UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
RAQUEL FERREIRA DA COSTA
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL SOBRE A SÍNDROME DE
ASPERGER: PROMOÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO
TRANSTORNO PARA IDENTIFICAÇÃO DE PORTADORES NA
FAMÍLIA E ESCOLA.
JOÃO PESSOA – PARAÍBA
2014
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RAQUEL FERREIRA DA COSTA
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL SOBRE A SÍNDROME DE
ASPERGER: PROMOÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO
TRANSTORNO PARA IDENTIFICAÇÃO DE PORTADORES NA
FAMÍLIA E ESCOLA.
Relatório final, apresentado à Universidade
Federal da Paraíba, como parte das
exigências do Curso de Comunicação em
Mídias Digitais, para obtenção do Título de
Bacharel.
Orientador: Professor Dorneles Daniel
Barros Neves
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JOÃO PESSOA – PARAÍBA
2014
Agradecimentos
Começo agradecendo a Deus que me deu forças durante toda essa jornada e não
permitiu que eu fraquejasse diante das adversidades que foram aparecendo ao longo do
caminho. Obrigada meu Deus por me proteger mesmo eu não merecendo.
Obrigada a todo corpo docente do DEMID pelos conhecimentos transmitidos, em
especial ao nosso eterno coordenador Olavo Mendes que mesmo não estando presente
fisicamente, está sempre nos rodeando com a lembrança de sua competência
inigualável.
Obrigada ao técnico de som, Lucas Brandão que se revelou um verdadeiro anjo,
salvando meu trabalho da minha breguice (piada interna). Valeu muito a pena passar
algumas horas no estúdio aprendendo a aguçar meu gosto e criatividade. Levarei para
vida toda.
Obrigada ao professor Cléber Morais que talvez nem saiba, mas a conversa que tivemos
durante uma de minhas crises existenciais foi o me deu energia para chegar ao final
desta etapa do curso. Sempre que pensei em desistir, lembrava de suas palavras e
encontrava forças pra acreditar que tudo ia dar certo. Deu mesmo!
Obrigada a Drª Celeste por doar um pouco do seu tempo e me explicar o que pôde sobre
a Síndrome de Asperger. Grata também ao srº Luciano Filho que trabalha como
terapeuta ocupacional no Caps Infantil e que foi fundamental quando esclareceu muita
coisa sobre o transtorno.
Obrigada à equipe fantástica que me ajudou durante as gravações em tudo que foi
possível (e impossível também). Aos futuros produtores de conteúdo, Victor
Hugo, Matheus Lopes, Mateus Fernandes, Nicole Sousa, Adelcidio Oliveira e Hugo
Duarte. Vocês foram nota 1000.
Obrigada aos patrocinadores Kiara Eventos e Decorações; Atelier Paula Montenegro e
Escola Lápis na Mão. Os responsáveis por estas empresas fizeram do meu trabalho
ainda mais bonito.
Obrigada a toda equipe do Empreender Paraíba que me deu força e teve compreensão
para aguentar minhas faltas e agonias por conta do TCC. Agradeço especialmente a
Telma Virginia, Thadeu Custódio, Moab Matheus, o secretário Eduardo Moraes e
principalmente a minha queria supervisora, Josi Simão que teve toda paciência do
mundo comigo nesses últimos dias.
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Obrigada aos dois anjos que a vida me apresentou Cely Farias e Bárbara Santos. Não sei
o que teria sido de mim sem as duas pra elevarem o nível do meu trabalho. Agradeço
também aos anjinhos Fausto Marinho, Alícia Siloé, Letícia Marinho, Allan Souza e
Derlania Gomes. Nunca mais vou ouvir Let it Go sem lembrar de vocês.
Obrigada aos meus grandes e verdadeiros amigos Ana Luiza Lima e Edyelton Marinho
por terem se mostrado sempre ao meu lado e me ajudado em tudo que puderam. São em
momentos como estes que enxergamos quem está conosco pra tudo. “I love you like
XO”.
Agradeço também a toda “Gang Bombação MD” que sempre passa por cima das
bobagens e se une pra poder sambar (gíria nossa) na cara de quem aparecer.
Obrigada, obrigada e obrigada a minha verdadeira família: Socorro, Hyully, Hyan e Tio
Jó. Estas pessoas são a prova de que não importa o que aconteça, família está junto para
o que der e vier.
Porém, meu maior agradecimento vai para minha mãe, Alzira e minha irmã, Daniela.
Na verdade não existem palavras para dizer o quanto eu agradeço por sermos quem
somos e o que somos. Todas as barreiras ultrapassadas por nós serviram de alicerce para
que eu pudesse chegar até aqui, lutando com todas as minhas forças para concluir este
curso sempre pensando no que futuro tem reservado para nós três. Muitas coisas ainda
virão, mas saber que conseguiremos vencer é o que me dá certeza para seguir até o final
desse caminho que só não foi pior porque vocês estiveram ao meu lado. Obrigada mãe,
obrigada Daniela.
Obrigada também a minha gatinha, Macaca Chita ou Menininha-Mamãe ou Bebêzão...
Não importa o nome, o que vale é ela é o animal de estimação mais lindo e companheiro
que existe nesse mundo e que sua chegada em nossa casa só nos trouxe alegria e união.
Para terminar agradeço a todos que ajudaram mandando pensamentos positivos e que
torceram para que tudo desse certo. Tenho certeza que funcionou.
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Resumo
Este trabalho tem como objetivo a utilização das áreas que compõem uma produção
audiovisual com intuito de levar informação sobre a Síndrome de Asperger em
portadores ainda crianças, a fim de identificar o portador da síndrome dentro da família
e escola. Amparado pelos recursos da linguagem cinematográfica e da propaganda, o
produto final fundamenta-se na área do audiovisual e seus componentes referentes à
concepção de roteiro, produção, direção, captação, edição e finalização, além de uma
abordagem não-linear como forma de abordar o tema. Todo o produto tem como base a
aplicação de conhecimentos transversais adquiridos ao longo da graduação,
nomeadamente as ferramentas de áudio e vídeo com objetivo de construir uma produção
de qualidade, além de trabalhar um tema de cunho social que será divulgado na internet
como forma de alcançar o maior número de pessoas. O produto alcança seu propósito
quando é atestada a aplicação dos conceitos estudados na confecção do vídeo final.
Palavras-chaves: Produção audiovisual. Síndrome de Asperger. Linguagem
cinematográfica. Propaganda.
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Lista de abreviaturas e siglas
SA Síndrome de Asperger
TGD Transtorno Global do Desenvolvimento
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
DF Diretor de fotografia
DA Diretor de arte
DS Diretor de som
PG Plano geral
PM Plano médio
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9
1.1. ESTRUTURA DO RELATÓRIO ................................................................. 10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 10
2.1. COMUNICAÇÃO E MÍDIAS DIGITAIS ................................................... 11
2.2. AUDIOVISUAL .......................................................................................... 12
2.2.1. ROTEIRO ............................................................................................. 13
2.2.2. DIREÇÃO DE ARTE ........................................................................... 13
2.2.3. DIREÇÃO ............................................................................................. 15
2.2.4. DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA ............................................................. 16
2.2.5. DIREÇÃO DE SOM ............................................................................. 17
2.2.6. PRODUÇÃO ......................................................................................... 18
2.2.7. EDIÇÃO ................................................................................................ 19
2.3. TEORIA AUDIOVISUAL ........................................................................ 20
2.3.1. EQUIPAMENTOS ................................................................................. 21
2.3.2. ESTÉTICA ............................................................................................ 22
3. DESENVOLVIMENTO ........................................................................................ 24
3.1. PRÉ-PRODUÇÃO ........................................................................................ 24
3.1.1. ROTEIRO ............................................................................................. 24
3.1.2. PRODUÇÃO .......................................................................................... 26
3.1.3. DIREÇÃO .............................................................................................. 27
8
3.1.4. DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA ............................................................. 29
3.1.5. DIREÇÃO DE ARTE .......................................................................... 31
3.1.6. EDIÇÃO ................................................................................................ 32
3.2. PRODUÇÃO ................................................................................................ 32
3.2.1. ROTEIRO .............................................................................................. 33
3.2.2. PRODUÇÃO ......................................................................................... 33
3.2.3. DIREÇÃO ............................................................................................. 33
3.2.4. DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA ............................................................. 34
3.2.5. DIREÇÃO DE ARTE ............................................................................ 35
3.2.6. EDIÇÃO ................................................................................................. 36
3.3. PÓS-PRODUÇÃO ........................................................................................ 36
3.3.1. ROTEIRO ............................................................................................. 37
3.3.2. PRODUÇÃO .......................................................................................... 37
3.3.3. DIREÇÃO .............................................................................................. 37
3.3.4. DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA ............................................................. 38
3.3.5. DIREÇÃO DE ARTE ............................................................................ 39
3.3.6. EDIÇÃO ................................................................................................. 39
4. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 41
4.1. REFLEXÃO CRÍTICA E LIMITAÇÕES DO PROJETO ........................... 42
4.2. CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E
SOCIAL ........................................................................................................ 43
4.3. PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO E PROJETOS FUTUROS .................. 43
5. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 44
5.1. SITES ........................................................................................................... 45
6. APÊNDICES .......................................................................................................... 46
9
1. INTRODUÇÃO
A comunicação sempre foi uma necessidade do ser humano: desde a pré-história o
homem buscou fazer contato com outros indivíduos com intuito de que suas ideias e
pensamentos fossem compreendidos e assim transmitir a mensagem desejada. Mesmo
com a evolução, essa necessidade não mudou e quando existe algo que impede que o
processo da comunicação aconteça, as consequências são negativas.
Produções audiovisuais vêm sendo usadas como uma dessas formas de solucionar
problemas relacionados à comunicação significando uma aliada na divulgação de
campanhas humanitárias ou de qualquer outra forma de disseminar conhecimento.
Uma das áreas que utiliza os benefícios do vídeo é a saúde: diversos projetos e
programas informativos são divulgados através de vídeos como forma de expandir
informações e levar conhecimentos para seu público-alvo que em muitos casos, não tem
acesso à tais informações.
