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PROET PROET @ @ SIAS SIAS Odé Amorim Odé Amorim

Proet@sias, livrozine de Odé Amorim

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Primeiro livrozine de poemas publicado pelo artista Odé Amorim. Novembro de 2010, como parte do evento NEGRO UNIVERSO.

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Page 1: Proet@sias, livrozine de Odé Amorim

PROETPROET@@SIASSIAS

Odé AmorimOdé Amorim

Page 2: Proet@sias, livrozine de Odé Amorim

Pensei que fosse Pensei que fosse complicado escrever complicado escrever

poesias. Um dia sentei poesias. Um dia sentei e deixei a mente livre, e deixei a mente livre,

leve e solta... Pensei leve e solta... Pensei que fosse difícil editar que fosse difícil editar um livro. Então juntei um livro. Então juntei os registros, inventei os registros, inventei

um nome - um nome - PROET@SIASPROET@SIAS- e coloquei tudo - e coloquei tudo

junto... Pensei que junto... Pensei que ninguém se interessaria ninguém se interessaria

pelo que estava pelo que estava matutando e dizendo. matutando e dizendo.

Alguém comentou: “que Alguém comentou: “que bacana você agora se bacana você agora se

revelando em palavras revelando em palavras escritas”... Pensei que escritas”... Pensei que

teria receio de teria receio de apresentar o resultado apresentar o resultado

publicamente. Aqui publicamente. Aqui está ele e espero que está ele e espero que

você possa desfrutá-lo você possa desfrutá-lo tanto quanto eu tenho tanto quanto eu tenho

feito...feito...

Odé AmorimOdé Amorimnovembro 2010novembro 2010

Page 3: Proet@sias, livrozine de Odé Amorim

AgradecimentosFamília Eustachio da Silva /Cupertino Amorim,

companheir@s de ações e ativismos, Òrìsà e Natureza

ApoiosApoiosRede ABC Estância Solidária / Rede ABC Estância Solidária /

Ponto de Cultura CIDADÃOS ARTISTAS, Ponto de Cultura CIDADÃOS ARTISTAS, FundAÇÃO KAH-HUM-KAH, FundAÇÃO KAH-HUM-KAH, ULA!, ULA!, Quintal Orgânico, UNICOMLIVRE Quintal Orgânico, UNICOMLIVRE

e outros grupos / coletivos ativos...e outros grupos / coletivos ativos...

fotos tiradas no Abaçá da Oxum,

Ribeirão Pires

dedicado dedicado a a DadaDada e e None None

Page 4: Proet@sias, livrozine de Odé Amorim

Os ilus..................................................5Os ilus..................................................5Isso de consciência...........................6Isso de consciência...........................6Obá tinindo........................................7Obá tinindo........................................7Oxalá, ÒòOxalá, Òòssàálá................................8àálá................................8Exulência............................................9Exulência............................................9Prazer dolorido...............................10Prazer dolorido...............................10Preto branco.............. .....................11Preto branco.............. .....................11Ingoma................................................12Ingoma................................................12E por que?... ............ .......................13E por que?... ............ .......................13Congo em silêncios........................14Congo em silêncios........................14Informações............. .........................15Informações............. .........................15

Page 5: Proet@sias, livrozine de Odé Amorim

OS ILuSOs ilus lamentam as verdades assumidasdo norte para o sul cuspidasmigalhas sobremesas consumidaspelos que aguardam submissoso regresso dos reis omissospais da intolerância assistencial...

os ilus bravateiam a vingança pacíficarevanche cultivada e específicanegam qualquer base científicarevitalizam expressões polifônicasresignificam manifestações harmônicasresgatam o sabor ancestral...

Os ilus lascam a unidade mentirosaa convivência sob a aura asquerosao irmão putrefato da mão bondosatempos atos da reconstruçãofatos falhos em reparaçãoo inerente ânimo continental...

Os ilus desacatam as opressões estabelecidastambém as alienações absorvidas e ainda as atrocidades “esquecidas”fenômeno da recriação diaspóricosistema democrático metafóricosobrevive o espírito informal...

