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Egito antigo

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Page 1: Egito antigo

Egito Antigo

No processo de formação das primeiras civilizações, a região do Crescente Fértil foi um importante espaço, na qual a

relação de dependência do homem em relação à natureza diminuía e vários grupos se sedentarizavam. A

domesticação de animais, a invenção dos primeiros arados, a construção de canais de irrigação eram exemplos de

que a agricultura viria a ocupar um novo lugar no cotidiano do homem. Mais do que isso, todo esse conhecimento

foi responsável pela formação de amplas comunidades.

Entre todas essas civilizações, o Egito destacou-se pela organização de um forte Estado que comandou milhares de

pessoas. Situada no nordeste da África, a civilização egípcia teve seu crescimento fortemente vinculado aos recursos

hídricos fornecidos pelo Rio Nilo. Tomando conhecimento do sistema de cheias desse grande rio, os egípcios

organizaram uma avançada atividade agrícola que garantiu o sustento de um grande número de pessoas.

Além dos fatores de ordem natural, devemos salientar que a presença de um Estado centralizado, comandado pela

figura do Faraó, teve relevante importância na organização de um grande número de trabalhadores subordinados ao

mando do governo. Funcionários eram utilizados na demarcação de terras e cada camponês era obrigado a reservar

parte da produção para o Estado. Legumes, cevada, trigo, uva e papiro estavam entre as culturas mais comuns neste

território.

Observando as grandes construções e o legado do povo egípcio, abrimos caminho para um interessante debate de

cunho histórico. Tomando como referência as várias descobertas empreendidas no campo da Astronomia,

Matemática, Arquitetura e Medicina, vemos que os egípcios não constituíram simplesmente um tipo de civilização

“menos avançado” que o atual. Afinal de contas, contando com recursos tecnológicos bem menos avançados, eles

promoveram feitos, no mínimo, surpreendentes.

A escrita do antigo Egito

A escrita do antigo Egito era chamada de hieroglífica(vem do grego “hieróglifo”, que significa sinal sagrado) e era

primitivamente pictográfica, isto é, cada símbolo representava um objeto. Essa escrita era constituída de mais de

seiscentos caracteres.

Além da escrita hieroglífica, os egípcios usavam dois outros sistemas de escritas. A escrita hierática, que era

organizada em formato cursivo e usada para fins comerciais; e a escrita demótica, que foi usada nos últimos

períodos, pois era uma forma mais simples e mais popular da escrita hierática.

O francês Jean-François Champollion (considerado o pai da egiptologia), professor de História da Universidade de

Grenoble, na França, foi quem conseguiu pela primeira vez, em 1822, traduzir um texto em hieróglifos, gravado na

famosa pedra de Roseta. A pedra foi encontrada na cidade de Roseta, por acaso, durante uma expedição de

Napoleão Bonaparte, em 1799, ao Egito.

A pedra de Roseta possuía, além da escrita hieroglífica, uma escrita em caracteres demóticos e outra escrita em

grego antigo. Na pedra havia um decreto do Rei Ptolomeu V e o que possibilitou a sua interpretação foi a

comparação da escrita grega com as escritas correspondentes em demótico e em hieróglifos. Através dessa

descoberta iniciou-se uma nova fase no estudo da história do Egito, a partir do século XVIII.

Escrita Egípcia

No Egito Antigo, a escrita tinha uma grande importância no desenvolvimento de atividades de cunho sagrado e

cotidiano. Em linhas gerais, os egípcios desenvolveram três sistemas de escritas diferentes entre si. A primeira e

mais importante delas é a hieroglífica, que era estritamente utilizada para a impressão de mensagens em túmulos

e templos. Logo em seguida, havia a escrita hierática, uma simplificação da hieroglífica, e a demótica, utilizada

para escritos de menor importância.

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O desenvolvimento da escrita veio seguido pela produção de uma rica produção literária capaz de abranger desde

os temas cotidianos, indo até a explicação de mitos e rituais sagrados. Entre os livros de natureza religiosa e

moral, destacamos o “Livro dos Mortos” e o “Texto das Pirâmides”, respectivamente. Em paralelo, também havia

produções textuais mais leves e jocosas, como no caso do livro “A sátira das profissões”, escrito que critica os

incômodos existentes em cada tipo de trabalho.

Para a manutenção de um vasto império como foi o Egito, a escrita acabou sendo tarefa exclusiva de uma

privilegiada parcela da população. Os escribas eram os únicos que dominavam a leitura e a escrita dos hieróglifos.

Sua formação acontecia em uma escola palaciana onde os mais bem preparados obtinham cargos de fundamental

importância para o Estado. Entre outras funções, um escriba poderia contabilizar os impostos, contar os servos do

reino, fiscalizar as ações públicas e avaliar o valor das propriedades.

