Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
PARANÁ
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS -
DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA TURMA - PDE/2013
Título: A farsa da liberdade: a marginalização sutil de uma etnia
Autora: Jacqueline de Lourdes Pelegrini Bueno
Email: [email protected]; [email protected]
Disciplina/Área: Língua Portuguesa
Escola: Colégio Estadual Vinícius de Morais. Ensino Médio. Avenida Carlírio Gomes dos Santos, nº139.
Município: Santa Amélia
Núcleo Regional de Educação:
Cornélio Procópio
Professora Orientadora: Maria Aparecida de Fátima Miguel
Instituição de Ensino Superior:
UENP – Cornélio Procópio
Relação Interdisciplinar: História, Arte e Sociologia.
Resumo:
A leitura ocupa um lugar imprescindível em todas as Ciências, ainda mais, em um mundo globalizado e rodeado de diversas ferramentas instrumentalizadas diante do progresso tecnológico, das mais simples as mais sofisticadas necessidades humanas. Porém, observo como docente da disciplina de Língua Portuguesa, ministrando aulas desde o ensino fundamental ao médio, que os alunos de ensino médio estão cada vez mais desmotivados a ler. É como se no decorrer da educação básica fossem gradativamente perdendo o gosto pela leitura. Os alunos não gostam de ler e são resistentes, quando isto lhes é solicitado, como se tivessem medo de se expor à classe. Contudo, objetivando a formação de leitores críticos, aponto como trabalho, o Método Recepcional, com base na Estética da Recepção. Com o título “A Farsa da Liberdade: a marginalização sutil de uma etnia” objetiva-se trabalhar a criticidade do aluno, levando-o a uma leitura reflexiva e nas entrelinhas, rompendo suas expectativas e ampliando seus horizontes. Assim meu objetivo com
esta Unidade Didática é valorizar a cultura afro–brasileira, as produções voltadas aos afrodescendentes e mostrar sua importância na formação do povo brasileiro. Isto se faz necessário, em uma sociedade tão complexa e muitas vezes desumana.
Palavras-chave: Discriminação Étnico-racial; Literatura de temática afrodescendente; Método Recepcional.
Formato do Material Didático:
Unidade Didática
Público Alvo:
2ª série /Ensino Médio.
1 APRESENTAÇÃO
A leitura ocupa um lugar imprescindível em todas as Ciências, ainda mais, em
um mundo globalizado e rodeado de diversas ferramentas instrumentalizadas diante
do progresso tecnológico, das mais simples as mais sofisticadas necessidades
humanas.
Porém, observo como docente da disciplina de Língua Portuguesa,
ministrando aulas desde o ensino fundamental ao médio, que os alunos de ensino
médio estão cada vez mais desmotivados a ler. É como se no decorrer da educação
básica fossem gradativamente perdendo o gosto pela leitura.
Assim, urge conhecer alternativas metodológicas que possibilitem o ensino de
Literatura e, o diálogo entre a leitura do texto literário e outros gêneros textuais
verbais e não verbais, de forma a despertar a criticidade do aluno diante do ato de
ler, bem como levá-lo a um processo de tomada de decisões.
O ensino da língua portuguesa proposto nas Diretrizes Curriculares do
Governo do Estado do Paraná (Fundamentos teóricos - O currículo como
configurador da prática, vinculado às teorias críticas) para os anos finais do ensino
fundamental e para o ensino médio, prevê a formação de um estudante capaz de
reconhecer e compreender a diversidade linguística e cultural com o objetivo de
engajá-lo discursivamente, e de lhe possibilitar a construção de significados em
relação ao mundo em que vive como prática social (PARANÁ, 2008, p. 20).
Para que isso se efetive, faz-se necessário superar a visão de ensino de
língua portuguesa como meio para se atingir fins comunicativos, substituindo-a por
outra “que contribua para reduzir as desigualdades sociais e desvelar as relações de
poder que as apoiam” (PARANÁ, 2008, p.15).
