1
2
Dedicatória
Aos meus pais, José Alfredo de
Farias e Maria Rodrigues de Farias (in
memoriam). Aos meus irmãos José Alfredo
de Farias Júnior, Maria Verônica Rodrigues
de Farias e Francisco Guilherme de Farias. A
minha esposa Maria José Santos de Farias e
ao meu filho Jefferson Sampaio de Farias.
3
Agradecimentos
Aos meus amigos, que não são poucos. Aos meus mestres que souberam me
orientar durante todos os períodos de aprendizagem. Aos profissionais de saúde, onde
encontro ajuda e que sabem cuidar do corpo e da mente. Aos estudiosos que puderam
legar conhecimento suficiente para que a ciência se desenvolvesse bem harmoniosa,
transmitindo-os para que outros pudessem deles usufruir em seus escritos. Meus
sinceros agradecimentos a todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a
execução deste meu primeiro livro.
4
Apresentação
Produzir Sempre foi escrito para uma leitura fácil e para aqueles que têm
afinidade com os acontecimentos do ambiente rural e do meio ambiente como um todo.
A obra compõe-se de seis capítulos e não se destina somente às pessoas ligadas às
ciências agrárias, podendo ser entendida por pessoas das diferentes áreas do
conhecimento e por leigos em ciências agrárias.
O primeiro capítulo trata do solo agrícola e sua importância. O segundo traz
informações sobre a água de que se dispõe para os diversos usos e a importância da sua
preservação. O terceiro informa sobre a atmosfera e a sua importância. O quarto trata da
importância do comércio de carbono e de seu seqüestro nas florestas naturais e
artificiais. O quinto traz informações sobre a geração de energia de forma a preservar o
meio ambiente. O sexto e último capítulo informa sobre as perdas de produtos
agropecuários e a possível diminuição dessas perdas.
A idéia de escrever este livro vai ao encontro da necessidade que existe em se
observar os ambientes produtivos de forma necessária para a produção e não de forma a
causar a devastação dos ambientes naturais por parte dos produtores. O leitor perceberá,
de maneira bastante clara, as possibilidades que existem para melhorar as condições de
produção e de conservar os meios de produção. Se ao término da leitura deste livro o
leitor se sentir mais apto a lidar com os aspectos abordados, o objetivo deste livro terá
sido alcançado.
5
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
O SOLO AGRICULTÁVEL E SUAS IMPLICAÇÕES
1- A importância da cadeia produtiva..............................................................................1
2- O solo agrícola e sua importância................................................................................2
3- A importância da contratação de profissionais para o ambiente rural ........................3
4- A necessidade da preservação do solo.........................................................................5
5- A falta de assistência no setor rural ............................................................................8
6- A recuperação de áreas degradadas e novas fronteiras agrícolas..............................10
7- A produção de combustíveis renováveis ..................................................................12
8 - Os males provenientes das queimadas .....................................................................12
9- A necessidade de legar solos férteis para as futuras gerações...................................14
10- A preservação do setor agrícola ...............................................................................15
11- A importância da agricultura orgânica para o setor rural.........................................20
CAPÍTULO 2
A ÁGUA E SUAS APLICAÇÕES
1- A água utilizada no funcionamento em mini, micro e pequenas usinas
hidrelétricas.....................................................................................................................22
2- A água na produção agrícola e sua disponibilidade para uso em irrigação................24
3- Os serviços de drenagem de áreas rurais ...................................................................28
4- Os reservatórios de água do nordeste e a transposição do Rio São Francisco...........29
5- O potencial do semi-árido nordestino ........................................................................32
6- A água como veiculo de utilização de agrotóxicos ...................................................34
7- As variadas formas de utilização da água...................................................................35
8- O aproveitamento de águas salinas ............................................................................37
9- Os cuidados com a água e a sua reutilização..............................................................39
10- Os cursos de água, os perigos de enchentes e os transportes...................................41
11- A necessidade de se poluir menos a atmosfera e a água de chuva...........................45
6
CAPÍTULO 3
A ATMOSFERA TERRESTRE E SUA INFLUÊNCIA SOBRE O MEIO
AMBIENTE
1 - A composição da atmosfera terrestre.........................................................................47
2 - A irradiação solar ......................................................................................................47
3 - A produção de espécies vegetais adaptadas para climas mais quentes.....................48
4 - A diminuição do uso de Clorofluorcarbonetos..........................................................49
5 - A redução do dióxido de carbono e a sua concentração na atmosfera......................50
6 - Os combustíveis alternativos e renováveis................................................................50
7 - Este é o momento certo para uma grande atitude frente ao aquecimento global......51
8 - O seqüestro de carbono e seu comércio.....................................................................52
9- O fenômeno do ciclo hidrológico...............................................................................55
10- Efeitos das florestas no seqüestro de carbono e diminuição da emissão de
poluentes.........................................................................................................................56
11- Os biocombustíveis e o aquecimento global............................................................57
12 - A proteção atmosférica............................................................................................58
13 - A necessidade de contratação de profissionais no setor agrícola............................60
14 - A prática das queimadas e a presença do dióxido de carbono na atmosfera...........61
CAPÍTULO 4
A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO DE CARBONO
1- O desequilíbrio da concentração de carbono na atmosfera........................................65
2-A influência na diminuição da concentração de dióxido de carbono na atmosfera,
com a comercialização dos créditos de carbono..........................................................65
3-Grande parte das propriedades rurais brasileiras trabalha com seqüestro de carbono
e não são remuneradas por este trabalho.....................................................................66
4- Existe um custo ao produtor, para que ele mantenha a sua área de floresta
preservada.......................................................................................................................67
5- A estimativa do seqüestro de carbono e o seu cálculo para fins comerciais..............68
6-Existe uma forma muito significativa de preservação das florestas, com a
comercialização de créditos de carbono......................................................................69
7- A produção de combustíveis a partir do cultivo de vegetais......................................69
8- A necessidade de se emitir menos dióxido de carbono e o aumento do
7
seqüestro de dióxido de carbono................................................................................76
CAPÍTULO 5
A GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E MECÂNICA COM AS
SUAS POSSÍVEIS UTILIZAÇÕES
1- A geração de energia através das mini, micro e pequenas usinas hidrelétricas..........89
2- Energia gerada através da utilização da biomassa......................................................94
3- Geração de energia elétrica com o uso do biodiesel...................................................99
4- Geração de energia através do processo Eólico........................................................101
5-Geração de energia elétrica através do processo fotovoltaico e termossolares.
Geração de calor através da energia proveniente do Sol..............................................104
6- O Hidrogênio como combustível..............................................................................107
CAPÍTULO 6
PERDAS NA AGRICULTURA, NA PECUÁRIA E AGROINDÚSTRIA
1- As perdas de solo......................................................................................................109
2- Perdas de grãos na colheita.......................................................................................109
3-Perdas de grãos durante o transporte........................................................................111
4- Perdas na secagem e armazenagem de grãos............................................................113
5- Perdas de equipamentos e máquinas........................................................................114
6 - Perdas com frutas e hortaliças.................................................................................116
7 - Perdas na produção de animais para consumo............................................... ........118
8 - Perdas de áreas de florestas e pequenas reservas....................................................123
9 - Perdas na agropecuária por problemas climáticos...................................................124
BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................125
8
PREFÁCIO
Freqüentemente, presenciamos na imprensa falada e escrita notícias de casos de
contaminação de águas, degradação ambiental e catástrofes por todo planeta,
provocadas por perturbações causadas pelo homem ao meio ambiente. Essas
perturbações causam medo à população de maneira geral, levando-a sempre a pensar em
como ficará a produção de alimentos, água e energia no futuro.
Este livro apresenta esclarecimentos teóricos e práticos para a execução de uma
agricultura sustentável, como produção de alimentos, combustíveis renováveis, energia
renovável, qualidade da água, seqüestro de carbono, perdas de solo e outras, trabalhando
em uma linguagem simples e de fácil entendimento pelo leitor. Com esses
esclarecimentos, o leitor será capaz de compreender um pouco do processo de produção
em uma agricultura sustentável, produzindo sempre alimentos de boa qualidade, energia
renovável, mas de forma a preservar florestas nativas, nascentes e outros.
O rápido crescimento econômico que tem sido verificado no Brasil e em outros
países levanta muitas questões a respeito de uma produção continuada ao longo dos
anos, para uma agricultura mais apropriada. O autor mostra qual a maneira de utilizar os
recursos do meio ambiente de forma sustentável, competitiva e benéfica em longo
prazo. Muitas das explicações expostas no texto são simples e de fácil entendimento. No
entanto, esses esclarecimentos se fazem necessários para mostrar, de uma maneira
simples, uma alternativa para “produzir sempre” em áreas de intensa agricultura.
Este livro mostra os sistemas que compõem a produção, para que possamos
“produzir sempre”, pensando nas formas de minimizar os impactos ambientais e
mostrando algumas possibilidades de mudança do panorama atual. Tais mudanças se
dariam com o auxílio de políticas públicas, fazendo com que, efetivamente,
profissionais especializados atuem na elaboração de modelos que gerem um menor
impacto com os sistemas produtivos, para que o homem possa continuar produzindo
sempre.
A utilização de uma matriz energética renovável pode ser uma alternativa sensata,
visando maximizar a produção de riqueza real ao longo do tempo, cuidando para não
comprometer a capacidade produtiva futura (com base em recursos renováveis)
ameaçada pelo anseio de lucro imediato em curto prazo (com base em recursos não
renováveis). Este material mostra diferentes alternativas e possibilidades para que o
produtor possa “produzir sempre”, e de maneira sustentável.
O livro é útil como guia para execução de uma política de desenvolvimento, tais
como gerenciamentos de bacias hidrográficas, propostas de planejamento agrícola e
restauração florestal. Entretanto, o conhecimento adquirido a respeito do assunto e
descrito claramente neste livro mostra que a diversidade é mínima, assim como o solo,
água e meio ambiente, se comparada ao infinito que temos que compartilhar com os
nossos descendentes.
Capítulo primeiro
O solo agricultável e suas implicações
9
1- A importância da cadeia produtiva
A cadeia produtiva é muito extensa e se apresenta sob a forma de movimento
empregatício desde a fabricação dos equipamentos como tratores, implementos e peças.
Junto com todos os equipamentos, os insumos agrícolas como fertilizantes, herbicidas,
fungicidas entre outros itens, absorvem muita mão-de-obra; existe, portanto, uma
formação muito grande e dispendiosa nas próprias propriedades rurais, para cumprir as
funções para quais foram designadas. As universidades formam, a cada ano, novos
profissionais ligados à área de Ciências Agrárias e mantêm, em seus quadros,
pesquisadores que trabalham em áreas de hidráulica, irrigação, ciência do solo,
construções rurais, armazenagem e secagem de grãos, dentre outras áreas. As empresas
estatais que se destinam à pesquisa de novas variedades de vegetais contribuem de uma
forma significativa, lançando no mercado produtos mais resistentes a doenças e com
melhor capacidade de adaptação.
Conhecimentos relacionados à área agrícola existem e muitos são gerados tanto
na área produtiva, quanto na área de conservação e preservação dos ambientes rurais,
que dota o setor de um embasamento científico muito grande e não há motivos para uma
preocupação unilateral, no que diz respeito à preservação, ou de uma catástrofe
ambiental, devido à falta de conhecimentos. Os desequilíbrios são formados pela
negligência, pelo descuido e, muitas vezes, pelo uso inadequado das técnicas agrícolas,
podendo, em muitas situações, serem gerados pela ganância de uma maximização dos
lucros à custa de prejuízos ao meio ambiente. É em defesa da preservação ambiental e
de uma conscientização maior por parte dos produtores rurais, que é preciso fazer
esforços para que se mantenha em equilíbrio uma grande produção, com um possível
melhoramento do ambiente de produção.
A conscientização, muitas vezes, só poderá ser feita através de punições aos
infratores por órgãos competentes, mostrando de uma forma bastante rigorosa e
onerosa, que o bem natural disponível que constitui uma propriedade rural precisa ser
utilizado de uma forma bastante responsável, pois as futuras gerações ocuparão estes
mesmos espaços, ou seja, as ocupações são cíclicas e ininterruptas.
10
Pode-se observar, no Brasil, uma grande variedade de propriedades rurais que
produzem produtos agrícolas e pecuários. Algumas propriedades produzem de maneira
rudimentar, sem a utilização de máquinas agrícolas; enquanto outras produzem fazendo
uso da agricultura de precisão, que emprega as técnicas mais sofisticadas de manejo
cultural e emprego de maquinaria própria, usando recursos de G.P.S ( Sistema de
Posicionamento Global ), com uma análise bastante detalhada e minuciosa do solo e a
utilização de recursos técnicos de monitoramento de fertilidades de solo. Dessa forma,
existe a possibilidade de o produtor elevar a sua produção para uma maior lucratividade,
e de obter aumento em produtividade. Por outro lado, não se pode descartar a
capacidade de alguns pequenos produtores, que produzem há muito tempo e que
conseguem preservar o solo, manter as suas produções e legar para seus descendentes
uma área fértil.
2- O solo agrícola e sua importância
O solo é fator primordial para que o agricultor desenvolva as suas habilidades.
Muitas vezes, o solo agricultável é submetido a processos errados de fertilização e, em
resposta, apresenta-se em desarmonia, produz muito pouco e se torna inviável para o
plantio de determinadas culturas. O uso inadequado e muito freqüente do arado e da
grade pode desencadear um processo erosivo e em se tratando de tais agressões, haverá
uma resposta imediata, pois será perdida parte do solo através do processo de lixiviação.
Nestes casos, os produtores tendem a abandonar essas áreas, porque o processo de
recuperação do solo é muito caro e requer algum tempo. Como não se enquadram nos
recursos do produtor, o mesmo procura outra área para produzir.
A ausência de critério associada ao reduzido conhecimento técnico para
trabalhar o solo pode gerar prejuízo não só para um produtor, mas para as futuras
gerações e poderá comprometer a capacidade produtiva de uma nação, dependendo da
abrangência das degradações do solo agrícola.
3- A importância da contratação de profissionais para o ambiente rural
11
É muito importante que se utilize o conhecimento dos profissionais das áreas da
Engenharia Agrícola e Agronômica que, ao término de cinco anos de universidade e de
posse de um vasto conhecimento em mecanização e em conservação de solo, água e
produção vegetal, estão aptos a trabalhar no setor agropecuário. Alguns dos
profissionais dessas áreas não têm oportunidades de exercerem as suas profissões e vão
trabalhar como balconistas em livrarias ou lojas, sem afinidade com suas profissões.
Assim como na saúde existem os funcionários contratados pelo fundo de previdência
oficial para cuidar das pessoas, é necessário que se crie também um fundo oficial para
contratar estes profissionais graduados em Engenharia Agrícola e Agronômica, para
cuidar do solo agrícola, um bem que precisa existir sempre.
Na possibilidade da contratação, por parte do Governo Federal, de profissionais
para auxiliar tecnicamente os produtores rurais, essa seria uma ação que, com certeza,
apresentaria aspectos positivos. O trabalho desses profissionais seria de fundamental
importância no auxilio técnico aos produtores que não dispõem de assistência técnica e
que, com essa forma de contratação, seriam assistidos e poderiam dispor de
conhecimentos em seus trabalhos para produzir de maneira adequada.
Não se pode pensar em um modelo de desenvolvimento agrícola em que a cada
ano de produção se busque uma nova fronteira agrícola, mesmo porque as áreas têm os
seus limites impostos pelas condições geográficas e não podem ser criados espaços
agricultáveis em áreas de preservação. Existe uma enorme quantidade de propriedades
produtoras, que hoje se encontram degradadas e que, em conseqüência, apresentam
baixa produtividade. Estes locais de baixa produção formam uma área muito vasta e
precisam ser melhorados, para que a produção se torne mais viável. Para isso, faz-se
necessária uma melhor utilização destes espaços agropecuários, ao invés de se criar
novas fronteiras agrícolas. A melhoria das condições de produção e de fertilidade do
solo é cumulativa, e segue melhorando com uma boa utilização de fertilizantes.
Melhorando as condições de cultivo, conseqüentemente, o retorno financeiro se fará
notável.
Outro fator de grande importância que não podia deixar de ser mencionado, diz
respeito às pastagens degradadas e que são visíveis em grande parte das propriedades
rurais. Essas áreas degradadas já não produzem o suficiente e podem ser recuperadas
12
para a agricultura ou em consórcio agricultura e pecuária. A ciência agrária dispõe de
conhecimento suficiente para recompor espaços que apresentam baixa produtividade.
Para tanto, é necessária a presença dos profissionais com conhecimentos específicos e a
utilização de recursos suficientes para se fazer a recuperação. Acredita-se que, com a
utilização mais eficiente dos espaços degradados e a melhoria na produtividade, não
será necessária a busca intensa por novas fronteiras agrícolas que, muitas vezes, são
criadas com a devastação de florestas nativas.
A produtividade está intrinsecamente relacionada com as boas condições que o
solo apresenta e com o fator hídrico, ou seja, condições de boa distribuição de água para
a cultura, nos períodos que se fazem necessários, ou seja, durante a germinação, o
crescimento, a floração e no fechamento do ciclo produtivo. Para que a planta disponha
das condições adequadas para o seu desenvolvimento, quando se trata de uma cultura de
sequeiro, é necessário fazer a sua implantação no período em que se dispõe de maior
precipitação pluviométrica, pois, dessa forma, a cultura completa o ciclo. Portanto, esse
tipo de prática agrícola está sujeita às intempéries e há risco, por parte do produtor, no
caso de escassez de água, para que o ciclo de desenvolvimento do vegetal se complete.
Nesse caso, poderá ocorrer uma queda brusca na produção, podendo haver até perda de
toda a lavoura.
Quando o produtor cumpre com todas as suas obrigações, com respeito à
natureza, ele se faz passar despercebido e seus produtos chegam aos supermercados,
feiras e portos para serem exportados de uma forma muito eficiente. No entanto, no
momento em que algum fator na produção não sai muito bem, quando existe agressão
ao meio ambiente, as críticas se voltam para o produtor e este vai arcar com os prejuízos
em forma de pesadas multas. Agora se pergunta: onde estavam as pessoas que só se
ocupam em criticar e observar os defeitos de quem acorda com os primeiros raios de sol
e se recolhe ao entardecer, que não goza de feriado ou domingo e que só tem as noites
como descanso? O produtor agrícola e pecuário precisa ser respeitado, porque a sua
função é de suma importância para o desenvolvimento e bem estar da nação.
Apenas criar leis para serem obedecidas pelos produtores rurais talvez não seja a
forma correta de se levar adiante uma agricultura tão importante e competitiva como a
brasileira. É importante que seja oferecida assistência aos produtores. As agressões ao
13
meio ambiente se dão mais por falta de informação, de técnicas adequadas e por falta do
conhecimento por parte do produtor. Por isso, faz-se necessária a presença de
profissionais para auxiliar os produtores em seu trabalho. É por mais essa razão que foi
sugerido, anteriormente, que a assistência rural deveria ter a participação do governo
federal na contratação e manutenção dos profissionais, para atender aos médios e
pequenos produtores. Se assim fosse, em um primeiro momento poderia transparecer
haver um gasto excessivo por parte do governo ao contratar os profissionais habilitados
para atender aos produtores, porém, com o passar das safras e da maximização das
produções, os benefícios dessas contratações poderão ser constatados.
Tanto na produção quanto na preservação dos recursos naturais, a presença dos
profissionais será importante, uma vez que os profissionais da área da Engenharia
Agrícola e da Engenharia Agronômica trazem em seus currículos as aptidões para
analisar as áreas produtivas e submeter à observação, a questão da preservação dos
recursos ambientais das áreas destinadas à produção. Uma visão teórica e técnica acerca
de uma propriedade dá mais condições de se preservar certas áreas que não podem ser
utilizadas para práticas em agropecuárias, tal como uma mata ciliar ou uma vegetação
nativa de uma nascente. Com o uso de técnicas adequadas, será diminuído o efeito das
agressões ao meio ambiente e haverá maior possibilidade de um desenvolvimento
agropecuário sustentável.
4- A necessidade da preservação do solo
O uso do solo agricultável segue caminhos diversos. Em algumas propriedades,
faz-se um uso correto dele, enquanto em outras há uma verdadeira degradação das áreas
agricultáveis. O solo, por ser constituído de matéria orgânica, minerais e organismos
vivos, é considerado um ambiente que dá sustentação à produção agropecuária. Os
desequilíbrios causados por práticas agrícolas mal utilizadas ocasionam a diminuição
das áreas de produção agropecuária. A formação do solo se dá através da decomposição
da rocha mãe, que se forma em conseqüência deste fenômeno natural e que demanda
muito tempo para acontecer. Um fenômeno inverso ao da formação das áreas de
produção pode ser verificado, quando a ação do homem age de forma a degradar a área
agricultável e a formação não consegue acompanhar essa degradação. Nesse caso, a
camada de solo agrícola se torna muito fina, até a rocha mãe se tornar à superfície. Se
14
este fenômeno acontecer, não se terá fertilidade para dar continuidade a uma produção
agrícola.
Em uma observação rápida e objetiva, verifica-se que o agricultor participante
da degradação do solo agricultável não tem conhecimento do fenômeno que provoca o
desaparecimento da fertilidade da área. Por outro lado, esta prática pode ser cometida
com a finalidade de se retirar o máximo de uma área para, em seguida, se procurar outra
para produzir. Diante de tamanho crime ambiental, pergunta-se: onde estão os
engenheiros, os ambientalistas, os ecologistas e todos aqueles defensores do meio
ambiente? Será interessante que os fenômenos que degradam a natureza sejam
detectados antes de serem levados ao seu ponto máximo, pois assim ainda haverá
condições de se reverter a situação e equilibrar um solo em processo de
desaparecimento. É necessário que haja uma união entre todos: produtores, engenheiros
agrícolas, engenheiros agrônomos, ambientalistas, naturalistas, ecologistas e as pessoas
que têm envolvimento com as áreas produtivas.
Essa união dos profissionais do setor agropecuário tornará a proteção das áreas
produtivas muito mais eficiente e fará com que este bem maior, a área agricultável, se
mantenha sempre produtiva. Esses profissionais não podem ocupar outros ambientes de
trabalho senão aqueles que escolheram, através de suas formações específicas. Se um
médico fosse solicitado em uma propriedade rural, para dimensionar uma barragem de
terra e calcular a potência de uma mini usina hidroelétrica, provavelmente não
conseguiria. Por outro lado, se um engenheiro fosse convidado para diagnosticar um
problema de hipertensão em um paciente e prescrever um remédio, sem sombra de
dúvidas, seria uma experiência mal sucedida. As pessoas se qualificam para um
determinado trabalho e estão restritas às condições para as quais foram preparadas.
Entretanto, pessoas de áreas afins parecem que não se entendem e alguns profissionais
trabalham arduamente, enquanto outros só querem carregar bandeiras e gritar palavras
de ordem.
As áreas rurais apresentam os mais variados perfis: são verificadas propriedades
familiares de diversos tamanhos e produzindo uma variedade de produtos bastante
acentuada; há espaços agrícolas que são verdadeiras empresas agrícolas, que produzem
muito e são muito competitivas; e há ainda áreas em que só existe o trabalho de uma
15
pequena família, onde todas as tarefas são realizadas apenas manualmente. Ao longo
das décadas, verifica-se uma movimentação muito grande entre compra e venda de
espaços agricultáveis; enquanto áreas são concentradas simultaneamente, outras áreas
são divididas. O que importa é que, seja qual for o tipo de propriedade agrícola, familiar
ou empresarial, o trabalho com solo deve ser conduzido de forma a respeitar a
conservação do mesmo.
As degradações estão transcorrendo de uma maneira muito rápida e a formação
de áreas desérticas aumenta em todo o mundo. De forma bastante clara, pode-se afirmar
que sem uma atitude técnica e consciente, as futuras gerações talvez não tenham
condições de recuperar a degradação atual. É necessária a presença dos produtores no
âmbito da conservação do solo e dos recursos naturais, para que haja uma maior
preservação destes recursos e que, ao longo das décadas, seja percebida a recuperação e
a preservação das áreas que estão sendo trabalhadas, pois só a partir de um trabalho
consciente, será possível manter a existência das áreas produtoras em plena atividade.
Não se pode falar em preservação sem mencionar as condições econômicas
favoráveis para se proporcionar esta preservação. A prática do plantio direto foi um
grande avanço no sentido de proteger o solo agrícola. Este método propicia uma maior
proteção da área durante o período de produção. Trata-se de uma prática que vem se
tornando cada vez mais freqüente nas propriedades rurais, pois o produtor ganha tempo
e, não revolvendo o solo, economiza capital e horas de máquinas que podem ser usadas
em outras atividades na propriedade. Com essa prática agrícola obtém-se uma melhor
maximização dos lucros por parte do agricultor; entretanto, está havendo muita
dificuldade por parte dos produtores em gerar lucros, porque há um crescente aumento
nos preços dos insumos e dos equipamentos agrícolas e a estagnação dos preços dos
produtos agrícolas dificulta a geração de lucros. Nessas condições, torna-se mais difícil
para o produtor continuar produzindo.
As dificuldades financeiras e as variações climáticas, muitas vezes, dificultam as
perfeitas condições de produção agrícola. Os tratores e equipamentos utilizados pelo
produtor, na sua grande maioria, são comprados novos em concessionários de
máquinas. Entretanto, em poucos anos, dependendo da forma de manutenção, essas
máquinas se tornam sucatas e o produtor, para continuar competitivo, tem a obrigação
16
de renovar a sua frota de tratores, colhedoras e equipamentos. Para isso, é necessário
que o produtor tenha a seu favor, preços atrativos para os seus produtos, para que ele
siga em frente produzindo. Não havendo condições satisfatórias, o produtor acaba
sendo obrigado a deixar a suas atividades, simplesmente pelo fato de aumentar o seu
endividamento e comprometer o seu patrimônio. Assim, antes que sua dívida ultrapasse
o seu patrimônio, o produtor vende seus bens e muda de atividade econômica.
5- A falta de assistência no setor rural
Há bem pouco tempo foi observado um fenômeno que deixou os pecuaristas em
condições muito desfavoráveis em relação à comercialização da carne bovina: alguns
focos de aftosa ocorridos no país fizeram com que houvesse a suspensão da exportação
de carne para vários paises e, por isso, o preço da arroba de carne bovina ficou em um
patamar muito baixo e os produtores amargaram prejuízos. O Brasil já dispõe de um
grande número de profissionais na área de sanidade animal, que é suficiente para manter
controlada a sanidade dos rebanhos. A aftosa é uma doença de fácil controle, basta
haver um procedimento de vacinação nos períodos certos e se terá uma região livre de
febre aftosa. Agora se pergunta: por onde andavam os profissionais desta área no
momento em que surgiram os focos de febre aftosa que causaram tantos prejuízos aos
produtores?
A sugestão de que os profissionais da área agrícola deveriam cumprir a função
de funcionários contratados pelo governo para dar assistência às propriedades rurais,
tem significação importante diante de um recurso tão grande como o meio rural e a sua
própria estrutura física, constituída pelo solo agrícola que precisa ser conservado. É
necessário que haja um contingente de profissionais capacitados para desenvolver as
funções de engenheiros, veterinários, zootecnistas e técnicos agrícolas, para juntos
poderem conduzir tecnicamente os trabalhos no ambiente rural. A contratação dos
profissionais por parte do governo federal não contaria com um número muito grande
de profissionais, porque as empresas agrícolas, os grandes produtores e os próprios
profissionais liberais, que são seus próprios patrões, já absorvem um porcentual muito
grande desses profissionais.
17
Quando se proceder à contratação dos profissionais para o setor rural, será
suprida a falta destes profissionais qualificados nas propriedades rurais e este setor
estará servido de técnicos, independente do tamanho das propriedades. Em
conseqüência, haverá um aumento na produtividade e na produção de produtos
agropecuários no país, possibilidade que, em pouco tempo, as condições de produção do
Brasil cheguem a patamares mais significativos.
Acredita-se que ao proceder de maneira responsável e tecnicamente correta com
os tratos culturais, haverá possibilidade de gerar um micro-clima bastante favorável nas
áreas trabalhadas e uma proteção do solo que permita um bom desempenho das
atividades agrícolas a serem desenvolvidas. O pensamento de que a propriedade
necessita ser ocupada de forma a utilizar toda a sua área e assim obter o máximo de
lucro, não é a forma correta, pois o trabalho, sendo feito de maneira harmoniosa, poderá
perfeitamente suprir todas as necessidades financeiras, além de obter um equilíbrio em
conservação e ocupação racional do meio ambiente.
No setor agrícola, a diversificação das atividades agropecuárias é muito grande,
e encontram-se funções e trabalhos que podem ser desenvolvidos de forma que o
produtor possa elevar a sua produtividade a um nível alto.
Seguindo alguns critérios, não é necessária a busca e o esgotamento das
florestas nativas para que se possa produzir em abundância. Uma busca por terras que
constituem florestas não é necessária quando os padrões técnicos de ocupação de uma
propriedade são seguidos. Quando a ocupação da propriedade é realizada de forma
planejada, há a possibilidade produzir com bastante eficiência, pois com técnica e
conhecimento poderá haver um aproveitamento significativo da propriedade rural e,
para tanto, é necessária a presença de profissionais capacitados para projetar e executar
o processo produtivo.
Um processo erosivo de uma determinada área se constitui de algumas etapas e
demanda tempo para ser considerado muito prejudicial à propriedade; a avaliação
técnica desse processo erosivo pode detectar os sintomas do processo no inicio,
tornando a solução do problema bastante fácil e com custo menos significativo,
evitando-se o agravamento da erosão. No caso da evolução deste problema, poderá ser
18
necessário um verdadeiro trabalho de engenharia, realizando a drenagem, um posterior
serviço de movimentação de terras e, finalmente, a recomposição do solo agrícola, o que
elevaria os custos significativamente. Os aspectos de conservação mostram os cuidados
que se deve ter com as práticas agrícolas e como visão de um técnico se torna
importante diante de uma situação em que haja um desequilíbrio do solo.
É necessário que haja uma maior concentração de profissionais nas áreas
produtivas e isto é uma questão de âmbito político, pois é necessária a criação de leis
que amparem a contratação desses profissionais. Na realidade, somente as empresas
agrícolas, os grandes produtores, as cooperativas de produtores rurais e algumas
associações dispõem de técnicos que desempenham essas funções, enquanto que
pequenos e médios produtores não têm tais oportunidades e amargam prejuízos por falta
de suporte técnico.
6- A recuperação de áreas degradadas e novas fronteiras agrícolas
O solo é um bem muito precioso para ser submetido a experiências sem
fundamento. Já se conhece muito sobre práticas culturais e conservação do solo e não é
admissível que se tenha uma perda de solo por falta de técnicas adequadas. Em termos
de cultivo, observa-se a necessidade da recuperação das áreas degradadas e de propiciar
condições de cultivo em áreas que não oferecem condições de boa fertilidade. É preciso
fazer o caminho inverso da degradação das terras agricultáveis. Esse caminho se traduz
na recuperação dessas áreas, porém, apenas esse trabalho não é suficiente para suprir a
demanda por terras agricultáveis. Será necessário transformar áreas de baixa fertilidade
em áreas agricultáveis, para que se tenha uma nova fronteira, com consistência e
conhecimento suficiente para produzir e alimentar uma população que ainda levará um
tempo considerável para conseguir um equilíbrio quantitativo.
Uma provável estabilização da população, que tanto pode ser do Brasil como
mundial, segue a linha de pensamento de que quando o homem se torna mais evoluído,
quando acumula mais conhecimentos sobre as ciências ou adquire mais conhecimentos
gerais, tende gerar menos filhos. Isso possibilita fazer uma estimativa da oferta e
demanda de alimentos. Até a chegada desse equilíbrio populacional, o que se torna mais
importante é a necessidade da preservação e recuperação das áreas de risco, juntamente
19
com a criação de novas áreas nos moldes da fertilização de locais de solo muito pobre.
Não se pode deixar de mencionar também o trabalho de tantos agricultores que, de
geração para geração, vão transmitindo o conhecimento de preservação e, por isso,
muitas regiões se encontram protegidas e isentas dos efeitos danosos da destruição deste
bem maior, que é o solo agrícola.
A própria natureza mostra os efeitos resultantes da interferência humana, com
muita nitidez, e essa ora ocorre de uma forma respeitável, sem lhe causar danos, e outras
vezes, de uma forma agressiva. No último caso, existe uma resposta grande e imediata,
pois os reflexos são tão intensos que poderão ser visíveis em pouco tempo. Vejamos,
por exemplo, a morte de um riacho: em um dado momento sua nascente está preservada,
a mata ciliar está composta; não existe assoreamento e se considera que não há nenhuma
forma de agressão que possa comprometer esse riacho. No entanto, basta haver uma
interferência como um desmatamento em sua nascente ou na mata ciliar para plantação
de alguma cultura que, em pouco tempo se verifica a diminuição da vazão de água e o
assoreamento do leito e, sem muita demora, será observada a morte do riacho.
Situações dessa natureza já se repetiram com uma quantidade muito grande de
cursos de água, em vários lugares deste imenso planeta. É necessário que haja um
trabalho inverso, um trabalho de recuperação das nascentes e dos cursos de água, dentro
das técnicas que podem ser oferecidas pelos profissionais da área. Somente assim as
nascentes e os cursos de água serão preservados e, dessa forma, não se verá o
desaparecimento de riachos e de rios que atualmente abastecem as propriedades e as
populações de muitas cidades. Uma agropecuária voltada para a preservação dos
recursos naturais é de fundamental importância para que se tenha um desenvolvimento
com bases sólidas e que projete para o futuro um bom desenvolvimento sustentável, em
que a preservação seja fator principal em uma produção agropecuária.
7- A produção de combustíveis renováveis
A implantação de usinas de produção de etanol e de diesel a partir de fontes
renováveis, como é o caso da cana de açúcar para a produção de etanol e de uma
variedade considerável de espécies vegetais para a produção de diesel, geram condições
para que se incremente a produção agrícola do Brasil, pois surgem oportunidades de
20
investimentos para atender à demanda de matéria-prima. Na implantação das usinas de
produção de etanol e de biodiesel existe muita possibilidade para grandes investimentos
e criação de oportunidades de absorção de mão-de-obra. Com a produção dos
combustíveis renováveis, há a possibilidade de contribuir para a redução do dióxido de
carbono na atmosfera, uma vez que esses não derivam de produtos fósseis.
As espécies vegetais que destinam à produção de biodiesel são: a palma ou
dendê, a mamona, o girassol, o pinhão manso, a soja, o amendoim, o babaçu e mais uma
grande variedade de outros vegetais. O pinhão manso e a mamona são duas espécies de
grande interesse para os produtores do semi-árido do nordeste brasileiro, porque essas
duas variedades se adaptam bem às condições climáticas da região. É necessário que
haja a implantação de indústrias de transformação dessas duas espécies vegetais em
diesel, e para isso será preciso haver uma grande produção de pinhão manso e de
mamona, que irá abastecer essas indústrias. O preço da matéria-prima determina a
possibilidade da existência de uma quantidade significativa de produtos para a
transformação em diesel e é necessário que haja um preço convidativo, que atraia a
atenção dos produtores e assim será minimizado um grande problema social.
