manual de abreviaturas, siglas, símbolos e convenções cartográficas das Forças Armadas. 2. ed. Brasília, 2001.BRASIL. Portaria Normativa nº 277/MD, de 19 de junho de 2002. Dispõe sobre as Normas de Funcionamento do Sistema de Inteligência de Defesa (NOSINDE). Brasília. 19 JUN 02.BRASIL. Portaria Normativa nº 295/MD, de 3 de junho de 2002. Institui o Sistema de Inteligência de Defesa, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 jun. 2002, Seção 1. P.16.CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa: edição de bolso. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lexikon, 2012.CURSO SUPERIOR DE INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA DA ESG (CSIE). Rio de Janeiro, 2012. Disponível em http://csie-esg.blogspot.com.br.Acessado em 27 de abril de 2012, às 20hs e 30 min.MORAES, Márcio Bonifácio. A Atividade de Inteligência, em nível Estratégico, uma proposta para o Brasil. Disponível em http://reservaer.com.br/estrategicos/atividade-de-inteligencia.html. Acessado em 15 de abril de 2012, às 20hs e 10 min.PERI, Enzo Martins. Diretriz Geral do Comandante do Exército 2011-2014. Exército Brasileiro. Brasília. Junho 2011.
PITA, Manuel Carlos Giavedoni. Apuntes de Estratégia (Teoria de la Estrategia General y bases para el Planeamento Estratégico de la Defensa). Buenos Aires. Instituto de Publicaciones Navales Editores. 2010.ROCHA, Márcio. Inteligência Estratégica e a Defesa Nacional.Disponível em http://www.artigonal.com/authors/274581. Acessado em 27 de abril de 2012, às 19hs e 15 min.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
GUILHERME OTÁVIO G. DE CARVALHO23
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Ao longo das últimas décadas, o mundo tem
observado um significativo e irrefutável avanço da
democratização do acesso a informações em todas as
áreas do conhecimento. O enorme volume de dados
disponíveis, fenômeno este potencializado com o advento
da rede mundial de computadores, tem gerado novas
23 Oficial da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro, Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN/1990), Mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais(EsAO) , Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx) e Pós-graduado em Análise de Inteligência Militar (EsIMEx).
oportunidades e novos desafios aos profissionais que
trabalham com Inteligência.
Como consequência, a oferta de Fontes Abertas
tornou a circulação de dados praticamente irrestrita,
reduzindo, do ponto de vista quantitativo, os
procedimentos especializados para obtenção de
informações de acesso negado ou controlado.
A complexidade do mencionado quadro reside
nas exigências advindas da tríade “volume considerável
de dados x fluxo acelerado de informações x velocidade
na tomada de decisões”.
A conjuntura internacional vem sofrendo profundas alterações após a queda do muro de Berlim e,
mais recentemente, depois do 11 de Setembro. O “equilíbrio” mundial, atualmente, sofre impactos de uma
pletora de fatores complexos que podem ser enquadrados sob as óticas da não linearidade, imprevisibilidade,
heterogeneidade, mutabilidade e dinamismo. As antigas ameaças, que mantinham coordenadas de espaço e
de tempo bem definidas, vem sofrendo mutações, dando lugar a um período de anormal instabilidade, com
uma ampla série de riscos e perigos, uns novos, outros antigos, que apenas subiram na hierarquia das
preocupações dos Estados. A “Nova Era” apresenta uma marcante e significativa característica: a explosão
da informação - em especial da digital. Tal fato tem gerado o surgimento de um “nevoeiro” informacional,
causado pelo excesso de informação disponível. Neste contexto, as Fontes Abertas assumem um novo papel
nos processos característicos da atividade de Inteligência, haja vista o exponencial crescimento da
disponibilidade de dados “desprotegidos”, bem como a velocidade com que estes podem ser transmitidos,
atualmente. Este trabalho apresenta algumas possibilidades das Fontes Abertas de Inteligência, bem como
analisa as oportunidades de melhoria do seu emprego no Sistema de Inteligência do Exército, em especial no
que tange à sua integração com outras Fontes, bem como sua importância no processo de produção do
Conhecimento.
A UTILIZAÇÃO DAS FONTES ABERTAS NOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO E DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA PROPOSTA
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
45EsIMEx - 2º Semestre de 2012
incumbência de determinar o valor dessas
ameaças. Isso permitirá ao Estado verificar as condições
para desenvolver as estratégias necessárias e adequadas
para a oposição a elas, bem como servirá para estabelecer
qual o adequado nível de preparo da estrutura de defesa
do país, aí incluídas as Forças Armadas.
Persistindo a ameaça e ocorrendo o conflito, a
Inteligência Estratégica será um valioso instrumento de
assessoria no estabelecimento das estratégias para a
utilização do poder militar.
A Inteligência Estratégica eficaz pode ser
caracterizada por desenvolver atividades complexas. Ela
deve ser organizada para desenvolver o monitoramento
do poder nacional dos países de interesse, ou blocos,
representado, pelo poder político, pelo poder militar, pelo
potencial de ciência e tecnologia e de inovações
tecnológicas, de áreas geográficas e da evolução
geopolítica, e o poder econômico.
Assim, conclui-se que o Sistema de Inteligência do
Exército, representado pelo Centro de Inteligência do
Exército, participa ativamente da atividade de
Inteligência Estratégica, contribuindo com o Sistema
Brasileiro de Inteligência e o Sistema de Inteligência de
Defesa na manutenção da política de Defesa Nacional.
Verificou-se, ainda, que o CIE, órgão central do
SIEx, atua como Órgão de Assessoramento Direto e
Imediato do Comandante do Exército e como Agência de
Inteligência do Gabinete do Comandante do Exército,
prestando assessoramento seguro, oportuno, amplo,
objetivo, imparcial, claro e integrado aos Órgãos de
Direção-Geral e Setorial, além de igualmente colaborar
com o SINDE e o SISBIN para a antecipação de eventos.
Acredita-se que desse modo foi possível
caracterizar a importância da Inteligência Estratégica
para o Processo Decisório no Exército Brasileiro,
asseverando que a integração e a interação entre os
Sistemas de Inteligência poderá ser mais eficiente e
eficaz quando ocorrer a aprovação da Lei que trata da
Política Nacional de Inteligência.
REFERÊNCIAS
AGENCY, Center Intelligence. Shermam Kent and the Profession of Intelligence Analysis. Disponível em https://www.cia.gov/library/kent-center-occasional-papers/vol1no5.htm. Acessado em 27 de abril de 2012, às 21hs e 15 min.ALMEIDA, Bíblia de Estudo. Revista e Atualizada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Ed 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A atividade de inteligência militar. 1.ed Brasília, DF, 1995. Confidencial.BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-2: Produção do Conhecimento. 1.ed Brasília, DF, 1997. Confidencial.BRASIL. Estado-Maior do Exército (EME). Relatório Resumido “Cenários Prospectivos Exército Brasileiro/2022”. George Luiz Coelho Cortês (Org). Brasília, 2008. CD Rom, 91 KB. Última modificação em 27 jun.2008.BRASIL. Estado-Maior do Exército. Sistema de planejamento do exército (SIPLEX). Brasília, DF, 2011.BRASIL. Estado-Maior do Exército. Vade-Mécum de inteligência militar. Brasília, DF, 2011.BRASIL. Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Institui o Sistema Brasileiro, cria a Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 dez. 1999, P.1.BRASIL. Ministério da Defesa. BRE nº 12: ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA. Brasília, 2009.BRASIL. Ministério da Defesa. MD32-M-06: Doutrina de inteligência operacional para operações combinadas. Brasília, DF, 2006. Reservado.BRASIL. Ministério da Defesa. MD 33–M–02 : Manual de abreviaturas, siglas, símbolos e convenções cartográficas das Forças Armadas. 2. ed. Brasília, 2001.BRASIL. Portaria Normativa nº 277/MD, de 19 de junho de 2002. Dispõe sobre as Normas de Funcionamento do Sistema de Inteligência de Defesa (NOSINDE). Brasília. 19 JUN 02.BRASIL. Portaria Normativa nº 295/MD, de 3 de junho de 2002. Institui o Sistema de Inteligência de Defesa, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 jun. 2002, Seção 1. P.16.CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa: edição de bolso. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lexikon, 2012.CURSO SUPERIOR DE INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA DA ESG (CSIE). Rio de Janeiro, 2012. Disponível em http://csie-esg.blogspot.com.br.Acessado em 27 de abril de 2012, às 20hs e 30 min.MORAES, Márcio Bonifácio. A Atividade de Inteligência, em nível Estratégico, uma proposta para o Brasil. Disponível em http://reservaer.com.br/estrategicos/atividade-de-inteligencia.html. Acessado em 15 de abril de 2012, às 20hs e 10 min.PERI, Enzo Martins. Diretriz Geral do Comandante do Exército 2011-2014. Exército Brasileiro. Brasília. Junho 2011.
PITA, Manuel Carlos Giavedoni. Apuntes de Estratégia (Teoria de la Estrategia General y bases para el Planeamento Estratégico de la Defensa). Buenos Aires. Instituto de Publicaciones Navales Editores. 2010.ROCHA, Márcio. Inteligência Estratégica e a Defesa Nacional.Disponível em http://www.artigonal.com/authors/274581. Acessado em 27 de abril de 2012, às 19hs e 15 min.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
GUILHERME OTÁVIO G. DE CARVALHO23
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Ao longo das últimas décadas, o mundo tem
observado um significativo e irrefutável avanço da
democratização do acesso a informações em todas as
áreas do conhecimento. O enorme volume de dados
disponíveis, fenômeno este potencializado com o advento
da rede mundial de computadores, tem gerado novas
23 Oficial da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro, Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN/1990), Mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais(EsAO) , Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Especialista em Inteligência Militar pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx) e Pós-graduado em Análise de Inteligência Militar (EsIMEx).
oportunidades e novos desafios aos profissionais que
trabalham com Inteligência.
Como consequência, a oferta de Fontes Abertas
tornou a circulação de dados praticamente irrestrita,
reduzindo, do ponto de vista quantitativo, os
procedimentos especializados para obtenção de
informações de acesso negado ou controlado.
A complexidade do mencionado quadro reside
nas exigências advindas da tríade “volume considerável
de dados x fluxo acelerado de informações x velocidade
na tomada de decisões”.
A conjuntura internacional vem sofrendo profundas alterações após a queda do muro de Berlim e,
mais recentemente, depois do 11 de Setembro. O “equilíbrio” mundial, atualmente, sofre impactos de uma
pletora de fatores complexos que podem ser enquadrados sob as óticas da não linearidade, imprevisibilidade,
heterogeneidade, mutabilidade e dinamismo. As antigas ameaças, que mantinham coordenadas de espaço e
de tempo bem definidas, vem sofrendo mutações, dando lugar a um período de anormal instabilidade, com
uma ampla série de riscos e perigos, uns novos, outros antigos, que apenas subiram na hierarquia das
preocupações dos Estados. A “Nova Era” apresenta uma marcante e significativa característica: a explosão
da informação - em especial da digital. Tal fato tem gerado o surgimento de um “nevoeiro” informacional,
causado pelo excesso de informação disponível. Neste contexto, as Fontes Abertas assumem um novo papel
nos processos característicos da atividade de Inteligência, haja vista o exponencial crescimento da
disponibilidade de dados “desprotegidos”, bem como a velocidade com que estes podem ser transmitidos,
atualmente. Este trabalho apresenta algumas possibilidades das Fontes Abertas de Inteligência, bem como
analisa as oportunidades de melhoria do seu emprego no Sistema de Inteligência do Exército, em especial no
que tange à sua integração com outras Fontes, bem como sua importância no processo de produção do
Conhecimento.
A UTILIZAÇÃO DAS FONTES ABERTAS NOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO E DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA PROPOSTA
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
46 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
A inundação de dados gerada pela
“democratização da informação” e pela popularização
das tecnologias da comunicação aumentou a carga sobre
os “decisores”, bem como impôs limitações ao uso de
Fontes Abertas.
A “Inteligência de Fontes Abertas” – produto da
Era da Informação24 – como ferramenta gestacional,
compõe ativamente os processos de integração de dados e
de produção do conhecimento. Concebida a partir de
informação publicamente disponível, é coletada,
explorada e disseminada de maneira oportuna, com a
finalidade de atender uma demanda específica.
Os trabalhos acadêmicos que versam sobre
Inteligência definem as técnicas de coleta/busca por meio
de acrônimos derivados do uso norte-americano:
HUMINT (Inteligência de Fontes Humanas), SIGINT
(Inteligência de Sinais), IMINT (Inteligência de Imagens)
e OSINT (Inteligência de Fontes Abertas). A doutrina de
Inteligência Militar da Força Terrestre não considera a
OSINT na composição dos processos de integração de
dados e de produção do Conhecimento.
OSINT é definida como a análise baseada na
“obtenção legal de documentos oficiais sem restrição de
segurança, da observação direta e não clandestina dos
aspectos políticos, militares e econômicos da vida interna
de outros países ou alvos, do monitoramento da mídia, da
aquisição legal de livros e revistas especializadas de
caráter técnico-científico, enfim, de um leque mais ou
menos amplo de Fontes disponíveis, cujo acesso é
permitido sem restrições especiais de segurança.” A
OSINT pode compor um documento como subsídio à
análise, tais quais a HUMINT, SIGINT e IMINT, ou
mesmo basear inteiramente um produto de Inteligência.
A grande vantagem das Fontes Abertas é o alto
grau de oportunidade e o baixo custo para obtê-las. A
OSINT torna-se atraente, principalmente, em épocas de
24Era da Informação (também conhecida como Era Digital) é o nome
dado ao período que vem após a Era Industrial, mais especificamente após a década de 1980 embora suas bases tenham começado no princípio do século XX e, particularmente, na década de 1970, com invenções tais como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra óptica e o computador pessoal.
contingenciamento orçamentário e para aquelas nações
que adotam o princípio da efetividade em seu arcabouço
jurídico. Ampliam, portanto, as possibilidades da
atividade de Inteligência.
Para a Inteligência Militar, o impacto dessas
inovações se faz presente, exigindo a adequação dos
conceitos estabelecidos referentes aos processos de
integração de dados e de produção do Conhecimento, os
quais podem se adequar no que tange às novas
prioridades no trato das Fontes Abertas.
Dessa forma, este trabalho tem por escopo
apresentar uma proposta de otimização do uso das Fontes
Abertas como ferramenta eficaz para os processos de
integração de dados e de produção do Conhecimento de
Inteligência, assim como ratificar a sua importância como
fundamental vetor no amplo e desafiador espectro de
coleta/busca de dados no mundo atual.
2 FONTES ABERTAS / OSINT:
CARACTERÍSTICAS, POSSIBILIDADES E
LIMITAÇÕES
OSINT, sigla para Open Source Intelligence, é o
termo usado, principalmente em inglês, para descrever a
Inteligência, no sentido de informações, como em
Serviço de Inteligência, obtida através dados disponíveis
para o público em geral, como jornais, revistas científicas
e emissões de TV. [Wikipédia].
Referem-se a dados e/ou informações de domínio
público, ou seja, encontram-se disponíveis para qualquer
pessoa, podendo ser legal e eticamente acessada a baixo
custo. Parte dessas informações é utilizada pela
Inteligência, sendo admitido, atualmente, que a grande
maioria do conhecimento produzido pelas Agências – no
Brasil e no exterior – são provenientes de OSINT.
Uma tradução para o termo seria “Inteligência de
fontes livres ou abertas”, que mantém a ideia do termo
original: Inteligência produzida com base em
informações de acesso público. Surge, principalmente, do
conceito de que cada comunicação, quando relacionada a
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
outras, durante um certo período de tempo, pode
ser utilizada para revelar mais conteúdo do que o
originalmente planejado.
A OSINT, em geral, muito embora não seja
dependente de recursos complexos ou dispendiosos,
tende a possuir elevado potencial para a atividade de
Inteligência. Mesmo quando se trata de assuntos
relacionados ao Campo Militar, uma significativa
quantidade de material está disponível, subsidiando uma
produção relevante de Conhecimentos, comparativamente
a outros tipos de Fontes. James Woolsey, Diretor da CIA,
de 1993 até 1995, estimou que 80% das informações
confidenciais já podem ser deduzidas com base,
exclusivamente, em Fontes Abertas.
Uma visão comum, porém questionável, é que a
OSINT tende a ter pouca credibilidade, pois não se
poderia confiar, plenamente, na maior parte das fontes
públicas, como jornais, emissores de televisão ou sites na
Web. Tal situação, entretanto, só torna mais aparente a
necessidade do chamado pensamento crítico no
tratamento das informações, ainda mais se considerando
o volume dos dados disponíveis.
George Kennan25, importante diplomata norte americano, comentou uma vez acerca da Inteligência do seu país: “eu diria que algo em torno de 95% do que nós precisamos saber poderia muito bem ser obtido por um estudo cuidadoso e competente de fontes perfeitamente legítimas de informação abertas e disponíveis para nós nas ricas bibliotecas e arquivos deste país. Boa parte do resto, se não pudesse ser encontrada aqui (e existe muito pouco que não poderia), poderia facilmente ser descoberta de maneira não-secreta em fontes similares em outros países.”
O vertiginoso crescimento da Internet e a
popularização dos meios de acesso às diversas Fontes
25 George Frost Kennan (16 de fevereiro de 1904 — 17 de março de 2005) foi um diplomata, cientista político e historiador norte-americano, sendo uma figura central na emergência da Guerra Fria.Ele posteriormente escreveu histórias sobre as relações da Rússiacom as potências ocidentais. No final da década de 1940, seus escritos inspiraram a Doutrina Truman e a política externa norte-americana de "contenção" da União Soviética, dando-o um duradouro papel de autoridade líder durante a Guerra Fria.
tornaram públicas quantidades sem precedentes de dados.
A sistematização do uso dessas informações, sua
organização, interpretação e análise podem ser de grande
valia em qualquer atividade, seja civil ou militar, pública
ou privada. As instituições em geral - como o Exército
Brasileiro - têm a possibilidade, por exemplo, de
relacionar as Fontes Abertas com os seus próprios bancos
de dados.
A OSINT é produzida a partir de informações
disponíveis livremente, que são coletadas, processadas,
analisadas e disseminadas tempestivamente, em formato
adequado, visando atender as necessidades de
inteligência de tomadores de decisão nos diversos níveis
organizacionais.
Dentre as vantagens das Fontes Abertas pode-se
destacar o alto grau de oportunidade e, como já abordado,
o baixo custo para obtê-las, tornando-a atraente,
principalmente, em épocas de contingenciamento
orçamentário. Por sua característica não intrusiva, tende a
ampliar as possibilidades da atividade de Inteligência.
Com relação ao uso de fontes ostensivas na
atividade de Inteligência no Brasil, é importante
sublinhar que, em artigo para o periódico Folha de São
Paulo, o antigo Ministro de Estado Chefe do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI) da Presidência da
República do Brasil, General Jorge Armando Félix,
declarou que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)
“estima em mais de 90% o conhecimento obtido das
chamadas Fontes Abertas.” (FELIX, 2005).
Segundo Klanovicz (2006), como Inteligência
corresponde a uma informação categorizada e específica
que atende demandas de um certo cliente e que exige
acuidade de análise, precisão de conteúdo, apresentação
clara e objetiva do tema tratado, além de eficiência e
rapidez na elaboração, as Fontes Abertas apresentam-se
como instrumentos vantajosos para a obtenção de dados,
ética e legalmente disponíveis e de baixo custo.
Klanovicz (2006) cita ainda que, no amplo rol de
Fontes Abertas, o processo de obtenção de dados incide
sobre ambientes (entidades e instituições, espaços
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
47EsIMEx - 2º Semestre de 2012
A inundação de dados gerada pela
“democratização da informação” e pela popularização
das tecnologias da comunicação aumentou a carga sobre
os “decisores”, bem como impôs limitações ao uso de
Fontes Abertas.
A “Inteligência de Fontes Abertas” – produto da
Era da Informação24 – como ferramenta gestacional,
compõe ativamente os processos de integração de dados e
de produção do conhecimento. Concebida a partir de
informação publicamente disponível, é coletada,
explorada e disseminada de maneira oportuna, com a
finalidade de atender uma demanda específica.
