José Manuel Grosso Ferreira da Silva
Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta,
Coleoptera, Cantharidae) de Portugal continental
Taxonomia, distribuição geográfica e fenologia
Abril de 2007
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para a obtenção do grau de mestre em Biodiversidade e Recursos Genéticos.
Orientador: Prof. Doutor Paulo Célio Alves
\
Casal de Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) (Vairão, Junho de 2006).
1
Agradecimentos
O desenvolvimento desta tese só foi possível graças ao apoio de diversas pessoas, que
desde a orientação e o auxílio na resolução de vários problemas até à colaboração na obtenção
de bibliografia e exemplares contribuíram para que a sua elaboração se concretizasse.
Gostaria de começar por agradecer ao Prof. Doutor Paulo Célio Alves pela confiança
que em mim depositou e por toda a orientação e apoio que proporcionou durante a realização
desta tese.
Ao Doutor Miguel Ángel Alonso Zarazaga tenho a agradecer, em primeiro lugar, a
sugestão e o incentivo para me dedicar à família Cantharidae, assim como a sua amizade e
todo o apoio que deu para a realização desta tese, nomeadamente em termos nomenclaturais,
bibliográficos e de acesso à Colecção do Museo Nacional de Ciencias Naturales, para além do
auxílio na tradução das descrições originais publicadas em latim.
Ao Prof. Doutor Paulo Alexandrino pela disponibilidade para a realização das
fotografias que ilustram os hábitos dos adultos das espécies analisadas.
Ao Eng.º Tristão Branco, pelo seu apoio em termos bibliográficos, que proporcionou
algumas referências de acesso extremamente difícil, pelas discussões interessantes que sempre
mantemos e também pelos exemplares que me ofereceu.
Aos colegas e amigos que emprestaram as suas colecções particulares ou permitiram o
acesso às colecções das suas instituições, como o Prof. Doutor Artur Serrano, o Prof. Doutor
Luís Mendes, o Prof. Doutor Jorge Eiras, a Dra. Luzia Sousa, a Dra. Maria José
Miranda-Arabolaza e o Dr. Peter Hodge. Ainda ao José Ignacio López-Colón, pelos
exemplares de Cantharidae que me ofereceu e pela sua permanente disponibilidade para
ajudar.
Aos diversos colegas e amigos que contribuíram através da obtenção de referências
bibliográficas, como os Doutores Sergey Kasantsev e Florian Weihrauch e o Dr. José Manuel
Diéguez. Ao Doutor Florian Weihrauch agradeço ainda o auxílio na tradução das descrições
originais publicadas em alemão.
À Alison e ao Martin Corley, pela sua amizade e pelos agradáveis dias de campo que
temos sempre que saímos em conjunto, pela bibliografia e pelos exemplares que me
ofereceram.
À Sónia e ao Pedro, os meus “compinchas” entomológicos, pelos exemplares que
colheram, pela leitura desta tese, pelos conselhos e sugestões, enfim, por toda a sua amizade e
apoio.
2
Finalmente, à Patrícia, pelo que me ajudou nas diversas fases de preparação desta tese,
por acreditar em mim e me apoiar e encorajar sempre, mas acima de tudo pela sua infinita
paciência. E porque pelo tempo nosso que foi aplicado neste trabalho (e noutros...), esta tese
também é dela.
3
Resumo
O género Rhagonycha Eschscholtz, 1830 está incluído na família Cantharidae (Insecta,
Coleoptera), sendo um dos mais diversos desta família, com cerca de 330 espécies. A fauna
ibérica inclui aproximadamente 30 espécies, das cerca de 80 conhecidas no continente
europeu. O presente estudo foi realizado com os objectivos de inventariar e analisar
taxonomicamente as espécies do género Rhagonycha presentes em Portugal continental,
compilando e ampliando os conhecimentos sobre a sua distribuição geográfica e altitudinal,
fenologia e características ecológicas e ainda cartografando as suas distribuições conhecidas
no território nacional.
As metodologias empregues foram a pesquisa bibliográfica, a prospecção no campo, a
consulta e estudo de colecções e o trabalho laboratorial. O levantamento bibliográfico
compreendeu uma pesquisa de carácter global relativa à família Cantharidae e uma
compilação referente à fauna de Portugal continental. As prospecções de campo
proporcionaram exemplares para a análise taxonómica e contribuíram para a inventariação e
determinação das áreas de distribuição, intervalos altitudinais de ocorrência, fenologia e
características ecológicas das espécies. Os métodos de amostragem utilizados foram a procura
directa de exemplares, o saco de bater, a rede aérea e, nalgumas zonas, a atracção luminosa. O
estudo de colecções institucionais e privadas permitiu a consulta de material de comparação, a
obtenção de registos inéditos e/ou a verificação da identidade de exemplares já citados na
literatura. O trabalho laboratorial permitiu a identificação do material disponível e a análise
taxonómica das espécies identificadas, tendo-se a identificação baseado na coloração, na
morfologia externa das espécies e no estudo da genitália masculina.
A pesquisa bibliográfica permitiu a elaboração do inventário da fauna portuguesa, que
compreende 14 espécies. Foi também elaborada uma história do estudo do género
Rhagonycha em Portugal, incluindo 27 trabalhos produzidos por 20 autores. O estudo do
material colhido e preservado nas colecções analisadas permitiu a confirmação da presença de
nove espécies, bem como o incremento dos conhecimentos sobre a sua distribuição, fenologia
e características ecológicas. Foram ainda analisadas fêmeas de três outras espécies, cuja
presença no país não foi confirmada pelo facto de apenas os machos poderem ser
identificados com segurança. Foram elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das
espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos, comentários
sobre o estatuto taxonómico e distribuição em Portugal.
Em termos nomenclaturais, Cantharis fulva Scopoli, 1763 foi proposta como
espécie-tipo do género Rhagonycha. Foram também detectadas na literatura várias
4
incorrecções nomenclaturais (autoria, data de descrição e forma de citação da autoria de
algumas espécies), procedendo-se à respectiva correcção.
Do ponto de vista taxonómico, o estudo da coloração corporal e da morfologia do
edeago sustentou o estatuto de boas espécies de Rhagonycha galiciana Gougelet & H.
Brisout, 1860 e Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856), que se encontravam anteriormente
sinonimizadas.
O conhecimento da distribuição da maioria das espécies foi ampliado, com destaque
para Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 e Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866).
Obtiveram-se ampliações aos inventários da fauna de 13 Áreas Protegidas, incluindo em oito
dos casos os primeiros registos do género Rhagonycha.
5
Abstract
The genus Rhagonycha Eschscholtz, 1830, which is included in the family Cantharidae
(Insecta, Coleoptera), is one of the richest of that family, with approximately 330 species. The
Iberian fauna includes about 30 species, of the nearly 80 that are known in the European
continent. The objectives of this study were to inventory and taxonomically analyse the
species of the genus Rhagonycha that occur in continental Portugal, compiling and improving
the knowledge on the geographic and altitudinal distribution, phenology and ecological traits
and furthermore producing a cartography of their known distributions in the country.
The methods used were bibliographical survey, fieldwork, study of collections and lab
work. The bibliographical survey included a general part aimed at the family Cantharidae and
a more specific compilation related to the Portuguese fauna. The fieldwork conducted
provided specimens for the taxonomic analysis and contributed to the inventory and the
improvement of the knowledge on the distribution, altitudinal ranges, and phenology of the
species. Sampling methods included direct searching, beating, aerial netting, and, in some
areas, light-trapping. The study of institutional and private collections allowed the checking of
reference material and the verification of the identity of specimens already recorded in the
literature and also yielded unpublished records. Lab work allowed the identification of the
available material, basing on the colouring, external morphology and the study of the male
genitalia, as well as the taxonomic analysis of the species found.
The bibliographical survey produced an inventory of the Portuguese fauna comprising
14 species. A history of the study of the genus Rhagonycha in Portugal was also compiled,
including 27 works published by 20 authors. The study of the material collected and that
preserved in the collections confirmed the occurrence of nine species and improved the
knowledge on their geographic distribution, altitudinal range, phenology and several
ecological traits. Female specimens of three additional species, whose presence in the country
was not confirmed because only the males can be positively identified, were also studied.
Monographic chapters dealing with each of the species were prepared, including sections in
which adults are characterized, and the taxonomic status and Portuguese distribution are
commented.
Nomenclatural results include the designation of Cantharis fulva Scopoli, 1763 as the
type-species of the genus Rhagonycha and the correction of a few mistakes relating to the
authorship, description date and citation form of several species.
6
Taxonomically, the study of body colouring and the morphology of the aedeagus
warranted the separation of Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 and
Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856), formerly treated as synonyms, as good species.
The knowledge about the distribution of most species was improved, the most
noteworthy cases being Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 and Rhagonycha genistae
(Kiesenwetter, 1866). Additions were obtained for the inventories of 13 Parks and Reserves,
including the first records of the genus Rhagonycha in eight of them.
7
1. Introdução
A família Cantharidae Imhoff, 1856 (1815), cuja composição mundial conhecida se
estima em cerca de 5.700 espécies (DELKESKAMP, 1977 e compilação por consulta
bibliográfica, do Zoological Record e de páginas da internet), pode considerar-se um grupo
taxonómico de dimensão média dentro da ordem Coleoptera, que inclui várias famílias com
mais de 25.000 espécies descritas.
Em termos geográficos, os Cantarídeos apresentam uma distribuição praticamente
cosmopolita, sendo a região Antárctica a única onde não estão representados (LAWRENCE et
al., 1999).
As larvas de Cantarídeos são do tipo campodeiforme (semelhantes aos insectos do
género Campodea) e encontram-se revestidas por uma pubescência densa composta por sedas
hidrofóbicas, que lhes confere um aspecto aveludado (CROWSON, 1955; LUFF, 1991;
RAMSDALE, 2000). Segundo CROWSON (1955), esta pubescência está provavelmente
relacionada com a resistência que as larvas destes insectos exibem face a situações de secura
extrema ou de humidade elevada, que é comparativamente maior do que a das larvas de várias
famílias próximas. Em termos de dieta, as larvas de Cantarídeos são predadoras ou fitófagas e
vivem sobre o solo, na manta morta e sob troncos de árvores tombadas (VIEDMA, 1964;
LUFF, 1991; LAWRENCE et al., 1999).
Os adultos (imagos) da maioria das espécies deste grupo taxonómico apresentam
actividade diurna, sendo encontrados frequentemente sobre plantas, quer sobre a folhagem,
quer sobre flores (LAWRENCE et al., 1999). Em termos de dieta, os imagos de Cantharidae,
que apresentam normalmente uma coloração viva do tipo aposemático e um sistema glandular
defensivo bem desenvolvido, podem ser classificados como predadores facultativos, uma vez
que aliam ao consumo habitual de presas de pequena dimensão, a utilização de matéria
vegetal, nomeadamente néctar e pólen, como fonte alimentar suplementar (LAWRENCE et
al., 1999; RAMSDALE, 2000).
A classificação actual da família Cantharidae na hierarquia taxonómica do Reino
Animal é (BRANCUCCI, 1980; LAWRENCE & NEWTON, 1995):
Filo Arthopoda von Siebold, 1845
Classe Insecta Linnaeus, 1758
Ordem Coleoptera Linnaeus, 1758
Subordem Polyphaga Emery, 1886
Superfamília Elateroidea Leach, 1815
Família Cantharidae Imhoff, 1856 (1815)
8
A ordem Coleoptera inclui os insectos holometabólicos dotados de peças bucais
trituradoras com mandíbulas bem desenvolvidas, antenas com 8 a 11 artículos, protórax bem
desenvolvido e móvel e mesotórax reduzido (BRUSCA & BRUSCA, 2003). A característica
mais distintiva dos membros desta ordem é, no entanto, a estrutura das asas anteriores
(élitros), traduzida pelo seu espessamento e endurecimento, que lhes permite cobrir, e dessa
forma proteger, as asas posteriores membranosas e o abdómen (BORROR & DELONG,
1988; BRUSCA & BRUSCA, 2003).
A subordem Polyphaga Emery, 1886, na qual os Cantarídeos são enquadrados, é
caracterizada pela presença de meta-ancas não soldadas ao metasterno e não dividindo o
primeiro esternito abdominal, abdómen com um número variável de esternitos (quando
existem seis, correspondem aos segmentos III a VIII), protórax sem suturas notopleurais e
asas sem oblongum (CROWSON, 1955).
A família Cantharidae é actualmente incluída na superfamília Elateroidea Leach, 1815,
que abarca mais 14 famílias (LAWRENCE & NEWTON, 1995), seis das quais também
possuem representantes em Portugal (SEABRA, 1943). Anteriormente, Cantharidae constituía
a família nominal da superfamília Cantharoidea Imhoff, 1856 (CROWSON, 1955), tendo a
reunião das famílias incluídas nesta superfamília, em Elateroidea e também em
Artematopoidea sido proposta por LAWRENCE (1988).
O aspecto geral dos Cantarídeos adultos é ilustrado na Figura 1. As espécies desta
família podem distinguir-se das pertencentes às restantes famílias de Coleoptera pela seguinte
combinação de características (ALONSO-ZARAZAGA, 1980; RAMSDALE, 2000): cabeça
não ocultada pelo pronoto; antenas com 11 artículos, normalmente filiformes, mas podendo
ser serradas, pectinadas ou flabeladas; inserções antenais afastadas e mais ou menos dorsais;
labro membranoso normalmente oculto sob o clípeo; metasterno com os bordos externos
sinuosos; epipleuras elitrais estreitas ou ausentes; meso-ancas contíguas ou quase; fórmula
tarsal 5-5-5; quarto artículo tarsal bilobado; asas sem célula anal fechada; abdómen com 7 ou
8 esternitos; tergitos abdominais 1 a 8 com um par de poros glandulares laterais; ausência de
órgãos bioluminescentes.
A família Cantharidae é dividida em cinco subfamílias (BRANCUCCI, 1980;
LAWRENCE & NEWTON, 1995): Cantharinae Imhoff, 1856; Chauliognathinae LeConte,
1861; Dysmorphocerinae Brancucci, 1980; Malthininae Kiesenwetter, 1852; Silinae Mulsant,
1862. O estatuto destas subfamílias é suportado por diversos trabalhos entre os quais se
destaca o estudo de morfologia comparada de BRANCUCCI (1980), no qual foram
9
analisados em detalhe caracteres morfológicos externos e internos de um grande número de
géneros.
Figura 1: Aspecto geral dos adultos da família Cantharidae (modificado de DAHLGREN, 1979a).
Em termos de identificação específica, a antiguidade de muitas das tabelas publicadas e
a inexistência, quer para grupos concretos (e. g., de nível genérico), quer para áreas
geográficas frequentemente muito alargadas, de trabalhos recentes de compilação e síntese,
coloca entraves importantes ao estudo das faunas locais de Cantharidae, com reflexos no
conhecimento da distribuição geográfica e características biológicas de um elevado número de
espécies. A este respeito, é de salientar o facto de, durante os séculos XVIII e XIX e uma
parte do século XX, a identificação das espécies da família Cantharidae ter assentado em
características cromáticas e em caracteres morfológicos externos como, por exemplo, a forma
do pronoto e a proporção entre determinados artículos das antenas e entre o comprimento e a
largura dos élitros (cf. PORTEVIN, 1931; JOY, 1932; PERRIER & DELPHY, 1932). O uso
destas características acarreta, em muitos casos, dificuldades importantes na identificação dos
Cantarídeos, devido à grande semelhança entre as espécies e à variabilidade exibida pelos
representantes de diversos géneros, particularmente a nível cromático. Mais recentemente, a
morfologia da genitália masculina (edeago), cujo estudo no seio da ordem Coleoptera foi
iniciado no século XIX e conheceu um grande desenvolvimento durante a primeira metade do
10
século XX (cf. LAWRENCE et al., 1995), proporcionou uma nova e valiosa fonte de
informação taxonómica, sendo em muitos casos a única forma segura de diferenciar espécies
indistinguíveis pela coloração e morfologia externa.
Segundo BRANCUCCI (1980), o edeago de Cantharidae (Figura 2) deriva do tipo
trilobado, sendo constituído por um tegmen e um lobo mediano. O tegmen é formado por uma
peça basal (constituída por dois escleritos laterais) e por dois lobos laterais, cujas bases são
frequentemente largas e fundidas e emitem prolongamentos estiliformes (estiletes). O lobo
mediano (ou pénis) apresenta forma variável e inclui um saco interno desinvaginável, cuja
extremidade distal é ornamentada com estruturas esclerotizadas de forma distinta entre as
espécies. O lobo mediano é, por vezes, acompanhado lateralmente por um par de laterófises
ou processos tergo-laterais.
Figura 2: Morfologia geral do edeago de Cantharidae, em vista ventral (modificado de BRANCUCCI, 1980).
1.1. A família Cantharidae na Europa e na Península Ibérica
A fauna europeia da família Cantharidae é composta por cerca de 510 taxa de
grupo-espécie, pertencentes a 21 géneros (KAZANTSEV, 2005). Os conhecimentos actuais
sobre a distribuição e características biológicas das espécies europeias são ainda incompletos
11
e desiguais, devido essencialmente à heterogeneidade geográfica observada no seu estudo e à
menor atenção de que o grupo tem sido alvo quando comparado com outras famílias da ordem
Coleoptera. De facto, apesar de nalgumas zonas do continente europeu, a fauna de
Cantharidae ter sido alvo de estudos de síntese relativamente recentes, que incluem, nalguns
casos, tabelas de identificação específica (e. g., DAHLGREN, 1979a, relativo à fauna da
Europa central), os trabalhos taxonómicos abrangentes são já muito antigos (MARSEUL,
1864) e, para além de estarem desactualizados do ponto de vista nomenclatural e no elenco de
espécies que tratam, não incluem algumas das características actualmente consideradas mais
informativas do ponto de vista taxonómico, como acontece com a morfologia do edeago.
Estes factores originam lacunas importantes no conhecimento taxonómico de
determinadas regiões europeias, o que é bem exemplificado pelo facto de, desde 1975, ou
seja, desde a publicação do mais recente catálogo mundial da família (DELKESKAMP,
1977), terem sido descritas 32 espécies do território europeu, a maioria das quais da zona
meridional do continente (principalmente das Penínsulas Ibérica e Balcânica).
A fauna ibérica de Cantarídeos engloba cerca de 120 espécies distribuídas por 8
géneros: Ancistronycha (3), Armidia (4), Boveycantharis (1), Cantharis (22), Metacantharis
(1), Rhagonycha (28), Malthinus (25) e Malthodes (31) (DIÉGUEZ, 2004, 2005;
KAZANTSEV, 2005). Muitas das espécies são conhecidas de uma forma notoriamente mais
deficiente do que as que ocorrem na Europa central, devido à já referida escassez de estudos
sobre o grupo no território ibérico. No que se refere ao conhecimento da distribuição ibérica
das espécies, merece destaque o catálogo de FUENTE (1931) que, apesar da sua antiguidade,
constitui ainda uma importante fonte de informação, particularmente por ser um trabalho de
compilação. Mais recentemente, alguns estudos contribuíram pontualmente para o incremento
dos conhecimentos sobre o grupo na Península Ibérica, quer através da descrição de espécies
(DAHLGREN, 1972, 1975; WITTMER, 1981; ŠVIHLA, 1995, 2002b), quer pela citação de
espécies previamente desconhecidas da área (DIÉGUEZ, 2004, 2005). Os trabalhos
posteriores ao catálogo de FUENTE (1931) que contribuem para o conhecimento da
distribuição das espécies de Cantharidae no âmbito ibérico são, igualmente, pouco numerosos,
e nenhum é exclusivamente dedicado à família, podendo referir-se, para além dos já
mencionados, os de COBOS (1949), ESPAÑOL & BELLÉS (1980), SERRANO (1981, 1982,
1983), AGUIAR & SERRANO (1995) e DIÉGUEZ et al. (2006).
O inventário da fauna de Cantharidae de Portugal continental inclui, de acordo com a
literatura consultada, 38 espécies pertencentes a cinco géneros: Ancystronycha (1), Cantharis
(16), Rhagonycha (14), Malthinus (5) e Malthodes (2) (OLIVEIRA, 1884, 1893; SEABRA,
12
1943; DAHLGREN, 1972, 1975). Os conhecimentos sobre o grupo em Portugal são muito
incompletos em termos taxonómicos, geográficos e de biologia. Entre os cinco géneros
citados de Portugal continental, o género Rhagonycha Eschscholtz, 1830 pode considerar-se
ilustrativo da situação referida devido ao marcado desconhecimento que se verifica ao nível
da taxonomia, do inventário, da distribuição geográfica e da fenologia das espécies presentes.
É, por isso, evidente a necessidade de uma análise taxonómica da fauna portuguesa deste
grupo e da realização de estudos aprofundados em diversas zonas praticamente inexploradas
do país, em que se incluem a maior parte das Áreas Protegidas, assim como da verificação das
citações existentes, que em muitos casos remontam à primeira metade do século XX.
1.2. O género Rhagonycha Eschscholtz, 1830
O género Rhagonycha Eschscholtz, 1830, pertencente à subfamília Cantharinae, está
representado na Península Ibérica por aproximadamente 30 das cerca de 80 espécies
conhecidas no território europeu (KAZANTSEV, 2005). Trata-se de um género de
distribuição alargada, ocorrendo na Europa, Ásia, norte de África, América do Norte e
Gronelândia (DELKESKAMP, 1977) e que inclui, actualmente, cerca de 330 espécies, a
maioria das quais ocorrem nas regiões paleártica e neártica (segundo KAZANTSEV &
TAKAHASHI, 2001 e compilação própria).
1.2.1. Sinopse histórica do estudo do género Rhagonycha
As primeiras espécies de Cantharidae a serem caracterizadas no contexto do sistema
binominal de nomenclatura foram-no justamente na obra que marcou o início desse sistema, a
10ª edição do Systema Naturae de LINNAEUS (1758). Todas estas espécies, incluindo uma
actualmente classificada no género Rhagonycha, foram incluídas por LINNAEUS (1758) no
género Cantharis, descrito simultaneamente, mas não em Cantharidae, que só adquiriu o
estatuto de família em 1856. De referir ainda que apenas oito das 30 espécies incluídas por
LINNAEUS (1758) no género Cantharis permanecem hoje em dia na família Cantharidae
(repartidas por quatro géneros) sendo as restantes incluídas não apenas em famílias de
Elateroidea (como Lampyridae e Lycidae), mas também nas superfamílias Cleroidea (família
Malachiidae) e Tenebrionoidea (famílias Oedemeridae e Pyrochroidae).
O estudo das espécies que actualmente integram o género Rhagonycha iniciou-se,
consequentemente, com a obra de LINNAEUS (1758), através da descrição de Rhagonycha
13
testacea (Linnaeus, 1758). Ainda durante o século XVIII, três outros autores (SCOPOLI,
1763; O. F. MÜLLER, 1764; FABRICIUS, 1792) contribuíram para o aumento dos
conhecimentos através da descrição de quatro espécies, tendo LINNAEUS (1767) descrito
uma outra. Desta forma, no final do século XIX eram conhecidas seis espécies actualmente
classificadas no género Rhagonycha.
No início do século XIX, mais oito espécies foram descritas por Fabricius, Fallén,
Eschscholtz, Say e Germar, tendo sido classificadas no género Cantharis, da mesma forma
que as espécies descritas no século XVIII.
Em 1830, ESCHSCHOLTZ (1830) descreveu o género Rhagonycha citando sete
espécies como elenco inicial. Várias das espécies citadas são actualmente incluídas em
géneros distintos, mas todas elas permanecem classificadas na família Cantharidae.
Durante o restante período do século XIX, foram descritos mais 77 taxa de
grupo-espécie actualmente incluídos no género Rhagonycha. Desta forma, no século XIX
foram descritos um total de 85 taxa, o que representou um importante incremento na taxa de
descrição, tendo o número de investigadores envolvidos nesta actividade ascendido a 38, com
particular destaque para as obras de LeConte, que entre 1851 e 1884 descreveu 11 taxa de
grupo-espécie actualmente considerados válidos, de Kiesenwetter, que descreveu 9 taxa entre
1851 e 1874, e de Marseul, que descreveu nove taxa entre 1864 e 1868.
No século XX verificou-se uma aceleração ainda mais evidente da taxa de descrição de
espécies, com um total de 217 novos taxa, actualmente considerados válidos e classificados
no género Rhagonycha, a serem caracterizados em trabalhos de 26 investigadores. De referir,
ainda, que foi neste século que se observaram as maiores obras taxonómicas individuais no
contexto do género Rhagonycha, merecendo particular realce as de Wittmer (com 48 taxa
descritos), Pic (39 taxa), Švihla (34 taxa), Dahlgren (33 taxa) e Kazantsev (23 taxa).
Desde o início do século XXI, foram descritas 21 espécies de Rhagonycha por cinco
autores (Kang, Kim, Kazantsev, Takahashi e Švihla).
A utilização da morfologia do edeago no estudo do género Rhagonycha produziu um
claro avanço nos conhecimentos taxonómicos, permitindo uma melhor caracterização e uma
consequente clarificação do estatuto de muitas das espécies descritas (que nalguns casos
passaram a sinónimos), assim como o reconhecimento e descrição de diversas novas espécies.
Entre as obras consultadas, o trabalho mais antigo que inclui ilustrações do edeago de
espécies do género Rhagonycha deve-se a CONSTANTIN (1965), mas foi através dos
estudos de DAHLGREN (1968, 1972, 1975, 1976a, 1976b, 1978, 1979b, 1985a, 1985b) que a
sua utilização para a identificação específica se generalizou. A crescente aplicação da
14
morfologia do edeago como carácter taxonómico originou, desde então, uma reorganização
que se traduziu na transferência de diversas espécies para outros géneros da subfamília
Cantharinae, como Athemus Lewis, 1895, Pseudopodabrus Pic, 1906, Micropodabrus Pic,
1920 e Stenopodabrus Nakane, 1992. Esta reorganização levou a que, apesar da contínua
descrição de espécies do género Rhagonycha nas últimas décadas, se tenha verificado um
abrandamento aparente no incremento da composição do género.
De referir ainda que a classificação do género Rhagonycha apresentada em diversos
catálogos (e. g., HEYDEN et al., 1906; HICKER & WINKLER, 1925; FUENTE, 1931;
DELKESKAMP, 1939, 1977) inclui a sua divisão em subgéneros. Contudo, considerando que
o estatuto de alguns dos subgéneros não é claro e que as espécies portuguesas se enquadram,
na sua totalidade, no subgénero nominal, no presente trabalho optou-se por não mencionar o
subgénero aquando do tratamento das espécies.
1.2.2. Descrição original do género Rhagonycha
O género Rhagonycha foi descrito por ESCHSCHOLTZ (1830) para acomodar várias
espécies até então incluídas no género Cantharis Linnaeus, 1758. A descrição original,
publicada no Bulletin de la Société Imperiale des Naturalistes de Moscou, encontra-se
reproduzida na Figura 3.
Figura 3: Imagem digitalizada da descrição original do género Rhagonycha (ESCHSCHOLTZ, 1830: 64-65).
15
A descrição apresentada por ESCHSCHOLTZ (1830) pode ser traduzida da seguinte
forma:
“Da família dos Malacodermes e da secção das Cantharis.
Antenas filiformes, separadas na base.
Palpos securiformes.
Tarsos com o penúltimo artículo bilobado.
Unhas com o ápice fendido.
As espécies deste género estão unidas até agora com as Cantharis, mas são fáceis de
distinguir pelas unhas fendidas e a cabeça estreitada na base; conheço as seguintes: Cantharis
melanura L., __mans Meg., fumata Hellw., alpina Payk., annulata Fisch., elongata Fall.,
piniphila Esch., e outras inéditas.” (Nota: os caracteres iniciais do restritivo específico da
segunda espécie estão ilegíveis na cópia disponível do trabalho de ESCHSCHOLTZ, 1830)
A etimologia do nome genérico, apresentada em nota de rodapé por ESCHSCHOLTZ
(1830), relaciona-se com as palavras gregas “ραγεις” (rhageis), que significa “rasgado”, e
“ονυξ ” (onyx), que significa “unha”, referindo-se ao facto das unhas, nos exemplares deste
género tal como definido por ESCHSCHOLTZ (1830), serem bífidas em todas as patas.
1.2.3. Espécie-tipo do género Rhagonycha
O Princípio da Tipificação, definido pelo Capítulo 13 (Artigo 61) do Código
Internacional de Nomenclatura Zoológica (C.I.N.Z., 1999), adiante designado “Código”,
determina que a cada taxon nominal de grupo-espécie, grupo-género e grupo-família, está
associado real ou potencialmente um tipo portador de nome. Este facto reveste-se da maior
importância uma vez que a fixação do tipo portador de nome fornece o critério objectivo de
referência para a aplicação desse mesmo nome.
Relativamente ao género Rhagonycha, este foi descrito, mas não tipificado, por
ESCHSCHOLTZ (1830). Posteriormente à descrição do género, a sua tipificação foi realizada
por duas vezes: por WESTWOOD (1838), que designou Cantharis melanura Linnaeus, 1758
como espécie-tipo, e por DELKESKAMP (1977), que para esse efeito designou Cantharis
fulva Scopoli, 1763.
16
1.2.4. Características do género Rhagonycha
O género Rhagonycha está, como foi referido anteriormente, incluído na subfamília
Cantharinae, cujo reconhecimento assenta em diversas características de morfologia interna e
externa, expostas por BRANCUCCI (1980): esporões tibiais robustos e bem visíveis; asas
com nervura cubital dividida em dois ramos; poros glandulares abdominais pouco visíveis;
nono esternito e edeago simétricos; lobos laterais do edeago estreitamente fundidos na face
ventral; estiletes dos coxitos genitais femininos sempre bem desenvolvidos. A cabeça dos
machos é prognata e sensivelmente arredondada (é alongada somente no género Podabrus
Westwood, 1840) e o quarto artículo dos palpos maxilares é securiforme, ou seja, em forma
de machado (Figura 4), por vezes securiforme alongado. O pronoto é sempre plano,
apresentando normalmente uma aresta aguda na separação das epipleuras e os élitros são
sempre alongados, moles e sem estruturas distintas, recobrindo completamente o abdómen.
As fêmeas são semelhantes aos machos mas apresentam olhos ligeiramente mais pequenos e
antenas mais curtas.
Figura 4: Aspecto de um palpo securiforme, característico da
subfamília Cantharinae (modificado de RAMSDALE, 2000).
Relativamente à separação de Rhagonycha dos restantes géneros de Cantharinae,
ESCHSCHOLTZ (1830) mencionou a presença de antenas filiformes, palpos securiformes,
penúltimo artículo tarsal bilobado e unhas fendidas como características distintivas do novo
agrupamento genérico. No entanto, várias destas características não são exclusivas do género
17
Rhagonycha, sendo próprias da subfamília Cantharinae (como os palpos securiformes) ou
mesmo da família Cantharidae (cujas antenas são geralmente filiformes e o penúltimo artículo
tarsal é bilobado). Relativamente ao carácter bífido das unhas tarsais, que originou o nome do
género Rhagonycha, trata-se da morfologia mais comum, mas não universal, no seio do
género, uma vez que existem espécies em que apenas os machos possuem unhas bífidas e foi
descrito recentemente o subgénero Ussurycha (KAZANTSEV, 1995) cujos machos possuem
as unhas internas dos tarsos intermédios e posteriores dotadas de um dente na base, mas não
bífidas, e cujas fêmeas possuem todas as unhas dotadas de dente na base e não bífidas.
Assim, de acordo com a literatura consultada, a discriminação entre o género
Rhagonycha e os restantes géneros de Cantharinae deverá ser realizada com base não apenas
na morfologia das unhas tarsais mas também no facto de, em Rhagonycha, o terceiro artículo
tarsal ser simples (isto é, não bilobado) e de o quarto artículo se inserir apicalmente no
terceiro (RAMSDALE, 2000) (Figura 5).
Figura 5: Aspecto do tarso de Rhagonycha, mostrando o terceiro artículo não bilobado (a), a inserção apical do quarto artículo (b) e as unhas bífidas (c) (modificado de RAMSDALE, 2000).
No que se refere à genitália masculina, segundo BRANCUCCI (1980) podem
reconhecer-se seis tipos diferentes de edeagos na família Cantharidae, enquadrando-se o do
género Rhagonycha no que este autor designou “tipo Cantharis”. Nos edeagos deste tipo, a
peça basal do tegmen, formada pelos dois escleritos laterais e pelos campos membranosos
tergal e esternal, envolve completamente o lobo mediano, que só é visível na porção apical
(Figura 6). Os lobos laterais encontram-se fundidos dorsal e ventralmente na base e
prolongam-se por um par de estiletes.
18
Figura 6: Vista ventral (a) e dorsal (b) do edeago de Rhagonycha genistae, exemplificativo da morfologia da genitália masculina das espécies do género Rhagonycha.
1.3. Objectivos
Pelo que foi exposto anteriormente verifica-se que, actualmente, a fauna portuguesa do
género Rhagonycha, tal como a dos restantes elementos da família Cantharidae, é conhecida
de uma forma deficiente em aspectos como a taxonomia, o inventário, a distribuição
geográfica e as características ecológicas das espécies.
O objectivo geral do presente estudo é, consequentemente, realizar uma revisão da
fauna do género Rhagonycha presente em Portugal continental, com os seguintes objectivos
específicos:
1. Inventariar e analisar taxonomicamente as espécies do género que ocorrem em Portugal
continental;
2. Compilar a informação disponível e ampliar os conhecimentos sobre a distribuição
geográfica e altitudinal das espécies presentes;
3. Compilar e aprofundar os conhecimentos relativamente à fenologia e a algumas das
características ecológicas das espécies;
4. Cartografar as distribuições conhecidas das espécies inventariadas para o território
nacional.
19
2. Metodologia
A revisão da fauna portuguesa do género Rhagonycha foi realizada com recurso a
diversas formas de pesquisa, ajustadas aos objectivos do estudo: pesquisa bibliográfica,
prospecção no campo, consulta e estudo de colecções e trabalho laboratorial.
2.1. Pesquisa bibliográfica
A natureza da revisão a efectuar implicou a realização de um levantamento bibliográfico
alargado, que compreendeu dois âmbitos distintos. No primeiro destes, foi efectuada uma
pesquisa de carácter global visando a obtenção de dados relativos à família Cantharidae, no
que se refere à história do seu estudo e à sua taxonomia, morfologia, composição e
distribuição. O segundo âmbito da pesquisa bibliográfica centrou-se na fauna de Rhagonycha
de Portugal continental, relacionando-se com a elaboração de um inventário de espécies
citadas e com a compilação dos dados disponíveis sobre a distribuição das espécies.
A pesquisa de carácter global incidiu sobre bibliografia de índole diversa, bem como
sobre informação disponível na internet. Entre as obras consultadas destacam-se os catálogos
da fauna mundial de Cantharidae de DELKESKAMP (1939, 1977), a revisão taxonómica de
CROWSON (1972), o estudo de morfologia comparada de BRANCUCCI (1980) e a síntese
da classificação da ordem Coleoptera de LAWRENCE & NEWTON (1995), obras
fundamentais para o conhecimento da morfologia, composição, taxonomia e enquadramento
sistemático da família Cantharidae na superfamília Elateroidea e na ordem Coleoptera.
