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Religião e Cultura
A Formação do Cidadão
A educação dos jovens
O objectivo da educação era, para os Atenienses, preparar os jovens para os deveres da cidadania (militares, políticos e religiosos).
A educação tinha como objectivos: preparação cívica, intelectual e física.
Os estudos visavam produzir uma harmonia do corpo e da alma.
Ser bom e ser belo eram os ideais supremos da educação helénica
Uma cultura aberta aos cidadãos
A formação do cidadão prolongava-se para além dos tempos de escola.
Na ágora, nas assembleias políticas, ou nos tribunais, a
discussão livre das ideias e os discursos brilhantes dos
oradores, procurando convencer os seus adversários pela
força da razão, contribuíam para desenvolver a reflexão e o
espírito crítico.
As cerimónias públicas celebradas em honra dos deuses
estavam geralmente associadas a manifestações culturais.
Ao admirar os templos e as estátuas das divindades, ao
assistir às representações teatrais, aos concursos de poesia
e aos jogos atléticos, os cidadãos iam desenvolvendo a
sensibilidade e o culto da beleza.
Os deuses e o cultoDeuses, heróis e mitos
Os gregos eram politeístas.
Os deuses eram representados à semelhança do Homem, mas com poderes sobrenaturais e eram imortais.
Também prestavam cultos aos seus heróis – Ulisses, Aquiles, Hércules – semi-deuses, filhos de um deus e de uma mulher, que se haviam distinguido por acções extraordinárias num passado longínquo.
Mitologia (conjunto de histórias da vida dos deuses e dos heróis - mitos)
Os deuses gregos
As formas de culto
Os Gregos eram profundamente religiosos.
Prestavam culto aos deuses para obter a sua
protecção.
Culto – ritos simples: orações; oferendas de
flores e de
frutos; sacrifícios de animais; derramar
vinho sobre
os altares.
Cena de sacrifício
Prestavam culto no altar doméstico - culto familiar – e era o chefe
da família quem celebrava o culto.
Nos templos celebrava-se o culto cívico, em honra dos deuses e
dos heróis protectores da pólis. O culto era presidido pelos
magistrados.
Realizavam-se também grandes festas sagradas:
Atenas – Procissão das Panateneias, em honra de Atena
- Grandes Dionisíacas, festivais de música e teatro
dedicados a Dioniso
Os santuários atraíam multidões vindas de todas as partes do
mundo helénico e constituíam um dos mais fortes laços de união
entre os Gregos.
Santuário de Olímpia – Zeus
Santuário de Delfos – Apolo
Os Jogos Olímpicos
Os Jogos Olímpicos iniciaram-se em 776 a.C., ocorriam de 4 em 4 anos e prolongavam-se ao longo de uma semana.
Eram um acto sagrado exclusivamente reservados aos homens livres, de nacionalidade grega. As mulheres não podiam nem participar nem assistir aos jogos.
Ser campeão olímpico constituía uma honra suprema para o atleta e para a cidade. Era coroado com louros e considerado um herói imortal.
Jogos Olímpicos
Jogos Olímpicos
Os Jogos Olímpicos foram proibidos em 393 pelo imperador romano Teodósio; só nos finais do século XIX (1896) se voltaram a realizar, a partir da ideia de Pierre de Coubertin, continuando a organizar-se até aos nossos dias; são os chamados Jogos Olímpicos da era moderna.
Jogos Olímpicos
O primeiro dia dos Jogos era consagrado aos sacrifícios em honra de Zeus e ao juramento solene dos atletas.
Durante os cinco dias seguintes, realizavam-se as provas, no estádio ou no hipódromo:
- corridas de fundo e de velocidade; - salto; - vários tipos de luta; - Lançamento de disco e de dardo; - corridas de carros e corridas de
cavalo; - pentatlo (conjunto de cinco provas disputadas pelo mesmo atleta.
Cena de lançamento do disco
Corridas
O Teatro, escola da vida
O teatro nasceu em Atenas, associado ao culto do deus Dioniso, o deus do vinho. Nas festas em honra deste deus, faziam-se concursos de representações.
No teatro grego só havia três actores masculinos para representar os papéis de todas as personagens. Os actores usavam trajos coloridos e sapatos muito altos para ficarem com uma estatura imponente e cobriam o rosto com máscaras.
Actores atenienses com as suas máscaras.
Pintura de um vaso - Séc. IV a. C.
