UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL
O LIVRO DE HORAS 50,1,16 DA BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE
JANEIRO
DOUTORADO
Maria Izabel Escano Duarte de Souza
Orientadora: Maria Cristina C. Leandro Pereira
2017
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1. Apresentação do Tema
Este projeto de doutorado tem como objeto de estudo um livro de horas francês,
conservado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, registrado sob o número 50,1,16.
Ele faz parte de uma pequena coleção de quatro livros de horas manuscritos e
iluminados que chegaram ao Brasil com a Corte Portuguesa em 1808, e que pertenciam,
não se sabe desde quando, à Casa do Infantado1. Parte integrante da Real Biblioteca
Portuguesa, a Casa do Infantado abrigava obras que se destinavam à formação dos
monarcas portugueses.
Sendo assim, duas grandes questões se colocam com este trabalho: aquelas que
envolvem a produção da obra – incluindo a análise das imagens em sua relação com os
textos presentes no manuscrito – e aquelas que envolvem sua recepção, seja em relação
ao proprietário original, seja como obra que integraria a biblioteca dos futuros reis
portugueses.
Os livros de horas podem ser definidos como livros de orações que continham,
além do Pequeno Ofício da Virgem Maria, outros ofícios, salmos e textos – a maioria
deles em latim - para recitação diária dos leigos, de acordo com as horas canônicas2.
Sua leitura também era considerada edificante, ademais de serem tidos como um meio
eficaz de preparação para a hora da morte e para se alcançar a salvação. Assim, eles
eram instrumentos de novas práticas religiosas que se conformaram na virada do século
XII para o século XIII, especialmente da devoção e meditação pessoais, com destaque
para o culto mariano que então começava a se expandir.
Os leigos, estimulados principalmente pelo desejo de levar uma vida espiritual
intensa, e pelo exemplo das ordens mendicantes, passavam a adotar uma nova atitude
em relação ao mundo divino e à prática da vida religiosa, cuja tônica era dada pela
aspiração à salvação e à purificação individual3. A experiência da devoção pessoal e da
meditação tornava-se mais popular entre os leigos, que praticavam sua fé de uma forma
1 Esta coleção possui outros três livros de horas: o livro 50,1,1 datado de 1460 e proveniente de Bruges,
feito no entanto para a diocese de Sarum de Salisbury, na Inglaterra; o livro 50,1,19, datado de 1430 e de
uso litúrgico rouanense; e finalmente o livro 50,1,22, datado de finais do século XV e também com uso
litúrgico de Rouen. 2 As matinas, recitadas ao amanhecer, são o ofício mais importante onde, além de salmos e hinos, as
leituras são retiradas da Bíblia e alternadas por versos (respostas). As laudes (após as matinas) e as
vésperas (à noite) se constituem de salmos, hinos e curtas leituras (capítulos). As primas (6h), as tercias
(9h), as sextas (12h), as nonas (15h), e as completas (recitadas após as vésperas), são mais curtas.
GAUVARD, Claude; LIBERA, Alain de; ZINK, Michel. Dictionnaire du Moyen Âge. Paris: PUF, 2002.
(Tradução da autora) 3 BASCHET, J. A Civilização Feudal: do ano mil à colonização da América. Rio de Janeiro: Globo,
2005, p. 220.
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mais particular e ativa. Podemos citar a recitação cotidiana das horas canônicas como
um dos principais exemplos dessa mudança de atitude, ocorrida a partir do século XIV.
Para isso, o laicato demandava novos instrumentos que lhes permitissem levar a cabo
tais práticas: os livros de horas, originários dos breviários4 e antifonários5.
Há evidências de que esses livros eram lidos diariamente, e utilizados nas missas
dominicais. Dentre estas evidências, podemos citar tratados recomendando a leitura
diária dos livros, ensinando como se deveria proceder à sua leitura, e em que momento
da missa eles deveriam ser utilizados. Muitos dos livros também continham orações que
deveriam ser lidas durante momentos específicos das celebrações, como a consagração
da hóstia6. Outra evidência são as fontes iconográficas que representam fiéis usando
seus livros de horas durante a missa, como é o caso do livro de horas de Blanche da
Borgonha e das Horas de Buves7. Além disso, representações de fiéis orando a partir de
seus livros de horas também são comuns dentro dos próprios livros. Estes fragmentos
nos permitem, assim, conhecer melhor as práticas de oração dos fiéis e o uso que se
fazia dos livros de horas.