O ensino de literatura, através do Método Recepcional, proposto por Bordini e
Aguiar, apenas sistematiza metodologicamente os pressupostos teóricos
apresentados na estética da recepção e teoria do efeito1, propostas teóricas já
discutidas desde meados do século passado, a partir dos estudos desenvolvidos
pelos teóricos alemães Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser, e que culminaram na
1 Abordagem que assume a significação do texto como resultado da fruição e, portanto, como objeto artístico que
requer apreciação e se constrói com a ajuda do leitor. De acordo com Copagnon (1999), a análise da recepção
visa ao efeito produzido no leitor, individual ou coletivo, e sua resposta (Wirkung, em alemão, response, em
inglês) ao texto considerado como estímulo.
Estética da Recepção, na qual o/a leitor/a ganha papel central no processo de
conhecimento (elaborado sempre a partir de seu “horizonte de expectativas”), tanto
como o ponto de partida, considerando seus conhecimentos prévios e interesses,
quanto de chegada, levando-o/a à reflexão acerca da sua construção de sentidos
elaborada a partir do texto, como bem o demonstra Jauss (1979, p.46) ao afirmar
que:
a experiência estética não se inicia pela compreensão e interpretação de
um dos significados de uma obra; menos ainda, pela reconstrução da
intenção de seu autor. A experiência primária de uma obra de arte realiza-
se na sintonia com (Einstellung auf) seu efeito estético, i.e., na
compreensão fruidora e na fruição compreensiva. Uma compreensão que
ignorasse esta experiência estética primeira seria própria da presunção do
filólogo que cultivasse o engano de supor que o texto fora feito não para o
leitor, mas sim, especialmente para ser interpretado.
A mudança fundamental que a obra de Iser introduz em relação à de Jauss
está na compreensão do sentido do texto como um processo de interpretação em
que o/a leitor/a reconhece a sua própria participação. A recepção é entendida por
Iser como o processo de autorreconhecimento no qual o/a leitor/a “é capaz de viver
uma experiência do imaginário no interior da Gestalt evidenciada pelo texto” (ISER,
1996, p. 119).
O Método Recepcional que foi organizado por Bordini & Aguiar, atende as
perspectivas das Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa e Literatura. Esse
método contempla cinco etapas:
1ª Determinação do horizonte de expectativas do aluno/leitor:
O primeiro passo do professor é o de efetuar a determinação do horizonte de
expectativas da classe, a fim de prever estratégias de ruptura e transformação do
mesmo, ou seja, sondar, investigar junto aos alunos com algumas atividades
dialogadas dadas em sala de aula, para detectar os horizontes de expectativas que
eles trazem, de acordo com suas crenças, valores, vivências pessoais sociais,
históricas, culturais e econômicas, nas quais possam demonstrar o grau de interesse
pela literatura.
2ª Atendimento ao horizonte de expectativas:
Uma vez investigadas as aspirações, os valores e as familiaridades dos
alunos sobre o tema, a etapa seguinte consiste no atendimento ao horizonte de
expectativa; ou seja, proporcionar aos alunos experiências que satisfaçam as suas
necessidades.
3ª Ruptura do horizonte de expectativas:
Apresentaremos nesta etapa atividades propostas que deverão abalar as
certezas dos alunos, apresentando um grau maior de exigência, porém não fugindo
da temática até agora trabalhada.
4ª Questionamento do horizonte de expectativas:
Nesta quarta etapa a classe exercerá uma análise crítica, através de textos
que exijam um nível mais alto de reflexão e da descoberta de seus sentidos
possíveis. A classe debaterá sobre seu próprio comportamento em relação aos
textos lidos e farão um autoexame do progresso que fizeram.
5ª Ampliação do horizonte de expectativas:
Nesta última etapa, conforme afirmam Bordini & Aguiar (1993), ela é
resultante entre a leitura e a vida. Eles perceberão que as leituras feitas não dizem
só a respeito das tarefas escolares, mas ao modo como veem seu mundo. Os
alunos nesta fase tomarão consciência das alterações e aquisições, obtidas através
da experiência com a literatura.