Ao nível da internet, a pesquisa incidiu inicialmente sobre a base de dados Zoological
Record, para obtenção de informação relativa aos trabalhos publicados sobre Cantharidae
desde 1978, o primeiro ano cujos dados se encontram informatizados. Considerando que a
cobertura bibliográfica do catálogo de DELKESKAMP (1977) só se estende até 1975 e
visando cobrir o lapso temporal daí decorrente, foram também consultados os volumes em
papel do Zoological Record referentes aos trabalhos publicados entre 1974 e 1977 sobre a
ordem Coleoptera, incluindo-se os anos de 1974 e 1975 de forma a assegurar uma
monitorização mais eficaz da informação publicada e prevenir falhas derivadas de atrasos de
publicação de obras datadas desses dois anos mas não consultadas por DELKESKAMP
(1977).
Foram igualmente consultados recursos taxonómicos e/ou de compilação biogeográfica
como a base de dados Fauna Europaea (www.faunaeur.org), que inclui o catálogo
taxonómico e informação sobre a distribuição da fauna europeia a nível de países, e a página
20
web “Nearctica” (www.nearctica.com/nomina/main.htm), que sintetiza a classificação dos
insectos da América do Norte contida na obra de POOLE & GENTILI (1996).
A compilação bibliográfica de carácter nacional incidiu sobre referências de autores
portugueses e estrangeiros para verificação da existência de citações de espécies do género
Rhagonycha para Portugal, tendo sido usada, em grande parte, bibliografia compilada desde
1994, no decorrer do estudo da entomofauna portuguesa (e. g., GROSSO-SILVA, 1999a,
1999b, 2000, 2002, 2005).
Durante o desenvolvimento do estudo, a obtenção de bibliografia complementar
baseou-se na colaboração de diversos investigadores, que remeteram cópias dos seus próprios
trabalhos ou de referências cuja obtenção não era possível em Portugal: Doutor Miguel Ángel
Alonso-Zarazaga (Madrid, Espanha), Eng.º Tristão Branco (Porto), Drs. Alison e Martin
Corley (Oxfordshire, Inglaterra), José Manuel Diéguez (Barcelona, Espanha), Doutor Sergey
Kazantsev (Moscovo, Rússia) e Doutor Florian Weihrauch (Wolnzach, Alemanha).
2.2. Prospecções de campo
A realização das prospecções de campo constituiu uma parte fundamental do estudo,
tendo contribuído para a inventariação das espécies presentes no território nacional e para a
determinação das respectivas áreas de distribuição, intervalos altitudinais de ocorrência e
fenologia, assim como para obter informação relativa à dieta, substratos de ocorrência e
comportamento. Para além destes aspectos, as prospecções realizadas visaram também a
obtenção, em diferentes áreas do país, de exemplares para a análise taxonómica das espécies
que compõem a fauna portuguesa de Rhagonycha.
O planeamento das prospecções de campo teve em consideração a informação sobre a
biologia e comportamento das espécies, obtida durante a pesquisa bibliográfica que antecedeu
o trabalho de campo, que foi utilizada principalmente na selecção das técnicas de colheita
adequadas.
Desta forma, entre o início do ano de 2005 e o mês de Agosto de 2006, foram
prospectadas diversas zonas dispersas pelo território de Portugal continental (Figura 7). Os
métodos de amostragem utilizados consistiram na procura directa de exemplares sobre a
vegetação e na utilização de saco de bater, rede aérea e, nalgumas zonas, chamarizes
luminosos.
21
Figura 7: Localização das quadrículas UTM 10x10 Km amostradas entre Janeiro de 2005 e Agosto de 2006.
Um dos aspectos a que foi dada especial importância durante as pesquisas de campo foi
o tipo de substrato sobre o qual as espécies se podem encontrar. Foram assim prospectados os
substratos referidos na bibliografia e os já conhecidos por experiência prévia, como é o caso
de flores de plantas das famílias Apiaceae (=Umbelliferae) e Fabaceae (=Leguminosae).
Foram igualmente realizadas prospecções em substratos ainda não conhecidos, tendo sido
verificado, numa fase inicial do trabalho de campo (primeira metade de Maio de 2005), que
parte das espécies ocorrem com frequência no estrato arbóreo e também, ainda que em menor
grau, no estrato arbustivo. As técnicas de prospecção e colheita foram, em consequência,
ajustadas, passando a incluir a pesquisa de exemplares sobre as copas de várias espécies de
árvores e arbustos. A colheita nestas condições foi realizada através de uma rede aérea
## ####
# # ###### #### ### ## ## #### # # ##### ## ######## # ##### ## # ### # ### #####
### ###
# # ####
# ##### ##### ### #
# #### ## #
## ##
#
###
###### # # # #########
#
#
###
#### ##
## ## # ####
# # # ###
22
circular com um diâmetro de 44 cm e cabo telescópico de extensão variável entre 93 e 174
cm, adaptável à altura dos ramos sobre os quais os exemplares se localizavam.
Relativamente ao saco de bater utilizado, trata-se de uma estrutura idêntica à de uma
rede aérea (cabo e aro circular), mas construída em aço inoxidável maciço, para garantir
maior robustez e durabilidade. O saco utilizado neste caso é composto por tecido resistente
que permite a realização de batimentos sobre a vegetação herbácea e arbustiva.
A técnica de atracção por chamarizes luminosos consiste na utilização de lâmpadas cuja
luz é reflectida por uma superfície clara, que aumenta a área iluminada visualizável à
distância e fornece um substrato onde os exemplares são facilmente visíveis e capturáveis. A
aplicação desta técnica é realizada entre o crepúsculo e a hora em que a actividade dos adultos
decresce a ponto de tornar improdutiva a pesquisa, sendo esse facto avaliado em cada caso,
visto que a actividade, para além de variar entre as espécies, depende de vários factores
abióticos, nomeadamente da temperatura. No presente estudo foram utilizadas lâmpadas de
vapor de mercúrio de 125 W e/ou de 160 W como fonte luminosa e rectângulos de tecido
branco de aproximadamente 2,5 x 1,5 m como superfícies claras reflectoras, estendendo-se o
tecido no solo e suspendendo-se sobre este a lâmpada com um tripé, a cerca de 80 cm do solo.
Os exemplares obtidos no campo foram, na maioria dos casos, preservados em álcool a
70º com 5% de glicerina, para posterior análise em laboratório e para a constituição de uma
colecção de referência. Alguns dos exemplares, destinados a uma análise filogenética futura,
foram preservados em álcool a 96º. Apenas se realizaram observações e contagens de
exemplares sem a sua colheita no caso de Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763), por se tratar de
uma espécie cuja identificação foi considerada segura no campo.
Os locais de colheita e/ou observação foram georeferenciados com recurso a um
receptor de GPS Garmin Etrex Venture, registando-se as respectivas coordenadas no sistema
UTM com o datum WGS 84. A representação cartográfica foi realizada com o software “Arc
View 3.2”, desenvolvido pela empresa ESRI.
2.3. Estudo de colecções
De uma forma complementar ao trabalho de campo, foram estudadas várias colecções
institucionais e privadas (cuja lista se apresenta na Tabela 1), para consulta de material de
comparação, obtenção de registos inéditos e/ou verificação da identidade de exemplares cujos
dados já haviam sido publicados. A lista das siglas que identificam estas colecções na lista de
material estudado é apresentada na Tabela 1.
23
Tabela 1: Lista das colecções analisadas e respectivas siglas.
Colecção Sigla Artur Serrano (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) CAS Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos,
Universidade do Porto (CIBIO-UP) CIBIO
Correia de Barros (Museu de História Natural da Faculdade de Ciências do Porto) CCB
Colecção Entomológica (Escola Superior Agrária de Bragança) ESAB Colecção de Portugal (Instituto de Investigação Científica Tropical
- Centro de Zoologia, Lisboa) IICT
Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias Naturales (Madrid, Espanha) MNCN
Grosso-Silva (S. Romão do Coronado, Trofa) CGS Peter Hodge (East Sussex, Inglaterra) CPH
A geo-referenciação do material de colecção foi realizada com recurso às folhas da carta
militar à escala 1:25.000, tendo-se limitado, na maioria dos casos, à determinação da
quadrícula UTM decaquilométrica, uma vez que esta constitui a escala mais adequada à
representação cartográfica sobre o território de Portugal continental.
2.4. Trabalho laboratorial
O trabalho laboratorial realizado teve como finalidade a identificação do material
disponível de Rhagonycha e a sua análise em termos nomenclaturais e taxonómicos, através
da consulta das descrições originais das espécies citadas para Portugal continental (com a
excepção da descrição de Rhagonycha martini Pic, 1908, de que não foi possível obter cópia),
do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (C.I.N.Z., 1999) e dos trabalhos de
DAHLGREN (1968, 1972, 1975), que contêm informação muito útil do ponto de vista
taxonómico, incluindo ilustrações dos edeagos da maioria das espécies presentes em Portugal.
Paralelamente, foi consultada a monografia de MARSEUL (1864), que abrange a fauna
europeia, do norte de África, do Médio Oriente e do Cáucaso, e as tabelas de identificação da
fauna da Europa central (DAHLGREN, 1979a), da fauna austríaca (REDTENBACHER,
1849), da fauna francesa (PORTEVIN, 1931; PERRIER & DELPHY, 1932) e da fauna das
Ilhas Britânicas (JOY, 1932), para verificação da sua adequação à determinação das espécies
da fauna portuguesa.
A identificação dos exemplares baseou-se na análise de características de coloração e de
morfologia externa das espécies, assim como no estudo das peças genitais dos exemplares do
sexo masculino. Devido à ausência de estudos sobre a genitália feminina nas espécies de
24
Rhagonycha, a identificação de exemplares do sexo feminino só foi possível, para além das
situações de colheita simultânea dos dois sexos, nos casos em que a morfologia externa e a
coloração fornecem caracteres de distinção seguros, tendo este facto sido analisado para cada
uma das espécies. A informação bibliográfica disponível sobre estes aspectos para as espécies
presentes em Portugal foi analisada criticamente em face do material disponível. Para além
disso, foram também procuradas novas características diagnósticas para a identificação das
espécies.
A coloração foi analisada com uma lupa binocular Leica MZ12, considerando as
descrições originais e a informação disponível em literatura mais recente. A capacidade
discriminatória da coloração foi avaliada, para cada uma das espécies estudadas, de acordo
com a variabilidade intra-específica observada e a sobreposição de padrões cromáticos entre
algumas das espécies analisadas.
A morfologia externa foi também estudada através da observação dos exemplares com
lupa binocular Leica MZ12, sendo a terminologia utilizada para a descrição da morfologia
externa das espécies de Rhagonycha apresentada nas Figuras 8 e 9.
Figura 8: Terminologia utilizada na descrição da morfologia externa de Rhagonycha (vista dorsal).
25
As genitálias masculinas foram dissecadas à lupa e conservadas, na maioria dos casos,
em álcool a 70º com 5% de glicerina, juntamente com os respectivos exemplares. No caso dos
exemplares preservados a seco, a dissecção envolveu um processo de re-hidratação cuja
finalidade é facilitar o menuseamento e dessa forma prevenir danos às peças a observar. A
re-hidratação realizou-se por submersão em água dos exemplares completos ou dos abdómens
destacados e do uso de uma bomba manual de vácuo, para remoção do ar contido no
recipiente e consequente aceleração do processo. No caso de exemplares preservados a seco
por colagem em etiquetas, a submersão em água serviu igualmente para a descolagem dos
mesmos, uma vez que as colas usadas são hidro-solúveis. Para a preservação a seco dos
edeagos, após a dissecção estes foram colados com DMHF (polímero sintético de
dimetil-hidantoína e formaldeído) à mesma etiqueta do exemplar ou a uma etiqueta diferente,
posteriormente colocada no mesmo alfinete que o exemplar e imediatamente abaixo deste.
Figura 9: Terminologia utilizada na descrição da morfologia externa de Rhagonycha (vista ventral).
A terminologia empregue na descrição morfológica da genitália masculina das espécies
de Rhagonycha, ilustrada na Figura 10, baseia-se parcialmente em BRANCUCCI (1980) e
26
CROWSON (1981). A este respeito, deve mencionar-se que, segundo BRANCUCCI (1980),
os lobos laterais são as estruturas homólogas dos parâmeros do edeago dos membros da
subordem Adephaga. Por uma questão de simplificação terminológica, e seguindo a
nomenclatura que autores recentes como ŠVIHLA (1995, 2002a) e KAZANTSEV &
TAKAHASHI (2001) utilizam no estudo do género Rhagonycha, no presente trabalho
optou-se por aplicar o termo “parâmero” apenas aos estiletes dos lobos laterais. Além disso,
de acordo com as descrições e figuras apresentadas por DAHLGREN (1972, 1975) e
ŠVIHLA (1995, 2002a, 2004), o edeago das espécies de Rhagonycha apresenta uma placa
dorsal (“Dorsalschild” segundo o primeiro autor), formada pela fusão e prolongamento da
base dos lobos laterais (Figura 10), que constitui um complemento importante para a
discriminação específica. No presente trabalho utiliza-se ainda, como carácter adicional de
discriminação, o formato dos bordos internos dos lobos laterais, considerando-se a sua
curvatura, a presença ou ausência de uma superfície plana junto à base dos parâmeros e a
extensão da sutura entre os lobos laterais (Figura 10).
Figura 10: Terminologia utilizada na descrição morfológica do edeago de Rhagonycha. A. Edeago de Rhagonycha opaca em vista ventral. B. Pormenor da placa dorsal do edeago em vista dorsal (modificado de DAHLGREN, 1972).
As fotografias obtidas ao longo do estudo, algumas das quais foram utilizadas para a
ilustração das genitálias, foram captadas com máquinas fotográficas digitais Nikon CoolPix
995 e Canon EOS 20D.
27
3. Resultados e Discussão
3.1. Sistemática
3.1.1. Designação da espécie-tipo do género Rhagonycha
Aquando da descrição do género Rhagonycha, ESCHSCHOLTZ (1830) incluiu neste
taxon um conjunto de sete espécies, que constituem o respectivo elenco original, mas não
designou a espécie-tipo do género. Posteriormente, foram realizadas duas tipificações do
género Rhagonycha, por WESTWOOD (1838), que designou Cantharis melanura Linnaeus,
1758 (“Canth. melanurus”) como espécie-tipo, e DELKESKAMP (1977), que designou
Cantharis fulva Scopoli, 1763 (“fulva Scop.”).
A análise da situação do género em termos de tipificação requer a interpretação das
espécies do elenco original, de forma a verificar quais as que podem ser classificadas como
“originalmente incluídas”, sendo dessa forma elegíveis para a designação da espécie-tipo
(Artigo 67.2. do Código). A interpretação destas espécies é a seguinte:
Cantharis melanura L.: A espécie taxonómica referente à citação de ESCHSCHOLTZ (1830)
é, actualmente, Nacerdes (Nacerdes) melanura (Linnaeus, 1758) (Oedemeridae). A sua
citação no elenco original de Rhagonycha constitui uma identificação errónea, que não é
classificável como “aplicação deliberada de identificação errónea prévia” no sentido do
Código, uma vez que não é citada a fonte da identificação errónea prévia. Esta espécie
deve, por conseguinte, entender-se sensu ESCHSCHOLTZ (1830) e não no sentido de
Cantharis melanura LINNAEUS (1758: 403). Supõe-se que o sentido de
ESCHSCHOLTZ (1830) deriva directamente da interpretação do nome em questão por
OLIVIER (1790: 8) como Telephorus melanurus para uma espécie de cantarídeo e não
para um oedemerídeo. A espécie a que OLIVIER (1790) e, consequentemente,
ESCHSCHOLTZ (1830), se refeririam é Cantharis fulva SCOPOLI (1763: 39),
actualmente Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763).
Cantharis __mans Meg.: Apesar de na cópia disponível do trabalho de ESCHSCHOLTZ
(1830) os primeiros caracteres do restritivo específico da segunda espécie estarem
ilegíveis, pode verificar-se que se trata de um taxon descrito por J. C. Megerle, cujas
obras foram suprimidas para efeitos nomenclaturais em 1993, por decisão da Comissão
Internacional de Nomenclatura Zoológica (Opinião 1710) (C.I.N.Z., 1993).
Cantharis fumata Hellw.: Considerando que os trabalhos de Hellwig não contêm a descrição
de qualquer espécie com o restritivo específico “fumata” e este nome não aparece com
28
descrição em nenhum trabalho posterior (Alonso-Zarazaga, com. pess.), este nome
deverá considerar-se um nomen nudum.
Cantharis alpina Payk.: Esta espécie, descrita por PAYKULL (1798: 259), está actualmente
incluída no género Podabrus Westwood, 1840: Podabrus alpinus (Paykull, 1798).
Cantharis annulata Fisch.: Supõe-se que se trata da espécie descrita por MANNERHEIM
(1825) e depois mencionada por STURM (1826: 109) com a autoria de Fischer (sendo
sendo neste caso um nomen nudum). Actualmente é Podabrus annulatus (Mannerheim,
1825), uma espécie válida.
Cantharis elongata Fall.: Esta espécie, descrita por FALLÉN (1807: 11), é actualmente
incluída no género Rhagonycha: Rhagonycha elongata (Fallén, 1807).
Cantharis piniphila Esch.: Este nome é um nomen nudum nesta referência, porque não é
acompanhado de diagnose, mas aparentemente tem sido tratado como disponível,
correspondendo a Podabrus piniphilus (Eschscholtz, 1830) citado por diversos autores
(e. g., DELKESKAMP, 1939, 1977).
Conforme o exposto anteriormente, o género Rhagonycha foi, até ao presente, tipificado
por duas vezes, por WESTWOOD (1838) e DELKESKAMP (1977). De um ponto de vista
formal, esta situação envolve duas questões distintas: a elegibilidade das espécies nominais
envolvidas para a designação como espécie-tipo e a validade das designações efectuadas por
estes dois autores, verificando-se, de acordo com o Artigo 70.2. do Código, que a segunda
designação será automaticamente inválida no caso da primeira cumprir os requisitos do
Código.
Relativamente à primeira questão, segundo o Artigo 67.2. do Código, apenas são
elegíveis para a escolha de espécie-tipo de um género as espécies nominais originalmente
incluídas, sendo estas, de acordo com o Artigo 67.2.1., apenas as incluídas no género nominal
estabelecido como novo através de citação por nomes de espécie disponíveis ou como
aplicação deliberada de uma identificação errónea prévia.
Assim, no que se refere à primeira das tipificações mencionadas, Cantharis melanura
[actualmente Nacerdes (Nacerdes) melanura (Linnaeus, 1758), espécie taxonómica da família
Oedemeridae] é um nome disponível mas, conforme já foi referido, a sua inclusão no elenco
original do género Rhagonycha não constitui uma aplicação deliberada de identificação
errónea prévia, visto que WESTWOOD (1838) não citou a fonte da hipotética identificação
errónea anterior. Deste modo, a designação de WESTWOOD (1838) não é válida, porque a
espécie-tipo que designou está erroneamente identificada. Tal como foi mencionado
29
anteriormente, a espécie a que WESTWOOD (1838) se referia é Cantharis fulva SCOPOLI
(1763: 39), actualmente Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763).
Em relação à tipificação realizada por DELKESKAMP (1977), esta é também uma
designação inválida, uma vez que Cantharis fulva, apesar de ser um nome disponível, não
constitui uma espécie nominal originalmente incluída no género Rhagonycha, não sendo por
isso elegível de acordo com o Artigo 67.2. do Código.
Verifica-se, assim, que o género Rhagonycha permanece não tipificado. Por essa razão,
é necessário proceder à designação de espécie-tipo, devendo aplicar-se o disposto no Artigo
70.3. do Código, que regulamenta as situações relacionadas com a existência de erro de
identificação na designação de espécie-tipo. Segundo este Artigo, se for verificado que uma
espécie-tipo foi erroneamente identificada, poderá seleccionar-se e, consequentemente,
fixar-se como espécie-tipo, entre a espécie nominal previamente citada como espécie-tipo e a
espécie taxonómica realmente implicada, aquela que melhor servir a estabilidade e
universalidade nomenclaturais. Se a escolha recair sobre a espécie taxonómica realmente
implicada, a tipificação deverá incluir uma referência expressa ao Artigo em questão e o nome
previamente citado como espécie-tipo e o nome da espécie seleccionada deverão ser
mencionados conjuntamente.
Desta forma, procede-se à tipificação do género Rhagonycha Eschscholtz, 1830
segundo o Artigo 70.3. do Código, seleccionando-se como espécie-tipo Cantharis fulva
Scopoli, 1763, identificada erroneamente como Cantharis melanura Linnaeus, 1758 na
designação de WESTWOOD (1838).
3.1.2. Incorrecções nomenclaturais detectadas
A consulta das descrições originais das espécies presentes e/ou citadas para Portugal
revelou várias incorrecções de natureza nomenclatural em citações bibliográficas e fontes de
informação on-line, como é o caso da base de dados Fauna Europaea. Estas incorrecções, que
afectam, para além da data de descrição e da forma de citação da autoria de alguns dos taxa
analisados, a própria autoria de descrição de uma das espécies, são corrigidas seguidamente,
apresentando-se um resumo de cada situação e a respectiva correcção de acordo com as
razões apontadas em cada caso.
30
Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860
A autoria da descrição desta espécie é atribuída a “Gougelet, 1859” em toda a literatura
consultada (incluindo os catálogos de DELKESKAMP, 1939, 1977) e também na base de
dados Fauna Europaea. A consulta da descrição original permitiu, no entanto, verificar que
esta espécie foi descrita por GOUGELET & H. BRISOUT (1860: CCXXXVIII-CCXXXIX),
tal como expresso no início do texto: “M. Gougelet présente des descriptions de Coléoptères
nouveaux, de Galice et d’Algérie, qu’il a faites, conjointement avec M. Henry Brisout de
Barneville”. No que diz respeito à data de descrição da espécie, foi verificado no respectivo
boletim que a data concreta de publicação é 1 de Março de 1860, pelo que se corrige
igualmente a informação relativa ao ano de descrição.
Rhagonycha spp. descritas por KIESENWETTER (1866b)
Entre as obras do século XIX que incluem a descrição de espécies de Rhagonycha
encontra-se o trabalho de KIESENWETTER (1866b), cuja consulta permitiu verificar a
respectiva data de publicação: Janeiro de 1866. A publicação deste trabalho foi interpretada
até ao presente como tendo ocorrido no ano de 1865, sendo apenas citada uma vez com o ano
correcto de publicação (1866), na lista de referências de DAHLGREN (1972), que não referiu
a data de descrição quando citou as espécies. Por essa razão, as espécies descritas por
KIESENWETTER (1866b) foram, em toda a bibliografia consultada (e inclusivamente na
base de dados Fauna Europaea), citadas erradamente com a autoria de “Kiesenwetter, 1865”,
um facto com repercussões na nomenclatura de três espécies da fauna portuguesa.
Para além desta situação, verificou-se que a autoria destas espécies é habitualmente
citada sem parênteses, o que constitui igualmente uma incorrecção nomenclatural, dado que
as espécies se encontram actualmente classificadas num género distinto daquele em que foram
incluídas aquando da sua descrição. A este respeito, o Artigo 51.3. do Código determina que,
quando um nome de grupo-espécie é combinado com um nome genérico diferente do original,
o nome do autor e a data de descrição desse nome devem citar-se entre parênteses.
Por estas razões, as espécies citam-se seguidamente da forma nomenclaturalmente
correcta, indicando-se igualmente as respectivas combinações originais:
a) Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866), cuja combinação original é “Cantharis
(Rhagonycha) genistae” (KIESENWETTER, 1866b: 392);
b) Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866), cuja combinação original é “Cantharis
(Rhagonycha) patricia” (KIESENWETTER, 1866b: 375);
31
c) Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866), cuja combinação original é “Cantharis
(Rhagonycha) querceti” (KIESENWETTER, 1866b: 383).
3.2. O género Rhagonycha em Portugal
3.2.1. História do estudo do género Rhagonycha em Portugal
A pesquisa bibliográfica efectuada permitiu a compilação de 27 trabalhos contendo
dados sobre a fauna portuguesa do género Rhagonycha, que foram elaborados por 20 autores
diferentes, seis dos quais de nacionalidade portuguesa.
O contributo destas obras para o conhecimento da fauna portuguesa do género
Rhagonycha revela-se extremamente díspar, quer em relação ao número de espécies citadas,
quer quanto à informação que contêm em termos de distribuição geográfica. Assim, no século
XIX e na primeira metade do século XX, os trabalhos de OLIVEIRA (1884, 1893) e
SEABRA (1939a, 1939b) destacam-se quer pelo número de espécies que citam (10 nos
trabalhos de Oliveira, 7 e 8 nos trabalhos de Seabra, respectivamente), quer pelo número
comparativamente elevado de localidades para as quais incluem registos. Mais recentemente,
merecem destaque os trabalhos de DAHLGREN (1972), que regista nove espécies de
Portugal, e SERRANO (1983), que cita sete espécies. Alguns dos trabalhos, como HICKER
& WINKLER (1925) e DELKESKAMP (1939, 1977) incluem igualmente um número
considerável de espécies mas, devido à sua natureza compilatória, limitam-se a catalogar a
presença das espécies em Portugal, não adicionando qualquer registo aos pré-existentes. Deste
modo, entre as 27 referências compiladas, somente 13 contêm citações primárias (i. e.,
citações baseadas no estudo de material inédito) e destas, apenas seis incluem primeiros
registos de espécies para o país.
Analisando em pormenor as referências compiladas, verifica-se que a mais antiga que
contém dados sobre a presença de espécies de Rhagonycha em Portugal é a segunda edição do
catálogo de coleópteros do Conde DEJEAN (1833), no qual “Cantharis marginella” e
“Cantharis opaca” são citadas para “Lusitania”. Estas citações foram posteriormente
repetidas, na terceira edição do catálogo (DEJEAN, 1837). De referir que estas citações são,
em ambos os casos, anteriores à descrição das espécies envolvidas.
Assim, no primeiro caso, a espécie foi descrita, de Espanha, por BAUDI em 1859 (com
referência expressa à espécie nominal citada por Dejean), sendo actualmente incluída na
sinonímia de Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852.
32
Relativamente à segunda espécie, trata-se actualmente de Rhagonycha opaca Mulsant,
1862, descrita do sul de França, tendo a correspondência com o nome referido por Dejean
sido apresentada pelo próprio MULSANT (1862), através da expressão “Cantharis opaca,
Dejean, Catal 1837, p. 120.” e pela menção ao facto de Dejean ter registado a espécie de
Portugal. Convém realçar que, apesar de MULSANT (1862) se referir à terceira edição do
catálogo de coleópteros do Conde DEJEAN (1837), a espécie foi igualmente registada na
segunda edição, publicada quatro anos antes e considerada neste trabalho como a primeira
menção da sua ocorrência em Portugal.
A respeito das citações contidas nos catálogos de Dejean, deve mencionar-se que não
foi possível consultar a primeira edição, publicada em 1821, que poderia aumentar ainda mais
a antiguidade dos primeiros registos de espécies de Rhagonycha para Portugal.
O primeiro registo apresentado após a descrição das duas espécies citadas por DEJEAN
(1833, 1837) deve-se a MARSEUL (1864), que citou Rhagonycha opaca Mulsant, 1862 para
Portugal, sem quaisquer pormenores adicionais. Esta citação foi repetida por
KIESENWETTER (1866a), que se baseou no primeiro autor e não indicou,
consequentemente, qualquer localidade concreta.
Alguns anos mais tarde, HEYDEN (1870) referiu pela primeira vez para o país a
presença de quatro espécies, que citou para várias localidades: Rhagonycha fulva (Scopoli,
1763), Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860, Rhagonycha patricia
(Kiesenwetter, 1866) e Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856).
Em 1880, o Reverendo inglês A. E. Eaton visitou Portugal durante dois meses,
realizando colheitas de insectos de várias ordens em grande parte do território nacional. Entre
os trabalhos que resultaram destas colheitas inclui-se o de BATES & SHARP (1882), no qual
Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) foi citada para Monchique.
A primeira contribuição de um autor português deve-se a OLIVEIRA (1884), aquando
da apresentação do primeiro catálogo da fauna portuguesa de coleópteros, que incluía cerca de
2.330 espécies. Nesta obra, que representou uma revolução no conhecimento da fauna
coleopterológica de Portugal, o autor acrescentou ao elenco da fauna conhecida do país cinco
espécies do género (que citou para diversas localidades): Rhagonycha genistae (Kiesenwetter,
1866); Rhagonycha hesperica Baudi, 1859; Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832);
Rhagonycha plagiella Marseul, 1864 e Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852. Estas
citações foram repetidas em OLIVEIRA (1893), que consistiu na publicação conjunta do
trabalho anteriormente divulgado em diferentes fascículos das revistas O Instituto (Coimbra)
e Revista da Sociedade de Instrução do Porto (Porto).
33
Desta forma, até ao final do século XIX tinha sido referida a presença de 10 espécies do
género Rhagonycha em Portugal continental. Durante este período, os trabalhos de BARROS
(1896) e NOBRE (1898) contribuíram também para o conhecimento da distribuição de
algumas das espécies da fauna portuguesa, ainda que de uma forma pontual e sem incluírem
novidades para a fauna do país.
No início do século XX, PIC (1903) referiu a presença de Rhagonycha hesperica Baudi,
1859 em Portugal, sem indicar qualquer localidade, enquanto no seu catálogo da fauna
europeia, HEYDEN et al. (1906) referiram expressamente a presença de quatro espécies entre
a fauna portuguesa (todas conhecidas anteriormente), sendo várias outras das presentes no
país citadas para a Europa em geral ou apenas para Espanha. Ainda na primeira década do
século XX, Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 foi adicionada ao catálogo da fauna
portuguesa por BARROS (1907), uma citação que permanece até à actualidade como a única
de carácter primário para o país. Durante as décadas seguintes, o catálogo de coleópteros da
região paleártica de HICKER & WINKLER (1925) e o catálogo ibérico de coleópteros de
FUENTE (1931) sintetizaram também a informação disponível sobre o inventário da fauna
portuguesa e, no segundo caso, sobre a distribuição conhecida das espécies, sem adicionarem
qualquer espécie à fauna registada para o país.
No final da década de 1930, foi publicada o fascículo 165 do Coleopterorum Catalogus,
relativo à família Cantharidae (DELKESKAMP, 1939), no qual oito espécies foram
expressamente registadas como ocorrendo em Portugal e uma outra como ocorrendo em
Portugal ou em Espanha (“Spanien oder Portugal”). No mesmo ano, dois trabalhos de
SEABRA (1939a, 1939b) contribuíram para o aumento dos conhecimentos ao nível da
distribuição das espécies, nalguns casos de uma forma muito significativa. Pouco tempo
depois, o mesmo autor publicou o segundo catálogo geral da fauna portuguesa de coleópteros,
que na altura ascendia a cerca de 3.200 espécies conhecidas, listando 11 espécies do género
Rhagonycha (SEABRA, 1943).
Mais recentemente, fruto de estudos que abrangeram grande parte do território europeu,
DAHLGREN (1972, 1975) citou para Portugal Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) e
descreveu Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 e Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975,
neste último caso de Espanha e Portugal. Alguns anos antes, este mesmo autor havia citado
Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832) (DAHLGREN, 1968), tendo esse registo sido corrigido
aquando da descrição de Rhagonycha iberica (DAHLGREN, 1975).
O mais recente catálogo mundial da família Cantharidae foi elaborado por
DELKESKAMP (1977), que desse modo actualizou a primeira versão publicada em 1939.
34
Neste catálogo são citadas para Portugal 12 espécies de Rhagonycha, sendo apenas omitida a
presença no país de duas espécies: Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763), que foi citada
genericamente para o continente europeu, e Rhagonycha plagiella Marseul, 1864, que foi
citada apenas para Espanha e Marrocos, apesar do catálogo de OLIVEIRA (1894) ser citado.
Durante as duas décadas seguintes, os únicos trabalhos contendo dados sobre as
espécies portuguesas de Rhagonycha foram elaborados por SERRANO (1981, 1982, 1983) e
AGUIAR & SERRANO (1995).
O trabalho mais recente em que a fauna portuguesa de Cantharidae é abordada é a
síntese do estado de conhecimento da ordem Coleoptera em Portugal elaborada por
SERRANO (2000). Neste trabalho de compilação é apresentada, para cada família da ordem
Coleoptera, uma estimativa do número de espécies citadas de Portugal continental, sendo
contabilizadas 32 espécies de Cantharidae com base em cinco fontes bibliográficas:
OLIVEIRA (1893), BARROS (1896), SEABRA (1943) e SERRANO (1981, 1983). Esta
diversidade é, no entanto, inferior à que foi compilada durante o presente estudo, que aponta
para 38 espécies conhecidas no mesmo âmbito geográfico.
A fauna do género Rhagonycha Eschscholtz, 1830 registada até ao presente para
Portugal continental inclui, desta forma, 15 espécies, uma das quais não ocorre no país, tendo
as citações existentes sido corrigidas por DAHLGREN (1975). Trata-se de Rhagonycha
femoralis (Brullé, 1832), que não ocorre na Península Ibérica (KAZANTSEV, 2005), sendo
Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 a espécie realmente presente em Portugal continental. De
referir que estes dois taxa, separáveis apenas através da análise do saco interno do edeago,
haviam sido confundidos antes da descrição de Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 e
foram-no ainda no início da década de 1980 (SERRANO, 1981, 1983). A fauna do género
Rhagonycha actualmente conhecida em Portugal continental é composta, consequentemente,
por 14 espécies, cujo catálogo sinonímico se apresenta seguidamente.
3.2.2. Catálogo sinonímico da fauna portuguesa de Rhagonycha
Rhagonycha Eschscholtz, 1830 =Nastonycha Motschulsky, 1853 =Pseudocratosilis Moscardini & Sassi, 1970
Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) =bimaculata De Geer, 1774 =maculata Geoffroy in Fourcroy, 1785 =melanura sensu Olivier, 1790 et auct. non Linnaeus, 1758 =terminalis Redtenbacher, 1849 =usta Gemminger, 1870
35
=delahoni Schilsky, 1908 =cailloli Chobaut, 1914 =inapicalis Fiori, 1914 =curtithorax Pic, 1920
Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 =heteronota Pandellé, 1867 =galloisi Pic, 1908 =pici Jacobson, 1911 =manzanalensis Pic, 1917 =subnotaticeps Pic, 1935
Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866)
Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 =oliveti Kiesenwetter, 1866 =spinifera Pic, 1903 =inapicalis Pic, 1903 =lineatipennis Pic, 1908 =georgi Pic, 1909 =semilimbipennis Pic, 1917 =kochi Pic, 1935 =lanjaroni Pic, 1952 =obscurimembris Pic, 1952
Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 =femoralis sensu auct. non Brullé, 1832
Rhagonycha martini Pic, 1908
Rhagonycha opaca Mulsant, 1862 =opaca in Dejean, 1833 =opaca in Dejean, 1837
Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 =nigropygidialis Pic, 1954
Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) =granatensis Pic, 1908 =dalmatina Pic, 1915
Rhagonycha plagiella Marseul, 1864
Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852 =marginella in Dejean, 1833 =marginella in Dejean, 1837 =marginella Baudi, 1859 =limbipennis Marseul, 1864 =fedjensis Pic, 1901 =brevinotata Pic, 1908
Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) =bugnioni Pic, 1903 =pardalensis Pic, 1908
Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972
36
Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856) =fairmairei Marseul, 1864 =diversipes Pic, 1908 non Pic, 1905
3.2.3. Estudo das espécies da fauna portuguesa de Rhagonycha
Apresentam-se seguidamente, sob a forma de secções monográficas, os resultados
obtidos, através da compilação bibliográfica e do estudo de material, para as 14 espécies
presentemente conhecidas em Portugal continental. Estas secções são antecedidas por um
comentário a R. femoralis que, como já foi referido, não ocorre em Portugal. A lista completa
do material estudado apresenta-se no Anexo 1. Na parte das secções monográficas
correspondente à distribuição conhecida das espécies em Portugal, as Áreas Protegidas são
citadas de forma abreviada, encontrando-se no Anexo 2 as designações completas das
mesmas e as respectivas abreviaturas. O Anexo 3 resume os conhecimentos sobre a fauna das
Áreas Protegidas, indicando-se para cada uma destas quais as espécies novas, confirmadas ou
registadas na bibliografia mas não confirmadas no presente estudo.
