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Os Essenciais da Missão - Ronaldo Lidório

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Palestra apresentada por ocasião do 5º Congresso Brasileiro de Missões em 2008

Os essenciais da missão © 2011 Instituto AntroposPublicado em português

© Ronaldo Lidório. Todos os direitos são reservados

1ª edição – 2011

Editoração e ArteGedeon Lidório

RevisãoKézia Lidório

Ficha Catalográfica

Lidório, RonaldoOs essenciais da missão / Ronaldo Lidório.

Manaus. Instituto Antropos, 2011

1.Vida Cristã 2. Missões 3. Teologia Bíblica

www.instituto.antropos.com.br

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Sumário

Introdução

Capítulo 1: A mensagem missional: o Evangelho é o poder de Deus

Capítulo 2: A necessidade missional: a humanidade é indesculpável

Capítulo 3: A motivação missional: o amor a Deus

Capítulo 4: A manifestação missional: Deus nos convida a crer

Últimas palavras

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INTRODUÇÃO

O Pacto de Lausanne, oficializado em 1974 por líderes de 150 países, sintetizou a missão da Igreja, expressando que o propósito de Deus é oferecer o evangelho todo, por meio de toda a Igreja, a toda criatura, em todo o mundo.

Deixa, assim, bem claro que a missão de Deus é o mundo. O método de Deus é a Igreja. O tempo de Deus é hoje.

Paulo escreve a carta aos Romanos quando estava em Corinto, possivelmente no ano 57. Ele estava de partida para Jerusalém, levando a oferta para os crentes pobres e aproveita a saída de Febe, uma senhora de Cencréia (derredores de Corinto) que viajava para Roma, para escrever uma carta a esta nova e respeitada igreja.

Havia tanto judeus quanto gentios na igreja de Roma, mas os gentios predominavam em número. Era uma igreja com a fé alicerçada em Cristo e liderança reconhecida. Paulo estava no fim de sua terceira viagem missionária e planejava seu próximo passo. Ele, assim, escreve à igreja antes mesmo de visitá-la. Uma comunidade de crentes no centro do Império, em uma cidade com cerca de um milhão de pessoas.

Paulo escreve essa carta “a duas mãos”, por assim dizer, como teólogo e como missionário. Como teólogo, ele enfatiza que a finalidade da Igreja é a glória de Deus. Como missionário, ele expõe que a prioridade da Igreja é proclamar Cristo onde Ele não foi anunciado.

Agostinho, Lutero e John Wesley vieram ao Senhor Jesus por meio dos textos da carta aos Romanos. Lutero afirma que jamais um

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Introdução

texto mudou tanto a vida de homens e mulheres como o dessa carta; João Crisóstomo pedia que lhe fosse lida uma vez por semana; Calvino dizia que era uma introdução à Bíblia; e Melancton a transcreveu, duas vezes, à mão, para conhecê-la melhor.

No capítulo 1, verso 1, de Romanos, Paulo se apresenta e o faz a partir de suas convicções mais profundas.

Ele, aqui, é “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus”.

Ele afirma ser “servo” – doulos – escravo comprado pelo sangue do Cordeiro, liberto das cadeias do pecado e da morte e, apesar de livre, cativo pelo Senhor que o libertou.

Ele afirma ser chamado para ser “apóstolo”, demonstrando que alguns servos podem ser chamados ao apostolado, porém não há apóstolos que não sejam, primeiramente, servos.

Ele é “chamado” por Deus. Em Efésios 4, ele entende que o Senhor Jesus chama, dentre todos na Igreja, “alguns” para serem apóstolos, profetas, pastores, evangelistas e mestres.

Quem nós somos, nosso chamado em Cristo, é mais determinante para nosso ministério do que para onde iremos. Não há na Palavra de Deus um chamado geográfico (para a China, Índia etc.), ou mesmo étnico (para os indígenas, africanos etc.). O chamado bíblico é funcional, quem somos em Cristo Jesus, e não para onde iremos.

Na exposição de Paulo, alguns foram chamados para serem apóstolos, ou “a pedrinha lançada bem longe”, na expressão de John Knox. São aqueles que vão aonde a igreja ainda não chegou. Há os profetas, que falam da parte de Deus e comunicam Sua verdade. Há os chamados para serem pastores, que amam e cuidam do rebanho de Cristo. Esses são os que amam estar com o povo de Deus e se realizam ministerialmente cuidando desse povo. Há os evangelistas, que são os

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Introdução

“modeladores” do evangelho, ou seja, os discipuladores. São os irmãos que fazem um trabalho nos bastidores, de discipulado, extremamente relevante para o Reino, o crescimento e amadurecimento da Igreja. Por fim, há os mestres, que ensinam a Palavra de forma clara e transformadora. São aqueles que leem a Palavra e a expõe, o fazendo de forma tão clara que marcam vidas e corações.

