Manual de Desenvolvimento
Organizacional
1. NATUREZA E DESAFIOS ACTUAIS DA GESTÃO...............................................................................81.1 O Gestor.................................................................................................................101.2. A Gestão..............................................................................................................101.3. As Organizações...............................................................................................121.4. Os Níveis Organizacionais..............................................................................131.5. O Processo de Gestão......................................................................................151.6. As Competências do Gestor..........................................................................181.7. Os Papéis do Gestor.........................................................................................211.8. Resumo do Capítulo........................................................................................261.9. Exercícios.............................................................................................................261.10. Referências Bibliográficas...........................................................................28
2. O AMBIENTE ORGANIZACIONAL......................................................................................................292.1.Conceito de Sistemas.......................................................................................302.2. Classificação de Sistemas..............................................................................322.3. Conceito de Ambiente.....................................................................................332.4.Ambiente Geral...................................................................................................332.5. Ambiente Específico.....................................................................................342.6. Dinamismo do Ambiente...............................................................................362.7. Homogeneidade e Heterogeneidade Ambiental...................................372.8. Estabilidade e Instabilidade Ambiental.....................................................382.9. Relações entre Organização e Ambiente.................................................402.10. Adaptação Ambiental....................................................................................412.11. Influência Ambiental......................................................................................422.12. Resumo do Capítulo.......................................................................................432.13. Exercícios...........................................................................................................432.14. Referências Bibliográficas...........................................................................45
3. A CULTURA ORGANIZACIONAL.........................................................................................................463.1. O Conceito de Cultura Organizacional......................................................483.2. Os Componentes da Cultura Organizacional..........................................483.3. A organização Formal e a Organização Informal.................................503.4.As características da organização segundo a Teoria Z.......................523.5. Conceito e Aplicação de Diversidade........................................................533.6. Multiculturalismo...............................................................................................533.7. Características das Culturas Bem Sucedidas.........................................543.8. Culturas Conservadoras e Culturas Adaptativas...................................563.9. O Desenvolvimento Organizacional...........................................................583.10. Características, Técnicas e Processos de Desenvolvimento Organizacional.............................................................................................................593.11. O Processo de Desenvolvimento Organizacional...............................603.12. O Espírito Empreendedor............................................................................643.13. Resumo do Capítulo.......................................................................................673.14. Exercícios...........................................................................................................683.15. Referências Bibliográficas...........................................................................70
4. REINVENTANDO AS ORGANIZAÇÕES.........................................................................................714.1. As Tendências do Mundo Actual..................................................................72
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4.2. Uma Onda de Reorganizações.....................................................................734.3. Mudança Organizacional................................................................................744.4. Reinventando as Organizações...................................................................774.5.O Processo de Mudança..................................................................................794.6.Como Preparar as Organizações para a Mudança................................854.7. Criatividade e Inovação..................................................................................884.8. Resumo do Capítulo.........................................................................................934.9. Exercícios.............................................................................................................934.10. Referências Bibliográficas...........................................................................964.11. Anexos................................................................................................................97
5. OS OBJECTIVOS NA ORGANIZAÇÃO...............................................................................................1035.1. Missão..................................................................................................................1055.2. Visão.....................................................................................................................1105.3. Objectivos..........................................................................................................1105.4.Natureza dos objectivos organizacionais................................................1145.5.Hierarquia de objectivos................................................................................1155.6.Os níveis de objectivos e planos................................................................1165.7. Gestão por Objectivos (GPO)......................................................................1195.8. Sistemas de GPO.............................................................................................1215.9. Resumo do Capítulo.......................................................................................1265.10. Exercícios.........................................................................................................1275.11. Referências Bibliográficas.........................................................................129
6. DESENHO ORGANIZACIONAL...........................................................................................................1306.1. Diferenciação e Integração.........................................................................1336.2.Desenho organizacional................................................................................1356.3. Factores que afectam o desenho organizacional...............................1416.4. Quem determina o desenho organizacional?.......................................1516.5.Actividade central da empresa ou core business................................1536.6.Resumo do capítulo.........................................................................................1596.7. Exercícios...........................................................................................................1596.8. Referências Bibliográficas............................................................................163
7. DESENHO DEPARTAMENTAL............................................................................................................1647.1. Desenho departamental...............................................................................1657.2. Abordagem funcional.....................................................................................1667.3. Abordagem divisional....................................................................................1687.4. Abordagem Matricial......................................................................................1777.5.Abordagem de Equipas..................................................................................1837.6. Abordagem de Redes....................................................................................1867.7. Organizações Híbridas...................................................................................1887.8.Organizações Virtuais.....................................................................................1917.9. Resumo do Capítulo.......................................................................................1927.10. Exercícios.........................................................................................................1937.11. Referências Bibliográficas.........................................................................196
8. O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO........................................................................................197__________________________________________________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 3 de 366Manual do Formando
8.1. Conceito de Decisão Organizacional.......................................................1998.2. Racionalidade...................................................................................................2008.3. Elementos do Processo de Decisão..........................................................2018.4. O Processo de Decisão..................................................................................2018.5. Ambientes de Decisão...................................................................................2058.6. Tipos de Decisões Organizacionais..........................................................2078.7. Tipos Básicos de Decisão.............................................................................2118.8. Os Efeitos das Decisões nas Organizações...........................................2148.9. A Solução de Problemas...............................................................................2148.10. Localização de Problemas.........................................................................2158.11. Técnicas de Solução de Problemas........................................................2158.12. Resumo do Capítulo.....................................................................................2218.13. Exercícios.........................................................................................................2228.14. Referências Bibliográficas.........................................................................225
9. OS FUNDAMENTOS ESTRUTURAIS DA ORGANIZAÇÃO............................................................2269.1. Estrutura Organizacional..............................................................................2299.2. Estrutura Vertical............................................................................................2319.3. Resumo do Capítulo.......................................................................................2469.4. Exercícios...........................................................................................................2479.5. Referências Bibliográficas............................................................................250
10. COMUNICAÇÃO E NEGOCIAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES........................................................25110.1. A Comunicação e o Gestor........................................................................25210.2. Conceito de comunicação.........................................................................25310.3. O processo de comunicação.....................................................................25410.4. Consonância...................................................................................................25710.5. Comunicação entre pessoas....................................................................25810.6. Barreiras à Comunicação...........................................................................26010.7. Canais de Comunicação.............................................................................26310.8. Comunicação Organizacional...................................................................26410.9. Canais Formais de Comunicação............................................................26410.10.Canais Informais de Comunicação........................................................26610.11. Negociação...................................................................................................27110.12.Resumo do Capítulo...................................................................................27410.13. Exercícios......................................................................................................27510.14. Referências Bibliográficas.......................................................................278
11. LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES.................................................................................................27911.1. A Liderança nas Organizações................................................................28111.2. As Bases do Poder........................................................................................28111.3. Conceito de liderança..................................................................................28311.4. Teorias Sobre Liderança............................................................................28411.5. Aplicações Práticas.......................................................................................30111.6. Resumo do Capítulo.....................................................................................30911.7. Exercícios.........................................................................................................30911.8. Referências Bibliográficas.........................................................................313
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12. A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS EM AMBIENTES DINÂMICOS E COMPETITIVOS..........................................................................................................................................314
12.1. O Contexto da Gestão de Pessoas.........................................................31612.2. Conceito de Gestão de Pessoas..............................................................31812.3. Objectivos da Gestão de Pessoas...........................................................32012.4. Os Processos da Gestão de Pessoas.....................................................32212.5. Os Seis Processos da Gestão de Pessoas............................................32312.6. A Estrutura do Órgão de Gestão de Pessoas.....................................32412.7. Os Novos Papéis da Gestão de Pessoas...............................................33112.8. A Gestão de Talentos Humanos e do Capital Intelectual...............33412.9. Resumo do Capítulo.....................................................................................33812.10. Exercícios......................................................................................................33912.11. Referências Bibliográficas.......................................................................341
13. PLANEAMENTO E MODELAGEM DE FUNÇÕES.........................................................................34213.1. O Modelos de Planeamento de RH.........................................................34313.2. Conceito de Função.....................................................................................34813.3. Desenho de Funções...................................................................................35113.4. Modelos de Desenho de Funções...........................................................35313.5. Descrição e Análise de Funções..............................................................36613.6. Métodos de Recolha de Dados sobre Funções..................................36913.7. As Etapas do Processo de Análise de Funções..................................37313.8. Utilização da Descrição e Análise de Funções...................................37413.9. Resumo do Capítulo.....................................................................................37813.10. Exercícios......................................................................................................37913.11. Referências Bibliográficas.......................................................................381
14. DESENVOLVIMENTO E RELACIONAMENTO ENTRE PESSOAS............................................38214.1. Desenvolvimento de Pessoas..................................................................38314.2. Métodos de Desenvolvimento de Pessoas..........................................38314.3 Desenvolvimento de Carreiras.................................................................38714.4. Estilos de Gestão..........................................................................................39114.5. Relações com Empregados.......................................................................39414.6. Programas de Assistência ao Empregado...........................................39614.7. Disciplina..........................................................................................................39814.8. Gestão de Conflitos......................................................................................40714.9. Resumo do Capítulo.....................................................................................41214.10. Exercícios......................................................................................................41314.11. Referências Bibliográficas.......................................................................416
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1. NATUREZA E DESAFIOS ACTUAIS DA GESTÃO
Objectivos da aprendizagemApós estudar este capítulo, o formando ser capaz de:
1. Definir gestão e dar exemplos de gestores bem sucedidos.2. Descrever o processo da gestão formado pelas quatro funções fundamentais -
PLANEAR, ORGANIZAR, DIRIGIR E CONTROLAR - e o tipo de actividade associada a cada uma delas.
3. Explicar a diferença entre eficiência e eficácia, e a sua importância no desempenho organizacional.
4. Descrever as diferenças nas funções da gestão, em cada nível hierárquico da organização.
5. Descrever as competências técnicas, humanas e conceptuais ao nível da sua importância para os gestores e os não gestores.
6. Definir os dez papéis que os gestores desempenham nas organizações.7. Descrever as características do sucesso da gestão e os assuntos relacionados com o
seu futuro.
□ O gestor□ A gestão□ As organizações□ Os níveis organizacionais□ O processo de gestão□ As competências do gestor□ Os papéis do gestor
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O Que Veremos Adiante
CASO INTRODUTÓRIO
Espírito empreendedor
Xavier deixara a sua terra natal, no interior do Estado de São Paulo-Brasil, onde trabalhava com um tractor, ordenhava vacas e cuidava da manutenção da fazenda da família, para vir trabalhar na ComputerField em São Paulo. Terminara o curso de Gestão de Empresas e, num curto espaço de tempo, passou a ser o primeiro brasileiro a chefiar o laboratório de desenvolvimento de produtos da empresa, após ter percorrido uma brilhante carreira cheia de promoções em vários departamentos.
Agora, Xavier é o Gestor-Geral do negócio de multimédia da ComputerField, que representa o casamento do PC (computador pessoal ou micro) com a televisão doméstica, as telecomunicações e a electrónica de consumo. A multimédia acoplada ao micro permite armazenar e rodar uma infinidade de filmes, música em CD, jogos, jornais, livros e revistas. Xavier tem pela frente o desafio de tornar a vertente multimédia num dos maiores negócios da ComputerField no país. Esse enorme desafio de gestão requer a aproximação da ComputerField aos seus clientes, o desenvolvimento de novos produtos e serviços afins, a articulação de novos canais de distribuição dos produtos e a redução dos custos da sua produção. Para enfrentar esses desafios, Xavier necessita de muitas competências de gestão. Se estivesse na posição de Xavier, como procederia? Quais as técnicas de gestão que elaboraria e usaria para conduzir uma nova divisão de negócios de uma empresa dinâmica e inovadora como a ComputerField?
O trabalho é uma actividade que adiciona valor a algo. O objectivo do trabalho é o de proporcionar prosperidade às pessoas, às organizações e à sociedade como um todo. A ciência da gestão e do desenvolvimento organizacional está relacionada com as formas de fazer o trabalho melhor, mais fácil e mais bem sucedido.
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SUGESTÕES DE COMPREENSÃO
Algumas Definições de Gestão□ Gestão é o processo pelo qual um grupo de pessoas dirige as acções de
outras no sentido de alcançar objectivos comuns (Massie & Douglas).□ Gestão é o processo de trabalhar com e através de outras pessoas para
alcançar eficientemente objectivos organizacionais pelo uso eficiente de recursos limitados num ambiente mutável (Kreitner).
□ Gestão é a coordenação de todos os recursos através dos processos de planear, organizar, dirigir e controlar no sentido de alcançar objectivos estabelecidos (Silk).
□ Gestão é o estabelecimento de um ambiente eficaz para as pessoas trabalharem em grupos organizacionais formais (Koontz & O'Donnell).
□ Gestão é o processo de alcançar objectivos organizacionais pelo trabalho com e através de pessoas e outros recursos organizacionais (Certo).
1.1 O Gestor
O gestor é o responsável pelo desempenho de uma ou mais pessoas de uma orga-nização. O gestor obtém resultados através da sua organização e das pessoas que nela trabalham. Para tal, ele planeia, organiza, dirige pessoas, gere e controla os recursos materiais, os financeiros, os de informação e a tecnologia, visando à realização de determinados objectivos.
1.2. A GestãoA gestão constitui a maneira de utilizar os diversos recursos organizacionais humanos, materiais, financeiros, de informação e tecnologia – para alcançar objectivos e atingir elevado desempenho. Gestão é o processo de planear, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos organizacionais para alcançar determinados objectivos de maneira eficiente e eficaz.
A gestão visa alcançar objectivos organizacionais de maneira eficiente e eficaz. E o gestor precisa saber utilizar os recursos organizacionais no sentido de obter eficiência e eficácia, bem como alto grau de satisfação entre as pessoas que fazem o trabalho e o cliente que o recebe. Quanto ao desempenho, existem dois critérios: eficiência e eficácia. A eficiência sig-nifica fazer as coisas bem e correctamente, relaciona-se com os meios.
As medidas de eficiência podem ser o custo do trabalho, a utilização de equipa-mento, a manutenção de máquinas e o retorno do capital investido, por exemplo.
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Quadro 1.1 As diferenças entre eficiência e eficácia
Eficiência Eficácia Fazer correctamente as coisas Preocupar-se com os meios Aplicar métodos e procedimentos Cumprir os regulamentos internos Formar e aprender Jogar futebol com arte Saber batalhar Ser pontual no trabalho
Fazer as coisas necessárias Preocupar-se com os fins Aplicar os objectivos e resultados Atingir os alvos e os objectivos Saber e conhecer Ganhar o jogo de futebol Ganhar a guerra Agregar valor e riqueza à organização
A eficácia relaciona-se com os fins e propósitos. É a medida do resultado da tarefa ou o alcance do objectivo estabelecido. Um gestor eficaz é aquele cuja unidade de trabalho alcança diariamente as metas de produção em termos de quantidade e qualidade de resultados.
O sucesso da gestão consiste em obter eficiência e eficácia simultaneamente na utilização dos recursos organizacionais. Isso significa excelência no desempenho.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Xavier pretende realizar um trabalho eficiente e eficaz como Gestor-Geral da divisão de multimédia da ComputerField. Em suma, pretende fazer as coisas bem-feitas, fazendo bons produtos, distribuindo-os adequadamente no mercado e reduzindo custos de produção e de distribuição. Mas ele quer também atingir objectivos globais como chegar a um volume anual de vendas, obter uma forte participação no mercado consumidor e proporcionar lucros para a sua empresa – um olho no painel do carro para utilizar bem o combustível e outro na estrada para alcançar o destino previsto.
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Eficaz, mas não efeiciente.
Atinge os objectivos, mas alguns recursos são desperdiçados.
Eficaz e eficiente, os objectivos são
atingidos e os recursos bem utilizados.
Alta produtividade e elevado desempenho
Nem eficaz nem eficiente. Os objectivos não são atingidos, os
recursos são desperdiçados no
processo.Desempenho precário.
Eficiente, mas não eficaz.
Os recursos são bem aplicados, mas os objectivos não são
alcançados.O desempenho é
precário.
UTILIZAÇÃO DE RECURSOS
Alcance de
Objectivos
BoaPobre
Alto
Baixo
Fonte: Adaptado de John R. Schermerhorn, Jr., Management, Nova York, John Wiley, 1996, p.5
1.3. As OrganizaçõesVivemos numa sociedade de organizações, em que quase tudo o que se produz é feito dentro delas: carros, roupas, alimentos, livros, revistas, pesquisas, serviços, comunicações etc. Através de recursos como o conhecimento, as pessoas, o dinheiro, a tecnologia ou a informação, as organizações desempenham tarefas através do trabalho colectivo que nenhum indivíduo, isoladamente, conseguiria desempenhar.
Uma organização é uma entidade social composta de pessoas que trabalham juntas e deliberadamente estruturada numa divisão de trabalho para atingir um objectivo co-mum. Quando dizemos que é uma entidade social deliberadamente estruturada quere-mos dizer que as tarefas são divididas entre os seus membros, e a responsabilidade pelo seu desempenho é atribuída a cada um dos membros da organização.
As organizações empregam pessoas e aplicam recursos. Elas podem ser de grandes, como a Volkswagen, a GALP, a Sonae, EDP. Algumas dedicam-se a produzir produtos de consumo (Fiat Automóveis, Palmolive, Nestlé, Procter & Gamble, Vila Romana) ou bens destinados à produção (Fiat Camiões e Tractores, Companhia Siderúrgica Nacional, Lisnave, Lever). Outras prestam serviços, como bancos (CGD, BCP, BES), entidades financeiras (American Express, UNICRE, BPI), transportadoras aéreas (Portugália, TAP, SATA), cadeias de restaurantes (McDonalds, KFC, Telepizza, PizzaHut), formas de entretenimento (SIC, Lusomundo, rádios de FM ou AM) ou ainda hospitais, escolas e universidades, agências de propaganda, consultorias em geral, empresas de auditoria e contabilidade e um sem-número de outros tipos diferentes.
Exercício: Procure identificar em revistas da especialidade, as maiores e melhores organizações do ano
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Critérios de classificações para a escolha das melhores empresas do ano1. Liderança de mercado: Peso 10. Retracta empresas que mais contribuem para
a economia e com maiores participações de mercado no macro-setor em que actuam.
2. Crescimento das vendas: Peso 25. Retracta o dinamismo da empresa no ano analisado, se ela aumentou ou diminuiu sua participação no mercado, e capacidade de gerar novos empregos...
3. Rentabilidade do património: Peso 30. Mede a eficiência da empresa, controle de custos e aproveitamento das oportunidades.
4. Liquidez geral: Peso 15. Revela a situação financeira da empresa e se opera com segurança.
5. Endividamento: Peso 10. Avalia o risco assumido pela empresa. Quanto menor o endividamento, menor o risco. Este critério premia os menos endividados.
6. Vendas por empregado: Peso 10. Mede quanto a empresa produz e vende em relação ao número de empregados. Premia as empresas com maior produtividade dos empregados e não pela margem de lucro das vendas.
7. Transparência: Critério sem nenhum peso. A transparência é factor de excelência empresarial, prioriza demonstrações apresentadas em moeda constante (correcção monetária integral) e as empresas que divulgaram os efeitos da inflação em seus resultados.
Fonte: revista Exame
1.4. Os Níveis Organizacionais
O gestor é uma figura essencial e indispensável para as organizações, qualquer que seja o seu tamanho ou tipo. E dentro das organizações, o gestor pode ser um presidente ou director, um gestor ou um supervisor, dependendo do nível que ocupa. Por outras palavras, o gestor pode estar situado num dos três níveis organizacionais: no nível institucional, intermediário ou operacional de uma organização. Em cada um dos níveis organizacionais, o papel do gestor é diferente.
Nível institucionalÉ o nível de gestão mais elevado da organização. É constituído pelo Presidente e Directores que compõem a Alta Administração e tomam as principais decisões da organização. O nível institucional, também conhecido pelo nome de nível estratégico, é o nível mais periférico da organização, pois está em contacto directo com o ambiente externo, com o mundo que rodeia a organização, e recebe o impacto das mudanças e pressões ambientais.
Nível IntermediárioÉ o nível que articula internamente o nível institucional com o nível operacional da organização. É o nível composto pelos gestores, sendo conhecido pelo nome de nível de gestão ou táctico. Interpreta a missão e os objectivos fundamentais do negócio.
Nível OperacionalÉ o nível de gestão mais baixo de todos. É o nível mais íntimo da organização e cons-titui a base inferior do organograma. É o nível que executa e realiza as tarefas e actividades quotidianas. Neste nível, o gestor deve possuir uma visão operacional
Os três níveis da gestão e a operação / execução
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Como Gestor-Geral da divisão multimédia da ComputerField, Xavier ocupa uma posição no nível intermediário da organização. Reporta-se ao nível institucional e tem abaixo de si vários elementos de nível operacional. O seu trabalho envolve uma divisão da companhia, os seus objectivos são formulados a médio prazo, quase sempre por volta de um ano, período que constitui um exercício contabilístico.Como o gestor pode trabalhar em qualquer um desses três níveis organiza-cionais, ele pode ser o Presidente, o Director, o Gestor ou o Supervisor, dependendo da posição que ocupe. Contudo, em qualquer um desses níveis ou posições, o trabalho do gestor está sempre voltado para as tarefas da gestão.
1.5. O Processo de GestãoO que faz o gestor? Quais as funções que exerce em seu quotidiano? Parte da nossa definição de gestão fala do alcance de objectivos organizacionais através do planeamento, organização, direcção e controle.
Desde meados do século XX, tornou-se prática comum definir a gestão em termos das suas quatro funções específicas: planeamento, organização, direcção e controlo. Assim, a gestão é o processo de planear, organizar, dirigir e controlar os esforços dos membros da organização e de utilizar todos os recursos organizacionais disponíveis para alcançar objectivos organizacionais previamente estabelecidos.
O Processo da Gestão
PLANEAMENTO
CONTROLO
DIRECÇÃO
ORGANIZAÇÃO
ENTRADAS
SAÍDAS
AMBIENTE EXTERNO
Planeamento define o que a organização pretende fazer no futuro e como deverá fazê-lo. Por essa razão, o planeamento é a primeira função da gestão, definindo os objectivos para o futuro desempenho organizacional e decidindo sobre os recursos e tarefas necessários para alcançá-los adequadamente.
Organização é a função da gestão relacionada com a atribuição de tarefas, agrupamento de tarefas em equipas ou departamentos e alocação dos recursos necessários nas equipas e nos departamentos.
Direcção representa a colocação em marcha daquilo que foi planeado e organizado. Para tanto, a direcção é a função da gestão que envolve o uso de influência para activar e motivar as pessoas a alcançar os objectivos organizacionais
Controlo representa o acompanhamento, monitorização e avaliação do desempenho organizacional para verificar se as coisas acontecem de acordo com o que foi planeado, organizado e dirigido.
As Quatro Funções da Gestão
Planeamento
Definir objectivos e meios para alcançá-los
Controlo
Monitorar as actividades
e fazer correcções
Organização
Delegar poder para corrigir as
tarefas
Direcção
Usar influência
para motivar as
pessoas
Recursos
HumanosFinanceirosMateriaisInformaçãoTecnologia
Desempenho
ObjectivosProdutosServiçosEficiênciaEficáciaCliente
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Como Gestor-Geral da divisão de multimédia da ComputerField, Xavier deve planear, organizar, dirigir e controlar todas as actividades da sua divisão. A sua função leva-o a ter uma visão ampla e global do seu departamento.
O processo da gestão apresenta as seguintes características básicas:1. É cíclico e repetitivo: o processo é permanente e contínuo e está
sempre sendo completado e repetido continuamente. Em cada ciclo, o processo tende a melhorar e aperfeiçoar-se continuamente.
2. É interactivo: isto é, cada função da gestão interage com as demais, influenciando-as e sendo por elas influenciada.
3. É interactivo: o processo da gestão é uma sequência de passos que, embora não sejam rigidamente seguidos, formam um itinerário sujeito a ajustamentos e correcções, avanços e recuos, ao longo de sua implementação.
4. É sistémico: o processo não pode ser analisado por cada uma de suas partes, tomadas isoladamente, mas pela sua totalidade e globalidade. Para se entender cada uma das funções da gestão, é necessário conhecer todas as demais. Nenhuma delas pode ser administrada sem uma estreita vinculação com as outras.
1.6. As Competências do GestorO sucesso do gestor depende mais do seu desempenho do que dos seus traços particulares de personalidade, daquilo que ele faz e não daquilo que ele é. E o seu desempenho é o resultado de certas competências que o gestor possui e utiliza. Uma competência é a capacidade de transformar conhecimento em acção e que resulta num desempenho desejado.
Para Katz, existem três tipos de competências importantes para o desempenho bem sucedido na gestão: as competências técnicas, humanas e conceptuais. As competências técnicas envolvem o uso de conhecimento especializado e facilidade na execução de técnicas relacionadas com o trabalho e com os procedimentos de realiza-ção.
As competências humanas estão relacionadas com o trabalho com pessoas e referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal.
As competências conceptuais envolvem a visão da organização ou da unidade organi-zacional como um todo, a facilidade em trabalhar com ideias e conceitos, teorias e abstracções.
FAZER E EXECUTAREXECUÇÃO DAS OPERAÇÕES
NÍVEL OPERACIO
NAL
NÍVEL INTERMEDIÁ
RIO
NÍVEL INSTITUCIONA
L
Competências Técnicas
Competências Humanas
Competências
Conceptuais
As Três Competências do Gestor
AVALIAÇÃO CRÍTICA Afinal, quais são as empresas boas para trabalhar
Como deve ser uma empresa considerada um óptimo lugar para trabalhar? Que práticas ela deve ter? E que práticas não pode ter? Robert Levering e Milton Moskowitz passaram anos a estudar o assunto e publicaram um livro “The 100 best companies to work in América”. Chegaram a uma teoria: para ser um lugar realmente bom para trabalhar, uma empresa precisa apenas de ser boa nalguns aspectos específicos. Dizem eles que a política salarial e de benefícios, as oportuni dades de carreira e a qualidade das instalações melhoram a cotação da empresa junto aos funcionários, mas o que pesa mesmo é a confiança que ela inspira: os funcionários precisam de sentir que os seus dirigentes são pessoas confiáveis e ter a certeza de que não serão demitidos de repente, arbitrariamente. Eles precisam de sentir que a empresa não comete injustiças. Além disso, os funcionários têm de sentir que fazem parte do negócio, que podem aceder facilmente aos chefes e fazer críticas, sugestões e reclamações sem sofrer retaliações. Em resumo, o ambiente de trabalho tem de ser leve e agradável, pois sem isso não há salário alto capaz de transformar uma empresa num bom lugar para trabalhar.
As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas – constituem o maior património pessoal do gestor, o seu capital intelectual, a sua maior riqueza. O gestor, para ser bem sucedido profissionalmente, precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento, a perspectiva e a atitude.
O conhecimento significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiên-cias, aprendizagens que se possui a respeito da especialidade técnica. Como o conhecimento muda a cada instante, em função da mudança e inovação que ocorrem com intensidade cada vez maior, o gestor precisa de actualizar-se constantemente.
A perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em acção, saber trans - formar a teoria em prática, aplicar o conhecimento na análise das situações, na solução dos problemas e na condução do negócio. Não basta apenas possuir o conhecimento; ele pode ficar apenas em estado potencial. Toma-se necessário saber como utilizá-lo e aplicá-lo nas diversas situações e na solução dos diferentes problemasA atitude significa o comportamento pessoal do gestor frente às situações com que se defronta no seu trabalho. A atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, motivar, comunicar e levar os projectos adiante.
Estas três competências duráveis conduzem o gestor ao sucesso nas suas actividades. No decorrer deste manual, o leitor sentirá a preocupação constante de proporcionar e actualizar o conhecimento, de formular a perspectiva e, sobretudo, de formar e impor a sua atitude.
As 3 Principais Competências do Gestor
Perspectiva
Visão pessoal das coisas. Maneira prática
de aplicar o conhecimento na
solução de problemas e situações.
Atitude
Comportamento activo e pró-activo. Ênfase na acção
e no fazer acontecer. Espírito empreendedor e de equipa. Liderança e comunicação.
Conhecimento
Know-how. Informação. Actualização profissional.
Reciclagem contínua.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Ao trabalhar na ComputerField, certamente o nosso amigo Xavier terá de reunir as três competências duráveis – conhecimento, perspectiva e atitude – para poder enfrentar todos os desafios profissionais à sua frente. Ele deverá reunir o conhecimento actualizado, formular a sua perspectiva pessoal a respeito da sua aplicabilidade na solução dos problemas e na inovação e, sobretudo, desenvolver uma atitude positiva e empreendedora para alcançar as metas e resultados a que se propôs.
1.7. Os Papéis do Gestor
Um papel é um conjunto de expectativas da organização a respeito do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa actividades que os gestores conduzem para cumprir as funções de planear, organizar, dirigir e controlar. Os papéis interpessoais representam as relações com outras pessoas e estão relacio-nados com as competências humanas. Mostram como o gestor interage com as pessoas e influencia subordinados. Os papéis informacionais descrevem as actividades usadas para manter e desenvolver uma rede de informações. Os papéis decisórios envolvem todos os eventos e situações em que o gestor deve fazer uma escolha ou opção.
SUGESTÕES
PARA O GESTOR BEM SUCEDIDO
1. Faça investimentos constantes em sua formação profissional: estude com afinco, leia bastante, faça cursos de aperfeiçoamento, aprenda uma língua (como inglês, por exemplo), estude informática, aprenda tudo o que for possível para ser um excelente profissional. Não seja apenas mais um na sua organização. Em qualquer coisa que faça, não seja medíocre: seja o melhor possível!
2. Mantenha-se informado: procure ter uma visão global do mundo, dos negócios, das organizações, das tendências que estão ocorrendo, de assuntos diversos. Mantenha-se informado e discuta assuntos variados, amplie a sua capacidade de analisar, esteja sempre actualizado.
Categoria Papel Actividade
Interpessoal
Informacional
Decisória
Representação
Liderança
Ligação
Monitorização
Disseminação
Porta-Voz
Empreende
Resolve Conflitos
Alocação de Recursos
Negociação
Assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a organização, acompanha visitantes e assina documentos legais.
Dirige e motiva pessoas, treina, aconselha, orienta e comunica com os subordinados.
Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização, usa telefones, e-mails e reuniões.
Manda e recebe informação, lê revistas e relatórios, mantém contactos pessoais.
Envia informação para os membros de outras organizações, memorandos e relatórios, faz telefonemas e contactos diversos.
Transmite informações para pessoas de fora, através de conversas, relatórios e memorandos.
Inicia projectos, identifica novas ideias, assume riscos, delega as ideias a outros.
Toma acção correctiva em disputas ou crises, resolve conflitos entre subordinados, adapta o grupo a crises e mudanças.
Decide a quem atribuir recursos, programa, orçamenta e define prioridades.
Representa os interesses da organização em negociações, com sindicatos, vendas, compras ou financiamentos.
Fonte: Adaptado de Henry Mintzberg. “The Nature of Managerial work, Nova York, Harper & Row, 1972, p.92-93
3. Desenvolva seu espírito empreendedor: leve o trabalho a sério, como se ele fosse a sua própria empresa e tenha garra e iniciativa para alcançar metas e resultados. Procure novas ideias: procure perceber em tudo o que lê ou estuda as ideias que pode aplicar no seu trabalho ou iniciar um novo filão na empresa ou então um novo negócio particular. Não mostre o problema; indique a solução. Seja parte da solução e não do problema.
4. Saiba trabalhar em equipa: aprenda a trabalhar em conjunto com outras pessoas. Torna-se cada vez mais importante saber trabalhar em grupo. Bons relacionamentos interpessoais são fundamentais no trabalho do gestor e produzem motivação, satisfação e um óptimo ambiente de trabalho.
5. Seja flexível: é preciso ter jogo de cintura para relacionar-se com pessoas, clientes, superiores, além de achar a solução adequada para os problemas e inovar sempre e sempre. Saiba lidar com diferentes pessoas e situações de modo criativo e original. Não caia na rotina.
6. Desenvolva a sua capacidade de negociação: seja diplomata e saiba interagir com as pessoas, resolvendo problemas e intercambiando os benefícios alcançados.
7. Administre conflitos: é necessário compreender opiniões e posições diferentes e, às vezes, antagónicas e opostas. Saiba conduzir situações difíceis e criar soluções que abranjam interesses diversos e satisfaçam todas as partes envolvidas.
Trate a sua carreira como se ela fosse uma empresa: seja o empresário de si mesmo. O seu produto/serviço é a sua própria competência profissional, que deve colocar no mercado a fim de atender o cliente, que é a organização para quem trabalha. Tenha o espírito de fornecedor do seu produto/serviço.
CASO PARA DISCUSSÃO
MICROSOFTO Presidente e Fundador da Microsoft, William H. Gates, tem recebido vários apelidos pelo mundo: rapaz mágico, vendedor de ideias, cortador de gargantas, figura «cult» da informática, capitalista bem sucedido e o homem mais rico dos Estados Unidos. Enquanto muita gente se preocupa com isso, Gates tem trabalhado muito, tornando a sua empresa a mais importante força na indústria de computadores do mundo. Este aluno desatento da Harvard deixou a escola para associar-se a Paul Allen e formar a Microsoft. Para ele, o negócio não era produzir computadores, mas programas. Quando Gates iniciou, em 1978, a Microsoft tinha apenas 73 empregados e vendeu um milhão de dólares de software. Em 1992, empregava mais de 77.800 pessoas no mundo todo, vendendo 2.760 biliões de dólares de software em 39 línguas diferentes. A Microsoft tornou-se numa empresa de um incrível dinamismo, liderando na criação de ferramentas para os mortais que precisam de microcomputadores, enquanto as outras empresas seguem atrás de si. A Microsoft vale hoje
mais de 150 biliões de dólares, detém metade do mercado mundial de programas para PC e não existe um único concorrente que ameace a sua posição. Pelo contrário, a Microsoft é quem avança avidamente sobre os espaços ocupados por outras empresas".
Apesar do fenomenal crescimento da Microsoft, Bill Gates permanece como o elemento mais importante na cultura corporativa da empresa, mantendo uma intensa comunicação interna com os seus funcionários e evitando os problemas tradicionais das grandes empresas. Seja na criação de novos produtos, como no marketing, programação ou produção, ele adopta equipas de pequeno porte e que são divididas em subgrupos, assegurando uma perfeita gestão das tarefas e proporcionando participação total dos membros. Quando desenvolve novos produtos, Bill Gates selecciona uma equipe de aproximadamente dez pessoas de engenharia e marketing, estabelece os objectivos e divide o trabalho. Delega autoridade, mas com rédeas curtas. Reúne-se com o grupo a cada duas semanas para rever o progresso, resolver problemas e incentivar a equipe, quando se torna incisivo, exigente e muitas vezes até ameaçador. Ele quer resultados!
Bill Gates não adopta as técnicas bem-sucedidas de emprego dos seus concorrentes. Aprendeu com a IBM que as grandes empresas são melhores para desenvolver projecto. Gates segue também uma outra regra simples: admite apenas pessoas ágeis, desafia-as a pensar; a envolverem-se nas tarefas e a trabalhar no duro. O resultado é que o funcionário médio da Microsoft trabalha entre 60 a 80 horas por semana. A empresa recebe normalmente 120 mil currículos por ano, e muitos candidatos rejeitam melhores salários de outras empresas para disputar os prémios de desempenho e de gratificações proporcionados pela Microsoft. Gates soube visualizar o poder do computador para as massas antes do seu tempo. A sua característica principal é focar o futuro e perceber as oportunidades que os outros não vêem. A sua estratégia de produto antecipa-se sempre à dos concorrentes e é única. Gates possui uma rara combinação de características pessoais, como sentido de negócio, profundidade intelectual, espírito empreendedor e competência técnica. O seu planeamento foca o utilizador, sem deixar de lado a inovação num mercado dinâmico e caracterizado pela rápida obsolescência dos produtos e tecnologias.
Algumas das tácticas da Microsoft têm levado os concorrentes a reclamar e espernear. Entre as várias acusações, o governo americano investigou os procedimentos de licenciamento para o MS-DOS e acompanha de perto o sistema operacional Windows que domina 85% do mercado mundial de computadores pessoais. A Microsoft é acusada de tentativa ilegal de monopólio, ao forçar os fabricantes de PC a configurar os seus produtos com os seus programas. A Microsoft contrapõe que os produtos rivais são sempre anunciados como sistemas superiores e que os concorrentes prometem vantagens sobre os produtos Microsoft, fazendo com que os utilizadores fiquem hesitantes. Por seu lado, os concorrentes rebatem, alegando que a Microsoft utiliza a técnica de confundir, provocando receio, incerteza e dúvida sobre os produtos rivais. Uma briga de demónios. E quem é Bill Gates, na opinião das pessoas? Ele não se importa com o que as pessoas pensam ou dizem a seu respeito. Ele está preocupado com outras coisas.
Questões:1. A que atribui o fabuloso sucesso de Bill Gates?2. Qual o método de Bill Gates para implementar as quatro
funções da gestão quando lança um novo produto?3. Como é que a Microsoft reflecte as competências de gestão
de Bill Gates?4. Descreva alguns papéis que Bill Gates adopta na Microsoft.
São típicos das actividades da gestão? Discuta.5. Que outras mudanças na Microsoft chegaram ao seu
conhecimento?
1.8. Resumo do Capítulo
A gestão tornou-se no principal desafio para o mundo dos negócios e para todas as orga-nizações que dele participam. O gestor passou a ser o elemento fundamental para a sobrevivência e sucesso das organizações, qualquer que seja o nível de gestão em que se situa. O gestor desempenha as funções de planear, organizar, dirigir e controlar a acção organizacional para alcançar resultados (eficácia) e fazer o melhor uso possível dos recursos disponíveis (eficiência). Para tal, as competências do gestor devem ser aprimoradas para que ele possa desempenhar todos os papéis dentro da sua organização.
1.9. Exercícios1. Defina gestão e dê exemplos de gestores bem sucedidos. 2. Descreva a actividade do gestor.3. Explique o que são as organizações.4. Descreva os níveis organizacionais e suas principais características. 5. Explique o processo da gestão e os seus componentes.6. Descreva as capacidades do gestor.7. Descreva os papéis do gestor.
GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEGestão é o processo de planear, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos organizacionais para alcançar determinados objectivos de maneira eficiente e eficaz.
Gestor é o responsável pelo desempenho de uma ou mais pessoas no trabalho.
Administrar é planear, organizar, dirigir e controlar recursos para atingir objectivos organizacionais.
Atitude significa o comportamento frente às situações, o estilo pessoal e a determinação de fazer as coisas acontecerem.
Competência é a qualidade de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas.
Conhecimento significa o acervo de informações, teorias, conceitos, ideias, experiências e aprendizagem a respeito da área de actuação.
Controle é a função da gestão que monitora as actividades a fim de manter a organização no caminho para o alcance dos objectivos, permitindo as correcções necessárias.
Desempenho é a capacidade de uma organização de atingir seus objectivos pelo uso eficiente e eficaz de seus recursos.
Direcção é a função da gestão que utiliza a influência para activar e motivar as pessoas no sentido de alcançar objectivos organizacionais.
Eficácia significa atingir objectivos e resultados. Um trabalho eficaz é aquele que resulta proveitoso e bem sucedido.
Eficiência significa fazer as coisas bem e correctamente. O trabalho eficiente é um trabalho bem executado.
Empreendedor é a pessoa que tem a coragem de assumir riscos para aproveitar oportunidades em situações onde outras pessoas veriam problemas ou ameaças.
Competência é a capacidade de transformar o conhecimento em acção, o que resulta em um desempenho desejado.
Competências conceptuais envolvem o uso de ideias, conceitos, teorias e abstracções.
Competências humanas estão relacionadas com o trabalho com pessoas e referem-se à facilidade no relacionamento interpessoal e grupal.
Competências técnicas envolvem o uso de conhecimento especializado e facilidade na execução de técnicas específicas relacionados com o trabalho.
Nível institucional é o nível da gestão mais elevado e aberto da organização, pelo fato de interagir com o ambiente externo.
Nível intermediário é o nível da gestão que serve de ligação entre o nível institucional e o nível operacional. É geralmente ocupado por gestores.
Nível operacional é o nível da gestão mais baixo da organização e que cuida da execução das tarefas e actividades quotidianas.
Organização é a função da gestão de arranjar e alocar o trabalho, autoridade e recursos entre os membros de uma organização, visando ao alcance dos objectivos organizacionais.
Organização é uma entidade social composta de pessoas e deliberadamente estrutura da e orientada para um objectivo comum.
Organizações não governamentais (ONGs) são aquelas destinadas a um serviço social independentemente de recursos do governo.
Organizações não lucrativas são organizações que não perseguem objectivos de lucro.
Perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em acção, de transformar a teoria em prática e de resolver problemas.
Planeamento é a função da gestão que define objectivos e decide sobre os recursos e tarefas necessários para alcançá-los adequadamente.
Processo é uma sequência ou sucessão de etapas de um trabalho.
Processo da gestão é o conjunto da sequência das funções da gestão, como planear; organizar; dirigir e controlar.
Recursos organizacionais são os meios de que uma organização dispõe para poder funcionar e operar adequadamente.
1.10. Referências Bibliográficas1 Henry Mintzberg. "The manager's job: folklore and fact", Harvard Business
Review, vol. 53, Julho/ Agosto de 1975.2 Michael H. Mescon, Michael Albert & Franklin Khedouri. Management:
individual and organizational effectiveness, Nova York, Harper & Row, 1985.3 Robert L. Katz. "Skills of an effective administrator", Harvard Business
Review, Janeiro / Fevereiro de 1955.4 Clayton Netz. "Seja burro (e aguente as consequências) ", Exame, edição
637, 4 de Junho de 1997.5 Henry Mintzberg. The nature of managerial work, Nova York, Harper & Row,
1973. Adaptado de Richard L. Daft. Management, Orlando, The Dryden Press, 1994.
2. O AMBIENTE ORGANIZACIONAL
Objectivos de Aprendizagem
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
1. Definir o ambiente das empresas, o sistema ambiental e as suas principais __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 25 de 366Manual do Formando
características. 2. Descrever o ambiente geral ou macroambiente e as suas variáveis críticas.3. Descrever o ambiente específico ou microambiente e os seus principais compo-
nentes.4. Reconhecer os tipos de ambiente organizacional – classificação de sistemas. 5. Reconhecer a dinâmica ambiental – a homogeneidade e heterogeneidade
ambiental.6. Conhecer quais as características organizacionais adequadas para confrontar
diferentes ambientes de negócios.7. Dominar as relações entre a organização e o seu ambiente
□ Conceito de sistemas □ Conceito de ambiente□ Ambiente geral□ Ambiente específico□ Dinamismo do ambiente□ Relações entre organização e o seu ambiente
CASO INTRODUTÓRIO
Pensar globalmente e agir localmente
Tomás Navarro é o Gestor-Geral da Cooperativa CITRUS, uma empresa totalmente dedicada à produção de laranja, transformação do sumo e posterior exportação para o mercado internacional. Tomás é responsável pelas áreas de plantação e colheita, transporte da matéria-prima para as instalações industriais onde se faz o sumo de laranja e pelo seu acondicionamento a granel e, por fim, pelo transporte do produto final até aos portos de embarque para exportação. Qualidade e custo são os parâmetros básicos de toda essa diversificada actividade. A verticalização constitui o ponto forte da empresa. Os concorrentes da CITRUS não estão apenas perto de si, em São Paulo – Brasil. Na verdade, eles estão muito mais distantes. Os mais fortes e bem preparados estão concentrados no Florida – E.U.A. Tomás sabe que não deve apenas igualar-se ou sobrepor-se aos concorrentes locais. O seu desafio é mais amplo, ou seja, enfrentar uma acirrada concorrência mundial. Tomás lembra-se muito das ideias de Soichiro Honda, o fundador da Honda Motors, fabricante de motos e automóveis de classe mundial. Honda dizia que, para ser um cidadão do seu país, ele precisava antes ser um cidadão do mundo, um verdadeiro homem cosmopolita. Precisava de primeiro pensar globalmente para depois saber como agir localmente para conhecer e aprender o que de melhor se faz no mundo todo e trazer esse “aporte” como contribuição efectiva para o seu país. Tomás procurava seguir as linhas do velho mestre japonês.
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O QUE VEREMOS ADIANTE
As organizações não existem sozinhas ou num qualquer tipo de vácuo. Vivem e operam num meio ambiente que lhes serve de nicho e, nesse ambiente, estão muitas outras organizações, algumas em cooperação, outras em competição e confronto aberto com elas. É precisamente por via do ambiente que as organizações obtêm os seus recursos, isto é, as suas «entradas» que lhes proporcionam talentos, energia, materiais e informação. E é também no meio ambiente que as organizações disponibilizam os seus produtos ou serviços, isto é, as suas «saídas».
2.1.Conceito de SistemasUm sistema pode ser definido como um conjunto integrado de partes, íntima e dinamicamente relacionadas, que desenvolve uma actividade ou função e é destinado a atingir um objectivo específico. Todo e qualquer sistema faz parte de um sistema maior e é constituído por sistemas menores (subsistemas). É o caso, por exemplo, do sistema solar que existe dentro de um sistema maior (o universo) e é constituído de subsistemas (os diversos planetas e satélites). A organização é visualizada como um sistema constituído de subsistemas, que são os seus departamentos, divisões, equipas, delegações, etc. Todos os sistemas apresentam os seguintes elementos fundamentais:
Entradas (inputs): o sistema importa e recebe recursos do ambiente, como energia e informação, que lhe proporciona os meios necessários ao seu funcionamento.
Saídas ou resultados (outputs): as entradas devidamente processadas e transformadas como resultado da actividade produtiva são disponibilizadas novamente para o ambiente, na forma de produtos ou serviços, energia ou informação.
Subsistemas: são as partes do sistema que processam toda a actividade produtiva ou transformadora e são partes constituintes do sistema. Numa organização, podem ser os departamentos ou divisões; no corpo humano, podem ser o sistema digestivo, respiratório etc. A divisão do trabalho exige a especialização das partes do sistema. Os subsistemas são ligados e integrados através de uma rede de comunicações.
Feedback (retroacção): é o efeito de retorno da saída sobre a entrada do sistema, no sentido de regulá-la ou mantê-la dentro de certos parâmetros (aumentá-la através do feedback positivo ou reduzi-la através do feedback negativo). O feedback realimenta o sistema com informação de retorno.
Limites ou fronteiras: constituem a separação entre o que é a organização e o que é o ambiente que a envolve externamente. As fronteiras representam a periferia da organização que se relaciona com o ambiente externo.
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Feedback
Saídas ou Resultados
Entradas
Ambiente
C
D
B
A
E
2.2. Classificação de SistemasQuanto à sua constituição, os sistemas podem ser classificados em físicos e abstractos.
□ Sistemas físicos e concretos: são compostos de equipamentos, instalações e de objectos e, por fim, de coisas reais. Recebem o nome de hardware e podem ser descritos em termos quantitativos de desempenho.
□ Sistemas abstractos e conceituais: são compostos de conceitos, abstracções, hipóteses e ideias. Recebem o nome de software e são constituídos de aspectos intangíveis.
Quase sempre, as organizações necessitam de sistemas físicos como base e de sistemas conceituais para fazê-las funcionar. Assim como é sabido que muitos dos equipamentos (hardware) requerem programas (software) para poderem funcionar e, enfim, trabalhar.
Quanto à sua natureza, os sistemas podem ser classificados em fechados e abertos.
□ Sistemas fechados: são os sistemas cujo intercâmbio com o ambiente (entradas e saídas) é pequeno e conhecido, sendo portanto, inteiramente programados e determinísticos: a uma determinada entrada corresponde uma única e determinada saída.
□ Sistemas abertos: são os sistemas que apresentam intensas relações de intercâmbio com o ambiente, através de múltiplas entradas e saídas.
Consegue-se depreender que todos os sistemas têm características próprias. As duas principais características sistémicas são:
Totalidade ou globalismo: qualquer sistema é um conjunto (globalismo) que prevalece sobre a visão analítica. Ver um sistema é ver a floresta e não cada uma das suas árvores isoladamente. A totalidade ou globalismo significa que o «todo» é diferente da soma das suas partes.
Abordagem teleológica: todos os sistemas têm um propósito ou objectivo a alcançar. A visão do propósito (teleológica) mostra que é a função – e não a sua estrutura – que faz o órgão ou o sistema.
2.3. Conceito de AmbienteAmbiente é tudo aquilo que envolve externamente uma organização. Por outras palavras, ambiente é tudo o que está além das fronteiras ou limites da organização. Como o ambiente é muito amplo, vasto, difuso, complexo, não é possível apreendê-lo e compreendê-lo na sua totalidade. Torna-se necessário segmentá-lo a fim de abordá-lo melhor. O ambiente pode ser desdobrado em dois grandes segmentos: o ambiente geral (ou macroambiente) e o ambiente específico (ou microambiente).
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Feedback
Saídas ou Resultados
Entradas
Ambiente
Organização
Recursos, Materiais, Energia,
Informação
Produtos ou Serviços
2.4. Ambiente GeralO ambiente geral é o meio mais amplo que envolve toda a sociedade, as nações, organizações, empresas, comunidades etc. Funciona como um contexto abrangente que afecta todos os seus componentes integrantes de modo genérico, embora alguns deles possam sofrer mais influências e pressões do que outros. Assim, todas as organizações estão sujeitas ao seu impacto, que é generalizado e amplo e repercute-se intensamente em todas as decisões administrativas.
Os componentes do ambiente geral são:
Condições económicas Condições tecnológicas Condições legais Condições políticas Condições culturais Condições demográficas Condições ecológicas
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Tomás Navarro pretende desenvolver uma visão panorâmica do ambiente de negócios da sua empresa, mas sabe que precisa de conhecer o macroambiente e ter uma noção de como as condições económicas, tecnológicas, sociais, legais, políticas, culturais, demográficas e ecológicas influenciam os negócios da CITRUS. Nesse sentido, desenvolveu uma espécie de mapa de duas entradas, como um balanço para alinhar, na coluna esquerda, todas as forças e variáveis ambientais que representam as oportunidades de negócios que a CITRUS pode aproveitar estrategi-camente e, na coluna direita, todas as forças e variáveis ambientais que representam ameaças, dificuldades, desafios, coacções e restrições que a CITRUS deve neutralizar ou evitar com razoável «jogo de cintura».
Se estivesse no lugar de Tomás, como é que faria esse balanço de vantagens e desvantagens ambientais?
2.5. Ambiente EspecíficoO ambiente específico ou microambiente refere-se ao ambiente mais próximo e imediato de cada organização. Assim, cada organização tem o seu próprio e particular ambiente de tarefa que constitui o nicho onde ela desenvolve as suas operações e de onde retira os seus recursos e coloca os seus produtos e serviços. Isto significa que no ambiente de tarefa estão os mercados utilizados (mercado de fornecedores, mercado financeiro, mercado de mão-de-obra etc.) e os mercados servidos pela organização (mercado de clientes). O ambiente específico ou __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 29 de 366Manual do Formando
ambiente de tarefa é constituído pelos seguintes elementos que envolvem directamente cada organização.
FornecedoresSão os elementos que proporcionam entradas na forma de recursos, energia, serviços e informação à organização. Os fornecedores oferecem recursos como capital, matérias-primas, máquinas e equipamentos, tecnologia, conhecimentos, propaganda, serviços jurídicos e contábeis, etc.
ClientesSão os elementos que compram ou adquirem os produtos ou serviços, ou seja, absorvem as saídas e resultados da organização.
ConcorrentesSão os elementos que disputam as mesmas entradas (fornecedores) e as mesmas saídas (clientes) da organização. Os concorrentes desenvolvem estratégias que nem sempre são esperadas ou conhecidas para ganhar espaço e domínio e intervêm no ambiente da tarefa, criando incerteza quanto às suas decisões e acções.
Agências ReguladorasSão os elementos que regulam, normalizam, monitorizam, avaliam ou fiscalizam as acções da organização. São os órgãos fiscalizadores do Governo, os sindicatos, as associações de utilizadores, associações sectoriais, as associações de protecção ao consumidor, os grupos de interesses e todas as entidades de cunho regulador.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Para obter uma visão panorâmica do ambiente de negócios da sua empresa, Tomás Navarro pretende mapear todas as entradas e saídas que interligam a sua organização ao meio ambiente em que opera: fornecedores, clientes, concorrentes e agências reguladoras. A sua intenção é conhecer profundamente não só os componentes reais e actuais, como também os componentes potenciais e virtuais que poderiam ser mais bem explorados pela CITRUS. Trata-se, segundo Tomás, de reduzir a dissonância e miopia em relação ao contexto ambiental para tornar a organização mais adequada à totalidade dos componentes externos. O que é que faria no lugar de Tomás?
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GESTÃO MODERNA
O relacionamento da AVON com as suas clientes
A AVON orgulha-se de nunca ter tratado as mulheres como meras consumidoras dos seus produtos, mas sim como amigas. Prova disso é que em vez de vender os seus produtos em grandes revistas, catálogos e perfumarias, a AVON prefere ir até à casa de cada uma das suas clientes e personalizar esse acto de consumo. Com este tipo de atendimento, a AVON conquistou a confiança das mulheres e, claro, conquistou também uma enorme fatia de mercado. Quem afirma isso é Ademar Serôdio – presidente da AVON na América do Sul, dizendo que é a “nossa maneira especial de lidar com os clientes e diferenciar-nos da concorrência”.
2.6. Dinamismo do AmbienteO ambiente funciona como um campo dinâmico de forças que interagem entre si provocando mudanças e influências directas e indirectas sobre as organizações. Estas procuram aproveitar as influências positivas nas oportunidades que surgem e amortecer e absorver as influências negativas ou simplesmente adaptar-se a elas. A resposta empresarial às diversas forças ambientais reforça o processo de uma maneira positiva ou negativa, fazendo com que a organização identifique e aprenda a comportar-se face a uma multiplicidade de forças ambientais diferentes, de modo a saber aproveitar o embalo das forças favoráveis e a evitar o impacto das forças desfavoráveis para manter a sua sobrevivência e o seu crescimento.
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AVON
AGENCIAS REGULADORAS
CLIENTES
CONCORRENTES
FORNECEDORES
MICROAMBIENTE
Variáveis Políticas
Variáveis Tecnológicas
Variáveis Económicas
MACROAMBIENTE
Variáveis Sociais
Variáveis Legais
Variáveis Demográficas
Variáveis Ecológicas
Variáveis Culturais
SUGESTÕES
Como anda a imagem da sua organização?
Como é que os fornecedores vêem a organização? Qual a opinião que os clientes têm da organização? O que pensam os concorrentes da sua organização? Como é que as Agências Reguladoras vêem a organização?
São precisamente as respostas a estas questões globais que definem o grau da vantagem ou desvantagem ambiental em relação à sua organização.
2.7. Homogeneidade e Heterogeneidade AmbientalQuando uma organização tem, de um lado, fornecedores homogéneos, do outro, clientes homogéneos e, no mercado, concorrentes homogéneos, dizemos que ela actua num ambiente homogéneo. A homogeneidade ocorre quando os elementos ambientais apresentam as mesmas características e acções decorrentes das suas necessidades.
A homogeneidade ambiental é a responsável pela simplicidade organizacional.
Por outro lado, quando a organização tem, de um lado, fornecedores diferenciados e heterogéneos, no outro, clientes diferenciados e heterogéneos e, no mercado, concorrentes diferenciados e heterogéneos, dizemos que ela actua num ambiente heterogéneo.
A heterogeneidade ocorre quando os elementos ambientais apresentam diferentes características e acções decorrentes das suas necessidades próprias.
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Condições DesfavoráveisRestrições e LimitaçõesProblemas e DesafiosPressõesCoacções e AmeaçasHostilidade Ambiental
Condições NeutrasCondições IndefinidasCondições AmbíguasContingênciasDúvidasIncertezas
Condições FavoráveisFacilidadesIncentivosVantagensOportunidadesReceptividade
NEUTRALIDADEINFLUÊNCIAS NEGATIVAS E
DESFAVORÁVEIS
INFLUÊNCIAS POSITIVAS E FAVORÁVEIS
DESVANTAGEM AMBIENTAL
VANTAGEM AMBIENTAL
A heterogeneidade ambiental é a responsável pela complexidade ambiental.
2.8. Estabilidade e Instabilidade AmbientalA complicação não pára por aqui. Quando os elementos ambientais de uma organização fornecedores, clientes, concorrentes e agências reguladoras – são estáveis, conservadores, previsíveis e pouco mutáveis nas suas acções e decisões, dizemos que ela opera num ambiente estável, estático, rotineiro e previsível. Para tratar de um ambiente estável, a organização mecanicista ou burocrática é suficiente, face à permanência e imutabilidade dos elementos ambientais.
Porém, quando os elementos ambientais são instáveis, inovadores, imprevisíveis e mudam constantemente as suas acções e decisões, dizemos que a organização actua num ambiente instável, mutável, dinâmico e turbulento. Para tratar de um ambiente instável, a organização orgânica e adaptativa é a mais indicada, face à inovação e mutabilidade dos elementos ambientais.
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Fornecedores HomogéneosClientes HomogéneosConcorrentes HomogéneosAgências Reguladoras HomogéneosRespostas padronizadasReacções uniformesSimplicidade AmbientalSimplicidade OrganizacionalUnidepartamentarização
Fornecedores HeterogéneosClientes HeterogéneosConcorrentes HeterogéneosAgências Reguladoras HeterogéneosRespostas diferenciadasReacções variadasComplexidade AmbientalComplexidade OrganizacionalPluridepartamentarização
INFLUÊNCIAS HOMOGÉNEAS DO AMBIENTE
INFLUÊNCIAS HETEROGÉNEAS
DO AMBIENTE
HOMOGENEIDADE AMBIENTAL HETEROGENEIDADE AMBIENTAL
SUGESTÕES
Como gerir uma organização num ambiente homogéneo?
Conhecendo melhor os fornecedores de entradas e as suas características.
Conhecendo melhor os clientes ou utilizadores e as suas características.
Conhecendo melhor os concorrentes e as suas características. Conhecendo melhor as Agências Reguladoras e as suas
características.
As respostas a estas subquestões poderão indicar o grau de homogeneidade necessário para tratar os diferentes componentes do microambiente.
Como gerir uma organização num ambiente heterogéneo? Conhecendo melhor os diferentes fornecedores de entradas. Conhecendo melhor os diferentes clientes e utilizadores. Conhecendo melhor os diferentes concorrentes. Conhecendo melhor as diferentes Agências Reguladoras.
As respostas a estas subquestões poderão indicar o grau de heterogeneidade necessário para tratar os diferentes componentes do microambiente.
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Fornecedores estáveisClientes estáveisConcorrentes estáveisAgências Reguladoras estáveisRespostas rotineirasReacções conservadorasEstática AmbientalManutenção do Status QuoOrganização Burocrática
Fornecedores instáveisClientes instáveisConcorrentes instáveisAgências Reguladoras instáveisRespostas criativas e mutáveisReacções inovadorasDinâmica AmbientalInovação e MudançaOrganização Orgânica
INFLUÊNCIAS CONSERVADORAS
DO AMBIENTE
INFLUÊNCIAS MUTÁVEIS
DO AMBIENTE
ESTABILIDADE AMBIENTAL INSTABILIDADE AMBIENTAL
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Tomás tem a impressão de que o ambiente de tarefa (operativo) da Cooperativa CITRUS é suficientemente homogéneo e dinâmico. Homogéneo porque tanto os fornecedores e os clientes, assim como os concorrentes, apresentam características similares. Dinâmico porque é instável e imprevisível por vários motivos: o primeiro deles é a acirrada concorrência mundial pelo preço dos produtos agrícolas; o segundo motivo são as medidas reguladoras dos diversos governos para proteger as suas agriculturas locais; o terceiro motivo são as condições climáticas, que nem sempre ajudam o agricultor. Para fazer face a estes desafios externos, Tomás está inclinado a organizar o seu negócio através de estruturas flexíveis, privilegiando equipes de funcionários, em vez de pensar em estruturas estáveis e definitivas de departamentos e de cargos permanentes. Concorda com este tipo de decisão?
2.9. Relações entre Organização e AmbienteQuais as razões pelas quais as organizações estão tão preocupadas com os seus ambientes? A principal delas é que o ambiente cria incerteza para os gestores das organizações. Na maior parte dos casos, os gestores aprenderam a trabalhar com certeza e previsibilidade. O difícil é trabalhar com incerteza e imprevisibilidade. Como os eventos ambientais mudam rapidamente em função das inúmeras variáveis envolvidas, o gestor não consegue absorver e conhecê-las todas e nem mesmo perceber quais serão as suas tendências e resultados. A incerteza significa que o gestor não tem informação suficiente sobre os factores ambientais para compreender e predizer mudanças e necessidades. Quando os factores ambientais são poucos e relativamente estáveis, como é o caso das empresas que processam alimentos ou engarrafam refrigerantes, os gestores
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 35 de 366Manual do Formando
AMBIENTE
ESTÁVEL, TRANQUILO
E PREVISÍVEL
INSTÁVEL, DINÂMICO E
IMPREVISÍVEL
PERMANÊNCIA
MUDANÇA
ESTRUTURA MECANICISTA
Departamentos definitivos e imutáveis
ESTRUTURA ORGÂNICA
Departamentos como Redes Flexíveis e Com
Equipas Internas
experimentam um fraco grau de incerteza e podem dedicar menos atenção aos assuntos ambientais. Mas, quando os factores ambientais mudam rapidamente, as organizações experimentam um elevado grau de incerteza. E para lidar com a incerteza, as organizações procuram agir através de duas formas de comportamento: adaptar-se ao ambiente ou influenciá-lo.
2.10. Adaptação AmbientalAs organizações que enfrentam um elevado grau de incerteza no relacionamento com os seus concorrentes, clientes, fornecedores ou agências reguladoras costumam utilizar várias estratégias para adaptar-se a essas mudanças como seja: a previsão e planeamento, a estrutura flexível, os papéis de fronteiras, as fusões e os empreendimentos conjuntos.
Previsão e planeamento. A previsão de mudanças ambientais e o planeamento organizacional são actividades típicas das grandes organizações. Elas criam departamentos de planeamento quando a incerteza é elevada. A previsão é um esforço para delinear tendências que permitam aos gestores predizerem eventos futuros. Estrutura flexível. Uma estrutura organizacional ágil e flexível pode funcionar como um meio de responder eficazmente às rápidas mudanças externas. Diversas pesquisas têm demonstrado que uma estrutura achatada, horizontalizada e flexível funciona muito melhor em ambientes mutáveis do que numa estrutura alta, hierarquizada e rígida.
Papéis de fronteira. Os órgãos com papéis de fronteira ligam e coordenam a organização com os elementos-chave do seu ambiente externo. As ligações de fronteira servem dois propósitos para a organização: detectam e processam informação sobre as mudanças no ambiente e representam os interesses da organização no ambiente.
Fusões e empreendimentos conjuntos. A fusão ocorre quando duas ou mais organizações decidem tornar-se numa só. As fusões entre bancos nacionais ou entre os grandes grupos automobilísticos têm sido exemplos nas últimas duas décadas.
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2.11. Influência Ambiental
A outra estratégia para lidar com a incerteza ambiental é passar por cima e tentar modificar aqueles elementos ambientais que acusam problemas. As estratégias mais utilizadas pelas organizações para influenciar e adaptar o ambiente às suas conveniências incluem propaganda e relações públicas, actividade política e associações de organizações.
Propaganda e Relações Públicas. A propaganda tem sido um meio bem sucedido para administrar a procura de produtos e serviços de uma organização. As organizações gastam grandes somas de dinheiro para influenciar o consumidor. A propaganda tem sido um importante meio para reduzir a incerteza sobre os clientes.
Actividade Política. A actividade política representa uma acção organizacional para influenciar a legislação e regulação do Governo. Muitas organizações pagam aos «lobbistas» para expressar os seus pontos de vista aos legisladores e, assim, influenciar as suas decisões e acções.
Associações de Organizações. Muitas organizações juntam-se a outras com interesses semelhantes para constituir associações de interesses próprios. Nesse sentido, as organizações trabalham juntas para influenciar o ambiente e tentar alterar a legislação e regulações quer a nível nacional, local ou regional.
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2.12. Resumo do Capítulo
Ambiente é tudo aquilo que envolve externamente uma organização. Como o ambiente é vasto, amplo, difuso e complexo, a sua análise exige uma separação entre o ambiente geral (macroambiente) e o ambiente mais específico de cada organização, que é o seu ambiente de tarefa (microambiente). O ambiente geral é constituído de factores económicos, sociais, tecnológicos, legais, culturais, demográficos e ecológicos que influenciam todas as organizações. O ambiente de tarefa é constituído pelos fornecedores (entradas), clientes (saídas), concorrentes e agências reguladoras. Em termos de constituição, o ambiente de tarefa pode ser homogéneo (componentes com as mesmas características de envolvimento) ou heterogéneo (componentes com diferentes características). Em termos de dinâmica, o ambiente de tarefa pode ser estável e previsível ou instável e mutável. Para que as organizações possam ser bem sucedidas, é necessário que elas se ajustem e adaptem aos seus ambientes.
2.13. Exercícios
1. Defina ambiente, macroambiente e microambiente.2. Explique a necessidade de mudança nas organizações.3. Defina ambiente geral e explique as suas principais variáveis.4. Porque é que se fala em ambiente como um campo de forças?5. Defina ambiente de tarefa e explique os seus componentes.6. O que é domínio? O que ele diz sobre as relações de poder e de
dependência?7. O que significa dinâmica ambiental? Qual o seu impacto sobre as
organizações?8. Defina homogeneidade e heterogeneidade ambiental. Dê exemplos.9. Defina estabilidade e instabilidade ambiental. Dê exemplos.10. Como é que as organizações se adaptam ou procuram influenciar os seus
ambientes?
GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEAdaptação ambiental é a estratégia utilizada pela organização para ajustar-se às exigências e pressões ambientais.
Agências reguladoras são os elementos do microambiente que regulam, normalizam, monitorizam, avaliam ou fiscalizam as acções da organização.
Ambiente é tudo o que existe ao redor de um sistema ou organização.
Ambiente específico é o meio mais próximo e imediato de cada organização. Recebe o nome de microambiente ou ambiente de tarefa. É composto por clientes, fornecedores,
concorrentes e agentes reguladores.
Ambiente geral é o meio mais amplo que envolve toda a sociedade humana e que funciona como um contexto abrangente que afecta a todos os seus componentes de modo genérico. Recebe também o nome de macroambiente.
Campo dinâmico de forças é a característica do ambiente em que as diversas forças interagem dinamicamente entre si provocando mudanças.
Clientes são os elementos do ambiente de tarefa que compram ou adquirem os produtos
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ou serviços, ou seja, absorvem os resultados ou saídas da organização.
Concorrentes são os elementos do ambiente de tarefa que disputam as mesmas entradas (fornecedores) e as mesmas saídas (clientes) da organização.
Condições culturais é o segmento ambiental que contém os elementos relacionados com os valores sociais e culturais que prevalecem na sociedade.
Condições demográficas é o segmento ambiental que descreve as características estatísticas de uma população.
Condições ecológicas representam o estado geral da natureza e as condições do ambiente físico e natural, bem como a preocupação da sociedade com o meio ambiente.
Condições económicas é o segmento ambiental que define como os recursos são distribuídos e utilizados dentro do ambiente. Envolvem o estado geral da economia e outros indicadores relacionados com fenómenos económicas.
Condições legais é o segmento ambiental que contém os códigos legais vigentes.
Condições políticas é o segmento ambiental que contém os elementos relacionados com assuntos governamentais.Condições sociais é o segmento ambiental que define as características da sociedade em que a organização opera.
Condições tecnológicas é o segmento ambiental que inclui o desenvolvimento e aplicações da tecnologia na produção de bens e serviços.
Desfavorabilidade ambiental é o contexto que oferece influências negativas e desfavoráveis à organização na forma de pressões, problemas, coerções, ameaças e hostilidade.
Domínio representa as relações de poder e de dependência de uma organização.
Estabilidade ambiental ocorre quando os componentes ambientais são estáticos, rotineiros e previsíveis, com baixo grau de mudança.
Favorabilidade ambiental é o contexto que oferece influências positivas e favoráveis à organização na forma de facilidades, vantagens, incentivos e oportunidades.
Fornecedores são os elementos do microambiente que proporcionam entradas na forma de recursos, energia, serviços e informação à organização.
Heterogeneidade ambiental ocorre quando os componentes do ambiente de tarefa apresentam características diferentes.
Homogeneidade ambiental ocorre quando os componentes do ambiente de tarefa apresentam características semelhantes.
Instabilidade ambiental ocorre quando os componentes do ambiente de tarefa são mutáveis, dinâmicos e imprevisíveis, com elevado grau de mudança.
Macroambiente é a denominação dada ao ambiente geral.
Mapeamento ambiental é o levantamento das condições e componentes do ambiente que são relevantes para a organização.
Mercado é um segmento específico do microambiente da organização.
Microambiente é o ambiente de tarefa específico de cada organização.
Sistema é um conjunto integrado de partes, intimamente relacionadas entre si, destinado a cumprir algum objectivo.
Sistema aberto é o sistema que interage intensamente com o ambiente através de múltiplas entradas e saídas, afectando-o ou sendo afectado por ele.
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2.14. Referências Bibliográficas1. L. Thomas Hopkins. Integration: its meaning and application, Nova York,
Appleton-Century Crofts, 1937.2. Richard L. Daft. Management, Orlando, FI., The Dryden Press, 1994.3. Tom Burns & G. M. Stalker. The management of innovation, Londres,
Tavistock, 1961.4. Stephen Covey. “The seven habits of highly effective people” Nova York, Simon &
Shuster, 1980.5. Peter Senge. "The leader's new work: building learning organizations", Sloan
Management Review, 1990.6. Kurt Lewin. “Frontiers in group dynamics: concept, method, and reality in social
science, human relations, voI. Nº 1”, 1947.7. Keith Davis. “Human behaviour at work: organizational behaviour”, Nova York,
McGraw-Hill, 1981
3. A CULTURA ORGANIZACIONAL
Objectivos da aprendizagem__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 40 de 366Manual do Formando
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
1. Definir cultura organizacional2. Conhecer os diversos componentes e níveis de cultura organizacional3. Explicar como se pode mudar uma organização através da sua cultura4. Descrever as diversas técnicas de desenvolvimento organizacional5. Definir como se realiza um programa de desenvolvimento organizacional6. Explicar o espírito empreendedor e como criá-lo nas organizações7. Saber misturar a aplicação do espírito empreendedor com o espírito de
equipa
□ Conceito de cultura organizacional□ A organização formal e a organização informal□ Conceito e aplicação de diversidade□ O multiculturalismo organizacional□ O desenvolvimento organizacional□ Características, técnicas e processos de
desenvolvimento organizacional□ O espírito empreendedor
CASO INTRODUTÓRIO
Aços Finos, S.A.
A empresa Aços Finos, S.A. não atravessava um bom período. Os seus negócios passaram a sofrer uma forte pressão da concorrência, a sua rentabilidade era preocupante e a empresa despedia pessoal para conseguir reduzir custos operacionais. Entre os funcionários reinava um estado de pânico pelos recentes episódios na empresa. O ambiente psicológico era simplesmente aterrador, a rádio interna polarizava as atenções e todo o tipo de boatos circulavam pela empresa. Neste clima de tensão, Mário Montenegro foi promovido a Director-Geral, incumbido de desenvolver um ambicioso e urgente programa de reorganização, reestruturação e modernização para salvar a empresa, antes que fosse tarde demais. Montenegro convocou uma reuniões de Directores com vista a discutir o que deveria ser feito, estabelecer prioridades e, sobretudo, verificar quais os meios disponíveis. Depois de muita discussão, Montenegro percebeu que daquela reunião não sairia a salvação da empresa. A mentalidade predominante parecia-lhe conservadora, burocrática, rotineira e muito apegada a normas e regulamentos internos, muito voltada para o passado e, acima de tudo, imensamente elitista e preconceituosa. Para os seus colegas directores, os operários eram apenas mão-de-obra e ponto final. Montenegro decidiu criar uma pequena equipa de trabalho para auxiliá-lo directamente. Ele queria criar um atalho para resolver rapidamente os problemas da empresa. Em vez de utilizar a gestão de directores, Montenegro pretendia usar vários grupos de pessoas, na tentativa de trabalhar mais depressa e melhor. A mudança no organigrama ficava para mais tarde.
O primeiro passo para se conhecer uma organização é identificar a sua cultura. Fazer parte de uma organização é assimilar a sua cultura e conseguir viver nela. O
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O QUE VEREMOS ADIANTE
modo como as pessoas interagem numa organização, a missão, a filosofia reinante, os valores sociais, as atitudes predominantes, as pressuposições subjacentes, as aspirações e os assuntos relevantes nas interacções entre os membros fazem parte da cultura da organização.
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3.1. O Conceito de Cultura OrganizacionalPara Schein, a cultura é “um padrão de assuntos básicos partilhados por um grupo que aprendeu a resolver os seus problemas de adaptação externa e integração interna e que funciona bem a ponto de ser considerado válido e desejável para ser transmitido aos novos membros como a forma correcta de perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas”.
Cada organização tem a sua própria cultura que a cultiva e mantém – é por esta razão que as empresas são conhecidas por algumas peculiaridades. Os gestores da Procter & Gamble fazem memorandos que não ultrapassam uma página. Todas as reuniões da DuPont são iniciadas com um comentário obrigatório sobre segurança. O pessoal da Toyota valoriza a perfeição.
Assim, a cultura organizacional é o conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas, partilhados por todos os membros da organização. A cultura espelha a mentalidade que predomina numa organização.
3.2. Os Componentes da Cultura OrganizacionalUma outra maneira de abordar a cultura é proporcionada por Schein. Para ele, todas as culturas existem em três níveis diferentes de apresentação: artefactos, valores partilhados e pressuposições básicas.
1. Artefactos: constituem o primeiro nível da cultura, o mais superficial, visível e perceptível. São as coisas que cada um vê, ouve e sente quando se depara com uma organização cuja cultura não lhe é familiar. Artefactos são todas aquelas coisas que, no seu conjunto, definem e revelam uma cultura.
2. Valores partilhados: constituem o segundo nível da cultura. São os valores relevantes que se tornam importantes para as pessoas e que definem as razões pelas quais elas fazem o que fazem. Funcionam como justificações aceites por todos os membros.
3. Pressuposições básicas: constituem o terceiro nível da cultura organizacional, o mais íntimo, profundo e oculto. São as crenças inconscientes, percepções, sentimentos e pressuposições dominantes em que os membros da organização acreditam.
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ARTEFACTOS
VALORES PARTILHADOS
PRESSUPOSIÇÕES BÁSICAS
Estruturas e processos organizacionais visíveis(mais fáceis de decifrar)
Filosofias, estratégias e objectivos
(justificações partilhadas)
Crenças inconscientes, percepções, pensamentos e
sentimentos(fontes mais profundas de valores
e acções)
GESTÃO MODERNAHP Way
Há uma regra que todo o novato logo aprende quando começa a trabalhar na Hewlett-
Packard (HP): ali não há “Senhor” ou “Senhora”. Lewis Platt, o presidente mundial da HP, é
simplesmente Lew. Flávio Sehn, o presidente da HP no Brasil, chama-se apenas Flávio. A
informalidade é uma norma escrita com todas as letras no manual de boas vindas dos novos
funcionários. O tratamento pessoal sem barreiras faz parte do que a empresa chama de HP
Way, um conjunto de valores que norteia o estilo de trabalho e os relacionamentos internos.
“A informalidade aproxima as pessoas. Não quer dizer falta de respeito”, diz Sehn.
O HP Way envolve, além do tratamento informal, ética, confiança e respeito às pessoas,
trabalho em equipa, flexibilidade e inovação. As suas quatro políticas principais são guiadas
por essa filosofia. Primeiro: a HP não discrimina por sexo, raça, idade ou religião. A empresa,
ao contrário, tem como estratégia de negócio montar um ambiente de trabalho com a maior
diversidade possível. Segundo: na HP, ninguém é demitido sem ter a oportunidade de
melhorar a sua performance. Todas as demissões precisam ter o aval de mais de uma
pessoa. Nesses casos, o Director de Recursos Humanos faz o papel de juiz para garantir
que o processo seja justo do ponto de vista do funcionário. Terceiro: a HP não distingue as
pessoas pelo cargo que elas ocupam. Tudo o que a empresa oferece para os executivos
(com excepção do carro) oferece também aos Office-boys. Quarto: na HP, a ética é um valor
inegociável. A sua ausência é a única falta grave que pressupõe demissão imediata.
Os valores e princípios na HP são os seus mais fortes atractivos para os funcionários. É uma
empresa justa, onde todos têm liberdade de expressão.
3.3. A organização Formal e a Organização InformalEmbora sujeitas a critérios de racionalidade, as organizações são entidades sociais em processo contínuo de desenvolvimento. Todas as organizações apresentam duas faces distintas e intimamente inter-relacionadas: a organização formal e a organização informal.
Organização FormalDá-se o nome de organização formal à estrutura de relações profissionais entre pessoas planeadas no sentido de facilitar a realização dos objectivos globais da organização. A organização formal é a organização oficialmente adoptada e é geralmente caracterizada pelo organigrama e pelos manuais de organização.
Organização InformalAs organizações, apesar da sua natureza lógica e racional, não são entidades totalmente mecânicas. Elas são dotadas de pessoas que, embora ocupem posições dentro da organização formal e realizem o trabalho através de tecnologia, desenvolvem o que se conhece por organização informal. Existem padrões de comportamento e relacionamentos que não constam organigrama. Existem amizades e antagonismos, indivíduos que se identificam com outros, grupos que se afastam de outros e uma grande variedade de relações no trabalho ou fora dele, que constituem a chama organizacional informal.
O desafio para o gestor é conciliar e harmonizar as características desses dois fenómenos, ou seja, adequar o perfil da organização formal e da organização
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informal para obter o efeito de sinergia e eliminar qualquer tipo de dissonância entre ambas.
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VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Montenegro convocou alguns gestores e funcionários da sua estrita confiança para formar a sua equipa principal de mudanças: o director de marketing, o gestor de recursos humanos, o gestor de produção de laminados de aço, o gestor de compras, o supervisor de formação, o supervisor de orçamento e mais dois carregamentos do sector de laminação. Era uma equipa multifuncional originária de diversos níveis do actual organigrama. Como não se podia mudar máquinas, equipamentos, instalações – aquilo que ele denominava tecnologia fixa da empresa – nem estruturas organizacionais, o caminho era modificar a cabeça dos funcionários e operários e fazê-los trabalhar mais mentalmente e menos “braçalmente”. Em vez de cortar cabeças, Montenegro queria usar as existentes, fazendo com que os 1.265 funcionários actuassem activamente como 1.265 cérebros para livrar a empresa das dificuldades em que se encontrava. Para tanto, ele precisava de tomar algumas providências imediatas: conquistar a confiança das pessoas, consciencializá-la a respeito das dificuldades da empresa, conseguir a adesão do pessoal às suas ideias, obter a participação de todos no processo de salvação da empresa e fazer tudo isso de maneira rápida e eficaz para obter resultados práticos e igualmente rápidos. Em suma, Montenegro precisava de modificar alguns artefactos para mostrar a mudança na cultura da empresa, desenvolver e transmitir novos valores a serem partilhados e, sobretudo, alterar certas pressuposições básicas que dominavam o sentimento dos funcionários. Ele queria uma nova empresa na cabeça de todos os funcionários, uma organização informal viva e actuante dentro da empresa.
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3.4. As características da organização segundo a Teoria Z
Fonte: Willian Ouchi & Alfred M. Jaeger “Type Z organizations: stability in the midst of mobility”, Academy of Management Review, nº 3
AVALIAÇÃO CRÍTICAAs práticas de gestão japonesas
Nas duas últimas décadas, as práticas de gestão japonesas criaram
empresas mais eficientes e eficazes, enquanto as grandes multinacionais
ocidentais passaram a ser intensamente criticadas. Os produtos nipónicos
– como televisores, motocicletas, automóveis ou electrodomésticos –
passaram a ser sinónimos de qualidade e preços baixos. Como competir
com empresas como a NEC, Nissan, SONY, Toyota, Kawasaki, Sanyo,
Mitsubishi ou Toshiba? O sucesso das empresas japonesas é atribuído à
sua orientação grupal. A cultura japonesa focaliza a confiança e a
intimidade dentro do grupo e da família. Nos estados Unidos da América,
ao contrário, a orientação cultural básica é para os direitos e
necessidades do indivíduo. Essas diferenças entre as duas sociedades
reflectem-se profundamente na maneira como as suas empresas são
geridas. Da cultura americana e da japonesa surgiu a cultura americana
modificada.
3.5. Conceito e Aplicação de Diversidade
A diversidade no ambiente de trabalho é um aspecto típico do contexto globalizado, dinâmico e competitivo de hoje em dia. Diversidade significa o grau de diferenças
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TIPO A(Cultura Americana)
Emprego de curto prazo
Tomada de decisão individual
Responsabilidade individual
Avaliação e promoção rápidas
Controlo formalizado e explícito
Carreira especializada
Assuntos fragmentados
TIPO Z(Cultura Americana
Modificada)
Emprego de longo prazo
Tomada de decisão consensual
Responsabilidade individual
Avaliação e promoção lentas
Controlo moderado e especial
Carreira especializada
Assuntos holísticos (família)
TIPO J(Cultura Japonesa)
Emprego vitalício
Tomada de decisão consensual
Responsabilidade colectiva
Avaliação e promoção lentas
Controlo informal e implícito
Carreira não especializada
Assuntos holísticos
humanas básicas numa determinada população. É a existência de uma variedade de pessoas de diferentes características que constituem a força de trabalho: raças, credos, religiões, classes sociais, idades, sexo, capacidade física, costumes e culturas diferentes misturam-se entre os indivíduos que constituem as organizações.
A diversidade realça as diferenças individuais e contrapõe-se à homogeneidade, que procura tratar as pessoas como se elas fossem padronizadas e despenalizadas. O conceito ampliado de diversidade – no nível das diferenças individuais entre as pessoas – é o multiculturalismo, no nível das diferenças entre culturas.
A GESTÃO MODERNAA diversidade cultural
A Matsushita Electric Company, uma das gigantes da eletrónica moderna de consumo, produtora das marcas Panasonic, Quasar e National, opera com mais de 150 fábricas em 38 diferentes países de América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia e África. Para gerir a sua enorme rede de fábricas que emprega cerca de 99 mil pessoas no mundo todo, a Matsushita adapta as suas práticas organizacionais à cultura de cada país. Nas suas fábricas na Malásia, por exemplo, a empresa concilia as diferenças culturais e religiosas de malaios, hindus e chineses, servindo alimentação chinesa, malaia e hindu nos seus refeitórios e cantinas, oferecendo também locais para diferentes práticas religiosas. A cultura da organização ajusta-se às peculiaridades das culturas locais e nacionais de cada país em que a empresa actua.
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3.6. MulticulturalismoA cultura é difícil de mudar, principalmente no nível dos esquemas mais profundos, como os valores e pressuposições básicas. Todavia, a natureza da força de trabalho tem vindo a mudar em grandes proporções, dando azo ao novo fenómeno que é o multiculturalismo: um misto de pessoas provenientes de diferentes culturas, de várias etnias e diferentes estilos de vida. Para que a organização consiga adaptar-se a essa realidade multivariada, ela precisa de compreender o multiculturalismo e o seu impacto na organização.
O multiculturalismo significa a existência de muitos e diferentes elementos e factores culturais que são trazidos às organizações por pessoas provenientes de diferentes culturas e que coexistem e florescem dentro das organizações. Quase sempre o multiculturalismo refere-se a factores culturais como etnias, raças, sexo, faixas etárias, credos religiosos e hábitos diferentes.
SUGESTÕESOs seis argumentos para gerir a diversidade cultural
A diversidade cultural pode melhorar o desempenho organizacional. Existem seis argumentos que argumentam esta ideia:
1. Argumento de custo: quanto mais uma organização se torna diversificada, o custo de integrar diferentes trabalhadores até poderá aumentar. Mas isso pode criar vantagens de custo sobre as outras organizações que ainda não sabem fazê-lo.
2. Argumento de aquisição de recursos: as empresas podem adquirir uma reputação favorável quanto ao emprego de mulheres e de minorias étnicas, principalmente quando conseguem competir atraindo melhores empregados e promovendo mudanças na composição da sua força de trabalho.
3. Argumento de marketing: as organizações multinacionais que desenvolvem a sua sensibilidade cultural adaptando-se às raízes culturais dos países em que operam apresentam uma maior facilidade nos seus esforços de marketing.
4. Argumento da criatividade: a diversidade de perspectivas e a menor ênfase na conformidade às normas do passado aumentam o nível de criatividade da organização.
5. Argumento da solução de problemas: a heterogeneidade nas decisões e na solução de problemas pelos diferentes grupos produz melhores decisões devido à variada perspectiva e à análise mais crítica dos assuntos.
6. Argumento da flexibilidade de sistemas: o modelo multifuncional para gerir a diversidade é o sistema menos determinante, menos standardizado e, sobretudo, o mais fluído. O aumento da fluidez cria maior flexibilidade para reagir às mudanças ambientais a um custo menor.
