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FACULDADE KURIOS- FAK
CURSO DE PEDAGOGIA
DEPARTAMENTO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS HUMANAS
O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA DE
ENSINO FUNDAMENTAL GUIBSON MARINHO DOS SANTOS.
MARIA LUCINETE HOLANDA
Maranguape- CE
2011
MARIA LUCINETE HOLANDA
O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA DE
ENSINO FUNDAMENTAL GUIBSON MARINHO DOS SANTOS.
Monografia apresentada à Banca
Examinadora do Programa de Graduação,
Licenciatura em Pedagogia da Faculdade
Kurios – FAK, como requisito parcial para
a obtenção do título de Licenciado em
Pedagogia.
Orientador (a):João Bosco Moreira de
Almeida.
Maranguape – Ce
2011
TERMO DE APROVAÇÃO
MARIA LUCINETE HOLANDA.
O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA DE
ENSINO FUNDAMENTAL GUIBSON MARINHO DOS SANTOS.
Monografia apresentada à Banca Examinadora do Programa de Graduação, Licenciatura em
Pedagogia da Faculdade Kurios – FAK, como requisito parcial para a obtenção do título de
Licenciado em Pedagogia.
Data da aprovação:______/______/______ Nota: _________
_______________________________________________
Acadêmica Maria Lucinete Holanda.
Banca Examinadora:
_______________________________________________
João Bosco Moreira de Almeida
Orientador
_____________________________________________
Professora Maria Aline da Silva Sousa
Coordenadora Acadêmica do Curso
Maranguape- Ce
2011
DEDICATÓRIA
Dedico este momento em minha vida e a elaboração deste
trabalho aos meus familiares; que sempre estiveram ao
meu lado, me dando forças e incentivando nesta
caminhada difícil, ao meu filho Kayo Hamilcar, razão pela
qual consegui superar barreiras, ultrapassar obstáculos e
chegar a esta vitória, aos colegas da sala de aula da turma
de pedagogia; aos professores da Faculdade Kurios - FAK
do Curso de Pedagogia.
AGRADECIMENTO
Todo o meu agradecimento a um Deus vivo, fonte de toda
inspiração e sabedoria, aos meus pais, meus irmãos e ao
meu filho kayo Hamilcar e a todos que direta ou
indiretamente colaboraram com este trabalho.
“Bons professores educam com a inteligência
lógica, professores fascinantes educam com a
emoção.”
“Ser um mestre inesquecível é formar seres
humanos que farão diferença no mundo.”
(Augusto Cury.)
RESUMO
As questões aqui discutidas sobre o desenvolvimento da leitura e escrita, na escola de Ensino
Fundamental Guibson Marinho dos Santos, são essenciais para uma aprendizagem satisfatória
e imprescindíveis para a comunidade escolar vivenciar a cidadania. Este trabalho tem como
objetivo conhecer quais são as causas encontradas no contexto escolar que dificultam o
aprendizagem dos educandos. Além de, fornecer aos professores subsídios teóricos que
venham fortalecer a práxis pedagógica possibilitando assim uma intervenção de acordo com o
ritmo de aprendizagem de cada aluno. Tendo como auxílio referências bibliográficas em que
suas leituras possam ser sugeridas em estudos posteriores. Os resultados obtidos nesse
trabalho nos mostram que apesar do nível de leitura e escrita dos educandos estarem um
pouco abaixo do desejável, existem inúmeras formas de melhorar o ensino e,
consequentemente, aprimorar a leitura e a escrita. Desse modo, vislumbrar a leitura e a escrita
como essencial para o exercício da cidadania é compreender que as mesmas estão
indissociavelmente ligadas e interligadas, e que, sua atividade constante estabelece
comunicação com o mundo tornando o indivíduo que a utiliza um agente de conhecimentos.
Palavras-chaves: Ensino, Leitura, Aprendizagem.
ABSTRAT
The issues discussed here on the development of reading and writing in the Elementary
School Guibson Marinho dos Santos, are essential for a satisfactory learning and essential to
the school community to experience citizenship. This study aims to know what are the causes
in the school context that hinder students' learning. In addition, teachers provide theoretical
support that will strengthen the pedagogical praxis thus enabling an intervention according to
the learning pace of each student. With the aid of references that their readings may be
suggested in other studies. The results of this study suggested that although the level of
students' reading and writing are a little less than desirable, there are numerous ways to
improve teaching and thereby improve the reading and writing. Thus, to see the reading and
writing as essential to the exercise of citizenship is to understand that they are inextricably
linked and intertwined, and that his constant activity establishes communication with the
world by making the individual who uses an agent of knowledge.
Words - keys: Teaching, Reading, Learning.
SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................................................10
Capítulo 1- Conhecendo o local da pesquisa.......................................................................12
1.1. A escola e sua estrutura............................................................................................12
1.2.Diagnóstico geral......................................................................................................13
1.3.Biografia do patrono da escola..................................................................................14
Capítulo 2- Compreendendo os conceitos de leitura e escrita..............................................15
2.1. Definição de escrita.................................................................................................17
2.2. Definição de leitura.................................................................................................18
2.3. A escrita como aquisição de conhecimento social.......................................................20
2.4. O convívio familiar e sua relação com a leitura..........................................................24
Capitulo 3 - Leitura e escrita no contexto escolar..................................................................26
3.1- O espaço da leitura na escola..........................................................................................28
3.2 – A importância da prática da leitura................................................................................30
3.3- O prazer pela leitura...............................................................................................31
Capitulo 4- superando o fracasso escolar.........................................................................34
4.1 Dificuldades de aprendizagem no processo de aquisição da leitura e escrita..................34
4.2.Causas de dificuldades na leitura e escrita.................................................................36
4.3.As estratégias e ações desenvolvidas na escola para o aperfeiçoamento da leitura e da
escrita..........................................................................................................................38
Considerações finais......................................................................................................40
Referências bibliográficas...............................................................................................41
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, a educação vem buscando desenvolver no aluno as
competências da leitura e da escrita, o que é indispensável para vivermos num mundo onde o
acesso às informações é cada vez mais rápido e nossa participação como cidadãos, mais
exigente. Entretanto, a aprendizagem da leitura e da escrita é um processo complexo que
envolve vários sistemas e habilidades como: linguísticas, perceptuais, motoras e cognitivas.
Por isso, quanto mais ciente estiver o professor de como se dá o processo de
aquisição da leitura e escrita e quais as dificuldades enfrentadas pelas crianças para adquiri-la,
mais condição terá esse professor de encaminhar de forma agradável e produtiva o processo
de aprendizagem. Neste contexto, o presente estudo objetiva refletir sobre as dificuldades na
aquisição da leitura e da escrita. Para tanto, é fundamental conhecer quais as causas mais
comuns que se apresentam no contexto da aprendizagem escolar, contribuindo assim para
uma nova estrutura educacional visando o aprendizado de todos os indivíduos presentes na
instituição escolar.
A pesquisa realiza na escola em questão busca apontar várias causas como sendo
responsáveis pelas dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita, além de, favorecer um
embasamento teórico sobre o que são as dificuldades de aprendizagem e qual o papel da
escola e do professor neste processo.
Sabemos que a situação da educação no Brasil ainda é precária. Além de toda
problemática temos ainda professores que fazem greve exigindo não só melhores salários,
mas melhores condições de trabalho, pois prédios, chamados de anexos, onde recebem
crianças de educação infantil, que não há espaço para sua recreação cotidiana, quando mais
para os jogos, brincadeiras, bibliotecas; enfim são tantas atividades que deveriam existir para
melhor estimular os alunos, mas que infelizmente não são feitas e acabam deixando um
espaço enorme no aprendizado como um todo.
Assim, surgiu o interesse de pesquisar o tema em estudo, onde o mesmo está
embasado em referências teóricas, permitindo ao educador, rever sua posição no processo de
ensino/aprendizagem, repensando suas metodologias e entendendo o processo de aquisição,
evolução, participação e compreensão na construção da perfeita leitura e escrita em sua
prática pedagógica.
Tomou-se por base o pensamento de vários autores, como: Ferreira e Teberosky
(1985), Freire (1987), Coelho (1991), Piaget (1978), Magda Soares (1989) e outros. Sendo
que todos tratam sobre o assunto leitura e escrita.
A metodologia utilizada foi baseada através de técnicas de abordagem indutiva e
dialética.