Na dinâmica do chamado há, certamente, uma direção geográfica. Se alguém possui convicção de que Deus o quer na Índia, isso significa que há uma direção geográfica de Deus, não um chamado ministerial. Mas notem: a direção geográfica muda, e mudou diversas vezes na vida de Paulo. O chamado, porém, permanece.

Paulo foi chamado para os gentios, como, por vezes, expressa. Era uma força de expressão para seu perfil missionário, pois, com exceção dos judeus, todo o mundo era gentílico. Assim, ele expressa em Romanos 15.20 a prioridade geográfica do ministério da Igreja: “onde Cristo ainda não foi anunciado”. Na época, prioritariamente entre os gentios. Hoje, porém, pode ser perto e pode ser longe. Uma pessoa, de qualquer língua, raça, povo ou nação, que ainda não tenha ouvido as maravilhas do evangelho, é a prioridade de Deus para a obra missionária.

Vivemos dias difíceis em que as convicções bíblicas mais profundas são questionadas dentro e fora da Igreja. É necessário alicerçarmos nossas convicções bíblicas missionais.

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Capítulo 1

A mensagem missional: o evangelho é o poder de Deus.

“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”. (Rm 1.16)

Temos, frequentemente, uma má compreensão bíblica sobre o evangelho. No meio missionário, ouvimos que o “evangelho está se expandindo”, que o “evangelho está crescendo”, que o “evangelho está sofrendo oposição”, pois compreendemos evangelho como Igreja, ou como movimento missionário. Paulo sempre alterna sua ênfase evangelizadora, ora dizendo que prega o evangelho, ora dizendo que prega Cristo.

Não estamos, com isso, afirmando que Jesus é o conteúdo do evangelho, mas que Jesus é o próprio evangelho. A expressão grega euaggelion – boas novas – refere-se ao cumprimento da promessa – epaggelia. Jesus é, portanto, tanto a epaggelia quanto o euaggelion – tanto a promessa quanto seu cumprimento. É uma expressão validadora que a promessa profetizada em todo o Novo Testamento está entre nós.

A promessa chegou e está entre nós. Ela se chama Jesus.

Jesus, portanto, é o evangelho. Usando cores fortes no verso 16, Paulo afirma que “não me envergonho do evangelho”, ao que ele quer dizer: “eu não me envergonho de Jesus”. Quando ele afirma que o evangelho “é o poder de Deus”, deseja comunicar que “Jesus é o poder de Deus”. Quando ele, categoricamente, destaca que o evangelho é poderoso para “salvar a todo aquele que crê”, refere-se a Cristo: Jesus é

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Capítulo 1 - A mensagem missional: o Evangelho é o poder de Deus

poderoso para salvar a todo aquele que crê.

Assim, se nos envergonharmos do evangelho, estamos nos envergonhando de Jesus. Se deixarmos de pregar o evangelho, deixamos de pregar Jesus. Se não cremos no evangelho, não cremos em Jesus. Se passamos a questionar o evangelho, seus efeitos perante as culturas indígenas, africanas e asiáticas, sua relevância, nós não estamos questionando uma doutrina, um movimento ou a Igreja, estamos questionando Jesus.

O que Paulo expressa nesse primeiro capítulo é que, apesar do pecado, do diabo, da carne e do mundo, não estamos perdidos no universo, há um plano de redenção e Ele se chama Jesus. O poder de Deus se convergiu em Jesus. Ele nos amou com amor infinito. Ele está entre nós.

Paulo diz de forma claríssima: “Não me envergonho”. A expressão aqui usada para vergonha apontava para uma posição de desconforto, quando alguém é destacado e criticado por muitos, ridicularizado.

Entendamos o contexto. O mundo da época era imperialista humanista e triunfalista. Interessante como as filosofias sociais não mudaram tanto em dois mil anos. O evangelho, porém, contendia com todas essas ideias e, assim, colocava Paulo em situação altamente desconfortável ao apresentar Jesus como a verdade de Deus para salvação de todo homem.

Em um mundo imperialista, Roma era o centro do universo e César o único capaz de organizar a sociedade de forma justa. Qualquer outra solução social que não passasse por Roma seria vista politicamente como uma afronta. Paulo, ao falar do evangelho de Deus como único capaz de solucionar os conflitos humanos, seria combatido politicamente, o que o colocava em clara situação de desconforto. A pregação do evangelho, assim, afrontava os pilares sociais e políticos.

