UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CAMPUS SOROCABA
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - SOROCABA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO
REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR
DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO.
Sorocaba
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CAMPUS SOROCABA
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - SOROCABA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO
REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR
DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO.
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em MBA de Gestão Estratégica
da Inovação Tecnológica, para obtenção do
título de especialista em Gestão Estratégica da
Inovação Tecnológica.
Orientação: Prof. Dr. André Coimbra Felix
Cardoso
Sorocaba
2015
FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO
REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR
DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO.
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em MBA de Gestão Estratégica
da Inovação Tecnológica, para obtenção do
título de especialista em Gestão Estratégica da
Inovação Tecnológica. Universidade Federal de
São Carlos. Sorocaba 05 de Novembro de 2015.
Orientador(a)
______________________________________
Dr. (a) Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
Examinador(a)
______________________________________
Dr. (a) Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
Examinador(a)
________________________________________
Dr.(a) Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
DEDICATÓRIA
Agradeço a minha esposa Flávia por compreender a importância do tempo
empregado na elaboração desse trabalho, que envolveu várias horas
dedicadas a leitura de artigos e livros.
AGRADECIMENTO
Agradeço aos meus colegas de turma e professores que durante o período do curso
ofereceram espaço para discussões interessantes que por sua vez abriram novos
horizontes para minha vida. Estendo o agradecimento à Odail Silveira, Rodrigo Mendes,
Alexandre Alvaro e Christimara Garcia, que cederam seu tempo para conversas sobre
ecossistema de inovação, que colaboraram para a conclusão desse trabalho. Em especial
ao Prof. Dr. André Coimbra Felix Cardoso, pela colaboração e discussões sobre o tema
desse trabalho, incentivando a seguir com as pesquisas, entrevistas e leituras, que
permitiram entender diversos aspectos que devem ser considerados quando analisamos
ecossistemas de inovação.
RESUMO
SAMPAIO, Fernando Alves da Silva. REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA
REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA DO MUNDO. 2015. 060 f. Monografia (Especialização em Gestão
Estratégica da Inovação Tecnológica) – Universidade Federal de São Carlos, campus
Sorocaba, Sorocaba, 2011.
Quando analisamos as principais economias no mundo, tais como Estados Unidos da
América, Japão, Reino Unido, China, Alemanha, França, Canadá e algumas nações que
investem fortemente em tecnologia e inovação, tais como Coreia do Sul, Irlanda e Finlândia,
podemos concluir que o desafio é enorme e envolvem diversos agentes, sendo nas esferas
públicas e privadas, para que os objetivos de criar um ambiente propício para
desenvolvimento de novas tecnologias, possam resultar em aumento mensurável e expressivo
na riqueza de uma nação, com incremento no Produto Interno Bruto (PIB). O Brasil por sua
vez atua de forma assíncrona, com políticas de incentivo á inovação, mas ao mesmo tempo
mantem barreiras legais que impedem um ambiente de livre concorrência, que por si só
geraria competição e inovações. Analisando mais de perto o ecossistema de Sorocaba,
chegamos ao ponto em que grande parte dos elementos necessários para um ecossistema de
inovação funcionar estão presentes, já que existem políticas públicas de incentivo, empresas
de tecnologia, indústria consolidada, parque tecnológico, universidades de qualidade, mas
entretanto, ainda falta a cultura empreendedora, base educacional. Acredita-se que a falta de
um agente que faça a união dos elementos e incentive a colaboração em torno de um objetivo
compartilhado, de elevar o ecossistema de inovação de Sorocaba a níveis regionais, nacionais
e mundiais de inovação tecnológica, que por consequência, possa permitir um crescimento
econômico sustentável.
Palavras-chave: INOVAÇÃO. ECOSSISTEMA INOVAÇÃO EM SOROCABA.
ECONOMIA SUSTENTÁVEL
RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
SAMPAIO, Fernando Alves da Silva. SOROCABA REGION AND INNOVATION: A
CRITICAL FROM THE MAIN TECHNOLOGICAL INNOVATION ECOSYSTEM IN THE
WORLD. 2015. 060 f. Monograph (Specialization in Strategic Management Technological
Innovation) - Federal University of São Carlos, Sorocaba campus Sorocaba 2011.
When we analyze major economies in the world such as USA, Japan, UK, China, Germany,
France, Canada and some countries that heavily invest in technology and innovation, such as
South Korea, Ireland and Finland, we might conclude that challenge is enormous and involve
various players in public and private spheres. The objectives of creating a favorable
environment for development of new technologies can result in measurable and significant
increase in the wealth of a nation, an increase in Gross Domestic Product (GDP). Brazil in
turns operates asynchronously with incentive on innovation policies, but at the same time
keeps legal barriers that prevent a free competition environment, which in itself would
generate competition and innovation. Looking more closely at Sorocaba ecosystem, we come
to the point where most of the elements necessary for an innovation ecosystem function are
present, as there are public policy incentives, technology companies, consolidated industry,
Technology Park, great universities, but however, still lack entrepreneurial culture and quality
basic education. It is believed that lack of an agent that makes the union of those elements and
encourage collaboration around a shared goal of raising the Sorocaba innovation ecosystem to
regional, national and global levels of technological innovation, which therefore can provide a
sustainable economic growth.
Keywords: INNOVATION. SOROCABA INNOVATION ECOSYSTEM. SUSTAINABLE
ECONOMY
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Evolução do Venture Capital no Canadá entre 2005 até 2014. ............................. 30
Gráfico 2 - Participação dos Serviços no PIB .......................................................................... 35 Gráfico 3 - Volume de Patentes no Brasil ................................................................................ 43 Gráfico 4 - Evolução do investimento em relação ao PIB ....................................................... 44 Gráfico 5 - Ecossistema de Inovação em Sorocaba .................................................................. 57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Renúncias fiscais do governo federal ...................................................................... 37 Tabela 2 - Metas do Programa Brasil Maior ............................................................................ 41
Tabela 3- Matriz Ecossistema Sorocaba - Sugerido ................................................................. 57
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
PIB - Produto Interno Bruto
EUA - Estados Unidos da América
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos
MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
CERTI - Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras
CIATEC - Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas
MIT - Massachusetts Institute of Technology
ARDC - American Research & Development Corporation
DEC - Digital Equipment Corporation
HP - Hewlett Packard
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação
URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
OCDE - Organização para a Cooperação e Desempenho Econômico
NIS - Sistema Nacional de Inovação
IEA - Instituto de Estudos Avançados
USP - Universidade de São Paulo
FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
PND - Plano Nacional de Desenvolvimento
ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores
ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11 1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................. 11 1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 12
1.2.1 Geral ............................................................................................................................. 12 1.2.2 Específico ..................................................................................................................... 12 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 13
2.1. INOVAÇÃO ................................................................................................................. 13 2.2. ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO .............................................................................. 15 2.3. INOVAÇÃO: ESTRATÉGIA DE 7 PAÍSES ............................................................... 16
2.3.1. Estados Unidos da América ....................................................................................... 16
2.3.2. Finlândia ...................................................................................................................... 19 2.3.3. Irlanda ......................................................................................................................... 23 2.3.4. Canadá ......................................................................................................................... 27 2.3.5. Reino Unido ................................................................................................................. 31
2.3.6. Japão ............................................................................................................................ 32 2.4. CONTEXTUALIZAÇÃO E REALIDADE BRASILEIRA SOBRE O ASSUNTO
INOVAÇÃO ............................................................................................................................. 34
2.4.1. Aspectos econômicos e Incentivos Fiscais ................................................................. 34
2.4.2. Ambientes de Inovação ............................................................................................... 39 3. METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 45 3.1. MÉTODO DE PESQUISA ........................................................................................... 45
3.2. UNIVERSO DA PESQUISA ....................................................................................... 46 4. AMBIENTE DE INOVAÇÃO EM SOROCABA .................................................... 46 4.1 PARQUE TECNOLÓGICO DE SOROCABA ............................................................ 46
4.2 REGIÃO METROPOLITANA DE SOROCABA ....................................................... 47 4.3 VISÃO DE AGENTES ENVOLVIDOS NO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO DE
SOROCABA ............................................................................................................................ 47 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 51
5.1. REFLEXÕES SOBRE O ESTUDO ............................................................................. 51 5.2. SUGESTÕES PARA APRIMORAR O POTENCIAL ECOSSISTEMA DE
SOROCABA ............................................................................................................................ 54 6. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 60
11
1. INTRODUÇÃO
Inovação é amplamente discutida e apresentada como um fator estratégico de
desenvolvimento para grandes empresas e países. Isso se deve ao fato de creditar à inovação o
desenvolvimento da economia quando bem sucedida, já que novos empregos são criados com
geração de riqueza dentre outros pontos. Países com alto grau de desenvolvimento industrial e
tecnológico, como EUA – Estados Unidos da América, Japão, Irlanda, Reino Unido,
Finlândia, Canadá e Coréia do Sul possuem características essenciais para justificar um
elevado grau de inovação tecnológica em suas economias.
O Brasil tem papel estratégico no contexto global de fornecimento de matéria prima,
grãos e proteína animal, entretanto, quando analisamos os dados de exportação de produtos
industrializados ou mesmo serviços tecnológicos, não temos a mesma expressão global.
Sorocaba por sua vez está muito bem localizada, possui infraestrutura moderna, universidades
renomadas, industrias bem desenvolvidas e a área de serviços em ampla expansão. Os últimos
anos foram marcados por grande desenvolvimento econômico no Brasil e em Sorocaba não
foi diferente, a gestão municipal investiu na criação de um parque tecnológico, para que a área
de Inovação fosse fomentada, com o foco em trazer e desenvolver novas tecnologias e
incrementar a economia da região.
Fala-se muito hoje em Ecossistemas de Inovação – que são regiões geograficamente
delimitadas, e dotadas de características muito especiais, de modo a facilitar e potencializar o
florescimento da inovação. Em virtude do reconhecimento de que há inúmeros benefícios
socioeconômicos trazidos por um ambiente como esse, é que um número cada vez maior de
agentes de inovação – pessoas empreendedoras, investidores, empresas, governos – procuram
criar as condições adequadas ao surgimento de um ecossistema de inovação. Porém, até onde
foi possível pesquisar, não há uma receita de bolo universalizável.
Os fatores de sucesso variam de um lugar para o outro, enquanto os desafios se
multiplicam. É o que esta pesquisa procura estudar com vistas a, posteriormente, avaliar a
região de Sorocaba segundo a perspectiva de Ecossistema de Inovação em estado latente.
1.1 OBJETIVOS
A questão que norteou este estudo foi: quais são os fatores que constituem um
Ecossistema de Inovação e quão longe Sorocaba se encontra desta situação. Assim, à luz das
principais referências sobre Ecossistemas de Inovação no mundo e no Brasil, o objetivo geral
12
do trabalho é pesquisar os principais fatores que compõem um ecossistema de inovação e
quão distante Sorocaba está dessa realidade.
1.2 JUSTIFICATIVA
Os governos das economias mais desenvolvidas têm buscado desenvolver ações de
incentivo à inovação, visando o incremento em suas economias e consequentemente no PIB
de seus países. O assunto inovação tem sido fator de frequente discussão na definição das
políticas públicas.
Com base nas principais características identificadas nos principais países estudados,
foi feita uma análise comparativa com as ações tomadas por organizações sociais, privadas e
públicas, na região de Sorocaba. Fatores como de incentivo fiscal, isenções, subsídios, cultura
inovadora, empreendedorismo e demais artefatos utilizados pelas economias mais inovadoras,
são comparados com as ações executadas na região de Sorocaba, visando observar os
resultados gerados até o final do ano de 2014. Além disso, são capturadas as percepções de
alguns agentes de inovação em Sorocaba.
Tendo como base algumas das principais referências nacionais e mundiais de
Ecossistemas de Inovação, quais fatores podem ser considerados determinantes para o
surgimento de um ambiente como esse na Região de Sorocaba? Enfim, o que Sorocaba pode
aprender com estas experiências?
1.2.1 Geral
Avaliar as ações desenvolvidas pelas grandes economias, na área de Inovação
Tecnológica e buscar identificar similaridades e padrões que podem ser replicados no
ecossistema de Inovação existente no Brasil e mais especificamente em Sorocaba.
Para tanto, foi capturado um conjunto de percepções diferentes e complementares dos
principais gestores e agentes de inovação de Sorocaba (que atualmente operam no contexto de
inovação de Sorocaba) as quais são analisadas à luz de uma fundamentação teórica a respeito
do assunto. A partir desse olhar, o autor da presente pesquisa irá construir um resumo sobre a
situação de Sorocaba, com a pretensão de gerar novas reflexões e insights sobre possíveis
caminhos para uma transformação, à guisa de considerações finais.
1.2.2 Específico
a) Desenvolver uma matriz que indique os atores existentes no potencial
ecossistema de Sorocaba;
13
b) Desenvolver um resumo do cenário Brasileiro em contraste com as economias
mais desenvolvidas e com destaque à inovação;
c) Identificar as lacunas atuais que podem estar impedindo que o ecossistema seja
executado com resultados mensuráveis.
d) Propor melhorias e contribuições.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. INOVAÇÃO
De acordo com o Manual de Oslo, uma inovação tecnológica de produto é a
implantação/comercialização de um produto com características de desempenho aprimoradas
de modo a fornecer objetivamente ao consumidor serviços novos ou aprimorados. Uma
inovação de processo tecnológico é a implantação/adoção de métodos de produção ou
comercialização novos ou significativamente aprimorados. Ela pode envolver mudanças de
equipamento, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação destes.
Atualmente, o termo inovação vem sendo discutido e apresentado como matéria de
ações estratégicas de várias nações desenvolvidas, sendo algumas delas listadas nesse
trabalho, como por exemplo, EUA, Irlanda, Finlândia, Canadá e Japão. O Brasil, por sua vez,
tem desenvolvido políticas para aprimorar seu desempenho nessa área tão importante para o
desenvolvimento de uma nação.
Invenção e Inovação estão ligadas diretamente, mas uma invenção usualmente é
gerada em laboratórios, universidades ou mesmo em uma garagem com dois engenheiros, mas
é importante observar que a inovação sempre será explorada por uma empresa, o que nos
remete aos empreendedores, que devem dispor de ambiente propício para criar empresas e
comercializar suas inovações. Esse elo não pode ser desconsiderado quando políticas criadas
para estimular a Inovação são discutidas.
A criatividade do ser humano está presente em diversos trabalhos realizados ao longo
da história, desde obras primas como pinturas, esculturas, equipamentos desenvolvidos para
melhorar o dia a dia das pessoas, tecnologias de uso diários e médico. Entretanto, o processo
de criatividade deve ser incentivado e mantido vivo durante a vida das pessoas, para isso,
aspectos culturais e ambientais devem ser considerados.
Um ponto citado por alguns autores, como Reinhold Steinbeck, indica que a
criatividade é perdida nas escolas, algo similar ao que autor Ken Robinson também menciona
em sua obra O Elemento-Chave, no qual discorre sobre a criatividade perdida durante a
14
infância e o poder que a escola tradicional tem em padronizar os conhecimentos e nivelar os
alunos. O processo educacional de uma nação é importantíssimo quando analisamos o aspecto
inovador de uma nação. Tomemos por exemplo a Coréia do Sul, que em termos econômicos
era muito similar ao Brasil na década de 80, entretanto, após uma reestruturação geral em sua
educação básica e fundamental, transformou o país em uma potência emergente, com alto
grau de desenvolvimento social, econômico e inovador. Podemos citar algumas empresas
como Samsung, Hyundai e LG que emergiram de empresas locais para uma posição de
competitividade global e alto desempenho tecnológico.