Em troca dos serviços prestados, um escriba recebia diferentes tipos de compensação material. É importante

lembrar que o dinheiro ainda não havia sido inventado naquela época e, com isso, o trabalho de um escriba

acabava sendo pago por meio de vários alimentos, como frutas, pão, trigo, carne, gordura, sal ou a prestação de

um outro serviço em troca. Formando uma classe intermediária, os escribas tinham posição de destaque junto ao

Estado e o restante da sociedade.

A complexidade do sistema de símbolos que compunham a escrita hieroglífica dos egípcios foi um grande mistério

durante vários e vários séculos. Somente no inicio do século XIX, quando o general Napoleão Bonaparte realizou a

invasão do Egito, é que esse tipo de escrita começou a ser desvendado. Uma equipe de cientistas franceses passou

a catalogar diversas peças e fragmentos cravejados pela misteriosa escrita egípcia.

Entre outros achados se destacava a “Pedra de Roseta”, uma lápide de basalto negro onde foram encontradas

inscrições em grego, hieroglífico e demótico. Somente em 1821, graças aos esforços do jovem pesquisador Jean

François Champollion, a palavra “Ptolomeu” foi por ele traduzida desse documento escrito. A partir daquela

pequena descoberta, foi possível realizar a leitura de uma variedade de outros documentos que explicam

importantes traços desta civilização.

A história das Pirâmides no Egito Antigo

Muito se discute sobre a origem das pirâmides egípcias. Discursos marcados por misticismos tentam até hoje

achar respostas para a complexa engenharia na construção desses locais sagrados no Egito Antigo. Algumas

hipóteses não científicas apoiam a possibilidade de ajuda sobrenatural que os egípcios poderiam ter recebido ao

longo de suas vidas. Todavia, as pirâmides foram implantadas com técnicas bastante desenvolvidas há mais de

2500 anos e o uso da matemática facilitou o cálculo na posição das pedras que se encaixaram umas sobre as

outras.

Historiadores e arqueólogos, que buscam respostas para os mistérios nas construções das pirâmides, chegaram à

conclusão de que cada bloco de pedra, que era lapidado para ser utilizado na construção, pesava cerca de duas

toneladas. As fontes arqueológicas mostram que os próprios egípcios desenvolveram mecanismos para facilitarem

o transporte das rochas e de outras matérias-primas.

Os camponeses eram recrutados durante o período de seca do rio Nilo para ajudarem nas construções das obras

piramidais. Essas construções duravam cerca de vinte a trinta anos e vários trabalhadores sofriam acidentes fatais

durante o período de trabalho. Outro obstáculo na engenharia dessas obras eram os labirintos construídos na

parte interna das pirâmides, pois os faraós queriam proteger toda sua riqueza que ficariam guardadas no

momento em que eles fossem mumificados e por isso pensavam em estratégias para enganar os violadores de

tumba.

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Por se tratar de um local sagrado e cercado de poder simbólico para os faraós, os trabalhadores egípcios que

sobreviviam ao final da construção eram assassinados, pois, eles sabiam dos códigos e segredos das armadilhas

que eram estrategicamente elaboradas na parte interna das pirâmides. Isso explica os mistérios que cercam essas

grandiosas construções da Antiguidade que ainda hoje servem de estudos sobre o passado humano.

Mesmo sabendo das técnicas utilizadas na construção dessas obras piramidais, alguns pseudoestudiosos levantam

a discussão da existência de elementos proféticos nos corredores das Pirâmides. Segundo o pesquisador J. Ralston

Skinner, existe na parte interna da Pirâmide de Quéops escritos que tratavam da história de Adão e também de

Moisés e Abraão. Essas pesquisas e seus resultados aumentam ainda mais o misticismo no qual está inserida a

história das construções piramidais e nos deixam ansiosos por mais respostas e descobertas.

A invasão dos hicsos

Durante o Médio Império Egípcio (2000 – 1580 a.C.), a reconstituição da estrutura de poder centralizada não foi

capaz de encerrar as disputas políticas entre o faraó e os demais representantes da elite religiosa e administrativa

do Egito. Por volta do século XVIII a.C., a pressão exercida por membros da nobreza contra a autoridade faraônica

estabeleceu um grave desacordo. Muitos membros da elite, interessados em desafiar o poder do faraó,

permitiram que povos estrangeiros adentrassem o território.

Justamente em meio a essas contendas que os hicsos (civilização de origem asiática) estabeleceram a ocupação

pacífica da região norte do império egípcio. Conforme levantado por alguns pesquisadores, a chegada dos hicsos

se deu por conta da rigorosa seca que tomava conta de seu lugar de origem. Dessa forma, podemos concluir que

este povo se deslocou até o nordeste da África com o intuito de usufruir das ricas terras e grandes mananciais

disponíveis.

Enquanto as disputas políticas tomavam o Egito, os hicsos empreenderam o desenvolvimento de sua economia e

sociedade. Além disso, tiveram a astúcia de formar um poderoso exército munido de armas bastante resistentes e

hábeis cavalos de guerra. Dessa forma, quando iniciaram o processo de dominação contra os egípcios, não tiveram

dificuldades maiores para vencer as instáveis forças que controlavam a região do Delta do Rio Nilo.