8- Os males provenientes das queimadas
Um grande fator adverso à preservação do solo é o fato de ainda se ter como
costume a realização de queimadas. O uso da queima de vegetais é de épocas remotas e
consiste na utilização do fogo como forma de limpeza das áreas e na própria
implantação de culturas. Ao fazer uso do fogo como forma de eliminar restos de cultura
e plantas invasoras, coloca-se em risco a matéria orgânica que compõe o solo e lança-se
na atmosfera uma quantidade significativa de dióxido de carbono, que aumentará a
concentração desse gás na atmosfera. Essa prática deve ser substituída por outras, tais
como a mecanização agrícola. A utilização do machado, da foice e do fogo foram
práticas utilizadas num período em que não se observava uma concentração de
indústrias lançando grande quantidade de gases na atmosfera e em que os combustíveis
fósseis não eram utilizados com tanta intensidade. Cabe aos produtores rurais a tarefa de
minimizar as queimadas.
21
As queimadas são responsáveis por cerca de 20% do dióxido de carbono que é
emitido para a atmosfera. Espera-se que essa porcentagem diminua com o passar dos
anos e, para isso, a conscientização dos produtores é muito significativa. Conseguindo-
se reverter essa situação, haverá menor perda de solo, porque ao efetuar uma queimada,
o solo apresenta-se mais propenso ao fenômeno da lixiviação. Além disso, com
minimização das queimadas, será verificada uma emissão muito menor de dióxido de
carbono para a atmosfera, uma vez que esse gás contribui muito para que haja um
aumento médio da temperatura do planeta, o tão comentado aquecimento global. É
preciso que seja feito um trabalho de conscientização junto aos produtores rurais, para
que estes eliminem a prática das queimadas, substituindo-as por métodos que não
agridam tanto o meio ambiente como, por exemplo, o uso do plantio direto e a
incorporação dos restos culturais.
Quando se fala em diminuir o uso do fogo para o auxílio de qualquer prática
agrícola, significa que tal medida é uma decisão que todos os produtores devem adotar,
pois em pouco tempo haverá condições favoráveis, tanto da composição do solo
agrícola, como da qualidade do ar e da diminuição da emissão de dióxido de carbono.
De uma forma bastante racional, o produtor deve fazer uso do solo sem que o mesmo
fique desprotegido de vegetação e que esteja sempre pronto a incorporar matéria
orgânica para se tornar mais fértil, dispensando, portanto, a prática de queimadas. As
áreas de pastagens, quando não submetidas à prática de queimadas, tanto na sua
formação, quanto no seu cultivo e limpeza, podem apresentar árvores que têm uma
função muito importante, a função de amenizar a temperatura, através do
sombreamento, servindo aos animais no pastoreio, principalmente nas horas mais
quentes do dia.
9- A necessidade de legar solos férteis para as futuras gerações
Desde muito tempo, o homem se preocupa em preservar o solo agrícola baseado
nos conhecimentos empíricos. Hoje, dispõe de laboratórios sofisticados que conseguem
fazer a análise do solo e determinar com exatidão as suas características quanto à
22
fertilidade e às necessidades de nutrientes, para produzir uma determinada variedade de
cultura. No caso do aparecimento de uma deficiência mineral que comprometa a
produção de uma cultura, o produtor rural poderá dispor de informações que serão
importantes para que haja correção dessa deficiência e o sucesso da produção. Ao fazer
a análise do solo, o produtor terá as informações das deficiências minerais do solo e das
dosagens adequadas para as correções necessárias. Será observada também a questão da
acidez e da necessidade ou não da utilização de calcário, de forma a se obter um solo
adequado para uma boa produção agrícola.
As informações sobre a análise do solo serão fornecidas por um engenheiro
agrônomo que tenha conhecimentos técnicos sobre fertilidade de solo. Essa é uma
prática muito comum atualmente, mas pouco utilizada antigamente, pois não havia
conhecimento acerca dos fatores que compõem o solo agricultável, de seus
componentes químicos e da concentração desses elementos em vários tipos de solo.
Portanto, os assuntos acerca do solo agrícola vão sendo desenvolvidos e mostram uma
noção do que é necessário para que se possa preservar e manter este solo em condições
de fertilidade, para produzir sempre. Assim, não existe argumento que possa ser usado
para dar margem a uma má utilização das terras agricultáveis. Vale lembrar mais uma
vez que existirá utilização deficiente das áreas agrícolas se não houver profissionais
com capacidade para informar e conduzir os tratos culturais de forma técnica.
Com o monitoramento das condições de fertilidade do solo, torna-se mais
eficiente a forma de conduzir as possíveis correções através de fertilizantes, na área
trabalhada. Para isso, faz-se uma amostragem de solo e, em seguida, esta é enviada para
o laboratório, juntamente com a especificação da cultura a ser implantada.
Posteriormente, o laboratório fornece as informações necessárias acerca da necessidade
ou não da utilização de produtos para a correção da acidez do solo ou de alguma
deficiência mineral no mesmo. Essas deficiências podem ser de macro-nutrientes, tais
como Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio e Magnésio; ou de micro-nutrientes como o
Boro, Cloro, Cobre, Ferro, Manganês, Molibdênio, Zinco e Cobalto. De posse desses
dados, um engenheiro agrônomo determina a quantidade de adubo necessária para a
área determinada e a quantidade de calcário para corrigir a acidez dessa área.
23
O trabalho de fertilização do solo proporciona boas condições de fertilidade e de
melhor produção agropecuária em muitas propriedades rurais. A prática da análise do
solo determina com mais exatidão a quantidade de fertilizantes que deve ser usada na
área a ser trabalhada. Se o trabalho de fertilização for bem conduzido, juntamente com a
incorporação de restos culturais, será possível aumentar a fertilidade da área em
questão. Vale ressaltar ainda, que o uso do plantio direto tem uma importância muito
grande na conservação do solo, pois esse sistema consegue fazer com que o solo se
mantenha mais coeso e conseqüentemente menos susceptível a formas de erosão e
perdas de solo. É importante que os restos de culturas não sejam queimados, porque
quando estes são decompostos no local trabalhado, haverá maior concentração de
matéria orgânica, além de evitar a emissão de dióxido de carbono na atmosfera.
A possibilidade de transformação de áreas de baixa fertilidade em áreas de boas
condições de cultivo torna-se muito importante para que sejam criados novos espaços
agricultáveis. O uso da agricultura de precisão é muito importante para o avanço da
agricultura, porque faz um mapeamento com a utilização de G.P.S.(Sistema de
Posicionamento Global). Com esse sistema de trabalho é possível fazer um mapa de
fertilidade do solo, com uma descrição muito minuciosa das condições da área em
termos de produção. Dessa forma o trabalho de adubação é feito com base nas
informações fornecidas pelo mapa com as informações a respeito das necessidades da
área. Seguindo este procedimento, consegue-se homogeneizar a área em fertilização. O
processo de colheita segue os mesmos recursos da agricultura de precisão, mostra a
produtividade para cada área onde se delimitou como amostra. Com o progresso no
ambiente agrícola, surge a possibilidade de se legar terras mais férteis para as futuras
gerações.
10- A preservação do setor agrícola
Os trabalhos de preservação não podem se transformar em conflitos que
necessitem chegar aos tribunais para fazer valer o direito de uma preservação
significativa, que possa ser considerada satisfatória por parte de todos os que analisam
os meios de produção e preservação ambiental. A fiscalização precisa partir da
necessidade que o produtor deve ter para manter a sua propriedade em níveis
satisfatórios de produção e que, no transcorrer dos anos, a sua produtividade se torne
24
significativa, mantendo as condições de fertilidade do solo através de um planejamento
responsável, que se baseie em uma forma muito coerente e significativa para as
gerações futuras. Portanto, o direito que deve prevalecer não será puramente um direito
em que se deva apenas cumprir um código de leis preparadas por legisladores
competentes.
O que é preciso prevalecer é o direito de sobrevivência deste grandioso planeta
que se chama Terra. Observa-se que há uma formação de consciência de preservação na
formação educacional da juventude que, de forma bastante clara e evidente se fará
presente, nos próximos anos, no sentido de influenciar a preservação dos ecossistemas.
A formação de uma consciência para preservação do planeta será muito bem-vinda. O
que se apresenta hoje são pessoas munidas de máquinas e equipamentos que, se não
forem bem conduzidos, provocarão um desequilíbrio ambiental sem precedentes. Mais
uma vez se faz necessária a presença de técnicos em engenharia, de ambientalistas, de
ecologistas, de naturalistas e outros, unidos no propósito de produzir de forma bastante
coerente com a preservação. Com a união dos esforços, o ambiente de produção
agrícola e pecuário será mais bem conduzido e produzirá melhor.
As previsões feitas pela ciência, em relação ao desaparecimento dos solos
agricultáveis, são observadas de forma desanimadora em relação a fatores como a
mudança climática, o aquecimento global e a própria utilização inadequada dos tratos
culturais. Esses fatores contribuem para que certas previsões se tornem alarmantes e, de
certa forma, informem um possível acontecimento que poderá assolar essa riqueza que é
o solo agrícola. Previsões alarmantes imprimem nas pessoas um grande medo e uma
situação de desconforto, causando muitas vezes um sentimento de desespero, quando se
verificar o desaparecimento do solo agrícola e o surgimento de áreas desérticas no local
onde existia uma agricultura bastante dinâmica e desenvolvida. As previsões são
embasadas em conhecimentos científicos e de grande capacidade informativa podem
alertar para a necessidade de um maior cuidado com o uso do solo agrícola.
Diante de tantos fatos afirmativos como os estudos produzidos por várias
entidades de pesquisa e que merecem crédito, tem-se que levar em consideração as
previsões feitas e que foram baseadas em fatos reais. Porém, de uma forma bastante
responsável e diante de tantas informações, não se pode aceitar estes fatos de maneira
25
determinista e esperar os acontecimentos fatalistas. Já existe conhecimento conclusivo e
suficiente para que a preservação do solo e o uso do solo agricultável sejam feitos de
maneira muito técnica e responsável, onde não só se deve preservar e melhorar a
fertilidade dos solos trabalhados, como transformar espaços de baixa produtividade em
áreas mais produtivas. Portanto, é preciso levar em consideração estes trabalhos que
alertam para uma possível destruição dos recursos naturais, mas acima de tudo, tem-se
que acreditar no poder que o homem possui para criar condições que favoreçam a
evolução da vida no planeta.
A preservação é necessária, mas a grande produção tem que existir, para que
haja sobrevivência de tantos seres humanos que, muitas vezes, habitam locais onde não
se produz o suficiente. As florestas precisam ser preservadas, isso é inegável. Mas quem
deverá arcar com os recursos de manter preservadas as florestas nativas, para que as
mesmas continuem fazendo as suas funções de seqüestro de dióxido de carbono, de
manutenção dos recursos hídricos, da manutenção de um micro clima na região e das
trocas gasosas com o meio ambiente? É bem verdade que é muito mais fácil informar da
provável extinção de uma determinada espécie animal, que fazer um bom trabalho que
culmine com a preservação da espécie. É mais fácil fazer um estudo de um possível
desequilíbrio ambiental do que estar neste ambiente e trabalhar no sentido de promover
um bom desempenho da função de produção e de conservação dos recursos naturais.
Acredita-se na condição de preservação que o homem possui, principalmente
quando há conhecimentos técnicos e científicos acerca do assunto “como manter os
recursos naturais em boas condições”. Muito se sabe sobre trabalhos de conservação,
recuperação e sobre transformação de áreas desérticas em áreas agricultáveis. No
entanto, é necessário que exista um melhor critério dos órgãos competentes e condições
financeiras para que aconteçam tais transformações. Por exemplo, quando vamos a um
jardim zoológico, percebemos que os animais estão muito bem tratados e que o
ambiente está, de modo geral, bem cuidado. Por trás de tudo isso, existe uma população
considerável de funcionários que trabalha arduamente para que tudo aconteça da melhor
maneira possível; existe um custo na manutenção deste ambiente e talvez os recursos
gerados pelos ingressos dos visitantes não cubram estes custos. Nessas condições, a
instituição irá arcar com o restante das despesas.
26
Situações dessa natureza mostram que é necessária a alocação de recursos, para
manter algum bem em boas condições. No caso de uma floresta, um produtor precisa de
recursos para mantê-la, pois, por se tratar de uma floresta nativa, não há produção com
regularidade ou produção que possa ser percebida de imediato pelo produtor.
Entretanto, suas funções são diversas, tais como a manutenção do micro-clima da
região, as trocas gasosas, a função de seqüestro de carbono, como também a regulação
da água que se precipita no sentido de que esta não escoe de forma irregular, pois
grande parte é absorvida. Desta forma, observa-se que o proprietário, não podendo
retirar recursos da floresta, precisa receber recursos de uma empresa que lance uma
considerável quantidade de carbono na atmosfera e que, para contrabalançar o efeito
danoso da emissão de carbono, o emissor deste pague pela manutenção da floresta que
faz a função de seqüestro do gás carbônico.
Muitas informações são geradas em trabalhos de pesquisas são gerado e
veiculadas através de publicações. Esses trabalhos muitas vezes mostram situações de
degradações ambientais e previsões que causam a possibilidade de catástrofes no meio
ambiente. Não se devem deixar de lado algumas informações que evidenciam os fatos
de uma maneira unilateral e, assim, imprimem nas pessoas que absorvem tais
informações, uma condição de incapacidade para superar os problemas mostrados.
Essas pessoas têm poucas condições de imaginar um futuro no qual o equilíbrio seja
fator primordial e em que se possa conviver em harmonia com o meio ambiente. Isso
não significa que as pesquisas não devam ser divulgadas, entretanto, é necessário que
sejam mostrados os dois lados, o que desencadearia um verdadeiro desequilíbrio
ambiental e o outro, onde se verifica os trabalhos de conservação ambiental.
As técnicas que são desenvolvidas nas universidades dotam os meios de
produção de boas condições diante de uma natureza que pode melhorar ano após ano.
Neste ponto haverá condições de desenvolvimento de trabalhos para uma boa produção
e a preocupação com a degradação muda para a preservação do solo e para um crescente
equilíbrio entre a produção e as áreas produtivas. Nestes termos, não há necessidade de
se esperar o pior. O que precisa ser feito é capacitar as áreas produtivas com técnicos e
equipamentos que atendam às expectativas de uma produção equilibrada nos moldes de
uma agricultura moderna e que seja voltada para a preservação ambiental. Aqui não se
trata de nenhum conhecimento que ainda esteja em estudo, pois a técnica agrícola
27
dispõe de conhecimentos suficientes para poder auxiliar na preservação do meio
ambiente.
Porém, existe um fator muito importante em toda esta transformação da
agropecuária: é necessário que o produtor rural encontre subsídios suficientes, se este
não dispuser das condições econômicas necessárias, pois caso este produtor obtenha
sucessivos prejuízos, ele não terá condições de conduzir uma produção dentro dos
padrões necessários, para que possa produzir de forma a aumentar as condições de
preservação do meio ambiente. O produtor, para ser bem sucedido, não necessita de
subsídios oriundos do governo federal, mas precisa de justiça na economia rural. É
importante que existam impostos mais baratos e um câmbio justo, para que os preços
dos produtos produzidos nas propriedades rurais não fiquem defasados, possam
acompanhar o custo dos insumos agrícolas e os investidores obtenham lucros com as
atividades agropecuárias.
As condições de produção e de desenvolvimentos mencionados mostram uma
grande possibilidade para se trabalhar com bases bem sólidas, de maneira a preservar
este bem maior que se apresenta como solo agrícola e que, por uma questão de
sobrevivência da própria espécie humana, torna-se, definitivamente, de importância
vital que seja preservado. Essa preservação deve ser compreendida nos moldes da
existência do ser humano. Será de geração para geração, dando-se ênfase para o poder
das técnicas de preservação que a humanidade vai desenvolvendo e ajustando às suas
desigualdades maiores, onde os erros passados vão servindo de ensinamentos para que
não se cometam os mesmos no futuro. Não tem sentido que as idéias adquiridas após
tantos anos de estudos e pesquisas, em tantos locais distribuídos por todos os
continentes, só dêem ênfase para o poder de dizimação dos meios de produção.
Os acontecimentos que têm a preservação como centro das idéias e que se
apresentam muito bem enfatizadas são as observações acerca das idéias de preservação
e devem seguir o desenvolvimento de seus trabalhos baseados em estudos dos de
preservação, pois só desta forma e com o conhecimento dos meios de produção, será
possível uma produção em quantidades suficientes e em condições de preservar mais e
de chegar a um equilíbrio com bases seguras e sólidas.
28
Acredita-se que não há motivos extremos para que se tenha uma visão
pessimista do futuro ou de viver em um mundo onde tudo vai se transformar em
degradação por influência do próprio ser humano. Não há motivos para desespero, uma
vez que é o homem o ser gestor do desenvolvimento de um progresso em que o futuro
pode e deve ser descortinado de uma maneira mais harmoniosa e em condições de
mostrar para todos que a produção pode existir em consonância com a preservação.
Dessa forma, muitas pessoas terão as suas consciências tranqüilas, pela certeza de que o
futuro será bom e não haverá nenhum motivo para se pensar em um desequilíbrio que
culmine com desastres sem precedentes, por conta do esgotamento das formas de
energia, do solo, da água e dos meios de produção agropecuário.
11- A importância da agricultura orgânica para o setor rural
A agricultura orgânica absorve uma considerável quantidade de mão-de-obra.
Sua produção se volta para uma produção de gêneros agrícolas isentos de substâncias
químicas que possam interferir na qualidade dos produtos. As técnicas de análise de
solo são realizadas do mesmo modo que na agricultura convencional. As correções de
elementos como nitrogênio, fósforo e potássio se dão da mesma forma que na
agricultura tradicional, porém, com o desenvolvimento da área cultivada utilizando a
rotação de culturas, com a incorporação de coberturas mortas e a utilização de uma
cobertura verde, sem que o solo se encontre exposto por falta de cobertura. Obtém-se,
assim, um maior teor de matéria orgânica na área cultivada, em solo que se encontra
mais protegido e cada vez mais apto a produzir. Este tipo de agricultura se volta para
produzir compostos orgânicos que são incorporados ao solo e, dessa forma, o
enriquecimento da área plantada é notável.
Percebe-se um maior número de pessoas envolvidas no modo de produzir
organicamente, em relação à agricultura convencional, considerando a mesma área
cultivada. A agricultura orgânica é vista como uma forma de maior distribuição de
renda, pois as propriedades apresentam áreas menores e os trabalhos são desenvolvidos
manualmente e poucas operações são feitas com tratores, sendo que grande parte das
propriedades não dispõem dos mesmos. Um fator que se verifica na produção orgânica é
a qualidade da produção. Os produtos são vegetais naturais que foram produzidos de
forma a não se utilizar substâncias químicas para o combate de pragas. Essa produção
29
tem a sua comercialização como produtos diferenciados e seus preços conseguem
alcançar valores melhores no mercado, pois o consumidor tem a certeza de que vai
consumir substâncias produzidas nos moldes de uma produção orgânica.
Os produtos orgânicos são encontrados em feiras livres e em lojas
especializadas, como também em alguns supermercados onde se oferecem artigos de
melhor qualidade aos seus clientes. Pode-se perceber que há uma movimentação muito
grande com a utilização da agricultura orgânica, tornando produtivas muitas áreas que
estavam sem ser trabalhadas, por falta de condições de produção, como por exemplo,
antigos sítios ou pequenas propriedades que perderam sua capacidade produtora e que,
através do conhecimento da agricultura orgânica, tiveram a sua utilização retomada os
seus solos melhorados. Assim, vê-se o solo agrícola ser utilizado e as condições de
desenvolvimento vão produzindo para as gerações futuras uma melhor condição de
desenvolvimento agrícola, pela melhoria da qualidade das áreas de produção.
Na própria agricultura convencional, onde se utilizam defensivos agrícolas
para um melhor desempenho das lavouras, notam-se as melhores condições de
fertilidade do solo quando se observam as análises de solo do início da implantação da
cultura e a de um tempo posterior. Pode-se verificar aí uma grande diferença; por
exemplo, em uma área com cinco anos de plantio e com as adubações que se fizeram
necessárias, se houve um trabalho correto de fertilização, é possível verificar que a
qualidade do solo está bem melhor do que no inicio do trabalho de cultivo. Torna-se,
portanto, bastante evidente, que uma lavoura bem conduzida proporcionará um aumento
na fertilidade do solo e, conseqüentemente, o sucesso deste empreendimento. Pode-se
observar tanto na agricultura orgânica, quanto na agricultura convencional que, com um
bom trabalho de correção das deficiências nutricionais do solo, haverá um
melhoramento na fertilidade das áreas produtivas.
Capítulo segundo
A água e suas aplicações
30
1- A água utilizada no funcionamento das mini, micro e pequenas usinas hidrelétricas
São várias as formas de utilização da água nos setores de produção. Pode-se
começar pela geração de energia, através de mines, micros e pequenas usinas
hidroelétricas que estão em funcionamento e que, de certa forma, tiveram o seu uso
restrito, em conseqüência da facilidade da compra de energia por parte do produtor, pela
comodidade da energia disponibilizada pelas concessionárias de energia elétrica. As
micro, mine e pequenas usinas hidrelétricas podem funcionar a fio de água, ou seja, sem
a necessidade da construção de reservatório de água, ou com reservatório que dará
suporte para o funcionamento da hidrelétrica, mantendo o abastecimento da turbina com
mais constância.
A usina que funciona sem reservatório de água apresenta o funcionamento do
mecanismo que se constitui do conjunto turbina, gerador e tubulações, da seguinte
maneira: o conjunto turbina gerador é assentado em uma determinada posição inferior à
queda de água, o fluxo de água que entra na turbina faz o movimento circular da turbina
e esta se encontra acoplada a um gerador de energia elétrica, onde converte a energia
mecânica em energia elétrica. Este sistema de geração de energia com a implantação da
turbina em fio de água constitui o processo mais barato para a sua instalação, neste caso
o produtor fica na expectativa da disponibilidade de uma vazão regular que dê suporte
para que se tenha o fluxo de água mantendo a sua função, mesmo nos períodos mais
críticos, onde as precipitações pluviométricas se fazem menos freqüentes.
No outro processo de funcionamento da usina, com reservatório de água,
constrói-se uma barragem que irá acumular uma considerável quantidade de água que
supre o abastecimento da turbina pelo período desejado de funcionamento da mesma, ou
que seja por um período de funcionamento com paradas apenas para manutenção dos
equipamentos. Observa-se uma maior regularidade para o abastecimento das turbinas,
mesmo com uma possível estiagem. As micro-usinas geradoras de energia são
consideradas por usinas que produzem até 100 KW de potência, as mini usinas têm a
sua potência instalada em até 1.000 KW, pode-se ainda ter nesta classificação as
pequenas centrais hidrelétricas que geram uma potência que se compreende entre 1.000
KW e 30.000 KW.
31
As hidrelétricas seguem os procedimentos normais de qualquer usina movida
pela água e que utiliza turbinas. É necessário que haja uma queda de água que propicie
a transformação da energia potencial gravitacional da água em questão, em energia
cinética e que esta movimente a turbina e este movimento de rotação da mesma, faça
funcionar o gerador de energia elétrica, que com o seu processo fará a transformação da
energia mecânica em elétrica, possibilitando a sua distribuição através de linhas de
distribuição pela propriedade até os locais de consumo. Observando-se o poder de
geração de energia por estas usinas, percebe-se o quanto de potencial energético se
dispõe aqui no Brasil e que não está sendo utilizado. Este potencial constitui uma
riqueza muito grande em termos de energia.
Outro fator bastante importante se relaciona com a água armazenada nos
reservatórios destas hidrelétricas; poderá se pensar em um grande potencial, como a
piscicultura, que irá alimentar uma grande população de pessoas tanto da zona rural
quanto da zona urbana. É importante citar que a criação de peixes nestes lagos que
compõem as usinas em questão deve acontecer com a utilização de tanques redes e que
a alimentação dos peixes seja de boa qualidade, para que se tenha um bom desfrute
desta atividade. Mais um fator importante em relação ao reservatório se verifica na
possibilidade da utilização de parte desta água que passa pela turbina ser utilizada em
áreas de irrigação, podendo aumentar a capacidade de produção da propriedade. Essas
são mais algumas das formas de se gerar empregos diretos no setor agrícola e de
diversificar a produção do setor rural, além de possibilitar maior absorção de mão- de-
obra.
Uma propriedade dotada da capacidade de produzir energia elétrica para o seu
próprio uso e para vender o excedente energético para as concessionárias, trata-se de
uma propriedade com capacidade muito diferenciada em sua forma de se manter como
empresa agrícola. Uma empresa agrícola bem dirigida e com a capacidade de
diversificação de produtos tem mais condições de gerar divisas e poder atender aos
anseios do seu quadro de funcionários, tais como o de poder ter acesso à saúde, a uma
moradia digna e, principalmente, a um salário que atenda as suas expectativas de
consumo e dignidade. É necessário que haja uma mudança substancial nos modos de
tratar as questões da produção, para que se possa produzir uma diversidade de produtos
32
e que estes façam a diferença na entrada de recursos da propriedade. Assim será
possível ser beneficiada a propriedade e todos aqueles que nela trabalham.
2- A água na produção agrícola e sua disponibilidade para uso em irrigação
A grande oferta de água em regiões de climas amenos se traduz nas
precipitações pluviométricas que ocorrem durante o ano e, principalmente, no período
do ano em que compreende os meses de maior freqüência de chuvas. É neste período de
incidência de chuvas que o produtor deve distribuir a sua lavoura, para que a mesma se
sirva das águas das chuvas para poder produzir com abundância. Na forma de produção
de sequeiro, o produtor está produzindo na dependência de que haja água regularmente
durante todos os períodos que se fizerem necessários para a produção da cultura. Parte
desta água das precipitações vai abastecer o lençol freático e uma outra parte escorre até
os cursos de água e seguem o seu caminho. Uma grande porcentagem desta água
oriunda das precipitações chega até a planta e é absorvida, entrando no processo da
fotossíntese. No entanto, uma grande parte desta água que foi absorvida volta para a
atmosfera em forma de vapor de água.
O fenômeno da evapotranspiração vai influenciar no micro clima da região,
juntamente com águas evaporadas oriundas dos espelhos de água que se formam de
rios, açudes, lagos e de reservatórios de água. A água, por ser o item de valor
inestimável em uma produção agrícola, precisa ser bem tratada. Para isso é necessário
que ela não seja impregnada de produtos químicos e não se destine à recarga dos lençóis
freáticos impregnada de produtos que venham comprometer o seu uso como água
potável. Existe uma crença errônea em relação aos produtores rurais, de que cerca de
70% de toda a água doce que se usa se destina à agricultura; como se os produtores
fizessem uso desta água para si. Deve-se perceber que o produto oriundo da utilização
desta água, e que se credita ao produtor, irá ser consumido direta ou indiretamente por
todos, produtores ou não. Este uso de água feito pelo produtor é para alimentar milhares
de pessoas que não produzem gêneros oriundos das propriedades rurais.
Assim, não há como procurar um culpado para um ato onde não cabe uma culpa
sequer. Os produtores rurais, que muitos vêm com olhares críticos, são responsáveis
33
sim, mas boa alimentação e saúde de muitos. Por isso o homem que produz merece
reverência e carinho.
O que se fez referência, que podíamos determinar de caminho das águas, e que é
designado mais tecnicamente como ciclo hidrológico, são os fenômenos pelos em que
água segue caminhos e estados físicos diferentes, formando verdadeiros ciclos. São
verdadeiras as afirmações de que a água deve ser bem tratada para que não ocorra um
déficit na oferta de água em boas condições de uso, porque se não houver uma boa
forma de se conduzir o processo de uso da água, haverá água, porém não haverá
condições de se fazer uso da mesma, pois esta poderá estar impregnada de resíduos
tóxicos, apresentando condições desfavoráveis de uso.
Encontra-se disponibilidade de água doce através do bombeamento de água dos
lençóis freáticos em profundidades variáveis. Nesse caso há uma perfuração de um poço
profundo, que atenda às exigências de uma vazão desejada, se o local permitir que haja
uma quantidade suficiente de água para poder ser feito o serviço de bombeamento. Se
for um local de condições favoráveis, poderá haver água para a irrigação de uma
cultura. Entretanto, existe um agravante em relação à perfuração de solos que é a
perfuração sem que haja um critério muito acentuado, encontrando-se déficit do lençol,
uma vez que não há a recarga do mesmo. Esta é uma situação que pode perfeitamente
ser contornada com um mapeamento do lençol e muito critério na permissão da
perfuração de um poço.
Este serviço de perfuração de poços não causa nenhum espanto nos meios
técnicos e não deve levar preocupação às pessoas que por ventura venham tomar
conhecimento desse procedimento. Vale salientar que nos locais onde há uma
agricultura muito intensa e a principal fonte de água é realizada com a utilização de
águas profundas, verifica-se um abaixamento do lençol freático e a criação de
verdadeiros vazios nos locais onde antes existia água. Nestes termos, esta utilização dos
poços para a retirada de água torna-se bastante preocupante e de certa forma se fará
obrigatória a suspensão dos trabalhos de bombeamento, até o momento em que se
perceber uma total recarga do lençol freático. Como o uso da água de poços profundos
tem um custo muito alto, é de suma importância que as culturas aí implantadas tenham
preços de mercado convidativos. Outra medida importante é que o método de irrigação
34
utilizado seja um método que minimize o uso da água como, por exemplo, a irrigação
por gotejamento.
O método de irrigação por gotejamento é bastante utilizado em locais onde se
precisa usar uma quantidade baixa de volumes de água, sendo adaptável a regiões onde
há as características de escassez de água ou quando a cultura exigir este método de
irrigação. Os trabalhos dos comitês de bacias hidrográficas se fazem presentes nas
regiões onde já se encontram em funcionamento. A A.N.A. (Agência Nacional de
Águas) está presente em todas as autorizações para se fazer uso em forma de captação
de água dos recursos naturais. Isso se faz através das outorgas, uma autorização para
que um o produtor faça a captação de um determinado volume de água pré-estabelecido.
Procedimentos como este são mais interessantes e, de certa forma, mais responsáveis
com este bem precioso da natureza: a água doce da qual dispomos para viver.
O meio rural necessita de dispor sempre de água em abundância e de qualidade
para se fazer um bom uso, pois esta água fará parte da constituição dos produtos
agrícolas. Por outro lado, no caso da criação de animais para a produção de carnes, é
necessário dispor de água em abundância para dessedentar os animais, como também
para fazer a limpeza das instalações. A água usada na limpeza dos locais onde se
confinam os animais e em locais de ordenha deverá ser tratada para ser reutilizada ou
lançada nos cursos de água de forma bastante limpa e isenta de impurezas que por
ventura comprometam a qualidade da mesma. Nas regiões onde há a presença de rios
perenes, pode-se conseguir permissão, através de outorgas expedidas pelo órgão
competente, para a irrigação de áreas onde se desenvolverá a cultura ou as culturas que
mais se adaptarem a esta região.
As irrigações poderão ser da seguinte forma: por aspersão, sistema de canhão
hidráulico, aspersão convencional, pivô central ou até mesmo por gotejamento e em
alguns locais, por inundação, sendo que poderão ser irrigadas áreas bem maiores, se
comparadas com as áreas irrigadas por captação através de poços profundos.
Considera-se uma vazão significativa a parte do curso de água que irá abastecer o
sistema de irrigação. Essa prática é muito comum e não causa dano ao meio ambiente,
entretanto é necessário todo um trabalho técnico de cuidado com o manejo do solo,
eliminando-se os efeitos da salinização que por ventura apareçam, levando-se em
35
consideração a preservação da mata ciliar e da vegetação da nascente do curso de água.
As práticas agrícolas que envolvem sistemas de irrigação são muito comuns na
produção de frutas, hortaliças, café e também de pastagens em algumas épocas do ano
quando há maior necessidade de ganho de peso dos animais.
Um sistema de irrigação bastante usado no sul do país é o sistema de irrigação
por inundação. Esta prática é aplicada na cultura do arroz e se procede, inicialmente,
fazendo-se a regularização da área e em seguida a construção dos canais que
abastecerão a área a ser inundada. É uma prática muito importante, pois consegue
produzir de forma bastante compensatória, com uma produtividade muito significativa.
Nesse sistema de plantio existe uma segurança muito grande para o produtor porque se
tratando de um sistema onde há uma boa disponibilidade de água, não haverá problemas
com escassez da mesma, problema este muito comum para os produtores que não fazem
uso de métodos de irrigação para produzir. Um cuidado todo especial deve acontecer
com a utilização de defensivos agrícolas, pois é uma prática que deve ser acompanhada
por um profissional da área, no caso um engenheiro agrônomo, para que não cause
prejuízo ao meio ambiente.
Se este sistema de irrigação for bem conduzido, não haverá motivos para que
haja preocupação por parte dos órgãos ambientais. Poderá haver a possibilidade de não
haver um profissional para o acompanhamento do uso de defensivos agrícolas e se por
um acaso o produtor conseguiu comprar o defensivo agrícola pelo seu próprio
conhecimento e resolveu usar o produto em sua lavoura, poderá haver a possibilidade
de uso incorreto e causar dano ao meio ambiente. Neste caso, pergunta-se: onde estava
o profissional da área? Novamente sente-se a falta de contratações de mão-de-obra
qualificada para dar suporte técnico ao produtor rural que não possui condições
financeiras para fazer a contratação. Acredita-se nesta contratação por conta do governo
federal, este tipo de contratação não será um peso para os cofres do governo, mas sim
um grande poder de produção e conservação de áreas onde se percebe um risco mais
alto ao produzir.
3- Os serviços de drenagem de áreas rurais
36
Observam-se outras formas de irrigação, tal como irrigação por sulco e micro
aspersão. As drenagens das áreas agrícolas se tornam necessárias, por se tratar de áreas
que precisam de tais práticas para produzir determinada cultura e recuperar áreas
comprometidas com a presença de água. Os serviços de drenagem são verdadeiros
serviços de engenharia, pois em muitos casos há uma movimentação de terras bastante
considerável e em outros casos há a necessidade de se fazer um recalque da água em
excesso, para obter a liberação de uma parcela de terras para o plantio. Os serviços
feitos com a utilização da drenagem são de fundamental importância, por se tratar da
liberação de área para ser plantada com culturas que necessitam de água em momentos
certos de seu ciclo vegetativo. Esse método de trabalho é que possibilita o plantio em
locais que antes eram considerados praticamente improdutivos.
Os serviços de drenagem, em muitos casos, exigem a presença de equipamentos
mais sofisticados e bem especializados, havendo a necessidade de o produtor rural fazer
a locação dos equipamentos ou contratar uma empresa para realizar os serviços. Esses
trabalhos recuperam muitas áreas para a produção de produtos agrícolas. O mau uso dos
recursos naturais tais como o solo e a água são perfeitamente detectáveis,
principalmente se houver a presença de técnicos capacitados nos locais onde se faz
necessário esta verificação. Vale considerar que as utilizações adequadas dos espaços na
produção pecuária e na produção agrícola acontecem de uma forma bastante tranqüila,
não havendo necessidade de previsões catastróficas em relação ao meio ambiente,
causadas por práticas na agricultura e na pecuária, principalmente quando se pode
contar com a presença de técnicos em cada área de trabalho no meio agrícola.