Outro aspecto relacionado à Inovação, é o ambiente em que as pessoas envolvidas em
processos inovadores estão inseridas. A colaboração entre as pessoas de diferentes áreas,
empresas, organizações, financiadores, culturas e segmentos, potencializa o surgimento da
inovação em algo atrativo e permeável para a criação de algo inovador. Nesse ambiente,
muitas vezes descontraído, com viés de informalidade, com troca de informações constante
sobre novos negócios, uma idéia promissora se transforma em um Startup de sucesso em
poucas semanas. Podemos ver esse processo nesse trabalho, quando discorremos sobre o
ambiente inovador existente nos Estados Unidos, mais precisamente na região da Califórnia,
San Jose, conhecida como Vale do Silício.
O processo de inovação pode utilizar ferramentas que auxiliam a descoberta e
exploração de uma idéia, visando assim a obtenção de um resultado que gere algum valor
financeiro, de acordo com o STUBER (2012), o Design Thinking pode ser utilizado com
ótimos resultados. O autor destaca também que processos inovadores sem retorno financeiro,
pode ser classificada como Inovação Social, quando a mesma está relacionada ao bem estar
das pessoas. Isso nos remete ao ponto de reflexão sobre a inovação para resolver problemas
de pessoas, nesse aspecto é possível vislumbrar oportunidades de inovação para o dia a dia de
grande parte da população de cidades contemporâneas que sofrem, por exemplo, com o
problema da mobilidade urbana.
Para entendermos como a inovação é criada, além de considerar o ambiente, cultura e
base educacional, temos que considerar que não se pode apaixonar-se por idéias, pois quanto
antes prototiparmos e avaliarmos que o resultado não foi como o esperado, temos que partir
para novas idéias. Quanto mais rápido o processo de experimentação e avaliação for
executado, mais rápido será alcançado o sucesso de um produto lançado para o mercado
consumidor. Essa é a essência da Teoria do Lean Startup (RIES, 2008).
15
2.2. ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
O termo Ecossistema de Inovação tem sido amplamente discutido por diversos países,
tal como Canadá, Irlanda, Finlândia, Japão e outros, que visam implementar e desenvolver
políticas de incentivo à inovação tecnológica, com o objetivo de desenvolver um ambiente
propício para o surgimento de novas empresas com base tecnológica, definidas usualmente
como Startups.
CARLSON (2006), ex-CEO da SRI International, ressalta a necessidade de um Cluster
para inovar em escala. Para ele deve existir um local onde empreendedores e inovadores
possam trabalhar juntos. Um cluster, na área industrial, representa um aglomerado de
empresas que possuem características semelhantes e sua localização geográfica local, permite
o trânsito de mercadorias, matéria prima, mão de obra e etc. Este conceito foi popularizado
pelo economista Michael Porter no ano de 1990, em seu livro Competitive Advantages of
Nations (“As vantagens competitivas das nações”).
Para Carlson, podemos descrever um sistema de inovação com os seguintes elementos
listados abaixo:
Talento empreendedor: Considerado como um elemento muito importante no sistema, pois
usualmente, atua como força de ruptura na economia, já que parte dele a iniciativa de abrir
novas empresas para explorar uma determinada oportunidade no mercardo.
Existência de Pesquisa Básica e Aplicada: O sistema de inovação precisa ser alimentado
com novas idéias, novos materiais, tecnologias e isso precisa ter o apoio de pesquisadores,
corpo técnico científico qualificado para desenvolver pesquisas direcionadas e amplas em
diversos assuntos.
Conjunto de Universidades: Esse elemento é essencial para fornecer o capital intelectual ao
sistema de inovação, sem ele, manter um sistema de inovação incorreria em um custo muito
elevado, já que a mão de obra qualificada seria importada de outras regiões.
Incubadora/Aceleradora: Instrumento importante para estruturar as Startups, dando
condições de existência e operacionalidade.
Venture Capital ou capital de risco direcionado para Startups: Sem dinheiro não há como
financiar novas idéias e pelo alto grau de incerteza, o risco em que os investidores usuais são
expostos, acabam por inviabilizar novos negócios, dessa forma, profissionais de Venture
Capital, possui conhecimento sobre somo estruturar a parte financeira da Startup, para que a
mesma possa se desenvolver rapidamente.
Visão Global para escala de produtos: Esse item é muito critico e pode representar o
sucesso da Startup, já que empresas focadas em mercados regionais, não vão conseguir
16
competir em preço e qualidade com o mercado global. Quando se estrutura uma startup para
atuar globalmente, usualmente, fatores como idioma, cultura, estratégia de entrada, legislação,
tributos, logística e outros itens mais são levados em conta e podem inviabilzar totalmente um
negócio.
Peter Senger, autor de A Quinta Disciplina, afirma em seu livro que, para crescer e se
manter cada vez mais eficiente, toda organização precisa incorporar cinco características:
1) Desenvolver sempre o domínio pessoal;
2) Criar modelos mentais que ajudem a enxergar onde se quer chegar;
3) Construir uma visão compartilhada, que una o grupo;
4) Aprender em equipe, com todos se ajudando;
5) Desenvolver o pensamento sistêmico, que engloba todas as outras quatro
características.
Tomemos como exemplo a estratégia do SAP Labs, localizado no Tecnosinos em São
Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre (RS), premiado em 2010 como o melhor
parque científico e tecnológico do país pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Atualmente, concentra 75 empresas de setores
como tecnologia da informação (TI), comunicação e convergência digital e energias
renováveis e tecnologias socioambientais, que somam 6.000 empregos diretos e movimentam
R$ 1 bilhão por ano. Para contornar a falta de profissionais, adotou uma estratégia de
despertar o interesse pelo universo de TI em quem ainda não tem idade para ter carteira de
trabalho. Por meio do programa Young Thinkers, a empresa estabeleceu uma parceria com o
Colégio Sinodal de São Leopoldo para capacitar professores a transmitir conteúdos didáticos
ligados ao tema a alunos do ensino médio e fundamental, entre 10 e 18 anos. “Precisamos de
mentes jovens, arejadas, pessoas tecnicamente qualificadas”, afirma Dennison John,
presidente da SAP Labs Latin America.
2.3. INOVAÇÃO: ESTRATÉGIA DE 6 PAÍSES
Os dados apresentados nas sub sessões abaixo, relacionados aos países, Estados
Unidos da América, Finlândia, Irlanda, Canadá, Reino Unido e Japão, foram extraídos do
amplo trabalho realizado pela ABDI, sob o título de: INOVAÇÃO: Estratégia de sete países,
onde teve como principal organizador, o pesquisador Glauco Arbix. O material foi publicado
no Caderno da Indústria ABDI XV em 2010.
17
2.3.1. Estados Unidos da América
A história de desenvolvimento dos EUA é marcada por grandes feitos, guerras,
imigração, cultura de livre mercado e capitalismo levado a sério por grandes grupos, que se
desenvolvem e atuam em diversos países ao redor do mundo. Para entendermos o
desenvolvimento tecnológico dos EUA, vamos abordar a virada a partir da década de 1950,
quando a cultura de empreendedorismo na indústria eletrônica começa a tomar forma. As
universidades de Harvard, Stanford e MIT tiveram papel importante no contexto pós-segunda
guerra mundial e início da guerra fria. Nesse período, o governo federal incentivou a criação
de empresas de tecnologia para atender as demandas da área Militar.
Na universidade de Stanford, Fredrick Terman começou um movimento de criação de
empresas para prototipar sistemas eletrônicos inteligentes e transmissão micro ondas,
inicialmente para área de radares, que visava a produção militar para atender o governo e as
agências de inteligência. Naquela época, não havia a possiblidade de obter empréstimos de
bancos para iniciar empresas de tecnologia, já que os bancos costumavam emprestar dinheiro
para empresas já estabelecidas, que podiam comprovar suas finanças e renda futura esperada.
Um inventor não tinha condições de obter um empréstimo para iniciar um startup, podia
entretanto vender sua invenção para uma empresa já existente que desejaria explorar sua
invenção.
O primeiro fundo de Venture Capital pode ser identificado como ARDC (American
Research & Development Corporation), que foi criado em 1946 por George Doriot, ex-reitor
da Harvard Business School. Em 1957 teve seu primeiro grande caso de sucesso, quando
investiu mais de 2 milhões de dólares na Digital Equipment Corporation (DEC), que abriu seu
capital em 1966 trazendo grandes resultados para o fundo ARDC.
Nessa época, Terman encorajava seus alunos graduados a iniciar empresas, como fez
com William Hewlett and David Packard, fundadores da HP. Havia o incentivo para que
professores fizessem consultoria nessas empresas recém criadas e a transferência de
tecnologia e propriedade intelectual desenvolvida nos laboratórios de Stanford foi facilitada.
Nesse momento podemos visualizar um pouco da cultura de colaboração descrita como
fundamental para o Vale do Silício.
William Shockley também é reconhecido como um dos pais do Vale do Silício, ele é
um dos inventores do Transistor e fundou em 1955 a primeira empresa de Semicondutores na
Califórnia. Sua atuação acabou gerando nos anos seguintes uma grande evolução tecnológica,
que em meados de 1976 a região da Califórnia já possuía mais de 40 empresas na área de
18
semicondutores, por exemplo, Fairchild Semiconductor e Intel, que apoiavam principalmente
o setor de defesa Norte Americano. O nome Vale do Silício é dado pois o material Silício é
utilizado na elaboração dos componentes eletrônicos, tal como o transistor e processadores.
Para concluir o lado histórico do Vale do Silício, vale ressaltar que por volta de 1979,
o governo norte americano reduziu os impostos sobre ganhos de capital, de 49.5% para 28% e
permitiu que fundos de pensão pudessem investir em fundos de Venture Capital. Isso gerou
um aumento expressivo em investimento em empresas de tecnologia do Vale do Silício.
A região do Vale do Silício, no estado da Califórnia, concentra uma grande variedade
de empresas de base tecnológica com forte vocação empreendedora, muitas delas baseadas em
tecnologias para redes sociais, como Facebook, LinkedIn e Google, possui também centros de
P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) renomados, como a SRI International. Aliado a esse
cenário existem diversas universidades na região, como Stanford e Caltech que intercambiam
talentos e conhecimento com essas empresas, adicionando a isso a disponibilidade de capital
de risco ou Venture Capital e empreendedores, formando o que se chama de ecossistema de
inovação. Em linhas gerais, pode-se definir o termo como um conjunto de pessoas, empresas e
organizações que se relacionando em busca de uma evolução a partir do desenvolvimento de
projetos inovadores.
Importante ressaltar que em 1984, o governo federal aprovou uma lei, conhecida como
Bayh-Dole-Act, que trata dos incentivos oferecidos pelos Governos, permitindo assim um
aumento de investimentos privados destinados para pesquisa e desenvolvimento em
Universidades Públicas e Laboratórios Federais. Antes dessa lei, as invenções decorrentes das
pesquisas que utilizavam dinheiro público, deveriam ser registradas para o governo dos EUA,
dessa forma, muitos pesquisadores não se motivavam em criar empresas para explorar as
invenções e idéias, entretanto, após a Bayh-Dole-Act os pesquisadores passaram a ter o direito
de registrar suas invenções em seu nome, o que permitiu a criação de empresas e startups para
desenvolver e aprimorar as invenções em produtos comercializáveis.
A transferência de tecnologia dos laboratórios de pesquisa existentes nas universidades
americanas, para o mercado consumidor permitiu que a cultura capitalista fosse propagada
para várias partes do mundo, influenciando a cultura e os costumes locais. Atualmente é a
cultura mais “imitada” por seus filmes, músicas e produtos. Entretanto, importante reconhecer
o valor das pesquisas universitárias como um veículo de desenvolvimento econômico, nesse
contexto, o governo federal, assim como visto em países listados nesse trabalho, como
Canadá, Japão, Reino Unido etc., possuem agências de fomento e pesquisa, dentre as de maior
destaque nos EUA, podemos citar National Institutes of Health (NIH), National Science
19
Foundation (NSF), Office of Naval Research (ONR), Defense Advanced Research Projects
Agency (DARPA) e National Aeronautics and Space Administration (NASA).
Uma característica da cultura existente no Vale do Silício, refere-se a forma como a
interação com as pessoas ocorre, de maneira pervasiva e muitas vezes direta, visando o
compartilhamento de informações sobre planos de negócios e idéias com o objetivo de obter
um parceiro de negócio. Essa relação de confiança, sem a necessidade de assinar um termo de
confidencialidade ou mesmo estar acompanhado de um advogado, acaba flexibilizando o
início de novos negócios e muitas vezes, permitindo o amadurecimento de idéias antes de
coloca-las em prática.
Resumindo o ambiente dos Estados Unidos da América, podemos elencar os seguintes
itens:
Promulgação da Lei Bayh-Dole-Act promoveu um aumento substancial na
transferência de tecnologia das universidades para a indústria e, finalmente, para o
mercado consumidor,
licenciamento das patentes geradas, criação de novas empresas, empregos com
poder aquisitivo acima da média nacional e a criação de novos segmentos
industriais também são resultados que o governo americano tem alcançado com as
políticas de incentivo aplicadas,
Cultura de Colaboração altamento disseminada no Vale do Silício,
Venture Capital muito desenvolvido, permitindo que empresas de alto risco se
desenvolvam com mais facilidade,
Governo Federal incentiva inovação por meio de Agências do Governo, como
NASA, Departamento de Defesa (DoD) entre outras.
2.3.2. Finlândia
A Finlândia é considerada uma das nações mais competitivas do mundo. Em menos de
20 anos, passou de uma economia baseada em recursos naturais para uma economia puxada
pela inovação. Hoje possui um grande foco em tecnologias da informação e comunicação
(TIC).
O investimento em inovação, passou a fazer parte da pauta dos governantes, a partir da
crise que dissolveu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS (1991). Com isso, o
governo finlandês, que exportava grande parte de seus produtos primários para a URSS, teve
que rever sua estratégia de crescimento.
20
Com esse cenário externo conturbado, a Finlândia decidiu investir pesado em
Educação, Ciência, Tecnologia da Informação e Inovação. Os estudantes finlandeses,
possuem um sistema gratuito que vai desde o ensino básico até a universidade. Importante
citar que com o aumento de investimento público, os alunos estão com desempenho acima
dos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desempenho Econômico)
na escala Pisa de Ciências.
O financiamento público para Pesquisa e Desenvolvimento atingiu 3% do PIB em
1999, acima dos 2% da União Europeia na mesma época. Em 2007, foram 3,5% do PIB, o
que corresponde a mais ou menos 5,5 Bilhões de EUROS. A meta para 2010 foi de 4% do
PIB.
O Sistema Nacional de Inovação (NIS), foi criado pelo governo finlandês e é
composto pelas seguintes entidades:
Sistema de Pesquisa,
Sistema de Governo,
Sistema Educacional,
Organizações de Financiamento,
Atores Locais e Regionais e previsões legais, incluindo mecanismos de proteção à
propriedade intelectual e de incentivos.