3.7. Características das Culturas Bem SucedidasAlguns autores preocuparam-se em pesquisar os factores que determinam as culturas organizacionais que conduzem uma organização ao sucesso. Se esses factores de sucesso podem ser isolados, as demais organizações podem adoptar programas de mudança nas suas culturas para se tornarem mais bem sucedidas. Kotter e Heskett identificaram dois níveis de cultura. No primeiro, o nível visível estão os padrões e estilos de comportamento dos funcionários. No segundo, o nível
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invisível, estão os valores partilhados e pressuposições que são desenvolvidos em longos períodos de tempo. Esse segundo nível é mais difícil de mudar. As mudanças no primeiro nível – os padrões e estilos de comportamentos – ao longo do tempo provocam mudanças nas crenças mais profundas. Nesse sentido, a mudança cultural emerge a partir do primeiro nível e, gradualmente, afecta o segundo nível.
Os dois níveis da cultura organizacional, segundo Kotter e Heskett
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Normas de Comportamento
Maneiras comuns e partilhadas de agir que são encontradas na organização e que persistem porque os membros tendem a comportar-se do modo como ensinam essas práticas aos novos membros, recompensando aqueles que as adoptam e punindo aqueles que não o fazem. Exemplo: os funcionários respondem prontamente às reclamações dos clientes, os gestores envolvem todos os subordinados na tomada de decisões.
Valores Partilhados
Assuntos importantes e objectivos que são partilhados por todas as pessoas numa organização, que tendem a configurar o comportamento e que persistem ao longo do tempo, mesmo com mudanças nos membros da organização. Ex: os gestores são atenciosos com os clientes, os executivos pensam a longo prazo, o respeito às pessoas.
Fácil de
Mudar
Difícil de
Mudar
Visível
Invisível
3.8. Culturas Conservadoras e Culturas Adaptativas
Existem culturas organizacionais adaptativas e outras desadaptativas. As primeiras caracterizam-se pela sua maleabilidade e flexibilidade estrutural, enquanto as segundas, pela sua rigidez e conservadorismo.
Fonte: John P. Kotter & James L. Heskett, “Corporate culture and performance”, Nova York, Free Press, 1992.
Algumas organizações caracterizam-se pela adopção e preservação de culturas conservadoras, em que predomina a manutenção de ideias, valores, costumes e tradições que permanecem “amarrados” e que não mudam ao longo do tempo. O perigo é que o mundo muda, o ambiente também e essas organizações mantém-se totalmente inalteradas como se nada tivesse efectivamente mudado. Outras organizações caracterizam-se pela constante revisão e actualização de culturas adaptativas. O perigo é que essas organizações mudam constantemente as suas ideias, valores e costumes e perdem as suas características próprias que as definem como instituições sociais. Apesar da necessidade de mudança, algum grau de estabilidade torna-se num pré-requisito para o sucesso a longo prazo da organização.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
A intenção de Montenegro era transformar a sua equipa principal de mudanças no principal agente multiplicador de mudanças dentro da Aços Finos, S.A. Cada um dos seus elementos deveria formar e liderar outras equipas multifuncionais, sem levar em conta hierarquias e áreas funcionais. A ideia básica era transmitir objectivos, metas de trabalho, problemas que careciam de solução urgente, desafios a vencer e obter apoio e compromisso de todas as pessoas para que elas ajudassem a empresa a
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Normas de Comportamento
Valores Partilhados
Cultura Adaptativa Cultura desadaptativa
Os gestores prestam atenção a todos os aspectos, especialmente aos clientes e iniciam a mudança quando precisam de servir os seus legítimos interesses, mesmo que isso signifique assumir riscos.
Os gestores cuidam profundamente dos clientes, investidores e empregados. Eles atribuem grande valor às pessoas e aos processos que podem criar mudanças úteis (como a liderança acima e abaixo da hierarquia administrativa)
Os gestores tendem a comportar-se política e burocraticamente de modo isolado. Como resultado, eles não modificam as suas estratégias prontamente para ajustar ou ganhar vantagens com a mudança nos seus ambientes de trabalho.
Os gestores cuidam principalmente de si mesmos, do seu grupo imediato de trabalho ou de algum produto (ou tecnologia) associado com o seu grupo de trabalho. Eles atribuem mais valor à ordem e à redução de riscos nos processos administrativos do que às iniciativas.
melhorar o seu desempenho. O seu objectivo era fazer uma verdadeira multidão de ajudas, melhorias, sugestões, soluções e ideias apresentadas por todos os funcionários e operários. Tudo seria bem recebido: cortar custos, aumentar a produtividade, melhorar os serviços, acelerar os processos. O director de marketing – um profissional aberto e motivador – seria o responsável pela definição e discussão dos valores a serem adoptados e respeitados na organização para proporcionar um clima favorável à ampla participação e envolvimento das pessoas.
3.9. O Desenvolvimento Organizacional
Os gestores estão constantemente preocupados em planear e implementar mudanças que melhorem o desempenho da organização, tornando-a mais competitiva num quadro mundial de forte mudança e competição. Contudo, quase todos eles sabem que a introdução de qualquer mudança significativa no contexto interno de toda a organização traz como consequência enormes problemas administrativos e humanos. Para minimizar os problemas relacionados com a introdução de mudanças nas organizações, existe uma variedade de tecnologias baseadas na aplicação dos conhecimentos das ciências comportamentais à gestão. Essas tecnologias de mudança são conhecidas pelo nome de Desenvolvimento Organizacional (DO).
O Desenvolvimento Organizacional (DO) é uma abordagem de mudança planeada cujo foco principal está em mudar as pessoas e a natureza e qualidade das suas relações de trabalho. Em suma, o DO enfatiza a mudança cultural como base para a mudança organizacional – mudar a mentalidade das pessoas para que elas possam mudar e revitalizar a organização.
As principais características do Desenvolvimento Organizacional
3.10. Características, Técnicas e Processos de Desenvolvimento OrganizacionalAs principais técnicas de desenvolvimento organizacional conhecidas são:
1. Formação de sensibilidade: constitui a técnica mais antiga e ampla de DO. Consiste em reunir grupos chamados «T-Groups» (grupos de formação) que são orientados por um líder formado para aumentar a sua sensibilidade em relação às suas competências e dificuldades de relacionamento interpessoal.
2. Análise transaccional (AT): é uma técnica que visa o autodiagnóstico das relações interpessoais. As relações interpessoais ocorrem através de
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Focalização da organização, como um todo
Processos grupais
Orientação sistémica e abrangente
Orientação contingencial
Utilização de agentes de mudança da organização
Feedback imediato dos dados
Ênfase na solução de problemas
Aprendizagem pela experiência
Desenvolvimento de equipas
Enfoque interactivo
transacções. Uma transacção significa qualquer forma de comunicação, mensagem ou relação com os demais.
3. Desenvolvimento de equipas: é uma técnica de alteração comportamental em que várias pessoas de vários níveis e áreas da organização reúnem-se sob a coordenação de um consultor ou líder e criticam-se mutuamente, procurando um ponto de encontro em que a colaboração seja mais frutífera e eliminando as barreiras interpessoais de comunicação pelo esclarecimento e compreensão das suas causas.
4. Consultoria de procedimentos: é uma técnica em que cada equipa é coordenada por um consultor, cuja actuação varia muito. A coordenação permite certas intervenções para tornar a equipa mais sensível aos seus processos internos de estabelecimento de metas e objectivos, de participação, de sentimentos, de liderança, de tomada de decisões, de confiança e criatividade.
5. Reunião de confrontação: é uma técnica de alteração comportamental com a ajuda de um consultor interno ou externo (terceira parte). Dois grupos antagónicos em conflito (desconfiança recíproca, discordância, antagonismo, hostilidade, etc.) podem ser tratados através de uma reunião de confrontação que dura um dia, em que cada grupo se auto-avalia, bem como avalia o comportamento do outro.
6. Feedback de dados: é uma técnica de mudança de comportamento. O feedback proporciona aprendizagem de novos dados a respeito de si mesmo, dos outros, dos processos grupais ou da dinâmica de toda a organização – dados que nem sempre são levados em consideração. O feedback refere-se às actividades e processos que reflectem e espelham a maneira como uma pessoa é percebida ou visualizada pelas demais pessoas.
As diferentes técnicas de Desenvolvimento Organizacional
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3.11. O Processo de Desenvolvimento OrganizacionalAs técnicas de DO são geralmente aplicadas numa sequência relativa à sua aplicabilidade nos níveis de intervenção. O ponto de partida é melhorar inicialmente a sensibilidade intrapessoal das pessoas para posteriormente melhorar e incentivar os seus relacionamentos interpessoais. A seguir, inicia-se a formação e desenvolvimento de equipas com técnicas intragrupais, às quais se seguem as técnicas intergrupais necessárias para integrar as diferentes equipas entre si e, mais adiante, as técnicas intraorganizacionais para definir os objectivos organizacionais a serem alcançados mediante o trabalho conjunto e coordenado das diferentes equipas envolvidas.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
A equipa principal mudanças começou a funcionar imediatamente na Aços Finos, S.A. Afinal, a urgência era indispensável. O seu papel era: pôr a cabeça a funcionar, comunicar amplamente os seus planos para todas as pessoas, criar objectivos e divulgá-los para que fossem perfeitamente compreendidos. O primeiro cuidado foi explicar a todo o pessoal a grave situação da empresa e as medidas imediatas para reverter a situação. Como Director-Geral, Montenegro passou a reunir-se diariamente com grupos de cem operários no refeitório da empresa para conversar com eles durante duas horas ou mais e obter a sua aprovação e comprometimento. Era deles que Montenegro esperava mais. Eles constituíam a chave da solução dos problemas da Aços Finos, S.A. A ideia era transformá-los em agentes de melhorias contínuas, não apenas somando, mas multiplicando ideias e soluções por todo o chão da fábrica. Montenegro queria extrair
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Formação da Sensibilidade Intrapessoal
Interpessoal
Intragrupal
Intergrupal
IntraorganizacionalFeedback de Dados
Reunião de Confrontação
Análise Transaccional
Desenvolvimento de Equipas
Consultoria Procedimental
TÉCNICAS DE D.O. NÍVEIS DE INTERVENÇÃO
dessas reuniões a indicação de equipas multifuncionais de qualidade e produtividade, envolvendo operários, supervisores e encarregados. Ele colocaria à disposição de cada equipa, todos os meios e recursos disponíveis: formação, orientação, liderança, motivação, ideias, conceitos ou objectivos.
Os seis passos da metodologia pesquisa-acção do Desenvolvimento Organizacional
AVALIAÇÃO CRÍTICAO segredo do polichinelo
A satisfação do cliente está em primeiro lugar. É a chave dos negócios de qualquer futuro comercial. Tom Peters analisa a forte competição na área automobilística e salienta que a qualidade dos automóveis ficou tão boa que é realmente difícil encontrar erros grosseiros de produção. A qualidade dos carros está a deixar de ser uma vantagem competitiva para tornar-se o preço que as fábricas têm de pagar para ingressar nesse mercado imensamente competitivo. Como a qualidade dos carros é igualmente boa para todas as fábricas - algo como 7 a 8 pontos numa escala de 1 a 10-, existem mais dois outros aspectos que podem fazer a diferença. O segundo deles é o índice de novidades lançadas pela indústria que chega a 5, 6 ou 7 pontos. Mas o terceiro aspecto da tríade que forma a satisfação do consumidor, o atendimento ao cliente na revenda, é péssimo – algo que fica entre 2, 3 ou 4 pontos apenas. Como a qualidade dos automóveis deverá continuar a melhorar e os lançamentos também, a possibilidade de uma fábrica se destacar das outras em termos de qualidade e lançamento de novos produtos é quase nula, pois todas elas seguem quase o mesmo ritmo. A empresa que se destacar das demais em atendimento ao cliente certamente que ocupará o topo da lista. A mesma história pode-se repetir sem grandes diferenças nos sectores bancário e farmacêutico e em vários sectores importantes da economia, como supermercados, aviação comercial, aluguer de carros etc. Para sanar essa grave situação, a empresa deverá contar com quatro providências básicas: obsessão, estrutura, sistemas e pessoas.
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Diagnóstico preliminar do
problema
Obtenção de dados para apoio/rejeição
do diagnóstico
Feedback de dados à equipa
Exploração dos dados para procura
de soluções
Planeamento da solução-acção via
diagnóstico
Execução da solução-acção
1. Obsessão: deve haver uma verdadeira obsessão, isto é, uma missão, uma filosofia dramática e contagiante que irradie intensamente por toda a empresa e por todos os funcionários. Foi isso que lançou a McDonald's para a estratosfera em tão pouco tempo. A mesma coisa pode ser dita do perfeccionismo da Walt Disney. Para que isso ocorra, é necessário alterar a visão do mundo. Não se trata apenas de uma obsessão com o atendimento, mas de uma compreensão profunda de que se pode reorientar a empresa inteira para aperfeiçoar e embelezar a experiência do cliente.
2. Estrutura organizacional: a estrutura da organização deve ser simples, directa, próxima e rápida em relação ao cliente. As organizações inteligentes fazem-se cada vez mais transparentes aos seus clientes. Todos os intermediários internos estão a desaparecer, ou seja, as camadas e os controladores que verificam o que fizeram os outros controladores. Os consumidores estão a conquistar acesso substancial à empresa e manipulando directamente as bases de dados dela para os seus próprios fins. A empresa plana, aberta, reactiva e maleável passou a constituir uma verdadeira "raça" inteiramente nova e revolucionária, segundo Amo Penzias, o Prémio Nobel, em seu livro Harmony: Business, technology and life after paperwork.
3. Sistemas e não apenas sorrisos são necessários na construção da lealdade a longo prazo dos clientes. A chave para isso são os sistemas informatizados, os sistemas de incentivo ao pessoal, os programas de recrutamento e selecção, um esquema inteligente para acompanhar o pedido do cliente etc., para assegurar que o compromisso com os clientes seja efectivamente construído e cumprido.
4. Pessoas: enfim, pessoas cheias de energia e disposição. A Forum Corporation constatou numa pesquisa que 70% dos clientes perdidos por 13 grandes empresas americanas industriais e de serviços as abandonaram devido à falta de atenção com que foram recebidos por funcionários da linha de frente (15% as abandonaram por problemas de qualidade e os outros 15% por questões de preço). Outra pesquisa paralela do professor Robert Peterson da Universidade do Texas afirma que o que chama o consumidor de volta é um vínculo emocional (o amor) e não a mera satisfação . Hal Rosenbluth, presidente da Rosenbluth International, uma gigante dos serviços de viagem nos Estados Unidos, diz que quem procura um atendimento de primeira qualidade deve priorizar os funcionários e colocar os clientes em segundo lugar. E esse é o grande paradoxo da liderança: a empresa precisa de se esforçar ao máximo para ser uma criadora de padrões no seu mercado. E essa própria atenção concentrada contém as sementes da sua destruição ou ser surpreendida por melhores padrões de outras empresas. Mas, antes de ser surpreendida, ela precisa de chegar lá em primeiro lugar. E se possível mantê-lo. Esse é o segredo principal das empresas bem sucedidas – um verdadeiro segredo de polichinelo.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Montenegro não planeava melhorar a tecnologia existente na Aços Finos, S.A. – máquinas, equipamentos, instalações. Pensava antes em extrair o máximo dela através dos funcionários. Nem considerava em mudar a
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estrutura organizacional. Pensava antes em fazê-Ia funcionar de modo diferente e num ambiente mais dinâmico e participativo. A equipa principal de mudanças começou a desenvolver reuniões de debates e explicações com os funcionários e operários. Trabalhar era preciso, mas de uma forma mais inteligente e racional. Trabalhar como antes, jamais. Todos precisavam de se consciencializar-se de que a cultura organizacional estava a mudar, e para melhor. A mentalidade era outra. Montenegro queria assegurar emprego e melhores condições para todos, mas precisava do seu apoio para erguer a empresa. Era a sua palavra. Todo o pessoal de formação foi deslocado para reuniões e programas de desenvolvimento de equipas, reuniões de confrontação e feedback de dados e informações. Em pouco tempo, o clima reinante ficou diferente. E para melhor.
3.12. O Espírito Empreendedor
Um aspecto importante da cultura organizacional é o espírito empreendedor. As organizações estão à procura de pessoas capazes de conduzi-las, de resolver os seus problemas, de gerar novas ideias e caminhos, de criar novos produtos e serviços, de procurar novos meios para satisfazer o cliente e, sobretudo, de torná-las competitivas face aos concorrentes. Por outras palavras, as organizações procuram pessoas com espírito empreendedor.
A principal característica do espírito empreendedor é a competência de assumir os factores de produção – humanos, materiais, financeiros, comerciais e administrativos – e utilizá-los para produzir novos produtos ou serviços cada vez melhores. O empreendedor percebe oportunidades onde as outras pessoas não vêem ou não percebem. Ele assume a responsabilidade pelos riscos envolvidos. Alguns empreendedores usam a informação disponível a todos para criar algo inteiramente novo, graças à sua intuição.
Um dos mais famosos empreendedores, Henry Ford, não inventou nem o automóvel e nem a divisão do trabalho, mas conseguiu aplicar a divisão do trabalho na produção de carros através de uma nova maneira, a linha de montagem. Akio Morita, o presidente da Sony, o gigante japonês de produtos electrónicos de consumo, percebeu que os produtos já existentes na companhia poderiam ser adaptados para criar um novo e criativo produto, o walkman pessoal.
AVALIAÇÃO CRÍTICAEstímulo para Estudar
Há pouco tempo, a IBM fez, nos Estados Unidos, um pequeno anúncio que trouxe consequências para a educação americana. A empresa revelou que exigiam os históricos escolares do secundário dos jovens candidatos a empregos nas suas fábricas. A ideia era convencer os estudantes a levar a escola a sério. A IBM dizia que o aproveitamento escolar é muito importante e que o diploma, por si só, não basta. Um dos maiores problemas das escolas é a motivação dos estudantes. Talvez a única excepção sejam os estudantes que pretendem ingressar em empresas de elite. Nos Estados Unidos, desde a Segunda Guerra Mundial, o valor económico de um diploma de secundário vinha perdendo sentido à medida que cada vez mais americanos o obtinham. Em 1940, apenas 25% dos adultos de 25 anos de idade ou mais eram formados no secundário. Em 1970, essa percentagem já havia subido para 55% e, em 1995, para 82%. Hoje, o diploma de secundário já não garante um emprego bem remunerado, como ocorria no passado.
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Os economistas Richard Murnane e Frank Levy, no seu livro “Teaching the new basic skills” (“Ensinando as novas competências básicas”), salientam que, reagindo à queda nas margens de lucro e ao aumento da concorrência, as empresas vêm-se tornando mais selectivas na hora de contratar novos funcionários. Trabalhadores pouco confiáveis ou mal qualificados elevam os custos da empresa e reduzem a qualidade. Assim, as empresas começaram a dar preferência a universitários formados no preenchimento de vagas antes ocupadas por pessoas com formação de secundário. Não se trata de cargos executivos, de engenheiros ou outros profissionais. Tratam-se de funções qualificadas em fábricas, gestores de escritórios, técnicos e representantes comerciais.
As empresas preferem universitários formados não porque esses cargos exijam competências de nível superior, mas porque o diploma de secundário já não implica que o dono possua as competências necessárias. São essas competências as novas competências básicas, que incluem conhecimento de leitura e matemática, resolução de "problemas semi-estruturados em que é preciso formular e testar hipóteses" e boa comunicação oral e escrita. Muitos empregos requerem competências menores, mas poucos requerem menos do que isso, dizem os autores.
Porque é que muitos jovens não possuem as competências básicas? Não é porque os estudantes sejam, na sua maioria, burros ou preguiçosos. A resposta mais acertada é a pressão sofrida pelos seus companheiros e pares. O economista John Bishop escreve que “Os jovens trabalham muito duro" nos empregos e nas actividades desportivas que realizam fora do horário escolar. Mas "nenhum jovem quer ser visto como «atrasadinho», e é isso o que acontece com os alunos que se esforçam nos estudos". O aluno que estuda muito realça os pontos fracos dos outros colegas, torna-se alvo de ressentimentos e perde popularidade na classe. Apenas os jovens com grande força de vontade conseguem resistir à má vontade dos seus colegas. Nas suas pesquisas, Bishop demonstrou que as exigências externas que as escolas não podem manipular, como exames de graduação e exigências feitas para admissão de alunos, elevam o grau de aproveitamento dos alunos. Esses padrões externos geram consequências para os estudantes e afectam o seu comportamento.
Pelo facto de poderem contribuir mais para a sociedade, os investigadores procuram analisar as competências, as atitudes e as características de certos tipos de empreendedores, bem como as condições em que elas surgem e se desenvolvem. Existem certos factores psicológicos e sociológicos que explicam o espírito empreendedor.
Factores PsicológicosA mais importante abordagem a respeito do espírito empreendedor foi desenvolvida por McClelland em 1986. Ele verificou que o empreendedor está voltado para a satisfação de necessidades pessoais de auto-realização. Pessoas com elevado grau da necessidade de auto-realização são mais inclinadas para assumir riscos, desde que razoáveis e desde que tais riscos estimulem um esforço maior.
Por volta de 1980, Begley e Boyd verificaram toda a literatura disponível e identifi-caram cinco dimensões do espírito empreendedor:
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1. Necessidade de auto-realização. 2. Força de controlo. 3. Tolerância para riscos. 4. Tolerância para ambiguidade. 5. Comportamento do tipo A.
Factores SociológicosAlguns factores sociológicos podem explicar o aparecimento e desenvolvimento do espírito empreendedor. As minorias sociais – raciais ou religiosas – muitas vezes enfrentam dificuldades na adaptação a certas culturas diferentes, com decorrentes frustrações, o que as leva a procurar ambientes capazes de atender às suas necessidades específicas. Quase sempre, isso conduz ao espírito empreendedor, na procura de situações que ofereçam oportunidades para satisfazer as suas necessidades.
Aspectos que ajudam ou impedem o espírito empreendedor numa organização.
3.13. Resumo do Capítulo
A cultura organizacional é o primeiro passo para se conhecer uma organização. A cultura define o modo de comportamento das pessoas na organização. É a maneira tradicional de pensar e fazer as coisas e que guia o comportamento e a tomada de decisão das pessoas. Cada organização tem a sua cultura, que lhe dá a identidade própria. A cultura manifesta-se em três diferentes planos: no plano visível dos artefactos, no plano dos valores partilhados e nas pressuposições básica que se depositam no seu íntimo. A diversidade de pessoas de diferentes padrões culturais e o multiculturalismo que a globalização traz tornam mais complexa a identificação da cultura organizacional. Existem culturas bem sucedidas, i.e., que são flexíveis e inovadoras o suficiente para conduzir organizações para o sucesso, ao lado de culturas que impedem a renovação organizacional. Assim, pode-se falar em culturas adaptativas que se caracterizam pela constante revisão e actualização dos seus padrões de conduta ao lado de culturas conservadoras em que predominam a manutenção e a preservação de ideias, valores, costumes e tradições que não __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 59 de 366Manual do Formando
SUPORTES ORGANIZACIONAIS
Flexibilidade da OrganizaçãoEspírito de EquipaCultura Organizacional abertaParticipação nas decisõesDelegação de autoridadeCriatividade e inovaçãoConfiança nas pessoasDemocracia e igualdadeInvestimento nas pessoas
Educação e formaçãoDivulgação da informaçãoPartilha de missão e visão
Funcionam como impulsionadores do
espírito empreendedor
BARREIRAS
Rigidez da organizaçãoIndividualismoCultura organizacional autocráticaCentralização das decisõesCentralização da autoridadeRotina e permanênciaDesconfiança das pessoasHierarquia e autocraciaPessoas como mão-de-obraImposição de regras e normasSigilo da informaçãoIgnorância sobre a visão e missão
Funcionam como limitadores do espírito empreendedor
mudam ao longo do tempo. O Desenvolvimento Organizacional é uma abordagem de mudança planeada da cultura organizacional, cujo foco principal está em mudar as pessoas e a natureza e qualidade das suas relações no trabalho. As principais técnicas de DO são: a formação da sensibilidade, a análise transaccional, o desenvolvimento de equipas, a consultoria de procedimentos, a reunião de confrontação e o feedback de dados. O processo de DO envolve seis passos, desde o diagnóstico preliminar do problema até à execução da solução-acção, tendo por base a pesquisa-acção. O espírito empreendedor é um aspecto importante da cultura organizacional e pode ser incrementado através dos factores psicológicos e sociológicos.
3.14. Exercícios
1. Identifique os principais elementos da cultura organizacional.2. Discuta a ligação entre sucesso organizacional e cultura.3. Defina a cultura adaptativa e cultura conservadora.4. Como transformar a cultura sensitiva em multiculturalismo?5. Explique os mecanismos do desenvolvimento Organizacional.6. Discuta as várias técnicas de DO.7. Como é que colocaria em prática um programa de DO na organização?8. Identifique os principais aspectos do espírito empreendedor.9. Como conciliar o espírito empreendedor com o espírito de equipa?10. Explique a noção de pesquisa-acção e solução-acção de DO.11. Correlacione os níveis de DO com as suas principais técnicas.
GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEAdaptação cultural é o esforço organizacional de rever e actualizar a cultura da organização em função das mudanças ambientais.
Gestão participativa representa o envolvimento de todos os funcionários no processo de tomada de decisões da organização e a eliminação dos obstáculos organizacionais (hierarquia) e culturais (autocracia).
Análise transaccional é uma técnica de DO
que visa o autodiagnóstico das relações interpessoais para eliminar barreiras e obstáculos na interacção entre as pessoas.
Artefactos são as coisas físicas e visíveis que, no seu conjunto, definem e revelam a cultura de uma organização.
Código de ética é uma declaração formal e escrita que estabelece os valores e padrões éticos da organização para guiar o comportamento dos seus membros.
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Consultoria de procedimentos é uma técnica para sensibilizar a equipa quanto aos seus processos internos de comunicação, tomada de decisões, estabelecimento de objectivos, liderança, confiança e criatividade.
Cultura é um padrão de assuntos básicos de DO partilhado que um grupo aprendeu como maneira de resolver os seus problemas de adaptação externa e integração interna e que é transmitido aos novos membros como a maneira correcta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas.
Cultura adaptativa é caracterizada pelo esforço de rever e actualizar constantemente as ideias, valores e costumes para ajustar a organização a um ambiente em mudança.
Cultura conservadora é caracterizada pelo esforço de preservar e manter as tradições culturais e a manutenção de ideias, valores e costumes, que não mudam ao longo do tempo.
Cultura organizacional é o conjunto de hábitos e crenças estabelecido através de normas, valores, atitudes e expectativas partilhados por todos os membros da organização.
Desenvolvimento de equipas é uma técnica de DO que elimina as barreiras interpessoais de interacção e proporciona a criação e formação de equipas coesas e integradas.
Desenvolvimento Organizacional (DO) é o esforço de longo prazo, apoiado pela Alta Direcção, no sentido de melhorar os processos de resolução de problemas e de renovação organizacional com a utilização da teoria e tecnologia das ciências do comportamento.
Diversidade significa a existência de uma variedade de pessoas de diferentes características de raças, credos, costumes e culturas diferentes, que se misturam entre as pessoas que constituem uma organização.
Empowerment é o fortalecimento do papel faz pessoas e equipas através da atribuição da autoridade e responsabilidade pelas suas decisões e acções.
Empreendedor é a pessoa dotada de competência de perceber oportunidades, tomar os factores de produção e utilizá-los criativamente para produzir novos produtos ou serviços, assumindo os riscos do negócio.
Espírito empreendedor é a pessoa que assume responsabilidade pelos riscos envolvidos.
Multiculturalismo significa a existência de muitos e diferentes elementos e factores culturais que são trazidos à organização por pessoas provenientes de diferentes culturas e que coexistem e florescem dentro da organização.
Normas de comportamento são as maneiras comuns e partilhadas de agir que são encontradas na organização e que persistem porque os membros tendem a comportar-se da maneira como ensinam essas práticas aos novos membros que nela ingressam.
Pesquisa-acção é o modelo de DO que parte do levantamento de dados (investigação) para definir o diagnóstico da situação e orientar a acção de intervenção a ser realizada. A acção é variável dependente da pesquisa inicial.
Pressuposições básicas são sentimentos, crenças inconscientes, percepções e conceitos dominantes numa organização e nos quais os membros acreditam. Constituem o terceiro nível da cultura organizacional.
Processo de DO é a sequência de aplicação de técnicas de DO para efectuar a mudança organizacional através das pessoas.
Processos de renovação referem-se às maneiras pelas quais os gestores adaptam os seus processos de solução de problemas ao ambiente.
Feedback ou retroacção de dados é uma técnica de DO que parte do princípio de quanto mais dados cognitivos e informação o indivíduo recebe, tanto maior será a sua possibilidade de organizá-los e agir criativamente.
Formação de sensibilidade é uma técnica de DO para aumentar a sensibilidade das pessoas quanto às suas competências e dificuldades de relacionamento interpessoal.
3.15. Referências Bibliográficas
1. Edgar Schein, “Organizational culture and leadership”, San Francisco, Jossey Bass, 1992.2. John B. Kotter & James l. Heskett, “Corporate culture and performance”, Nova York, Free
Press, 1992.3. Wendell L. French & Ceci H. bell, Jr. “Organizational development: behavioural science
interventions for organizational improvement”, Englewood Cliffs, HJ, Prentice Hall, 1981.4. W. J. Heisler, “Patterns of OD programs – What went wrong”, 1974.5. “O segredo é de polichinelo…”, Exame, ano 30, nº 18, 1996.6. Paul H. Wilken, “Entrepreneurship: a comparative and historical study”, Norwood, NJ,
Ablex Publish, 1979.7. Peter F. Drucker, “Innovation and entrepreneurship”, NI, Harper & Row, 1986.8. Joseph A. Schumpeter. “Capitalism, socialism and democracy”, NI, Harper & Row, 1975.9. Robert J. Samuelson. “Estímulo para estudar”, Exame, ed. 646, 1997.
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4. REINVENTANDO AS ORGANIZAÇÕES
Objectivos de Aprendizagem
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
8. Definir as tendências que estão ocorrendo no mundo actual.9. Descrever como inventar as organizações para um mundo novo e diferente.10. Descrever como reinventar as organizações para adequá-las aos novos desa-
fios.11. Descrever o processo de mudança.12. Reconhecer os diferentes tipos de mudanças nas organizações13. Descrever como fazer acontecer a mudança organizacional.14. Saber como preparar as organizações para a mudança.15. Saber como construir suportes de apoio à mudança nas organizações.16. Compreender a onda de reestruturações rumo à inovação.17. Empreender um programa de criatividade e inovação.
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O QUE VEREMOS ADIANTE
□ As tendências do mundo actual□ O Uma Onda de Reorganizações□ Mudança Organizacional□ Reinventando as organizações □ O processo de mudança□ As mudanças organizacionais□ Como preparar as organizações para as mudanças□ Criatividade e Inovação
CASO INTRODUTÓRIO
Dividir espaço para cortar custos
Está cada vez mais fácil abastecer o carro e o estômago num mesmo lugar. Com a competição pelo espaço comercial em áreas nobres a intensificar-se, os restaurantes fast-food, as lojas de conveniência e os postos de gasolina nos Estados Unidos estão a unir-se para comprar ou alugar imóveis e operar lado a lado. A união serve para reduzir despesas, atrair mais consumidores e gerar inovações. Um dos resultados é que as empresas testam agora um novo esquema que permite ao público pedir a comida na bomba de gasolina para “apanhá-la” em seguida numa janela de «drive-through» (aliás isso já acontece no Drive-In da MacDonald’s). Isso faz parte de um esforço contínuo para tirar o proveito máximo de uma determinada propriedade comercial. Em Portugal, a Unibanco, a Blockbuster e a GALP fazem um tipo de parceria semelhante. O estilo de lojas «Seven Eleven», através das lojas M24 do PINGO DOCE também actua em vários postos de gasolina. O sucesso não se deve exclusivamente à preocupação em atender melhor o consumidor. Gasolina e álcool já não dão tanto dinheiro e torna-se necessário montar autênticos centros comerciais nos postos de gasolina para dividir custos e tornar o empreendimento mais viável.
4.1. As Tendências do Mundo ActualO mundo passa por enormes transformações revolucionárias que estão a mudar o modo como as organizações trabalham. Empresas, produtos, serviços e pessoas que não estiverem sintonizados e «inseridos» nessas transformações rapidamente vão tornar-se obsoletos e muito provavelmente não mais irão sirvam para as suas antigas funções. A tecnologia funciona como um verdadeiro desestabilizador das instituições, face ao seu forte impacto inovador, desequilibrando as estruturas vigentes, solucionando muitos problemas e criando situações inteiramente novas que, por sua vez, trazem problemas novos e diferentes. As dimensões de espaço e tempo estão a transformar-se rapidamente em conceitos de instantaneidade e virtualidade, respectivamente. A informação on-line e em tempo real e o just-in-time são exemplos da corrida para a instantaneidade. A fábrica familiar e a empresa virtual são exemplos da corrida para a virtualidade. Tudo para satisfazer a necessidade de maior urgência e de menor tamanho, condições para aumentar a competitividade.
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As duas principais tendências do mundo moderno
INSTANTANEIDADE VIRTUALIDADE
□ Menor Tempo□ Compreensão do tempo□ Just-in-time□ Informação em tempo real□ Informação on-line□ Flexibilidade organizacional□ Agilidade nos serviços
□ Menor espaço e portabilidade□ Compreensão do espaço e do
tamanho□ Fábrica familiar e pequena□ Escritório virtual□ Organização da informação em
redes□ Unidades estratégicas de negócio□ Miniaturização dos produtos
Fonte: Eraldo Montenegro & Jorge Pedro Dalledonne de Barros. “Gestão estratégica: a arte de vencer desafios, S.Paulo, Makron Books, 1997.
4.2. Uma Onda de ReorganizaçõesAs décadas de 1980 e 1990 foram caracterizadas por uma intensa onda de reorganizações nas maiores organizações de todo o mundo. Falou-se muito em reengenharia, downsizing, rightsizing, reestruturações, fusões, terceirização (outsourcing de primeiro nível), quarteirização (outsourcing de segundo nível) e coisas do género.
As grandes organizações deixaram de lado o organograma tradicional e passaram a inovar em termos de estrutura organizacional e de organização do trabalho. E não o fizeram por mera vaidade de ostentar uma estrutura moderna, mas por uma imperiosa necessidade de se tornarem mais ágeis, flexíveis, inovadoras e rápidas na reacção. Muitas delas comprimiram a hierarquia, cortaram níveis intermediários e fizeram com que as pessoas que se relacionam com o cliente externo se tornassem os elementos mais importantes da organização.
As Organizações Mecanicistas e OrgânicasOrganizações Mecanicistas Organizações Orgânicas
Ênfase na cadeia de comando.
Divisão funcional do trabalho: problemas e tarefas relativos à organização como um todo são decompostos em actividades especializadas.
Os cargos são altamente especializados, definitivos e permanentes.
Utilização da hierarquia formal como meio de coordenação.
As descrições de cargo são detalhadas para proporcionar uma definição precisa de direitos, obrigações e métodos técnicos para desempenhar cada cargo.
A interacção entre funcionários é vertical entre superior e subordinados.
O comportamento é governado por instruções e decisões tomadas por superiores.
Despreocupação com a cadeia de comando.
Estrutura de trabalho divisionalizada e auto-suficiente. A responsabilidade pelo trabalho não é vista como um campo limitado de direitos, obrigações e métodos.
Os cargos não são claramente definidos, mas continuamente ajustados e redefinidos às demandas da situação.
A comunicação é feita através de uma estrutura matricial ou em redes.
A comunicação é mais lateral que vertical e há uma ênfase sobre a consulta mais que sobre o comando. A comunicação transita mais informações e sugestões do que instruções e decisões.
Há um comprometimento que motiva os funcionários a manter autocontrolo
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CASOS DA ACTUALIDADEPara Quem as Pessoas Trabalham?
O presidente da Asea Brown Boveri (ABB) afirma que defendia que “a empresa não trabalha para o presidente, mas para o cliente. O presidente está aqui para agregar valor. O seu papel é olhar o longo prazo". E qual foi a sua maior realização no comando da ABB? Segundo ele, não foi aumento das vendas. Nem sequer ter lucro maior. Foi a importância dada às pessoas. Acabou com o cartão de ponto para os funcionários. A empresa precisa de demonstrar confiança no seu pessoal. O que importa para a ABB é produzir produtos com qualidade e no tempo certo. A que horas o funcionário vai trabalhar, não interessa. Mais importante do que o horário são os resultados do trabalho", diz ele.
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4.3. Mudança Organizacional As mudanças nas organizações podem ocorrer dentro de várias dimensões e velocidades. Elas tanto podem ser restritas e específicas (um órgão, como uma divisão ou departamento, por exemplo), como amplas e genéricas (envolvendo a totalidade da organização). Elas tanto podem ser lentas, progressivas e incrementais, como rápidas, decisivas e radicais. Tudo depende da situação da organização e das circunstâncias que a cercam e, principalmente, da percepção da urgência e da viabilidade da mudança.
O Impulso para a Mudança
Fonte: Adaptado de J.E.Dutton & R.B. Duncan, “The creation of momentum for change through the process of strategic issue diagnosis”, Strategic Management Journal, nº 8, 1987.
É a percepção da urgência da mudança por parte dos gestores que determina a velocidade da mudança organizacional. A mudança lenta, contínua e incremental é geralmente o caminho seguido pelos programas de melhoria contínua e qualidade total, que costumam receber uma diversidade de nomes.
Tipos de Mudanças Organizacionais
Existem quatro tipos de mudanças dentro das organizações:
Mudanças na estrutura organizacional Mudanças na tecnologia Mudanças nos produtos ou serviços Mudanças nas pessoas e na cultura da organização
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Necessidade percebida de
mudança
DESCONGELAMENTO
Percepção da urgência da mudança
Percepção da urgência da mudança
IMPULSO PARA A MUDANÇA
Mudança contínua e incremental
Mudança radical e total
Fraco Forte
Os quatro tipos de mudança organizacional
Fonte: Harold J. Leavitt, "Applied organizational change in industry: structural, technical and human approaches", in W. W. Cooper, H. J. Leavitt & M. W. Shelly, II (orgs.). New perspectives in organizational research, Nova York, John Wiley & Sons, 1964, p. 55-74.
Estas mudanças na organização não ocorrem isoladamente; pelo contrário, ocorrem sistemicamente, umas afectando as outras e provocando um poderoso efeito multiplicador internamente.
Exemplos dos quatro tipos de mudança organizacional
4.4. Reinventando as Organizações
Assim como o mundo muda e o ambiente transforma-se, as organizações não podem ficar à deriva. Elas também precisam de acompanhar as mudanças que ocorrem no seu contexto operacional. O propósito das mudanças organizacionais é aumentar a eficácia, ou seja, o nível em que a organização consegue atingir os __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 67 de 366Manual do Formando
ESTRUTURA
PRODUTOS/SERVIÇOS
TECNOLOGIA
PESSOAS/ CULTURA
Mudanças na Estrutura
Organizacional
Mudanças na Tecnologia
Mudanças nos produtos ou
serviços
Mudanças nas pessoas e na
cultura
Redesenho da estrutura de órgãos e cargosNovos paradigmas organizacionaisRedução de níveis hierárquicosNovas redes de comunicações
Redesenho do fluxo de trabalhoNovas máquinas, equipamentos, instalaçõesNovos processos de trabalhoNovos métodos de trabalho
Criação e desenvolvimento de novos produtosCriação e desenvolvimento de novos serviçosMelhoria dos produtos/serviços actuaisMelhoria dos serviços ao cliente
Novos paradigmas culturaisNovos relacionamentos entre as pessoasNovos conhecimentos, capacidades, competênciasNovas expectativas, percepções e motivações
seus objectivos. Essas modificações tanto podem envolver algum segmento ou unidade organizacional como podem estender-se à totalidade da organização e geralmente incluem mudanças nas linhas de autoridade, os níveis de respon - sabilidade atribuídos aos vários membros da organização e as linhas estabelecidas de comunicação organizacional.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
É fácil explicar a atracção exercida pelas parcerias. A divisão do espaço com outras empresas ajuda a manter um fluxo de clientes em diferentes horas do dia. Restaurantes, por exemplo, costumam atrair um público maior na hora do almoço, quando os postos de gasolina e lojas de conveniência se encontram às moscas. E, por uma fracção do custo de construção de um ponto independente, as redes de restaurantes podem tirar proveito do espaço comercial de uma loja de conveniência já estabelecida. Os lojistas ganham com a parceria, pois têm mais segurança e não precisam de se preocupar com o estacionamento para clientes.
Mudando as Organizações a Partir das Mudanças IndividuaisStephen Covey relembra muito bem que, para que as organizações possam ser transformadas, torna-se necessário fazer antes o mesmo com cada pessoa que faz parte delas. É o mesmo que imaginar que uma cultura pudesse ser transformada sem que os indivíduos que a compõem se transformassem primeiro. É isso que gera o seguinte tipo de pensamento: tudo nesta organização precisa de mudar; menos eu. Se todas as pessoas fizerem o mesmo, a transformação simplesmente nunca vai acontecer. A transformação tem início no momento em que cada pessoa se compromete intimamente a mudar.
Covey acrescenta que nada vai mudar no modo como gostaríamos nas nossas nações, organizações e famílias até que nós mesmos mudemos e nos tornemos parte da solução que procuramos. Fazer parte da solução e não parte do problema, a tão famosa frase-chave fez com que Corvey propusesse dez mandamentos na mudança organizacional para a transformação em qualquer lugar e a qualquer momento:
1. Consciencialização: a transformação tem somente início com a clara consciência da necessidade de mudar. Precisamos de ter a perfeita noção de onde estamos em relação a onde queremos estar. O primeiro passo é convencer as pessoas relativamente à necessidade da mudança e da direcção desta.
2. Envolvimento: o passo seguinte é entrar num processo de missões conjuntas, alinhando a missão pessoal e individual com a missão da organização.
3. Segurança interior: o terceiro passo é construir uma sensação de segurança interior em relação à mudança.
4. Legitimação: o passo seguinte é procurar legitimar as transformações a nível pessoal.
5. Responsabilidade pelos resultados: as pessoas precisam de assumir a responsabilidade pessoal pelos resultados a alcançar.
6. Enterre o velho: a rejeição ao obsoleto deve ser acompanhada da construção do novo.
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7. Abrace o novo caminho com espírito de aventura: o próprio processo de transformação também precisa de se transformar constantemente.
8. Espírito aberto: é necessário estar sempre aberto e receptivo a novas opções, com imunidade para a rigidez, ter em mente uma meta final, procurar uma solução sempre melhor do que a actual e partir sempre para novas alternativas e soluções criativas.
9. Sinergia: é necessário procurar sinergia com outros interessados no processo.
10. Propósito transcendental: os interesses gerais devem sempre prevalecer aos individuais e particulares.
As Organizações que AprendemMuitas organizações estão constantemente preocupadas em estabelecer regras e rotinas necessárias para dirigir as suas relações internas – com os funcionários do lado de dentro da organização – e externas – com os clientes, fornecedores, investidores e outros componentes do lado de fora da organização –, tendo em vista dois propósitos principais:
□ Aproveitar toda a experiência passada adquirida ao longo do tempo com situações precedentes e semelhantes, fazendo o que as lições do passado ditam. São as organizações voltadas para o passado.
□ Homogeneizar e estandardizar o seu comportamento face a situações diferenciadas que surgem, fazendo o mesmo para todos. São as organizações rígidas e inflexíveis que padronizam tudo e que não têm «jogo de cintura».
Enquanto havia estabilidade e previsibilidade, as organizações podiam dar-se ao luxo de trabalhar com rotinas e esquemas permanentes e definitivos. Contudo, o paradoxo que as organizações defrontam actualmente é que a única constante do mundo dos negócios é a mudança. A letargia, a estagnação, a complacência, a manutenção do status quo e a visão voltada para o passado podem levar qualquer organização a uma situação de rápida obsolescência e envelhecimento precoce. E isso pode ser fatal.
4.5. O Processo de Mudança
Do ponto de vista humano, a mudança é uma decorrência da aprendizagem. Representa uma transformação, uma variação, uma substituição nas características de uma organização, na sua totalidade ou nalguma parte dela.
Conceito de MudançaMudança significa a passagem de um estado para outro diferente. É a transição de uma situação para outra diferente. A mudança implica transformação, perturbação, interrupção, ruptura, dependendo da sua intensidade. A mudança está em toda parte: nas organizações, nas cidades, nos países, nos hábitos das pessoas, nos produtos e nos serviços, no tempo e no clima.
Etapas do Processo de MudançaKurt Lewin foi muito feliz ao retratar o processo de mudança como uma sequência de três etapas distintas:Descongelamento do padrão actual de comportamento: significa a etapa
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inicial em que velhas ideias e práticas são derretidas, abandonadas e desaprendidas.
Mudança: é a etapa em que novas ideias e práticas são experimentadas, exercitadas e aprendidas.
Recongelamento: é a etapa final em que as novas ideias e práticas são incorpora-das definitivamente no comportamento.
As três fases do processo de mudança estão representadas no processo de mudança elaborado por Lewin:
Agente de mudança é a pessoa – de dentro ou de fora da organização – que conduz ou guia o processo de mudança numa situação organizacional. Pode ser um membro da organização ou um consultor externo.
Os papeis do Gestor como Agente de Mudanças Organizacionais
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DESCONGELAMENTO MUDANÇA RECONGELAMENTO
Velhas ideias e práticas são
abandonadas e desaprendidas
Novas ideias e práticas são exercitadas e aprendidas
Novas ideias e práticas são
incorporadas ao comportamento
IDENTIFICAÇÃO
INTERIORIZAÇÃO
SUPORTE REFORÇO
O Campo de ForçasKurt Lewin salienta ainda que as tentativas de mudança geralmente se desenvolvem num campo de forças que actua dinamicamente em vários sentidos. De um lado estão as forças positivas de apoio e suporte à mudança e, de outro, as forças negativas de oposição e resistência à mudança. O sistema funciona dentro de um estado de relativo equilíbrio, que se denomina equilíbrio estacionário. Esse equilíbrio é rompido de todas as vezes em que se introduzem tentativas de mudança, as quais sofrem pressões positivas e negativas, criando o tal campo de forças.
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FASE DE MUDANÇA TAREFA DO GESTOR ACÇÕES DO GESTOR
DESCONGELAMENTOCriar um sentimento de
necessidade de mudança
Estabelecer boas relações com as pessoas envolvidas
Ajudar as pessoas a perceber que os comportamentos actuais são ineficazes
Minimizar as resistências às mudanças
MUDANÇAImplementar
a mudança
Identificar novos e mais eficazes meios de comportamento
Escolher as mudanças adequadas nas tarefas, pessoas, cultura ou estrutura organizacional
Agir no sentido de colocar as mudanças em acção
RECONGELAMENTOEstabilizar
a mudança e seus efeitos
Criar aceitação e continuidade dos novos comportamentos
Proporcionar todos os recursos de apoio necessários às pessoas
Utilizar recompensas relativas ao desempenho e reforço positivo
As forças positivas e negativas no processo de mudançaFORÇAS POSITIVAS
(de apoio e suporte)FORÇAS NEGATIVAS
(de oposição e resistência)
□ Necessidades dos clientes□ Oportunidades do mercado□ Novas tecnologias mais
sofisticadas□ Concorrência feroz□ Novas exigências sociais e
culturais□ Culturas organizacionais
adaptativas
□ Acomodação dos funcionários□ Hábitos e costumes da organização□ Dificuldades de aprender novas
técnicas□ Miopia e falta de percepção do
ambiente□ Velhos paradigmas culturais□ Culturas organizacionais
conservadoras
AVALIAÇÃO CRÍTICAAté parece que sofremos um choque – não do futuro, mas do passado – quando nos referimos à gestão. Precisamos, de uma vez por todas, romper com os velhos paradigmas que ainda rondam as nossas organizações e substituí-los por novos paradigmas adequados aos tempos actuais. Imaginem o que um mundo sem fronteiras pode nos ensinar:
Abrir as jaulas mentais e ampliar as janelas para ver o mundo exterior: substituir o raciocínio introvertido pela abordagem extrovertida e interesse pela realidade que nos cerca. Substituir a lógica de sistema fechado pela lógica de sistema aberto.
Expandir horizontes e fronteiras: olhar para fora, para o mundo exte-rior; acordar para a complexa realidade em que vivemos. Eliminar, ou pelo menos reduzir, a nossa miopia em relação ao ambiente. Simplesmente ver mais longe do que estamos acostumados.
Criar uma nova cidadania empresarial: substituir o provincianismo, o regionalismo, o paroquialismo e a própria miopia por uma visão cosmopolita e abrangente do mundo. Ser cidadãos do mundo para melhor servir o nosso país. É assim que ele irá para a frente. Ir em direcção ao melhor que existe no mundo e tentar levar o nosso país exactamente nessa direcção.
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VELHASITUAÇÃO
Forças positivas à mudança são
maiores do que as forças negativas
Forças negativas à mudança são
maiores do que as forças positivas
Velha Situação
NovaSituação
Tentativa de mudança mal
sucedida
Tentativa de mudança
bem sucedida
Forças Positivas(apoio e suporte)
Forças Negativas(oposição e resistência)
Pensar mundialmente e agir localmente: como dizia o velho Soichiro Honda. A dimensão espacial da nossa visão é importante na condução das empresas. Transformar as nossas empresas em empresas do mundo e capazes de abastecer o mundo, ajustando-as aos aspectos locais.
Mirar o futuro e não simplesmente copiar o passado que já foi e não volta mais. Não se restringir ao aqui e agora, mas trabalhar para o amanhã e para o futuro. Criar as organizações de amanhã, preparar o futuro que pretendemos. A dimensão temporal da nossa visão é igualmente importante na condução das empresas.
Preparar-se para a mudança e para a inovação. A mudança e a inovação não constituem uma acção única e isolada, nem uma simples procura de eficiência, produtividade ou qualidade, mas algo maior, mais amplo e contínuo: uma constante e permanente revisão da orientação e da natureza da empresa. Para tanto, é necessário ter uma intensa dose de autocrítica, arriscar, tentar novas formas de actuação, ver o que as outras empresas do mundo fazem, experimentar, errar e aprender e, sobretudo, flexibilizar a organização.
Toda e qualquer mudança rompe com a rotina e impõe uma autêntica ruptura em relação ao passado. Evidentemente, toda a mudança traz uma crise para a organização ao transformar subitamente o que era certo pelo incerto, o que era adequado pelo ultrapassado e o que era actual pelo desactualizado. Essa crise afecta e ataca todo o tipo de organização de maneiras diversas.
A experiência tem demonstrado que a crise parece ter maior impacto nas empresas que não estão preparadas para o futuro e que não discutem para onde pretendem ir nem para onde estão a ir. São perguntas que não são feitas por parecerem teóricas e por não haver tempo para se perder com insignificâncias. A maioria dessas organizações sucumbe quando as crises são graves, porque as pessoas não estão preparadas e perdem a noção do que fazer ou para onde ir. Transformam-se em "em presas que fogem de" , pois são tomadas pelo pânico ou pela surpresa, ou "empresas que vêm de", pois são orientadas para o passado. São empresas que adoptam uma gestão com fronteiras e que procuram ignorar o que ocorre ao seu redor no tempo e no espaço.
AVALIAÇÃO CRÍTICAMudança!
Dê um tempo e olhe à sua volta. O que vê? Todas as empresas a dizer que querem mudar. Mas poucas podem fazê-lo. Todas as novas empresas começam com uma tendência natural para a mudança. Poucas conseguem mantê-la. Todas as organizações têm pessoas que acreditam ser agentes de mudança. Poucas sobrevivem a ela. Olhe atentamente para cada um dos desdobramentos da revolução empresarial que vêm se desenvolvendo nos últimos dez anos, da reestruturação corporativa à febre aquisitiva, do espírito empreendedor à febre das empresas novas. Há um elo dinâmico unindo tantas ideias novas e propostas revolucionárias – um elo chamado mudança.
O ambiente empresarial está a mudar? Não é bem assim: o ambiente natural das empresas é a mudança. E também não é uma questão de se dizer que todas as empresas estão a passar por mudanças. As mudanças é que estão finalmente a atingir as empresas. Criar a mudança, administrá-la, dominá-la e sobreviver a ela são passos que precisam ser dados por qualquer pessoa que pretenda marcar presença no meio empresarial.
Até mesmo a mudança mudou. A ideia de "programas de mudança" é ridicularizada dentro das grandes empresas. Se alguém anuncia: Aqui está o
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próximo programa de mudança, é ironizado. Toda a mudança exige uma estratégia especial de abordagem do ambiente. O ataque frontal torna o agente da mudança num "alvo" fácil de acertar. Em vez de ser um programa vindo de fora, a mudança hoje é intrínseca às empresas, é a expressão integral de como funciona uma empresa de sucesso. Ela já não faz parte dos limites estreitos da área de recursos humanos ou de qualquer outro departamento ou função - tornou-se numa questão de responsabilidade pessoal.
Com base em sua experiência, Charles Fishman propôs as suas Dez Leis da Mudança:
1. A mudança começa e acaba com a empresa – não com a mudança2. A mudança refere-se às pessoas3. Existe informação na oposição4. A rede informal é tão poderosa quanto a cadeia formal de comando5. Não se pode convocar as pessoas para a mudança6. A mudança não é uma vocação, é uma tarefa 7. Esqueça-se do equilíbrio e crie a tensão8. Nenhum agente de mudança teve sucesso morrendo por causa da sua
empresa. O segredo é sobreviver à mudança e manter-se vivo9. Não consegue mudar a empresa sem se mudar a si próprio10.Mesmo que a empresa não mude, você vai mudar
No final, conclui Fishman, o negócio é mudar ou morrer. Essa poderia ser a sua 11º Lei da Mudança.
4.6. Como Preparar as Organizações para a Mudança
Para mudar, a organização precisa se transformar em um verdadeiro ambiente de mudanças, em que as pessoas se sintam seguras e encorajadas para a inovação e criatividade. E um ambiente de mudanças, por incrível que pareça, exige um minucioso planeamento. Esse planeamento precisa ser feito em equipa, através de todas as gerências e, se possível, envolvendo todas as pessoas.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
A McDonald's prefere comprar imóveis e não alugá-los. O gigante do fast-food pretende agora construir novos pontos em parceria com os seus sócios, em vez de implantar um restaurante numa loja de conveniência já existente. O rei dos hambúrgueres tentou, no início, adoptar um esquema "express", fazendo sanduíches somente para entrega e oferecendo um menú reduzido em balcões montados dentro da própria loja de conveniência, ou abrir balcões para vender apenas gelados. "Demos conta de que a alteração na experiência de comer num McDonald's tinha de ser mínima ", conta o gestor de imóveis do McDonald's. A saída, para a empresa, foi adoptar restaurantes maiores, com o serviço completo da rede, ainda que isso exigisse um espaço maior. Com 12 mil restaurantes nos EUA, a McDonald's já possui 225 pontos em parceria com outras empresas, principalmente a Amoco e a Chevron. Noutros pontos do globo, inclusive em Portugal, já é normal ver que os Postos de Combustível apresentam mini-shoppings de conveniência, num ambiente que em nada lembra aqueles lugares em que, além de óleo, gasolina e gasóleo, na melhor das hipóteses se conseguia encontrar refrigerantes ou cigarros.
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Construindo Suportes para a MudançaO importante é construir suportes para apoiar a mudança. Quase todos eles procuram a aprovação das pessoas para a mudança. A escolha de uma pessoa que funcione como líder para orientar e incentivar o processo de mudança é indispensável. Também é vital a escolha de um grupo de pessoas que trabalhe em equipa para implementar a mudança e que procure a participação e o envolvimento de todos no processo de mudança.
Maneiras de obter apoio das pessoas para as mudanças organizacionais
Remoção das barreiras Comunicação a respeito dos
rumos das mudanças Preservação do emprego das
pessoas Procura de apoio de todas as
pessoas Envolvimento de todo o sistema
Remoção das barreiras culturais Liderança para orientar a
mudança Utilização de equipas Participação e envolvimento de
todas as pessoas Recompensas partilhadas
É graças a esse esforço colectivo, total, integrado e envolvente de todas as pessoas que se pode reinventar continuamente as organizações, ajustando-as aos novos desafios e exigências de um mundo de negócios em constante transformação.
AVALIAÇÃO CRÍTICAAs características das organizações do futuro
Para serem viáveis num mundo de negócios globalizados e altamente competitivos, as organizações do futuro deverão possuir certas características, tais como:
Focalização no cliente e no mercado. Alianças estratégicas com outras organizações para obter sinergia. Flexibilidade, agilidade e adaptação às demandas ambientais
mutáveis. Poucos níveis hierárquicos e simplicidade organizacional. Concentração no core business (nas actividades essenciais ao
negócio), transferindo para terceiros as actividades que não são centrais.
Substituição de órgãos permanentes e estáveis (como departamentos, divisões) por equipas autogeridas, flexíveis, ágeis e provisórias.
Estandardização em massa (personalização do cliente), substituindo a produção em massa e padronizada.
Acesso e disseminação da informação para todos os membros da organização. Competência em disseminar a cultura participativa e democrática, o espírito empreendedor e a melhoria contínua das actividades organizacionais.
Investimento em educação, tecnologia e, sobretudo, incentivos pelos resultados alcançados para motivar as pessoas e transformá-las em parceiros da organização.
Resistência às MudançasA resistência das pessoas às mudanças dentro das organizações é tão comum __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 75 de 366Manual do Formando
quanto a própria necessidade de mudança. É o velho princípio da física que diz que a cada acção corresponde uma reacção igual e contrária. Quando o gestor decide acerca de qualquer tipo de mudança a ser feita dentro da organização, ele defronta-se naturalmente com a resistência das pessoas. A fim de poder aumentar as possibilidades de fazer com que as pessoas apoiem a mudança, o gestor precisa de estar atento para conhecer a resistência das pessoas às mudanças, saber como essa resistência pode ser reduzida e como desenvolver as três etapas da mudança.
A resistência à mudança significa um comportamento contrário à sua efectivação. Geralmente, a resistência à mudança pode ser consequência de aspectos lógicos, psicológicos ou sociológicos de acordo Keith Davis.
Os três tipos de resistência à mudança
Aspectos Lógicos(objecções racionais e
lógicas)
Interesses pessoais: desejo de não perder regalias Tempo requerido para ajustar-se às mudanças Esforço extra para reaprender as coisas Custos pessoais da mudança Dúvida quanto à viabilidade da mudança
Aspectos Psicológicos
(atitudes emocionais e psicológicas)
Medo do desconhecido Dificuldade de compreender a mudança Baixa tolerância pessoal à mudança Falta de confiança nas outras pessoas Necessidade de segurança e de status quo
Aspectos Sociológicos
(interesses de grupos e factores
sociais)
Pressões políticas Valores sociais opostos Visão estreita e paroquial Interesses ocultos Desejo de manter os colegas actuais
Fonte: “Human behaviour at work: organizational behaviour”, Nova York, McGraw-Hill, 1981, pag. 207
Como Reduzir a Resistência às MudançasComo a resistência geralmente acompanha alguma mudança a ser feita, o gestor precisa de ter a competência de reduzir os efeitos da resistência para assegurar o sucesso das modificações necessárias. Hank Williams em “Learning to manage change” propõe os seguintes cuidados:
1. Evite surpresas. As pessoas precisam de tempo para avaliar uma mudança proposta antes que ela seja implementada. Sempre que possível, as pessoas a serem afectadas devem ser informadas sobre qual o tipo de mudança a ser considerada e a probabilidade de ser adoptada.
2. Promova uma compreensão real da mudança. Quando o medo de perdas pessoais relacionadas com a mudança é reduzido, a oposição a ela também é reduzida. A compreensão real da mudança é o passo principal para a redução do medo.
3. Encoraje a mudança. Provavelmente, a mais poderosa ferramenta para reduzir a resistência à mudança é a atitude positiva da gestão em relação a ela. Essa atitude deve ser aberta e enfática, desde o nível institucional até ao nível operacional.
4. Faça tentativas de mudanças. A resistência à mudança pode ser reduzida à medida que se procura mudar de forma de tentativa. Essa abordagem estabelece um período de tentativa durante o qual as pessoas passam algum tempo a trabalhar sob condições da mudança proposta antes de
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apoiá-la ou não.
4.7. Criatividade e InovaçãoCriatividade significa a aplicação da engenharia e imaginação para proporcionar uma nova ideia, uma diferente abordagem ou uma nova solução para um problema. Ela é essencial às organizações que enfrentam as exigências de um ambiente instável e mutável. Em situações complexas e mutáveis de trabalho, os gestores precisam de utilizar todas as vantagens da participação, envolvimento e empowerment das pessoas para estimular a criatividade individual e grupal. A competência de encorajar a criatividade e tolerar erros parece ser hoje em dia uma das mais importantes responsabilidades de gestão. Porque quem erra pode acertar mais rapidamente. A criatividade é a base para a mudança construtiva e o seu aspecto mais importante chama-se inovação.
A inovação requer criatividade. Inovação é o processo de criar novas ideias e colocá-las em prática. É o acto de convergir as novas ideias para aplicações concretas na situação. Nas organizações, essas aplicações concretas podem ocorrer sob duas formas: inovação de processos, (com a criação de novas maneiras de fazer as coisas) e inovação de produtos (que resulta na criação de produtos ou serviços novos ou melhorados).
SUGESTÕESComo criar uma estrutura de criatividade nas organizações
1. Implante e incentive um programa de sugestões na organização.2. Desenvolva grupos de geração de ideias (brainstorming).3. Crie oficinas de criação ou de gestão de conceitos.4. Crie centros de criatividade na organização.5. Desenvolva círculos de qualidade e criatividade.6. Elabore programas de formação em criatividade.7. Implante um programa de melhoria contínua e incremento da inovação.8. Faça pesquisa e desenvolvimento de ideias com as pessoas.9. Crie sessões criativas regulares.10. Desenvolva pessoas que actuem como facilitadores da criatividade.
O Processo InovadorAs profundas mudanças tecnológicas, económicas, políticas e sociais constituem as principais características do mundo actual. Essas condições de mudança e de transformação influenciam fortemente as organizações. Nelas, os gestores devem ser incumbidos de estimular, apoiar e alcançar a inovação através das pessoas.
O processo de inovação ocorre em quatro etapas, a saber:
Criação de ideias Experimentação inicial Determinação da viabilidade Aplicação final
Características das Pessoas e Organizações Criativas
A Pessoa Criativa A Organização Criativa
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1- Fluência conceptual. Abertura mental
1. Canais abertos de comunicação, Interacção com fontes externas Territórios sobrepostos. Sistemas de sugestões, técnicas grupais {brainstorming}
2- Originalidade 2. Atribuição de problemas a não especialistas, Atribuições excêntricas, Utilização intensiva de equipas
3- Menor autoridade, Maior independência
3. Descentralização. Posições pouco definidas, Controle frouxo. Aceitação de erros, Normas para assumir riscos
4- Alegria no trabalho, Curiosidade, Exploração não disciplinada
4. Liberdade de escolha e busca de problemas, Cultura descontraída e mais flexível, Liberdade para discutir ideias
5- Persistência, Comprometimento, Abordagem focalizada
5. Recursos alocados ao pessoal criativo e a projectos sem retorno imediato, Sistema de recompensas para a inovaçãoAtribuição de responsabilidades periféricas
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SUGESTÕESSugestões para incentivar a criatividade organizacional
1. Desenvolva a aceitação da mudança. As pessoas da organização devem acreditar que a mudança trará benefícios a elas e à empresa. Esta crença é incrementada quando as pessoas participam com os seus gestores na tomada de decisões e nos assuntos relacionados com as pessoas – como segurança no emprego, por exemplo – discutidos quando as mudanças são planeadas e implementadas. Isto elimina as possíveis resistências pessoais às mudanças.
2. Encoraje novas ideias. Os gestores, desde o topo até aos supervisores de primeira linha, devem assumir claramente, em palavras e actos, que são totalmente abertos a novas ideias e abordagens. Para encorajar a criatividade, os gestores devem estar prontos a ouvir sugestões dos seus subordinados e implementar as boas ideias ou levá-las aos seus superiores.
3. Permita maior interacção . Pode-se promover um clima permissivo e criativo dando-se às pessoas a oportunidade de interagir com outros membros do seu próprio grupo de trabalho ou de outros grupos. Essa interacção encoraja o intercâmbio de informações úteis, o livre fluxo de ideias e novas perspectivas na resolução dos problemas.
4. Tolere os erros. Muitas ideias novas podem mostrar-se inúteis ou sem qualquer practicidade. Os gestores eficazes aceitam o facto de que tempo e recursos devem ser investidos na experimentação das novas ideias, mesmo que posteriormente elas não conduzam a qualquer solução.
5. Defina objectivos claros e liberdade para alcançá-los . As pessoas devem ter um propósito e direcção para a sua criatividade. Os gestores devem apontar linhas de orientação e limites razoáveis para terem algum controlo sobre o volume de tempo e dinheiro investidos no comportamento criativo.
6. Ofereça reconhecimento . As pessoas criativas trabalham motivadas, mesmo em tarefas duras ou que não lhes interessam, quando são recompensadas por um trabalho bem feito. Ao oferecer reconhecimento de maneira tangível e clara, como prémios e aumentos salariais, os gestores precisam de demonstrar que o comportamento criativo é valorizado na organização.
AVALIAÇÃO CRÍTICAComo impedir a inovação na sua empresa? É muito fácil! Basta seguir as regras abaixo para eliminar qualquer tentativa de inovar ou criar:
1. Isolamento da gestão de topo. Promover o desentendimento entre as pessoas e criar um clima de aversão aos riscos e responsabilidades.
2. Intolerância para as diferenças. Negar a diversidade, criar homogeneidade e rotular como problemáticas todas as pessoas
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que questionam o status quo.
3. Interesses ocultos. Priorizar as partes e não o todo e enfatizar a defesa de interesses pessoais contra os interesses gerais e dos clientes.
4. Encurte os horizontes de tempo. Enfatizar os objectivos de curto prazo e não o potencial das novas ideias capazes de criar ganhos de longo prazo.
5. Imponha o pensamento racional. Tentar tornar a criatividade num processo burocrático e enfatizar os programas em si e não os resultados.
6. Incentivos inadequados. Utilizar recompensas e controlos para reforçar as rotinas, desencorajar as surpresas e as diferenças ligadas à inovação.
7. Excessiva burocracia. Dar força às regras, à rotina, aos procedimentos e à eficiência, frustrando a criatividade e inovação.
CASOS DA ACTUALIDADEAs Organizações Que Aprendem
Estamos na era da aprendizagem organizacional: as organizações que aprendem através de pessoas, valores e sistemas que a habilitam a mudar e melhorar continuamente o seu desempenho através das lições da experiência.
As traves mestras da aprendizagem organizacional são a criatividade e inovação. As organizações e os seus gestores devem adaptar-se constantemente às novas situações, para que possam sobreviver e prosperar. Isso requer a gestão progressiva.
Para Peter Senge, autor do livro “Quinta Disciplina”, os gestores devem estimular e conduzir a mudança para criar organizações que aprendem. As organizações que aprendem são aquelas que desenvolvem uma capacidade contínua de se adaptarem e de mudarem. Isto requer cinco disciplinas:1. Modelos mentais: as pessoas devem descartar os seus velhos
modos de pensar e as rotinas padronizadas para resolver problemas ou desempenhar os seus cargos, para adoptar novas maneiras de pesquisar, testar e melhorar.
2. Domínio pessoal: as pessoas devem expandir continuamente as suas competências de criar e inovar, comunicar-se abertamente com as outras (ao longo das fronteiras verticais e horizontais), sem temer críticas ou punições.
3. Sistemas de pensamento: as pessoas devem pensar em termos de processos, padrões e inter-relações da organização com o ambiente como parte de um sistema de relações e não simplesmente em coisas estáticas.
4. Visão partilhada: as pessoas devem ter uma visão comum e
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compartilhada daquilo que pretendem criar.
5. Aprendizagem em equipa: as pessoas devem trabalhar juntas para intercambiar experiências e conhecimentos dos vários membros da equipa a fim de tornar a acção coordenada, inovadora e envolta no diálogo.
4.8. Resumo do Capítulo
O mundo dos negócios continua a passar por grandes transformações e mudanças. As dimensões de tempo e de espaço sofrem continuamente uma forte pressão e as organizações tentam a todo o custo acompanhar essas transformações. A competitividade e a globalização forçam as organizações a reinventarem-se continuamente e, para serem bem sucedidas, as organizações têm de mudar a partir das mudanças individuais nas pessoas que as constituem.
São as organizações que aprendem. O processo de mudança envolve o descongelamento, a mudança e o recongelamento de ideias e práticas. E para que a mudança possa ocorrer, é necessário que as forças positivas à mudança sejam maiores do que as forças negativas. As mudanças organizacionais podem ter várias dimensões e velocidades e podem ser de quatro tipos: mudanças na estrutura, na tecnologia, nos produtos ou serviços e nas pessoas, alterando a cultura organizacional. É necessário preparar as organizações para construir suportes de modo a que as mudanças possam de facto ocorrer, adequando paradigmas organizacionais e culturais. E o gestor, aqui, precisa de saber como contornar e reduzir a resistência das pessoas às mudanças dentro da organização.
4.9. Exercícios
1. Quais são as principais tendências que ocorrem no mundo actual?2. Porque é que há necessidade de reinventar continuamente as organizações?3. Explique a criatividade e a inovação. 4. Defina o processo inovador.5. Quais as características das pessoas e organizações criativas?6. Dê sugestões sobre como incentivar a criatividade organizacional.7. Explique as cinco disciplinas das organizações que aprendem.8. Como é que a competitividade vem influenciando as organizações?9. Como é que a globalização influencia as organizações?10. Quais são os três desafios que a globalização impõe sempre ao gestor? 11. Qual é o papel do gestor na invenção e reinvenção das organizações? 12. Como mudar as organizações a partir das mudanças individuais?13. Como é que as organizações que aprendem fazem para lidar com a
mudança?14. Explique o processo de mudança.15. O que é, para si, um agente de mudança?16. Como funciona o campo de forças que actuam no processo de mudança? 17. Quais são os tipos de mudanças organizacionais que conhece? Dê exemplos.18. Como preparar uma organização para as mudanças necessárias?19. Como contornar e reduzir a resistência às mudanças?
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GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEAgente de mudança é a pessoa que conduz ou guia o processo de mudança numa situação organizacional.
Ambiguidade é a qualidade de ter mais de um sentido, algo que é equívoco e hesitante.
Aprendizagem adaptativa é a capacidade de uma organização aprender a mudar através do contacto com problemas e situações diferentes.
Aprendizagem geradora é a capacidade de uma organização aprender através do esforço conjunto dos seus membros.
Barreiras culturais são os obstáculos e restrições às pessoas criados pela cultura da organização.
Barreiras organizacionais são os obstáculos e restrições às pessoas criados pela forma de organização.
Campo dinâmico de forças é o sistema de forças que interagem entre si, actuando positiva ou negativamente no processo de mudança organizacional.
Competitividade é a capacidade que uma organização desenvolve para enfrentar a concorrência num ambiente dinâmico e mutável.
Consciencialização é a noção clara da necessidade de fazer ou mudar alguma coisa.
Descongelamento é a primeira etapa do processo de mudança em que velhas ideias e práticas são abandonadas e desaprendidas.
E-business ou electronic business ou negócio electrónico refere-se às transacções comerciais realizadas através da Internet.
Envolvimento é o processo realizado através da inclusão e participação das pessoas nas decisões da organização.
Equilíbrio estacionário é o estado de relativo equilíbrio do campo dinâmico de forças que existe numa organização.
Identificação é a necessidade de que os novos valores, atitudes e comportamentos sejam aceitos pelas pessoas no processo de mudança.
Inteligência organizacional é a capacidade de uma organização de aprender a mudar.
Interiorização é a necessidade de que os novos valores, atitudes e comportamentos sejam incorporados pelas pessoas no processo de mudança.
Legitimação é o reconhecimento como certo e legítimo de algo.
Mudança significa a passagem de um estado para outro, diferente.
Mudanças na estrutura são as mudanças que afectam a estrutura organizacional, os órgãos, as redes de informações internas e externas, os níveis hierárquicos etc.
Mudanças na tecnologia são as mudanças que afectam máquinas, equipamentos, instalações, processos organizacionais etc.
Mudanças nas pessoas são as mudanças que afectam as pessoas nas suas atitudes, comportamentos, expectativas, aspirações, necessidades, conhecimentos e competências e que afectam a cultura organizacional.
Mudanças nos produtos/serviços são as mudanças que afectam os resultados ou saídas da organização.
Processo de mudança é a sequência de etapas de descongelamento, mudança e recongelamento em que velhas ideias e práticas são substituídas por novas ideias e práticas dentro de uma organização.
Recongelamento é a etapa final do processo de mudança em que as novas ideias e práticas são incorporadas definitivamente no comportamento organizacional.
Reforço constitui a prática bem sucedida dos novos valores, atitudes e comportamentos na etapa de recongelamento do processo de mudança.
Resiliência é a capacidade de enfrentar situações difíceis e de resistir à destruição.
Resistência à mudança é o comportamento reactivo e negativo das pessoas face à mudança organizacional.
Suporte é o apoio dado ao processo de mudança pela incorporação dos novos valores, atitudes e comportamentos na etapa de recongelamento.
4.10. Referências Bibliográficas
10. Raju Narisetti. "IBM lança campanha mundial para promover negócios via Internet", The Wall Street Journal/O Estado de S. Paulo, 1997.
11. John Naisbitt. “Global Paradox”, Londres, Nicholas Brealey, 1995.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 82 de 366Manual do Formando
12. James A. F. Stoner; R. Edward Freeman & Daniel R. Gilbert Jr. “Management” Englewood Cliffs, NJ, Prentice-Hall, 1995.
13. Christopher A. Bartlett & Sumantra GhoshaI “Managing across borders: the transnational solution”, Boston, Harvard Business School Press, 1989.
14. Stephen Covey. "As dez chaves para uma era de mudanças", Exame, edição 609, 1996.
15. Stephen Covey. “The seven habits of highly effective people” Nova York, Simon & Shuster, 1980.
16. Peter Senge. "The leader's new work: building learning organizations", Sloan Management Review, 1990.
17. Kurt Lewin. “Frontiers in group dynamics: concept, method, and reality in social science, human relations, voI. Nº 1”, 1947.
18. Charles Fishman. "Mudança", América Economia nº 123, 1997.19. Keith Davis. “Human behavior at work: organizational behaviour”, Nova York,
McGraw-Hill, 1981.20. Hank Williams. "Learning to manage change", Industrial and Commercial Training,
voI. 21, 1989.21. Miguel Pina e Cunha, Arménio Rego, Rita Cunha e Carlos Cardoso, “Manual de
Comportamento organizacional e gestão”, RH Editora, 2003.22. Tom Burns e G.M. Stajker. “The Management of lnnovation”, Londres,
Tavistock, 1961.23. Warren G. Bennis. “Changing Organizations”, NY, McGraw-Hill, 1966.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 83 de 366Manual do Formando
4.11. AnexosQUADROS DE ANÁLISE SISTÉMICA DOS PROCESSOS DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Quadro 1Transitando para contextos comportamentais facilitadores/ capacitadores da renovação
Em vez de… Deve haver Ou seja:
Condescendência Disciplina
Em vez de situações de paternalismo e condescendência face à menor
qualidade ou empenhamento, as organizações procuram,
progressivamente, situações caracterizadas por níveis elevados de
responsabilidade e disciplina
Controlo ApoioO profissionalismo permite substituir a lógica tradicional de controlo por
uma lógica de apoio. O novo papel dos líderes requer capacidades de
tutoria dos subordinados.
Coacção ConfiançaEm vez de coagir os empregados para que actuem de acordo com as
regras, as organizações visam ganhar a respectiva confiança.
Papéis enquadrados no contrato
Papéis que ultrapassam o contrato
As três transformações anteriormente focadas decorrem da necessidade
de induzir os empregados a alargarem a sua área de acção para lá dos
limites do contrato e a adoptarem um papel mais actuante.
Fundamentalmente, as organizações tentam substituir os contratos
transaccionais por contratos relacionais. As relações/contratos de troca
económica dão lugar a contratos de troca social.
Liderança transaccional
Liderança Transformacional
Os líderes não actuam numa lógica de “toma lá dá cá”, mas num registo
que incorpora valores, inspiração para mais elevados desempenhos,
identificação dos colaboradores com organização, confiança, estimulação
intelectual, consideração individualizada pelos colaboradores.
“Negociação” competitiva
“Negociação” colaborativa, integrativa
Em vez de se considerar que os interesses da organização só podem ser
alcançados a custo dos interesses individuais, e vice-versa, assume-se
que os interesses mútuos são compatíveis e se alimentam mutuamente.
Empenhamento instrumental
Empenhamento afectivo
Em vez de se enfatizar o elo instrumental entre os colaboradores e
organização (“estou nesta organização porque necessito”), deve ser
fomentado o elo afectivo/emocional (“estou nesta organização porque
desejo e me sinto emocionalmente ligado”).
Quadro 2
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 84 de 366Manual do Formando
As etapas da mudança programada
Fases Descrição1.Estabelecimento de um
sentido de urgência.A análise do mercado deve conduzir à identificação e discussão de crises reais e
potenciais, bem como das principais oportunidades.
2.Criação da coligação dirigente
Deve ser constituído um grupo (que funcione como verdadeira equipa) com poder
suficiente para pôr a mudança em marcha.
3. Desenvolvimento de uma visão e estratégia
Articulação de uma visão que ajude a redireccionar o esforço de mudança. Definição
de estratégias que permitam alcançar essa visão.
4. Comunicação da visão de mudança
A nova visão e as respectivas estratégias devem ser comunicadas continuamente e
por todos os meios possíveis. A coligação dirigente deve funcionar como um modelo
de acção para os empregados.
5. Passagem à acçãoDevem ser removidos os obstáculos à mudança, mudadas as estruturas e sistemas
que dificultem a mudança e encorajada a aceitação do risco e as acções heterodoxas.
6. Geração de ganhos de curto-prazo
Deve ser assegurado o alcance de ganhos de curto prazo e recompensados aqueles
que facilitam o seu alcance.
7. Consolidação dos ganhos e criação de mais mudança
À medida que os sucessos anteriores garantem mais credibilidade, essa credibilidade
deve ser usada para mudar todos os aspectos da organização que não se conformam
à visão. Devem ser recompensados todos aqueles cuja acção melhor contribui para a
mudança. O projecto deve ser revigorado com a introdução de novos temas,
objectivos, novidades, sugestões de melhoria contínua, etc.
8. Ancoragem das novas abordagens na cultura da organização
A cultura organizacional deve preservar e reforçar (através de histórias e do desenho
dos sistemas de recompensa, por exemplo), as novas maneiras de pensar e agir.
Quadro 3Razões pelas quais as pessoas resistem à mudança
Pessoas que têm poder de veto (i.e., que têm autoridade para aceitar ou rejeitar a mudança)
Pessoas que não têm poder de veto
Inércia (tendência para desejar fazer as coisas
do modo habitual, para manter o status quo). Surpresa (as pessoas tendem a resistir a
mudanças inesperadas, repentinas, radicais).
Incerteza e medo do desconhecido.
Ausência de informação acerca do modo
como a mudança afectará os postos de
trabalho.
Insegurança e medo de falhar.
Formação deficitária (impedindo que as
pessoas compreendam o novo método e
aprendam modos diferentes de actuar).
Ignorância acerca do que se pretende
alcançar com a mudança.
Ignorância (pode ser provocada pela ausência
de explicações por parte dos responsáveis).
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 85 de 366Manual do Formando
Obsolescência (receio de possuir
competências obsoletas para a mudança
proposta).
Receio de perda de status (e.g., perda de
importância da posto de trabalho).
Conflitos de personalidade (e.g., conflito de
personalidade entre o proponente da mudança
e o alvo que ele pretende "demover").
Pressões dos pares (as reacções das pessoas
são influenciadas pelas opiniões -
percepcionadas - dos colegas).
Consultores externos (uma mudança proposta
por pessoas exteriores à organização pode
não ser bem aceite pelos membros
organizacionais).
Medo de perder segurança.
Medo de perda de poder e/ou status.
Alteração das relações sociais (e.g., as
pessoas podem resistir devido à perda de
interacção social com colegas de longa data
ou porque não apreciam os relacionamentos
sociais que presumem que a mudança
concitará).
Ausência de participação na definição das
propostas de mudança.
Antagonismo relativamente ao proponente ou,
mesmo, a toda a equipa de gestão. Ausência
de confiança nas pessoas que propõem a
mudança.
Ausência de tacto por parte do proponente. Consciência de que a mudança é perniciosa
ou "não tem pernas para andar".
O proponente não concita confiança.
Ausência de participação (as pessoas
resistem porque sentirem que "não foram
ouvidas nem achadas").
Oportunidade (muito boas ideias são
rejeitadas porque as pessoas que se pretende
que aceitem a mudança estão assoberbadas
com trabalho, envolvidas na resolução de
problemas difíceis ou emocionalmente
alteradas).
Oportunidade (e.g., a mudança pode ser
rejeitada porque a vida organizacional está
marcada pela tensão, por eventos recentes
desagradáveis, ele.).
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 86 de 366Manual do Formando
Quadro 4Estratégias de gestão da resistência às mudanças
Método CaracterísticasSituações em
que o uso pode ser apropriado
Vantagens Inconvenientes
Educação e
comunicação
Educar as
pessoas sobre a
mudança (e.g.,
discussões,
apresentações
públicas,
memorandos e
relatórios, vídeos
de simulação)
Ausência ou
inadequação da
informação
Facilita a adesão
ao processo
Pode exigir longos
períodos de tempo
Participação e
envolvimento
Escutar as
pessoas
envolvidas e as
suas sugestões
Os iniciadores não
dispõem de toda a
informação
necessária e os
empregados
dispõem de um
forte poder para
resistir
Permite a
obtenção de
informação
relevante e o
empenhamento
dos empregados
Pode consumir
muito tempo se os
participantes
estruturarem uma
mudança
desapropriada
Facilitação e apoio
Transmitir aos
subordinados
apoio emocional
Há resistências
devidas a
problemas de
ajustamento,
ansiedade, medo
Ajuda a
ultrapassar os
receios face à
mudança
Pode exigir muito
tempo e não
resultar no sentido
desejado
Negociação e
acordo
Oferecer
incentivos (e,g.,
incremento
salarial,
oportunidades de
carreira) aos
activos e
presumíveis
resistentes
Existe um grupo
que perde com a
mudança e que
denota forte poder
para resistir
Pode constituir a
melhor forma de
remover
resistências
Pode ser muito
dispendioso se for
percebida a
disponibilidade
dos iniciadores
para negociar
Manipulação e
cooptação
Envolver os
presumíveis
resistentes,
oferecendo-lhes
papéis desejáveis
no processo,
Quando nenhum
dos outros
métodos parece
adequado
Pode constituir
uma solução
rápida e barata
Pode trazer
problemas se as
pessoas se
sentirem
manipuladas.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 87 de 366Manual do Formando
embora sem
almejar a sua
participação activa
nem o
aproveitamento
das suas
sugestões.
Coerção implícita
ou explícita
Forçar as pessoas
a mudar sob a
presença de
ameaças (e.g.,
despedimento) ou
perda de
oportunidades
(e.g., promoções)
Quando a
mudança tem que
ser rápida e os
iniciadores estão
numa forte
posição de poder
Estratégia rápida e
capaz de
ultrapassar vários
tipos de
resistências
Arriscada se as
pessoas
desenvolverem
sentimentos
negativos face aos
iniciadores
Quadro 5
"Chaves para o sucesso da mudança"
O título em epígrafe foi publicado recentemente na revista Exame (Lima
2001). Pese embora o facto de o texto a que se reporta denotar pendor
normativo e, até, receituário, ele aborda dez termos de pertinência
indubitável. Eis a descrição dessas dez chaves:
1. Definir a visão, isto é, os linhas gerais de como mudar. É
recomendável que os gestores sejam capazes de prever as
dúvidas das pessoas que serão afectadas pelo processo.
2. Mobilizar, isto é, criar nos empregados uma dinâmica de
mudança e clarificar-lhes o papel que caberá a cada um.
3. Catalisar, isto é, definir a estrutura do projecto é os modos como a
empresa apoiará e acelerará o processo de mudança.
4. Dirigir, designadamente através de uma equipa de facilitadores
que identifique o caminho crítico das alterações a efectuar e
monitorize o grau em que as etapas são cumpridas correcta e
atempadamente.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 88 de 366Manual do Formando
5. Realizar, isto é, mudar funções e responsabilidades para que as
atitudes e métodos de trabalho mudem no sentido apropriado.
6. Obter a adesão, isto é, procurar que as pessoas participem – seja
para ajustar a visão, criar compromissos ou melhorar a
implementação das mudanças.
7. Lidar eficazmente com as emoções.
8. Lidar com as questões de poder, isto é, identificar rapidamente
os pontos de atrito que podem advir das alterações nas relações de
poder e tentar neutralizá-los ou geri-Ias no sentido desejado.
9. Treinar, isto é, proporcionar formação, tanto em competências
técnicas como interpessoais.