O número total de exemplares portugueses estudados ascendeu a 728, tendo sido
identificados 609: 293 machos, 243 fêmeas, 28 exemplares de sexo indeterminado
(observações de campo de R. fulva) e 45. Os 609 exemplares identificados incluem as fêmeas
cujas identificações constantes em etiquetas das respetivas colecções foram aceites e as
identificações provisórias realizadas por comparação com essas fêmeas. Os 45 exemplares de
sexo não determinado correspondem a material identificado conclusivamente sem a
descolagem das etiquetas em que os exemplares se encontram, referindo-se a R. fulva (cuja
identificação pela coloração externa é segura) e a lotes de exemplares de outras espécies de
que apenas um macho foi dissecado e o respectivo edeago analisado. Os 119 exemplares não
identificados são todos do sexo feminino e pertencem a espécies cuja identificação só é
possível, actualmente, com o recurso à morfologia do edeago.
A maior parte dos exemplares analisados proveio das prospecções de campo realizadas
entre Janeiro de 2005 e Agosto de 2006, durante as quais foram colhidos ou observados 383
exemplares, 321 dos quais foram identificados (incluíndo o material de R. patricia
identificado por comparação com os exemplares da Colecção Correia de Barros). A colecção
previamente reunida pelo autor proporcionou 142 exemplares do género Rhagonycha, 119 dos
quais foram identificados, enquanto a colecção do CIBIO incluia inicialmente 54 exemplares,
45 dos quais foram identificados.
37
A análise das colecções mencionadas na secção 2.3. permitiu o estudo de 149
exemplares, 124 dos quais foram identificados (incluindo dez identificações de colecção
aceites e um exemplar identificado provisoriamente). Na Tabela 2 apresenta-se a composição
específica analisada em cada uma das colecções estudadas.
O estudo do lote de Cantharidae da Colecção Artur Serrano, contendo 68 exemplares do
género Rhagonycha, permitiu a identificação de 54 indivíduos, pertencentes a nove espécies
(incluindo a identificação provisória de uma fêmea de R. patricia). A maioria dos registos
obtidos refere-se a material inédito colhido na metade sul do país, com particular incidência
no Parque Natural da Arrábida.
Relativamente à Colecção Correia de Barros, foram estudados 11 exemplares do género
Rhagonycha, representando uma espécie colhida e duas espécies não colhidas durante as
prospecções de campo.
A Colecção Entomológica da Escola Superior Agrária de Bragança inclui apenas dois
exemplares de R. fulva, colhidos na região de Trás-os-Montes. Um destes exemplares
representa o primeiro registo da espécie para o Parque Natural de Montesinho.
Tabela 2: Composição específica analisada nas colecções estudadas, identificadas pelas siglas constantes na Tabela 1. O símbolo “*” assinala as colecções de que foram unicamente analisados exemplares seleccionados. A presença das espécies nas colecções é identificada pela letra “X”. O símbolo “?” assinala as espécies de que apenas foram analisadas fêmeas, cuja contagem é apresentada entre parênteses na contagem da riqueza específica de cada colecção.
Espécie CAS CIBIO CCB* ESAB IICT* MNCN* CGS CPHR. fulva X X X X X X R. galiciana X X R. genistae X X X X R. hesperica X X X X R. iberica X X X X R. martini R. opaca X X X X R. ornaticollis ? R. patricia ? ? ? ? R. plagiella R. quadricollis X X X R. querceti ? R. striatofrons X X R. varians X X X X
Riqueza específica 8+(1) 8+(1) 1+(3) 1 1 1+(1) 8+(1) 5
38
A Colecção de Portugal do Instituto de Investigação Científica Tropical - Centro de
Zoologia contém, na caixa n.º 19, um conjunto de 76 exemplares identificados como
pertencendo ao género Rhagonycha. Verificou-se, contudo, que apenas 48 destes exemplares
pertencem de facto ao género Rhagonycha, sendo os restantes do género Cantharis Linnaeus,
1758. De referir que, apesar de terem sido identificados 40 exemplares de R. contidos nesta
colecção, apenas foi possível cartografar o local de colheita de 23 desses exemplares, por não
ser possível localizar os topónimos indicados nas etiquetas dos restantes 17, pelo que apenas
os dados referentes a esses 23 exemplares são apresentados no Anexo 1 (embora os 17
exemplares sejam incluídos nas contagens de material identificado).
A Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias Naturales inclui um elevado número
de exemplares da família Cantharidae oriundos, na sua maioria, do território continental
espanhol e do norte de África. O número de exemplares do género Rhagonycha etiquetados
como tendo sido colhidos em Portugal na colecção limita-se a seis presentes. Estes
exemplares encontravam-se identificados como R. genistae (quatro exemplares, cuja
identificação foi comprovada) e R. querceti (dois exemplares, cuja identificação foi aceite
mas não comprovada). Para além destes, foram estudados, como material de comparação, 28
exemplares cuja identificação na colecção correspondia a espécies citadas de Portugal
continental: R. fairmairei (sinónimo júnior de R. varians, dois exemplares espanhóis), R.
ornaticollis (dois exemplares espanhóis), R. plagiella (19 exemplares - 15 espanhóis e quatro
norte-africanos), R. querceti (três exemplares - um espanhol e dois norte-africanos) e R.
varians (dois exemplares espanhóis).
Relativamente à Colecção Peter Hodge, o lote analisado contém 14 exemplares do
género Rhagonycha, tendo sido identificados 10 deles, pertencentes a cinco espécies. Estes
exemplares foram colhidos na sua totalidade no Algarve, tendo permitido a confirmação da
presença de três espécies na região e a adição de duas outras à fauna registada para essa área
(uma das quais também representada na Colecção Artur Serrano com material algarvio).
Na Figura 11 apresenta-se a repartição em Portugal continental, à escala
decaquilométrica, dos locais de colheita de todo o material analisado pertencente ao género
Rhagonycha (121 quadrículas no total), assinalando-se as quatro quadrículas das quais não foi
possível identificar qualquer espécie.
39
Figura 11: Quadrículas UTM decaquilométricas dos locais de colheita do material do género Rhagonycha analisado. Pelo menos uma espécie identificada: “(”; nenhuma espécie identificada: “)”.
A Figura 12 resume os dados de distribuição altitudinal das espécies de Rhagonycha,
obtidos através do estudo do material colhido no campo e de uma parte do material contido
nas colecções analisadas.
####
#
#
##
##
#
#
#
#
#
# #
#
#
#
#
#
##
#
#
##
#
#
##
#
#
#
#
#
##
##
#S
#
#
#
##
##
#
##
######
##
#
###
###
##
#
#
#
##
#
##
#
###
####S
##
###
#
#
#
##
#
#
#
##S
####
#
###
#
#
###
#S#
#####
#
40
Figura 12: Intervalos de distribuição altitudinal das espécies identificadas durante o estudo (incluindo Rhagonycha patricia). Os intervalos ilustrados correspondem a 100 m e dizem respeito à altitude dos locais de colheita dos exemplares obtidos através das prospecções de campo e de parte do material contido nas colecções analisadas.
A fenologia imaginal obtida para as espécies de Rhagonycha, que representa os
períodos de actividade dos adultos detectados através do estudo do material colhido no campo
e de uma parte dos exemplares contidos nas colecções analisadas é apresentada na Figura 13.
Figura 13: Fenologia imaginal das espécies de Rhagonycha identificadas durante o estudo (incluindo Rhagonycha patricia). Os intervalos ilustrados correspondem a períodos de 15 dias e dizem respeito à data de colheita dos exemplares resultantes das prospecções de campo e de parte do material contido nas colecções analisadas.
41
Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832)
Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832) foi, durante muito tempo, considerada uma
espécie de ampla distribuição europeia, presente no sul da Europa (da Península Ibérica até
aos Balcãs), na Europa central e atingindo as Ilhas Britânicas, a norte (DELKESKAMP,
1939). Contudo, o trabalho de DAHLGREN (1975), que procedeu ao estudo da morfologia e
ornamentação do saco interno do edeago, revelou a existência de um complexo de espécies,
indistinguíveis através da coloração, morfologia externa e morfologia das peças quitinizadas
do edeago, que foi denominado pelo mesmo autor como o “grupo” de R. femoralis. Este
“grupo” inclui várias espécies anteriormente sinonimizadas com R. femoralis e diversas outras
cuja existência só então foi detectada. Entre as espécies cujo reconhecimento derivou do
estudo do lobo mediano do edeago está R. iberica Dahlgren, 1975, descrita por DAHLGREN
(1975) de Espanha e Portugal e considerada até à actualidade como a única espécie do
“grupo” presente em Portugal. Este facto foi corroborado no presente estudo pela análise de
material colhido em diversas regiões dispersas pelo país, do Minho ao Algarve, pelo que os
registos de R. femoralis publicados para Portugal são atribuídos a R. iberica. De referir ainda
que, segundo os dados actualmente disponíveis na base de dados Fauna Europaea, R.
femoralis (Brullé, 1832) se distribui por França, República da Irlanda, Itália e Balcãs, mas não
ocorre na Península Ibérica (KAZANTSEV, 2005).
42
Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763)
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na obra Entomologia Carniolica exhibens
Insecta Carnioliae indigena et distributa in ordines, genera, species, varietates, encontra-se
reproduzida na Figura 14.
Figura 14: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha fulva (SCOPOLI, 1763: 39).
Tradução da descrição original
“Vermelho-alaranjado, tórax alaranjado, ápice elitral e olhos negros.
Em flores de plantas Umbelíferas, particularmente de Athamantha oreosel.
Antenas escuras. Palpos escuros. Cabeça alaranjada e brilhante, como o tórax. Élitros
pubescentes. Asas fuliginosas.”
A localidade típica não é referida expressamente na descrição original, o que significa
que é “Carniola”, ou seja, a parte ocidental da actual Eslovénia. A planta referida por Scopoli
é actualmente designada Peucedanum oreoselinum (L.) Moench (Alonso-Zarazaga, com.
pess.).
Sinonímia
Cantharis fulva Scopoli, 1763: 39. Tipo: Carniola (a parte ocidental da actual Eslovénia) (não é referida expressamente, pelo que se interpreta como a área de estudo do trabalho em questão).
=Telephorus bimaculatus De Geer, 1774: 71. Tipo: “Utrecht” (Holanda). =Cicindela maculata Geoffroy in Fourcroy, 1785: 60-61. Tipo: Paris (França)
(localidade não referida na descrição, mas inferida de acordo com a introdução). =Telephorus melanurus sensu Olivier, 1790: 8 et auct. non Linnaeus, 1758
43
=Ragonycha [sic!] terminalis Redtenbacher, 1849: 324. Tipo: “Alpen” (Alpes). =usta Gemminger, 1870 (descrição não consultada) =Rhagonycha fulva var. delahoni Schilsky, 1908: 602. Tipo: proveniência não indicada. =cailloli Chobaut, 1914 (descrição não consultada) =Rhagonycha fulva var. inapicalis Fiori, 1914: 87. Tipo: “Sicilia” (Sicília, Itália). =Rhagonycha fulva var. curtithorax Pic, 1920: 17. Tipo: “Maroc: Sebou” (Sebou,
Marrocos).
Material estudado
Foram analisados 202 exemplares: 66 machos, 68 fêmeas, 28 exemplares de sexo
indeterminado (observados no campo) e os restantes 40 de sexo não determinado (contidos na
Colecção de Portugal do Instituto de Investigação Científica Tropical - Centro de Zoologia).
A lista destes exemplares apresenta-se no Anexo 1.
Caracterização dos imagos
Os adultos desta espécie apresentam uma coloração pouco variável, com um padrão
cromático geral vermelho-alaranjado (Figura A - Anexo 4). Os élitros possuem uma mancha
negra de bordo mal definido, situada na extremidade e ocupando cerca de 1/8 do comprimento
elitral. As antenas são castanho-alaranjadas, com a excepção do 1º artículo e da parte basal do
2º, que são mais claros, alaranjados. Os palpos são castanho-alaranjados. Os tarsos são
escurecidos e as unhas são cor de laranja. Do ponto de vista cromático, os exemplares
estudados estão de acordo com a descrição original de SCOPOLI (1763).
O edeago desta espécie, que permite a sua distinção de todas as outras espécies
estudadas da fauna portuguesa de Rhagonycha principalmente pelo formato dos parâmeros e
dos bordos internos dos lobos laterais, é ilustrado na Figura 15.
44
Figura 15: Edeago de Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) em vista ventral, ilustrando a variabilidade observada no bordo superior da placa dorsal e nos bordos internos dos lobos laterais.
Comentários taxonómicos
Rhagonycha fulva é, morfológica e morfometricamente, semelhante a várias outras
espécies do género presentes em Portugal continental. Apesar deste facto, a sua identificação
não apresenta quaisquer dificuldades, podendo ser realizada de forma conclusiva com o
recurso à observação do edeago (cuja morfologia é suficiente para a distinção relativamente à
totalidade das restantes espécies que ocorrem no país) e também, de uma forma mais cómoda
e expedita, pelo seu padrão cromático e hábitos florícolas. Trata-se, de facto, da espécie mais
facilmente reconhecível da fauna portuguesa, tendo sido a única cuja identificação foi
considerada segura no campo e, por essa razão, a única de que foram considerados registos
válidos observações realizadas no campo sem a colheita de exemplares.
Distribuição geral
Espécie paleártica de ampla distribuição: Europa (do Mediterrâneo até à Escandinávia,
também no Reino Unido), oeste asiático (Azerbeijão, Geórgia, Turquemenistão), Médio
Oriente (Síria, Irão) e norte de África (Marrocos) (DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV,
2004). Foi introduzida e encontra-se estabelecida na América do Norte (Canadá: Colúmbia
Britânica) (DELKESKAMP, 1977).
45
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha fulva, in HEYDEN, 1870: 30, 38. Telephorus melanurus, in BATES & SHARP, 1882: 232. Rhagonycha fulva, in OLIVEIRA, 1884: 188. Rhagonycha fulva, in OLIVEIRA, 1893: 204. Rhagonycha fulva, in BARROS, 1896: 186. Rhagonycha fulva, in NOBRE, 1898: 99. Rhagonycha fulva, in SEABRA, 1939a: 40, 52, 59, 64, 71, 73, 87, 114. Rhagonycha (Ragonycha) [sic!] fulva, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) fulva, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha fulva, in SERRANO, 1981: 32. Rhagonycha fulva, in SERRANO, 1982: 5. Rhagonycha fulva, in SERRANO, 1983: 80. Rhagonycha fulva, in AGUIAR & SERRANO, 1995: 54.
Citações bibliográficas para Portugal continental
HEYDEN (1870: 30, 38): Parque da Pena (Sintra), arredores da Guarda.
BATES & SHARP (1882: 232): “Monchique.”.
OLIVEIRA (1884: 188): “Dans tout le Portugal.”.
OLIVEIRA (1893: 204): “Dans tout le Portugal.”.
BARROS (1896: 186): “C.” (i. e., comum). Registo para o concelho de Sabrosa, a área de
estudo deste trabalho.
NOBRE (1898: 99): “Loc. S. Martinho d'Anta (Correia de Barros).” [sic!].
FUENTE (1931: 54): “Muy común por todas partes.” (i. e., na Península Ibérica).
SEABRA (1939a: 40, 52, 59, 64, 71, 73, 87, 114): Mata de Leiria, Serra do Buçaco, Serra do
Gerês, Serra da Cabreira, Serra do Reboredo, Serra da Estrela, Mata do Lagar do
Seminário, Mata do Valado.
SEABRA (1939b: 218): “Afife, Aldeia Nova de S. Bento, Alfeite, Almada, Almendres,
Alcaçovas, Beja, Carcavelos, Coímbra, Corgas Bravas, Coruche, Évora, Herdades do
Almo e da Mitra; Jugueiros, Lisboa, Matas do Lagar do Seminário, Leiria e Valado;
Lezirias do Tejo, Minhotens, Monte das Flores, Granja, Pereiros, Rio de Mouro, Mora,
Santarém, Silves, Serpa, Salvaterra de Magos, Serras do Gerez, Monfurado e Roboredo;
Serra da Cabreira, Pragal, Soure, Vila Viçosa, Tapada da Ajuda (Lisboa). v-viii.
(Particularmente em Maio e Junho)” [sic!].
46
SERRANO (1981: 32): “Abundante em Maio e Junho. Fonte do Veado, (12), (10.V.78, 29 e
30.VI.78), sobre D. carota e (V.M.). Distribui-se por todo o País. Possuímos exemplares
de Oeiras e Montes Juntos.”.
SERRANO (1982a: 5): “Vidoeiro, (1, 25.VII.1978). Gerês, (2, 30.VII.1978). Todo o país.”.
SERRANO (1983: 80-81): “Alvalade - Maio 1976; Vale de Cavalos - Junho 1976;
Montalegre - Julho 1977; Monte dos Alhos - Maio 1978 e Abril 1979; Arrábida - Junho
1978.”.
AGUIAR & SERRANO (1995: 54): Arneiro-Sul, Ribeira de Caparide (Manique).
Distribuição em Portugal continental
De acordo com as citações bibliográficas e o material estudado (Anexo 1), esta espécie
ocorre em todo o território de Portugal continental (Figura 16), estando aparentemente
ausente das zonas mais elevadas. Inicialmente era conhecida de quatro Áreas Protegidas
(PNArr, PNPG, PNSC e PNSE), tendo sido estudado material de quatro outras (PNM, PNRF,
PNVG e RNSCM), que se encontram amplamente distribuídas pelo país.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
O material estudado foi colhido entre o nível do mar e cerca de 1100 m. O intervalo
altitudinal conhecido em Portugal continental é ilustrado e comparado com o das restantes
espécies na Figura 12.
Fenologia imaginal em Portugal continental
O material estudado evidencia um período alargado de ocorrência imaginal em Portugal
continental, que se estende pelo menos do princípio de Abril até ao meio de Agosto (Figura
13). O período de maior abundância parece ser entre Junho e Agosto.
Substratos de ocorrência dos adultos
Tal como foi referido na sua descrição (SCOPOLI, 1763) e por alguns outros autores (e.
g., JANSSEN, 1963; IWAN, 1988), os adultos desta espécie encontram-se normalmente sobre
as inflorescências de várias espécies de Umbelíferas (Apiaceae = Umbelliferae),
particularmente Cenoura-brava (Daucus carota L.). Existem, no entanto, algumas citações
para outras plantas, como é o caso da Urtiga, Urtica dioica L. (ZABEL & TSCHARNTKE,
47
1998). Durante o presente estudo, para além de colheitas e observações frequentes sobre
várias espécies de Umbelíferas, foram também colhidos alguns exemplares de R. fulva sobre
Menta (Mentha sp.) e Silvas (Rubus sp.).
Figura 16: Distribuição de Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito e/ou confirmação de material publicado: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.
Aspectos biológicos e comportamentais
Rhagonycha fulva é a espécie do género mais frequentemente referida na literatura,
sendo por isso aquela sobre a qual existe mais informação em aspectos ecológicos,
fisiológicos e comportamentais.
Assim, em termos tróficos, o papel importante que R. fulva desempenha como espécie
predadora de afídeos foi estudado por autores como WETZEL et al. (1991), HARIZANOVA
#S#³##³
#S#S
#
#
##
##
#S
#
#S
#S
#S#S
# ##S
#S#S#S#S
#
#
#S
##
#
#S#
#S
#³
#S
#
#S
#S
#³
##S
#
#
#
##
###S#
#
#S
#S#
#
#
#³###
#³#S
#
#
####
#
#
#S#S #S
#³
#
#
###S
##
##S
#
#³
##
##S
#S#
#
48
(1995) e DREES (1998). No que se refere a predadores, MAGIS (2003, 2005) citou dois
casos de predação de Tenthredo (Zonuledo) amoena Gravenhorst, 1807 (Hymenoptera:
Tenthredinidae) sobre R. fulva, indicando no segundo caso que a presa era uma fêmea.
Do ponto de vista parasitológico, merece destaque o trabalho de FITTON (1982)
relativo à infecção de exemplares de R. fulva pelo fungo Entomophthora coleopterorum Petch
em Berkshire (Inglaterra).
Para além de interacções bióticas estabelecidas por R. fulva, foi também estudada a
influência fisiológica (e. g., ao nível do metabolismo e da tolerância térmica) de factores
abióticos como a pressão atmosférica (VASSILEV & SENDOVA, 1988), a luz (VASSILEV
& NECHEVA, 1993), a humidade e a temperatura (VASSILEV, 1994).
49
Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na revista Bulletin de la Société
Entomologique de France, encontra-se reproduzida na Figura 17.
Figura 17: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha galiciana (GOUGELET & H. BRISOUT, 1860: CCXXXVIII-CCXXXIX).
Tradução da descrição original
“Comprimento de 8 a 9 milímetros. Inteiramente negro, coberto por uma pubescência
cinzenta pouco densa. Antenas negras, de comprimento ligeiramente inferior ao do corpo.
Mandíbulas e genas amarelas. Palpos obscuros. Pronoto tão longo como largo, rebordado
anterior e posteriormente e de forma menos marcada nos lados, que são ligeiramente
sinuosos; ângulos anteriores arredondados, posteriores obtusos; canaliculado, com impressões
nos ângulos anteriores, com pontuação superficial e esparsa. Escutelo triangular, pontuado.
Élitros cinco vezes mais longos que o pronoto, um pouco rugosos e com pontuação mais
densa que o pronoto. Tarsos negros.
Penúltimo segmento ventral masculino chanfrado.
50
Varia: os três primeiros artículos das antenas manchados de alaranjado, palpos por
vezes quase inteiramente alaranjados, apenas com o último artículo obscuro. Um indivíduo
apresenta igualmente os bordos laterais do pronoto fortemente sinuosos.
Deve colocar-se na vizinhança de Rhagonycha morio Kiesenw. Encontrada na Galiza
pelo Sr. Gougelet.”
Sinonímia
Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860: CCXXXVIII. Tipo: “Galice” (Galiza, Espanha).
=heteronota Pandellé, 1867 (descrição não consultada) =galloisi Pic, 1908 (descrição não consultada) =pici Jacobson, 1911 (descrição não consultada) =Rhagonycha manzanalensis Pic, 1917: 17. Tipo: “Manzanal” (Espanha). =subnotaticeps Pic, 1935 (descrição não consultada)
Material estudado
Foram analisados 24 exemplares (16 machos e 8 fêmeas), cuja lista se apresenta no
Anexo 1.
Caracterização dos imagos
A cabeça é negra e as antenas apresentam uma coloração variável: por vezes
inteiramente negras, mas normalmente com o 1º artículo negro, o 2º negro ou castanho e do 3º
em diante castanhos. As mandíbulas são de cor amarela na metade basal e castanha na distal,
alaranjadas na transição. Os palpos são castanhos. Numa das fêmeas estudadas, as antenas são
negras e o 1º artículo é parcialmente cor de laranja. O pronoto e o escutelo são negros e os
élitros são castanhos unicolores, parecendo negros quando em repouso sobre as asas
posteriores e o abdómen. A face ventral do tórax é castanho-escura e a face ventral do
abdómen é predominantemente castanha ou castanho-alaranjada, com o bordo posterior dos
segmentos amarelo. Todos os fémures são negros. As tíbias anteriores e médias são
castanho-alaranjadas, enquanto as posteriores são negras ou castanhas (por vezes as
extremidades destas são alaranjadas). Os tarsos são castanho-claros com unhas totalmente
amarelas ou manchadas de castanho em proporção variável (por vezes na parte média, outras
vezes apenas na unha interna; nalguns exemplares as porções castanhas são diferentes entre as
51
patas). Algumas fêmeas possuem todas as tíbias cor de laranja. O corpo e os apêndices são
cobertos por pilosidade amarela ou dourada.
O edeago desta espécie é ilustrado na Figura 18. As principais características distintivas
são a presença de parâmeros longos cuja base, em vista ventral, é ocultada pelos bordos
internos dos lobos laterais, de uma placa dorsal comprida e de lados quase paralelos na
metade distal, cuja base é ocultada pelos bordos internos dos lobos laterais, e pela forma dos
bordos internos dos lobos laterais, claramente convexos e sem formarem qualquer superfície
visível ventralmente. A chanfradura da placa dorsal é larga e moderadamente profunda. Entre
as espécies analisadas, o edeago mais semelhante é o de R. varians, cuja placa dorsal é mais
curta e com os lados distintamente curvos e cujos bordos internos dos lobos laterais são
côncavos (Figura 55).
Figura 18: Edeago de Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 em vista ventral.
Comentários taxonómicos
A lista sinonímica apresentada atrás baseia-se em DELKESKAMP (1977) e
KAZANTSEV (2005). A este respeito, a única descrição original analisada foi a de R.
manzanalensis Pic, 1917, tendo-se verificado que os caracteres mencionados por PIC (1917)
estão de acordo com o observado em R. galiciana, apoiando a sinonímia considerada pelos
autores referidos.
Para além dos cinco sinónimos atrás referidos, o estatuto taxonómico de R. galiciana foi
recentemente questionado por ŠVIHLA (1995), que a sinonimizou com R. varians
(Rosenhauer, 1856). Tanto quanto foi possível verificar, nenhum outro autor analisou o
52
estatuto dos dois taxa posteriormente, sendo de referir que, na base de dados Fauna
Europaea, KAZANTSEV (2005) mantém a separação entre as duas espécies. A
sinonimização realizada por ŠVIHLA (1995) baseou-se em caracteres de coloração, na
semelhança existente entre os edeagos das duas espécies e no facto de ocorrerem (i. e., serem
conhecidas) das mesmas localidades em Portugal e Espanha. A análise morfológica e
cromática realizada no presente estudo contraria a opinião de ŠVIHLA (1995) e aponta para
que constituam boas espécies, uma vez que, para além de marcadas diferenças do ponto de
vista cromático, existem diferenças ao nível do edeago, que apesar de não serem muito
acusadas, são constantes e permitem uma discriminação segura. Por essa razão, R. galiciana
Gougelet & H. Brisout, 1860 e R. varians (Rosenhauer, 1856) são tratadas como boas
espécies no presente estudo, podendo distinguir-se de acordo com a tabela dicotómica
incluída no presente estudo.
Distribuição geral
Espécie conhecida de Portugal, Espanha e França (DELKESKAMP, 1977;
KAZANTSEV, 2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha “galliciana” [sic!] “Goug.” [sic!], in HEYDEN, 1870: 36, 38. Rhagonycha galiciana “Goug.” [sic!], in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha galiciana “Goug.” [sic!], in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha galiciana “Gong.” [sic!], in BARROS, 1896: 186. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goug.” [sic!], in HEYDEN et al., 1906: col. 292. Rhagonycha (Rhagonycha) galloisi, Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goug.” [sic!],
in HICKER & WINKLER, 1925: col. 510. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goug.” [sic!], in FUENTE, 1931: 56. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Gougelet” [sic!], Rhagonycha (Rhagonycha)
Galloisi, in DELKESKAMP, 1939: 129. Rhagonycha galiciana “Goug.” [sic!], in SEABRA, 1939a: 40, 78. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goug.” [sic!], in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goud.” [sic!], in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha galloisi, in DAHLGREN, 1972: 134. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Gougelet” [sic!], in DELKESKAMP, 1977: 176. Rhagonycha galiciana “Gougelet, 1859” [sic!], in SERRANO, 1983: 82.
53
Citações bibliográficas para Portugal continental
HEYDEN (1870: 36, 38): entre Sabugueiro e as Lagoas Comprida e Escura, arredores da
Guarda.
OLIVEIRA (1884: 189): “Serra do Gerez!. D'après une lettre de Mr. Heyden (il l'a trouvè
dans la (Guarda et Sabugueiro), (Valle d'Azares!).” [sic!].
OLIVEIRA (1893: 205): “Serra do Gerez!. D'après une lettre de Mr. Heyden (il l'a trouvè
dans la (Guarda et Sabugueiro), (Valle d'Azares!).” [sic!].
BARROS (1896: 186): “R.” (i. e., rara). Registo para o concelho de Sabrosa, a área de estudo
deste trabalho.
HEYDEN et al. (1906: col. 292): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) [sic!].
HICKER & WINKLER (1925: col. 510): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) e “Ib.” (i. e., “Iberia”,
indicada como Espanha + Portugal) [sic!] (menções separadas para as espécies nominais R.
galloisi e R. galiciana, sendo a primeira tratada como espécie nesta referência).
FUENTE (1931: 56-57): “Portugal: S.ª do Gerez, Paulino; Monchique, Dieck; Guarda,
Sabogueiro, Valle d'Azares, von Heyden.” [sic!].
DELKESKAMP (1939: 129): “Portugal”.
SEABRA (1939a: 40, 78): Mata de Leiria, Serra de Sintra.
SEABRA (1939b: 218): “Mata de Leiria, Serra de Sintra. iii-v.”.
DAHLGREN (1972: 134): «Auch R. galloisi Pic ist mit galiciana Goug. identisch. Der Typus
in Pics Sammlung ist ein Männchen, die Genitalien habe ich untersucht. Untersuchtes
Material von galiciana Goug. 20 ♂: (...) Portugal, 12 ♂: „Portugal“ (Coll. Gallois, Typus
von galloisi, P), Guarda (1912, Coll. Daniel 3 ♂, M), Covilha (1912, Coll. Daniel 8 ♂,
M).». A tradução deste excerto é: «R. galloisi Pic é também idêntica a galiciana Goug.. O
tipo na colecção Pic é um macho, cujas peças genitais examinei. Material examinado de
galiciana Goug. 20 ♂: (...) Portugal, 12 ♂: „Portugal“ (Coll. Gallois, Tipo de galloisi, P),
Guarda (1912, Coll. Daniel 3 ♂, M), Covilhã (1912, Coll. Daniel 8 ♂, M).».
DELKESKAMP (1977: 176): “Portugal”.
SERRANO (1983: 82): “Sintra - Junho 1976.”.
Distribuição em Portugal continental
De acordo com as citações bibliográficas e o material estudado no presente trabalho,
esta espécie apresenta uma distribuição alargada no território de Portugal continental, mas
existem ainda lacunas de informação bastante extensas, principalmente na metade sul (Figura
54
19). Era conhecida de três Áreas Protegidas (PNPG, PNSC, PNSE), tendo sido estudado
material de uma outra (PNM). A sua presença no PNPG e no PNSE foi, além disso,
confirmada.
Figura 19: Distribuição de Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
O material analisado foi colhido aproximadamente entre os 570 m e os 1590 m. Na
Figura 12 apresenta-se o intervalo altitudinal conhecido em Portugal continental para esta
espécie, comparando-se com o das restantes espécies.
#S
#S
#S
#³
##³#³
##³#S
#S
#
55
Fenologia imaginal em Portugal continental
O material analisado foi colhido num período curto, que se estende do princípio de
Junho ao princípio de Julho (Figura 13).
Substratos de ocorrência dos adultos
Não foi recolhida qualquer informação relativamente aos substratos de colheita dos
exemplares estudados.
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada
nem foram realizadas observações a este respeito.
56
Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866)
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na revista Berliner Entomologische
Zeitschrift, encontra-se reproduzida na Figura 20.
Figura 20: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha genistae (KIESENWETTER, 1866b: 392-393).
Tradução da descrição original
“Negra, base das antenas, boca, tíbias, tarsos e pronoto, transverso, amarelados, este [o
pronoto] com uma mancha discoidal grande que alcança a base sem contudo atingir o ápice,
angulosamente dilatada junto à base, élitros estreitos com os lados e uma extensa faixa
discoidal da base ao ápice, moderada e tenuemente pubescentes.
Habita nas montanhas de Castela, sobre Genista.”
Complemento à descrição original (KIESENWETTER, 1866a: 253-254)
No mesmo ano em que foi publicada a descrição original desta espécie, Kiesenwetter
apresentou, igualmente na revista Berliner Entomologische Zeitschrift, um complemento
contendo informação muito relevante para a sua caracterização cromática e morfológica, que
se encontra reproduzido na Figura 21.
57
Figura 21: Imagem digitalizada do complemento à descrição original de Rhagonycha genistae (KIESENWETTER, 1866a: 253-254).
Tradução do complemento à descrição original
“Negra, base das antenas, boca, tíbias, tarsos e pronoto, transverso, amarelados, este [o
pronoto] com uma mancha discoidal grande que alcança a base sem contudo atingir o ápice,
angulosamente dilatada junto à base, élitros estreitos, com os lados e uma extensa faixa
58
discoidal da base ao ápice pálidos, moderada e tenuemente pubescentes. − Comprimento 2
linhas. [2 x 2,2558 = 4,5116 mm]
Cabeça mais estreita que o pronoto em ambos os sexos, obsoletamente pontuada, as
genas esbranquiçadas, a boca alaranjada. Olhos arredondados, pouco proeminentes. Antenas
negras ou píceas, alaranjadas na base, curtas, ligeiramente estreitadas em direcção ao ápice,
alcançando apenas a metade dos élitros, o terceiro artículo com mais metade do comprimento
do segundo, mais curtas nas fêmeas. Pronoto subquadrado, pouco mais curto que largo, um
pouco estreitado em direcção à frente, os lados subangulosos adiante da base, depois rectos
até ao ápice, alaranjado, com uma grande mancha negra, que alcança a base mas não o ápice,
angulosamente dilatada atrás da metade, subglabro, brilhante, levemente pubescente, convexo
atrás da metade, mais profundamente canaliculado. Élitros pálidos, com a sutura e uma banda
intramarginal desde os úmeros até ao ápice, sensivelmente dilatada na direcção do ápice e
soldada aí com a sutura, negras, escassamente cobertos de pubescência cinzenta, menos ténue,
mais comprida e sub-erecta, cinco vezes más comprida que a do protórax no macho, quatro
vezes na fêmea. Corpo negro inferiormente, segmentos abdominais com o ápice
esbranquiçado, o ápice dos fémures, as tíbias e os tarsos alaranjado-claro, as tíbias posteriores
frequentemente escurecidas.”
Sinonímia
Cantharis (Rhagonycha) genistae Kiesenwetter, 1866b: 392. Tipo: “Castiliae montibus” (Montes de Castela, Espanha).