Os trabalhos acadêmicos que versam sobre
Inteligência definem as técnicas de coleta/busca por meio
de acrônimos derivados do uso norte-americano:
HUMINT (Inteligência de Fontes Humanas), SIGINT
(Inteligência de Sinais), IMINT (Inteligência de Imagens)
e OSINT (Inteligência de Fontes Abertas). A doutrina de
Inteligência Militar da Força Terrestre não considera a
OSINT na composição dos processos de integração de
dados e de produção do Conhecimento.
OSINT é definida como a análise baseada na
“obtenção legal de documentos oficiais sem restrição de
segurança, da observação direta e não clandestina dos
aspectos políticos, militares e econômicos da vida interna
de outros países ou alvos, do monitoramento da mídia, da
aquisição legal de livros e revistas especializadas de
caráter técnico-científico, enfim, de um leque mais ou
menos amplo de Fontes disponíveis, cujo acesso é
permitido sem restrições especiais de segurança.” A
OSINT pode compor um documento como subsídio à
análise, tais quais a HUMINT, SIGINT e IMINT, ou
mesmo basear inteiramente um produto de Inteligência.
A grande vantagem das Fontes Abertas é o alto
grau de oportunidade e o baixo custo para obtê-las. A
OSINT torna-se atraente, principalmente, em épocas de
24Era da Informação (também conhecida como Era Digital) é o nome
dado ao período que vem após a Era Industrial, mais especificamente após a década de 1980 embora suas bases tenham começado no princípio do século XX e, particularmente, na década de 1970, com invenções tais como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra óptica e o computador pessoal.
contingenciamento orçamentário e para aquelas nações
que adotam o princípio da efetividade em seu arcabouço
jurídico. Ampliam, portanto, as possibilidades da
atividade de Inteligência.
Para a Inteligência Militar, o impacto dessas
inovações se faz presente, exigindo a adequação dos
conceitos estabelecidos referentes aos processos de
integração de dados e de produção do Conhecimento, os
quais podem se adequar no que tange às novas
prioridades no trato das Fontes Abertas.
Dessa forma, este trabalho tem por escopo
apresentar uma proposta de otimização do uso das Fontes
Abertas como ferramenta eficaz para os processos de
integração de dados e de produção do Conhecimento de
Inteligência, assim como ratificar a sua importância como
fundamental vetor no amplo e desafiador espectro de
coleta/busca de dados no mundo atual.
2 FONTES ABERTAS / OSINT:
CARACTERÍSTICAS, POSSIBILIDADES E
LIMITAÇÕES
OSINT, sigla para Open Source Intelligence, é o
termo usado, principalmente em inglês, para descrever a
Inteligência, no sentido de informações, como em
Serviço de Inteligência, obtida através dados disponíveis
para o público em geral, como jornais, revistas científicas
e emissões de TV. [Wikipédia].
Referem-se a dados e/ou informações de domínio
público, ou seja, encontram-se disponíveis para qualquer
pessoa, podendo ser legal e eticamente acessada a baixo
custo. Parte dessas informações é utilizada pela
Inteligência, sendo admitido, atualmente, que a grande
maioria do conhecimento produzido pelas Agências – no
Brasil e no exterior – são provenientes de OSINT.
Uma tradução para o termo seria “Inteligência de
fontes livres ou abertas”, que mantém a ideia do termo
original: Inteligência produzida com base em
informações de acesso público. Surge, principalmente, do
conceito de que cada comunicação, quando relacionada a
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
outras, durante um certo período de tempo, pode
ser utilizada para revelar mais conteúdo do que o
originalmente planejado.
A OSINT, em geral, muito embora não seja
dependente de recursos complexos ou dispendiosos,
tende a possuir elevado potencial para a atividade de
Inteligência. Mesmo quando se trata de assuntos
relacionados ao Campo Militar, uma significativa
quantidade de material está disponível, subsidiando uma
produção relevante de Conhecimentos, comparativamente
a outros tipos de Fontes. James Woolsey, Diretor da CIA,
de 1993 até 1995, estimou que 80% das informações
confidenciais já podem ser deduzidas com base,
exclusivamente, em Fontes Abertas.
Uma visão comum, porém questionável, é que a
OSINT tende a ter pouca credibilidade, pois não se
poderia confiar, plenamente, na maior parte das fontes
públicas, como jornais, emissores de televisão ou sites na
Web. Tal situação, entretanto, só torna mais aparente a
necessidade do chamado pensamento crítico no
tratamento das informações, ainda mais se considerando
o volume dos dados disponíveis.
George Kennan25, importante diplomata norte americano, comentou uma vez acerca da Inteligência do seu país: “eu diria que algo em torno de 95% do que nós precisamos saber poderia muito bem ser obtido por um estudo cuidadoso e competente de fontes perfeitamente legítimas de informação abertas e disponíveis para nós nas ricas bibliotecas e arquivos deste país. Boa parte do resto, se não pudesse ser encontrada aqui (e existe muito pouco que não poderia), poderia facilmente ser descoberta de maneira não-secreta em fontes similares em outros países.”
O vertiginoso crescimento da Internet e a
popularização dos meios de acesso às diversas Fontes
25 George Frost Kennan (16 de fevereiro de 1904 — 17 de março de 2005) foi um diplomata, cientista político e historiador norte-americano, sendo uma figura central na emergência da Guerra Fria.Ele posteriormente escreveu histórias sobre as relações da Rússiacom as potências ocidentais. No final da década de 1940, seus escritos inspiraram a Doutrina Truman e a política externa norte-americana de "contenção" da União Soviética, dando-o um duradouro papel de autoridade líder durante a Guerra Fria.
tornaram públicas quantidades sem precedentes de dados.
A sistematização do uso dessas informações, sua
organização, interpretação e análise podem ser de grande
valia em qualquer atividade, seja civil ou militar, pública
ou privada. As instituições em geral - como o Exército
Brasileiro - têm a possibilidade, por exemplo, de
relacionar as Fontes Abertas com os seus próprios bancos
de dados.
A OSINT é produzida a partir de informações
disponíveis livremente, que são coletadas, processadas,
analisadas e disseminadas tempestivamente, em formato
adequado, visando atender as necessidades de
inteligência de tomadores de decisão nos diversos níveis
organizacionais.
Dentre as vantagens das Fontes Abertas pode-se
destacar o alto grau de oportunidade e, como já abordado,
o baixo custo para obtê-las, tornando-a atraente,
principalmente, em épocas de contingenciamento
orçamentário. Por sua característica não intrusiva, tende a
ampliar as possibilidades da atividade de Inteligência.
Com relação ao uso de fontes ostensivas na
atividade de Inteligência no Brasil, é importante
sublinhar que, em artigo para o periódico Folha de São
Paulo, o antigo Ministro de Estado Chefe do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI) da Presidência da
República do Brasil, General Jorge Armando Félix,
declarou que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)
“estima em mais de 90% o conhecimento obtido das
chamadas Fontes Abertas.” (FELIX, 2005).
Segundo Klanovicz (2006), como Inteligência
corresponde a uma informação categorizada e específica
que atende demandas de um certo cliente e que exige
acuidade de análise, precisão de conteúdo, apresentação
clara e objetiva do tema tratado, além de eficiência e
rapidez na elaboração, as Fontes Abertas apresentam-se
como instrumentos vantajosos para a obtenção de dados,
ética e legalmente disponíveis e de baixo custo.
Klanovicz (2006) cita ainda que, no amplo rol de
Fontes Abertas, o processo de obtenção de dados incide
sobre ambientes (entidades e instituições, espaços
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
48 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
públicos e privados, além de visitas in loco),
pessoas (público em geral, aposentados, desempregados,
informantes) e, tomando-se de empréstimo o jargão dos
estudos historiográficos, fontes primárias e secundárias
(bancos de dados, bibliotecas, mídia em geral, anais de
seminários e congressos, conferências, notas de aulas e
palestras, mapas e gráficos, serviços de referência,
coleções iconográficas, hipertextos, fontes digitais e
magnéticas).
Segundo MARINHO (2011), a OSINT
caracteriza-se como “matéria-prima” para vários tipos de
informações. Ela pode valer-se de fontes midiáticas,
circunstância em que sua matéria prima para
processamento estará disponível, originalmente, em
jornais, revistas, programas de TV e de rádio, ou contida
em outros tipos de fontes jornalísticas hoje existentes no
ambiente virtual da Internet.
Ainda segundo MARINHO (2011), a OSINT
também pode valer-se de material proveniente do
“mundo virtual”, sem que ele seja, entretanto, midiático.
É o caso dos produtos originados das comunidades ou
redes sociais, em suas diferentes expressões. Uma
característica marcante deste tipo de dado é o fato do
conteúdo ter sido gerado, normalmente, pelo próprio
usuário.
Além dos exemplos citados, outros dados podem
ser obtidos de conteúdos produzidos pela “área oficial”.
Diários Oficiais, Orçamentos Públicos, Processos
Legislativos, Contratos Públicos, dentre outros, são
alguns dos insumos derivados deste setor.
MARINHO (2011) cita ainda que uma
característica peculiar da informação do Século XXI é o
fato dela poder assumir uma dimensão geoespacial e
cibernética, não incluindo, portanto, somente elementos
textuais. Um exemplo a ser citado são os programas de
espacialização digital por satélite disponíveis na Internet,
como o Google Earth.
Outros dados provenientes de Fontes Abertas
podem ser identificados no meio acadêmico ou técnico-
profissional. É o conhecimento comunicado em artigos,
conferências, encontros e/ou simpósios, bem como
documentação especializada regularmente difundida por
organizações especializadas técnico-profissionais. Aí
estão incluídos tanto órgãos estatais quanto privados,
além de ONG.
Ademais, não menos importante deve ser
encarado o papel da pesquisa em Fontes Abertas para a
construção do Conhecimento acerca de determinada área,
bem como - e principalmente – das características
culturais da sua população.
AFONSO (2006), em seu artigo publicado na Revista Brasileira de Inteligência, cita que gerenciar a coleta de informação nos dias atuais “é menos um problema de se esgueirar em becos escuros em terras estrangeiras para encontrar algum agente secreto do que surfar na Internet, debaixo das luzes florescentes de um escritório apertado, a fim de encontrar alguma Fonte Aberta. Isso passou a ser, também, um exercício de eficiência e bom senso financeiro, que ressalta as capacidades de mesclar oportunidade e clareza, conhecer quem tem a informação e onde se encontra quem a detém”.
Ainda segundo AFONSO (2006), a natureza da
informação ostensiva, sua tendência a sobrecarregar o
analista, sua vulnerabilidade e sua possível sujeição à
baixa qualidade não parecem privá-la da capacidade de
basear ou compor um relatório de Inteligência.
Primeiramente, quando bem instruídos acerca dos
instrumentos de procura de dados e das técnicas de
validação de fonte e informação, os coletores poderão ser
capazes de aliar tempo e qualidade ao utilizarem Fontes
Abertas. Em segundo lugar, entre Serviços de
Inteligência, os focos e abordagens da análise de um
mesmo tema não são, necessariamente, semelhantes, em
função da diferença de interesses e de situações que
lapidam as demandas dos decisores. Finalmente,
coletores e analistas preparados e especializados em suas
áreas temáticas poderiam constituir um filtro capaz de
reduzir os déficits analíticos causados por tentativas de
desinformação ou pela má qualidade do dado.
Alguns especialistas, todavia, consideram que,
apesar de imprescindíveis, as Fontes Abertas dificilmente
seriam eficazes no caso da necessidade de analisar
regimes fechados, como, por exemplo, o da Coréia do
Norte. Ademais, pode-se acrescentar o domínio de outras
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
línguas como uma limitação para a atuação dos
Analistas de Inteligência.
Do exposto, pode-se inferir que o trato desejável e
profissional de Fontes Abertas, visando à produção de
conhecimento confiável, carece de especialização
pertinente (recursos humanos) e infraestrutura adequada
(meios de TI e outros recursos).
3 FONTES ABERTAS NA INTEGRAÇÃO DE
DADOS E NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
3.1 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS x
INTELIGÊNCIA
A interação entre o Sistema de Inteligência do
Exército (SIEx) e o Sistema de Operações Psicológicas
do Exército (SIOPEx), apesar de intensa, reveste-se de
certa “simplicidade”. Tal assertiva é baseada na premissa
de que a Inteligência pode apoiar as Operações
Psicológicas (Op Psico) por meio de ações de busca e/ou
coleta, formalizando os Conhecimentos por intermédio
dos documentos padronizados pelo SIEx.
Da mesma forma, as demandas das Op Psico
podem ser apresentadas por intermédio de Pedido de
Busca (PB), com vistas, por exemplo, ao levantamento de
públicos-alvo, de veículos de difusão de produtos, etc.
COSTA (2007), em seu trabalho, relata que,
“desde sempre”, de forma permanente e sistemática,
deveria haver a produção de Conhecimentos específicos
de Inteligência para as Op Psico:Quando o escalão tático ou operacional decide por empregar as Op Psico a fim de contribuir com sua missão, deve estar certo que um longo e penoso trabalho de Inteligência já veio sendo feito, gerando conhecimentos em número e qualidade, disponíveis de forma imediata. Além disso, é preciso lembrar que as Op Psico não trabalham com dados concretos, e sim dados psicossociais e voláteis. Entender tecnicamente o que se passa na cabeça dos neutros, dos inimigos, suas lideranças e demais atores envolvidos requer preparo e aculturamento. Somente a criação de uma imagem fiel do comportamento e das reações do público-alvo, segundo seus valores e crenças, assegura a maneira correta de afetá-lo de maneira eficiente no campo das emoções. Portanto, o maior desafio é produzir, desde o tempo de paz ou normalidade, conhecimentos que sirvam de maneira direta para o desenvolvimento das campanhas de Op Psico. Estes dados, oriundos de diversas fontes, devem ser trabalhados segundo uma metodologia própria, tal qual a Inteligência Militar preconiza, para que se transformem em uma base sólida para as Op Psico atuarem. O manual C 45-4 (1999, p.
4-6) assegura que a Inteligência oportuna e objetiva é um pré-requisito para a eficácia das campanhas de Op PSICO. Diz ainda que o SIEx, por intermédio de todas as Agências e Fontes disponíveis, é o responsável pelo fornecimentos da maior parte dos dados psicológicos de interesse. (COSTA 2007, p.114-115, grifo nosso)
O trabalho de análise do público-alvo, por
exemplo, deve ser continuamente atualizado e, sem uma
alimentação de conhecimentos oriundos da Inteligência, a
tendência é que os Registros de Públicos–alvo (RPA)
percam sua relevância. Atualizar RPA, preparar
Levantamentos Estratégicos de Área (LEA) e colaborar
com as atividades de pré-teste de produtos, por exemplo,
caracterizam os pontos de contato entre o SIEx e o
SIOPEx.
LIMA (2009) elencou outros pontos de contato,
tais como o levantamento das vulnerabilidades do
inimigo ou de qualquer público-alvo; o trabalho
coordenado – no nível estratégico – no combate e
prevenção ao terrorismo, especialmente no estudo de
públicos-alvos; entrevistas de prisioneiros de guerra;
entre outros.
Ademais, a Contra Ação Psicológica26 (C Aç
Psico), atividade de Contrainteligência ativa, por
doutrina, deve ser realizada pela Inteligência,
especificamente o que tange as medidas necessárias de
contrapropaganda (primeira etapa)27.
26 Contra Ação Psicológica é o conjunto de medidas destinadas a detectar, identificar, avaliar, explorar e neutralizar ações psicológicas adversas, em especial a propaganda adversa, que possam causar prejuízos aos interesses do Exército Brasileiro.
27 Contrapropaganda é o conjunto de medidas destinado a detectar, identificar, avaliar, explorar e neutralizar a propaganda adversa que possa causar prejuízos aos interesses do Exército Brasileiro. As medidas a serem adotadas estão relacionadas com ações específicas de C Aç Psico e outras vinculadas às de Segurança Orgânica. A implementação específica da C Aç Psico se divide em duas etapas: a primeira compreende a detecção, a identificação e a avaliação; e a segunda compreende a avaliação, a exploração e a neutralização. A primeira etapa constitui a fase proativa que alimentará a prevenção, desenvolvendo todas as medidas para proteger o Sistema Exército, os possíveis “alvos” para Aç Psico e, também, para definir o planejamento destas ações. A segunda etapa é aquela que põe em execução todas as medidas necessárias para minimizar os efeitos da Aç Psico executada até o emprego dos especialistas em Op Psico. Esta execução estará a cargo da OM Op Psico, não da Inteligência, sendo estas ações planejadas e coordenadas pela Seç Op do escalão considerado. (Manual de Campanha C 30 – 3CONTRAINTELIGÊNCIA)
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
49EsIMEx - 2º Semestre de 2012
públicos e privados, além de visitas in loco),
pessoas (público em geral, aposentados, desempregados,
informantes) e, tomando-se de empréstimo o jargão dos
estudos historiográficos, fontes primárias e secundárias
(bancos de dados, bibliotecas, mídia em geral, anais de
seminários e congressos, conferências, notas de aulas e
palestras, mapas e gráficos, serviços de referência,
coleções iconográficas, hipertextos, fontes digitais e
magnéticas).
Segundo MARINHO (2011), a OSINT
caracteriza-se como “matéria-prima” para vários tipos de
informações. Ela pode valer-se de fontes midiáticas,
circunstância em que sua matéria prima para
processamento estará disponível, originalmente, em
jornais, revistas, programas de TV e de rádio, ou contida
em outros tipos de fontes jornalísticas hoje existentes no
ambiente virtual da Internet.
Ainda segundo MARINHO (2011), a OSINT
também pode valer-se de material proveniente do
“mundo virtual”, sem que ele seja, entretanto, midiático.
É o caso dos produtos originados das comunidades ou
redes sociais, em suas diferentes expressões. Uma
característica marcante deste tipo de dado é o fato do
conteúdo ter sido gerado, normalmente, pelo próprio
usuário.
Além dos exemplos citados, outros dados podem
ser obtidos de conteúdos produzidos pela “área oficial”.
Diários Oficiais, Orçamentos Públicos, Processos
Legislativos, Contratos Públicos, dentre outros, são
alguns dos insumos derivados deste setor.
MARINHO (2011) cita ainda que uma
característica peculiar da informação do Século XXI é o
fato dela poder assumir uma dimensão geoespacial e
cibernética, não incluindo, portanto, somente elementos
textuais. Um exemplo a ser citado são os programas de
espacialização digital por satélite disponíveis na Internet,
como o Google Earth.
Outros dados provenientes de Fontes Abertas
podem ser identificados no meio acadêmico ou técnico-
profissional. É o conhecimento comunicado em artigos,
conferências, encontros e/ou simpósios, bem como
documentação especializada regularmente difundida por
organizações especializadas técnico-profissionais. Aí
estão incluídos tanto órgãos estatais quanto privados,
além de ONG.
Ademais, não menos importante deve ser
encarado o papel da pesquisa em Fontes Abertas para a
construção do Conhecimento acerca de determinada área,
bem como - e principalmente – das características
culturais da sua população.
AFONSO (2006), em seu artigo publicado na Revista Brasileira de Inteligência, cita que gerenciar a coleta de informação nos dias atuais “é menos um problema de se esgueirar em becos escuros em terras estrangeiras para encontrar algum agente secreto do que surfar na Internet, debaixo das luzes florescentes de um escritório apertado, a fim de encontrar alguma Fonte Aberta. Isso passou a ser, também, um exercício de eficiência e bom senso financeiro, que ressalta as capacidades de mesclar oportunidade e clareza, conhecer quem tem a informação e onde se encontra quem a detém”.
Ainda segundo AFONSO (2006), a natureza da
informação ostensiva, sua tendência a sobrecarregar o
analista, sua vulnerabilidade e sua possível sujeição à
baixa qualidade não parecem privá-la da capacidade de
basear ou compor um relatório de Inteligência.
Primeiramente, quando bem instruídos acerca dos
instrumentos de procura de dados e das técnicas de
validação de fonte e informação, os coletores poderão ser
capazes de aliar tempo e qualidade ao utilizarem Fontes
Abertas. Em segundo lugar, entre Serviços de
Inteligência, os focos e abordagens da análise de um
mesmo tema não são, necessariamente, semelhantes, em
função da diferença de interesses e de situações que
lapidam as demandas dos decisores. Finalmente,
coletores e analistas preparados e especializados em suas
áreas temáticas poderiam constituir um filtro capaz de
reduzir os déficits analíticos causados por tentativas de
desinformação ou pela má qualidade do dado.