São também estas evidências que nos permitem afirmar que tais códices
constituíam importante faceta da piedade laica durante a Idade Média, e nos ajudam a
compreender algumas de suas práticas devocionais.
Cabe lembrar, ainda, que estes livros de horas geralmente continham iluminuras.
A palavra iluminura tem origem no latim, illuminare, que significa iluminar, trazer à
luz8. Refere-se tanto ao sentido de esclarecer, dar significado a alguma coisa antes sem
sentido – no caso os textos dos livros medievais – como também ao material utilizado
na confecção dessas imagens: a folha de ouro. Portanto, chamamos de iluminuras as
imagens contidas principalmente em livros manuscritos, que têm a função de auxiliar na
leitura e na compreensão do texto, confeccionadas com aplicação de folha de ouro,
refletindo a luz do ambiente, e assim iluminando visualmente o texto.
4 Um livro de serviços religiosos que contem os textos necessários para a celebração do Ofício Divino.
Ele é uma compilação dos diversos volumes utilizados durante o Ofício (Antifonário, Saltério,
Martiriológio, etc), inicialmente utilizado somente por monges, e popularizado pelos mendicantes durante
o século XIII. BROWN, M. Understanding Illuminated Manuscripts: a guide to technical terms. Los
Angeles: The J. Paul Getty Museum, 1994, p. 25. 5 Livro que contém as partes cantadas do Ofício Divino. Seu grande formato permite que seja utilizado
por corais nas celebrações religiosas. Ibid, p. 11. 6 WIECK, Time Sanctified: the book of hours in medieval art and life. New York: George Braziller Inc,
2001, p. 42. 7 Ibidem. 8 WALTHER, I.; WOLF, N. Codices Ilustres: los manuscritos iluminados más bellos del mundo desde
400 hasta 1600. Madrid: Taschen, 2005, p.11.
4
Nos livros de horas, a iluminação mistura elementos temporais, como a
iconografia dos trabalhos do mês e os signos do zodíaco, com temas bíblicos, apócrifos,
da vida da Virgem, do Cristo e dos santos. Outros tipos de iluminação são as iniciais
decoradas e historiadas, que geralmente se relacionam com a imagem principal através
de um caráter narrativo de suas pequenas representações, bem como as margens dos
manuscritos, que além de trazerem motivos geométricos, florais e zoomórficos, também
se configuram, em alguns casos, como um espaço de liberdade para os artistas
representarem figuras jocosas e grotescas, que trazem embutidas em si um caráter
crítico à sociedade da época em que foram feitos.
2. Justificativa Teórica e Historiográfica
A pesquisa proposta neste projeto se justifica tanto pelas características
particulares do manuscrito quanto pelo caráter inédito do estudo, já que não existem
estudos aprofundados sobre o livro 50,1,16. No que concerne ao primeiro ponto, além
dos aspectos históricos e iconográficos, este códice se destaca pelas diferentes
caligrafias que podem ser percebidas em suas páginas, bem como inscrições em francês,
latim e alemão contidas no início e no final do manuscrito – elementos materiais que
nos dão indícios para traçar sua história, pois são vestígios que representam lugares
pelos quais o livro passou e pessoas a quem este livro pertenceu.
Ele aparece em dois catálogos da Biblioteca Nacional: um de 18859 e outro de
197310. A pesquisadora e chefe da seção de manuscritos Vera Faillace também elaborou
um Catálogo dos Livros de Horas da Biblioteca Nacional do Brasil, em 200911, no qual
inclui este códice. Estes catálogos trazem as descrições técnicas do livro, como
tamanho, quantidade de folios, quantidade de iluminuras, descrição do conteúdo do
livro, do texto e identificação do uso litúrgico12, sem contudo se preocupar em
9 EXPOSIÇÃO PERMANENTE DOS CIMÉLIOS DA BIBLIOTECA NACIONAL. Rio de Janeiro:
Leuzinger & Filhos, 1885. Catálogo de exposição. 10 MANUSCRITOS: SÉC. XII-XVIII PERGAMINHOS ILUMINADOS E DOCUMENTOS
PRECIOSOS. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1973. Catálogo de exposição. 11 FAILLACE, Vera Lucia Miranda. Catálogo dos livros de horas da Biblioteca Nacional do Brasil. 99f.
