CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
MIKAELLY CORREIA DE ARAÚJO
O DNA COMO FERRAMENTA DE IDENTIFICAÇÃO
HUMANA E A SUA IMPORTÂNCIA NO TRABALHO DA
PERÍCIA CRIMINAL
MACEIÓ – AL
2018/1
MIKAELLY CORREIA DE ARAÚJO
O DNA COMO FERRAMENTA DE IDENTIFICAÇÃO
HUMANA E A SUA IMPORTÂNCIA NO TRABALHO DA
PERÍCIA CRIMINAL
Trabalho de conclusão de curso
apresentado como requisito final, para
conclusão do curso de Biomedicina do
Centro Universitário Cesmac, sob a
orientação da professora Dra. Gabriela
Souto Vieira de Mello e coorientação do
professor Msc. Moezio de Vasconcellos
Costa Santos Filho.
MACEIÓ – AL
2018/1
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade da vida e pelo
conhecimento disponibilizado. Agradeço aos meus familiares e amigos que me
apoiaram desde o início desta jornada. Agradeço a professora Gabriela Souto
Vieira de Mello por ter aceitado me orientar. Agradeço ao professor Moezio de
Vasconcellos Costa Santos Filho pela coorientação e por ter despertado o
interesse pela área, e a professora Yáskara Veruska Ribeiro Barros pelo auxilio
na melhoria do trabalho.
O DNA COMO FERRAMENTA DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA E A SUA IMPORTÂNCIA NO TRABALHO DA PERÍCIA CRIMINAL DNA AS A HUMAN IDENTIFICATION TOOL AND ITS IMPORTANCE IN THE WORK OF FORENSIC SCIENCE
Mikaelly Correia de Araújo do curso de Biomedicina do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora Dra. Gabriela Souto Vieira de Mello e coorientação do professor Msc. Moezio de Vasconcellos Costa Santos Filho. [email protected]
O presente trabalho objetivou abordar a importância do uso do ácido desoxirribonucleico (DNA) na elucidação de um de crime, os principais passos de análise de DNA e seu uso em criminalística. Realizou-se um levantamento bibliográfico do tema relevante. O estudo do DNA obtido a partir de vestígios biológicos é um instrumento importante para combater a criminalidade e a impunidade, uma vez que gera evidências, em sua maioria irrefutáveis, que podem ser utilizadas para absolver ou incriminar uma pessoa. Assim, para que a técnica de identificação de DNA seja totalmente construída, a amostra biológica a ser analisada deve ser corretamente escolhida, coletada, transportada e armazenada. Este é um dos papéis dos especialistas criminais e cientistas forenses. Daí a importância de estudos e treinamento sobre a coleta apropriada e o uso do DNA como evidência forense. PALAVRA-CHAVE: DNA Forense. Pericia. Preservação. ABSTRACT
The present work aimed to address the importance of the use of deoxyribonucleic acid (DNA) in the elucidation of a crime, the main steps of DNA analysis and its use in criminalistics. A bibliographic survey of the relevant topic was carried out. The study of DNA obtained from biological traces is an important tool to combat crime and impunity, since it generates evidence, mostly irrefutable, that can be used to acquit or incriminate a person. Thus, for the DNA identification technique to be fully constructed, the biological sample to be analyzed must be correctly chosen, collected, transported and stored. This is one of the roles of criminal experts and forensic scientists. Hence the importance of studies and training on the appropriate collection and use of DNA as forensic evidence.
KEYWORDS: Forensic DNA. Expertise. Preservation.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 6
2 METODOLOGIA ............................................................................................ 8
3 DESENVOLVIMENTO ................................................................................... 9
3.1 Identificação humana e criminalística ..................................................... 9
3.2 Coleta de materiais biológicos ................................................................. 11
3.3 Métodos de extração do DNA forense ..................................................... 12
3.4 Amplificação e análise do DNA ................................................................ 14
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 17
5 REFERÊNCIAS............................................................................................... 18
6
1 INTRODUÇÃO
A identificação humana sempre foi uma grande imprescindibilidade
social, onde para isso foram executadas pesquisas e estudos para estabelecer
os métodos e protocolos mais confiáveis. Em várias circunstancias onde há um
desastre em massa, como em acidentes, guerras, distúrbios sócio-políticos, é
de extrema importância a identificação das vítimas, que tem por objetivo, tentar
amenizar a dor e o sofrimento entre os parentes das vítimas e para esta
finalidade a análise genética destaca-se, gerando resultados bastante fieis e
precisos (DHANARDHONO et al., 2013).