Os ilus normalizam a revolta emergentelivre da boçalidade, independentedo filho, da filha, do insurgentebasta ao constrangimento bolinadorque venha o tratamento pundonorno toques de meu ilu corporal...

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Isso de consciência

Corta esse cabelo, negão!não vê que isso é coisa feiade tão suja aparência imunda a possibilidade de decência(que vive dizendo que te falta)

Assim não dá pra te pegar:não faz o perfil da empresanão tem curso que te engrandeçajá não sobra oportunidade que permaneça acesa...

E muda essa roupa, negão!não vê que isso de consciênciatá atrasando sua permanência...Que tal um "social" para sua nova elegância?deixa de lado o culturalvem pra cá, vem ser normalSem essa de ascensão moral ou estruturalnada de direito ao sal, nem de voz no canalsem diploma fundamental nunca será o tal,segue sendo a representação do mal e alegria, de verdade, somente no Carnaval...

E lembre-se de uma coisa, negão:se hoje você escreve, mora, lêe até tem TV, pros seus e pra vocêagradeça a sorte, a atual digna mortee talvez um dia até se embelezecom o resto da realeza vinda de cimaque pinga do rosto em creme que discrimina pintando a cara para que alguém lhe preze

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Obá tinindoA cor dessa pele escorre, quase me afoga

em cada amarga visão amarradado irmão largado ao chão da Históriaalijado pela história de não ter chão

ainda porém há uma dançaum baile solitário no pedestal da via em perdição

de competição, em ebuliçãofavorável condição da usurpação da ação de ser...

Cor não considerada na composiçãocomplexa da fala, da rima

cor desconsiderada na buscaperplexa nas dores da lida

alieno meu tom naturalcom os produtos do poder capital

assumo o luto de farsa,de saudade teatral na veia ocidental

se te vejo não me mexose te entendo não me encenose há respeito não me queixo

desleixos, dois meios, relentos

Obá tinindo dentro da imagem mendigavestido omisso de trapos farrapos

o baile hoje é a dobra do rumque na morte da avenida ameniza sopapos

dois tratos, relatos relapsos, poucos papos

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OXALÁ, ÒÒSÀÁLÁOxalá, Òòsàálá

Oxalá logo entendamos nossa passada HistóriaÒòsàálá, itá precioso, nos acompanhe em direção à vitória

Oxalá possamos assim incrementar o que está por virÒòsàálá que abençoe o árduo viver e o tenro sentirOxalá Palmares seja presente nas novas batalhas

Òòsàálá seja complacente, paciente com nossas falhasOxalá o rum dobrado cadencie cada decisãoÒòsàálá apóie o canto com sua permissão

Oxalá meu sorriso afogado ilumine o caminhoÒòsàálá sempre leal para que não siga eu sozinho

Oxalá este ponto riscado afague os nossos pequenosÒòsàálá purifique corpos, afaste todos os venenosOxalá ampliemos a África que permanece dentro

Òòsàálá, que está ao lado, seja o centroOxalá estejamos dispostos ao reencontro necessárioÒòsàálá, a semente original e o sentido primárioOxalá nossos planos destoem do dominador poderÒòsàálá revele-nos sua imagem, o humano, o ser

Oxalá a Natureza seja a força produtivaÒòsàálá, inhame novo, crença e ideia evolutiva

Oxalá, Òòsàálá

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EXULÊNCIAEXULÊNCIAo signo – o espaço – a diferença o signo – o espaço – a diferença

o deus – o agora – a bonançao deus – o agora – a bonança

pouco ou nada sem ele se fez, se faz pouco ou nada sem ele se fez, se faz sem o corpo cedido, o que é eficaz?sem o corpo cedido, o que é eficaz?

