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Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando Barbosa Póvoa de Varzim Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro Desenvolvimento da Biblioteca na escola a BE: Planificação e Avaliação dos Recursos e dos Serviços A Biblioteca Escolar

Desenvolvimento da biblioteca na escola[1]

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Breve descriçaõ sobre o desenvolvimento das bibliotecas escolares.

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Desenvolvimento da Biblioteca na escola – a

BE: Planificação e Avaliação dos Recursos

e dos Serviços

A Biblioteca Escolar

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Índice

I – Introdução pág. 3

II – O que é uma Biblioteca Escolar? pág. 5

III - A missão e as funções de uma Biblioteca Escolar pág. 7

IV – Como e quando surgiram pág. 10

V - Objectivos e Competências a desenvolver na Biblioteca

Escolar pág. 12

VI– A) Objectivos

VII – B) Competências

VIII - Serviços prestados pág. 14

IX - Como se organiza pág. 15

X - Que recursos pág. 19

XI – Conclusão pág. 24

XII – Anexos pág. 25

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I - Introdução

Este trabalho surge na continuidade da “paixão” que os livros sempre

me despontaram. Desde cedo que aproveitava tudo o que me viesse parar às

mãos para ler, desde romances tipo Sabrina, às revistas como A Cruzada ou

As Selecções dos Readers Digest. Felizmente e apercebendo-se do meu

interesse pela leitura, os meus pais foram adquirindo outras obras de

interesse geral.

A paixão pelo trabalho na Biblioteca surgiu hà cerca de cinco anos,

quando me deram a oportunidade de completar horário na Biblioteca da

escola EB 2,3 de Aver – o – Mar. Aí tomei conhecimento prático das imensas

possibilidades e potencialidades que o trabalho numa biblioteca escolar pode

abrir.

Mas nem todas as escolas são iguais e nem todas favorecem ou

reconhecem a necessidade do desenvolvimento das bibliotecas escolares.

Mas, é também aí, que entra o trabalho dos professores que se interessam

por este trabalho. Quero salvaguardar o facto de que vou fazer

comparações e reparos à biblioteca onde trabalho, mas sempre numa

perspectiva construtiva e de melhoria das condições de funcionamento da

mesma. Por este motivo, este é um trabalho em espiral, isto é, vão sendo

acrescentadas informações sobre o funcionamento e organização da

biblioteca da escola EB 2,3 de Lagares.

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Como referi, a experiência em Aver – o – Mar, deu-me alguma

experiência prática mas falta-me a teórica para melhor aplicar a prática.

Daí a inscrição nesta acção de formação que, no início pensei, ser mais

virada para o lado mais prático – catalogação - do trabalho em biblioteca.

Uma vez que esta acção é vocacionada para a avaliação da biblioteca

escolar, tentarei aliar a alguma experiência, com o trabalho que actualmente

tento desenvolver na escola onde Lecciono – EB 2,3 de Lagares, Felgueiras –

com o que pretendo aprender nesta acção.

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I – O que é uma Biblioteca Escolar?

Foram vários os significados dados ao conceito de biblioteca escolar,

desde local de animação, colecção de livros ou biblioteca de turma...1.

Hoje, elas devem surgir como parte integrante do processo educativo,

com um papel principal na aquisição de competências essenciais e variadas,

ligadas à leitura e sua compreensão, aquisição e prazer no hábito da leitura...

Se pensarmos que: “Toda a actividade curricular consiste num

processo de selecção, tratamento, produção e difusão da informação tendo

como principal finalidade a aquisição de um “”saber escolar””2, é necessário

que as escolas tenham um espaço, meios técnicos e humanos para aplicar

este princípio. Esse espaço e essa função cabe à biblioteca escolar, que hoje

deve ser entendida como centro multimédia onde: “... a informação com fins

educativos é tratada, integrada, disponibilizada e produzida em diferentes

suportes (livros, jornais, vídeo, filmes, diapositivos, programas informáticos,

informação on-line, etc.), constitui, por isso mesmo, um dos principais

recursos para o desenvolvimento curricular”3.

Assim, uma biblioteca escolar inclui os espaços e equipamentos onde

são recolhidos, tratados e disponibilizados todos os tipos de documentos

(independentemente da sua natureza e suporte), que constituem recursos

1 In Relatório Síntese – Documentos sobre BE’s / CRE’S, Ministério da Educação, pág. 1.

2 Documentos sobre..., ob. cit. pág. 3.

3 Documentos sobre..., ob. cit. pág. 3.

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pedagógicos quer para as actividades diárias de ensino, como para outras de

carácter curricular ou lazer e ocupação de tempos livres4.

Em jeito de conclusão / apresentação do tema a tratar neste

trabalho: “A biblioteca constitui um instrumento essencial do

desenvolvimento do currículo escolar e as suas actividades devem estar

integradas nas restantes actividades da escola e fazer parte do seu

projecto educativo. Ela não deve ser vista como um simples serviço de apoio

à actividade lectiva ou um espaço autónomo de aprendizagem e ocupação de

tempos livres”5.

Está assim aberta a porta para descobrir “a” biblioteca escolar.

4 Documentos sobre..., ob. cit. pág. 5.

5 Documentos sobre..., ob. cit. pág. 5.

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III - A missão e as funções de uma Biblioteca Escolar

Quando ouço a palavra missão as palavras e imagens que me vêm logo

à cabeça são: perigo, dificuldade, aventura e impossível. Se pensarmos no

“estado” da escolaridade e na capacidade de leitura e compreensão dos

portugueses, bem, todas estas palavras são adequadas6...

Em anexo 1/II, coloquei alguns artigos de 2000 e 2001, que provam os

níveis de literacia dos jovens portugueses. Obviamente que esta introdução

foi feita para realçar o papel importantíssimo que as bibliotecas escolares

devem ter no combate a números assustadores que colocam Portugal na

cauda da Europa e utilizando uma expressão deveres triste, temos um país

de “analfabetos funcionais”.

6 Um estudo realizado pelo CIES / ISCTE EM 2000, concluiu que ”... mesmo os países com o

desenvolvimento de uma França, Suécia, reino Unido ou Portugal, os índices de literacia

atingem valores elevados, variando entre os 10 e os 50% dessas populações consoante os

países em referência” e mais à frente: “baixos níveis de literacia significam restrição de

oportunidades e riscos de exclusão social... e para os países representam sintoma de

atraso, fraca competitividade internacional, limites sérios ao desenvolvimento”. Cf. Artigo

de J. M. Paquete de Oliveira – Novos média e fenómenos de exclusão, motor de busca

google.

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No caso específico de Portugal e atendendo à reconhecida situação,

foi lançado o programa Nacional de Leitura7 que pretende exactamente

combater os números da literacia em Portugal8.

A biblioteca escolar tem, por isso, a missão de disponibilizar serviços

de aprendizagem, livros e outros que permitam o acesso de toda a

comunidade educativa de forma a que estes se tornem pensadores

críticos9, que saibam justificar as suas escolhas fundamentando-as em

factos, históricos ou da actualidade. Obviamente que, para que isso possa

acontecer, os utilizadores devem, desde o início da sua vida escolar,

conviver com a realidade de uma biblioteca escolar.

É necessário prover que todos os utilizadores possam, efectivamente

utilizar e ter acesso a todas as fontes de informação. O seu acesso e

utilização não pode, de forma alguma, ser limitado por questões ideológicas,

religiosas, de raça ou sexo ou mesmo pressões comerciais10.

7 Resolução do Conselho de Ministros n.º 86/2006.

8 “A biblioteca escolar promove a literacia através do desenvolvimento e promoção da

leitura como meio de aprendizagem e de lazer.” In Declaração Política da IASL sobre

Bibliotecas Escolares, Revisto pela IASL, 1993, pág. 3.

9 In Missão da Biblioteca Escolar, Federação Internacional das Associações de

Bibliotecários e de Bibliotecas, pág. 1.

10 Este princípio está contemplado na declaração Universal dos Direitos do Homem,

aprovado pelas Nações Unidas, In Missão..., ob. cit. pág. 1.

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A biblioteca escolar apresenta então diversas funções, funcionando

como um órgão vital no processo educativo, envolvida que deve estar em

todo o processo de ensino / aprendizagem. As sua funções são as seguintes:

- informativa – deverá fornecer informação fiável, actualizada e

rápida11,

- educativa – assegurar a educação ao longo da vida, oferecendo

meios e equipamentos e um ambiente favorável à aprendizagem;

deve promover a autonomia e a liberdade intelectual,

- cultural - melhorar a qualidade de vida mediante a apresentação e

apoio a experiências de natureza estética, orientação na

apreciação das artes, encorajamento à criatividade e

desenvolvimentos de relações humanas positivas12,

- recreativa – propor e incentivar uma útil ocupação dos tempos

livres, fornecendo materiais de carácter recreativo.