O ácido desoxirribonucleico (DNA) é muito utilizado na elucidação de
crimes, uma vez que ele pode ser coletado e isolado em locais de crime onde
normalmente encontram-se materiais biológicos que podem ser em grandes ou
pequenas quantidades, podendo estar contaminado ou não por outras
substâncias (ZITKIEWICZ et al., 2012).
Nos seres humanos, animais e vegetais, o DNA genômico é encontrado
no núcleo das células, organizado na forma de cromossomos. Cada
cromossomo é formado por uma única molécula de DNA, com vários milhões
de pares de bases. Nos humanos, o núcleo das células somáticas possui 46
cromossomos (44 cromossomos autossômicos e 2 sexuais) e nas células
germinativas (óvulos e espermatozoides) 23 cromossomos, sendo 22
cromossomos autossômicos e um sexual (VELHO et al., 2013) (SILVA, 2006).
Esta biomolécula é formada pela ligação de unidades individuais
denominadas de nucleotídeos, onde cada nucleotídeo é formado por uma
molécula de pentose, um grupo fosfato, e uma base nitrogenada. Existe mais
de quatro tipos de bases nitrogenadas, sendo a guanina, timina, citosina e
adenina encontradas no DNA. Estas bases organizam-se em uma dupla hélice
obedecendo ao pareamento: adenina pareia com timina e guanina com citosina
(BUDOWLE, 2013).
Apesar de todas as pessoas possuírem DNA, o conteúdo informacional
que se faz presente em determinadas sequências de bases varia entre os
indivíduos, tornado capaz a identificação humana. O código genético humano
conta com um total de 3.164.700.000 bilhões de pares de bases, porem 99,6%
do DNA é igual entre todos os indivíduos, no entanto as variações que ocorrem
7
nos 0,4% restantes permitem a variabilidade genética, com isso é comprovado
que não podem haver duas pessoas com o mesmo material genético, exceto
gêmeos monozigóticos (BUDOWLE, 2013).
As variações genéticas são denominadas de marcadores moleculares, e
através de algumas técnicas de biologia molecular, a análise destes
marcadores possibilita o estabelecimento do perfil genético de um indivíduo
(HOFSTATTER, 2013).
Os peritos ou cientistas forenses tem como função desenvolver e aplicar
técnicas de análise de amostras que ajudem na interpretação dos resultados.
As investigações feitas nos locais dos crimes são importantes para pesquisar
vestígios biológicos para serem analisados e com isso obter um resultado. O
DNA é o material mais analisado nas investigações criminais, pois ele
apresente uma maior resistência ao meio ambiente e maior facilidade de
manuseio, características que o tornam ferramenta fundamental na elucidação
de crime e identificação humana (SANTOS, 2014).
O estudo do DNA obtido de vestígios biológicos é um importante
instrumento de combate à criminalidade e à impunidade, uma vez que gera
provas, na grande maioria das vezes irrefutáveis, e que podem ser utilizadas
para inocentar ou incriminar uma pessoa. Assim, para que a técnica de
identificação pelo DNA seja plenamente construída, a amostra biológica a ser
analisada deve ser corretamente escolhida, coletada, transportada,
armazenada e processada. Este é um dos papeis dos peritos criminais e dos
cientistas forenses. Daí a importância dos estudos e formação sobre uma
coleta adequada, e extração e análise do DNA utilizado como prova forense.
O presente trabalho teve como objetivo, analisar a importância do DNA
na resolução dos casos forenses e caracterizar os métodos mais utilizados
para análise genômica através de uma revisão de literatura.
8
2 METODOLOGIA
A metodologia consistiu no levantamento bibliográfico nos bancos de
dados Scielo, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e
Google Acadêmico. Foram utilizados artigos e livros relacionados à
criminalística forense para a elaboração do texto e bibliografias. Os termos
utilizados na pesquisa foram DNA forense, análise de DNA, importância do
DNA para a Perícia e o levantamento foi feito a partir do ano de 2006 até os
dias atuais com pesquisas realizadas em português e inglês.
