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O jogo como função educativa segundo alguns autores
Froebel dizia que "o jogo é o espelho da vida e o suporte da aprendizagem",
tendo sido um dos primeiros educadores a utilizá-lo na educação de crianças. Ele
criou materiais diversos, que conferiram ao jogo uma dimensão educativa.
Maria de Montessori (1960), respeitando as manifestações espontâneas da
criança utiliza, amplamente, os jogos sensoriais para exercitar e desenvolver
cada um dos sentidos. Para ela, a educação do conhecimento efectua-se através
das sensações. Montessori percebeu que a brincadeira transmite à criança o
amor pela ordem, o amor pelos números, pelas figuras geométricas, pelo ritmo e
transferiu para a sua pedagogia, a utilização de jogos e materiais pedagógicos
capazes de desenvolver nas crianças o sentido da ordem, ritmo, forma, cor,
tamanho, do movimento, da simetria, da harmonia e do equilíbrio.
Decroly (1914) também valorizou na sua pedagogia, a actividade lúdica,
transformando os jogos sensoriais e motores em jogos cognitivos, ou de iniciação
às actividades intelectuais propriamente ditas. Nele, a ideia chave é o
desenvolvimento da relação nas necessidades da criança, no trabalho e,
sobretudo, na reflexão.
O jogo como função educativa
Quando se fala de jogo educativo referimo-nos ao jogo elaborado na intenção de distrair e instruir ao mesmo tempo. Desta forma, o jogo educativo tem sempre duas funções: uma função lúdica, na qual a criança encontra prazer ao jogar, e uma função educativa, através da qual o jogo ensina alguma coisa, ajuda a desenvolver o conhecimento da criança e a sua apreensão do mundo.
Todo o valor do jogo educativo, na escola, está no cumprimento destas
duas funções. Se ele perde o carácter lúdico em benefício da aprendizagem,
transforma-se num instrumento de trabalho, num mero objecto de instrução e aí
o jogo deixa de ser jogo. A brincadeira, para ser auxiliar da aprendizagem,
precisa de conciliar a função lúdica e educativa, sabendo que o facto de brincar
não anula totalmente a dimensão educativa, nem esta se deve converter na
única razão de utilizar o jogo na escola. Tudo isto põe ao educador a
responsabilidade do planeamento e selecção das actividades na escola. Como
proceder? Pelo menos quatro critérios devem ser levados em conta:
Em primeiro lugar, o valor experimental do jogo, isto é, o que ele permite à
criança desenvolver como experiência, como manipulação;
Em segundo lugar, o valor da estruturação, contribuição para a construção
e estruturação da personalidade da criança;
Em terceiro lugar, o valor da relação; de que maneira a brincadeira
permite à criança relacionar-se com os outros e com o meio ambiente;
Em quarto lugar, o valor lúdico como tal: que prazer, alegrias e emoções a
brincadeira vai causar às crianças que brincam.
O que é o jogo dramático segundo alguns autores?
"Uma acção de uma actividade voluntária, realizada dentro de certos
limites de tempo e de lugar, segundo uma regra livremente consentida, mas
imperativa, provinda de um fim em si, acompanhada de um sentimento de
tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente do que se é na vida
normal."
(Johan Huizinga)
"Antes de tudo, prazer. É também uma actividade séria em que o fingir,
as estruturas ilusórias, o geometrismo infantil, a exaltação, têm uma importância
considerável."
(Jean Chateau)
"Toda a ocupação sem qualquer outra finalidade que não seja a ocupação
em si mesma. É uma actividade fortuita e infinitamente flexível que nos brinda
uma oportunidade para ampliar e reorientar tanto a mente como o espírito."
(Newson)
O jogo dramático na escola
O jogo dramático atinge o seu expoente máximo no Jardim-de-infância, é
um jogo em que a criança faz de conta que é outrem, simulando o real através
da experimentação e representação de papéis e situações do universo das suas
relações sociais.
