Universidade de São Paulo - USP -Instituto de Arquitetura e Urbanismo - IAU -
Orientação Prof.ª Dr.ª Luciana Bongiovanni Martins Schenk Prof.ª Dr.ª Simone Helena Tanoue Vizioli
São Carlos,Novembro de 2015
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plásticoTrabalho de Graduação Integrado II
Inna Flávia Mascarin
RESUMO
O que pode ser paisagismo, arte, natureza e cidade neste momento contemporâneo? Essa é a questão que move o
trabalho que aqui se expõe, tentando mostrar que a paisagem se constrói no encontro da natureza e do artifício e que se
pode construir e questionar a qualificação do ambiente urbano através da arte, pois a apreensão e discussão da cidade
podem estar articuladas com sensibilidade. Assim, surge o projeto de um parque urbano que usa categorias de forma e
cor para gerar a percepção de uma configuração espacial, somadas à ideia do jardim como um lugar onde se estabelece
uma relação especial entre homem e natureza. Um edifício surge em meio ao relevo marcado por suas linhas e angulações
e é emoldurado pela vegetação que quase o toca enquanto ele se abre para cidade. Compondo com caminhos que não
apenas conectam um lado ao outro, mas que formam entradas que descortinam ambiências do parque. O que se vê é a
experimentação plástica que surge bidimensionalmente no traço preciso e atinge toda a razão de ser ao percebê-lo em
três dimensões, com o jogo de volumes, cores e ambiências geradas para quem está experienciando fisicamente. Dessa
forma, o projeto também visa mitigar a escassez de espaços públicos de qualidade, ao trazer um espaço estruturado por
vegetação e pensado para suprir a carência de áreas de lazer e encontro para população. Vislumbra-se fazer desse lugar
uma parte notável e notada da paisagem são-carlense, não só para os moradores do entorno, tornando-se um local de
referência para a cidade e ponto de atração para a toda população.
PALAVRAS-CHAVE
parque urbano, paisagem urbana, arquitetura da paisagem
INTRODUÇÃO
INDAGAÇÕES E MOTE DO TRABALHOpaisagem: um experimento plástico
LUGARsítio urbano: são carlosregião urbanabacia hidrográfica e córrego do gregórioárea de intervenção
PROPOSIÇÕESáreas verdes de recreação: um sistemaparque urbanoacessos e transposiçõesmidiatecaapoioságua no parquemobiliário e land artvegetação
REFERÊNCIAS
FONTE DAS IMAGENS
12
1414
2222252832
42424670768698
102112
134
138
Aos amigos,
“Os dois aspectos complementares da arquitetura paisagística - as constantes ecológicas de uma determinada área e a imaginação artística
de um determinado projetista.”
(DUBOS, 1981 apud SANDEVILLE JUNIOR, 2006, pág. 61)
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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INTRODUÇÃO
A questão primária que ditou toda a reflexão por trás deste Trabalho de Graduação Integrado (TGI) foi o que pode ser
paisagismo, arte, natureza e cidade neste momento contemporâneo. Procurou-se entender paisagismo e arte não como
entidades que existem por si mesmas, mas dentro de um recorte da natureza e da cidade. Estas duas remetem, segundo
Sandeville Junior (2006), a um campo coletivo apropriado desigualmente por diversos agentes. Dessa forma, natureza e
cidade configuram-se como um campo de contradições e a arquitetura da paisagem e a arte como “motivações estéticas,
de convites à sensibilidade” (SANDEVILLE JUNIOR, 2006, pág. 51).
A arte se insere no campo da sensibilidade e a toma como estratégia de relacionamento com o mundo, permanentemente
correndo o risco de ser vista equivocamente como “um exagero supérfluo além de um privilegiado mercado” (SANDEVILLE
JUNIOR, 2006, pág. 53). Dessa forma, o desafio aqui apresentado é mostrar a possibilidade de construir e questionar
a qualificação do ambiente urbano através da incorporação da arte como processo gerador do espaço paisagístico.
Através da aproximação da arte ao cotidiano, foram pesquisadas as possibilidades projetuais para uma incorporação de
elementos da arte provenientes do abstracionismo e do purismo.
A partir das Vanguardas Modernistas, começa-se uma colaboração entre os diversos campos da pesquisa artística:
explora-se a correspondência entre as artes, com relacionamento e contaminações entre as linguagens artísticas. Os
artistas começam uma pesquisa entre campos de expressão distintos, buscando uma arte total ou uma antiarte. É nesse
momento que o modo tradicional de arte muda de sentido, toma outros significados, funções e modos de expressão:
as ações, apropriações e motivações do artista se tornam um fazer artístico. E, hoje, somam-se às discussões da arte
a experiência de vivência da cidade. Assim, a arte assume também o papel de ampliar a apreensão e discussão da
cidade, através da sua articulação com a proposição de novas sensibilidades e a ação que aprofunda essa percepção e
compreensão.
INTRODUÇÃO
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E é nesse contexto recente que “há uma revalorização do paisagismo como um objeto artístico” (SANDEVILLE JUNIOR,
2006, pág. 63), em que ele surge como uma redefinição para o lugar e sendo concebido em relação ao sítio (site-
especific). E como dito por Sandeville Junior (2006), a partir do último quarto de século, temos um espaço paisagístico
que é, ao mesmo tempo, o oferecimento de um espaço com um uso intenso, com uma reconceituação da linguagem e
com reinvenção dos referenciais de ordenamento espacial.
Portanto, a integração entre arte e paisagismo acaba por criar obras capazes de gerar importantes discussões sobre a
arte, a natureza, a cidade e a tecnologia contemporânea, tornando pertinente a qualificação do ambiente urbano através
da incorporação da arte como processo gerador do espaço paisagístico.
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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INDAGAÇÕES E MOTE DO TRABALHO
“(…) Apliquei à própria natureza os princípios da composição plástica, em consonância com o sentimento
estético da minha época. Em resumo, o jardim foi uma maneira de organizar e compor minhas obras pictóricas
utilizando materiais não convencionais.”
Burle Marx entrevistado por Jacques Leenhardt. (LEENHARDT, 2010, pág. 48)
paisagem: um experimento plástico
Kandinsky (1996) nos diz que só a cor, estendida e sem limites, não se concebe; e só a forma, delimitação puramente
abstrata de um espaço ou superfície não existe por si mesma. Portanto, são necessárias relações entre cor e forma para a
definição de uma e outra. Por isso, no presente trabalho, partimos das categorias de forma e cor para gerar a apreensão
de uma configuração espacial.
Delineando tal investigação dentro do campo da paisagem, pretendeu-se que essa apreensão espacial se desse em
consonância com a arquitetura e o entorno, visto que a paisagem está contida dentro da arquitetura e a arquitetura pode
se prolongar para dentro da paisagem. Esta é uma interpretação da fala de Ferdinand Bac no seu texto sobre a arte dos
jardins (1925, apud MARTÍNEZ, 2000), que juntamente aos métodos compositivos de Luis Barragán e Ricardo Legorreta
compõem o referencial teórico inicial deste trabalho.
A ligação entre Ferdinand Bac e Barragán não é ocasional, eles se conheceram na Exposição de Artes Decorativas de Paris,
em 1925, evento este que reuniu muitas das ideias e conceitos da vanguarda internacional nos campos da arquitetura
e artes aplicadas.
Barragán visitou então o Jardim Les Colombières, de Bac, numa vila na Riviera Francesa, que acabou por exercer grande
influência sobre ele. O jardim trabalhava com a representação do Mediterrâneo diante de suas diversas épocas e regiões;
INDAGAÇÕES E MOTE DO TRABALHO
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empregando estruturas de formas simples com cores quentes - como ocres, rosas, vermelhos e verdes escuros - e
vegetação, criando uma sequência de jardins - de recintos íntimos - com vistas emolduradas. Bac “dá lugar à cor, ao
confronto, à intimidade e à sombra” (RACINE, 2010, pág. 110).
