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História de Minas Gerais A região do atual estado de Minas Gerais , no Brasil , foi ocupada, até o século XVI, por povos indígenas do tronco linguístico macro-jê : os xacriabás , os maxacalis , os crenaques , os aranãs , os mocurins, os atu- auá-araxás e os puris , entre outros [1] . O desbravamento europeu da região teve início no século XVI, por entradas que partiam da Bahia e de São Paulo e que buscavam ouro , pedras preciosas e escravos índios. Dança dos Puris: pintura do século XIX de Johann Baptist von Spix A Corrida do Ouro Com seu irmão, Manuel Lopes, apelidado o "Buá", João Lopes de Lima foi descobridor do ouro no Ribeirão do Carmo, futura Mariana , depois de 1698 e das diligências de Francisco Bueno da Silva e Antonio Bueno da Silva , Tomás Lopes de Camargo e João Lopes de Camargo e do capelão padre João de Faria Fialho . No dia de Nossa Senhora do Carmo, 16 de julho de 1698, a bandeira do capitão João Lopes de Lima e com ele seu irmão o padre Manuel Lopes,(Buá de alcunha) redescobriu o ribeirão d Mariana, a que chamou Carmo e "mandou repartir estando já em São Paulo o meu general" (são palavras escritas por José Rebelo Perdigão que cita assim o governador Artur de Sá e Menezes ), "nomeando para isso por Guarda-mor destas Minas ao Sargento-Mor Manuel Lopes de Medeiros; e o ouro deste ribeirão se avaliou então por melhor que o de Ouro Preto". Outros autores falam em Diogo Pires Moreira e Francisco Alves de Castilho, de Taubaté, manifestando faisqueiras depois de João Lopes de Lima e Manuel Garcia, o qual teria descoberto outro córrego próximo. Eram de Atibaia . Foram seguidos pelo governador Artur de Sá e Menezes e por Manuel Lopes de Medeiros. A repartição total do Ribeirão do Carmo somente se operou em 1700, em extensão de duas léguas, pelas barrancas do mesmo, prosseguindo os descobrimentos rio abaixo, que, de acordo com as esperanças, deu boas pintas. Ainda em 1701, Antônio Pereira Machado descobriu o ribeirão que guarda seu nome nas cabeceiras do Ribeirão do Carmo, mas no seu meio curso o ocupante foi Sebastião Rodrigues da Gama. O sucesso foi seu ouro, de excelente título e qualidade, mais alto que o de Ouro Preto, conhecido há dois anos. Escreverá depois Perdigão que "o ouro preto era

História de minas gerais

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Page 1: História de minas gerais

História de Minas GeraisA região do atual estado de Minas Gerais, no Brasil, foi ocupada, até o século XVI, por povos indígenas do tronco linguístico macro-jê: os xacriabás, os maxacalis, os crenaques, os aranãs, os mocurins, os atu-auá-araxás e os puris, entre outros[1] . O desbravamento europeu da região teve início no século XVI, por entradas que partiam da Bahia e de São Paulo e que buscavam ouro, pedras preciosas e escravos índios.

Dança dos Puris: pintura do século XIX de Johann Baptist von Spix

A Corrida do OuroCom seu irmão, Manuel Lopes, apelidado o "Buá", João Lopes de Lima foi descobridor do ouro no Ribeirão do Carmo, futura Mariana, depois de 1698 e das diligências de Francisco Bueno da Silva e Antonio Bueno da Silva, Tomás Lopes de Camargo e João Lopes de Camargo e do capelão padre João de Faria Fialho. No dia de Nossa Senhora do Carmo, 16 de julho de 1698, a bandeira do capitão João Lopes de Lima e com ele seu irmão o padre Manuel Lopes,(Buá de alcunha) redescobriu o ribeirão d Mariana, a que chamou Carmo e "mandou repartir estando já em São Paulo o meu general" (são palavras escritas por José Rebelo Perdigão que cita assim o governador Artur de Sá e Menezes), "nomeando para isso por Guarda-mor destas Minas ao Sargento-Mor Manuel Lopes de Medeiros; e o ouro deste ribeirão se avaliou então por melhor que o de Ouro Preto". Outros autores falam em Diogo Pires Moreira e Francisco Alves de Castilho, de Taubaté, manifestando faisqueiras depois de João Lopes de Lima e Manuel Garcia, o qual teria descoberto outro córrego próximo. Eram de Atibaia. Foram seguidos pelo governador Artur de Sá e Menezes e por Manuel Lopes de Medeiros.

A repartição total do Ribeirão do Carmo somente se operou em 1700, em extensão de duas léguas, pelas barrancas do mesmo, prosseguindo os descobrimentos rio abaixo, que, de acordo com as esperanças, deu boas pintas. Ainda em 1701, Antônio Pereira Machado descobriu o ribeirão que guarda seu nome nas cabeceiras do Ribeirão do Carmo, mas no seu meio curso o ocupante foi Sebastião Rodrigues da Gama. O sucesso foi seu ouro, de excelente título e qualidade, mais alto que o de Ouro Preto, conhecido há dois anos. Escreverá depois Perdigão que "o ouro preto era mais agro e se fazia em pedaços ao ser colocado no cunho". Era o ouro chamado ouro podre, da serra de São João, a cavaleiro da futura Vila Rica. Outro códice da Biblioteca Municipal de São Paulo, o Códice Ameal, diz desse "ouro bravo, que é um ouro preto. E como depois de fundido se fazia em pedaços por não saberem dosar, o vendiam aos Paulistas a preço de cinco tostões e a 640 réis, que assim o davam em seu pagamento, donde ficou chamado ainda hoje a um quarto de pataca, ouro podre". Chamada corrida do ouro pois se uma pedra era avistada todos saiam correndo loucamente para ficar com ela.

Em "O Abastecimento da Capitania de Minas Gerais no Século XVIII", assim resume as descobertas Mafalda P. Zemella: "Garcia Roiz Pais pode ser considerado o primeiro descobridor do ouro dos ribeiros que correm da Serra de Sabarabuçu; Bartolomeu Bueno de Siqueira, buscando a Casa da Casca, achou ouro na Itaverava; Salvador Furtado no Carmo; o Padre João de Faria no Ouro Preto; João Lopes de Lima achou mais no Carmo; Borba Gato no Sabará; Salvador Faria de Albernaz no Inficionado; Domingos Roiz da Fonseca Leme no Ribeirão do Campo, afluente do Velhas; Domingos Roiz do Prado no rio Pitangui; Bartolomeu Bueno no rio Pará; Mateus Leme no Itatiaiçu; Domingos Borges nas Catas Altas; os Raposos no rio das Velhas; Tomé Portes del Rei, João de Siqueira Afonso e Antônio Garcia Cunha no Rio das Mortes".

