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A teoria queer em linguística aplicada Enigmas sobre “sair do armário” em salas de aula globalizadas Cynthia D. Nelson Adolfo Tanzi Neto Jéssika Gama Ribeiro

A teoria queer em linguística aplicada

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A teoria queer em linguística aplicada

Enigmas sobre “sair do armário” em salas de aula globalizadas

Cynthia D. Nelson

Adolfo Tanzi NetoJéssika Gama Ribeiro

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OBJETIVOS Mudança do foco das identidades

sexuais de “fatos” para “atos”.

Problematizar as identidades sexuais x liberação daquelas oprimidas (Butler, 1993; Warner, 1993).

Compreender as complexidades associadas à negociação de uma variedade de identidade sexuais na sala de aula.

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METODOLOGIA

O capítulo aborda a questão de “sair do armário” em salas de aula de inglês como segunda língua - em duas universidades e em uma faculdade de alunos residentes dos Estados Unidos.

100 participantes entre professores e alunos em diferentes cidades entrevistas de grupo focal/observação em sala aula/entrevistas professores e estudantes foram feitas.

O artigo examina três professores: Tony, Gina e Roxanne interpretados por 5 estudantes.

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SALAS DE AULA

Tony: no armário?

• Norte americano, 50 anos, curso de interação oral – programa da universidade.

• 14 alunos (11 mulheres, 3 homens).

• Os alunos eram estrangeiros vindos do Japão, Coréia e Formosa.

• Unidade de estudo: “cultura lésbica e gay”.

Gina: saindo do armário?

Europeia, 30 anos, curso de inglês acadêmico – universidade

• 22 alunos (11 homens e 11 mulheres).

• Refugiados e imigrantes da China, El Salvador, Japão, Coreia, Laos, Noruega, Cingapura e Vietnã.

• Unidade de estudo: comunidade lésbica e gay.

Roxanne: nenhuma identidade sexual?

• Norte americana, 40 anos, curso de gramática do inglês - faculdade.

• 26 alunos (13 homens e 13 mulheres).

• Imigrantes e refugiados do Brasil, Camboja, Etiópia, Gâmbia, Tailândia, Japão, Vietnã, México e Somália.

• Unidade de estudo: verbos auxiliares

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SALA DE AULA DO TONY

Perspectiva do Tony

Apresenta-se como heterossexual

Quer ganhar a confiança dos alunos agindo como “americano normal”

Ele acha que os alunos já tem que enfrentar choques culturais

Perspectiva dos alunos

Miyuki, japonesa que vivia com uma família americana explica que se alguém se assume como gay, a amizade não será mais a mesma. Mas pondera que nos EUA isso é diferente.

Para os alunos Hae-Woo e Jun-Kyu (coreanos), Tony é um bom homem que não se casou, mas eles podem apresentar algumas mulheres para Tony.

CONCLUSÃO:

TONY SE IDENTIFICAVA COMO GAY, MAS EM SALA DE AULA, DELIBERADAMENTE, DAVA A IMPRESSÃO DE SER HETEROSSEXUAL.

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PENSAMENTO TRANSCULTURAL

Para Tony sair do armário implica em um momento de definição, declaração verbal. Nos EUA “a liberação se dá por meio da exposição” (Strongman, 2002, p.181) ou exibicionismo público (Santiago, 2002) é mais rápida e eficiente, mas certamente menos astuta.

Pensar transculturalmente significa evitar “nacionalismos presunçosos” Fung, 1995. p.128). Ou seja, pensar que devido os dois alunos serem da Coréia do Sul não conseguirem falar sobre homossexualismo. Talvez na entrevista tenham optado por uma afirmação mais ambígua – rota de escape.

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SALA DE AULA DA GINA

Perspectiva da Gina

Assumia-se como lésbica.

Relevância em assumir-se porque as pessoas interagem com gays frequentemente.

Nova constituição de família.

Perspectiva dos alunos

Lucy, aluna vietnamita, não compreendeu muito bem quando a professora disse que era casada com outra mulher. Mesmo sem compreender muito bem, Lucy não perguntou à professora porque ela não era sua amiga.

CONCLUSÃO:

GINA DISSE AOS ALUNOS QUE ERA LÉSBICA, MAS ALGUNS ESTUDANTES NÃO A COMPREENDERAM PELA FALTA DE INFERÊNCIAS CULTURAIS (COMO A MULTICULTURALIDADE FAMILIAR) E QUESTÕES LINGUÍSTICAS (COMO VOCABULÁRIO E VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS).

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AMBIGUIDADES DA CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS

Por meio da interações, teorizar identidades sexuais.

Toda identidade sexual é uma construção instável, mutável e volátil, numa relação contraditória e inconclusa.

A teoria queer permite que alunos e professores exponham suas posições como forma de encarar o problema (de categorizar).

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SALA DE AULA DA ROXANNE

Perspectiva da Roxanne

Não tem um rótulo para si mesma.

Sua identidade sexual vem de vários lugares e está sempre mudando – indefinível.

Não gosta que lhe perguntem sobre identidade sexual em sala de aula.

Perspectiva dos alunos

Pablo, aluno mexicano, sentia que sua professora era confiável.

Ele diz que gostaria de saber se Roxanne é lésbica e que se soubesse não contaria a ninguém.

Achava engraçado quando Roxanne falava sobre o tema gays e lésbicas em sala de aula agindo como heterossexual.

CONCLUSÃO:

ROXANNE NÃO QUER SE ENQUADRAR EM NENHUMA IDENTIDADE SEXUAL, POIS CONSIDERA ISSO UMA DEFINIÇÃO MUITO RESTRITIVA.

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DESFAZENDO OS NÓS DA IDENTIDADES SEXUAIS

Identificar-se como membro de um grupo requer certa conduta, obrigando o sujeito a dizer o que ele é e como deve comportar-se.

As teorias queer não consideram as identidades sexuais como categorias claras .

Categorizar sexualmente tem a ver com o controle social.

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Como é possível promover o desenvolvimento em sala de aula por meio do livro didático Porta Aberta (Mirna Lima)?

PARA REFLETIR...

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PARA REFLETIR...

De que forma podemos negociar as identidades em sala de aula com alunos transgênero?

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

[...] as identidades sexuais podem excluir e incluir, limitar e liberar (FUSS, 1991).

As identidades sexuais são construídas socialmente.

Não podem ser categorizadas, pois estão sendo desempenhadas, contestadas e negociadas.

Em sala de aula, é necessário compreender as identidades (homo)sexuais por meio de construção de significados heterogêneos entre os interlocutores.

Vygotsky (1934/2007; 2008):

a) interações sociais;

b) construção de ZPDs;

c) influência do ambiente;

d) sentidos-e-significados.

Bakhtin

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

NELSON, C. D. A teoria queer em linguística aplicada: enigmas sobre “sair do armário” em salas de aula globalizadas. In: MOITA LOPES, L. P. da(org.) Por uma linguística indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 215-232.