SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
UNIDADE DIDÁTICA
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE: Ronaldo Ferreira de Camargo
Área PDE: Fundamentos Teóricos Metodológicos da Educação Física
NRE: Ibaiti-Pr.
Professor Orientador IES:Almir de Oliveira Ferreira
IES vinculada: UENP
Escola de implementação: Colégio Estadual Cel. Joaquim Pedro de Oliveira – EFM
Publico objeto da intervenção: alunos de 5ª séries do ensino fundamental, do
período matutino.
TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE
Fundamentos Teóricos Metodológicos da Educação Física.
TÍTULO
A prática de jogos e esportes, nas aulas de Educação Física, como fator de
superação da insegurança.
1 INTRODUÇÃO
O tema alvo da presente pesquisa diz respeito aos fatores psicológicos
envolvidos no processo de aprendizagem de alunos nas séries inicias do ensino
fundamental.
Pesquisar quais fatores psicológicos interferem de forma negativa ou
positivamente no processo educativo, nas aulas de Educação física, se torna
relevante para que os profissionais que atuam com essa clientela possam adequar
seus métodos de ensino propondo aos educandos a realização de tarefas que
possam ser alcançadas por todos os alunos, desde os menos capazes física e
emocionalmente, até aqueles mais desenvolvidos, para que não se desmotivem com
atividades com baixa exigência motora e intelectual.
Quando as crianças ingressam nas séries iniciais do ensino fundamental,
se deparam com o ensino de modalidades de jogos e esportes, que muitas vezes,
devido as dimensões das quadras, distancias das marcas oficiais de arremessos,
peso das bolas, etc., lhe causam frustrações por não conseguirem realizar tais
tarefas com competência.
Geralmente, devido à formação Acadêmica, com viés puramente tecnicista,
os professores de Educação Física, não levam em consideração as dificuldades dos
alunos na realização dessas tarefas e quais as implicações negativas, que a não
observação desses fatores emocionais e motivacionais podem acarretar no
desenvolvimento psicológico dos alunos.
Assim a investigação através de pesquisa bibliográfica, poderá lançar luzes
sobre o trabalho docente de forma a buscar soluções pedagógicas para que se
enfrente o problema de forma mais adequada e amparada em fundamentos
científicos concretos.
Busca-se com este estudo identificar quais os fatores psicológicos
motivacionais estão envolvidos na pratica de jogos e esportes nas aulas de
Educação Física.
Durante as aulas de Educação Física, principalmente para as séries iniciais
do ensino fundamental, quando as atividades apresentadas requerem por parte do
aluno a exposição de seu desempenho físico pessoal, é possível observar que
determinados alunos se furtam em realizar tais atividades, chegando a ponto de sair
das aulas, isolando-se. Em contrapartida alguns alunos assumem posição de
entusiasmo e participam de forma efetiva das atividades.
Esse comportamento inseguro que esses alunos apresentam gera conflitos
durante as aulas, pois, quando são forçados a participarem das aulas e comporem o
grupo, seu rendimento é questionado pelos alunos mais desinibidos e participativos,
o que reforça sua insegurança.
O que se observa é que na maioria das vezes o fator psicológico não é
levado em consideração pelo professor quando elabora suas aulas, impondo aos
alunos padrões de realização de tarefas incompatíveis com seu desenvolvimento
psíquico motor. Destarte, busca através da execução dessas somente a valorização
das qualidades físicas, não se considerando que o educando precisa ser entendido
em sua totalidade.
O emprego de métodos adequados no ensino de jogos e esportes se torna
importante para que se respeitem as dificuldades em se expor que parcela
determinada de alunos apresentam, todavia, sem tolher as potencialidades daqueles
alunos que não apresentam essas dificuldades.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Educação Física escolar pode sistematizar situações de ensino e
aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e
conceituais.
