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3. NOVAS CIÊNCIAS, NOVAS DOCÊNCIAS No cenário entre as mutações das várias ciências ocorrendo em nosso tempo, a preocupação que parece unânime em todos os contextos é, sem dúvida alguma, a questão do domínio dos métodos e das práticas educacionais para utilização das novas ciências que emergem na sociedade e nos meios acadêmicos mais precisamente. As universidades para dar conta dessa relação ensino-aprendizagem submetem os docentes aos constantes cursos de educação continuada, pois que sempre haverá uma nova ideia, técnica ou metodologia para ser apreendida pela docência, em qualquer nível e série analisada. [10]
Noutras ciências, ditas puras como: física, biologia, química, engenharias, educação, sociologia, psicologia, e tantas outras, são por excelência campos do saber que pouco ou quase nada interagem com o mercado, podendo desenvolver seus estudos em laboratórios próprios ou em parcerias com institutos de assuntos correlatos. As áreas mais afetadas pelas mudanças de paradigmas são aquelas que, unidas numa só, buscam refazer seus construtos epistemológicos. [11]
Nas escolas de ensino básico, fundamental e médio, os professores passam pelas mesmas alterações nos programas e ementários das Secretarias de Ensino. Pressionados pelos programas nacionais advindos da perspectiva enunciada nas novas diretrizes e bases para educação, onde a interdisciplinaridade é vista como um avanço necessário para uma nova compreensão do mundo, os gestores de escolas públicas e privadas se sentem pressionados pelo corpo docente e pelos alunos, a realizarem mudanças drásticas na composição dos saberes para se adequarem a uma nova realidade.
Também pressionados pelo alunato que chega à escola com uma avançada tecnologia de informação e comunicação, necessitando compreender os avanços tecnológicos e tentando encontrar razões de inserção desta tecnologia, para que o aluno encontre o sentido de querer aprender (sensemaking), este professor sente dificuldades inerentes a sua docência, posto que não fora preparado para tais realidades, e se vê, de repente, com duas verdades distintas, alterando seu universo docente: interdisciplinaridade e pesquisa científica em sala de aula.
Surge neste contexto ambiental escolar o desejo de toda a comunidade de professores, profundas reformulações que os habilitem a recomporem seus redutos epistemológicos, em detrimento de uma nova ordem, que privilegie uma aprendizagem mais autêntica, expoente, significativa, rico em questionamentos, baseada na pesquisa feita pelo aluno, que já tem o domínio da tecnologia e que precisa encontrar uma utilização mais eficaz para os propósitos educacionais. [1]
Os gestores de escolas e universidades possuem o desafio da mobilização de suas equipes para vivenciar as mudanças que precisam ocorrer, frente à prevalência, no âmbito escolar, de superações reducionistas que fragmentam a realidade e engessam as ciências. Mas para lidar com essas contradições, é preciso o apoio do olhar da complexidade sobre a escola, posto que a gestão precise lidar com níveis de imprevisibilidade e incertezas, mas que encontra no seu corpo docente o apoio e a estrutura adequada para a transição ou transposição das práticas pedagógicas vigentes para metodologias. [15]
Esta é uma questão que ainda não sabemos quais são suas implicações mais a frente. O que se pode afirmar, contudo, é que alguns sintomas de melhoria começam a se vislumbrar, quando se
analisam os resultados dos alunos que tiveram estes enunciados na educação. Escolas que já implantaram este modelo educacional se vangloriam dos resultados dos seus alunos nas entradas das universidades, com índices bastante representativos de aprovação.
Certo ou errado, quanto à metodologia ou objetivos, é que a quebra dos paradigmas advindos da necessidade de se ver o mundo com olhos mais totalizantes e menos especialistas, impulsionadas pelas próprias necessidades oriundas das ciências, que migrando para situações menos especialistas e cartesianas, juntam-se às alternativas de campos disciplinares que se somam para construírem um novo saber ou visão mais sistêmica da observação e produção de conhecimento
4. CÍRCULO DE INTERDISCIPLINARIDADE Apesar de já estar sendo estudada desde a década de 70 no Brasil, a Interdisciplinaridade, vem timidamente, sendo inserida nos contextos universitários, procurando discutir a experiência educacional de “navegar” ou “trafegar” pelas linhas divisórias entre os saberes, no qual se denomina de Ciência de Fronteira.