Luis Barragán pensava o ato do projetar a cidade e o edifício como formadores de um superecossistema (PORTUGAL,
1992), que se organiza de acordo com a natureza, a comunidade e o indivíduo. Barragán em seu processo projetual
pensa primeiramente na forma e depois a cor vem subordinada ao espaço (PORTUGAL, 1992), embora enfatize, defina,
afira e sustente a forma e sua compreensão. Criando elementos sem razões meramente funcionais, mas com expressiva
carga poética. No seu projeto Fraccionamiento de Los Clubes (Casa Egerstrom, Cuadra San Cristóbal, Fuente de los
Amantes), no México, Barragán trabalha com um jogo de formas de distintas alturas, larguras e espessuras; empregando
estruturas simples e porticadas, que criam perspectivas e emolduram cenas. Enquanto a casa da família é branca, a
parte dedicada à fonte e aos cavalos trabalha com vários tons rosados, fazendo com que as cores análogas empregadas
se façam vibrar pelo verde da vegetação e o azul do céu e espelhos d’água.
Ricardo Legorreta, por sua vez, trabalhou com Barragán no início de sua carreira, juntamente com José Villagrán. A
influência de Barragán se manifesta pelo emprego dos volumes sólidos com cores fortes, grandes espaços e um colorido
intenso sempre em conexão com a luminosidade natural, gerando efeitos de luz e sombra. Na obra Pershing Square,
do escritório Legorreta Arquitectos (Ricardo Legorreta, Víctor Legorreta e Noé Castro) junto ao paisagista americano
Laurie Olin, em Los Angeles, EUA, tem-se uma composição baseada em volumes sólidos coloridos em um jogo de cores
complementares: prédios roxos a leste e edifícios amarelos a oeste, sólidos rosas contra o verde da vegetação.
É possível fazer uma analogia entre a composição formal em arquitetura da paisagem e a composição geral de
um quadro abstrato. Dessa forma, voltando a Kandinsky (1996), pode-se pensar na percepção da ordem exata pela qual
uma pintura foi concebida, tal qual como na música, ou ainda, por que não, em uma obra de arquitetura da paisagem.
De acordo com Kandinsky, tem-se, por um lado, o que ele denomina forma orgânica, que é o objeto concreto, e por
outro, o elemento abstrato. Kandinsky (1996) em um diálogo com Klee demonstra que o elemento orgânico pode servir
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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de referência ao elemento abstrato, apoiando-o por assonância ou dissonância, ou inversamente, o perturbar. Isto
produz em última instância uma dupla sonoridade ou um “acordo espiritual” entre o que Kandinsky considerava os
dois elementos constitutivos da forma. Ele afirma, portanto, a importância do elemento orgânico que mesmo relegado a
segundo plano, com a ascendência e prevalência do abstrato, possui ainda sua sonoridade própria.
Guilherme Dourado (2000) nos informa que Burle Marx trabalhava com questões práticas da cor e da forma em experimentos
plásticos autocentrados e abstratos, embora ajustado às características do sítio, com harmonias e contrastes que não
eram da observação direta da natureza. Assim, Burle Marx partia da vivência e exploração da cor, sendo a policromia
protagonista na realização do projeto e sua compreensão, com aproveitamento da fisiologia e morfologia vegetal e
mineral. Logo, ele faz do paisagismo uma obra plástica com experimentação de todo tipo de cromatismo, envolvendo
folhas, frutos, sementes, galhos, troncos, pedras, água.
Nos jardins da Residência Edmundo Cavanellas (1954), em Pedro do Rio, Brasil, por exemplo, o projeto paisagístico de
Burle Marx responde à arquitetura ao mesmo tempo flexível e rigorosa de Oscar Niemeyer: do lado oeste, os canteiros
sinuosos, enquanto o tabuleiro e piscina geométricos ocupam a parte leste. A arquitetura funciona como elemento
separador e ao mesmo tempo integrador destas duas áreas aparentemente dissonantes que, no entanto, mantêm uma
relação entre si e com a construção. Dessa forma, é um projeto que além de mostrar o trabalho plástico de Burle Marx,
com sua exploração formal e cromática, num desenho que junta linhas orgânicas e cartesianas, também ilustra a fala de
Ferdinand Bac, com a paisagem unindo-se à arquitetura e a arquitetura se prolongando para a paisagem.
Neste contexto, é importante ressaltar que Burle Marx, como arquiteto paisagista moderno que era, entendia as
explorações plásticas em estreita relação com um sentido social: a ideia do jardim como um lugar onde se estabelece
uma relação especial entre homem e natureza e por meio desta, provocar-se-ia um reconhecimento das riquezas do
país, um reconhecimento do patrimônio natural em direção a uma mudança de valores, uma nova ética ambiental. Nesse
sentido:
INDAGAÇÕES E MOTE DO TRABALHO
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“(...) o recurso que [Burle Marx] utiliza para lançar um grito de alerta a favor da natureza, de sua preservação,
é a própria beleza, que para ele constitui uma forma de catarse, que conduz à compreensão dessa própria
natureza. Assim, o seu jardim ao estar na rua e não dentro dos museus, ao proporcionar prazer estético aos
que o contemplam, quer realizar, através da arte, uma tarefa lúdica e educativa: é mais difícil destruir a planta
que se aprendeu a amar.”
(OLIVEIRA, 2002, pág. 08)
A exploração plástica de cor e forma como método e essa atitude imbuída de um aspecto projetivo em relação ao futuro
são intenções que o presente trabalho pretendeu absorver.
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FRACCIONAMIENTO DE LOS CLUBES
[CASA EGERSTROM, CUADRA SAN
CRISTÓBAL, FUENTE DE LOS AMANTES]
Luis Barragán
Bairro Los Clubes, Atizapán de
Zaragoza, Estado do México - México
1964 - 1969
INDAGAÇÕES E MOTE DO TRABALHO
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PERSHING SQUARE
Legorreta Arquitectos [Ricardo
Legorreta, Víctor Legorreta e Noé
Castro] com o Paisagista Laurie Olin
Los Angeles, Califórnia - EUA
1993
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PAISAGISMO DA RESIDÊNCIA EDMUNDO
CAVANELLAS
[atual Residência Gilberto Strunk]
Roberto Burle Marx
Distrito Pedro do Rio, Petrópolis, RJ -
Brasil
1954
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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LUGAR
sítio urbano: são carlos
São Carlos fica no interior do estado de São Paulo, na região Centro-Leste, a uma distância rodoviária de 230 quilômetros
da capital paulista. O município possui área total de 1141 quilômetros quadrados (IBGE 2009), com uma população
recenseada em 238950 habitantes (IBGE 2014). Possui clima ameno, com temperatura média anual de 19,6 graus Celsius,
com altitudes médias entre 800 e 1000 metros. Sua vegetação original predominante foi o Cerrado (com uma fisionomia
que varia desde campo cerrado até cerradão), ocorrendo nos terrenos arenosos do planalto; enquanto nas manchas
de solos férteis havia vegetação da Floresta Estacional Semidecidual (associada ao domínio fitogeográfico da Mata
Atlântica). Está localizado sobre o divisor de águas de duas macrobacias hidrográficas: 70% na UGHRI do Rio Mogi-Guaçu
(norte) e 30 % na UGRHI do Tietê-Jacaré (sul); dessa forma, a maioria dos cursos d’água que drenam São Carlos e sua
área urbanizada têm suas nascentes localizadas no município.
LUGAR
23
Localização de São Carlos e destaque
para a região urbana
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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BACIAS HIDROGRÁFICAS DE SÃO CARLOS
Mogi-Guaçu (norte)
Tietê-Jacaré (sul)
LUGAR
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região urbana
Anelli (2005) estabelece um panorama de como se deu a conformação urbana da cidade de São Carlos. Fundada em
1857, a cidade tem seu traçado hipodâmico, caracterizado por quarteirões quadrados de aproximadamente 100 m de
lado, dispostos em ruas orientadas pelos pontos cardeais. Tal traçado ignorou as características do relevo montanhoso
da cidade, que se apresenta no divisor de águas entre as bacias dos rios Tietê/Jacaré e Mogi/Grande; e também ignorou
a enorme quantidade de nascentes na zona urbana, sendo estas ocultadas. No fim do século XIX, com a vinda da linha
férrea, o terreno foi cortado de forma diagonal ao traçado ortogonal urbano e os bairros que surgiram nesse além-trilho
foram seguindo essa inflexão. Após 1945, a expansão urbana surge sem diretrizes com pequenas chácaras próximas à
cidade. É já no fim da década de 1960 que se elabora um sistema viário estrutural que ocupa as várzeas e meandros
dos córregos. Assim, é nessa época que surge uma via diametral leste-oeste, cruzando o centro que segue as margens
do Córrego do Gregório, a hoje denominada Avenida Comendador Alfredo Maffei.