Alguns especialistas, todavia, consideram que,
apesar de imprescindíveis, as Fontes Abertas dificilmente
seriam eficazes no caso da necessidade de analisar
regimes fechados, como, por exemplo, o da Coréia do
Norte. Ademais, pode-se acrescentar o domínio de outras
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
línguas como uma limitação para a atuação dos
Analistas de Inteligência.
Do exposto, pode-se inferir que o trato desejável e
profissional de Fontes Abertas, visando à produção de
conhecimento confiável, carece de especialização
pertinente (recursos humanos) e infraestrutura adequada
(meios de TI e outros recursos).
3 FONTES ABERTAS NA INTEGRAÇÃO DE
DADOS E NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
3.1 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS x
INTELIGÊNCIA
A interação entre o Sistema de Inteligência do
Exército (SIEx) e o Sistema de Operações Psicológicas
do Exército (SIOPEx), apesar de intensa, reveste-se de
certa “simplicidade”. Tal assertiva é baseada na premissa
de que a Inteligência pode apoiar as Operações
Psicológicas (Op Psico) por meio de ações de busca e/ou
coleta, formalizando os Conhecimentos por intermédio
dos documentos padronizados pelo SIEx.
Da mesma forma, as demandas das Op Psico
podem ser apresentadas por intermédio de Pedido de
Busca (PB), com vistas, por exemplo, ao levantamento de
públicos-alvo, de veículos de difusão de produtos, etc.
COSTA (2007), em seu trabalho, relata que,
“desde sempre”, de forma permanente e sistemática,
deveria haver a produção de Conhecimentos específicos
de Inteligência para as Op Psico:Quando o escalão tático ou operacional decide por empregar as Op Psico a fim de contribuir com sua missão, deve estar certo que um longo e penoso trabalho de Inteligência já veio sendo feito, gerando conhecimentos em número e qualidade, disponíveis de forma imediata. Além disso, é preciso lembrar que as Op Psico não trabalham com dados concretos, e sim dados psicossociais e voláteis. Entender tecnicamente o que se passa na cabeça dos neutros, dos inimigos, suas lideranças e demais atores envolvidos requer preparo e aculturamento. Somente a criação de uma imagem fiel do comportamento e das reações do público-alvo, segundo seus valores e crenças, assegura a maneira correta de afetá-lo de maneira eficiente no campo das emoções. Portanto, o maior desafio é produzir, desde o tempo de paz ou normalidade, conhecimentos que sirvam de maneira direta para o desenvolvimento das campanhas de Op Psico. Estes dados, oriundos de diversas fontes, devem ser trabalhados segundo uma metodologia própria, tal qual a Inteligência Militar preconiza, para que se transformem em uma base sólida para as Op Psico atuarem. O manual C 45-4 (1999, p.
4-6) assegura que a Inteligência oportuna e objetiva é um pré-requisito para a eficácia das campanhas de Op PSICO. Diz ainda que o SIEx, por intermédio de todas as Agências e Fontes disponíveis, é o responsável pelo fornecimentos da maior parte dos dados psicológicos de interesse. (COSTA 2007, p.114-115, grifo nosso)
O trabalho de análise do público-alvo, por
exemplo, deve ser continuamente atualizado e, sem uma
alimentação de conhecimentos oriundos da Inteligência, a
tendência é que os Registros de Públicos–alvo (RPA)
percam sua relevância. Atualizar RPA, preparar
Levantamentos Estratégicos de Área (LEA) e colaborar
com as atividades de pré-teste de produtos, por exemplo,
caracterizam os pontos de contato entre o SIEx e o
SIOPEx.
LIMA (2009) elencou outros pontos de contato,
tais como o levantamento das vulnerabilidades do
inimigo ou de qualquer público-alvo; o trabalho
coordenado – no nível estratégico – no combate e
prevenção ao terrorismo, especialmente no estudo de
públicos-alvos; entrevistas de prisioneiros de guerra;
entre outros.
Ademais, a Contra Ação Psicológica26 (C Aç
Psico), atividade de Contrainteligência ativa, por
doutrina, deve ser realizada pela Inteligência,
especificamente o que tange as medidas necessárias de
contrapropaganda (primeira etapa)27.
26 Contra Ação Psicológica é o conjunto de medidas destinadas a detectar, identificar, avaliar, explorar e neutralizar ações psicológicas adversas, em especial a propaganda adversa, que possam causar prejuízos aos interesses do Exército Brasileiro.
27 Contrapropaganda é o conjunto de medidas destinado a detectar, identificar, avaliar, explorar e neutralizar a propaganda adversa que possa causar prejuízos aos interesses do Exército Brasileiro. As medidas a serem adotadas estão relacionadas com ações específicas de C Aç Psico e outras vinculadas às de Segurança Orgânica. A implementação específica da C Aç Psico se divide em duas etapas: a primeira compreende a detecção, a identificação e a avaliação; e a segunda compreende a avaliação, a exploração e a neutralização. A primeira etapa constitui a fase proativa que alimentará a prevenção, desenvolvendo todas as medidas para proteger o Sistema Exército, os possíveis “alvos” para Aç Psico e, também, para definir o planejamento destas ações. A segunda etapa é aquela que põe em execução todas as medidas necessárias para minimizar os efeitos da Aç Psico executada até o emprego dos especialistas em Op Psico. Esta execução estará a cargo da OM Op Psico, não da Inteligência, sendo estas ações planejadas e coordenadas pela Seç Op do escalão considerado. (Manual de Campanha C 30 – 3CONTRAINTELIGÊNCIA)
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
50 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
A fim de reunir as melhores condições para o
desempenho desta atividade, é lícito inferir que haja
premente necessidade – por parte do(s) Analista(s) de
Contrainteligência responsável (eis) – de um
acompanhamento cerrado do maior número possível de
mídias e/ou outros instrumentos de comunicação.
Dessa forma, fica latente a necessidade de
pesquisas em Fontes Abertas para o atendimento às
demandas das Op Psico, haja vista as especificidades
culturais, sociais e antropológicas requeridas exigirem
estudos direcionados e continuados, bem como o
sistemático acompanhamento dos meios de comunicação,
a fim de melhor desempenhar as ações de
contrapropaganda.
É interessante que a interação entre os
mencionados Sistemas se dê em todos os níveis, havendo
necessidade de discriminação dos dados a serem obtidos
no Repertório de Conhecimentos Necessários (RCN)
constante do Plano de Inteligência do Exército (PIEx) –
nível estratégico -, com desdobramentos para os demais
escalões – níveis operacional e tático.
3.2 CENTRO DE CULTURA DO TRADOC: EXEMPLO AMERICANO
Inaugurado em fevereiro de 2006, o Centro de
Cultura do Comando de Adestramento e Doutrina do
Exército dos EUA (US Army Training and Doctrine
Command — TRADOC) está localizado no Centro de
Inteligência do Exército dos EUA (US Army Intelligence
Center — USAIC, Forte Huachuca, Arizona), inserindo-
se num novo conceito de atuação da Força Terrestre
daquele país.
A criação do Centro de Cultura faz parte da
“campanha de conhecimento cultural”, que procura
melhorar a capacidade do soldado norte-americano em
entender e dar importância a fatores culturais. Se os
primeiros conflitos da guerra contra o terrorismo
alertavam sobre o futuro, a necessidade de entender
culturas estrangeiras passou a assumir um nível sem
precedentes de importância para as Forças Armadas
daquele país. As análises contemporâneas cada vez mais
identificam as populações estrangeiras como centros de
gravidade, fato que ressalta a importância da iniciativa do
conhecimento cultural ou cultural awareness28.
O objetivo principal do Centro é apoiar o
desenvolvimento e o treinamento de conhecimento
cultural e divulgar relevantes experiências de culturas,
conhecimento e produtos por intermédio do Exército e,
principalmente, pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Outras propostas do Centro incluem treinamento
intercultural, educação, pesquisa, colaboração entre
intelectuais militares e civis. À medida que o Centro
amadurece, espera-se que ele influa no surgimento de
novos centros culturais no Exército, Forças Singulares e
Departamento de Defesa.
O Centro tem cinco seções: um escritório central,
uma Seção de Treinamento Cultural e Educação, um
Laboratório de Idiomas, uma Seção de Formação de
Equipes e uma Seção Intercultural de Pesquisa Aplicada
e Divulgação. É subordinado à 111ª Brigada de
Inteligência Militar, do Centro de Inteligência do
Exército dos EUA.
Nesse contexto, cabe à Inteligência um
importante papel, cujo viés mais adequado e pertinente é
o assessoramento especial baseado na pesquisa em Fontes
Abertas (OSINT), complementado por ações
operacionais específicas ligadas à HUMINT.
Embora o assunto, no Exército Brasileiro, ainda
seja incipiente, pode-se inferir que o exemplo dos EUA
deve ser apreciado. Considerando as especificidades
brasileiras - país de dimensões continentais e
multicultural -, bem como o provável aumento da
participação do País em futuras missões de paz sob a
28 Cultural awareness pode ser traduzido como “consciência cultural”. Trata-se de um conhecimento genérico de uma cultura ou sociedade específica, não significando um nível de conhecimento elevado ou vivência. Aborda aspectos tangíveis, como vestimentas, culinária, esportes típicos, idioma e arquitetura, dentre outros; e intangíveis, como tolerância às mudanças, noção de tempo e de espaço, crenças, sentimento de justiça e semântica das palavras. (ABREU 2010)
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
égide da ONU, é desejável um aprofundamento na
questão apresentada.
3.3 MÍDIAS SOCIAIS x INTELIGÊNCIA
A atual interconexão generalizada entre as
pessoas tem chamado a atenção de muitos teóricos sobre
seus efeitos no quadro das relações individuais e,
igualmente, na forma como os coletivos se comportam
quando se constituem como redes de alta densidade.
Relações individuais e coletivas, particularmente
no ciberespaço, têm despertado o interesse dos estudiosos
de redes sociais, dos sociólogos, etnógrafos virtuais, dos
ciberteóricos, dos especialistas em gestão do
conhecimento e da informação, enfim, de todos aqueles
que pressentem que há algo de novo a ser investigado,
que a atual vertigem da interação coletiva pode ser
compreendida dentro de uma certa lógica, dentro de
certos padrões, o que já era anunciado nos anos 1980
pelos analistas estruturais de redes sociais (Wellman &
Berkowitz, 1988).
Temas relacionados ao assunto são cada vez mais
recorrentes entre teóricos reconhecidos, que apontam
para uma mesma situação: estamos em rede,
interconectados com um número cada vez maior de
pontos e com uma freqüência que só faz crescer. A partir
disso, torna-se claro o desejo de compreender melhor a
atividade desses coletivos, a forma como
comportamentos e ideias se propagam, o modo como
notícias afluem de um ponto a outro do planeta etc. A
explosão das comunidades virtuais parece ter se tornado
um verdadeiro desafio para nossa compreensão.
MARINHO (2011) cita que a sociedade atual
convive com o período histórico que coincide com a
revolução dentro da grande revolução da rede mundial,
que é o advento das redes sociais com seus microblogs e
redes de relacionamento, interagindo as diferenças
culturais e sócio-econômicas – enfim, experiências – de
milhões de pessoas. As redes sociais representam um
conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e
recursos em torno de valores e interesses compartilhados,
exprimindo as relações na comunicação imediata
propiciada pelos computadores.
A onda de protestos no mundo árabe, que ficou
conhecida como “Primavera Árabe”, virou foco de estudo
de historiadores, sociólogos, filósofos e outros
pesquisadores, que tentam entender quais são os impactos
políticos, sociais e históricos dessas transformações, que
ocorreram ou ainda ocorrem em países como Tunísia,
Egito, Iêmen, Líbia e Síria. Um fator chamou a atenção
no mundo todo: o uso das redes sociais, que auxiliaram
na queda de ditadores como Zine Ben Ali, na Tunísia e
Hosni Mubarak, no Egito.
O Pentágono estuda usar redes sociais como o
Twitter e o Facebook como fonte de informações de
possíveis ataques terroristas e como arma em conflitos
futuros. De acordo com uma reportagem do "The New
York Times", o órgão planeja criar um fundo de US$ 42
milhões para quem conseguir ajudar no trabalho de
identificação de "memes"29 da Internet que podem servir
de estopim para revoluções e conflitos.
O Jornal afirma que as mídias sociais se tornaram
um meio de criar revoluções como as vistas em países
como Egito e Irã, e que os militares querem ter sistemas
para detectar e rastrear a proliferação e o
compartilhamento de ideias em uma escala abrangente,
um rastreador de “memes”. O Órgão de Defesa acredita
que seria útil saber, por exemplo, se os sinais de uma
rebelião generalizada são autênticos ou se foram criados
por um pequeno grupo, que nada tem a ver com a
questão.
A ferramenta que o Pentágono procura, segundo
o "The New York Times", deve monitorar pistas
linguísticas, padrões de fluxo de informações, análise de
tópicos em evidência, entre outros. Desse modo, as redes
sociais permitiriam que o Exército norte americano
29 termo utilizado para identificar este tipo de fenômeno da comunicação, em uma analogia ao conceito criado pelo zoólogo Richard Dawkins para explicar a disseminação de pensamentos, idéias e produtos culturais.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
51EsIMEx - 2º Semestre de 2012
A fim de reunir as melhores condições para o
desempenho desta atividade, é lícito inferir que haja
premente necessidade – por parte do(s) Analista(s) de
Contrainteligência responsável (eis) – de um
acompanhamento cerrado do maior número possível de
mídias e/ou outros instrumentos de comunicação.
Dessa forma, fica latente a necessidade de
pesquisas em Fontes Abertas para o atendimento às
demandas das Op Psico, haja vista as especificidades
culturais, sociais e antropológicas requeridas exigirem
estudos direcionados e continuados, bem como o
sistemático acompanhamento dos meios de comunicação,
a fim de melhor desempenhar as ações de
contrapropaganda.
É interessante que a interação entre os
mencionados Sistemas se dê em todos os níveis, havendo
necessidade de discriminação dos dados a serem obtidos
no Repertório de Conhecimentos Necessários (RCN)
constante do Plano de Inteligência do Exército (PIEx) –
nível estratégico -, com desdobramentos para os demais
escalões – níveis operacional e tático.
3.2 CENTRO DE CULTURA DO TRADOC: EXEMPLO AMERICANO
Inaugurado em fevereiro de 2006, o Centro de
Cultura do Comando de Adestramento e Doutrina do
Exército dos EUA (US Army Training and Doctrine
Command — TRADOC) está localizado no Centro de
Inteligência do Exército dos EUA (US Army Intelligence
Center — USAIC, Forte Huachuca, Arizona), inserindo-
se num novo conceito de atuação da Força Terrestre
daquele país.
A criação do Centro de Cultura faz parte da
“campanha de conhecimento cultural”, que procura
melhorar a capacidade do soldado norte-americano em
entender e dar importância a fatores culturais. Se os
primeiros conflitos da guerra contra o terrorismo
alertavam sobre o futuro, a necessidade de entender
culturas estrangeiras passou a assumir um nível sem
precedentes de importância para as Forças Armadas
daquele país. As análises contemporâneas cada vez mais
identificam as populações estrangeiras como centros de
gravidade, fato que ressalta a importância da iniciativa do
conhecimento cultural ou cultural awareness28.
O objetivo principal do Centro é apoiar o
desenvolvimento e o treinamento de conhecimento
cultural e divulgar relevantes experiências de culturas,
conhecimento e produtos por intermédio do Exército e,
principalmente, pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Outras propostas do Centro incluem treinamento
intercultural, educação, pesquisa, colaboração entre
intelectuais militares e civis. À medida que o Centro
amadurece, espera-se que ele influa no surgimento de
novos centros culturais no Exército, Forças Singulares e
Departamento de Defesa.
O Centro tem cinco seções: um escritório central,
uma Seção de Treinamento Cultural e Educação, um
Laboratório de Idiomas, uma Seção de Formação de
Equipes e uma Seção Intercultural de Pesquisa Aplicada
e Divulgação. É subordinado à 111ª Brigada de
Inteligência Militar, do Centro de Inteligência do
Exército dos EUA.
Nesse contexto, cabe à Inteligência um
importante papel, cujo viés mais adequado e pertinente é
o assessoramento especial baseado na pesquisa em Fontes
Abertas (OSINT), complementado por ações
operacionais específicas ligadas à HUMINT.
Embora o assunto, no Exército Brasileiro, ainda
seja incipiente, pode-se inferir que o exemplo dos EUA
deve ser apreciado. Considerando as especificidades
brasileiras - país de dimensões continentais e
multicultural -, bem como o provável aumento da
participação do País em futuras missões de paz sob a
28 Cultural awareness pode ser traduzido como “consciência cultural”. Trata-se de um conhecimento genérico de uma cultura ou sociedade específica, não significando um nível de conhecimento elevado ou vivência. Aborda aspectos tangíveis, como vestimentas, culinária, esportes típicos, idioma e arquitetura, dentre outros; e intangíveis, como tolerância às mudanças, noção de tempo e de espaço, crenças, sentimento de justiça e semântica das palavras. (ABREU 2010)
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
égide da ONU, é desejável um aprofundamento na
questão apresentada.
3.3 MÍDIAS SOCIAIS x INTELIGÊNCIA
A atual interconexão generalizada entre as
pessoas tem chamado a atenção de muitos teóricos sobre
seus efeitos no quadro das relações individuais e,
igualmente, na forma como os coletivos se comportam
quando se constituem como redes de alta densidade.
Relações individuais e coletivas, particularmente
no ciberespaço, têm despertado o interesse dos estudiosos
de redes sociais, dos sociólogos, etnógrafos virtuais, dos
ciberteóricos, dos especialistas em gestão do
conhecimento e da informação, enfim, de todos aqueles
que pressentem que há algo de novo a ser investigado,
que a atual vertigem da interação coletiva pode ser
compreendida dentro de uma certa lógica, dentro de
certos padrões, o que já era anunciado nos anos 1980
pelos analistas estruturais de redes sociais (Wellman &
Berkowitz, 1988).
Temas relacionados ao assunto são cada vez mais
recorrentes entre teóricos reconhecidos, que apontam
para uma mesma situação: estamos em rede,
interconectados com um número cada vez maior de
pontos e com uma freqüência que só faz crescer. A partir
disso, torna-se claro o desejo de compreender melhor a
atividade desses coletivos, a forma como
comportamentos e ideias se propagam, o modo como
notícias afluem de um ponto a outro do planeta etc. A
explosão das comunidades virtuais parece ter se tornado
um verdadeiro desafio para nossa compreensão.
MARINHO (2011) cita que a sociedade atual
convive com o período histórico que coincide com a
revolução dentro da grande revolução da rede mundial,
que é o advento das redes sociais com seus microblogs e
redes de relacionamento, interagindo as diferenças
culturais e sócio-econômicas – enfim, experiências – de
milhões de pessoas. As redes sociais representam um
conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e
recursos em torno de valores e interesses compartilhados,
exprimindo as relações na comunicação imediata
propiciada pelos computadores.
A onda de protestos no mundo árabe, que ficou
conhecida como “Primavera Árabe”, virou foco de estudo
de historiadores, sociólogos, filósofos e outros
pesquisadores, que tentam entender quais são os impactos
políticos, sociais e históricos dessas transformações, que
ocorreram ou ainda ocorrem em países como Tunísia,
Egito, Iêmen, Líbia e Síria. Um fator chamou a atenção
no mundo todo: o uso das redes sociais, que auxiliaram
na queda de ditadores como Zine Ben Ali, na Tunísia e
Hosni Mubarak, no Egito.
O Pentágono estuda usar redes sociais como o
Twitter e o Facebook como fonte de informações de
possíveis ataques terroristas e como arma em conflitos
futuros. De acordo com uma reportagem do "The New
York Times", o órgão planeja criar um fundo de US$ 42
milhões para quem conseguir ajudar no trabalho de
identificação de "memes"29 da Internet que podem servir
de estopim para revoluções e conflitos.
