UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
BRINCADEIRAS CANTADAS:
EDUCAÇÃO E LUDICIDADE NA CULTURA DO CORPO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Joyce dos Santos Rodrigues Cerqueira
Orientadora
Prof.ª Ms. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
BRINCADEIRAS CANTADAS:
EDUCAÇÃO E LUDICIDADE NA CULTURA DO CORPO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicimotricidade.
Por:. Joyce dos Santos Rodrigues Cerqueira
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por permitir que continuasse a seguir
nesta caminhada com muitos obstáculos e barreiras e
pela oportunidade de existir e vivenciar este maravilhoso
mundo de músicas e brincadeiras. Aos meus pais com
muito amor e carinho.
Ao meu esposo pela paciência e compreensão nos
momentos de ausência.
Aos meus amigos da pós-graduação, pelas parcerias,
paciência e aprendizado.
Aos mestres pela visão que adquiri da psicomotricidade
neste ano de estudo, em especial a Professora Fátima
Alves pelo carinho, força e paciência de sempre.
Enfim, a todos aqueles que participaram direta ou
indiretamente deste trabalho.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho acadêmico aos meus pais Cláudia e
José Carlos e ao meu esposo Lucas Anderson, pelo
incentivo, ajuda, paciência e amor que sempre tiveram
comigo.
RESUMO
Aborda-se neste trabalho a importância e a contribuição das brincadeiras
cantadas na psicomotricidade com crianças na Educação Infantil. São discutidas
neste estudo a importância da brincadeira cantada e sua relevância para a
compreensão científica do desenvolvimento infantil. Analisa-se o conceito da
atividade de brincar a partir de diferentes autores, privilegiando quem a vê como
socialmente construída. Esta monografia tem a intenção de resgatar a memória dos
brinquedos cantados de forma que estes possam ser transmitidos e reconstruídos
de forma lúdica pelas crianças da Educação Infantil, de hoje e, também, porque
acreditamos que o mundo adulto não pode deixar morrer as brincadeiras.
Apresenta-se ainda dezesseis exemplos de brincadeiras cantadas, ilustrados por
suas letras e pelo desenvolvimento da brincadeira em questão. Finalmente reflete-
se sobre a brincadeira no contexto pedagógico vivenciado pelas crianças em
instituições de Educação Infantil, o papel do professor no desenvolvimento da
Educação Infantil.
METODOLOGIA
Esta pesquisa será de Caráter direto com a intenção de fazer uma reflexão
sobre as brincadeiras cantadas na educação e a ludicidade na cultura do corpo na
Educação Infantil através de uma pesquisa bibliográfica para melhor conhecimento
sobre o assunto. Efetuaram-se pesquisas bibliográficas, a fim de dar sustentação
teórica científica à proposta de esclarecer como as brincadeiras cantadas são
importantes para o desenvolvimento da criança. As fontes utilizadas foram livros e
Internet.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................... ........... 08
CAPÍTULO I - Desenvolvimento Infantil..................................................... 12
CAPÍTULO II - O valor das Brincadeiras Cantadas.................................... 15
CAPÍTULO III – Ludicidade........................................................................ 21
CAPÍTULO IV – Brincadeiras Cantadas na Educação Infantil................... 23
CONCLUSÃO............................................................................................. 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 30
ÍNDICE....................................................................................................... 31
8
INTRODUÇÃO
Durante todo o período da Graduação em Educação Física, viemos refletindo
sobre todo e qualquer assunto relativo à educação e, neste movimento constante,
nos indagamos freqüentemente sobre a importância das experiências vividas, em
especial, àquelas que acontecem no início da vida, ou seja, na infância.
Acreditamos que tais experiências muito contribuíram para a nossa constituição
como sujeitos pensantes e atuantes na sociedade. Lembramos sempre do título de
um livro que nos faz refletir e com o qual simpatizamos bastante: “Tudo o que eu
devia saber na vida aprendi no jardim de infância”, de Robert Fulghum.