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A ausência do EstadoPortugal começou, desde o início do século XVIII, a se inquietar com as minas. É datada de 7 de fevereiro de 1701 carta régia de dom Pedro II que proíbe completamente a Artur de Sá e Menezes comunicação e comércio entre a Capitania da Bahia e o que chama "minas de São Paulo", isto é, a região mineira dos Cataguás, Caeté e Rio das Velhas. Pensava a Corte poder resolver as fraudes ao Quinto ocasionadas com comércio muito ativo - mas como aplicar a lei com rigor em região tão vasta, tão deserta, sem soldados nem funcionários? Ficou porém proibida a passagem de escravos de Pernambuco e Bahia para o Sul, e tampouco era permitida a entrada de mais gente para as Minas. Os infratores achados em caminho deveriam ser presos e punidos com penas severas de cárcere e deportação, além de ter confiscada sua fazenda. Foi o início de tentativas desesperadas de "fechar" as minas.

Não havia estrutura judiciária em Minas. Os ouvidores gerais residiam no Rio e em São Paulo, e visitavam em correição, o que significa em viagem de inquéritos e julgamentos, mas se limitavam a ir aos principais arraiais. Só após as graves desordens de 1709, com a sublevação de Manuel Nunes Viana, a divisão da Capitania de São Vicente nas capitanias de São Paulo e Minas de Ouro e na do Rio de Janeiro. Só a chegada de um governador na nova Capitania de São Paulo e Minas de Ouro fez montar uma estrutura administrativa e judiciária conveniente, o que se deu após 1710-1711.

Em 1714, foram criadas as comarcas:

Comarca de Ouro Preto , com sede em Vila Rica; Comarca do Rio das Mortes , com sede na recém-criada Vila de São João del-Rei; Comarca do Rio das Velhas com sede na Vila de Sabará.

"Os aventureiros que concorriam", diz um cronista, "eram tão pobres que conduziam às costas quanto possuíam. Graças à caridade dos Paulistas, logo que entravam uns achavam cama e mesa nas casas destes descobridores: outros recebiam o mantimento somente, mas todos obtinham introdução nas lavras, até que ajuntando ouro se habilitassem para viverem às suas expensas". Mas, na linguagem popular dos mineiros, logo "forasteiro" passa a sinônimo de adversário. Os portugueses e seus aliados, os baianos sobretudo, seriam chamados "emboabas"".

Em 18 de abril de 1701, um ato do governador Artur de Sá e Menezes criou, para o fisco (para a arrecadação do tributo do Quinto sobre o ouro), os cargos de Superintendentes, escrivães, tesoureiros e registros nos caminhos dos campos gerais para o Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e para a Bahia, proibindo a circulação e a saída de qualquer pessoa de Minas sem guia do ouro pela qual mostrasse haver pago o tributo de um quinto.

Foram as primeiras providências sobre policiamento das minas e concessão dos terrenos: cobrança do quinto, recebedorias, guias. Desde então até 1820 segundo dados oficiais, mas doravante cada vez mais deficientes, a quantidade de ouro extraída sobre a qual incidiram os impostos atingiu 41 000 arrobas ou 615 000 quilos, não se podendo contar o ouro extraido e que, apesar da feroz vigilância, passou por contrabando. E eram grosseiros e primitivos os processos empregados na exploração das minas. No tempo colonial, o ouro valeu entre 1$200 e 1$500 a oitava, e por esse preço baixo a importância de tais arrobas sobe a 250,000:000$000 do tempo.

Em 7 de dezembro de 1705, o desembargador sindicante João Pereira do Vale respondeu a uma carta régia de 20 de março e escreveu um verdadeiro relatório ao rei dom Pedro II de Portugal com sua avaliação sobre a casa da moeda do Rio e o estado das Minas, em que estima a população das Minas ("serem couto de foragidos é o maior mal") em mais de 30 000 pessoas. Fala dos frades, "tão pouco regulados em seu procedimento e ações que seria servido de Deus e de Vossa Majestade mandarem seus prelados que todos se recolhessem e só passassem Padres da Companhia e alguns missionários". Falando das numerosas fraudes dos habitantes e Minas, diz - "afirmam os de maior experiência e melhor ponderação que se do ouro que nelas se tira cada ano se pagassem os quintos e datas com pontualidade, teria Vossa Majestade mais de cem arrobas cada ano.»

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De 1705 em diante, escasseaiam as lavras fáceis de aluvião, obrigando a transformar o sistema da mineração por serviços em terra firme, obrigados a desmonte e regos de grande custo; os reinóis passam a mineiros. Conhecidos e amparados pelos compatriotas opulentos de praças marítimas, que lhes forneciam a crédito escravos e instrumentos, as terras mais ricas e regiões mais férteis passaram a ser de reinóis e baianos com tais elementos à disposição. Os Paulistas, em rápida decadência, procuraram novos ribeiros, largando seus arraiais e lavradios, refugiando-se na lavoura de roças. Os antigos magnatas ficam nivelados com a plebe solta nas Minas e a velha divisão de raças cedeu à nova divisão entre ricos e pobres, os ricos virando cabecilhas improvisados à frente de clientes façanhudos, de recente grandeza, impondo-se pelo terror a povoações inteiras. É a época dos concubinados e bastardos: população orçada em 30 000 almas, caminhos livres e francos, mercados abundantes, soltas forças da anarquia. O primeiro incidente de caréter vagamente nacionalista ocorre na Ponta do Morro.

Conflitos pelo OuroA invasão brutal e em atropelo impacientou até espectadores desinteressados, como o Padre Belchior de Pontes, que esconjurara, da aldeia de São José onde vivia, aqueles paulistas que se dirigiam para as minas, profetizando desgraças que sucederiam no grande levantamento futuro. O jesuíta antevia os ódios que iriam se desatar nas Minas Gerais, ontem sertões, habitados de feras e gentio. Os arraiais foram poucos, mas manifestado o ouro, surgiram de toda a parte: local para o lazer, a compra e a reza, não eram era domicilio nem lar, apenas uma demora, com caráter de provisoriedade e improvisação, o importante era a cata, a mineração, no fundo dos vales. Levavam vida grosseira, rude, somente com o lar e a mulher surgiriam preocupações de conforto.