10. Comunicar activamente paro que, as pessoas se envolvam e não
seja meros entes passivos.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 89 de 366Manual do Formando
5. OS OBJECTIVOS NA ORGANIZAÇÃO
Objectivos de Aprendizagem
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
18. Definir e identificar a missão organizacional19. Definir a visão das organizações20. Descrever a natureza geral e as funções dos objectivos organizacionais21. Formular objectivos desafiadores para uma organização22. Saber como alocar objectivos nas várias áreas da organização23. Descrever a rede e a hierarquia de objectivos numa organização24. Explicar a gestão/gestão por objectivos25. Compreender a compatibilidade entre objectivos26. Distinguir os sistemas de gestão por objectivos27. Identificar os benefícios da gestão por objectivos
□ Missão□ Visão□ Objectivo□ Natureza dos objectivos
organizacionais□ Hierarquia de objectivos□ Gestão por Objectivos (GPO)
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 90 de 366Manual do Formando
O QUE VEREMOS ADIANTE
CASO INTRODUTÓRIO
O Prefeito Frederico Silva – Um caso Brasileiro
Quando foi eleito Prefeito municipal da sua terra natal, Frederico Silva deparou-se com uma cidade suja e decadente, deficitária, com serviços paupérrimos, funcionários desmotivados e cidadãos irritados que se negavam a pagar impostos adicionais. O serviço de distribuição de água era péssimo, os esgotos não tinham manutenção, os parques públicos estavam arrasados, a cidade estava feia e a qualidade de vida indicava baixos índices de bem-estar. Frederico percebeu que a cidade necessitava desesperadamente de objectivos de melhoria. O seu primeiro cuidado foi definir inicialmente alguns objectivos fundamentais. Na campanha eleitoral, Frederico havia feito promessas. Queria transformá-las em objectivos colectivos para a cidade. Portanto, estabeleceu dois objectivos básicos de antemão:
1. Aumentar a receita do município para poder reerguer a cidade. 2. Incrementar a participação dos cidadãos e funcionários na melhoria
da cidade.A partir daí, o novo prefeito procurou definir os problemas específicos nas diversas secretarias do município na procura de objectivos departamentais. Ele formou uma equipa central para investigar e levantar os problemas. A equipa central desdobrou-se em várias equipes específicas que ouviam as queixas dos cidadãos e localizavam os principais problemas, endereçando--os à equipa central. Após obter todas informações, a equipa central desenvolveu um plano para cada departamento: finanças, saúde, educação, transporte, saneamento, limpeza etc. Os objectivos específicos estavam a ser definidos, mas os objectivos básicos eram a receita e a participação e envolvimento dos munícipes.
Falar de planeamento organizacional é falar do futuro da empresa. E falar de futuro é falar de objectivos. Os objectivos constituem a mola mestra da gestão, a focalização para onde devem convergir todos os esforços da organização, o ponto onde as coisas deverão chegar. Os planos constituem os meios para se chegar até esse ponto. Porém, os objectivos fazem parte de um contexto mais amplo: a missão e a visão das organizações.
5.1. Missão
A missão de uma organização significa a razão da sua existência. É a finalidade ou o motivo pelo qual a organização foi criada e para «o que» ela deve servir. A definição da missão organizacional deve responder a três perguntas básicas:
Quem somos nós?O que fazemos?
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 91 de 366Manual do Formando
Porque fazemos o que fazemos?
No fundo, a missão envolve os objectivos essenciais do negócio e está geralmente focalizada fora da empresa, ou seja, no atendimento a exigências da sociedade, do mercado ou do cliente. É importante conhecer a missão e os objectivos essenciais de uma organização, pois, se o gestor não sabe porque ela existe e para onde ela pretende ir, ele nunca saberá dizer qual o melhor caminho a seguir.
GESTÃO MODERNAA missão da IBM e da DuPont
A IBM Corporation é uma empresa voltada para a aplicação de avançada tecnologia de informação na resolução de problemas de negócios, Governos, ciências, exploração espacial, defesa, educação, medicina e outras áreas da actividade humana. A missão da IBM não é produzir computadores, mas sim oferecer soluções criativas aos problemas de informação dos seus clientes. A IBM oferece aos seus clientes soluções que incorporam sistemas de processamento da informação, softwares, sistemas de comunicações e outros produtos e serviços para atender a necessidades específicas. Essas soluções são proporcionadas pelas organizações de marketing da IBM em todo o mundo, bem como por empresas de negócios que actuam como parceiros, incluindo representantes e distribuidores.A DuPont é uma companhia multinacional de alta tecnologia que manufactura e comercializa produtos quimicamente relacionados. A sua missão é fazer os melhores produtos através da química e servir um diversificado grupo de mercados nos quais a tecnologia de ponta proporciona a principal vantagem competitiva.
A missão deve traduzir a filosofia da organização, que é geralmente formulada pelos seus fundadores ou criadores através dos seus comportamentos e acções.. É a missão que define a estratégia organizacional e indica o caminho a ser seguido pela organização.
Blau e Scott, dois autores estruturalistas, fizeram em 1970 uma interessante tipologia das organizações. Todas as organizações existem para proporcionar benefícios ou servir a um ou alguns beneficiários principais. Segundo eles, a organização bem sucedida é aquela que realmente promove vantagens e resultados para os seus maiores beneficiários, ou seja, ela serve aos interesses dos seus beneficiários principais.
AS ORGANIZAÇÕES E OS SEUS PRINCIPAIS BENEFÍCIOS
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 92 de 366Manual do Formando
Independentemente do foco no beneficiário principal, somente há pouco tempo as organizações compreendem que a sua missão é servir ao cliente, atender às suas necessidades e aspirações e, sobretudo, encantá-lo e ultrapassar as suas expectativas. O cliente é o principal beneficiário de qualquer tipo de organização. Recentemente, surgiu um desdobramento do conceito de cliente: há o cliente externo, que está num determinado mercado, e o cliente interno, que está dentro da organização.
Theodore Levitt acrescenta que "o primeiro negócio de qualquer negócio é continuar no negócio". Inovação nos dias de hoje é imprescindível. Por essa razão, a 3M americana, por exemplo, é uma empresa que lança no mercado mais de um produto por semana, evoluindo de uma necessidade percebida para uma solução realmente inovadora. Os produtos e serviços funcionam como meios, e não como fins. É a missão que agrega identidade à organização.
GESTÃO MODERNAFocalizando o futuro
A NEC usa como propaganda o slogan: imaginação sem limites. Não importa
para onde o mundo vá, a NEC está preparada. Na sua propaganda, ela diz estar
sempre pronta para receber o futuro de braços abertos.
Dominando as tecnologias de informação, ela sai à frente e já oferece meios
para serviços que ainda não existem. Para se ter ideia do seu potencial, basta
saber que a NEC é a única empresa a estar posicionada simultaneamente entre
as cinco maiores corporações mundiais nos campos das telecomunicações,
computadores e componentes. Todo esse imenso know-how permite que ela
produza de microchips a supercomputadores, de aparelhos celulares a sistemas
completos de comunicação via satélite.
A NEC, em parceria com os seus clientes, está sempre a desenvolver soluções __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 93 de 366Manual do Formando
Beneficiário Principal
Os próprios membros
Os proprietários
da organização
Os clientes
O público em geral
Tipo de Organização
Associações de beneficiários
mútuos
Organizações de interesses comerciais
Organizações de serviços
Organizações Governamentais
Exemplos
Cooperativas, associações de classe, sindicatos, fundos mútuos, consórcios, associações profissionais.
Empresas privadas com intenção de lucros, empresas familiares e sociedades anónimas.
Hospitais, universidades, organizações religiosas, filantrópicas, agências sociais, organizações não governamentais.
Organizações militares, segurança pública, instituições jurísugestões e penais, correios e saneamento básico.
que aproximam as pessoas e melhoram a nossa qualidade de vida. Não importa
para onde o mundo vá. A NEC está preparada.
Trata-se, então, de uma questão de propósito!
AVALIAÇÃO CRÍTICAO que é que a sua empresa faz?
Peter Drucker sempre foi um arguto observador da natureza humana. As suas
deduções quase sempre partem do óbvio, mas encantam pela singularidade.
Em 1989, o presidente do conselho da Service-Master, C. William Pollard, levou
o seu conselho de directores para Claremont, Califórnia, para um encontro com
Drucker na sua residência. “Sabem dizer o que a vossa empresa faz?", indagou
Drucker, abrindo logo a reunião.
Cada director deu uma resposta diferente. Um disse que era serviços
domésticos em casas, outro optou pela limpeza doméstica, outro pela
desratização, outro pela jardinagem.
“Estão todos enganados", interrompeu Drucker, bruscamente. “Os senhores não
estão a compreender a natureza da sua empresa. O que ela faz é formar as
pessoas menos qualificadas e transformá-Ias em trabalhadores funcionais."
Drucker acertara em cheio!
A ServiceMaster fornece serviços que os clientes preferem não fazer eles
próprios. A grande maioria desses serviços são tarefas domésticas, e a
empresa tem de contratar, formar e motivar pessoas que, de outra maneira,
talvez não encontrassem um papel útil a desempenhar na sociedade. Com essa
nova abordagem proporcionada por Drucker, a ServiceMaster redireccionou
totalmente o seu trabalho, conseguiu um tremendo sucesso e elevou a sua
receita operacional ao patamar de 3,5 milhões de dólares anuais.
O cultivo da missão faz com que os membros da organização procurem não apenas servir ao cliente, mas sobretudo ultrapassar as suas expectativas e encantá-lo. Nas organizações mais bem sucedidas, a formalização da missão é definida pelo nível institucional, com a ajuda participativa dos níveis intermediário e operacional da organização.
GESTÃO MODERNA
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 94 de 366Manual do Formando
A definição da missão e valores na Ford
Missão
A Ford Motor Company é uma líder mundial em produtos e serviços
relacionados com automóveis, bem como com novas indústrias, tais como
aeroespacial, comunicações e serviços financeiros. A nossa missão é melhorar
continuamente os nossos produtos e serviços para atender às necessidades
dos nossos consumidores, de modo a prosperar como um negócio e
proporcionar um razoável retorno para os nossos accionistas, proprietários dos
nossos negócios.
Valores
O modo de cumprir a nossa missão é tão importante quanto a missão em si. Os
seguintes valores básicos são fundamentais para o sucesso da empresa:
Pessoas: As nossas pessoas são a fonte da nossa força. Elas proporcionam a
nossa inteligência corporativa e determinam a nossa reputação e vitalidade.
Envolvimento e trabalho em equipa são os nossos valores humanos básicos.
Produtos: Os nossos produtos são o resultado final dos nossos esforços e eles
devem ser o melhor a servir aos consumidores no mundo todo. Assim como os
nossos produtos são vistos, nós somos vistos.
Lucros: Os lucros são a última medida de como proporcionamos eficientemente
aos consumidores os melhores produtos para as suas necessidades. Os lucros
são necessários para sobreviver e crescer.
Princípios Orientadores
Os valores são respeitados através dos seguintes princípios orientadores:
Qualidade em primeiro lugar. Para obter a satisfação do consumidor, a
qualidade de nossos produtos e serviços deve ser a nossa prioridade número
um.
Consumidores são a razão de tudo o que fazemos. O nosso trabalho deve
ser feito com os nossos consumidores em mente, proporcionando os melhores
produtos e serviços que os nossos concorrentes.
A melhoria contínua é essencial ao nosso sucesso. Devemos procurar a
excelência em tudo o que fazemos: nos nossos produtos, na nossa segurança e
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 95 de 366Manual do Formando
valor e nos nossos serviços, nas nossas relações humanas, na nossa
competitividade e na nossa rentabilidade.
Envolvimento dos funcionários é nosso modo de vida. Somos uma equipe.
Devemos tratar as pessoas com confiança e respeito.
Revendedores e fornecedores são os nossos parceiros. A empresa deve
manter relações mutuamente benéficas com os seus revendedores,
fornecedores e outros associados aos nossos negócios.
Integridade nunca pode ficar comprometida. A conduta da nossa empresa
mundial deve perseguir sempre uma maneira que seja socialmente responsável
e que induza o respeito para a sua integridade e a sua contribuição positiva à
sociedade. As nossas portas estão abertas a homens e mulheres que vivam
sem discriminação e sem preconceitos de origem étnica ou de crenças
pessoais.
5.2. Visão
A visão é a imagem que a organização tem sobre si mesma e sobre o seu futuro. É o acto de ver a si própria no espaço e no tempo. Toda e qualquer organização deve ter uma visão adequada de si própria, dos recursos de que dispõe, do tipo de relacionamento que deseja manter com os seus clientes e mercados, do que quer fazer para satisfazer continuamente as necessidades e preferências dos clientes, de como irá atingir os objectivos organizacionais, das oportunidades e desafios que deve enfrentar, dos seus principais agentes, das forças que a impelem e das condições em que opera.
Geralmente a visão está mais voltada para aquilo que a organização pretende ser do que para aquilo que ela realmente é. A visão representa o destino que se pretende transformar em realidade.
Exemplo de visão de uma empresa do ramo editorial.
Onde estamos em 2004 Onde queremos estar em 2009 Somos actualmente a 2ª maior produtora
de revistas de beleza do país. Dominamos 31% do mercado nacional. A satisfação dos consumidores atinge 83%
dos assinantes actualmente. Temos 55 mil assinantes actualmente. A nossa tiragem mensal actual é de 100 mil
exemplares. Utilizamos tecnologia de 3ª geração. Os nossos funcionários detêm 15% do
capital social da empresa.
Queremos ser a 1ª maior produtora de revistas de beleza do país.
Queremos chegar aos 45% do mercado. A satisfação dos consumidores deverá atingir
95% dos assinantes. Queremos chegar a 100 mil assinantes. A nossa tiragem mensal deverá atingir 200
mil exemplares. Queremos tecnologia de última geração em
toda a empresa, representantes e fornecedores.
Os nossos funcionários deverão deter 33% do capital social da empresa.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 96 de 366Manual do Formando
5.3. ObjectivosObjectivos e planos são alguns dos conceitos mais comuns na nossa sociedade actual. Um objectivo é um estado futuro desejado que se tenta tornar realidade . Na verdade, os objectivos são resultados específicos que se pretende alcançar num determinado período de tempo.
Enquanto a missão define qual é o negócio da organização e a visão proporciona uma imagem do que a organização quer ser, os objectivos estabelecem resultados concretos que se deseja alcançar dentro de um específico prazo de tempo.
OS OBJECTIVOS INDIVIDUAISTodas as pessoas formulam consciente ou inconscientemente os seus próprios objectivos particulares: crescer na vida profissional, garantir status e prestígio na comunidade, asse gurar estabilidade financeira , adquirir casa própria, ter um bom automóvel, vestir-se bem, ter boas amizades, ser feliz.
OS OBJECTIVOS ORGANIZACIONAISAs organizações são entidades igualmente orientadas para objectivos. Quase tudo dentro das organizações está orientado para uma meta, finalidade, estado futuro ou resultado a alcançar. Cada organização define os seus próprios objectivos organizacionais. O objectivo organizacional é um estado desejado que a organização pretende atingir e que orienta seu comportamento em relação ao futuro.
COMPATIBILIDADE ENTRE OBJECTIVOS ORGANIZACIONAIS E INDIVIDUAISHá algumas décadas, o autor Chester Barnard já visualizava o dilema entre objectivos organizacionais e objectivos individuais. As pessoas não actuam isoladamente, mas através de interacções com outras pessoas, para poderem alcançar da melhor maneira os seus objectivos pessoais. Nas interacções humanas, as pessoas envolvidas influenciam-se mutuamente: são as relações sociais. Graças às diferenças individuais, cada pessoa tem as suas próprias características, as suas capacidades e as suas limitações. Para poderem sobrepor as suas limitações e ampliar as suas capacidades, as pessoas precisam de cooperar entre si para melhor alcançar os seus objectivos. A união faz a força. É através da participação pessoal e da cooperação entre as pessoas que surgem as organizações.
A organização é um sistema de forças ou actividades, conscientemente coordenadas, de dois ou mais indivíduos. O desejo de cooperar depende dos incentivos oferecidos pela organização e esta tem a necessidade de influenciar o comportamento das pessoas através de incentivos materiais (como salários e benefícios sociais), oportunidades de cres cimento , prestígio ou poder pessoal, condições ambientais de trabalho, etc. Por outras palavras, a organização deverá oferecer uma variedade de incentivos para obter a cooperação das pessoas em todos os níveis hierárquicos. Dentro desse esquema, cada pessoa precisa de alcançar simultaneamente os objectivos organizacionais – para se manter ou crescer na organização – e os seus objectivos individuais – para obter satisfações pessoais. Usando as palavras de Barnard, cada pessoa precisa de ser eficaz (alcançar objectivos organizacionais) e eficiente (alcançar objectivos individuais) para sobreviver no sistema.
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Eficácia e Eficiência segundo Chester Barnard
A função do gestor dentro da organização é a de criar e manter um sistema de esforços cooperativos entre as pessoas. Como a cooperação é essencial para a sobrevivência da organização, essa função básica consiste na tomada de decisões capazes de incentivar a coordenação de toda a actividade organizada, fazendo com que as pessoas sejam eficazes e eficientes ao mesmo tempo: que elas consigam atingir os objectivos organizacionais e simultaneamente se sintam satisfeitas em atingir os seus próprios objectivos individuais através do seu trabalho.
AVALIAÇÃO CRÍTICA
O admirável novo mundo
O World Future Society (WFS) está a tornar-se numa das mais desafiantes instituições do mundo. Os
seus membros dedicam-se ao complexo e fascinante trabalho de desvendar as grandes tendências
mundiais. Luis Nassif relata as conclusões apresentadas pelo "futurista" Peter Schwartz do WFS.
Ao contrário de visões catastróficas, como as negras projecções do Clube de Roma, Schwartz prevê
uma vida cada vez melhor no planeta: os benefícios do progresso não serão distribuídos igualmente
por todos os países, mas todos se beneficiarão em maior ou menor grau. Estas são algumas das
opiniões de Schwartz:
Revoluções que mudaram o mundo: As principais forças que romperam com a linha de continuidade
da era industrial foram:
O nascimento do PC e a revolução dos computadores.
O desmembramento da American Telephone & Telegraph (AT& T) em três empresas e a
revolução das telecomunicações.
A ruptura abrupta e surpreendente do sistema de poder que, de centralizado, passou a ser
distribuído entre milhares de pessoas.
As revoluções políticas e económicas instituídas pelos governos de Ronald Reagan (EUA) e
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Indivíduo
Alcance de Objectivos Organizacionais
ProdutividadeQualidadeRedução de CustosRentabilidade
Alcance de Objectivos Individuais
Maior salário e benefíciosPromoção pessoalPrestígio pessoalEstabilidade no trabalho
Eficácia
Eficiência
Margareth Thatcher (RU).
A ruptura da União Soviética e os movimentos de abertura e reestruturação instituídos por Mikhail
Gorbachev.
As mudanças instituídas na China, a partir de 1978, por Deng Xiaoping.
As próximas revoluções que continuarão mudando o mundo:
O take off da Ásia . O evento mais importante do milénio, com a Ásia a romper com o predomínio
das civilizações de origem europeia, que vinha desde o século XIV.
A Internet , que constitui uma nova estrutura social. Com o tempo, será formada uma grande rede
de pessoas e instituições que, através de novas tecnologias, conseguirão atingir níveis
inimagináveis de produtividade.
A biotecnologia . Mais importante que os avanços do ADN na medicina humana, será o seu papel
na indústria, alterando a eficiência dos processos industriais.
O ressurgimento do Japão . Depois das dificuldades vividas nos últimos anos, o Japão introduzirá
novos padrões de competitividade no mundo dos negócios.
A reestruturação da Europa .
O fim da máquina de combustão interna . Os automóveis chegarão ao ano 2025 movidos a
electricidade. Essa é uma das forças que levarão o mundo a crescer economicamente de forma
limpa e sem poluição.
A inserção da Rússia na economia global . O renascimento do sistema económico russo levará
uma década, quando então a Rússia poderá constituir uma potência mundial de primeira linha.
Instituição de uma rede económica global . Futuramente todas as pessoas terão acesso completo
à banda larga de comunicações a um custo quase zero. Essa mudança provocará uma ruptura de
enormes proporções, ao permitir que todos, em qualquer lugar do mundo, estejam ligados de
forma integrada e on-line.
A geração milénio e o aumento da expectativa de vida . A geração milénio, que começou a nascer
na década de 1990, formará líderes a partir dos anos 2020 a 2040. Com o aumento da
expectativa de vida, as pessoas viverão de 120 a 150 anos. E terão bastante interesse em
construir um futuro melhor.
A introdução da nanotecnologia . Esta nova tecnologia permitirá a construção de objectos a partir
do átomo. Com ela, a fotocopiadora XEROX de 2020 reproduzirá novos objectos a partir de um
original.
Desembarque noutros planetas . Os Países montarão consórcios que permitirão desembarcar os
primeiros seres humanos em Marte ou em planetas vizinhos
Factores de risco. Schwartz identifica alguns factores de risco no futuro próximo:
O crescimento da China pode levar a uma nova guerra-fria.
A cleptocracia russa pode continuar e perdurar por muito tempo.
A integração europeia pode não funcionar, visto já haver imensos precedentes.
Podem ocorrer erros nas previsões tecnológicas.
Aumento brutal de crimes e de actos terroristas desestabilizando sistemas.
Surgimento de pragas e doenças altamente contagiosas.
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E porquê tanta preocupação com as tendências que apontam para o futuro? Porque são essas
tendências que influenciam os gestores no estabelecimento dos objectivos organizacionais.
5.4. Natureza dos objectivos organizacionais
De um modo geral, as organizações são entidades que perseguem objectivos, procurando melhorar a si próprias através do tempo e de várias e diferentes maneiras. Os objectivos têm uma importância muito grande devido às mensagens internas e externas que enviam às pessoas. Essas mensagens afectam as audiências internas e externas e proporcionam benefícios para a organização, através dos seguintes aspectos:
Legitimação Fonte de motivação e envolvimento Guias para a acção Racionalidade para as decisões Padrões de desempenho
Para serem úteis, os objectivos devem apresentar determinadas características. Eles devem ser:
Mensuráveis: capazes de definir quando são atingidos ou não. Realistas: que possam ser alcançados no período de tempo estabelecido e
com os recursos disponíveis. Desafiadores: que requeiram esforço das pessoas. Definidos no tempo: que exijam um lapso de tempo para a sua
consecução. Relevantes: que cubram as principais áreas de resultados da organização. Motivadores: que estejam ligados a recompensas pessoais pelo seu
alcance.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Com os diagnósticos nas mãos, o novo Prefeito já tinha uma ideia dos rumos específicos a serem tomados. Mas, acima de todas as especificidades, o Prefeito Frederico visava dois objectivos básicos, que constituíam o seu lema. Um deles era aumentar a receita do município. Como não era possível aumentar impostos e taxas, devido à posição contrária da população, a saída era partir para outras fontes de receitas, como a aplicação de multas no trânsito e em transgressões, como depósito indevido de lixo, sujidade e má utilização do espaço público. Outro objectivo básico era conquistar a participação e envolvimento dos cidadãos no governo da cidade. Frederico queria uma gestão participativa.
5.5. Hierarquia de objectivos
As organizações procuram alcançar simultaneamente vários e diferentes objectivos e precisam de estabelecer graus de importância e prioridade para evitar possíveis conflitos e criar condições de sinergia entre eles. Quase sempre, as organizações usam as hierarquias de objectivos, em que os objectivos organizacionais – mais amplos e genéricos e que pairam acima de todos os demais – são desdobrados em objectivos divisionais, estes em objectivos departamentais e, por fim, em objectivos individuais. Trata-se de conciliar e harmonizar as diferentes áreas e os __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 100 de 366Manual do Formando
diferentes níveis de objectivos num todo que produza efeitos de sinergia.
A Hierarquia dos Objectivos
Na realidade, existem três níveis de objectivos organizacionais: estratégicos, tácticos e operacionais.
5.6. Os níveis de objectivos e planos
OBJECTIVOS ESTRATÉGICOSSão os objectivos globais e amplos da organização e são definidos a longo prazo. Em termos de horizonte de tempo, os objectivos estratégicos estão focalizados no longo prazo, isto é, entre dois a cinco ou mais anos pela frente. __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 101 de 366Manual do Formando
EmpresaAlpha
Divisão de produtos de consumo
Divisão de produtos industriais
Produção Vendas Clientes Marketing I&D Desenvolvimento
Objectivos Organizacionais
Objectivos Divisionais
Objectivos Departamentais
Objectivos Individuais
Objectivos e Planos Operacionais
(Cada tarefa ou operação)
Objectivos e Planos Tácticos(Cada divisão ou unidade)
Objectivos e Planos
Estratégicos(Organização
como um todo)
Missão
Mensagem Externa
Legitimidade para os investidores, consumidores, fornecedores, comunidade
Mensagem Interna
Legitimidade, motivação, guia, racionalidade e padrões
O desdobramento dos objectivos maiores em objectivos menores – dos mais amplos aos mais específicos – recebe o nome de cascata de objectivos. A figura abaixo permite uma visualização do que ocorre numa organização fictícia: a missão, os objectivos estratégicos, os objectivos tácticos e os objectivos operacionais.
A Hierarquia de objectivos a partir de um objectivo estratégico
Quase sempre, as organizações procuram cumprir três grandes objectivos básicos:
Servir a uma necessidade específica da sociedade, do mercado ou do cliente.
Gerar riqueza. Distribuir a riqueza gerada.
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Curto Prazo
Objectivos Operacionais
Médio Prazo
Objectivos Tácticos
Longo Prazo
Objectivos Estratégicos
Hoje 1 ano 2 anos
3 anos
4 anos
5 ou mais anos
Aumento do retorno sobre o investimento
organizacionalObjectivos
Estratégicos
Aumento da Produção
Redução de Custos
Aumento da Produção
Redução de Custos
Utilização intensiva dos
recursos actuais
Aquisição de recursos adicionais
Objectivos Tácticos
Aquisição de novos equipamentosCaptação de recursos financeirosRecrutamento e selecção de novos empregadosNovas tecnologias
Melhoria de processosMelhoria contínua da qualidadeFormação do pessoalMelhoria da produtividade
OBJECTIVOS TÁCTICOSSão os objectivos de médio prazo e que cobrem cada unidade específica da organização. São geralmente objectivos divisionais ou departamentais relacionados com as áreas de produção, finanças, marketing e recursos humanos da organização.
Objectivos tácticos e operacionais comuns aos gestores.
Rentabilidade: produzir com um determinado lucro líquido no negócio.Participação no mercado: conquistar e manter uma fatia específica mercado do produto/serviço.Talento humano: recrutar e manter uma equipa de trabalho de qualidadeSaúde financeira: adquirir capital e obter retornos financeiros positivos.Eficiência de custo: utilizar eficientemente recursos para operar a baixo custo.Qualidade do produto: produzir bens e serviços de elevada qualidade.Inovação: atingir um nível desejado de desenvolvimento de novos produtos ou processos de trabalho.Responsabilidade social: fazer uma contribuição concreta e positiva à sociedade.
Fonte: Adaptado de John R. Schermerhorn, Jr. Management, Nova York, John Wiley & Sons, 1996.
OBJECTIVOS OPERACIONAISSão os objectivos específicos e de curto prazo voltados para a execução das operações quotidianas da organização. Referem-se geralmente a cada tarefa ou operação especificamente.
Objectivos Tácticos Objectivos Operacionais Melhorar a qualidade dos
produtos Melhorar as comunicações Incentivar a responsabilidade
social Discutir relatórios contabilísticos
periodicamente
Reduzir rejeições de qualidade em 2%
Reunir semanalmente o pessoal Admitir 10 pessoas deficientes
por ano Discutir relatórios contabilísticos
a cada mês com gestores e estabelecer correcções.
Fonte: Adaptado de Samuel Certo. “Modern management: diversity, quality, ethics, and the global environment” Boston, Allyn & Bacon, 1994.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Embora o Prefeito Frederico desejasse a participação e o envolvimento dos cidadãos, o problema mais sério é que nunca se havia feito nada igual na cidade até então. As pessoas não estavam habituadas com actividades públicas, com reuniões sistemáticas, com a participação em equipas e nem mesmo com o hábito de dar ideias ou sugestões. Frederico resolveu focar a
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sua atenção na criação de equipas e comissões compostas de cidadãos voluntários para a apresentação de planos e esforços de solução de problemas, cada qual com um coordenador da sua confiança, e solicitou a colaboração de algumas empresas de consultoria do município para a formação e desenvolvimento de equipas e a condução das soluções de problemas.
GESTÃO MODERNAA Toyota
Quando Tatsuro Toyoda assumiu a presidência da Toyota, resolveu reorganizar a empresa que havia adoptado o legendário método de produção com outras mudanças e inovações. Os principais objectivos foram:
Aumentar as vendas para seis milhões de carros e camiões até o ano 2000.
Expandir fábricas e aumentar a automação. Melhorar a eficiência.
Em seguida, foram implementados projectos e programas específicos para se obter sucesso no alcance dos objectivos. Apesar dos lucros baixos e da super-capacidade global instalada da indústria automóvel em geral, a Toyota vem evitando dispensas de pessoal através da construção e expansão de seis fábricas e aumento da automação. A ênfase está no corte de custos em áreas como horas extras do pessoal mensal, orçamentos de despesas e desenvolvimento de novos produtos. A companhia tem 26 variações de modelos e cada projecto desenvolvido tem um líder chamado "shusa" que cuida de três grupos – tracção da roda dianteira, tracção da roda traseira e carroçarias, cada um controlado por um engenheiro-chefe. Dentro dos novos agrupamentos, espera-se que os shusas coordenem os esforços com um objectivo de reduzir em 30% as variações de modelos de carros. A capacidade da Toyota em adaptar-se e responder aos novos desafios contribuiu para a sua reputação como a mais eficiente produtora de carros do mundo. Os concorrentes têm um olho voltado para a Toyota a fim de observar como ela se sai no seu esforço de assumir um papel de vanguarda na indústria global.
5.7. Gestão por Objectivos (GPO)
A Gestão por Objectivos (GPO) é um estilo de gestão que enfatiza o estabe-lecimento conjunto de objectivos tangíveis, verificáveis e mensuráveis. De um ponto de vista global, a GPO apresenta a seguinte sequência:
Preparação da organização para a GPO Estabelecimento e revisão constante de objectivos gerais Integração inicial do sistema Estabelecimento de objectivos em todos os níveis da organização
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A Implementação dos objectivos na GPO
A GPO desloca a ênfase, antes colocada nas "actividades-meios", para os objectivos ou finalidades da organização, isto é, para as "actividades-fins". O antigo enfoque baseado nos métodos e processos passou a ser substituído por um enfoque baseado nos resultados e objectivos a serem alcançados. Antes, a gestão preocupava-se com os meios para chegar aos fins. Agora, preocupa-se com os fins para estabelecer os meios apropriados para chegar lá.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
O Prefeito Frederico estava entusiasmado com as suas descobertas. Os cidadãos
tinham boa vontade e, com a ajuda de consultores externos, aprenderam a trabalhar
em conjunto, os diagnósticos foram feitos e os planos começaram a surgir. O novo
Prefeito descobriu que a gestão participativa e envolvente – com a ajuda e
colaboração de todos os cidadãos – poderia transformar-se facilmente numa gestão
por objectivos. Ele percebeu que a preservação da cidade não era uma simples
questão de obras de manutenção, mas de educação e consciencialização das
pessoas quanto ao uso dos bens públicos. Era uma questão de prevenir, e não de
remediar, de saber usar, e não apenas consertar. Além disso, o Prefeito Frederico
melhorou os serviços da cidade através de programas de redução ou eliminação de
custos.
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Missão da Organização
Objectivos Organizacionais
Objectivos do Presidente
Objectivos das Divisões
Objectivos dos Directores
Objectivos Estratégicos
Objectivos dos Gestores
Objectivos dos Supervisores
Objectivos Tácticos
Objectivos Operacionais
Objectivos dos Departamentos
Objectivos das Secções
5.8. Sistemas de GPOExistem vários sistemas de GPO. Os principais elementos comuns encontrados nesses vários sistemas são os seguintes:
Estabelecimento conjunto de objectivos entre o gestor e o seu superior
Estabelecimento de objectivos de cada departamento, estabelecendo uma hierarquia de objectivos em cascata.
Interligação entre os vários objectivos para conseguir efeitos de sinergia.
Revisão periódica e constante, com reciclagem para assegurar o alcance dos resultados esperados.
Ênfase na medição – quantificação dos resultados – e no controle dos resultados.
O Processo de GPO
Fonte: Adaptado de Richard L. Daft. Management, Orlando, Fl., The Dryden Press, 1994..
Há quatro elementos que são comuns nos programas de GPO: especificação de objectivos, tomada de decisão participativa, um período definido de tempo
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Passo 1:Fixar Objectivos
Passo 2:Desenvolver
Planos de Acção
Planos de Acção
Revisão do Progresso
Objectivos Departamentais
Objectivos Individuais
Acção Correctiva
Avaliação do Desempenho
Global
Passo 1:Avaliar o
desempenho
Passo 3:Rever o Progresso
Objectivos Organizacionais
e feedback do desempenho.
Gestão Participativa por Objectivos
Benefícios e Prpblemas da GPOA grande vantagem da GPO é a conversão dos objectivos organizacionais em objectivos específicos para as unidades organizacionais e os indivíduos. A GPO operacionaliza o conceito de objectivo por provocar um processo de cascata de cima para baixo através da organização.
AVALIAÇÃO CRÍTICA
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Gestor e subordinado reúnem-se
Formulação conjunta de objectivos
consensuais
Avaliação conjunta do alcance dos objectivos e reciclagem
do processo de GPO
Acção individual do
Gestor: proporcionar
apoio, direcção, orientação e
recursos
Acção individual do Subordinado: desempenhar
as tarefas
Feedback
Feedback
Benefícios da GPO
Os esforços do gestor e funcionários são focalizados nas actividades que conduzem ao alcance dos objectivos.
O desempenho é melhorado em todos os níveis da organização.
Os funcionários são motivados para alcançar e superar objectivos e metas.
Os objectivos departamentais e individuais são sintonizados com os objectivos organizacionais.
O Feedback é intensamente utilizado.
Recompensas são oferecidas para aqueles que ultrapassarem os objectivos fixados.
Problemas com a GPO
Mudanças constantes podem desvirtuar os objectivos e desarranjar o sistema.
Um ambiente de trabalho com relacionamento precário entre os gestores e funcionários pode reduzir a eficácia da GPO.
Os valores organizacionais que desencorajaram a participação podem prejudicar o processo de GPO.
Muito papel e burocracia podem sabotar a GPO.
Desconfiança, autocracia, falta de cooperação e de espírito de equipa podem prejudicar a GPO.
Porque é que alguns programas de GPO funcionam e outros não?O sucesso da GPO depende estritamente do apoio recebido da Alta Direcção. A GPO é positivamente relacionada com a sua contribuição ao planeamento, ao es clarecimento dos objectivos e às novas expectativas de papéis das pessoas. Ela também apoia o processo de avaliação do desempenho. A GPO é uma mudança na utilização das pessoas dentro das organizações.
Um grande esforço de gerir por objectivos provoca uma significativa ruptura na organização, pois substitui a ênfase nos meios (mera obediência às regras) pela ênfase nos fins (foco nos resultados a serem alcançados). A GPO desloca a preocupação com regras, regulamentos, procedimentos e métodos pela preocupação com resultados e metas a atingir.
O processo de GPO precisa de ser institucionalizado antes de se tornar um efectivo processo de trabalho. A falha em institucionalizar o processo de GPO contribui directamente para a falha da GPO como programa de trabalho. O processo de GPO precisa de ser legitimado dentro da organização para que possa ser aceite, funcionar e proporcionar resultados, tanto para a organização como para as pessoas.
As diferentes condições ambientais afectam a aplicabilidade da GPO. O alcance dos objectivos deve favorecer a organização e, sobretudo, as pessoas que conseguiram atingi-los. Isso significa que os benefícios da superação de objectivos devem ser repartidos entre a organização e as pessoas que conseguiram ultrapassá-los.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Embora fosse um político, o Prefeito Frederico aprendeu que a gestão municipal pode ser melhor quando se utilizam objectivos para dar orientações adequadas e racionalidade na sua consecução. Os funcionários do município aprenderam que se deve sempre focalizar os objectivos para saber qual a melhor maneira de alcançá-los com o seu trabalho. O trabalho é um meio de alcançar resultados e metas. Acima de tudo, todos aprenderam a trabalhar em equipas, com um alto grau de integração e comunicação. O município transformou-se em pouco tempo, os cidadãos voltaram a ter orgulho na sua cidade e os funcionários municipais voltaram a ter orgulho de trabalhar para a Prefeitura da cidade.
CASO PARA DISCUSSÃODurante várias décadas a indústria automobilística americana reinou como a suprema glória em todo o mundo. Era o símbolo do poder económico, o orgulho americano! Mas, ao entrar na década de 1990, ela apenas desejava sobreviver face a tantos problemas e desafios no seu próprio quintal. Os automóveis japoneses invadiram o mercado americano e simplesmente derrubaram os gigantes automobilísticos americanos, provocando enormes perdas e prejuízos. As duas principais razões para o
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forte declínio: preço e características do produto japonês. Indo mais longe na questão: faltava de competitividade – elevada produtividade e qualidade superior – nas empresas americanas.
Alguns dos excelentes produtos americanos da década de 1970 deixaram de ser tão bons quanto o pareciam. Em 1992, a Empresa Ford Motor começou a perceber que os seus produtos eram inferiores em qualidade aos concorrentes japoneses quando acusou um prejuízo de 2,3 biliões de dólares. A gestão de cúpula do colosso americano procurou estabelecer objectivos e metas para os diversos departamentos e serviços ao cliente e começou a trabalhar duro para reverter a situação e obter melhores resultados.
O primeiro passo foi modificar a percepção dos consumidores americanos, que achavam que os concorrentes japoneses produziam um carro mecanicamente superior. Portanto, a Ford iniciou uma campanha publicitária com o nome de "Quality Care" em todas as suas divisões de serviços. O objectivo era conquistar a satisfação do cliente como base para construir uma vantagem competitiva sustentável. Com a participação activa da sua rede de concessionárias, a Ford introduziu um intenso programa de formação e educação técnica para melhorar o atendimento ao cliente e implantou um moderno serviço com equipamentos de alta tecnologia, como o sistema de diagnóstico na manutenção de carros. Simultaneamente, melhorou o processo de avaliação das necessidades de serviços dos clientes e iniciou um plano extensivo de serviços e expedição rápida de peças para as concessionárias.
Em seguida, a Ford iniciou a implementação de um plano de controlo de qualidade e de satisfação do consumidor na sua fábrica de Ohio, onde o carro Mercury Villager era co-produzido através de uma joint-venture com a Nissan japonesa. Para sintonizar e mesmo antecipar-se às necessidades e desejos do consumidor, a companhia desenvolveu sessões de encontros com consumidores. Nessas sessões, os participantes davam opiniões sobre o que lhes agradava e o que lhes desagradava nas mini-vans dos concorrentes e forneciam uma lista de características adicionais desejadas nesses carros.
Um gestor regional de vendas afirmava que a Ford tinha dez anos pela frente para estudar todas as mini-vans produzidas pelos concorrentes a fim de decidir o que fazer. Aos poucos, a Ford foi copiando o melhor, eliminando o pior, até chegar a desenhar a melhor mini-van do mercado. Tudo foi muito bem feito. Nenhum outro fabricante americano havia ainda compreendido como articular todas as medidas de controlo de qualidade. Quando as primeiras mini-vans da Mercury começaram a ser produzidas, eram inspeccionadas através de 125 testes de segurança. Em 1992, as primeiras duas mil Villagers foram enviadas às concessionárias, e a empresa passou a acompanhar item por item os questionários preenchidos pelos consumidores para conhecer melhor o seu grau de satisfação. Os resultados foram animadores: a Ford recebeu respostas fortemente positivas e poucas reclamações. O objectivo de vendas do Villager, estabe-lecido em 70 mil unidades para o ano, foi rapidamente ultrapassado.
A Ford queria melhorar a qualidade do produto através da modernização de fábricas. A engenharia e a manufactura eram os pontos fundamentais do programa. O planeamento foi desenvolvido com a introdução de novos produtos, como a Explorer. Novas abordagens de como fazer as coisas incluíram automatização das operações e robotização, reengenharia de processos, formação de pessoal, melhoria contínua, gestão participativa por objectivos, redes de equipas e, sobretudo, empowerment, que significava dar mais responsabilidade e autonomia aos grupos de
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funcionários.
O retorno ao lucro para a empresa não foi rápido e nem fácil, mas trouxe uma definição importante: a Ford jamais será uma empresa de perfil alemão ou japonês, mas uma empresa tipicamente americana. Os planos administrativos cuidadosamente preparados para alcançar objectivos e motivar o pessoal procuram assegurar um futuro melhor do que o passado.
Questões:1. Descreva como a Ford reformulou os seus objectivos e como fez planos
para alcançá-los.2. Descreva como as novas estratégias da Ford reflectem a Gestão por
Objectivos.3. As acções tomadas pela Ford na década de 1990 foram tão
revolucionárias quanto aquelas tomadas pelo seu fundador, Henry Ford? Compare.
4. Quais as barreiras que a Ford enfrenta actualmente no mercado de automóveis?
5. Como é que a Ford ainda tenta competir com os seus concorrentes directos?
5.9. Resumo do Capítulo
O planeamento está relacionado com o futuro, e os objectivos constituem a mola mestra da gestão. Os objectivos fazem parte de um contexto mais amplo: a missão e a visão das organizações.
A missão representa a razão da existência de uma organização; a visão, o que ela pretende para o futuro. Ambas devem ser cuidadosamente definidas e divulgadas entre todos os membros da organização para que haja sinergia de esforços. Os objectivos são estados futuros desejados que se tentam tornar realidade. Um dos grandes dilemas da gestão é conciliar objectivos organizacionais e objectivos individuais dos participantes. Para que cada pessoa seja eficaz (alcançando objectivos organizacionais) e eficiente (alcançando objectivos individuais), o gestor precisa de criar e manter um sistema de esforços cooperativos entre os indivíduos. Os objectivos organizacionais proporcionam benefícios como: legitimação, fonte de motivação e envolvimento, guias para a acção, racionalidade para as decisões e padrões de desempenho.
Para serem úteis, os objectivos precisam de ser mensuráveis, realísticos, desafiadores, definidos no tempo, relevantes e motivadores. Como as organizações perseguem uma infinidade de objectivos, existe uma hierarquia de objectivos dispostos em três níveis: estratégicos, tácticos e operacio nais .
A Gestão por Objectivos (GPO) é um estilo de gestão que enfatiza o estabelecimento conjunto de objectivos. Ela requer uma preparação da organização para a sua implantação, o estabelecimento e revisão constante de objectivos gerais, a integração inicial do sistema e o estabelecimento de objectivos em todos os níveis da organização. Em geral, todos os sistemas de GPO apresentam os seguintes elementos comuns: estabelecimento conjunto de objectivos, estabelecimento de objectivos para cada unidade da organização, interligação entre os vários objectivos das unidades, revisão periódica e constante e ênfase na medição.
5.10. Exercícios1. Explique a natureza dos objectivos organizacionais.2. Defina a missão organizacional. Dê exemplos.
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3. Explique os tipos de organizações.4. Defina a visão organizacional. Dê exemplos. 5. Explique o conceito de objectivos através do seu âmbito.6. Porque é que se fala em compatibilidade entre objectivos organizacionais e
individuais?7. Explique a eficiência e a eficácia da gestão por objectivos numa organização.8. Defina a organização como um sistema cooperativo.9. Explique a natureza e os benefícios dos objectivos organizacionais. 10. Como aumentar a utilidade dos objectivos?11. Explique a hierarquia de objectivos.12. O que são objectivos estratégicos, tácticos e operacionais?13. Quais são os três grandes objectivos básicos de todas as organizações? 14. Defina a técnica de desenvolvimento organizacional da Gestão por
Objectivos.15. Explique a sequência na implantação organizacional da GPO.16. Quais os elementos comuns dos sistemas de GPO?17. Enumere e explique os principais benefícios da GPO.18. Quais são os aspectos mais perigosos na GPO?
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GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEGestão por Objectivos (GPO) é o estilo de gestão que enfatiza o alcance de resultados e objectivos (eficácia).
Associações de beneficiários mútuos são as organizações cujos beneficiários principais são os próprios membros.
Beneficiário é o parceiro que obtém as vantagens e os resultados de uma organização.
Efeito de cascata é o desdobramento dos objectivos maiores em objectivos menores.
Eficácia é o grau de alcance de objectivos organizacionais por parte de uma pessoa.
Eficiência é o grau de alcance de objectivos individuais por parte de uma pessoa.
Objectivos individuais são situações desejadas que cada pessoa pretende alcançar.
Objectivos operacionais são os objectivos específicos de cada tarefa ou operação e são focalizados no curto prazo.
Objectivos organizacionais são estados desejados que a organização pretende alcançar e que orientam o seu comportamento em relação ao futuro e ao ambiente externo e interno.
Objectivos tácticos são os objectivos que se aplicam a cada unidade específica da organização ao longo do médio prazo.
Organizações de interesses comerciais são as organizações cujos beneficiários principais são os seus proprietários ou accionistas.
Factores críticos de sucesso são os aspectos condicionantes do sucesso da organização.
Hierarquia de objectivos é uma ordem ou graduação de categorias de objectivos.
Legitimação é o acto ou efeito de reconhecer algo como autêntico ou fundado na razão ou na justiça.
Missão é a razão e filosofia da existência de uma organização.
Organizações de serviços são as organizações cujos beneficiários principais são os clientes ou utilizadores.
Organizações governamentais são as organizações cujos beneficiários principais são o público em geral.
Sistemas de GPO são os diferentes tipos de abordagem da gestão voltada para o alcance de objectivos.
Negócio é o ramo de actividade da organização.
Objectivos são os resultados específicos ou metas que se deseja atingir.
Objectivos estratégicos são os objectivos organizacionais amplos e genéricos estendidos a longo prazo.
Tipologia de organizações é uma classificação de organizações para efeito de análise e comparação entre elas.
Visão é a imagem que a organização tem a respeito de si própria ou do que pretende ser no futuro.
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5.11. Referências Bibliográficas
1. Peter Blau & W. Richard Scott. Organizações formais, São Paulo, Atlas, 1970.2. "Uma bússola para tempos incertos", Exame, 1997.3. Ford Motor Company. Annual Report, 1984. Citado em Henry Mintzberg & James
Quinn.4. The strategy process: concepts, contexts, cases, upper saddle river, N.J.,
Prentice-Hall, 1996.5. Chester Barnard. As funções do executivo, São Paulo, Atlas, 1971.6. Luis Nassif. "Admirável novo mundo", Gazeta Mercantil, 1997.7. Philip Kotler. Gestão de marketing: análise, planeamento, implementação e
controle, 1994.8. Theodore Levitt. "Innovative imitation", Harvard Business Review, 1966.9. Alex Taylor m. "How Toyota copes with hard times", Fortune, 1993.10. Peter F. Drucker. Post capitalist society, Nova York, Harper Business, 1954. 11. Idalberto Chiavenato. Gestão: teoria, processo e prática, Makron Books, 1994.
6. DESENHO ORGANIZACIONAL
Objectivos de Aprendizagem
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Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
1. Definir os mecanismos de diferenciação e integração das organizações. 2. Descrever o desenho organizacional e as suas características e variações.3. Definir as organizações burocráticas e os desenhos mecanicistas. 4. Definir as organizações adaptativas e os desenhos orgânicos.5. Ajustar os factores que afectam o desenho organizacional.6. Definir a actividade central da organização (“core business”).
□ Diferenciação e integração.□ Desenho organizacional.□ Desenhos mecanicistas e organizações burocráticas.□ Desenhos orgânicos e organizações adaptativas.□ Factores que afectam o desenho organizacional □ Quem determina o desenho organizacional?□ Actividade central da empresa ou core business
CASO INTRODUTÓRIO
A Argonauta
Depois de décadas actuando no mercado nacional de cabos para travões e
embraiagens para carros, a Argonauta estava a passar por uma crise de
identidade. Os negócios estavam estabilizados, as vendas mantinham-se
boas, a qualidade dos produtos permanecia inalterada, porém os lucros
escasseavam a cada dia.
A concorrência no mercado de autopeças era violenta, e o mercado exigia
preço e qualidade, impondo sérias restrições à empresa. As fábricas de
montagem de veículos impunham esquemas de produção que a Argonauta
conseguia atender. A tecnologia utilizada pela empresa era a mais
adequada: equipamentos semi-automatizados de estiragem e corte de
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O QUE VEREMOS ADIANTE
arames que tinham sido adquiridos em 1994 e operados por funcionários
com mais de 15 anos de casa. Aparentemente, tudo estava óptimo. Porém,
Mariano Sanches, o director administrativo, não pensava assim. Deveria
haver uma maneira, segundo ele, de melhorar a rentabilidade da Argonauta.
O seu problema era descobrir qual o segredo e chegar lá, antes que os
concorrentes o fizessem.
As organizações criam conjuntos de pessoas e actividades integradas para alcançar um objectivo ou propósito específico. Para funcionar, elas precisam de uma estrutura vertical – a hierarquia – e de uma estrutura horizontal – as divisões ou departamentos. Contudo, as organizações interagem diariamente com um mundo composto de todos os tipos de organizações, como produtores de produtos e serviços, bancos, agências de propaganda, consultores externos, entidades governamentais, etc.
Na verdade, elas são organizações dentro de organizações e operam numa sociedade de organizações. Por exemplo, a General Motors americana é uma organização composta de divisões que produzem Chevrolet, Pontiac, Buick, Cadillac. A GM vende carros para uma infinidade de empresas concessionárias e compra materiais, matérias-primas, componentes, tecnologias e serviços de várias outras organizações. Cada departamento dentro de cada divisão é uma organização dentro de uma organização.
Os passos para o desenho organizacional
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Missão
Objectivos
Estratégias
Desenho Organizacional
Pessoas
Definição do tipo de negócio da organização
Formulação de objectivos e metas a alcançar
Determinação do modo como os objectivos serão alcançados
Determinação da estrutura organizacional, das actividades a serem feitas e das pessoas que as farão
Adequação de capacidades, competências e conhecimentos necessários
CASO DE APOIOA Faber-Castell
Na era do computador, em que as crianças podem pintar e criar desenhos
directamente nos monitores, a Faber-Castell continua a vender lápis grafite e
lápis de cor em todo o mundo. É uma das empresas mais antigas do mundo. Foi
fundada em 1761 na cidade alemã de Nuremberga pelo marceneiro Kaspar
Faber. No século XIX, Lothar von Faber, sucessor de Kaspar, estabeleceu os
padrões de produção de lápis que são utilizados até hoje. A empresa ainda é
administrada pela família Faber-Castell. Primeira no ranking de material escolar
– com produção anual de 120 milhões de esferográficas, 25 milhões de canetas,
40 milhões de hidrográficas e mais de um bilião de lápis grafite, a Faber-Castell
não disputa o gosto do consumidor apenas num país – Brasil.
É competitiva no mundo inteiro. Luta com os produtos feitos na China com três
estratégias: preço, qualidade e novidades. "O nosso lápis é feito com madeira
de reflorestamento da própria empresa", diz o presidente da empresa. A
empresa investe US$ 3 milhões anuais para manter duas áreas de
reflorestamento em Minas e no Paraná, ambos no Brasil. Embora esteja na
“contra-mão” das tendências actuais do mundo moderno, pelo facto de estar
bem verticalizada, esta foi a maneira de manter o grau de qualidade nos
produtos. Com reflorestamento próprio, a empresa aumentou em 40% o
rendimento das espécies utilizadas na produção de lápis.
A terceira estratégia é o lançamento de novidades: 20 novos produtos a cada
semestre, no regresso às aulas. No Brasil, as suas duas fábricas em São Carlos
– Sp, com 2.800 empregados, produzem diariamente seis milhões de lápis
grafite, produto que responde por US$ 84 milhões dos US$ 140 de facturação
da subsidiária brasileira, com um lucro de 12,5%. Perde apenas para a
empresa-mãe da Alemanha. No total, o grupo facturou em 1996 cerca de US$
300 milhões.
6.1. Diferenciação e IntegraçãoUma importante pesquisa foi feita em 1967 por Lawrence e Lorsch, da Universidade de Harvard. Ambos estudaram dez empresas com actuação em três diferentes indústrias, mercado de fornecedores de plásticos, bens de consumo e embalagens. As empresas bem sucedidas foram aquelas que se ajustaram às características e aos desafios dos seus ambientes. Os autores encontraram duas características fundamentais: a diferenciação e a integração.
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DiferenciaçãoAo lidar com ambientes externos, as organizações vão segmentando-se em unidades, cada uma com a tarefa de tratar de uma parte das condições existentes fora da organização. Cada um desses segmentos trabalha com um segmento do universo exterior à organização. Essa divisão do trabalho entre os subsistemas provoca a diferenciação. Assim, as organizações apresentam a característica de diferenciação: é a divisão da organização em subsistemas ou departamentos, cada qual desempenhando uma tarefa especializada para atender a um contexto ambiental também especializado.
Lawrence e Lorsch identificaram quatro tipos de diferenciação entre os subsistemas:
Diferenças nos objectivos
Diferenças na orientação de tempo
Diferenças de orientação interpessoal
Diferenças na estrutura formal
IntegraçãoQuanto maior a diferenciação, tanto maior a necessidade de integração para promover um esforço convergente e unificado a fim de atingir os objectivos da organização. A integração é o nível de coordenação atingido entre os diversos componentes internos da organização.
Os principais mecanismos de integração são:
Regras e procedimentos. Especificam claramente as actividades necessárias. Hierarquia administrativa. Conduz os problemas ao superior comum. Planeamento. Estabelece metas que as pessoas devem atingir na mesma
direcção. Contactos directos. Os gestores de subunidades coordenam directamente. Papéis de ligação. São os coordenadores formais para ligar as subunidades. Task forces. São grupos formais e temporários para coordenar actividades e
resolver problemas. Equipas. São equipas permanentes com autoridade para coordenar e resolver
problemas ao longo do tempo. Organizações matriciais. Criam uma estrutura em malha para melhorar a
integração e a coordenação em programas específicos.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Mariano constituiu uma equipa de trabalho e com ela começou a dissecar o
processo de produção da Argonauta. Por mais que examinassem, não estava ali o
segredo procurado por Mariano. A conclusão geral foi que o segredo para
aumentar os lucros deveria ser procurado noutro lugar. Uma noite, ao folhear os
livros de gestão dos seus tempos de estudante.
Mariano concentrou-se nos conceitos de desenho organizacional. Ele percebeu
que a Argonauta utilizava um desenho mecanicista e verticalizado, típico das
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organizações que utilizam tecnologia sequencial. Observou também que havia
muita diferenciação de actividades e pouca integração na sua empresa.
6.2. Desenho organizacional
Dá-se no nome de desenho organizacional à determinação da estrutura organizacional mais adequada ao ambiente, estratégia, tecnologia, pessoas, actividades e tamanho da organização. O desenho organizacional é o processo de escolher e implementar estruturas organizacionais capazes de organizar e articular os recursos e servir à missão e aos objectivos principais. O propósito principal do desenho organizacional é colocar a estrutura ao serviço do ambiente, da estratégia, da tecnologia e das pessoas da organização.
Desenhos mecanicistas e organizações burocráticasOs desenhos mecanicistas representam um dos extremos do continuum. São os desenhos típicos da abordagem de sistema fechado que predominou na teoria administrativa desde a sua origem até a década de 1970.
Organizações burocráticasA burocracia é uma forma de organização baseada na lógica, na ordem e no uso legítimo da autoridade. Max Weber descreveu a burocracia como a forma organizacional ideal para a sua época. Posteriormente, verificou-se que, na realidade, a burocracia é um extremo onde ocorre excesso das seis dimensões e que as organizações podem situar-se num continuum de diferentes graus de burocratização.
O continuum das seis dimensões da burocracia
Obviamente, na sua época, Weber não conseguiu prever as consequências não desejadas – as chamadas disfunções da burocracia – e que a tornam ineficiente. __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 118 de 366Manual do Formando
Escassez de burocratização Excesso de burocratização
Falta de especialização. Confusão. Desordem.
Falta de Autoridade
Extrema liberdade. Improvisação.
Informalidade. Inexistência de
documentos
Ênfase nas pessoas
Apadrinhamento
Superespecialização. Ordem. Confinamento.Divisão do Trabalho
Hierarquia
Regras e regulamento
Comunicações Formais
Impessoalidade
Admissão e Gestão da Carreira
Autocracia. Centralização
Falta de liberdade. Apego às rotinas
Formalismo. Excesso de papelada.
Ênfase nos cargos
Excesso de exigências
Uma disfunção é uma anomalia de funcionamento que provoca tensões internas e mau funcionamento da organização. As principais disfunções do modelo burocrático são:
Visão estreita e míope das pessoas Falta de iniciativa das pessoas Excesso de papelada e de documentação Despersonalização do relacionamento entre as pessoas Necessidade de concursos públicos para candidatar-se a qualquer posição na or-
ganização ou à promoção a um cargo mais elevado
O modelo burocrático é denominado "teoria da máquina" por tratar a organização como se fosse um conjunto articulado de peças mecânicas e engrenagens, um sistema fe chado e hermético . Daí decorre a crítica a essa abordagem mecanicista da organização.
Uma das características da burocracia é a formalização. A formalização é a imposição de documentação escrita para dirigir e controlar a organização e os empregados. A documentação escrita inclui regras, políticas, procedimentos, descrições de cargos e regulamentos internos. Esses documentos geralmente complementam o organograma, oferecendo descrições de tarefas e definição de autoridade e responsabilidade.
Em ambientes dinâmicos, onde ocorrem mudanças, as formas menos burocratizadas – as chamadas organizações orgânicas – funcionam melhor. As organizações mecanicistas e as organizações orgânicas são opostas e contraditórias, como mostra a figura abaixo.
Alternativas de desenhos organizacionais
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Desenhos MecanicistasO exemplo clássico do desenho mecanicista é a burocracia. Os desenhos mecanicistas são formas burocráticas de organização que operam com uma autoridade centralizada no topo, muitas regras e procedimentos, uma minuciosa divisão do trabalho, amplitudes da gestão estreitas e meios formais de coordenação.
Os desenhos mecanicistas apresentam geralmente uma configuração alta e piramidal, muita hierarquia, especialização, formalização e muitas regras e procedimentos.
São utilizados em condições de absoluta certeza e regularidade, onde as actividades estão devidamente metodizadas e estabelecidas e sem excepções às regras. Estão presentes até em organizações modernas e altamente orientadas para o cliente. Um exemplo disso são os restaurantes McDonald's. A organização mecanicista é o mais antigo formato organizacional. Mintzberg iden-tifica três formas de organização mecanicista: burocracia de máquina, burocracia profissionalizada e burocracia divisionalizada.
Burocracia de máquina: é comum em organizações de produção em massa e agências governamentais, cujos membros executam tarefas especializadas e padronizadas para acompanhar estratégias programadas.
Burocracia profissionalizada: é utilizada geralmente em organizações com grandes órgãos de staff, dotados de profissionais altamente formados, como ocorre em hospitais e universidades.
Burocracia divisionalizada: utiliza uma forma híbrida de departamentalização com um número de unidades internas relativamente autónomas operando dentro de um guarda-chuvas organizacional comum.
Os três perfis estruturais da organização mecanicista
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Organizações AdaptativasDesenhos orgânicos
Descentralizada e dispersa
Poucas e consensuais
Ampla e liberal
Partilhadas e inovadoras
Muitas
Informal e pessoal
Autoridade
Regras e Procedimentos
Amplitude administrativa
Tarefas
Equipas e task forces
Coordenação
Organizações BurocráticasDesenhos mecanicistas
Centralizada e única
Muitas e impostas
Estreita e centrada
Especializadas e rotineiras
Raras
Formal e impessoal
Fonte: Adaptado de Henry Mintzberg – “The Structuring of organizations”, 1988
Desenhos orgânicos e organizações adaptativasOs desenhos orgânicos são configurações mais recentes na teoria administrativa e são decorrentes da abordagem de sistema aberto.
Organizações AdaptativasNum mundo globalizado, mutável e competitivo, as organizações burocráticas não apresentam a menor condição de sobrevivência. Para ajustar as organizações a um ambiente instável e dinâmico, os gestores promovem mudanças e alterações na es-trutura organizacional.
Desenhos OrgânicosAs organizações adaptativas funcionam com desenhos orgânicos. Os desenhos orgânicos proporcionam autoridade descentralizada, poucas regras e procedimentos, pouca divisão de trabalho, amplitudes de gestão amplas e mais meios pessoais de coordenação. São geralmente descritas como organizações horizontais e redes internas de contactos interpessoais. Os desenhos organizacionais reconhecem e legitimam esses relacionamentos e proporcionam recursos para que eles operem melhor.
Os desenhos orgânicos podem-se apresentar de formas distintas:
Estruturas simples: a estrutura simples consiste de um ou poucos gestores de topo, alguns gestores intermediários e pessoas não administrativas que executam o trabalho.
Adhocracias: a adhocracia enfatiza as relações laterais entre as pessoas e elimina o papel da hierarquia. Não há distinções de linha e de staff e os membros da adhocracia trabalham estreitamente juntos com um relacionamento baseado no conhecimento e na competência, e não na autoridade.
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Agências Governamentais- Grande staff de suporte- Hierarquia alta- VerticalizaçãoGrande nível intermediário
Hospitais- Grande staff de suporte- Hierarquia baixa com muitos profissionais altamente treinados
Conglomerados de NegóciosCorporação central com staff próprio cria “guarda-chuvas” para as operações de divisões semi-autónomas com os seus staff’s.
Burocracia da Máquina Burocracia Profissionalizada
Burocracia Divisionalizada
Dois perfis de organizações orgânicas
Fonte: Adaptado de Henry Mintzberg, “The struturing of organizations”, 1988.
Propriedades dos desenhos mecanicistas e orgânicos
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Empresa empreendedora no inícioPequeno ou nenhum staffUm gestor cuida de todo o pessoalVariedade de tarefas operacionais
Estrutura Simples Adhocracia
Empresa de engenharia de projectosPouca distinção entre linha e staffPouca ênfase na hierarquiaPessoal operacional trabalha em equipas
Desenho Mecanicista
Coordenação centralizada no topoCargos rígidos, estáveis e definitivosInteracção padronizada através dos cargosCapacidade limitada de processar informaçãoIdeal para tarefas simples, rotineiras e repetitivasAdequado para uma maior eficiência da produção
Desenho Orgânico
Interdependência de esforçosCargos mutáveis, provisórios e autodefinidosInteracções intensivas entre as pessoasCapacidade expandida de processar informaçãoIdeal para tarefas únicas, mutáveis e complexasAdequado para uma maior inovação e criatividade
SUGESTÕESO que é uma Organização Adaptativa?
Uma organização adaptativa tem as seguintes características:
Capacidade de aprender e de adaptar-se às mudanças.
Flexibilidade da estrutura organizacional e poucos níveis hierárquicos.
Valorização da inovação e da criatividade.
Ênfase nas pessoas e valor à capacitação e ao conhecimento.
Estratégia voltada para o futuro e para o destino.
Aceitação da diversidade, da tentativa e do erro.
Incorporação de novas ideias e sugestões.
Capacidade de aumentar ou diminuir seu quadro de funcionários para
se ajustar às oscilações do mercado e manter sua competitividade. É
o conceito de tamanho certo ou rightsizing.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Mariano chamou o pessoal da equipa e transmitiu-lhe a sua descoberta. O problema não estava no processo de produção, mas no reorganização interna da organização. Não seria este o caminho para melhorar a rentabilidade da empresa? A equipa reflectiu e pôs-se a trabalhar no desenho organizacional da Argonauta, ou melhor, no redesenho da estrutura organizacional. A ideia que predominou foi a de transformar a actual organização burocratizada e pesada numa organização adaptativa e ágil. A dificuldade estava em transformar as ideias em resultados concretos.
6.3. Factores que afectam o desenho organizacional
O desenho organizacional precisa de satisfazer determinadas exigências situacionais e alocar todos os recursos utilizados para conseguir a melhor vantagem possível. São os chamados factores contingenciais. Entre eles estão: o ambiente, a estratégia, a tecnologia, o tamanho e ciclo de vida e as pessoas.
AmbienteO ambiente tem a propriedade de determinar a natureza do desenho e do comportamento organizacional. Embora o chamado "imperativo ambiental" seja um exagero, não podemos deixar de ressaltar a importância do ambiente na configuração da organização. O ambiente externo à organização e o grau de incerteza e de heterogeneidade que ele oferece são de grande importância para o desenho organizacional. Os elementos do macroambiente – ou ambiente geral – como as variáveis económicas, tecnológicas, sociais, legais, culturais, políticas e demográficas, que precisam de ser considerados no desenho organizacional. Os elementos do microambiente – ou ambiente de tarefa –, como os fornecedores,
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clientes, concorrentes e agências reguladoras, também precisam de ser levados em conta.
Ambiente de certeza é composto por elementos ambientais (macroambiente e microambiente) relativamente estáveis e previsíveis.
Ambiente de incerteza apresenta elementos ambientais (macroambiente e microambiente) mais dinâmicos e menos previsíveis.
Ambiente homogéneo apresenta elementos ambientais (principalmente o microambiente) com características similares.
Ambiente heterogéneo apresenta elementos ambientais (principalmente o microambiente) com características diferenciadas.
A influência dos ambientes no desenho organizacional
EstratégiaA natureza e objectivos da estratégia organizacional foram descritos anteriormente. Um dos primeiros estudos sobre a influência da estratégia no desenho organizacional foi feito por Chandler, que analisou a história das grandes empresas como a DuPont, General Motors, Sears e Standard Oil of New Jersey em profundidade. As suas conclusões indicam que a estrutura segue a estratégia: a estrutura organizacional funciona na medida em que apoia e suporta a estratégia definida para alcançar os resultados organizacionais desejados.
TecnologiaAs organizações utilizam alguma forma de tecnologia para executar as suas operações e realizar as suas tarefas. A tecnologia adoptada poderá ser mais sofisticada (como a utilização da moderna tecnologia da informação) ou rudimentar (como a limpeza através da vassoura). Contudo, algo é evidente: todas as organizações dependem de um tipo de tecnologia ou de uma matriz de diferentes tecnologias para poder operar e atingir os seus objectivos.
A tecnologia constitui a combinação de conhecimentos (know-how), equipamentos (hardware) e métodos de trabalho (software) utilizados para transformar os recursos em resultados organizacionais. É a maneira pela qual as tarefas são executadas, utilizando ferramentas, equipamentos, técnicas e conhecimentos. As tecnologias utilizadas pela organização devem ser consideradas no desenho __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 124 de 366Manual do Formando
Ambiente incerto e imutávelAmbiente certo e estável
Reacções organizacionais uniformes e padronizadas no
tempo
Reacções organizacionais variadas e diferenciadas no
tempo
Coacções uniformes do ambiente que exigem um desenho organizacional mecanicista e simples
Coacções uniformes do ambiente que exigem um desenho organizacional
orgânico e simples
Coacções diferenciadas do ambiente que exigem um desenho organizacional mecanicista e complexo
Contingências diferenciadas do ambiente que exigem um desenho organizacional
orgânico e complexo
1 3
2 4Estrutura
organizacional complexa e
descentralizada no espaço
Estrutura organizacional
simples e centralizada no
espaço
Ambiente Homogéneo
Ambiente Heterogéneo
organizacional.
A influência da tecnologia no desenho organizacional é mais sensível nos serviços ou na manufactura. Nessas áreas, Thompson distingue três tipos de tecnologia: a sequencial, a mediadora e a intensiva.
Tecnologia sequencial: é baseada na interdependência serial das tarefas necessárias para completar o produto.
Tecnologia mediadora: é baseada na intermediação entre partes para identificar um benefício mútuo de troca de valores – geralmente um vendedor e um comprador.
Tecnologia intensiva: concentra os esforços conjuntos de muitas pessoas com competências especiais para atender às necessidades de cada cliente.
Os três tipos de tecnologia: sequencial, mediadora e intensiva
Ao propor a sua tipologia de tecnologias, Thompson salienta as características de cada uma, tal como descritas no quadro abaixo:
As características dos três tipos de tecnologia
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A B C D E Tecnologia Sequencial
Organização Mediadora
Cliente
Cliente
Tecnologia Mediadora
Organização Mediadora Cliente
Tecnologia Intensiva
Numa outra obra, Thompson faz uma importante classificação binária: existe a tecno logia fixa e a tecnologia flexível. A tecnologia fixa é aquela cujas máquinas e equipamentos, conhecimentos técnicos ou matérias-primas envolvidas não permitem a utilização noutros produtos ou serviços. A tecnologia flexível é aquela que permite que as máquinas e equipamentos, os conhecimentos técnicos e as matérias-primas possam ser usados para outros produtos ou serviços. Com uma tecnologia flexível, a organização pode produzir diferentes tipos de produtos, modificá-los e inová-los com extrema facilidade.
A 3M é famosa por ser uma empresa que está sempre a inventar novos produtos e novas aplicações. A sua tecnologia é flexível: é uma empresa totalmente aberta que se baseia na criatividade e no conhecimento dos funcionários. As universidades também se caracterizam pela tecnologia flexível: o conhecimento dos professores é o seu arsenal de produção. Além disso, Thompson propõe dois tipos de produtos: o concreto e o abstracto.
Produto concreto é aquele que pode ser descrito com grande precisão, identificado com grande especificidade, medido e avaliado fisicamente.
Produto abstracto é aquele que não permite uma descrição precisa, nem identificação e especificação.
As decorrências dessa abordagem para o desenho organizacional são fáceis de notar. Ambas as classificações binárias podem ser reunidas numa tipologia de tecnologia e de produtos que permite considerar as consequências para o formato organizacional. Dessa tipologia resultam quatro combinações:
Tecnologia fixa e produto concreto Tecnologia fixa e produto abstracto Tecnologia flexível e produto concreto Tecnologia flexível e produto abstracto
Produto Concreto Produto AbstractoTecnologia
Fixa Pouca flexibilidade para mudanças Limitação aos produtos actuais Estratégia de colocação do produto no
mercado
Alguma flexibilidade para mudanças Novos produtos dentro dos limites
impostos pela tecnologia Estratégia de obtenção da aceitação de
novos produtos pelo mercado
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Tecnologia Sequencial
Interdependência serial entre as diferentes tarefas.Ênfase no produto.Tecnologia fixa e estável.Processo produtivo cíclico, rotineiro e repetitivo.Abordagem típica da Administração Científica
Tecnologia Mediadora
Diferentes tarefas padronizadas distribuídas extensivamente em diferentes locais.Ênfase em clientes separados, mas interdependentes, que são mediados pela organização.Tecnologia fixa e estável, produto abstracto.Processo produtivo e repetitivo, padronizado e sujeito a normas e procedimentos.Abordagem típica da Teoria da Burocracia.
Tecnologia Intensiva
Diferentes tarefas são focalizadas e convergidas sobre cada cliente específico.Ênfase no cliente e nas suas necessidades.Tecnologia flexível.Processo produtivo variável e heterogéneo, cujas técnicas são determinadas pelo feedback fornecido pelo próprio cliente.Abordagem típica da Teoria da Contingência.
Ênfase na área comercial Receio de ter o produto rejeitado no
mercado
Ênfase na área comercial (especialmente propaganda)
Receio de não obter o suporte ambiental necessário
TecnologiaFlexível
Flexibilidade para mudanças Adaptação ou mudança tecnológica nos
produtos Estratégia de inovação e criação
constante de novos produtos Ênfase na área de I&D
Grande flexibilidade Adaptabilidade ao meio ambiente Novos produtos e novos serviços Estratégia de obtenção do consenso
externo (quanto aos novos produtos) e consenso interno (quanto aos novos processos de produção)
Ênfase nas áreas de I&D (novos produtos e processos), comercial (consenso de clientes) e RH (consenso de empregados)
Uma organização comprometida com uma tecnologia específica pode perder a oportunidade de produzir determinado produto para outras organizações de tecnologias mais flexíveis, pois à medida que uma tecnologia torna-se mais especializada, a flexibilidade da organização de passar de um produto para outro com relativa rapidez tende a decrescer. À medida que uma tecnologia se torna mais complexa, fica mais difícil a entrada de novos concorrentes num determinado mercado de produtos ou serviços. Essa entrada ocorre mais facilmente nos casos em que uma organização já existente e dotada de grandes recursos aplica uma parte deles em um novo campo de actividades ou de produtos ou então nos casos em que uma nova organização aproveita o aparecimento de uma nova tecnologia, usufruindo a sua vantagem de não estar condicionada ou aprisionada a uma tecnologia já existente. Também à medida que uma tecnologia se torna mais complexa, a organização que se utiliza dela passa a ter menos controlo sobre o processo tecnológico global, tornando-se mais dependente de outras empresas do ambiente de tarefa, o que tende a diminuir a sua flexibilidade na formulação de objectivos e na gestão dos seus recursos.
As características dos sistemas organizacionais
Dimensões da tecnologia
Sistema fechado / mecanicista
Sistema aberto / orgânico
Natureza das tarefas Repetitivas, rotineiras e rigidamente estabelecidas
Variadas, não rotineiras, maleáveis e criativas
Entrada (input) dos processos de
transformaçãoHomogénea e invariável Heterogénea e variável
Saída (output) dos processos de
transformaçãoStandardizada e padronizada
Não-standardizada, variável e não-padronizada
Tipos de conhecimentos
Especializados e com base limitada
Generalizados e com base ampla
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Métodos utilizados Programados e algoritmos Não-programados e heurísticos
Propensão para: Estabilidade e permanência Dinamismo e mudança
Fonte: Adaptado de Fremont E.Kast & James E. Rosenzweig, “Contingency views of organization and management”, 1973
Tamanho e Ciclo de VidaO tamanho é uma das variáveis que mais afectam o desenho organizacional. O tamanho organizacional representa o volume de pessoas, recursos, arquitectura e operações de uma organização. Quanto ao tamanho, as organizações podem ser classificadas em grandes, médias, pequenas e microorganizações. O aumento do tamanho é, quase sempre, uma decorrência do sucesso da organização. À medida que as organizações crescem, elas seguem um padrão evolucionário muito similar, ilustrada na figura a seguir.
Os quatro estágios do ciclo de vida das organizações
Pessoas Por fim, o factor contingencial mais importante do desenho organizacional são as pessoas, o elemento fundamental que impulsiona a organização para a acção. O desenho organizacional deve dar o apoio e suporte de que as pessoas necessitam, tanto para atingir os objectivos organizacionais, como para obter satisfação no seu trabalho. As teorias modernas de gestão abordam as relações entre a estrutura e as pessoas de maneira contingente. O argumento que prevalece é de que torna-se fundamental adequar e conciliar a estrutura organizacional e as pessoas que devem utilizá-la. A estrutura deve funcionar como o meio através do qual as __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 128 de 366Manual do Formando
Estágio de nascimento
Estrutura simples
Estágio de infância
Formalização incipiente
Estágio de juventude
Especialização vertical e horizontal
Estágio de maturidade
Alto grau de diferenciação e de
interacção
Evolução
pessoas obtêm esforços de sinergia e resultados impulsionadores. A estrutura organizacional deve servir como uma ferramenta operacional para os empregados e não mais como um elemento dominador que os aprisiona e os reprime através de imposições e coacções internas
A influência do conhecimento no desenho organizacional
A evidência tem demonstrado que todos esses factores – ambiente, estratégia, tecnologia, tamanho e pessoas – influenciam de modo mais ou menos incisivo o desenho das organizações, cada um actuando à sua maneira.
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Informatização Parceria ou Sociedade
Robotização Outsourcing
Baixo valor de conhecimento agregado
Dificuldade de reposição das pessoas
Pessoal qualificado
Tendência à informatização
(secretaria, processamento de dados, cobrança)
Alto valor de conhecimento agregado
Dificuldade de reposição das pessoas
Génios do conhecimento
Tendência a propor parceria ou sociedade no negócio
(administração, I&D, criação e inovação)
Alto valor de conhecimento agregado
Facilidade de reposição das pessoas
Pessoal com conhecimento especializado
Tendência à transferência para terceiros e outsourcing
(propaganda, contabilidade, manutenção)
Baixo valor de conhecimento agregado
Facilidade de reposição das pessoas
Pessoal não qualificado
Tendência à robotização e ao descarte
(mão-de-obra directa nas fábricas)
Valor do conhecimento agregado do negócioMenor Maior
Dificuldade de reposição das
pessoas
Maior
Menor
AVALIAÇÃO CRITICA
As organizações visionárias
Collins e Porras publicaram em 1994 um estudo sobre 18 organizações de
destaque, que sobreviveram e prosperaram e que foram consideradas as
melhores nos seus ramos de negócios. Os autores utilizam uma metodologia
com critérios comparativos para saber porque é que algumas organizações
são superiores às outras. Essas organizações excelentes são denominadas
organizações visionárias, porque não dependem de aspectos específicos,
como estratégia, táctica, programas ou mecanismos, para preservar o
essencial e estimular o progresso. O que faz a diferença é que todos os
elementos que formam a organização estão integrados numa totalidade que
funciona bem.
A metodologia da pesquisa baseia-se nas seguintes categorias:
Arranjos organizacionais: como o desenho organizacional, políticas e
procedimentos, sistemas de informação, incentivos e recompensas e
estratégias de negócios. Factores sociais: como a cultura organizacional, o
clima existente, as normas e rituais, histórias e mitologia e o estilo de gestão.
Ambiente físico: como a organização utiliza o espaço físico, os arranjos físicos
dos escritórios e fábricas, as facilidades de produção, localização geográfica
de partes importantes da organização.
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Ambiente
Desenho Organizacional
Tecnologia
Tamanho e Ciclo de
Vida
Estratégia
Pessoas
Tecnologia: como a organização utiliza a tecnologia, a tecnologia da
informação, os processos organizacionais, equipamentos modernos e novas
configurações de trabalho.
Liderança: como os primeiros idealizadores da organização, as gerações
posteriores de líderes, o tipo de liderança exercido e os processos de escolha
dos líderes na organização.
Produtos e serviços: como foram os primeiros produtos e serviços, como
surgiram as ideias para desenvolvê-los, os insucessos em termos de produtos
ou serviços, como é que a organização resolveu tais problemas e o grau de
inovação na área.
Visão: como os valores essenciais, a missão e os objectivos visionários.
Como esses elementos surgiram e em que momento, qual o seu papel, como
foram fortalecidos ou enfraquecidos ao longo do tempo.
Análise financeira: como balanços, crescimento das vendas, fluxo de caixa e
capital de giro, índice de liquidez, dividendos e outros indicadores
económicos.
Mercados: como é o ambiente externo da organização, mudanças de
mercado, eventos nacionais e internacionais de impacto, regulamentações
governamentais e concorrência.
As organizações visionárias são aquelas que atingiram as pontuações mais
elevadas. Contudo, alguns aspectos da pesquisa são relevantes, como:
Continuidade de liderança: as organizações visionárias, como as demais
organizações de comparação, tiveram bons líderes nos anos iniciais da sua
evolução. A liderança não parece ser o diferencial que distingue a melhor e a
boa organização. O importante é a continuidade da liderança ao longo do
tempo, a escolha de dirigentes oriundos da casa, um forte desenvolvimento de
gestão através da formação interna e um bom planeamento sucessório.
Ideologia: as organizações visionárias têm, desde cedo, uma definição clara
de propósito em forma de ideologia ou credo que funciona como o guia das
decisões políticas por toda a sua vida, com consonância entre a ideologia e a
acção: as decisões estratégicas (produto, mercado ou investimento) e as
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 131 de 366Manual do Formando
decisões sobre o desenho organizacional (estrutura, políticas, sistemas de
incentivos) são consonantes com a missão.
Objectivos audaciosos: as organizações visionárias fixam objectivos ousados
e difíceis de serem alcançados para estimular o progresso num padrão
histórico repetitivo.
Devoção: as organizações visionárias procuram construir um profundo
sentimento de lealdade e dedicação dos empregados e influenciam o seu
comportamento para que seja consonante com a ideologia da organização. A
doutrina envolve programas de formação de conteúdo ideológico, utilização de
uma terminologia única, histórias de feitos heróicos e um senso de elitismo
nos empregados.
Evolução intencional: as organizações visionárias mostram que cresceram
através de um tipo de variação e selecção evolucionária, com ampla
autonomia operacional (entendimento dos funcionários de como assumir as
suas responsabilidades através de estruturas organizacionais
descentralizadas e trabalhos com total liberdade operacional), estimulando as
novas ideias, experiência, senso de oportunidade, falta de penalidades para
os erros, recompensas pelas inovações e novas direcções, iniciativa individual
e incentivos para as novas oportunidades.
Auto-melhoria: as organizações visionárias mostram uma consistência em
reinvestir ganhos para crescimento a longo prazo, investimentos em selecção,
formação e desenvolvimento de pessoal, adopção de novas tecnologias e
novos métodos de trabalho, constantes mudanças e melhorias internas.
As organizações visionárias desenvolvem "mecanismos de desconforto" para
impedir que fiquem confortáveis nos seus nichos e percam a disposição para
a melhoria. Esses critérios, para os autores, proporcionam padrões de
comparação que o leitor pode utilizar em relação à sua própria organização.
Eles parecem indicar a excelência na gestão e liderança organizacional e as
práticas organizacionais que deverão perdurar. Ao avaliar-se uma
organização com tais critérios, pode-se identificar as suas forças e fraquezas.
6.4. Quem determina o desenho organizacional?Quando se pretende criar ou modificar o desenho organizacional, surge a pergunta: quem deverá estar envolvido no assunto? E a resposta correcta é: todas as pessoas da organização. Para envolver-se nesse processo, é essencial que cada pessoa __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 132 de 366Manual do Formando
compreenda perfeitamente qual o seu papel no desenho do projecto organizacional.
A figura abaixo fornece uma visualização de quatro alternativas de envolvimento das pessoas nas decisões sobre estrutura organizacional.
As alternativas sobre o envolvimento das pessoas no projecto organizacional
Nas organizações mais conservadoras, apenas o director trabalha sozinho para desenhar e decidir qual a estrutura organizacional a ser adoptada. Antigamente, quem decidia o desenho organizacional era a cúpula da organização. Agora, cada vez mais, as organizações estão a criar equipas, task forces e grupos de solução de problemas para dar opiniões e ajudá-las a encontrar caminhos alternativos a fim de serem mais competitivas.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Mariano e a sua equipa começaram por delinear o novo desenho
organizacional da Argonauta e a maneira de fazê-lo funcionar na prática.
Porém, a equipa considerava que a implementação deveria ser uma
responsabilidade de todos os funcionários, e não apenas de alguns
membros da Argonauta. Haveria necessariamente a extinção de vários
níveis hierárquicos, demissão de gestores e funcionários e provavelmente a
terceirização de algumas actividades não essenciais da empresa, o que
implicava consciencialização ampla a respeito dos problemas e aceitação
do plano como condição para garantir a sobrevivência da empresa. Isto
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 133 de 366Manual do Formando
Autocracia
A alta administração impõe a estrutura organizacional que deseja, através de decisão unilateral
Participação
A alta administração obtém o apoio e envolvimento das pessoas para desenhar a estrutura organizacional através do consenso
1 2 3 4
Pessoas que apenas
fornecem dados sobre o seu
trabalho
Pessoas que fazem
recomendações à cúpula
Pessoas que discutem as propostas da
cúpula
Pessoas que tomam
decisões sobre a estrutura
organizacional
significava redução de custos administrativos e transformação de alguns
custos operacionais fixos em custos variáveis, alterando totalmente a
equação da rentabilidade da empresa.
6.5. Actividade central da empresa ou core business
Uma das mais fortes tendências na gestão moderna é a focalização e concentração no negócio essencial da organização (core business). Mas, o que é o negócio essencial? O negócio essencial representa o actividade central, a essência íntima, a vocação da organização, aquilo que ela sabe fazer melhor do que ninguém, a sua maior competência, a sua principal competência.
Actualmente, as organizações de sucesso separam todas as funções que não fazem parte do seu negócio essencial, como os serviços de processamento de dados, cobranças e entregas, segurança patrimonial, manutenção de máquinas e equipamentos, propaganda, relações públicas, assessoria contabilística e jurídica e outros sistemas.
GESTÃO MODERNA Walt Disney foi o criador do Rato Mickey. Após ter sido enganado por uma
empresa, decidiu que só trabalharia para si mesmo. Ele achava que uma criação
pode ser brilhante, mas torna-se inútil se não puder servir a muitas pessoas.
Disney continuaria a desenhar o seu ratinho de estimação, caso não tivesse a
energia para levá-lo em forma de desenho ao mundo todo. Ele começou com
desenhos animados. Hoje, a Walt Disney é uma organização totalmente voltada
para o entretenimento, operando em telefonia, televisão, cinema, produtos para o
consumidor e parques temáticos.
Na Flórida (Orlando), na Califórnia (Los Angeles) e na França (Paris), funcionam a
Disneyworld, a Disneyland e a EuroDisney integradamente com cadeias de hotéis,
viagens de cruzeiros, marketing, vendas e operações de viagens. A organização
conta com 60 mil funcionários e movimenta anualmente US$ 14 biliões. É a
pioneira em inovação: um produto novo a cada dois dias. E tudo começou com um
ratinho, ou melhor, com um sonho.
Os fundamentos da Disney são: "Tudo o que fazemos, realizamos para as
pessoas; e também porque isso nos dá muita satisfação". Os funcionários utilizam
uma expressão – pó de perlimpimpim: é a liderança invisível que rege a magia e o
espírito de 60 mil membros na alegria que criam diariamente. O estilo de gestão
da Disney é o "front of line is the bottom of line", ou seja, as pessoas da linha de
frente são ligadas directamente ao sucesso da última linha do balanço da
empresa. Todos os funcionários são encorajados e estimulados a agir em função
dos clientes – os chamados convidados. Não existe punição, existe formação. A
intenção é o principal. “Good show” é a linguagem de mérito, quando alguém faz __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 134 de 366Manual do Formando
um belo trabalho. E isso pode ser reconhecido por qualquer membro da equipa ou
por um cliente convidado. Cartões como o de "fanático por serviços ao cliente são
maneiras de estimular a acção e a identificação de atitudes dos funcionários para
servir ao cliente.