Essa tomada de consciência é uma atitude individual e grupal dos próprios
alunos. O papel do professor neste momento será provocar os alunos e criar
condições para que eles avaliem o que foi alcançado e o que resta fazer.
Desta etapa em diante os alunos reiniciarão um novo processo de aplicação
do método desenvolvendo sua capacidade de vivenciar e ver com outros olhos a
literatura até agora apreendida passando do senso comum para um senso critico,
buscando uma continuidade do processo em constante enriquecimento cultural e
social.
Por meio do título “A Farsa da Liberdade: a marginalização sutil de uma
etnia” objetiva-se trabalhar a criticidade do aluno, levando-o a uma leitura reflexiva e
nas entrelinhas, rompendo suas expectativas e ampliando seus horizontes.
Haja vista ainda, a influência da História e Cultura Afro–Brasileira e Africana,
sua manifestação cultural e social, que está presente na vivência do povo brasileiro,
e em cumprimento à Lei nº 10639, de 09 de janeiro de 2003, que trata da
obrigatoriedade de incluir no Currículo escolar as discussões referentes à História e
Cultura Africana e Afro-brasileira, mostrando a importância da mesma. Devendo a
mesma conter a importância do continente africano, bem como a contribuição do
negro na formação da sociedade brasileira, sendo incluído o dia 20 de novembro
como o Dia Nacional da Consciência Negra e, da Lei nº 11645, de 10 de março de
2008, que trata da obrigatoriedade do estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena no ensino fundamental e médio, nas escolas públicas e privadas. Visando
assim, o resgate de suas contribuições nas áreas social, econômica e política, bem
como, a preservação do conhecimento da cultura de cada etnia, propõe–se está
Produção Didático-Pedagógica.
A Implementação Pedagógica ocorrerá na 2ª série, no período matutino, do
Colégio Estadual Vinícius de Morais – Ensino Médio, Avenida Carlírio Gomes dos
Santos, nº139, Santa Amélia-PR.
2 MATERIAL DIDÁTICO
1. Determinação do horizonte de expectativas:
Nesta etapa a aula será iniciada com atividades dialogadas, através da leitura
crítica de três obras de arte, que retratam a escravidão no Brasil, do artista francês
Jean-Baptiste Debret (1768 - 1848), onde serão realizados questionamentos que
investiguem a vivência do aluno sobre o tema.
Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=41&evento=1#menu-galeria>. Acesso em: 04 nov. 2013
Disponível em: <http://clioblogdehistoria.blogspot.com.br/http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=41&evento=1>. Acesso em: 04 nov. 2013
DIALOGANDO COM AS IMAGENS
1- O que as imagens o faz lembrar?
2- O que você pode dizer desta época?
3- Por que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea?
4- Debate: Durante a escravidão houve algum tipo de resistência por parte
dos escravos/negros?
Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=41&evento=1#menu-galeria>. Acesso em: 04 nov. 2013
2. Atendimento ao horizonte de expectativas:
Em atendimento ao horizonte de expectativa dos alunos será exibido o
Minidocumentário “Zumbi dos Palmares” - Série "Construtores do Brasil" - TV
Câmara-24/07/2010-(07min e 45 seg.).
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=pMdZ80VnEy4>. Acesso em: 23
nov. 2013.
QUESTIONAMENTOS
-Há relação entre as imagens dos quadros de Debret e o minidocumentário?
-Quais as duas personagens principais, na luta contra a escravidão no Brasil, no
Quilombo de Palmares?
-Pense e responda: E hoje, ainda existem Quilombos no Brasil?
SUGESTÃO:
Para saber mais sobre o assunto, assista também ao filme nacional:
“Quilombo”, roteiro e direção de Carlos Diegues, com a participação especial de:
Antônio Pompeu, Zezé Motta, Toni Tornado e Vera Fischer, 1994. Acesse o
endereço abaixo:
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=bgiDwcs9_RQ>. Acesso em: 22 nov.2013.
Imagem disponível em: <http://www.historiadocinemabrasileiro.com.br/wp-ontent/uploads/2011/02/POSTER-Quilombo-228x300.jpg>. Acesso em: 22 nov. 2013.