9
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Identificação humana e criminalística
Por volta do ano de 1869 Friedrich Miescher, um bioquímico suíço,
descobriu o ácido nucleico, e com isso começaram a serem realizadas as
primeiras extrações de DNA, mas foi apenas no início do século XX que a
existência de dois ácidos nucleicos foi revelada: o ácido desoxirribonucleico e o
ácido ribonucleico (RNA) pelo bioquímico Albrecht Kossel. O DNA contém o
gene enquanto que o RNA serve como agente intermediário na atividade do
gene (GROCHOCKI; QUEIROZ, 2011). Atualmente a identificação humana faz
o uso do DNA para diversos tipos de casos como testes de paternidade, crimes
sexuais e homicídios (SCHUMM et al., 2013).
Nas células humanas podemos encontrar dois tipos de DNA, sendo eles:
DNA mitocondrial que é encontrado nas mitocôndrias e o DNA nuclear que se
encontra no cromossomo do núcleo. O DNA nuclear é linear e tem
aproximadamente 3 bilhões de pares de bases e é protegido por histonas
(BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
O DNA mitocondrial possui forma circular com fita dupla e possui mais
que 16.000 pares de bases, possui poucos genes, 37 no total, sendo 13 genes
codificadores de proteínas, 22 para RNA transportadores e 2 para as
subunidades ribossômicas. Este DNA é considerado como um genoma
compacto, pois raramente possui sequências repetitivas O DNA mitocondrial é
de grande importância para as análises forenses, pois ele é utilizado para
amostras como ossos, cabelos, dentes e em grandes desastres como
incêndios, explosões e queda de aviões onde já não se consegue fazer uso do
DNA nuclear (VIEIRA ,2011).
Antes da utilização do DNA, as análises eram feitas a partir de sinais de
nascença, arcada dentaria, melanina, anomalias genéticas, cor dos olhos e
tipagem sanguínea para os fatores ABO e RH, porém estas análises não
ofereciam uma boa precisão, pois seu índice de exclusão era muito baixo. O
primeiro teste de DNA para investigação de paternidade era feito através do
sistema HLA, entretanto o resultado era apenas 89% de certeza, o que gerava
muitas batalhas na justiça. Então na década de 80 um geneticista britânico
10
chamado Alec Jeffrey desenvolveu um sistema que ele nomeou de “DNA finger
print” ou “impressão do DNA” (SCORSIN, 2000).
O DNA pode ser extraído a partir das amostras biológicas que são
encontradas no local do crime, como sangue, bulbo capilar, urina, sêmen e
outros vestígios deixados no local. A coleta dos diferentes tipos de amostras
biológicas varia de acordo com a cena do crime. Nos crimes sexuais destaca-
se a coleta do sêmen, considerado o material biológico mais comumente
investigado em casos de crimes sexuais, onde o DNA é extraído dos
espermatozoides. Nas cenas do crime a identificação do sêmen pode ser feita
através do teste com brentamina, que através de uma reação colorimétrica
destaca o sêmen com uma coloração púrpura, já no corpo delito, este material
biológico pode ser recuperado através dos fluidos vaginais ou anais da vítima
(VIEIRA, 2011).
Nos casos em que ocorre a contaminação do sêmen com outro material
biológico, incluindo o sêmen de um segundo agressor, a análise de regiões de
microssatélites existente no cromossomo Y permite a identificação do número
de amostras existentes (VIEIRA, 2011).
O cromossomo X possui maior vantagem em sua aplicação, pois em
testes de exclusão de paternidade, onde a amostra do suposto pai não está
presente, é analisado o DNA dos parentes mais próximos para que seja feito
uma reconstrução do seu perfil genético para que seja realizada uma análise
deste material. Porém para que esta análise seja irrefutável, há uma
necessidade de que vários parentes genotipados sejam utilizados nessa
investigação (SANTOS, 2014).
Com o advento do DNA, foi exposta a probabilidade de se examinar o
possível elo genético entre os possíveis pais, estando vivos ou mortos, em
crianças, recém-nascidos e ate no útero da mãe. Para que o teste seja
realizado, em primeiro lugar deve-se fazer o isolamento da amostra que será
investigada, e que em grande parte dos casos é realizado através de uma
amostra de sangue, pois proporciona uma maior quantidade e qualidade do
DNA, mas também podem ser utilizadas amostras de células da mucosa bucal
unha, pele, bulbo capilar e etc (SCORSIN, 2000).