Em 6 de fevereiro de 1705, uma ordem real declarou que a licença de passar às Minas só seja dada às pessoas de qualidade. Estaria a côrte alarmada na crença da extinção fácil das minas? Desde ofício de 20 de maio de 1698 de Artur de Sá e Menezes, havia ansiedade da corte: seriam menos ricas, seriam duráveis? Até 1704, houve dúvida: só quando se descobrem as camadas e veeiros da serra do Ouro Preto, formações regulares e de nunca vista fertilidade, crêem no resultado final e no destino das Minas - e o rei resolve derrogar as ordens proibitivas, franqueia caminhos. Com esta nova política, os Paulistas se sentem vencidos; reconcentram seu ódio nos forasteiros.

No século XVII, as drogas da terra em São Paulo eram a farinha, panos de algodão, redes, trigo, marmelo, couros e carnes. A grande maioria dos tropeiros era reinol, movimentando o giro comercial "Paulista", pois o natural da terra desprezava o comércio como degradante. Do Rio de Janeiro subiam para as Minas os artigos da terra, como açúcar, aguardente, gado, feijão, arroz e farinha, e artigos importados como vidros, espelhos, sedas, damascos, pelúcias, baixelas, vinhos, azeites, armas, pólvora, sal, ferro etc. - e os escravos. A Bahia, dada a grande facilidade de comunicação terrestre e a navegação pelo Rio São Francisco, era zona de povoamento antigo, havia currais no sertão, importante centro importador de artigos europeus - a proibição do capítulo XVII do Regimento nunca pode ser efetiva, a onda de contrabando foi irreprimivel, pois os moradores não permitiam, eram todos «tão absolutos que qualquer vaqueiro ou Paulista metido com a sua escopeta pelos matos daqueles sertões nem todos os exércitos da Europa parece serão bastantes para o impedirem que entre e saia para onde quiser». Se não fosse boiadeiro, não poderia, teoricamente, entrar. Outro produto, além do gado, foi o escravo - o contrabando era irrefreável. A princípio os senhores de engenho vendiam seus negros gostosamente - depois com a elevação do preço, não mais. Potentados em gado, senhores das fazendas, tropeiros e comboeiros de negros se foram congraçando e associando: uma das maiores figuras do contrabando foi Manuel Nunes Viana mancomunado com outros portugueses e baianos (no fundo, defendia os direitos que tinham os mineradores de alimentar-se, vestir-se e comprar de que quisessem, as coisas de que careciam) contra Borba Gato, Paulista defendendo a causa do rei.

Guerra dos Emboabas

As descobertas importantes de ouro provocaram uma corrida cheia de incidentes, sendo o mais grave a Guerra dos Emboabas (1707-1710), onde os luso-baianos derrotaram os paulistas, que ocupavam anteriormente a região aurífera - os tupis que descobriram as minas possuiam bem mais afinidades com eles e realmente foram os grandes responsáveis por ceder a informação do ouro - obrigando-os a emigrar para o

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Centro-Oeste, onde outros grupos de índios, aliados dos paulistas, haviam descoberto ouro. Só que a transferência da capital foi em vão, já que os comerciantes judeus de Salvador eram os maiores traficantes de ouro e diamantes ilegais de toda a atual Minas Gerais e região Centro-Oeste, transformando o Rio São Francisco num grande exportador das riquezas de Minas (e o ícone-mor desta época é a igreja de São Francisco em Salvador, que nada possui de franciscana e tudo que tem é ouro contrabandeado por baianos do século XVIII).

Capitania de São Paulo e Minas de Ouro

Ver artigo principal: Capitania de São Paulo e Minas de Ouro

Foi criada a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, separando-se da Capitania do Rio de Janeiro. A carta Régia data de novembro de 1709. As novas capitanias de São Paulo e Minas do ouro seriam somente capitania quando tivesse seus povoados de maior importância, organizados de acordo com as Ordenações do Reino, com câmaras municipais, Justiça, repartições arrecadadoras de tributos régios, Secretaria com livros de Atos, Cartas- Régias, Cartas-Patentes e Caixas Fiscais. O novo governador, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, recebeu ordem de velar pela fundação de povoações e tratar Paulistas e Reinóis com a mesma equidade, «uns e outros tendo a mesma condição de vassalos».

1709As sete províncias originais

Capitania de Minas GeraisEm 1720, a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro foi dividida em Capitania de São Paulo e Capitania de Minas Gerais (praticamente o território atual, exceto o Triângulo Mineiro, que permaneceu paulista e passou para Goiás antes de se tornar parte de Minas Gerais em 1816[2] ). Na primeira metade do século XVIII, a região tornou-se o centro econômico da colônia, com rápido povoamento, com destaque para as chamadas Vilas do Ouro - Ouro Preto, Mariana, Serro, Caeté, São João del-Rei, Pitangui, Sabará e São José do Rio das Mortes.

Inconfidência Mineira

Ver artigo principal: Inconfidência Mineira

No entanto, a produção aurífera começou a cair por volta de 1750, o que levou Portugal a buscar meios para aumentar a arrecadação de impostos, provocando articulações e conversas acerca da possibilidade de se realizar um levante que, apesar de nunca ter se efetivado, entrou para a história como a Inconfidência Mineira, em 1789.

O Mito da Decadência Mineira

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Encerrada essa fase, a política de isolamento, antes imposta à região mineradora como forma de exercer maior controle sobre a produção de pedras e metais preciosos, ainda inibia o desenvolvimento de qualquer outra atividade econômica de exportação, forçando a população a se dedicar a atividades agrícolas de subsistência. Por decênios, apesar dos avanços alcançados na produção de açúcar, algodão e fumo para o mercado interno, Minas Gerais continuou restrito às grandes fazendas, autárquicas e independentes.

A decadência do ouro levou ao esvaziamento das vilas mineradoras, com o deslocamento das famílias e seus escravos para outras regiões, o que expandiu as fronteiras da capitania, antes restritas à região das minas.

A estagnação econômica da província, bem como de toda a colônia, continuava e somente foi rompida com o surgimento de uma nova e dinâmica atividade exportadora, o café.

Ocupação e Definição das FronteirasNo fim do século XVIII, começou a ocupação das atuais regiões da Zona da Mata, Norte de Minas e Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. A expansão dos limites de Minas Gerais continuou ao longo do século XIX.[3] Em 1800, definiu-se a divisa com o Espírito Santo, a qual foi estendida até a Serra dos Aimorés. Em 1816, as atuais regiões do Triângulo e Alto Paranaíba foram incorporadas a Minas Gerais transferidas da Capitania de Goiás. Em 1824 o atual Noroeste de Minas deixou de pertencer a Pernambuco e foi incorporado a Minas. Já a divisa com o Rio de Janeiro, estabelecida sem muita precisão desde 1709, foi fixada em 1843[4] e, em 1857, o Vale do Jequitinhonha foi definitivamente transferido da Bahia para Minas Gerais.