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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EXPANSÃO URBANA DA CIDADE DE SÃO
CARLOS DE 1940 A 2002
até 1940
de 1940 a 1950
de 1950 a 1970
de 1970 a 1990
de 1900 a 2002
anel viário construído até 2000
anel viário não construído até
2000
LUGAR
27
Construção da Avenida Marginal em
1974 na região do Córrego do Gregório
(proximidades da área onde atualmente
se localiza o SESC)
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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bacia hidrográfica e córrego do gregório
A cidade de São Carlos está inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Monjolinho. Ela é cortada pelo Rio Monjolinho, e muitos
Córregos, dentre eles os principais são: Gregório, Santa Maria do Leme, Tijuco Preto, Simeão, Água Quente e Água Fria.
A Bacia do Córrego do Gregório abrange uma área de 19 quilômetros quadrados na porção central do munícipio de
São Carlos. A porção central da bacia faz parte do primeiro núcleo urbano de São Carlos, implantada sobre uma malha
ortogonal, hoje densamente ocupada. Enquanto, a porção leste constitui a parte rural da bacia e abrange as nascentes
dos córregos de drenagem.
O Córrego do Gregório nasce na área rural de São Carlos, ao leste da cidade, com extensão de aproximadamente 07
quilômetros. Seu percurso se dá no sentido leste-oeste, desaguando no Rio Monjolinho, na Rotatória da Marginal Alfredo
Maffei, região onde se localiza a Estátua do Cristo, próximo ao Shopping Iguatemi.
O Córrego é abastecido de duas maneiras:
- por água subterrânea, proveniente dos lençóis freáticos;
- pelas chuvas que caem no Córrego e pelas águas provenientes do escoamento da chuva que não penetrou no solo,
vindas de ambas as vertentes fortemente impermeabilizadas
Seu traçado original foi alterado no seu trecho urbano, na região central da cidade, até ficar praticamente retilíneo e,
além disso, foi feita a canalização e tamponamento das águas em alguns trechos. Essas alterações tornaram o córrego
propício a inundações: por ser mais veloz, devido ao seu traçado reto, e, juntamente com a impermeabilização do solo
das áreas próximas.
Como mencionado anteriormente, em São Carlos, foi a partir do dos anos 1960 que a expansão urbana se acentuou sobre
áreas ambientalmente frágeis, o que inclui, principalmente, áreas de proteção ambiental à beira dos córregos. Assim,
os vários córregos que cortam a malha urbana têm sido transformados para o “desenvolvimento natural do traçado
LUGAR
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urbano e a viabilização sistemática, progressiva e ininterrupta de implantação de avenidas marginais” (OLIVEIRA, 1996,
pág. 113).
O Córrego do Gregório na região central da cidade, na área do Mercado Municipal, teve sua calha totalmente desnaturalizada
pelas obras de canalização, tamponamento e implantação de marginais; dessa forma, as inundações nessa sub-bacia
ocorrem de modo muito rápido, de 15 a 30 minutos, e podem chegar até a cota de 150 cm.
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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Bacia do Córrego do Gregório e destaque
para o Córrego do Gregório
LUGAR
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Foto da última inundação ocorrida
- 22 de Outubro de 2013 - no Córrego
do Gregório, na Região do Mercado
Municipal
Fotos da última inundação ocorrida -
04 de Novembro de 2013 - no Córrego
do Gregório, próximo a Rotatória do
Cristo
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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área de intervenção
A área escolhida para intervenção está inserida num nó do tecido urbano, ao seu redor notamos as diferentes morfologias
e ocupações urbanas por quais São Carlos passou. Assim, em seu entorno, quanto à morfologia, há quadras que
acompanham a quadrícula e são quadradas de 100 m de lado (norte) e que fogem ao quadrado de 100 m de lado
(leste e oeste); quadras “diagonais” que acompanham a linha férrea (sul). Quanto aos usos e gabaritos temos lotes
ocupados, principalmente, pelo uso residencial de um ou dois pavimentos; com o lado Norte contendo muitos serviços;
e as edificações voltadas para a Avenida Comendador Alfredo Maffei com uso, majoritariamente, de serviço ou comércio,
além do SESC que é institucional. Também notamos que ao norte há uma maior verticalização, que se estende a oeste.
As quadras a leste tiveram sua urbanização ocorrida entre os anos 1950 e 1970; enquanto as a oeste começaram a ser
ocupadas entre 1980 e 1990, o que se reflete na baixa ocupação do solo, mas em crescimento. Assim, o projeto proposto
tenta conversar com seu entorno ao manter o gabarito baixo de suas edificações e uma ocupação que tenta dialogar com
as diversas malhas com caminhos, aberturas e transposições que ligam e costuram uma malha à outra.
A área de intervenção se encontra num local estratégico. Está ao lado do SESC, projeto de Sérgio Teperman e inaugurado
em 1996, local de grande atração pública devido ao seu oferecimento de programas que “abarcam o infantil, cinema e
vídeo, música, meio ambiente, teatro, literatura, cultura digital, sociedade e cidadania, terceira idade, corpo e expressão,
esporte, saúde e alimentação, turismo social e serviços. Desse modo, as atividades e serviços oferecidos abrangem
diferentes públicos, em diferentes faixas etárias e estratos sociais com preços acessíveis e até mesmo gratuitos” (ROLDÃO,
2013, pág. 104). Mas embora seja “possível qualquer pessoa acessar o conjunto, assim como em outras unidades, há
restrições quanto à participação em determinadas atividades ou espaços. Enquanto que as áreas externas como a
praça, a concha acústica e a área de convivência externa podem ser acessadas sem restrições, o mesmo não acontece
em relação às quadras externas e ao conjunto aquático. Nas áreas edificadas, o mesmo ocorre com o ginásio, salas
LUGAR
33
multimeios e sala de internet, somente acessíveis à categoria “usuário” matriculado no SESC. Contudo, tais espaços
mostram-se flexíveis durante determinados períodos do ano” (ROLDÃO, 2013, pág.113).
Em contrapartida, o projeto proposto é um local que como o SESC pode oferecer atividades e serviços para diversos
públicos, só que ao contrário do SESC sem restrições de participação. A intervenção também está em frente ao Córrego
do Gregório que, especialmente, no trecho entre a Rua Visconde de Inhaúmas e a Rotatória do Cristo, sofreu um projeto
de revitalização de sua margem, com conclusão e inauguração em 2014 de ciclovia e calçamento para pedestres, além da
conclusão da canalização do Córrego do Gregório. Logo, a margem do Córrego passou a ser muito usada pela população
do entorno para caminhadas e corridas. E o projeto proposto vem dialogar com esse uso ao oferecer um bolsão com
equipamentos esportivos, lanchonete e sanitários. Portanto, o projeto aqui apresentado se aproveita dessa convergência
de pessoas pela já atratividade da área e vem somar e ressaltar o uso para o lazer da massa urbana nesse trecho da
cidade, esperando ser um espaço público aberto para todas as classes sociais, sem distinção, e um ponto de encontro
para todos os cidadãos.
É interessante ainda salientar que o Córrego do Gregório, como mencionado anteriormente, devido à ocupação urbana de
suas margens e todo o processo de “artificialização” sofrido - com sua retificação, canalização e tamponamento - sofre
constantes inundações na época de chuvas. Nesse contexto, a proposta projetual nessa área vem com a importante
função de diminuir o escoamento de água, uma vez que as raízes das árvores e a área verde qualificada como um todo
aumenta a infiltração de água. Além disso, o projeto ali olhando para o rio pretende se colocar como o início de uma
valorização daquele, como um novo registro de relação social com a água.