11

Deverá por isso integrar as redes de informação regionais e nacionais (o que ainda não

acontece em Lagares já que ainda não pertencemos à rede de bibliotecas escolares).

12 In Declaração política da IASL sobre Bibliotecas Escolares, pág. 1.

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IV - Como e quando surgiram

A Assembleia Geral da Nações Unidas, decidiu por unanimidade em

1959 que: “... cada criança tem direito a receber educação, obrigatória e

gratuita, pelo menos ao nível do ensino básico. Ser-lhe-á administrada uma

educação que desenvolverá a sua cultura geral e lhe permitirá, numa base de

igualdade, desenvolver as suas habilidades, capacidade de decisão e uma

consciência moral de responsabilidade social, tornando-o um membro útil da

sociedade”13.

No caso de Portugal, apesar de, desde 1866, existirem referências à

criação de bibliotecas escolares no ensino primário, estas nunca tiveram

verdadeiramente o seu espaço próprio, nem em termos de espaço nem em

termos efectivos. Na verdade, só em 1970, surge contemplado uma zona

destinada à leitura, mas mesmo esta só ocuparia 1/3 da sala de aula14.

13

Princípio 7 da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, Declaração

política..., ob. cit. pág. 1.

14 Vários – Lançar a rede de Bibliotecas escolares, Ministério da Educação, Lisboa, 1996,

pág. 19.

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Já num inquérito realizado em 1992, 89.4% das escolas a partir do

segundo ciclo, indicaram possuir uma biblioteca ainda que o espaço por ela

ocupado, multifacetado e servindo várias funções, incluindo como sala de

aula15 (como ainda acontece em Lagares).

Assim, no nosso país, em Dezembro de 1995, alguns ministros

(educação e cultura) decidiram “promover os hábitos e práticas de leitura

da população portuguesa, através do “”desenvolvimento de bibliotecas

escolares integradas numa rede e numa política de incentivo da leitura

pública””16.

Várias interpretações e caminhos seguiu esta lei, desde a criação da

“biblioteca de turma”, mediatecas ou até centros multifuncionais de acesso

à informação (centros de recursos educativos)17.

Hoje, as bibliotecas escolares surgem “como recursos básicos do

processo educativo”18. Foram já referidos os estudos que se fizeram a nível

de literacia, nacional e internacional, e um aspecto ficou bem patente: a

relação que existe entre a acessibilidade a espaços e recursos de leitura e o

nível de desempenho dos alunos19.

Pelo que acima foi referido, justifica-se a criação da rede de

bibliotecas escolares e que estas deverão ser entendidas como “centros de

recursos multimédia de livre acesso, destinado à consulta e à produção de

15

Lançar a rede..., ob. Cit. pág. 21.

16 Despacho Conjunto n.º 43/ME/MC/95, de 29 de Dezembro, Cit. In Lançar a rede de

Bibliotecas Escolares, Lisboa, 1996, pág. 13.

17 Lançar ª.., ob. cit., pág. 15.

18 Lançar ª.., ob. cit., pág. 15.

19 Lançar ª.., ob. cit., pág. 16.

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diferentes suportes. Deverá também tornar-se um centro de iniciativas,

inseridas na vida pedagógica da escola e aberto à comunidade local”20

V – Objectivos e Competências a desenvolver na Biblioteca Escolar

À medida que ia estudando as propostas de leitura para realizar este

trabalho21, vários objectivos e competências foram surgindo. Senti, por isso,

necessidade de os arrumar, não deixando nenhum para trás mas valorizando

aqueles que me parecem aplicáveis à realidade da biblioteca de Lagares.

V –A) Objectivos

- Criar e valorizar nos jovens alunos, o hábito e o prazer da leitura e da

aprendizagem,

- Incentivar / apoiar os alunos no processo de aprendizagem e no

desenvolvimento de capacidades / competências variadas (leitura,

procura e selecção de informação, organização da informação e

utilização da mesma),

- Proporcionar oportunidades de utilização e produção de informação

que possibilitem a aquisição de conhecimentos variados, proporcionam

o desenvolvimento da imaginação e lazer,

20

Lançar ª.., ob. cit., pág. 16. 21 Segundo o Manifesto da Biblioteca Escolar (UNESCO E IFLA), pág. 1.

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- Organizar actividades (exposições, concursos, debates...) que

favoreçam a consciência e a sensibilização para questões de ordem

cultural, social, política...

- Apoiar e promover os objectivos educativos definidos de acordo com

as finalidades e currículo definidos pela e para determinada escola,

- Facultar ao aluno informação (falada e escrita) sobre a forma de

funcionamento da biblioteca, convidando-o a participar de forma

activa no seu funcionamento (dando-lhe pequenas tarefas simples

como conhecer a CDU – ao nível dos segundos e terceiros ciclos -,

arrumar obras ou ainda no ainda ajudar outros colegas a procurar /

consultar uma obra...),

- Trabalhar, em conjunto, com Pais, Encarregados de Educação, alunos,

professores, órgãos de gestão e auxiliares, de forma a atingir os

objectivos curriculares definidos para cada ciclo ou ano lectivo a

nível da escola.

V – B) Competências

- Complementar e ser o centro da vida na escola, proporcionando vários

serviços de aprendizagem, recursos / informação (em variados

suportes), articulando-se com as competências gerais e específicas

definidas pela escola e pelos conselhos de turma, complementando o

trabalho dos professores e dos outros materiais que o aluno tem à

sua disposição (manual, caderno de actividades...),

- Levar os alunos a perceberem a utilidade prática do saber “usar” uma

biblioteca nas suas diferentes vertentes (leitura, procura de

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informação em diversas fontes...), numa vertente de utilização

futura,

- Desenvolver as competências de informação para a aprendizagem ao

longo da vida, permitindo aos alunos deixar a sua imaginação voar...,

- Facilitar a integração dos alunos na vida activa, como cidadãos

responsáveis, conscientes, atentos, informados e participativos,

VI - Serviços prestados

Os serviços prestados por uma Biblioteca Escolar são de índole

diversa e podem ser divididos em quatro serviços essenciais: o serviço

público, o serviço interno, o serviço geral ou comum e a formação.

Cada um destes representa vários trabalhos a serem desenvolvidos

por cada um destes serviços. A tabela I/V (em anexo) mostra alguns

exemplos.

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VII - Como se organiza

A questão organizacional do espaço a ocupar pela biblioteca escolar é

de suma importância. Ninguém concebe a ideia de uma biblioteca localizada

nos barracões / anexos da escola, por onde apenas andam os funcionários,

onde livros e computadores estivessem lado a lado com vassouras, baldes ou

mesmo líquidos.

A localização e a organização deste espaço surge contemplado no

Manifesto da Biblioteca Escolar22. Contemplando várias zonas (também aqui

opto por assinalar o que ainda não está bem definido na biblioteca da escola

de Lagares), estas devem assegurar o correcto e funcional funcionamento

da biblioteca, não esquecendo que deve ser também um local aprazível, que

dê prazer ao seu utilizador.

Assim e relativamente aos aspectos gerais:

22 Manifesto..., ob. cit., pág. 2.

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- deve ser um espaço especializado com instalações adequadas às

várias funções que vai servir (preferencialmente deve ser uma

construção de raiz ou adaptada)23,

# amplo,

# arejado,

# bem iluminado,

# com luz natural e

# bem ventilado;

- os espaços devem ser flexíveis e articulados, de forma a facilitarem

a circulação, permitindo a integração dos diferentes recursos que

tornam este um espaço polivalente,

- deve estar num local central e próximo da passagem do maior número

de utilizadores possível (longe de cheiros desagradáveis – cozinha ou

casas de banho – ou locais barulhentos) mas próximo da reprografia

(o que não acontece em Lagares),

- Não devem existir barreiras arquitectónicas, de forma a possibilitar

o seu acesso por todos e devem ser respeitados os requisitos

mínimos de segurança e circulação.

No que concerne aos aspectos específicos, são as seguintes as

diferentes zonas que devem fazer parte de uma biblioteca escolar:

23 Em Lagares foi apenas em Dezembro que se conseguiram fazer algumas obras de

ampliação de forma a reunir no mesmo espaço as várias secções de trabalho. Chamo a

atenção para o facto de se realizarem aulas neste espaço que se justificam pela existência

de um elevado número de turmas e poucas salas de aula.

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- Entrada (ou recepção) – deve ser acolhedora e informativa (deve ser

capaz de informar e auxiliar os utilizadores de tudo relacionado com

o funcionamento da biblioteca – existe em Lagares),

- Zona de leitura geral – as obras para consulta devem estar em livre

acesso, devem estar devidamente sinalizadas e separadas (obras de

referência, monografias, periódicos24... – existe em Lagares),

- Zona de audiovisuais / Multimédia – área de produção de documentos,

computadores com acesso à Internet, impressora (junto do técnico –

em Lagares não temos fotocopiadora, pelo que os alunos requisitam a

obra a fotocopiar e dirigem-se à reprografia); zona com ligação à sala

de leitura geral25 - existe parcialmente -,

- Espaço para produção de documentos e recuperação de materiais,

- Depósito, de acesso reservado,

- Sala polivalente, deve estar equipada para apresentações

multimédia26,

- Espaço para trabalho em grupo (os anteriores não assinalados não

existem em Lagares).