Em um mundo humanista, sob influência grega, o homem

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Capítulo 1 - A mensagem missional: o Evangelho é o poder de Deus

habitava o centro do universo e qualquer ideologia ou filosofia só faria sentido se glorificasse a ele próprio. Ao falar sobre o evangelho de Deus, e não o evangelho do homem, Paulo certamente seria visto como um simplista cheio de religiosidade, alguém com uma mente menor. A pregação do evangelho, dessa forma, afrontava também a filosofia da época.

Em um mundo triunfalista, o universo era definido entre os conquistadores e os conquistados. Vencer batalhas e conquistar novas terras era o equivalente ao progresso. Ao falar sobre o evangelho de Deus como o único elemento capaz de vencer, glorificando o próprio Deus e não os homens, Paulo é visto como um derrotado. Assim, a pregação do evangelho afrontava também a maneira do homem enxergar a vida.

Portanto, há dois mil anos, falar do evangelho de Deus – falar de Jesus - poderia causar problemas políticos, gerar desprezo intelectual ao pregador e dar-lhe uma identidade de derrotado. Nada tão diferente de nossos dias.

Perante isso, o Apóstolo Paulo brada: “eu não me envergonho...”. O evangelho é o poder de Deus. O evangelho é Jesus.

Gostaria de destacar algumas implicações desta nossa convicção missional - de que o evangelho é o poder de Deus.

Em primeiro lugar, o evangelho jamais será derrotado, pois o evangelho é Cristo. Sofrerá oposição e seus pregadores serão perseguidos. Será caluniado, mas jamais derrotado.

Em segundo lugar, o evangelho não é o plano da Igreja para a salvação do mundo, mas o plano de Deus para a salvação da Igreja. O que valida a Igreja é o evangelho, não o contrário. Se a Igreja deixa de seguir o evangelho, de seguir a Cristo, se a Igreja passa a absorver o imperialismo, o humanismo, o triunfalismo, e esquecer-se de Jesus, deixa de ser Igreja. A Igreja só é igreja se for evangélica – se seguir o evangelho.

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Capítulo 1 - A mensagem missional: o Evangelho é o poder de Deus

Em terceiro lugar, o evangelho não deve ser apenas compreendido e vivido. Ele se manifestou entre nós para ser pregado pelo povo de Deus. Paulo usa essa expressão diversas vezes. Aos Romanos, ele diz que se esforça para pregar o evangelho (Rm 15.20). Aos Coríntios, ele diz que não foi chamado para batizar, mas para pregar o evangelho (1 Co 1.17). Diz também que pregar o evangelho é sua obrigação (1 Co 9.16).

Devemos proclamar o evangelho – lançar as sementes – a tempo e fora de tempo. Provérbios 11 nos encoraja a lançar todas as nossas sementes, “... pela manhã, e ainda à tarde não repouses a sua mão”. Essa expressão de intensidade e constância nos ensina que devemos trabalhar logo cedinho – quando animados e dispostos – e quando a noite se aproximar, o cansaço e as limitações chegarem, ainda assim não deixar de semear. Fala-nos sobre a perseverança na caminhada e no serviço. É preciso obedecer mesmo quando o sol se põe.

O Salmo 126 também nos fala sobre o lançar das sementes e, mais uma vez, liga a tarefa ao esforço e obediência: “quem sai andando e chorando enquanto semeia voltará para casa com alegria trazendo seus feixes, o fruto do trabalho”. Para cumprirmos o ministério que Jesus nos confiou é necessário andar e chorar. E é certo que muitos fazem ambas as coisas. Tantas idas e vindas, caminhos incertos, a impressão de que há sempre mais um passo a dar, alguém a ajudar, uma pessoa a evangelizar. E as lágrimas, que descem abundantes com a saudade que bate, a enfermidade que chega, o abraço que não chega, o fruto que não é visível, o coração que já amanhece apertado, o caminho que é longo demais.

Guarde seu coração enquanto anda e chora. Não perca a alegria de viver e caminhar, nem a mansidão, nem a oração, ou o humor, ou o amor.

Não deixe de semear, mesmo quando está difícil. Lance a semente em todas as terras. Uma semente há de germinar e talvez a mais improvável, a que menos promete. Não dê ouvidos àquele que diz que não vai acontecer porque a terra é árida, você é incapaz, o povo

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Capítulo 1 - A mensagem missional: o Evangelho é o poder de Deus

nunca muda, o problema é grande demais, o sol é forte e o vento está chegando. Lance a semente.