A área em questão é cortada ou está próxima a várias vias importantes da cidade, fazendo com que seu acesso seja fácil
para todos os cidadãos, como notado por Roldão (2012) ao analisar o entorno do SESC. A área é cortada pela Avenida
Comendador Alfredo Maffei, via que se conecta a Avenida São Carlos, avenida que corta São Carlos no sentido Norte-
Sul. Fica próxima a Avenida Francisco Pereira Lopes, que se liga à Avenida Trabalhador Sancarlense, avenida de acesso
à Universidade de São Paulo e à Rodoviária. Também está próxima à Avenida Parque Faber, que em conjunto com a Rua
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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Bruno Ruggiero Filho e Rua Miguel Petroni, dá acesso à Rodovia Washington Luiz. E também está próxima da Avenida
Tancredo de Almeida Neves, que em conjunto com a Avenida Grécia e Avenida Morumbi, dão acesso aos bairros do sul do
perímetro urbano. Quanto ao acesso por transporte público, a área conta com quatro linhas de ônibus que passam pela
Marginal (linha 11 - Circular, linha 20 - Maria Stella Fagá - Shopping, linha 42 - Azul Ville - Shopping e linha 43 - Jockey
Club – Shopping), tendo um ponto de ônibus em frente ao SESC, a 200 metros do Parque; há algumas linhas que passam
pela Avenida Francisco Pereira Lopes, com ponto de ônibus num raio de 01 quilômetro e há muitas linhas que cruzam a
Marginal pela Avenida São Carlos ou pela Rua Episcopal, com ponto de ônibus a 02 quilômetros.
Por fim, um atrativo da área que possibilita uma exploração plástica de projeto é o relevo acentuado que, além de
possibilitar uma interessante exploração formal, funciona quase como um mirante, permitindo vistas para o skyline da
cidade, para o Bosque das Paineiras e para a Catedral.
LUGAR
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Em destaque, a área de intervenção
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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Em destaque, a área de intervenção e
os principais pontos de referência no
entorno próximo
LUGAR
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GABARITOS DO ENTORNO PRÓXIMO
em construção
pavimento térreo
02 pavimentos
03 pavimentos
04 pavimentos
06 pavimentos
07 pavimentos
08 pavimentos
09 pavimentos
10 pavimentos
11 pavimentos
12 pavimentos
13 pavimentos
14 pavimentos
15 pavimentos
19 pavimentos
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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USOS DO ENTORNO PRÓXIMO
em construção
desocupado
comércio
institucional privado
institucional público
industrial
misto com habitação
misto sem habitação
residencial
serviço
LUGAR
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Vista para a área de intervenção,
próxima da Rua São Sebastião
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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Vistas da área de intervenção: skyline
da cidade, Bosque das Paineiras e
Catedral
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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PROPOSIÇÕES
áreas verdes de recreação: um sistema
Entre 1967 e 1969, no munícipio de São Paulo foi desenvolvido um Plano de Áreas Verdes de Recreação, elaborado por
Rosa Grena Kliass e Miranda Martinelli Magnoli, tendo colaboração das arquitetas Edith de Oliveira e Maria Madalena Ré.
O plano pautado para atuar sobre a realidade urbana que dividia o munícipio em zonas e para cada uma delas se fez
propostas de áreas verdes de recreação nas categorias de Parques de Vizinhança, Parques de Bairro, Parques Setoriais
e Parques Metropolitanos. Assim, esse plano pretendia definir um sistema integrado de parques, com os parques já
existentes, outros propostos que levavam em consideração área com potencial paisagístico relevante (cobertura vegetal,
beira de represa, várzea do Tietê), outros em áreas disponíveis já destinadas às áreas verdes e outros em área necessária
com localização ideal através de estudos de viabilização.
A arquiteta paisagista Rosa Grena Kliass acredita que se deve adotar uma visão realista do processo de urbanização,
das limitações e dificuldades que surgem com a implementação de uma política de dotação de áreas verdes públicas
na escala adequada para cidade. Nesse sentido, medidas devem ser tomadas para preservação dos sítios com potencial
para parques urbanos, sejam essas áreas de preservação, sejam esses em áreas já ocupadas. Pois dentro da estrutura
da cidade o urbanismo e o paisagismo e estes integrados são da maior importância para a qualidade da vida urbana.
Dessa maneira, podemos pensar para a cidade de São Carlos um sistema integrado de parques, ainda que em uma escala
menor que o Plano elaborado para São Paulo. Aqui, podemos definir duas categorias de Parques: Parque de Conservação
e Preservação, em áreas com cobertura vegetal significativa e abrangendo as nascentes dos rios e córregos da cidade.
E os Parques Urbanos, em áreas centrais urbanas, que, devido à ocupação urbana já mencionada, são cortados por
córregos já desnaturalizados.
PROPOSIÇÕES
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Assim, a proposta de um Parque Urbano para a área de intervenção apresentada anteriormente, num local estratégico
da cidade, nas proximidades do Centro, e em frente ao Córrego do Gregório, consolida um sistema de espaços livres para
cidade com outros Parques e Praças, e se articula com espaços de interesse como o SESC.
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
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PARQUES URBANOS
Parque São Miguel
Parque Eco-esportivo Dahma
Bosque da UFSCar
Parque Ecológico Municipal
Parque do Espraiado
Horto Florestal Navarro de
Andrade
Bosque Cambuí
Bosque Santa Marta
Parque do Kartódromo
Bosque Santa Mônica
Bosque das Paineiras
Parque da Chaminé
Parque Linear da Rua Larga
Parque do Bicão
PARQUES DE CONSERVAÇÃO E
PRESERVAÇÃO
Parque Linear do Santa Marta
Parque Linear do Santa Maria do
Leme
Parque Linear do Tijuco Preto
Parque Linear do Monjolinho
Parque Linear do Gregório
Parque da Água Quente
Parque Linear da Água Fria
NASCENTES E FOZ
Nascente Córrego da Santa Marta
Foz Córrego da Santa Maria do
Leme
Nascente Córrego da do Tijuco
Preto
Nascente Córrego da Monjolinho
Nascente Córrego da Gregório
Nascente Córrego da Simeão
Nascente Córrego da Água Quente
Nascente Córrego da Água Fria
12344.15
678910111213
1415
161718
1920
2122
23
2425262728
PROPOSIÇÕES
45
PARQUES URBANOS E PRAÇAS PRÓXIMAS
À ÁREA DE INTERVENÇÃO
Praça Coronel Sales
Praça Coronel Paulino Botelho
Praça Maria Apparecida Resitano
Praça dos Voluntários
Praça Pedro de Toledo
Praça Santa Mônica
Parque do Kartódromo
Bosque Santa Mônica
Bosque das Paineiras
Parque da Chaminé
Parque Linear da Rua Larga
Parque do Bicão
123456789101112
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
46
parque urbano
“Duas classes de melhorias deveriam ser planejadas com este propósito: uma dirigida para assegurar o ar
puro e saudável, para atuar através dos pulmões; a outra para assegurar uma antítese de objetos visuais
àqueles das ruas e casas que pudessem agir como terapia, através de impressões na mente e de sugestões
para a imaginação.” (Frederick Law Olmsted apud MACEDO, SAKATA, 2003, pág. 07)
Há a necessidade de locais que sejam ponto de encontro para todos os cidadãos, qual seja sua formação. Assim, surge
o real papel do parque “espaço livre público estruturado por vegetação e dedicado ao lazer da massa urbana” (MACEDO,
SAKATA, 2003, pág. 13). E, cada vez mais, “a cidade brasileira contemporânea necessita de novos parques, em geral com
dimensões menores devido à escassez e ao alto custo da terra” (MACEDO, SAKATA, 2003, pág. 13).
Os parques, a partir do século XX, adquiriram mais que a função de lazer contemplativo, característica dos primeiros
parques, e ganharam novas funções e denominações. Há o parque ecológico que objetiva a conservação de algum
recurso natural, com lazer ativo concentrado ao lado do lazer contemplativo. O parque temático, hoje, forma popular de
lazer, em que há uma cenarização extrema e uma atividade intensa de lazer eletrônico dentro de algum edifício. As praias
são consolidadas como parques urbanos lineares, com seus calçadões configurando áreas tratadas paisagisticamente. E
há alternativas de caráter privado, como os pesqueiros, com brinquedos, quadras, gramados para piqueniques e áreas
associadas a restaurantes. Até mesmo pequenas áreas com 10 mil metros quadrados são denominadas parques, apenas
por serem cercadas e conter instalações de lazer com vegetação. Logo, o caráter dos parques no Brasil é abrangente
e nem sempre com uma definição precisa; não há “uma regra” para dimensão, grau de isolamento em relação ao
entorno e quantidade de equipamentos para configurar um parque. Pois “consideramos parque todo espaço de uso
público destinado à recreação em massa, qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e
cuja estrutura morfológica é autossuficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por nenhuma
PROPOSIÇÕES
47
estrutura construída em seu entorno” (MACEDO, SAKATA, 2003, pág. 14).
