80
José Luís Marques Gomes da Costa AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E DE SAÚDE DOS FORMADORES NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL Dissertação no âmbito de Mestrado Integrado em Psicologia 2008

As Condições de Trabalho e de Saúde dos Formadores na Formação Profissional

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Este trabalho pretendeu dar visibilidade aos efeitos do trabalho na saúde dos formadores, refletindo sobre as causas que determinam os seus constrangimentos e os fatores que influenciam o seu estado de saúde

Citation preview

José Luís Marques Gomes da Costa

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E DE SAÚDE DOS FORMADORES NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Dissertação no âmbito de Mestrado Integrado em Psicologia 2008

Universidade do Porto

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

As condições de trabalho e de saúde dos formadores na formação

profissional

Dissertação apresentada pelo aluno José Luís Marques Gomes da Costa na

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto,

para obtenção do grau de Mestre em Psicologia, sob a orientação da Professora

Doutora Marta Zulmira Carvalho dos Santos.

Julho de 2008

II

RESUMO

Esta investigação incide sobre o trabalho dos formadores, num centro de formação

profissional, e tem como principal objectivo dar visibilidade aos efeitos do trabalho na saúde

dos mesmos. Procura-se reflectir sobre as causas que determinam os constrangimentos

sentidos pelos formadores, assim como os factores que influenciam o seu estado de saúde,

fazendo referência aos principais indicadores de problemas de saúde físicos e psicossociais.

Outro dos seus objectivos é dar pistas de pesquisa e intervenção que forneçam indicadores de

relevância para posteriores análises. Para cumprir estes objectivos foi utilizado o inquérito

INSAT que visa o estudo das consequências e condições de trabalho, actuais e passadas, ao

nível da saúde e do bem-estar. O processo desta investigação utiliza metodologias

quantitativas, constituindo-se como um estudo descritivo, procurando articular com os

momentos de pesquisa empírica e os momentos de reflexão que derivam dos resultados

alcançados.

Os resultados obtidos evidenciam uma forte incidência de factores, que constituem

indicadores preocupantes de mal-estar profissional dos formadores, o stress, sintomas de

irritabilidade, fadiga geral, problemas de sono, problemas nervosos, dores de costas, dores de

cabeça, problemas de voz e problemas digestivos, são associados ao seu trabalho, enquanto

formadores, e têm reflexos no seu estado de saúde. A forte incidência de stress e a evidência

de factores que potenciem o burnout, apresentam-se como as causas que mais afectam o

estado físico e psicológico dos formadores, com reflexos no seu desempenho profissional.

Foram encontradas diferenças significativas, de género e grupos etários, que revelam quais os

factores que mais afectam os homens e as mulheres, assim como a sua distribuição pela idade.

Mas também se encontraram resultados que não podem ser negligenciados e que relacionam o

vínculo laboral com os problemas de saúde: o estatuto precário de trabalho a que estão

sujeitos muitos formadores, interfere negativamente com a percepção do seu estado de saúde.

Os resultados, desta investigação, na sua generalidade, dão indicadores da importância de dar

a conhecer as condições em que os formadores trabalham e sugerem a necessidade de se

levarem a cabo estratégias de apoio a formadores, tanto no local de exercício da sua

actividade de trabalho, como em contextos específicos de formação no sentido de permitir

uma reflexão sobre o seu trabalho e a sua saúde, de forma a potenciar o desenvolvimento

pessoal destes trabalhadores ao mesmo tempo que se aumenta a margem de manobra para a

transformação das situações.

III

ABSTRACT

This investigation focus on the work of trainers in a centre of professional formation and its

main goal is to give visibility to the effects of work in trainer’s health. This investigation tries

to reflect about the causes that provoke the constraints demonstrated by trainers, as well as the

factors which influence their health condition, referring to the main indicators of physical

health and psychosocial problems. This investigation has also the goal of give traces of

research and intervention, in order to provide relevant indicators to future analysis. In order to

match these goals, it was used the INSAT inquiry. This inquiry analyses the consequences

and the present and past work conditions when it comes to health and well-being. The process

of this investigation uses quantitative methodologies, which gives it the shape of a descriptive

study. There is an articulation between the moments of empirical research and the moments of

reflexion, a consequence of the results of the meditation.

The obtained results show a strong importance of factors which constitute worrying indicators

of professional distress in trainers. Stress, irritability, general tiredness, sleeping disturb,

nervousness problems, back aching, headaches, voice problems and dysfunction at the

digestive system are linked to the formation activity of trainers in an obvious negative way.

The huge stress to which trainers are submitted and the evidence of factors which strengthen

the burnout, present themselves as the most influent causes in the physical and psychological

state of trainers and, therefore, their professional performance. There were found significant

differences of gender and age, which is very revealing of what is more prejudicial to man and

to women, having their age in consideration, as well. However, there are also factors that

mustn’t be neglected. These factors relate the labour contract with health problems: the

precarious working status of trainers does affect their health conditions in a very strong way.

The results of this investigation give indicators of the importance of showing the labour

conditions of these workers and they suggest the necessity of develop strategies in order to

support trainers both at the place where they exercise their profession and in specific contexts

of formation, in order to allow a meditation about their professional activity and their health,

so they can improve their personal development, while doors are open to the transformation of

situations.

IV

RÉSUMÉ

Cette recherche concerne le travail des formateurs, dans un centre de formation

professionnelle, et a comme principal objectif donner visibilité aux effets du travail dans la

santé des mêmes. On a comme but réfléchir sur les causes qui déterminent les contraintes

éprouvées par les formateurs, ainsi que les facteurs qui influencent leur état de santé, en

faisant référence aux principaux indicateurs de problèmes de santé physiques et psico-

sociaux. En outre, on prétend donner des voies de recherche et d´intervention qui fournissent

des indicateurs importants pour des analyses postérieures. Pour accomplir ces objectifs on a

utilisé l'enquête INSAT qui vise l'étude des conséquences et des conditions de travail,

actuelles et passées, au niveau de la santé et du bien-être. Le processus de cette recherche

utilise des méthodologies quantitatives, en se constituant comme une étude descriptive, en

cherchant à articuler avec les moments de recherche empirique et les moments de réflexion

qui dérivent des résultats atteints.

Les résultats obtenus prouvent une forte incidence de facteurs, qui constituent des indicateurs

préoccupants de malaise professionnel des formateurs, le stress, des symptômes d'irritabilité,

de fatigue générale, des problèmes de sommeil, des problèmes nerveux, du mal au dos, du

mal à la tête, des problèmes de voix et des problèmes digestifs, sont associés à leur travail tant

que formateurs, et ont des réflexes dans leur état de santé. La forte incidence de stress et

l'évidence de facteurs qui exploitent le burnout, se présentent comme les causes qui affectent

le plus l'état physique et psychologique des formateurs, avec des réflexes dans leur

performance professionnelle. On a trouvé des différences significatives, de type et de groupes

d´âge, qui révèlent les facteurs qui affectent le plus les hommes et les femmes, ainsi que leur

distribution par l âge. Mais on a trouvé aussi des résultats qui ne peuvent pas être négligés et

qui mettent en rapport le lien de travail avec les problèmes de santé: le statut précaire de

travail auquel beaucoup de formateurs sont sujets, interfère négativement sur la perception de

leur état de santé.

Les résultats de cette recherche, dans leur généralité, donnent des indicateurs de l'importance

de faire connaître les conditions où les formateurs travaillent et suggèrent la nécessité de

mettre en marche des stratégies d’aide vis-à-vis des formateurs, non seulement dans le lieu de

travail, mais aussi dans des contextes spécifiques de formation dans le but de permettre une

réflexion sur leur travail et leur santé, de manière à exploiter le développement personnel de

ces travailleurs, au même temps qu´on augmente la marge de manoeuvre pour la

transformation des situations.

V

AGRADECIMENTOS

A todos os formadores do FOR-MAR, pelo profissionalismo, paciência, simpatia e pela forma

como partilharam os seus saberes. Com eles foi possível reflectir sobre o seu trabalho e

adquirir conhecimentos úteis.

À Professora Doutora Marta Santos pela orientação, sugestões, disponibilidade, confiança que

soube transmitir e apoio dado, que se revelou de extrema importância para a realização desta

tese.

À Maria João e ao Filipe pela preciosa ajuda nas traduções.

À Juliana que estando longe, sempre me apoiou, a quem devo motivação, força de vontade e

muito carinho.

Aos amigos, Carlos, Irene, Joana, Lucília e em especial à Helena por me apoiarem sempre que

foi necessário, mas também aos outros por se revelarem compreensivos.

À Piá porque foi a companhia de muitas e muitas horas, sempre esteve comigo e ajudou-me a

tornar tudo mais simples. Deixou muitas saudades, mas ficará para sempre na minha

memória.

VI

ABREVIATURAS

EVREST – Évolutions et Relations en Santé au Travail

FOR-MAR – Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar

INSAT – Inquérito, Saúde e Trabalho

IPSSO – Instituto de Prevenção do Stress e Saúde Ocupacional

SIT – Saúde, Idade e Trabalho

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

SUMER – Surveillance Médicale des Risques Professionnels

1

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 4

CAPÍTULO I – DOS FORMADORES AOS PROFESSORES: PONTOS COMUNS E DESCONTINUIDADES 7

1.1 – Principais conceitos presentes na revisão da literatura 8

1.2 – Conceito de stress, natureza transacional e os seus reflexos nos docentes 8

1.3 – O burnout nos professores 10

1.4 – Sofrimento e solidão dos professores 11

1.5 – Principais resultados dos estudos realizados em Portugal 12

1.6 – Principais resultados de estudos realizados em outros países 15

CAPÍTULO II – MÉTODO 18

2.2 – Instrumentos 20

2.3 – A composição do inquérito INSAT 20

2.4 – Procedimento 21

CAPÍTULO III – RESULTADOS 22

3.1 – A análise e tratamento dos dados 23

3.2 – Distribuição do nível de escolaridade dos formadores por grupos etários 23

3.3 – Experiência como formador 24

3.4 – Tipos, domínios e locais da formação 24

3.5 – O trabalho dos formadores 25

3.6 – Actividade de trabalho principal 25

3.7 – Situação laboral 26

3.8 – O horário de trabalho 26

3.9 – Horas de trabalho e relação com a idade 27

3.10 – Condições e características do trabalho dos formadores 27

3.11 – Ambiente e constrangimentos físicos dos formadores (sua distribuição) 28

3.12 – Constrangimentos organizacionais e relacionais dos formadores (sua distribuição) 29

3.13 – Autonomia e iniciativa (sua distribuição) 31

3.14 – Relações de trabalho (sua distribuição) 32

3.15 – Contacto com o público (sua distribuição) 33

2

3.17 – Condições de vida fora do trabalho 35

3.18 – O que consideram os formadores ser mais penoso na seu trabalho 36

3.19 – Ambiente e constrangimentos físicos no trabalho (comparações) 36

(α Cronbach =.98) 36

3.20 – Constrangimentos organizacionais e relacionais (comparações) 37

3.22 – Contacto com o público (comparações) 38

3.23 – Características do trabalho (comparações 39

3.24 – Formação e Trabalho 39

3.25 – Saúde no Trabalho 40

3.26 – Acidentes de trabalho e doenças profissionais 40

3.27 – Informação sobre riscos profissionais 41

3.28 – Saúde e trabalho 41

3.29 – Problemas de saúde 41

3.30 – Situação laboral e a relação com problemas de saúde dos formadores 44

3.31 – Problemas de saúde dos formadores e em que medida são ou foram afectados pelo seu

trabalho 45

CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES 47

4.1 – Discussão dos resultados 48

4.2 – Variações nos problemas de saúde e diferenças significativas de género 50

4.3 – Variações nos problemas de saúde e diferenças significativas entre grupos etários 51

4.4 – Conclusões 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57

3

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 – Inquérito Saúde e Trabalho

Introdução

5

INTRODUÇÃO

O estudo que aqui apresentamos, incide sobre o trabalho dos formadores e tem como

principal objectivo, compreender a ausência de visibilidade dos efeitos do trabalho na saúde

dos mesmos, reconhecendo factores relacionados como: a identificação das competências que

estão realmente em jogo no trabalho dos formadores; identificar as estratégias individuais e

colectivas na construção dos seus saberes profissionais, assim como as condições de

aprendizagem que influenciam o seu desenvolvimento; perceber as causas que determinam os

constrangimentos sentidos pelos formadores, assim como os factores que influenciam o seu

estado de saúde, fazendo referência aos principais indicadores de problemas de saúde físicos e

psicológicos.

A total inexistência, no nosso país, de estudos relativos às condições de trabalho e os

seus efeitos sobre a saúde dos formadores, dificulta o conhecimento dos factores relacionados

com as suas condições de trabalho, e que estão relacionados com as dificuldades de inserção

profissional, desenvolvimento das suas próprias competências como formadores, pôr em

prática os conhecimentos adquiridos em termos académicos quanto à sua transferibilidade,

variabilidade dos locais de exercício profissional das actividades, status, e ainda problemas

relacionados com a fadiga, stress, etc. – e que provocam constrangimentos com repercussões

no seu próprio estado de saúde. Este facto levou-nos a fazer uma pesquisa sobre investigações

realizadas com a saúde dos professores, dado ser a profissão com mais factores convergentes

(ambas têm em comum exercer funções de educação, socialização e de criação de condições

de aprendizagem), e que ajudem a compreender o que se passa com os formadores.

Relativamente à profissão docente, sabemos que as múltiplas exigências do mundo

actual e as mudanças socioeducativas são factores com forte incidência na saúde e bem-estar

dos docentes, o que levou a Organização Internacional do Trabalho em 1981, a considerá-la

como uma profissão de risco físico e mental, considerando o stress profissional como uma das

principais causas de abandono desta profissão. O mal-estar dos docentes tem associado vários

factores: pessoais; relação com os alunos, colegas e encarregados de educação; processo

ensino-aprendizagem; condições de trabalho; contexto sócioeducativo; comportamentos

emocionais e cognitivos. Este fenómeno, segundo Nóvoa, Hameline, Sacristão, Esteve,

Woods e Cavaco, (1991), está relacionado com a insatisfação profissional, o stress, o

absentismo, o desejo do abandono da profissão, o baixo desempenho profissional, e que em

situações de gravidade elevada poderá traduzir-se em estados de tensão, depressão e até de

6

exaustão (burnout). Consideram-se, então, dois factores que afectam directamente os

professores no exercício da sua actividade: factores organizacionais do qual se destaca a

sobrecarga de trabalho; e factores sociais do qual destacamos o estatuto e imagem social do

professor, que no contexto actual está claramente desvalorizada. Outros autores consideram,

porém, que os problemas relacionados com o mal-estar dos professores, iniciam-se com

problemas de fadiga, evoluindo depois para perturbações do sono, modificações de

comportamento (como irritabilidade e agressividade), e da actividade intelectual, sendo que a

sua intensificação dá lugar a problemas digestivos e cardiovasculares. A combinação deste

conjunto de desequilíbrios pode reflectir-se posteriormente a nível psíquico.

Este trabalho está organizado em quatro grandes momentos: na primeira parte desta

tese recorremos a estudos sobre a saúde dos professores, e que se tornem pertinentes para a

investigação, o que levou a fazer referência aos três aspectos que são mais alvo de reflexão: o

stress profissional dos docentes, o burnout, e o sofrimento e solidão dos mesmos. Na segunda

parte apresentamos a metodologia utilizada na realização deste estudo. Na terceira parte os

resultados, procurando respeitar a disposição original do Inquérito, Saúde e Trabalho, aqui

utilizado, para melhor compreensão das consequências e condições de trabalho, actuais e

passadas, dos formadores, ao nível da saúde e do bem-estar. No final surgem as conclusões e

reflexões, e procura-se compreender as causas e os constrangimentos da actividade de

trabalho dos formadores, e que têm repercussões no seu estado de saúde.

O processo desta investigação utiliza metodologias quantitativas, constituindo-se

como um estudo descritivo, procurando articular com os momentos de pesquisa empírica e os

momentos de reflexão que derivam dos resultados alcançados.

Capítulo I – Dos formadores aos professores: pontos

comuns e descontinuidades

8

1. Dos formadores aos professores: pontos comuns e descontinuidades

A actividade de formador difere da de professor, embora se considerem existir vários

factores convergentes que se prendem com o acto de ensinar. Os constrangimentos sentidos

no exercício da actividade de trabalho têm, em ambos os casos, implicações na saúde e no seu

bem-estar profissional. Mas a inexistência de estudos científicos que se debrucem

exclusivamente sobre o trabalho dos formadores, e desta forma dar-lhes visibilidade social,

implica que analisemos o que se passa com os professores para compreendermos os

problemas que lhes estão relacionados e poder associá-los aos factores que originam a

insatisfação dos formadores.

1.1 – Principais conceitos presentes na revisão da literatura

Na revisão da literatura sobre estudos realizados com professores, que a seguir se

apresentam, o stress, o burnout e o sofrimento e solidão dos docentes, são referidas como as

causas que mais afectam o estado físico e psicológico dos docentes, com implicações no seu

bem-estar profissional, constituindo-se como os factores alvo de reflexão. Importa, por isso,

perceber a forma como são definidos nas investigações referidas.

1.2 – Conceito de stress, natureza transacional e os seus reflexos nos docentes

Em praticamente todos os estudos o stress é considerado como um dos principais

factores que afectam o estado de saúde dos professores, o que leva a literatura actual, no

domínio do stress ocupacional, a chamar a atenção para a elevada prevalência deste factor nos

profissionais do ensino, dando ênfase a factores ligados à organização do trabalho, factores

físicos e psicológicos e factores ergonómicos. A profissão de docente privilegia a relação

interpessoal, e é carregada de conteúdo emocional e responsabilidade. Tem por isso, razões

intrínsecas de exposição ao stress. Truch (1980) afirma mesmo que o ensino constitui uma

actividade deveras exigente, gerando níveis de stress superiores a outras profissões. A sua

forte incidência levou a várias reflexões sobre a sua origem, a sua natureza transacional e os

seus reflexos nos docentes, sendo interpretado da seguinte forma pela literatura.

9

Segundo Mota-Cardoso e colaboradores (2002) o stress é um estado de tensão entre a

individualidade, sempre em formação, sempre incompleta, sempre em devir, de cada um e o

meio (externo e interno) que lhe está associado, e que compele o sujeito singular a novas

exigências, desafios, ameaças, sobrecargas e obstáculos, e que obrigam à sua superação. Em

relação à profissão de professor Kyriacou e Sutcliffe (1979, citados por Mota-Cardoso et al,

2002) descrevem o stress profissional dos docentes como uma sindroma de aspectos

negativos (como a raiva ou a depressão), e que está associado a mudanças fisiológicas com

potencialidades patogénicas (como o aumento do ritmo cardíaco), e que surge, quer como

resposta ao ritmo de trabalho do professor, sendo mediado pela percepção de que as

exigências com que se confronta constituem ameaça ao seu bem-estar e auto-estima; quer por

mecanismos de coping que tendem a diminuir a ameaça percepcionada. Quando o docente é

capaz de neutralizar o stress, é porque consegue lidar eficazmente com a situação, de modo a

resolvê-la física e emocionalmente, reconstruindo um novo ajustamento pessoal ao meio,

fazendo com que se enriqueça com novos comportamentos e tenha maior controlo pessoal.

