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MARÇO 2013 Mythologies Roland Barthes Segundo as ideologias do autor, o que mudou não foi a sociedade nem os mitos, mas sim a forma de interpretá-los. E é isto que se propõe fazer nesta sua obra aqui em estudo. A sua análise do processo de significação tornou-se “famosa”, na qual o autor dividia esse processo em duas fases a denotação, que se refere à perceção superficial de algo, e a conotação, que se refere às mitologias (tema tratado na obra de Barthes que aqui será analisada). Roland Barthes - Formado em Letras Clássicas em 1939 e Gramática e Filosofia em 1943 na Universidade de Paris, fez parte da escola estruturalista, influenciado pelo linguista Ferdinand de Saussure. Crítico dos conceitos teóricos complexos que circularam dentro dos centros educativos franceses nos anos 50. Entre 1952 e 1959 trabalhou no Centre National de la Recherche Scientifique - CNRS. CRÍTICA LITERÁRIA AYR Consulting, Trends & Innovation | Lisboa | Madrid | São Paulo | Miami Documento licenciado a Luis Rasquilha com o email [email protected]

Mythologies, Roland Barthes

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MARÇO 2013

Mythologies

Roland Barthes

Segundo as ideologias do autor, o que mudou não foi a sociedade nem os mitos, mas sim a

forma de interpretá-los. E é isto que se propõe fazer nesta sua obra aqui em estudo. A sua

análise do processo de significação tornou-se “famosa”, na qual o autor dividia esse

processo em duas fases – a denotação, que se refere à perceção superficial de algo, e a

conotação, que se refere às mitologias (tema tratado na obra de Barthes que aqui será

analisada).

Roland Barthes - Formado em Letras Clássicas em

1939 e Gramática e Filosofia em 1943 na

Universidade de Paris, fez parte da escola

estruturalista, influenciado pelo linguista Ferdinand

de Saussure. Crítico dos conceitos teóricos

complexos que circularam dentro dos centros

educativos franceses nos anos 50. Entre 1952 e 1959

trabalhou no Centre National de la Recherche

Scientifique - CNRS.

CRÍTICA LITERÁRIA

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BARTHES, Roland

The Noonday Press © 1991, 156 páginas

Categoria: Tendências/Coolhunting

1. Que as filosofias, morais, correntes e pensamentos que guiam a sociedade se transformam

e renovam de forma cíclica.

2. O que são mitos e como é que estes se expressam em termos lógicos na sociedade

moderna.

3. De que forma é possível adaptar os mitos às lógicas contemporâneas.

4. O que são Direita e Esquerda para Roland Barthes.

5. Como é vista a Mulher e outros elementos do circuito social.

6. Esquerda e Direita não se referem somente à Política, mas abrangem quase todas as áreas

do conhecimento, com ênfase na cultura.

1. Os mitos de outrora podem ter aplicabilidade no presente e ajudar nas previsões do futuro.

2. Os mitos ajudam-nos a compreender a evolução da sociedade, que se dá,

maioritariamente, de forma cíclica.

3. Os mitos não são inventados, partem sim de uma metalanguage; ou seja, têm a sua origem

em algo que já foi observado, discutido e analisado.

4. A diferença entre Esquerda e Direita está muito presente na linguagem mítica.

O que irá aprender:

Principais Ideias

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Introdução 3

Revisão de Conteúdos 4

Parte 1 - Mythologies 5

Parte 2 - Myth Today 10

Impacto 16

Principais Conclusões 17

Bibliografia 18

Índice

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Roland Barthes foi um teórico (reduzindo em muito todos os cargos que lhe podíamos

atribuir) francês, do século XX, tendo vivido entre 1915 (12 de novembro) e 1980 (26

de março).

Barthes foi um grande seguidor da escola e tradição Estruturalista, muito por culpa de

Ferdinand de Saussure1, em quem viu um grande exemplo a seguir.

Em termos académicos, Roland Barthes formou-se em Letras Clássicas (1939) e

Gramática e Filosofia (1943), ambos pela Universidade de Paris.

Roland Barthes foi um dos grandes semiólogos europeus. Preferiu adotar a

designação de “semiótica”, preterindo “semiologia”. Uma das grandes novidades que

introduziu a este ramo foi a sua conceção política, levando a análise do discurso a

assumir um carácter político, só por si.

