Prof. : Drielle Caroline
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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA
� O QUE VOCÊ JÁ SABE?
Antes de começar o estudo sobre o tema Introdução ao Estudo da Química reflita
sobre o que você pensa em relação a Química. Pense nas seguintes questões:
• Existe Química no ar?
• Os alimentos apresentam Química?
• Roupas e calçados apresentam Química?
• Como a Ciência é desenvolvida?
Situando-se ao assunto...
A Química, Física, Biologia, Matemática e Astronomia são exemplos de
Ciências Naturais. O substantivo ciência designa um modo organizado de
trabalho que visa ao estudo de algo, e o adjetivo natural é referente à natureza.
Assim, Ciências Naturais são aquelas ciências que têm por finalidade
estudar objetos e fenômenos (acontecimentos) da natureza, quer esses
fenômenos sejam observados em ambientes naturais, quer sejam produzidos ou
reproduzidos em ambientes artificiais (isto é, ambientes criados pelo ser
humano), como é o caso dos laboratórios.
As Ciências Naturais têm um modo organizado de trabalho que permite
a criteriosa observação dos fenômenos, a interpretação das observações e, em
determinados momentos, a proposição de explicações para os fenômenos.
É difícil apresentar uma definição rápida e simples para a Química. De
modo simplista, podemos dizer que ela é a Ciência Natural que visa ao estudo
das substâncias, da sua composição, da sua estrutura e das suas propriedades.
Entre as propriedades das substâncias que mais interessam aos químicos está
a tendência de elas tomarem parte, ou não, em transformações nas quais novas
substâncias são formadas a partir de outras, denominadas reações químicas.
Assim como as outras Ciências, a Química teve uma evolução histórica
até chegar ao seu estágio moderno e às suas atuais características. Ter noções
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de história da Química ajuda a compreender melhor como certos conceitos
surgiram e por que seu surgimento foi importante.
A Química no cotidiano
Para a população em geral, uma expressão do tipo “pão sem química”
transmite a ideia de um pão isento de substâncias prejudiciais à saúde.
Tentando transmitir a ideia desejada, essa expressão é, além de infeliz,
totalmente incorreta, porque a produção do pão utiliza a farinha de trigo como
matéria-prima e parte dela sofre uma reação química (denominada
fermentação).
Mesmo sem saber Química, o padeiro executa, todos os dias, essa
reação. Ao utilizar a expressão “pão sem química”, uma pessoa revela
desconhecer várias coisas:
• a Química não é um objeto para que possa ser colocada em um pão. A Química
é uma ciência, ou seja, um ramo do conhecimento humano que visa
compreender melhor alguns fenômenos que ocorrem na natureza e/ou em
laboratório, estudando-os com uma linha organizada de trabalho, denominada
método científico;
• ao fazer o pão, o padeiro utiliza processos químicos (reações químicas);
• todos os objetos e materiais existentes na Terra (incluindo os pães) são
constituídos por substâncias químicas.
Assim, o “pão sem química” é, na verdade, um pão obtido a partir de
substâncias e reações químicas, mas sem a adição de substâncias que possam
ser nocivas à saúde.
Analogamente, frases como “não tomo remédios, pois contêm muita
química”, “alimentos enlatados fazem mal porque os fabricantes adicionam muita
química” ou “instalei em minha piscina um novo sistema de tratamento
totalmente isento de química” também estão incorretamente
elaboradas, pois confundem uma importante ciência com substâncias tóxicas ou
com produtos e processos maléficos ao ser humano.
Em nosso dia a dia é muito frequente encontrarmos indicações de
substâncias químicas nas embalagens de alimentos, nos frascos de cosméticos,
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nos rótulos de produtos de limpeza, nas etiquetas de roupas, nas caixas e bulas
de remédios e em tantos outros objetos.