Após se firmarem politicamente no Egito, os hicsos decidiram fixar a capital do Baixo Egito na cidade de Avaris.

Enquanto isso, a dinastia de faraós, que anteriormente controlava toda extensão do território, mudou a capital

para Tebas; cidade do Alto Egito, garantindo dessa forma o controle sob algumas partes da região sul. Durante

quase um século, essa divisão política permaneceu estável graças ao bom convívio entre os dois governos que

controlaram o Vale do Rio Nilo.

Contudo, essa relação equilibrada entre a autoridade hicsa e egípcia sofreu um forte abalo por conta de uma rixa

aparentemente banal. Segundo o relato de documentos desse período, muitas dessas brigas aconteciam porque

os governantes hicsos buscaram de todas as formas legitimar e estender seus poderes adotando várias das

tradições e costumes desenvolvidos pelos egípcios. Em contrapartida, os egípcios não se conformavam com a

perda de uma rica e significativa parcela de seus domínios.

Por volta de 1580 a.C., durante o governo do faraó egípcio Amósis I, os conflitos militares contra os hicsos se

intensificaram. Para conseguir recuperar a unidade política do antigo Império Egípcio, as tropas egípcias tiveram

que superar duas frentes de batalha: uma ao norte, comandada pelos hicsos e outra ao sul, sob a liderança dos

núbios, povo que cooperou militarmente em favor dos hicsos. Após a vitória, o Novo Império (1580 – 525 a.C.)

inaugurou uma nova etapa da supremacia imperial egípcia.

A literatura do antigo Egito

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A literatura do antigo Egito foi sempre de natureza religiosa e filosófica. As suas mais antigas manifestações são

constituídas por inscrições feitas nas pirâmides e em túmulos suntuosos. Dentro desse contexto literário merece

destaque a Canção do Harpista, repassada pela descrença em relação à vida depois da morte e sugerindo o gozo

dos prazeres mundanos.

Além dos textos esculpidos nos túmulos e nas pirâmides, havia também escritos feitos em papiros com textos que

continham características filosóficas, contos, romances e hinos religiosos. O Diálogo de um Misantropo com sua

Alma é uma condenação das iniquidades e injustiças dessa vida e uma exaltação da outra – verdadeira libertação

de todos os infortúnios humanos. Eram muito conhecidas As aventuras de Sinehue, autobiografia movimentada

de episódios interessantes, e a História do Náufrago, odisseia vivida por um marinheiro egípcio.

São famosos o Hino a Amon Rá, deus dos deuses, e o Canto Triunfal de Ramsés II: o primeiro exalta a grandeza da

divindade amoniana; e o segundo, os feitos do faraó vencedor dos hititas. Merece especial destaque o

chamado Livro dos Mortos, reunião de textos de cunho moral que deveriam ser recitados pela alma do morto ao

comparecer ante ao Tribunal de Osíris, deus da vegetação, das forças da natureza e dos mortos. Acompanhe um

dos fragmentos mais conhecidos do Livro dos Mortos:

"Glória a Ti, Senhor da Verdade e da Justiça! Glória a ti, Grande Deus, Senhor da Verdade e da Justiça! A ti vim,

meu Senhor, e a ti me apresento para contemplar as Tuas perfeições. Porque Te conheço, conheço Teu nome e os

nomes das quarenta e duas divindades que estão contigo na sala da Verdade e da Justiça, vivendo dos despojos

dos pecadores e fartando-se de seu sangue, no dia em que pesam as palavras perante Osíris, o da voz justa: Duplo

Espírito, Senhor da Verdade e da Justiça é o Teu nome. Em verdade eu conheço-vos, senhores da Verdade e da

Justiça; trouxe-vos a verdade e destruí, por vós, a mentira. Não cometi qualquer fraude contra os homens; não

atormentei as viúvas; não menti em tribunal; não sei o que é má-fé; nada fiz de proibido; não obriguei o capataz

de trabalhadores a fazer diariamente mais que o trabalho devido; não fui negligente; não estive ocioso; nada fiz

de abominável aos deuses; não prejudiquei o escravo perante o seu senhor; não fiz padecer de fome; não fiz

chorar; não matei; não ordenei morte à traição; não fraudei ninguém; não tirei os pães do templo; não subtraí as

oferendas aos deuses; não roubei nem as provisões nem as ligaduras dos mortos; não tive ganhos ilegítimos por

meio de pesos do prato da balança; não tirei leite da boca de meninos; não cacei com rede as aves divinas; não

pesquei os peixes sagrados em seus tanques; não cortei a água em sua passagem; não apaguei o fogo sagrado;

não violei o divino céu nas suas oferendas escolhidas; não escorracei os bois das propriedades divinas; não afastei

qualquer deus ao passar. Sou puro! Sou puro! Sou puro!".