A partir das lembranças que temos em nossas memórias nos remetemos a
questionamentos que nos fazem pensar: Por que tendemos a colocar nossos
desejos e nossas experiências enquanto infantes de lado? Por que, hoje, vivemos
voltados excessivamente para o trabalho como se este fosse a única forma de
mostrar que somos pessoas sérias? Por que a sociedade tende acreditar que
brincar não é coisa séria?
Foi pensando nessas questões e no fato de considerarmos essencial o
respeito às nossas vivências do passado, propiciando que o sujeito quando adulto
não se esquece que o brincar é importante para a sua formação pessoal, que
construímos este projeto.
As brincadeiras cantadas nos fazem representar uma situação, nos deixam
em contato direto com o outro. Nas brincadeiras nos deparamos com situações de
conflitos em que temos que discutir, ouvir e falar, expor opiniões, pensar sobre as
opiniões alheias, executar atitudes democráticas e exercitar a postura ética.
Inquietas com o fato de percebermos que nossas vidas são, diariamente,
consumidas por um mundo que visa exclusivamente o trabalho como ação
responsável e os momentos de descontração e brincadeiras como momentos
perdidos, demos vida a este movimento.
9
Esta pesquisa faz um resgate da memória de cada um, do folclore, das
brincadeiras, considerando que estas não podem ser esquecidas porque são peças
chave na formação individual e coletiva da sociedade.
Pensamos em realizar este projeto para resgatar a memória dos brinquedos
cantados de forma que estes possam ser transmitidos e reconstruídos de forma
lúdica pelas crianças de hoje e, também, porque acreditamos que o mundo adulto
não pode deixar morrer as brincadeiras.
Para o desenvolvimento do nosso projeto, buscamos a contribuição de vários
autores e pesquisadores sobre o tema. Destacaremos a seguir algumas das
principais contribuições encontradas nas publicações consultadas.
Primeiramente convém ressaltar que as brincadeiras cantadas oferecem
elementos pedagógicos para o desenvolvimento da criança no contexto
educacional, pois são tratadas como formas lúdicas de brincar com o corpo a partir
da relação estabelecida entre movimento corporal e expressão vocal, seja na forma
de músicas, frases, palavras ou sílabas ritmadas, integrando a cultura popular ou
fazendo parte das criações contemporâneas.
Essa relação possibilita a criança conhecer e respeitar culturas diferentes,
explorar e desenvolver sua criatividade, entender a importância do respeito às
regras e conhecer a relação com o seu corpo e seus limites.
“Alguns dos objetivos visados com a aplicação dos
brinquedos cantados seriam: auxiliar no desenvolvimento
da coordenação sensório motora; educar o senso rítmico;
favorecer a socialização; estimular o gosto pela música e
pelo movimento; perpetuar tradições folclóricas e
incentivar o civismo; favorecer o contato sadio entre
indivíduos de ambos os sexos; disciplinar emoções:
timidez, agressividade, prepotência; incentivar a auto
10
expressão e a criatividade.” (Lara, Pimentel e Ribeiro,
2005, p.6).
Além de as brincadeiras cantadas permitirem a associação entre gestos e
sonoridade, por meio delas é possível tratar pedagogicamente outros conteúdos.
Na escola ou nos demais espaços educativos/pedagógicos, o educador pode
estruturar metodologicamente suas aulas para despertar o interesse dos alunos
pelas diferentes manifestações culturais. Outros objetivos podem ser assim
definidos: entender a brincadeira cantada como meio de educação, ludicidade,
desenvolvimento rítmico, musical e gestual de contribuição ao mundo de movimento
dos indivíduos; visualizar a brincadeira cantada como fonte de pesquisa e
conhecimento, sobretudo das transformações do próprio brincar, da infância e do
lúdico; oportunizar aos alunos o contato com brincadeiras cantadas diversificadas
que foquem tanto o jogo, quanto a dança, a dramatização e a mímica, enriquecendo
as suas possibilidades culturais.
