UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
DESENVOLVENDO O EMPREENDEDORISMO NO ALUNO DO
ENSINO SUPERIOR
Por: Jefferson Motta de Carvalho
Orientadora
Prof.ª Flávia Cavalcanti
Rio de Janeiro 2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
DESENVOLVENDO O EMPREENDEDORISMO NO ALUNO DO
ENSINO SUPERIOR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Docência do
Ensino Superior.
Por: . Jefferson Motta de Carvalho
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AGRADECIMENTOS
....a Deus pela minha saúde, paz,
oportunidade e meios de realizar o
curso e por ter me dado inspiração ao
tema que procurei me aprofundar, e
ainda pelo apoio que tive de minha
mãe, orientadora, mestres, colegas e
amigos do curso e da instituição.
4
DEDICATÓRIA
.....a minha mãe, Ivete Motta de Carvalho,
que sempre me apoiou e me apoiará
sempre que puder em todos os momentos
da minha vida.
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RESUMO
O trabalho pretende apresentar noções sobre o tema
empreendedorismo - seus conceitos, sua origem, pesquisas, entrevistas e que
impactos tem exercido atualmente. De que forma ele é incentivado e o porquê
às vezes isso não ocorre e as formas para que o mesmo seja estimulado tendo
como campo os alunos do ensino superior.
Muitos alunos que se formam no ensino médio e logo ingressam na
faculdade já têm em mente suas carreiras sonhadas e planejadas. Boa parte
deles não pensa trilhar os caminhos do empreendedorismo ao contrário de
alguns poucos. Isso se deve à falta de orientação, educação e cultura que
cada um adquire. A história é clara de que o progresso não surgiria se não
fossem as pessoas empreendedoras.
O que pode ser feito: permitir que as pessoas recebam de forma correta
orientação para descobrir sua vocação empreendedora, no caso do Ensino
Superior, e que realizarão as pesquisas de campo feitas adequadamente para
empreender, podendo promover o progresso de um lugar nas mais diversas
áreas e até com inovações, permitindo a geração de empregos, sucesso em
seu negócio, subsistência e crescimento do local.
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METODOLOGIA
Os principais autores utilizados na realização deste trabalho foram Peter
F. DRUCKER( Inovação e espírito empreendedor: Entrepreneuship : Prática e
Princípios ), Jacques MARCOVITH( A História do Empreendedorismo no
Brasil), Robert. D. HISRICH ( Empreendedorismo), José Carlos Assis
DORNELAS ( Empreendedorismo: transformando idéias em negócios),
Fernando DOLABELA ( Oficina do Empreendedor), Giommaria DEJANA( O
Empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial) entre outros citados no
decorrer deste trabalho.
Também foi feita pesquisa de campo com professores e universitários
da Universidade do Grande Rio, através de questionários.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Os Fundamentos do Empreendedorismo 11
CAPÍTULO II - Que Problemas o Empreendedorismo tem enfrentado
para ser apresentado aos alunos do Ensino Superior 30
CAPÍTULO III – O que pode ser feito para que o Empreendedorismo seja
mais difundido aos alunos do Ensino Superior 36
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48
ÍNDICE 51
ANEXOS 53
INTRODUÇÃO
8
O tema que estudaremos em nossa pesquisa é o empreendedorismo.
Ele foi escolhido dentre tantos outros que poderiam ser importantes aos alunos
que estão ingressados no Ensino Superior pelo fato de que nenhum país que
se desenvolveu conseguiu realizar o feito de progredir sem que tivesse
permitido o surgimento de seus empreendedores.
Por isso a importância de nosso tema escolhido, porque estudaremos
e analisaremos sobre o empreendedorismo, como tem sido sua apresentação
aos alunos do Ensino Superior e, então, podemos definir como nossa maior
questão nesta pesquisa : Como desenvolver o empreendedorismo no aluno do
Ensino Superior?
Aprenderemos que é possível que o indivíduo se torne um
empreendedor, que ele aprenda a empreender. Mas não há ainda uma
resposta científica quanto ao modo de se ensinar empreendedorismo. Por isso
a contribuição do empreendedorismo no trabalho acadêmico e para a classe
do magistério é desafiadora por apresentar metodologias inovadoras, uma vez
que empreendedorismo não é ensinado como as outras matérias.
O tema, aliado aos que estão se formando em Universidades, ocorre
pelo fato de que as empresas de ensino que estão formando profissionais
estão assim o fazendo para serem focados diretamente a um mercado de
trabalho. Mas nem sempre este caminho, aos que estão se formando nas
universidades, é para que se tornem profissionais empreendedores.
Temos uma forte barreira cultural. Esta barreira é o condicionamento
que fabrica o indivíduo para ser mais um produto para o mercado de trabalho
do que um empreendedor. Fato este mostrado por termos um número tão
reduzido de empreendedores. Esta tendência é capaz de, certa forma, deixar o
indivíduo pensar que ele apenas realizará seus sonhos quando conquistar o
emprego que sempre sonhou em sua infância, alcançando sua tão sonhada
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estabilidade. Quando essa conquista ocorre, se ocorrer, a chance deste , que
neste caso foi um aluno do ensino superior, descobrir que apresenta alguma
aptidão ou talento como empreendedor é cada vez menor. Com o passar do
tempo e por não ter tido a orientação adequada a sociedade tem fortes
chances de perder um empreendedor em potencial.
A falta do empreendedor como tipo de profissional acaba gerando um
mercado que não se permite mudar, sem inovações nem competitividades em
que um concorrente acaba ajudando o outro, com cada vez menos inovações
também na elaboração e administração de negócios, o que acarreta em menos
lucratividade gerarada para o país e, ainda, menos empregos gerados para
população.
O objetivo do trabalho é apresentar um estudo e uma análise sobre o
empreendedorismo e o que o mesmo teria a oferecer de inovador e importante
focando sua aplicação e motivação especificamente aos alunos do Ensino
Superior para que se descubram como potenciais empreendedores. Isto se
deve por estes serem os que estão a se formar como os profissionais que
estarão mais próximos da administração do progresso do país.
Metodologias: Este trabalho é baseado em uma pesquisa de campo
feita na Universidade do Grande Rio em Duque de Caxias – RJ, que contou
com questionários, sendo um ao coordenador do curso de administração, outro
a dois professores que lecionam disciplinas a ver com o tema e outro a três
alunos do curso de administração. Os modelos de questionários estão nos
anexos deste trabalho ( Anexo 5) e os questionários preenchidos da pesquisa
se encontram após o gráfico ( Anexo 7). Este trabalho também é baseado em
pesquisas bibliográficas, cujos principais autores são: Peter F. DRUCKER(
Inovação e Espírito Empreendedor: Entrepreneuship : Prática e Princípios. Ed.
São Paulo: Pioneira, 1998 ), Jacques MARCOVITH( A História do
Empreendedorismo no Brasil. São Paulo,. 15ed. Revista da ESPM, Março/Abril
de 2004), Robert. D.HISRICH( Empre-endedorismo. Robert Hisrich e Michael
10
P. Peters. 5ª Ed.. – Porto Alegre: Bookman, 2004.), José Carlos Assis
DORNELAS ( Empreendedorismo: Transformando Idéias em Negócios. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. 299p.), Fernando DOLABELA(Oficina do
Empreendedor. São Paulo: Cultura., 1999a ), Giommaria DEJANA( O
Empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial 8.ed. São Paulo, 1989.
368p.).
Esta pesquisa tem por base três partes que dividimos nos
seguintes capítulos: Os Fundamentos do Emprendedorismo, Que Problemas o
Empreendedorismo tem Enfrentado para ser Apresentado aos Alunos do
Ensino Superior e O que pode ser feito para que o Empreendedorismo seja
mais difundido aos alunos do Ensino Superior.
I - Os Fundamentos do emprendedorismo: Apresentamos o conceito de
empreendedorismo, sua origem, motivos para empreender e sua evolução;
II- Que Problemas o Empreendedorismo tem enfrentado para ser apresentado
aos alunos do ensino superior: As possibilidades e dificuldades da
apresentação do empreendedorismo no meio acadêmico;
III- O que pode ser feito para que o Empreendedorismo seja mais difundido
aos alunos do Ensino Superior: As contribuições para o seu desenvolvimento e
o estímulo ao empreendedorismo.
CAPÍTULO I
OS FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO
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...Deus é maior que todos os obstáculos.
1.1 - EMPREENDEDORISMO - O CONCEITO
Começaremos nosso estudo definindo alguns conceitos essenciais
sobre empreendedorismo, o que motiva uma pessoa a empreender e os tipos
de nogócio que são usados para a abertura de um negócio próprio. Também
apresentaremos que funções confundem o empreendedor com outro tipo de
profissão, além de definir o empreendedor e seus principais atributos.
Temos várias definições para Empreendedorismo entre correntes e
visões de estudiosos. Uma delas é a de Fernando Dolabela que diz de forma
sucinta o que muitos tentam expressar: “ Empreendedorismo é um fenômeno
cultural, expressões hábitos, práticas e valores das pessoas.” Dolabela diz
com isso que o objetivo de seu estudo não é a empresa, mas o indivíduo
empreendedor, criador do negócio, gestão e posicionamento de mercado.
1.2 - A ORIGEM
A palavra empreendedor ( entrepreneur ) é de origem francesa e quer
dizer o que assume riscos e começa algo novo (HISRICH, 2004).
Antes das definições mais utilizadas e aceitas é importante que façamos
uma análise histórica do desenvolvimento da teoria do empreendedorismo.
O Empreendedorismo ainda não é considerado uma ciência, embora
seja uma das áreas onde mais temos pesquisas e publicações. Isso quer dizer
que ainda não existem paradigmas, padrões que nos garantam que, a partir de
certas circunstâncias, haverá um empreendedor de sucesso ( DOLABELA,
1999).
Empreendedorismo é o processo dinâmico de criar mais riqueza. A riqueza criada por indivíduos que
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assumem os principais riscos em termos de patrimônio, tempo e/ou comprometimento com a carreira ou que provêem valor para algum produto ou serviço. O produto ou serviço pode ou não ser novo ou único, mas o valor deve de algum modo ser difundido pelo empreendedor ao saber receber e localizar as habilidades(DEJANA, 1989).
Empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e esforços necessários, assumindo riscos financeiros e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação econômica e pessoal (HISRICH, 2004, p.29).
Também é reconhecido que o empreendedorismo é um fenômeno
cultural. Isto é: é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Ou seja: os
empreendedores nascem por influência do meio que vivem.
As palavras acima definem a representação real do empreendedorismo
na economia mundial nos tempos atuais, “O empreendedorismo é uma
revolução silenciosa que será para o século XXI mais do que a revolução
industrial foi para o século XX.” (TIMMONS apud DOLABELA, 1999 p.28).
Os pequenos empreendimentos que são gerados se tornam de
fundamental importância para:
1- Desenvolvimento econômico e social dos países;
2- Geração de emprego, renda, divisas, atuação em desequilíbrios regionais;
3- Ocupação dos nichos de mercado;
4- Flexibilidade de atuação;
5- Função de complementaridade às atividades das grandes empresas;
6- Adaptabilidade às necessidades para operacionalização regional;
7- Democratização dos lucros do capital;
8- Predisposição natural para inovações;
9- Agente atuante de mudanças na criação de produtos e serviços locais;
10- Descentralização industrial;
11- Capacitação de mão de obra;
12- Ativação da economia.
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Empreendedorismos possibilitam a estabilidade e a continuidade do
desenvolvimento de uma nação principalmente em momentos de crise e
revigoramento das empresas genuinamente nacionais.
1.3 - MOTIVOS PARA EMPREENDER
Existem dois motivos para que uma pessoa empreenda: a descoberta de
uma nova oportunidade e/ou por necessidade. Estes são os dois principais
fatores de motivação para que um indivíduo inicie um empreendimento
(FARREL, 1993).
A diferença entre estes motivos é que a oportunidade representa a
percepção de um novo produto, serviço ou abertura de um novo mercado, ou
nicho de mercado pouco explorado. E por necessidade o empreendedor não
tem uma alternativa razoável de ocupação e renda.
Em 2003 uma pesquisa realizada pela GEM – Global Entrepreneurship
Monitor – coordenada pelas universidades Babson College (americana) e
London Business School (britânica), além do centro de estudos Kauffman
Center, analisou o grau de empreendedorismo de 31 países. No Brasil, a taxa
de novas empresas criadas por necessidade foi de 43% contra 57% de
empresas criadas por oportunidade. Após um ano, a pesquisa mostra um
pequeno aumento na criação de empresas por necessidade: 46%. Os outros
54% buscam novos mercados e nichos de atuação por oportunidade( GEM,
2004).
Vale lembrar que a falta de emprego ou de qualificação são os fatores
que influenciam o empreendedorismo por necessidade, porque estes têm
como única saída um mercado já explorado para garantir o seu sustento.
1.4 - TIPOS DE NEGÓCIOS
14
O empreendedorismo é utilizado em diversas áreas:
1- No próprio negócio, sendo ele uma inovação;
2- Ou um produto que já existe no mercado, ou dentro de uma organização,
onde o empregado pode ser um empreendedor.