O teatro
Máscaras de teatro – As suas exageradas expressões permitiam aos espectadores (mesmo das filas mais afastadas do teatro) perceber as emoções ou sentimentos representados pelos actores. Serviam também para amplificar as vozes dos actores.
Havia dois tipos de representações teatrais: a tragédia e a comédia.
O teatro
▪ As tragédias tinham por tema histórias da mitologia, dramas em que os seus heróis eram vítimas do Destino ou arrastados pelas paixões (amor, desejo de vingança, ambição) e estavam condenados ao sofrimento e à morte.
▪ As tragédias gregas têm um significado universal, isto é, têm por tema dramas que podem acontecer aos homens de todos os tempos e lugares.
▪ Ésquilo, Sófocles e Eurípides foram grandes autores de tragédias e souberam criar nas suas peças um emocionante clima de suspense, suspense, mergulhando os espectadores na angústia e no horror..
O teatro
▪ As comédias retratavam figuras características da sociedade da época. Ridicularizava os seus defeitos e fraquezas, despertando através do riso, a crítica social.
▪ Aristófanes foi o maior comediógrafo ateniense e exerceu, deste modo, uma grande influência na vida da cidade.
▪ O teatro levava os espectadores a reflectirem sobre a vida e a condição humana. Era considerado um espectáculo sagrado que contribuía para a formação dos cidadãos.
A religião e cultura
Teatro grego – Construídos ao ar livre, nas encostas das colinas, os teatros eram constituídos por três espaços fundamentais: a cena (onde ficava o cenário e os actores representavam), a orquestra (onde actuava o coro) e a bancada (para os espectadores).
O PENSAMENTO GREGO
O amor da sabedoria
• Os gregos desenvolveram conhecimentos em muitas áreas do saber. Preocupavam-se com as origens do Universo, da vida e das forças da Natureza. Foram os criadores da FILOSOFIA (filos = amigo + sofia = sabedoria).
• A filosofia grega tinha assim um carácter humanístico, marcada pelo “prazer de saber” e o “saber de tudo”, para que o Homem fosse um ser harmonioso e completo.
• Os filósofos desenvolveram o pensamento racional,
apresentando pela primeira vez explicações, sem recorrer a
mitos ou à religião, mas sim à razão.
Os filósofos gregos Platão e Sócrates (pintura de Rafael)
O primeiro filósofo grego foi Sócrates. Interessado pelos problemas do Homem, dialogava com os seus discípulos levando-os a descobrir a verdade em si próprios. É da sua autoria a frase: “Só sei que nada sei”.
Platão e Aristóteles aprofundaram os seus pensamentos. Actualmente, ainda, são considerados mestres da Filosofia, pois as suas reflexões marcaram uma viragem decisiva no pensamento europeu.
Sócrates Platão Aristóteles
O espírito científico recebeu um importante contributo da Civilização Grega. A explicação dos fenómenos da Natureza e do Homem abandonaram concepções mágico-religiosas, procurando a formulação de leis que servissem essas explicações e que fossem compreensíveis pela razão.
A Matemática foi impulsionada por Pitágoras, ao explicar que a ordem do Universo obedecia a leis aritméticas.
O amor da sabedoria
• Os filósofos desenvolveram o pensamento racional,
apresentando pela primeira vez explicações, sem recorrer
a mitos ou à religião, mas sim à razão.
Ex: Teorias no campo da astronomia e da física: → A terra é redonda → A matéria é constituída por átomos → Os seres vivos evoluíram a partir uns dos outros Matemática → Tales e Pitágoras demonstraram vários teoremas
de geometria Medicina → Aprofundaram-se conhecimentos sobre o corpo
humano e sobre a cura natural de muitas doenças
Heródoto e Tucídides foram pioneiros na investigação histórica.
Heródoto
Hipócrates é considerado o “pai da Medicina”.
Quanto à literatura, Homero, autor da Ilíada e Odisseia, e Hesíodo, autor da Teogenia e Os Trabalhos e os Dias, foram os grandes autores. A religião e a mitologia inspiraram as obras literárias gregas.
Péricles e Demóstenes destacaram-se na arte da oratória (arte de discursar em público).
Hipócrates Péricles
A característica mais importante de todas as
manifestações da
cultura grega (a filosofia e a história, o teatro e a poesia)
é a
preocupação com os problemas do homem e o
enaltecimento das
suas qualidades – o espírito humanista.