Vejamos o envolvimento de profissionais no setor agrícola. Suponhamos que
seja necessária a contratação de alguns profissionais para a implantação de uma empresa
agrícola. Essa empresa irá produzir grãos, necessitará de uma mine usina hidroelétrica,
irá produzir frango de granja, porcos, gado de leite e gado de corte e precisará produzir
a sua própria ração. Para que esta empresa se instale e tenha o seu funcionamento de
forma a atender uma produção considerável, seria necessária a contratação de um
engenheiro agrícola, um engenheiro agrônomo, um zootecnista e um médico
veterinário. Esses quatro profissionais, em parceria, podem cuidar dessa propriedade,
pois juntos têm conhecimento suficiente para que a empresa não se surpreenda com
nenhuma falha técnica. Contando-se com uma grande acessória técnica, não há
37
possibilidade de haver nenhum dano causado ao meio ambiente por falta de previsões
técnicas.
Por tudo isso, os produtores rurais são os primeiros da lista dos que desejam a
preservação das áreas agricultáveis e da transformação de áreas impróprias para o
cultivo, em áreas férteis e de uma boa produção.
4- Os reservatórios de água do nordeste e a transposição do Rio São Francisco
Em locais como o sertão nordestino, nas regiões onde existe uma pequena
precipitação pluviométrica anual, deve-se intensificar a construção de grandes
reservatórios para a captação da água que se origina das chuvas e que são distribuídas
em um período muito pequeno de tempo, porém estas precipitações são consideráveis
quando se trata de uma grande quantidade de água a ser armazenada. No nordeste
brasileiro já se dispõe de uma boa quantidade de água armazenada entre as quais
podemos citar: os reservatórios constituídos pelo açude Poço da Cruz e a barragem de
Entremontes, em Pernambuco; na Paraíba, os açudes Epitácio Pessoa, Coremas,
Piranhas, Santa Rosa, Jenipapeiro e São Francisco; no Ceará os açudes, Orço, Banabuiú,
Araras, Coxitoré, Pentencostes e Choró.
Estes reservatórios de água, resultantes da precipitação pluviométrica, podem
ser mais bem aproveitados para o uso de irrigação, principalmente com a irrigação por
gotejamento na produção de frutas. Em se tratando de fruticultura, os trabalhos de
irrigação permitirão um maior contingente de trabalhadores envolvidos no trabalho de
irrigação e com o trato da fruticultura. Vê-se que há muitas alternativas para a
minimização de alguns problemas do semi-árido do nordeste brasileiro. Essas medidas
podem ser concretizadas com o suporte técnico, contando sempre com os profissionais
específicos da área.
O trabalho de transposição do Rio São Francisco dotará uma boa parte do semi-
árido de condições de produzir com esta água e de fazerem o trabalho com agricultura e
pecuária de forma muito mais intensa. Neste trabalho de transposição serão construídos
canais de concreto, os quais, ao longo do seu trajeto, irão abastecendo as populações às
margens dos mesmos, fazendo uma captação de cerca de 2% da água do rio para
38
beneficiar cerca de doze milhões de nordestinos que direta ou indiretamente se servirão
das benesses deste serviço de melhoramento das condições hídricas desta região. O
termo transposição talvez seja entendido de uma forma bastante forte e algumas pessoas
entendam que se vai mudar a posição do rio. No caso dessa transposição, simplesmente
serão retirados 2% de água do rio, o que será feito através de recalque com a utilização
de bombas hidráulicas.
A transposição terá início no município da cidade de Cabrobó no estado de
Pernambuco. Essa obra, depois de concluída, dará trabalho e dignidade a muita gente
que merece sair da condição difícil em que se encontra. Estima-se que esta obra demore
dois anos para ser concluída, o trabalho de revitalização do rio São Francisco deve ser
feito ao longo dos anos que se seguem a esta transposição, este trabalho se constitui do
reflorestamento da mata ciliar em forma de reconstituição, da recuperação dos seus
afluentes, do melhoramento da vegetação da sua nascente e da dragagem do leito do rio
em alguns pontos onde o assoreamento se faz presente e influencia o curso do mesmo.
A questão financeira não será sentida porque o fluxo de capital que o governo destina
para socorrer os necessitados durante os períodos prolongados de seca se torna muito
maior que o recurso destinado a esta grandiosa obra de tamanha capacidade
humanitária.
Vale lembrar que esta população, por habitar uma região onde as condições para
se produzir são muito difíceis, quando melhorada as condições de produção, haverá um
salto muito grande em termos de qualidade de vida. O nordestino é um forte e este
homem do sertão saberá fazer um bom uso deste recurso que muito em breve estará lhe
servindo. Mais uma vez destaca-se a necessidade da presença de técnicos para auxiliar
estes produtores em seus trabalhos de produção agrícola e pecuário. Um fator que se
fará presente, quando se estiver implantado os serviços de cultivo nestas regiões
adjacentes ao serviço de transposição, será a mudança do micro clima da região, pois a
evapotranspiração será mais intensa, aumentado a umidade atmosférica nestes locais.
Existem pessoas que não vêem com bons olhos esta obra de transposição,
procuram os mais variados fatores para que se forme uma consciência contrária a esta
grandiosa obra, porém quem sabe o que é o drama de não se ter condições de alimentar
a própria família, não por falta de coragem para trabalhar, mas pelas condições adversas
39
de produção, este sim sabe da necessidade dessa obra e da importância da mesma. Um
fenômeno que se verifica nos locais onde há muita disponibilidade de águas para
irrigação e a sua pouca freqüência na utilização de áreas irrigáveis, compreende as áreas
das margens dos rios Araguaia e rio Tocantins. Existe um potencial muito grande e por
questões financeiras, questões de incentivo ou questões puramente de falta de
criatividade, não se usam estas áreas para a produção principalmente em fruticultura.
A questão que se verifica, em termos de irrigação para incrementar a produção
agrícola, não só no sentido da necessidade de se criar reservatórios para poder captar
mais água para uma possível irrigação, mas em utilizar os recursos que já existem
disponíveis no momento. Os estudos hidrológicos de cada bacia como também de
micros bacias, determinam de uma maneira muito técnica a capacidade de utilização do
volume de água que pode ser captado para os fins de irrigação. A Agencia Nacional de
Águas, de posse destes dados, poderá emitir as outorgas com segurança. Seguindo estes
procedimentos não há como haver um estrangulamento no sistema de fornecimento de
água em questão. Os projetos de irrigação podem trabalhar de maneira a atender a
demanda por produtos que se esteja em produção.
Ao se perceber os caminhos por onde se trilha para que haja um trabalho muito
bem feito e embasado em termos científicos, com a utilização de técnicos com
conhecimento nos assuntos abordados, pode-se perfeitamente estimar a produção de
uma empresa agrícola e definir o número de funcionários que comporão o quadro da
mesma. Essa estimativa pode ser realizada tanto para uma empresa como para uma
região inteira. Os trabalhos com irrigação são mais propensos a cumprir as estimativas
na íntegra, pois a água chega ao solo de uma forma bastante regular, em períodos e em
quantidades também regulares.
O que foi visto anteriormente dá uma idéia do potencial que já existe, em termos
de água que pode se destinar para a irrigação e do potencial de captação de água que
também poderá ser criado; para tanto é necessária a construção de reservatórios com
capacidade de atender a uma demanda por água para a irrigação. Essa idéia pode ser
considerada de grande valor, se for observado o bem social oriundo da possibilidade de
se ter uma grande população trabalhando em áreas antes inóspitas e que, com a
construção destes reservatórios, podem se transformar em áreas produtivas, levando em
40
consideração também o uso de fruticultura para estas áreas, haverá condições de
amenizar a questão de ocupação do solo no Brasil. A mudança no padrão de vida de
uma população carente, quando tem oportunidade de ter um trabalho digno, é bastante
significante. É como se o trabalhador comprasse qualidade de vida com o uso do seu
trabalho.
5- O potencial do semi-árido nordestino
Não é difícil de verificar uma situação onde há muita luminosidade durante todo
o ano, onde se dispõe de solos relativamente férteis e que podem ser melhorados e onde
há precipitação pluviométrica anual considerável, sendo irregularmente distribuída.
Nesses locais, é necessário dispor de mais reservatórios para o acúmulo das
precipitações e, daí por diante, levar à frente projetos na área de agricultura como
também de pecuária, que tenham significância, possibilitando dignidade a este homem
tão trabalhador que habita o semi-árido brasileiro. Se o governo se dispusesse a criar
estes reservatórios com verbas do próprio governo federal, seria muito mais fácil, pois
existem recursos suficientes. Com essas medidas, essas populações não precisariam ser
socorridas nos períodos críticos da seca e passariam a ser produtores de gêneros
agropecuários.
Como já foi observado anteriormente, com a criação de condições de produção
para que o sertanejo tenha a possibilidade de produzir mais, há a necessidade de
utilização de técnicos que consigam dar sentido à produção com mais conhecimento e
centradas na preservação do meio ambiente, fazendo um trabalho científico nos moldes
dos grandes empreendimentos que apresentam sucesso em muitos locais do mundo.
Sem sombra de dúvida, a ocupação dos espaços vazios que são determinados pela
ausência de condições de sobrevivência, trará para o país condições de um povoamento
mais bem distribuído e se transformará em alívio para a questão agrária. Desta forma,
haverá menos problemas de ocupação de propriedades agrícolas, a absorção de mão- de-
obra por parte das propriedades será bastante significativa e a população de
trabalhadores será absorvida de forma a lhes proporcionar condições dignas em suas
funções.
41
Observa-se que se trata da maneira de como se vê a situação do problema do
semi-árido nordestino. Este poderá ser visto pelo lado que se observa um contingente
populacional necessitado, ou por outro lado, um contingente populacional que produz
riquezas e que se sustenta de uma forma bastante tranqüila e com muita dignidade.
Portanto, é preciso chegar à conclusão de que não adianta ficar enviando cestas básicas
e salários de retirantes. É necessária a apresentação de condições suficientes de
desenvolvimento para esta região que tanto padece por falta de soluções definitivas e
que realmente tenham um significado ético.
É primordial e necessário uma consciência no sentido do entendimento correto
da utilização de águas em irrigação para suprir esta grande demanda por alimentos que
se faz crescente com o aumento populacional. É muito importante que se observe a
utilização de águas para a agricultura de forma criteriosa, pois em primeiro lugar o uso
da água deve privilegiar a distribuição de água para que a população possa acalentar a
sua sede e suprir suas necessidades de água para as suas funções básicas. Nestas
condições, onde o suprimento de água está sendo correto, onde não há problemas no
abastecimento da população, verifica-se que a agricultura irrigada é de fundamental
importância para a população, porque irá gerar alimentos para a população tenha
condições de se desenvolver.
É importante mencionar que é necessário que haja um bom tratamento dos
recursos hídricos e que estes mesmos recursos sejam bem utilizados; os rios devem
apresentar as suas matas ciliares bem compostas, como também as suas nascentes
devem estar com as suas vegetações em pleno vigor. Isso é necessário para que se
garanta um bom fluxo do rio e um regular regime de chuvas. Dessa forma, não há
problemas em se utilizar uma irrigação que venha atender às necessidades das culturas.
Atualmente, as técnicas de irrigação estão muito bem desenvolvidas e não apresentam
perigos ao meio ambiente como um todo, isto desde que se utilizem as técnicas corretas
para irrigar. As condições de tornar áreas irrigadas em áreas desérticas já ficaram para
trás. Hoje, dispõe-se dos recursos necessário para produzir, melhorar a fertilidade de
áreas trabalhadas e transformar áreas desérticas em áreas produtivas, portanto não há o
que temer.
42
As ciências agrárias dispõem de conhecimentos suficientes para dar às novas
gerações condições de uma sobrevivência melhor, lembrando que os técnicos devem
estar em sintonia com o meio rural. Eles têm que levar o seu conhecimento até os locais
de produção, não se pode deixar o produtor fazendo suas experiências empíricas com
este bem maior que é o solo agrícola e nem se pode deixar que uma irrigação mal
orientada crie áreas desérticas e de difícil recuperação. Quando se fala de solo e água,
fala-se em bens que precisam existir em condições de estabilidade muito boas, pois só
assim haverá condições de se eternizar a produção agrícola e a vida.
6- A água como veículo de utilização de agrotóxicos
A água, este bem que deve estar disponível para todos os seres vivos, em
condições de ser consumida, com a isenção de qualquer substância que venha causar
danos à saúde das populações, precisa ser muito bem usada. Para tanto, muito já está
sendo feito e há muito a fazer; a água usada na agricultura precisa ser bem conduzida,
no que diz respeito à utilização de insumos que têm a água como diluente e veículo de
aplicação nas lavouras. É necessária a observação das dosagens corretas para que o
produto utilizado não venha comprometer os cursos de águas e nem tão pouco vá
impregnar o lençol freático com o abuso na quantidade dos produtos considerados
agrotóxicos. Os cuidados com o manuseio de todos os equipamentos envolvidos nos
processos de manuseio com os agrotóxicos precisam seguir as normas indicadas pelos
fabricantes e pelos órgãos de vigilância competentes.
O processo de utilização de substâncias químicas que podem comprometer a
qualidade da água não deverá, de forma alguma, influenciar as estabilidades dos
mananciais, para não se comprometer o abastecimento das populações que se servem
desta água. Em uma propriedade agrícola onde existe uma maior diversificação de
investimentos, por exemplo, a criação de gado vacum, a criação de peixes, a cultura de
grãos e a produção de hortaliças, no trato com estas atividades, será necessário que a
utilização de defensivos seja feita de forma a não comprometer a água destinada à
manutenção dos animais e não venha comprometer os tanques de piscicultura. Em um
espaço delimitado e não muito grande em termos de área, existe a possibilidade de
haver convivência entre atividades, sem que haja prejuízo de uma atividade em
detrimento de outra atividade agrícola.
43
A água em uma propriedade agrícola tem uma grande importância e a sua
distribuição se faz necessária nos locais e nos períodos próprios. Seguindo essa idéia,
percebe-se que há uma grande necessidade em se lançar mão de uma irrigação eficiente
e que consiga fazer frente a esta demanda por água; o uso de técnicas em irrigação e de
um bom desempenho na utilização de agrotóxicos, elimina de uma forma bastante clara
os malefícios de uma possível impregnação da água disponível em uma propriedade
rural.
7- As variadas formas de utilização da água
Outro aspecto muito importante e que se relaciona com a água disponível para as
populações, diz respeito à utilização de águas para vários fins, dos quais se pode citar:
água para a indústria, para o abastecimento de residências, para irrigação de áreas de
jardins, enfim, para uma série de outras atividades. No caso específico das indústrias,
pode ocorrer o fato de a água ser utilizada e ser impregnada de resíduos e em seguida
ser lançada em um rio ou riacho. Neste caso, percebe-se que haverá falência nas
condições de sobrevida deste rio ou riacho e é evidente que essa quantidade de dejetos
lançados seja considerável e que realmente desequilibre as condições de vida neste
curso de água. É exatamente nesse ponto que deve haver uma intervenção dos órgãos do
governo no sentido de coibir atitudes dessa natureza e exigir da indústria em questão,
uma estação de tratamento de água por parte para que esta água seja reutilizada.
Não basta que haja apenas a informação de que é necessário o trabalho de
tratamento desta água, é necessário que haja efeitos de fiscalização intensa e efeitos
punitivos, com a utilização de multas pesadas para que a indústria em questão tome as
devidas providências no sentido de não poluir as águas, pois assim não oferecerá riscos
às populações de peixes, como também às pessoas que povoam as margens dos rios e
fazem uso deste recurso hídrico. Nos projetos de instalações de algumas indústrias já
constam as unidades de tratamento da água utilizada no processo industrial, mas como
de costume, algumas indústrias não querem ter custos com tratamento da água utilizada
e, desta forma, contribuem para os desastres ambientais. É necessária uma atitude de
preservação dos recursos hídricos, caso contrário, a obtenção de água para ser usada
será cada vez mais difícil, tanto para o consumo humano e animal quanto para o seu uso
na agricultura através da irrigação.
44
No abastecimento de residências existe uma grande concentração de esgoto
gerado pelo uso da água nas atividades diárias das pessoas. Em muitos locais estes
esgotos não são tratados e seguem até o desaguamento em algum curso de água. Com a
concentração destes esgotos, percebe-se que há uma grande influência para a falência
dos cursos de água que recebem estes esgotos. Em muitos locais existe o lançamento
dos esgotos a céu aberto e neste caso existe um perigo maior, porque seguem
contaminando as áreas por onde passam, contribuindo para a contaminação do lençol
freático. Existem trabalhos de captação destes esgotos e em seguida são conduzidos
para tratamento em estações de tratamento e o produto deste tratamento é uma água de
boa qualidade que pode ser usada novamente ou ser lançada em cursos de água de uma
forma a não prejudicar este ambiente aquático.
A grande observação que se pode fazer é de que há um grande aumento nos
trabalhos de tratamento de água e que a cada dia existe mais consciência em termos de
se poder recuperar uma maior quantidade de esgotos domésticos, uma vez que as
prefeituras estão investindo mais em estações de tratamento e cobrando dos
proprietários de residências por este trabalho efetuado. Outro fator que deve ser levado
em conta é a utilização de detergentes e sabões. Com a utilização de materiais
biodegradáveis, verifica-se uma maior facilidade no trabalho com a recuperação dos
esgotos domésticos. Portanto, existe uma grande preocupação com este bem tão
precioso que é a água em condições de uso. Observa-se uma grande mobilização por
parte de todos os consumidores, no intuito de manter a condição da água em termos de
poder contar com a sua utilização e reutilização. Por isso, é preciso aplaudir a
construção de cada unidade de tratamento de esgotos.
A questão não é como ou quem gerou o esgoto e sim tratá-lo de uma forma que
possa ser benéfico para todos. A água destinada para a irrigação dos jardins que se
localizam em praças e áreas de parques, como também as dos jardins domésticos são
mais bem utilizadas no sentido de não contaminarem o solo com produtos estranhos à
sua composição, se não houver algum material que venha comprometer a composição
dessa água. Na irrigação, dependendo das condições de umidade e temperatura, parte da
água não chega ao solo, ela se transforma em gotículas e evapora; outra parte chega ao
solo e sensibiliza a planta, dando-lhe condições de se desenvolver. Dependendo da
45
quantidade de água que se disponibiliza para a área dos jardins, uma parte desta água se
infiltra para o lençol freático.
Depois de irrigada a área do jardim, uma parte da água sai do solo através da
planta com o fenômeno da evapotranspiração; esta água sai da planta em forma de vapor
e vai influenciar o micro-clima da área em questão. Considera-se que esta quantidade de
água destinada à irrigação dos jardins é um volume bastante alto, entretanto esta
irrigação só ocorre em um período do ano, no período onde a precipitação é insuficiente
para suprir as plantas. Portanto, essa pratica não oferece perigo para o meio ambiente
uma vez que não há muito uso de substâncias nocivas ao solo ou à própria água.
Observa-se que estas áreas de jardins têm uma função muito importante no sentido de
receber altas precipitações e auxiliar na minimização dos efeitos maléficos que uma
chuva torrencial poderá causar se não houver áreas onde a água poderá se infiltrar
diretamente ao chegar ao solo.
Em locais mal planejados, onde se faz e cimentação de todas as áreas de praças
e canteiros, não há como o sistema de drenagem dar vazão a precipitações intensas em
um período de tempo relativamente pequeno; nestes termos, a água sai destruindo o que
se encontra pela frente. Por essa razão, é de fundamental importância que os políticos
consultem os técnicos de engenharia civil e urbanismo e a um engenheiro ambiental,
antes de tomar decisões drásticas acerca dos trabalhos com as áreas públicas. É
importante um bom planejamento das áreas que devem dar escoamento às águas
provenientes de chuvas, porque assim será possível um maior controle da contenção de
águas que escoam pelas superfícies de locais como ruas e avenidas das cidades e das
áreas com gramados e outras vegetações, tal como arbustos e arvores, onde há maior
infiltração de água e, conseqüentemente, um menor escoamento superficial das
precipitações.
8- O aproveitamento de águas salinas
A disponibilidade de água em algumas regiões do nordeste brasileiro se torna
viável, somente com o processo de dessalinização da água considerada salobra. Este
processo se dá com a utilização de um equipamento que consegue retirar da água o sal
em excesso. É um processo que gera resíduos compostos por sais e são utilizados na
46
cultura de tilápias de espécie especial, na produção de camarão e de plantas que irão
servir de alimentos para caprinos. Estes equipamentos de dessalinização utilizados no
semi-árido nordestino são de uma produção bastante pequena, porém de uma eficiência
muito grande, pois resolvem o problema de uma parcela da população que dispõe de
água com uma grande quantidade de sais e imprópria para uso. Os equipamentos de
dessalinização em funcionamento conseguem produzir uma água de boa qualidade,
própria para o consumo humano e de animais.
Um processo que tem bastante eficiência na dessalinização da água do mar é o
de dessalinização por osmose reversa. Trata-se de um processo instalado para gerar
água potável através da utilização da água do mar na ilha de Fernando de Noronha, cujo
projeto teve o seu desenvolvimento em duas etapas, com início em 2004 e término em
2006, e está apto a produzir 24 metros cúbicos de água em cada hora de funcionamento.
O processo de osmose reversa é utilizado desde o ano de 1950 e vem desenvolvendo-se
à medida que se encontram novos equipamentos com membranas mais eficientes.
Nesse processo, a água contendo sais é conduzida, através de uma determinada pressão,
a passar por uma membrana semipermeável e chega ao lado oposto da membrana, na
saída, isenta dos sais que continha. O processo requer certo gasto de energia e, a cada
momento, estão sendo desenvolvidas novas tecnologias para que o consumo de energia
seja cada vez menor, tornando a viabilidade deste método de dessalinização cada vez
melhor.
Nos países do Oriente Médio, onde existe uma grande escassez de água, já se
encontra mais acentuadamente a utilização da dessalinização da água do mar para
efeitos de uso domésticos e para o próprio uso na irrigação. Como se pôde verificar, o
homem vai trilando o seu caminho e as necessidades vão determinando o que pode ser
feito em proveito de sua melhor condição de sobrevivência. Por exemplo, o uso de
técnicas ajuda o homem a preservar o meio ambiente, mas algumas práticas erradas tais
como a contaminação de esgotos industriais e domésticos, precisam eliminadas para se
obter melhores condições de sobreviver com mais qualidade de vida.
47
9- Os cuidados com a água e a sua reutilização
A preocupação com o uso da água deve sempre ser encarada de forma que a sua
preservação seja sempre um fator principal, porém não há necessidade de se ter em
mente que o seu desaparecimento está ocorrendo a cada dia e que as populações irão se
extinguir por falta de água. Deve-se ter o bom senso de acreditar na capacidade que o
homem tem em reverter os processos perniciosos ao seu bem-estar, como também na
capacidade de criar condições de se ter um ambiente saudável e em condições de doar
para a posteridade um modo de sobrevivência muito melhor do que o que se encontra
neste exato momento. Portanto, não há necessidade de perder noites de sono
preocupando-se com o fim da água, pois o ciclo hidrológico é bastante eficiente quando
se completa. Resta a todos os que influenciam os fatores hidrológicos, não interferirem
de maneira negativista, como no caso da dizimação de uma floresta, para que a natureza
não venha cobrar de todos o que poucos fazem em relação ao seu equilíbrio.
Mais uma vez vale salientar que existe muito conhecimento disponível e muita
técnica e técnicos que podem ser utilizados no trabalho com o meio ambiente. Não tem
sentido que qualquer produtor venha trazer prejuízo ao meio ambiente por falta de
conhecimento ou então, fazendo o uso de suas próprias experiências sem nenhum
fundamento cientifico. Dessa forma, o técnico não é só um orientador, ele se torna
também em um fiscal dos trabalhos desenvolvidos pelos produtores, fiscalização esta
feita em nome de uma natureza que precisa existir e ser produtiva sempre.
A utilização de água é, portanto, de grande importância para o desenvolvimento
humano. A água é um bem que merece importância fundamental e que se tenha um
cuidado todo especial, pois se trata de uma substância que faz parte da constituição
física do ser humano e da constituição de plantas e de animais. Para que todos os seres
vivos recebam este líquido em quantidades e em condições de se constituírem e se
desenvolverem, é necessário que esta se apresente de uma forma bastante própria para o
seu uso. Ao longo dos anos, o homem vem criando alternativas de desenvolvimento e,
de certa forma, favorecendo condições de reutilização deste recurso hídrico que,
anteriormente, não tinha como ser recuperado. É baseando-se em procedimentos
corretos que a humanidade vai se desenvolvendo e se tornando cada vez mais ciente dos
deveres a cumprir.
48
Diz-se que se está fazendo o dever de casa quando se observa um bem natural,
como é o caso da água doce, e se cuida deste bem para que ele não se transforme em
substâncias com constituição inaceitável para uso humano, animal e vegetal. Dessa
forma, pensa-se em preservação da vida em todas as suas fases e em entregar para as
gerações futuras, condições especiais de desenvolver a vida e projetar, de geração a
geração, um futuro cada vez melhor. Quando foi mencionada a utilização da água do
mar para a utilização humana no sentido de uso para dessedentar uma população,
evidentemente após o seu tratamento de dessalinização, foi vista mais uma alternativa
da qual se pode lançar mão e que existe em beneficio de toda a humanidade. Este
recurso existe, mas tem-se que continuar a dar ênfase ao tratamento e recuperação da
água que, a cada momento, está sendo impregnada de resíduos industriais, de esgotos
domésticos e de agrotóxicos.
Existe uma linha de pensamento de que se pode lançar mão da produção de
água. Entretanto, se houver uma grande concentração de esforços no sentido de cuidar
dos mananciais existentes, de dar condições para que o ciclo hidrológico não sofra uma
grande influência negativa, que haja a construção de mais reservatórios para a captação
de água nas regiões mais áridas, e que seja cumprido o dever de manter as matas ciliares
compostas e a vegetação das nascentes dos cursos de água, será possível haver a
continuação do progresso em seus mais variados sentidos. Levando-se em conta o uso
da água do mar em dessalinização, percebe-se que o uso da água vai acompanhar a
grande demanda até a estabilização do contingente populacional global.
Já existe o conhecimento e as condições suficientes para ocorrer um grande
equilíbrio entre a utilização de água e o seu acúmulo para que, de uma forma muito
coerente, seja possível reverter o processo de degradação de grande parte dos córregos e
rios de vários locais do planeta e, principalmente, dos cursos de água que formam as
bacias hidrográficas do Brasil. Será necessário que a agricultura tenha um maior
desfrute em termos financeiros e que realmente o produtor possa investir na recuperação
do que foi degradado por ele próprio. A falta de conhecimento técnico e científico fez
com que não houvesse condições de se desenvolver uma agricultura e uma pecuária nos
moldes de um desenvolvimento com a preservação ambiental e com a preservação dos
recursos naturais que dispõe o produtor rural. Assim sendo, alguns agricultores
interferiram negativamente para a preservação dos recursos hídricos.
49
É justamente este produtor que deve ser alvo do auxilio técnico por parte dos
profissionais, para que ele produza de forma a fazer o caminho inverso da degradação.
Para haver um bom contingente de profissionais de níveis em graduação trabalhando em
pequenas e médias propriedades, será necessário um esforço do governo federal, no
sentido de contratar estes profissionais para que os produtores que não têm acesso a
técnicas de manejo e conservação dos bens que envolvem uma produção agropecuária,
possam dispor destes conhecimentos e, simultaneamente, sejam fiscalizados para que
não causem desequilíbrio ao meio ambiente.
10- Os cursos de água, os perigos de enchentes e os transportes
Durante muito tempo a natureza vem dando provas de que se faz necessária uma
utilização mais racional e mais responsável dos recursos hídricos; as mortes de muitos
cursos de água já consumadas e outras que ainda continuam a acontecer constituem um
fato muito alarmante para todos e a natureza retribui de uma forma bastante forte às
intervenções maléficas às quais o homem a submete. Para citar um exemplo bastante
claro, pode-se observar o que acontece nas margens de um rio onde parte do seu leito
fora tomado por materiais durante o início de um assoreamento; quando há um
momento de chuvas com uma precipitação mais elevada, o leito do rio não consegue dar
vazão à água que deve passar por este trajeto. Nesse caso, as margens vão dar lugar ao
leito do rio e acentua-se mais o processo de assoreamento.
Fator muito forte e muito oneroso pode ser verificado em locais de cursos de
água onde existe uma presença forte de populações às suas margens. Esse contingente
populacional, associado ao desmatamento das áreas que dariam suporte a uma
contenção de águas através da vegetação que absorveria parte da água precipitada e que
amortizaria o efeito maléfico de um escoamento mais acentuado, acaba provocando
mais desastres. Isso acontece porque as pessoas e suas habitações ficam entregues à
fúria da natureza, o que provoca muitos desastres e muitos óbitos decorrentes de
moradias mal planejadas e sem nenhuma estrutura. Assim, a mesma água que gera
energia e riqueza e que faz com que os frutos brotem, pode matar e causar destruições
em muitos locais.
50
Situações como as acima citadas são perfeitamente previsíveis. Os profissionais
das áreas a que se destinam os conhecimentos que envolvem as preservações ambientais
e os estudos das bacias hidrográficas, como também de micro bacias hidrográficas nas
quais os desastres acontecem, podem perfeitamente interpretar e darem um parecer
favorável ou não à construção de habitações em tais situações, podendo levar a um
consenso de que não haveria possibilidade de habitar um local com essas características.
Os serviços da ciência já estão mais do que completos para prever situações em que
exista viabilidade de fazer determinado empreendimento. Os conhecimentos são mais
do que suficientes. A hidráulica avançou muito em seus conhecimentos e a
possibilidade de se calcular um serviço de engenharia com o seu devido coeficiente de
segurança é costumeiro. Não se podem permitir projetos que culminarão com o
comprometimento de vidas humanas.
O importante do que se pode observar é o exemplo de situações de risco e estudo
das áreas onde haja uma influência hídrica no sentido de tornar difícil o assentamento de
pessoas e que, sem procurar culpa ou culpados, faça-se um bom trabalho para que a
falta de informações não coloque em risco a vida de pessoas. É preciso tomar medidas
mais poderosas e fortes, com poderes de promoverem uma desocupação destas áreas de
risco, impedindo a ocupação destes locais. É evidente que tais medidas devem ser
tomadas por técnicos de entidades governamentais e que estejam em condições de tomar
atitudes que podem determinar a desocupação e a impossibilidade de ocupar áreas que
não apresentam condições reais de segurança.
Um aspecto que merece bastante interesse de estudo diz respeito à utilização dos
cursos de água que são utilizados por embarcações de diversos tamanhos e com
capacidades de transportes consideráveis, que transportam passageiros e mercadorias
por vários pontos e em locais, onde não há condições de se transportar através de
rodovias e de ferrovias. Neste processo, incluem-se os mares e os oceanos, onde navios
de grande capacidade transportam uma enorme quantidade de mercadorias para
diferentes pontos do planeta; neste aspecto pode-se verificar mais uma vez a
importância da água como fator de desenvolvimento e no auxílio das funções que o ser
humano tem que executar. Em algumas regiões do país, onde se faz o uso de transporte
fluvial, observa-se que a influência de fluxo de materiais sólidos no leito dos rios, causa
um fenômeno muito desfavorável na prática da navegação.
51
A prática da navegação diminui pelo fato de que a profundidade do leito do rio
diminui e desta forma as embarcações de maior poder de carga, de maior calado, não
conseguem fazer o seu trabalho porque acabam encalhando em bancos de materiais
depositados no leito dos rios. Este fenômeno de deposição de materiais nos cursos de
água recebe o nome de assoreamento e constitui um fenômeno que ocorre onde houve
um trabalho de desflorestamento das margens dos cursos de água e que o solo se
encontra sem cobertura vegetal. Nesses locais as precipitações pluviométricas fazem o
trabalho de transportar os materiais sólidos para os locais mais baixos, nos cursos de
água, provocando um estrangulamento do leito deste rio e este local se torna uma
barreira natural para que não haja fluxo de embarcações fazendo o trabalho de
transporte para os diferentes locais.
Este fenômeno de assoreamento pode ocorrer pelo trabalho de algum produtor
rural e também por trabalhos de empresas mineradoras. Nesses casos haverá
necessidade de uma total paralisação dos trabalhos de mineração e das atividades
agropecuárias do produtor rural. A presença de técnicos seria necessária no momento da
implantação destas atividades de mineração e de agropecuária, onde já se apresentam os
sintomas de uma destruição do curso de água que dá margem à passagem de
embarcações. Para isso, é necessário que se faça o caminho inverso, o que justifica a
utilização de dragas que façam o trabalho de dragagem do curso de água para se poder
ter uma boa profundidade do leito do rio. Em seqüência, haverá a necessidade da
recomposição de toda a mata ciliar, ou se for o caso, da vegetação da nascente do curso
de água em questão.
Como já foi citado, existe um trabalho de conscientização muito grande no
sentido de informar às crianças da necessidade de se preservar a natureza. Para isso, está
se criando consciência em pessoas que em breve assumirão os setores de
desenvolvimento. No entanto, neste exato momento, existem pessoas que, por usura em
um lucro maior, ou por falta de conhecimento técnico, não respeitam os procedimentos
corretos e conseguem transformar um recurso natural em um local de degradação. Neste
ponto, a você que está acompanhando estas observações feitas acerca do uso da água e
acerca do uso do solo, aqui cabe uma pergunta: o que significa, em termos de existência,
o período de uma existência humana, em relação à existência desta imensidão de água
que se encontra no planeta?
52
Uma preocupação no sentido do desaparecimento deste bem maior que constitui
da água doce do planeta tem fundamentos, porém as ciências que cuidam dos estudos
pertinentes ao uso deste bem, como também da forma de manejo do uso da água, trazem
certa tranqüilidade quanto à preservação da água. Como se observa, não é por falta de
conhecimentos que persistem os fenômenos degradantes relacionados ao uso da água.
Portanto, não é apenas necessário que exista conhecimento acerca da preservação, mas
que exista, de fato, pessoas capacitadas a determinar a forma de uso da água e uma
forma bastante responsável no uso e na recuperação deste líquido, para que o mesmo
possa se reutilizado ou ser novamente lançado nos cursos de água.
As precipitações em forma de chuvas são bem vindas e os agricultores, na sua
maioria, contam com o auxílio dessas precipitações para poderem produzir. O ciclo
hidrológico se completa de maneira bastante harmoniosa; entretanto quando a influência
do homem se faz presente de forma negativa, quando ele extermina uma floresta ou
quando interfere para o desaparecimento de um curso de água, está interferindo no ciclo
hidrológico, pois as trocas gasosas que eram feitas pela floresta passam a não existirem
assim como deixa de existir o micro clima que era gerado pela floresta. Além disso, o
curso de água que participava da condução de água para o oceano perde a sua função e,
neste caso, essa interferência se torna drástica. Por outro lado, quando se age no sentido
de fazer um reflorestamento, em se fazer a recomposição da mata de galeria ou da
vegetação da nascente de um curso de água, interfere-se de maneira positiva e a
natureza agradece.
Um fator mais importante se dá com a preservação de florestas nativas, que são
preservadas por pessoas com uma capacidade muito grande e com intenção de dar um
presente às gerações futuras, para que estas desfrutem de condições boas de
sobrevivência e consigam desenvolver os seus trabalhos de forma a projetarem para os
seus descendentes as condições também especiais de sobrevivência. Dessa forma se
perpetuará a existência humana neste nosso grandioso e especial planeta. Um fator
negativo em relação à qualidade da água doce do planeta disponível para ser utilizada é
a água que se encontra impregnada de substâncias nocivas ao consumo e que se
originou de uma concentração muito grande de poluentes na atmosfera.
