ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF PEDRO PAULO NOGUEIRA DA COSTA
A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE UMA LINHA DE AÇÃO INIMIGA INOVADORA
Rio de Janeiro 2018
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF PEDRO PAULO NOGUEIRA DA COSTA
A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE UMA LINHA DE AÇÃO INIMIGA INOVADORA
Trabalho acadêmico apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito para a especialização em Ciências Militares com ênfase Doutrina Militar Terrestre.
Rio de Janeiro 2018
MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx DESMil
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS (EsAO/1919)
DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FOLHA DE APROVAÇÃO
I Autor: Cap Inf PEDRO PAULO NOGUEIRA DA COSTA
Título: A IMPORTANCIA DO ESTUDO DE UMA LINHA DE AÇÃO INIMIGA INOVADORA
Trabalho Acadêmico, apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção da especialização em Ciências Militares, com ênfase em Doutrina Militar Terrestre, pós graduação universitária lato sensu.
I APROVADO EM __ AJ.t__;___/ _ __;_t~;:,.__......:/ r:2D l'V CONCEITO: \6 BANCA EXAMINADORA
Men ão Atribuída
J ALEXANDER FER
••
Pedra Paulo Nogueira da Costa'
A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE UMA LINHA DE AÇÃO INIMIGA
INOVADORA
RESUMO o artigo apresenta a importância do estudo de uma linha de ação inimiga inovadora. A
finalidade é identificar o grau de importância da inovação nas operações militares e do estudo de linhas de ação inimigas inovadoras, além de constatar a percepção, acerca do tema, dos Capitães de Infantaria do Exército Brasileiro que estão cursando a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais em 2018. A fim de cumprir essa finalidade, este artigo foi confeccionado no período de novembro de 2017 a setembro de 2018, por intermédio de pesquisa bibliográfica e questionário. O material reunido foi analisado mediante a experiência deste autor e a aplicação de métodos de tabulação e de pesquisa de investigação e exploração. Este trabalho analisa, principalmente publicações reconhecidas, e busca mensurar a importância da Inovação nas Operações Militares, além de realizar um levantamento para verificar se essa visão é corroborada pela opinião de capitães de Infantaria em aperfeiçoamento do Exército Brasileiro.
Palavras-chave: Inovação, Operações Militares, Projeto de Modernização do Ensino do Exército, Estado Maior.
RESUMEN EI artículo presenta Ia importancia dei estudio de una línea de acción enemiga
innovadora. La finalidad es identificar el grado de importancia de Ia innovación en Ias operaciones militares y dei estudio de líneas de acción enemigas innovadoras, además de constatar Ia percepción, sobre el tema, de los Capitanes de Infanteria dei Ejército Brasileno que están cursando Ia Escuela de Perfeccionamiento de Oficiales en 2018. A fin de curnplir esta finalidad, este artículo fue confeccionado en el período de noviembre de 2017 a septiembre de 2018, por intermedio de investigación bibliográfica y cuestionario. EI material reunido fue analizado mediante Ia experiencia de este autor y Ia aplicación de métodos de tabulación y de investigación y exploración. Este trabajo analiza, principalmente, publicaciones reconocidas, y busca medir Ia importancia de Ia Innovación en Ias Operaciones Militares, además de realizar un levantamiento para verificar si esa visión es corroborada por Ia opinión de capitanes de Infanteria en perfeccionamiento dei Ejército Brasilefio.
Palabras clave: Innovación, Operaciones Militares, Proyecto de Modemización de Ia Enserianza dei Ejército, Estado Mayor.
1Capitão de Infantaria da turma de 2009. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras. Realizou o Curso Básico Paraquedista no Centro de Instrução Paraquedista General Penha Brasil em 2010, o Curso de Operações na Selva Categoria "B" no Centro de Instrução de Guerra na Selva em 2010 e o Curso de Mestre de Salto no Centro de Instrução Paraquedista General Penha Brasil em 2014.