Não são actualmente reconhecidas sinonímias para esta espécie.
Material estudado
Foram analisados 53 exemplares (28 machos, 22 fêmeas e três exemplares de sexo não
determinado), cuja lista se apresenta no Anexo 1. Os três exemplares de sexo não determinado
fazem parte de um lote de quatro que se encontrava preservado num único alfinete, por
colagem em etiqueta, na Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias Naturales, baseando-
se a sua identificação na dissecção do quarto (um macho).
59
Caracterização dos imagos
A cabeça é negra com as genas e as mandíbulas amarelas. Por vezes o clípeo é
acastanhado. As antenas são castanhas, com o 1º ao 4º artículos mais claros na face inferior.
Os palpos são amarelos ou alaranjados. O pronoto é bicolor, com o padrão ilustrado na Figura
22: negro com toda a orla amarela, que alarga formando uma mancha amarela nos ângulos
anteriores. O escutelo é negro e os élitros são bicolores, com faixas sutural e lateral negras ou
castanho-escuras (a lateral inicia-se no calo umeral), uma banda central amarela ou
castanho-clara e uma faixa amarela ao longo do bordo epipleural. A faixa epipleural amarela
pode faltar e a coloração escura da faixa lateral atingir, dessa forma, a epipleura. A largura da
banda central amarela é variável, sendo por vezes muito larga. O quinto apical dos élitros é
negro ou castanho-escuro. A face ventral do tórax e do abdómen é negra. As patas são
bicolores, com fémures negros ou castanho-escuros com a extremidade apical amarela, tíbias
com a metade basal amarelada e a metade apical negra ou castanho-escura (as anteriores por
vezes inteiramente amarelas), tarsos castanho-alaranjados e unhas amarelas e castanhas em
proporção variável. O corpo e os apêndices são cobertos por pilosidade amarelada. A Figura
B (Anexo 4) ilustra o aspecto de um macho desta espécie.
As principais características distintivas do edeago desta espécie (Figura 23) são os
parâmeros longos e ligeiramente curvos e afilados, o formato e comprimento da placa dorsal,
que possui uma chanfradura semicircular e é muito estreita na base (claramente mais estreita
que o espaço entre as bases dos parâmeros) e os bordos internos dos lobos laterais, que
formam superfícies planas e largas. A sutura dos bordos internos dos lobos laterais é curta.
Figura 22: Formato da mancha negra do pronoto de Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866).
60
Figura 23: Edeago de Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866) em vista ventral.
Comentários taxonómicos
O estatuto específico deste taxon foi confirmado neste estudo, verificando-se a
correspondência entre os exemplares portugueses analisados e as características cromáticas
mencionadas na sua descrição original. A morfologia do edeago foi igualmente utilizada na
identificação, tendo-se verificado uma grande semelhança entre a morfologia ilustrada por
DAHLGREN (1972) e a observada nos exemplares analisados. A este respeito a principal
discrepância relaciona-se com o comprimento da placa dorsal relativamente aos parâmeros: na
ilustração de DAHLGREN (1972) os parâmeros atingem o centro da chanfradura da placa
dorsal, enquanto nos exemplares analisados a placa é mais comprida e os parâmeros não
atingem o nível da chanfradura.
Apesar de R. genistae ser uma das espécies de menores dimensões entre as analisadas,
existe a possibilidade de confusão com exemplares pequenos de outras espécies,
particularmente de R. hesperica e R. opaca, dado que estas também apresentam bandas
escuras e claras nos élitros (no caso da primeira espécie, na forma 2 e nos indivíduos de
transição entre as formas 1 e 2). Desta forma, as dimensões reduzidas proporcionam uma
indicação não conclusiva da identidade dos exemplares de R. genistae, pelo que a sua
identificação deverá ser realizada com recurso à morfologia do edeago, que é distinta da
apresentada pelas outras espécies presentes no país.
61
Distribuição geral
Endemismo ibérico, conhecido de Portugal e de Espanha (DELKESKAMP, 1977;
KAZANTSEV, 2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha genistae, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha genistae, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 508. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae, in FUENTE, 1931: 54. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae, in DELKESKAMP, 1939: 129. Rhagonycha (Rhag.) genistae, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha genistae, in DAHLGREN, 1972: 135-136. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae Kiesw. (…) 1865 [sic!], in DELKESKAMP, 1977:
177.
Citações bibliográficas para Portugal continental
OLIVEIRA (1884: 189): “Guarda!.”.
OLIVEIRA (1893: 205): “Guarda!.”.
HICKER & WINKLER (1925: col. 508): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +
Portugal) [sic!].
FUENTE (1931: 54): “Portugal: Guarda, Paulino.”.
DELKESKAMP (1939: 129): “Portugal”.
SEABRA (1939b: 218)): “Mogofores. iii.”.
DAHLGREN (1972: 135-136): “Portugal, 6 ♂: S. Martinho (Barros 1908 2 ♂, M; Barros 1 ♂,
F; 2 ♂ F), Covilha (1912, Coll. Daniel, M).” [sic!].
DELKESKAMP (1977: 177): “Portugal”.
Distribuição em Portugal continental
Segundo as citações bibliográficas e o material estudado no presente trabalho, esta
espécie ocorre na metade norte de Portugal continental (Figura 24). A sua presença ainda não
era conhecida em qualquer Área Protegida, tendo sido registada neste trabalho para três:
PNM, PNPG e PNSE.
62
Figura 24: Distribuição de Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866) em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
Capturada desde cerca de 760 m até praticamente ao topo da serra da Estrela
(aproximadamente 1870 m). Entre as espécies estudadas, foi a única que ultrapassou os 1600
m de altitude (Figura 12).
Fenologia imaginal em Portugal continental
O material estudado aponta para uma fenologia primaveril, com um período de
ocorrência comprovada que vai do final de Abril até meio de Junho (Figura 13).
#S
#
#
###
###³
#S
#³
##
63
Substratos de ocorrência dos adultos
Colhida em várias localidades do PNPG sobre leguminosas (Fabaceae) não
identificadas.
Aspectos biológicos e comportamentais
A única informação recolhida refere-se à colheita, no PNM, de alguns exemplares
atraídos pela luz emitida por uma lâmpada de vapor de mercúrio.
64
Rhagonycha hesperica Baudi, 1859
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na revista Berliner Entomologische
Zeitschrift, encontra-se reproduzida na Figura 25.
Figura 25: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha
hesperica (BAUDI, 1859: 296-297).
Tradução da descrição original
“Alongada, negra, com a boca, a base das antenas, os lados do pronoto, a margem
lateral dos élitros e as tíbias amareladas. Élitros rugosamente pontuados.
Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 = 6,7674 mm]
Espanha Sr. Ghiliani.
Varia com os élitros amarelados, ápice estreitamente escurecido, patas negras.
65
Cabeça com os olhos da largura aproximada do tórax, negra, a boca, genas e palpos
vermelho-alaranjados, último artículo destes com o ápice escurecido. Antenas ultrapassando a
metade do comprimento dos élitros, escuras, os 4 ou 5 artículos basais amarelados, por cima
até ao ápice mais ou menos escurecidos. Protórax subquadrado, parte anterior levemente
estreitada, todos os ângulos obtusos, parte média dos lados subchanfrada, toda a margem
sub-rebordada, canaliculado longitudinalmente, com uma impressão transversal junto à base,
subtilmente e esparsamente pontuado na direcção do ápice, brilhante, vermelho-alaranjado,
mancha negra longitudinal estendida da base até ao ápice, dilatada junto à base. Escutelo
negro ligeiramente brilhante com pontuação densa e subtilíssima.
Élitros com mais de cinco vezes o comprimento do tórax e ligeiramente mais largos do
que este, brilhantes, rugosamente pontuados mais fortemente, negros, com uma ténue franja
marginal amarelada dissipando-se no ápice, mais raramente inteiramente amarelados com o
ápice estreitamente escurecido. Face ventral negra, segmentos abdominais com os ápices de
cada lado avermelhados, concolores nas fêmeas. Patas amareladas, fémures negros excepto no
ápice, ápice das tíbias posteriores e dos tarsos escuros: na variedade com élitros amarelados
os tarsos são negros, e os trocânteres, os joelhos e o ápice das tíbias anteriores amarelados.
Próxima de R. quadricollis Kiesw., mas maior, diferente pelo corpo alongado e o toráx
mais comprido, anteriormente estreitado.”
Sinonímia
Rhagonycha hesperica Baudi, 1859: 296. Tipo: “Hispania” (Espanha).
=Cantharis (Rhagonycha) oliveti Kiesenwetter, 1866a: 251. Tipo: proveniência não indicada.
=Rhagonycha spinifera Pic, 1903: 122. Tipo: “Espagne: Sierra Nevada” (Serra Nevada, Espanha).
=Rhagonycha oliveti var. inapicalis Pic, 1903: 122. Tipo: “Portugal”. =lineatipennis Pic, 1908 (descrição não consultada) =Rhagonycha hesperica var. georgi Pic, 1909: 185. Tipo: “Espagne: Sierra de
Guadelupe” (Serra de Guadalupe, Espanha). =Rhagonycha semilimbipennis Pic, 1917: 17. Tipo: “Espagne: Manzanal” (Manzanal,
Espanha). =kochi Pic, 1935 (descrição não consultada) =lanjaroni Pic, 1952 (descrição não consultada) =obscurimembris Pic, 1952 (descrição não consultada)
66
Material estudado
Foram analisados 184 exemplares (91 machos e 93 fêmeas), cuja lista se apresenta no
Anexo 1.
Caracterização dos imagos
A característica anatómica mais marcante desta espécie ao nível externo é a presença de
um dente agudo nos trocânteres dos machos (Figura 26), bem visível nas patas anteriores e
intermédias, e frequentemente também visível nas posteriores, ainda que menos desenvolvido.
Esta característica, utilizada juntamente com a coloração por PIC (1903) para a descrição de
R. spinifera (sinónimo júnior de R. hesperica), não foi observada em qualquer das outras
espécies estudadas, constituindo um carácter diagnóstico de fácil observação e que não
implica dissecção dos exemplares.
Figura 26: Patas direitas de exemplar masculino de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859, evidenciando os dentes dos trocânteres anterior (a), médio (b) e posterior (c).
Nas fêmeas os trocânteres anteriores e intermédios possuem um dente menos
pronunciado do que nos machos, mas ainda assim observável. Trata-se, desta forma, de um
carácter diagnóstico de grande utilidade para a separação das fêmeas desta espécie
relativamente às de todas as outras espécies estudadas.
No que se refere ao edeago, R. hesperica distingue-se das restantes espécies presentes
em Portugal continental principalmente pelo formato dos parâmeros, que apresentam uma
curvatura marcada na metade apical, e pela presença de um par de laterófises na porção apical
67
do lobo mediano (Figura 27). O formato dos bordos internos dos lobos laterais é também
distinto do observado nas restantes espécies, uma vez que constituem uma superfície contínua
ligeiramente côncava que se estreita em direcção ao eixo longitudinal do edeago.
Figura 27: Edeago de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 em vista ventral.
No que diz respeito à coloração, trata-se de uma espécie extremamente variável (facto
patente na sua descrição original), razão pela qual possui a mais extensa sinonímia entre a
fauna portuguesa do género. De acordo com o material estudado, com a descrição original,
com a caracterização apresentada por DAHLGREN (1972) e com as descrições originais de
cinco dos nove sinónimos reconhecidos por KAZANTSEV (2005), quase todas as partes do
corpo variam cromaticamente, sendo os élitros aquela em se observam mais facilmente
categorias discerníveis de padrão cromático. No presente trabalho, os exemplares portugueses
estudados são divididos em três formas cromáticas, que serão adiante designadas por 1, 2 e 3.
A forma 1, a mais comum entre o material analisado (94 indivíduos, ou seja, 51,1% do
material analisado, compreendendo 55 machos e 39 fêmeas), apresenta uma coloração geral
escura (Figura C - Anexo 4). Os élitros são castanhos, mas a sua coloração aparenta ser negra
quando em repouso, e possuem uma estreita faixa bege ou amarelo claro nas epipleuras, que
se inicia um pouco atrás do calo umeral e termina antes ou sobre os 3/4 do comprimento
elitral (Figura 28).
O pronoto da maioria dos exemplares da forma 1 estudados neste trabalho é
maioritariamente negro ou castanho-escuro, com áreas ligeiramente mais claras junto aos
ângulos anteriores. Contudo, foram também estudados exemplares com pronoto bicolor, com
68
uma mancha negra no disco, que se estende entre os bordos anterior e posterior, e as porções
laterais amarelo-acastanhadas (padrão idêntico ao ilustrado na Figura 31), com alguma
variação na largura e contorno da porção negra. A cabeça é negra com as genas amareladas. A
coloração dos palpos é variável: nalguns exemplares os artículos são castanhos e amarelos em
proporção variável, noutros são amarelos e apenas a metade apical do 4º é castanha. As
antenas são castanho-escuras com o 1º e o 2º artículos amarelos, podendo o 3º ser amarelo ou
castanho-claro. A face ventral do tórax e do abdómen é negra. A coloração das patas é muito
variável, podendo ser desde maioritariamente castanhas até quase inteiramente amareladas,
passando por exemplares com parte ou a totalidade das patas bicolores. As unhas dos tarsos
são amarelas e apresentam, nalguns casos, partes castanhas. Todo o corpo é recoberto por uma
pilosidade amarelada. Os exemplares desta forma que possuem o pronoto bicolor são os que
melhor se ajustam à descrição original de BAUDI (1859).
Figura 28: Padrão cromático do élitro direito da forma 1 de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859.
A forma 2, a menos numerosa entre o material estudado (20 exemplares, isto é, 10,9%
do material estudado, compreendendo 7 machos e 13 fêmeas), apresenta élitros bicolores,
maioritariamente castanhos mas com uma banda e uma faixa, ambas amarelas ou cor de
palha, com a seguinte localização (Figura 29): a banda na metade interna do élitro, sem atingir
a base, a bordo sutural ou o ápice; a faixa amarela, que é muito mais estreita do que a banda,
na epipleura, começando um pouco atrás do calo umeral e prolongando-se até ao bordo apical.
O bordo apical apresenta muitas vezes uma coloração intermédia e, em parte dos exemplares
analisados, não é atingido pela faixa epipleural, que termina aproximadamente sobre os 3/4 do
comprimento elitral. A coloração do pronoto é muito variável: bicolor na maioria dos
exemplares estudados (Figura 31), inteiramente negro em alguns exemplares e com um
padrão intermédio num número reduzido de exemplares. Tal como na forma 1, a cabeça é
negra com as genas amareladas. Os palpos dos exemplares analisados são amarelos com a
metade apical do 4º artículo castanha. A existência desta forma cromática não está referida na
descrição original da espécie.
69
Figura 29: Padrão cromático do élitro direito da forma 2 de
Rhagonycha hesperica Baudi, 1859.
As formas 1 e 2 caracterizam-se pela coloração castanho-escura dos élitros, que são
praticamente unicolores na forma 1 e claramente bicolores na forma 2, devido à presença de
uma banda amarela na metade elitral interna, com bordos bem definidos. O material estudado
evidenciou, contudo, a existência de 34 exemplares (8 machos e 26 fêmeas) intermédios entre
estas duas formas (18,5% do material analisado). A coloração destes exemplares intermédios
oscila entre élitros escuros muito semelhantes aos da forma 1, com vestígios mal definidos da
porção basal da banda clara, e élitros com praticamente a totalidade da banda clara, mas de
coloração mesclada com castanho-escuro e contornos irregulares, esbatendo-se nas
extremidades basal e distal.
A forma 3, que apresenta a coloração mais clara (Figura D - Anexo 4), evidenciou uma
abundância intermédia no material analisado (36 indivíduos, ou seja, 19,5% do material
estudado, sendo 21 do sexo masculino e 15 do sexo feminino). Os machos desta forma
possuem élitros que diferem marcadamente dos das outras duas formas, uma vez que são
maioritariamente amarelos ou cor de palha, apresentando-se escurecidos apenas em duas
estreitas faixas castanhas localizadas no bordo sutural e na epipleura, e também na região
apical, onde exibem uma mancha que une as duas faixas laterais (Figura 30). Na maioria das
fêmeas e em alguns dos machos analisados, as faixas castanhas são praticamente
imperceptíveis, sendo os élitros, por essa razão, praticamente amarelos por inteiro. A
coloração da cabeça é semelhante à das outras duas formas, negra com as genas amareladas.
O pronoto é bicolor em todos os exemplares analisados, com o disco negro e os bordos
laterais amarelo-acastanhados. A mancha negra do disco do pronoto tem os bordos sinuosos e
estende-se entre os bordos anterior e posterior, conforme ilustrado na Figura 31. A face
ventral do tórax e do abdómen é negra. A coloração das patas é muito variável, tal como na
forma 1. A face ventral do abdómen é castanha e o bordo posterior de alguns dos segmentos
abdominais é amarelo. A existência de exemplares com a coloração da forma 3 foi referida na
70
descrição original da espécie e considerada mais rara por BAUDI (1859), o que deverá
relacionar-se com a proveniência geográfica dos exemplares estudados por esse autor.
Figura 30: Padrão cromático do élitro direito da forma 3 de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859.
Figura 31: Coloração do pronoto da forma 3 de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859, que é também exibida por parte dos indivíduos das formas 1 e 2.
Em resumo, R. hesperica é uma espécie muito variável do ponto de vista da coloração,
apresentando três formas distintas entre o material analisado de Portugal continental, de
acordo com a coloração dos élitros: uma forma escura (a forma 1 neste trabalho), uma forma
com élitros bicolores, caracterizada por um fundo escuro e uma extensa banda clara (forma 2),
e uma forma clara (forma 3). Foi ainda observada a existência de indivíduos com
características cromáticas que se poderão considerar intermédios entre as formas 1 e 2,
traduzidas na presença de uma banda clara de contornos mal definidos e extensão menor do
que na forma 2. É de destacar que, no material analisado, a proporção de indivíduos com
características intermédias entre as formas 1 e 2 (17%) ultrapassou a verificada para a forma 2
(11%). De referir ainda que as formas cromáticas 1 e 2 foram colhidas várias vezes no mesmo
local, em diversos casos em conjunto com indivíduos de coloração intermédia, e que as
71
formas 2 e 3 também foram colhidas em conjunto diversas vezes, mas não se verificou
qualquer colheita simultânea das formas 1 e 3.
De referir que as áreas de distribuição das três formas cromáticas são diferentes entre o
material analisado, embora a marcada assimetria da proveniência dos exemplares (colhidos
maioritariamente no norte) não permita tirar quaisquer conclusões. Assim, as formas 1 e 2 e
os exemplares de transição entre estas, provêm unicamente do norte do país, sendo a serra da
Estrela e a zona em redor as àreas mais meridionais onde foram encontradas. Os exemplares
da forma 3 foram colhidos desde o concelho de Mangualde até ao Algarve, tendo sido esta a
única forma encontrada a sul da serra da Gardunha.
Comentários taxonómicos
A grande variabilidade cromática desta espécie foi abordada em pormenor por
DAHLGREN (1972), que descreveu uma aberração e resumiu as características de outros taxa
já descritos, tratando-os como aberrações. Apesar de vários destes taxa serem actualmente
sinónimos de R. hesperica e os restantes serem entidades infrasubespecíficas que, como tal,
não estão abrangidos pelas regras da Nomenclatura Zoológica, a sua análise reveste-se de
interesse no âmbito do estudo da variabilidade intraespecífica de R. hesperica.
Assim, verificou-se que a caracterização apresentada por DAHLGREN (1972)
introduziu alguma confusão, uma vez que a aberração escura que descreveu (“a. carbonaria”)
parece corresponder à coloração mencionada por BAUDI (1859), distinguindo-a do que
considera ser a forma típica pela coloração mais escura do pronoto. Uma vez que se trata de
variabilidade intraespecífica e que foram observados diferentes graus de pigmentação do
pronoto nos exemplares analisados, que oscilam entre claramente bicolor (com disco escuro e
porções laterais claras) e praticamente negro, no presente trabalho os exemplares com élitros
escuros e sem vestígios de banda na parte central foram atribuidos a uma única forma
cromática, a forma 1.
Tal como no caso anterior, os exemplares da forma 2 foram tratados por DAHLGREN
(1972) como uma aberração (“ab. oliveti”), sendo referida a existência de alguma
variabilidade no padrão das manchas. Contudo, este autor associou aos exemplares de élitros
bicolores os que possuem élitros amarelados (com ou sem mancha escura na extremidade),
incluindo-os igualmente na “ab. oliveti”. Este facto não é coerente com o que DAHLGREN
(1972) refere mais adiante, uma vez que considera a existência de uma forma mais clara
(“hellsten Form”), que faz corresponder a um dos taxa descritos por Pic em 1903 (de que terá
analisado o tipo) atribuindo-lhe o estatuto de aberração (“a. spinifera Pic”). Neste último caso
72
deve mencionar-se uma incorrecção da interpretação de DAHLGREN (1972) relativamente à
descrição de R. spinifera, uma vez que PIC (1903) indica como caracteres de separação a
presença de um dente nos trocânteres e a coloração, tendo-se verificado no presente trabalho
que o dente dos trocânteres ocorre em todas as formas cromáticas e não apenas na mais clara.
Deve ainda referir-se que tanto PIC (1903) como DALHGREN (1972) referem que os
exemplares que identificam como “spinifera” possuem o pronoto amarelo-acastanhado com
uma mancha praticamente indistinta no disco, o que não ocorre em qualquer dos exemplares
analisados, cuja área negra ou castanho-escura do pronoto apresenta, no mínimo, uma
extensão como é ilustrado na figura 31.
O material examinado no presente trabalho confirmou a existência de uma grande
variabilidade cromática em Portugal continental e, simultaneamente, a constância dos
caracteres da genitália masculina. O estatuto específico de R. hesperica e a coespecificidade
das diferentes formas cromáticas são, desta forma, corroborados.
No que respeita à identificação com base na morfologia externa, a presença de dentes
bem visíveis nos trocânteres de todos os exemplares do sexo masculino e de dentes menos
desenvolvidos, mas ainda assim perceptíveis, nos trocânteres dos exemplares do sexo
feminino analisados, reveste-se de grande interesse para a separação desta espécie
relativamente a várias outras, particularmente em relação a R. opaca e R. striatofrons, com as
quais a forma cromática de élitros bicolores de R. hesperica pode ser facilmente confundida.
Distribuição geral
Segundo KAZANTSEV (2005) trata-se de um endemismo ibérico presente em Portugal
e Espanha. Foi também citada de França (“Gallia”, sem mais pormenores) por DAHLGREN
(1972), razão pela qual DELKESKAMP (1977) referiu a sua presença nesse país.
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha oliveti, Rhagonycha hesperica, in OLIVEIRA, 1884: 188, 189. Rhagonycha oliveti, Rhagonycha hesperica, in OLIVEIRA, 1893: 204, 205. Rhagonycha oliveti var. inapicalis, in PIC, 1903: 122. Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti var. inapicalis, in HEYDEN et al., 1906: col. 291. Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica, in HICKER &
WINKLER, 1925: col. 508, 509. Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, var. inapicalis, Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica,
in FUENTE, 1931: 54. Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica, Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, in
DELKESKAMP, 1939: 130, 139.
73
Rhagonycha oliveti, Rhagonycha hesperica, in SEABRA, 1939a: 52, 78. Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica, Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, in SEABRA,
1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, var. inapicalis, Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica,
in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha hesperica, in DAHLGREN, 1972: 138. Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica, var. inapicalis, ab. oliveti, in DELKESKAMP,
1977: 178. Rhagonycha oliveti, in SERRANO, 1981: 32. Rhagonycha oliveti, in SERRANO, 1983: 81.
Citações bibliográficas para Portugal continental
OLIVEIRA (1884: 188 e 189): “Valle d'Azares!, Felgueira!, Guarda!, Coimbra!.” [sic!] e
“Serra do Marão!, Serra do Caramullo!.” [sic!].
OLIVEIRA (1893: 204 e 205): “Valle d'Azares!, Felgueira!, Guarda!, Coimbra!.” [sic!] e
“Serra do Marão!, Serra do Caramullo!.” [sic!].
PIC (1903: 122): “Portugal”.
HEYDEN et al. (1906: col. 291): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) [sic!].
HICKER & WINKLER (1925: col. 508 e 509): “Ib.” em ambos os casos (i. e., “Iberia”,
indicada como Espanha + Portugal) [sic!] (menções separadas à forma típica e a R. oliveti,
tratada com o estatuto de espécie nesta referência).
FUENTE (1931: 54): “Portugal: Valle d'Azares, Felgueira, Guarda, Coimbra, Paulino.” [sic!],
“Portugal (in col. Pic).” e “Portugal: S.ª do Marao, S.ª do Caramulo, Paulino.” [sic!]
(respectivamente para oliveti, inapicalis e forma típica, sendo R. oliveti tratada com o
estatuto de espécie nesta referência).
DELKESKAMP (1939: 130 e 139): “Portugal” (para a forma típica e R. oliveti, que é tratada
com o estatuto de espécie nesta referência).
SEABRA (1939a: 52, 78): Serra do Buçaco, Serra de Sintra.
SEABRA (1939b: 218): “Aldeia Nova de S. Bento, Aljezur, Cacem, Coimbra, Carcavelos,
Mogofores, Olivais, Rio de Mouro, Santarém, Serra de Sintra, Soure. ii-v” [sic!] e
“Agolada, Herdade da Mitra, Serras do Buçaco, Monchique e Sintra; Soure. v-vi”.
DAHLGREN (1972: 138-140): “Portugal (Covilha).”, «Portugal, 39 ♂: Guarda (1912, Coll.
Daniel 10 ♂, M), Covilha (1912, Coll. Daniel 6 ♂, M), S.Martinho (C. de Barros, 3 ♂ D;
Coll. Leonhard, D; 4 ♂ F), Lissabon (1910) Schatzmayr 3 ♂ F; Schatzmayr 2 ♂ D), Cintra
(Sintra bei Lissabon ?; Schatzmayr 1910 2 ♂ F), Portalegre (1912, Coll. Daniel 2 ♂, M; 1
♂ P), Evora (Schatzmayr 1910, F), Val d'Azares (Paulino 1883, D), Anta (in Portugal ?;
1906, 2 ♂ F), „Lusitanien“ (F).» [sic!].
74
DAHLGREN (1975: 106): “San Martinho (a. carbonaria, Flügeldecken schwarz) (...) Sintra
(a. oliveti, Flügeldecken gelbbraun)” [sic!].
DELKESKAMP (1977: 178): “Portugal” (por três vezes, para a forma típica e para as
variedades “inapicalis” e “oliveti”, sendo “inapicalis” tratada como variedade e “oliveti”
como aberração nesta referência).
SERRANO (1981: 32): “Abundante em Abril e Maio. Casal dos Miúdos, (6), (13.VI.78),
sobre rosaceas. Fonte do Veado, (15), (10.V.78). Dispersa-se por todo o País.” [sic!].
SERRANO (1983: 81): “Monte dos Alhos - Abril 1978; Arrábida - Abril e Maio 1978.”.
Estes registos dizem respeito à variedade “oliveti”, que é citada neste trabalho com o
estatuto de espécie.
Distribuição em Portugal continental
As citações bibliográficas e o material estudado no presente trabalho evidenciam uma
distribuição alargada a todo o território de Portugal continental (Figura 32), estando
aparentemente ausente das zonas de altitude muito elevada (visto que não foi colhida acima
de 1500 m de altitude). Era conhecida de quatro Áreas Protegidas (PNArr, PNSACV, PNSC,
PNSE), tendo sido estudado material de outras cinco (PNAlv, PNDI, PNM, PNPG, ROM),
localizadas no norte do país.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
No conjunto do material analisado, esta espécie apresentou a gama mais alargada de
altitudes de ocorrência (Figura 12), tendo sido colhida desde o nível do mar até cerca de 1500
m.
Fenologia imaginal em Portugal continental
Espécie aparentemente primaveril, com um período de ocorrência relativamente curto,
situado entre a segunda quinzena de Abril e a primeira quinzena de Junho (Figura 13). Este
intervalo deverá constituir uma aproximação mais fiável ao período real de ocorrência dos
adultos do que o obtido para a maioria das restantes espécies, uma vez que se trata da segunda
espécie mais representada entre o material estudado e que o período em questão é muito mais
limitado do que aquele em que foram realizadas prospecções de campo.
75
Figura 32: Distribuição de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.
Substratos de ocorrência dos adultos
A literatura consultada não inclui qualquer referência a substratos de ocorrência dos
imagos desta espécie. Durante o decorrer deste estudo, a espécie foi mais frequentemente
encontrada sobre Salgueiros (Salix spp.) de porte arbóreo e arbustivo, tendo também sido
colhida sobre Amieiros-negros (Frangula alnus Miler), Cerejeiras (Prunus avium L.), Giestas
(Fabaceae) e Cardos (Asteraceae). Foi ainda encontrada sobre espécies vegetais exóticas,
como o Roble-americano (Quercus rubra L.) e a Cana (Arundo donax L.).
#
#
#
#
###
#
##
#
#
#
#
#
###
##
##
###
#
#
##
#
#
###
#
###
#
####
#S#S#S#³
#S
#S##S
#S
#S
#
#S#S
#S
#S
#³
#S#S
#S #S
###
#
#
#S
#
#
#
#
#S
#
#S
#
###
#³#
##
###³
#
#S#
#S
##
#
#
###
#
###
#
####
76
Aspectos biológicos e comportamentais
Como ocorre com a generalidade das espécies do género, R. hesperica parece ser
parcialmente afidófaga, tendo sido capturado um exemplar alimentando-se de um afídeo
(Hemiptera, Aphididae) perto de Figueira de Castelo Rodrigo.
No PNM, alguns exemplares foram atraídos pela luz emitida por uma lâmpada de vapor
de mercúrio, tal como sucedeu com algumas outras espécies estudadas.
77
Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na revista Entomologica Basiliensia,
encontra-se reproduzida na Figura 33.
Figura 33: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha iberica (DAHLGREN, 1975: 103-104).
Tradução da descrição original
“Cabeça e pronoto negros, élitros castanho-amarelados, antenas e patas negras ou
castanho-escuras, as tíbias por vezes amarelas com as médias e as posteriores mais ou menos
escurecidas. Hábito e edeago como em limbata, os parâmeros parecem ser nitidamente mais
alongados do que nessa espécie. Comprimento 5,5 - 6,5 mm (♂).
Externamente semelhante a confusa, mas esta espécie possui parâmeros finos e o saco
interno apresenta uma forma muito diferente. R. limbata é provavelmente mais próxima de
iberica, mas o saco interno de iberica possui apenas uma placa terminal, enquanto o de
limbata possui duas placas terminais contíguas. R. meridionalis diferencia-se de iberica pelos
seus parâmeros finos e pelo saco interno de formato diferente.
78
Material examinado de iberica:
Espanha: Monserrat (Museu de Basileia), Mongat próximo de Barcelona (Codina leg. 3
♂: Holótipo, minha colecção e 2 ♂ B), Algeciras (Strobl leg., B).
Portugal: Coimbra (colecção Wittmer), Sintra (Wittmer leg. 5 ♂ 1950).
Todos os exemplares são machos.”
Sinonímia
Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975: 103. Tipo: “Montserrat” (Monserrat, Barcelona, Espanha).
=femoralis sensu auct. non Brullé, 1832.
Material estudado
Foram analisados 39 exemplares (20 machos e 19 fêmeas), cuja lista se apresenta no
Anexo 1.
Caracterização dos imagos
A coloração geral dos adultos desta espécie é castanha-alaranjada e negra (Figura E -
Anexo 4). A cabeça, o pronoto e o abdómen são negros e os élitros são castanho-alaranjados.
As antenas são bicolores, maioritariamente castanho-escuras, com o 1º, o 2º e a base do 3º
artículo cor de laranja. As patas são bicolores, com os fémures negros (os anteriores com a
extremidade distal cor de laranja), as tíbias anteriores cor de laranja, as tíbias médias e
posteriores com a metade basal cor de laranja e a metade distal castanha e os tarsos escuros
com as unhas cor de laranja. O corpo e os apêndices são cobertos por pilosidade amarelada
bastante clara, que é mais densa nas antenas e patas.
O edeago de R. iberica é ilustrado na Figura 34, com base no material estudado, e o
aspecto do saco interno na Figura 35, conforme apresentado por DAHLGREN (1975) na
descrição original da espécie.
Comentários taxonómicos
Esta espécie foi confundida com R. femoralis até à sua descrição em 1975, o que se
deveu ao facto das duas espécies serem cromática e morfologicamente indistinguíveis,
inclusivamente ao nível das peças quitinizadas do edeago. Em termos globais, uma vez que o
79
seu reconhecimento se baseia em características do saco interno do edeago, apenas os
exemplares do sexo masculino são identificáveis. Contudo, o presente estudo revelou que, ao
nível da fauna portuguesa, a coloração dos exemplares é desta espécie difere claramente da
apresentada pelas restantes espécies, sendo por isso suficiente para a sua identificação
específica. Consequentemente, as fêmeas colhidas na ausência de machos foram identificadas
dessa forma.
Figura 34: Edeago de Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 em vista ventral.
Relativamente ao saco interno dos exemplares conservados em álcool analisados neste
estudo, a sua morfologia coincide com a ilustrada por DAHLGREN (1975). A este respeito
deve referir-se que o exemplar do sexo masculino procedente do Algarve (Colecção Peter
Hodge) se encontra preservado a seco, o que impossibilitou a observação do saco interno do
seu edeago, pelo que a sua identificação se baseou na coloração.
Distribuição geral
Espécie endémica da Península Ibérica, conhecida de Portugal e Espanha
(DAHLGREN, 1975; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV, 2005).
80
Figura 35: Saco interno do edeago de Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 em vista ventral (a) e dorsal (b) (adaptado da descrição orginal de DAHLGREN, 1975).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha femoralis, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha femoralis, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha femoralis, in BARROS, 1896: 186. Rhagonycha (Rhagonycha) femoralis, in FUENTE, 1931: 55. Rhagonycha femoralis, in SEABRA, 1939a: 78. Rhagonycha (Rhagonycha) femoralis, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) femoralis, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha femoralis, in DAHLGREN, 1968: 101. Rhagonycha iberica, in DAHLGREN, 1975: 103. Rhagonycha (Rhagonycha) iberica, in DELKESKAMP, 1977: 179. Rhagonycha femoralis, in SERRANO, 1981: 32. Rhagonycha femoralis, in SERRANO, 1983: 82.
Citações bibliográficas para Portugal continental
OLIVEIRA (1884: 189): “Valle d'Azares!, Coimbra!, Bussaco!, Guarda!, Douro!, Serra de
Caramulo!.” [sic!] (citada como Rhagonycha femoralis).
OLIVEIRA (1893): “Valle d'Azares!, Coimbra!, Bussaco!, Guarda!, Douro!, Serra de
Caramulo!.” [sic!] (citada como Rhagonycha femoralis).
BARROS (1896: 186): “P. C.” (i. e., pouco comum). Registo para o concelho de Sabrosa, a
área de estudo deste trabalho (citada como Rhagonycha femoralis).