Este trabalho está organizado em capítulos, que são os seguintes: o primeiro capítulo
traz uma síntese do Estágio Supervisionado, uma breve descrição da escola em que este
mesmo foi realizado e a biografia do patrono da escola.
O segundo capítulo enfatiza o processo de ensino, leitura e escrita, numa perspectiva
teórica, descrevendo a história da leitura e da escrita desde a antiguidade, onde poucos tinham
acesso aos escritos; até os dias atuais. No entanto, nos dias de hoje, as crianças passam por
níveis de construção da leitura e da escrita, até a sua total evolução, contendo ainda, o
convívio familiar e sua relação com a leitura no que se refere o desenvolvimento da
linguagem da criança depende da qualidade e das situações de interação verbal entre ela e os
adultos. Fundamentando-se em várias dimensões do conceito da leitura e da escrita em
diferentes autores. O terceiro capítulo relata sobre leitura e escrita no contexto escolar como:
espaço da leitura na escola, sua importância e prática da leitura bem como o prazer pela
leitura. No quarto capitulo abordamos alguns assuntos bastante discutidos como o fracasso
escolar, as dificuldades de aprendizagem no processo de aquisição da leitura e escrita e as
causas de dificuldades na leitura e escrita ressaltando ainda, as estratégias e ações
desenvolvidas na escola para o aperfeiçoamento da leitura e da escrita
CAPÍTULO 1. CONHECENDO O LOCAL DA PESQUISA.
A Escola de Ensino Fundamental Guibson Marinho dos Santos está situada na
Avenida Sabino Moreira, S/N, Bairro – Requeijão, Chorozinho – Ceará. CEP 62875-000 e
telefone 3319-1313. Pertencente a rede pública municipal, criada pela Lei Nº 149/96, de 05 de
fevereiro de 1996, entidade mantida pela Prefeitura Municipal de Chorozinho, é subordinada
tecnicamente e administrativamente aos órgãos competentes da Secretaria de Educação do
Município, Teve seu reconhecimento, junto ao Conselho de Educação do Ceará – CEC, de
acordo com o Parecer Nº 1113/2002 que a reconhece até 31/12/2006.
Destina-se a atender uma clientela de diversas classes sociais, com Ensino
Fundamental, na modalidade de Ensino Regular, presencial e em regime anual. Construída em
1993, pelo Projeto Nordeste em parceria com a prefeitura Municipal a fim de assegurar o
atendimento da demanda escolar em nível de Ensino Fundamental, bem como alunos
especiais.
1.1.A ESCOLA E SUA ESTRUTURA
A Escola Guibson Marinho dos Santos encontra-se em bom estado de conservação
onde podemos constatar 02(dois) banheiros adaptados para deficientes, 02(dois) banheiros
para crianças e adolescentes sendo especificados masculinos e femininos, 09(nove) salas de
aula com cadeiras suficientes para todos os alunos e o tamanho das salas é proporcional a
quantidade de alunos, 01(uma) sala de informática, 01(uma) sala multifuncional onde
podemos observar uma grande variedades de jogos e outros materiais didáticos usados pelos
professores, 01(uma) secretaria, 01(uma) diretoria, 01(uma) biblioteca com um grande acervo
de livros didáticos e paradidáticos onde na mesma funciona a sala dos professores, 01(uma)
sala de reforço, 01(um) pátio amplo, 01(uma) cantina bem equipada, 01(um) depósito para
merenda, 01(um) depósito para materiais de limpeza.
A escola de Ensino Fundamental Guibson Marinho dos Santos tem uma estrutura
física irregular, com um projeto em forma quadricular, a mesma conta com uma diretoria, um
banheiro, uma sala bem ampla que se divide em sala de professores e biblioteca. Na sala de
professores há uma mesa grande com cadeiras brancas de plástico, algumas estantes de
alvenaria, contendo livros e outros materiais didáticos, pastas de arquivos e vinte e oito
armários individuais para os docentes: enquanto que, na outra divisória, que funciona como
secretária, há quatro birôs e quatro cadeiras de ferro estofadas, três armários de ferro, uma
televisão, um microssystem, um computador com impressora e vários armários para arquivos.
Na biblioteca escolar encontra-se uma variedade de livros; didáticos e paradidáticos, literários
e infantis, jogos pedagógicos e educativos, dois ventiladores de teto, duas mesas e oito
cadeiras que são usadas quando os estudantes vão realizar pesquisas.
1.2-DIAGNÓSTICO GERAL DA ESCOLA
Apesar dos problemas que existe na escola no que se refere à indisciplina por parte
de alguns alunos e os descasos de muitos pais que não se interessam em acompanhar a quanta
anda a educação e o convívio escolar de seus filhos, o que acaba por comprometer o processo
de ensino/aprendizagem. Existem, em geral, muitos pontos positivos em favor da escola,
como, por exemplo; o empenho da coordenação e dos professores em geral para sempre
elevar o nível de educação da escola. Cada educador tem a consciência, de que de acordo com
a realidade, deve utilizar uma metodologia renovada, que acompanhe opiniões diversas e,
principalmente a evolução do tempo e da educação.
Quanto ao relacionamento professor e aluno foi observado que a maioria dos alunos
mantém um cordial relacionamento com os professores, havendo algumas exceções que não
chega a tumultuar o ambiente escolar e quando acontece um ato de indisciplina, nesses casos
é solucionado em conjunto com o núcleo gestor e professores.
No que se referem ao acompanhamento da coordenação os professores mostraram-se
bastante satisfeito, pois recebem total apoio da coordenação e quando necessário tiram
dúvidas e recebem orientações bem como fazem assessoria aos professores na busca pela
redução das dificuldades de aprendizagem dos alunos, quanto ao planejamento acontece
semanalmente, onde cada professor tem 08(oito) horas para planejar suas atividades
pedagógicas, e durante o mês ele tem direito a dois planejamentos internos e dois externos.
Podemos observar que a escola atende uma clientela de classe baixa onde os mesmo são
beneficiados com programas do governo como: Bolsa Escola e Bolsa Família.
Vale ressaltar que a escola está muito bem assistida no que se refere o trabalho de
leitura e escrita nas séries de 1º e 2º ano onde é trabalhado o programa do PAIC (Programa de
Educação na Idade Certa) com as perspectivas de trabalhar o programa do 3° ao 5° ano. Vale
salientar que foi trabalhado na escola programa Luz do Saber, com o objetivo de alfabetizar
crianças com o auxílio da informática, o mesmo foi um incentivo que veio desenvolver de
forma positiva a leitura e a escrita dos alunos do 3° ao 4° ano. A atuação das coordenadoras
junto a esses programas é essencial para um melhor desenvolvimento de aprendizagem dos
educados.
Podemos perceber através das observações feitas e diálogos o ótimo relacionamento
entre núcleo gestor, professores e alunos, vale ressaltar que a harmonia e a amizade do núcleo
gestor transparecem as visitas e pais de alunos que a escola recebe.
1.3-BIOGRAFIA DO PATRONO DA ESCOLA
Guibson Marinho dos Santos, filho Francisco dos santos e Maria Cleide dos santos
marinho, nasceu em Fortaleza no dia 21 de novembro de 1982. Começou sua vida escoar aos
três anos de idade, cursando o Pré – Escolar no Instituto Maria Izabel,em Cajubraz, município
de Pacajus, onde residia. Na década de 80 nos anos de 1986.1987, 1988 respectivamente, na
cidade de Pacajus, cursou a Alfabetização, 1ª e 2ª série na Escolinha Recanto Feliz. Em julho
de 1989 passou a residir com seus familiares na cidade de Chorozinho, continuando a estudar
em Pacajus, para onde se deslocava todos os dias para cursar a 3ª série no Curso Santa
Terezinha. E, outubro do mesmo ano o destino reservou momentos de muita tristeza e dor a
seus familiares e amigos. Um trágico acidente o levou para junto de deus. No ano de 1996 foi
criada essa escola que leva o seu nome, em homenagem a aquela querida criança.
CAPÍTULO 2. COMPREENDENDO OS CONCEITOS DE LEITURA E ESCRITA.
A palavra escrita desde a antiguidade está associada à ideia de segredos e foram
transmitidas por escritos nas tábuas. A Bíblia é o livro sagrado e, é também o livro por
excelência para os cristãos.