Dentre os diversos assuntos abordados por produtos audiovisuais está o Autismo,
o qual trata-se de um transtorno global do desenvolvimento e dentro do seu espectro,
existe uma forma mais branda conhecida como Síndrome de Asperger (SA).
10
A SA é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), resultante de uma
desordem genética, e que apresenta muitas semelhanças com o autismo, porém não
apresenta comportamentos típicos de indivíduos autistas. Em 1992, a SA tornou-se uma
condição distinta e diagnosticada e foi incluída na décima edição publicada do World
Health Organization’s Diagnostic Manual [Manual de Diagnóstico da Organização
Mundial da Saúde], International Classification of Diseases (ICD-10) [Classificação
Internacional de Doenças (CID-10)] e em 1994, ela foi adicionada a quarta edição do
Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) [Manual de
Diagnóstico e Estatistica de Desordens Mentais (DSM-IV)], livro de referência
diagnóstica da American Psychiatric Association’s [Sociedade Americana de
Psiquiatria. (Austism Speaks Inc., 2010).
Portadores da Síndrome de Asperger sofrem com a dificuldade de comunicação
e interação com outras pessoas e o produto resultante do Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) aborda essa dificuldade utilizando recursos audiovisuais como meio de
falar sobre o transtorno que em muitos casos, não é conhecido nem pelo próprio
portador.
11
1.1. Estrutura do relatório
O relatório está dividido em cinco capítulos que abordarão os itens fundamentais
para compreensão do processo de construção do produto apresentado, passando por
todos os módulos de sua concepção. Dentro de cada capítulo apresentam-se sub-tópicos
que destrincham cada etapa do TCC com base na teoria aplicada na prática.
No primeiro capítulo são observadas as informações que introduzem o tema e a
função do produto audiovisual em apoio a causa. O segundo capítulo e suas subdivisões
contextualizam sobre as correntes teóricas e seus estudiosos como suporte de pesquisa
para a estruturação do projeto.
O terceiro capítulo explana a forma prática como foram aplicados os estudos
teóricos e como se deu todo o processo prático de construção do produto técnico. O
quarto apresenta a conclusão e subsequentemente, as possibilidades futuras que o
produto lega.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O presente Trabalho de Conclusão de Curso, sob forma de produto técnico, tem
como base a aplicação de teorias na área de audiovisual e que permanecem contribuindo
para a ampliação do conhecimento sobre seus métodos de linguagem, visando alcançar
o objetivo principal que é divulgar informações sobre a Síndrome de Asperger na
família e escola.
O tema do trabalho também conta com amparo das teorias e pesquisas do pediatra
austríaco, Hans Asperger (1906 – 1980) que através de suas observações no ano de
1944, concluiu que indivíduos que possuem dificuldades severas de interação social e
de comunicação não-verbal, além de não serem capazes de reconhecer emoções em
outras pessoas, eram acometidos de um transtorno de desenvolvimento que mais tarde
seria nomeado como Síndrome de Asperger1.
O produto funciona como uma propaganda que será disponibilizada publicamente
na internet após apresentação do vídeo e relatório para banca examinadora com intuito
de que haja o alcance do público-alvo (família e escola). A propaganda é definida como
a disseminação de princípios e teorias (GARCIA et al., 2008) e deve despertar no
público o desejo de consumir um produto ou disseminar uma ideia (BLOCK, 2010).
Sendo veiculada na internet, não há como medir a abrangência que o produto final
1 Manual para Síndrome de Asperger, FUNAD, 2010.
12
alcançará, porém de acordo com Block, “A internet [...] superfície bidimensional usada
para exibir imagens que contêm espaço, linhas, forma, tonalidade, cor, movimento e
ritmo.” (2010, p.280), portanto, o local adequado para a publicação e divulgação de uma
obra audiovisual deste porte.
2.1. Comunicação e mídias digitais
A Comunicação é uma das necessidades do homem, e o processo da comunicação
envolve basicamente os seguintes agentes: o emissor da mensagem, o receptor, a
mensagem em si, o canal de propagação, o código utilizado na mensagem, a resposta e o
ambiente onde o processo comunicativo acontece. Transmitir uma mensagem requer
não só a compreensão de todos esses elementos como também o uso adequado dos
mesmos, visto que o caminho percorrido pela mensagem pode ser interrompido se
houver algum obstáculo que impeça que todas as etapas sejam concluídas
(MARCONDES FILHO, 2008).
A experiência proporcionada pela comunicação com outros indivíduos através
da troca de mensagens diretas e indiretas (subtextos) motiva o ser humano a buscar
novas maneiras de interagir utilizando meios diversos como forma de transmitir tais
mensagens, ampliando seus canais de propagação como meio de conhecer novas
pessoas e culturas, além de aproximar mundos a partir da evolução dos dispositivos
midiáticos.
Com o passar do tempo e o desenvolvimento das cidades os meios de
comunicação tornaram-se mais acessíveis e se popularizam, em vista da necessidade de
aumentar a velocidade com que as informações precisavam ser transmitidas, (RACY,
2010) seja por questões políticas, comerciais ou pessoais: com a chegada do século
XXI, o mundo passou por transformações significantes, nas quais a velocidade com que
as informações são transmitidas contribuiu como um dos seus principais fatores.
Em conjunto com a evolução dos dispositivos de comunicação e o alcance da
internet nos lugares mais remotos, o compartilhamento de informações tornou-se quase
uma obrigação diante da cobrança imposta pela sociedade que nos força a estar sempre
conectados (BURGESS, 2009). O indivíduo que se determina a estar inserido aos
novos padrões sociais do séc. XXI vê-se obrigado a se comunicar, agora não somente
através da fala e do papel, mas com o uso de novas mídias e suas ramificações, ou seja,
13
o homem permanece na sua busca incansável pela comunicação, sempre atento a torná-
la cada vez mais estimulante (BLOCK, 2010).
Um dos meios populares de compartilhamento de informação é o audiovisual e o
uso dessa linguagem tem a capacidade de aproximar ou repelir pessoas, transmitir
conhecimento ou simplesmente divertir e entreter. A comunicação audiovisual é uma
soma de componentes visuais, sejam eles signos, imagens, desenhos, gráficos etc. e/ou
sonoros como a voz, música, ruídos, ou seja, tudo que pode ser ao mesmo tempo visto e
ouvido (HUNT et al., 2013). Cabe ao usuário a escolha de que maneira utiliza os
componentes pertencentes à comunicação audiovisual.
A presença da internet ao redor do mundo torna-a um ponto de convergência o
qual abriga informações de todos os tipos e que podem alcançar pessoas de todos os
lugares (Internet World Stats, 2012), facilitando a disseminação de informação através
do globo. O acesso a internet somado ao compartilhamento de informação gerado por
ela, torna ferramentas de hospedagem de vídeo instrumentos indispensáveis na
distribuição de material, independentemente do assunto.
Atualmente, o mais acessado site de hospedagem e compartilhamento de vídeos
é o YouTube2. Para Burgess (2009, p.21), “como empresa de mídia, o YouTube é uma
plataforma e um agregador de conteúdo”. Isto o torna um adequado disseminador de
informações no formato vídeo.
O YouTube é utilizado de várias maneiras diferentes por usuários-consumidores
por meio de um modelo que nasceu com o propósito de ter envolvimento com a cultura
popular. Ao que diz respeito a audiência, é uma plataforma que permite que seus
usuários entrem em contato com os produtos compartilhados de forma ativa, dando
possibilidade de atuarem como agentes disseminadores de conteúdo (BURGESS, 2009).
2.2. Audiovisual
Para se construir uma obra audiovisual são necessários elementos imprescindíveis
que servem como fundamento para sua realização. Tais elementos se configuram como
ramificações para sustentar uma ideia de acordo com as áreas básicas de um produto
audiovisual, são eles: o roteiro, direção, fotografia, arte, som e a produção no que diz
2 YouTube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital.
Foi fundado em fevereiro de 2005 por três pioneiros donos de um outro famoso site da internet ligado a
gerenciamento de transferência de fundos. Extraído de Portal Tecnologia UOL
http://tecnologia.hsw.uol.com.br/youtube.htm < Acessado em 01/07/14 >
14
respeito às três etapas presentes em todo produto audiovisual, especificamente a pré-
produção, produção e a pós-produção. Para o resultado final do projeto a edição tem
papel fundamental durante o processo com a função de construir a obra audiovisual.
2.2.1. Roteiro
O roteiro funciona como o elemento guia que indica o caminho que a equipe deve
seguir até a finalização do projeto. Segundo Syd Field, a melhor forma de começar um
roteiro é conhecendo o seu final. Field (2001, p.49) considera que “O final é a primeira
coisa que você precisa saber antes de começar a escrever.”. Sabendo onde se pretende
chegar, haverá menos dificuldades para escrever o início e o meio da história. Tudo no
roteiro deve estar interligado e os componentes que formam a história devem
permanecer fiéis entre si de maneira que o espectador compreenda o que está sendo
contado.
Após as definições de começo, meio e fim, parte-se para a escolha da perspectiva
sob a qual a história será contada. Muitos roteiros têm como base personagens que
funcionam como o elemento principal e que conduzem todo o enredo. “ O personagem
é o fundamento essencial do seu roteiro.” (FIELD, 2001, p.18). Deve-se conhecer a
fundo seu personagem para que se possa extrair o máximo de complexidade e
profundidade de suas características.
Com o personagem desenvolvido, inicia-se a criação dos diálogos. Os diálogos
funcionam como a motivação do personagem e devem demonstrar suas necessidades
(FIELD, 2001). Os diálogos mais elaborados devem ir além do que está sendo dito: os
subtextos contidos nas falas é o que indicam o quão profundo é o personagem. Para
subtexto é aquilo que não está escrito explicitamente no texto dramático, mas é inserido
nele a partir da análise feita pelo ator (STANISLAVSKI, 1989). Além de situar o estado
motivacional do personagem, o subtexto distancia o que é dito pelo ator e o que é
mostrado pela cena.
Todos os diálogos presentes no roteiro tem um assunto, ou seja, todas as falas
ditas pelos atores tem um tema próprio que torna os textos mais complexos. Imprimir o
assunto dos diálogos é algo que mantem a coerência entre o que está sendo dito e
permite que as conversas possam crescer dentro da cena (FIELD, 2001). Em geral, os
assuntos tem impacto maior para o diretor e os atores que utilizam desses temas como
forma de ajudar em suas criações.