FUENTE (1931: 55): “Portugal: Valle d'Azares, Coimbra, Bussaco, Guarda, Douro, S.ª de
Caramulo, Paulino.” [sic!] (citada como Rhagonycha femoralis).
81
SEABRA (1939a: 78): Serra de Sintra (citada como Rhagonycha femoralis).
SEABRA (1939b: 218): “Coímbra, Mata de Leiria, Mogofores, Santarém, Serra de Sintra,
Soure. ii-v” [sic!] (citada como Rhagonycha femoralis).
DAHLGREN (1968): “Portugal, 3 ♂: S. Martinho (Barros 3 ♂, S).” (citada como
Rhagonycha femoralis).
DAHLGREN (1975: 103-104): “Portugal: Coimbra (coll. Wittmer), Sintra (Wittmer leg. 5 ♂
1950)”.
DELKESKAMP (1977: 179): “Portugal”.
SERRANO (1981: 32): “Raro. Convento, (3), (12.III.79). Encontra-se principalmente no
centro do País.” (citada como Rhagonycha femoralis).
SERRANO (1983: 82): “Vale de Cavalos - Março 1976; Oeiras - Junho 1976 e Março 1978.”
(citada como Rhagonycha femoralis).
Distribuição em Portugal continental
A informação obtida a partir da bibliografia e os dados recolhidos no presente estudo
(Anexo 1) apontam para uma distribuição ampla em Portugal continental, sendo os registos
mais abundantes na metade ocidental (Figura 36). A sua presença estava registada para três
Áreas Protegidas (PNArr, PNSC, PNSE), tendo sido registada neste trabalho para duas outras:
PNSACV e RNPA. A sua presença no PNArr e no PNSE foi confirmada.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
O material estudado foi recolhido desde o nível do mar até próximo dos 1000 m de
altitude (Figura 12).
Fenologia imaginal em Portugal continental
Aparenta possuir uma fenologia primaveril (Figura 13). De acordo com o material
analisado, é uma das primeiras espécies do género a surgir, tendo sido estudados exemplares
adultos colhidos a partir da segunda semana de Março. Os imagos mais tardios estudados
foram capturados na última semana de Maio.
82
Figura 36: Distribuição de Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito e/ou confirmação de material publicado: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.
Substratos de ocorrência dos adultos
Na generalidade dos locais, esta espécie foi colhida próximo de água, tanto junto a
lagoas como a ribeiros. Em termos de substratos vegetais, foi encontrada quer sobre árvores,
como Salgueiros (Salix spp.), nomeadamente o Salgueiro-chorão (Salix babylonica L.), e
Amieiros [Alnus glutinosa (L.) Gaertner], quer sobre vegetação arbustiva e herbácea, como
Silvas (Rubus sp.) e umbelíferas (Apiaceae) não identificadas.
#S#S
#
#
#
##S #S
#S
#S##³
#S#S
#S
#
#
#
#
####³#S
#S
83
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada
nem foram realizadas observações a este respeito.
84
Rhagonycha martini Pic, 1908
Descrição original
Não foi possível consultar o trabalho em que esta espécie foi originalmente descrita.
Sinonímia
Rhagonycha martini Pic, 1908: 89. Tipo: Múrcia (Espanha) (segundo DAHLGREN, 1972 e DELKESKAMP, 1977)
Não são actualmente reconhecidas sinonímias para esta espécie.
Material estudado
Não foi possível estudar exemplares desta espécie.
Comentários taxonómicos
A impossibilidade de obtenção da descrição original e a ausência de exemplares para
estudo impediram a caracterização da morfologia e coloração desta espécie e,
consequentemente, a sua análise taxonómica. A morfologia do edeago desta espécie é
apresentada na Figura 37, adaptada de DAHLGREN (1972), evidenciando diferenças
relativamente às restantes espécies citadas de Portugal continental.
Figura 37: Edeago de Rhagonycha martini Pic, 1908 em vista ventral
(adaptado de DAHLGREN, 1972).
Distribuição geral
Espécie endémica da Península Ibérica, conhecida de Portugal e Espanha
(DAHLGREN, 1972; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV, 2005).
85
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha martini, in DAHLGREN, 1972: 142. Rhagonycha (Rhagonycha) martini, in DELKESKAMP, 1977: 189.
Citações bibliográficas para Portugal continental
DAHLGREN (1972: 142-143): “Portugal, Monchique, Pieck leg. 1 ♂, D.”.
DELKESKAMP (1977: 189): “Portugal”.
Distribuição em Portugal continental
A única citação existente para uma localidade portuguesa concreta deve-se a
DAHLGREN (1972), que registou a espécie de Monchique (Figura 38).
Distribuição altitudinal em Portugal continental
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Fenologia imaginal em Portugal continental
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Substratos de ocorrência dos adultos
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.
86
Figura 38: Distribuição de Rhagonycha martini Pic, 1908 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”.
#S
87
Rhagonycha opaca Mulsant, 1862
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na obra Histoire Naturelle des
Coléoptères de France. Mollipennes, encontra-se reproduzida na Figura 39.
Figura 39: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha
opaca (MULSANT, 1862: 381).
Tradução da descrição original
“Alongado; negro. Élitros de cor negro-acastanhado, levemente pubescentes;
rugosamente pontuados; com rebordo externo e cada um com uma faixa longitudinal
amarelo-pálido de limites pouco nítidos, prolongada praticamente desde a base até pouco
mais de metade do comprimento.”
Sinonímia
Rhagonycha opaca Mulsant, 1862: 381. Tipo: “midi de la France” (sul de França).
=Cantharis opaca Dejean, 1833: 107 (nomen nudum). =Cantharis opaca Dejean, 1837: 120 (nomen nudum).
Material estudado
Foram analisados 37 exemplares: 28 machos, 7 fêmeas e dois exemplares de sexo não
determinado, cuja lista se apresenta no Anexo 1. Os dois exemplares de sexo não determinado
fazem parte de um lote de três que se encontrava preservado na Colecção Correia de Barros
num único alfinete, por colagem em etiqueta, e a sua identificação baseia-se na dissecção do
terceiro (um macho). De referir que estes três exemplares se encontravam identificados como
88
“Rhagonicha circassicola Rttr.”, uma espécie do Cáucaso, através da colocação do seu alfinete
na área correspondente a esta espécie. Contudo, dado que na Colecção Correia de Barros as
etiquetas de identificação se encontram fixadas ao fundo das caixas e o posicionamento do
alfinete na caixa não seguia o alinhamento normal, é possível que o alfinete se encontrasse
deslocado da sua posição.
Caracterização dos imagos
A coloração dos indivíduos analisados é predominantemente castanha (Figura F -
Anexo 4). A cabeça é negra com as antenas negras ou castanhas com o 1º ou o 1º e o 2º
artículos cor de laranja (por vezes só parcialmente). Os palpos são negros ou castanhos e as
mandíbulas são amarelas na base e castanhas na extremidade. O pronoto apresenta coloração
variável, geralmente escuro com duas manchas antero-laterais mais claras de extensão
variável, podendo ser negro com manchas castanhas ou castanho com manchas amareladas.
Quando é castanho, o seu bordo posterior apresenta-se, por vezes, mais escuro. O escutelo é
negro ou castanho com os bordos mais escuros (negros ou quase). Na maioria dos exemplares
observados, os élitros são bicolores, com uma estreita faixa amarela nas epipleuras, duas
bandas na parte central (uma banda castanha externa e uma banda amarela interna) e a
margem sutural castanha, sendo esta coloração semelhante à dos indivíduos da forma 2 de R.
hesperica, tal como caracterizada no presente trabalho. Existem exemplares com élitros
predominantemente castanhos, sem a banda amarela mas com uma faixa amarela estreita na
epipleura, correspondendo à variedade “a” citada por OLIVEIRA (1884, 1893), que se
assemelham aos indivíduos da forma 1 de R. hesperica. A face ventral do tórax é negra e o
abdómen é castanho ou predominantemente castanho com os bordos posteriores dos
segmentos amarelos. A coloração das patas é variável, podendo ser predominantemente
negras, castanhas ou alaranjadas. Os trocânteres apresentam porções cor de laranja e negras
em extensão variável. Os fémures são geralmente negros e as tíbias são castanhas, por vezes
com as extremidades alaranjadas. Nalguns exemplares as tíbias anteriores são
predominantemente cor de laranja. Os tarsos possuem uma coloração idêntica ou mais clara
que a das tíbias e as unhas são amarelo-alaranjadas ou amarelo-acastanhadas. O corpo e os
apêndices são cobertos por pilosidade amarelada.
O edeago desta espécie (Figura 40) apresenta como características distintivas a forma
dos parâmeros, que são achatados e ligeiramente côncavos, e da placa dorsal, que apresenta
uma chanfradura semicircular larga e bem marcada. Os bordos internos dos lobos laterais são
89
também distintos dos das restantes espécies, formando uma superfície plana e larga,
ligeiramente côncava na parte central.
Figura 40: Edeago de Rhagonycha opaca Mulsant, 1862 em vista ventral.
Comentários taxonómicos
O estatuto específico deste taxon foi confirmado neste estudo, concluindo-se que a
morfologia do edeago constitui o único critério objectivo para o seu reconhecimento. Este
facto relaciona-se com a variabilidade da sua coloração elitral e com as semelhanças entre
esta e os padrões cromáticos de várias espécies presentes em Portugal continental, como é o
caso de R. hesperica (podendo ser confundida com as formas 1 e 2 e também com os
exemplares de transição entre as duas formas), R. genistae e R. quadricollis.
Distribuição geral
Espécie endémica da Península Ibérica, conhecida de Portugal e Espanha
(DAHLGREN, 1975; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV, 2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha opaca, in MARSEUL, 1864: 84-85. Cantharis (Rhagonycha) opaca, in KIESENWETTER, 1866a: 250.
90
Rhagonycha opaca, var. a, in OLIVEIRA, 1884: 188. Rhagonycha opaca, var. a, in OLIVEIRA, 1893: 204. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in HEYDEN et al., 1906: col. 291. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 508. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in FUENTE, 1931: 54. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in DELKESKAMP, 1939: 140. Rhagonycha opaca, in SEABRA, 1939a: 40, 78. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, ab. a, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha opaca, in DAHLGREN, 1972: 141-142. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in DAHLGREN, 1977: 194. Rhagonycha opaca, in SERRANO, 1981: 33. Rhagonycha opaca, in SERRANO, 1983: 81.
Citações bibliográficas para Portugal continental
MARSEUL (1864: 84-85): “Portugal”.
KIESENWETTER (1866a: 250): “Portugal”.
OLIVEIRA (1884: 188): “Guarda!, Serra de Montesinho!, Serra do Caramulo!.” (a forma
típica) e “Guarda!, Serra de Rebordaos!.” (a variedade “a”) [sic!].
OLIVEIRA (1893: 204): “Guarda!, Serra de Montesinho!, Serra do Caramulo!.” (a forma
típica) e “Guarda!, Serra de Rebordaos!.” (a variedade “a”) [sic!].
HEYDEN et al. (1906: col. 291): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) [sic!].
HICKER & WINKLER (1925: col. 508): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +
Portugal) [sic!].
FUENTE (1931: 54): “Portugal: Guarda, S.ª de Montesinho, S.ª de Caramulo, S.ª de
Rebordaos, Paulino.” [sic!].
DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.
SEABRA (1939a: 40, 78): Mata de Leiria, Serra de Sintra.
SEABRA (1939b: 218): “Mata de Leiria, Serra de Sintra. ii-iv.”.
DAHLGREN (1972: 141-142): “Portugal, 23 ♂: Covilha (1912, Coll. Daniel 14 ♂, M), Cintra
(wohl Sintra; Schatzmayr 5 ♂, D; 2 ♂ D), Portimao (2 ♂ F).” [sic!].
DELKESKAMP (1977: 194): “Portugal”.
SERRANO (1981: 33): “Relativamente raro. Fonte do Veado, (4), (10.V.78) (V.M.). Citações
de Paulino de Oliveira para a Guarda e Serras do Caramulo e Montesinho, e de Seabra
(1939) para a Mata de Leiria e Serra de Sintra.”.
SERRANO (1983: 81): “Arrábida - Maio 1978.”.
91
Distribuição em Portugal continental
De acordo com as citações bibliográficas e o material estudado (Anexo 1), esta espécie
ocorre em todo o território de Portugal continental (Figura 41). Era conhecida de três Áreas
Protegidas (PNArr, PNM e PNSC), tendo sido estudado material de duas outras (PNPG e
PNSE).
Figura 41: Distribuição de Rhagonycha opaca Mulsant, 1862 em
Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito e/ou confirmação de material publicado: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
Registada para um intervalo altitudinal alargado (Figura 12), que se estende desde
altitudes relativamente baixas (250 m) até cerca de 1500 m.
#S
#
#S
#S
#S
####
## #
###³
###S
#
#
#S
#S
92
Fenologia imaginal em Portugal continental
Aparenta ser uma espécie primaveril, visto que foi capturada entre a segunda metade de
Abril e a primeira metade de Junho (Figura 13).
Substratos de ocorrência dos adultos
No PNPG esta espécie foi colhida sobre Pilriteiro [Crataegus monogyna Jacq. ssp.
brevispina (G. Kunze) Franco], Vidoeiro (Betula celtiberica Rothm. & Vasc.) e Giestas não
identificadas (Fabaceae).
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada
nem foram realizadas observações a este respeito.
93
Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na revista Abeille, encontra-se reproduzida
na Figura 42.
Figura 42: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha ornaticollis (MARSEUL, 1864: 93-94).
Tradução da descrição original
“Alongado, estreito, paralelo, brilhante, pubescente, negro. Cabeça pequena, pontuada,
olhos pouco salientes, genas e base das mandíbulas alaranjadas, antenas finas, atingindo a
metade dos élitros, 3º artículo 1/3 mais comprido que o segundo e 1/4 mais curto que o 4º.
Pronoto subquadrado, ligeiramente mais largo que comprido, com os bordos levemente
rebordados, quase direito no bordo anterior e com os ângulos arredondados assim como os
bordos, ainda que um pouco dilatado aos 4/5, sinuosa e estreitamente rebordado na base, com
os ângulos marcados, obtusos; bossas bem visíveis; sulco mediano profundo; pontuado,
amarelo-alaranjado com uma banda mediana negra, dilatada na base e estendendo-se do bordo
anterior ao bordo posterior sem os cobrir, ou então negro com uma bordadura
amarela-alaranjada, estreita nas extremidades anterior e posterior e larga nos bordos. Élitros
granulosos, paralelos, mais largos e 4 vezes mais longos que o pronoto. Pigídeo amarelado.”
94
Sinonímia
Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864: 93. Tipo: “Alger” (Argel, Argélia).
=nigropygidialis Pic, 1954 (descrição não consultada)
Material estudado
O material analisado limitou-se a três fêmeas identificadas na Colecção Correia de
Barros como R. ornaticollis. Pelo facto de não estarem disponíveis exemplares do sexo
masculino, a identidade específica dos exemplares não foi comprovada, tendo a identificação
constante na etiqueta da colecção sido aceite após a verificação da congruência, em termos
cromáticos, com a descrição original. A identificação destes exemplares deve ser entendida,
consequentemente, sensu Correia de Barros.
Além dos três exemplares referidos, foram analisados dois outros colhidos em Espanha
(Serra Nevada), identificados na Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias Naturales
como R. ornaticollis. A análise dos edeagos destes exemplares e a comparação da sua
morfologia com a ilustração apresentada por DAHLGREN (1972) revelou tratar-se de
exemplares de uma espécie distinta, semelhante a R. varians, cuja identificação conclusiva
não foi possível.
Caracterização dos imagos
A cabeça dos três exemplares do sexo feminino analisados é negra, com as genas
amarelas e o clípeo castanho. As mandíbulas são amarelas e os palpos castanhos, ligeiramente
mais claros na base. As antenas são castanhas com o 1º e o 2º artículos alaranjados. O pronoto
é bicolor, com o disco castanho-escuro com bordos sinuosos e as porções laterais amarelas. A
mancha escura tem contornos sinuosos e apresenta-se mais larga na metade posterior do
pronoto, estendendo-se do bordo anterior ao posterior. Os élitros são castanhos, levemente
rugosos e as patas são castanhas, unicolores. O corpo e os apêndices apresentam-se cobertos
por uma pilosidade amarela. A Figura G (Anexo 4) apresenta uma das fêmeas analisadas na
Colecção Correia de Barros.
O edeago desta espécie foi estudado por DAHLGREN (1972), reproduzindo-se na
Figura 43 a ilustração deste autor, na qual se observam diferenças, quer ao nível dos
parâmeros, quer da placa dorsal, em relação às outras espécies que ocorrem em Portugal
continental.
95
Figura 43: Edeago de Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 em vista ventral (adaptado de DAHLGREN, 1972).
Comentários taxonómicos
O material estudado, composto unicamente por fêmeas, é tratado neste trabalho como R.
ornaticollis sensu Barros, pelo facto de não ter sido possível comprovar a sua identidade
específica. Este material está, no geral, de acordo com a descrição original de MARSEUL
(1864).
Em termos de diagnóstico específico, o padrão cromático dos exemplares da Colecção
Correia de Barros é muito semelhante e por vezes sobreponível ao de várias outras espécies
presentes em Portugal. É o caso de R. quadricollis, à qual esta espécie se assemelha mais,
devido à coloração do pronoto e dos élitros, mas também de R. opaca (parte dos exemplares
da qual apresentam élitros cuja única porção clara é a faixa epipleural) e R. hesperica (da
forma 1, cujos élitros são escuros e possuem apenas uma faixa epipleural clara). Por esta
razão, a análise da morfologia do edeago deverá proporcionar a única forma segura de
identificação de R. ornaticollis.
Distribuição geral
Espécie presente na Península Ibérica (conhecida de Portugal e Espanha) e no norte de
África (Argélia e Marrocos) (DELKESKAMP, 1939, 1977; KAZANTSEV, 2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Ragonycha [sic!] ornaticollis “Kiesw.” [sic!], in BARROS, 1907: 132. Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 509. Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in FUENTE, 1931: 56. Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in DELKESKAMP, 1939: 140.
96
Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in DELKESKAMP, 1977: 195.
Citações bibliográficas para Portugal continental
BARROS (1907: 132): “S. Martinho d'Anta ! Covas do Douro ! Pas rare sur les Genêts en
fleur.” [sic!].
HICKER & WINKLER (1925: col. 509): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +
Portugal) [sic!].
FUENTE (1931: 56): “Portugal: Douro, S. Martinho, Correa de Barros.”.
DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.
DELKESKAMP (1977: 195): “Portugal”.
Distribuição em Portugal continental
As únicas localidades portuguesas para onde foi citada são S. Martinho de Antas e
Covas do Douro (BARROS, 1907), localizadas no concelho de Sabrosa (Figura 44). O
material analisado foi colhido na primeira destas localidades.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Fenologia imaginal em Portugal continental
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Substratos de ocorrência dos adultos
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.
97
Figura 44: Distribuição de Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”.
#S
98
Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866)
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na revista Berliner Entomologische
Zeitschrift, encontra-se reproduzida na Figura 45.
Figura 45: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha patricia (KIESENWETTER, 1866b: 375).
Tradução da descrição original
“Negra, com a parte anterior da cabeça, a base das antenas, o pronoto, ligeiramente mais
largo que comprido, os élitros e as patas amarelados. − Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 =
6,7674 mm]
Habita na Andaluzia.”
Complemento à descrição original (KIESENWETTER, 1866a: 249-250)
No mesmo ano em que foi publicada a descrição original desta espécie, Kiesenwetter
apresentou, igualmente na revista Berliner Entomologische Zeitschrift, um complemento
contendo informação de grande utilidade para a sua caracterização, que se encontra
reproduzido na Figura 46.
99
Figura 46: Imagem digitalizada do complemento à descrição original de Rhagonycha patricia (KIESENWETTER, 1866a: 249-250).
Tradução do complemento à descrição original
“Negra, com a parte anterior da cabeça, a base das antenas, o pronoto, ligeiramente mais
largo que comprido, os élitros e as patas amarelados. − Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 =
7,8953 mm]
Cabeça mais estreita que o pronoto, ligeiramente estreitada para atrás e levemente
pontuada, com a fronte anteriormente e a boca amareladas. Antenas negras ou píceas com a
base amarelada, atingindo o meio dos élitros, delgadas, terceiro artículo das antenas com
quase o dobro do comprimento do segundo. Pronoto subquadrado, pouco mais comprido que
largo, estreitado para diante e com os bordos laterais obtusamente angulosos junto à base e
ligeiramente sinuosos atrás do meio, ligeiramente arredondado à frente, com os ângulos
anteriores muito arredondados e os posteriores obtusos, disco convexo atrás do meio,
ligeiramente canaliculado. Élitros amarelo-alaranjados, rugosamente pontuados, com
pubescência cinzenta, quatro vezes mais longos que o pronoto. Face ventral negra,
extremidade do abdómen amarelada. Patas amareladas.
Desconhece-se a fêmea.”
100
Sinonímia
Cantharis (Rhagonycha) patricia Kiesenwetter, 1866b: 375. Tipo: “Andalusia” (Andaluzia, Espanha).
=granatensis Pic, 1908 (descrição não consultada) =dalmatina Pic, 1915: 17. Tipo: “Dalmatie” (Dalmácia, Croácia).
Material estudado
Durante o presente estudo não foram realizadas colheitas nem foi possível estudar
machos desta espécie em qualquer das colecções consultadas. Foram, no entanto, analisados
dois exemplares do sexo feminino colhidos em Coimbra (registo inédito), que se encontram
identificados como pertencendo a esta espécie na Colecção Correia de Barros. Na ausência de
exemplares do sexo masculino, a identidade específica destes exemplares não pôde ser
comprovada e a sua identificação baseou-se na aceitação da informação constante na etiqueta
da colecção, após a verificação da sua congruência, em termos cromáticos, com a descrição
original. A identificação destes exemplares deve ser entendida, consequentemente, sensu
Correia de Barros.
A Colecção Correia de Barros contém ainda três exemplares colhidos em S. Martinho
de Antas e igualmente do sexo feminino, que se encontravam identificados como “R.
Fairmairei” [i. e., R. varians (Rosenhauer, 1856)], mas cuja coloração é coincidente com a
dos dois exemplares identificados como R. patricia (Kiesenwetter, 1866) na mesma colecção.
Os registos destes três exemplares não se encontram publicados sob qualquer das
identificações.
Para além destes exemplares, foram estudadas sete fêmeas, uma das quais conservada
na Colecção Artur Serrano e as restantes colhidas em Maio e Junho de 2005, cuja coloração
coincide com a dos exemplares da Colecção Correia de Barros, entendendo-se a identificação
destes exemplares como provisória.
O total de exemplares atribuídos a R. patricia ascende, desta forma a 12, incluíndo os
dois exemplares etiquetados como tal na Colecção Correia de Barros.
Caracterização dos imagos
A coloração geral dos dois exemplares do sexo feminino identificados como R. patricia
na Colecção Correia de Barros (um dos quais se encontra representado na Figura H - Anexo
4) e de todos os restantes atrás referidos é vermelho-alaranjada, com as antenas (excepto os
101
dois ou três primeiros artículos), os palpos e os tarsos castanhos e a face ventral do tórax
castanho-escura. O exemplar da Colecção Artur Serrano, que se encontra preservado a seco
através de alfinete entomológico, apresenta uma coloração mais escura (acastanhada) na face
dorsal da cabeça e no pronoto, o que se poderá dever a escurecimento resultante da secagem
(embora a tendência durante este processo seja para o empalidecimento do vermelho e das
tonalidades de laranja, em certos casos ocorre escurecimento). A cabeça, na parte localizada
atrás dos olhos é, contudo, mais escura do que o restante neste exemplar. Embora todos os
exemplares analisados possuam o abdómen inteiramente cor de laranja, nos seis colhidos em
2005 este apresenta-se distintamente mais claro, provavelmente pelo facto dos exemplares
terem sido mortos e conservados em álcool.
De acordo com a ilustração de DAHLGREN (1972) (Figura 47), a morfologia do
edeago desta espécie difere notoriamente da das restantes espécies citadas de Portugal
continental, particularmente ao nível da forma da placa dorsal.
Figura 47: Edeago de Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) em vista ventral (adaptado de DAHLGREN, 1972).
Comentários taxonómicos
A descrição original de KIESENWETTER (1866b) e o complemento a esta
(KIESENWETTER, 1866a), incluem elementos suficientes para, do ponto de vista cromático,
separar esta espécie das restantes que ocorrem em Portugal continental. Entre as espécies da
fauna portuguesa, a que apresenta uma coloração mais semelhante é R. fulva, mas a separação
das duas revela-se simples porque R. fulva apresenta a porção terminal dos élitros negra e a
face ventral do tórax é sempre vermelha ou cor de laranja. A genitália masculina, como já foi
referido, proporciona igualmente características diagnósticas suficientes para a discriminação
de R. patricia relativamente às outras espécies presentes no território nacional.
102
A coloração de todos os exemplares analisados diverge da descrita por
KIESENWETTER (1866a, 1866b) ao nível da cabeça e do abdómen. Assim, segundo a
descrição original e o complemento a esta, a cabeça é maioritariamente negra (apenas
amarelada na parte anterior), sendo quase totalmente cor de laranja nos exemplares analisados
neste trabalho, com porções negras unicamente atrás dos olhos. Além disso, segundo
KIESENWETTER (1866a, 1866b), a face ventral é negra com a excepção da extremidade
abdominal, sendo o abdómen dos exemplares analisados neste trabalho totalmente cor de
laranja. Esta situação foi já abordada por OLIVEIRA (1884, 1893), que referiu que os
exemplares que estudou possuíam a cabeça, a maior parte das antenas e o abdómen cor de
tijolo. Assim, considerando que no presente trabalho apenas foram estudadas fêmeas e que
foram observadas algumas diferenças de coloração relativamente à descrição original, a
identificação específica do material analisado não é conclusiva e, como tal, é considerada
provisória, sendo necessária a colheita de material adicional, particularmente de machos, para
a identificação inequívoca e consequente confirmação da presença desta espécie em Portugal
continental.
Distribuição geral
Espécie endémica da Península Ibérica, conhecida de Portugal e Espanha
(DAHLGREN, 1975; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV, 2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha patricia, in HEYDEN, 1870: 38. Rhagonycha patricia, in OLIVEIRA, 1884: 188. Rhagonycha patricia, in OLIVEIRA, 1893: 204. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 508. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia, in FUENTE, 1931: 54. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia (...) “1865”, in DELKESKAMP, 1939: 140. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia (...) “1865”, in DELKESKAMP, 1977: 195.
Citações bibliográficas para Portugal continental
HEYDEN (1870: 38): arredores da Guarda.
OLIVEIRA (1884: 188): “Valle d'Azares!, Felgueira!….” [sic!].
OLIVEIRA (1893: 204): “Valle d'Azares!, Felgueira!….” [sic!].
103
HICKER & WINKLER (1925: col. 508): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +
Portugal) [sic!].
FUENTE (1931: 54): “Portugal: Guarda, von Heyden; Valle d'Azares, Falgueira, Paulino.”
[sic!].
DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.
DELKESKAMP (1977: 195): “Portugal”.
Distribuição em Portugal continental
As escassas citações desta espécie para Portugal devem-se a HEYDEN (1870) e
OLIVEIRA (1884, 1893), que a registaram para a região centro-norte do país (Figura 48). A
proveniência dos exemplares contidos nas Colecções Artur Serrano e Correia de Barros
(inédita em ambos os casos) e do material colhido em 2005 é igualmente assinalada na Figura
48, sendo a identidade específica deste material considerada provável, como foi referido
anteriomente.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
O material examinado e identificado provisoriamente foi colhido aproximadamente
entre os 400 e os 500 metros de altitude, mas o número de exemplares é muito reduzido.
Fenologia imaginal em Portugal continental
O material examinado e identificado provisoriamente foi colhido na segunda metade da
Primavera, devendo realçar-se o baixo número exemplares estudados.
Substratos de ocorrência dos adultos
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.
104
Figura 48: Distribuição de Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito identificado provisoriamente: “(”.
#
#
#S##S
#S
#
##
105
Rhagonycha plagiella Marseul, 1864
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na obra Abeille, encontra-se reproduzida
na Figura 49.
Figura 49: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha
plagiella (MARSEUL, 1864: 85-86).
Tradução da descrição original
“Estreita, alongada, ligeiramente pubescente, brilhante. Cabeça medíocre, da largura do
pronoto, negra; olhos pouco salientes; fronte impressionada no meio, mandíbulas pálidas,
assim como os palpos na base; antenas atingindo 3/4 dos élitros no macho, mais curtas na
fêmea, castanhas com a face inferior dos primeiros artículos amarelada, o 3º um pouco mais
curto que o 4º e com mais do dobro do comprimento do 2º. Pronoto quadrado no macho, um
pouco alargado na fêmea, ligeiramente arqueado ou direito à frente com os ângulos obtusos,
direito com uma pequena dilatação posterior nos bordos, subsinuado na base com os ângulos
106
direitos e um estreito rebordo elevado em todo o seu contorno; elevações arredondadas
salientes; separadas por um sulco mediano largo, mais profundo junto ao escutelo; amarelo
com o disco negro. Élitros mais largos e 3 vezes mais compridos que o pronoto, rugosos,
castanhos, com o bordo lateral e uma larga banda longitudinal pálida, que não atinge a
extremidade. Face ventral negra descolorada; bordo lateral e posterior dos segmentos
abdominais, extremidade das patas, sobretudo na fêmea, amarelados. Comprimento 6,5 – 1,2
mm.
Assemelha-se muito a uma das numerosas variedades de coloração de limbipennis; mas
o seu tamanho maior, o seu pronoto mais longo, as suas genas e o seu segmento anal negros, a
banda dorsal dos élitros melhor limitada, distinguem-nos.
Espanha central; o Sr. Schaufuss enviou-a sob o nome inédito de plagiata, já dado a
outra espécie do género.”.
Sinonímia
Rhagonycha plagiella Marseul, 1864: 85. Tipo: “Espagne centrale” (Espanha central).
Não são actualmente reconhecidas sinonímias para esta espécie.
Material estudado
Não foi possível estudar exemplares portugueses desta espécie. Foram no entanto
analisados cinco machos identificados como R. plagiella na Colecção Geral do Museo
Nacional de Ciencias Naturales: três colhidos no centro de Espanha (Cercedilla, El Paular e
La Granja) e dois de Tânger, no norte de África. A data de colheita destes exemplares é
conhecida apenas em dois casos: El Paular (Outubro de 1908) e La Granja (Junho de 1908),
presumindo-se que os restantes serão aproximadamente contemporâneos atendendo ao tipo de
etiquetas usadas para a sua preparação e, no caso do exemplar de Cercedilla, ao nome do seu
colector.
Caracterização dos imagos
Os exemplares espanhóis atrás referidos, identificados neste trabalho como R. genistae,
apresentam uma coloração idêntica à dos exemplares portugueses dessa espécie, sendo os
seus edeagos igualmente coincidentes com o observado no material português disponível.
107
Os exemplares norte-africanos identificados neste trabalho como R. quadricollis pela
morfologia do edeago diferem claramente do material português ao nível da coloração dos
élitros, apresentando ainda alguma variabilidade na extensão da mancha central escura do
pronoto. Assim, enquanto no material português os élitros são castanhos com uma faixa
esbranquiçada estreita nas epipleuras (estendida até ao ápice em parte dos exemplares), no
material de Tânger os élitros são bicolores, com uma banda clara na parte central e bandas
escuras na sutura e na parte externa, apresentando ainda uma faixa epipleural clara que
prolonga até à extremidade apical. A mancha escura do pronoto apresenta nestes exemplares
uma largura variável, sendo as suas margens quase rectas no exemplar com a banda mais
estreita.
Comentários taxonómicos
Rhagonycha plagiella foi descrita por MARSEUL (1864) do centro de Espanha e
subsequentemente citada por diversos autores de Espanha, Portugal e Marrocos. As citações
primárias mais recentes encontradas na literatura consultada foram apresentadas por
CONSTANTIN (1965), que citou a espécie para uma localidade da província espanhola de
León e para uma outra da província de Ourense, situada a curta distância da fronteira da
Portela do Homem (Serra do Gerês). Na base de dados Fauna Europaea, KAZANTSEV
(2005) regista a presença de R. plagiella unicamente em Espanha.
Não obstante a existência dessas citações, o estatuto taxonómico de R. plagiella é uma
questão que permanece por esclarecer até à actualidade. Assim, para além da morfologia do
edeago desta espécie ser desconhecida, a sua existência em termos taxonómicos foi
questionada por DAHLGREN (1972), que referiu: “No material que examinei não encontrei
exemplares de Rhagonycha plagiella Mars. Os exemplares identificados como pertencendo a
esta espécie pertencem a opaca Muls. ou a genistae Kies. É possível portanto que plagiella
não exista de todo como espécie.” (original em alemão).
A observação de Dahlgren relativamente à identidade dos exemplares identificados
como R. plagiella nas colecções é particularmente relevante, dado que os três machos
espanhóis identificados como R. plagiella na Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias
Naturales foram identificados no presente trabalho como R. genistae e os da mesma colecção
provenientes do norte de África foram identificados como R. quadricollis, em ambos os casos
segundo as ilustrações dos edeagos apresentadas por DAHLGREN (1972). Esta situação
envolve dois factos importantes:
108
1) o material proveniente do norte de África identificado como R. quadricollis no presente
estudo introduz uma terceira espécie cujos exemplares depositados em museus foram, no
passado, identificados como R. plagiella, para além de R. genistae [segundo o comentário
de DAHLGREN (1972) e as observações do presente trabalho] e R. opaca (de acordo com
DAHLGREN, 1972);
2) os exemplares norte-africanos de R. quadricollis apresentam, ao nível dos élitros, uma
coloração diferente da dos exemplares portugueses analisados, evidenciando uma maior
variabilidade cromática do que a revelada pelo estudo da fauna portuguesa.
Adicionalmente, é de destacar o facto de, no norte de África, R. quadricollis ser apenas
conhecida da Argélia (DELKESKAMP, 1977), representando por essa razão uma novidade
para a fauna de Marrocos.
Pelo atrás exposto verifica-se que a identificação dos exemplares de R. plagiella
depositados em colecções museológicas tem sido frequentemente corrigida quando a
morfologia do edeago é analisada, o que levou DAHLGREN (1972) a expressar dúvidas
relativamente ao seu estatuto taxonómico. Considerando que a descrição original de R.
plagiella é em grande parte aplicável, em termos cromáticos, aos exemplares identificados no
presente trabalho como R. genistae (cuja identificação foi parcialmente baseada na análise do
edeago) e que R. genistae é uma das espécies habitualmente identificadas quando ocorre a
correcção de identificações em coleçcões museológicas, considera-se a possibilidade de as
descrições de R. plagiella e R. genistae se referirem à mesma espécie taxonómica. O
esclarecimento desta situação requer, no entanto, a análise do(s) exemplar(es) utilizados por
Marseul e Kiesenwetter para a descrição da duas espécies, o que não foi possível no presente
estudo.
Distribuição geral
Espécie citada da Península Ibérica (Portugal e Espanha) e do norte de África
(Marrocos) (DELKESKAMP, 1939, 1977; KAZANTSEV, 2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha plagiella, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha plagiella, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 508. Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in FUENTE, 1931: 55.