A pessoa que decide abrir um negócio por conta própria pode optar por
quatro formas de empreender: NEGÓCIO PRÓPRIO, FRANQUIA,
LICENCIAMENTO, e INTRAEMPREENDEDORISMO.
Analisaremos agora como elas se apresentam.
O NEGÓCIO PRÓPRIO exigeuma análise e conhecimento do mercado,
estudo de viabilidade do empreendimento, cálculo e pesquisa para compra
de equipamentos e utensílios, definir a estrutura organizacional da empresa,
assim como o plano de operações e o plano de marketing. Ou seja: o
empreendedor que abre uma nova empresa tem que se preocupar com todos
os detalhes da organização, do desenvolvimento do plano de negócio até
como funcionará uma provável expansão das atividades de sua
empresa.(PEREIRA, 1995).
A FRANQUIA é a maneira em que o empreendedor pode ter o
próprio negócio assumindo menos riscos. Isso porque, segundo a Associação
Brasileira de Franquias, a franquia é um modelo de negócios que objetiva uma
estratégia para distribuição e comercialização de produtos ou serviços.
Aqueles que realizam a comercialização da franquia são o franqueador
e o franqueado.
O franqueador é o dono da marca, quem orienta os empreendedores
que adquirem seus produtos. É o franqueador que tem a experiência no
mercado e auxilia nas tomadas de decisão. É ele quem enfrenta mais riscos no
mercado pó r ser o dono da marca do negócio. Isto é: Caso uma franquia não
tenha sucesso, isso pode afetar negativamente as demais empresas do grupo.
15
O franqueado é aquele que adquire a franquia. É a pessoa que compra
a franquia e entra em um negócio com maior chance de sucesso do que as
pessoas que originaram o empreendimento. Isso porque o franqueador acaba
oferecendo várias vantagens, como: um produto ou serviço com mercado já
estabelecido e imagem favorável, uma fórmula ou design já patenteado, um
sistema de administração financeira para controle de receitas, economias de
escala em propaganda e compras, serviços oferecidos pela sede ou um
conceito empresarial testado. Essas vantagens reduzem o risco do
empreendedor e fazem da franquia uma boa opção para quem quer abrir seu
próprio negócio e não sabe como começar.
A primeira franquia que surgiu foi o Mc Donald´s, lançada em 1954, nos
Estados Unidos. Hoje, o Mc Donald´s é o maior franqueador do
mundo( HISRISH, 2004 ).
A pessoa que adquire uma franquia para se tornar um empreendedor
precisa acrescentar características inovadoras ao seu negócio, como mudar o
ambiente de atuação da franquia, modificar hábitos de consumo do público
local, mudar na administração financeira ou inovar o atendimento. Isto tem que
ser feito por ser assim que os empreendedores colocam seu perfil e
criatividade empreendedora em seu negócio.
O LICENCIAMENTO está relacionado à abertura de um negócio
próprio definido como o acordo entre duas partes, no qual uma delas tem o
direito de propriedade sobre uma informação, processo ou tecnologia
protegida por uma patente, marca registrada ou direito autoral. O acordo é
especificado por um contrato que exige que o licenciado pague um royalty
ou alguma outra soma estabelecida ao detentor dos direitos de propriedade, o
licenciador, em troca de poder copiar a patente, a marca registrada ou o
direito autoral(DEJANA, 1989).
O licenciamento é um empreendimento muito interessante usado
16
mundialmente. Nos lembramos dele quando as empresas geralmente
associam personagens de filmes ou desenhos animados aos seus produtos.
A Disney, por exemplo, é uma das maiores empresas de licenciamento
do mundo. Só nos Estados Unidos são por volta de 600 licenciados ativos,
licenciando apenas as empresas de brinquedos que reproduzem em bonecos
os personagens de seus filmes infantis.
O licenciamento é uma excelente ferramenta de marketing. Através de
uma assessoria adequada de um advogado, os empreendedores poderão
perceber que suas oportunidades constituirão uma forma de reduzir riscos,
expandir um negócio ou complementar uma linha de produtos já
existentes(HISRISH, 2004).
Não menos importante, a quarta e última maneira de empreender, o
INTRAEMPREENDEDORISMO representa o empregado de uma empresa
que aplica ações empreendedoras em sua própria organização se
tornando um empreendedor.
O intraempreendedorismo é o empreendedorismo dentro de uma
estrutura empresarial já existente. Isto é: as organizações existentes têm os
recursos financeiros, as habilidades gerenciais, o sistema de marketing e a
distribuição para comercializar suas inovações com sucesso. Contudo as
empresas, em alguns casos, não descobrem as oportunidades inovadoras
desenvolvidas por seus funcionários por estarem com a visão voltada em seu
lucro a curto prazo, ou, por terem uma estrutura muito burocrática, acabam
inibindo a criatividade dos seus funcionários (FILION, 1999).
Algumas empresas começaram a perceber que seus funcionários mais
criativos estavam pedindo demissão para abrir seus próprios negócios. Estes
negócios, na maioria das vezes, são da mesma área de atuação da antiga
empresa do funcionário em que ele usa o know-how que aprendeu com tempo
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de trabalho em favor de seu próprio empreendimento ( FILION, 1999 ).
Então, procurando evitar a criação de concorrentes, essas empresas
decidiram investir na criatividade e inovação de seus empregados para criar
um espírito empreendedor em suas organizações. Isso permitiu que as
empresas, nos tempos atuais de hiper-competitividade, investissem em novos
produtos e inovações nos serviços por ideias de seus funcionários e também
no desenvolvimento do espírito intraempreendedor na estrutura da empresa.
Existem, ainda, empresas que investem em novos empreendimentos,
chamados de empreendimentos corporativos, que se referem à criação de um
novo negócio dentro da organização já existente.
A inovação, criação de algo novo e de valor, criatividade, flexibilidade,
proatividade, iniciativa e aceitação de risco são essenciais para o
desenvolvimento de um novo negócio e para o sucesso de toda uma
organização.
1.5 - AS OPOSIÇÕES AO EMPREENDEDORISMO
O tema Empreendedorismo é muito discutido, desenvolvido e definido
nas mais diversas publicações - de artigos em revistas, livros, textos – e nas
mais diversas mídias. Algumas vezes essas representações são confiáveis,
mas nem sempre. Das muitas definições e tópicos sobre o assunto temos:
empreendedorismo em empresas familiares, empreendedorismo social,
empreendedorismo corporativo, empreendedorismo étnico, empreendedorismo
de start-up, e assim por diante ( FARREL, 1993 ).
Com a popularização do tema e os estudos feitos temos uma certa
dificuldade para a definição de Empreendedorismo. Procuraremos, então,
definir as pessoas desenvolvedoras do Empreendedorismo que muitas vezes
são confundidas. Serão destacados três questionamentos que levam esses
tipos a serem comparados com o Empreendedorismo ou empreendedores:
Empresários, franquia e herança.
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Empresários e empreendedores ás vezes apresentam definições. Mas
na verdade o empreendedor vai além do que é um empresário. O cidadão que
que abre um negócio é um empresário. O empreendedor é aquele que
constrói uma organização de sucesso se baseando em ousadia, determinação,
criatividade, relacionamentos, realizações, auto-confiança, flexibilidade e
visão.
Um empresário, apenas, não possui algumas destas características. Por
isso não pode ser considerado um empreendedor. Aquele que abre mais um
estabelecimento como uma padaria ou posto de gasolina, sem vislumbrar
oportunidades, sem ter uma sólida e real visão do futuro ou sem ter se
preparado para qualquer revés que encontrar no caminho, pode ser um
empresário, mas dificilmente o consideraria um empreendedor ( SILVA, 2005 ).
A franquia poderá ser conduzida por um empreendedor, mas o modelo
de negócio da mesma acaba limitando uma das características mais prezadas
pelo empreendedor, que é a liberdade. Todas as franquias acabam oferecendo
benefícios que o empreendedor pode enxergar com algum tipo de restrição.
Como: Identidade visual, padronização de metodologia e processos, cadastro
único de fornecedores, políticas de preços uniformes, infra-estrutura
centralizada, marca e imagem, além de outros que acabam trazendo a
segurança do modelo de negócios já testado e com menos riscos.
Um empreendedor pode ter a experiência de franqueado como uma
etapa do seu processo de aprendizado, mas ele dificilmente poderá ver a
franquia como seu objetivo final ( HISRISH, 2004 ).
Como foi dito, o franqueador tem que utilizar ferramentas
empreendedoras para gestão do seu negócio. Características empreendedoras
que vão modificar os hábitos de consumo, afetar concorrentes, alterar métodos
financeiros, inserir novos produtos ou serviços. Este é o comportamento que
caracteriza um empreendedor.
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A herança nos lembra que as empresas familiares são de dois tipos: As
que foram originadas pelo empreendedor como fundador e aquelas que foram
entregues já constituídas para seus herdeiros.
Empreendedores autênticos se preocupam mais com a sustentabilidade
de seu negócio a longo prazo do com apenas a lucratividade por si só. Este
fato aumenta as chances de sucessores empreendedores à frente de negócios
de sucesso que foram criados por gerações passadas. Empreendedores
formam ou forjam empreendedores para a continuidade de seus negócios,
mesmo que não sejam sucessores diretos ou familiares.
Entretanto, ainda é grande o número dos que se dizem empreendedores
sem saber que não apresentam as mesmas qualificações que colocaram o
fundador à frente do processo de criação e desenvolvimento da organização
que assumiu( SILVA, 2005 ).
Além desses existem outros tipos de personalidades ou situações que
não completam os pilares da base do empreendedorismo. Estes têm
características diferentes dos empreendedores gerais. Mais adiante será
traçado do perfil do empreendedor.
1.6 - EMPREENDEDOR
O empreendedor pode ser definido como “o motor da economia”, por ser
um agente de mudanças. Foram comprovados vários pontos incomuns em
empreendedores de sucesso. Muitas características dos empreendedores dos
Estados Unidos não eram iguais a dos empreendedores do Brasil, por
exemplo.
A pesquisa acadêmica sobre empreendedorismo, relativamente recente,
20
está ligada à importância que a pequena e micro empresa exercem no quadro
econômico. Schumpeter, economista austríaco, associa o empreendedor ao
desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de
oportunidades de negócios( SCHUMPETER apud DOLABELA, O segredo de
Luísa, 1999 p.28 ).
Podem ser citadas estas correntes básicas da visão do empreendedorismo mundial:
“O empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. (FILION apud DOLABELA, 1999 p.29). É aquele que conclui as suas
idéias e as transforma em realizações financeiras, tornando possivel as
soluções de problemas do cotidiano criando novos produtos ou serviços.
O autor Fernando Dolabela, de acordo com esta afirmação, acrescenta
que os empreendedores são o ponto de partida dos pesquisadores para o
estudo das condições que levam o empreendedor ao sucesso. Pelas
experiências dos empreendedores de sucesso, é possível definir o seu perfil e
o comportamento para transferência destes conheciemntos e características
aos principiantes ou interessados na área( DOLABELA, 1999 p.55 ).
Devemos citar esta outra definição por sua importância:
O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e matérias.( JOSEPH SHUMPETER apud DRUCKER, 1998 p.36 ).
O empreendedor cria um equilíbrio e encontra uma posição clara e
positiva em um ambiente caótico e turbulento, ou seja, identifica oportunidades
na ordem presente.
São os empreendedores que eliminam barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riquezas para a sociedade. O empreendedor é aquele que enxerga uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindoriscos calculados.( DEJANA, 1989 ).
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O empreendedor é alguém que toma a iniciativa de uma maneira nova para reorganizar recursos de maneira a gerar uma organização, relativamente,independente, cujo sucesso é incerto.( SHAMPERO apud DORNELAS, 2000 p. 26 ).
1.6.1 - O PERFIL DO EMPREENDEDOR
Nas definições de empreendedorismo, encontram-se, pelo menos, estes
seguintes aspectos do empreendedor (DOLABELA, 1999 p.37):
• Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz.
• Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o
ambiente social e econômico onde vive.
• Aceita assumir os riscos e a possibilidade de fracassar.
Das várias características similares entre os empreendedores de
sucesso, muitas são desenvolvidas desde cedo, isto é, na infância ou na
adolescência, pois é quando os valores e costumes do indivíduo estão
sendo desenvolvidos. Temos, então, o conjunto das qualidades
empreendedoras descritas abaixo (DORNELAS, 2001):
• Know How
• O empreendedor tem um “modelo” a seguir, alguém que o influencie.
• Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo e necessidade de
realização.
• Tem perseverança e tenacidade.
• O empreendedor considera o fracasso um resultado como outro
qualquer, pois aprende com seus resultados negativos, com os
próprios erros.
• Tem grande energia. É incansável sendo capaz de se dedicar
intensamente ao trabalho e saber concentrar os seus esforços para
alcançar resultados.
• Fixa metas para alcançá-las. Luta contra os padrões impostos.
Diferencia-se. Tem a capacidade de ocupar um espaço não ocupado
por outro no mercado, descobrir ninchos.
• Tem forte intuição. Como no esporte o que não importa não é o que se
sabe, mas o que se faz.