AVALIAÇÃO CRÍTICA
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A Qualidade faz as empresas recuarem em relação ao outsourcing
Depois da febre das terceirizações na indústria algumas empresas metalúrgicas
calcularam os custos, mediram a qualidade dos produtos e recuaram –
começaram a “desterceirizar" sectores da produção. A “desterceirização" é tema
de estudos de executivos de grandes empresas particularmente de fábricas de
montagem de veículos e indústrias que voltaram a contratar empregados ou
evitaram demissões de excedentes como Pirelli Cabos, Eluma, Scania e
Mercedes-Benz.
O objectivo dos estudos é evitar o que se convencionou chamar de “resserviço",
outra palavra criada no meio empresarial e que significa pagar por um produto ou
processo de produção e ter de refazer tudo, com mão-de-obra própria ou ter o
trabalho de devolver e cobrar uma nova remessa de componentes da empresa
que prestou o serviço.
A Pirelli Cabos com unidades em Santo André e Sorocaba (São Paulo-Brasil)
acabou por criar 140 vagas com o processo de “desterceirização” da manutenção
de máquinas. São vagas de electricistas e mecânicos, pois as máquinas estão
cada vez mais sofisticadas, com controlos que exigem um elevado nível de
especialização. Essa actividade não pode ficar nas mãos de empresas
prestadoras de serviços, propensas a promover a rotatividade dos cargos e
funções e investir pouco em formação. Um dia de paralisação das máquinas por
falha na manutenção, gera um enorme prejuízo. Em serviços gerais e menos
especializados, como limpeza a empresa vai manter os serviços terceiros.
Também a Eluma, fabricante de conexões artefactos laminados e tubos, de Santo
André (SP) decidiu investir em mão-de-obra própria para a manutenção das
máquinas, depois de vários anos de serviços de terceiros. No sector dos serviços,
como o financeiro, a experiência da terceirização tem sido bem sucedida. Os
problemas com a qualidade e os custos ocorrem em todo o mundo e muitas
empresas estão a informatizar-se para controlar as tarefas dos serviços
terceirizados ou subcontratados.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Com a aprovação de Mariano a equipa passou a fazer os preparativos para a
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mudança organizacional da Argonauta. O primeiro passo foi elaborar um
programa de formação para todo o pessoal, a fim de capacitar os funcionários
com as novas competências para a solução de problemas e tomada de decisão,
transmitir-lhes também novos conhecimentos sobre a empresa e prepará-los para
fazer parte integrante do cérebro da organização. Eles deveriam começar a
pensar no futuro da empresa e em como melhorar as suas operações no
quotidiano.
O segundo passo foi aproximar a base do topo da organização reduzindo os
níveis de gestão intermediários e eliminando as gerências e as chefias. O terceiro
passo foi desenvolver equipas coesas e integradas no lugar das secções e
sectores de produção, com líderes escolhidos temporariamente. O quarto passo
foi criar mecanismos de integração entre as equipas, para que os esforços
pudessem ser devidamente coordenados e harmonizados em direcção aos
objectivos organizacionais da empresa. O quinto passo foi estabelecer metas e
objectivos para as equipas e esquemas de incentivos e recompensas financeiras
pela superação das metas e objectivos. O sexto passo foi avaliar os resultados de
toda a mudança organizacional implementada.
CASO PARA DISCUSSÃO Quando Jan Carlzon assumiu a presidência da Scandinavian Airlines System (SAS) – uma conhecida empresa aérea com rotas pela Europa, América do Norte, Ásia e África – a empresa estava numa péssima situação. A sua primeira preocupação foi visitar outros dirigentes das maiores companhias aéreas do mundo para trocar informações. Desapontado, ele classificou-os em duas categorias: na primeira, estavam os dirigentes que só queriam falar sobre as aeronaves, as suas máquinas preferidas; na segunda, estavam aqueles que não queriam falar de aviões, mas sobre os negócios, mercados, clientes e sobre os seus funcionários como ferramentas para criar um bom serviço. Quando verificou o desempenho das empresas visitadas, percebeu que somente aquelas pertencentes à segunda categoria eram repetidamente lucrativas.
Carlzon estava em dúvida quanto à estratégia para tirar a SAS do endividamento e da rotina. O raciocínio era o seguinte: se todas as empresas concorrentes têm os mesmos aviões, utilizam os mesmos aeroportos, dispõem de balcões de vendas semelhantes e operam nas mesmas cidades e em horários quase iguais, como fazer da SAS a melhor de todas? Onde procurar o diferencial competitivo? Carlzon percebeu que o factor distintivo só poderia estar nas pessoas da sua organização. O que dificultaria os concorrentes de alcançar a SAS seriam os seus recursos humanos, as suas atitudes de gestão e o tratamento oferecido ao cliente. Com isso, ele identificou uma visão estratégica de
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serviços focalizada e consistente: as pessoas como a base da excelência empresarial e elevada qualidade no atendimento ao cliente.
O primeiro passo foi desenvolver um novo desenho organizacional para a companhia que projectasse essa nova estratégia competitiva. Isso significava que as pessoas deveriam ter prioridade sobre qualquer outro aspecto da organização. Carlzon criou uma equipa de gestores de alto nível e solicitou-lhe que planeassem a mudança, enquanto os outros gestores continuavam a gerir a companhia. A sugestão da equipa foi virar o organograma de cabeça para baixo: no topo, ficariam os funcionários que mantêm contacto directo com os clientes, tanto em terra como no ar. O presidente foi colocado na base do organograma, como o suporte que sustenta toda a companhia. Todo o pessoal de nível institucional e intermediário – incluindo o presidente assumiu a responsabilidade de "prestar serviços a todos aqueles que atendem directamente o cliente". Carlzon foi o maior defensor do projecto.
O organograma da SAS em 1991
A companhia foi dividida em vários centros de lucro, cujo tamanho variava de uma em-presa até uma rota aérea específica, em que o gestor era considerado um empreendedor, livre para decidir o horário e o número de voos entre as cidades,
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MERCADO
Sector de rotas Ásia e África
Sector de rotas
América
Sector de rotas
Europa
Sector de rotas
domésticas Dinamarca
Sector de rotas
doméstica Suécia
Sector de rotas
domésticas Noruega
Divisão Comercial
Finanças
Planeamento e Controlo
Vice-Presidente
Unidades de Staff
Presidente
SASDinamarca
SASDinamarca
SASDinamarca
RECURSOS
dependendo da aprovação dos governos envolvidos, podendo alugar aviões e alocar pessoal de voo de outras divisões. Isso provocou uma profunda reorganização do sector operacional em centros de lucro identificados por sectores geográficos de rotas, orientados em relação aos passageiros domésticos e internacionais. Os centros de lucro ampliaram a responsabilidade e a autoridade dos gestores operacionais da linha de frente e fizeram com que o desempenho de todos os funcionários da organização se caracterizasse pelo atendimento aos clientes internos da organização: o pessoal de atendimento aos clientes externos. A colaboração foi intensificada. O número de níveis hierárquicos foi fortemente diminuído para encurtar as linhas internas de comunicação e aproximar todo o pessoal. A figura abaixo mostra aproximadamente a filosofia básica do novo desenho organizacional da SAS:
O desenho organizacional da SAS
Com todo o redesenho organizacional na SAS, foi preciso muito tempo para que os funcionários absorvessem todas as mudanças. É que em vez de servir à organização, eles passaram a servir o cliente, tendo toda a organização como suporte e ferramenta para o seu trabalho, e não mais como controlo e fiscalização. Qualquer um pode dar a volta a uma organização, de cabeça para baixo no papel, mas isso deve ser mais do que um acto simbólico: deve vir acompanhado por outras mudanças na forma como os funcionários são organizados e motivados. Graças à tecno logia da informação , foi dada plena autonomia às pessoas, com liberdade de acção, metas e objectivos de desempenho, medidas de avaliação e recompensas monetárias para encorajar as soluções criativas. A SAS tornou-se numa empresa aérea de elevadíssimo padrão de serviços e de atendimento ao cliente, aumentando fortemente a sua competitividade no competitivo mercado aéreo mundial. Para Carlzon, as instruções somente podem ter sucesso quando os funcionários têm consciência das suas limitações, mas a informação fornece-lhes o conhecimento das suas oportunidades e possibilidades. Uma pessoa que não possui informação não pode assumir responsabilidades.
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Clientes e consumidoresBeneficiários finais dos esforços organizacionais
Nível operacionalO pessoal operacional trabalha directamente com o cliente, afectando a
sua satisfação
Nível intermediárioOs gestores ajudam o pessoal operacional a executar as tarefas e a
resolver problemas
Nível institucionalO Presidente e os Directores estabelecem os objectivos
globais e a Direcção geral da empresa
suporta
apoia
serve
Questões para debate:
1. Por onde é que Carlzon iniciou a mudança da SAS: na estratégia ou na estrutura? Explique o seu ponto de vista.
2. Na SAS, quais são os factores presentes que determinaram o novo desenho organizacional?
3. Já viu um organograma funcionar do avesso, tal como na SAS? Comente esse aspecto.
4. Comente a estratégia da SAS para vencer a concorrência.
5. Que outras providências foram tomadas no desenho organizacional da SAS?
6. Faça uma pesquisa e avalie a posição económica e de mercado da actual SAS e, se puder, avalie a opinião que os clientes têm da SAS.
6.6. Resumo do capítulo
As organizações precisam de um aparato vertical (a hierarquia) e de um aparato horizontal (as divisões ou departamentos) para poder funcionar. Na verdade, as organizações são organizações dentro de organizações e operam numa sociedade de organizações, daí a importância do desenho organizacional. As organizações são caracterizadas por dois mecanismos antagónicos: a diferenciação – que divide e fragmenta a organização em órgãos especializados e em níveis hierárquicos – e a integração – que coordena e reúne os componentes internos. Quanto maior a diferenciação, tanto maior a necessidade de mecanismos de integração para obter sinergia e globalismo.
Os desenhos organizacionais variam entre dois extremos: os desenhos mecanicistas típicos das organizações burocráticas e os desenhos orgânicos típicos das organizações adaptativas. Os primeiros funcionam como sistemas fechados e herméticos (como a burocracia da máquina, a burocracia profissionalizada e a burocracia divisionalizada), enquanto os segundos se baseiam na lógica dos sistemas abertos e interactivos (como as estruturas simples e as adhocracias). Os factores que afectam o desenho organizacional são: o ambiente (homogéneo ou heterogéneo, estático ou dinâmico), a estratégia (orientada para a estabilidade ou para o crescimento ou expansão), a tecnologia (produção em massa, em processo ou unitária, ou ainda, tecnologia sequencial, mediadora ou intensiva), o tamanho ou ciclo de vida da organização e as pessoas. A determinação do desenho organizacional deve envolver o maior número possível de membros da organização para obter apoio, consenso e comprometimento das pessoas. Por fim, o core business deve ser o principal foco de preocupação do desenho organizacional.
6.7. Exercícios1. Explique a diferenciação e a integração organizacional.2. Quais são os tipos de diferenciação e quais os mecanismos de integração?3. Defina o desenho organizacional e o seu continuum de opções. 4. Explique as organizações burocráticas e as disfunções do modelo.5. Defina os modelos mecanicistas e as formas de organização mecanicista. 6. Defina os modelos orgânicos e as organizações adaptativas.
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7. Explique os tipos de modelos orgânicos e suas características.8. Explique a influência do ambiente como factor do desenho organizacional.9. Explique os tipos de ambientes e os seus efeitos no desenho organizacional.10. Explique a influência da estratégia como factor do desenho organizacional. 11. Explique a influência da tecnologia como factor do desenho organizacional12. Como é que a tecnologia de produção em massa, de processo contínuo ou
produção unitária afectam o desenho organizacional? 13. Como é que a tecnologia sequencial, a mediadora e a intensiva afectam o
desenho organizacional?14. Explique como a tipologia de tecnologia e de produtos afecta o desenho de
uma organização. 15. Explique como é que o tamanho e o ciclo de vida afectam o desenho
organizacional16. Explique como é que as pessoas afectam o desenho organizacional.17. Quem é que determina o desenho organizacional?18. O que é que significa o core business?
GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEAdhocracia é o oposto de burocracia. É um modelo que enfatiza relações laterais e elimina o papel da hierarquia.
Burocracia é o nome dado à organização que adopta todas as dimensões do modelo burocrático.
Burocracia de máquina é o modelo utilizado em organizações cujos membros executam tarefas especializadas e padronizadas para atender a regras e procedimentos e acompanhar estratégias programadas.
Burocracia divisionalizada é o modelo que utiliza uma forma híbrida de departamentalização com unidades autónomas, funcionando abaixo de um guarda-chuva organizacional comum.
Burocracia profissionalizada é o modelo que utiliza órgãos de staff, dotados de profissionais formados que trabalham com relativa autonomia dentro das regras e procedimentos previamente estabelecidos.
Ciclo de vida representa os diferentes estágios de crescimento de uma organização ao longo do tempo.
Coordenação é o mesmo que integração
organizacional.
Corporação modular é uma estrutura simples que funciona como uma central envolvida por uma rede flexível de fornecedores, cujos módulos podem ser expandidos ou retraídos em resposta às mudanças ou necessidades.
Desenho mecanicista é uma forma burocrática de organização que opera com autoridade centralizada, divisão do trabalho, regras e procedimentos, amplitudes de gestão estreitas e meios formais de coordenação.
Desenho orgânico é uma forma adaptativa de organização que proporciona autoridade descentralizada, pouca divisão do trabalho, poucas regras e procedimentos, amplitudes de gestão amplas e meios pessoais de coordenação.
Desenho organizacional é a determinação da estrutura organizacional mais adequada ao ambiente, estratégia, tecnologia, pessoas e tamanho da organização.
Diferenciação organizacional é a divisão da organização em vários subsistemas, cada qual desempenhando uma tarefa específica para atender a um contexto ambiental.
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Disfunções da burocracia são anomalias ou consequências não previstas no funcionamento do modelo burocrático e que o tornam ineficiente.Estrutura simples ou estrutura poupada é um modelo que consiste de um ou poucos gestores de topo, alguns gestores intermediários e muitas pessoas não administrativas que executam o trabalho.
Formalização é a imposição de documentação escrita para dirigir e controlar a organização e os empregados.
Integração organizacional é o nível de coordenação alcançado entre os diversos subsistemas da organização.
Core business é a essência íntima do negócio, a vocação primária da organização.
Modelo burocrático é a forma de organização que se aproxima do máximo de aplicação das dimensões da burocracia.
Organização adaptativa é aquela que opera com um mínimo de características burocráticas e com culturas que encorajam a participação das pessoas e o empowerment.
Organização burocrática é aquela em que as dimensões do modelo burocrático estão presentes em elevado grau.
Papéis de ligação são os coordenadores formais indicados para interligar e coordenar as diversas subunidades da organização.
Poder é a capacidade de controlar acções e decisões de outras pessoas.
Produção em massa ou mecanizada é a produção feita em grande quantidade, em que as pessoas trabalham numa linha de montagem ou a operar máquinas que desempenham operações sobre o produto.
Produção em processo ou automatizada é a produção feita em processamento contínuo através de máquinas e equipamentos, em que poucas pessoas vigiam o processo total ou parcialmente automático.
Produção unitária ou oficina é a produção feita por unidades ou pequenas quantidades, cada produto a seu tempo, sendo modificado à medida que é feito.
Produto abstracto é aquele que não permite descrição precisa, nem identificação e especificação.
Produto concreto é aquele que pode ser descrito com grande precisão, identificado, medido e avaliado fisicamente.
Tamanho organizacional representa o volume de pessoas, recursos, arquitectura e operações de uma organização.
Tecnologia constitui a combinação de conhecimentos (know-how), equipamentos (hardware) e métodos de trabalho (software) utilizada para transformar matérias-primas em resultados organizacionais.
Tecnologia fixa é aquela cujas máquinas e equipamentos, conhecimentos técnicos ou matérias-primas envolvidas não permitem utilização na produção de outros produtos.
Tecnologia flexível é aquela que permite que as máquinas e equipamentos, os conhecimentos técnicos e as matérias-primas possam ser usados para produzir outros produtos.
Tecnologia intensiva é baseada na focalização de esforços conjuntos de muitas pessoas com competências especiais para atender às necessidades de cada cliente.
Tecnologia mediadora é baseada na intermediação entre partes para identificar um benefício mútuo de troca de valores, -geralmente um vendedor e um comprador.
Tecnologia sequencial é baseada na interdependência serial das tarefas necessárias para completar o produto.
Teoria da máquina é a denominação dada ao modelo burocrático devido à sua lógica de sistema fechado.
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6.8. Referências Bibliográficas
1. Edilson Coelho. "Faber-Castell factura US$140 milhões com lápis", O Estado de S. Paulo, Caderno de Economia, 1997.
2. Paul R. Lawrence & Jay W. Lorsch. “As empresas e o ambiente: diferenciação e integração administrativas”, 1972.
3. Carlos Salles. "Na contramão dos modismos", Exame, edição 629, 1997.4. Max Weber. “The theory of social and economic organization”, NY, Oxford
University Press, 1947.5. Idalberto Chiavenato. “Introdução à Teoria Geral da Gestão”, SP, Makron
Books, 1998,6. Tom Bums & George M. Stalker. “The management of innovation”, Londres,
Tavistock, 1961. 7. Henry Mintzberg, "The structuring of organizations", in Henry Mintzberg &
James Brian Quinn. “The strategy process: concepts, contexts, and cases”, Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996.
8. Rosabeth Moss Kanter. “The changing masters”, NY, Simon & Schuster, 1983.
9. James D. Thompson. “Dinâmica organizacional: fundamentos sociológicos da teoria administrativa”, SP, McGraw-Hill, 1976.
10. Danny Miller. "Configurations of strategy and structure: towards a synthesis", Strategic Management Journal, voI. 7, 1986.
11. Joan Woodward. “Industrial organizations: theory and practice”, Londres, Oxford University Press, 1965, e Joan Woodward, “Industrial organizations: behavior and control”, Londres, Oxford University Press, 1970.
12. James D. Thompson & Frederick L. Bates. “Technology, organization and administration”, Business and Public Administration School, Cornell University, 1969.
13. Peter M. Blau & Richard A. Schoennerr. “The structure of organizations”, Nova York, Basic Books, 1971.
14. Robert Tomasko. “Downsizing: reformulando e redimensionando a sua empresa para o futuro”, SP, Makron Books, 1992.
15. James C. Collins & Jerry I. Porras. “Built to last: successful habits of visionary companies”. Nova York, Harper Collins Publ., 1994.
16. Liliana Pinheiro. "Qualidade faz empresas recuar da terceirização", O Estado de S. Paulo, Caderno de Economia, 1997.
17. James L. Heskett; W. Earl Sasser, Jr. & Christopher W. L. Hart. “Service breakthroughs: changing the sules of the game”. Nova York, The Free Press, 1990.
7. DESENHO DEPARTAMENTAL
Objectivos de Aprendizagem
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
1 Definir o desenho organizacional e as suas características.
1 Definir a estrutura funcional, as suas vantagens e limitações.
1 Definir a estrutura divisional, as suas vantagens e limitações.1 Descrever a estrutura baseada em produtos/serviços, em área
geográfica, em clientes e em processos.
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1 Definir a estrutura matricial, as suas vantagens e limitações.1 Definir a estrutura baseada em equipas, as suas vantagens e
limitações.1 Definir a estrutura em redes, as suas vantagens e
limitações.1 Descrever as organizações híbridas e as organizações virtuais.
□ Desenho departamental□ Abordagem funcional□ Abordagem divisional□ Abordagem matricial□ Abordagem de equipas□ Abordagem de redes □ Organizações híbridas □ Organizações virtuais
CASO INTRODUTÓRIOA Gráfica Alpha
A Gráfica Alpha é uma empresa de porte médio que actua no ramo gráfico e produz artigos de papelaria (como envelopes e papéis de cartas), cadernos e cartões de visitas. A Gráfica Alpha tem uma equipa de vendas, um grupo de desenhadores e uma oficina gráfica. Vende para empresas de grande e pequeno porte e para pessoas dentro do país e tem alguns negócios de âmbito internacional. António Delgado, o director-geral da empresa, está a estudar qual o desenho departamental que deve adoptar para resolver os problemas operacionais internos e dinamizar os negócios da empresa.
7.1. Desenho departamentalA departamentalização constitui uma característica fundamental da estrutura organizacional. A departamentalização significa o agrupamento de actividades em unidades organizacionais e o agrupamento dessas unidades numa organização total. As unidades organizacionais constituem os subsistemas do sistema maior e são geralmente chamadas de departamentos, divisões, secções ou equipes.
A departamentalização é uma forma de utilizar a cadeia de comando a fim de agrupar pessoas para que executem juntas o seu trabalho. Existem cinco abordagens de desenho departamental.
As abordagens tradicionais são a departamentalização funcional, a divisional e a matricial, nas quais a cadeia de comando define agrupamentos departamentais e relações de subordinação ao longo da hierarquia. As duas abordagens contempo -
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O QUE VEREMOS ADIANTE
râneas são o uso de equipas e de redes e surgiram para atender às necessidades das organizações num ambiente global altamente competitivo. As cinco abordagens são:
Abordagem funcional: as pessoas são agrupadas em departamentos pelas competências similares e
actividades comuns de trabalho, como num departamento de contabilidade, compras, engenharia ou
finanças.
Abordagem divisional: os departamentos são agrupados em divisões separadas e auto-suficientes
baseadas num produto comum, projecto ou programa ou região geográfica. A departamentalização
divisional baseia-se em diferentes competências conjuntas e não em competências similares, como na
abordagem funcional.
Abordagem matricial: as cadeias de comando funcional e divisional são implementadas
simultaneamente e sobrepõem-se umas às outras nos mesmos departamentos. As pessoas subordinam-
se a dois chefes.
Abordagem de equipas: a organização cria equipas multifuncionais para cumprir tarefas específicas e
coordenar grandes departamentos.
Abordagem de redes: a organização torna-se num pequeno centro intermediário, conectado
electronicamente a outras organizações que desempenham funções vitais ao negócio. Os departamentos
são independentes para contratar serviços ao intermediário e podem estar situados em qualquer lugar do
mundo.
SUGESTÕES
Os Quatro Passos Tradicionais para Organizar
1. Divisão do trabalho e especialização. Dividir a carga total de
trabalho em tarefas que possam ser logicamente executadas por
indivíduos ou grupos.
2. Departamentalização. Combinar e agrupar as tarefas e pessoas de
maneira lógica e eficiente em unidades organizacionais.
3. Hierarquia. Especificar quem deve se subordinar a quem na
organização. Essa ligação de departamentos resulta na hierarquia
organizacional.
4. Coordenação. Estabelecer mecanismos para integrar as unidades
departamentais num todo coerente e monitorar a eficácia dessa
integração.
Cada abordagem departamental serve um propósito distinto para a organização. A diferença básica entre
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 145 de 366Manual do Formando
essas diferentes estruturas é a maneira como as actividades são agrupadas e a quem elas se
subordinam. Cada uma delas tem as suas vantagens e limitações, podendo ser uma boa alternativa em
algumas situações e uma péssima opção em outras.
7.2. Abordagem funcional
A departamentalização funcional é o agrupamento de actividades baseado no uso de competências, conhecimentos e recursos similares. Pode ser denominada estrutura funcional ou departamentalização pelo uso de recursos organizacionais. É o tipo mais comum de departamentalização.
Estrutura funcional de uma organização
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
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Presidente
Director Financeiro
Departamento financeiro
Departamento Contabilidade
Departamento Tesouraria
Director Produção
Departamento industrial
Departamento manutenção
Departamento qualidade
Departamento compras
Director Marketing
Departamento vendas
Departamento Propaganda
Departamento estudos
Departamento assistência
Director Pessoal
Departamento pessoal
Departamento selecção
Departamento salários
Departamento formação
Numa primeira visualização, António Delgado pensa em adoptar para a Gráfica
Alpha uma estrutura funcional com departamentos de vendas, desenho gráfico e
oficina gráfica. Nessa divisão do trabalho, cada departamento especializa-se
numa actividade específica e passa a cuidar de todos os produtos produzidos
pela empresa, tanto para as grandes e pequenas empresas nacionais e
estrangeiras, como para as pessoas.
Alternativa de estrutura funcional para a Gráfica Alpha
Vantagens da Estrutura Funcional
Excelente coordenação intra-departamental Especialidade técnica Baixos custos administrativos
Limitações da Estrutura Funcional
Visão de especialistas Limitação dos gestores Sub-objectivação Visão específica Especialização Falta de coordenação interdepartamental
Vantagens e limitações da estrutura funcionalVantagens Desvantagens
Uso eficiente dos recursos e economia de escala
Forte especialização de competências
Progresso na carreira a nível interno
Direcção e controlo pela cúpula
Boa coordenação intradepartamental
Boa solução de problemas técnicos
Comunicação precária entre os departamentos funcionais
Resposta lenta às mudanças externas
Decisões concentradas no topo
Responsabilidade parcial por problemas
Péssima coordenação interdepartamental
Visão limitada dos objectivos organizacionais
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 147 de 366Manual do Formando
Director Geral
Desenho Gráfico Vendas Oficina
Gráfica
7.3. Abordagem divisional
A abordagem divisional ocorre quando os departamentos são agrupados em divisões com base nos resultados organizacionais. Na estrutura divisional, cada divisão é criada como uma unidade autocontida e auto-suficiente para produzir um determinado produto ou serviço. Cada divisão possui todos os departamentos funcionais necessários para produzir o produto ou serviço ou parte dele.
Estrutura Funcional VS Estrutura Divisional
Nas grandes organizações com unidades de negócios separadas, a estrutura divisional é a preferida, pois as diferentes tarefas servem diferentes clientes ou utilizam diferentes tecnologias.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 148 de 366Manual do Formando
Presidente
Finanças ProduçãoMarketing e Vendas
Recursos Humanos
Estrutura Funcional
Presidente
Divisão A Divisão B Divisão C
Finanças
Produção
Marketing
Recursos Humanos
Finanças
Produção
Marketing
Recursos Humanos
Finanças
Produção
Marketing
Recursos Humanos
Estrutura Divisional
Exemplos de Estrutura Funcional e Divisional
A abordagem divisional apresenta algumas variações: ela pode ser feita por produ-tos ou serviços, clientes, área geográfica ou processos.
Estrutura Baseada em Produtos/ServiçosTrata-se de um tipo de abordagem divisional. Na departamentalização por produtos ou serviços, a organização forma divisões à volta dos seus produtos ou serviços. Cada divisão desempenha todas as funções necessárias ao seu produto ou serviço específico.
Vantagens e limitações da estrutura divisionalVantagens Limitações
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 149 de 366Manual do Formando
Estrutura Funcional(American Airlines)
Presidente
Vice-Presidente da
Administração
Vice-Presidente das relações com
empregados
Vice-Presidente dos assuntos
governamentais
Vice-Presidente das relações
internacionais
Vice-Presidente de
Operações
Vice-Presidente de
Comunicações Corporativas
Vice-Presidente de Finanças e Planeamento Orçamental
Vice-Presidente Dos Sistemas de
Informação e Comunicação
Vice-Presidente de Marketing e
Vendas
Estrutura Divisional(PepsiCo)
Presidente
Frito Lay
Pizza Hut Taco Bell North American
Van LinesWilson
Sporting Goods
DepartamentosDepartamentos Departamentos Departamentos Departamentos
Resposta rápida e flexível em ambientes instáveis e mutáveis
Preocupação com as necessidades do cliente
Excelente coordenação entre os vários departamentos funcionais da divisão
Atribuição de responsabilidade pelos problemas com produtos/serviços
Desenvolvimento de competências generalistas
Duplicação de recursos entre as divisões
Menor especialização e menor profundidade técnica nas divisões
Coordenação precária entre as várias divisões
Menor grau de controlo da cúpula
Competição pela obtenção dos recursos da organização
Fonte: Adaptado de Richard L. Daft, Management, The Dryden Press, 1994, p.306.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
António Delgado pensou também na hipótese de adoptar uma alternativa de departamentalização por produtos na Gráfica Alpha: uma estrutura composta de uma divisão de papelaria (envelopes e papéis de carta), uma de cadernos e outra de cartões de visita.
Alternativa de estrutura baseada em produtos/serviços para a Gráfica AlphaVANTAGENS DA ESTRUTURA BASEADA EM PRODUTOS/SERVIÇOS
Focalização no produto/serviço. A responsabilidade por cada produto/ serviço é totalmente atribuída ao nível de cada divisão. Se um cliente da Gráfica Alpha não está satisfeito com um pedido de cadernos, o gestor da divisão de cadernos é o responsável e não pode culpar o outro gestor.
Melhor qualidade e inovação. Ao se concentrar num único produto ou linha de produtos, cada divisão produz com melhor qualidade ou mais inovação do que um departamento multiprodutos. A divisão de cadernos da Alpha converge para o desenho, produção e venda de cadernos e faz isso melhor do que se tivesse de dividir esforços entre todos os produtos da empresa.
Espírito de equipa. O espírito de equipa desenvolve-se melhor em torno de cada linha de produtos e a competição entre as divisões pode impulsionar os negócios da empresa. As divisões de cadernos e de papelaria da Gráfica Alpha competem entre si para conseguir mais clientes, aumentar as vendas ou elevar a margem de lucro, tornando a empresa mais dinâmica e bem sucedida.
Gestão mais ampla. Cada gestor de divisão aprende a gerir várias funções com maior independência e amplitude para tomar decisões, tornando-se num bom candidato à Direcção geral. Na Gráfica Alpha, o gestor da divisão de cadernos pode assumir a gerência de vendas, de desenho gráfico ou da oficina gráfica, dominando totalmente o seu campo de actuação.
Autonomia. Cada divisão tem maior independência na tomada de decisões e pode responder melhor aos requisitos dos clientes. Na Alpha, se um cliente deseja um caderno de formato diferente, o gestor da divisão de cadernos pode decidir por si mesmo, sem ter de esperar pela aprovação de outros gestores.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 150 de 366Manual do Formando
Director Geral
Papelaria CadernosCartões de
Visita
LIMITAÇÕES DA ESTRUTURA BASEADA EM PRODUTOS/SERVIÇOS
Duplicação de recursos. Os recursos organizacionais não são partilhados. Cada divisão tem os seus recursos próprios e independentes, o que exige duplicação de recursos e de esforços, resultando em custos operacionais mais elevados. A Alpha precisa de três grupos de pessoal de vendas, três grupos de pessoal de desenho gráfico e três grupos de oficina gráfica – um grupo para cada linha de produtos.
Foco e limitação. As oportunidades de carreira são reduzidas quando a experiência profissional é limitada a uma única linha de produtos. Ao deixar a organização, os desenhadores da divisão de papelaria da Alpha terão o mercado de trabalho limitado a outras empresas gráficas.
Especialização no produto. Clientes que desejam múltiplos produtos e serviços precisam de recorrer a várias divisões da organização. Os clientes da Alpha que desejam diferentes produtos como cadernos, artigos de papelaria e cartões de visita têm de entrar em contacto com cada uma das três diferentes divisões.
Sub-objectivação. Cada divisão defende o seu próprio produto e os seus próprios objectivos divisionais. A empresa pode demorar em reconhecer quando um produto precisa de ser modificado, melhorado ou eliminado. O gestor da divisão de papelaria da Alpha pode forçar a empresa a manter inalterada a sua linha de produtos, mesmo que ela se mostre deficitária ou problemática.
Estrutura Baseada em ClientesTrata-se de uma outra variante da abordagem divisional. Na departamentalização por clientes, a organização estrutura-se em unidades ao redor das características dos seus clientes ou mercados.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
António Delgado pensou também na hipótese de adoptar uma alternativa de
departamentalização por clientes Gráfica Alpha. Cada divisão teria a sua própria
equipa de vendas, de desenho gráfico e de oficina gráfica para empresas nacionais,
estrangeiras e pessoas físicas.
Alternativa de estrutura baseada em clientes para a Gráfica Alpha
VANTAGENS DA ESTRUTURA BASEADA EM CLIENTES
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 151 de 366Manual do Formando
Director Geral
Clientes Empresas Nacionais
Clientes Pessoas Físicas
Clientes Empresas
Estrangeiras
Focalização no cliente. As necessidades específicas de cada tipo de cliente são melhor atendidas, pois a
organização está totalmente orientada para ele. No caso da Gráfica Alpha, o atendimento torna-se mais
personalizado para cada tipo de clientela.
Visão extrovertida. A focalização externa na clientela torna a organização mais atenta para as mudanças
das necessidades e preferências dos clientes, característica que não ocorre com a introversão da estrutura
funcional.
Feedback rápido. As decisões internas são rapidamente tomadas através do retorno proporcionado pelos
clientes. Uma linha deficitária de produtos é facilmente percebida graças a esse feedback.
LIMITAÇÕES DA ESTRUTURA BASEADA EM CLIENTES
Duplicação de recursos. Tal como na estrutura baseada em produtos, há duplicação de esforços e de
recursos para evitar a partilha de recursos entre as unidades, o que provoca custos operacionais mais
elevados.
Complexidade organizacional. Os sistemas internos precisam de ser organizados de diferentes
maneiras para servir os diferentes segmentos de clientes. Isso torna a organização mais complexa. A
Alpha precisa de adoptar diferentes sistemas ou inventários para os diferentes tipos de clientes, o que
dificulta a comparação de resultados entre os diferentes segmentos.
Estrutura Baseada em Área GeográficaTrata-se de outra variante da abordagem divisional. Na departamentalização por localização geográfica, a organização estrutura-se em unidades ao redor da localização de seus mercados ou clientes. A organização adapta-se à dimensão geográfica do mercado a ser coberto. O importante é servir e defender o mercado através da cobertura geográfica.
Vantagens da Estrutura Baseada em Área Geográfica Focalização no mercado territorial Visão extrovertida Feedback rápido
Limitações da Estrutura Baseada em Área Geográfica Duplicação de recursos Complexidade organizacional
Estrutura Baseada em ProcessosTrata-se de outra variante da abordagem divisional. Na departamentalização por processos, a organização estrutura-se em unidades ao longo da sequência de execução dos seus principais processos. A organização adapta-se ao processo organizacional que deve completar. O importante é desenvolver o processo da melhor maneira para obter aumento da eficiência, qualidade e redução de custos.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
António Delgado pensou também na hipótese de adoptar uma alternativa de
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departamentalização por processos na Gráfica Alpha.
Alternativa de estrutura baseada em processos para a Gráfica Alpha
VANTAGENS DA ESTRUTURA BASEADA EM PROCESSOS
Focalização no processo. A estrutura por processos segue o fluxo natural do trabalho dentro da
organização. A sequência do processo facilita o trabalho, desde o seu início até à sua finalização. Cada
unidade organizacional é uma etapa no desenvolvimento do trabalho. No caso da Alpha, o gestor de
vendas efectua todas as vendas e entrega-as ao desenho gráfico. Este, por sua vez, prepara todo o
trabalho e entrega-o à oficina gráfica. Torna-se fácil saber onde está o pedido de um cliente.
Cadeia de valor. Cada unidade tem um fornecedor e um cliente em cada uma das suas pontas. O
intercâmbio é horizontal, formando uma verdadeira cadeia de valor ao longo da organização, se houver
coordenação entre as unidades. Na Alpha, os vendedores conhecem os problemas dos desenhadores, e
estes, os problemas da oficina. Se cada um procurar melhorar o seu serviço para que a unidade seguinte
tenha o seu trabalho facilitado, o resultado será que o cliente, na ponta final, irá tornar-se no maior
beneficiário do sistema. Essa preocupação interna de prestar um serviço melhor para a unidade seguinte
traduz-se numa preocupação externa de prestar um serviço melhor ao cliente.
Custos operacionais baixos. Os custos operacionais são relativamente mais baixos, porque as pessoas
trabalham focalizadas no andamento do processo num conjunto de departamentos.
LIMITAÇÕES DA ESTRUTURA BASEADA EM PROCESSOS
Coordenação interdepartamental. Como na estrutura funcional, não há boa coordenação entre as
diferentes unidades organizacionais. A interdependência sequencial é a base desse sistema, mas a
coordenação e a comunicação entre os departamentos são precárias. Os conflitos podem surgir entre os
departamentos, se estes forem submetidos a pressões. Na Alpha, se o vendedor promete a entrega
antecipada de um pedido a um cliente, a oficina gráfica pode não cumprir.
Fragmentação. Cada departamento executa uma fracção do processo. Cada gestor tem autoridade
limitada e circunscrita para tomar decisões. Novamente, ocorre o mesmo problema da estrutura funcional:
o gestor de vendas da Alpha não tem condições de autorizar um pedido diferenciado e urgente sem antes
obter aprovação prévia dos gestores de desenho gráfico e da oficina gráfica.
Isolamento das unidades. Existe pouca comunicação e pouca cooperação entre as diversas unidades,
podendo haver dificuldade de desenvolver novas formas integradas de gerir o negócio. Se a Alpha tentar
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 153 de 366Manual do Formando
Director Geral
Grupo de Processos de Venda
Grupo de Processos
de Desenho
Grupo de Processos
de Produção
Fluxo do processo
uma nova tecnologia de computação, as unidades de desenho técnico e oficina gráfica podem resistir
isoladamente à mudança e fazê-la perder oportunidades no mercado.
Sub-objectivação. Cada departamento tem os seus diferentes objectivos e prioridades. A resolução de
conflitos entre os departamentos pode custar tempo e dinheiro à organização e provocar o distanciamento
dos interesses dos clientes. Novamente, ocorre a mesma limitação da estrutura funcional.
Indefinição da responsabilidade geral. A fragmentação dificulta a responsabilidade pelos resultados
globais. Cada departamento pode transferir a culpa dos erros para o outro, como ocorre na estrutura
funcional. Se o cliente reclama do produto da Alpha, o pessoal de vendas atribui ao desenho gráfico a
interpretação errada do pedido, este reclama que a oficina gráfica não compreendeu as especificações, e a
oficina gráfica desculpa-se por ter trabalhado às pressas para atender ao pedido. Ninguém assume a
culpa.
Especialização. Cada gestor é especialista numa parte do processo e não é capaz de lidar com o
processo inteiro. Torna-se difícil substituir o Director-geral, pois cada gestor de unidade tem experiência
específica numa etapa particular do processo. O gestor da oficina gráfica não tem conhecimentos de
desenho gráfico ou de vendas. Como na estrutura funcional, existem especialistas, e não generalistas.
GESTÃO MODERNA
Reengenharia
A reengenharia é uma técnica de mudança organizacional, drástica e dramática, que
procura substituir a focalização nas funções – a velha estrutura funcional e
hierárquica – pela focalização nos processos.
O segredo da reengenharia está em acentuar os processos organizacionais mais
importantes e que integram blocos de trabalho que a organização precisa de realizar
para atender ao cliente.
Um processo como o atendimento de pedidos envolve, na maioria das organizações
funcionais, vários departamentos funcionais como: vendas, facturação, armazém de
produtos acabados, expedição, transporte, cobrança, etc. Quase sempre esses
diferentes órgãos funcionais não se coordenam bem entre si, e perde-se muito tempo
quando um assunto precisa de transitar através deles. Para resolver o problema,
muitas organizações estão a formar gestores de processos, cujo trabalho é obter uma
integração maior das funções separadas, mas envolvidas no cumprimento de um
mesmo processo.
Geralmente, o gestor de processos trabalha com uma equipa multidisciplinar ou
interdisciplinar para cuidar de todo o processo. Se a equipa é responsável pelo
processo de desenvolvimento de novos produtos, ela deve incluir um cientista, um
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 154 de 366Manual do Formando
engenheiro, um elemento do sector de manufactura, um do sector de marketing, um
do sector de vendas, um agente de compras e um elemento da área financeira, para
representar todas as funções envolvidas no processo, de ponta a ponta. À medida
que se multiplicam as equipas de processo, o pessoal das unidades funcionais pode
passar menos tempo no seu próprio departamento e mais tempo como membro da
equipa, realizando projectos e trabalhando em conjunto.
Na departamentalização por processo, cada unidade trabalha numa fase específica
do processo. Cada processo exige vários departamentos. A diferença é que, na
reengenharia, cada processo é administrado de ponta a ponta por uma única equipa
autónoma e auto-suficiente, com utilização intensiva da tecnologia da informação. Daí
o seu carácter horizontalizado.
A reengenharia elimina as barreiras departamentais funcionais e coloca o
organograma tradicional de lado, transformando a organização funcional numa
organização focalizada nos seus principais processos.
As principais metas de mudança relacionadas com a reengenharia são:
1. Redireccionar a operação para melhorá-Ia.
2. Reduzir os custos:
a. de mão-de-obra;
b. da informação;
c. materiais e de suprimentos;
d. administrativos;
e. de capital.
3. Melhorar a qualidade.
4. Aumentar a receita.
5. Incrementar a orientação para o cliente.
6. Ajudar na aquisição ou fusão de empresas.
7.4. Abordagem Matricial
A abordagem matricial é a combinação de departamentalização funcional e divisional na mesma estrutura organizacional. É denominada organização em grade ou matriz e envolve cadeias de comando funcionais e divisionais simultaneamente na mesma parte da organização.
A matriz tem duas linhas de autoridade; cada unidade reporta-se a dois superiores e cada pessoa tem dois chefes: um para atender à orientação funcional (finanças, vendas, etc.) e outro para atender à orientação divisional (para o produto / serviço, cliente, localização geográfica, processo ou para o projecto
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 155 de 366Manual do Formando
específico que está a ser desenvolvido). A organização adapta-se simultaneamente às suas funções internas e aos produtos e serviços a serem realizados.
A estrutura funcional e a estrutura matricial
Com isso, a estrutura matricial funciona como uma tabela de dupla entrada – vertical e horizontal. A hierarquia funcional de autoridade situa-se na coluna vertical, enquanto a hierarquia divisional de autoridade situa-se na coluna horizontal.
O Inter-relacionamento entre órgãos funcionais e de produtos/projectos
Áreas Funcionais
Produtos
Gestor de
Produção
Gestor de
Vendas
Gestor de
Finanças
Gestor deRH
Gestor do Produto A
ProduçãoA
Vendas A
Finanças A
RHA
Gestor do Produto B
ProduçãoB
Vendas B
Finanças B
RHB
Gestor do Produto C
ProduçãoC
Vendas C
Finanças C
RHC
Gestor do Produto D
ProduçãoD
Vendas D
Finanças D
RHD
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 156 de 366Manual do Formando
Organização Divisional
Director
Produto A
Produto B
Produto C
Produto D
Director
Produção Vendas Finanças RH
Organização Funcional
Director
Produção Produto A
Vendas
Finanças
RH
Produto B
Produto C
Produto D
Órgãos Funcionais
Órgãos Divisionais
Organização Matricial
Vantagens da Estrutura Matricial
Maximização de vantagens e minimização de desvantagens Inovação e mudança Coordenação intensiva Cooperação Especialização com coordenação
Na realidade, a estrutura matricial é uma solução híbrida, uma espécie de um remendo na velha estrutura funcional a fim de torná-la mais ágil e mais flexível às mudanças.
Limitações da Estrutura Matricial
Confusão Conflito e tensão Disputa de recursos Antagonismos Necessidade de definições claras
Vantagens e limitações da estrutura matricialVantagens Limitações
Uso eficiente dos recursos e economia de escala
Forte especialização de competências
Progresso na gestão da carreira
Direcção e controlo pela cúpula
Boa coordenação intradepartamental
Boa solução de problemas técnicos
Comunicação precária entre os departamentos funcionais
Resposta lenta às mudanças externas
Decisões concentradas no topo
Responsabilidade parcial por problemas
Péssima coordenação interdepartamental
Visão limitada dos objectivos organizacionais
Fonte: Adaptado de Richard L. Daft, Management, The Dryden Press, 1994, p.312.
CASO DE APOIO
Um modelo eficiente de gestão
A Elida Gibbs é a Divisão de Produtos Pessoais da Gessy Lever. Para
acompanhar a bem-sucedida estrutura matricial da Unilever, a subsidiária
brasileira começou a investir desde 1994 numa transformação
organizacional para ficar mais atenta aos processos de inovação e mais
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 157 de 366Manual do Formando
voltada para a satisfação dos seus clientes e consumidores. A empresa
optou por um modelo de gestão por processos e uma estrutura matricial. O
líder do processo de recursos humanos, João Carlos Wiziack, relata que a
implantação do projecto contou com a participação de toda a gerência e a
liderança da divisão. "Começamos a organizarmo-nos por categorias e por
equipas multifuncionais, com uma visão dos processos-chave. Após uma
experiência de um ano", diz ele, "fizemos um workshop externo para
reposicionar a experiência e dar um novo passo".
O workshop foi precedido por uma pesquisa, através de entrevistas
individuais para ouvir várias opiniões, culminando com um seminário de
avaliação com três fases: diagnóstico, aprendizagem e redesenho. A organi-
zação hierárquico-funcional foi modificada para uma organização por
processos, em que os quatro processos-chave são:
1. Desenvolvimento de Marcas – Brand Development;
2. Gestão de Clientes – Customer Management;
3. Cadeia de Distribuição – Supply Chain;
4. Planeamento Estratégico de Negócios – Strategic Business
5. Planeamento
Os quatro processos-chave são constituídos de sub-processos. Existem
outros processos que são os impulsionadores desses quatro processos-chave
como:
Finanças
Recursos Humanos
Informação Tecnológica
Embora a organização privilegie os processos, o nosso negócio é dividido por
categorias (produtos), dentro de uma estrutura matricial. As categorias são
creme dental (oral care), cabelo (hair), desodorizante (personal wash) e
perfume e pele (skin). Cada categoria tem um líder. O negócio é gerido pelos
líderes de processo mais os líderes de categoria, que se reúnem num comité
liderado pelo director-geral. Cada líder de processo aglutina e lidera todas as
funções que se juntam para fazer o processo-chave. O líder de categoria
lidera a equipa da categoria que é formado pelos representantes dos
processos-chave. Cada categoria trabalha com metas (targets) específicas e
com estratégias claramente definidas e altamente sinérgicas entre si na
utilização dos recursos. O resultado final é a divisão Elida Gibbs – uma
unidade de negócios da Gessy Lever.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 158 de 366Manual do Formando
O Desenvolvimento de Marcas (Brand Development) é um processo-chave
com vários sub-processos. Um deles é a própria Gestão de Marcas, onde
existem gestores de produto que trabalham na inovação das marcas, pessoas
que trabalham com pesquisas, tecnologia, no atendimento e no entendimento
de consumidores, desenvolvimento de formulações, desenvolvimento de
produtos e embalagens, enfim – todas essas pessoas juntam-se a fim de
desenvolver as competências necessárias para o fortalecimento e inovação
das marcas. A inovação vai chegar ao consumidor convertida em marcas e
produtos e qualidade pela cadeia de distribuição e através do processo de
Gestão de Clientes.
No nosso modelo, diz ele, "este processo é o responsável pelo
desenvolvimento de operações, venda e entrega ao cliente. Complicado? O
que importa é que, hoje, as equipas fazem as suas tarefas com muito mais
velocidade, qualidade, participação e motivação. Aliás, motivação é um factor
altamente percebido, pois as pessoas sentem que «fazem acontecer»; que
gerem o negócio, procurando resultados. O processo de decisão está mais
nos comités, mais horizontalizado e mais discutido. Tudo é feito em equipas.
A Elida Gibbs ganhou muito e teve um enorme salto em termos de resultados.
A satisfação dos clientes aumentou. Agora, trabalhamos na melhoria desse
modelo para definir a disciplina estratégica, fazendo a monitorização dos
processos com entradas e saídas, medidas de desempenho claramente
estabelecidas para que possamos trabalhar com concentração e com
medição de resultados".
GESTÃO MODERNA
Terceirização ou Outsourcing
Terceirização ou outsourcing pode ser definida como a contratação de terceiros
para executar parte ou a totalidade de determinadas funções da organização.
Na realidade, trata-se de uma transferência de actividades de uma organização
para outra ou para pessoas que passam a ser fornecedores. Em muitos casos,
os funcionários são desligados e transformados em fornecedores externos
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 159 de 366Manual do Formando
através de formação e assistência técnica fornecidos pela organização,
substituindo-se os custos fixos por custos variáveis e efectuando-se
desinvestimentos em activo fixo.
São três as justificativas para o outsourcing. Em primeiro lugar; o argumento do
custo. As economias de escala permitem que as organizações sejam capazes
de fornecer determinadas actividades especializadas com custos unitários mais
baixos. Em segundo lugar; o argumento da qualidade. As organizações
fornecedoras de determinadas actividades especializadas podem fazê-lo da
melhor maneira. Uma organização que pretende realizar todas as coisas
diferentes ao mesmo tempo jamais conseguiria fazê-lo com a qualidade
adequada.
Em terceiro lugar; o argumento do “core business”. O “core business” de uma
organização representa as suas actividades essenciais e ligadas directamente
à sua missão e objectivos organizacionais. Muitas organizações preferem
concentrar-se exclusivamente no seu “core business”, transferindo para outras
organizações as actividades que não são centrais na empresa que estas
poderiam fazer melhor e a custos mais baixos. Isso significa «livrar a carga» da
supervisão e diminuir a amplitude das actividades organizacionais
diferenciadas, reduzindo o leque das múltiplas atenções do nível institucional e
permitindo à organização dedicar-se exclusivamente às suas actividades
essenciais.
Porém, o outsourcing pode trazer alguns riscos. A organização deixa de ter o
controlo que tinha sobre a actividade terceirizada e que antes era internalizada.
Ela fica à mercê dos fornecedores externos. O produto ou serviço produzido
internamente transforma-se em matéria-prima a ser adquirida no mercado
fornecedor.
Uma das primeiras estratégias da terceirização foi o contrato que a Eastman
Kodak fez com a IBM e com a Businessland para assumir algumas partes
fundamentais das suas operações de telecomunicações e computação. A
Chrysler sempre comprou porcas e parafusos de terceiros, mas actualmente
terceiriza a produção de motores dos seus carros e, em alguns casos, os carros
inteiros. A Dell produz computadores, mas é uma "empresa de parafusos", ou
seja, ela constrói computadores do mesmo modo como qualquer audiófilo
monta os seus sistemas de som: ela procura os melhores componentes pelos
melhores preços. Em alguns casos, as actividades de departamentos inteiros ou
de divisões completas são transferidas para terceiros que se tornam
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 160 de 366Manual do Formando
fornecedores, a fim de reduzir a especialização horizontal ou a dimensão lateral
da organização.
Trata-se, muitas vezes, de eliminar a dispersão e aumentar a concentração do
enfoque das actividades da organização. A divisão do trabalho é transferida
para além das fronteiras da organização. O segredo é avaliar e ponderar as
vantagens e os riscos decorrentes da terceirização/outsourcing.
7.5. Abordagem de Equipas
Uma das mais fortes tendências actuais da gestão tem sido o esforço de muitas organizações no sentido de implementar os conceitos de equipa. A cadeia vertical de comando sempre foi um poderoso meio de controlo, mas tem a inconveniência de transferir todas as decisões para cima, o que provoca demora e consequente concentração da responsabilidade no topo da hierarquia. Desde a década de 1990, as organizações vêm tentando encontrar meios de fazer o empowerment: delegar autoridade e transferir a responsabilidade para os níveis mais baixos através da criação de equipas participativas capazes de obter o compromisso dos trabalhadores. Essa abordagem torna as organizações mais flexíveis e ágeis no ambiente global e competitivo.
A abordagem de rede de equipas faz com que a principal característica da organização seja uma configuração predominantemente horizontal.
Nesse tipo de abordagem, existem dois tipos de equipas: multifuncionais e permanentes.
Equipas MultifuncionaisAs equipas multifuncionais, ou equipas cruzadas, consistem na existência de empregados de vários departamentos funcionais que são agrupados numa equipa para resolver problemas mútuos. Os membros geralmente subordinam-se aos seus departamentos funcionais e também reportam-se ao líder escolhido pela equipa, em duplicidade de comando. Organizações «hightech», como a Compaq Computer Corporation e a Quantum Corporation, são obcecadas em criar uma atmosfera de equipas, utilizando grupos cruzados e multifuncionais.
Equipas PermanentesAs equipas permanentes funcionam como um departamento formal dentro da organiza ção . Os empregados trabalham juntos no mesmo local e subordinam-se ao mesmo supervisor.
Em algumas organizações, como na Ford, as equipas permanentes existem desde o topo – onde são chamadas equipa do escritório do presidente – e dois ou três altos executivos trabalham como uma equipa. Nos níveis mais baixos, as equipas permanentes assemelham-se à abordagem divisional, com excepção das equipas menores. As equipas consistem em 20 a 30 membros, com todas as especialidades necessárias do grupo.
Características da Abordagem de EquipasTodas as formas tradicionais de organização – a abordagem funcional e a abordagem divisional – fundamentam-se sobre as funções principais, os produtos
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 161 de 366Manual do Formando
ou serviços, os clientes, os mercados regionais, respectivamente. Com excepção da estrutura por processos, todas as demais esquecem-se dos processos organizacionais necessários para produzir os produtos/ serviços e encaminhá-los aos clientes ou aos mercados. O que ocorre é que, ao longo do fluxo do trabalho, os processos são interrompidos para sair de uma unidade organizacional e entrar na outra, e assim por diante, até que cheguem ao cliente final ou ao mercado.
Em consequência, os processos são lentos, demorados, cheios de interrupções e esperas, mesmo que cada unidade separada ao longo do fluxo do trabalho faça o melhor possível.
A solução tem sido a adopção de equipas interdisciplinares em vez das tradicionais unidades organizacionais para, de um lado, flexibilizar a organização e torná-la maleável e, de outro, assumir integralmente cada processo organizacional de ponta a ponta e sem interrupções ou transferências.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
António Delgado passou a imaginar que os negócios da Gráfica Alpha assentam em
dois processos básicos: atender a pedidos de cadernos para o mercado nacional e
atender a pedidos de papelaria para as grandes empresas. Para organizar a Alpha
por processos de negócios, ela deve ter duas equipas, cada uma concentrada num
desses processos. Cada equipa reporta ao director-geral e é constituída por um líder
e por membros com competências em vendas, desenho gráfico e oficina gráfica, para
completar todo o processo. Cada equipa deve executar cada etapa do processo,
desde a recepção do pedido inicial até a expedição do pedido completo ao cliente.
Alternativa de estrutura baseada em equipas para a Gráfica Alpha
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 162 de 366Manual do Formando
Director Geral
Equipa 1
Cadernos para o mercado nacional
Equipa 2
Papelaria para as grandes empresas
A equipa 1 inclui o líder, o pessoal das vendas, desenho gráfico e a oficina
gráfica.
A equipa 2 inclui o líder, o pessoal das vendas, desenho gráfico e a oficina
gráfica.
Vantagens da Estrutura Baseada em Equipas
Focalização externa Comunicações directas Autogestão Auto-suficiência Agilidade Menores custos administrativos Envolvimento das pessoas
Limitações da Estrutura Baseada em Equipas
Necessidade de nova mentalidade das pessoas Necessidade de suporte de staff Dupla subordinação
7.6. Abordagem de Redes
O mais recente tipo de departamentalização recebe o nome de organização em "rede dinâmica". A estrutura em rede (network structure) significa que a organização desagrega as suas principais funções em empresas separadas que são interligadas por uma pequena organização central. Em vez de juntar as funções de produção, marketing, finanças, RH num mesmo tecto, esses serviços são proporcionados por organizações separadas que trabalham sob contrato e que são interligadas electronicamente ao escritório central.
As grandes organizações de alta tecnologia (high-tech), como IBM e Digital Equipment, que antes produziam internamente os seus produtos, agora contratam fornecedores em todo o mundo para isso.
Organização em Estrela
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Organizações Secundárias
Organizações Primárias
Empresa Nacional
Vantagens da Estrutura em Rede
Competitividade global Flexibilidade da força de trabalho Estrutura poupada
Limitações da Estrutura em Rede
Falta de controlo local Riscos de perdas Incerteza Fraca lealdade dos funcionários Necessidade de actualização do pessoal
Sugestões
A Coca-Cola
Não há quem não conheça o refrigerante Coca-Cola. Trata-se do mais popular produto de consumo do
mundo. Ele é encontrado em qualquer lugar do planeta, seja num bar de esquina de um bairro pobre da
periferia, seja na Sibéria, China, Nigéria ou Nepal. Para conseguir o prodígio de ser encontrado em
qualquer lugar do mundo, a ideia que vem à mente é a de que a Coca-Cola deve ter uma organização de
gigantescas proporções de âmbito mundial.
Puro engano! A Coca-Cola é uma empresa de proporções pequenas e simples e tem pouco mais de dois
níveis hierárquicos para operar. Ela é uma organização em rede (networking organization), com sede em
Atlanta, nos Estados Unidos. E aí vem a pergunta: quem produz, quem distribui e quem comercializa os
produtos da Coca-Cola no mundo todo?
Não é a Coca-Cola. São as empresas concessionárias locais que produzem e vendem os refrigerantes em
todas as partes do mundo. A Coca-Cola apenas cuida dos aspectos essenciais e estratégicos do negócio
(“core business”), deixando para as empresas locais e de capital próprio a produção, distribuição e
comercialização dos seus produtos na sua área de actuação. Uma intensa força de propaganda e
qualidade está presente no mundo todo para garantir a padronização, a cobertura e a excelência nos
serviços ao cliente através de uma formidável rede de concessionários – produtores e distribuidores –
espalhada por todos os cantos do mundo.
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EmpresaCoca-Cola
Rede de Concessionários
Qualidade
Assuntos Estratégicos
Marketing e Propaganda
Finanças e Contabilidade
Recursos Básicos
Produzem, distribuem e
vendem Coca-Cola
7.7. Organizações Híbridas
Nas grandes organizações, nem sempre é possível adoptar um único tipo de estrutura departamental para todos os níveis hierárquicos. Na realidade, as grandes organizações têm uma mistura de formas estruturais; elas são organizações híbridas, pois adoptam diferentes tipos de departamentalização: a funcional, divisional, matricial, etc. As grandes organizações quase sempre apresentam estruturas híbridas com um ou mais tipos de estrutura no nível institucional, outros no nível intermediário e outros ainda no nível operacional.
CASO DE APOIO
A General Motors Corporation
A General Motors (GM), a gigantesca organização americana, passou por uma
profunda reestruturação em 1993. A figura abaixo mostra como ficou um dos
segmentos do primeiro nível da maior corporação organizacional do mundo.
Parte do Organograma do nível institucional
da General Motors americana
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A actual estrutura da GM é híbrida e está parcialmente baseada
em:
Produtos (plataformas de camiões, plataformas de carros de passageiros,
locomotivas etc.) e
Mercados ou clientes (Estados Unidos,
Europa).
O grupo de marketing, vendas e serviços nos Estados Unidos, situado no segundo
nível hierárquico da corporação, passou a adoptar o seguinte organograma:
Parte do organograma do nível intermédio da General Motors americana
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Presidente
Plataformas de Camiões Estados Unidos
Plataformas de Carros Estados Unidos
Marketing, Vendas e Serviços – Estados Unidos
Grupo de Componentes Automóvel - Estados Unidos
Grupo de tracção ferroviáriaGM
Vice-Presidente Executivo
General MotorsEuropa
Operações de Marketing e Propaganda – América
do Norte
Rede de Concessionários e Política de Vendas
Marketing, Vendas e Serviços
E.U.A.
Divisão Buick
Divisão Cadillac
Divisão Pontiac
Divisão Chevrolet
Divisão Oldsmobile
GM do Canadá
Divisão de Camiões GM
Serviço de Operações Autopeças
Operações de Frota
Desenvolvimento de mercados consumidores
Rede de Concessionários I&D
Vendas e Exportação América do Norte
Grupo de Serviços de tecnologia e serviço de operações – América do
Norte
Nesse segundo nível, a organização é híbrida, com divisões baseadas em:
Produtos (como Buick, Cadillac, Pontiac, Chevrolet);
Serviços (serviço operações autopeças);
Funções (operações, marketing e propaganda, vendas e exportação);
Mercado (vendas e exportação América do Norte, GM do Canadá).
Em cada uma das suas unidades fabris e manufacturarias, a GM tem vindo a migrar
para uma estrutura por equipas. Actualmente, em fase de transição, os componentes
das equipas ainda guardam os seus antigos nomes funcionais, mas já trabalham com
o espírito de equipa. A ideia é fazer com que as equipas administrem tudo ou quase
tudo o que ocorre em cada fábrica da GM.
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A organização por equipas na fábrica da Delco-Remy da GM
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Computadores de área
Equipas de Suporte
Director da FábricaGestor de Pessoal
Director AdministrativoGestor de Compras
Engenheiro de ProduçãoSupervisores de:
ProduçãoManutenção
Controlo de Qualidade
Equipas Operacionais da
Fábrica
Cerca de 25 equipas. Cada uma com o seu
líder, porta-voz e membros
Equipas de Serviços Técnicos
Manutenção, expedição, pessoal,
laboratório, contabilidade.
7.8. Organizações Virtuais
Estamos na era da empresa virtual, do banco virtual, do escritório virtual, do dinheiro virtual e coisas do género. Com a moderna tecnologia, as dimensões de tempo e de espaço estão a tender respectivamente à instantaneidade e à virtualidade.
Virtual significa algo que é possível ou susceptível de se realizar, algo em potencial, existente apenas como faculdade. As organizações virtuais são chamadas de não territoriais ou não físicas pelo facto de dispensarem escritórios convencionais, prédios e instalações físicas. A organização virtual é extremamente simples, flexível e ágil e totalmente assenta da na tecnologia da informação . Ela não tem fronteiras definidas, e o seu campo de actuação pode ser alterado rápida e facilmente. É o caso da amazon.com, a maior livraria virtual do mundo.
GESTÃO MODERNA
As tendências organizacionais no mundo moderno
Cadeias de comando mais curtas: A cadeia de comando liga todas as
pessoas através dos níveis sucessivos de autoridade maior. A tendência
actual é de reduzir níveis hierárquicos intermediários. As estruturas achatadas
constituem uma vantagem competitiva por aproximar a base do topo e agilizar
a organização.
Menos unidade de comando: O princípio de que uma pessoa só pode
reportar-se a um único superior está a ser questionado. A tendência actual é
a de utilizar estruturas horizontais, equipas funcionais cruzadas e task forces
para aproximar o funcionário do cliente, seja ele interno ou externo.
Amplitudes de controlo mais amplas: Muitas organizações vêm adoptando
amplitudes largas, o que significa maior responsabilidade e autonomia às
pessoas, que passam a trabalhar com um mínimo de supervisão directa. As
amplitudes amplas facilitam a delegação e o empowerment.
Mais delegação e empowerment: um processo de distribuir e confiar o
trabalho a outras pessoas. Os gestores estão atribuindo mais recursos para
fortalecer as pessoas em todos os níveis a fim de que elas possam tomar as
decisões relativas ao seu trabalho.
Redução de componentes de staff: O staff especializado desempenha
serviços técnicos especializados ou proporciona assessoria na resolução de
problemas para os gestores de linha da organização. A tendência actual é de
redução do staff e de aumento da sua eficiência.
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Aumento substancial de equipas de trabalho. Os antigos departamentos
estão gradativamente a ceder lugar às equipas de trabalho, definitivas ou
transitórias. Essa aparente "desorganização" do trabalho indica uma direcção
para a mudança e inovação, agilidade e flexibilidade.
7.9. Resumo do CapítuloO desenho departamental refere-se à especialização horizontal da organização e ao seu desdobramento em unidades organizacionais, denominadas de departamentos ou divisões.
A departamentalização significa o agrupamento de actividades em unidades organizacionais e o agrupamento dessas unidades numa organização total. Existem cinco abordagens de departamentalização: funcional, divisional, matricial, de equipas e de redes.
A abordagem funcional é a mais utilizada e constitui o agrupamento de actividades baseado nas competências, conhecimentos e recursos similares. A abordagem divisional ocorre quando os departamentos são agrupados em divisões com base nos resultados organizacionais. Cada divisão é autónoma e auto-suficiente para produzir um determinado produto ou serviço. A abordagem divisional pode ter variações como: estrutura baseada em produtos/serviços, em localização geográfica, em clientela ou em processos.
A abordagem matricial é a combinação de departamentalização funcional e divisional na mesma estrutura organizacional. Funciona como uma grade ou matriz no sentido de promover a bipolaridade de actuação e de comando para proporcionar inovação e agilidade.
A aborda gem de equipas constitui uma maneira de fazer o empowerment, substituir os órgãos definitivos por equipas e promover a horizontalização da estrutura organizacional. Existem equipas multifuncionais e equipas permanentes.
A abordagem de redes significa que uma organização desagrega as suas principais funções em companhias separadas, que são interligadas por uma pequena organização central, funcionando como uma teia de organizações. Frente a tantas complexidades, as organizações geralmente utilizam esquemas híbridos com diferentes tipos de departamentalização. Mais recentemente, estão a surgir as organizações virtuais ou não físicas, que dispensam escritórios convencionais, graças à tecnologia da informação.
7.10.Exercícios
1. O que significa departamentalização?2. Explique a estrutura funcional e as suas características. 3. Quais as vantagens e limitações da estrutura funcional? 4. Explique a estrutura divisional e as suas características.5. Quais as vantagens e limitações da estrutura divisional?6. Explique a departamentalização por produtos/serviços.7. Explique a departamentalização por localização
geográfica.8. Explique a departamentalização por clientela.9. Explique a departamentalização por processos.
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10. Explique a estrutura matricial e as suas características.11. Quais as vantagens e limitações da estrutura matricial?12. Explique a estrutura em equipas e suas características.13. Quais as vantagens e limitações da estrutura em
equipas? 14. Explique a estrutura em rede e as suas características.15. Quais as vantagens e limitações da estrutura em rede?16. Explique as estruturas híbridas.17.O que são organizações virtuais?
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GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEAbordagem de equipas é a organização que cria equipas multifuncionais para cumprir tarefas específicas e coordenar grandes departamentos.
Abordagem de redes é a organização que se torna num pequeno centro intermediário, conectado electronicamente a outras organizações que desempenham funções vitais para o negócio.
Abordagem divisional é aquela em que os departamentos são agrupados em divisões separadas e auto-suficientes.
Abordagem funcional é aquela em que as actividades são agrupadas em departamentos pelas competências similares e tarefas comuns de trabalho.
Abordagem matricial é a organização baseada em cadeias simultâneas de comando funcional e divisional que se sobrepõem nos mesmos departamentos.
Autogestão é a tomada de decisões pelos próprios membros da equipa sem necessidade de envolvimento da hierarquia.
Cadeia de valor é o intercâmbio horizontal entre as unidades organizacionais ou pessoas que participam num processo como fornecedoras e clientes e que estão preocupadas em prestar um serviço melhor umas às outras.
Cliente, usuário ou consumidor é a pessoa ou organização que utiliza os produtos ou serviços para satisfazer as suas necessidades.
Cliente externo é a pessoa ou outra organização que utiliza o produto ou serviço oferecido por uma empresa.
Cliente interno é a pessoa ou unidade situada dentro da própria organização que utiliza o produto ou serviço oferecido por outra unidade.
Coordenação interdepartamental é a facilidade de contactos e comunicações entre diferentes departamentos.
Coordenação intradepartamental é a facilidade de contactos e comunicações dentro de um mesmo departamento.
Departamentalização é a constituição de departamentos ou divisões na organização.
Departamentalização baseada em localização geográfica é o mesmo que estrutura baseada em área geográfica.
Departamentalização funcional é o mesmo que abordagem funcional.
Departamentalização por clientela é o mesmo que estrutura baseada em clientes.
Departamentalização por processos é o mesmo que estrutura baseada em processos.
Departamentalização por produtos ou serviços é o mesmo que estrutura baseada em produtos ou serviços.
Desenho departamental significa o agrupamento de actividades em unidades organizacionais e o agrupamento dessas unidades numa organização total.
Dualidade de comando ocorre quando cada pessoa tem dois chefes diferentes.
Equipa autónoma é aquela que executa todas as fases de um processo com auto-suficiência e que não requer intervenção de outras unidades.
Equipa interdisciplinar é um grupo de pessoas de várias especialidades que trabalham juntas para resolver problemas comuns.
Equipa semi-autónoma é aquela que completa as fases de um processo, requerendo alguma intervenção periódica ou eventual de outras unidades.
Estrutura baseada em equipas é o mesmo que abordagem de equipas.
Estrutura baseada em produtos ou serviços é uma variação da abordagem divisional que se concentra nos produtos ou serviços da organização.
Estrutura funcional é o mesmo que abordagem funcional.
Estrutura matricial é o mesmo que abordagem matricial.
Estrutura organizacional é a maneira pela qual o trabalho é dividido dentro de uma organização. É representada pelo organograma.
Fornecedor é a pessoa ou organização que proporciona um produto ou serviço para que a organização possa operar.
Fornecedor externo é uma pessoa ou organização que proporciona um produto ou serviço para uma empresa.
Fornecedor interno é uma pessoa ou unidade organizacional que proporciona um produto ou serviço para uma outra pessoa ou unidade dentro da organização.
Hierarquia é o conjunto dos vários escalões administrativos que detêm a autoridade dentro da organização.
Organização horizontal é a organização de poucos níveis hierárquicos e que apresenta uma configuração achatada. É o nome dado geralmente à abordagem de equipas.
Organizações híbridas são aquelas que adoptam vários tipos de estrutura
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organizacional.
Poupança ou downsizing é o processo de redução de níveis organizacionais e descentralização do processo de decisão.
Processo é a transformação de um conjunto de entradas em saídas que satisfazem as necessidades e expectativas do cliente.
Recursos partilhados ocorrem quando duas ou mais diferentes unidades da organização dependem do mesmo recurso para poder trabalhar.
Rede de equipas é um conjunto integrado de várias equipas interligadas por redes de comunicação.
Reengenharia é uma técnica de mudança organizacional drástica que substitui a
focalização nas funções pela focalização nos processos organizacionais com a intervenção da tecnologia da informação.
Sub-objectivação ocorre quando cada departamento concentra-se exclusivamente nos seus próprios objectivos departamentais, omitindo os objectivos organizacionais globais.
Terceirização ou outsourcing é a contratação de terceiros para executar parte ou a totalidade de determinadas funções da organização.
Unidade estratégica de negócio (UEN) é uma variação da abordagem divisional.
Unidade organizacional é o nome dado a divisões, departamentos, secções que formam uma estrutura organizacional em função da divisão do trabalho organizacional.
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7.11. Referências Bibliográficas
1. Richard L. Daft. “Management”, Orlando, Fl., The Dryden Press, 1994.
2. Raymond E. Miles. "Adapting to technology and competition: a new industrial relation
system for the 21st Century", California Management Review, 1989.
3. Jay R. Galbraith. “Designing complex organizations”, Reading, Mass., Addison-Wesley,
1977.
4. John S. Oakland. “Total Quality Management”. Londres, Butterworth - Heinemann Ltd.,
1989.
5. Idalberto Chiavenato. “Manual de reengenharia: um guia para reinventar a sua
empresa com a ajuda das pessoas”, São Paulo, Makron Books, 1995.
6. Idalberto Chiavenato. “Os novos paradigmas: como as mudanças estão mexendo com
as empresas”, São Paulo, Atlas, 1998.
7. Lawton R. Burns. "Matrix management in hospitaIs: testing theories of matrix structure
and deveIopment", Administrative Science Quarterly, 34, 1989.
8. Joel Kotkin. "The 'smart-team' at Compaq Computer", INC, 1986.
9. Charles C. Snow; Raymond E. Miles & Hemy J. Coleman, Jr. "Managing 21st Century
network organizations", Organizational Dynamics, 20, 1992.
10. Raymond E. Miles & Charles C. Snow. "Organizations: new concepts for new forms",
California Management Review, 28, 1986.
11. G. Pascal Zachary. "High-tech firms find it's good to line up outside contractors", The
Wall Street Journal, 1992.
8. O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO
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Objectivos de Aprendizagem
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
28. Descrever o processo de decisão29. Definir a racionalidade e a racionalidade limitada das decisões30. Reconhecer o processo de decisão como uma percepção da realidade31. Descrever os ambientes de decisão que rodeiam o gestor32. Explicar o processo racional de tomada de decisões33. Distinguir entre decisões programadas e não programadas34. Melhorar o seu processo de tomada de decisões35. Identificar e localizar os problemas na organização36. Aplicar técnicas de solução de problemas
□ Conceito de decisão organizacional□ Racionalidade□ Elementos do processo de decisão□ O processo de decisão□ Ambientes de decisão□ Tipos de decisão organizacionais□ Os efeitos das decisões nas organizações□ A solução de problemas
CASO INTRODUTÓRIO
“F. Serpa Transportes”
Como qualquer empreendedor corajoso, Francisco Serpa sentiu um gosto amargo ao saber que o seu maior concorrente, a “Transporte Pesado Flecha Dourada”, encerrara subitamente. A empresa que Francisco tinha fundado, a “F. Serpa Transportes”, crescera rapidamente com o seu trabalho e lhe dera uma fortuna como compensação: um património de centenas de cami-ões, trailers, depósitos, áreas de estacionamento, oficinas mecânicas e uma infinidade de clientes. Mas a notícia a respeito do seu antigo rival mais parecia-lhe um pesadelo pela frente.Um dia após o encerramento da “Flecha Dourada”, a “F. Serpa” foi absolutamente inundada com pedidos de clientes do seu antigo concorrente. "Eles vieram até nós e pediram-nos que ficássemos com os seus serviços de transporte. Como somos decididos, aceitamos prontamente", alegava Francisco. Mas isso seria realmente bom para a “F. Serpa”? Francisco decidiu aceitar o desafio. Uma decisão corajosa, sem dúvida, baseada mais na oportunidade súbita do que na racionalidade.
Nas nossas vidas, a qualquer momento, tomámos decisões. A cada dia, desde a
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O QUE VEREMOS ADIANTE
hora em que o despertador toca de manhã até à hora de dormir, a nossa vida quotidiana é uma interminável sequência de decisões, muitas delas tomadas despercebidamente e nem sequer conscientes.
Ao conduzir o carro, por exemplo, as decisões sucedem-se: conduzir mais rapidamente ou devagar, avançar ao sinal amarelo ou parar o carro, usar a faixa da direita ou permanecer à esquerda, ultrapassar o carro da frente ou permanecer atrás dele. Em boa verdade, estamos sempre a tomar decisões sobre qual a roupa a vestir, qual o prato escolher, qual a bebida a beber, que tipo de cumprimento dirigir ao chefe, o que fazer de manhã, à tarde, à noite, etc. E isso nunca acaba!
Assim, a decisão é a escolha entre várias alternativas de acção.
Decisão envolve sempre opção e escolha.
Na realidade, a organização é um sistema de decisões em que cada pessoa participa consciente e racionalmente, escolhendo e decidindo entre alternativas mais ou menos racionais que se lhes apresentam, de acordo com a sua personalidade, motivações e atitudes.
SUGESTÕESVer a floresta e não as árvores
Os subordinados esperam sempre pelas melhores decisões e respostas por parte dos seus chefes e que estas decisões tragam alguma «luz ao fim do túnel». Quase sempre – apesar de todas as mudanças organizacionais e culturais já feitas – algumas das decisões mais importantes ficam concentradas nas mãos dos chefes e responsáveis departamentais. Nessa suprema hora de solidão do poder, o decisor deve procurar manter a clareza e a objectividade face às variáveis envolvidas, às opiniões discordantes, aos jogos de interesses, às pressões políticas, à premência do tempo, aos riscos envolvidos e todos os outros eventuais entraves que, muitas vezes, complicam o «meio-do-campo» e transformam o processo decisivo numa verdadeira batalha mental capaz de extenuar qualquer ser humano. O importante é “visualizar a floresta do alto e não cada árvore isoladamente”. A visão global e sistémica é a base fundamental para o processo de tomar decisões inteligentes e racionais.
O insight, isto é, a apreensão do todo, é o segredo de qualquer boa decisão.
8.1. Conceito de Decisão Organizacional
A gestão é a prática de configurar consciente e continuadamente as organizações. E a arte de tomar decisões é fundamental nessa prática. Tomar decisões é identificar e seleccionar um curso de acção para lidar com um problema específico ou extrair vantagens duma oportunidade. A tomada de decisão é o processo de escolher um curso de acção entre várias alternativas para se defrontar com um problema ou oportunidade.
Muitos autores fazem a distinção entre tomar decisões e resolver problemas. É que resolver problemas pode requerer mais do que uma decisão a tomar. E a tomada de decisões lida sempre com problemas. Problema é tudo aquilo que está fora do estabelecido e que bloqueia o alcance dos resultados esperados. Um problema surge quando um estado actual de assuntos difere do estado desejado ou quando
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ocorre algum desvio entre o que percebemos e as nossas expectativas.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Já sobrecarregada com os seus próprios negócios, a “F. Serpa” – uma empresa de transporte regional com vários terminais e depósitos, que cobre várias regiões do país – tentou acolher os clientes aflitos da rival mal sucedida para impedir que outra concorrente o fizesse. A tentativa trouxe uma enorme sobrecarga de trabalho e começou a apresentar uma série de problemas, deixando os clientes tradicionais em estado de fúria. A crise forçou a filial principal a adoptar medidas de emergência, pagando custos adicionais para alugar mais trailers. Como resultado, a empresa apresentou o primeiro resultado negativo desde que Francisco fundara a firma, em 1990. O número de clientes estava além da capacidade de operação da empresa.
8.2. Racionalidade
Decidir implica quase sempre uma certa racionalidade pessoal decisor. Racionalidade significa a capacidade de seleccionar os meios necessários para atingir os objectivos que se pretende; representa a adequação dos meios aos fins desejados.
O decisor escolhe uma alternativa entre várias outras: se ele escolhe os meios apropriados para alcançar um determinado fim, a sua decisão é considerada racional.
A racionalidade reside, portanto, na escolha dos meios (estratégia) mais apropriados para o alcance de determinados fins (objectivo), no sentido de obter os melhores resultados. Porém, as pessoas comportam-se racionalmente apenas em função daqueles aspectos da situação que conseguem perceber e ter conhecimento (cognição). Os restantes aspectos da situação que não são percebidos ou não são conhecidos pelas pessoas – embora existam na realidade – não interferem nas suas decisões. A esse fenómeno dá-se o nome de racionalidade limitada: as pessoas tomam decisões racionais (adequação dos meios-fins) apenas em relação aos aspectos da situação que conseguem perceber e interpretar.
8.3. Elementos do Processo de Decisão
O Processo decisivo é o caminho mental que o gestor utiliza para chegar a uma decisão. Em todas as decisões, existem certos elementos que sempre estão presentes. Com base nesses aspectos, podemos adoptar um modelo genérico e
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descritivo que explica o processo decisivo e que pode ser aplicável a todos os problemas dentro do domínio organizacional.
Os principais elementos presentes no processo decisivo são:
Estado da natureza Decisor Objectivos Preferências Situação Estratégia Resultado
O processo decisivo ocorre num determinado ambiente que o influencia profundamente. Todo o decisor está inserido numa determinada situação, pretende alcançar objectivos, tem preferências pessoais e segue estratégias (cursos de acção) para obter resultados. Com estes elementos, pode-se considerar um modelo genérico que mostre as relações entre eles.
8.4. O Processo de Decisão
O processo decisivo é complexo e desenvolve-se ao longo de seis etapas:1. Identificar a situação . Este primeiro estágio de investigação procura
mapear e identificar a situação, o problema ou a oportunidade.
2. Obter informação sobre a situação. Este segundo estágio, também de investigação, é a procura de informação sobre a situação, problema ou oportunidade.
3. Criar soluções ou cursos alternativos de acção. É o estágio para desenvolver alternativas de solução, sem contudo avaliá-las ou verificar a sua viabilidade. Quando as decisões são programadas, torna-se fácil criar alternativas.
4. Avaliar as alternativas e escolher a solução ou curso de acção preferido. Neste quarto estágio, as alternativas são avaliadas e comparadas, a fim de escolher a mais adequada à solução.
5. Transformar a solução ou curso de acção escolhido em acção efectiva. É o estágio para implementar a solução escolhida.
6. Avaliar os resultados obtidos. É o sexto e último estágio, durante o qual os resultados da solução são monitorizados e avaliados. Todas as acções para implementar uma decisão devem ser monitorizadas.
As seis etapas do processo decisivo
1 Qual é a essência do problema ou da oportunidade? Quais os sub-problemas ou aspectos da oportunidade? Veja a situação global e não apenas uma parte dela.
2 Procure factos e informações a respeito. Procure informação interna e externa. Envolva o cliente ou usuário.
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Identificar a Situação
Obter Informação
3 Desenvolva várias alternativas de solução. Use criatividade e inovação. Avalie a relação de custo/benefício de cada alternativa.
4 Avalie as alternativas geradas: custo, tempo, eficácia. Utilize escala de pontos para avaliar as alternativas. Escolha a alternativa mais adequada para a situação.
5 Implemente a solução escolhida. Pense no global e não apenas no detalhe. Seja prático para colocar a solução em acção.
6 Monitore o andamento das coisas. Verifique se o problema foi realmente resolvido. Avalie os resultados e as consequências.
Cada uma das etapas influencia as demais e todo o conjunto do processo. E nem sempre essas etapas são seguidas à risca na sua sequência. Se a pressão for muito forte para uma solução imediata, as etapas 2 e 3 podem ser abreviadas ou mesmo suprimidas. Quando não há muita pressão, algumas etapas podem ser ampliadas ou estendidas.
Na verdade, a tomada de decisão é um processo contínuo e ininterrupto e, sobretudo, um constante desafio para o gestor lidar com pessoas e com o tempo, no sentido de utilizar os recursos organizacionais de maneira eficiente e eficaz.
Árvore de decisões e respectivas probabilidades
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Níveis anteriores de exigência
Níveis anteriores de exigência
Níveis anteriores de exigência
Níveis anteriores de exigência
Níveis anteriores de exigência
Níveis anteriores de exigência
Níveis anteriores de exigência
Níveis anteriores de exigência
Níveis anteriores de exigência
Expandir a fábrica actual
Construir uma nova
fábrica
Não construir
Como aumentar os
lucros?
Probabilidade = 35%
Probabilidade = 25%
Probabilidade = 40%
15%
15%
15%
15%
35%
70%
70%
25%
40%
Avaliar os resultados
Criar soluções alternativas
Transformar a solução em acção
Avaliar e escolher a melhor alternativa
AVALIAÇÃO CRITICA
Erros espertos
A revista americana “Fast Company” publicou um artigo sobre os chamados erros
inteligentes.
São pequenos erros que não chegam a ser catastróficos, não tiram o emprego de
ninguém e não afectam negativamente os resultados de uma empresa. Prepare-se para
conviver com eles: numa era em que é preciso tomar decisões rápidas e dar respostas
imediatas a problemas novos, aumentaram as hipóteses da ocorrência de pequenos
erros no dia-a-dia dos negócios. Eles não chegam a ser exactamente um problema.
Para alguns especialistas citados pela revista, elas podem até ser consideradas como
um sinal de vitalidade de uma empresa. "Se não comete erros, então não assume
riscos, e isso significa que não vai a lugar nenhum", diz John W Holt Jr., um dos autores
do livro “Celebrate your mistakes”. "O segredo é cometer os erros mais rapidamente do
que os concorrentes, pois aí terá mais chances de aprender e vencer”. Melhor ainda:
aprender a errar cada vez menos.
Uma das piores ilusões é pretender construir uma empresa em que não ocorram erros
(ou em que eles sejam raros). O problema é que uma cultura desse tipo pode fazer com
que as pessoas se acostumem a escondê-los, fugir às responsabilidades em relação a
eles ou tentar transferi-las a outras pessoas. Elas perceberiam se soubessem que
pequenos erros podem transformar-se em grandes oportunidades de aprendizagem.
O artigo propõe seis exemplos de como consertar, evitar e aprender com alguns passos
em falso que costumam ocorrer no quotidiano organizacional.
1. Encobrir e acobertar é sempre pior do que o crime cometido . Não espere para
falar sobre um erro ao seu chefe. Quanto mais rapidamente, melhor; afinal, mais
cedo ou mais tarde, ele ficará a saber. Se for por intermédio de terceiros, pior
para si!
2. Se o erro for da sua equipa, também é um erro seu . Não aja como certos
treinadores de futebol que costumam dizer "eu ganhei, nós empatamos, eles (os
jogadores) perderam". Tentar esquivar-se pode causar má impressão aos seus
superiores, além de trair a confiança dos subalternos em si. Portanto, mesmo
que não tenha participado directamente, assuma a responsabilidade.
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3. Acompanhar o pós-venda é tão importante quanto acompanhar o
desenvolvimento de um produto. Se estiver atento, muitos erros poderão ser
corrigidos antes que outras pessoas os percebam. Se surgir algum problema no
primeiro lote de um produto recém lançado, por exemplo, e estiver atento,
poderá resolvê-lo rapidamente e evitar que ele chegue aos consumidores, onde
as reclamações são ouvidas por todos.
4. Aproveite o momento da verdade. É aquele instante em que o seu pessoal da
linha de frente (vendedores, recepcionistas etc.) têm de tomar decisões rápidas
e minimizar os efeitos do erro que prejudicou um cliente – a mala perdida num
voo, a mesa reservada no restaurante que não está disponível etc. Aja com
soluções rápidas e não com desculpas.
5. Vale a pena cometer erros. Errar é, às vezes, a melhor coisa que se pode fazer
face a situações extremamente delicadas. Fazer sempre a coisa certa pode ter
consequências imprevisíveis quando muitas susceptibilidades estão em jogo.
Uma «gafezinha» elegante pode ser mesmo a melhor saída.
