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Padrões de consumodas famíliasnumerosas emPortugal -caracterização combase no inquérito aosorçamentosfamiliares
Expenditure patternsof the large familiesin Portugal -characterisationbased on theHousehold BudgetSurvey.
Autoras:
Rute Cruz, Técnica superior de Estatística do Departamento de EstatísticasSociais do Instituto Nacional de Estatística
Carla Machado, Colaboradora do Ministério da Segurança Social e doTrabalho/ Departamento de Estudos, Estatística e Planeamento
Resumo
Celebrando-se em 2004 o 10º aniversário do Ano Internacional da Família, everificando-se que Portugal evidencia uma das mais elevadas dimensõesmédias da família na UE15, apresenta-se um estudo sobre o padrão deconsumo das famílias numerosas (5 ou mais indivíduos), baseado no Inquéritoaos Orçamentos Familiares (IOF).
Com efeito, de acordo com a citada fonte, no ano de 2000, cerca de uma emcada dez famílias portuguesas era numerosa. Como adiante se verá, adespesa individual média encontrada nas famílias numerosas ficou 25%aquém das restantes famílias, salientando-se ainda o papel das crianças nopadrão de consumo das famílias de maior dimensão.
Serão ainda apresentados alguns resultados ventilados por quintis derendimento, evidenciando as especificidades do padrão de consumo dasfamílias numerosas mais desfavorecidas, bem como algumas particularidadesda afectação da despesa às várias divisões de consumo da nomenclaturautilizada.
Os resultados apresentados tiveram por base uma escala de equivalênciados indivíduos, permitindo assim análises comparativas deduzindo os efeitosde economia de escala das famílias numerosas.
Abstrat:
The year of 2004 is the international family year, which is a good opportunityto disseminate some singularities about the expenditure patterns of the largefamilies (five or more persons), as it is known that the average dimension of
120120120120120
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
the Portuguese households is one of the highest in the EU15. The main source is the Household Budget Survey (HBS).
According to the referred source, in 2000 the large families were close to one in ten families. As it will be shown, the averageindividual expenditure in large households was 25% below the remaining Portuguese households. The influence of the presenceof children will also be explored.
There will be some results by income quintiles, focusing the expenditure patterns of the less favoured large families, as well assome details about the distribution between the expenditure divisions of the reference nomenclature.
The current analysis is based on an individual equivalent scale, which allows comparability between household’s individualexpenditure, after deducting the economy of scale effects felt in bigger households.
Palavras Chave: família numerosa, família numerosa desfavorecida, despesa, padrão de consumo, Inquérito aos OrçamentosFamiliares
Key words: large family; less favoured large family; expenditure; expenditure patterns, Household Budget Survey
121121121121121
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1. 1. 1. 1. 1. IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
Estando a decorrer o ano internacional da família, afigura-se pertinente evidenciar as particularidades das famíliasnumerosas, sabendo-se que reflectem, em muitos casos, situações de dificuldade económica, bem como padrõesde consumo muito específicos resultantes da sua dimensão e composição.
A despesa é considerada como um indicador do nível de vida das famílias expresso em termos de consumo,traduzindo o exercício do poder económico que estas têm sobre os recursos.
Desta forma, uma análise detalhada sobre o padrão de consumo das famílias irá permitir percepcionar de queforma foi influenciado pelo impacto dos factores sócio-demográficos, culturais e geográficos.
Dado que as diferentes características sócio-demográficas das famílias implicam níveis de consumo distintos,pretende-se destacar as famílias numerosas como alvo central deste estudo.
A via utilizada para o conhecimento do nível de despesa das famílias foi essencialmente o Inquérito aos OrçamentosFamiliares (IOF) 2000, inquérito este que proporciona resultados ao nível do agregado familiar, complementadapor informação de natureza individual sobre os seus respectivos membros.
A comparabilidade dos níveis de despesa entre as diversas famílias é assegurada mediante a análise da despesaindividual por tipo de família, estando colmatado o efeito de economias de escala no caso dos agregados commais do que um indivíduo.
2. As famílias numerosas2. As famílias numerosas2. As famílias numerosas2. As famílias numerosas2. As famílias numerosas
Segundo resultados divulgados pelo Eurostat para 2001, Portugal foi o terceiro país da União Europeia com amaior dimensão média do agregado familiar, com 2,8 indivíduos em cada agregado familiar de acordo com oCensos 2001, o que representou uma dimensão média 17% acima da UE (2,4).
Médias superiores verificaram-se na Irlanda e Espanha (ambos com 3,0).Art6_Fg 1
Uma família é considerada de maior dimensão se no seio do agregado familiar houver três ou mais crianças.Contudo, porque a estrutura das famílias portuguesas com um número mais elevado de indivíduos recaiessencialmente sobre 3 ou mais adultos com ou sem crianças, ter-se-á por base que uma família é numerosase o agregado familiar tiver 5 ou mais indivíduos (seja ele composto por uma maioria de adultos ou de crianças)1.
Gráfico 1
Fonte: Eurostat (Censos, LFS, ECHP)
Dimensão média do agregado familiar em 2001
2,4
2,2
2,2
2,6
3,0
2,4
3,0
2,6
2,5
2,4
2,8
1,9
2,4
2,3
2,1
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Bélgica
Alemanha
Espanha
Irlanda
Luxemburgo
Áustria
Finlândia
Reino Unido
EU: 2,4
122122122122122
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
Em 2000, uma em cada dez famílias portuguesas era considerada numerosa, perfazendo um total de 340 673famílias.
A sua distribuição geográfica não é homogénea, sendo que quase metade das famílias numerosas vive na regiãoNorte, e cerca de ¼ na região de Lisboa e Vale do Tejo. Considerando a globalidade das famílias portuguesas,o Norte concentra 33% das famílias e Lisboa e Vale do Tejo 36%.Art6_Fg 2
Por outro lado, são as regiões Açores, Madeira e Norte que, internamente, possuem um maior peso de famíliasnumerosas face às não numerosas, respectivamente, 21%, 20% e 12%, comparativamente às restantes regiões,que apresentam menos de 9% de famílias numerosas.
O nível de vida das famílias é muitas vezes influenciado pela sua composição, importando conhecer e destacara sua dimensão, bem como diferenciá-las segundo a idade dos indivíduos que as compõem.
As famílias numerosas distinguem-se não só pelo elevado número de crianças mas também pelo número deadultos que muitas vezes é superior a dois. Das famílias numerosas com três ou mais crianças a seu cargodestacam-se as que têm um ou dois adultos e crianças (17%) e 3 ou mais adultos com três ou mais crianças(8%), o que engloba apenas ¼ das famílias numerosas, como se poderá observar no quadro n.º 1. As restantesfamílias com três ou mais adultos sem crianças (23%), com uma criança (28%) e com duas crianças (24%)abrangem ¾ das famílias numerosas.Art6_Qd 1
Por outro lado, as famílias sem crianças compostas por três ou mais adultos e por dois adultos em que pelomenos um tem idade superior ou igual a 65 anos, são o tipo mais predominante nas famílias menos numerosas.
Gráfico 2
Fonte: INE, IOF 2000
Distribuição das famílias numerosas porregião Nuts II, 2000
Norte
43%
Centro
16%
Madeira
4%Açores
4%Algarve
3%
Alentejo
4%
Lisboa e Vale
do Tejo
26%
Quadro 1
%
Tipologia familiar Famílias numerosas Famílias não numerosas
Adulto só com idade < 65 anos 6
Adulto só com idade >= 65 anos 13
2 adultos pelo menos um de idade >= 65 anos 19
2 adultos ambos de idade < 65 anos 12
3 ou mais adultos sem crianças 23 26
1 ou 2 adultos com crianças com menos de 16 anos 17 18
3 ou mais adultos com uma criança com menos de 16 anos 28 6
3 ou mais adultos com duas crianças com menos de 16 anos 24
3 ou mais adultos com três ou mais crianças com menos de 16 anos 8
Total 100 100
Fonte: INE, IOF 2000
Distribuição das famílias numerosas e não numerosas segundo a tipologia familiar, 2000
123123123123123
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As famílias não numerosas englobam, igualmente, um grande leque de idosos que vivem sozinhos (13%), o quepor si só poderá subavaliar algumas das tendências no padrão de consumo destas famílias, no que concernenomeadamente à habitação e transportes, bem como sobreavaliar as despesas com a saúde.
Por outro lado, é de notar as diferentes características dos representantes das famílias numerosas e nãonumerosas, que muitas vezes justificam os diferentes hábitos de consumo que diferenciam estas famílias.