CafeiculturaA decadência da produção aurífera nas últimas décadas do século XVIII desencadeou um movimento migratório das vilas do ouro para outras áreas da Capitania das Minas Gerais. Nos primeiros anos do século XIX, as lavouras de café da Capitania do Rio de Janeiro atingiram Minas Gerais pelos vales dos afluentes do Rio Paraíba do Sul. Localizaram-se, inicialmente, na Zona da Mata, nas fazendas dos seus desbravadores, cujas famílias eram oriundas das regiões de Vila Rica, do Serro e do Sul de Minas.

Rapidamente a cafeicultura se difundiu, transformando-se na principal atividade da Província de Minas Gerais durante o Brasil Império e agente indutor do povoamento e do desenvolvimento da infra-estrutura de transportes e de energia. A prosperidade trazida pelo café ensejou um primeiro surto de industrialização, reforçado, mais tarde, pela política protecionista implementada pelo Governo Federal após a Proclamação da República Brasileira. Juiz de Fora despontava como a principal cidade mineira à época, estimulada pela imigração de alemães e italianos para trabalhar nas fazendas e nas fábricas. Construíram-se as primeiras usinas hidroelétricas, ferrovias e rodovias de Minas Gerais - com destaque para as pioneiras no Brasil Estrada União e Indústria e Usina de Marmelos - e foram fundadas suas primeiras instituições bancárias.

Industrialização

Primórdios

As indústrias daí originárias eram de pequeno e médio portes, concentradas, principalmente, nos ramos de produtos alimentícios (laticínios e açúcar), têxteis e siderúrgicos. No setor agrícola, em menor escala, outras culturas se desenvolveram, como o algodão, a cana-de-açúcar e cereais.

Modernização

O predomínio da cafeicultura só vai se alterar, gradualmente, no período de 1930 a 1950, com a afirmação da natural tendência do Estado para a produção siderúrgica e com o crescente aproveitamento dos recursos minerais. Ainda na década de 1950, no processo de substituição de importações, a indústria ampliou

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consideravelmente sua participação na economia brasileira. Um fator que contribuiu para essa nova realidade foi o empenho governamental na expansão da infra-estrutura - sobretudo na área de energia e transportes - cujos resultados se traduziram na criação, em 1952, da Companhia Energética de Minas Gerais e no crescimento da malha rodoviária estadual, com destaque para a inauguração da Rodovia Fernão Dias (BR-381), que liga Belo Horizonte a São Paulo, no fim da década.

Na década de 1960, a ação do governo cumpriu papel decisivo no processo de industrialização, ao estabelecer o aparato institucional requerido para desencadear e sustentar o esforço de modernização da estrutura fabril mineira.

A eficiente e ágil ofensiva de atração de investimentos, iniciada no final da década de 1960, encontrou grande ressonância junto a investidores nacionais e estrangeiros. Já no início da década de 1970, o estado experimentou uma grande arrancada industrial, com a implantação de inúmeros projetos de largo alcance sócio-econômico. O parque industrial mineiro destacou-se nos setores metal-mecânico, elétrico e de material de transportes.

Entre 1975 e 1996, o produto interno bruto mineiro cresceu 93 por cento em termos reais. Em igual período, o país registrou um crescimento de 65 por cento. Esse relevante desempenho verificou-se, sobretudo, no setor de transformação e nos serviços industriais de utilidade pública. Na indústria extrativa mineral, a supremacia mineira durou até 1980, quando o país passou a explorar, entre outras, as jazidas do Complexo Carajás. Entretanto, em 1995, o estado ainda respondia por 26 por cento do valor da produção mineral brasileira do setor de metálicos.

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Usina Hidrelétrica de Furnas

Usina Hidrelétrica de Furnas

Tubos que conduzem a água do reservatório às oito unidades geradoras de energia elétrica

Rio Rio Grande

Localização Minas Gerais

Coordenadas 20°40'11S , 46°19'05W

Inaugurada 1963

Informações Técnicas

Capacidade de geração 1216 MW

Unidades geradoras 8

Barragem

Altura 127 m

Comprimento 554 m

Reservatório

Capacidade

22,59 bilhões de m³ (volume total)17,217 bilhões de m³ (volume útil)[1]

Área alagada1 440 km² (Em nível máximo de operação)

Construção

Início da construção 1958

Término da construção 1963

Período de construção 5 anos

Operação e distribuição

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Empresa Geradora Furnas Centrais Elétricas

Empresa Operadora Furnas Centrais Elétricas

Empresa Distribuidora Furnas Centrais Elétricas

Site: http://www.furnas.com.br/

A Usina Hidrelétrica de Furnas é uma usina hidrelétrica brasileira localizada no Rio Grande, entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, no estado de Minas Gerais. Possui oito unidades geradoras que produzem 1 216 megawatts. Na época de sua construção, iniciada em 1958, tornou-se a maior obra da América Latina em execução, para a qual foi criada a empresa estatal Furnas Centrais Elétricas para seu gerenciamento. Sua construção foi efetuada a partir da demanda brasileira de energia elétrica, para que se evitasse o colapso do sistema. O levantamento realizado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) evidenciou o potencial hidrelétrico ao longo do rio Grande, localizado alguns pontos favoráveis a instalação de usinas, dentre eles um local conhecido como "corredeiras de Furnas".

Desde sua fase de projeto, entretanto, a instalação da usina enfrentou oposição por conta da extensão de seu reservatório, que forçaria a desocupação de mais de trinta e cinco mil pessoas, além da perda de terras cultiváveis. Contudo, na época de sua construção, a produção da usina representaria mais de um terço de toda a energia gerada no país, fundamental para o desenvolvimento industrial planejado por Juscelino Kubitschek. A formação da represa ocorreu em 1961 e a inauguração oficial somente em 1965. O reservatório mudou a paisagem da região sul de Minas Gerais, fornecendo novas possibilidades de exploração econômica, principalmente através do turismo e da piscicultura.