As sementes são as mesmas, é a verdade de Deus, mas as mãos que as lançam são diferentes. Algumas as lançam a partir de sermões pregados nos púlpitos das igrejas. Outras ajudando o caído ao longo do caminho. Ainda outras se juntando em intercessão para que o Reino avance, ou ainda contribuindo, encorajando o caído ou dando a mão ao aflito.

Cada um de nós possui uma rota de vida única e insubstituível. Nos caminhos pelos quais você passa, outro jamais passará. A rede de contato, amizade, relacionamentos que você tem, outro jamais terá. Suas habilidades e oportunidades também são únicas. Cabe a cada um de nós, portanto, lançar todas as sementes que Ele nos confiou.

Jim Elliot, missionário entre os Auca do Equador, na década de 50, afirmou que “ao chegar o dia da nossa morte, nada mais devemos ter a fazer, a não ser morrer”. Observe sua vida e lance a semente, cumprindo a missão.

Não importa mais o que façamos em nossas iniciativas missionárias, é preciso pregar o evangelho. A pregação abundante do evangelho, portanto, não é apenas o cumprimento de uma ordem ou uma estratégia missionária, mas o reconhecimento do poder de Deus. Uma igreja, uma pessoa, uma missão que não proclama Jesus está, paradoxalmente, menosprezando a expressão do poder de Deus na terra e a própria essência do evangelho, que é Jesus.

Paulo está dizendo, por outro lado, que é possível haver motivos humanos para um sentimento de vergonha, ou seja, constrangimento, ao pregar o evangelho. Haverá humilhação, desprezo e perseguição. Mas “não me envergonho” porque o evangelho é Jesus.

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Capítulo 2

A necessidade missional: a humanidade é indesculpável

“A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça”. (Rm 1.18)

No verso 20, ele afirma que Deus se manifestou desde a criação. Deus se manifestou e continuamos impiedosos e perversos. Somos, assim, indesculpáveis.

Notem que a “ira de Deus” não se manifesta contra o homem, mas contra a impiedade e perversão do homem.

A “impiedade” refere-se a termos rompido com os valores de Deus. A “perversidade” refere-se a termos rompido com os valores dos homens. Expõe, portanto, um homem corrompido e criador de sua própria verdade.

Nem tudo o que é cultural é puro. O relativismo ético tem tentado moldar a presente geração, convencendo-a de que toda prática humana é justificável desde que seja aceita por um grupo, ou seja, pelo próprio homem. A Palavra nos afirma o contrário: as práticas que fomentam o sofrimento do próximo e o distanciamento de Deus nos condenam – somos indesculpáveis.

Nos versículos 19 e 20, Deus se manifesta através da criação e há aqui um elemento universal: um Deus soberano, criador, controlador do universo e detentor da autoridade sobre a criação. Os homens, citados no verso 18, tornam-se indesculpáveis por ser Deus revelado na criação

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Capítulo 2 - A necessidade missional: a humanidade é indesculpável

“desde o princípio do mundo”, sendo revelado tanto o “seu eterno poder” quanto “a sua própria divindade”. Portanto, perante um homem caído, existente em sua própria injustiça, impiedoso e perverso, Paulo não destaca soluções humanas, eclesiásticas ou mesmo sociais. Ele nos apresenta Deus. Na teologia paulina, a solução para o homem não é o homem, mas é Deus e Sua revelação.

Paulo está aqui, com forte tônica teológica, descrevendo a necessidade humana. Precisamos de Deus!

Em nosso estado natural após a queda – impiedade e perversidade – estamos perdidos. Podemos convencer alguém de que é pecador, mas apenas o Espírito Santo poderá convencê-lo de que está perdido. O homem natural não se enxerga perdido, mesmo se enxergando pecador, o que o pretere de buscar a salvação em Cristo. Somente quando o Espírito Santo intervém, ele é convencido de sua premente necessidade de Cristo.

O mundo hoje, após dois mil anos em que essa Palavra foi revelada, continua impiedoso, perverso, perdido e necessitado de Deus.

40 milhões de africanos falam mais de 1.200 línguas que ainda nada conhecem do evangelho de Cristo. Na América Latina, um terço das línguas nada tem da Palavra de Deus. Há ainda bem mais de 100 etnias indígenas, no Brasil, sem presença missionária, e mais de 180 sem uma igreja local entre eles. A Europa vive hoje uma fase pós-cristã, na qual pregar o evangelho é tarefa das mais árduas. Alguns dizem que verdadeiros missionários pregam o evangelho nos lugares menos desenvolvidos, mais pobres e isolados do planeta. Ledo engano. Na África e na Amazônia, pessoas sentam-se ao seu redor para ouvir, mas não na Europa. Ali o evangelho é ridicularizado, como também o evangelizador.