109
Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in DELKESKAMP, 1939: 140. Rhagonycha plagiella, in SEABRA, 1939a: 40, 52. Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in SEABRA, 1943: 65.
Citações bibliográficas para Portugal continental
OLIVEIRA (1884: 189): “Guarda!, Valle d'Azares!, Freineda!, Serra do Caramulo!.” [sic!].
OLIVEIRA (1893: 205): “Guarda!, Valle d'Azares!, Freineda!, Serra do Caramulo!.” [sic!].
HICKER & WINKLER (1925: col. 508): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +
Portugal) [sic!].
FUENTE (1931: 55): “Portugal: Guarda, Valle d'Azares, Freineda, S.ª do Caramulo,
Paulino.” [sic!].
DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.
SEABRA (1939a: 40, 52): Mata de Leiria, Serra do Buçaco.
SEABRA (1939b: 218): “Mata de Leiria, Serra do Buçaco. iii-v.”.
Distribuição em Portugal continental
Tal como no caso da espécie anterior, as citações de R. plagiella para Portugal são
escassas e antigas, datando as mais recentes de 1939 (Figura 50).
Distribuição altitudinal em Portugal continental
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Fenologia imaginal em Portugal continental
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Substratos de ocorrência dos adultos
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.
110
Figura 50: Distribuição de Rhagonycha plagiella Marseul, 1864 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”.
#S
#S
#S#S#S
#S
111
Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na obra Annales de la Société
Entomologique de France, encontra-se reproduzida na Figura 51.
Figura 51: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha quadricollis (KIESENWETTER, 1852: 607-608).
Tradução da descrição original
“Negra, com a base das antenas, as mandíbulas e os bordos laterais do pronoto
amarelados. Comprimento 2 linhas. [2 x 2,2558 = 4,5116 mm]
Cabeça negra com os olhos quase mais larga que o pronoto, com pontuação subtil e
subigual, com pubescência muito subtil, com uma mancha lateral por baixo dos olhos e com
as mandíbulas amarelo claro, estas vermelhas em direcção ao ápice, palpos escuros. Antenas
ultrapassando a metade dos élitros, negras com o primeiro artículo amarelado, terceiro
artículo mais de uma vez e meia mais comprido que o segundo. Pronoto subquadrado,
112
ligeiramente mais estreito à frente, ângulos anteriores obtusos, posteriores quase rectos, lados
quase rectos, toda a margem subrebordada, subelevado de cada lado até à base, canaliculada
longitudinalmente, pontuada menos subtilmente na direcção do ápice, com pubescência
subtilíssima e escassa em todas as partes, vermelho-alaranjado brilhante, com uma grande
mancha negra longitudinal estendida da base até ao ápice, dilatada junto à base. Escutelo
negro brilhante com pontuação densa e subtil. Élitros com o quíntuplo do comprimento do
pronoto, um pouco mais largos, brilhantes e muito rugosamente pontuados, pubescência negra
fina e esparsa. Face inferior e patas negras.
Apenas colhi um único indivíduo macho desta espécie, em Monserrat, na Catalunha.
Apresenta alguma analogia com Rhagonycha testacea, Linnaeus, e deve ser colocada junto a
esta.”
Sinonímia
Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852: 607. Tipo: “Mont-Serrat, en Catalogne” (Monserrat, Barcelona, Espanha).
=Cantharis marginella Dejean, 1833: 106 (nomen nudum). =Cantharis marginella Dejean, 1837: 119 (nomen nudum). =Cantharis marginella Baudi, 1859: 297. Tipo: “Hispania” (Espanha). =Rhagonycha limbipennis Marseul, 1864: 85. Tipo: “Espagne, Andalousie” (Andaluzia,
Espanha). =fedjensis Pic, 1901 (descrição não consultada) =brevinotata Pic, 1908 (descrição não consultada)
Material estudado
Foram analisados 17 exemplares (16 machos e 1 fêmea), cuja lista se apresenta no
Anexo 1.
Caracterização dos imagos
A cabeça é negra com as genas amarelas. As antenas são castanhas, com o 1º e o 2º
artículos castanho-alaranjados. O pronoto é bicolor, com o disco negro ladeado por duas áreas
de cor amarela ou amarelo-alaranjada, mais largas na metade anterior e com contorno
irregular, que se estendem até aos bordos laterais. Os élitros são castanhos com uma estreita
faixa esbranquiçada nas epipleuras, que em parte dos exemplares se estende ao ápice e nos
restantes termina aproximadamente sobre os 3/4 do comprimento elitral. A superfície elitral é
113
rugosa. As patas e a face ventral do tórax e do abdómen são de cor castanha-escura. As tíbias
e os tarsos são castanho-alaranjados e as unhas são amarelas com partes castanhas. O corpo e
os apêndices são cobertos por uma pubescência branca ou levemente amarelada. A Figura I
(Anexo 4) ilustra o aspecto de um macho desta espécie.
O edeago dos exemplares analisados (Figura 52) apresenta parâmeros claramente
diferentes dos das restantes espécies analisadas: finos, muito longos e com a base visível em
vista ventral, não ocultada pelos bordos internos dos lobos laterais. A placa dorsal, que é
igualmente muito comprida, apresenta uma base larga e uma chanfradura proporcionalmente
mais profunda e estreita do que nas restantes espécies. Os bordos internos dos lobos laterais
são praticamente rectos na porção não fundida (por vezes ligeiramente côncavos) e a sutura
pode ser quase invisível ou observar-se na metade superior da porção fundida dos lobos
laterais.
Figura 52: Edeago de Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852 em vista ventral.
Comentários taxonómicos
O estatuto específico desta espécie é sustentado principalmente pela morfologia do
edeago, uma vez que o padrão cromático não permite uma separação segura da forma 1 de R.
hesperica e de parte dos exemplares analisados de R. opaca. Desta forma, só se poderão
considerar seguras as identificações de exemplares do sexo feminino quando colhidos em
conjunto com os de sexo masculino.
114
Distribuição geral
Espécie distribuída pela Península Ibérica e norte de África, sendo conhecida de
Portugal, Espanha e Argélia (DAHLGREN, 1975; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV,
2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha quadricollis, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha quadricollis, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis, in FUENTE, 1931: 55. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis (...) “1851” [sic!], in DELKESKAMP, 1939: 140. Rhagonycha quadricollis, in SEABRA, 1939a: 40, 118. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha quadricollis, in DAHLGREN, 1972: 134. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis, in DELKESKAMP, 1977: 196. Rhagonycha quadricollis (...) “1851” [sic!], in SERRANO, 1983: 81.
Citações bibliográficas para Portugal continental
OLIVEIRA (1884: 189): “Guarda!, Douro!.”.
OLIVEIRA (1893: 205): “Guarda!, Douro!.”.
FUENTE (1931: 55): “Portugal: Monchique, Dieck; Guarda, Douro, Paulino.”.
DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.
SEABRA (1939a: 40, 118): Mata de Leiria, Mata das Virtudes.
SEABRA (1939b: 218): “Mata das Virtudes. iii.”.
DAHLGREN (1972: 134-135): “Portugal: 10 ♂: Vila Real (3 ♂ F), Guarda (Paulino, D), S.
Martinho (Coll. Leonhard 3 ♂, D; 2 ♂ F), „Lusitanien“ (Ferrar, D).” [sic!].
DELKESKAMP (1977: 196): “Portugal”.
SERRANO (1983: 81-82): “Chaves - Abril 1976.”.
Distribuição em Portugal continental
De acordo com as citações bibliográficas e o material estudado (Anexo 1), esta espécie
está presente em todo o território de Portugal continental (Figura 53). A sua presença ainda
não era conhecida em qualquer Área Protegida, tendo sido registada neste trabalho para três:
PNArr, PNDI e PNSAC.
115
Figura 53: Distribuição de Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
Os locais de colheita do material estudado estão compreendidos entre os 150 e os 720 m
de altitude (Figura 12), mas deve realçar-se o número proporcionalmente reduzido de
exemplares estudados (n=11).
Fenologia imaginal em Portugal continental
Apesar de apenas terem sido estudados 11 exemplares, os respectivos dados
representam o intervalo mais alargado de ocorrência entre as espécies estudadas: entre a
#
#S#
#S
#
#S
#
#S
#S#S
#
#S
#
116
primeira metade de Março e a primeira metade de Agosto, observando-se uma lacuna entre a
segunda quinzena de Maio e o mês de Agosto, que poderá relacionar-se com o baixo número
de exemplares analisados (Figura 13).
Substratos de ocorrência dos adultos
A única informação obtida diz respeito à colheita desta espécie, por duas vezes, sobre
Giestas não identificadas (Fabaceae) na região do Alto Douro.
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada
nem foram realizadas observações a este respeito.
117
Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866)
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na obra Berliner Entomologische
Zeitschrift, encontra-se reproduzida na Figura 54.
Figura 54: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha
querceti (KIESENWETTER, 1866: 383).
Tradução da descrição original
“Negra, com pubescência cinzenta menos subtil, com a boca e os lados do pronoto
quadrado vermelho-alaranjados, os bordos dos segmentos abdominais esbranquiçados. −
Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 = 6,7674 mm]
Var. com os élitros amarelos.
Habita na Andaluzia (Serra de Jaén) onde é frequente por todos os lados.”
Complemento à descrição original (KIESENWETTER, 1866a: 251)
No mesmo ano em que foi publicada a descrição original desta espécie, Kiesenwetter
apresentou, igualmente na revista Berliner Entomologische Zeitschrift, uma descrição mais
detalhada, que se encontra reproduzida na Figura 55.
118
Figura 55: Imagem digitalizada do complemento à descrição original de Rhagonycha querceti (KIESENWETTER, 1866a: 251).
Tradução do complemento à descrição original
“Negra, com pubescência cinzenta menos subtil, com a boca e os lados do pronoto
quadrado vermelho-alaranjados, os bordos dos segmentos abdominais esbranquiçados. −
Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 = 6,7674 mm]
Var. com os élitros amarelos.
Cabeça mais estreita que o pronoto em ambos os sexos, mais obsoletamente pontuada,
opaca, negra, com as genas, as mandíbulas e os palpos alaranjados, estes negros no ápice.
Olhos arredondados, mais proeminentes no macho, menos na fêmea. Antenas negras, mais
delgadas, ultrapassando a metade dos élitros no macho, mais curtas na fêmea. Pronoto do
119
macho subquadrado, pouco mais comprido que largo, com os lados subrectos, subangulosos
adiante da base, ligeiramente estreitado para diante, sulcado a meio larga e pouco
profundamente em ambos os sexos, vermelho-alaranjado, adornado con uma banda média
larga que alcança o ápice e a base, estreitada angulosamente adiante da base, com escassa
pubescência cinzenta esparsa. Escutelo pequeno, triangular. Élitros negros, mais raramente
amarelo escurecido, no macho cinco vezes tão comprido como o pronoto, na fêmea quatro,
densamente rugosamente pontuados, com pubescência cinzenta, sedosa, menos subtil, com
brilho plúmbeo. Parte inferior do corpo juntamente com as patas negra, as tíbias no ápice e os
tarsos mais ou menos empalidecidas, os segmentos abdominais rebordados de esbranquiçado
no ápice e nos lados. Penúltimo segmento abdominal menos profundamente chanfrado.”
Sinonímia
Cantharis (Rhagonycha) querceti Kiesenwetter, 1866b: 383. Tipo: “Andalusia (Sierra de Jaen)” (Serra de Jáen, Andaluzia, Espanha).
=bugnioni Pic, 1903 (descrição não consultada) =pardalensis Pic, 1908 (descrição não consultada)
Material estudado
Durante o presente estudo não foram realizadas colheitas nem foi possível estudar
machos desta espécie em qualquer das colecções consultadas. Assim, os únicos exemplares
portugueses analisados foram duas fêmeas, identificadas como R. querceti e etiquetadas com
a proveniência “Portugal”, que fazem parte da Colecção Geral do Museo Nacional de
Ciencias Naturales. Estes exemplares encontravam-se preservados a seco através de colagem
numa única etiqueta, tendo sido descolados para observação da face ventral e determinação do
sexo. Uma vez verificado tratar-se de fêmeas, procedeu-se à sua colagem em duas etiquetas
que foram colocadas no alfinete original juntamente com a etiqueta de identificação e
proveniência.
Foi ainda analisado um exemplar do sexo masculino cuja etiqueta refere “Sierra
Nevada”, que se encontrava identificado como R. querceti na Colecção Geral do Museo
Nacional de Ciencias Naturales. Este exemplar parecia corresponder, em termos de coloração
dos élitros, à variação referida por KIESENWETTER (1866a, 1866b), uma vez que apresenta
os élitros cor de palha. Após a re-hidratação e destacamento do abdómen do exemplar, o
edeago foi extraído e a sua análise revelou tratar-se de R. hesperica. Em termos de morfologia
120
externa, foi observada neste exemplar a presença de dentes bem visíveis nos trocânteres
anteriores e dentes menos marcados nos trocânteres médios, o que constitui, no material
analisado, uma característica exclusiva de R. hesperica.
Caracterização dos imagos
A coloração geral dos dois exemplares do sexo feminino identificados como R. querceti
na Colecção do Museo Nacional de Ciencias Naturales (Figura J - Anexo 4) está de acordo
com a descrição original de KIESENWETTER (1866b): cabeça negra com as genas
amareladas, pronoto bicolor com o disco negro com bordos irregulares e as porções laterais
amarelas. Os élitros são castanhos, aparentando ser castanho-escuros quando em repouso e as
patas são igualmente castanhas. Todo o corpo e os apêndices estão recobertos por pilosidade
amarela muito clara ou esbranquiçada. Dado tratar-se de exemplares antigos conservados a
seco, é possível que a coloração que exibem actualmente se deva a algum empalidecimento,
nomeadamente ao nível dos élitros.
Apresenta-se na Figura 56 a morfologia do edeago de R. querceti de acordo com
DAHLGREN (1972), cujas principais diferenças relativamente às restantes espécies citadas
de Portugal continental se localizam no lobo mediano e no bordo superior da placa dorsal.
Figura 56: Edeago de Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) em vista ventral (adaptado de DAHLGREN, 1972).
Comentários taxonómicos
Apesar da coloração dos dois exemplares analisados estar, em geral, em consonância
com a descrição original de R. querceti, a sua identificação é considerada provisória, pelo
facto de estes exemplares serem externamente indistinguíveis dos de várias espécies
analisadas, como é o caso de R. quadricollis, R. striatofrons (parte dos exemplares escuros
121
desta espécie) e R. hesperica (parte dos exemplares da forma 1 desta espécie). Os dados
disponíveis apontam, assim, para que a morfologia do edeago constituia a única forma
inequívoca de identificação desta espécie.
Distribuição geral
Espécie distribuída pela Península Ibérica e norte de África, sendo conhecida de
Portugal, Espanha, Marrocos e Argélia (DAHLGREN, 1972; DELKESKAMP, 1977;
KAZANTSEV, 2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha querceti, in DAHLGREN, 1972: 136. Rhagonycha (Rhagonycha) querceti (...) “1865” [sic!], in DELKESKAMP, 1977: 197.
Citações bibliográficas para Portugal continental
DAHLGREN (1972: 136-137): “Portugal: 1 ♂: Lusitania (D).” [sic!].
DELKESKAMP (1977: 197): “Portugal”.
Distribuição em Portugal continental
A única citação primária desta espécie para Portugal não inclui quaisquer pormenores
geográficos, pelo que a sua distribuição no país é desconhecida e, consequentemente, não
cartografável.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Fenologia imaginal em Portugal continental
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
122
Substratos de ocorrência dos adultos
Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.
123
Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na revista Entomologica Basiliensia,
encontra-se reproduzida na Figura 57.
Figura 57: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha striatofrons (DAHLGREN, 1972: 137-138).
124
Tradução da descrição original
“Vi material desta nova espécie de dois locais em Portugal, Guarda e Portalegre, e
porque exibem colorações diferentes, parece apropriado descrevê-las separadamente.
Forma da Guarda:
Antenas castanho-escuras com os artículos basais amarelo-acastanhados. Cabeça do
macho negra e, adiante das antenas, amarelo ou amarelo-acastanhado com 2 a 4 bandas
longitudinais escuras mal definidas. Cabeça negra na fêmea. Genas amarelas. Pronoto negro
com os lados amarelos. A cor negra estende-se do bordo anterior ao bordo posterior. Élitros
amarelo-acastanhados, na maioria dos casos cada um com uma banda longitudinal negra do
calo umeral até ao ápice e alargando para trás. A banda longitudinal lateral não atinge a
margem lateral. Fémures negros com a extremidade amarelo-acastanhada, tíbias
amarelo-acastanhadas tornando-se castanho-escuras na extremidade, tarsos castanho-escuros.
Forma de Portalegre:
Antenas amarelo-acastanhadas com a porção terminal castanho-escura. Cabeça da
fêmea variando de amarelo a amarelo-escuro, sem bandas. Cabeça do macho com coloração
idêntica à da forma da Guarda. Pronoto completamente amarelo-acastanhado ou com uma
pequena mancha central escura de limites difusos, que pode adquirir um formato em “M”.
Élitros completamente amarelos ou com uma banda idêntica à da forma da Guarda, que é
contudo mais estreita e curta. Patas amarelo-acastanhadas. Tarsos mais ou menos escurecidos
nas extremidades.
Considero estas duas formas como variantes cromáticas desta espécie. Será certamente
possível encontrar formas de transição, por exemplo na área geográfica intermédia. O edeago
(fig. 3 C e D) é semelhante nas duas formas.
A forma da Guarda é muito semelhante a R. oliveti Kies., mas os machos podem
separar-se facilmente: a saber, em oliveti a cabeça dos machos é negra com genas amarelas. O
edeago é completamente distinto (oliveti é uma aberração de hesperica Baudi, ver mais
abaixo).
Comprimento de striatofrons 5,7-7 mm.
Holótipo Portalegre 7.5.1912, Colecção do Dr. J. Daniel, Zoologisches Museum des
bayerischen Staates, Munique.
Parátipo Guarda Maio 1912, J. Daniel leg., Zoologisches Museum des bayerischen
Staates, Munique.
Restante material examinado:
125
Guarda 1912, 6 ♂, 2 ♀ Colecção Daniel, M.
Portalegre 1912, 5 ♂, 12 ♀ Colecção Daniel, M.”
Sinonímia
Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972: 137. Tipo: “Portalegre” (Portugal).
Não são actualmente reconhecidas sinonímias para esta espécie.
Material estudado
Foram analisados 15 exemplares (11 machos e 4 fêmeas), cuja lista se apresenta no
Anexo 1. O exemplar n.º 652 da Colecção Artur Serrano (um macho colhida na Arrábida)
encontrava-se identificado como “Rhagonycha (s. str.) oliveti (Kiesw.)” (i. e., Rhagonycha
hesperica), o que confirma as semelhanças já apontadas por DAHLGREN (1972). De referir,
contudo, que o exemplar em questão (assim como os outros quatro da mesma proveniência)
corresponde à forma cromática de Portalegre tal como descrita por DAHLGREN (1972) e não
à forma da Guarda, que foi a referida por este autor como sendo semelhante a “oliveti”.
Caracterização dos imagos
A cabeça é bicolor, negra com as genas e o clípeo amarelo-acastanhados na maior parte
dos casos, quase totalmente negra nalguns indivíduos. As antenas apresentam uma coloração
geral escura, com o 1º e o 2º artículos, assim como, por vezes, o 3º, total ou parcialmente
amarelos (neste caso são geralmente amarelos na face inferior). Os palpos são amarelos com a
metade distal do 4º artículo castanha. As mandíbulas são bicolores, maioritariamente amarelas
e com a porção terminal castanha. O pronoto é bicolor, sendo a extensão das manchas
variável. Num dos extremos de variação, a porção central é negra do bordo anterior ao
posterior e os lados são castanho-amarelados ou amarelos (por vezes apenas amarelos junto
aos ângulos anteriores), com os bordos da porção negra bastante sinuosos (Figura L - Anexo
4). No outro extremo, a coloração do pronoto é mais uniforme: predominantemente
castanho-escuro, com manchas castanhas nos ângulos anteriores e manchas amareladas muito
pequenas junto aos ângulos posteriores. O escutelo é negro. A coloração dos élitros é variável:
de inteiramente amarelos a quase totalmente castanhos (aparentemente negros quando em
repouso), apenas com uma estreita faixa amarela ou cor de palha nas epipleuras, que não
atinge o ápice. A face ventral do tórax é negra e a face ventral do abdómen
126
predominantemente castanha ou castanho-alaranjada, com o bordo posterior e os bordos
laterais dos segmentos amarelos ou esbranquiçados em extensão variável. As patas são
bicolores: fémures castanhos com a extremidade apical amarela, tíbias amareladas ou
castanho-claras (as posteriores ligeiramente mais escuras), tarsos acastanhados, unhas
amarelas com partes castanhas. O corpo e os apêndices são cobertos por pilosidade branca ou
amarelada. Os pêlos das antenas de alguns exemplares são mais curtos e densos a partir do 3º
artículo.
Do ponto de vista cromático, alguns dos indivíduos analisados podem considerar-se
intermédios relativamente às duas formas descritas por DAHLGREN (1972) (um facto já
previsto por esse autor), enquanto outros exibem colorações mais escuras que se encontram
fora do intervalo definido por essas duas formas. Na Figura L (Anexo 4) está ilustrado um
macho com os élitros claros, que representa um dos extremos de coloração da espécie.
A análise realizada ao nível da morfologia externa não permitiu evidenciar qualquer
característica discriminatória relativamente às restantes espécies presentes em Portugal
continental.
Relativamente ao edeago, cuja morfologia é ilustrada na Figura 58, o material estudado
proporcionou uma comparação com as ilustrações que integram a descrição original de
DAHLGREN (1972), tendo sido verificada a existência de alguma variabilidade, relacionada
principalmente com a forma da placa dorsal e dos bordos internos dos lobos laterais (Figura
58), que não afecta sua a capacidade discriminatória relativamente às restantes espécies da
fauna portuguesa estudadas.
Comentários taxonómicos
O estatuto específico deste taxon foi confirmado neste estudo, assim como a ocorrência
de exemplares com padrões cromáticos intermédios relativamente às duas formas
caracterizadas aquando da sua descrição original. Considerando que, do ponto de vista
cromático, existe a possibilidade de confusão com algumas das outras espécies presentes em
Portugal continental (principalmente R. hesperica, mas também R. opaca e R. quadricollis), a
identificação dos exemplares deverá ser realizada através da análise da morfologia do edeago,
que fornece o único critério objectivo para o reconhecimento de R. striatofrons.
127
Figura 58: Edeago de Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 em vista ventral, ilustrando a variabilidade observada na base e no bordo superior da placa dorsal, assim como nos bordos internos dos lobos laterais.
Distribuição geral
Endemismo ibérico conhecido de Portugal e Espanha (DAHLGREN, 1972;
DELKESKAMP, 1977, KAZANTSEV, 2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha striatofrons, in DAHLGREN, 1972: 137. Rhagonycha (Rhagonycha) striatofrons, in DELKESKAMP, 1977: 198.
Citações bibliográficas para Portugal continental
DAHLGREN (1972: 137-138): “Holotypus Portalegre 7.5.1912, Sammlung Dr. J. Daniel,
Zoologisches Museum des bayerischen Staates, München. Paratypus Guarda, Mai 1912, J.
Daniel leg., Zoologisches Museum des bayerischen Staates, München. Übriges
untersuchtes Material: Guarda 1912, 6 ♂, 2 ♀ Sammlung Daniel, M. Portalegre 1912, 5 ♂,
12 ♀ Sammlung Daniel, M.” [sic!].
DELKESKAMP (1977: 198): “Portugal”.
128
Distribuição em Portugal continental
A informação obtida a partir da descrição original e os dados obtidos no presente estudo
(Anexo 1) apontam para que esta espécie tenha uma distribuição bastante ampla em Portugal
continental (Figura 59), mas os conhecimentos a este respeito evidenciam lacunas
significativas. A sua presença ainda não era conhecida em qualquer Área Protegida, tendo
sido registada neste trabalho para três: PNArr, PNM e PNSE.
Figura 59: Distribuição de Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.
Distribuição altitudinal em Portugal continental
O material colhido no PNM e no PNSE em 2004 e 2005 procede de localidades situadas
entre os 790 e os 1430 m de altitude (Figura 12). Adicionalmente, foram estudados três
#
#S
###S
#
129
exemplares da Colecção Artur Serrano colhidos na serra da Arrábida, cuja altitude máxima é
501 m (Formosinho). O limite altitudinal inferior da espécie deverá, por isso, situar-se abaixo
de 500 m, não sendo possível apontar uma altitude concreta.
Fenologia imaginal em Portugal continental
Os adultos estudados desta espécie evidenciam um período de ocorrência relativamente
alargado, que abrange a quase totalidade da Primavera e o princípio do Verão: os mais
precoces foram capturados a meio de Abril e os mais tardios a meio de Julho (Figura 13).
Substratos de ocorrência dos adultos
Não foi recolhida qualquer informação relativamente aos substratos de colheita dos
exemplares estudados.
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada
nem foram realizadas observações a este respeito.
130
Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856)
Descrição original
A descrição original desta espécie, publicada na obra Die Thiere Andalusiens nach dem
Resultate einer Reise zusammengestellt, nebst den Beschreibungen von 249 neuen oder bis
jetzt noch enbeschriebenen Gattungen und Arten, encontra-se reproduzida na Figura 60.
Figura 60: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha varians (ROSENHAUER, 1856: 140-141).
131
Tradução da descrição original
“Negro, brilhante, com pubescência cinzenta, antenas negras e escuras, com a base mais
clara, parte anterior da cabeça, abdómen e patas vermelho-amarelado; pronoto sub-quadrado,
mais alongado, com uma impressão central, vermelho mais ou menos negro no meio; élitros
unicolores negros, rugosamente pontuados. − Comprimento 2 ½ − 3 linhas, largura 2/3 − 7/8
de linha. [Comprimento 2 ½ x 2,2558 = 5,6395 mm − 3 x 2,2558 = 6,7674 mm, largura 2/3 x
2,2558 = 1,5114 mm − 7/8 x 2,2558 = 1,9738 mm]
Espécie muito distinta; deve ser separada de P. banaticus. Ligeiramente mais estreita
que esta; pode ser reconhecida muito facilmente pelo abdómen completamente unicolor
vermelho-amarelado, pelos élitros sem margem lateral amarela, antenas mais escuras, parte
anterior da cabeça mais clara e um pronoto que é normalmente marcado de negro. A cabeça é
um pouco mais estreita que o pronoto, negra, esparsamente coberta por pubescência grisalha,
com pontuação fina e serrada, brilhante, impressa longitudinalmente de forma suave no
vértex, a porção apical vermelho-amarelado começando nas antenas e por vezes mais adiante,
as mandíbulas e os palpos escurecidos nas extremidades. Antenas delgadas, tão longas como
o corpo nos machos, nas fêmeas mais curtas, pálidas da base até aproximadamente ao quarto
artículo e castanhas até ao ápice, por vezes inteiramente pálidas. Pronoto
oblongo-quadrangular, com os lados quase paralelos, apenas ligeiramente mais largos e
arredondados atrás do meio, [ângulos] ligeiramente arredondados à frente, rectos na base,
[bordos] levemente rebordados em todo o contorno, algo convexo dorsalmente, com um sulco
longitudinal médio pouco profundo, de extremo a extremo, amarelo-avermelhado, liso,
brilhante e muito esparsamente coberto por pubescência grisalha, mais frequentemente com
uma mancha negra oblonga no centro, que se expande frequentemente levando a que a
coloração avermelhada só seja visível no bordo anterior e na metade apical dos lados. Os
élitros são alongados, mais largos a meio e cinco vezes mais compridos que o pronoto,
achatados, negros, levemente brilhantes, com pontuação densa, finamente rugosa e com uma
cobertura densa de pubescência grisalha. A face ventral do tórax é negra, com pontuação
extremamente fina e pilosidade sedosa, brilhante, a totalidade do abdómen
amarelo-avermalhada. As patas são delgadas, amarelo-avermelhadas, com pilosidade
amarelada suave.
Nalguns exemplares, provavelmente ainda não totalmente colorados, os élitros são
acastanhados.
Em Serra Nevada batida nas ervas em locais húmidos em Julho; não rara.”
132
Sinonímia
Podabrus varians Rosenhauer, 1856: 140. Tipo: “Sierra Nevada” (Serra Nevada, Espanha).
=Rhagonycha fairmairei Marseul, 1864: 91. Tipo: “Espagne occidentale” (Espanha ocidental).
=diversipes Pic, 1908 non Pic, 1905 (descrição não consultada)
Material estudado
Foram analisados 21 exemplares (17 machos e 4 fêmeas), cuja lista se apresenta no
Anexo 1.
Caracterização dos imagos
O padrão cromático desta espécie é bicolor, negro e cor de laranja (Figura M - Anexo
4). Os élitros, os esternitos torácicos e a generalidade da cabeça são negros. As genas, o
clípeo, o pronoto, o abdómen e as patas (com excepção dos tarsos) são cor de laranja. As
mandíbulas são cor de laranja com a extremidade escura e os palpos são cor de laranja com o
último artículo escurecido. As antenas são predominantemente castanhas, com o primeiro
artículo alaranjado (o mesmo acontecendo, por vezes, com alguns dos seguintes, tal como
referido na descrição original). Os tarsos são acastanhados, mais escuros que o resto das patas
(nalguns exemplares apenas os 4º e 5º artículos) e as unhas tarsais são cor de laranja.
Segundo a literatura, trata-se de uma espécie variável ao nível da coloração do pronoto,
que se apresenta totalmente cor de laranja ou cor de laranja com uma mancha escura de
extensão variável no disco. No presente estudo somente foram analisados exemplares com o
pronoto inteiramente vermelho ou cor de laranja, mas a existência de exemplares com pronoto
bicolor é considerada na tabela dicotómica elaborada no presente estudo.
O edeago de R. varians (Figura 61) apresenta como principais características distintivas
a presença de parâmeros longos e de bordos internos dos lobos laterais côncavos, sem
formarem qualquer superfície visível ventralmente. O edeago mais semelhante entre as
espécies analisadas é o de R. galiciana, cuja placa dorsal é claramente mais comprida e possui
os lados quase paralelos na metade distal (Figura 18). Além disso, nessa espécie os bordos
internos dos lobos laterais são claramente convexos.
133
Figura 61: Edeago de Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856) em
vista ventral.
Comentários taxonómicos
Tal como foi referido anteriormente, a presente espécie foi sinonimizada com R.
galiciana por ŠVIHLA (1995), com base na coloração, na morfologia do edeago e na
distribuição conhecida na Península Ibérica. Contudo, a análise das respectivas descrições
originais e o estudo do material disponível contrariam esta opinião, pelo que no presente
trabalho os dois taxa são tratados como boas espécies. Entre as características analisadas,
foram observadas diferenças significativas do ponto de vista cromático e diferenças menos
marcadas, mas constantes e consideradas discriminatórias, ao nível da genitália masculina:
Estas características, que se expõem nas descrições morfológicas das duas espécies e na tabela
dicotómica elaborada, podendo ser sumarizadas da seguinte forma:
= R. galiciana: padrão cromático unicolor: cabeça, pronoto, élitros e fémures negros.
Abdómen castanho ou castanho-alaranjado. Edeago como na Figura 18.
= R. varians: padrão cromático bicolor: cabeça (excepto o clípeo), esternitos torácicos e
élitros de cor negra. Clípeo, pronoto, abdómen e patas (com excepção dos tarsos) cor de
laranja. O pronoto pode apresentar uma mancha discal negra, mas esta é sempre rodeada
de cor de laranja. Edeago como na Figura 61.
134
Distribuição geral
Espécie conhecida de Portugal, Espanha e França (DELKESKAMP, 1977;
KAZANTSEV, 2005).
Combinações citadas para Portugal continental
Rhagonycha fairmairei, in HEYDEN, 1870: 38. Rhagonycha fairmairei, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha fairmairei, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha (Rhagonycha) fairmairei, in HEYDEN et al., 1906: col. 292. Rhagonycha (Rhagonycha) fairmairei, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 509. Rhagonycha (Rhagonycha) farmairei, in FUENTE, 1931: 56. Rhagonycha (Rhagonycha) farmairei var. manzanalensis, in DELKESKAMP, 1939: 123. Rhagonycha (Rhagonycha) fairmairei, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha fairmairei, in DAHLGREN, 1972: 132. Rhagonycha (Rhagonycha) varians, in DELKESKAMP, 1977: 202. Rhagonycha fairmairei “Marsham, 1864” [sic!], in SERRANO, 1983: 82. Rhagonycha fairmairei “(Marsham)” [sic!], in AGUIAR & SERRANO, 1995: 54.
Citações bibliográficas para Portugal continental
HEYDEN (1870: 38): arredores da Guarda.
OLIVEIRA (1884: 189): “Valle d'Azares!, Felgueira!, Caldellas (J. da Silva!).” [sic!].
OLIVEIRA (1893: 205): “Valle d'Azares!, Felgueira!, Caldellas (J. da Silva!).” [sic!].
HEYDEN et al. (1906: col. 292): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) [sic!].
HICKER & WINKLER (1925: col. 509): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +
Portugal) [sic!].
FUENTE (1931: 56): “Portugal: S.ª d'Estrella, von Heyden; Valle d'Azares, Felgueira,
Paulino, Caldelas, Silva.” [sic!].
DELKESKAMP {1939: 123, como “var. manzanalensis Pic, Echange, XLIII, 1927, p. 5 ♂.”
de “Rhagonycha (Rhagonycha) Farmairei Mars. Abeille I, 1864, p. 91, ♂.”}: “Spanien
oder Portugal” [sic!] (i. e., Espanha ou Portugal).
DAHLGREN (1972: 132-133): “R. fairmairei Mars. 1864 und varians Rosh. 1856 sind
identisch.”, «Portugal, 9 ♂: Campea (5 ♂; C. de Barros 2 ♂, alle F), Guarda (Coll. v.
Heyden, D), „Lusitania“ (Coll. Reitter, F). Weibchen. Dunkle Form.», “Portugal, 1 ♀:
Campea (Coll. Breit, F). Helle Form (v. fairmairei Mars.).” e “Portugal, 2 ♀: Covilha
(1912, Coll. Daniel, M), Guarda (Coll. v. Heyden, D).” [sic!].
DELKESKAMP (1977: 202): “Portugal”.
135
SERRANO (1983: 82): “Beja - Maio 1977.”.
AGUIAR & SERRANO (1995: 54): Cascais: Ribª de Caparide (Manique) (MC6888).
Distribuição em Portugal continental
As citações bibliográficas compiladas, complementadas pelo material estudado no
presente trabalho (Anexo 1), demonstram que esta espécie possui uma distribuição que
abrange todo o território de Portugal continental (Figura 62), embora os registos sejam mais
abundantes na metade oriental do país. Era conhecida unicamente de uma Área Protegida
(PNSE), tendo sido estudado material de outras quatro (PNM, PNRF, PNSACV, RNSCM).
Figura 62: Distribuição de Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856) em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.
