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MR: PARÂMETROS BALIZADORES DA PESQUISA NO BRASIL
E V E N T O – E V E N T O – P E S Q U IS A P E S Q U IS A
Dario Fiorentini - FE/Unicamp) [email protected]
AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO (CAPES)
A CAPES SURGE EM1951 (Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) aos cuidados de Anísio Teixeira para intercâmbio com pesquisadores do exterior e concessão de bolsas para estudo.
1970 – Regime Militar: Expansão do ES; Bolsas de estudo; e visava dar sustentação ao modelo acadêmico.
1976 – A Capes começa a avaliar a PG – Foco na formação de professores para o ES.
1990 – O foco da PG e da avaliação passa a ser a pesquisa e a formação de pesquisadores.
AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO (CAPES)
Após 1990 – surge a Política Econômica Neoliberal – Racionalização do Estado (Gasto + eficiência). Surgem os Editais de financiamento da pesquisa sob a lógica de indução de temas e campos de pesquisa de interesse do capital privado. Ampliação da PG, mas sob controle da avaliação.
A avaliação passa a ser meramente quantitativa da produção acadêmico-científica, no sentido de ranquear os Programas, e não de diagnosticar problemas e avaliar o impacto da PG na transformação e melhoria social e educacional do país.
Isso é evidenciado pela ficha de avaliação da Capes:
QUESITOS DA AVALIAÇÃO CAPES (TRIÊNIO 2007-2009)
1-PROPOSTA DO PROGRAMA (0)
2- CORPO DOCENTE (15%)
3- CORPO DISCENTE, TESES/DISSERTAÇÕES (35%)
4- PRODUÇÃO INTELECTUAL (35%)
5- INSERÇÃO SOCIAL (15%)
4- PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA (35%)
Perió-dicos
Peso
A1 100
A2 85
B1 70
B2 55
B3 40
B4 25
B5 10
QualisLivros
Capítulo Verbete Livro Completo
L4 80 80 250
L3 60 40 180
L2 35 15 130
L1 10 5 30
Qualis Periódicos & Qualis Livros
Reedições valem metade dos pontos. Cada autor só poderá contabilizar dois capítulos por coletânea. O valor total da coletânea, para a média do Programa, não pode ultrapassar o de um livro completo com a mesma classificação.
4- PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA (35%)
Produtividade/Docente recomendada pela Capes/Educação
No triênio:
Credenciados para o Doutorado: mínimo 6 publicações qualificadas, sendo 3 mais qualificadas (≥ B2 ou ≥ L2)
Credenciados para o Mestrado (ou Colaboradores):
mínimo 3 publicações qualificadas, sendo 2 mais qualificadas (≥ B2 ou ≥ L2)
Espera-se 2 publicações qualificadas por ano (Cred. p/ Doutorado).
Obs.: No caso de não alcançar o número de produtos acima, verificar em Anais de eventos. Critério máximo 2 trabalhos completos por evento qualificado.
Produtividade e Produtivismo acadêmico
Conceito de Produtividade (Álvaro Almeida)
Eficiência na produção resultante do trabalho em menor tempo e custo possível.
PTF (Produtividate total dos fatores) = Y / (aK + bT), Y = Produto; K = Fator capital T = Fator tempo “a” e “b” ponderadores dos respectivos fatores.
Por ser a avaliação apenas quantitativa, não importa a qualidade do produto, apenas a quantidade e não sua relevância pedagógica ou científica.
Cienciometria: “o processo de medir afeta o objeto a ser medido”.
Isso gera uma competitividade nociva – um produtivismo – que coloca em risco a ética, tal como: falsificação de dados empíricos – como o caso do Psicólogo holandês Stapel (F-SP, 2011) que publicou (inclusive na “Science”) dezenas de artigos e orientou 14 teses com parte dos dados inventados. Diz: “A constante pressão por produtividade científica me forçou a forjar dados”.
Outros casos de de produtivismo acadêmico
Autoria indevida: constar como autor quem não participou do processo de pesquisa e/ou de escrita do artigo. A Capes valoriza positivamente a publicação conjunta orientando/orientador. É uma forma de aumentar a produtividade docente, do Programa, do Grupo de pesquisa. Isso é, de fato, sempre válido?
O mesmo vale para a não inclusão como autor alguém que prestou grande colaboração para o artigo ou pesquisa, contabilizando apenas para ele a publicação.
O milagre da multiplicação de papers (mesmo trabalho em vários congressos; para cada resultado ou categoria um paper)
A modalidade de tese multipaper.
Esse processo de produção de conhecimento (rápido e numeroso) leva a perda de sustentabilidade dos resultados das pesquisas e sobretudo de sua contribuição social, política e científica.
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------------ Mensagem Original ------Assunto: Monografia, TCC's , Tese, DissertaçãoDe: "Mais Monografia" [email protected]: Seg, Novembro 28, 2011 6:52 pm.Para: [email protected]
ÁREA DE EDUCAÇÃO E ENSINO - CAPES
Área Total
ProgramasM MP D M/D
Educação 113 51 7 - 55
Ensino 68 13 35 1 19
- A área de Educação é a terceira maior da Capes.- MP do Impa está na Área da Matemática.