No Ensino Superior, a Interdisciplinaridade pode ser mais bem observada, em uma de suas características, a junção de duas ou mais áreas de conhecimento, numa disciplina só. Alguns exemplos são: a química e a biologia, originando a bioquímica; biologia e mecânica, surgindo a biomecânica; a psicologia e a pedagogia, analisando um aspecto singular, dando origem a psicopedagogia, e, assim por diante.
Desta maneira, surge como conceito nesta pesquisa, a definição de CÍRCULO DE INTERDISCIPLINARIDADE, termo alcunhado pelos pesquisadores da pesquisa, para explicar como as disciplinas se relacionam entre si em um ambiente virtual de construção de conteúdos como o FACEBOOK.
O CÍRCULO DE INTERDISCIPLINARIDADE permite, portanto, a integração e a colaboração das disciplinas da escola. Ao se promover exercícios e atividades de pesquisa, é possível navegar na linha divisória entre os saberes, onde a ciência de fronteira não é muito percebida pelos professores, de uma maneira geral.
Esta linha divisória entre os saberes possui conteúdos programáticos que muitas vezes os professores não gostam de abordar em suas aulas, pois precisariam de mais detalhes da outra disciplina. Como estão impossibilitados de chamar o outro professor na sala de aula para lhe ajudar com o entendimento desses conteúdos, eles muitas vezes ficam de fora da explicação do professor ou até mesmo são retirados do programa.
O CÍRCULO DE INTERDISCIPLINARIDADE permite a visualização das disciplinas numa circunferência. Mostra os recursos de comunicação como: chats e grupos de estudos. E na circunferência mais afastada são mostrados todos os recursos que permitem a interação entre os saberes. Como letramentos multissemióticos [21] têm-se: Textos, Notas, Figuras, Fotos, Áudios, Vídeos e Enquetes. [8] [17]
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Figura 1. Círculo de Interdisciplinaridade – Ciência de Fronteira – fonte: do\autor
A CÍRCULO DE INTERDISCIPLINARIDADE sendo utilizada no FACEBOOK NA SALA DE AULA possibilitou essa integração e ofereceu as possibilidades de diversas aplicações para estratégias de ensino, permitindo visualizar todas as disciplinas, e quais os recursos que serão utilizados para cada pesquisa e atividade proposta.
5. UTILIZANDO O CÍRCULO DE INTERDISCIPLINARIDADE Uma vez escolhido o tema, os alunos começam a pesquisar e produzir mensagens, utilizando os recursos disponíveis no FACEBOOK, e postando nas fan pages e nos grupos de estudos. Todas as contribuições devem contemplar aspectos que estão justamente na linha divisória entre duas ou mais disciplinas.
Para utilizar a CÍRCULO DE INTERDISCIPLINARIDADE é necessário primeiro um tema proposto. Em seguida, qual a disciplina que irá coordenar todas as contribuições. No exemplo da figura anterior, a disciplina GEOGRAFIA coordena a pesquisa e a análise das contribuições de ciência de fronteira. É muito importante que o professor entenda a coordenação na Interdisciplinaridade. O tema Desertificação, como exemplo, sugere a interdisciplinaridade com a Física, Matemática, História, Português, Biologia e Química. As escolhas das disciplinas participantes vão depender dos questionamentos e das contribuições que a pesquisa busca investigar.
Ao se analisar na GEOGRAFIA, um tema qualquer, os aspectos inerentes ao tema, serão investigados pelos ângulos de outras disciplinas, no tocante a GEOGRAFIA. Isto é, as análises e as colaborações devem estar afinadas com este aspecto e esta perspectiva das observações. Em princípio, qualquer disciplina possui ciência de fronteira com outra disciplina, embora algumas disciplinas possuam maior aproximação.