PARA SE INFORMAR MAIS, ASSISTA:
1. A reportagem: O Negro no Brasil-Caminhos da Reportagem-
17/11/2011- (51min e 43 seg.).
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=8Wuz6JLfrjY>. Acesso em: 23 nov. 2013.
2. O documentário: A Voz dos Quilombos-06/08/2012- (22 min e 26
seg.).
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Pf11eZ55ecg>. Acesso em: 23 nov. 2013.
3. O minidocumentário: No Padrão da Resistência-26/06/2009- (05 min
e 01 seg.).
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=_rhhv1v4nGI>. Acesso em: 23 nov. 2013.
PARA REFLETIR...
Após a exibição da reportagem e dos documentários, pense e debata com
seus colegas:
“Além do Quilombo dos Palmares, houve mais tipos de resistência negra
no Brasil?”
PESQUISA:
“Formas de resistência negra no Brasil”. Pesquise no Laboratório de
informática e exponha aos seus colegas.
“Preto Ferreira”
(Martinho da Vila)
{Luar, luar
Pega a criança e ajuda a criar} Refrão
Meu compadre
O pretinho ta nadando
Na barriga da comadre
Quando a bolsa se romper
Vai sair esperneando [...]
Disponível em: <http://search.4shared.com/q/CCQD/1/music/preto+ferreira+martinho+da+vila#>. Acesso em: 23 de nov. 2013
3. Ruptura do horizonte de expectativas:
Para romper o horizonte de expectativa dos alunos haverá a audição da
música: “Preto Ferreira”, de Martinho da Vila.
Leia abaixo um fragmento da música:
Após a audição da música, os alunos receberão a letra e farão leitura
individual e coletiva. Em seguida poderão cantar a música.
1- Martinho da Vila ao fazer o CD “Você não me pega”, buscou trazer
educação para as crianças de todo país. A quem o CD é dedicado?
2- A letra da música cita uma tradição africana. Você consegue identifica-
la?
3- “Depois de aprender a andar
Ter muito o que estudar
O nosso preto menino
Quem vai saber fazer
E escolher
Seu destino, sua via [...]
Quanto à educação: “As cotas raciais vêm oportunizando aos
afrodescendentes, maior acesso ao ensino superior”. Dê o seu ponto de vista
sobre a afirmativa.
4- “Muita gente não entende bem a luta do negro, o porquê de falarmos
tanto na causa negra. Tenho muitos amigos brancos, irmãos que dizem:
Martinho, porque isso? O Brasil é um país em que não há problema racial. Eu
lhes digo o seguinte, é como um desastre. Sentimos quando ouvimos falar de
um desastre, mas, se você estiver dentro do carro, você tem noção do
desastre. A elite não está dentro deste carro”. (Martinho da Vila).
Reflita sobre este pensamento de Martinho da Vila.
5- Martinho da Vila, cantor, compositor e pesquisador são um dos
motivadores da FESTA KIZOMBA no Brasil. Faça uma pesquisa bibliográfica
sobre este assunto no Laboratório de Informática:
Significado da palavra Kizomba;
Histórico da Festa Kizomba no Brasil.
TRABALHANDO A LETRA DA MÚSICA
6- Vocês conhecem outras músicas de influência africanas? Cite-as.
4. Questionamento do horizonte de expectativas:
Nesta etapa os alunos conhecerão três poesias sobre a temática do NEGRO
no BRASIL:
“O NAVIO NEGREIRO”
[...] VI
Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E
deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus!
meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio.
Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!
Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte
que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da
liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem
roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho
que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia
demais! ... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca
esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares!
(Castro Alves-1847-1871)
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1786>. Acesso em: 24 nov. 2013.
“SOU NEGRO”
A Dione Silva
Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh ‘alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu
Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi [...]
(Solano Trindade-1908-1974)
Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/wp-content/uploads/2010/11/Sou-Negro.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2013.
“VOZES - MULHERES”
A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela. [...]