15
2.2.2 . Direção de Arte
Na cena devem estar presentes os elementos materiais (signos) que ajudam a
contar a história e que devem informar e situar o espectador sobre o que acontece.
Todos os elementos contidos dentro da cena carregam um significado que indicam
sobre o tema físico e emocional do quadro. Para Field (2001, p.112), “A cena é o
elemento isolado mais importante de seu roteiro”.
De acordo com a Semiótica3, os signos se dividem em duas partes: a física e a
psicológica. A parte física trata o signo como objeto, ou seja, é algo concreto que
podemos ver, ouvir e tocar. Já a psicológica refere-se ao signo como um conceito, onde
a mente é quem produz a sensação que o objeto nos causa (HUNT et al., 2013, p.24).
Para Hunt et al. (2013), os signos também devem ser medidos de acordo com seus
níveis de significação, ou seja, o que ele representa para quem assiste ao produto
audiovisual. Ele pode ser denotativo ou conotativo. A denotação diz respeito ao
significado direto do objeto em cena e o conotativo acena sobre o sentido figurado do
objeto, portanto fala subjetivamente ao espectador (2013, p.26).
Contudo, nenhuma narrativa seria compreendida sem o que o teórico literário
francês Roland Barthes4 chamou de Sistemas de Significação ou 5 Códigos de Barthes.
Esses códigos tentam explicar como o público consegue entender os signos presentes
nas cenas através dos elementos presentes. (HUNT et al., 2013). São eles:
O código hermenêutico: desperta o interesse do público em acompanhar
a história, através de quebra-cabeças e conflitos que devem ser resolvidos
ao final da história;
O código sêmico: refere-se aos signos que carregam os personagens e
cenários de significados, permitindo que o espectador identifique
características próprias de cada elemento do roteiro;
3 A Semiótica é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenômenos culturais como se
fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação. Ambos os termos são derivados da palavra
grega σημεῖον (sēmeion), que significa "signo", havendo, desde a antiguidade, uma disciplina médica
chamada de "semiologia" que é o sinônimo de Semiótica, a ciência geral dos signos que estuda todos os
fenômenos de significação e foi usada pela primeira vez em Inglês por Henry Stubbes (1670), em um
sentido muito preciso, para indicar o ramo da ciência médica dedicado ao estudo da interpretação de
sinais. Extraído de Portal InfoEscola. http://www.infoescola.com/filosofia/semiotica/< Acessado em
10/07/14 >.
4 Teórico francês cujo trabalho principal, publicado em 1950-70, buscou localizar a estrutura universal e
as convenções narrativas, nas quais a impressão do significado é criada em textos realistas. (HUNT et al.,
2013, p.28).
16
O código das ações narrativas: trata-se dos padrões já estabelecidos por
cenas anteriores e que remetem um significado ao público para o
andamento da história. Uma cena tem que levar a outra adiante.
O código simbólico: relaciona-se a como o público interpreta as ações da
narrativa em forma de antítese5, ou seja, trata-se do quanto o espectador
consegue discernir as oposições dentro da cena;
O código cultural: refere-se às experiências conhecidas pelo expectador e
que o permite entender o contexto da história contada na cena.
Com base nestes conceitos é possível construir os signos e significados que
contribuem para complexidade da obra audiovisual.
2.2.3. Direção
Todos os componentes citados acima se somam ao ritmo da cena que é ditado de
acordo com a escolha do diretor, que tem o poder de decidir qual a melhor forma de
transmitir a mensagem do roteiro. Para Syd Field (2001, p.155), “O trabalho do diretor é
filmar o roteiro; pegar as palavras do papel e transformá-las em imagem [...].”
A principal responsabilidade do diretor é contar a história e mostrar ao público
aquilo que está no roteiro de forma que o espectador compreenda e envolva-se
emocionalmente. O uso de elementos artísticos auxilia o diretor na hora de fazer as
melhores escolhas no que ele pretende dizer com a ideia apresentada (HUNT et al.,
2013). Em geral, as escolhas feitas pela direção de um filme passam por um processo
criativo e cada diretor define a maneira como contará a história de acordo com suas
experiências e necessidades artísticas (STANISLAVSKI, 1989).
Ao diretor também cabe à função de mostrar o caminho que o ator deve seguir em
cena: o diretor é responsável pelas ações do ator dentro do quadro e deve se mostrar no
controle da cena para manter a ordem no set (FIELD, 2001). O diretor deve usar de
artifícios para manter o ator dentro da cena fazendo com este “entre no personagem” de
maneira tal que o resultado seja a atenção total do público para o que acontece na cena
(STANISLAVSKI, 1964).
5 Figura de linguagem que consiste em construir um sentido através do confronto de ideias opostas.
Extraído do Portal InfoEscola http://www.infoescola.com/linguistica/antitese/ < Acessado em 10/07/14 >
17
Quando o ator está em cena ele é movido pela ação, ou seja, o que acontece no
quadro e isto sempre vem precedido de um objetivo que é pensado pelo ator antes que
as gravações comecem. Para que isso aconteça, a imaginação do ator tem que ser
ativada pelo diretor que pode fazer isto ao utilizar o artifício do se. O se funciona como
em gatilho emocional que envolve várias circunstâncias dadas pelo diretor e que traz à
tona a emoção do ator, tornando a cena mais verdadeira (STANISLAVSKI, 1964). O se
deve vir acompanhado do uso dos verbos de ação6 que servem como forma de interação
entre os atores: um ator deve responder ao outro e não se focar em si mesmo para que
haja a troca necessária de emoções entre eles.
Segundo Stanislavski7 (1964, p.293), o diretor deve despertar as três forças
motivacionais que todos possuímos: sentimento, mente e vontade. Estes três elementos
aflorados, tornam a cena verdadeira para os atores e consequentemente para o público.
2.2.4. Direção de Fotografia
Após a conclusão do roteiro e escolha do diretor, chega a vez de outro membro
importante da equipe entrar em ação: o diretor de fotografia (DF). O DF tem a função
de mostrar na tela as escolhas do diretor (FIELD, 2001), de acordo com as
possibilidades referentes ao enquadramento, luz, cor, textura, ponto de vista, câmeras e
lentes.
Cabe ao DF materializar essas imagens para que as ideias do diretor apareçam na
tela da maneira como foi imaginada. “As imagens no cinema nunca são vagas. Elas são
inflexivelmente ‘concretas’”. (HUNT et al., 2013, p.15).
Com a elaboração do storyboard8 que muitas vezes é feito pelo próprio DF é
possível ver as imagens enquadradas de acordo com o esperado pelo diretor. Após as
6 Um verbo de ação caracteriza uma atividade expressa por um sujeito agente. Indica um fazer por parte
desse sujeito, que tem traços de atividade - um sujeito que age, realiza ações. Por essas razões compõe
uma frase ativa, com um fazer por parte do sujeito. Extraído do portal Língua Portuguesa em Uso
http://www.lpeu.com.br/q/ksunl < Acessado em 09/07/14 >
7 Konstantin Sergeievich Alekseiev, mais conhecido por Constantin Stanislavski, (Moscou, 5 de
Janeiro de 1863 — Moscou, 7 de Agosto de 1938), foi um ator, diretor, pedagogo e escritor russo de
grande destaque entre os séculos XIX e XX. Extraído de Portal InfoEscola
http://www.infoescola.com/biografias/constantin-stanislavski < Acessado em 11/07/14 >
8 Storyboard são organizadores gráficos tais como uma série de ilustrações ou imagens arranjadas em
sequência com o propósito de pré-visualizar um filme, animação ou gráfico animado, incluindo elementos
interativos em websites. Extraído de Portal Anima Mundi. http://www.animamundi.com.br/storyboard-o-
quadro-a-quadro-da-historia/ < Acessado em 15/06/14 >
18
escolhas dos quadros parte-se para a definição da iluminação levando-se em conta os
elementos de luz, cor e textura que também fazem parte das escolhas do diretor e do DF
em parceria (MONCLAN, 1999).
Em seguida o DF parte para as escolhas dos planos e quais as melhores câmeras e
lentes que alcancem o resultado desejado. Câmeras e lentes devem ser escolhidas para
trabalharem para o DF com o objetivo se acrescentar significado às imagens (HUNT et
al., 2013), não deve ser uma escolha arbitraria (MONCLAN, 1999).
Cabe ao diretor de fotografia “mostrar o vídeo” e portanto são de responsabilidade
do diretor de arte (DA) as escolhas dos elementos visuais de cada cena. As propostas de
objetos de cena, acessórios, figurinos e maquiagem dos atores também devem contar a
história de acordo com o roteiro e a vontade do diretor. Block (2010, p.1) afirma que os
componentes visuais básicos são encontrados em todas as imagens. São eles: espaço,
linha, forma, tonalidade, cor, movimento e ritmo. Compete ao DF adequar suas escolhas
dentro desses parâmetros.
2.2.5. Direção de Som
Outra parte fundamental na produção de uma obra audiovisual é a direção de som
que tem impacto direto com o resultado final do produto. O diretor de som (DS) tem a
tarefa de capitar o som diretamente da cena, caso seja possível ou que seja uma
exigência do diretor como parte de contar a história. Ao DS também é incumbida
função de delegar a responsabilidade de fazer com que as falas dos atores cheguem com
clareza até a hora da mixagem (OPOLSKI, 2013). Cabe ao DS, além das captações
diretas, acrescentar durante a fase de edição, todos os outros sons que não foram
obrigatoriamente gravados em sincronia com a cena (OPOLSKI, 2013).
O som pode ser dividido em duas categorias: diegético e não-diegético. O som
diegético configura qualquer som que provem do mundo fictício do vídeo. São
exemplos as vozes dos personagens e efeitos sonoros dentro e fora da tela. Já os sons
não-diegéticos são aqueles que referem-se aos sons que não são emitidos do modo
fictício do vídeo. São exemplos a narração, efeitos sonoros dramáticos e/ou imaginários,
além da trilha sonora (HUNT et al., 2013).
