4
Bons pais, bons filhos Orgulho e Preconceito de Jane Austen e Frankenstein de Mary Shelley são dois clássicos da literatura que valem a pena estudar. Esse trabalho discutirá as idéias e conceitos de parentesco em ambos os livros. Enquanto algumas características são partilhadas entre eles, também existem diferenças. Os tópicos específicos a serem discutidos são o que faz de alguém um bom parente, o que os pais devem aos filhos, e o que estes devem aos pais. A abordagem geral será a identificação de exemplos de bons e maus pais e filhos e a determinação do que os faz ser assim. O que faz de alguém um bom parente? Antes que possamos identificar quais parentes são bons ou maus, temos que fazer uma distinção entre ambos. Bons parentes são retratados como sendo compreensivos, provendo apoio material e emocional e ouvindo seus filhos. Maus parentes são, por outro lado, aqueles que não seguem esses preceitos. Para determinar o que os autores consideram que faz de alguém um bom parente, os exemplos de pais nos textos devem ser examinados. Existem exemplos variados de parentes em Frankenstein. Os pais de Victor Frankenstein, Alphonse e Caroline, são o caso mais aparente de parentes naturais. Muitos argumentam que Victor é pai da criatura, mesmo que ela não tenha nascido por meios naturais. Para nosso objetivo neste trabalho, Victor será considerado pai da criatura já que ele deu a ela existência, e a criatura age como humana em vários aspectos. Shelley tem outros exemplos de pais incluindo o pai de Henry Clerval e o camponês De Lacey. Os principais exemplos de pais em Orgulho e Preconceito são Mr. e Mrs. Bennet. A presença deles no romance permite extensos comentários sobre suas habilidades como pais. Também existem vários exemplos de relacionamentos que são semelhantes aos existentes entre pais e filhos como o relacionamento entre Mr. Collins e Lady Catherine de Bourgh. Também pode ser dito que Mr. e Mrs. Gardiner são bons parentes para as irmãs Bennet. No entanto, será dado foco em Mr. e Mrs. Bennet. O que os pais devem aos filhos? Como parte de ser um bom pai, existem algumas coisas que estes devem aos seus filhos. Enquanto esse assunto não é mencionado nos livros, a cultura demanda certas provisões básicas e materiais dos pais como alimento e abrigo. Existem somente dois parentes que

David Sickmiller - Bons pais, bons filhos

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O artigo publicado aqui é uma tradução. Artigo original: "Good parents, good children".

Citation preview

Page 1: David Sickmiller - Bons pais, bons filhos

Bons pais, bons filhos

Orgulho e Preconceito de Jane Austen e Frankenstein de Mary Shelley são

dois clássicos da literatura que valem a pena estudar. Esse trabalho discutirá

as idéias e conceitos de parentesco em ambos os livros. Enquanto algumas

características são partilhadas entre eles, também existem diferenças. Os

tópicos específicos a serem discutidos são o que faz de alguém um bom

parente, o que os pais devem aos filhos, e o que estes devem aos pais. A

abordagem geral será a identificação de exemplos de bons e maus pais e filhos

e a determinação do que os faz ser assim.

O que faz de alguém um bom parente? Antes que possamos identificar quais

parentes são bons ou maus, temos que fazer uma distinção entre ambos. Bons

parentes são retratados como sendo compreensivos, provendo apoio material e

emocional e ouvindo seus filhos. Maus parentes são, por outro lado, aqueles

que não seguem esses preceitos.

Para determinar o que os autores consideram que faz de alguém um bom

parente, os exemplos de pais nos textos devem ser examinados. Existem

exemplos variados de parentes em Frankenstein. Os pais de Victor

Frankenstein, Alphonse e Caroline, são o caso mais aparente de parentes

naturais. Muitos argumentam que Victor é pai da criatura, mesmo que ela não

tenha nascido por meios naturais. Para nosso objetivo neste trabalho, Victor

será considerado pai da criatura já que ele deu a ela existência, e a criatura

age como humana em vários aspectos. Shelley tem outros exemplos de pais

incluindo o pai de Henry Clerval e o camponês De Lacey.

Os principais exemplos de pais em Orgulho e Preconceito são Mr. e Mrs.

Bennet. A presença deles no romance permite extensos comentários sobre

suas habilidades como pais. Também existem vários exemplos de

relacionamentos que são semelhantes aos existentes entre pais e filhos como

o relacionamento entre Mr. Collins e Lady Catherine de Bourgh. Também pode

ser dito que Mr. e Mrs. Gardiner são bons parentes para as irmãs Bennet. No

entanto, será dado foco em Mr. e Mrs. Bennet.

O que os pais devem aos filhos? Como parte de ser um bom pai, existem

algumas coisas que estes devem aos seus filhos. Enquanto esse assunto não

é mencionado nos livros, a cultura demanda certas provisões básicas e

materiais dos pais como alimento e abrigo. Existem somente dois parentes que

Page 2: David Sickmiller - Bons pais, bons filhos

Bons pais, bons filhos

falham em cumprir com esses dois requisitos básicos. O primeiro é Victor

Frankenstein. Após dar vida à criatura, ele a abandona e nunca provê nem

casa ou comida para sua criação. Na verdade, é incrível que a criatura

sobreviva. O outro parente que não provê assistência material é De Lacey.