A sua análise do processo de significação tornou-se “famosa”, na qual o autor dividia

esse processo em duas fases – a denotação, que se refere à perceção superficial de

algo, e a conotação, que se refere às mitologias (tema tratado na obra de Barthes que

aqui será analisada). Não só por isto ficou Barthes conhecido, também as suas ideias

sobre a morte do autor, entre muitas outras, fizeram com que se tornasse um marco

na história da crítica literária, filosofia e semiótica do século XX.

A sua lista de obras originais é extremamente vasta, de onde podemos realçar:

. Mythologies (1957);

. Elements de semiologie (1965);

. Le plaisir du texte (1973)2;

. Fragments d’un discours amoreux (1977);

. Etc..

1 F. Saussure (1857-1913) foi considerado o “pai” da semiologia, isto é, do estudo dos signos – distingue

o significante (parte física do conceito) e o significado (parte mental). 2 Esta obra será usada como referência na presente crítica, sendo utilizada a sua versão em português,

publicada pelas Edições 70.

Introdução

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Mythologies, de Roland Barthes, foi publicada originalmente em 1957, sendo que a

edição aqui trabalhada se refere a 1991. Esta edição contém o prefácio da primeira

edição, bem como o de outra de 1970.

O livro pode ser dividido em duas grandes partes:

1- Mythologies – conjunto de várias pequenas histórias, adaptadas à vida

moderna;

2- Myth Today – parte mais teórica de dissertação por parte do autor.

Aquilo que Roland Barthes nos pretende fazer ver com esta obra é que, tendo em

conta o estado do Mundo de então, uma nova interpretação de vários mitos pode

ajudar o homem moderno a ter uma nova visão sobre si. O grande criticado desta obra

acaba por ser o “mundo burguês”.

O autor pretende, então, “In short, in the account given of our contemporary

circumstances, I resented seeing Nature and History confused at every turn, and I

wanted to track down, in the decorative display of what-goes-without-saying, the

ideological abuse which, in my view, is hidden there.”3

Segundo as ideologias do autor, o que mudou não foi a sociedade nem os mitos, mas

sim a forma de interpretá-los. E é isto que se propõe fazer nesta sua obra aqui em

estudo.

3 In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991.

Revisão de Conteúdos

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The World of Wrestling – Mais do que um desporto, o wrestling é um espetáculo de

excessos. Na verdade, o que interessa é aquilo que sentimos ao ver um combate, não

aquilo que é realmente feito. Barthes compara este tipo de luta com a arte teatral, na

medida em que o objetivo final de ambas é realmente despoletar emoções no público.

Acende paixões e provoca as mais diferentes emoções junto dos espectadores.

É comparado com o teatro nos seus primórdios por causa de toda a sua envolvente e

mística: “what matters is not what it thinks but what it sees (...) This function of

grandiloquence is indeed the same as that of ancient theatre, whose principle,

language and props (masks and buskins) concurred in the exaggeratedly visible

explanation of a Necessity”4.

Tal como acontece em todos os espetáculos e encenações, o principal objetivo é o de

fazer passar determinada imagem ou sentimentos, o que não implica que estes

estejam a ser realmente vividos. Tal como nas artes dramáticas, também aqui a

génese é a de representação de algo, não da vivência pura desse mesmo “algo”. De

acordo com Barthes, pode até dizer-se que o Wrestling se assemelha às comédias do

teatro da época de Shakespeare, em que a exaltação de certas emoções era

essencial para que o clímax da obra fosse percecionada.

Mas o foco de Barthes sobre o Wrestling é outro: de certa forma, este “desporto”

reporta a questões de índole mais subjetiva, como a da justiça. No fundo, os

espetadores pretendem ver feita justiça, e naquele ringue de luta, os oponentes

representam o vilão e o justiceiro. Em suma, pode dizer-se que este espetáculo é, de

certa forma, a transposição do mito da eterna luta entre o Paraíso e o Inferno. Esta

dicotomia sempre existiu e é retratada tanto de forma consciente, como inconsciente –

como é o caso de várias publicações jornalísticas de cariz mais sensacionalista.

Nestes meios, o intuito é sensibilizar e muitas vezes, chocar o leitor. Assim, criam-se

histórias com uma moral bastante carregada e que aludam a este mito específico, da

luta eterna entre o Bem e o Mal5.

4 In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 14.

5 Para saber mais sobre esta temática, consultar DARDENNE, Robert, BIRD, Elizabeth, “Rethinking News

and Myth as Storytelling”, The Handbook of Journalism Studies, 2008, Routledge, pp. 205-218.

Parte I

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Blind and Dumb Criticism – Este texto ironiza a comum postura dos críticos literários e

de teatro. Existem sempre 2 argumentos válidos com que se justificam para não

exercer juízos de valor sobre as obras ou os autores em discussão.

