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marioferreiraneto
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O filme se passa em um colégio interno, em que um professor tenta moldar a personalidade de seus alunos com tradição e honra, baseando na história da cultura grego-romana. Tudo sempre transcorreu bem, de acordo com as regras e padrões da escola, até o dia que ingressa na escola um aluno indisciplinado e rebelde - Sedgewick Bell - filho de um político influente - senador. O professor tenta mudar o caráter deste aluno e ganhar sua confiança. No colégio existia um concurso para escolha do melhor ano do ano, chamado “Senhor Júlio César”, que era uma disputa entre os alunos da classe do professor. O professor observando a mudança repentina de comportamento deste aluno, vislumbrando um futuro brilhante para o jovem, embora com rebeldia e pouco interesse e esforço no estudo, mas durante a fase de classificação, percebeu certa determinação no aluno, com isso, desclassificou injustamente outro aluno para colocá-lo na prova final do concurso. O professor não contava que aquele aluno fosse desonesto e praticasse uma conduta antiética, estava “colando” as respostas das perguntas, porém, praticamente na rodada final da prova oral do concurso fez-lhe uma pergunta que não estava entre as escolhidas, por saber, que possivelmente não acertaria a resposta e assim aconteceu. A decepção foi enorme, pois para esse jovem aluno participar do concurso, o professor foi contra seus princípios, classificou-o, preterindo injustamente outro aluno que tinha sido classificado.
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Mário Ferreira Neto, [email protected]
MBA em Perícia Judicial e Auditoria: IPECON - PUC/GO
Sinopse do filme “O Clube do Imperador”
O filme se passa em um colégio interno, em que um professor tenta moldar a
personalidade de seus alunos com tradição e honra, baseando na história da cultura grego-
romana. Tudo sempre transcorreu bem, de acordo com as regras e padrões da escola, até o dia
que ingressa na escola um aluno indisciplinado e rebelde - Sedgewick Bell - filho de um
político influente - senador. O professor tenta mudar o caráter deste aluno e ganhar sua
confiança. No colégio existia um concurso para escolha do melhor ano do ano, chamado
“Senhor Júlio César”, que era uma disputa entre os alunos da classe do professor. O professor
observando a mudança repentina de comportamento deste aluno, vislumbrando um futuro
brilhante para o jovem, embora com rebeldia e pouco interesse e esforço no estudo, mas
durante a fase de classificação, percebeu certa determinação no aluno, com isso,
desclassificou injustamente outro aluno para colocá-lo na prova final do concurso. O
professor não contava que aquele aluno fosse desonesto e praticasse uma conduta antiética,
estava “colando” as respostas das perguntas, porém, praticamente na rodada final da prova
oral do concurso fez-lhe uma pergunta que não estava entre as escolhidas, por saber, que
possivelmente não acertaria a resposta e assim aconteceu. A decepção foi enorme, pois para
esse jovem aluno participar do concurso, o professor foi contra seus princípios, classificou-o,
preterindo injustamente outro aluno que tinha sido classificado.
1 Licenciado em Matemática pela Fundação Universidade do Tocantins: Data de Colação de Grau: 5.2.1999
(UNITINS) - Especialista em Matemática e Estatística pela Universidade Federal de Lavras do Estado de Minas
Gerais: Data da Conclusão: 5.7.2002 (UFLA/MG) - Especialista em Orientação Educacional pela Universidade
Salgado de Oliveira do Estado do Rio de janeiro: Data da Conclusão: 23.3.2002 (UNIVERSO/RJ) - Especialista em
Gestão Judiciária pela Faculdade Educacional da Lapa de São Paulo em convênio com Escola Superior da
Magistratura Tocantinense (FAEL/ESMAT) - Pós-graduando do Curso de MBA em Perícia Judicial e Auditoria
pela Pontifícia Católica de Goiás em convênio com Instituto de Organização de Eventos, Ensino e Consultora
S/A LTDA (PUC-GO/IPECON) - Mestrando em Matemática Financeira pela Rede Internacional de Ensino de Livre
(RIEL - ITUIUTABA/MG).
Os desafios da educação e da docência
William Hundert (Kevin Kline) é um professor da St. Benedictus, uma escola
exclusiva, preparatória e tradicional que recebe como alunos, jovens da alta e elite sociedade
americana.