Figura 2. Tema Interdisciplinar – Disciplina coordenadora
6. PENSAMENTO INTERDISCIPLINAR Encontrar razões que levem os alunos a se interessarem pela pesquisa científica e pela aprendizagem significativa é o grande desafio docente de nossa era. Não se trata de metodologias, técnicas ou práticas pedagógicas e sim de posturas docentes diante da praticidade do saber e da praxiologia tão necessária ao aprendizado, conforme salientam Fazenda [4] e Japiassu [7]. Os alunos vêem de uma cultura onde tudo é explicado na forma de regras de um jogo eletrônico bem definido, ou de armadilhas que eles precisam conhecer para vencer tais inimigos virtuais. Segundo Morin [13], como as ciências se protegem diante de seus construtos epistemológicos e buscam fortalecer seus pareceres para continuarem a existir, também os alunos precisam de uma regra distinta, de senso prático, do que, do como, e pra que, aprender, a ciência precisa fazer sentido, ou não será apreendida.
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O maior desafio à docência é trazer o aluno para querer aprender, depois é buscar um método ou mídia a que ele se adapte, goste, contemple e participe. E por fim, que o aluno aprenda a dizer o que aprendeu e da maneira mais científica possível, o que achou do aprendizado que teve e o que pretende fazer com ele. Se o aluno puder vivenciar estas três dimensões do saber, o docente terá realizado sua função de facilitador da aprendizagem, mas se falhar em uma ou duas ou nas três, então os seus paradigmas precisam ser revistos, modificados, reavaliados.
7. FACEBOOK COMO REDE SOCIAL De acordo com importante manual que circula oficialmente no FACEBOOK, os autores Linda Fogg Phillips [16], Derek E. Baird e o Dr. BJ Fogg, da Universidade de Stanford, estabelecem o FACEBOOK como ambiente de rede social e aplicações educacionais. São unânimes em afirmar que esta rede social se caracteriza por uma participação massiva de todos os seus utilizadores e entre as qualidades que o manual descreve sobre esta rede, estão: construção da cidadania, responsabilidade digital, adoção de estilos de aprendizagem digital e social, e também não menos importante, o desenvolvimento profissional.
O FACEBOOK é considerado um dos mais importantes programas construídos desde que a Internet iniciou. Considerado um ambiente virtual de construção de conteúdos, ele permite que seus usuários participem ativamente do ambiente, postando mensagens, figuras, fotos, áudios e vídeos.
Em seu uso pedagógico, o FACEBOOK proporciona uma série de vantagens na relação ensino-aprendizagem: construção de conteúdos, exposição das pesquisas, curtir e compartilhar, avaliação feita pelos próprios alunos, periodicidade dos trabalhos, trabalhos interdisciplinares, quantidade de produção de mensagens e produção científica de artigos.
O ambiente FACEBOOK possui ainda, ambientes restritos intitulados GRUPOS, onde é possível a realização de trabalhos fechados, sem a possibilidade da visitação pública. Existem três possibilidades: todos os internautas podem ver e participar, todos podem ver, mas não podem participar, só podem ver os membros aprovados.
A criação de GRUPOS no FACEBOOK permite ao professor uma série de aplicações. A seguir algumas sugestões:
a) Criação de GRUPO DE ESTUDOS para cada nova turma iniciada no semestre. Para isso, o professor deverá solicitar que todos os alunos sejam membros do GRUPO.
b) Criação de GRUPO DE ESTUDOS para uma determinada disciplina, onde fazem parte todas as turmas e professores. Desta maneira, é possível realizar trabalhos de pesquisa, dividindo as pesquisas por turma e no final, cada turma apresenta o trabalho para as outras.
c) Criação de GRUPOS DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES, envolvendo mais de uma disciplina para realizar pesquisas científicas e pesquisas experimentais.
Quanto à estrutura do FACEBOOK, é aconselhável que cada professor crie um email profissional, para este fim. Com este email cria um perfil dentro do FACEBOOK. Dentro do perfil é possível criar varias páginas. Em cada página é possível associá-la
a uma disciplina. Também podem ser criados vários grupos de estudos.
Quanto aos aspectos de necessidades estruturais, as escolas que tiverem computadores nas salas de aulas e internet, poderão utilizar o FACEBOOK. É aconselhável que uma banda de no mínimo 1 MB (Magabyte) esteja disponível em cada máquina.
Com relação a parte escrita das mensagens e produção de textos é aconselhável que sejam discutidos nas aulas de português para que sejam concertados os erros de ortografia e gramática. Desta maneira, encontra-se aqui uma excelente motivação para tornar a pesquisa interdisciplinar, tornando a disciplina da língua portuguesa fundamental na construção das mensagens.
8. METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa buscou evidenciar como diferentes estratégias de ensino podem contribuir sobremaneira a forma de se ministrar aulas e de como as aprendizagens podem ser significativas quando disponibilizamos diferentes letramentos multissemióticos ou multimodais. [21]
A pesquisa foi realizada através de um curso intitulado FACEBOOK NA SALA DE AULA, oferecido para todo o Brasil. Foram escolhidos aleatoriamente 48 professores que realizaram a pesquisa. Foram oferecidas seis estratégias de ensino. Cada estratégia teve a duração de duas semanas. Os professores deveriam ler um conteúdo fornecido com informações sobre a estratégia de ensino e uma atividade foi proposta para mostrar na prática como deveria ser utilizado o ambiente virtual de construção de conteúdos FACEBOOK.
No final da atividade de cada estratégia de ensino, os professores participantes deveriam preencher um questionário de avaliação e de opinião sobre a estratégia proposta. O questionário foi construído com questões abertas e fechadas e utilizou-se análise de conteúdo segundo Bardin [2]. Foram sugeridas oito questões abertas e nove questões afirmativas para serem respondidas conforme quadro possível de respostas. Em todas as seis estratégias de ensino foram sugeridas atividades no FACEBOOK, utilizando os recursos do ambiente virtual de construção de conteúdos. Para este artigo foi considerado apenas o questionário referente a CÍRCULO DE INTERDISCIPLINARIDADE.
Os professores desenvolveram sete temas interdisciplinares. Para cada tema foi utilizado a Círculo de Interdisciplinaridade onde foi escolhida a disciplina coordenadora e as disciplinas que iriam participar de forma interdisciplinar. Os temas foram: desertificação, luz e eletricidade, oxigênio, frações, alimentos, idiomas e movimento do corpo.
Para cada tema foram colocados alguns questionamentos que os alunos deveriam realizar pesquisas na Internet, através de textos, figuras, fotos, vídeos, sobre os pontos abordados.
9. RESULTADOS DA PESQUISA Participaram 48 professores; 22 do sexo masculino e 26 do sexo feminino. Foram professores da 6ª, 7ª e 8ª séries do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio. A distribuição por tipo de escola, particular ou pública, não foi considerada relevante para a pesquisa, embora o resultado tenha apresentado uma quantidade homogenia, 20 professores de escolas particulares e 28 professores de escolas públicas. Ao serem perguntados pelo conceito de Interdisciplinaridade, apenas seis professores (12,5%) descreveram que tinham algum conhecimento sobre a
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metodologia e o conceito interdisciplinar, embora não haviam
praticado em suas instituições de ensino.
No questionário foram disponibilizadas algumas frases das quais
os professores deveriam responder segundo um grau de
concordância que variava conforme as respostas possíveis: 1 -
Discordo totalmente 2 - Discordo parcialmente 3 - Indiferente 4 -
Concordo Parcialmente 5 - Concordo totalmente.
“A exposição dos trabalhos aos demais colegas é um ponto positivo desse ambiente, pois constrói um senso comum de valor do esforço utilizado por cada aluno ou grupo na elaboração dos conteúdos.”
Com relação a essa afirmativa, os professores responderam com
70% no item (4), concorda parcialmente e 30% com o item (5)
concordam totalmente. Perguntado aos professores, a justificativa
de tais respostas, a maioria respondeu se tratar de uma
metodologia já conhecida pelos alunos.
“O critério de deixar os próprios alunos se auto-avaliarem com relação à publicação dos conteúdos pesquisados, dá a eles a responsabilidade de melhorarem as apresentações constantemente.”
Nesta afirmativa os professores responderam com 60%, com o
item (4) concordam parcialmente, 10% discordam parcialmente,
item (2), e o restante escolheu o item (5) concordam totalmente.
Esta resposta revela que os professores ainda possuem o
paradigma da correção dos trabalhos e provas como sendo
atribuições do professor.
“As diferentes contribuições das disciplinas a um determinado tema escolhido proporcionam uma visão mais geral, holística e globalizante sobre os fenômenos observáveis.”