1. INTRODUÇÃO
Recentemente a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército
Brasileiro, buscando aprimorar o seu processo de ensino e aprendizagem,
empreendeu uma atualização metodológica na qual aumentou a relevância
do estudo do Exame de Situação do Comandante. Essa atualização vem em
consonância com a publicação, em 2016, pelo Departamento de Educação e
Cultura do Exército, do Manual de Ensino - O Trabalho do Estado Maior
(EB60-ME-12.401), que tem como finalidade regular o Processo de
Planejamento e Condução das Operações Terrestres no nível Unidade, além
de detalhar os trabalhos relativos ao Exame de Situação. Esse exame
consiste no "processo de planejamento detalhado de emprego dos
elementos da F Ter que visa dar sequência lógica e ordenada aos diversos
fatores que envolvem o processo decisório nas Operações" (EB20-MC-
10.211).
Esse fato caracteriza, por parte do Exército Brasileiro, a preocupação em
abordar o tema Inovação em Operações Militares, particularmente no Exame
de Situação do Comandante. Além disso, existe vasto conteúdo acadêmico
que exalta a importância da Inovação, como exemplo podemos citar o Gen
Ex dos EUA Oavid G. Perkins que, analisando o emprego do Exército dos
EUA em toda a campanha no Iraque nos anos 2000, afirmou: "À medida que o ritmo de mudança se intensifica, aumenta a
tensão entre a necessidade de se preparar para futuras operações e
a dificuldade de prever os ambientes operacionais. Contudo, resistir à mudança não é uma opção; o Exército precisa se adaptar ao menos
tão rápido quanto os adversários da Nação mudam seus modos de
conduzir operações. Embora possamos antever algumas mudanças e
tendências, muitas das características dos futuros ambientes são
desconhecidas. Para mitigar essa incerteza, as forças do Exército
devem estar aptas a se adaptar e inovar continuamente, para que
possamos combater e vencer nos ambientes que talvez enfrentemos
- dentro dos próximos cinco anos, ou "hoje à noite"; daqui a uns
cinco a dez anos, ou "amanhã"; e no futuro além de 2030.
(PERKINS, BRASIL, 2018, p.4)
Ademais, uma breve análise histórica indica que a inovação está presente
no emprego dos exércitos à muito tempo, o que pode ser visto em uma
apreciação da Primeira Guerra Mundial, onde, apesar de não ter se saído
vitoriosa da guerra, a Alemanha demonstrou que um exército que está disposto
a aprender, dotado de uma doutrina central que possa integrar inovação e
adaptação, além da capacidade de disseminar esses conceitos, é fundamental
para o êxito militar. Em seu livro The Dynamics of Doutrine: The Changes in
German Tactical Doctrine During the First World War, EUA, 1981, Timothy T.
Lupfer deixa claro que no momento em que as Forças Armadas alemãs
resistiram as mudanças doutrinárias, seu poder relativo de combate foi
diminuído, além de concluir que a contínua reavaliação e evolução doutrinária
alemã foi fundamental para elevar o poder relativo de combate das unidades
que as empregavam.
Com isso verifica-se que as mudanças nos campos de batalhas ocorrem
muitas das vezes mais rápido do que as publicações doutrinárias são capazes
de acompanhar, o que exige do Chefe Militar uma capacidade de adaptação e
inovação frente ao inesperado como forma de executar adequadamente o
Exame de Situação.
1.1 PROBLEMA
o Exército Brasileiro prepara seus oficiais para desempenharem funções
de Estado-Maior de Organizações Militares nível Unidade na Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais. Nessa Escola, com a finalidade de regular o
Processo de Planejamento e Condução das Operações Terrestres no nível
Unidade e enfatizar o estudo do Exame de Situação, está sendo utilizado o
Manual de Ensino O Trabalho do Estado-Maior (EB60-ME-12.401). Esse
manual estabelece uma série de processos relativos ao exame de situação.
O Exame de Situação, de acordo com o Manual de Campanha -
Processo de Planejamento e Condução de Operações Terrestres (EB20-MC-
10.211), é composto por seis passos; a Análise da Missão e Considerações
Preliminares; a análise da Situação e sua Compreensão; o levantamento das
Possibilidades do Inimigo, Linhas de Ação e Confronto; a Comparação das
Nossas Linhas de Ação e a Decisão. Em nosso estudo abordaremos
especificamente o levantamento das Possibilidades do Inimigo, tendo em vista
o fato do processo de Exame de Situação ser vasto, com a finalidade de
analisar o processo reativo de um Estado Maior exposto à uma linha de Ação
Inimiga Inovadora.