Há uma variada gama de concepções e/ou tendências metodológicas
existentes na área de Educação Física, dentre as quais algumas são direcionadas
exclusivamente à educação infantil e ao ensino fundamental.
Dentre as atividades ou temas que fazem parte da cultura corporal temos: os
jogos, os esportes, as brincadeiras e as atividades rítmicas e expressivas
representadas pela dança e brincadeiras cantadas. Assim se percebe o quanto o
movimento é importante para o desenvolvimento da criança em todos os seus
aspectos e se verifica que tudo o que nós fazemos tem relação com o movimento.
Neste sentido, propõe-se que a Educação Física seja fundamentada nas
reflexões sobre as necessidades atuais de ensino perante os alunos, na superação
de contradições e na valorização da educação. Visto ser esta parte integrante de um
projeto geral de escolarização e, como tal, deve estar articulada ao projeto político-
pedagógico da escola, pois tem seu objeto de estudo e ensino, próprios, bem como
conhecimentos relevantes na escola.
Supõe-se assim que a noção de corpo e de movimento dicotomizados pelas
ciências positivas, deve ser superada indo além da idéia de que o movimento é
predominantemente um comportamento motor, visto que também é histórico e
social, pois tem sido construído pela sociedade ao longo dos tempos, sofrendo as
influencias determinantes dos períodos históricos.
Assim sendo, desde os primórdios as relações com a natureza e com o meio
social ao qual o individuo faz parte possibilitou aos seres humanos o
desenvolvimento de habilidades, aptidões físicas e estratégias de organização,
fundamentais para superar obstáculos e garantir a sobrevivência.
Em conformidade, propõe-se a discussão a respeito da disciplina de
Educação Física, levando-se em conta que o movimento é categoria fundamental da
relação ser humano/natureza e ser humano/ser humano, pois dá sentido a
existência humana e à materialidade corporal que constitui “um acervo de atividades
comunicativas com significados e sentidos lúdicos, estéticos, artísticos, místicos,
antagonista.” (ESCOBAR, 1995, p. 93).
Portanto, compreender a Educação Física sob um contexto mais amplo,
significa entender que ela é composta por interações que se estabelecem nas
relações sociais, políticas, econômicas e culturais dos povos.
Isso posto, a Educação Física escolar vem se constituindo como prática
educativa a partir de diferentes interesses e concepções pedagógicas, refletindo os
variados modos de olhar a educação sob a influência das diversas concepções de
homem e de sociedade.
Nesse caminhar, o desafio que se apresenta para a Educação Física é de
que dentro de qualquer processo educacional ela possa ser percebida como um
componente curricular, nem mais nem menos importante que os demais, que
busque, junto com eles, fazer com que os objetivos educacionais sejam alcançados.
Para tanto, o valor da Educação Física no âmbito escolar se explicita
enquanto pratica pedagógica, capaz de auxiliar na formação de pessoas mais
críticas, politizadas, participativas e atuantes em seu meio social.
Com base em TANI (1998):
verificamos que todo e qualquer processo educacional procura em sua essência atender adequadamente as necessidades ergológicas, psicológicas, sociais e culturais da população a que se destina. Nessa abordagem, os conteúdos dessa área devem ser vistos como expressão de produções culturais, ou seja, devem estar relacionadas aos contextos histórico, social e cultural, além disso, podem sintetizar situações de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais.
Diante disso, a terminologia Educação Física é uma expressão generalizada,
pois abrange atividades físicas como a ginástica, o jogo, a dança, o esporte, a
recreação, a educação do e pelo movimento, a ciência da motricidade humana, e a
saúde contribuindo para melhorar a qualidade de vida do ser humano.
Pelo exposto, o presente projeto propõe que através das aulas de Educação
Física se possa identificar problemas que envolvem processos motivacionais do ser
humano, para entendê-los um pouco melhor e poder lidar de maneira mais
adequada com os mesmos.
