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Design agroecológico de pequena propriedade rural na região da Serra da Mantiqueira, sul de Minas Gerais Agroecological design of a small rural property in the Serra da Mantiqueira, south of the state of Minas Gerais SANGUINETTO, Evandro de Castro 1 1 Biólogo (Licenciatura), Especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI e Mestre em Ciências em Meio Ambiente e Recursos Hídricos - UNIFEI. Diretor de PD&I de Gaia Terranova Empreendimentos Sustentáveis Ltda, Itajubá/MG - Brasil, [email protected], [email protected], www.gaiaterranova.com.br RESUMO: Os conflitos entre uso e ocupação tradicionais do solo e legislações ambientais mais e mais restritivas se avolumam. Na região da Serra da Mantiqueira, pequenos proprietários rurais se sentem ameaçados em seus modos de vida, por terem que se adequar a legislações que confrontam esse modo de vida e que lhes são incompreensíveis. Na busca por sociedades sustentáveis, novas visões de mundo e práticas adequadas devem surgir, como alternativas para a mudança de velhos padrões. Gaia Terranova é uma pequena propriedade rural no Sul de Minas Gerais que vem desenvolvendo estudos, pesquisas e práticas em direção à sustentabilidade, de modo a serem aproveitadas por pequenos produtores rurais como solução para os conflitos em relação à legislação ambiental, gestão do solo e da água, empobrecimento, insegurança alimentar e êxodo rural. A proposta está baseada nos conceitos do Design Ecológico, Permacultura e Agroecologia. PALAVRAS-CHAVE: design ecológico, permacultura, agroecologia, sustentabilidade, pequenas propriedades rurais, agricultura familiar, Gaia Terranova ABSTRACT: Conflicts between conventional land use and occupation and tougher environmental legislation are believed to be rising. In the region of the Serra da Mantiqueira, small rural land owners see their modus vivendi under threat, as they are forced to adapt to legislation inconceivable to them, and which goes against their usual way of living. In the search for sustainable societies, a new world vision associated with adequate practices is expected to emerge as alternative for old-fashioned living standards. Gaia Terranova is a small rural property located in the south of Minas Gerais where studies, research and practices towards sustainability are being carried out with a view to offer rural land owner’s solutions to conflicts caused due to environmental legislation, soil and water management, impoverishment, food production instability and rural exodus. This paper is based on the concepts of the Ecological Design, Permculture and Agroecology. KEY WORDS: ecological design, permculture, agroecology, sustainability, small rural properties, family agriculture, Gaia Terranova. Revista Brasileira de Agroecologia Rev. Bras. de Agroecologia. 7(1): 63-81 (2012) ISSN: 1980-9735 Correspondências para: [email protected], [email protected], www.gaiaterranova.com.br Aceito para publicação em 27/11/2011

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Design agroecológico de pequena propriedade rural na região da Serra daMantiqueira, sul de Minas Gerais

Agroecological design of a small rural property in the Serra da Mantiqueira, south of thestate of Minas GeraisSANGUINETTO, Evandro de Castro1

1 Biólogo (Licenciatura), Especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Itajubá –UNIFEI e Mestre em Ciências em Meio Ambiente e Recursos Hídricos - UNIFEI. Diretor de PD&I de Gaia TerranovaEmpreendimentos Sustentáveis Ltda, Itajubá/MG - Brasil, [email protected],[email protected], www.gaiaterranova.com.br

RESUMO: Os conflitos entre uso e ocupação tradicionais do solo e legislações ambientais mais e mais restritivas seavolumam. Na região da Serra da Mantiqueira, pequenos proprietários rurais se sentem ameaçados em seus modosde vida, por terem que se adequar a legislações que confrontam esse modo de vida e que lhes sãoincompreensíveis. Na busca por sociedades sustentáveis, novas visões de mundo e práticas adequadas devemsurgir, como alternativas para a mudança de velhos padrões. Gaia Terranova é uma pequena propriedade rural noSul de Minas Gerais que vem desenvolvendo estudos, pesquisas e práticas em direção à sustentabilidade, de modoa serem aproveitadas por pequenos produtores rurais como solução para os conflitos em relação à legislaçãoambiental, gestão do solo e da água, empobrecimento, insegurança alimentar e êxodo rural. A proposta estábaseada nos conceitos do Design Ecológico, Permacultura e Agroecologia.

PALAVRAS-CHAVE: design ecológico, permacultura, agroecologia, sustentabilidade, pequenas propriedades rurais, agricultura

familiar, Gaia Terranova

ABSTRACT: Conflicts between conventional land use and occupation and tougher environmental legislation arebelieved to be rising. In the region of the Serra da Mantiqueira, small rural land owners see their modus vivendi underthreat, as they are forced to adapt to legislation inconceivable to them, and which goes against their usual way ofliving. In the search for sustainable societies, a new world vision associated with adequate practices is expected toemerge as alternative for old-fashioned living standards. Gaia Terranova is a small rural property located in the southof Minas Gerais where studies, research and practices towards sustainability are being carried out with a view to offerrural land owner’s solutions to conflicts caused due to environmental legislation, soil and water management,impoverishment, food production instability and rural exodus. This paper is based on the concepts of the EcologicalDesign, Permculture and Agroecology.

KEY WORDS: ecological design, permculture, agroecology, sustainability, small rural properties, family agriculture, Gaia

Terranova.

Revista Brasileira de AgroecologiaRev. Bras. de Agroecologia. 7(1): 63-81 (2012)ISSN: 1980-9735

Correspondências para: [email protected], [email protected],www.gaiaterranova.com.brAceito para publicação em 27/11/2011

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Breve históricoA região da Serra da Mantiqueira foi ocupada a

partir da incursão de bandeirantes que, vindos deSão Paulo, adentravam o sertão em busca deíndios (GUERRA, OLIVEIRA E SANTOS, 2003)para trabalho escravo em lavouras de cana-de-açúcar. Diminuindo as capturas pelo extermíniodaqueles que se negavam ao trabalho escravo,passaram esses bandeirantes a intensificar abusca de riquezas na forma de pedras e metaispreciosos. O estabelecimento de roças e pousos,como ponto de apoio e alimentação dosincursionistas (primeiro bandeirantes e em seguidamineiros e tropeiros), favoreceram a chegada denovos exploradores, marcando o início de muitasdas cidades do sul mineiro. Decaindo o períodoaurífero, muitos dos moradores das minas foramadensando os povoados instalados ao longo doCaminho Velho da Estrada Real, que corta aregião, e suas inúmeras variantes, embrenhando-se nas matas seguindo o curso dos rios einstalando fazendas com agricultura desubsistência. A agropecuária extensiva segue ocaminho histórico de atividade econômicapredominante na região, tendo na produção leiteiraem pequenas propriedades de cunho familiar seucarro-chefe. Essa característica de produçãoleiteira, pecuária extensiva e agricultura familiar empequenas propriedades se mantém até o os diasde hoje.