No que respeita à idade dos representantes das famílias, observa-se uma maior proporção de famílias nãonumerosas nos escalões etários extremos, até 29 anos e a partir de 65 anos inclusive; em contrapartida, asfamílias numerosas apresentam uma maior proporção nos escalões etários intermédios.Art6_Fg 3
A predominância de idosos a viver sozinhos ou com outro adulto, nas famílias não numerosas, justifica por si sóa elevada proporção no escalão etário superior.
Mais de metade dos representantes das famílias numerosas têm o 4º ano/classe, muito embora seja de salientarque apenas 17% não completou nenhum nível de escolaridade (proporção 6 pontos percentuais abaixo do totaldas famílias).Art6_Qd2
No que concerne às famílias numerosas cerca de 71% dos seus representantes exercem uma profissão, enquantoque nas famílias não numerosas esta proporção é mais baixa, concretamente, 52%, entre outras razões, porabranger uma maior proporção de reformados (39%).
Gráfico 3
(i) Famílias numerosas (ii) Famílias não numerosas
Fonte: INE, IOF 2000
Fonte: INE, IOF 2000
Proporção de famílias (i e ii) por grupos etários do representante do agregado, 2000
75%
80%
85%
90%
95%
16 a 29 anos
30 a 44 anos
45 a 64 anos
>= 65 anos0%
5%
10%
15%
20%30 a 44 anos
45 a 64 anos>= 65 anos
16 a 29 anos: número de
observações reduzido
Quadro 2
Nível de escolaridade completado Famílias numerosas Famílias não numerosas Total
Nenhum 17% 24% 23%
4 anos de escolaridade 55% 44% 45%
6 anos de escolaridade 10% 11% 11%
9 anos de escolaridade 8% 9% 9%
11/12 anos de escolaridade 5% 6% 6%
Ensino superior 5% 6% 6%
Total 100% 100% 100%
Fonte: INE, IOF 2000
Distribuição das famílias numerosas e não numerosas face aos anos deescolaridade completada do representante do agregado, 2000
124124124124124
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Os representantes das famílias numerosas e não numerosas que exercem uma profissão são em grande maioriatrabalhadores por conta de outrem. Contudo, é de salientar a maior proporção de trabalhadores por conta própriacomo empregadores nas famílias numerosas face às não numerosas, respectivamente 12% e 9%.Art6_Qd3
Em síntese, é possível afirmar que as famílias numerosas se localizam, essencialmente, nas regiões Norte eLisboa e Vale do Tejo, sendo constituídas em grande número por três ou mais adultos com crianças. Osrepresentantes destas famílias para além de estarem, em grande percentagem, em idade activa e exerceremuma profissão seja como trabalhador por conta de outrem seja como trabalhador por conta própria (comoempregador), apresentam um nível de habilitações literárias ligeiramente diferente (maior proporção derepresentantes com a 4ª classe/ano, embora com uma menor proporção de representantes sem nível deescolaridade).
3. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva sócio-económica3. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva sócio-económica3. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva sócio-económica3. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva sócio-económica3. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva sócio-económica
A diferente estrutura familiar entre as famílias mais numerosas e menos numerosas, permite por si só justificare compreender de forma mais precisa os distintos padrões de consumo que apresentam.
De modo a melhor se conseguir comparabilidade de resultados, toda a análise da despesa das famílias numerosasserá apresentada na perspectiva do indivíduo com recurso à escala de equivalência OCDE original2. Sempre quese mencionar a despesa do indivíduo ou individual pretende-se referenciar, em rigor, a despesa equivalente porindivíduo.
No ano de 2000 observou-se que nas famílias numerosas a despesa média por indivíduo se situou em 4 904euros/ano, ou seja, 409 euros por mês, valor que se encontrava 23% abaixo da média das famílias portuguesas.Art6_QD4
Das famílias numerosas, as que não têm crianças a seu cargo apresentaram a despesa individual média anualmais elevada, cerca de 5 408 euros, montante este que se situava, em 2000, cerca de 10% acima da média totaldas famílias numerosas. A despesa individual destas famílias é tanto mais baixa quantas mais crianças eadultos existem no agregado familiar, destacando-se as famílias com três ou mais adultos e três ou maiscrianças como a tipologia familiar com a despesa individual mais baixa (4 088 euros anuais), 17% abaixo damédia total das famílias numerosas.
Quadro 3
Situação na profissão Famílias numerosas Famílias não numerosas Total
Trabalhador por conta de outrem 73% 73% 73%
Trabalhador por conta própria - isolado 13% 17% 16%
Trabalhador por conta própria - empregador 12% 9% 9%
Outra 1% 1% 1%
Total 100% 100% 100%
Fonte: INE, IOF 2000
Distribuição das famílias numerosas e não numerosas quanto à situação na profissãodo representante da família que exerce profissão, 2000
Quadro 4
Despesa média (€)
Índice(total=100)
Despesamédia (€)
Índice (total=100)
Despesa média (€)
Índice (total=100)
Adulto só com idade < 65 anos 9 753 149 9 753 153
Adulto só com idade >= 65 anos 4 762 73 4 762 74
2 adultos pelo menos um de idade >= 65 anos 4 970 76 4 970 78
2 adultos ambos de idade < 65 anos 8 188 125 8 188 128
3 ou mais adultos sem crianças 5 408 110 6 890 105 6 767 106
1 ou 2 adultos com crianças com menos de 16 anos 4 918 100 6 951 106 6 766 106
3 ou mais adultos com uma criança com menos de 16 anos 4 974 101 6 358 97 5 905 92
3 ou mais adultos com duas crianças com menos de 16 anos 4 602 94 4 602 72
3 ou mais adultos com três ou mais crianças com menos de 16 anos 4 088 83 4 088 64
Total 4 904 100 6 551 100 6 395 100
Fonte: INE, IOF 2000
Tipologia da Família
Despesa individual das famílias numerosas e não numerosas, segundo a sua tipologia, 2000 Famílias numerosas Famílias não numerosas Total de famílias
125125125125125
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O quadro n.º 4 mostra também que, no total das famílias portuguesas, os níveis mais baixos de despesaindividual das famílias localizaram-se nos casos de agregados com idosos e/ou crianças.
Assumindo a elevada correlação entre a despesa nas famílias numerosas e a existência ou não de crianças, oquadro n.º 5 mostra, segundo alguns tipos familiares, os diferentes pesos que estas famílias atribuíram àsdiferentes despesas com que se deparam no dia a dia. Assim, é possível notar que as famílias com maiscrianças e mais adultos (famílias com três ou mais adultos e três ou mais crianças) foram as que canalizaramuma maior parte da sua despesa total para a alimentação e bebidas não alcoólicas, isto é, cerca de 23%.Embora em menor proporção, foram estas famílias que atribuíram um maior peso da sua despesa total aoensino (6%) bem como aos hotéis, restaurantes, cafés e similares (14%), em detrimento das despesas com ostransportes (13%) e com o lazer, distracção e cultura (2%).Art6_Qd5
As famílias numerosas com menos crianças conseguiram ter uma maior despesa com o lazer, distracção ecultura (cerca de 5%) e com os transportes (a proporção aumentou à medida que as famílias numerosas foramtendo menos crianças).
Conforme se pode ver no gráfico abaixo, existe uma relação directa entre o nível de escolaridade do representantee o valor da despesa das famílias.Art6_Fg 4
Quadro 5
Despesa
(€)%
Despesa
(€)%
Despesa
(€)%
Despesa
(€)%
Despesa
(€)%
DESPESA TOTAL 5 408 100 4 974 100 4 602 100 4 918 100 4 088 100Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas 1 047 19 1 043 21 1 007 22 950 19 920 23
Bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos / estupefacientes 198 4 170 3 181 4 146 3 204 5
Vestuário e calçado 416 8 371 7 339 7 368 7 242 6
Habitação, desp. água, electricidade, gás e out.combustíveis 798 15 856 17 700 15 862 18 670 16
Móveis, art.decoração, eq.doméstico e desp.c.manut.habit. 342 6 289 6 287 6 394 8 246 6
Saúde 183 3 217 4 224 5 199 4 87 2
Transportes 1 016 19 834 17 654 14 637 13 516 13
Comunicações 181 3 146 3 163 4 129 3 132 3
Lazer, distracção e cultura 256 5 241 5 235 5 206 4 80 2
Ensino 95 2 94 2 31 1 145 3 255 6
Hotéis, restaurantes, cafés e similares 540 10 426 9 444 10 480 10 566 14
Outros bens e serviços 338 6 287 6 337 7 403 8 169 4
Fonte: INE, IOF 2000
Famílias numerosas
Composição da despesa individual das famílias numerosas, segundo a sua tipologia, 20003 ou mais
adultos com 3 ou mais crianças
5 ou mais adultos sem
crianças
4 ou mais adultos com uma criança
3 ou mais adultos com
duas crianças
1 ou 2 adultos com 3 ou mais
crianças
Gráfico 4
Fonte: INE, IOF 2000
Despesa individual das famílias numerosas e não numerosas, segundo os anos de escolaridade completada do representante do agregado, 2000
4 904 €
6 551 €
0 €
2 000 €
4 000 €
6 000 €
8 000 €
10 000 €
12 000 €
14 000 €
16 000 €
Nenhum 4 anos 6 anos 9 anos 11/12 anos Mais de 12 anos
Anos de escolaridade completa do representante
De
sp
esa
Famílias numerosas Famílias não numerosasMédia das famílias numerosas Média das famílias não numerosas
126126126126126
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
Tanto as despesas das famílias numerosas como as das não numerosas cujo representante tinha completadopelo menos 9 anos de escolaridade encontravam-se acima da respectiva média global (4904 e 6 551 euros),verificando-se ainda que no caso de 11/12 anos de escolaridade as duas tipologias de famílias se aproximaramem termos de valor de despesa. Foram ainda notáveis os valores de despesa sentidos no nível mais elevado deescolaridade.