O professor Hundert dá aulas de história greco-romana referentes aos filósofos gregos
e imperadores romanos, com lições de ética e moral para serem aprendidas. O professor
Hundert é reconhecido por suas boas instruções em sala de aula. O professor Hundert
demonstra muito entusiasmo ao falar para os seus alunos e nas suas fala-explicações, faz
questão de expressar algumas frases filosóficas, inicialmente, frisou que "o caráter de um
homem é o seu destino", também se esforça para impressioná-los sobre a importância de uma
atitude coerente e correta. As suas aulas e rotinas diárias vêm ocorrendo com ordem e
tranqüilidade, devido ao respeito e admiração que os alunos têm pelo professor, em uma
relação de obediência e submissão.
Na escola tudo sempre transcorreu com normalidade, quando em um dia,
repentinamente, chega à escola o aluno Sedgewick Bell (Emile Hirsch), filho de um
importante e influente político norte-americano (Senador), logo à sua entrada na sala de aula,
perturba aquela rotina de ordem e tranquilidade por entrar em conflito - choque - com as
ideologias e posições do professor Hundert. O aluno novato faz questão de revelar à sua
arrogância.
O professor Hundert vê-se desafiado por aquele jovem que, inicialmente, demonstra
ser desinteressado pelos estudos e indisciplinado, aliado à agravante de ser filho de um
Senador relativamente influente nos Estados Unidos. Esse jovem demonstra também que não
mantinha um relacionamento de afetividade, carinho e diálogo com o pai, apesar de suas
tentativas de aproximação, tendo o pai matriculado o filho na escola, porque essa instituição
de ensino atendia a elite americana (impressão pessoal nesta última parte).
Percebe-se que a arrogância era um traço visível na postura do aluno Sedgewick Bell e
o professor Hundert, que na mais clara tendência behaviorista2, acreditava ter também como
missão a de moldar o caráter dos seus alunos, tentou utilizar-se dessa moldagem. Em certa
aula o professor, chamou o aluno novato à frente, fazendo algumas perguntas, que o aluno não
sabia responder, então o professor fizera as mesmas perguntas para a turma, tendo os demais
alunos, em coro, respondidos aquelas perguntas.
2 O comportamento humano tem sua complexidade revelada nas atitudes que o ser humano pratica no seu dia
a dia. A interação com o meio ambiente e com os outros de sua espécie pode revelar muito da personalidade
de uma pessoa. Behaviorismo é o estudo do comportamento humano por meio do método de estudo da
extrospecção que analisa as manifestações exteriores do ser humano.
Naquela oportunidade, o professor aproveitou para fazer a sua colocação ideológica e
repreensão, com refinamentos morais e humilhação para o aluno indisciplinado, que ficou
visivelmente envergonhado. Logo, depois disso o professor procura o jovem, diz acreditar no
seu potencial e o desafia a ingressar em uma competição - concurso anual “Senhor Júlio
César” - de perguntas e respostas sobre os temas ministrados em aula, que disputam uma
prova oral final, dentre os três melhores classificados e o aluno vitorioso tem à sua imagem
afixada na parede da escola como o melhor aluno do ano.
Diante do conflito, o aluno Sedgewick Bell, imediatamente questiona ao professor
Hundert, qual a importância daquilo que é ensinado, demonstrando à sua rebeldia, mas o
professor Hundert, sem expressar nada - silenciosamente - porém, mentalmente considera esse
aluno inteligente e acha que pode colocá-lo no caminho adequado e certo para ter uma
formação baseada nos princípios acadêmicos da escola.
Surge imediatamente a indagação: Mas o que fazer com um aluno com este tipo de
conduta escolar e comportamental?
Os outros alunos da classe seguiam aos padrões desejados pela instituição de ensino e
obedeciam às regras docentes e as orientações do professor, sempre havia algumas diversões
típicas de adolescentes, mas essas brincadeiras, nada que beirasse a “marginalidade” do aluno
recém-chegado. A relação entre professor e estes alunos eram de obediência e submissão.
As aulas seguiam um padrão de instrução tradicional, baseada no livro texto e lições
complementares de outros livros com avaliações escritas e repetitivas como também durante
as aulas de algumas perguntas orais. O professor se colocava como detentor do conhecimento
e procurava explorar a memória dos seus alunos com questionamentos sobre a história da
Roma Antiga, que tinham que decorar ou memorizar nomes, datas e fatos históricos, sem
fazer análises e reflexões críticas dos conteúdos que eram ensinados, assim não se interligava
aos conteúdos o sentido de sua importância para educação e formação profissional do aluno.
A transmissão de conhecimento não é um ritual, uma vez que o ensino não é mecanizado, mas
é ritmo que caminha harmoniosamente com o que convém elucidar o que é aprendizagem
para a formação da cidadania.
Em um momento do filme surgiu uma discussão sobre o conteúdo ministrado e
trabalhado com aquela classe de alunos, exatamente no momento em que o aluno novato e
indisciplinado emitiu sua opinião sobre os fatos tratados e a postura da prática docente do
professor, que era um mero transmissor de conhecimentos.