Desafios do presenteA região da Serra da Mantiqueira apresenta um

mosaico de Unidades de Conservação, tanto deâmbito estatal (municipal, estadual e federal) comoparticulares, impondo às populações locais umaocupação e uso do solo mais ou menos restritivos,de acordo com seu status legal.

Como exemplo, pode-se citar a Área deProteção Ambiental – APA da Serra daMantiqueira (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA,1985), formada por 25 municípios dos Estados deMinas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, criada

pelo Decreto Federal 91.304, de 03 de junho de1985. A APA compreende altitudes entre 800m e2.800m, protegendo extensa região de nascentesde rios que abastecem boa parte do Sudestebrasileiro, como os rios Grande e Paraíba do Sul.A lei versa ainda sobre proibições e restrições quetem por objetivos a proteção e preservação davida silvestre, dos fragmentos de vegetação nativae dos corpos d’água.

Mais recentemente, também a título deexemplo, a proposta de criação do ParqueNacional Altos da Mantiqueira (ICMBio, 2010),prevendo um recorte de 87.383,3 ha abrangendonove municípios no Estado de São Paulo, seis noEstado de Minas Gerais e um no Estado do Rio deJaneiro. Um Parque Nacional é uma unidade deconservação de uso restrito, que prevê a retiradados habitantes de dentro de seus limites, o quetem gerado, em toda a região, discussõesacaloradas entre os proponentes e as populaçõeslocais (que não foram previamente consultados) econtestações diversas, como as de Pinheiro(2010).

Com restrições topográficas dadas pelo relevoacidentado da Serra, restrições legais ecaracterísticas regionais voltadas para a produçãofamiliar em pequenas propriedades, o caminho dedesenvolvimento da região terá de incorporar osconceitos de sustentabilidade, buscando onecessário equilíbrio entre economia, meioambiente, sociedade e cultura. O ecoturismo emconjunto com a utilização dos recursos hídricoslocais e recuperação florestal (SILVA, 2005), bemcomo o turismo rural e cultural têm sido apontadoscomo caminhos para o desenvolvimentosustentado da Mantiqueira.

Para Brundtland (1991), desenvolvimentosustentável é aquele que “atende às necessidadesdo presente sem comprometer a possibilidade deas gerações futuras atenderem as suas própriasnecessidades”. Em Moles et al (2008)

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encontramos distinção entre sustentabilidade, queé uma “situação futura desejável” edesenvolvimento sustentável, “processo pelo qualnos movemos do presente status quo para o futurodesejável”. Cinco são as dimensões dasustentabilidade na visão de Ignacy Sachs (1993apud GONÇALVES, 2003):

a) Sustentabilidade Social - maior equidade nadistribuição de renda e bens, com redução dediferenças entre padrões de vida de pobres ericos;

b) Sustentabilidade Econômica – gestão maiseficiente dos recursos, avaliada por critériosmacrossociais e sistêmicos, e não apenasindicadores de rentabilidade empresarial;

c) Sustentabilidade Ecológica – ampliação dacapacidade de renovação dos ciclos ecológicos,minimização dos impactos sobre os ecossistemas,limitação do consumo de recursos não-renováveis,redução de resíduos e poluição, pesquisa eutilização de tecnologias limpas e definição deregras de proteção ambiental assegurando-se osinstrumentos de sua efetivação;

d) Sustentabilidade Espacial – melhordistribuição territorial dos assentamentos humanosem configurações rurais-urbanas em equilíbriocom a biosfera, promovendo projetosagroecológicos, industrialização descentralizada eestabelecimento de redes de reservas naturaisprotetoras da biodiversidade;

e) Sustentabilidade Cultural – modernizaçãocom raízes endógenas, dando continuidade àdiversidade biológica e cultural.

Ciência e tecnologia deveriam entrar nessecontexto ao se voltarem para o desenvolvimentolocal sustentável, direcionando pesquisas eprodução de conhecimentos implementados portecnologias acessíveis, ecotecnologias(tecnologias ambientalmente amigáveis),tecnologias sociais (que promovem a inclusão

social) ou tecnologias apropriadas. Martinez eRodriguez (1999) evidenciam uma TecnologiaApropriada como formada, ou antes, resultado dainteração entre quatro diferentes vertentes:

a) Tecnologia de Ponta – associada à imagemde circuitos eletrônicos, robótica, chips,computadores, cibernética, sendo a última palavraem tecnologia.

b) Tecnologia Alternativa – conjunto detécnicas que se opõem ao modelo tecnológicodominante, englobando: processos tecnológicosdescentralizados; decisões tomadas nos níveislocal e regional; mínimo de especialização; grandequantidade de mão de obra e mínimo capital;produção em pequena escala, etc.

c) Tecnologia Intermediária – estado transitórioentre uma tecnologia considerada mais primitiva eoutra mais avançada.

d) Ecotecnologia – técnicas que permitem avalorização dos recursos naturais locaisassegurando sua conservação e renovação, assimcomo a manutenção do equilíbrio ecológico,considerando ainda o contexto cultural e as forçasprodutivas disponíveis.

e) Tecnologia Apropriada – da interação entreas quatro tecnologias anteriores, surge umaTecnologia Apropriada, criada em função dedemandas localizadas e concebidas parasatisfazer as necessidades de setores maisempobrecidos de uma região ou país e nãodemandas de mercado ou busca de resultadosfinanceiros ou rentabilidade econômica. Asprincipais características dessa tecnologia podemser expressas por:

Pequena escala – mantidas e operadaslocalmente;

Concepção simples – manutenção e reparaçãofeitas pelas pessoas que as utilizam semnecessidade de mão de obra especializada;

Modularização – possibilidade de incorporar ou

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retirar unidades de acordo com as necessidades;Recursos locais – não dependem de peças ou

partes importadas;Fonte energética – utilizam energias renováveis

providas por animais, energia solar, hidráulica,eólica, etc.;

Consumo local – desenvolvidas a partir denecessidades locais;

Capital – baixo aporte financeiro;Fontes de trabalho – maior utilização de mão

de obra;Social – facilmente incorporadas pelo meio

sociocultural;Criatividade – alto aporte de criatividade;Participação – os usuários participam em todas

as fases de seu desenvolvimento, apropriando-sedo conhecimento e prática;

Cultural – valorizam a cultura local utilizandoconhecimentos acumulados pelas comunidades aolongo de sua existência;

Ecológica – concebidas em sintonia com aecologia local, buscando manter o equilíbrio dosecossistemas, não contribuindo para a poluição econtaminação dos recursos naturais locais.