Isso posto, qual seria a importância do estudo de linhas de ação inimigas
inovadoras?
1.2 OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
- O presente estudo irá integrar os conceitos previstos nos manuais, as
informações científicas atualizadas e um questionário aplicados nos Capitães
de Infantaria que estão cursando a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
(EsAO) em 2018, a fim de identificar a importância do estudo de uma linha de
ação inimiga inovadora para o aperfeiçoamento desses Capitães.
OBJETIVOS ESPECfFICOS
- Conceituar Inovação
- Identificar a importância da Inovação nas operações militares;
- Identificar a importância do estudo de linhas de ação inimigas
inovadoras;
- Identificar a percepção dos Capitães de Infantaria que estão cursando a
EsAO em 2018 acerca da inovação, tanto nas operações militares quanto no
estudo de uma linha de ação inimiga.
1.3 JUSTIFICATIVAS
- O Manual de Campanha Processo de Planejamento e Condução de
Operações Terrestres (EB20-MC-1 0.211, BRASIL, 2014, p. 1-2) indica que a
complexidade dos problemas enfrentados pelas forças militares aumenta, com
o surgimento de atores e a presença de aspectos do chamado "terreno
humano". Indica também que o ambiente operacional se modificou.
- Sabemos que "o EM proporciona informações ao Cmt, bem como
propostas e estudos de situação, quando e como se fizerem necessários.
Realiza estudos de situação e transforma as decisões do Cmt em planos e
ordens" (C101-5, BRASIL, 2003, p. 2-1).
- O Manual de Campanha Estado-Maior e Ordens (Brasil, 2003, p. 6-2 e
6-3) estabelece que faz parte do Estudo de Situação a análise de prováveis
linhas de ação inimigas.
- Dessa forma, existe a necessidade de que seja levantada a importância
do estudo de linhas de ação inimigas inovadoras pelos Capitães em
aperfeiçoamento do Exército Brasileiro.
2. METODOLOGIA
A pesquisa será desenvolvida através de uma revisão teórica do assunto
e através de consulta bibliográfica a manuais doutrinários e trabalhos
científicos. Será executado ainda um questionário de forma a verificar a
percepção da importância do estudo de linhas de ação inovadoras do inimigo
para o treinamento de um EM, por parte de uma amostra de Capitães Alunos
do Curso de Infantaria da EsAO 2018.
Trata-se de estudo bibliográfico e investigatório, através de consultas a
manuais e a aplicação de questionários, identificará a importância do estudo de
uma linha de ação inimiga inovadora.
Em relação ao tipo de pesquisa, ela é caracterizada quanto a forma de
abordagem como mista e com relação ao objetivo geral como analítica.
A seleção das fontes de pesquisa será em Manuais Doutrinários do
Ministério da Defesa, do Exército Brasileiro, da Marinha do Brasil e de
Exércitos Estrangeiros, com as seguintes prioridades: Manuais de Campanha
do Ministério da Defesa; Manuais de Campanha e Instruções Provisórias do
Exército Brasileiro; Manuais de Campanha Norte-americanos; Artigos de
Revistas Nacionais e Estrangeiras; Monografias da Escola de Comando e
Estado Maior do Exército e da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais; Portais
de notícias na internet do Governo Federal, Ministério da Defesa e Exército
Brasileiro.
2.1 REVISÃO DE LITERATURA
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
caracteriza inovação da seguinte forma: nA Inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas". (OCDE, 2005, p. 55)
A OCDE (Manual de 0510, 2005, p. 22) também destaca que a inovação é
importante para o setor público, apesar de pouco se saber sobre o processo de
inovação em setores não orientados ao mercado. Também é destacada a
necessidade da produção de trabalhos e estudos relativos ao desenvolvimento
de um arcabouço para a coleta de dados de inovação no setor público.
Porém, analisando a literatura relativa a inovação em operações militares
e a necessidade da adaptabilidade por parte do Comandante e seu Estado
maior, verificamos vasto conteúdo, o que reflete a importância do tema
estudado.