Dissertação (Mestrado Profissional em Bens Culturais) – Fundação Getúlio Vargas, CPDOC, Rio de
Janeiro. 2009. 12 Um tipo específico de liturgia (conjunto de versos, respostas, antífonas e capítulos) praticado em uma
região particular ou por um grupo de pessoas. Os textos das missas e do ofício divino, bem como sua
ordem durante o ano, variam de acordo com esses ritos, com celebrações relacionadas a santos locais
sendo particularmente variáveis. Durante a Idade Média, alguns usos foram regulamentados por grandes
catedrais ou ordens religiosas. Os mais usados são o de Roma (maior parte dos livros), Paris (livros
franceses), Rouen, Sarum de Salisbury (livros ingleses ou feitos para clientes ingleses), Besançon,
Poitiers e Utrecht (livros flamencos). Muitas vezes, essas variações podem auxiliar na identificação da
5
aprofundar ou propor análises que tragam luz às questões de autoria, datação,
proveniência.
A primeira análise feita sobre este manuscrito foi de autoria do frei Damião
Berge13, que escreve um compêndio sobre a coleção de livros de horas da Real
Biblioteca com análises do texto e da decoração, além de informações sobre a liturgia
da igreja, e seus santos. No entanto, o foco de tal análise é outro livro da mesma
coleção, registrado sob o número 50,1,1.
Mais recentemente, o conservador da Biblioteca Nacional da França François
Avril, consultado pela chefe da seção de manuscritos, deu algumas pistas sobre a
identificação deste códice, embora ele afirme que somente a partir da observação das
imagens do livro de horas 50,1,16 disponibilizadas no site da Biblioteca Nacional ele
seria capaz de fornecer indicações com mais segurança14.
De modo geral, há pouquíssima bibliografia em língua portuguesa sobre livros
de horas. Mas contrastando com essa carência, há uma produção bastante numerosa
principalmente na Europa a esse respeito. Uma das mais conhecidas é o livro de James
Marrow sobre o livro de horas de Margarida de Cleves, no qual ele traça a história deste
manuscrito, levando em consideração o texto, a iluminação e os contextos sociais e
históricos15. A obra de Marrow servirá como parâmetro para o desenvolvimento desta
pesquisa. No entanto, pretendemos ir além, ao propormos analisar e transcrever o texto
do livro de horas, analisar iconograficamente suas iluminuras, investigar seus contextos
de produção, recepção e circulação, de que forma este livro chegou à Real Biblioteca
Portuguesa, bem como sugerir uma proveniência e datação para o manuscrito.
A importância histórica e artística desse tipo de livro durante a Idade Média
também deve ser destacada. Sua encomenda, produção e venda é bastante significativa
entre os séculos XIII e XVI: segundo alguns autores, eles foram o tipo de livro mais
produzido nesse período, mais até mesmo que a Bíblia16, e são os que sobreviveram em
maior número até os nossos dias. Eram muito comuns como presente de núpcias entre
origem do manuscrito. BROWN, M. Understanding Illuminated Manuscripts: a guide to technical terms.
Los Angeles: The J. Paul Getty Museum, 1994, p. 123. 13 BERGE, Damião. Livros de horas manuscritos iluminados da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
[1973?]. Datil 14 AVRIL, F. “Le fonds des livres d’heures enluminés de la Biblioteca Nacional do Brasil”. Obra em vias
de publicação. (tradução da autora). 15 MARROW, James. As Horas de Margarida de Cleves. Lisboa: Ms. Calouste Gulbenkian, 1995. 16 WIECK, Time Sanctified: the book of hours in medieval art and life. New York: George Braziller Inc,
2001, p. 7.
6
noivos e também eram utilizados para alfabetização de crianças.17 Como instrumentos
de novas práticas religiosas letradas ligadas à devoção e meditação pessoais realizadas
por leigos, o livro de horas nos fornece indícios de uma sociedade medieval em
transformação. Eles nos permitem compreender melhor a interface entre as práticas
letradas dos leigos e as práticas religiosas, bem como a devoção pessoal e a relação dos
cristãos com o mundo divino.