A literatura do antigo Egito projetou-se na literatura de outros povos. A contribuição da civilização egípcia para

ideias religiosas e éticas é transcendental. Do Nilo derivou-se grande parte do progresso intelectual das épocas

posteriores. A filosofia, a astronomia, a matemática e a literatura nasceram no Egito. Tal fato por si só já é

suficiente para que tenhamos a ideia bem nítida da importância da herança que foi legada à posteridade pela

antiga civilização dos faraós.

Deuses egípcios

Para você compreender o politeísmo egípcio, ou seja, o culto a vários deuses, faz-se necessário esclarecer algumas

características da sociedade egípcia. O governo no Egito Antigo era teocrático: os administradores governavam em

nome dos deuses (da religiosidade). O principal governante do Egito, ou das cidades-estados, era chamado

de faraó: ele possuía todo o poder (assumia várias funções: era o rei, juiz, sacerdote, tesoureiro, general) e era

tido como um deus vivo: filho do Sol (Amon-Rá) e encarnação de Hórus (deus falcão). Portanto, a religiosidade e

o culto aos deuses no Egito Antigo tinham um grande significado para a sociedade.

Os egípcios cultuavam vários deuses (politeístas) e alguns deuses eram animais. Por exemplo: o gato acabava com

as infestações de ratos nos celeiros com os mantimentos; o cachorro auxiliava na caça; o gado, na agricultura

(puxava a charrua), entre outros.

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Os animais no Egito Antigo eram considerados a encarnação dos próprios deuses. Os egípcios também adoravam

as formas e forças da natureza, como o rio Nilo, o Sol, a Lua e o vento.

Cada cidade-estado egípcia possuía o seu deus protetor. Existiam deuses com formato de animal (zoomorfismo),

outros deuses tinham o formato de homem juntamente com animal (corpo de homem e cabeça de animal –

antropozoomorfismo) e também existiam deuses somente com o formato humano (antropomorfismo).

A religiosidade tinha importância para os egípcios até após a morte, pois eles acreditavam na imortalidade. Por

esses motivos cultuavam os mortos e praticavam a mumificação (a conservação dos corpos). Acreditavam que o

ser humano era constituído por Ká (corpo) e Rá (alma). No momento da morte, a alma deixaria o corpo, mas

poderia continuar a viver no reino de Osíris ou de Amon-Rá – a volta da alma para o corpo dependia do

julgamento no Tribunal de Osíris.

Após o julgamento de Osíris, se a alma retornasse ao corpo, o morto voltaria à vida no reino de Osíris; se não, a

alma ficaria no reino de Amon-Rá. Daí a importância da conservação dos corpos pela mumificação, se a alma

retornasse ao corpo, este não estaria decomposto.

Os principais deuses egípcios eram:

Rá, o deus Sol, unido ao deus Amon, formando Amon-Rá, era o principal deus.

A deusa Nut, representada por uma figura feminina, era a mãe de Rá (Sol). Ela engoliu Rá, formando a

noite e fazendo-o renascer a cada manhã.

Ísis foi esposa de Osíris, mãe de Hórus, protegia a vegetação e era a deusa das águas e das sementes.

O deus Hórus foi o deus falcão, filho de Ísis e Osíris, cultuado como o sol nascente.

Osíris, deus dos mortos, da vegetação e da fecundidade, era representado pelo rio Nilo. Era Osíris que

buscava as almas dos mortos para serem julgadas em seu Tribunal.

Set foi colocado como grande inimigo de Osíris (Nilo), era o vento quente vindo do deserto, encarnação do

mal.

O deus Amon, considerado deus dos deuses do Egito Antigo, foi cultuado junto com Rá (Amon-Rá).

As crenças e cultos religiosos estavam na base das manifestações culturais, sociais, políticas e econômicas no

Egito. A religiosidade permeava toda a sociedade egípcia, nas artes, na medicina, na astronomia, na literatura e no

próprio governo do Egito Antigo.

Egito

Há aproximadamente quatro mil anos antes de Cristo, o aprimoramento das técnicas de plantio e o desenvolvimento

das atividades comerciais permitiram o surgimento de grandes civilizações em diferentes regiões do planeta. Europa,

Ásia e África passaram a abrigar povos que buscaram nas proximidades de grandes rios e mananciais de água o

conforto necessário para sua garantia de sobrevivência. Entre outras regiões, podemos citar o fértil Vale do Rio Nilo,

lugar onde a civilização egípcia constituiu sua história.

Situado na porção nordeste do continente africano, o Egito integrava os limites do antigo Crescente Fértil.

Ironicamente, boa parte dessa localidade é tomada por deserto de clima extremamente árido. Atualmente, as terras

cultiváveis são controladas por um grupo de latifundiários que produzem algodão para suprir as demandas do

mercado externo. Tal realidade está bem distante da diversificada e imponente potência agrícola que um dia foi o

Egito no tempo dos faraós.