E, empreender uma pesquisa, de modo obter subsídios relacionados à teoria
da motivação, identificando quais as razões que levam o indivíduo a agir de forma
semelhante em situações diversas, ou vice versa?
3 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA E EXTRÍNSECA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FISICA
Para tanto, é de suma importância para este estudo o entendimento dos
conceitos de motivação.
Nesse sentido, segundo MASLOW (apud KOBAL,1996, p.23):
existe uma teoria hierárquica da motivação humana. São compostas de sete necessidades básicas, que são desenvolvidas com o crescimento e amadurecimento do individuo. Compõe-se de: necessidades fisiológicas; de segurança; de amor e pertinência; de estima; de auto-atualização; desejos
de conhecimento e compreensão; e necessidades estéticas.
Cita ainda o autor que “além das necessidades básicas (de deficiência), o
homem tem as metanecessidades que são necessidades de crescimento (justiça,
bondade, ordem e unidade)”. (MASLOW, apud KOBAL, 1996, p.23).
Também, segundo MURRAY (1978, p.20, apud KOBAL,1996, p.23), embora
não havendo concordância de um conceito único de motivação:
há um acordo geral em que um motivo é um fator interno que dá inicio, dirige e integra o comportamento de uma pessoa. Não é diretamente observado, mas indeferido do seu comportamento ou, simplesmente, parte-se do principio de que existe a fim de explicar-se o seu comportamento.
Já para WINTERSTEIN (1992, apud KOBAL,1996, p.24), motivo é: “um
constructo hipotético referente a um fator interno que desencadeia uma ação,
dando-lhe uma direção, mantendo seu curso direcionando a um objetivo e
finalizando-a”.
Como se verifica a motivação é um fator interno do ser humano variando de
individuo para individuo, e, portanto existem aqueles que possuem maior motivação
para realização de determinadas atividades, enquanto outros não se sentirão
atraídos para realizá-las com a mesma intensidade.
Ainda é preciso frisar que a motivação pode ser dividida por impulso ou por
incentivo e são necessárias para que o indivíduo realize determinada atividade.
Segundo LOGAN (1970, p. 176, apud, KOBAL,1996, p.24):
a motivação por impulso refere-se à origem interna da energia psicológica, direcionando o organismo a fazer algo.” [...] Por outro lado, a “motivação por incentivo refere-se à expectativa do organismo de recompensa por dar uma resposta particular”.
Trilhando por caminho semelhante, MURRAY (1978, apud KOBAL, 1996,
p.25), explicita que os motivos podem ser classificados em dois grupos: “1) Inatos ou
primários: constituídos pelas exigências orgânicas e fisiológicas. 2) Adquiridos ou
secundários: formados pelas necessidades sociais de origem externa, como
determinados hábitos, por exemplo”.
Similarmente, KOBAL (1996, p. 25) McCLELLAND (apud SOUZA, 1972) diz
que “o comportamento das pessoas difere de acordo com os motivos que regem
suas ações, destacando como básicos três motivos: o de realização, o de filiação e o
de poder”.
Não menos importante, HECKHAUSEN (1965, apud KOBAL,1996, p. 25),
define motivo de realização como: “a busca da melhoria ou manutenção da própria
capacidade nas atividades onde é possível medir o próprio desempenho, sendo que
a execução das mesmas pode levar a um sucesso ou a um fracasso.”
Vale ainda destacar que para KOBAL (1996, p. 25):
o motivo de realização pode apresentar expectativa de sucesso ou medo do fracasso, podendo este manifestar duas tendências: o medo do fracasso 1(MF1), referindo-se à noção de uma competência que o individuo tem de si mesmo, e o medo do fracasso 2(MF 2), diz respeito ao medo das conseqüências sociais do próprio fracasso.
Assim para o renomado Autor, as tendências podem apresentar
características tanto extrínseca como intrínseca, ou seja, a depender do indivíduo, o
medo do fracasso pode se manifestar nas vertentes da competência ou crença que
este tem em si mesmo, e ao mesmo tempo pode se exteriorizar em razão da
reprovabilidade que se externa no meio social.