24

Este tipo de obras ainda não existe na biblioteca de Lagares. Aliás, ainda trabalhos com

armários fechados e a CDU ainda não foi aplicada à disposição e apresentação / arrumação

das obras.

25 Em Lagares, os computadores com ligação à Internet são os únicos recursos multimédia,

áudio e TV ainda não estão disponíveis e nem temos espaço para eles.

26 A biblioteca de Lagares apresenta este espaço, embora exíguo, junto aos computadores e

espaço para pequenas exposições.

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Outro dos aspectos ligados à organização refere-se aos pormenores do

funcionamento e gestão da biblioteca escolar. Assim, os objectivos que

justificam o funcionamento da biblioteca escolar devem estar bem

definidos bem como as competências a atingir. Estes dois aspectos devem

estar muito claros no início de cada ano lectivo – a curto prazo – e por ciclos

– médio e longo prazo e articulados com o currículo escolar.

Aspectos a salvaguardar:

- a biblioteca deve ser gerida e organizada de forma profissional,

- os seus serviços devem ser acessíveis a toda a comunidade escolar e

funcionar no contexto da comunidade local,

- deve promover o são convívio de professores, alunos, funcionários e

comunidade educativa em geral,

- deve promover a cooperação entre as várias partes envolvidas:

professores, direcção da escola, órgãos autárquicos, pais e

encarregados de educação...

O horário deve acompanhar, sempre que possível, o horário de

funcionamento da escola e deve existir um tempo para questões

organizacionais ligadas ao funcionamento da parte técnica da

biblioteca27.

27

Para Lagares, foi por mim proposto que para o próximo ano lectivo se realizam reuniões

periódicas com todos que colaboram na biblioteca – coordenador, equipa de professores

colaboradores e funcionários (não existem técnicos especializados), de forma a coordenar

todas as actividades e o funcionamento da mesma.

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O regulamento da biblioteca escolar deve contemplar os seguintes

aspectos, que assegurem a organização do espaço e o seu funcionamento:

- objectivos e funções da biblioteca na escola,

- informações sobre horário, regras para o funcionamento –

empréstimo, manuseamento, direitos e deveres do utilizador, prazos

e multas -.

Em anexo – 1/VIII, juntei o regulamento interno da biblioteca de

Lagares bem como o regulamento para os sócios e amigos da biblioteca

(estes documentos estão em constante revisão pelo Conselho Executivo e

Conselho Pedagógico uma vez que a biblioteca está numa fase, que posso

designar, de construção).

VIII - Que recursos

Os recursos humanos são parte essencial da biblioteca já que

asseguram a gestão e organização da mesma. Desde a animação pedagógica,

à gestão documental e de projectos, à gestão da informação, tudo passa por

uma equipa pedagógica – coordenador, equipa de professores e/ou técnicos

e funcionários – que garantem o funcionamento deste espaço.

No que diz respeito às escolas por onde tenho passado e também em

Lagares, existem os seguintes membros:

- o professor coordenador,

- uma equipa de professores,

- funcionários.

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No que diz respeito ao coordenador, este deve ter formação específica

na área e tem várias funções:

- gestão e planeamento das actividades e funcionamento da biblioteca,

- cuidar do fundo documental, verificar o seu estado e decidir sobre a

aquisição de novas obras,

- articular as actividades lectivas e de enriquecimento do currículo

com as actividades propostas para o espaço da biblioteca,

- articular o funcionamento e gestão da mesma e fazer a ponte e o

ponto da situação junto dos órgãos competentes (conselho executivo

e conselho pedagógico),

- verificar do cumprimento de todas as regras de funcionamento e ser

flexível se necessário for para alteração de alguma destas regras e /

ou resolução de problemas que possam surgir.

A equipa de professores, deve ter também alguma formação na área e se

a não tiver, devem procurar informar-se o mais possível sobre o

funcionamento da biblioteca. Sabemos que alguns dos professores que

exercem funções nesse espaço não estão lá por vontade própria mas porque

têm mesmo de ocupar algumas horas na escola. Neste caso cabe ao

coordenador e aos outros professores mostrar a importância e o prazer de

colaborar numa biblioteca escolar.

As funções dos professores na biblioteca são:

- apoiar os alunos na procura e utilização de obras,

- zelar pelo cumprimentos das regras,

- propor actividades e iniciativas que caibam no espaço biblioteca,

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- orientar os alunos no trabalho a desenvolver mas fomentando sempre

a sua autonomia e auto – estima,

- participar de forma activa e empenhada em todas as actividades da

biblioteca.

Os funcionários devem fazer formação na área da biblioteca e cabe-

lhes:

- ajudar o aluno na pesquisa e na utilização dos recursos existentes,

- coadjuvar o trabalho do coordenador e professores da equipa,

- assegurar o normal funcionamento da biblioteca e o cumprimento das

regras estabelecidas.

Outras funções dos recursos humanos:

- tratar tecnicamente todas as obras e material,

- divulgar as actividades desenvolvidas na biblioteca bem como as

novas aquisições e outras informações de interesse para a

comunidade educativa,

- organizar todos os serviços de leitura presencial, organizar o

empréstimo domiciliário e para aula, verificar quem está em falta e

tentar corrigir a situação,

- orientar e formar os utilizadores na pesquisa, recolha e utilização da

informação,

- imprimir e / ou reproduzir documentos (quando haja meios técnicos

que o permitam),

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- premiar os leitores mais assíduos da biblioteca dando dessa forma a

conhecer as obras mais requisitadas.

No que diz respeito a outros recursos, podemos dividir estes em três:

materiais, financeiros e documentais.

Especificando um pouco mais, temos os recursos materiais:

- mobiliário adequado à faixa etária,

- estantes abertas de fácil consulta,

- material informático com ligação à Internet,

- material audiovisual (TV, leitor de CDs, auscultadores),

- máquina fotocopiadora e impressora,

- móvel para os alunos guardarem o material à entrada da biblioteca,

- quadro / placar para informações (horário, actividades e regras

básicas de funcionamento).

Recursos financeiros, a biblioteca deve ter alguma autonomia financeira

para:

- adquirir e actualizar obras,

- adquirir ou reparar equipamentos,

- actividades de promoção de leitura,

- fundo de maneio para adquirir prémios (livros...) para os melhores

leitores, por exemplo,

- deve existir um livro de entrada e saída de dinheiro e o registo da

aplicação desses fundos.

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Os recursos documentais de uma biblioteca escolar devem estar devem

estar de acordo com os seus utilizadores, nomeadamente na faixa etária, no

meio / comunidade educativa em que se insere, e no tipo de interesse

demonstrado em determinada escola.

Estes recursos devem também estar adaptados à tipologia da biblioteca,

ao seu tamanho e capacidade de receber obras, à relação que se estabelece

entre o trabalho desenvolvido e os recursos humanos e financeiros e ao

cumprimento dos objectivos e competências definidas pela escola.

Os recursos documentais devem ainda:

- ser em número percentual com os alunos da escola multiplicado por

1028 ,

- os materiais impressos deverão constituir 75% desse fundo (às

escolas é dado um prazo entre 2 a 4 anos para adquirir esse limite

mínimo e os manuais escolares não entram nesta contabilidade),

- para além deste valor mínimo, a escola e a sua biblioteca devem estar

em permanente actualização.

28

Na escola temos cerca de 900 alunos, multiplicados por 10, teríamos de possuir cerca de

9000 obras mas nem metade mesmo excluindo os 25% de obras ou materiais não impressos.

No entanto é dado um prazo entre 2 a 4 anos para se atingir este mínimo.

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IX – Conclusão

Em jeito de conclusão, apresento resumido uma tentativa de

expressar a importância da biblioteca escolar em vários contextos: escola

(de onde parte), como forma de combate à ileteracia, como produtor de

materiais de índole diversa, fonte e produtor de informação, como fonte de

acesso ao mundo e ainda como fonte de prazer e de ocupação de tempos

livres. Termino com um quadro em que é assinalado aquilo que é necessário

mudar na biblioteca escolar de Lagares.

