UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Engenharia
Curso de Especialização: Produção e Gestão do Ambiente Construído
Ricardo William Santos Luciano
VALIDAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO DE IMPERMEABILIZAÇÃO DE JUNTAS DE FACHADAS
PRÉ-FABRICADAS
Belo Horizonte, 2019
RICARDO WILLIAM SANTOS LUCIANO
VALIDAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO DE IMPERMEABILIZAÇÃO DE JUNTAS DE FACHADAS
PRÉ-FABRICADAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização: Produção e Gestão do Ambiente Construído do Departamento de Engenharia de Materiais e Construção, da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof. Antônio Neves de Carvalho Júnior Coorientador: Prof. Roberto Márcio da Silva
Belo Horizonte,
2019
Luciano, Ricardo William Santos. L937v Validação de um procedimento de impermeabilização de juntas de
fachadas pré-fabricadas [manuscrito] / Ricardo William Santos Luciano. – 2019.
35 f., enc.: il.
Orientador: Antônio Neves de Carvalho Júnior. Coorientador: Roberto Márcio da Silva.
“Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Produção e Gestão do Ambiente Construído da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais” , Bibliografia: f. 34-35.
1. Construção civil. 2. Impermeabilização. 3. Infiltração. 4. Juntas (Engenharia) 5. Fachadas. I. Carvalho Júnior, Antônio Neves de. II. Silva, Roberto Márcio da. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Engenharia. IV. Título.
CDU: 69
RESUMO
A definição dos componentes de uma fachada em um edifício habitacional
são primordiais para bom desempenho deste sistema. Dentro destes
componentes, o sistema de impermeabilização de uma fachada é fator
determinante para vida útil e qualidade da edificação. Este trabalho, visa elaborar
um procedimento de impermeabilização de fachadas pré-fabricadas através de
ensaios em laboratório baseados em normas vigentes que impactam no processo
construtivo descrito.
Palavras-chave: Infiltração. Impermeabilização. Juntas. Construção civil.
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................. 05
Capítulo 1: Sistema Construtivo Habitacional ........................................... 07
1.1 Sistema
1.2 Montagem dos pilares pré-fabricados
1.3 Montagem dos painéis pré-fabricados
1.4 Montagem das vigas e lajes da estrutura pré-fabricada
1.5 Encunhamento das interfaces
Capítulo 2: Impermeabilização em fachadas ............................................. 13
2.1 Impermeabilização
2.2 Pintura acrílica
2.3 Pintura elastomérica
2.4 Mastique
2.5 Membrana hibrida
2.6 Juntas
2.7 Juntas de movimentação
2.8 Juntas de assentamento
2.9 Juntas de dessolidarização
2.10 Fachadas
Capítulo 3: Ensaios Laboratoriais .............................................................. 17
3.1 Relato da pesquisa
3.2 Metodologia da obtenção dos dados
3.3 Resultados obtidos e análise dos dados
Considerações finais ................................................................................ 33
Referências Bibliográficas ....................................................................... 34
Anexos ....................................................................................................... 36
5
INTRODUÇÃO
A construção civil é uma das industrias mais importantes do país,
movimentando a economia e gerando milhares de empregos. Com o programa de
habitação Minha Casa Minha Vida do Governo Federal o índice de empregos e
obras por todo país cresceu exponencialmente. Tal crescimento se dá pelo déficit
habitacional do país e pelo enorme potencial construtivo que ele tem. Com este
crescimento, grandes, médias e pequenas construtoras aparecem e com elas os
processos construtivos.
Para executar um empreendimento do programa Minha Casa Minha Vida,
deve-se considerar, principalmente a viabilidade de execução da obra e um dos
fatores mais importantes na viabilidade são os processos executivos que devem ser
bem escritos, normatizados, testados, homologados e no canteiro devem ser
acompanhados de perto por um técnico responsável afim de garantir a execução do
serviço conforme procedimento. Tal execução, ao término da obra e na entrega do
empreendimento garantirá uma boa viabilidade, pois elimina-se retrabalhos e
principalmente as patologias futuras.
Neste mesmo cenário, as patologias provenientes de infiltrações de fachadas
são conhecidas por serem extremamente caras de serem tratadas. Para obras de
baixo custo e com uma viabilidade apertada, o procedimento de impermeabilização
de fachadas deve ser bem descrito, testado, homologado e principalmente
acompanhado pelos canteiros executores, sendo tal atividade, primordial para evitar
o desvio no planejamento e no custo do empreendimento.