Logo, o trabalho aqui apresentado que toma como partido programático o parque urbano, atende a uma necessidade da
cidade contemporânea, visando mitigar a escassez de espaços públicos de qualidade, ao trazer um espaço estruturado
por vegetação e pensado para suprir o déficit de áreas de lazer e encontro para população.
O parque aqui proposto se encontra numa área situada à margem de uma via diametral de grande fluxo (Avenida
Comendador Alfredo Maffei) e à margem da linha férrea, é um ponto de passagem e pouso. Um percurso rotineiro
de muitas pessoas, mas que devido à falta de qualificação, passa despercebido. Logo, se vislumbra fazer desse lugar
uma parte notável e notada da paisagem são-carlense tanto aos moradores do entorno quanto da cidade toda. Ao ser
ponto de intersecção de escalas, notamos o paradigma do espaço público que atende a vizinhança e a cidade como um
todo. Assim, o programa do parque que abrange áreas de descanso e estar, parque infantil, espaço de contemplação,
midiateca, esplanada, bolsões de equipamentos esportivos e prédios de apoio é pensado em consonância com seu
entorno próximo, mas também como uma referência para a cidade e ponto de atração para a toda população.
O parque tenta manter uma abordagem de paisagismo, arte, natureza e cidade para este momento contemporâneo,
sublinhando, assim, que a paisagem não se encontra apenas na natureza, mas também no artifício e no artefato.
Portanto, ele é pensado da natureza para o artifício, com o relevo bastante trabalhado numa busca formal e plástica, ao
mesmo tempo em que se pensa nas alternâncias de percepções e sequências de visuais sempre em modificação, num
desejo que cada “nível” do parque traga uma experiência do corpo diferente e de descoberta da cidade que se mira
através dele.
A cor que marca o parque através da vegetação, também tenta trazer um sentido de reconhecimento por parte da
população e, consequentemente, de uma nova relação com a natureza, com a incorporação de uma ética ambiental. No
abstracionismo e purismo do desenho há um ritmo das linhas do parque, pois ao mesmo tempo em que se busca uma
legibilidade do desenho e o sentido de artificialidade através das formas geométricas, esse ritmo proporciona surpresas
e descobertas ao longo do parque, sendo os espaços conformados através da geometria e das visuais possíveis.
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
48
SITUAÇÃO ATUAL
Transposição
Área verde livre
SITUAÇÃO PROPOSTA
Transposição proposta
Transposição requalificada
Arruamentos propostos
Qualificação de área verde livre
Requalificação de vegetação
talude
PROPOSIÇÕES
49
LISTA E ORGANOGRAMA DO PROGRAMA
ADOTADO
existência / entorno
programa proposto
área livre / talude
água
transposição existente
transposição proposta
1
3
4
6
7
8
9
2
10
5
11
1213
1415
809
IMPLANTAÇÃO
CORTE
parque
Entrada ao SESC proposta
Estacionamento
Prédio de Apoio - lanchonete
Passarela proposta
Bolsão de equipamentos de
ginástica
Esplanada
Midiateca
Cascata
Parque Infantil
Prédio de Apoio - administrativo e
manutenção
Estar
Estar
Requalificação da passagem de
pedestres sob o viaduto
Estar
Estar
12345
6789
4 5 6
7 8 910 11
12
10
111213
1415
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
52
Vista geral do parque
PROPOSIÇÕES
53
Vista geral do parque
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
54
Vista geral do parque
PROPOSIÇÕES
55
Vista geral do parque
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
56
Conexão do parque com o SESC
PROPOSIÇÕES
57
Vista para o prédio de apoio -
lanchonete, para estacionamento
e muro verde, para o SESC e a nova
entrada
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
58
Estar, área com equipamentos de
ginástica e passarela proposta
PROPOSIÇÕES
59
Vista para área com equipamentos de
ginástica e passarela proposta
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
60
Inserção da midiateca no parque
PROPOSIÇÕES
61
O parque visto pelo caminho de acesso
à midiateca
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
62
O parque visto pelo caminho que
atravessa a esplanada
PROPOSIÇÕES
63
A midiateca e o espelho d’água vistos
na esplanada
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
64
Cascata, parque infantil e estar
PROPOSIÇÕES
65
Vista para a cascata, prédio de apoio -
admnistrativo e manutenção e parque
infantil
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
66
A transposição pelo viaduto e os
espaços livres requalificados
PROPOSIÇÕES
67
Vista para o viaduto e os taludes
requalificados com vegetação, para o
estar no ponto mais alto do parque e
para o parque infantil
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
68
O parque visto de dentro da midiateca
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
70
acessos e transposições
O parque busca o diálogo com todo o seu entorno. Com o bairro além-trilhos se configuram pequenas praças propostas
que integram um sistema com o parque. Além das praças, há um alargamento da calçada e muros com grafite na
passagem sob a linha férrea que sugerem um percurso de acesso agradável ao parque a um trecho que, na situação
atual, é sentido como intimidador pelo pedestre. Com as quadras a leste e oeste, temos caminhos que ligam um lado
ao outro e entradas que descortinam ambiências do parque. Com a Marginal e o Córrego além do diálogo se dar ao se
complementar a atividade esportiva que vem ocorrendo na área, temos a concepção de uma passarela que também é
um local de estar com bancos configurando um espaço para ser um ponto de permanência e contemplação na entrada
do parque.
No lado oeste temos a proposta de um estacionamento ao longo de duas quadras, sendo uma delas a quadra do SESC.
De modo a atender tanto os visitantes do parque como os do SESC, o estacionamento dispõe de 120 vagas, sendo elas
distribuídas através do perímetro da primeira quadra, e mais as vagas especiais, as vagas de moto e as de bicicletas
distribuídas no perímetro da quadra do SESC1. Mais que um estacionamento, buscou-se uma ambiência agradável de
passagem ao oferecer uma pequena esplanada na lateral do SESC. Além disso, o muro que separa o estacionamento das
casas ao lado é verde e o muro do SESC possui grafite em diálogo com a do muro na passagem sob a linha férrea. Foi
proposta também uma nova entrada para o SESC através dessa lateral, e há uma maciça arborização e um calçamento
que não intimida o pedestre em relação ao automóvel.
1 Destas vagas, segundo as Resoluções Contran, 03% destinam-se para deficientes (04 vagas), 05% para idosos (06 vagas). Além disso,
25% das vagas são para motos (30 vagas) e 33% para bicicleta (40 vagas). E ainda, ao longo do parque, há mais de 70 vagas para
bicicletas.
PROPOSIÇÕES
71
ESTUDO SOBRE ACESSOS E CIRCULAÇÃO
fluxo / acesso carro
fluxo / acesso carro proposto
fluxo pedestre
existência / entorno
programa proposto
área livre / talude
água
transposição existente
transposição proposta
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
72
27,38
0 1 2 5N
viga de aço patináveltábua de madeira eucalipto citriodora
15
PLANTA
passarela
PROPOSIÇÕES
73
cabo de aço inoxidável
0,00-0,67
0,92
0,51,42
viga de aço patinável
tábua de madeira eucalipto citriodoraperfil de aço na cor preta
0 1 2 5
0,00-0,67
0,92
0,51,42
tábua de madeira eucalipto citriodora
0 1 2 5
exportar escala 1:100 (todos os outros desenhos 1:200)CORTE LONGITUDINAL
CORTE TRANSVERSAL
DETALHE BANCO
passarela
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
74
Vistas para o estacionamento e muros
verde e de grafite na lateral do parque
PROPOSIÇÕES
75
Vistas para a requalificação da
transposição de pedestres pelo viaduto
e a criação de estares
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
76
midiateca
A cidade de São Carlos conta com três bibliotecas públicas: a Biblioteca Pública Municipal Amadeu Amaral, no Centro;
a Biblioteca Pública Municipal Euclides da Cunha, na Vila Prado; e a Biblioteca Pública Distrital de Água Vermelha. A
Biblioteca Amadeu Amaral foi inaugurada em 1942 e conta com mais de 40 mil itens no seu acervo, enquanto a Biblioteca
Euclides da Cunha foi estabelecida em 1999 e conta com mais de 10 mil itens no acervo. E somando as já existentes
Bibliotecas Públicas da cidade, se propõe no parque uma midiateca, partindo da reflexão que a midiateca possui um
acervo mais amplo que as bibliotecas, com diferentes tipos de documentos em seu acervo: livros (biblioteca), periódicos
(hemerotecas), vídeos e multimídia (videotecas), discos (discotecas) e áudios (audioteca), entre outros. E além do
acervo, conta com área multimídia e de acesso à internet, sendo, assim, um local que reúne material diversificado
e que atende vários tipos de usuários, gerando uma atração, principalmente, ao público mais jovem. Assim, esse
programa associado a um parque urbano, nas proximidades do SESC vem ser um grande pólo atrativo para a população
e, principalmente, ao público jovem são-carlense.