Aspectos negativos Aspectos positivos A melhorar

Alguns armários são de

portas

Mudança e aumento da

sala (ainda que

Equipamento e

mobiliário

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insuficiente)

Espaço pequeno Alguns membros da

equipa estão já a fazer

formação na área

Recursos financeiros

Não está organizada

pela CDU

Algumas novas

aquisições

Formação

Existem aulas Boa vontade dos

membros da equipa

Espaço

Anexos

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Anexo 1/VII – Regulamento Interno da Biblioteca e dos Sócios e amigos

da Biblioteca

Agrupamento Vertical de Escolas de Lagares

Proposta Regulamento Interno da Biblioteca

Escola EB 2,3 de Lagares

1- Espaço e funcionamento

A- Serviços disponíveis

# Leitura de presença

# Leitura/empréstimo domiciliário de livros

# Utilização de material informático

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B- Espaços existentes

# Zona de acolhimento/recepção dos utilizadores

# Zona de estudo individual e em grupo

# Zona de consulta de material vídeo/informático

# Zona de leitura informal de livros, periódicos e jornais

C- Utilizadores

# Consideram-se utilizadores da biblioteca os alunos, professores e

funcionários do presente agrupamento

2- Utilização e acesso à informação

A- Regras gerais

# O horário será afixado em local bem visível e qualquer alteração será

dada a conhecer com pelo menos 24 horas de antecedência, salvo por razões

alheias à equipa da biblioteca,

# O utilizador deve identificar-se sempre que algum membro da equipa da

biblioteca o solicite (apresentação do cartão de estudante ou outro

documento identificativo),

# Quando for necessário fotocopiar qualquer obra, o utilizador deve

dirigir-se à zona de acolhimento e pedir autorização para se ausentar (esta

autorização só será concedida nas horas de funcionamento da Reprografia),

# Não é permitido fumar, comer, beber (excepto água), falar alto, usar o

telemóvel ou ter quaisquer atitudes que ponham em causa o bom

funcionamento do espaço da biblioteca e os eu ambiente de trabalho,

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# Os lugares onde se sentam os utilizadores devem ser deixados limpos e

arrumados,

# Não é permitida a reserva de lugares. Os livros e outros materiais

deixados durante algum tempo sem utilização poderão ser recolhidos por

algum membro da equipa da biblioteca,

# Não é permitido danificar qualquer tipo de material (livro, cadeira, etc.)

que pertençam à biblioteca. Considera-se dano rasgar, dobrar, cortar,

pintar, desenhar, sublinhar ou molhar um livro; arrancar ou inutilizar

qualquer símbolo de pertença à biblioteca,

# O não cumprimento do artigo anterior é da inteira responsabilidade do

requisitante que terá de repor o artigo danificado,

# Os utilizadores deverão comunicar, imediatamente, qualquer ocorrência,

aos membros da equipa da Biblioteca,

# As malas, sacos ou pastas, deverão ficar fora da biblioteca num espaço

reservado para o efeito. Os valores (telemóveis, carteiras e outros) devem

acompanhar os respectivos donos,

# Será vedado o acesso temporário ou permanente a todo o utente que

infrinja as normas em vigor ou que persista num comportamento inadequado

quando advertido,

# Frequentar a biblioteca implica a aceitação deste regulamento por parte

dos seus utilizadores que dele poderão tomar conhecimento em pasta

própria colocada na biblioteca,

B- Regras específicas de utilização

Leitura de presença

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# Todos os livros que se encontrem em livre acesso, podem ser retirados

livremente mediante o preenchimento de uma ficha de requisição existente

na zona de acolhimento,

# Após a consulta, os livros deverão ser deixados em local próprio

devidamente assinalado e será, posteriormente, arrumado pelos membros da

equipa da biblioteca,

# As livros estão arrumados por rubricas de classificação (classificação

decimal universal – CDU – em anexo),

# Toda a documentação, que possuir características específicas de forma a

poder ser consultada apenas no espaço físico da biblioteca, estará

assinalada com uma marca cor de laranja,

# Todo o material extra livro só poderá ser objecto de consulta no espaço

físico da biblioteca, devendo ser solicitado aos membros da equipa da

biblioteca e ser preenchida uma requisição no local de acolhimento,

# As publicações periódicas só podem ser consultadas localmente e

deixadas no espaço reservado para esse efeito.

Leitura domiciliária

# Estará disponível para empréstimo domiciliário todo o fundo bibliotecário

desde que não esteja assinalado com marca cor de laranja,

# A requisição de obras só poderá ser feita mediante o preenchimento de

uma ficha de requisição onde, para além dos elementos de identificação da

obra, figurará a identificação do requisitante e a data de requisição bem

como a data de devolução,

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# Cada utilizador só poderá ter em seu poder uma obra e pelo prazo máximo

de cinco dias úteis,

# É possível a renovação do empréstimo perante a apresentação da obra ao

membro da biblioteca que pedirá renovação da inscrição,

# O número de renovações pode ser limitado nos casos em que a equipa da

biblioteca ache conveniente,

# Cada utilizador deve assegurar-se de que é dada baixa à sua requisição,

# Não será permitido requisitar quaisquer obras na última semana de aulas

dos três períodos,

# Não é permitida a requisição de publicações/livros a quem não tenha

regularizado a situação face a empréstimos anteriores,

# Se ultrapassados cinco dias úteis, após o limite máximo do prazo de

entrega, o utilizador será avisado por escrito, através de aviso colocado no

livro de turma. Posteriormente e caso não seja feita a devolução após este

primeiro aviso, a recolha será feita de forma coerciva, via DT e

Encarregado de Educação,

# A partir do momento em que se passe à recolha coerciva, fica o utilizador

impedido de requisitar qualquer tipo de obra,

# Estabelece-se uma multa diária de 0,20 cêntimos na devolução das obras

em atraso, num máximo de 2,5 euros,

# Estão isentos de pagamento de multa casos devidamente justificados (por

exemplo, situação de doença comprovada),

# Em caso de extravio ou danificação de publicações, o requisitante terá de

reembolsar a biblioteca da quantia equivalente ao preço da publicação ou

através da compra e posterior entrega da obra à biblioteca.

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Utilização de material informático

# Este material só poderá ser objecto de consulta local,

# A requisição deste material deverá ser feita na zona de acolhimento

junto de um membro da equipa da biblioteca e preenchida a respectiva ficha

de requisição,

# Na ficha de requisição constarão os elementos identificativos do aluno e

período de utilização,

# Após a utilização do material, este deverá ser devolvido ao membro da

equipa da biblioteca, na zona de acolhimento

3- Distribuição do serviço

A- Função dos responsáveis

# Os serviços estão assegurados por professores e uma funcionária,

# A professora coordenadora da biblioteca é responsável pela organização

técnica e logística da biblioteca bem como pela dinâmica do seu

funcionamento,

# Será necessário assegurar a colaboração dos alunos nos serviços exigidos

pelo normal funcionamento da biblioteca e especificamente pelos alunos

sócios da mesma,

# O horário de funcionamento e escalonamento de pessoal encontra-se

afixado em local visível e distribuído pelo recinto escolar

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B- Organização e gestão documental

Tratamento técnico dos documentos

# Verificação,

# Carimbagem,

# Atribuição do n.º de inventário,

# Catalogação,

# Indexação,

# Classificação,

# Colocação da cota

Tipos de documentos

# Monografias (livros)

# Obras de referência (dicionários, enciclopédias, atlas...)

# Publicações periódicas (jornais, revistas), ainda não funciona

# Material informático

C- Tratamento técnico de monografias/obras de referência

# Registo- em livro próprio e no programa informático?? De catalogação

existente na biblioteca (neste caso só os professores autorizados poderão

dar entrada de obras),

# Carimbagem- carimbo de posse (identifica a biblioteca) e carimbo de

registo (apresenta o n.º de registo). O carimbo de posse coloca-se no canto

superior direito, na última página de texto e numa das páginas

convencionadas pela equipa da biblioteca (mais ou menos 40 em 40 folhas).

Sempre que uma página onde se deve pôr o carimbo for ilustrada, deve

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carimbar-se na página imediatamente anterior ou na seguinte. O carimbo de

registo coloca-se na parte inferior da folha de rosto. O n.º de registo é

sequencial e não repetível,

# Catalogação- descrição bibliográfica do documento (título e

responsabilidade da obra, edição, data…),

# Indexação- operação que permite caracterizar e descrever um

documento, transcrevendo-o em linguagem documental conceitos extraídos

desse mesmo documento,

# Classificação- atribuição de uma notação que ajude a ordenar os livros

numa estante, usando uma tabela CDU. Determina o assunto principal do

documento.

D- Tabela CDU

A CDU é uma classificação universal porque abarca, sem excepção, o

conjunto do saber, da actividade e do pensamento do Homem. Divide-se em

10 classes (de 0 a 9) que se subdividem segundo o princípio dos números

decimais. Cada índice designa uma rubrica, podendo ser sempre dividido no

máximo de 10 índices de ordem inferior, indo de 0 a 9.