Da imensa variedade de produtos colocados à venda, a maioria deles, se
não todos, provém de indústrias químicas ou, então, entrou em contato durante
sua manufatura com produtos delas provenientes (por exemplo, sabões,
detergentes, remédios, cremes dentais, cosméticos, plásticos, borracha, metais,
papel, colas, tintas, álcool, sal, açúcar, vinagre, aditivos alimentares,
refrigerantes, CDs e DVDs etc.).
Virtualmente, tudo o que encontramos à venda se relaciona de alguma
forma com a indústria química. O produto usado nas embalagens — papel,
plástico, vidro ou metal — e a tinta nelas utilizada são obtidos por meio de
processos químicos.
Os materiais empregados na construção de casas, prédios, automóveis,
aviões, embarcações, computadores e eletrodomésticos constituem outros
exemplos que se relacionam com as indústrias de processos químicos, nas suas
mais diferentes modalidades e especialidades. Veja o exemplo abaixo:
Fonte: Química – volume único
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O tênis é um bom exemplo de produto final formado por um conjunto de
materiais encontrados na natureza ou sintetizados pelo ser humano.
Os medicamentos são substâncias químicas devidamente extraídas da
natureza ou fabricadas artificialmente, purificadas, dosadas e comercializadas.
Os notebooks e máquinas fotográficas digitais contêm materiais cuja
obtenção se deve, entre outros, a avanços da Química. Alguns exemplos são as
baterias recarregáveis, o display e o monitor de cristal líquido e os circuitos
eletrônicos miniaturizados.
Fonte: Química no cotidiano – volume 1
Do mesmo modo que substâncias químicas podem contribuir para o bem-
estar da humanidade, elas também podem — se usadas incorretamente (por
ignorância, incompetência, ganância ou ideologias duvidosas) — acarretar
doenças, poluição do ar e das águas, desequilíbrios ecológicos e mortalidade de
plantas e animais.
Assim, apesar de toda a importância desta ciência e de suas aplicações,
há muita confusão no que diz respeito à palavra química. É comum ouvirmos seu
nome sendo usado impropriamente como sinônimo de “substâncias tóxicas”,
“veneno” ou “poluição”.
Aprender Química é se envolver num apaixonante estudo das
substâncias ao nosso redor, de onde vêm, quais suas propriedades, que
utilidades possuem e quais as vantagens ou os problemas que eventualmente
podem trazer à humanidade.
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Assim, podemos perceber que a Química estuda a matéria, as
substâncias que a constituem e as suas transformações.
Os vários aspectos da Química Diversos ramos do conhecimento humano, por vezes, se utilizam de
códigos para expressar as ideias de maneira concisa.
A Química, assim como a Música, a Computação e a Eletrônica (apenas
para citar alguns poucos exemplos), utiliza-se de representações que podem ser
entendidas por qualquer pessoa familiarizada com elas. Ao longo do curso será
possível compreender as linguagens da química, como por exemplo:
Fonte: Química no cotidiano – volume 1
A música tem linguagem própria, que é registrada nas partituras musicais.
Da mesma maneira, a Química também tem linguagem própria.
Fonte: Química no cotidiano – volume 1
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A Química utiliza ferramentas de outras áreas
A Química utiliza conceitos de outras áreas, principalmente da
Matemática e da Física.
O caráter experimental da Química Assim como acontece com as outras Ciências Naturais (Física, Biologia
etc.), a Química baseia-se na observação de acontecimentos (fenômenos) da
natureza. Mais do que isso, a pesquisa química envolve a execução de
experiências em laboratório e a cuidadosa observação e interpretação dos
resultados.
Quando um cientista realiza algumas experiências e obtém resultados
importantes, geralmente ele os publica em revistas especializadas de circulação
mundial. Sua descrição deve ser precisa o suficiente para que outros cientistas
possam reproduzi-las e chegar aos mesmos resultados. Caso contrário, suas
conclusões não serão aceitas pela comunidade científica mundial.
Assim, uma preocupação importante relacionada com as experiências é
a sua reprodutibilidade.
O caráter puro e aplicado da Química Uma pesquisa química pode estar voltada apenas para o melhor
entendimento de algum fato da natureza; nesse caso temos uma pesquisa pura.