Como foi atrás referido, nas famílias numerosas foram encontrados 71% de agregados cujo representante exerciaprofissão.Art6_Qd6
Nesses agregados que predominaram foi encontrada uma despesa média de 5 142 euros em 2000, valor esteque se situou 24% acima do verificado no caso dos agregados com representante reformado (4 241 euros/ano).
Cingindo a análise apenas a agregados cujo representante exercia uma profissão, considere-se como referênciaa média de despesa separadamente para famílias numerosas ou não.Art6_Fg 5
Note-se o assinalável nível de despesa apurado nos agregados com representante trabalhador por conta própriaempregador, quando se compara com a média da respectiva tipologia de família (numerosas/não numerosas),visto que se atingiram valores que excedia aquelas médias em 20 e 24%, respectivamente.
Gráfico 5
Fonte: INE, IOF 2000
Despesa individual das famílias numerosas e não nos casos de representante do agregado
trabalhador por conta própria oupor conta de outrem, 2000
70 80 90 100 110 120 130
TCO
TCP - isolado
TCP - empregador
Famílias numerosas Famílias não numerosas
Total não numerosas = 100
Total numerosas = 100
Quadro 6
Despesa média (€)
Índice (total=100)Despesa média
(€)Índice (total=100)
Total de famílias 4 904 100 6 551 100Exerceu uma profissão 5 142 105 7 722 118
Reformado 4 241 86 5 139 78
Outro (desempregado, doméstico, incapacitado para trabalho, outro) 4 446 91 5 796 88
Fonte: INE, IOF 2000
Famílias numerosas Famílias não numerosas
Despesas individual das famílias numerosas e não numerosas, segundo a situação na profissão (agregada) do representante da família, 2000
127127127127127
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osas
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gal -
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cter
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4. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva regional4. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva regional4. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva regional4. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva regional4. A despesa das famílias numerosas numa perspectiva regional
Considerando a diferente distribuição regional das famílias numerosas anteriormente descrita, importa conheceros distintos níveis de consumo regionais.Art6_Qd7
Considerando apenas as famílias numerosas, são as da Madeira que se mostram mais aquém da média nacional(-26%), apesar de, curiosamente, as famílias de menores dimensões evidenciarem posição relativa ainda maisdesfavorável (-35%).
Comparando famílias numerosas / não numerosas, as primeiras revelaram em 2000 um nível de despesa médiapor indivíduo que se situou 33% abaixo da média global. Note-se que o uso da escala de equivalência elimina,dentro do possível, as economias de escala das famílias com mais do que 1 indivíduo, pelo que o nível maisreduzido de despesa que os resultados evidenciam é uma realidade efectivamente sentida por estas famílias.
De um modo geral, valores reduzidos de despesa estão associados a rendimentos modestos ou a um númeroreduzido de titulares de rendimento (e com crianças, por exemplo).
É em Lisboa e Vale do Tejo que as famílias numerosas mais se ressentem face à média das famílias da região(apenas 74% da média global), logo seguidas das do Norte (76%); em contraposição, no Alentejo, o nível dedespesa é 19% superior à média dos indivíduos das famílias alentejanas, mas que resulta de factores como aestrutura demográfica específica das famílias numerosas desta região (com menos crianças do que em outrasregiões).Art6_Qd8
As famílias numerosas viram as suas despesas mais contidas essencialmente ao nível da saúde (-45% do quea média de todas as famílias) e da habitação (-41%), mas, pelo contrário, evidenciaram algum destaque ao níveldo consumo de bebidas alcoólicas e tabaco (+5%) e um incremento notável no que toca às despesas comensino (+50%), naturalmente decorrente da elevada proporção de crianças deste tipo de famílias.Art6_Qd9
Quadro 7
Portugal Continente Norte CentroLisboa e Vale Tejo
Alentejo Algarve Açores Madeira
Unidade: euro
DESPESA TOTAL 6 395 6 476 6 166 5 709 7 445 5 071 5 709 4 819 4 130
Famílias numerosas 4 904 5 020 4 714 4 944 5 479 6 025 4 639 3 742 3 635
Famílias não numerosas 6 551 6 620 6 369 5 781 7 588 5 006 5 794 5 107 4 255
Fonte: INE, IOF2000
Despesa individual das famílias numerosas e não numerosas, segundo a região NUTS II, 2000
Quadro 8
€ (índice 100) € índice € índice
DESPESA TOTAL 6 395 100 4 904 77 6 551 102
Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas 1 194 100 1 010 85 1 213 102
Bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos / estupefacientes 169 100 177 105 168 99
Vestuário e calçado 409 100 363 89 414 101
Habitação, desp. água, electricidade, gás e out.combustíveis 1 341 100 792 59 1 399 104
Móveis, art.decoração, eq.doméstico e desp.c.manut.habit. 476 100 315 66 493 104
Saúde 361 100 198 55 378 105
Transportes 875 100 773 88 885 101
Comunicações 212 100 154 73 219 103
Lazer, distracção e cultura 301 100 224 74 309 103
Ensino 67 100 100 150 63 95
Hotéis, restaurantes, cafés e similares 608 100 476 78 622 102
Outros bens e serviços 381 100 322 84 388 102
Fonte: INE, IOF 2000
1 Do inglês, Classificação do Consumo Individual por Objectivos
Famílias não numerosas
Famílias numerosas
Total
Despesa individual das famílias por divisão da COICOP1 , segundo o tipo de família, 2000
128128128128128
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
Considerando apenas as 6 principais divisões de despesa segundo a COICOP, que representam 77% da despesada globalidade das famílias portuguesas, observa-se que, no caso acima mencionado do Alentejo, o nível dedespesa acentuado resultou de uma despesa também acentuada nas divisões associadas à habitação (04:habitação, despesas relacionadas e 05: móveis e artigos de decoração e manutenção) respectivamente com +36 e 33% do que a média nacional das famílias numerosas, e ainda à restauração (11: hotéis, restaurantes esimilares), com + 33%, o que, por contrapartida, não foi tão sentido nas despesas alimentares. No entanto,foram os transportes que mais despesa absorveram às famílias alentejanas quando comparamos com a médianacional (+43%).
Os hotéis e restaurantes foram de reduzida importância no cabaz de despesas das famílias numerosas dasregiões autónomas (-63% e -58% respectivamente para Açores e Madeira).Art6_Qd10
A ventilação de resultados segundo a tipologia zona urbana/ predominantemente urbana/ rural expõe o casoparticular do meio urbano, em que a família numerosa apresenta um nível de despesa bem mais modestoquando comparado com as famílias não numerosas (-31%), destacando-se as divisões 04 e 05, que revelam quea dimensão familiar elevada não se traduz em condições de habitação proporcionalmente acrescidas, situaçãoesta também sentida no meio semi-urbano ainda que menos intensamente.