"O Cmt e seu EM se deparam, continuamente, com problemas que envolvem dados imprecisos e outros aspectos pouco definidos para sua resolução. Devem tomar decisões ou fazer propostas com base na avaliação e no julgamento de dados, muitas vezes incertos, tais como possibilidades do inimigo, influência do moral, grau de instrução, sistemas de armas não testados, etc". (C101-5, BRASIL, 2003, p. 6-1).
Inicialmente, explorando os Manuais do Exército Brasileiro e do Exército
dos EUA, podemos verificar a importância de um Estado Maior treinado e
adaptável:
O Exame de Situação do Comandante é um método de planejamento interativo que proporciona ao tomador de decisão a compreensão da situação, a missão e a formulação de solução para um problema militar, desenvolvendo linhas de ação para a decisão do comandante e a produção de planos ou ordens. (EB 20-MC-10.211, BRASIL, 2014, p. 5-1)
Em relação à adaptabilidade, temos:
A adaptabilidade tem dois componentes chaves, a saber: 1) A capacidade de identificar os elementos essenciais e
indispensáveis para fazer frente a toda situação nova.
2) A capacidade de adaptar suas práticas ou sua unidade para aproveitar os pontos fortes e minimizar os fracos. (Field Manual - FM 6-22, Army Leadership, EUA, 2006, p. 10-9, tradução do autor)
Além disso, COJOCAR (EUA, 2013 p. 38, tradução do autor) enfatiza a
importância da adaptabilidade para a condução de operações militares e afirma
que "a adaptabilidade é a capacidade de dar-se conta das mudanças que se
dão no ambiente, identificar os elementos essenciais de uma nova situação e
levar a cabo as mudanças necessárias para enfrentar os novos requisitos."
A inovação também é um fator reconhecidamente decisivo nas
operações militares, no trabalho de TAYLOR e FINNEY (EUA, 2015, p. 13), a
cultura da inovação é fortemente defendida e, junto da adaptabilidade, é
considerada uma das grandes vantagens assimétricas das Forças Armadas
dos EUA.
RODRIGUEZ (EUA, 2017, p. 21) esclarece que a inovação não
necessariamente encontra-se limitada à novas tecnologias, e que "também
pode incluir a exploração de uma capacidade ou recurso existente de uma
forma nova e inteligente para resolver um problema".
Relativo ao Exame de Situação o Manual de Campanha Processo de
Planejamento e Condução das Operações Terrestres (EB 20-MC-10.211,
BRASIL, 2014, p. 5-1) o define da seguinte forma:
Por fim, analisando o Manual de Ensino - O Trabalho do Estado Maior
(EB60-ME-12.401, p. 1-1), verifica-se que este manual traz o Exame de
Situação do Comandante comentado, adequado para o escalão Unidade e,
tendo em vista o fato de o Manual de Campanha Processo de Planejamento e
Condução das Operações Terrestres (EB20-MC-10.211) descrever o exame de
situação de forma ampla e genérica, procura apresentar técnicas,
procedimentos e exemplos que são adequados para o nível Unidade.
Acerca do Exame de Situação temos: O estudo de situação é um processo de resolução de problemas militares cuja finalidade é determinar a melhor maneira de cumprir uma missão. Consiste na elaboração de raciocínios lógicos. (1) inicialmente, é interpretada a intenção (se houver) e a missão do Esc Sp, até que o planejador obtenha o pleno conhecimento do problema e possa emitir sua diretriz de planejamento; (2) em seguida, passa às considerações que podem afetar as possíveis linhas de ação e a formulação de tantas L Aç quantas sejam as soluções possíveis; (3) depois de elaboradas as L Aç, cada uma é analisada separadamente, com vista a levantar seus possíveis efeitos, vantagens e desvantagens e a introduzir aperfeiçoamentos que Ihes reduzam o grau de risco. Seleciona, também, as L Aç do inimigo, analisando cada uma, procurando visualizar os prováveis resultados; (4) a etapa seguinte abrange a comparação das L Aç aperfeiçoadas, visando destacar, na conclusão, aquela que apresenta a maior probabilidade de êxito. (C101-5, BRASIL, 2003, p. 6-2 e 6-3, grifo do autor)
Percebe-se, dessa forma, que o exame de Situação é um assunto amplo,
então, com a finalidade de realizar um estudo mais detalhado, este documento
procurou se ater somente a um aspecto, a análise da linha de ação inimiga e a
importância do estudo de linhas de ação inimigas inovadoras ou pouco usuais.