Por sua vez, ela pode estar focada em resolver um problema prático, tratando-
se, então, de uma pesquisa aplicada.
Fonte: Química no cotidiano – volume 1
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As imagens representam a pesquisa aplicada e a pesquisa pura, onde
químicos realizam constante trabalho experimental, contribuindo para centenas
de novas descobertas que provocarão mudanças na vida das pessoas a partir
do desenvolvimento das pesquisas.
O caráter interdisciplinar da Química Muitas vezes, para a resolução de um problema prático, é necessário que
ela atue em conjunto com outras ciências.
Ao se aliar à Engenharia, a Química tem propiciado a elaboração de novos
materiais, como, por exemplo, as cerâmicas que suportam altas temperaturas,
os plásticos altamente resistentes e os materiais supercondutores.
A Medicina, talvez a mais antiga das ciências associadas à Química, é
uma das maiores beneficiadas com os modernos avanços dessa área.
Anualmente, são descobertas centenas de novas substâncias que podem atuar
como medicamentos.
Todas essas fascinantes aplicações descritas representam apenas parte
do que existe em termos de avanço científico e tecnológico ligado à Química.
É importantíssimo salientar que nenhum progresso nesse campo será possível se os conceitos básicos da Química não forem bem compreendidos. São esses conceitos, que serão abordados ao longo do curso que formam o alicerce de todo o conhecimento químico atual. Embora se trate de conhecimentos básicos, você poderá perceber a grande diversidade de aplicações práticas que eles possuem.
No século XX, com o grande avanço tecnológico, presenciou-se uma
vertiginosa evolução do conhecimento químico. O átomo teve sua estrutura
interna pesquisada, elementos artificiais foram sintetizados e modernas técnicas
de investigação foram desenvolvidas, utilizando conceitos de Química, Física,
Matemática, Computação e Eletrônica.
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Alguns recentes progressos da pesquisa química aplicada: (A) Chip plástico para identificação por radiofrequência (RFID), usado em lojas para evitar furto de mercadorias. Tais dispositivos também podem armazenar informações, como preço e data de validade. (B) Caneca revestida com camada de material termocrômico (muda de cor com a temperatura). À medida que o líquido quente provoca seu aquecimento, a coloração escura passa a transparente, revelando a imagem que existe na camada abaixo dela.
Panorama histórico
Da Alquimia à Química
Antes de o oceano existir, ou a Terra, ou o firmamento, A natureza era toda igual, sem forma, Caos era chamada, Com a matéria bruta, inerte, átomos discordantes Guerreando em total confusão: Não existia o Sol para iluminar o universo; Não existia a Lua, com seus crescentes que lentamente se preenchem; Nenhuma Terra se equilibrava no ar. Nenhum mar se expandia na beira de longínquas praias. Terra, sem dúvida, existia, e ar e oceano também, Mas terra onde nenhum homem pode andar, a água onde Nenhum homem pode nadar, e ar que nenhum homem pode respirar; Ar sem luz, substância em constante mudança, Sempre em guerra: No mesmo corpo, quente lutava contra o frio, Molhado contra o seco, duro contra o macio. O que era pesado coexistia com o que era leve. Até que Deus, ou a Natureza generosa, Resolveu todas as disputas, e separou o Céu da Terra, a água da terra firme, o ar Da estratosfera mais elevada, uma liberação.
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E as coisas evoluíram, achando seus lugares a partir Da cega confusão inicial. O fogo, esse elemento etéreo, Ocupou seu lugar no firmamento, Sobre o ar; sob ambos, a terra, Com suas proporções mais grosseiras, afundou; e a água Se colocou acima, e em torno, da terra. Esse Deus, que do Caos Trouxe ordem ao universo, dando-lhe Divisão, subdivisão, quem quer que ele seja, Ele moldou a Terra na forma de um grande globo, Simétrica em todos os lados, e fez com que as águas se Espalhassem e elevassem, sob a ação dos ventos uivantes [...] (Trecho de Metamorfoses, de Ovídeio (43ª.C.18.d.C), em Marcelo Gleiser, A dança do
universo – Dos mitos de criação do Big-Bang, São Paulo, Companhia das letras, 1997, p.32).