Com quase 6.700 quilômetros de extensão, o Rio Ni lo foi chave fundamental para que essa imensa civilização fosse

formada no continente africano. Por meio de um interessante sistema de cheias, os povos nômades que

primeiramente chegaram àquela região puderam suportar as intempéries de um dos lugares de cl ima mais seco do

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planeta. Entre os meses de junho e outubro, a elevação das águas do Nilo cobria suas margens com um material

orgânico (húmus) responsável pela fertilização das terras.

Toda essa benesse oferecida pelo meio ambiente acabou influenciando fortemente a constituição do pensamento

religioso dos povos egípcios. Boa parte dos mitos e divindades egípcias tinha algum tipo de relação com a natureza.

Muito provavelmente, influenciados pela observância dos ciclos naturais, os egípcios deram origem à crença na

imortalidade, que os instigava a ter um cuidado especial com todos aqueles que faleciam.

Além de acreditar na forte influência que os deuses possuíam na organização da vida terrena, os egípcios também

foram capazes de produzir conhecimento em diferentes áreas. Para ampliar a disponibilidade de terras cultiváveis,

foram capazes de criar canais de irrigação e diques que potencializavam o uso das águas do Rio Nilo. Além disso,

desenvolveram uma medicina própria que contava com a utilização de diversos remédios e, até mesmo, de cirurgias

realizadas com o uso de anestesia.

Por contar com uma população bastante numerosa, os egípcios desenvolveram uma sociedade complexa dividida

em várias camadas sociais. No topo dessa hierarquia estava o faraó, um deus e ncarnado que também era

responsável pelas principais decisões políticas da civilização. Sem dúvida, uma breve investigação sobre os egípcios

nos leva a crer que suas conquistas e mistérios quebram com aquela impressão arcaica que geralmente temos ao

pensar nas populações da Antiguidade.

Egito Antigo - Antigo Império

A história política do Antigo Egito conta com diferentes períodos que estão intimamente ligados à sua história

imperial. Contudo, antes que possamos perceber a instalação de um governo de caráter centralizado nesta região,

devemos observar que os egípcios organizaram seu cenário político de uma outra maneira. Ainda durante o final do

Neolítico, as populações egípcias estiveram organizadas em diversas comunidades agrícolas.

Cada uma dessas comunidades era conhecida como um nomo, uma espécie de aldeia chefiada por um nomarca.

Com o crescimento populacional e a construção de grandes obras hidráulicas, a região do Vale do Rio Nilo passou a

ser dividia em dois diferentes reinos: o reino do Alto Egito e o reino do Baixo Egito. A composição desses dois reinos

sofreu um processo de unificação política chefiada por Menés (ou Narmer), na época, rei do Alto Egito.

Deixando esses dois reinos sob o seu domínio, Menés se transformou no primeiro faraó do Egit o Antigo, colocando

todos os nomarcas sob o seu domínio. Além disso, o processo de unificação transformou a cidade de Tinis na

primeira capital do império. Anos mais tarde, Mênfis ocupou essa posição. Em grande parte desse período, o

governo egípcio tinha caráter pacifista ao não entrar em atrito com outras civilizações próximas.

Nesse quadro de grande estabilidade política, ocorreu a execução de diversas obras de irrigação e a construção de

pirâmides. Entre os anos de 2600 a.C. e 2700 a.C. ocorreu a construção das conhecidas pirâmides de Gizé, atribuídas

à ação dos faraós Quéfren, Quéops e Miquerinos. Para que fosse viável a realização de projetos tão grandiosos, o

Estado faraônico instituía um sistema de servidão coletiva que submetia toda população egípcia ao trabalho nos

campos e nas cidades.

Por volta de 2300 a.C. o próspero quadro que vigorou durante boa parte do Antigo Império ruiu com uma série de

problemas climáticos e convulsões sociais. A fome, as epidemias e uma série de tensões político-sociais. Entre essas

disputas, destacamos a ação dos nobres e nomarcas que se associaram contra o poder do Faraó. Dessa forma, o

poder voltou a se esfacelar, o que facilitou a invasão de povos asiáticos na região do Delta do Nilo. Assim, o Antigo

Império se findou.

Egito Antigo – Médio Império

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Nos séculos finais do Antigo Império, o Egito sofreu com várias adversidades que prejudicaram diretamente a

manutenção de um governo controlado sob a autoridade faraônica. A diminuição do ciclo de cheias do Rio Nilo, a

consequente disseminação de doenças e a falta de mantimentos no interior daquela sociedade estabeleceram o

acirramento de várias tensões. A população passou a se rebelar contra o próprio Estado e os nomarcas apoiaram a

volta de um sistema político descentralizado.

Entre os anos de 2300 e 2000 a.C. a ruína econômica e as contendas internas possibilitaram a invasão de povos

provenientes da Ásia que se estabeleceram no Delta do Rio Nilo, região norte do Egito. Somente nas últimas décadas

do século XXI a.C., os egípcios reassumiram o total controle do território graças à atuação militar do faraó

Mentuhotep II, que também teve que enfrentar a resistência dos nomarcas ao projeto de ressurgimento do Estado

centralizado.