O Islamismo, nos últimos cinco anos, cresceu 500% no mundo. O Budismo 100%. O Hinduísmo 70%. O Cristianismo 45%. O Islamismo não é apenas a religião que mais cresce no mundo hoje, mas é também

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Capítulo 2 - A necessidade missional: a humanidade é indesculpável

a religião predominante em 43 países. 20% da população mundial são islâmicos. Os Islâmicos esperam que, dentro de 20 anos, sua religião se torne a mais ativa na Suécia, França e Inglaterra.

Há mais de 17 mil comunidades ribeirinhas e indígenas sem nada do evangelho, no norte do nosso país. O sul continua sendo um desafio imensurável, há poucas igrejas, pouco avanço e grande necessidade. O nordeste, apesar do abençoado avanço missionário nos últimos 15 anos, ainda possui bolsões nos quais Jesus é totalmente desconhecido e jamais foi apresentado ao povo local.

Há, oficialmente, 227 etnias indígenas no Brasil espalhadas em quase todo o território nacional, 593 terras indígenas demarcadas e uma população aproximada de 700 mil indivíduos, entre indígenas aldeados e urbanizados. Cerca de 60% da população indígena brasileira habita a Amazônia Legal, composta pelos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão. A estimativa é que haja 350 mil índios vivendo em aldeamentos e aproximadamente o mesmo número em povoados, pequenas cidades e capitais.

A percepção do dimensionamento étnico, porém, passa por diversos filtros que nublam uma estatística mais segura. Um desses filtros é a existência dos grupos ainda isolados, ou seja, etnias que habitam em áreas remotas e que possuem pouco ou nenhum contato com os demais segmentos indígenas ou não indígenas. Há 36 grupos listados nessa categoria, mas podem chegar a 52. Há também várias etnias tratadas de forma unitária, que, na verdade, são diversos grupos com distintas identidades socioculturais e linguísticas. Um exemplo seriam os Yanomami, entre os quais há vários subgrupos que, pela similaridade externa, são aglutinados simplesmente como “Yanomami”, mas que compõem quatro etnias distintas. Por fim, há também os grupos ressurgidos, que, pela miscigenação com não-indígenas, perderam por algum tempo sua autoidentificação étnica e, por diversos motivos, hoje, voltaram a solicitar seu reconhecimento como indígenas. São os grupos mais aculturados, por assim dizer, e somam quase 40 em todo

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o território nacional. Alguns o fazem para terem acesso aos benefícios públicos do Estado; outros movidos por um processo de valorização do ser indígena. De forma geral, há ainda 180 etnias indígenas sem uma igreja local e, dessas, 103 sem presença missionária.

Cresce no mundo toda sorte de “perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça” (verso 18). Paulo enumera alguns atos de perversão. No verso 20, ele nos fala da perversão filosófica em que os homens, mesmo perante a manifestação de Um que tudo criou, procuram alicerçar suas vidas com base em seus próprios pensamentos corruptíveis. No verso 23, fala-nos da perversão religiosa em que mudaram a glória de Deus, incorruptível, em imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Fala-nos da idolatria. No verso 26 em diante, nos fala a respeito da perversão ética e menciona que o homem deixa o contato natural com a mulher e se relaciona homem com homem, cometendo torpeza. No verso 28, a Palavra nos diz que, por terem desprezado o conhecimento de Deus, o Senhor os entrega a uma “disposição mental reprovável”. Ou seja, a natureza humana é pecaminosa e o homem se põe a cometer “atos inconvenientes, cheios de injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e misericórdia” (Rm 1.29, 30 e 31).

O homem, portanto, não é condenado por não conhecer a história bíblica; é condenado por não glorificar a Deus. Os homens não são condenados por não ouvirem a Palavra; são condenados, cada um, por seu pecado.

Há alguns elementos bíblicos nesse precioso texto que nos ajudam a pensar em alguns princípios em relação ao evangelho.

Em primeiro lugar, há uma verdade universal e supracultural: Deus é soberano e dono de toda glória. Essa verdade fundamenta a proclamação do evangelho.

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Capítulo 2 - A necessidade missional: a humanidade é indesculpável

Em segundo lugar, o pecado intencional (perversidade e impiedade) nos separa de Deus. Não há como apresentar Deus que busca se relacionar com o homem sem expor o pecado humano e seu estado de total carência de salvação.