Quando as crianças se encontram na nos diversos departamentos
existentes dentro de cada sala de aula como por exemplo a"Casinha das
Bonecas" jogando cada uma delas o papel de Mãe, elas expressam o modo como
sentem a realidade representando as suas vivências quotidianas. Porque o
processo verbal é complicado, expressam-no pela acção, pelo jogo, revivendo a
realidade.
Nos diferentes espaços, as crianças exteriorizam o que vivem interiormente,
expressando pela acção, ideias, sentimentos e emoções e traduzindo muitas
vezes a imitação de tarefas, papéis e actividades do adulto. Para além do desejo
de compreensão de todo esse mundo, as crianças expressam o que dele sentem.
A actividade de jogo dramático descrito não resulta de regras, não resulta
da vontade de produzir uma obra nem de nenhuma expressão estética
determinada, antes resulta da vontade da criança em exprimir os seus
sentimentos, emoções e interesses face a uma realidade que deseja viver e
reviver através da acção.
Mas a criança, neste processo de jogo dramático, deseja comunicar com o
outro o que sente. Para sua afirmação e para exteriorização do Eu, tem
necessidade que outro jogue também.
Nesta actividade a criança necessita de uma matriz planificada; necessita
igualmente de uma observação sistematizada e de intervenção. Com efeito, para
que a espontaneidade da criança se desenvolva torna-se necessário induzi-la
directa e indirectamente.
Directamente, assumindo a educadora papéis específicos que permitam
fazer evoluir o jogo; indirectamente, pela construção de cenários pedagógicos
cuidadosa e planificadamente preparados assim como pela colocação de vários
materiais e adereços postos à disposição das crianças.
O jogo dramático no desenvolvimento educativo
“O jogo dramática encoraja a criança a expressar o seu mundo interior e a
sua fantasia, reflexo da sua realidade própria e ajuda-a a integrar-se no mundo
exterior dentro do seu esquema de pensamento.”
O jogo dramático tem um forte valor educativo a vários níveis porque se
tivermos em atenção ajuda a criança:
A expressar-se; uma vez que a criança está continuamente
registando impressões e factos acerca dela própria e do mundo que a rodeia e
porque no drama ela exprime os seus sentimentos ou o seu sentido das coisas, e
com o estimulo dos que a observam, pode reconsiderar e pode fazer um
ajustamento, clarificando e compreendendo e desenvolvendo o seu “eu” em
relação ao mundo que a rodeia;
A desenvolver a imaginação; porque o trabalho da imaginação
envolve a transferência do “eu” para uma situação diferente ou não presente, ou
para uma identificação com “outro”. Esta modalidade mental ajuda para uma
compreensão mais clara de como as outras pessoas vivem e sentem.
Função importante na sociabilidade. Por outro lado a imaginação está na
essência de toda a criatividade, transformando experiências e imagens
acumuladas, em novas ideias.
A desenvolver a oralidade, porque a comunicação oral é
resultado de um envolvimento autêntico em situações em que existe um
verdadeiro contacto humano.
De um autêntico desejo de expressar sentimentos e ideias, do qual resulta uma fluência, um vocabulário apropriado, uma riqueza de entonações e uma força emocional que desenvolve uma comunicação verdadeira e original. E enriquece a personalidade futura.
A desenvolver a oralidade; porque a comunicação oral é
resultado de um envolvimento autêntico em situações em que existe um
verdadeiro contacto humano. De um autêntico desejo de expressar sentimentos
e ideias, do qual resulta uma fluência, um vocabulário apropriado, uma riqueza
de entonações e uma força emocional que desenvolve uma comunicação
verdadeira e original. E enriquece a personalidade futura.
A organizar as ideias; através do desenvolvimento da imaginação
resulta um debochar de ideias, e a criança aprende então a organiza-las segundo
o desenvolvimento das suas estruturas e a chegar assim a uma forma
reconhecível. Esta aprendizagem ou compreensão deriva de um “estar” perante
problemas concretizados e que exigem solução.
A sensibilizar os valores estéticos; A actividade dramática ajuda
a tomar conhecimento de uma maneira natural com as outras artes em geral. A
exigência de um envolvimento pessoal aumenta a sensibilidade para uma
atmosfera de uma maior profundidade emocional, o que prepara a criança para
uma melhor compreensão da vida futura.