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• Tem sempre alto comprometimento. Crê no que faz.
• Cria situações para obter um feedback sobre o seu comportamento
e sabe utilizar tais informações para seu aprimoramento.
As características acima são pontos em comum de vários perfis
descritos por diversos autores bibliográficos que demonstram nessas
características o perfil singular dos empreendedores.
Exemplos de como uma pessoa pode se tornar um empreendedor:
I - O individuo que cria uma empresa, qualquer que seja. Pessoa que compra
uma empresa e introduz inovações, assumindo riscos, seja na forma de
administrar, vender, fabricar, distribuir, seja na forma da propaganda de seus
produtos e/ou serviços, agregando novos valores.
II - Empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o
surgimento de valores adicionais.
Podemos ter diferentes modelos de empreendedores, cada região,
cidade ou país tem sua própria economia, suas leis e seus costumes que
influenciam nas características do empreendedor. Os empreendedores atuam
de acordo com as necessidades e visões de oportunidades em sua sociedade,
buscando sempre inovações e resoluções de problemas, para o bem estar da
sociedade.
1.7 - A EVOLUÇAO DO EMPREENDEDORISMO
O empreendedorismo existe desde o início da humanidade, pois o
homem precisou utilizar sua criatividade, perseverança, capacidade de inovar
e assumir riscos para sobreviver. No capítulo a seguir vamos traçar o perfil
mundial e brasileiro do empreendedorismo, desde os primeiros
empreendimentos registrados até os grandes casos de sucessos da
atualidade.
1.8 - O PERFIL DO EMPREENDEDORISMO NO MUNDO
23
Podemos creditar o primeiro exemplo da definição de
empreendedorismo a Marco Pólo, que colocou em prática a ideia de
exploração marítima com uma rota comercial da Europa para o Oriente. Marco
Pólo assinou um contrato com um homem que tinha dinheiro ( hoje seria
o capitalista ) para vender suas mercadorias. O capitalista assumia os riscos
de forma passiva e Marco Pólo assumia ativamente como empreendedor e
aventureiro os riscos em suas viagens, que eram vários, físicos e
emocionais. Isto foi o que fez de Marco Pólo um empreendedor. ( DORNELAS,
2001 ).
Na verdade o empreendedorismo não surgiu há tão pouco tempo, pelo
ponto de vista acima de Dornelas (1999). No caso acima de Marco Pólo, ele
não desenvolveu o empreendedorismo consciente. Isto é: as pessoas que
inovaram eram empreendedoras sim, mas não tinham noção dos seus atos.
Então podemos afirmar que os homens das cavernas foram os pioneiros do
empreendedorismo, pois empreendiam por necessidade, para sobreviver. Eles
procuravam novos mercados (eram nômades), eram persistentes ( conseguiam
sobreviver ), eram inovadores ( criavam armas e descobriram o fogo ),
planejavam ( ataques a grandes animais ) e analisavam as oportunidades
(sabiam do perigo ou não de assumir certos riscos, como sair das cavernas a
noite). Esse exemplo mostra que em todos os tempos o ser humano foi
empreendedor, às vezes de forma inconsciente e outras conscientemente.
O termo empreendedor, na idade média, foi utilizado para definir quem
gerenciava grandes projetos de produção. Nesta época o empreendedor não
assumia grandes riscos, apenas gerenciava os projetos que muitas vezes eram
financiados pelo governo dos paises.
As primeiras evidências da relação entre assumir riscos e
empreendedorismo surgiram no século XVII, em que o empreendedor firmava
um acordo contratual com o governo para a realização de um tipo de
serviço ou fornecimento de produtos. Nesta época, o governo ficava com uma
boa parte do lucro dos empreendedores. Muitas vezes os preços sobre os
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produtos ou serviços eram prefixados, os lucros eram divididos entre o
empreendedor e o governo, mas os prejuízos ficavam todos para o
empreendedor.
Richar Cantillon, importante escritor e economista do século XVII,
desenvolveu uma das primeiras teorias do empreendedor e é considerado
como um dos criadores do termo empreendedorismo. Ele identificou o
empreendedor como aquele que assumia riscos, mesmo sendo fazendeiros,
comerciantes ou artesãos, que assumiam riscos, diferente daqueles que
forneciam só o capital ( DORNELAS, 2001 ).
Em 1800 o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados,
provavelmente devido ao inicio da industrialização que ocorria no mundo. Um
exemplo foi o caso das pesquisas de eletricidade e química, de Thomas
Edison, que só foram possíveis com o auxilio de investidores que financiaram
o experimento ( FERREIRA, 1997 ).
No final do século XIX e inicio do século XX, os empreendedores eram
muito confundidos com gerentes ou administradores( o que ocorre até hoje ).
Com o crescimento da industrialização no mundo, avanço da tecnologia,
recursos aplicados, a preocupação com a produção em massa, a qualidade
dos produtos, gestão de pessoas e principalmente a busca pelo lucro, as
empresas investiram em administradores para manter a vitalidade das
indústrias e empresas. Por esses motivos os empreendedores eram
confundidos como administradores ou simples gerentes. Nesta época,
estudiosos começaram a analisar o caso de pessoas que surgiram de
pequenas empresas de fundo de quintal para conquistar o mundo, que
transformaram empresas já desenvolvidas em potências mundiais de vendas e
produção, inovando e desenvolvendo formas de disseminar suas ideias, se
tornando personalidades que marcaram a história de uma cidade, pais ou até
do mundo( FERREIRA, 1997 ).
25
Desde as construções das pirâmides do Egito à descoberta do raio
laser, podemos definir o ápice da importância do empreendedorismo para
todas as civilizações partir do século XX. A partir daí o empreendedorismo
despertou o interesse de muitos estudiosos que queriam descobrir o motivo do
sucesso das pessoas que nada sabiam de administrar negócios e acabavam
muito ricas.
Os pesquisadores começaram a relacionar atitudes, características e
pontos incomuns e depois a criar conceitos e definições baseados em estudos
e pesquisas, que davam credibilidade ao processo do empreendedorismo.
Somente nos anos 90, a iniciativa privada e as iniciativas de governo
dos paises perceberam que o progresso econômico estava relacionado com o
empreendedorismo e o surgimento de pequenos negócios.
Podemos observar o crescimento do empreendedorismo na década de
1990 pelas ações desenvolvidas ao tema. Um estudo do Global
Entrepreneurship Monitor (GEM, 1999) mostra alguns exemplos: No final de
1998 o Reino unido publicou um relatório a respeito do seu futuro competitivo,
o qual enfatizava a necessidade de se desenvolver uma série de iniciativas
para intensificar o empreendedorismo na região.
A Alemanha tem implantado um número crescente de programas que
destinam recursos financeiros e apoio na criação de novas empresas.
Na década de 1990, aproximadamente duzentos centros de inovação foram
estabelecidos, provendo espaço e outros para empresas start-up (iniciantes).
Em 1995, o decênio do empreendedorismo foi lançado na Finlândia.
Coordenado pelo Ministério de Comércio e Indústria, o objetivo era dar suporte
às iniciativas de criação de novas empresas, com ações em três grandes
áreas: criar uma sociedade empreendedora, promover o empreendedorismo
como fonte de geração de emprego e incentivar a criação de novas empresas.
26
Em Israel, como resposta ao desafio de assimilar um número
crescente de imigrantes, um apanhado de iniciativas tem sido implementado
por meio do Programa de Incubadoras Tecnológicas, com o qual mais de
quinhentos negócios já se estabeleceram nas 26 incubadoras do projeto.
Na França, há iniciativas para promover o ensino de empreendedorismo
nas universidades, particularmente para engajar os estudantes. Incubadoras
com sede nas universidades estão sendo criadas.
No Brasil as atividades de incentivos financeiros e programas de
desenvolvimento ao micro e pequenos empresários apoiados pelo Governo
Federal, e destinando recursos financeiros, totalizando um investimento de oito
bilhões de reais.
Esta é a importância do empreendedorismo para as iniciativas privadas
e governamentais por todos o considerarem como o grande movimento
propulsor da economia.
1.9 - O PERFIL DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL
O empreendedorismo iniciou no Brasil com a colonização pelos
pertugueses em 1500. Logo após a descoberta de nosso país, eles analisaram
o que podia ser explorado dos recursos que nossas terras ofereceriam a
Portugal. O primeiro recurso a ter um empreendimento foi o pau-brasil, depois
a cana-de-açúcar, os minérios e o café ( MARCOVITH, 2003 ).
Quando o Brasil deixou de ser colônia houve uma preocupação da
iniciativa privada daquela época em desenvolver novas tendências para
atender os mercados ainda não haviam sido explorados.
Os antigos empreendedores do Brasil tiveram muitas dificuldades, pois
tinham de se adequar aos parcos recursos tecnológicos de sua época.
Enfrantavam as condições precárias no transporte de suas mercadorias como
27
ruas de terra, cavalos e charretes, trens roceiros, tecnologia pouco avançada,
tinham o crédito escasso e o difícil apoio aos seus esforços.
A pesquisa feita por Jacques Marcovith (2003) mostra a saga do
desenvolvimento do Brasil e encontra os pioneiros do empreendedorismo
nacional, relatando o êxito econômico alcançado e as características
singularidades de cada empreendedor.
A pesquisa de Marcovith foi pautada com início em 1880. Foi quando
tivemos grandes feitos econômicos que mudaram a sociedade brasileira. A
pesquisa analisa a biografia dos empreendedores definindo suas
características incomuns como flexibilidade para mudar estratégias, disposição
ao trabalho fora do comum, engajamento em várias iniciativas, participação
em projetos sociais ou de cunho filantrópico e habilidade singular para
tratar com as incertezas.
Dos vários empresários-empreendedores revolucionários dos anos
1880 ao início dos anos 1900, podemos citar:
I - Francisco de Paula Ramos Azevedo (1880 ): Pioneiro da construção civil em
São Paulo;
II - Júlio Mesquita (1885 ): Conhecido como jornalista foi dos fundadores do jornal “O Estado de São Paulo” , que circula até hoje;
III - Silva Prado (1889): Pioneiro na abertura das fronteiras agrícolas de São
Paulo e empreendedor do comércio;
IV - Roberto Simonsen (1889): Um dos pioneiros da construção civil. Tornou-
se o símbolo do empresário esclarecido.
V - Francisco Matarazzo(1900): O conde, surgiu em São Paulo como a imagem
do industrial moderno;
VI - Nami Jafet (1907): Imigrou do Líbano para o Brasil aos 33 anos.
Despontou no inicio do século, como o atacadista e precursor da nossa
Industria têxtil com lojas nas ruas 25 de Março e Florêncio de Abreu, em São
Paulo.
VII - Jorge Luís Gustavo Street (1917): Contribuiu para a abertura do diálogo
com sindicatos de operários no início do século XX;
28
VIII - Leon Feffer(1939): Pioneiro na fabricação de papel a partir do eucalipto,
árvore aclimatada no Brasil (MARCOVITCH, 2004).
Marcovith conceitua os antigos empreendedores brasileiros como
aqueles que eram os identificadores de soluções e resultados. Eles foram
instrumentos para viabilização de ideias que melhorassem a vida coletiva
e ajudassem a forjar o sonho brasileiro do desenvolvimento( MARCOVITCH,
2004).
A partir do século XX, o empreendedorismo passou a ser visto pelas
iniciativas privadas e governamentais como aliado contra o desemprego e
geração de oportunidades para as economias dos países( DORNELAS, 2001).
O Brasil teve grandes avanços na década de 90, quando duas das
principais entidades para o desenvolvimento do nosso empreendedorismo
foram criadas, o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequena
Empresas) e SOFITEX (Sociedade Brasileira para Exportação de Softwere).
Estes agentes são fundamental importância para o desenvolvimento e
incentivo ao empreendedorismo no Brasil até hoje (DORNELAS, 2001).
O SEBRAE é um dos órgãos mais conhecidos pelos pequenos
empresários brasileiros e uma de suas funções é prestar consultorias a futuros
empresários e consultorias para solução de pequenos problemas de empresas
já estabelecidas, ministrar cursos, palestras e treinamentos a empreendedores.
O SEBRAE também contribuir para o desenvolvimento econômico do país,
além de outros serviços que fazem deste órgão o maior disseminador do
empreendedorismo do Brasil.
O SOFITEX é uma entidade criada para levar as empresas de softwares
do país ao mercado externo, através de ações que proporcionaram a
disseminação do empreendedorismo no meio da informática.
Logo, os cursos de Computação/Informática, foram os pioneiros no
ensino do empreendedorismo no Brasil, pois foram nesses cursos que as
29
primeiras incubadoras de empresas e as universidades tiveram início, além
dos planos de negócio que eram exigidos no desenvolvimento das empresas
que faziam parte das incubadoras.
Dos anos 90 para a atualidade, o empreendedorismo no Brasil avançou
ao ponto de desenvolver um dos maiores programas de ensino do empreende-
dorismo do mundo. Das ações que são desenvolvidas em todo país e
começaram a apontar nessa direção, podemos citar os seguintes exemplos
(DORNELAS, 2001):
• O enorme crescimento de incubadoras de empresas no Brasil. Dados
da AMPROTEC ( Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos de Tecnologias Avançadas ) mostram que em 2000
existiam mais 135 incubadoras de empresas, sem considerar
aquelas das empresas de internet, totalizando mais 1.100 empresas
incubadas, e que geram mais de 5.200 empregos diretos.