Reforçando o entendimento, porém de forma mais aprofundada, COFER
(1972, p. 28, apud, KOBAL, 1996, p.25) enfatiza que:
tanto na tendência de alcançar o sucesso como na de evitar o fracasso, três fatores devem ser considerados: “a força de tendência, ou motivo, a expectativa ou probabilidade de sucesso (ou fracasso) e o valor de incentivo do sucesso (ou o valor negativo de incentivo do fracasso). O primeiro é uma característica individual, enquanto que os outros dois são fundamentalmente situacionais. A expectativa de sucesso é responsável pela ocorrência de respostas instrumentais à realização, ao passo que o
medo do fracasso inibe ou suprime respostas relativas a realização.
É destaque o entendimento do brilhante Autor ao enunciar os três fatores
que devem ser considerados por ocasião do entendimento que cerca as tendências
ou motivos que levam ao fracasso ou ao sucesso em um empreendimento, uma vez
que põe em evidência o fato de que a expectativa de sucesso é a grande
responsável pelo êxito da realização do evento, e que o medo do fracasso é
resposta negativa para sua concretização.
Em mesma linha de entendimento, porém procurando esclarecer o que se
entende por pessoa motivada, KOBAL (1996, p. 26) assevera que:
Pessoas motivadas para a realização, empenham-se em tarefas de maneira eficiente, geralmente são autoconfiantes, preferem a responsabilidade
individual e o conhecimento de seu desempenho. São diligentes nas atividades acadêmicas e da comunidade, escolhendo trabalhar com especialistas do que com os amigos, e resistem às pressões sociais.
É notório, que ao apresentar as características de uma pessoa motivada, o
Autor procura de forma expressa enumerar atributos pessoais inerentes ao próprio
indivíduo, como a autoconfiança, o senso de responsabilidade e o conhecimento das
próprias potencialidades, como fatores imprescindíveis à realização de tarefas,
assim, é possível o entendimento de que este percebe que o sucesso está
diretamente ligado ao próprio indivíduo, e aos atributos intrínsecos que este carrega.
Por sua vez, MURRAY (1978, p.157, apud KOBAL,1996, p.26) define
pessoas motivadas para a realização como pessoas que “gostam de enfrentar riscos
moderados em situações que dependem de suas próprias aptidões e capacidades,
mas não quando se trata de puras situações de sorte.
Similarmente, mesmo que de forma um pouco contida, o Autor destaca
também a importância das aptidões e capacidades do próprio indivíduo, como
fatores relevantes na realização de tarefas, e mais acrescenta que por serem
possuidores de tais atributos, preferem situações em que sejam colocadas à prova
as suas competências, por isso, não se sentem seguros ao realizar atividades em
que o fator sorte é preponderante.
De forma complementar, WINTERSTEIN (1992, apud KOBAL, 1996, p.26)
assevera que “existem fatores relevantes determinando o motivo de realização, tais
como o nível de aspiração, a norma de referencia e a atribuição”.
Buscando o entendimento, nível de aspiração segundo KOBAL (1996, p.27)
é:
o nível de rendimento que uma pessoa pretende alcançar numa determinada tarefa, conhecendo qual foi seu desempenho na mesma anteriormente. Para determiná-lo, o individuo escolhe uma das várias alternativas, sendo que as expectativas correspondem ou não à capacidade do mesmo. O individuo se propõe a alcançar determinados objetivos, os quais podem mudar após o sucesso ou o fracasso na realização da atividade.
Segundo a autora ainda “os indivíduos que tem medo do fracasso,
normalmente escolhem objetivos abaixo dos rendimentos alcançados anteriormente
ou inadequadamente acima destes, incorrendo num fracasso inevitável”.