Naquele instante o aluno teve a coragem de dizer que discordava do professor. O
conflito estava estabelecido. O professor fora desafiado em um dos pontos que mais prezava -
o domínio do conteúdo. Para piorar a relação entre professor e aluno recém-ingressado, este
professor foi queixar-se do comportamento estudantil do aluno “problemático” ao pai,
alegando que “não se esforça, não presta atenção a aula, não estuda a matéria”, oportunidade,
em que o pai do aluno (Senador) questiona ao professor: “qual é o valor do que ensina para
esses meninos?” Isto é, qual a real importância dos conhecimentos que são transmitidos para a
vida dos alunos, com esse questionamento, o pai faz com o professor possa refletir sobre a sua
prática docente.
Depois, o Senador finaliza dizendo que a função do professor é ensinar, não mudar o
caráter do aluno. O professor se retira da sala em que se encontrou com o Senador - pai do
aluno - desapontado. Observa-se que uma crise se formou na cabeça do professor.
A postura de um professor também não é um mero transmissor de conhecimentos ou
informações. O professor deve ser um educador facilitador, mediador e orientador do
conhecimento, porque antes de tudo deve abandonar a ideia de ser um detentor do
conhecimento para passar a ser este facilitador e orientador, adotando atividade e estratégia
que possa favorecer a apreensão de competências e habilidades por parte do aluno. Como diz
Perrenoud3, o professor deve entender que “ensinar, hoje, significa conceber, encaixar e
regular situações de aprendizagem, seguindo os princípios pedagógicos ativos
construtivistas”.
Na realização anual do concurso escolar, intitulado “Senhor Júlio César” a respeito da
Roma Antiga, o professor Hundert, pensativamente por alguns instantes, depois da correção
da prova da última etapa classificatória da competição, resolve “quebrar” silenciosamente
seus princípios éticos e rígidos de tratamento igualitário de seus alunos, por acreditar no
potencial de inteligência e de mudança comportamental do aluno Sedgewick Bell, chega a
ponto de colocá-lo na final do concurso escolar “Senhor Júlio César”, preterindo o aluno que
fora classificado.
Nesse desafio, o professor acaba, desonestamente, forjando uma classificação no
concurso escolar, desviando-se de seu caráter ímprobo e reto para tentar aproximar-se do
aluno e passar-lhe seus conceitos. Percebendo, porém, que apesar de alguns poucos avanços
não consegue mudar o caráter do aluno, o professor entra em um conflito interno sobre o que
são vitórias e derrotas na docência.
O professor passou Sedgewick Bell na frente de outro candidato, com esperança de se
surpreender, confiando que conseguiria mudar o caráter deste aluno e também que o novato
3 PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre (Brasil), Artmed Editora, 2000.
aluno poderia vencer a competição escolar por seus próprios méritos, porém na realização da
prova final entre os três melhores alunos, o aluno Sedgewick Bell trai a confiança e a
credibilidade que fora depositada pelo professor, consegue arrumar uma maneira de trapacear
- “colar” - na prova oral da tríplice concorrência, porém o professor, a tempo, percebe a
ilicitude estudantil do aluno, relata instantaneamente para o Diretor da Escola, o qual pede e
exige que o professor ignore a conduta praticada pelo aluno.
No início o aluno sentindo-se com o orgulho ferido, pelo que se percebe no desenrolar
do filme, mas o professor busca a mudança de caráter deste aluno, com isso, ganhou sua
confiança, convencendo-o de que era capaz, por esses motivos o aluno, aceita o desafio e
passa a se dedicar aos estudos, inclusive procura um livro comum e único para todos os
alunos na biblioteca para estudar, cujo livro não poderia ser retirado.
Na realização da competência estudantil, percebe-se claramente que o aluno trapaceia
ilicitamente ao “colar” as respostas das perguntas, por ter escritos possíveis respostas em
folha manuscrita e afixado-as na veste - túnica - mas não conseguiu lograr êxito na
competição - ser vitorioso - por ter o professor, ao descobrir a ilicitude na competência, fiz-
lhe uma pergunta que não se relacionava à história da Roma Antiga, sabendo que o aluno não
conseguiria responder corretamente à pergunta, mais uma vez, o professor rompe seus
padrões éticos e morais, por sentir-se obrigado.