Cabe salientar também que é preciso ultrapassar a visão moderna e histórica
no que tange à concepção de educação corporal e buscar novas formas de
trabalhar o corpo com ação, movimento e liberdade. Mesmo entendendo que a
sociedade exige um corpo produtivo, saudável, deserotizado e dócil,
compreendemos que a escola pode ser um lócus de reflexão sobre tal concepção,
modificando a percepção quanto às atividades corporais e conduzindo as ações
pedagógicas de moda a reforçar que:
Destaca-se, assim, a importância da educação corporal, como uma das
formas de expressão do ser humano no mundo, em suas inter relações sociais,
culturais e afetivas. Por essa razão, salientamos que as brincadeiras cantadas
contribuem sobre maneira para o desenvolvimento infantil. Para Novais (1983, p.7):
“o brinquedo ou cantiga de roda é, sem dúvida, uma atividade de grande valor
educativo. É modalidade de jogo muito simples e, por incluir tradição, música e
movimento, contribui-se num poderoso agente socializador”.
Assim, este trabalho baseou-se em uma abordagem qualitativa como técnica
recorreu à pesquisa bibliográfica, passando por quatro capítulos, articulados entre si
11
pelo viés das brincadeiras cantadas e dos interesses infantis, conforme o exposto a
seguir.
No primeiro capítulo abordaremos o desenvolvimento infantil segundo Piaget
e Wallon.
No segundo capítulo descreve-se uma breve história sobre o valor das
brincadeiras cantadas, enfatizando os três elementos básicos: Brincar, Jogar e
Movimentar. Aborda-se ainda os tipos de movimento e como eles devem ser
trabalhados.
No terceiro falaremos sobre a importância da ludicidade durante toda e
qualquer atividade para o bom desenvolvimento infantil.
No quarto serão apresentadas atividades que podem ser aplicadas no dia-a-
dia do cotidiano escolar
Na conclusão serão tratados assuntos enfatizados e discutidos nesta
monografia.
12
CAPÍTULO I
Desenvolvimento Infantil
A forma de a criança atuar no mundo é através dos seus movimentos e para
isso dispõe das suas capacidades motoras, intelectuais e afetivas, estabelecendo
uma relação pessoal que é construída no dia-a-dia, com estimulações que são
fundamentais para que haja consciência dos movimentos corporais integrados com
suas emoções e expressados por esses movimentos; e as limitações que o meio e
as pessoas impõem.
Sendo assim para o desenvolvimento psicomotor é levado em consideração
à construção da maturação do movimento, do ritmo, do reconhecimento dos
objetos, da imagem do nosso corpo e da palavra.
1.1 As etapas do Desenvolvimento Infantil segundo Piaget
“As raízes do raciocínio lógico terão que basear-se na
coordenação das ações a partir do nível sensório-motor,
cujos esquemas tem importância fundamental desde o
início.” (Piaget 1983, p.72)
Para Piaget (1987), a etapa da construção da inteligência é dada através da
assimilação e acomodação e o seu desenvolvimento está voltado para o equilíbrio.
Assimilação: integração do que é exterior às estruturas próprias do indivíduo.
Acomodação: transformação das estruturas próprias, em função das
alteração do meio exterior.
13
Os processos de assimilação e acomodação são complementares e se
acham presentes durante toda a vida do indivíduo, permitindo a adaptação
intelectual. A adaptação do sujeito ocorre através da equilibração entre esses dois
mecanismos, não se tratando, porém, de um equilíbrio estático, mas sim
essencialmente ativo e dinâmico.
As ações das crianças não se desenvolvem no mesmo plano no sentido de
se tornarem experiências cumulativas, a criança vai assimilando o mundo,
construindo esquemas cognitivos, reconstruindo suas experiências e ao mesmo
tempo construindo sua inteligência. Pode-se dizer que determinadas faixas etárias
correspondem a tipos de aquisições mentais e de organização, condicionando a
atuação da criança, ou seja, o desenvolvimento irá seguir determinados períodos.
Período Sensório-motor e seus seis sub-estágios (0 a 2 anos), dos reflexos,
da organização das percepções e hábitos e da inteligência propriamente dita. O
segundo chamado período Pré-operatório (2 a 6 anos), a criança vai construindo a
capacidade de efetuar operações lógico-matemáticas, empregar símbolos e signos.
O Operatório-concreto (7 a 11 anos), é marcado pelo início da cooperação e do
raciocício lógico. E o quarto período (12 anos em diante) é o desenvolvimento da
inteligência que introduz o indivíduo no mundo das operações formais.