6. “Seja rápido no gatilho” . Muita gente diz que tem falta de tempo para avaliar os
próprios erros. Na verdade, o segredo é conseguir perceber o erro assim que
ele for cometido. Com agilidade na percepção e na correcção, a aprendizagem
é também mais veloz e os efeitos, mais leves.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Foi uma loucura! Em questão de poucos dias, o volume de operações da “F. Serpa” aumentou em 25%. A empresa não estava preparada para isso. Os negócios extras trouxeram uma facturação adicional inesperada, mas Francisco percebeu logo que tinha ido além da conta. A sua decisão fora precipitada. Metade da frota tinha conseguido manter as suas expedições dentro da programação, mas, no Porto e Algarve, duas das cidades com terminais críticos, as expedições passaram a ser feitas à noite, para não atrasar ainda mais as entregas. Dizia Francisco: "Nós nunca havíamos experimentado nada igual antes: estávamos a vender as nossas almas ao trabalho! Francisco resolveu alugar cem trailers e decidiu trabalhar também com motoristas autónomos e tentar utilizar o transporte ferroviário em alguns percursos. Os empregados foram convocados a trabalhar em regime de horas extras até que a empresa pudesse admitir mais 70 trabalhadores
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para ajustar-se à nova situação. O pessoal do escritório, incluindo os executivos, ajudavam nas docas, enquanto os trabalhadores da estiva transformavam-se em motoristas.
8.5. Ambientes de DecisãoAo tomar decisões, o gestor deve ponderar e pesar alternativas, muitas das quais envolvem eventos futuros que são difíceis de prever, como o comportamento dos consumidores, a reacção dos concorrentes, as taxas de juros para os próximos anos, a confiança num novo fornecedor. O processo decisivo nas organizações ocorre geralmente dentro de três diferentes condições ou ambientes: certeza, risco e incerteza.
Ambiente de CertezaExiste quando a informação é suficiente para prever os resultados de cada alternativa de curso de acção. O gestor conhece o seu objectivo e tem informação mensurável e confiável sobre as consequências ou resultados das várias alternativas dos cursos de acção para resolver o problema.
Ambiente de RiscoO risco ocorre quando não se pode prever os resultados das alternativas com certeza, mas apenas com uma certa dose de probabilidade.
Ambiente de IncertezaSob condições de incerteza, conhece-se pouco a respeito das alternativas e dos seus resultados. A incerteza existe quando o decisor tem pouco ou nenhum conhecimento ou informação para utilizar como base para atribuir probabilidades a cada estado da natureza ou a cada evento futuro.
SUGESTÕES
Pode melhorar suas decisões?O melhor caminho para tomar boas decisões (aquelas que poderão conduzi-lo aos
seus objectivos) é adoptar uma série de cuidados como:
Ouça as pessoas ao redor. Se possível, crie um grupo ou equipa para ajudá-lo
nas diversas etapas do processo decisivo. Mais: se puder, delegue a esse grupo
ou equipa a incumbência de apresentar as alternativas. Mais ainda: se puder,
peça ao grupo ou equipa que apresente uma alternativa já escolhida. Se
conseguir esse intento, verá como as pessoas aceitarão plenamente as decisões
e lutarão para que elas funcionem.
Não tome decisões sozinho. Não seja autocrata. Se possível, tome decisões
consensuais. Isto significa que deve discutir as alternativas e chegar a um
consenso – uma decisão que satisfaça gregos e troianos – com as pessoas envol-
vidas na decisão. Se conseguir esse intento, as pessoas carregarão o fardo das
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suas decisões com mais satisfação, como se fossem decisões delas.
Foque os objectivos que deseja alcançar. Todo o processo decisivo é um
caminho para chegar a algum fim: resolver um problema ou aproveitar alguma
oportunidade. As decisões são boas ou más na medida em que alcançam ou não
os objectivos pretendidos. Na hora da decisão, veja primeiro onde quer chegar
para depois começar a conjecturar como deverá fazê-lo.
Não pense em definitivo. Poucas são as decisões irreversíveis ou definitivas se
souber monitorá-Ias e avaliá-Ias constante e continuamente. Tomada uma
decisão, ela faz parte de um processo que deve continuar na sua tarefa de
monitorização e terminar na sua avaliação em termos de alcance dos objectivos
pretendidos. Isso significa que toda decisão pode ser ajustada e reajustada
continuamente, à medida que as acções correspondentes sejam implementadas
na prática. O follow-up sistemático da decisão permite melhorá-Ia e ajustá-Ia
continuamente aos factos reais para a obtenção de melhores resultados. A
correcção e os ajustes sequenciais ajudam muito.
Use também a sua intuição. O sexto sentido (intuição/percepção) é algo
formidável quando se lida com eventos futuros ou com a realidade externa que
não podemos compreender na sua totalidade e complexidade. Muito do sucesso
dos grandes empreendedores foi resultado da sua intuição, quando todos os
factos demonstravam justamente o contrário. De vez em quando, é bom tomar
decisões singulares e totalmente não programadas, principalmente quando as
circunstâncias as solicitarem.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Algumas soluções propostas por Francisco geraram novos problemas. O embarque de mais mercadorias em cada expedição implicava a necessidade de trailers maiores para carregar e espaço livre nos camiões. Os contentores alugados requeriam manutenção diferenciada e eram mais largos do que o tipo que a empresa normalmente utilizava, aumentando o tempo necessário para o carregamento. A empresa levou cinco meses para superar tais obstáculos, mas a “F. Serpa” conseguiu seguir o seu rumo. Nesse ponto, Francisco afirmava que 97% das suas expedições já chegavam no tempo programado, com a ajuda de um computador central que fornecia uma análise diária da actividade de cada um dos 116 terminais
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da empresa. O lucro também foi restaurado. “Mas”, lembra Francisco, "quando aquela empresa fechou as suas portas, nós realmente tivemos um verdadeiro terramoto."
8.6. Tipos de Decisões Organizacionais
Diferentes problemas exigem diferentes tipos de decisão. Os assuntos rotineiros e quotidianos de menor importância, como entregas a clientes, devolução de mercadorias ou pagamentos de contas, são definidos através de um conjunto de procedimentos previamente estabelecidos: as chamadas decisões programadas. As decisões mais importantes, como a localização de uma nova fábrica, as características de um novo produto, uma estratégia organizacional diferente, requerem uma decisão não programada, ou seja, uma solução específica criada através de processos menos estruturados de tomada de decisão e de solução de problemas.
Resumindo, dentro das três condições ou ambientes, existem dois tipos básicos de decisão administrativa que são respectivamente aplicados para problemas rotineiros e não rotineiros: as decisões programadas e as não programadas.
Características das decisões programadas e das não programadas.
Decisões Programadas Decisões Não Programadas
Decisões em dados adequados
Baseadas em dados repetitivos
Tomadas em condições estáticas e imutáveis
Sob condições de previsibilidade
Baseadas na certeza
Podem ser computacionais
Baseadas em dados inadequados
Baseadas em dados únicos e novos
Tomadas em condições dinâmicas e mutáveis
Sob condições de imprevisibilidade
Baseadas na incerteza
Devem ser tomadas sob julgamento pessoal
Decisões ProgramadasSão as decisões rotineiras utilizadas para resolver problemas quotidianos e repetitivos que ocorrem regularmente e que podem receber respostas padronizadas. As respostas envolvem soluções oferecidas pela experiência passada e que excluem ou limitam alternativas.
Técnicas Tradicionais Técnicas Modernas__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 184 de 366Manual do Formando
Hábito e costume
Objectivos e sub-objectivos impostos às pessoas
Rotina burocráticas, como regras e procedimentos, padrões de operação
Estrutura organizacional rígida para definir os canais de comunicação
Programas de computador
Objectivos e sub-objectivos negociados com as pessoas
Análise matemática e modelos de simulação por computador
Desenvolvimento organizacional para desenvolver redes livres de comunicação
Fonte: Adaptado de Herbert A. Simon. “The shape of automation for men and managemen”t, NY, Harper & Row, 1964.
Decisões Não ProgramadasSão as decisões baseadas em julgamentos, novas e não repetitivas, tomadas para solucionar problemas não rotineiros ou excepcionais. Certas situações de crise ou de emergência requerem decisões não programadas.
Técnicas Tradicionais Técnicas Modernas
Julgamento, intuição e criatividade aplicadas a novas situações
Estrutura organizacional de recursos e órgãos, através da divisão do trabalho organizacional
Técnicas heurísticas de solução de problemas aplicadas a situações novas
Criação de redes capazes de lidar com tarefas novas e soluções inovadoras
As várias dimensões da tomada de decisão
Fonte: Adaptado de Fremont Kast & James Rosenzweig. “Organization and Management: a systems approach”, NY, McGraw-Hill, 1976.
HeurísticaA heurística é um método de perguntas e respostas para encontrar a solução de proble mas . Uma pesquisa feita por Tversky e Kahneman demonstrou que as pessoas adoptam certos princípios heurísticos para simplificar a sua tomada de decisões. Ambos
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Estável
Programados
Computacionais
Mutável
Não Programados
Baseadas em Julgamentos
Ambiente
Processos Gerais
Técnicas Específicas
salientam que as pessoas utilizam três regras heurísticas que servem de guias de conhecimento para pensar intuitivamente e tomar decisões:
Disponibilidade
Representatividade
Âncora e ajustamento
GESTÃO MODERNAA NIKE
Em 1993, Michael Jordan, a fulgurante estrela do basquete americano, que jogava no Chicago Bulls, decidiu abandonar as competições, após a morte súbita do pai. O presidente e fundador da Nike, Philip Knight, ficou preocupado com a decisão de Jordan, um jovem atleta com 30 anos de idade que contribuiu para o tremendo sucesso da sua empresa como «miúdo-propaganda» dos famosos ténis desportivos. Ele tinha as suas razões.
Quando fazia a sua tese de mestrado na Stanford University, em 1962, Knight teve a ideia de criar uma empresa para fabricar calçados desportivos. Em 1964, ele criou com um amigo a Blue Ribbon Sports, uma empresa de calçados atléticos. Naquele ano, Knight vendeu 1.300 pares de sapatos num carro improvisado pelas ruas, mas continuava como professor de contabilidade. Em 1969, ele decidiu devotar-se inteiramente à empresa e, em 1972, mudou o nome da companhia para NIKE, em homenagem à deusa mitológica da vitória. Entre 1972 e 1990, a NIKE viveu um intenso crescimento. As vendas em 1972 foram de US$ 2 milhões. Em 1982, chegaram a US$ 694 milhões, com um crescimento médio de 82% ao ano.
Por volta de 1985, a NIKE percebeu que poderia alcançar a posição de líder no mercado americano de calçados para atletismo e destronar a REEBOK do primeiro lugar. À medida que a NIKE fazia inovações, a REEBOK respondia com sapatos especializados. Foi então que surgiu o relacionamento entre Jordan e NIKE. Jordan era uma figura celebrada e trouxe a sua forte imagem para a NIKE, o que a ajudou na estratégia de focalizar produtos para o basquete.
Surgiu a linha "Air Jordan", intimamente relacionada com a estrela do basquete, com forte impacto promocional nas lojas e na televisão. Jordan mudou o jogo completamente – não do basquete, mas da competitividade da NIKE. Knight esperava vender cem mil pares da linha no primeiro ano. As vendas beiraram os quatro milhões de pares. "Foi a melhor coisa que aconteceu com a NIKE", diz Knight.
Para ressaltar a energia e vitalidade da empresa, foi criada a “Nike Town”, um conceito que incluía um museu de desportos, lojas e um parque de diversões, inicialmente em Chicago e, posteriormente, noutras cidades americanas. Isso fazia parte da criação de uma nova imagem da empresa para começar a diversificar as suas operações. A ideia era criar uma heurística que os atletas poderiam relacionar-se com a imagem e o logotipo da NIKE. Os gestores queriam que os consumidores escolhessem os produtos da NIKE com base na heurística: por razões de disponibilidade (“eu lembro-me das características da NIKE”), representatividade (“NIKE vende calçados, então provavelmente deve também vender meias e calções
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desportivos") e ancoramento (“eu tenho um bom par da NIKE”).
A decisão de Jordan de se afastar do negócio e do desporto afectará fatalmente o desempenho da NIKE.
8.7. Tipos Básicos de Decisão
Thompson preocupou-se em estabelecer os tipos básicos de decisão, oferecendo um modelo baseado na interacção de duas variáveis básicas: as crenças a respeito das relações de causa-efeito e as preferências sobre possíveis resultados para mostrar os tipos de decisão. Os gestores podem concordar ou discordar tanto sobre as possíveis relações de causalidade como também sobre as preferências a respeito de possíveis resultados a serem alcançados. Daí as quatro células de possíveis situações de tomada de decisão para os gestores. A figura abaixo permite uma visão sintética desses tipos básicos de decisão.
Os quatro tipos de decisão podem ser assim descritos:
Computação Julgamento Compromisso Inspiração
Os Tipos Básicos de Decisão
Fonte: Adaptado de James D. Thompson. “Dinâmica organizacional: fundamentos sociológicos da teoria administrativa”, SP, McGraw-Hill, 1976.
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Computação Compromisso
Julgamento Inspiração
1 2
3 4
Certas(Concordância)
Incertas(Discordância)
Incertas(Discordância)
Certas(Concordância)
Preferências sobre Possíveis Resultados
Crenças sobre Relações de Causa-Efeito
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Empresários como Francisco Serpa, o director-geral da “F. Serpa Transportes”, precisam de saber como o foco dos seus objectivos organizacionais pode ser ampliado sem causar efeitos colaterais ou problemas organizacionais sérios. Com a lição, Francisco Serpa aprendeu a ter uma ideia mais ampla de como utilizar os seus objectivos mais adequadamente com vista a dirigir a sua organização rumo ao suceso.
VALIAÇÃO CRÍTICAQuantas listas tem uma zebra?
Quando precisava de contratar engenheiros, Thomas Edison, o inventor da lâmpada eléctrica e de outras 1.092 engenhocas, costumava fazer todas as perguntas de praxe do final do século XIX, incluindo experiência anterior, capacidade técnica, histórico familiar, etc. Depois, ele entregava ao candidato o bolbo de uma lâmpada e perguntava quanta água cabia ali dentro. Geralmente, o engenheiro analisava e media os ângulos do bolbo, ajustava equações de área, descontava a espessura estimada do vidro, projectava o volume e pronto. Em pouco mais de meia hora, lá estava o sujeito, com ar vitorioso, estendendo na mão firme um pedaço de papel com a resposta tão acurada quanto possível para uma questão daquela natureza. Edison agradecia e indicava-lhe o caminho da rua. Outros candidatos, ao depararem-se com aquela estranha pergunta, pediam licença, pegavam no bolbo, enchiam-no de água e depois despejavam o líquido num copo graduado. Com uma certa insegurança em relação ao método utilizado e à sanidade mental do entrevistador, davam a resposta em menos de um minuto. Eram imediatamente contratados.
O que Edison queria dos seus empregados, além das qualificações técnicas essenciais, era bom senso. Da mesma forma, as organizações querem pessoas que pensem rápido e saibam pesar os vários aspectos de uma questão, priorizar os mais importantes, apontar os caminhos para uma possível solução, comunicar-se com clareza. Enfim, elas querem pessoas de raciocínio rápido e capazes de aplicar o bom senso em todas as situações.
Por isso, não se assuste se durante uma entrevista defrontar-se com uma pergunta aparentemente absurda como: "Qual a área das listas negras de uma zebra?" ou "Quantos barbeiros existem em Roma?" São perguntas para as quais não adianta recorrer à memória: nem o veterinário do jardim zoológico lisboeta sabe quantas listas tem uma zebra e nem o sindicato de barbeiros e cabeleireiros masculinos consegue dizer quantos salões há na cidade italiana. Mas não importa. São números que não têm a menor utilidade para o entrevistador. O que ele quer saber é como encaminha o seu raciocínio face a um obstáculo.
No caso citado, ele quer que estime a população de São Paulo-Brasil (uns dez milhões de habitantes), separe a parte masculina (uns cinco milhões), imagine quantas vezes cada cidadão corta o cabelo por ano (cerca de seis), calcule quantos cortes/ano são feitos em São Paulo (30 milhões, portanto), estime quantos cortes um barbeiro faz em média (algo como dez por dia, digamos, ou 250 por mês, ou três mil por ano) e
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finalmente divida o número de cortes pela capacidade de cada profis-sional. E aí está: assumindo uma série de hipóteses razoáveis, chegou a uma resposta – São Paulo deve ter por volta de dez mil barbeiros. Há outros métodos. Pode saber que todos os barbeiros da cidade do seu cunhado, que tem dez mil habitantes, uniram-se para fazer uma equipa de futebol de salão. Ora, se lá há sete barbeiros, São Paulo, mil vezes maior, deve ter sete mil. O número é diferente? Não importa, a resposta é tão válida quanto a outra.A táctica é possuir o raciocínio que envolve uma certa lógica e um alto grau de flexibilidade na abstracção e na sua aplicação. É preciso criar modelos, fazer suposições. A modelagem para tudo isso é o bom senso. Sem essa modelagem, não adianta ter tácticas. É disso que as organizações precisam: não apenas preencher vagas mas encontrar pessoas versáteis, capazes de adicionar valor à empresa.
8.8. Os Efeitos das Decisões nas OrganizaçõesA Teoria Clássica da gestão sustentava que as organizações, ao procurarem alcançar racionalmente os seus objectivos, procuravam indefinidamente um comportamento racional óptimo, ou seja, o melhor padrão possível de organização, só parando quando o conseguiam.
Contudo, hoje verifica-se que as organizações não dispõem de tempo nem recursos para isso. Procuram uma solução satisfatória e não uma solução óptima: o comportamento de procura cessará quando a organização encontrar um padrão considerado aceitável ou razoavelmente bom. Quando a realização da organização cair abaixo desse nível, uma nova procura de soluções será tentada.
O planeamento consiste na tomada antecipada de decisões sobre o que fazer antes que a acção seja necessária. É basicamente um sistema aberto e dinâmico de decisões: o nível institucional encarrega-se das decisões baseadas em compromisso e em inspiração, preferencialmente.
8.9. A Solução de Problemas
A necessidade de decisão ocorre quando surge um problema que exige uma escolha ou uma mudança. O processo de localizar e perceber problemas nem sempre é muito racional. Pelo contrário, muitas vezes, é um processo informal e intuitivo. Outras vezes, é meramente casuístico, funcionando quando o pior acontece. Além disso, os gestores diferem profundamente em relação àquilo que cada um considera um problema e à capacidade de lidar pessoalmente com ele. Alguns gestores utilizam o chamado método inquisitório e dialéctico, um método de análise em que o decisor determina e nega os seus pontos de vista e então cria uma "contra-solução" baseada na negação dos seus pontos de vista – uma espécie de advogado do diabo que passa a contestar todas as coisas.
Na verdade, o gestor determina possíveis soluções e pontos de vista que são base-ados no oposto de todos os seus pontos de vista normais e, a partir daí, desenvolve soluções invertidas ou negativas. Esse processo de antagonismos permite gerar alternativas de solução úteis e identificar oportunidades ocultas. A formação e a experiência de cada gestor influencia aquilo que ele vê e percebe como problemas ou oportunidades.
8.10. Localização de ProblemasMuitas vezes, o gestor desatento precisa de ser alertado para a existência de __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 189 de 366Manual do Formando
problemas. Existem quatro situações que alertam o gestor para a existência de possíveis problemas:
Um desvio da experiência passada Um desvio de um conjunto de planos Problemas trazidos por outras pessoas O desempenho dos concorrentes
8.11. Técnicas de Solução de ProblemasO processo de solução de problemas é no fundo um processo de tomada de decisões, pois segue aproximadamente as mesmas etapas da decisão. Existe uma variedade de técnicas para solucionar problemas. As técnicas mais importantes são:
1. O Método CartesianoO filósofo Platão utilizava o método dialéctico e socrático, denominado maiêutica, para formular perguntas e obter respostas sobre problemas. As suas perguntas eram essencialmente:
O quê? Porquê? Como? Quando? Quem? Onde?
Em 1637, o filósofo René Descartes publicou um livro, O discurso do método, apresentando uma metodologia sistemática para a solução de problemas. O método cartesiano assenta em quatro princípios:
Princípio da dúvida sistemática Princípio da análise Princípio da síntese Princípio da enumeração
2. BrainstormingA técnica da tempestade cerebral traz-nos à memória chuvas e trovoadas (ideias e sugestões) seguidas da bonança (solução). É uma técnica utilizada para gerar ideias criativas ou inovadoras que possam resolver problemas da organização. Os participantes são estimulados a produzir, sem qualquer crítica ou censura, o maior número de ideias sobre determinado assunto ou problema.
Embora elimine totalmente qualquer tipo de regra, o brainstorming assenta nos seguintes aspectos:
1. É proibida a crítica de qualquer pessoa sobre as ideias alheias. 2. Deve ser encorajada a livre criação de ideias.3. Quanto mais ideias, melhor.4. Devem ser encorajadas a combinação ou a modificação de ideias
3. Técnica de Análise do Campo de ForçasKurt Lewin definiu o conceito de que em toda situação há um campo dinâmico de forças e que é afectada por dois grandes conjuntos de forças: de um lado, as forças positivas que tendem a impulsionar para a mudança e, de outro lado, as forças negativas que tendem a manter a permanência da situação actual. Quando as forças positivas são maiores do que as forças negativas, a situação tende a sofrer mudanças. Mas se as forças negativas são mais fortes, a tendência é a manutenção __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 190 de 366Manual do Formando
do “status quo”. Muitas vezes, a situação pode envolver algum problema. Se as forças positivas de mudança predominam, o problema tende a ser resolvido e eliminado. E se prevalecem as forças negativas e antagónicas, o problema será mantido e fortalecido. Assim, toma-se necessário eliminar as forças negativas do sistema, ao mesmo tempo que se agregam forças positivas para remover o problema.
4. Princípio de ParetoO Princípio de Pareto parte de uma representação gráfica feita através do histograma, um diagrama de barras verticais para chamar a atenção sobre os problemas mais importantes e prioritários que estão localizados nas barras mais altas, deixando as barras mais baixas para uma constatação posterior. O Princípio de Pareto é um meio de comparação que permite analisar grupos de dados ou de problemas e verificar onde estão os mais importantes e prioritários.
5. Gráfico de IshikawaTambém conhecido como diagrama de espinha de peixe ou diagrama de causa e efeito, o gráfico de Kaoru Ishikawa procura, a partir dos efeitos (sintomas dos problemas), identificar todas as possibilidades de causas que provocam esses efeitos. Trata-se de um gráfico que sugere um deslocamento da esquerda para a direita, isto é, das causas iniciais para os seus efeitos finais. Assim, os problemas são colocados no lado direito do gráfico, onde estaria situada a cabeça do peixe, enquanto suas causas são dispostas no lado esquerdo.
O diagrama de espinha de peixe
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Métodos: quais são os procedimentos, os métodos, as maneiras de executar cada trabalho.
Mão-de-obra: quais os conhecimentos e competências necessários para o bom desempenho das pessoas.
Materiais: quais os tipos de materiais e disponibilidades para utilização no pro-cesso.
Máquinas: quais as condições e capacidade das instalações e recursos físicos.
Na parte operacional das áreas administrativas são utilizadas quatro grandes categorias, os 4P: políticas, procedimentos, pessoal e planta (layout). Essas quatro categorias são analisadas de maneira livre e criativa pelas pessoas
O Diagrama de espinha de peixe e a localização dos problemas
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Método Mão-de-Obra
Material Máquinas
Qualidade
CASO PARA DISCUSSÃOA BOIENG criou o seu próprio pesadelo
A Boeing é a maior fabricante de aviões comerciais do mundo e uma das mais admiradas companhias áreas americanas. Como o sector aeroespacial apresenta turbulências de altas e baixas bastante frequentes, a empresa resolveu efectuar, em 1994, uma grande reestruturação no seu processo de produção, apelando para a reengenharia para proporcionar resultados no longo prazo. Como estava em ciclo de baixa, a Boeing cortou o número de fornecedores, demitiu milhares de trabalhadores e reduziu de 18 para 10 meses o período entre a encomenda e a entrega de um avião. Quando viesse o próximo ciclo de alta, a empresa achava que estaria preparada para funcionar prontamente e sem grandes problemas. Na verdade, a Boeing, naquele momento, confiava tanto na sua competência para evitar os erros do passado que chegou a baixar os preços para incentivar as companhias aéreas a assinar contratos de compra de longo prazo.
Erros do PassadoNo final da década de 80, durante o “boom” anterior na encomenda de aviões, a Boeing não havia sido capaz de cumprir as suas ambiciosas metas de produção. Os resultados foram onerosos atrasos na entrega e muita confusão na linha de montagem. Agora, está cada vez mais claro que o actual plano da Boeing de evitar erros como esses não está a ir conforme o esperado. Algumas estratégias parecem servir para aumentar ainda mais os seus problemas de produção.
Na origem do último conjunto de problemas está uma boa notícia: a explosão sem igual de encomendas de aviões. A resposta da Boeing à explosão da procura foi tentar elevar a sua produção para 43 aviões por mês. Em 1996, eram 18. No processo, a empresa chegou perto do seu limite. Segundo fornecedores, analistas e executivos da Boeing, a empresa calculou mal a capacidade dos fornecedores em atender com
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CAUSAS EFEITOS
Método Mão-de-Obra
Material Máquinas
Baixa Produtividade
Manutenção inadequada
Equipamento obsoleto
Stocks insuficientes
Matéria-prima inadequada
Elevado absentismo
Falta de capacidade
Falta de coordenação
rapidez às encomendas. No começo da fase de alta, muitos fornecedores não expandiram a sua produção, esperando a confirmação de que o “boom” tinha vindo para ficar. Como a Boeing havia cortado o número de fornecedores, ficou agora sem flexibilidade para encontrar fontes alternativas para muitas partes.
Com a mão-de-obra, a história é parecida. Em 1995, quando as encomendas de aviões caíram temporariamente, a Boeing demitiu sete mil dos 117 mil trabalhadores em Puget Sound, Washington, e chegou a cortar a produção de algumas aeronaves. De lá para cá, a empresa contratou outros 32 mil empregados, muitos com menos experiência.
A Boeing também pode ter superestimado a capacidade dos seus engenheiros e operários de assimilar mudanças na linha de montagem, cujo objectivo era aumentar a eficiência no longo prazo. A reengenharia tenta reduzir os custos de quase todas as etapas no processo de produção. Até o momento, no entanto, essas mudanças só produziram dores de cabeça. Todos os dias, entre 5% e 10% da força de trabalho nas fábricas recebem formação sobre os novos métodos de produção, incluindo os gestores mais qualificados.
Sem SaídaAlguns clientes sentiram imediatamente na pele os problemas causados pelas mudanças. O presidente da International Lease Finance Corp., divisão da American International Group Inc., que faz o leasing de aviões Boeing 757 para várias companhias aéreas, recebeu duas aeronaves entregues com atraso e com mais de cem detalhes a serem corrigidos. Um dos banheiros do avião não tinha sequer electricidade. As linhas dos jactos 747 e 737 estão com atrasos. A Boeing sempre reconheceu os riscos de tentar atrair possíveis clientes do seu arqui-inimigo europeu, o consórcio Airbus Industrie. A Airbus também aumentou a sua produção, mas não tão acentuadamente como a Boeing. Em 1998, o grupo europeu planeou produzir mais de 220 aviões, ou seja, cerca de 20% a mais do que em 1997, comparados com a produção de mais de 440 aviões que a Boeing planeava para 1998. Será que a Boeing não quer voar alto demais?
Questões:
1. Explique o processo de tomada de decisões da Boeing.2. Quais os aspectos que mais orientaram as decisões da Boeing?3. Como explica a fixação de objectivos da Boeing?4. Como é que os concorrentes influenciaram as decisões da Boeing?5. Como é que compara o que se decide e o que se consegue fazer
na Boeing? 6. Como melhorar o processo decisivo numa empresa desta
dimensão?
8.12. Resumo do Capítulo
Todas as pessoas – especialmente os gestores – tomam decisões em todos os momentos. A tomada de decisão é um processo de escolher um curso de acção para se defrontar com um problema ou oportunidade.
A tomada de decisões lida com problemas, e a solução de um problema pode exigir várias decisões. O processo de localizar problemas varia muito conforme a motivação, valores e características de cada gestor. __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 194 de 366Manual do Formando
A tomada de decisões é um processo composto de vários elementos e quase sempre segue uma racionalidade limitada, já que não pode abordar todos os factos e informações sobre cada problema. O processo decisivo compõe-se de etapas, cada qual influenciando as demais do conjunto, e ocorre em ambientes de certeza, risco ou incerteza. Assim, o gestor pode assumir decisões programadas e decisões não programadas, além da heurística, para solucionar problemas. Além disso, existem quatro tipos de decisão – computação, julgamento, compromisso e inspiração.
8.13. Exercícios1. Defina decisão, problema e oportunidade.2. Como é o processo de localização de problemas?3. Como é que o gestor pode ser alertado para a existência de problemas?4. Quais os elementos do processo de decisão?5. O que é racionalidade? E a racionalidade limitada?6. Qual a diferença entre optimização e satisfação?7. Explique o processo de decisão.8. Quais os elementos que constituem uma decisão?9. Quais os ambientes de decisão? 10. Como é que ocorre a decisão em cada um deles?11. Quais os tipos de decisão do gestor?12. O que é heurística?13. Quais os tipos básicos de decisão segundo Thompson?
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GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEAmbiente de certeza ocorre quando a informação é suficiente para prever os resultados de cada alternativa de curso de acção.
Ambiente de decisão são as circunstâncias dentro das quais ocorre a tomada de decisão.
Ambiente de incerteza ocorre quando se conhece pouco ou nada a respeito das alternativas e dos seus resultados.
Ambiente de risco ocorre quando não se pode prever os resultados das alternativas com certeza, mas apenas com certa probabilidade.
Árvore de decisões é o gráfico que apresenta a explosão das alternativas possíveis de cursos de acção.
Brainstorming é a técnica de tempestade cerebral utilizada para criar alternativas de solução de problemas, através de reuniões em que cada pessoa propõe espontaneamente ideias e sugestões sem nenhum senso crítico.
Cognição é o conhecimento de alguma realidade exterior ou situação.
Compromisso é a decisão quando há certeza quanto às causas das alternativas disponíveis, mas ambiguidade e incerteza quanto às preferências dos resultados esperados.
Computação é a decisão quando há certeza em relação à causalidade e aos resultados. É uma decisão programada.
Curso de acção é a orientação ou sequência para alcançar um determinado objectivo.
Decisão é a escolha ou opção entre várias alternativas de cursos de acção.
Decisão optimizada é a decisão que visa ao alcance de resultados máximos.
Decisão racional significa adequação de meios aos fins visados.
Decisão satisfatória é a decisão que procura resultados meramente satisfatórios.
Decisões não programadas são decisões baseadas em julgamentos, novas e não repetitivas, tomadas para solucionar problemas não rotineiros ou excepcionais.
Decisões programadas são decisões rotineiras utilizadas para resolver problemas quotidianos e repetitivos que ocorrem regularmente e que podem receber respostas padronizadas.
Diagrama de Pareto é uma representação gráfica através de diagrama de barras para chamar a atenção sobre os problemas mais importantes (que constituem 20% deles) e que se localizam nas barras mais altas (e que constituem 80% do tempo despendido).
Estado da natureza refere-se às condições de incerteza, risco ou certeza que existem no ambiente de decisão.Estratégia é um plano amplo, abrangente, desenvolvido para alcançar objectivos organizacionais de longo prazo.
Gráfico de Ishikawa ou diagrama de espinha de peixe ou de causa e efeito é um gráfico utilizado para identificar todas as possibilidades de causas que podem provocar os efeitos, indo das causas iniciais até aos seus efeitos finais.
Heurística é um método de perguntas e respostas para encontrar a solução de problemas.
Informação é o conjunto de dados que tem um significado e que reduz a incerteza a respeito de algo.
Inspiração é a decisão tomada quando ocorre incerteza tanto quanto às causas como quanto às preferências de resultado.
Julgamento é a decisão quando as causas são incertas e discutíveis, mas as preferências com respeito aos resultados são claras e certas.
Monitorização é o acompanhamento e avaliação do desempenho ou resultado de um sistema.
Oportunidade é uma situação que ocorre quando as circunstâncias oferecem uma hipótese para a organização exceder seus objectivos estabelecidos.
Optimização significa a maximização dos resultados de uma determinada decisão.
Preferências são os critérios que o decisor usa para fazer a sua escolha.
Problema é uma situação que ocorre quando ela difere do seu estado desejado.
Processo de decisão é a sequência de etapas que formam uma decisão.
Racionalidade é a escolha dos meios (estratégia) mais apropriados para o alcance de determinados fins (objectivo), no sentido de obter os melhores resultados.
Racionalidade limitada é a escolha restrita unicamente aos aspectos da situação que o decisor consegue perceber e interpretar para adequar meios (estratégias) aos fins (objectivo) desejados.
Reconhecimento de problema é a percepção da existência de algum problema e da necessidade da sua solução.
Resultado é a consequência ou resultante de uma determinada estratégia ou curso de acção escolhido.
Satisfação significa o alcance de resultados meramente satisfatórios (e não óptimos) numa
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determinada decisão.
Situação é o conjunto de aspectos do ambiente que envolve o decisor, muitos deles fora do seu controle, conhecimento ou compreensão e que afectam a sua escolha.
Solução é a resolução de um problema.
Técnica de análise do campo de forças é uma técnica para mapear as forças positivas (que solucionam e eliminam o problema devendo ser reforçadas) e as forças negativas (que mantêm problema, devendo ser eliminadas) que gravitam ao redor de um problema.
Técnicas modernas de decisão não programada são aquelas que utilizam redes capazes de lidar com tarefas novas e soluções inovadoras, bem como a heurística.
Técnicas modernas de decisão programada são aquelas que utilizam computador e modelos de simulação, análise matemática, redes de comunicação e objectivos negociados.
Técnicas tradicionais de decisão não programada são as que utilizam o julgamento, a intuição e a criatividade, a estrutura organizacional na base da divisão do trabalho.
Técnicas tradicionais de decisão programada são aquelas que utilizam o hábito, costume, rotinas burocráticas, estruturas organizacionais rígidas e objectivos impostos.
Decisor é a pessoa ou grupo que faz uma escolha ou opção entre várias alternativas de cursos de acção.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 197 de 366Manual do Formando
8.14. Referências Bibliográficas
1. Samuel C. Certo. “Modern management: diversity, quality, ethics, and the global environment”, Boston, Allyn & Bacon, 1994.
2. Idalberto Chiavenato. Introdução à Teoria Geral da Gestão, São Paulo, Makron Books, 1993.
3. James A. F. Stoner, R. Edward Freeman & Daniel R. Gilbert, Jr. “Managemen”, Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1995.
4. George P. Huber. “Managerial decision makin”, Glenview, n., Scott, Foresman, 1980.
5. John R. Schermerhorn, James G. Hunt & Richard N. Osborn. “Basic organizational behaviour”, Nova York, John Wiley & Sons, 1995.
6. Fremont E. Kast & James E. Rosenzweig. “Organization and Management: a Systems Approach”. Nova York, McGraw-Hill, 1976.
7. A. Tversky & D. Kahneman. "Avaliability: A heuristic for judging frequency and probability", Cognitive Psychology 5,1973, e "Judgement under uncertainty - Heuristics and biases", Science 18, 1974.
8. James D. Thompson. “Dinâmica organizacional: fundamentos sociológicos da teoria administrative”, São Paulo, McGraw-Hill, 1976.
9. David Cohen. "Quantas listras tem uma zebra?", Exame, edição 647, 1997.10. Amitai Etzioni. “Modern organizations”. Nova York, The Free Press, 1975.11. Frederic M. Biddle. "A Boeing criou seu próprio pesadelo", The Wall Street
Journal Americas, 1997.
9. OS FUNDAMENTOS ESTRUTURAIS DA ORGANIZAÇÃO
Objectivos de AprendizagemApós estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
1. Definir a organização como uma função da gestão.2. Entender o conceito de organização.3. Descrever a estrutura organizacional.4. Definir a estrutura vertical.
5. Compreender a amplitude da gestão e os seus efeitos.6. Descrever as organizações altas e as organizações achatadas.7. Salientar as vantagens da centralização e da descentralização.
□ Estrutura organizacional□ Estrutura vertical□ Hierarquia administrativa□ Amplitude da gestão □ Centralização / Descentralização
CASO INTRODUTÓRIOO Quartel-General da Centrum
Antigamente, muitas empresas inspiravam-se no modelo militar de organização centralizada e hierarquizada, em que todas as estratégias e decisões eram formuladas e tomadas exclusivamente pela cúpula da organização. Tudo era decidido confidencialmente no QG da empresa, e todas as pessoas eram meras executoras dessas decisões, sem saber exactamente quais os destinos desejados para a organização.
Contudo, o mundo mudou rapidamente, e José Monteiro percebeu que o modelo burocrático e hierarquizado adoptado pela sua empresa tinha sido totalmente ultrapassado pelas mudanças, principalmente nas últimas décadas. Apesar da sua idade avançada – Monteiro tem mais de 75 anos, ele dirige com mão-de-ferro a empresa que fundou e que conseguiu fazer crescer ao longo de muitos desafios e dificuldades de todos os tipos.
Não se pode dizer que a Centrum seja mal administrada. Na verdade, ela é extremamente centralizada e verticalizada para uma época em que a maioria das organizações bem sucedidas é horizontalizada e descentralizada. Monteiro sabe que precisa de mudar. Apenas não sabe exactamente onde e como. Ele precisa de ajuda e de orientação para os tempos modernos.
O QUE VEREMOS ADIANTE
Todas as organizações – sejam indústrias, bancos, supermercados, empresas de serviços, hospitais, universidades etc. – caracterizam-se por uma estrutura interna que lhes garante coordenação interna e integração. Todas elas defrontam-se com o problema de como se devem organizar internamente para operar melhor. Cada uma à sua maneira, todas as organizações precisam estruturar-se e organizar-se internamente para funcionar de modo adequado.
A estrutura organizacional não é permanente e nem definitiva, pois deve ser ajustada e reajustada continuamente, sempre que a situação e o contexto ambiental sofram mudanças. Assim, à medida que enfrenta novos e diferentes desafios gerados por mudanças externas, a organização precisa responder adequadamente para ser bem sucedida.
Reorganização significa a acção de alterar a estrutura organizacional para ajustá-la às novas condições ambientais. Muitas organizações reestruturam-se continuamente para se tornar mais ágeis, simples, eficientes, eficazes e competitivas num ambiente global de forte e acirrada concorrência. A IBM, General Motors, Xerox e outras grandes organizações utilizam conceitos fundamentais de organização para se manterem sempre sólidas e firmes.
SUGESTÕES
Organizar é o processo de estabelecer a utilização ordenada de todos os recursos de uma organização (Samuel C. Certo).
Organizar é o processo de articular duas ou mais pessoas para trabalhar juntas de uma maneira estruturada a fim de alcançar algum objectivo específico ou um conjunto de objectivos (James A. F. Stoner, R. Edward Freeman & Daniel R. Gilbert, Jr.).
Organizar é o desmembramento dos recursos organizacionais para atingir objectivos estratégicos (Richard L. Daft).
Organizar é o processo de assumir tarefas, alocar recursos e arranjar actividades coordenadas para implementar planos; é o processo de mobilizar pessoas e outros recursos para executar tarefas que sirvam a um propósito comum (John R. Schermerhorn, Jr.).
A organização é uma função da gestão que se distribui entre todos os níveis organizacionais, como mostra o quadro abaixo. Assim, quando falamos de organização, queremos dizer que o nível institucional estabelece o desenho organizacional de toda a organização, o nível intermediário estabelece o desenho departamental para cada uma das unidades organizacionais e o nível operacional estabelece o desenho dos cargos e tarefas de cada actividade, cada qual dentro de sua área de competência.
A tarefa básica da organização é estabelecer a estrutura organizacional. Existem dois caminhos para se abordar a estrutura organizacional: a especialização vertical e a especia lização horizontal . A primeira conduz aos níveis de hierarquia, e a segunda, a áreas de departamentalização. Chamaremos a primeira de estrutura vertical e a segunda de departamentalização.
Especialização horizontal
Áreas de Departamentalização
Especialização Vertical
Níveis Hierárquicos
Finanças Produção Marketing Recursos Humanos
Directores Director Financeiro
Director de Produção
Director de Marketing Director de RH
Gestores Gestores da Área Financeira
Gestores da Área de
Produção
Gestores da Área de
Marketing
Gestores da Área de RH
Supervisores Supervisores da Área Financeira
Supervisores da Área de
Produção
Supervisores da Área de
Marketing
Supervisores da Área de RH
Funcionários Funcionários da Área Financeira
Funcionários da Área de
Produção
Funcionários da Área de
Marketing
Funcionários da Área de RH
9.1. Estrutura Organizacional
A estrutura organizacional é a maneira como as actividades da organização são divididas, organizadas e coordenadas. Constitui a arquitectura ou formato organizacional que assegura a divisão e coordenação das actividades dos membros da organização. Na verdade, a estrutura organizacional funciona como a espinha
Nível Organizacional
Institucional
Intermediário
Operacional
Organização
Desenho Organizacional
Desenho Departamental
Desenho de Cargos e Tarefas
Conteúdo
Genérico e Sintético
Menos genérico e mais detalhado
Detalhado e analítico
Amplitude
Macroorientado. Aborda a
organização como totalidade
Aborda cada unidade
organizacional separadamente
Microorientado. Aborda cada
operação separadamente
dorsal da organização, o esqueleto que sustenta e articula todas as suas partes integrantes. Nesse sentido, a estrutura organizacional costuma apresentar uma natureza predominantemente estática. Ela refere-se à configuração dos órgãos e equipas da organização.
Os factores envolvidos no desenho organizacional
A função da gestão de organizar conduz necessariamente à criação da estrutura organizacional. A estrutura organizacional pode ser definida como:
O conjunto de tarefas formais atribuídas às unidades organizacionais – divisões ou departamentos – e às pessoas.
As relações de subordinação, incluindo linhas de autoridade, responsabilidade pelas decisões, número de níveis hierárquicos e amplitude do controle administrativo.
O desenho de sistemas para assegurar coordenação eficaz entre as pessoas ao longo das unidades organizacionais.
O organograma constitui a representação gráfica da estrutura organizacional.
Desenho Organizacional
Divisão do trabalho organizacional para
transformar as matérias em resultados
Entradas (matérias-primas)
Saídas (resultados)
Fornecedores
MateriaisMatérias-primasEnergiaInformação
Clientes
ProdutosServiços
A Figura abaixo ilustra o organograma de uma empresa têxtil
9.2. Estrutura VerticalA estrutura vertical envolve três factores principais: a hierarquia administrativa, a amplitude de controlo e o grau de centralização ou descentralização do processo de tomada de decisões da organização. Esses três factores são estreitamente relacionados entre si.
Hierarquia AdministrativaPara que os funcionários possam realizar eficientemente as suas tarefas e deveres existe a hierarquia administrativa. A função principal da hierarquia é assegurar que as pessoas executem as suas tarefas e deveres de maneira eficiente e eficaz. A hierarquia administrativa refere-se ao número de níveis de gestão que uma organização adopta para assegurar a realização das tarefas e o alcance dos seus objectivos.
Divisão do TrabalhoAs organizações desempenham uma ampla variedade de tarefas. Um princípio fundamental utilizado durante várias décadas nas organizações do mundo inteiro averbava que o trabalho é executado com mais eficiência através da especialização dos empregados. A especialização do trabalho, que recebe também o nome de divisão do trabalho, é o grau em que as tarefas organizacionais são divididas e fragmentadas em actividades separadas.
Cadeia de ComandoA cadeia de comando é uma linha contínua de autoridade que interliga todas as pessoas de uma organização e que indica quem se subordina a quem. Ela é associada com dois princípios enunciados pela Teoria Clássica da gestão: o princípio da unidade de comando e o princípio escalar.
DirectorPresidente
DirectorFinanceiro
Gestor Financeiro
Tesoureiro Chefe
Analista de Orçamento
Tesoureiro
Gestor de Fornecedores
Centro de Informação
Gestor de Clientes
Analista Financeiro
DirectorPessoal
Gestor de RH
Gestor de Formação
DirectorMarketing
Gestor de Propaganda
Gestor de Vendas-Z1
Gestor de Vendas-Z2
Gestor de Vendas-Z3
Gestor de Vendas-Z4
DirectorTécnico
Engenheiro Têxtil
Chefe de Laboratório
Modelista
DirectorIndustrial
Gestor de Manutenção
Gestor de Controlo de Qualidade
Gestor de Produção
Supervisor de Fiação
Supervisor de
Tecelagem
Unidade de comando significa que cada empregado deve reportar-se ou subordinar-se a apenas um chefe. O princípio escalar refere-se a linhas clara-mente definidas de autoridade desde a cúpula até a base da organização e que incluem todos os empregados.
Autoridade, Responsabilidade e DelegaçãoPoder numa organização é a capacidade de afectar e controlar as acções e decisões das outras pessoas, mesmo quando elas possam resistir. Uma pessoa que ocupa um alto posto numa organização tem poder pelo facto da sua posição apresentar o que chamamos de poder de posição.
Autoridade é o direito formal e legítimo de tomar decisões, dar ordens e alocar re - cursos para alcançar objectivos organizacionais desejados. A autoridade é formalmente estabelecida pela organização através do poder legitimado. A cadeia de comando reflecte a hierarquia de autoridade que existe na organização.
A responsabilidade é o outro lado da moeda da autoridade. A responsabilidade é o dever de executar a tarefa ou actividade atribuída a um funcionário. Os gestores recebem autoridade compatível com a sua responsabilidade.
Atribuição é o mecanismo através do qual a autoridade e a responsabilidade são distribuídas entre as pessoas ou órgãos da organização.
Outro conceito relacionado com autoridade é a delegação. Delegação é o processo pelo qual o gestor transfere autoridade e responsabilidade aos seus subordinados.
SUGESTÕES
Como Delegar?
As tentativas da gestão de cúpula para descentralizar o processo de decisão
esbarram muitas vezes na inabilidade dos gestores em delegar.
Alguns gestores são muito dependentes das suas responsabilidades e retêm as
decisões. As dificuldades em delegar ocorrem por várias razões:
Os gestores ficam mais confortáveis quando tomam decisões rotineiras;
Sentem que perdem status quando delegam aos subordinados;
Acreditam que fazem melhor do que os outros ou têm aversão ao risco.
E, assim, eles não delegam e mantém consigo a responsabilidade pelo
desempenho.
A descentralização oferece muitas vantagens à organização. As decisões são
tomadas no nível adequado; os empregados nos níveis mais baixos ficam mais
motivados; as pessoas têm oportunidade de desenvolver competências de tomar
decisões. As barreiras para a delegação precisam de ser ultrapassadas para se
obterem essas vantagens.
Daft sugere a seguinte abordagem para que cada gestor delegue mais eficazmente:
1. Delegue a tarefa integral. O gestor deve delegar a tarefa inteira a uma só
pessoa e não dividi-Ia e fragmentá-Ia entre várias pessoas. Deve proporcio-
nar a responsabilidade completa e incentivar a iniciativa da pessoa,
enquanto permanece com o controlo dos resultados.
2. Seleccione a pessoa certa. Nem todas as pessoas têm as mesmas
capacidades e motivação. Para delegar eficazmente, o gestor deve saber
identificar os subordinados que tomaram decisões independentes no
passado e que mostram desejo de assumir responsabilidades.
3. Delegue autoridade e responsabilidade. Atribuir meramente uma tarefa
não é delegação. A pessoa deve ter a responsabilidade de completar a
tarefa e trazer resultados e a autoridade para desempenhar da maneira que
julgar melhor.
4. Proporcione instrução completa. A delegação bem-sucedida inclui
informação sobre o que, quando, por que, onde, quem e como. O
subordinado deve compreender claramente a tarefa e saber dos resultados
esperados, anotando os recursos necessários e quando e como os
resultados deverão ser relatados.
5. Mantenha Feedback. Feedback significa linhas abertas de comunicação
entre as perguntas do subordinado e a orientação, sem exercer controle
demasiado. Linhas abertas de comunicação facilitam a confiança do
subordinado. Feedback conduz o subordinado na direcção correcta.
6. Avalie e recompense o desempenho. O gestor deve avaliar os resultados
da tarefa quando completada, e não os métodos. Quando os resultados não
atingem a expectativa, o gestor deve apontar as consequências. Quando
atingem a expectativa, o gestor deve recompensar o subordinado por um
trabalho bem feito, com cumprimentos, recompensas financeiras e de-
legação de novas actividades.
Autoridade de linha e staff. Dá-se o nome de linha aos órgãos incumbidos de realizar a missão primária da organização. Um departamento de linha é o
responsável pelo cumprimento dos objectivos principais da organização. Numa organização industrial e comercial, os departamentos de linha (como produção e vendas) fazem e vendem o produto. Os órgãos de staff têm a função de complementar e apoiar os órgãos de linha para que eles trabalhem melhor. Um departamento de staff é o responsável pela assessoria e consultoria interna dentro da organização.
Estrutura de Linha e Staff
Amplitude da GestãoA amplitude da gestão ou amplitude de controlo significa o número de empregados que se devem reportar a um gestor. Determina o quanto um gestor deve monitorar estreitamente os seus subordinados. Quanto maior a amplitude de controlo, tanto maior é o número de subordinados para cada gestor. Quanto menor, tanto menor o número de funcionários.
Director Geral
Departamento de Produção
Departamento de Produção
Departamento de Produção
Divisão Metalúrgica
Divisão Metalúrgica
Divisão Metalúrgica
= Órgão de linha
= Órgão de Staff
= Autoridade de linha
= Autoridade de Staff
A amplitude da gestão estreita provoca um custo administrativo maior, porque existem mais gestores para cuidar de um número menor de pessoas. Cada gestor tem poucos subordinados a supervisionar e, portanto, mais tempo e energia para os deveres de gestão e o trabalho não administrativo. Com a supervisão mais estreita, as pessoas recebem maior atenção individual e suporte do chefe, mas têm menos autonomia e menos oportunidade para autodirecção. A amplitude de controlo ampla permite custos administrativos menores, porque existem menos gestores para cuidar de um número maior de pessoas. Como os subordinados são mais numerosos, a tarefa de gerir é mais difícil, pois o gestor deve dispersar os seus esforços entre um maior número de pessoas.
As Três dimensões da amplitude de controlo
Trabalho criativo e inovadorTarefas diversificadasDispersão física das pessoasNecessidade de orientaçãoAusência de regras e procedimentosPoucos sistemas de suporteMuitas actividades não administrativasPreferências pessoaisCusto administrativo maior
Trabalho rotineiro e previsívelTarefas similaresConcentração física das pessoasPessoal formado e preparadoRegras e procedimentosSistemas de apoio e suportePoucas actividades não administrativasPreferências pessoaisCusto administrativo menor
Amplitude de Controlo
Estreita Larga
Organizações Altas e Organizações AchatadasA amplitude de controlo média utilizada por uma organização determina se a sua estrutura organizacional será alta ou achatada. Uma estrutura alta tem uma amplitude geral estreita e muitos níveis hierárquicos, apresentando uma formação verticalizada. Uma estrutura achatada tem uma amplitude geral ampla e dispersa e poucos níveis hierárquicos, apresentando uma formação horizontalizada.
CASO DE APOIO
Empreendus: acréscimo de um nível hierárquico
A Empreendus é uma pequena empresa que ilustra bem o que ocorre quando uma
organização inclui um nível administrativo adicional. A empresa começou com o
proprietário, Homero Madeira, e mais quatro funcionários: um para gerir o escritório e
três operadores de máquinas, A, B e C. Como o negócio expandiu, Homero admitiu
mais dois operadores de máquinas, E e F. Com o tempo aplicado na gestão geral do
negócio, Homero tinha menos tempo para resolver os assuntos do quotidiano da
produção. A solução foi promover o operador de máquina A para supervisor dos demais
operadores. A Empreendus passou de uma organização de dois níveis hierárquicos
para três níveis.
O impacto da inclusão de um nível hierárquico foi o seguinte:
1
4
16
64
1
8
64
512
1
12
144
1728
256 3096 20736
Presidente
Directores
Gestores
Supervisores
Funcionários não administrativos
Amplitude1:4
Amplitude1:8
Amplitude1:12
1. Homero livrou-se do dia-a-dia dos assuntos de produção e dispõe de mais tempo
para tratar de novos negócios e contactar clientes, fornecedores, bancos e outras
entidades financeiras.
2. O operador de máquinas A aprende competências de supervisão e toma algumas
decisões, familiarizando-se com assuntos de pessoal, programação de trabalho,
manutenção e controlo de qualidade, que antes eram tratados exclusivamente por
Homero.
3. Os quatro operadores de máquinas têm o supervisor disponível para ajudar a
resolver problemas, o que Homero não podia fazer, pois tinha outras
responsabilidades. Em contrapartida, os operadores ficam distanciados em relação
ao patrão. Os seus contactos com Homero dependem do novo supervisor.
4. O novo supervisor, na sua posição intermediária, pode atrasar ou apressar, distorcer
ou esclarecer as comunicações entre Homero e os operadores de máquinas e vice--
versa. Pode facilitar o trabalho de Homero, reduzindo o volume de informação que
ele deve receber ou levando-lhe os problemas de produção, se ele estiver
interessado.
Organizações AltasAs organizações altas e verticalizadas caracterizam-se por muitos níveis administrativos e hierarquia alongada, o que resulta numa configuração que se assemelha a uma pirâmide. Era o modelo tradicional de organização. As suas principais características são:
Como a média da amplitude de controlo é mais estreita, a carga de supervisão é menor para cada gestor.
Homero
Chefe de Escritório
Operador A
Operador B
Operador C
2 níveis hierárquicos
Homero
Chefe do Escritório
Supervisor da
Produção
Operador B
Operador C
Operador D
Operador E
Operador F
3 níveis hierárquicos
Há mais oportunidades para promoções, pois existem mais degraus na escada hierárquica a serem “galgados”.
A comunicação é mais lenta e tende a ser mais imprecisa, devido aos pontos intermediários na cadeia de comunicação que provocam distorções.
As decisões são mais demoradas porque a estrutura alongada requer maior coor-denação entre as fronteiras funcionais.
AVALIAÇÃO CRÍTICAO downsizing
O termo downsizing significa um processo de passagem de uma geração de
tecnologia de informação (TI) para uma nova geração. Na realidade, isto
representa uma solução de distribuição e descentralização de processamento
de dados numa organização. O downsizing substituiu os antigos centros de
processamento de dados (CPO’s) das grandes organizações por redes de
microcomputadores, trocando os mainframes por uma infinidade de micros
interligados entre si. Na outra ponta, o termo upsizing representa a utilização de
uma TI com aplicações mais sofisticadas que ainda não foram automatizadas
nas organizações. No meio disso tudo, o termo rightsizing representa uma
combinação óptima de sistemas de TI centralizados e descentralizados.
Na prática, o termo downsizing ultrapassou o campo da TI e passou a significar
duas coisas distintas: um processo de descentralização do processo de decisão
rumo aos níveis mais baixos da organização acompanhado de uma forte
redução de níveis hierárquicos. “Emagrecimento” e “corte de gorduras”. Com a
preocupação pelo “emagrecimento”, muitas organizações tentam reduzir o
número de empregados. Um dos fundamentos do “emagrecimento” é a busca
de maior eficiência: obter os mesmos resultados com menores recursos. Isso
significa uma preocupação em procurar oportunidades de alargar a amplitude de
controlo e reduzir o número de níveis hierárquicos para obter os mesmos
resultados finais: redução de custos administrativos e aumento da produtividade
organizacional simultaneamente.
Organizações AchatadasAs organizações achatadas e horizontalizadas caracterizam-se por poucos níveis administrativos, hierarquia baixa e pelo facto da base estar próxima do topo da organização. As suas características principais são:
A comunicação que circula pela organização é mais rápida e sofre menos distorções.
As decisões são tomadas mais prontamente, o que possibilita uma maior rapidez nas respostas aos clientes.
As pessoas dos níveis mais baixos sentem-se mais próximas da cúpula.
O suporte que poderia ser proporcionado por mais níveis administrativos deve ser obtido através de outros meios, como pessoas mais auto-suficientes no nível em que o trabalho é executado.
Nos níveis mais baixos, há poucas oportunidades para promoção, pois existem poucos níveis a serem alcançados.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
O primeiro cuidado de Monteiro está em definir exactamente qual a missão da
Centrum, projectar uma visão da empresa para os próximos cinco anos e
estabelecer os objectivos organizacionais básicos.
Posto isto, o segundo cuidado de Monteiro é divulgar entre todos os
funcionários – dos directores ao funcionário de limpeza – essas directrizes para
que todos saibam onde a empresa pretende chegar. O passo seguinte é realizar
com a ajuda de consultores externos, um amplo programa de sensibilização e
de formação do pessoal para que todos possam absorver as novas respon-
sabilidades como empreendedores.
Contudo, Monteiro quer aumentar a descentralização na sua empresa. Será que
ele deve fazê-lo através do achatamento da hierarquia?
SUGESTÕES
Como Lidar Com Amplitudes de Controlo Amplas e Hierarquias Achatadas?
1. Quais são os incentivos e oportunidades de actuação lateral que poderia
oferecer às pessoas nos níveis inferiores da organização se elas não têm
oportunidades de promoção vertical? Pense em desenvolvimento de
carreira horizontal e não apenas vertical.
2. Como é que se poderia evitar que gestores com largas amplitudes de
controlo não fiquem sobrecarregados com os seus deveres de gestão?
Pense em delegação.
3. Como é que se poderiam ajudar os novos funcionários relativamente
inexperientes numa organização achatada e proporcionar suporte aos
seus gestores sobrecarregados? Pense em formação.
4. Como é que se poderia organizar o trabalho para que seja necessária
menor supervisão para alcançar os mesmos resultados? Pense em
participação.
Centralização / DescentralizaçãoO grau de centralização / descentralização refere-se à quão concentrada está a autoridade para tomar decisões no topo ou dispersa na base da organização. A centralização significa que a autoridade para decidir está localizada no topo da organização. A descentralização significa que a autoridade para decidir está dispersa nos níveis organizacionais mais baixos.
CentralizaçãoA centralização promove a retenção do processo de decisão na cúpula da organização. As três principais vantagens que a centralização pode trazer são:
Controlo: a centralização constitui o melhor método de controlar e coordenar as actividades e recursos da organização.
Custos: devido às economias de escala, a função centralizada pode ser gerida com menos recursos do que uma função descentralizada.
Novas tecnologias: nas décadas recentes, o grau de mudança tecnológica tem sido fenomenal. As novas tecnologias permitem que empresas descentralizadas migrem para a centralização e vice-versa, sem afectar o seu funcionamento ou o processo de decisão, pois a informação é rapidamente transmitida e recebida.
Tudo o que ocorre numa parte da organização poderá afectar as outras partes.
Graus de centralização e descentralização
DescentralizaçãoA ênfase e a agilidade no atendimento das necessidades do cliente têm levado muitas organizações a migrar definitivamente para a descentralização. Muitas empresas bem sucedidas adoptam essa filosofia como base do sucesso dos seus negócios. As três principais vantagens que a descentralização pode trazer são:
Agilidade: quando o processo de decisão é levado para o nível local, a organização responde mais rapidamente aos clientes e às condições locais.
Independência: a descentralização estimula a criatividade e independência nas pessoas dos níveis mais baixos, ajuda a construir um espírito de equipa e a preparar candidatos para posições mais elevadas.
Novas tecnologias: a tecnologia da informação permite maior descentralização da autoridade. Uma das principais razões para centralizar autoridade é assegurar que a gestão de cúpula saiba como vai o negócio e seja influenciada pelo que ocorre dentro da organização.
Factores de Centralização/DescentralizaçãoAs decisões tomadas devem ficar o mais próximas quanto possível da fonte de informação e do campo de acção para que sejam rápidas e bem informadas. Algumas decisões podem ser centralizadas para o bem de toda a organização.
Em muitas grandes organizações, existe um sistema de delegação formal da autori-dade que especifica as pessoas responsáveis por determinadas decisões. Este é um assunto que requer cuidadosa atenção. Alguns factores devem ser considerados na delegação de autoridade, tais como:
Organização Centralizada
Organização Descentralizada
(A coloração mais escura representa a autoridade para tomar decisões)
Duração .
Impacto
Custos
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Monteiro quer modificar a cultura organizacional da Centrum para transformar os
funcionários em verdadeiros parceiros do negócio. Como parceiros, as pessoas
deverão tomar decisões a respeito das suas actividades, tendo como prioridade o
cliente da empresa.
O passo a seguir será a descentralização da organização, um passo que Monteiro
nunca havia dado na sua vida profissional.
CASO DE APOIO
A famosa descentralização da General Motors
Um dos exemplos mais bem sucedidos de descentralização ocorreu na General
Motors, por volta da década de 1920, época em que Alfred Sloan jr. foi o seu
presidente. Aliás, Sloan foi o primeiro presidente profissional de uma grande
organização. Ao contrário da Ford, que começara como uma pequena indústria
individual e extremamente centralizada, a GM foi criada em 1910 por William C.
Durant como uma organização composta de vários negócios e empreendimentos
adquiridos que continuaram a ser geridos pelos seus antigos proprietários.
Ao assumir a presidência da companhia, em 1921, Sloan decidiu substituir os
antigos donos por gestores profissionais, desenvolvendo um programa de
organização descentralizada, que levou a GM à posição de maior indústria
automobilística americana nos seus primeiros cinco anos. Estava a surgir o moderno
conceito de corporação. Essa filosofia de descentralização é descrita em detalhes
em dois livros clássicos. Drucker a baptizou de "ensaio de federalismo", pelo facto
de Sloan procurar a autoridade e operações totalmente descentralizadas, mas
conservar um controlo centralizado e coordenado, nas suas mãos. Por outros
termos, ele procurava fazer com que cada divisão da companhia tomasse as suas
próprias decisões dentro dos limites de certas directrizes e políticas gerais.
Com isso fortalecia a alta gestão e concentrava-se nas tarefas mais importantes da
organização, ao mesmo tempo em que concedia certo grau de liberdade e
independência às suas divisões operacionais. Sloan partiu do pressuposto de que
uma liderança ditatorial em uma grande indústria causava profundos problemas para
o moral interno da organização. Era exactamente a antítese do estilo autocrático e
centralizador exercido por Henry Ford nos seus últimos anos de gestão. O primeiro
passo de Sloan foi transformar as antigas indústrias em divisões de uma corporação.
Cada divisão era totalmente auto-suficiente em termos de recursos organizacionais,
tendo ampla liberdade nos seus negócios. Embora submetida ao controlo de
directrizes e políticas corporativas, cada divisão projectava, desenvolvia, fabricava e
comercializava os seus produtos independentemente, fazendo concorrência com as
demais. Cada divisão efectuava as suas próprias compras das outras divisões da
empresa ou de outras empresas, tendo por base o melhor preço e a qualidade
necessária, e estabelecia a sua própria organização de linha e staff, tomando as
suas decisões internas e visando alcançar resultados para submetê-los à Gestão
Central.
Com isso, a GM estabeleceu uma centralização na formulação de directrizes na alta
gestão e um controlo centralizado (de contabilidade, de finanças e de auditoria etc.),
mas permitiu uma total descentralização da autoridade no âmbito das operações de
cada divisão. De um lado, havia princípios orientadores para toda a corporação e, de
outro, estilos de liderança voltados para resultados. Com isso, a GM fazia frente à
sua principal concorrente da época, oferecendo uma variedade de modelos e cores
de automóveis ao mercado, enquanto a Ford teimava em oferecer o seu Modelo T
exclusivamente de cor preta.
A GM empreendeu uma profunda mudança organizacional a fim de conquistar
mercados. O impacto do desempenho da GM e a influência do livro de Drucker
provocaram a reorganização de muitas grandes organizações, como a General
Electric, a própria Ford, a Imperial Chemical lnd. etc.
EXERCÍCIOS
General Motors Corporation
Divisão Chevrolet
Divisão Buick
Divisão Oldsmobile
Divisão Cadilac
Divisão Delco-Remy
Divisão Frigidaire
Delegação de Responsabilidades na Old Fashion
Imagine que o gestor de modelagem da Old Fashion tenha pedido demissão e você foi convidado a ser o novo gestor. O departamento de modelagem é constituído por uma equipe de designers de alta moda feminina, bastante conhecidos pela sua natureza temperamental e padrões próprios de comportamento, motivo pelo qual os demais gestores os denominam "funcionários difíceis ou esquisitos". Embora tenha excelentes conhecimentos de moda feminina, a equipa tem pouca ex-periência em assuntos administrativos. Antes de se reunir com o grupo para uma sessão inicial de planeamento, precisa de identificar quais os assuntos que podem ser delegados aos designers, os que envolvem autoridade compartilhada e os que deverão permanecer sob a sua exclusiva responsabilidade como novo gestor, preenchendo a figura abaixo. Precisa de fazer uma listagem desses assuntos. Os possíveis assuntos são:
Determinar o tipo de equipamento para desenhar blusas, calças, saias etc. escolher cores, padrões, tamanhos, tipos de tecidos etc.
Assessorar a equipe de design em questões de produtividade e qualidade assessorar no esclarecimento de padrões de direcção ou gerência
Criar conjuntos ou itens simples de vestuário Promover design individual versus design grupal Fazer relatórios à gestão Identificar problemas que prejudicam programas ou objectivos
Responsabilidade Delegada
Autoridade Partilhada
Autoridade do gestor
Ocorre que um talentoso membro da equipa pede-lhe para conversar reservadamente. Ele explica que deseja liberdade artística e latitude para inovação. Deseja direcção para moda e não para o mercado. Como artista, quer autonomia criativa e controlo dos seus próprios projectos. Não quer as suas ideias diluídas ou alteradas e nem deseja compromisso para trabalhar juntamente com outros designers. Sabe que a sua resposta servirá como o tom para as futuras relações entre si e a equipa. Como é que agiria?
CASO PARA DISCUSSÃOA Pirelli
O Grupo Pirelli desembarcou em Santo André, no ABC paulista, em 1929, apenas meio século após a sua fundação em Milão, Itália. A Pirelli Pneus e a Pirelli Cabos são as expoentes no Brasil. Além da fábrica no ABC, a Pirelli brasileira tem fábricas em Sorocaba (fibras ópticas) e em Gravataí-RS (que será a maior das 71 fábricas de pneus que o grupo tem no mundo). Em 1997, a receita com o segmento de pneus superou a receita das demais unidades. Esta é uma das principais faces da revolução interna que a Pirelli empreendeu nos últimos cinco anos para sair das dificuldades em que se encontrava. Protagonista de peso num mercado repartido durante décadas com a Goodyear e a Firestone, a Pirelli viu a Michelin chegar ao Brasil para
produzir pneus de camiões e sentiu a dura concorrência dos importados no mercado de reposição no segmento de outros veículos. Quando Leopoldo Pirelli era o presidente, ele decidiu, como sócio minoritário, comprar a Continental, outra grande produtora de pneus, à revelia do sócio maioritário, o Deutsche Bank.
A disputa durou dois anos e meio e trouxe um rombo de US$ 279 milhões de despesas extraordinárias para indemnizar parceiros na malograda tentativa de aquisição. Resultado final: prejuízo de mais de meio bilião de dólares lançado no balanço contabilístico de 1991. Com esse insucesso, Leopoldo Pirelli cedeu o lugar ao seu genro, o ousado Marco Tronchetti Provera.
O plano mundial de reestruturação de Provera cortou drasticamente 20% dos empregos, eliminou níveis hierárquicos e fechou 19 fábricas nos países em que o grupo operava. Provera eliminou tudo o que não era pneus e cabos, mantendo apenas algumas empresas comerciais e financeiras que dão suporte à actividade industrial. Hoje, o Grupo Pirelli actua em 16 países, fabricando pneus em nove deles. A Pirelli reduziu o seu pessoal de 75.726 funcionários em 1991 para 36.534 em 1996, aumentando a sua produtividade em 53%.
A Pirelli do Brasil reduziu pela metade a sua mão-de-obra – emprega sete mil funcionários – e é o «filé mignon» do seu negócio. "Além da produtividade, modernizamos e racionalizamos tudo, pesando dramaticamente os nossos constantes custos elevados. Mas o produto tornou-se na nossa principal prioridade de atenção", diz Giorgio Della Setta Ferrari Corbelli Greco, presidente da Pirelli brasileira. Foi assim que a empresa avançou na exportação. A clientela concentrada no Primeiro Mundo – Japão e Estados Unidos, principalmente – é exibida como atestado de qualidade dos seus pneus. "Somos de facto os líderes no segmento dos premium. Além disso, no mundo das duas rodas, o grupo é precursor e líder", afirma Greco. Em tempos de preços declinantes e competição acirrada, manter 35% de participação num mercado crescente transforma qualquer progresso num trunfo imprescindível.
Questões:1. Como é que a Pirelli se adaptou aos novos tempos?2. Qual é a estratégia para colocar a casa em ordem? 3. Como a Pirelli passou a priorizar os seus negócios? 4. Como foi o plano de reestruturação da companhia? 5. Até que ponto a estrutura vertical foi afectada?
9.3. Resumo do CapítuloOrganização significa o arranjo e disposição dos recursos organizacionais para alcançar objectivos estratégicos. Organizar é o processo de estabelecer a utilização ordenada de todos os recursos de uma organização. A organização é uma função da gestão que se distribui entre todos os níveis organizacionais. O desenho organizacional cuida da determinação da estrutura mais adequada à estratégia, pessoas, tecnologia e tarefas da organização. A estrutura organizacional é a maneira pela qual as actividades da organização são divididas, organizadas e coordenadas. Na estrutura organizacional prevalecem a especialização vertical e a horizontal. A primeira é chamada de estrutura vertical e refere-se à hierarquia administrativa, envolvendo a divisão do trabalho vertical e a cadeia de comando.
A hierarquia assenta na autoridade, na responsabilidade e na delegação. Por outro
lado, existe a autoridade de linha (realização da missão organizacional) e a de staff (assessoria interna). Nesse quadro, sobressai a amplitude da gestão: o número de pessoas que devem se subordinar a um gestor.
A amplitude estreita tende a formatar organizações verticalizadas e altas, enquanto a larga tende a formatar organizações horizontalizadas e achatadas. A tendência moderna é horizontalizar as organizações. O grau de centralização ou de descentralização refere-se ao quanto a autoridade de decidir está concentrada no topo ou dispersa na base da organização. A tendência moderna é descentralizar o processo de decisão.
9.4. Exercícios1. Defina organização formal e organização informal.2. Defina organização como função da gestão.3. O que é desenho organizacional?4. Explique a estrutura organizacional.5. Explique a estrutura vertical. 6. O que é hierarquia administrativa?7. Defina divisão do trabalho e cadeia de comando.8. Explique a autoridade e a responsabilidade.9. Explique a delegação e o modo de fazê-la.10. Qual a diferença entre autoridade de linha e autoridade de staff?11. Defina amplitude da gestão.12. Compare a amplitude da gestão estreita e a larga.13. Compare organizações altas e organizações achatadas.14. Explique as características da centralização.15. Explique as características da descentralização.16. Quais os factores que determinam o grau de centralização/descentralização?
GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEAmplitude da gestão ou amplitude de controlo refere-se ao número de pessoas que se subordinam a um gestor.
Amplitude da gestão ampla ocorre quando um gestor tem muitos subordinados abaixo de si.
Amplitude da gestão estreita ocorre quando um gestor tem poucos subordinados abaixo de si.
Atribuição é o mecanismo através do qual se distribui a autoridade e a responsabilidade entre as pessoas.
Autoridade é o direito formal e legítimo de tomar decisões, dar ordens e alocar recursos para alcançar resultados organizacionais.
Autoridade de linha é a autoridade formal para dirigir e controlar os subordinados imediatos.
Autoridade de staff é o direito de aconselhar, recomendar e assessorar dos especialistas de staff.
Cadeia de comando é uma linha contínua de autoridade que vai do topo até a base e que indica quem se subordina a quem.
Centralização ocorre quando as decisões são concentradas no topo da hierarquia.
Descentralização ocorre quando as decisões são dispersadas na base da hierarquia.
Divisão do trabalho é o grau em que as tarefas organizacionais são divididas e fragmentadas em actividades separadas.
Downsizing é o processo de redução de níveis da hierarquia administrativa.
Especialização é o grau de divisão do trabalho numa organização.
Especialização horizontal é a divisão do trabalho em unidades organizacionais como departamentos ou divisões.
Especialização vertical é a divisão do trabalho em escalões hierárquicos determinando a hierarquia administrativa.
Estrutura organizacional é a maneira pela qual as actividades da organização são divididas organizadas e coordenadas.
Estrutura vertical refere-se ao aparato da hierarquia administrativa amplitude de controlo e grau de centralização/descentralização das decisões.
Formalização é a documentação escrita utilizada para dirigir e controlar os funcionários.
Delegação é o processo de transferir autoridade e responsabilidade aos subordinados.
Hierarquia é o número de escalões de autoridade numa estrutura organizacional.
Hierarquia administrativa refere-se ao número de níveis administrativos que uma organização adopta para assegurar a realização das tarefas e o alcance dos objectivos organizacionais.
Hierarquia alta é a estrutura organizacional com muitos níveis hierárquicos.
Hierarquia baixa é a estrutura organizacional com poucos níveis hierárquicos.
Índice de gestores de topo é a relação percentual entre gestores de topo e o total de empregados de uma organização.
Índice de trabalho indirecto/directo é a relação entre o número de especialistas de staff e o de empregados de linha.
Influência é a capacidade de afectar aquilo que as outras pessoas fazem ou em que acreditam.
Linha é a denominação dos órgãos incumbidos de realizar a missão primária da organização.
Monitorização é o acompanhamento e avaliação de actividades ou processos, sem intervir neles ou influenciar.
Nível institucional é o nível administrativo mais elevado da organização, em que se situam o presidente e os directores.
Nível intermediário é o nível administrativo situado no meio da organização, em que se encontram os gestores.
Nível operacional é o nível administrativo mais baixo da organização, em que se situam os supervisores.
Organização é o acto de organizar, integrar e estruturar os recursos e órgãos incumbidos de sua gestão e estabelecer as relações, entre eles e as atribuições de cada um.
Organização é uma unidade ou entidade social em que as pessoas interagem entre si para alcançar objectivos comuns.
Organização achatada ou horizontalizada é a estrutura organizacional com hierarquia baixa e com poucos níveis hierárquicos.
Organização alongada ou verticalizada é a estrutura organizacional com hierarquia alta e com muitos níveis hierárquicos.
Organização formal é a organização baseada numa divisão racional de trabalho e representada através do organograma.
Organização informal é a organização que emerge espontânea e naturalmente entre as pessoas e surge a partir de relações de
amizades e antagonismos.
Organograma constitui a representação gráfica da estrutura organizacional.
Poder é a capacidade de controlar acções e decisões de outras pessoas.
Princípio escalar refere-se a linhas claramente definidas de autoridade desde a cúpula até a base da organização.
Reorganização significa a acção de alterar a estrutura organizacional para ajustá-la às novas condições ambientais.
Responsabilidade é o dever de executar a tarefa atribuída e de prestar contas pelos resultados do trabalho.
Staff é a denominação dos órgãos incumbidos de funções de assessoria, recomendação e consultoria interna.
Unidade de comando é o princípio pelo qual cada funcionário deve subordinar-se a um e apenas um chefe.
Unidade organizacional é cada subdivisão dentro de uma organização, como departamentos ou divisões.
9.5. Referências Bibliográficas
1. John Child. “Organization: A guide to problems and practice”, Londres, Harper & Row, 1984.
2. Adam Smith. “The wealth of nations”, Nova York, Modern Library, 1937.3. Richard L. Daft. Management, Orlando, The Dryden Press, 1994.4. Carrie R. Leana. "Predictors and consequences of delegation", Academy of
Management Journal, 1986.5. Margareth R. Davis & David A. Weckler. “A practical guide to organization
design”, Menlo Park, Crisp Pub., 1996.6. "Downsizing compensa?” Exame, edição 632, 1997.7. Peter F. Drucker. “Concept of corporation”, Nova York, John Day, 1946, e Alfred
Sloan, Jr. Minha vida na General Motors, Rio de Janeiro, Record, 1963.8. Samuel C. Certo. “Modern management: diversity, quality, ethics, and the global
environment”, Boston, Allyn & Bacon, 1994.
10. COMUNICAÇÃO E NEGOCIAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
Objectivos de Aprendizagem
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
1. Explicar a comunicação como meio essencial para a organização eficaz. 2. Definir os elementos básicos do processo de comunicação. 3. Entender como melhorar o processo de comunicação.4. Explicar a consonância e os meios de alcançá-la.5. Entender como melhorar a comunicação interpessoal. 6. Descrever as barreiras à comunicação e como ultrapassá-las.7. Descrever as comunicações organizacionais e os meios de melhorá-las.8. Explicar a negociação e como aperfeiçoá-la.
□ A comunicação e o gestor □ Conceito de comunicação□ O processo de comunicação □ Consonância□ Comunicação entre pessoas□ Barreiras à comunicação
O QUE VEREMOS ADIANTE
□ Canais de comunicação□ Comunicações organizacionais □ Negociação
CASO INTRODUTORIO
A compreensão é o limite
Uma empresa que pretende ser dinâmica e competitiva precisa de ser ágil e
capaz de responder de imediato às necessidades e exigências dos clientes
e aos desafios dos concorrentes. Acima de tudo, precisa de reagir
adequadamente às oportunidades e às ameaças ambientais.
Eduardo Câmara, o presidente da Gama Total, tem consciência disso. Ele
sabe que a sua empresa vem navegando em mares turbulentos e que
precisa de um experiente navegador no comando. Porém, Eduardo sabe
também que somente um navegador não basta para conduzir a complicada
nave de negócios. A equipa coesa e integrada distribuída nos diferentes
postos é vital para isso. E para que fique bem encaminhada e atenta, ela
depende e muito, das comunicações.
Nos dias de hoje, em ambientes competitivos, as organizações estão a melhorar as suas comunicações internas e externas. Muitos presidentes de empresas tomam diariamente o seu café com vários funcionários, com o intuito de transmitir e obter informação, além, obviamente, de manter relações humanas. Outros dirigentes fazem reuniões semanais de uma hora com empregados para lhes dar a oportunidade de discutir o que ocorreu durante a semana ou apresentar e resolver problemas de outros departamentos. Outros presidentes fazem questão de almoçar com os funcionários para comunicar com eles. As comunicações internas e externas não se podem reduzir a relatórios formais e escritos.
O presidente da Apple Computer, John Scully, insiste que os presidentes devem ouvir as queixas directamente pelos clientes através de linhas telefónicas gratuitas, como faz o presidente da TAM, o comandante Rolim. O empresário moderno deve configurar toda a sua organização em direcção às pessoas e aos clientes e incrementar fortemente as comunicações com e entre eles.
10.1. A Comunicação e o Gestor
Uma pesquisa feita por Mintzberg indica que os gestores passam cerca de 80% do seu dia de trabalho em comunicação directa com outras pessoas. Isto representa 48 minutos de cada hora gastos em reuniões, em conversas pessoais, ao telefone ou falando informalmente com outras pessoas. Os outros 20% do tempo do gestor são gastos em trabalhos escritos, muitos dos quais incluindo também comunicação em forma de leitura e escrita.
A comunicação permeia cada uma das funções de gestão. Quando o gestor desempenha a função de planeamento, ele solicita informação, escreve cartas, memorandos e relatórios e reúne-se com outros gestores para explicar o planeamento. Quando o gestor organiza, ele solicita informação sobre o estado da organização e comunica a nova estrutura aos outros. Quando o gestor dirige, ele comunica-se com os subordinados para motivá-los, liderá-los e comunicar com eles. Quando o gestor desempenha a função de controlo, ele utiliza intensamente a comunicação para obter informação, compará-la com os padrões e estabelecer as medidas correctivas, quando necessárias. Em suma, as competências de comunicação constituem uma parte fundamental em cada actividade da gestão.
10.2. Conceito de comunicação
Comunicar significa tornar algo comum. Esse algo pode ser uma mensagem, uma notícia, uma informação, um significado qualquer. Assim, a comunicação é uma ponte que transporta esse algo de uma pessoa a outra ou de uma organização a outra.
Dado é o registo ou anotação de algum evento ou ocorrência. Uma base de dados, por exemplo, é um meio de acumular e armazenar conjuntos de dados para serem posteriormente combinados e processados.
Informação é um conjunto de dados com um determinado significado. Os números 25, 12 e 75 são simplesmente dados sem significado algum que, quando reunidos, significam uma informação: a data de nascimento de uma pessoa muito querida. O significado reduz a incerteza a respeito de algo ou aumenta o conhecimento a respeito de algo. O conceito de informação envolve um processo de redução da incerteza.
Bill Gates diz que a informação é algo que alguém deseja saber e pelo qual está disposto a pagar. A informação não é tangível nem mensurável, mas é um produto valioso no mundo contemporâneo porque proporciona poder.
Comunicação é a transmissão de uma informação de uma pessoa a outra ou de uma organização a outra. A comunicação é o fenómeno pelo qual um emissor influencia e esclarece um receptor. Mais do que isso, comunicação é o processo pelo qual a informação é intercambiada, compreendida e partilhada por duas ou mais pessoas, geralmente com a intenção de influenciar o comportamento. Assim, comunicação não significa apenas enviar uma informação, mas torná-la comum entre as pessoas envolvidas.
10.3. O processo de comunicação
A comunicação aparenta ser um processo muito simples, porque as pessoas comunicam-se sem fazer nenhum esforço ou sequer tomar consciência disso. Na
realidade, a comunicação é um processo complexo, e as possibilidades de enviar ou receber mensagens de maneira errada ou distorcida são numerosas. Frequentemente, as pessoas perguntam-se "o que significa isso ou o que é que isso quer dizer?" quando a comunicação não é eficiente ou eficaz.
Um modelo para compreender o processo de comunicação está representado na figura abaixo.Os dois elementos básicos estão nas duas pontas do processo: a fonte e o destinatário. Entre eles existem outros quatro elementos adicionais.
O processo de comunicação
Os seis elementos fundamentais no processo de comunicação são:
Fonte é a pessoa, grupo ou organização que deseja transmitir alguma ideia ou informação através de uma mensagem.
Transmissor é o meio ou aparelho utilizado para codificar a ideia ou significado através de uma forma de mensagem. O transmissor codifica ou traduz a ideia ou significado através de meios verbais, escritos ou não verbais (como símbolos, sinais ou gestos) ou através de uma combinação dos três.
Canal é o meio escolhido através do qual a mensagem flui entre a fonte e o destino. É o espaço ou ambiente que medeia os elementos envolvidos no processo de comunicação. Pode ser também o meio escrito ou falado utilizado para fluir a mensagem.
Receptor é o meio ou aparelho que descodifica ou interpreta a mensagem para oferecer um significado percebido.
Destino é a pessoa, grupo ou organização que deve receber a mensagem e parti-lhar o seu significado. Para confirmar a comunicação, o destino ou o destinatário devem proporcionar feedback ou retro-informação.
Ruído é o termo que indica qualquer distúrbio indesejável dentro do processo de comunicação e que afecta a mensagem enviada pela fonte ao destino.
O feedback ou retro-informação – ou ainda informação de retorno – é o processo pelo qual o destinatário recebe e assimila a comunicação e retorna o que ele percebe sobre a mensagem desejada.
Exemplos de dois sistemas de comunicação
Fonte DestinoTransmissor Canal Receptor
Ruído
Codifica o significado desejado
Descodifica o significado percebido
Feedback
Envia a mensagem desejada
Recebe a mensagem percebida
Ambiente
O processo de comunicação pode ser eficiente e eficaz. A eficiência está relacionada com os meios utilizados para a comunicação, enquanto a eficácia está relacionada com o objectivo de transmitir uma mensagem com significado.
A eficiência e a eficácia na comunicação
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Após exaustivas reuniões com gestores e vários elementos da equipa,
Eduardo conseguiu chegar a um acordo sobre a missão da empresa. Também
chegou ao consenso de uma visão do que a empresa pretende ser nos
próximos cinco anos.
Os principais objectivos organizacionais foram estabelecidos, e a estratégia
empresarial para chegar lá foi também definida. Agora, o problema de
Eduardo é comunicar e obter consonância. Ele quer obter efeito de sinergia da
Componentes Sistema Telefónico Programa de Televisão
Fonte
Transmissor
Canal
Receptor
Destino
Ruído
Voz humana
Aparelho telefónico
Fio condutor que liga um aparelho a outro
O outro aparelho telefónico
Ouvido humano
Estática, linha cruzada, interferências, etc.
Palcos e Actores
Câmara, vídeo e transmissores
Antenas transmissoras e antenas receptoras
Aparelho doméstico de TV
Telespectador
Estática, circuitos defeituosos, interferências, mau sinal.
Comunicação Eficiente Comunicação Eficaz
O emissor fala bem
O transmissor funciona bem
O canal tem pouco ruído
O receptor funciona bem
O destinatário ouve bem
Não há ruídos ou interferências internas ou externas
A mensagem é clara e objectivaO significado é consonanteO destinatário compreende a mensagemA comunicação é completadaA mensagem torna-se comumO destinatário fornece feedback ao emissor, indicando que compreendeu perfeitamente a mensagem enviada
actuação conjunta de todas as pessoas da sua empresa. O seu problema
fundamental agora é a comunicação.
SUGESTÕESComo Obter Feedback:
Através de confiança e calor humano no relacionamento; Através da preocupação em relação às pessoas; Através de um comportamento aberto; Através da disponibilidade para as mudanças; Quando o objectivo é ajudar, e não penalizar ou destruir; Quando o feedback não causa nenhum problema a ninguém; Através de um bom relacionamento com as pessoas; Através da percepção do impacto da comunicação sobre as
pessoas.
10.4. ConsonânciaO processo de comunicação está intimamente relacionado com o sistema cognitivo de cada indivíduo. A cognição – ou conhecimento – representa aquilo que as pessoas sabem a respeito de si próprias e do ambiente que as rodeia. O sistema cognitivo de cada pessoa compreende os seus valores pessoais e experiências psicológicas passadas e presentes e é profundamente influenciado pelas características de personalidade, pela estrutura física e fisiológica e pelo ambiente físico e social que a envolve externamente. Todas as acções de cada pessoa são guiadas pela sua cognição, isto é, pelo que ela pensa, acredita e sente. O sistema cognitivo funciona como um padrão de referência – o campo de experiência ou campo psicológico – que filtra ou amplifica as comunicações da pessoa com o seu ambiente.