• O grande crescimento de cursos e programas em escolas,
Universidades e entidades de ensino técnico que absorveram o
empreendedorismo em suas grades curriculares, contribuindo assim
para o desenvolvimento de novos empreendedores brasileiros.
• A capacitação do empreendedor, como nos programas EMPRETEC,
do Governo Federal, dirigido e capacitando mais de 1 milhão de
empreendedores no país e destinando recursos financeiros a esses
empreendedores, totalizando um investimento de oito bilhões de
reais.
Segundo o relatório executivo da Global Entrepreneurship Monitor de
2000 (GEM, 2000) o Brasil aparece como o país que possui a melhor relação
entre o número de habitantes adultos que começam um novo negócio e o total
da população: Um em cada 8 adultos. Nos Estados Unidos esta relação é de 1
em cada 10; na Austrália 1 em cada 12; na Alemanha 1 em cada 25; no Reino
Unido 1 em cada 33; na Suécia 1 em cada 50 e na Irlanda e no Japão 1 em
cada 100. (GEM, 2000)
30
O Brasil lidera o ranking de 31 países em criação de empresas com o
objetivo de sobrevivência e sustento familiar. Esta é a prova de que apesar do
empreendedorismo ocorrer de forma pouco organizada no Brasil, este exerce
papel fundamental em nossa economia, merecendo um tema de estudo mais
aprofundado.
CAPÍTULO II
QUE PROBLEMAS
O EMPREENDEDORISMO TEM ENFRENTADO
PARA SER APRESENTADO AOS ALUNOS
DO ENSINO SUPERIOR
2.1. É POSSÍVEL ENSINAR EMPREENDEDORISMO?
Esta pergunta é polêmica devido as duas correntes de pesquisadores
que analisam a possibilidade de tornar o indivíduo um empreendedor. Uma
defende que o empreendedorismo é um dom, uma qualidade inata no indivíduo
que faria com que ele fizesse negócios inovadores de sucesso, uma
predestinação. Até pouco tempo essa teoria era muito aceita e muitos ainda
concordam com ela, isto é: que algumas pessoas jamais serão
empreendedoras.
A outra corrente dos pesquisadores autores e especialistas, que é a
maioria, defende que é possível qualquer indivíduo aprender a empreender, a
ter novas visões do ambiente que o cerca.
Apresentaremos as duas visões para que fique caracterizada a
possibilidade do ensino do empreendedorismo (DRUCKER, 1998).
O empreendedorismo, segundo Silva(2005), é um modismo. Faculdades
e Universidades procuram incessantemente por novidades, isto é: o que mais
31
vende e impressiona. No caso do empreendedorismo é a abertura de novos
negócios, a independência fianceira e ser seu próprio patrão, além da vontade
das pessoas em estudar o tema em busca de seu sonho. Infelizmente, por
muitas vezes, o sonho pode acabar como uma frustação.e não uma realização.
Na opinião de Filion (1999), não se ensina empreendedorismo da
mesma forma que as outras matérias. É necessário uma concentração mais no
desenvolvimento do “conceito de si” ( auto-conhecimento ) e em adquirir know-
how , isto é: se aprende fazendo, com experiência e aprimoramento sim, mas
não apenas pela transmissão de conhecimento. Por isso não se pode esperar
que todos os alunos ao final do curso de empreendedorismo estejam prontos
para montar o próprio negócio, mas que tenham as noções para se
desenvolverem como futuros empreendedores.
Como a maioria dos especialistas acredita ser possível que o indivíduo
aprenda a ser um empreendedor, a capacitação de candidatos a
empreendedores está sendo priorizada em muitos países, inclusive no Brasil.
Mas o empreendedorismo ainda é muito novo no campo acadêmico e sua
implementação em cursos nas universidades se dá pela conscientização de
que o ensino superior não deve apenas formar indivíduos para o mercado de
trabalho, mas também sua sobrevivência e empregabilidade em uma
sociedade que é altamente competitiva (ROSA, 2005).
O principal objetivo em ensinar empreendedorismo é formar
empreendedores para o mundo moderno que serão pessoas próativas que irão
agir por conta própria, terão criatividade, espírito de liderança e visão de
futuro, que inovarão e ocuparão seu espaço no mercado (DOLABELA, 1999 a).
O que se espera que venha ocorrer no sistema de ensino é que ele
enfatize mais o conhecimento, sem dar a importância devida para o
desenvolvimento das habilidades específicas para a prática dos
conhecimentos. A metodologia instrucional que prevalece não se volta para o
32
desenvolvimento da cultura empreendedora e não valoriza a ambiguidade e o
exercício da prática de definir problemas e projetar soluções.
O estudo do empreendedorismo auxilia muito os alunos do curso de
administração pelo fato das características de um empreendedor serem
essenciais para o desenvolvimento profissional do administrador, tendo ele
tendências empreendedoras ou não.
A disciplina Empreendedorismo pode servir como atividade desafiadora
para o aparecimento, desenvolvimento e até, talvez, criação de habilidades
especiais para que o aluno venha a descobrir sua real vocação, ter domínio de
si próprio e saber qual será seu perfil profissional, para evitar qualquer tipo de
trauma ou decpção que venham a inibir suas características empreendedoras.
2.2. É POSSÍVEL APRENDER EMPREENDEDORISMO?
Sim. Mas o empreendedor é fruto de uma cultura. Embora exista a
dúvida de se ensinar a alguém a ser empreendedor, existe a certeza de que
alguém pode aprender a sê-lo nas circunstâncias que favoreçam o
autoaprendizado.
O ensino tem o objetivo de estimular o aluno a ser predisposto a abrir o
próprio negócio em algum momento da sua vida e não necessariamente
imediatamente após deixar a universidade (DOLABELA, 2001).
Filion (apud DUTRA et al, 2001), argumenta:
Para saber se o empreendedorismo pode ser ensinado, devemos adaptar a abordagem pedagógica à lógica de cada disciplina ou campo de estudo. A meu ver, não se pode ensinar empreendedorismo como se ensinam outras matérias. Mas o empreendedorismo se aprende. É possível conceber programas e cursos como sistemas de aprendizado adaptados à lógica desse campo de estudo. A abordagem aqui deve levar o aluno a definir e estruturar contextos e compreender várias etapas de sua evolução. Estes são desafios pedagógicos interessantes.
Os universitários brasileiros têm muito talento e ideias surpreendentes.
33
O que falta é uma base adequada para as noções de empreendedorismo ainda
durante seus cursos para que tenham segurança ao abrir uma empresa e
gerenciá-la. Os alunos têm contado, muitas vezes, somente com o apoio de
entidades extra-classe.
Então, qualquer pessoa pode aprender características empreendedoras,
mas é fundamental o conhecimento e prática dessas características que
precisarão se tornar hábitos freqüentes de candidatos a empreendedores.
2.3. A CONTRIBUIÇÃO ACADÊMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO
A questão da formação empreendedora é prioridade em universidades
do mundo inteiro, inclusive no Brasil. Educadores reconhecem que o sistema
de ensino prioriza a aquisição de conhecimento sem se preocupar com o
desenvolvimento de habilidades específicas para o uso produtivo deste
conhecimento. As metodologias convencionais de ensino não tem enfocado o
desenvolvimento da cultura empreendedora.
A formação empreendedora exige uma nova prática pedagógica. A palavra ensino tem sido evitada, porque ainda não existe resposta científica de ser possível ensinar alguém se tornar um empreendedor. No entanto sabemos que é possível que pessoas aprendam a ser empreendedoras. As disciplinas para a formação de empreendedores precisam ser elaboradas de forma a se introduzir novos conteúdos e processos didáticos que superem os desafios de sua inovação, tendo vínculos com o mercado, a sociedade e empreendedores. Experiências acadêmicas devem ser ricas e memoráveis para o conhecimento dos alunos, futuro exercício profissional, ética e responsabilidade social. (DRUKER, 1998)
2.4. METODOLOGIA PROPOSTA PARA O ENSINO DO EMPREENDEDORISMO
O empreendedorismo na área educacional tem crescido rapidamente em faculdades e universidades nos Estados Unidos e Europa. Algumas dessas instituições oferecem ao
34
menos um curso de graduação ou pós-graduação, outras dessas universidades chegam a ter uma pequena ou grande concentração na área ( Farrel, 1993).
Os cursos de empreendedorismo variam de acordo com as
universidades, mas os pontos em comum que apresentam ocorrem nos cursos
iniciais do estudo. Os cursos tendem a refletir objetivos globais quanto a área
do empreendedorismo e se concentram em identificar e avaliar habilidades e
na compreensão de tomada de decisão de empreender no processo
econômico em uma base doméstica.
Alguns dos objetivos comuns dos cursos de empreendedorismo
(HISRISH, 2004):
• Compreender o papel de empresas novas e menores na economia.
• Compreender os pontos fracos e fortes nos diferentes tipos de
empresas.
• Avaliar as habilidades empreendedoras do aluno.
• Saber como administrar e desenvolver um novo empreendimento.
• Compreender o papel do empreendedorismo nas organizações já
existentes
• Compreender os aspectos da criação e apresentação de um plano de
negócios.
Esses objetivos formam a base da abordagem modular para um curso
de graduação ou pós-graduação em empreendedorismo. Tal abordagem
procura garantir que as áreas mais importantes do campo sejam alcançadas
nos cursos oferecidos, seja em trimestre, semestre, em um curso ou série de
cursos.
O maior desafio em criar a proposta metodológica para a disciplina foi
representado pela necessidade da proposição de soluções para as questões
fundamentais citadas, em síntese: (DRUCKER, 1998)
• É possível que qualquer um se torne um empreendedor, ou ele é fruto de
genes favoráveis?
35
• É possível ensinar o empreendedorismo?
• Como ensinar empreendedorismo?
A disciplina empreendedorismo tem como um de seus maiores objetivos despertar o aluno para a área de empreendedorismo, motivando-o a criar a sua empresa ou o próprio emprego. Isto não quer dizer que a metodologia pretende fazer com que o aluno abra o próprio negócio logo após a disciplina. (FERREIRA, 1997)
Na verdade, este seria um resultado surpreendente. O que o curso
pretende é que o aluno atinja a geração do autoemprego e que persiga o
objetivo de empreender durante a sua evolução profissional. Quando o aluno
abrir seu próprio negócio será uma questão pessoal, de amadurecimento,
aprendizagem, desenvolvimento da sua visão, percepção e capacidade de
aproveitamento de uma oportunidade.
Há os empreendedores que procuram empregos na sua área de interesse visando à formação de uma bagagem( em termos de conhecimento técnicos, mercadológicos e de relações) para a abertura posterior do próprio negócio. Os critérios de avaliação da disciplina pressupõem uma temporalidade que extrapola o ciclo escolar. O que esta avaliação irá buscar será quanto o direcionamento profissional do ex-aluno terá sido influenciado pela disciplina. Não há receitas nem limites de idade para a abertura do próprio negócio. (ROSA, 2005)
36
CAPÍTULO III
O QUE PODE SER FEITO
PARA QUE O EMPREENDEDORISMO
SEJA MAIS DIFUNDIDO AOS ALUNOS
DO ENSINO SUPERIOR
3.1. A EVOLUÇÃO DO EMPREENDEDORISMO NO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
Precisamos relembrar que a prática do empreendedorismo nas
universidades e faculdades brasileiras surgiu nos anos 90 nos cursos de
ciência da computação/informática. Os empresários do ramo de informática
tinham interesse no empreendedorismo, pois queriam levar as empresas
de software do país para o mercado externo. A partir de então, tivemos a
SOFTEX juntamente com o SEBRAE que prestava consultoria aos pequenos e
micro empresários.
Após dez anos o Brasil entra no novo milênio com um marco ao
empreendedorismo nacional. Segundo a pesquisa da GEM ( Global
Entrepreneurship Monitor ) de 2004, estima-se que o Brasil apresente um
contingente de 15 milhões de empreendedores, um dos maiores entre
os países pesquisados, perdendo somente para os Estados Unidos em 2004.
Desses empreendedores cerca de 35% estão à frente de negócios em
37
estágio nascente, ou seja, com menos de 3 meses de vida aproximadamente.
A maioria, 65%, administra negócios com tempo de vida entre 3 e 42
meses.( GEM, 2004)
O empreendedor brasileiro que compõe a TEA (Tendência Parabólica
Ajustada) é de baixa qualificação acadêmica. Apenas 14% deles têm formação
superior (completa ou incompleta), percentual inferior ao do grupo de países
de baixa renda per capita (23%). Este é o reflexo do sistema educacional
brasileiro e, por conseqüência, do empreendedorismo por necessidade. Ao se
analisar os dados da motivação para empreender, percebemos que quanto
mais alto for o nível de escolaridade de um país, maior será a proporção de
empreendedorismo por oportunidade. (GEM, 2004)
A comparação a países de alta renda per capita mostra uma diferença
ainda mais gritante no perfil do empreendedor: 58% dos empreendedores
daqueles países têm formação superior. Enquanto que no Brasil cerca de 30%
dos empreendedores identificados não chegaram a passar cinco anos pelos
bancos escolares, estando longe de completar o ensino fundamental. ( GEM,
2004)
38
As instituições de ensino interessadas pelo tema vêm se adaptando às
práticas do empreendedorismo. Ações recentes desenvolvidas incentivam para
que faculdades e universidades abram novos cursos e implantem cadeiras
sobre o assunto em seus cursos de graduação e pós-graduação.