Este foi um erro crucial do professor, porque o verdadeiro estímulo para os alunos está
alicerçado no professor conseguir tornar o conhecimento contextualizado, envolvente,
intrigante e interdisciplinar, mostrando para o aluno a importância daquele conteúdo para a
sua formação tanto de vida como de cidadania, não apenas para servir como ferramenta de
engrandecimento pessoal (do ego) e acadêmico (da profissão).
Na escola, colocar os alunos para competirem em um concurso estudantil na forma
como fora vista no filme, não contribui para a convivência escolar harmônica e sadia, porque
se deve estimular a fraternidade. Por outro lado, este tipo de competição, não se desenvolve a
cidadania, por despertar o senso de rivalidade, um com outro, inclusive, foi isso que produziu,
depois de 25 anos, o aluno rebelde procurou uma revanche, mas com objetivo escuso. Em um
contexto de competição intelectual, naturalmente os alunos que possuem dificuldades de
aprendizado, sentem-se menosprezados e rebaixados, certamente vivem momentos infelizes
durante sua escolarização, enquanto que os alunos mais capazes poderão sentir-se como se
fossem seres humanos superiores.
Paralelo relevante, coincidência à parte, este tipo de aluno (Sedgewick Bell) é cada
vez mais comum nas salas de aula das escolas brasileiras, porque infelizmente, a entidade
basilar da sociedade, a família, encontra-se em um contínuo processo de degradação, em
função de alguns desajustes, devido à proliferação das drogas entre os jovens, de vícios de
bebidas e fumos, de violências por descontroles emocionais e pelo elevado número de
separações ou divórcios das famílias.
O professor percebe que se enganou, descobrindo no futuro que, ajudar quem não quer
ser ajudado, é uma missão destinada ao fracasso e à frustração.
Na continuidade da competência estudantil o professor lhe fez uma pergunta sobre
certa pessoa: “Quem foi Amilcar Barca?”, sabendo que o aluno não conseguiria responder
corretamente a pergunta, isso foi o que aconteceu, ao dizer que não sabia a resposta.
A respeito da decepção da confiança e credibilidade depositada no aluno, o professor,
antes de qualquer coisa, é um ser humano, portanto está sujeito a acertos e erros no
desempenho de sua profissão. A imagem do professor como detentor da razão e da moral é
um paradigma que somente deve existir na imaginação, porque ninguém é guardião destes
princípios. João Guimarães Rosa dizia: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de
repente aprende” e também disse: “O homem nasceu para aprender, aprender tanto
quanto a vida lhe permita”.
O filme nos mostra que a história de um bom educador se prolonga e se imortaliza nas
vidas de seus alunos, conduzidas no caminho da aprendizagem. Sabemos que a demanda de
alunos arrogantes e indisciplinados sempre existirá, porém a esperança na educação deve
persistir para que o professor possa também refletir e repensar à sua prática docente. Nesse
sentido o professor expressa o conselho de Aristófanes citado em um dos empolgantes
diálogos do filme: "A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode
ser educada e a embriaguez passa, mas a estupidez dura para sempre".
A escola tradicional (St. Benedictus) não havia avançado para os verdadeiros valores
de uma sociedade moderna, onde todos tinham que seguir os mesmos padrões e regras. Ser
um "Senhor Júlio César" na competição escolar era para o aluno, como se fosse um “céu”,
pois sua foto iria permanecer eternamente afixada na parede da escola. A competição escolar,
de certa forma, mostra o individual sobressaindo ao coletivo.
No filme, a ética era esquecida quando os seus “próprios” valores eram colocados
como prioridade. Uma boa educação como um bom educador, na prática não está em torno de
padrões e regras rígidas e também da absorção de informações como se o aluno fosse apenas
um recipiente passivo, mas por valores determinantes para o progresso de uma sociedade, pois
todas as estruturas de educação e tipos de educadores deixam marcas e rastros no intimo de
cada aluno, seja para o bem ou para o mal, podendo facilitar ou dificultar a aprendizagem do
aluno.
Segundo, Paulo Freire, todos devem ter a consciência da importância da escola e do
educador na formação de cidadãos conscientes e de suas responsabilidades políticas e sociais.
No caso da situação do professor Hundert, o fato de ter dado uma oportunidade a um
aluno arrogante e indisciplinado, por acreditar na esperança de uma mudança pode até, ser
correta, porém se analisarmos que implica em uma negligência de uma conduta ética ou
moral, no momento em que nega ao verdadeiro classificado, o direito de participar da prova
final do concurso, incorre em erro, pois outras formas poderiam ser adotadas, sem o
comprometimento de outro, honestamente classificado.