O ato de ler, ao longo da história da humanidade foi algo que impunha respeito, temor
e dava status. Quem lia, entrava em contato com os mistérios.
Ler era legado que os diferenciavam dos demais mortais. Até a idade média, os
religiosos detiveram esse poder em suas mãos.
A aura sagrada da leitura perdurou até a revolução Burguesa quando surgiram jornais
e grandes tiragens e uma leitura fácil, voltada para o grande público, os conhecidos folhetins.
Uma leitura que abria os mistérios da palavra a outras classes sociais.
Na escola republicana, a leitura e a escrita eram concebidas como atividades
individuais e distintas, somente as crianças cujos pais eram ricos, podiam iniciar a arte de
trocar as letras no papel, e só depois de muito tempo veio à aprendizagem da leitura.
Existiam os mestres para ensinar a ler em classes diferentes, havia somente uma
aprendizagem que podia ser ensinada coletivamente, o catecismo.
Com a revolução Francesa a escola torna-se universal e gratuita, pois agora se
encontra sob o controle do poder público. A questão agora era encontrar uma metodologia
onde as crianças aprendessem de maneira clara, rápida e eficaz, em países como Alemanha e
Holanda que eram exemplo na formação de professores de escolas primordiais (primárias).
Formou-se então em 1805, um grupo de religiosos liderados por Joseph Lancaster e
André Bell que criaram a matriz do ensino mútuo adotado pelo estado republicano, onde o
professor, com a ajuda de monitores, dirigia a classe instruindo as crianças.
No século XVIII, estudiosos como Dupont, apela para a lógica de que a história da
escrita procede à leitura.
Somente no século XIX é que essas duas práticas pedagógicas começam a serem
vistas de modo associada. A escrita deixa de ser arte e passa a ser um trabalho manual.
Mas esse processo foi em longo prazo. Com a invenção da impressora, a escrita fez-se
uma tecnologia moderna. Antes de tal acontecimento a leitura era sonora e restrita. Pouca
gente tinha acesso à leitura.
Escrever esses diferentes estudos sobre a leitura e a escrita só para ter uma idéia da
complexidade do ensino das mesmas e para que se possa refletir sobre o uso no cotidiano.
A repercussão de invenção da impressora causou grande avanço na escrita, o que
contribuiu bastante em todos os aspectos da história da humanidade.
Partindo do pressuposto de que a criança constrói seu próprio conhecimento, é que os
estudiosos, como: Jean Piaget, Freinet, Vygotsky, Lúria, escreveram e pesquisaram teorias
que comprovam que a verdadeira resolução na aprendizagem está no próprio sujeito, que é a
criança.
Mas abordando outra resolução das descobertas que se baseiam em estudos valiosos
sobre a constituição da leitura e da escrita.
A preocupação central de Piaget dirigi-se a elaboração de uma teoria
do conhecimento que possa explicar como o indivíduo conhece o
mundo (...). Existe para ele uma realidade externa ao sujeito o
conhecimento, e é a presença desta realidade que regula e corrige o
desenvolvimento adaptativo (RAPPORT, 1981, p.110).
Toda essa visão sobre a construção do conhecimento tem tudo a ver com a realidade
da criança.
É dentro dessa perspectiva que é elaborado este estudo, vendo a criança como objeto
ativo, que pensa e interage com a sua realidade e é capaz de elaborar hipóteses, tirar
conclusões, solucionar seus problemas.
Nessa visão pedagógica, o sujeito ao processo é a criança e não mais o objeto de
ensino. O processo de interação dentro do meio é que resulta na construção do conhecimento.
A teoria piagetiana adota os princípios da Psicologia Genética que influenciam na
concepção sobre a aprendizagem da leitura e da escrita nas suas funções mais complexas.
Ferreiro e Teberosky (1985) concebem a escrita como objeto de conhecimento da
criança e analisam a evolução das concepções infantis sobre a língua escrita.
A criança ao chegar à escola, aos 6 anos, já tem um referencial de conhecimento
adquirido. Por exemplo, ela tem capacidade discursiva bastante próxima dos adultos. Elas são
capazes de contar ou vivenciar uma cena acontecida no seu dia-a-dia.
Quanto à escrita, a criança também já traz um referencial que para escrever, precisa
grafar (rabiscar, desenhar e riscar).
Todo esse embasamento concebido, precocemente, precisa de um estudo e
compreensão por parte dos professores aceitando como escrita os rabiscos e desenhos, ou seja,
as escritas pré-silábicas: aceitando como leitura, as leituras simuladas de ler textos
memorizados.
É de grande importância ressaltar que a leitura e a escrita são atividades
fundamentais para o desenvolvimento e formação de qualquer indivíduo, pois dentro e fora da
escola e por toda vida, o domínio ou não de ambas facilitará ou não o crescimento intelectual.
Já a leitura conforme Martins (1982) pode ser conceituada como sendo um processo de
compreensão de expressões formais e simbólicas que se dá a conhecer através de várias
linguagens.
Portanto a leitura e a escrita não se limitam, apenas, à decifração, a codificação e a
decodificação de sinais gráficos. É muito mais do que isso, exige do indivíduo uma
participação efetiva levando-o a construção do conhecimento. A criança aprende naturalmente
a falar a linguagem do grupo em que vive (linguagem regional ou dialeto).
2.1. DEFINIÇÃO DE ESCRITA
A escrita é interativa, dialógica, dinâmica e negociável tanto, quanto a fala. De
manifestação verbal das idéias, informações, intenções, crenças ou dos sentimentos que
queremos partilhar com alguém, para de algum modo, interagir com ele.
Ter o que dizer é, portanto, condição prévia para o êxito da atividade de escrever. Se
faltam as idéias, se faltam as informações, vão faltar as palavras. Ampliar o repertório de
informações aumenta nossos horizontes de percepção das coisas.
A escrita não necessita da presença simultânea dos interlocutores em interação, porém
não deixa de ser um exercício da faculdade da linguagem. Escrever sem saber para quem,
torna-se uma tarefa ineficaz, pois falta a referência do outro, a quem todo o texto deve
adequar-se.
A escrita cumpre diferentes funções comunicativas, de maior ou menor relevância para
a vida da comunidade, como de forma constante de atuação nas múltiplas atividades dessas
pessoas.
Pela escrita alguém informa, avisa, adverte, anuncia, descreve, explica, comenta,
opina, argumenta, instrui, resume, documenta, faz literatura, organiza e divulga o
conhecimento produzido pelo grupo.,
A escrita compreende etapas que vão desde o planejamento, passando pela escrita
propriamente dita, até o momento posterior da revisão e da reescrita. (Antunes, 2003).
2.2. DEFINIÇÃO DE LEITURA
A leitura é basicamente um processo de representação. Não se dá por acesso direto a
realidade, mas por intermediação de outros elementos da realidade, que funciona como um
espelho.
Ler é, portanto, reconhecer o mundo através de espelho do qual oferecem imagens
fragmentadas do mundo, a verdadeira leitura só é possível quando tem um conhecimento
prévio desse mundo.
A leitura também é passível através de sinais não-linguísticos. Pode-se ler a tristeza
dos olhos de alguém, a sorte na mão de uma pessoa. Não se lê, portanto a palavra escrita, mas
também o próprio mundo que nos cerca.
Para que haja condição básica do ato da leitura é preciso que ocorra o processo de
triangulação, isto é, implicam o acesso de elementos intermediários, indicadores de outros
elementos para chegar à percepção do leitor.
A leitura é o ato de percorrer os olhos (visão) sobre algo que está escrito, decifrando e
interpretando as palavras e o sentido do texto, constituindo aquisição da decodificação e
interpretação dos símbolos alfabéticos e dos textos. (XIMENES, 2000). No entanto,
pesquisadores de renome tais como Emília Ferreiro e Luiz Carlos Cagliari, entre outros, já
provaram através de pesquisas e estudos a complexidade que envolve ambos os processos.
Há, portanto definições restritas de leitura, como: ler é extrair significado de um texto,
onde a leitura de extração de significado está associada a idéias de que o texto tem um
significado preciso, exato e completo e precisa ser apreendido pelo leitor na sua íntegra.
O uso do dicionário é essencial sempre que uma palavra desconhecida for encontrada
para revisões posteriores e enriquecimento de vocabulário.