3. Delimitação do Tema
Tomando como ponto de partida o livro de horas 50,1,16, a presente proposta de
pesquisa pretende seguir três grandes eixos de investigação: o livro, suas condições de
produção e sua recepção na Casa do Infantado. O primeiro constará, portanto, do exame
profundo do livro, levando em consideração seu texto, que será traduzido e transcrito, e
suas imagens. O segundo, do estudo do contexto de produção no qual o livro foi
confeccionado, procurando identificar sua data e local de produção, o ateliê responsável
por suas iluminuras, e o proprietário original do manuscrito. E o terceiro, da
investigação a respeito da trajetória deste códice, levando em consideração adições
posteriores feitas ao conteúdo do livro, inscrições e rubricas feitas em suas margens e
ausências de textos e imagens. Ou seja, o caminho que ele percorreu até chegar à Real
Biblioteca Portuguesa e à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Assim, estes eixos de
análise não deixarão de privilegiar os aspectos históricos e sociais dos contextos aos
quais o livro faz parte, sua produção, recepção, bem como seus usos e funções.
O recorte cronológico amplo se explica, em primeiro lugar, pela preocupação em
traçar a história do livro, levando em consideração sua produção e recepção. Em
segundo, pelas únicas datas supostas ou conhecidas: o ano de sua confecção, 1460,
indicado por François Avril, e o ano de 1810, data final da chegada dos caixotes que
continham a Real Biblioteca ao Rio de Janeiro. Assim, o período que compreende os
séculos XV e XVIII será adotado como o eixo temporal deste projeto.
Já o recorte espacial se justifica pela identificação do uso litúrgico do livro:
Paris, que também é o local de sua possível produção. É importante salientar, entretanto,
que o recorte espacial também deverá incluir Portugal, uma vez que este livro chegou à
17 WIECK, Time Sanctified: the book of hours in medieval art and life. New York: George Braziller Inc,
2001, p. 13.
7
Real Biblioteca Portuguesa quando esta ainda se localizava em sua sede original18, e
outros eventuais locais pelos quais o livro tenha passado.
4 Hipóteses
Partindo das indicações feitas por François Avril, da análise do texto e das imagens
do manuscrito, acreditamos que o livro de horas 50,1,16 é proveniente de Paris, e foi
confeccionado em c. 1460 pelo mesmo mestre que confeccionou o livro de horas 2685
da Biblioteca de Saint Geneviève;
A partir da análise das inscrições adicionadas posteriormente ao manuscrito,
acreditamos que o livro teve, além do proprietário original francês, pelo menos mais
dois proprietários, que adicionaram a oração em latim com rubricas em alemão que se
inicia no folio 154, e a oração do folio 160.
A partir da análise das rubricas em alemão adicionadas posteriormente ao livro,
acreditamos que um dos proprietários do livro tinha origem alemã, indicando assim que
o livro circulou em locais onde a língua vernácula era anglo-saxã;
Acreditamos que o livro de horas 50,1,16 tenha sido incorporado à coleção da Real
Biblioteca Portuguesa no contexto da política de aquisição praticada pela Monarquia
após o terremoto e incêndio de 1755, para recompor a Livraria Real, através de um dos
emissários espalhados pelas capitais européias,
Acreditamos que o livro de horas 50,1,16 era usado pelos infantes portugueses como
parte de seu aprendizado litúrgico, e sua função era justamente servir à educação formal
e religiosa dos futuros príncipes portugueses.
5 Objetivos
Analisar, traduzir e transcrever o texto do livro de horas 50,1,16;
Analisar as imagens do livro de horas 50,1,16, para procurar sugerir uma filiação
artística ao manuscrito, levando em conta sua relação indicada por François Avril com
outros dois livros de horas franceses, e para entender o funcionamento das imagens em
relação aos textos e em relação às práticas devocionais do século XV;
Investigar os contextos de produção do livro de horas 50,1,16, procurando sugerir
sua proveniência, período de confecção e propriedade originais;
18 SCHWARCZ, Lilia Moritz. A longa viagem da Biblioteca dos Reis: do terremoto de Lisboa à
Independência do Brasil. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2002, p. 73 e 179.
8
Investigar os contextos de recepção do livro de horas 50,1,16 em Paris, em Portugal e
em outros lugares pelos quais o livro tenha passado, tentando traçar sua trajetória desde
a confecção até a inclusão na Real Biblioteca Portuguesa;
Investigar os vários usos, funções e sentidos dos livros de horas na sociedade
medieval, analisando seus aspectos históricos e sociais.