O termo consonância é utilizado quando o significado da mensagem enviada pela fonte é semelhante ao significado da mensagem percebida pelo destino. Consonância significa que a mensagem enviada e a mensagem percebida são perfeitamente iguais. Boa parte das comunicações dentro das organizações procuram construir consonâncias – e reduzir as dissonâncias – entre as pessoas sobre a missão, a visão e os objectivos organizacionais.
A comunicação é um processo altamente subjectivo nas relações humanas, razão pela qual existem as dissonâncias. O processo de comunicação das pessoas é basicamente composto de:
Órgãos sensoriais Órgãos linguísticos Centro de comunicação
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
A Gama Total é uma empresa com 628 pessoas espalhadas por várias lojas
em diferentes locais da cidade que prestam serviços de informática. A
descentralização representa um desafio para a integração do pessoal e uma
enorme dificuldade para obter consonância de esforços e de compreensão
dos objectivos da organização. Eduardo considera que a comunicação
organizacional deve ser o ponto alto da sua empresa para conduzir a
estratégia desejada.
AVALIAÇÃO CRÍTICA
A confusão do eclipse do sol
O coronel ao major: Amanhã, às 9 horas, haverá um eclipse do sol, algo que
não ocorre todos os dias. Providencie para que os homens se dispersem no
pátio em uniformes de exercício, para que possam ver esse fenómeno raro,
que eu vou explicar-lhes de que se trata. Se chover, não conseguiremos ver
coisa alguma, nesse caso, leve-os para o ginásio.
O major ao capitão: Por ordem do coronel, amanhã às 9 horas haverá um
eclipse do sol. Se chover, não o conseguirá ver do pátio. Portanto, então, em
uniforme de exercício, o eclipse ocorrerá no ginásio, algo que não acontece
todos os dias.
O capitão ao tenente: Por ordem do coronel, em uniforme de exercício
amanhã às 9 horas, a inauguração do eclipse do sol terá lugar no ginásio. O
coronel dará a ordem se chover, algo que ocorre todos os dias.
O tenente ao sargento: Amanhã às 9 horas, em uniforme de exercício, o
coronel eclipsará o sol no ginásio, se for um dia bonito; se chover; ele fará
isso directamente do pátio.
O sargento ao cabo: Amanhã às 9 horas, o eclipse do coronel em uniforme de
exercício vai ocorrer por causa do sol. Se chover no ginásio, algo que não
ocorre todos os dias, irão se dispersar no pátio.
Um soldado para o outro: Amanhã, se chover; parece que o sol vai eclipsar o
coronel no ginásio. É uma pena que isso não ocorra todos os dias.
10.5. Comunicação entre pessoasA comunicação pode ocorrer entre as pessoas. A comunicação interpessoal é um processo de enviar e receber símbolos aos quais são agregados significados de uma pessoa para outra. O processo de comunicação humana é contingencial pelo facto de cada pessoa ser um microssistema diferenciado dos restantes por causa da sua constituição genética e pelo seu histórico psicológico. Cada pessoa tem as suas características de personalidade próprias que funcionam como padrão pessoal de referência para tudo aquilo que acontece no ambiente e dentro de si mesma. Por força disso, o processo de comunicação depende, em grande parte, do grau de homogeneidade de significados entre a fonte e o destinatário, o que nem sempre ocorre. Schramm dá o nome de campo de experiência ao conjunto de atitudes, experiências, conhecimentos, ambiente e base sociocultural de um indivíduo.
Os padrões de referência pessoais na comunicação
Pessoas com diferentes idiomas ou bases culturais possuem diferentes padrões de referência que provocam sérias dificuldades na comunicação interpessoal.
EXERCÍCIOSO Dia de Portas Abertas
Daniel Ventura, o presidente de uma grande empresa multinacional, reservava todas as tardes das quartas-feiras para o seu "dia de portas abertas". Nesses dias, Daniel não agendava compromissos e ficava à disposição para conversar com os seus 1.200 funcionários a respeito do que eles quisessem. As pessoas marcavam horário com a sua secretária, vinham até à sua sala e Daniel tentava fazer com que cada entrevista não durasse mais do que 15 minutos. Ocasionalmente, alguns funcionários falavam mais de uma hora. Muitas das entrevistas tinham pouco a ver com os negócios da empresa. Nenhuma posição fazia a diferença para Daniel, e todos os funcionários recebiam o mesmo tratamento. Um certo dia, Daniel recebeu um memorando dos seus quatro directores solicitando que encerrasse o "dia de portas abertas" pelas seguintes razões:
O programa tomava muito tempo de Daniel. Muitos funcionários abusavam do tempo falando sobre assuntos pessoais. A prática tendia a reduzir a autoridade dos directores. Alguns funcionários inventavam os problemas dos quais falavam. Alguns funcionários queixavam-se injustificadamente dos seus chefes.
Daniel sentia que o "dia de portas abertas" era salutar para a empresa, mas também percebia os fortes sentimentos dos directores e gestores contra essa política. A sua intenção era responder com outro memorando aos directores.
1. Se fosse o Daniel, como responderia ao memorando? Porquê?2. Explique outros meios pelos quais Daniel poderia alcançar os benefícios do
"dia de portas abertas".
Padrões de referência do emissor
Significado Codificação
Canal
Descodificação
Padrões de referência do receptor
Descodificação Descodificação
Feedback
3. Concorda com as reclamações dos directores? Porquê?4. Como é que poderia aproveitar essas reclamações e encontrar uma
alternativa integrada que pudesse satisfazer a todos – directores e funcionários?
10.6. Barreiras à Comunicação
Dificilmente a comunicação ocorre sem problemas. Quase sempre existem factores que reduzem a probabilidade da comunicação ser bem sucedida. São as chamadas barreiras à comunicação. Barreiras são restrições ou limitações que ocorrem dentro ou entre as etapas do processo de comunicação, fazendo com que nem todo sinal emitido pela fonte percorra livremente o processo, de modo a chegar incólume ao seu destino. O sinal pode sofrer perdas, mutilações, distorções, como também ruídos, interferências e, ainda, ampliações ou desvios. O boato é um exemplo típico da comunicação distorcida, ampliada e, muitas vezes, desviada. As barreiras fazem com que a mensagem enviada e a mensagem recebida sejam diferentes entre si. O conhecimento desses obstáculos pode ajudar o gestor nas suas tentativas de maximizar o sucesso das comunicações.
As barreiras ao processo de comunicação
Percepção SelectivaA percepção é o processo pelo qual cada pessoa selecciona, organiza e dá um sentido ao mundo que a rodeia. Toda a informação que ela recebe do mundo exterior é percebida, classificada e organizada de acordo com os seus padrões de referência. Daí o conceito de organização perceptiva: a categorização de um objecto ou estímulo de acordo com os padrões de referência pessoais. Em função disso, cada pessoa espera ver um comboio quando ouve um apito ou torna-se defensiva quando é chamada à sala do chefe. A percepção selectiva é o processo
Barreiras à comunicação(Fontes de Ruídos)
Ideias pré-concebidasInterpretações pessoaisPreconceitos pessoaisIncapacidade de comunicaçãoDificuldade com o idiomaPressa ou urgênciaDesatenção ou negligênciaDesinteresseOutros interesses prioritáriosEmoção ou conflitoLaconismo ou superficialidadeMotivação
Mensagem tal como é recebida
SaídaEntrada
Mensagem tal como é
enviada
pelo qual cada um escolhe e selecciona os vários objectos e estímulos que chamam a sua atenção.
SUGESTÕES
Os Dez Mandamentos da Boa Comunicação
1. Esclareça as suas ideias antes de comunicar. Analise o problema ou ideia a ser
comunicado. Este é o primeiro passo para uma comunicação eficaz. Muitas comunicações
falham por falta de planeamento. Considere os objectivos e atitudes daquele que receberá
a mensagem e como ele poderá ser afectado pela comunicação.
2. Examine o propósito de cada comunicação. Antes de comunicar, verifique o que é que
realmente pretende com a sua mensagem – obter informação, iniciar acção, mudar
atitudes de outra pessoa? Identifique os objectivos principais e então adapte a linguagem,
tonalidade e abordagem para atender esses objectivos. Não tente alcançar muito com
cada comunicação. Quanto mais específico for o conteúdo da sua mensagem, maior a
hipótese de sucesso.
3. Considere o conjunto físico e humano onde vai comunicar. Significado e intenção são
importantes, mas outros factores influenciam o impacto de uma comunicação. O gestor
deve ser sensível ao ambiente onde deverá comunicar, atentando para o senso de
oportunidade, o clima social, as práticas e costumes, as expectativas dos outros. A
comunicação deve adaptar-se e ajustar-se ao ambiente.
4. Consulte outras pessoas para planear as suas comunicações. Desenvolva com elas
os factos sobre os quais a comunicação se baseará. A consulta proporciona uma visão
adicional e objectividade às suas mensagens.
5. A maneira de comunicar é tão importante quanto o conteúdo da mensagem. O tom
de voz, a expressão, o humor, a receptividade às perguntas têm, todos, um efeito
significativo e afectam a reacção do ouvinte tanto quanto o conteúdo da mensagem. Tanto
a forma como o conteúdo são importantes na comunicação.
6. Aproveite a oportunidade, quando surgir, para ajudar ou valorizar o ouvinte . A
consideração pelos interesses e necessidades das pessoas (ver as coisas sob o ponto de
vista do ouvinte) produz benefícios imediatos ou agrega valor às outras pessoas. Leve em
conta os interesses dos subordinados.
7. Acompanhe a sua comunicação. O melhor esforço para comunicar pode ser
desperdiçado se não souber se foi bem sucedido na sua mensagem. Pergunte, encoraje o
ouvinte a expressar as suas reacções, faça contactos de acompanhamento, ouça
sugestões, verifique o desempenho posterior. Assegure-se, através do feedback, de que
houve entendimento e acção resultante adequada.
8. Comunique para o amanhã tão bem como para o hoje. A comunicação não deve
restringir-se às necessidades da situação actual, mas deve ser planeada de modo a
manter consistência com objectivos a longo prazo. É como falar apenas do desempenho
actual fraco a um funcionário leal e dedicado à empresa
9. Assegure-se de que as suas acções suportam a sua comunicação. O tipo mais
persuasivo de comunicação não é aquilo que diz, mas o que faz. Quando as suas acções
ou atitudes contradizem as suas palavras, as pessoas tendem a fazer descontos. Boas
práticas administrativas – como atribuição clara de autoridade e responsabilidade,
recompensas pelo esforço e reforço do bom desempenho comunicam mais do que todas
as pérolas do dicionário. Na comunicação, o discurso e a prática devem ser congruentes.
10. Procure fazer-se compreendido, mas compreenda também, como um bom ouvinte.
Enquanto fala, ouça também e analise as reacções e atitudes das pessoas. Ouvir é a mais
importante, a mais difícil e a mais negligenciada das competências na comunicação. Ela
requer que se concentre nos significados, nas palavras não ditas e nas expressões das
pessoas. Isso ajuda a compreender melhor as coisas.
EXERCÍCIOSA Transmissão da Informação
Um grupo de seis alunos voluntários deverá ficar isolado, fora da sala de aula. A classe deverá escolher o coordenador do exercício. O coordenador deve mandar chamar o 1º do grupo, fechar a porta da sala e, na presença dos demais alunos, transmitir-lhe pausadamente a seguinte informação e sem repeti-la:
"A Companhia Metalúrgica Martinelli colocou um anúncio no Diário do Minho no dia 4 de Setembro para recrutar analistas de sistemas que estejam na Universidade no 1º ano de Gestão Pública ou Economia ou Ciências Contabilísticas ou Processamento de Dados. Os candidatos deverão apresentar-se no escritório da Praça da República, nº 563, entre as 9 e 11 horas de segunda a quinta-feira e procurar o Sr. Antunes, mencionando a referência Analistas do Futuro. O salário oferecido é de € 1.200,00 iniciais e a admissão será imediata". A seguir,
a) O coordenador do exercício mandará chamar o 2º do grupo para que o 1º lhe transmita a informação recebida diante da turma.
b) Depois, chamará o 3º para receber do 2º a informação. c) Em seguida, o 4º para receber a informação do 3º; d) O 5º para receber a informação do 4º e, finalmente, e) O 6º para receber a informação do 5º. f) O 6º deverá explicar a informação recebida, e o coordenador do
exercício deverá compará-la com a informação original que transmitiu ao 1º.
10.7. Canais de Comunicação
O canal de comunicação é o meio escolhido para fluir a mensagem do emissor ao destino. O gestor pode escolher vários canais de comunicação com outros gestores ou subordinados. Pode discutir um problema frente-a-frente com alguém, usar o telefone, escrever uma carta ou memorando ou escrever um artigo numa revista, dependendo da natureza da mensagem.
A capacidade de um canal de informação é influenciada por três características.
1. A capacidade de manipular múltiplos assuntos simultaneamente. 2. A capacidade de facilitar o feedback.3. A capacidade de estabelecer atenção pessoal para a comunicação.
Canais de comunicação e o seu grau de amplitude e riqueza
Fonte: Richard L. Daft, “Management”, Orlando, The Dryden Press, 1996
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Para manter a Gama Total integrada e coesa na sua dispersão geográfica,
Eduardo pretende incrementar um sistema interno de comunicação capaz de
juntar e "amarrar" todos os funcionários. Mas existem barreiras à
comunicação dentro da empresa que Eduardo pretende ultrapassar: a
distância entre as lojas, a dispersão do pessoal, a dificuldade de falar uma
mesma língua a todos os funcionários, a impossibilidade de visitar
pessoalmente cada loja em períodos curtos de tempo, a dificuldade de se
reunir com cada gestor pelo menos uma vez por semana.
Como transformar todos esses “limões em uma boa limonada”?
10.8. Comunicação OrganizacionalA comunicação organizacional constitui o processo específico através do qual a informação se movimenta e é intercambiada entre as pessoas dentro de uma organização. Algumas comunicações flúem na estrutura formal e informal, outras
Presença física (conversa
frente-a-frente)
Canais interactivos (telefone, media,
internet)
Canais pessoais estáticos (cartas,
memorandos)
Presença física (conversa
frente-a-frente)
Canais de comunicação
amplos
Canais de comunicação
estreitos
Canais indicados para
mensagens difíceis,
ambíguas e não rotineiras
Canais indicados para
mensagens simples, claras
e rotineiras
descem ou sobem ao longo da hierarquia, enquanto outras movimentam-se na direcção lateral ou horizontal. Modernamente, com a tecnologia do computador, os fluxos de comunicação estão a intensificar-se em todos os sentidos.
Da mesma forma que o processo de comunicação humana é contingencial, também as comunicações dentro das organizações não são perfeitas. Elas são alteradas ou transformadas ao longo do processo, o que faz com que o último elo – o receptor da mensagem quase sempre receba algo diferente do que foi originalmente enviado, transformando a intenção do processo de comunicação. Existem três problemas principais de transformação da comunicação: a omissão, a distorção e a sobrecarga.
10.9. Canais Formais de Comunicação
Os canais de comunicação formal são aqueles que flúem dentro da cadeia de comando ou responsabilidade da tarefa definida pela organização. Existem três tipos de canais formais: as comunicações descendentes, as ascendentes e as horizontais.
Comunicações DescendentesSão os canais mais familiares que fazem fluir a comunicação dentro das organizações. Comunicações descendentes referem-se às mensagens e informações enviadas do topo para os subordinados, isto é, de cima para baixo, numa direcção descendente. É o tipo de comunicação vertical feita para criar empatia e gerar um clima de trabalho conjunto para a procura de soluções de problemas na organização.
O gestor pode comunicar para baixo da hierarquia através de conversas, reuniões, mensagens em publicações da organização, correio electrónico, telefonemas, memorandos, vídeos, seminários, cartas e manuais de políticas e procedimentos.
Comunicações Ascendentes As comunicações formais ascendentes referem-se às mensagens que flúem dos níveis mais baixos para os níveis mais elevados da hierarquia organizacional.
Comunicações HorizontaisA comunicação horizontal é o intercâmbio lateral ou diagonal de mensagens entre pares ou colegas. Pode ocorrer dentro ou ao longo das unidades organizacionais. O seu propósito não é somente informar, mas também solicitar actividades de suporte e de coordenação.
10.10. Canais Informais de Comunicação
Os canais informais de comunicação funcionam fora dos canais formalmente autorizados e nem sempre seguem a hierarquia de autoridade. As comunicações informais coexistem com as comunicações formais, mas podem ultrapassar níveis hierárquicos ou cortar as cadeias de comando verticais para ligar virtualmente qualquer pessoa da organização. O presidente da Tandem Computer, Jim Treybig, utiliza os canais informais de comunicação quando acede a qualquer funcionário através de um terminal de computador. Treybig costuma beber uma cerveja nas tardes de sextas-feiras em cada um dos 132 escritórios da Tandem à volta do mundo. Afirma que, entre uma cerveja e uma pipoca, os funcionários gostam de falar abertamente com ele. A sua ideia é criar e manter um canal informal de comunicação com os empregados.
Existem dois tipos de canais informais de comunicação são intensivamente utilizados pelas organizações:
Passeando pela organização. É uma técnica utilizada por dirigentes de organizações que falam directamente com empregados enquanto andam ou passeiam pela organização. Eles desenvolvem contactos informais com empregados e ficam a conhecer como andam as suas unidades organizacionais. O presidente da ARCO tem o hábito de visitar cada um dos escritórios da empresa. Sem programar reuniões, ele prefere falar com o supervisor ou com os operários do nível mais baixo. Essa técnica melhora as comunicações ascendentes e descen-dentes na organização, pois o gestor pode descrever ideias e valores aos funcionários e, em contrapartida, aprender como eles pensam a respeito de problemas e assuntos da organização.
Cachos de uva. É uma rede de comunicação informal, de pessoa a pessoa e que não é oficialmente sancionada pela organização. A rede em cachos de uva interliga os empregados em todas as direcções e em todos os níveis. Ela tende a ser mais
INTERPRETA
Comunicações para cima
Problemas e excepçõesSugestões de melhoriaRelatórios de desempenhoReclamações e queixasInformação financeira
Comunicação para baixo
Implementação de objectivos e metas
Instruções de trabalhoPráticas e procedimentosOrientaçãoFeedback de desempenho
INFLUÊNCIA
COORDENAComunicação horizontal
Solução de problemas intradepartamentaisCoordenação interdepartamentalAssessoria de staff para os departamentos de linha
activa em tempos de mudança, ansiedade, excitação e em épocas de crises ou condições económicas difíceis.
Comunicação em EquipasO trabalho em equipa envolve uma intensa comunicação. Os membros da equipa trabalham juntos para cumprir tarefas e a estrutura de comunicação da equipa influencia o seu desempenho e a satisfação das pessoas envolvidas. As pesquisas sobre comunicação em equipa focalizam duas grandes características:
a medida em que as comunicações da equipa são centralizadas e
a natureza da tarefa da equipa
Numa rede centralizada, os membros da equipa devem comunicar-se através de um indivíduo para resolver os problemas ou tomar as decisões. Numa rede descentralizada, os membros podem comunicar-se livremente com os restantes membros da equipa. Todos os membros processam informação até chegar a um consenso sobre uma decisão.
A rede centralizada de comunicação proporciona soluções mais rápidas para problemas simples. Os membros passam as informações relevantes a uma só pessoa para que ela tome as decisões. A rede descentralizada é mais lenta para problemas simples porque a informação passa por diferentes pessoas até que elas coloquem as peças juntas e resolvam o problema.
A eficácia de uma rede de comunicações numa equipa
Cadeia do boato(um conta a muitos)
Cadeia de cachos(alguns contam a outros escolhidos)
Fonte: Adaptado de Alex Bavelas & D. Barret – “Na experimental approach to organization communication”, 1951.
ReuniõesAs reuniões constituem um importante meio de comunicação organizacional. Uma reunião é um encontro de pessoas para discutir algum assunto ou resolver algum problema. Fazem parte do dia-a-dia do gestor. Uma reunião é uma forma de intercâmbio de ideias entre as pessoas e, por isso, uma poderosa ferramenta de trabalho.
A actuação de um gestor nas reuniões
Natureza das
Coisas
Solução dos
Problemas
Lenta e pouco
assertiva
Rápida e muito
assertiva
D
D
Descentralizada Centralizada
DescentralizadaCentralizada
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Como esforço inicial para desenvolver vários canais de comunicação na Gama
Total, Eduardo definiu vários funcionários como os elementos multiplicadores do
processo de comunicação na empresa. Cada um actuaria como um
representante de vários grupos e teria uma abrangência determinada de
actuação.
Todas as semanas, Eduardo reunir-se-ia pessoalmente com eles para trocar
informações acerca das mudanças na empresa: de um lado, mostraria os seus
planos e projectos e, de outro, recolheria opiniões.
Cada um dos representantes teria a tarefa de conversar com os seus grupos de
actuação e trazer o feedback na reunião seguinte. Outros canais de
comunicação poderiam ser desenvolvidos através de consenso dentro da
empresa.
SUGESTÕESComo fazer uma reunião funcionar
O coordenador deve:
Exercer liderança participativa
Antes
da
Reunião
Revisão dos factos e sintomas, esclareça problemas e objectivos.Encoraje a obtenção de todos os dados necessáriosAssessore na selecção dos participantes da equipaEstimule o raciocínio, proporcione informaçãoSubmeta uma agenda prévia aos participantesIncentive as interacções entre os participantesFaça os arranjos físicos necessários
Durante
a
Reunião
Faça uma breve introdução e desenvolvimento socialAjude os participantes a assumirem responsabilidades de grupoDê informação relacionada com essas responsabilidadesConduza o grupo para discutir problemasAjude nas soluções alternativas e na selecção da melhor opçãoVerifique as recompensas para as contribuições pessoaisProporcione feedback e relacione o apoio de todos os membros
Apósa
Reunião
Comunique os resultados do desempenho do grupo a todosVerifique se as ideias estão a ser praticadasConduza a monitorização e avaliação dos resultados dos esforçosContinue a proporcionar feedback aos participantes
Actuar como facilitador e impulsionador
Balancear a participação de todos os membros
Ser claro e comunicativo
Prestar atenção ao horário de início e de conclusão
Mostrar confiança nas pessoas
Os participantes devem:
Utilizar regras de consenso e feedback
Ser estimulados a contribuir e a colaborar
Ser motivados e incentivados
AVALIAÇÃO CRÍTICAAs empresas realmente ouvem seus funcionários?
Quando se implementa um programa de qualidade nas empresas, uma das
preocupações é transmitir novos conceitos que as pessoas jamais haviam
percebido: o cliente interno, o cliente externo, a melhoria contínua, etc.
A transmissão de informações é feita geralmente de cima para baixo, numa
avalanche que depende da urgência em implementar o novo sistema. Quando a
implementação é feita somente nesses termos, o resultado, na maior parte das
vezes, é frustrante e desanimador. É que, sem ouvir as bases operacionais ou
conhecer o que pensam os funcionários, o processo de comunicação
permanece numa “via de sentido único” e deixa de ser completo.
De nada adiantam os cartazes pela fábrica ou uniformes e etiquetas com
bonitas inscrições. A verba despendida inutilmente em programas desse género
é fantástica. A comunicação estritamente formal, vertical, de cima para baixo,
trazendo ordens e comandos já está ultrapassada.
As organizações que não ouvem os seus funcionários não serão ouvidas por
eles.
10.11. NegociaçãoGrande parte das comunicações dentro das organizações envolve uma razoável competência de negociação por parte do gestor. As partes envolvidas precisam de chegar a alguma forma de acordo ou consenso sobre assuntos que as afectam directa ou indirectamente. Negociação é o processo de tomar decisões conjuntas quando as partes envolvidas têm preferências diferentes. A negociação apresenta as seguintes características principais:
Pelo menos duas partes envolvidas.
As partes envolvidas apresentam um conflito de interesses sobre um ou mais tópicos.
As partes estão, ao menos temporariamente, unidas num tipo especial de relacionamento voluntário.
A actividade no relacionamento considera a divisão ou troca de um ou mais recursos específicos e/ou a resolução de um ou mais assuntos intangíveis entre as partes ou entre aqueles que as representam.
Geralmente, a actividade envolve a apresentação de exigências ou propostas por uma parte e a avaliação delas pela outra parte, seguida por concessões e contrapropostas. Assim, a actividade é sequencial e não simultânea.
A negociação visa ao alcance de uma zona ou área de acordo, conforme a figura abaixo ( “A Zona de Acordo”). Uma zona de acordo existe quando há simultaneidade de resultados aceitáveis justapostos para as partes envolvidas. Ela reflecte uma amplitude de negociação entre as partes.
Estratégia de NegociaçãoA negociação envolve a preparação de um plano estratégico para direccionar e orientar o seu início e as decisões tácticas no decorrer do processo de negociação. A Estratégia de negociação é um compromisso amplo para atingir os objectivos do negociador. Alguns negociadores adoptam uma estratégia "dura" com os seus oponentes, enquanto outros utilizam uma estratégia "suave" para obter resultados mais favoráveis. Fisher e Ury propõem a chamada estratégia da "negociação honrosa", que veremos a seguir.
GESTÃO MODERNAA abordagem de negociação honrosa
Fisher e Ury adoptam quatro pontos para a condução de "negociações honrosas", no
chamado programa Projecto de Negociação de Harvard:
Posição de Reserva de A
(A quer mais)
Posição de Reserva de B
(B quer mais)
Acordo Final
A quer mover X para a direita B quer mover X para a esquerda
Zona de Acordo
Excedente de A
Excedente de B
Tópico
A X B
1. Separe as pessoas do problema: a negociação deve ser um processo de
solução de um problema conjunto e não um teste de vontades ou de emoções
subjectivas. Separar as pessoas do problema significa:
fazer percepções exactas para entender o ponto de vista do oponente;
as emoções são legítimas e devem ser discutidas abertamente, desde que
controladas;
as comunicações entre as partes devem ser claras: ouvir atentamente e
entender o problema, e não discutir sobre as fraquezas do oponente.
2. Focalize-se sobre os interesses e não sobre as posições: os interesses
levam as pessoas a adoptar posições. O reconciliamento de interesses
funciona melhor, pois para cada interesse existem diversas posições possíveis
que podem satisfazê-los.
4. Crie muitas alternativas antes de decidir: para ajudar a identificar os
interesses comuns. Procure um “bolo” maior em vez de discutir sobre o
tamanho de cada “fatia”.
5. Os resultados devem basear-se em critérios objectivos: a intransigência
em argumentar sobre a sua posição em vez dos seus interesses precisa de ser
substituída por critérios objectivos justos para ambas as partes e que
conduzam a um acordo.
CASO PARA DISCUSSÃOA Volkswagen
Em busca de competitividade, produtividade e redução de custos, algumas empresas já estão a agir para modificar a maneira de se relacionarem com os seus funcionários. O modelo tradicional que coloca em lados opostos "patrão e empregados" dá lugar a novos paradigmas em que estão em alta conceitos como parceria e colaboração.
Nessa direcção, a Volkswagen abriu duas frentes de trabalho: a capacitação da mão-de-obra e a troca de informações permanentes com representantes dos empregados. Todos os assuntos são discutidos nesses encontros, e a prática tem contribuído para elevar a credibilidade da empresa junto dos funcionários.
Ao adoptar a negociação directa para tratar de todos os assuntos na área de recursos humanos, a empresa procura o envolvimento dos empregados dentro de um enfoque de gestão participativa. O próprio director de RH da VW coordena as reuniões regulares com os funcionários do quadro que são responsáveis por grupos de pessoas, para que eles actuem como multiplicadores nesse processo de comunicação.
A VW decidiu apostar no fortalecimento do sistema de comunicação com os empregados a partir de 1995, quando houve a dissolução da Autolatina, uma parceria da VW com a Ford. Hoje, os funcionários têm 53 representantes
eleitos na fábrica da Via Anchieta em São Bernardo do Campo (SP) e 32 em Taubaté (SP). É com essas lideranças que são discutidos temas como outsourcing, adequação da mão-de-obra e produção adicional, por exemplo.
Com 30 mil empregados, dos quais 450 são executivos e três mil são contratados sem vínculo, a VW utiliza instrumentos variados para a comunicação interna. Com os efectivos, o meio é o correio electrónico; para os não efectivos, são afixados painéis próximos aos postos de trabalho com mensagens em letras grandes e linguagem simples; além disso, há um sistema de rádio interno com transmissão nos refeitórios da empresa. Para dar sugestões ou fazer críticas, os funcionários têm uma e, no caso dos não efectivos, eles podem utilizar o correio electrónico. Os canais de comunicação são, portanto, variados.
Esse sistema de comunicação melhorou sensivelmente as relações com os empregados. Nas últimas negociações, foi definida a flexibilização da jornada de trabalho, cujo padrão é de 42 horas semanais; caso as exigências da produção elevem esse período até 44 horas, o funcionário recebe um crédito que vai para o “banco de horas”; acima das 44 horas, ele recebe a hora extra integral; se superar 48 horas, além de receber as horas extras, a quantidade de horas trabalhadas vai para o “banco de horas”.
Questões:1. O que acha dos canais de comunicação da VW?2. Quais as sugestões que daria para melhorá-los ainda mais? 3. Como funciona o esquema dos representantes do pessoal?4. Como funciona a troca de informações entre empresa e
funcionários?
10.12. Resumo do Capítulo
Como função administrativa de guiar as actividades dos membros da organização, a direcção depende da comunicação e da negociação. O gestor passa 80% ou mais do seu tempo em comunicação directa com outras pessoas. Por outro lado, 90% dos problemas das organizações giram ao redor da comunicação, ou melhor, da sua ausência ou inadequação.
Comunicar significa tornar algo comum. Um conjunto de dados com significado é uma informação. Comunicação é a transmissão de uma informação de uma pessoa a outra ou de uma organização a outra. A comunicação é um processo composto de seis elementos: fonte, transmissor, canal, receptor, destino e ruído. O feedback funciona como a via dupla da comunicação para confirmar a interpretação da mensagem. O processo pode ser eficiente e eficaz.
A comunicação está relacionada com o sistema cognitivo de cada indivíduo, que funciona como um padrão de referência. Daí a sua subjectividade, principalmente nas comunicações entre pessoas. A consonância ocorre quando o significado da mensagem enviada é semelhante ao significado da mensagem percebida pelo destino.
Existem obstáculos à comunicação, como barreiras e a percepção selectiva, que produz estereótipos ou efeitos de generalização. Para evitar transformações nas comunicações – como omissão, distorção e sobrecarga – as organizações adoptam vários canais formais e informais de comunicação. Os canais formais envolvem comunicações descendentes, ascendentes e horizontais.
A negociação é o processo de tomar decisões conjuntas quando as partes envolvidas têm preferências diferentes. A negociação utiliza uma zona ou área de acordo e estratégias e tácticas variadas.
10.13. Exercícios1. Qual é a importância da comunicação para o gestor? 2. O que é comunicar? 3. Qual é a diferença entre dado, informação e comunicação? 4. Defina comunicação. 5. Explique o processo de comunicação como um sistema. Dê exemplos. 6. O que é ruído e como se pode evitá-lo? 7. Explique o feedback ou retroinformação. 8. Como é que a comunicação pode ser eficiente e eficaz? 9. Explique o sistema cognitivo e o aparato de comunicação das pessoas. 10. O que é consonância e dissonância? 11. Explique o campo psicológico ou os padrões de referência pessoais. 12. Comente as barreiras à comunicação. 13. Explique a percepção selectiva, os estereótipos e o efeito de generalização. 14. Comente os canais de comunicação e o seu grau de amplitude. 15. Explique os três problemas de transformação da comunicação. 16. Explique os canais formais de comunicação: descendentes, ascendentes e horizontais. 17. Explique os canais informais de comunicação. 18. Comente a comunicação em equipas. 19. Explique o que é negociação e as suas características. 20. Explique a zona de acordo e as estratégias de negociação
GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEÁrea de acordo ocorre quando há simultaneidade de resultados aceitáveis justapostos para as partes envolvidas numa negociação.
Barreiras à comunicação são restrições ou limitações que ocorrem dentro ou entre as etapas do processo de comunicação, fazendo com que nem todo o sinal emitido pela fonte percorra livremente o processo de modo a chegar incólume ao destino.
Boato é uma rede de comunicação informal existente nas organizações e que produz um curto-circuito nos canais formais.
Cachos de uva é uma forma de comunicação informal em rede, de pessoa a pessoa e que não é oficialmente sancionada pela organização.
Campo de experiência é o mesmo que padrões de referência pessoais.
Campo psicológico é o mesmo que padrões de referência pessoais.
Canais formais de comunicação são aqueles que flúem dentro da cadeia de comando ou responsabilidade da tarefa definida pela organização.
Canais informais de comunicação funcionam fora dos canais formalmente autorizados e nem sempre seguem a hierarquia de autoridade.
Canal é o meio escolhido através do qual a mensagem flui entre a fonte e o destino. Pode ser o meio escrito ou falado utilizado para fluir a mensagem.
Codificação é a conversão de uma ideia em mensagem inteligível pelo comunicador.
Código é o vocabulário convencional ou secreto ou o conjunto de símbolos que transmitem significados.
Cognição é o processo consciente de aquisição de conhecimento. É o que as pessoas sabem sobre si mesmas e sobre o seu ambiente e que funciona como um padrão de referência.
Comunicação é o processo de transmissão e compreensão da informação mediante o uso de símbolos comuns.
Comunicação ascendente é a que flui das pessoas situadas nos níveis mais baixos da estrutura organizacional para as de nível mais elevado.
Comunicação em equipa é a rede centralizada ou descentralizada de processamento da informação pela equipa.Comunicação horizontal é a que se dá quando o comunicador e o receptor estão no mesmo nível, dentro da organização.
Conhecimento é a forma organizada de informações consolidadas pela mente humana ou por meio de mecanismos cognitivos da inteligência, memória e atenção.
Consenso é a concordância dos membros quanto a determinados assuntos ou decisões.
Consonância ocorre quando o significado da mensagem enviada pela fonte é semelhante ao significado da mensagem percebida pelo destino.
Dado é o registo ou anotação de algum evento ou ocorrência.
Descodificação é o processo mental que o receptor de uma mensagem usa para poder decifrá-la.
Destino ou destinatário é a pessoa, grupo ou organização que deve receber a mensagem e partilhar o seu significado.
Dissonância cognitiva é o estado mental que ocorre quando há falta de consistência ou de harmonia entre as várias cognições da pessoa.
Distorção significa uma alteração no sentido da mensagem na sua passagem pelos diversos agentes do sistema. Geralmente é causada pela percepção selectiva.
E-mail é o correio electrónico através da Internet.
Efeito de generalização ou Efeito de Hallo ocorre quando um único atributo é utilizado para desenvolver uma impressão geral de uma pessoa ou situação.
Estereótipo ocorre quando alguém é identificado com um grupo ou categoria e seus atributos são simplificados para associá-lo a um grupo ou categoria familiar à pessoa.
Estratégia de negociação é um compromisso amplo para atingir os objectivos do negociador.
Fonte é a pessoa, grupo ou organização que deseja transmitir alguma ideia ou informação através de uma mensagem.
Grupo é o conjunto de duas ou mais pessoas que interagem entre si de tal modo que a conduta ou desempenho de um membro são influenciados pela conduta ou desempenho dos outros membros.
Informação é um conjunto de dados com um determinado significado.
Processo de comunicação é o sistema formado pela fonte, transmissor, canal, receptor e destino, sendo influenciado pelo ruído.
Receptor é o meio ou aparelho que descodifica ou interpreta a mensagem para oferecer um significado percebido.
Mensagem é uma comunicação verbal ou
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 243 de 366Manual do Formando
escrita.
Negociação é o processo de tomar decisões conjuntas quando as partes envolvidas têm preferências diferentes.
Omissão significa a supressão de aspectos das mensagens, mantendo o seu sentido íntegro e inalterado.
Órgãos efectores são os transmissores de mensagens para o ambiente, como a linguagem humana falada e escrita, gestos, mímica, expressão corporal, etc.
Órgãos sensoriais são os receptores dos estímulos ambientais, como visão, audição, tacto, paladar e olfacto. Recebem as sensações que são codificadas como percepções dos fenómenos ambientais
Padrões de referência pessoais é o espaço de vida que contém a pessoa e o seu ambiente psicológico.
Percepção é a maneira pela qual cada pessoa interpreta a si própria e ao seu meio ambiente.
Percepção selectiva é a categorização de um objecto ou estímulo de acordo com os padrões de referência de cada pessoa.
Reuniões são encontros de pessoas para discutir algum assunto ou resolver algum problema.
Ruído é o termo que indica qualquer distúrbio indesejável dentro do processo de comunicação e que afecta a mensagem enviada pela fonte ao destino.
Sistema cognitivo compreende valores pessoais e experiências psicológicas passadas e presentes, sendo influenciado pelas características de personalidade, estrutura física e fisiológica e ambiente físico e psicológico, provocando um padrão de referência.
Sobrecarga ocorre quando os canais de comunicação conduzem a um volume de informações maior do que a sua capacidade de processá-las.
Tácticas de negociação são manobras adoptadas em fases e aspectos específicos do processo de negociação.
Task Forces é um grupo de pessoas que trabalham como uma unidade para completar um projecto ou tarefa com total independência.
Transmissor é o meio ou aparelho usado para codificar a ideia ou significado através de uma forma de mensagem.
Valência é a força da preferência da pessoa por um objecto, situação ou pessoa particular.
Zona de acordo é o mesmo que área de acordo.
10.14. Referências Bibliográficas
1. Henry Mintzberg. “The nature of managerial work”, NY, Harper & Row, 1973. 2. Bill Gates. “The road ahead”, Nova York, Viking Press, 1995. 3. Peter F. Drucker. Post capitalist society. Nova York, Harper Business, 1994.4. Maria José Pereira & João Gabriel Fonseca. Faces da decisão: as mudanças
de paradigmas e o poder da decisão, SP, Makron Books, 1997.5. Kurt Lewin. “PrincipIes of topological psychology”, NY, McGraw-Hill, 1936.6. Leon Festinger. A theory of cognitive dissonance, Stanford, Stanford
University Press, 1937. 7. Idalberto Chiavenato. “Gerenciando pessoas: o passo decisivo para a gestão
participativa”, SP, Makron Books, 1997.8. Richard L. Daft. “Management”, Orlando, The Dryden Press, 1996.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 244 de 366Manual do Formando
9. John R. Schermerhom, Jr. “Management”, Nova York, John Wiley & Sons, 1996.
10. Howard Raiffa. “The art and science of negociation”, Cambridge, Harvard University Press, 1982.
11. Philip Kotler. “Gestão de marketing: análise, planeamento, implementação e controlo, 1996.
12. Roger Fisher & William Ury. “Getting to yes: negotiating agreement without giving in”, Boston, Houghton Miff1in, 1981.
11. LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES
Objectivos de Aprendizagem
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
1. Mostrar a influência da liderança nas organizações. 2. Definir as bases do poder nas organizações.3. Definir o que é liderança e como exercê-la nas organizações.4. Explicar as várias teorias sobre liderança.5. Explicar as teorias de traços de personalidade.6. Explicar as teorias sobre estilos de liderança.7. Explicar as teorias situacionais ou contingenciais de liderança.8. Mostrar como a liderança pode ser desenvolvida pelo gestor.
□ A liderança nas organizações □ As bases do poder □ Conceito de liderança □ Teorias sobre liderança □ Teorias de traços de personalidade
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 245 de 366Manual do Formando
O QUE VEREMOS ADIANTE
□ Teorias sobre estilos de liderança □ Teorias situacionais de liderança □ Aplicações práticas
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CASO INTRODUTORIO
Corra que a concorrência vem aíQuando António Menezes assumiu a direcção da Alpha Beta Lda., a
empresa era conhecida como uma grande empresa que estava a perder
mercado e a sofrer uma forte deterioração na sua imagem. António
constituiu um grupo de trabalho e pediu-lhe um diagnóstico da situação e
uma análise interna das forças e fraquezas da empresa.
A sua ideia era obter dados suficientes de forma a desenvolver um plano
estratégico para interromper o mais depressa possível a queda da empresa.
A Alpha Beta era uma empresa tipicamente tradicional e conservadora.
Apesar de oferecer bons produtos, a sua estrutura organizacional era
baseada na divisão do trabalho e na especialização.
O esquema básico de departamentalização era funcional, e a hierarquia
servia como a principal base de coordenação interdepartamental. António
reclamava frequentemente da acomodação e do conformismo das pessoas,
da enorme atenção dada às regras e procedimentos e da negligência em
relação aos objectivos organizacionais. A sua vontade era romper com tudo
isso e dinamizar a empresa.
As amarras eram fortes, e os nós, gigantescos. Tudo indicava que ele teria
um enorme trabalho pela frente.
As organizações são constituídas por muitas pessoas que trabalham juntas, actuando em diferentes actividades e em diferentes níveis organizacionais. Muitas dessas pessoas ocupam posições nos diversos níveis administrativos como directores, gestores ou supervisores – para controlar o trabalho de outras pessoas, tornando-se, assim, responsáveis pela actividade conjunta de vários indivíduos. Isso implica, necessariamente, liderança. A liderança é um processo-chave em toda organização e tem sido uma preocupação constante, tanto das organizações que dela necessitam, como também de teóricos e pesquisadores.
Os líderes causam um profundo impacto na vida das pessoas e das organizações. Por essas razões, a complexidade do assunto tem levado a uma infinidade de teorias e tentativas de explicações sobre o que é a liderança. A conclusão é que não existe ainda uma abordagem ampla e universalmente aceita a respeito.
11.1. A Liderança nas OrganizaçõesLiderança não é sinónimo de gestão. O gestor é responsável pelos recursos organizacionais e por funções como planear, organizar, dirigir e controlar a acção organizacional para alcançar objectivos. Isso inclui muita coisa. A rigor, o gestor deveria ser também um líder, para lidar adequadamente com as pessoas que
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trabalham com ele. O líder, por seu lado, pode actuar em grupos formais e informais e nem sempre é um gestor. O gestor pode apoiar-se totalmente na autoridade do seu cargo ou adoptar um estilo de comportamento mais participativo que envolva decisão conjunta com os seus subordinados.
Em resumo, o gestor pode adoptar um estilo autocrático e impositivo ou demo-crático e participativo, para fazer com que as tarefas sejam realizadas pelas pessoas. Dois conceitos emergem dessa situação: o poder e a sua aceitação por parte dos liderados.
11.2. As Bases do Poder
A liderança é, de uma certa forma, um tipo de poder pessoal. Através da liderança, uma pessoa influencia as outras em função dos relacionamentos existentes. A influência é uma transacção interpessoal em que uma pessoa age no sentido de modificar ou provocar o comportamento de uma outra, de maneira intencional. Assim, sempre se encontra um líder – aquele que influencia – e os liderados – aqueles que são influenciados.
A influência é um conceito ligado ao conceito de poder e de autoridade. O poder significa o potencial de influência de uma pessoa sobre outra ou outras, que pode ou não ser exercido. O poder numa organização é a capacidade de afectar e controlar as acções e as decisões das outras pessoas, mesmo quando elas podem resistir.
A autoridade é o poder legítimo, ou seja, o poder que tem uma pessoa em virtude do papel ou posição que exerce numa estrutura organizacional. É o poder legal e socialmente aceite. Uma pessoa que ocupa uma alta posição numa organização tem poder pelo facto da sua posição ter o que chamamos de poder de posição.
Existem cinco diferentes tipos de poder que um líder pode possuir:
Poder coercivo: é o poder baseado no medo e na coerção. O liderado percebe que o fracasso em atender às exigências do líder poderá levá-lo a sofrer algum tipo de punição ou penalidade que ele quer evitar a todo o custo.
Poder de recompensa: é o poder que se apoia na esperança de alguma recompensa, incentivo, elogio ou reconhecimento que o liderado pretende obter.
Poder legitimado: é o poder que decorre do cargo ocupado pelo indivíduo no grupo ou na hierarquia organizacional.
Poder de competência: é o poder baseado na especialidade, nas aptidões ou no conhecimento técnico da pessoa.
Poder de referência: é o poder baseado na actuação e no apelo. O líder que é admirado por certos traços de personalidade possui poder referencial. É um poder conhecido popularmente como carisma. O mundo foi marcado por líderes carismáticos, como Moisés, Jesus, Gandhi, Napoleão, Vargas, Kennedy, etc. Quando falta carisma, torna-se mais difícil colocar os funcionários a serviço da organização. O carismático utiliza símbolos, analogias, metáforas e exemplos para ilustrar o que diz, de forma surpreendentemente original.
Existem poderes que decorrem da posição ocupada pelo gestor, como o poder legitimado, o poder de recompensa e o poder de coerção. O poder de competência e o poder de referência, ao contrário, são decorrentes da própria pessoa, como mostra a figura abaixo.
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O desafio do gestor está em saber migrar decisivamente para o poder de competência e de referência para exercer uma liderança baseada no seu poder pessoal.
Fonte: Adaptado de John R. Schermerhorn, Jr. “Management”, NY, 1996
11.3. Conceito de liderança
A liderança não deve ser confundida com direcção nem com gestão. Um bom gestor deve ser necessariamente um bom líder. Por outro lado, nem sempre um líder é um gestor. Na verdade, os líderes devem estar presentes no nível institucional, inter-mediário e operacional das organizações. Todas as organizações precisam de líderes em todos os seus níveis e em todas as suas áreas de actuação.
A liderança é um fenómeno tipicamente social que ocorre exclusivamente em grupos sociais e nas organizações. Podemos definir liderança como uma influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objectivos específicos. Os elementos que caracterizam a liderança são, portanto, quatro: a
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Coercivo(medo)
Recompensa(necessidades)
Legitimado(cargo)
Competência(especialidade)
Referência(carisma)
Poder do líder apoiado
na organização
Poder do líder apoiado nas próprias qualidades
SeguidoresComportamento
Objectivos
Fontes de Poder
Poder da Posição
Baseado no que o gestor pode oferecer aos outros
Poder da Pessoa
Baseado na maneira pela qual o gestor é visto pelos outros
Recompensas: “Se fizer o que mando, eu vou compensá-lo”.
Coerção: “Se não fizer o que mando, eu vou puni-lo”.
Legitimado: “Como sou o chefe, tem de fazer o que eu mando”.
Competência: como fonte de conhecimento e de informação especial
Referência: como uma pessoa com a qual as pessoas gostam de se identificar
influência, a situação, o processo de comunicação e os objectivos a alcançar.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
António Menezes percebeu que a sua liderança na Alpha Beta dependia
fortemente da estrutura formal de poder vigente na empresa. Só mandava
quem detinha alguma posição de direcção ou gerência.
O resto do pessoal tinha de obedecer cegamente. As pessoas tinham-se
acostumado a seguir as ordens dos gestores, como se estivessem com
viseiras. O poder coercivo imperava dentro da empresa.
11.4. Teorias Sobre LiderançaExistem três diferentes abordagens teóricas a respeito da liderança:
as teorias de traços de personalidade, as teorias sobre estilos de liderança e as teorias situacionais de liderança.
Teorias de Traços de PersonalidadeAs mais antigas teorias sobre liderança preocupavam-se em identificar os traços de personalidade capazes de caracterizar os líderes. O pressuposto era de que se poderia encontrar um número finito de características pessoais, intelectuais, emocionais e físicas que identificassem os líderes de sucesso, como por exemplo:
competência em interpretar objectivos e missões; competência em estabelecer prioridades; competência em planear e programar actividades da equipa; facilidade em solucionar problemas e conflitos; facilidade em supervisionar e orientar pessoas; competência em delegar responsabilidades nos outros.
Alguns traços de personalidade desejáveis no líderInteligência Optimismo Calor humano Comunicabilidade Mente
abertaEmpreendedor
Empatia Entusiasmo Criatividade Tolerância
Bom Ouvinte Responsável Confiante Maturidade Curioso
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Teorias de traços de personalidade
Quais as características de personalidade possuídas pelo líder
Teorias sobre estilos de liderança
Quais as maneiras e estilos de se comportar adoptados pelo líder
Teorias situacionais de liderança
Como adequar o comportamento do líder às circunstâncias da situação
Perspicaz Visão de futuro
Impulso para a acção
Assunção de riscos
Gestão Moderna
Liderança em tempo de tempestade
A empresa de sucesso conta com vencedores: os seus líderes desempenham papéis
chave, porque cabe a eles a criação da competência nas suas equipas. Eles têm muito
pouco a ver com os chefes do passado. Líderes criam novos líderes; chefes criam
subordinados. Os líderes trabalham para um objectivo comum; chefes agem de acordo
com os seus próprios interesses. Líderes criam o prazer da performance; chefes criam o
medo da punição.
Os pontos fracos das organizações, segundo Shinyashiki, são:
Liderança despreparada: Muitos empresários afirmam que esse é o verdadeiro ponto
fraco de uma organização; todas as outras dificuldades derivam dele. É o líder que
contrata e demite, determina o padrão dos projectos que serão implantados, delega ou
centraliza, além de determinar os critérios de promoção. A liderança despreparada cria
conflitos desnecessários, estimula jogos de poder e, principalmente, desmotiva a
equipa. Se os líderes não tiverem consciência do seu desafio, a empresa transforma-se
num navio sem rumo.
Separação entre líderes e colaboradores: No Banco Sumitomo, japonês, antes de um
gestor conceder um empréstimo a uma empresa, ele visita-a, verificando principalmente
o refeitório e o WC dos empregados. Se eles forem mal cuidados, o empréstimo pode
não ser aprovado; uma empresa que não privilegia o cuidado com os seus empregados
não conta com o compromisso deles para realizar a revolução que um novo projecto
exige. A separação física entre as hierarquias enfraquece uma organização. Quando
chefes e trabalhadores não se integram, pequenos problemas transformam-se em
perigosas ameaças.
Falta de ousadia: Numa empresa de sucesso, há sempre pessoas que gostam de
ousar. O seu estímulo predilecto é o desafio. O verdadeiro líder sabe que é preciso
abandonar as velhas fórmulas de sucesso para construir a empresa dos seus sonhos.
Expectativas de soluções mágicas: Esperar que uma grande jogada do destino salve
a empresa é o mesmo que acreditar no Pai Natal. Aqueles que esperam por soluções
mágicas são os mesmos que se desesperam quando as dificuldades começam a surgir.
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Não estão preparados para lidar com as dificuldades, que fazem parte das grandes
conquistas. Milagres existem: são o resultado da actuação de pessoas e equipas moti-
vadas e conscientes dos seus desafios.
Gestão amadora: Abrir espaço para o amadorismo é permitir que ele se alastre
rapidamente, atinja todos os escalões e provoque conflitos, stress e improvisação. Se
cada empregado quiser resolver os problemas à sua maneira, os esforços colectivos
anulam-se em razão das posturas contraditórias. Uma empresa campeã usa indicado-
res, análise de custos, planeamento estratégico e pesquisas.
Distanciamento do mercado: Há uma procura cada vez mais significativa por empre-
sas e profissionais competentes, que ofereçam melhores serviços a um custo menor e
mais eticamente. A saída é ser competente para ser competitivo. Manter-se afastado do
mercado representa morte certa.
Metas que não se realizam: Se a empresa iniciar um novo projecto e abandoná-lo a
meio do caminho, desperdiça-se o projecto e deita-se fora a confiança dos seus colabo-
radores. Ter metas e cumpri-Ias até o fim é importante, porém saber estabelecê-Ias com
precisão e senso de oportunidade é característica das empresas de sucesso. Se as
metas não se concretizarem, provavelmente é porque as ideias e estratégias não eram
claras e objectivas.
CASO DE APOIOPromoções de vendas Delta
A Promoções de Vendas Delta é uma empresa de serviços que estava a sofrer um forte
impacto com a retracção e a queda de pedidos. A sua área de actuação é o estado de
Santa Catarina, no Brasil. O pessoal de vendas é predominantemente universitário, na
maioria possuidores de diploma de engenharia. Na filial de Blumenau, o pessoal andava
a queixar-se da desigualdade de remuneração, da avaliação do desempenho e,
principalmente, das restrições aplicadas às despesas operacionais. O pessoal queria
que a empresa concedesse aumentos por mérito pela concretização dos objectivos de
venda no decorrer do ano.
Dois vendedores fizeram um pedido de mudança do sistema actual, que foi prontamente
rejeitado pelo gestor de vendas local, Nicanor Nogueira. Nicanor argumentou que a
situação da empresa não o permitia e que, se não houvesse mais pedidos, fatalmente
haveria cortes de pessoal. Um memorando assinado por Nicanor irritou ainda mais os
vendedores mais antigos. Dizia o seguinte:
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Caros colegas:
Como é do vosso conhecimento, estamos a atravessar um período de retracção nas
encomendas e devemos reduzir as despesas mais do que nunca. Devo pedir que façam
o possível para diminuir as despesas, algo que nunca solicitei nos últimos 10 anos de
gerência. Eliminem todos os almoços potencialmente não produtivos com os clientes e
submetam a quilometragem semanal a uma rigorosa prestação de contas. Se não
tivermos mais encomendas e maior controlo de despesas, haverá novos cortes nos
vossos orçamentos. Preciso da vossa ajuda para cumprir o objectivo da empresa, que é
o de manter as vendas estáveis e baixar as despesas em 18%. Se quiserem mais
explicações, por favor, entrem em contacto comigo imediatamente.
Nicanor Nogueira
Gestor de Vendas de Blumenau
Todas as sextas-feiras pela manhã, o grupo de vendedores de Blumenau reunia-se com
Nicanor para traçar a estratégia e os planos para a semana seguinte e avaliar os
resultados da semana passada. Essas reuniões ofereciam a oportunidade para os
vendedores trocarem ideias informalmente entre si. Após a reunião semanal, o pessoal
mais antigo pediu a João Fernandes que levasse as suas reclamações a Nicanor. João
era o melhor vendedor da equipa, um líder informal que apresentava sempre as opiniões
do grupo. Tinha 32 anos, era engenheiro electricista e o principal candidato à liderança
de vendas no Estado. João procurou Nicanor, no final da reunião de sexta-feira, para
discutir o memorando. Explicou que o pessoal de vendas estava a dar o máximo e que
os clientes potenciais deveriam ser cultivados com cuidado, e isto exigia verba para
almoços e jantares. Nicanor ouviu atentamente e replicou que esta era a política da
empresa, e não ideia dele. Conversaram por mais uma hora sobre a empresa e a
situação dos negócios. Na segunda-feira, pela manhã, João foi chamado à sala de
Nicanor e informado de que os seus serviços não eram mais necessários à empresa.
João recebeu um envelope com o pagamento da sua indemnização e a notificação da
sua demissão. O rumo dos acontecimentos chocou-o profundamente, pois ele
acreditava no seu futuro na empresa.
A notícia da demissão de João espalhou-se pelo grupo de vendas e angustiou toda a
equipa.
Questões:
1. Por que João era o líder informal do grupo de vendas?
2. Que tipo de impacto acha que terá a demissão de João sobre as vendas
imediatas e o nível de satisfação do grupo?
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3. Por que o memorando sobre as restrições de despesas causou problema dentro
do grupo de vendas?
4. Acha que Nicanor poderia ter melhorado a comunicação que expressava a preo-
cupação da empresa com as despesas? Como?
5. Como é que agiria nessa situação?
Teorias sobre Estilos de LiderançaAs teorias sobre estilos de liderança prescrevem um estilo particular de conduta do líder que provoca resultados finais do tipo alta produção e satisfação das pessoas. Os estilos ou abordagens sobre liderança mais divulgados são: os três estilos de liderança, a liderança orientada para tarefas ou pessoas e a hierarquia (grade) de gestão.
Os Três Estilos de White e LippittO famoso estudo pioneiro sobre liderança, de White e Lippitt, procurava verificar a influência causada por três diferentes estilos de liderança nos resultados de desempenho e no comportamento das pessoas. Os autores abordaram três estilos básicos de liderança: a autocrática, a liberal (laissez-faire) e a democrática.
Liderança autocrática: o líder centraliza totalmente a autoridade e as decisões. Os subordinados não têm nenhuma liberdade de escolha. O líder autocrático é dominador, emite ordens e espera obediência plena e cega dos subordinados.
Liderança liberal: o líder permite total liberdade para a tomada de decisões indi-viduais ou grupais, participando nelas apenas quando solicitado pelo grupo. O comportamento do líder é evasivo e sem firmeza.
Liderança democrática: o líder é extremamente comunicativo, encoraja a par-ticipação das pessoas e preocupa-se igualmente com o trabalho e com o grupo. O líder actua como um facilitador para orientar o grupo, ajudando-o na definição dos problemas e nas soluções, coordenando actividades e sugerindo ideias.
Os três estilos de liderança
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Na prática, o gestor utiliza os três estilos de liderança de acordo com a tarefa a ser executada, as pessoas e a situação. O gestor tanto manda cumprir ordens como sugere aos subordinados a realização de certas tarefas, ou ainda consulta-os antes de tomar alguma decisão. O desafio está em saber quando aplicar cada estilo, com quem e em que circunstâncias e tarefas a serem desenvolvidas.
Os três estilos de liderança
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
António verificou que os directores e gestores da Alpha Seta praticavam
exclusivamente um estilo autocrático de liderança que amarrava não somente as
mãos das pessoas, mas principalmente as suas cabeças.
Talvez esse tipo de actuação de gestão tivesse tido as suas boas razões no
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Aspectos
Tomada de Decisões
Programaçãodos
Trabalhos
Divisãodo
trabalho
Comportamentodo
Líder
Liderança Autocrática
Apenas o líder decide e fixa as directrizes, sem nenhuma participação do grupo.
O líder dá ordens e determina providências para a execução de tarefas, sem explicá-las ao grupo.
O líder determina a tarefa a cada um e qual o seu companheiro de trabalho.
O líder é dominador e pessoal nos elogios e nas críticas ao grupo.
Liderança Liberal
Total liberdade ao grupo para tomar decisões, com a mínima intervenção do líder.
Participação limitada do líder. Informações e orientação são dadas desde que solicitadas pelo grupo.
A divisão das tarefas e escolha dos colegas são do grupo. Nenhuma participação do líder.
O líder assume o papel de membro do grupo e actua somente quando é solicitado.
Liderança Democrática
As directrizes são debatidas e decididas pelo grupo, que é estimulado e orientado pelo líder.
O líder aconselha e dá orientação para que o grupo esboce objectivos e acções. As tarefas ganham perspectivas com os debates.
O grupo decide sobre a divisão das tarefas e cada membro tem liberdade para escolher os colegas.
O líder é objectivo e limita-se aos factos nos elogios ou críticas. Trabalha como orientador da equipa.
L LL
Líder Autocrático Líder Liberal Líder Democrático
passado mas, nas circunstâncias actuais, isto significava uma forte desvantagem
competitiva para a empresa.
AVALIAÇÃO CRÍTICAAs funções do líder
Para Hicks e Gullett, a liderança é uma subclasse da gestão. Muitas das funções do
líder são mais especializadas e tangíveis do que as de um gestor. A maneira como
um líder desempenha as suas funções determina o sucesso ou fracasso da sua
organização. As funções de um líder incluem:
Arbitragem: quando os membros da organização se desentendem quanto ao curso
de acção a ser seguido, o líder deve resolver o problema arbitrando ou decidindo a
melhor solução. Em qualquer situação, a solução deve ser encontrada de forma
consensual e rápida para evitar conflitos ou interrupções.
Sugestões: o líder deve sugerir ideias e meios aos seus subordinados, evitando
ordens ou comandos. Deve fazer com que os subordinados tenham senso de
participação e sejam tratados com dignidade.
Objectivos: os objectivos organizacionais não são automáticos, mas devem ser
definidos e fornecidos pelo líder. Para que a organização seja eficaz, os objectivos
devem ser viáveis e levar os membros a trabalhar juntos.
Catalisação: para iniciar ou aumentar o movimento de uma organização, torna-se
necessária uma certa força, que é fornecida pela acção do líder como um
catalisador que conduza os membros à acção colectiva.
Segurança: para manter uma atitude positiva e optimista face aos problemas, o
líder deve garantir a segurança aos seus seguidores. Essa segurança quanto ao
emprego é importante para elevar o moral da equipa.
Representação: o líder geralmente representa a organização diante dos outros e
serve como um símbolo da organização. As pessoas de fora vêem a organização
através das atitudes do líder e da sua impressão a respeito dele. Uma impressão
favorável do líder garante uma impressão favorável da organização.
Inspiração: ao fazer com que os seus seguidores sintam que o seu trabalho é
imprescindível e importante, o líder inspira-os a aceitar os objectivos organizacionais
de forma entusiástica e a trabalhar eficazmente em direcção ao seu alcance.
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Orgulho: a necessidade de reconhecimento e de estima das pessoas pode ser
satisfeita através de um orgulho sincero do líder quanto aos seus subordinados. É
importante que ele aprecie e festeje o trabalho das pessoas.
A liderança Orientada para as Tarefas ou para as Pessoas Segundo essa abordagem, existem dois tipos de liderança:
Liderança centrada na tarefa (job centered): é um estilo de liderança preocupado estritamente com a execução da tarefa e com os seus resultados imediatos. É típica de organizações ou unidades que costumam concentrar as pessoas em cargos isolados e individualizados, super-especializados, com procedimentos rotineiros e padronizados, seguindo regras e regulamentos. Liderança centrada nas pessoas (employee centered): é um estilo de liderança preocupado com os aspectos humanos dos subordinados e que procura manter uma equipa de trabalho actuante, com maior participação nas decisões.
Diferenças entre a orientação para as tarefas e a orientação para as pessoas
Líder orientado para as tarefas Líder orientado para as pessoas Comportamento orientado para a
finalização do trabalho. Planeia e estabelece como será feito
o trabalho. Atribui responsabilidade pelas
tarefas a cada subordinado. Define claramente os padrões de
trabalho. Procura completar o trabalho. Monitoriza os resultados do
desempenho. Preocupa-se com o trabalho, os
métodos, os processos, as regras e os procedimentos.
Comportamento orientado para apoiar e suportar as pessoas no seu trabalho.
Actua como apoio e retaguarda aos subordinados.
Desenvolve relações sociais com os subordinados.
Respeita os sentimentos das pessoas.
É sensível quanto às necessidades.
Mostra confiança nos seguidores. Preocupa-se com as pessoas, os
seus sentimentos, aspirações, necessidades e emoções.
CASO DE APOIOSó um Toyota é made in Toyota
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A Toyota é um exemplo clássico de uma organização eminentemente
participativa, que enfatiza a qualidade e focaliza o cliente. Existe há 59 anos e
está presente em 170 países. Já produziu mais de 90 milhões de carros e é a
terceira maior fabricante de automóveis do mundo. E isso é somente
consequência de fazer um carro de cada vez.
Diz o slogan da empresa que todas as pessoas que trabalham na Toyota são
movidas pela perfeição. Fazer tudo ficar melhor é um objectivo baseado na
filosofia kaizen, que ensina que o aperfeiçoamento deve ser constante e que
cada dia é uma oportunidade para realizar um trabalho superior. Dessa maneira,
não existe nada na produção de um carro Toyota – em qualquer lugar do mundo
em que ele seja produzido – que não seja tomado em consideração.
Todos os funcionários, do operário ao presidente, têm o direito de parar a linha
de produção (ou mesmo antes) se achar que algo merece ainda um pouco mais
de atenção. Em 1995, os funcionários da Toyota deram cerca de 764.402
sugestões de como melhorar o produto final, numa média de 17 sugestões por
funcionário. E a direcção acatou cada uma delas, cada detalhe. Até porque, na
Toyota, o detalhe faz parte de um todo que mesmo você vai dirigir na rua. Por
isso, a empresa alega que só um Toyota é made in Toyota.
Calcule quantas mudanças diárias são feitas nos métodos e processos,
produtos e serviços da Toyota por via das sugestões dos funcionários. É só
fazer as contas, dividindo 764.402 sugestões pelos dias úteis do ano.
A Toyota produz carros exactamente com a mesma qualidade, com o mesmo
nível de exigência para consumidores e com o mesmo sorriso superior no rosto
em qualquer país do mundo. A Toyota possui 35 unidades industriais
espalhadas pelo mundo. Em todas elas, o método, a dedicação e o rigor são os
mesmos. E, principalmente, o objectivo é o mesmo: oferecer aos consumidores
um carro que vai lhes trazer satisfação, e não aborrecimentos, porque só um
Toyota é produzido na república perfeccionista da Toyota. Haja liderança!
A Hierarquia (Grade) de Gestão (Managerial Grid)A grade de gestão baseia-se na suposição de que, na mente da maioria dos líderes, existe uma falsa dicotomia entre a preocupação com a produção e a preocupação com as pessoas. Blake e Mouton criaram uma rede de gestão para mostrar que a preocupação com a produção e a preocupação com as pessoas são aspectos complementares e não mutuamente exclusivas. Para os autores, os líderes devem unir essas duas preocupações a fim de conseguir resultados eficazes das pessoas.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 258 de 366Manual do Formando
A rede de gestão é formada por dois eixos: o eixo horizontal que se refere à preocupação com a produção, isto é, com o trabalho a ser realizado, enquanto o eixo vertical refere-se à preocupação com as pessoas, isto é, com a sua motivação, liderança, satisfação, comunicação etc.
Cada eixo está subdividido em nove graduações. A graduação mínima é 1 e signi-fica pouquíssima preocupação por parte do gestor; a graduação máxima é 9 e significa a máxima preocupação possível. A figura ilustra a grade de gestão.
A grade de gestão ou grade gerencial
9 1,9
9,9
8765 5,
54321 1,
19,1
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Os estilos principais da grade de gestão
Estilo Significado Participação Fronteiras
Intergrupais
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Alta
Baixa
Preocupação com as pessoas
Preocupação com a produção
AltaBaixa
1,1Mínima preocupação com a
produção e com as pessoas
Pouco envolvimento e pouco comprometimento
Isolamento. Falta de coordenação intergrupal
1,9Enfatiza as pessoas, com mínima preocupação com
a produção
Comportamento superficial e efémero. Soluções do mínimo denominador comum
Coexistência pacífica. Grupos evitam problemas para
manter a harmonia
9,1Ênfase na produção, com mínima preocupação com
as pessoasNão há participação das
pessoas
Hostilidade intergrupal. Suspeita e desconfiança
mútuas. Atitude de ganhar/perder
5,5Estilo do meio-termo. Atitude de conseguir
alguns resultados sem muito esforço
Meio caminho e acomodação que deixa
todos descontentes
Trégua inquieta. Transigência e acomodação para manter a
paz
9,9Estilo de excelência. Ênfase na produção e ênfase nas pessoas
Elevada participação e envolvimento.
Comprometimento das pessoas
Comunicações abertas e francas. Flexibilidade e atitude para o tratamento construtivo
dos problemas
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIOAntónio verificou que os directores e gestores da Alpha Beta estão quase sempre debruçados sobre os relatórios e preocupados com o trabalho. Quase nunca se preocupam com as pessoas e quais razões de elas não alcançarem os objectivos propostos. Liderança é palavra desconhecida. Até então, os directores e gestores preocupavam-se apenas com resultados, ignorando que eles são obtidos através das pessoas.
GESTÃO MODERNAA Imation
A 3M americana – uma das companhias mais inovadoras do mundo – promoveu
o maior spin-off (desmembramento) da sua história. As áreas ligadas a
processamento de imagem (armazenamento de dados e de imagens, produtos
fotográficos e sistemas de impressão) e informação deram lugar à Imation, uma
nova empresa que já nasce com um facturação anual de 2,3 biliões de dólares e
presença em mais de 60 países. A separação deu-se por necessidade de
agilidade e agressividade, que não era possível obter na antiga estrutura da 3M.
A solução para a criação da empresa independente foi formar uma equipa de
trabalho em cada país e uma estrutura nova para cada subsidiária, a fim de
tornar mais ágil o processo de decisões estratégicas, como o de formar
parcerias com outras empresas. A Imation promete centrar-se em primeiro lugar
no cliente e comprometer-se com ele para encontrar as melhores soluções de
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 260 de 366Manual do Formando
imagem e informática, adequadas às suas necessidades. Agora, há muito mais
enfoque sobre as áreas de imagem e informação, pois não se disputam mais
recursos com 50 outros negócios: a equipa só tem de se preocupar com a
Imation.
William Monhahan, o presidente da empresa, salienta que “tivemos de mudar
agressivamente a cultura da empresa. Fizemos isso de várias maneiras. Em
primeiro lugar, trouxemos pessoas de fora para assumir cargos importantes.
Segundo: mudamos nossa perspectiva com relação a benefícios. Hoje, todos os
nossos funcionários têm opções de acções. Não é preciso ser director para ser
accionista. Reduzimos quatro níveis de gestão. Assim, ficamos muito mais
próximos dos clientes. Vivemos num ambiente aberto e informal. Trabalhamos
todos juntos, cara a cara. Tudo isso tem muito a ver com o mercado em que
actuamos. Modificamos a cultura, mas fizemos questão de manter tudo de bom
que aprendemos na 3M. Sempre tivemos como concorrentes as Kodak e as Fuji
da vida. Queremos ser agressivos e, por meio da nossa política de aquisições,
estamos a agregar tecnologia de soluções que faz com que tenhamos mais
valor aos olhos do mercado. Podemos projectar sistemas, cadeias de
suprimentos voltadas para o usuário. Não precisamos preocuparmo-nos com a
estrutura antiga. Isso é uma vantagem competitiva imensa. Na 3M, o tempo de
desenvolvimento de um produto pode levar até cinco anos, enquanto
conseguimos colocar um produto à venda em, no máximo, 12 meses”.
A Imation é um novo nome para os produtos 3M de armazenamento de dados.
É mais do que uma simples troca de nome. É uma fantástica mudança para
uma empresa nova. A Imation assume os negócios de armazenamento de
dados, antes dirigidos pela 3M, trazendo junto a qualidade da 3M. Trata-se de
uma empresa direccionada exclusivamente para o mundo de sistemas de
imagem e informação. Ela pode ser visitada no website no endereço:
www.imation.com . Um novo enfoque virado para uma nova geração de
produtos e serviços.
Teorias Situacionais de LiderançaAs teorias situacionais de liderança procuram incluir a liderança no contexto ambiental em que ela ocorre, levando em conta o líder, os liderados, a tarefa, a situação, os objectivos, etc. Constituem um avanço em relação às teorias baseadas exclusivamente no estilo de liderança.
As principais teorias situacionais são: a escolha dos padrões de liderança, o modelo contingencial e a teoria dos meios-objectivos ou voltada para os objectivos.
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A Escolha dos Padrões de liderançaTannenbaum e Schmidt consideram que o líder deve escolher os padrões de liderança mais adequados para cada situação em que se encontra. Para os autores, a liderança é um fenómeno situacional, pois se baseia em três aspectos:
Forças no gestor Forças nos subordinados Forças na situação
As forças que condicionam os padrões de liderança
Face a estas três forças, o líder pode escolher um padrão de liderança adequado para cada situação, de modo a ajustar as suas forças pessoais com as forças dos subordinados e as forças da situação. Trata-se de encontrar a sintonia certa entre essas três forças interactivas.
O continuum dos padrões de liderança
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Forças na situação
Tipo de empresa e seus valores e tradiçõesEficiência e eficácia do grupo de subordinadosA tarefa ser executadaTempo disponível para executá-la.
Forças no gestor
Sistema de valores do gestorAs suas convicções pessoaisConfiança nos subordinadosInclinações sobre como liderarTolerância para a ambiguidadeFacilidade de comunicação
Forças nos subordinados
Necessidade de autonomiaDesejo de assumir responsabilidadesTolerância para a incertezaA sua compreensão do problemaOs seus conhecimentos e experiênciasDesejo de participar nas decisões
Estilo de liderança a ser adoptado
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
António chegou à conclusão de que deveria alterar o balanço das
forças, na situação, nos gestores e nos subordinados, dentro da sua
empresa a fim de proporcionar as condições básicas para uma
liderança impulsionadora e democrática.
Para isso ele pretende aumentar as forças nos subordinados através de
mais formação e orientação, ao mesmo tempo que também aumenta as
forças na situação, removendo regras e procedimentos antigos para
permitir que as pessoas pensem e decidam mais sobre as suas
actividades.
SUGESTÕESNove Posturas Fundamentais para a Liderança Eficaz
Delegue responsabilidades e defina caminhos a seguir e metas
a alcançar.
Focalize os processos, e não as tarefas das pessoas.
Dê orientação, informação e feedback às pessoas.
Proporcione formação e novas competências às pessoas.
Promova oportunidades para as pessoas.
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Uso da autoridade pelo gestor
Área de liberdade dos subordinados
Liderança centralizada no gestor
Liderança descentralizada nos subordinados
1Impõe
Gestor toma a decisão
e a comunic
a
2Vende
Gestor “vende” a sua
decisão
3Ouve
Gestor apresen
ta as suas
ideias e pede
perguntas
4Consulta
Gestor apresenta
uma decisão e consulta
para modificaçõ
es
5Participa
Gestor apresenta problema,
recebe sugestões e toma a
sua decisão
6Atribui
Gestor define
os limites e pede ao grupo que
tome a decisão
7Delega
Gestor permite que o grupo decida dentro
de certos limites
Fixe metas e objectivos de maneira consensual.
Estabeleça as prioridades a atender.
Encoraje a inovação e a criatividade.
Reconheça e recompense o desempenho excepcional.
O Modelo Contingencial de FiedlerFiedler desenvolveu um modelo contingencial de liderança eficaz a partir da ideia de que não existe um estilo único e melhor de liderança, que seja válido para toda e qualquer situação. Pelo contrário, os estilos eficazes de liderança são situacionais: cada situação requer um diferente estilo de liderança. O modelo contingencial baseia-se em três factores situacionais: Poder de posição do líder Estrutura da tarefa Relação entre líder e membros
O modelo de liderança eficaz de Fiedler
SUGESTÕESOs Cinco Princípios da Liderança Visionária
Desafio do processo: seja um pioneiro. Encoraje a criatividade e a
inovação e apoie as pessoas com ideias e sugestões. Oriente, norteie,
impulsione as pessoas, faça-as cometer erros e aprender com eles. Faça
com que saiam da monotonia e da rotina e agreguem valor à organização.
Seja entusiasta: inspire as pessoas com o seu entusiasmo pessoal e
procure partilhar uma visão comum. Transforme o trabalho em algo
agradável e produtivo, que traga orgulho e entusiasmo às pessoas. Que
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Factores situacionais
Poder de posição do líder
Estrutura da tarefa
Relações entre líder e membros
Vantagem situacional
Maior poder de posição
Muita autoridade formal
Alto nível hierárquico
Tarefa estruturada, rotineira e programada
Fácil de desempenhar, de executar e de aprender
Bom relacionamento entre o líder e os
membros do grupo
Desvantagem situacional
Menor poder de posição
Pouca autoridade formal
Baixo nível hierárquico
Tarefa não estruturada, variada e não programada
Difícil de desempenhar, de executar e de aprender
Mau relacionamento entre o líder e os membros do grupo
elas comemorem e festejem quando marcam um objectivo ou meta
alcançados.
Ajude as pessoas a agir: seja um criador de equipas e apoie os esforços
e talentos das pessoas. Participação é a palavra-chave. Apoie-se
fortemente na equipa, transfira para ela as discussões sobre objectivos e
metas, as decisões importantes, a escolha dos meios e métodos, o
feedback dos resultados. Consulta e comunicação são fundamentais. O
consenso é o segredo do sucesso. Faça com que as pessoas se sintam
importantes, e elas o farão mais importante ainda.
Dê o exemplo: utilize um modelo de papel consistente que as pessoas
possam e desejam desempenhar. Transparência e objectividade são os
meios principais para isso. Total abertura quanto à abordagem dos
problemas e soluções, franqueza e sinceridade.
Celebre as realizações: traga emoção ao local de trabalho e junte a
mente e o coração nas tarefas diárias. Reconheça, festeje e congregue as
pessoas. Faça da sua equipa um verdadeiro clube integrado e coeso que
participa de todo o negócio. A missão e a visão devem ser discutidas
frequentemente à medida que os objectivos vão sendo definidos,
alcançados e redefinidos
A Teoria dos Meios-objectivos ou Teoria Voltada para os ObjectivosÉ uma teoria contingencial que se preocupa em estudar como é que o líder influencia a percepção das metas de trabalho dos subordinados, das suas metas de autodesenvolvimento e os caminhos para atingir tais metas.
A teoria voltada para os objectivos (ou meios-objectivos) afirma que a responsabilidade do líder é aumentar a motivação dos subordinados para atingir objectivos individuais e organizacionais. O seu fundamento reside na teoria da expectância – as atitudes, a satisfação, o comportamento e o esforço de um indivíduo no trabalho podem ser previstos.
As pesquisas revelaram que os líderes são eficazes quando fazem com que as recompensas estejam ao alcance dos liderados e dependam da realização de metas específicas, por parte dos subordinados. Grande parte do trabalho do líder é mostrar ao liderado o tipo de comportamento que tem maior probabilidade de levar à consecução da meta. Essa actividade é conhecida como esclarecimento do caminho a seguir.
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Os papeis do líder no modelo de meios-objectivos
Fonte: Adaptado de Bernard M. Bass, “Leadership: good, better, best”, Organizational Dynamics, 1985.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIOAntónio quer inspirar-se na liderança visionária para livrar a Alpha Beta da
situação em que se encontra. O caminho pela frente é encorajar a
criatividade e inovação entre os funcionários, apoiar as ideias e sugestões,
impulsionar as pessoas, inspirá-Ias com o seu entusiasmo pessoal, criar
equipas, ajudá-Ias a agir; procurar o consenso, dar o exemplo, proporcionar
abertura e celebrar e comemorar as realizações das pessoas.
11.5. Aplicações Práticas
Neste manancial de teorias acerca da liderança surgem algumas conclusões de ordem prática para o gestor dirigir as pessoas. House e Dessler propõem quatro tipos específicos de liderança:
Líder apoiante
Líder directivo
Líder participativo
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O líder define o que o subordinado deverá fazer para obter as recompensas do trabalho
O líder aprende acerca das necessidades do subordinado
O líder ajusta as recompensas do trabalho com as necessidades do
subordinado
O líder aumenta o valor das recompensas para o subordinado
O líder esclarece o papel do trabalho do subordinado
O subordinado recebe reconhecimento e confiança quanto ao alcance das
recompensas
O subordinado apresenta maior esforço e motivação
O trabalho organizacional é adequadamente cumprido
Líder orientado para metas ou resultados
Situação de meios-objectivos e comportamentos adequados de liderança
Fonte: Adaptado de Gary A. Yuki. “Leadership in organizations”, Prentice-Hall, 1981
Segundo a teoria dos meios-objectivos, os líderes devem aumentar o número e os tipos de recompensas aos subordinados. Além disso, devem proporcionar orientação e aconselhamento para mostrar como essas recompensas podem ser obtidas. Isso significa que o líder deve ajudar os subordinados a ter expectativas realistas e a reduzir as barreiras que impedem o alcance das metas.
SUGESTÕESTire o seu Diploma em Liderança
Ser líder não é uma herança genética, nem determinação do destino. Existem
cinco componentes que aumentam o seu poder de influência. Imagine um
anúncio de emprego, em que se lê: "Procura-se: indivíduo com competências de
treinador, professor, líder de clube, herói, visionário, gestor, artista, ser humano
sensível e atento para com as pessoas que o rodeiam, segundo o que as
circunstâncias exigem. Precisa de ter facilidade para experimentar mudanças
culturais. Uma qualidade essencial é o compromisso profundo com a nossa
missão e o nosso pessoal, mas o candidato também deve conseguir distanciar-
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Subordinado não tem autoconfiança
Trabalho ambíguo
Falta de desafio do trabalho
Recompensas inadequadas
Situação Comportamento do líder
Impacto sobre o subordinado
Resultado
Liderança de suporte
Liderança directiva
Liderança participativa
Liderança orientada para
resultados
Aumentar a confiança dos subordinados para
alcançar as recompensas do trabalho
Esclarecer os caminhos para obter as recompensas
Esclarecer os caminhos para obter as recompensas
Estabelecer objectivos elevados e desafiadores
Maior esforço, melhor
desempenho e maior
satisfação
se, para não perder a sua visão objectiva da realidade".
É por essa razão que há falta de líderes empresariais. Num estudo sobre a
natureza da liderança, Robert J. Thomas concluiu que os líderes utilizam um
conjunto surpreendentemente pequeno de competências básicas. Na verdade,
são cinco competências básicas:
Percepcionar. Os líderes eficientes percepcionam possibilidades que outras
pessoas nem vêem. Eles percebem a realidade não só da sua própria
perspectiva, mas também da perspectiva daqueles que eles pretendem liderar.
A psicologia dá o nome de empatia a essa competência de se sentir no lugar
dos outros. Max De Pree, ex-presidente do conselho de gestão da Herman
Miller, uma das empresas mais admiradas segundo a revista Fortuna, diz: "O
líder precisa de ter a capacidade de olhar através da lente de um seguidor". De
Pree demonstrou essa competência convidando os funcionários a participar na
criação de uma visão da empresa, em vez de impor essa visão de cima para
baixo. Essa capacidade de perceber significa poder assumir o papel do outro e
identificar e distinguir aquilo que nós desejamos que seja.
Monitorar-se. Os líderes assumem, negociam ou são obrigados a
desempenhar uma série de papéis diferentes. Para poder avaliar essas
situações e dispor da gama mais ampla possível de opções, os líderes
eficientes são, ao mesmo tempo, insiders (participantes sinceros e
comprometidos) e outsiders (capazes de distanciar-se de uma situação ou papel
para avaliar a gama de acções à sua disposição). Por outras palavras, o líder
efectivo aprende a monitorar-se em acção e a rever, criticar e modificar
continuamente o seu comportamento.
Trabalhar com valores. Os líderes efectivos experimentam os seus próprios
valores, ajudam as outras pessoas a formular os seus, lidam com conflitos de
valores de maneira directa e tomam decisões com base em valores. Eles
reconhecem o facto de que os valores fornecem estabilidade e rumo à
organização. Os valores são a liga que une a organização. O líder sabe
diferenciar o que é apropriado daquilo que é certo. As duas posturas nem
sempre coincidem. Os valores estão acima de tudo.
Confiar. Os líderes efectivos sabem confiar e inspirar confiança. Como
demonstrou Robert Levering, na sua pesquisa sobre" As 100 melhores
empresas para se trabalhar nos Estados Unidos", os líderes eficazes criam um
clima de confiança que permeia a empresa inteira. Mas confiança não é apenas
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um ambiente agradável ou um sentimento caloroso. É, ao mesmo tempo, uma
actividade e um resultado, uma condição prévia e uma consequência.
Desafiar. Os líderes efectivos perseguem a criação de metas e objectivos como
parte de um processo por meio do qual as possibilidades são, mais do que
impostas, reveladas ao longo do tempo. Eles questionam continuamente as
normas e os pressupostos, visando a acabar com as restrições desnecessárias
e irreais impostas às pessoas e às organizações que lideram. O desafio não
precisa assumir a forma de confronto. Na verdade, os líderes efectivos muitas
vezes extraem novas ideias das pessoas lideradas, em lugar de inventá-Ias eles
próprios. Eles fazem muitas perguntas e muitas vezes não sabem as respostas.
Porém, ao formular as perguntas, ajudam as pessoas a encontrar as respostas.
A liderança, é algo que se pode aprender e aperfeiçoar pela prática. Para
dominar esses cinco passos, é preciso possuir algo de cada uma dessas
qualidades. O método consiste em identificar onde existem, ou como podem ser
criadas, as oportunidades no contexto do desempenho quotidiano e fazer delas
o seu campo de formação. E, com a prática, poder até transformar a liderança
num novo modo de vida.
AVALIAÇÃO CRÍTICAJá ouviu falar de inteligência emocional?
A Primeira Revolução do Saber ocorreu como consequência do impacto da
Revolução Industrial, que provocou uma necessidade intensa de qualificação da
mão-de-obra para realizar a alfabetização racional e ensinar as pessoas sem
preparação a ler, escrever e fazer contas, para que elas saíssem da fase
agrícola anterior e ingressassem na fase de industrialização.
A alfabetização racional foi o passo para tirar a humanidade do circuito da
pobreza da fase agrícola e chegar aos privilégios da riqueza por meio das
fábricas e das profissões liberais. A Primeira Revolução do Saber foi a
responsável pela criação da classe média.
A Segunda Revolução do Saber está a começar agora e está voltada para a
alfabetização emocional. Ocorre que o ser humano tem múltiplas inteligências, e
a alfabetização racional estimula a utilização de apenas duas delas: a lógico-
matemática e a linguística. Daniel Goleman salienta que uma das inteligências
não exploradas é a inteligência interpessoal, que está associada à inteligência
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intrapessoal.
A inteligência intrapessoal representa o grau em que a pessoa sabe conviver
consigo mesma e ter responsabilidade pela auto-liderança. A inteligência
interpessoal é o grau em que a pessoa sabe conviver com as outras pessoas e,
quando necessário, ter responsabilidade para liderar.
O segredo é saber desenvolver e aplicar tanto a inteligência racional como a
inteligência emocional; tanto o quociente intelectual (QI) como o quociente emocional (QE). O QI pode dar-lhe o emprego, mas é o QE quem lhe dará a
promoção. Para Goleman, o QE é uma tábua de cinco mandamentos:
1. O auto-conhecimento. É a capacidade de reconhecer os próprios
sentimentos, usando-os para tomar decisões que resultem em
satisfação pessoal. Quem não entende os seus verdadeiros
sentimentos fica à mercê deles. Quem os compreende pode dirigir
melhor a sua vida.