O Jornal afirma que as mídias sociais se tornaram
um meio de criar revoluções como as vistas em países
como Egito e Irã, e que os militares querem ter sistemas
para detectar e rastrear a proliferação e o
compartilhamento de ideias em uma escala abrangente,
um rastreador de “memes”. O Órgão de Defesa acredita
que seria útil saber, por exemplo, se os sinais de uma
rebelião generalizada são autênticos ou se foram criados
por um pequeno grupo, que nada tem a ver com a
questão.
A ferramenta que o Pentágono procura, segundo
o "The New York Times", deve monitorar pistas
linguísticas, padrões de fluxo de informações, análise de
tópicos em evidência, entre outros. Desse modo, as redes
sociais permitiriam que o Exército norte americano
29 termo utilizado para identificar este tipo de fenômeno da comunicação, em uma analogia ao conceito criado pelo zoólogo Richard Dawkins para explicar a disseminação de pensamentos, idéias e produtos culturais.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
52 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
pudesse se antecipar e preparar uma ação militar.
Um exemplo desse monitoramento pode ser o uso sobre
rumores da localização de algum suspeito que comece a
se espalhar nas redes. O Órgão poderia detectar o
crescimento de uma crise e tentar reduzi-la usando os
mesmos canais, além de poder entrar em ação, caso
necessário.
Gabriel Weimann, professor de comunicação
política da universidade israelense de Haifa, estuda, há 12
anos, o uso da web por redes terroristas. No início do
trabalho, tudo o que sua equipe conseguiu encontrar
foram 12 sites do tipo. Hoje, os acadêmicos monitoram
mais de 70.800 páginas em 20 línguas - incluindo o
português. Qualquer organização que venha à mente -
Hamas, Al Qaeda, Talibã, Al Qassam - já conta com um
setor especializado na web, com mídias sociais, serviços
de chat e até ensino à distância.
Do exposto, pode-se concluir acerca da
adequabilidade do monitoramento, por parte da
Inteligência, dessa Fonte Aberta. Ademais, a
especialização nesse tipo de coleta, num futuro próximo,
tende a se transformar em uma realidade inexorável, haja
vista as crescentes demandas que ora se apresentam,
apontando para a necessidade da integração com outras
Fontes (HUMINT, SIGINT, IMINT e CIBERINT).
3.4 ANÁLISE ESTRATÉGICA
A 7ª Subchefia do Estado Maior do Exército (7ª
SCh EME) tem a responsabilidade – dentre outras
atribuições – de monitorar as conjunturas nacional e
internacional para determinar situações, na área externa
ao EB, que aconselhem iniciativas para superar conflitos
e crises ou para atender interesses da Defesa Nacional.
Tal missão é consequência direta da necessidade
de monitoramento dos eventos que podem interferir no
Cenário Alvo, produto principal da Análise Estratégica
desenvolvida pelo Órgão de Direção Geral (ODG), por
meio da 7ª SCh.
O monitoramento dos eventos tem por objetivo
fornecer subsídios para a atualização do Diagnóstico
Estratégico do EB, para a elaboração de cenários e de
indicações, visando atingir o Cenário Alvo, que pode ser
impactado em razão de ruptura de tendências e/ou
modificação nas estratégias dos atores envolvidos.
O Quadro de Monitoramento de Eventos (QME)
é estruturado por meio de diagnóstico estratégico,
elaboração de cenários e elaboração de indicações. Estas
últimas orientam as ações à luz do futuro desejado,
caracterizando-se como ações de natureza estratégica que
irão orientar a formulação dos objetivos da Política
Militar Terrestre e das estratégias decorrentes.
O trabalho de acompanhamento do QME é
baseado, principalmente, na coleta realizada em Fontes
Abertas, cabendo ao Analista a responsabilidade de
avaliar os Fatos Portadores de Futuro (FPF).
Isso posto, cabe concluir sobre a importância da
OSINT no trabalho desenvolvido pelo ODG na Análise
Estratégica e o consequente acompanhamento dos
cenários estimados.
Devido à importância da mencionada atividade,
cabe uma reflexão acerca da metodologia atualmente
empregada – consulta aos meios de comunicação – pelos
responsáveis pelo acompanhamento do QME.
3.5 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA
A ABIN destacou pessoal para trabalhar, de
forma sistemática, em coleta de Fontes Abertas. Para tal
criou o Centro de Inteligência em Fontes Abertas
(CINFA), estrutura que funciona com o objetivo de
atender às demandas da Agência e, por extensão, aos seus
parceiros no Departamento de Integração do Sistema
Brasileiro de Inteligência (DISBIN).
O produto do trabalho do CINFA é
disponibilizado por meio de um site seguro
(https://cifa.abin.gov.br), cujo acesso é feito por
intermédio de senhas. Estruturado por áreas de interesse,
as “matérias” são apresentadas de forma a franquear a
fonte e a data/hora em que foi publicada.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
De fácil apresentação, o site caracteriza-se,
também, pelo bom espectro de coleta abrangido pelos
profissionais que trabalham no CINFA, proporcionado
um produto pertinente e oportuno.
3.6 PROJETO HERMES
O Centro de Inteligência do Exército (CIE),
Órgão Central do SIEx, vem desenvolvendo o Projeto
HERMES, cujo objetivo é apresentar uma proposta para
um novo modelo de Gestão do Conhecimento, baseado
numa moderna plataforma de Tecnologia da Informação
(TI), capaz de otimizar os processos de coleta de dados e
de produção do Conhecimento, bem como unificar os
bancos de dados hoje utilizados pelo Exército.
Tendo como um dos principais objetivos o
aperfeiçoamento da integração das Fontes, o Projeto
HERMES, por meio de um conjunto inteligente de
softwares, visa, dentre outras possibilidades, tornar mais
eficiente a coleta em Fontes Abertas e a sua interação
com os diversos bancos de dados, gerando novas
capacidades para os Analistas de Inteligência.
Do exposto, conclui-se parcialmente que as
demandas por Conhecimentos produzidos a partir de
dados obtidos, essencialmente, por intermédio de coleta
em Fontes Abertas, têm se apresentado de forma efetiva e
crescente, caracterizando a premente necessidade da
Inteligência Militar – em particular o SIEx – efetivar
mecanismos eficazes para o trato da questão. Ademais,
pode-se perceber a importância que outras Agências, no
Brasil e no exterior, já demonstram acerca do assunto.
4 CONCLUSÃO
O advento da “Era da Informação” tem
impulsionado um relevante processo de transformação
nas relações humanas. As diversificadas possibilidades
advindas da evolução (ou revolução) tecnológica têm
permitido um significativo alargamento do espectro de
informações disponíveis, gerando novos conceitos de
conhecimento e de comunicação, norteados por
princípios calcados no volume acessível, bem como na
velocidade de obtenção e de difusão de dados.
A explosão de dados disponíveis, em especial na
Internet, tem levado as principais Agências de
Inteligência do mundo a repensarem os métodos de
gerenciamento dos processos típicos da Atividade, a fim
de otimizarem a coleta e o processamento com
oportunidade, relevância e segurança.
Diante do mencionado quadro, os consagrados
métodos utilizados pela Inteligência Militar do Exército
Brasileiro necessitam ser repensados, sob o risco de haver
depreciação na qualidade dos produtos do SIEx, em
especial quanto à possibilidade do não atendimento – de
forma adequada e desejável – de um dos princípios da
Atividade: a amplitude.
O jornal norte-americano USA TODAY
publicou, em 07 de abril de 2008, o artigo “Descobertas
dos espiões modernos estão à vista de todos na Internet”,
escrito por Peter Eisler, em Washington. Segundo o
periódico, funcionários da Inteligência norte-americana
reuniram informações sobre a capacidade nuclear do Irã a
partir de fotos na Internet. Ademais, já “desenterraram”
documentos, inclusive um manual de treinamento
terrorista, em conferências internacionais e fóruns
públicos. Já encontraram informações em bibliotecas de
universidades estrangeiras e serviços noticiosos.
A CIA criou um “Centro de Fonte Aberta”,
sediado em um prédio de escritórios discreto no subúrbio
de Washington, onde os Oficiais de Inteligência analisam
de tudo, desde sites apoiados pela Al Qaeda até
documentos distribuídos em normais simpósios de
ciência e tecnologia. Outras agências, como a FBI e a
Agência de Inteligência de Defesa, estão treinando
muitos Analistas para garimpar as Fontes Abertas. No
Brasil, conforme exposto neste trabalho, a ABIN criou o
CINFA.
As experiências de outras nações – exploradas
neste trabalho – podem ser aproveitadas pelo SIEx,
necessitando, todavia, a viabilização das adaptações
necessárias à realidade do Exército Brasileiro (EB) e às
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
53EsIMEx - 2º Semestre de 2012
pudesse se antecipar e preparar uma ação militar.
Um exemplo desse monitoramento pode ser o uso sobre
rumores da localização de algum suspeito que comece a
se espalhar nas redes. O Órgão poderia detectar o
crescimento de uma crise e tentar reduzi-la usando os
mesmos canais, além de poder entrar em ação, caso
necessário.
Gabriel Weimann, professor de comunicação
política da universidade israelense de Haifa, estuda, há 12
anos, o uso da web por redes terroristas. No início do
trabalho, tudo o que sua equipe conseguiu encontrar
foram 12 sites do tipo. Hoje, os acadêmicos monitoram
mais de 70.800 páginas em 20 línguas - incluindo o
português. Qualquer organização que venha à mente -
Hamas, Al Qaeda, Talibã, Al Qassam - já conta com um
setor especializado na web, com mídias sociais, serviços
de chat e até ensino à distância.
Do exposto, pode-se concluir acerca da
adequabilidade do monitoramento, por parte da
Inteligência, dessa Fonte Aberta. Ademais, a
especialização nesse tipo de coleta, num futuro próximo,
tende a se transformar em uma realidade inexorável, haja
vista as crescentes demandas que ora se apresentam,
apontando para a necessidade da integração com outras
Fontes (HUMINT, SIGINT, IMINT e CIBERINT).
3.4 ANÁLISE ESTRATÉGICA
A 7ª Subchefia do Estado Maior do Exército (7ª
SCh EME) tem a responsabilidade – dentre outras
atribuições – de monitorar as conjunturas nacional e
internacional para determinar situações, na área externa
ao EB, que aconselhem iniciativas para superar conflitos
e crises ou para atender interesses da Defesa Nacional.
Tal missão é consequência direta da necessidade
de monitoramento dos eventos que podem interferir no
Cenário Alvo, produto principal da Análise Estratégica
desenvolvida pelo Órgão de Direção Geral (ODG), por
meio da 7ª SCh.
O monitoramento dos eventos tem por objetivo
fornecer subsídios para a atualização do Diagnóstico
Estratégico do EB, para a elaboração de cenários e de
indicações, visando atingir o Cenário Alvo, que pode ser
impactado em razão de ruptura de tendências e/ou
modificação nas estratégias dos atores envolvidos.
O Quadro de Monitoramento de Eventos (QME)
é estruturado por meio de diagnóstico estratégico,
elaboração de cenários e elaboração de indicações. Estas
últimas orientam as ações à luz do futuro desejado,
caracterizando-se como ações de natureza estratégica que
irão orientar a formulação dos objetivos da Política
Militar Terrestre e das estratégias decorrentes.
O trabalho de acompanhamento do QME é
baseado, principalmente, na coleta realizada em Fontes
Abertas, cabendo ao Analista a responsabilidade de
avaliar os Fatos Portadores de Futuro (FPF).
Isso posto, cabe concluir sobre a importância da
OSINT no trabalho desenvolvido pelo ODG na Análise
Estratégica e o consequente acompanhamento dos
cenários estimados.
Devido à importância da mencionada atividade,
cabe uma reflexão acerca da metodologia atualmente
empregada – consulta aos meios de comunicação – pelos
responsáveis pelo acompanhamento do QME.
3.5 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA
A ABIN destacou pessoal para trabalhar, de
forma sistemática, em coleta de Fontes Abertas. Para tal
criou o Centro de Inteligência em Fontes Abertas
(CINFA), estrutura que funciona com o objetivo de
atender às demandas da Agência e, por extensão, aos seus
parceiros no Departamento de Integração do Sistema
Brasileiro de Inteligência (DISBIN).
O produto do trabalho do CINFA é
disponibilizado por meio de um site seguro
(https://cifa.abin.gov.br), cujo acesso é feito por
intermédio de senhas. Estruturado por áreas de interesse,
as “matérias” são apresentadas de forma a franquear a
fonte e a data/hora em que foi publicada.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
De fácil apresentação, o site caracteriza-se,
também, pelo bom espectro de coleta abrangido pelos
profissionais que trabalham no CINFA, proporcionado
um produto pertinente e oportuno.
3.6 PROJETO HERMES
O Centro de Inteligência do Exército (CIE),
Órgão Central do SIEx, vem desenvolvendo o Projeto
HERMES, cujo objetivo é apresentar uma proposta para
um novo modelo de Gestão do Conhecimento, baseado
numa moderna plataforma de Tecnologia da Informação
(TI), capaz de otimizar os processos de coleta de dados e
de produção do Conhecimento, bem como unificar os
bancos de dados hoje utilizados pelo Exército.
Tendo como um dos principais objetivos o
aperfeiçoamento da integração das Fontes, o Projeto
HERMES, por meio de um conjunto inteligente de
softwares, visa, dentre outras possibilidades, tornar mais
eficiente a coleta em Fontes Abertas e a sua interação
com os diversos bancos de dados, gerando novas
capacidades para os Analistas de Inteligência.
Do exposto, conclui-se parcialmente que as
demandas por Conhecimentos produzidos a partir de
dados obtidos, essencialmente, por intermédio de coleta
em Fontes Abertas, têm se apresentado de forma efetiva e
crescente, caracterizando a premente necessidade da
Inteligência Militar – em particular o SIEx – efetivar
mecanismos eficazes para o trato da questão. Ademais,
pode-se perceber a importância que outras Agências, no
Brasil e no exterior, já demonstram acerca do assunto.
4 CONCLUSÃO
O advento da “Era da Informação” tem
impulsionado um relevante processo de transformação
nas relações humanas. As diversificadas possibilidades
advindas da evolução (ou revolução) tecnológica têm
permitido um significativo alargamento do espectro de
informações disponíveis, gerando novos conceitos de
conhecimento e de comunicação, norteados por
princípios calcados no volume acessível, bem como na
velocidade de obtenção e de difusão de dados.
A explosão de dados disponíveis, em especial na
Internet, tem levado as principais Agências de
Inteligência do mundo a repensarem os métodos de
gerenciamento dos processos típicos da Atividade, a fim
de otimizarem a coleta e o processamento com
oportunidade, relevância e segurança.
Diante do mencionado quadro, os consagrados
métodos utilizados pela Inteligência Militar do Exército
Brasileiro necessitam ser repensados, sob o risco de haver
depreciação na qualidade dos produtos do SIEx, em
especial quanto à possibilidade do não atendimento – de
forma adequada e desejável – de um dos princípios da
Atividade: a amplitude.
O jornal norte-americano USA TODAY
publicou, em 07 de abril de 2008, o artigo “Descobertas
dos espiões modernos estão à vista de todos na Internet”,
escrito por Peter Eisler, em Washington. Segundo o
periódico, funcionários da Inteligência norte-americana
reuniram informações sobre a capacidade nuclear do Irã a
partir de fotos na Internet. Ademais, já “desenterraram”
documentos, inclusive um manual de treinamento
terrorista, em conferências internacionais e fóruns
públicos. Já encontraram informações em bibliotecas de
universidades estrangeiras e serviços noticiosos.
A CIA criou um “Centro de Fonte Aberta”,
sediado em um prédio de escritórios discreto no subúrbio
de Washington, onde os Oficiais de Inteligência analisam
de tudo, desde sites apoiados pela Al Qaeda até
documentos distribuídos em normais simpósios de
ciência e tecnologia. Outras agências, como a FBI e a
Agência de Inteligência de Defesa, estão treinando
muitos Analistas para garimpar as Fontes Abertas. No
Brasil, conforme exposto neste trabalho, a ABIN criou o
CINFA.
As experiências de outras nações – exploradas
neste trabalho – podem ser aproveitadas pelo SIEx,
necessitando, todavia, a viabilização das adaptações
necessárias à realidade do Exército Brasileiro (EB) e às
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
54 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
suas demandas. Incluem-se neste contexto as
limitações técnicas (meios TI) que estão atreladas às
especificidades geográficas regionais brasileiras.
Além dos mencionados esforços, o SIEx, por
intermédio do desenvolvimento do Projeto HERMES,
objetiva sistematizar a utilização da OSINT, conjugando,
no mesmo projeto, outras tentativas para o
aperfeiçoamento da metodologia de trabalho dos
especialistas em Inteligência do EB, em especial o uso de
ferramentas auxiliares de análise. O incremento do
papel desta Atividade nos processos que envolvem as Op
Psico e o Planejamento Estratégico contextualizam o
surgimento de “novas demandas”.
Cabe ressaltar, por fim, que a utilização da
OSINT deve ser conjugada/integrada com outras Fontes,
não devendo substituir o trabalho especializado dos
Analistas/Operadores. O grande desafio se traduz na
“nova especialização” dos mencionados atores no trato
das Fontes Abertas, visando à otimização dos processos,
à economia de tempo e de recursos, ao aumento da
credibilidade da avaliação das fontes disponíveis e,
principalmente, das capacidades de produção dos
especialistas.
REFERÊNCIAS
ABREU, Heitor Freire. Cultural Awareness: Moda ou Tendência? Rio de Janeiro, RJ, 2010. Artigo Científico – Revista de Ciências Militares da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2010.AFONSO, Leonardo Singer. Fontes Abertas e Inteligência de Estado. Brasília, DF, 2006. Artigo Científico – Revista Brasileira de Inteligência, v.2, n.2, 2006.BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. IP 30-1 (reservada):Atividade de Inteligência Militar-1ª Parte (Conceitos Básicos). Brasília, 1995. BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. C 30-3 (reservada) Contrainteligência. Brasília, 2009. CIFA. Disponível em HTTPS://cifa.abin.gov.br. Acesso em 15 de junho de 2012. COSTA, Carlos Eduardo Barbosa. A interação dos Sistemas de Inteligência e Operações Psicológicas do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, RJ, 2007. Monografia (Mestrado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2007.FLYNN Michael T. Integrando Inteligência e Informações: “Os Dez Pontos a Serem Considerados pelo Comandante”. Artigo Científico – Military Review, março-abril 2012. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2012.HAIJAR, Remi. TRADOC: O Novo Centro Cultural do Exército. Artigo Científico – Military Review, maio-junho 2007. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2007.IHS JANE´S, Inteligência e Conhecimento Estratégico. Disponível em www.janes.com. Acesso em 22 de maio de 2012.INTELLIGENCE ONLINE. Disponível em www.intelligenceonline.com. Acesso em 22 de maio de 2012. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2008.JÚNIOR, Paulo César Bessa Neves. Uma Proposta para o Emprego de Imagens e Informações Geográficas em Apoio à Atividade de Inteligência. Rio de Janeiro, RJ, 2010. Monografia (Mestrado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2010.
KLANOVICZ, Jó. Fontes Abertas: Inteligência e o Uso de Imagens. Brasília, DF, 2006. Artigo Científico – Revista Brasileira de Inteligência, v.2, n.2, 2006.LIMA, Luciano Batista. Operações Psicológicas Estratégicas: uma estrutura para o Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, RJ, 2009. Monografia (Doutorado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2009.MARINHO, Fred Antonio Tigre. As Redes Sociais como Fontes Abertas para a Inteligência Militar. Brasília, DF, 2011. Monografia (Especialização em Inteligência Militar) – Curso Avançado de Inteligência par Oficiais. 2011.MILITARY REVIEW. Disponível em HTTP://militaryreview.army.mil. Acesso em 19 de maio de 2012. NATO. North Atlantic Tracted Organization: Open Source Intelligence. 2002.ONU. Disponível em www.onu.org.br. Acesso em 19 de maio de 2012.
PERRY, Chondra. Mídias Sociais e o Exército. Artigo Científico – Military Review, maio-junho 2010. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2010.SALMONI, Barak A. Avanços em Adestramento Cultural antes do Desdobramento: A Abordagem dos Fuzileiros Navais dos EUA. Artigo Científico – Military Review, março-abril 2007. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2007.STRATFOR. Disponível em www.stratfor.com. Acesso em 22 de maio de 2012.UNITED STATES OF AMERICA. Open Source Exploitation: A Guide for Intelligence Analists. Second Edition.