Por sua vez, a norma de referencia segundo KOBAL (1996, p.27),
diz respeito aos diferentes parâmetros necessários para a avaliação dos resultados de rendimentos. Ela pode ser individual (avaliação por critério) ou social (avaliação por norma); é individual quando se compara o rendimento de um individuo com um outro realizado anteriormente pelo mesmo; é social quando a comparação do rendimento é feita segundo um padrão determinado para todo o grupo.”
Ainda, quanto à atribuição, ela significa:
a busca da(s) causa(s) que podem explicar os resultados obtidos pelo individuo, tanto quando ele obtém sucesso na execução de uma atividade, quanto quando obtém fracasso. A localização da causa pode ser interna (capacidade, esforço) ou externa (dificuldade da tarefa, acaso). Indivíduos que têm expectativa de sucesso geralmente atribuem a causa de seus resultados a sua capacidade e esforço, enquanto que os que apresentam medo do fracasso, atribuem-na à dificuldade da tarefa ou ao acaso, como falta de sorte, por exemplo. (WINTERSTEIN,1992, apud KOBAL,1996, p. 28).
Assim identificar quais as dificuldades dos alunos e quais seus motivos de
realização, é de grande relevância, não se buscando com isso que atinjam seu
máximo desempenho, mas sim que consigam vivenciar de maneira mais consciente
e não traumática as situações desafiadoras inerentes à pratica das atividades
físicas.
Nesse sentido, as tarefas apresentadas devem oferecer graus de
dificuldades escalonados, possibilitando que alunos com diferentes graus de
capacidade possam realizá-las. Isto possibilita que alunos menos aptos possam ter
momentos de vivência efetiva de sucesso, enquanto os mais aptos podem se assim
o desejarem, sempre escolher metas acima das já alcançadas.
Além de diferentes níveis de dificuldade é importante que o próprio aluno
possa escolher o seu grau de dificuldade, comparando seu rendimento. Esta é uma
forma de levar o aluno a conhecer as suas reais possibilidades.
Visto isso, é importante destacar a fator motivação para a aprendizagem, pois
o que move o ser humano para aprender determinada coisa é sua curiosidade, ou
necessidade, uma vez que todo conhecimento acumulado pelo ser humano se
origina de sua necessidade de avançar pelo desconhecido.
“A aprendizagem é um elemento do homem no contexto em que vive. É a
partir dela que, relaciona-se com o mundo, vai construindo e adquirindo as próteses
necessárias à ampliação de suas funções naturais para a sobrevivência” (KOBAL,
1996, p. 31).
A motivação para a aprendizagem como se verifica é inerente ao ser
humano, no entanto na escola caberá ao professor mediar a aprendizagem, atuando
como incentivador e mediador do conhecimento, de forma a possibilitar aos
educandos um efetivo crescimento de suas potencialidades físicas e intelectuais.
As formas de motivação para a aprendizagem podem ser divididas em duas
dimensões, intrínseca e extrínseca. KOBAL (1996, p.36) destaca que:
a motivação é intrínseca quando a aprendizagem torna-se reforçadora por ela mesma, sendo a tarefa feita com prazer, e é extrínseca quando a aprendizagem ocorre para atingir a um outro propósito, com por exemplo, passar de ano, receber uma recompensa prometida, etc.”
No entanto a autora alerta para que se desejamos uma aprendizagem
significativa a motivação extrínseca deverá ser empregada de forma a transformar-
se em intrínseca.
Neste diapasão, WITTER (1984, p.45, apud KOBAL, 1996, p.36) assevera
que “a aprendizagem baseada apenas em motivação extrínseca tende a deteriorar-
se, tão logo seja satisfeita a necessidade ou alvo extrínseco. Na motivação
intrínseca, ela tende a se manter constante”.