3.2. DISPONIBILIDADE DO CURSO
De acordo com uma pesquisa feita por entidades de ensino superior do
Recife, 80% das faculdades tem a disciplina de empreendedorismo na grade
curricular. Sua carga horária é de 50 a 100 horas durante o curso. Dos 20%
restantes, somente 10% das instituições têm carga horária superior a 100
horas no curso, os outros 10% não tem a disciplina empreendedorismo na
grade curricular.
As faculdades ainda foram questionadas se o assunto é tratado em
outras disciplinas. Os alunos afirmaram ser apresentados superficialmente ao
39
tema nas outras matérias em 60% das respostas. Logo, temos uma
preocupação das instituições de ensino em apresentar o tema aos alunos seja
de forma conceitual ou prática.
Devido a necessidade das competências empreendedoras para que os
alunos sejam melhor inseridos no mercado de trabalho e para que essas
competências sejam desenvolvidas em ambiente adequado, as universidades
e faculdades têm a responsabilidade da propagação da cultura
empreendedora.
3.3. ESTÍMULO AO EMPREENDEDORISMO
O estímulo da cultura empreendedora nas entidades de ensino pode ser
apresentada de várias formas como: Palestras com especialistas no tema,
workshops, estimulo a desenvolver trabalhos e artigos e pesquisas junto a
órgãos competentes. É ainda aconselhável uma parceria com empresas
competentes no assunto, como o Sebrae, a Endeavor, IEL, FIEPE e outras que
são especialistas no assunto de abertura de micro ou pequenas empresas.
Segundo a pesquisa, 20% dos entrevistados não têm nenhum tipo de
parceria com entidades especializadas em empreendedorismo. Entretanto,
80% já apresentam trabalhos junto com pelo menos uma instituição
especializada, seja ministrando palestras, workshops, debates ou atividades
que envolvam empreendedorismo. As empresas que desenvolvem trabalhos
em conjunto tendo entidades de ensino como parceiras são o Sebrae, o IEL e
a FIEPE e suas principais atividades são palestras, workshops e debates.
A parceria com estas instituições é importante, porque elas estão
sempre atualizando informações sobre o assunto, estimulando o espírito
40
empreendedor, prestando consultorias gratuitas, na maioria das vezes, aos
candidatos a empreendedores e conhecendo diversos mercados, o que ajuda
em uma tomada de decisão. Os fatores teóricos e a oportunidade de
apresentar aos alunos o conhecimento na prática são interessantes para a
formação profissional de quase todas as áreas de atuação dos
administradores.
Faculdades ou universidades podem estimular o conhecimento do aluno
sobre o tema de forma prática. Um exemplo é a simulação com realidade que
torna o aprendizado mais proveitoso. Os estímulos mais comuns são jogos
virtuais que mostram as realidades e os problemas das empresas. Na Empresa
Jr., com auxílio dos professores, os alunos controlam diversas ações da
empresa e incubadora e montam um espaço para os alunos que querem
desenvolver seus empreendimentos com o suporte oferecido pela incubadora,
o que oferece menos investimento e custos consequentemente.
3.4. AÇÕES INTERNAS
Para que os alunos sejam estimulados às práticas empreendedoras
pelas instituições de ensino, devem ser seguidos programas, já em sala de
aula, que possibilitem colocar em prática os conceitos aprendidos nas aulas.
Uma sugestão de prática pedagógica é o aprender fazendo para a exploração
de conceitos mais amplos relacionando-os com problemas por uma visão
multidisciplinar, lendo e interpretando o ambiente em sua volta, acarretando
maior aprendizado baseado em uma experiência real.
A pesquisa aborda, desta forma, as ferramentas utilizadas nas
entidades para a prática do verdadeiro empreendedorismo. Serão citadas e
explicadas a seguir as ferramentas que colaboram com a aprendizagem do
empreendedorismo:
Definição extraída do site da Federação das Empresas Juniores do
41
Estado de São Paulo (FEJESP), cujo conceito é o mais difundido e aceito
pelas Empresas Juniores brasileiras:
Empresa Júmior é uma associação civil, sem fins lucrativos, construída Exclusivamente por alunos de graduação de estabelecimentos de ensino superior, e que presta serviços e desenvolve projetos para empresas, entidades e sociedade em geral, nas suas áreas de atuação, sob a supervisão de professores e profissionais especializados. (FEJESP, 2001 pg.1).
Ainda segundo a FEJESP:
A Empresa Júnior tem a natureza de uma empresa real, com Diretoria Executiva, Conselho de Administração, estatuto e regimentos próprios, com uma gestão autônoma em relação à Direção da Faculdade, Centro Acadêmico ou qualquer outra entidade acadêmica.(FEJESP, 2001 pg.1)
O objetivo da Empresa Junior é dar aos estudantes a visão do mundo
real dos negócios. Nela os alunos têm os prirmeiros contatos com clientes,
projetos, prazos e responsabilidades. Estes aspectos são para que o aluno
desenvolva suas habilidades empreendedoras e empresariais.
A maior parte das micro e pequenas empresas, de seu início até sua
consolidação no mercado, enfrentam várias dificuldades como a falta de
capital, desconhecimento do mercado e inexperiência do empreendedor na
administração do negócio. Muitas delas tornam-se sonhos fracassados antes
mesmo do primeiro ano de vida.
A incubação de empresas foi feita para evitar o desperdício de ideias
Inovadoras e promissoras. Isto é: uma incubadora de empresas ajuda o
Empresário e/ou empreendedor a desenvolver suas potencialidades e o
crescimento de sua empresa. Nesse ambiente, ele tem instalações físicas,
suporte técnico-gerencial, e ainda a oportunidade de compartilhar experiências
com os demais incubados e formar uma rede de relacionamentos.
A incubação de empresas pode ser física, em que os empreendimentos
ficam instalados nos módulos dentro da incubadora, ou à distância, onde o
negócio recebe todo o suporte da incubadora sem utilizar seu espaço físico.
42
As empresas incubadas podem ter diversos benefícios como (HISRICH, 2004):
1. Espaço físico individualizado para a instalação de escritórios e laboratórios
de cada empresa selecionada;
2. Espaço físico para uso compartilhado, tais como sala de reunião, auditório,
área para demonstração dos produtos, processos e serviços das empresas
incubadas, secretaria, recursos humanos e serviços especializados para
auxiliar as empresas residentes, tais como gestão empresarial, gestão da
inovação tecnológica, comercialização de produtos e serviços no mercado
nacional e internacional, assessoria contábil, jurídica e de marketing;
3. Capacitação por cursos e treinamentos de empresários e empreendedores
sobre gestão empresarial, gestão da inovação tecnológica, engenharia de
produção e propriedade intelectual.
Eventos como A Feira do Empreendedor, desenvolvidas pela faculdade
ou universidade em parceria com os alunos, organizam stands de empresas
que têm interesse de mostrar seus produtos ou serviços, buscar parcerias ou
até novos negócios.
Palestras, work shops, e debates com diversos temas sobre
empreendedorismo também são muito comuns na feira e atraem um bom
público, fazendo com que os expositores possam divulgar suas empresas.
O jogo de empresas Desafio Sebrae é voltado para estudantes do
ensino superior de todo Brasil e oferece prêmios como computadores e uma
viagem para conhecer os centros empreendedores na Itália. O jogo apresenta
um software exclusivo e a competição tem como objetivo repassar os
conhecimentos da área de negócios para os participantes, independentemente
do curso que estejam fazendo.
Para a pesquisa estas ferramentas foram escolhidas porque fazem com
que o aluno encare problemas que futuramente terá que resolver. Neles seu
43
conhecimento teórico é testado junto com sua capacidade de administrar e
empreender. Por este motivo as faculdades têm que desenvolver estas
ferramentas como mais uma opção do desenvolvimento do empreendedorismo
e do desenvolvimento profissional do estudante.
A pesquisa mostra que 40% das entidades de ensino do Recife não tem
incubadoras na faculdade ou nenhuma parceria com empresas deste tipo.
Porém, 30% das faculdades e universidades têm projetos para ter sua própria
incubadora. Das instituições, apenas 30% possuem incubadoras, mas 33,33%
estão desativadas por não terem nenhuma empresa incubada. A conclusão é
que somente 20% das faculdades do Recife possuem incubadoras pelo baixo
incentivo das entidades de ensino na formação prática do desenvolvimento de
abertura de negócios próprios. Ou seja: existe uma preocupação de passar o
conhecimento teórico sobre o empreendedorismo, mas o prático é pouco
explorado. As faculdades e universidades estão mais preocupadas em formar
gerentes do que donos de empresas.
Incubadoras são de grande auxílio para os alunos que querem
desenvolver seus próprios negócios e não têm capital para estruturar uma
empresa. Esta opção oferecida por algumas instituições de ensino é de grande
valia para o desenvolvimento de empreendedores e empreendimentos.
Em contra-partida às faculdades e universidades do Recife terem
carência de desenvolvimento das incubadoras, as mesmas estão avançadas
pela existência das Empresas Jr.. Isso porque 90% das e ntidades possuem
Empresas Jr., e só 10% delas têm sua ausência. Porém, a quantidade de
trabalhos prestados por essas empresas poderia ter um número mais
expressivo.
Em relação aos trabalhos prestados pelas Empresas Jr. a quantidade de
trabalhos desenvolvidos pelas empresas é regular. Temos 22% das empresas
realizando mais de 20 trabalhos por semestre, 22% realiza entre 10 a 20
44
trabalhos por semestre. Porém mais da metade 66% realizam menos de 10
trabalhos (algumas realizam um ou dois trabalhos por semestre, por exemplo).
Mas estes números poderiam ser maiores. Bastaria um pouco mais de
esclarecimento da importância da Empresa Jr., tanto para a instituição (como
um diferencial) como para o aluno que aprende a lidar com situações reais.
O número de alunos que participam das Empresas Jr. Está relacionada
com a quantidade de projetos desenvolvidos. Em sua maioria, quanto maior a
quantidade de projetos maior o nível de participação dos estudantes, porém
em alguns casos existem divergências. Exemplo: uma empresa que tem mais
de 20 trabalhos tem de 10 a 15 alunos e outra que faz menos de 10 tem mais
de 15 alunos, porém não foi analisado o tipo de trabalhos desenvolvido, o que
pode ser que influencie. A pesquisa mostra que 22% das empresas possuem
mais de 15 alunos envolvidos em projetos, 11,11% trabalham com 10 a 15
alunos, a grande maioria, 44,44% trabalha com 5 a 10 alunos, e 22,22% com
menos de 5 alunos.
Em relação à organização e participação da Feira do Empreendedor,
apenas 30% desenvolvem este tipo de ação dentro da instituição e 70% não
aderem a mesma. O Desafio Sebrae sé incentivado por 40% das instituições
de ensino, e a maioria das instituições não valoriza este evento importante
para o desenvolvimento empreendedor dos alunos, 60% não incentivam o
Desafio Sebrae, que é a maneira mais simples de se conviver com a prática
empresarial e é a que gera menos custos para as entidades de ensino, basta
ter um laboratório de informática e incentivar os alunos a participarem.
As faculdade e universidades precisam se preocupar mais com essas
ações internas, pois elas preparam os alunos para a realidade que muitas
vezes é diferentes dos conceitos aprendidos em sala de aula. É necessário
envolver os alunos em atividades em que eles trabalhem os aspectos da
emoção, crenças, valores, tomada de decisão e gerenciamento, pois são
fatores influenciam o processo de aprendizado.
45
3.5. PRIORIDADES PARA AS ENTIDADES DE ENSINO SUPERIOR
A pesquisa mostra qual importância ou grau de prioridade de ensino tem
o empreendedorismo para o Coordenador do Curso de Administração. A
pesquisa apresenta questões que exploram a qualidade do ensino do
empreendedorismo, se existe envolvimento dos professores com o tema e as
ações que o coordenador e a instituição tiveram para o ano de 2005 em
relação ao ensino do empreendedorismo.
Os coordenadores classificaram a prioridade do ensino do
empreendedorismo de suas faculdades e universidades, na avaliação geral do
curso de administração, em RUIM, MÉDIA, BOA e ÓTIMA. A maioria dos
coordenadores dos cursos de administração do Recife, com 60%,
classificaram como média a prioridade dada ao ensino do empreendedorismo
na sua entidade de ensino. Apenas 10% acharam que sua entidade tem um
nível de prioridade ótima. Os que acharam seu nível de prioridade bom: 30% .
Nenhum coordenador classificou sua faculdade ou universidade como ruim.