Acredita-se que as fachadas de obras habitacionais são pouco inspecionadas,
antes, durante e após a execução dos serviços que por elas passam. Nota-se que
nos canteiros de obras, os executores supõem que as juntas de fachadas não
precisam ser impermeabilizadas e ainda pode ser notado que o tempo de cura entre
demãos também não é definido e/ou não é respeitado.
Para garantir a qualidade da impermeabilização da fachada de uma obra
composta por um sistema pré-fabricado de painéis mistos de alvenaria de vedação e
concreto ligados com pilares e vigas, deve-se definir um procedimento no qual antes
de ser executado passa-se por ensaios de estanqueidade, calor e choque térmico
das interfaces.
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Tem-se ainda como objetivo desta monografia, analisar os problemas que
levam uma impermeabilização mal executada definindo um procedimento com base
nos ensaios realizados além de levantar impactos para os clientes finais com
fachadas doentes evidenciando a dilatação térmica das juntas e por fim, mostrar a
importância de realizar manutenções preventivas do sistema afim de evitar as
manutenções corretivas que podem ser mais onerosas para o cliente e condomínio.
7
CAPÍTULO 1
SISTEMA CONSTRUTIVO HABITACIONAL
A seguir serão apresentados os constituintes mais importantes de uma
fachada e o estado da arte do sistema construtivo.
1.1 Sistema
De acordo com DATec 012-C (2017), o sistema é composto por painéis pré-
fabricados mistos com concreto armado e blocos cerâmicos para paredes não
estruturais de edifícios residenciais de até 16 pavimentos. Os painéis são produzidos
na horizontal em formas metálicas conforme figura 01.
Figura 1: Concretagem dos painéis. Fonte: DATec 012 (2017)
A estrutura é convencional, pré-fabricada em concreto armado protendido e
as ligações entre vigas, pilares e lajes seguem o projeto estrutural. A montagem é
iniciada com a vinculação dos pilares à fundação do bloco. Após a montagem dos
pilares pré-fabricados, os painéis são montados e ligados aos pilares com solda
8
garantindo o alinhamento e o prumo das peças. As vigas de concreto são montadas
sob placas de poliestireno (EPS). Com a finalização da vinculação das vigas aos
pilares, inicia-se a distribuição das pré-lajes de concreto sobre o escoramento. Com
as pré-lajes distribuídas, a armação negativa é executada e o complemento da
concretagem promove a ligação monolítica entre os pilares, vigas e lajes (DATEC
012C, 2017)
1.2 Montagem dos pilares pré-fabricados
De acordo com DATec 012-C (2017) a montagem dos pilares inicia-se após a
conferência topográfica dos eixos e cotas de nivelamento dos blocos de fundação.
Figura 2: Montagem dos pilares inferiores. Fonte: DATec 012 (2017)
9
1.3 Montagem dos painéis pré-fabricados
Os pilares da fachada, possuem abas de 50mm de largura em toda sua altura
com função de receber e apoiar os painéis que serão montados posteriormente. Os
painéis são soldados nos pilares e recebem uma argamassa expansiva na região da
junta entre o painel e o pilar. Os painéis são posicionados sobre uma argamassa
industrializada aplicada sobre a laje (DATEC 012C, 2017)
Figura 3: Montagem dos painéis. Fonte: DATec 012 (2017)
1.4 Montagem das vigas e lajes da estrutura pré-fabricada
De acordo com DATec 012-C (2017), as vigas pré-fabricadas são apoiadas
sobre placas de poliestireno (EPS) e em sequência, aplica-se a armação negativa
conforme projeto estrutural para execução da ligação hiperestática.
As pré-lajes são montadas sobre escoramento metálico no qual são
distribuídos as armações negativas e os chicotes elétricos que recebem o
capeamento complementar.
10
Figura 4: Montagem das pré-lajes. Fonte: DATec 012 (2017)
Figura 5: Distribuição da armação negativa e chicotes elétricos. Fonte: DATec 012 (2017)
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1.5 Encunhamento das interfaces
Após a montagem de todos os elementos pré-fabricados da estrutura, pilares,
painéis, vigas e lajes deve-se realizar o encunhamento da junta entre o painel e a
viga conforme foto abaixo:
Figura 6: Junta provocada pela placa de EPS após a montagem dos elementos. Fonte: Arquivo Pessoal
Afim de eliminar qualquer material solto, as rebarbas de concreto são
retiradas e o isopor é queimado. O encunhamento é executado com traço definido
em procedimento com argamassa industrializada, aditivo expansor e água e deve
tampar qualquer fresta ou abertura que possibilitem a passagem de água. Após o
encunhamento, é realizado uma cura úmida de 72 horas.