De seguida apresenta-se uma tabela CDU simplificada e adaptada às

necessidades da biblioteca:

O-Generalidades

0- Generalidades

Page 35: Desenvolvimento da biblioteca na escola[1]

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Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 35

03- Obras gerais de referência (enciclopédias, dicionários, atlas…)

2- Religião, Teologia

3- Ciências Sociais

33- Economia

37- Educação

5- Ciências (Matemática, Ciências Naturais)

57- Biologia

7- Arte e Desporto

7- Belas Artes. Divertimentos e desportos

8-Linguística e Literatura

8- Linguística. Filologia. Literatura

8.1- Poesia

8.2- Drama

8.3- Contos. Romances. Novelas

82.LI- Literatura em Língua Inglesa

82.LF- Literatura em Língua Francesa

9- Geografia. Biografias. História

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908- Monografias (Fundo Local)

91- Geografia

93- História Universal

946.9- História de Portugal

Colocação da Cota – aparece na lombada do livro, segundo a classificação

CDU, inserida em etiquetas autocolantes de cores diferentes. Indica a

localização do documento na estante.

# exemplo: Livro de Banda desenhada – Tintim, de Hérgé

087.5- Indicação da notação CDU, relativa ao assunto principal (BD)

HER- Três primeiras letras do apelido do autor (em maiúsculas)

45- N.º de ordem na estante

Para este exemplo a cota será:

Colocação em livre acesso – as obras são arrumadas nas estantes por

assunto. As estantes estão classificadas por classes, as 10 classes CDU, que

serviram de classificação às obras. Além disso, têm o símbolo cromático

correspondente.

E- Tratamento técnico de publicações periódicas:

# Registo- em folha própria

087.5

HER 45

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Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 37

# Carimbagem – carimbo de posse (identifica a biblioteca). Coloca-se na

capa e numa ou mais páginas convencionadas pela equipa da biblioteca

# Colocação em livre acesso

F- Tratamento técnico de material não livro:

# Registo- em local próprio e no programa informático de catalogação da

biblioteca (só um membro da equipa da biblioteca o poderá fazer),

# Carimbagem- carimbo de posse (identifica a biblioteca)

# Catalogação-descrição bibliográfica do documento (título e

responsabilidade da obra, edição, data…),

# Colocação da cota- aparece no invólucro, inserida em etiquetas

autocolantes, de forma sequencial e corrida.

Exemplos:

VHS- VD/1, VD/2, VD/3…

CD- CD/1, CD/2, CD/3…

DVD- DVD/1, DVD/2, DVD/3…

Fotografias- FOTO/1, FOTO/2, FOTO/3…

Panfletos- DOC/1, DOC/2, DOC/3…

Colocação em livre acesso. No caso dos CDs, VHS, DVD’s e cassetes áudio,

só devem ser colocadas em livre aceso as caixas, devendo o material estar

guardado. Os panfletos e as fotografias devem ser arquivados em

pastas/álbuns.

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Atenção: Não é permitida a recolocação de uma obra que tenha sido

retirada da estante, senão por pessoal da equipa da biblioteca. Esta regra

garantirá a arrumação correcta dos documentos.

G- Disposições finais

De todos os casos especiais ou omissos a coordenadora da biblioteca

decidirá de acordo com o Conselho Executivo.

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Agrupamento Vertical de Escolas de Lagares

Escola EB 2,3 de Lagares

Regulamento Interno Sócios e Amigos da Biblioteca

Ano Lectivo de 2006/2007

- Ser aluno, professor ou funcionário do agrupamento,

- Ser responsável e autónomo,

- Demonstrar espírito crítico, crítico e de entreajuda,

- Valorizar e ter vontade de promover a leitura dentro e fora da escola,

- Apoiar outros alunos na aprendizagem através dos recursos disponíveis na

biblioteca,

- Dinamizar e participar nas actividades promovidas pela biblioteca ou

outras promovidas nesse espaço,

- Usufruir de regalias específicas tais como:

. oferta de marcadores de livros,

. requisição domiciliária pelo período útil de 10 dias,

. requisição domiciliária de um livro durante o período de férias de

Natal e Páscoa,

. sorteio de livros no final do ano.

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. prémios e actividades surpresa.

- Ter direito a um cartão de sócio mediante o pagamento de uma cota anual

de 1.5 euro/ano.

- Qualquer situação especial ou omissa será decidida pela equipa

responsável.

Lagares, 18 de Outubro de 2006

Pelo Conselho Executivo,

Pela equipa da Biblioteca,

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Anexo 1 / III

DOSSIER SOBRE LITERACIA (ESTUDO DA OCDE-2001)

O bê-á-bá e pouco mais

CADI FERNANDES

Diário de Notícias, 5-12-2001

Os alunos portugueses de 15 anos têm um desempenho médio modesto em

literacia de leitura, matemática e ciências, comparativamente com os seus

"pares" da OCDE, revela o estudo internacional PISA (Programme for

International Student Assessment).

Comecemos pela literacia de leitura, onde o panorama nacional é preocupante.

Definiram-se cinco níveis: cinco (tarefas sofisticadas de leitura, como

compreensão detalhada de textos, inferência das informações relevantes,

avaliação crítica); quatro (tarefas difíceis, como localizar informação implícita e

avaliar criticamente um texto); três (tarefas de complexidade moderada, como

localizar segmentos de informação e estabelecer relações entre as várias partes

do texto); dois (tarefas básicas, como localização simples de informação e

compreensão do significado de parte bem definida do texto) e um (tarefas

menos complexas, como localizar uma única peça de informação e identificar o

tema principal do texto).

Ora bem, ora mal, a situação média dos alunos portugueses é, simplesmente,

"preocupante", reconhece o Ministério da Educação (ME) perante a eloquência

dos resultados. "O valor da média portuguesa situa-se abaixo da média da OCDE

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Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 42

e muito distanciada dos países que obtiveram melhores classificações médias."

Onde Portugal se destaca é precisamente no nível 1, o mais baixo (17 % de alunos

contra uma média de 12 % no espaço da OCDE). Aliás, a nossa "superioridade" é

proporcional à "inferiodade" dos níveis (25 % no dois; 27 % no três, 17 % no

quatro e 4 % no cinco, tendo as médias da OCDE sido, respectivamente, de 22

%; 29 %; 22 %; e 9 %).

O panorama é desolador, mas o pior está ainda por dizer. Falamos da

percentagem de alunos que não atingiram sequer o nível 1, revelando sérias

dificuldades em usar a leitura como um instrumento efectivo para a extensão de

conhecimentos e competências noutras áreas. Nesta situação encontram-se 10 %

dos alunos portugueses. A média no espaço da OCDE é de 6 %, afirma-se no

estudo. Trata-se de alunos que poderão estar em risco não só na transição inicial

da educação para o trabalho, mas também na possibilidade de usufruírem de

outras aprendizagens ao longo da vida.

Em linhas gerais, os alunos portugueses revelam grandes dificuldades perante

textos dramáticos, como um excerto de uma peça de teatro, e textos

informativos extensos, que exigem respostas de grande rigor, como a

identificação precisa de informações.

De entre todos os 32 países "avaliados" (27 da Organização para a Cooperação e

o Desenvolvimento Económico mais o Brasil, Letónia, Liechtenstein e Rússia,

envolvendo 256 mil estudantes), o melhor classificado é a Finlândia e o pior, o

Brasil, Estado que "arrecada" o último lugar nas três valências analisadas -

leitura, matemática e ciências.

No conjunto, Portugal fica em 26.º lugar em matéria de leitura. Atrás, só a

Rússia, a Letónia, o Luxemburgo, o México e o Brasil. A Espanha está em 18.º

lugar.

Atendendo à distribuição regional dos resultados no nosso País, o ME salienta

que, "enquanto a região de Lisboa e Vale do Tejo se encontra próxima da média

da OCDE, as outras regiões distanciam-se em média de 50 ou mais pontos".

No domínio da leitura, "as raparigas apresentam, em média, melhores resultados

do que os rapazes, sendo esta diferença estatisticamente significativa".

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Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 43

Os instrumentos utilizados foram testes de "papel e lápis", com um tempo

máximo de resolução de duas horas, caracterizados por respostas de escolha

múltipla e outras que requeriam mais elaboração.

Em Portugal, a informação foi recolhida em 2000 em 149 escolas - 138 públicas e

11 privadas -, envolvendo 4604 jovens de 15 anos a frequentar entre o 5.º e o

11.º anos de escolaridade.

Neste primeiro ciclo do estudo foi dada preponderância à avaliação da literacia

em leitura. Está prevista para 2003 a realização do segundo ciclo, no qual o

enfoque incidirá sobre a literacia matemática. Em 2006, terminará o terceiro

ciclo do estudo com uma recolha mais intensiva no domínio das ciências.

Tejo surge, à semelhança do que acontece relativamente à leitura, como a região

que apresenta melhores resultados, mas com uma ressalva pouco lisonjeira: em

matemática, o valor médio obtido nesta zona do País é inferior ao da média da

OCDE.

Nada de novo na frente científica

Nada de novo na frente científica: também aqui, à semelhança do que acontece

com a leitura e a matemática, os resultados médios dos alunos portugueses são

"deveras modestos". O mesmo é dizer que descemos mais um degrau na escala,

ficando em 28.º num total de 32 países. Piores resultados têm apenas os alunos

da Letónia, Rússia, Grécia e Liechtenstein.