Quando isto não acontece o indivíduo acusa os efeitos do stress, podendo sofrer de factores

psicofisiológicos (e.g., hipertensão, doenças cardiovasculares) e de alterações

comportamentais induzidas (e.g., problemas respiratórios provocados por problemas

tabágicos), podendo ainda ocorrer perturbações psíquicas, como a depressão e o burnout.

Uma outra consequência negativa do stress é a sua manifestação no rendimento

profissional, afectando-o de uma forma negativa. O menor rendimento está associado ao mau

estado de saúde e que é agravado, como é referido, pelo stress, e está associado ao facto do

sujeito ao percepcionar a situação de stress, optar por se envolver em comportamentos de

protecção inadequados, i.e., atinge a retracção da participação no trabalho, originando

absentismos, atrasos, desinvestimento emocional e abandono. A unanimidade dos autores

aceita que a prevenção do stress, deve ser dirigida à mudança dos factores stressantes e ao

desenvolvimento de coping dos sujeitos, daí Mota-Cardoso e colaboradores (2002. p. 16)

afirmarem que os programas de prevenção do stress devem ser construídos tendo em conta «o

conhecimento factual da(s) realidade(s) do stress que só a pesquisa científica permite. Só o

estudo in loco permite conhecer, com rigor e pertinência, a expressão real do stress num dado

contexto». Logo, perceber o stress, na profissão docente, obriga a conhecer as suas fontes, e a

expressão das suas consequências.

10

1.3 – O burnout nos professores

O burnout designa um estado de fadiga física e psicológica. Apesar de existirem

distintos conceitos sobre este fenómeno, é o modelo de Cristina Maslach (1993) o mais aceite

pela comunidade científica. A autora concebe o burnout como um fenómeno tridimensional

em que interagem sentimentos de exaustão emocional (i.e., a sensação de, em termos

emocionais, já se ter dado tudo e não haver mais nada para dar), atitudes de despersonalização

face aos alunos (atitude fria, distante e por vezes cínica), assim como uma perda de realização

profissional no trabalho dos docentes (avaliação negativa feita pelo docente sobre o seu

rendimento profissional). Este estado de fadiga física e psicológica tem efeitos muito

negativos tanto para os professores, alunos, como para as instituições onde trabalham.

A investigação já demonstrou que o burnout dos professores é um conceito estável em

distintos países e que afecta os docentes de todos os níveis de ensino. Burke e Greenglass

(1993, citados por Mota-Cardoso et al, 2002) e Russel e colaboradores (1987), demonstraram

a existência de uma associação significativa entre stress e burnout, configurando-se este como

uma reacção extrema ao stress prolongado, afectando o bem-estar físico e psicológico dos

docentes, constituindo-se como uma influência negativa na relação com os alunos e a

qualidade do ensino, associando-se, muitas vezes, a fenómenos como o absentismo e o

abandono da profissão. Os resultados de vários estudos de Burke e colaboradores (1989a,

1996, Idem) sugeriram que o stress e o burnout eram tanto maiores quanto inferiores fossem

as posições hierárquicas dos docentes na escola, i.e., o director apresentava níveis de burnout

inferiores à de um professor cuja única responsabilidade era leccionar. Os autores adiantaram

explicações possíveis: os directores disporiam de melhores recursos de coping, que seriam

adquiridos e desenvolvidos ao longo da sua maior experiência profissional; estes contactavam

menos com os alunos e, participavam mais na tomada de decisões. Estes e outros estudos

permitiram caracterizar os docentes mais propensos ao burnout, referidos da seguinte forma

por Mota-Cardoso e colaboradores (2002): apresentam níveis mais elevados de stress

associado ao papel profissional; avaliam a sobrecarga de trabalho de uma forma mais

negativa; utilizam preferencialmente estratégias de evitamento e fuga para lidar com o stress,

ou outras estratégias regressivas (a negação ou a minimização); têm menos suporte social (ou

11

então recorrem menos a ele); apresentam o traço de hardiness1 pouco desenvolvido; são

menos autoconfiantes; são mais idealistas; visualizam a profissão como uma possibilidade de

mudança social; acreditam que os alunos deveriam ser controlados pela escola como se

estivessem sob custódia; têm uma amplitude limitada de contactos interpessoais; o seu

trabalho não os estimula suficientemente e, tiveram uma má orientação na preparação para o

seu trabalho.

1.4 – Sofrimento e solidão dos professores

Os docentes estão sujeitos a conflitos que se prendem com factores que derivam do

seu trabalho, o que os obriga a desenvolverem sistemas cognitivos, mais ou menos

complexos, que lhes permitem fazer a gestão dos mesmos. Apesar de não garantirem a

superação dos conflitos, os sistemas cognitivos adoptados, desempenham um papel central na

gestão, embora não estável, dos conflitos pessoais, mas estes mesmos conflitos são geradores

de sofrimentos e solidões profissionais, que são característicos de novos “individualismos

profissionais”, que se desenvolvem numa situação de insegurança generalizada, constituindo-

se como um dos efeitos mais visíveis da crise dos mecanismos de delegação de poder nos

professores. Mas este individualismo não se apresenta como adaptado à missão profissional,

ao invés, é imposto e “disfuncional” no que concerne às missões atribuídas à profissão, o que

contribui para a produção, reprodução e reforço do sofrimento dos docentes (Correia &

Matos, 2001), e como tal geradora de mal-estar. O estudo destes autores, baseado em

entrevistas a professores, evidencia o sofrimento ético e organizacional dos docentes, que

atribuem muita da culpa à profissão, que não disponibiliza “espaços de comunicação”

susceptíveis de assegurar uma regulação saudável, o que leva a vários factores ansiogénicos.

Chamam, ainda, a atenção para a ocultação dos conflitos profissionais, por parte dos

principais actores institucionais, que provocam nos professores constrangimentos de vária

ordem, com reflexos evidentes no seu estado de saúde, revelados por vários estudos (stress,

burnout, depressão, irritabilidade, problemas nervosos, etc.), levando muitas vezes ao

silenciamento dos problemas e das práticas profissionais, contrastando com o reforço das

tendências para a exposição pública dos discursos privados da profissão de docente.

1 O hardiness define traços disposicionais da personalidade: comprometimento (interesse e curiosidade pela vida), controlo (acreditar nas próprias capacidades para influenciar os acontecimentos) e desafio (aceitação da mudança enquanto factor de crescimento pessoal (Kobasa, 1979, citado por Mota-Cardoso et al , 2002).

12

Outros indicadores são, ainda, evidenciados e reforçam o sentimento de solidão dos

professores: o estatuto do professor, dada a dificuldade de dar significado ao trabalho que lhes

é exigido, num contexto em que lhes são cada vez mais impostas novas tarefas, e em que têm

cada vez menos influência na avaliação dos alunos, que por sua vez sentem estranheza pelo

facto de ali estarem sob controlo e obrigação, quando a escola devia ser um espaço para

formar, instruir e educar; a inexistência de um trabalho em equipa, e que deriva da falta de

tempo, devido aos professores terem que realizar múltiplas tarefas administrativas, o que

obsta à tão necessária articulação de conhecimentos das várias disciplinas (e.g., matemática,

física, química, etc.) e o debate sobre as dificuldades e problemas mais sentidos.

1.5 – Principais resultados dos estudos realizados em Portugal

Os estudos existentes, no nosso país, incidem na sua generalidade, sobre o trabalho

dos professores, e apesar de muitos factores convergentes com o trabalho dos formadores,

existem diferenças, e que advém muitas vezes do estatuto profissional, exigências

particulares, e do exercício profissional da actividade dos formadores implicar outro tipo de

riscos. No entanto, faremos aqui referência a estudos realizados com professores, e que são

susceptíveis de nos fornecerem indicadores importantes para perceber o trabalho dos

formadores.

Um estudo de Gomes, Silva, Mourisco, Silva, Mota e Montenegro (2006), realizado

com 127 professores numa escola secundária do Porto, que avaliou vários indicadores

relacionados com o seu trabalho e o bem-estar pessoal (stress, burnout, saúde física e

satisfação pessoal), revela valores muito significativos de stress ocupacional, prevalência de

esgotamento e vários problemas de saúde física. Este mesmo estudo mostra, ainda, que as

mulheres demonstraram níveis superiores de stress em relação aos homens. Uma análise mais

aprofundada dos possíveis problemas relacionados com o stress evocado, revela que são as

questões mais relacionadas com a sala de aula que desencadeiam maior mal-estar, e.g., turmas

grandes, alunos desmotivados, mau comportamento dos mesmos, etc. Outro dos factores está

relacionado com pressões externas ao desempenho profissional, e.g., falta de tempo para

cumprir os programas, demasiado trabalho burocrático. Um terceiro factor tem a ver com as

questões relacionadas com a carreira profissional, e.g., falta de reconhecimento por um bom

ensino, a que poderá estar associado a falta de reconhecimento do seu trabalho por parte das

13

chefias, colegas e órgãos institucionais. Ainda relacionado com os estudos de Gomes e

colaboradores (2006), verificam-se níveis elevados de burnout entre os professores, e que

derivam principalmente de sentimentos de baixa realização pessoal e/ ou de exaustão

emocional e de despersonalização; a combinação destes três factores revela uma percentagem

média de 13% de docentes que se encontram claramente em situação de burnout. Em relação

aos índices de saúde física, os principais indicadores de problemas de saúde associados são:

dificuldades em acordar, levantar e adormecer, sensações de cansaço e exaustão, enxaquecas e

dores de cabeça, as práticas de comer, beber e fumar excessivamente e outras sensações

físicas desagradáveis (tremura muscular, dores agudas, etc.). De realçar ainda que aumentos

nos níveis globais de stress aparecem associados a menor satisfação profissional, a maior

vontade de abandonar a profissão, mais problemas de saúde física, maior exaustão emocional,

maior pressão de tempo, excesso de trabalho, e avaliações mais acentuadas acerca dos

comportamentos de indisciplina dos alunos. Outro dado a reter deste estudo é que os

professores com mais experiência de trabalho, apresentam mais dificuldades que os colegas

mais novos em áreas relacionadas com o comportamento inadequado dos alunos, a gestão das

diferenças nas capacidades apresentadas pelos estudantes, a realização de trabalho

burocrático/ administrativo e o excesso de aulas.

Nas diferenças de género relacionado com o stress dos professores, os estudos na sua

generalidade, não constatam linearmente a existência de mais stress nos homens ou nas

mulheres, no entanto, um estudo realizado por Melo, Gomes e Cruz (1997), com professores,

médicos e enfermeiros portugueses, revela que as mulheres apresentam níveis de stress mais

elevados do que os homens. Relativamente aos anos de experiência, enquanto docentes, um

estudo de Cruz e Mesquita (1988) com professores portugueses, revela que os aspectos

relacionados com a estrutura organizacional dos estabelecimentos de ensino, e.g., falta de

participação nas decisões a tomar, política disciplinar inadequada da escola, etc., tendem a

condicionar mais os professores com cinco ou mais anos de experiência, quando comparados

com os que tinham menos experiência.

Um estudo de Pereira, Silva, Castelo-Branco e Latino (2002), realizado com

professores portugueses, e que avaliou o “índice geral de capacidade para o trabalho”, revela

que 3.1% dos docentes apresenta um índice baixo e 32% um índice moderado – sendo que são

os homens, aqueles que apresentam valores médios mais elevados: valores preocupantes se

tivermos em conta as múltiplas exigências da profissão docente. Num dos itens avaliados

“prognóstico da capacidade para o trabalho daqui a dois anos”, a maioria dos professores

afirma que não tem a certeza se daqui a dois anos poderá exercer a sua actividade docente, o

14

que poderá estar associado a factores inerentes à actividade de docente: falta de estímulo e de

reconhecimento social, dificuldades de colocação e segurança do salário e do emprego,

sobrecarga de tarefas, indefinição do cargo e violência nas instituições escolares. Os

professores que participaram neste estudo, revelam ainda, que apesar de conseguirem fazer o

seu trabalho, o mesmo desencadeia sintomas relacionados com doenças: dores de costas,

pescoço e coluna, desgaste ou dor repetida nos membros (mãos e pés), tensão arterial,

perturbação mental ligeira, doença ou lesão nos olhos, doença no sistema nervoso e mal-estar

ou irritação no estômago ou duodeno.

Um outro estudo de Gomes, Silva, Mourisco, Silva, Mota e Montenegro (2006), com

professores portugueses, revela que 25% não voltaria a optar pela docência se tivessem uma

nova oportunidade de escolha, 19% manifesta o claro desejo de abandonar a sua profissão

durante os 5 anos seguintes, e 10% estão altamente insatisfeitos com a sua actividade

enquanto professores.

O stress profissional em professores portugueses foi, também, alvo de investigação por

parte de Pinto, Lima e Silva (2003). O estudo revelou índices preocupantes de mal-estar

profissional: 54% dos docentes consideram o exercício da sua actividade como muito ou

extremamente geradora de stress, 63% evidenciam burnout pleno e 30.4% encontram-se em

risco de evoluir para esse quadro. Esta investigação mostra, que os factores percepcionados

como principais fontes de stress profissional dos professores são os problemas relativos aos

alunos e as pressões de tempo próprias da actividade docente. Em relação ao primeiro factor,

os professores associam o mau comportamento dos alunos, os níveis de ruído elevados, a não

aceitação da autoridade do docente pelos alunos, e alunos pouco motivados. Quanto ao

segundo factor, é evocado o não terem tempo suficiente para o trabalho a fazer.

Outro estudo, que se destaca pelo facto de ser um dos raros estudos de âmbito

nacional, realizado por Mota-Cardoso, Araújo, Ramos, Gonçalves e Ramos (2002), com 2108

professores nacionais, dá-nos excelentes indicadores sobre o stress dos profissionais da

docência, identificando nove factores que indicam áreas de fontes de stress: estatuto

profissional, conteúdo do trabalho, previsibilidade/ controlo (clarificação da função), pressão

de tempo, segurança profissional, disciplina, rigidez curricular, natureza emocional do

trabalho e ritmo e estrutura do trabalho. Esta investigação revelou que o estatuto profissional é

o factor essencial responsável pelo aparecimento, nos professores, de situações de stress,

quando o que é evidente noutras investigações são razões relacionadas com os alunos, i.e., a

indisciplina ou mau comportamento. Mas mais reveladora foi a descoberta de que o factor de

stress relativo à indisciplina é o sexto no estudo nacional português, ao contrário do primeiro

15

lugar que ocupa no estudo nacional britânico (Travers e Cooper, 1996, citado por Mota-

Cardoso, 2002), contrariando por isso vários estudos nacionais e internacionais. O que o

estudo assegura é que não é a indisciplina dos alunos, o principal factor responsável pelo

stress dos docentes em Portugal, mas sim os problemas de estatuto profissional, embora não

se apresente isolado, estando associado a factores como: a constante mudança de legislação, a

relação com os encarregados de educação, a necessidade de justificar notas negativas, a falta

de acompanhamento dos pais e a preocupação com os resultados dos alunos. Outro dado

interessante a reter, deste estudo, é que a percepção do stress é independente das fontes de

stress percepcionadas, i.e., sugere que os professores se sentem em stress independentemente

do que julgam ser a causa; tendo-se verificado o mesmo com a satisfação com o trabalho e as

dimensões do burnout. O que significa que a situação de stress, avaliada de uma forma directa

pela percepção de um estado subjectivo de stress e indirectamente pela satisfação profissional

(seja com a organização ou com o trabalho), e as dimensões psicológicas do burnout

(exaustão emocional, realização pessoal e despersonalização) não dependem das fontes de

stress atribuídas na situação docente. No geral os resultados obtidos, neste estudo, são

consistentes com o que a investigação tem vindo a avançar sobre o stress dos profissionais da

docência.

1.6 – Principais resultados de estudos realizados em outros países

A questão do stress é particularmente importante quando aplicada ao exercício da

actividade de professor. Neste mesmo sentido, os investigadores Kyriacou e Sutcliffe (1978),

citados por Gomes e colaboradores (2006), salientam a natureza desgastante desta profissão.

Num dos seus estudos, realizado com professores ingleses, demonstram que 25% dos

docentes descrevem a sua profissão como muito stressante, com implicações negativas ao

nível do rendimento profissional, e ao nível de alguns factores psicológicos como a depressão

e o burnout. Os mesmos autores afirmam que a experiência de stress nos professores deve ser

entendida como uma ameaça ao seu bem-estar, auto-estima e valor pessoal, com repercussões

negativas no exercício da sua actividade de trabalho, o que poderá afectar a qualidade das

suas práticas pedagógicas e eficácia profissional, e as potencialidades de aprendizagem dos

alunos.

16

Um estudo de DeFrank e Stroup (1989) revela que os professores solteiros manifestam

mais stress que os mais velhos, facto que está associado aos problemas dos alunos e às

atribuições de deveres relacionados, como planos individuais de educação e educação

especial. Em termos de problemas específicos de saúde física, um estudo realizado por

Travers e Cooper (1996, citado por Mota-Cardoso et al, 2002) no Reino Unido, revela que

23% dos professores afirmam ter tido “doenças sérias” no ano anterior ao estudo. O

questionário utilizado pelos autores solicitava a identificação de “doenças importantes” e

deixava ao critério dos docentes o grau de subjectividade e interpretação da amplitude da sua

importância e os problemas de saúde evocados foram: viroses persistentes, problemas de

coluna, ansiedade e depressão, intestino e estômago, síndroma do intestino irritado, problemas

de peito e pulmões, garganta e afonia, hipertensão, dores de cabeça e enxaquecas, asma,

problemas auditivos e visuais, alergias dermatológicas, dores relacionadas com cancro,

úlceras, esgotamento e cansaço e sinusite. Importa referir que estes factores são os principais

problemas de saúde associados pela investigação, em geral, ao stress.

Os índices de satisfação dos professores com o seu trabalho tem sido motivo de vários

estudos, Kyriacou e Sutcliffe (1979, citados por Mota-Cardoso et al, 2002) descobriram que

72.5% dos professores ingleses se mostravam satisfeitos ou muito satisfeitos com a sua

profissão, por sua vez DeFrank e Stroup (1989) encontraram 13% de professores muito

insatisfeitos e 45% não completamente satisfeitos. Mas um dos mais importantes estudos foi

realizado por Travers e Cooper (1989, citados por Mota-Cardoso et al, 2002), que realizaram

um estudo nacional com professores britânicos e verificaram que a insatisfação dos mesmos

com o seu trabalho, tinha a ver com factores extrínsecos (salário auferido, oportunidades de

progressão na carreira, estilo de administração da escola, o reconhecimento social e as

condições físicas de trabalho), por outro lado, os índices de satisfação relacionavam-se com

aspectos que consideravam positivos no seu trabalho (colegas de trabalho, a variedade do

mesmo, a liberdade de escolha dos métodos de ensino e a estabilidade do emprego). Este

estudo contraria, porém, alguns estudos que têm revelado que o stress é um antecedente

poderoso da satisfação profissional dos professores, atribuindo a insatisfação profissional

como uma possível resposta à situação de stress; o que parece indicar que a satisfação

profissional não depende apenas do stress, mas também de outros factores.

