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(*) A Alma como gestora do inconsciente.
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O título desta crônicatem suas raízes na história antiga.
“Almagesto”foi o nome que o astrônomo grego Ptolomeu
deu ao conjunto de seus livros, através dos quaisanalisou e resumiu todas as teorias astronômicas
existentes — em torno do ano 140 d.C.
Mesmo que se tenha equivocado,ao propor como base o sistema geocêntrico,
sua obra foi bastante inspiradora..., tanto queo seu título ainda merece este destaque.
“Almagesto”originou-se do Árabe “magiste” (Maior)
acrescentado do prefixo “al”...,que então se transformou
em “Almagesto”,“O Maior”
.
Historicamenteeste título se referiu
ao nosso planeta: O Maior,o centro do Universo.
Figurativamenteele se modificou, aos poucos,
em relação à figura central que na realidade representava
... . ...
Talvez por issoa fusão dessas duas palavras,
fora do contexto dos livros de Ptolomeu,nos dias de hoje nos inspira de maneirasdiferentes..., quando alguns entre nós
a usam no sentido de “alma” e de“gesto”, ou seja: Alma-gesto,
então “o gesto da Alma”.
Realmente muito inspirador,apropriado ao uso em
grupos de dança.
E foi assim que esta palavra sempre me inspirou,aliada à “Alma” e à “gestora” — ou à “gestão”,
no sentido de que esta entidade real, a Alma,é a gestora da nossa mente ou, ainda de
maneira mais específica e profunda,ela é a gestora do nosso
“inconsciente”.
E o que a mágica palavra deste títulopropõe aqui (considerando como verdadeque “a alma” habita nosso inconsciente),
é nos aprofundar numa viagem até lá...:
Vamos começardando ao “inconsciente” uma
dimensão geral (se por certo eleé mais autêntico nos outros animais).
E assim vamos analisar as percepçõesdo inconsciente a respeito da morte,
esta que, sem nenhuma dúvida,transcende o consciente.
Na realidade, oua meu ver, de um modo geral
nós — humanos — e todos os animaistemos percepção da ocorrência da morte,
primeiramente relacionada aos outrose não a nós mesmos, naturalmente.
E mesmo os animais,além de perceberem a morte,
reagem a ela — com satisfação ou alívio,se ocorrer num inimigo..., com surpresa, revolta,
indignação ou tristeza se ocorrer num amigoe companheiro ou num membro familiar
...
Eles não têm consciência, mas têm percepção;são “inconscientemente racionais” ou
são racionais inconscientemente.!.
(!)Espero que compreendam, leitores,o modo com que tento estruturar
minhas idéias a respeito distoque chamamos de
“inconsciente”...,
de maneira filosófica,para me pôr sobre a proteção
desta matéria que, aparentemente,tem direito de se meter em todos assuntos
(direito que realmente se assemelhaao dos nossos religiosos).
A meu ver, partilhamos também com os outros animaisa permanente percepção da nossa vulnerabilidade
e a constante percepção da ameaça de morte
(que poderá chegar para nós mesmos,a qualquer momento e em
qualquer lugar...).
E só aqui entãoalcançamos este ponto
em que nos distinguimos dos outros animais,
claramente, através da nossa percepção de fatalidade— relacionada ao futuro e exclusivamente humana —
de que um dia iremos morrer,inexoravelmente!
Isto, aliás, definenosso alto padrão de consciência:não há como escapar da morte!
Uma consciência gravemente prejudicialpela sensação de “inutilidade”..., neste sentido
de que qualquer esforço por vencer a morte é inútil,
a não ser talvez indiretamenteou espiritualmente
... .Nossas melhores religiões surgiram para isto:
nos ajudar a vencer a morte, mesmo indiretamente,por aquele ângulo espiritual — relacionado
à hipotética existência daAlma Eterna.
Mas nos dias de hojenos mostramos diferentes, mudados,
e as crenças sem fundamentos racionaisjá não nos comovem, seduzem ou convencem.
“Pior para nós”, dizem aqueles religiosos, com razão.
E vamos ver quais opções nós temos.
Se pudéssemos reestruturar nossas mentes,o que faríamos?... Eliminaríamos esta insuportável
percepção antecipada da morte inevitável?...
E na prática qual seria a conseqüência disso?Não seria perigoso, por nos deixar descuidados
ou então, quem dirá, despreparados?
É claro que não podemos estimularao horror o nosso medo pela morte.
Mas, também, desconhecer sua presençae fechar nossos olhos para ela, não a elimina,
pois é quando, de fato, ela se torna mais forte.
(!)
As nossas razões e o nosso sentidode justiça valem muito pouco ou nada para
uma morte que nos cobra um alto preço pela Vida...,
sem nos perguntar se está sendo justa ou não,
mesmo sabendo que nenhum de nós pediupara entrar neste mundo!
Ela se estabelece como condição inexorável.
Ou talvez seja assim que ela nos obriga a procurar soluçõesextraordinárias ou excepcionais, realmente difíceis,
disponíveis unicamente para aqueles queconseguem alcançar algum tipo de
transcendência!.
Quanto a mim, para continuar a partir daqui,desenvolverei minha idéia a respeito do inconsciente.