2. A gestão das emoções. É a competência de controlar impulsos, de
dispersar a ansiedade ou de direccionar a raiva para a pessoa certa, na
medida certa e na hora certa.
3. A auto-motivação. É a competência de persistir e de se manter
optimista mesmo diante de problemas.
4. A empatia. É a capacidade de se colocar no lugar do outro, de entender
esse outro e de perceber sentimentos que não são verbalizados num
grupo.
5. A arte do relacionamento. É a capacidade de lidar com as reacções
emocionais dos outros.
Segundo Goleman, cada pessoa tem uma pitada a mais ou a menos em cada
um destes itens; mas é certo que o líder precisa ter um elevado QE.
EXERCÍCIOSÉ um líder?
Se está numa posição de gestão numa organização, verifique como as
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actividades seguintes são importantes para si, anotando sim ou não:
1. Ajudar os subordinados a esclarecer objectivos e como alcançá-los.
2. Proporcionar às pessoas um sentido de missão e propósitos globais.
3. Ajudar a executar os trabalhos dentro do tempo necessário.
4. Localizar novos produtos e oportunidades de serviços.
5. Utilizar políticas e procedimentos como guias para solução de
problemas.
6. Promover crenças e valores que não são convencionais.
7. Oferecer recompensas monetárias pelo elevado desempenho dos
subordinados.
8. Impor respeito entre as pessoas.
9. Trabalhar sozinho para cumprir tarefas importantes.
10. Sugerir novos e únicos caminhos para fazer as coisas.
11. Confiar nas pessoas que fazem bem o seu trabalho.
12. Inspirar lealdade para si mesmo e para a organização.
13. Estabelecer procedimentos para ajudar a unidade organizacional a
trabalhar bem.
14. Utilizar ideias para motivar as pessoas.
15. Impor limites razoáveis nas novas abordagens.
16. Demonstrar inconformismo com a mediocridade e o desperdício.
Os itens com números pares representam comportamentos e actividades de
líderes carismáticos, que são pessoas envolvidas em ideias, objectivos e
direcção de mudança. Esses utilizam uma abordagem intuitiva para
desenvolver novas ideias para velhos problemas e procurar novas direcções
para a sua unidade organizacional.
Os itens com números ímpares são considerados actividades mais tradicionais
típicas dos líderes transaccionais. São gestores que respondem aos problemas
organizacionais de maneira impessoal, tomando decisões racionais,
coordenando e facilitando o trabalho das pessoas.
Se respondeu sim a mais itens pares do que ímpares, é um potencial líder
carismático.
CASO PARA DISCUSSÃOUma das figuras mais conhecidas nos meios automobilísticos, Lido Anthony
Lacocca era estudante de engenharia quando ingressou na Ford Motor
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Company como estagiário em vendas.
Em 1960, já era o mais jovem gestor geral da Divisão Ford. Em 1964, como
vice-presidente da empresa, lançou o bem sucedido Mustang com um
orçamento de apenas US$ 75 milhões.
Em 1970, foi nomeado presidente da Ford, sendo despedido sumariamente
após oito anos. "O que ocorreu comigo foi uma adversidade inesperada",
comenta Lacocca. Convidado a assumir a presidência da Chrysler, à beira da
falência, conseguiu convencer o governo americano a autorizar um empréstimo
de US$ 1,5 bilhão para evitar a bancarrota da empresa. Em pouco tempo,
introduziu uma nova dinâmica à empresa e reconfigurou totalmente os seus
produtos, ligando intimamente o seu nome ao da Chrysler. Foi um inabalável
vendedor de carros e advogado de todas as coisas em que os americanos
acreditavam.
Comenta-se que, no início da sua actividade na Chrysler, quando se decidia a
nova linha de veículos para o ano, Lacocca percebeu que faltava nela um carro
médio conversível. Chamou o vice-presidente de projecto e engenharia e pediu-
lhe que preparasse um projecto para o carro o mais rapidamente possível. Ficou
irritado quando este lhe pediu o prazo de seis meses apenas para desenhar o
projecto. Chamou o vice-presidente de marketing e solicitou-lhe uma pesquisa
de mercado para analisar a viabilidade de um carro médio conversível. Ficou
mais irritado quando este lhe pediu quatro meses para realizar a pesquisa.
Lacocca queria o novo carro em questão de dias.
Inconformado com a lentidão da burocracia da Chrysler, Lacocca chamou o
gestor de produção e pediu-lhe que serrasse a capota de um carro médio
naquele mesmo dia e que o pusesse à sua disposição. Estarrecido, o gestor
cumpriu a ordem e, intrigado, viu o chefe sentar-se no carro e guiar
vagarosamente pelas ruas de Detroit, sem seguranças por perto, observando
como as pessoas olhavam para o automóvel. Após rodar duas semanas pela
cidade, Lacocca havia feito a sua própria pesquisa de mercado.
Satisfeito com os resultados dos olhares dos transeuntes, mandou que aquele
"protótipo" constituísse o novo modelo de conversível para a linha do ano. O
sucesso alcançado foi invulgar. O comportamento de Lacocca pode ser chama-
do de inconformismo sistemático: a não-aceitação da mediocridade, da
complacência e da irresponsabilidade burocrática. As descrições mostram um
Lacocca brutalmente honesto, autoritário, inspiracional, cáustico, carismático,
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arrogante e extremamente tímido. Muitos dos que trabalharam com ele o tomam
como um génio.
Em 1983, sete anos antes do fim do seu vencimento, Lacocca devolveu aos
burocratas de Washington o empréstimo concedido à Chrysler com um lucro de
US$ 350 milhões ao Tesouro americano, transformando a empresa num
negócio altamente rentável. A rentabilidade retomou com a diversificação das
operações, a compra da American Motors Corporation e da Gulfstream
Aerospace Corporation e o relançamento do Jeep. A imagem da Chrysler – de
fabricante de carros enormes e luxuosos – foi substituída pela imagem de uma
empresa revolucionária de vans e de carros tecnologicamente bem desenhados.
O Jeep Grand Cherokee lançado em 1991 e a introdução de pick-ups
modificaram totalmente o negócio da empresa.
Após 46 anos na indústria automobilística, Lacocca aposentou-se em 1992,
permanecendo como conselheiro e consultor e com o seu nome ligado
definitivamente ao da grande corporação americana.
Questões:
1. Identifique algumas características pessoais em Lacocca que o marcam
como um líder eficaz.
2. Lacocca teria sido mais um líder ou gestor?
3. Como é que imagina que a liderança inspiracional de Lacocca influenciou a
Chrysler?
4. Dentro da teoria dos meios-objectivos, em qual dos quatro tipos de estilos
de liderança classificaria Lacocca?
5. Comente o inconformismo sistemático e as suas implicações
11.6. Resumo do Capítulo
A liderança é um processo fundamental em todas as organizações. O gestor deverá ser um líder para lidar com as pessoas que trabalham com ele. A liderança é uma forma de influência.
A influência é uma transacção interpessoal em que uma pessoa age para modificar ou provocar o comportamento de uma outra, de maneira intencional. O poder é a capacidade de afectar e controlar as acções e decisões das pessoas, mesmo quando elas podem resistir.
Existem cinco tipos de poder que um líder pode possuir: poder coercivo, poder de recompensa, poder legiti mado , poder de competência e poder de referência, este último também denominado carisma.
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A liderança é uma influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação para a consecução de um ou mais objectivos específicos. Existem três abordagens teóricas sobre a liderança: teorias de traços de personalidade, teorias sobre estilos de liderança e teorias situacionais de liderança.
A primeira pressupunha a existência de características pessoais, intelectuais e físicas que identificam o líder. A segunda refere-se a teorias como os três estilos de liderança (liderança autocrática, liberal e democrática), a liderança orientada para as tarefas ou para as pessoas e a rede ( grade) de gestão . A terceira refere-se à escolha dos padrões de liderança, ao modelo contingencial e à teoria dos meios-objectivos.
Na prática, o líder pode optar por quatro tipos específicos de liderança: o líder apoiante, o directivo, o participativo e o orientado para metas ou resultados, Enfim, reafirma-se: mandem menos e liderem mais. Liderança e visão são dois componentes que se complementam.
11.6. Exercícios
1. Porque é que a liderança é fundamental nas organizações bem sucedidas?2. Defina influência, poder e autoridade.3. Explique os quatro tipos de poder.4. Defina liderança.5. Quais são os aspectos principais no conceito de liderança?6. Explique as três abordagens sobre liderança.7. Explique a teoria dos traços de personalidade.8. Explique a teoria dos três estilos de liderança: autocrática, liberal e
democrática. 9. Explique a teoria da liderança orientada para as tarefas ou para as pessoas.10. Explique a grade de gestão.11. Quais os aspectos comuns das teorias sobre estilos de liderança?12. Explique a teoria da escolha dos padrões de liderança.13. Quais as forças envolvidas na escolha dos padrões de liderança?14. Explique o modelo contingencial de liderança.15. Explique a teoria meios-objectivos.16. Quais são os papéis do líder no modelo de meios-objectivos?17. Em termos de aplicação prática, quais os quatro tipos específicos de
liderança?
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GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVEAbordagem situacional de liderança indica que a liderança depende das forças no gestor, nos subordinados e na situação.
Carisma é uma faculdade ou qualidade excepcional ou sobrenatural de uma pessoa que a diferencia das demais.
Estilo de liderança é um comportamento específico do líder para melhor influenciar as pessoas.
Estrutura da tarefa refere-se ao grau de estruturação das tarefas, ou seja, se elas são rotineiras e programadas.
Expectativa é a maneira como a pessoa percebe o caminho que a leva a alcançar resultados.
Forças na situação são as características na situação onde a liderança é exercida.
Forças no gestor são as características impulsionadoras de liderança que o gestor possui.
Forças nos subordinados são as características impulsionadoras que os liderados possuem.
Grade de gestão (managerial grid) é um esquema bidimensional para mostrar a preocupação simultânea com a produção e com as pessoas.
Influência é uma transacção interpessoal, em que uma pessoa age para modificar ou provocar o comportamento de uma outra, de maneira intencional.
Líder é a pessoa que exerce liderança ou influência sobre as demais.
Líder apoiante é aquele que se preocupa com os assuntos, bem-estar e necessidades dos subordinados.
Líder carismático é aquele que possui características pessoais marcantes e que influenciam fortemente as pessoas.
Líder directivo é aquele que conta aos subordinados exactamente o que pretende fazer.
Líder orientado para metas ou resultados é aquele que formula objectivos claros e desafiadores para os subordinados e motiva-os a alcançá-los.
Líder participativo é aquele que consulta os subordinados sobre as decisões, encoraja-os a participar delas e utiliza as ideias dos liderados.
Liderado é a pessoa que segue e obedece ao líder por alguma razão ou motivo.Liderança é uma influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação para a consecução de um ou mais objectivos.
Liderança autocrática é o estilo em que o líder centraliza totalmente a autoridade e as decisões e comporta-se de maneira dominadora sobre as pessoas.
Liderança centrada nas pessoas (employee centered) é o estilo preocupado com os aspectos humanos dos subordinados e que procura a participação das pessoas.
Liderança centrada na tarefa (job centered) é o estilo preocupado estritamente com a execução da tarefa e com os seus resultados imediatos.
Liderança democrática é o estilo em que o líder comporta-se de modo comunicativo, encorajando a participação dos membros, orientando o grupo e ajudando-o na solução dos problemas.
Liderança liberal é o estilo em que o líder participa apenas quando solicitado pelo grupo e comporta-se de modo evasivo e sem firmeza.
Meios-objectivos é o mesmo que teoria orientada para os objectivos.
Modelo contingencial indica que a liderança eficaz depende de três factores situacionais: o poder de posição do líder, a estrutura da tarefa e a relação entre líder e os membros.
Poder é a capacidade de afectar e controlar as acções e decisões das pessoas, mesmo quando estas possam resistir.
Poder coercivo é o poder baseado no medo e na coerção.
Poder de competência é o poder baseado na especialidade, nas aptidões ou no conhecimento técnico da pessoa.
Poder de posição do líder refere-se à influência inerente à posição ocupada pelo líder na hierarquia organizacional.
Poder de recompensa é o poder que se apoia na esperança de alguma recompensa, incentivo, elogio ou reconhecimento que o liderado pretende obter.
Poder de referência é o poder baseado na actuação e no apelo pessoal do líder.
Poder legitimado é o poder que decorre do cargo ocupado no grupo ou na hierarquia organizacional.
Teoria do meios-objectivos indica que a função do líder é aumentar a motivação dos subordinados para atingir objectivos individuais e organizacionais.
Teorias de traços de personalidade são aquelas que procuram identificar os traços de personalidade que caracterizam os líderes bem sucedidos.
Teorias situacionais de liderança são aquelas que relacionam o comportamento do
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líder com a situação em que ocorre a liderança.
Teorias sobre estilos de liderança são aquelas que procuram identificar o comportamento específico capaz de influenciar as pessoas.
Traço de personalidade é uma característica pessoal que marca o líder.
Valências são preferências da pessoa por determinados resultados.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 276 de 366Manual do Formando
11.8. Referências Bibliográficas1. Ralph M. Stogdill, “Handbook of leadership”, Nova York, Free Press, 1974.2. John R. P. French & Bertram Raven. "The bases of social power", in Darwin
Cartwright & A. F. Zander (orgs.), 1960.3. Maria Luisa Mendes. "Você tem carisma?", Revista Exame, edição 610, 1996.4. Edwin A. Fleishman & James G. Hunt (orgs). “Current developments in the study
of leadership”, Carbondale, Southem Illinois University, 1973.5. Ralph M. Stogdill. "Historical trends in leadership theory and research", Journal
of Contemporary Business, 1974.6. Roberto Shinyashiki. "Liderança em tempo de tempestade", Trevisan, nº 111,
1997.7. James L. Gibson; John M. Ivancevich & James H. Donnelly Jr. “Organizações:
comportamento, estrutura, processos.” SP, Atlas, 1981.8. Ronald Lippitt & Ralph K. White. “Autocracy and Democracy: an Experimental
Inquiry”, NY, Harper & Row, 1960.9. Herbert G. Hicks & C. Ray Gullett. “Organizations: theory and behaviour”,
Tóquio, McGraw-Hill Kogakusha, 1975.10. Rensis Likert. “New Patterns of Management”. NY, McGraw-Hill, 1972.11. Robert Blake & Jane S. Mouton. “The managerial grid”, Houston, Tex., 1964.12. Cláudia Vassallo. "A lebre gigante que nasceu da 3M", Exame, edição 641, 1997.13. Robert Tannenbaum & Warren H. Schmidt. "How to choose a leadership
pattern", Harvard14. Business Review, 1973.15. Fred E. Fiedler. “A theory of leadership effectiveness”, NY, McGraw-Hill, 1967.16. Fred E. Fiedler, "Engineering the job to the manager", Harvard Business Review,
1965.17. John R. Schermerhorn, Jr. “Management”, NY, John Wiley & Sons, 1996.18. Robert J. House. "A path-goal theory of leadership effectiveness", Administrative
Science Quarterly, 1971.19. Martin G. Evans. "The effects of supervisory behavior on the path-goal
relationship", Organizational Behavior and Human Performance, 1970.20. Robert J. House & G. Dessler, "the path-goal theory of leadership: some post hoc
and a priori tests", in James G. Hunt (org.). 1974.21. Robert J. Thomas. "Tire o seu diploma em liderança", Revista Exame, edição
624, 1996.22. Robert J. Thomas. What machines can't do: politics and technology in the
industrial enterprise, University of California Press, 1996.23. Daniel Goleman & Joel Gurin (orgs.). “Emotional intelligence: Why it can matter
more than I.Q.”, NY, Bantam Books, 1994.24. Richard L. Daft. “Management”, Orlando, Fl., The Dryden Press, 1994.
12. A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS EM AMBIENTES DINÂMICOS E COMPETITIVOS
Objectivos de Aprendizagem
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
Definir a Gestão de Pessoas e as suas características fundamentais. Descrever o contexto no qual funciona a Gestão de Pessoas. Compreender os Processos de Gestão de Pessoas. Entender os objectivos da moderna Gestão de Pessoas.
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Avaliar o que as empresas bem sucedidas tem estado a fazer. Definir as características da Gestão de Pessoas nas organizações de sucesso. Compreender como se gerem talentos e o capital intelectual nas
organizações modernas.
O Contexto da Gestão de Pessoas Conceito de Gestão de Pessoas Objectivos da Gestão de Pessoas Os Seis Processos da Gestão de Pessoas As preocupações das organizações do futuro Os novos papéis da Gestão de Pessoas A gestão de talentos humanos e do capital intelectual
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O QUE VEREMOS ADIANTE
CASO INTRODUTÓRIOO DRH da “Brasil Cosmopolita, S.A.”
Como Directora de Recursos Humanos da “Brasil Cosmopolita S.A.”, Márcia
Guerreiro tinha pela sua frente um desafio: transformar o Departamento de
Recursos Humanos (DRH) num órgão tradicional, burocrático e operacional, num
componente estratégico da empresa. Para tal, era necessário assumir três
orientações iniciais:
Focalizar o DRH no negócio da empresa,
Reforçar as actividades estratégicas e essenciais e
Alienar algumas das suas actividades burocráticas e operacionais, como
processamento de salários, controlo de ponto do pessoal, medidas
disciplinares, segurança industrial e refeitórios.
Estas actividades deveriam ser subcontratadas para que pudessem ser
operacionalizadas por outras empresas especializadas que as fizessem de forma
melhor e mais barata do que o próprio DRH. Tratava-se de localizar no mercado
empresas que garantissem um menor custo e uma melhor qualidade nesses
serviços subsidiários.
A ideia básica era reduzir o DRH a fim de torná-lo mais ágil e flexível para que
fosse possível concentrar-se no essencial: lidar com assuntos estratégicos
relacionados com pessoas. Com isso, o DRH descentralizaria as suas operações e
centralizaria as suas actividades de controlo de resultados.
Márcia convocou todos os funcionários do seu departamento para troca de ideias,
definir objectivos e desenhar projectos para atingir esses tais objectivos. Ela queria
que todos participassem activamente nessa transformação. O que é que faria se
estivesse no lugar da Márcia?
Quando as organizações são bem sucedidas, elas têm tendência a crescer ou, no mínimo, sobreviver. O crescimento acarreta uma maior complexidade dos recursos necessários às suas operações, como o aumento de capital, a melhoria de tecnologia, actividades de apoio operacional, etc., além disso, provoca o aumento do número de pessoas, bem como a necessidade de se intensificar a aplicação dos seus conhecimentos, competências e destrezas indispensáveis à manutenção e competitividade do negócio.
Com tudo isto se assegura que os recursos materiais, financeiros e tecnológicos sejam utilizados com a eficiência e a eficácia ao nível das suas necessidades de adaptação e adequação ao mercado onde actua. E as pessoas passam a significar o __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 279 de 366Manual do Formando
diferen cial competitivo que mantêm e promovem o sucesso organizacional: elas passam a constituir a competência básica da organização, a sua principal vantagem competitiva num mundo globalizado, instável, mutável e fortemente competitivo.
12.1. O Contexto da Gestão de Pessoas
O contexto da Gestão de Pessoas é formado por pessoas e organizações. As pessoas passam boa parte das suas vidas a trabalhar dentro das organizações, e estas dependem daquelas para poderem funcionar e alcançar o sucesso no mercado onde actuam.
Até há pouco tempo atrás, o relacionamento entre as pessoas e as organizações era considerado antagónico e conflituoso. Acreditava-se que os objectivos das organizações – como lucro, produtividade, eficácia, maximização da aplicação de recursos físicos e financeiros, redução de custos – eram incompatíveis com os objectivos das pessoas – como melhores salários e benefícios, conforto no trabalho, lazer, segurança no trabalho e no emprego, desenvolvimento e progresso pessoal.
A solução empregada era a do tipo ganhar-perder: se uma parte fica com tudo, a outra fica sem nada. Numa situação de recursos limitados e escassos, se uma parte ganha mais, ela fá-lo à custa da outra. Sem dúvida, era uma solução limitada, estreita e com pouca visão.
Hoje em dia, a solução do tipo ganhar-ganhar no jogo de interesses envolvidos é a preferida. Trata-se de uma solução que requer negociação, participação e sinergia de esforços. Assim, o contexto em que se situa a Gestão de Pessoas é representado pelas organizações e pelas pessoas.
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIOMárcia Guerreiro, a Directora de RH da “Brasil Cosmopolita S.A.” reuniu-se com
todos os funcionários do seu departamento para dar início à transformação
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Objectivos Organizacionais Objectivos Individuais
Sobrevivência
Crescimento sustentado
Lucro / Rentabilidade
Produtividade
Qualidade (Produtos/Serviços)
Redução de Custos
Participação nos Mercados
Novos Mercados
Novos Clientes
Competitividade
Imagem no Mercado
Melhores Salários
Melhores Benefícios
Estabilidade no Emprego
Segurança no Trabalho
Qualidade de Vida no Trabalho
Satisfação no Trabalho
Respeito e Reconhecimento
Oportunidades de Crescimento
Liberdade para Trabalhar
Liderança Liberal
Orgulho da Organização
desejada.
O primeiro passo foi demonstrar para toda a empresa que o DRH tinha cumprido os
seus antigos objectivos: executar serviços de recrutamento e selecção, formação e
remuneração, higiene e segurança do trabalho e relações sindicais.
Nos tempos actuais isto é necessário, mas não é o suficiente. A finalidade da
reunião era mostrar as mudanças no mundo moderno e definir novos objectivos
para o DRH a partir das novas exigências feitas à organização. A nova ordem
agora é a competitividade da empresa através da qualidade e da produtividade das
pessoas. E, na ponta, a inovação necessária à melhoria contínua na organização.
Márcia queria que o DRH fosse o impulsionador de todas essas mudanças na
empresa. Para tal, as mudanças deveriam começar na própria casa: no próprio
DRH.
O que é que faria se estivesse no lugar da Márcia?
12.2. Conceito de Gestão de PessoasA Gestão de Pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Ela é contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos como a cultura que existe em cada organização, a estrutura organizacional adoptada, as características do contexto ambiental, o negócio da organização, a tecnologia utilizada, os processos internos e uma infinidade de outras variáveis importantes.
As pessoas como parceiros da organizaçãoNos tempos que correm, as organizações tem vindo a ampliar a sua visão e actuação estratégica. Todo o processo produtivo é somente realizado com a participação conjunta de diversos parceiros, cada qual contribuindo com algum recurso. Os fornecedores contribuem com matérias-primas, produtos básicos, serviços e tecnologias. Os accionistas e investidores contribuem com capital e investimentos que permitem o suporte financeiro para a aquisição de recursos. Os empregados contribuem com os seus conhecimentos, capacidades e competências, proporcionando decisões e acções que dinamizam a organização. Os clientes e consumidores contribuem para a organização, adquirindo os seus bens ou serviços colocados no mercado.
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Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros
Empregados isolados nos cargos
Horário rigidamente estabelecido
Preocupação com normas e regras
Subordinação ao chefe
Fidelidade à organização
Dependência da chefia
Alienação em relação à organização
Ênfase na especialização
Executores de tarefas
Ênfase nas destrezas manuais
Mão-de-obra
Colaboradores agrupados em equipas
Metas negociadas e partilhadas
Preocupação com resultados
Atendimento e satisfação do cliente
Vinculação à missão e à visão
Interdependência entre colegas e equipas
Participação e comprometimento
Ênfase na ética e na responsabilidade
Fornecedoras de actividade
Ênfase no conhecimento
Inteligência e talento
As Pessoas como recursos ou como parceiros da organizaçãoDentro desse contexto, a questão básica é escolher entre tratar as pessoas como recursos organizacionais ou como parceiros da organização. Os empregados podem ser tratados como recursos produtivos das organizações: os chamados recursos humanos.
Como recursos, eles precisam de ser geridos, o que envolve planeamento, organização, direcção e controlo das suas actividades, já que são considerados sujeitos passivos da acção organizacional.
Mas as pessoas podem ser visualizadas como parceiros das organizações. Como tais, elas são fornecedoras de conhecimentos, competências, capacidades e, sobretudo, o mais importante aporte para as organizações – a inteligência, que proporciona decisões racionais e imprime o significado e orientação face aos objectivos globais.
Aspectos fundamentais da moderna Gestão de PessoasAssim, a Gestão de Pessoas baseia-se em três aspectos fundamentais:
As pessoas como seres humanos
As pessoas como activadores inteligentes dos recursos organizacionais
As pessoas como parceiros da organização
Doravante utilizaremos o termo Gestão de Pessoas ou Gestão de Recursos Humanos (GRH) de acordo com os conceitos anteriores, para maior facilidade de exposição e entendimento.
SUGESTÕESConceitos de RH ou de Gestão de Pessoas
6. Gestão de Recursos Humanos (GRH) é o conjunto de políticas e práticas
necessárias para conduzir os aspectos da posição da gestão,
relacionados com as "pessoas" ou recursos humanos, incluindo
recrutamento, selecção, formação, recompensas e avaliação de
desempenho.
7. GRH é a função da gestão devotada à aquisição, formação, avaliação e
remuneração dos empregados. Todos os gestores são, em um certo
sentido, gestores de pessoas, porque todos estão envolvidos em
actividades como recrutamento, entrevistas, selecção e formação.
8. GRH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego
que influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações.
9. GRH é a função na organização que está relacionada com a provisão,
formação, desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados.
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12.3. Objectivos da Gestão de PessoasAs pessoas constituem o principal activo da organização. Daí a necessidade de tornar as organizações mais conscientes e atentas aos seus funcionários. As organizações bem sucedidas estão a perceber que somente podem crescer, prosperar e manter a sua continuidade se forem capazes de optimizar o retorno sobre os investimentos de todos os parceiros, principalmente o dos seus empregados.
Os objectivos da Gestão de Pessoas são variados. A GRH deve contribuir para a eficácia organizacional através dos seguintes meios:
Ajudar a organização a alcançar os seus objectivos e realizar a sua missão Proporcionar competitividade à organização Proporcionar à organização empregados bem formados e bem motivados Aumentar a auto-actualização e a satisfação dos empregados no trabalho Desenvolver e manter a qualidade de vida no trabalho Gerir a mudança Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIO
Márcia procurou estabelecer, em parceria com os seus funcionários, dois
objectivos para o DRH da “Brasil Cosmopolita SA”, a saber:
1. Agregar valor à organização e aos seus membros e clientes. Isto
significa que o DRH deve ser um órgão de enriquecimento de talentos e
não mais um órgão de controlo e fiscalização. A tarefa básica do DRH
passa a ser investir no capital intelectual, transmitir atitudes e
conhecimentos, capacitar as pessoas e criar as condições para que elas
utilizem eficazmente as suas competências, principalmente as mentais.
2. Gerir com as pessoas e não mais gerir as pessoas. Isto significa que o
DRH deve ser um órgão que incentive a participação das pessoas nas
decisões e que transforme os gestores de chefes autocratas em líderes
orientadores e incentivadores. Utilizar ao máximo a inteligência e o talento
das pessoas para obter sinergia de esforços e ampliação de
conhecimentos.
Como é que acha que a Márcia poderia alcançar esses dois objectivos?
Código de Ética da Sociedade para a GRH
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12.4. Os Processos da Gestão de Pessoas
A moderna Gestão de Pessoas consiste em várias actividades, como descrição e análise de cargos, planeamento de RH, recrutamento, selecção, orientação e motivação das pessoas, avaliação do desempenho, remuneração, formação profissional, relações sindicais, segurança higiene e saúde no trabalho e bem-estar, etc.
Os Papéis de RH na empresa IBM
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Código de Ética
Como membro da Society for Human Resource Management, comprometo-me a:
Manter os mais elevados padrões de conduta pessoal e profissional. Incentivar o crescimento das pessoas no campo da gestão de RH.Apoiar os objectivos e metas da Sociedade para o desenvolvimento da profissão de gestor de recursos humanos.Fazer com que o meu empregador trate de maneira aberta e equitativa todos os empregados.Ajudar o meu empregador a ser lucrativo em termos monetários, através do apoio e encorajamento de práticas eficazes de emprego.Transmitir aos empregados e ao público um senso de confiança sobre a conduta e as intenções do meu empregador.Manter lealdade ao meu empregador e perseguir os seus objectivos através dos meios coerentes com os interesses públicos.Obedecer às leis e aos regulamentos relacionados com as actividades do meu empregador.Evitar usar a minha posição oficial para assegurar privilégios ou benefícios pessoais. Manter a confidencialidade sobre informações privilegiadas.Melhorar a compreensão do público sobre o papel da administração de RH.
Este Código de Ética dos membros da SHRM – SOCIETY FOR HUMAN RESOURCE MANAGEMENT é adoptado para promover e manter os mais altos padrões de conduta pessoal e profissional nos seus membros. A adesão a este código é solicitada a todos os membros para assegurar a confiança pública na integridade e serviço dos profissionais de RH.
O que é a Gestão de Pessoas?
No seu trabalho, cada gestor – seja ele, um director, gestor, chefe ou supervisor desempenha as quatro funções da gestão: planear, organizar, dirigir e controlar. A GRH está relacionada a todas essas funções do gestor. A GRH refere-se às políticas e práticas necessárias para se gerir o trabalho das pessoas, a saber:
1. Análise e descrição de cargos.2. Desenho de funções.3. Recrutamento e selecção de pessoal.4. Admissão de candidatos seleccionados.5. Orientação e integração de novos funcionários.6. Gestão de cargos e salários.7. Incentivos salariais e benefícios sociais.8. Avaliação do desempenho dos funcionários.9. Comunicação aos funcionários. 10.Formação profissional de pessoal.11.Desenvolvimento organizacional12.Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho13.Relações com empregados e relações sindicais
Estas políticas e práticas podem ser resumidas em seis processos básicos.
12.5. Os Seis Processos da Gestão de PessoasOs seis processos básicos da Gestão de Pessoas são os seguintes:
Processos de Agregar Pessoas Processos de Aplicar Pessoas Processos de Recompensar Pessoas Processos de Desenvolver Pessoas Processos de Manter Pessoas Processos de Monitorar Pessoas
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIOMárcia quer que os seus funcionários deixem de dar prioridade às tarefas
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Pessoal Corporativo
Manter o papel estratégico e global, com a responsabilidade de definir os princípios de RH na IBM, cuidar das comunicações externas e da imagem da empresa
Unidade de Negócios de RH Soluções de Força de Trabalho
Desenvolver políticas para a unidade
Elaborar programas de RH
Proporcionar assessoria e consultoria para os
gestores de linha
Manter programas coerentes com as práticas
geográficas e de mercado
Gerir contratos de serviços com os
fornecedores de RH
Proporcionar pesquisa e consultoria
Desenvolver e desenhar programas
Recolher e analisar dados e recomendar
acções adequadas
Proporcionar perspectivas corporativas e
internacionais
Implementar e coordenar programas e
serviços para assegurar a satisfação do
cliente
e passem a priorizar os processos como, agregar pessoas, aplicar
pessoas, desenvolver pessoas, recompensar pessoas e assim por diante.
Devem olhar a floresta e não cada árvore. Deixar de executar tarefas
especializadas e separadas como recrutar, seleccionar, integrar,
comunicar, formar, remunerar, avaliar o desempenho, para actuar de
maneira global e estratégica. Devem perspectivar horizontalmente os
clientes internos e não apenas verticalmente os chefes; saber as
necessidades e expectativas dos clientes internos e como satisfazê-las.
Devem priorizar as metas e os resultados a alcançar, e não apenas os
métodos de trabalho: quais os objectivos a atingir e como atingi-los da
melhor maneira.
Como é que procederia no caso?
Modelo de Diagnóstico de RH
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Processos de RH
Influências Ambientais Externas
Leis e Regulamentos LegaisSindicatosCondições EconómicasCompetitividadeCondições Sociais e Culturais
Influências Ambientais Internas
Missão OrganizacionalVisão, Objectivos e EstratégiasCultura OrganizacionalNatureza das TarefasEstilo de Liderança
Processos de Agregar
Pessoas
RecrutamentoSelecção
Processos de Aplicar Pessoas
Desenhos de CargosAvaliação de Desempenho
Processos de Recompensar
Pessoas
RemuneraçãoBenefícios e Serviços
Processos de Desenvolver
Pessoas
FormaçãoMudançasComunicações
Processos de Manter Pessoas
DisciplinaHigiene e SegurançaQualidade de VidaRelações Sindicais
Processos de Monitorar Pessoas
Base de DadosSistema de Informação de Gestão
Resultados Finais Desejáveis
Práticas éticas e socialmente responsáveis
Produtos e serviços competitivos e de
alta qualidade
Qualidade de vida no trabalho
12.6. A Estrutura do Órgão de Gestão de PessoasAntigamente, os órgãos de GRH eram tradicionalmente estruturados dentro do esquema de departamentalização funcional que predominava nas empresas. A estrutura funcional privilegia a especialização de cada órgão e a cooperação intradepartamental, mas produz consequências indesejáveis como a sub-objetivação (os objectivos departamentais tornam-se mais importantes que os objectivos globais e organizacionais), que funciona como uma força centrífuga de esforços, e a enorme dificuldade de cooperação interdepartamental (os departamentos separam-se mais e centram em conflito do que cooperam entre si) que impede a visão sistémica e a obtenção de sinergia.
Os movimentos de reorganização empresarial, como a reengenharia e o downsizing, provocaram a substituição da organização funcional pela organização em rede de equipas voltadas para processos. Isto também tem vindo a ocorrer na Gestão de Pessoas.
Os Principais Processos de Gestão de Pessoas
CASO DE APOIOGestores VS Profissionais de RH
A Sands Corporation é uma empresa americana de média dimensão que produz
equipamento especializado de computação utilizado em carros, servindo como
subcontratada para fábricas montadoras de automóveis e empresas fornecedoras de
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Quem deve trabalhar na organização:Recrutamento de PessoalSelecção de Pessoal
O que as pessoas deverão fazer:Desenho de funçõesAvaliação de Desempenho
Como recompensar as pessoas:Recompensas e RemuneraçãoBenefícios e Serviços
Como desenvolver as pessoas:Formação profissionalProgramas de Mudanças e Comunicações
Como manter as pessoas no trabalho:Procedimentos, boas práticas e disciplinaMotivação, Reconhecimento e LiderançaQualidade Vida no Trabalho e Segurança
Como saber o que fazem e o que são:Sistema de Informação de GestãoBase de Dados
Moderna Gestão
de Pessoas
Agregando Pessoas
Aplicando Pessoas
Recompensando Pessoas
Desenvolvendo Pessoas
Mantendo Pessoas
Monitorizando Pessoas
produtos militares.
Em 1965, a Sands tinha 130 funcionários e o Departamento de Pessoal (DP) tinha um
director e um funcionário. O DP era responsável pelos arquivos de pessoal,
recrutamento nos jornais conforme as requisições dos gestores, atendimento aos
candidatos e pagamento de salários ao pessoal e tarefas rotineiras. Os gestores de
linha eram responsáveis pelos assuntos de pessoal, como quem admitir, quem
promover, quem despedir e quem formar.
Hoje, a Sands emprega 700 funcionários. O antigo DP tornou-se Departamento de RH
e tem um director, três especialistas licenciados (em selecção, remuneração e
formação além de quatro assistentes de pessoal. A directoria da Sands acredita que
um DRH forte com um staff qualificado pode fazer um trabalho melhor do que os
gestores de linha, evitando que estes criem, inadvertidamente, problemas legais
oneroso à empresa.
Um concorrente perdeu US$ 5 milhões com uma acção judicial trabalhista, o que levou
a Sands a atribuir novas responsabilidades básicas ao DRH como:
Admissões. O DRH aprova todas as solicitações, aplica testes e entrevista
candidatos. Os gestores de linha recebem uma lista limitada de candidatos (não
mais do que três) por posição para que possam escolher.
Diversidade da força de trabalho. O DRH assegura que a composição da força de
trabalho da Sands mantenha certa diversidade de pessoal.
Remuneração. O DRH estabelece os níveis salariais para cada cargo com base
em estudos de classificação de cargos e pesquisas de mercado em companhias
similares. O DRH assume todas as decisões sobre salários.
Avaliação dos funcionários. Os gestores de linha preenchem os formulários de
avaliação do desempenho de seus subordinados. O DRH analisa os resultados e
solicita aos gestores que justifiquem suas avaliações quando eles são muito
elevados ou baixos.
Formação. O DRH conduz os programas de formação aos funcionários, incluindo
melhoria das relações humanas, gestão da qualidade e o uso de pacotes de
software de computação.
Pesquisas de atitudes. O DRH conduz pesquisas anuais solicitando aos
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funcionários que avaliem como se sentem em relação a seu trabalho, ao gestor,
salário, às condições ambientais e à organização.
Os gestores de linha não gostaram e reclamaram à alta gestão que o DRH absorveu
muitos das suas responsabilidades e direitos, a saber:
1. O DRH avalia os candidatos unicamente através dos resultados nos testes e
critérios de selecção. Muitos candidatos são rejeitados pelas notas, quando
poderiam tornar-se excelentes funcionários ou colaboradores.
2. Excelentes funcionários estão a deixar a empresa porque o DRH não aprova
aumentos salariais acima de um certo limite fixado pela classificação do cargo,
mesmo quando a pessoa está capacitada a desempenhar tarefas acima daquelas
especificadas na descrição do cargo.
3. O processo de admissão é demorado, exige enorme tempo e papelada, fazendo
com os candidatos fujam para os concorrentes.
4. Parte da formação solicitada pelos funcionários não é focalizada no cargo em si,
mas em frivolidades genéricas. São programas “enlatados” que desperdiçam o
tempo do funcionário e proporcionam um baixo retorno à empresa.
5. Os gestores receiam ser realistas nas avaliações de desempenho por receio de
serem investigados e questionados pelo DRH.
6. As pesquisas de atitude são guardadas confidencialmente no DRH, principalmente
quando acusam baixos níveis. Alguns gestores sentem que a pesquisa de atitude
penaliza exactamente aqueles que tomam as medidas mais duras e necessárias à
empresa, mas de carácter impopular.
O Director do DRH rejeita todas estas acusações, argumentando que os gestores
desejam fazer as coisas à sua maneira e não levam em consideração o que é melhor
para a empresa como um todo. O conflito está armado.
Questões
1. Qual é a principal fonte de conflito entre os gestores e o DRH? Explique.
2. Acredita que os gestores deveriam ter mais autonomia para tomar decisões sobre
os seus funcionários, como admissão, avaliação e remuneração dos seus
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subordinados? Se acha que sim, quais os possíveis problemas em descentralizar
essa autoridade? Explique.
3. Como poderiam os directores da Sands lidar com as reclamações dos gestores?
4. Como poderia o Director de RH resolver essa situação? Explique.
EXERCÍCIO DE GRUPO
O Presidente da Sands Corporation convocou os quatro gestores de linha para uma
reunião, todos eles com as reclamações anteriores, e quatro membros do DRH (o
Director de RH e os três especialistas).
O professor deve funcionar como o Presidente nessa reunião e oito alunos são
escolhidos para actuar nos papéis citados, da seguinte maneira:
1. O Presidente deve agir como moderador na reunião.
2. Cada gestor apresenta a sua reclamação.
3. Os quatro membros do DRH apresentam a sua posição.
4. Os dois grupos devem tentar um acordo sobre como o DRH e os gestores podem
partilhar uma melhor relação de trabalho no futuro. Os dois grupos e o Presidente
devem conduzir este exercício à frente da turma.
AVALIAÇÃO CRÍTICA
Capital Intelectual é o Activo Mais Valioso
Em 1494, um monge veneziano conhecedor da matemática, Luca Pacioli, publicou o
Summa de Arithmetica, Geometrica, Proportioni et Proportio na Jità, o primeiro livro
sobre contabilidade. Pacioli criou um sistema de registros financeiros (entradas e
saídas de capital, compra e venda, etc.) num modelo de dupla entrada, permitindo a
gestão contabilística nos moldes actuais.
Agora, passado meio milénio, está a surgir um paradigma que diz que o esquema de
Pacioli não mais funciona nos dias que correm. Ele foi elaborado para lidar com
créditos e débitos relativos a bens físicos mensuráveis quantitativa ou
financeiramente. Todavia, nas modernas organizações baseadas em conhecimentos
actualizados – onde o conhecimento é o principal recurso produtivo – a contabilidade
tradicional não funciona. A premissa é que as velhas aferições de medidas numéricas
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e quantitativas não são mais suficientes.
A razão: hoje, os principais componentes de custo de um produto são I&D
(investigação e desenvolvimento), activos inteligentes e serviços. O velho sistema de
contabilidade que nos aponta o custo do material e da mão-de-obra no trabalho não
tem aplicabilidade nestas situações.
As coisas mudaram e o que perturba os contabilistas é a dificuldade de medir o
principal ingrediente da nova economia: o capital intelectual, o activo intangível que
envolve competência, experiência, conhecimento e informação.
O capital intelectual está na cabeça das pessoas e não no bolso do patrão. E como
medir o capital intelectual, a nova riqueza do mundo actual? A moeda do futuro
certamente não será a financeira, mas a intelectual. E como ficará a contabilidade do
futuro? A nova realidade é que a maioria dos bens mais valiosos das organizações
bem sucedidas é intangível, como o são a competência organizacional, o know-how tecnológico , o conhecimento do mercado, a lealdade do cliente, a moral das pessoas, a cultura corporativa, o comportamento dos parceiros de alianças estratégicas, etc.
AVALIAÇÃO CRÍTICA
Empregabilidade em Tempos de Crise
As pessoas e as organizações estão preocupadas com a alta taxa de desemprego. Na
verdade, ele constitui a ponta de um iceberg que oculta um fenómeno menos visível,
porém mais grave: a erosão do coeficiente de empregabilidade dos que estão
ocupados. Essa erosão provém da diferença entre a velocidade das mudanças tecnológicas (que requerem novos conhecimentos e competências da força de trabalho) e a velocidade da reaprendizagem.
O desenvolvimento dos conhecimentos e das competências é o melhor antídoto contra o desemprego e a precariedade das relações de trabalho (evidenciada pelo trabalho temporário e pelo trabalho parcial).
No ambiente de hipercompetitividade, só sobreviverão as empresas ágeis e capazes
de se antecipar às mudanças que ponham a seu favor o factor surpresa. Essas
vantagens não são permanentes e precisam de ser criadas de forma contínua. Nesse
sentido, é necessária uma visão e antecipação do futuro dos negócios do sector e o __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 292 de 366Manual do Formando
comprometimento dos colaboradores nessa construção.
Deste ponto de vista, a única vantagem competitiva e auto-sustentada são os activos humanos. Somente irão sobreviver as empresas que considerarem o trabalho
humano não apenas utilização de braços e músculos, mas desenvolvimento da mente e da emoção. Cada vez mais o conhecimento constitui um ponto de apoio para
a sobrevivência dos indivíduos, da sociedade e das empresas.
Isto requer organizações de aprendizagem capazes de gerir a mudança a seu favor. A
intensidade com que as pessoas e as organizações aprendem vai tornar-se
fundamental para a criação contínua de vantagens competitivas. E quem faz isso
acontecer? As pessoas, e somente as pessoas. Só o conhecimento e o potencial
humano criam essa condição.
O que é, afinal, uma organização de aprendizagem senão um grupo de pessoas
aperfeiçoando constantemente a sua capacidade de criar o futuro, um futuro que
tenha significado para as empresas e para os seus funcionários? Dentro dessa
filosofia, a empresa deve desenvolver uma cultura que coloque a pessoa como factor crítico de sucesso. A principal missão dos seus dirigentes será desenvolver o
potencial humano, os seus conhecimentos, as suas competências, com autodisciplina
decorrente da autonomia e da responsabilidade. A realização das metas e estratégias
da empresa deverá ser cada vez mais dependente da expansão do conhecimento dos
funcionários e da sua capacidade de actuar como empreendedores dentro da própria
empresa (entrepreneurship).
Com isto, aumentam os requisitos para a admissão das pessoas, paralelamente ao
maior esforço da empresa em investir em educação e formação. Os tipos de
conhecimento abrangem conceitos de gestão, formação técnica, educação
comportamental e educação em padrões de serviço em benefício dos clientes.
A Elevadores Sür, por exemplo, investiu em 1997 mais de 4% das horas trabalhadas
em educação e formação. A dupla consequência desse esforço foi a maior
competitividade da empresa e maior empregabilidade para os seus funcionários. O
maior desafio para a Sür é manter a empregabilidade do seu pessoal e dar condições
para o desenvolvimento do seu potencial. Os resultados da pesquisa sobre o que
motiva os funcionários da Sür, em ordem de importância, foram desenvolvimento pessoal, progresso na empresa, relações interpessoais e de trabalho, auto-realização, reconhecimento, o trabalho em si, política administrativa e, por último,
segurança no emprego.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 293 de 366Manual do Formando
Esta é a resposta à questão do desemprego e da precariedade do trabalho. O poder
da negociação da força de trabalho crescerá à medida que este novo cenário for
construído. O capital humano difere dos activos físicos, não é possuído pelo
proprietário do capital, nem gerido como equipamento ou dinheiro. Os proprietários do
conhecimento, se insatisfeitos, vão-se embora. E é deles que depende a inovação de produtos, processos e serviços e a satisfação dos clientes.
12.7. Os Novos Papéis da Gestão de PessoasCom todas as transformações no mundo inteiro, a área de RH tem estado a passar por inúmeras profundas mudanças. Nos últimos tempos a área passou por uma forte transição. A figura abaixo dá uma ideia simplificada e resumida dos novos papéis da função de RH.
Ulrich salienta que, para criar valor e obter resultados, a área de RH deve priorizar não apenas as actividades ou o trabalho a ser feito, mas as metas e resultados para, a partir daí, estabelecer os papéis e as actividades dos parceiros da organização. As metas estão definidas na figura que se segue, juntamente com os quatro papéis principais da área.
__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 294 de 366Manual do Formando
PARA
Operacional e Burocrático
Policiamento e Controlo
Curto Prazo e Imediatismo
Administrativo
Foco Interno e Introvertido
Reactivo e Solucionador de Problemas
Foco na Actividade e nos Meios
Estratégico
Parceria e Compromisso
Longo Prazo
Consultivo
Prioridade do Negócio
Foco Externo e no Cliente
Pró-activo e Preventivo
Foco nos Resultados e nos Fins
EXEMPLO ACTUALQue Não Existe Empresa Perfeita, Nós Sabemos!
O consultor americano Robert Levering diz que desde menino cresceu a ouvir o seu pai, tios e vizinhos reclamarem das empresas onde trabalhavam. Quando se tornou adulto, percebeu que os seus irmãos e amigos também reclamavam do mesmo. Chegou à conclusão de que não conhecia ninguém que falasse bem do lugar onde trabalhava.
Em 1984, em parceria com Milton Moskowitz, fez uma pesquisa e lançou um livro sobre felicidade no ambiente de trabalho: “The 700 Best Companies to Work for in América”. Em 1994 actualizou o livro e em 1998 coordenou uma pesquisa sobre o assunto para a revista Fortune. Que não existe empresa perfeita todos nós sabemos, mas algumas são menos imperfeitas do que as outras.
Para Levering e Moskowitz, as duas principais características de uma empresa boa onde trabalhar, são:1. Respeito: A melhor empresa para trabalhar é aquela em que se
sente respeitado e sente que pode ser você mesmo e crescer. A um nível mais prático, significa que a empresa demonstra respeito pelo seu potencial e que pode crescer e progredir nela. A um nível mais subtil, o tratamento entre as pessoas é amigável, elas ouvem-se umas às outras e tratam-se com respeito. A pior empresa é aquela em que a pessoa sente-se na obrigação de representar um papel quando está no trabalho. Um papel que não é o seu, ou seja, que o obriga a ser uma pessoa que não é.
2. Credibilidade: A melhor empresa promove um clima interno no qual os funcionários sentem-se à vontade para fazer perguntas e dispostos a receber uma resposta franca. Os melhores locais de trabalho possuem mecanismos de feedback para que todas as pessoas tenham a oportunidade de fazer perguntas directamente à direcção, inclusive ao próprio presidente. É importante trabalhar num ambiente onde pode confiar no que lhe dizem. Alguns dirigentes nunca querem discutir francamente os problemas com os seus funcionários e agem como se tudo estivesse perfeito.
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Foco no Futuro Estratégico
Foco nas Pessoas
Foco no Quotidiano Operacional
Foco nos Processos
Gestão de Estratégias de RH
Gestão da Transformação e
Mudança
Gestão da Infra-estrutura da
EmpresaGestão da
Contribuição dos Funcionários
Levering também se refere às piores empresas para trabalhar. Aquelas em que sente que não vai receber um tratamento justo. Afaste-se de qualquer empresa que promova o seu pessoal mais na base da política do que do desempenho. As melhores empresas dizem às pessoas que, mais do que um simples emprego, o que oferecem é uma carreira profissional. Nelas, as perspectivas são mais importantes do que o salário. Mas não é uma boa ideia trabalhar numa empresa na qual se sinta explorado. Evite empresas que pagam mal e que prometem promoções irreais, baseadas no seu desempenho passado. Um bom lugar para trabalhar é aquele em que confia nas pessoas para quem trabalha, sente orgulho do que faz e gosta dos colegas de trabalho. A confiança existe quando a direcção da empresa é digna de crédito, respeita-o e trata-o de maneira justa. Também é importante sentir orgulho do seu trabalho. Nalgumas empresas os funcionários sentem-se especiais pelo simples facto de estarem ligados a uma empresa que tem fama pela qualidade do que faz ou pela contribuição que dá à sociedade. Por fim, é importante haver um clima de camaradagem com os colegas de trabalho. Nos melhores locais de trabalho as pessoas parecem realmente divertir-se na maior parte do tempo.
DEFINIÇÃO DE PAPÉIS DE RH
Papel de RH Resultado Característica Principal Actividade
Gestão de Estratégias de Recursos Humanos Execução da estratégia
Parceiro estratégico para ajudar a alcançar
objectivos organizacionais
Ajuste das estratégias de RH à estratégia empresarial:
Diagnóstico organizacional para detectar forças e fraquezas da organização
Gestão da Infra-Estrutura da Empresa Construção de uma Infra –
estrutura eficiente
Especialista administrativo para
reduzir custos e aumentar valor
Reengenharia dos processos da organização:
Serviços em comum para a melhoria contínua
Gestão da Contribuição dos Funcionários
Aumento do envolvimento e capacidade dos
funcionários
Defensor dos funcionários para treinar e incentivar as pessoas
Ouvir e responder aos funcionários:Fornecer recursos aos funcionários para
incentivar as contribuições
Gestão da Transformação e da Mudança
Criação de uma organização renovada
Agente de mudança e inovação para melhorar a capacidade de mudar
Gerir a transformação e a mudança:Assegurar capacidade para mudança e identificação e solução de problemas
12.8. A Gestão de Talentos Humanos e do Capital Intelectual
Na Era da Informação – em que já estamos a aprender a viver – as mudanças que __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 296 de 366Manual do Formando
ocorrem nas empresas não são somente estruturais; são, sobretudo, mudanças culturais e comportamentais, transformando o papel das pessoas que delas participam. E essas mudanças não podem passar despercebidas à GRH. Aliás, elas ocorrem também na área da GRH e provocam uma profunda transformação nas características da área.
Para que essa transformação seja plenamente possível e para que a GRH possa situar-se na dianteira e não simplesmente acompanhar de longe e com significativo atraso o que ocorre nas demais áreas da empresa, torna-se crucial que se assume uma nova estrutura e desenvolva novas posturas a fim de dinamizar intensamente as suas potencialidades e contribuir para o sucesso da empresa.
As Novas Características da GRH
A conclusão a que se chega é de que a GRH está a deslocar-se rapidamente do antigo contexto industrial clássico e neoclássico que provocou o surgimento do movimento das relações industriais que lhe serviu de origem para situar-se num novo contexto que será o seu futuro nicho de operações: a Era da Informação.
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ANTES
Concentração na Função de RH
Especialização das Funções
Vários Níveis Hierárquicos
Introversão e Isolamento
Rotina Operacional e burocrática
Preservação da cultura organizacional
Ênfase nos meios e procedimentos
Procura de eficiência interna
Visão voltada para o presente e passado
Gerir recursos humanos
Fazer tudo sozinho
Ênfase nos controlos operacionais
AGORA
Apoio no “core business” da área
Gestão de processos
Eficiência e downsizing
Benchmarking e extroversão
Consultoria e visão estratégica
Inovação e mudança cultural
Ênfase nos objectivos e resultados
Procura da eficácia organizacional
Visão voltada para o futuro e destino
Assessoria na gestão de pessoas
Ajudar os gestores e as equipas
Ênfase na liberdade e na participação
CASO DE APOIOO Clube do Trilião
Pela primeira vez na história do capitalismo, a economia americana precisou de juntar
apenas as dez maiores empresas americanas para totalizar um PIB de US$ 1 trilião
redondos. Em facturação bruta, as dez mais somaram, em 1997, US$ 976 biliões, em
base anual.
A liderança do megabloco continua com a General Motors (US$ 178 biliões), que factura
exactamente metade do PIB da Rússia. Em segundo, a Ford (US$ 154 biliões), que
factura o dobro do PIB do Chile. Em terceiro, a Exxon (US$ 122 biliões), ou 12 vezes
mais que o PIB do Paraguai. Completam o clube das dez mais: Wal-Mart, General
Electric, IBM, Chrysler, Mobil, Philip Morris e AT&T (American Telephone & Telegraph).
Além da facturação, há um outro ranking na listagem anual da Fortune: o do valor de
mercado (stock accionário) das 500 maiores empresas dos EUA. Nessa classificação, a
coisa muda de figura. Quem desponta como a empresa mais valiosa dos Estados
Unidos (e do mundo) é a General Electric. Tendo passado por uma reengenharia, a GE
factura US$ 91 biliões por ano, mas vale US$ 260 biliões.
Porque é que a GE vale mais do que o seu património tangível? A resposta está no
capital intelectual. Com um detalhe: a pesquisa do Financia/ Times, de 1997, com
mais de cinco mil executivos europeus, apontou a GE como a melhor empresa do
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AS NOVAS NECESSIDADES DA GRH
Uma nova visão do homem, do trabalho e da empresa.
Estrutura plana, horizontalizada, eficiente e de poucos níveis hierárquicos.
Organização voltada para os processos e não para funções especializadas e isoladas.
Necessidade de atender ao utilizador interno ou externo.
Sintonia com o ritmo e a natureza das mudanças ambientais.
Visão voltada para o futuro e para o destino da empresa e das pessoas.
Necessidade de criar valor e de agregar valor às pessoas, às empresa e ao cliente.
Criação de condições para uma gestão participativa e baseada em equipas.
Agilidade, flexibilidade e dinamismo.
Compromisso com a qualidade e com a excelência dos serviços.
Procura da inovação e da criatividade.
mundo para trabalhar, e em segundo, a multinacional europeia Asea-Brown Boveri
(ABB).
Em valor de mercado, o segundo lugar, com US$ 216 biliões, é da Microsoft (que ocupa
o 102º lugar em facturação). Em terceiro, a centenária Coca-Cola. Quem quiser comprá-
la vai ter de emitir um cheque de US$ 184 biliões. Em facturação, ocupa a 68º posição,
com US$ 19 biliões. A lista das dez mais em valor de mercado é completada, por
ordem, pela Exxon, Merck, Intel, Wal-Mart, Procter & Gamble, Bristol-Myers, Squibb e a
AT&T. Cada uma delas vale mais de US$ 100 biliões. E todas têm mais uma
característica em comum: são campeãs de RH.
O gigantismo das grandes empresas ganha o reforço do processo de fusões, incor-
porações e alianças estratégicas. Uma enorme concentração de recursos, agora
estimulada pela flexibilização das leis anti-trust e pelo desmanche dos monopólios
estatais em escala global. Um estudo da Merryl Lynch mostra que as 500 maiores já
esgotaram o processo de reestruturação. Acabou o êmbolo da compressão dos custos.
Agora, pelo contrário, desenha-se pela frente um regime de quase pleno emprego e
forte recarga salarial. Isto faz parte do jogo.
Questões
1. Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? Por outras palavras, porque é que as
empresas mais valiosas do mercado ficaram tão valiosas? Ou, porque é que são
também campeãs em RH?
2. Porque razão a Ford Motor vale quase um quarto da sua facturação anual e a
Microsoft vale quase 20 vezes o que factura num ano?
CASO PARA DISCUSSÃOA Hewlett-Packard
A Hewlett-Packard (HP) é uma empresa com uma profunda ênfase e dedicação aos assuntos de RH. Em 1990, Peter Peterson, o executivo de RH tornou-se vice-presidente da empresa.
Peterson foi o responsável por mudanças que redefiniram os processos de RH e distribuíram a responsabilidade da Gestão de Pessoas para os gestores de linha. A sua primeira providência foi solicitar à equipa de pessoal de âmbito mundial que criasse um "ambiente adequado" capaz de proporcionar aumento de valor para a empresa, o fornecimento de serviços de melhor qualidade para os funcionários e a utilização mais eficiente dos recursos humanos. Os membros de cada equipa ao redor do mundo todo deveriam ser
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parceiros empresariais e tornar as suas unidades mais competitivas. Para transformar essa visão em acção, os profissionais de RH da HP receberam quatro metas específicas:
1. O RH deve avaliar, facilitar e melhorar a qualidade da gestão e do trabalho de equipa.2. O RH deve contribuir para a estratégia empresarial, identificar as implicações dos recursos humanos e facilitar a mudança em consonância com os valores básicos da empresa.3. O RH deve acelerar o aprendizado individual e organizacional em toda a
HP.4. O RH deve gerir processos associados ao pessoal, ou seja, as funções
internas ao departamento de RH.
Com estas quatro metas específicas em mente, as equipas de RH da HP passaram a dedicar-se a quatro papéis diferentes: priorização nos processos,
priorização nas pessoas, priorização no futuro estratégico e priorização no quotidiano operacional.
Aplicação dos Papeis da Função de RH na HP
12.9. Resumo do CapítuloAs pessoas constituem o mais importante activo das organizações. O contexto da Gestão de Pessoas é representado pela íntima interdependência das organizações e das pessoas. Tanto as organizações como as pessoas variam intensamente. O relacionamento entre ambos, antes considerado conflituoso, hoje é baseado na solução do tipo ganhar-ganhar. Cada uma das partes tem os seus objectivos: objectivos organizacionais e objectivos individuais.
A Gestão de Pessoas depende da mentalidade predominante na organização.
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Necessidade do cliente: estratégias empresariais e de RH eficazes. Autoridade: 85% da linha e 15% do RHFunção de RH: alinhamentoPapel do Gestor de Pessoal: gestão das estratégias de RHCompetências do Gestor de Pessoal:Conhecimento da empresaFormulação de estratégias de RHCompetência para influenciar
Necessidade do cliente: eficiência dos processos administrativos. Autoridade: 5% da linha e 95% do RH.Função de RH: execução de serviços.Papel do Gestor de Pessoal: gestão da função de RH.Competências do Gestor de Pessoal:Conhecimento do conteúdoMelhoria dos processosInformatizaçãoRelações com clientesAvaliação das necessidades do serviço de RH
Necessidade do cliente: eficácia organizacional. Autoridade: 51% da linha e 49% do RHFunção de RH: alinhamentoPapel do Gestor de Pessoal: agente de mudança.Competências do Gestor de Pessoal:Competências para a mudançaConsultoria / FormaçãoCompetência em Análise de Sistemas
Necessidade do cliente: dedicação do funcionário. Autoridade: 98% da linha e 2% do RH.Função de RH: apoio administrativo.Papel do Gestor de Pessoal: defensor dos funcionários.Competências do Gestor de Pessoal:Avaliação do ambiente de trabalhoDesenvolvimento da relação entre Administração e funcionárioGestão do desempenho
Foco no Futuro Estratégico
Foco no Quotidiano Operacional
Foco nas Pessoas
Foco nos Processos
Actualmente, as organizações ampliaram o seu conceito de parceria incluindo nele os funcionários, passando a tratá-los como parceiros. Cada parceiro está disposto a investir os seus recursos na organização na medida em que obtiver retornos adequados. Assim, as pessoas deixaram de ser consideradas recursos (humanos) para serem tratadas como parceiros. Os objectivos da Gestão de Pessoas ou GRH passaram a ser estratégicos e os seus processos são: agregar, aplicar, recompensar, manter, desenvolver e monitorar pessoas.
12.10. Exercícios Defina os três significados do termo RH. Qual é o contexto da Gestão de Pessoas? Comente a compatibilização entre objectivos organizacionais e individuais. Pessoas como recursos ou como parceiros. O que isto significa? Dê duas definições da Gestão de Pessoas. Quais os principais objectivos da Gestão de Pessoas? Quais são os processos da Gestão de Pessoas? Explique os processos de agregar pessoas. Explique os processos de aplicar pessoas. Explique os processos de remunerar pessoas. Explique os processos de manter pessoas. Explique os processos de desenvolver pessoas. Explique os processos de monitorar pessoas. Como estruturaria um órgão de Gestão de Pessoas? Explique a dificuldade da contabilidade em medir o capital intelectual. Explique o que significa empregabilidade e empresabilidade. Por que se fala na nova era do capital intelectual? Quais os novos papéis da função de RH? Quais as novas características da GRH? Quais as novas necessidades da GRH?
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Alianças estratégicas constituem meios através dos quais a organização obtém a inclusão de novos e diferentes parceiros para consolidar e fortificar os seus negócios e expandir as suas fronteiras.
Estratégia de recursos humanos é a utilização deliberada das pessoas para ajudar a ganhar ou manter uma vantagem auto-sustentada da organização em relação aos concorrentes que disputam o mercado.
Empregabilidade é a capacidade das pessoas de conquistar e manter os seus empregos
Empresabilidade é a capacidade das empresas para desenvolver e utilizar as competências intelectuais e competitivas dos seus membros.
Estrutura funcional - privilegia a especialização de cada órgão e a cooperação intradepartamental.
Gestão de Pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Ela é contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos como a cultura que existe em cada organização, a estrutura organizacional adoptada e uma infinidade de outras variáveis importantes.
Gestão de estratégias de recursos humanos: como RH pode ajudar a impulsionar a estratégia organizacional.
Gestão da infra-estrutura da empresa: como RH pode oferecer uma base de serviços à organização para ajudá-la a ser eficiente e eficaz.
Gestão da contribuição dos funcionários: como RH pode ajudar no envolvimento e comprometimento dos funcionários, transformando-os em agentes empreendedores, parceiros e fornecedores para a organização.
Gestão da transformação e da mudança: como RH pode ajudar na criação de uma organização criativa, renovadora e inovadora.
Moderna Gestão de Pessoas consiste em várias actividades, como descrição e análise de cargos, planeamento de RH, recrutamento, selecção, orientação e motivação das pessoas, avaliação do desempenho, remuneração, formação profissional, relações sindicais, segurança higiene e saúde no trabalho e bem-estar.
Parceiros das organizações – colaboradores, fornecedoras de conhecimentos, competências, capacidades e, sobretudo, o mais importante aporte para as organizações.
Processos de Agregar Pessoas são os processos utilizados para incluir novas pessoas na empresa. Podem ser denominados processos de provisão ou de suprimento de pessoas.
Processos de Aplicar Pessoas são os processos utilizados para desenhar as actividades que as pessoas irão realizar na
empresa, orientar e acompanhar o seu desempenho.
Processos de Recompensar Pessoas: processos utilizados para incentivar as pessoas e satisfazer as suas necessidades individuais mais elevadas. Incluem recompensas, remuneração, benefícios e serviços sociais.
Processos de Desenvolver Pessoas: processos utilizados para capacitar e incrementar o desenvolvimento profissional e pessoal.
Processos de Manter Pessoas: são os processos utilizados para criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias para as actividades das pessoas.
Processos de Monitorar Pessoas: são os processos utilizados para acompanhar e controlar as actividades das pessoas e verificar resultados.
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GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVE
12.11. Referências Bibliográficas1. José Roberto Saviani. “Empresabilidade”, SP, Makron Books, 1997.2. Gary Dessler. “Human Resource Management”, NJ, Prentice Hall, 1997. 3. Gary Dessler. “Management, Leading People and Organizations in the 21
Century”, NJ, Prentice Hall, 1998.4. George T. Milkovich e John W. Boudreau. “Human Resource Management”,
Burr Ridge, 1994.5. David A .De Cenzo e Stephen P. Robbins. “Human Resource Management”,
NY, John Wiley & Sons, 1996.6. John M. Ivancevich. “Human Resource Management”, Chicago, Richard D.
Irwin, 1995.7. HR Magazine, publicado pela Society for Human Resource Management,
1996. 8. Luis R. Gómez-Mejía, David B. Balkin e Robert L. Cardy. “Managing Human
Resources”, Englewood Cliffs, NJ, Prentice Hall, 1995.9. Giancarlo Pereira, "Capital Inteligente é o Activo Mais Valioso", SP, Caderno
de Empregos, 1997.10. Carlos Walter Aumond, "A Empregabilidade em Tempos de Crise", SP,
Caderno de Empresas, 1998.11. Henry Mintzberg. “The Nature of Management Work”, Englewood Cliffs, NJ,
Prentice Hall, 1980.12. Robert Saltonstall. "Who' s Who in Personnel Administration", Harvard
Business Review, 1983.13. Dave Ulrich. “Human Resource Champions”, Harvard Business School Press,
1997.14. Thomas A. Stewart. "A Nova Era do Capital Intelectual", Revista Exame,
Edição n2 642, 1997.15. Maria Amália Bernardi. "Que Não Existe Empresa Perfeita Nós Sabemos",
Revista Você S.A. 1998.16. Alberto R. Levy. “Competitividade Organizacional: Decisões Empresariais
para uma Nova Ordem Económica Mundial”, SP, Makron Books, 1992.17. Joelmir Beting, "Clube do Trilião", Caderno de Economia, O Estado de SP,
1998.18. Fortune, "America's Largest Corporations", 1998.
13. PLANEAMENTO E MODELAGEM DE FUNÇÕES
Objectivos de Aprendizagem
Após estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
1. Compreender os diversos modos de planeamento de RH.2. Definir desenho de funções, análise, descrição e especificação de funções.3. Entender como o desenho das funções afecta as práticas de RH.4. Descrever os métodos de obter e coligir informações sobre as funções.5. Identificar as cinco dimensões profundas das funções.
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6. Comparar as várias abordagens no desenho de funções.
□ O Modelos de Planeamento de RH□ Conceito de Função□ Desenho de Funções□ Modelos de Desenho de Funções□ Natureza do Trabalho□ Descrição e Análise de Funções
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O QUE VEREMOS ADIANTE
13.1. O Modelos de Planeamento de RHO planeamento estratégico de RH pode ser formulado e desenhado após, isoladamente ou integradamente, com o planeamento estratégico da empresa.
Quando o planeamento estratégico de RH é feito após a elaboração do planeamento estratégico da empresa e procura adaptar-se a ele no sentido de contribuir para a sua implementação, recebendo assim o nome de planeamento adaptativo de RH. Por outro lado, quando o planeamento estratégico de RH é feito isoladamente pelos especialistas da área, sem nenhuma preocupação ou articulação com o planeamento estratégico da organização, como um planeamento introvertido e auto-orientado para a função de RH, recebendo por isso o nome de planeamento autónomo e isolado de RH.
Existem vários modelos de planeamento de RH. Alguns são genéricos e abrangem toda a organização, enquanto outros são específicos para determinados níveis ou unidades organizacionais. Vejamos alguns deles.
Modelo Baseado na Procura Estimada do Produto ou ServiçoBaseia-se no conceito de que as necessidades de pessoal são uma variável dependente da procura estimada do produto (quando se refere à indústria) ou do serviço (quando se refere à organização não industrial).
A relação entre as duas variáveis – número de funcionários e procura do produto / serviço – é influenciada por variações na produtividade, tecnologia, disponibilidade interna e externa de recursos financeiros e disponibilidade de pessoas na organização.
Modelo Baseado em Segmentos de FunçõesFocaliza também o nível operacional da organização. É o modelo de planeamento de pessoal operacional utilizado por empresas de grande porte, como a Standard Ail.
O modelo consiste em:
1. Escolher um factor estratégico (como nível de vendas, volume de produção, plano de expansão) cujas variações afectam proporcionalmente as necessidades de pessoal.
2. Estabelecer os níveis históricos (passado) e futuros para cada factor estratégico.
3. Determinar os níveis históricos da mão-de-obra para cada unidade.
4. Projectar os níveis futuros de mão-de-obra para cada unidade através da correlação com a projecção dos níveis (históricos e futuros) do factor estratégico correspondente.
Algumas empresas, como a IBM, preferem calcular as suas necessidades totais de pessoal operacional com base em projecções relacionadas apenas com certos segmentos (ou famílias) de funções da sua força de trabalho que apresentam variações maiores.
Modelo de Substituição de Postos-ChaveÉ um modelo que recebe os nomes de mapas de substituição para o __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 305 de 366Manual do Formando
planeamento de funcionários.
Trata-se de uma representação visual de quem substitui quem na eventualidade de alguma vaga futura dentro da organização. A montagem do sistema requer um organograma com informações fornecidas pelo sistema de informação de gestão.
Cada rectângulo do organograma apresenta o nome do funcionário com algumas informações para tomada de decisão. Cada funcionário é classificado em três alternativas de promoção:
A: funcionário pronto para promoção imediata; B: funcionário que requer maior experiência no cargo actual; C: funcionário com substituto já preparado.
Além disso, o desempenho de cada funcionário é avaliado da seguinte maneira:
1. Desempenho excepcional. 2. Desempenho satisfatório. 3. Desempenho regular.4. Desempenho fraco.
Cada rectângulo do organograma de substituição apresenta o nome e a idade do funcionário no segmento superior e, no segmento inferior, o nome dos possíveis substitutos, com os seus nomes e idades, antecedidos pela classificação de promoção e avaliação do desempenho.
Este modelo considera a informação mínima para uma tomada de decisão sobre as futuras substituições dentro da organização em função do status dos vários candidatos internos. Esse status depende de duas variáveis: desempenho actual e promoção.
Modelo Baseado no Fluxo de PessoalÉ um modelo que «mapeia» o fluxo das pessoas para dentro, através e para fora da organização.
A verificação histórica desse movimento de entradas, saídas, promoções e transferências internas permite uma predição a curto prazo das necessidades de pessoal da organização. Trata-se de um modelo vegetativo e conservador, adequado para organizações estáveis e sem planos de expansão, nas quais a preocupação é apenas preencher as vagas existentes e dar continuidade ao quotidiano..
Modelo de Planeamento IntegradoÉ um modelo mais amplo e abrangente. Do ponto de vista de provisão de recursos humanos, o planeamento de pessoal leva em conta quatro factores ou variáveis intervenientes, a saber:
1- Volume de produção planeado pela organização.2- Mudanças tecnológicas dentro da organização que alterem a
produtividade do pessoal.3- Condições de oferta e procura no mercado e comportamento da
clientela.4- Planeamento de carreiras dentro da organização.
Do ponto de vista do fluxo interno, o planeamento de RH leva em conta a composição mutável da força de trabalho da organização, acompanhando as entradas e saídas de pessoas, bem como a sua movimentação dentro da organização.
Na prática, o modelo integrado é um modelo sistémico e abrangente de __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 306 de 366Manual do Formando
planeamento de pessoal que permite um diagnóstico adequado para a tomada de decisões.
CASO DE APOIOA Construbase
A Construbase, uma empresa mundial de engenharia e construção, enfrentou um período terrível. Durante dois anos passou por uma queda radical, trocando 200 milhões de dólares de lucro por 500 milhões de dólares em prejuízos. A situação crítica levou à decisão de colocar uma nova equipa de directores no comando da empresa. O novo presidente empenhou-se na reestruturação para redirigir os esforços e retornar ao lucro.
Após dois anos a Construbase voltou a ser lucrativa. Nesta altura, a direcção pediu ao presidente para reavaliar a estratégia da empresa, o seu objectivo global e o conjunto de produtos, serviços e clientes. No decorrer de um ano, a estratégia foi reavaliada e os ajustes efectuados.
A direcção solicitou então ao presidente que verificasse se a empresa possuía a tecnologia adequada e os sistemas internos em condições de apoiar e manter a sua estratégia. Após uma análise da tecnologia disponível na empresa, os sistemas foram aprimorados e ajustados à estratégia. A direcção pediu ao presidente uma terceira providência. Queria saber se a empresa era dotada da estrutura organizacional adequada para implementar e manter a sua estratégia.
Para realizar a auditoria organizacional, o comité executivo solicitou ao vice-presidente de RH que verificasse quais as forças e as fraquezas da organização, avaliasse se a estrutura existente era a correcta para implementar a estratégia e recomendasse as melhorias necessárias. O vice-presidente de RH nomeou uma equipa de assessoria de gestores que, por sua vez, criou um processo de avaliação utilizando dados recolhidos de funcionários, clientes e fornecedores. As recomendações resultantes foram entregues à direcção e as mudanças organizacionais foram implementadas.
Questões1. Como é que se comportaria no lugar do presidente para atender às
três solicitações da direcção?2. Se estivesse no lugar do VP de RH, como orientaria a equipa de
assessoria?3. Como é que agiria nos contactos com a direcção?
CASO DE APOIO
Mário Esteves tinha doze anos de casa na Tintas ABC. Ingressara na empresa como supervisior de RH e fora promovido para Gestor de RH. Na realidade, a sua função apenas mudara de nome, pois nada havia sido acrescentado às suas antigas responsabilidades. Fazia as mesmas coisas e reportava-se ao Director Geral, como antes.
Olhando à volta na empresa, Mário percebia que nada mudara dentro dela naqueles doze anos. Todos os seus colegas e subordinados faziam exactamente o mesmo – ou algo menos do que haviam aprendido
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quando ingressaram na empresa. O mundo mudara rapidamente, mas a Tintas ABC continuava a mesma empresa, com algumas denominações diferentes para as mesmas coisas. Era uma empresa estática, parada no tempo, conservadora e intra-orientada. E as pessoas faziam sempre as mesmas coisas, desempenhando as mesmas funções, realizando as mesmas tarefas e as mesmas responsabilidades.
Mário pensava que, se as empresas concorrentes também fizessem o mesmo, tudo seria uma maravilha. Ainda mais se o mercado permanecesse sempre o mesmo. No entanto, lia nos jornais que as demais empresas seguiam bem à frente, com inovações nos produtos, elevada qualidade nos serviços e com intensa participação dos funcionários.
Mário não se conformava com a preguiça e o isolamento na empresa.
Modelagem de FunçõesA estrutura de funções é condicionada pelo desenho organizacional em que ela foi criada. As funções fazem parte integrante do formato estrutural da organização. Este condiciona e determina a distribuição, configuração e o grau de especialização das funções.
Se a estrutura organizacional é rígida e imutável, as funções também serão fixas, permanentes e definidas, fechadas, individualizadas e delimitadas.
Se a estrutura é flexível e adaptável, as funções também serão maleáveis, ajustáveis e abertas, com elevado índice de interacção com o ambiente que circunda. Quanto mais a estrutura organizacional for maleável e flexível, tanto mais as funções serão mutáveis e tanto mais forte a presença de equipas multidisciplinares e autogeridas no lugar de órgãos permanentes e definitivos.
As Novas Tendências quanto ao trabalho
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13.2. Conceito de Função
Para a organização, a função constitui a base da aplicação das pessoas nas tarefas organizacionais. Para a pessoa, a função constitui uma das maiores fontes de expectativas e de motivação na organização. Quando as pessoas ingressam na organização, assim como através de toda a sua trajectória profissional, elas sempre são ocupantes de alguma função.
A função corresponde a um tipo de actividade laboral que se pode identificar e diferenciar de qualquer outra. É uma composição de todas as actividades desempenhadas por uma pessoa que podem ser englobadas num todo unificado e que figura em certa posição formal do organograma da empresa. A função financeira, a função comercial e a função de marketing, constituem exemplos de actividades que podem ser identificadas e distinguidas umas das outras.
A figura abaixo dá uma ideia do posicionamento de uma função no organograma da empresa.
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Os Novos Meios
Achatadas, com poucos níveis administrativos
Descentralizada em todos os níveis: empowerment
Pequeno e concentrado
Multifuncional e amplo. As pessoas pensam e
melhoram continuamente
Como sistemas sociotécnicos
integrados e equipas amplamente utilizadas
Salário flexível por metas e pelo desempenho individual e grupal
Amplo e conceptual. Ocupante valioso e é
encorajado a aprender novas competências e
muitas tarefas
Aspectos
Estruturas
Autoridade
Papel do Staff
Grupos de Trabalho
Compensação
Formação Técnica
Desenho das funções
Os Velhos Meios
Altas, com muitos níveis administrativos
Centralizada na cúpula da administração
Amplo e diversificado
Simplificado e estreito. Os gestores pensam e as pessoas executam
Importantes como unidade administrativa
formal
Salário conforme a classificação do cargo
e o desempenho individual
Limitado apenas ao cargo. Ocupante é
descartável
Olhando sob outro prisma, uma função constitui uma unidade da organização e consiste num conjunto de deveres e responsabilidades que a tornam separada e distinta das demais funções.
Na realidade, as funções constituem os meios através dos quais a empresa aloca e utiliza os seus recursos humanos para alcançar objectivos organizacionais por meio de determinadas estratégias.
AVALIAÇÃO CRÍTICA“Limpando” a Organização
As empresas precisam de manter uma relação adequada entre o tamanho da sua estrutura de funções e o volume dos seus negócios. Ou seja, uma proporção adequada entre as suas operações e a estrutura organizacional para realizá-las. Essa proporção corresponde à razão entre estatura e peso que as pessoas precisam de manter para conservar a sua saúde e bem-estar. A década de 1990 trouxe uma série de imposições externas que pressionaram as empresas a serem mais leves, ágeis e “limpas”.
Produzir cada vez mais com cada vez menos para serem competitivas dentro de um mercado global é um desafio extremamente difícil. Portanto, as empresas diminuíram as suas estruturas tanto no sentido horizontal, através de fusão ou extinção de departamentos, como no sentido vertical, através da redução de níveis hierárquicos. Peter F. Drucker já observara que cada nível adicional de gerência tende a cortar pela metade a possibilidade das informações serem transmitidas correctamente, enquanto tende a dobrar a quantidade de ruído no sistema. Observou que os níveis de gestão constituem elos de uma cadeia: cada um deles acrescenta um certo reforço, mas infelizmente todos eles são fontes de inércia, atrito e relaxamento. Uma faca de dois gumes, sem se saber qual deles corta mais.
Por outro lado, Edwards Deming, o guru dos métodos estatísticos de qualidade, do cimo da sua experiência, notou que 80% dos gestores americanos não conseguem responder com o mínimo de confiança a
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Níveis Hierárquicos
Responsabilidade
Autoridade
Áreas de Actuação
três questões extremamente simples:1. Qual é o meu trabalho?2. O que realmente importa nele? 3. Como é que o estou a desempenhar?
Se assim trabalham e agem os gestores, o que dizer dos seus subordinados? O importante é perguntar a cada pessoa o que ela realmente faz para criar valor agregado e abrir a gerência para torná-la mais democrática e consultiva. Muitas empresas reforçaram os seus programas de formação para ensinar competências necessárias ao trabalho e acrescentar uma cultura forte e partilhada, em substituição a uma gerência estreita e fechada. Foi o caso da Disney University, da McDonald's Hamburger University, e dos programas de formação da IBM, em que os funcionários aprendem não apenas o que fazer, mas como fazer segundo as normas da empresa.
O objectivo é substituir os controlos explícitos (como supervisão, manuais de procedimentos, organização e métodos, manuais de regras e regulamentos, rotinas e procedimentos, auditorias) por controlos implícitos da formação (conhecimento). São empresas que tornam a formação obrigatória e não uma recompensa ou algo eventual. Outras empresas “limparam” a organização para aproximar o nível operacional do nível institucional e dar responsabilidades às pessoas para comprometê-las com o negócio.
Planos de carreira ascendentes e sistemas de remuneração concentrados na gestão constituem as causas do «inchaço» da média gerência na maior parte das empresas. São polarizadores do aumento de volume de pessoas nos níveis hierárquicos intermediários. Se não houver uma mudança na maneira como as empresas são geridas, elas retornarão rapidamente ao «inchaço» da média gerência e à tendência de verticalização hierárquica. E esse é um dos assuntos da gestão de pessoal que exige uma função de RH bastante fortalecida. Isto não significa um DRH maior, mas que os altos executivos e os gestores de linha devem dedicar mais atenção à gestão dos seus subordinados.
13.3. Desenho de FunçõesO desenho de funções (job design) envolve a especificação do conteúdo de cada função, dos métodos de trabalho e das relações com as demais funções.
SUGESTÕESDefinições de desenho de funções
Desenho de funções é o processo de organizar o trabalho através das tarefas que são necessárias para desempenhar um cargo específico.
Desenho de funções envolve o conteúdo da função, as qualificações do ocupante e as recompensas para cada função no sentido de atender às necessidades dos empregados e da organização.
Desenho de funções é a informação utilizada para estruturar e modificar os elementos, deveres e tarefas de determinadas funções.
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Cada função exige certas competências do seu ocupante para que seja bem desempenhado. Essas competências variam conforme o cargo, nível hierárquico e a área de actuação. Elas exigem que o ocupante saiba lidar com recursos, relações interpessoais, informação, sistemas e tecnologia em diferentes graus de intensidade, conforme a figura abaixo o ilustra.
As cinco competências básicas necessárias no local de trabalho
O desenho de funções constitui a maneira como cada função é estruturada e dimensionada. Desenhar uma função significa definir quatro condições básicas:
1. O conjunto de tarefas ou atribuições que o ocupante deverá desempenhar (qual é o conteúdo da função).
2. Como as tarefas ou atribuições deverão ser desempenhadas (quais são os métodos e processos de trabalho).
3. A quem o ocupante da função deverá se reportar (responsabilidade), isto é, quem é o seu superior imediato.
4. Quem o ocupante da função deverá supervisionar ou dirigir (autoridade), isto é, quem são os seus subordinados.
O desenho de funções é a especificação do conteúdo, dos métodos de trabalho e
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RecursosIdentifica,
organiza, planeia e aloca recursos
InterpessoalTrabalha com
outras pessoas
InformaçãoObtém e utiliza
informação
SistemasCompreende inter-relações
complexas
TecnologiaTrabalha com
uma outra variedade de tecnologias
Tempo: selecciona actividades relevantes com os objectivos, prioriza, aloca o tempo, prepara e segue programas.
Dinheiro: prepara e utiliza orçamentos, faz previsões, faz registos e ajustamentos para alcançar objectivos.
Materiais e instalações: obtém, guarda, aloca e utiliza materiais ou espaço com eficiência.Recursos humanos: ensina competências e distribui o trabalho, avalia o desempenho e
assegurar feedback.
Participa como membro de uma equipa: contribui para o esforço grupal.Ensina novas competências aos outros.Serve clientes/consumidores: trabalha para satisfazer expectativas dos clientes.Exercita a liderança: comunica ideias, persuade e convence outros, assume desafios.Negoceia: trabalha com acordos envolvendo trocas de recursos, resolve vários interesses.Trabalha com diversidade: junto com homens ou mulheres de diversas procedências.
Obtém e avalia a informação.Organiza e mantém a informação.Interpreta e comunica a informação.Utiliza computadores para processar a informação.
Compreende os sistemas: sabe como funcionam os sistemas sociais, organizacionais, tecnológicos e como operá-los eficazmente.
Monitoriza e corrige o desempenho: distingue as tendências, prevê impactos sobre as operações, diagnostica desvios nos sistemas e corrige os erros ou soluciona problemas.
Melhora ou desenha sistemas: sugere modificações nos sistemas actuais e desenvolve sistemas novos ou alternativos para melhorar o desempenho.
Selecciona tecnologia: escolhe procedimentos, ferramentas ou equipamento, inclusive computadores ou tecnologias relacionadas.
Aplica tecnologia às tarefas: compreende os objectivos e ajusta os procedimentos ou operações do equipamento.
Mantém o equipamento: previne, identifica e resolve problemas com equipamentos, inclusive computadores ou tecnologias relacionadas.
das relações com as demais funções, no sentido de satisfazer os requisitos tecnológicos, organizacionais e sociais, bem como os requisitos pessoais do seu ocupante.
13.4. Modelos de Desenho de Funções
O desenho de funções é tão antigo quanto o próprio trabalho humano. Desde que o ser humano teve de dedicar-se à tarefa de caçar ou pescar, ele aprendeu, através da sua experiência acumulada ao longo dos séculos, a modificar o seu desempenho para melhorá-lo continuamente. E quando a tarefa foi aumentando, exigindo um número maior de pessoas para realizá-la, a coisa complicou-se. Mas a situação básica de um homem que desempenha tarefas sob a direcção de outro jamais foi alterada, apesar de todas as mudanças sociais, políticas, económicas, culturais e demográficas ocorridas durante a longa história da humanidade.
Existem três modelos de desenho de funções: o clássico, o humanístico e o contingencial.
Modelo Clássico uu TradicionalÉ o desenho de funções apregoado pelos engenheiros da Gestão Científica no início do século XX. Taylor, Gantt e Gilbreth utilizaram certos princípios de racionalização do trabalho para projectar funções, definir métodos padronizados e formar as pessoas para obter a máxima eficiência possível. Além disso, ofereciam incentivos salariais (prémios de produção) para assegurar a adesão aos métodos de trabalho. A partir da divisão do trabalho e fragmentação das tarefas definiam as funções. Estabeleceram uma separação rígida entre o pensar (gerência) e o executar (operário). O gestor manda e o operário obedece e executa as tarefas simples e repetitivas. A eficiência era a preocupação máxima.