Fonte: Química – volume único
Um pouco de história
Madeira, ossos, rochas e peles foram os primeiros materiais
utilizados pelo seu humano. Aprendendo a transformá-los, nossos antepassados
puderam fabricar ferramentas e objetos. Assim, uma pedra podia ser
transformada em um objeto cortante, desde que fosse devidamente lascada e
talhada; um pedaço de pau ou osso podia ser utilizado como clava ou, se adiado
em uma das pontas, como lança.
Quando o ser humano dominou a técnica de iniciar e manter o fogo,
ele pôde provocar novas transformações. O calor foi empregado para cozinhar,
modificando a textura, a cor e o sabor dos alimentos. O barro pôde ser cozido, e
objetos, como potes para armazenar água e alimentos, foram fabricados.
Desse modo, a utilização e a transformação dos materiais e o domínio
do fogo significaram um grande avanço para a humanidade, dando início a
civilização.
As causas dos fenômenos naturais do mundo físico eram sempre
atribuídas ao mundo dos espíritos, e para se relacionar com esse mundo, o
homem primitivo se valeu de procedimentos impregnados de magia, acreditando
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poderem submeter e controlar as forças naturais e persuadir os espíritos a
cooperar.
Apesar dessa visão mágica do mundo, o ser humano já percebia
alguma relação entre ele e o mundo que o cercava. Assim, o mago tentava
provocar a chuva porque notava a relação entre ela e o crescimento das
plantações; percebia a relação entre a sobrevivência humana e o
comportamento do mundo natural. Procurava encontrar, então, com invocações,
feitiços e porções, procedimentos que pudessem controlar as forças da natureza
e colocá-las a seu serviço. Com isso, lentamente foi acumulando conhecimentos
práticos que, usados e aprimorados, levaram ao desenvolvimento de técnicas
como fermentação, curtição, tingimento, vitrificação e metalurgia.
Representação dos deuses trabalhando em uma Faraó Ahkenaton e sua mina de ouro. esposa Nefertite oferecendo sacrifícios ao deus Sol. Fonte: Química – volume único
Os metais na história
Os primeiros metais que o ser humano utilizou (6000 a.C a 4000 a.C)
foram o ouro (Au) e o cobre (Cu), que podiam ser encontrados praticamente
puros na superfície do solo. A partir de 3000 a.C, o ser humano aprendeu a
extrair metais, como o cobre e o estanho, de seus minérios. Acredita-se que, ao
acender fogueiras em regiões ricas em minérios, tenha observado a separação
do metal, passando, desde então, a aperfeiçoar técnicas para sua obtenção. A
primeira liga utilizada foi o bronze, formado por cobre e estanho.
Apesar de conhecido desde 3000 a.C, o ferro (Fe) somente começou a
ser utilizado com mais frequência a partir de 1400 a.C. Obtido de seu minério,
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passou a ser empregado na fabricação de aço, uma liga formada por carbono e
ferro.
As descobertas metalúrgicas tiveram tal importância que, durante muito
tempo, foram utilizadas para classificar o desenvolvimento humano em três
períodos: Idade do Cobre, anterior a 3000 a.C.; Idade do Bronze, entre 3000 a.C.
e 1100 a.C.; Idade do Ferro, de 1100 a.C. em diante.
Entretanto, a sociedade que se desenvolveu em função da mineração e
da metalurgia manteve a visão mágica e sagrada do universo que herdou das
sociedades agrícolas e caçadoras. Para o ser humano dessa época, os metais,
protegidos pelos espíritos, desenvolviam-se como sementes no ventre da terra.
Com oferendas e rituais, ele procurava conquistar a simpatia divina e obter a
permissão dos espíritos da terra para extrair e transformar o minério.