O gráfico nº 6 reproduz os desfasamentos entre famílias numerosas e as restantes, em cada uma das áreastipificadas. Observando ainda o meio urbano, comparando famílias numerosas com as não numerosas,sobressaíram as primeiras pela fatia bem mais expressiva (+78%) dedicada a despesas com ensino (divisão10), despesa esta que não se evidenciou tão relevante confrontando as famílias numerosas face às restantes emmeio medianamente urbano ou predominantemente rural.Art6_Fg6
Quadro 9
Portugal = 100
Norte CentroLisboa e Vale Tejo
Alentejo Algarve Açores Madeira
DESPESA TOTAL 96 101 112 123 95 76 74
da qual:
Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas 100 96 109 106 92 94 69
Vestuário e calçado 105 111 92 113 100 76 69
Habitação, desp. água, electricidade, gás e out.combust. 100 123 85 136 82 69 120
Móveis, art.decoração, eq.doméstico e desp.c.man.habit. 89 97 124 133 93 91 64
Transportes 103 92 101 143 97 79 80
Hotéis, restaurantes, cafés e similares 84 92 144 133 127 37 42
Fonte: INE, IOF 2000
Despesa individual das famílias numerosas nas regiões Nuts II face à média nacional,pelas principais divisões da COICOP, 2000
Quadro 10
Unidade: euro
numerosanão
numerosanumerosa
não numerosa
numerosanão
numerosa
DESPESA TOTAL 5 300 7 670 4 570 5 792 4 479 4 338
Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas 1 024 1 249 994 1 192 1 142 999
Bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos / estupefacientes 199 196 167 152 114 126
Vestuário e calçado 353 492 371 362 271 380
Habitação, desp. água, electricidade, gás e out.combustíveis 862 1 601 734 1 285 990 685
Móveis, art.decoração, eq.doméstico e desp.c.manut.habit. 382 635 259 353 294 221
Saúde 218 422 182 345 303 169
Transportes 761 996 797 907 540 754
Comunicações 174 268 130 176 140 144
Lazer, distracção e cultura 255 432 203 200 121 167
Ensino 164 92 43 36 22 18
Hotéis, restaurantes, cafés e similares 554 796 380 484 327 444
Outros bens e serviços 355 492 310 301 216 231
1 APU: Área predominantemente urbana; AMU: área medianamente urbana; APR: área predominantemente rural
Fonte: INE, IOF 2000
Família
Despesa individual das famílias por tipologia de área APU/AMU/APR,1
pelas divisões da COICOP, segundo o tipo de família, 2000
Área pred. urbana Área med. urbana Área pred. rural
129129129129129
P ad
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s de 2
000
Gráfico 6
Fonte: INE, IOF 2000
Quocientes entre as despesas individuais das famílias numerosas e as não numerosas, por tipologia de área APU/AMU7APR
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Total D 01 D 02 D 03 D 04 D 05 D 06 D 07 D 08 D 09 D 10 D 11 D 12
Divisões da COICOP
APU AMU APR
Legenda:
D01. PRODUTOS ALIMENTARES E BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS
D02. BEBIDAS ALCOÓLICAS, TABACO E NARCÓTICOS \ ESTUPEFACIENTES
D03. VESTUÁRIO E CALÇADO
D04. HABITAÇÃO, DESPESAS COM ÁGUA, ELECTRICIDADE, GÁS E OUTROS COMBUSTÍVEIS
D05. MÓVEIS, ARTIGOS DE DECORAÇÃO, EQUIP.DOMÉSTICOS E DESPESAS CORRENTES DE MANUTENÇÃO DA HABITAÇÃO
D06. SAÚDE
D07. TRANSPORTES
D08. COMUNICAÇÕES
D09. LAZER, DISTRACÇÃO E CULTURA
D10. ENSINO
D11. HOTÉIS, RESTAURANTES, CAFÉS E SIMILARES
D12. OUTROS BENS E SERVIÇOS
Pelo contrário, em meio rural, às famílias numerosas correspondem elevadas despesas com habitação, bemcomo com móveis, artigos de decoração, equipamento doméstico e despesas correntes (+44 e +33% do quenas famílias não numerosas), e ainda um notável agravamento com as despesas com saúde, que, por indivíduo,atingiram o valor de 303 euros em 2000, ou seja, 80% superior face às famílias não numerosas também do meiorural.
5.5.5.5.5. VVVVVariação do padrão de consumo das fariação do padrão de consumo das fariação do padrão de consumo das fariação do padrão de consumo das fariação do padrão de consumo das famíliasamíliasamíliasamíliasamílias,,,,, 1995 – 2000 1995 – 2000 1995 – 2000 1995 – 2000 1995 – 2000
O padrão de consumo das famílias em Portugal tem sofrido alterações ao longo dos últimos anos, justificando-se pela alteração dos hábitos sócio-culturais das famílias e pela maior aderência a novos produtos no mercado,motivados pelo crescente apelo ao consumo. Os produtos de primeira necessidade começam a perder peso nocabaz de compras dos portugueses dando lugar a bens menos essenciais e por vezes supérfluos.
Não obstante as condições de vida das famílias, o seu bem-estar varia consoante as condições monetárias queestas detêm e o respectivo nível de escolha de bens e serviços que lhes é permitido efectuar.
Atendendo ao efeito das economias de escala geradas no seio das famílias, é possível observar a variação dospadrões de consumo dos membros das famílias portuguesas ao longo dos últimos anos.
Ao longo dos restantes capítulos será dado um especial destaque às famílias mais desfavorecidas em termoseconómicos, permitindo comparar a evolução dos seus hábitos de consumo com as restantes famíliasportuguesas. Com efeito são considerados quatro grupos de análise:
130130130130130
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
Gráfico 7
Fonte: INE, IOF 1994/95 e 2000
Variação da despesa total individual das famílias, 1995 – 2000
28,5%
26,5%
5,7%
9,1%
0 €
1 000 €
2 000 €
3 000 €
4 000 €
5 000 €
6 000 €
7 000 €
8 000 €
Famílias mais numerosas
desfavorecidas
Famílias menos numerosas
desfavorecidas
Restantes famílias mais
numerosas
Restantes famílias menos
numerosas
De
sp
esa
to
tal a
nu
al in
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am
ília
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
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19
95
/20
00
1995 a preços de 2000 2000 Variação
- Famílias numerosas desfavorecidas;
- Famílias não numerosas desfavorecidas;
- Restantes famílias numerosas;
- Restantes famílias não numerosas.
Uma família é considerada mais desfavorecida se pertencer ao conjunto de 20% das famílias com rendimentototal equivalente mais baixo (1º quintil). Por conseguinte, se uma família auferiu um rendimento total equivalenteanual líquido por indivíduo de 3 628 euros em 2000, é considerada mais desfavorecida, nos pressupostosmetodológicos deste estudo. O que corresponde a um montante mensal individual em torno dos 300 euros.
Os níveis de endividamento/poupança são em alguns casos os principais responsáveis pelo nível de bem-estardas famílias. Na generalidade, as que optam por recorrer ao endividamento vivem segundo um nível de bem-estaracima das suas possibilidades económicas; por outro lado, as famílias que optam pela poupança vivem aquémdo bem-estar de que poderiam beneficiar.
É de destacar as famílias mais numerosas desfavorecidas como as que aumentaram de forma mais acentuadao seu consumo global individual na segunda metade da década de 90, as quais apresentam um aumento real de28% das suas despesas totais (2 904 euros em 2000 e 2 260 euros em 1995 a preços de 2000). Não muito atrásencontram-se as famílias igualmente desfavorecidas mas menos numerosas, com um acréscimo real da despesatotal individual de 26% entre 1995 e 2000 (3 064 euros em 2000). Tal efeito pode justificar-se pela crescenteprocura de crédito por parte das famílias com menores rendimentos, ou mesmo pela recente adaptação destesgrupos a uma sociedade de crescente consumo. Com efeito, aumentaram substancialmente os níveis de consumoainda que dispusessem de um nível de rendimento igualmente baixo.
As famílias que verificaram um menor aumento na despesa total foram as restantes mais numerosas, isto é, umaumento real em 2000 de 6% face a 1995.Art6_Fg7
A diminuição do consumo alimentar é bem visível na maior parte das famílias portuguesas. Mediante o Coeficientede Engel para os diferentes tipos familiares em análise, é possível notar que as famílias desfavorecidas são asque evidenciam uma maior diminuição na proporção da despesa alimentar (e bebidas não alcoólicas) face àglobalidade da despesa efectuada pelas famílias, nomeadamente no que se refere às famílias mais numerosas.Art6_Qd11
131131131131131
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A proporção da despesa alimentar na despesa total em termos reais diminuiu 31% nas famílias numerosasdesfavorecidas, 17% nas famílias menos numerosas desfavorecidas, e 10% nas restantes famílias numerosase não numerosas.
Esta redução permite mostrar a alteração do padrão de consumo das famílias que cada vez mais prescindem debens alimentares e atribui maior importância a outros bens e serviços.