Importante citar que a Finlândia foi o primeiro país a incluir entre suas diretrizes de
governo a meta de construir um sistema nacional de inovação, o que indica um grau de
comprometimento estratégico do país nesse assunto, pois possui como foco principal o
estímulo ao crescimento sustentável da economia.
Mesmo tendo um avanço acelerado após a década de 90, a elaboração e construção das
principais instituições básicas para viabilizar o sistema de inovação finlandês, iniciou-se nas
décadas de 60-70, registrando grande esforço tecnológico na década de 80 e então na década
de 90 com a construção do Sistema Nacional de Inovação e das bases para sociedade do
conhecimento.
Na década de 80, houve uma grande aceleração do desenvolvimento tecnológico. O
maior destaque foi a criação da TEKES em 1983, nessa mesma época, houve um grande
incentivo para internacionalizar a Pesquisa e Desenvolvimento, utilizando redes
internacionais de pesquisa, alguns parques tecnológicos foram criados e em 1989 o Conselho
Nacional de Ciência e Tecnologia foi criado, consolidando assim o complexo sistema de
21
inovação finlandês, que avalia o impacto das políticas executadas pelo poder público. Com
base nesse sistema de avaliação, o governo conseguiu aprimorar a gestão, corrigir estratégias
e as políticas empregadas.
O modelo Finlandês traz à tona uma realidade muito peculiar, pois sua cultura, a longa
tradição em design, vasta utilização da internet, utilização da língua inglesa como idioma
universal, visão dos finlandeses em se tornarem cidadãos do mundo e até mesmo a tradição
descentralizadora de gestão do Estado, trazem reflexões importantes sobre esse modelo, pois
dificilmente será replicado em alguma parte do mundo.
De acordo com o Secretário Geral do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia
(STPC), Esko-Olavi Seppala, a Finlândia demorou décadas para aprender a cooperar e a
formar visões comuns de seus problemas. Com isso, as políticas planejadas em outros
exercícios ou mandatos, são mantidas mesmo com a alternância de poder, permitindo assim
que as políticas de estímulo à inovação, que trazem melhorias ao cenário econômico, não
sejam interrompidas arbitrariamente.
A empresa NOKIA, é um grande exemplo do resultado das políticas criadas pela
Finlândia para incentivar a área de Pesquisa e Desenvolvimento. Fundada em 1865 como
fábrica de papel, até início do século 19, tinha suas vendas baseadas em botas e cabos de
borracha. Em 1960 foi criado um departamento de telecomunicações, em 1990 esse setor
respondia por apenas 20% do faturamento. Em 1991 a empresa estava prestes a falir, quando
decidiu focar seus esforços em Telefonia Celular, que estava em grande ascensão naquela
época. Na época do estudo realizado pela IEA-USP (2010), a NOKIA respondia por mais de
60% do investimento privado em P&D, ou seja, quase 2/3 do total investido pelo setor.
Para exemplificar alguns feitos da NOKIA, podemos citar algumas tecnologias de
rede, como por exemplo, GSM, 4G e 5G que são tecnologias desenvolvidas pela NOKIA e
licenciadas para vários países no mundo. Sua divisão de telefones celulares manteve-se em
evidência durante quase uma década e foi adquirida pela Microsoft em 2013.
A Finlândia possui uma Agência de Fomento à Pesquisa, Desenvolvimento e
Inovação, chamada TEKES, muito parecida com o formato da FAPESP no Estado de São
Paulo - Brasil. A TEKES, criada em 1983, é um órgão de Planejamento, Financiamento e
Fomento às atividades de P&D, à pesquisa aplicada, tecnologia e industrial. Responde
atualmente por 30% do financiamento público à inovação.
O financiamento da TEKES tem como foco os projetos inovadores e com alto grau de
risco. Pode ser disponibilizado a juros baixos ou por meio de subvenção econômica. Um fato
22
interessante é que pode ser concedido às empresas estrangeiras registradas na Finlândia, desde
que possuem P&D no país.
A TEKES investe grande parte do seu orçamento em projetos de fundo perdido, com
isso fica claro a absorção de todo o risco do projeto, assumido pelo poder público. Isso é
importante pois estimula inovações radicais, nas quais a iniciativa privada não tem interesse
em entrar pelo alto grau de risco envolvido. Mesmo com esse cenário, a taxa de fracasso gira
em torno de 20%.
Existem três programas importantes na Finlândia, que podem explicar melhor a
estratégia de expansão e internacionalização de suas empresas. Veja abaixo:
1) Programa de Centros de Experiência. Lançado em 1994, tem como objetivo o
incentivo a projetos de cooperação entre institutos de pesquisa, instituições educacionais e
empresas, visando o aumento e modernização do conhecimento de alto nível na região em
questão. Já foram criados mais de 13 clusters em 21 centros especializados, que podem ser
classificados como Cluster of Expertise ou Cluster de Experiência em tradução livre. Outro
ponto interessante é que cada centro regional possui uma especialização, tal como, tecnologia
energética, saúde e bem-estar, nanotecnologia, tecnologia limpa, máquinas inteligentes,
tecnologia marítima, futuro da indústria florestal, computação, digibusiness, negócios da vida
entre outros.
2) Programa de Centros Estratégicos para Ciência, Tecnologia e Inovação, tem como
foco coordenar recursos dispersos de pesquisa para atingir metas estratégicas da Finlândia.
Sua atuação principal é articular empresas, universidades e institutos de pesquisa, na criação
de cinco centros estratégicos, voltados para as áreas de Energia e Meio Ambiente, Metais e
Engenharia Mecânica, Saúde e Bem-Estar, Cluster Florestal e TIC. Os fundos de pesquisa são
de longo prazo e geridos pela TEKES.
3) Programa de Rede Internacional de Centros de Inovação. Tem como foco estar
presente em alguns países líderes no cenário de inovação, fazendo assim a ligação entre os
agentes locais de inovação com os institutos finlandeses. Vale ressaltar que com essa
estratégia, a Finlândia pretende acelerar a internacionalização das empresas finlandesas,
aumentar a mobilidade de pesquisadores e realizar assim pesquisas em conjunto com atores
locais, mantendo-se atualizada e no ecossistema de inovação de outros países. Já foram
criados cinco centros, destes em: Xangai, China em 2007, Vale do Silício, EUA em 2007, São
23
Petersburgo, Rússia em 2008, em Tóquio, Japão em 2008 e por fim em Mumbai, Índia em
2008.
Com a execução desses três programas estratégicos para a Finlândia, é possível
identificar claramente a estratégia de fortalecer as conexões entre os setores público e privado,
juntamente com a cooperação ativa das empresas, centros de pesquisa e universidades,
gerando assim um ambiente favorável à inovação.
Seguindo a mesma dinâmica do mercado Norte Americano, a Finlândia aprovou uma
nova legislação sobre a propriedade intelectual nas universidades, facilitando assim o uso
comercial do resultado das pesquisas.
Resumindo o ambiente da Finlândia, podemos elencar os seguintes itens:
Economia baseada no setor primário Russia como principal cliente até a Crise 1991 –
URSS,
Modelo Finlandês, tem suas bases no consenso político quanto ao futuro do país. Isso
influenciou a continuidade das políticas de incentivo à Pesquisa e Desenvolvimento.
Todavia, esse cenário é dificilmente replicável, pois deu-se em conjunto com um
determinado período da economia mundial e aspectos culturais do país, como adoção
da língua inglesa, visão de cidadão mundial etc,
Rede Internacional de Centros de Inovação, China, EUA, Russia, Japão e Índia,
Possui agência TEKES para financiamento de projetos que apresntam alto risco,
A denominação de Economia baseada em conhecimento pode ser atribuída à
Finlândia, com base em sua estratégia exitosa em promover o desenvolvimento da
nação após investimentos pesados na universalização do estudo, desde a Educação
Básica até a Universidade,
Outro fator importante é o foco em desenvolver tecnologias e pesquisas em segmentos
que podem atuar como motores da economia, com isso, as estratégias resultam em
geração de empregos mais qualificados, melhor remunerados e aumentam a sensação
de bem-estar social.
2.3.3. Irlanda
O crescimento da Irlanda apresentou números extraordinários a partir de 1995 até
2000, houve um crescimento médio anual de 10% do PIB, na sequência, até 2004, ficou em
torno de 6,1%.
Até 1990, a Irlanda era classificada como um dos mais atrasados da Europa, o que na
época levou os governantes a traçar um plano nacional de desenvolvimento, para transformar
24
a Irlanda em uma economia competitiva, através de investimentos em Pesquisa e
Desenvolvimento.
A principal característica do momento de maior crescimento da Irlanda, foi a Abertura
da Economia, juntamente com a integração com as nações da comunidade europeia e o
investimento pesado de multinacionais, que exigiram também a atração de pessoal altamente
qualificado.
Outro ponto muito importante a ser citado, é que nos anos 1960 o governo Irlandês,
executou um forte investimento na qualidade da educação primária e secundária, o que
preparou as bases para o desenvolvimento acentuado que se deu na década de 1990.
Vale citar também a política agressiva de incentivos fiscais, que derrubou pela metade
os impostos, quando comparado a outros países da comunidade europeia, para as empresas
que se instalavam na Irlanda.
Houve também a atuação de uma agência pública nesse cenário, denominada Agência
de Desenvolvimento Industrial, que é considerada a principal plataforma das grandes
empresas de tecnologia da informação e comunicação.
Outro ponto curioso sobre o caso da Irlanda, refere-se ao Pacto Social, que foi criado
na década de 1990, isso se deu como resposta a seguidas crises, tal como Crise do Petróleo,
Descontrole dos Gastos Internos Governamentais, que acabaram gerando um movimento de
regulação e limitação de negociações salariais, tirando força dos sindicatos, formulação de
políticas orientadas para estabilidade de longo prazo, alicerçadas em austeridade fiscal e
contenção de gastos públicos.
O primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (2000 a 2006) teve um investimento
total de US$ 3 bilhões em ciência e inovação. O principal objetivo desse investimento foi
construir uma economia baseada no conhecimento. A Irlanda conseguiu alcançar um alto
nível de parcerias externas nas patentes requeridas, isso é um resultado claro do aumento de
pesquisa científicas realizadas por empresas e centros de pesquisa estrangeiros. Como reflexo
dessa política, sua economia é muito dependente de grandes grupos estrangeiros, que por sua
vez, executam o financiamento de P&D com dinheiro externo.
No ano de 2006, o governo Irlandês elaborou um novo Plano Nacional de
Desenvolvimento (2007 a 2013), no qual alocou em torno de 8,2 Bilhões de EUROS para
implementação da Estratégia para Ciência, Tecnologia e Inovação.
No que se refere às instituições públicas, orientadas para gerir, criar e monitorar as
ações do PND Irlandês, podemos citar a criação de quatro instituições com as seguintes
atribuições:
25
IDA (Agência de Desenvolvimento Industrial), criada em 1960. Focada em atrair
empresas multinacionais através de incentivos fiscais. Importante citar que a Irlanda
oferece como diferencial a mão-de-obra qualidade de imigrantes, força de trabalho
jovem, bem educada, barata e com inglês fluente. Essa agência é considerada peça
chave no sucesso da trajetória irlandesa.
EI (Empresa da Irlanda), criada em 1960, focada em expandir as empresas Irlandesas
para todo o globo. Sua atuação no entanto é muito questionada, pois não apresentou
resultados satisfatórios em suas ações e ainda existem dúvidas sobre a necessidade da
Irlanda possuir e desenvolver empresas Globais.
SFI (Fundação da Ciência da Irlanda), criada em 2001 pelo Plano Nacional de
Desenvolvimento. Tem como exemplo a Fundação Nacional da Ciência, criada pelo
governo Norte Americano. Essa agência atua no monitoramento e avalia a qualidade
do capital humano irlandês, através do acompanhamento das pesquisas cientificas
realizadas em cooperação com as universidades e empresas. Possui como foco,
impulsionar e financiar as áreas de ciência e engenharia. Tem como objetivo reverter a
frágil tradição de pesquisa das universidades irlandesas, que estão mais voltadas para
docência e extensão.
Forfás (Órgão de Prospecção de tendências de ciência, tecnologia e inovação) atua no
planejamento, coordenação das políticas, das agências e dos programas de
desenvolvimento.
As quatro agências são comandadas pelo Ministério do Comércio, Empresa e
Emprego.
A Irlanda enfrenta alguns dilemas com o expressivo aumento dos salários e qualidade
de vida, pois com isso, acabou perdendo competitividade frente a economias emergentes,
como China e Índia. Por mais que as agências governamentais atuem, as empresas irlandesas
continuam pequenas, com baixa produtividade e pouco internacionalizadas, contra o oposto
das multinacionais. Apesar de ter uma mão de obra muito educada, possui pouca tradição em
pesquisa básica em ciência e tecnologia.
26
Os Centros de Pesquisas financiados e criados pelo governo irlandês ainda não deram
frutos e ainda existe uma certa distância das empresas e universidades.
O investimento em educação e qualificação das pessoas é um fator muito importante
no sistema da Irlanda, isso deve fazer com que os frutos sejam colhidos nas gerações futuras,
que devem desfrutar de uma qualidade de vida superior à atual. Outro ponto interessante é
estimular a curiosidade dos jovens pelas atividades científicas.
A estratégia de desenvolver Planos Nacionais de Desenvolvimento é muito válida,
pois traz à tona o diálogo com a sociedade, que entende e apoia em sua maioria as políticas
elaboradas pelo governo, pois entende que fazem parte de escolhas estratégicas para manter o
desenvolvimento da Irlanda.
Resumindo o ambiente da Irlanda, podemos elencar os seguintes itens:
Governo Irlandês executou em 1960 um amplo programa de investimento em
Educação no País,
Em 1990 era considerado um dos países mais atrasados da Europa,
Foco em melhorar a Competitividade do País através da Abertura Economica, Zona do
EURO, Investimento de Multinacionais,
Pacto Social em 1990 – Resposta à Crise do Petróleo, Descontrole de Gastos o que se
traduziu em Austeridade Fiscal e Planos de Longo Prazo,
Plano Nacional de Desenvolvimento, Fortemente ligado ao investimento externo de
P&D, com 3 Bilhões Dólares (2000 à 2006), 10 Bilhões Dólares (2007 à 2013), cerca
de 2% PIB 2013
Criou a IDA (Agência de Desenvolvimento Industrial) para Atrair empresas, através
de incentivos fiscais.
Mesmo com todos os índices de crescimento e desenvolvimento, a Irlanda foi
impactada fortemente pela crise de 2008, o que fez com que sua economia entrasse em
recessão depois de mais de uma década de crescimento. Todavia, no segundo trimestre
de 2015, sua economia já mostra sinais de recuperação, apresentando crescimento de
1,9%. A recuperação é fruto da alta dependência de investimento externo, de empresas
como Intel, Google e Pfizer, apenas para citar algumas. Sua economia continua
atraindo empresas multinacionais que oferecem altos salários nos setores de alta
tecnologia e serviços.