Tudo o que o texto contém precisa ser detectado e analisado para que seu verdadeiro
significado possa ser extraído.
O leitor está subordinado ao texto, que é o pólo mais importante da leitura. Se o texto
for rico, o leitor se enriquecerá com ele, aumentará seu conhecimento de tudo, porque o texto
é o mundo. Se o texto for pobre, mina sem ouro, o leitor perderá seu tempo, porque nada há
para extrair.
A concepção da leitura como um processo de extração tem, no entanto, sérias
limitações. O texto não possui um conteúdo, mas reflete-o, como um espelho. Um mesmo
texto pode refletir vários conteúdos, como vários testos podem refletir um só conteúdo.
Ler é atribuir significado ao texto, onde a origem do significado não está no texto, mas
no leitor. O mesmo texto pode provocar em cada leitor, em uma leitura, uma visão diferente
da realidade.
O texto não contém a realidade, reflete apenas segmentos da realidade, entremeados de
inúmeras lacunas, que o leitor vai conhecendo pelo conhecimento prévio que possui do
mundo. O significado não está na mensagem, mas na série de acontecimentos que o texto
desencadeia na mente do leitor (LEFFA, 1996).
A leitura e a escrita constituem um sistema de representação da linguagem,
transformando sua evolução numa aprendizagem conceitual.
As escolas geralmente não procuram averiguar o nível de evolução conceitual para que
possa partir de onde a criança se encontra. E, não leva em consideração que nas classes das
séries iniciais todas as crianças estejam em níveis diferentes, para a partir desse aspecto,
trabalhar de maneira a construir e, em seguida, aprimorar sua leitura e escrita.
Segundo observou-se que a criança é vista e analisada sobre aspecto conceitual, onde
ela passa a ser sujeito principal no processo de aprendizagem. O professor em sua
aprendizagem coletiva passa a ser um mediador na aprendizagem.
Cabe ao professor colocar o aluno em contato com o meio mais amplo. Nessa proposta
pedagógica a escola tem que sair do seu limite físico, atravessar os muros e trazer a sociedade
para dentro dela.
O professor tem que romper o estreitamento simbólico usado como substituto e tomar
a leitura de livros infantis como o ponto de partida para a criança reaver o real, o concreto das
relações familiares e sociais que estão se perdendo.
Nesse caso o professor não está nem aí para o fato de somente ensinar a ler, ele está
para compartilhar a leitura, não apenas como técnicas, mas com emoções. Não como ocorre
na escola tradicional, que as crianças entendem o processo da leitura apenas como
decodificar, sem perceber que através desse conceito a leitura e a escrita tornam-se
desinteressantes.
E, ainda, na escola tradicional, a criança é bloqueada em relação a leitura quando
determinada a história, personagens e situações; sem apropriar-se de sua criatividade. Isto é,
ela usa a técnica adotada pela escola, isso faz com que a criança não construa, deixando de
lado sua emoção e sentimentos adquiridos.
2.3. A ESCRITA COMO AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO SOCIAL.
Geralmente é durante a escolaridade que se aprende as regras de representação do
sistema alfabético. Esse aprendizado segue um processo cujas etapas foram descritas nos
seguintes termos: a escrita pré-silábica e a pré-escrita propriamente dita.
No nível da escrita pré-silábica, a criança aleatoriamente, desenha, faz rabiscos.
Quando está saindo da escrita indiferenciada, começa a representar o realismo nominal:
escreve de acordo com o tamanho do objeto.
Também começa a representar grafias correspondentes a um modelo (próprio nome).
Ex.: A palavra urso admite que precise de muitas letras, pois urso é um animal grande. Existe
essa variação na escrita devido à construção do próprio conhecimento.
Na pedagogia tradicional, essa relação é considerada como perca de tempo, pois não é
aceito como conhecimento esse tipo de escrita.
No construtivismo, trabalha-se nessa proposta. O professor adquire uma postura
superior para tratar todas essas questões. Para Vygotsky, o simbolismo na escrita é aceito
como percurso da futura escrita. Gradativamente esses traçados indiferenciados serão
transformados até alcançar a ortografia convencional.
É fácil perceber que nesse ponto os sinais escritos constituem
símbolos de primeira ordem, denotando diretamente os objetos ou
ações e que a criança terá ainda de evoluir no sentido do simbolismo
na segunda ordem, que compreende a criação de sinais escritos
representativos dos símbolos falados das palavras (VYGOTSKY,
1984, p.187)
Celestin Freinet, grande educador francês, também concebe o desenho como forma de
grafismo. O desenho é para Freinet, a atividade experimental por excelência. O grafismo
inicialmente sem forma organiza-se lentamente através do desenho.
Seus princípios partem da observação experimental. Para Freinet, (1975, p. 198), “A
criança faz experiência com objetos que ela deseja conhecer. Ela não teme errar nem buscar
uma resposta única e certa, como a expectativa do ensino convencional.”
Parece que a introdução das principais idéias de Freinet sobre a aprendizagem da
escrita é suficiente para receber o processo gradativo em que ela deve construir-se.
Aproximando-se das idéias Freinetianas, Lúria ressalta que:
“Para a criança ser capaz de crescer, escrevendo ou anotando alguma coisa, duas
condições devem ser preenchidas:
1) As relações da criança com as coisas do meio que lhe interessam dos que não lhe
interessam.
2) A capacidade da criança em controlar seu próprio comportamento, através desse subsídio
nos quais funcionam como sugestões construídas por ela”.
Nessas concepções nota-se que as pesquisas comprovam que todo esse processo se
constrói.
Nessas subfases observa-se que a criança procura dar a forma mais definida que a
anterior, alcançando aos poucos as formas convencionais. Fatos conceituais são observados
no nível 1.
• Eixo quantitativo (quando a criança em suas elaborações de hipóteses exige no mínimo três
letras para ler). Outra característica é que nesse nível a criança não faz a distinção entre letras
e números, para ela tudo serve para ler.
De certa forma acontece um avanço, a criança utiliza-se da hipótese de que há uma
variedade de critérios, os quais gráficos, ou seja, palavras que têm letras iguais não servem
para ler.
Daí a própria Emília Ferreiro ser contra os exercícios exaustivos de traçados como
escrita de modelo para as crianças adquirirem a forma benéfica da escrita.
Uma característica muito importante que rompe o esquema do nível 1 é a
correspondência global, onde a criança ler sem fazer a correspondência com o termo, sem
diferenciar as partes sonoras que existem entre leitura e escrita.
Na escrita silábica ou nível 2 a escrita para a criança representa avanço na construção
de sua escrita. Nesse nível começa-se a trabalhar com hipótese de que a escrita apresenta as
partes sonoras da fala, essa linguagem sonora leva a criança a descobrir a sílaba, com um
pequeno detalhe: a sílaba para a criança estará representando apenas uma letra, mas com o seu
valor sonoro.
Todas essas considerações conceituais que existem no processo da construção da
criança estão na teoria piagetiana e na teoria de Emília Ferreiro que explicam apenas como se
deve encarar esse processo.
A escrita alfabética ou nível 3 é considerada como fase final na evolução da escrita.
É nela que a criança faz a correspondência sonora e fonética do valor convencional da sílaba.
A criança começa a escrever ora silabicamente, ora alfabeticamente, pois esse processo
descrito revela a construção do conhecimento social. A criança como instrumento pra
representar a linguagem escrita.
De acordo com Blanche e Beneuniste (1982, p.105), “Por linguagem escrita entende-
se a linguagem que se escreve, sendo a linguagem que se escreve independente da
manifestação gráfica que pode se realizar de forma escrita ou oral.”
Partindo do ponto de vista de que a linguagem escrita não é só a escrita da linguagem,
mas se a linguagem em que se pode escrever, é que será abordada a seguinte questão: Faz-se
necessário freqüentar a escola para conhecer a escrita e a linguagem escrita?
As crianças iniciam a sua aprendizagem de matemática antes da escola, quando
começa a ordenar, classificar, seriar os objetos, elas também o fazem com a aprendizagem de
escrita que faz parte do seu cotidiano. Elas são capazes de identificar nas mais complexas
representações gráficas, como sendo o que serve para escrever.
Isso ocorre porque a criança trabalha cognitivamente, desde muito cedo num ambiente
que chamamos de “ambiente alfabetizado”, contextos que aparecem indiscriminadamente
(rótulos, embalagens, cartazes nas ruas, placas, televisores, anúncios, etc.) e outras
informações não precisam necessariamente ser adquiridos na escola é que se denomina de
função social da escrita.