No filme, ao evidenciar na escola que existe uma disputa que valoriza apenas a glória
individual - vencedor da competição - tem sua imagem afixada na parede da escola para que
os outros vejam que o vencedor é o melhor aluno do ano da escola, ao mesmo tempo, mostra
que educar é ampliar horizontes éticos, filosóficos, morais, políticos e sociais; redefinir metas
e padrões acadêmicos e profissionais; aguçar a sensibilidade; formar para a cidadania e não
simplesmente obter um certificado de conclusão de curso.
O conflito se torna mais profundo quando o professor deposita a sua confiança e
credibilidade em um aluno, posteriormente se decepciona, ao perceber que, tanto aluno como
professor, utiliza-se da esperteza que se sobrepõe a retidão de caráter e a honestidade.
No filme, essa decepção resta evidenciada quando chega à oportunidade do professor,
galgar o cargo de Diretor da Escola, porém é preterido. A escolha recai sobre alguém bem
mais jovem e que tinha como principal habilidade conseguir dinheiro (arrecadar fundos) para
sustentar o colégio.
Depois de 25 anos, Sedgewick Bell deseja repetir aquele concurso estudantil em sua
cidade e convida o professor e todos os seus antigos colegas que são recebidos com carinho.
Entretanto, no decorrer da competição, o professor descobre, novamente, que seu antigo aluno
continuava a praticar ilicitude - infligir o princípio de moral - e mais uma vez não se dado por
vencido. A revanche da competição tinha apenas a finalidade de anunciar aos colegas de que
era candidato ao senado no lugar de seu pai e queria pedir apoio de todos. O aluno e o
professor discutem, quando estava no toalete. Durante a discussão, o filho de Sedgewick Bell
ouve tudo e compreende ostensivamente e vira as costas para o pai.
O professor revela ao seu antigo aluno que foi desclassificado injustamente, quando
deu à sua vaga na competição ao aluno Sedgewick Bell, no passado, mas o aluno
desclassificado o perdoa. Como prova de seu perdão, coloca seu filho para estudar na escola
com o Professor Hundert, pois apesar de tudo via uma honradez. Ainda tinha muito apreço
pelo professor.
A educação de nada serve se não puder ser revertida em crescimento e
desenvolvimento pessoal e coletivo, pois o educador na medida do possível, de acordo com
Paulo Freire, deve educar para as mudanças na busca da autonomia e da liberdade para
promover as capacidades de aprendizagem, propiciando uma formação direcionada à
cidadania consciente e às responsabilidades políticas e sociais, por ser um ser social,
educando e educador, ao mesmo tempo.
O filme nos mostra a importância da didática na educação, por ser um instrumento que
faz com que busquemos soluções para resolver os problemas em salas de aulas. Assim, vem
nos despertar para uma real importância de uma educação verdadeira direcionada à cidadania.
Podemos comparar essa escola com a tendência liberal tradicional, pois ela está
baseada na mesmice com atividades repetitivas e avaliações escritas com perguntas e
respostas. Para participar do concurso escolar, os alunos eram obrigados a passar por uma
avaliação, somente três dos alunos eram classificados para a prova final que era oral. O
professor desclassificou injustamente um aluno para classificar Sedgewick Bell. O professor
se decepciona por perceber que a confiança depositada em seu aluno, não foi correspondida,
quando percebeu ter usado de artifício para trapacear na prova final, algumas respostas (cola
afixada na túnica).
Concluímos que o filme “O Clube do Imperador” nos transmite mensagens relevantes
a respeito da importância da ética e da honestidade, atualmente valores que são deixados de
lado na sociedade brasileira, apenas predominando o capitalismo, o egoísmo, o
individualismo e a prepotência. Porém estas circunstâncias e motivos nos fazem ainda
refletirmos e repensarmos que não se deve desistir de nossos objetivos e ideais, mesmo
existindo alguns contratempos que parecerem impedi-los. No caso do professor, deve-se
espelhar em cada um dos resultados bons e positivos de nossos esforços, não frustrar-se com
os objetivos que não foram alcançados e conquistados, preocupando-se, sempre em fazer o
melhor possível para que cada um dos objetivos desejados possa ser alcançado, mais do que
isso, que contribuam para o bem da sociedade e para a formação da cidadania.
O papel do educador é redimensionar o sentido do aprendizado acentuando valores e
culturas que a sociedade detém. O sentido das buscas e das descobertas implicam em novos
conhecimentos, conforme afirmação de João Guimarães Rosa, novamente, citada: “Mestre
não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.
Ressaltamos uma crítica, a educação de base e a educação familiar devem vir de berço,
porque a escola repassa e transmite conhecimentos e pode educar, mas não muda o caráter das
pessoas, apenas pode adequar ou melhorá-lo se quiser e o educando com sua família
permitirem.