27
2.3.4. Canadá
Para contextualizar o Canadá, deve-se considerar que suas políticas de incentivo à
tecnologia e inovação foram iniciadas em meados da década de 1990. Nessa época o país
ainda possuía uma forte dependência de suas riquezas minerais, mas em sua história, podemos
constatar que os investimentos na área de tecnologia trouxeram ganhos consideráveis, pois
conseguiram ser reconhecidos mundialmente pela tecnologia desenvolvida pela empresa RIM,
detentora da marca de telefones celulares BlackBerry.
O Canadá é um país com vasta extensão territorial, sua colonização é em sua maioria
de Franceses e Ingleses, mas receberam fluxos contínuos de Indianos, Chineses e Asiáticos, o
que enriquece sobre maneira a cultura local.
Com essa diversidade, importante citar que pelo modelo de governo Canadense,
conhecido como Federalismo, as regiões são divididas em Províncias, que traçando um
paralelo com o Brasil, são como Estados, mas entretanto possuem uma certa autonomia, como
por exemplo, são responsáveis pela Educação.
O investimento em ciência, tecnologia e inovação se dá tanto na esfera federal, como
nas províncias e dessa forma, exige um certo grau de coordenação para evitar sobreposições
de esforços. Esse conjunto de características institucionais e culturais transformam o Canadá
em um exemplo muito interessante de ser estudado quando analisamos as políticas de
Fomento à Inovação.
O Governo Federal do Canadá possui uma rede de agências de fomento à P&D e
utiliza alguns programas de concessão de isenções fiscais ás Empresas. Entre as agências do
governo, podemos citar o Conselho Nacional de Pesquisa (National Research Council -
NRC), que executa pesquisas internamente com dinheiro público, outros atuam com mais
foco na transferência de recursos e apoio a pesquisas executadas por universidades, como por
exemplo, o Conselho de Pesquisas de Engenharia e Ciências Naturais (Natural Sciences and
Engineering Research Council - NSERC), o Conselho de Pesquisas de Ciências Sociais e
Humanas (Social Sciences and Humanities Research Council - SSHRC) e da rede de
Institutos Canadenses para Pesquisas em Saúde (Canadian Institutes for Health Research -
CIHR).
Em contraste com o apoio às agências federais, que desenvolvem pesquisas, existem
também alguns programas do Governo Federal do Canadá, que apoiam e investem recursos
diretos em pesquisa executado pelo setor privado, em programas do NRC, apoiando pequenas
empresas e usando como base a malha de centros de excelência (Networks of Centers of
Excellence - NCE).
28
No conjunto de agências federais de incentivo à pesquisa, é interessante citar a NCE
com um número 70 spin-offs entre 2003 à 2010, mesmo com um orçamento em 2007
relativamente pequeno, algo em torno de US$ 75 milhões. Outro aspecto importante nessa
agência, é que os projetos são escolhidos por comitês internacionais, cuja decisão é autônoma.
Dessa forma, o conflito de interesse entre pesquisadores é reduzido e evita-se também a
limitação do conhecimento sobre o potencial de competitividade no cenário global.
A NCE também desenvolveu atividades que estabelecesse uma massa crítica de
pesquisa no Canadá, entre 1993 a 1999, a NCE promoveu uma integração de pesquisadores
em sua rede, fomentando assim uma cultura de colaboração. Por fim, o grande desafio final
foi desenvolver projetos propostos e gerenciados por empresas privadas em conjunto com
parceiros públicos. Com esse conjunto de atividades, a NCE visa acelerar e incentivar o
ecossistema de inovação entre as Universidades, Agências Públicas e as Empresas privadas.
A criação do Genoma Canadá se deu em 2000, quando um grupo de cientistas e
Venture Capitalists constituíram uma fundação financiada pelo governo federal em conjunto
com parceiros públicos e privados. O foco dessa fundação foi financiar e executar pesquisas
na área de genômicos e proteômicos. Uma característica interessante dessa fundação, é que
ela possui um fundo de investimento com dinheiro federal e privado, mas ao invés de
funcionários públicos, o fundo possui gestores profissionais, especializados em venture
capital e aplicam todos os critérios de retorno de investimento utilizados pelo mercado, em
outras palavras, eles visam ao lucro. Outra característica importante desse fundo é que apenas
os melhores projetos são apoiados, para isso, eles precisam apresentar características que
permitam competir em nível internacional e dessa forma, possam resultar em tecnologias que
possam ir para o mercado consumidor. Por fim, os candidatos ao programa precisam
demonstrar que o produto final da pesquisa seja patenteável, tenha aderência ao mercado e
que são capazes de captar mais 50% de seu financiamento total no mercado, com outros
agentes financiadores.
A Fundação para Inovação do Canadá também foi criada em 2000, seu foco é
basicamente o financiamento de infraestrutura para instituições. Dessa forma, essa fundação
auxilia na formação de laboratórios bem equipados em Universidades, Hospitais de Pesquisa,
Colégios e Organizações Não Governamentais. Interessante citar que o foco é direcionado
para atrair e manter os melhores talentos (pesquisadores), treinar a próxima geração de
pesquisadores que irão suportar as inovações no setor privado, para criar empregos de alta
qualidade. O apoio aos projetos selecionados é de 40% do total solicitado, o restante deve vir
da iniciativa privada.
29
As origens do incentivo à inovação canadense surgiram em meados do século 19,
quando foram criados os primeiros laboratórios agrícolas e as duas universidades canadenses,
a Universidade McGill e a Universidade de Toronto. Em 1939, o Canadá investia apenas
0,1% do PIB em P&D, essa realidade só mudou a partir da Segunda Guerra Mundial, pois
nessa época o Canadá apoiava os EUA nos esforços para desenvolvimento de armas nucleares
(Projeto Manhattan) e demais tecnologias bélicas.
Na década de 1970, houve um declínio nos incentivos de P&D, já que o governo
entendia que as empresas privadas deveriam arcar com esse investimento. Apenas na década
de 1990 é que os retornos econômicos de P&D apareceram com mais força, uma vez que
inovação passou a ser considerada como estratégia central do governo Canadense.
Durante a década de 1990, o conceito de pesquisa pura ou básica, muito comum nas
universidades públicas, passou a ser questionada pois não estava direcionada para as
necessidades do mercado, o que nos remete à reflexão que as pesquisas realizadas por
entidades públicas devem ser priorizadas para atender demandas específicas de mercado, pois
com essa característica, a chance de uma organização privada entrar como parceira no
investimento da pesquisa é mais alto do que o cenário citado acima de realizar uma pesquisa
pura, baseada em um processo linear de inovação.
No Canadá, essa mudança de foco deu-se principalmente com a criação de instituições
baseadas no envolvimento direto de empresas e agências públicas de pesquisa, tais como a
NCE e o Genome Canadá.
Um dos principais motivadores para o Canadá investir em um conjunto de políticas
voltadas para P&D na década de 1990, foi melhorar a posição do País no cenário mundial,
frente aos países asiáticos que emergiam fortemente na economia global, citando como
principal agente, a China, que tem investido fortemente em desenvolvimento tecnológico e
tem peso relevante na transferência de empregos que exigem mais conhecimento técnico.
Esses empregos por sua vez, sempre foram mantidos nas economias mais desenvolvidas e
esse movimento apresenta-se como um grande motivador às economias mais desenvolvidas,
para investir em um diferencial para manter sua competitividade no mercado global.
Segundo o Industry Canada (2007a), entidade equivalente ao Ministério do
Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior no Brasil (MDIC), o Canadá procura atrair e
manter profissionais de ponta, pois com o envelhecimento da sua população, somado às
oportunidades de trabalho que os jovens canadenses encontram em outros países, como os
Estados Unidos, resultam em um grande desafio para as autoridades locais. O Ministério da
Industria (Industry Canada) possui uma série de informações úteis para as pessoas que
30
desejam entender mais sobre Propriedade Intelectual, formas de conseguir um financiamento,
como abrir uma empresa, fora um conjunto extenso de Relatórios e Guias para apoiar os
cidadãos. O que demonstra o compromisso do Governo em apoiar o desenvolvimento do país
com políticas de geração de empresas através de pesquisa e desenvolvimento.
Veja abaixo um gráfico da evolução de Venture Capital desde 2005, o fantástico valor
levantado em 2014, com US$ 2.3 Bilhões.
Gráfico 1 – Evolução do Venture Capital no Canadá entre 2005 até 2014.
Fonte: Disponível em: < http://www.ic.gc.ca/eic/site/061.nsf/eng/h_02940.html
>. Acesso em: 2 nov. 2015.
Uma característica importante a ser ressaltada por pesquisadores, é a falta de Soft
Skills, que são as habilidades para gestão de pessoas e negócios. Em um cenário de incentivo
à pesquisa, com foco em criar novos produtos, os pesquisadores precisam aperfeiçoar essa
característica, para que possam obter sucesso com os produtos desenvolvidos. Nos Estados
Unidos, ao invés do pesquisador tentar comercializar sozinho o resultado da pesquisa,
usualmente, ele se junta com um empreendedor, acostumado com o mercado, que possui o
conhecimento necessário para inserir o produto no mercado correto, aumentando assim a taxa
de sucesso. Em resumo, o Canadá possui um conjunto de políticas e iniciativas que permitem
o aumento da sua competitividade frente aos países desenvolvidos.
Resumindo o ambiente da Canadá, podemos elencar os seguintes itens:
Primeiros laboratórios agrícolas de pesquisa nas Universidades McGill e Toronto.
Investia o,1% do PIB em 1939,
31
Apoio ao Projeto Manhattan (EUA) – Armas Nucleares e demais tecnologias Bélicas,
Em 1990 os investimentos em P&D tomam força quando o governo considera
Inovação como estratégia central do governo,
NCE (Network Center of Excellence) 70 spin-offs entre 2003 à 2010, em 2007 budget
de US$ 75 milhões,
Fundação para Inovação do Canadá (2000) com Foco em financiar Infraestrutura dos
laboratórios,
Genoma Canadá (2000) Parceria Público vs Privado voltado para Financiar Pesquisas
sobre Genômicos e Proteômicos (50% x 50%),
Venture Capital em desenvolvimento, com forte expansão registrada em 2014, quando
atingiu quase US$ 2.4 bilhões de dólares.
2.3.5. Reino Unido
A economia britânica é baseada em serviços, dessa forma, quando a discussão sobre
Inovação Tecnológica entra na pauta de discussão dos governantes, existe a preocupação em
definir uma nova forma de inovação, chamada por eles como Inovação Escondida, que pode
ser explicada como pequenas inovações que ocorrem em processos diários, como por
exemplo, uma técnica mais aprimorada no processo de extração de petróleo, uma nova forma
de realizar uma análise financeira em um financiamento e outras atividades tidas como
cotidianas, mas que trazem resultados positivos para as empresas.
Existe uma parte do governo que argumenta que deve-se estimular a difusão e
circulação de informações, porém na área de serviços, quando essa informação é pública, as
chances de obter um retorno financeiro maior com a inovação são drasticamente reduzidas.
Por outro lado, quanto maior a circulação de informações, maior será a colaboração entre as
empresas e tende-se a ter uma produtividade maior na economia.
Vale ressaltar que o sistema de patentes foi criado para proteger as inovações
tecnológicas, que podem ser facilmente explicadas através de desenhos e diagramas, por outro
lado, uma inovação na área de serviços é muito mais complexa de ser explicada e controlada
para evitar utilização indevida.
O Governo Britânico atua no incentivo de Inovação, junto às empresas, direcionando o
seu poder de compra estatal, estimado em 150 bilhões de libras por ano, com isso, mesmo não
gerando garantias de contrato, acaba criando demandas que envolvem alta tecnologia e assim
estimulam a aplicação e desenvolvimento de novas tecnologias.
32
Como conclusão sobre o Reino Unido, podemos entender que as políticas de incentivo
devem ser dosadas para obter uma mistura que permita a geração de valor pelas empresas
inovadoras, o que será convertido em novos empregos e tecnologias competitivas, mas
também deve-se observar o excesso de regulamentações que podem desmotivar os
empreendedores a criar suas empresas e assumir uma série de encargos e empréstimos para
alavancar sua idéia ou projeto.
Resumindo o ambiente do Reino Unido, podemos elencar os seguintes itens:
Economia baseada em Serviços, o que dificulta a classificação de inovações e acaba
trazendo à tona a questão da Inovação Escondida,
Pequenas Inovações do Cotidiano que trazem resultado financeiro nas atividades, tais
como, novas Técnicas de Extração de Petróleo Aprimorada ou Nova lógica para
cálculo de Financiamento,
Complexidade em controlar ou patentear algo relacionado a Serviços,
Governo Britânico incentiva a Inovação direcionando o poder de compra do Estado
(150 Bilhões Libras por ano) para criação de novas Demandas, Desenvolvimento de
Tecnologias e Startups.
2.3.6. Japão
O Japão é um caso muito interessante de desenvolvimento tecnológico, já que iniciou
seu esforço para superar a derrota na segunda guerra mundial. Inicialmente o tipo de inovação
foi incremental, atuando fortemente em imitações e melhorias de produtos importados. Sua
qualidade também era questionável, ao ponto de ser comparada hoje como produtos Chineses,
de baixo custo e qualidade, entretanto, essa realidade foi sendo alterada durante os anos e
hoje, diferente do que acontecia na década de 80, os produtos Japoneses possuem alta
qualidade, como por exemplo, carros da TOYOTA, que são referência em qualidade e
durabilidade, SONY, referência em tecnologia de som, vídeo e por muitos anos, líder no
segmento de telefones celulares.
Uma característica interessante da estratégia Japonesa, refere-se ao fato de fazer uso
de mecanismos protencionistas, como restringir importações, subsídios públicos, atuar com o
câmbio desvalorizado, juros baixos e até controlar a atividade sindical. Essa estratégia foi
muito presente durante os anos de crescimento acelerado, mas a presença do Estado como
protagonista do desenvolvimento econômico pode gerar consequências trágicas na economia,
como podemos constatar na economia Brasileira, que padece de políticas
33
desenvolvimentistas, que baseadas em uma decisão de poucos, acaba favorecendo um grupo
em específico, em detrimento de uma grande parcela de empresas.
A relação de incentivo à pesquisa e desenvolvimento não ocorreu de forma usual,
como ocorre em alguns países estudados até o momento, já que no Japão os grandes grupos,
fortemente apoiados pelo governo, não incentivavam universidades a desenvolver pesquisa,
pois seus esforços estavam sendo direcionados para os laboratórios instalados em suas
empresas, essa é uma característica que o governo acabou contribuindo e que prejudica o
fluxo de informações que permitem um alto grau de inovação. Todavia, vale ressaltar que o
Japão consegue até hoje se manter entre as nações mais inovadoras e com altos índices de
patentes por habitantes.
A cultura Japonesa não oferece muitos incentivos para que as pessoas e principalmente
os jovens empreendam, criem empresas e aceitem correr riscos inerentes a essa atividade,
dessa forma, os fundos de Venture Capital são pouco desenvolvidos. Outro fator que
contribui para essa realidade é a grande rede de produção de bens industriais que é operada
por poucos grupos, isso prejudica a inserção de um novo empreendimento, já que até as trocas
entre empresas não são bem vistas, pois o foco é que as pessoas entrem em uma empresa e
permaneçam por muito tempo. Para concluir, o fator cultural Japonês, entende que o fracasso
em um empreendimento é erro muito grande e malvisto pela sociedade, dessa forma, qualquer
iniciativa de empreender e arriscar em algo novo é rapidamente desmotivado.