53
11- A necessidade de poluir menos a atmosfera e a água das chuvas
O grande uso de produtos que geram gases emitidos para a atmosfera, sem o
mínimo de critério, faz com que haja uma grande concentração de poluentes em
suspensão na atmosfera e, ao se formar uma chuva, esta água, ao se precipitar, carrega
para o solo as partículas poluentes e vai gerar uma água com qualidade muito baixa em
termos de consumo. As chuvas ácidas são causadas pela reação de elementos poluidores
na atmosfera e que chegam até o solo, juntamente com a água que deveria chegar mais
limpa se não houvesse o efeito destes poluentes. A utilização de filtros em determinadas
indústrias determinam uma menor emissão de poluentes para a atmosfera; o uso de
combustíveis renováveis também determina uma menor concentração de elementos
poluidores da atmosfera e, conseqüentemente, da água que se precipita ao solo, oriunda
de chuvas.
Muito já se tem feito para minimizar este processo de impregnação da água da
precipitação pluviométrica, porém se sabe que é uma verdadeira luta de gigantes: de um
lado os que degradam as condições naturais e de outro lado existe a ciência e todos os
conhecedores dos fenômenos nocivos à mãe natureza que querem reverter este processo
de degradação. A questão que envolve a impregnação da água por poluição atmosférica
precisa ser vista de uma forma toda especial, por se tratar de partículas suspensas e que,
de uma forma bastante acentuada, dotam o ar de condições em que as suas
características de suprir as populações de seres humanos e animais, em consumo de ar
usado na respiração, não correspondem a boas condições de uso. Existem muitos casos
de problemas respiratórios em pessoas e animais provenientes da má qualidade do ar
atmosférico.
A má qualidade do ar é gerada por um processo em que se utiliza a queima de
substâncias ou a reação de elementos químicos e os resíduos são jogados ou
verdadeiramente despejados no meio ambiente, sem um critério de filtragem antecipada
para poder emitir uma quantidade aceitável de poluentes atmosféricos. Já que se falou
em dificuldade de respirar um ar poluído, pode-se citar o caso das queimadas, fenômeno
que dificulta muito a respiração das pessoas, principalmente, das crianças e de pessoas
mais idosas. Essa prática, que é bastante usada no meio rural, deverá diminuir na
medida em que os proprietários forem se tornando mais bem informados a respeito dos
54
males que o fogo trás para o solo e como fator influente no aquecimento global, porque
ao se queimar, lança-se certa quantidade de dióxido de carbono na atmosfera e,
conseqüentemente, a concentração de dióxido de carbono aumenta, tornando mais
difícil a dissipação do calor.
Verifica-se que a retenção do calor na atmosfera forma o efeito estufa. Se não
bastasse ter que usar a água em condições precárias, também se usa um ar contaminado
de resíduos os mais variados possíveis. No caso da água, existe uma forma de tratá-la
adequadamente. Entretanto, o ar que se respira é de difícil tratamento uma vez que foi
lançado na atmosfera. Portanto, todo o esforço que tiver que ser feito será no sentido de
não permitir que o ar contaminado chegue até a atmosfera. Mais adiante veremos a
função que é realizada pelas plantas para retirar o dióxido de carbono da atmosfera. O
uso de filtros nas indústrias já ameniza bastante a poluição atmosférica.
Neste capítulo foram vistos alguns pontos em que houve a relação entre a
interação da água enquanto componente do meio ambiente, da influência do homem em
interferir negativamente e positivamente sobre esta água e das formas mais coerentes de
se trabalhar com os recursos hídricos sem causar um maior dano. As condições de se
trabalhar com a água são cada vez mais eficientes no sentido de que há uma maior
consciência por parte de todos, através da fiscalização de órgãos competentes como é o
caso da Agencia Nacional de Águas e do próprio Instituto do Meio Ambiente. Cada vez
se sabe mais a respeito dos fenômenos naturais e das interações entre o homem e o meio
ambiente e não há porque temer o futuro, pois observamos uma provável certeza de que
as gerações futuras terão melhores condições de sobrevida, se hoje for feito um bom
investimento nos recursos ambientais.
55
Capítulo terceiro
A atmosfera terrestre e sua influência sobre o meio ambiente
1 - A composição da atmosfera terrestre
A atmosfera terrestre é composta de quatro camadas, que seguem a denominação
da parte mais inferior, a parte que está em contato com o solo, até o ponto mais elevado,
onde não há mais resquícios de composição química de interesse para a meteorologia,
bioclimatologia animal e outras áreas de interesse agrícola. A primeira camada é
denominada de troposfera ou tropopausa e se estende de oito a dezesseis quilômetros de
espessura; a segunda camada é denominada de estratosfera e atinge a altura de
cinqüenta quilômetros; a terceira camada desta seqüência é denominada de mesosfera e
atinge uma altura de cerca de oitenta quilômetros e a quarta e última camada atinge uma
altura que se confunde com o espaço de fora da atmosfera. Nesta camada não há
relevância do ponto de vista meteorológico, uma vez que a concentração de gases aí
existente não apresenta importância significativa.
A concentração de gases que compõem a atmosfera, sem levar em consideração
o vapor de água, é a seguinte: nitrogênio com 78,084%, oxigênio com 20,948%, argônio
com 0,934 %, dióxido de carbono com 0,031%, neônio com 0,001818%, hélio com
0,000524%, metano igual a 0,0002%, criptônio com 0,000114%, hidrogênio com
0,00005%, xenônio com 0,0000087%. Encontram-se também traços de óxidos de
nitrogênio, monóxido de carbono, ozônio, amônia e dióxido de enxofre, totalizando uma
concentração de 0,000285%, levando em consideração que estes gases são atraídos por
meio da força gravitacional e causam a pressão atmosférica juntamente com a influência
do vapor de água. Essa composição química da atmosfera se apresenta de forma natural,
sem considerar o efeito de combinações de elementos que são lançados na atmosfera e
que podem causar efeito poluidor acentuado.
2 - A irradiação solar
A irradiação solar incide sobre a terra sofrendo algumas variações na sua
intensidade. De acordo com as propriedades que compõem as camadas que formam a
56
atmosfera, os raios podem ser refletidos, dispersos ou absorvidos pela terra. Vejamos o
que acontece com a irradiação solar. Na reflexão, cerca de 30% da radiação incidente é
refletida pelas camadas de nuvens de volta para o espaço e 6% é refletida pela superfície
da terra. Na absorção, um total de 15% da irradiação é absorvido na atmosfera pelo
vapor de água, de dióxido de carbono e partículas (aerossóis) e cerca de 3% é absorvido
na ionosfera, na formação do ozônio. Na dispersão, dependendo da composição da
atmosfera, aproximadamente 15% da radiação solar incidente se dispersa pelas
partículas sólidas e gasosas, contribuindo para a luminosidade celeste. Na reflexão pela
superfície da terra, a radiação refletida é de 6%. O restante da radiação que constitui de
31% da radiação solar é absorvido pela superfície da terra e vai contribuir para controle
da temperatura em níveis aceitáveis, de forma a proporcionar o desenvolvimento da
vida dos seres vivos.
O dióxido de carbono é um gás que tem um grande poder em absorver a
irradiação solar e se verifica que a concentração de gás carbônico dobrou no período de
um século, ou seja, no final do século passado houve uma concentração de dióxido de
carbono duas vezes maior do que no início do mesmo século. Neste período, verificou-
se um aumento da temperatura média de todo o globo terrestre, havendo a necessidade
de diminuir a concentração de dióxido de carbono existente na atmosfera, para que haja
condições de estabilização da temperatura média do planeta e não haja interferência no
aquecimento global de forma significativa.
É necessário diminuir a emissão de gases do efeito estufa, sendo uma das
medidas, o desenvolvimento de atividades que auxiliem no seqüestro do dióxido de
carbono, pois atualmente este está acima da concentração normal na atmosfera,
influenciando no aumento da temperatura do planeta.
3 - A produção de espécies vegetais adaptadas para climas mais quentes
Existem estudos no sentido de adaptar algumas espécies vegetais para melhores
condições de se desenvolverem em temperaturas mais elevadas. Este esforço é muito
importante, porque poderá fazer com que plantas de clima mais frio sejam produtivas
em climas mais quentes. Essas pesquisas são de grande importância quando destinam o
produto final para a adaptação de uma cultura de clima tropical, com adaptabilidade
57
para regiões mais quentes, como é o caso do semi-árido do nordeste brasileiro, que
utiliza técnicas auxiliares como o uso da irrigação. No entanto, a produção de vegetais
resistentes a temperaturas mais elevadas com a única finalidade de serem cultivados nas
regiões onde houve um aquecimento por influência dos gases do efeito estufa, não
constitui de um conhecimento que influenciará na diminuição da causa do problema do
aquecimento.
As pesquisas em melhoramento genético de vegetais devem ser concentradas,
no sentido de que as novas variedades tenham mais condições de fixar o carbono em
cemitérios de carbono, tornando as condições de aquecimento com efeito reduzido. As
pesquisas devem ser orientadas também, no sentido de produzir variedades vegetais que
produzam biocombustíveis, para substituir a gasolina, o gás natural e o óleo diesel,
produzidos a partir do petróleo, que são combustíveis veiculares e geradores de energia
em usinas termoelétricas. Atitudes corretas se centralizam nas possibilidades que a
ciência apresenta, através de provas irrefutáveis e métodos que devem ser seguidos, para
conter o aquecimento crescente do planeta. Soluções severas para minimizar e eliminar
o aumento do aquecimento global serão necessárias para garantir o desenvolvimento da
espécie humana, animal e vegetal.
4 - A diminuição do uso de Clorofluorcarbonetos
Há cerca de duas décadas, houve um movimento muito grande no sentido de se
frear a utilização do gás C.F.C. (clorofluorcarbonetos), que diminui a existência do
ozônio, um filtro contra os raios ultravioleta. Logo que foi detectado o problema, os
fabricantes de refrigeradores e ar condicionado deixaram de utilizar refrigerantes que
influenciavam negativamente a camada de ozônio e passaram a utilizar outros produtos
que não produziam efeitos negativos sobre o ozônio. As fábricas de cosméticos, por
exemplo, utilizavam substâncias que eram prejudiciais à camada de ozônio, mas
substituíram tais produtos, favorecendo a manutenção do equilíbrio na concentração de
ozônio na atmosfera, porém, ainda se observa um grande “buraco” na camada de ozônio
na região da Antártida.
Como se pode verificar, na história da humanidade sempre houve interferência
do homem no sentido de reduzir os danos ao ambiente em que vivemos. As empresas
58
são informadas dos procedimentos que devem ser adotados para que tenham um bom
desempenho. Procedimentos através dos quais até mesmo uma pessoa leiga pode
perceber os impactos que algumas empresas causam ao meio ambiente. Busca-se, cada
vez mais, um ponto de equilíbrio em que não basta somente produzir, mas recuperar,
reciclar e reusar.
5 - A redução do dióxido de carbono e a sua concentração na atmosfera
Desde o ano de 1994, houve uma redução de 10% na emissão de dióxido de
carbono no Brasil, que equivale a 1,2 bilhões de toneladas. Nos últimos dois anos (2005
e 2006) houve uma redução de 52% na área de desmatamentos, e isso significa muito
em termos de preservação ambiental. A utilização dos combustíveis fósseis contribui
em 80% para a emissão de dióxido de carbono que chega até a atmosfera e as áreas de
desmatamento, com a queima de materiais oriundos dos desmatamentos, contribuem em
20% da emissão de dióxido de carbono para a atmosfera. A substituição das queimadas
por processos de utilização do manejo das culturas vegetais com formas mais
responsáveis vem tornando a produção agrícola mais técnica e competitiva, no sentido
de preservar mais o meio ambiente e a atmosfera.
A utilização de áreas consideradas de baixa produtividade, quando
adequadamente recuperadas, pode proporcionar ao agricultor atividades agrícolas
viáveis técnica e economicamente, sem a necessidade de abrir novas fronteiras agrícolas
a partir da derrubada de florestas nativas, na maioria das vezes associadas ao uso de
queimadas da cobertura vegetal. No ano de 1750, a concentração de dióxido de carbono
na atmosfera era de 280 ppm. Nos dias atuais, chega a 379 ppm e acredita-se que no
crescimento nos níveis atuais, no ano de 2100 se terá uma concentração de 850 ppm,
considerando-se que o limite tolerável para a existência de vida é de 550 ppm e
estimando-se um aumento de 4 ºC neste período.
6 - Os combustíveis alternativos e renováveis
Existem informações que determinam as condições favoráveis para a
sobrevivência humana, neste momento da civilização, com a possibilidade de esforços
no sentido de reverter o desequilíbrio em que se encontram os processos de degradação
59
do meio ambiente e das condições de sobrevivência humana. Talvez seja o momento
para utilizar tecnologias, por exemplo, para a geração de combustíveis renováveis, como
é o caso do etanol, álcool produzido a partir do cultivo de cana-de-açúcar. Outro
exemplo é o biodiesel, que é produzido a partir de uma grande variedade de espécies
vegetais, como a mamona, o dendê, a soja, o girassol, o amendoim, o pinhão manso e
outras.
Outra grande vantagem que se visualiza em curto prazo é a utilização de
veículos que utilizam hidrogênio como combustível, que é considerado limpo e tem
como matéria prima a água para gerar energia. A utilização da energia elétrica para
movimentar motores também é uma alternativa. A humanidade passa por um momento
muito importante de sua história, exigindo atitudes e responsabilidades para garantir um
futuro com melhor qualidade de vida. Não é admissível que os fatos que determinam
um aquecimento global significativo e prejudicial à existência do ser humano na Terra,
aconteçam de forma desenfreada e que os governos e os cientistas, como todos os
cidadãos, não tomem uma atitude no sentido de reverter este processo.
7 - Este é o momento certo para uma grande atitude frente ao aquecimento global
Não se pode deixar para as gerações futuras as atitudes corretas para controlar o
processo de aquecimento do planeta. Talvez seja tarde demais para as gerações futuras
reverterem esse quadro, simplesmente por se chegar a limites extremos de degradação e
da emissão de poluentes. O momento é este e agora; os conhecimentos científicos
adquiridos não poderão ser deixados para serem usados em momentos posteriores, mas
sim, fazer o somatório de todos os esforços e conhecimentos adquiridos ao longo de
séculos e aplicá-los imediatamente.
São conhecidas muitas maneiras de limitar a emissão de gases do efeito estufa
para a atmosfera. A redução do consumo exagerado de insumos que provoca um grande
acúmulo de lixo, que já é um bom começo, para se evitar que novos produtos sejam
fabricados e uma nova quantidade de matéria prima seja utilizada. Deve-se evitar o
descarte de mercadorias sem necessidade. Muitos produtos são substituídos por outros,
simplesmente por serem mais bonitos ou por “estarem na moda”. A reciclagem do lixo
constitui numa maneira de evitar que as indústrias utilizem matérias primas novas e,
60
com isso, sejam lançados na atmosfera gases provenientes da transformação dessas
matérias primas para atender a demanda.
Com a reciclagem há diminuição na quantidade de energia gasta, pois é
necessário apenas que seja reciclada. Em outros casos, como o lixo dos aterros
sanitários, verifica-se a possibilidade de gerar compostos orgânicos e a produção do gás
Metano, que pode gerar energia elétrica para o funcionamento de vários tipos de
máquinas. O simples fato de realizarem caminhadas, evitando o uso de automóveis, já é
uma forma de diminuir a emissão de gases.
8 - O seqüestro de carbono e seu comércio
Uma forma natural e que gera efeito imediato na diminuição do dióxido de
carbono na atmosfera é obtido pelo reflorestamento com árvores para variados fins.
Sabe-se que uma área de um hectare reflorestada com eucalipto consegue seqüestrar
(retirar) da atmosfera o equivalente a mil quilogramas de carbono no período de um
ano, em sua fase de crescimento. Uma floresta nativa, que após vários anos apresenta
diâmetros dos troncos maiores, significa que houve a influência do dióxido de carbono,
doando o seu carbono para que as árvores conseguissem continuar crescendo.
Pode-se analisar também a função de algumas espécies vegetais que, durante o
seu ciclo, produzem grãos dos quais se extrai o óleo diesel, tão utilizado nos vários tipos
de motores do ciclo diesel. As cadeias carbônicas que formam o combustível se
processam a partir do dióxido de carbono que foi absorvido pela planta, através dos
estômatos das folhas e produzido a partir do processo de fotossíntese. Este processo de
obtenção de carbono não é considerado um “cemitério” de carbono, pois na queima
deste combustível, o dióxido de carbono volta para a atmosfera. Entretanto, este
combustível é considerado um combustível renovável e devolve para a atmosfera uma
quantidade menor de carbono em relação à quantidade que foi seqüestrada, pois uma
parte deste fica incorporada ao vegetal que deu origem ao produto a ser processado.
Em se tratando de reflorestamento e manejo florestais, existem muitos
engenheiros florestais que possuem condições de atuarem nas propriedades rurais, no
sentido de propiciar melhores condições técnicas. Um exemplo de atuação desses
61
técnicos é quanto às exigências de um manejo florestal ou de um reflorestamento que
pode determinar a existência de um “cemitério” de carbono, onde a madeira se destina à
fabricação de papel, à construção civil ou para a construção de cercas em propriedades
rurais. Dessa forma, não há retorno para a atmosfera no processo de combustão, como
acontece em caldeiras ou carvão utilizado em fornos de siderurgia.
Em alguns locais onde existe a prática agrícola, observa-se em muitas delas, a
presença de uma vegetação nativa que compõe o cenário da propriedade rural,
influenciando no micro clima da região e no próprio seqüestro de carbono. Dessa
forma, justifica-se que os produtores que preservam as suas florestas também participem
do comércio de créditos de carbono, recebendo divisas pela quantidade de carbono
seqüestrado. Uma floresta nativa precisa ser observada também pela ótica da
preservação ambiental, não somente pelo sentido financeiro.
O pagamento por créditos de carbono aos produtores rurais, sem dúvida,
influenciará positivamente na preservação das florestas nativas. Partindo do principio de
que existe um custo para que se preserve um bem de consumo, não é diferente com a
preservação de uma floresta nativa. Por isso, o agricultor deve ser compensado, já que
há o custo de implantação e manejo dessas áreas, além de que a área destinada à
preservação deixará de ser local de obtenção de recursos para sua sobrevivência,
originando produtos, se essa área fosse desmatada para a produção agrícola ou
pastagens.
Este é um aspecto importante no que diz respeito à preservação de florestas
nativas, uma vez que as mesmas não se localizam em um único lugar, mas distribuem-
se em parques, reservas legais e, principalmente, em reservas que existem nas
propriedades rurais. As áreas de parques ecológicos e de reservas ambientais são de
certa forma mais fáceis de serem fiscalizadas por funcionários dos órgãos responsáveis.
No entanto, as reservas particulares podem ser fiscalizadas de forma bem eficaz pelos
próprios proprietários.
Não é difícil estimar o quanto uma propriedade rural pode receber por uma
reserva florestal pelo seqüestro de carbono. Normalmente, pode-se tomar como
referência, para definir a quantidade de carbono gerado, o equivalente a um hectare de
62
reflorestamento de eucalipto, que seqüestra cerca de uma tonelada de carbono por ano.
Na preservação de uma floresta, medidas para controle de incêndios são fundamentais,
como aceiros em torno da área. Outro fator é quanto à entrada de pessoas em busca de
caça que, muitas vezes, fazem o uso do fogo e este culmina em incêndios.
A manutenção de vegetação nativa favorece a preservação de nascentes de água
e o ciclo hidrológico local, evita erosão e preserva a fauna e a flora local. O custo para
reconstituir uma área nas condições originais quase sempre é inviável economicamente,
pois as espécies de vegetais e de animais vão apresentar mais dificuldade de adaptação e
isso demanda muitos anos. O leitor deve estar se perguntando por que falar de florestas
em um capítulo que diz respeito à atmosfera e sua influência no meio ambiente. A
justificativa é que o dióxido de carbono está intimamente ligado às funções que a
vegetação desempenha.
Uma boa noticia é que a concentração do gás metano se manteve estável nos
últimos anos, o que defende principalmente a pecuária que estava sendo objeto de
divergências entre os pesquisadores sobre as mudanças climáticas.
É necessário que haja uma preocupação de todos no sentido de se legar para as
futuras gerações condições de sobrevivência melhores do que as que se encontram hoje.
Portanto, os problemas existem e todos deverão se empenhar em resolvê-los, pois não se
deve esperar que alguém deseje legar aos seus descendentes, condições adversas de
sobrevivência.
.
O produtor rural enfrenta várias dificuldades durante o processo de produção de
alimentos para a população, que cresce a cada ano e ainda não se tem uma previsão
muito clara de quando esta população se tornará estável. Os fatores financeiros são
muito importantes para que o produtor tenha condições de honrar os seus compromissos
e que possa obter lucro para sua sobrevivência. Tarefa muito difícil frente à crise que a
agricultura enfrenta.
Ao longo dos anos, os produtores se depararam com os mais variados
fenômenos como: período de seca ou estiagem prolongada que afetam a sua produção,
ventos fortes que comprometem a produção, excesso de chuvas, granizo, inundações,
63
geada, dentre outros. Estes fenômenos de ordem natural podem causar prejuízos muito
grandes na propriedade ou empresa agrícola. Os produtores precisam conviver com
vários fatores ao mesmo tempo, contar com a possibilidade de todos os fatores darem
certo simultaneamente, e assim obterem sucesso em suas atividades. É importante que
os serviços de meteorologia continuem melhorando os níveis de previsões, para o
produtor obter informações acerca dos fenômenos meteorológicos e das previsões do
tempo e, de posse destas informações, poder traçar as metas para a sua produção.
No Brasil, os produtores se deparam com o problema dos financiamentos, pois
os produtos não acompanham o preço dos insumos. É preciso que as autoridades do
setor econômico verifiquem com muita cautela a questão do câmbio e dos juros que são
cobrados dos agricultores, porque não haverá possibilidade de se trabalhar “amargando”
dificuldades durante muito tempo. Apenas os insumos utilizados na agricultura e na
pecuária sofreram aumentos nos últimos anos. Os produtos estão com preços muito
aquém da realidade produtiva. A função do agricultor é muito grande, nela se vê um
homem muito trabalhador, um homem que faz com que chegue às mesas de todas as
pessoas, uma variedade imensa de produtos de origem vegetal e animal e com uma
qualidade que condiz com a expectativa dos consumidores. No momento em que há o
menor desequilíbrio em algum fator no meio ambiente, onde haja participação do
agricultor, este é severamente criticado. Entretanto, trata-se de um grande “herói”
nacional.
9 - O fenômeno do ciclo hidrológico
Dos fenômenos que ocorrem na atmosfera, pode-se destacar a ocorrência de
parte do ciclo da água ou ciclo hidrológico. Nesse fenômeno, observa-se a irradiação
solar diretamente no oceano; a água do oceano se evapora, em seguida este vapor de
água esfria e se condensa formando gotículas que formam as nuvens e quando as gotas
ficam pesadas os suficientes para vencer a força da gravidade, caem em forma de chuva,
neve ou granizo. Parte da chuva vai para os reservatórios subterrâneos, o restante chega
aos oceanos através dos rios e outra evapora novamente.
Observa-se também que há uma movimentação de massas de ar que chegam aos
pólos e que saem dos pólos em direção aos trópicos em forma de frentes frias e úmidas
64
e que também ocasionam chuvas. No acúmulo em forma de vapor na atmosfera, tem-se
também a contribuição da água proveniente das plantas que, no fenômeno da
fotossíntese, absorvem do solo. Parte dessa água é transpirada para a atmosfera em
forma de vapor de água.
10 - Efeitos das florestas no seqüestro de carbono e diminuição da emissão de poluentes
A manutenção das florestas existentes e a implantação de novas florestas são
fatores positivos para se seqüestrar uma considerável quantidade de carbono e que,
juntamente com a diminuição da emissão de poluentes, principalmente o dióxido de
carbono, seja possível, em algumas décadas, modificar este quadro em favor de uma boa
condição favorável à preservação da vida.
O controle do efeito estufa não é visto da maneira devida por todos, pois há uma grande
quantidade de empresas e produtores que não têm sensibilidade para o problema do
aquecimento global, agem sem preocupação com a busca de alternativas e, em muitos
casos, emitem, através do uso de combustíveis fósseis, uma enorme quantidade de
dióxido de carbono diretamente para a atmosfera.
No caso do produtor rural, este tem que ser fiscalizado e orientado no sentido de
evitar as queimadas, embora tenha diminuído em alguns locais, mas aumentado ou
mantido em níveis estáveis em outros. É importante que fique bem claro a necessidade
de se diminuir o uso dos combustíveis fósseis e a sua eventual substituição por outras
formas de combustíveis, como o uso do hidrogênio, de energia elétrica para mover
veículos, energia solar e energia eólica, utilização de biocombustíveis, tanto do etanol
quanto do biodiesel.
Ao se fazer os procedimentos de substituição gradativa dos combustíveis fósseis
e a utilização de novas tecnologias que, com certeza, irão se incorporar às que já estão
disponíveis, como é o caso da utilização do hidrogênio como combustível veicular,
certamente se minimizará a emissão de poluentes atmosféricos. Assim, sem sombra de
duvidas, haverá nestes próximos anos uma grande influência do homem e dos meios de
que dispõe, no sentido de melhorar as condições atmosféricas. Não se trata de querer
65
imaginar uma situação fictícia, quando se pensa em diminuir as concentrações de
dióxido de carbono que se encontram atualmente na atmosfera. Esta é uma realidade,
pois dependemos muito dessa redução, para que outras gerações continuem trabalhando
e mantendo o equilíbrio da vida na terra.
As nações estão bem informadas sobre os problemas causados pelo
aquecimento global. Seria inaceitável no momento atual, que haja contestação dos
males que a emissão de gases de efeito estufa causa a toda biosfera. Não há
possibilidade de que os dados científicos e de uma comprovação correta dos assuntos
pertinentes ao aquecimento global não venham sensibilizar os governos para que sejam
tomadas as providências cabíveis.
Algumas nações apresentam maior interesse no problema do aquecimento
global e já possuem projetos de reflorestamentos. O Brasil apresenta influência ímpar,
pois se está diminuindo a prática de queimadas como forma de trabalhar o solo para ser
cultivado. As indústrias estão empenhadas em utilizar filtros para reter uma
porcentagem maior de poluentes e, no setor de combustíveis para motores, verifica-se a
utilização de álcool produzido a partir da cana-de-açúcar e do diesel produzido a partir
de uma grande variedade de vegetais. O projeto de produção de álcool se encontra em
momento muito mais adiantado que o do projeto de biodiesel.
11 - Os biocombustíveis e o aquecimento global
As nações mais influentes estão se empenhando em utilizar combustíveis
renováveis, tanto em motores do ciclo Otto, quanto nos motores do ciclo Diesel. Isso
mostra o comprometimento com a qualidade de vida, porém, muito há que ser feito para
redução da concentração de carbono na atmosfera. Este problema do aumento da
concentração do dióxido de carbono na atmosfera não é só dos governos, mas de todos,
pois cada pessoa contribui para o problema do aquecimento global, direta ou
indiretamente.
O problema não consiste em falta de informações, mas é de ordem mais
complexa, porque muitos dos que usam os combustíveis fósseis e que emitem
66
poluentes, ainda se encontram em uma posição um tanto “estática”, no sentido de fazer
o seu papel para que o planeta, como um todo, tenha melhores condições de oferecer
uma boa qualidade de vida. Há uma tendência do aumento do consumo imediadista,
sem a preocupação devida com as conseqüências futuras.
Esta questão do futuro tem que ser encarada de forma que todos façam parte do
desenvolvimento, principalmente da preservação dos recursos existentes e que, ao longo
dos anos, vá se descobrindo novas formas de explorar os recursos naturais existentes.
Há certa separação entre os assuntos abordados, pois quando se analisa o meio
ambiente, relaciona-se o solo com os recursos hídricos; a influência atmosférica e as
relações de trocas entre estes ambientes. Não se pode ficar esperando pelo outro, mas
cada um assumir sua parte de responsabilidade.
12 - A proteção atmosférica
A atmosfera protege o planeta das radiações nocivas dos raios solares e, ao
mesmo tempo, absorve certa quantidade de calor irradiado pelo sol, sem o qual seriam
impossíveis as condições de sobrevida como se conhece hoje, desempenhando um papel
fundamental, para a existência da vida animal e vegetal. Também na há o fenômeno da
desintegração de meteoritos que atingem a terra e que ao, chegarem à atmosfera,
poderiam causar efeitos de destruição de grandes proporções. O meteorito recebe a
influência da resistência do ar à sua movimentação e se desintegra em muitas partes,
não oferecendo grandes riscos aos seres vivos na terra.
O planeta terra, sem a existência da atmosfera, seria um lugar inóspito, um lugar
onde não haveria condições de desenvolvimento de vida. Existe uma necessidade muito
grande de não se lançar uma quantidade maior de gases do efeito estufa na atmosfera,
porque interferiria na elevação do aquecimento, comprometendo a existência de
vegetais e animais, incluindo os seres humanos; portanto, não se trata de informações
alarmantes, mas existem dados que comprovam a influência perniciosa que o homem
esta provocando sobre meio ambiente. No momento atual, com o desenvolvimento
técnico e científico evoluídos, não há como deixar de lado as informações científicas e
seguir o empirismo. É justo e oportuno que todos contribuam para que haja uma solução
67
do problema do aquecimento global e que as futuras gerações herdem uma condição
melhor no que diz respeito à sobrevivência humana.
A atmosfera terrestre é muito complexa, desempenha um papel muito
importante na proteção de toda a vida no planeta e no desenvolvimento das formas de
vida. Estudos indicam que a formação da atmosfera se deu há bilhões de anos, através
da intensa atividade vulcânica com a formação de vapores de água e oxigênio
juntamente com outros gases. A partir da atividade bacteriana e do surgimento de
vegetais, surgiu a possibilidade do resfriamento da atmosfera e, conseqüentemente, a
origem dos organismos, seguindo uma evolução dos seres vivos, até os organismos mais
evoluídos. Estudos indicam que a quantidade de água existente não variou muito desde
a formação da atmosfera, mas houve influência humana importante.
Existe influência muito grande em relação à emissão de dióxido de carbono, com
o fato de se utilizar queimadas para o preparo do solo e, posteriormente, a implantação
de culturas, ou simplesmente como forma de limpeza de pastagens; estes métodos estão
sendo cada dia menos utilizado, em parte por uma proibição existente dos órgãos de
fiscalização, que inibem através de multas, e pela melhor conscientização do produtor
rural em não utilizar práticas agressivas ao meio ambiente.
Com a utilização cada vez maior de outras fontes de energia, que não tenham
proveniência nos combustíveis fósseis, com certeza não haverá possibilidade de se legar
para as futuras gerações, uma condição de sobrevida difícil. A atmosfera se comporta
como um imenso depósito, sendo necessário que não se deposite substâncias que
venham comprometer o equilíbrio das concentrações ideais de gases e outros recursos
naturais. Por exemplo, o diesel produzido a partir de vegetais contém uma quantidade
de enxofre muito pequena em relação ao diesel produzido através de combustíveis
fósseis. Dessa forma, pode-se afirmar que não provocaria o efeito de uma chuva ácida,
mas estaria utilizando o carbono existente na atmosfera, ao invés de retirar o carbono
que se encontra em fósseis.
68
13 - A necessidade de contratação de profissionais no setor agrícola
É necessária a presença de profissionais ligados aos ambientes próprios de
trabalho, que não deve ser de forma simplesmente repetitiva, mas que enfatize que os
bens com que lidamos, fazem parte de componentes que não devem e não podem existir
apenas em um século ou algumas décadas. Estes bens que são constituídos por um solo
agricultável, por uma quantidade de água suficiente e isenta de poluentes, por uma
atmosfera que dê suporte ao desenvolvimento da vida em abundância e que continue a
proteger a biosfera, por meios de geração de energia, não podem deixar de existir.
Diante da importância que os recursos naturais possuem, não é aceitável que se
verifique a utilização destes recursos sem a presença de profissionais habilitados.
A demanda por profissionais os quais muitas vezes não são contratados nas
áreas desejadas, por falta de condições financeiras de alguns produtores, poderá
perfeitamente ser preenchida com contratações por parte do governo federal e que, ao
longo dos processos produtivos, tais contratações serão economicamente viáveis e o
meio ambiente, como um todo, estará protegido. As universidades brasileiras formam
muitos profissionais todos os anos, mas alguns não conseguem se fixar na carreira
acadêmica e muitos não conseguem empregos e ficam perambulando por funções que
não têm nada a ver com a sua formação.
Se este profissional for absorvido por um órgão federal e for prestar serviço nas
propriedades que não recebem assistência, certamente esta será uma forma muito
acertada de se trabalhar, pois se verificará a prática sendo auxiliada pelo conhecimento
científico e a geração de um embasamento técnico. Talvez o leitor pense que se trata de
uma utopia esta forma de contratação, porém, não constitui nenhuma forma fictícia de
abordar o problema que envolve a perpetuação dos bens naturais de que se dispõe e que
precisa prolongar-se, porque não dizer, para eternidade.
A agropecuária brasileira, como em muitos paises, não dispõe de uma forma
homogênea de recursos para serem disponibilizados para a contratação de profissionais,
para lhes auxiliar nos meios de produção; em muitos casos os produtores dispõem de
recursos unicamente para comprar equipamentos considerados de baixo rendimento,
equipamentos como tratores com muito tempo de uso, ou produtores que produzem nos
69
moldes da idade média, com mão-de-obra sem o auxílio de máquinas e ferramentas
especiais. Não é de se esperar que estes produtores procurem auxílio em um Engenheiro
Agrícola, Agrônomo, Engenheiro Florestal, Médico Veterinário, Zootecnista, etc.
Os conhecimentos científicos são enfáticos e determinam, através de provas
irrefutáveis, o que se pode ou não fazer, para que se proteja o ambiente produtivo.
Portanto, não é convincente que se deixe um produtor sequer, produzir sem o auxílio
das técnicas próprias. Não se deve admitir que os técnicos fiquem apenas no
monitoramento dos efeitos causados pelos impactos de maus usos de técnicas agrícolas.
Não se necessita de estatísticas de perdas de solo e de “mortes” de cursos de águas, mas
o que se precisa é de homens com conhecimento, que amenizem os efeitos causados por
técnicas empíricas, que não se sustentam e causam danos ao meio ambiente como um
todo.
O que se quer deixar muito claro neste momento é de que não se faz necessária a
procura de produtores que trabalham degradando o meio ambiente, para que se
determine que eles sejam punidos pelos órgãos competentes. O importante e de grande
valia, se traduz no fato de procurar estes produtores, no momento em que eles iniciem
um ciclo de produção, e que lhes sejam oferecidas as condições técnicas adequadas.
14 - A prática das queimadas e a presença do dióxido de carbono na atmosfera
Cerca de 20% de todo o dióxido de carbono que é lançado na atmosfera origina-
se da prática das queimadas, usual no meio rural. Segue uma tradição de que os
ascendentes dos produtores utilizavam estas práticas que foram passando de geração
para geração. No momento atual, em que os meios de comunicação agem com mais
intensidade, o produtor rural já tem melhores informações do impacto negativo causado
por queimadas. Por um outro lado, verifica-se que as queimadas nas áreas de florestas,
para abertura de novas fronteiras agrícolas, devem ser coibidas pela fiscalização.