6 Metodologia e Fontes
A fonte principal para este projeto é o livro de horas 50,1,16. Ele possui o
carimbo da Casa do Infantado nos folios 2v e 151v, e está localizado hoje na seção de
manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Feito segundo o uso litúrgico de
Paris, ele apresenta 160 fólios, mede 180 x 130 mm e sua encadernação é moderna, feita
em pergaminho. Seu texto foi escrito em letra gótica, em latim. No calendário e nos
sufrágios dos santos a escrita é em francês.
Ele apresenta uma inscrição raspada no folio 1r, cujos vestígios são
indecifráveis, porém que se percebe ter sido escrita em letra diferente do restante do
manuscrito. No folio 154 há outra inscrição: Prosa fratris iohãnus Lemo//uicensis
monachi clareuallen//sis. Salutatio devota ad yma//ginem saluatoris nostri, uma adição
posterior que antecede um Ofício das Chagas de Cristo, cujo texto está escrito em latim,
com rubricas em alemão. Novamente ao final deste Ofício, outra inscrição, localizada
no folio 160: eam in refrigério lucis et quie//tis. Amen. // Confiteor deo Beate marie et
omnibus // sanctis quia peccavi mimis. cogitacione // locutione et opere. mea culpa.
Ideo // precor te. Ora pro me. // Misereatur tui omnipotens deus. et di//mittat tibi omnia
peccata tua. Liberet // te ab omni malo. conseruet et confirmet // in omni opere bono. et
perducat ad // vitam eternam. Amen.
Seu conteúdo inclui: entre os folios 1r e 12v um calendário em francês, cada mês
em um fólio; do folio 13r até o 16r as Horas da Cruz; do 16v ao 20v as Horas do
Espírito Santo; do 21r ao 25r as Passagens dos Quatro Evangelhos; do 25r ao 31r as
Orações à Virgem Maria; do folio 32r ao 87v as Horas da Virgem Maria incompletas,
faltando as sextas e as nonas. Entre os folios 88r e 99r os Sete Salmos Penitenciais, do
99r ao 103v a Ladainha de Todos os Santos; do 104r ao 145r o Ofício dos Mortos e do
145r ao 153v as Memórias dos Santos.
Em relação à iluminação, o livro inclui 12 miniaturas, sendo duas vinhetas
marginais e três medalhões vinculados à uma miniatura de página inteira. São elas a
Pietá na margem direita do folio 25, e a Virgem com o Menino e um anjo na margem
9
esquerda do folio 28v. As de página inteira são a Crucificação no folio 13, o Pentecostes
no folio 16v, a Anunciação no folio 32, em cujas margens aparecem três medalhões com
o Nascimento da Virgem, a Apresentação da Virgem no Templo e o Casamento da
Virgem; a Visitação no folio 52v, a Natividade no folio 62, a Anunciação aos Pastores
no folio 67, a Fuga para o Egito no folio 76v, a Coroação da Virgem no folio 82, O Rei
Davi no folio 88 e uma cena de enterro no folio 104.
Outras fontes para esta pesquisa serão alguns dos livros de horas indicados por
François Avril19 como tendo provavelmente o mesmo iluminador, o Mestre de Coetivy
(provavelmenre Colin d’Amiens), além de dois outros livros de horas de um outro
iluminador: o ms 2685 da Bibliothéque Sainte-Geneviève20, em Paris, e o ms. Stowe 25
da British Library em Londres21. A estes se somam livros de outros artistas franceses do
período, a serem levantados nos principais museus e bibliotecas francesas e européias.
O acesso a estes livros, bem como ao livro 50,1,16, se dará por meio digital e
presencial.
No que diz respeito à análise das imagens do manuscrito, esta se fará não
somente em relação a seus aspectos formais, mas também a seus significados. Entende-
se que os dispositivos plásticos são eles mesmos significantes e participam da produção
do sentido na imagem, constituindo a matéria mesma com as quais ela elabora-se.22
Assim, serão levados em consideração os motivos iconográficos das iluminuras do livro
50,1,16, bem como as relações que constituem com a estrutura do livro e com os textos,
e que caracterizam seus modos de figuração próprios. A comparação de aspectos
formais, temáticos e artísticos, construção de paisagens e personagens contidas nas
iluminuras do livro 50,1,16 com iluminuras de outros livros de horas feitas pelo mestre
de Coetivy e outros artistas do período também será adotada como procedimento
metodológico para análise das imagens.