Dessa forma foi empreendia uma análise pormenorizada do Capítulo IV
do Manual de Ensino - O Trabalho do Estado-maior (EB60-ME-12.401).
2.2 COLETA DE DADOS
De forma a complementar o conhecimento adquirido através das fontes
escritas, foi realizada uma coleta de dados por meio de questionário. A
população abrangida pelo questionário é composta por Capitães de Infantaria
do Exército Brasileiro que estão cursando a EsAO em 2018, exatamente 149
indivíduos. Dessa população, 92 membros responderam o questionário, o que,
segundo o site <http://www.publicacoesdeturismo.com.br/calculoamostrall>
acessado em 15 de junho de 2018, representa uma amostra com 99% de nível
de confiança e aproximadamente 8% de erro amostra!
2.2.1 Questionários
A aplicação dos questionários teve por finalidade mensurar qual é a percepção
dos Capitães Alunos do Curso de Infantaria da EsAO 2018 acerca da
importância da inovação nas operações militares e do estudo de linhas de ação
inovadoras do inimigo.
Com as respostas dos mesmos foi feita a tabulação dos resultados, de
forma a cooperar com o intuito da pesquisa e complementar os resultados
obtidos através da pesquisa bibliográfica.
Por fim, foi realizado ainda um pré-teste com capitães alunos da EsAO que
atendiam aos pré-requisitos para integrar as amostras, com o intuito de
levantar possíveis falhas no instrumento de coleta de dados. Ao final do pré
teste, não tendo sido observados erros que envidassem alterações, os mesmos
foram mantidos, com os resultados dos pré-testes inseridos no computo final
da análise.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
o levantamento bibliográfico acerca do tema Inovação em Operações
Militares foi conclusivo no sentido de valorizá-Ia como um fator preponderante
para o emprego com sucesso da Força Terrestre. Corroborando com o que foi
levantado no capítulo 2 temos: A estruturação de uma Força Terrestre apta à dissuasão crível e ao atendimento de suas rrussoes, de forma econorruca e operacionalmente eficiente, é realizável pela incorporação de inovações e de alta tecnologia aos seus sistemas e procedimentos operacionais. A incorporação de inovações aos produtos e processos, bem como procedimentos de gestão e serviços, em todas as instituições sociais e econômicas humanas, seja pelas corporações e empresas, bem como instituições de ciência e tecnologia, tem sido o diferencial que determina o fortalecimento ou perpetuação da instituição. É determinante à consecução dos objetivos, missão e visão de futuro da instituição. Não é diferente para uma força militar. (Rev. Bra. Est. Def. ano 1, n° 1, jul./dez., p. 38-54, PIETROBON-COSTA, Flávio)
Dessa forma, verificou-se que a inovação não está restrita a sistemas de
alta tecnologia, podendo também abranger metodologias e processos, e
consequentemente ser empregada na formulação de uma linha de ação inimiga
a ser analisada e estudada por um Estado Maior.
A análise detalhada do Manual de Ensino - O Trabalho do Estado-maior
(EB60-ME-12.401), com ênfase em seu Capítulo IV - Possibilidades do Inimigo,
Linhas de Ação e Confronto; identificou que é recomendado que o oficial de
inteligência estabeleça duas linhas de ação do inimigo, levando em
consideração os seguintes parâmetros:
• a coerência com a doutrina inimiga;
• a sua capacidade de execução;
• os indícios atuais do inimigo;
• os efeitos das Crtr da A Op sobre a Psb Ini analisada;
• as condições de tempo e espaço disponíveis;
• o grau de risco X a disponibilidade de meios;
• a busca da surpresa; e
• o conhecimento de nossa situação.
Realizado esse estudo e uma vez montadas e analisadas as duas linhas
de ação inimigas, o S-2 deve concluir sobre a Linha de Ação Mais Provável e a
Linha de Ação Mais Perigosa, que servirão como base para a confecção da
Linha de Ação a ser adotada pela Unidade Amiga.