com a dúvida pungente da pregação vorazcom a dúvida pungente da pregação vorazimpelindo adentro o sentimento mordazimpelindo adentro o sentimento mordaz

a estrada – o duplo – a dançaa estrada – o duplo – a dançao falo – o culto – a herançao falo – o culto – a herança

de mero pupilo a grande potênciade mero pupilo a grande potênciase eleva à função exata, à essênciase eleva à função exata, à essência

certeza pura desconsidera a prudênciacerteza pura desconsidera a prudênciacelebração expansiva, outrora pendênciacelebração expansiva, outrora pendência

o ritmo – o cruzamento – a lembrançao ritmo – o cruzamento – a lembrançao homem – o engano – a andançao homem – o engano – a andança

gestuais permanentes ao léu ilustram agrurasgestuais permanentes ao léu ilustram agrurasolhares correm desvelam raras ternurasolhares correm desvelam raras ternuras

do mútuo apoio colaborativo nascem usurasdo mútuo apoio colaborativo nascem usurasda sólida relação duradoura brotam fissurasda sólida relação duradoura brotam fissuras

o ritual – o compromisso – a semelhançao ritual – o compromisso – a semelhançao desejo – a oferenda – a criançao desejo – a oferenda – a criança

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Prazer

dolorido Somos herdeiros escravos aos milhões espalhadosdesembarcados novos americanosdesterrados povos africanose tantos quantos aliviados pelo mardocumentos não lidos, tragédias por ocultarorações pelos filhos da primitiva árida terrade bocas caladas, de corpos de feraseu incestuoso dízimo é ainda meu sangue escorridocontaminado gozo da benção de um prazer doloridoa negra abundância aniquilada pela alva ganânciarompidos os séculos de transe, poluídas foram fragrânciasquem se faz rei na fraterna desgraçausufrui os recursos possuídos em estado de graça?

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Preto brancoPreto brancoSou preto, parte brancoSou preto, parte brancomisturado, equivalentemisturado, equivalenteainda escravizado e competenteainda escravizado e competenteirmanado ao concorrenteirmanado ao concorrentesonhador inconsequentesonhador inconsequentesubalterno insolentesubalterno insolenteda alforria descendenteda alforria descendenteviolado pelo regenteviolado pelo regenteguerreiro por vezes impotenteguerreiro por vezes impotentede grito parco, convalescentede grito parco, convalescentede mão gélida antes incandescentede mão gélida antes incandescentede palavra torta insuficientede palavra torta insuficiente

Sou branco, pouco pretoSou branco, pouco pretoliberal sem precedenteliberal sem precedentecontra cotas veementecontra cotas veementeapartheid vivo vigenteapartheid vivo vigenteao pretocídio fielmenteao pretocídio fielmentedou a luz, mato a sementedou a luz, mato a sementesenhor de engenho eternamentesenhor de engenho eternamentede atos, passos e mentede atos, passos e mentedevotados ao crescentedevotados ao crescenteeugênico sentimento presenteeugênico sentimento presentea eliminação do diverso dito entea eliminação do diverso dito enteque não serve, nem como sobressalenteque não serve, nem como sobressalente

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INGOMAIngoma convoca nego

dança, canto, seu apelotradição, cultura, zelo

para nunca mais chorar...

Põe na rua o padêapronta o tal quimbembê

espanta seu gurufimaquece o velho quinjengue

não sobra uma quizilaestá ansioso o guaiá

na presença do axétão sério quanto um xirê

chama logo os erêsabre as portas do ilê

dê a primeira pungadamanda embora o ioiô

não é festa pra quibungoenche d´água a quartinha

mostro a todos meu ixê

Ingoma convoca negodança, canto, seu apelo

tradição, cultura, zelopara nunca mais chorar...

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E por que?E por que?E por que não contam que meus ancestrais foram reis e E por que não contam que meus ancestrais foram reis e rainhas, príncipes e princesas, guerreiros e tais?rainhas, príncipes e princesas, guerreiros e tais?

E por que não admitem que nossa beleza comove até os E por que não admitem que nossa beleza comove até os mais duros padrões da certeza de pureza?mais duros padrões da certeza de pureza?