Nesta afirmativa todos os professores responderam o item (5)
concordam totalmente. Após a leitura dos textos e da
compreensão da CÍRCULO DE INTERDISCIPLINARIDADE
ficou evidenciado à maioria que o estudo da Interdisciplinaridade
no currículo escolar é fundamental e que o PPP (Plano Político
Pedagógico) da Escola deveria rever seus conteúdos no sentido de
inserir tais práticas.
“Outra grande contribuição do FACEBOOK como ambiente pedagógico de ensino e aprendizagem é a oportunidade dos alunos de lerem e curtirem todas as publicações e isso ficar registrado no ambiente.”
Nesta afirmativa 85% dos professores concordam totalmente que
ao CURTIR ou COMPARTILHAR os trabalhos dos colegas, os
alunos estão avaliando o grau de importância das pesquisas e que
esse exercício é altamente benéfico para a qualidade dos trabalhos
apresentados. Quanto mais “curtidos” são os trabalhos maior grau
de significação causa à eles todos.
“A produção de conteúdos pelo próprio aluno é uma metodologia que incentiva o aluno a produzir, mas não dá a certeza de construção de conhecimento, havendo necessidade de outras estratégias em conjunto.”
Nesta afirmativa todos os professores responderam o item (4)
concordando parcialmente. Perguntados pelas respostas, a maioria
afirma que muitos alunos não fazem a sua parcela de produção no
grupo, recaindo sobre poucos a responsabilidade de terminar a
tarefa. Esta análise deixa bem claro que a mudança de
mentalidade e de comportamento dos alunos frente a produção
intelectual é um caminho a ser perseguido por todos os
professores e que é necessário introduzir cada vez mais iniciativas
como esta da pesquisa para que os professores tomem consciência
da importância da Interdisciplinaridade como metodologia que
melhora o entendimento das disciplinas e torna a aprendizagem
mais significativa.
Perguntados pela utilização das redes sociais e, em especial o
FACEBOOK NA SALA DE AULA, a maioria afirmou buscar
implantar o método apreendido, mas que isso implicaria
inicialmente em providenciar as questões técnicas necessárias tais
como computadores em sala de aula, acesso a Internet, permissão
da Instituição de Ensino e dos pais para utilização do
FACEBOOK na sala de aula.
E, por fim, numa análise final, a possibilidade de colocar os
alunos numa predisposição para trabalhos em grupo, pesquisa na
Internet, e elaboração de conteúdos na plataforma FACEBOOK.
A pesquisa, segundo alguns professores, “deu aos alunos um novo
ânimo, pois as atividades são visíveis a todos os alunos no
ambiente e puderam CURTIR e COMPARTILHAR, como eles
mesmos dizem, referindo-se aos trabalhos dos colegas”.
10. CONCLUSÕES O uso das Redes Sociais de forma pedagógica em sala de aula
precisa ainda passar por desafios ainda muito maiores do que o
seu uso propriamente dito, que é a estrutura física de
computadores nas escolas, que em geral encontra-se sucateada, e
da elaboração de um novo PPP (Projeto Político Pedagógico) que
insira tais metodologias e tecnologias no currículo educacional.
Associado a isso, uma nova estrutura contratual financeira, que
permita aos professores se estabelecerem numa única escola, para
poderem desenvolver estratégias de ensino entre as diferentes
disciplinas, tornando o ensino menos fragmentado.
A pesquisa mostrou que o uso das redes sociais em sala de aula
ainda é visto pelas Instituições de Ensino como um tabu e que o
uso de celulares e tablets em sala de aula, sem um projeto
pedagógico, mais atrapalham do que ajudam. Se por um lado, os
alunos vão para a escola com uma pedagogia social muito mais
apurada do que aquela que se tinha anteriormente ao advento dos
computadores e das redes sociais, conforme assegura Freire [5]
[6] em relação ao uso de outras mídias, quando diz que “aprender
não a ler apenas as palavras, mas aprender a ler o mundo.