19
A narração funciona como um elemento motivacional quando se vale do código
hermenêutico9 e possibilita o público de manter-se interessado em descobrir aonde este
elemento vai levá-los. Existem três áreas que tratam da posição da narração (HUNT et
al., 2013):
Extradiegética: narração de uma voz exterior e que não pertence a
nenhum personagem conhecido até o momento;
Homodiegética: trata-se do narrador-personagem, onde o personagem fala
direto com a câmera;
Intradiegética: duas ou mais personagens conversando em beneficio da
caracterização da personagem.
Com base nestes conceitos é possível construir os signos e significados que
contribuem para complexidade da obra audiovisual.
2.2.6. Produção
Contudo, uma obra audiovisual dificilmente sairia do papel sem a atuação de uma
peça fundamental da equipe: o produtor. A função do produtor é viabilizar o processo
de construção do produto até que ele esteja concluído (GIANNASI, 2007).
A construção de uma obra audiovisual passa por três fases: pré-produção,
produção e pós-produção. A fase de pré-produção é a etapa referente ao planejamento
e é iniciada pela criação do roteiro, seguida da escolha dos diretores, elenco e equipe de
produção. Ainda na fase de pré-produção, o produtor capta os recursos necessários
através da preparação do orçamento, onde será possível apresentar para os futuros
patrocinadores, se houver, os recursos financeiros imprescindíveis para a viabilização
do projeto (GIANNASI, 2007). Caso não haja patrocinadores, o projeto é geralmente
custeado pelo produtor.
Ainda na fase de pré-produção, o produtor sai em busca das locações que devem
atender ao pedido do diretor, além de providenciar os pedidos feitos pelo diretores de
arte, fotografia e som no que diz respeito a cada uma dessas áreas.
Cabe também ao produtor montar o cronograma de acordo com a necessidade do
projeto em concordância com os horários disponíveis tanto para equipe como para
elenco principal e figuração. No cronograma de trabalho estarão presentes as datas e
prazos que o processo que envolve as três fazes deve levar.
9 Ver página 14.
20
Em termos gerais, Giannasi (2007, p.21) afirma que é responsabilidade do
produtor montar a infraestrutura do projeto e isto significa:
Viabilizar todas as locações que serão usadas durante as filmagens,
fechando contratos de locação ou cessão;
Proporcionar o melhor acesso de equipe, equipamentos e de serviços;
Providenciar o transporte, a guarda e a segurança dos equipamentos que
serão utilizados;
Providenciar a alimentação de equipe e atores;
Contratar os serviços de limpeza;
Compatibilizar as necessidades da equipe técnica com as possibilidades
oferecidas pela locação;
Garantir a segurança da equipe e artistas.
Após a conclusão da pré-produção, dá-se inicio a produção onde o planejamento
será executado. O produtor utiliza os recursos angariados durante a fase de pré-
produção para sustentar a fase de produção. Também está a cargo do produtor
providenciar a ordem do dia10
junto ao assistente de direção, se houver, ou confeccioná-
la ele mesmo (GIANNASI, 2007).
Encerrada a fase de produção, o produtor acompanha a terceira fase do processo
que é a pós-produção. Nesta última fase acontece a edição e finalização, ou seja, a etapa
de resultados do projeto. O papel do produtor é acompanhar este processo a fim de
verificar o cumprimento dos prazos, evitando atrasos no lançamento do produto
(GIANNASI, 2007).
2.2.7. Edição
Na fase de pós-produção entra o também o trabalho do editor. A função do editor
é em concordância com o diretor, tornar os cortes de edição quase que imperceptíveis ao
público no que diz respeito aos movimentos e ações dos personagens (HUNT et al.,
2013).
Existem dois tipos de técnicas de edição: a linear e a não-linear (DANCYGER,
2013). Na edição linear o público acompanha a história seguindo uma linha
10
A ordem do dia é um documento fundamental para a organização de cada diária de uma filmagem.
Ela informa quais são os atores que trabalharão em cada cena, os objetos e cenários necessários, o
figurino, os horários de cada equipe, entre muitas outras coisas. Extraído do portal Tela Brasil
http://www.telabr.com.br/oficinas-virtuais/texto/145 < Acessado em 09/07/14 >
21
cronológica, onde um evento é precedido por outro. Já a edição não-linear configura-se
pela sua dependência no enredo e sobre o nosso envolvimento com o personagem
principal (DANCYGER, 2013, p.393). A falta de cronologia na história, permite que o
diretor e o editor trabalhem a narrativa de maneira mais livre.
As escolha de qual tipo de edição será usada de acordo com a estrutura da
narrativa escolhida pelo diretor. Uma edição não-linear trata da inversão da estrutura
comumente conhecida, quando usa de artifícios que quebram a ordem lógica dos fatos
ao inverter ações e percepções dos personagens (HUNT et al., 2013).
2.3 Teoria audiovisual
Para Eisenstein11
(2002), a dialética12
serve como base para as discussões acerca
de uma obra audiovisual. Somente através das contradições encontradas em elementos
conflitantes, podemos extrair a interação que resulta em um produto com profundidade
e dinamismo, ou seja, é capaz de gerar movimento e demonstrar energia. “Porque o
limite da forma orgânica [...] é a Natureza. O limite da forma racional [...] é a Indústria.
Na interseção de Natureza e Indústria está a Arte.” (EISENSTEIN, 2002, p.50). O
conflito gerado entre os elementos que constroem um produto audiovisual resulta em
arte e eleva a qualidade da obra (EISENSTEIN, 2002).
Para ele o plano funciona como uma célula do organismo maior, a montagem
(HUNT et al., 2013). “Plano e montagem são os elementos básicos do cinema.”
(EISENSTEIN, 2002, p.52).
A montagem funciona como a forma dialética de mostrar a história, sendo divida
nos seguintes tipos:
A montagem métrica que tem como base a construção de todas as partes
de acordo com seu tamanho;
11
Serguei Mikhailovitch Eisenstein (Riga, 23 de janeiro de 1898 - Moscou, 11 de fevereiro de 1948) foi
um dos mais importantes cineastas soviéticos. Foi também um filmólogo. Relacionado ao movimento
de arte de vanguarda russa, participou ativamente da Revolução de 1917 e da consolidação
do cinema como meio de expressão artística. Notabilizou-se por seus filmes mudos A Greve, O
Encouraçado Potemkin e Outubro, assim como os épicos históricos Alexandre Nevski e Ivan, o Terrível.
Sua obra influenciou fortemente os primeiros cineastas devido ao seu uso inovador de escritos
sobre montagem. Extraído de IMDB http://www.imdb.com/name/nm0001178/< Acessado em 08/07/14 > 12
A dialética pode ser descrita como a arte do diálogo. Uma discussão na qual há contraposição de ideias,
onde uma tese é defendida e contradita logo em seguida; uma espécie de debate. Sendo ao mesmo tempo,
uma discussão onde é possível divisar e defender com clareza os conceitos envolvidos. Extraído do portal
Info Escola http://www.infoescola.com/filosofia/dialetica/ < Acessado em 08/07/14 >
22
A montagem rítmica trata do movimento dentro do quadro e que
impulsiona a montagem quando-a-quadro;
A montagem tonal vai além da montagem rítmica e considera todos os
movimentos dentro do quadro, dando o tom que a cena apresenta.
A montagem atonal codifica todas as outras montagens de forma que se
permita uma percepção diretamente fisiológica.
A montagem intelectual é aquela não dos sons e imagens fisiológicos, mas
sim aquela que trata do campo da imaginação e que gera conflitos de
sensações intelectuais associativas.
Estes elementos servem como guia e deve se adequar ao tipo de narrativa proposta
pelo produto.
2.3.1 Equipamentos
Para a produção de uma obra audiovisual são necessários os equipamentos certos
e que possam gerar o resultado esperado, isto claro sem perder a qualidade. Câmeras,
lentes e luzes devem trabalhar em conjunto para formar a imagem ideal para o filme
(MONCLAN, 1999).
Atualmente, câmeras DSLR13
são um dos aparatos mais eficientes para a gravação
de áudio e vídeo e são capazes de gerar imagens de alto nível sem comprometer a
estética visual do filme (OLIVEIRA et al., 2013). Em concomitância com lentes que
facilitam a apresentação visual do vídeo, as câmeras DSRL estão ganhando cada vez
mais espaço por serem de fácil manuseio e transporte.
As lentes são outro ponto importante para concepção visual do vídeo e são
fundamentais no momento de decidir qual o tipo de imagem deve aparecer no quadro.
Para Monclan (1999, p.62), “as lentes são o principal instrumento de trabalho do DF.
Elas são o olho do fotógrafo e responsável pela qualidade de tudo que se registrará [...]”.
Para a escolha da lente que mais se adequa ao projeto deve levar em conta a
profundidade de campo tendo em vista o tamanho do sensor, a distância focal e a
abertura do diafragma (OLIVEIRA et al., 2013). A profundidade de campo trata da
13
DSLR é a sigla em inglês para digital single-lens reflex, que em uma tradução livre seria "câmera
digital de reflexo por uma lente". Isso quer dizer que a DSLR é a versão digital para as antigas câmeras de
filme SLR, em que a luz passa apenas pela lente antes de chegar no sensor — ou no filme, no caso das
câmeras tradicionais. Extraído do portal UOL Noticías http://tecnologia.uol.com.br/guia-
produtos/imagem/ult6186u20.jhtm < Acessado em 07/07/14>
23
quantidade de objetos que estão a diferentes distâncias da lente e delimitam o que está
ou não em foco. Lentes com foco fixo são muito uteis no que confere ao manuseio do
equipamento e escolha do visual (MONCLAN, 1999). Elas são dividas em macros,
grandes angulares, normais e teleobjetivas. As lentes macro são usadas para captar
imagens muito próximas da lente. As grandes angulares são caracterizadas por causarem
uma distorção nas bordas da imagem e por permitirem um ângulo de visão maior.
Lentes chamadas de normais são usadas geralmente para captação de planos fixos como
planos gerais, médios e americanos. As lentes teleobjetivas são aquelas acima de 70mm
e tem a capacidade de focar o objeto que esteja há metros de distância da lente. São
empregadas nas filmagens de detalhes e em situações que exigem que não haja
aproximação com o objeto filmado (MONCLAN, 1999).