#S#
#
##
#S
#S
#
#S
#
##
#S
#
#S#S
#
#
# ##
#
136
Distribuição altitudinal em Portugal continental
O material estudado foi colhido desde o nível do mar até aos 850 m (Figura 12). A este
respeito deve mencionar-se o facto de a espécie não ter sido colhida na serra da Estrela desde
1998, sendo esta uma área de onde foi citada no século XIX para uma altitude relativamente
baixa (concretamente para Vale de Azares, a cerca de 500 m de altitude).
Fenologia imaginal em Portugal continental
Os adultos estudados desta espécie apontam para uma fenologia primaveril: do princípio
de Abril ao meio de Junho (Figura 13), mas o número proporcionalmente baixo de
exemplares estudados (n=20) não permite definir com segurança um padrão fenológico.
Substratos de ocorrência dos adultos
Não foi recolhida qualquer informação relativamente aos substratos de colheita dos
exemplares estudados.
Aspectos biológicos e comportamentais
Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada
nem foram realizadas observações a este respeito.
137
3.2.4. Tabela de identificação das espécies portuguesas de Rhagonycha
A tabela dicotómica elaborada para a identificação das espécies portuguesas do género
Rhagonycha deve ser entendida como uma tentativa de organização da informação recolhida,
uma vez que para além de incluir as três espécies cujo sexo masculino não foi observado,
baseando-se a esse respeito na observação dos exemplares femininos disponíveis e no
trabalho de DALHGREN (1972), inclui duas formas distintas de identificar R. opaca, devido
ao facto de esta espécie apresentar duas modalidades de coloração dos élitros. Além disso,
uma vez que não foi possível estudar exemplares de R. martini nem consultar a respectiva
descrição orginal, a tabela elaborada não contempla esta espécie, o mesmo ocorrendo com R.
plagiella devido à questão de estatuto taxonómico já abordada.
1. Trocânteres anteriores e médios dos machos com dentes bem visíveis, menos desenvolvidos nos posteriores (Figura 26). Nas fêmeas os dentes são bastante mais pequenos, mas observáveis. Edeago com parâmeros com curvatura marcada na metade apical e um par de laterófises na porção apical do lobo mediano (Figura 27). .................................................. R. hesperica
1’. Sem dentes nos trocânteres. Parâmeros sem curvatura pronunciada na metade apical e lobo mediano sem laterófises. .................................................. 2
2. Coloração vermelho-alaranjada, cor de laranja ou cor de laranja e negra. Abdómen e patas inteiramente cor de laranja, cabeça e pronoto cor de laranja ou cor de laranja e negro. .................................................. 3
2’. Coloração total ou predominantemente negra, castanha, cor de palha ou amarelo, sem porções cor de laranja vivo na cabeça, pronoto e abdómen. Os élitros podem ser castanho-alaranjado, mas nunca laranja-vivo. .................................................. 5
3. Élitros inteiramente negros. Cabeça negra com as genas e o clípeo cor de laranja. Edeago como na Figura 61. .................................................. R. varians
3’. Élitros e cabeça inteira ou predominantemente vermelho-alaranjado ou cor de laranja. .................................................. 4
4. Élitros inteiramente vermelho-alaranjado ou cor de laranja. Cabeça vermelho-alaranjada ou cor de laranja, podendo apresentar porções negras na sua parte posterior. Face ventral do tórax castanho-escura. Edeago como na Figura 47. ............................................ R. patricia
4’. Élitros vermelho-alaranjado ou cor de laranja com uma mancha negra na extremidade, ocupando cerca de 1/8 do seu comprimento. Cabeça inteiramente vermelho-alaranjado ou cor de laranja. Face ventral do tórax vermelho-alaranjada como o resto do corpo. Edeago como na Figura 15. .................................................. R. fulva
138
5. Pronoto inteiramente negro. .................................................. 6
5’. Pronoto bicolor, com a parte central escura e os lados claros, amarelos ou amarelo-alaranjados. Por vezes maioritariamente escuro, mas sempre com manchas claras nos ângulos anteriores ou próximo destes. .................................................. 7
6. Coloração escura, com élitros castanhos unicolores que parecem negros quando em repouso e todos os fémures negros. Edeago como na Figura 18. .................................. R. galiciana
6’. Coloração geral castanha-alaranjada e negra. Élitros castanho-alaranjados e fémures anteriores com a extremidade distal cor de laranja, os outros negros. Edeago como na Figura 34 e saco interno como na Figura 35. .................................................. R. iberica
7. Élitros bicolores, com bandas (faixas epipleurais e suturais estreitas não incluídas). .................................................. 8
7’. Élitros unicolores, sem bandas na parte central, podendo apresentar faixas epipleurais e/ou suturais estreitas. .................................................. 9
8. Pronoto com coloração variável, geralmente escuro com duas manchas antero-laterais mais claras, podendo ser negro com manchas castanhas ou castanho com manchas amareladas. Edeago (Figura 40) com parâmeros achatados e ligeiramente côncavos. Bordos internos dos lobos laterais formando uma superfície plana e larga, ligeiramente côncava na parte central.. .................................................. R. opaca
8’. Coloração do pronoto como na Figura 22. Edeago (Figura 23), com os parâmeros longos e ligeiramente curvos e afilados e a placa dorsal muito estreita na base. Bordos internos dos lobos laterais formando superfícies planas e largas.. ......................................... R. genistae
9. Edeago (Figura 40) com parâmeros achatados e ligeiramente côncavos. Bordos internos dos lobos laterais formando uma superfície plana e larga, ligeiramente côncava na parte central.. .................................................. R. opaca
9’. Edeago com parâmeros cilíndricos, claramente diferentes dos representados na Figura 40. .................................................. 10
10. Placa dorsal do edeago com uma chanfradura profunda. .................................................. 11
10’. Placa dorsal do edeago sem chanfradura ou com uma chanfradura muito pouco pronunciada. .................................................. 12
11. Edeago (Figura 52) com parâmeros muito longos e finos, glabros. .................................................. R. quadricollis
11’. Edeago (Figura 43) com parâmeros robustos e cobertos de pilosidade na face externa. .................................................. R. ornaticollis
139
12. Edeago (Figura 56) com os bordos internos dos lobos laterais curtos e ligeiramente convexos. .................................................. R. querceti
12’. Edeago (Figura 58) com os bordos internos dos lobos laterais muito longos e sinuosos. .................................................. R. striatofrons
140
4. Conclusões
Os resultados do presente estudo representam um avanço considerável em diferentes
aspectos do conhecimento da fauna portuguesa do género Rhagonycha. Do ponto de vista
metodológico, as prospecções de campo realizadas constituíram uma componente
fundamental do trabalho, pelo aumento da cobertura geográfica nacional, pelos registos
interessantes obtidos e pela informação biológica que proporcionaram ao nível da fenologia e
dos substratos de ocorrência das espécies. Os dados da análise de colecções complementaram
de forma muito relevante a informação proveniente das prospecções de campo realizadas
antes e durante o estudo.
Entre os resultados mais significativos do estudo realizado salientam-se:
• A designação da espécie-tipo do género Rhagonycha, que constitui um acto nomenclatural
com repercussões a nível global, visto que fornece o critério de referência para a
aplicação do nome genérico.
• Ainda no aspecto nomenclatural, a clarificação da autoria e da data de descrição de
Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 e a correcção da data de descrição
de três espécies descritas por Kiesenwetter em 1866.
• Do ponto de vista taxonómico, o resultado mais relevante é a clarificação do estatuto de
duas espécies anteriormente sinonimizadas, Rhagonycha galiciana Gougelet & H.
Brisout, 1860 e Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856), cujo estudo ao nível da
morfologia do edeago e da coloração corporal sustenta o estatuto de boas espécies.
• Igualmente no campo taxonómico, o estudo da variabilidade cromática e da morfologia do
edeago da maioria das espécies permitiu uma melhor caracterização das mesmas e uma
melhor definição das diferenças existentes entre elas.
• Ao nível da inventariação da fauna de Portugal continental, foi confirmada a presença de
nove das 14 espécies citadas para o país na literatura científica. A este respeito, merece
destaque o estudo de material de colecção e, principalmente, a colheita de Rhagonycha
striatofrons Dahlgren, 1972, que não foi citada de Portugal desde a sua descrição e que
apenas foi registada uma vez do território continental de Espanha.
• Um dos aspectos em que se verificou um maior progresso foi o conhecimento da
distribuição geográfica das espécies, tendo sido obtidas consideráveis ampliações
141
relativamente a várias espécies, novamente com destaque para Rhagonycha striatofrons
Dahlgren, 1972 e também para Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866), que eram
conhecidas de um número muito reduzido de locais.
• No caso das Áreas Protegidas (AP), cuja fauna se encontrava extremamente mal conhecida
no início do estudo, uma vez que unicamente existiam citações para seis das Áreas e que
o inventário mais extenso, o do PNSE, incluía apenas cinco espécies, o avanço no
conhecimento ao nível da inventariação pode considerar-se muito significativo. De
facto, para além de terem sido obtidos os primeiros registos do género Rhagonycha para
oito AP, foi também estudado material proveniente de cinco das seis AP para as quais já
existiam registos, ampliando os seus catálogos e confirmando a presença de uma parte
das espécies anteriormente citadas, alargando dessa forma as respectivas distribuições
conhecidas. Globalmente, foram obtidas adições à fauna de 13 AP, sendo de destacar os
resultados obtidos para o Parque Natural de Montesinho, cujo inventário foi ampliado de
uma para sete espécies, tornando esta AP a segunda mais diversa no que concerne ao
género Rhagonycha. De referir ainda que a disparidade observada entre as riquezas
específicas registadas para as AP deverá relacionar-se com a assimetria do esforço de
prospecção a que estas foram sujeitas, que persiste apesar de atenuada no presente
estudo.
142
5. Considerações finais
Apesar dos resultados atrás comentados se considerarem muito positivos, deve referir-se
que alguns aspectos relativos à fauna portuguesa do género Rhagonyhca poderão ser ainda
desenvolvidos através de um futuro estudo mais aprofundado, que inclua a caracterização das
espécies de que não foi possível a análise de exemplares do sexo masculino e a análise da
genitália feminina e do seu potencial papel na distinção entre as espécies. Para este efeito,
deverá ser ampliada a cobertura geográfica das prospecções, incidindo preferencialmente no
sul do país, assim como incrementada a análise de colecções entomológicas.
Além disso, associando a disponibilidade actual de material biológico a um incremento
das prospecções, será interessante realizar uma análise filogenética da fauna portuguesa deste
género, para o que será igualmente relevante a inclusão de material proveniente quer de
Espanha quer de Marrocos.
Finalmente, considera-se de extremo interesse o alargamento, aos restantes géneros de
Cantharidae presentes em Portugal continental, da análise realizada aos representantes do
género Rhagonycha, o que poderá constituir um avanço importante em direcção à elaboração
de uma revisão da fauna ibérica da família.
143
6. Referências bibliográficas
AGUIAR, C. A. S. & SERRANO, A. R. M., 1995 - Estudo faunístico e ecológico dos
coleópteros (Insecta, Coleoptera) do concelho de Cascais (Portugal). Bolm. Soc. port. Ent.,
5 (5): 1-66.
ALONSO-ZARAZAGA, M. A., 1980 (1979-80) - Clave preliminar de las familias de
coleópteros ibéricos. Graellsia, 35-36: 3-62.
BARROS, J. M. C., 1896 - Subsídios para o estudo da fauna entomológica transmontana.
Coleópteros do Concelho de Sabrosa. Ann. Sc. Nat., Porto, 3: 39-44, 109-114, 186-194.
BARROS, J. M. C., 1907 - Quelques Coléoptères nouveaux pour la faune du Portugal. Bull.
Soc. Port. Sc. Nat., 1: 130-143.
BAUDI, F., 1859 - Malacodermatum quaedam novae species. Berl. Ent. Zeitschr., 3: 295-303.
BORROR, D. J. & DELONG, D. M., 1988 - Introdução ao estudo dos Insectos. Edgard
Blücher, São Paulo. 653 pp.
BRANCUCCI, M., 1980 - Morphologie comparée, évolution et systématique des Cantharidae
(Insecta: Coleoptera). Entom. Basil., 5: 215-388.
BRULLÉ, G. A., 1832 - Insectes. In: BORY DE SAINT VICENT (Ed.). Expédition
scientifique de Morée. Section des Sciences Physiques. Tome III, 1ere Partie. Zoologie.
2ème Section. Livraison 4. pp. 145-192.
BRUSCA, R. C. & BRUSCA, G. J., 2003 - Invertebrates. Second Edition, Sinauer
Associates, Inc., Sunderland. 936 pp.
C.I.N.Z. (COMISSÃO INTERNACIONAL DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA), 1993 -
OPINION 1710 J.C. Megerle’s (1801-1805) auction catalogues of insects: suppressed for
nomenclatural purposes, with the specific names of Saperda alboguttata Megerle, 1803
(currently Apomecyna alboguttata; Coleoptera) and Hippobosca variegata Megerle, 1803
(Diptera) conserved. Bulletin of Zoological Nomenclature, 50 (1): 79-82.
C.I.N.Z. (COMISSÃO INTERNACIONAL DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA), 1999 -
Código Internacional de Nomenclatura Zoológica. Ed. 4. The International Trust for
Zoological Nomenclature. Madrid. 156 pp.
COBOS, A., 1949 - Datos para el catálogo de los coleópteros de España. Especies de los
alredores de Málaga. Bol. R. Soc. esp. Hist. Nat., 47: 563-609.
CONSTANTIN, R., 1965 - Notes sur quelques Malacodermes du Nord de l’Espagne.
Entomologiste, 21 (4-5): 87-94.
CROWSON, R. A., 1955 - The natural classification of the families of Coleoptera. Nathaniel
Lloyd, Londres. 187 pp.
144
CROWSON, R. A., 1972 - A review of the classification of Cantharoidea (Coleoptera), with
the definition of two new families, Cneoglossidae and Omethidae. Revista de la
Universidad de Madrid, 21 (82): 35-77.
CROWSON, R. A., 1981 - The Biology of the Coleoptera. Academic Press, Londres. 802 pp.
DAHLGREN, G., 1968 - Beiträge zur Kenntnis der Gattung Rhagonycha (Col. Cantharidae).
Entomol. Blätter, 64 (2): 93-124.
DAHLGREN, G., 1972 - Beiträge zur Kenntnis der Gattung Rhagonycha (Col. Cantharidae)
II. Entomol. Blätter, 68 (3): 129-149.
DAHLGREN, G., 1975 - Zur taxonomie der Gattungen Rhagonycha, Pseudocratosilis und
Cratosilis (Col. Cantharidae). Entomol. Blätter, 71 (2): 100-112.
DAHLGREN, G., 1976a - Zur taxonomie der Gattungen Rhagonycha und Cantharis (Col.
Cantharidae). Mitt. Ent. Ges. Basel, N. F., 26: 88-90.
DAHLGREN, G., 1976b - Zur taxonomie der Gattungen Rhagonycha und Pseudocratosilis
(Coleoptera Cantharidae). Ent. Arb. Mus. Frey, 27: 357-360.
DAHLGREN, G., 1978 - Zwei neue arten der Rhagonycha femoralis-gruppe (Col.
Cantharidae). Mitt. Ent. Ges. Basel, N. F., 28: 12-15.
DAHLGREN, G., 1979a - CANTHARIDAE (ohne Tribus Malthinini). pp. 19-39. In:
FREUDE, H.; HARDE, K. W. & LOHSE, G. A. (Eds.). Die Käfer Mitteleuropas. Band 6.
Diversicornia. Goecke & Evers Verlag, Krefeld. 367 pp.
DAHLGREN, G., 1979b - Eine neue art der Rhagonycha-femoralis-gruppe (Col.
Cantharidae). Mitt. Ent. Ges. Basel, N. F., 29 (2): 62-64.
DAHLGREN, G., 1985a - Beiträge zur Kenntnis der Gattung Rhagonycha (Col. Cantharidae)
III. Entomol. Blätter, 81 (1-2): 85-90.
DAHLGREN, G., 1985b - Zwei neue griechische Canthariden. Entomol. Blätter, 81 (3): 163-
165.
DE GEER, C., 1774 - Memoires pour servir à l’Histoire des Insectes. Tome Quatrieme. Impr.
Pierre Hesselberg, Estocolmo. pp. I-XII + 456 pp. + 19 pr.
DEJEAN, P. F. M. A., 1833 - Catalogue des Coléoptères de la collection de M. le Comte
Dejean. Deuxième édition, 2ème livraison. Méquignon-Marvis Père et Fils, Paris. pp. 105-
108.
DEJEAN, P. F. M. A., 1837 - Catalogue des Coléoptères de la collection de M. le Comte
Dejean. Troisième édition, revue, corrigée et augmentée. Méquignon-Marvis Père et Fils,
Paris. 503 pp.
145
DELKESKAMP, K., 1939 - Pars 165: Cantharidae. In: SCHENKLING, S. (Ed.),
Coleopterorum Catalogus. W. Junk, Berlim. 357 pp.
DELKESKAMP, K., 1977 - Pars 165, Fasc. 1. Editio Seconda. Cantharidae. In: WILCOX, J.
A. (Ed.). Coleopterorum Catalogus Suplementa. W. Junk. The Hague. 485 pp.
DIÉGUEZ, J. M., 2004 - Ancistronycha erichsonii (Bach, 1854), nuevo para la fauna ibérica
(Coleoptera: Cantharidae) Heteropterus, Rev. Entomol., 4: 85-86.
DIÉGUEZ, J. M., 2005 - Nuevas citas de Cantharidae para la Península Ibérica (Coleoptera)
Boln. S. E. A., 36: 270.
DIÉGUEZ, J. M.; ANADÓN, A.; OCHARAN, F. J.; ROSA-GARCÍA, R.; VÁZQUEZ-
FLECHOSA, M.; MELERO, V. X.; MONTESERÍN, S. & OCHARAN, R., 2006 - La
fauna de Cantharidae (Coleoptera) de la Reserva de la Biosfera de Muniellos (Asturias,
norte de España). Boln. S.E.A., 39: 251-255.
DREES, M., 1998 - Fressfeinde von Rhagonycha fulva (Scop.) (Cantharidae). Entomol.
Blätter, 94 (1-2): 98.
ESCHSCHOLTZ, F., 1830 - IV. Nova genera Coleopterorum Faunae Europaeae. Bull. Soc.
Imp. natur. Moscou, II (1): 63-66.
ESPAÑOL, F. & BELLÉS, X., 1980 - Armidia unicolor Duft. (Col., Cantharidae). Un curioso
elemento de nuestra coleopterofauna cavernicola. Munibe, 32 (3-4): 281-282.
FABRICIUS, J. C., 1792 - Entomologia Systematica. 1. Hafniae. 330 + 538 pp.
FALLÉN, C. F., 1807 - Monogr. Canth. Malach. Sveciae, 1.
FITTON, M. G., 1982 - A fungus attacking the soldier beetle Rhagonycha fulva (Coleoptera:
Cantharidae) in southern England. Entomologist's Gazette, 33 (3-4): 215-219.
FUENTE, J. M., 1931 - Catálogo sistemático-geográfico de los Coleópteros observados en la
península ibérica, Pirineos propiamente dichos y Baleares (cont.). Bol. Soc. Ent. España,
14: 21-38, 49-66, 78-93, 100-115, 138-153.
GEOFFROY, E. L., 1785 - In: FOURCROY, A. F. (Ed.). Entomologia Parisiensis; sive
Catalogus Insectorum quae in Agro Parisiensi reperiuntur; secundum methodum
Geoffraeanum in sectiones, genera et species distributus; cui addita sunt nomina trivialia
et fere trecentae novae Species. Parisiis, Serpentineis. Pars Prima: i-viii + 1-231; Pars
Secunda: 233-544.
GOUGELET, J.-S. & BRISOUT, H., 1860 - Descriptions de Coléoptères nouveaux, de Galice
et d'Algérie. Bull. Soc. Ent. Fr., (3) 7 (4): CCXXXVII-CCXXXIX.
GROSSO-SILVA, J. M., 1999a - Contribuição para o conhecimento dos lucanídeos
(Coleoptera, Lucanidae) de Portugal. Boln. S.E.A., 25: 11-15.
146
GROSSO-SILVA, J. M., 1999b - Registos interessantes de coleópteros de Portugal (Insecta,
Coleoptera). Boln. S.E.A., 25: 21-23.
GROSSO-SILVA, J. M., 2000 - Catalogação da fauna de Coleópteros do Parque Natural da
Serra da Estrela e breve abordagem sobre a distribuição altitudinal e sazonalidade de
Caraboidea. Relatório de Estágio Profissionalizante. Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto. 129 pp.
GROSSO-SILVA, J. M., 2002 - Registos interessantes de coleópteros (Insecta, Coleoptera)
para Portugal (3ª nota). Primeiro registo ibérico de Pediacus dermestoides (Fabricius,
1792) (Cucujidae). Boln. S.E.A., 31: 49-54.
GROSSO-SILVA, J. M., 2005 - Additions to the fauna of Hemiptera and Coleoptera (Insecta)
of Serra da Estrela Natural Park (Portugal). Boln. S.E.A., 36: 185-193.
HARIZANOVA, V., 1995 - Rhagonycha fulva Scop. (Cantharidae, Coleoptera) an effective
predator of aphids (Aphididae, Hymenoptera [Homoptera]). Vissh Selskostopanski Institut
“Vasil Kolarov” Plovdiv Nauchni Trudove, 40 (3): 129-132.
HEYDEN, L. v., 1870 - Entomologische Reise nach dem Südlichen Spanien, der Sierra
Guadarrama und Sierra Morena, Portugal und den Cantabrischen Gebirgen. Ent. Verein,
Berlim, 218 pp.
HEYDEN, L. v.; REITTER, E. & WEISE, J., 1906 - Catalogus Coleopterorum Europae,
Caucasi et Armeniae Rossicae. Paskau. 774 col.
HICKER, R. & WINKLER, A., 1925 - Malacodermata. In: WINKLER, A. (Ed.), Catalogus
Coleopterorum regionis palaearcticae. Pars 4: cols. 487-496; Pars 5: 497-526.
IWAN, D., 1988 - Beetles (Coleoptera) occurring on the inflorescences of carrot (Daucus
carota L.) and wild Umbelliferae in the vicinity of Poznan. Pol. Pismo Ent., 58 (2): 447-
463.
JOY, N. H., 1932 - A Practical Handbook of British Beetles. 2 volumes. Second reprint 1997.
E. W. Classey Ltd. 622 pp. (vol. 1) + 194 pp. (vol. 2)
KAZANTSEV, S., 1995 - A key to Rhagonycha (Coleoptera, Cantharidae) East of the Ural
Mountains with the description of a new subgenus. Entom. Basil., 18: 91-98.
KAZANTSEV, S., 2004 - A checklist of Cantharidae (Coleoptera) of the ex-USSR. Russian
Entomol. J., 13 (1-2): 23-34.
KAZANTSEV, S., 2005 - Fauna Europaea: Cantharidae. In: ALONSO-ZARAZAGA, M. A.
(Ed.). Fauna Europaea: Coleoptera 1. Fauna Europaea version 1.2 (última actualização: 7
de Março de 2005). Disponível online em: http://www.faunaeur.org
147
KAZANTSEV, S. & TAKAHASHI, K., 2001 - Eight new species of the genus Rhagonycha
(Cantharidae, Coleoptera) from Hokkaido, Japan. Japanese Journal of Systematic
Entomology, 7 (2): 269-277.
KIESENWETTER, H. von, 1852 - Énumération des Coléoptères trouvés dans le midi de la
France et en Catalogne. Ann. Soc. Ent. Fr., 2e Série, 9 (4): 577-656 + 1 prancha.
KIESENWETTER, H. von, 1866a - Beiträge zur Käferfauna Spaniens. Berl. Ent. Zeitschr., 10
(1-3): 241-274 + 1 prancha.
KIESENWETTER, H. von, 1866b - Eine entomologische Excursion nach Spanien im
Sommer 1865. Berl. Ent. Zeitschr., 9 (2): 359-396.
LAWRENCE, J. F., 1988 (1987) - Rhinorhipidae, a new beetle family from Australia, with
comments on the phylogeny of the Elateriformia. Invertebrate Taxonomy, 2: 1-53.
LAWRENCE, J. F. & NEWTON Jr., A. F., 1995 - Families and subfamilies of Coleoptera
(with selected genera, notes, references and data on family-group names). pp. 779-1006.
In: PAKALUK, J. & SLIPINSKI, S. A. (Eds.). Biology, Phylogeny and Classification of
Coleoptera: Papers Celebrating the 80th Birthday of Roy A. Crowson. Vol. 2. Muzeum i
Instytut Zoologii PAN, Warszawa.
LAWRENCE, J. F.; PAKALUK, J. & SLIPINSKI, S. A., 1995 - From Latreille to Crowson: a
history of the higher-level classification of beetles. pp. 87-154. In: PAKALUK, J. &
SLIPINSKI, S. A. (Eds.). Biology, Phylogeny and Classification of Coleoptera: Papers
Celebrating the 80th Birthday of Roy A. Crowson. Vol. 1. Muzeum i Instytut Zoologii
PAN, Warszawa.
LAWRENCE, J. F.; HASTINGS, A. M.; DALLWITZ, M. J.; PAINE, T. A. & ZURCHER, E.
J., 1999 - Beetles of the World. A Key and Information System for Families and
Subfamilies. CD-ROM. CSIRO Publishing, Canberra, Australia.
LINNAEUS, C., 1758 - Systema Naturæ Per Regna Tria Naturæ, Secundum Classes,
Ordines, Genera, Species, Cum Characteribus, Differentiis, Synonymis, Locis. Editio
Decima, Reformata. Tomus I. Laurentii Salvii, Estocolmo. pp. 400-403.
LINNAEUS, C., 1767 - Systema Naturæ Per Regna Tria Naturæ, Secundum Classes,
Ordines, Genera, Species, Cum Characteribus, Differentiis, Synonymis, Locis. Editio
Duodecima Reformata. Tomo I, Pars II. Holmiae. pp. 533-1327.
LUFF, M. L., 1991 - Part IV - Beetle Larvae. pp. 217-238. In: COOTER, J., A Coleopterist’s
Handbook. CRIBB, P. W. (Gen. Ed.). The Amateur Entomologists’ Society. 294 pp.
MANNERHEIM, C. G., 1825 - Novae coleopterorum species Imperii Rossici incolae. In:
HUMMEL, A. D. Essais entomologiques, I, 4. São Petersburgo. pp. 19-41.
148
MARSEUL, S., 1864 - Téléphorides. Tribu de la famille des Malacodermes. Abeille, 1: 1-112.
MÜLLER, O. F., 1764 - Fauna insectorum Fridrichsdalina, sive methodica descriptio
insectorum agri Fridrichsdalensis, cum characteribus genericis et specificis, nominibus
trivialibus, locis natalibus, iconibus allegatis, novisque pluribus speciebus additis. I. F.
Gleditsch, Hafniae et Lipsiae. xxiv + 96 pp.
MULSANT, E., 1862 - Histoire Naturelle des Coléoptères de France. Mollipennes. Magnin,
Blanchard & Co., Paris. 440 pp. + 3 pr.
NOBRE, A., 1898 - Catálogo do Gabinete de Zoologia (cont.). Annuario da Academia
Polytechnica do Porto, 21: 78-122.
OLIVEIRA, M. P., 1884 - Catalogue des insectes du Portugal. Rev. Soc. Instr. Porto, 4: 39-
48, 89-96, 136-143, 185-192, 233-240, 280-288, 424-432, 498-504, 529-536.
OLIVEIRA, M. P., 1893 - Catalogue des insectes du Portugal. Coléoptères. Coimbra, 393
pp.
OLIVIER, A. G., 1790 - Entomologie, ou Histoire Naturelle des Insectes, Avec leurs
caracteres génériques et spécifiques, leur description, leur synonymie, et leur figure
enluminée. Coléopteres. Tome Second. Paris, 5 + 458 pp. (Nota: cada género apresenta
uma paginação própria, sendo as espécies de Cantharidae incluídas no género n.º 26,
Telephorus)
PAYKULL, G., 1798 - Fauna Svecica. Insecta. Vol. 1. J. F. Edman, Upsaliae. 358 pp.
PERRIER, R. & DELPHY, J., 1932 - La Faune de la France en tableaux synoptiques-Vol.
VI- Coléoptères (2e partie). Librairie Delagrave, Paris. 229 pp.
PIC, M., 1903 - Notes entomologiques et descriptions. L'Échange, Revue Linnéene, 19: 121-
125.
PIC, M., 1909 - Descriptions ou diagnoses et notes diverses - Suite -. L'Échange, Revue
Linnéene, 25: 185-186.
PIC, M., 1915 - Notes diverses, descriptions et diagnoses (Suite.). L'Échange, Revue
Linnéene, 31: 17-18.
PIC, M., 1917 - Notes diverses, descriptions et diagnoses (Suite.). L'Échange, Revue
Linnéene, 33: 17-18.
PIC, M., 1920 - Notes diverses, descriptions et diagnoses (Suite.). L'Échange, Revue
Linnéene, 36: 17-18.
POOLE, R. W. & GENTILI, P., 1996 - Nomina Insecta Nearctica. A Check List of the Insects
of North América. Volume 1: Coleoptera, Strepsiptera. Entomological Information
Services. Rockville, Maryland. 827 pp.
149
PORTEVIN, G., 1931 - Histoire Naturelle des Coléoptères de France. Polyphaga:
Lamellicornia, Palpicornia, Diversicornia. Paul Lechevalier & Fils, Paris. 2. 542 pp., 559
fig., 2 est.
RAMSDALE, A., 2000 - 72. Cantharidae. In: ARNETT, R. H. Jr.; THOMAS, M. C.;
SKELLEY, P. E. & FRANK, J. E. (Eds.). American Beetles. Polyphaga: Scarabaeoidea
through Curculionoidea. Volume 2. CRC Press, Gainesville, Florida. 861 pp.
ROSENHAUER, W. G., 1856 - Die Thiere Andalusiens nach dem Resultate einer Reise
zusammengestellt, nebst den Beschreibungen von 249 neuen oder bis jetzt noch
enbeschriebenen Gattungen und Arten. Erlangen, Verlag vopn Theodor Blaesing. VIII +
429 pp. + III pr.
SCOPOLI, J. A., 1763 - Entomologia Carniolica exhibens Insecta Carnioliae indigena et
distributa in ordines, genera, species, varietates. Methodo Linnaeana. Vindobonae, 35 pp.
+ 420 pp. + 1 pp.
SEABRA, A. F., 1939a - Contribuïção para a História da Entomologia em Portugal. A Secção
Entomológica do Laboratório de Biologia Florestal. Publicações da Direcção Geral dos
Serviços Florestais e Aqüicolas, 6 (1): 1-146.
SEABRA, A. F., 1939b - Contribuïção para a História da Entomologia em Portugal. Catálogo
das Colecções Entomológicas do Laboratório de Biologia Florestal em 1937. Publicações
da Direcção Geral dos Serviços Florestais e Aqüicolas, 6 (2): 155-301.
SEABRA, A. F., 1943 - Contribuições para o inventário da fauna lusitânica. Insecta.
Coleoptera. Mem. Est. Mus. Zool. Univ. Coimbra, 142: 1-152 + XX.
SERRANO, A. R. M., 1981 - Contribuição para o estudo dos coleópteros do Parque Natural
da Arrábida. Colecção Parques Naturais, 9. Serviço Nacional de Parques, Reservas e
Património Paisagístico, Lisboa. 87 pp.
SERRANO, A. R. M., 1982 - Coleópteros do Parque Nacional da Peneda-Gerês e da Reserva
Natural das Dunas de S. Jacinto colhidos pelo Centro dos Jovens Naturalistas (1978 e
1980), (Insecta, Coleoptera). Bolm. Soc. port. Ent., 1 (23): 1-12.
SERRANO, A. R. M., 1983 - Contribuição para o inventário dos coleópteros de Portugal.
Estação Agronómica Nacional, Oeiras. 269 pp.
STURM, J., 1826 - Catalog meiner Insekten-Sammlung. Erster Theil. Käfer. Nürnberg, VIII +
208 pp. + 18 pp. + 1 prancha.
ŠVIHLA, V., 1995 - Contribution to the knowledge of the genus Rhagonycha Eschscholtz
(Coleoptera, Cantharidae) II. Entom. Basil., 18: 71-90.
150
ŠVIHLA, V., 2002a - A contribution to knowledge of the genus Rhagonycha Eschscholtz,
1830 (Coleoptera, Cantharidae) III. Entom. Basil., 24: 305-319.
ŠVIHLA, V., 2002b - A contribution to knowledge of the subfamily Malthininae (Coleoptera:
Cantharidae) from the western Palaearctic. Folia Heyrovskyana, 10 (2-3): 119-154.
ŠVIHLA, V., 2004 - Contribution to the knowledge of the family Cantharidae (Coleoptera)
from the western Palaearctic. Casopis Narodniho Muzea Rada Prirodovedna, 173 (1-4):
77-88.
VASSILEV, I., 1994 - The influence of the temperature and humidity over the vitality of
Rhagonycha fulva Scop. (Coleoptera, Cantharidae). Godishnik na Sofiiskiya Universitet
“Sv. Kliment Okhridski”, 84: 115-119.
VASSILEV, I. & NECHEVA, V., 1993 - Influence of light on insects behaviour investigation
by studying their weight loss. Godishnik na Sofiiskiya Universitet “Sv. Kliment
Okhridski”, 82: 125-132.
VASSILEV, I. B. & SENDOVA, A. B., 1988 - Effect of temperature and pressure on vitality
of certain insects. Dokladi na B"lgarskata Akademiya na Naukite, 41 (9): 127-129.
VIEDMA, M. G., 1964 - Larvas de Coleopteros. Graellsia, 20: 245-275.
WESTWOOD, J. O., 1838-40 - Synopsis of the genera of British insects. 158 pp. In:
WESTWOOD, J. O., 1838-40. An introduction to the modern classification of insects;
founded on the natural habits and corresponding organisation of the different families. xi
+ 587 pp. (As datas de publicação dos fascículos desta obra são: pp. 1-16, Maio de 1838;
pp. 17-32, Julho de 1838; pp. 33-48, Setembro de 1838; pp. 49-80, Junho de 1839; pp. 81-
96, Janeiro de 1840; pp. 97-154, Junho de 1840)
WETZEL, T.; STARK, A.; LOBNER, U. & HARTWIG, O., 1991 - Zum Auftreten und zur
Bedeutung von Weichkafern (Col., Cantharidae) und Sichelwanzen (Het., Nabidae) als
aphidophage Pradatoren in Getreidebestanden. Zeitschrift fuer Pflanzenkrankheiten und
Pflanzenschutz, 98 (4): 364-370.
WITTMER, W., 1981 - 68. Beitrag zur Kenntnis der palearktischen Cantharidae und
Malachiidae (Coleoptera). Entom. Basil., 6: 406-415.
ZABEL, J. & TSCHARNTKE, T., 1998 - Does fragmentation of Urtica habitats affect
phytophagous and predatory insects differentially? Oecologia, 116 (3): 419-425.