(Conceição Evaristo-1946)
Disponível em: <http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol17A/TRvol17Aj.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2013.
Leitura individual e coletiva das poesias.
5. Ampliação do horizonte de expectativas:
Para atender esta etapa apresentarei o conto “Pai contra mãe”, de
Machado de Assis, escritor afrodescendente.
Leia um fragmento do conto:
Pai contra mãe
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras
instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício.
Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de
folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por
lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era
fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação
de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que
matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade
certas. [...]
ANÁLISE DAS POESIAS
1-Dividir a sala em três grupos.
2-Selecionar uma poesia para cada grupo.
3-Com a ajuda da professora e de pesquisa analisar a poesia.
4-Expor as análises aos colegas.
Leitura do conto
Em seguida serão exibidos dois fragmentos do filme “Quanto vale ou é
por quilo?”
1. Quanto vale ou é por quilo? (Cena 1/6) Castigos para escravos
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=7UC6CKrrmVs>. Acesso em: 05 nov. 2013. 2. Quanto vale ou é por quilo? (Cena 2/6) Escravo roubado
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=tqCBvMWZ-Vg>. Acesso em: 05 nov. 2013.
Disponível em: <http://cinemafiablog.files.wordpress.com/2011/04/325473gg.jpg>. Acesso em: 05 nov. 2013
PARA VOCÊ REFLETIR...
Para ler o conto na íntegra, acesse o endereço abaixo:
Disponível em: <http://machado.mec.gov.br/images/stories/html/contos/macn007.htm#paicontramae_embaixo>. Acesso em: 04 nov. 2013
SUGESTÃO:
Para saber mais sobre o Artigo de Opinião acesse os endereços eletrônicos
abaixo:
<http://linguagenselinguagens.wordpress.com/2011/05/18/como-redigir-um-artigo-de-
opiniao/>
<http://www.brasilescola.com/redacao/artigo-opiniao.htm>
<http://www.sempretops.com/estudo/artigo-de-opiniao-exemplos-e-estrutura/>
<http://www.escolakids.com/artigo-de-opiniao.htm>
PRODUÇÃO DE TEXTO
1-Escrita de um artigo de opinião sobre o tema trabalhado.
2-Correção e reescrita dos artigos.
3-Leitura dos artigos produzidos em classe.
4-Apresentação da reflexão aos colegas.
5-Exposição dos artigos no mural do colégio.
Em duplas, reflita sobre as questões abaixo:
1. Quais foram as suas impressões e emoções ao ler o conto e assistir os
fragmentos do filme? Anote-as no caderno.
2. Justifique o título do conto?
3. Pesquise sobre o contexto histórico em que o conto foi escrito.
4. Apresente as três diferentes referências sobre a figura do negro na sociedade
escravista (funções sociais ou atividades)?
5. O que você entendeu sobre a “Roda dos Enjeitados”? Por que ela
solucionaria o problema de Clara e Candinho?
6. Escreva um final diferente para o conto “Pai contra mãe”.
7. “Nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o coração”. Justifique.
8. A escravidão no Brasil realmente acabou?
9. Em círculo, apresente suas anotações aos seus colegas.
Ao término de cada encontro, registros e apontamentos serão realizados
sobre o andamento dos mesmos, para analisar as implicações do uso das
metodologias no processo de ensino e aprendizagem.
3 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Caro (a) colega:
A produção desta Unidade Didática tem por objetivo auxiliar o trabalho do
professor de Língua Portuguesa, no cumprimento das Leis nº 10639/2003 e nº
11645/2008, que tratam da obrigatoriedade de incluir no Currículo escolar as
discussões referentes à História e Cultura Africana e Afro-brasileira e Indígena,
mostrando a importância das mesmas no ensino fundamental e médio, nas escolas
públicas e privadas, no trabalho da Equipe Multidisciplinar na escola, na
valorização da cultura afro–brasileira e das produções voltadas aos
afrodescendentes, destacando sua relevância na formação do povo brasileiro.