Buscando explicações Em meados do século VI a.C., uma nova percepção do mundo se
cristalizou entre pensadores das colônias gregas da Jônia. Mitos e dogmas
religiosos foram postos de lado, em um primeiro esforço de compreensão da
realidade. Para Tales, nascido em Mileto no século VI a.C., todas as coisas se
originavam da água. Anaxímedes que viveu no mesmo século, acreditava que
tudo provinha do ar. Empédocles, um grego das colônias sicilianas, reuniu a
água, o ar, a terra e o fogo, combinando tudo na teoria dos quatro elementos.
No século V a.C., Leucipo e seu discípulo Demócrito introduziram a
ideia de que o mundo seria formado por átomos. Estes, segundo eles, eram
indivisíveis, estavam em constante movimento e distinguiam-se uns dos outros
por aspectos como tamanho, forma e posição.
A teoria dos quatro elementos Um dos mais poderosos e influentes pensadores da Grécia foi
Aristóteles, nascido em 384 a.C. em Estagira e famoso discípulo de Platão.
Aristóteles rechaça o atomismo de Demócrito e aperfeiçoa a teoria dos quatro
elementos de Empédocles acrescentando um quinto elemento: a quintessência
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ou éter. Este seria a base do mundo material e existiria apenas potencialmente
até tomar a forma que daria origem aos quatro outros elementos, que se
distinguiam ente si por suas qualidades: calor, frio, secura e umidade. Nenhum
dos quatro elementos, segundo Aristóteles, era imutável; cada um podia
transformar-se no outro por meio da qualidade que possuíam em comum. Só a
forma mudava; a matéria-prima que compunha os elementos era imutável. Essa
teoria perdurou por cerca de 2000 anos.
Os quatro elementos e suas propriedades fundamentais. Fonte: Química – volume único
Alquimia e a Arte
De todas as Artes desenvolvidas pelo ser humano, a Alquimia é a mais
rica em compreensão da natureza, sendo uma Arte capaz de assumir a
observação do mundo natural, ao seu redor e fazê-lo compreender certas
similaridades com o seu próprio desenvolvimento espiritual, com a mesma carga
de beleza e de profundidade.
A palavra Alquimia vem do árabe e quer dizer AL-Khemy, A Química.
Iniciou-se no século III a.C. na Alexandria, apresentando um caráter místico que
veio das ciências ocultas da Mesopotâmia, Pérsia, Caldéia, Egito e Síria.
Combinava química, física, astrologia, filosofia, arte, metalurgia, medicina,
misticismo e religião. Os alquimistas usavam fórmulas e recitações mágicas para
invocar deuses e demônios favoráveis às operações químicas.
Dois mil anos antes da nossa era atual, os babilônios e os egípcios
procuravam sintetizar ouro (Au) e transformar outros metais neste, conhecido
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como transmutação. Também buscavam a preparação do elixir da longa vida,
que curasse todos os males e desenvolvesse a juventude. Nesta época, era
realizada em sigilo porque era considerada uma ciência oculta.
Para os chineses, o seu objetivo era atingir a imortalidade, pois,
acreditavam que o ouro (Au) era imortal porque não reagia com quase nenhum
elemento químico. Fizeram elixires contendo arsênio (As), enxofre (S) e mercúrio
(Hg). Muitos imperadores morreram envenenados pensando estar tomando o
elixir da longa vida.
Fonte: Alquimiando a Química – Química Nova na Escola
Da Alquimia surge a Química
Em 1597, o alemão Andreas Libavius publicou o livro Alchemia, no qual
afirmava que a Alquimia tem por objetivo a separação de misturas em seus
componentes e o estudo das propriedades desses componentes.
Em 1661, o irlandês Robert Boyle publicou The sceptical chemist (O
químico cético — cético significa desconfiado, que só acredita mediante provas),
no qual atacava violentamente a concepção aristotélica de quatro “elementos”.