151
7. Índice
Agradecimentos......................................................................................................................................................1 Resumo ...................................................................................................................................................................3 Abstract ..................................................................................................................................................................5 1. Introdução ..........................................................................................................................................................7
1.1. A família Cantharidae na Europa e na Península Ibérica ...................................................................10 1.2. O género Rhagonycha Eschscholtz, 1830...............................................................................................12
1.2.1. Sinopse histórica do estudo do género Rhagonycha.....................................................................12 1.2.2. Descrição original do género Rhagonycha ....................................................................................14 1.2.3. Espécie-tipo do género Rhagonycha ..............................................................................................15 1.2.4. Características do género Rhagonycha .........................................................................................16
1.3. Objectivos ................................................................................................................................................18 2. Metodologia ......................................................................................................................................................19
2.1. Pesquisa bibliográfica .............................................................................................................................19 2.2. Prospecções de campo .............................................................................................................................20 2.3. Estudo de colecções .................................................................................................................................22 2.4. Trabalho laboratorial .............................................................................................................................23
3. Resultados e Discussão ....................................................................................................................................27 3.1. Sistemática ...............................................................................................................................................27
3.1.1. Designação da espécie-tipo do género Rhagonycha .....................................................................27 3.1.2. Incorrecções nomenclaturais detectadas ......................................................................................29
3.2. O género Rhagonycha em Portugal .......................................................................................................31 3.2.1. História do estudo do género Rhagonycha em Portugal..............................................................31 3.2.2. Catálogo sinonímico da fauna portuguesa de Rhagonycha .........................................................34 3.2.3. Estudo das espécies da fauna portuguesa de Rhagonycha ..........................................................36
Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832) ..................................................................................................................41 Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) .......................................................................................................................42 Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 .........................................................................................49 Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866) ........................................................................................................56 Rhagonycha hesperica Baudi, 1859.....................................................................................................................64 Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 ...................................................................................................................77 Rhagonycha martini Pic, 1908 .............................................................................................................................84 Rhagonycha opaca Mulsant, 1862.......................................................................................................................87 Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 ..............................................................................................................93 Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) .........................................................................................................98 Rhagonycha plagiella Marseul, 1864 ................................................................................................................105 Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852 ...................................................................................................111 Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) ......................................................................................................117 Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972..........................................................................................................123 Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856) .........................................................................................................130
3.2.4. Tabela de identificação das espécies portuguesas de Rhagonycha ...........................................137 4. Conclusões ......................................................................................................................................................140 5. Considerações finais ......................................................................................................................................142 6. Referências bibliográficas .............................................................................................................................143 7. Índice...............................................................................................................................................................151
ANEXO 1
ANEXO 1: Lista de material estudado. As abreviaturas utilizadas são as seguintes: “AP” - Área Protegida; “Ex.” - número total de exemplares estudados; “♂” - número de machos estudados; “♀” - número de fêmeas estudadas; “nd” - sexo não determinado; “in” - sexo indeterminado; “F1” - forma 1 de R. hesperica; “F2” - forma 2 de R. hesperica; “Tr” - forma de transição entre as formas 1 e 2 de R. hesperica; “F3” - forma 3 de R. hesperica. No campo relativo à data, “00” indica que não é conhecido o dia e/ou o mês de colheita dos exemplares analisados. As siglas das colecções são as apresentadas na Tabela 1 da tese.
Espécie Localidade e UTM 10x10 Km AP Ex ♂ ♀ Altitude Data Notas Colecção Rhagonycha fulva Lagoa Azul (Sintra) (MC69) PNSC 1 nd nd 10-06-1947 IICT Rhagonycha fulva Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 2 2 0 28-06-1978 CAS Rhagonycha fulva Serra da Arrábida (MC95) PNArr 1 1 0 29-06-1978 CAS Rhagonycha fulva Montes Juntos (Avis) (PC46) 1 0 1 29-04-1979 CAS Rhagonycha fulva Oeiras (MC78) 1 0 1 05-05-1978 CAS Rhagonycha fulva Porto do Prado (Arcos de Valdevez) (NG54) PNPG 1 0 1 600 22-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Vila do Gerês (Terras de Bouro) (NG62) PNPG 1 1 0 370 04-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Vila do Gerês (Terras de Bouro) (NG62) PNPG 1 1 0 370 24-06-2003 CGS Rhagonycha fulva Vila do Gerês (Terras de Bouro) (NG62) PNPG 1 0 1 370 09-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Casa-abrigo de Cidadelhe (Ponte da Barca) (NG63) PNPG 2 2 0 280 23-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Próximo de Senhora da Peneda (Arcos de Valdevez) (NG64) PNPG 1 0 1 580 10-07-1996 CGS Rhagonycha fulva Junto a Ribeiro de Cima (Melgaço) (NG64) PNPG 1 1 0 750 24-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Ponte sobre a Corga do Portal Lameira (Melgaço) (NG64) PNPG 1 0 1 750 25-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Entre Ameijoeira e Mareco (Melgaço) (NG64) PNPG 1 0 1 720 25-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Junto a João Alvo (Melgaço) (NG65) PNPG 2 1 1 780 23-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Rodeiro (Melgaço) (NG75) PNPG 1 0 1 1100 23-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Próximo de Eiras, Melgaço) (NG75) PNPG 2 1 1 1080 24-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Próximo de Travassos (Montalegre) (NG92) PNPG 2 1 1 930 19-08-2002 CGS Rhagonycha fulva Moreira de Geraz do Lima (Viana do Castelo) (NG21) 1 0 1 20 20-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Mire de Tibães (Braga) (NG40) 2 1 1 130 26-06-2000 CGS Rhagonycha fulva Serra da Cabreira (Vieira do Minho) (NG71) 2 0 2 27-07-1975 CGS Rhagonycha fulva Armoniz (Vinhais) (PG62) 1 0 1 25-07-1995 ESAB Rhagonycha fulva Alto da Cruz (Bragança) (PG94) PNM 1 0 1 800 07-08-1998 ESAB Rhagonycha fulva Porto (cidade) (NF25) 1 0 1 40 19-06-1995 CGS Rhagonycha fulva Porto (cidade) - Jardim da Casa de Serralves (NF25) 3 2 1 50 06-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Campus Agrário de Vairão (NF27) 6 in in 104 28-06-2006 —
Rhagonycha fulva Bairro da Louça (Mindelo) (NF27) 1 1 0 27 29-06-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Bouças do Frutuoso (Vila do Conde) (NF27) 1 0 1 08-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Cerqueiras (Cristelo, Barcelos) (NF29) 1 1 0 12-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Junto à Quinta do Sol (Fornelos, Barcelos) (NF29) 1 0 1 12-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Salreu (Estarreja) (NF30) 1 0 1 5 01-05-2002 CGS Rhagonycha fulva Beduído (Estarreja) (NF31) 1 0 1 06-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Silva Escura (Maia) (NF36) 2 1 1 90 16-07-2004 CGS Rhagonycha fulva Gondão (S. Mamede do Coronado) (NF36) 1 0 1 09-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva S. Romão do Coronado (a oeste de Outeiro) (NF37) 3 in in 102 16-07-2006 — Rhagonycha fulva Carvalhal de Valinhas (Monte Córdova) (NF47) 1 1 0 245 16-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Talhadas (Sever do Vouga) (NF50) 2 1 1 29-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Fonte Seca (Sabrosa) (PF16) 4 2 2 649 01-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Fonte Seca (Sabrosa) (PF16) 6 in in 649 01-07-2006 — Rhagonycha fulva Noura (Murça) (PF38) 2 2 0 448 12-05-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Margem do rio Tua, junto à Quinta do Carvalhinho (Vila Flor) (PF47) 2 0 2 198 05-06-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Margem do rio Tua, junto à Quinta do Carvalhinho (Vila Flor) (PF47) 4 in in 198 05-06-2006 — Rhagonycha fulva Estação de Almendra (Vila Nova de Foz Côa) (PF64) 1 1 0 123 11-05-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Coimbra (NE45) 4 nd nd 24-05-1945 IICT Rhagonycha fulva Coimbra (NE45) 1 nd nd 15-06-1945 IICT Rhagonycha fulva Junto a Alpalhão (Anadia) (NE47) 1 1 0 54 02-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Valezim (Seia) (PE06) PNSE 1 0 1 714 12-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Junto a Arrifana (Seia) (PE07) PNSE 1 0 1 419 05-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Perto de Vinhó (Gouveia) (PE18) PNSE 1 1 0 505 06-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva S. Gabriel (Manteigas) (PE27) PNSE 2 0 2 652 04-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Prados (Celorico da Beira) (PE39) PNSE 2 1 1 811 06-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Junto a Casteleiro (Sabugal) (PE56) 8 4 4 573 11-06-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Rio de Mouro (Sintra) (MC79) 1 0 1 14-05-1961 CGS Rhagonycha fulva Torres Vedras (Torres Vedras) (MD72) 3 nd nd 15-06-1946 IICT Rhagonycha fulva Termas dos Cucos (Torres Vedras) (MD72) 2 nd nd 22-06-1946 IICT Rhagonycha fulva Matacães (Torres Vedras) (MD82) 1 nd nd 04-06-1946 IICT Rhagonycha fulva Vale da Aldeia da Senhora da Glória (Torres Vedras) (MD82) 3 nd nd 06-04-1946 IICT Rhagonycha fulva Runa (Torres Vedras) (MD82) 1 nd nd 10-06-1947 IICT Rhagonycha fulva A sul de Foz do Arelho (Caldas da Rainha) (MD86) 1 1 0 9 22-06-2006 CGS Rhagonycha fulva A sul de Foz do Arelho (Caldas da Rainha) (MD86) 1 in in 9 22-06-2006 — Rhagonycha fulva A sul de Trabalhia (Caldas da Rainha) (MD95) 4 3 1 39 22-06-2006 CGS
Rhagonycha fulva Casais dos Silvas (Rio Maior) (ND05) 1 0 1 111 22-06-2006 CGS Rhagonycha fulva Tremelgo (Marinha Grande) (ND09) 1 nd nd 21-06-1938 IICT Rhagonycha fulva Paúl da Marmeleira (Rio Maior) (ND14) 4 3 1 16 24-05-2002 CGS Rhagonycha fulva Casa da Caldeira (Correias Rio Maior) (ND15) 1 1 0 35 23-06-2006 CGS Rhagonycha fulva A 2 km de Aldeia da Ribeira (Alcanede) (ND15) 3 3 0 115 25-06-2006 CGS Rhagonycha fulva A 2 km de Aldeia da Ribeira (Alcanede) (ND15) 5 in in 115 25-06-2006 — Rhagonycha fulva Muge (Salvaterra de Magos) (ND22) 23 17 6 21-05-1967 CGS Rhagonycha fulva Junto à Praia das Cismeiras (Alpiarça) (ND34) 1 0 1 16 23-06-2006 CGS Rhagonycha fulva Junto à Praia das Cismeiras (Alpiarça) (ND34) 3 in in 16 23-06-2006 — Rhagonycha fulva Vale de Cavalos (Chamusca) (ND44) 1 0 1 30 23-06-2006 CGS Rhagonycha fulva Alvega (Abrantes) (ND86) 1 0 1 43 24-06-2006 CGS Rhagonycha fulva Santo Amaro (Sousel) (PD21) 1 0 1 23-04-1977 CAS Rhagonycha fulva Algueirão-Mem Martins (Sintra) (MC79) 1 0 1 20-05-1961 CGS Rhagonycha fulva Sacavém (MC99) 4 nd nd 00-00-1946 IICT Rhagonycha fulva Encarnação (Sacavém) (MC99) 1 nd nd 28-05-1946 IICT Rhagonycha fulva Tapada de Vila Viçosa (PC39) 1 0 1 25-04-1980 CAS Rhagonycha fulva Meia Praia (Lagos) (NB30) 2 1 1 14-05-1982 CAS Rhagonycha fulva Guia (Albufeira) (NB60) 4 1 3 39 29-04-2005 CGS Rhagonycha fulva Estói (Faro) (NB90) 1 nd nd 23-04-1947 IICT Rhagonycha fulva Moncarapacho (PB00) 1 0 1 29-04-1978 CAS Rhagonycha fulva 1 Km a sul de Santa Catarina da Fonte do Bispo (Tavira) (PB01) 1 0 1 120 13-04-2000 CPH Rhagonycha fulva Pedras de El-Rei / Barril (Tavira) (PB10) PNRF 1 0 1 04-05-1998 CPH Rhagonycha fulva Junto à ponte sobre a ribeira do Almargem (Tavira) (PB21) 2 1 1 5 29-04-2005 CGS Rhagonycha fulva Hortinha (Mértola) (PB25) PNVG 2 1 1 125 21-05-2006 CGS Rhagonycha fulva Ponte da Esteveira (Castro Marim) (PB32) RNSCM 7 3 4 5 16 a 20-05-1983 CAS Rhagonycha galiciana Fonte da Abilheira (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 1 1 0 780 02-07-2002 CGS Rhagonycha galiciana Ponte sobre a ribeira da Pragueira (Seia) (PE16) PNSE 1 1 0 1587 10-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Junto à albufeira do Covão do Curral (Seia) (PE16) PNSE 6 2 4 1516 04-07-2006 CIBIO Rhagonycha galiciana Margem da ribeira do Vidual (Seia) (PE17) PNSE 3 2 1 1445 12-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 4 3 1 1079 10-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 1 1 0 1079 14-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Argenteira (Manteigas) (PE26) PNSE 2 1 1 1545 10-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Melo (Gouveia) (PE28) PNSE 2 2 0 569 13-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Barragem junto a Salgueirais (Celorico da Beira) (PE39) PNSE 2 1 1 933 13-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Ponte do Couço (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 1 1 0 762 02-06-2005 CIBIO
Rhagonycha galiciana Margem da ribeira de Anta (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 1 1 0 871 04-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae 1 Km abaixo de Carris (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 3 2 1 1370 30-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Entre a Fonte da Abilheira e Água de Pala (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 2 2 0 850 30-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Estrada dos Carris (Gerês) (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 2 1 1 03-06-1980 CAS Rhagonycha genistae Coriscadas (Melgaço) (NG75) PNPG 1 1 0 1020 30-04-2002 CGS Rhagonycha genistae Casa-abrigo de Pitões das Júnias (Montalegre) (NG83) PNPG 10 4 6 1130 29-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Arredores de Covelães (Montalegre) (NG92) PNPG 4 2 2 900 28-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Raposeira (Montalegre) (NG93) PNPG 4 1 3 1050 29-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Entre Ramiscal e Alto do Ouroso (Montalegre) (NG93) PNPG 6 5 1 1090 29-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Ponte do Couço (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 4 3 1 762 02-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae Lama Grande (Bragança) (PG85) PNM 2 1 1 1389 04-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae S. Martinho de Antas (Sabrosa) (PF16) 1 1 0 MNCN Rhagonycha genistae S. Martinho de Antas (Sabrosa) (PF16) 3 nd nd MNCN Rhagonycha genistae Covão do Boi (Covilhã) (PE16) PNSE 1 1 0 1867 09-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae Margem da ribeira do Vidual (Seia) (PE17) PNSE 6 2 4 1445 12-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae Junto à barragem de Vale do Rossim (Gouveia) (PE17) PNSE 1 1 0 1430 08-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae Abaixo da Nave de Santo António (Manteigas) (PF26) PNSE 3 1 2 1512 25-05-2004 CIBIO Rhagonycha hesperica Afife (Viana do Castelo) (NG12) 1 1 0 18-05-2005 F1 CGS Rhagonycha hesperica 1 Km a oeste de Serzedelo (Póvoa de Lanhoso) (NG60) 1 1 0 423 14-05-2006 F1 CGS Rhagonycha hesperica Raposeira (Montalegre) (NG93) PNPG 1 1 0 1050 29-05-2002 Tr CGS Rhagonycha hesperica Margem do rio Assureira (Santalha, Vinhais) (PG54) PNM 2 1 1 602 05-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Vilar de Ossos (Vinhais) (PG63) PNM 3 1 2 817 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto a Tuizelo (Vinhais) (PG64) PNM 5 3 2 855 05-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Margem da ribeira de Anta (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 2 2 0 871 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Lagoa junto a Tuizelo (Vinhais) (PG64) PNM 1 1 0 838 05-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Ponte do Couço (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 3 3 0 762 02-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Gondesende (Bragança) (PG73) PNM 3 2 1 789 05-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Gondesende (Bragança) (PG73) PNM 2 1 1 789 05-06-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Ponte de Castrelos (Castrelos, Bragança) (PG73) PNM 1 1 0 639 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica S. Martinho (Mofreita, Vinhais) (PG74) PNM 4 2 2 1057 03-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica S. Martinho (Mofreita, Vinhais) (PG74) PNM 2 2 0 1057 03-06-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Parâmio (Bragança) (PG74) PNM 4 2 2 851 03-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto a Vilarinho (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 3 2 1 771 03-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto a Vilarinho (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 2 0 2 771 03-06-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto a Vilarinho (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 1 0 1 771 03-06-2005 Tr CIBIO
Rhagonycha hesperica Santo Amaro (capela) (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 1 0 1 784 06-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Santo Amaro (capela) (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 2 0 2 784 06-06-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à Barragem da Serra Serrada (França, Bragança) (PG84) PNM 1 1 0 1258 04-06-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à Barragem da Serra Serrada (França, Bragança) (PG84) PNM 1 0 1 1258 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Lama Grande (Bragança) (PG85) PNM 2 2 0 1389 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Beça (Boticas) (PG01) 1 1 0 800 01-06-2003 F1 CGS Rhagonycha hesperica Rebordaínhos (Bragança) (PG71) 1 1 0 995 12-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Mindelo (Vila do Conde) (NF27) 2 2 0 34 17-05-2005 F1 CGS Rhagonycha hesperica Mindelo (Vila do Conde) (NF27) 1 0 1 34 17-05-2005 Tr CGS Rhagonycha hesperica Mindelo (Vila do Conde) (NF27) ROM 1 0 1 15 24-05-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Mindelo (Vila do Conde) (NF27) ROM 1 0 1 15 24-05-2005 F1 CGS Rhagonycha hesperica Silva Escura (Maia) (NF36) 1 0 1 90 19-05-2002 F1 CGS Rhagonycha hesperica Carvalhal de Valinhas (Monte Córdova) (NF47) 6 5 1 245 16-05-2006 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Castelões (Penafiel) (NF66) 9 3 6 186 14-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Castelões (Penafiel) (NF66) 2 0 2 186 14-05-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Cabeceiras de Basto (vila) (NF89) 4 4 0 301 15-05-2005 F1 CGS Rhagonycha hesperica Cabeceiras de Basto (vila) (NF89) 4 0 4 301 15-05-2005 Tr CGS Rhagonycha hesperica Fisgas do Ermelo (Mondim de Basto) (NF98) PNAlv 1 0 1 597 14-05-2005 Tr CGS Rhagonycha hesperica Próximo de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (PF44) 1 0 1 450 01-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (PF44) 1 0 1 450 01-06-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (PF44) 1 0 1 450 01-06-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Figueira de Castelo Rodrigo (PF63) 1 0 1 627 09-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Figueira de Castelo Rodrigo (PF63) 5 2 3 627 09-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Figueira de Castelo Rodrigo (PF63) 4 2 2 627 09-05-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Margem norte da Barragem do Arroio (Torre de Moncorvo) (PF65) 4 0 4 453 10-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Margem norte da Barragem do Arroio (Torre de Moncorvo) (PF65) 1 0 1 453 10-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Felgueiras (Torre de Moncorvo) (PF65) 1 1 0 627 10-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica A noroeste de Sambade (Alfândega da Fé) (PF68) 9 5 4 845 12-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica A noroeste de Sambade (Alfândega da Fé) (PF68) 2 0 2 845 12-05-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Alto da Assureira (Alfândega da Fé) (PF68) 1 0 1 1013 12-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Ponte Nova (Figueira de Castelo Rodrigo) (PF72) 1 1 0 614 09-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Escalhão (Figueira de Castelo Rodrigo) (PF73) PNDI 1 0 1 483 09-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Barca de Alva (Figueira de Castelo Rodrigo) (PF74) PNDI 1 0 1 189 09-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica São João do Campo (Coimbra) (NE45) 1 1 0 04-06-1980 F1 CAS Rhagonycha hesperica São João do Campo (Coimbra) (NE45) 4 2 2 04-06-1980 F1 CAS
Rhagonycha hesperica São João do Campo (Coimbra) (NE45) 1 0 1 04-06-1980 F1 CAS Rhagonycha hesperica Arredores de Mangualde (PE09) 3 2 1 500 25-04-1997 F3 CGS Rhagonycha hesperica Junto à barragem do Covão de Ferro (Covilhã) (PE16) PNSE 1 1 0 1497 20-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à barragem de Vale do Rossim (Gouveia) (PE17) PNSE 1 1 0 1430 08-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à barragem de Vale do Rossim (Gouveia) (PE17) PNSE 4 1 3 1430 08-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Lomba (Seia) (PE17) PNSE 1 0 1 1427 14-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à Fonte do Lagarto (Gouveia) (PE18) PNSE 4 3 1 823 13-05-2004 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 3 1 2 1079 10-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à foz do ribeiro do Salgueiro (Gouveia) (PE27) PNSE 5 1 4 1278 12-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Quinta do Fragusto (Guarda) (PE37) PNSE 2 1 1 983 25-05-2004 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Quinta do Fragusto (Guarda) (PE37) PNSE 2 2 0 983 25-05-2004 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto ao Açude do rio Mondego (Guarda) (PE38) PNSE 1 0 1 736 27-05-2004 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Junto ao Açude do rio Mondego (Guarda) (PE38) PNSE 1 1 0 736 27-05-2004 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto ao Açude do rio Mondego (Guarda) (PE38) PNSE 1 0 1 736 27-05-2004 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à Quinta da Requeixada (Celorico da Beira) (PE39) PNSE 2 0 2 822 26-05-2004 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Ramalhosa (Guarda) (PE49) PNSE 1 1 0 482 19-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Quinta dos Corgãos (Celorico da Beira) (PE49) PNSE 2 0 2 447 19-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Quinta dos Corgãos (Celorico da Beira) (PE49) PNSE 4 4 0 447 19-05-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Ribeira da Meimoa (Fundão) (PE34) 1 0 1 417 13-05-2006 F2 CGS Rhagonycha hesperica Ribeira da Meimoa (Fundão) (PE34) 5 0 5 417 13-05-2006 Tr CGS Rhagonycha hesperica Ribeiro da Azenha (Peroviseu, Fundão) (PE35) 1 0 1 483 01-05-2006 F1 CGS Rhagonycha hesperica Ribeiro da Azenha (Peroviseu, Fundão) (PE35) 5 4 1 483 09-05-2006 F1 CGS Rhagonycha hesperica Ribeiro da Azenha (Peroviseu, Fundão) (PE35) 4 2 2 483 09-05-2006 Tr CGS Rhagonycha hesperica Ribeiro da Azenha (Peroviseu, Fundão) (PE35) 1 1 0 483 09-05-2006 F2 CGS Rhagonycha hesperica Inguias (Belmonte) (PE46) 1 1 0 18-05-1962 F2 CGS Rhagonycha hesperica Lisboa (qc MC88) 1 1 0 23-04-1979 F3 CAS Rhagonycha hesperica Herdade da Ribeira Abaixo (Grândola) (NC31) 3 2 1 22-04-1998 F3 CAS Rhagonycha hesperica Montes Juntos (Avis) (PC46) 1 1 0 28-04-1979 F3 CAS Rhagonycha hesperica Vertente sul da Fóia (Monchique) (NB32) 1 1 0 760 04-05-2001 F3 CPH Rhagonycha iberica Margem da ribeira de S. Simão (Viana do Castelo) (NG21) 3 0 3 7 15-05-2006 CIBIO Rhagonycha iberica Vilela (Arcos de Valdevez) (NG44) 1 0 1 17-05-1978 CAS Rhagonycha iberica Cerca de 1 Km a sul de Apúlia (Esposende) (NF19) 1 0 1 22 17-05-2006 CIBIO Rhagonycha iberica Salreu (Estarreja) (NF30) 1 1 0 10 28-04-2005 CGS Rhagonycha iberica Paúl de Arzila (Coimbra) (NE34) RNPA 8 5 3 35 05-04-2006 CIBIO Rhagonycha iberica Quinta das Lágrimas (Coimbra) (NE45) 1 0 1 20 04-04-2004 CGS
Rhagonycha iberica Covão da Ponte (Manteigas) (PE27) PNSE 4 2 2 955 16-05-2002 CGS Rhagonycha iberica Quinta do Fragusto (Guarda) (PE37) PNSE 5 3 2 983 25-05-2004 CIBIO Rhagonycha iberica Junto ao Moinho do Bufo (Guarda) (PE38) PNSE 6 4 2 709 27-05-2004 CIBIO Rhagonycha iberica Junto à Quinta da Requeixada (Celorico da Beira) (PE39) PNSE 1 0 1 822 26-05-2004 CIBIO Rhagonycha iberica Paúl da Marmeleira (Rio Maior) (ND14) 3 1 2 16 16-04-2006 CGS Rhagonycha iberica Convento da Arrábida (Setúbal) (NC05) PNArr 3 2 1 240 12-03-1979 CAS Rhagonycha iberica S. Torpes (Sines) (NB19) PNSACV 1 1 0 04-04-1980 CAS Rhagonycha iberica 3 km a oeste de Aljezur (NB23) PNSACV 1 1 0 50 29-04-2001 CPH Rhagonycha opaca Fonte de Lamas (Terras de Bouro) (NG61) PNPG 3 1 2 782 01-05-2006 CGS Rhagonycha opaca Próximo da Fonte do Suadomo (Terras de Bouro) (NG62) PNPG 1 1 0 770 02-05-2003 CGS Rhagonycha opaca Soutelo (Ponte da Barca) (NG63) PNPG 3 1 2 250 15-04-2003 CGS Rhagonycha opaca Ponte junto a Pousios (Melgaço) (NG64) PNPG 1 1 0 790 30-04-2002 CGS Rhagonycha opaca Pedra Bela (Terras de Bouro) (NG71) PNPG 2 1 1 820 03-05-2003 CGS Rhagonycha opaca Pedra Bela (Terras de Bouro) (NG71) PNPG 3 2 1 820 13-05-2006 CGS Rhagonycha opaca Cascata do Arado (Terras de Bouro) (NG71) PNPG 1 1 0 720 01-05-2006 CGS Rhagonycha opaca Entre a Fonte da Abilheira e Água de Pala (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 1 1 0 850 30-05-2002 CGS Rhagonycha opaca Arredores de Covelães (Montalegre) (NG92) PNPG 1 1 0 900 28-05-2002 CGS Rhagonycha opaca Ponte do Couço (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 3 3 0 762 02-06-2005 CIBIO Rhagonycha opaca Pinhão (Sabrosa) (PF26) 1 1 0 CCB Rhagonycha opaca Pinhão (Sabrosa) (PF26) 2 nd nd CCB Rhagonycha opaca Junto à barragem do Covão de Ferro (Covilhã) (PE16) PNSE 1 1 0 1497 20-05-2005 CIBIO Rhagonycha opaca Ponte sobre a ribeira da Malhada Velha (Gouveia) (PE17) PNSE 2 2 0 993 11-05-2004 CIBIO Rhagonycha opaca Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 2 2 0 1079 21-04-2003 CIBIO Rhagonycha opaca Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 1 1 0 1079 13-04-2005 CIBIO Rhagonycha opaca Junto a Malhada Alta (Manteigas) (PE26) PNSE 1 1 0 1448 18-05-2005 CIBIO Rhagonycha opaca Entre o Covão da Ponte e Portela (Gouveia) (PE28) PNSE 5 4 1 1100 24-04-2003 CIBIO Rhagonycha opaca Margem do rio Mondego, entre Videmonte e Trinta (Guarda) (PE38) PNSE 1 1 0 737 26-05-2004 CIBIO Rhagonycha opaca Junto ao Moinho do Bufo (Guarda) (PE38) PNSE 1 1 0 709 27-05-2004 CIBIO Rhagonycha opaca Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 1 1 0 10-05-1978 CAS Rhagonycha ornaticollis S. Martinho de Antas (Sabrosa) (PF16) 3 0 3 Rhagonycha patricia S. Martinho de Antas (Sabrosa) (PF16) 3 0 3 CCB Rhagonycha patricia Bairro Flor da Rosa (Vila Nova de Foz Côa) (PE54) 1 0 1 419 17-05-2005 CGS Rhagonycha patricia Margem norte da Barragem do Arroio (Torre de Moncorvo) (PF65) 4 0 4 453 10-05-2005 CIBIO Rhagonycha patricia Coimbra (NE45) 2 0 2 CCB Rhagonycha patricia Margem da ribeira de Linhares (Celorico da Beira) (PE29) PNSE 1 0 1 495 13-06-2005 CIBIO
Rhagonycha patricia Carvoeiro (Mação) (ND98) 1 0 1 25-05-1980 CAS Rhagonycha quadricollis Sendim (Miranda do Douro) (QF18) PNDI 3 3 0 720 09-04-1996 CGS Rhagonycha quadricollis Santa Rita (Convento da Formiga, Valongo) (NF36) 1 1 0 150 14-08-2004 CGS Rhagonycha quadricollis Quinta da Ervamoira (Vila Nova de Foz Côa) (PF54) 3 3 0 29-03-1999 CGS Rhagonycha quadricollis Mendiga (Porto de Mós) (ND17) PNSAC 1 1 0 04-05-1978 CAS Rhagonycha quadricollis Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 7 7 0 12-03-1979 CAS Rhagonycha quadricollis ½ Km a sul de Javali (S. Brás de Alportel) (NB92) 2 1 1 510 09-04-2000 CPH Rhagonycha querceti Portugal 2 0 2 MNCN Rhagonycha striatofrons Próximo de Gondesende (Bragança) (PG73) PNM 1 1 0 789 05-06-2005 CIBIO Rhagonycha striatofrons Junto à barragem de Vale do Rossim (Gouveia) (PE17) PNSE 2 2 0 1430 08-06-2005 CIBIO Rhagonycha striatofrons Fonte Santa (Manteigas) (PE27) PNSE 2 2 0 849 11-05-2004 CIBIO Rhagonycha striatofrons Sítio do Troval (Manteigas) (PE27) PNSE 2 1 1 1063 01-06-2004 CIBIO Rhagonycha striatofrons Junto à foz do ribeiro do Salgueiro (Gouveia) (PE27) PNSE 3 1 2 1278 11-07-2005 CIBIO Rhagonycha striatofrons Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 3 2 1 13-04-1978 CAS Rhagonycha striatofrons Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 2 2 0 10-05-1978 CAS Rhagonycha varians Parâmio (Bragança) (PG74) PNM 1 1 0 851 03-06-2005 CIBIO Rhagonycha varians Alto do Vale Redondo (Mêda) (PF42) 1 1 0 493 17-05-2005 CGS Rhagonycha varians Próximo de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (PF44) 3 2 1 450 01-06-2005 CIBIO Rhagonycha varians Senhora do Campo (Almendra, Vila Nova de Foz Côa) (PF64) 1 0 1 177 11-05-2005 CIBIO Rhagonycha varians Margem norte da Barragem do Arroio (Torre de Moncorvo) (PF65) 3 3 0 453 10-05-2005 CIBIO Rhagonycha varians Ribeira da Meimoa (Fundão) (PE34) 1 0 1 417 11-06-2005 CIBIO Rhagonycha varians Junto a Casteleiro (Sabugal) (PE56) 1 1 0 573 11-06-2005 CGS Rhagonycha varians Rio de Mouro (Sintra) (MC79) 1 1 0 30-04-1961 CGS Rhagonycha varians Tapada de Vila Viçosa (PC39) 2 1 1 25-04-1980 CAS Rhagonycha varians Montes Juntos (Avis) (PC46) 1 1 0 29-04-1979 CAS Rhagonycha varians Rosário (Alandroal) (PC47) 1 1 0 27-04-1981 CAS Rhagonycha varians 3 km a oeste de Aljezur (NB23) PNSACV 1 1 0 50 25-04-2001 CPH Rhagonycha varians 3 km a oeste de Aljezur (NB23) PNSACV 1 1 0 50 29-04-2001 CPH Rhagonycha varians ½ Km a sul de Javali (S. Brás de Alportel) (NB92) 1 1 0 510 09-04-2000 CPH Rhagonycha varians Ponte da Esteveira (Castro Marim) (PB32) RNSCM 1 1 0 19-05-1982 CAS Rhagonycha varians 1 Km a este de Ludo (NA99) PNRF 1 1 0 5 15-04-2000 CPH
ANEXO 2
ANEXO 2: Lista e respectivas siglas das 14 Áreas Protegidas das quais foi estudado material e/ou existem citações bibliográficas de espécies do género Rhagonycha.
Área Protegida Sigla Parque Nacional da Peneda-Gerês PNPG Parque Natural da Arrábida PNArr Parque Natural da Ria Formosa PNRF Parque Natural da Serra da Estrela PNSE Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros PNSAC Parque Natural de Montesinho PNM Parque Natural de Sintra-Cascais PNSC Parque Natural do Alvão PNAlv Parque Natural do Douro Internacional PNDI Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina PNSACVParque Natural do Vale do Guadiana PNVG Reserva Natural do Paúl de Arzila RNPA Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António RNSCMReserva Ornitológica de Mindelo ROM
ANEXO 3
ANEXO 3: Resultados do estudo da fauna portuguesa de Rhagonycha ao nível da inventariação da fauna das Áreas Protegidas (siglas no Anexo 2). Os registos estão divididos em três categorias: “N” - novidade para a AP; “C” - confirmação da presença na AP; “B” - presença na AP registada na bibliografia mas não confirmada no presente estudo. Os valores apresentados nas três últimas linhas da coluna “Total” referem-se ao número de Áreas Protegidas com registos antes do presente estudo, com novidades neste estudo e com registos de pelo menos uma espécie de Rhagonycha no final deste estudo.
Espécie PNAlv PNArr PNDI PNM PNPG PNRF PNSAC PNSACV PNSC PNSE PNVG RNSCM RNPA ROM Total Rhagonycha fulva C N C N B C N N 8 Rhagonycha galiciana N C B C 4 Rhagonycha genistae N N N 3 Rhagonycha hesperica N B N N N B B C N 9 Rhagonycha iberica C N B C N 5 Rhagonycha martini 0 Rhagonycha opaca C C N B N 5 Rhagonycha ornaticollis 0 Rhagonycha patricia B 1 Rhagonycha plagiella B 1 Rhagonycha quadricollis N N N 3 Rhagonycha querceti 0 Rhagonycha striatofrons N N N 3 Rhagonycha varians N N N B N 5
Riqueza antes do estudo 0 4 0 1 2 0 0 1 5 7 0 0 0 0 6 Número de novidades 1 2 2 6 3 2 1 2 0 3 1 2 1 1 13
Riqueza específica 1 6 2 7 5 2 1 3 5 10 1 2 1 1 14
ANEXO 4
ANEXO 4: Aspecto exterior dos imagos da maioria das espécies analisadas.
Figura A: Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763). Figura B: Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866).
Figura D: Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 (forma 3).
Figura C: Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 (forma 1).
Figura E: Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975.
Figura F: Rhagonycha opaca Mulsant, 1862.
Figura G: Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 sensu Barros.
Figura H: Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) sensu Barros.
Figura I: Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852
Figura M: Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856).
Figura L: Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972
Figura J: Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) sensu Colecção do Museo Nacional de Ciencias Naturales.