O objeto que está sob crítica é de uma intelectualidade intangível/inefável,

tornando-se indiscutível por si só;

Consideram-se demasiado “pouco iluminados”, comparativamente aos autores

em análise. A sua capacidade intelectual encontra-se muito aquém daquela

que é necessário para criticar aquela obra na sua verdadeira essência.

Na verdade, estes dois argumentos tendem a ser considerados válidos pelos seus

pares por uma simples razão: “All this means in fact that one believes oneself to have

such sureness of intelligence that acknowledging an inability to understand calls in

question the clarity of the author and not that of one’s own mind”6. Trata-se então, de

uma forma subtil e “mascarada” de fazer ressaltar uma inteligência disfarçada,

concluindo na verdade, que os autores sim, são inquestionavelmente inteligentes.

Tudo isto acontece por uma questão simplesmente de que é politicamente correto

considerarmos que somos pouco conhecedores de um tema.

Este pequeno texto de Barthes exprime uma certa desacreditação na “verdadeira”

essência dos críticos. O autor satiriza uma questão bastante pertinente: afinal, será o

trabalho de um crítico, criticar? Ou será simplesmente afirmar que não é

intelectualmente “capaz” de o fazer? O que em suma acontece é que “You don’t want

to understand the play by Lefebvre the Marxist, but you can be sure that Lefebvre the

Marxist understands your incomprehension perfectly well, and above all, the delightfully

‘harmless’ confession you make of it”7.

Novels and Children – Usando mais uma vez a ironia enquanto ferramenta básica de

crítica, Barthes traz-nos este texto sobre uma “nova” forma de fazer “arte”. Depois de

mencionar um artigo da revista Elle de França em que figuravam fotografias de 70

mulheres romancistas. Nas descrições, podia ler-se “Jacqueline Lenoir (two daughters,

one novel); Marina Grey (one son, one novel); (...)”. Se pensarmos nesta citação

aprofundadamente, acabamos por perceber que a ideia por detrás desta é

simplesmente a de que todos os artistas são boémios – ou pelo menos, devem

aparentá-lo.

Todos aqueles que se consideram verdadeiros artistas, cheios de si e de uma

intelectualidade intangível, devem ser detentores de uma vida privada curiosa e

singular. Podemos adaptar esta noção para os dias de hoje, se refletirmos sobre a

natureza da maioria dos artistas musicais e literários modernos (décadas de 70, 80 e

90 do passado século XX).

6 In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 33.

7 Idem, p. 34.

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Este texto expressa ainda uma outra peculiaridade; mostra ao leitor contemporâneo,

qual era a epítome da vida de qualquer mulher da época: ser mãe. “But make no

mistake: let no women believe that they can take advantage of this pact without having

first submitted to the eternal statute of womanhood. Women are on the earth to give

children to men; let them write as much as they like, let them decorate their condition,

but above all, let them not depart from it: let their Biblical fate not be disturbed by the

promotion which is conceded to them (...)”8.

Depois uma análise mais cuidada, podemos então concluir que este é um texto que

satiriza o papel das mulheres na sociedade contemporânea de Roland Barthes. Numa

primeira leitura, são os artistas que se encontram em cheque, pela sua noção de vida

boémia e de despreocupação face a um Mundo a si exterior; mais tarde percebemos

que o debate se centra na questão das mulheres e da sua condição pouco

emancipada da altura. Embora esta não seja mais uma verdade inquestionável, os

valores morais mais básicos estão a assolar novamente a nossa sociedade. Aliás,

será mesmo de esperar que seja escrito um artigo dentro da mesma estrutura daquele

citado por Barthes, mas desta vez, de uma perspetiva diferente: as mulheres são

capazes e conseguem dar conta de todas as suas tarefas, incluindo sem dúvida, os

seus desejos mais intrínsecos, os seus mais queridos projetos de vida. O mito aqui

incluído refere-se portanto, à lógica de que todos somos livres para irmos até onde

quisermos, enquanto conseguirmos efetuar tudo aquilo que nos está destinado.

Steak and Chips – Um simbolismo de patriotismo. É desta forma que Barthes diz ser

entendido o bife em França. Tal como o já conhecido sentido por detrás do vinho,

também o bife se entende dessa forma. É um objeto de nacionalismo, quase como

uma arma contra o Mundo em volta: “To eat steak therefore represents a nature and a

morality”9, no sentido em que é algo cru, é a verdadeira essência da carne animal,

frequentemente associada à carne e ao pecado humanos. A este alimento associamos

uma elegância específica; quase irracional.