Para a autora acima, essa discussão se torna relevante, pois:
[...] para a obtenção de uma adequada relação motivação-aprendizagem, deve-se operar modificando a situação. A motivação para a aprendizagem não implica necessariamente em criar novos motivos no aluno, mas em canalizar os já existentes em direção aos objetivos da mesma. Embora a aprendizagem incidental ou não motivada possa ocorrer, a intenção de aprender é necessária para uma aprendizagem significativa e eficiente. (SAWREY, TELFORD, 1976, apud KOBAL,1996, p. 36).
Também de forma complementar:
uma outra forma de conceitualizar a motivação intrínseca, considerando-se aspectos psicológicos, é a relacionada tanto às necessidades humanas para a liberdade e interações efetivas com o meio ambiente quanto aos sentimentos de interesse e prazer que estão totalmente envolvidos com estas necessidades.( KOBAL,1996, p.53)
Segundo a autora as variáveis de auto-estima e o temperamento emocional
são positivos em pessoas intrinsecamente motivadas (DECI, RYAN, 1985, p.67-68,
apud KOBAL, 1996, p.53).
Conforme o entendimento de Kobal (1996, p.53) a autora ensina que “para
estes indivíduos, a atividade precisa ser desafiante, a fim de que a competência
percebida ocorra num contexto de autodeterminação, o que implica na oportunidade
de fazer escolhas”.
Leciona ainda a autora que “as tarefas não devem ser nem fácil, nem difícil
demais. O nível crescente de dificuldade da tarefa mantém o individuo motivado
intrinsecamente”. (KOBAL, 1996, p.53).
Diante do exposto, WINTERSTEIN (1992, apud KOBAL,1996, p.54) orienta
que:
Pode-se estabelecer aí um paralelo entre a motivação intrínseca e o motivo de realização, pois conforme as investigações do referido autor, demonstram a importância do nível adequado de complexidade das tarefas para um grau apropriado do motivo de realização.
Diante disso, a motivação intrínseca deve prevalecer sobre a motivação
extrínseca, pois assim ocorrerá a aprendizagem de forma significativa. Se o aluno se
acostumar a só aprender através de incentivos externos por parte do professor,
quando este faltar não haverá motivação para a aprendizagem.
Com relação ao problema motivacional, e foco deste estudo, nos deteremos
às questões relacionadas com situações observadas em determinados alunos que
se excluem das atividades de jogos e esportes, em face do desempenho pessoal
apresentado.
Para se entender o que motiva o aluno para a participação ou não nas
atividades relacionadas aos conteúdos específicos de jogos e esportes, é necessário
levar em consideração alguns aspectos que interferem de forma determinada nesse
comportamento positivo ou negativo.
Para tanto, é preciso considerar as vivências corporais que os alunos já
apresentam e quais influências eles sofrem em sua cultura corporal, devendo ser
levadas em consideração pelos professores na elaboração de suas aulas.
Assim, é preciso que o professor ao recortar os conteúdos significativos,
tenha em mente o repertório de movimento que o aluno já detém e ao mesmo tempo
procure ampliar a gama de conhecimentos motores a serem apreendidos, para tanto
é preciso diversificar o rol das atividades motoras propostas em sua aula.
Diante disso, objetivando a ampliação dos repertórios motores dos alunados,
é preciso buscar a realização de conteúdos que propiciem a experiência em diversas
situações de movimento.
Trilhando por caminhos semelhantes de entendimento, KOBAL (1996, p. 96),
“acredita que o alicerce esportivo, o desenvolvimento de qualidades físicas básicas,
os primeiros contatos com as mais variadas formas de ginástica, dança e expressão
corporal, devem constituir os conteúdos das aulas de Educação Física Escolar”.
Assim, como se verifica quanto maior o numero de atividades que forem
oferecidas para que aluno participe maior será a formação de seu repertorio motor,
possibilitando com isso que possa solucionar as dificuldades que se lhe apresentem
quando da aprendizagem de uma modalidade de jogo ou esporte.