Sobre o envolvimento do corpo docente do curso de administração, foi
perguntado se houve alguma abordagem do tema empreendedorismo aos
professores. Noventa por cento dos entrevistados disseram que sim. Apenas
10% não abordaram o tema com o corpo docente.
Ainda foi perguntado como foram feitas as abordagens do tema para os
professores e 44,44% dos coordenadores disseram que foram oferecidos pela
faculdade treinamentos externos para capacitar os professores sobre o
assunto, e 44,44 responderam que os professores tiveram chance de assistir
palestras de profissionais terceirizados. Apenas 10,10% tiveram palestras e
debateram o assunto com um mestre da própria escola.
A pesquisa abordou quais seriam as ações sobre o ensino do
empreendedorismo que a faculdade ou universidade desenvolveria no ano de
2005, e 100% dos coordenadores disseram que iriam desenvolver e incentivar
trabalhos, artigos, monografias e promover palestras, workshops, e seminários
46
para alunos e professores.
Por último o questionário procurou saber dos coordenadores qual o
principal foco do estudo do empreendedorismo na instituição, qual perfil do
estudante daquela instituição, qual caminho ele tende a seguir, se para o intra
empreendedorismo, para abertura de novos negócios ou só ter uma noção do
conceito do empreendedorismo.
Então, o principal objetivo dos cursos de administração de Recife é o
intraempreendedorismo com 60%, 30% dos cursos incentivam a criação de
novas empresas, e apenas 10% só querem dar noção do assunto aos alunos.
Concluímos então que as faculdades e universidades ainda têm uma
cultura de formar gerentes e não empreendedores ou donos do seu próprio
negócio. Tanto é que a maioria das instituições tem o objetivo principal de
desenvolver o espírito empreendedor dentro das organizações, ao invés de
incentivar a abertura de novos negócios. A importância do incentivo desde o
início do curso é para que a capacidade de cada aluno possa ser identificada
para deixá-lo preparado tanto para ser um empresário-empreendedor quanto
um gerente-empreendedor. Isto é o que o mercado espera dele.
CONCLUSÃO
O empreendedorismo é necessário à economia de qualquer país, seja
desenvolvido ou subdesenvolvido. Até podemos considerá-lo, conforme muitos
autores, como o motor da economia. Boa parte do emprego e renda gerados
para o Estado e as famílias são desenvolvidos pelos empreendedores. Isso
reafirma a importância da pessoa que possui características empreendedoras
hoje, por garantir para si mesmo e à sociedade uma economia digna, por ser
47
um transformador da situação econômica e social do meio em que vive.
O ideal seria que a vocação para a formação desse profissional fosse
estimulada desde cedo, quando a escola investiria no potencial e criatividade
do estudante para o desenvolvimento de características empreendedoras. Os
alunos já poderiam ter noções gerais e práticas sobre empreendedorismo
desde o ensino médio, o que estimularia sua carreira em um negócio próprio.
Mas quando um país passa pela mudança em seu crescimento
econômico, a tendência é que sua área de educação também mude. Esta é
uma exigência para que sejam atendidas as necessidades do momento e o
crescimento econômico de um país pede a mudança da face da escola. Esta
mudança traz o desafio da inclusão de jovens no mercado de trabalho e em
desenvolver seu potencial criador. Mas para isso as instituições de ensino
devem formar recursos humanos, mão de obra qualificada pensando nas
necessidades do mercado, das empresas, da produtividade e tendências
profissionais do educando. Tudo isso sendo apresentado por metodologias
diferenciadas para a apresentação do tema empreendedorismo e para encarar
a renovação social no contexto da atualidade.
Daí a importância do papel da universidade que deveria estar focada
em desenvolver patrões e não empregados. Nossos universitários têm talento
e criatividade, mas de nada adiantará sem o conhecimento adequado e a
prática necessária durante o curso para o desenvolvimento de suas ideias e a
segurança em abrir seus próprios negócios.
48
E ainda: se levarmos em consideração a baixa escolaridade da maioria
de nossos empreendedores e o despreparo que têm para administrar seus
negócios, podemos dizer que a universidade tem sua parcela de culpa pela
número de empresas que quebram por não cumprirem com o papel social de
apresentar cursos contextualizados e orientações a essas instituições, pela
educação e desenvolvimento serem processos permanentes.
Pessoas podem desenvolver características empreendedoras por
programas educacionais de estudos comportamentais, conhecimentos,
habilidades, técnicas de gestão de negócios e relações humanas, para o início
de um novo negócio ou administração de um já existente.
Neste contexto, as instituições de ensino superior assumem a
importância de abrigarem os cursos de administração que desempenham
papel singular nas discussões do tema empreendedorismo.
Concluímos então, conforme já foi dito, que o empreendedorismo é
essencial para o desenvolvimento de um país. Mas para a geração de novos
empreendimentos é preciso que surjam maior número de empreendedores com
características, comportamentos e conhecimentos técnicos para o
desenvolvimento contínuo de seus empreendimentos. Para isso, os
conhecimentos deste profissional devem ser constantemente aprimorados e as
universidades ao invés de apenas estudá-los ou de formar apenas gerentes ou
empregados deveriam se preocupar em multiplicar e desenvolver mais
empreendedores para a sociedade.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Empresarial. 8.ed. São Paulo, 1989. 368p.
49
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50
2005.
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Acesso: 15 de julho de 2005.
51
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
52
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Os Fundamentos do Empreendedorismo 1
Empreendedorismo - O Conceito 11
A Origem 11
Motivos Para Empreender 13
Tipos de Negócios 14
As Oposições ao Empreendedorismo 17
Empreendedor 19
O Perfil do Empreendedor 21
A Evolução do Empreendedorismo 22
O Perfil do Empreendedorismo no Mundo 22
O Perfil do Empreendedorismo no Brasil 26
CAPÍTULO II
Que Problemas o Empreendedorismo tem Enfrentado
para ser Apresentado aos Alunos do Ensino Superior 30
É Possível Ensinar Empreendedorismo? 30
É Possível Aprender Empreendedorismo? 32
A Contribuição Acadêmica para o Desenvolvimento do Empreendedorismo 33
Metodologia Proposta para o Ensino do Empreendedorismo 33
CAPÍTULO III
O que pode ser feito para que o Empreendedorismo
53
seja mais difundido aos alunos do Ensino Superior 36
A Evolução do Empreendedorismo no Ensino Superior do Brasil 36 Disponibilidade do Curso 38 Estímulo ao Empreendedorismo 38
Ações Internas 39 Prioridades para as Entidades de Ensino Superior 44
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48
ÍNDICE 51
ANEXOS 53
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Conteúdo de revistas especializadas;
Anexo 2 >> Entrevista;
54
Anexo 3 >> Reportagens; Anexo 4 >> Internet; Anexo 5 >> Questionários. Anexo 6 >> Gráfico Anexo 7 >> Questionários Preenchidos
ANEXO 1
CONTEÚDO DE REVISTA ESPECIALIZADA
http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12565
REVISTA - EDIÇÃO 138
55
Trava na língua Dificuldade de se expressar e ser crítico são as maiores deficiências dos
recém-formados, diz pesquisa. Empresas culpam instituições e professores
Gabriel Jareta
Mesmo tendo crescido nas décadas em que os meios de comunicação se tornaram mais rápidos e populares, quando chegam ao mercado de trabalho os jovens de hoje ainda encontram dificuldades em lidar com habilidades sociais como relacionamento interpessoal, comunicação oral e escrita e pensamento crítico. Essas são as conclusões de uma pesquisa realizada com 192 executivos seniores de 22 países da América Latina - a maioria das empresas localizadas no Brasil e no México. Para especialistas, a formação superior pode ter um papel mais relevante na formação para o mercado se considerar essas lacunas.
A publicação Capacitação para competir - ensino pós-secundário e sustentabilidade empresarial na América Latina, editada em 2009 pelo Economist Intelligence Unit (EIU), instituto ligado à revista The Economist, mostra que a formação de profissionais na região não está de acordo com o que o mercado deseja. "(...) pensamento crítico, comunicação oral e escrita e habilidades pessoais encabeçam a lista de qualificações que faltam na América Latina, o que vai ao encontro do que os participantes consideram as qualificações mais necessárias no ambiente corporativo global", analisa a publicação.
Mesmo assim, os executivos ouvidos não apontam os jovens recém-saídos da universidade como os principais culpados pelas falhas. De acordo com a pesquisa, a maior queixa é em relação aos professores. Para 77% dos entrevistados, a qualificação de professores para o ensino de habilidades sociais, como pensamento crítico e liderança, precisa "melhorar significativamente". Por habilidade sociais, a pesquisa entende o que em inglês se chama soft skills ou life skills (habilidades pessoais), muito mais difíceis de se quantificar, e que envolvem características como facilidade de negociação, networking e trabalho com diversidades culturais.
No Brasil, o mercado já há algum tempo reconhece essas falhas, que surgem logo nos primeiros processos de seleção. "Quando falam sobre os pontos fracos, 90% a 95% dos candidatos apontam marketing pessoal e habilidade política", explica a consultora Claudia Monari, da Career Center, empresa especializada em gestão estratégica de recursos humanos e carreiras. Para ela, o problema nem é tanto a timidez na hora de falar ou a dificuldade em apresentar seus pontos de vista, mas a habilidade de saber falar na hora certa. "Muitos desses jovens não têm papas na língua, são impacientes e não sabem se colocar", afirma.
56
A gerente de recursos humanos corporativos da Allis, Tatiana Bignami, credita a falta dessas habilidades está não só relacionada a questões pessoais, mas também à diferença entre o ambiente escolar e o ambiente de uma organização. "A competição na faculdade é mais saudável, é saber quem tira a maior nota. Dependendo da empresa, se for um ambiente muito competitivo, [o jovem] é agredido o tempo inteiro. Acredito que essa carência vem da insegurança de nunca ter vivido um ambiente organizacional", opina.
Uma das soluções que ela aponta é que as instituições de ensino superior devem, sim, ajudar os alunos a desenvolver essa consciência antes de obter o diploma. "Nas dinâmicas de grupo tenho percebido que alguns cursos já estão conseguindo se adaptar e conseguem trabalhar com questões práticas", conta Tatiana.
Diante da diferença entre o que o mercado espera de um jovem profissional e o que a universidade oferece, muitas instituições de ensino superior recorrem a especialistas em carreiras para inserir no dia a dia dos professores maneiras de "polir" esses alunos para o ambiente de trabalho. Por outro lado, apenas moldar os alunos para o mercado não deveria ser a atribuição principal da educação superior, dizem especialistas. Para o consultor e escritor Sidnei Oliveira, autor de Geração Y - Era das conexões - tempo de relacionamentos (200 págs./ R$ 37,58 - Clube dos Autores), uma das principais falhas na formação se deve à incapacidade de adequar a sala de aula tradicional aos novos códigos da comunicação. "As instituições ainda não estão preparadas porque o acesso à informação não se dá mais necessariamente pelo professor. Não há mais a premissa de que o professor é detentor de uma informação que os alunos não têm", compara.
De acordo com o consultor, o professor é hoje mais exigido pela capacidade de inovação, de estabelecer relações a respeito do conteúdo. "Acontece de o aluno descobrir que não está se preparando, mas tirando nota para passar de ano. É o mesmo modelo do cursinho, no qual o professor dá a fórmula, e não o processo do conhecimento", afirma Oliveira. De fato, a pesquisa da EIU revela que, quando perguntados sobre a principal habilidade que será desejada no profissional daqui a cinco anos, os executivos respondem que é o pensamento crítico (81% veem como "muito importante"), seguido pelas aptidões pessoais (80%) e pela capacidade de solucionar problemas (78%).
Mesmo que o modelo de aprendizado esteja passando por um período de transição, fator que Oliveira aponta para explicar o descompasso entre os códigos de professores e alunos, um dos papéis imutáveis da universidade continua sendo o de orientar o aluno em relação ao seu futuro profissional. "A Geração Y é muito menos adaptada às carreiras tradicionais. Cabe ao professor ajudar esse jovem a ter foco, o que muitas vezes ele não tem", diz o consultor.
A visão de Claudia Monari é bastante pragmática em relação à formação de alunos para o mercado. Para ela, a universidade, em geral, está distante da vivência real do ambiente de trabalho e não está preparando o aluno do ponto
57
de vista das habilidades pessoais. "As instituições precisam ser proativas e procurar as empresas, perguntar o que elas querem", diz a consultora. Ela sugere, por exemplo, que a universidade convide para a sala de aula pessoas do mercado. "É preciso incluir mais realidade no currículo. Muitas vezes os alunos estão diante de um professor que não tem experiência corporativa", afirma.
Outra sugestão de Claudia é que cursos da área de exatas, mais afeitos aos números que às pessoas, deveriam incluir no currículo disciplinas relacionadas a comportamento - segundo ela, isso já ocorreu em uma instituição conceituada de São Paulo após reclamações do mercado. "Tínhamos problemas a ponto de o gestor [de RH] não querer mais alunos dessa instituição. A partir daí eles incluíram orientações na grade", relembra.