História

Um progressivo aumento da capacidade de produção de energia elétrica do Brasil, que seria fundamental para a industrialização do país, passou a ocorrer a partir de 1950, quando grandes empresas controladas pelo governo passaram a dominar um setor anteriormente ocupado por empresas estrangeiras. Neste contexto, foram criadas várias empresas, incluindo a Central Hidrelétrica Furnas em 1957. Anteriormente, em 1952, foi criada também a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), quando Juscelino Kubitschek era governador do estado, como parte dos planos de desenvolvimento para o estado de Minas Gerais [2]

A Cemig continuou um levantamento do potencial hidrelétrico da bacia do Rio Grande, onde já estavam em construção as usinas de Itutinga e de Peixoto (Mascarenhas de Moraes), inciados a partir de 1952, que representaram uma das primeiras iniciativas de desenvolvimento integrado para construção de usinas hidrelétricas. Estes estudos resultaram em um plano de instalação de catorze usinas que totalizariam uma capacidade de 7 500 megawatts, o que teria grande impacto na oferta de energia do país, uma vez que a capacidade instalada na época era de somente 3 000 megawatts.[3]

Dentre os pontos adequados à instalação de usinas ao longo do rio Grande estavam as corredeiras denominadas Furnas, cujo proprietário era um empreiteiro que prestava serviços à própria Cemig, através da empreiteira Mendes Júnior. Estava definido o local da barragem. A usina teria capacidade superior a mil megawatts, um terço da capacidade disponível na época, evidenciando o seu impacto que extrapolava benefícios regionais. [4] [5]

Projeto

A partir dos estudos preliminares da Cemig, estimou-se a construção da usina com capacidade de 1 200 megawatts, o que representava quase a metade do que era previsto pelo Plano de Metas durante o governo de Juscelino Kubistchek, eleito em 1955. Em 5 de novembro de 1956, por meio do decreto n.° 40.271, a Cemig foi autorizada a

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fazer o levantamento completo para o aproveitamento hidrelétrico do trecho da bacia do rio Grande que seria afetado pela construção da usina.[6] Em dezembro do mesmo ano, uma área de 3 770 hectares no então município de Alpinópolis foi desapropriada para ser utilizada na construção da usina.[7]

Após a posse de Juscelino, em janeiro de 1956, decidiu-se que uma nova empresa estatal deveria assumir o projeto e operação da usina de Furnas, justificado por se tratar de um empreendimento de vários estados numa época em que companhias e estados manifestavam somente interesses individuais. Desta forma, após o entendimento da Cemig e do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo, que representavam os interesses de seus respectivos estados, além da participação acionária das principais concessionárias, a Companhia Paulista de Força e Luz e a Light, foi criada a Central Elétrica de Furnas S.A. em 25 de fevereiro de 1957, cuja sede foi instalada na cidade de Passos, próximo à barragem em Minas Gerais, tendo como presidente o engenheiro John Cotrim e diretor técnico Flavio Lyra.[8] [9] Estabeleceu-se que a energia seria dividida em partes iguais entre Minas Gerais e São Paulo, chegando também ao Rio de Janeiro e o então Distrito Federal. Posteriormente, em junho de 1962, a formação do holding Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás), a empresa se tornou o principal agente executivo da expansão da capacidade elétrica de todo o centro-sul do Brasil.[10]

O projeto enfrentava também oposição, principalmente por conta do impacto que a represa traria, ao inundar terras em 32 dos então 117 municípios do estado, forçando a retirada de trinta e cinco mil pessoas que habitavam as áreas que seriam inundadas. Dentre os opositores, estava José Francisco Bias Fortes, governador de Minas Gerais após 1956. O governo federal, por outro lado, fez uma forte campanha em favor do empreendimento na imprensa em em associações de classe e profissionais. No discurso desenvolvimentista, o aproveitamento hidrelétrico da bacia do rio Grande era tido como fundamental para o desenvolvimento do país, o que fez com que fossem superados eventuais entraves de disputas regionais, além do obscurecimento de consequências sociais e ambientais advindas deste grande empreendimento.[11]

Construção

Tubulação utilizada na construção da usina hidrelétrica. (1962)

Em meados de 1958, começam as atividades para a construção da usina hidroelétrica. Os recursos para o início da obra vieram do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e do Fundo Federal de Eletrificação, além de um empréstimo de US$ 73 milhões do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, o maior empréstimo para um único empreendimento até então.[12] Uma das primeiras medidas foi instalar uma linha de transmissão de energia entre a usina de Peixoto e o canteiro de obras. A construção da usina, que na época da sua construção foi a maior obra em andamento da América Latina, demandou a contratação de profissionais estrangeiros, além da importação de equipamentos, levados principalmente por balsas até o local da obra. Mais de quatro mil funcionários trabalharam diretamente na construção. [13] Construiu-se, então, a alta barragem com enrocamento em terra e as estruturas do vertedouro e da tomada d'água à esquerda. Os ensaios em modelos reduzidos foram efetuados no Brasil, no Laboratório Saturnino de Brito, na cidade do Rio de Janeiro, o que representou um marco para o desenvolvimento da engenharia hidráulica do país.[12]

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Barragem de Furnas.

Mesmo após a consolidação do empreendimento, ainda havia oposição ao projeto, sendo por esse motivo o fechamento do reservatório marcado secretamente para 9 de janeiro de 1961. Próximo à meia noite, Flávio Lyra, diretor técnico, iniciou a operação de fechamento dos dois túneis que desviavam as águas do rio Grande. Entretanto, dias depois, quando ocorria a concretagem destes túneis, explosões causadas pela presença de gás metano oriundo da decomposição de matéria orgânica fizeram a vazão aumentar. O vazamento foi posteriomente contido com sucesso, a partir do enrocamento à montante dos túneis.[14]

As águas então subiram e inundaram centros urbanos inteiros, como a cidade de Guapé e a vila de São José da Barra, reconstruídas pela empresa em outros locais com infraestrutura completa. Alguns habitantes relutavam em deixar a área, sendo necessária a atuação das Forças Armadas para retirá-las. A usina e o sistema de transmissão ficaram prontos conforme programado, atendendo consideravelmetne a demanda de energia da época e afastando o risco de racionamento. Em setembro de 1963, a primeira unidade geradora entrou em operação. [13] A barragem permitiu ainda a regulagem da vazão para as usinas à jusante, ao longo do rio Grande. Em 12 de maio de 1965, ocorreu a inauguração oficial, com a presença do então presidente Castelo Branco.[15] A sexta e última unidade previstas no projeto inicial entrou em operação em julho de 1965. Entretanto, mais duas unidades geradoras foram incluídas no início da década de 1970.[1]

A formação do lago exigiu a transposição do rio Piumhi em Capitólio (Minas Gerais). Este rio originalmente desaguava no rio Grande. Contudo, a formação do lago faria com que a água transbordasse pelo canal deste rio e fosse para a bacia do rio São Francisco. Para evitar que a capacidade da represa fosse diminuída, e também evitar que a cidade de Capitólio fosse inundada, um dique foi construído para conter as águas da represa. Contudo, o rio teve seu fluxo interrompido, sendo transposto para a bacia do São Francisco. [16] [17]

Após muitos anos, a encosta do morro dos Cabritos, em frente à barragem, passou a sofrer com o processo de erosão, com desprendimento de grandes quantidades de terra que causava ondas que incidiam diretamente sobre a barragem logo à frente. Um grande monólito se formou, cuja queda, segundo previsões, poderia criar uma onda de trinta metros sobre a barragem. Por precaução, toda a massa de terra instável foi removida. [18]

Características

Usina

Vertedouro da usina de Furnas. Ao fundo a barragem.