12
Figura 7: Interface dos elementos pré-fabricados encunhada. Fonte: Arquivo Pessoal
13
CAPÍTULO 2
IMPERMEABILIZAÇÃO EM FACHADAS
2.1 Impermeabilização
Os Sistemas impermeabilizantes têm como objetivo a proteção das
edificações de modo a garantir a elas uma maior vida útil, através da manutenção de
ambientes saudáveis, permitindo assim o conforto dos usuários (ARANTES,2007).
De acordo com Jonov (2008), o sistema construtivo de proteção de uma edificação
contra as condições de meio ambiente que ela está inserida, denomina-se
impermeabilização. Esta proteção tem o objetivo de alcançar, no mínimo a
durabilidade da edificação; o conforto e saúde dos usuários e a proteção ao meio
ambiente.
De acordo com Instituto Brasileiro de Impermeabilização (2009), existem 10
fatores primordiais para garantir a estanqueidade de uma fachada começando pelo
estudo de traço e dosagem da argamassa do revestimento, tendo atenção aos
horários para execução do reboco e sarrafeamento da fachada atrelado às
condições climáticas, prever pingadeiras, executar as juntas de dilatação das
fachadas realizando a cura adequada não perdendo foco à calafetação de
esquadrias e ar condicionado, compatibilização e correta interligação da estrutura
com os painéis de fechamento, analisando deformações excessivas da estrutura
afim de garantir a aderência do revestimento ao substrato através de preparo das
superfícies e a capacidade da pintura da fachada evitar penetração de água.
As fissuras provocadas por retração, são patologias comuns em fachadas e
são causadas basicamente por erros de dosagem, não consideração do clima e a
falta de cura. Permitir a passagem de fluídos, compromete o revestimento sendo
necessária a intervenção corretiva. Para correção, deve-se utilizar produtos flexíveis
que absorvem deformações causadas por variações térmicas. Alguns destes
revestimentos flexíveis podem ser pigmentados. Fissuras nas ligações entre
diferentes elementos construtivos podem ser ocasionados por módulos de
elasticidade distintos, falta de juntas de dilatação, deformações excessivas e podem
ser evidenciadas no encontro entre pilares e alvenaria, lajes e alvenaria, vigas e
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alvenaria. Para tratativa desta patologia, deve-se utilizar reboco estruturado,
mastiques, pinturas acrílicas elastoméricas e telas (INSTITUTO BRASILEIRO DE
IMPERMEABILIZAÇÃO, 2009).
2.2 Pintura acrílica
As tintas acrílicas apresentam maior durabilidade, maior resistência às
intempéries, à produtos químicos, proliferação de algas e fungos, maior resistência
ao descascamento e à formação de bolhas tendo melhor adesão à substratos sob
condições úmidas. Tais resinas, são obtidas da reação entre a polimerização de
monômeros acrílicos com metacrilato de metila e o acrilato de butila e podem ser
dissolvidas em água ou em solventes orgânicos (ANGHINETTI, 2012)
2.3 Pintura elastomérica
As tintas elastoméricas destinam-se para uso em telhados, pisos, tijolos,
concreto, lajes. Também pode ser usada como tinta para demarcação de tráfego
apresentando uma ótima resistência. Pode ser lisa ou brilhante e possui alta
flexibilidade transformando em uma membrana impermeável que evita manchas,
prevenindo fissuras e ainda permite isolamento térmico.
2.4 Mastique
O mastique tem a função de selante de juntas de concreto, madeiras, pedras,
juntas de piso, placas pré-moldadas, juntas de fachada e juntas de dilatação. É um
selante flexível, monocomponente a base de poliuretano flexível.
2.5 Membrana Híbrida
As membranas híbridas têm a função de impermeabilizar telhados,
coberturas, lajes e áreas com geométrica complexa. É monocomponente,
impermeável, solúvel em água, componente acrílico de membrana de poliuretano
modificado.
15
2.6 Juntas
Existem vários tipos de juntas para serem executadas em uma obra, cada
uma com sua especificação e tipo de tratativa diferente com materiais distintos:
2.7 Juntas de movimentação
De acordo com a ABNT NBR 13755:2017 devem ser executadas juntas
verticais em fachadas no máximo a cada 3 m ou a cada pé direito, na região de
encunhamento da alvenaria ou a cada 6 m na horizontal. As juntas de movimentação
devem ser preenchidas com selantes flexíveis, à base de poliuretano, polissulfetos
ou silicones (ROSCOE, 2008).
