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Escrever para crianças e jovens: o quê e porquê? Raquel Ramos Vila Nova de Famalicão, 04 de dezembro de 2015
Crescer a ler, ler para crescer
Ideias…
Escrever para crianças e jovens: o quê e porquê?
1. A criança/ o jovem: ser humano em construção que
precisa de vitamina P
2. O escritor: uma figura comprometida
3. O mediador: um especialista que ama a leitura
• A leitura ajuda a criança/o jovem a formar-
se enquanto ser humano: ajuda a cimentar valores como a amizade, a solidariedade, a compreensão, a fraternidade, a paz.
Vitamina P
• A criança/ o jovem tem interrogações metafísicas: pergunta-se sobre a morte, o divórcio, as diferenças, o bem, o mal, etc.
• O texto literário permite um questionar múltiplo e “violento”. A consciência aberta, o gosto pelo desconhecido, a preocupação com o outro educa-se, desenvolve-se e cuida-se.
O leitor
• Até meados do século XIX não exista literatura para a infância e a juventude; mesmo os contos e As Fábulas de La Fontaine eram escritos para um público adulto.
• Não existia a noção de “teenager”. É já no século XX que surge uma cultura dos e para o jovens (cinema, música, roupa, literatura)
• Literatura infantil e juvenil
• Todos os textos narrativos, poéticos ou dramáticos que utilizam uma linguagem literária, que tencionam abordar assuntos da vida, emoções, e que não precisam de referentes reais (Rechou, 2013).
Henriette Bicchonnier
O termo genérico “literatura para crianças” recobre duas realidades contraditórias: o mundo da literatura e o mundo das crianças. Por literatura, entende-se geralmente escrita livre inspirada, uma estratégia pessoal do autor, não tendo a preocupação em agradar a ninguém em especial. É o mundo da literatura. Quando escrevemos para crianças, a estratégia é forçosamente muito diferente, uma vez que nos dirigimos a um público preciso, relativamente conhecido. Acrescentar “para crianças” à palavra literatura acaba, de certa maneira, por evocar um outro género literário, uma outra forma de escrita, adaptada a um público.
Porquê?
• O escritor é uma pessoa comprometida; põe a literatura ao serviço da sociedade
• Ajuda na aquisição e desenvolvimento da linguagem
• Influencia a formação do “gosto estético” e a formação literária
• É um meio de socialização • Conduz à identificação com uma variedade
grande de personagens e de situações • Ajuda a criança/o jovem a formar-se como
ser humano • Promove a literacia • Inspira a criatividade
O escritor
O quê?
• Para que o livro infantil e juvenil cumpra a sua função é necessário agradar à criança e ao jovem
• Conhecimento do mundo deles; estar alerta;
conhecê-los (Os Cinco) identificação com as personagens, criação de laços, ligação com a literatura
• Escrever sobre a realidade local de uma forma universal
• Escrever textos que penetrem no espírito humano com fins estéticos e éticos
• Escrever livros que conduzam a perguntas ( e não o politicamente correto)
TEMAS: amizade, a família, racismo, sexualidade, guerra, doença, divórcio, morte, poder, crescimento, violência, tolerância, etc.
Judith Hillman
Como? Contéudo • Experiências típicas da infância/jovens,
escritas na perspetiva da criança/jovem • Personagens infantis ou similares • Intrigas simples e diretas, centradas na
ação • Um sentimento de otimismo e inocência
(o final feliz é a norma) • Uma tendência para combinar a
realidade e a fantasia
Qualidade • Poder para satisfazer, explicar, convidar
a ler
Algumas questões
1. Literatura infantil portuguesa percorre um caminho de inovação, experimentalismo e qualidade (à semelhança do que ocorre noutros países)
2. Faixas etárias/papéis que o leitor assume (Appleyard):
a) “Leitor como player” – ouvinte de histórias
b) “Leitor como herói” – 1.º e 2.º ciclos
c) “Leitor como pensador” – adolescentes procuram descobrir o sentido da vida
3. Fantasia e realidade: as obras para crianças tanto podem transportá-la para universos imaginários como dar-lhes a conhecer a História; a criança não se desorienta com a intervenção do imaginário e do fantástico
4. Menos é mais: tratamento simples (mas não simplista) tem um resultado eficaz;
5. “Literatura crossover”: um bom livro para crianças e jovens deve agradar também aos adultos
Na literatura infantil e juvenil os destinatários e os recetores não coincidem.
Ao mediador (um especialista) cabe:
1. Conhecer bons textos (cânone literário + textos contemporâneos de qualidade); a escola tem de ter uma certa abertura, porque o único contacto de muitas crianças com a leitura é feito na escola.
2. Saber desenvolver atividades de promoção da leitura:
• Ensinar a inferir, jogar com as palavras, as frases, as ideias
• Despertar para o desconhecido • Desenvolver atitudes múltiplas em torno da
leitura 3. Dedicar tempo; discutir à volta do livro 4. Ter uma postura aberta face a novos suportes e formas de motivação
O mediador
Obrigada!