Pode então dizer-se que funciona de forma ambivalente: como um “grito” nacionalista

e ao mesmo tempo, como um escape da rotina e imposições sociais, um pouco como

uma permissão para quebrar as regras vigentes.

The Brain of Einstein – O cérebro de Einstein é aqui metaforicamente dissecado –

embora haja quem queira fazê-lo literalmente – enquanto objeto mitológico, devido ao

seu enorme contributo para o Mundo contemporâneo em várias áreas do saber. Ao

refletirmos sobre o significado de pedir a alguém para “pensar sobre” algo,

apercebemo-nos que o objeto que está na mente desse alguém, é de facto, intangível.

Mas antes de se ter essa perceção, os institutos universitários e os hospitais lutavam

para saber quem ficaria com o cérebro de Einstein, então tido como algo místico, por

8 In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 50.

9 Idem, p. 62.

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todo o conhecimento em si contido. Contrariamente, quanto mais se tentava

materializar a inteligência deste génio, mais mágica ela se tornava, algo resultante da

simples impossibilidade de conseguir realmente extrair a sua genialidade e transformá-

la em uma qualquer forma física.

Assim, pode dizer-se que todas as lógicas associadas à mente de Einstein se acabam

por tornar epítome do reino dos simbolismos e metáforas. Veja-se o seguinte exemplo:

“The historic equation E=mc2, by its unexpected simplicity, almost embodies the pure

idea of a key, bare, linear, made of one metal, opening with a wholly magical ease a

door which had resisted the desperate efforts of centuries”10.

Ornamental Cookery – Voltando a mencionar a revista francesa Elle, Barthes fala-nos

agora a partir de uma outra perspetiva, que tem mais que ver com estratos sociais do

que com comida, como o texto pode aparentar à primeira vista. Novamente, é

sublinhado um caráter de protocolo social extremamente mascarado, mas essencial

para a vivência e aceitação de cada um pelos seus pares.

O autor francês foca ainda outro ponto curioso: Sendo a revista Elle segmentada para

os grupos femininos de classe média-baixa, seria natural que tentasse apelar e

suprimir as necessidades deste mesmo grupo em especial. Mas ao contrário disso,

“(...) it is very careful not to take for granted that cooking must be economical”11. O que

quer então isto dizer? Basicamente, existe naquelas fotografias de cozinha, bastante

elaboradas, o intuito de satisfazer por si só, não de ensinar como confecionar os

referidos pratos em casa.

É possível ir mais longe na análise desta perspetiva do autor: o que na verdade a

secção de culinária da Elle tentou fazer, enquadra-se nas Tendências The Beautiful

People e Bottom of the Social Pyramid12, na medida em que conduz as suas leitoras a

sentirem-se parte de algo “superior”, uma classe à qual possivelmente nunca

chegarão, sem ser pelo imaginário reproduzido por esta publicação francesa. Tudo isto

representa o mito da necessidade de pertença e de desejo de inclusão em algo mais

do que nós mesmos13.

10

In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 69. 11

Idem, p. 79. 12

Estas duas Tendências foram identificadas e analisadas pela AYR Consulting e pelo Trends Research Center, no início deste ano de 2012. 13

Também no Jornalismo isto se encontra bastante presente. As reportagens e notícias sobre o casamento real britânico entre William e Kate Middleton são um dos melhores exemplos disso. Um dos principais intuitos das publicações é precisamente o de cativar o leitor através da narração de algo que faz parte do imaginário de todos nós. Numa última instância, apela mesmo ao mito do Príncipe e da Princesa e à mítica frase de que “Viveram felizes para sempre”.

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Parte I – Ideias

1. Roland Barthes transporta-nos para o universo de mitologias que, embora antigas, são extremamente atuais e revelam aplicabilidade a vários níveis.

2. A sociedade move-se de forma cíclica e de acordo com necessidades que não estão a ser supridas. Neste momento, está a ser conduzida até ao âmago da moralidade e daquilo que é correto, pois desde os anos 60 do século XX, que os mais conservadores consideram que o tecido social se encontra em decadência extrema.

3. Através de uma ironia acutilante e única, Barthes expressa a sua opinião acerca de determinadas noções nunca abandonadas pela sociedade em que vivemos.