Para Leff (2002, apud CAMPOS, 2006) asbases das ecotecnologias se assentam sobre omesmo tripé da sustentabilidade. Nessa visão, osprocessos de transformação dos recursos naturaispara satisfazer necessidades sociais, para seremsustentáveis, deveriam aproveitar e respeitar aprodutividade primária dos ecossistemas naturais,utilizando tecnologias que integrem as dimensõesambientais e econômicas ao conhecimento,saberes e valores culturais das comunidades.

Dessa forma, o desafio da região da Serra daMantiqueira incorpora o uso de tecnologiasambiental e socialmente amigáveis, ecotecnologiasou tecnologias apropriadas às condições,restrições legais e estrutura fundiária local. Comoferramentas desse novo olhar e práticas

sustentáveis estão, por exemplo, o DesignEcológico, a Permacultura e a Agroecologia.

Design ecológico, permacultura e agroecologiaRyn e Cowan (2007) no prefácio da edição de

décimo aniversário de seu livro Ecological Design,trazem algumas considerações de especialinteresse para este trabalho. Logo no iníciodisparam: "É tempo de parar de desenhar/projetar(designing) tendo máquinas por imagem ecomeçar a desenhar/projetar de modo a honrar acomplexidade e diversidade da vida" (pag. x), paralogo após definir o design ecológico comoqualquer forma de design que minimize impactosambientais destrutivos, integrando o próprio designcom os processos vivos. A publicação apresenta,na concepção dos autores, os cinco princípios doDesign Ecológico:

a) Primeiro Princípio: As soluções emergem dolugar – as soluções emergem de onde vem oproblema, sendo imprescindível conhecer oespaço, o lugar onde se deseja construir umasolução: clima, ventos, chuvas, sazonalidades,história, vegetação, topografia, conhecimentostradicionais, materiais construtivos, população,plantas, animais, solos, etc. A sustentabilidadeinicia em atos modestos de responsabilidade econtinua com a valoração dos conhecimentos e acomplexidade dos ecossistemas locais.

b) Segundo Princípio: Design orientado pelacontabilidade ecológica – um processo cuidadosode contabilidade e valoração ambiental orienta demodo produtivo e proveitoso o design,considerando e incorporando as externalidades aoprocesso produtivo de bens e serviços, eorientando para uma produção mais limpa, segurae eficiente.

c) Terceiro Princípio: Design com a Natureza –no processo evolutivo a vida planetária criou

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soluções simples e elegantes para muitos dosproblemas que enfrenta, gerando padrõessaudáveis que permitem sua manutenção háquase 4 bilhões de anos. Desenhando/planejando(designing) tendo por base padrões saudáveis noscoloca em sintonia e compatibilidade com o mundovivo.

d) Quarto Princípio: Todos somos designers –todos os dias as pessoas fazem escolhas quedeterminam seu futuro: onde e como viver, comogastar suas energias e recursos, em que investirseu tempo. Todas essas questões envolvemdimensões do design. As escolhas no nívelpessoal e coletivo determinam como serão osprodutos e serviços no futuro, como viveremos ecomo viverão os que vierem depois de nós.Cultivar uma inteligência do design amplia aparticipação e influência pessoal e coletiva nomundo.

e) Quinto Princípio: Tornar a Natureza visível –enquanto os sistemas de produção de alimentos,água, energia e resíduos se tornam mais e maisintrincados e distantes do cotidiano das pessoas,mais difícil fica entendê-los e questioná-los. Aocolocar a natureza longe do cotidiano, a ética emrelação à vida se distancia também. Tornando atecnologia e suas consequências visíveis, dandovisibilidade aos ciclos naturais do nascer e por dosol e da lua, do regime de chuvas, dos ventos ebrisas, das plantas e animais, o design ecológicopode redesenhar a presença humana no planeta,cumprindo uma função ética, estética, cultural,evolutiva e espiritual.

Orr (2002) defende o design ecológico comoum entrelaçamento cuidadoso dos propósitoshumanos com os grandes padrões e fluxos domundo natural e o estudo desses padrões e fluxosde modo a direcionar as ações humanas. Segundoo autor, os pioneiros do design ecológicocomeçaram com a observação de que a natureza

vem desenvolvendo estratégias de sucesso para avida planetária por mais de 3,8 bilhões de anos,sendo assim, um modelo adequado para asociedade humana planejar:

Fazendas que trabalhem como florestas epradarias;

Sistemas de tratamento de efluentes quetrabalhem como banhados (wetlands);

Materiais que imitem a elegância de plantas eanimais;

Industrias que trabalhem como ecossistemas;Produtos que se tornem parte de ciclos como o

fluxo de matéria no ambiente natural.

A Permacultura (Agricultura Permanente),movimento iniciado na Austrália, na década de1970, por Mollison (1994) e outros, tem porproposta integrar conhecimentos tradicionais ecientíficos na construção da sustentabilidade,unindo componentes conceituais, materiais eestratégicos em um padrão que opere parabeneficiar a vida em todas suas formas emanifestações, trabalhando com a natureza e nãocontra ela, partindo da observação do mundonatural e transferência dos conhecimentosadquiridos para o ambiente planejado.

O design permacultural incorpora os seguintesprincípios:

a) Localização relativa – o posicionamento doselementos no design de um sistema se faz demodo a buscar a formação de redesretroalimentadas que possam aproximá-lo desistemas vivos, autopoiéticos.

b) Cada elemento executa muitas funções –uma lagoa, por exemplo, cumpre a funçãomodificar o microclima local, criarmicroecossistemas diversificados e servir deabrigo para diferentes espécies animais evegetais, dentre outras.