Afinal para que serve a leitura e a escrita? Para que decifrar e copiar?
Smith (1975) insiste em que a leitura não é essencialmente um processo visual. Num
ato de leitura encontra-se inseridos dois tipos de informações, uma informação visual e outra
informação não visual. A primeira ocasionada pela forma como está impressa, ou seja, o texto
em si, e, a segunda é causada pelo próprio leitor, ele faz sua interpretação gradativamente de
acordo com seu relacionamento.
Segundo Paulo Freire (1987) o processo que envolvia uma compreensão crítica do ato
de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou de linguagem escrita,
mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo procede à
leitura da palavra. O que se vê depende então do nível de compreensão do mundo e as suas
relações entre texto e contexto. O que acontece é que não é o olho que vê mais coisas, mas
sim, sua capacidade de integração com o mundo.
2.4. O CONVÍVIO FAMILIAR E SUA RELAÇÃO COM A LEITURA.
A leitura, na grande maioria das famílias, é simplesmente utilizada como interação
social, no uso de confecção de cartas e bilhetes; no suporte a memória, com o uso de lista e
agendas e como fonte de informação com a leitura de jornais e revistas.
Não se trata, evidentemente, de formar escritores no sentido de profissionais da escrita
e sim de pessoas capazes de escrever com eficácia.
Não é prática comum, a leitura de livros, nem aparece em todas as famílias, porém, é
definida por um tipo de moradia ou nível econômico de escolaridade dos país.
A leitura de livros está presente em família que de repente encontram um significado
para o prazer e o relaxamento, seja na resolução de problemas do cotidiano ou no atendimento
a exigências no campo profissional ou a indicações escolares.
Magda Soares (1989) afirma que a deficiência cultural, é atribuída a pobreza do
contexto lingüístico em que vive a criança, principalmente no âmbito familiar. Argumenta-se
que um caso particular entre ela e a mãe.
Nas camadas populares essa deficiência ocorre por falta de uma interação verbal entre
a mãe e a criança, pois se a criança não é incentivada a conversar, os vocábulos
evidentemente serão precários.
É por isso que ler é o único jeito de se comunicar de igual para igual com os parentes
ou com o restante da humanidade.
Com relação às crianças que pertencem a classes favorecidas e que vivem num
ambiente rico em estímulos verbais, elas com certeza são mais incentivadas a perguntar e a
responder, são ouvidas com atenção. Os adultos lêem para elas e isso as estimula a refletirem
e logo possuem melhor raciocínio lógico.
Quando às crianças que não lêem tendem a ser rígidas em suas ideias e ações e a
conduzir suas vidas e trabalho pelo que lhes transmite diretamente. Ao contrário de quem lê
que abre o seu mundo, podendo receber informações e conhecimentos de outras pessoas e de
outras culturas.
A relação entre a escola e os familiares, concluí que o trabalho conjunto é fundamental
para garantir o sucesso escolar. É muito importante que os pais estejam, presentes no dia-a-dia
da escola. Acredito que esse é o caminho para que a educação atinja seu verdadeiro objetivo,
pois ela começa na família, passa pela escola e terá reflexo na sociedade, positivo ou não.
Família e escola são os principais pontos de sustentação de qualquer indivíduo. Cabe a
ambos transformar as crianças em cidadãos conscientes.
A facilidade de leitura tende a formar indivíduos abertos para o futuro, capaz de
valorizar-se, aceitando princípios técnicos e científicos. Pois esse tipo de pessoa é o que
permite um maior desenvolvimento social.
CAPITULO 3 - LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO ESCOLAR.
Estudos sobre a aquisição da leitura e da escrita, sobre o desenvolvimento da
linguagem e os diferentes dialetos, são feitos atualmente pela Psicolingüística, fazendo uma
diferenciação do que é erro ortográfico ou gramatical de erro lingüístico ou dialetal. Em
relação à linguagem há divergências entre Vygotsky e Piaget.
Piaget na pesquisa que realizou quanto à linguagem classificou-a em dois grupos:
o egocêntrico e o socializado. Na fala egocêntrica a criança fala para si, como se estivesse
pensando alto. Não se preocupa em saber se alguém ouve, geralmente fala do que está vendo
ou acontecendo com ela num determinado momento. Na fala socializada a criança tenta
realizar uma espécie de comunicação com os outros: faz perguntas, pedidos, ameaças,
transmitem informações. Aos sete ou oito anos, manifesta-se na criança o desejo de trabalhar
com outros, a fala egocêntrica desaparece. E mais do que isso, para Piaget até mesmo a fala
social é representada como subseqüente e não anterior à fala egocêntrica. Partindo assim do
“pensamento autista não verbal” a “fala socializada”.
Para Vygotsky a fala egocêntrica é um meio de “expressão” e de liberação da
tensão, tornando-se um instrumento do pensamento. Para ele, a fala egocêntrica não
desaparece transforma-se em fala interior, ficando assim o esquema de desenvolvimento –
“primeiro fala social”, depois “egocêntrica”, e então “interior”. Dependendo não só da idade
da criança, mas também das condições que a cercam.
“A linguagem existe porque se uniu um pensamento a uma forma de
expressão, um significado a um significante... Essa unidade de dupla
face é o signo lingüístico. Ele está presente na fala, na escrita e na
leitura como princípio da própria linguagem, mas se atualiza em cada
um desses casos de maneira diferente...” (CAGLIARI, p. 30, 1997).
Hoje já se sabe que qualquer criança normal aos sete anos consegue dominar a
língua com precisão, apresentando dificuldades na aquisição da linguagem, somente as
crianças com problemas biológicos seriíssimos, causados por patologias neurofisiológicas
graves, e mesmo assim, muitas vezes conseguem aprender a linguagem ou reaprendê-la.
Cagliari, em seus estudos, já afirmou que a dor e a fome momentaneamente podem
causar dificuldades na linguagem, mas ao passar seu efeito o corpo ganha novo ânimo para
continuar vivendo e conseqüentemente volta a aprender. Precisamos estar sempre atentos para
diagnosticar o porquê de nossos alunos muitas vezes apresentarem dificuldades na
aprendizagem e do por que os alunos escreverem de forma tão diversa da língua padrão.
Com certeza, uma criança que desde cedo tem sua casa cheia de livros, onde seus
pais lêem constantemente, e que vive neste contexto aprimora muito mais seu dialeto, ao
contrário da criança que não tem familiaridade com livros, cadernos, lápis, jornais, revistas e
computadores. E a escola não leva em conta esses fatores.
Fazendo com que os alunos percebam que há diferentes dialetos, que não podem
ser considerados errados, mas que, para determinadas ocasiões, devemos usar a norma culta, e
por isso, a necessidade em aprendê-la. Da mesma maneira a linguagem escrita não deve ser
imposta, como faz a escola, mas sim, com a conscientização de que quanto melhor for nossa
linguagem, seja ela oral ou escrita, melhor será seu desempenho na sociedade. Com uma
linguagem aprimorada podemos expressar nossos sentimentos de maneira clara, fiel e precisa,
estamos em melhores condições de assimilar conceitos, de refletir, de escolher e de julgar.
Garantia do desenvolvimento escolar e do sucesso na vida.
É importante que o professor saiba que existem muitas variações dialetais, e
principalmente, deve conhecer muito a respeito de linguagem e estar ciente de como se dá o
processo de aquisição lingüística. Necessário para que as crianças deixem de ser unicamente
“falante” de uma língua para tornarem-se leitores e escritores. Pois sabemos que a
aprendizagem da leitura e da escrita faz desenvolver formas particulares de interagir, de se
expressar e assumir crítica e criativamente função de sujeito de sua linguagem, seja falando
ou escrevendo, lendo ou interpretando.
Portanto, devemos fazer uma “análise e reflexão sobre a língua” para podermos
melhorar a capacidade de compreensão e expressão dos alunos, em situações de comunicação,
tanto escrita como oral. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,
2001, p.23), compreender que a oralidade, a leitura e a escrita são práticas que se
complementam, que permitem o aluno a construir conhecimentos. E com o domínio da
linguagem que o homem se comunica, acumula informações e produz seu conhecimento, no
entanto, é função da escola “...garantir a todos seus alunos acesso ao saberes lingüísticos
necessários para exercício da cidadania...”. Para que cada indivíduo se torne capaz de ler,
interpretar, redigir textos ou assumir as palavras em diferentes situações de sua vida, com
prazer e motivação.
