1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS COLÉGIO TÉCNICO GEOPOLÍTICA PROF. ELIEZER Grupo: Alice Freitas, Esther Frois, Isabela Conceição, Julia Alvarenga, Keslya Jennifer e Maria Clara Nunes. OS INIMIGOS ÍNTIMOS DA DEMOCRACIA, de Tzvetan Todorov O AUTOR Tzvetan Todorov é historiador nascido na Bulgária em 1939. Estudou filologia em Sofia e emigrou para Paris em 1963, tornando-se cidadão francês dez anos depois. Seu orientador no doutorado foi Roland Barthes (1967 Literatura e Significação). Escritor publicou, entre outros, Memória do Mal, Tentação do Bem (2002), O Medo dos Bárbaros (2009) e A Beleza salvará o mundo (2011). Todorov também é crítico literário, ensaísta e militante da justiça e dos direitos humanos. Foi professor visitante em quatro universidades norte-americanas (Yale, Columbia, Harvard e Berkeley) e pesquisador do Centro Nacional de pesquisa Científica da França. O LIVRO A palavra-chave do livro é descontentamento, que, segundo o autor, é incompatível com a liberdade, com a democracia. O livro percorre a historia e o a evolução do pensamento para explicar as bases fundamentais da liberdade, do ponto de vista religioso e filosófico, e o faz de maneira rápida, incisiva. Comenta as ideias de Pelágio e de Agostinho, além de costurar a proposta iluminista. O ponto de partida e o eixo do livro são as ameaças à democracia. O autor expõe sua visão de que há inimigos internos que a ameaçam e mostra acontecimentos recentes que confirmam sua tese. Evidentemente, os Estados Unidos da América são os protagonistas, mas a Europa também é merecedora de especial atenção. O messianismo e o ultraliberalismo (o neoliberalismo deu um passo a mais) são os dois elementos primeiros a compor a ameaça e estão diretamente mais vinculados à ação norte-americana, fundamentalmente na política externa e na administração econômica. O populismo e a xenofobia vêm logo em seguida, postos de maneira escancarada na realidade da disputa de poder nos países europeus. O texto é direto, o autor alcança rapidamente o coração das questões, expõe os conceitos e os fatos de maneira nítida, sem evangelização, sem ranços ideológicos, para, em seguida, mostrar as contradições enormes que efetivamente corroem o tecido das bandeiras mais importantes que a humanidade costurou ao longo de séculos, a liberdade, a democracia. CRÍTICA O tema do livro não é novo e não é simples. O exercício do poder sempre mereceu atenção. A democracia, a liberdade e o progresso freqüentam o discurso e a prática de todos. A abordagem deste livro, entretanto, é original, consistente e oportuna. O autor é um acadêmico, e mantém o rigor, sem concessões. É também um historiador, e escolhe com precisão os fatos em que se apoiar, preferindo, inclusive, os mais recentes. Entretanto, fundamentalmente, o autor é um escritor, e este aspecto confere ao livro qualidades incomuns nesta área. O tema é pesado, mas o texto é leve, flui. Os conceitos são densos, mas o olhar é novo, o ângulo é singular. O leitor pode passear pela religião, pela filosofia, pela história e pela geografia, pelos interesses e pela alma humana sentindo a mão de Tzvetan Todorov a guiá-lo. O passeio e breve, mas intenso. Segunda opinião Disponível em: Segunda opinião. OS INIMIGOS ÍNTIMOS DA DEMOCRACIA. Publicado em: 26 Mai. 2014. Disponível em: <http://www.segundaopiniao.jor.br/viva-o-livro.php/livro/66/os-inimigos-intimos-da- democracia>. Acesso em: 28 Mai. 2014.

Os inimigos íntimos da democracia, de Tzvetan Todorov. Resenha

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Os inimigos íntimos da democracia, de Tzvetan Todorov. Resenha

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS COLÉGIO TÉCNICO

GEOPOLÍTICA PROF. ELIEZER

Grupo: Alice Freitas, Esther Frois, Isabela Conceição, Julia Alvarenga, Keslya Jennifer e Maria Clara Nunes.

OS INIMIGOS ÍNTIMOS DA DEMOCRACIA, de Tzvetan Todorov

O AUTOR

Tzvetan Todorov é historiador nascido na

Bulgária em 1939. Estudou filologia em Sofia e

emigrou para Paris em 1963, tornando-se cidadão

francês dez anos depois. Seu orientador no

doutorado foi Roland Barthes (1967 Literatura e

Significação). Escritor publicou, entre outros,

Memória do Mal, Tentação do Bem (2002), O

Medo dos Bárbaros (2009) e A Beleza salvará o

mundo (2011). Todorov também é crítico literário,

ensaísta e militante da justiça e dos direitos

humanos. Foi professor visitante em quatro

universidades norte-americanas (Yale, Columbia,

Harvard e Berkeley) e pesquisador do Centro

Nacional de pesquisa Científica da França.

O LIVRO

A palavra-chave do livro é

descontentamento, que, segundo o autor, é

incompatível com a liberdade, com a democracia.

O livro percorre a historia e o a evolução

do pensamento para explicar as bases

fundamentais da liberdade, do ponto de vista

religioso e filosófico, e o faz de maneira rápida,

incisiva. Comenta as ideias de Pelágio e de

Agostinho, além de costurar a proposta iluminista.

O ponto de partida e o eixo do livro são as

ameaças à democracia. O autor expõe sua visão de

que há inimigos internos que a ameaçam e mostra

acontecimentos recentes que confirmam sua tese.

Evidentemente, os Estados Unidos da América

são os protagonistas, mas a Europa também é

merecedora de especial atenção. O messianismo e

o ultraliberalismo (o neoliberalismo deu um passo

a mais) são os dois elementos primeiros a compor

a ameaça e estão diretamente mais vinculados à

ação norte-americana, fundamentalmente na

política externa e na administração econômica. O

populismo e a xenofobia vêm logo em seguida,

postos de maneira escancarada na realidade da

disputa de poder nos países europeus.

O texto é direto, o autor alcança

rapidamente o coração das questões, expõe os

conceitos e os fatos de maneira nítida, sem

evangelização, sem ranços ideológicos, para, em

seguida, mostrar as contradições enormes que

efetivamente corroem o tecido das bandeiras mais

importantes que a humanidade costurou ao longo

de séculos, a liberdade, a democracia.

CRÍTICA

O tema do livro não é novo e não é

simples. O exercício do poder sempre mereceu

atenção. A democracia, a liberdade e o progresso

freqüentam o discurso e a prática de todos. A

abordagem deste livro, entretanto, é original,

consistente e oportuna. O autor é um acadêmico, e

mantém o rigor, sem concessões. É também um

historiador, e escolhe com precisão os fatos em

que se apoiar, preferindo, inclusive, os mais

recentes. Entretanto, fundamentalmente, o autor é

um escritor, e este aspecto confere ao livro

qualidades incomuns nesta área. O tema é pesado,

mas o texto é leve, flui. Os conceitos são densos,

mas o olhar é novo, o ângulo é singular. O leitor

pode passear pela religião, pela filosofia, pela

história e pela geografia, pelos interesses e pela

alma humana sentindo a mão de Tzvetan Todorov

a guiá-lo. O passeio e breve, mas intenso.

Segunda opinião

Disponível em: Segunda opinião. OS INIMIGOS ÍNTIMOS DA DEMOCRACIA. Publicado em: 26 Mai. 2014. Disponível em: <http://www.segundaopiniao.jor.br/viva-o-livro.php/livro/66/os-inimigos-intimos-da-democracia>. Acesso em: 28 Mai. 2014.