O texto do livro de horas também será alvo de um exame detalhado, pois é
necessário confirmar seu uso litúrgico, fazer um levantamento dos santos que aparecem
no calendário, na litania e nas memórias dos santos, bem como eventuais orações que
apareçam ao longo do manuscrito. Estes dados deverão ser confrontados com os
19 AVRIL, F. “Le fonds des livres d’heures enluminés de la Biblioteca Nacional do Brasil”. Obra em vias
de publicação. (tradução da autora). 20 Disponível no site BVMM do Institut de Recherche e d’Histoire des Textes
<http://bvmm.irht.cnrs.fr/consult/consult.php?COMPOSITION_ID=8231&corpus=decor>. 21 Disponível no Catalogue of illuminated Manuscripts of the British Library,
<http://www.bl.uk/catalogues/illuminatedmanuscripts/records.asp?MSID=1291&CollID=21&NStart=25> 22 BASCHET, J. L’iconographie médiévale. Paris: Gallimard, 2008, p. 160.
10
Hagiológios da Igreja católica, a fim de determinar o período de canonização e a
principal região de culto e devoção dos santos; informações que auxiliarão na
determinação da proveniência e da datação do livro de horas 50,1,16.
Além disso, as inscrições em francês, alemão e latim adicionadas ao livro
posteriormente devem ser analisadas e traduzidas, a fim de auxiliar na determinação da
propriedade original do manuscrito e posteriores. O uso da paleografia será fundamental
para a transcrição do texto do livro. Para a tradução e adaptação ao português
contemporâneo, a confrontação do texto do manuscrito transcrito em latim com
traduções feitas por diversos autores para o inglês de textos padrões de livros de horas
constituirá um auxílio inestimável.
Por fim, a consulta aos catálogos e aos arquivos da Biblioteca Nacional e da
Real Biblioteca ajudará a traçar o caminho que o livro percorreu, e estabelecer quando
ele foi adquirido pela Monarquia Portuguesa. Ainda, a investigação dos contextos
sociais e históricos referentes aos espaços de circulação desses livros de horas se faz
importante, uma vez que ele será entendido em uma relação dinâmica com a sociedade
que o produziu e a – ou as – que o consumiu, atrelando seu suporte e sua materialidade
a seus usos e funções específicos.
Folio 1, calendário do mês de janeiro do livro
50,1,16, onde há uma inscrição raspada.
Folio do calendário do mês de fevereiro do livro
50,1,16, com o carimbo da Real Biblioteca.
11
Anunciação (com três vinhetas: O nascimento da Virgem, A Apresentação da Virgem no Templo, e as
Bodas da Virgem). Livro de Horas para Uso de Paris, c. 1460. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional (M.S.
50,1,16).
12
Sepultamento. Livro de Horas para Uso de Paris, c. 1460. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional (M.S.
50,1,16).
13
Folio 154, com oração em latim adicionada
posteriormente à confecção do livro.
Folio 160, com oração em latim adicionada
posteriormente à confecção do livro. Podemos
perceber a letra diferente.
Anúncio aos Pastores. Livro de Horas para
Uso de Paris, c. 1460. Rio de Janeiro:
Biblioteca Nacional (M.S. 50,1,16).
Folio localizado ao final do códice, com oração
em latim e rubricas em alemão adicionadas
posteriormente à confecção do livro.
14
7 Cronograma
Atividades 1º
semestre
2°
semestre
3°
semestre
4°
semestre
5°
semestre
6°
semestre
7°
semestre
8°
semestre
Cumprimento dos
créditos de
disciplinas
X X X
Leitura
bibliográfica X X X X X X X
Levantamento de
livros de horas
franceses
X X X X
Levantamento da
documentação X X X X
Análise, transcrição
e tradução dos
textos do livro de
horas 50,1,16
X X X X
Redação do exame
de qualificação X X
Exame de
qualificação X
Análise
iconográfica das
iluminuras do livro
50,1,16
X X X X
Comparação entre
os livros de horas X X X X
Consulta à
documentação X X X X
Redação da tese X X X X X
Defesa X
8 Plano de Trabalho
O primeiro e o segundo semestre serão dedicados ao cumprimento dos créditos
de disciplinas, aperfeiçoamento do projeto, confecção dos trabalhos das disciplinas e
início das leituras bibliográficas indicadas no projeto. Ainda no primeiro semestre
iniciarão os trabalhos de levantamento dos livros de horas franceses do século XV
iluminados pelo Mestre de Coetivy e seu ateliê, e o levantamento da documentação
portuguesa e brasileira referente à incorporação do livro 50,1,16 à Coleção da Real
Biblioteca.