O edifício é pensando em sua proposta formal como um monólito que surge do relevo, efeito ressaltado pelo balanço
do edifício e a escolha do concreto como elemento tectônico. Através de um dos eixos do parque se acessa o edifício
que tem sua cobertura funcionando como mirante enquanto seu único pavimento abriga um programa enxuto de
midiateca. O acesso ao mirante se dá em nível ao caminho do parque, enquanto a midiateca deve ser acessada por uma
escadaria que é cortada por um veio d’água, sendo assim, também uma peça escultórica na paisagem. A acessibilidade
é solucionada através de uma plataforma de elevação inclinada que acompanha a escadaria.
A estrutura e fundação do edifício da midiateca toma como referência o projeto do Mausoléu Castelo Branco de autoria
do arquiteto Sérgio Bernardes, execução pela Construtora Britania e cálculos da firma DYNA Engenharia Ltda., com seus
desenhos datando Abril de 1970. O Mausoléu possui quase 30 m em balanço.
A estrutura da midiateca é composta por um sistema com duas grandes vigas laterais de concreto protendido, devido
PROPOSIÇÕES
77
ao balanço do edifício, pois o concreto protendido trabalha contra as tensões de tração sem fissurar; e com duas lajes
nervuradas protendidas, por possibilitarem uma laje mais delgada e leve que também trabalha bem com a tração do
balanço por ser protendida. A fundação funciona como uma balança com dois braços desiguais, ou seja, um confronto de
cargas que buscam um equilíbrio de forças. Ela se encontra sob cada uma das duas vigas laterais. Dessa forma, há dois
contrapesos com um caixão enchido com areia e pedra britada com o peso específico, somado os dois contrapesos, o
suficiente para equilibrar o peso do balanço. Nesses caixões foram cravadas várias estacas com capacidade para suportar
o seu peso. O pilar que suporta a viga lateral em balanço do edifício se liga a um bloco com várias estacas. E o caixão e
o pilar principal são ligados por viga alavanca em concreto protendido.
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
78
LISTA E ORGANOGRAMA DO PROGRAMA
ADOTADO
midiateca
PROPOSIÇÕES
79
PLANTA COBERTURA
midiateca
S S
SS
acessomidiateca
acessomirante4,
95,
54,
913
acessomirante
5,5
2
23,6
acessomidiateca
804
804 804
804
798,85
798,85
801,43
801,43
1850
32
banco de concreto
banco de concreto
0 1 2 5N
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
80
S S
SS
acessomidiateca
acessomirante4,
95,
54,
913
acessomirante
5,5
2
23,6
acessomidiateca
798,85
798,85 798,85
798,85
798,85
798,85
801,43
801,43
1850
32
0 1 2 5N
PLANTA PAVIMENTO NÍVEL 798,85
midiateca
PROPOSIÇÕES
81
CORTE LONGITUDINAL
midiateca
4
798,85
6,3
1,2
7,5
790
798,85
804
801,43
0 1 2 5
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
82
804 804
6,3
1,2
7,5
790 790
4
798,85
804banco de concreto banco de concreto
0 1 2 5
CORTE TRANSVERSAL
midiateca
PROPOSIÇÕES
83
0 1 2 5
talude
fachada de concreto aparente
FACHADA
midiateca
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
84
0 1 2 5
bloco de estacasviga alavancacontrapeso
N
PLANTA ESTRUTURA E FUNDAÇÃO
midiateca
PROPOSIÇÕES
85
790
804
bloco de estacasviga alavancacontrapeso 0 1 2 5
CORTE ESTRUTURA E FUNDAÇÃO
midiateca
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
86
apoios
São propostos dois pequenos prédios de apoio ao parque. Um que visa atender a manutenção do parque, além de contar
com sanitários, na região do parque infantil; e outro com lanchonete e sanitários, próximo a Marginal.
Enquanto o prédio da midiateca parece sair do relevo, os prédios de apoio, em contraponto, são encravados no relevo.
Contando com uma estrutura de muro de arrimo de concreto armado para que tal encrustamento seja possível, ainda
conta com teto com grama-amendoim (Arachis repens) e parede verde com trepadeira senécio (Senecio mikanioides)
para uma maior incorporação com os taludes que se integram a edificação.
PROPOSIÇÕES
87
LISTA E ORGANOGRAMA DO PROGRAMA
ADOTADO
apoio - lanchonete
apoio - administrativo e manutenção
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
88
PLANTA COBERTURA
apoio - lanchonete
12,3813
4,22
4,45
789,07
1%
teto verde (grama-amendoim - Arachis repens -) muro de arrimo de concreto armado
calha de captação de água pluvial de aço patinável
parede verde (trepadeira senécio - Senecio mikanioides -)
0 1 2 5N
PROPOSIÇÕES
89
PLANTA PAVIMENTO NÍVEL 785,05
apoio - lanchonete
12,513
4,054,45
786,05
calha de captação de água pluvial de aço patinável
muro de arrimo de concreto armado
parede verde (trepadeira senécio - Senecio mikanioides -)
0 1 2 5N
786
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
90
teto verde (grama-amendoim - Arachis repens -)
muro de arrimo de concreto armado
789,07calha de captação de água pluvial de aço patinávelventilação
2,57
786,05
0 1 2 5 CORTE LONGITUDINAL
apoio - lanchonete
PROPOSIÇÕES
91
teto verde (grama-amendoim - Arachis repens -)
muro de arrimo de concreto armado
calha de captação de água pluvial de aço patinável
ventilação789,07
786,05 786
2,57 2,68
0 1 2 5
CORTE TRANSVERSAL
apoio - lanchonete
Detalhe teto verde
- vegetação (grama-amendoim - Arachis repens -)- substrato- camada filtrante- camada drenante- proteção anti raiz- manta de proteção e impermeabilização
teto verde
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
92
taludefachada deconcreto aparente
parede verde (trepadeira senécio- Senecio mikanioides -)
calha de captação de água pluvialde aço patinávelteto verde (grama-amendoim - Arachis repens -)
0 1 2 5 FACHADA
apoio - lanchonete
PROPOSIÇÕES
93
12,3813
4,22
4,45
0 1 2 5N
1%
teto verde (grama-amendoim - Arachis repens -)muro de arrimo de concreto armado
calha de captação de água pluvial de aço patinável
parede verde (trepadeira senécio - Senecio mikanioides -)
813,07
PLANTA COBERTURA
apoio - administrativo e manutenção
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
94
12,3813
4,22
4,45
0 1 2 5N
muro de arrimo de concreto armado
calha de captação de água pluvial de aço patinável
parede verde (trepadeira senécio - Senecio mikanioides -)
809,05
809
PLANTA PAVIMENTO NÍVEL 809,05
apoio - administrativo e manutenção
PROPOSIÇÕES
95
CORTE LONGITUDINAL
apoio - administrativo e manutenção0 1 2 5
813,07
teto verde (grama-amendoim - Arachis repens -)
muro de arrimo de concreto armado
calha de captação de água pluvial de aço patinável ventilação
3,57
809,05
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
96
- vegetação (grama-amendoim - Arachis repens -)- substrato- camada filtrante- camada drenante- proteção anti raiz- manta de proteção e impermeabilização
teto verde
0 1 2 5
teto verde (grama-amendoim - Arachis repens -)
muro de arrimo de concreto armado
calha de captação de água pluvial de aço patinável
ventilação
3,573,68
809,05809
813,07
CORTE TRANSVERSAL
apoio - administrativo e manutenção
Detalhe teto verde
PROPOSIÇÕES
97
taludefachada de
concreto aparenteparede verde (trepadeira senécio
- Senecio mikanioides -)
calha de captação de água pluvialde aço patinável teto verde (grama-amendoim - Arachis repens -)
0 1 2 5FACHADA
apoio - administrativo e manutenção
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
98
água no parque
Como dito por Bartalini (2006), os rios e córregos se vinculam à própria formação dos territórios e fundação das cidades,
mas sua relação com a cidade sempre se manteve em nível degradante, com a desnaturalização e retificação de
suas margens e com a cidade quase sempre virando as costas à água. Com o Córrego do Gregório, como mencionado
anteriormente, não foi diferente. Ele teve suas margens ocupadas e todo o seu traçado retificado. E embora a cidade não
vire as costas para ele, ele é elemento subalterno na paisagem, sendo notado apenas na época de chuvas, com suas
enchentes que acabam por perturbar a cidade como seu único grito de existência.