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c) Cada função importante é executada pormuitos elementos – o aumento da disponibilidadehídrica em um dado sistema pode ser conseguidapela instalação de curvas de nível no terreno,manutenção de cobertura morta sobre o solo,disposição de efluentes para irrigação, instalaçãode microbacias de contenção e infiltração de águasde chuva.

d) Planejamento energético eficiente – aenergia que chega ao sistema (sol, chuva, vento)pode ser aproveitada para enriquecer o sistemapor meio da produção primária (vegetal), produçãode energia elétrica e/ou mecânica. Por outro lado,a redução do consumo e/ou sua otimização levamà otimização de todo sistema.

e) Recursos biológicos – com a elevação dosníveis de energia e matéria no sistema, abiodiversidade tende a se ampliar, criandocondições cada vez melhores para a instalação e odesenvolvimento da vida.

f) Ciclagem de energia e matéria – sistemasvivos adotam produção e consumo em rede,significando que os resíduos de uns são o alimentode outros. Matéria e energia são assimconstantemente produzidos a partir da energiasolar e (re)ciclados indefinidamente pelosprocessos vitais do planeta.

g) Sistemas intensivos em pequena escala –buscando soluções locais para problemas locais,sistemas em pequena escala podem ampliar aoferta de matéria e energia, agregando valorbiológico e biodiversidade ao sistema, tornando-omais e mais complexo.

h) Diversidade – a complexidade crescente dossistemas integrados em rede permite e fomentarelações interdependentes entre espécies,ampliando os nichos disponíveis e criandocondições de multiplicação da biodiversidade local.

i) Efeito de bordas – em sistemas assimplanejados, brotam microecossistemas que, nas

interfaces criadas entre si (ecótonos), propiciamainda maior complexidade de ambientes,produzindo riqueza biológica, econômica, estéticae paisagística, resultando em qualidade de vidacrescente, à medida que cresce nos moradores deambientes assim organizados, o entendimento ecuidado em relação às múltiplas possibilidadesque se apresentam.

Gliessman (s/d), ensina que um ecossistemamaduro é relativamente estável, auto-sustentável,resiliente (suporta alterações e se recobra dasmesmas), adapta-se às mudanças e é capaz demanter a produtividade usando insumosenergéticos provenientes apenas da luz solar. Aoextrapolar esses conceitos para um sistemaagrícola, percebe-se que seria pouco contemplarapenas o rendimento ou retorno econômico domesmo, pois passam a atuar outras variáveiscomo: complexas interações biológicas, físicas,químicas, ecológicas e culturais. Ao alterar umecossistema natural para a agricultura, tem-se umagroecossistema com qualidades que sãodiferentes daquelas encontradas em sistemasnaturais. Alguns conceitos ou qualidades-chave deecossistemas:

Fluxo de energia – em sistemas naturais aenergia proveniente do sol é transformada embiomassa em níveis tróficos diferenciados e comdiferentes perdas ao longo das transições.Agroecossistemas transferem parte dessa energiasolar para fora de suas fronteiras por meio dacolheita, e não raro energias fósseis sãoimportadas para manter a produtividade. Em fluxoconstante, a biomassa não se acumula e cadeiasimportantes de ciclagem de nutrientes sãoperdidas.

Ciclagem de nutrientes – nutrientes diversossão mobilizados em função de ações físicas,químicas e biológicas, algumas acontecendo em

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milhares, milhões de anos (mobilização do fósforo,por exemplo), que pode se perder rapidamente emagroecossistemas pela ação das chuvas, ventos,manejo, erosão, etc. Os nutrientes perdidos sãorepostos por produtos químicos ou pelacompreensão e reprodução da ciclagem presenteem ecossistemas maduros.

Regulação de populações – interaçõesbiológicas complexas e a disponibiliade derecursos físicos determinam a produtividade de umecossistema. A sustentabilidade requer adiversificação de estruturas e relações entreespécies permitindo o controle natural emecanismos de regulação. Aprender a trabalharcom a natureza e não contra ela.

Equilíbrio dinâmico – a estabilidade de umecossistema é determinado pelas perturbaçõesque sofre, permitindo sua adaptação ediversificação. É um processo dinâmico e nãoestático. A uma perturbação o ecossistemaresponde se adaptando ou se modificando. Aênfase na maximização das colheitas enfraquece oecossistema e só pode ser mantida com altastaxas de insumos externos. O enfoqueagroecológico chama a sermos mais competentesem não provocar danos no lugar de reverte-losdepois de serem criados. Ecossistemas naturais eagroecossistemas tradicionais (locais ouindígenas) são a fonte de aprendizado paraconstruirmos a sustentabilidade deagroecossistemas convencionais.

Para Altieri (2002), a agroecologia é definidacomo a aplicação de conceitos e princípiosecológicos para o design de agroecossistemassustentáveis, de maneira que dependamminimamente de agroquímicos e uso de energiaexterna, complexificando os sistemas agrícolasonde as interações ecológicas e sinergismosbiológicos permitam a manutenção da fertilidadedo solo, produtividade e proteção das culturas. Aagroecologia emerge como disciplina que abriga

os princípios ecológicos básicos de estudo,desenho e manejo de sistemas produtivos e aomesmo tempo conservadores dos recursosnaturais, sendo ainda aceitos culturalmente eviáveis economicamente. Busca-se a coevoluçãodos sistemas sociais, ecológicos e agrícolas,focando nas interrelações e não naspartes/objetos. O objetivo é desenharagroecossistemas dentro de uma unidade depaisagem, mimetizando a estrutura e função dosecossistemas naturais. O manejo deve otimizar aciclagem de nutrientes e matéria orgânica, fecharfluxos energéticos, conservar água e solo ebalancear as populações de pragas e inimigosnaturais, ampliando os sinergismos decombinações variadas de culturas, árvores eanimais, tanto no espaço como no tempo.

Hecht (1999) aponta que a redescoberta daagroecologia se deu a partir de estudiosos querelatavam os conhecimentos de povos ancestrais esua cultura. Entende-se aí a agroecologia comoum sistema centrado não apenas na produçãomas também na sustentabilidade ecológica dosistema produtivo. No coração da agroecologiaestá o conhecimento de que um campo cultivadofaz parte de um ecossistema maior, onde ocorre ainteração predador/presa, competição,comensalismo, sucessão, ciclagem de nutrientes,etc, em que o conhecimento desses processospermite uma melhor administração do cultivo,gerando menor impacto ambiental e social, e commenor uso de insumos externos.

O Design Ecológico, a Permacultura e aAgroecologia mostram-se, assim, como as basesde design, conceituais, projetuais, teóricas,tecnológicas e práticas para pequenaspropriedades agrícolas na Serra da Mantiqueira,Sul de Minas Gerais, Brasil. Tendo por base essesconhecimentos, uma pequena propriedade rural,Gaia Terranova, foi desenhada e implantada comoalternativa a ser considerada na proposta de

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reversão agroecológica de pequenas propriedadesrurais convencionais, presentes na região da Serrada Mantiqueira.