Para tentar diminuir a distância entre o mercado e a sala de aula, muitas empresas têm investido em uma aproximação para formar um perfil de profissional próximo ao que ela deseja para seus quadros. Essa também é uma das constatações da publicação da EIU, para quem a atual forma de cooperação entre o setor privado e a educação "não é adequada", ou seja, ainda é incipiente na América Latina. A saída seria apostar na abertura de canais de comunicação com as instituições de ensino superior - e, para um terço dos executivos brasileiros, o setor privado "deveria participar na elaboração do currículo educacional". Caso contrário, conclui a publicação, a "carência de qualificações [de trabalhadores] na América Latina mina a competitividade das empresas da região".
Embora seja um desejo legítimo do mercado, essa interferência direta está longe de ser um ponto pacífico. Para Tatiana Bignami, a maioria das universidades consideradas de primeira linha não tem o foco no ambiente organizacional. Além disso, em cada empresa há uma cultura, o que provoca uma dificuldade a mais para o professor tentar levar essas questões para a sala de aula. "Acredito que ainda falta debate sobre o assunto, como é a melhor forma de adaptar [os currículos] à realidade do mercado, para colocar esse conhecimento em forma de construção", conclui.
A consultora Claudia Monari: as instituições precisam ser proativas
Executivos sugerem ações
58
Além de apontar a necessidade de qualificação de professores e alunos em habilidades sociais, como pensamento crítico e liderança, a pesquisa Capacitação para competir - ensino pós-secundário e sustentabilidade empresarial na América Latina, editada pelo Economist Intelligence Unit, instituto ligado à revista The Economist, enumerou algumas possibilidades de como as próprias empresas podem colaborar para a formação dos jovens profissionais.
As três ações mais importantes citadas pelos executivos foram, pela ordem: desenvolver programas que introduzam o estudante ao ambiente de trabalho; patrocinar programas especiais para desenvolver habilidades sociais, como workshops de liderança; e trabalhar com instituições de ensino superior para desenvolver currículos.
Outra questão levantada junto aos entrevistados foi a respeito das ações das universidades e faculdades que mais poderiam ampliar o acesso dos estudantes às qualificações necessárias para a competição global. Cada entrevistado deveria selecionar as três mais importantes.
Os resultados foram: programas de pesquisa que explorem problemas ou situações do mundo real (69%); professores em meio período recrutados entre profissionais do mercado (47%); e programas de intercâmbio no exterior (36%).
Instituições estimulam a prática profissional
O desafio histórico da universidade é fazer com que os bancos escolares formem profissionais que não só dominem a teoria, mas que também sejam capazes de se adaptar à realidade das organizações: problemas reais do cotidiano, competitividade acirrada, modificação dos códigos de trabalho tradicionais. Embora o estágio seja obrigatório em diversas áreas, a atividade com hora marcada e para fins acadêmicos nem sempre é suficiente para mostrar ao aluno a prática do trabalho. Para tentar sanar essa lacuna, algumas instituições perceberam que é hora de modificar a abordagem em relação aos desejos do mercado.
Sediada em Fortaleza, a Faculdades Nordeste (Fanor) tem como uma das diretrizes estimular a vivência do aluno no mercado de trabalho antes da formatura. Atualmente, faz parte das grades dos cursos da faculdade um programa de 200 horas de atividade extracurricular. Um aluno de engenharia, por exemplo, precisa conhecer uma linha de produção do começo ao fim. Já um estudante de economia vai para uma corretora conhecer o mercado de capitais. Implantado há poucos anos, o chamado
59
PEX (programa de experiências) consiste de um "passaporte" em que essas - e muitas outras - atividades são computadas até que o aluno atinja um determinado número de pontos.
Do mesmo modo, os professores da Fanor são orientados a aplicar em sala de aula estudos de caso - reais ou fictícios. "Os alunos passam a ver com outros olhos como é a prática no dia a dia", afirma Tatiana Scipião Araujo, professora do curso de administração da Fanor.
Na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), a experiência de alguns cursos mostrou-se uma via entre o mercado e a universidade. Além de procurar um contato estreito com o mercado, para conhecer as necessidades das empresas e as deficiências mais frequentes entre os profissionais, a universidade é campo, por exemplo, para teste de tecnologias e novos equipamentos e produtos. "Antes de ofertar novos cursos, temos de saber qual é a real demanda pós-curso, se a região comportará esses profissionais. Não adianta montar um curso quando o mercado já está saturado de bons profissionais", afirma Carlos Alberto Tomelin, diretor do centro de Ciências Sociais Aplicadas - Comunicação, Turismo e Lazer.
Apesar da busca pela ambientação profissional adaptada aos cursos, Tomelin ressalta que é preciso tomar cuidado para não transformar os cursos em "reféns do mercado". "Tentamos fugir de paradigmas como o de que para um aluno é necessário dominar determinado software. O que ele precisa saber é quais opções existem para decidir qual utilizar", afirma. Além disso, a Univali implantou disciplinas comuns a todos os cursos, com a intenção de corrigir as falhas de que o mercado se queixa, como as de processo criativo, marketing e empreendedorismo. "A empregabilidade é um artigo de luxo. O aluno precisa sair com as habilidades e o conhecimento que as novas profissões e as novas formas de trabalho demandam", diz Tomelin.
ANEXO 2
ENTREVISTA
http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12686 REVISTA - EDIÇÃO 146
Pensamento inovador Método desenvolvido por pesquisadora da Universidade da Virgínia amplia e
60
desmistifica a prática empreendedora. Para Saras Sarasvathy é possível ensinar qualquer um a ser um grande empreendedor Luciene Leszczynski
Saras reuniu 27 empreendedores com mais de 15 anos de experiência e pediu
que respondessem a um conjunto de problemas sobre descisões típicas do
início de uma empresa. Conluiu que o importante é ter o espírito de realização.
Originária de uma família de classe média baixa na Índia, Saras Sarasvathy,
hoje professora da Darden Graduate School of Business da Universidade da
Virgínia, nos Estados Unidos, abriu com mais ou menos sucesso suas próprias
empresas. Mas foi ao se interessar pela atividade do ensino que criou algo
novo: um método ao qual chamou de effectuation [realização, em tradução
livre] para entender a forma como os empreendedores pensam e
tomam decisões. As c onclusões da pesquisadora derrubam alguns mitos.
Segundo Saras, os empreendedores realmente pensam diferente das demais
pessoas, mas eles não são natos: é possível aprender a ter um espírito
empreendedor.
Na entrevista concedida à revista Ensino Superior durante sua vinda ao Brasil
para participar da Rodada de Educação Empreendedora Brasil ( REE Brasil
), em Águas de São Pedro (SP), Saras explicou o que é o effectuation e como
o modelo pode ser aplicado no ensino superior, tanto para desenvolver as
próprias instituições de ensino, como para ensinar os alunos a serem
empreendedores.
61
No site www.effectuation.org é possível encontrar as experiências de quem já
aplica a teoria em sala de aula de diversos países, além de material para uso
de instrutores. Professores têm acesso livre.
Ensino Superior - A senhora criou um mecanismo para tentar mensurar
o comportamento empreendedor. No que consiste esse modelo,
chamado de effectuation?
Saras Sarasvathy - O effectuation descreve a forma como os
empreendedores mais experientes pensam, raciocinam, tomam decisões e se
comportam. Chamamos effectuation pela relação de causa e efeito. Quando
avaliamos a forma como os empreendedores especialistas tomam suas
decisões e comparamos o método deles com o de gerentes em geral
identificamos frequentemente que a lógica é quase ao contrário. Ou seja, um
administrador de uma grande empresa normalmente parte do efeito que quer
gerar e depois busca a forma de alcançá-lo. Os empreendedores fazem o
contrário: eles partem do que dispõem, das suas próprias identidades, do
que sabem e de quem conhecem para, a partir daí, se perguntarem que tipo de
efeito pode ser criado. Dessa forma eles acabam criando inovação, porque
não começam a partir de uma meta pré-estabelecida.
ES: Como esse raciocínio empreendedor pode ser aplicado nas
instituições de ensino superior e no aprendizado dos alunos?
A tentação em muitos cursos de empreendedorismo é falar para os alunos: 'tal
setor é de suma importância, então é melhor vocês aprenderem a abrir uma
empresa nesse segmento', ao invés de perguntar qual a bagagem desses
alunos e o que está disponível no seu ambiente local para, a partir desses
dados, promover e encorajar a abertura de empresas locais com vantagens
competitivas singulares. Um dos pontos que eu saliento é que, mesmo nos
países mais pobres, temos mais recursos do que acreditamos. Outro mito
62
comum é pensar ser preciso ter dinheiro antes de fazer algo. Os
empreendedores especialistas pensam que podem começar qualquer coisa a
partir de quem você é, do que você sabe e de quem você conhece para gerar
algo mais interessante, que tenha valor para outras pessoas. Isso faz a sua
empresa crescer. Acredito que isso também pode ser feito na educação.
E S: A senhora pode citar um exemplo?
A ideia é não pensar apenas em termos de dinheiro ou instalações físicas, mas
pensar os seres humanos como o próprio recurso. Dentro da universidade, o
aluno poderia ser visto como um recurso que pode ajudá-la a se desenvolver.
Eles são os melhores recursos que a universidade dispõe. O modelo de
effectuation indica que os recursos estão disponíveis em toda parte, a questão
é enxergar de forma diferente. Não é preciso ficar preso ao ponto de vista
dualista de corpo docente e corpo discente. Fazendo o exercício de escapar
dessa visão convencional é possível identificar mais pontos como recursos e
formas inovadoras de desenvolver seus cursos.
E S: É possível determinar as principais características de uma atividade
empreendedora?
Uma das coisas que eu descobri por meio de pesquisas é que isso não existe.
Qualquer um pode ser empreendedor. Uma das analogias que eu gosto é
pensar o que o otimista e o pessimista fariam em termos de invenção. O
otimista inventaria um avião, e o pessimista um navio de batalha. Todos
podem aprender a ser empreendedores se assim o desejarem, mas o tipo de
empreendedor que você vai ser vai depender de quem você é, de quem
conhece e com quem trabalha. Então, não há uma característica específica.
Mas se fosse escolher uma eu diria que, se você realmente detesta trabalhar
com outras pessoas, aí é melhor não tentar ser empreendedor. Fora isso,
qualquer tipo de ser humano pode ser um empreendedor.
ES: Por outro lado, o empreendedorismo ainda é visto como uma
característica da atividade de negócios. Como levar esse modelo para
63
outras áreas?
Da mesma forma como o pensamento científico não pertence apenas ao ramo
da tecnologia, o método do empreendedorismo pode ser aplicado a vários
programas humanos e não apenas àqueles relacionados a questões
empresariais. O empreendedorismo é um assunto muito interessante porque
utiliza a administração como uma tecnologia, como um instrumento para
resolver uma variedade de problemas. Vários de meus alunos utilizaram o
effectuation para construir alguma mudança social, por exemplo.
ES: Mas como ensinar essa forma de pensar na escola ou na
universidade?
Quando frequentamos a escola, aprendemos sobre ciência e uma forma de se
raciocinar a respeito de alguma coisa. Talvez nós nunca nos tornemos
cientistas, mas sabemos o que significa pensar de forma científica. Mais de
200 anos depois de as pessoas começarem a entender o método científico e a
ensiná-lo foi possível toda a evolução tecnológica do século 20. Como Alfred
North Whitehead falou no século 19, quando a intenção era a invenção
propriamente dita, "todo mundo pode aprender a ser um inventor, um
cientista". Nós estamos num momento semelhante hoje com relação ao
empreendedorismo, porque o empreendedorismo também é um método que
produz um efeito e pode ser ensinado para todos. Eu acredito que, no fim das
contas, as pessoas vão utilizar isso de forma interessante, porque nem todos
vão querer abrir uma empresa. Algumas pessoas simplesmente vão utilizar
esse método para resolver problemas sociais, outros vão trabalhar para outra
empresa e outras pessoas simplesmente vão servir aos empreendedores.
Então vamos acabar construindo um mundo mais empreendedor, da mesma
forma como nós tivemos esse mundo científico e tecnológico. Muito do que
fazemos hoje na universidade é tentar construir uma compreensão mais
ampla,
em que todos podem aprender a se tornar empreendedores.
E S: Qual o papel do professor no desenvolvimento do método
64
empreendedor? Ele também precisa de treinamento?
Sem dúvida. Porque, mais uma vez, inicialmente quando as pessoas
começaram a entender como a ciência funcionava era preciso observar o
trabalho dos engenheiros, artesãos etc. É a mesma coisa que estamos
fazendo aqui, observando empreendedores, tirando lições, aprendendo sobre
essa lógica. O ensino em empreendedorismo exige treinamento, instrução e
entendimento. Mas é um pouco diferente do que simplesmente a prática, pois
para ser um bom professor você tem de aprender mais, além de ser capaz de
fazer.
ANEXO 3
REPORTAGEM
http://www.empresasvale.com.br/empreender/netnews.cgi?cmd=mostrar&cod=1207&
max=5&tpl=netnews
Empreendedorismo
65
Empresa incubada é destaque de Revista especializada
05/02/2009
A empresa Delta Life, da Incubadora de Negócios, foi destaque da revista
HOSP, uma das maiores do setor médico-hospital do Brasil. A empresa
ganhou destaque pelo lançamento do seu DL200, produto inovador sem
semelhantes nem no país nem no mundo.