1.2 As etapas do Desenvolvimento Infantil segundo Wallon
Para Wallon, “o espaço motor e o espaço mental se supõe de tal maneira que a
perturbação de arrumar os objetos no espaço se associa a de ordenar as palavras
na frase.” (1966, p.147).
Para ele, o desenvolvimento da inteligência depende das experiências
oferecidas pelo meio e do grau de aproveitamento que o sujeito faz delas e se dá
de forma descontínua, sendo marcado por rupturas e processos.
A passagem dos estágios não se dá linearmente, mas por reformulação,
instalando-se no momento da passagem de uma etapa a outra, crises que afetam a
conduta da criança. Processos que se instalam e que são de origem exógena
14
quando resultantes dos desencontros das ações da criança e o ambiente exterior, e
de origem endógenos quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa.
Segundo Galvão (1995), o desenvolvimento para Wallon é progressivo e com
aspecto de predominância funcional (etapas de elaboração do real e conhecimento
do mundo físico) e afetivo (relação com o mundo humano e a construção do eu).
Wallon determina a criança nos seguintes estágios: impulsivo-emocional
(primeiro ano de vida) predominam nas crianças as relações emocionais com o
meio. No estágio sensório-motor (1 a 3 anos) ocorre uma intensa exploração do
mundo físico, em que predominam as relações cognitivas com o meio. No
personalismo (3 a 6 anos) ocorre a construção da consciência de se através das
relações sociais dirigindo o interesse da criança para as pessoas, predominando
assim as relações afetivas. No estágio categorial (6 anos) o interesse está voltado
para o conhecimento e a conquista do mundo exterior.
15
CAPÍTULO II
O valor das brincadeiras cantadas
“Brincar é muito importante porque,
enquanto estimula o desenvolvimento
intelectual da criança, também ensina, os
hábitos necessários ao seu crescimento.”
Beheheim (1988, p.168)
As brincadeiras cantadas vêm através da história da cultura popular, folclore.
Surgindo assim, espontaneamente danças e músicas, através das tradições de um
certo grupo de pessoas ou de um país. Cantigas essas anônimas acompanhadas
de movimentos expressivos e ou dramatizações.
As brincadeiras cantadas representam a forma mais simples de atividade
lúdica. É uma das atividades mais aplicáveis a educação das crianças.
Poderão relacionar-se com a história, a linguagem em geral, o desenho, a
matemática, além de seus elementos de composição servirem a música e à
atividade física. As brincadeiras cantadas normalmente são realizadas em grupo,
pois contribuem para um melhor relacionamento entre as pessoas, entre o
desenvolvimento do espírito de equipe e conseqüentemente como instrumento de
socialização.
As brincadeiras cantadas desenvolvem na criança as suas qualidades de:
observação, iniciativa, atenção, coragem, criatividade, disciplina, sociabilidade,
ritmo, memorização, enriquecendo-a de valores físicos, morais e intelectuais.
16
Enquanto as crianças brincam, cantam, dançam, estão adquirindo um hábito,
incorporando uma atitude nova, aprendendo um conceito, favorecendo as
percepções (visuais, auditivas, táteis), criando, enfim, se expressando de forma
verbal, corporal e gestual.
As brincadeiras cantadas possuem três elementos básicos: Brincar, Jogar e
Movimentar.
2.1 BRINCAR
“O brincar é fazer em si, um fazer que requer tempo e
espaços próprios; um fazer que se constitui de
experiências culturais, que é universal e próprio da
saúde, porque facilita o crescimento, conduz aos
relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de
comunicação consigo mesmo (a criança) e com os
outros” (D. Winnicott, 1975, p.63).
Brincar: proposta criativa e recreativa de caráter físico ou mental,
desenvolvida espontaneamente, cuja evolução é definida e o final nem sempre
previsto. Quando sujeito a regras, estas são simples e flexíveis, e o seu maior
objetivo é a prática da atividade em si.