No terceiro semestre, os levantamentos iconograficos e documentais
prosseguirão, passando a incluir a documentação francesa referente aos santos de
devoção local. Ainda, terá início a análise e tradução do texto do livro 16 e a análise
iconográfica de suas iluminuras. Neste semestre deverá se encerrar o cumprimento de
créditos em disciplinas.
15
No quarto semestre se encerrarão os levantamentos iconográficos e documentais.
A análise iconográfica de suas iluminuras prosseguirá, e se iniciarão as atividades de
comparação entre os livros de horas, consulta e confrontamento da documentação
levantada com a fonte principal da pesquisa. Também neste semestre se iniciará a
redação da tese, visando principalmente o exame de qualificação.
No quinto semestre as atividades de comparação das iluminuras do livro 50,1,16
com as iluminuras dos outros livros levantados, bem como a consulta à documentação e
comparação entre elas e o livro de horas estudado, bem como a análise iconográfica
prosseguirão. Também neste semestre deverá ocorrer o exame de qualificação.
No sexto semestre ocorrerá a incorporação das sugestões dadas durante o exame
de qualificação. As atividades de análise, transcrição e tradução do texto do livro de
horas, bem como a análise iconográfica se encerrarão. No sétimo semestre, a consulta,
análise e comparação documental deverão se encerrar, bem como a leitura da
bibliografia, dando lugar à revisão bibliográfica. A redação da tese deverá se
intensificar, visando à defesa, atividades às quais o último semestre deverá ser dedicado
integralmente.
9 Bibliografia
9.1 Fontes Primárias:
Banque d’images. Bibliothèque Nationale de France. Disponível em:
<http://images.bnf.fr/jsp/index.jsp>
Bíblia de Jerusalém. Rio de Janeiro: Paulus Editora, 2002, 2ª Ed
Bíblia Tradução Ecumênica. São Paulo: Edições Loyola, 1994.
Biblioteca Nacional Digital. Biblioteca Nacional de Portugal. Disponível em:
<www.bnportugal.pt>
Biblioteca Nacional Digital. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Disponível em:
<www.bn.br>
The British Library Catalogue of Illuminated Manuscripts. Disponível em:
<http://www.bl.uk/catalogues/illuminatedmanuscripts/reuse.asp>
Corsair: The Online Catalogue of the Pierpont Morgan Library. Disponível em:
<http://corsair.themorgan.org/cgi-bin/Pwebrecon.cgi?DB=local&PAGE=kbSearch>
Evangelhos Apócrifos (trad. Urbano Zilles). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
16
Hipertexto Livros de Horas. Disponível em: <http://medievalist.net/hourstxt/home.htm>
Institut de Recherche e d’Histoire des Textes.
<http://bvmm.irht.cnrs.fr/consult/consult.php?COMPOSITION_ID=8231&corpus=deco
r>.
Livro de Horas 50,1,16. Século XV. Em latim e francês. Pergaminho. 160f. Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro.
VARAZZE, Jacopo, c. 1230-1289. Legenda Áurea (trad. Hilário Franco Júnior). São
Paulo: Companhia das Letras, 2003.
9.2 Bibliografia
AVRIL, François. “Le fonds des livres d’heures enluminés de la Biblioteca Nacional do
Brasil”.
______________. L’enluminure à l’époque gothique. Bibliothéque de l’image, 1995.
______________. Manuscript Painting at the Court of France: the fourteenth century,
1310-1380. George Braziller, 1979.
______________. Les manuscrits a peintures en France: 1440-1520. Bibliothéque
Nationale de France, 1993.
BARON, F. “Enlumineurs, peintres et sculptures parisiens du 14éme et 15éme siècles
d’aprés les Archives de l’Hopital Saint-Jacques”. In.: Bulletin archeólogique du Comité
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