2.3.2 Estética
As escolhas dos planos devem ser feitas de acordo com o que o DF quer mostrar
no vídeo. “O plano tem seu próprio vocabulário, que, para fazer sentido, depende do
contexto da narrativa e da edição.” (HUNT et al., 2013, p.120). Ângulos, tipos de planos
e altura da câmera devem fazer sentido e trazer significado para a história. A câmera
deve ser usada como o olho do espectador e através dela o público deve enxergar a
trama com ajuda desses artifícios (BLOCK, 2010).
Os ângulos são divididos em três tipos: câmera plana, câmera baixa ou contra-
plongê e câmera alta ou plongê. A câmera plana normalmente mostra o plano direto no
assunto da cena. Em geral funciona como expositor dos personagens e coloca o público
de frente para o quadro. Na câmera baixa, comumente chamada de contra-plongê,
indica quando o personagem está numa posição de superioridade em relação a cena. A
câmera alta ou plongê indica exatamente o contrário: o personagem se encontra em uma
situação de inferioridade dentro da cena (HUNT et al., 2013, p.122).
Os planos se caracterizam pela distância e pela forma como mostram os cenários e
personagens. O plano geral (PG) serve para separar superficies, dando ênfase à
distinção entre fundo e primeiro plano (BLOCK, 2010). A câmera normalmente está
distante dos personagens e serve para situar o público sobre onde a cena está
acontecendo. No plano americano o personagem é mostrado do joelho para cima. O
plano médio (PM) mostra os atores da cintura para cima e já se caracteriza uma maior
proximidade da personagem em relação a câmera. O clese-up configura a captação dos
24
detalhes e geralmente tem o rosto como foco principal. Conota mais intensidade para a
personagem. Por último há o primeiríssimo plano que foca nos detalhes isolados da
cena com o objetivo de capturar gestos e enfatizar emoções (HUNT et al., 2013) .
Os planos podem ser descritos como objetivos e subjetivos. Os planos objetivos
colocam o espectador como observador da cena, onde ele apenas acompanha as ações
dos personagens com imparcialidade. Já o plano subjetivo coloca o espectador na
posição do personagem permitindo que o público viva as emoções de acordo com o que
a personagem vê. O plano subjetivo coloca a câmera em primeira pessoa e por
consequência o público também (HUNT et al., 2013).
Outra técnica que se aplica como intensificador de emoções dentro da cena é o
raccord14
de olhares. Esse método de montagem é utilizado para manter a coerência
espacial dentro da cena (HUNT et al., 2013). Trabalhado de maneira correta, permite
que o público acompanhe a edição de plano e contra-plano dentro de uma cena em que
haja interação entre personagens.
A edição de plano e contra-plano é a maneira como os personagens são
apresentados em conflito dentro da cena permitindo que eles possam interagir sem a
necessidade de estarem dentro do mesmo plano (HUNT et al., 2013). Técnicas de
transição funcionam no momento de editar estes planos bem como mudanças de tom no
vídeo.
O editor pode recorrer às transições como forma de contar a história de acordo
com o visual da narrativa escolhida pelo diretor. Comumente, narrativas não-lineares se
beneficiam desses artifícios como forma de camuflar a falta de continuidade do filme
em que cortes secos15
poderiam deixar mais evidentes (DANCYGER, 2013). Para se
contar uma história todos os elementos visuais são convergidos para transmitir emoções
e mensagens para o público.
Um dos fatores que contribuem esteticamente para essa conversão é a cor. A cor
ou tonalidade é o componente visual refere-se a intensidade de brilho nos objetos dentro
da cena (BLOCK, 2010). “As cores influenciam o ser humano, e seus efeitos, tanto de
14
Raccord é o elemento da montagem fílmica que busca produzir um efeito de continuação entre dois
planos, simulando através de técnicas específicas a sequencialidade de uma ação. Extraído do Portal
Univid http://www.univ-ab.pt/~bidarra/hyperscapes/video-grafias-139.htm < Acessado em 10/07/14 > 15
Cortes secos ocorrem quando a passagem de um plano a outro se dá sem qualquer estado
intermediário: o último frame do plano A é imediatamente sucedido pelo primeiro frame do plano B.
Extraído do Portal Fazendo Vídeo. http://www.fazendovideo.com.br/vtdiedc.asp < Acessado em 10/07/14
>
25
caráter fisiológico como psicológico, intervêm em nossa vida, [...]” (FARINA et al.,
2011, p.2). As cores despertam sensações de movimento e atuam em nosso corpo sobre
a emotividade, nos permitindo sofrer intervenções inconscientes de acordo com tom que
está sendo observado (FARINA et al., 2011).
A publicidade, a fim de contribuir para nomear elementos que ajudaasem a vender
uma propaganda, desenvolveu as nomenclaturas cores quentes e cores frias (FARINA
et al., 2011). Isto de fato ajudou a separar as sensações causadas pelas diferentes
tonalidades das cores. As cores quentes são definidas são aquelas que parecem no
transmitir a sensação de proximidade, calor, densidade, além de serem estimulantes. Já
as cores frias passam a sensação de vazio, distância e profundidade (FARINA et al.,
2011). Segundo Block (2010, p. 169) não se deve substimar o valor das cores, pois o
público as nota imediatamente e reage a elas emocionalmente.
A luz é outro ponto importante na preparação de um obra audiovisual. Ela serve
para que possamos ver os objetos em cena e identificá-los no quadro (BLOCK, 2010).
Como dito, Monclan afirma que a luz é a principal ferramenta do diretor de fotografia e
que não se pode escolher o tipo de iluminação de maneira leviana. Essas escolhas estão
ligadas também as cores do filme e serão adequadas de acordo com a escolha do diretor
(MONCLAN, 1999).
Para completar as escolhas estéticas importantes para construção do vídeo, é
fundamental trabalhar o som do produto. “O som, tanto qualquer coisa visual, pode criar
espaços realistas convincentes ou distorcer e subverter o realismo.” (HUNT et al., 2013,
p.166).
Uma das técnicas utilizadas para contar a história é a assíncronicidade do som.
Em geral diálogos aparecem na cena na hora em que são ditas pelos atores, contudo
existe a possibilidade de se desconstruir o padrão a fim de proporcionar ao público uma
sensação nova (HUNT et al., 2013). O som assíncrono exerce muito bem essa função
quando permite que o espectador acompanhe a narrativa tendo em contrapartida, a
antítese entre imagem e som.
3. DESENVOLVIMENTO
Os estudos apresentados acima serviram como base para a aplicação prática no
produto técnico durante todas as etapas do projeto. Neste capítulo serão apresentadas as
etapas que fizeram parte da construção do projeto de TCC.
26
3.1. PRÉ-PRODUÇÃO
Como dito em 2.2.6, a fase de pré-produção é onde acontece o planejamento da
produção da obra audiovisual. Nesta etapa é idealizada a maneira como cada parte do
projeto funcionará na etapa seguinte (produção).
Esta etapa aconteceu durante os meses de abril, maio e junho com as concepções
de roteiro, produção, direção, fotografia, arte e edição.
3.1.1. Roteiro
Como citado no item 2.2.1, o primeiro passo desta produção foi a concepção do
roteiro. Isto foi feito desde abril do corrente ano. Foram necessários nove tratamentos
até que o roteiro pudesse atender os objetivos artísticos, técnicos e sociais importantes
para transmitir a ideia principal do produto. O primeiro roteiro foi escrito de maneira
linear, apenas como forma como base para a estrutura física das cenas e a partir do
segundo roteiro, todas as versões se apresentaram de forma não-linear. O roteiro final
encontram-se no apêndice A.
A história se passa na escola da criança portadora da SA e é contada em forma de
flashback16
onde a professora do menino conversa com sua mãe. Elas estão na sala da
professora (cena 02) e esta relata uma situação que aconteceu há pouco tempo, durante
uma festa de uma colega de sala do portador, onde o protagonista demonstra um
comportamento típico de portadores de SA (cena 01), porém não compreendido pela
professora e pela mãe. O menino não participa da festa, permanecendo o tempo sentado
lendo um livro de Física. A mãe da aniversariante ao observar tal comportamento,
convida o garoto para se juntar as outras crianças. O menino responde de maneira
natural para ele, contudo suas palavras soam ofensivas e isto gera todo o conflito tema
da conversa entre mãe e professora. Todo a trama é acompanhada pelo som de um
brinquedo que tem como objetivo incomodar e despertar a curiosidade do público.
Desde o princípio o conceito da não-linearidade da história esteve presente no
roteiro e os estudos acerca do tema sedimentaram as escolhas desse tipo de narrativa.
Outro ponto fundamental foi a escolha das personagens que de acordo com a
proposta representaram o tripé social que o roteiro pretendia alcançar (família, escola e
16
Flashback também é um termo muito utilizado no cinema, é a interrupção de uma sequência
cronológica narrativa pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente. Extraído do portal
Significados.com.br http://www.significados.com.br/flash-back/ < Acessado em 20/07/14 >
27
portador). Para o protagonista foi escolhido o nome Rafael e as personagens da mãe
dele e da professora permaneceram sem nomes próprios.
Os diálogos também compuseram o tom da história como forma de transmitir a
mensagem sem abandonar as técnicas apresentadas no tópico 2.2.2. Como observado
em 2.2.5, a narração extradiegética17
foi a solução encontrada como forma de montar a
narrativa de maneira não-linear, dando intensidade ao enrendo e conduzindo o flashback
através das vozes das personagens da mãe e da professora.
3.1.2. Produção
Durante essa primeira fase, que se iniciou no mês de maio a função de produtor
ficou restrita as preparações providências de produção, orçamento, cronograma e
formação da equipe, além da busca pela locação e patrocínio.
No mês de abril, foram convidados a participarem do projeto, alunos que
atualmente estão no 2º período do curso de Mídias Digitais. Esta opção foi feita com o
propósito de afastar qualquer possibilidade de participação criativa durante o processo,
pois em tese, os alunos iniciantes ainda não possuem conhecimento suficiente para
compreender sobre os níveis de comprometimento que envolve um projeto de TCC.