A usina hidrelétrica de Furnas localiza-se entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória. A barragem de Furnas, com a finalidade de reter a água do reservatório, é formada pelo enrocamento com núcleo de

Page 11: História de minas gerais

argila, cuja altura alcança 127 metros. O coroamento, ou seja, a parte superior da barragem, possui 554 metros de comprimento por quinze metros de largura. O volume total desta estrutura é de 9,45 milhões de metros cúbicos de material. Esta barragem forma um reservatório que cobre 1440 km², cuja cota máxima de armazenamento em relação ao nível do mar é de 768 metros, sendo que o nível mínimo de operação da usina é de 750 metros, enquanto que a cota máxima da represa em um evento de cheia é de 769,6 metros. [1] [19]

O vertedouro, responsável por liberar a vazão excedente que não será utilizada na geração de energia, é formado por sete comportas, cada uma com 11,5 metros de largura e 14,5 metros de comprimento, possibilitando uma vazão máxima de 13 000 metros cúbicos por segundo. Oito comportas de tomada de água, de largura 4,7 metros por 9,7 metros de altura captam a água e as levam para as oito turbinas do tipo Francis, cujo rotor tem diâmetro de 4,485 metros, cada uma acoplada a um gerador com potência nominal de 152 megawatts, resultado na potência total da usina de 1 216 megawatts. Cada eixo disposto verticalmente gira a 150 rotações por minuto ligando a turbina aos geradores, que criam uma corrente elétrica alternada com frequência de 60 hertz e tensão de 15 quilovolts. A corrente elétrica, então, passa por 26 transformadores (em operação ou reserva) que elevam a tensão para 345 quilovolts, de onde são ligados à rede de transmissão, sendo a energia produzida integrada ao Sistema Interligado Nacional.[1] [19]

O reservatório de Furnas visto da Estação Espacial Internacional.

Reservatório

O reservatório formado pela usina, conhecido como lago de Furnas, ou popularmente "mar de Minas", banha atuais 34 municípios mineiros. Cobre cerca de 1 440 km², quando em nível máximo de operação, ao sul de Minas Gerais. O lago estende-se por dois braços principais, o primeiro a leste da barragem, seguindo o curso do rio Grande, por 240 quilômetros e outro, ao sul, seguindo o curso do rio Sapucaí, estendendo-se por 170 quilômetros. Possui muitas ramificações, sendo que seu perímetro é de cerca de 3 500 quilômetros.[20]

Para a criação do reservatório, uma grande área de terras férteis teve que ser inundada, o que exigiu a desocupação destes locais. Desta forma, desde o projeto da usina, o empreendimento se tornou mal visto e de fato trouxe prejuízo para aqueles que dependiam da agricultura para seu sustento. Contudo, a criação do lago também promoveu o surgimento de novas paisagens que poderiam ser utilizadas para lazer e recreação. Desta forma, tornou-se importante o desenvolvimento turístico ao redor do lago, que poderia superar as perdas iniciais. Mais de 260 empreendimentos turísticos já foram criados ao redor do reservatório, dentre hotéis, pousadas e clubes náuticos.[20] [21]

Page 12: História de minas gerais

Vista do lago no município de Aguanil em janeiro de 2014, com seu nível já reduzido em função da estiagem.

Os trinta e quatro municípios atingidos pela represa formam a Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago), com a finalidade de promover atividades turísticas e desenvolvimento para toda a região, valendo-se das potencialidades do lago, além de buscar preservar o ambiente ao seu redor, alertando para contaminação por fertilizantes e agrotóxicos, além da emissão de esgoto sem tratamento, desmatamento nos arredores e deposição de lixo.[22]

O lago apresenta ainda potencial para a produção de peixes, principalmente em estruturas de confinamento, como tanques-rede, uma vez que o lago não dispõe de fontes naturais de alimentos suficientes para criação extensiva. A piscicultura apresentou crescimento, mas ainda está muito abaixo do potencial de produção do lago. Entretanto, assim como o turismo, a criação de peixes está sujeita às variações sazonais do nível do lago, o qual está atingindo níveis mínimos críticos desde 2012. A empresa Eletrobras Furnas, subsidiária da Eletrobras, mantém um total de quinze balsas para o transporte de veículos e pessoas no lago, em parceria com as prefeituras, com a finalidade de amenizar os impactos causados pela criação da represa, que bloqueou muitos acessos viários. A renda obtida com o transporte de veículos é destinada integralmente ao município. [26] São João Batista do Glória e São José da Barra recebem impostos oriundos da geração de energia por sediarem as instalações da usina. Os demais municípios também recebem recursos anuais oriundos da Compensação Financeira dos Recursos Hídricos (CFRH), proporcional à área alagada. Os municípios beneficiam-se também das políticas ambientais e de responsabilidade social da empresa, que incluem criadouros de espécies nativas de peixes para povoar o reservatório e um horto florestal, com a produção de mudas para reflorestamento.