Hino ao Homem
Inúmeras são do mundo as maravilhas,
Mas nenhuma que ao Homem se compare:
É vê-lo sobre as ondas, entre as ilhas,
As águas percorrer do branco mar; […]
É o Ser dos recursos infindáveis:
Até contra o futuro se faz forte;
E cura-se de males incuráveis…
Aquilo que o detém? Somente a Morte.
Sófocles, Antígona. (Tradução de David Mourão-Ferreira)
A ARTE GREGA
Uma arte à medida do homem
A arte grega foi marcada pela religião e mitologia gregas.
Caracterizada pela sua perfeição e beleza, os gregos consideravam que “até as coisas úteis deviam ser belas”.
Uma arte feita à medida do Homem, uma vez que este é o centro das preocupações e a arte estava ao seu serviço.
Esta arte, conhecida por arte clássica, exerceu até ao nosso tempo uma grande influência.
Pártenon Discóbolo
A ARQUITECTURA
O que mais sobressai da arquitectura grega é: a ordem (a que cada edifício pertence); a harmonia das suas proporções: os edifícios não são excessivamente grandes; são construídos à dimensão humana; o equilíbrio do conjunto apesar da natureza geométrica da planta; a delicadeza da decoração: presente no canelado das colunas, no adorno dos capitéis, nos altos-relevos dos frisos e do frontão, assim como na utilização de cores garridas que dão luz, brilho e alegria ao conjunto.
Templo de Erecteu
A planta dos edifícios era geométrica, normalmente rectangular .
As colunas (stilo, em grego) eram o elemento base da construção.
Normalmente rodeavam o edifício, formando o peristilo (isto é: com colunas à volta).
Sobre elas assentavam as traves que sustentavam o telhado de duas águas.
Nos dois extremos, o espaço triangular formado pelos vértices do telhado e das traves é o frontão.
Pártenon
(Arquitecto: IctinosDecoração do escultor Fídias)
O principal templo da Acrópole, em Atenas, foi considerado o mais belo
templo grego.
Os templos obedeciam a regras e padrões estabelecidos, foram planeados segundo três ordens:
Dórica
Jónica
Coríntia
Ordem Dórica:
A ordem mais antiga, ponto de partida das restantes ordens.
A coluna assentava directamente no solo, era robusta e sólida.
O capitel era formado por uma espécie de cochim, onde assentava o ábaco.
Inicia-se na Grécia Continental, sendo utilizada no Parténon.
Ordem Jónica:
De linhas mais femininas e graciosas.
Coluna mais fina e tinha base.
Os capitéis apresentavam volutas características.
Inicia-se na Jónia. Passa para Atenas no século V a. C..
Ordem coríntia:
Uma variante decorativa da ordem jónica.
Coluna mais ricamente trabalhada.
No seu capitel surgem representadas folhas de acanto.
Nasce em Corinto, no século V a. C., sendo mais empregue a partir do século IV a. C.
Templo de Atena Niké Reconstituição do Templo de Atena Niké
Repara nos capitéis jónicos. Está situado na Acrópole, em Atenas.
Os edifícios em que melhor se manifesta a perfeição da arquitectura grega é nos templos, mas é preciso não esquecer que os gregos também construíram teatros e estádios.
Propileus
Ergue-se ao cimo das escadas da Acrópole. Repara nos capitéis de ordem dórica.
Erectéion
Templo que se encontra na Acrópole de Atenas. Pode ver-se a tribuna das Cariátides (colunas em forma de estátuas femininas).
A Escultura O tema principal é a figura humana
“ O Homem é a medida de todas as coisas” Protágoras
Duas características principais:
Naturalismo (As formas do corpo ou as pregas das vestes reproduzem a realidade e o movimento, como se estivessem animadas de vida).
Idealismo(Retrata-se a realidade humana no seu mais alto grau de perfeição, de serenidade e harmonia)
Réplica do frontão triangular do Pártenon (fachada ocidental) Arquitecto: Fídias
Discóbolo
Arquitecto: Míron
A Pintura
Inspira-se na mitologia e na vida quotidiana.
A cerâmica tem grande importância, pois tem permitido aos historiadores reconstituir grande parte da vida quotidiana, são assim preciosos documentos históricos.
Vasos de cerâmica com figuras a negro em fundo vermelho (séc. VI a.C.) e figuras a vermelho em fundo negro (séc. V a.C. – permite um desenho mais rico de pormenores e mais expressivo).