Em detrimento do consumo alimentar, as famílias numerosas desfavorecidas aumentaram de forma maisacentuada o peso do consumo em bebidas alcoólicas e tabaco, bem como em móveis, artigos de decoração, eainda em transportes, comunicações, e em hotéis, restaurantes, cafés e similares entre 1995 e 2000, emcomparação com as restantes famílias. Note-se que em 1995 os indivíduos destas famílias gastaram em média71 € mensais em alimentação, passando a gastar em 2000 menos 8 € mensais, embora se possa justificar pelopreço dos bens alimentares.
As famílias numerosas, independentemente da sua carência económica, mostram o maior acréscimo de despesaentre 1995 e 2000 em comunicações; para as mais desfavorecidas o aumento foi superior ao dobro, dado oelevado acréscimo da posse de telemóvel. Em segundo lugar encontram-se as despesas com hotéis, restaurantes,cafés e similares para as mais desfavorecidas e as despesas com lazer, distracção e cultura para as menosdesfavorecidas.
Por outro lado, as famílias menos numerosas desfavorecidas aumentaram mais a sua despesa face às restantesfamílias em vestuário e calçado, habitação e saúde; por seu turno foi o único tipo de família que diminuiu adespesa com bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos/estupefacientes.
Os gráficos seguintes ilustram o aumento do consumo individual das famílias mais desfavorecidas distinguindoos padrões entre as numerosas e as não numerosas, na segunda década de 90.Art6_Fig8
Quadro 11
1995 2000 1995 2000 1995 2000 1995 2000
Despesa alimentar (1) 852 € 760 € 893 € 942 € 1 166 € 1 107 € 1 299 € 1 277 €
Despesa Total 2 260 € 2 904 € 2 423 € 3 064 € 5 374 € 5 681 € 6 764 € 7 378 €
Coeficiente de Engel (2) 0,38 0,26 0,37 0,31 0,22 0,19 0,19 0,17∆ Coeficiente de Engel -31% -17% -10% -10%
Fonte: INE, IOF 1994/95 e 2000
(1) Inclui bebidas não alcoólicas
(2) Proporção de despesa do bem i na despesa total (i=alimentação)
Alteração do padrão de consumo alimentar das famílias, a preços constantes de 2000Famílias não numerosas
desfavorecidasFamílias numerosas
desfavorecidasRestantes famílias
não numerosasRestantes famílias
numerosas
132132132132132
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
6. Padrão de consumo das famílias numerosas mais desfavorecidas6. Padrão de consumo das famílias numerosas mais desfavorecidas6. Padrão de consumo das famílias numerosas mais desfavorecidas6. Padrão de consumo das famílias numerosas mais desfavorecidas6. Padrão de consumo das famílias numerosas mais desfavorecidas
Repartindo as famílias por quintis de rendimento total equivalente anual, é possível evidenciar disparidadesdistintas entre os quintis consoante a tipologia de família.Art6_Qd12
Quadro 12
Unidade: euro
1 2 3 4 5
Numerosa 2 904 3 933 5 098 6 596 10 261 3,5
Não numerosa 3 064 4 410 5 631 7 082 12 043 3,9
TOTAL 3 043 4 352 5 572 7 053 11 957 3,9
Fonte: INE, IOF 2000
Quintis de receita total5º / 1ºTipo de família
Despesa individual das famílias numerosas e não numerosas por quintis de rendimento total equivalente, 2000
Gráfico 8
Fonte: INE, IOF 1994/95 e 2000
Alteração do padrão de consumo das famílias segundo componentes de despesa, 1995 - 2000
Famílias não numerosas desfavorecidas
-50%
0%
50%
100%
150%D1
D2
D3
D4
D5
D6
D7
D8
D9
D10
D11
D12
Restantes famílias não numerosas
-50%
0%
50%
100%
150%D1
D2
D3
D4
D5
D6
D7
D8
D9
D10
D11
D12
Famílias numerosas desfavorecidas
-50%
0%
50%
100%
150%D1
D2
D3
D4
D5
D6
D7
D8
D9
D10
D11
D12
Restantes famílias numerosas
-50,0%
0,0%
50,0%
100,0%
150,0%D1
D2
D3
D4
D5
D6
D7
D8
D9
D10
D11
D12
Legenda:
D1. PRODUTOS ALIMENTARES E BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS
D2. BEBIDAS ALCOÓLICAS, TABACO E NARCÓTICOS \ ESTUPEFACIENTES
D3. VESTUÁRIO E CALÇADO
D4. HABITAÇÃO, DESPESAS COM ÁGUA, ELECTRICIDADE, GÁS E OUTROS COMBUSTÍVEIS
D5. MÓVEIS, ARTIGOS DE DECORAÇÃO, EQUIP.DOMÉSTICOS E DESPESAS CORRENTES DE MANUTENÇÃO DA HABITAÇÃO
D6. SAÚDE
D7. TRANSPORTES
D8. COMUNICAÇÕES
D9. LAZER, DISTRACÇÃO E CULTURA
D10. ENSINO
D11. HOTÉIS, RESTAURANTES, CAFÉS E SIMILARES
D12. OUTROS BENS E SERVIÇOS
133133133133133
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Com efeito, nas famílias numerosas existe uma menor discrepância entre o nível de despesa do quintil maisfavorecido (5º) e o menos favorecido (1º), sendo o rácio entre os dois de 3,5, e de 3,9 nas restantes famílias.
As principais componentes de despesa da globalidade das famílias, independentemente da sua dimensão oucarência económica são, essencialmente, os produtos alimentares, a habitação, os transportes e as despesasrelacionadas com hotéis, restaurantes, cafés e similares, muito embora seja de destacar que, quer a despesaalimentar e em bebidas n.a., quer a despesa com a habitação têm um maior peso nas despesas das famíliasmenos numerosas desfavorecidas. Por seu turno, são as famílias mais numerosas desfavorecidas que maiorpeso dão às despesas com hotéis, restaurantes, cafés e similares, cerca de 11% da sua despesa total em2000.
O vestuário e calçado são uma das fontes de despesa mais privilegiadas pelas famílias numerosas nomeadamente,as que têm uma maior capacidade monetária, encontrando-se em 5º lugar nas divisões de despesa.Art6_Qd13
Contudo importa notar as diferenças face aos restantes bens e serviços que as famílias consomem, ainda quena sua globalidade não sejam considerados os mais essenciais.
A despesa com bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos/estupefacientes apresentam um maior peso nas famíliasmais numerosas desfavorecidas, cerca de 5,3% da sua despesa total em 2000, enquanto que as despesas comsaúde marcam um peso mais baixo e menor que todas as outras famílias, apenas 3,6% da despesa total.
Por outro lado, as famílias menos numerosas e igualmente desfavorecidas apresentam uma maior despesa emsaúde e em comunicações, respectivamente 8,5% e 3,7% da despesa total. A saúde aparece como a terceiramaior despesa deste grupo, justificando-se pelo elevado número de idosos nestas famílias.
As despesas com o lazer, distracção e cultura são mais negligenciadas pelas famílias desfavorecidas face àsrestantes famílias portuguesas, nomeadamente pelas menos numerosas. Assim, em 2000, as menos numerosase desfavorecidas gastaram 2,5% da sua despesa total em lazer, distracção e cultura; em contrapartida, aglobalidade das famílias não numerosas gastou cerca de 4,7% da sua despesa total com este tipo de bens eserviços.
Apresentam-se de seguida algumas ventilações de acordo com as cinco divisões da COICOP tomadas comomais relevantes pelas famílias numerosas:
Quadro 13
Produtos Alimentares e Bebidas
não Alcoólicas 760 € 26% 1 º 1 107 € 19% 1 º 942 € 31% 1 º 1 277 € 17% 2 º
Bebidas Alcoólicas, Tabaco e
Narcóticos\Estupefacientes 154 € 5% 8 º 186 € 3% 10 º 92 € 3% 10 º 186 € 3% 11 º
Vestuário e Calçado 180 € 6% 5 º 434 € 8% 5 º 175 € 6% 6 º 471 € 6% 6 º
Habitação, Despesas com Água,
Electricidade, Gás e outros Comb. 452 € 16% 2 º 924 € 16% 2 º 699 € 23% 2 º 1 564 € 21% 1 º
Móveis, Art. de Decoração, Equip.