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Myth Today

Nesta segunda parte da obra, em que Barthes disserta sobre algo mais teórico, o autor

afirma “(…) myth is a type of speech.”14

O que Roland Barthes nos começa por apresentar é uma (das várias possíveis)

definição de mito. Em primeiro lugar, diz-nos que o mito é um sistema de

comunicação, ou seja, pretende transmitir-nos uma mensagem. Outra das referências

feitas é à História. Segundo o semiólogo, é a História que dá origem aos mitos, “(…)

and it alone rules the life and the death of mythical language.”15 O mito surge a partir

de algo que já existe, quer seja uma imagem ou um texto, que nos permite cogitar e

discutir acerca da sua consciência.

Para terminar esta parte em que Barthes explica o mito como forma de discurso, o

autor engloba-o como constituinte de uma ciência, normalmente associada à

linguística – a semiologia.

Explicando aos leitores o que estuda esta ciência, Barthes, sucintamente, afirma que

esta envolve não dois, como se pensa, mas três termos diferentes: para além do

significado e do significante de um objeto, temos ainda o signo, “(…) which is the

associative total of the first two terms.”16 Para Barthes, também o mito assume esta

forma tridimensional: ao significante, Barthes chamou “forma”, ao significado “conceito”

e, finalmente, ao signo chamou “significação”.

1. Forma – Segundo o autor, o significante do mito é, simultaneamente,

“meaning” e “form”, visto que por um lado representa uma riqueza de

conhecimento, por outro, representa um complemento, respetivamente;

2. Conceito – “(…) it is at once historical and intentional; it is the motivation which

causes the myth to be uttered.”17;

3. Significação – Funciona como um conjunto dos dois pontos anteriores; resulta

da combinação de incentivo com motivação – “The mythical signification (…) is

never arbitrary; it is always in part motivated, and unavoidably contains some

analogy.”18

14

In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 107. 15

Idem, p. 108. 16

Idem, p. 111. 17

Idem, p. 117. 18

Idem, p. 123.

Parte II

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No relato seguinte, Roland Barthes discerne sobre a forma como os indivíduos lêem, e

compreendem, um mito. Normalmente, é um ato quase indutivo, e não semiológico, o

que pode dar aso a alguma confusão nas suas mentes. Isto é, ao lê-lo conseguem

depreender, facilmente, uma relação eminente entre o significante e o significado, ou

entre a forma e o conceito, respetivamente, quase como uma relação óbvia de causa-

efeito. No entanto, Barthes termina afirmando que “(…) myth is read as a factual

system, whereas it is but a semiological system.”19

Num contexto mais social e político, Roland Barthes define a sociedade como

burguesa, contudo, com um tom pejorativo, afirmando que a classe social definida

como “burguesia”, não sabe como se nomear. Podemos fazer uma pequena analogia

se pensarmos nesta falta de conceito da burguesia como uma metáfora para toda a

sociedade. Barthes diz “and just as bourgeois ideology is defined by the abandonment

of the name <bourgeois>, myth is constituted by the loss of the historical quality of

things: in it, things lose the memory that they once were made.”20

Se no início desta secção dissemos que o mito era um tipo de discurso, aqui referimos

mais uma definição de mito pelo semiólogo – o mito é um discurso “despolitizado.”21

Barthes entende este termo como uma espécie de oposto, construído através do

prefixo de-, referindo-se, então, ao contrário de tudo aquilo que a palavra “política”

deve representar – o estudo da sociedade.

Após colocada a questão se todos os mitos serão “despolitizados”, são apresentados

dois tipos de mitos:

1. Mitos fortes – o despegar da carga política é imediato e voraz;

2. Mitos fracos – o despegar da carga política é mais dissipado, como se este se

fosse desvanecendo, o que significa que está mais vulnerável a uma nova

investida.

A grande conclusão a que chegamos é que, de facto, ninguém compreende os mitos

segundo a lei da razão, a interpretação que deles retiramos baseia-se no nosso

contexto, vontade e necessidade.

“Men do not have with myth a relationship based on truth but on use: they depoliticize

according to their needs.”22

Com toda a questão política que rodeia o mito, somos introduzidos aos dois últimos

“subcapítulos” desta obra – Myth on the Left e Myth on the Right.

19

In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 130. 20

Idem, p. 142. 21

Termo utilizado pelo autor na obra aqui em análise – “Depoliticized” 22

In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 144.