São necessárias as condições técnicas e econômicas, para que o produtor tenha
possibilidade de dar continuidade às suas atividades. Um produtor sem essas condições
e que lida com insumos agrícolas com aumento progressivo, com produtos cujos preços
se mantêm níveis estáveis, e aliando-se isso, o juro alto dos empréstimos contraídos,
70
não poderá, sozinho, resolver todos esses problemas. É necessário esforço para os
conhecimentos técnicos chegarem até os produtores rurais!
A construção de canais para a transposição do Rio São Francisco, por exemplo,
permitirá que áreas sejam irrigadas, modificando o aspecto geográfico da região e a
produção será aumentada. Dessa forma, ocorre um aumento de seqüestro de carbono por
efeito da vegetação implantada e a mudança do micro clima da região. Um aspecto de
maior relevância diz respeito ao benefício à população local, que irá melhorar suas
condições financeiras e produzir seu próprio alimento, ao invés de esperar pelos
governos.
A atmosfera é composta por uma variedade de gases que podem ser monitorados
freqüentemente. Neste aspecto, existe a possibilidade de se conhecer a concentração de
cada gás e o que está influenciando para que um determinado gás aumente ou diminua a
sua concentração. De posse dessas informações, poderá ser feito um trabalho no sentido
de manter o equilíbrio dos gases que compõem a atmosfera, como exemplo, pode-se
citar a eliminação de C.F.C. (clorofluorcarbonetos) que são gases que degradam o
ozônio e fazem com que a camada de ozônio apresente “falha”. Um outro exemplo pode
ser verificado com a diminuição de emissão de dióxido de carbono para a atmosfera,
através da diminuição das queimadas e uma maior função de seqüestro de carbono com
a implantação e manutenção das florestas.
Os produtores de madeira reflorestada, as empresas que produzem matéria prima
para celulose e que já implantaram grandes áreas de reflorestamentos no Brasil, são
grandes responsáveis por um bom equilíbrio da concentração de dióxido de carbono na
atmosfera. As empresas que fazem o uso de combustíveis derivados de fósseis têm uma
grande influência no aumento da concentração de carbono na atmosfera.
No caso do álcool, existe uma grande matriz energética que se está aproveitando
com a queima do bagaço de cana-de-açúcar, produzindo energia elétrica, que pode
abastecer a usina e/ou ser comercializada para as concessionárias de energia elétrica. O
desenvolvimento dos automóveis movidos à energia elétrica vai significar um avanço
muito grande em termos de diminuir a emissão de gases para a atmosfera. O Brasil
detém um potencial muito grande em micros, mines e pequenas usinas hidroelétricas.
71
Este potencial energético não é utilizado em sua capacidade ideal; observa-se a
possibilidade de gerar a energia elétrica, que será utilizada nos automóveis das cidades e
tratores das propriedades rurais. Pode-se também empregar na utilização de veículos e
máquinas movidas a Hidrogênio ou geração de energia a partir do uso das correntes de
ar, a energia eólica, considerada energia limpa e que pode ser usada em locais onde
houver condições propícias.
As hidrelétricas, além de gerar energia, poderão proporcionar um bom
desenvolvimento em piscicultura, quando da utilização de tanques redes para a engorda
de algumas espécies de peixes, que podem ser colocados nos lagos das hidroelétricas,
sem comprometer a geração de energia. As necessidades por energia fazem com que se
utilizem novas fontes, e com isto, a humanidade vai trilhando o seu caminho. Assim,
torna-se necessário que haja um esforço de todos, para que os futuros habitantes tenham
condições de se desenvolverem e que a qualidades de vida seja equilibrada e digna.
Acredita-se que este processo de reversão do aquecimento global será feito e que
as responsabilidades que cada nação tem, em contribuir para que se tenha um grande e
sustentável equilíbrio em relação às concentrações de gases na atmosfera, se dê de
forma bastante equilibrada e que cada nação faça o seu dever. Não convém ficar perdido
em divagações em torno de previsões catastróficas, de que o aquecimento global seja
irreversível e que o pior pode vir a acontecer. Têm-se condições e conhecimentos
suficientes nos dias atuais para que não se permita que os usos de tecnologias erradas
possam gerar problemas irreparáveis para a humanidade como um todo. É preciso agir
em defesa do que há de mais importante: a perpetuação do homem.
Por um outro lado, aparecem os seqüestradores de carbono, as propriedades que
contêm reservas de florestas nativas, principalmente os parques florestais, as reservas
legais e os reflorestamentos.
Outro ponto de geração de energia ocorre em processos com a emissão dos
gases, como na geração de energia produzida a partir da formação de metano
proveniente da fermentação de dejetos animais ou do lixo de aterro sanitário. Portanto,
muito se pode fazer para diminuir o impacto da emissão de gases para a atmosfera, a
72
própria diminuição do consumismo já ameniza muito o processo de emissão de gases, e
essa tarefa é de todos os habitantes da terra.
73
Capítulo quarto
A importância do comércio de carbono
1- O desequilíbrio da concentração de carbono na atmosfera
O comércio de carbono se torna importante no momento em que exista a
possibilidade de reversão da concentração de carbono existente na atmosfera. Essa
concentração de carbono encontra-se4 muito acima do limite ideal e desta forma, deve-
se usar os meios possíveis de que se dispuser, para que se possa diminuir esta
concentração e evidentemente, cessar com o aumento da concentração de carbono na
atmosfera, em forma de dióxido de carbono. Dois fenômenos estão em cena, com
relação à concentração do dióxido de carbono na atmosfera: um se traduz na emissão de
carbono e outro se traduz no seqüestro deste carbono. . De certa forma, estes fenômenos
ocorrem simultaneamente, mas existe o fato de que a emissão está se dando de uma
forma muito mais acentuada do que o seqüestro. Pode-se dizer que se emite uma
tonelada de carbono para a atmosfera e seqüestra-se uma quantidade menor. Nestes
termos, a concentração do carbono na atmosfera segue aumentando dia após dia.
2- A influência da diminuição da concentração de dióxido de carbono na atmosfera com
a comercialização dos créditos de carbono
Um grande esforço já tem sido feito, no sentido de diminuir esta diferença entre
emissão e seqüestro de carbono. Atualmente, observam-se transações entre empresas
que emitem carbono para a atmosfera e empresas que seqüestram carbono da atmosfera.
Os emissores de carbono compram créditos de carbono dos que seqüestram o carbono.
É como se uma determinada empresa emitisse mil toneladas de carbono para a
atmosfera em um ano e no mesmo período outra empresa fizesse o seqüestro de mil
toneladas de carbono. Através de um mecanismo de compra e venda e estipulando-se o
preço por toneladas de carbono, segue-se a negociação das mil toneladas de carbono em
questão. O que emitiu o carbono faz o pagamento para o que seqüestrou e, dessa forma,
equilibrou-se a emissão com a retirada do carbono que foi lançado para a atmosfera.
Neste caso, não houve um aumento da concentração de carbono na atmosfera.
74
No exemplo anterior, o que foi lançado em carbono para a atmosfera foi retirado
ou seqüestrado e com isto houve um equilíbrio. Devem-se prever para um futuro muito
próximo que as transações de comércio de carbono irão acontecer de uma forma mais
natural e mais eficiente, sem muita dificuldade de serem efetivadas no comércio entre as
empresas ou órgãos de governo, Percebe-se também que haverá possibilidade de que, no
futuro próximo, um produtor rural de pequeno porte entre na comercialização do
carbono e com isto aumente a freqüência na preservação ambiental. É notável que, na
medida do possível, quando o comércio de créditos de carbono se desenvolver e a
facilidade de comercialização se fizer presente, haverá uma maior movimentação em
trabalhos com reflorestamento e com combustíveis renováveis, como é o caso de etanol
e diesel produzidos a partir de vegetais.
3- Grande parte das propriedades rurais brasileiras trabalha com seqüestro de carbono e
não são remuneradas por este trabalho
Um fato de relevância muito importante pode ser percebido nas propriedades
rurais, onde existe parte da propriedade em que uma porcentagem da sua área se
encontra em floresta nativa. Essa área tem uma função muito importante no seqüestro de
carbono. Pode-se perceber, analisando os diâmetros dos caules das árvores, por um
período considerável de tempo, onde poderá ser verificado um aumento no diâmetro dos
caules das árvores e para isto, houve a incorporação do carbono proveniente da
atmosfera que as árvores absorveram através das folhas, em forma de dióxido de
carbono. Dessa forma, a função de seqüestro de carbono exercida por estas áreas tem
um significado muito grande em termos de quantidade, porque se houver um somatório
de todas as áreas que se encontram compostas em florestas, nas propriedades que
compõem o Brasil, será constada uma imensa área verde que seqüestra uma quantidade
grande de toneladas de carbono a cada ano que se segue.
É importante e necessário que se torne mais fácil a comercialização dos créditos
de carbono. É necessário que o pequeno e o médio produtor tenham condições de
receber pelo seqüestro de carbono feito em sua propriedade. Assim, haverá mais
incentivo para que o produtor mantenha as reservas de florestas intactas em sua
propriedade. Se for observado por esta ótica, haverá mais possibilidade de que uma
grande parte dos produtores continue preservando as suas florestas e desta forma, o
75
meio ambiente, como um todo, estará em condições de se apresentar para as futuras
gerações, uma qualidade de vida superior a que se apresenta hoje.
4- Existe um custo ao produtor para que ele mantenha a sua área de floresta preservada
O produtor rural tem um custo para manter a sua área de floresta nativa em
condições de funcionar como um verdadeiro cemitério de carbono. Essa área precisa
estar isenta de agressão, como um incêndio. Para que haja todo um trabalho de
preservação e de vigilância dessas áreas, a observação do proprietário é intensa e,
muitas vezes, este proprietário precisa agir com rigor, para não permitir que pessoas
estranhas a sua propriedade, adentrem nas áreas de preservação em busca de animais
silvestres, causem um incêndio nas áreas de preservação e nas áreas onde se pratica a
agropecuária.
Portanto, não tem fundamento que estes produtores rurais continuem fazendo o
dever de preservar estas áreas de florestas e que fazem função de seqüestrar uma grande
quantidade de carbono, em forma de dióxido de carbono. Entrando na planta através
das folhas e pelo processo de fotossíntese, este carbono vai participar da constituição
estrutural dos vegetais como caule, ramos e raízes; com o crescimento dos vegetais,
verifica-se a deposição de uma quantidade considerável de carbono que antes não se
encontrava nos vegetais, mas sim na atmosfera. Por este aspecto que acabou de ser
analisado, percebe-se a importância de haver uma maior agilidade no comércio de
créditos de carbono e o produtor rural tenha acesso a recursos oriundos da função de
seqüestrador de carbono.
Uma ferramenta importante que pode ser utilizada para a determinação das
áreas de florestas nativas, que se encontram distribuídas em um número grande de
propriedades rurais, constitui em utilizar processos de georeferenciamento de áreas,
feitos a partir de sistema que engloba a utilização de G.P.S. (sistema de posicionamento
global). Ao lançar mão desses recursos, haverá uma maior possibilidade de
determinação das áreas de propriedades, apresentadas em condições de serem
consideradas áreas de florestas, sendo posteriormente, mais fácil de fazer uma
estimativa da quantidade de carbono que se seqüestra em tal propriedade. Ao se
76
verificar o comércio de carbono, não haverá dificuldades para calcular o valor a ser
recebido pelo produtor rural, ou entidade que detiver a área em floresta.
5- A estimativa do seqüestro de carbono e o seu cálculo para fins comerciais
Estudos atuais determinam que em áreas de reflorestamento com espécies de
eucaliptos, existe a possibilidade de haver um seqüestro de carbono em torno de uma
tonelada em cada hectare de área plantada. Desta forma torna-se bastante simples o
cálculo de quantas toneladas de carbono uma determinada área reflorestada poderá
seqüestrar. Simplesmente o número de hectares reflorestados corresponde à quantidade
de toneladas de carbono e, em seguida, multiplica-se pelo preço da tonelada de carbono
e se consegue obter o valor final do montante a receber. É importante que haja uma
observação no sentido de fazer os cálculos da quantidade de carbono seqüestrada por
uma floresta nativa, a fim de dotar este recebimento de condições apreciáveis, porque a
floresta nativa tem a particularidade de fazer outras funções, além da função de
seqüestrar carbono.
As florestas nativas auxiliam no equilíbrio da fauna e na flora da região e pode-
se perceber que existe uma verdadeira proteção das nascentes e do Bioma como um
todo. Nestes termos e diante de um bem que dificilmente poderia ser refeito com as
mesmas características, no caso de ser removida esta área de floresta nativa e depois
tentar-se uma recomposição. É necessária a existência de uma remuneração que dê o
direito aos créditos de carbono e estes sejam estimulados, no sentido de que os cálculos
sejam feitos com o numero de uma tonelada de carbono para cada hectare de floresta
nativa preservada. Levando-se em consideração que o preço por tonelada de carbono
seqüestrado seja igual nos dois casos, tanto para a floreta nativa quanto para a floresta
artificial, nestes termos acredita-se estar fazendo justiça no ambiente rural.
A dificuldade que existe no momento em se comercializar créditos de carbono
em pequena quantidade é muito grande. Isso diminui o incentivo para que os pequenos e
médios produtores rurais mantenham suas florestas, fazendo a função de seqüestradoras
de carbono. A observância de que estes produtores poderiam receber divisas
provenientes do comércio de créditos de carbono, negociados de uma maneira mais ágil
e sem muita burocracia, torna mais clara a idéia de que em um futuro muito próximo se
77
consiga comercializar estes créditos de carbono em uma bolsa de mercadorias, em
quantidades pequenas. Com isso, os produtores terão acesso aos recursos que lhes são
de direito.
6- Existe uma forma muito significativa de preservação das florestas, com a
comercialização de créditos de carbono
No momento em que a comercialização de créditos de carbono se generalizar e
que não houver necessidade de seqüestrar uma quantidade muito grande de carbono
para que se possam negociar os créditos, a retirada do carbono da atmosfera poderá ser
comercializada com empresas de todo o mundo. Emissoras de gás carbônico para a
atmosfera, que não têm condições de seqüestrar a quantidade de carbono que emitem,
poderão comprar os créditos de carbono dos produtores rurais. Será neste momento que
haverá uma maior significância para se seqüestrar mais carbono proveniente da
atmosfera.
O que se verifica em todos os níveis de propriedades rurais é uma capacidade
muito grande em se poder seqüestrar carbono, tendo em vista as condições ideais que
constituem as florestas nativas em poder de pessoas e de entidades, que necessitam de
recursos para o desenvolvimento das propriedades, em muitos casos para a própria
sobrevivência dos ocupantes das áreas. Podem-se mencionar as áreas que constituem
uma cooperativa de pequenos produtores da agricultura familiar, que mantém em seu
poder áreas de florestas nativas ou áreas das comunidades indígenas que se apresentam
em florestas e que podem se beneficiar com o recebimento de divisas oriundas do
comércio de créditos de carbono. As áreas que estão em poder dos pequenos e médios
produtores também devem receber por preservarem as suas florestas.
Neste aspecto, os produtores mencionados darão ênfase para a preservação,
porque se comercializando os créditos de carbono, haverá possibilidade de uma renda
extra e não haverá necessidade de criar novas áreas de trabalho oriundas da composição
de florestas para aumentar as áreas produtivas. Existem também os grandes produtores
rurais que não têm acesso ao comércio de créditos de carbono e que, com a facilidade de
comercio, comporão o quadro daqueles que precisam preservar as florestas e, com este
feito, poderão receber divisas por seqüestrarem carbono. Existe uma quantidade
78
considerável de áreas em florestas que pertencem a terras da união. Neste caso o
próprio governo brasileiro receberá pelos créditos de carbono seqüestrados por estas
florestas.
No caso dos produtores individuais, é importante que o comércio de créditos de
carbono se dê individualmente, porque desta forma haverá uma maior simplicidade do
comércio, bastando para tanto que se comprove a totalidade da área de floresta que se
encontre em seu poder. Essa informação poderá ser feita através de georeferenciamento.
O comércio de carbono é muito importante quando se percebe que, dependendo do
preço da tonelada, torna-se bastante atrativo que se mantenha uma floresta em plena
atividade no trabalho de seqüestro de carbono. Assim o produtor rural terá um papel de
fiscalizar o ambiente que compõe as florestas. Este papel se traduz em fazer com que as
florestas se mantenham vivas e em condições de completar o ciclo de seqüestro de
carbono, isentas de qualquer dano que comprometa a sua função.
Pode-se perceber que haverá uma maior condição de preservar as florestas
nativas, Para isso, é necessária a utilização deste imenso potencial que existe no
ambiente natural de florestas e em seu poder de retirar o carbono da atmosfera e colocá-
lo em forma de frutos e madeiras. Não se poderá perder esta oportunidade de garantir
uma grandiosa forma de auxiliar na diminuição da concentração de dióxido de carbono
existente na atmosfera. Ao se verificar estes trabalhos de manutenção das áreas em
florestas, será eliminado o fenômeno das queimadas que emite cerca de 20% de todo o
carbono que chega até a atmosfera, em forma de dióxido de carbono.
Para a preservação do meio ambiente e principalmente a preservação das áreas
que se apresentam com uma cobertura vegetal, e que são consideradas como áreas de
florestas nativas, é necessário que haja uma forma de incentivar esta preservação. Não
se considera que as formas punitivas que são feitas através de pesadas multas a que os
proprietários são submetidos, sejam as formas mais eficazes de se conter a devastação
destas áreas de florestas nativas; uma forma mais eficiente e que significa que haverá
mais empenho, por parte dos produtores, em manter as florestas em condições de
fazerem a função de seqüestradoras de carbono e, portanto preservadas, está em que
haja uma remuneração em favor deste produtor, no sentido de que ele poderá receber
79
divisas através da venda dos créditos de carbono, que se originam dentro de sua
propriedade e que é um direito que lhe cabe.
Sendo observada esta possibilidade de se comercializar o carbono, chegando a
termo de negociações, com toda a certeza e sem sombra de dúvidas, será verificada uma
preservação ambiental com uma intensidade muito forte e a idéia do desequilíbrio em
termos de florestas estará descartada. Este fato se dará não pela imposição de leis, mas
pelo comércio que vai surgir e a mercadoria em questão será o carbono, um dos gases
que está contribuindo para o aumento da temperatura do planeta. É importante que as
empresas emissoras de dióxido de carbono para a atmosfera paguem para que os
produtores que mantêm as florestas fazendo a função de seqüestradoras de carbono.
Dessa forma se observarão maiores cuidados quando da emissão de dióxido de carbono
para a atmosfera e se terá a certeza de que em algum lugar do planeta haverá condições
de seqüestrar carbono.
Através do processo de fotossíntese, as árvores fixam o carbono e os colocam
em forma de madeiras e de frutos. Estas florestas não são as únicas que fazem este
trabalho de fixação de carbono, mais adiante serão citados outros tipos de florestas que
fazem essa função. Será também vista a utilização de algumas oleaginosas que
conseguem fazer este seqüestro. Quando se diz que é primordial e necessário que as
florestas nativas entrem no comércio de carbono, está se informando de que existe a
necessidade de uma remuneração a favor dos produtores que detêm partes de florestas
nativas ou de alguma entidade governamental, ou não, que esteja de posse destas áreas
de florestas. O fato de se comercializar o carbono seqüestrado já é mais do que
suficiente para que a preservação das florestas se dê de forma muito intensa. Este
sistema de comércio se torna importante porque poderá ser feito ao longo dos tempos e
desta forma se estenderá de geração a geração
Com um bom manejo florestal, existirá a possibilidade de se renovar às florestas,
sem que haja um completo desmatamento. Poderá haver a possibilidade de se extrair as
árvores que completarem a sua idade de amadurecimento e em seguida dotar essa área
de mudas de essências da própria floresta, fechando-se o ciclo em que não haverá
necessidade de se desmatar toda a floresta, para que se tenham condições de gerar
divisas para a propriedade rural. O importante é que não será mais necessário haver uma
80
fiscalização punitiva para com os produtores rurais, quando os mesmos fazem o uso do
desmatamento das áreas de florestas nativas. Em se tratando de um comércio de carbono
a um preço convidativo por tonelada, os fiscais das florestas serão os próprios
produtores rurais e, neste caso, os combates aos possíveis incêndios e à preservação das
florestas serão mais eficientes. Pode-se ver que não há ninguém melhor para preservar
um bem que não seja o proprietário deste bem.
7- A produção de combustíveis a partir do cultivo de vegetais
O diesel produzido a partir dos vegetais é considerado um combustível
renovável, porque essa produção é feita a partir do cultivo de espécies vegetais
submetidas a processos industriais, das quais se consegue extrair o óleo diesel. Este
processo está sendo feito pela capacidade que determinados vegetais têm em retirar o
dióxido de carbono da atmosfera e, através do processo de fotossíntese, fixam o carbono
e este vai entrar na composição de frutos e sementes que, submetidos a processos
industriais, são retirados óleos que comporão o diesel. Dentre os vegetais que produzem
óleos podem ser citados: a mamona, o dendê, o pinhão manso o girassol, a soja, o
amendoim e mais uma grande variedade de vegetais. Este carbono que entra na
composição do diesel teve origem na atmosfera e com a queima do combustível ele
retorna para a atmosfera. Verifica-se que, para a obtenção do Biocombustivel, não se
utilizou carbono de origem fóssil, o carbono sai da atmosfera e retorna à atmosfera.
Um aspecto muito importante e que se deve levar em consideração, diz respeito
à produção de matéria prima, para que se consiga produzir o diesel a partir de vegetais.
Nesta produção, existe a possibilidade da participação dos pequenos e médios
agricultores, como também da agricultura familiar organizada em cooperativas. Quando
há a referência de que as pequenas e médias propriedades podem produzir matérias
primas para as indústrias de diesel, percebe-se que a produção deste combustível, a
partir de vegetais, constitui uma forma bastante importante para a distribuição de renda,
distribuição esta, feita a partir da capacidade que existe entre os produtores rurais, em
conseguir produzir estas matérias primas. O Biodiesel vai conseguir dar oportunidade
para que se diversifique mais ainda à produção de muitas propriedades rurais. Para
tanto, existe a necessidade de que se instalem usinas de produção com capacidades
81
consideráveis, para que se absorva toda a produção de matéria prima produzida pelos
produtores rurais.
Uma região que com certeza será beneficiada com a produção de Biodiesel é a
região do nordeste brasileiro, constituída pelo semi-árido. Nesta região haverá a
possibilidade de se produzir mamona e pinhão manso, duas espécies vegetais, que se
adaptam bem ao clima da região e que tem um grande poder em produzir óleo. Neste
aspecto, haverá condições de o sertanejo participar da produção de matéria prima para a
fabricação de Biocombustivel. Assim ele estará contribuindo para que se produza um
combustível renovável, porque na fabricação do óleo, o carbono que se encontra na
cadeia atômica que é formada para dar origem ao diesel, é retirado da atmosfera pelo
vegetal e, através do processo de fotossíntese, é fixado no vegetal e transformado em
óleo. No caso do diesel já existe comércio de créditos de carbono que são negociados
em bolsa, dessa forma existe a possibilidade de que o sertanejo do semi-árido
nordestino possa participar diretamente da produção de matéria-prima e do seqüestro de
carbono.
No caso de se utilizar o semi-árido na produção de matéria-prima para a
indústria de diesel de origem vegetal, o sertanejo terá um trabalho digno. Então, não é
difícil chegar à conclusão de que este sistema de produção, que produz matéria-prima
para as usinas produtoras de Biodiesel, será uma forma muito importante e harmoniosa
de inclusão social, uma forma onde haverá trabalho e renda, ou seja, dois fatores que
ajudam a tornar o homem mais digno. Não é difícil o desenvolvimento das atividades de
produção de combustível renovável, porque existe um comércio muito grande que
absorve uma produção imensa de diesel produzido a partir de vegetais. Um grande fator
que diferencia o diesel produzido com essências vegetais, diz respeito a sua baixa
concentração de enxofre na sua combustão. Assim sendo, o fenômeno da chuva ácida
fica fora de cogitação de acontecer por conseqüência do uso do biodiesel, em
substituição ao diesel produzido a partir do petróleo.
No exemplo acima, do semi-árido do nordeste brasileiro participar da produção
de matéria-prima, que no caso se constitui da mamona e do pinhão manso, duas
espécies vegetais que se adaptam às condições de precipitação dessa região, haverá um
determinante de que não será necessário haver a intervenção dos governos, no auxílio de
82
manutenção da população, pois a mesma já estará com trabalho e renda. Não se fará
necessária a formação de frentes de trabalhos para auxiliar os trabalhadores que se
apresentam em condições desfavoráveis no caso de uma estiagem, que determinasse não
ser possível a produção de grãos para o consumo humano. Pela pouca exigência de
precipitação, as culturas de mamona e pinhão manso se desenvolveriam e com este
trabalho de produção de matéria-prima será perfeitamente possível o desenvolvimento
de uma população tão sofrida como é a população que habita o semi-árido do nordeste
brasileiro.
Com a movimentação que está sendo feita, em termos da produção de biodiesel,
através do uso de matérias-primas oriundas da produção vegetal, pode-se observar um
fenômeno que pode acontecer quando se tratar do comércio de carbono. Trata-se do
preço da tonelada de carbono e que será paga por um emissor de dióxido de carbono
para a atmosfera. Este preço por tonelada poderá ser fixado de forma em que haja
necessidade de se emitir menos carbono e que o seqüestro de carbono se torne uma
função mais desejada por investidores, uma vez que a remuneração será muito boa. A
tendência do comércio de carbono em termos de negociação, com uma remuneração
melhor para as empresas e para os produtores rurais e entidades que trabalham com o
seqüestro de carbono, torna-se de fundamental importância, para que se reverta o
processo de aumento da concentração de carbono na atmosfera.
Desta forma, com a comercialização dos créditos de carbono não se observará o
acontecimento de previsões catastróficas para o planeta Terra e sim um verdadeiro
movimento em defesa do que é mais importante, a sobrevivência do ser humano neste
magnífico planeta Terra. Um fator importante com relação à produção de diesel a partir
do cultivo de espécies vegetais traduz-se em que o vegetal seqüestra o carbono em
forma de dióxido de carbono proveniente da atmosfera e ao produzir as sementes e
frutos que irão originar a fabricação do biodiesel, uma parte de carbono fica retida na
planta. Neste processo, pode-se observar que no seqüestro de carbono uma porcentagem
volta para a atmosfera na queima do diesel e outra parte fica sem ser utilizada como
combustível.
Existem previsões de que neste século, haverá um aquecimento do planeta da
ordem de quatro graus Celsius. O fato é que ou se espera acontecerem essas previsões
83
ou se lança em trabalhos que possam reverter estas previsões. Existem formas de
utilização de energias mais limpas que podem ir substituindo as convencionais, como é
o caso do carvão vegetal e dos combustíveis derivados do petróleo, que tanto emitem
gases que influenciam no efeito do aquecimento global e podem ser substituídos por
combustíveis renováveis e provenientes de gerações limpas de energia, como é o caso
da energia eólica, da energia solar, das hidroelétricas, da energia gerada pelos
biocombustíveis, do uso do hidrogênio como combustível e mais outras forma de
geração de energia que podem ser observadas.
A necessidade de haver uma condição de existência melhor para a humanidade,
sem dúvida será um determinante para que se trabalhem, no sentido de haver uma
reversão no fenômeno do aquecimento do planeta Terra. Os trabalhos científicos já
fizeram as estimativas do possível aquecimento até o final deste século. Resta a todos os
participantes deste imenso planeta, a possibilidade de criar condições para frear o
crescimento do aquecimento global, diminuindo a concentração de dióxido de carbono
na atmosfera. Só assim haverá condições de se legar para as gerações que estão por vir,
uma condição bastante cheia de oportunidades e onde se determinará os modos de
produzir, para que sempre se consiga uma boa sobrevivência da população. Este ciclo
de desenvolvimento de cada geração precisa ser fechado. Hoje, realiza-se um trabalho
visando a próxima geração e assim sucessivamente.
A importância do programa do biodiesel torna-se muito grande, no sentido de
absorver investimentos de todos os níveis. Poderá se observar um grande investidor
como sendo um produtor de diesel de origem vegetal, participando do processo da
produção, com a implantação de indústrias que irão transformar a matéria-prima em
combustível. O surgimento de grandes produtores produzindo matérias-primas para a
fabricação de diesel de origem vegetal e em quantidades muito acentuadas, possibilitará
condição destes produtores de influenciarem positivamente no equilíbrio do dióxido de
carbono. Os médios produtores, os pequenos e em seqüência os produtores da
agricultura familiar, ao produzirem matéria-prima para as indústrias de produção de
Diesel de origem vegetal, estarão diversificando as suas produções.
O determinante para a produção de matéria-prima para abastecer as usinas
produtoras de biodiesel está contido em uma economia de mercado que remunere em
84
boas condições o produtor de matéria-prima, como também os industriais que
transformam a matéria prima em diesel. Ao se fechar o ciclo de produção deste
combustível, se estará contribuindo em muito para o seqüestro de carbono. A utilização
de um combustível que é produzido a partir do seqüestro de carbono existente na
atmosfera se torna muito interessante, porque não houve o fenômeno da utilização de
carbono originário de componentes fósseis e, desta forma, não se buscou aumentar a
concentração de carbono na atmosfera e uma parte de carbono dos vegetais que
originaram a matéria-prima para a extração do diesel se mantiveram em sua estrutura.
Neste processo da utilização de culturas para a produção de diesel é de fundamental
importância que sejam comercializados os créditos de carbono.
8 - A necessidade de se emitir menos dióxido de carbono e o aumento do seqüestro de
dióxido de carbono
O comércio de créditos de carbono gera condições de incentivo para que se
produza este combustível renovável e que tanta esperança traz para toda a humanidade.
Como se pode verificar nas colocações feitas até o momento, existe uma importância
muito grande para os produtores de baixa renda, no sentido de que eles podem produzir
produtos, que serão absorvidos pelas indústrias de produção de diesel de origem
vegetal. Este fenômeno poderá ser verificado para regiões onde existe uma carência
muito grande em termos de condições da própria sobrevivência, pode-se verificar tanto
no Brasil como em países em condições de desenvolvimentos precários que é o caso de
alguns paises do continente africano. Desta forma, estes métodos de se conseguir um
diesel renovável também trazem consigo um grande potencial em melhorar a condições
de desenvolvimento das populações mais carentes dos países mais pobres.
Ao se observar os efeitos que poderão surgir com o aumento da concentração de
dióxido de carbono na atmosfera, como é o caso do derretimento de partes consideráveis
das calotas polares e, conseqüentemente de um aumento do nível dos oceanos e mares,
perceberá que se trata de um assunto muito importante e que diz respeito a todos os
habitantes deste imenso planeta, pois este aumento da quantidade de água em forma
líquida poderá causar danos irreparáveis às áreas costeiras, no sentido de que a água
adentrará o continente de forma muito brusca, tornando algumas áreas submersas. Neste
exato momento, entra em cena a possibilidade de haver um grande trabalho em
85
seqüestro de carbono. É de suma importância que haja esse aumento, para que se possa
reduzir o efeito da emissão de dióxido de carbono para a atmosfera.
Havendo este aumento de seqüestro de carbono e, simultaneamente, acontecer a
utilização de fontes de energias renováveis e de energias limpas, conseqüentemente será
observado um balanço favorável, no que diz respeito a uma redução pesada da emissão
de gás carbônico para a atmosfera. Com certeza, poderão ser observadas novas
previsões, que mostrem a possibilidade de se reter este possível aumento de quatro
graus Celcius de temperatura, até o final do século XXI. Esta preocupação, que surgiu
com a possibilidade do aumento da temperatura do planeta, é uma preocupação de todos
os habitantes do planeta e como tal deve ser considerada. Cada habitante deste imenso
planeta deve fazer a sua parte para que não se torne realidade estas previsões que citam
as catástrofes causadas pelo aquecimento global. Acredita-se perfeitamente na
capacidade existente entre todos e nos conhecimentos produzidos pela ciência que, a
cada efeito negativo submetido à atmosfera, existe condições de se anular este efeito.
A anulação dos efeitos maléficos à atmosfera não se dará de forma mágica, mas
de forma coerente com os princípios da evolução da espécie humana, tornando a
qualidade de vida do Homem melhor a cada geração. As tecnologias de geração de
energia que encontram em seu desenvolvimento e utilização, neste momento em pouco
uso, como é o caso de uso do combustível Hidrogênio e que poderá em um futuro
próximo ser utilizado para mover veículos, como também o uso de automóveis movidos
à energia elétrica e que poderá ser gerada através de uma hidroelétrica. São alternativas
viáveis de combustíveis renováveis: o uso do Etanol como combustível para abastecer
os automóveis e máquinas do ciclo Otto; o uso do diesel de origem vegetal para fazer
funcionar motores do ciclo diesel; A utilização de gás Metano produzido através de
biomassa para fazer funcionar motores do ciclo Otto. Essas alternativas constituem
formas viáveis de combustíveis limpos.
Estes combustíveis, se usados com intensidade, produzirão uma grande
diminuição da influência do efeito dos gases que produzem o aumento do efeito estufa e
aumentando-se a possibilidade de comercialização de créditos de carbono, será mais
fácil haver possibilidade de não se confirmar as previsões de que o planeta vai aquecer
cerca de quatro graus Celcius neste século. A comercialização de créditos de carbono
86
em uma freqüência acentuada possibilitará uma grande preservação de áreas florestais e,
conseqüentemente, uma drástica redução nos desmatamentos de áreas florestais para a
criação de novas fronteiras agrícolas. Percebe-se que é necessário que haja rendimentos
monetários em favor dos proprietários de áreas florestais, para que os mesmos tenham
condições de preservar as suas áreas florestais e este rendimento pode ser oriundo do
comércio de créditos de carbono.
A produção do Etanol, a partir do cultivo de cana-de-açúcar, apresenta uma
significação muito importante no seqüestro de carbono, porque é a partir do seqüestro
do dióxido de carbono, feito através deste vegetal, que se irá produzir a matéria-prima
que dá origem ao Etanol, após evidentemente o processo industrial capaz de produzir
este álcool utilizado como combustível. A cultura de cana-de-açúcar vem trazer uma
maior diversificação para as propriedades rurais, pois é uma cultura que direciona a sua
produção para a fabricação deste combustível renovável, que é o Etanol. O fato de se
poder produzir um combustível renovável se transforma em um acontecimento muito
importante no que diz respeito à substituição de combustíveis oriundos de matérias-
primas fósseis. Desta forma, a influência da emissão de gases que causam o
aquecimento global se torna muito significativa, pois existem dados científicos de que
haverá um aquecimento em todo o planeta devido ao uso de substâncias que emitem
gases que influenciam no aquecimento do planeta.
É muito importante que sejam comercializados os créditos de carbono oriundos
da produção de Etanol, a partir da cana-de-açúcar, que faz um seqüestro de carbono
significativo; é importante também verificar que existe muita dificuldade entre os
pequenos e médios produtores, em conseguir negociar os créditos de carbono, dos quais
lhes cabe o direito. Seguindo o pensamento de que se produzirá e se conseguirá receber
divisas originadas de um trabalho feito a partir do seqüestro de carbono, esta será mais
uma forma, na qual muitos produtores se lançarão nos meios de produção e se terá um
grande aumento na produção de álcool. Já se observam pequenos e médios produtores
conseguindo produzir Etanol. Nestes termos, verifica-se certa descentralização da renda,
e este poderá ser um distribuidor de renda, fato que não acontece com as grandes
empresas produtoras, que fazem todo o processo de produção de Etanol, a partir do
cultivo da cana-de-açúcar.