Devemos compreender as habilidades de leitura e escrita, mas
também os domínios e recursos das tecnologias da comunicação
digital”, por outro lado, os alunos exercem pressões diárias para
que a escola encontre rapidamente pedagogias que contemplem o
uso dos equipamentos móveis em sala de aula. Na visão dos
professores, os alunos querem aprender, mas admitem que falta
ludicidade no ensino e que a escola precisa se modernizar quanto
as suas práticas pedagógicas, tornando o ensino contemporâneo,
diversificado, com metodologias plurais de ensino, com
estratégias de ensino variadas, e que se busque desenvolver nos
alunos estratégias individuais de aprendizagem, posto que existam
diferentes mídias e que por algumas delas, o aluno irá gostar mais
de estudar e aprender.
O que se evidenciou na pesquisa foram às necessidades de se
combinar habilidades cognitivas dos alunos com estratégias de
ensino que privilegiem diferentes letramentos multissemióticos
[21] e que a contribuição de tecnologias, como as redes sociais e o
FACEBOOK, possam oportunizar condições ideais de ensino e
aprendizagem, necessitando para isso que a Escola repense seus
métodos, suas estruturas físicas e tecnológicas, a formação
continuada de professores, as condições dos atores de elaborarem
projetos de pesquisas e experimentações, bem como metodologias
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e práticas pedagógicas interdisciplinares e que vislumbrem a
Escola como um novo cenário de formação de cidadãos sociais e
políticos, ativos e reflexivos, e, sobretudo, com aprendizagens
significativas e duradouras.
De todas as idiossincrasias de nosso tempo, também chamada de a
era do conhecimento, que possam ocorrer diante dos conflitos
cognitivos, das construções das estruturas intelectuais, da
habilidade de lidar com a complexidade e os objetos complexos, a
mais controvertida delas é sem dúvida alguma, a resolução
acadêmica de julgar que os guetos epistemológicos possam dar
conta de uma multiplicidade de análises e sínteses, de hipóteses
cujas problemáticas necessitam de expoentes em várias ciências.
Se o momento é de unir esforços nas habilidades e capacidades de
ações transformadoras e de colocar sujeitos diante de objetos em
observação capazes de ver além da visão especializada do
tecnicismo e pragmatismo das disciplinas e das dispersões dos
saberes, também é o momento de propor soluções novamente
iluministas e renascentistas, unindo não só as ciências, mas os
olhares amplificados, renovados, humanísticos, que o movimento
enciclopedista volte e pinte as ciências com matizes de todas as
epistemologias, metodologias e práticas pedagógicas que se
locupletem.
Se o que se busca é um novo aluno, também se quer um novo
docente, se a sociedade precisa de um novo cientista, também
deseja pesquisas que nos levem a compreender os ecossistemas, as
economias de mercado para matar a fome de todos os habitantes
da Terra, que as inteligências possam se unir para erradicar as
doenças fabricadas pelo homem a fim de vender curas, e que os
povos, de diferentes ideologias, idiomas e religiões se unam para
entender as crenças e a ciência, como lados de uma mesma
costura planetária.
Se as novas ciências que nascem todos os dias, mudarem a face da
pesquisa e levar o Homem para o entendimento maior dos objetos
complexos, dos avanços promovidos pelo uso da
interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade como processo e
estratégia de ação e não como dicotomias unidisciplinares,
possibilitando uma rede de intrincados campos científicos,
alterando o modo de produção e construção do conhecimento,
então se estará avançando para uma sociedade menos materialista-
histórica. Porque assim como uma só ciência não explica a menor
partícula do universo, também uma só ciência não explica os
intrincados segredos escondidos do universo. E como as
mudanças e alterações nos construtos epistemológicos e
pedagógicos são lentas e graduais, é necessário discutir muito a
situação atual, na observação da decadência, obsolescência e
declínio de um modelo cartesiano que não serve aos propósitos
das sociedades contemporâneas. As próprias ciências se levantam
contra o atual sistema e se unem para responder ou adaptarem-se
as exigências do mercado, da sociedade e do universo científico
das novas descobertas. O grande avanço das metodologias e
práticas pedagógicas para o uso de experiências científicas em
sala de aula está no cerne das discussões da interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade enquanto abordagem sistêmica, não mais
como discurso, posto que já se conheça suas implicações, mas
como praxiologia urgente para continuar avançando, a
velocidades cada vez maiores no entendimento das ciências e das
sociedades, exigindo dos pesquisadores um tratamento mais
sintético, totalizante, holístico e globalizante.
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