Em casos de estupro é realizada uma análise para estabelecer o vínculo
genético de paternidade, onde a mulher é considerada a mãe biológica do filho,
11
pois não há dúvidas diante deste vínculo biológico. Para a identificação do pai
é realizada uma investigação com os alelos paternos, que por obrigatoriedade
devem ser herdados pelos filhos, e através de cálculos estatísticos é
determinado o índice de paternidade (BUTLER, 2014).
3.2 Coleta de materiais biológicos
A escolha do material a ser analisado depende de como ele foi
encontrado e do seu estado de conservação, pois a forma como foi coletada, a
conservação e preservação do local do crime são de grande importância em
um tribunal, ocasionando assim resultados mais fidedignos. Os testes
moleculares requerem uma pequena quantidade de amostra biológica,
entretanto é requerido uma quantidade mínima para cada tipo de amostra que
permita a extração do DNA (LEITE et al, 2013).
A preservação dos vestígios biológicos durante a coleta é de grande
importância, e deve se ter um cuidado para que o material não seja
contaminado ou sofra alterações de fatores ambientais como aumento de
temperatura, variação de luminosidade e outros fatores que podem acarretar
quebra e alteração dos nucleotídeos, impossibilitando a utilização do DNA
(LEITE et al, 2013).
As amostras podem ser encontradas em diversas condições, o sangue
pode ser encontrado de forma liquida, seca ou congelada, comum em locais
frios, ou aderida a alguma superfície, exemplo: paredes, roupas, móveis,
instrumento utilizado no crime, corpo da vítima. O sêmen, da mesma forma que
o sangue, pode ser encontrado em forma liquida ou seca e fica aderido
normalmente em roupas intimas corpo da vítima, roupa de camas e dentre
outros. O acondicionamento de materiais biológicos molhados ou úmidos,
devem ocorrer em sacos plásticos estéreis e devem ser mantidos por no
máximo 2 horas, se for possível, é aconselhável que o material seque para que
só depois seja acondicionado (LEITE et al, 2013).
As amostras de sangue em estado líquido devem ser coletadas com
seringas ou pipetas estéreis descartáveis e armazenadas em um tubo estéril
contendo EDTA para que não haja uma coagulação, sob refrigeração. Na
forma seca, em roupas, lençóis ou outro objeto, a amostra deve ser enviada na
forma em que foi encontrada, já quando são encontradas em paredes ou
12
qualquer outra peça que não possa ser enviada ao laboratório, o sangue deve
ser raspado (PARADELA, 2006).
O cabelo pode ser encontrado de forma isolada ou em tufos, na cama, mãos da
vítima, escovas de cabelo e é de grande importância que eles sejam
encontrados com bulbo, já a saliva que pode conter presença de células da
mucosa pode ser encontrada em forma liquida ou seca, em lenços, copos,
gomas de mascar e cigarro. A saliva não possui material genético, o que será
utilizado para a realização dos testes, serão as células da mucosa que estão
presentes na saliva. Este tipo de amostra biológica pode ser encontrado na
forma líquida ou seca, se encontrada no estado liquido deve ser coletada,
armazenada em recipientes estéreis, conservada em ambiente refrigerado e
sem iluminação (PARADELA, 2006)
3.3 Métodos de extração do DNA forense
A escolha da técnica de extração do DNA depende do tipo de amostra
coletada e do estado no qual foi encontrado. Os métodos de extração
consistem na quebra celular, precipitação das proteínas e isolamento do DNA
(BUTLER, 2012).
Uma das técnicas mais utilizadas na genética forense é a de extração
orgânica que utiliza o Fenol e Clorofórmio para promover uma remoção do
precipitado de proteínas, promovendo assim o isolamento do DNA. Este
método apresenta baixo custo e um grande grau de pureza do DNA, porém é
muito demorado e possui um grande grau de toxicidade. Para que se tenha
acesso ao DNA, é feita uma quebra celular para que sejam removidos restos
celulares, desproteinação do extrato celular e uma desnaturação, onde ocorre
a separação das proteínas do extrato celular e inativação das proteínas. Depois
de desnaturado as proteínas são removidas com uso de fenol e clorofórmio, e
após esse processo o DNA é purificado e recuperado. As limitações desta
técnica são pelo seu grande grau de toxicidade, podendo os seus solventes
serem encontrados no DNA a ser analisado (LEITE et al., 2013).