Page 13: História de minas gerais

Governadores do Estado de Minas Gerais

Nº Governador Partido Início do mandato Fim do mandato

01 Milton Campos UDN 19 de março de 1947 31 de janeiro de 1951

02 Juscelino Kubitschek PSD 31 de janeiro de 1951 31 de março de 1955

03 Clóvis Salgado da Gama PSD 31 de março de 1955 31 de janeiro de 1956

04 José Francisco Bias Fortes PSD 31 de janeiro de 1956 31 de janeiro de 1961

05 José de Magalhães Pinto UDN 31 de janeiro de 1961 31 de janeiro de 1966

06 Israel Pinheiro PSD 31 de janeiro de 1966 15 de março de 1971

07 Rondon Pacheco ARENA 15 de março de 1971 15 de março de 1975

08 Aureliano Chaves ARENA 15 de março de 1975 5 de julho de 1978

09 Levindo Ozanam Coelho ARENA 5 de julho de 1978 15 de março de 1979

10 Francelino Pereira ARENA 15 de março de 1979 15 de março de 1983

11 Tancredo Neves PMDB 15 de março de 1983 14 de agosto de 1984

12 Hélio Garcia PMDB 14 de agosto de 1984 15 de março de 1987

13 Newton Cardoso PMDB 15 de março de 1987 15 de março de 1991

14 Hélio Garcia PRS 15 de março de 1991 1º de janeiro de 1995

15 Eduardo Azeredo PSDB 1º de janeiro de 1995 1º de janeiro de 1999

16 Itamar Franco PMDB 1º de janeiro de 1999 1º de janeiro de 2003

17 Aécio Neves PSDB1º de janeiro de 2003 1º de janeiro de 2007

1º de janeiro de 2007 31 de março de 2010

18 Antônio Anastasia PSDB31 de março de 2010 1º de janeiro de 2011

1º de janeiro de 2011 4 de abril de 2014

19 Alberto Pinto Coelho Júnior PP 4 de abril de 2014 1º de janeiro de 2015

20 Fernando Pimentel PT 1° de janeiro de 2015  —

Page 14: História de minas gerais

Nº Presidente Início do mandato Fim do mandato Partido Vice-presidente(s) Referências e notas

Mandatoeletivo

Primeira República Brasileira (15 de novembro de 1889 a 24 de outubro de 1930: 41 anos de duração)

1 Deodoro da Fonseca 15 de novembro de 1889

23 de novembro de 1891

Nenhum (militar)

Floriano Peixoto [nota 1] [nota 2] [9]

Prov.

1(1891)

2 Floriano Peixoto 23 de novembro de 1891

15 de novembro de 1894 nenhum [10]

3 Prudente de Morais 15 de novembro de 1894

15 de novembro de 1898

PartidoRepublicano

FederalPR Federal

Manuel Vitorino [11] 2(1894)

4 Campos Sales 15 de novembro de 1898

15 de novembro de 1902

PartidoRepublicano

PaulistaPRP

Rosa e Silva [12] 3(1898)

5 Rodrigues Alves 15 de novembro de 1902

15 de novembro de 1906

Silviano BrandãoAfonso Pena

[13] 4(1902)

6 Afonso Pena 15 de novembro de 1906

14 de junho de 1909

PartidoRepublicano

MineiroPRM

Nilo Peçanha [nota 3] [14]

5(1906)

7 Nilo Peçanha 14 de junho de 1909

15 de novembro de 1910

PartidoRepublicano Fluminense

PRF

nenhum [14]

8 Hermes da Fonseca 15 de novembro de 1910

15 de novembro de 1914

PartidoRepublicano Conservador

PRC

Venceslau Brás [nota 4] [15] 6(1910)

9 Venceslau Brás 15 de novembro de 1914

15 de novembro de 1918

PartidoRepublicano

MineiroPRM

Urbano Santos [16] 7(1914)

— Rodrigues Alves Morreu antes de tomar posse

PartidoRepublicano

PaulistaPRP

Delfim Moreira [nota 5] [13]

8(1918)

10 Delfim Moreira(interino)

15 de novembro de 1918 28 de julho de 1919

PartidoRepublicano

MineiroPRM nenhum [17]

11 Epitácio Pessoa 28 de julho de 1919 15 de novembro de 1922

Delfim MoreiraBueno de Paiva

[nota 6] 8(1919)

Page 15: História de minas gerais

12 Artur Bernardes 15 de novembro de 1922

15 de novembro de 1926 Estácio Coimbra [18] 9

(1922)

13 Washington Luís 15 de novembro de 1926

24 de outubro de 1930

PartidoRepublicano

PaulistaPRP

Fernando de Melo Viana

[nota 7] 10(1926)

— Júlio Prestes Eleito, não assumiu em razão do golpe da Revolução de 1930 Vital Soares [nota 8] 11

(1930)

Era Vargas (24 de outubro de 1930 a 31 de janeiro de 1946: 16 anos de duração)

Augusto Tasso FragosoIsaías de Noronha

João Mena Barreto(Junta Governativa Provisória de 1930)

24 de outubro de 1930

3 de novembro de 1930 Nenhum (militares)

nenhum

[nota 9]

11

12

13

14 Getúlio Vargas 3 de novembro de 1930

29 de outubro de 1945

Aliança LiberalAL

[nota 10]

15 José Linhares(interino)

29 de outubro de 1945

31 de janeiro de 1946 nenhum [nota 11]

Segunda República Brasileira (31 de janeiro de 1946 a 1 de abril de 1964: 16 anos de duração)

16 Eurico Gaspar Dutra 31 de janeiro de 1946

31 de janeiro de 1951

PartidoSocial Democrático

PSDNereu Ramos [19] 14

(1945)

17 Getúlio Vargas 31 de janeiro de 1951

24 de agosto de 1954

PartidoTrabalhista Brasileiro

PTB

Café Filho [nota 12]

15(1950)

18 Café Filho 24 de agosto de 1954

8 de novembro de 1955

PartidoSocial Progressista

PSPnenhum [nota 13]

19 Carlos Luz(interino)

8 de novembro de 1955

11 de novembro de 1955 Partido

Social DemocráticoPSD

nenhum

[nota 14]

20 Nereu Ramos(interino)

11 de novembro de 1955

31 de janeiro de 1956

[20]

21 Juscelino Kubitschek 31 de janeiro de 1956

31 de janeiro de 1961

PartidoSocial Democrático

PSD

João Goulart

[21] 16(1955)

22 Jânio Quadros 31 de janeiro de 1961

25 de agosto de 1961

PartidoTrabalhista Nacional

PTN

[nota 15] 17(1960)

Page 16: História de minas gerais

23 Ranieri Mazzilli(interino)

25 de agosto de 1961

7 de setembro de 1961

PartidoSocial Democrático

PSDnenhum [nota 16]

24 João Goulart 7 de setembro de 1961 1 de abril de 1964

PartidoTrabalhista Brasileiro

PTB

nenhum [nota 17]

Regime Militar (1 de abril de 1964 a 15 de março de 1985: 21 anos de duração)

25 Ranieri Mazzilli(interino) 2 de abril de 1964 15 de abril de 1964

PartidoSocial Democrático

PSDnenhum [nota 18]