O produto ajuda os enfermeiros e médicos a verificarem, de forma
rápida e precisa, a vazão do soro na terapia intravenosa. O processo
atual é manual e com gasto de tempo e de produto altos. “Os
enfermeiros gastam, em média, 20% do seu tempo verificando
manualmente a vazão do soro. Este equipamento – que é pouco
maior que uma caixa de fósforos – poderá ser carregado no bolso
pelos profissionais que, em 30 segundos, poderão verificar a vazão e
agendar o seu retorno para troca do soro ou inserção de medicação”,
conta Vagner Arêdes, proprietário da Delta Life.
A empresa hoje desenvolve o produto na Incubadora, que é gerida
pelo CECOMPI.
Veja a matéria completa abaixo:
Equipamento para infusoterapia auxilia o profissional na regulagem da vazão do medicamento
Funcionando com qualquer tipo de equipo, o DL200 oferece fácil e rápida conexão. Funciona com pilhas, com autonomia de 4.000 horas. É um equipamento desenvolvido para conceder maior segurança aos procedimentos, informando a correta vazão do medicamento em gotas por minuto ou ml por hora. Seu uso permite maior segurança ao profissional, auxiliando na regulagem da vazão
66
do medicamento e diminuindo o tempo de processo.
ANEXO 4
INTERNET
http://www.izabelsadallagrispino.com.br/index.php?option=com_content&view=article&i
d=1280:o-aluno-empreendedor&catid=103:artigos-educacionais&Itemid=456
O ALUNO EMPREENDEDOR
Izabel Sadalla Grispino *
67
Mudanças no mercado de trabalho, no vínculo empregatício referente a empregos convencionais, têm chamado a atenção de educadores, trazendo inovações, novas ponderações às universidades.
O educando continua sendo influenciado por sua família ou pela escola, pela falsa idéia de segurança, de status que o vínculo empregatício possa lhe assegurar, com um bom salário no fim do mês. Esta influência pode vir carregada, inclusive, de insatisfação pessoal, principalmente, quando valoriza uma relativa segurança, em prejuízo da verdadeira tendência profissional.
A família persiste no modelo do emprego convencional e a escola se retrai na orientação da livre iniciativa, não estimula o desenvolvimento, no estudante, do espírito empreendedor. Esta realidade foi constatada numa pesquisa em que se perguntou a um grupo de alunos, egresso do curso de graduação de uma renomada escola de administração do País, quais eram seus planos, suas ambições. 90% responderam que era conseguir um bom emprego numa grande empresa. Poucos alunos responderam que seu interesse estava em criar seu próprio negócio, no curto ou médio prazo.
Na verdade, não há estímulo para o aluno se desenvolver em trabalho por conta própria. O que chama a atenção é o fato de o mercado de trabalho ter mudado e a escola não ter se alertado para o seu papel de criar alternativas, que vão em direção oposta do convencional. É preciso acordar o aluno para a iniciativa pessoal e não só prepará-lo para ser empregado. Prepará-lo para enfrentar os desafios das mudanças do trabalho, estimular o desenvolvimento do espírito empreendedor, especialmente nos cursos de administração de empresas. Estimular no educando o espírito independente, conforme a época vem pedindo.
Universidades estrangeiras têm substituído o curso de administração geral pelo curso de administração empresarial, como a Universidade de Harward, dos Estados Unidos. A universidade processou a mudança depois de verificar que, em 1999, mais de 25% das matérias facultativas escolhidas pelos alunos eram do departamento de empreendimentos, que há 20 anos mantinha duas classes. A universidade não deixou de preparar executivos para a IBM, General Motors, Ford e outras grandes corporações, mas passou a preparar um número crescente de alunos, interessados em trabalhar em médias e pequenas empresas, onde as habilidades e conhecimentos necessários são diferentes. Ela encara o aluno como um produto que oferece ao mercado, a um mercado que não pede o mesmo produto de décadas atrás.
A escola precisa trabalhar e preparar para a diversidade, numa busca permanente de perguntas e respostas, ajustadas ao trabalho. No mundo todo, como em nosso País, as médias e pequenas empresas, os empreendedores, aumentam a cada ano, de modo considerável, e pedem um profissional mais ágil, mais ajustado à rapidez do mercado, menos preso às receitas e manuais de administração tradicional.
Os empresários estão apostando nessa nova tendência do mercado e praticamente anulando escolas tradicionais, que continuam na base da administração geral, baseada em fluxogramas, organogramas O&M. Escolas pouco antenadas ao comércio e que não se deram conta que cliente e mercado estão mudando a cada dia.
68
Especialistas do assunto destacam pontos importantes para serem considerados pela escola, quais sejam:
– “Educação e desenvolvimento são processos permanentes.
– Eles não terminam com o diploma ou formatura no final do período letivo. Também não se limitam às ativi-
dades em sala de aula ou presença de um professor.
– É preciso que se entenda que ninguém desenvolve ninguém. O processo é interior e o aprendizado decor-
re das disposições das pessoas em aprender. E se aprende tanto através da observação, da leitura, dia-
logo, reflexão e tantas outras formas que aguçam nossos sentidos...”
Esses conceitos representam consciência de situação. Escolas e famílias devem se libertar da falsa idéia de segurança e status do vínculo empregatício. Devem encarar a modernidade, que vem pedindo uma nova linha de trabalho, desembocando no empreendedorismo, na necessidade de se formar um aluno empreendedor. Um aluno hábil em tomar iniciativas, em encontrar soluções práticas e rápidas para os problemas que possam surgir.
O desenvolvimento social muda a face da escola. As mudanças que ocorrem no seio da sociedade, no mercado de trabalho penetram o recinto escolar, força uma atualização na correspondência de respostas às necessidades do momento. Traz, entre outros, o desafio de inclusão social de jovens no trabalho, dentro do modelo de desenvolvimento econômico do País. A ascensão social está muito ligada à predisposição do indivíduo, ao seu potencial criador. A escola precisa agir como um leque, formar recursos humanos, mão-de-obra qualificada, tendo em vista as necessidades amplas do mercado, das empresas, da sua produtividade e das tendências profissionais do educando. Acionar metodologias diferenciadas para encarar a renovação, a mobilidade social requerida pela época.
* Supervisora de ensino aposentada. (Publicado em novembro/2004)
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ANEXO 5
QUESTIONÁRIOS
Questionário do professor:
* Professor de administração – Nome: __________________________
_________________________________________________________
* Matérias que leciona na Universidade:_________________________
_________________________________________________________
* Cursos que leciona:________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
1- Em sua opinião, o perfil empreendedor pode ser estimulado aos alunos?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
2- Já consegue perceber alguns futuros empreendedores natos em sala?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
3- Há alguns que já exercem atividades como empreendedores?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
4- Que estímulo é dado hoje ao aluno do ensino superior nos cursos em que
leciona para que ele se torne um empreendedor?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
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_________________________________________________________
5- Qual é a importância de informar o aluno sobre empreendedorismo?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
6- Vale a pena ser empreendedor? Por quê?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
7- A Universidade tem projetos sobre o tema? Tem alguma parceria com
alguma empresa, realiza projetos como incubadoras, empresas júnior ou tem
realizado workshops sobre empreendedorismo?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
8- O empreendedorismo é um talento nato ou o indivíduo pode aprender a
empreender?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Questionário do aluno:
* Curso:___________________________________
71
* Semestre:___________________________
1- Tem sido apresentado aos alunos de seu curso noções sobre
empreendedorismo?
_________________________________________________________
2- Em sua opinião, é dado hoje ao aluno do ensino superior em seu curso
algum estímulo para que ele se torne um empreendedor?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
3- É importante para você ter noções sobrer este conhecimento? Por quê?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
4- Seu curso tem tido parecerias com empresas ou a formação de projetos
como incubadoras, empresas júnior ou workshops sobre o tema
empreendedorismo?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
5- Você acha que vale a pena ser um empreendedor? Já consegue perceber
alguns colegas que são empreendedores natos e já há alguns que exercem a
atividade como empreendedores?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Questionário para entrevista ao coordenador do curso de administração:
1. Existe disciplina de empreendorismo no curso de Administração? □ Sim, com carga horária menor que 50h no curso.
72
□ Sim, com carga horária entre 50 e 100h no curso. □ Sim, com carga horária maior que 100h no curso. □ Não 2. O assunto em questão é tratado em outras disciplinas do curso? □ Sim, no decorrer das aulas são dados exemplos de empreendorismo. □ Sim, e os alunos são incentivados a desenvolver a abertura de uma empresa
durante o curso. □ Sim, de forma conceitual. □ Não. 3. Existe parceria com alguma instituição incentivadora na formação do micro
empresário? □ Sim, o Sebrae. □ Sim, palestrantes especializados no assunto. □ Sim, IEL, FIEPE, ou alguma outra instituição. □ Não. 4. A instituição de ensino tem algum tipo de programa de incubadora de
empresas? □ Sim, dentro da própria faculdade. □ Sim, tem convênio com incubadoras fora da faculdade. □ Já existe um projeto em andamento. □ Não. 5. A faculdade possui uma Empresa Junior? □ Existe e realiza mais de 20 trabalhos por semestre. □ Existe e realiza entre 10 e 20 trabalhos por semestre. □ Existe e realiza menos de 10 trabalhos por semestre. □ Não há JR. 6. Quantos alunos participam da empresa jr? □ Mais de 15 alunos. □ Entre 10 e 15 alunos. □ Entre 5 e 10 alunos. □ Menos de 5 alunos. 7. Existe algum tipo de incentivo para o desenvolvimento de publicações sobre
o assunto? □ Sim, monografias. □ Sim, trabalhos desenvolvidos nas próprias matérias. □ Sim, publicações em eventos, revistas, sites ou jornais.
73
□ Não. 8. Existe alguma ação interna para incentivar a abertura de novos negócios? □ Sim, Feira do empreendedor. □ Sim, incentivo ao Desafio SEBRAE. □ Sim, Incubadoras. □ Sim, Empresa JR. □ Não. 9. Como coordenador do curso de Administração, qual é a ferramenta mais
importante para o desenvolvimento do empreendorismo para os acadêmicos?
□ Palestras e Workshops sobre o assunto. □ Trabalhos, monografias e pesquisas desenvolvidas pelos alunos. □ Fazer parte da empresa JR. □ Abrir seu próprio empreendimento em uma incubadora. 10. Como o Sr. classificaria a prioridade ao ensino do empreendorismo na sua
entidade de ensino? □ Ruim. □ Média. □ Boa. □ Ótima. 11. Na sua instituição de ensino já houve algum tipo de abordagem do tema
empreendorismo para os professores? □ Sim, palestras dentro da instituição, ministrada por um mestre da escola. □ Sim, palestras dentro da instituição por profissionais terceirizados. □ Sim, treinamentos externos. □ Não. 12. Qual ação empreendedora a faculdade irá desenvolver neste ano?
□ Abertura da Empresa Jr. □ Palestras, Worhshops, Seminários para os alunos e/ou professores. □ Incentivo a trabalhos, monografias, pesquisas cientificas ou publicação de
artigos sobre o tema. □ Não irá desenvolver nenhuma atividade.
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13. Qual o objetivo principal do estudo de empreendorismo na sua faculdade? □ O intra-empreendorismo (desenvolver o espírito empreendedor dentro de
uma organização). □ A abertura de novos negócios (incentiva a criação de novas empresas). □ Só da noção do que é empreendorismo (Conceitua). □ Todas alternativas acima. Instituição de Ensino: ______________________________________________ Curso: ___________________________________________________________ Coordenador do Curso: ____________________________________________ Data da Entrevista: _____/_____/_____
ANEXO 6
GRÁFICO
Entrevista realizada por questionários na Universidade do Grande Rio em Duque de Caxias - RJ
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Para o Corrdenador ( ) e o professor 1 ( ), a importância dada ao
empreendedorismo é alta, enquanto que para o professor 2 ( ) o incentivo
ao tema estaria mais para estimular o empreendedorismo na profissão que o
aluno estivesse do que se tornar dono de seu próprio negócio.
Para o aluno 1( ), há a apresentação de alguns dados para que os
alunos da universidade sejam estimulados a serem empreendedores, pois lhes
são informados alguns dados e reconhece o empreendedorismo como
diferencial no mercado de trabalho, porém ainda não lhes é apresentado o
suficiente.
Para o aluno 2 ( ), não há tanto estímulo, porque alguns professores
incentivam a estabilidade em empregos públicos. Para o aluno 3 ( ), há falta
de estímulo, pois falta a prática acompanhada pelos professores.
ANEXO 7
QUESTIONÁRIOS PREENCHIDOS
Coordenador >> Página 77
Coordenador do Curso de Administração Professor 1 Professor 2 Aluno 1 Aluno 2 Aluno 3
Importância dada ao tema Empreendedorismo na opinião dos entrevistados Alta Média Baixa
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Professor 1 >> Página 80
Professor 2 >> Página 82
Aluno 1 >> Página 84
Aluno 2 >> Página 85
Aluno 3 >> Página 86
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86