No “Ciclo de Debates sobre o Brincar”, Carvalho, Salles, Guimarães e
Debortoli (2005), observaram a diversidade de discursos e concepções do ato de
brincar. Examinando essa questão, Spodek e Saracho (1998) apontam que a
dificuldade em se chegar a uma definição consensual sobre a brincadeira advém da
falta de critérios para se classificar uma atividade como tal; assim, em alguns
contextos ou momentos uma atividade pode ser considerada brincadeira, e deixar
17
de sê-lo em outros, o que depende da relação que se estabelece com a situação,
do significado que assume para quem brinca.
As brincadeiras compõem o universo infantil, fazendo parte do
desenvolvimento da criança. Trabalhados de forma lúdica e prazerosa, se tornam
facilitadores da construção do conhecimento da criança com aprendizagens
significativas dentro dos aspectos cognitivos, afetivos, sociais, motores e culturais.
Esses aspectos, numa visão global, são interdependentes, não devendo ser
trabalhados de forma fragmentada. Na educação infantil e ensino fundamental os
jogos e brincadeiras devem estabelecer uma relação interdisciplinar como uma
ação natural do processo de ensino e aprendizagem. Não esquecendo, portanto,
das experiências vividas por estas crianças, como enriquecimento da construção de
uma aprendizagem significativa.
2.2 JOGAR
Jogar: forma de comportamento organizado, nem sempre espontâneo, com
regras que determinam duração, intensidade e final da atividade. Importante
lembrar que o jogo tem sempre como resultado a vitória o empate ou a derrota.
O jogo é uma invenção do homem, um ato em que sua intencionalidade e
curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a
realidade e o presente.
A partir do jogo a criança desenvolve sua vontade e ao mesmo tempo cria
consciência de suas escolhas e decisões dando significados a suas ações. O jogo é
o fator dominante da infância por estimular a criança no exercício do pensamento
levando a agir independente das situações reais desvinculando o pensamento
somente do que ela vê.
2.2.1 Jogos no Ciclo da Educação Infantil (Pré-Escolar), citados por Carmem
Lúcia Soares.
18
• Jogos que desenvolvam o conhecimento de si e de suas próprias ações;
• Jogos que implique na identificação das possibilidades de ações com os
materiais, objetos e a relação com os mesmos;
• Jogos de inter-relação do pensamento sobre a ação com o imaginário;
• Jogos interdisciplinares;
• Jogos sobre relações sociais: criança-família, criança-adultos;
• Jogos coletivos, suas regras e valores;
• Jogos de alta organização;
• Jogos de auto-avaliação e avaliação coletiva;
• Jogos com elaboração de brinquedos individuais e coletivos;
O jogo é um fator fundamental em todo e qualquer escola de educação
infantil uma vez que contribui e muito na educação e formação do educando.
2.3 MOVIMENTAR
É o movimento espontâneo ou não, é uma seqüência de atividades motoras
e físicas que são realizadas conscientemente. Através do movimento a criança cria,
imagina, experimenta e utiliza o faz de conta fatores fundamentais para o
aprendizado.
“o corpo e os gestos são fundamentais para a formação
geral do ser humano. Desde que nasce, a criança usa a
linguagem corporal para conhecer a si mesma,
19
relacionar-se com seus pais, para movimentar-se e
descobrir o mundo. Essas descobertas feitas com o
corpo deixam marcas, são aprendizados efetivos,
incorporados. Na verdade, são tesouros que guardamos
e usamos como referência quando precisamos ser
criativos em nossa profissão e resolver problemas
cotidianos. Os movimentos são saberes que adquirimos
nem saber, mas que também ficam à nossa disposição
para serem colocados em uso.” (Levin, 2005,p.20).
O movimento humano ao nosso entender não acontece sozinho, não existe o
movimento pelo movimento. Toda ação tem uma intenção seja expressiva ou
funcional. O movimento é sempre determinado pela dimensão cultural: jogo,
esporte, dança, trabalho, expressão, etc., qualquer gesto é sempre sustentando por
um significado.
O gesto carregado de sentido, significado e intenção, geram uma ação
cognitiva, afetiva, social e motora. Todos os movimentos inseridos em uma situação
onde a criança se vê obrigada a pensar e a planejar a sua movimentação, por
exemplo, no pique pega onde a criança ao mesmo tempo tem que correr e se
preocupar com o pegador, enfim viver cada momento não só com os músculos,
mas também com o coração e a cabeça.