Enquanto possamos presumir que ele costumava suprir essas necessidades,

agora ele depende de seus filhos para sustentar a casa.

No entanto, os autores parecem estabelecer suas próprias opiniões sobre o

que os pais devem aos filhos. Em Orgulho e Preconceito, Mr. Bennet não é

considerado um bom pai porque é muito passivo. Quando poderia oferecer

conselhos para ajudar, ele se enterra em seu escritório. Ele deveria ter um

papel ativo na vida de suas filhas e oferecer orientação. Mrs. Bennet era o

oposto. Ela estava muito envolvida na vida de suas filhas e não permitiu que

elas desenvolvessem sua independência.

A expectativa do envolvimento ativo pode ser aplicada em Frankenstein?

Alphonse ainda era muito interessado em manter contato com seu filho, mesmo

durante a faculdade. Victor Frankenstein dificilmente se envolvia na vida da

criatura. O pai de Clerval desempenha um papel ativo em sua vida; seu pai

oferece opiniões sobre educação superior, mas também permite que Clerval

tome suas próprias decisões. De Lacey não é visto como conselheiro, per se,

mas ele desempenha um papel importante nas vidas de seus filhos e tenta

animá-los quando necessário. Parece que Shelley concorda com Austen sobre

o envolvimento dos pais com seus filhos.

O que os filhos devem aos pais? Para determinar o que o autor acredita que

os filhos devem aos seus pais, podemos olhar os “bons” e “maus” filhos nos

textos e ver o que eles deram aos seus pais. Jane e Elizabeth de Orgulho e

Preconceito são tidas como boas filhas, assim como Clerval e Elizabeth, filhos

de De Lacey, e Félix e Agatha de Frankenstein. Exemplos de maus filhos

incluem Victor Frankenstein e sua criatura em Frankenstein e Lydia de Orgulho

e Preconceito.

O que os maus filhos fizeram para merecer tal título? Frankenstein não é uma

criança horrível, mas tem algumas falhas. Seu maior defeito em relação aos

seus parentes é que depois de sair de casa e começar a trabalhar, ele ignora

sua família completamente. Ele talvez possa ser isento de ser considerado um

Page 3: David Sickmiller - Bons pais, bons filhos

Bons pais, bons filhos

“mau” filho; ele dificilmente tem qualquer relação real com Frankenstein (pai).

Dificilmente poderia ser esperado que a criatura mantivesse contato com seu

criador, o qual não gostaria de vê-lo nunca mais. Mas em um nível rudimentar,

o processo da criatura de assassinar as pessoas que rodeiam Victor não é

maneira de tratar seu pai.

Em Orgulho e Preconceito, a única filha que faz algo significantemente ruim é

Lydia, que foge com Wickham. Enquanto é improvável que ela tenha como

objetivo ferir seus parentes ou sua família, ela acaba fazendo isso. Enquanto

Darcy tem sucesso em agir corretamente, Lydia arrisca envergonhar sua

família inteira.

Agora, vamos observar as boas filhas. Em Orgulho e Preconceito, Elizabeth é

um belo exemplo. Como ela trata seus parentes? Ela busca o conselho do pai

e concorda com os desejos de sua mãe. Apesar de ter suas próprias opiniões,

ela concorda com seus pais sempre que possível.

A Elizabeth de Frankenstein também é um bom exemplo de boa filha. Apesar

de Frankenstein tê-la adotado, a relação entre eles é tão boa quanto aquela

entre parentes de sangue. Quando Elizabeth contrai febre vermelha, sua mãe

Caroline toma conta dela. Enquanto Elizabeth se recupera, sua mãe contrai a

doença. Percebe-se o quanto ela é devotada enquanto Elizabeth cuida de sua

mãe.

Elizabeth não é a única criança boa em Frankenstein; Félix e Agatha são filhos

exemplares para seu pai, De Lacey. Diferentemente de outros filhos nos textos,

estes dois tomam conta de seu pai já que ele tem limitações.

Jane Austen e Mary Shelley definitivamente têm comentários a fazer sobre

parentesco. Existem evidências em ambos os livros. Enquanto algumas

características são partilhadas entre eles, também existem várias diferenças.

Parece que uma boa relação pai-filho envolve compromisso, participação ativa

e respeito. Os pais que não apresentam esses atributos, como Victor

Frankenstein, são considerados pais ruins. Uma exigência semelhante é feita

para os filhos. As conseqüências nos romances variam; enquanto o pior risco

em Orgulho e Preconceito é a desgraça social, o parentesco deficiente em

Frankenstein resulta em múltiplos assassinatos. Outras diferenças residem no

que os romances não dizem; enquanto Shelley introduz o conceito da criança

Page 4: David Sickmiller - Bons pais, bons filhos

Bons pais, bons filhos

tomar conta do parente idoso, Austen nunca toca no assunto. Enquanto

Frankenstein e Orgulho e Preconceito foram ambos publicados no início dos

anos 1800, muitos devem concordar que seus comentários sobre parentesco

ainda são bastante relevantes.

REFERÊNCIA:

SICKMILLER, David. Good parents, good children. Disponível em:

<http://david.sickmiller.com/cribs/HUMN201/Essay%202%20-

%20Pride%20and%20Prejudice%20and%20Frankenstein.doc>