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Começamos pela esquerda da questão. Barthes começa por diferenciar Language-

object de Metalanguage:

1. Language-object – é uma língua política, na medida em que é operacional e

está diretamente relacionada com o objeto a que se refere. Não se fala sobre

ele, age-se sobre ele – “(…) it is simply the meaning of my action.”23;

2. Metalanguage – é uma língua criada pelo indivíduo que a fala, ou seja, não

está diretamente relacionada com o objeto, visto que ele não faz parte da

nossa ação, simplesmente, falamos sobre ele – “(…) it (…) becomes the

instrument of my language.”24

Assim, esta metalanguage será a língua de eleição dos mitos, visto que, tal como foi

referido anteriormente, os mitos falam de algo que já foi observado e estudado, ou

seja, que já fez parte da language-object.

É, de seguida, dado um exemplo de um mito, que reflete a “alma” da visão política de

esquerda – Estaline. Segundo Barthes, Estaline tem todas as características que

constituem um mito:

1- Meaning – Estaline, só por si;

2- Signifier – todas as invocações e efeitos que a figura de Estaline provocava

àqueles que o rodeavam;

3- Signified – o respeito pela disciplina e regras comunistas, que Estaline

impunha;

4- Signification – a beatificação de Estaline.

Assim, o mito da esquerda não corresponde a uma necessidade, mas sim a uma

conveniência.

Uma questão importante referida pelo autor é que este mito reflete a mentalidade

esquerdina. Isto é, “(…) comes from the nature of the <Left>: whatever the imprecision

of the term, the Left always defines itself in relation to the oppressed (…) Now the

speech of the oppressed can only be poor, monotonous (…) it is a transitive type of

speech.”25

O foco do autor passa, então e como última questão abordada nesta parte, para a

Direita. Sucintamente, podemos dizer que este “Mitos à Direita” são amplamente

dicotómicos e revelam um contra senso aceite por toda a elite em questão. Primeiro, é

importante caracterizar este tipo de nova classe burguesa que surge em confronto à

Esquerda acima descrita. Estes têm uma noção pouco aberta e flexível do Mundo,

uma vez que os seus pensamentos e ideais giram em torno daquilo que é socialmente

23

In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 146. 24

Idem, ibidem. 25

Idem, p. 148.

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aceite dentro do grupo – e que não necessariamente correto – e que por alguma

razão, vai frequentemente contra a corrente de pensamento vigente na restante

sociedade.

Hoje, esta classe intelectual de Direita toma forma pelas mãos dos chamados

hipsters26, tribo fortemente caracterizada por se mover nos meios urbanos e

suburbanos, assumindo uma postura e identidade muitas vezes apelidada de “pseudo-

intelectual”. Mas o que é realmente curioso absorver desta noção é a sua lógica

altamente subvertida. A explicação do conceito de mainstream é importante para

compreender o pensamento expresso por Barthes nesta obra. Mainstream caracteriza

tudo aquilo que se torna universal e que pode ir desde ideias, passando pelo vestuário

ou por uma simples atitude ou comportamento. Hoje em dia, existe uma certa

“elegância” em afirmar que se é avant-garde. Mas para este grupo de intelectuais,

essa posição de constante aceitação em favor do vanguardismo, transforma-se, em

última instância, numa posição de mainstream assegurada. Concluindo, pode dizer-se

que atualmente aquilo que é considerado de vanguarda, será certamente adaptado

pelas massas enquanto original o que, contrariando a sua função e lógicas primárias,

acabará por se tornar claramente mainstream.

Voltemos então à análise de alguns pontos expressos em Mythologies. Aquando da

redação desta obra, a noção de Direita de Barthes era praticamente a mesma dos dias

de hoje, apenas adaptada a uma época diferente. Se afirmarmos que ambas a

esquerda como a direita são consideradas altamente intelectuais, a diferença está

então no grau de conservadorismo ou abertura existente. Neste caso, pode dizer-se

que a Direita é claramente conservadora em toda a sua essência, começando pela

forma como pensam e como se expressam, até aos seus gostos, atitudes,

comportamentos e principalmente, tipo de linguagem usada.

Para explicar o tipo de grupo em questão, Barthes comenta sete pontos, que acabam

por caracterizar a Direita e a sua essência, baseando-se nos mitos que asseguram a

continuação destes intelectuais.

1. Inoculação – Tal como todos os subgrupos sociais, também este detém

alguns “dogmas”, problemáticas para as quais não existe uma resposta correta.

São tidos como pequenos males ou desconfortos que irão sempre existir, de

forma a assegurar o balanço da lógica social: “the bourgeoisie no longer

hesitates to aknowledge some localized subversions: the avant-guarde, the

irrational in childhood, etc.”27. Esta citação exprime precisamente esta

condescendência disfarçada que tanto caracteriza a Direita;

26

De acordo com o website http://www.urbandictionary.com/define.php?term=hipster, hipster significa “a subculture of men and women typically in their 20's and 30's that value independent thinking, counter-culture, progressive politics, an appreciation of art and indie-rock, creativity, intelligence, and witty banter”. 27

In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 152.