Domésticos e Desp. Cor. Man. Hab. 164 € 6% 6 º 374 € 7% 7 º 158 € 5% 7 º 572 € 8% 5 º
Saúde 105 € 4% 9 º 234 € 4% 9 º 260 € 8% 3 º 406 € 6% 8 º
Transportes 411 € 14% 3 º 913 € 16% 3 º 204 € 7% 4 º 1 047 € 14% 3 º
Comunicações 93 € 3% 11 º 178 € 3% 11 º 114 € 4% 9 º 243 € 3% 10 º
Lazer, Distracção e Cultura 99 € 3% 10 º 273 € 5% 8 º 77 € 2% 11 º 365 € 5% 9 º
Ensino 12 € 0% 12 º 134 € 2% 12 º 9 € 0% 12 º 76 € 1% 12 º
Hotéis, Restaurantes, Cafés e Similares 316 € 11% 4 º 538 € 9% 4 º 203 € 7% 5 º 721 € 10% 4 º
Outros Bens e serviços 156 € 5% 7 º 386 € 7% 6 º 131 € 4% 8 º 448 € 6% 7 º
TOTAL 2 904 € 100% 5 681 € 100% 3 064 € 100% 7 378 € 100%
Fonte: INE, IOF 2000
Distribuição da despesa individual das famílias numerosas e não numerosas segundo as divisões de despesa COICOP, 2000
Os valores no lado direito das percentagens referem-se à hierarquização das despesas das famílias (1º - a maior despesa da família; …; 12º - a menor despesa da família)
RestantesDesfavorecidasFamílias não numerosasFamílias numerosas
DesfavorecidasRestantes
134134134134134
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
· Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas
· Habitação, despesas com água, electricidade, gás e outros combustíveis
· Transportes
· Hotéis, restaurantes, cafés e similares
· Vestuário e calçado
6.1 Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas
Art6_Qd14
O quadro n.º 14 mostra que os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, no caso das famílias numerosas,acarretaram uma maior aplicação de despesa nos cereais (17%) e na carne (29%), quando as famílias nãonumerosas apenas tinham destinado a estes alimentos 14 e 27% respectivamente.
Pelo contrário, o peixe perde importância relativa (14% em vez de 18%).
As famílias numerosas atribuem um maior peso aos cereais e carne à medida que aumenta o número decrianças no agregado familiar, o que poderá ser identificado através do quadro n.º 15.Art6_Qd15
Quadro 15
Despesa
(€)%
Despesa
(€)%
Despesa
(€)%
Despesa
(€)%
Despesa
(€)%
PROD. ALIMENTARES E BEB. NÃO ALCOÓLICAS 1 047 100 1 043 100 1 007 100 950 100 920 100Cereais e Produtos à base de Cereais 173 16 174 17 167 17 166 17 177 19
Carne e Derivados 295 28 285 27 300 30 294 31 268 29
Peixe e Derivados 152 15 158 15 133 13 103 11 113 12
Leite, Queijo e Ovos 128 12 129 12 134 13 150 16 133 14
Óleos e Gorduras 41 4 47 5 45 5 34 4 30 3
Frutos 73 7 74 7 68 7 61 6 63 7
Legumes e outros Hortícolas, incluindo Batatas e
outros Tubérculos 110 10 94 9 85 8 78 8 81 9
Açúcar, Confeitaria, Mel e Outros Produtos à base de Açúcar 26 3 31 3 28 3 24 3 17 2
Produtos Alimentares n.d. 5 0 6 1 5 0 6 1 5 0
Café, Chá e Cacau 12 1 13 1 10 1 11 1 8 1
Águas Minerais, Refrigerantes e Sumos 32 3 33 3 30 3 25 3 26 3
Fonte: INE, IOF 2000
Despesa alimentar individual das famílias numerosas, segundo a sua tipologia, 2000
Famílias numerosas
5 ou mais
adultos
4 ou mais
adultos
3 ou mais
adultos1 ou 2 adultos
Famílias numerosas
sem crianças
Famílias numerosas com uma criança
Famílias numerosas com duas crianças
Famílias numerosas com três ou mais crianças
3 ou mais
adultos
Quadro 14
€ % € % € %
Despesa Total 6 395 100% 4 904 100% 6 551 100%
da qual:
Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas 1 194 19% 1 010 21% 1 213 19%
Produtos Alimentares e Bebidas Não Alcoólicas 1 194 100% 1 010 100% 1 213 100%
Cereais e Produtos à base de Cereais 168 14% 171 17% 168 14%
Carne e Derivados 323 27% 291 29% 326 27%
Peixe e Derivados 206 17% 138 14% 213 18%
Leite, Queijo e Ovos 147 12% 134 13% 148 12%
Óleos e Gorduras 58 5% 42 4% 60 5%
Frutos 92 8% 69 7% 94 8%
Legumes e outros Hortícolas, incluindo Batatas e outros Tubérculos 112 9% 92 9% 114 9%
Açúcar, Confeitaria, Mel e Outros Produtos à base de Açúcar 35 3% 27 3% 35 3%
Produtos Alimentares n.d. 7 1% 5 1% 8 1%
Café, Chá e Cacau 15 1% 11 1% 15 1%
Águas Minerais, Refrigerantes e Sumos 32 3% 30 3% 32 3%
Fonte: INE, IOF 2000
Despesa alimentar individual das famílias numerosas e não numerosas, 2000Famílias não numerosas
Famílias numerosasTotal
135135135135135
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o das
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Por outro lado, admitindo a perda de importância do peixe na generalidade das famílias numerosas comoverificado anteriormente, importa salientar que são as famílias com mais crianças que contribuem para essaredução.Art6_Fig9
Note-se como os cereais são ainda mais expressivos no caso concreto das famílias numerosas desfavorecidas(1º quintil), em que atingiram o peso de 21% face a toda a alimentação e bebidas n.a.
Houve ainda um ligeiro reforço do leite, queijo e ovos, e ainda dos legumes e outros hortícolas (14 e 10% deexpressão neste tipo de famílias).
Em contrapartida, a despesa não foi tão encaminhada para a carne (apenas 26%, contra 29%) nem para o peixe(12% no 1º quintil, 14% para a generalidade das famílias numerosas).
Mesmo a fruta abrangeu uma fatia inferior, pois na totalidade das famílias representava 8% da despesa alimentar,descendo para 7% no caso das famílias numerosas, reduzindo-se a 5% no caso concreto das mais desfavorecidas.
Recorda-se que os dados em análise referem-se apenas a valores de despesa. Não deverão ser retiradasquaisquer ilações em termos de quantidades, visto que o factor preço não é aqui analisado. Com efeito, naprática, a redução de despesa em carne, por exemplo, tanto se poderá fazer por via da diminuição de quantidade,como pela opção por variedades mais económicas, nomeadamente enchidos e enlatados.
Gráfico 9
Fonte: INE, IOF 2000
Distribuição da despesa alimentar indidual das famílias numerosasnão numerosas, desfavorecidas ou não, 2000
De dentro para fora: famílias numerosas desfavorecidas, restantes numerosas, não numerosas desfavorecidas,
restantes não numerosas
21%
12%
5%
10%
3%16%
14%
4%
9%
3%17%
16%
6%
11%
3%
14%
26%
5%
4%
13%
30%
7%
4%
25%
7%
3%
12%
27%
13%4%
18%
12%
8%
4%
5%
9%
Cereais e Produtos à base de Cereais
Carne e Derivados
Peixe e Derivados
Leite, Queijo e Ovos
Óleos e Gorduras
Frutos
Legumes e outros Hortícolas incl.Batatas e outros Tubérculos
Açúcar, Confeitaria, Mel, Out.Prod.Açúcar e P.A. n.d.
Bebidas Não Alcoólicas
136136136136136
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
6.2. Habitação, despesas com água, electricidade, gás e outros combustíveis
Art6_Qd16
Ao passo que para a globalidade das famílias as despesas com a habitação preenchiam a maior fatia da suadespesa, verifica-se que as famílias numerosas beneficiam da partilha de habitação, passando esta a representarapenas 16% da despesa total, 5% menos do que a alimentação.
A nível da repartição da despesa, foram as despesas correntes com água, electricidade, gás e outros combustíveisque se destacaram mais face à situação das famílias não numerosas (20% contra 18%).
Note-se como se mantém expressivo o peso da habitação própria, sendo o valor por indivíduo (equivalente),como seria de esperar, consideravelmente inferior ao das famílias não numerosas (450 euros, face a 807).Art6_Qd17
Mesmo as famílias numerosas mais desfavorecidas evidenciaram uma elevada valorização da sua habitaçãoprincipal própria (46% da despesa com habitação). No entanto, o valor por indivíduo foi de 208 euros, quandoesse valor nas restantes famílias numerosas foi 162% superior, ou seja, 545 euros.
Salienta-se que os denominados arrendamentos fictícios resultam da auto-avaliação sobre o valor razoável derenda de casa hipotética aplicada ao alojamento do qual a família é proprietária.