Minha participação na Comissão de Avaliação da Capes – Triênio 2007-2009
Por que fui um dos membros do CA/Capes.
Por que aceitei participar?
Qual foi minha função/atividade?
O que aprendi?
Conquistas e derrotas (Qualis livros, a curva normal...)
Relações de poder inter Áreas e com CTC (Conselho Técnico Científico) – onde
apenas ¼ são das humanas
Como a Área de Educação (o terceiro maior programa de PG do Brasil) é vista
pela Capes e pelo CTC?
O caso dos Mestrados Profissionais... A Área de Educação sempre se
colocou contrária aos MP e eles acabaram surgindo em outras áreas, sendo
desenvolvidos por Instituições (como o IMPA) que num tiveram licenciatura e
nunca desenvolveram estudos e pesquisas sobre o ensino, aprendizagem e a
docência.
Avaliação da Produção Acadêmica na PG
A Capes adota o princípio do produtivismo acadêmico, pois mede apenas a quantidade da produção de dissertações e teses e não a qualidade das mesmas, valorizando quando são produzidas em no máximo 30 meses para o mestrado (sendo 24m para os bolsistas) e no máximo 48 meses para o doutorado.
A Capes não tem se preocupado em discutir ou definir critérios balizadores de avaliação desse tipo de produção. Não temos critérios diferenciados para avaliar uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado. Qual a diferença de avaliação de uma dissertação de mestrado profissional de uma dissertação de MA?
O Profmat (maior Programa de MP do Brasil, com 1.500 vagas e todos o alunos com bolsa), além de não oferecer nenhuma disciplina didático-pedagógica, exige como TCC uma proposta de ensino ou a produção de um objeto de aprendizagem. Como podemos aceitar esse e tipo de avaliação se juridicamente o MP e MA tem mesmo valor?
Avaliação da Produção Docente na PG
A avaliação do produção docente tem sido basicamente centrada na produção de:
a) Artigos em periódicos qualificados (artigos primeiramente avaliados pelos pares e os periódicos pela Equipe de Avaliação da Capes);
b) Livros e capítulos de livros (avaliados pela Equipe de Avaliação da Capes – sem os docentes e programas saibam o resultado da avaliação);
c) Trabalhos completos em Anais (avaliados pelos pares e poucos valorizados no último triênio pela Capes). Neste triênio apenas 3 por docente, para evitar o produtivismo.
d) A avaliação dos projetos de pesquisa pelo órgãos de fomento.
A avaliação “Ad Hoc” é feita pelos pares mas os comitês de avaliação desses órgãos têm utilizado com frequência a lógica “ou a
obesidade ou a anorexia”
O problema da avaliação pelos pares
Tenho visto com frequência avaliações totalmente opostas sobre um mesmo trabalho. O que está por trás disso?
Aqui podemos buscar apoio em Bakhtin e em Sobral, quando eles discutem a relação entre a ética e a estética...
O olhar estético para um trabalho científico nos remete a contemplar a obra em sua completude,organicidade e acabamento – mirar aquilo que nos satisfaz e apreciamos em um trabalho acadêmico. Mas isso tem a ver o nosso paradigma ou o lugar de onde nos posicionamos para contemplar a obra.
A dimensão ética manifesta-se nos atos/ações pelos quais nos posicionamos e intervimos (decidimos sobre sua validade ou pertinência) sobre os rumos do trabalho. O avaliador, por mais que tente se colocar no lugar (e perspectiva) do outro sempre será uma aproximação parcial e incompleta.
É nessa relação entre a apreciação estética de um trabalho e o ato ético de valorizá-lo ou não que reside o problema da avaliação pelos pares...
A ética nos processos de avaliação pelos pareceres continua sendo um problema sério em nossa comunidade....
Para concluir: Como avaliar?
Não sou contra a avaliação. Mas que avaliação? Tenho defendido na Capes, sem sucesso, uma avaliação quali-
quantitativa. Penso que o formador de pesquisadores precisa exercer a prática da pesquisa e inserir seu orientando nesse ambiente de produção de conhecimento. Essa é a melhor forma de aprender a ser pesquisador . Isso implica, segundo Beillerot (2001), publicar trabalhos acadêmicos. Mas mais importante que o número de publicações é sua relevância social e científica.
A Avaliação Quantitativa poderia ser a sistêmica (global) – mais ou menos como é hoje feita pela Capes – combinada com uma avaliação qualitativa local feita pelo Próprio Programa (Auto-avaliação) a qual destacaria não apenas a quantidade, mas sobretudo a relevância da produção e a avaliação diagnóstica – visando à melhoria do Programa.
Entretanto, um dos problemas da avaliação é o ranking, o qual pressupões um curva normal, para a qual apenas alguns podem ser ótimos.
Na reformulação do PPGE/Unicamp, estamos propondo para avaliação – incluindo credenciamento e recredenciamento - dos docentes essa modalidade de avaliação quali-quantitativa.