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2. Privação da História – Os mitos que circundam a Direita tem a peculiaridade

de ter vida própria. Ou seja, não importa o berço onde as ideias, correntes ou

filosofias nasceram, apenas interessa saber que estas são válidas e

contribuem para o Mundo atual. Basicamente, trata-se da despreocupação com

um passado, preterido em favor do conteúdo em si;

3. Identificação – Embora se coloquem à parte da sociedade por considerarem o

seu próprio pensamento superior ao dos demais, acabam por contradizer esta

sua máxima, pois todos aqueles que coadunam com a Direita acreditam num

mesmo conjunto de regulamentos e correntes pré-estabelecidas. Existe no seio

deste grupo, uma forte noção de uniformidade.

4. Pleonasmo ou redundâncias – É outros dos pontos referidos pelo pensador

francês. O conceito de pleonasmo encontra-se bastante intrincado nos

argumentos constantemente levantados e dados por esta Direita conservadora.

Mais uma vez, o uso de expressões, exemplos e discursos redundantes é uma

das marcas mais fortes. A linguagem desta nova burguesia é, claramente,

completamente desprovida de sentido numa determinada perspetiva, algo que

por sua vez é executado com uma perícia que poucos conseguem.

5. Neither-Norism – Um conceito novamente abordado com extrema ironia por

parte do autor. Serve para nomear uma característica bastante acentuada no

seio deste grupo: “verbally makes the gesture of rationality, but immediately

abandons the latter, and believes itself to be even with causality because it has

uttered the word which introduces it”28. Esta “tática” é de facto discursiva, serve

para, de certa forma, aparentar deter conhecimento e acicatar o debate. Ou

seja, basicamente o neither-norism consiste na enumeração sucessiva e algo

ilógica de argumentos inconclusivos, que apenas servem de negações para

suportarem outras mesmas negações.

6. Quantificação da qualidade – O penúltimo ponto comentado por Barthes, diz

respeito ao expoente máximo a que, frequentemente, a qualidade do discurso

e dos temas debatidos é levada. Isto prende-se com uma questão já discutida

nesta crítica, como a inefabilidade e perfeição da arte ser altamente

indiscutível, logo incapaz de ser objeto de debate por não haver quem esteja “à

altura” do mesmo objeto. “(…) bourgeois dramatic art rest on a pure

quantification of effects: a whole circuit of computable appearances establishes

a quantitative equality between the cost of a ticket and the tears of an actor or

the luxuriousness of a set”29. O que no fundo, Barthes nos está a dizer é que

28

In BARTHES, Roland, Mythologies, The Noonday Press, New York, 1991, p. 154. 29

Idem, pp. 154-155.

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são aspetos específicos e altamente exteriores à sua verdadeira essência, que

muitas vezes caracterizam uma peça teatral ou uma obra poética30.

7. The Statement of Fact – Este ponto tem por parte de Barthes, uma

abordagem jocosa e irónica ao mesmo tempo. Aquilo a que comumente

apelidamos de provérbios costumam ter um propósito lógico por detrás, algo

que não acontece com a versão de ditos populares da Direita, as chamadas

“máximas”. Estes são, segundo o autor, simples noções de senso comum,

aplicadas de forma elaborada no discurso corrente, com o intuito de o tornar

menos coloquial, mais exclusivo.

30

Um dos exemplos que ilustra esta situação é a vaga de lotação dos cinemas, aquando da estreia do filme Twilight, inspirado no livro homónimo e que tem vampiros e outros elementos místicos como figuras centrais. Este filme é considerado pelos críticos intelectuais, como desprovido de qualidade, mas não tendo em conta a natureza da qualidade cinematográfica, mas sim porque não encaixa dentro dos seus conformes.

Parte II – Ideias

1. A subcultura contemporânea hipster é um dos melhores exemplos da exaltação da Direita de Barthes.

2. O autor refere sete importantes pontos que resumem – ainda que com variações – a estrutura do pensamento deste grupo mais conservador de pensadores e críticos.

3. O seu intuito é, no fundo, abordar uma série de questões mas nunca aprofundar realmente nenhum dos assuntos.

4. Existe a ideia generalizada de que mostrar inteligência e superioridade perante a restante sociedade, é, contrariamente ao que se possa pensar, confessar inferioridade ou falta de conhecimento perante aqueles que são considerados grandes artistas.