4 FEEDBACK INTRINSECO E EXTRINSECO
Quando o individuo realiza atividades físicas diversas informações lhe são
fornecidas internamente através de seus sentidos, possibilitando que avalie seu
rendimento, é o denominado feedback intrínseco, que possibilita fornecer
informações fundamentais no desenvolvimento de novas habilidades por parte do
aluno.
No entanto alunos iniciantes podem apresentar dificuldades em entender as
informações que seu sentidos lhe oferecem não conseguindo corrigir seus erros e
melhorar seu desempenho, o que exigirá o uso do feedback extrínseco, fornecido
pelo professor.
Segundo Valentini e Petersen(2008, p.73):
O feedback faz-se necessário com certa freqüência, principalmente no inicio da aprendizagem esportiva. O feedback extrínseco, propiciado por uma fonte externa(exemplo: professor, técnico, etc.) é considerado uma das mais importantes variáveis na aprendizagem motora[...]
O feedback extrínseco deve ser usado de forma a não causar confusão no
aluno iniciante, devendo ser usado de forma mais generalizada e não tão
especifico.
Também deve ser observado o nível de aprendizagem em que se encontra o
aluno, pois quando ainda esta cometendo erros grosseiros na realização das tarefas
o auxilio de feedback extrínseco será de grande valia evitando possíveis
frustracões e conseqüente desmotivação parar a pratica. No entanto quando o
aprendiz evoluir no seu desempenho o fedeeback extrínseco deverá ser fornecido
de forma intermitente.
O momento para que o professor forneça o feedback extrínseco também é
relevante para a aprendizagem. Estudos mostram que a aprendizagem ocorre de
forma mais efetiva quando o aluno tiver mais tempo para que processe a ação do
movimento antes que lhe seja fornecido feedback extrínseco. Conforme Valentini e
Petersen(2008,p.75): ”É importante encorajar o aprendiz a pensar sobre a ação
motora, em termos de o que estava correto e incorreto nesta ação, antes de
propiciar o feedback extrínseco”.
Valentini e Petersen(2008, p.74) lecionam que:
[...] o feedback extrínseco não deve ser propiciado tão frequentemente a ponto de levar o aprendiz a depender de fontes externas de informação para a correção de erros. O objetivo é de propiciar o feedback ocasionalmente, de forma que o aprendiz solucione problemas e corrija erros com
autonomia.
Assim conforme a autora o que se deve buscar é a autonomia do educando
para que solucione os problemas que surjam de forma satisfatória, não necessitando
da oferta de estímulos externos que a principio podem surtir efeitos, mas que não
perdurarão de modo efetivo no processo aprendizagem.
5 A IMPORTÂNCIA DO LUDICO
Outro aspecto a ser abordado e importante e que deve estar presente na
prática educativa nas aulas de educação física é a ludicidade.
Se o conteúdo das atividades de lazer pode ser altamente „educativo‟, também a forma como são desenvolvidas abre possibilidades „pedagógicas‟ muito grandes, uma vez que o componente lúdico, com seu „faz-de-conta‟, que permeia o lazer, pode se constituir numa realidade, a medida que contribui para mostrar, em forma de sentimento a contradição entre obrigação e prazer” (MARCELLINO, 1990, p. 37, apud KOBAL, 1996, p. 97).
MARCELLINO (1990, p.72. apud, KOBAL, 1996, p.97) usa ainda o seguinte
argumento para fundamentar a presença do componente lúdico da cultura da
criança:
o brinquedo, o jogo, a brincadeira, são gostosos, dão prazer e trazem felicidade [...]. Deve-se considerar também que, através do prazer, o brincar possibilita à criança a vivência de sua faixa etária e ainda contribui de modo significativo, para sua formação como ser humano, participante da cultura da sociedade em que vive.
Ocorre que o professor de Educação Física deverá nortear seu trabalho de
forma que o lúdico, o brincar esteja presente, que as atividades não sejam tomadas
como fim, mas sim como meio para que o aluno possa superar suas deficiências e
adquira confiança para solucionar as situações de dificuldades que se
apresentarem.