87
Outro ponto positivo em relação à produção de Etanol, diz respeito à condição
de que na produção deste álcool carburante, é gerada uma grande quantidade de
biomassa que surge com a moagem da cana-de-açúcar: o bagaço da cana-de-açúcar.
Este bagaço entra como combustível para movimentar geradores, através do processo de
caldeiras, até a geração de energia elétrica. Assim se percebe a importância que existe
em se produzir o Etanol e da quantidade de benefícios que se originam em todo o
processo de produção deste biocombustível. Outro aspecto que se observa, é o
lançamento na lavoura, de um produto chamado vinhaça e que constitui um ótimo
fertilizante, que se lança em forma líquida nas áreas de produção de cana-de-açúcar.
Observa-se que ao se utilizar o Etanol como combustível na queima através do ciclo
Otto, haverá o desprendimento de carbono e a sua emissão para a atmosfera, porém este
carbono já teve a sua origem na atmosfera.
O importante na produção de biocombustíveis traduz em que se buscou uma
forma de produzir combustível e energia a partir de uma função que se torna muito
importante para toda a humanidade, através do uso de dióxido de carbono que se
encontra em uma concentração acima do normal na atmosfera. Assim é perceptível a
influência que se observa no comércio de créditos de carbono, na possibilidade de
existir condições de todos os que participam do seqüestro de carbono receber divisas
por esta importante função. Um fator de grande relevância se traduz em que está
havendo um direcionamento muito grande, em termos de recursos em investimentos,
para a geração de combustíveis renováveis.
Existe uma atividade intensa de seqüestro de carbono nas propriedades em que
se trabalha com reflorestamento de espécies vegetais. Várias espécies que se destinam
às variadas funções no setor de produção tais como o eucalipto que, sendo desenvolvido
em forma de reflorestamento, pode ser usado na fabricação de papel, na utilização como
escoramento na construção civil, na utilização como madeira para compor as cercas das
propriedades rurais e na utilização para a fabricação de carvão, que servirá às indústrias
de siderurgia. Nos três primeiros casos, percebe-se que há um verdadeiro cemitério de
carbono, pois o dióxido de carbono que fez parte da composição da madeira não volta
para a atmosfera em forma de queima e, portanto se fixa em forma de madeira que irá
ser trabalhada e utilizada, ou será transformada em papel que também será utilizado sem
queima e poderá ser reutilizado pelo processo de reciclagem.
88
No caso da madeira que se destina para as siderúrgicas, com a queima e no
processo de fabricação de carvão, o dióxido de carbono volta para a atmosfera,
entretanto este processo de obtenção da madeira se deu com a utilização do carbono da
própria atmosfera, desta forma não houve um direcionamento de mandar mais carbono
do que o que foi retirado da atmosfera, ou seja, não houve contribuição para aumentar a
concentração de dióxido de carbono para a atmosfera. Considera-se que um hectare de
eucalipto em reflorestamento consegue seqüestrar uma tonelada de carbono, no período
de um ano. Assim, não é difícil estimar a quantidade de carbono seqüestrada por uma
determinada área de reflorestamento. Outro fator importante, que se verifica com a
implantação dos reflorestamentos de eucaliptos, é a absorção de mão-de-obra que se faz
presente, porque existe a contratação de um contingente considerável de pessoas, para o
trabalho nas áreas de reflorestamentos.
Um fator que deve ser levado em consideração por parte dos produtores de
eucalipto, diz respeito às nascentes dos cursos de água, que precisam ser preservados e
que, por um acaso, podem estar contidas nas áreas dos projetos de implantação dos
reflorestamentos de eucaliptos e que, de uma forma muito respeitosa ao meio ambiente,
deve-se preservar este bem natural. Esta preservação deve ser feita em nome de uma
natureza saudável e em condições de manter o homem apto a legar para os seus
descendentes, uma existência cada vez mais digna. É necessária a manutenção das
espécies vegetais nativas nos locais que constituem o curso de água em questão, que
precisa ser preservado. Com esta manutenção da vegetação e sem a substituição da
vegetação natural, por uma reflorestada, será possível se preservar o curso de água.
Neste caso, o reflorestamento poderá ocupar áreas afastadas deste curso de água
preservado.
A seringueira é uma espécie vegetal que tem como função a produção do látex
ou borracha natural. Este processo envolve um grande seqüestro de carbono, porque esta
espécie vegetal se desenvolve de uma forma bastante acentuada e com este fato será
necessário e importante para que haja um comércio de carbono que beneficie o produtor
de látex, no intuito de dar condições ao produtor de borracha de melhorar os seus
rendimentos.
89
Este produtor de látex precisa ser beneficiado na forma de recebimento de
créditos de carbono. Nestes termos haverá mais possibilidade de um maior
desenvolvimento desta atividade, que faz um grande seqüestro de carbono e que o
coloca em forma de produto e em forma de composição da floresta artificial. Esta
floresta tende a crescer em quantidade de metragem cúbica de madeira e se tornar cada
vez mais uma floresta com maior capacidade de produção de borracha e, portanto,
torna-se importante no seqüestro de carbono. Nestes termos, verifica-se que as
atividades de seqüestro de carbono são importantíssimas e que acontecem em várias
atividades no setor rural, onde já se verifica a importância do comércio de carbono. É
preciso que haja um incremento no comércio de carbono para que se melhore o
incentivo no seqüestro do mesmo.
Para que o comércio de créditos de carbono se movimente, cresça e dê suporte a
um desenvolvimento voltado para o equilíbrio em termos de concentração do dióxido de
carbono na atmosfera e que as previsões de um desajuste na temperatura do planeta,
com o aumento desta temperatura, faça parte apenas de citações de previsões cientificas,
é preciso que sejam tomadas decisões favoráveis ao equilíbrio da concentração dos
gases do efeito estufa, que fazem parte da composição atmosférica. Com muito esforço
em seqüestrar carbono, com a mudança de combustíveis utilizados e novas fontes de
energia consideradas limpas, haverá uma melhora na qualidade de vida do homem no
planeta.
As formas de reflorestamentos são de uma variedade muito grande. Podem ser
mencionadas as áreas que são reflorestadas por pinheiros, as quais têm uma destinação
para a utilização da madeira produzida e que, de uma forma muito interessante, vai
compor o método do cemitério de carbono. Neste caso, o carbono que entrou para a
formação do vegetal se transforma em madeira e é utilizado em várias formas, na
fabricação de moveis, na fabricação de suportes de mercadorias em depósitos etc. Neste
processo de reflorestamento, existe um verdadeiro trabalho de assimilação de mão - de-
obra que dará suporte às atividades com as etapas, desde a implantação da floresta, os
tratos culturais e o trabalho de colheita, como também a transformação desta matéria-
prima que se constitui da árvore reflorestada.
90
Algumas áreas são reflorestadas com espécies que se encontram na região em
questão. Estes trabalhos são de recomposição da floresta que existia anteriormente e que
foi desmatada. É um trabalho tem um significado muito importante para o meio
ambiente, porque neste caso se consegue reconstituir áreas que apresentavam uma boa
cobertura vegetal e que, pela ação dos trabalhos de desmatamento, ficaram sem a sua
estrutura de floresta. O trabalho de recomposição de uma cobertura vegetal é muito
difícil de ser completado, no sentido de que a reconstituição necessita de um tempo
considerável para que se possam perceber as funções principais da floresta recomposta,
eem muitos casos se perdem parte da fauna que antes habitava esta região. Neste caso se
observa a função de seqüestro de carbono completado pela floresta.
A utilização da prática do comércio de carbono precisa ser mais bem
desenvolvida e em condições para que todos os produtores que mantêm em suas
propriedades formas de seqüestro de carbono, como a presença de florestas nativas, a
presença de vegetais que são utilizados na produção de combustíveis renováveis, como
é o caso do Etanol e do Biodiesel, possam completar o comércio de carbono, no sentido
de que haja uma maior desburocratização para que este comércio exista. Poderá ser
verificado, com bastante clareza, que é o recebimento de divisas, por parte dos
produtores e entidades que mantêm este trabalho de seqüestro de carbono, porque não
há possibilidade de os produtores arcarem com as despesas de manutenção das áreas
que recebem as coberturas vegetais. Os benefícios do seqüestro do carbono se estendem
a todos, de uma forma geral, e os detentores das áreas em questão precisam participar de
um benefício que se traduz em uma movimentação financeira a seu favor.
Acontecendo a freqüência do comércio de carbono, haverá maiores condições,
para que se mantenham as florestas nativas em condições de preservação. Não se trata
de possibilitar os possuidores das áreas florestais de recursos oriundos de fora da
propriedade e sem a entrega de uma mercadoria em troca. Na verdade, o que se verifica
é a retirada de quantidade considerável de dióxido de carbono da atmosfera e depositado
em forma de madeira ou em forma de produtos. Essa função é grandiosa e precisa
acontecer com muita intensidade, de forma a mudar os rumos da concentração de
dióxido de carbono existente na atmosfera. Haverá condições de uma maior e melhor
previsão para o futuro de todos, porque ao se tornar mais freqüente o seqüestro de
carbono, juntamente com a diminuição do uso de combustíveis fósseis, substituídos por
91
outros combustíveis renováveis, será observada a estabilização do dióxido de carbono
na concentração atmosférica e cessará o aumento da temperatura media do planeta.
As áreas que se apresentam em cobertura vegetal e que produzem frutos, como
as áreas de fruticultura que estão plantadas com citros, como é o caso de grandes áreas
em laranjais e as áreas produtoras de manga, cajueiro e mais algumas árvores frutíferas,
não é difícil fazer uma estimativa de quão importantes são estes vegetais, no âmbito do
seqüestro de carbono. Outro aspecto importante no seqüestro de carbono é verificado
com as coberturas vegetais que fazem parte da arborização das cidades. Essas árvores
que se apresentam em números consideráveis, cada vez mais estão fazendo parte do
cenário das avenidas e ruas das cidades espalhadas por vários estados e regiões. Existe a
possibilidade de uma visão melhor em relação ao aquecimento global. Neste momento
já se descortinam as possibilidades de reversão deste fenômeno catastrófico, que se
traduz no aumento da temperatura média do planeta.
Diante de um problema de seriedade tão grande, que se constitui no aumento da
concentração de dióxido de carbono na atmosfera e que influencia diretamente no
aumento da temperatura do planeta, existe a possibilidade de se reverter este quadro,
utilizando-se outros combustíveis que causem um impacto menor na atmosfera e com o
serviço de seqüestro de carbono. Será muito importante o comércio de carbono, para
que se tenha este incentivo financeiro. Este comércio poderá ser verificado como
positivo, principalmente quando se observar um movimento no sentido da preservação e
na influência financeira que esta preservação vai gerar para a propriedade rural ou para
o ambiente florestal observado. O comércio de carbono é muito importante para as
empresas rurais, para os ambientes florestais e, principalmente, é um beneficio para o
planeta como um todo.
Havendo condições de se seqüestrar mais dióxido de carbono e de se emitir
menos dióxido de carbono, o equilíbrio térmico se torna uma realidade e desta forma
está verificada a possibilidade de manutenção das condições ambientais. Com o
aumento de locais reflorestados, se possibilitará também uma absorção de mão-de-obra,
para o trato com as culturas que devem fazer parte dos reflorestamentos e das áreas que
seqüestram carbono e que absorvem um bom contingente de mão-de-obra. Pode-se citar
como exemplo, a presença de produtores de matéria-prima para o biodiesel, no semi-
92
árido do nordeste brasileiro, onde se poderá produzir mamona para abastecer as usinas
de transformação em combustível para motores do ciclo Diesel e desta maneira serão
abastecidos: uma termoelétrica com o diesel produzido a partir da mamona, os tratores e
máquinas da agricultura, como também a frota de veículos que transportam cargas e
uma série de motores para as mais variadas funções.
Com o auxilio dos seqüestradores de carbono, que se compõem de uma
variedade muito grande de espécies vegetais e com a consciência de que a emissão de
dióxido de carbono para a atmosfera, oriunda dos combustíveis fósseis e da queima de
restos culturais e de madeiras originárias de desmatamentos, são os grandes causadores
do aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, torna-se mais fácil de
haver um equilíbrio entre a emissão e o seqüestro de carbono, porque a tendência
natural se constitui em diminuir a emissão de dióxido de carbono. Só assim as gerações
futuras poderão se desenvolver e terem condições de desenvolvimento e de sobrevida
harmônica com o meio ambiente. Durante muitos anos foram gerados os conhecimentos
que existem atualmente, não poderá ser alegado, de que não se sabe da influência
danosa que a emissão de gases do efeito estufa causa ao meio ambiente.
Não poderão ser descartadas as responsabilidades que existem neste momento,
para esta geração que habita este imenso planeta, de que se faz necessário que haja
estabilização na concentração de dióxido de carbono existente na atmosfera e, em um
tempo muito próximo, as futuras gerações agradeçam este ato de coragem e de
esperança em um mundo melhor. Aos poucos, poderá ser feita a substituição de fontes
de energia que não agridam o meio ambiente, pois poderão ser usados os combustíveis
considerados limpos, combustíveis renováveis e que não necessitam retirar dos fósseis
as concentrações de carbono que geraram uma quantidade maior de dióxido de carbono
na atmosfera.
O uso do Etanol como combustível já se tornou um fato muito relevante em
termos de combustíveis renováveis. No Brasil, com a utilização da cultura de cana-de-
açúcar e sua industrialização para dar origem ao Etanol, consegue-se produzir um
combustível renovável e que se serve do carbono existente na atmosfera, para produzir a
matéria-prima do Etanol. Portanto, são iniciativas dessa natureza poderão mudar o
destino das previsões catastróficas do aquecimento global. São com iniciativas muito
93
responsáveis irão traçando os destinos desta geração e produzindo condições para que as
próximas gerações encontrem condições especiais de um bom desenvolvimento em
termos de energia, como também de matéria-prima e de um solo agricultável em
condições de produzir sempre.
O comércio de carbono, que se faz entre as partes que emitem carbono para a
atmosfera e a que seqüestram carbono da atmosfera, precisa ser mais agilizado, porque
não se pode esperar que haja um considerável e grandioso desmatamento das áreas de
florestas, para que se tome a decisão de incluir as áreas de florestas nativas como áreas
potencialmente importantes de se seqüestrar carbono, áreas que ainda se encontram com
um grande poder de representar uma porcentagem muito grande em termos de florestas
nativas. Este é o momento de incluir essas áreas nos trabalhos remunerados do
seqüestro de carbono e é preciso que os produtores e os órgãos que detêm essas áreas de
reservas recebam as divisas originárias da função que estas áreas têm em seu poder, de
seqüestrar carbono e que de uma vez por todas, estas áreas não sejam vistas apenas
como áreas verdes ou simples paisagens.
Observe-se o caso de uma reserva indígena que se encontra em floresta. Ao se
observar essa área como seqüestradora de carbono e havendo condições reais de haver
comercialização dos créditos de carbono, provavelmente não haveria necessidade de os
habitantes dessa reserva procurar madeireiros para venderem essências florestais, para
gerar divisas em favor da reserva indígena. Serão observados os benefícios gerados por
um comércio responsável de carbono. Por um lado, será percebida a procura e utilização
de combustíveis mais limpos, por parte dos emissores de carbono para o meio ambiente
e, por outro lado, uma maior movimentação dos seqüestradores de carbono. Dessa
forma acontecerá um maior cuidado em se preservar o meio ambiente, que se constitui
de florestas, de áreas produtoras de combustíveis renováveis e das áreas de
reflorestamentos.
A dependência de um aumento ou não da temperatura do planeta está
relacionada unicamente com as concentrações de gases que influenciam diretamente o
acúmulo da quantidade de calor retido pelos gases. Assim o papel que o Homem
desempenha neste processo de aquecimento é de fundamental importância, pois tal
processo pode ser revertido em favor de uma diminuição da emissão dos gases do efeito
94
estufa e, simultaneamente, poderá ocorrer o fenômeno do seqüestro de carbono. Com
essas medidas, será presenciada uma estabilização da concentração de gases do efeito
estufa, principalmente do dióxido de carbono que é seqüestrado diretamente pelos
vegetais. Neste caso, o aumento crescente da temperatura média do planeta será
eliminado.
Já se tornou possível vislumbrar um horizonte melhor no que se refere à
utilização dos recursos naturais. Existem os determinantes que possibilitam a utilização
dos bens naturais de uma forma respeitosa e existem os determinantes que
impossibilitam a utilização de um determinado recurso natural, como é o caso da
utilização de uma floresta nativa para a produção de madeira. Essa floresta precisa ser
manejada de forma bastante responsável e que não comprometa a função da floresta.
Neste aspecto poderá se ter a extração de algumas espécies vegetais que se encontra em
idade de corte e que serão substituídas por árvores que podem ser da mesma espécie,
pois terão a função de fazer o trabalho de seqüestro de carbono com bastante
propriedade e de forma a aumentar a eficiência do seqüestro pelo aumento do número
de vegetais; os manejos florestais já dispõem de muitos recursos em termos de
conhecimento cientifico.
Não será por falta de informações que se possibilitará um uso inadequado destes
recursos naturais, constituídos das florestas nativas. Portanto, torna-se bastante
importante a presença de engenheiros florestais no ambiente florestal, para que se
tenham condições de produzir um trabalho isento de falhas, que consiga eliminar a
depredação destes recursos. Entende-se que não há outra forma de trabalho que não seja
embasado em conhecimentos gerados na própria ciência e na observação de campo, por
pessoas capacitadas e que, de alguma forma, contribuem para o avanço nas áreas do
conhecimento. Esse conhecimento possibilita desenvolver um trabalho em que a
preservação dos recursos naturais seja mais importante do ponto de vista da preservação
ambiental e fornecer requisitos para o desenvolvimento das futuras gerações.
Quando se faz a citação de que será importante que haja um melhor
desenvolvimento que envolva os emissores e os seqüestradores de carbono em torno de
uma negociação, é para informar da necessidade real existente entre duas partes que,
uma vez concluída com sucesso as negociações, será possível a existência de um
95
desenvolvimento sempre equilibrado, porque já se detém os conhecimentos necessários
para se determinar uma concentração ideal de gases do efeito estufa e como se pode
chegar a estas concentrações. Para tanto, é necessário e importante que, no caso do
dióxido de carbono, seja negociado o mais breve possível sem a interferência de algum
fator que dificulte a negociação entre as partes. Se assim acontecer, será possível o
aumento do seqüestro de carbono feito de forma bastante responsável.
Poderá ser verificado um aumento no número de áreas reflorestadas e nas áreas
destinadas à produção de matérias-primas para a produção de combustíveis renováveis.
Este aumento pode ser influenciado pelo comércio de carbono, que se for convidativo
será, tornará possível à existência de um aumento crescente no seqüestro de carbono,
como também da diminuição de queimadas que dão origem a fronteiras agrícolas.
Assim, será muito importante que haja uma maior movimentação das partes que
compõem o comércio de carbono, tornando mais ágil o fechamento de negociações e
conseqüentemente, mais áreas protegidas de trabalhos que poderiam culminar com o
desaparecimento de partes florestais. Não se vê outra possibilidade para que haja um
melhor modelo de preservação que não o de se receber por um trabalho de seqüestro de
carbono e o de se pagar por se emitir carbono.
Nestes termos de comércio, não será necessário que haja meios punitivos para
fiscalizar as possíveis devastações de áreas florestais, porque os próprios fiscais serão os
detentores das florestas em que se faz o trabalho de seqüestro de carbono.
Foi citado neste capítulo, sobre a necessidade de um melhoramento no âmbito do
comércio de carbono, na possibilidade da existência de mecanismos de compra e venda
de créditos de carbono, para que haja a possibilidade de existir condições reais de um
pequeno produtor, que dispõe em sua propriedade de uma área de floresta considerável,
para fazer o seqüestro de dióxido de carbono, ou que tenha em sua produção o
desenvolvimento de culturas que sejam destinadas para a produção de combustíveis
renováveis. Estas citações são muito oportunas e precisaram ser feitas, por se tratar de
um assunto de extrema importância para a existência de um desenvolvimento baseado
na evolução da espécie humana, sem haver a interferência negativa. Essa interferência
pode ser gerada por uma conseqüente variação no aumento da temperatura média do
96
planeta, em torno de três a quatro graus Celsius neste século, em conseqüência do
aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera.
É por motivos como esses que envolvem as condições ideais de sobrevivência,
que haverá a necessidade de se buscar condições favoráveis para a sobrevivência do
Homem neste imenso planeta Terra. Não há como se furtar aos fenômenos de
influências negativas e se esperar para que aconteçam as previsões negativistas e que, de
certa forma, trazem um alerta para todos os ocupantes deste planeta. A função saber
aprender a preservar e preservar deve fazer parte do dia-a-dia de todos. As pessoas que
têm o poder de decidir sobre os destinos de uma propriedade rural ou de uma empresa
agrícola, que têm um poder de produção maior e, conseqüentemente, estão com mais
capacidade de influenciar o meio ambiente, precisam estar bem orientadas e auxiliadas
por técnicos, e assim poderem traçar os destinos das propriedades das quais são
responsáveis ou proprietários.
Sem sombra de dúvida, a existência do seqüestro do dióxido de carbono se
traduz em uma forma de minimizar os efeitos negativos de um possível aquecimento do
planeta e a importância do seqüestro de carbono, juntamente com a diminuição das
emissões de carbono para a atmosfera, são as formas mais eficazes de neutralizar este
possível aquecimento. Tem-se confiança e certeza de que haverá uma grande
movimentação no sentido de que todos se unam em defesa deste bem maior, que se
traduz em condições dignas de produção e de desenvolvimento em todos os locais deste
imenso planeta Terra.
97
Capítulo quinto
A geração de energia elétrica e mecânica com as suas possíveis utilizações
1- A geração de energia através das mine, micro e pequenas usinas hidrelétricas
A utilização do uso de geração de energia em modelos que não os
convencionais mostra uma idéia de que muito se pode fazer na questão de geração de
energia. Uma prática que se utilizava em tempos atrás e que se tornou pouco usada nos
dias atuais, é a utilização da geração de energia elétrica através de usinas consideradas
micro usinas, mine usinas e pequenas usinas hidroelétricas. Estas usinas hidroelétricas
podem ser instaladas em muitas propriedades rurais onde se apresentem condições
ideais de fluxo de água e que haja a existência de uma queda de água, possibilitando se
converter a energia potencial gravitacional, em energia cinética e, posteriormente, a
conversão desta energia cinética em energia elétrica, com a utilização de uma turbina e
um gerador de energia elétrica, para converter os movimentos de rotação da turbina em
energia elétrica.
A maior quantidade dessas usinas hidrelétricas está desativada na atualidade; a
facilidade com que se consegue comprar energia das concessionárias de energia elétrica
e provavelmente, a fácil manutenção das redes de distribuição, que são mantidas pelas
concessionárias, tornou menos atrativa a instalação e a manutenção das usinas de porte
reduzido. No momento, percebe-se que a utilização dessas usinas será de grande
importância, por se considerar que a matriz energética está tendo uma demanda cada
vez maior e em um futuro muito breve, poderá entrar em colapso o sistema de geração
de energia elétrica. Desta forma, será muito importante a utilização deste potencial
hidrelétrico, originário das usinas de porte menor e que podem ser instaladas nas
propriedades rurais, fazendo parte do patrimônio do produtor rural.
O Brasil detém um potencial muito grande para a instalação de usinas
hidrelétricas de porte reduzido, com a utilização dos recursos naturais próprios para a
instalação de usinas hidroelétricas que geram uma potência menor. Porém, com a
utilização de uma quantidade muito grande dessas usinas, poderá haver um potencial
considerável instalado; as usinas podem ser instaladas com a construção de
98
reservatórios ou a fio de água, ou seja, a usina pode ser instalada sem a construção de
um reservatório que irá acumular água para movê-la. Para tanto, é necessário que haja
uma vazão que possa movimentar a turbina ou turbinas da usina, durante o período de
funcionamento. Este tipo de usina que se instala a fio de água tem a particularidade de
não causar um impacto ambiental maior, que poderá ser gerado quando do
armazenamento de água do lago construído. É necessário que haja uma constante na
vazão do curso de água para mover o sistema de turbina.
Outro aspecto da instalação dessas usinas mencionadas é de que existe a
possibilidade de se trabalhar com piscicultura, na região compreendida pelo lago da
hidrelétrica. Com essa possibilidade e a utilização de tanques redes, fica bem claro de
que o impacto ambiental não se tornará tão evidente, porque será por uma causa muito
nobre a construção deste lago, para gerar energia elétrica e produzir peixes para
alimentar uma população significativa. No caso da utilização do reservatório da
hidrelétrica para a criação de pescados, haverá uma boa demanda por mão-de-obra,
sendo utilizada no trato com a criação de pescados e isso significa haver mais trabalho e
renda para uma população de trabalhadores. Este sistema de piscicultura determina mais
uma possibilidade de renda para o ambiente rural, dotando as empresas rurais de mais
recursos, possibilitando melhores condições de desenvolvimento no ambiente rural, este
sistema de geração de trabalho pode ajudar na fixação do trabalhador rural no campo.
Neste aspecto, será possível verificar a possibilidade da geração de energia na
propriedade rural e o trabalho com piscicultura, desenvolvendo uma maior
diversificação da produção neste ambiente rural. Não é por falta de alternativas que o
produtor se sinta incapaz de desenvolver os seus projetos, talvez seja pela falta de
incentivos por parte dos órgãos de governo e muito mais pelos altos juros cobrados nos
financiamentos destinados aos produtores rurais. O uso da energia produzida na própria
propriedade rural e que se destina ao funcionamento dos equipamentos, torna a
propriedade auto-suficiente e em condições de uma instalação de motores, que
funcionarão com um custo reduzido, simplesmente com a manutenção da usina em
questão. Depois de instalada, percebe-se que o custo de manutenção da usina é baixo e
em pouco tempo o equipamento será pago com a sua utilização e a economia em
pagamento de energia que seria feito para uma concessionária.
99
Por isso, existe a necessidade de se usar o máximo possível a capacidade de
geração de energia, para que se possa suprir a crescente demanda por energia elétrica.
As propriedades rurais estarão, dia após dia, criando situações onde existe uma maior
demanda por energia elétrica. O pré-processamento de produtos agrícolas, por exemplo,
demanda uma quantidade considerável de energia elétrica e a possibilidade desta
energia ser gerada na própria propriedade se torna bastante importante e muito mais
barata. A conservação a frio de alguns produtos, tais como frutas e pescados, também
necessita da utilização de energia elétrica, para que se completem estes trabalhos.
Observa-se que com a especialização de uma empresa agrícola, há uma maior
necessidade por energia elétrica, nestas condições nada mais é importante do que poder
gerar esta energia e consumi-la com um preço baixo. A alternativa de gerar a própria
energia é muito importante para o produtor.
Ao se observar a possibilidade da geração de energia elétrica na propriedade
rural, neste momento entra em cena um profissional na área da engenharia, para
submeter o projeto aos cálculos da potência que será gerada pela usina e a determinação
das dimensões da barragem que formará o lago que manterá a usina em funcionamento.
Neste caso, a usina não funcionará a fio de água; para os cálculos e a instalação da
usina hidrelétrica de proporções reduzidas para a geração de energia para o consumo da
própria propriedade, poderá ser solicitada a presença de um Engenheiro Agrícola que,
com os dados suficientes em termos de vazão e de queda de água, poderá determinar a
potência que será gerada e o modelo de equipamento que se constitui de turbina e
gerador de energia elétrica.
A titulo de informações, serão citadas as potencias dos três modelos de usina: a
micro usina produz uma potência menor que cem quilowatts, as mines usinas produzem
uma potência entre cem quilowatts e mil quilowatts e as pequenas usinas hidrelétricas
produzem uma potência que varia entre mil quilowatts e trinta mil quilowatts. Seguindo
a seqüência de potência de usinas hidrelétricas, nessa classificação têm-se as médias
usinas hidrelétricas que produzem uma potência que varia de trinta mil quilowatts até
cem mil quilowatts. Por último, encontram-se as grandes usinas hidrelétricas que geram
mais de cem mil quilowatts de potência. É por um motivo muito forte, que se traduz na
necessidade de produzir mais energia para que não ocorra uma demanda maior que a
oferta, em um futuro não muito distante, é que se cogita em que haja um melhor
100
aproveitamento do potencial hidráulico que pode gerar energia elétrica um custo
relativamente barato.
As hidrelétricas são geradoras de energia elétrica, onde não existe emissão de
poluentes para o meio ambiente, a água sai de uma posição mais alta em relação à
turbina e ao chegar à turbina com uma velocidade considerável, movimenta a turbina
que, com os giros, faz movimentar um gerador de energia elétrica. O gerador converte a
energia mecânica em energia elétrica. Nesse processo a água não sofre nenhuma
transformação e sai da área da turbina pelo canal de fuga sem sofrer modificação em sua
composição química. Um grau de desconforto em relação à geração de energia
produzida por hidrelétricas se dá na condição de haver um impacto ambiental com a
construção do lago que irá regularizar a vazão para a geração da energia, mas dada
necessidade de se ter maior disponibilidade de energia para suprir a demanda da
população, torna-se perfeitamente aceitável um pequeno impacto ambiental, em favor
de uma população considerável.
Pode-se perceber que chegou o momento em que se deve fazer uso das
condições oferecidas pelo meio ambiente, para que haja a possibilidade de se ter um
maior aproveitamento em termos de geração de energia elétrica e que se instale uma
grande quantidade de usinas nas propriedades rurais. Espera-se que haja um programa
para o aproveitamento do potencial hidráulico, por parte dos órgãos de governo, para
que este programa incentive a geração de energia elétrica em menor escala. Por se tratar
de uma forma limpa de geração de energia elétrica, as hidrelétricas deverão ter o
privilegio para as suas instalações e não se deve elevar a significância do impacto
ambiental, quando da implantação de uma hidrelétrica, porque o bem causado em
termos de qualidade de geração de energia, neste sistema, é muito maior em
comparação com outras formas utilizadas para se poder gerar energia elétrica.
A utilização da energia elétrica acontece de forma muito diversificada no setor
rural, o uso da energia acontece com o funcionamento de máquinas das pequenas e
médias indústrias, no fornecimento de energia para as residências, fazendo funcionar os
equipamentos elétricos. Será observado também um considerável consumo de energia
na utilização de processos que envolvem o tratamento dos produtos agropecuários,
como exemplo tem-se o pré-processamento de grãos como milho e soja. Em outro
101
modelo de trabalho nas propriedades rurais se verificam o uso da energia com
refrigeração de derivados lácteos e na preservação frigorífica de frutas e pescados,
juntamente com carnes de espécies animais tais como aves, suínos, ovino, caprinos e
bovinos. Portanto, este ambiente, que também é um consumidor de energia elétrica,
poderá perfeitamente produzir a sua própria energia.
Não se pode discutir a necessidade de se dispor de energia elétrica em
abundancia no meio rural. O desenvolvimento de atividades que envolvem uma maior
concentração da mão de obra está intimamente ligado a uma boa disponibilidade de
energia e é nesse aspecto que se faz necessária a obtenção de mais energia para se ter
um melhor desenvolvimento rural. É necessário, de imediato, que se construam usinas
geradoras de energia elétrica, com produções mínimas, mas com capacidade de tornar
muitas propriedades auto-suficientes em geração de energia elétrica. É preciso
aproveitar o potencial existente nos cursos de água por este Brasil afora e capacitar o
meio rural de mais uma potencialidade que se traduz em gerar energia elétrica.
No ambiente que é compreendido pelas cidades, as áreas industriais e a
população como um todo são beneficiados com a compra da energia elétrica gerada
principalmente pelas grandes usinas, as hidrelétricas, que apresentam um grande
potencial instalado e oferecem energia por um preço um tanto dispendioso, porém muito
eficiente. No transcorrer dos anos, com um crescente aumento do parque industrial
brasileiro, verifica-se a necessidade de um aumento maior na geração de eletricidade,
para que haja condições de se satisfazer à demanda por energia. Considerando que
existe também um aumento do numero de residências, tendo-se em conta de que com o
aumento da renda existe uma tendência natural para o aumento do consumo de energia,
salvo raras exceções, é de se esperar que haja um aumento considerável de consumo de
energia para os próximos anos.
Observando-se um crescente aumento do consumo de energia elétrica, pode-se e
deve-se estimular a geração de energia elétrica, para que em um futuro muito próximo
se consiga equilibrar o consumo e a geração de energia elétrica, em patamares bem
acima do que existe atualmente. Portanto, não se faz necessário pensar em uma geração
de energia elétrica só com usinas de médio e grande porte, as mines, micros e pequenas
usinas hidrelétricas podem e devem gerar um potencial considerável de energia elétrica.
102
O que se tem em consideração a respeito da instalação das usinas geradoras de energia
elétrica de porte diminuto, significa que não será necessária uma intervenção direta dos
governos para as suas instalações. É necessário que haja créditos específicos, com juros
baixos e que o produtor consiga um prazo dilatado, para pagar os empréstimos
referentes aos financiamentos para a construção destas usinas geradoras de energia
elétrica. Nestes termos alguns produtores poderão produzir energia elétrica.
O que se sugere é que não haja um grande esforço para que se consiga obter os
empréstimos que se destinam às construções dessas hidrelétricas. Quando for possível a
construção, através dos produtores rurais, dessas usinas hidrelétricas, haverá neste país
uma nova forma mais acentuada de produzir e de utilizar energia elétrica no campo.
Será possível incrementar as pequenas indústrias rurais, o preço do quilowatt hora será
muito convidativo para o produtor rural e quem sabe este produtor não consiga vender
energia para o sistema de distribuição de energia elétrica. O produtor terá mais uma
atribuição, pois além de produtor agropecuário, será também produtor de energia
elétrica. As questões se resumem nos aspectos em que elas são enfocadas e a afirmação
de que o produtor poderá gerar a sua energia e um excedente comercializável de fato
tem procedência. O que o produtor precisa é de um auxílio técnico e de financiamentos
que beneficiem o empreendimento, porque coragem e vigor para trabalhar eles têm
demais.
2- Energia gerada através da utilização da biomassa
No processo de fabricação de açúcar de cana e na fabricação do álcool, surge um
subproduto originário da moagem. Trata-se do bagaço da cana que passou pelo processo
de moagem, para dar origem ao Etanol, ao açúcar, como também ao bagaço de cana.
Tem-se em consideração de que esta moagem pode dar origem também a outros
produtos, tais como a rapadura e o melaço. Nesta geração de energia elétrica que se
constitui da queima do bagaço de cana, onde se movimentará uma caldeira a vapor, a
qual faz funcionar um gerador de energia elétrica. O bagaço da cana entra no processo
de geração de energia, como combustível e como tal deve ser observado. O calor
provocado com a queima do bagaço de cana se transfere para uma massa de água, que
faz funcionar uma caldeira a vapor. Na seqüência a energia da caldeira faz girar um
gerador de energia elétrica, finalizando a geração de energia elétrica no processo.