Os cargos foram distribuídos na pré-produção, mas só foram exercidos na fase
seguinte. Formaram a equipe os alunos Victor Hugo como assistente de produção,
Matheus Lopes como assistente de produção, Matheus Fernandes como iluminador,
Nicole Sousa como maquiadora e claquete, Adelcídio Oliveira como assiste de som,
Hugo Duarte, e Guilherme Pontes Leitão (única exceção ao P2) como fotógrafos de
bastidores.
O orçamento foi preparado logo em seguida e os gastos foram arcados pela
realizadora do projeto. No documento foram apontados os gastos referentes a
alimentação, transporte e compra de objetos de cena. O orçamento completo com seu
valor total encontra-se no apêndice B.
Em seguida foi preparado o cronograma de acordo as disponibilidades de horário
tanto da realizadora como da equipe, onde todos os dias a partir da sua elaboração foram
ocupados com atividades referentes ao TCC. O cronograma encontra-se no apêndice C.
17
Ver página 17.
28
Ainda na fase de pré-produção, foram feitas pesquisas sobre onde seria o melhor
local para as gravações. Como a história se passa em dois cenários diferentes, festa e
sala da professora, foram buscadas soluções que permitissem fácil acesso tanto da
equipe de produção como do elenco e figuração.
Com objetivo de atender as propostas artísticas, as locações que foram visitadas
tiveram como base o critério de maior proximidade com os cenários pretendidos. Com
isso as cenas da festa e da sala da professora, forma escolhidas de acordo com esse
critério.
Para a cena 01 - que se passa na escola onde o portador estuda – os locais visados
foram escolas de ensino infantil e que tivessem uma caracterização do espaço de acordo
com o apresentado em 3.1.5. Com intuito de deixar a criança que faria o personagem
principal mais confortável e seguro, a própria escola onde ator Hyan Rafael estuda foi
escolhida como locação para a cena da festa. A escola Lápis na Mão, situada no Ernesto
Geisel, sob responsabilidade da srª Elenilde Paulino, foi contactada e cedeu o espaço de
forma gratuita.
Para cena 02, foram pesquisadas locações que também se adequassem ao sugerido
em 3.1.5. As salas de reunião entre pais e professores das próprias escolas visitadas para
cena da festa foram pensadas como locação para cena 02, porém a escola Lápis na Mão
não possui tal espaço, portanto o local para a cena teria que ser em outro lugar.
O DEMID, Departamento de Mídias Digitais, apresentou-se como a solução mais
viável para a cena 02 e a utilização do espaço foi cedida pelo coordenador do curso,
professor Cléber Morais e pelo chefe de departamento, professor Rubens Weyne.
Em seguida as definições dos locais de gravação, foi feita uma lista de materiais
referentes as necessidades da Direção de Arte e antes das gravações foram feitas as
compram a fim de cumprir os objetivos descritos em 3.1.5. Nem todos os objetos
puderam ser adquiridos, porém foi conseguido dois patrocínios importantes: a
decoração para a cena da festa foi cedida pela Kiara Decorações18
e o bolo decorativo
pelo Atelier Paula Montenegro19
.
18
Kiara Decorações https://www.facebook.com/pages/Kiara-Eventos-e-
Decora%C3%A7%C3%B5es/257431904371063?sk=info
19
Atelier Paula Montenegro https://www.facebook.com/AtelierPaulaMontenegro?fref=ts
29
As providências de produção se encerraram nesta primeira etapa com compra da
alimentação para equipe durante os dois dias de gravação. A lista de providências de
produção se encontra no apêndice D.
3.1.3. Direção
De acordo com o exposto em 2.2.3, as escolhas para a direção foram feitas de
acordo com estudos sobre o tema, mas também sob forte inspiração de outros vídeos
que tem a área da saúde como tema.
Buscou-se mostrar o portador da SA de maneira que o espectador pudesse
compreender as adversidades enfrentadas por quem sofre com o problema. De acordo
com a proposta a ideia era de isolar o personagem principal a fim de colocá-lo em uma
posição de solidão em contraste com as outras crianças que aparecem comemorando o
aniversário. Para as personagens da mãe e da professora, pensou-se a ideia de
enfretamento entre as instituições sociais que elas representam, mas que ainda não tem
informações sobre o transtorno: Família X Escola.
A preocupação com a direção de atores foi outro ponto importante na primeira
fase do projeto e os estudos apresentados em 2.2.3 sustentaram o planejamento da forma
como a realizadora guiaria os atores em cena. Foram preparadas listas que auxiliaram no
desempenho da diretora durante a etapa de produção.
Baseados nos conceitos apresentados por Stanislavski foram estudadas técnicas
para preparação dos atores que tornassem as gravações mais fluídas e tornassem as
atuações as mais naturais e verdadeiras de acordo com cada personagem.
A primeira lista produzida foi a dos assuntos dos diálogos para facilitar no
momento da direção. Em seguida foi confeccionada a lista de direção de atores, onde se
é observada a metodologia de Stanislavski sendo implementada: os verbos de ação e os
subtextos de todos os personagens foram colocados em uma planilha que auxílio que
teve fundamental importância durante as gravações. Ver planilha completa no apêndice
E.
Para protagonizarem o trio principal de personagens foi proposta a escolha de
duas atrizes que já tivessem atuando antes, mas que não fossem profissionais formadas.
As selecionadas para os papéis principais foram Cely Freitas como a Mãe do Rafael e
Bárbara Santos como a Professora. Para o papel do protagonista, foi escolhido ator
estreante, Hyan Rafael, 6 anos, que havia feito uma participação em um trabalho de
30
classe na disciplina de Edição II em 2013.1. Nas figuras 1, 2 e 3, seguem os três atores
que atuaram como o portador, a mãe e a professora respectivamente.
Para cena 01 foi planejado o convite de amigos próximos para atuarem como
figuração adulta, além do convite para algumas crianças na faixa de 6 a 10 anos para
atuarem também como figurantes. De acordo com o roteiro, duas personagens ganham
destaque entre a figuração. São elas a aniversariante (Raissa) e sua mãe (Mãe de
Raissa).
Figura 1 – Hyan Rafael – protagonista
Fonte: Internet
Figura 2 – Cely Farias – mãe do protagonista
Fonte: Internet
Figura 3 – Bárbara Santos – professora do protagonista
Fonte: Internet
31
3.1.4. Direção de Fotografia
A direção de fotografia teve como base os estudos expostos em 2.2.4 e 2.3.1 e que
fomentaram as escolhas da fotografia no que diz respeito ao quadro, luz, cor, textura,
ponto de vista, câmeras e lentes.
De acordo com 2.2.4, a primeira tarefa foi a criação do storyboard de acordo com
a proposta do roteiro. Todos os quadros do vídeo foram desenhados pela realizadora de
modo que servisse como guia nas gravações. Seguem abaixo dois quadros (figuras 4 e
5) retirados do storyboard que encontrasse completo no apêndice F.
Em paralelo a confecção do storyboard, foram escolhidos os planos de acordo
com o apresentado em 2.3.1. Os planos idealizados seguiram as teorias estudadas e
juntamente com os ângulos propostos, indicaram a melhor forma de gravar as cenas em
acordo com os objetivos da direção. As escolhas se seguiram por esse critério e o uso
dos planos médio e close-ups exibidos em plongê e contra-plongê na maioria das cenas
se mostrou a escolha ideal para mostrar a história.
Outra escolha feita pela realizadora foi o uso de planos subjetivos com câmeras
em primeira pessoa com objetivo de atender a proposta da direção que foi o de
Figura 4 - Storyboard - quadro 2
Fonte: autoral
Figura 5 – Storyboard – quadro 5
Fonte: autoral
32
intensificar a sensação do público de acordo com o estudado em 2.3.1. Para concretizar
a ideia proposta em 3.1.3 colocar o protagonista em um canto da sala onde ele não
tivesse contato com as outras crianças. Em oposição as crianças e seus pais aparecem do
outro lado da sala sob a perspectiva do olhar do personagem.
Os equipamentos escolhidos para captação dessas imagens também foram
escolhidos de acordo com o apresentado em 2.3.1, tendo sempre o objetivo de exibir
uma imagem de qualidade e que pudesse transmitir a proposta da direção de maneira
correta. Após a escolha foi preparada a lista de equipamentos necessários para a
produção do vídeo.
3.1.5. Direção de Arte
As direções artísticas propostas foram baseadas nos estudos observados em 2.2.2.
e 2.3.1. Todos os objetos de cena, bem como figurino, maquiagem e cores tem o
propósito de ajudar a contar a história, auxiliando a proposta da direção.
Para a cena da festa foram idealizados objetos que representassem o ambiente de
uma festa infantil, com o uso predominante de cores quentes com várias tonalidades.
Isso contribui para acentuar a diferença entre o local onde as crianças que comemoram a
festa estão de onde o protagonista se encontra isolado. Esses objetos funcionam como
signos para a cena, servirem como localizador espacial para que o público entenda onde
acontece a festa. Segue abaixo a locação da cena 01 antes da gravação nas figuras 6 e 7.
Figura 6 – Escola Lápis na Mão
Fonte: autoral
33
Para a cena 02, os objetos representam o local onde acontece a conversa entre a
mãe e a professora ressaltando o contraste com a cena 01. Na sala da professora os
objetos também fazem oposição ao que está sendo narrado e funcionam como signo
para esta cena. As cores predominantes são frias com o uso de tons escuros para realçar
o embate entre mãe e professora.
Os figurinos foram idealizados de acordo com a cor que cada cena tinha como
principal: para a cena 01 os figurantes deveriam usar roupas coloridas e sociais e as
crianças vestidas de camiseta branca e jeans. Para o elenco principal foram pensadas
roupas menos chamativas para poder equilibrar as duas cenas. A mãe de roupa social e a
professora com o uniforme da escola. A maquiagem também foi planejada: marcante e
colorida para as figurantes e sóbria para a mãe de Rafael e a professora.
3.1.6. Edição
As referências para a edição foram baseadas nos estudos apresentados em 2.3 e
2.3.1. Baseada na não-linearidade do roteiro, a edição foi pensada desde o início da
produção como forma de exibir o resultado final em acordo com a proposta da direção,
funcionando como o reflexo de todo o projeto.