Assim, o sistema proposto de áreas verdes de recreação com as categorias de Parque de Conservação e Preservação,
abrangendo as nascentes dos rios e córregos da cidade e os Parques Urbanos, abrangendo áreas cortados por córregos
já desnaturalizados, é uma maneira de se fazer notar os rios e os seus afluentes na cidade, buscando uma maior
conservação e cuidado ambiental.
No parque projetado se propõe um eixo d’água que vem dialogar e apontar para o Córrego que passa à sua frente. A água
que é assumida como artifício e elemento marcante da composição, começando como recreação com aspersores d’água
na área de parque infantil, virando contemplação numa cascata em três níveis, marcando presença ao ser uma linha
que corta o parque e atravessa sua edificação principal, se tornando elemento que se destaca ao ser o espelho d’água
embaixo da midiateca e tornado a marcar presença através de uma linha que vai até o limite do Parque.
PROPOSIÇÕES
99
10,5
30
13 3,55,5
1,5 4,5
9,5 10
16
22
22
11
14
guaimbé-do-brejo (Philodendron tweedieanum)
calha de aço patinável
0 1 2 5N
bromélia (Aechmea blanchetiana)
mururé (Pontederia cordata)
espelho d'água
espelho d'água
PLANTA
cascata
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
100
11805
809
14
1
guaimbé-do-brejo (Philodendron tweedieanum) bromélia (Aechmea blanchetiana)calha de aço patinável
0 1 2 5
0,5 0,2 805
809
11
14
armazenamentode água
vai para bombeamento emsistema interligado com o espelhod'água embaixo da midiateca
1
espelho d'água
calha de aço patinável
0 1 2 5
CORTE LONGITUDINAL
CORTE TRANSVERSAL
cascata
PROPOSIÇÕES
101
pedra portuguesa vermelha
guaimbé-do-brejo (Philodendron tweedieanum) bromélia (Aechmea blanchetiana)calha de aço patinável
0 1 2 5FACHADA
cascata
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
102
mobiliário e land art
Na proposta plástica do parque os bancos assumem o caráter de land art, como a presença de linhas, curvas ou
quadrados que ritmam o desenho do projeto. E que também criam um ritmo no passeio, num alternar entre andar e
repousar, com bancos dispostos em platôs e taludes, criando diversas cenas mais ou menos fixas. Na área defronte a
linha do trem, além de bancos há uma área com mesas, onde temos um estar mais próximo de uma praça. Na área
do parque infantil os bancos quadrados de cimento, mas com os acentos coloridos que seguem as cores primárias e
secundárias do ciclo de cores (amarelo, laranja, vermelho, violeta, azul e verde) compondo de modo lúdico a área. Nos
taludes, os bancos de concreto como linhas vem sublinhar o relevo, indo contra as curvas de nível.
Somando a esse mobiliário há pórticos de aço patinável que criam enquadramentos da paisagem e servem como locais
de estar cobertos.
PROPOSIÇÕES
103
MOBILIÁRIO E LAND ART
bancos
coberturas
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
104
5
3 3
2,5
3
2,5
N
5
2,5
1,75
aço patinável aço patinável aço patinável
aço patinável
PLANTA
ELEVAÇÕES
cobertura 01
PROPOSIÇÕES
105
5
3 3
2,5
3
2,5
N
5
2,5
1,75
aço patinável aço patinável aço patinável
aço patinável
PLANTA
ELEVAÇÕES
cobertura 02
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
106
5
3 3
2,5
3
2,5
N
5
2,5
1,75
aço patinável aço patinável aço patinável
aço patinável
PLANTA
ELEVAÇÕES
cobertura 03
PROPOSIÇÕES
107
5
3 3
2,5
3
2,5
N
5
2,5
1,75
aço patinável aço patinável aço patinável
aço patinável
PLANTA
ELEVAÇÕES
cobertura 04
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
108
0,45
0,45
0,45
iluminação
0 0,45 1
10
0,2
0,45
10concreto
ripa de madeira tatajubaconcreto
0,45
0,45
0,45
iluminação
0 0,45 1
10
0,2
0,45
10concreto
concreto
PLANTA
ELEVAÇÕES
banco 01 - taludes
banco 02 - platôs
PROPOSIÇÕES
109
PLANTA
ELEVAÇÕES
banco 03 - platô cascata d’água
0,86
0,86
0,45
perfil de aço nacor preta
3
0,45
3
iluminação
ripa de madeira tatajuba
concreto
perfil de aço na cor preta
concreto
0 0,45 10,2
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
110
0,86
0,86
0,45
0,45
0,45
0,45
iluminação
ripa de madeira tatajuba
concreto
perfil de aço na cor preta
perfil de aço nacor preta
concreto
0 0,45 10,2
PLANTA
ELEVAÇÕES
banco 04 - platô estar
mesa - platô estar
0,75
iluminação0,75
0,75concreto
0,75
1,5concreto
0 0,45 10,2
PROPOSIÇÕES
111
PLANTA
ELEVAÇÕES
banco 05 - platô parquinho
banco 06 - Marginal, entrada SESC e
estares na transposição do viaduto
iluminação
concreto pintado
0,45
2
2
2concreto pintado
0 0,45 10,2
0,45
de 3 a 43
0,45
0 0,45 10,2
iluminação
fibra de vidro vermelha
fibra de vidro vermelha
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
112
vegetação
“(…) uma planta, assim como uma cor, assume todo o seu sentido quando justaposta a outra cor ou a outra
planta”.
Burle Marx entrevistado por Jacques Leenhardt. (LEENHARDT, 2010, pág. 55)
A proposta paisagística combina espécies pioneiras e não pioneiras, de modo a permitir um crescimento orgânico das
espécies ao longo do tempo no parque. A vegetação é distribuída partindo de áreas mais adensadas - na região de maior
altura do relevo - para áreas com espécies mais dispersas - mais próxima à região da Marginal, de modo a não impedir
certas visuais.
Com a forte presença do relevo do solo marcado pelas movimentações de terra, as árvores se organizam em maciços
nos taludes, sendo o parque conformado com mínima presença de arbustivas e ornamentais. Todas as espécies arbóreas
são nativas, inclusive a espécie de palmácea que marca o território (palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana)). Dessa
forma, até mesmo o edifício da midiateca que chama atenção devido ao seu volume em balanço, tem sua presença em
harmonia com a arborização implantada. O limite do parque, com suas calçadas e área de estacionamento, forma uma
massa que devido a uma floração significativa dá identidade ao parque.
Há uma busca para que todas as áreas compositivas se beneficiem de algum colorido, ao menos numa época do
ano, sendo o material arbóreo o principal recurso para isso. Assim, no parque temos a permanência cromática de
florações, em todas as estações, com vários tons de amarelos, dos mais suaves aos mais intensos, e de brancos.
Os amarelos se fazem presentes pelas espécies: manduirana (Senna macranthera), verão e outono; rabo-de-tucano
(Vochysia tucanorum), verão e outono; guapuruvu (Schizolobium parahyba), inverno e primavera; ipê-amarelo-cascudo
(Handroanthus chrysotrichus), inverno e primavera; palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana), outono e primavera; pau-
ferro (Caesalpinia ferrea), primavera e verão; e Tingui (Magonia pubescens), inverno. As inflorescências brancas são
PROPOSIÇÕES
113
marcadas pelas espécies: jangada-do-campo (Cordia superba), verão; monjoleiro (Senegalia polyphylla), verão e outono;
ipê-branco (Tabebuia roseoalba), inverno e primavera e claraíba (Cordia glabrata), inverno e primavera.