103
Com o desenvolvimento dos equipamentos para geração de energia elétrica,
através da biomassa da cana de açúcar, estão surgindo no mercado caldeiras mais
eficientes, equipamentos que trabalham com mais pressão e, como conseqüência,
conseguem ter um rendimento maior e em conjunto com geradores eficientes, produzem
mais energia. Algumas unidades produtoras de álcool e açúcar já dispõem de produção
de energia elétrica gerada com bagaço da cana, produzindo durante os doze meses do
ano. Nestas condições, as unidades produtoras de açúcar e álcool conseguem contribuir
muito em termos de geração de energia elétrica, porque somente em um período do ano
as usinas geradoras de energia elétrica fazem o serviço de moagem da cana-de-açúcar,
em outro período do ano, o bagaço armazenado durante o período da moagem é
transformado e energia elétrica. Como a usina consome pouca energia na entressafra, a
energia gerada é vendida para as concessionárias.
A cana-de-açúcar, ao se encontrar em seu período de maturação, sofre o
processo de colheita. Este processo de colheita pode ser manual ou mecanizado, com
tendência a uma mecanização mais intensa. Em seguida à colheita, segue o
procedimento do transporte da cana, com destino à usina. Ao se chegar com esta matéria
prima para a fabricação de álcool e açúcar, a cana segue todo o processo de moagem,
obtendo-se o bagaço que fica um tempo armazenado até a sua utilização para a queima
em fornalhas próprias, dando início à geração de energia. O bagaço de cana pode ser
armazenado por um período considerável, de tal forma que, mesmo ao se cessar o
processo de moagem, ainda assim será possível utilizar o bagaço armazenado e dar
seqüência ao processo de geração de energia elétrica, que é concluído com o
funcionamento da caldeira e do gerador de energia.
Outro aspecto muito importante e que é cabível neste momento é fato de que o
bagaço de cana teve origem com o desenvolvimento do vegetal, e o carbono existente
neste combustível e que dará origem à queima para gerar energia elétrica, teve origem
na atmosfera. Verifica-se que não houve a utilização de carbono de uma origem que
possibilitasse um aumento da concentração do mesmo na atmosfera, pois este se
originou na atmosfera. É importante observar que essa alternativa de gerar energia é
menos agressiva ao meio ambiente no que diz respeito à emissão de gases do efeito
estufa para a atmosfera. Este sistema de gerar energia elétrica, através da queima do
104
bagaço de cana que, através de um processo a vapor e com o auxilio de um gerador de
energia, tem uma influência de nível zero, quando se analisa o balanço da emissão e
seqüestro do dióxido de carbono para a atmosfera Portanto, é um método de geração de
energia considerado limpo.
Quando na geração de energia elétrica, através do processo de combustão do
bagaço de cana de açúcar, existe a possibilidade de uma geração de energia superior à
energia consumida pela usina em que se dá o processo de moagem, surge uma
possibilidade de comercialização do excedente de energia para o setor de
concessionários de energia elétrica. No período que compreende a parada da moagem,
coincidindo com o armazenamento do bagaço de cana, a energia gerada pelo sistema
poderá ser comercializada de uma forma mais intensa, porque neste período a usina
consome uma quantidade de energia muito menor do que no período da moagem.
Verifica-se que o uso dessa biomassa tem um poder muito grande em gerar energia na
combustão do bagaço e na produção do Etanol, o álcool combustível que entra como
combustível de motores do ciclo Otto. Este combustível entra em queima direta no
motor e é considerado um combustível limpo.
Existe a possibilidade de haver um posicionamento, por parte de algum
observador que analisa este processo de produção de álcool, açúcar e energia gerados
através da cana-de-açúcar. Observação esta, no sentido de verificar um consumo de
combustíveis derivados do petróleo e que podem ser utilizados por veículos e máquinas
quando da produção dos produtos oriundos da cana-de-açúcar. Neste caso, a verificação
do balanço de carbono na atmosfera será alterada para uma maior concentração. Com a
utilização de equipamentos para a produção da cana-de-açúcar, compostos de motores
do ciclo Otto e que trabalham com o álcool como combustível, não haverá problemas de
contribuição de dióxido de carbono para um aumento da sua concentração na atmosfera,
uma vez que o álcool produzido foi originário da cana-de-açúcar que fez a função de
fotossíntese e utilizou o dióxido de carbono atmosférico como matéria-prima.
Consegue-se desta forma, produzir com muita eficiência, Álcool, Açúcar e energia.
As fontes de energias mais limpas têm balanço zero quando são analisadas
quanto à emissão de gases do efeito estufa. Devem-se analisar também os combustíveis
de origem fóssil e que são muito empregados, contribuindo de forma negativa para as
105
emissões de gases. A utilização de carvão mineral e dos derivados do petróleo é feita de
forma muito intensa. Os utilizadores dos produtos de origens fósseis, que fazem a
função de retirar o carbono das reservas minerais e colocá-lo na atmosfera em forma de
dióxido de carbono, estão contribuindo de forma muito intensa para o aumento da
temperatura média do planeta e não será muito fácil fazer com que todos se sintam
responsáveis pela preservação deste patrimônio maior que é o planeta Terra. É
necessário que haja uma gradativa substituição de fontes de energia de combustíveis
fósseis, por combustíveis que causem menos impacto ao meio ambiente, para que se
possa reverter as previsões catastróficas de um aquecimento global significativo e
prejudicial ao planeta.
A necessidade de uma maior utilização de bioconbustíveis influencia no
equilíbrio do dióxido de carbono na atmosfera. Considerando que os combustíveis
fósseis são finitos, tem-se um período de extração e utilização para que sejam esgotadas
as reservas desses combustíveis. Por isso, torna-se muito importante a utilização de
fontes renováveis de energia, como também o seqüestro de carbono, depositando este
em verdadeiros “cemitérios de carbono”. Dessa forma, será possível haver um equilíbrio
na concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Como exemplos de carbono
seqüestrado, podemos citar a madeira que compõe uma cerca de arame nas propriedades
rurais, os móveis fabricados em madeira e outras utilidades.
É perfeitamente possível que parte dos consumidores de combustíveis de origem
fósseis migrem para o consumo de combustíveis renováveis. Desta forma se consegue
vislumbrar um balanço entre a emissão de dióxido de carbono e do seqüestro. Será
possível que em alguns anos, haja um equilíbrio entre o carbono que aumenta a
concentração na atmosfera e o que diminui esta concentração. Não se trata de uma
forma utópica de observar a mudança do uso dos combustíveis, mudança esta, que
diminuirá consideravelmente o uso de combustíveis que influenciam negativamente o
equilíbrio térmico do planeta. Existem condições da substituição dos combustíveis que
agridem o meio ambiente, por combustíveis mais aceitáveis sob o ponto de vista da
preservação. O fator econômico ainda se traduz em um determinante para a utilização
de alguns combustíveis, como o caso do Hidrogênio como combustível, porém muito
em breve a sua utilização será em larga escala.
106
A geração de energia elétrica e de energia mecânica se dá também com a
utilização em motores do ciclo Otto, na combustão do gás obtido a partir da
fermentação de excrementos animais. Os mais utilizados são: os dejetos de suínos e de
bovinos. Este gás também pode ser utilizado na iluminação de áreas, como também no
aquecimento de água utilizada em banheiros. Na geração de energia elétrica, o gás
produzido a partir da fermentação dos excrementos animais entra como combustível no
motor e este faz funcionar um gerador de energia elétrica que está acoplado ao mesmo,
e que converterá a energia mecânica produzida pelo motor em energia elétrica. Em
outro momento poderá ser verificada a utilização deste combustível na utilização de
motores veiculares e que vai gerar energia mecânica, fazendo funcionar um veiculo.
Nota-se que existem vários procedimentos que podem ser feitos em uma propriedade
rural, determinando um maior sucesso para a propriedade e para o meio ambiente.
Outra forma de geração de gás para a produção de energia se dá com a
fermentação do lixo. Este lixo pode ter origem em cidades, o qual é levado para os
lixões e através de um processo de fermentação anaeróbica se dá a produção do gás
Metano. Com este gás se consegue movimentar turbinas em uma termelétrica,
evidentemente tendo-se em conta de que o volume de gás produzido seja de um volume
considerável. Esta iniciativa de geração de energia elétrica a partir do lixo orgânico vem
determinar mais uma condição de aproveitamento do que antes era um problema a ser
resolvido, que se constituía do armazenamento do lixo. Por um outro lado, tem-se a
possibilidade de transformar o lixo que produziu o gás Metano em composto orgânico
rico em nutrientes, e que servirá de adubo em algumas plantações. Com esses
procedimentos se torna possível diminuir em muito os efeitos nocivos que poderiam
advir do lixo e se consegue produz energia limpa.
Outra forma de se produzir energia através da biomassa, se traduz na produção
de energia gerada com o uso de resíduos da indústria madeireira. Estes resíduos podem
seguir o procedimento de queima e posteriormente fazer funcionar um sistema de
caldeira e gerador. Percebe-se que se torna mais interessante que estas indústrias
trabalhem com essências vegetais originárias de reflorestamentos ou de um manejo
florestal muito bem dirigido, onde não há depredação do meio ambiente. Existe também
a possibilidade do uso de lenha para a produção de energia, a qual poderá ser de origem
de reflorestamento. Entretanto, existem outras formas mais importantes para o uso dessa
107
madeira, como é o caso da fabricação de papel na construção civil como escoramento,
na utilização em propriedades com a construção de cercas e na própria fabricação de
móveis. O que se pode perceber é a eficiência do Homem em se tornar cada vez mais
presente nos meios de utilização dos recursos de que ele dispõe.
A utilização da biomassa para a geração de energia dá condições para que haja
um comércio de créditos de carbono, originários do processo de obtenção do
combustível, pois este é considerado limpo, uma vez que se aproveitam os subprodutos
em um processo, como é o caso da obtenção do bagaço de cana produzido pelas usinas
de álcool e açúcar. Em outro processo, verifica-se a obtenção do gás Metano, originário
da fermentação anaeróbica do lixo. Percebe-se que existe nestes processos uma
influência muito importante em se utilizar combustíveis derivados do próprio meio
ambiente. Nessas condições, já se consegue vender créditos de carbono. A venda de
créditos de carbono torna-se muito importante, pois é um incentivo para quem trabalha
no processo de obtenção de combustíveis considerados limpos. É importante que a
comercialização de créditos de carbono se dê com mais intensidade, abrangendo o nível
dos pequenos produtores.
3 – Geração de energia elétrica com o uso do biodiesel
A utilização do biodiesel como combustível para o funcionamento de
termelétricas e para a produção de energia elétrica já se torna uma realidade nos dias
atuais. Sabe-se que a obtenção de biodiesel se dá através do cultivo de uma variedade
vegetal muito grande. Pode-se destacar a utilização da mamona como matéria-prima
para a fabricação do biodiesel. É um vegetal que se adapta com muita eficiência no
semi-árido do nordeste brasileiro, tem uma produtividade considerável e poderá
proporcionar condições de trabalho e renda aos produtores desta região. Para tanto, é
necessário que sejam instaladas indústrias para a fabricação de biodiesel nas regiões do
semi-árido, locais onde existe mão-de-obra e grande escassez de atividades para a
população. Devido a essa escassez de trabalho, observa-se uma movimentação de
trabalhadores com destino às cidades, onde irão compor a grande população de
favelados.
108
A produção de matéria-prima para o biodiesel pode ser feita com a utilização de
mão-de-obra oriunda do próprio meio rural, com técnicos com formação nas
universidades nordestinas e que possuem conhecimentos científicos da produção das
espécies mais adaptáveis ao ambiente do semi-árido. Na utilização de máquinas para o
trabalho com o preparo do solo, no intuito de se implantar uma cultura de mamona,
pode ser usado o próprio biodiesel para fazer funcionar essas máquinas, como também
os veículos que fazem o transporte de trabalhadores e a movimentação da matéria-prima
das lavouras para as indústrias de produção do biodiesel. Este ambiente constituído pelo
semi-árido brasileiro forma uma grandiosa fronteira agrícola e é preciso que haja uma
visão mais coerente para observar este potencial produtivo. Não há necessidade de
buscar regiões de florestas de grande porte para produzir estes produtos. Esta poderá ser
feita no próprio semi-árido.
Ao se concretizar a produção de diesel de origem vegetal, com a contribuição do
cultiva da mamona, que tem adaptabilidade às condições climáticas do semi-árido do
nordeste brasileiro, dá-se um grande passo no desenvolvimento da qualidade de vida de
uma população considerável, onde homens e mulheres podem contribuir para o cultivo
deste vegetal produtor de óleo, a mamona. Observa-se que não haverá necessidade de
haver planos emergenciais que necessitam ser efetuados para auxiliar uma população
que, muitas vezes, encontra-se em dificuldades para se alimentar. Com o
desenvolvimento do cultivo da mamona para abastecer as usinas de biodiesel, a renda
gerada como produtor de matéria-prima será suficiente, para que esta população se
sustente e tenha renda e dignidade. Verifica-se que, se houver uma boa demanda por
matéria-prima, no caso da mamona, haverá um contingente considerável de produtores;
no entanto é preciso que a saca de mamona tenha preço convidativo.
O biodiesel produzido poderá ser utilizado em uma termelétrica, sendo usado em
motores do ciclo Diesel. Os motores que fazem uso do diesel produzido através de
vegetais recebem o acoplamento de geradores que transformam a energia mecânica
produzida pelo motor, em energia elétrica. Assim, o biodiesel vai sendo transformado
em energia elétrica. Um fator muito importante nessa geração de energia se traduz no
fato de que com a queima deste combustível, não há emissão considerável de enxofre
para a atmosfera e o dióxido de carbono teve a sua origem na própria atmosfera, uma
vez que a mamona foi produzida com o carbono proveniente daquela. É importante que
109
a produção deste combustível receba incentivos por parte de empresas e por parte dos
órgãos de governo. Observa-se assim a importância de um combustível que não polui o
meio ambiente e, ao mesmo tempo, disponibiliza trabalho e renda para uma população
cansada de sofrer.
4- Geração de energia através do processo Eólico (vento)
Este processo de geração de energia é constituído da transformação da energia
contida na corrente de ar, que uma vez absorvida pelas hélices de um equipamento
especial, faz girar o conjunto de hélices, dando origem a movimentos concêntricos.
Estes movimentos giratórios fazem girar um gerador que transforma os movimentos
circulares em energia elétrica; uma vez produzida, essa energia pode ser direcionada
para o consumo nos mais diversos fins. Essa forma de geração de energia é considerada
uma maneira limpa de geração, pois não há uma considerável agressão ao meio
ambiente, portanto deve-se buscar a sua utilização em uma maior escala. As usinas de
energia eólica se apresentam em locais onde existe a possibilidade de uma corrente de
ar, onde haja a possibilidade de movimentação do conjunto de hélices que compõem o
conjunto que constitui uma torre de geração de energia. Havendo disponibilidade de
ventos, a possibilidade de instalação da usina eólica estará sendo satisfeita.
Os fatores que influenciam na geração de energia eólica são: a área formada
pelas hélices em movimento, a densidade do ar que atravessa o conjunto de hélices e a
velocidade do vento que faz girar o conjunto de hélices. Para uma geração de energia
considerável em uma central de energia eólica, necessita-se de uma corrente de ar que
dê suporte para a movimentação do conjunto gerador de energia. O conjunto de hélices
pode ter um diâmetro de 50m. Trata-se, pois, de um investimento considerável em
termos financeiros. Esse fator determina que um produtor rural que possui uma
propriedade de médio porte, não tenha acesso à instalação deste sistema de geração de
energia na sua propriedade. Outro determinante da condição de instalação destas
centrais é a velocidade do vento, uma vez que apenas algumas áreas reúnem condições
ótimas de correntes de ar para poder suprir as necessidades de uma ótima corrente de ar.
É necessário um estudo das condições da velocidade do ar para instalação desta geração
de energia.
110
Para a geração de energia elétrica através do processo eólico, com a geração de
1500 Watts de potência, existem no mercado equipamentos relativamente baratos e que
não exigem uma velocidade da corrente de ar muito grande. Pode-se perceber que esta
potência instalada deve se direcionar para a iluminação de uma residência e a utilização
em algum equipamento elétrico de baixa potência. Com base nestes equipamentos de
baixa produção de energia, estão sendo desenvolvidos equipamentos com maior
potência. Acredita-se que em um curto espaço de tempo, o mercado se servirá de
equipamentos mais potentes e em condições de servir toda a estrutura de uma residência
de uma propriedade rural. Essas alternativas de geração de energia elétrica podem, ao
longo dos anos e com o desenvolvimento destas tecnologias de geração, fazer com que
parte dos consumidores de energia gerem a sua própria energia. Nestas condições,
poderá ser visível a não utilização da energia do sistema convencional por parte destes
produtores.
Com a observação de que a demanda por energia é crescente, tornam-se
necessárias as alternativas de geração de energia elétrica, para que o sistema de geração
de energia que suporta a demanda não entre em colapso e não haja um racionamento. O
importante das alternativas de produção de energia é que o produtor não fica na
dependência da compra de energia do sistema de distribuição, uma vez que produz e
consegue obter energia um preço bastante inferior ao de mercado. São várias as formas
de se produzir energia elétrica por métodos que não os de uma grande central
hidrelétrica ou uma grande termelétrica. Existem alternativas que devem ser utilizadas,
principalmente no setor rural, onde se concentram as melhores condições para que se
proceda à geração dessas fontes de energia alternativas, dando independência para o
produtor rural e aliviando o sistema de geração e distribuição de energia elétrica.
A importância da geração de energia eólica se traduz na possibilidade de uma
produção de energia cujo impacto ambiental é muito pequeno. Os danos causados ao
meio ambiente são insignificantes, porque não se lança à atmosfera nenhum
componente tóxico que comprometa a qualidade do ar, no processo de geração de
energia. A manutenção dos equipamentos se dá de uma forma bastante simples,
basicamente restringe-se ao eventual desgaste do gerador. Espera-se que a possibilidade
de uma maior potência gerada surja com estes equipamentos novos, podendo-se instalar
uma central de energia eólica com capacidade considerável de produção de energia.
111
Poderá se pensar em uma central com algumas unidades de geração e o somatório
dessas unidades poderá determinar uma potência considerável e há um preço de
produção do KWh bem abaixo do que é pago à concessionária. Essa possibilidade gera
condições de um maior desempenho do setor rural.
Estima-se que a capacidade de geração de energia eólica existente no Brasil seja
de 60.000 MW de potência. Essa capacidade é muito grande e precisa ser aproveitada
para que se possa obter uma grande quantidade de energia e sem causar transtorno ao
meio ambiente. As turbinas de grande porte instaladas atualmente são de uma potência
de 2 MW, entretanto existem protótipos sendo experimentados com uma potência de até
4,5 MW. As usinas eólicas são classificadas em: pequenas, as que geram até 500 KW de
potência nominal, médias as usinas que geram entre 500 KW e 1000 KW de potência
nominal e grandes geradoras as que têm capacidade de gerar acima de 1 MW de
potência nominal. A energia eólica pode ser gerada em uma potência significativa pelas
centrais de energia e é importante que haja um maior incremento na instalação de mais
produtoras de energia e de seu uso.
Ao se procurar o estudo das condições para as instalações de centrais de energia
eólica é preciso medir a velocidade do vento no local, durante todo o ano. É necessário
um estudo do mapa de distribuição dos ventos da região, como também a determinação
do modelo de central que se irá instalar, para que se tenha uma noção do equipamento e
do custo final das instalações que atendam à demanda de energia necessária. Nesse
momento, pode-se verificar a importância da energia eólica, principalmente diante de
tantos dados alarmantes acerca das fontes de energia que causam uma grande influência
maléfica ao meio ambiente. É de fundamental importância que os investimentos em
geração de energia migrem para esta área, com medidas que direcionem as gerações de
energia para as formas de energia limpa. Assim, é muito provável que não se
concretizarão as previsões catastróficas de um aumento da temperatura média do
planeta e se tenha um fim de século tranqüilo.
112
5- Geração de energia elétrica através do processo fotovoltaico e termossolares. Geração
de calor através da energia proveniente do Sol
A geração de energia com a utilização a energia proveniente do Sol se dá sob
três processos: com os sistemas fotovoltaicos autônomos que efetuam a transformação
da energia solar em energia elétrica diretamente; com o processo dos sistemas
termossolares onde a energia solar aquece a água produzindo vapor, que faz funcionar
uma termelétrica a vapor e para aquecer a água para ser utilizada em temperatura mais
alta, como é o caso das cozinhas industriais que consomem água em temperaturas mais
altas e em chuveiros de residências e da rede hoteleira.
No sistema fotovoltaico de geração, o sol incide os seus raios em um painel, que
usualmente pode ser de Silício, onde há a liberação de elétrons que fazem parte da placa
de silício, dando origem a uma corrente elétrica contínua. Posteriormente, essa corrente
é armazenada e quando da sua utilização ela passa por um processo de inversão de
corrente continua para corrente alternada. A eficiência desta geração de energia está
depende da intensidade luminosa do Sol, portanto não se pode gerar energia no período
noturno. Do ponto de vista ambiental, das agressões ao meio ambiente, pode ser
verificado que se trata de uma energia limpa. Pode-se perceber que os painéis de células
fotovoltaicas e as baterias de acumulação das cargas de energia são recicláveis, neste
caso sobra o efeito da presença do conjunto de geração de energia elétrica no espaço
que se acha instalado, sem emitir poluentes para a atmosfera.
O que torna este processo de geração atrativo, é o preço do KWh que está em
torno de 0,25 dólares, preço que equipara-se ao da energia produzida pelo sistema de
geração convencional. Observa-se que, como uma fonte alternativa de energia, esse
sistema de geração de energia elétrica tornou-se economicamente atraente. Quando se
pensa na geração de energia para os painéis dos satélites que enviam informações a todo
o instante para os centros de pesquisa em muitos locais de vários paises, percebe-se a
importância desta fonte de energia que desempenha um papel primordial entre as
geradoras de energia. É de se esperar que essa forma de gerar energia cresça com o
passar dos anos, porque obtenção de energia está ficando cada vez mais difícil. Por se
considerar uma energia limpa, haverá a possibilidade de se direcionar a sua instalação
113
com mais freqüência em benefício do meio ambiente, garantindo a preservação e a
geração de mais energia.
Existe um potencial muito grande, quando se menciona a geração de energia
solar para o Nordeste brasileiro. A disponibilidade de áreas com uma grande incidência
solar, faz da região Nordeste a região que mais oferece condições para a geração de
energia solar, seja ela fotovoltaica ou termossolar. A área do semi-árido dessa região é a
que oferece melhores condições de geração de energia, pois apresenta a incidência do
Sol em sua capacidade máxima em um maior período do ano, ou seja, onde não há
interferência constante da nebulosidade acentuada apresentada em outras áreas. Mais
uma vez se observa que a condição do homem do Nordeste pode mudar através de mais
um fator, no caso a geração de energia elétrica que pode gerar trabalho e renda para uma
parte da população muito sofrida do povo nordestino.
Para efeito de cálculos, a irradiação que chega até o solo está com um valor
energético da ordem de um quilowatt por metro quadrado, sendo que a transformação
dessa energia em energia elétrica vai depender do rendimento do equipamento como um
todo. Ao se considerar esta quantidade de energia que chega até a superfície da terra,
com grande magnitude por metro quadrado, percebe-se que ao considerar toda a esfera
terrestre, haverá um potencial muito grande de energia que poderá ser aproveitada. Com
estas possibilidades de geração de energia, torna-se mais tranqüila a condição de o ser
humano desenvolver os seus projetos e dar curso a sua evolução como Homem neste
imenso planeta. A cada fonte de energia que se desvencilha, existe a possibilidade de
novas perspectivas de desenvolvimentos. Dessa forma, torna-se perfeitamente possível
que, em um curto espaço de tempo, se tenha condições para que haja garantia de uma
boa qualidade de vida para as futuras gerações.
A potência gerada por um painel solar é calculada se obtendo o produto entre o
rendimento do conjunto, a área do painel e a radiação solar em função do tempo de
exposição solar. Como se percebe, quanto maior o painel solar, quanto melhor o
rendimento e quanto maior o número de horas de funcionamento, maior será a potência
gerada pelo conjunto fotovoltaico. Espera-se que em pouco tempo haja uma melhora na
eficiência dos sistemas fotovoltaicos e termossolares. Se essa previsão se concretizar,
haverá condições de um maior desempenho na geração deste tipo de energia e sua
114
utilização será bem mais acentuada porque as utilizações de fontes de energias
convencionais estão chegando ao limite de suas capacidades, como é o caso das
termelétricas e das hidrelétricas. Entretanto, percebe-se que a cada momento em que se
precisa de alternativas, surgem novas formas de se obter energia em auxílio ao
desenvolvimento da humanidade, pois sempre impera o poder que o homem possui de
buscar soluções.
Os painéis solares estão sujeitos a alguns problemas, como é o caso das colisões
de partículas de granizo em chuvas inesperadas ou com a influência de algum corpo
estranho que possa causar choque e que venha danificar o equipamento. Alguns
cuidados precisam ser tomados para que haja um período de vida útil acentuado do
equipamento e que não se tenha nenhuma surpresa desagradável com a destruição do
mesmo, que pode ser ocasionada, por exemplo, pela queda de árvores próximas aos
equipamentos. O tempo de vida útil dos painéis solares gira em torno de vinte anos.
Após este tempo é preciso substituí-los. Como todo investimento para gerar energia,
considera-se o preço do KW e, neste caso, os painéis solares geram energia com um
custo de instalação equivalente a aproximadamente R$ 16.00 por cada Watt instalado,
sendo, portanto, uma energia de elevado custo de instalação.
Por se tratar de uma energia um tanto onerosa para a sua instalação, a utilização
da energia fotovoltaica sofre certa limitação. Por outro lado, em locais onde a geração
de energia oferecida pelas concessionárias de energia elétrica não se faz presente,
observa-se a presença de geração fotovoltaica. Observe-se também a utilização de
energia solar fotovoltaica no funcionamento de estações meteorológicas automáticas,
muitas delas espalhadas por regiões onde não haveria condições de se obter energia das
distribuidoras. Estas geradoras de energia elétrica são de fácil manutenção em
comparação com um conjunto gerador que usa motor do ciclo Diesel ou do ciclo Otto.
A utilização dessa forma de energia será mais acentuada no momento em que a
demanda por energia se intensificar, juntamente com a falta de capacidade de geração
de energia pelas geradoras hidrelétricas e termelétricas. No futuro será mais possível e
economicamente viável a geração fotovoltaica.
A geração de energia elétrica termossolar tem como fundamento a captação da
energia solar, através de um painel que concentra esta energia em um receptor.
115
Posteriormente, essa energia é transferida para um volume de água que, através da alta
concentração de energia, transforma a água em vapor; este entra no processo de central
a vapor que vai gerar movimentos mecânicos e, posteriormente, com a utilização de
geradores, consegue-se produzir energia elétrica. Este processo de geração de energia
consegue produzir uma quantidade considerável de energia elétrica. O processo da
utilização de energia solar para fins de aquecimento da água, que poderá ser utilizada
em residências ou em indústrias, tais como em cozinhas industriais, se dá de forma
direta, pois o Sol aquece os painéis por onde circula a água que se aquece com a energia
proveniente do Sol. Portanto, há uma contribuição muito grande em termos econômicos
de energia, quando da utilização do aquecimento solar de água.
Em locais especiais, onde existe uma boa irradiação solar, observa a
possibilidade da instalação das centrais de energia elétrica termossolar e fotovoltaica,
como também da captação da energia para aquecer a água, que não deixa de ser um
processo solar. É perfeitamente visível que a utilização destes recursos em geração de
energia será maior, quando novas tecnologias reduzirem o preço do KW para a sua
implantação. A energia solar utilizada para o aquecimento da água consumida em
cozinhas industriais e em residências, abastecendo os chuveiros, tem minimizado muito
o consumo de energia para os consumidores. Este tipo de instalação não se torna muito
oneroso e se paga em pouco tempo. As variáveis vão aparecendo com o passar do tempo
e com a necessidade em se obter energia.
6- O Hidrogênio como combustível
O Hidrogênio se apresenta como uma fonte energia, mas sua utilização se
restringe na condição de que, atualmente, o preço para sua obtenção ainda não se tornou
completamente viável. Este combustível será de muita importância, pois o produto de
sua reação se compõe de energia em forma de elétrons, água e calor. Pelo que se vê, não
há como produto de sua reação, nenhum componente tóxico que venha sensibilizar o
ambiente atmosférico. O Hidrogênio é um elemento químico muito abundante na
formação de nosso planeta; compõe a molécula de água, os organismos vivos, além de
formar o gás Hidrogênio e uma série de compostos orgânicos. Existem muitos estudos
em relação ao uso do hidrogênio, tanto para o uso na produção de energia como para a
produção de combustível para fazer funcionar veículos. Dentro de pouco tempo será
116
percebida a comercialização de motores movidos a hidrogênio. Já é perceptível a
utilização de alguns veículos europeus fazendo o uso de hidrogênio como combustível.
A aceleração da alta do petróleo e a influência maléfica dos gases tóxicos, que
são produtos da queima dos derivados combustíveis fósseis, fazem com que se chegue
mais perto de se produzir o hidrogênio como combustível. Em pouco tempo será vista a
fabricação em série de motores que irão movimentar ônibus, caminhões, embarcações e
uma série de veículos. As condições de mercado já se tornam satisfatórias para a
produção do combustível hidrogênio. Outra condição que implica na utilização deste
combustível limpo se traduz na possibilidade de uma contribuição para frear o
aquecimento global, uma vez que este combustível não lança gases do efeito estufa para
a atmosfera. É perfeitamente possível se tomar as precauções suficientes, para que não
se produza chuva ácida e, ao longo dos tempos, verifique-se uma estabilização na
concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Existe uma força que se sobrepõe a
qualquer interesse, a força da sobrevivência de todos e do planeta como um todo.
Neste capítulo foi possível a verificação de alternativas energéticas, e constatou-
se a possibilidade da utilização de modelos de geração energética nos moldes de uma
preservação do meio ambiente e, principalmente, em condições de minimizar a
influência perniciosa dos gases do efeito estufa. As sugestões de como os setores
produtivos devem seguir para obter energia são mostradas através de pesquisas
concluídas nos centros universitários e em empresas que destinam parte de suas verbas
para as pesquisas. Não se poderão deixar de lado os conhecimentos científicos acerca de
sistemas de geração de energia, que produzem energia com o mínimo de impacto
ambiental, para que se utilizem sistemas de geração de energia comprometedores do
meio ambiente como um todo. É necessário que haja produção de energia para suprir a
demanda, porém deve-se cogitar a produção de energia limpa, com um mínimo da
influência negativa ao planeta.
117
Capítulo sexto
Perdas na agricultura, na pecuária e agroindústria
1- As perdas de solo
O uso inadequado de práticas agrícolas e o descuido com o uso do solo
ocasionam processos erosivos que, em muitos casos, ocasionam a falência na fertilidade
do solo, como também a perda do solo agrícola, tornando a área desértica e inapta para a
agricultura e para a pecuária. É de fundamental importância que se recorra ao uso de
conhecimentos técnicos durante o processo do uso de áreas nos trabalhos agropecuários,
para que se possa usufruir de condições de preservação do solo, como também da
melhoria da qualidade de fertilidade do solo. Os profissionais das ciências agrárias
podem fornecer auxílio técnico nos trabalhos que envolvem os processos de produção
nas propriedades agrícolas, uma vez que será possível um maior envolvimento entre a
produção tanto na agricultura quanto na pecuária e uma boa preservação, com
possibilidade de recuperação de áreas já em processos de degradação. É possível a
conciliação entre uma grande produção e a preservação das áreas produtivas.
A perda de solo é ocasionada por processos em que fica determinado que a área
não apresenta mais condições de fertilidade e, portanto, não apresenta condições para
produzir. Poderá haver na área de produção uma erosão hídrica, onde o solo sofre a
influência da água e as partes de solo que antes se encontravam coesas, são
transportadas para outros locais, onde são depositadas. Esse processo se ocasiona com a
declividade do terreno, onde se forma uma correnteza com a água proveniente de
chuvas. A gota de chuva, ao chegar ao solo, traz consigo certa quantidade de energia e,
ao se chocar com o solo, essa energia desagrega a partícula de solo, deixando as partes
que compõem o solo, fáceis de serem transportadas para locais mais baixos, muitas
vezes para os leitos dos rios e riachos. Assim se presencia a degradação de uma área. O
desflorestamento e a falta de cobertura vegetal de certas áreas são fatores que aumentam
a incidência de processos erosivos.
118
A manutenção da cobertura vegetal de um solo onde se trabalha com agricultura
ou com pecuária é muito importante para a manutenção da estrutura do solo. O uso do
plantio direto, técnica onde se utilizam equipamentos próprios para o plantio e onde não
é feito o revolvimento do solo para o preparo do mesmo, técnica esta onde a plantadora
é utilizada no plantio diretamente em cima de uma cobertura vegetal que sofreu um
processo de dissecação com o uso de produto químico. Essa técnica permite que o solo
se mantenha estável do ponto de vista de sua estrutura e seja evitado o processo de
erosão que poderia transportar o solo para áreas mais baixas, ocasionando a sua
degradação. Nas áreas de pecuária onde existe um pastoreio mais intenso, se faz
necessária a utilização de gramíneas que consigam cobrir toda a área, dando suporte ao
pastoreio e não permitindo que parte da área se encontre sem cobertura, para que não
haja desagregação do solo por ocasião de fator hídrico.
A construção de terraços e cordões de vegetação permanente são métodos que se
utilizam para conter o efeito erosivo. A erosão também pode ser provocada pelas
correntes de ar, a qual se denomina erosão eólica. Neste caso, a cobertura vegetal é de
muita importância para manter o solo em condições isentas do processo erosivo. A
contribuição que o agricultor pode oferecer para a sua área, em termos de manutenção e
melhoramento da fertilidade do solo, pode ser muito significativa, poderá ser feito um
trabalho de preservação das áreas produtivas como também a recuperação destes
espaços que se apresentam degradados, e assim este agricultor estará contribuindo para
o aumento da área produtiva. Os locais degradados formam uma verdadeira fronteira
agrícola, e é preciso fazer a recuperação desses espaços para que haja a possibilidade da
inclusão de muitos hectares para aumentar a área produtiva em muitas regiões do
planeta.
Existe uma preocupação muito grande em criar novas fronteiras agrícolas, as
novas áreas onde se poderá produzir mais. No intuito de avançar com o desmatamento e
seguir aumentando a área de produção em termos de quantidade de hectares,
transformam-se muitas partes de propriedades em áreas de baixa produtividade e,
muitas vezes, em locais onde não se apresenta mais fertilidade do solo. Nestes termos,
produzem-se verdadeiras áreas desérticas, sem a menor possibilidade de produção e
que, para voltarem a produzir, necessitam de um grande trabalho de recuperação. É
importante que sejam observados os cuidados com as propriedades e sejam muito bem
119
conduzidas as questões de fertilidade do solo, para que se possa ter uma boa
manutenção dos locais produção e que se consiga recuperar áreas que se encontram
degradadas, transformando espaços que perderam a capacidade de produção, em
espaços produtivos, locais estes que formam uma verdadeira fronteira agrícola.