Gaia TerranovaGaia Terranova é nome fantasia para designar

um conjunto de duas residências e seus terrenos,localizados na zona rural do município dePiranguinho, MG (22º42’35” de latitude sul e45º53’19” de longitude oeste), que vem sendoutilizadas pelo autor como moradia e sede deempresa gestada e incubada durante o processode implantação.

As residências foram construídas incorporandoelementos, conhecimentos e processos de gestãozero de resíduos, tratamento biológico de efluentescom reúso das águas, captação, reservação eutilização de água de chuva, eficiência energética,bioconstrução, iluminação passiva, recuperação ereutilização de materiais diversos (madeiramento,vitrôs, portas, janelas, cerâmicas, etc), resgate detécnicas construtivas tradicionais e estudo deviabilidade técnica, econômica e ambiental.

O terreno foi trabalhado segundo conceitos dapermacultura, agroecologia e design ecológico,formando Habitats Sustentáveis, com implantaçãode pequeno sistema agroflorestal, produçãoorgânica de alimentos, compostagem,minhocultura, recuperação de solos degradados,avaliação de impactos ambientais, planejamentoestratégico de uso, ocupação e manejo do solo.

Na interface entre as Casas Ecológicas eHabitats Sustentáveis, as tecnologias vivas detratamento biológico de efluentes permitindo oreúso das águas (SANGUINETTO, 2010), tempromovido a interação entre terrenos e casas,fechando ciclos de produção de alimentos etratamento e reúso de águas servidas e resíduos,buscando otimizar e armazenar energia solar pelafotossíntese (produção de biomassa vegetal) eenergia hídrica por meio de curvas de nível,

microbacias de contenção e pequenas lagoas depolimento e reservação (lagoas multifuncionais).

Conversão agroecológicaEm 2007, quando foram comprados os

terrenos, os mesmos estavam tomados porBrachiaria ssp, algumas espécies arbustivas evários indivíduos de ipês amarelos, estes quasetodos mantidos no sistema. A conversãoagroecológica dos terrenos se com a seguinteestrutura básica:

1. Índice de Qualidade Visual (IQV) – Otrabalho de conversão teve início com olevantamento do Índice de Qualidade Visual deecossistemas, metodologia desenvolvida porMelloni (2001) em sua tese de doutorado,posteriormente apresentada em curso deEspecialização na Universidade Federal de Itajubá- UNIFEI (MELLONI, 2007). O IQV consiste naatribuição de notas a diferentes ecossistemas,tendo por base diferentes atributos: presença deerosão, pedregosidade, macrofauna do solo,índice de cobertura vegetal, diversidade,porte/estratificação, vigor da vegetação, presençae estado de decomposição da serapilheira,incorporação da serapilheira no solo e faunasilvestre. Em Gaia Terranova, a avaliação visual foifeita em ambiente de pastagem antes daimplantação do Habitat Sustentável, bem como empastagem degradada e floresta secundária,permitindo a comparação entre diferentesambientes de uma mesma bacia hidrográfica esua evolução no tempo.

2. Design ecológico da microbacia – utilizandoos princípios do Design Ecológico, planejou-setendo por unidade de planejamento a microbaciaem que a propriedade está situada. A direção daschuvas, ventos e brisas; o deslocamento aparentedo sol no inverno e verão; a posição das matas,

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campos, pastos, várzea, ambientes construídos; adeclividade do terreno, etc, se somaram no designecológico da pastagem para a implantação doHabitat Sustentável, de modo a ter-se uma visãoclara de seu posicionamento e interrelações com oambiente (biótico e abiótico) de entorno, bem comosuas conexões com os diversos usos e ocupaçõesconsolidados da microbacia.

3. Design permacultural – utilizando osconhecimentos da Permacultura (MOLLISON,1994), procedeu-se ao design da propriedade eseu zoneamento: à partir da casa (zona zero),círculos concêntricos se expandem, permitindouma melhor organização do espaço e otimizaçãodos esforços do agricultor. Na zona 1estabeleceram-se: mandala de ervas e hortas,onde se pode com facilidade obter alimentos;minhocário e composteira, de modo a ciclarresíduos da cozinha; e a tecnologia viva detratamento de águas pretas (esgotos provenientesdos vasos sanitários, composto de água, fezes eurina), terminando em uma linha de bananeiras,onde o excedente de matéria orgânica como folhase pseudocaules é compostado, enquanto os frutosretornam para o consumo dos moradores,fechando ciclos de nutrientes. A zona 3, um poucomais distante da casa, é o local onde se instalamgalinheiros e criação de pequenos animais (nãoutilizados na propriedade) e plantas de ciclos maislongos, que necessitam de cuidados esporádicos –caso do milho, feijão, batata doce, etc; tambémnessa zona está a tecnologia viva de tratamento deáguas cinzas (oriundas de pias, tanques,chuveiros, máquinas de lavar, etc) e as lagoasmultifuncionais (reservação de água, criação depeixes, produção de matéria orgânica paracompostagem, estabelecimento de diversidadebiológica (ecossistemas aquáticos e terrasúmidas). A zona 4 seria local de pastagem ecriação de animais de médio porte (não presentesno sistema), bem como pomares. A zona 5 tem

sido espaço destinado ao desenvolvimento depequeno sistema agroflorestal, contendo espéciesselecionadas segundo critérios de altura(plantadas inversamente ao declive, ou seja, naspartes mais baixas plantas de maior porte);produção de flores (apicultura); produção de frutospara alimentação humana e animal; atração depássaros e pequenos animais; produção demadeira (construção, mourões, etc); recuperaçãode solo degradado; conservação de espécies emrisco de extinção (frutíferas nativas ameaçadas); eespécies predominantemente nativas deecossistemas locais. Essa é a região em que asvisitas são esporádicas e onde as redes e teiasformadas por ecossistemas locais vão-seestabelecendo, ensinando ao observador atento,as múltiplas relações que essas espéciesestabelecem entre si e com outras espécies,ampliando e fortalecendo a biodiversidade local,ciclagem de nutrientes, produção de alimentos,produção de biomassa, etc.