3.1. O ESPAÇO DA LEITURA NA ESCOLA.
A leitura é um amplo esquema para obter, avaliar e utilizar informação. É uma
atividade que constitui ao mesmo tempo, forma de instrução e instrumento para o manejo em
busca de diversidades e descontração e por meio dela chegar ao prazer de ler.
Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal. Não se lê só para aprender a
ler, não se lê de uma única forma. Lê-se para ampliar os limites do próprio conhecimento,
para obter informações simples e complexas, para saber mais sobre o próprio mundo.
O ensino da leitura é da maior importância, mas nos cursos básicos, a leitura é
utilizada como instrumento para aquisição de conhecimento. A principal meta da Educação
Básica era “aprender a ler”, agora a ênfase é dada no “ler para aprender”, mas não significa
que o primeiro não tenha validade na escola atual.
Todo mundo sabe que a leitura está longe de ser uma tarefa fácil. Mas ler é o único
jeito de se comunicar de igual para igual com o restante da humanidade. Pois só através da
leitura nos escritos é que podemos desvendar outras culturas, hábitos e historias diferentes se
revelam para nós. É por isso que ler é talvez a coisa mais importante que a escola tem a
ensinar.
É preciso que a escola trabalhe a partir das séries iniciais, com textos de diversas
naturezas, para que desde cedo desenvolvam o hábito de ler. E tal façanha só irá realizar-se, se
houver a participação e presença continua do educador que deverá atuar como um mediador.
Para que a leitura se desenvolva com todo o vigor, o educador antes de tudo precisa
ser um leitor. Tem que gostar de ler, ler para eles, ler com eles e saber ouvir a leitura de seus
alunos, ainda que seja tímida e descompassada. O educador precisa ter todo um preparo
teórico e metodológico e saber que é na escola o lugar natural da leitura.
Acrescenta ainda Maria Alexandre de Oliveira (1999: 43), que, ninguém gosta de fazer
aquilo que é difícil demais, nem aquilo do qual não consegue extrair o sentido. Essa é uma
boa caracterização da tarefa de ler em sala de aula, para uma grande maioria dos alunos ela é
difícil demais, justamente porque ela não faz sentido.
A escola de uma forma geral, pela sua própria função e especificidade, trabalha com
diferentes práticas de leitura no campo social, visto que, mais do que uma necessidade social,
tem como objetivo formar leitores.
Essa especificidade da leitura escolar, não a desvincula do campo social pois a leitura
é a parte de uma cadeia de significação em que pretende a formação do sujeito, tentando
resgatar as funções da leitura para garantir que o leitor busque seus objetivos e processos no
uso da mesma.
Ao longo das séries escolares, a qualificação e a capacitação contínua dos leitores,
coloca-se como uma garantia de acesso ao saber sistematizado, aos conteúdos do
conhecimento que a escola tem de tornar disponível aos estudantes.
É conveniente que as dinâmicas de leitura sejam simples e diversificadas, de forma a
tornar a aula interessante e desejada pelo aluno. Para isso é necessário o uso dos mais variados
recursos pedagógicos, como; flanelógrafo, quadro de pregas, álbuns seriado, fantoches e etc.
Procurando estabelecer ligações entre o seu uso e o raciocínio das crianças.
Embora apresentem funções prioritárias diferenciadas, todas as práticas de leitura na
escola, visam à formação de um leitor socialmente posicionado. De uma forma geral, a
biblioteca tem como função primordial criar laços entre o leitor e o livro, enquanto na sala de
aula as “práticas da leitura” visam possibilitar o conhecimento lingüístico indispensável à
leitura alfabética, e também resgatar a leitura como prática social através das possibilidades
de leituras.
O uso de dinâmicas com a Literatura Infantil possibilita formas mais descontraídas
de relação professor-aluno em sala de aula, tornando a participação da criança mais intensa
com a história.
Se analisarmos bem, veremos que o professor é o intelectual que delimita todos os
quadrantes do terreno da leitura na escola. Sem a sua presença atuante, sem o seu trabalho
competente. O terreno dificilmente chegará a produzir o benefício que a sociedade espera e
deseja, ou seja, leitura e leitores assíduos.
No espaço da sala de aula, onde as experiências de leitura tendem a se aprofundar, a
ênfase recai no processo de sistematização da mesma, quase que, em detrimento das outras
possibilidades privilegiando textos e fragmentos de textos retirados quase que exclusivamente
de livros didáticos e propondo uma leitura destinada unicamente a desenvolver ou avaliar
conhecimentos lingüísticos, no sentido restrito.
Entretanto, reconhecendo que o trabalho com a leitura é mais amplo e exige outras
atividades alem daquelas que se prestam à sistematização o professor, deve inserir no trabalho
outros suportes textuais como o livro de literatura e o jornal.
É necessário que a escola utilize recursos que facilitem a integração e dinamização no
processo ensino-aprendizagem para um desenvolvimento apropriado.
3.2. A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DA LEITURA.
O PCN da Língua Portuguesa (1997) atribuí que a prática de leitura tem como
finalidade a formação de leitores competentes, capazes de produzir textos coerentes, coesos e
eficazes. E diz ainda, que a leitura por um lado nos fornece matéria-prima para a escrita; por
outro lado, contribui para a construção de modelos como, escrever.
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do
significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o tema, sobre o
autor, de tudo o que se sabe sobre a língua.
Paulo Freire (1988) reforça o valor que a leitura contribui no conhecimento intelectual
do homem como ser comunicativo, quando ele relata que o ato de ler não se esgota na
decodificação pura da palavra escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do
mundo.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não
possa prescindir da continuidade daquela. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.
A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura implica na percepção das relações
entre o texto e o contexto.
Como prática social, a leitura, é sempre um meio, nunca um fim e não pode ser
considerada uma atividade secundaria na sala de aula ou na vida, ela sempre deve ser a maior
herança legada pela escola aos alunos, pois ela é a fonte perene da educação com ou sem
escola.
Relatar a importância da prática da leitura, como também da literatura sob diversos
aspectos: dizer que ambos promovem o desenvolvimento cognitivo da criança, que
constituem o eixo fundamental para a aquisição da mesma e o aprimoramento da capacidade
simbólica. Todas essas questões são relevantes, porém o grande mérito da leitura é a fruição
estética que ela nos oferece.
A leitura verdadeira me compromete de imediato com o texto que a mim se dá e a que
me dou e de cuja compreensão fundamental me vai tornando também sujeito.
3.3. O PRAZER PELA LEITURA.
A leitura por prazer deve ser um convite à imaginação, que possa desenvolver a escuta
atente e ter como foco a leitura de textos literários.
O desinteresse dos jovens pela leitura está no fato de terem tantas opções de
divertimento e de ninguém se preocupar em mostrar a importância de um livro.
A leitura, muitas vezes, é o modo mais eficaz de conhecimento. Não há dúvida de que
o rádio e a televisão contribuem em muito para difundir informação e entretenimento.
Principalmente num país como o nosso, onde se lê pouco.
Entretanto, a leitura possibilita uma contribuição com as idéias e temas e uma
liberdade bem maior, por que a todo instante o livro está ao dispor para ser lido e relido,
permitindo assim uma melhor reflexão.
Desse modo, a leitura nos ensina a pensar e é pensando que se adquire cultura. Cultura
essa que não se encontra na qualidade interminável de brinquedos que fazem tudo e mais
alguma coisa, não deixando tempo para os livros.
Existe coisa mais divertida do que ler para crianças? Magia, fantasia e imaginação são
apenas alguns dos elementos presentes nesse momento, muitas vezes inesquecíveis. Logo ele
pode se recordar desse gesto em que era colocado no colo e que lhe abriam as portas de um
mundo mágico. Cheio de aventuras, despertando e estimulando a sua aprendizagem.
Lendo um livro, a criança pode desenvolver-se intelectualmente e aprender um pouco
mais sobre a vida, perceber as noções de bem e mal.
Na opinião de Maria Alexandre de Oliveira (1999: 38), “uma das contribuições
necessárias para que a experiência de ler seja prazerosa é que a leitura satisfaça um propósito,
isto é, que seja significativo para o leitor”.