USA TODAY. Artigo “Descoberta dos espiões modernos estão à vista de todos na Internet”. Publicação de 07 de abril de 2008.
VEJA. Disponível em www.vejaonline.com.br. Acesso em 22 de maio de 2012.
WELLMAN Barry, BERKOWITZ S.D. (1988), A network approach Social Structures, Cambridge, Cambridge University Press.
em http://www.london2012.com/. Acesso em 14 ABR 12.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
PAULO RICARDO DA SILVA30
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
O presente material tem o objetivo de, como
sugere seu título, abordar alguns aspectos relativos a
Metodologia Para a Produção do Conhecimento em vigor
no Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), que é uma
das etapas do Ciclo da Produção do Conhecimento
(Figura 1), porém com a proposta de dialogar com os
usuários da citada Metodologia, os quais são, por
extensão, integrantes do SIEx.
30 Paulo Ricardo da Silva é 1º Sargento da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro, da Turma de Formação da Escola de Sargentos das Armas do ano de 1992. Licenciado em Letras Português/Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo, especialista em Interpretação de Imagens (EsIE/2001), Operações de Inteligência (EsIMEx/2005), Análise de Ordem de Batalha (Escuela de Inteligencia del Ejército de Chile/2006) e Análise de Inteligência contra o Narcoterrorismo (Instituto para a Cooperação e Segurança Hemisférica, ou WHINSEC, por sua sigla em inglês, Estados Unidos/2011). Foi monitor da EsIMEx no período de 2006 a 2010.
Figura 1: Ciclo da Produção do ConhecimentoFonte: IP 30-2, 1997
É mister destacar que o material apresentado busca
dialogar, também, com outros segmentos da Atividade de
Inteligência, quais sejam, externos ao SIEx, uma vez que
tratam-se de conceitos que não são exclusivos do
* Somente* Somenteconsiderado naconsiderado naprodução doprodução doconhecimentoconhecimentoestimativaestimativa
CICLO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTOCICLO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
PLAN
EJA-
MEN
TO
REUNIÃO
ANÁLISE E SÍNTESE
INTERPRE- TAÇÃO FO
RMALIZAÇÃO
E DIFUSÃO
COLETA
BUSCA
(REGISTRO)
VALO
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a*
b* c
FORMALIZAÇÃO
DIFUSÃOAGÊNCIA/ÓRGÃOS DE
INTELIGÊNCIA
USUÁRIOS DO SIExNECESSIDADES
DE CONHECIMENTOS NOVAS NECESSIDADES
DE CONHECIMENTOS
(REALIM
ENTAÇÃO)
00
OORRIIEE
NNTT
AAÇÇ ÃÃ UU TT
IILLII
ZZAA
ÇÇÃÃOO
PP RR OO DD U U ÇÇ ÃÃ OO
a. FATORES DEa. FATORES DE INFLUÊNCIA INFLUÊNCIAb. DELINEAMENTOb. DELINEAMENTO DA TRAJETÓRIA DA TRAJETÓRIAc. SIGNIFICADOc. SIGNIFICADO FINAL FINAL
ENSAIO SOBRE A METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA PROPOSTA DIALÓGICA DE QUEBRA DE PARADIGMAS E DESMITIFICAÇÃO DO JULGAMENTO DO CONTEÚDO DA TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DE DADOS (TAD)
O presente trabalho busca, dentre outros aspectos, abordar alguns tópicos relativos à Metodologia
Para a Produção do Conhecimento em vigor no Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), que é uma das
etapas do Ciclo da Produção do Conhecimento. No caso da Produção do Conhecimento de Inteligência, três
são os fatores que permitem que o resultado obtido se materialize em um produto dentro dos padrões
doutrinários vigentes, quais sejam: os cursos realizados, a cultura geral do Analista e a prática constante. Um
dos temas abordados é o parâmetro Compatibilidade, o qual é determinante para concluir a respeito do
julgamento do Conteúdo, uma vez que contempla os diferentes graus de harmonia (total, parcial, pouca ou
nenhuma) que se atribui ao objeto analisado. É mister destacar que a Atividade de Inteligência busca
incessantemente a verdade, a certeza, precedidas que são das evidências. Porém, as evidências devem ser
perscrutadas de tal modo a evitar a ilusão da verdade, que é a principal componente do erro. Tanto a
aplicação da Técnica de Avaliação de Dados (TAD), quanto a integração (dentro da Análise e Síntese)
necessitam ser entendidas como determinantes da qualidade do Conhecimento resultante. A Metodologia,
em sua plenitude, com ênfase nos esforços críticos da Avaliação de Dados, encontra, na Certeza do Analista,
a Verdade no Conhecimento produzido, ou se aproxima dela, quando o número de evidências for
insuficiente para atingir a chamada convicção plena.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
55EsIMEx - 2º Semestre de 2012
suas demandas. Incluem-se neste contexto as
limitações técnicas (meios TI) que estão atreladas às
especificidades geográficas regionais brasileiras.
Além dos mencionados esforços, o SIEx, por
intermédio do desenvolvimento do Projeto HERMES,
objetiva sistematizar a utilização da OSINT, conjugando,
no mesmo projeto, outras tentativas para o
aperfeiçoamento da metodologia de trabalho dos
especialistas em Inteligência do EB, em especial o uso de
ferramentas auxiliares de análise. O incremento do
papel desta Atividade nos processos que envolvem as Op
Psico e o Planejamento Estratégico contextualizam o
surgimento de “novas demandas”.
Cabe ressaltar, por fim, que a utilização da
OSINT deve ser conjugada/integrada com outras Fontes,
não devendo substituir o trabalho especializado dos
Analistas/Operadores. O grande desafio se traduz na
“nova especialização” dos mencionados atores no trato
das Fontes Abertas, visando à otimização dos processos,
à economia de tempo e de recursos, ao aumento da
credibilidade da avaliação das fontes disponíveis e,
principalmente, das capacidades de produção dos
especialistas.
REFERÊNCIAS
ABREU, Heitor Freire. Cultural Awareness: Moda ou Tendência? Rio de Janeiro, RJ, 2010. Artigo Científico – Revista de Ciências Militares da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2010.AFONSO, Leonardo Singer. Fontes Abertas e Inteligência de Estado. Brasília, DF, 2006. Artigo Científico – Revista Brasileira de Inteligência, v.2, n.2, 2006.BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. IP 30-1 (reservada):Atividade de Inteligência Militar-1ª Parte (Conceitos Básicos). Brasília, 1995. BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. C 30-3 (reservada) Contrainteligência. Brasília, 2009. CIFA. Disponível em HTTPS://cifa.abin.gov.br. Acesso em 15 de junho de 2012. COSTA, Carlos Eduardo Barbosa. A interação dos Sistemas de Inteligência e Operações Psicológicas do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, RJ, 2007. Monografia (Mestrado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2007.FLYNN Michael T. Integrando Inteligência e Informações: “Os Dez Pontos a Serem Considerados pelo Comandante”. Artigo Científico – Military Review, março-abril 2012. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2012.HAIJAR, Remi. TRADOC: O Novo Centro Cultural do Exército. Artigo Científico – Military Review, maio-junho 2007. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2007.IHS JANE´S, Inteligência e Conhecimento Estratégico. Disponível em www.janes.com. Acesso em 22 de maio de 2012.INTELLIGENCE ONLINE. Disponível em www.intelligenceonline.com. Acesso em 22 de maio de 2012. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2008.JÚNIOR, Paulo César Bessa Neves. Uma Proposta para o Emprego de Imagens e Informações Geográficas em Apoio à Atividade de Inteligência. Rio de Janeiro, RJ, 2010. Monografia (Mestrado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2010.
KLANOVICZ, Jó. Fontes Abertas: Inteligência e o Uso de Imagens. Brasília, DF, 2006. Artigo Científico – Revista Brasileira de Inteligência, v.2, n.2, 2006.LIMA, Luciano Batista. Operações Psicológicas Estratégicas: uma estrutura para o Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, RJ, 2009. Monografia (Doutorado em Ciências Militares) – Curso de Altos Estudos Militares, Escola de Comando e Estado Maior do Exército. 2009.MARINHO, Fred Antonio Tigre. As Redes Sociais como Fontes Abertas para a Inteligência Militar. Brasília, DF, 2011. Monografia (Especialização em Inteligência Militar) – Curso Avançado de Inteligência par Oficiais. 2011.MILITARY REVIEW. Disponível em HTTP://militaryreview.army.mil. Acesso em 19 de maio de 2012. NATO. North Atlantic Tracted Organization: Open Source Intelligence. 2002.ONU. Disponível em www.onu.org.br. Acesso em 19 de maio de 2012.
PERRY, Chondra. Mídias Sociais e o Exército. Artigo Científico – Military Review, maio-junho 2010. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2010.SALMONI, Barak A. Avanços em Adestramento Cultural antes do Desdobramento: A Abordagem dos Fuzileiros Navais dos EUA. Artigo Científico – Military Review, março-abril 2007. Centro de Armas Combinadas, Forte Leavenworth, Kansas, EUA. 2007.STRATFOR. Disponível em www.stratfor.com. Acesso em 22 de maio de 2012.UNITED STATES OF AMERICA. Open Source Exploitation: A Guide for Intelligence Analists. Second Edition.
USA TODAY. Artigo “Descoberta dos espiões modernos estão à vista de todos na Internet”. Publicação de 07 de abril de 2008.
VEJA. Disponível em www.vejaonline.com.br. Acesso em 22 de maio de 2012.
WELLMAN Barry, BERKOWITZ S.D. (1988), A network approach Social Structures, Cambridge, Cambridge University Press.
em http://www.london2012.com/. Acesso em 14 ABR 12.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
PAULO RICARDO DA SILVA30
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
O presente material tem o objetivo de, como
sugere seu título, abordar alguns aspectos relativos a
Metodologia Para a Produção do Conhecimento em vigor
no Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), que é uma
das etapas do Ciclo da Produção do Conhecimento
(Figura 1), porém com a proposta de dialogar com os
usuários da citada Metodologia, os quais são, por
extensão, integrantes do SIEx.
30 Paulo Ricardo da Silva é 1º Sargento da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro, da Turma de Formação da Escola de Sargentos das Armas do ano de 1992. Licenciado em Letras Português/Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo, especialista em Interpretação de Imagens (EsIE/2001), Operações de Inteligência (EsIMEx/2005), Análise de Ordem de Batalha (Escuela de Inteligencia del Ejército de Chile/2006) e Análise de Inteligência contra o Narcoterrorismo (Instituto para a Cooperação e Segurança Hemisférica, ou WHINSEC, por sua sigla em inglês, Estados Unidos/2011). Foi monitor da EsIMEx no período de 2006 a 2010.
Figura 1: Ciclo da Produção do ConhecimentoFonte: IP 30-2, 1997
É mister destacar que o material apresentado busca
dialogar, também, com outros segmentos da Atividade de
Inteligência, quais sejam, externos ao SIEx, uma vez que
tratam-se de conceitos que não são exclusivos do
* Somente* Somenteconsiderado naconsiderado naprodução doprodução doconhecimentoconhecimentoestimativaestimativa
CICLO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTOCICLO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
PLAN
EJA-
MEN
TO
REUNIÃO
ANÁLISE E SÍNTESE
INTERPRE- TAÇÃO FO
RMALIZAÇÃO
E DIFUSÃO
COLETA
BUSCA
(REGISTRO)
VALO
R
INTE
GR
AÇ
ÃO
a*
b* c
FORMALIZAÇÃO
DIFUSÃOAGÊNCIA/ÓRGÃOS DE
INTELIGÊNCIA
USUÁRIOS DO SIExNECESSIDADES
DE CONHECIMENTOS NOVAS NECESSIDADES
DE CONHECIMENTOS
(REALIM
ENTAÇÃO)
00
OORRIIEE
NNTT
AAÇÇ ÃÃ UU TT
IILLII
ZZAA
ÇÇÃÃOO
PP RR OO DD U U ÇÇ ÃÃ OO
a. FATORES DEa. FATORES DE INFLUÊNCIA INFLUÊNCIAb. DELINEAMENTOb. DELINEAMENTO DA TRAJETÓRIA DA TRAJETÓRIAc. SIGNIFICADOc. SIGNIFICADO FINAL FINAL
ENSAIO SOBRE A METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA PROPOSTA DIALÓGICA DE QUEBRA DE PARADIGMAS E DESMITIFICAÇÃO DO JULGAMENTO DO CONTEÚDO DA TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DE DADOS (TAD)
O presente trabalho busca, dentre outros aspectos, abordar alguns tópicos relativos à Metodologia
Para a Produção do Conhecimento em vigor no Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), que é uma das
etapas do Ciclo da Produção do Conhecimento. No caso da Produção do Conhecimento de Inteligência, três
são os fatores que permitem que o resultado obtido se materialize em um produto dentro dos padrões
doutrinários vigentes, quais sejam: os cursos realizados, a cultura geral do Analista e a prática constante. Um
dos temas abordados é o parâmetro Compatibilidade, o qual é determinante para concluir a respeito do
julgamento do Conteúdo, uma vez que contempla os diferentes graus de harmonia (total, parcial, pouca ou
nenhuma) que se atribui ao objeto analisado. É mister destacar que a Atividade de Inteligência busca
incessantemente a verdade, a certeza, precedidas que são das evidências. Porém, as evidências devem ser
perscrutadas de tal modo a evitar a ilusão da verdade, que é a principal componente do erro. Tanto a
aplicação da Técnica de Avaliação de Dados (TAD), quanto a integração (dentro da Análise e Síntese)
necessitam ser entendidas como determinantes da qualidade do Conhecimento resultante. A Metodologia,
em sua plenitude, com ênfase nos esforços críticos da Avaliação de Dados, encontra, na Certeza do Analista,
a Verdade no Conhecimento produzido, ou se aproxima dela, quando o número de evidências for
insuficiente para atingir a chamada convicção plena.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
56 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Exército Brasileiro, como, por exemplo, aqueles
oriundos da obra de Washington Platt 31.
Não obstante, cabe mencionar que se trata de um
ensaio, e, como tal, externa um ponto de vista sobre os
fatos, apoiados naquelas que o autor entende serem as
premissas que sustentam sua posição. Tampouco objetiva
ofertar-lhes um material com força de Nota de
Coordenação Doutrinária, a qual deve, sob minha ótica,
surgir a partir de Seções ou Divisões de Doutrina e
Pesquisa, porém como estudo científico poderá servir de
base para estudos futuros.
Ao longo do presente trabalho o emprego do
termo Analista não se restringirá a funções
desempenhadas somente por oficiais, mas a todos –
oficiais, praças ou civis – que labutam no segmento da
Atividade que se dedica à Produção do Conhecimento
como integrante de uma Agência de Inteligência (AI)32.
Finalmente, impõem-se aqui alguns
esclarecimentos relativos aos tópicos da Metodologia a
serem abordados no presente trabalho, já que tratar dela
(Metodologia) como um todo enseja, sem dúvida, um
volume considerável de material, o que, definitivamente,
não é o objetivo deste ensaio. Serão tratados diversos
pontos e, como meta, foram traçados os seguintes
objetivos:
- abordar aspectos relativos ao Quadro de
Referência do Analista e suas relações com os critérios
ou parâmetros empregados para o Julgamento do
Conteúdo (Semelhança, Coerência e, no caso deste
trabalho, principalmente Compatibilidade) quando da
crítica dos dados empregando a Técnica de Avaliação de
Dados (TAD);
- citar a importância do parâmetro Coerência no
Julgamento do Conteúdo e algumas ideias sobre os
31 PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).32 . Estrutura das 2ª Seções de Grandes Comandos, de Grandes Unidades e de Unidades do Exército (até o nível Subunidade independente), responsáveis pela condução da Atividade de Inteligência. De acordo com a Estrutura do SIEx, existem os seguintes níveis de Agências de Inteligência: Classe “A”, Classe “B”, Classe “C” e Especiais. (Adaptado do Vade-Mécum de Inteligência Militar, 2011).
motivos de não serem utilizados dados incoerentes na
Produção do Conhecimento;
- analisar as relações entre o Estado da Mente “Certeza”
e o Conteúdo julgado como Confirmado (“1”);
- reflexionar sobre a questão: Um conteúdo “3”
pode confirmar outros conteúdos, tornando-os “1”; e
- citar a Crítica dos Dados de Sherman Kent33.
2. FUNDAMENTAÇÃO
Sherman Kent propõe a questão “Até que ponto
as novidades se amoldam ao que já se sabia?”. Sua
resposta indica que “o melhor crítico é aquele que tem o
maior número de coisas no lado já estabelecido de suas
anotações...”. Ou seja, é perceptível que, traçando um
paralelo com a atual terminologia em uso no SIEx, se
trata de aferir a compatibilidade e de Quadro de
Referência.
a. Abordar aspectos relativos ao Quadro de
Referência do Analista e suas relações com os critérios
ou parâmetros empregados para o Julgamento do
Conteúdo (Semelhança, Coerência e, no caso deste
trabalho, principalmente Compatibilidade) quando da
crítica dos dados empregando a Técnica de Avaliação de
Dados (TAD).
Invoco, neste ponto, o preconizado nas IP 30-2:
“[…] A formação de um bom Analista de Inteligência
depende não só da aquisição de conhecimentos teórico-
técnicos nos cursos de formação e especialização como,
também, de um embasamento cultural prévio e da
prática constante nos diversos níveis do SIEx, visto que
a Atividade de Inteligência não admite improvisações
nem amadorismos.” (Letra d., do item 1.4, do Artigo II,
do Capítulo 1 das Instruções Provisórias IP 30-2
PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO DE
INTELIGÊNCIA).34
Da citação acima transcrita é factível depreender que, no
caso da Produção do Conhecimento de Inteligência, três
são os fatores que permitem que o resultado obtido se
materialize em um produto dentro dos padrões
33 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.34 BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
doutrinários vigentes, sendo eles: os cursos
realizados, a cultura geral do Analista e a prática
constante.
Tais fatores estão indissociavelmente conectados.
O curso forja o especialista; a cultura geral – o
conhecimento prévio, em última análise – permite ao
Analista estabelecer valores perante os fatos que analisa,
o que resultará nos Estados da Mente perante a verdade
(Certeza, Opinião, Dúvida ou, quando desconhecer o
tema, Ignorância); e, finalmente, a prática constante
serve ao Analista como ferramenta para a ampliação da
cultura geral, bem como aperfeiçoamento do emprego
das técnicas que lhe foram aportadas por ocasião da
realização dos Cursos.
Importa destacar que, no que tange à cultura
geral, esta não deve ser considerada como algo
estagnado. Pelo contrário, deve ser objeto de constante
atualização. Por maior que seja a cultura geral do
Analista, este certamente terá de buscar embasamento
quando, por exemplo, deixar de acompanhar determinada
área para passar a se dedicar a outra.
É o caso, por exemplo, da necessidade de
adequação de um Analista de Condições Meteorológicas
– o qual se ocupa, dentre outros, de aspectos ligados à
temperatura, à umidade, à radiação, aos ventos, etc - que
deixa sua função para ser Analista de Equipamentos
Militares do Oponente – e que necessariamente deverá
possuir conhecimentos sobre veículos, aeronaves,
embarcações, armamentos, etc.
Não é absurdo entender que “a prática
constante” citada nas IP 30-2 não recomende tais trocas
de função, sob pena de perda de um volume considerável
de conhecimentos sobre determinado assunto.
Porém, há que se considerar que, em muitos
momentos, tais trocas se impõem e o empenho pessoal do
designado em sua nova função será decisivo para a
manutenção da qualidade do Conhecimento produzido.
Uma proposta de interpretação para a expressão
“Quadro de Referência do Analista” é a seguinte:
conjunto de dados e conhecimentos disponíveis no
espectro de atuação do Analista, que dão base intelectual
para o profissional estabelecer os diversos níveis de
julgamento da fonte e conteúdo e, cumprida esta etapa,
partir do Valor para a Integração, na Análise e Síntese,
que é uma das etapas da Metodologia para a Produção do
Conhecimento35 (Figura 2).