Inspirada no vídeo Carly’s Voice - Video Experience Austism Through Carly's
Eyes20
, a edição foi idealizada para convidar o público a se tranportar para os olhos do
personagem principal e acompanhar sua perspectiva ao vivenciar a experiência de como
é sofrer da Síndrome de Asperger.
20
Carly's Café - Experience Autism Through Carly's Eyes
https://www.youtube.com/watch?v=KmDGvquzn2k
Figura 7 – Escola Lápis na Mão
Fonte: autoral
34
O uso de efeitos de pós-prdução existiu desde o princípio do projeto, pois as
imagens finais dificilmente seriam produzidas durante a gravação devido a falta de
recursos.
O som também esteve presente durante o planejamento na pré-produção e as
escolhas para edição de som foram baseadas nos estudos observados em 2.2.5. O som
não-diegético acompanhando pelo narração extradiegética foram idealizados para guiar
o espectador durante a edição não-linear que acompanha a proposta da narrativa.
Não foi idealizado captura de som direta, pois de acordo com a proposta da
direção, todo o áudio seria feito na pós-produção com a gravação das falas feita pelas
atrizes no estúdio com a supervisão do técnico de som, Lucas Brandão.
3.2. PRODUÇÃO
Como dito em 2.2.6, a fase de pré-produção é onde acontece a execução do
planejamento feito durante a etapa de pré-produção. O objetivo desta fase foi produzir o
conteúdo que serviu como material de trabalho para a pós-produção.
A produção ocorreu nos dias 20 e 21 de junho do corrente ano.
3.2.1. Roteiro
Nesta fase, o roteiro teve fundamental importância, funcionando como guia para a
direção e elenco. Foram feitas algumas modificações nos diálogos a pedido das atrizes
que sugeriram falas mais naturais para ambas. O pedido foi acatado e algumas linhas
foram adaptadas de forma espontânea por elas. Isto tornou as falas mais verdadeiras.
A única exceção foi a fala que o ator Hyan Rafael deveria falar ao final do roteiro:
de acordo com as pesquisas feitas sobre o transtorno, foi observado que portadores da
SA são capazes de falar sobre coisas que fogem do universo habitual das crianças,
contudo o ator não foi capaz de dizer a fala. Hyan Rafael não possui Síndrome de
Asperger, portanto não consegue entender sobre o assunto abordado no diálogo. Foram
feitas alterações no roteiro e mesmo assim ele não conseguiu dizer a fala completa.
3.2.2. Produção
Durante os dias de gravação foram colocados em prática tudo que foi preparado
na fase de pré-produção e tudo saiu conforme o planejado. Não houve atrasos na
gravação e o cronograma foi executado perfeitamente.
35
Nesta fase a equipe de alunos do 2º período pode atuar mais ativamente de acordo
com as tarefas que foram distribuídas ainda na pré-produção. Com intuito de não
estender o relatório, além do necessário, apenas as divisões do primeiro dia serão
anexadas.
Foram recolhidas também as autorizações de direito de imagem de todos os que
aparecem no vídeo como forma de garantir a divulgação do projeto.
3.2.3. Direção
Na produção, a excelência das atrizes foi tanta que as gravações correram da
melhor forma possível. Não houve necessidades de muitas tomadas21
e o elenco
conseguiu o objetivo proposto pela direção.
A figuração também contribuiu para o andamento organizado das filmagens e
tanto adultos como crianças, representaram seus papéis de forma satisfatória, segundo a
direção proposta.
O único obstáculo foi a desistência da figurante que faria o papel da mãe de
Raissa. Por motivos de saúde, a mesma não pode comparecer, avisando sobre o ocorrido
um dia antes da gravação da cena 01. Em virtude disso foi necessária a entrada da
realizadora do projeto para o elenco: mesmo tendo entrado em contato com outra
pessoa, não foi possível encontrar substituta a tempo, portando a diretora fez uma
participação no vídeo. Isso não gerou nenhum problema no tocante a direção.
Foram preparadas as decupagens de cena completas para os dois dias de gravação
com objetivo de guiar a ordem na qual as cenas foram gravadas. Coube ao assistente de
direção, o estudante Matheus Lopes, auxiliar nesta tarefa informando qual a próxima
parte a ser gravada e qual lente seria usada.
3.2.4. Direção de Fotografia
Os equipamentos utilizados para captação das imagens foram uma DSRL Nikon
D7100 full HD com duas lentes cambiáveis: uma 50mm para os PG’s e PM’s e uma
60mm para captação dos detalhes. A proposta foi manter sempre o primeiro plano em
21
Na filmagem, a tomada é cada captura feita de um determinado plano do filme, com o objetivo de se
chegar àquele mais perfeito, no julgamento da equipe e especialmente do diretor. Extraído do Portal
Primeiro Filme http://www.primeirofilme.com.br/site/o-livro/nocoes-basicas-da-estrutura-de-um-filme/ <
Acessado em 20/07/14 >
36
foco e desfocando o segundo, gerando assim imagens de acordo com a proposta da
direção.
Durante as gravações a fotografia enfrentou problemas com a iluminação. Não foi
possível adquirir os refletores necessários para o alcance da luz ideal para cada cena
nem a compra de gelatinas que pudessem controlar a luz dentro do set. Também não foi
possível a aquisição de rebatedores que pudessem diminuir a intensidade do único
refletor usado para as duas cenas. Foi usado o refletor com uma lâmpada halógena de
300/500W da marca Decorlux. Não houve necessidade do uso do tripé e a câmera foi
operada apoiada por um suporte feito a mão.
A câmera e lentes foram usadas da maneira pretendida e ajudaram a contornar o
problema da iluminação por serem equipamentos de boa qualidade, contudo foi
inevitável que a luz ficasse superexposta e isto gerou mais trabalho durante a pós-
produção quando o problema teve que ser contornado.
Seguem abaixo as figuras 9 e 10, que mostram como ficaram as cenas 01 e 02,
respectivamente em decorrência da luz.
3.2.5. Direção de Arte
Os objetos de cena foram dispostos de acordo com o proposto em 3.1.5 e
mantiveram-se os signos de cada cena juntamente com as escolhas da direção. Mesmo
com a falta de alguns objetos que não foram conseguidos pela produção, a essência da
Figura 9 - cena 01 com iluminação
Fonte: autoral
Figura 10 - cena 02 com iluminação
Fonte: autoral
37
direção de arte não se perdeu e o trabalho apresentou o visual adequado. A deficiência
da luz também não atrapalhou e do ponto de vista da direção de arte, as cores ficaram
melhores do que o esperado.
Os figurinos e maquiagem da figuração adulta ficaram de acordo com o planejado,
porém as crianças não puderam se vestir como pretendido, incluindo o protagonista. As
personagens da mãe e da professora também conseguiram alcançar o objetivo proposto.
Os cenários foram montados de acordo com as possibilidades da produção e
apesar de alguns desfalques, não houve prejuízos para direção de arte. O cenário da
festa foi montado de acordo com o idealizado, mas o mesmo não ocorreu com o cenário
da cena 02. Devido a problemas espaciais na sala da coordenação, um novo cenário teve
que ser montado na sala dos professore do DEMID. Os objetos tiveram que ser
realinhados de acordo com o espaço que a cena ocupou. Seguem abaixo as figuras 11 e
12 que ilustram como ficaram os cenários 01 e 02, enquanto ainda eram montados.
3.2.6. Edição
Figura 11 – cenário 01
Fonte: autoral
Figura 12 – cenário 02
Fonte: autoral
38
A edição nesta fase foi repensada no que diz respeito a correção de cor devido aos
problemas enfrentados com a iluminação. Durante a produção acreditava-se que as
correções existiriam para realçar as cores apresentadas no vídeo, porém devido a luz
muito forte que acabou alterando a intensidade das cores, foram pensados os usos
camadas de ajuste que pudessem diminuir o impacto causado pelos tons quentes.
Não houve captação de áudio na cena 01, pois todo som seria gravado e editado
na pós-produção. Contudo, para cena 02 houve a necessidade de captação para fala do
protagonista. O estudante, Adelcídio Oliveira ficou encarregado de fazer a captura
utilizando os equipamentos dispostos pelo DEMID. Foram utilizados o microfone
shotgun e um gravador portátil Tascam DR-40.
3.3. PÓS-PRODUÇÃO
Como dito em 2.2.6, a pós-produção é a última etapa do processo de produção de
uma obra audiovisual. Nela acontece a construção e apresentação do resultado final de
todo o projeto de acordo com o material captado na fase de produção. Na pós-produção
também permanecem os atributos planejados dentro da pré-produção, porém passiveis
de mudança de acordo com as necessidades observadas.
Nesta etapa foram feitas as análises e escolhas sobre como contornar o problema
técnico ocorrido na produção e a construção do produto de acordo com a proposta do
roteiro e direção.
3.3.1. Roteiro
O roteiro permaneceu como guia durante a fase de pós-produção. Contudo, devido
aos problemas técnicos citados em 3.2.4, foram necessárias algumas modificações da
história em favor da narrativa, porém nenhum elemento do roteiro foi extraído e a
história permaneceu a mesma.
Não houve mudanças nos diálogos, porém algumas imagens sofreram cortes ou
tiveram que ser excluídas a partir do momento que algumas tomadas não puderam ser
utilizadas em virtude do problema com a luz.
3.3.2. Produção
39
A produção funcionou nesta etapa como controlador do tempo para preparação do
vídeo e confecção do relatório final, obedecendo ao cronograma proposto na fase
inicial.
Ainda na pós-produção foram confeccionadas as declarações de participação dos
membros da equipe como forma de garantir as horas-extras curriculares asseguradas
como válidas pela coordenação do curso, na pessoa da professora Signe Deise Castro.
3.3.3. Direção
A primeira tarefa da direção na pós-produção foi a gravação da narração com as
atrizes no estúdio do DEMID. Sob a supervisão técnica de Lucas Brandão, as atrizes
levaram cerca de uma hora e meia entre a preparação vocal e o encerramento da
gravação.
Por já estarem habituadas ao texto que foi ensaiado durante as gravações do vídeo,
não houve necessidade de serem feitas muitas tomadas e a gravação fluiu como
esperado. As direções foram passadas de acordo com a planilha feita na pré-produção22
.