A significação e o interesse caminham juntos. De modo que é significativo para o
leitor aquilo que se relaciona à sua vida, e que possa despertar a sua curiosidade ajudando a
compreender melhor o mundo em que está inserido, permitindo-lhes ter um melhor
relacionamento para com os outros.
Ter o hábito de ler desde pequeno tem suas vantagens. Pois o livro trona-se uma
companhia, um bom amigo, que lhe ajuda no desenvolvimento de sua imaginação e de sua
criatividade e de tudo pode lhe ensinar um pouco. Hábito esse que com o passar do tempo
pode ser passado de pai para filho.
Não é nada fácil contar uma historia de modo que agrade a criança, deve-se ler com
calma, ritmo e entonação diferente para cada personagem. Se a criança já sabe ler, peça-lhe
ajuda. Senão pode pedir que ela tente identificar os objetos e personagens da historia. Para
isso é conveniente que o livro possua gravuras. Dessa maneira já pode se começar a distinguir
figuras, formas e cores.
Uma historia bem contada pode e deve ser relidas várias vezes ao longo de toda a vida.
Nunca se deve comparar um bom livro a um brinquedo velho que quando se cresce, deixa-o
de lado.
Devemos ter paixão pela leitura, para formar leitores, pois ela baseia-se no prazer e no
desejo.
A literatura nasce de um jogo com o leitor, jogo esse que quem lê precisa acreditar que
o texto fala uma verdade, faz de conta que a historia podia ter acontecido consigo e emociona-
se com o desfecho de cada personagem da historia.
O bom leitor precisa possuir, além das competências fundamentais para o ato da
leitura, a intenção de ler. Intenção essa que pode ser caracterizada como uma necessidade que
precisa ser satisfeita, na busca de um equilíbrio interno ou na tentativa de colimação de um
determinado objetivo em relação a um determinado texto.
Magda Soares (1996: 54) fala que “a Literatura Infantil é, sobretudo comunicação,
pois é a relação entre os sujeitos comunicantes, autor e leitor. Se não houver relação de
comunicação entre ambos, não acontece a interação no aspecto formativo e informativo. As
propriedades formativas e informativas só se realizam e se confirmam na comunicação da
criança com a historia”.
Segundo Vygotsky (1989) a criança em idade pré-escolar vive experiências sociais
concretas ( falar, identificar objetos, conversar com adultos, amigos etc.) que lhe permitem,
por meio da atividade mental, elaborar conceitos espontâneos. É sem dúvida, imprescindível
tanto para a vida escolar como para a vida profissional futura do estudante.
CAPÍTULO 4- DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NO PROCESSO DE
AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA
De acordo com Coelho (1991), as dificuldades de aprendizagem no processo de
aquisição da leitura podem ser divididas em quatro categorias:
- Dificuldade na leitura oral: Devido à percepção visual e ou auditiva alterada, a criança
recebe informações cerebrais distorcidas e freqüentemente troca, confunde, acrescenta ou
omite letras e palavras.
- Dificuldade na leitura silenciosa: Devido à distorção visual a criança apresenta lentidão e
dispersão na leitura, perdendo-se no texto e repetindo palavras ou mesmo frases e linhas
inteiras.
- Dificuldade na compreensão da leitura: Devido à deficiência de vocabulário e a pouca
habilidade reflexiva, a criança apresenta sérios obstáculos em entender o que está escrito.
- Dislexia: dificuldade com a identificação dos símbolos gráficos desde o início da
alfabetização, acarretando fracassos futuros na leitura e escrita.
Já quanto à dificuldade de aprendizagem no processo de aquisição da escrita,
encontramos a disgrafia; a disortografia e os erros de formulação e sintaxe.
- Disgrafia: Falta de habilidade motora para transpor através da escrita o que captou no plano
visual ou mental, a criança apresenta lentidão no traçado e letras ilegíveis.
- Disortografia: Incapacidade para transcrever corretamente a linguagem oral; caracteriza-se
pelas trocas ortográficas e confusões com as letras.
- Erros de formulação e sintaxe: Apesar de ler fluentemente, apresentar oralidade perfeita,
copiar e compreender textos, a criança apresenta grande dificuldade para elaborar sua própria
escrita. Geralmente omite palavras, ordena confusamente as palavras, usa incorretamente
verbos e pronomes e utiliza a pontuação de forma inadequada.
Afinal, porque alguns alunos não aprendem? O que o professor deve fazer para
ajudar estes alunos? Estas são questões bastante complexas que intrigam e inquietam grande
parte dos docentes. As Dificuldades de Aprendizagem (D.A.), como o próprio nome já diz,
referem-se às dificuldades apresentadas por alguns alunos de assimilar conhecimentos
acarretando deste modo, déficits de aprendizagem.
É muito comum encontrarmos docentes inseguros e aflitos ao depararem-se com
alunos portadores de D.A., sendo assim, este foi o principal motivo pelo qual optamos por
buscar ampliar conhecimentos na área, objetivando compreender melhor as Dificuldades de
Aprendizagem na Leitura e na Escrita, visando intervenções adequadas que propiciarão o
melhor desenvolvimento dos alunos portadores de D.A.
Para conceituar Leitura e Escrita, foram utilizados os estudiosos: Ferreiro (1992) e
Cagliari (1995). Para conceituar Dificuldade de Aprendizagem; Dificuldade de Aprendizagem
no processo de aquisição da Leitura e Escrita e Etiologia das Dificuldades de Aprendizagem,
foram consultados os autores Smith (2001); Coelho (1991) e Morais (2002).
Para Ferreiro (1992, p.79):
“(...) eu digo escrita entendendo que não falo somente de produção de
marcas gráficas por parte das crianças; também falo de interpretação
dessas marcas gráficas. (...) algo que também supõe conhecimento
acerca deste objeto tão complexo – a língua escrita –, que se apresenta
em uma multiplicidade de usos sociais.”
Para a autora, a escrita é um processo de construção e reconstrução de um saber
construído, e neste processo a criança elabora hipóteses sobre a escrita, que vão sendo
problematizadas, caminhando assim para a alfabetização formal. A leitura, tanto quanto a
escrita, consiste em atividade bastante intricada. “Ler é uma atividade extremamente
complexa e envolve problemas não só semânticos, culturais, ideológicos, filosóficos, mas até
fonéticos” (CAGLIARI, 1995, p. 149).
É de grande importância ressaltar que leitura e escrita são atividades fundamentais
para o desenvolvimento e formação de qualquer indivíduo, pois dentro e fora da escola e por
toda vida, o domínio ou não de ambas facilitará ou não o crescimento intelectual. Tudo o que
se ensina na escola está diretamente ligado à leitura e depende dela para se manter e se
desenvolver. A leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser
lido. Sendo assim, é notória a importância tanto da escrita quanto da leitura no
desenvolvimento intelectual do ser humano.
4.1- CAUSAS DE DIFICULDADES NA LEITURA E ESCRITA
As causas das dificuldades de aprendizagem são fundadas em fatores biológicos,
sendo que estes podem ser divididos em quatro categorias, conforme Smith (2001):
- Lesão cerebral: Qualquer dano causado ao cérebro durante a gestação, parto ou pós-parto,
através de acidentes, hemorragias, tumores, meningite, exposição a substâncias químicas entre
outros.
- Alterações no desenvolvimento cerebral: Perturbação ocorrida em qualquer ponto do
processo contínuo de ativação neural, ocasionando o não desenvolvimento normal de alguma
parte do cérebro. Podemos citar como exemplo a dislexia, que consiste em sérias dificuldades
de leitura e, conseqüentemente, de escrita, apesar da criança apresentar nível normal de
inteligência. Geralmente a dislexia apresenta-se associada a outros distúrbios.
- Desequilíbrios neuroquímicos: Dissonância entre os neurotransmissores (mensageiros
químicos), causando a má comunicação entre as células cerebrais, acarretando prejuízo à
capacidade de funcionamento do cérebro.
- Hereditariedade: Herança genética, ou seja, transmissão de caracteres biológicos aos
descendentes.
No entanto, seja qual for o fator biológico contribuinte para a dificuldade de
aprendizagem, o ambiente mostra-se como fator decisivo, podendo facilitar ou complicar o
quadro do portador da mesma. Embora supostamente as dificuldades de aprendizagem tenham
uma base biológica, com freqüência é o ambiente da criança que determina a gravidade do
impacto da dificuldade.