Dessa forma, as linhas de ação inimigas levantadas pelo S-2 devem ser
muito bem confeccionadas, o que suscita a necessidade de um adestramento
adequado por parte desse Oficial que compõe o Estado-Maior de uma
Unidade. O que, por fim, demonstra a inevitabilidade de que ele seja exposto a
linhas de ação inimigas inovadoras durante o seu treinamento, ou seja, linhas
de ação que fogem do que está predeterminado na doutrina, empregando tanto
meios tecnológicos, quanto aspectos metodológicos ou doutrinários diferentes
dos usualmente adotados em nosso processo de aperfeiçoamento. Tudo isso
com a finalidade de desenvolver capacidades relacionadas à inovação, a
adaptação e ao pensamento crítico nesse Oficial.
Além disso a pesquisa sobre a percepção dos Capitães de Infantaria
que cursam a EsAO em 2018 acerca do tema indica uma elevada importância
atribuída a inovação nas operações militares.
Inicialmente, após ser apresentada uma breve definição de Inovação, foi
perguntada qual era a importância que o Capitão Aluno atribuía ao emprego da
inovação nas operações militares. Obteve-se respostas conclusivas (97,8%)
que indicam que os Capitães Alunos do Curso de Infantaria da EsAO do ano de
2018 consideram a inovação como um fator de importância muito elevada.
Como pode ser visto na tabela abaixo: TABELA 1 - Opinião absoluta e percentual do total da amostra acerca da importância do
emprego da inovação nas operações militares.
Amostra
Extremamente Importante Muito Importante Um pouco Importante Pouco Importante Não é Importante
Valor absoluto
73 17 2
° °
Percentual
79,3% 18,5% 2,2% 0% 0%
TOTAL 100,0%
100.00%
50.00%
0.00%
92
• Extremamente Importante. Muito Importante
Pouco Importante
GRÁFICO 1 - Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a importância do emprego da inovação nas operações militares.
Esse resultado contundente fomenta algumas outras questões sobre o
tema, pois de acordo com os dados levantados, a importância da inovação é
amplamente reconhecida. Dessa forma tentou-se esclarecer se a amostra
considerava que a Inovação nas Operações Militares ia ganhar, perder ou
manter a sua importância atual. Novamente obtiveram-se resultados
categóricos (94,6%), pois mesmo considerando que foi atribuída um elevado
grau de importância ao assunto na primeira questão, a imensa maioria indicou
que a inovação vai ganhar importância ao decorrer do tempo.
TABELA 2 - Opinião absoluta e percentual do total da amostra se a inovação nas operações militares vai ganhar, perder ou manter o seu grau de importância atual
Um pouco Importante
• Não é Importante
Escala
Ganhar Importância Manter Importância Perder Importância
Amostra Valor
absoluto Percentual
92
94,6 5,4 0%
TOTAL 100,0%
86 5
°
••
0.00%
100.00%
80.00%
60.00%
40.00%
20.00%
Extremamente Importante Muito Importante Um pouco Importante Pouco Importante Não é Importante
51 40
° 1 °
55,4% 43,5% 0% 1,1% 0%
• Ganhar Importância • Manter Importância Perder Importância
GRÁFICO 2 - Opinião da amostra, em valores percentuais, se a inovação nas operações militares vai ganhar, perder ou manter o seu grau de importância atual
Após a análise dos dados apresentados, verifica-se que o elevado grau
de importância da inovação é um ponto pacífico na amostra.
A próxima questão quis especificar dentro do tema Inovação nas
Operações Militares a importância percebida pelos Capitães acerca do estudo
de uma linha de ação inovadora do Inimigo. Mais uma vez ficou claro a
relevância da inovação nas respostas: TABELA 3 - Opinião absoluta e percentual do total da amostra acerca da importância do
estudo de uma linha de ação inimiga inovadora
Escala Amostra
Valor absoluto Percentual
TOTAL 92 100,0%
100.00%
0.00%
50.00%
• Extremamente Importante. Muito Importante
Um pouco Importante
• Não é Importante
Pouco Importante
GRÁFICO 3 - Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a importância do estudo de uma linha de ação inimiga inovadora
Fica evidenciado mais uma vez como a amostra valoriza a inovação
(98,9%) e considera como um fator que deve ser analisado no estudo das
linhas de ação do inimigo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação ao tema de estudo e objetivos propostos no início deste
trabalho, concluiu-se que a obra atendeu ao pretendido, verificando a
importância do estudo de uma linha de ação inimiga inovadora.