E por que não aceitam que nossa tecnologia, dita então E por que não aceitam que nossa tecnologia, dita então primitiva, causou espanto, despertou a inveja um dia?primitiva, causou espanto, despertou a inveja um dia?

E por que não reverenciam nossos deuses de relações E por que não reverenciam nossos deuses de relações naturais como as que fazem falta na atual existência dos naturais como as que fazem falta na atual existência dos mortais?mortais?

E por que não percebem que nossas culturas, as que são E por que não percebem que nossas culturas, as que são menosprezadas, formam a base de quase todas que menosprezadas, formam a base de quase todas que amplamente são praticadas?amplamente são praticadas?

E por que não compreendem que queremos apenas E por que não compreendem que queremos apenas preservar nossos espaços e não possuir suas preservar nossos espaços e não possuir suas características, seus traços?características, seus traços?

E por que não assumem de vez seus tristonhos racismos, E por que não assumem de vez seus tristonhos racismos, mais um elemento de sua personalidade repleta de mais um elemento de sua personalidade repleta de pessimismos, masoquismos, consumismos, ismos, ismos, pessimismos, masoquismos, consumismos, ismos, ismos, ismos...ismos...

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CONGO EM SILÊNCIOSCorte e vassalos em silêncio...

Ginga coroada, reverenciadanão é mais África, não é mais Brasil

é lugar / tempo reinventadodas trilhas afroeuroamericanas

rosário sem lágrimasjá enxutas a tiracolo

em cena, embaixadas dramatizadas

Congo e Angola em silêncio...sons multicores adornam diálogosdas espadas que por vezes dançampersonagens musicadas em cortejo

idas e voltas coreográficas idas e voltas iconográficas

suas jóias, seus trajes pompososminha calma, acalma a escravaria

Rei e rainha em silêncio...farta bebida e comida, estridente alegria

irmandades, forros e mestiçosIfigênias, Beneditos e Antônios

maracatu ainda é da coroa imperialassim como quilombos, bumbas,

cucumbis, ticumbis...

Cristãos e mouros não veem o silêncio

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Carlos Rogerio Eustachio da Silva Cupertino Amorim é hoje um ser maravilhado pelas possibilidades criativas disponibilizadas pela vida – principalmente quando as adversidades se manifestam – em seus incontáveis segmentos do saber...

No campo das Artes se transforma em Odé Amorim, personagem caracterizado pelo interesse amplo em diferentes linguagens e ideias e pelo constante desejo de fundi-las, repensá-las, recriá-las. Enfim, ir além do que já está estabelecido, ir além de si mesmo. Um agradável e tranquilo processo de superação individual que possa estimular a superação coletiva e comunitária de seu entorno, almejando uma existência mais sustentável, libertária e prazerosa para tod@s.

Artista cidadão radicado na região do ABC paulista mas com o corpo e a alma em permanente trânsito pelo mundo, é um apaixonado pela expressão em todas as suas nuances, suas formas, suas ideologias e oportunidades ofertadas – as de autoconhecimento, as afetivas, as educativas, as comunicativas, as integrativas, entre tantas outras. Em sua consciente carreira (que já se aproxima de 2 décadas) já esteve envolvido em inúmeras experiências. Um caminho sem fim, do qual não se pode desvincular, iniciado muito cedo em família dentro de suas crenças religiosas do Candomblé....

ASÉ / Carpe Diem

AFROECOARTIVEDUCANDOR“Um afrodescendente brasileiro que busca

compreender / aprender sua essência ecológica coerente para viver e

seguir praticando seu ativismo social através das artes e das culturas,

num eterno de educar se educando”

Artista (músico, manipulador de bonecos, performer, dançarino brincante, gráfico / visual), pesquisador (culturas populares brasileiras, culturas africanas, meio ambiente), comunicador (rádio web, fanzines, blogs), educador social (cidadania, linguagens artísticas, pedagogias alternativas), produtor cultural (eventos, encontros, debates, exposições), etc.

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