Com o retorno do faraó, o sistema de servidão coletiva voltou mais uma vez a vigorar e, dessa forma, permitiu a

construção de grandes canais de irrigação e o surgimento de outros pontos de exploração agrícola. Para garantir

estabilidade, o Estado passou a aceitar o ingresso de membros de camadas sociais inferiores na formação de um

poderoso exército. Não por acaso, os egípcios conquistaram nesse período as regiões da Núbia e da Palestina, onde

encontraram grandes minas de ouro e cobre.

Ao longo dos anos, a prosperidade material alcançada ao longo do Médio Império fez com que as diferenças sociais

fossem cada vez mais agudas. A formação de uma restrita classe de privilegiados motivou várias comunidades

camponesas a seguir os ditames formulados pelo poder central. Mais uma vez, os nobres passaram a reivind icar

maior autonomia política e as contendas fragilizaram o opulento governo centralizado nas mãos do faraó.

Por volta de 1800 e 1700 a.C., algumas tribos hebraicas adentraram o território egípcio em busca de melhores

condições de vida. Na época, o severo clima árido da região palestina motivou o deslocamento da civilização

hebraica para o interior do Egito. Contudo, o evento que desestabilizou o governo egípcio foi a invasão militar

estabelecida pelos hicsos, povo asiático que contava com uma tecnologia de guerra que preservou sua dominação

no delta do Nilo entre os anos de 1750 e 1580 a.C..

Egito Antigo – Novo Império

O estabelecimento do Novo Império teve início com o processo de união da população egípcia contra a dominação

exercida pelos hicsos em seus territórios. Com o apoio de Amósis I, uma grande revolta contra a presença

estrangeira conseguiu finalmente desencadear as lutas que deram fim à hegemonia dos hicsos. A grande mobilização

gerada por esse episódio fortaleceu o exército egípcio e propagou ações militaristas que ampliaram as fronteiras do

império.

Segundo apontado por recentes pesquisas, foi nessa mesma época que os hebreus haviam se instalado no Egito,

aproximadamente no século XIII a.C.. Com relação a este fato, devemos assinalar que, após a saída dos hicsos, o

governo egípcio converteu a população hebraica à condição de escravos. Mediante tal mudança, os hebreus deram

início ao seu processo de retirada do território egípcio, feito que contou com a liderança político -religiosa de Moisés.

Entre as mais importantes conquistas territoriais realizadas nessa época, destacamos o controle sobre as regiões da

Mesopotâmia e das proximidades do Sudão. O controle sobre uma ampla porção de terras também fomentou a

formação de atividades comerciais mais intensas, que incluía a importação de madeira da Fenícia, de metais

preciosos vindos da Núbia e da resina proveniente da Grécia e outras regiões do mundo Oriental. De fato, esse foi

um período de expressiva prosperidade econômica.

O visível fortalecimento do poder monárquico abriu portas para a constituição de uma reforma religiosa que foi

imposta pelo faraó Amenófis IV. Buscando limitar a influência exercida pelos sacerdotes, este governante aboliu o

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culto politeísta no Egito e passou a reconhecer somente o culto ao deus Aton. Com tal mudança, pôde fechar vários

templos dedicados a outras divindades e confiscar os bens administrados por grande parte da classe sacerdotal.

A mudança provocada por Amenófis IV não perdurou no interior da sociedade egípcia. Tutancâmon, filho de

Amenófis, assim que chegou ao poder tratou de restabelecer as antigas tradições religiosas politeístas com a

recuperação dos templos que haviam sido abandonados. Chegado o governo de Ramsés II (1292 – 1225 a.C.), os

egípcios tiveram que enfrentar a cobiça de outros povos estrangeiros. Nesse período, as forças militares do Egito se

encarregaram de expulsar os hititas do Vale do Rio Nilo.

No final do Novo Império, as disputas políticas entre os faraós e os sacerdotes foram responsáveis pelo

enfraquecimento político da nação. Por volta de 1100 a.C., o império egípcio foi novamente dividido em Alto e Baix o

Egito. A dissolução acabou permitindo que os assírios avançassem sob o território. Em 662 a.C., o rei Assurbanipal

conseguiu subjugar o politicamente combalido governo egípcio. Daí em diante, outras civilizações dominaram o

Egito.

Faraós negros do Egito Antigo

Durante o século VIII a.C., o Egito Antigo foi governado por uma série de faraós negros, de origem Núbia. Eles

reinaram no Egito por quase um século e constituíram a 25ª dinastia de faraós.

O primeiro faraó negro que conquistou o Egito se chamava Piye. Ele governou o reino da Núbia (região da África que

fica situada no atual território do Sudão) e se intitulou como verdadeiro Senhor do Egito, ou seja, o herdeiro das

tradições espirituais dos faraós.

Suas tropas caminharam para o norte do Egito, navegando pelo rio Nilo, e desembarcaram em Tebas, capital do Alto

Egito, onde empreenderam uma guerra santa contra todos os exércitos que encontravam pela frente. Após um ano

de intensos combates, todos os chefes guerreiros do Egito haviam sucumbido ao seu poder.