Para tanto, a forma como se ensina os conteúdos são relevantes para a
evolução do aluno. Conforme GADOTTI (1998, p.106, apud KOBAL, 1996, p.98)
leciona:
[...] conteúdo e forma estão intrinsecamente ligados, se autocondicionando. Assim, o êxito na aprendizagem de novos conhecimentos (de conteúdos), deve-se sem duvida a uma predisposição, a uma motivação, a um interesse em aprender que não é dado pelo conteúdo, mas pela forma de aprender.
O que se observa segundo os autores é que a formação de um ambiente
adequado e que acolha o aluno, é de relevante importância para motivá-lo para a
pratica das atividades.
Em mesmo entendimento, PAPPAIOANNOU (1994, apud KOBAL,1996, p.
99) aconselha que:
para os professores de Educação Física desenvolverem um bom ambiente de aprendizagem orientada, devem providenciar tarefas de desafio para todos os alunos; ensinar aspectos de desenvolvimento de aptidão e promoção da saúde; superar as dificuldades dos alunos, fornecendo comentários informativos; evitar criticas mordazes ou mesmo meros elogios; promover a autonomia dos alunos; ressaltar os valores de aprimoramento pessoal e coletivo; ser acessível e amigo de todos os estudantes.
Também, WINTERSTEIN (1991) recomenda ainda algumas medidas que
poderão auxiliar professores para que adotem medidas em suas aulas com a
finalidade de adequar o motivo de realização dos alunos:
1. Os alunos devem ter a possibilidade de escolher, por si próprio e devem ser oferecidas atividades com diferentes níveis de dificuldade dentro de uma mesma estrutura de tarefa;[...] 2. Os alunos devem ter a possibilidade de escolher, por si próprios os níveis de dificuldades das tarefas;[...] 3. Durante as tarefas deve se dar tempo suficiente para os alunos experimentarem os diferentes níveis de dificuldade;[...] 4. Durante o transcorrer da aula os alunos devem ter oportunidade de perceber e vivenciar sucessos e fracassos que sejam determinados principalmente através da escolha do próprio grau de dificuldade, da capacidade de concentração e da predisposição para o esforço;[...] 5. A avaliação deverá, sempre que possível, se basear em uma Norma Individual.[...]
Daí é importante que os professores de Educação Física ofereçam aos
alunos a possibilidade de vivenciar sua aprendizagem de forma que possam auto
analisar seu desempenho. Para tanto necessita o professor propor no ensino dos
conteúdos (jogos e esportes), tarefas que não sejam demasiadamente de difícil
execução, não gerando frustrações aqueles com menor repertorio motor (e
apresentem medo do fracasso), ou desestimular aqueles mais preparados e
habilidosos (esperança no sucesso), com tarefas de demasiada facilidade de
execução.
Por fim, adequando as atividades físicas às reais necessidades e
possibilidades dos alunados, o professor não só estará contribuindo para a real
construção do conhecimento, como terá garantido o desenvolvimento educacional
pleno, de acordo com as diferenciações, particularidades e potencialidades de cada
um.
Assim, é possível a afirmativa de que as aulas de educação física produzem
conhecimento que se externa muito além do aspecto biológico da atividade corporal,
uma vez que se torna instrumento indispensável à superação das limitações
psicológicas, emocionais e cognitivas, transformando assim alunos em sujeitos
autônomos capazes de atuar de forma crítica e participativa no meio social.
REFERÊNCIAS
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1992.
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______ Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Ensino Médio.
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio --- Área Linguagens e Códigos.
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ESCOBAR, M. O.Cultura corporal na escola: tarefas da Educação Fisica. In: Revista
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TANI, Go. ET AL. Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem
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WINTERSTEIN, Pedro José. Motivação e Educação Física. In: Revista de Educação
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