O valor máximo obtido pelos 25 % de alunos portugueses com pior desempenho

em literacia científica é sensivelmente menos elevado do que o correspondente à

área da OCDE.

A zona de Lisboa e Vale do Tejo continua a apresentar melhores resultados

médios, mas, tal como em matemática, está numa posição pior daquela que foi

detectada no domínio da leitura. A média regional correspondente é inferior à

da área da OCDE.

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Relatório internacional sobre competências

Dez por Cento dos Alunos Portugueses Aos 15 Anos Têm Dificuldades em

Perceber o Que Lêem

Por ANDREIA SANCHES

Público

Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001

É o maior estudo internacional sobre as competência dos alunos de 15 anos

em três domínios: literacia em leitura, matemática e científica. Portugal

está no pelotão dos mais fracos, longe das médias da OCDE. E mesmo os

estudantes mais competentes são piores do que os melhores da maior parte

dos países. Só Lisboa e Vale do Tejo consegue uma "performance" em

leitura que compete com a da OCDE.

Metade dos alunos portugueses com 15 anos de idade

tem níveis de literacia em leitura muito baixos. No

espaço da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Económico (OCDE), o país só se sai

melhor do que o México e o Luxemburgo, ficando

alinhado com o desempenho médio da Alemanha e da

Grécia. Na literacia científica, só o México e o Luxemburgo são piores. Em

matemática, Portugal, Polónia, Itália, Grécia e Luxemburgo partilham o penúltimo

lugar, à frente também do México. Não é surpreendente, mas o investimento que

nos últimos anos o Estado tem feito na educação poderia fazer acreditar que

melhores "performances" seriam possíveis, tendo em conta o que se passou

noutros Estados da OCDE (como a Irlanda) que, há alguns anos, tinham

resultados semelhantes aos portugueses.

O mais preocupante é que dez por cento dos jovens em Portugal não conseguem

sequer atingir o valor mínimo de literacia em leitura (a média da OCDE é 6 por

cento), ficando abaixo do nível 1. Tecnicamente, podem saber ler mas não são

capazes de realizar tarefas simples propostas no âmbito do PISA ("Programme

for International Student Assessment"), um mega-estudo internacional sobre as

competências dos jovens nascidos em 1985. Portugal integra assim - com a

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Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 45

Grécia, o Luxemburgo e a Alemanha, por exemplo - um grupo onde uma

percentagem preocupante de rapazes e raparigas terá grandes dificuldades de

integração no mercado de trabalho ou em qualquer esquema de educação e

formação ao longo da vida.

Absolutamente determinante nos resultados parece ser o ano de escolaridade

frequentado pelos jovens. É que os desempenhos médios dos alunos de 15 anos

portugueses que frequentam o 10º e 11º anos são muito melhores, ao ponto de,

nalgumas áreas, chegarem a superar a média correspondente ao espaço da

OCDE. O problema são os outros, os que aos 15 anos frequentam entre o 5º e o

9º ano - uma fatia ainda considerável que vem provar, uma vez mais, que ficar

para trás um ou mais anos, no percurso escolar, pode condenar ao insucesso.

No total, 32 países entraram nesta primeira fase do PISA - um estudo que se

destaca de outros projectos internacionais sobretudo porque pretende aferir

até que ponto é que os jovens conseguem usar os seus conhecimentos e

competências para resolver desafios da vida real. De três em três anos, serão

recolhidos novos dados. No ano passado, cerca de 265 mil alunos (4600

portugueses) foram chamados a submeter-se ao primeiro "exame" especial que

técnicos e representantes dos governos elaboraram e testaram. Desta vez, a

literacia em leitura foi o domínio de eleição - dois terços das questões colocadas

versavam competências nesta área, pelo que é este o domínio mais rico em

análise e cruzamento de variáveis.

Os piores entre os piores

O relatório do PISA faz mais do que listar países a partir das médias dos

resultados de cada um - diz a OCDE que essa análise pode servir para aferir a

qualidade das escolas e dos sistema educativos, mas não dá o retrato completo

das dificuldades ou pontos fortes de cada grupo de estudantes. E é quando se

afina a análise que alguns aspectos voltam a acentuar a modéstia dos

desempenhos portugueses.

Desde logo, se dividirmos o grupo de alunos portugueses que prestou provas e

analisarmos os que tiveram resultados mais fracos nos três domínios de literacia

testados, chega-se à conclusão que os piores alunos lusos têm classificações

ainda mais baixas do que os piores da OCDE - diferenças na casa dos 30 pontos.

A questão seguinte é, inevitavelmente: e como é que se comportam os alunos

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Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 46

portugueses mais "brilhantes", quando comparados com a "nata" do espaço da

OCDE? Na verdade, brilham pouco. Os jovens portugueses com maiores níveis de

literacia em leitura, ciências ou matemática são, em média, piores do que os

colegas com melhor desempenho nos restantes países.

Os especialistas tentaram também perceber se um país que apresenta uma

percentagem elevada de alunos com maus resultados está "condenado" a ter

poucos jovens com um desempenho próximo da excelência. Para se chegar a uma

conclusão: não é sempre assim. Esta não é uma questão de somenos importância:

"Atendendo a que uma média elevada na performance dos alunos de 15 anos faz

prever a existência de uma força de trabalho altamente qualificada, os países

com estes níveis de desempenho terão, a curto prazo, uma vantagem económica e

social considerável", como sublinha a OCDE.

E uma vez mais a análise não favorece o quadro português. Entre 15 e 18 por

cento dos alunos da Austrália, Canadá, Finlândia, Nova Zelândia e Reino Unido

conseguiram um desempenho máximo. Por outro lado, qualquer um destes países

apresenta uma pequena percentagem de jovens com literacia em leitura abaixo

de 1. Já a Alemanha, com uma percentagem de alunos no nível 1 ou menos 1 em

leitura que ronda os 23 por cento (não muito longe dos 27 por cento

portugueses), consegue ter 9 por cento de jovens no nível 5. Em Portugal, são

apenas 4 por cento, o mesmo valor apresentado pela Espanha. A OCDE não

esconde as desvantagens destes resultados no que diz respeito à

competitividade de um país.

______________________________

É a segunda vez que Portugal participa num estudo internacional sobre avaliação

de leitura. A primeira foi em 1991 e foram avaliados alunos do 9º ano (o que

corresponde mais ou menos à população abrangida pelo PISA). Os portugueses

obtiveram resultados ligeiramente acima da média internacional. Será que os

alunos do 9º ano pioraram? Segundo o Ministério da Educação, não. A verdade é

que no início dos anos 90 a taxa real de escolarização no 9º ano era de 53 por

cento e actualmente supera os 90. A média dos alunos foi, pois,

"significativamente afectada pelo alargamento da escolaridade a muitos mais

jovens".

___________________________

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Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 47

Os 32 países participantes no PISA comprometeram-se, para já, a elaborar um

relatório nacional "para contextualizar os dados". Foi o que fez Portugal. Um

documento ontem apresentado em conferência de imprensa, em Lisboa, da

autoria do Gabinete de Avaliação Educacional, confirma o que outros trabalhos -

nomeadamente os resultados nacionais dos exames nacionais do 12º ano - já

tinham revelado: que há grandes diferenças regionais. Isto ao ponto de os

jovens de Lisboa e Vale do Tejo chegarem a obter resultados superiores em

média aos do espaço da OCDE - o que aconteceu na literacia em leitura.

Globalmente, as "performances" mais fracas estão, sobretudo, nas ilhas,

Alentejo e Algarve. Sobre a heterogeneidade regional encontrada diz o relatório

português que é uma das "situações problemáticas para as quais urge encontrar

soluções". A.S.

_____________________________

P&R

O Que É o PISA? Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001

Que tipo de estudo é o PISA?

O "Programme for International Student Assessment", mais conhecido por

PISA, é o maior estudo internacional e sistemático feito sobre as competências

e conhecimentos de jovens com 15 anos de idade em três áreas distintas. O

estudo foi coordenado pelos governos dos países participantes, através da OCDE

(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico)

O que é que se pretende testar?

O PISA cobre três domínios: literacia em leitura, literacia matemática e

literacia científica. Ao contrário do que acontece noutros estudos

internacionais, não pretende testar conteúdos escolares. Tudo está feito para

poder apurar até que ponto é que, concluída a escolaridade obrigatória, os jovens

estão preparados para enfrentar os desafios do futuro, têm capacidade para

continuar a aprender ao longo da vida e conseguem analisar, argumentar e

exprimir as suas ideias.

A primeira "leva" de testes ocorreu em Abril de 2000 e os resultados são agora

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Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 48

divulgados. De três em três anos, haverá novos testes e novos resultados. Em

cada "ciclo de avaliação", os testes aprofundam mais uma determinada área,

sendo-lhe dedicada dois terços das perguntas feitas aos alunos. Neste que foi o

arranque do programa, o domínio de eleição foi a leitura - é por isso que só neste

domínio é que se dividiram os alunos em níveis de literacia de 1 a 5. Em 2003,

será a matemática e em 2006 a literacia científica.