Quadro 16
€ % € % € %
DESPESA TOTAL 6 395 100% 4 904 100% 6 551 100%
da qual:
Habitação, desp. água, electricidade, gás e out.combustíveis 1 341 21% 792 16% 1 399 21%
Habitação, Desp. Água, Electric., Gás e outros Conbustíveis 1 341 100% 792 100% 1 399 100%
Arrendamentos Efectivos 135 10% 86 11% 140 10%
Arrendamentos Fictícios 773 58% 450 57% 807 58%
Reparação e Conservação da Habitação 107 8% 54 7% 113 8%
Outros Serviços relacionados com a Habitação 77 6% 44 6% 81 6%
Electricidade, Gás e outros Combustíveis 248 18% 158 20% 258 18%
Fonte: INE, IOF 2000
Famílias não numerosasFamílias numerosasTotal
Despesa individual das famílias numerosas e não numerosas com a habitação e água/electricidade/gás/outros combustíveis, 2000
Quadro 17
€ % € % € % € %
DESPESA TOTAL 2 904 100% 5 681 100% 3 064 100% 7 378 100%
da qual:
Habitação, desp. água, electricidade, gás e out.combustíveis 452 16% 924 16% 699 23% 1 564 21%
Habitação, Desp. Água, Electric., Gás e outros Conbustíveis 452 100% 924 100% 699 100% 1 564 100%Arrendamentos Efectivos 86 19% 86 9% 107 15% 148 9%
Arrendamentos Fictícios 208 46% 545 59% 293 42% 929 59%
Reparação e Conservação da Habitação 19 4% 67 7% 54 8% 127 8%
Outros Serviços relacionados com a Habitação 26 6% 51 5% 45 6% 89 6%
Electricidade, Gás e outros Combustíveis 113 25% 175 19% 201 29% 271 17%
Fonte: INE, IOF 2000
Despesa individual com a habitação e água/electricidade/gás/outros combustíveis das famílias numerosas e não numerosas, desfavorecidas ou não, 2000
Desfavorecidas RestantesFamílias numerosas
Desfavorecidas RestantesFamílias não numerosas
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6.3 Transportes
Art6_Qd18
Foram as famílias de dimensão numerosa que aplicaram maior fatia da despesa aos transportes (16%), sendoque a parcela que se destinou à aquisição de veículos foi mais reduzida (49%, aquém dos 52% das restantesfamílias); o montante para os serviços de transporte foi bastante modesto, apenas 6%.Art6_Qd19
Os serviços de transporte revelaram-se especialmente atractivos para as famílias desfavorecidas mas nãonumerosas, nas quais se enquadram grande parte das famílias com idosos. As famílias numerosas, mesmo asde mais baixos recursos, não prescindiram do uso do veículo pessoal, o que, somando a aquisição com autilização, representou em média por indivíduo (equivalente) o valor de 374 euros no ano de 2000.
6.4. Hotéis, restaurantes, cafés e similares
Art6_Qd20
Quadro 18
€ % € % € %
DESPESA TOTAL 6 395 100% 4 904 100% 6 551 100%
da qual:
Transportes 875 14% 773 16% 885 14%
TRANSPORTES 875 100% 773 100% 885 100%
Aquisição de Veículos Pessoais 453 52% 380 49% 461 52%
Despesa com a Utilização de Veículos Pessoais 339 39% 344 45% 338 38%
Serviços de Transporte 83 9% 49 6% 86 10%
Fonte: INE, IOF 2000
Famílias não numerosasFamílias numerosasTotal
Despesa individual das famílias numerosas ou não numerosas com transportes, 2000
Quadro 19
€ % € % € % € %
DESPESA TOTAL 2 904 100% 5 681 100% 3 064 100% 7 378 100%
da qual:
Transportes 411 14% 913 16% 204 7% 1 047 14%
TRANSPORTES 411 100% 913 100% 204 100% 1 047 100%Aquisição de Veículos Pessoais 183 45% 456 50% 59 29% 556 53%
Despesa com a Utilização de Veículos Pessoais 190 46% 404 44% 100 49% 395 38%
Serviços de Transporte 38 9% 54 6% 45 22% 96 9%
Fonte: INE, IOF 2000
Desfavorecidas RestantesDesfavorecidas Restantes
Despesa individual com transportes das famílias numerosas e não numerosas,desfavorecidas ou não, 2000
Famílias não numerosasFamílas numerosas
Quadro 20
€ % € % € %
DESPESA TOTAL 6 395 100% 4 904 100% 6 551 100%
da qual:
Hotéis, restaurantes, cafés e similares 608 10% 476 10% 622 9%
HOTÉIS, RESTAURANTES, CAFÉS E SIMILARES 608 100% 476 100% 622 100%
Despesas em Restaurantes, Cafés e Similares 588 97% 461 97% 602 97%
Despesas em Hotéis e Similares 20 3% 15 3% 20 3%
Fonte: INE, IOF 2000
Despesa individual das famílias numerosas e não numerosas com hotéis, restaurantes, cafés e similares, 2000
Famílias não numerosasFamílias numerosasTotal
138138138138138
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
Apesar dos valores despendidos pelas famílias numerosas na restauração e hotéis serem consideravelmenteinferiores (-23% do que nas restantes), em termos proporcionais a distribuição entre restauração e hotéis foisimilar, independentemente da dimensão familiar.Art6_Fig10
Tal como evidenciado anteriormente, a restauração teve uma grande capacidade de atracção sobre as famíliasnumerosas mais desfavorecidas, que a este fim dedicaram 11% da despesa total, curiosamente o peso maisexpressivo quando comparado com os agregados com rendimentos superiores e mesmo de famílias menosnumerosas.
6.5. Vestuário e calçado
Art6_Qd21
Comparativamente com as outras famílias, as numerosas necessitaram de afectar um valor equiparado paracalçado (90 euros) por indivíduo, o que representou um maior esforço de despesa, ou seja, 25% (face a 22%) domontante destinado a calçado + vestuário; no entanto, esta última rubrica atingiu o triplo do valor e peso relativo(3,6 vezes mais expressiva para as famílias não numerosas.Art6_Qd22
Gráfico 10
Fonte: INE, IOF 2000
Despesa individual com hotéis, restaurantes, cafés e similares das famílias numerosas e não numerosas, desfavorecidas ou não, 2000
11%
9%
7%
10%
0 €
1 000 €
2 000 €
3 000 €
4 000 €
5 000 €
6 000 €
7 000 €
8 000 €
Famílias numerosas
desfavorecidas
Restantes famílias numerosas Famílias não numerosas
desfavorecidas
Restantes famílias não
numerosas
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
DESPESA TOTAL Hotéis, restaurantes, cafés e similares % Hotéis, restaurantes, cafés / despesa total
Quadro 21
€ % € % € %
DESPESA TOTAL 6 395 100% 4 904 100% 6 551 100%
da qual:
Vestuário e calçado 409 6% 363 7% 414 6%
VESTUÁRIO E CALÇADO 409 100% 363 100% 414 100%
Vestuário, incluindo reparação 320 78% 273 75% 324 78%
Calçado, incluindo reparação 90 22% 90 25% 90 22%
Fonte: INE, IOF 2000
Total Famílias numerosas Famílias não numerosas
Despesa individual das famílias numerosas e não numerosas com vestuário e calçado, 2000
139139139139139
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Observando em particular as famílias numerosas mais desfavorecidas, assistiu-se à mesma tendência, maisacentuada, de afectação de despesa mais incisivamente no calçado, que assim atinge 28% de vestuário +calçado.
No gráfico n.º 11 é possível observar as diferenças de padrões de consumo das tipologias de famílias em análise.Art6_Fg11
7. Conclusão7. Conclusão7. Conclusão7. Conclusão7. Conclusão
A fonte estatística usada no presente estudo permitiu-nos constatar que, em 2000, a despesa média por indivíduonas famílias numerosas situou-se em 4 904 euros, valor que se encontrava 25% abaixo das restantes famíliasportuguesas.
No meio urbano acentuou-se o desnivelamento entre as famílias numerosas e as restantes, já que as primeirasevidenciaram um nível de despesa 31% mais modesto.
Do total das famílias numerosas em Portugal, quase metade vivia na região Norte, e cerca de ¼ em Lisboa eVale do Tejo. Foi nesta região que as famílias numerosas viram a sua despesa mais aquém da média dasfamílias da mesma região (apenas 74% da média global), já que no Norte essa relação foi de 76%.
Foi nos Açores e na Madeira que se verificaram as maiores incidências de famílias numerosas face às nãonumerosas, apesar de, em termos de despesa, não ter havido um desnível tão acentuado.