4. Curvas de nível e bacias de contenção – naregião da Mantiqueira pouco se utiliza trabalhar oterreno em curvas de nível. Assim, o primeiropasso de intervenção prática, direta, foi oestabelecimento de curvas de nível em toda apropriedade. Sendo a declividade do terreno emtorno de 20%, Coronado (2010) propõe umadistância de 14 metros entre as curvas. Já Bertonie Lombardi Neto (1990) propõem distânciasvariáveis de acordo com o tipo de solo e indicam,para solos argilosos, uma distância próxima a 12metros. De forma mais conservadora, as curvas denível foram trabalhadas como um terraço de baseestreita, tendo uma largura mínima de 0,30 m eprofundidade entre 0,30 e 0,5m, com espaçamentode 5 metros de modo tanto a reter água emescorrimento superficial como matéria orgânica,constituindo-se, com o tempo, em microhabitatadequado para diversificação de fauna edáfica,bem como estabelecendo caminhos de visitação,

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aprendizado e contemplação no terreno. Na partealta foram instaladas pequenas depressões noterreno, funcionando como bacias de contençãopara águas de chuva, permitindo que as mesmastenham tempo de infiltrar no solo e recompor olençol freático, no lugar de escorrersuperficialmente lavando nutrientes e solo.

5. Cordões de vegetação – nas leiras dascurvas de nível foram plantadas vegetaçõesarbustivas do tipo leguminosa, como feijão guandue feijão caupi forrageiro, garantindo rápidacobertura e grande produção de biomassa. Essescordões foram enriquecidos por árvores maiorescomo leucena e bracatinga, com distânciasmaiores entre si, ampliando a diversidade vegetaldo cordão e servindo de habitat para diferentespredadores. Dessa forma, ao longo do declive,vários cordões transversais de vegetaçãoproduzem biomassa. O manejo desta vegetação,com cortes periódicos ou findos seus ciclosvegetativos, transformam-se em coberturas mortasno solo e, decompostas pela ação de micro, mesoe macro-organismos, acabam distribuindonutrientes para as partes mais baixas, por meio dagravidade.

6. Franjas de biodiversidade – entre curvas denível, franjas foram incorporadas à paisagemsendo compostas por flores, leguninosas efrutíferas com a função de abrigo e alimento paradiversas espécies animais, ampliando abiodiversidade do campo e favorecendo o controlebiológico de pragas (ALTIERI e NICHOLLS, 2010),infiltração de água e reservação de matériaorgânica.

7. Cercas vivas – junto às cercas dapropriedade, formadas por arame liso eposteriormente alambrado, foram plantadasdiferentes espécies de feijões, tanto arbustivos(guandu) como trepadores (caupi, de porco,mucuna, lab lab, etc), e maracujás doce e azedo,de modo a formarem uma cerca viva e produtiva.

8. Quebra-ventos – seguindo a orientação dovento incidente (barlavento), levantamento feito nodesign ecológico, plantados ou mantidos árvores earbustos de diferentes tamanhos (menores abarlavento, maiores a sotavento) nos limites dapastagem vizinha ao terreno. LEWIS (1965, apudALTIERI e NICHOLLS, 2010), estima que quebra-ventos geralmente contém uma comunidade deinsetos mais rica que as dos campos de cutivoadjacentes, podendo favorecer as populações deinsetos benéficos a uma distância de 3 a 10 vezesde sua altura a sotavento (lado oposto de ondevem o vento) e de 1 a 2 vezes sua altura abarlavento (lado de onde vem o vento), facilitandoo controle de insetos praga. Por outro lado, osquebra-ventos diminuem a velocidade do vento eaumentam a distância em este incide no solo,contribuindo para a manutenção da umidade noterreno.

9. Muvuca – técnica utilizada em várias regiões,que consiste em agregar principalmente sementesde leguminosas, flores e plantas diversas,preferencialmente nativas e locais, todasmisturadas de maneira aleatória e dispostas alanço no terreno, de modo que as mais adaptadaspossam se desenvolver iniciando um sistemaagroflorestal e/ou produção de maior volume debiomassa verde. Em visitas à propriedades daregião, diversas sementes foram coletadas eposteriormente lançadas no terreno de modo aampliar a biodiversidade local.

10. Compostagem e minhocultura – excedentesde biomassa são compostados e esterco bovinoimportado de propriedade vizinha, transformadoem humus pela ação de minhocas e reutilizadosnas hortas e pomar de modo a potencializar aprodutividade do sistema.

11. Tecnologias Vivas – a instalação desistemas de tratamento de efluentes domiciliares(SANGUINETTO, 2010), permitiu tanto adestinação segura dos esgotos da propriedade,

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como a recuperação de água e nutrientes,reaproveitados por linha de bananeiras (águaspretas) e produção de biomassa, reservação deágua, irrigação localizada e recuperação de solosdegradados (águas cinzas).

ResultadosA instalação das curvas de nível e bacias de

contenção, o manejo do excedente de matériaorgânica crescida e disponível no sistema e atécnica da muvuca, facilitaram a ampliação dabiodiversidade local e a disponibilidade de água enutrientes no solo, diminuindo a susceptibilidadedo sistema à deficiência hídrica nas épocas de

seca e aumentando a qualidade e produtividadedas plantas ano a ano. Árvores frutíferas, feijões(carioca, guandu, de porco, branco, dentre outros),milho, abóbora, cabaça, cana-de-açúcar, bananaprata, mandioca, maracujá doce e azedo e batatadoce são algumas das espécies conduzidas nosistema. Árvores como tamanqueira, jurubeba,goiaba e eucalipto, e espécies arbustivas egramíneas não identificadas vem sedesenvolvendo no sistema de maneiraespontânea, trazidas por pássaros, vento,morcegos ou pequenos animais - o que eraesperado com a ampliação das condições paraque a vida se expandisse no local. Pássaros como

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Figura 1: Fluxo de matéria e energia em Gaia Terranova.

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joões-de-barro, pintassilgos, rolinhas, juritis, pica-paus, canarinhos e andorinhas, rãs, pererecas,sapos e um lagarto teiu se instalaram no terreno esua população vem aumentando. Todo manejo dosistema prescindiu de aporte de adubaçãoquímica, bem como do uso de venenos para ocontrole de pragas.

A Figura 1 mostra os fluxos de matéria eenergia estabelecidos no sistema, formando ciclosfechados de produção de resíduos e efluentes,tratamento adequado, recuperação de água enutrientes, produção de biomassa, compostagem,produção de alimentos de base orgânica,alimentação dos moradores e produção de novosefluentes e resíduos orgânicos, estabelecendociclos fechados e retroalimentados, ampliando osestoques de matéria, energia e nutrientes nosistema. Ao longo de três anos o sistema ganhoumuito em qualidade e quantidade de biomassa,como mostra o IQV, com evolução de 88,4% entre2007 e 2010 (Figura 2). As Figuras 3 e 4demonstram a evolução visual do sistema no

mesmo período.