Quem participou nesta primeira fase?

São 32 países, 28 dos quais membros da OCDE. Na apresentação dos resultados,

no entanto, a Holanda não consta da lista ordenada de países, porque a amostra

foi considerada pouco fiável.

Qual é a metodologia?

Testes de caneta e papel, para serem feitos em duas horas, foram aplicados a

grupos entre 4500 e 10 mil alunos em cada país. No total, foram 265 mil os

jovens envolvidos. Os testes foram feitos nas respectivas escolas. Foram ainda

distribuídos dois questionários: um para ser preenchido pelos directores dos

estabelecimentos de ensino; outro aos próprios alunos testados, para recolha de

informação de "background".

Quantos alunos fizeram os testes em Portugal?

Cerca de 4600 alunos de 148 escolas "representativas" da realidade nacional.

No que é que consistem os testes do PISA?

Os testes são uma mistura de perguntas de escolha múltipla com outras que

prevêem que os jovens construam as suas próprias respostas. Os enunciados das

questões remetem sempre para situações da vida real. A ideia é saber se os

jovens têm uma relação inteligente com aquilo que fazem e não qual o seu nível

académico.

Para que é que servem estes resultados?

Segundo a OCDE, o que se pretende é traçar o perfil dos estudantes que

terminam a escolaridade obrigatória, perceber as causas e consequências dos

resultados, de forma a fornecer indicadores às escolas, professores e decisores

políticos que possam servir de base de trabalho. Sendo esses indicadores

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internacionais, e aceites pelos governos que participaram, será mais fácil o

diálogo e a colaboração entre eles.

A.S.

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Tarefas de Leitura Que Impliquem Grande Rigor Dificultam a Vida Aos

Portugueses Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001

Raparigas mais competentes

Uma pequena história, um diagrama, um formulário - são apenas exemplos de

textos que foram apresentados aos alunos de 15 anos na parte do teste do PISA

que pretendia aferir os níveis de literacia em leitura. Na espaço da OCDE, seis

em cada dez jovens conseguiram situar-se no nível 3 ou mais. Em Portugal,

aconteceu apenas com 48 por cento. E mais de um quarto dos alunos situa-se no

nível 1 ou menos 1. Mas uma análise dos resultados por item testado revela

"nuances" que estas médias globais não desvendam: desde logo, que os alunos

portugueses não se dão bem com textos informativos extensos, em que as

respostas exigem grande precisão. Esta é uma das tarefas onde os lusos se

afastam ainda mais dos valores médios da OCDE.

Em compensação, obtêm globalmente um maior sucesso relativo quando o texto

proposto é uma narrativa e se lhes pede que interpretem e reflictam sobre o

conteúdo, "o que apela para conhecimentos prévios do sujeito". Em poucas

palavras: o que implica uso de maior rigor penaliza os portugueses - mas também

os gregos, os mexicanos e os espanhóis; se os textos forem dramáticos (por

exemplo, um excerto de uma peça de teatro), também será certo que o

resultado será pior. O relatório português, elaborado pelo Gabinete de Avaliação

Educacional (Gave), não aprofunda muito as razões desta situação, mas tudo

indica que está ligada às práticas de leitura dos alunos e de ensino de leitura nas

escolas portuguesas.

Outro dado curioso é o facto de Portugal ser um dos países onde a diferença

entre o desempenho das raparigas e dos rapazes é evidente. Elas são leitoras

mais competentes do que eles, conseguindo em média mais 25 pontos nos itens

de leitura. Na OCDE, a diferença média ronda os 32 pontos. E em todos os

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países analisados a percentagem de rapazes que se situam no nível 1 ou menos 1

na escala de literacia em leitura é sempre superior à das raparigas. O facto de

as raparigas lerem por prazer com bastante mais frequência do que os rapazes

pode ser uma das causas para que assim seja.

O que distingue os competentes?

A relação entre os resultados no PISA no domínio da leitura e o perfil pessoal

do alunos é também bastante evidente. Em Portugal, os estudantes que foram

testados fizeram um teste de rapidez de leitura. Para além disso, e tal como os

seus colegas de outros países, tiveram de preencher um questionário onde se

lhes pedia que explicitassem as suas estratégias de estudo. Estão motivados?

São perseverantes? Recorrem muito à memória? Definem o que devem estudar

antes de começar? - são apenas exemplos de perguntas para as quais a OCDE

queria respostas.

Os alunos com um nível de literacia igual ou superior a 4 distinguem-se por várias

coisas: lêem mais rapidamente, têm um sentimento de pertença à escola,

interessam-se pela leitura, têm uma boa imagem académica de si próprios, têm

algumas estratégias de estudo. Esforço e perseverança são assinalados por

estes jovens como essenciais para o desempenho escolar. Já a memorização é

mais utilizada pelos alunos com piores desempenhos.

Posto isto, "é fundamental que a escola proporcione aos estudantes a tomada de

consciência da existência de diferentes estratégias de estudo e aprendizagem",

alerta o Gave. É igualmente "importante que os alunos se sintam na escola como

fazendo parte integrante da instituição e que reconheçam a necessidade do

esforço e da perseverança para serem bem sucedidos". É que, pelos menos

aparentemente, isso faz muita diferença.

Curiosamente, as notas que os professores de português deram aos alunos

testados no âmbito do PISA têm pouco a ver com os resultados que estes vieram

a obter nos testes de literacia. O Gave conclui que isso quer dizer que "o que é

apreciado na avaliação que se faz nas nossas escolas tem pouco a ver com as

competências implicadas" no PISA.

A.S.

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Médias dos Resultados no Teste de Leitura Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001

Finlândia 546

Canadá 534

Nova Zelândia 529

Austrália 528

Irlanda 527

Coreia do Sul 525

Reino Unido 523

Japão 522

Suécia 516

Áustria 507

Bélgica 507

Islândia 507

França 505

Noruega 505

Estados Unidos 504

Dinamarca 497

Suíça 494

Espanha 493

Rep. Checa 492

Itália 487

Alemanha 484

Hungria 480

Polónia 479

Grécia 474

Portugal 470

México 422

Média 500

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Ministro da Educação Diz Que Os Resultados Não Surpreendem Por ISABEL LEIRIA Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001

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Alargamento da taxa de escolarização apontado como indissociável do "modesto" desempenho português

Todos as avaliações já feitas apontavam para as fragilidades dos alunos

portugueses e, por isso, os resultados daquele que é o mais recente e mais

abrangente estudo internacional não surpreenderam o ministro da Educação,

Júlio Pedrosa. "Não há aqui nenhuma surpresa especial, mas a confirmação de

informações que já tínhamos e que têm de ser levadas a sério", comentou

Pedrosa, durante a apresentação oficial do PISA (Programme for International

Student Assessment), ontem no Ministério da Educação, em Lisboa.

Reconhecendo que o desempenho médio dos alunos portugueses é, "de uma forma

geral, modesto" e que "não satisfaz", Pedrosa ressalvou, no entanto, que, para

além de causas relacionadas com a "forma como se trabalha", muito se deve ao

"país que temos". "Este é um factor decisivo. A carga histórica, social, política,

educativa é algo que temos de suportar", sublinhou.

Mas, para além de um passado de atrasos, são também constrangimentos do

nosso tempo que dificultam o sucesso dos alunos. Por exemplo, o alargamento da

taxa de escolarização. "Não é impunemente que se associa a atribuição do

Rendimento Mínimo Garantido à frequência escolar. É isso que se deve fazer,

mas temos de assumir a responsabilidade que estes meninos não têm as mesmas

condições para progredir". A estas condicionantes junta-se ainda a influência

dos factores exteriores à escola - o estudo comprova a importância dos mais

variados indicadores sócio-económicos e culturais - no desempenho dos alunos.

E se a informação agora tornada pública sugere algumas pistas sobre as áreas

que mais problemas levantam aos alunos portugueses, o ministro da Educação

aproveitou a ocasião para referir uma série de medidas já em curso: do Estudo

Acompanhado introduzido pela reorganização curricular do ensino básico em

vigor ou a reformulação de programas do ensino secundário. Depois, continuou

Pedrosa, é preciso analisar o que fez com que países que apresentavam, até há

pouco tempo, resultados semelhantes aos portugueses - como a Finlândia e a

Irlanda - assumam agora resultados francamente acima da média da OCDE.

De resto, nem tudo é negro no que respeita às competências demonstradas pelos

estudantes de 15 anos. Uma grande percentagem de alunos portugueses que com

esta idade estão no 10º ano e os que estudam na área da Direcção Regional de

Educação de Lisboa obtêm resultados idênticos ou mesmo superiores à média da

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OCDE, exemplificou o ministro.