Outra técnica bastante utilizada é a de resina magnética, onde a resina
se liga ao DNA e os outros elementos da amostra irão permanecer em solução
aquosa. Esta resina possui o poder de atrair as moléculas de DNA, e mesmo
que haja uma grande quantidade de componentes celulares ela apenas se
13
ligará ao DNA predestinado. A principal desvantagem desta técnica consiste na
necessidade de uma quantidade relevante grande da amostra para que a
resina consiga se ligar, e esse método é bem mais caro em relação aos outros
(LEITE et al, 2013).
Em vestígios resultantes de crimes sexuais, é verificado uma
modificação da extração orgânica devido a maior dificuldade de extração do
DNA dos espermatozoides comparado às células epiteliais da parede vaginal.
Esse procedimento separa a fase de quebra celular em duas: a primeira mais
branda, na qual sucede a lise das membranas celulares das células epiteliais
femininas, adquirindo a porção não espermática, e a segunda, mais resistente,
onde sucede a quebra das células espermáticas, adquirindo a porção
espermática (BONACCORSO, 2004).
A técnica de extração que utiliza a resina magnética é aplicada para
fazer uma captura do DNA, visto que esta resina possui uma capacidade
específica de ligação ao DNA, deste modo, mesmo que exista uma quantidade
em excesso do DNA em questão, a resina só terá afinidade por uma
determinada quantidade do DNA. As principais desvantagens desta técnica são
a necessidade de uma quantidade relativamente grande da amostra para que
esta resina consiga se ligar e esse o custo mais elevado do método em relação
aos demais (LEITE et al., 2013).
A técnica de Salting out tem a finalidade de ajudar na separação de um
solvente orgânico em água e aperfeiçoar as extrações em solventes orgânicos
apolares. As características físico-químicas desta amostra e o sal que será
utilizado irá determinar a eficiência deste procedimento. Que consiste na
adição de um sal inorgânico à uma solução aquosa e um dissolvente orgânico
que seja capaz de se misturar em água formando um sistema bifásico. Esta
técnica apresenta uma grande vantagem, pois tem capacidade de ser usada
em um grande conjunto de amostras, oferecendo melhores valores de
recuperação das amostras e apresentando uma grande variedade de sais
disponíveis (BORDIN et al, 2015).
14
3.4 Amplificação e análise do DNA
Depois que o DNA é extraído e quantificado, ele deve ser amplificado.
Essa amplificação é realizada por intermédio da Reação em Cadeia da
Polimerase (PCR, do inglês polymerase chain reaction), que consiste na
utilização da enzima DNA polimerase e é capaz de reproduzir múltiplas
moléculas de fita dupla de DNA em um ciclo com três etapas (CORTE-REAL,
2015).
A PCR é realizada em um equipamento chamado de termociclador,
neste equipamento serão adicionados tubos com presença de reagentes como
Primers, ezimas DNA polimerase, solução de cloreto de magnésio, molécula de
DNA a ser duplicada, desoxirribonucleotídeos trifosfato e solução tampão
(BRUNO, 2017)
Desnaturação é a primeira etapa, e ocorre a uma temperatura de
aproximadamente 95°C e consiste na separação da fita, o segundo passo é o
anelamento onde vai ocorrer a uma temperatura entre 65°C e 50°C e vai
possibilitar que os primers se hibridizem com DNA. Os iniciadores, ou primers,
possuem uma sequência de 1 a 60 nucleotídeos complementares à fita alvo,
fazendo com que se liguem apenas na região específica da molécula de DNA
para a qual foi designado. O terceiro passo é o de extensão, onde a
temperatura aumenta para 72°C permite que a DNA polimerase sintetize novas
fitas de DNA. As três etapas se repetem por cerca de 30 ciclos, produzindo ao
final milhões de cópias do DNA de interesse (HEPP et al, 2017).
Ao final de todo procedimento são produzidas milhões de cópias de uma
determinada região definida pelos primers do DNA original. Esta técnica é
considerada sensível e específica, e pode ser feito uma análise do DNA de
qualquer espécie (HEPP et al, 2017).
Eletroforese em gel também é utilizada, e é uma técnica que possibilita
uma visualização do DNA pela separação das moléculas através de um campo
elétrico. O procedimento consiste na utilização de uma técnica gel de agarose
ou poliacrilamida, é solução que tenha capacidade de produzir eletricidade e
mantenha o pH constante. O polo positivo atrai a molécula de DNA, e ele vai
percorrer por todo o gel (ZAHA et al, 2014).