Muitos das investigações não revelam diferenças significativas entre a idade e o stress,

mas um estudo de Russel, Altmaier e Van Velzen (1987), demonstra que os professores mais

novos acusam mais stress do que os restantes colegas, e que está relacionado com factores

17

como a informação inadequada acerca dos materiais escolares e obrigação de participação em

várias actividades escolares.

A associação entre problemas psicológicos e aspectos psicossociais do trabalho dos

professores foi estudado por um grupo de investigadores Porto, Carvalho, Oliveira, Neto,

Araújo, Reis e Delcor (2006) com 1024 docentes brasileiros. Os resultados evidenciam a

associação entre os dois factores: 44% dos professores revelam problemas psicológicos

relacionados com as exigências do trabalho, sendo que são aqueles que têm funções com

níveis de exigência maiores, os que apresentam índices mais elevados.

Gomes e Brito (2006) realizaram um estudo com professores brasileiros e verificaram

que a elaboração de modos operatórios dos mesmos com o objectivo de cumprirem o que lhes

é exigido, em virtude das limitações relacionadas a factores institucionais, pedagógicos e

burocráticos, tem reflexos no seu estado de saúde e no seu desempenho. Os professores deste

estudo revelam ter um excesso de trabalho em função das inúmeras actividades escolares, do

tempo que gastam com trabalhos da escola fora do seu espaço físico, as deslocações a que

estão sujeitos; o que os leva a sentirem cansaço físico e mental. Os custos para a saúde destes

docentes, em função do excesso de trabalho a que estão sujeitos, relacionam-se com: sensação

genérica de mal-estar, ansiedade, tensão, nervosismo, depressão, angústia, insegurança,

cansaço, stress, irritabilidade, perturbações do sono e problemas digestivos. Problemas estes

que se agravam no final de cada ano lectivo. Os autores sugerem que o sofrimento

evidenciado pelos professores poderia ser minimizado com uma redução do excesso de

trabalho, um aumento da margem de manobra dos docentes, o que reduziria os problemas de

saúde física e psicológica.

Um outro estudo realizado por Delcor, Araújo, Reis, Porto, Carvalho, Silva, Barbalho

e Andrade (2004), também com professores brasileiros revela que os mesmos se queixam de

vários problemas físicos, destacando-se o terem que permanecer muito tempo de pé, e terem

de manter uma postura corporal inadequada; atribuindo a culpa ao ritmo e excesso de

trabalho. Mas merece particular destaque neste estudo, o facto de um número considerável de

professores jovens, ter referido vários problemas de saúde dos quais se destacam, por valor

mais elevado: postura corporal, problemas psicológicos e queixas relacionadas com a voz.

Estes estudos dão-nos vários indicadores sobre os factores, da actividade dos

professores, que interferem na sua saúde. De seguida apresentamos o nosso estudo, que vai

reflectir sobre o que se passa com os formadores.

Capítulo II – Método

19

MasculinoFeminino

Sexo

0 1 2 3

Grupos etários

0

5

10

15

Qua

ntid

ade

de F

orm

ador

es

Capítulo II – Método

Com o objectivo de conhecer as condições de trabalho e saúde dos formadores em

formação profissional decidiu-se, neste trabalho, utilizar um questionário que permitisse a

abordagem à situação, descrevendo-a e dando-a a conhecer.

Assim utilizou-se o inquérito INSAT (Barros-Duarte, Cunha & Lacomblez, 2007), que

descreveremos mais à frente, com formadores que faziam formação num mesmo centro. Este

local foi escolhido pela facilidade de acesso aos formadores e também pelo conhecimento que

possuíamos, e que poderia ajudar a compreender alguns dos resultados que viéssemos a obter.

2.1 – Amostra

Participaram neste estudo 70 formadores (40 são do sexo masculino e 30 do sexo

feminino), as idades variam entre os 24 e 71 anos, com uma média de 41.67 anos. Na

distribuição por grupos etários verifica-se que: 13 formadores tem idade inferior a 30 anos (5

são homens e 8 são mulheres), 33 pertencem ao grupo etário dos 30-44 anos (16 são do sexo

masculino e 17 do feminino), e 24 têm idade superior ou igual a 45 anos (19 são homens e 5

são mulheres). A distribuição das idades (cf. Figura 1) revela que é no grupo etário dos 30-44

anos que encontramos uma percentagem mais elevada de formadores. Verifica-se, no entanto,

que os homens estão mais representados que as mulheres no grupo etário ≥ 45 anos (19 e 5

respectivamente).

Figura 1: Distribuição dos formadores por género e grupos etários

20

2.2 – Instrumentos

Foi administrado a cada formador um inquérito INSAT com o propósito de recolher

dados acerca das variáveis em análise neste estudo. A opção pelo mesmo para a realização

desta investigação, prende-se com o facto do INSAT visar o estudo das consequências e

condições de trabalho, actuais e passadas, ao nível da saúde e do bem-estar, o que permitiu

recolher dados fundamentais para perceber questões relacionadas com a actividade dos

formadores e a sua relação com a saúde. A sua lógica de base enquadra-se nos estudos de tipo

epidemiológico, e visa caracterizar os principais riscos profissionais de alguns sectores da

actividade e compreender a influência que os constrangimentos de trabalho têm na saúde dos

trabalhadores. A sua construção inspirou-se nos conhecimentos explorados por diferentes

inquéritos: SUMER2, o inquérito EVREST3 e do inquérito SIT4.

2.3 – A composição do inquérito INSAT

O inquérito INSAT (Anexo 1) compreende quatro grandes domínios: o trabalho e as

condições de trabalho, as dificuldades sentidas no trabalho, o estado de saúde, e a saúde no

trabalho. Está organizado em sete eixos principais (cf. quadro 1) com o objectivo de permitir,

a quem o preenche, uma tomada de consciência gradual e progressiva das consequências do

trabalho na saúde e bem-estar. O inquérito apresenta ainda, na sua página inicial, algumas

questões que permitem a recolha de informações, de carácter sócio-demográfico, relativas ao

trabalhador (sexo, idade, nível de escolaridade), e dados referentes à instituição onde exercem

a sua actividade de trabalho (sector de actividade, tipo de empresa, …). No estudo que

realizamos relativo à análise de trabalho e saúde dos formadores, foi acrescentado um anexo,

à primeira página do INSAT, com o objectivo de recolher informações adicionais, relativas

aos formadores, e que pudessem potenciar as análises (antiguidade como formador, formações

adicionais à sua formação académica, tipo de população alvo da sua formação, tipo de

formação leccionada e domínios profissionais em que já deram ou dão formação).

2 O inquérito SUMER tem como objectivo estudar a penosidade do trabalho, através da recolha de informações sobre as condições de trabalho e a saúde dos trabalhadores (citado por Barros-Duarte, Cunha & Lacomblez, 2007). 3 O inquérito EVREST tem como objectivo o conhecimento dos riscos e da organização do trabalho, da saúde dos trabalhadores e das suas interacções (Idem). 4 O inquérito SIT assenta em objectivos que visam compreender como e em que medida as condições de trabalho, actuais e passadas, influenciam, favorável ou desfavoravelmente, a qualidade do processo de envelhecimento e a saúde (Ibidem).

21

Quadro 1: As partes constituintes do INSAT

Eixos principais Tipo de abordagem

Parte I O meu trabalho Corresponde à especificação e caracterização do tipo de actividade que é realizada, faz ainda referência ao tipo de vínculo laboral e ao horário de trabalho praticado.

Parte II Condições e características do meu trabalho

Versa a análise da exposição do trabalhador a determinadas condições de trabalho, organizadas em 3 categorias: ambiente e constrangimentos físicos; constrangimentos organizacionais e relacionais; e características do trabalho.

Parte III Condições de vida fora do trabalho

Recolhe informações sobre aspectos exteriores ao trabalho: número de pessoas a cargo do trabalhador, número de filhos, ocupação do tempo livre, o tempo dispendido em tarefas domésticas, e questionamento sobre a problemática da conciliação da vida de trabalho e fora dele.

Parte IV O que me custa mais no meu trabalho Representa o vivido subjectivo do trabalhador face às condições de trabalho a que se encontra exposto.

Parte V Formação no meu trabalho Engloba questões que se relacionam com o tipo de formação realizada pelos trabalhadores e em que medida esta se relaciona ou não directamente com o trabalho.

Parte VI O meu estado de saúde

São exploradas, de uma forma sintética, questões relacionadas com a saúde do trabalhador e que se situam ao nível: cardio-respiratório, neuro-psíquico, digestivo, muscular e articular. Inclui ainda questões relacionadas com o estado de visão e audição dos trabalhadores.

Parte VII Saúde no meu trabalho

Aborda 3 domínios particulares: identificação dos acidentes de trabalho e doenças profissionais; informações sobre riscos profissionais; e saúde e trabalho onde são elencados problemas de saúde físicos e psicossociais.

2.4 – Procedimento

A amostra foi recolhida no FOR-MAR, para o efeito foram aplicados 70 questionários

INSAT, de autopreenchimento, em diferentes momentos, a formadores que se encontravam

em actividade: 32 em Matosinhos, 13 na Póvoa/ Vila do Conde, 18 em Viana do Castelo e 7

em Ílhavo. Sempre que possível o investigador esteve presente para prestar ajuda, quando

solicitada. De referir que em alguns casos o preenchimento do instrumento se revelou difícil,

tanto no que concerne à sua interpretação, mas também quanto à sua complexidade, o que

obrigou a constantes esclarecimentos, no sentido de simplificar a percepção aos sujeitos em

causa.

Capítulo III – Resultados

23

Capítulo III – Resultados

3.1 – A análise e tratamento dos dados

Após a codificação dos inquéritos, os dados foram introduzidos na matriz, realizada

pela equipa do INSAT. Para a análise estatística recorremos ao programa estatístico SPSS. As

análises estatísticas utilizadas, situam-se ao nível das análises descritivas (frequências,

crosstabs e qui-quadrado), análises inferenciais (independent.simples t teste e one way

ANOVA) e análises correlacionais.

3.2 – Distribuição do nível de escolaridade dos formadores por grupos etários

Na distribuição do nível académico por grupo etário (cf. quadro 2) verifica-se que 59

(84,3%) dos formadores têm estudos superiores, o que vai de encontro ao que lhes é exigido

pelas entidades empregadoras para leccionarem. Os que têm níveis académicos inferiores

(com excepção de 1 formador) têm idade ≥ a 45 anos, e dão formação prática, cujos

conhecimentos derivam das aprendizagens e experiências adquiridas numa actividade de

trabalho específica, sendo que neste caso concreto se refere muito provavelmente à actividade

da pesca. Saliente-se o facto de todas as mulheres terem estudos superiores, estando as

mesmas ligadas à formação de carácter teórico e que versam essencialmente matérias ligadas

às línguas, ciências sociais e humanas e matemática.

Quadro 2: Distribuição dos formadores por género, nível de escolaridade e grupo

etário

Grupo etário Género Nível de

escolaridade <30 anos 30-44 anos ≥45 anos Total

Masculino 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 11º Ano 12º Ano Bacharelato Licenciatura Mestrado

0 0 0 0 1 0 2 2

0 0 0 0 1 0

14 1

2 1 4 1 1 1 7 2

2 1 4 1 3 1

23 5

Feminino Licenciatura Mestrado

8 0

16 1

4 1

28 2

Total 8 17 5 70

24

3.3 – Experiência como formador

Em termos de antiguidade como formador, constata-se, através da análise do quadro 3

que 32 (45.7%) dos sujeitos têm ≥10 anos de antiguidade (28.6% no intervalo de 10-19 anos e

17.1% com ≥ 20 anos). Verifica-se que os valores sofrem grandes oscilações, assumindo

valores de 4,3% quando a antiguidade é menor que 1 ano e 28.6% quando está compreendida

no intervalo [10-20[ anos. Ao reflectir sobre estes valores apura-se que há um crescendo de

antiguidade em função da idade, o que dá indicadores de que os formadores mantém a sua

actividade durante anos. Se tivermos em conta o género e o grupo etário verifica-se que há

homogeneidade no intervalo [1-20 [anos (29 são do sexo masculino e 29 do sexo feminino),

as discrepâncias surgem quando o tempo de actividade, enquanto formador, é superior a 20

anos (11 homens e 1 mulher).

Quadro 3: Distribuição dos formadores por grupos etários e

antiguidade.

Grupos Etários Antiguidade

<30 anos 30-44 anos ≥ 45 anos Total

<1 ano [1; 2[anos [2; 5[anos

[5; 10[anos [10; 20[anos ≥ 20 anos

1 5 5 0 2 0

1 2 4

16 10 0

1 1 0 2 8

12

3 (4.3%) 8 (11.4%) 9 (12.9%)

18 (24.3%) 20 (28.6%) 12 (17.1%)

Total 13 33 24 70

3.4 – Tipos, domínios e locais da formação

No exercício da sua actividade de trabalho 7 (10%) dos formadores dão formação

exclusivamente a jovens, no sistema ensino/ aprendizagem; 5 (7,1%) só a adultos e 58 (82,9

%) a jovens e adultos. As acções de formação têm objectivos diversificados: 23.4% no

domínio da elevação do nível de escolaridade, 76.9% em vários domínios – reconversão,

aperfeiçoamento, elevação do nível de escolaridade e formação profissional curta. No que

concerne aos locais de formação verifica-se uma diversidade de locais: só escolas (38.1%), só

empresas (1,6%), nas duas (58.7%) e noutras situações (1.6%).

25

3.5 – O trabalho dos formadores

Nesta fase fazer-se-á uma análise de questões relativas à situação de trabalho dos

formadores, e que corresponde à especificação e caracterização do tipo de actividade realizada

pelos mesmos, alude-se ainda ao vínculo laboral e ao horário de trabalho praticado.

Da análise do trabalho dos formadores, verifica-se que: 41 (58.6%) têm como

actividade diária principal o exercício da profissão de formador, 12 (17.1%) têm-na como

professor e 17 (24.3%) outra profissão (enfermeiro, engenheiro, capitão de Marinha

Mercante), saliente-se o facto de que são os mais velhos aqueles que têm como actividade de

trabalho principal o serem formadores.

Em relação ao facto de exercerem exclusivamente a actividade de formador ou terem

dupla actividade temos que: 28 (40%) são exclusivamente formadores e 42 (60%) têm uma

dupla actividade (29 como formadores, 3 como professores e 10 exercem outra actividade).

No entanto é no grupo etário dos 30-44 anos que isso mais se verifica, e que poderá ser

explicado pelo facto de estes estarem numa fase da vida, em que atingem o auge da

performance de trabalho. Refira-se, também, o facto de que são os formadores casados (26)

aqueles que mais têm uma actividade complementar remunerada, sendo que há mais homens

que mulheres a tê-la (18 e 8, respectivamente).

É importante salientar que 31 trabalhadores que têm como actividade de trabalho

principal serem formadores, passam recibo verde ou factura, i.e., mais de metade. Os

professores (10) têm contrato efectivo ou a termo, as outras profissões (12) idem. Dos 28

trabalhadores que são exclusivamente formadores, 23 passam recibo verde ou factura.

3.6 – Actividade de trabalho principal

Da análise do quadro 4 constata-se que 47.1% (22 homens e 11 mulheres) dos

formadores tem um trabalho por conta de outrem (é a faixa etária dos 30-44 anos a mais

representada) e 52.9% (18 homens e 19 mulheres) são trabalhadores independentes, por conta

própria, sem empregados (a distribuição pelos diferentes grupos etários é homogénea);

existem diferenças significativas na distribuição dos grupos etários pelos 2 tipos da variável

“actividade de trabalho principal” (X2(2)=11.74, p<.05), são os formadores com idade

26

compreendida entre os 30-44 anos os que mais têm como actividade de trabalho principal

serem trabalhadores por conta de outrem, o mesmo não se verifica em relação ao género

(X2(1)=2.31, ns).

Quadro 4: Distribuição dos formadores segundo a sua situação laboral e actividade de trabalho

principal

Situação laboral Actividade de trabalho principal Efectivo ou contrato

sem termo Contrato a prazo

ou contrato a termo A recibo

verde Total

Por conta de outrem Trabalhador independente

28

0

5

0

0

37

33 (47.1%)

37 (52.9 %) Total 28 (40%) 5 (7.1%) 37 (52.9%) 70

3.7 – Situação laboral

Os formadores distribuem-se da seguinte forma pela variável “situação laboral” (cf.

Quadro 4): 19 homens e 9 mulheres tem um contrato efectivo ou sem termo; 3 homens e 2

mulheres têm um contrato a prazo ou a termo; 18 homens e 19 mulheres passam recibos

verdes ou factura, (é na idade ≥ 45 anos que isso mais se verifica); existem diferenças

significativas na distribuição dos grupos etários pelos 3 tipos da variável “situação laboral”

(X2(4)=14.90, p<.05), é o grupo etário 30-44 anos os que mais estão numa situação de

contrato efectivo ou sem termo, refira-se que nenhum formador com <30 anos tem um

contrato desse género (todos eles estão numa situação laboral a recibo verde ou factura), não

existem, porém diferenças quanto ao género (X2(2)=2.42, ns).

3.8 – O horário de trabalho

O tempo de trabalho é maioritariamente a tempo inteiro: 40 formadores (57.1%);

21.4% refere que o é só na actualidade e 24.3% afirma sê-lo no presente e no passado, 11.4%

porém, refere que, actualmente não pratica este tipo de horário mas tendo feito no passado.

No entanto apenas 35 (21.4%) referem ter ou ter tido um horário fixo; 27 (38.6%) pratica ou

praticaram um horário parcial (28.6% no presente e passado e 10% só no passado); 38

(54.3%) dos formadores afirmam ter ou ter tido um horário irregular (18.6% no tempo actual,

27

4.3% no passado e 31.4% actual e passado); apenas 12 (17.1%) afirmam ter ou ter tido um

horário de trabalho ao fim-de-semana; 21 (30%) referem ter ou ter tido um horário normal.

Apenas 11 (15.7%) dos formadores têm ou tiveram turnos fixos, 9 (12.9%) referem

terem ou ter tido um trabalho com isenção de horário, 19 (27.1%) têm ou tiveram um trabalho

no turno diurno e 9 (12.9%) no turno nocturno, 24 (34.3%) têm ou tiveram turnos mistos.

Refira-se o facto de 22 (31.4%) dos formadores terem um horário de trabalho que os obriga a

deitarem-se depois da meia-noite, em alguns casos deve-se ao facto de darem formação no

horário nocturno, noutros casos é devido à necessidade de terem que levar trabalho para casa

(e.g., preparação e estruturação das aulas). Os formadores trabalham em média 35.85 horas

por semana (os homens trabalham em média 34.59 horas e as mulheres 37.61, sendo que os

solteiros trabalham mais horas que os casados; 39.59 e 34.50, respectivamente), a maioria tem

uma dupla actividade (23 homens e 19 mulheres).