Para Wallon, citado por Dantas (1992), o movimento pode ser de três tipos:
reflexo, voluntário e automático.
Reflexo: temos a motricidade inata. Sua característica principal é de auto-
preservação, é o movimento instintivo, pois a execução é reflexa não depende de
sua vontade e do comando cerebral, devido a rápida reação a informação não tem
tempo para percorrer o sistema nervoso central, com isso a decisão do movimento
é tomada pela medula óssea e o cérebro não chega a participar.
20
Voluntário: Define-se pela motricidade que exige um estabelecimento de um
plano de ação, ou seja, a decisão é tomada pelo córtex cerebral. Nesta etapa ao
recebermos um estímulo ocorre o planejamento da ação motora, a avaliação de
seus resultados e o acúmulo em formas de experiências.
Automático: se repetido em uma quantidade considerável de vezes (o corpo
já se adaptou ao estímulo recebido) realiza uma migração cerebral, sai do córtex e
penetra na região sub-cortical, possibilitando o estabelecimento de novos planos de
ação motora mais avançada.
Compreendido os tipos de movimentos, passamos a nos preocupar com a
forma dele ser trabalhado: a educação do movimento e a educação pelo
movimento.
Educação do Movimento: visa o desenvolvimento de atividades motoras, da
capacidade física priorizando o aspecto motor na formação do educando. Só pensa
na técnica.
Educação pelo Movimento: desenvolve o ser humano em sua totalidade.
Quer a participação de todos os aspectos: motor, cognitivo e afetivo, garantindo
melhores possibilidades estruturadas na formação da personalidade do indivíduo.
21
CAPÍTULO III
Ludicidade
“O lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que
quer dizer “jogo”. Se achasse confinado a sua origem, o
termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao
brincar, ao movimento espontâneo. O lúdico passou a ser
reconhecido como traço essencial da psicofisiologia do
comportamento humano. De modo que a definição
deixou de ser o simples sinônimo do jogo. As implicações
da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do
brincar espontâneo. “(ALMEIDA, 2006, p.37).
É por meio da atividade lúdica que a criança forma os seus conceitos, idéias,
estabelece relações lógicas, cria percepções faz estimativas compatíveis com o
crescimento físico e o desenvolvimento, e se integra na sociedade.
Através das atividades lúdicas, a criança vive o mundo da fantasia, da
imaginação, do faz de conta, do jogo, da brincadeira, onde ocorre a descoberta de
si mesmo e do outro, percebendo suas dificuldades motoras, intelectuais e afetivas
e, portanto aprendendo.
Segundo Alexis Leontiev (1998) afirma que é na atividade lúdica que o
educando desenvolve sua habilidade de subordinar-se a uma regra, mesmo quando
um estímulo direto o impele a fazer algo diferente. “Dominar as regras significa
dominar seu próprio comportamento, aprendendo a controlá-lo, aprendendo a
subordiná-lo a um propósito definido.
É jogando que a criança aprende a respeitar regras, limites e aceitar
resultados. O brincar para a criança não é apenas um passatempo ou simples
22
diversão, mais é um momento sério, pois a criança está aprendendo o que ninguém
pode ensinar, descobrindo o mundo e as pessoas que o cerca. O importante é que
as brincadeiras e os jogos façam parte do cotidiano escolar da criança e também
fora da escola.
O professor utilizando a ludicidade contribui muito para a estimulação do
desenvolvimento cognitivo, para as aptidões físicas e habilidades, e para formação
de uma relação afetiva saudável, estável e segura proporcionando um bem estar
para a criança.
Todo processo educativo requer um espaço e um tempo para a criança
brincar, e assim se desenvolver melhor, se comunicar e se revelar através da
experimentação e de transição entre o mundo interno e externo.
Tratando-se do brincar, Alves (2008), p.42) defende:
“É brincando que a gente se educa e aprende. Alguns,
ouvindo isso, pensam que quero tornar a educação coisa
fácil. Coitados! Não sabem o que é brincar! Brinquedo
fácil não tem graça. Brinquedo, para ser brinquedo, tem
de ter um desafio.”