De 1995 para 2000 as famílias numerosas não conseguiram acompanhar as restantes, na medida em que virama sua despesa crescer 7% em termos reais, quando as não numerosas tiveram um incremento de 10% (a
Quadro 22
€ % € % € % € %
DESPESA TOTAL 2 904 100% 5 681 100% 3 064 100% 7 378 100%
da qual:
Vestuário e calçado 180 6% 434 8% 175 6% 471 6%
VESTUÁRIO E CALÇADO 180 100% 434 100% 175 100% 471 100%Vestuário, incluindo reparação 130 72% 329 76% 128 73% 371 79%
Calçado, incluindo reparação 50 28% 105 24% 47 27% 100 21%
Fonte: INE, IOF 2000
Desfavorecidas Restantes Desfavorecidas Restantes
não numerosas, desfavorecidas ou não, 2000Despesa individual com vestuário e calçado das famílias numerosas e
Famílias numerosas Famílias não numerosas
Gráfico 11
Fonte: INE, IOF 2000
Afectação de despesa às divisões da COICOP mais relevantes,segundo a tipologia de família - 2000
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
numerosas desfavorecidas
restantes numerosas
não numerosas
desfavorecidas
restantes não numerosas
Produtos alimentares e
bebidas não alcoól.
Vestuário e calçado
Habitação, desp. água elect.
gás e out.comb.
Transportes
Hotéis, restaurantes, cafés e
similares
Outras despesas
140140140140140
Revista de Estudos Demográficos, nº 35
preços constantes). No entanto, as numerosas mais desfavorecidas foram as que aumentaram de forma maisexpressiva a sua despesa total individual, acréscimo esse que atingiu 28% em termos reais.
Como seria de esperar, constatou-se ainda que os agregados numerosos com crianças viram a sua despesaindividual assumir valores mais modestos (3 899 euros para agregados com 3 ou mais adultos e 3 ou maiscrianças), enquanto que os que não tinham crianças se situaram num patamar 10% acima da globalidade dasfamílias numerosas.
Na despesa das famílias numerosas manteve-se o peso da habitação, mas dedicou-se uma menor fatia aalimentação e bebidas não alcoólicas (de 24 para 21%), transportes (de 19 para 16%), o que permitiu umaafectação de proporções superiores de despesa de forma repartida entre as restantes divisões de despesa,nomeadamente as bebidas alcoólicas e tabaco, comunicações, lazer e hotéis, restaurantes e cafés.
Concluiu-se ainda que as famílias numerosas, pelo facto de terem dedicado um valor 17% inferior do que asrestantes famílias a produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, reafectaram também a despesa entre osvários alimentos, reforçando a importância relativa dos cereais e da carne em detrimento do peixe. A importânciados cereais (e produtos à base de cereais) foi ainda mais notória nas famílias numerosas desfavorecidas, por tersido responsável por 21% da despesa em alimentação e bebidas não alcoólicas.
Apesar da situação desvantajosa que foi observada nas famílias numerosas, verificou-se que, comparando asmais favorecidas (5º quintil) com as mais desfavorecidas (1º quintil), o quociente entre as respectivas despesasfoi de 3,5, face a 3,9 para as não numerosas, revelando assim uma maior homogeneidade entre si.
Notas metodológicasNotas metodológicasNotas metodológicasNotas metodológicasNotas metodológicas
Um dos principais objectivos da análise dos padrões de consumo das famílias e do poder económico que estesassumem perante os recursos económicos que detêm prende-se com a análise do bem-estar das famílias e dosindivíduos que as compõem. Porém, porque os indivíduos vivem em famílias apresentam diferentes necessidades,observando-se economias de escala nos consumos que efectuam em função do tipo de família a que pertencem.Com efeito, toda a análise terá por base uma escala de equivalência que terá por base colmatar este efeito,permitindo conhecer de forma concreta o bem-estar das famílias e dos indivíduos que as compõem.
A opção recai sobre a escala de equivalência original da OCDE por se efectuar uma análise sobre a despesatotal das famílias e das diferentes componentes que envolvem o consumo das mesmas e pela reduzida diferençaentre as despesas das crianças e dos adultos na maioria das divisões de despesa. Com efeito, atribuem-se osseguintes ponderadores: 1,0 ao primeiro adulto do agregado familiar, 0,7 aos restantes adultos e 0,5 às criançascom menos de 14 anos que pertencem à família, permitindo conhecer o número de adultos equivalentes doagregado mediante a soma destes ponderadores para a família. Outras escalas de equivalência poderiam serutilizadas se a análise incidisse essencialmente sobre outros recursos económicos (por exemplo, o rendimentodas famílias), nomeadamente pela maior possibilidade de gerar economias de escala.
Desta forma, o objecto central de análise serão as famílias, permitindo medir e diferenciar o padrão de consumoque estas apresentam mediante a despesa equivalente de cada membro que a constitui, também designada pordespesa individual da família.
DESPESA i INDIVIDUAL DA FAMÍLIA: quociente entre a despesa i da família e o número de adultos equivalentes doagregado (despesa i pode ser representada pelas componentes das divisões da COICOP a um ou mais dígitos).
Em todo o trabalho é dado especial destaque à diferenciação dos padrões de consumo entre as famílias numerosase não numerosas.
Famílias numerosas: todo o agregado familiar com 5 ou mais indivíduos;
Famílias não numerosas: todo o agregado familiar com menos de 5 indivíduos.
Ainda que a despesa seja o recurso monetário potenciado em toda a análise, dada a relação intrínseca entre acapacidade monetária das famílias e o consumo que efectuam, será utilizado o rendimento total equivalentepara diferenciar as famílias mais desfavorecidas.
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RENDIMENTO TOTAL EQUIVALENTE DA FAMÍLIA: Rendimento total por adulto equivalente do agregado familiar mediante oquociente entre o rendimento total da família e o seu número de adultos equivalentes. O rendimento totalengloba o rendimento monetário (rendimento proveniente do trabalho, rendimento de capital, rendimento depropriedade, transferências privadas recebidas, transferências sociais) e o rendimento não monetário(autoconsumo, autoabastecimento, autolocação, salário em natureza e transferências não monetárias).
Por família desfavorecida entende-se 20% das famílias com menor rendimento total equivalente face ao anode análise, o que equivale à determinação do 1º quintil de rendimento total equivalente das famílias.
Fonte estatísticaFonte estatísticaFonte estatísticaFonte estatísticaFonte estatística
O Instituto Nacional de Estatística dispõe da fonte estatística que melhor resposta poderá dar aos objectivosespecíficos deste trabalho, denominada Inquérito aos Orçamentos Familiares, IOF.
Para além da sua representatividade ao nível regional (NUTS II) permite conhecer de forma bastante detalhadaas diferentes componentes de despesa e receita monetária e não monetária das famílias e dos indivíduos que ascompõem.
É um inquérito quinquenal, pelo que se encontra disponível a informação estatística de 2000, alvo central de todaa análise. Porém, para uma análise comparativa, recorre-se à informação de anos anteriores, IOF 1994/95.
Alguns resultados são apresentados de forma agregada e outros não estão sequer visíveis, dadas as restriçõesresultantes dos critérios de divulgação de resultados do IOF, em função dos erros estimados e do número deobservações obtido para cada ventilação.
Referências Bibliográficas
Comissão Europeia/Eurostat, (2003), ‘The social situation in the European Union’;
Cruz, I.S. (1996) ‘A estrutura do consumo: Que mudanças?’, FSCH – UNL, IV Congresso Português de Sociologia;
Eurostat, (5/2004), ‘Household formation in the EU’, Statistics in Focus;
Eurostat, ‘Household budget surveys in the EU, methodology and recommendations for harmonisation’;
Guisan, M.C, and Arranz, M.(2001) ‘Consumption Expenditure on Health and Education: Econometric Modelsand evolution of OECD countries in 1970-96’, Working Paper Series Economic Development. n.º 50;
Instituto Nacional de Estatística (INE), Censos 2001- resultados definitivos, Lisboa;
Instituto Nacional de Estatística (INE), Inquérito aos Orçamentos Familiares 1994/95 e 2000, Lisboa;
Sousa, M.H. (1998), ‘Análise do comportamento das despesas das famílias em Portugal’, Instituto Nacional deEstatística, Gabinete de Estudos e Conjuntura.
Agradecimentos ao Dr. José Albuquerque do Departamento de Estudos, Estatística e Planeamento do Ministérioda Segurança Social e do Trabalho.
Notas1 Esta opção permitirá igualmente efectuar estimativas com maior rigor por abranger um número mais elevado de observações.
2 Ver notas metodológicas