DiscussãoTendo por base as ideias de Maturana (2001) e

Capra (2005) é que se dá a discussão do presenteartigo, abordando fluxos de matéria e energia emsistemas diversos e sua eventual autopoiese.

Sistemas vivos necessitam de fluxo constantede matéria (alimento) e energia. Sistemasautopoiéticos, vivos ou não, são aqueles capazesde autogerar-se, sendo abertos para o fluxo dematéria e energia e fechados em sua estrutura demodo a poderem realizar as reações necessáriasao seu crescimento. Com o crescimento, essessistemas podem chegar a um ponto a partir doqual o desdobramento é a replicação. Os padrõessubjacentes aos sistemas estão na base de suaorganização e relações, de modo que refletindo oureproduzindo um determinado padrão,“naturalmente” se desenvolverão estruturas poreles determinados: o padrão humano nos permitereconhecer humanos em todo planeta, embora a

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Figura 2: Evolução do Índice de Qualidade Visual de Gaia Terranova.

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estrutura de cada indivíduo se modifique emfunção do ambiente e das relações tecidas com omesmo.

Um sistema auto-sustentável (uma casa, sítio,empresa, comunidade, escola ou sociedade) sópode existir como parte de um sistema maior, emrelações múltiplas, complexas, com o meio,podendo evoluir para a autopoiese e posteriorreplicação. Para que isto ocorra é preciso evoluir,crescer. A energia e matéria em fluxo constantetêm que se dar de forma que a entrada seja maiorque a saída, gerando um superavit que setransforma em estoque, estrutura, permitindo aevolução e crescimento. Energia farta e ilimitadaprovém do Sol. Sistemas vivos como as plantascaptam com eficiência a energia solar,

transformando-a em energia química, trabalho ecomponentes estruturais que permitem amanutenção do sistema e sua possível replicação– essa é a produção primária. A produção primáriadeve garantir a ampliação do estoque local, demodo a potencializar todo sistema.

Gaia Terranova se utiliza desse conhecimentocriando condições e melhorando as possibilidadesde crescimento de plantas diversas, de modo agerar disponibilidade crescente de biomassa.Espécies diferentes mobilizam diferentes nutientes,a diferentes profundidades de solo, trazendo-os àsuperfície com a fotossíntese. O manejo periódicode matéria orgânica excedente, por meio de podase capinas seletivas, permite a cobertura dasuperfície e/ou incorporação dessa biomassa

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Figura 3: Gaia Terranova em 2007.

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subsuperficialmente, favorecendo a ampliação davida microbiana responsável pela degradaçãodessa matéria, e liberando os nutrientesanteriormente mobilizados que serão utilizados naprodução de nova safra e novos alimentos. Estes,colhidos, suprem as necessidades energéticas eestruturais dos moradores e, descartados com osefluentes, são tratados e retornam ao sistema numciclo fechado, eventualmente autopoiético,reabsorvidos por plantas produzindo frutos oubiomassa compostável. Parte desses nutrientes,não descartados com os efluentes (talos, cascas,folhas, etc.), são destinados a composteiras com afunção de degradar a matéria e ciclar seus

nutrientes, formando adubos ricos que retornam aosolo na produção de alimentos que, colhidos,fecham novamente o ciclo ao serem ingeridos edescartados pelos moradores. Eventualmentealgum excedente (milho, feijão, mandioca) écomercializado na feira local, trocado por dinheiroe este utilizado na compra de sementes dehortaliças e/ou esterco de gado bovino depropriedade vizinha. Esse esterco retorna para osolo após ser trabalhado por minhocas que otransformam em húmus, ou de maneira direta apósperíodo de maturação, quando chega às hortas efrutíferas. Todo processo garante ampliação daquantidade e qualidade de matéria e energia

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Figura 4: Gaia Terranova em 2010

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presentes no sistema, aproximando-o de umsistema autopoiético, o que será obtido a partir domomento em que o gasto de matéria e energiaseja superado pela produção do mesmo – nesseponto o sistema terá se aproximado dapossibilidade de replicação. Esta, a replicação, éentendida como um estágio em que a proposta deGaia Terranova esteja madura o suficiente para serreproduzida e incorporada por outras propriedadesdentro ou não da mesma bacia hidrográfica.

Eventuais excedentes de um sistema assimconcebido podem ainda ser convertidos emenergia (biocombustíveis: biogás, álcool, biodiesel)e utilizados em máquinas para trabalhos diversos,potencializando todo o sistema, ou sendoexportados para fora do mesmo, em troca deprodutos e serviços dos arredores. Gaia Terranovagera excedentes que são deixados parapotencializar a vida da bacia hidrográfica emicrorregião: frutos, sementes e grãos diversossão deixados como base para a formação decadeias e teias alimentares, incorporandomicrorganismos, insetos, invertebrados diversos,aves, pequenos mamíferos, répteis e anfíbios,fortalecendo o sistema maior como um todo(ecossistemas locais e microbacia hidrográfica) aoampliar a biodiversidade local e evitar a poluição econtaminação de corpos hídricos. A partir dessedesdobramento inicial, visualiza-se apotencialização de outros sistemas, gerandoeventuais comunidades rurais sustentáveis, vilassustentáveis ou ecovilas.

O ponto a partir do qual matéria e energia emum sistema superam o gasto do próprio sistemapara sua manutenção, amplia o estoque edisponibiliza nutrientes de modo a torná-loautosustentável e gerar novos excedentes. Essasustentabilidade nem sempre é possível em umsistema isolado (um sítio, por exemplo, ou umaresidência), necessitando estabelecer trocas com omeio circundante. Essas relações entre o ambiente

interno e o ambiente externo, leva a refletir sobrequal seria o menor espaço dentro do qual estasrelações formariam uma unidade fechada,autosustentável e a chave para esta definição deveser a relação entre produção e consumo dematéria e energia que permitam o funcionamentodesta unidade estrutural mínima. Uma mudançade paradigmas é aqui, obviamente, necessária, jáque a monocultura, por exemplo, e por extensãotodo arcabouço conceitual, técnico e científicotradicional não permitiriam esse salto edesdobramento.