É infância é, portanto, um período de aprendizagem necessária à idade
adulta. É nesse momento que a brincadeira se torna uma oportunidade de
afirmação de seu “eu”.
23
CAPÍTULO IV
Brincadeiras Cantadas na Educação Infantil
Rock Pop
Eu danço Rock Pop (3X)
Assim é bem melhor!
Eu ponho a mão direita pra dentro
Eu ponho a mão direita pra fora
Eu ponho a mão direita pra dentro
E eu sacudo ela agora
Refrão
Eu ponho a mão esquerda pra dentro... Refrão
Eu ponho o pé direito pra dentro... Refrão
Eu ponho o pé esquerdo pra dentro... Refrão
Eu ponho a cabeça pra dentro... Refrão
Eu ponho o meu bumbum pra dentro... Refrão
Atividade: Roda simples. As crianças dançam livremente durante o refrão e, no
decorrer da música seguem as orientações dos versos, colocando a mão direita
dentro da roda, depois fora, retornando com a mão para dentro da roda e
sacudindo-a de um lado para o outro (todas as crianças farão juntas o mesmo
movimento). Na seqüência repetirão as orientações com as demais partes do corpo
indicadas na letra da música.
Contribuição para o desenvolvimento infantil: Auxilia na aquisição do senso
estético, no reconhecimento do seu corpo. Trabalha a lateralidade, a coordenação
motora e o ritmo corporal.
24
A cobra não tem pé
A cobra não tem pé,
A cobra não tem mão
Como é que a cobra sobe
no pezinho de limão?
Vai se enrolando
vai, vai, vai (Bis)
A cobra não tem pé,
A cobra não tem mão
Como é que a cobra desce
Do pezinho de limão?
Vai desenrolando
Vai, vai, vai (Bis)
Atividade: Em círculo (sentadas ou em pé), as crianças batem com os pés no chão
e batem palmas de acordo com a letra da música “a cobra não tem pé” e “a cobra
não tem mão”. Fazem o movimento de ”subir” e “descer”, “enrolar” e “desenrolar”
com as mãos e o corpo indicando o movimento.
Contribuição par o desenvolvimento infantil: Identificação das partes do corpo,
trabalhando o ritmo e a expressão corporal. A brincadeira colabora também para o
desenvolvimento do equilíbrio corporal.
25
O jipe do Padre
O jipe do padre fez um furo no pneu
O jipe do padre fez um furo no pneu
O jipe do padre fez um furo no pneu
Colamos com chiclete.
Atividade: As crianças, sentadas em círculo, cantam a música toda e vão tirando as
palavras, substituindo-as pelos gestos e sons.
Contribuição para o desenvolvimento infantil: A brincadeira trabalha atenção e
identificação dos gestos com as palavras contidas na música. Trabalha o ritmo e a
coordenação motora.
26
Batalha do aquecimento
Estamos na batalha
Do aquecimento
Vamos aquecer
Nesse momento
Crianças, atenção!
Com muita animação!
Atividade: A professora vai à frente do trem e faz o movimento que será repetido
pelas crianças. A cada vez que a música terminar muda o movimento, por exemplo,
batendo palmas ou levantando os braços, etc.
Contribuição para o desenvolvimento infantil: Contribui para o desenvolvimento
da motricidade, da percepção rítmica e da atenção no processo de repetição dos
movimentos.
27
Do lim, do lim, do lá
Vamos brincar de roda
Para fazer...
Do lim
Do lim
Do lim, do lim, do lá
Quem ficar de perna aberta
Vai ter que rebolar
Até o chão
Que nem pião
“Rebola, rebola, rebola
Rebola, rebola, rebola
Rebola, rebola, rebola
Até o chão.
Atividade: Em círculo as crianças cantam e começam a ciranda até a palavra
“fazer”. Nesse momento todos começam a pular abrindo e fechando as pernas, ao
fim da música quem ficar de perna aberta irá rebolar, descendo até o chão.
Contribuição para o desenvolvimento infantil: A atividade trabalha a
concentração e a coordenação motora.
28
Pai Francisco
Pai Francisco entrou na roda
Tocando o seu violão
Pan-ran-ran, pan-pan!