E faço isso lembrando-me do que nos dizem algunsdos nossos modernos psicólogos, ao alegarem
que “o inconsciente desconhece a morte,
pois — inconscientemente — ninguémacredita que um dia irá morrer!”
Para mim, entretanto, afirmar que“o inconsciente não percebe a nossa natureza mortal”,
é inseri-lo diretamente no âmbito de uma naturezadivina e imortal...,
ou dar a ele uma dimensão restritae rigorosamente irracional
!
No inconsciente fica o lugaronde certamente habita a Alma.
Por isso, aprendi por hábito a chamá-lode “Almagesto” — ou Almagesto*ra —, inspirado
no título da obra (mesmo equivocada) do grego Ptolomeu.
A Alma, sem dúvida, tem procedência e natureza universal.Por isso nos transmite ou nos dá, inconscientemente,
a percepão de sua “universalidade” e a sensaçãode “unicidade” : de um ser único ou “uno”,
“o maior”, o centro de tudo...!...
(<)Retomando o assunto
anterior para desenvolvê-lo,eu até concordo em afirmar que“o inconsciente não envelhece”.
Acho, aliás, que esta é a grande fraseque define a evolução da psicologia moderna.
Então, em resumo concordo que o inconscientenão envelhece..., o que não significa dizer que ele não
tenha percepção do nosso ciclo corporal orgânicode ascensão à Vida e declínio à morte.
Ele não envelhece..., quando tem a suanatureza aliada à natureza da Alma!
Assim podemos dizer quea Alma surge em nós junto ao nosso nascer
ou se incorpora ao nosso cérebro junto ao seu nascer,alojando-se naquela parte onde fica o inconsciente.
Mas a Alma não surge em nós como se fosseinfantil ou um “bebê” de tamanho inicial reduzido.
Ela é um todo linear em seu estado potencial,uma grandeza plena em si já totalmente madura.
E certamente ela tem um estado potencialde abrangência cósmica ou
universal\.../
Assuntofragmentado este...,
sem fim..., felizmente.
Vamos recapitular.
Confesso que ultimamentereuni meus esforços na tentativa
de destacar os grandes valores do poderda consciência que originariamente recebemos.
Agora é hora de dizer: é da dimensão do inconscienteque podemos ou poderemos tirar valores realmente
extraordinários ou excepcionais..., se um diapudermos conhecer a sua natureza
e origem..., que, então, talveznos levem à eternidade
...
Nos dias de hoje,apesar de vivermos no mundo moderno e
de sabermos que a Terra não é o centro do Universo,
mesmo assim nos sentimos, íntima ou intrinsecamente,como se fôssemos — nós próprios, cada um —
o centro de todo o Universo.
Isso se refere à estrutura universalque a Alma estabelece em nosso inconsciente,
ou, num plano bem mais comum, e superficial,refere-se à estrutura individual da nossa consciência.
Por isso, aliás, foi tão fácil nos induzir a acreditarque o nosso mundo estava no centro de tudo.
Mas agora sabemos que não é verdade.Apenas a nossa mente parece estar
no centro de tudo...!...
(!)O CENTRO DE TUDO.
Pensar assim é natural para a nossa mente.Corresponde à natureza inviolável da nossa Alma...,
ou ainda, quem dirá?, corresponde à naturezade um poderoso Ser Criador Universal?...
E não é o que parece? Não somos filhos de um Deus?,partes totalizadas do seu Todo?...,
eus do seu Eu?...
A meu ver não foi à toa que nossas mentesse deixaram estruturar por uma cultura religiosa,
esta quereconhece a existência de
um Ser Universal nosso Criador.
E mesmo diantedo mundo evoluído de hoje,
eu ouso dizer que, sem esta cultura,o nosso inconsciente perderia sua base
de inspiração e até a sustentação psicológica.
Assim, dentro de nós, ele ficaria à deriva,sem laços de origem entre a Terra e o Cosmo,sem qualquer identidade íntima ou intrínseca,
sem afinidade com coisa alguma,perdido em sua própria
orfandade...
Não há dúvida de que precisamos nos reexaminar.
Embora ainda nos pareça mais seguro viver apenas nasuperfície de nossas mentes — no âmbito de um consciente
que dimensiona conquistas exclusivamente nossas —,temos agora que nos aprofundar em nós mesmos
para redescobrirmos as potencialidadesdo nosso inconsciente.
E aqui, para encerrar,eu me recorro às palavras
do meu psiquiatra favorito: Carl Jung.Ele não partilhava da visão reducionista da
psicanálise de Freud. Para Jung, o inconscientenão é apenas dinâmico, mas dotado de autonomia própria
(como se fosse um agente exterior agindo em nosso ser...).
E então, quando o nosso inconsciente consegue se ligardiretamente à fonte original do saber universal,
nos proporciona verdades que em tempooportuno se tornam conscientes.
Assim, enfim,com as mentes unificadas,
integrando consciente e inconsciente,seremos, nos momentos oportunos — como
nos ensinou Jung — nutridos pelosaber inconsciente universal
...!...Assim, só assim,
alcançaremos o futuro !
Lanier Wcr