Um determinado sistema, nos moldes dossistemas produtivos tradicionais, pode sergerenciado de maneira insustentável e gerar altaprodutividade e aparente aumento de riqueza, sese confunde gerenciamento de fluxo comgerenciamento de estoque. Estoque é aquantidade de matéria e energia presentes numdado sistema. Fluxo é a matéria e energia queatravessam esse sistema. Utilizar matéria eenergia acima da capacidade de produção dosistema (saída maior que a entrada), empobrece osistema ao longo do tempo. Uma propriedaderural, por exemplo, que elimina a diversidadevegetal e animal (estoque genético, biomassa,diversidade, cadeias alimentares e teias derelações de interdependência) para estabelecerem seu lugar uma monocultura qualquer, dilapidaseu patrimônio ao dilapidar o estoque de matéria eenergia antes presentes no sistema. Gera grandeexcedente num primeiro momento, correndo sériorisco de levar o sistema como um todo ao colapso,com a exaustão do solo e dos nutrientesnecessários à cultura, logo obrigando à importaçãode insumos externos (adubo, venenos, altatecnologia, serviços especializados) que oneram aprodução. O equilíbrio rompido que geraexcedentes num primeiro momento, pode levar aperdas irreparáveis, cujos primeiros sinais são anecessidade de importação constante e

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dependente de nutrientes, seguida do ataque de“pragas”, processos erosivos diversos, instalaçãode voçorocas, perda hídrica e finalmentedesertificação. É bem conhecida no campo a frase“pai rico, filho nobre, neto pobre”, que descrevecom maestria essa situação, muito embora suascausas permaneçam desconhecidas para amaioria. O mesmo raciocínio vale para umaresidência, indústria, comércio ou comunidade.

Uma caixa cheia de água representa umestoque de água. Uma torneira aberta representa ofluxo de saída dessa água. Uma torneiratotalmente aberta pode dar a aparência deabundância, de riqueza, de quantidade infinita deágua, mas é preciso olhar para a caixa e para aentrada de água. Se nenhuma água estiverentrando e a torneira permanecer jorrando, emborase mantenha a aparência de abundância, oestoque será esgotado em mais ou menos tempo,com consequências previsíveis de escassezextrema e colapso de todo o sistema. O fluxodrenante dessa água pode ser comparado àreversão do capital natural (solo, florestas,biodiversidade, recursos hídricos) em capitalfinanceiro - a transformação da floresta emmadeira e carvão, certamente dá ao proprietário,no curtíssimo prazo, a sensação e ilusão de estarproduzindo riqueza – uma situação que não sesustenta por muito tempo e termina com oesgotamento da floresta. O entendimento dadiferença entre fluxo e estoque requer algumasprovidências imediatas em relação à caixa d’águaexemplificada: (a) diminuir a bitola da torneira nasaída; ou (b) mantê-la fechada a maior parte dotempo, ambas garantindo maior sobrevida aosistema. Diminuir a dilapidação do capital natural eas subsequentes tentativas de alongar a sobrevidado sistema são insustentáveis e, mais cedo oumais tarde, levarão ao colapso.

Uma situação intermediária pede uma chegadamaior de água à caixa, mantendo constante o nível

do reservatório. Em outras palavras, a reversão docapital natural em capital financeiro só poderiaocorrer, no limite da sustentabilidade, caso areversão se desse na mesma velocidade dereposição própria do capital natural utilizado: umestoque de pescado não pode ser consumidoalém da capacidade de os peixes remanescentesrestabelecerem a população inicial - é imperiosomanter uma quantidade mínima de peixes semserem pescados, para que os mesmos tenhamcondições de reporem a população incial.

Um gerenciamento adequado gera excedentes.Tornar a saída de água menor que sua entrada ouaumentar a entrada acima da saída, ampliam oestoque de água ao ponto de gerar um excedente.Esse sim, o excedente gerado no sistema, se fazsustentável e aqui cabe uma ressalva: gerar esseexcedente não pode ocorrer às custas dadiminuição do estoque em outro sistema. De outromodo, a aparente riqueza e abundância em umdeterminado local ou sistema, só pode existir emdetrimento e empobrecimento de outro local ousistema. Dito de outra maneira, não se tornasustentável um sistema que gera excedentes àscustas do empobrecimento de outro sistema, algocomo gerar excedente de água em uma caixaroubando a água de uma caixa vizinha.

Agindo como componentes e catalisadoresdesse processo, os seres humanos podem ampliare fortalecer a qualidade, quantidade e velocidadedessas junções mediante o uso da ciência etecnologia, optando por uma nova forma de ser,estar, viver e conviver no e com o planeta. A visãofundamental aqui não é a de maximizar o lucro –visão míope que tem levado os recursosplanetários à exaustão -, mas a de otimizar a Vida,sem romper o frágil equilíbrio que a sustenta e nossustenta, como parte da mesma teia, elevando-a apatamares cada vez mais amplos, diversificados ecomplexos. Adotada essa visão, o ser humanosupera a ação predatória no ambiente, recursos e

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relações e assume um novo papel, em um nível deRealidade mais elevado de co-criador eevolucionador da vida planetária. E pode fazerisso, por exemplo, por meio do Design Ecológico,Permacultura e Agroecologia.

ConclusãoSe em um primeiro momento as restrições

legais causam desconfortos e são fontes deconflitos em relação ao uso e ocupação do solopela agricultura e pecuária, principalmente para ospequenos agricultores familiares na região daSerra da Mantiqueira, essa situação pode serrevertida e transformada em diferencial, utilizandoos conceitos da sustentabilidade edesenvolvimento sustentável como forma deagregar valor aos produtos e serviços oriundos daregião. Em outras palavras, o uso e ocupação dosolo tradicionais, baseados na derrubada e queimada mata, queimadas anuais para limpeza e/oumanutenção de pastos e áreas de plantio,sobrepastejo e sobreexploração do solo,associados à aração morro abaixo, bastantecomum na região de estudo, tem contribuído paraa degradação do solo, de ecossistemas e dosrecursos hídricos locais e regionais, a ponto dehoje se reconhecer insustentável e francamenteincompatível com a atual legislação ambiental.Sendo a região históricamente formada porpequenas propriedades voltadas à produção desubsistência, estreitam-se as possibilidades decontinuidade do homem no campo, a não ser quenovas práticas agrícolas, ambientais, econômicas eculturais permitam sua permanência. O manejointegrado de solo, água, biomassa, biodiversidade,resíduos e efluentes domiciliares implantado emGaia Terranova, aponta para uma possibilidade degestão de pequenas propriedades rurais que reduzos conflitos em relação à lesgislação ambiental,aproximando-as de propriedades ruraissustentáveis, integradas e em harmonia com os

ecossistemas locais e diversidade de vida nabacia.

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