Para incentivar o mercado, o governo definiu um plano de longo prazo de
investimentos quinquenais (5 em 5 anos), no qual investiu entre 1995 a 2000 cerca de US$
157,3 Bilhões, com foco em criar um ambiente mais flexível e competitivo, nesse período
foram incentivadas atividades de pós-doutoramento (mais de 10 mil pesquisadores foram
beneficiados). Outro ponto de atenção foi o aprimoramento do sistema de patentes japonês,
que foi reestruturado baseado no Bay-Dole-Act, dos Estados Unidos.
O segundo plano, que compreendeu os anos de 2001 a 2005, investiu em torno de US$
188 bilhões e teve como principal foco a promoção da pesquisa básica e reforma das
instituições governamentais. O modelo de apoio à pesquisa foi alterado com base no modelo
Americano, que oferece os recursos, mas os proponentes devem disputar em editais abertos.
No terceiro plano, de 2006 a 2010, os investimentos foram na ordem de US$ 223
bilhões e mantiveram o foco em pesquisa básica em áreas prioritárias do governo, como
Tecnologia da Informação e da Comunicação, Ciências Ambientais, Nanotecnologia e
materiais.
34
No Simpósio sobre Ecossistema Global de Inovação - 2007, o primeiro ministro do
Japão, relata a estratégia de investimento do governo, para transformar a economia japonesa,
tornando-a mais integrada com as necessidades globais, mesmo ressaltando valores
expressivos de participação na indústria eletrônica, como mais de 50% dos componentes
eletrônicos fabricados no Japão.
Em resumo, o Japão cresceu praticando políticas industriais no estilo tradicional e
agora se esforça para seguir uma nova orientação baseada em inovação. O plano de Inovação
25, que compreende 25 anos de investimento, prevê um avanço considerável em vários
aspectos da economia Japonesa, visando principalmente contornar a queda no crescimento da
população, envelhecimento, investimento em educação e tecnologias para lidar com
problemas ambientais e de geração de energia, entretanto, aspectos culturais devem ser
melhor trabalhados, para que empreendimentos inovadores possam surgir.
Resumindo o ambiente do Japão, podemos elencar os seguintes itens:
Esforço iniciado após a Segunda Guerra Mundial (1945). Focado em Inovação
Incremental, Imitações e melhorias e Baixa Qualidade até década 80,
Contraste com Empresas Multinacionais com destaque para qualidade dos produtos,
como SONY e TOYOTA,
Mecanismos Protencionistas, Restrição Importações, Subsídios, Câmbio
Desvalorizado e Juros Baixos,
Pesquisa Básica Universitária versus Pesquisa Aplicada Empresas,
Fundos de Venture Capital são pouco desenvolvidos,
Governo Instituiu Plano de Longo Prazo (25 anos), sendo US$ 157 Bilhões (1995 a
2000), US$ 188 Bilhões (2001 a 2005), US$ 223 Bilhões (2006 a 2010) sendo +/- 4%
PIB.
2.4. CONTEXTUALIZAÇÃO E REALIDADE BRASILEIRA SOBRE O ASSUNTO
INOVAÇÃO
2.4.1. Aspectos econômicos e Incentivos Fiscais
A produção industrial brasileira tem caído constantemente, no acumulado de 12 meses
até Setembro de 2015, temos uma média de -5.3%, o que apresenta uma grande retração da
atividade industrial. Vale ressaltar que a indústria brasileira responde em média por 10% do
PIB, valor similar que pode ser observado em economias desenvolvidas e maduras, entretanto,
quando vemos o exemplo da Coréia do Sul, que possui uma indústria que responde por 30%
do PIB, e ainda se compararmos com o México, que possui algumas similaridades com o
35
Brasil, a área indústrial mexicana responde por 17%, segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento da Indústria e Comercio Exterior (MDIC). Por outro lado, o setor de
Serviços, que inclui Comércio, tem aumentado ano a ano sua participação, dados de 2013,
indicam a participação de 68% no PIB.
Gráfico 2 - Participação dos Serviços no PIB
Fonte: MDIC. Disponível em:
<http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=4485>. Acesso em: 31 out.
2015.
O governo federal vem desenvolvendo ações de incentivo à inovação e
empreendedorismo, mas isso nos remete a uma reflexão, pois sempre que o governo interfere
na economia, acaba gerando dependência e direcionando dinheiro para áreas que não estão
sendo atendidas pelas leis normais do mercado (Oferta e Demanda - Sistema de Preços). Se o
mercado não está atendendo a uma necessidade, significa em suma, que não há vantagem
monetária na atividade, pois a demanda deve ser fraca.
Todavia, como a economia brasileira está direcionada em grande parte para o mercado
interno, salvo o agronegócio que tem como foco a exportação, temos um sistema tributário
que desestimula a importação e em contrapartida, o governo desenvolve programas e leis que
incentivam a produção nacional, sob o argumento de aumento de empregos, fortalecer a
indústria, incrementar o PIB e aumentar as exportações, mas essa abordagem traz benefícios a
curto prazo. Por sua vez, uma economia aberta, permitiria a livre concorrência e o
atendimento balanceado das demandas, sem esse mecanismo natural de mercado, os subsídios
gerados pelo governo acabam gerando distorções na economia, privilegiando grupos em
36
detrimento de outros, por fim, o mercado consumidor não consegue ter acesso a equipamentos
e tecnologias de última geração com preços acessíveis, ficando então com uma defasagem
tecnológica que, por fim, em alguns casos, impacta o próprio setor produtivo que não
consegue competir com o mercado externo. Tome-se por exemplo, o setor automobilístico,
que produz basicamente para o mercado interno, oferecendo veículos de baixa qualidade e
apelo tecnológico, que não conseguem competir em outros mercados.
Com altos Impostos para Importação (II), o que transforma a economia local como a
única opção para a indústria, podemos indicar que existe um reflexo dessa política, pois a
Industria Brasileira não consegue se expandir para outros mercados, que por estarem mais
abertos possuem acesso facilitado a novas tecnologias, quando no Brasil, as indústrias não
enfrentam a concorrência de empresas estrangeiras de maneira direta, ficando então na
ociosidade e impedindo um movimento de renovação tecnológica, necessária para competir
em mercados globais.
Em uma pesquisa realizada pela rede internacional de auditorias UHY (2014), no qual
foram avaliadas 18 países e suas taxas de importação de produtos, versus o tamanho de suas
economias; constatou que as economias emergentes cobram impostos de importação que
equivalem a uma média de 0,81% do seu PIB, em comparação com uma média global de
0,47%. Os países que fazem parte do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) -
EUA, Canadá e México - arrecadam, em média, um montante equivalente a 0,2% do seu PIB
em receitas aduaneiras. Dessa forma, fica claro o entendimento que as economias emergentes
precisam abrir suas fronteiras para que concorrentes globais possam competir com empresas
locais, permitindo assim a livre concorrência e como resultado esperado, um aumento na
qualidade dos serviços oferecidos e nas tecnologias empregadas na produção, permitindo
também que os mais eficientes possam oferecer seus produtos em mercados externos.
Quando analisamos os subsídios e renúncias federais, podemos avaliar uma gama de
programas que são lançados e renovados com frequência, entretanto, vale analisarmos
algumas leis que visam melhorar a competitividade das indústrias na área tecnológica, veja
abaixo a tabela 2 que apresenta as renúncias fiscais do Governo Federal, em especial a análise
para a Lei da Informática e Lei do Bem.
37
Tabela 1 - Renúncias fiscais do governo federal
Fonte: Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB).
Disponível em: <http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/9252.html> Acesso em: 31 out. 2015.
O governo federal anunciou no mês de Setembro de 2015, que os benefícios
oferecidos pela Lei do Bem estão suspensos para o exercício de 2016. De acordo com a
ANPROTEC, isso gerou um impacto direto em mais de 1.150 empresas, que utilizam o único
incentivo fiscal federal voltado a inovação de acesso auto declaratório, pouco burocrático,
multisetorial (ao contrário da Lei da Informática), de cobertura nacional e que possui um
controle eficiente de prestação de contas para o MCTI, MDIC e Receita Federal. Conforme a
ANPEI, os recursos da Lei do Bem estão vinculados em média a 50,8% dos projetos de P&D
das empresas que utilizam o benefício e suporta em média 52% dos pesquisadores das
empresas beneficiadas. Esse incentivo em especial foi um dos principais viabilizadores
econômicos para a implantação de 15 novos centros empresariais de P&D de grande porte nos
últimos 4 anos no Brasil e foi relevante para a produção de no mínimo 20.000 novos produtos
ou aperfeiçoamentos tecnológicos de processos para a sociedade e para a economia brasileira.
38
A lei de informática é um incentivo antigo, presente a mais de 30 anos, e que vem
sofrendo alterações graduais nos últimos anos. Sua elaboração inicial surgiu na década de 80,
com a reserva de mercado, instituída pela lei nº 7.232 de 1984, que proibia a produção e
importação de microcomputadores produzidos por empresas estrangeiras no Brasil, o objetivo
principal do governo era permitir uma vantagem de mercado às empresas brasileiras no
cenário tecnológico, já que empresas estrangeiras, principalmente Norte Americanas, já
estavam bem desenvolvidas nessa área. Essa estratégia mostrou-se um grande erro, pois não
houve desenvolvimento e sim um atraso de pelo menos 5 anos em qualquer item de
informática comercializado no Brasil frente aos importados, soma-se a isso o aumento do
contrabando de equipamentos de informática. Esse bloqueio só foi revogado em 1991, pelo
então presidente Fernando Collor de Melo, que instituiu a Lei nº 8.248/91 em substituição à
anterior citada acima, que tinha como foco incentivar empresas no Brasil, incluindo
multinacionais, a investir uma porcentagem de seu faturamento em pesquisa e
desenvolvimento, tendo como contrapartida, que as empresas atendessem ao PPB (Processo
Produtivo Básico), o que em outras palavras, forçava as empresas a executar parte da
produção dos bens de informática no Brasil.
A existência da Lei da Informática não se mostra eficaz no estímulo à pesquisa e
desenvolvimento nas empresas, pois não conseguiu apresentar casos de sucesso em que a
empresa utilizadora do benefício lançou ou desenvolveu um produto\tecnologia e conseguiu
competir globalmente. Por outro lado, a lei do Bem apresenta resultados positivos, porém
modestos, com um impacto médio entre 7% a 11% de aumento no nível de investimento em
P&D interno às empresas, de acordo com o estudo elaborado em 2012 pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID). Todavia, existe a percepção de risco em utilizar
esse benefício, que está ligada a interpretação do que a lei cobre e o que pode ser solicitado,
uma vez que a empresa pode ter uma interpretação que não siga o enquadramento legal,
mesmo a aprovação por parte do MCTI não garante que um fiscal da Receita Federal tenha
uma interpretação diferente que leve inclusive a aplicação de uma multa. Devido a essa
insegurança sobre o que pode ser entendido ou classificado como P&D, a utilização dos
benefícios não é utilizada em sua totalidade.
Para concluir, os pesquisadores da empresa UHY concluíram que políticas
protecionistas implementadas pelas economias emergentes para salvaguardar os interesses dos
seus produtores nacionais continuam a afetar negativamente os consumidores que pagam
preços artificialmente elevados sobre bens importados. "Isso também pode suprimir a
competitividade dos fabricantes nacionais isolando-os de mercados globais", comenta Diego
39
Moreira, diretor executivo da UHY Moreira. "Economias emergentes interessadas em
competir no cenário global precisam refletir se as políticas protecionistas são realmente a
melhor maneira de desenvolver o seu potencial, pois acabam sufocando a inovação e
eficiência dos setores produtivos locais", completa.
2.4.2. Ambientes de Inovação
O Brasil é um país de grandes proporções, sua base cultural é extensa e o contraste
entre regiões, como Sul e Norte, são enormes. Quando se discute Inovação, fica claro que
ainda precisamos amadurecer as políticas criadas até o momento. Todavia, o Brasil tem
trabalhado para evoluir e não está na retaguarda dos países da América Latina.
Desde a década de 90, foram criados programas e políticas que visam o
desenvolvimento industrial e tecnológico, como foi feito em 2004, juntamente com a criação
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial e com as Leis de Inovação e do Bem, esta última, sofreu um duro
golpe em Setembro de 2015, quando o governo federal suspendeu os efeitos da Lei do Bem
para o exercício 2016, gerando dúvidas sobre a continuidade do benefício e das políticas de
incentivo à inovação.
No Brasil ainda é comum a associação entre inovação e alta tecnologia, indicada por
muitas empresas, como foco de seus esforços e investimentos. Nos países estudados nesse
trabalho, fica clara a diferenciação dos assuntos e as estratégias empregadas.
Quando analisado o assunto de responsabilidades, coordenação das ações e agências
públicas, podemos verificar que existem sobreposições entre programas criados por
Ministérios, Institutos e Bancos Públicos, como o BNDES. Não existe um plano estratégico
conjunto e focado em algumas áreas de potencial no Brasil.
O Plano Brasil Maior é um programa do governo federal que estabelece a política
industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior para o período de 2011 a 2014.
Organiza-se em ações sistêmicas e setoriais. As sistêmicas são voltadas para a eliminação de
gargalos e o aumento da eficiência produtiva da economia como um todo. As ações setoriais,
definidas a partir de características, desafios e oportunidades dos principais setores
produtivos, estão organizadas em cinco blocos que ordenam a formulação e implementação de
programas e projetos, destacam-se:
• Desoneração dos investimentos e das exportações;
• Ampliação e simplificação do financiamento ao investimento e às exportações;
• Aumento de recursos para inovação;
40
• Aperfeiçoamento do marco regulatório da inovação;
• Estímulos ao crescimento de micro e pequenos negócios;
• Fortalecimento da defesa comercial;
• Criação de regimes especiais para agregação de valor e de tecnologia nas cadeias
produtivas; e
• Regulamentação da lei de compras governamentais para estimular a produção e a
inovação no país.
Fica a impressão de curto prazo empregada pelo governo federal, apesar da intenção
em avançar, falta maturidade política para projetar, coordenar e executar os esforços de longo
prazo. Nos últimos anos, houveram esforços similares, como a Política Industrial,
Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE (2003-2007) e a Política de Desenvolvimento
Produtivo - PDP (2008-2010). O Plano Brasil Maior segue a mesma receita e tem o período
de 2011 a 2014, gerido principalmente pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), que possui dezenove Agendas Estratégicas Setoriais (AES), veja
abaixo a lista:
Automotivo;
Petróleo, Gás e Naval;
Bens de Capital;
TIC e Complexo Eletroeletrônico;
Complexo da Saúde;
Defesa, Aeronáutico e Espacial;
Celulose e Papel;
Energias Renováveis;
Indústria da Mineração;
Metalurgia;
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos - HPPC;
Indústria Química;
Construção Civil;
Couro, Calçados, Têxtil e Confecções, Gemas e Jóias;
Móveis;
Agroindústria;
Comércio;
Serviços;
41
Serviços Logísticos.