Vem de lá Seu Delegado
E Pai Francisco foi pra prisão
Como ele vem todo requebrado
Parece um boneco desengonçado (bis)
Atividade: Dois figurantes serão definidos previamente pelas crianças, As crianças
em círculo cantam o primeiro verso, quando uma criança representando o “Pai
Francisco” entrará na roda e ficará ao centro, fazendo gesto de um violão sendo
tocado. Na seqüência, outra criança escolhida previamente entrará no centro na
roda representando o “Delegado” e levará o “Pai Francisco”, que saírá requebrando-
se. A música se repetirá e outras crianças serão escolhidas para representarem os
personagens.
Contribuição para o desenvolvimento infantil: A brincadeira contribui para o
desenvolvimento rítmico e motor, além de proporcionar uma maior interação entre
as crianças.
29
CONCLUSÃO
Através das pesquisas realizadas, evidenciou-se a importância das
brincadeiras cantadas e da ludicidade para o processo do desenvolvimento infantil.
Os jogos e as brincadeiras não estão simplesmente no prazer proporcionado
pelo exercício, mas trata-se, acima de tudo de uma forma de assimilar o novo. O
valor da imaginação e o papel a ele atribuído, quer no desenvolvimento da
inteligência das crianças, quer no processo de aprendizagem, do ponto de vista da
formação de conceitos se faz, portanto, pela assimilação.
Através das brincadeiras, as crianças têm a oportunidade de não apenas
vivenciar as regras impostas, mas de transformá-las, recriá-las de acordo com as
suas necessidades de interesse e entendê-las, não se tratando de uma mera
aceitação, mas de um processo de construção que se efetiva com a sua
participação.
Sendo a brincadeira resultado da aprendizagem e dependendo de uma ação
educacional voltada para o sujeito social da criança, é possível se acreditar que
adotar os jogos como metodologia curricular possibilita a criança à base para
construir a sua subjetividade assim como a compreensão da realidade correta.
Concluímos também a relação do lúdico com o desenvolvimento psicomotor
da criança, permite que se conheça com mais clareza importantes funções como o
desenvolvimento do raciocínio da linguagem.
30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
MACHADO, José Ricardo Martins; NUNES, Marcus Vinícius da Silva. 100 Jogos
Psicomotores. 2011.
MATTOS, Mauro Gomes; NEIRA, Marcos Garcia. Construindo o Movimento na
Escola, 5ª edição. 2005.
ALVARENGA, Ana Maria; BEDRAN, Julieta. Brincadeiras Cantadas. 2010
SOARES, Carmen Lúcia; FILHO, Lino Castellaini. Metodologia de Ensino de
Educação Física. 2005.
QUEIROZ, Tânia Dias; MARTINS, João Luiz. Jogos e Brincadeiras de A a Z. 1ª
edição. 2002.
DAOLIO, Jocimar. Da cultura do corpo. 4ª edição.1999.
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro. 1989.
LARA, Larissa Michelle; PIMENTEL, Giuliano G. de Assis e RIBEIRO, Deiva M. D.
Brincadeiras Cantadas: educação e ludicidade na cultura do corpo. 2005.
PAIVA, I. M. R. Brinquedos Cantados. Rio de Janeiro Sprint. 1998.
GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação.
1994.
OLIVEIRA, Paulo de Salles, Brinquedo Cantados. 1998.
31
INDICE
INTRODUÇÃO.................................................................................. 08
CAPÍTULO I – Desenvolvimento Infantil............................................ 12
1.1 – Etapas do desenvolvimento infantil segundo Piaget................. 12
1.2 - Etapas do desenvolvimento infantil segundo Wallon................ 13
CAPÍTULO II – O valor das brincadeiras cantadas............................ 15
2.1 - Brincar....................................................................................... 16
2.2 – Jogar..........................................................................................17
2.3 - Movimentar................................................................................18
CAPÍTULO III – Ludicidade................................................................21
CAPÍTULO IV – Brincadeiras Cantadas na Educação Infantil...........23
CONCLUSÃO.....................................................................................29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................30
ÍNDICE ...............................................................................................31