Em terceiro lugar, somos seres culturalmente idólatras. É comum ao homem caído gerar uma ideia de um deus que satisfaça aos seus anseios sem confrontá-lo com o pecado. Essa atitude é encontrada em toda a história humana e não colabora para o encontro do homem com a verdade de Deus.

Em quarto lugar, a mensagem pregada por Paulo é contextualizada, expondo Deus de forma compreensível. Não é inculturada, pregando um deus aceitável ou desejável, mas um Deus verdadeiro. Se amenizarmos a mensagem do pecado, contribuiremos para a incompreensão do evangelho, o sincretismo religioso e o esfriamento do movimento missionário.

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Capítulo 3

A motivação missional: o amor a Deus

Nesses dias, tenho pensado sobre os essenciais do Cristianismo. Estou convicto que os periféricos da vida e ministério podem facilmente nos desviar da prática de um Cristianismo bíblico e simples, fazendo com que nossa atenção, energias, dons e relacionamentos se desgastem nas notas de rodapé de uma religiosidade quase vazia. Há diversos essenciais na vida cristã. Um deles é o amor.

Preocupo-me quando apregoamos uma verdadeira espiritualidade, mas não amamos. Quando a Igreja não consegue chorar com os que choram, ou quando nossos relacionamentos vão se tornando cada vez menos sinceros e mais utilitários. Preocupo-me quando o mundo age com mais graça e misericórdia com o caído do que o povo de Deus o faz. Preocupo-me quando a Igreja passa a definir sua experiência de fé a partir de seus ajuntamentos solenes em vez dos seus relacionamentos diários. Preocupo-me quando não amamos.

Ao escrever a primeira carta aos Coríntios, Paulo reserva os capítulos 12 e 14 para expor sobre os dons espirituais, pois era um assunto de relevância e necessidade. Entre os dois capítulos sobre dons espirituais, Paulo enxerta um dos textos mais definidores da nossa fé, o capítulo 13, que nos apresenta a centralidade do amor na vivência cristã. Mostra-nos, assim, a possibilidade de sermos uma Igreja com aparência, forma e discurso espiritual, mas de fato carnal. Com a presença de dons espirituais, mas sem o essencial do Cristianismo. A mensagem nesse capítulo é clara: o amor é superior aos dons.

Sempre leio com temor os três primeiros versículos desse

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Capítulo 3 - A motivação missional: o amor a Deus

capítulo, pois confrontam minha vida ao afirmar que podemos ter dons espirituais, tamanha fé ou praticar toda sorte de ações sociais, porém sem amor nada haverá que, ao fim, possa ser aproveitado. Nem sermões bem preparados ou liturgias cúlticas. Nem ações missionárias ou grandes projetos sociais para ajudar o necessitado. O amor, aqui exposto, não é apenas superior aos dons, mas um marcador de nossa identidade cristã. Somos dEle quando buscamos amar.

Isso significa que minha vida em Cristo não pode ser definida puramente pelos dogmas que entendo e aceito, por um lado, nem mesmo pelas experiências de espiritualidade que vivencio, por outro. Sem amor serão vazios de significado. Minha vida em Cristo é definida pela presença do amor que não apenas é essencial, como também é automanifesto. Para nosso temor e tremor, o Espírito descreve nesse capítulo que o amor é perceptível, ou seja, ele deixa marcas. Ele é prático, notável e visível. Ele é paciente, esperando pela hora oportuna para o outro. É benigno, fazendo com que a dor do vizinho seja também a nossa. Não arde em ciúmes, portanto evita comparações e se nega a criticar o próximo. Torna-se, assim, impossível amar sem que as marcas do amor sejam vistas pelos que passam pela mesma estrada que nós.

Precisamos amar o próximo, o mínimo para não criticá-lo. Este próximo, o outro, diferente de nós, é nossa base de testes, o cenário no qual devemos aprender a praticar o ato mais sublime que vem do Pai, e somente dEle.

Tenho percebido que o amor prova a espiritualidade. Somos, naturalmente, seres construtores de máscaras e tais máscaras tendem esconder aquilo que é nitidamente carnal e vergonhoso. Assim, usando máscaras bem elaboradas, podemos falar sobre fé sem de fato crer; pregar contra o pecado sem intimamente repudiá-lo; expor sobre o amor e, na manhã seguinte, prejudicar o irmão. Um mecanismo que, claramente, prova nossa espiritualidade são os atos de amor.

