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EDITORA-COORDENADORA: SIMONE RIBEIRO / [email protected] SEG SALVADOR 6/6/2011 HOJE PERSONA TER POP QUA VISUAIS QUI CENA SEX CINE SAB LETRAS DOM SHOP atarde.com.br/caderno2mais COBERTURA A TOP ANA BEATRIZ BARROS E OUTRAS 25 MODELOS FAZEM A FESTA NA ETAPA BAIANA DO MONANGE DREAM FASHION TOUR 6 LIVRO A OBRA SANTEIROS DA BAHIA TRATA DA RELAÇÃO ENTRE ARTE POPULAR E DEVOÇÃO 3 PERFIL Henrique Dantas amadureceu como cineasta nos 11 anos que levou para fazer Os Filhos de João, O Admirável Mundo Novo Baiano LENTE Mila Cordeiro / Ag. A TARDE A ideia do filme surgiu quando Dantas assistiu a uma entrevista de Paulinho Boca de Cantor LEONARDO LEÃO Onze anos. Este foi o tempo que Henrique Dantas levou para rea- lizar o documentário Filhos de João, O Admirável Mundo Novo Baiano, que entra em cartaz no circuito comercial no dia 15 de julho, em 14 capitais brasileiras, após ter sido exibido e premiado em festivais desde 2009, quan- do foi oficialmente lançado. Colecionando prêmios e óti- mas críticas nos últimos dois anos, Dantas lembra que, por diversas vezes, pensou em de- sistir. “Este é um filme de re- sistência. Muita gente falou que não ia ‘rolar’. As pessoas che- gavam para mim e diziam: ‘Vo- cê ainda está fazendo aquele filme? Deixe disso. Não vai sair nunca’. Estes eram momentos de decisão”, conta o cineasta, salientando que, no final das contas, os questionamentos de- ram mais fôlego ao trabalho. “Tinha um lance de provar que era possível”, disse. Responsável pelo roteiro, di- reção e produção executiva do longa, Henrique Dantas lembra algumas dificuldades. “As via- gens para São Paulo e Rio de Janeiro só foram possíveis gra- ças aos programas de milha- gens de amigos. A montagem foi feita por Bau Carvalho, nos intervalos de outras produções em que ele trabalhava”. Quando estava com todo o conteúdo, ainda teve que lidar com a burocracia. “Precisava ter autorização para usar as mú- sicas e comprar os arquivos das imagens históricas”. Início A ideia do filme sobre os Novos Baianos e todo o universo cul- tural e político do Brasil nas dé- cadas de 1960 e 1970 surgiu quando Dantas assistiu a uma entrevista de Paulinho Boca de Cantor em que ele anunciou uma reunião do grupo para co- memorar os 30 anos de forma- ção da banda. Na época, 1998, Henrique namorava a filha de uma prima de Galvão, poeta e letrista da banda. “Por meio dela, cheguei a ele, que me apresentou a Pau- linho, que, por sua vez, me in- dicou para outros músicos e, es- tes, a outras pessoas que con- viveram com o grupo”. “Ele começou bem jovem, in- do lá no meu sítio. Conversamos e eu passei para ele um material bom, histórico”, conta Galvão, ressaltando que o documentá- rio conseguiu sintetizar a his- tória do grupo. “Henrique fez um trabalho muito importante, com uma grande riqueza de da- dos sobre os Novos Baianos”. A proposta inicial era um cur- ta, mas, ao iniciar o projeto, o cineasta percebeu que tinha “al- go maior nas mãos”. Dessa for- ma, o que era para ser lançado nas comemorações de 1999 acabou só ficando pronto quan- do o grupo fez 40 anos. Na verdade, o processo de criação de Filhos de João coin- cide com o amadurecimento de Henrique Dantas como cineas- ta. Quando pensou em fazer o filme, seus únicos trabalhos na área audiovisual tinham sido dois vídeos “experimentais”. Em 1997, ele e o amigo Adler Paz fizeram BAbaVIda – A Cidade de Cabeça para Baixo, sobre as tor- cidas do Bahia e Vitória, com o qual ganhou o prêmio Diome- des Gramacho de melhor pro- dução baiana. No ano seguinte, realizou Apocalipse ou Gênesis – Poesia ou Escatologia. “Todo mundo dizia que o mundo acabaria em 1999 e resolvi perguntar às pes- soas o que era o fim do mundo, mesclando com imagens de fe- zes e ejaculações. Uma influên- cia do filme O Rei do Cagaço, de Edgard Navarro”, lembrou. Entre os prêmios obtidos por Filhos de João estão os de Me- lhor Filme do Júri Popular e Es- pecial do Júri no 42º Festival de Cinema de Brasília, em 2009, e o In-Edit Brasil 2011, ocorrido em maio, no Rio de Janeiro e São Paulo. O filme foi exibido em Salvador na quinta-feira, na versão local do festival, e, em novembro, representará o Brasil no In-Edit internacional, em Bar- celona, Espanha. LEIA MAIS NA PÁGINA 3 2 Quando pensou em fazer o filme, os únicos trabalhos na área tinham sido dois vídeos experimentais Mila Cordeiro / Ag. A TARDE obstinada Dantas coleciona prêmios e boas críticas com filme

Henrique Dantas, diretor de Filhos de João - Capa do Caderno 2 de A Tarde

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Page 1: Henrique Dantas, diretor de Filhos de João - Capa do Caderno 2 de A Tarde