26 Humberto Castelo Branco 15 de abril de 1964 15 de março de

1967 AliançaRenovadora

NacionalARENA

José Maria Alkmin [22] 18(1964)

27 Artur da Costa e Silva 15 de março de 1967

31 de agosto de 1969 Pedro Aleixo [nota 19]

19(1966)

Aurélio de Lira Tavares

Augusto RademakerMárcio de Sousa Melo

(Junta Governativa Provisória de 1969)

31 de agosto de 1969

30 de outubro de 1969 Nenhum (militar) nenhum [nota 20]

28 Emílio Garrastazu Médici

30 de outubro de 1969

15 de março de 1974 Aliança

Renovadora NacionalARENA

Augusto Rademaker [23] 20(1969)

29 Ernesto Geisel 15 de março de 1974

15 de março de 1979

Adalberto Pereira dos Santos

[24] 21(1974)

30 João Figueiredo 15 de março de 1979

15 de março de 1985

PartidoDemocrático Social

PDSAureliano Chaves [25] 22

(1978)

Nova República (15 de março de 1985 à atualidade)

— Tancredo Neves Morreu antes de tomar posse Partido do MovimentoDemocrático

BrasileiroPMDB

José Sarney[nota 21]

[nota 22]

23(1985)

31 José Sarney 15 de março de 1985

15 de março de 1990 nenhum [nota 21]

32 Fernando Collor 15 de março de 1990

29 de dezembro de 1992 Partido da

Reconstrução Nacional

PRN

Itamar Franco [nota 23]

24(1989)

33 Itamar Franco 29 de dezembro de 1992

1 de janeiro de 1995 nenhum [nota 24]

34 Fernando Henrique Cardoso

1 de janeiro de 1995

1 de janeiro de 2003

Partido da SocialDemocracia Brasileira

PSDB

Marco Maciel [26]

25(1994)

26(1998)

35 Luiz Inácio Lula da Silva

1 de janeiro de 2003

1 de janeiro de 2011

Partido dosTrabalhadores

PT

José Alencar [27]

27(2002)

28(2006)

36 Dilma Rousseff 1 de janeiro de 2011 em exercício Michel Temer [28] [29]

29(2010)

30(2014)

Marechal Deodoro da Fonseca exerceu a presidência entre 15 de novembro de 1889 e 26 de fevereiro de 1891 na qualidade de chefe do Governo Provisório. Em 25 de fevereiro de 1891 foi eleito, pelo Congresso Constituinte, o primeiro presidente do Brasil, sendo formalmente empossado no dia seguinte.

Page 17: História de minas gerais

Em 3 de novembro de 1891, sentindo-se ameaçado, o Marechal Deodoro destituiu o poder legislativo. Vinte dias mais tarde, foi forçado a renunciar durante a Revolta da Armada, sendo substituído por seu vice-presidente, Floriano Peixoto. Afonso Pena morreu em 14 de julho de 1909 e seu mandato foi completado por seu vice, Nilo Peçanha. Hermes da Fonseca foi eleito por uma concertação de partidos adversários da oligarquia paulista. Foi membro-fundador do Partido Republicano Conservador idealizado por José Gomes Pinheiro Machado. Rodrigues Alves morreu antes de ser empossado para seu segundo mandato, sendo substituído por seu vice-presidente, Delfim Moreira, até a realização de nova eleição. Delfim Moreira morreu antes de ser empossado como vice-presidente de Epitácio Pessoa, sendo substituído pelo presidente do Senado Federal. Washington Luís, com menos de um mês para o fim de seu mandato, foi deposto pela Revolução de 1930. Júlio Prestes, eleito em 1 de março de 1930, não pôde assumir em virtude do mesmo golpe que depôs Washington Luís. Junta Governativa Provisória de 1930. Getúlio Vargas exerceu de facto a presidência entre 3 de novembro de 1930 e 20 de julho de 1934, na qualidade de chefe do Governo Provisório. Em 17 de julho de 1934 foi eleito, pela Assembléia Nacional Constituinte, o presidente da República, sendo formalmente empossado três dias depois. Em 10 de novembro de 1937 deu um golpe de estado que institui o Estado Novo e prorrogou seu período presidencial. José Linhares exerceu a presidência por convocação das Forças Armadas, na qualidade de presidente do Supremo Tribunal Federal, em razão da deposição do titular. Getúlio Vargas comete suicídio e foi substituído por seu vice-presidente Café Filho. Café Filho foi afastado por motivos de saúde, sendo substituído por Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados. Carlos Luz, na qualidade de presidente em exercício, foi deposto e substituído pelo vice-presidente do Senado, Nereu Ramos. Jânio Quadros renunciou ao mandato em 25 de agosto de 1961. Ranieri Mazzilli assumiu interinamente na qualidade de presidente da Câmara dos Deputados por somente 14 dias, e não houve solenidade de posse. João Goulart foi deposto pelo Golpe Militar de 1964. Ranieri Mazzilli assumiu novamente na qualidade de presidente da Câmara dos Deputados. "O caráter transitório do segundo mandato presidencial de Ranieri Mazzilli dispensou a cerimônia e o assentamento da sua posse no Livro de Posse". Costa e Silva afastou-se do cargo em 31 de agosto de 1969 por problemas de saúde. As Forças Armadas impediram a posse do vice-presidente, Pedro Aleixo, constituindo uma junta governativa provisória. Os ministros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica assumiram "o exercício temporário da Presidência da República", para o que não havia qualquer previsão constitucional. Os ministros militares proibiram o emprego da expressão "junta militar" e, em 6 de outubro de 1969, declararam "extinto" o mandato do presidente Costa e Silva. A partir de 2011, contudo, a Lei nº 12.486, manda considerar Pedro Aleixo ex-presidente da República, para todos os efeitos legais. Tancredo Neves não pôde tomar posse como Presidente em 15 de março de 1985 por motivo de saúde e morreu pouco mais de um mês depois. Neste período que antecedeu a morte de Tancredo, seu Vice-presidente José Sarney ocupou interinamente o cargo. Vide Biografia. Tancredo Neves deve figurar na galeria dos Presidentes da República, por força da Lei Federal nº 7.465, de 21 de abril de 1986. Fernando Collor foi afastado pela Câmara dos Deputados em 2 de outubro de 1992 e renunciou ao mandato em 29 de dezembro do mesmo ano.

1. Itamar Franco assumiu interinamente na qualidade de vice-presidente até a data de renúncia de Fernando Collor, tomando posse 29 de dezembro de 1992.