15
Para que o procedimento seja rápido, a quantidade de nucleotídeos
deve ser baixa, pois quanto menos nucleotídeos houver mais rápido ele ira
percorrer pelo gel. No gel de poliacrilamida são utilizados corantes de nitrato de
prata e que ficam em coloração preta quando entram em contato com o DNA.
O gel de poliacrilamida tem grande eficiência na separação de fragmentos
pequenos de DNA, possui uma alta capacidade de resolução e é bastante
utilizado em casos forenses por sua rapidez e precisão, porém a preparação do
gel é mais complicada e de difícil manuseio. Já no gel de agarose são
utilizados o gelRed, SYBR green e brometo de etídeo, que possibilita uma
visualização do DNA quando exposto a uma luz ultravioleta, porém possui uma
capacidade em resolução bem menor em comparação com o gel de
poliacrilamida, mas apresenta um alcance bem maior na separação (ZAHA et
al, 2014) (LEITE et al., 2013).
A escolha do gel que será utilizado para que seja feita uma a analise vai
depender totalmente do tamanho dos fragmentos de DNA que deverá ser
visualizado. Devido à diferença no tamanho dos poros dos géis, o gel de
agarose é utilizado para que seja feita a separação de fragmentos maiores que
variam de 0,2 kb a 50 kb e o gel de poliacrilamida é utilizado para separar os
fragmentos menores de até 1kb (TODESCATTO, 2014).
A técnica das enzimas de restrição consiste na manipulação do DNA
que foi extraído fazendo a utilização das enzimas de restrição. As enzimas de
restrições podem ser obtidas de alguns microrganismos e tem o papel de fazer
fragmentos na fita dupla do DNA em pontos que exibem uma sequência
específica de nucleotídeos, denominado de sítios de corte. (WATSON, et al.,
2009).
Podem-se encontrar diversos tipos de enzimas de restrição, e cada tipo
identifica uma combinação de nucleotídeo, consentido aos cientistas a efetuar
cortes de maneira planejada. A EcoRI, isolada de Escherichia coli cepa RY13,
com sítio 5-GAATTC-3, a HaeIII, isolada de Haemophilus aegypticus, com o
sitio de corte 5-GGCC-3 e a Alu I, isolada da bactéria Arthrobacter luteus, cujo
sítio de corte é 5-AGCT-3 são exemplos de alguns tipos de enzimas de
restrição. (WATSON, et al., 2009).
As enzimas de restrição são muito utilizadas em técnicas de biologia
molecular com diferentes objetivos, como o de realizar manipulações genéticas
16
para a criações de moléculas de DNA recombinante, o mapeamento genético,
a clonagem de genes para diagnostico por RFLP de mutações associadas a
doenças e para diferenciar cepas de microrganismo ou variantes virais
(BRUNO, 2017).
As ligases são enzimas que fazem a junção das partículas de DNA que
foram cortadas com as enzimas de restrição compatíveis, executando uma
combinação entre os fragmentos de DNA de organismos diferentes. A
utilização da ligase junto com a enzima de restrição possibilita um misto de
sequências de DNA de diferenciadas espécies e esta técnica é conhecida
como tecnologia do DNA recombinante. (WATSON, et al., 2009).
17
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O campo de análise do DNA está progredindo continuamente, tanto nas
áreas científicas, de pesquisas ou na área tecnológica. Os testes de DNA são
de grande importância para que os peritos criminais possam oferecer
resultados mais corretos, porém, para que haja uma fidelidade o material a ser
analisado deve ser coletado de forma cuidadosa para que não haja qualquer
tipo de contaminação da amostra.
Para se obter êxito na análise, é preciso que haja um isolamento na
cena do crime e que nenhum vestígio seja contaminado, pois o DNA é muito
sensível e qualquer descuido pode ocasionar uma contaminação causando
assim resultados infiéis. O DNA tem um papel muito importante em processos
de identificação humana no qual tem grande utilidade na análise de DNA para
casos forenses. O levantamento bibliográfico realizado neste trabalho indicou
que o campo da identificação humana através da análise do DNA tem crescido
exponencialmente e tem se tornado uma ferramenta de extrema importância na
obtenção de resultados mais fidedignos.
18
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