O ambiente escolar, familiar e social exerce influência direta não só no
comportamento das crianças como também em suas atitudes e posturas diante dos problemas.
As condições em casa e na escola, na verdade, podem fazer a diferença entre uma leve
deficiência e um problema verdadeiramente incapacitante. Segundo Morais (2002), para que
se aprenda a ler e escrever, são necessárias habilidades ou pré-requisitos, que devem ser
trabalhados no período pré-escolar, o que muitas vezes não acontece adequadamente.
Por isso, o ideal é que quando se percebe que as dificuldades de aprendizagem que
a criança apresenta são oriundas ou ampliadas por um método de ensino que não está
adaptado à criança, propõe-se uma mudança metodológica para facilitar o processo de
aprendizagem.
Ao abordar os fatores emocionais, Morais (2002) deixa claro a dificuldade de se
estabelecer com precisão, quando o transtorno emocional precede as dificuldades de
aprendizagem, ou quando é a própria causa das mesmas. Para se chegar a esta conclusão, é
necessário um estudo detalhado da personalidade da criança e de seu comportamento, assim
como da dinâmica familiar e social, na qual ela se encontra inserido. Devido à complexidade
causal das dificuldades de aprendizagem muitas vezes sendo resultado da combinação de
vários fatores, fica nítida a dificuldade de diagnóstico certeiro.
Por isso, deve ficar claro que, a aprendizagem da leitura e da escrita é um processo
complexo que envolve vários sistemas e habilidades (lingüísticas, perceptuais, motoras,
cognitivas) e, não se pode esperar, portanto, que um determinado fator seja o único
responsável pela dificuldade para aprender.
Dificuldade de aprendizagem é um assunto vivenciado diariamente por educadores
em sala de aula e que desperta a atenção para a existência de crianças que freqüentam a escola
e apresentam problemas de aprendizagem. Por muitos anos, tais crianças têm sido ignoradas,
mal diagnosticadas e maltratadas. A dificuldade de aprendizagem vem frustrando a maior
parte dos educadores, pois na maioria das vezes não encontram solução para esse problema.
Corrêa (2001) ressalta que "pesquisas sobre as representações que os professores
têm do fracasso escolar denunciam que eles estão convencidos de que o problema é do aluno
e da sua família", desviando toda a provável deficiência do professor e da entidade de ensino
para os problemas de fatores externos à escola. Assim, as dificuldades de aprendizagem
devem ser levadas em conta, não como fracassos, mas como desafios e serem enfrentados
dando oportunidade aos alunos de serem independentes e de reconstruírem-se enquanto seres
humanos.
4.2. AS ESTRATÉGIAS E AÇÕES DESENVOLVIDAS NA ESCOLA PARA O
APERFEIÇOAMENTO DA LEITURA E DA ESCRITA.
O processo de aperfeiçoamento da leitura e da escrita se tornará muito mais eficiente
se os educadores trabalharem desde cedo nos seus alunos, a convenção da linguagem escrita,
pois esta pode ajudar a formar bons leitores e conseqüentemente bom escritores.
Podem ocorrer resultados mais satisfatórios por toda a vida acadêmica dos educandos,
se no período de alfabetização, houverem experiências agradáveis, utilizando precocemente o
contato com a leitura infantil.
São excelentes as atividades de estímulo a leitura e à escrita e, conseqüentemente ao
aperfeiçoamento destas mesmas, levar ao alcance dos alunos diferentes tipos de textos, como:
cartas, listas, histórias, bilhetes , etc. Isto mostrará aos alunos como é amplo o mundo letrado,
e o quanto este despertará a curiosidade para explorá-lo cada vez mais.
É essencial trabalhar a diferença entre letras e números, porque muitas crianças tem
uma tendência a confundi-los, usando assim, algarismos na escrita das palavras, como se
esses algarismos fossem letras. O educador, para ajudar o educando a superar esta dificuldade,
deve trabalhar a diferença entre letras e números em diferentes contextos.
Se faz necessário que o professor desenvolva projetos pedagógicos que tenham como
objetivo trabalhar a leitura e a escrita através de atividades lúdicas, para que este processo de
aprendizagem e ou aperfeiçoamento, não se torne monótono, deixando assim, os alunos
estressados e sem interesse em progredir.
O aperfeiçoamento da leitura e da escrita apresenta-se como um dos maiores desafios
da escola nos últimos tempos. Para isso, vemos a prática como o único meio da escola
incentivar e proporcionar, a seus alunos o aperfeiçoamento da leitura e escrita.
Para que realmente se concretize o aperfeiçoamento da leitura escrita, a idéia central
do docente na escola, deve ser o despertar para a prática da leitura. Com isso, o educador tem
o dever de proporcionar ao educando que este compreenda o ato da leitura, para que o mesmo
tenha condições de repeti-la e , até mesmo reinventá-la à sua realidade social e cultural.
Uma estratégia que consideramos bastante eficaz, no intuito de aflorar o interesse dos
alunos pela leitura e, conseqüentemente aprimorar a leitura e a escrita, é o lançamento de
projetos na escola que tenha como foco a leitura e a escrita. Pode-se trabalhar semanalmente
ou mensalmente um projeto de leitura na escola, onde os professores e coordenadores
convidariam os alunos para apresentar trabalhos relacionados a leitura e a escrita, como: criar
poesia, produzir paródias, textos, peças teatrais, etc. Além desses tipos de projetos ajudarem
no aperfeiçoamento da linguagem oral e escrita, tornaria o ambiente escolar mais agradável,
fazendo com o que o educando sinta-se útil e protagonista no bom funcionamento da escola,
concluindo com uma aprendizagem satisfatória.
A informática é mais uma das estratégias capaz de mobilizar todos os alunos na busca
pelo aperfeiçoamento da leitura e da escrita. Pois apesar de que hoje todos os jovens desejem
o acesso à internet, nem todos têm essa possibilidade em casa. E, nada melhor que
proporcioná-los este acesso no ambiente escolar, de forma lúdica e, principalmente, educativa.
Vale salientar que cada escola possui uma realidade distinta. Então, cabe aos
professores e grupo gestor de cada instituição adaptar as estratégias à sua realidade escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a elaboração desse trabalho, procurei detectar as principais deficiências de
aprendizagem na leitura e escrita na escola Guibson Marinho dos Santos.
Foi possível analisar até que ponto o hábito da leitura e escrita não é tido como um ato
prazeroso para a formação do educando na modalidade Ensino Fundamental.
É importante lembrar que, para a escola formar bons leitores é preciso capacitá-los. E,
para que isso aconteça, é indispensável que o professor seja um leitor competente, dominador
de estratégias de trabalho que envolva textos da cultura, que ele seja um leitor de muitos
textos e com conhecimentos teóricos. E, em um ambiente chamado Sala de Leitura, que os
alunos tenham a sua disposição desde gibis e revistas até os clássicos da literatura.
Oferecendo primeiramente o que eles gostam para que depois possa incluir, sem a resistência
dos alunos, as mais variadas obras literárias.
Citando os capítulos tive a oportunidade de ampliar os conhecimentos teóricos para
em seguida subsidiar uma prática ligada diretamente a questões da leitura e escrita, onde
aprendi e compreendi os fatores que contribuem para o desenvolvimento da leitura e escrita
bem como a execução de atividades, que desenvolvem a leitura propriamente dita.
As dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita são causadas por diversos
fatores. Porém, algumas crianças poderiam seguir sem maiores conflitos, apesar de suas
dificuldades em aprender, se não encontrassem pela frente à dificuldade de ensinar ou, até
mesmo, o despreparo de alguns professores.
Ao descrever sobre o mundo da leitura e escrita, percebi as seguintes idéias com as
quais concordo; o aluno que melhor se sobressai ao ler é aquele que a família o orienta e ajuda
já aquele que não tem essas oportunidades e utilizam de outros mecanismos como a televisão,
apresentam muitas dificuldades para desenvolver o gosto pela leitura posteriormente da
escrita, como também, sua execução.
Fica cada vez mais explicito a ideia de que o professor que não ler e que não exercita
diariamente a prática da leitura, não desenvolve no aluno, o hábito da leitura, nem tão pouco o
gosto pela mesma.
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