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Mythologies, do pensador e crítico francês Roland Barthes, é uma obra com extremo

impacto na sociedade vigente. Isto resulta não só das ideias vanguardistas do autor,

como também da forma como redige. A primeira parte é dedicada à narração de

pequenos contos, dos quais extrai a informação que considera essencial para uma

análise posterior, realizada com uma ironia subtil e acutilante simultaneamente, como

apenas Barthes consegue.

Através da leitura desta obra, é possível compreender um conjunto imenso de

tendências e de situações emergentes que têm vindo a tomar forma desde o início do

século XX. Poderá dizer-se que a questão do mito se encontra cada vez mais

intrínseca no nosso quotidiano, em tarefas tão singulares como o folhear de uma

revista feminina. A mitologia e o reforço de simbolismos é no fundo, o que faz com que

o ser humano se desloque um pouco do Mundo real, aquele em que vive diariamente.

Eles são essenciais para as relações interpessoais e numa última análise, para o

correto funcionamento da sociedade contemporânea. Sem eles, os Homens não

teriam ideologias nas quais se basear.

O verdadeiro cerne dos mitos está então, em dar substância à vida de cada um de nós

e ao coletivo social. A estrutura da realidade que nos rodeia encontra-se óbvia e

constantemente dependente de ideais, mitologias, simbolismos e metáforas, para

poder existir tal como é. Podemos encontrar inúmeros exemplos da enfatização dos

mitos em publicações jornalísticas, ou mesmo no setor da publicidade. Ainda que de

formas e partindo de diferentes perspetivas, ambos apelam ao “eu” mais interior e

mais puro do ser humano, fazendo ressaltar os seus desejos e vontades mais íntimas,

os seus sonhos mais profundos e algumas vezes, os seus pensamentos mais

obscuros. Se antigamente, não era possível derivar o uso dos mitos para algo

benéfico, hoje em dia é disso mesmo que se trata: estes não são apenas teorizados

em obras como Mythologies, mas também são praticados por agências de publicidade

ou redações de jornais e revistas, fazendo com que os espetadores e leitores se

sintam parte da narrativa e consigam construir a sua própria história em torno de uma

que já foi de muitos outros indivíduos.

Impacto

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Roland Barthes apresenta-nos em Mythologies uma série de premissas que acabam

por descrever, de forma explícita e sucinta, a sociedade sua contemporânea. De

alguma forma, tais comentários são perfeitamente passíveis de ser aplicados hoje em

dia, tendo em conta a já referida forma cíclica com que o Mundo se vai transformando

e renovando.

Se por exemplo, no tempo de Barthes, as mulheres exigiam um certo grau de

liberdade e só mais tarde acabaram por ser um dos grupos que mais rápida e

facilmente se emancipou, hoje em dia está a notar-se um retrocesso em termos morais

e sociais. Na verdade, aquilo a que estamos a assistir trata-se da reposição de um

ambiente e de uma estrutura social há muito perdida, onde os valores morais e sociais

imperavam acima de tudo. Desde 1960 que a sociedade tem vindo a “degradar-se” e a

tomar liberdades com as quais, por exemplos, os mais conservadores não concordam.

Mas talvez o mais curioso acerca desta obra seja o facto de se enquadrar

perfeitamente nos dias de hoje, de se adaptando e passar todos os testes do tempo.

Enquanto pensador e crítico, Roland Barthes teve e continua a ter um enorme impacto

nas correntes sociais e de pensamento vigentes. Tal como se pode ler no decorrer

desta crítica, a maioria das noções exaltadas pelo autor são efetivamente apoiadas e

podem ser identificadas em várias situações, ações, atitudes e comportamentos da

sociedade atual.

Principais Conclusões

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BARTHES, Roland, Mythologies. New York : The Noonday Press, 1991.

BARTHES, Roland, O Prazer do Texto. Lisboa : Edições 70, Col. Signos, 1980.

http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/48019/mod_resource/content/1/morte_do_a

utor.pdf

http://vogmae.net.au/intmedia/pubs/BarthesExtract.pdf

http://whataretheseideas.wordpress.com/2010/09/11/roland-barthes-myth-today/

http://www.ayr-insights.com/pt/

http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=14294

http://www.cielli.com.br/downloads/297.pdf

http://www.elle.com/

http://www.urbandictionary.com/define.php?term=hipster

Todos os sites supramencionados foram consultados entre os dias 15 e 26 de

novembro de 2012.

Webgrafia

Bibliografia

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