2.8 Juntas de assentamento
De acordo com as NBR’s 13753, 13754 e 13755 (ABNT, 1996), são funções
das juntas de assentamento:
• Facilitar o perfeito preenchimento, garantindo a vedação;
• Oferecer poder de acomodação das movimentações da base e das
cerâmicas;
• Facilitar a troca de peças cerâmicas;
• Compensar variações de bitolas de cerâmicas;
• Atender estética.
2.9 Juntas de dessolidarização
De acordo com Magalhães (2008), devem ser executadas no perímetro da
área revestida, no encontro de áreas revestidas com pisos e forros, pilares, vigas ou
com outros tipos de revestimentos, e onde ocorre mudança de materiais. Consistem
em espaços regulares cuja função é separar o revestimento da base para aliviar
tensões provocadas pela movimentação da base ou até mesmo do próprio
revestimento.
16
Tais juntas, devem ser dimensionadas em função de movimentações
previstas para o revestimento e da deformabilidade admissível do selante. O selante
deve ser à base de poliuretano, silicone ou polissufetos (MAGALHÃES, 2008).
2.10 Fachadas
O conceito de revestimento e construção de fachada nas últimas décadas,
foram revolucionados tecnologicamente, com a concepção de novos métodos, o
surgimento de novos e eficientes materiais, e a indústria da construção acompanhou
tal evolução e hoje consegue responder tecnologicamente às solicitações cada vez
mais exigentes e criativas dos projetos arquitetônicos (GUERRA, 2010).
Os revestimentos utilizados nas fachadas dos edifícios, além de aumentar a
valorização estética, possuem importante função de proteção do edifício, à vista
disso é muito importante a realização de manutenção das fachadas. (GASPAR,
2009; SILVA et al., 2016).
De acordo com Souza (2016), as fachadas são elementos expostos às
condições adversas, dentre elas as climatológicas, portanto possuem funções
importantes de proteção do edifício e seus elementos e da própria estrutura. A
manutenção é importante com objetivo de conservação das características e
propriedades durante o período de vida útil deste sistema, respeitando os níveis
mínimos de desempenho. A interface das fachadas com os demais componentes,
elementos e sistemas da edificação, como caixilhos, esquadrias, estruturas,
coberturas, pisos e instalações, provocam a necessidade de uma abordagem
conjunta do desempenho dos elementos e sistemas que interagem entre si
(JERNBERG et al., 2004; FLORES; BRITO, 2002). A perda gradual do desempenho
pode estar associada ao processo de degradação. As anomalias presentes nas
fachadas são, resultados do não atendimento dos requisitos e critérios de
desempenho estabelecidos para que cumpram suas funções, bem como também
podem ser resultantes dos processos de degradação (ABNT NBR 15575-1, 2013).
17
CAPÍTULO 3
ENSAIOS LABORATORIAIS
3.1 Relato da pesquisa
Com objetivo de enaltecer ainda mais esta pesquisa quantitativa, um ensaio
laboratorial prático de estanqueidade e de calor e choque térmico da interface da
estrutura-painel do sistema construtivo de painéis de vedação pré-fabricados mistos
utilizados em edifícios foi realizado no Laboratório de Análise Experimental de
Estruturas – LAAES – UFMG.
O ensaio foi acompanhado pelo Professor Doutor Roberto Márcio da Silva e
pelo Engenheiro responsável da empresa de pré-fabricados Ricardo William Santos
Luciano que redigiu as instruções de trabalho para serem replicadas durante o teste
de forma a validar tecnicamente o procedimento.
3.2 Metodologia de obtenção dos dados
Para elaboração do procedimento e posterior validação técnica em laboratório
e canteiro de obras analisou-se dados de assistência técnica e patologias referentes
à infiltração de fachadas através das juntas pré-fabricadas.
No ano de 2016 a construtora registrou através da área de relacionamento
com clientes um total de 1550 chamados de assistência técnica e este número que
nos anos anteriores era controlado, preocupou a direção da empresa que resolveu
analisar criticamente o que estava acontecendo para este crescimento elevado nos
chamados. Diante dos números na mesa, evidenciou-se que 60% dos chamados
eram referentes às infiltrações de fachadas provenientes das fortes chuvas que
ocorreram no ano em questão.