Muitos chefes guerreiros clamaram por piedade. Em troca de suas vidas, os derrotados ofereciam a Piye todas as

suas riquezas, joias, entre outros. Após ter conquistado todo o Egito, Piye ficou conhecido como o Senhor das Duas

Terras. Quando todos menos esperavam, o soberano conquistador conduziu seu exército pelo Nilo e retornou para a

Núbia, sem jamais ter retornado ao Egito.

Piye morreu no ano de 715 a. C., terminando um reinado de 35 anos. Os faraós negros reunificaram o Egito, que se

encontrava com o poder e o território fragmentado, realizaram grandes feitos e construíram monumentos

grandiosos. Criaram também um império que se estendeu desde a atual capital do Sudão, Cartum, até a região

norte, próxima ao mar Mediterrâneo.

Os faraós negros eram poderosos guerreiros e suas tropas foram praticamente as únicas que conseguiram evitar o

domínio dos povos assírios (povos semitas extremamente guerreiros) no Egito.

O governo dos faraós negros no Antigo Egito demonstra que no mundo antigo não existia o racismo. No período em

que o faraó Piye conquistou todo o Egito, o fato de sua pele ser negra não era um fator relevante. A escravidão, na

Antiguidade, não tinha cunho racial, as pessoas se tornavam escravizadas por dois principais moti vos: ou eram

prisioneiras de guerra ou se tornavam escravas por dívidas.

Portanto, após a morte de Piye, em 715 a.C., seu irmão, Shabaka, estabeleceu a 25ª dinastia na cidade egípcia de

Mênfis. Sob o domínio núbio, o Egito reconquistou suas tradições e sua identidade. Os núbios foram o primeiro povo

a iniciar a chamada “Egitomania” (aqueles que admiram e cultuam a civilização egípcia).

Morte e mumificação no Egito Antigo

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Os egípcios constituíram uma sociedade extremamente religiosa. Essa religiosidade determinou práticas culturais e

sociais entre os egípcios – uma delas era acrença na imortalidade. Para os egípcios, a morte seria passageira e a vida

retornaria para o corpo, porém o retorno à vida aconteceria somente se o corpo do moribundo fosse conservado.

Se a alma (Rá) não voltasse para o corpo (Ká), significava que o corpo não tinha sido conservado. Parte, daí, a

importância da mumificação dos corpos, do embalsamento e da conservação, para evitar a decomposição. Para isso,

existiam técnicas avançadas de mumificação para os nobres e técnicas mais simples para os pobres.

As avançadas técnicas de mumificação desenvolvidas no Egito Antigo somente existiram em razão da

desenvolvida medicina. Os médicos egípcios faziam cirurgias, cuidavam de fraturas, conheciam a anatomia humana.

Além da técnica de preservar os corpos através da mumificação, os egípcios precisavam desenvolver um método de

proteger os corpos contra saqueadores, daí a construção de enormes túmulos.

Os túmulos garantiriam a conservação dos corpos. Geralmente quando uma pessoa rica (faraó), que ostentava

poder, morria, seu corpo era mumificado e posteriormente colocado nos túmulos que eram considerados uma

verdadeira habitação. Neles, o faraó e suas riquezas eram enterrados em uma câmara real e os seus criados

(empregados), escribas, sacerdotes e animais em outras câmaras mais simples.

O sacrifício de outras pessoas com a morte do faraó era explicado pela crença na imortalidade – o retorno para a

vida significaria ter outras pessoas para servi-lo (os criados) e continuar com sua riqueza era fundamental para

exercer o poder.

Devemos ressaltar que a crença no retorno à vida aconteceu entre todas as camadas sociais no Egito, mas os faraós,

nobres e ricos tinham condições de construir sarcófagos bem fechados e grandes túmulos construídos de pedras.

Tudo isso garantiu a proteção dos corpos contra saqueadores.

Os principais túmulos eram as mastabas (túmulo feito com laje de pedra ou tijolo), os hipogeus (túmulo feito na

rocha, próximo às barrancas do rio Nilo) e as pirâmides (túmulos reais compostos por uma cripta, corredores de

ventilação, câmara do rei, corredores secretos, galerias, câmaras e passagens falsas no intuito de evitar saques).

Religiosidade egípcia

Sendo adoradores de vários deuses, os egípcios costumavam adorar distintas divindades que poderiam representar

forças da natureza, animais e figuras humanas. Alguns desses deuses poderiam ser adorados por toda a população

egípcia, já outros estavam inseridos nas práticas religiosas de uma única região. Além de politeístas, os egípcios

também costumavam homenagear figuras antropozoomórficas, seres híbridos que possuíam o corpo com partes

humanas e animais.

Os mitos que falam sobre os diversos deuses adorados pelos egípcios demonstram a origem de vários dos rituais

celebrados por essa antiga civilização. Por meio do relato que conta a morte do deus Osíris, por exemplo, temos a

origem que fundamenta o hábito egípcio de mumificar os mortos. Além disso, a morte e o renascimento dessa

mesma divindade justificam a noção de circularidade do tempo fortemente marcada dentro da cultura egípcia.