Para Boyle, elemento é tudo aquilo que não pode ser decomposto por nenhum
método conhecido.
Esses dois livros são considerados, por alguns estudiosos, o marco
inicial da Química. Há outros estudiosos que creditam a Antoine Laurent
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Lavoisier o mérito de ser o “pai” da Química. Os trabalhos desse cientista
francês, realizados no século XVIII, deram à Química bases mais sólidas. Ele
realizou experimentos controlados envolvendo medidas da massa de frascos
(incluindo a dos materiais neles contidos) antes e depois de acontecerem
reações químicas dentro deles. Uma de suas conclusões, a de que a massa se
conserva durante as reações químicas, é considerada por alguns o marco inicial
da Química.
Fonte: Química Cidadã – volume 1
A Ciência moderna No século XVII, começa a se estabelecer um novo modo de justificar os
conhecimentos, com base em um moderno método experimental, centrado em
observações meticulosamente controladas que pudessem desenvolver teorias
demonstráveis matematicamente. O inglês Francis Bacon (1561-1626) e o
francês Renè Descartes (1596-1650) estão entre os vários pensadores que
contribuíram para o estabelecimento desse modo de pensar: o método científico.
O físico italiano Galileu Galilei (1564-1642) e o químico Robert Boyle (1627-
1691) estão entre os primeiros estudiosos a fazer uso dessa metodologia.
O novo método científico se consolidou e caracterizou o que chamamos
hoje Ciência moderna. Seu objetivo é explicar a natureza e o universo no qual
estamos inseridos.
A principal característica dos campos de conhecimento que se tornaram
Ciência, como as Ciências Sociais (História, Geografia, Sociologia) e as Ciências
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da Natureza (Física, Biologia, Química), está na forma sistemática de
desenvolver seus estudos: o método científico. Esses métodos científicos
estão em constante mudança.
Um método clássico e ainda utilizado nas Ciências Naturais, apesar de
não ser o único, consiste na realização da sequência organizada de etapas para
o estudo de fenômenos: observação do fenômeno, elaboração de hipóteses,
teste de hipóteses, generalização e proposição de uma teoria explicativa para o
fenômeno.
A hipótese apoia-se em uma afirmação prévia para explicar um
determinado fenômeno, podendo ser testada por meio de experimentos. A
comparação de resultados diferentes, podem levar a generalizações, que em
Ciência chamamos de leis ou regras científicas. As explicações que estiverem
de acordo com os resultados encontrados passam a constituir as teorias
científicas. Teoria científica é o conjunto de afirmações consideradas válidas
pela comunidade científica para explicar determinado fenômeno.
O nascimento da Química moderna Os estudos sobre processos químicos eram desenvolvidos por
diversos filósofos e, sobretudo, pelos alquimistas. O médico, filósofo e alquimista
suiço Paracelso (1493-1541), desenvolveu estudos que deram início a Química
médica. Uma das teorias mais marcantes ainda seguindo modelos da alquimia
foi a teoria do flogístico, proposta pelo químico alemão Georg Ernst Stahl
(1660-1734). Em 1731, ele propôs uma teoria explicativa para a combustão,
segundo a qual os corpos combustíveis teriam como constituinte um “elemento”,
denominado flogístico, liberado durante a queima. Embora, as explicações
baseadas na teoria do flogístico fossem razoáveis, ela apresentava
incongruências em relação a variação da massa.
No século XVIII, Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) percebeu a
importância do oxigênio para esse processo. Com bases em experiências bem
elaboradas e controladas, utilizando balanças de alta precisão, ele mediu a
variação da massa durante a combustão de diversas substâncias. Os resultados
dos experimentos demonstraram que havia conservação de massa durante as
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reações e permitiram que ele demonstrasse que a queima é uma reação com o
oxigênio e que a cal metálica da teoria do flogístico era, na verdade, uma nova
substância. Lavoisier contribuiu de maneira significativa para o surgimento da
Química através de seus experimentos com a utilização de balanças.