A revisão de literatura possibilitou concluir que a inovação é um fator de
extrema importância nas Operações Militares e que não necessariamente essa
inovação se restringi a alta tecnologia, podendo também ser desenvolvida em
processos, métodos e meios tradicionais. Além disso, verificou-se, que o Oficial
de Inteligência deve estar capacitado a elaborar linhas de ação inimigas da
melhor forma possível, portanto ele deve ser exposto a linhas de ação inimigas
inovadoras e estuda-Ias durante o seu adestramento. Sendo assim percebe-se
que a inovação pode ser empregada em métodos de estudo de situação por
parte do estado maior como forma a desenvolver, dentre outras habilidades, a
capacidade de adaptação.
A compilação de dados obtidos através de questionário permitiu
identificar que existe, por parte dos Capitães de Infantaria que estão cursando
a EsAO em 2018 a percepção que a Inovação nas Operações militares e o
estudo de uma linha de ação inimiga inovadora são extremamente importantes.
Com isso, surge a necessidade de empregar processos inovadores para
o desenvolvimento de capacidades em Estados Maiores em treinamento.
Recomenda-se, assim, que sejam estudas e levantadas linhas de ação
inimigas que possam ser consideradas inovadoras. A partir desse ponto pode
se apresentar temas compostos com essas linhas de ação inovadoras durante
o aperfeiçoamento dos Capitães, para que sejam examinadas de forma a
desenvolver o pensamento crítico e a adaptabilidade nos alunos.
Conclui-se, portanto, que é inegável a grande importância do estudo de
Linhas de Ação Inimigas Inovadoras.
SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
ANEXO
Questionário aplicado a 149 Capitães de Infantaria do Exército Brasileiro
cursando a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais em 2018 e respondido por
92 deles:
QUESTIONÁRIO
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
o presente instrumento é parte integrante da especialização em Ciências Militares do Cap Inf Pedro Paulo Nogueira da Costa cujo tema é A Importância do estudo de uma linha de ação inimiga inovadora.
O senhor foi selecionado, dentro de um amplo universo, para responder as perguntas deste questionário. Solicito-vos a gentileza de respondê-Io o mais completamente possível.
A experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a pesquisa, colaborando nos estudos referentes ao desenvolvimento e distribuição de materiais de emprego militar que aumentem a eficiência das pequenas frações do EB. Será muito importante, ainda, que o senhor complemente, quando assim o desejar, suas opiniões a respeito do tema e do problema.
Desde já agradeço a colaboração e coloco-me à disposição para esclarecimentos através dos seguintes contatos:
Pedra Paulo Nogueira da Costa (Capitão de Infantaria - AMAN 2009)
E-mail: [email protected]
ASPECTOS DOUTRINÁRIOS
1 . A inovação é o ato de inovar, ou seja, criar ou empregar doutrinas, estratégias ou meios diferentes dos usuais para atingir o objetivo de forma mais eficiente ou eficaz. Em sua opinião, qual é a importância do uso da Inovação nas operações militares?
( ) Extremamente Importante
( ) Muito Importante
( (
(
) Um pouco Importante ) Pouco Importante
) Não é importante
( ) Ganhar Importância
( ) Manter a Importância Atual
( ) Perder Importância
2. De acordo com sua opinião, a inovação nas operações militares vai ganhar, perder ou manter o seu grau de importância atual?
Obrigado
3. Em seu ponto de vista, qual seria a importância do estudo de uma linha de ação inimiga inovadora?
( ) Extremamente Importante
( ) Muito Importante
( ) Um pouco Importante
( ) Pouco Importante
( ) Não é importante
REFERÊNCIAS
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das Operações Terrestres. 1. ed. Brasília, DF, 2014.
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______ . C 101-5: Estado-maior e Ordens. 1° Volume, 2. ed. Brasília,
DF, 2003.
______ o C 20-1: Glossário de Termos e Expressões para uso no
Exército. 3. ed. Brasília, DF, 2003b.
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<http://www.publicacoesdeturismo.com.br/calculoamostral/>. Acesso em: 15 de
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COJOCAR, William J. EI Liderazgo Adaptable en el Proceso de Toma de
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Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/OODA_loop>. Acesso em: 02 novo
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