2- Perdas de grãos na colheita
A constatação de que se perde muito em uma colheita de grãos é, sem dúvida,
muito prejudicial à agricultura como um todo. O fato de não ter os equipamentos muito
bem regulados e de utilizar velocidades de trabalho na colhedora diferentes das
recomendadas, para se ter uma maximização da colheita, faz com que se proporcione
uma perda significativa de grãos. Os grãos perdidos são depositados na superfície do
solo, desta forma não há como este fazer parte da produção, uma vez que ele se perde na
área produtora. A possibilidade de se fazer uma regulagem criteriosa dos componentes
da colhedora, a boa regulagem da altura de corte e o uso de uma velocidade compatível
com uma maximização da colheita, faz com que haja uma melhora de produção e,
conseqüentemente, uma minimização de perdas na colheita.
As perdas observadas no processo da colheita diminuem a possibilidade de uma
maior lucratividade por parte do produtor, uma vez que foram cumpridas as etapas de
produção e no momento em que se vai retirar o produto do vegetal para seguir as etapas
de secagem e armazenamento, com a posterior comercialização ou processamento, parte
desta produção se perde no campo. O bom uso de técnicas, que podem ser oferecidas
por profissionais do segmento produtivo, proporcionará condições muito boas para que
se maximize a colheita e, desta forma, haja possibilidade de o produtor aumentar o seu
lucro e conseguir um bom desempenho em seu empreendimento. Sob o mesmo ponto de
vista, uma empresa agrícola de porte acentuado terá condições de melhorar os seus
rendimentos com uma colheita bem feita. Os cuidados no processo de colheita precisam
ser levados em consideração, porque o produto precisa chegar ao consumidor e esta
etapa da colheita é muito importante em todo o processo produtivo.
É preciso observar a importância do trabalho de produção feito por uma enorme
quantidade de produtores rurais e que completado no sentido de uma maior
minimização de perdas no momento em que colhem os grãos produzidos. Percebe-se
120
que não basta produzir, é preciso que se produza bem e sempre. Estima-se que as perdas
na agropecuária dariam para alimentar as pessoas que sofrem com o problema da
desnutrição. A parte de produtos que se perde na colheita é considerável, tendo-se em
conta todo o processo produtivo, portanto se torna muito importante o bom desempenho
dos produtores, minimizando as perdas na colheita. Observa-se que existirá uma melhor
disponibilidade de lucros com um possível melhoramento dos trabalhos no momento da
colheita dos grãos. A etapa de produção constituída pela colheita torna-se de
fundamental importância para o produtor rural e precisa ser bem conduzida.
3-Perdas de grãos durante o transporte
A falta de manutenção nos veículos que transportam grãos proporciona uma
perda considerável de grãos. As más condições de conservação das estradas por onde
escoa a produção de grãos é responsável pala danificação dos veículos transportadores,
tornando a manutenção destes graneleiros a um custo alto. O transporte de cargas com
excesso de volume aumenta a perda de grãos, pois parte das cargas são derramadas
durante os transportes, em alguns casos aumenta-se o volume da carga para se conseguir
uma melhora no frete. Devido ao grande volume, os granaleiros derramam no trajeto
parte da produção conseguida a custo de muito sacrifício. Espera-se por parte dos
órgãos de governo que os mesmos tomem uma atitude no sentido de melhorarem as
condições das estradas por onde se escoa os grãos, gerando melhores condições de
transportar as safras que aumentam a cada ano. É necessário investimentos em estradas
para se melhorar o transporte de grãos no país.
Os transportes dentro das propriedades rurais estão se tornando cada vez mais
eficientes, principalmente quando a propriedade dispõe do serviço de secagem e de
armazenagem de grãos. As distâncias percorridas dentro das propriedades são pequenas
em comparação com as distâncias para o transporte de exportação. As velocidades dos
veículos dentro das propriedades são baixas e, em conseqüência, as vibrações a que são
submetidas os graneleiros são menores, assim como os danos causados nos
equipamentos. Neste caso há uma menor perda de produtos no transporte. Um bom
trabalho concluído dentro das propriedades precisa ser completado no espaço que
compreende a propriedade e os locais das indústrias onde os grãos serão processados ou
121
nos portos exportação. Verifica-se que o produtor está empenhado em cuidar melhor da
produção, só resta lhe resta dispor de melhores condições para tal.
4- Perdas na secagem e armazenagem de grãos
Ao se proceder a colheita de grãos, normalmente estes são colhidos com um alto
teor de umidade. Após a colheita e sem demandar muito tempo, os grãos devem ser
conduzidos até uma unidade de secagem para que sejam secos em secadores para
retirada da umidade excessiva. A temperatura e o tempo de exposição do grão na
secagem influenciam em muito a qualidade da secagem. Poderão surgir trincas nos
grãos provenientes de uma secagem com procedimentos errados. As trincas provocadas
nos grãos podem proporcionar a facilidade do ataque de fungos, além de colocar o
produto em uma categoria inferior de qualidade, colocando o valor comercial dos grãos
em um nível inferior por ser considerado um produto de uma categoria inferior. É
necessário que o procedimento de secagem dos grãos aconteça com um bom critério de
fiscalização e cuidados, para que o grão possa ser armazenado em boas condições.
Um fenômeno que pode ocorrer durante a secagem dos grãos pode ser verificado
durante a exposição da massa de grãos a temperaturas elevadas. Os grãos poderão sofrer
a influência de uma temperatura superior à temperatura ideal para a secagem e sofrer o
processo de queima. Este fenômeno se dá pela imperícia ou ausência do operador do
secador no momento da secagem. Mais uma vez se faz necessária uma fiscalização
adequada durante o processo de secagem. Não se pode deteriorar um produto que
demandou muito trabalho para chegar até uma unidade de secagem e que, por descuido,
imperícia ou cansaço do operador da unidade de secagem, transforma-se o produto em
um produto de qualidade inapta para a comercialização ideal. Esta etapa de secagem
corresponde a um elo entre o produtor e o consumidor. É preciso ser bem conduzida
para que se complete todo o percurso e o produto chegue ao seu destino em boas
condições.
Ao se proceder a secagem dos grãos, este segue para a armazenagem. As
unidades de secagem e de armazenagem trabalham em espaços onde a massa de grãos
se desloca dos secadores aos silos com o máximo de facilidade, salvo algumas
exceções. O produto armazenado fica depositado nos silos pelo tempo necessário, no
122
entanto alguns procedimentos são feitos para que a massa de grãos se mantenha em
condições normais e conserve as características de quando foi depositada no silo. O
monitoramento da temperatura no silo detecta alguma anomalia, como no caso do
aumento considerável na temperatura no interior do silo, que mostra a presença de focos
de deterioração do produto armazenado. Neste caso, é necessária a eliminação desse
foco, que pode ser a presença de fungos agindo na massa de grãos. A aeração em um
silo é muito importante, pois evita a proliferação de agentes causadores de danos à
massa de grãos armazenada.
O monitoramento constante dos silos, as condições ideais de armazenagem e o
momento correto de comercialização dos produtos armazenados, proporcionam
condições de um bom retorno financeiro para o armazenador. Ao se conseguir secar e
armazenar esse produto e comercializar o mesmo em condições de boa qualidade,
conseguindo colocar este estoque no momento em que o mercado responda com um
bom preço, será possível conseguir desfrutar de lucros. Com procedimentos corretos, o
armazenador, que pode ser também o produtor de grãos, poderá auferir lucros para
aumentar a dinâmica dos seus negócios. A demanda por alimentos se apresenta cada vez
maior, a posição do produtor e dos que compõem a cadeia produtiva se fixa em uma
posição cada vez mais privilegiada, em relação à venda de seus produtos. Não há o que
esperar, é preciso produzir cada vez mais, para poder alimentar uma população com
maior poder de consumo de alimentos.
5 - Perdas de equipamentos e máquinas
Os equipamentos utilizados para a produção de produtos que têm origem no
ambiente rural ou em locais que transformam os produtos de origem rural em produtos
mais bem preparados para o consumo humano e animal, são equipamentos que sofrem
transformações e, muitas vezes sofrem danos, sendo descartados por terem
comprometidas as suas condições de produzir. Pode ser verificada a utilização de
tratores que trabalham na lavoura. Quando não se faz uma manutenção correta e o
equipamento é solicitado para um trabalho em condições desfavoráveis ao seu uso,
verifica-se que este tem a sua vida útil comprometida. Um fato agravante ocorre quando
não existe na propriedade, abrigo com cobertura, onde se possa guardar o trator livre das
intempéries do tempo, tais como a exposição ao sol e à chuva. É importante que após
123
um período de trabalho, seja feita uma revisão no trator e o mesmo seja estacionado em
local próprio e em condições de trabalho.
As máquinas que trabalham no plantio de produtos como milho, soja e trigo,
trazem um maior agravante no que diz respeito a sua manutenção. Estes equipamentos,
por trabalharem com a deposição de fertilizantes no solo, precisam ser bem
manuseados, porque os fertilizantes têm um alto poder de corrosão e se os resquícios de
fertilizantes ficarem depositados nas plantadoras haverá o problema da corrosão e em
pouco tempo se perderá o equipamento. A manutenção e a limpeza são de fundamental
importância, para que se tenha um equipamento funcionando por várias safras e sem
interrupção. Este tipo de equipamento, como tantos outros, necessita de locais próprios,
para ficar resguardado dos efeitos das intempéries do tempo. Será necessário o trabalho
de algumas horas para colocar o equipamento em condições de ser guardado e esperar
por um novo período de plantio para ser novamente utilizado.
As colhedoras são máquinas de custo bastante elevado, o cuidado com a sua
manutenção faz com que a sua vida útil se estenda. Espera-se que as suas paradas
durante o trabalho sejam breves, que sejam paradas normais e não por defeito em algum
componente. O tempo de colheita é considerado um tempo relativamente curto, e este
tempo precisa ser aproveitado de forma bastante intensa, sem que haja motivos para se
fazer grandes reparos neste equipamento. Os reparos e as mudanças de componentes
devem ser efetuados durante o período compreendido entre uma colheita e outra. É
preciso que se trabalhe com a colhedora em locais próprios, pois não haverá
possibilidade de trabalho em áreas onde haja a presença de fragmentos de rochas, que
possibilitam um choque com os componentes da colhedora e danifiquem os mesmos. A
presença de restos de árvores como tocos e galhos, pode danificar o equipamento.
Os equipamentos utilizados na produção de produtos nas propriedades rurais têm
um valor alto em termos financeiros e fazem parte do patrimônio do produtor rural. É
necessário que o período de trabalho destes equipamentos alcance um tempo
considerável e que mantenham as suas funções de trabalho normais. Ao se prolongar a
vida útil de um equipamento agrícola, estará havendo uma grande contribuição em
termos de matéria-prima, mão-de-obra e energia, que seriam gastos para produzir um
equipamento para substituir o equipamento a ser descartado para o ferro velho. Outro
124
fator importante se observa com a economia financeira gerada para o produtor, quando
este cuida dos seus equipamentos e máquinas, não precisando substituir as suas
ferramentas de trabalho por falta de cuidados especiais. Uma forma de gerar divisas
para a propriedade, ou empresa rural, é manter os equipamentos em bom estado de
conservação e prontos para o trabalho no campo.
O problema da má conservação dos equipamentos agrícolas e de outros
equipamentos faz com que haja uma movimentação muito grande na troca de
equipamentos. No Brasil, tem-se o costume de haver um maior aproveitamento do
período de trabalho de um trator ou de um equipamento agrícola. Uma empresa que
trabalha para produzir em alta escala costuma renovar a sua frota de tratores e
equipamentos seguindo o critério de produtividade desses equipamentos. Ao serem
descartados, esses equipamentos são adquiridos por produtores menores e que fazem
com que haja um bom desempenho de tais equipamentos. Só haverá o descarte para o
ferro velho, quando for verificada a total falta de condições para o trabalho. O costume
de retificar máquinas, equipamentos domésticos e automóveis, faz com que no Brasil se
procure utilizar o máximo de uma máquina agrícola. A preocupação com o período útil
das ferramentas com as quais se trabalha é importante para a nação.
6 – Perdas com frutas e hortaliças
As frutas e hortaliças são produtos perecíveis e precisam ser muito bem
manuseadas para que tenham uma boa qualidade ao chegar ao consumidor. O período
que é compreendido entre a colheita e o consumo, para manter a qualidade das frutas e
hortaliças, é relativamente pequeno. O tempo de duração destes produtos pode ser
aumentado com o auxílio da refrigeração, podendo ser armazenados em câmaras frias e,
com isto, serão diminuídas as funções metabólicas, respiração e amadurecimento. Muito
se perde, no Brasil, em termos quantitativos e qualitativos com frutas e hortaliças. A
especialização dos trabalhadores no manuseio com as frutas e hortaliças tem diminuído
as perdas de produtos e o tempo entre a colheita e a comercialização dos produtos
também influencia na diminuição das perdas. O produtor está se tornando mais ágil na
comercialização, porque o seu lucro depende de uma boa venda e esta está intimamente
ligada à qualidade do produto.
125
As hortaliças são produzidas nas áreas adjacentes aos centros consumidores e ao
serem colhidas seguem para as feiras livres onde são comercializadas durante o período
de no máximo um dia. As hortaliças comercializadas nas redes de supermercados
seguem para as gôndolas onde são submetidas a temperaturas mais baixas, desta forma
são comercializadas. Verifica-se não haver uma perda significativa de hortaliças
depositadas nas gôndolas, uma vez que estes produtos são muito bem acondicionados e
não há uma grande deposição sobreposta de produtos. O tempo de comercialização
destes produtos é relativamente pequeno, porque não existe um grande estoque para ser
comercializado. Observa-se que há certo sincronismo entre o consumo e a produção de
hortaliças, no entanto, com o período chuvoso, existe uma escassez natural de
hortaliças, pois existe dificuldade em se produzir, seguindo um aumento nos preços das
mesmas.
As frutas são muito sensíveis aos impactos causados durante o manuseio, tais
como o acondicionamento para o transporte, uma pré-limpeza e as formas como são
armazenadas. Ao chegar aos locais de exposições aos consumidores, sofreram uma
considerável influência de manuseio por parte de funcionários e de equipamentos. Nas
feiras livres as frutas são comercializadas sem o uso de refrigeração, salvo raras
exceções. Nos supermercados e nas frutarias existe a possibilidade de refrigeração das
frutas, neste caso os produtos se mantêm em boas condições para consumo por mais
tempo. É importante que haja, por parte dos compradores, um bom comportamento no
sentido de não submeter as frutas a pressões exercidas com as mãos, para que as
mesmas não se deteriorem em função dos machucados oriundos de exames errados dos
produtos. Com a série de cuidados oferecidos as várias espécies de frutas, mesmo assim
ainda se perde uma quantidade considerável, porem verifica-se perdas menores.
Estima-se que as perdas existentes nos gêneros alimentícios produzidos no
mundo, de uma maneira geral, dariam para alimentar toda a população que apresenta
deficiência nutricional em todo o planeta. O consumo de alimentos mundial tem
aumentado consideravelmente e será necessário produzir cada vez mais alimentos,
frente a uma demanda crescente. Diante da necessidade de haver uma maior oferta de
alimentos, espera-se que haja uma movimentação maior no sentido de uma conservação
de todos os produtos processados de origem animal e vegetal. Os consumidores de
renda precária estão conseguindo melhorar as suas condições de consumo e esse
126
potencial de consumidores está mais exigente em relação aos produtos a serem
consumidos e o mercado busca nos produtores a condição de disponibilizar alimentos
em boas condições para atender que esse consumidores emergentes.
7 – Perdas na produção de animais para consumo
As perdas na pecuária se dão de formas muito variadas. Pode ser verificada a
perda de produção de bovinos, quando não se efetiva as vacinações previstas no
processo da produção de animais. Há pouco tempo se verificou o problema da febre
aftosa, que tanto causou prejuízos aos produtores rurais, mas felizmente esse problema
já foi resolvido e as regiões que estavam com problemas para exportar carne bovina, se
encontram novamente em condições de exportadores. As regiões aptas a exportar carne
bovina são consideradas regiões livres de febre aftosa com vacinação, portanto é
necessária a presença de profissionais da área Veterinária e Zootécnica, para que se
possa dar continuidade ao trabalho de sanidade do rebanho bovino. Dessa forma não
haverá problemas com a qualidade fitossanitária do rebanho que se destina ao consumo
da população brasileira e das populações para esse produto é exportado.
Os parasitos externos e internos influem muito negativamente no ganho de peso
dos bovinos e os produtores que não combatem estes parasitas, entram em desvantagem
financeira, pois os animais não conseguem obter um ganho de peso satisfatório. Ainda
se verificam produtores um pouco desinformados quanto aos cuidados que se deve ter
com o rebanho e é para essa categoria de produtores que precisa haver uma melhor
assistência. Já foi comentado anteriormente que se faz necessária a contratação de
profissionais para assistir aos produtores que não dispõem de condições financeiras para
contratar os profissionais com capacidade técnica, no intuito de melhorar as condições
de produção deste produtor rural. Entretanto, existem muitos profissionais da área das
ciências agrárias trabalhando em funções que não condizem com os conhecimentos para
os quais foram preparados. Esses desvios de funções acabam deixando uma lacuna
conhecimentos no setor rural, causando mais perdas.
A qualidade das pastagens tem uma influência muito grande na produção de
bovinos, quando se consegue produzir pastos de boa qualidade e associado a um bom
trabalho de sanidade e um bom uso de minerais, consegue-se tornar a atividade lucrativa
127
em condições de uma boa produtividade. Um fator que também influencia na
determinação do sucesso da criação de bovinos é encontrado na capacidade genética
apresentada pelo rebanho. Quando se consegue trabalhar com animais geneticamente
melhorados para a produção de carne, por exemplo, será possível ter um menor tempo
na produção do rebanho, os animais conseguem chegar ao peso de abate com menos
tempo e o produtor consegue melhorar os seus lucros. Muito se tem feito para que haja
melhoras durante a produção de bovinos no Brasil, entretanto é preciso um trabalho
mais acentuado no sentido de dar condições técnicas aos produtores de regiões menos
favorecidas, para que se diminua esta diferença no modo de se produzir bovino.
Os animais que chegam ao confinamento, normalmente são recebidos nos
períodos que compreendem a entressafra. Esperava-se para estes animais, quando da sua
permanência na propriedade de origem, uma estagnação no aumento de peso, ou um
ganho considerado insatisfatório e, em alguns casos, uma diminuição de peso, salvo
raras exceções, onde existem propriedades com capacidade de manter um bom
equilíbrio no ganho de peso, no período da entressafra. Os confinamentos têm
programas de alimentação muito bem planejados, conseguem fazer uma boa estimativa
do ganho de peso dos animais confinados. Conseguem um diferencial no preço da
arroba do boi gordo, pois este entra no mercado no momento da entressafra. O que
possibilita trabalhar com uma margem de lucros considerável, tornando a atividade de
confinamento rentável e muito importante, no aspecto de minimizar as perdas na criação
de bovinos.
A pecuária leiteira também sofre com algumas perdas. Todo o trabalho de
vacinação e tratamento de parasitas externos e internos, que se destina a animais para o
abate, também é feito para os bovinos que produzem leite. Estes animais precisam de
mais cuidados em relação aos que se destinam a produção de carne, por serem animais
mais sensíveis. Os cuidados no processo de ordenha precisa ser levado em conta, pois a
higiene e a manutenção da saúde dos animais tornam esta atividade mais lucrativa. A
alimentação precisa ser de uma qualidade a proporcionar uma boa produção leiteira,
portanto os custos em investimentos em pastagens e na composição das rações são
consideráveis. A ocorrência de perdas de animais por mortalidade, ou a incapacidade de
animais para a produção, produzem certo desconforto econômico ao produtor, causam
perdas financeiras, diminuindo as condições de aumento na lucratividade.
128
A ovinocultura também é uma atividade que apresenta perdas, como toda
criação de animais, existe a necessidades de cuidados especiais com a sanidade animal e
também com as instalações, locais onde se abrigam os animais no final de cada dia. Os
ovinos são destinados à produção de carne e lã, na região do Nordeste do Brasil
encontram-se as raças que não produzem lã, porem boas produtoras de carne. Os ovinos
necessitam de cuidados especiais que vão desde a alimentação até o cuidado com o
pastoreio, pois são animais que não têm uma boa orientação do espaço e se perdem com
facilidade. O consumo da carne de carneiro vem crescendo, em parte pela sua excelente
qualidade como fonte de proteína e pelo seu baixo teor de colesterol. A sua reprodução
é acentuada, mas se faz necessário o acompanhamento por veterinário, no sentido de se
aumentar os cuidados e diminuir o índice de mortalidade. Este animal constitui uma
variável alimentar frente a um mercado crescente por alimento.
A criação de caprinos vem se desenvolvendo de uma forma muito acentuada. A
comercialização de animais de linhagens superiores faz com que a cada dia se trabalhe
no sentido de evitar as perdas de animais e de qualidade na criação de caprinos. O
trabalho de melhoramento genético das raças mudou a concepção dos criadores e os
investimentos no melhoramento dos rebanhos e em instalações, como também a da
sanidade dos rebanhos tem melhorado muito. O Nordeste do país detém a maior parte
do rebanho nacional, a região do semi-árido tem uma população considerável de
caprinos, proporcionando ao sertanejo uma fonte protéica muito importante. O consumo
da carne de caprinos está em ascensão, por se tratar de uma carne bastante digestível e
com baixíssimo teor de colesterol. O leite produzido pela cabra tem um alto valor
medicinal, sendo amplamente usado em pacientes com problemas digestivos.
Os suínos apresentam um papel importante na produção de carne para o
consumo humano. Existe todo um trabalho e cuidados especiais, para manter as granjas
produtoras de suínos livres da influência de doenças que venham comprometer a
população de animais contidos nas unidades produtoras. Já houve momentos em que a
contaminação dos animais pela peste suína, dizimou os rebanhos de muitas granjas,
felizmente estes momentos ficaram para trás e hoje existe uma fiscalização mais
acentuada, em relação à entrada de pessoas nos ambientes onde se confinam os animais.
A peste suína está erradicada e os produtores estão conseguindo produzir carne de boa
129
qualidade. É evidente que o trabalho com a manutenção da saúde dos animais, como as
vacinações periódicas e o uso de vermífugos, são uma constante nos trabalhos dos
produtores. Com a melhoria na qualidade genética na suinocultura, percebeu-se uma
melhor qualidade na carne, fato que vem se melhorando a cada ano.
O trabalho de melhorias nas instalações das granjas de suínos contribui, para que
não haja contaminação dos animais. O serviço de limpeza, que se constitui de lavagem
das instalações, proporciona condições ideais de higiene. Os animais são acompanhados
por serviços de Veterinários e de Zootécnicos, que mantém o serviço de sanidade muito
bem organizado. Ao mesmo tempo, as rações são bem formuladas, para que em tempo
mínimo o produtor consiga vender o seu produto no mercado, tempo este que, quanto
menor, maior será a possibilidade de lucro.
A criação de frango em granjas especializadas apresenta algumas perdas com a
variação brusca da temperatura. Nos períodos quentes, as perdas de aves por morte
provocada pelo aquecimento do aviário são significativas. Existem procedimentos como
a utilização de ventiladores e a injeção de água sob pressão, que ao contato com o ar
quente se evapora e reduz a temperatura do ambiente, pois parte do calor contido no
aviário é utilizada para transformar as gotas de água em vapor. No período frio, onde há
um desconforto dos frangos, principalmente na fase de pequena idade, existe também
mortalidade considerável. Para solucionar este problema, utilizam-se proteções contra
as correntes de ar e de aquecedores nos aviários. Os aquecedores podem ter o
funcionamento a gás, como também podem ser utilizados aquecedores funcionando com
a queima de lenha, com o sistema de turbina injetando o ar aquecido no interior do
aviário.
As granjas estão muito especializadas na produção de frangos de corte, como
também na produção de ovos para o consumo humano. O período de acabamento do
frango diminuiu consideravelmente. Existe a utilização de rações muito bem
balanceadas para todas as fases de crescimento dos frangos e com isto se consegue
retirar o frango no peso ideal em tempo mínimo. A idéia de que se utiliza algum
hormônio na formulação das rações dos frangos, para que os mesmos cresçam e
engordem em tempo curto, não tem fundamento, pois não existe nenhum tipo de
hormônio na composição da ração destinada aos frangos e galinhas poedeiras. Portanto,
130
o frango produzido em granjas é de boa qualidade. O melhoramento genético dos
frangos está bem desenvolvido, é preciso que se tenha respeito com a população de
produtores de frangos e de ovos e oferecer a esses produtores um alimento rico em
proteína e com um preço relativamente barato.
A produção de peixes também apresenta dificuldades e perdas na sua condução.
O maior problema pode estar contido na qualidade da água que enche os tanques.
Havendo a impregnação da água que abastece os tanques com defensivos agrícolas,
pode se esperar um alto índice de mortandade de animais. Um problema muito sério diz
respeito à baixa oxigenação da água do ambiente da piscicultura, onde haverá um
grande desconforto para os animais e um baixo desenvolvimento dos mesmos. Mais um
fator adverso é representado pelas movimentações de água, no período mais chuvoso,
quando poderá haver a invasão de correntezas de água e causar uma fuga dos peixes nos
tanques. As perdas podem ser observadas com a influência de pessoas estranhas ao
ambiente de trabalho, fazendo uso de pescarias sem consentimento dos responsáveis
pelo empreendimento; essas baixas podem contabilizar perdas muito altas.
Ao se contornar os problemas das perdas que por ventura trazem problemas
financeiros para a atividade de piscicultura, haverá sucesso na atividade. Essa atividade
é bastante lucrativa, no entanto o investimento inicial para a implantação dos tanques é
significativo. Havendo água de boa qualidade, com a utilização de ração balanceada
para cada fase de crescimento dos peixes, haverá um bom desfrute. A consideração de
que a temperatura da água dos tanques é um fator determinante é importante, porque se
a água estiver com temperatura baixa e a espécie de peixes utilizada for adaptada em
temperaturas mais quentes, o pescado não irá se desenvolver. Estudos são necessários
quando da implantação de uma piscicultura, pois assim será possível eliminar as
variáveis que poderão determinar o fracasso do empreendimento. Não basta investir, é
preciso que se recorra ao auxilio de um engenheiro de pesca e que se discuta a
viabilidade do projeto, no intuito de não haver erro, tornando a atividade rentável.
As áreas alagadas formadas pelos lagos das hidrelétricas podem ser usadas para
a produção de pescados. No uso destes recursos, utiliza-se a engorda de peixes em
tanques-rede, que são encontrados no mercado prontos para serem usados. Trazem um
sistema de bóias, que determina a profundidade que devem ocupar e se apresentam
131
próximo à superfície da água, oferecendo condições de se ter uma temperatura amena,
recebendo a influência da irradiação solar. Os tanques são fixados uns aos outros,
formando uma bateria de tanques, os quais se prendem à margem do lago ou em forma
de âncoras. A ração é depositada em uma rede que se encontra no interior do tanque e é
consumida sem haver perdas significativas neste sistema de alimentação. Outra
possibilidade de desenvolvimento dessa atividade se apresenta nas lâminas de água nos
leitos dos rios, o procedimento é o mesmo, com a utilização de tanques rede.
O aumento do consumo de pescados torna a atividade de piscicultura um bom
setor de investimentos. Percebe-se que as qualidades nutricionais dos pescados levam
vantagens em relação a muitos alimentos. Portanto ao se produzir pescado há também a
produção de condições de melhorar a qualidade da alimentação da população.
8 – Perdas de áreas de florestas e pequenas reservas
Ao se diversificar atividade produtiva na empresa rural, está se promovendo a
capacidade de geração de divisas, fazendo com que haja um maior aproveitamento dos
recursos disponíveis nas áreas de produção. Com um aproveitamento significativo das
áreas destinadas à agricultura e à pecuária, como também uma maior eficiência na
produtividade dos produtos produzidos, observa-se que não haverá necessidade da
utilização das reservas florestais existentes nessas áreas. Na condição do produtor,
receber pelos créditos de carbono seqüestrado aumentará a renda desse produtor
significativamente. O leitor provavelmente concorda que quem deve pagar pelo
seqüestro de carbono serão os emissores que não têm condições de seqüestrar o carbono
que emitem, seja aqui no Brasil ou em outros países. Está na hora de haver pagamento
pelo seqüestro de carbono feito nas áreas de floresta.
Alguns produtores rurais, ao constatarem a necessidade de aumentar o
faturamento, aumentam a sua área de produção. Esse aumento se dá com a diminuição
das áreas de florestas e as reservas são utilizadas para aumentar a área de plantio.
Observa-se a necessidade de estudos técnicos, feitos por profissionais competentes, para
que haja um aumento da produtividade e não seja necessária a utilização de novas áreas.
É importante notar que para se preservar as áreas de florestas, haja uma compensação
por este trabalho e esta compensação só pode ser originada dos recursos gerados pelos
132
créditos de carbono, pagos pelos poluidores espalhados por este imenso planeta. É
muito fácil criticar um produtor rural, um homem que trabalha duro para que o alimento
chegue às meses com abundância e com boa qualidade. Espera-se que esse produtor seja
remunerado para que ele conserve as áreas de floresta.
9 – Perdas na agropecuária por problemas climáticos
Os problemas das variações climáticas, quando muito acentuados, causam danos
aos setores produtivos. Pode ser verificada a ocorrência de inundações, causando
prejuízos para a agricultura, como também à pecuária e outros setores da economia. O
produtor, durante o período de produção é submetido a muitas variáveis que podem
influenciar negativamente para o sucesso do seu empreendimento. Em alguns casos, o
produtor é socorrido por seguros, mas na maioria dos casos, arca sozinho com os
prejuízos. A ocorrência de chuvas com granizo também determina perdas na produção.
Esse fenômeno ocorre de forma brusca e não há, por parte dos produtores, como se
precaver, ocorrendo sérios danos às plantações e animais, como também influem
negativamente nas instalações das construções. Como se vê, o produtor encontra muitos
fatores adversos ao sucesso do seu empreendimento.
A geada é outro fator negativo para o agropecuarista, pois influencia na
qualidade das pastagens e na produção, podendo determinar a perda de uma plantação e
um conseqüente prejuízo para o produtor. Como pode ser observado, é necessário que
haja condições favoráveis no que se diz respeito às condições meteorológicas, para que
o produtor possa produzir em condições satisfatórias. Outro fator causador de danos à
produção, se verifica na ocorrência de movimentação de correntes de ar com muita
intensidade; os prejuízos são verificados tanto nas plantações, quanto nas instalações
existentes na propriedade. A sucessão de fatores negativos pode determinar uma
diminuição nas condições produtivas de alguns produtores rurais. É preciso que os
produtos tenham uma compensação financeira, para que os produtores suportem as
influências negativas às quais são submetidos. Essa compensação financeira é gerada
com um bom preço aos seus produtos.
Os períodos de estiagem prolongados causam a perda da produção. Muitas vezes
o produtor está com a sua lavoura em condições de uma boa produção e em um período
133
crítico, faltam chuvas e ele tem a sua colheita prejudicada. As pastagens também
apresentam problemas com a falta de chuvas. O crescimento das espécies de gramíneas
se dá de uma forma muito deficiente, ocorrendo uma disponibilidade precária de
alimentos para os animais e um conseqüente prejuízo para o produtor rural. Podem ser
usados sistemas de irrigação, no sentido de se ter uma maior eficiência na produção. Os
trabalhos com irrigação conseguem suprir a demanda dos vegetais por água, tornando o
investimento mais seguro e em condições de produzir bem. O problema maior deste
fenômeno da estiagem é quando esta chega a ser considerada o que se chama de seca,
um período de estiagem muito prolongado, onde há um comprometimento de todos os
fatores produtivos, animais e vegetais.
A utilização de reservatórios com estocagem de água considerável, a perfuração
de poços e a construção de cisternas fazem com que haja uma minimização dos
fenômenos da estiagem. Como foi visto anteriormente, a transposição do Rio São
Francisco possibilitará melhores condições para as populações daquela região que será
servida pelas águas dos canais de transposição. Os grandes reservatórios que se
encontram no semi-árido constituem parte da solução para a seca. É necessário que haja
um trabalho de utilização dessas águas armazenadas, no sentido de se fazer produzir e
dotar a população de condições melhores de desenvolvimento. As soluções são
tomadas, porém as necessidades transitam em uma velocidade muito maior que as
resoluções dos problemas. Verifica-se a necessidade de trabalho para uma população
que, pelo problema da estiagem, não têm trabalho e nem renda suficiente para poderem
desenvolver os seus projetos de trabalhos e vida.
Como se verificou, o produtor rural tem que trabalhar no sentido de ultrapassar
as dificuldades, para que possa oferecer os seus produtos aos consumidores. Algumas
vezes este produtor é criticado, basta que haja algum problema na conservação do meio
ambiente, onde houve influência direta do produtor, para que este se encontre no centro
das críticas. Vale lembrar que os produtores precisam ser mais bem assistidos por
profissionais capacitados, para que a influência de degradação do meio ambiente seja
despercebida. No entanto, existe uma quantidade considerável de profissionais de nível
superior, formados para dar assistência aos trabalhos desenvolvidos nas propriedades
rurais, que migram para outras atividades, onde não há ligação nenhuma com o
ambiente produtivo rural. A falta de condições financeiras dos pequenos e médios
134
produtores, não permite que contratem esses profissionais. A função dos governos será
de contratar estes profissionais para o setor produtivo.
O Homem, mais do que nunca, precisa dedicar a sua capacidade de preservação,
sem deixar de lado a necessidade de produzir, para eliminar alguns fatores que
depredam os ambientes produtivos do planeta. Atualmente o poder de produzir é muito
grandioso, no entanto, a capacidade de preservação, quando desenvolvida, também pode
ser grandiosa. Na certeza de que não existem outros ambientes para onde se possa
migrar para a continuação do desenvolvimento humano, faz-se necessária a conservação
deste grandioso planeta Terra. Ao se verificar a preservação tão esperada pela grande
maioria consciente dos habitantes desse planeta, será possível produzir sempre e
caminhar sempre.
135
Bibliografia.
BERTONI, José; LOMBARDI NETO, Francisco. Conservação do solo. 4 ed. São
Paulo:Ícone, 1999.
SILVA, Roberto Gomes da. Introdução à Bioclimatologia Animal. São Paulo: Nobel,
2000.
PUZZI, Domingos. Abastecimento e Armazenagem de Grãos. São Paulo: Instituto
Campineiro de Ensino Agrícola, 2000.
CORTEZ, Luis Augusto Barbosa; HONÓRIO, Sylvio Luís (Editores Técnicos).
Resfriamento de Frutas e Hortaliças. Brasília: Embrapa, 2002.
PENTEADO, Sílvio Roberto. Introdução à Agricultura Orgânica. Viçosa: Aprenda
Fácil, 2003.
MALAVOLTA, E.; PIMENTEL, F.; ALCARDE J. C. Adubos & Adubações. São
Paulo: Nobel, 2002.
REIS, Lineu Bélico dos. Geração de Energia Elétrica. Barueri, SP: Manole Ltda., 2002.
POPP, José Henrique. Geologia Geral. Rio de Janeiro: L.T.C. Livros Técnicos e
Científicos, 1998.
136
CARO AMIGO LEITOR!
SE ACHAR O LIVRO INTERESSANTE E ÚTIL E QUISER PAGAR PELO LIVRO,
PODERÁ SER FEITO UM DEPÓSITO NO HSBC AGÊNCIA 0416
CONTA 27 597-49 EM NOME DE JOSÉ GUILHERME RODRIGUÊS DE FARIAS.
O VALOR A SEU CRITÉRIO
GRATO!
JOSÉ GUILHERME
137