Entre os vários deuses adorados pelos egípcios, podemos destacar Osíris, Isis, Seth, Rá, Ptah, Thot, Anúbis e Maat.

Entre a classe campesina, a adoração dos animais era bastante comum, sendo o gato um dos mais prestigiados. Em

outras cidades, como Mênfis e Tebas, Sobeque – o deus-crocodilo, e Ápis – o deus-touro, eram usualmente adorados

com uma série de rituais e sacrifícios. Os templos, construídos em número expressivo, e ram ponto de adoração e

constituíam a própria moradia de várias divindades.

Outro ponto bastante curioso da religiosidade egípcia diz respeito à forma com a qual a morte era encarada por essa

civilização. Para o povo egípcio, o falecimento era apenas um processo onde a alma se desprendia de seu corpo.

Segundo suas crenças, uma alma poderia viver eternamente desde que encontrasse um corpo em perfeitas

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condições para se alojar. Por conta dessa crença, os egípcios desenvolveram diversas técnicas de mumificação.

No Egito Antigo, os faraós eram considerados a encarnação direta de Hórus,o deus-Falcão, e filho de Amon-Rá, o

deus-Sol. A prosperidade de toda população egípcia estava intimamente ligada à figura do faraó e, por isso, várias

celebrações eram realizadas em sua homenagem. Em certas ocasiões, a presença deste monarca divinizado em

certos rituais era de suma importância. Sem as bênçãos faraônicas, a cheia dos rios e as vitórias militares poderiam

ser ameaçadas.

Durante o governo de Amenófis IV (1353 a.C. – 1336 a.C.), a vida religiosa dos egípcios sofreu uma verdadeira

revolução no momento em que o faraó tentou instituir o monoteísmo a toda a população. Buscando diminuir a

influência política dos sacerdotes, este monarca reconhecia somente o deus Aton (div indade representativa do

círculo solar) como o único deus a ser adorado. Apesar do grande impacto de sua imposição, o politeísmo logo foi

restaurado com o fim de seu governo.

Sociedade Egípcia

No Egito Antigo observamos uma estrutura bastante rígida, na qual a possibilidade de ascensão era mínima entre

seus integrantes. No topo dessa hierarquia estava o Faraó, governante máximo do Estado e adorado como uma

divindade viva descendente de Amon-Rá. A função político-religiosa por ele ocupada imprimia uma natureza

teocrática ao governo egípcio. Para a população, a prosperidade material estava intimamente ligada às festas e

rituais feitos em sua homenagem.

Logo abaixo de seu sagrado governante, os sacerdotes compunham um primeiro e restrito grupo social privilegiado.

A função de mediadores entre os deuses e os homens lhes concedia enorme prestígio entre os demais membros da

sociedade egípcia. Responsáveis pelo equilíbrio das atividades religiosas, tomavam a tarefa de administrar todos os

bens a serem ofertados pelos deuses. Dessa forma, acabavam acumulando uma expressiva quantidade de bens

materiais ao longo de sua vida.

Muito próximos da condição privilegiada vivida pela classe sacerdotal, os membros da nobreza eram originários da

família do Faraó, dos líderes do Exército e dos altos funcionários do governo. Logo em seguida, os escribas formavam

um setor intermediário da sociedade egípcia. Em razão de sua formação escolar privilegiada, em que aprendiam a

escrita e a leitura dos hieróglifos, eram remunerados para auxiliarem no desenvolvimento de várias atividades

comerciais e administrativas.

Os comerciantes também tinham grande importância para o desenvolvimento da economia egípcia ao promoverem

a circulação de riquezas entre seu povo e as demais civilizações vizinhas. Graças à sua ação, era possível o acesso a

uma série de produtos, como a madeira, utilizada na construção de embarcações e sarcófagos; o cobre e o estanho,

metais úteis na fabricação de armamentos militares; e ervas, geralmente empregadas na medicina e nos processos

de mumificação.

Compondo uma parcela menos privilegiada da sociedade egípcia, temos os soldados, camponeses e artesãos. Os

soldados viviam dos produtos recebidos em troca dos serviços por eles prestados e, em alguns momentos da história

egípcia, eram recrutados entre povos estrangeiros. Os camponeses trabalhavam como servos nas terras do Estado e

recebiam pouco pela função que exerciam. Da mesma forma, os artesãos tinham uma vida bastante simples e

trabalhavam nas construções e oficinas existentes no país.

Não exercendo grande importância, os escravos formavam uma classe reduzida no interior da sociedade egípcia. Em

geral, estes escravos eram obtidos por meio das conquistas militares. Curiosamente, esses não viviam uma condição

social radicalmente subalterna com relação aos seus donos. Mais tolerantes aos estrangeiros que outros povos, os

egípcios tinham o costume de zelar pela condição de vida dos escravos postos sob o seu domínio.