Fonte: Lavoisier e a Revolução Química – Imagem da Internet
Essa nova forma de estudar processos químicos mudou de paradigma
no estudo desta área de conhecimento. Paradigma é o padrão ou modelo que
norteia nosso modo de viver, trabalhar, fazer Ciência. É pela mudança de
paradigmas, segundo o físico e filósofo alemão Thomas Kuhn (1922-1996), que
a Ciência se desenvolve, sendo também chamada de Revolução Científica.
Conhecimento Científico e Senso Comum As transformações químicas não são estudadas apenas pelos
químicos. Os cozinheiros, por exemplo, estudam constantemente melhores
maneiras de combinar diferentes temperos e técnicas para transformar alimentos
em apetitosos pratos. Muitos dos processos desenvolvidos por eles são de
natureza química.
Podemos dizer que muitos dos objetos de estudo dos cientistas são
também estudados por pessoas que não tem conhecimentos científicos sobre o
assunto. Sabemos, por exemplo, que os índios podem conhecer mais sobre o
ciclo de plantas e os hábitos de animais de sua região do que os biólogos.
Todavia, o que diferencia o conhecimento científico do senso comum é a maneira
como ele é construído e organizado. Os cientistas utilizam rígidos critérios e
métodos de investigação para obter, justificar e transmitir o conhecimento
científico. No senso comum, o conhecimento é conquistado sem,
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necessariamente, seguir métodos e técnicas específicos. No senso comum não
existe uma organização sistematizada do conhecimento.
Apesar da sua larga aplicação, as teorias científicas têm seus limites.
Não conseguem explicar tudo. Compreender a natureza e as limitações do
conhecimento científico é fundamental para sabermos até que ponto e como
poderemos usar esse conhecimento. Por isso, é preciso antes de tudo
reconhecer que a Química, como toda a Ciência, não expressa uma verdade
absoluta. Ela apresenta a explicação que é mais bem-aceita pela comunidade
científica. Isso pode valer em um período histórico e não ser aceito em outro
período.
Em foco...
A Química é dinâmica
Um cientista decidido a atuar em certo ramo da Química precisa, antes
de mais nada, estudar o que já se descobriu a respeito do assunto escolhido. A
partir daí, deve decidir qual será o problema a investigar e elaborar experiências
de laboratório, que lhe permitirão executar observações experimentais. Essas
observações podem ser de dois tipos:
• qualitativas: aquelas que não envolvem dados numéricos;
• quantitativas: as que provêm de medidas, com a utilização de instrumentos, e
constituem-se de dados numéricos.
Após a execução das experiências, é possível notar quais as
regularidades observadas e, a partir delas, enunciar um princípio ou uma lei, ou
seja, uma frase ou uma equação matemática que expresse a regularidade
observada.
Em seguida, pode-se apresentar uma teoria, ou seja, uma proposta de
explicação para os fatos experimentais e as leis. Uma teoria é considerada
satisfatória quando, ao ser testada em novas situações, obtém sucesso em suas
previsões.
Quando tal sucesso não é conseguido, ela deve ser modificada ou,
dependendo do caso, abandonada e substituída por outra melhor.
Prof. : Drielle Caroline
Av. Higienópolis, 769 – Sobre Loja – Centro – Londrina – PR. – CEP: 86.020-080
Fones: 43. 3354 – 2334 / 3039 – 2234
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Todo esse processo não para de acontecer. A Química é uma Ciência e,
como tal, está em contínuo processo de evolução e aperfeiçoamento.
O esquema abaixo representa uma relação lógica entre os conceitos que
envolvem a Química, denominado mapa conceitual.
Fonte: Química no cotidiano – volume 1
Não paramos de perguntar
A questão “o que não sei?”, participa estreitamente da vida de todo
pesquisador.
Cada descoberta nova – o que significa cada elemento novo de
conhecimento – constitui uma etapa que obriga a nos interrogarmos uma vez
mais.