EDITORA-COORDENADORA: SIMONE RIBEIRO / [email protected]

SEGSALVADOR6/6/2011

HOJE PERSONATER POPQUA VISUAISQUI CENASEX CINESAB LETRASDOM SHOP

atarde.com.br/caderno2mais

COBERTURA A TOP ANABEATRIZ BARROS E OUTRAS 25MODELOS FAZEM A FESTA NAETAPA BAIANA DO MONANGEDREAM FASHION TOUR 6

LIVRO A OBRA SANTEIROS DA BAHIA TRATA DARELAÇÃO ENTRE ARTE POPULAR E DEVOÇÃO 3

PERFIL Henrique Dantasamadureceu comocineasta nos 11 anos quelevou para fazer Os Filhosde João, O AdmirávelMundo Novo Baiano

LENTE

Mila Cordeiro / Ag. A TARDE

A ideia do filmesurgiu quandoDantas assistiu auma entrevista dePaulinho Boca deCantor

LEONARDO LEÃO

Onze anos. Este foi o tempo queHenrique Dantas levou para rea-lizar o documentário Filhos deJoão, O Admirável Mundo NovoBaiano, que entra em cartaz nocircuito comercial no dia 15 dejulho, em 14 capitais brasileiras,apóstersidoexibidoepremiadoem festivais desde 2009, quan-do foi oficialmente lançado.

Colecionando prêmios e óti-mas críticas nos últimos doisanos, Dantas lembra que, pordiversas vezes, pensou em de-sistir. “Este é um filme de re-sistência. Muita gente falou quenão ia ‘rolar’. As pessoas che-gavam para mim e diziam: ‘Vo-cê ainda está fazendo aquelefilme? Deixe disso. Não vai sairnunca’. Estes eram momentosde decisão”, conta o cineasta,salientando que, no final das

contas, os questionamentos de-ram mais fôlego ao trabalho.“Tinha um lance de provar queera possível”, disse.

Responsável pelo roteiro, di-reção e produção executiva dolonga, Henrique Dantas lembraalgumas dificuldades. “As via-gens para São Paulo e Rio deJaneiro só foram possíveis gra-ças aos programas de milha-gens de amigos. A montagemfoi feita por Bau Carvalho, nosintervalos de outras produçõesem que ele trabalhava”.

Quando estava com todo oconteúdo, ainda teve que lidarcom a burocracia. “Precisava terautorização para usar as mú-sicas e comprar os arquivos dasimagens históricas”.

InícioA ideia do filme sobre os NovosBaianos e todo o universo cul-

tural e político do Brasil nas dé-cadas de 1960 e 1970 surgiuquando Dantas assistiu a umaentrevista de Paulinho Boca deCantor em que ele anunciouuma reunião do grupo para co-memorar os 30 anos de forma-ção da banda.

Na época, 1998, Henriquenamorava a filha de uma primade Galvão, poeta e letrista dabanda. “Por meio dela, chegueia ele, que me apresentou a Pau-linho, que, por sua vez, me in-dicou para outros músicos e, es-tes, a outras pessoas que con-viveram com o grupo”.

“Ele começou bem jovem, in-do lá no meu sítio. Conversamose eu passei para ele um materialbom, histórico”, conta Galvão,ressaltando que o documentá-rio conseguiu sintetizar a his-tória do grupo. “Henrique fezum trabalho muito importante,

com uma grande riqueza de da-dos sobre os Novos Baianos”.

A proposta inicial era um cur-ta, mas, ao iniciar o projeto, ocineasta percebeu que tinha “al-go maior nas mãos”. Dessa for-ma, o que era para ser lançadonas comemorações de 1999acabou só ficando pronto quan-do o grupo fez 40 anos.

Na verdade, o processo decriação de Filhos de João coin-cide com o amadurecimento deHenrique Dantas como cineas-ta. Quando pensou em fazer ofilme, seus únicos trabalhos naárea audiovisual tinham sidodois vídeos “experimentais”.Em1997,eleeoamigoAdlerPazfizeram BAbaVIda – A Cidade deCabeça para Baixo, sobre as tor-cidas do Bahia e Vitória, com oqual ganhou o prêmio Diome-des Gramacho de melhor pro-dução baiana.

No ano seguinte, realizouApocalipse ou Gênesis – Poesiaou Escatologia. “Todo mundodizia que o mundo acabaria em1999 e resolvi perguntar às pes-soas o que era o fim do mundo,mesclando com imagens de fe-zes e ejaculações. Uma influên-cia do filme O Rei do Cagaço, deEdgard Navarro”, lembrou.

Entre os prêmios obtidos porFilhos de João estão os de Me-lhor Filme do Júri Popular e Es-pecial do Júri no 42º Festival deCinema de Brasília, em 2009, eo In-Edit Brasil 2011, ocorridoem maio, no Rio de Janeiro eSão Paulo. O filme foi exibidoem Salvador na quinta-feira, naversão local do festival, e, emnovembro, representará o Brasilno In-Edit internacional, em Bar-celona, Espanha.

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Quando pensou emfazer o filme, osúnicos trabalhos naárea tinham sidodois vídeosexperimentais

Mila Cordeiro / Ag. A TARDE

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Dantascolecionaprêmios eboas críticascom filme