O Jogo dramática na vida das crianças
O jogo dramático na vida de uma criança é uma representação de acções, realizadas com base na observação das diversas e diferentes situações que ocorrem no a dia.
É uma exploração intuitiva de personagens do mundo da fantasia e do mundo real em acção, o
que, permite a criança recriar vivências projectadas para o campo imaginário de sensações, emoções,
jogos, movimentos e atitudes que por sua vez desencadeiam uma organização de ideias, acções e
desenvolvem a capacidade de imaginação e oralidade.
O jogo dramático é o campo de aprendizagem dos mais pequenos é o mundo em que vivem,
aprendem e crescem. Dai ser importante que a criança contacte com objectos e “coisas” que ela vira a
utilizar com a sua fantasia (improvisações) e deve ser fundamental que o adulto desencadeie situações
que tenham ressonância na experiência da criança. Situações sobretudo lúdicas e seguidas sem
pensamentos pré concebidos pela lógica e exigência do adulto. Não deixando de aceitar as ideias da
criança e sobretudo compartilhar na alegria e na sinceridade o que as crianças põem nessas
explorações e contribuir para um ambiente desinibido.
A expressão dramática
A EXPRESSÃO DRAMÁTICA.
"É um corpo que as crianças exploram, aprendem e reagem aos estimulos do meio envolvente"
A expressão dramática é definida “por uma dupla necessidade: expressão e comunicação, uma
vez que, há expressão dramática sempre que alguém se exprime pelo gesto e/ ou pela palavra, para os
outros com prazer. É um jogo que não esta subordinado ao texto nem a cenários, mas sim um jogo, em
que o texto é substituído pela palavra improvisada, ou estabelecida através de um guião, em que o
cenário é substituído pela sala de aulas.”
Quando nos referirmos à Expressão Dramática, temos que assegurar que esta área de
expressão não pode ser confundida com teatro, na medida em que o jogo dramático não parte de um
texto que traduz uma acção dramática, evolutiva, através de situações a serem vividas pelas
personagens.
O jogo dramático que pode ser realizado através de jogos de apresentação, jogos de sensações,
jogos de pantomima, jogos narrativos, jogos de sons, jogos com máscaras, jogos com disfarces e
muitos outros, é um exercício da criança e para a própria criança que parte de uma acção e não de um
texto que embaraça a criança.
Para uma melhor compreensão do que anteriormente foi referido, passo a transcrever algumas
palavras de Marie Dienesch, citado no livro, “A criança e a expressão dramática”, (p. 24) “Partindo
de uma acção e não de um texto, a criança não corre o risco de cair nesta confusão fundamental: as
palavras já não tomam para dela o lugar da acção, pois esta é apreendida antes da utilização de
qualquer forma verbal. Além disso, levada a criar o seu próprio texto, quando se chega ao momento
em que as palavras satisfazem uma necessidade interior, e só então ela experimenta a verdadeira
natureza da linguagem dramática, em que todo o que possa ser indicado por um meio diferente da
palavra não deve ser dito, e em que a palavra assume o seu valor insubstituível e soberano, afim de ser
uma evolução interior já contida na vida física do actor.”
Neste sentido, e segundo os autores Golton, Robert, e Clero Claude podemos afirmar que “a
expressão dramática é um jogo visual ou/e auditivo onde a criança durante a improvisação, intervêm
com o corpo e/ou com a palavra, com a sua timidez e a sua sensibilidade, com as suas recordações e
os seus sonhos. Actua só ou com outras crianças, fala-lhes ou responde-lhes, adere ao real ao foge-lhe,
ou seja, é um jogo que não tem como objectivo ganhar o colega mas sim encorajar o envolvimento e
cooperação em grupo” isto, através de uma forma dinâmica de entretenimento, em que se confere
expressão dramática aquilo que se imagina. Sendo um meio através do qual a criança pode, de uma
forma criativa, dar livre curso as suas ideias, desenvolvendo as mesmas e os conflitos das situações
ocorrentes segundo a sua própria experiência.