3.9 – Horas de trabalho e relação com a idade

Na distribuição do tempo de trabalho semanal, verifica-se que existe uma correlação

significativa entre o “número de horas de trabalho reais, em média, por semana” e a “idade”

(r=-.52; p<.001), o que permite afirmar que quanto maior a idade menos as horas de trabalho,

o que nos dá indicadores de que os formadores trabalham menos horas de trabalho por

semana, com o avançar da idade.

3.10 – Condições e características do trabalho dos formadores Esta parte reúne as questões relacionadas com a exposição dos formadores a

determinadas condições, organizadas em 3 categorias: ambiente e constrangimentos físicos;

constrangimentos organizacionais e relacionais (constrangimentos do ritmo de trabalho,

autonomia e iniciativa, relações de trabalho e contacto com o público); e características do

trabalho. Para verificar as distribuições e se existem diferenças nas mesmas quanto ao género

e grupos etários, pelas várias situações das variáveis relacionadas, foram calculadas as

frequências e o qui-quadrado, fazer-se-á, deste modo, somente referência aos valores

significativos.

28

3.11 – Ambiente e constrangimentos físicos dos formadores (sua distribuição)

Nas condições relacionadas com o ambiente físico da actividade de trabalho, os

formadores distribuem-se da seguinte forma pela variável “ruído nocivo incómodo” (cf.

quadro 5): N=68 (38 homens e 30 mulheres); 18 homens afirmam estar ou terem estado

expostos no seu trabalho a ruído nocivo/ incómodo (11 e 7, respectivamente), e 20 afirmam

nunca ter estado. Em relação às mulheres, 5 afirmam ter estado expostas no presente ou

passado (4 e 1, respectivamente) e 25 afirmam nunca ter estado. Se juntarmos as duas

situações da variável em estudo (sim no trabalho actual + apenas no trabalho passado),

verificam-se diferenças significativas na distribuição dos sexos pelos 2 níveis da variável

“ruído nocivo incómodo” (X2(1)=7,06; p<.05), concretamente os homens estão ou estiveram

expostos a mais ruído do que as mulheres, mas existem mais mulheres do que homens que

nunca estiveram sujeitas ao ruído.

Em relação à variável “calor ou frio intenso” (cf. quadro 5) verifica-se que N=66; 36

são homens e 30 são mulheres, e distribuem-se da seguinte forma: 19 homens afirmam estar

ou terem estado (6 e 13, respectivamente) expostos a calor ou frio intenso, e 17 afirmam

nunca ter estado. No que concerne às mulheres, 7 afirmam estar no presente expostas ao calor

ou frio intenso, 1 afirma ter estado no passado, e 22 afirmam nunca ter estado. Ao somarmos

as 2 situações da variável (sim no trabalho actual + apenas no trabalho passado), surgem

diferenças significativas na distribuição do género pelos 2 níveis da variável (X2(1)=4.62;

p<.05), são os homens que mais referem estar ou terem estado expostos ao calor ou frio

intenso na sua actividade de trabalho, no entanto são as mulheres que mais referem nunca

terem conhecido a situação referida.

Quadro 5: Exposição ao ambiente e constrangimentos físicos, no trabalho actual e passado segundo o

género

Constrangimentos do ambiente físico

Sim, no trabalho actual

Apenas no trabalho passado Total

Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

Ruído nocivo incómodo 11 (28.9%)

4 (13.3%)

7 (18.4%)

1 (3.3%)

18 (47.3%)

5 (16.6%)

Exposição a calor ou frio intenso 6 (16.7%)

7 (23.3%)

13 (36.1%)

1 (3.3%)

19 (52.8%)

8 (26.6%)

Nas condições relacionadas com os constrangimentos físicos da actividade de trabalho

dos formadores, obtém-se em relação à variável “permanecer muito tempo de pé na mesma

29

posição que” que: N=64 (35 são do sexo masculino e 29 do feminino); 15 homens afirmam

serem obrigados a permanecer muito tempo de pé na mesma posição (10 afirmam-no em

relação ao presente e 5 em relação ao passado), 20 afirmam nunca serem obrigados a este

constrangimento. Em relação às mulheres, 5 afirmam serem obrigadas ao referido

constrangimento no presente e 2 no passado, 22 afirmam nunca.

Em relação à variável “deslocações profissionais frequentes”, verifica-se que: N=63

(33 são do sexo masculino e 30 do sexo feminino), sendo que 18 homens referem ter ou ter

tido este constrangimento no seu trabalho e 15 afirmam nunca; 16 mulheres mencionam-no

para o presente e só no passado e 14 referem nunca estarem sujeitas ao referido

constrangimento. O quadro 6 permite verificar a distribuição da variável por grupos etários

nas 2 situações da variável (sim no trabalho actual e apenas no trabalho passado).

Quadro 6: Ser obrigado a permanecer muito tempo de pé na mesma posição no trabalho presente ou

passado, segundo os grupos etários.

< 30 anos 30-44 anos ≥ 45 anos Constrangimentos físicos

Presente Passado Presente Passado Presente Passado Total

Permanecer muito tempo de pé na mesma posição 4 1 5 2 6 4 22

(33.8%) Deslocações profissionais frequentes 7 1 11 3 5 7 34

(54.0%)

3.12 – Constrangimentos organizacionais e relacionais dos formadores (sua distribuição)

Em relação à variável “fazer várias coisas ao mesmo tempo” constata-se que 60.6%

(40) dos formadores estão ou estiveram expostos a este constrangimento; 39.4% (26) afirmam

nunca ter estado. Verificam-se, no entanto, diferenças significativas na distribuição por

género (X2(2)=9.02; p<.05), são os homens que mais referem estar ou terem estado expostos a

situações de ter que fazer várias coisas ao mesmo tempo., porém, são mais as mulheres que

referem nunca ter estado. Também se verificam diferenças significativas em relações aos

grupos etários (X2(4)=12.38; p<.05), é o grupo etário dos 30-44 anos que mais refere estar

exposto a situações de ter que fazer, na sua actividade de trabalho actual, várias coisas ao

mesmo tempo, no entanto são as mulheres que mais o referem em relação ao passado.

No que concerne à variável “frequentes interrupções” obtém-se que: 45.2% (28) dos

formadores estão ou estiveram expostos no passado a situações de frequentes interrupções na

30

sua actividade de trabalho; 54.8% (34) afirmam nunca ter estado. Verificam-se, no entanto,

diferenças significativas em relações aos grupos etários (X2(4)=9.44; p=.05), sendo o grupo

etário dos 30-44 anos que mais refere estar exposto a situações de frequentes interrupções na

sua actividade de trabalho actual.

A análise mostra que na variável “ter que me apressar” 60.9% (39) refere estar ou ter

estado exposto a este constrangimento; 39.1% (25) afirmam nunca ter estado. Existem

diferenças significativas quanto aos grupos etários (X2(4)=12.26; p<.05), são os formadores

que pertencem ao grupo etário dos 30-44 anos que mais referem estar expostos ao

constrangimento de terem que se apressar no exercício da sua actividade de trabalho, no

entanto são os mais velhos que mais o referem em relação ao passado.

A variável “ter que resolver problemas imprevistos sem ajuda” mostra que 70.6% (48)

dos formadores estão ou estiveram expostos a este constrangimento; 29.4% (20) refere nunca

ter estado. Verificam-se diferenças significativas quanto ao género (X2(2)=7.46; p<.05), são

os homens que mais referem estarem ou terem estado expostos a situações de terem que

resolver situações ou problemas imprevistos sem ajuda, no entanto são as mulheres que mais

afirmam nunca terem estado expostas a este constrangimento; também existem diferenças

significativas em relação aos grupos etários (X2(4)=12.34; p<.05), sendo que são os

formadores com 30-44 anos que mais referem ter que resolver situações ou problemas

imprevistos no seu trabalho, no entanto são os da faixa etária ≥ 45 anos que mais afirmam

estarem expostos a esses constrangimentos no passado.

Na variável “ter que suprimir ou encurtar uma refeição” verifica-se que 70.3% (45) de

formadores estão ou estiveram expostos a este constrangimento; 29.7% (19) refere nunca.

Existem diferenças significativas quanto ao género (X2(2)=8.36; p<.05), são as mulheres que

mais referem estarem no presente expostas a situações de ter que suprimir ou encurtar uma

refeição, no entanto são os homens que mais o referem em relação ao passado. Verificam-se,

também, diferenças significativas em relação aos grupos etários (X2(4)=12.01; p<.05), são os

formadores com 30-44 anos que mais referem ter que suprimir ou encurtar uma refeição no

presente, no entanto são os formadores mais velhos que mais o referem em relação ao

passado.

58.1% (36) dos formadores referem estar ou terem estado expostos a situações de

terem que dormir a horas pouco usuais devido à sua actividade de trabalho; 41.9% (26) refere

nunca. Verificam-se diferenças significativas quanto aos grupos etários (X2(4)=17.14; p<.05),

é no grupo etário 30-44 anos que é mais referido estarem expostos na actualidade ao

31

constrangimento de terem que dormir a horas pouco usuais por causa do trabalho, no entanto

são os mais velhos que o mencionam em relação ao passado.

A análise da variável “ter de ultrapassar o horário normal de trabalho” mostra que:

78.8% (52) de formadores afirmam estar ou ter estado expostos a situações de terem que

ultrapassar horários normais de trabalho; 21.2% (14) afirmam nunca. Existem, porém,

diferenças significativas quanto aos grupos etários (X2(4)=14.74; p<.05), os formadores que se

incluem no grupo etário 30-44 anos são os que mais referem ultrapassar o horário normal de

trabalho, mas são os mais velhos que o afirmam em relação ao passado.

A análise do quadro 7 permite verificar a distribuição das frequências por género, em

relações à exposição a constrangimentos do ritmo de trabalho dos formadores, no trabalho

actual ou apenas no passado.

Quadro 7: Exposição aos constrangimentos do ritmo de trabalho actual e passado, segundo o género

Constrangimentos do ritmo de trabalho Sim, no trabalho actual Apenas no trabalho

passado Total

Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

Fazer várias coisas ao mesmo tempo 19 (47.5%)

12 (40.0%)

8 (22.2)

1 (3.3%)

27 (75%)

13 (43.3%)

Frequentes interrupções 12 (37.5%)

12 (40%)

4 (12.5%)

0 (0%)

16 (50%)

12 (40%)

Ter que me apressar 17 (50%)

16 (53.3%)

5 (14.7%)

1 (3.3%)

22 (64.7%)

17 (56.6%)

Resolver problemas imprevistos sem ajuda

21 (55.3%)

19 (63,3%)

8 (21.1%)

0 (0%)

29 (76.4%)

19 (63.3%)

Ter que suprimir ou encurtar uma refeição

16 (47.1%)

23 (76.7%)

6 (17.6%)

0 (0%)

22 (64.7%)

23 (76.7%)

Dormir a horas pouco usuais devido ao trabalho

11 (33,3%)

13 (44.8%)

10 (30.3%)

2 (6.9%)

21 (63.6%)

15 (51.7%)

Ter de ultrapassar o horário normal de trabalho

20 (55.6%)

23 (76.7%)

8 (22.2%)

1 (3.3%)

28 (77.8%)

24 (80%)

3.13 – Autonomia e iniciativa (sua distribuição)

A análise do quadro 8 permite verificar o grau de autonomia e iniciativa dos

formadores em relação ao exercício da sua actividade de trabalho, em todos os itens

analisados, o sim no trabalho actual ou passado é o mais representado. Verificam-se, no

entanto, diferenças significativas na distribuição dos grupos etários pela variável “alterar

ordem de realização das tarefas”(X2(4)=9.31; p=.05), os formadores que se incluem no grupo

etário 30-44 anos são os que mais referem terem a possibilidade de alterar a ordem de

realização das tarefas no seu trabalho, mas são os que têm idade ≥ 45 anos que mais o

32

afirmam em relação ao passado. Também existem diferenças significativas na distribuição das

faixas etárias pela variável “influenciar o ritmo ou velocidade de trabalho”(X2(4)=9.32;

p=.05), são os formadores pertencentes ao grupo etário dos 30-44 anos que mais afirmam ter a

possibilidade de influenciar o ritmo ou velocidade de trabalho, mas são os mais velhos que

mais o relatam em relação ao passado.

Quadro 8: Autonomia e iniciativa dos formadores em relação à sua actividade de trabalho, no presente,

apenas no passado e nunca

Autonomia e iniciativa Sim, no trabalho actual

Apenas no trabalho passado Nunca Total

(100%) Alterar ordem de realização das tarefas 55 (82.1%) 4 (6.0%) 8 (11.9%) 67

Liberdade de decidir como realizar o trabalho 58 (85.3%) 3 (4.4%) 7 (10.3%) 68

Influenciar o ritmo ou velocidade de trabalho 58 (85.3%) 4 (5.9%) 6 (8.8%) 68

Tomar decisões por mim mesmo 61 (88.4%) 2 (2.9%) 6 (8.7%) 69

Escolher os momentos de pausa 46 (69.7%) 2 (3.0%) 18 (27.3%) 66

3.14 – Relações de trabalho (sua distribuição)

A análise do quadro 9 permite constatar que os formadores consideram que nas suas

relações de trabalho têm ou tinham muito em conta a sua opinião pessoal, e o facto de se

poderem exprimir à vontade. Consideram ainda ser ou ter sido muito frequente a necessidade

de inter-ajuda entre os colegas. No entanto afirmam que no seu trabalho estão ou estiveram

muito expostos ao risco de agressão verbal, e moderadamente expostos ao risco de agressão

física e de intimidação.

Existem diferenças significativas na distribuição dos grupos etários pelos 3 itens em

relação à variável “necessidade de inter-ajuda entre colegas” (X2(4)=15.92; p<.05), são os

formadores da faixa etária dos 30-44 anos que mais referem ser frequente a necessidade de

inter-ajuda entre colegas (trabalho de grupo), no entanto são os mais velhos que mais o

referem em relação ao passado. Também se verificam diferenças significativas na distribuição

dos grupos etários pelos 3 itens da variável “consideração da opinião pessoal” (X2(4)=14.28;

p<.05), são os formadores com idade compreendida entre os 30-44 anos os que mais afirmam

que é tida em consideração a sua opinião para o funcionamento do seu serviço, no entanto são

ao mais velhos que mais o referem em relação ao trabalho passado.

33

Quadro 9: As relações de trabalho dos formadores no presente, só no passado e nunca

Relações de trabalho Sim, no trabalho actual

Apenas no trabalho passado Nunca Total

(100%) Necessidade de inter-ajuda entre colegas 53 (79.1%) 7 (10.4%) 7 (10.4%) 67

Consideração da opinião pessoal 58 (89.2%) 4 (6.2%) 3 (4.6%) 65

Possível exprimir-se à vontade 58 (85.3%) 4 (5.7%) 6 (8.8%) 68

Exposição ao risco de agressão verbal 30 (42.9%) 5 (7.1%) 31 (47%) 66

Exposição ao risco de agressão física 25 (39.7%) 2 (3.2%) 36 (57.1%) 63

Exposição ao risco de intimidação 21 (33.3%) 4 (6.3%) 38 (60.3%) 63

3.15 – Contacto com o público (sua distribuição)

Em relação a este item verifica-se que: 74.2% (49) dos formadores afirmam existir ou

ter existido no seu trabalho contacto directo com o público em geral, apenas 25.8% (17) refere

nunca ter estado. Na distribuição da variável pelos grupos etários, verificam-se diferenças

significativas (X2(4)=9.28; p=.05), é a faixa etária dos 30-44 anos que mais refere estar

exposto ao contacto directo com o público, no entanto é o grupo etário de ≥ 45 anos que mais

refere nunca ter estado.

Dos formadores que afirmam sim no presente ou apenas no passado, verifica-se que:

56.6% (30) têm ou tinham que suportar as exigências do público, existem, no entanto,

diferenças significativas na distribuição pelos grupos etários (X2(4)=13.43; p<.05), é o grupo

etário dos 30-44 anos que mais afirma ter que suportar as exigências do público, mas é o

grupo etário ≥ 45 anos que mais afirma nunca estar sujeito a esse constrangimento.

Em relação ao facto de terem que se confrontar com situações de tensão nas relações

com o público 66.7% (36) afirmam estar ou ter estado sujeitos a esse constrangimento,

verificam-se, no entanto, diferenças significativas na distribuição por grupos etários

(X2(4)=9.93; p<.05), é o grupo de formadores dos 30-44 anos que mais o refere, mas é o

grupo ≥ 45 anos que mais afirma não estar exposto a esse constrangimento; 57.4% (31) estão

ou estiveram expostos ao risco de agressão verbal do público, existem, porém, diferenças

significativas na distribuição por sexo (X2(2)=9.59; p<.05), são as mulheres que mais referem

estarem ou terem estado expostas a agressão verbal do público, no entanto são os homens que

mais afirmam nunca estar. No que concerne à exposição ao risco de agressão física do público

verifica-se que 42.6% (23) de formadores estão ou estiveram expostos a este constrangimento.

34

3.16 – Características do trabalho (sua distribuição)

A análise do quadro 10 permite verificar que os formadores consideram que no seu

trabalho se aprende coisas novas, é um trabalho que consideram criativo, e que é reconhecido

pelas chefias e pelos colegas. Salientam, ainda, o facto de ser um trabalho muito variado com

o qual estão muito satisfeitos, que é realizável aos 60 anos e que mais de metade gostariam

que os seus filhos o efectuassem. No entanto afirmam que na sua actividade de trabalho têm

momentos de hiper-solicitação, e consideram-na, na sua maioria, complexa. Há ainda uma

quantidade aceitável de formadores que se sentem explorados.

Verificam-se diferenças significativas na forma como os grupos etários se distribuem

pelas 3 situações da variável “trabalho variado” (X2(4)=12.70; p<.05), são os formadores do

grupo etário 30-44 anos que mais refere que o seu trabalho é variado, no entanto é o grupo de

≥ 45 anos que mais o afirma em relação ao passado, mas também os que mais referem nunca

o ser. Verificam-se diferenças significativas na distribuição dos grupos etários pelas 3

situações da variável “trabalho muito complexo” (X2(4)=13.91; p<.05), são os formadores

com idade compreendida entre os 30-44 anos que mais referem que o seu trabalho é muito

complexo, no entanto são os mais velhos que mais afirmam nunca o ser, no entanto são

também estes que mais afirmam que o seu trabalho era muito complexo no passado.