Já a transitoriedade cromática, que dinamiza a renovação dos ambientes, é marcada por massas sazonais obtidas com
florações de colorido destacado, mas passageiro. Assim, temos roxo que marca o parque no inverno com o ipê-roxo
(Handroanthus avellanedae) e na primavera com a caroba (Jacaranda cuspidifolia). O vermelho se faz presente no
inverno com a eritrina-candelabro (Erythrina speciosa). E o rosa pipoca pelo parque no verão e outono com a paineira-
rosa (Ceiba speciosa).
Também colore a paisagem a frutificação das espécies frutíferas, nos meses quentes de primavera e verão: abacate
(Persea americana), frutos verdes; aceroleira (Malpighia punicifolia), frutos vermelhos; jabuticabeira (Myrciaria
cauliflora), frutos pretos, palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana), frutos amarelos alaranjados; mangueira (Mangifera
indica), frutos laranja avermelhados e pitangueira (Eugenia uniflora L.), frutos vermelhos.
As plantas ornamentais que aparecem como forrações, paredes verdes e alguns maciços, vêm compor com as espécies
arbóreas, por analogia ou complemento. A grama esmeralda (Zoysia japonica), que forra todos os taludes do parque, faz
com que o vermelho das eritrinas-candelabro (Erythrina speciosa) vibre ainda mais no inverno. A ruélia-vermelha (Ruellia
elegans), que forra os taludes ao longo da linha do trem, tem suas flores vermelhas no verão que se misturam com as
flores da paineira-rosa (Ceiba speciosa). A grama-amendoim (Arachis repens) pontilha de amarelo o teto dos edifícios
de apoio, na primavera e no verão, em concordância com floração amarela da trepadeira senécio (Senecio mikanioides),
que ocorre na mesma época. O lambari-roxo (Tradescantia zebrina var. Purpusii) que recobre os canteiros das árvores
de roxo, nas calçadas e nos platôs, vem em contraponto com as floradas amarelas da manduirana (Senna macranthera),
do guapuruvu (Schizolobium parahyba), do ipê-amarelo-cascudo (Handroanthus chrysotrichus) e da palmeira jerivá
(Syagrus romanzoffiana); além de completar com o branco do ipê-branco (Tabebuia roseoalba). Na grande parede verde
que segue o estacionamento, temos a trapoeraba-roxa (Tradescantia pallida) com suas folhas roxas fazendo vibrar
as floradas amarelas da manduirana (Senna macranthera) e do ipê-amarelo-cascudo (Handroanthus chrysotrichus),
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
114
enquanto as flores vermelhas da russélia (Russelia equisetiformis) e o verde com branco do clorofito (Chlorophytum
comosum) equilibram a composição. No talude junto às eritrinas-candelabro (Erythrina speciosa) temos a babosa (Aloe
arborescens) com suas flores vermelhas anunciando o espetáculo da floração arbórea, e fazendo par ao agave-dragão
(Agave attenuata). O cosmo-amarelo (Bidens sulphurea) e suas flores alaranjadas garante cor o ano todo ao parque
infantil, principalmente no outono, quando seu laranja apresenta todo seu esplendor e as cores do parque se encontram
mais amortizadas. A maranta-cinza (Ctenanthe setosa) com suas faces roxas completam as floradas amarelas rabo-de-
tucano (Vochysia tucanorum) enquanto a costela-de-adão (Monstera deliciosa) com seu verde escuro vibra as flores rosa
da paineira-rosa (Ceiba speciosa). Por fim, marcando a água temos o guaimbé-do-brejo (Philodendron tweedieanum)
com seu verde, a bromélia (Aechmea blanchetiana) com seus tons amarelados e avermelhados e o mururé (Pontederia
cordata) com suas flores roxas vem dar cor a cascata e ao espelho d’água sob a cascata; no talude, sob a midiateca há
o samambaiaçu-do-brejo (Blechnum brasiliense) marcando o caminho da água.
Ao longo de todo projeto buscou-se harmonias de cores análogas e complementares para estruturar os ambientes
e marcá-los na memória das pessoas por sua característica singular. Assim, a estratégia plástica de conjuntos que
florescem em diferentes estações do ano e áreas distintas do parque, traz identidade ao parque e garante sua presença
mesmo com a passagem das estações.
PROPOSIÇÕES
115
FENOLOGIA ARBÓREA
primavera, inverno, outono e verão
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
116
Descrição da espécie arbórea
PROPOSIÇÕES
117
Fenologia arbórea
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
118
Descrição da espécie arbórea
PROPOSIÇÕES
119
Fenologia arbórea
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
120
Descrição da espécie arbórea
PROPOSIÇÕES
121
Fenologia arbórea
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
122
Descrição da espécie arbórea
PROPOSIÇÕES
123
Fenologia arbórea
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
124
PROPOSIÇÕES
125
PLANTAS ORNAMENTAIS
FORRAÇÕES
grama-amendoim
grama esmeralda
lambari-roxo
ruélia-vermelha
HERBÁCEAS E ARBUSTIVAS
agave-dragão
babosa
bromélia
cosmo-amarelo
costela-de-adão
guaimbé-do-brejo
maranta-cinza
mururé
samambaiaçu-do-brejo
TREPADEIRAS
clorofi to
russélia
trapoeraba-roxa
trepadeira-senécio
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
126
Descrição das espécies ornamentais de
forração
PROPOSIÇÕES
127
Fenologia
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
128
Descrição das espécies ornamentais
herbáceas e arbustivas
PROPOSIÇÕES
129
Fenologia
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
130
Descrição das espécies ornamentais
herbáceas e arbustivas
PROPOSIÇÕES
131
Fenologia
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
132
Descrição das espécies ornamentais
trepadeiras
PROPOSIÇÕES
133
Fenologia
PARQUE URBANO EM SÃO CARLOS: um experimento plástico
134
referências
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fonte das imagens
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07. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
pág. 24
08. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
pág. 26
09. imagem da autora produzida sobre mapa de expansão urbana da cidade do Plano Diretor de 2005, da Prefeitura Municipal de São Carlos.
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10. in: BORGES, Juliana Queiroz. O Impacto da Ocupação de Fundos de Vale em Áreas Urbanas. Caso: Córrego do Gregório. Dissertação de Mestrado,
UFSCar, São Carlos, 2006. página 62.
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11. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
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FONTE DAS IMAGENS
139
15. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
pág. 36
16. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
pág. 37
17. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
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18. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
pág. 39
19. foto Jessica Seabra, 05-05-2014.
pág. 40
20. foto Inna Mascarin, 04-05-2014.
21. foto Inna Mascarin, 04-05-2014.
22. foto Inna Mascarin, 04-05-2014.
pág. 44
23. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
pág. 45
24. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
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25. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
26. imagem da autora produzida sobre imagem de satélite do Google Maps.
pág. 116 a pág. 123
imagens in: LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. Volume 01. 5 edição. Nova Odessa:
Instituto Plantarum, 2008.
(das espécies frutíferas, as imagens foram retiradas da internet)
pág. 126 a pág. 133
imagens in: LORENZI, Harri. Plantas para Jardim no Brasil: herbáceas, arbustivas e trepadeiras. 1 edição. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2013.
todas as demais imagens são de minha autoria.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família, em especial, pais e irmã, pelo constante incentivo a crescer.
Agradeço a todos os professores do IAU que me ajudaram em minha formação e descobertas arquitetônicas, urbanas e
paisagísticas. Em especial, agradeço as professoras que mais me influenciaram nas escolhas tomadas até aqui e que me
são grandes inspiradoras, a paisagista Luciana Schenk e a arquiteta Simone Vizioli.
Agradeço ao professor que tem me formado artisticamente e desde então vem me fazendo ver o mundo, e não apenas
olhar o mundo, meu grande mestre e inspirador Francisco Lopes.
Agradeço aos primeiros engenheiros civis com os quais tive contato e aprendizado, em especial, meu primeiro chefe,
Airton Romero, e minha primeira parceira engenheira, Fernanda Silva.
Por fim, meu grande e sincero agradecimento, que definitivamente é muito maior que essas poucas linhas, a todos os
maravilhosos amigos, arquitetos ou não, pelas trocas de ideias, pelo carinho e por todo o apoio e incentivo.