Impõe lembrar que Coerência36 e
Compatibilidade37 são parâmetros para a verificação ou
julgamento do conteúdo do dado.
Figura 2: Metodologia Para a Produção do Conhecimento
Fonte: IP 30-2, 1997
No que diz respeito ao parâmetro Coerência,
momento em que o Analista busca verificar se o dado
possui harmonia interna e encadeamento lógico, a tarefa
não é das mais complexas, uma vez que nesta etapa
analisa-se o fato em si.
Porém, ainda que de maneira sumária, o Analista
necessita lançar mão de seu embasamento cultural
prévio, a fim de não incorrer no indesejável
aproveitamento de dados que, a priori38, não servem,
pelo menos por ora, para a Produção do Conhecimento.
35 O Ciclo do Conhecimento se divide em três etapas, a saber: Orientação, Produção e Utilização. A Produção, por sua vez, é divida em cinco fases: Planejamento, Reunião, Análise e Síntese, Interpretação e Formalização e Difusão.36 “... qualidade, condição ou estado de coerente; ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão; apresentar nexo; lógico, racional...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.37 “... condição do que é compatível; passível de coexistir ou conciliar-se, com outro ou outros...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.38 Expressão em Latim que significa “partindo daquilo que vem antes”.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
57EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Exército Brasileiro, como, por exemplo, aqueles
oriundos da obra de Washington Platt 31.
Não obstante, cabe mencionar que se trata de um
ensaio, e, como tal, externa um ponto de vista sobre os
fatos, apoiados naquelas que o autor entende serem as
premissas que sustentam sua posição. Tampouco objetiva
ofertar-lhes um material com força de Nota de
Coordenação Doutrinária, a qual deve, sob minha ótica,
surgir a partir de Seções ou Divisões de Doutrina e
Pesquisa, porém como estudo científico poderá servir de
base para estudos futuros.
Ao longo do presente trabalho o emprego do
termo Analista não se restringirá a funções
desempenhadas somente por oficiais, mas a todos –
oficiais, praças ou civis – que labutam no segmento da
Atividade que se dedica à Produção do Conhecimento
como integrante de uma Agência de Inteligência (AI)32.
Finalmente, impõem-se aqui alguns
esclarecimentos relativos aos tópicos da Metodologia a
serem abordados no presente trabalho, já que tratar dela
(Metodologia) como um todo enseja, sem dúvida, um
volume considerável de material, o que, definitivamente,
não é o objetivo deste ensaio. Serão tratados diversos
pontos e, como meta, foram traçados os seguintes
objetivos:
- abordar aspectos relativos ao Quadro de
Referência do Analista e suas relações com os critérios
ou parâmetros empregados para o Julgamento do
Conteúdo (Semelhança, Coerência e, no caso deste
trabalho, principalmente Compatibilidade) quando da
crítica dos dados empregando a Técnica de Avaliação de
Dados (TAD);
- citar a importância do parâmetro Coerência no
Julgamento do Conteúdo e algumas ideias sobre os
31 PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).32 . Estrutura das 2ª Seções de Grandes Comandos, de Grandes Unidades e de Unidades do Exército (até o nível Subunidade independente), responsáveis pela condução da Atividade de Inteligência. De acordo com a Estrutura do SIEx, existem os seguintes níveis de Agências de Inteligência: Classe “A”, Classe “B”, Classe “C” e Especiais. (Adaptado do Vade-Mécum de Inteligência Militar, 2011).
motivos de não serem utilizados dados incoerentes na
Produção do Conhecimento;
- analisar as relações entre o Estado da Mente “Certeza”
e o Conteúdo julgado como Confirmado (“1”);
- reflexionar sobre a questão: Um conteúdo “3”
pode confirmar outros conteúdos, tornando-os “1”; e
- citar a Crítica dos Dados de Sherman Kent33.
2. FUNDAMENTAÇÃO
Sherman Kent propõe a questão “Até que ponto
as novidades se amoldam ao que já se sabia?”. Sua
resposta indica que “o melhor crítico é aquele que tem o
maior número de coisas no lado já estabelecido de suas
anotações...”. Ou seja, é perceptível que, traçando um
paralelo com a atual terminologia em uso no SIEx, se
trata de aferir a compatibilidade e de Quadro de
Referência.
a. Abordar aspectos relativos ao Quadro de
Referência do Analista e suas relações com os critérios
ou parâmetros empregados para o Julgamento do
Conteúdo (Semelhança, Coerência e, no caso deste
trabalho, principalmente Compatibilidade) quando da
crítica dos dados empregando a Técnica de Avaliação de
Dados (TAD).
Invoco, neste ponto, o preconizado nas IP 30-2:
“[…] A formação de um bom Analista de Inteligência
depende não só da aquisição de conhecimentos teórico-
técnicos nos cursos de formação e especialização como,
também, de um embasamento cultural prévio e da
prática constante nos diversos níveis do SIEx, visto que
a Atividade de Inteligência não admite improvisações
nem amadorismos.” (Letra d., do item 1.4, do Artigo II,
do Capítulo 1 das Instruções Provisórias IP 30-2
PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO DE
INTELIGÊNCIA).34
Da citação acima transcrita é factível depreender que, no
caso da Produção do Conhecimento de Inteligência, três
são os fatores que permitem que o resultado obtido se
materialize em um produto dentro dos padrões
33 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.34 BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
doutrinários vigentes, sendo eles: os cursos
realizados, a cultura geral do Analista e a prática
constante.
Tais fatores estão indissociavelmente conectados.
O curso forja o especialista; a cultura geral – o
conhecimento prévio, em última análise – permite ao
Analista estabelecer valores perante os fatos que analisa,
o que resultará nos Estados da Mente perante a verdade
(Certeza, Opinião, Dúvida ou, quando desconhecer o
tema, Ignorância); e, finalmente, a prática constante
serve ao Analista como ferramenta para a ampliação da
cultura geral, bem como aperfeiçoamento do emprego
das técnicas que lhe foram aportadas por ocasião da
realização dos Cursos.
Importa destacar que, no que tange à cultura
geral, esta não deve ser considerada como algo
estagnado. Pelo contrário, deve ser objeto de constante
atualização. Por maior que seja a cultura geral do
Analista, este certamente terá de buscar embasamento
quando, por exemplo, deixar de acompanhar determinada
área para passar a se dedicar a outra.
É o caso, por exemplo, da necessidade de
adequação de um Analista de Condições Meteorológicas
– o qual se ocupa, dentre outros, de aspectos ligados à
temperatura, à umidade, à radiação, aos ventos, etc - que
deixa sua função para ser Analista de Equipamentos
Militares do Oponente – e que necessariamente deverá
possuir conhecimentos sobre veículos, aeronaves,
embarcações, armamentos, etc.
Não é absurdo entender que “a prática
constante” citada nas IP 30-2 não recomende tais trocas
de função, sob pena de perda de um volume considerável
de conhecimentos sobre determinado assunto.
Porém, há que se considerar que, em muitos
momentos, tais trocas se impõem e o empenho pessoal do
designado em sua nova função será decisivo para a
manutenção da qualidade do Conhecimento produzido.
Uma proposta de interpretação para a expressão
“Quadro de Referência do Analista” é a seguinte:
conjunto de dados e conhecimentos disponíveis no
espectro de atuação do Analista, que dão base intelectual
para o profissional estabelecer os diversos níveis de
julgamento da fonte e conteúdo e, cumprida esta etapa,
partir do Valor para a Integração, na Análise e Síntese,
que é uma das etapas da Metodologia para a Produção do
Conhecimento35 (Figura 2).
Impõe lembrar que Coerência36 e
Compatibilidade37 são parâmetros para a verificação ou
julgamento do conteúdo do dado.
Figura 2: Metodologia Para a Produção do Conhecimento
Fonte: IP 30-2, 1997
No que diz respeito ao parâmetro Coerência,
momento em que o Analista busca verificar se o dado
possui harmonia interna e encadeamento lógico, a tarefa
não é das mais complexas, uma vez que nesta etapa
analisa-se o fato em si.
Porém, ainda que de maneira sumária, o Analista
necessita lançar mão de seu embasamento cultural
prévio, a fim de não incorrer no indesejável
aproveitamento de dados que, a priori38, não servem,
pelo menos por ora, para a Produção do Conhecimento.
35 O Ciclo do Conhecimento se divide em três etapas, a saber: Orientação, Produção e Utilização. A Produção, por sua vez, é divida em cinco fases: Planejamento, Reunião, Análise e Síntese, Interpretação e Formalização e Difusão.36 “... qualidade, condição ou estado de coerente; ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão; apresentar nexo; lógico, racional...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.37 “... condição do que é compatível; passível de coexistir ou conciliar-se, com outro ou outros...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.38 Expressão em Latim que significa “partindo daquilo que vem antes”.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
58 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Já no que se refere ao julgamento do parâmetro
Compatibilidade, o Quadro de Referência irá impactar
decisivamente no resultado da Avaliação dos Dados,
resultado este que será expresso por um código alfa-
numérico composto por uma letra (A, B, C, D, E ou F, no
caso específico do julgamento da Fonte) e por um
número (1, 2, 3, 4, 5 ou 6, no julgamento do Conteúdo).
Tal código consta da obra A Produção de
Informações Estratégicas39 (Figura 3) e das IP 30-2
Produção do Conhecimento de Inteligência40 (Figura 4).
A inserção das duas figuras neste ensaio, ainda que
considerada a similaridade acentuada entre ambas, tem o
objetivo de ratificar a condição de Metodologia à prática
em vigor no SIEx.
Figura 3: O Sistema Letra-Número de Washington Platt
Fonte: PLATT, Washington. A Produção de Informações
Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974,
baseada na 2ª Edição (1962).
Figura 4: O Sistema Alfa –Numérico das IP 30-2
Fonte: IP 30-2, 1997
A Compatibilidade é o grau de harmonia (total,
parcial, pouca ou nenhuma) do dado com o que já se sabe
(seja sob a forma de Banco de Dados, Conhecimentos
disponíveis ou Quadro de Referência do Analista).
39 PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).40 BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.
Não é excesso recordar que os conteúdos aos
quais venham a ser atribuídos o número “1” (Coerente,
Compatível e Semelhante, ou seja, confirmado por
outras fontes) ou o número “2” (embora não
Confirmado, é Coerente e Compatível, logo, é
provavelmente verdadeiro), como resultado do
julgamento do Conteúdo, divergem apenas no parâmetro
semelhança. No que diz respeito à Compatibilidade
ambos os conteúdos são totalmente compatíveis.
Prosseguindo nas questões relativas à verificação
da Compatibilidade, é factível concluir, na aplicação da
TAD, que o dado pode possuir conteúdo avaliado como
“3” (possivelmente verdadeiro, ou seja, apresenta
Compatibilidade Parcial com os fatos), “4” (duvidoso,
apresenta Pouca Compatibilidade com os fatos) ou “5”
(improvável, em virtude de não apresentar
Compatibilidade com os fatos).
Diante do contexto explicitado no parágrafo
anterior, pode-se vislumbrar que quanto mais amplo for o
Quadro de Referência, mais fácil será identificar o grau
de Compatibilidade (Total, Parcial, Pouca ou Nenhuma)
do dado com o “todo”.
Concluir que o julgamento do conteúdo na
aplicação da TAD resulta nos números “1”, “2”, “3”, “4”
ou “5”, significa entender o quanto se harmoniza o dado
em julgamento com o quadro do qual se dispõe. Quanto
menor a harmonia41, ou seja, a compatibilidade, maior
será o código numérico atribuído ao julgamento do
conteúdo, em virtude de que tal conteúdo se distancia
cada vez mais daquilo que se conhece sobre o tema
examinado.
Não podemos olvidar, também, que tal
harmonia/compatibilidade está diretamente ligada ao
estado da mente do Analista. Se a mente do Analista
acata integralmente a imagem formada pelo fato ou
situação, sem refutá-la em momento algum, o estado será
41 “... combinação de elementos ligados por uma relação de pertinência, que produz uma sensação agradável e de prazer; ausência de conflitos; conformidade entre coisas ou pessoas; concordância, acordo ...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
o da Certeza42, ou seja, convicção plena (conteúdo
“1”), sem necessidade de novas evidências43. Pode-se
inferir que nesta situação estão, também, os dados
avaliados como “provavelmente verdadeiros”, os quais
divergem dos confirmados apenas, e tão somente, pelo
fato de que não apresentaram Semelhança (conteúdo
“2”).
Pode-se considerar que a Semelhança confere um
grau maior de valor ao dado em apreço e que esta seria
“a regra”. Porém, os inclinados à exceção defendem que
tal valorização atinge muito mais o usuário do
Conhecimento do que propriamente o Analista, uma vez
que este já atingiu a certeza, a convicção plena ou, ainda,
o acatamento integral da imagem que sua mente
formulou.
Há Analistas que entendem que os dados
avaliados como Provavelmente Verdadeiros carecem de
evidências. Mas, há, também, os que pensam que não
carecem. Deve-se ter em conta que a Metodologia Para a
Produção do Conhecimento, ainda que tenha como um de
seus objetivos limitar o subjetivismo, reveste-se, mesmo
assim, de características fortemente ligadas ao ponto de
vista do Analista, de seu quadro de referência, da sua
visão de mundo.
Há, ainda, os Analistas que possuem reservas em
relação ao quadro concebido, ou seja, o acatamento da
imagem pela sua mente não é integral, embora esteja
próximo disso (compatibilidade parcial), e o estado da
mente é o da Opinião, o que significa dizer que o dado ou
fato ora manipulado é “possivelmente verdadeiro”
(conteúdo “3”).
Na situação em que a mente do Analista encontra
motivos para acatar a imagem por ela mesmo formada,
mas, também, em igual número, para refutar a imagem, o
42 “... convicção; o que não oferece dúvida; afirmação categórica...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.43 “... qualidade ou caráter do que é evidente, do que não dá margem à dúvida; aquilo que indica a existência de algo; indicação; indício; constatação de uma verdade que não suscita qualquer dúvida, pela clareza e distinção com que se apresenta ao espírito ...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.
estado da mente é o da Dúvida. O especialista está,
portanto, diante de um dado de conteúdo “4”, ou seja,
“duvidoso”.
Por mais paradoxal que pareça, posso ter Certeza
não apenas sobre a ocorrência de algo – como visto
anteriormente -, mas também a Certeza da NÃO
ocorrência de algo, ou seja, tenho a convicção plena de
que o objeto em estudo NÃO ocorrerá, pois, ainda que
coerente, é totalmente incompatível com o que sabe sobre
os fatos em análise. Atribui-se, portanto, conteúdo “5”,
classificando-o como “improvável”.
O Quadro de Kent (Figura 5), demonstrando o
grau de certeza, ilustra bem a certeza da “não
ocorrência”. Ainda que comungue do entendimento de
que a TAD “não é matemática”, no caso específico da
Certeza os números servem como excelente subsídio para
elucidar alguns questionamentos.
Figura 5: O quadro de Kent demonstrando o grau de
Certeza
Fonte: KENT, Sherman. Informações Estratégicas.
Biblioteca do Exército Editora, 1967.
Finalmente, existe, ainda, a possibilidade de se
analisar ou manipular dados que não formam nenhum
tipo de imagem na mente do Analista, ou seja, este é
ignorante a respeito dos fatos que analisa. Trata-se do
estado da mente Ignorância.
Apontando especificamente no caso das Agências
Classe “C” do SIEx (2ª Seção das OM valor Batalhão ou
Subunidade independente), pode-se sintetizar os
procedimentos do julgamento do Conteúdo em:
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
59EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Já no que se refere ao julgamento do parâmetro
Compatibilidade, o Quadro de Referência irá impactar
decisivamente no resultado da Avaliação dos Dados,
resultado este que será expresso por um código alfa-
numérico composto por uma letra (A, B, C, D, E ou F, no
caso específico do julgamento da Fonte) e por um
número (1, 2, 3, 4, 5 ou 6, no julgamento do Conteúdo).
Tal código consta da obra A Produção de
Informações Estratégicas39 (Figura 3) e das IP 30-2
Produção do Conhecimento de Inteligência40 (Figura 4).
A inserção das duas figuras neste ensaio, ainda que
considerada a similaridade acentuada entre ambas, tem o
objetivo de ratificar a condição de Metodologia à prática
em vigor no SIEx.
Figura 3: O Sistema Letra-Número de Washington Platt
Fonte: PLATT, Washington. A Produção de Informações
Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974,
baseada na 2ª Edição (1962).
Figura 4: O Sistema Alfa –Numérico das IP 30-2
Fonte: IP 30-2, 1997
A Compatibilidade é o grau de harmonia (total,
parcial, pouca ou nenhuma) do dado com o que já se sabe
(seja sob a forma de Banco de Dados, Conhecimentos
disponíveis ou Quadro de Referência do Analista).
39 PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).40 BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.
Não é excesso recordar que os conteúdos aos
quais venham a ser atribuídos o número “1” (Coerente,
Compatível e Semelhante, ou seja, confirmado por
outras fontes) ou o número “2” (embora não
Confirmado, é Coerente e Compatível, logo, é
provavelmente verdadeiro), como resultado do
julgamento do Conteúdo, divergem apenas no parâmetro
semelhança. No que diz respeito à Compatibilidade
ambos os conteúdos são totalmente compatíveis.
Prosseguindo nas questões relativas à verificação
da Compatibilidade, é factível concluir, na aplicação da
TAD, que o dado pode possuir conteúdo avaliado como
“3” (possivelmente verdadeiro, ou seja, apresenta
Compatibilidade Parcial com os fatos), “4” (duvidoso,
apresenta Pouca Compatibilidade com os fatos) ou “5”
(improvável, em virtude de não apresentar
Compatibilidade com os fatos).
Diante do contexto explicitado no parágrafo
anterior, pode-se vislumbrar que quanto mais amplo for o
Quadro de Referência, mais fácil será identificar o grau
de Compatibilidade (Total, Parcial, Pouca ou Nenhuma)
do dado com o “todo”.
Concluir que o julgamento do conteúdo na
aplicação da TAD resulta nos números “1”, “2”, “3”, “4”
ou “5”, significa entender o quanto se harmoniza o dado
em julgamento com o quadro do qual se dispõe. Quanto
menor a harmonia41, ou seja, a compatibilidade, maior
será o código numérico atribuído ao julgamento do
conteúdo, em virtude de que tal conteúdo se distancia
cada vez mais daquilo que se conhece sobre o tema
examinado.
Não podemos olvidar, também, que tal
harmonia/compatibilidade está diretamente ligada ao
estado da mente do Analista. Se a mente do Analista
acata integralmente a imagem formada pelo fato ou
situação, sem refutá-la em momento algum, o estado será
41 “... combinação de elementos ligados por uma relação de pertinência, que produz uma sensação agradável e de prazer; ausência de conflitos; conformidade entre coisas ou pessoas; concordância, acordo ...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
o da Certeza42, ou seja, convicção plena (conteúdo
“1”), sem necessidade de novas evidências43. Pode-se
inferir que nesta situação estão, também, os dados
avaliados como “provavelmente verdadeiros”, os quais
divergem dos confirmados apenas, e tão somente, pelo
fato de que não apresentaram Semelhança (conteúdo
“2”).
Pode-se considerar que a Semelhança confere um
grau maior de valor ao dado em apreço e que esta seria
“a regra”. Porém, os inclinados à exceção defendem que
tal valorização atinge muito mais o usuário do
Conhecimento do que propriamente o Analista, uma vez
que este já atingiu a certeza, a convicção plena ou, ainda,
o acatamento integral da imagem que sua mente
formulou.
Há Analistas que entendem que os dados
avaliados como Provavelmente Verdadeiros carecem de
evidências. Mas, há, também, os que pensam que não
carecem. Deve-se ter em conta que a Metodologia Para a
Produção do Conhecimento, ainda que tenha como um de
seus objetivos limitar o subjetivismo, reveste-se, mesmo
assim, de características fortemente ligadas ao ponto de
vista do Analista, de seu quadro de referência, da sua
visão de mundo.
Há, ainda, os Analistas que possuem reservas em
relação ao quadro concebido, ou seja, o acatamento da
imagem pela sua mente não é integral, embora esteja
próximo disso (compatibilidade parcial), e o estado da
mente é o da Opinião, o que significa dizer que o dado ou
fato ora manipulado é “possivelmente verdadeiro”
(conteúdo “3”).