Há diferenças nas distribuições do sexo pelas 3 situações da variável “trabalho com

momentos de hiper-solicitação” (X2(2)=9.48; p<.05), são as mulheres que mais referem que o

seu trabalho tem momentos de hiper-solicitação, no entanto são os homens que mais o

afirmam em relação ao passado, mas também os que mais afirmam nunca os ter. Existem

também diferenças na distribuição dos grupos etários pela variável (X2(4)=18.75; p<.05), é o

grupo etário dos 30-44 anos que mais refere que o seu trabalho tem momentos de hiper-

solicitação, mas são os mais velhos que o referem em relação ao passado. Verificam-se, ainda,

diferenças na distribuição do sexo pelas 3 situações da variável “trabalho reconhecido pelas

chefias ” (X2(2)=6.65; p<.05), são os homens que mais afirmam que o seu trabalho é ou era

reconhecido pelas chefias, no entanto são as mulheres que mais afirmam não o ser. Há

também diferenças na distribuição por grupos etários (X2(4)=9.35; p=.05), é o grupo etário 30-

44 anos que mais o refere, no entanto são os mais velhos que o referem em relação ao

passado.

Existem diferenças significativas na distribuição dos grupos etários pelas situações da

variável “trabalho realizável aos 60 anos” (X2(4)=10.64; p<.05), é o grupo dos 30-44 anos que

mais o refere, os mais velhos são os que mais o afirmam em relação à sua actividade de

35

trabalho no passado. Verificam-se, também, diferenças significativas na distribuição dos

grupos etários pelas 3 situações da variável “trabalho que gostariam que os filhos

realizassem” (X2(4)=10.30; p<.05), é o grupo etário dos 30-44 anos que mais o refere, mas os

mais velhos são os que mais o expõem em relação ao trabalho passado. Refira-se o facto de

haver uma discrepância entre aqueles que consideram que o seu trabalho, enquanto formador,

é realizável aos 60 anos e os que consideram que gostariam que os seus filhos o praticassem

(53 e 38, respectivamente).

Quadro 10: As características do trabalho dos formadores no presente, só no passado e nunca

Características do trabalho Sim, no trabalho actual

Apenas no trabalho passado Nunca Total

(100%) Trabalho onde se aprende coisas novas 63 (96.9%) 2 (3.1%) 0 65

Trabalho variado 54 (83.1%) 6 (9.2%) 5 (7.7%) 65

Trabalho criativo 58 (90.6%) 2 (3.1%) 4 (6.3%) 64

Trabalho muito complexo 41 (63.1%) 4 (6.2%) 20 (30.8%) 65

Trabalho com momentos de hiper-solicitação 43 (69.4%) 6 (9.7%) 13 (21%) 62

Trabalho reconhecido pelos colegas 55 (85.9%) 5 (7.8%) 4 (6.3%) 64

Trabalho reconhecido pelas chefias 55 (88.7%) 5 (7.1%) 2 (3.2%) 62

Trabalho realizável aos 60 anos 49 (75.4%) 4 (6.2%) 12 (18.5%) 65

Trabalho em que se sentem explorados 17 (26.6%) 6 (9.4%) 41 (64.1%) 64

Trabalho que gostariam que os filhos realizassem 35 (58.3%) 3 (5%) 22 (36.7%) 60

Trabalho com o qual estão satisfeitos 56 (84.8%) 8 (12.1%) 2 (3%) 66

3.17 – Condições de vida fora do trabalho

Questionaram-se os formadores sobre a problemática da conciliação da vida de

trabalho com a vida fora dele, assim como o tempo despendido, por dia, em tarefas

domésticas e/ ou de apoio familiar e verifica-se que: existem diferenças significativas de

médias entre o género, em relação à característica da conciliação da vida de trabalho com a

vida fora dele. Embora ambos os sexos refiram conseguir conciliar a vida de trabalho com a

vida fora dele, são as mulheres que menos o conseguem t(67)=-2.05, p<.05; homens, M=2.63,

DP=1.33, mulheres, M=3.31, DP=1.42). Se tivermos em conta a mesma característica e a

variável “idade”, verifica-se uma correlação significativa (r=-.36; p<.05), o que nos dá

indicadores de que quanto maior é a idade menos os formadores conseguem conciliar a vida

36

de trabalho com a vida fora dele, mas se dividirmos por género isso só se verifica nos homens,

i.e., as mulheres com o avançar da idade não o consideram.

O tempo despendido em média, por dia, pelos formadores em tarefas domésticas e/ ou

apoio familiar é de 139.22 minutos, (131.13 pelos homens e 150.13 pelas mulheres).

3.18 – O que consideram os formadores ser mais penoso na seu trabalho Este item pretende reflectir sobre o vivido subjectivo dos formadores face às

condições a que se encontram expostos. No sentido de interpretar os constrangimentos que daí

derivam, e perceber a análise de diferenças significativas nas variáveis “sexo” e “grupos

etários” e nas variáveis em estudo relacionadas, foram realizadas análises de variância “One-

way” ANOVA, seguidas de comparações “post-hoc” com o teste de LSD e “t-tests” para

amostras independentes. Os formadores responderam aos itens numa escala de 7 pontos (1 =

muito incómodo, 2 = bastante incómodo, 3 = incómodo significativo, 4 = nem muito nem

pouco incómodo, 5 = algum incómodo, 6 = pouco incómodo, 7 = nenhum incómodo). Só se

fará referência às variáveis com efeitos significativos. Calculou-se também o Alpha de

Cronbach de todos os itens para medir a sua consistência interna.

3.19 – Ambiente e constrangimentos físicos no trabalho (comparações)

(α Cronbach =.98)

Analisaram-se as respostas dos sujeitos e verificou-se que existem diferenças

significativas entre os grupos etários na resposta à variável “causa-me incómodo trabalhar

com ruído”, interpretando os resultados, verifica-se que são as pessoas que têm 45 anos ou

mais, as que se sentem menos incomodadas a trabalhar com ruído, não existindo diferenças no

incómodo sentido a trabalhar com ruído, nas pessoas dos outros 2 grupos etários

(F(2,47)=4.3, p<.05; M=1.75, DP=.71, M=2.46, DP=1.74, M=3.8, DP=2.36, respectivamente

para <30 anos, 30-44 anos e ≥ 45 anos).

Fez-se o mesmo grupo de análises para a variável género e verificou-se não existirem

diferenças significativas.

37

3.20 – Constrangimentos organizacionais e relacionais (comparações)

(α Cronbach =.92)

Existem diferenças significativas entre os grupos etários na resposta à variável “causa-

me incómodo ter que depender do trabalho de colegas”, são os formadores mais velhos os que

sentem menos incómodo por estarem dependentes do trabalho de colegas, porém só existem

diferenças significativas, em relação à variável em estudo, entre o grupo de formadores com

30-44 anos e os restantes grupos etários (F(2,34)=6.83, p<.05; M=4.67, DP=1.94, M=2.69,

DP=1.58, M=5.17, DP=2.17, respectivamente para <30 anos, 30-44 anos e ≥ 45 anos).

Também se verificam diferenças significativas entre as os grupos etários em relação à

variável “causa-me incómodo ter que suprimir ou encurtar uma refeição, ou nem realizar uma

pausa do trabalho”, são os sujeitos mais velhos os que se sentem menos incomodados com

este constrangimento, existem, no entanto diferenças significativas nas combinações entre

todos os grupo etários (F(2.47)=7.09, p<.05; M=2.00, DP=1.27, M=3.50; DP=1.84, M=4.87,

DP=2.39, respectivamente para <30 anos, 30-44 anos e ≥ 45 anos).

Fez-se o mesmo grupo de análises para a variável género e verificou-se não existirem

diferenças significativas.

3.21 – Relações de trabalho (comparações)

(α Cronbach =.97)

Verificam-se diferenças significativas entre os grupos etários na resposta à variável

“causa-me incómodo estar exposto ao risco de intimidação”, a análise dos resultados permite

verificar que são os formadores com idade ≥ 45 anos os que se sentem menos incomodados

com o facto de estarem expostos ao risco de intimidação, só existem, porém, diferenças

significativas entre o grupo etário dos formadores mais velhos e os mais novos, não existindo,

no entanto, em nenhuma combinação com o grupo etário dos 30-44 anos (F(2,36)=3.47,

p<.05; M=1.50, DP=.76, M=2.29, DP=1.86, M=3.79, DP=2.78, respectivamente para <30

anos, 30-44 anos e ≥ 45 anos).

Também existem diferenças significativas entre os grupos etários na resposta à

variável “causa-me incómodo estar exposto ao risco de discriminação sexual”, são novamente

os formadores mais velhos os que se sentem menos incomodados com o facto de estarem

expostos, no seu trabalho, ao risco de discriminação sexual, não existindo diferenças em

38

relação a este constrangimento, nos formadores dos outros 2 grupos etários F(2,32)=3.70,

p<.05; M=1.33, DP=.52, M=2.25, DP=2.11, M=4.15, DP=3.05, respectivamente para <30

anos, 30-44 anos e ≥ 45 anos).

Verificam-se ainda diferenças significativas entre os grupos etários na resposta à

variável “causa-me incómodo estar exposto ao risco de discriminação relacionada com a

idade”, são os sujeitos mais velhos os que se sentem menos incomodados em estarem

expostos a este constrangimento, não existindo diferenças no incómodo sentido a trabalhar ao

estar exposto ao risco de discriminação quanto à idade, nos formadores dos outros 2 grupos

etários F(2,31)=3.54, p<.05; M=1.20, DP=.45, M=2.12, DP=1.73, M=3.92, DP=3.06,

respectivamente para <30 anos, 30-44 anos e ≥ 45 anos).

Fez-se o mesmo grupo de análises para a variável género e não se verificaram

diferenças significativas.

3.22 – Contacto com o público (comparações)

(α Cronbach =.76)

A análise das respostas dos sujeitos, permitiu verificar que existem diferenças

significativas entre os grupos etários na resposta à variável “causa-me incómodo ter que

suportar as exigências do público”, são os formadores com idade ≥ 45 anos os que se sentem

menos incomodados com o facto, de no seu trabalho, causar incómodo ter que suportar as

exigências do público, existem diferenças significativas entre o grupo 30-44 anos e os outros

2 grupos etários, o mesmo não se verifica entre o grupo etário <30 anos e ≥ 45 anos

(F(2,43(=5.74, p<.05; M=5.00, DP=1.95, M=3.57, DP=1.43, M=5.36, DP=1.69,

respectivamente para <30 anos, 30-44 anos e ≥ 45 anos).

Também existem diferenças significativas entre os grupos etários na resposta à

variável “confrontar-me com situações de tensão nas relações com o público”, são novamente

os mais velhos que se sentem menos incomodados com o facto de se terem que confrontar

com o referido constrangimento, não existem porém diferenças entre os formadores dos

outros 2 grupos etários (F(2,48)=4.68, p<.05); M=3.85, DP=1.73, M=3.83, DP=1.40, M=5.33,

DP=1.76, respectivamente para <30 anos, 30-44 anos e ≥ 45 anos).

Verificam-se ainda diferenças significativas entre os grupos etários na resposta à

variável “ter que dar resposta às dificuldades ou sofrimento de outras pessoas”, os formadores

com ≥ 45 anos são os que se sentem menos incomodados se no trabalho tiverem que dar

39

resposta às dificuldades ou sofrimento de outras pessoas, existindo somente diferenças entre o

grupo dos formadores mais velhos e os que tem idade entre 30-44 anos (F(2,44)=3.57, p<.05;

M=4.45, DP=1.81, M=3.55, DP=1.68, M=5.21, DP=2.12, respectivamente para <30 anos, 30-

44 anos e ≥ 45 anos).

Fez-se o mesmo grupo de análises para a variável género e não se verificaram

diferenças significativas.

3.23 – Características do trabalho (comparações

(α Cronbach =.86)

Verificam-se diferenças significativas entre o género na resposta à variável “causa-me

incómodo ter um trabalho que exige longos períodos de concentração intensa”, as mulheres

sentem-se menos incomodadas que os homens quando o trabalho exige longos períodos de

concentração intensa (t(48)=-2.28, p<.05; homens: M=4.64, DP=1.73, mulheres: M=5.76,

DP=1.74).

Fez-se o mesmo grupo de análises para a variável “grupos etários” e verificou-se não

existirem diferenças significativas.

3.24 – Formação e Trabalho

Neste item analisam-se as questões que permitem fazer uma caracterização do tipo de

formação efectuada pelos formadores, e em que medida esta se relaciona com a sua actividade

de trabalho, da análise estatística verifica-se que: 48 formadores (29 homens e 19 mulheres)

afirmam ter tido formação nos últimos 12 meses, e 19 afirmam não ter tido (9 e 10,

respectivamente); na distribuição por grupos etários, tendo em conta o facto de terem tido

formação no último ano, verifica-se que 9 têm <30 anos; 27 entre 30-44 anos e 12 ≥ 45 anos.

Existem diferenças significativas na distribuição dos grupos etários (X2(2)=6.91; p<.05), são

os formadores com idade compreendida entre 30-44 anos que mais afirmam ter frequentado

formação e os mais velhos os que menos frequentaram, o que nos dá indicadores de que os

formadores com o avançar da idade realizam menos formação.

Os formadores realizaram em média 2.73 formações por ano, a participação nas acções

de formação devem-se aos seguintes motivos: 32 afirmam ter realizado a formação por

iniciativa própria, 10 porque foi determinado pela empresa, 5 referem ambas as situações.

40

Segundo estes profissionais a formação estava relacionada com: a actual situação de trabalho

(18), um futuro trabalho (2), interesses gerais (5), mais do que uma das alternativas anteriores

(23).

A análise do quadro 11 permite verificar que são os formadores com 5-9 anos de

experiência, aqueles que mais frequentaram formação. Se tivermos em conta o mesmo tempo

de experiência, por agrupamento, verifica-se um decréscimo gradual das acções de formação,

em função do tempo de trabalho, enquanto formadores, a tendência é, portanto, que com a

experiência os formadores participam menos em acções formativas.

Quadro 11: Distribuição da formação em função dos anos de experiência enquanto formador

Experiência como formador em anos Formação nos últimos 12 meses < 1 ano [1-2[ [2-5[ [5-10[ [10-20[ ≥ 20

Total

Sim 2 7 7 14 11 7 48

Não 1 1 2 13 8 4 19

Total 3 8 9 17 9 11 67

3.25 – Saúde no Trabalho Nesta fase, analisam-se as questões relativas à saúde e trabalho, em 3 domínios

particulares: a identificação dos acidentes de trabalho e doenças profissionais, que o formador

possa ter sofrido ou as situações que deflagraram numa doença profissional; informações

sobre riscos profissionais, protecção e prevenção contra os mesmos; e por último as questões

de saúde relacionadas com problemas físicos e psicossociais.

3.26 – Acidentes de trabalho e doenças profissionais

Ao analisarmos a variável “tive já um acidente de trabalho” verificamos que apenas 7

formadores tiveram um acidente de trabalho (6 homens e 1 mulher), sendo os mais velhos que

mais o referem, no entanto ninguém afirma ter ficado com uma incapacidade reconhecida. Em

relação ao facto de terem ou terem tido uma doença profissional, apenas 1 homem o refere (≥

45 anos) e identifica a doença como sendo gastrite, mas não ficou com nenhuma incapacidade

reconhecida. No que concerne à abstenção ao trabalho, só 9 formadores (4 homens e 5

mulheres) é que afirmam ter tido necessidade de faltar ao trabalho mais que 3 dias, nos

41

últimos 12 meses, sendo o grupo etário 30-44 anos os que mais tiveram necessidade de o

fazer, os motivos evocados foram: 1 por acidente de trabalho, 2 por problemas relacionados

com filhos ou família, e 6 por outros problemas de saúde. Facto curioso é que são os

formadores que estão numa situação laboral a recibo verde ou factura, os que faltaram menos

(6 dos que faltaram têm contrato efectivo ou contrato sem termo, e 3 estão a recibo verde ou

factura).

3.27 – Informação sobre riscos profissionais

As mulheres consideram ter menos informação sobre os riscos resultantes do seu

trabalho que os homens (M=3.48, DP=1.55, M=2.85, DP=1.83, respectivamente), não existem

porém diferenças significativas entre eles (t(65)=-1.47, ns), nem diferenças significativas

entre grupos etários (F(2,64)=1.11, ns). A média de resposta dos 56 formadores, que

responderam, em relação ao facto de considerarem que no seu trabalho, existe preocupação

em minimizar os seus riscos é (M=3.27; 26.8% situa-se entre o muita informação e alguma),

i.e., no geral consideram haver alguma informação, no entanto 16.1% estão situados entre o

nem muita nem pouca informação e nenhuma.

3.28 – Saúde e trabalho

Analisando a variável “considero que a minha saúde e segurança estão ou foram

afectados devido ao trabalho que realizo”, verifica-se que (M=5.08), ou seja, os formadores

no geral consideram que a sua saúde e segurança foram pouco afectadas pelo seu trabalho,

não existindo diferenças significativas nem quanto ao género (t(60)=-1.33, ns), nem quanto

aos grupos etários (F(2,59)=.02, ns).

3.29 – Problemas de saúde

O quadro 12 permite analisar os problemas de saúde físicos e psicossociais mais

mencionados pelos formadores, assim como se os ditos problemas foram causados ou

agravados pelo trabalho, cria-se assim, uma associação que o trabalhador estabelece, ou não,

entre os seus reais problemas de saúde e as características e condições da sua actividade de

trabalho actual ou passada.

42

Existem diferenças significativas na distribuição das faixas etárias pelos 2 níveis da

variável “problemas de visão” (X2(2)=7.64, p<.05), é o grupo etário dos < 30 anos quem mais

refere ter ou ter tido este problema de saúde, 29.4% dos formadores menciona que os seus

problemas de visão foram causados pelo seu trabalho ou agravado/ acelerado pelo mesmo.

Verificam-se, também, diferenças significativas na distribuição do género pelos 2

níveis da variável “problemas nervosos”, (X2(1)=4.24, p<.05), são as mulheres as que mais

referem ter ou ter tido este problema de saúde. Saliente-se, o facto, de que 90% dos

formadores que afirmam ter problemas nervosos os atribuir ao seu trabalho ou então os terem

agravado/ acelerado por culpa do mesmo. Ao analisarmos a distribuição da idade pela

variável “problemas nervosos”, verifica-se uma correlação significativa (r=.34; p<.05), o que

sugere que com o avançar da idade este problema de saúde ganha mais visibilidade.

Existem, ainda, diferenças significativas na distribuição dos grupos etários pelos 2

níveis da variável “dores de cabeça”, (X2(2)=19.28, p<.001), são os formadores mais novos

que mais afirmam ter este problema, porém são os que têm entre 30-44 anos os que mais

dizem não o ter tido; 66.7% dos formadores que afirmam ter ou ter tido dores de cabeça,

referem que o seu problema foi causado pelo seu trabalho ou agravado/ acelerado por ele. No

entanto, se tivermos em conta a distribuição da variável “idade” pela variável “dores de

cabeça” existe uma correlação significativa (r=.40; p<.05), o que nos permite afirmar que

com o avançar da idade os problemas de saúde relacionados com as dores de cabeça,

avolumam-se.

