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PERFIL Henrique Dantasamadureceu comocineasta nos 11 anos quelevou para fazer Os Filhosde João, O AdmirávelMundo Novo Baiano
LENTE
Mila Cordeiro / Ag. A TARDE
A ideia do filmesurgiu quandoDantas assistiu auma entrevista dePaulinho Boca deCantor
LEONARDO LEÃO
Onze anos. Este foi o tempo queHenrique Dantas levou para rea-lizar o documentário Filhos deJoão, O Admirável Mundo NovoBaiano, que entra em cartaz nocircuito comercial no dia 15 dejulho, em 14 capitais brasileiras,apóstersidoexibidoepremiadoem festivais desde 2009, quan-do foi oficialmente lançado.
Colecionando prêmios e óti-mas críticas nos últimos doisanos, Dantas lembra que, pordiversas vezes, pensou em de-sistir. “Este é um filme de re-sistência. Muita gente falou quenão ia ‘rolar’. As pessoas che-gavam para mim e diziam: ‘Vo-cê ainda está fazendo aquelefilme? Deixe disso. Não vai sairnunca’. Estes eram momentosde decisão”, conta o cineasta,salientando que, no final das
contas, os questionamentos de-ram mais fôlego ao trabalho.“Tinha um lance de provar queera possível”, disse.
Responsável pelo roteiro, di-reção e produção executiva dolonga, Henrique Dantas lembraalgumas dificuldades. “As via-gens para São Paulo e Rio deJaneiro só foram possíveis gra-ças aos programas de milha-gens de amigos. A montagemfoi feita por Bau Carvalho, nosintervalos de outras produçõesem que ele trabalhava”.
Quando estava com todo oconteúdo, ainda teve que lidarcom a burocracia. “Precisava terautorização para usar as mú-sicas e comprar os arquivos dasimagens históricas”.
InícioA ideia do filme sobre os NovosBaianos e todo o universo cul-
tural e político do Brasil nas dé-cadas de 1960 e 1970 surgiuquando Dantas assistiu a umaentrevista de Paulinho Boca deCantor em que ele anunciouuma reunião do grupo para co-memorar os 30 anos de forma-ção da banda.
Na época, 1998, Henriquenamorava a filha de uma primade Galvão, poeta e letrista dabanda. “Por meio dela, chegueia ele, que me apresentou a Pau-linho, que, por sua vez, me in-dicou para outros músicos e, es-tes, a outras pessoas que con-viveram com o grupo”.
“Ele começou bem jovem, in-do lá no meu sítio. Conversamose eu passei para ele um materialbom, histórico”, conta Galvão,ressaltando que o documentá-rio conseguiu sintetizar a his-tória do grupo. “Henrique fezum trabalho muito importante,
com uma grande riqueza de da-dos sobre os Novos Baianos”.
A proposta inicial era um cur-ta, mas, ao iniciar o projeto, ocineasta percebeu que tinha “al-go maior nas mãos”. Dessa for-ma, o que era para ser lançadonas comemorações de 1999acabou só ficando pronto quan-do o grupo fez 40 anos.
Na verdade, o processo decriação de Filhos de João coin-cide com o amadurecimento deHenrique Dantas como cineas-ta. Quando pensou em fazer ofilme, seus únicos trabalhos naárea audiovisual tinham sidodois vídeos “experimentais”.Em1997,eleeoamigoAdlerPazfizeram BAbaVIda – A Cidade deCabeça para Baixo, sobre as tor-cidas do Bahia e Vitória, com oqual ganhou o prêmio Diome-des Gramacho de melhor pro-dução baiana.
No ano seguinte, realizouApocalipse ou Gênesis – Poesiaou Escatologia. “Todo mundodizia que o mundo acabaria em1999 e resolvi perguntar às pes-soas o que era o fim do mundo,mesclando com imagens de fe-zes e ejaculações. Uma influên-cia do filme O Rei do Cagaço, deEdgard Navarro”, lembrou.
Entre os prêmios obtidos porFilhos de João estão os de Me-lhor Filme do Júri Popular e Es-pecial do Júri no 42º Festival deCinema de Brasília, em 2009, eo In-Edit Brasil 2011, ocorridoem maio, no Rio de Janeiro eSão Paulo. O filme foi exibidoem Salvador na quinta-feira, naversão local do festival, e, emnovembro, representará o Brasilno In-Edit internacional, em Bar-celona, Espanha.
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Quando pensou emfazer o filme, osúnicos trabalhos naárea tinham sidodois vídeosexperimentais
Mila Cordeiro / Ag. A TARDE
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Dantascolecionaprêmios eboas críticascom filme