Na situação em que a mente do Analista encontra
motivos para acatar a imagem por ela mesmo formada,
mas, também, em igual número, para refutar a imagem, o
42 “... convicção; o que não oferece dúvida; afirmação categórica...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.43 “... qualidade ou caráter do que é evidente, do que não dá margem à dúvida; aquilo que indica a existência de algo; indicação; indício; constatação de uma verdade que não suscita qualquer dúvida, pela clareza e distinção com que se apresenta ao espírito ...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.
estado da mente é o da Dúvida. O especialista está,
portanto, diante de um dado de conteúdo “4”, ou seja,
“duvidoso”.
Por mais paradoxal que pareça, posso ter Certeza
não apenas sobre a ocorrência de algo – como visto
anteriormente -, mas também a Certeza da NÃO
ocorrência de algo, ou seja, tenho a convicção plena de
que o objeto em estudo NÃO ocorrerá, pois, ainda que
coerente, é totalmente incompatível com o que sabe sobre
os fatos em análise. Atribui-se, portanto, conteúdo “5”,
classificando-o como “improvável”.
O Quadro de Kent (Figura 5), demonstrando o
grau de certeza, ilustra bem a certeza da “não
ocorrência”. Ainda que comungue do entendimento de
que a TAD “não é matemática”, no caso específico da
Certeza os números servem como excelente subsídio para
elucidar alguns questionamentos.
Figura 5: O quadro de Kent demonstrando o grau de
Certeza
Fonte: KENT, Sherman. Informações Estratégicas.
Biblioteca do Exército Editora, 1967.
Finalmente, existe, ainda, a possibilidade de se
analisar ou manipular dados que não formam nenhum
tipo de imagem na mente do Analista, ou seja, este é
ignorante a respeito dos fatos que analisa. Trata-se do
estado da mente Ignorância.
Apontando especificamente no caso das Agências
Classe “C” do SIEx (2ª Seção das OM valor Batalhão ou
Subunidade independente), pode-se sintetizar os
procedimentos do julgamento do Conteúdo em:
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
60 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
- Determinar se o dado é ou não Coerente. Caso
não seja, deve ser descartado (a justificativa para tal
descarte encontra-se no item b. do presente ensaio). Caso
seja coerente, o Analista prossegue na aplicação da TAD.
- Aferir o grau de Compatibilidade do dado. Se
for nenhum, o dado é “5”. Se for pouco, o dado é “4”.
Caso seja parcial, será “3”. Se a compatibilidade for
total, o dado será “2” ou “1”, sendo, neste último caso,
necessariamente confirmado por outras fontes.
b. Citar a importância do parâmetro Coerência
no Julgamento do Conteúdo e algumas ideias sobre os
motivos de não serem utilizados dados Incoerentes na
Produção do Conhecimento.
Ao julgar o Conteúdo quando da aplicação da
TAD, são observados três parâmetros, a saber:
Semelhança (verificar se conteúdo conforme foi
difundido ou teve origem em outra fonte),
Compatibilidade (qual o grau de harmonia do dado em
questão com o que se sabe sobre o fato ou situação) e
Coerência (qual a harmonia interna do dado, ou seja, se
possui encadeamento lógico e não apresenta
contradições).
De acordo com o explicitado até aqui, pode-se
inferir que a Compatibilidade é determinante para o
Analista concluir a respeito do julgamento do Conteúdo,
uma vez que contempla os diferentes graus de harmonia
(total, parcial, pouca ou nenhuma) que se atribui ao que
é analisado. Tais graus de harmonia vão desde “1”
(harmonia total, estado da mente certeza) até “6” (quando
a mesma não pode ser avaliada), passando pelo “2”
(também harmonia total, porém sem difusão por outras
fontes), pelo “3” (harmonia parcial), pelo “4” (pouca
harmonia) e pelo “5” (sem harmonia).
Porém, é importante considerar que, pela
Doutrina em vigor no SIEX, o Analista avança para a
análise da Compatibilidade somente após concluir sobre
a Coerência do dado. Ou seja, dado incoerente44 não
44 “... falta de lógica, de ligação, de nexo entre fatos, ideias, ações, etc; ausência de congruência, de harmonia com o fim a que se destina; desarmonia; que não é lógico; não forma um todo
serve como matéria-prima para a Produção do
Conhecimento.
Destacando aqui que o dado cujo conteúdo foi
julgado como sendo “6” refere-se àquele que não foi
possível julgar sob o ponto de vista de Semelhança,
Compatibilidade e Coerência, o que NÃO implica em
dizer que o dado é incoerente. Ao contrário disso, após o
Analista se posicionar sobre um conteúdo e ficar em
condição de concluir, e, efetivamente o faça, implica,
necessariamente, entender que somente deve ser
aproveitado o que apresentar Coerência. A(s) premissa(s)
que sustenta(m) tal assertiva é a própria Metodologia45
(letra c. do item 7-21 Técnica de Avaliação de Dados das
IP 30-2) quando aborda o julgamento do Conteúdo, a
qual contempla, de modo claro e inequívoco, que os
dados de “1” a “5” são coerentes.
A obra de Sherman Kent46 indica textualmente
que “Se um dado incorreto não for rejeitado, a hipótese
que surgirá será igualmente incorreta, bem como o
quadro final da situação.” Um dado incoerente em um
produto (o conhecimento) submetido a uma Metodologia
(para a Produção do Conhecimento) não é algo adequado.
Ademais, convém lembrar que se está no
contexto da aplicação de uma Metodologia47 e, como tal,
inserir variáveis incoerentes torna factível a percepção de
ter havido subversão do Método48.
c. Analisar as relações entre o Estado da Mente
“Certeza” e o Conteúdo julgado como Confirmado (“1”)
A Atividade de Inteligência busca incessantemente a
verdade49. Segundo o preconizado nas IP 30-2, a verdade
racional...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.45. BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.46 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.47 “... ramo da lógica que se ocupa dos métodos das diferentes ciências; parte de uma ciência que estuda os métodos aos quais ela própria recorre...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.48 “... conjunto sistemático de regras e procedimentos que, se respeitados em uma investigação cognitiva, conduzem à verdade...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.49 “... propriedade de estar conforme os fatos ou a realidade; correspondência, adequação ou harmonia passível de ser
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
é precedida, necessariamente, das evidências. Ou
seja, a mente, quando conduzida à certeza, pelas
evidências, tende a encontrar a verdade. Entretanto, as
mesmas IP indicam que as evidências devem ser
perscrutadas de tal maneira que se evite a ilusão da
verdade, que é a principal componente do erro50.
Considerando-se que os estudiosos da relação
“Sujeito x Objeto” concebem que a verdade não está no
objeto, senão que na mente do sujeito, pode-se mais
facilmente entender a necessidade de um número de
evidências que determinado Analista (sujeito) precisa
para chegar à certeza, enquanto outros chegam ao mesmo
estado da mente com um número menor, ou maior, de
evidências.
Volta-se novamente à importância do Quadro de
Referência. Quanto mais amplo for o Quadro do
Analista, mais facilmente as imagens se formarão em sua
mente, ou seja, menor será o tempo para chegar à
convicção plena.
O contrário também é factível: quanto menor o
Quadro do Analista, mais próximo ele estará do estado
da mente Ignorância, logo, necessitará um número maior
de evidências para chegar à convicção plena e esquivar-
se de incorrer no erro (a ilusão da verdade).
No texto das IP 30-2, encontra-se a definição que
diz que o conteúdo julgado à luz da TAD, e que receba o
código numérico “1”, necessita ter sido difundido por
mais de uma fonte, bem como ser coerente e
compatível.
Por outro lado, as mesmas IP mencionam (letra f.
do item 8-21 DETERMINAÇÃO DO VALOR DOS
CONHECIMENTOS E / OU DADOS REUNIDOS) que
“a verificação da credibilidade é consolidada por um
trabalho no qual as frações significativas são
estabelecida, por meio de um discurso ou pensamento, entre a subjetividade cognitiva do intelecto humano e os fatos, eventos e seres da realidade objetiva...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.50 “... juízo ou julgamento em desacordo com a realidade observada; engano; qualidade daquilo que é inexato, incorreto...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.
comparadas entre si e com o que o próprio Analista
sabe sobre o assunto.”
Imagine um dado analisado pelo Analista “A” e
cujo conteúdo foi avaliado como “2” (provavelmente
verdadeiro, ou seja, necessita “apenas” a confirmação por
outra fonte para ser tratado como “1”). Tal dado foi
encaminhado para o Escalão que o enquadra.
Imagine, ainda, um segundo Analista (“B”), que
também analisa um dado, que é idêntico ao do Analista
“A”, também avaliado por “B” como sendo “2”,
carecendo, da mesma forma que no primeiro exemplo,
“apenas” da confirmação para passar a ser considerado
como “1”, e que também é enviado ao escalão que o
enquadra.
Nos dois casos (Analistas “A” e “B”), tratam-se
de Agências de Inteligência (AI) que são enquadradas
pelo mesmo Escalão. Ou seja, os dois dados (ambos
avaliados como “2”) chegaram ao Analista “C”, ao qual
cabe integrá-los na Produção do Conhecimento.
O Analista “C”, baseado no que diz a letra f. do
item 8-21 das IP 30-2, terá dois conteúdos “2”
(provavelmente verdadeiros), ambos coerentes, ambos
compatíveis, mas que, uma vez “contrastados” com o
Quadro de Referência de “C” pode não levá-lo ao estado
da mente certeza, ou seja, “C” não terá convicção plena,
seja por dispor de um Quadro tão amplo que torne claro
não se tratar do conteúdo mais nobre, ou seja por dispor
de um Quadro limitado que o faça sentir a necessidade de
dispor de mais evidências para tratar os dados como “1”
(coerente, compatível e confirmado por outra fonte).
Ainda que a TAD aponte na direção objetiva da
confirmação, as mesmas IP preconizam que o Quadro de
Referência do Analista é sim uma das componentes a ser
considerada, mesmo que ele seja “somente” o integrador.
Não há dúvida de que o tema é discutível, mas
este também é um dos objetivos deste ensaio, qual seja,
quebrar paradigmas. Cabe mencionar que se o leitor for
o Analista “C” e considere que os dados de “A” e “B” se
confirmam, são coerentes e compatíveis, logo são “1”,
não há nenhum erro aqui. Tampouco há erro se adota a
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
61EsIMEx - 2º Semestre de 2012
- Determinar se o dado é ou não Coerente. Caso
não seja, deve ser descartado (a justificativa para tal
descarte encontra-se no item b. do presente ensaio). Caso
seja coerente, o Analista prossegue na aplicação da TAD.
- Aferir o grau de Compatibilidade do dado. Se
for nenhum, o dado é “5”. Se for pouco, o dado é “4”.
Caso seja parcial, será “3”. Se a compatibilidade for
total, o dado será “2” ou “1”, sendo, neste último caso,
necessariamente confirmado por outras fontes.
b. Citar a importância do parâmetro Coerência
no Julgamento do Conteúdo e algumas ideias sobre os
motivos de não serem utilizados dados Incoerentes na
Produção do Conhecimento.
Ao julgar o Conteúdo quando da aplicação da
TAD, são observados três parâmetros, a saber:
Semelhança (verificar se conteúdo conforme foi
difundido ou teve origem em outra fonte),
Compatibilidade (qual o grau de harmonia do dado em
questão com o que se sabe sobre o fato ou situação) e
Coerência (qual a harmonia interna do dado, ou seja, se
possui encadeamento lógico e não apresenta
contradições).
De acordo com o explicitado até aqui, pode-se
inferir que a Compatibilidade é determinante para o
Analista concluir a respeito do julgamento do Conteúdo,
uma vez que contempla os diferentes graus de harmonia
(total, parcial, pouca ou nenhuma) que se atribui ao que
é analisado. Tais graus de harmonia vão desde “1”
(harmonia total, estado da mente certeza) até “6” (quando
a mesma não pode ser avaliada), passando pelo “2”
(também harmonia total, porém sem difusão por outras
fontes), pelo “3” (harmonia parcial), pelo “4” (pouca
harmonia) e pelo “5” (sem harmonia).
Porém, é importante considerar que, pela
Doutrina em vigor no SIEX, o Analista avança para a
análise da Compatibilidade somente após concluir sobre
a Coerência do dado. Ou seja, dado incoerente44 não
44 “... falta de lógica, de ligação, de nexo entre fatos, ideias, ações, etc; ausência de congruência, de harmonia com o fim a que se destina; desarmonia; que não é lógico; não forma um todo
serve como matéria-prima para a Produção do
Conhecimento.
Destacando aqui que o dado cujo conteúdo foi
julgado como sendo “6” refere-se àquele que não foi
possível julgar sob o ponto de vista de Semelhança,
Compatibilidade e Coerência, o que NÃO implica em
dizer que o dado é incoerente. Ao contrário disso, após o
Analista se posicionar sobre um conteúdo e ficar em
condição de concluir, e, efetivamente o faça, implica,
necessariamente, entender que somente deve ser
aproveitado o que apresentar Coerência. A(s) premissa(s)
que sustenta(m) tal assertiva é a própria Metodologia45
(letra c. do item 7-21 Técnica de Avaliação de Dados das
IP 30-2) quando aborda o julgamento do Conteúdo, a
qual contempla, de modo claro e inequívoco, que os
dados de “1” a “5” são coerentes.
A obra de Sherman Kent46 indica textualmente
que “Se um dado incorreto não for rejeitado, a hipótese
que surgirá será igualmente incorreta, bem como o
quadro final da situação.” Um dado incoerente em um
produto (o conhecimento) submetido a uma Metodologia
(para a Produção do Conhecimento) não é algo adequado.
Ademais, convém lembrar que se está no
contexto da aplicação de uma Metodologia47 e, como tal,
inserir variáveis incoerentes torna factível a percepção de
ter havido subversão do Método48.
c. Analisar as relações entre o Estado da Mente
“Certeza” e o Conteúdo julgado como Confirmado (“1”)
A Atividade de Inteligência busca incessantemente a
verdade49. Segundo o preconizado nas IP 30-2, a verdade
racional...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.45. BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.46 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.47 “... ramo da lógica que se ocupa dos métodos das diferentes ciências; parte de uma ciência que estuda os métodos aos quais ela própria recorre...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.48 “... conjunto sistemático de regras e procedimentos que, se respeitados em uma investigação cognitiva, conduzem à verdade...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.49 “... propriedade de estar conforme os fatos ou a realidade; correspondência, adequação ou harmonia passível de ser
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
é precedida, necessariamente, das evidências. Ou
seja, a mente, quando conduzida à certeza, pelas
evidências, tende a encontrar a verdade. Entretanto, as
mesmas IP indicam que as evidências devem ser
perscrutadas de tal maneira que se evite a ilusão da
verdade, que é a principal componente do erro50.
Considerando-se que os estudiosos da relação
“Sujeito x Objeto” concebem que a verdade não está no
objeto, senão que na mente do sujeito, pode-se mais
facilmente entender a necessidade de um número de
evidências que determinado Analista (sujeito) precisa
para chegar à certeza, enquanto outros chegam ao mesmo
estado da mente com um número menor, ou maior, de
evidências.
Volta-se novamente à importância do Quadro de
Referência. Quanto mais amplo for o Quadro do
Analista, mais facilmente as imagens se formarão em sua
mente, ou seja, menor será o tempo para chegar à
convicção plena.
O contrário também é factível: quanto menor o
Quadro do Analista, mais próximo ele estará do estado
da mente Ignorância, logo, necessitará um número maior
de evidências para chegar à convicção plena e esquivar-
se de incorrer no erro (a ilusão da verdade).
No texto das IP 30-2, encontra-se a definição que
diz que o conteúdo julgado à luz da TAD, e que receba o
código numérico “1”, necessita ter sido difundido por
mais de uma fonte, bem como ser coerente e
compatível.
Por outro lado, as mesmas IP mencionam (letra f.
do item 8-21 DETERMINAÇÃO DO VALOR DOS
CONHECIMENTOS E / OU DADOS REUNIDOS) que
“a verificação da credibilidade é consolidada por um
trabalho no qual as frações significativas são
estabelecida, por meio de um discurso ou pensamento, entre a subjetividade cognitiva do intelecto humano e os fatos, eventos e seres da realidade objetiva...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.50 “... juízo ou julgamento em desacordo com a realidade observada; engano; qualidade daquilo que é inexato, incorreto...”. HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.
comparadas entre si e com o que o próprio Analista
sabe sobre o assunto.”
Imagine um dado analisado pelo Analista “A” e
cujo conteúdo foi avaliado como “2” (provavelmente
verdadeiro, ou seja, necessita “apenas” a confirmação por
outra fonte para ser tratado como “1”). Tal dado foi
encaminhado para o Escalão que o enquadra.
Imagine, ainda, um segundo Analista (“B”), que
também analisa um dado, que é idêntico ao do Analista
“A”, também avaliado por “B” como sendo “2”,
carecendo, da mesma forma que no primeiro exemplo,
“apenas” da confirmação para passar a ser considerado
como “1”, e que também é enviado ao escalão que o
enquadra.
Nos dois casos (Analistas “A” e “B”), tratam-se
de Agências de Inteligência (AI) que são enquadradas
pelo mesmo Escalão. Ou seja, os dois dados (ambos
avaliados como “2”) chegaram ao Analista “C”, ao qual
cabe integrá-los na Produção do Conhecimento.
O Analista “C”, baseado no que diz a letra f. do
item 8-21 das IP 30-2, terá dois conteúdos “2”
(provavelmente verdadeiros), ambos coerentes, ambos
compatíveis, mas que, uma vez “contrastados” com o
Quadro de Referência de “C” pode não levá-lo ao estado
da mente certeza, ou seja, “C” não terá convicção plena,
seja por dispor de um Quadro tão amplo que torne claro
não se tratar do conteúdo mais nobre, ou seja por dispor
de um Quadro limitado que o faça sentir a necessidade de
dispor de mais evidências para tratar os dados como “1”
(coerente, compatível e confirmado por outra fonte).
Ainda que a TAD aponte na direção objetiva da
confirmação, as mesmas IP preconizam que o Quadro de
Referência do Analista é sim uma das componentes a ser
considerada, mesmo que ele seja “somente” o integrador.
Não há dúvida de que o tema é discutível, mas
este também é um dos objetivos deste ensaio, qual seja,
quebrar paradigmas. Cabe mencionar que se o leitor for
o Analista “C” e considere que os dados de “A” e “B” se
confirmam, são coerentes e compatíveis, logo são “1”,
não há nenhum erro aqui. Tampouco há erro se adota a
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
62 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
postura de fazer prevalecer o seu Quadro de
Referência, conservando o conteúdo como “2”. É
“apenas” uma questão de estado da mente do Analista.
Lembre-se de Kant, que menciona que a Verdade está
na mente do sujeito, e não no objeto com o qual ele se
relaciona.
d. Reflexionar sobre a questão: Um conteúdo “3”
pode confirmar outros conteúdos, tornando-os “1”?
A Metodologia para a Produção do
Conhecimento em vigor no SIEx preconiza, quando da
aplicação da TAD, que um conteúdo será julgado como
“1” quando for coerente, compatível e confirmado por
outras fontes. Importa destacar que não flexibiliza o
parâmetro compatibilidade, ou seja, é factível inferir que,
por se tratar do conteúdo mais nobre, segundo a aplicação
da Técnica, trata-se de total compatibilidade.
Excluindo-se o conteúdo julgado como “2”
(provavelmente verdadeiro), e o próprio “1”, todos os
demais julgamentos do conteúdo (“3”, “4”, “5” ou “6”)
não necessariamente servirão para serem comparados
com outros dados disponíveis e “melhorar” o conteúdo
para “1”, confirmado. Poderão servir, como também
poderão não servir para tal fim. Dependerá, em última
instância, da mente do Analista.