Verificam-se, também diferenças significativas na distribuição do género pelos 2

níveis da variável “stress” (X2(1)=6.33, p<.05), concretamente são as mulheres que mais

afirmam ter ou ter tido este problema de saúde, no entanto, ao efectuarmos a divisão por

grupos etários, verificamos que é no grupo dos 30-44 anos que o stress é mais mencionado

pelas mulheres, existindo mesmo diferenças significativas (X2(1)=7.74, p<.05). Realce-se, o

facto, de que todos os formadores que mencionam este problema de saúde o atribuírem ao seu

trabalho ou então ter sido agravado/ acelerado pelo mesmo. Se considerarmos o estado civil

dos formadores, e tivermos em conta os que afirmam sofrer de stress, verificamos que são os

casados aqueles que mais mencionam sofrer de stress como consequência do seu trabalho.

No cruzamento da variável “fadiga geral – relação com o trabalho” com a variável

“grupos etários” verificam-se diferenças significativas na distribuição pelos 3 níveis da

primeira variável (X2(4)=10.92, p<.05), são os formadores do grupo etário 30-44 anos que

mais referem que a fadiga geral foi causado pelo seu trabalho, no entanto são os mais novos

que mais afirmam que a doença foi agravada/ acelerada pelo mesmo. A distribuição mostra

43

que dos formadores que afirmam ter este problema de saúde, 94.4% consideram ter sido

provocado pelo seu trabalho ou então agravado/ acelerado pelo mesmo.

A análise estatística também mostra existirem diferenças significativas entre o género

e os 2 níveis da variável “ansiedade” (X2(1)=4.46, p<.05), são as mulheres que mais atribuem

este problema de saúde ao seu trabalho, no entanto são os homens que mais afirmam que a

ansiedade foi agravada/ acelerada pelo mesmo. Também existem diferenças significativas na

distribuição pelos grupos etários (X2(2)=5.82, p=.05), é o grupo etário dos 30-44 anos que

mais afirma que a ansiedade foi causada pelo seu trabalho, mas são os mais velhos que mais

dizem que a ansiedade foi agravada/ acelerada por ele. Se tivermos em conta o motivo pelo

qual surgiu este problema de saúde, verificamos existirem diferenças significativas entre o

género e os 3 níveis da variável “ansiedade – relação com o trabalho” (X2(2)=5.87, p=.05),

são as mulheres que mais afirmam que a ansiedade foi agravada/ acelerada pelo trabalho, no

entanto são os homens que menos lhe atribuem a culpa. De todos os formadores que afirmam

ter problemas de ansiedade, 87.5% referem que a mesma foi causada pelo seu trabalho ou

então agravada/ acelerada pelo mesmo. Analisando, ainda, a distribuição da idade pela

variável “ansiedade”, obtém-se uma correlação significativa (r=.38; p<.05) o que sugere que

com o avançar da idade dos formadores, este problema de saúde é mais acentuado.

Por último, refira-se que existem ainda diferenças significativas entre os grupos etários

e os 2 níveis da variável “irritabilidade” (X2(2)=7.19, p<.05), são os formadores com idade

entre 30-44 anos os que mais mencionam que a irritabilidade foi causada pelo seu trabalho,

mas são os mais velhos que mais dizem que este problema de saúde foi agravado/ acelerado

pelo seu trabalho. Refira-se que todos os formadores que afirmam ter problemas de

irritabilidade referem que este problema de saúde foi causado pelo seu trabalho, ou então

agravado/ acelerado por ele. Se tivermos em conta a distribuição da variável “idade” pela

variável “irritabilidade” verifica-se que existe uma correlação significativa (r=.35; p<.05), o

que nos dá indicadores de que quanto maior a idade mais este problema de saúde se agrava

nos formadores.

Estes resultados dão-nos alguns indicadores de que os problemas de saúde mais

associados aos formadores, no exercício da sua actividade de trabalho, se prendem com o

stress, a irritabilidade, a fadiga geral, a ansiedade, dores de costas, dores de cabeça e

problemas de sono, respectivamente. Também merece reflexão o facto de todos estes

problemas de saúde serem associados pelos formadores como causados pelo trabalho, ou

como agravados/ acelerados por ele.

44

Quadro 12: Distribuição dos problemas de saúde dos formadores, e qual a sua relação com o trabalho

Se sim

Problemas de saúde Sim Não Foi causado pelo meu trabalho

Foi agravado ou acelerado pelo meu

trabalho

Não tem nenhuma relação com o meu

trabalho Problemas de visão 17

(36.2%) 30

(63.8%) 2

(11.8%) 3

(17.6%) 12

(70.6%) Problemas de voz

10 (23.8%)

32 (76.2%)

7 (70.0%)

2 (20.0%)

1 (10.0%)

Problemas digestivos 9 (20.0%)

36 (80.0%)

4 (44.4%) 0 5

(55.6%) Problemas nervosos 10

(23.3%) 33

(76.7%) 2

(20%) 7

(70%) 1

(10%) Problemas de sono 12

(27.9%) 31

(72.1%) 3

(25.0%) 7

(58.3%) 2

(16.7%) Dores de costas 17

(36.2%) 30

(63.8%) 6

(35.3%) 5

(29.4%) 6

(35.3%) Dores de cabeça 15

(32.6%) 31

(67.4%) 1

(6.7%) 9

(60.0%) 5

(33.3%) Stress 30

(62.5%) 18

(37.5%) 14

(46.7%) 16

(53.3%) 0

Alterações bruscas do humor

8 (19.5%)

33 (80.5%)

4 (50%)

3 (37.5%)

1 (12.5%)

Fadiga geral 18 (39.1%)

28 (60.9%)

11 (61.1%)

6 (33.3%)

1 (5.6%)

Ansiedade 16 (37.2%)

27 (62.8%)

6 (37.5%)

8 (50.0%)

2 (12.5%)

Irritabilidade 18 (41.9%)

25 (58.1%)

7 (38.9%)

11 (61.1%) 0

3.30 – Situação laboral e a relação com problemas de saúde dos formadores

Se juntarmos os 2 níveis (contrato a prazo ou contrato a termo, e a recibo verde ou

factura) da variável “situação laboral”, pelo facto de considerarmos que as 2 situações de

emprego são precárias e criam, por isso, alguma instabilidade emocional, obtemos diferenças

significativas na sua distribuição pelos dois níveis da variável “stress” (X2(1)=5.04, p<.05),

são os formadores que estão a recibo verde ou factura, ou então a contrato a prazo/ termo, os

que mais referem sofrerem de stress, mas são os que têm contrato efectivo ou sem termo, os

que mais dizem sofrerem menos de stress na sua actividade de trabalho. Também se verificam

diferenças significativas na distribuição pela variável “dores de cabeça” (X2(1)=8.01, p<.05),

de igual modo, são os formadores com emprego precário, aqueles que mais têm este problema

de saúde, e os que têm mais estabilidade laboral, os que têm menos. Verificam-se, ainda,

diferenças significativas na distribuição da variável “mudanças bruscas de humor ou

alterações de comportamento” (X2(1)=6.77, p<.05), são ainda os formadores numa situação de

trabalho a recibo verde ou factura, ou então com contrato a prazo/ termo, os que mais sofrem

com este factor psicológico, e são os formadores com contrato efectivo sem termo os que

menos sofrem. Esta análise leva-nos a afirmar que o facto dos formadores não estarem

45

seguros no seu emprego, pode ser potenciador de alguns problemas de saúde, como o stress,

dores de cabeça e mudanças bruscas de humor ou alteração de comportamento, aliás como já

foi referido na revisão na literatura a propósito dos docentes.

3.31 – Problemas de saúde dos formadores e em que medida são ou foram afectados pelo seu

trabalho

Se tivermos, ainda, em conta a variável “considero que a minha saúde e segurança

estão ou foram afectados devido ao trabalho que realizo” e a cruzarmos com a variável

“problemas nervosos”, verificamos que existem diferenças significativas, são os formadores

que afirmam não ter problemas nervosos no seu trabalho que menos consideram que a sua

saúde e segurança estão ou foram afectados devido ao trabalho que realizam; mas são os que

dizem ter problemas nervosos que mais afirmam que a sua saúde foi afectada pelo trabalho

que realizam (t(37)=-2.41, p<.05; M=3.44, DP= 2.13, M=5.13, DP=1.76, respectivamente, os

que afirmam ter problemas nervosos e os que dizem não). Se tivermos em conta a que se

devem os problemas nervosos, encontramos diferenças significativas, i.e., os formadores que

afirmam que os problemas nervosos foram causados pelo trabalho são os que menos

consideram que a sua saúde e segurança foram afectados por ele, o que não deixa de ser

curioso; mas os que consideram que o referido problema de saúde foi agravado/ acelerado

pelo seu trabalho atribuem uma culpa acentuada a esse factor (F(2,6)=17.38, p<.05; M=6.50,

DP=.71, M=2.17, DP=.98, M=5.00, DP=0, respectivamente para os que afirmam ter sido

causado pelo trabalho, ter sido agravado/ acelerado por ele, e não ter nenhuma relação com o

mesmo).

Verificam-se, ainda, diferenças significativas entre os níveis da variável “problemas de

sono” e a variável “considero que a minha saúde e segurança estão ou foram afectados devido

ao trabalho que realizo”, são os formadores que dizem ter problemas de sono, os que mais

consideram que a sua saúde foi afectada pelo seu trabalho (t(36)=-2.22, p<.05; M=3.70,

DP=1.64, M=5.18, DP=1.87, respectivamente os que afirmam ter problema de sono e os que

dizem não).

46

3.32 – Antiguidade como formador e a sua relação com os problemas de saúde dos

formadores

Surgem diferenças significativas na distribuição da variável “há quanto tempo é

formador” pelos 2 níveis da variável “problemas digestivos” (X2(5)=12.27; p<.05), são os

formadores com mais de 20 anos de experiência os que mais referem ter problemas

digestivos. Se tivermos em conta a diferença de género só se verificam diferenças

significativas entre as mulheres (X2(5)=12.94; p<.05), i.e., estas afirmam ter mais problemas

digestivos quando têm < 1 ano como formador ou entre 2-4 anos.

Também existem diferenças significativas na distribuição da variável “há quanto

tempo é formador” pelos 2 níveis da variável “problemas nervosos” (X2(5)=12.36; p<.05), são

os formadores com experiência como formador de 5-9 anos aqueles que mais afirmam ter

problemas nervosos

Verificam-se, ainda, diferenças significativas na distribuição da variável “há quanto

tempo é formador” pelos 3 níveis da variável “problemas de voz – relação com o trabalho”

(X2(6)=12.27; p=.05), são os formadores mais antigos aqueles que mais atribuem as causas

dos seus problemas de voz ao trabalho, ou então que o mesmo foi agravado/ acelerado por

ele.

Se tivermos em conta o género, só existem diferenças significativas na distribuição da

variável “há quanto tempo é formador” pelos 2 níveis da variável “dores de costas”

(X2(4)=17.62; p<.05), só entre as mulheres, ou seja, são as formadoras com tempo de trabalho

entre 2-4 anos as que mais afirmam terem dores de costas.

Ainda nas diferenças de sexo, verificam-se diferenças significativas, só entre as

mulheres, na distribuição da variável “há quanto tempo é formador” pelos 2 níveis da variável

“dores de cabeça” (X2(3)=8.10; p<.05), são as mulheres com tempo de trabalho, como

formadoras, entre 2-4 anos, as que mais consideram terem dores de cabeça.

Capítulo IV – Discussão dos resultados e conclusões

48

Capítulo IV – Discussão dos resultados e conclusões

4.1 – Discussão dos resultados

Um primeiro aspecto a analisar, dos dados obtidos, prende-se com a discrepância

existente na divisão por género, entre os formadores mais velhos, que mostra uma diminuição

acentuada de mulheres. Neste caso particular deve estar relacionado com as componentes

técnicas e práticas relacionadas com as pescas, que é assegurado sobretudo por formadores do

sexo masculino, mas não justifica tudo, por exemplo, são poucas as mulheres mais velhas a

leccionarem as disciplinas teóricas (como português, línguas estrangeiras e matemática),

sendo que não há nenhuma mulher casada com mais de 44 anos, a dar formação. Facto que

não se verifica nos homens (há 13 com mais de 44 anos a leccionarem).

O nosso estudo revela que as mulheres manifestam ter mais stress que os homens,

facto que se aproxima dos estudos realizados por Melo e colaboradores (1997) e Gomes e

colaboradores (2006), que encontraram níveis mais elevados de stress nas professoras do que

nos professores. No entanto estes resultados merecem uma reflexão cuidadosa, pois em

muitos outros estudos não se verifica a existência de mais stress nos homens ou nas mulheres.

O facto de não existirem diferenças significativas entre os grupos etários, confirma a

tendência de vários estudos que não estabelecem relações significativas entre a idade e o

stress. No entanto, os resultados significativos que encontramos, e que mostram que o stress

nas mulheres é mais evidente no grupo etário dos 30-44 anos, contrariam o estudo de Russel e

colaboradores (1987) que demonstra que os professores mais novos experimentam mais stress

que os mais velhos.

No mesmo estudo com os formadores os resultados mostram, ainda, que 62.5% dos

formadores inquiridos consideram ter problemas de saúde relacionados com o stress, 41.9%

evidenciam sintomas de irritabilidade; 39.1% demonstram ter sintomas de fadiga geral, 37.2%

revelam ter problemas de ansiedade, 27.9 % têm problemas de sono e 23.3% apresentam

problemas nervosos, associando estes problemas de saúde ao seu trabalho actual ou que foi

agravado/ acelerado pelo mesmo, podendo-se relacionar estes valores com os que foram

encontrados noutros estudos sobre a saúde dos professores portugueses, que revelam uma

forte incidência do stress e burnout (Gomes et al, 2006, Mota-Cardoso et al, 2002, Pinto et al,

2003). O nosso estudo dá-nos ainda indicadores preocupantes de mais problemas de saúde

física, 36.2% afirma sofrer de dores de costas, 32.6% referem ter dores de cabeça, 23.8%

49

revelam ter problemas de voz e 20% apresentam problemas digestivos, factores que são

também associados ao trabalho dos formadores, o que está de acordo com os estudos

realizados por Gomes e Brito (2006) e Delcor e colaboradores (2004) que demonstram índices

preocupantes de saúde física em professores brasileiros. Em relação aos problemas de saúde

dos formadores é interessante verificar que alguns dos problemas referidos (problemas de

visão, problemas digestivos, dores de cabeça, fadiga geral, ansiedade, depressão e problemas

de voz), estão referenciados no estudo de Travers e Cooper (1996, citados por Mota-Cardoso

et al, 2002) e que também são referidos pela investigação em geral, como estando associados

ao stress.

Merece também destaque o excesso de horas de leccionação apresentado pelos

formadores – em muitos casos, superiores às dos professores, o que poderá ser revelador,

segundo alguns estudos, de corresponder a uma maior experiência de stress, nomeadamente

em termos de estatuto e insegurança profissional e de indisciplina dos alunos (Mota-Cardoso

et al, 2002). Relativamente à comparação dos níveis de stress em função dos anos de

experiência, enquanto formadores, o principal dado a reter é que são os formadores com

experiência entre 5-19 anos os que apresentam níveis de stress mais elevados, percepcionando

assim, mais dificuldades que os colegas até 4 anos de trabalho. Destacamos, também, o facto

de os formadores casados manifestarem mais stress que os restantes estados civis, uma das

causas poderá ter a ver com o facto de estes serem os que mais têm uma dupla actividade (i.e.,

leccionam em mais que uma instituição), o que os obriga a mais pressões de tempo, estes

resultados não estão de acordo com os resultados do estudo de DeFrank e Stroup (1989), que

referem ser os professores solteiros os mais stressados com a sua actividade de trabalho.

A existência de correlações significativas permitiu verificar que com o avançar da

idade, os formadores trabalham menos horas por semana e menos conseguem conciliar a vida

de trabalho com a vida fora dele, embora em relação a este último factor isso só se verifique

nos homens. As correlações evidenciam ainda que, quanto mais velhos são os formadores,

mais manifestam problemas de saúde relacionados com as dores de cabeça, ansiedade e

irritabilidade.

50

4.2 – Variações nos problemas de saúde e diferenças significativas de género

As diferenças significativas encontradas entre os géneros permitem constatar que as

mulheres, enquanto formadoras, são mais afectadas, relativamente a problemas de saúde

relacionados com problemas nervosos, stress e ansiedade. O facto de terem problemas

nervosos está associado, na sua quase totalidade, ao seu trabalho ou então, foram agravados/

acelerados por ele. Relativamente ao stress e ansiedade, todas as mulheres atribuem as causas

ao seu trabalho ou que foi agravado/ acelerado pelo mesmo. Ao estabelecerem esta

associação, as mulheres estão a dar-nos fortes indicadores, que a actividade de trabalho,

enquanto formadoras, é geradora de problemas nervosos, stress e ansiedade, constituindo-se

como factores mais desfavoráveis para as mulheres em relação aos homens. Esta situação

pode, com toda a certeza, estar relacionada com a formação, mas talvez a ultrapasse: no

questionamento aos formadores sobre se conseguem conciliar a vida de trabalho fora dele, são

as mulheres que têm mais problemas em o conseguir, o que poderá estar associado ao facto de

as mesmas terem que gastar mais tempo em tarefas domésticas. Em relação ao trabalho

presente, as mulheres são as que estão mais expostas a momentos de hiper-solicitação, mas

são os homens que mais o sentem em relação ao passado; são ainda as mulheres que são mais

afectadas pelo facto do seu trabalho ser menos reconhecido pelas chefias.

Em relação aos constrangimentos físicos do trabalho são os homens que são mais

afectados, por estarem mais expostos ao ruído e ao calor e frio intenso, o que pode ser

explicado pelo facto de serem eles que estão associados às componentes práticas da formação,

e por isso mais expostos aos referidos constrangimentos, quer actualmente, quer no passado,

quando ainda exerciam uma actividade enquanto marítimos, como era o caso de alguns deles.

Os factores relativos ao ritmo de trabalho dão indicadores que os homens estão mais expostos

ao constrangimento de terem que fazer e resolver várias coisas ao mesmo tempo, no entanto

são as mulheres que sofrem mais pelo facto de terem que encurtar uma refeição. No contacto

com o público são, ainda, as mulheres que estão mais expostas às agressões verbais, o que

lhes provoca constrangimentos de natureza relacional. Quanto às características do trabalho,

os homens sentem-se mais incomodados que as mulheres em relação ao facto do seu trabalho

exigir períodos de concentração intensa.

51

4.3 – Variações nos problemas de saúde e diferenças significativas entre grupos etários

As diferenças significativas entre grupos etários, mostram que os formadores mais

novos, na sua actividade de trabalho, relativamente a problemas de saúde, revelam ser os que

têm mais problemas de visão, o que associaram ao facto de serem eles quem mais utilizam o

computador. Afirmam, ainda, ser os que mais têm um problema de saúde associado às dores

de cabeça, no entanto, são os formadores com 30-44 anos os que apresentam mais problemas

de ansiedade e irritabilidade. Importa salientar que com o avançar da idade aumentam os

problemas de saúde relacionados com problemas nervosos, dores de cabeça, ansiedade e

irritabilidade.