Na pós-produção a direção teve papel decisivo no que diz respeito as mudanças na
maneira como a narrativa foi apresentada. Após a seleção das melhores tomadas dentro
de cada cena, a primeira versão do vídeo foi montada, porém não atendeu as
expectativas da direção.
Foram feitos mais quatro cortes até que o resultado final ficasse satisfatório. Os
elementos do roteiro foram preservados, porém houve mudanças na forma como as
imagens ficaram montadas. Contudo, isto não prejudicou a história e mensagem
principal permaneceu a mesma conseguindo ser transmitida como idealizada desde o
início do projeto.
3.3.4. Direção de Fotografia
Durante a edição, foram trabalhadas as correções de cores com objetivo de
contornar o problema técnico enfrentado na produção.
Como forma de dar ao vídeo um aspecto que remetesse ao flashback, foram
acrescentados vídeos com luzes que não foram conseguidas durante as gravações.
Chamadas de LightLeaks, essas luzes contribuíram para a fotografia final do vídeo
através das cores e formas que serviram tanto para iluminação da cena propriamente
22
Ver planilha no apêndice 08.
40
dita como para efeitos de transição entre os cortes. Segue abaixo a figuras 13 que
demonstram como ficaram as imagens finalizadas em decorrências dos efeitos de
correção de cor.
3.3.5. Direção de Arte
Nesta fase o objetivo foi preservar ao máximo os elementos citados em 3.1.5 com
o objetivo de mostrar os signos discutidos em 2.2.2. Mesmo com a velocidade dos
cortes, foi possível preservar estes signos mantendo as escolhas da direção de fotografia.
Segue abaixo alguns exemplos de como esses signos podem ser observados no
vídeo final (figuras 14 e 15).
Figura 14 – signo na cena 01
Fonte: autoral
Figura 13
Fonte: autoral
41
3.3.6. Edição
Na pós-produção foi onde a edição foi executada. De acordo com os estudos feitos
em 2.2.2 e 2.3.1 as imagens puderam ser manipuladas de acordo com a proposta do
projeto. Todo vídeo foi montado e finalizado nos softwares Adobe® Premiere Pro CS6
e After Effects CS6. Foi usado também o plugin Magic Bullet da Red Giant® para
efeitos de correção de cor e texturas.
A tarefa inicial da edição foi fazer o primeiro corte de acordo com o roteiro e
proposta da direção. Todas as tomadas selecionadas para edição estavam no formato
1920x1080p, bem como o produto final que encontra-se neste mesmo formato.
Como mencionado em 3.3.3, após esse primeiro corte foi observada pela direção,
a necessidade de mudar a ordem de como as imagens apareciam no vídeo. Isto foi feito
até que a versão nº 04 fosse escolhida como a ideal.
Após a montagem final, foi a vez do áudio receber o tratamento de finalização e
com auxílio do técnico Lucas Brandão foi feito o desenho de som que compõe o vídeo.
A primeira atividade foi a gravação do som produzido pelo brinquedo que o
protagonista traz na mão. Em seguida, usando software Protools®, a trilha foi montada
e logo após inseridos os efeitos que finalizaram o desenho de som em virtude da
narrativa não-linear.
O próximo passo foi a finalização do material, a partir da correção de cor. No
Premiere foram feitas as correções mais elementares como realce de brilho e contraste,
além das diminuições dos tons de RGB na tentativa de contornar o problema com a luz
onde foi necessário. No After Effects foram inseridos os efeitos de distorção e o
acréscimo de texturas segundo a proposta da direção. Seguem abaixo as figuras 15 e 16
que atestam a utilização dos dois softwares durante a pós-produção.
Figura 15 – signo na cena 02
Fonte: autoral
42
Na edição foi possível concretizar a narrativa não-linear em concomitância com o
áudio a fim de materializar a escolha deste tipo de formato de enredo. Foram
acrescentados também os textos no início e no final que foram pensados no roteiro. Isto
promoveu a característica de propaganda do produto. Os créditos foram colocados ao
final do vídeo e para facilitar a leitura, o título do vídeo apresenta-se diferente do título
do projeto, pois este é longo demais para fins estéticos.
Em seguida o vídeo foi postado no Youtube, porém só terá visualização aberta
para o público após a apresentação da defesa. Abaixo, a figura 17 que atesta a postagem
no site de compartilhamento. O CD com o arquivo do produto final gravado como
dados, encontra-se no apêndice G.
Figura 15 – Premiere CS6
Fonte: autoral
Figura 16 – After Effects CS6
Fonte: autoral
43
4. CONCLUSÃO
O resultado apresentado no presente Trabalho de Conclusão de Curso alcança seu
objetivo principal que é o uso das ferramentas audiovisuais no âmbito social como
forma de expandir as áreas de atuação do produtor de conteúdo formado pelo curso de
Mídias Digitais.
Com um tema que foge das demandas recorrentes de profissionais que trabalham
com audiovisual (geralmente, obras ficcionais), o produto apresentado permite novas
possibilidades de ação dentro do campo social, abordando um assunto que não é de
conhecimento da população em geral.
A Síndrome de Asperger se mostra uma realidade na vida de muitas crianças que
enfrentam dificuldades diárias dentro de suas casas e na escola devido a falta de
conhecimento sobre o assunto por pais, amigos e professores. Neste ponto o
vídeo/propaganda exposto, cumpre seu papel de levar informações que possam alertar
pais e mestres no tocante ao portador que apresenta o comportamento social típico da
criança com SA.
4.1. Reflexão Crítica e Limitações do projeto
O objetivo geral de “desenvolver um vídeo que, através de uma linguagem
audiovisual adequada que mostre a Síndrome de Asperger, suas dificuldades e a melhor
Figura 17 – Youtube
Fonte: autoral
44
maneira de lidar com a doença” foi alcançado com sucesso de acordo com o
apresentado no resultado final referente a minuta entregue durante a disciplina de TCC-
0 em 2013.1.
A opção de fazer um produto como TCC partiu do princípio que tenho de que
alunos de Comunicação em Mídias Digitais que não pretendem seguir a carreira
acadêmica devem fazer um projeto técnico com intuito de aplicar os conhecimentos
absorvidos durante todo curso permitindo que a inserção no mercado de trabalho seja
facilitada com apresentação do produto no portfólio.
Com base nesse princípio, a escolha de um produto audiovisual se tornou óbvia,
pois será a área na qual pretendo me especializar e a junção com elementos de caráter
social e da saúde, fazem com que este projeto seja tão importante.
Ao finalizar o produto me sinto realizada com o resultado e acredito que alcancei
as expectativas referentes ao meu objetivo principal que é levar informação sobre a
Síndrome de Asperger. Enquanto produtora de conteúdo, acredito que cumpri meu
papel de produzir um material à altura do que foi absorvido durante a graduação e
exigido em sala de aula.
Devido a falta de recursos e tempo para captação, não pude adquirir todas as
providências de produção necessárias para a melhora da estética do vídeo. Mesmo
ficando satisfeita com o que pude conseguir, sentiria meu trabalho mais completo se
tivesse encontrado esses itens de acordo com planejado pela direção de arte.
Porém, sem dúvidas a iluminação foi o item mais limitador do meu projeto no
tocante a fotografia: por não ter condições financeiras de locar ou até mesmo comprar
equipamentos, enfrentei problemas sérios por não conseguir a luz desejada. Só tive
acesso a um pequeno refletor emprestado por um colega de classe e que não foi
suficiente para iluminar as cenas da maneira adequada.
O último ponto limitante do projeto foi a dificuldade que a criança que interpretou
o personagem principal teve ao dizer a única fala proposta para ele. Por ser uma criança
de apenas 6 anos e que não possui experiência como ator, não foi possível fazê-lo dizer
a explicação completa sobre o brinquedo que estava em suas mãos. A frase era difícil e
ele não soube dizê-la nem mesmo com as modificações feitas para tornar a fala mais
fácil.
45
Não foi possível gravar novamente, pois não houve recursos financeiros para
alugar a câmera usada na captação das imagens, além do que a criança que interpretou o
personagem principal também não tinha mais disponibilidade.
4.2. Contribuição para o desenvolvimento científico e social
O trabalho contribui cientificamente no que diz respeito a abrangência das áreas
de atuação do profissional de mídias digitais dentro das possibilidades de trabalhar em
parceria com outras áreas do campo acadêmico. O produto audiovisual apresentado
permite que o conhecimento adquirido dentro da sala de aula durante a graduação possa
e deva ser usado com intuito de expandir as experiências profissionais dos recém-
formados, mesmo que fora da área das ciências humanas.
Ao que se refere a sua relevância no âmbito social, o produto suporta o objetivo
final que é o de levar informação sobre a Síndrome de Asperger até as camadas da
sociedade onde seus portadores enfrentam os maiores problemas: o vídeo cumpre seu
papel de notificar o assunto dentro da família e escola, mostrando uma situação onde
uma criança portadora de SA se depara com a falta de conhecimento daqueles que em
tese, deveriam lhe apoiar.
4.3. Proposta de Investigação e Projetos futuros
Acredito que o produto final contribui para que narrativas não-lineares sirvam
como objetos de estudos no que diz respeito a sua estrutura e possibilidade de criação
infinita. Este tipo de narrativa, se bem utilizada, agrega qualidade e enriquece o roteiro
em sua complexidade.
O produto também abre espaço para produções artísticas profissionais de caráter
social e que tenham como foco a solidariedade e compromisso com quem realmente
precisa ser ouvido e visto.
No tocante a Síndrome de Asperger, existem inúmeras características que não
tiveram como ser abordadas neste produto, mas que cabem estudos e realizações de
projetos que possam contribuir para o conhecimento maior de seus efeitos em
portadores não apenas crianças, mas em adolescentes e adultos que também sofrem com
o transtorno.
Pretendo encaminhar o produto final para instituições que trabalhem com
portadores de SA e também com autistas, a fim de promover o projeto, além de
46
colaborar com o intuito maior que é o de levar informação e ajudar pelo menos um
pouco, aqueles que sofrem desse mal que muitas vezes passa despercebido, mas que traz
grandes consequências.
5. Bibliografia
BLOCK, Bruce A. A narrativa visual: criando a estrutura visual para cinema, TV e
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