Conteúdos julgados como “3” (possivelmente
verdadeiro), “4” (duvidoso), “5” (improvável) ou “6”
(não possível de ser avaliado), apresentam,
respectivamente, compatibilidade parcial, pouca,
nenhuma ou não avaliada. Ora, se no caso dos dados de
conteúdo “2” impõem-se totais coerência e
compatibilidade, é lícito que alguns Analistas entendam
que ao “cruzar” dados “3”, “4”, “5” ou “6” com outros
dados, ainda que estes tenham sido avaliados como “2”, o
quadro resultante não necessariamente leve a mente
do integrador à Certeza. Ou seja, é
“compreensivelmente normal” que tal Analista
necessite de mais evidências. Parece claro, ainda, que
conteúdos julgados como “4” (duvidoso) e “5”
(improvável) devem ter sua utilização para fins de
confirmação de outros dados evitada, em virtude de “se
afastarem muito da total compatibilidade”. Porém,
registre-se que o fato de entender que um conteúdo “2”
passe a ser “1” após ser confirmado por conteúdos “2”,
“3”, “4”, “5” ou “6”, não é de um todo “condenável”. O
sentimento do Analista será o determinante nestes casos.
Há que considerar que trata-se aqui da condição em que
um Analista preenche todos os requisitos para ser visto
como tal, quais sejam, ser especialista, ter um bom
Quadro de Referência e prática constante da
Metodologia.
A compatibilidade é tão importante que será ela,
em última instância, a “peneira” que vai delimitar que
tipo de Conhecimento será produzido. Compatibilidade
total (dados julgados como “1” ou “2”) permite que se
produza qualquer um dos 4 (quatro) Conhecimentos em
vigor. A partir da Compatibilidade parcial (dados
julgados como “3”), só é possível produzir Informe.
Lembrando uma vez mais que ao julgar a
Compatibilidade, o Analista já concluiu que o conteúdo é
Coerente.
e. Citar a Crítica dos Dados de Sherman Kent51.
Em sua obra, Kent divide a Produção do
Conhecimento em seis estágios: o aparecimento do
problema, a análise do problema, a busca de dados, a
avaliação dos dados, o momento da hipótese e, o último,
a apresentação. Dentre estes, o quarto estágio (a
avaliação dos dados) é o que interessa no contexto do
presente ensaio.
Kent faz questão de deixar claro que a palavra
crítica é a que talvez seja mais adequada para o momento
de avaliar os dados, indicando claramente que criticar
significa comparar, referindo-se ao que o Analista já
possui, com aquilo que recebe como novo, ou seja,
comparar o banco de dados do qual dispõe, bem como o
seu próprio Quadro de Referência, com os novos dados
que receba, a fim de produzir um Conhecimento que seja
produto de uma integração.
51 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Sendo assim, tanto a aplicação da TAD (valor),
quanto a integração (ambos dentro da Análise e Síntese)
necessitam ser entendidas como determinantes da
qualidade do Conhecimento resultante.
3. CONCLUSÕES
O Quadro de Referência do Analista
desempenha papel fundamental no julgamento do
Conteúdo. Há, porém, que se considerar que tal quadro é
formado desde “sempre” (educação, cultura geral,
estudo, experiência profissional, etc.) sendo lapidado com
os cursos e aperfeiçoado com a prática constante.
Dos parâmetros para o Julgamento do Conteúdo,
quando da aplicação da TAD, à exceção da Semelhança,
os demais estão diretamente ligados ao Quadro de
Referência: a coerência, em menor proporção, e a
compatibilidade, em maior, uma vez que será decisiva
para se concluir sobre o grau de harmonia dos dados
com o que se sabe sobre os fatos, resultando em um
número de “1” a “6”, conforme o caso.
Para a Produção do Conhecimento parece ser
essencial dedicar especial atenção ao julgamento do
Conteúdo. Partindo da Coerência (e só prosseguindo
após entender/concluir que ela está presente no dado
julgado naquele momento), chegar-se-á à
Compatibilidade. Impõe-se, portanto, inclusive apoiado
no que preconiza a Metodologia em vigor no SIEx,
utilizar somente dados coerentes como insumo, sob pena
de o Analista inserir no todo uma variável que carece de
valor que justifique seu aproveitamento.
A Certeza depende diretamente da(s)
evidência(s). Cada Analista chegará (ou não) à Certeza
após contrastar os dados em questão com tudo o que
dispõe, inclusive com o seu Quadro de Referência.
Exatamente nesta comparação (com o seu Quadro de
Referência) é que se vislumbra a hipótese de que em
dado momento dois dados julgados como sendo de
conteúdo “2” não serão considerados como suficientes
para conduzir à Certeza, ou seja, não servirão para
“confirmação”.
Dados que possuem compatibilidade parcial,
pouca ou, ainda, que não possuem compatibilidade com
o que se julga, não necessariamente servirão para
confirmar “outros” dados, ainda que estes “outros”
dados apresentem conteúdo julgado como “2”. Servirão,
ou não, conforme o sentimento do Analista, ou seja, uma
vez mais o Quadro de Referência será protagonista na
Produção do Conhecimento.
Manter atualizado o Quadro de Referência é
ponto fundamental na Produção do Conhecimento. Ainda
que o Analista disponha de outra ferramenta poderosa,
qual seja, a especialização obtida em Cursos, ela de nada
valerá se o integrador não dispor de um Quadro o mais
amplo possível, visando a minimizar as possibilidades de
vir a julgar “para menos” a compatibilidade de algo que,
sob um olhar mais refinado, se revelará como possuidor
de harmonia total ou parcial com o tema objeto da
análise.
Cabe, ainda, aqui reiterar que o presente trabalho
objetiva:
- Dialogar especificamente com as Agências
de Inteligência (AI) Classe “C”, por se tratar de ambiente
no qual a existência do especialista por vezes mostra-se
rara, mas onde, também, a Atividade de Inteligência
mantém-se constante, a exigir esforços quanto à
cooperação e colaboração dos que preenchem tal lacuna
(a ausência do especialista).
- A assertiva anterior, porém, não inviabiliza
ou impede que o conteúdo aqui abordado seja útil para
outras agências, seja no âmbito do SIEx ou em outros
Sistemas de Inteligência, já que os esforços críticos da
Avaliação de Dados encontram, na Certeza do Analista,
a Verdade no Conhecimento produzido, ou se
aproximam dela, quando o número de evidências for
insuficiente para atingir a chamada “convicção plena”.
- “Trazer à luz” aspectos da Produção do
Conhecimento que estão um pouco além da “mecânica”
aplicação da TAD.
- Expor um ponto de vista, para que o
mesmo encontre defensores e detratores, ou, ainda,
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Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
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postura de fazer prevalecer o seu Quadro de
Referência, conservando o conteúdo como “2”. É
“apenas” uma questão de estado da mente do Analista.
Lembre-se de Kant, que menciona que a Verdade está
na mente do sujeito, e não no objeto com o qual ele se
relaciona.
d. Reflexionar sobre a questão: Um conteúdo “3”
pode confirmar outros conteúdos, tornando-os “1”?
A Metodologia para a Produção do
Conhecimento em vigor no SIEx preconiza, quando da
aplicação da TAD, que um conteúdo será julgado como
“1” quando for coerente, compatível e confirmado por
outras fontes. Importa destacar que não flexibiliza o
parâmetro compatibilidade, ou seja, é factível inferir que,
por se tratar do conteúdo mais nobre, segundo a aplicação
da Técnica, trata-se de total compatibilidade.
Excluindo-se o conteúdo julgado como “2”
(provavelmente verdadeiro), e o próprio “1”, todos os
demais julgamentos do conteúdo (“3”, “4”, “5” ou “6”)
não necessariamente servirão para serem comparados
com outros dados disponíveis e “melhorar” o conteúdo
para “1”, confirmado. Poderão servir, como também
poderão não servir para tal fim. Dependerá, em última
instância, da mente do Analista.
Conteúdos julgados como “3” (possivelmente
verdadeiro), “4” (duvidoso), “5” (improvável) ou “6”
(não possível de ser avaliado), apresentam,
respectivamente, compatibilidade parcial, pouca,
nenhuma ou não avaliada. Ora, se no caso dos dados de
conteúdo “2” impõem-se totais coerência e
compatibilidade, é lícito que alguns Analistas entendam
que ao “cruzar” dados “3”, “4”, “5” ou “6” com outros
dados, ainda que estes tenham sido avaliados como “2”, o
quadro resultante não necessariamente leve a mente
do integrador à Certeza. Ou seja, é
“compreensivelmente normal” que tal Analista
necessite de mais evidências. Parece claro, ainda, que
conteúdos julgados como “4” (duvidoso) e “5”
(improvável) devem ter sua utilização para fins de
confirmação de outros dados evitada, em virtude de “se
afastarem muito da total compatibilidade”. Porém,
registre-se que o fato de entender que um conteúdo “2”
passe a ser “1” após ser confirmado por conteúdos “2”,
“3”, “4”, “5” ou “6”, não é de um todo “condenável”. O
sentimento do Analista será o determinante nestes casos.
Há que considerar que trata-se aqui da condição em que
um Analista preenche todos os requisitos para ser visto
como tal, quais sejam, ser especialista, ter um bom
Quadro de Referência e prática constante da
Metodologia.
A compatibilidade é tão importante que será ela,
em última instância, a “peneira” que vai delimitar que
tipo de Conhecimento será produzido. Compatibilidade
total (dados julgados como “1” ou “2”) permite que se
produza qualquer um dos 4 (quatro) Conhecimentos em
vigor. A partir da Compatibilidade parcial (dados
julgados como “3”), só é possível produzir Informe.
Lembrando uma vez mais que ao julgar a
Compatibilidade, o Analista já concluiu que o conteúdo é
Coerente.
e. Citar a Crítica dos Dados de Sherman Kent51.
Em sua obra, Kent divide a Produção do
Conhecimento em seis estágios: o aparecimento do
problema, a análise do problema, a busca de dados, a
avaliação dos dados, o momento da hipótese e, o último,
a apresentação. Dentre estes, o quarto estágio (a
avaliação dos dados) é o que interessa no contexto do
presente ensaio.
Kent faz questão de deixar claro que a palavra
crítica é a que talvez seja mais adequada para o momento
de avaliar os dados, indicando claramente que criticar
significa comparar, referindo-se ao que o Analista já
possui, com aquilo que recebe como novo, ou seja,
comparar o banco de dados do qual dispõe, bem como o
seu próprio Quadro de Referência, com os novos dados
que receba, a fim de produzir um Conhecimento que seja
produto de uma integração.
51 KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora, 1967.
EsIMEx - 2º Semestre de 2012
Sendo assim, tanto a aplicação da TAD (valor),
quanto a integração (ambos dentro da Análise e Síntese)
necessitam ser entendidas como determinantes da
qualidade do Conhecimento resultante.
3. CONCLUSÕES
O Quadro de Referência do Analista
desempenha papel fundamental no julgamento do
Conteúdo. Há, porém, que se considerar que tal quadro é
formado desde “sempre” (educação, cultura geral,
estudo, experiência profissional, etc.) sendo lapidado com
os cursos e aperfeiçoado com a prática constante.
Dos parâmetros para o Julgamento do Conteúdo,
quando da aplicação da TAD, à exceção da Semelhança,
os demais estão diretamente ligados ao Quadro de
Referência: a coerência, em menor proporção, e a
compatibilidade, em maior, uma vez que será decisiva
para se concluir sobre o grau de harmonia dos dados
com o que se sabe sobre os fatos, resultando em um
número de “1” a “6”, conforme o caso.
Para a Produção do Conhecimento parece ser
essencial dedicar especial atenção ao julgamento do
Conteúdo. Partindo da Coerência (e só prosseguindo
após entender/concluir que ela está presente no dado
julgado naquele momento), chegar-se-á à
Compatibilidade. Impõe-se, portanto, inclusive apoiado
no que preconiza a Metodologia em vigor no SIEx,
utilizar somente dados coerentes como insumo, sob pena
de o Analista inserir no todo uma variável que carece de
valor que justifique seu aproveitamento.
A Certeza depende diretamente da(s)
evidência(s). Cada Analista chegará (ou não) à Certeza
após contrastar os dados em questão com tudo o que
dispõe, inclusive com o seu Quadro de Referência.
Exatamente nesta comparação (com o seu Quadro de
Referência) é que se vislumbra a hipótese de que em
dado momento dois dados julgados como sendo de
conteúdo “2” não serão considerados como suficientes
para conduzir à Certeza, ou seja, não servirão para
“confirmação”.
Dados que possuem compatibilidade parcial,
pouca ou, ainda, que não possuem compatibilidade com
o que se julga, não necessariamente servirão para
confirmar “outros” dados, ainda que estes “outros”
dados apresentem conteúdo julgado como “2”. Servirão,
ou não, conforme o sentimento do Analista, ou seja, uma
vez mais o Quadro de Referência será protagonista na
Produção do Conhecimento.
Manter atualizado o Quadro de Referência é
ponto fundamental na Produção do Conhecimento. Ainda
que o Analista disponha de outra ferramenta poderosa,
qual seja, a especialização obtida em Cursos, ela de nada
valerá se o integrador não dispor de um Quadro o mais
amplo possível, visando a minimizar as possibilidades de
vir a julgar “para menos” a compatibilidade de algo que,
sob um olhar mais refinado, se revelará como possuidor
de harmonia total ou parcial com o tema objeto da
análise.
Cabe, ainda, aqui reiterar que o presente trabalho
objetiva:
- Dialogar especificamente com as Agências
de Inteligência (AI) Classe “C”, por se tratar de ambiente
no qual a existência do especialista por vezes mostra-se
rara, mas onde, também, a Atividade de Inteligência
mantém-se constante, a exigir esforços quanto à
cooperação e colaboração dos que preenchem tal lacuna
(a ausência do especialista).
- A assertiva anterior, porém, não inviabiliza
ou impede que o conteúdo aqui abordado seja útil para
outras agências, seja no âmbito do SIEx ou em outros
Sistemas de Inteligência, já que os esforços críticos da
Avaliação de Dados encontram, na Certeza do Analista,
a Verdade no Conhecimento produzido, ou se
aproximam dela, quando o número de evidências for
insuficiente para atingir a chamada “convicção plena”.
- “Trazer à luz” aspectos da Produção do
Conhecimento que estão um pouco além da “mecânica”
aplicação da TAD.
- Expor um ponto de vista, para que o
mesmo encontre defensores e detratores, ou, ainda,
EsIMEx - 2º Semestre de 2012 1 1Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro e membro Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército
Renato M. Okamoto1
RESUMO
A chegada da Era do Conhecimento
enfatizou a importância da ciência, tecnologia e
inovação (C,T&I) como instrumentos de profundas
transformações e de sobrevivência das organizações.
Paralelamente, o dinamismo do cenário globalizado
atual tem tornado mais complexo o gerenciamento
desses recursos. Acompanhando a tendência
mundial, o Exército Brasileiro, em suas políticas,
diretrizes e planejamentos, busca seu processo de
transformação, apontando a C,T&I como um dos
vetores de importância estratégica, e o uso da
prospecção como uma metodologia a ser empregada.
Palavras-chave: Inteligência Tecnológica,
Prospecção Tecnológica, Sistemas de Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
No cenário dinâmico e globalizado do início
do século XXI, os responsáveis pela tomada de
decisões na área de ciência e tecnologia necessitam
de informações acerca das prioridades que orientem
o planejamento estratégico da organização e a
pesquisa e o desenvolvimento.
O decisor estratégico deve possuir
informações sobre os riscos que inovações
tecnológicas possam trazer no futuro, as
possibilidades do emprego de inovações, as
potencialidades que a instituição possui em
desenvolver novas tecnologias e o impacto que essas
tecnologias teriam em seus objetivos ou na
sociedade. Nesse contexto, a prospecção de
tecnologias emergentes ou futuras e suas
conseqüentes implicações são questões altamente
relevantes para a sobrevivência das instituições,
economias, sociedades ou organizações, permitindo
orientar a tomada de decisão num largo espectro de
opções que se vislumbra para o futuro.
Em um contexto mais amplo, os objetivos
estratégicos e as suas respectivas diretrizes
provenientes da Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I) para a Defesa Nacional se
espelham nos objetivos e respectivas ações
estratégicas anteriormente traçados na Concepção
Estratégica de C,T&I de Interesse da Defesa
Nacional (BRASIL, 2003). Esta última estabelece
que:
É imprescindível estabelecer uma
linha de trabalho em prospecção,
para que seja possível acompanhar
a evolução mundial de materiais e
A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA PARA O SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
serviços de Defesa no campo
científico-tecnológico-inovador e
identificar os programas e
projetos que possam produzir
impactos positivos para a Defesa e
para a Sociedade. (BRASIL, 2003,
p. 24).
Para se ter uma ideia da complexidade e
multiplicidade de áreas afins ao desenvolvimento de
sistemas de defesa, a Concepção Estratégica:
Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional, documento elaborado
conjuntamente pelo Ministério da Defesa e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (BRASIL,
2003), relaciona as tecnologias de interesse da
Defesa Nacional: Fusão de Dados, Microeletrônica,
Sistemas de Informação, Radares de Alta
Sensibilidade, Ambiente de Sistemas de Armas,
Potência Pulsada, Navegação Automática de
Precisão, Materiais Compostos, Dinâmica dos
Fluidos Computacional, Sensores Ativos e Passivos,
Inteligência de Máquinas e Robótica, Controle de
Assinaturas, Defesa Química, Biológica e Nuclear,
Integração de Sistemas, entre outras.
Em 2008, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou o documento Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Plano
de Ação 2007-2010. O principal objetivo desse
plano é definir um amplo leque de iniciativas, ações
e programas que possibilitem tornar mais decisivo o
papel da ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) no
desenvolvimento sustentável do País (BRASIL,
2008). Um de seus programas é o Ciência,
Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional.
Tal programa tem por objetivo promover a
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de
interesse da Segurança Nacional, incentivando a
sinergia de atores públicos e privados,
principalmente, nas áreas de sistemas inerciais e
outros sistemas de navegação, de materiais
estratégicos, de sistemas avançados de geração de
energia e de propulsão, de sistemas de informações
de interesse da Defesa, de integração de sistemas de
Defesa, de sistemas de defesa química, biológica e
nuclear, de sistemas autônomos de defesa e de
sistemas de detecção.
2 O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O Exército define em sua Política de Ciência
e Tecnologia, como um dos seus objetivos, o
acompanhamento e identificação das tendências nas
inovações científicas e tecnológicas de interesse da
Força Terrestre, sendo o Departamento de Ciência e
Tecnologia (DCT) responsável pelo planejamento
estratégico do campo da C,T&I (BRASIL, 2002a).
O DCT, criado em 20 de abril de 2005, como
Órgão de Direção Setorial do Exército, tem por
missão gerenciar o Sistema de Ciência e Tecnologia
do Exército (SCTEx) para produzir os resultados
científico-tecnológicos necessários à
operacionalidade da Força Terrestre.
Atualmente, o DCT possui oito Organizações
Militares diretamente subordinadas (OMDS):
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);
Diretoria de Fabricação (DF);
Centro de Avaliações do Exército
(CAEx);
Centro de Desenvolvimento de
Sistemas (CDS);
64 EsIMEx - 2º Semestre de 2012
indiferentes, tudo com a intenção principal de
fomentar o debate em torno da prática realizada nas
diversas Agências de Inteligência (AI), dos ajustes que
podem ser feitos em relação a tal prática, bem como
instigar outros militares a exporem seus pontos de vista e
demonstrarem que também estão em condições de aportar
subsídios a eventuais necessidades de correções de
rumos.
Finalmente, parece oportuno considerar a
hipótese de este trabalho servir como motivador de
discussões sobre a Metodologia, ainda que seu conteúdo
venha a ser visto como absurdo – possibilidade que deve
ser, e efetivamente o é, considerada por seu autor.
Mesmo que possa vir a ser refutado no todo ou em parte,
já terá cumprido seu papel, qual seja auxiliar os
estudiosos do assunto a chegarem ao Estado da Mente
“Certeza52” de que podem prescindir do conteúdo deste
ensaio.
52 Segundo a Metodologia em vigor no SIEx, os Estados da Mente do Analista perante a Verdade são a Certeza, a Opinião, a Dúvida e a Ignorância.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Exército. Estado-Maior. IP 30-2: Produção do
Conhecimento de Inteligência. 1ª Ed., 1997.
HOUAISS, Antônio. HOUAISS: Dicionário da Língua Portuguesa.
Editora Objetiva. 1ª Edição, 2009.
KENT, Sherman. Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército
Editora, 1967.
PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas.
Biblioteca do Exército Editora. 1974, baseada na 2ª Edição (1962).