As infiltrações de fachada foram responsáveis pelo aumento do efetivo de
assistência técnica da empresa, depreciação do nome da construtora perante ao
mercado e aos seus clientes e um custo elevado na tratativa da doença.
Revolveu-se então através de toda área de engenharia e assistência técnica
da empresa levantar as principais causas para as patologias de fachada afim de
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encontrar uma causa raiz e posteriormente definir uma tratativa para encerrar as
ocorrências e evitar uma nova enxurrada de chamados desta finalidade.
Figura 8: Registro interno do apartamento do cliente com infiltração. Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 9: Registro interno do apartamento do cliente com infiltração. Fonte: Arquivo Pessoal
19
Figura 9: Ponto de infiltração – visto internamente. Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 10: Corte da viga e dos painéis evidenciando o ponto de infiltração. Fonte: Arquivo Pessoal
20
Figura 11: Vista panorâmica do bloco com pontos de acúmulo de água. Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 12: Vista superior do bloco com pontos passíveis de entrada de água. Fonte: Arquivo Pessoal
21
Figura 13: Descolamento de textura. Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 14: Trincas na textura. Fonte: Arquivo Pessoal
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Figura 15: Micro-furos causados por excesso de diluição. Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 16: Encunhamento da junta com frestas. Fonte: Arquivo Pessoal
Diante de todas as evidências acima, a construtora concluiu que as patologias
nas fachadas eram devido aos fatores:
▪ O tempo de cura para o encunhamento estava inadequado;
▪ O material impermeabilizante utilizado não estava especificado e
homologado;
23
▪ O tempo entre as demãos do material impermeabilizante não estava
sendo respeitado conforme ficha técnica do fornecedor;
▪ As fissuras e trincas das juntas e tintas não estavam sendo tratadas
antes da impermeabilização;
▪ Os condomínios nunca realizaram manutenções preventivas do
sistema.
Tais ocorrências causaram muitos prejuízos à construtora, financeiros, prazos
de obra e principalmente moral perante aos seus clientes. Por isso, diante de todos
os dados e ocorrências levantadas, decidiu-se elaborar uma instrução de trabalho
para impermeabilização de fachadas, homologar em laboratório capacitado e instruir
clientes através do manual do proprietário a realização de manutenções preventivas
do sistema de estanqueidade.
Conforme item 2.1.4 desta monografia antes de executar a impermeabilização
da fachada deve-se realizar o encunhamento das juntas dado traço apresentado
abaixo:
▪ 1 saco de argamassa AC II (20kg);
▪ 4,5 litros de água;
▪ 260g de aditivo expansor;
Aplicar três demãos de membrana líquida de poliuretano e acrílico para
impermeabilização. A primeira demão deve ser diluída em 20% de água, depois
aplicar as demais demãos (sem o adicionamento de água). Entre a 1° e 2° demão
aplicar a tela poliéster. Durante as aplicações do produto deve-se aguardar um
intervalo de tempo de 2 horas entre cada demão. As aplicações devem ser
realizadas em sentidos contrários.
24
Figura 17: Junta antes da aplicação da 1ª demão. Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 18: Junta durante a aplicação da 1ª demão. Fonte: Arquivo Pessoal
25
Figura 19: Junta depois da aplicação das 03 demãos + tela. Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 20: Vista da fachada impermeabilizada e com trincas e fissuras tratadas.
Fonte: Arquivo Pessoal
26
3.3 Resultados obtidos e análise dos dados
Com procedimento elaborado, antes de escalonar para todos
empreendimentos, realizou-se um ensaio baseado na ABNT NBR 15575-04:2013 –
Desempenho de Edifícios – parte 04: fachadas e paredes internas – Anexo C –
Verificação, em laboratório da estanqueidade à agua de sistemas de vedação
verticais externos (SVVE) – método e ensaio e Anexo E – Verificação do
comportamento de SVVE exposto à ação de calor e choque-térmico – Método e
ensaio.
Conforme ABNT NBR 15575 - parte 04 (2013), paredes externas, incluindo
revestimentos, devem ser submetidas a dez ciclos de exposição ao calor e
resfriamento por meio de jatos de água e não podem apresentar:
▪ Deslocamento horizontal instantâneo, no plano perpendicular ao corpo
de prova, superior a h/300, onde h é a altura do corpo de prova;
▪ Ocorrência de falhas, como fissuras, destacamentos e outros danos
que possam comprometer a durabilidade da parede de fachada.