Desta forma proponho esta Unidade Didática que será aplicada com base na
Estética da Recepção, o Método Recepcional, formado por cinco etapas, descritas
uma a uma no material didático desta produção, o qual se faz necessário numa
sociedade tão complexa e muitas vezes desumana, onde a leitura ocupa um lugar
imprescindível em todas as ciências, num mundo globalizado e rodeado de diversas
ferramentas instrumentalizadas diante do progresso tecnológico, das mais simples
as mais sofisticadas necessidades humanas.
Com o título “A Farsa da Liberdade: a marginalização sutil de uma etnia”,
que tem por objetivo trabalhar a criticidade do aluno, levando-o a uma leitura
reflexiva e nas entrelinhas, rompendo suas expectativas e ampliando seus
horizontes.
Esta Produção Didático-Pedagógica é a resposta a muita leitura e pesquisa
realizada no PDE, e poderá ser trabalhada em todas as séries do ensino médio.
4 REFERÊNCIAS A VOZ DOS QUILOMBOS. 06/08/2012. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Pf11eZ55ecg>. Acesso em: 23 nov. 2013. AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Literatura e Formação do leitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. ALVES, Castro. O navio negreiro. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1786>. Acesso em: 24 nov. 2013. BRASIL. Lei n.º 11645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. República Federativa do Brasil. Brasília, DF. ______. Lei n.º 12288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.República Federativa do Brasil. Brasília, DF. ______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998. DEBRET, Jean Baptiste. Açoite público. Disponível em: <http://clioblogdehistoria.blogspot.com.br/http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=41&evento=1>. Acesso em: 04 nov. 2013. DEBRET, Jean Baptiste. Escravidão no Brasil. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=41&evento=1#menu-galeria>. Acesso em: 04 nov. 2013. DEBRET, Jean Baptiste. Família Brasileira no Rio de Janeiro. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=41&evento=1#menu-galeria>. Acesso em: 04 nov. 2013
EVARISTO, Conceição. Vozes-Mulheres. Disponível em: <http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol17A/TRvol17Aj.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2013.
ISER, Wolfgang. O Ato da Leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução de Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34, 1996. JAUSS, H. Robert. A Literatura e o Leitor: textos da estética da recepção. Rio: Paz e Terra, 1979.
MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Machado de Assis afro–descendente –escritos de caramujo [antologia]. Organização, ensaio e notas: Eduardo de Assis Duarte. Rio de Janeiro/Belo Horizonte: Pallas / Crisálida, 2007. NO PADRÃO DA RESISTÊNCIA. 26/06/2009. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=_rhhv1v4nGI>. Acesso em: 23 nov. 2013. O NEGRO NO BRASIL. Caminhos da Reportagem-17/11/2011. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=8Wuz6JLfrjY>. Acesso em: 23 nov. 2013. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba: SEED/PR, 2008. QUADROS, Marivete Basseto de. Monografias, dissertações & Cia: caminhos metodológicos e normativos. 2. ed. Curitiba: Tecnodata Educacional, 2009. QUANTO VALE OU É POR QUILO? Castigos para escravos (Cena 1/6). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=7UC6CKrrmVs>. Acesso em: 03 jun. 2013. QUANTO VALE OU É POR QUILO? Escravo roubado (Cena 2/6). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=tqCBvMWZ-Vg> Acesso em: 03 jun. 2013. QUILOMBO. Filme Nacional Completo. 1984. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=bgiDwcs9_RQ 02/07/13>. Acesso em: 03 jun. 2013. TRINDADE, Solano. Sou negro. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/wp-content/uploads/2010/11/Sou-Negro.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2013.
VILA, Martinho da. Preto Ferreira. Disponível em: <http://search.4shared.com/q/CCQD/1/music/preto+ferreira+martinho+da+vila#>. Acesso em: 23 de nov. 2013. ZILBERMAN, Regina. Estética da Recepção e História da Literatura. São Paulo: Ática, 1981. ZUMBI DOS PALMARES. Série "Construtores do Brasil" - TV Câmara-24/07/2010. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=pMdZ80VnEy4>. Acesso em: 23 nov. 2013.