O oposto do amor também é evidente. Gera incrível tolerância com nossas próprias limitações e fraquezas, enquanto torna-se

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Capítulo 3 - A motivação missional: o amor a Deus

gravemente intolerante com o próximo. Dessa forma, se alguém conversa com formalidade, é antipático, mas se nós o fazemos somos respeitosos. Se alguém brada ao pregar, está sendo artificial. Se nós bradamos é sinal de espiritualidade. Se alguém não faz, é preguiçoso, mas se nós não fazemos somos ocupados. Se alguém contrai uma dívida é irresponsável. Se nós nos endividamos é porque recebemos pouco. Se alguém discorda é soberbo, mas se nós discordamos somos criteriosos. Se alguém critica, o faz por estar tomado de inveja ou ciúmes. Se nós criticamos, estamos sendo zelosos. Se alguém repete um sermão, está sendo desleixado, mas se nós o fazemos, Deus quer falar novamente ao seu povo. Se alguém erra, era de se esperar vindo dele. Se nós erramos, errar é humano. Se alguém cai, suas atitudes carnais já indicavam isso. Se nós caímos, o inimigo preparou-nos uma armadilha. Se alguém brinca, está sendo mundano. Se nós brincamos somos informais. Se alguém ofende no falar é descontrolado. Se nós o fazemos somos sinceros. Sim, a ausência de amor falsifica a vida cristã e um dos claros sinais é a grave intolerância com o próximo e a permissividade conosco.

Neste precioso décimo terceiro capítulo da primeira carta aos Coríntios, do versículo 9 em diante, vemos que o amor é um aprendizado. Eu era menino e agora sou homem, via de forma obscura, agora vejo claramente. Ou seja, amar é um processo, uma caminhada. Nós não nascemos amando.

Para amarmos, devemos pedir que Ele nos ajude. O salmista, no Salmo 119, afirma que andará nos caminhos do Senhor quando Ele dilatar o seu coração. Precisamos de corações dilatados, abertos, prontos para amar. Peçamos ao Pai, pensando nos cenários diários de nossas vidas, dizendo: ensina-me a amar. Para investirmos na jornada do amor, creio que é preciso nos desapegar daquilo que é incompatível com o amor. John Edwards, em seu livro Afeto Religioso, nos fala sobre a incompatibilidade do amor com as palavras de agressão. Devemos nos desapegar daquilo que pretere e cerceia o amor em nossas vidas. Jamais amaremos enquanto nossa agenda diária estiver repleta de competitividade, ciúmes, falso zelo, comparações desnecessárias, soberba e agressões.

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Capítulo 3 - A motivação missional: o amor a Deus

Mas, creio que, além do já descrito, o amor também nos conduz à missão. Somos todos, certamente, capazes de apregoar os fundamentos da missão e expor com clareza o conceito de sua integralidade. Mas sem amar continuaremos passando ao largo perante o caído ao longo do caminho, que sofre, e virando o rosto aos que ainda não ouviram de Jesus. Seremos, assim, cristãos de gabinete, escrevendo sobre o que não experimentamos, ou cristãos pragmáticos, fazendo o que é certo pelos motivos errados, sem amor.

Lutero, citado por Mahaney em seu livro “Glory do Glory”, nos disse que “esta vida, portanto, não é justiça, mas crescimento em justiça. Não é saúde, mas cura. Não é ser, mas se tornar. Não é descansar, mas exercitar. Ainda não somos o que seremos, mas estamos crescendo nesta direção. O processo ainda não está terminado, mas vai prosseguindo. Não é o final, mas é a estrada. Todas as coisas ainda não brilham em glória, mas todas as coisas vão sendo purificadas”.

Após pregar sobre os essenciais da nossa fé na Igreja Konkomba de Gana, em 1999, lembro-me que um dos crentes me procurou depois do culto perguntando: por onde devo começar? Fui para casa pensando nessa pergunta. No outro dia o procurei e, rapidamente, o encontrei embaixo de uma árvore rodeado por amigos em alegre conversa. Sentei-me ao seu lado e sussurrei no seu ouvido: comece procurando aquele com o qual você foi intolerante e não amou como Cristo. Após um minuto, pensativo, ele se levantou e saiu caminhando com passos curtos e lentos. Santa caminhada. Nada fácil, mas alegra o coração daquele que é Amor.

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Capítulo 4

A manifestação missional: Deus nos convida a crer

“porque Deus lhes manifestou”. (Rm. 1.19)

Somos salvos pela manifestação de Deus. As nações - todo aquele que crê – serão salvas pela manifestação de Deus. Não pela capacidade da Igreja, por suas estratégias bem torneadas, por suas mentes brilhantes, por sua habilidade linguística ou teológica, mas pela manifestação de Deus.