Ainda podemos adicionar o lançamento do Programa “Inova Empresa”, voltado ao
fomento da inovação e funding; esse programa inclui Inova Petro e Inova Energia (BNDES /
FINEP / Fundos Setoriais), que têm impacto direto em TIC: microeletrônica, fotovoltaicos,
software, automação industrial, equipamentos/ sistemas para smart-grid, etc. Estruturação dos
Fundos de Investimentos Criatec II e III para capital semente (BNDES). Houve ainda
estruturação do Fundo de Investimento de TIC (BNDES), aperfeiçoamento das linhas de
apoio à inovação do BNDES via PSI (Programa de Sustentação do Investimento).
Lançamento do edital de subvenção econômica da FINEP para TIC.
Veja abaixo a tabela com as Metas do Brasil Maior:
Tabela 2 - Metas do Programa Brasil Maior
Descrição da Meta Posição Base Meta (2014)
1. Ampliar o investimento fixo em % do PIB 18,4% (2010) 22,4%
2. Elevar dispêndio empresarial em P&D em % do PIB
(meta compartilhada com Estratégia Nacional de Ciência
e Tecnologia e Inovação – ENCTI)
0,59% (2010) 0,90%
3. Aumentar a qualificação de RH: % dos trabalhadores
da indústria com pelo menos nível médio 53,7% (2010) 65,0%
4. Ampliar valor agregado nacional: aumentar Valor da
Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção
(VTI/VBP)
44,3% (2009) 45,3%
5. Elevar % da indústria intensiva em conhecimento:
VTI da indústria de alta e média-alta tecnologia/VTI
total da indústria
30,1% (2009) 31,5%
6. Fortalecer as MPMEs: aumentar em 50% o número de
MPMEs inovadoras 37,1 mil (2008) 58,0 mil
7. Produzir de forma mais limpa: diminuir o consumo de
energia por unidade de PIB industrial (consumo de
energia em tonelada equivalente de petróleo – tep por
unidade de PIB industrial)
150,7 tep/
R$ milhão (2010) 137,0 tep/R$ milhão
8. Diversificar as exportações brasileiras, ampliando
a participação do país no comércio internacional 1,36% (2010) 1,60%
9. Elevar participação nacional nos mercados de
tecnologias, bens e serviços para energias: aumentar
Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da
Produção (VTI/VBP) dos setores ligados à energia
64,0% (2009) 66,0%
42
10. Ampliar acesso a bens e serviços para qualidade de
vida: ampliar o número de domicílios urbanos com
acesso à banda larga (meta PNBL)
13,8 milhões
de domicílios (2010)
40,0 milhões de
domicílios
Fonte: Disponível em: < http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/conteudo/155 >. Acesso em:
2 nov. 2015.
Vale ressaltar também que o Brasil possui um emaranhado fiscal, que consome um
tempo valioso das empresas e acaba gerando uma insegurança muito grande se estão ou não
atuando dentro da Lei tributária. Os impostos tratam as empresas de forma diferenciada,
setores são priorizados em detrimentos de outros, sem uma justificativa clara, dessa forma,
podemos traçar um paralelo com a iniciativa de novos empreendedores aceitarem e se
motivarem a entrar nesse sistema cada vez mais complexo e intervencionista do governo.
Em todos os países estudados nesse trabalho, os projetos selecionados para funding
federal são avaliados e medidos por indicadores internacionais, que além de permitir uma
aplicação dos resultados dos projetos em escala global, evitam que grupos nacionais recebam
investimento sob forma de apoio político. Outro paradoxo que precisa ser mudado no
contexto brasileiro, é a relação Universidade e Empresa, ainda existe um vasto espaço para
desenvolvimento dessa área que é peça chave em uma economia baseada no conhecimento e
que deseja ser reconhecida como tal. Os pesquisadores das universidades ainda preferem atuar
em pesquisas básicas, sem foco voltado para problemas de demanda de mercados, que
resultariam em novos empreendimentos. Outro fator a ser ressaltado é o sistema de
financiamento à pesquisa por via competitiva, isso já é aplicado pela FAPESP e FINEP, e
apresenta uma evolução no cenário de investimento público. Para concluir, considera-se
importante o intercâmbio de pesquisadores e estudantes de outros países para
desenvolvimento de pesquisa no Brasil, isso enriquece os conhecimentos das universidades e
o intercâmbio abrem portas para estudantes brasileiros realizarem extensões em outros países,
que por sua vez, permite a experimentação prática de como as coisas funcionam em uma
cultura diferente, trazendo reflexões sobre a realidade do Brasil e insights sobre possibilidades
de novos empreendimentos inovadores.
Quando analisamos a quantidade de patentes depositadas no INPI (Instituto Nacional
de Propriedade Intelectual), podemos constatar um aumento considerável no depósito de
Patente de invenção. De acordo com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual
(WIPO) em 2013 o Brasil possuía em torno de 41.453 ativas, um número ainda muito baixo
quando comparados com os EUA que possuem em torno de 2.2 milhões, veja no gráfico 3
abaixo e evolução das patentes brasileiras:
43
Gráfico 3 - Volume de Patentes no Brasil
Fonte: Disponível em: < http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/350944/Brasil_Pedidos_de_patentes_depo
sitados_no_Instituto_Nacional_da_Propriedade_Industrial_INPI_segundo_tipos_de_pate
ntes_2000_2013.html >. Acesso em: 2 nov. 2015.
O Governo Federal tem desenvolvido programas de apoio ao desenvolvimento
tecnológico da área de TIC, como podemos constatar no programa TI MAIOR, lançado pelo
MCTI em 2012, com um montante de investimento aproximado em 500 milhões de reais
(2012 até 2015). O TI MAIOR está estruturado em cinco pilares: desenvolvimento
econômico e social, posicionamento internacional, inovação e empreendedorismo, produção
científica, tecnológica e inovação, e competitividade.
Podemos visualizar no gráfico 4 abaixo, que o Brasil tem aumentado ano após ano o
investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, no ano de 2013, usando como referência a base
2000, chegamos a marca de 1,32% do PIB, que em valores reais, é algo em torno de R$ 63
bilhões de reais. Traçando um paralelo com a Finlândia, que colocou o investimento em
Pesquisa e Desenvolvimento como estratégia do governo, o valor em 2010 foi de 4% do PIB
finlandês.
44
Gráfico 4 - Evolução do investimento em relação ao PIB
Fonte: Produto Interno Bruto: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas
Nacionais
Enfim, quando pensamos nos 6 elementos listados por CARLSON (2006), pode-se
refletir que talento empreendedor para o Brasil é algo que ainda precisa ser aprimorado e mais
incentivado. Temos hoje o SEBRAE como principal agente atuando nessa frente. Os demais
itens são realidade para algumas das grandes cidades brasileiras que possuem a iniciativa de
governos federal e estaduais no sentido de criar parques tecnológicos. Fazem isso com o
objetivo explícito de auxiliar na disseminação da cultura de inovação e implementação de
incubadoras e aceleradoras.
Entretanto, dentro os itens elencados por CARLSON, fica claro que o Brasil não
possui uma cultura disseminada para Venture Capital, de acordo com Pedro Melzer,
Managing Director na eBricks Ventures, empresa que atua na área de investimentos em
empresas inovadoras e com crescimento acelerado. Concorda que lançar produtos globais é
chave e isso faz com que os produtos concorram com outros mercados mais maduros, o que
permite o desenvolvimento de algo superior e de melhor qualidade. Melzer ressalta que a
participação do governo, seja por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e do FINEP em fundos de Venture Capital, muitas vezes engessa a
gestão das empresas, já que essas instituições públicas exigem a participação no comitê de
investimento, mas não possuem condições técnicas para isso, já que os modelos de negócio
não óbvios e inovadores exigem preparo específico.
Um estudo de 2013, conduzido pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB), em parceria com a Secretaria de
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação –
45
(SETEC/MCTI), identificou 94 iniciativas de parques tecnológicos no Brasil. Dentre esses,
em torno de 12 são realmente dedicadas à inovação. Para Sérgio Rezende, ex-Ministro da
Ciência, Tecnologia e Inovação (2005-2010), em um cluster, as empresas se juntam para
enfrentar e resolver problemas, por meio de pesquisa e desenvolvimento e de inovação. Ele
ressalta ainda que entre nossos parques tecnológicos, como são chamados, poucos são
clusters, a maioria é ocupada por empresas que usam tecnologia avançada, mas não inovam.
Isso talvez suscite a reflexão necessária de que o modelo de Parque Tecnológico é ainda
questionável como uma receita de sucesso para o florescimento e desenvolvimento da
inovação, a despeito do considerável investimento que vem tendo.
Como o levantamento se baseou em questionários respondidos pelos próprios gestores
dos parques, os dados obtidos pelo Ministério referem-se a 80 parques (já que não houve
sucesso no retorno de alguns desses questionários). Atualmente são 28 parques em operação,
28 em implantação e outros 24 em fase de projeto. O número de empresas instaladas chega a
939, e o de empregos gerados ultrapassa os 32 mil.
O estudo também apontou a importância do apoio financeiro governamental nas
diferentes fases de desenvolvimento deste empreendimento. Recursos federais, estaduais e
municipais são a principal fonte de financiamento de parques nas etapas de projeto e
implantação. Porém, uma vez viabilizados, eles passam a ter como fonte primária de recursos
os investimentos da iniciativa privada (cerca R$ 2,1 bilhões – 55%).
Podemos citar os principais pólos de desenvolvimento tecnológico no Brasil entre eles
o CERTI, localizado em Florianópolis (SC), CIATEC em Campinas (SP), TECNOPUC em
Porto Alegre (RS), San Pedro Valley em Belo Horizonte (MG) e o Porto Digital em Recife
(PE). Esse último, destacando-se pela sua cultura inovadora, influenciada pelo movimento
“Mangue Beat”, mostra-se tão forte que, em certos aspectos, chega a ser comparado ao Vale
do Silício.
O Porto Digital é o principal Parque Tecnológico em operação no Brasil, possuindo
em torno de 230 empresas com mais de 7 mil colaboradores, que juntas faturaram R$ 1 bilhão
em 2013. A meta para 2022 é ter em torno de 20 mil pessoas trabalhando no local.
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1. MÉTODO DE PESQUISA
A pesquisa realizada neste trabalho é do tipo qualitativo, pois parte de focos de
interesse amplos, que vão se definido à medida que o estudo se desenvolve. Caracteriza-se
pela obtenção de dados descritivos sob a ótica dos sujeitos, ou seja, dos participantes da
46
situação em estudo, por meio do contato direto do pesquisador com a situação estudada
(GODOY, 1995).
O procedimento escolhido para esse trabalho foi à pesquisa aplicada. Nesta pesquisa,
assim que o problema que reproduz os questionamentos, as incertezas e as possibilidades de
um contexto empresarial que dispara a necessidade de uma tomada de decisão são adotadas
alternativas e propostas para a solução. Portanto, configura-se como estudo exploratório.
Para a obtenção de resultados satisfatórios utilizando o método exploratório,
recomenda-se o uso de ferramentas para a coleta das informações, assim, diminui-se os riscos
da obtenção de dados incompletos ou mesmo inconsistentes e possibilita melhor
entendimento do caso por parte do pesquisador.
Este trabalho teve a preocupação em coletar dados através de instrumentos variados,
fazendo uso de análise de documentos, observação direta, observação participante e
entrevista.
3.2. UNIVERSO DA PESQUISA
Com base nas características levantadas em ecônomias desenvolvidas, o cenário e
contexto brasileiro foi analisado, com o objetivo de identificar as políticas públicas
direcionadas para área de Inovação. Por fim, a região de Sorocaba, Estado de São Paulo, foi
avaliada, visando identificar as políticas implementas até o término do ano 2014, juntamente
com algumas entrevistas realizadas com agentes relacionados ao ecossistema de inovação em
Sorocaba.
4. AMBIENTE DE INOVAÇÃO EM SOROCABA
4.1 PARQUE TECNOLÓGICO DE SOROCABA
A criação do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), pode ser considerada como a
principal tentativa da Prefeitura Municipal de Sorocaba (durante a gestão do então prefeito
Vitor Lippi) para posicionar Sorocaba como um polo de Inovação, a ser reconhecido como
uma cidade que hospeda empresas de tecnologia de ponta e, com isso, oferece empregos de
alta qualidade e de remuneração diferenciada. Enfim, que gera desenvolvimento. Essa
iniciativa – diga-se de passagem, que até o presente momento é consumidora de algo em torno
de 25 milhões de reais – é louvável porquanto apresenta semelhanças importantes com países
que vêm obtendo sucesso no desenvolvimento da inovação, alguns dos quais foram descritos
nesse trabalho, por exemplo, na Finlândia, onde foram criados Centros Estratégicos para
Ciência, Tecnologia e Inovação e no Reino Unido, onde se tem as Plataformas de Inovação.
47
Em Dezembro de 2013 o Parque Tecnológico de Sorocaba ganhou a primeira unidade
do Poupatempo da Inovação. O espaço está à disposição de empresas e empreendedores
interessados em agilizar o seu processo de inovação. No local são prestados serviços de
orientação para elaboração de projetos, propriedade intelectual, desenvolvimento de produtos,
apoio jurídico, captação de recursos e empreendedorismo. Essa iniciativa, que talvez seja
inédita no país, pretende alavancar o setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I),
influenciando na geração de empregos e no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de
Sorocaba.
4.2 REGIÃO METROPOLITANA DE SOROCABA
A prefeitura de Sorocaba possui entre as 10 principais diretrizes do governo, o assunto
Inovação, visando desenvolver e diversificar a economia, estimulando a inovação.
Com a criação da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), que concentra uma
população aproximada de 1,8 milhão de habitantes, com PIB de R$ 46 Bilhões (2011) e conta
com um Conselho de Desenvolvimento, composto pelos prefeitos dos municípios de
Alambari, Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva, Capela do Alto, Cerquilho,
Cesário Lange, Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz,
Salto, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tapiraí, Tatuí,
Tietê e Votorantim.
A região de Sorocaba possui entre suas principais atividades econômicas: indústrias de
máquinas, siderurgia e metalurgia pesada, indústria automobilística, autopeças, mecânicas,
indústrias têxteis, equipamentos agrícolas, químicas, petroquímicas farmacêuticas, papel e
celulose, produção de cimento, energia eólica, eletrônica, ferramentas, telecomunicações entre
outras, tornando-se assim uma cidade dinâmica e de boa situação econômica. É a 5ª cidade em
desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo e sua produção industrial chega a mais
de 120 países, atingindo um PIB de R$ 9,5 bilhões. As principais bases de sua economia são
os setores de indústria, comércio e serviços, com mais 22 mil empresas instaladas.
4.3 VISÃO DE AGENTES ENVOLVIDOS NO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO DE
SOROCABA
Conforme explicitado na Metodologia da Pesquisa, durante a análise do ecossistema
de inovação de Sorocaba, foram escolhidas, utilizando os critérios de julgamento por acesso e
relevância do conhecimento para a presente pesquisa, 4 pessoas que participam do
ecossistema de inovação existente em Sorocaba, com papeis relevantes. Dessa forma, foram
48
realizadas entrevistas unitárias, visando capturar o entendimento da percepção individual de
cada agente, no que tange o assunto inovação.