Em relação aos constrangimentos do ambiente físico do trabalho são os formadores até

aos 44 anos os que se sentem mais incomodados em trabalhar com ruído, e os que têm ≥ 45

anos os menos incomodados, o que talvez se deva à experiência acumulada dentro e fora do

contexto formativo. Nos constrangimentos relacionados com o ritmo de trabalho são os

formadores entre 30-44 anos os que se sentem mais incomodados por terem que depender do

trabalho de colegas, e os mais velhos os menos incomodados.

Os mais novos são os que sentem mais constrangimentos pelo facto de terem que

suprimir ou encurtar uma refeição, ou nem realizar uma pausa do trabalho, os mais velhos são

os que sentem menos. Nas relações de trabalho são ainda os formadores mais jovens os que se

sentem mais incomodados por estarem expostos ao risco de intimidação, ao risco de

discriminação sexual e ao risco de discriminação relacionada com a idade, sendo que os mais

velhos sentem menos esse constrangimento.

Em relação ao contacto com o público são os formadores mais jovens aqueles que

mais revelam se sentirem incomodados por terem que suportar as exigências do público, os

mais velhos, por seu lado, são os que se sentem menos incomodados, são também estes que se

sentem menos constrangidos pelo facto de se terem que confrontar com situações de tensão

nas relações com o público, os restantes formadores apresentam níveis de incómodo

significativo, relativamente a este constrangimento. Os formadores com idade entre 30-44

anos são os que sentem mais constrangimentos por terem que dar resposta às dificuldades ou

sofrimento de outras pessoas, os mais velhos, por seu lado, são os que revelam sentir menos

esse constrangimento.

No geral são os formadores mais jovens aqueles que revelam sentir mais

constrangimentos em relação ao exercício da sua actividade de trabalho, enquanto

52

formadores, tal poderá dever-se à dificuldade que os mesmos têm em conseguir estabilidade

laboral, verem reconhecido o seu trabalho e possuírem menos experiência; por seu lado, os

mais experientes poderão ter desenvolvido saberes-fazer que os ajudam a ultrapassar, mais

rapidamente, os constrangimentos com que se vão deparando, apesar de verem agravados com

o avançar da idade alguns problemas de saúde. Os formadores entre 30-44 anos, por seu lado,

vêem-se associados a constrangimentos mais relacionados com o ambiente físico e ritmo de

trabalho, o que os leva a manifestarem problemas de saúde relacionados com a ansiedade e

irritabilidade.

Os resultados desta investigação devem ser interpretados tendo em conta as

especificidades do centro de formação alvo da investigação (a amostra foi de conveniência e

resultou de uma base de dados actualizada, existente na instituição, tendo-se contactado a

grande maioria dos formadores lá registados, a proporção de participação no estudo foi

bastante elevada, existindo poucos não respondentes). A amostra deste estudo não é

representativa do grupo de formadores existentes, nas escolas profissionais, no nosso país,

este facto não afecta a validade interna do estudo (existem associações entre variáveis), mas

poderá afectar a validade externa, por isso, há que ter prudência em relação a eventuais

generalizações deste estudo para toda a população alvo relacionada. No entanto os resultados

obtidos merecem reflexão pelas características da instituição estudada, e que se aproxima, em

grande medida, das metodologias e características de escolas profissionais com propósitos

muito similares (educação de jovens/ adultos na vertente profissional e elevação dos níveis

académicos), outro aspecto a salientar é o facto da maioria dos formadores exercer a sua

actividade em mais do que uma instituição, evitando que limitemos a nossa análise à escola

profissional estudada.

4.4 – Conclusões

Os resultados obtidos revelam uma forte incidência de factores, que constituem a

nosso ver, indicadores preocupantes de mal-estar profissional dos formadores, o stress,

sintomas de irritabilidade, fadiga geral, problemas de sono, problemas nervosos, dores de

costas, dores de cabeça, problemas de voz e problemas digestivos, são associados, pelos

sujeitos inquiridos, ao seu trabalho actual ou passado, enquanto formadores, e têm reflexos no

seu estado de saúde. O stress é o factor mais evidenciado pelos formadores, facto que já

sucede com estudos realizados com professores, o que evidencia que muitas das causas que

53

levam a este estado de tensão, estão presentes na actividade de trabalho de ambos os

profissionais docentes. Os formadores inquiridos apesar de apresentarem níveis de stress

elevados e atribuem a causa ao trabalho que realizam, não vêem afectada a sua percepção

sobre o seu estado de saúde, o que sugere, como refere Mota-Cardoso e colaboradores (2002)

que os docentes se sentem em stress independentemente do que julgam ser a causa. Outro

aspecto a ter em conta é a evidência, nos formadores, de factores que potenciem o burnout, o

que constitui também preocupação visto afectar o seu bem-estar físico e psicológico, com

reflexos no desempenho profissional.

Numa análise mais detalhada dos factores que levam aos constrangimentos

psicossociais e físicos, estarão os relacionados com as características da actividade dos

formadores em estudo. Um factor que assume relevância é a precaridade do vínculo laboral

dos formadores, obrigando-os a trabalhar mais horas, com menos tempo para a família e com

implicações no seu estatuto profissional. Os resultados mostram, mesmo, que são os

formadores a recibo verde ou factura, ou então a contrato a prazo/ termo, aqueles que mais

sofrem de stress, dores de cabeça e de mudanças bruscas de humor ou alterações de

comportamento, o que nos dá indicadores que a situação de emprego precária poderá ser

potenciadora destes problemas de saúde. Muito do trabalho destes formadores é feito à custa

de várias cedências dos mesmos, mormente as relacionadas com os horários e com as

adversidades dos espaços físicos, pondo às vezes em causa a sua profissionalidade.

Outro factor é as implicações físicas que derivam das aulas teórico-práticas: exposição

a variações de temperatura, deslocações constantes, horários de almoço inadequados, excesso

de trabalho burocrático/ administrativo, número de horas fora do local de trabalho, pressão

exercida pela instituição, ou até a estrutura organizacional da mesma.

Um outro factor, também importante, poderá dever-se ao tipo de população alvo da

formação (os alunos mais jovens fazem parte do sistema ensino/ aprendizagem, mas de via

alternativa, com forte incidência de comportamentos inadequados e de indisciplina na sala de

aula ou fora dela. Os alunos mais velhos, por seu lado, apresentam características muito

particulares visto estarem ligados ao sector das pescas e serem obrigados a acções formativas

para o desempenho da sua actividade, não apresentando índices motivacionais relevantes; ou

então estão no sistema de Novas Oportunidades, revelando muitas dificuldades de

aprendizagem, o que obriga a um maior empenho da parte dos formadores, e

consequentemente maior desgaste).

Os resultados, desta investigação, na sua generalidade, dão indicadores da importância

de dar a conhecer as condições em que os formadores trabalham e sugerem a necessidade de

54

se levarem a cabo estratégias de apoio a formadores, tanto no local de exercício da sua

actividade de trabalho, como em contextos específicos de formação no sentido de permitir

uma reflexão sobre o seu trabalho e a sua saúde, de forma a potenciar o desenvolvimento

pessoal destes trabalhadores ao mesmo tempo que se aumenta a margem de manobra para a

transformação das situações. Sabe-se da inadequação das estratégias do ensino superior para

preparar pessoas para a docência, o que nos leva a reflectir sobre a necessidade de se

implantarem programas de formação de professores (e que tenham em conta a especificidade

do ser-se formador), com o propósito de os ajudar a enfrentar e resolver, de forma eficaz, os

desafios com que se deparam; assim como o desenvolvimento de estratégias de intervenção

que promovam a saúde e o bem-estar dos docentes.

As análises efectuadas, a partir do inquérito INSAT, permitiram uma melhor

identificação das condições de trabalho e problemas de saúde que afectam os formadores,

permitindo, desta forma, a tomada de consciência de determinadas características do trabalho

e as relações, menos visíveis, entre estados de saúde e de bem-estar. Ao permitir uma análise

da perspectiva do trabalhador, possibilitou uma abordagem mais global e mais dinâmica das

questões que levantam preocupação no contexto da actividade dos formadores, o que se

revelou essencial para caracterizar as condições de trabalho actuais e passadas da amostra de

formadores num centro de formação, sublinhando os efeitos não só das características físicas

e psicossociais do trabalho, mas também, as relativas ao conteúdo e da organização do

trabalho no estado de saúde. Desta forma abre-se uma nova perspectiva, e um novo olhar

sobre as condições e saúde no trabalho dos formadores, e que é direccionada para uma

abordagem centrada no trabalhador. No entanto, apesar dos resultados interessantes,

evidenciados por este estudo, e que denotam alguma consistência na comparação com alguns

aspectos da investigação realizada com professores, importa referir que a aplicação do

INSAT, na sua versão original, dificultou a percepção dos formadores em relação a alguns

aspectos relacionados com a sua actividade, devido à existência de muitos itens que não se

relacionavam. Uma aplicação posterior deverá, por isso, permitir uma adaptação do

instrumento à população alvo, de forma a ser interpretado como sendo construído, tendo em

conta a especificidade do ser-se formador, ao invés de ser generalista, e.g., os itens

relacionados com os factores que interferem na saúde dos formadores, deverão ter em conta

os resultados deste estudo, devem constar os que efectivamente poderão estar relacionados

com a actividade dos mesmos. É importante também colocar questões que permitam perceber

quais as causas que os mesmos associam aos constrangimentos.

55

4.5 – Reflexões finais

Perceber as questões relacionadas com as condições de trabalho e saúde dos

formadores, implica uma intervenção a vários níveis e envolve diferentes actores. A

complexidade de estudos do género, obriga a uma investigação aprofundada – e que se

justifica pelo número crescente de profissionais nesta área – que só se obtém a partir de

inúmeras investigações. A nossa investigação permitiu uma primeira aproximação, mas que

não é suficiente, aos actores que fundamentam a actividade de formador, que não são actores

silenciosos, nem se limitam a ser actores dotados unicamente da competência de interpretarem

os papéis que lhes são atribuídos, em função do que é suposto fazerem. A importância do

trabalho que desempenham, obriga a um melhor reconhecimento profissional e social, logo o

conhecimento científico das suas práticas apresenta-se como um contributo importante.

Compreender o trabalho dos formadores implica, também, analisar o seu trabalho real, tendo

em conta as especificidades da sua função, o que vai fornecer elementos da compreensão da

sua actividade e pôr em evidência os problemas de saúde por eles vividos, i.e., é necessário

observar as percepções que os formadores desenvolvem relativamente às exigências que lhes

são colocadas pelos contextos de trabalho, e que se caracteriza essencialmente pela

capacidade ou dificuldade de corresponder às várias solicitações profissionais e possíveis

efeitos sobre o seu bem-estar, físico e/ ou psicológico. Este deverá ser um próximo passo de

trabalho.

Com este objectivo, deveremos estudar: a variabilidade das representações, que os

formadores têm, das prescrições e das tarefas; o que pensam os formadores em relação à

forma como o seu trabalho é percebido pelos prescritores; a variação das estratégias dos

formadores no desenvolvimento das suas competências; os recursos que os formadores

dispõem quando são confrontados com dificuldades, etc. É preciso também ter em conta as

variações das tarefas, e que se devem à existência de inúmeras actividades informais e à

influência de um grande número de factores. Desta forma poder-se-ão também identificar

factores que tenham influência negativa no bem-estar e no desempenho dos formadores, não

esquecendo as suas características individuais. Nesta óptica, falar da saúde dos formadores é

acima de tudo uma perspectiva de estudo, atenção e intervenção sobre os problemas relativos

à saúde destes profissionais, na sua actividade de trabalho. É uma forma de ver, perceber e

desenvolver acções práticas a partir de olhares de diferentes especialistas e olhares dos

trabalhadores, com o objectivo de garantir uma óptica do género (Brito, 2004), constituindo-

se como um desafio, ampliar a capacidade de compreender e analisar o trabalho e aperfeiçoar

56

os procedimentos metodológicos que vão sendo adoptados pelos profissionais referidos, o que

nos leva a reflectir sobre a sua actividade de trabalho, que segundo Daniellou (2005),

corresponde à mobilização da pessoa humana para realizar as tarefas, i.e., o funcionamento

das “funções” fisiológicas e psicológicas de uma determinada pessoa, num dado momento.

Ainda segundo o mesmo autor, é a compreensão das características principais da actividade,

que nos permite compreender os efeitos do trabalho na saúde daqueles que o executam, e

certas características da sua actuação (resultado do trabalho). Dar visibilidade aos aspectos

que interferem na saúde dos formadores, obriga a reflexões sobre os factores associados à sua

actividade e que determinam a forma como estes profissionais percepcionam o seu trabalho, o

que implica dar voz aos seus actores. De facto, a pouca visibilidade dos dados estatísticos5

relativos aos factores que originam problemas de saúde nos docentes, é não raras vezes

reforçada pela ausência de vontade dos mesmos para falar do seu trabalho, optando por uma

discrição social, o que leva à ocultação dos efeitos do seu trabalho na saúde, como afirma

Dejours (1998, p.59) todos se defendem «da mesma maneira: pela negação do sofrimento dos

outros e pelo silenciamento do seu próprio sofrimento».

Trabalhar estas questões junto dos formadores deve, por isso, promover a tomada de

consciência das consequências do exercício da sua actividade de trabalho na sua saúde. Desta

forma é possível dar visibilidade às práticas do exercício profissional dos formadores, assim

como aceder ao que está para além do observável. Neste sentido, estudos posteriores terão de

ser realizados e mais focados nas causas que determinam os constrangimentos sentidos pelos

formadores, assim como os factores que influenciam o estado de saúde dos mesmos.

5 Apesar da visibilidade do stress ocupacional na profissão docente, e as implicações que o mesmo tem na educação, poucos países procederam a estudos nacionais (excepção dada aos Reino Unido), e apesar do número crescente, nos últimos anos, de estudos relacionados, ainda são insuficientes ao desejado, e em alguns países como Portugal, ainda são em número inferior.

Referências bibliográficas

58

Barros-Duarte, C., Cunha, L. & Lacomblez, M. (2007). INSAT: Uma proposta metodológica

para análise dos efeitos das condições de trabalho sobre a saúde. Laboreal, 3, 54-62.

Brito, J. (2004). Saúde do trabalhador. Reflexões a partir da abordagem ergológica. In M.

Figueiredo, M. Athayde, J. Brito, & D. Alvarez (Eds), Labirintos do trabalho:

interrogações e olhares sobre o trabalho vivo (91-114). Rio de Janeiro: DP&A.

Correia, J. A., & Matos, M. (2001). Solidões e solidariedades nos quotidianos dos

professores. Porto: Edições ASA.

Cruz, J., & Mesquita, A. (1988, Setembro). Incidence and sources of stress in teaching.

Comunicação apresentada na “13th Conference of the Association for Teacher

Education in Europe”, Barcelona, Espanha.

Daniellou, F. (2005). A análise do trabalho: Critérios de saúde, critérios de eficácia

económica. In J. J. Castillo, J. & Villena, J. (Eds), Ergonomia: conceitos e métodos

(233-245). Lisboa: Dinalivro.

DeFrank, R. S., & Stroup, C.A. (1989). Teacher stress and health: Examination of a model.

Journal of Psychosomatic Research, 33, 99-109.

Dejours, C. (1998). Souffrance en France: La banalisation de l’injustice sociale. Paris: Seul.

Delcor, N., Araújo, T., Reis, E., Porto, L., Carvalho, F., Silva, M., Barbalho, L., & Andrade,

J. (2004). Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de

Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 20, 187-196.

Gomes, A. R, Silva, M. J., Mourisco, S. Silva, S., Mota, A., & Montenegro, N. (2006).

Problemas e desafios no exercício da actividade docente: Um estudo sobre o stress,

“burnout”, saúde física e satisfação profissional em professores do 3º ciclo e ensino

secundário. Revista Portuguesa de Educação, 19, 67-93.

Gomes, L., Brito, J. (2006). Desafios e possibilidades ao trabalho docente e à sua relação com

a saúde. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 6, 49-62.

59

Maslach, C. (1993). Burnout: A multidimensional perspective. In W. B. Schaufeli, C.

Maslach, & T. Marek (Eds). Professional burnout: Recent developments in theory and

research (19-32). Washington, DC: Taylor & Francis.

Melo, B. T., Gomes, A. R., & Cruz, J. F. (1997). Stress ocupacional em profissionais da saúde

e do ensino. Psicologia: Teoria, Investigação e Prática, 2, 53-72.

Mota-Cardoso, R., Araújo, A., Ramos, R.C., Gonçalves, G., & Ramos, M. (2002). O stress

nos professores portugueses: Estudo IPSSO 2000. Porto: Porto Editora.

Nóvoa, A., Hameline, D., Sacristão, J., Esteve, J., Woods, P., & Cavaco, M. (1991). Profissão

professor. Porto: Porto Editora.

Organização Internacional do Trabalho (1981). Emploi et conditions de travail des

enseignants. Genéve: Bureau International du Travail.

Pereira, S., Silva, F., Castelo-Branco, C., & Latino, L. (2002, Outubro). Saúde e a capacidade

para o trabalho na docência. Comunicação apresentada no IV Congresso Nacional de

Saúde Ocupacional, 29 a 31 de Outubro, Póvoa de Varzim.

Pinto, M. A. (2003). Stress profissional em professores portugueses: Incidências, preditores e

reacção de burnout. Psychologica, 33, 181-194.

Porto, L., Carvalho, F., Oliveira N., Neto, A., Araújo, T., Reis, E., & Delcor, N. (2006).

Associação entre distúrbios psíquicos e aspectos psicossociais do trabalho de

professores. Revista de Saúde Pública, 40, 818-26.

Russel, W., Altmaier, E., & van Velzen, D. (1987). Job-related stress, social support, and

burnout among classroom teachers. Journal of Applied Psychology, 72, 269-274.

Truch, S. (1980). Teachers burnout. Novato, CA: Academic Therapy Press Publications.

Anexos

1

Anexo 1

INSAT INQUÉRITO SAÚDE E TRABALHO 2007

Carla Barros-Duarte Liliana Cunha Marianne Lacomblez

Local e Data (local) (ano-mês-dia)

Nível escolaridade

M F

Sexo Data de nascimento (ano-mês-dia)

Pública Privada

Tipo de empresa Ano de admissão na empresa

(ano) Sector de actividade da empresa (por ex. hospital, escola, indústria têxtil, transportes,..)

Localização geográfica da empresa (região onde se situa)

inferior a 10 entre 10 e 49 entre 50 e 249 superior a 249 Trabalham aproximadamente na minha empresa um número de pessoas…

2

Anexo à 1ª página

1.1 Há quanto tempo é formador?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1.2 Para além da sua formação académica que outra(as) formação(ões) efectuou relacionadas

com a sua actividade, enquanto formador?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1.3 A que tipo de população dá formação? (jovens, adultos, reconversão, aperfeiçoamento,

elevação do nível de escolaridade inicial, etc.)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1.4 Em que domínios profissionais já deu formação?