O processo científico é uma longa cadeia de interrogações. Cada questão
que encontrou sua resposta abre novo campo de investigação a explorar. O
programa avança lentamente em direção a uma resposta final ainda
desconhecida.
Se todos os cientistas fazem perguntas específicas no quadro de seu
programa de pesquisa, raros são os que se arriscam a ampliar suas
investigações a um campo ou a um ramo da ciência.
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Os pesquisadores de hoje são formados para avançar passo a passo, com
lentidão e precaução, a fim de evitar fazer perguntas de ordem geral, exceto se
possuem boas razões e bons instrumentos para isso.
No entanto, os que estendem suas interrogações ao domínio geral se
encontram muitas vezes na origem das aberturas científicas maiores.
Não paramos de nos perguntar quais eram as coisas que não sabíamos
e que queríamos compreender. [...]
Ao mesmo tempo conseguimos fornecer inúmeras respostas assumidas
e aceitáveis.
No entanto, muitas coisas permanecem ainda na sombra.
Gostaríamos de saber como as células e seus componentes se adaptam
a novas circunstâncias e como elas corrigem os desequilíbrios.
Estima-se entre 100 e 200 mil números de genes que formam o genoma
humano – o código genético que condiciona nosso desenvolvimento e nossas
particularidades. Mesmo nos pequenos mamíferos de laboratório, esse número
é considerável.
Gostaríamos de saber quantos genes são necessários para construir uma
célula pancreática e quantos para construir um pâncreas.
E, na mesma ordem de ideias, gostaríamos de saber quantos genes são
necessários para fabricar um rim ou um cérebro.
O número de perguntas sem respostas que nos fazemos é infinito.
No entanto, responder a essas questões equivaleria a privilegiar o
conhecimento por amor ao conhecimento. Mas em um futuro mais ou menos
próximo poderíamos chegar a identificar os genes que condicionam um
desenvolvimento normal.
(Artigo de George E. Palade, publicado na Folha de S. Paulo, em 26 de março de 1995. Palade, romeno, ganhou o prêmio Nobel de Medicina em 1974 por suas descobertas sobre a organização estrutural e funcional da célula.)
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� O QUE VOCÊ APRENDEU?
• Ao longo dos séculos, o ser humano, em sua busca para entender os
fenômenos naturais, desenvolveu diferentes formas de interpretar o
mundo.
• A Química é a Ciência Natural que visa ao estudo das substâncias, da
sua composição, da sua estrutura e das suas propriedades.
• Uma das teorias mais marcantes foi a teoria do flogístico, proposta pelo
químico alemão Georg Ernst Stahl (1660-1734), ele propôs uma teoria
explicativa para a combustão que foi lapidada por Lavoisier, contribuindo
de maneira significativa para o surgimento da Química através de seus
experimentos com a utilização de balanças.
• A Química, como toda a Ciência, não expressa uma verdade absoluta.
Ela apresenta a explicação que é mais bem-aceita pela comunidade
científica. Isso pode valer em um período histórico e não ser aceito em
outro período.
Referências Bibliográficas
CHASSOT, A. Alquimiando a Química. Química Nova na Escola, n. 1, maio. 1995. Disponível em <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc01/historia.pdf> Acesso em 02. nov. 2017.
Lavoisier e a Revolução Química. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/referencias-bibliograficas-tiradas-na-internet-como-colocar-no-trabalho/48764>. Acesso em 02. nov. 2017.
NÓBREGA, Olívio Salgado; SILVA, Eduardo Roberto; SILVA, Ruth Hashimoto.
Química - Volume único. Ed. Ética, São Paulo, 2007.
PERUZZO, Francisco Miragaia; CANTO, Eduardo Leite. Química na abordagem
do cotidiano. Ed. Moderna, v.2, São Paulo, 2010.
SANTOS, Wildson; MOL, Gerson. Química Cidadã. Ed. Nova Geração, v.1, São
Paulo, 2010.
USBERCO, João; SALVADOR, Edgard. Química – Volume único. Ed. Saraiva, São Paulo, 2013.