Na visão de Rodrigo Mendes, atual Diretor de Ciência, Tecnologia & Inovação da
Agência de Desenvolvimento e Inovação de Sorocaba – denominada como INOVA
Sorocaba. A INOVA Sorocaba foi criada em 2007 e é uma associação civil sem fins
lucrativos, com personalidade jurídica de direito privado, com autonomia administrativa e
financeira. Em 2012 foi qualificada como Organização Social, já que desenvolve atividades
não exclusivas do Poder Público no estímulo às atividades de pesquisa científica e
desenvolvimento tecnológico.
A Agência tem por principal objetivo articular parcerias e projetos inovadores para
o Parque Tecnológico de Sorocaba. Faz parte da atuação da Inova Sorocaba a gestão
da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Parque Científico e, assim, a criação
de novos editais, seleção e assessoria às novas empresas a serem incubadas. É também
responsável pela realização de eventos no escopo empreendedor – como workshops de
modelo de negócios e palestras – com o intuito de fomentar o empreendedorismo tecnológico
na região e entre os atores do Parque Tecnológico.
Para Mendes, existe uma falta de cultura inovadora na região, o que impede que as
ações de fomento, disponibilizadas pela esfera governamental, sejam utilizados a contento.
Ficou claro também a percepção de Mendes de que há uma falta de diálogo entre os agentes
envolvidos, por exemplo, universidades, alguns grupos de interesse em inovação que acabam
gerando atividades concorrentes ou mesmo não se falando para manter uma agenda única com
um objetivo em comum.
Entretanto, vale ressaltar que a INOVA Sorocaba, sediada no PTS, deve atuar como
articulador de parcerias entre os agentes de inovação existentes na região de Sorocaba. Para
tanto, Mendes afirmou que a Inova possui parcerias com SEBRAE, ANPROTEC, ANPEI e
algumas instituições fora do Brasil, como por exemplo a COVENTRY UNIVERSITY, que
possui um parque tecnológico na Inglaterra.
Para Odail Silveira responsável pelo IPEAS - Instituto de Pesquisas e Estudos
Avançados Sorocabano, que é uma instituição sem fins lucrativos e filantrópica, vinculado à
FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba, o ambiente de Inovação em Sorocaba
ainda está em formação. Segundo ele, a FACENS tem desempenhado um papel muito
importante na formação de mão de obra capacitada para atuar nas diversas áreas da
engenharia, o que permite o desenvolvimento de empresas locais, que absorvem mão de obra
qualificada.
49
A FACENS, em conjunto com o IPEAS, desenvolveu algumas ações que podem
contribuir com o ecossistema de inovação, por exemplo, criaram o projeto Smart Campus, que
permitiu o intercâmbio de conhecimento com o MIT (Massachusetts Institute of Technology).
O objetivo do Smart Campus é apoiar a formação de profissionais de engenharia para que
possam identificar oportunidades de mudanças dentro do conceito de cidades inteligentes,
com isso, os alunos podem prototipar projetos dentro do campus da FACENS. A instituição
criou o Fab LAB para impulsionar as atividades de alunos, professores e da comunidade, que
sentem a necessidade de inovar ou mesmo de prototipar uma idéia. Nessa área, dentro da
faculdade, há máquinas de corte a laser, fresamento de grandes e pequenos objetos, impressão
3D, corte de vinil adesivo, ferramentaria, acesso à internet e co-working.
Na opinião de Silveira, a prefeitura de Sorocaba poderia utilizar seu poder de compra
para incentivar as empresas inovadoras, ou mesmo startups encubadas no PTS, a resolver
problemas da administração pública. Esse arranjo permitiria o fluxo de dinheiro público para
tais empresas, gerando assim incentivos econômicos à inovação e novos negócios. Em
contrapartida, a prefeitura teria um grande diferencial em sua atuação, pois estaria oferecendo
serviços para a população de melhor qualidade e com menor custo. Isso poderia ser aplicado
tanto na área de tecnologia como na área de gestão pública, controladoria, gestão ambiental,
etc.
Silveira acredita que a educação é um elemento chave para a transformação de uma
economia regional e mudança da cultura, que atualmente é pouco inovadora e empreendedora.
Sem investimento e novos currículos escolares, continuaremos com o mesmo perfil de
estudante e cidadão que não se interessa por empreender ou buscar instituições de incentivo à
inovação para buscar soluções para seus problemas cotidianos.
Quando questionado sobre a comunicação e interação entre os agentes do ecossistema
de inovação de Sorocaba, Silveira indicou que na percepção dele, existem lacunas a serem
preenchidas, pois Sorocaba possui grandes Universidades, Indústrias de ponta, Centros de
Pesquisa, Mão de obra capacitada, Parque Tecnológico, Legislação da prefeitura para
incentivar a inovação, mas ainda carece de Empreendedores e Venture Capital para que as
“condições de temperatura e pressão” do ambiente estejam completas. Outro ponto importante
a ser considerado é a falta de uma entidade que faça a ligação entre os agentes, o PTS possui
essa atribuição, mas não é percebido pelos outros agentes com essa característica, já que
muitas pessoas em Sorocaba desconhecem a sua existência e atuação.
Para o Prof. Adjunto da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – Sorocaba,
Alexandre Álvaro, que desenvolveu sua experiência acadêmica em Recife, onde teve contato
50
direto com o CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) e o Porto Digital,
os quais são considerados grandes vetores de inovação no Brasil. A característica
empreendedora, visionária e diferenciada dos stakeholders envolvidos em Pernambuco foi
importantíssimo para que o CESAR pudesse ser criado e na sequência, o PORTO DIGITAL.
Álvaro indicou que o CESAR, está ligado até hoje ao Centro de Informática (CIN) da
Universidade Federal do Recife (UFPE) e com a criação do Porto Digital a mão de obra
qualificada ficou escassa em Recife. Com isso, se fez necessário articular com diversas
faculdades / universidades da região de Recife visando o fortalecimento das instituições e
aprimorar a formação dos alunos de graduação, mestrado e doutorado na área de computação
para atender a demanda latente do mercado de TI na área do Porto Digital. Isso por si só, é um
feito interessante, pois Universidades Privadas foram reunidas para atingir um objetivo em
comum, isso demonstra uma coordenação conjunta em função de um objetivo comum a ser
alcançado para a região, fator muito importante para ecossistemas de inovação, que exigem
colaboração entre as entidades envolvidas. Além disso, o Porto Digital foi articulado entre
stakeholders da iniciativa privada, público e governo. Um ponto importante é que a liderança
do Porto Digital é feita por empreendedores e empresários bem sucedidos e o governo atua
como suporte ao ecossistema.
Para Álvaro, a situação do ecossistema de inovação em Sorocaba ainda é pouco
madura, pois ainda carece de uma atuação mais sincronizada e com um plano de longo prazo.
A criação do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) foi uma ação de impacto, mas a
utilização do PTS como centro de catalisação das necessidades do ambiente de inovação, se
mostrou pouco efetiva. Atualmente, as principais universidades possuem salas no PTS, mas
não possuem uma interação para trabalharem em conjunto em seus projetos. Nesse ponto é
importante ressaltar que o PTS não possui uma estratégia de segmentação, pois atua em várias
frentes, sem ser especialista em uma. Com isso, dificulta o planejamento estratégico e as
ações direcionadas para buscar investidores de Venture Capital e empresas ancoras que
auxiliam no desenvolvimento do ecossistema. O Porto Digital por sua vez colocou como foco
a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), com esse posicionamento claro, conseguiu
direcionar investimentos de empresas interessadas em investir e estar presente na região que
possui mão de obra qualificada, tais como IBM, Oi, Qualcomm, Stefanini IT, TIVIT entre
outras. O PTS por sua vez, não definiu claramente sua estratégia, pois possui laboratórios de
universidades voltadas para Biologia, Fármacos, Mecânica, Novos Materiais, Automação,
Tecnologia da Informação e etc.
51
Algumas iniciativas de incentivo ao empreendedorismo foram lançadas por Álvaro,
como Clube Startup e Startup Weekend em Sorocaba, que agora está sendo liderada pelo time
do INOVA Sorocaba. No geral, Álvaro se mostrou muito ciente da realidade do ecossistema
de inovação existente em Sorocaba, visualizando vários elementos necessários para o
ecossistema de inovação, com exceção de Venture Capital e Cultura Empreendedora. Para
Álvaro, Sorocaba precisa de uma mudança radical nos líderes políticos atuais, para que as
políticas de incentivo à inovação façam parte da estratégia central do governo, permitindo
inclusive a continuidade das políticas após o término do mandato dos legisladores. Ele
acredita que a cultura empreendedora é muito importante para que haja um movimento de
criação de negócios inovadores e então movimente as ações do ecossistema.
Por fim, Alvaro acredita que um ecossistema deve ser liderado por empreendedores
com visão a curto, médio e longo prazo traçando estratégias e executando-as. Atualmente o
PTS é em sua totalidade orquestrada pelo poder público e/ou stakeholders com interesses
políticos, o que interfere radicalmente na efetividade de suas ações. Para Alvaro, se o PTS não
mudar suas lideranças políticas e estratégicas, o ecossistema levará muito tempo (até mais do
que o desejado) para ser realidade para Sorocaba, região e quiçá para o mundo.
Concluindo as entrevistas sobre ecossistemas de inovação, Christimara Garcia, CEO
da Inventta+BGI, fundou a primeira empresa brasileira especializada em incentivos fiscais à
inovação tecnológica, com sede em Belo Horizonte, cuja história se confunde com a dos
mecanismos de incentivos. Na percepção dela, os ciclos políticos influenciam as atividades de
pesquisa e desenvolvimento, visto que a cada novo mandato, as políticas sofrem alterações
que impactam de maneira crítica as atividades desenvolvidas pelas entidades envolvidas no
ecossistema. Na região de Belo Horizonte, a incubadora de startups Seed, perdeu todo apoio
do atual governo, o que fez com que um ciclo de desenvolvimento fosse interrompido. Na
visão dela, existe uma falta de cultura inovadora, o Brasileiro possui uma certa aversão ao
risco, o que desmotiva ações de empreender com dinheiro próprio, acaba buscando fontes
públicas para diminuir ou compartilhar o risco.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1. REFLEXÕES SOBRE O ESTUDO
No contexto dos países analisados, é nítida a percepção que Inovação não é só
Tecnologia. Tome-se por exemplo o Reino Unido, que procura desenvolver métricas para
mensurar as inovações na área de serviços. Há também o caso do Japão, que procura
52
desenvolver produtos ou processos para uma população que está cada vez mais dependente do
sistema previdenciário.
A idéia de que os investimentos, privados ou públicos, geram inovação de uma
maneira natural, pode ser questionado quando se analisa casos em que a Inovação puxa os
investimentos, como os exemplos dados no ambiente do Vale do Silício, que produz um
grande número de inovações e atrai cada vez mais fundos de Venture Capital, entretanto, seu
foco atual está em serviços oferecidos na internet, ao invés de desenvolvimento de tecnologia
para aumentar a competividade da indústria norte americana, o que por sua vez, reteria os
empregos locais de qualificação média.
O conceito de que a inovação é um fator preponderante na criação de novos
conhecimentos é muito forte em todos os países pesquisados nesse trabalho. O
posicionamento estratégico para colocar a inovação na pauta principal das ações de governo
não deixa dúvidas de que tais países consideram o assunto como de extrema importância, vide
o exemplo do Japão que definiu um plano de 25 anos para investir altas somas de dinheiro
público em programas de P&D. Sob o contraste dos investimentos dos países estudados, que
investem altas somas de dinheiro, deve-se evitar o paradoxo Sueco, que também investe alto
em P&D, mas não consegue colher os resultados com novos produtos ou tecnologias
inovadoras. Isso pode ser o resultado de uma economia fortemente baseada em Serviços
Financeiros, onde a percepção de inovação é muito difícil de ser mensurada e até mesmo
patenteada, cenário no qual o Reino Unido encontra-se, em alguns aspectos, pois ainda possui
uma base industrial.
Nos estudos realizados, nota-se a presença do Estado como principal agente
responsável por regular, financiar e estimular a inovação de maior risco. Vejamos o exemplo
dos EUA que direciona verbas para pesquisa e incentivam com projetos inovadores, por
outras agências de pesquisa, como por exemplo a NASA - Agência Nacional de Estudos
Espaciais. Em outras palavras, o governo acaba assumindo o risco dos projetos, mas transfere
a execução para outra organização encarregada de realizar os estudos. Por outro lado, na
ocasião de sucesso, permite-se que a patente seja de propriedade do criador, mesmo tendo
sido financiada com dinheiro público em sua grande parte, isso é possível após o Bayh-Dole-
Act.
Podemos destacar também a estratégia do governo Canadense, em desenvolver
políticas que viabilizam a montagem e preparação de laboratório com equipamentos de última
geração, visando a execução de pesquisas e a permanência de pesquisadores no país. Existem
políticas específicas para reter os melhores talentos e mesmo trazer novos pesquisadores de
53
outros países. Por outro lado, o país enfrenta ainda desafios em desenvolver inovações e
conseguir um ambiente favorável à execução de projetos financiados por fundos de Venture
Capital, apenas o governo disponibilizou 400 milhões de dólares em 2014 através do Venture
Capital Action Plan. Pesa o fato de que ainda sofrem pela proximidade com os EUA, pois
acabam perdendo seus talentos mais jovens, já que o ambiente nos EUA é mais propicio para
financiamento de Startups com fundos de Venture Capital.
A área de Educação possui um peso muito forte em todos os países analisados.
Investimento em uma educação de qualidade, desde a base até a universidade, tem
apresentado resultados positivos. Alguns países como Coréia do Sul, que emergiu na década
de 90 para uma nova realidade, muito mais desenvolvida e moderna, após investir fortemente
em educação, hoje possui uma classificação muita alta, dentro das 5 melhores do mundo em
Matemática, Leitura e Ciências. Uma característica interessante é a dominância de países
asiáticos no ranking do PISA (Programme for International Student Assessment).
Ainda na área de Educação, o programa Coreano baseia-se na preparação dos
estudantes para passar em testes seletivos para Universidades. Existe uma grande pressão dos
pais para que os filhos sejam aprovados nas melhores universidades. Um detalhe interessante
é a forma como os Coreanos tem atuado nessa área, eles focaram na educação criativa e
digital, atualmente as crianças utilizam livros digitais em computadores, o que na visão deles,
permite que o conteúdo seja atrativo e constantemente atualizado. Em complemento a essa
iniciativa, foi criado um sistema intitulado de Cyber Home Learning algo como Aprendizado
Cibernético em Casa, que estende a escola até a casa do aluno, permitindo assim a
continuação dos estudos e ao mesmo tempo reduz a necessidade dos pais em executar em
conjunto as tarefas da escola com os filhos. Isso demonstra que mesmo na área de educação,
há espaço para inovar e trabalhar a base mais importante para um país que deseja se
desenvolver e inovar, baseado em uma sociedade do conhecimento.
No estudo dos países citados nesse trabalho, podemos constatar o esforço para que as
pequenas e médias empresas participem do ecossistema. Isso é importante pois sua
participação aumenta exponencialmente a geração de empregos e oxigena a economia, já que
novas empresas é um sinal que os empreendedores estão arriscando mais e iniciando negócios
que vão movimentar a economia de suas cidades.