Escolas

Empresas

Outros (especifique) ___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3

I – O TRABALHO

A minha profissão ou actividade diária principal é... Sim Não Tenho outra actividade remunerada? Se sim, especificar qual

ACTIVIDADE DE TRABALHO PRINCIPAL

Trabalhador por conta de outrem

Trabalhador independente, por conta própria, sem empregados

Trabalhador independente, por conta própria, com empregados

SITUAÇÃO LABORAL

Efectivo ou contrato sem termo

Contrato a prazo ou contrato a termo

Trabalho temporário

Aprendizagem; formação; estágio ou bolsa

A recibo verde ou factura

HORÁRIO DE TRABALHO Identifique entre as seguintes opções todas as que caracterizam o seu horário de trabalho actual e passado: Actual Passado

Tempo inteiro Tempo parcial Horário fixo Horário irregular Fim-de-semana Trabalho em horário normal Trabalho em turnos fixos Trabalho em turnos rotativos Trabalho com isenção de horário Turno diurno Turno nocturno Turnos mistos (diurno e nocturno)

HORÁRIOS DE TRABALHO QUE OBRIGAM A…

Deitar-me depois da meia-noite

Levantar-me antes das 5 horas da manhã

O meu número total de horas de trabalho reais, em média, por semana é... II – CONDIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO

As próximas questões referem-se a condições relacionadas com o seu trabalho. Assinale com uma cruz: Sim (se corresponde à sua situação actual, mesmo que tenha tido início no passado); Apenas no passado (se corresponde a uma situação vivida no passado e agora já não) e Nunca (se nunca conheceu a situação referida).

1. AMBIENTE E CONSTRANGIMENTOS FÍSICOS AMBIENTE FÍSICO

No meu trabalho estou (ou estive) exposto a… Sim, no trabalho

actual Apenas no

trabalho passado Nunca _ ruído muito elevado (só gritando ao ouvido)

4

_ ruído nocivo ou incómodo _ vibrações (oscilações ou tremores no corpo, ou nos membros) _ radiações (material radioactivo, RX) _ calor ou frio intenso _ poeiras ou gases

_ agentes biológicos (contacto, manuseamento com bactérias, vírus, fungos ou material de origem orgânica ou vegetal ou animal) _ agentes químicos (colas, solventes, pigmentos, corantes, vernizes, diluentes)

CONSTRANGIMENTOS FÍSICOS

No meu trabalho sou (ou era) obrigado a… Sim, no trabalho

actual Apenas no

trabalho passado Nunca _ gestos repetitivos _ posturas penosas (posições do corpo dolorosas, custosas, desconfortáveis) _ esforços físicos intensos (cargas pesadas manuseadas ou movimentadas) _ permanecer muito tempo de pé na mesma posição

_ permanecer muito tempo de pé com deslocamento (arrastar, puxar, empurrar, andar muito de pé) _ permanecer muito tempo sentado

_ subir e descer com muita frequência _ deslocações profissionais frequentes

(ausência ou afastamento do local de trabalho ou de casa, que interfere com a rotina familiar ou social)

2. CONSTRANGIMENTOS ORGANIZACIONAIS E RELACIONAIS CONSTRANGIMENTOS DO RITMO DE TRABALHO

No meu trabalho estou (ou estava) exposto a situações de… Sim, no trabalho

actual Apenas no

trabalho passado Nunca

_ cadência automática de uma máquina (dependendo do ritmo da máquina, a máquina impõe um ritmo) _ ter que depender do trabalho de colegas (cadeia, linha de produção, montagem) _ ter que depender dos pedidos directos dos clientes, utentes _ normas de produção ou prazos rígidos a cumprir (controlo da qualidade, tempos curtos impostos) _ ter que fazer várias coisas ao mesmo tempo

_ frequentes interrupções _ ter que me apressar

_ ter que resolver situações ou problemas imprevistos sem ajuda _não poder desviar o olhar do trabalho _ ter que suprimir ou encurtar uma refeição, ou nem realizar a pausa por causa

do trabalho _ ter que dormir a horas pouco usuais por causa do trabalho _ ter de ultrapassar o horário normal de trabalho

AUTONOMIA E INICIATIVA

No meu trabalho tenho (ou tinha) … Sim, no trabalho

actual Apenas no

trabalho passado Nunca _ possibilidade de alterar a ordem de realização das tarefas _ liberdade para decidir como o realizar _ possibilidade de influenciar o ritmo ou velocidade de trabalho _ possibilidade de, frequentemente, tomar decisões por mim mesmo

5

_ possibilidade de escolher os momentos de pausa

RELAÇÕES DE TRABALHO

No meu trabalho é (ou era) … Sim, no trabalho

actual Apenas no

trabalho passado Nunca _ frequente a necessidade de inter-ajuda entre colegas (trabalho em equipa) _ tida em consideração a minha opinião, para o funcionamento do serviço _ possível exprimir-me à vontade No meu trabalho estou (ou estava) exposto ao risco de… _ agressão verbal _ agressão física _ assédio sexual _ intimidação (ameaçar, assustar, provocar medo) _ discriminação sexual _ discriminação ligada à idade _ discriminação relacionada à nacionalidade ou raça _ discriminação relacionada a uma deficiência física ou mental

CONTACTO COM O PÚBLICO

No meu trabalho existe (ou existia) … Sim, no trabalho

actual Apenas no

trabalho passado Nunca _ contacto directo com o público em geral, ou com clientes, ou com fornecedores Se “sim” ou “apenas no passado”, tenho (ou tinha) que… _ suportar as exigências do público _ confrontar-me com situações de tensão nas relações com o público

_ estar exposto ao risco de agressão verbal do público

_ estar exposto ao risco de agressão física do público 3. CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO O meu trabalho é (ou era) um trabalho… Sim, no trabalho

actual Apenas no

trabalho passado Nunca _ onde se aprende coisas novas _ monótono _ variado _ criativo _ muito complexo _ com momentos de hiper-solicitação (exigências excessivas relacionadas com a atenção, concentração, esforço físico e mental, devido a ritmos de trabalho elevados ou controlo da qualidade) _ que, de forma geral, é reconhecido pelos colegas _ que, de forma geral, é reconhecido pelas chefias _ cujas condições abalam a minha dignidade enquanto ser humano O meu trabalho é (ou era) um trabalho… Sim, no trabalho

actual Apenas no

trabalho passado Nunca _ que poderei realizar quando tiver 60 anos _ no qual, de uma forma geral, me sinto explorado

6

_ que gostava que os meus filhos realizassem, caso manifestem vontade _ com o qual, de um modo geral, estou satisfeito

III – CONDIÇÕES DE VIDA FORA DO TRABALHO

Estado civil Número de filhos

Sim, sempre Sim, com facilidade

Sim, com alguma facilidade Nem sempre Não, dificilmente Não, muito

dificilmente Não, de todo

Consigo conciliar a vida de trabalho com a vida fora do trabalho

Habitualmente, o tempo que ocupo, por dia, em tarefas domésticas e de apoio familiar é de: (cozinhar, limpar a casa, cuidar dos filhos ou de outras pessoas à sua responsabilidade, fazer compras domésticas) (em minutos) IV – O QUE ME CUSTA MAIS NO MEU TRABALHO As seguintes questões referem-se ao que sente actualmente no seu trabalho. Assinale com uma cruz em que medida as seguintes situações lhe causam incómodo no seu dia-a-dia de trabalho (tem 7 respostas possíveis, desde “muito incómodo” até “nenhum incómodo”). Às situações que não caracterizam o seu trabalho, por favor, não responda (por exemplo, se não está exposto a vibrações: obviamente não é possível para si sentir incómodo causado por essa situação).

Para mim, no meu trabalho, causa-me incómodo:

Muito incómodo

Bastante incómodo

Incómodo significativo

Nem muito nem pouco incómodo

Algum incómodo

Pouco incómodo

Nenhum incómodo

_ trabalhar com ruído _ trabalhar com vibrações _ trabalhar com radiações _ trabalhar com muito calor ou frio

ou sujeito ao mau tempo _ estar exposto a poeiras ou gases _ estar exposto a agentes biológicos _ estar exposto a agentes químicos _ estar exposto a situações perigosas _ realizar gestos repetitivos _ realizar gestos precisos e

minuciosos _ manter posturas penosas ou

posições desconfortáveis _ fazer esforços físicos intensos _ permanecer muito tempo de pé na

mesma posição _ permanecer muito tempo de pé

com deslocamento _ permanecer muito tempo sentado _ subir e descer com muita

frequência _ ter deslocações profissionais

frequentes

Muito incómodo

Bastante incómodo

Incómodo significativo

Nem muito nem pouco incómodo

Algum incómodo

Pouco incómodo

Nenhum incómodo

_ aguentar a cadência automática de uma máquina

_ estar dependente do trabalho de colegas

_ estar dependente dos pedidos directos dos clientes ou utentes

_ ter normas de produção ou prazos rígidos a cumprir

_ ter que me adaptar a mudanças dos métodos ou instrumentos de trabalho

_ ter que passar muito tempo a trabalhar no computador

7

_ fazer várias coisas em simultâneo _ ser frequentemente interrompido

_ ser obrigado a apressar-me

_ ser obrigado a resolver situações ou problemas imprevistos sem ajuda

_ não poder desviar o olhar do trabalho

_ ter que suprimir ou tomar as refeições a horas pouco usuais ou nem realizar a pausa por causa do trabalho

_ter que ultrapassar o horário normal de trabalho

Muito incómodo

Bastante incómodo

Incómodo significativo

Nem muito nem pouco incómodo

Algum incómodo

Pouco incómodo

Nenhum incómodo

_ ter que alterar a ordem de realização das tarefas

_ter que decidir como realizar o trabalho

_saber como influenciar o ritmo ou velocidade de trabalho

_ter que tomar decisões por mim mesmo

Muito incómodo

Bastante incómodo

Incómodo significativo

Nem muito nem pouco incómodo

Algum incómodo

Pouco incómodo

Nenhum incómodo

_a minha opinião não ser tida em conta para o funcionamento do serviço

_não poder exprimir-me à vontade _ estar exposto ao risco de agressão

verbal _ estar exposto ao risco de agressão

física _estar exposto ao risco de assédio

sexual _estar exposto ao risco de

intimidação _estar exposto ao risco de

discriminação sexual _ estar exposto ao risco de

discriminação relacionada com a idade _estar exposto ao risco de discriminação

relacionada à nacionalidade ou raça _estar exposto ao risco de discriminação

relacionada a uma deficiência física ou mental

Muito incómodo

Bastante incómodo

Incómodo significativo

Nem muito nem pouco incómodo

Algum incómodo

Pouco incómodo

Nenhum incómodo

_ ter que suportar as exigências do público

_ confrontar-me com situações de tensão nas relações com o público

_ ter que dar resposta às dificuldades ou sofrimento de outras pessoas

Muito incómodo

Bastante incómodo

Incómodo significativo

Nem muito nem pouco incómodo

Algum incómodo

Pouco incómodo

Nenhum incómodo

_ trabalhar só _ trabalhar na presença dos outros,

sem me poder isolar _ comunicar de forma quase

permanente com as outras pessoas _ ter um trabalho muito monótono _ ter um trabalho muito variado

(estar sempre a aprender coisas novas) _ ter um trabalho muito complexo _ ter um trabalho em que estou

constantemente a ser solicitado _ ter um trabalho que exige longos

períodos de concentração intensa _ ter um trabalho que não é

reconhecido pelos colegas

8

_ ter um trabalho que não é reconhecido pelas chefias

_ ter um trabalho que afecta a minha dignidade

_ ter um trabalho que sei que não poderei realizar quando tiver 60 anos (pelo desgaste que provoca)

_ ter um trabalho em que me sinto explorado

_ ter um trabalho em que me sinto insatisfeito

V – FORMAÇÃO E TRABALHO

Sim Não

Tive formação nos últimos 12 meses Se sim,

_ o número de formações em que participei foi…

_ duração total (em horas) A participação na formação foi por:

_ iniciativa própria

_ determinada pela empresa

A formação que realizei relaciona-se com:

_ a actual situação de trabalho

_ um futuro trabalho

_ segurança e higiene no trabalho

_ interesses gerais

VI – O MEU ESTADO DE SAÚDE As seguintes questões referem-se a problemas de saúde que, nos últimos doze meses, pode eventualmente ter sentido ou ainda sentir (queixas, sinais ou outros sintomas). Assinale com uma cruz os problemas de saúde que tem ou teve. Se a sua resposta for Sim, deve indicar: se Consome ou Consumiu Medicamentos; e se os problemas sentidos foram associados a uma Patologia ou Doença já diagnosticada ou confirmada pelo seu médico.

1. DOMÍNIO

CARDIO – RESPIRATÓRIA (coração e pulmões) Sim Não

_ Tenho problemas do aparelho cardio-respiratório (falta de ar, dor no peito, cansaço fácil) Se sim, Sim Não

Consumo ou Consumi Medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada Sim Não _ Tenho problemas de hipertensão arterial (tensões altas) Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada

NEURO – PSÍQUICO Sim Não

_ Tenho sintomas de fadiga, apatia, ansiedade, nervosismo, irritabilidade (problemas de cabeça, depressão, tristeza, insónia, stress) Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada Sim Não _ Tenho perturbações do sono (dificuldades em adormecer ou dormir seguido)

9

Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada

DIGESTIVO Sim Não _ Tenho problemas de ordem digestiva (dores de barriga, azia, enfartamento, prisão de ventre, diarreia) Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada DORES MUSCULARES E ARTICULARES Sim Não _ Tenho limitação de movimentos ao nível dos ombros Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada

Sim Não _ Tenho limitação de movimentos ao nível dos cotovelos Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada

Sim Não _ Tenho limitação de movimentos dos punhos Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada

Sim Não _ Tenho limitação de movimentos das pernas Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada

Sim Não _ Tenho limitação de movimentos ao nível da zona cervical das costas (junto ao pescoço) Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada

Sim Não _ Tenho limitação de movimentos ao nível da zona dorsal das costas (fundo das costas) Se sim, Sim Não Consumo ou Consumi medicamentos Tenho patologia ou doença confirmada 2. VISÃO Sim Não _ Uso óculos ou lentes Se sim, Uso óculos ou lentes desde os meus… (anos)

Não posso passar sem os óculos ou lentes desde os meus… (anos)

10

3. AUDIÇÃO

_ Tenho dificuldades de audição (por ex. para ouvir um conversa em grupo, para telefonar, para ouvir o som da televisão ou do rádio)

Muita Bastante Alguma Nem muita nem pouca Pouca Muito pouca Nenhuma

VII – SAÚDE NO TRABALHO

1. ACIDENTES DE TRABALHO E DOENÇAS PROFISSIONAIS

Sim Não _ Tive já um acidente de trabalho (por ex. traumatismos graves ou mesmo pequenos ferimentos na realização do seu trabalho)

Sim Não Em avaliação Se sim: fiquei com alguma incapacidade reconhecida (por ex. perturbações, deficiências, limitações) Se sim, na Tabela Nacional de Incapacidades (TNI) corresponde a

Sim Não Em avaliação _ Tenho (ou já tive) uma doença profissional

Se sim: essa doença é… (especifique qual) Sim Não Em avaliação Se sim: fiquei com alguma incapacidade reconhecida Se sim, na Tabela Nacional de Incapacidades (TNI) corresponde a

Sim Não _ Nos últimos doze meses tive necessidade de faltar mais do que três dias seguidos ao trabalho Se sim: o motivo foi _ Acidente de trabalho _ Doença profissional _ Problemas de saúde relacionados com o trabalho _ Problemas de saúde relacionados com os filhos ou família _ Outros problemas de saúde 2. INFORMAÇÃO SOBRE RISCOS PROFISSIONAIS

_ Considero ter informação sobre os riscos resultantes do meu trabalho (por ex. do equipamento, dos materiais, dos instrumentos, da qualidade do ar, da acústica do local de trabalho, dos produtos que utiliza)

Muita Bastante Alguma Nem muita nem pouca Pouca Muito pouca Nenhuma

_ No meu local de trabalho tenho à disposição

Sim Não Não se justifica Protecção Individual (por ex. luvas, protectores auditivos, máscara, calçado de protecção, óculos)

Sim Não Não se justifica Protecção Colectiva (por ex. silenciadores nas máquinas, painéis anti-ruído, climatização adequada) _ Considero que a utilização de equipamento de protecção individual dificulta a realização da minha actividade de trabalho (responda a esta questão apenas se, no seu trabalho, tiver que usar equipamento de protecção individual)

Muito Bastante Um pouco Nem muita nem pouco Pouco Muito pouco Nada

_ Considero que no meu trabalho, existe preocupação em minimizar os riscos profissionais

Muita Bastante Alguma Nem muita nem pouca Pouca Muito pouca Nenhuma

11

3. SAÚDE E TRABALHO

_ Considero que a minha saúde e segurança estão ou foram afectados devido ao trabalho que realizo

Muito Bastante Um pouco Nem muito nem pouco Pouco Muito pouco Nada

A lista que se segue refere alguns problemas de saúde. Assinale com uma cruz, na 1ª parte da resposta, todos os problemas de saúde que tem ou que teve. Depois, tendo em conta unicamente os problemas de saúde que assinalou na 1ª parte, indique, na 2ª parte da resposta, se, na sua opinião, esses problemas: foram causados pelo seu trabalho (actual ou passado); ou foram agravados, acelerados pelo seu trabalho (actual ou passado); ou se considera que não têm nenhuma relação com o trabalho.

PROBLEMAS DE SAÚDE

1ª PARTE DA RESPOSTA 2ª PARTE DA RESPOSTA

Tenho ou tive este problema de saúde Este problema de saúde…

Foi causado pelo meu trabalho

Foi agravado ou acelerado pelo meu trabalho

Não tem nenhuma relação com o meu trabalho

_ Feridas por acidente

_ Doenças infecciosas

_ Problemas de visão

_ Problemas de voz

_ Problemas de audição

_ Problemas de pele

_ Problemas respiratórios (pulmões)

_ Problemas músculo-esqueléticos (e articulações)

_ Problemas digestivos

_ Problemas hepáticos (fígado, vesícula)

_ Problemas renais (rins)

_ Problemas associados à menstruação ou Problemas da próstata

_ Problemas nervosos

_ Problemas de sono (sonolência, insónia)

_ Problemas em engravidar ou na gravidez

_ Problemas cardíacos

_ Dores de costas

_ Dores de cabeça

_ Dores de estômago

_ Dores musculares crónicas

_ Varizes (derrames, aranhas vasculares)

_ Adormecimento frequente dos membros

_ Alergias

_ Stress

_ Depressão

_ Mudanças bruscas do humor ou alterações de comportamento

_ Fadiga geral

_ Ansiedade

_ Irritabilidade

12

_ Consumo frequentemente medicamentos Sim Não

_Consumo regularmente os seguintes medicamentos (especifique todos, exceptuando o contraceptivo ou pílula) APÓS O PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO CONFIRME, POR FAVOR, SE RESPONDEU A TODAS AS QUESTÕES. SE ACHAR CONVENIENTE, CORRIJA AS RESPOSTAS DADAS. Caso pretenda tecer algum comentário relativamente às questões presentes neste inquérito ou a aspectos que não tenham sido contemplados utilize, por favor, o espaço seguinte para o fazer. AGRADECEMOS A SUA PARTICIPAÇÃO!