A ABNT NBR 15575:2013 – parte 04 específica em seu anexo E um método
de ensaio para verificação do comportamento de SVVE exposto à ação de calor e
choque térmico, realizado com 10 ciclos de aquecimento e resfriamento. Neste
ensaio, devem ser registradas: a ocorrência de fissuras, trincas, descolamentos ou
outras deteriorações em ambas as faces do corpo de prova; o deslocamento
horizontal após 45 min da estabilização da temperatura superficial em (80 ± 3) °C, e
imediatamente após o resfriamento.
27
Figura 21: Painel de radiação para aquecimento da parede pré-fabricada. Fonte: LAEES – UFMG
De acordo com Silva (2017), afim de avaliar a Estanqueidade à água de
chuva, posterior ao ensaio de calor e choque térmico que realizou 10 ciclos de
aquecimento e resfriamento, o painel foi ensaiado à estanqueidade, baseado na
ABNT NBR 15575:2013 – parte 4, utilizando-se o método de ensaio descrito no seu
anexo C. Tal ensaio laboratorial consistiu em, durante 7 horas, submeter a face
externa do corpo-de-prova a uma vazão de água de 3 litros/min/m2, criando uma
película homogênea e contínua, com a aplicação simultânea de uma pressão
pneumática de 50 Pa sobre o sistema pré-fabricado. A execução dos ensaios e os
equipamentos utilizados atenderam às prescrições dos ANEXOS C e E da NBR
15.575:2013 - Parte 4.
28
Figura 22: Câmara para ensaio de estanqueidade. Fonte: LAEES – UFMG
Figura 23: Painel e junta impermeabilizada conforme procedimento preparado para ensaio. Fonte:
LAEES – UFMG
29
Figura 24: Aquecimento da junta e parede com uso de painel radiante. Fonte: LAEES – UFMG
Figura 25: Resfriamento do painel com água. Fonte: LAEES – UFMG
30
Figura 26: Controle sistêmico digital da temperatura na face exposta do painel ao
aquecimento e resfriamento. Fonte: LAEES – UFMG
Destaca-se abaixo o resultado obtido no ensaio de calor e choque térmico:
Ciclo
Observações
Critérios de desempenho
1°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
As paredes externas, incluindo
seus revestimentos, submetidas a
dez ciclos sucessivos de exposição
ao calor e resfriamento por meio
de jato de água, não podem
apresentar ocorrência de falhas
como fissuras, destacamentos,
empolamentos, descoloramentos e
outros danos que possam
comprometer a utilização do
SVVE.
APROVADO.
2°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
3°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
4°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
5°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
31
6°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
7°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
8°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
9°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
10°
Não foram observadas fissuras, destacamentos,
empolamentos, nem descoloramentos, ou
qualquer dano em toda a superfície do painel,
junto à junta, exposta ao calor
Tabela 01: Resultado do Ensaio de Exposição ao Calor e Choque Térmico. Fonte: LAEES –
UFMG
Abaixo, destaca-se dados referente ao ensaio de estanqueidade, realizado
após o ensaio de calor e choque térmico:
Figura 27: Face do painel recebendo a vazão de água após ensaio de calor e choque
térmico. Fonte: LAEES – UFMG
32
Figura 28: Face oposta do painel após o ensaio de estanqueidade e ensaio de calor e choque
térmico. Fonte: LAEES – UFMG
Diante dos ensaios realizados os resultados foram:
Pressão
(Pa)
Vazão
(L /min/m2)
Tempo
(h)
Área do
painel
exposta à
água (m2)
Área molhada
do painel na
face oposta
(m2)
Observações
50
3,0
7,0
2,25
0,00
Não houve
manchamento do
painel na face
oposta, na região
da junta
APROVADO.
Tabela 02: Resultado do Ensaio de Estanqueidade. Fonte: LAEES – UFMG
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista o problema desta pesquisa, a hipótese e os objetivos
apresentados, foi possível identificar a causa raiz das patologias de infiltrações de
fachadas causadas no processo construtivo bem como a gravidade para esta
patologia quando não acompanhada e verificada em obra. O problema nasce em um
procedimento mau elaborado e mau testado tecnicamente e desencadeia nos
processos executivos causando danos morais aos clientes e prejuízos financeiros à
construtora, fazendo com que a viabilidade da obra fique negativa.
Foi possível verificar que ensaios técnicos e normatizados, antes de
processos serem padronizados para produção em escala, sejam realizados afim de
comprovar a eficiência do processo para garantir a boa execução e a vida útil do
sistema.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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