Outro fator muito presente em todos os países, é a celebração de um pacto ou
programa de longo prazo, para alcançar os resultados, podemos ver isso no Japão, Canadá e
na Irlanda, que estabeleceu um pacto social em 1987, o que é considerado peça chave para o
54
desenvolvimento econômico vivenciando nos últimos 20 anos. Em resumo, todos os países
estudados consideram a Inovação como motor para o crescimento econômico.
Importante reforçar a posição do Estado como principal agente fomentador e
viabilizador de políticas públicas que permitam o desenvolvimento do ambiente inovador em
uma economia. Isso se dá em um contexto de planejamento de longo prazo, focando nas
aspirações locais e baseada nos recursos existentes no país, como por exemplo no Brasil, o
setor da Agroindústria.
Deve-se observar que a criação de um programa de longo prazo, exige um
investimento constante e um monitoramento rigoroso, com métricas e observadores
internacionais para garantir isonomia em análises setoriais e discussões sobre melhores
práticas de gestão.
Em resumo, destacam-se os seguintes pontos:
a) Forte presença do Estado, na definição de políticas públicas para programas de
incentivo à inovação tecnológica;
b) Planos de Longo Prazo com apoio da sociedade;
c) Educação básica, fundamental e ensino médio devem ser trabalhados com especial
atenção, permitindo que tenham contato com inovações e possam criar soluções para
problemas locais da comunidade;
d) Existência de fundos de Venture Capital para investir em projetos de alto risco em
parceria com o poder público;
e) Financiamento público através de sistema licitatório, permitindo isonomia nas
decisões e com viés para soluções globais ao invés de soluções regionais;
f) Legislação apropriada para incentivar os novos empreendimentos;
g) Segurança Jurídica para desenvolver e comercializar produtos inovadores, evitando
quebras de patentes e direito de uso\exploração de tecnologia;
h) Utilização do poder de compra do Estado para incentivar inovações disruptivas;
i) Cultura local para criar novas empresas.
5.2. SUGESTÕES PARA APRIMORAR O POTENCIAL ECOSSISTEMA DE
SOROCABA
Observando a região de Sorocaba, podemos concluir que a cultura local não apresenta
características empreendedoras e inovadoras, mesmo com a criação do PTS, atuação de
movimentos como Startup Weekend, Fab Lab da Facens entre outras iniciativas, ainda
apresentam baixa aderência na economia local do município. Como estratégia para melhorar
esse ambiente atual, sugere-se:
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a) Uma atuação muito forte do meio político, para fomentar iniciativas nas áreas de
Educação, com foco em empreendedorismo, ciências, tecnologia, biologia, negócios,
internet, artes, música e quantos outros forem possíveis, para que as crianças possam
experimentar diversas realidades e assim dar base para uma nova geração que vai estar
muito mais preparada para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais conectado.
b) Deve-se também atentar para o incentivo à cultura de integração entre os agentes
envolvidos no ecossistema, criando uma base de confiança mútua e permitindo assim que
novos negócios possam ser discutidos e analisados por grupos locais, regionais e quando
possível, com apresentações a estrangeiros, visando sempre a possibilidade de atender a
mercados globais. Essa estratégia, além de gerar novos negócios, acabaria por incentivar
empresas médias locais a atuar na produção e confecção desses produtos, mantendo assim
o ecossistema ativo e integrado.
c) Somando-se ás ações indicadas acima, acreditamos que planos de longo prazo
apresentam resultados mais consistentes, pois investidores avaliam os programas públicos
e conseguem realizar investimentos graduais quando entendem que há segurança jurídica
e possibilidade de ganhos reais, mesmo quando o investimento é classificado como de alto
risco, como no caso de Startups.
d) Por fim, fica claro que o posicionamento e engajamento das esferas governamentais é
importante para que as políticas sejam criadas e implementadas, mas não podemos
esquecer que a educação é um pilar crítico nesse ecossistema, as crianças devem ser
incentivadas a experimentar novos conhecimentos, para que sejam cidadãos críticos e
conscientes da realidade em que estão inseridas e que por sua vez possam atuar para uma
mudança real da situação em que vivem. A tecnologia por si só não fará essa revolução,
temos que focar na renovação dos conceitos e dos métodos educacionais, assim como a
Coréia do Sul e Singapura tiveram a coragem de executar e estão colhendo resultados
visíveis em melhora da economia e estado de bem estar social.
As mudanças nestes projetos podem ser obtidas através de processos que possibilitem
um grupo de pessoas a reconhecer as causas sistêmicas dos problemas atuais e como gerar
inovações para resolvê-los. Nesse processo, para o líder auxiliar seus liderados, deve ser
capaz de perceber que não tem toda a informação necessária e, portanto, deve dar ênfase no
ouvir.
No ecossistema de Sorocaba, os líderes empresariais e gestores públicos precisam
deixar o julgamento critico de lado e abrir caminho para as novas idéias de gestão, permitindo
que os fluxos de iniciativas sejam mantidos e apoiar com clareza os programas de mudança na
56
base educacional do município, pois esse é o ponto em que a gestão municipal pode atuar. No
contexto atual, os jovens estão expostos a um mundo digital, totalmente conectado e
dinâmico, dessa forma, a metodologia aplicada hoje nas escolas precisa ser revista e alterada,
veja o exemplo da Coreia do Sul que utiliza livros eletrônicos e muitas ferramentas digitais
para que os jovens tenham sua atenção direcionada para o conteúdo e realmente possam
aprender de uma maneira inovadora. Isso por si só, já faria uma grande diferença no contexto
atual e poderia gerar uma onda de novas mentes, voltadas para empreender novas idéias e usar
assim a estrutura atual do ecossistema de inovação de Sorocaba.
Para desenvolver o ecossistema de inovação de Sorocaba, seria de grande valia a
formação de um grupo de ação focado em resolver as principais causas de inatividade de
algumas instituições, gerando assim um compromisso mútuo em atingir os objetivos de elevar
o ecossistema de inovação de Sorocaba a níveis de reconhecimento regional, estadual,
nacional e depois global. Não existe desafio impossível para um grupo de pessoas que
realmente queiram fazer a diferença em uma jornada como essa, a qual iria trazer benefícios
mútuos e de grande impacto na sociedade e vida de muitas pessoas.
Para concluir, acredito que em Sorocaba faltam líderes que possam puxar essas
atividades e ações, permitindo assim que o ecossistema seja movimentado.
Trazendo ao contexto de Sorocaba, podemos aplicar o pensamento sistêmico para
analisar o ecossistema atual e traçar metas para desenvolve-lo ao ponto em que torne-se
autossuficiente. Em resumo, precisamos do envolvimento de todos os agentes do ecossistema,
tanto na esfera municipal, empresarial, educacional e demais entidades que desejam fazer
parte desse ecossistema, vale elencar os seguintes pontos críticos:
Visão de futuro clara e definida com a estratégia de execução e monitoramento
constante;
Assegurar que a visão dos objetivos futuros é a mesma da comunidade que por
fim será a grande beneficiada;
Planejamento de longo prazo e definições de orçamento para todas as
principais atividades;
Revolução do sistema educacional municipal e posteriormente estadual,
permitindo o contato com novas técnicas pedagógicas, que permitiam aos
estudantes o contato com novas tecnologias e mudem a forma de pensar.
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Veja abaixo a matriz que apresenta os atores relevantes no cenário da Inovação
Tecnológica existentes em Sorocaba, juntamente na sequência uma tabela que apresenta além
dos Atores, suas funções, desafios, entradas e saídas para que o ecossistema de Sorocaba
funcione a contento:
Gráfico 5 - Ecossistema de Inovação em Sorocaba
Fonte: Autor, 2015
Tabela 3- Matriz Ecossistema Sorocaba - Sugerido
Atores Função Desafios Entrada Saída
Empreendedor -Usuário do
Ecossistema
-Superar Burocracia
-Sistema Tributário
-Falta de Iniciativa
-Sistema de Patentes
-Novas Idéias
-Dedicação Total
-Produtos e Serviços
Inovadores
-Geração de Renda
INOVA Sorocaba
-Orientar interessados
em iniciar um
empreendimento
-Gestão Incubadora
-Obter fundos para
executar atividades
-Superar política de
curto prazo
-Conhecimento do
ecossistema
-Fonte de fomento
-Rede contatos
-Plano de
Trabalho\Negócio
-Apoio institucional
EMPTS
-Gestão Espaço
Público direcionado
para Inovação
-Obter fundos para
executar atividades e
expansões físicas
-Conflito de atividades
com INOVA Sorocaba
-Espaço Físico
-Licitações
-Aluguel dos Eventos
-Manutenção do
Espaço físico
-Adequações
estruturais para receber
novos laboratórios e
empresas
Empresas
-Fonte de restrições
físicas e tecnológicas,
demandas de novos
-Sistema Tributário de
Incentivo Complexo
-Insegurança Jurídica
-Ambiente para
desenvolver soluções
-Conhecimento prático
-Validação dos
resultados esperados
com os novos projetos
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projetos -Falta de recursos -Comercialização
Prefeitura – Poder
Público
Estado
-Definir políticas de
fomento e apoio a
inovação
-Programa de Longo
Prazo
-Ciclos políticos curtos
-Superar visão regional
-Definir fontes de
recursos
-Elabora Leis e
Regulamentações
-Criação de Fundos de
Incentivo
-Planejamento de
Longo Prazo
-Execução do
Programa de Incentivo
a Inovação (Longo
Prazo)
Universidades
-Apoio a pesquisa
básica e aplicada
-Formar mão de obra
especializada
-Disponibilizar
Laboratórios e
Pesquisadores
-Superar ambiente de
baixa colaboração entre
os atores
-Superar visão regional
-Competir globalmente
-Oferece Laboratórios,
Pesquisadores e
Conhecimento
-Mão de obra
especializada
-Bolsas de Estudo
-Participação em
novos projetos
-Investimentos em
novos equipamentos
para laboratórios
-Reconhecimento
Venture Capital
-Dinheiro para
empreendimentos de
alto risco
-Conhecimento do
ambiente de negócios
-Obter dinheiro a baixo
custo
-Converter investimento
em resultado positivo
-Dinheiro
-Conhecimento
-Sociedade
-Rentabilidade na
venda da empresa ou
parte dela (cotas)
SEBRAE -Apoio a possíveis
empreendedores
-Superar falta de
conhecimento prático
-Obter fontes de
recursos para
investimento
-Conhecimento teórico
do negócio
-Consultoria
-Reconhecimento
PIPE Fapesp
-Fundo de Incentivo
para pesquisa
científica e tecnológica
-Selecionar projetos
inovadores e que tragam
resultados econômicos
-Obter recursos para
financiamento dos
projetos
-Dinheiro subsidiado
-Rede pesquisadores
-Desenvolvimento
Sócio Econômico
-Reconhecimento
-Novas empresas e
Produtos
ICTs
FIT
CESAR
-Auxiliar na execução
das pesquisas
-Possuir laboratórios
de última geração e
mão de obra
qualificada para
execução de projetos
-Entraves burocráticos
-Visão integradora
-Cultura de Colaboração
-Recursos para equipar
os laboratórios
-Contratar e Reter
Pesquisadores
-Mão de obra
Especializada
-Infraestrutura de
ponta para execução de
pesquisas
-Consultoria
-Treinamento
-Geração de Artigos
Científicos
-Novas Patentes
(coautoria)
-Renovação de
equipamentos nos
laboratórios
-Reconhecimento
Fonte: Autor, 2015
Para que todos os atores possam interagir corretamente, sugere-se como resultado
dessa pesquisa, a existência de uma entidade ou mesmo de algumas pessoas que possuam
reconhecimento regional, tanto na área de negócios, como política, para que assim possam
realizar as conexões corretas entre os atores. Essa pessoa ou entidade deve desempenhar as
seguintes ações:
a) Destravar negociações entre parceiros;
b) Abrir portas em empresas que possam colaborar com as Startups, ICTs,
Universidades e empresas;
c) Vislumbrar oportunidade de negócios entre empresas incubadas com empresas já
estabelecidas;
d) Fluxo livre no meio político;
e) Trazer investidores estrangeiros para as Startups locais;
f) Fiscalizar o plano de longo prazo voltado para o incentivo a Inovação Tecnológica;
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Para concluir, é importante ter em mente que um ecossistema de inovação não precisa
de produtos mundialmente reconhecidos em plataformas da internet, como Uber, Facebook,
Google, temos sim que focar na sustentabilidade da produção e no crescimento do emprego
para assegurar uma expansão econômica, e isso passa pela área industrial e complementa-se
pela área de serviços. As mudanças precisam ser iniciadas para que as pesquisas universitárias
ou realizadas em institutos de pesquisa privados, possam ultrapassar as barreiras acadêmicas e
seguir para o mercado, permitindo assim que inovações sejam comercializadas e que a
economia local seja realmente beneficiada.
Com base nos dados e informações desse trabalho, recomenda-se a continuidade do
estudo focado nas atividades em execução na região de Sorocaba, visando a execução de
politicas que possam trazer mais desenvolvimento econômico e social.
60
6. REFERÊNCIAS
LIVRO
ROBINSON, Ken. O elemento chave: Descubra onde a paixão se encontra com seu
talento e maximize seu potencial / Ken Robinson; [colaboração de Lou Aronica; tradução
Evelyn Kay Massaro]. – Rio de Janeiro: Ediouro, 2010. 263 p.
KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI / - Leandro
Karnal...[et al.]. 3.ed., 1ª reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2013. 282 p.
GIAMBIAGI, Fabio & VILLELA, André. Economia brasileira contemporânea / Fábio
Giambiagi...[et al.]. 7ª reimpressão. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 425 p.
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo. Editora Martin
Claret: 2002, 223 p
HWANG, Victor W. e HOROWITT, Greg. Max. The Rainforest: The Secret to Building
the Next Silicon Valley. Los Altos Hills, California, USA: Regenwald, 2012. 304 p.
Carlson, Curtis; Wilmot, William. Innovation: The Five Disciplines for Creating What
Customers Want. 2006, 368p
DISSERTAÇÕES/TESES
STUBER, Edgard Charles. Inovação pelo Design: Uma proposta para o processo de
inovação através de workshops utilizando o design thinking e o design estratégico. 2012.
203 f. Dissertação (Mestre em Design) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos –
UNISINOS, Porto Alegre, 2012.
TRABALHO APRESENTADO EM EVENTO
STEINBECK, Reinhold. In: Governo do Estado de São Paulo – InovaDay. 27 Set 2013,
São Paulo. Título: “A Universidade de Stanford e seu papel no ecossistema de inovação
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ARTIGO DE PERIÓDICO
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no. 2 (March–April 1990): 73–93.
Estudo de Projetos de Alta Complexidade: indicadores de parques tecnológicos / Centro
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– Brasilia: CDT/UnB, 2013.
INOVAÇÃO: Estratégia de sete países / organizadores Glauco Arbix...[et al]. Brasília-DF:
ABDI, 2010. 342p.: il – (Cadernos da indústria ABDI, XV)
HAFFNER, Jacqueline Angélica e OLIVEIRA, Ariane Bayer de. Inovação Tecnológica e
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61
LEIS, DECRETOS, PORTARIAS
Brasil. (2005) LEI Nº 11.196, de 21/11/ 2005. Acesso dezembro 2011. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm
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31 out 2015
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