Deus não é manifestado, Ele se manifesta. Ele é o iniciador da nossa salvação. Seu amor é a segurança de que somos salvos.

C.S. Lewis nos diz que a imutabilidade do caráter de Deus – Pai amoroso – é a segurança de nossa salvação. A fé não é a fé na Igreja, ou a fé na própria fé, mas sim a fé em Deus, naquEle que se manifesta.

No capítulo 1, verso 17, Paulo nos diz que “a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”.

Em meio ao caos do pecado, diz Paulo, o justo viverá. Viverá por fé.

Ele aqui reproduz a mensagem de Habacuque (Habacuque 2.4), que faz essa afirmação 600 anos antes de Cristo. Para entendermos essa verdade, precisamos pensar no profeta Habacuque.

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Capítulo 4 - A manifestação missional: Deus nos convida a crer

No primeiro capítulo do livro de Habacuque, o profeta denuncia o sofrimento do povo de Deus. Diz que, perante o ataque dos caldeus, o povo sofre violência, destruição, prisão e humilhação. E pergunta: “Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostras a iniquidade e me fazes ver a opressão?” (1.2-3). O profeta pede que Deus mude as circunstâncias, que anule o sofrimento.

Deus responde à Habacuque, mas não é a resposta que ele deseja ouvir. O Senhor diz que haverá ainda mais destruição, morte e sofrimento. Habacuque se desespera e diz que se porá na torre de vigia. Habacuque não sabe o que fazer. Pede paz e o Senhor lhe anuncia coisas ainda mais terríveis. Pede que o sofrimento cesse e o Senhor lhe apresenta sofrimento ainda maior. Habacuque, porém, confia no caráter do Senhor e diz: eu esperarei.

Ali, Habacuque reflete e percebe que Deus possui motivos para castigar o seu povo. Identifica, assim, a idolatria, a autoconfiança e a iniquidade. Habacuque ainda aguarda na torre de vigia e espera a misericórdia do Senhor.

Ao fim, ele percebe que “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é minha fortaleza” (Hc 3. 17-19).

O profeta percebe que Deus não perdeu Seu poder mesmo perante o caos. Deus não deixa de ser Deus quando se cala. E Deus permite o caos para nos ensinar a crer. O profeta percebe que Deus o convida a crer e esse é o assunto central no diálogo entre Habacuque e Deus. Habacuque pede que o Senhor mude as circunstâncias, mas Deus lhe convida a crer que Ele é Deus mesmo no meio da tempestade.

No capítulo 3.17, Habacuque exclama, aquilo que iria levar Paulo, após 600 anos, a fundamentar a carta aos Romanos, e aquilo que levaria

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Capítulo 4 - A manifestação missional: Deus nos convida a crer

Lutero, após 2.100 anos, a iniciar a Reforma: “O justo viverá por fé”.

Deus não convida os povos a ver, mas a crer. Deus nos convida a ter fé. E a fé vem pelo ouvir, o ouvir da Palavra do Senhor.

Não há nada mais poderoso em nossas ações missionárias do que proclamarmos a Palavra do Senhor. Ela gera fé. Ela transforma o coração mais duro, a nação mais forte, o homem mais ímpio. Ela transformou a minha e a sua vida. Fará isso ainda com milhões. A missão da Igreja não é apenas clamar por paz, ou pedir que o Senhor mude as circunstâncias. A missão da Igreja é proclamar a Palavra que gera fé, converte o coração, transforma as nações.

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Últimas palavras

Partilhamos nessas linhas algumas convicções missionais: a mensagem missional (o evangelho - Jesus - é o poder de Deus); a necessidade missional (o homem, impiedoso e perverso, está perdido); e a manifestação missional (Deus convida o mundo a crer: o justo viverá por fé).

O pastor Hernandes Dias Lopes diz que a obra missionária é imperativa, intransferível e inadiável. Ele tem razão. Diz também que a Igreja é a única que não ouve e obedece a voz de Deus.

Deus ordenou e sua Palavra sempre foi obedecida. Ele disse ‘haja luz’ e houve luz. Falou ao mar e ele se abriu. Sua palavra foi obedecida por demônios que foram expulsos, enfermos que foram sarados, muralhas que caíram. Ele falou à tempestade e ela se acalmou.

Ele também ordenou a igreja: vá por todo o mundo anunciar Jesus a todas as nações. Após dois mil anos de Cristianismo, Jesus ainda permanece desconhecido por boa parte do planeta, mais de 3.500 línguas faladas por dois bilhões de pessoas não o conhecem. Será a Igreja, perante todos, a única a desobedecer ao comando do Senhor?