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Desempenho dos Alunos Portugueses Aquém dos Investimentos Realizados Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001

De uma maneira geral, os alunos dos países de maiores recursos económicos

revelam melhores desempenhos nos testes do PISA. No entanto, há quem com

pouco dinheiro consiga capitalizar ao máximo o investimento feito e há quem,

tendo em conta a despesa realizada, não obtenha os resultados esperados. É o

caso de Portugal, onde as competências demonstradas pelos alunos de 15 anos

ficam abaixo do que seria possível, atendendo às verbas investidas pelo país na

educação.

Já a Irlanda e a Coreia do Sul são exemplos de grande eficácia, uma vez que,

assumindo uma despesa por estudante inferior a Portugal, não só conseguem

registar melhores resultados, como atingem desempenhos francamente acima do

expectável. E são vários os casos em que países com indicadores económicos com

valores próximos acabam por apresentar desempenhos médios (nos três domínios

avaliados) muito díspares. Veja-se a situação do Reino Unido e da Alemanha:

despendem praticamente o mesmo em educação e, enquanto o primeiro se coloca

bem acima da média da OCDE, os alunos alemães revelam um nível de

competências abaixo desse valor.

Os autores do estudo concluíram ainda que os investimentos mais volumosos não

correspondem, no entanto, aos melhores desempenhos. A Áustria, os Estados

Unidos e a Dinamarca são os países que mais gastam com os seus alunos mas não

foram eles os que tiveram os melhores resultados nos testes do PISA, ainda que

se situem acima ou na média da OCDE.

I.L.

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O Bom Estudante É Filho de "Boas Famílias" Por BÁRBARA WONG Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001

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Acesso à cultura é importante

Contexto familiar influencia os resultados dos alunos, conclui o estudo

Aos estudantes de 15 anos o PISA perguntou tudo: o que fazem os pais, a sua

escolaridade, que bens culturais têm em casa e quais os haveres familiares. Tudo

isto porque os resultados em literacia, matemática e ciências podem não dever-

se apenas às capacidades de estudo dos miúdos, mas também aos seus

antecedentes familiares e ao ambiente que vivem em casa. Aliás, o PISA chega

mesmo à conclusão que os factores sócio-económicos têm impacto nos resultados

dos alunos. "A análise demonstra que as diferenças de desempenho dos

estudantes nos vários países que participam no PISA não desaparece quando são

tidos em conta os antecedentes familiares", diz o relatório.

São vários os factores que podem determinar o melhor desempenho dos jovens.

Por exemplo, o estatuto profissional dos pais influencia ou não os resultados dos

alunos? Depende. Na maior parte dos países, sim; ou seja, os estudantes cujos

pais são quadros superiores - médicos, professores universitários ou

magistrados - têm melhores resultados do que os filhos dos pequenos

agricultores, mecânicos, taxistas, camionistas ou metalúrgicos. A profissão dos

pais pode influenciá-los a aspirar a mais - logo, estudam porque sabem que esse é

o meio para atingir os seus fins, aponta o relatório.

Na maioria dos países, a distância que separa os que têm bons resultados e são

filhos de quadros superiores dos que têm piores resultados e são filhos de pais

com estatuto profissional mais baixo é significativa. No entanto, existem

estados, como a Coreia do Sul e a Finlândia, em que os alunos com os piores

resultados estão ao mesmo nível daqueles que têm melhores resultados nos

restantes países. O facto de a Coreia do Sul ser um país onde existe uma forte

cultura para o sucesso pode ser uma das explicações.

E o nível de riqueza dos progenitores pode contribuir ou não para o sucesso

escolar? Sim. Na prática, os filhos das famílias mais ricas tendem a sair-se

melhor. No entanto, este factor tem menos peso do que a profissão dos pais. Por

exemplo, nos países nórdicos, na Áustria, Bélgica, Itália e Japão, o nível de

riqueza não tem grande influência nos resultados. No Japão, por exemplo, os

estudantes "mais pobres" têm melhores resultados, nas três áreas avaliadas, do

que os "mais ricos" de muitos países.

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Bom relacionamento em casa pode ser determinante

O PISA perguntou ainda aos estudantes se tinham acesso à cultura, literatura,

poesia e arte. Se em casa havia livros, quadros e com que frequência assistiam a

espectáculos. São os miúdos que mais acesso têm à cultura que se dão melhor

nos domínios avaliados - um factor que se reflecte mais nos resultados do que a

riqueza dos pais.

Para além dos bens materiais, existem outras variáveis, como a interacção com

os pais, que podem influenciar os resultados. Conversar com os filhos sobre

política, cultura, sobre qualquer coisa, preocuparem-se em saber como estão,

pode ser um meio de contribuir para o sucesso escolar. O PISA confirma que um

bom relacionamento em casa pode ser determinante para melhores resultados.

No caso português, o ambiente familiar é relevante para as aprendizagens dos

alunos, mais do que os recursos económicos.

E quem são os estudantes com piores resultados? O relatório conclui que são os

jovens oriundos de famílias monoparentais. É o que acontece no Reino Unido e

nos EUA. No primeiro caso, no entanto, os resultados são superiores à média da

OCDE. Neste ponto, o PISA alerta para a necessidade de as escolas interagirem

com as famílias monoparentais, apoiando-as. Outros alunos com desempenhos

mais fracos são os filhos de imigrantes, para quem a língua da escola não é a

materna e que têm mais dificuldade em responder aos testes.

O objectivo da política pública de educação é providenciar oportunidades iguais

para todos os estudantes, de maneira a que todos consigam oportunidades

semelhantes. Um objectivo que é difícil de alcançar quando o contexto familiar

tem tanto peso nalguns países, avança o relatório. O futuro é óbvio: serão os

alunos com mais dificuldades que terão menos oportunidades de emprego.

__________________________

A Própria Escola Também Pode Influenciar Os Resultados Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001

Também a escola onde o aluno estuda pode influenciar os seus resultados. O

PISA demonstra que dois alunos com um contexto familiar semelhante, se

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frequentarem duas escolas diferentes - uma boa e outra má - tendem a ter

resultados distintos. No entanto, o PISA observou que os estudantes mais

favorecidos frequentam as escolas com mais recursos e professores mais

qualificados, bom ambiente e disciplina. Do outro lado, estão os alunos com

estatuto económico-social mais baixo, que andam em escolas com menos

recursos, mas que também não têm por hábito utilizar os equipamentos

existentes.

Em muitos países, as escolas não têm autonomia, mas o PISA considera que a

descentralização pode ser um caminho a seguir para obter melhores resultados.

E isto vale mesmo para os estabelecimentos de ensino com menos recursos ou

que recebem os miúdos mais pobres. Segundo o estudo, verifica-se que os

desempenhos são melhores nas escolas que têm liberdade para inovar, em que os

professores se comprometem em ensinar, são exigentes e conseguem um bom

relacionamento com os alunos. B.W

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EDITORIAL

A Nossa Tragédia Por JOSÉ MANUEL FERNANDES Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001

Mais uma vez, a nudez crua da verdade: os alunos portugueses com 15 anos

são dos pior preparados da OCDE. No conjunto das três áreas avaliadas -

literacia em leitura, matemática e ciências -, só o México ficou

sistematicamente atrás de Portugal.

Como disse o ministro da Educação, estes resultados não surpreendem -

mas não era isso que ele devia constatar. O que devia sublinhar é como são

inquietantes. E não se desculpar com "a carga histórica, social, política e

educativa" do "país que temos". Tudo isso já nós sabemos - o que

precisamos de saber é como é que vamos ultrapassar o pior dos nossos

atrasos.

Talvez muitos portugueses não tenham ainda entendido, mas no mundo em

que vivemos a riqueza dos países, o bem estar dos seus povos, não brota de

poços de petróleo, minas de diamantes ou outras benesses da natureza. A

riqueza e a pobreza das nações é uma função directa da sua capacidade de

trabalhar, de criar, de inventar, de se organizar, e isso só é possível com

uma população que sabe ler, escrever e contar - bem.

Ora é aqui que reside a nossa tragédia. Não é em possuirmos um produto

interno bruto que é apenas uma fracção da média da União Europeia, nem é

em irmos perder os fundos dentro de meia dúzia de anos: é em este estudo

comprovar que os jovens que por essa altura estarão a chegar ao mercado

de trabalho vão saber menos e estar pior preparados do que todos os

nossos vizinhos e concorrentes.

Os dados revelados ontem, na sua crueza, querem dizer que de pouco valem

as previsões dos economistas sobre quanto anos levaremos a ser tão ricos

como os nossos parceiros europeus: eles mostram que o mais provável é o

abismo entre Portugal e a Europa crescer, não diminuir. Não há milagres

económicos quando não há competências para os protagonizar - e não

falamos de "cérebros", falamos da capacidade para o mais banal dos

trabalhadores exercer com diligência e vontade de aprender e evoluir

mesmo a mais simples das tarefas.

Importa pois saber porque estamos onde estamos - e como podemos sair

deste poço onde mal penetra a luz. O estudo da OCDE tem muitos

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