Os aspectos principais do modelo clássico de desenho de funções são:
A pessoa como apêndice da máquina Fragmentação do trabalho Ênfase na eficiência Permanência
O desenho clássico funciona dentro da abordagem de sistema fechado: excluem-se as variáveis no sistema para que as restantes funcionem dentro de uma relação determinística de causa e efeito. É a teoria da máquina: a organização e as pessoas funcionam dentro de uma lógica simples e mecânica. O trabalhador e a função cargo recebem o mesmo tratamento das máquinas.
O desenho clássico foi projectado para alcançar as seguintes vantagens:
Redução de custos Padronização das actividades Apoio à tecnologia
Na realidade, o desenho clássico trouxe desvantagens e limitações, a saber:
Funções simples e repetitivas tornam-se monótonas e chata Desmotivação pelo trabalho Trabalho individualizado e isolado Monopólio da chefia Era da Informação
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As vantagens esperadas e os resultados do desenho clássico
Vantagens Esperadas Resultados Reais Funções simples requerem pouca
formação e facilitam a selecção. Funções simples requerem pessoas
com poucas competências e salários baixos.
Funções simples permitem troca rápida e fácil de ocupantes.
Devido à mecanização, o ocupante não fica fisicamente cansado.
A padronização facilita o controlo e permite a supervisão mais ampla, com muitos subordinados.
A padronização e a mecanização facilitam a previsibilidade da produção.
A gestão tem controlo absoluto sobre os trabalhadores.
A economia no custo da selecção e formação pode não existir devido à rotatividade do pessoal.
Elevados absentismo e rotatividade requerem trabalhadores extras, o que elevam os custos de produção.
Devido à monotonia do trabalho em linha, a produtividade cai, exigindo incentivos salariais mais elevados.
A monotonia do trabalho traz alienação e falta de compromisso, o que provoca problemas de produtividade e de qualidade.
A rotatividade e o absentismo elevam os custos de recrutamento e selecção, além de elevar os custos de produção.
A supervisão aumenta a distância entre o trabalho e a gestão.
Modelo HumanísticoO modelo humanístico é também denominado modelo de relações humanas pelo facto de ter surgido com a Experiência de Hawthorne. Foi a partir dela que surgiu a Escola de Relações Humanas, em 1930. O movimento humanista foi uma reacção pendular ao mecanicismo da gestão tradicional da época e tentou substituir a engenharia industrial pelas ciências sociais, a organização formal pela orga-nização informal, a chefia pela liderança, o incentivo salarial pelas recompensas sociais e simbólicas, o comportamento individual pelo comportamento em grupo e o organograma pelo sociograma.
A Escola de Relações Humanas foi uma tentativa de ajustar a gestão autocrática e impositiva ao espírito democrático tipicamente americano. Com ela, surgem os primeiros conceitos sobre liderança, motivação, comunicações e assuntos relacionados com as pessoas e a sua supervisão. A abordagem humanística substituiu a ênfase antes colocada nas tarefas (Gestão Científica) e na estrutura organizacional (Teoria Clássica e da Burocracia) pela ênfase colocada nas pessoas e nos grupos sociais.
O modelo humanista procura incrementar a interacção das pessoas entre si e superiores como meio de satisfazer as necessidades individuais e aumentar o moral do pessoal. Contudo, a consulta e participação não afectam o cumprimento da tarefa e nem o fluxo ou sequência do trabalho.
Diferenças entre o Modelo Clássico e Humanísticode Desenho de Funções
MODELO CLÁSSICO MODELO HUMANÍSTICO
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Ênfase na tarefa e na tecnologia. Fundamentado na estrutura
organizacional. Procura da eficiência através do
método e racionalização do trabalho. Preocupação com o conteúdo da
função. Baseado em ordens e imposições. Trabalhador executa e obedece. Conceito de homo economicus. Recompensas salariais e materiais.
Ênfase na pessoa e no grupo social. Fundamentado na interacção e na
dinâmica de grupo. Procura da eficiência através da
satisfação e interacção das pessoas. Preocupação com o contexto da
função, isto é, com seu envolvimento social.
Baseado em comunicações. Trabalhador participa nas decisões. Conceito de homo social. Recompensas sociais e simbólicas.
Modelo ContingencialO modelo contingencial representa a abordagem mais ampla e complexa pelo facto de considerar três variáveis simultaneamente: as pessoas, a tarefa e a estrutura da organização. O nome contingencial decorre da adequação do desenho da função a essas três variáveis. Como essas três variáveis assumem características diferentes, o resultado é relativo e contingente e não fixo ou padronizável.
Tanto o modelo clássico como o modelo humanista prescrevem que a função deve ser projectada como algo definitivo e permanente: a expectativa de um ambiente estável e previsível permitia métodos e procedimentos padronizados e repetitivos, já que a tecnologia utilizada deveria permanecer constante durante muito tempo. Nestes dois modelos, a ênfase é colocada na estabilidade dos objectivos organizacionais, da tecnologia e dos factores ambientais e, portanto, também nos processos e produtos da organização. Daí a característica típica do desenho tradicional: o carácter definitivo e permanente das funções. Como se as funções fossem perfeitas e não devessem ser modificadas ou melhoradas.
No modelo contingencial, o desenho de funções não se baseia na presunção de estabilidade e permanência dos objectivos e dos processos organizacionais, mas, ao contrário, é dinâmico e baseia-se na contínua
mudança e revisão da função como uma responsabilidade básica colocada nas mãos do gestor ou da sua equipa de trabalho.
O modelo contingencial baseia-se em cinco dimensões essenciais que todas funções devem possuir em maior ou menor grau, a saber:
1- Variedade: Refere-se ao número e variedade de competências exigidas pela função. Existe variedade quando a função apresenta uma vasta gama de operações ou o uso de uma diversidade de equipamentos e procedimentos para tornar o cargo menos repetitivo e menos monótono.
2- Autonomia: Refere-se ao grau de independência e de critério pessoal que o ocupante tem para planear e executar o seu trabalho. Refere-se à liberdade e independência do ocupante para programar o seu trabalho, seleccionar o equipamento que deverá utilizar e decidir que métodos ou procedimentos deverá seguir.
3- Significado das tarefas: Refere-se ao conhecimento da influência que a função provoca em outras pessoas ou no trabalho organizacional. Nada mais é do que a noção das interdependências da função com as demais funções da organização e da contribuição do trabalho na actividade geral do
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departamento ou da organização como um todo.
4- Identidade com a tarefa: Refere-se a que grau a função requer que a pessoa execute e complete uma unidade integral do trabalho. A identidade relaciona-se com a possibilidade da pessoa efectuar um trabalho inteiro ou global e poder claramente identificar os resultados dos seus esforços.
5- Feedback: Refere-se ao grau de informação de retorno que o ocupante recebe para avaliar a eficiência dos seus esforços na produção de resultados. O feedback funciona como uma informação de retorno que a pessoa recebe enquanto trabalha e que lhe revela como está a desempenhar a sua tarefa ou como está a decorrer a sua actividade.
As cinco dimensões essenciais ou dimensões profundas criam condições para a satisfação intrínseca como resultado do cumprimento da tarefa que o ocupante realiza. Essas condições fazem com que a função seja impregnada dos chamados factores motivacionais ou de satisfação.
Enriquecimento de FunçõesO desenho contingencial de funções é dinâmico e privilegia a mudança em função do desenvolvimento pessoal do ocupante. Por outras palavras, permite a adaptação da função ao potencial de desenvolvimento pessoal do ocupante. A adaptação contínua é feita através do enriquecimento de funções.
Enriquecimento de funções significa a reorganização e ampliação da função para proporcionar adequação ao ocupante no sentido de aumentar a satisfação intrínseca, através do acréscimo de variedade, autonomia, significado das tarefas, identidade com as tarefas e feedback.
As Cinco Dimensões Essenciais do Desenho Contingencial
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Segundo a teoria dos dois factores de Herzberg, o enriquecimento de funções constitui a maneira de obter satisfação intrínseca através da função. É que a função é pequena demais para o espírito de muitas pessoas. Por outras palavras, os cargos não são suficientemente grandes para a maioria das pessoas e precisam de ser redimensionados.
O enriquecimento da função – ou ampliação da função, torna-se a maneira prática e viável para a adequação permanente da função ao crescimento profissional do ocupante. Consiste em aumentar deliberada e gradativamente os objectivos, responsabilidades e desafios das tarefas do cargo para ajustá-los às características do ocupante.
O enriquecimento da função pode ser lateral ou horizontal (carga lateral com a adição de novas responsabilidades do mesmo nível) ou vertical (carga vertical com a adição de novas responsabilidades mais elevadas).
O enriquecimento vertical procura tarefas mais complexas e maiores responsabilidades, enquanto o horizontal procura variar as tarefas de igual complexidade e responsabilidade.
As alternativas para o enriquecimento das funções
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BAIXO GRAU ALTO GRAU
Trabalho sequencial, uniforme, parcial,, monótono e repetitivo. As operações, equipamentos e competências são sempre os mesmos, sem qualquer mudança ou variação. Rotina pela rotina.
Trabalho rigidamente programado, com local e equipamentos definitivos e métodos pré-estabelecidos. O Chefe determina o que, quando, onde e como fazer.
Desconhecimento do impacto e das interdependências da tarefa sobre as outras da empresa. Visão estreita, confinada, isolada e míope da actividade.
Trabalho específico, fragmentado e parcial, sem qualquer sentido psicológico para a pessoa, que se frustra e se aliena. Trabalho estranho e vazio.
Nenhuma informação sobre o desempenho ou resultado do trabalho. Ignorância sobre a performance. Necessidade de avaliação externa e de incentivo salarial como reforço.
Trabalho variado e diversificado. As operações são diferentes e os equipamentos e competências variados. Diversidade e desafio, nas quais a pessoa executa várias actividades diferentes e inovadoras
Ampla liberdade para planear e programar o trabalho, escolher o equipamento, local e método de trabalho. O ocupante programa o seu trabalho, escolhe o local, o método e o equipamento.
Conhecimento amplo da repercussão do trabalho sobre os demais da empresa. Visão abrangente das suas consequências e das suas interdependências.
Trabalho integral, global e com significado para a pessoa e que lhe permite identificar-se com ele. O local e o trabalho “pertencem” à pessoa.
Informação clara sobre o desempenho e o resultado do trabalho. Perfeita e imediata noção sobre a performance. Senso de auto-avaliação, auto-direcção e auto-realização.
VARIEDADE
AUTONOMIA
SIGNIFICADO DAS TAREFAS
IDENTIDADE COM AS
TAREFAS
FEEDBACK
O que se espera do enriquecimento de funções é não apenas uma melhoria das condições de trabalho, mas, sobretudo, um aumento da produtividade e redução das taxas de rotatividade e de absentismo do pessoal.O enriquecimento de funções oferece:
1. Elevada motivação intrínseca do trabalho. 2. Desempenho de alta qualidade no trabalho. 3. Elevada satisfação com o trabalho.4. Redução de faltas (absentismo) e de reformas (rotatividade).
Apesar dos aspectos positivos e motivacionais, o enriquecimento de funções pode eventualmente trazer consequências indesejáveis e negativas. É que as pessoas reagem de maneiras diferentes às mudanças que ocorrem no seu contexto. O enriquecimento de funções pode provocar uma sensação de ansiedade e de angústia nas pessoas e até o sentimento de serem exploradas pela organização. Por outro lado, o ambiente de trabalho influencia as expectativas das pessoas.
As Abordagens no Desenho de Funções
Filosofia / Abordagem
Técnicas Vantagens Desvantagens Objectivo
Gestão Cientifica Simplificação do trabalho
Cria funções simples, seguras e confiáveis.
Minimiza as necessidades mentais do trabalho
Monotonia, «chatice» e alienação Eficiência
Relações Humanas Trabalho em grupos
Reconhece a importância das necessidades sociais dos
empregadosProporciona pouca orientação técnica Satisfação
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Carga Vertical
Aumenta a complexidade do cargo
Atribuir responsabilidades
mais elevadas
Incluir o trabalho anterior
Incluir o trabalho posterior
Atribuir a outros ou automatizar tarefas
simples
Para enriquecer um cargo deve-se reordenar os seus elementos
Carga Horizontal
Aumenta a variedade do cargo
Características do Trabalho
Ampliação da função
Reduz tempo de espera entre tarefas, melhora a flexibilidade
da organização, reduz necessidades de suporte de staff
Sacrifica as vantagens da simplificação sem reduzir
as desvantagensEficiência
Enriquecimento da função
Cria funções que envolvem o empregado, aumenta a motivação, satisfação e
produtividade
Custo. Aumenta o potencial de erros e de
acidentes.Requer empregados
adicionais. O controlo permanece com os
gestores.
Satisfação
Alto Desempenho no Trabalho Equipes
Dá maior dose de auto-controlo sobre o trabalho.
Ideal para fábricas novas, onde é compatível com a tecnologia
adoptada
Requer desenho organizacional compatível e cuidadosa estruturação
das equipas. Relações entre equipas devem ser
administradas.Tempo devotado a
assuntos não produtivos.
Eficiência
Aspectos motivacionais do desenho de funçõesAs dimensões profundas tendem a criar três estados psicológicos críticos nos ocupantes de funções, a saber:
Percepção do significado do trabalho Percepção da responsabilidade pelos resultados do trabalho Conhecimento dos resultados do trabalho
A íntima relação entre as dimensões profundas do cargo e os estados psicológicos críticos produz resultados como: elevada motivação para o trabalho, elevada qualidade no desempenho do trabalho, alta satisfação com o trabalho e baixo absentismo e rotatividade.
Os Seis Conceitos Implementadores
A aplicação prática das cinco dimensões essenciais e dos três estados psicológicos críticos pode ser feita através dos seis conceitos implementadores seguintes:__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 319 de 366Manual do Formando
Percepção do significado do
trabalho
Percepção da responsabilidade pelos resultados
Conhecimento dos resultados
Dimensões Profundas Estados Psicológicos Críticos Conceitos
Implementadores
Variedade
Autonomia
Significado das Tarefas
Identidade com as Tarefas
Feedback
Tarefas Combinadas
Formação de Unidades Naturais de
Trabalho
Relações Directas com o cliente ou
utilizador
Abertura de Canais de Feedback
Criação de Grupos Autónomos
1- Tarefas combinadas: Para aumentar a variedade e a identidade com a tarefa deve-se combinar e juntar várias tarefas agregadas numa só.
2- Formação de unidades naturais de trabalho: A unidade natural de trabalho é o conjunto de partes funcionalmente especializadas que formam um processo, o qual permite uma noção integral do trabalho.
3- Relações directas com o cliente ou usuário: A ideia é dar a cada função um cliente (saída) e um fornecedor (entrada).
4- Carga vertical: Consiste no enriquecimento vertical com a adição de tarefas mais elevadas ou actividades de gestão.
5- Abertura de canais de feedback: A tarefa pode proporcionar informação sobre como o ocupante está a realizar o seu trabalho, sem que tenha de depender da avaliação do seu desempenho por parte do gestor ou de terceiros
6- Criação de grupos autónomos: Consiste em transferir trabalhos individuais para grupos interactivos ou equipas de trabalho.
Se as dimensões profundas e os conceitos implementadores forem aplicados, a expectativa é uma melhoria considerável nas atitudes dos funcionários face ao cargo ocupado e face à empresa, como mostra a figura abaixo.
Atitude do funcionário face à função e à empresa
VOLTANDO AO CASO INTRODUTÓRIOMário Esteves achava que a Tintas ABC tinha um desenho de funções ultrapassado. Como Gestor de RH, achava que deveria incluir algumas inovações, mas não tinha intenção de mexer no organograma, pois isto necessitaria que ele enfrentasse os demais
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Atitude do Funcionário
Atitude Face à Função
Atitude Face à
Empresa
Actividades variadas e inovadoresIdentificação com as tarefasCompreensão do significadoAutonomia e independênciaFeedback dos resultados Percepção da responsabilidadeSatisfação com a funçãoTrabalho em equipaBoa remuneraçãoBenefícios adequadosQualidade de vida no trabalhoParticipação nos resultados
Clima organizacional positivoCultura democrática e participativaReconhecimento e statusAmbiente psicológico agradávelReceptividade a sugestões e ideiasLiberdade e autonomiaComunicação intensaOportunidades de crescimentoLiderança inovadoraOrgulho da empresaQualidade de vidaParticipação nos resultados
directores da empresa, conservadores e apáticos. Achava melhor fazer uma revolução silenciosa, mas eficaz, por meio de mudanças nos cargos, com a ajuda dos gestores de linha. O seu trabalho deveria ser proporcionar intensa assessoria de staff para que eles pudessem trazer a inovação para a empresa através de um total redesenho das funções.
SUGESTÕESPrincipais atributos das equipes de alto desempenho
1- Participação: os membros comprometem-se com o empowerment e o sistema de auto-ajuda.
2- Responsabilidade: os membros são responsáveis pelos resultados.
3- Clareza: os membros compreendem e apoiam os objectivos da equipa.
4- Interacção: todos os membros comunicam entre si dentro de um ambiente aberto e confiável.
5- Flexibilidade: os membros querem mudar e melhorar o desempenho.
6- Focalização: os membros dedicam-se a alcançar as expectativas do trabalho.
7- Criatividade: os talentos e ideias são usados para beneficiar a equipa.
8- Rapidez: os membros agem rapidamente sobre problemas e oportunidades.
SUGESTÕESComo fazer o empowerment funcionar
Empowerment significa o fortalecimento das pessoas que trabalham em equipas com total responsabilidade por metas e resultados e total liberdade para tomar decisões. O empowerment exige pessoas formadas e capacitadas. Além do mais, o empowerment impõe as seguintes condições para funcionar:
1- Envolva as pessoas na escolha das suas responsabilidades e na definição dos métodos para executar as tarefas.
2- Crie um ambiente de cooperação, de partilha das informações, discussão e de estabelecimento conjunto dos próprios objectivos.
3- Encoraje as pessoas a assumir iniciativa, tomar decisões e colocar em uso os seus conhecimentos e competências.
4- Peça a opinião das pessoas; quando surgirem os problemas, veja o que elas pensam e faça com que elas ajudem a desenhar as soluções.
5- Saia do meio do caminho; deixe as pessoas colocarem suas ideias e soluções em prática.
6- Mantenha a equipe com moral alto e confiança, reconhecendo os sucessos, recompensando resultados e encorajando um elevado desempenho.
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CASO DE APOIOA Asea Brown Boveri (ABB)
A Asea Brown Boveri (ABB), a colossal produtora de equipamento eléctrico, é um interessante exemplo de corporação que, para competir no mercado global e mutável, procurou a desorganização. A ABB fez quatro coisas para tornar-se super ágil: organizou-se à volta de mini-unidades, fortaleceu os seus empregados com o empowerment, «achatou» a sua hierarquia e eliminou o staff central da matriz. Como é que a ABB o conseguiu?Em primeiro lugar, após ter assumido a presidência da empresa que facturava anualmente US$ 30 biliões, Percy Barnevik "desorganizou" os seus 215.000 funcionários em 5.000 mini-empresas, cada qual com apenas 50 funcionários em média. Cada uma das unidades de 50 funcionários da ABB tem o seu próprio gestor e três ou quatro assistentes centrados no cliente. Cada unidade é mais fácil de gerir do que gerir um negócio com 1.000, 5.000 ou 10.000 funcionários.Em segundo lugar, a tomada de decisão torna-se mais rápida, fazendo com que as 5.000 mini-empresas sejam autónomas e fortalecidas. Os seus empregados têm autoridade para tomar decisões acerca do seu próprio negócio, sem precisar do consentimento da gestão de topo. Se um cliente tem uma queixa acerca de um equipamento de US$ 50.000, o empregado de uma mini-empresa pode aprovar a sua substituição sem ter de pedir permissão para os vários níveis hierárquicos. Dar autoridade aos funcionários significa que os 5.000 negócios da ABB precisam ser geridos por equipas com membros de elevado desempenho, funcionários capacitados e comprometidos com as decisões da cúpula. Em terceiro lugar, a ABB tem apenas três níveis hierárquicos (comparados com sete a oito níveis em organizações de tamanho equivalente).Há uma equipa executiva de 13 membros da alta gestão sedeada em Zurique na Suíça. Abaixo dela, um nível executivo de 250 membros que inclui os gestores e executivos de vários países no comando dos seus negócios. No terceiro nível estão os gestores das 5.000 mini-empresas e as suas equipas administrativas. A empresa «emagreceu» a hierarquia e a cadeia de comando para deixar aos funcionários as decisões, de modo a responderem mais rapidamente às necessidades dos clientes e aos movimentos dos concorrentes.Em quarto lugar, como as decisões foram empurradas para a linha de baixo, a ABB pôde reduzir o seu staff. Quando Barnevik tornou-se presidente em 1980, havia 2.000 pessoas a trabalharem na matriz para rever e analisar as decisões dos funcionários do nível mais baixo. Em poucos meses Barnevik reduziu o staff para apenas 200 pessoas. Quando a ABB adquiriu outras empresas, Barnevik fez o mesmo.A agilidade foi o resultado directo de toda essa reorganização: uma organização «magra» e ágil, com funcionários altamente capacitados, comprometidos e organizados em pequenas equipas fortalecidas, cada qual hábil para responder prontamente aos movimentos dos concorrentes e às necessidades dos clientes sem necessidade de aprovação da matriz.Questões1. Explique a “desorganização" da ABB e quais os seus objectivos.2. Como é que se obteve maior agilidade nas decisões na ABB?3. Explique o «emagrecimento» da hierarquia e da cadeia de comando na ABB.
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4. Como é que se obteve o empowerment na ABB?
EXERCÍCIO DE GRUPOQuais são as suas preferências quanto ao desenho de funções?As funções são desenhadas para proporcionar condições de elevado desempenho e satisfação aos respectivos ocupantes. Ou seja, alcançar os resultados para a organização, de um lado, e para o ocupante, de outro. Utilize a coluna direita, abaixo, para avaliar as características de trabalho que julga mais importantes, atribuindo notas de 1 (baixo grau de importância) até 10 (alto grau de importância).
Importância
Variedade de tarefas e de competênciasAutonomia e liberdade de trabalhoTrabalho em equipaResponsabilidade quanto a metas e resultadosRelacionamento com pessoasTrabalho integral e não fragmentadoImportância do trabalho para os outrosPlaneamento dos recursos necessários Programação flexível de trabalho
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Cada grupo designado pelo professor deve fazer as avaliações. Partilhe as suas avaliações pessoais com os outros membros do grupo. Discuta como são diferentes as suas preferências individuais e como as suas impressões diferem das preferências dos colegas. Veja quais são os padrões que prevalecem no grupo. Desenvolva o consenso do grupo numa outra coluna. Designe um porta-voz para apresentar os resultados do grupo para os outros elementos, com as razões das escolhas.
13.5. Descrição e Análise de Funções
Nem sempre é o gestor de linha ou o profissional de RH quem desenha as funções. Muitas vezes, outros órgãos são os responsáveis pelo desenho de funções - como O&M ou engenharia industrial. Assim, muitas vezes o gestor de linha ou o especialista em RH precisam saber como as funções foram desenhadas e estruturadas. Daí a necessidade de descrever e analisar as funções.
O Conteúdo da Função segundo a Descrição das Funções
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Conceito de Descrição de FunçõesDescrever uma função significa relacionar o que o ocupante faz, como ele faz, sob quais condições faz e porque faz. A descrição da função é um retrato simplificado do conteúdo e das principais responsabilidades da função .
SUGESTÕESDefinições de descrição de funções
Descrição de funções é uma definição escrita do que o ocupante da
função faz, como faz e porque faz.
Descrição de funções é um documento escrito que identifica, descreve
e define uma função em termos de deveres, responsabilidades,
condições de trabalho e especificações.
Descrição de funções é uma definição escrita do que o ocupante faz,
como faz e em que condições o cargo é desempenhado. Esse conceito
é utilizado para definir as especificações da função, a qual relaciona os
conhecimentos, competências e capacidades necessárias ao
desempenho satisfatório da função.
A descrição de funções relaciona de maneira breve as tarefas, deveres e responsabilidades do cargo. Ela é narrativa e expositiva e preocupa-se com os aspectos intrínsecos da função, isto é, com o seu conteúdo. Feita a descrição, vem a análise de funções. Esta aborda os aspectos externos da função, isto é, quais os requisitos que o ocupante deve possuir para desempenhar o cargo.
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O que faz
Quando faz
Como faz
Onde faz
Porque faz
Tarefas e actividades a executar
Periodicidade: diária, semanal, mensal, anual, esporádica.
Através de: pessoas, máquinas e equipamentos, materiais, dados e
informações
Local e ambiente de trabalho
Objectivos da função. Metas e resultados a atingir
Conteúdo da Função
TÍTULO DA FUNÇÃOEnfermeira
SUMÁRIO DA FUNÇÃOResponsável pelo esquema completo de cuidados com o paciente, desde a sua admissão
até à transferência ou saída do processo de enfermagem, bem como da avaliação,
planeamento e implementação. A enfermeira tem autoridade e total responsabilidade sobre
o processo de enfermagem e para projectar as futuras necessidades do paciente e/ou da
família. Dirige e guia os cuidados ao paciente e as actividades do pessoal de apoio,
enquanto mantém o alto padrão de enfermagem profissional.
RELAÇÕESReporta-se à Enfermeira-Chefe.
Supervisiona: responsáveis pelos cuidados, prescrições e transcrições mésugestões.
Trabalha com os departamentos de apoio ao paciente.
Relações externas com médicos, pacientes e famílias de pacientes.
QUALIFICAÇÕESEducação: graduação em escola superior de enfermagem.
Experiência profissional: cuidados críticos exigem um ano de experiência médico/cirúrgica.
Requisitos de licença ou registro.
RESPONSABILIDADES1- Avaliar as dimensões físicas, emocionais e psicossociais dos pacientes. Avaliar o
paciente por escrito após a sua admissão e comunicá-la aos que cuidam dele,
conforme as políticas internas do hospital.
2- Formular um plano escrito de cuidados com o paciente desde a sua admissão até à
saída. Desenvolver objectivos de curto e longo prazos após a admissão. Rever e
actualizar o plano.
3- Implementar o plano de cuidados. Demonstrar competência em desempenhar
procedimentos comuns de enfermagem. Completar as actividades de cuidado com o
paciente, de maneira organizada e cronometrada, estabelecendo prioridades
apropriadas.
Conceito de Análise de FunçõesAnalisar uma função significa detalhar o que a função exige do seu ocupante em termos de conhecimentos, competências e capacidades para que possa desempenhá-lo adequadamente. A análise é feita a partir da descrição de funções. Embora a descrição e a análise de funções estejam intimamente relacionadas, a diferença é que, enquanto a descrição de funções focaliza o conteúdo do cargo (O que o ocupante faz, quando faz, como faz e porque faz), a análise de funções procura determinar quais os requisitos físicos e mentais que o ocupante deve possuir, as responsabilidades que o cargo lhe impõe e as condições em que o trabalho deve ser feito.
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SUGESTÕESDefinições de análise de funções
Análise de funções é uma informação acerca do que o ocupante da
cargo faz e os conhecimentos, competências e capacidades que ele
precisa de ter para desempenhar a função adequadamente.
Análise de funções é um processo sistemático de colectar
informação para tomar decisões acerca dos cargos. A análise de
funções identifica as tarefas, deveres e responsabilidades de um
cargo particular.
Análise de funções é o procedimento que determina os requisitos,
deveres e responsabilidades de uma função e o tipo de pessoa que
deverá ocupá-lo.
Factores de especificações na análise de funções
13.6. Métodos de Recolha de Dados sobre FunçõesExistem três métodos para obtenção de dados a respeito das funções: entrevista, questionário e observação. Vejamos cada um desses métodos.
Método da EntrevistaA obtenção de dados sobre as funções pode ser feita através de entrevistas. __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 326 de 366Manual do Formando
Condições de Trabalho
Ambiente físico de trabalhoRiscos de acidente
Responsabilidades
Supervisão de pessoasMaterial, equipamento ou instrumentalDinheiro, títulos ou documentosContactos internos ou externos
Requisitos Físicos
Esforço físicoConcentração visual ou mentalDestrezas ou competênciasCompleição física
Requisitos Mentais
Instrução necessáriaExperiência anteriorIniciativaAptidões
Conteúdo da Função
Existem três tipos de entrevistas para tal finalidade: as entrevistas individuais com cada funcionário; entrevistas grupais com grupos de funcionários ocupando o mesmo cargo; e entrevistas com o supervisor que conhece as funções a serem analisadas.
A entrevista é o método mais utilizado para procurar os dados acerca das funções e determinar os seus deveres e responsabilidades. As principais questões abordadas numa entrevista típica sobre funções são:
1. Qual é a função que desempenha?2. O que faz?3. Quando faz: diariamente, semanalmente e mensalmente?4. Como faz? Quais os métodos e processos utilizados?5. Porque faz? Quais os objectivos e resultados do seu trabalho?6. Quais os seus principais deveres e responsabilidades?7. Em que condições físicas trabalha? Quais as necessidades de saúde e de segurança?8. Qual é a escolaridade, a experiência e a competência que a sua função requer?9. Quais são os requisitos físicos que o cargo exige? E quais os requisitos mentais?10. Quem é o seu fornecedor interno (entradas) e o seu cliente interno (saídas)?11. Quem é o seu superior imediato? O que lhe reporta?12. Quem são os seus subordinados? Explique.
Muitas entrevistas são estruturadas através de uma listagem de questões que é preenchida pelo entrevistador no acto da entrevista.
PRÓS E CONTRASMétodo da Entrevista
Prós
1- É o método de obtenção de dados mais amplamente utilizado.
2- Permite que o ocupante do cargo relacione as suas actividades e
comportamentos que os outros não conseguiriam definir.
3- Proporciona a oportunidade para mostrar as possíveis frustrações que o
cargo impõe, mas que o supervisor não percebe.
4- É um método simples e rápido para obter informação.
Contras
1- Pode apresentar distorções de informação, falsificações ou preconceitos.
2- O ocupante pode exagerar certas responsabilidades, enquanto minimiza
outras.
3- O ocupante pode legitimar a sua visão da função para obter vantagens
pessoais quanto à remuneração ou importância da sua função.
SUGESTÕES__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 327 de 366Manual do Formando
O vocabulário da análise de funções
O US Employment Service e o US Office of Personnel Management utilizam os
seguintes conceitos básicos sobre análise de funções:
Análise de Funções: é um processo sistemático e propositado para recolher
informações sobre os aspectos mais importantes relacionados com a actividade
de um cargo.
Descrição de Funções: representa um sumário escrito das funções como uma
unidade organizacional identificável.
Especificações de F unções: é uma descrição escrita dos conhecimentos,
competências, capacidades, traços e outras características necessárias para o
desempenho adequado de uma determinada função.
Tarefas: são séries agregadas e coordenadas de elementos do trabalho
necessárias para produzir um determinado resultado (como uma unidade de
produção ou serviço ao cliente).
Posição: consiste nas responsabilidades e deveres desempenhados por uma
pessoa.
Função: é um agrupamento de posições que são similares nos seus deveres,
como um programador ou vendedor.
Família de Funções: um grupo de duas ou mais funções com deveres
similares.
Método do QuestionárioA recolha de dados acerca de um cargo pode ser feita através de questionários que são distribuídos aos seus ocupantes ou ao seu supervisor. Na prática, o questionário segue o mesmo roteiro da entrevista, com a diferença de que é preenchido pelo ocupante do cargo, ou pelo seu supervisor ou por ambos em conjunto.
QUESTIONÁRIO PARA DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA FUNÇÃO
Nome: _____________________________________ Título da Função: _______________________________
Departamento: ______________________________ Superior Imediato: _____________________________
1- Sumário dos deveres: escreva com as suas próprias palavras tudo o que faz________________________________________________________________________________________
2- Qualificações profissionais: relacione os conhecimentos que utiliza no seu trabalho________________________________________________________________________________________
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3- Equipamentos: relacione as máquinas ou instrumentos (calculadora, computador, motor, etc.) que opera como parte do seu trabalho.
________________________________________________________________________________________
4- Responsabilidades: relacione todas as suas responsabilidades por ordem decrescente de importância e a percentagem de tempo a elas dedicadas por mês.
________________________________________________________________________________________
5- Contactos: liste os contactos com os outros departamentos ou empresas. Defina os deveres e responsabilidades envolvidos nesses contactos internos ou externos.
________________________________________________________________________________________
6- Supervisão exercida: a seu função tem responsabilidade pela supervisão de pessoas? Sim ( ) Não ( ) Se a resposta é sim, relacione abaixo as funções sob a sua supervisão directa.
________________________________________________________________________________________
7- Supervisão recebida: qual a frequência da supervisão que recebe do seu superior? Frequentemente ( ) Às vezes ( ) Raramente ( ) Nunca ( )
8- Decisões: explique abaixo as decisões que toma no desempenho das suas funções.________________________________________________________________________________________
9- Condições de Trabalho: descreva as condições sob as quais trabalha, como ruídos, temperaturas quentes ou frias, trabalho externo, condições desagradáveis.
________________________________________________________________________________________
10- Requisitos exigidos pela função: indique os requisitos mínimos necessários ao cargo.
Escolaridade:_____________________________________________________________________________Experiência: ______________________________________________________________________________Conhecimentos Específicos: _________________________________________________________________Competências: ______________________________________________________________________________
11- Informação adicional: descreva abaixo toda a informação adicional não incluída nos itens anteriores.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Método da ObservaçãoA observação directa daquilo que o ocupante da função está a fazer constitui um outro método de recolher informação. O método da observação é aplicável em funções simples, rotineiras e repetitivas, como operadores de linha de montagem, operadores de máquinas, escriturários, etc. É comum o método da observação utilizar um questionário para ser preenchido pelo observador a fim de assegurar a cobertura de todas as informações necessárias.
Participação dos envolvidos na recolha de dados
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13.7. As Etapas do Processo de Análise de FunçõesO processo de analisar funções envolve seis etapas ou fases que estão representadas na figura abaixo. O processo deve considerar que a organização não é uma entidade imóvel e parada no tempo, mas que está em constante e dinâmica mudança. As funções devem ser constantemente descritas, analisadas e redefinidas para acompanhar as mudanças na organização e no seu conteúdo.
Os Seis Passos no Processo de Análise de Funções
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Métodos de Recolha de
Dados
Entrevista
Questionário
Observação
Participação do Analista do Cargo
Participação activa. O analista recolhe dados através da entrevista
Participação passiva. O analista recolhe dados através do questionário
Participação activa. O analista recolhe dados através da observação
Participação do Ocupante da Função ou do
Supervisor
Participação activa. O ocupante fornece dados
através da entrevista
Participação activa. O ocupante fornece dados através do questionário
Participação passiva. O ocupante apenas trabalha
enquanto o analista observa
PASSO 2
Definir quais as
informações requeridas
pela análise de funções
PASSO 4
Tratar os dados
necessários para as
análises das funções
PASSO 5
Preparar as descrições de funções
PASSO 6
Preparar as especificações
das funções
PASSO 1
Examinar a estrutura da organização total e cada
função
PASSO 3
Seleccionar as funções a
serem analisadas
Utilizar as informações dos passos 1 a 6 para:
Planeamento de RHDesenho de FunçõesRecrutamento e SelecçãoFormação ContínuaAvaliação de desempenhoRemuneração e benefíciosAvaliação dos resultados
Procedimentos Gerais na Análise e Descrição das Funções
Passos Aspectos a Considerar
1.Desenvolver informações preliminares
sobre as funções
a) Verificar os documentos existentes para desenvolver uma visão da função, a sua missão, os principais deveres ou funções padrões de trabalho.
b) Preparar uma lista preliminar de deveres para servir como referência para conduzir a entrevista.
c) Anotar os principais itens que são obscuros ou ambíguos ou que requerem maior esclarecimento.
2.Conduzir as entrevistas
a) Localizar o ocupante capaz de proporcionar uma visão global da função e os seus principais deveres, como o supervisor ou funcionário experiente.
b) O ocupante da função deverá ser um funcionário típico que conhece a função (nunca un trainee ou recém-admitido).
c) Os entrevistados devem ser experientes (ocupantes) ou responsáveis pelo trabalho feito (supervisor)
3.Consolidar
a informação
sobre a função
a) Juntar todas as informações obtidas através de diversas fontes numa descrição compreensiva e coerente da função.
b) Um ocupante experiente da função deve ser um recurso acessível ao analista de funções, durante a fase de consolidação.
c) Verificar se todos os itens da lista inicial e preliminar de deveres e questões foram respondidos ou confirmados.
4.Verificar a descrição da função
a) A fase de verificação deve ser conduzida numa situação de grupo. Devem ser distribuídas cópias escritas da função (descrição narrativa mais a lista de tarefas) ao supervisor e aos ocupantes da função.
b) A finalidade é verificar se a descrição está apurada e completa.c) O analista deve anotar omissões, ambiguidades, esclarecimentos e observações.
13.8. Utilização da Descrição e Análise de Funções
A descrição e análise de funções funcionam como o «mapear» daquilo que se faz dentro da organização. Um programa de descrição e análise de funções produz contributos para o recrutamento e selecção de pessoas, para a identificação das necessidades de formação, elaboração de programas de formação, para o planeamento da força de trabalho, avaliação de funções e critérios de salários, avaliação do desempenho, etc. Quase todas as actividades de RH estão baseadas em informações proporcionadas pela descrição e análise de funções.
Na verdade, os objectivos da descrição e análise de funções são os seguintes: Contributos ao recrutamento Contributos à selecção de pessoas Material para a formação Base para a avaliação e classificação de funções Avaliação do desempenho Base para programas de higiene e segurança Guia para o gestor
A figura abaixo mostra os diferentes usos da informação proporcionada pela descrição e análise de funções.
Utilização da Informação da Análise de Funções
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EXERCÍCIO DE GRUPOQual o desenho organizacional mais adequado para si?
Cada organização tem a sua própria estrutura organizacional, que representa sua divisão de trabalho interna e a maneira como suas unidades estão inter-relacionadas para o alcance dos objectivos globais. Neste exercício, escreva em cada pergunta a sua preferência pessoal utilizando a escala de valores abaixo:
5 = Prefiro plenamente / 4 = Prefiro parcialmente / 3 = Estou indeciso2 = Discordo parcialmente / 1 = Discordo plenamente
Gostaria de trabalhar numa organização com as seguintes características:1. Os objectivos são definidos somente pela cúpula da organização.2. Os métodos e procedimentos de trabalho são previamente especificados.3. Apenas a alta gestão toma as decisões mais importantes.4. A minha lealdade conta mais que a minha competência para executar o trabalho.5. A organização apresenta linhas claras de autoridade e responsabilidade.6. A alta gestão é firme e decidida.7. A minha carreira é planeada por mim.8. Eu posso especializar-me em qualquer tipo de actividade.9. O meu tempo de serviço é tão importante quanto o meu nível de desempenho.10. A empresa oferece-me apenas a informação necessária para o meu trabalho.11. A empresa tem uma cadeia de comando bem estabelecida.12. As regras e procedimentos da empresa são aceites igualmente por todos.13. As pessoas aceitam a autoridade hierárquica dos chefes.14. As pessoas são leais aos seus chefes15. As pessoas fazem exactamente o que lhes foi instruído e ordenado.16. As pessoas orientam-se com os seus chefes antes de fazerem as suas tarefas.
O total de pontos para todas as questões acima foi de:_______.__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 332 de 366Manual do Formando
Desenho da função
Recrutamento e Selecção
Formação Contínua
Avaliação do Desempenho
Remuneração
Análise
da
Função
Função ResultadoInformação
Tarefas, qualificações, resultados esperados,
recompensas.
Qualificação requerida
Tarefas, competências, comportamentos,
atitudes
Padrões de comportamento ou
resultados esperados
Tarefas, competências, comportamentos,
prémios e incentivos
Estrutura organizacional de
funções
Padrões de selecção e de promoção
Programas de formação
Critérios de avaliação de desempenho
Descrição de funções, avaliação e
classificação de cargos e faixas salariais
Este questionário mede as suas preferências pessoais para trabalhar numa organização mecânica ou orgânica. Quanto maior o total de pontos (acima de 64), mais confortável será para si um desenho mecânico. Quanto menor o total de pontos (abaixo de 48), melhor para si um desenho orgânico. Um total de pontos entre 48 e 64 permite relativa adaptação em qualquer um dos desenhos organizacionais. A preferência organizacional é um aspecto importante na sua escolha de trabalho. Lembre-se de que as organizações modernas estão migrando para as características orgânicas.
CASO PARA DISCUSSÃOA NUMMI
A General Motors americana descobriu que fazer parceria com as empresas japonesas produz boas fontes de benchmarking sem a necessidade de ir a Tóquio para examiná-las de perto. Assim, a GM fez um empreendimento conjunto com a Toyota para construir uma fábrica de carros na Califórnia, EUA: a NUMMI, New United Motor Manufacturing Inc., uma empresa de alta tecnologia e com estilo “magro” e empreendedor. Ambas, GM e Toyota, estabeleceram uma filosofia formal básica para a nova empresa que incluía os seguintes elementos:
1. Kaizen, a eterna busca da perfeição.2. O desenvolvimento exaustivo do potencial humano.3. Jikoda, a superação da qualidade. 4. A cimentação da confiança mútua.5. O desenvolvimento de equipas de trabalho.6. A premissa de que todo empregado é um director.7. Proporcionar um meio de vida estável a todo o pessoal.
Apoiando-se em sistemas simples, um sólido formação do pessoal e outras providências similares, esses sete elementos produziram uma extraordinária melhoria do rendimento a curto prazo. O segredo da NUMMI não foi outro senão a interacção e o funcionamento simultâneo de todos esses elementos, visando criar flexibilidade através da participação das pessoas, proporcionando excelentes lições tanto em organização como em retornos e lucros.
Para criar flexibilidade através da intensa participação das pessoas, Tom Peters fornece algumas sugestões que são sintetizadas na figura abaixo.
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Essas sugestões são importantes para que se incremente os cinco activadores da conduta humana e suprima os três inibidores que a restringem e limitam.Questões1. Como é que uma empresa pode aprender com a fusão com outras empresas?2 O que entende por benchmarking?3. Discuta a filosofia da NUMMI.4. Como criar condições para alcançar o empowerment?5. Explique os cinco activadores e os três inibidores.6. Explique como o desenho de funções pode afectar os activadores e inibidores.
13.9. Resumo do CapítuloA estrutura de funções é condicionada pelo desenho organizacional em que está contida. As funções fazem parte integrante do formato estrutural da organização.
Função é a composição de todas as actividades desempenhadas por uma pessoa o ocupante – e que são englobadas num todo unificado, que figura numa posição formal do organograma.
O desenho de funções envolve a especificação do conteúdo, dos métodos de trabalho e das relações com as demais funções. O mais antigo modelo de desenho de funções é o clássico ou tradicional, apregoado pela Gestão Científica e pelos defensores da burocracia. Segue o modelo de sistema fechado e atende à teoria da máquina, pois dá às pessoas o mesmo tratamento concedido às máquinas e recursos físicos. O desenho clássico trouxe vantagens e desvantagens.
O segundo modelo é o humanístico, desenvolvido a partir da experiência de Hawthorne. Na verdade, cuidou apenas dos aspectos de contexto e não de conteúdo das funções. O terceiro modelo é o contingencial, que representa a abordagem mais ampla e actual. Baseia-se nas cinco dimensões essenciais da função: variedade, autonomia, significado, identidade e feedback. Estas cinco dimensões provocam três estados psicológicos críticos nas pessoas:
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As Premissas Básicas
Comprometa todos em tudo através de:
Escute, reconheça, festeje.Não economiza o tempo ao
seleccionar o pessoal.Forme, forme e volte a formar.
Ofereça incentivos a todas as pessoas.
Proporcione qualidade de vida às pessoas.
Os Cinco Activadores(a incrementar)
Simplifique, facilite a vida das pessoas, reduza estruturas.
Redesenhe cargos e o papel dos quadros médios.
Elimine regras burocráticas e condições humilhantes.
Os Três Inibidores(a eliminar)
percepção do significado, percepção das responsabilidades pelos resultados e conhecimento dos resultados do trabalho.
O modelo contingencial permite o enriquecimento de funções, seja lateral ou horizontal, para manter o ajustamento da função às demandas do crescimento pessoal do ocupante e torná-lo um factor motivacional intrínseco. A aplicação das cinco dimensões e dos três estados psicológicos é feita através de seis conceitos implementadores: tarefas combinadas, unidades naturais de trabalho, relações directas com o cliente, carga vertical, feedback e grupos autónomos.
Para saber como a função foi desenhada, existe a descrição e análise de funções. A descrição define o que o ocupante faz, quando faz, como faz, onde faz e porque faz, enquanto a análise preocupa-se em determinar os factores de especificações (requisitos mentais, físicos, responsabilidades e condições de trabalho).
Os métodos de análise de funções são: entrevista, questionário e observação. A descrição e análise de funções servem de base para todas as actividades de RH
13.10. Exercícios1. Como é que a estrutura organizacional afecta as funções de uma
organização?2. Defina desenho de funções.3. Explique o modelo tradicional de desenho de funções e características.4. Quais são as vantagens e limitações do desenho clássico de funções?5. Explique o modelo humanístico e as suas características.6. Explique o modelo contingencial e as suas características.7. Descreva as cinco dimensões profundas e as suas características.8. Explique os três estados psicológicos críticos.9. Explique os seis conceitos implementadores no desenho de funções.10. O que é enriquecimento de funções? E quando é lateral ou horizontal?11. O que significa empowerment?12. Explique a reestruturação da Asea Brown Bover (ABB).13. Defina descrição de funções e dê exemplos.14. Faça uma descrição da função que ocupa actualmente ou gostaria de
ocupar.15. Defina análise de funções e dê exemplos.16. Faça uma análise da função que ocupa actualmente ou gostaria de ocupar.17. Quais são os principais factores de especificações utilizados?18. Explique o método da entrevista na recolha de dados sobre funções.19. Explique o método do questionário.20. Explique o método da observação.21. Descreva as etapas de um programa de descrição e análise de funções.22. Quais são os principais usos da descrição e análise de funções?23. Explique o caso da NUMMI.
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GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVE
Adaptação cultural é o esforço organizacional de rever e actualizar a cultura da organização em função das mudanças ambientais.
Gestão participativa representa o envolvimento de todos os funcionários no processo de tomada de decisões da organização e a eliminação dos obstáculos organizacionais (hierarquia) e culturais (autocracia).
Análise transaccional é uma técnica de DO que visa o autodiagnóstico das relações interpessoais para eliminar barreiras e obstáculos na interacção entre as pessoas.
Artefactos são as coisas físicas e visíveis que, no seu conjunto, definem e revelam a cultura de uma organização.
Código de ética é uma declaração formal e escrita que estabelece os valores e padrões éticos da organização para guiar o comportamento dos seus membros.
Consultoria de procedimentos é uma técnica para sensibilizar a equipa quanto aos seus processos internos de comunicação, tomada de decisões, estabelecimento de objectivos, liderança, confiança e criatividade.
Cultura é um padrão de assuntos básicos de DO partilhado que um grupo aprendeu como maneira de resolver os seus problemas de adaptação externa e integração interna e que é transmitido aos novos membros como a maneira correcta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas.
Cultura adaptativa é caracterizada pelo esforço de rever e actualizar constantemente as ideias, valores e costumes para ajustar a organização a um ambiente em mudança.
Cultura conservadora é caracterizada pelo esforço de preservar e manter as tradições culturais e a manutenção de ideias, valores e costumes, que não mudam ao longo do tempo.
Cultura organizacional é o conjunto de hábitos e crenças estabelecido através de normas, valores, atitudes e expectativas partilhados por todos os membros da
organização.
Desenvolvimento de equipas é uma técnica de DO que elimina as barreiras interpessoais de interacção e proporciona a criação e formação de equipas coesas e integradas.
Desenvolvimento Organizacional (DO) é o esforço de longo prazo, apoiado pela Alta Direcção, no sentido de melhorar os processos de resolução de problemas e de renovação organizacional com a utilização da teoria e tecnologia das ciências do comportamento.
Diversidade significa a existência de uma variedade de pessoas de diferentes características de raças, credos, costumes e culturas diferentes, que se misturam entre as pessoas que constituem uma organização.
Empowerment é o fortalecimento do papel faz pessoas e equipas através da atribuição da autoridade e responsabilidade pelas suas decisões e acções.
Empreendedor é a pessoa dotada de competência de perceber oportunidades, tomar os factores de produção e utilizá-los criativamente para produzir novos produtos ou serviços, assumindo os riscos do negócio.
Espírito empreendedor é a pessoa que assume responsabilidade pelos riscos envolvidos.
Multiculturalismo significa a existência de muitos e diferentes elementos e factores culturais que são trazidos à organização por pessoas provenientes de diferentes culturas e que coexistem e florescem dentro da organização.
Normas de comportamento são as maneiras comuns e partilhadas de agir que são encontradas na organização e que persistem porque os membros tendem a comportar-se da maneira como ensinam essas práticas aos novos membros que nela ingressam.
Pesquisa-acção é o modelo de DO que parte do levantamento de dados (investigação) para definir o diagnóstico da situação e orientar a acção de intervenção a ser realizada. A acção é
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variável dependente da pesquisa inicial.
Pressuposições básicas são sentimentos, crenças inconscientes, percepções e conceitos dominantes numa organização e nos quais os membros acreditam. Constituem o terceiro nível da cultura organizacional.
Processo de DO é a sequência de aplicação de técnicas de DO para efectuar a mudança organizacional através das pessoas.
Processos de renovação referem-se às maneiras pelas quais os gestores adaptam os
seus processos de solução de problemas ao ambiente.
Feedback ou retroacção de dados é uma técnica de DO que parte do princípio de quanto mais dados cognitivos e informação o indivíduo recebe, tanto maior será a sua possibilidade de organizá-los e agir criativamente.
Formação de sensibilidade é uma técnica de DO para aumentar a sensibilidade das pessoas quanto às suas competências e dificuldades de relacionamento interpessoal.
13.11. Referências Bibliográficas1. Dave Ulrich. “Human Resource Champions”, Harvard Business School Press,
1997.2. Luis R. Gómez-Mejía, David B. Balkin e Robert L. Cardy. “Managing Human
Resources”, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-Hall, 1995.3. John R. Schermerhorn, Jr. “Management”, Nova York, John Wiley & Sons, 1996.4. Luis R. Gómez-Mejía, David B. Balkin e Robert L. Cardy. “Managing Human
Resources”, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-Hall, 1995.5. Keneth R. Andrews. “The Concept of Corporate Strategy”, Homewood, Dow
Jones Irwin, 1978.6. Bruce D. Henderson. "The Origins of Strategy", in: Cynthia A. Montgomery e
Michael E. Porter. “Strategy: The Search of Competitive Advantage”, Harvard Business School Press, 1991.
7. Idalberto Chiavenato. “Como Transformar RH - de um Centro de Despesa - em um Centro de Lucro”, SP, Makron Books, 1996.
8. Luís R. Gómez-Mejía, David B. Balkin e Robert L. Cardy. “Managing Human Resources”, Englewoof Cliffs, NJ, Prentice Ha11, 1995.
9. George T. Milkovich e John W. Boudreau. “Human Resource Management”, NY, Richard D. Irwin, 1994.
10. Secretary' s Commission on Achieving Necessary Skills: What Work Requires of Schools, Washington, DC, U.S. Department of Labor, 1991.
11. Frederick Herzberg. “The Work and Nature of Man”, Cleveland, Ohio, The World PubI. Co., 1966.
12. J. Richard Hackman e Greg R. Oldham. "Motivation Through the Design of Work: Test of a Theory", Organizational Behavior and Human Performance, 1976.
13. Tom Peters. “Liberation Management”, Nova York, Alfred Knopf, 1992.14. John M. Ivancevich e Michael T. Matteson. “Organizational Behavior and
Management”, Homewood, 1990.15. David A. de Cenzo e Stephen P. Robbins. “Human Resource Management”, Nova
York, John Wiley & Sons, 1996.16. Gary Dessler. “Human Resource Management”, Upper Saddle River, NJ, Prentice-
Ha11, 1997.17. George T. Milkovich e John W. Boudreau. “Human Resource Management”, Nova
York, Richard D. Irwin, 1994.18. Ernest Dale. “Organizations”, Nova York, American Management Association,
1967.19. Adaptado de: Carol Hymowitz. "Which Corporate Culture Fits You?” The Wall
Street Journal, 1989.20. Tom Peters. “Del Caos a La Excelencia: Manual para una Revolución en la
Dirección y Administración de Empresas”, Barcelona, Ed. Folio, 1989.14. DESENVOLVIMENTO E RELACIONAMENTO ENTRE PESSOAS
Objectivos de AprendizagemApós estudar este capítulo, o formando deverá ser capaz de:
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2- Definir as necessidades de mudanças pessoais e organizacionais.3- Definir os métodos de desenvolvimento de pessoas.4- Descrever as relações da organização com os empregados.5- Definir os programas de assistência ao empregado.6- Explicar a gestão de conflitos nas organizações.
□ Desenvolvimento de Pessoas□ Estilos de Gestão□ Relações com Empregados□ Programas de Assistência ao Empregado□ Disciplina□ Gestão de Conflitos
14.1. Desenvolvimento de Pessoas
A formação e desenvolvimento (F&D) estão na ordem do dia. O desenvolvimento de pessoas está mais relacionado com a educação e com a orientação para o futuro do que a formação.
Por educação queremos significar sobretudo as actividades de desenvolvimento pessoal que estão relacionadas com os processos mais profundos de formação da personalidade e da melhoria da capacidade de compreender e interpretar o conhecimento, e menos a repartição de um conjunto de factos e informações acerca das competências motoras ou executoras. O desenvolvimento está mais focado no crescimento pessoal do empregado e visa a carreira futura e não apenas ao cargo actual.
SUGESTÕESDefinição de desenvolvimento, formação e educação
Desenvolvimento de RH: é o conjunto de experiências organizadas de aprendizagem (intencionais e propositadas) proporcionadas pela organização, dentro de um período específico de tempo, para oferecer a oportunidade de melhoria do desempenho e/ou do crescimento humano. Inclui três áreas de actividades: formação, educação e desenvolvimento.
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O QUE VEREMOS ADIANTE
Desenvolvimento: são as experiências não necessariamente relacionadas com o cargo actual, mas que proporcionam oportunidades para desenvolvimento e crescimento profissional.Formação: são as experiências organizadas de aprendizagem centradas na posição actual da organização. A formação deve aumentar a possibilidade de o funcionário desempenhar melhor as suas actuais responsabilidades.Educação: são as experiências de aprendizagem que preparam o funcionário para desenvolver futuros deveres do cargo.
14.2. Métodos de Desenvolvimento de Pessoas
Há muitos métodos para o desenvolvimento de pessoas. Existem técnicas de desenvolvimento de competências pessoais no cargo (como rotação de cargos, posições de assessoria e atribuições de comissões) e fora do cargo (como cursos e seminários, exercícios de simulação e formação fora da empresa). Vejamos os principais métodos de desenvolvimento de pessoas no cargo actual.
1. A rotação vertical significa uma promoção provisória da pessoa para uma nova posição mais complexa. A rotação horizontal funciona como uma transferência lateral de curto prazo para absorção de conhecimentos e experiências da mesma complexidade.
2. Posições de assessoria: significa dar a oportunidade para que uma pessoa com elevado potencial possa trabalhar provisoriamente sob a supervisão de um gestor bem sucedido em diferentes áreas da organização
3. Aprendizagem prática: é uma técnica de formação através da qual o formando dedica-se a um trabalho de tempo integral para analisar e resolver problemas em certos projectos ou noutros departamentos.
4. Atribuição de comissões: significa uma oportunidade para a pessoa participar em comissões de trabalho, partilhando da tomada de decisões, aprender pela observação dos outros e pesquisar problemas específicos da organização.
5. Participação em cursos e seminários externos: é uma forma tradicional de desenvolvimento através de cursos formais de leitura e seminários. Oferece a oportunidade de adquirir novos conhecimentos e desenvolver competências conceptuais e analíticas.
6. Exercícios de simulação: Os exercícios de simulação incluem estudos de casos, jogos de empresas, simulação de papéis (role playing), etc. Nas análises de estudo de caso utiliza-se a experiência de outras organizações para que a pessoa descreva e diagnostique os problemas reais, analise as causas, desenvolva soluções alternativas, seleccione aquela que julga a mais adequada e a implemente
7. Formação ( outdoor ) fora da empresa : uma recente tendência é a utilização de formação externa, muitas vezes relacionado com a procura de novos conhecimentos, atitudes e comportamentos que não existem dentro da organização e que precisam de ser obtidos fora dela.
8. Estudo de casos: é um método de desenvolvimento no qual a pessoa defronta-se com uma descrição escrita de um problema organizacional para ser analisado e resolvido.
9. Jogos de empresas: também denominados management games ou business games, são técnicas de desenvolvimento nas quais as equipas de funcionários ou de gestores competem umas com as outras tomando
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decisões informatizadas acerca de situações reais ou simuladas de empresas.
10. Centros de desenvolvimento internos: ou in-house development centers, são métodos baseados em centros localizados na empresa para expor os gestores e as pessoas a exercícios realísticos para desenvolver e melhorar competências pessoais.
Os dois tipos de métodos de desenvolvimento de pessoas fora do cargo são: a tutoria e o aconselhamento.
1. Tutoria: na qual funcionários que aspiram subir a níveis mais elevados dentro da organização recebem assistência e advocacia de executivos da cúpula. A progressão na carreira requer que tenham o favorecimento de grupos dominantes da organização que definem os objectivos corporativos, prioridade de padrões.
2. Aconselhamento de funcionários: o gestor proporciona aconselhamento no sentido de assistir funcionários no desempenho de seu cargo. O aconselhamento aproxima-se da abordagem de tutoria, mas difere num aspecto. O aconselhamento ocorre quando surge algum problema de desempenho e a prioridade da discussão é relacionada com o processo de disciplina. Quando o funcionário apresenta um comportamento inconsistente com o ambiente de trabalho (ausências, atrasos, irritação, insubordinação) ou é incapaz de desempenhar o cargo satisfatoriamente, o gestor deve intervir.
AVALIAÇÃO CRÍTICAAmpliar Conhecimentos Evita o Desemprego
Face à actual situação socioeconómica, as pessoas e as organizações de modo geral estão mais preocupadas com os índices de desemprego do que com um fenómeno menos visível, mas muito mais grave: a erosão provocada pela diferença entre a velocidade com que as mudanças tecnológicas estão a requerer novos conhecimentos e competências da força de trabalho e a velocidade da reaprendizagem.
O desenvolvimento rápido dos conhecimentos e competências é o melhor antídoto contra o desemprego e a precarização das relações de trabalho (trabalho temporário, trabalho em tempo parcial). É a velha negentropia. No ambiente de hipercompetitividade só sobreviverão as empresas mais ágeis e que sejam capazes de se antecipar no processo de mudanças e que ponham a seu favor o factor surpresa. Essas vantagens competitivas não são permanentes e necessitam de ser criadas de forma contínua. As pré-condições para tal são uma visão e antecipação do futuro dos negócios do sector e o compromisso das pessoas nesta construção. Deste ponto de vista, a única vantagem competitiva auto-sustentável são os activos humanos. Só vão sobreviver ou tornar-se-ão líderes de mercado as organizações que considerarem o trabalho não apenas uma utilização de braços e músculos, mas acima de tudo o desenvolvimento da mente e da emoção.
O conhecimento é, cada dia mais, um ponto de apoio para a sobrevivência dos indivíduos, da sociedade e das empresas, o que supõe criar organizações de aprendizagem capazes de gerir a mudança a seu favor.
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A aprendizagem das organizações torna-se a questão-chave para a criação contínua da vantagem competitiva. Quem faz isto acontecer? Pessoas, somente as pessoas. Só o desenvolvimento do potencial humano cria essa condição. O que é, afinal, uma organização de aprendizagem senão um grupo de pessoas aprimorando constantemente a sua capacidade de criar o futuro? Um futuro que tenha significado para as empresas e para os seus funcionários. Dentro dessa filosofia, surge a necessidade de desenvolver nas empresas uma cultura que tem a pessoa como factor crítico de sucesso.
O desenvolvimento do potencial humano, do seu conhecimento e das suas competências, com autodisciplina decorrente da autonomia e da responsabilidade, é a principal missão dos seus dirigentes. A realização das metas e estratégias da empresa devem ser cada vez mais dependentes da expansão do conhecimento dos seus funcionários. Como consequência, os requisitos para admissão estão cada vez mais altos, paralelamente ao grande esforço da empresa em investir em educação e formação. Os conhecimentos abrangem conceitos de gestão, formação técnica, educação comportamental e educação em padrões de serviço em benefício dos seus clientes.
A consequência desse esforço é uma maior competitividade da empresa e, para os seus funcionários, um maior nível de empregabilidade. O legítimo poder de negociação da força de trabalho também crescerá na medida em que este novo cenário for sendo construído. O "capital humano" difere dos activos físicos, pois não pode ser possuído pelo proprietário do capital nem gerido como equipamento ou dinheiro. Os proprietários de conhecimento, se insatisfeitos, vão embora. E é deles que depende a inovação de produtos, processos e serviços.
14.3 Desenvolvimento de CarreirasO desenvolvimento de pessoas está intimamente relacionado com o desenvolvimento das suas carreiras. Carreira é uma sucessão ou sequência de cargos ocupados por uma pessoa ao longo da sua vida profissional.
A carreira pressupõe desenvolvimento profissional gradativo e cargos crescentemente mais elevados e complexos. O desenvolvimento de carreira é um processo formalizado e sequencial que focaliza o planeamento da carreira futura dos funcionários que têm potencial para ocupar cargos mais elevados. O desenvolvimento de carreiras é alcançado quando as organizações conseguem integrar o processo com outros programas de RH, como avaliação do desempenho, F&D e planeamento de RH.
O Sistema de Desenvolvimento de Carreiras
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As principais ferramentas utilizadas pelas organizações para o desenvolvimento de carreiras são:
Centros de avaliação
Testes psicológicos
Avaliação do desempenho
Projecções de promoção
Planeamento de sucessão
Além dessas ferramentas, existem os seguintes esquemas de orientação aos funcionários:
A. Aconselhamento individual de carreiras: tem como objectivo de ajudar cada funcionário a examinar as suas aspirações de carreira.
B. Serviços de informação aos funcionários: servem para oferecer aos funcionários informação a respeito das oportunidades internas. Esta abordagem permite oferecer diversidade de interesses e aspirações da organização que possam servir às pessoas. Os mais comuns são:
Sistemas de informação sobre oportunidades de vagas Inventários de competências Mapas de carreiras Centro de recursos de carreira
CASOS DA ACTUALIDADEProgramas bem sucedidos de Gestão de Carreira
Desde a década de 1980, a 3M prioriza a avaliação do desempenho e o planeamento de RH para alcançar maior equilíbrio entre as necessidades da organização e as dos seus funcionários através de um departamento de recursos de carreira. O departamento sistematiza e
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Necessidades das Organizações
Quais são os principais itens estratégicos para os
próximos anos?
Quais são as necessidades críticas e desafios com que a organização se defrontará nos próximos anos?
Que conhecimentos, competências e experiências serão necessárias para enfrentar tais desafios?
Que níveis de pessoas serão requeridas?
Quais as forças necessárias à organização para enfrentar esses desafios?
Necessidades Individuais de Carreira
Como posso encontrar oportunidades de carreira
dentro da organização que:
Utilizem as minhas forças e competências.
Atendam às minhas necessidades de desenvolvimento.
Proporcionem desafios.
Atendam aos meus interesses.
Utilizem o meu estilo pessoal.
Consequência:
Os funcionários estão a desenvolverem-se de maneira
a juntar a sua eficácia e satisfação com o alcance dos
objectivos estratégicos da organização?
coordena o desenvolvimento de carreiras através de programas como workshops de supervisores e funcionários, aconselhamento de carreiras e re-alocações para carreiras duais.
A gigantesca empresa aeroespacial Boeing iniciou um estilo de gestão directo e controlador aliado a uma abordagem participativa e orientada para equipas a partir da década de 1980 para mudar o seu programa de desenvolvimento de carreiras. A empresa proporciona todos os tipos de recursos para oferecer um programa multifacetado de carreiras chamado “Careers”, que inclui acesso directo dos funcionários a terminais com programas informatizados de descrições de cargos e avanço na carreira e workshops. Além disso, o “Careers” tem um intenso envolvimento dos gestores departamentais nos vários programas.
A British Petroleum (BP) encoraja os seus funcionários a desenvolver as suas próprias carreiras, oferecendo-lhes um programa de desenvolvimento para melhorar as suas competências, desempenho e satisfação nos cargos. O processo de autodesenvolvimento de carreiras tem cinco etapas:1. Na primeira fase, cada funcionário completa o exercício de auto-
avaliação que ajuda a determinar quais as competências, interesses e valores em torno dos quais ele pretende desenvolver-se.
2. Na segunda fase, o funcionário é encorajado a solicitar feedback do seu gestor e supervisores, pares, subordinados, família e amigos.
3. Na terceira fase, o funcionário estabelece objectivos tanto para o seu cargo actual como para futuras posições, para decidir se melhora o seu desempenho no cargo actual ou assume novas responsabilidades para melhorar as suas principais competências ou ainda se se movimenta horizontalmente. Assim, ele pode criar uma estrutura real sobre a qual poderá desenvolver e melhorar acções, definir metas e datas para completar tais acções e identificar os recursos necessários para completá-las.
4. Na quarta fase do processo «faça-por-si-mesmo», o funcionário e o seu gestor devem chegar a um consenso sobre avaliação, objectivos e planos de acção. Juntos, devem fazer uma listagem de verificação para saber se o funcionário poderá alcançar os seus objectivos dentro da BP ou quais as qualificações que o funcionário deverá conquistar.
5. Na quinta fase, funcionário e gestor concordam com um curso de acção no qual o planeamento de desenvolvimento pessoal é agenda-do a fim de que o funcionário possa incrementar as suas competências e conhecimentos, bem como completar os seus planos de acção.
CASO DE APOIOA Cadeia de Hotéis Hyatt
Darryl Hartley Leonard, o presidente do grupo hoteleiro Hyatt, reconhece a importância dos programas de formação para o sucesso da sua empresa. Para que a sua organização seja bem sucedida no competitivo mercado hoteleiro, ele sabe que todos os empregados, desde o presidente da empresa até à mais modesta arrumadeira de quartos, devem ter uma perfeita e completa compreensão da operação diária do hotel para que,
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através das suas acções conjuntas, seja possível a satiafação do cliente.
O grupo Hyatt instituiu o programa "um dia de toque", uma formação diária destinada a habilitar a Gestão a compreender melhor as actividades diárias executadas em cada hotel. O objectivo é trazer os gestores para a proximidade da experiência directa e do contacto directo com os clientes. Um gestor de compras, por exemplo, foi designado a passar o dia de trabalho como empregado de limpeza no hotel de Chicago. Durante o dia, ele encontrou um enorme obstáculo: não tinha lençóis suficientes para trocar as camas. Porquê? Porque os gestores corporativos não costumam solicitar a compra de lençóis adicionais. O gestor de compras levou um dia inteiro para conseguir aprovar a aquisição de lençóis e toalhas para poder retornar aos quartos. Quanta perda de tempo e quanta experiência de aprendizagem!
Leonard dá uma importância especial ao "dia de toque" para os funcionários do Hyatt, pois sabe que, proporcionando «insights» aos exe-cutivos nas suas acções que afectam os funcionários e, na ponta final, os clientes, as relações com os empregados e com os clientes tornam-se muito melhores.
Questões1. Utilize o processo de diagnóstico de necessidades de formação para
descrever como Leonard chegou à conclusão de que deveria desenvolver o seu programa de "um dia de toque" para o Hyatt Hotéis.
2. Como é que poderia avaliar a eficácia desse programa do Hyatt? O que avaliaria? Como avaliaria?
3. Como visualiza o programa como parte de um sistema maior? Como integrá-lo ao processo de formação?
CASO DA ACTUALIDADEEmpregabilidade
A crise do emprego transborda no Brasil, ameaça Portugal e quase todo o mundo industrializado para a crise da empregabilidade. Que “bicho mau” é esse?
Resumidamente, é a falta de qualificação profissional dentro de um mercado de trabalho em ebulição. Não raras vezes, há vagas oferecidas que não são preenchidas devido ao "analfabetismo profissional" dos pretendentes. As profissões (e as qualificações) estão sempre a mudar. Quem não mudar juntamente com elas perde a oportunidade de emprego. Isso vale para o chão da fábrica ou para o comando da empresa.
O Grupo Catho, maior consultoria de RH do Brasil, entrevistou 520 profissionais de média e alta gerências em São Paulo e Rio de Janeiro. Um em cada quatro deles estava desempregado. Até aí, nenhuma surpresa em tempos de downsizing (extinção de cargos e funções na hierarquia de gestão das empresas). O susto da pesquisa começa pela descoberta de um elo perdido da economia global: 54% dos executivos desempregados não falam inglês. Bastaria essa limitação para barrá-los, como nunca antes, em todos os processos selectivos das empresas inteligentes. Ou seja: estão com a empregabilidade gravemente danificada. E mais: são desempregados com diploma universitário, mas 41% nunca tiveram, por conta própria, algum curso de desenvolvimento ligado à sua profissão. E 29% não leram qualquer livro de interesse profissional nos últimos seis
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meses. Dois terços dos entrevistados confessaram não saber lidar com micros e muito menos com a Internet. O desenvolvimento profissional por conta própria é necessário para a preservação da empregabilidade pessoal, principalmente nas empresas que praticam o "máximo de transparência nos critérios de promoção". Mas, para melhorar a própria empregabilidade, recomenda-se que o profissional de qualquer nível deve:
1. Utilizar critérios adequados de auto-avaliação permanente;2. Relevar a identificação contínua de oportunidades na empresa e fora
dela;3. Estabelecer os seus objectivos de carreira, definindo um planeamento
estratégico para alcançá-los.
14.4. Estilos de GestãoA gestão é profundamente influenciada pelas pressuposições implícitas ou explícitas a respeito da natureza das pessoas. A disciplina e a motivação decorrem dessas pressuposições. Há mais de três décadas, McGregor identificou dois conjuntos de pressuposições aos quais denominou Teoria X e Teoria Y.
A Teoria X – a abordagem tradicional – envolve convicções negativas a respeito das pessoas e influencia o estilo de gestão dos gestores, moldando-o em características autocráticas e impositivas. Ao contrário, a Teoria Y – a abordagem moderna – envolve convicções positivas que levam os gestores a assumir uma postura democrática e consultiva. A figura abaixo permite uma visão comparativa e resumida de ambas essas pressuposições.
As Pressuposições das Teorias X e Y a Respeito da Natureza Humana
TEORIA X TEORIA Y As pessoas médias têm um
desprazer inerente em trabalhar e procuram evitar o trabalho a todo custo.
Como as pessoas não gostam de trabalhar, muitas delas precisam de ser coagidas, controladas, dirigidas e ameaçadas com punições para se esforçarem para o alcance de objectivos organizacionais.
As pessoas médias preferem ser dirigidas, desejam evitar responsabilidades, têm pouca ambição e desejam segurança, acima de tudo.
A aplicação de esforço físico ou mental no trabalho é tão natural como jogar ou descansar.
As pessoas gostam de exercitar auto-direcção e autocontrolo no alcance de objectivos com os quais estão comprometidas.
Compromisso com os objectivos é uma função das recompensas associadas com o seu alcance.
As pessoas médias aprendem, sob condições adequadas, não somente a aceitar, mas a buscar responsabilidades.
A capacidade de exercer alto grau de imaginação, inovação e criatividade na solução dos problemas organizacionais é amplamente, e não estreitamente, distribuída na população.
Na Teoria X predomina a manipulação das pessoas, a coacção e o temor. As pessoas são consideradas indolentes e preguiçosas e, portanto, precisam de ser dirigidas, coagidas e ameaçadas para trabalhar.
Na Teoria Y predomina o respeito às pessoas e às suas diferenças
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individuais. As pessoas gostam de trabalhar quando o trabalho é agradável e principalmente se puderem ter voz activa na sua definição e em formular os objectivos da organização.
EXERCÍCIO DE GRUPO1. Sistema autoritário-coercitivo: estilo de gestão que se baseia na absoluta
falta de confiança nos subordinados. Estes não se sentem livres para discutir os
seus trabalhos com os seus superiores e são motivados pelo medo, ameaças,
punições e raras recompensas. O fluxo de informação é verticalizado, de cima
para baixo, enquanto a informação de baixo para cima é vista com muita
desconfiança. Todas as decisões são rigidamente centralizadas na cúpula da
organização. É o modelo mais fechado de gestão.
2. Sistema autoritário-benevolente: estilo de gestão que envolve uma confiança
condescendente nos subordinados. Os subordinados não se sentem livres para
discutir os seus trabalhos com os superiores e são motivados por recompensas
e algumas punições reais ou potenciais. O fluxo de informação é ainda vertical,
descendente e ascendente, e pode ou não ser visto com desconfiança. As
políticas são definidas primariamente no topo da organização e as decisões
específicas, desde que previamente prescritas, são atribuídas aos níveis mais
baixos da hierarquia.
3. Sistema consultivo: em que o estilo de gestão envolve substancial, mas não
completa, confiança nos subordinados. Os subordinados sentem-se
relativamente livres para discutir os seus trabalhos com os superiores e são
motivados por recompensas, punições ocasionais e algum envolvimento. O
fluxo de informação flui no sentido descendente e ascendente. A comunicação
de baixo para cima é aceite, algumas vezes com alguma desconfiança. As
políticas genéricas e as decisões gerais são feitas no topo da organização,
enquanto as decisões específicas são delegadas aos níveis mais baixos.
4. Sistema participativo: em que o estilo de gestão envolve total confiança nos
subordinados. Estes sentem-se à vontade para discutir os seus trabalhos com
os superiores e são motivados por factores económicos, como recompensas
baseadas em um sistema de compensação através da participação e
envolvimento na fixação de objectivos. O fluxo de informação é descendente,
ascendente e horizontal. A comunicação ascendente é aceite plenamente. A
tomada de decisões é espalhada amplamente através de toda a organização e
coordenada adequadamente. É o modelo mais aberto de gestão.
Para Likert, na medida em que o sistema de gestão se movimenta do 1 para o 4, as
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necessidades humanas das pessoas dentro da organização tendem a ser mais
eficazmente satisfeitas a longo prazo. Na medida em que a organização tende ao
sistema 4, ela torna-se mais produtiva a longo prazo. O sistema 4 repousa sobre o
princípio das relações de apoio: as interacções humanas com uma organização são
construídas e mantidas na base da excelência e da importância das pessoas.
Utilize o gráfico a seguir, anotando como é que poderia avaliar o departamento em
que trabalha (a cor vermelha) e a sua empresa (a cor preta).
VARIÁVEISSISTEMAS
1 2 3 4
Processo de Decisão
Sistema de Comunicações
Relações Interpessoais
Recompensas e Punições
14.5. Relações com EmpregadosOs gestores departamentais supervisionam os seus subordinados como parte integrante do seu trabalho. Os subordinados requerem atenção e acompanhamento, pois enfrentam várias contingências internas e externas e estão sujeitos a uma multiplicidade de problemas pessoais, familiares, financeiros, de saúde, preocupações diversas, dificuldade de transporte ou de atendimento a compromissos, problemas com drogas, fumo ou álcool.
São problemas variados que afectam o desempenho das pessoas. Algumas pessoas conseguem lidar com eles sozinhas. Outras não, e tornam-se funcionários problemáticos. Lidar com funcionários problemáticos com justiça e equidade exige considerável tempo dos gestores. Os problemas pessoais podem afectar o comportamento de trabalho dos funcionários. É de interesse da organização motivar e proporcionar assistência aos funcionários nestas situações.
Desenho de um Programa de Relações com EmpregadosPara Milkovich e Boudreau, as principais decisões dos gestores departamentais para desenhar um programa de relações com empregados devem incluir:
Comunicações Cooperação Protecção Assistência Disciplina e conflito
Programas de SugestõesO programa de sugestões é geralmente desenhado para solicitar, avaliar e implementar sugestões oferecidas pelos empregados e recompensar aqueles que forneceram ideias que tenham aplicações e gerem resultados para a organização.
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Quase sempre as recompensas são monetárias e o reconhecimento é público, podendo incluir também férias extras ou algum benefício especial. Os sistemas de sugestões têm sido implementados com sucesso em muitas organizações.
Programas de ReconhecimentoOs prémios de reconhecimento são créditos concedidos a empregados ou equipas que proporcionaram contribuições extraordinárias à organização. A ideia é comunicar o que fizeram e torná-los modelos para os demais funcionários da organização.
O famoso "funcionário do mês" da McDonald's consiste numa notícia com a fotografia colocada em todos os restaurantes para todos os funcionários e clientes tomarem conhecimento. Os funcionários da IBM que fazem contribuições à empresa são reconhecidos de várias formas, indo desde uma carta de agradecimento do gestor ou director até um prémio que pode chegar a US$150.000. Os programas de qualidade total utilizam intensivamente os programas de reconhecimento.
CASOS DA ACTUALIDADEAs Políticas da HP – Hewlett-Packard
Ao longo dos anos, a principal força da Hewlett-Packard (HP) foi a eficácia da comunicação tanto descendente como ascendente – dentro da organização. Dois ingredientes básicos permitiram que isso acontecesse:
1. Gestão por Caminhadas pela Empresa Para uma operação bem administrada, é essencial que os gestores e supervisores estejam atentos ao que acontece nas suas áreas, não apenas no nível imediato, mas em todos os níveis abaixo. “Os nossos funcionários constituem o nosso mais importante recurso e os gestores têm responsabilidade directa pela sua formação, desempenho e bem-estar geral”. Para fazer tudo isso, os gestores devem ir até as pessoas para verificar como elas se sentem acerca das suas actividades e para que elas se sintam impulsionadas a fazer o seu trabalho de modo mais produtivo e mais significativo.
2. Política de Portas Abertas Os gestores e supervisores devem promover um ambiente de trabalho dentro do qual os empregados se sintam livres e confortáveis, seja para obter aconselhamento individual, expressar assuntos gerais ou oferecer ideias e sugestões.Todos os empregados têm o direito de discutir os seus problemas com os gestores de nível mais elevado, se em sua opinião sentem que isso é necessário. Todo o esforço, deve ser efectuado para evitar que um empregado sinta ou perceba intimidação por parte dos gestores ou qualquer outra atitude contrária às políticas da companhia.
A intenção da política de “portas abertas” é encorajar os empregados a encarar de maneira apropriada o nível da gestão. Isto quer dizer que o nível da gestão é o que melhor pode actuar face a uma informação recebida do empregado. A política de “portas abertas” não deve influenciar de maneira alguma a avaliação do empregado quando a utiliza por algum motivo adverso. Os empregados também têm responsabilidades – particularmente em discutir assuntos importantes de maneira objectiva com os seus gestores.
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14.6. Programas de Assistência ao EmpregadoFrequentemente, os gestores departamentais defrontam-se com problemas de comportamento dos seus subordinados e podem responder a eles de maneiras variadas. Uma delas é deixar que o próprio subordinado resolva os seus problemas por si próprio. Outra é assistir o subordinado através de programas internos ou pondo o subordinado em contacto com a assistência profissional promovida pela empresa. As pesquisas mostram que a utilização de fontes externas de assistência é a maneira mais comum de resposta da organização, mas alguns tipos de aconselhamento in-house são usados. O aconselhamento pode variar desde uma breve conversa com o gestor até reuniões privativas com consultores profissionais no local de trabalho.
Em geral, os programas de assistência aos empregados (PAE) são estruturados para lidar com empregados que enfrentam problemas. Os PAE são programas apoiados pelas organizações que ajudam os funcionários a lidar com os seus problemas pessoais que interferem no desempenho do seu trabalho. São muito comuns em organizações americanas.
Os principais sintomas de um funcionário problemático são:1. Elevado absentismo, maior nas segundas e sextas-feiras, antes e após feriados.2. Faltas não justificadas.3. Faltas frequentes.4. Atrasos e saídas antecipadas. 5. Alterações com colegas.6. Criação de problemas para outros funcionários devido a negligências.7. Julgamento precário e decisões erradas no trabalho.8. Muitos acidentes estranhos no trabalho.9. Danos e interrupções de máquinas devido a negligências.10. Conflitos com a lei, como multas no trânsito, embriaguez, etc.11. Má aparência pessoal.
Árvore de Decisões de um PAE – Programa de Assistência a Empregados
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SUGESTÕESExemplo de Programa de Assistência ao Empregado – PAE
PolíticaO PAE deve funcionar dentro da seguinte abordagem:1. Vários problemas podem afectar negativamente o desempenho do
funcionário no trabalho, como o uso de álcool e drogas, dificuldades familiares e distúrbios emocionais. O PAE pode assistir empregados para resolver tais problemas, desde que eles procurem ajuda.
2. O trabalho do empregado e o seu futuro progresso não devem ser prejudicados pelo facto de utilizar serviços do PAE.
3. Os registos sobre saúde e situação pessoal devem ser confidenciais.4. Os afastamentos por doença devem ser seguidos por tratamento e
reabilitação, como em qualquer problema de saúde.5. Os empregados são responsáveis pelo cumprimento da orientação
recebida do PAE, como recomendações e planos de tratamento.
Os serviços do PAE estão disponíveis para as famílias dos empregados.
Procedimentos1. Os empregados que requerem assistência ou que têm problemas
pessoais que afectam negativamente o seu trabalho devem ser encora-jados a procurar voluntariamente os serviços de aconselhamento do PAE.
2. Os supervisores são responsáveis pelo atendimento a empregados com __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 350 de 366Manual do Formando
Identificar funcionários
problemáticos:
Auto-identificaçãoIdentificação do
supervisor
Aconselhamento do PAE
O problema é resolvido e o funcionário continua no
trabalho
Tratamento
O problema é resolvido e o funcionário regressa ao
trabalho
O tratamento é mal sucedido e o funcionário é
demitido
O funcionário recusa-se a
procurar ajuda e é demitido se o problema tem
impacto negativo sobre o trabalho
Etapa 2
Etapa 1
Etapa 3
Etapa4
desempenho insatisfatório para ajudá-los a melhorar o seu trabalho.a) Os supervisores devem encorajar os seus subordinados com
desempenho insatisfatório a resolver os seus problemas pessoalmente ou com a ajuda dos serviços de aconselhamento do PAE. Empregados com desempenho insatisfatório continuado devem receber a disciplina formal.
b) Se o desempenho melhorar, nenhuma acção disciplinar será tomada.c) Se o desempenho continuar insatisfatório, devem verificar se o
subordinado aceita a ajuda, acção disciplinar regular ou demissão.
14.7. Disciplina
A palavra disciplina significava antigamente a conformidade pura e simples das pessoas às regras e normas que a organização estabelecia porque eram adequadas ao alcance dos objectivos organizacionais. Dentro desse antigo conceito, havia necessidade de um controlo externo intenso e rígido para monitorar o comportamento das pessoas.
Hoje em dia, o termo disciplina refere-se a como as pessoas conduzem-se a si próprias de acordo com as regras e procedimentos de um comportamento aceitável pela organização. É o que denominamos auto-disciplina ou autocontrolo. Por outras palavras, é o controlo exercido pelas próprias pessoas envolvidas, sem necessidade de monitorização externa. As pessoas ajustam os seus comportamentos às regras organizacionais, enquanto a organização monitoriza as metas e o alcance de objectivos. Os meios ficam por conta das pessoas, enquanto os resultados são cobrados pela organização.
Todavia, nem todas as pessoas aceitam a responsabilidade pela auto-disciplina nem aceitam as normas do comportamento responsável. São estas pessoas que requerem algum grau de acção disciplinar extrínseca, frequentemente denominada de punição. Trata-se de uma necessidade de impor acção disciplinar externa para estabelecer claramente os limites do comportamento aceitável pela organização.
Factores relacionados com a disciplinaA disciplina envolve vários factores importantes, a saber:
Gravidade do problema Duração do problema Frequência e natureza do problema Factores condicionantes Grau de socialização História das práticas disciplinares da organização Apoio de gestão
Procedimentos de DisciplinaExistem alguns padrões básicos de disciplina que devem ser aplicados a todas as violações de regras da organização, sejam leves ou graves. Todas as acções disciplinares devem incluir os seguintes procedimentos padrão:
Comunicação das regras e critérios de desempenho Documentação dos factos Resposta consistente à violação das regras
A acção disciplinar deve seguir três linhas fundamentais, a saber:
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A acção correctiva deve ser preferida à acção punitiva A acção disciplinar deve ser progressiva A acção disciplinar deve ser imediata, compatível, impessoal e informativa
SUGESTÕESComo desenvolver uma política disciplinar
1. Desenvolva uma política disciplinar por escrito.
2. Procure o apoio da alta gestão e obtenha a sua inteira aprovação.
3. Comunique a política a todos os empregados utilizando múltiplos meios de
comunicação. A inclusão apenas no manual do empregado não é suficiente. A
comunicação activa, formação sobre ética, reuniões departamentais e seminários
com empregados devem aumentar a atenção sobre a política e focar o
compromisso da empresa em relação ao comportamento ético.
4. Proporcione um sistema de relatórios aos supervisores para acompanhar os
empregados que requerem atenção. Designe uma pessoa para ouvir as queixas
iniciais dos empregados e faça o sistema funcionar.
5. Faça com que os empregados se reportem anonimamente. Dê garantias aos
empregados de que eles serão protegidos de retaliação por qualquer membro da
organização. Faça essa garantia valer.
6. Desenvolva um processo formal de investigação e comunique ao empregado as
informações exactas dos relatórios.
7. Se a investigação sobre o empregado suspeito é positiva, tome uma pronta acção
para corrigir o comportamento errado. Após o resultado da investigação,
comunique-a imediatamente ao empregado faltoso. Os empregados podem
perder a confiança na política se perceberem que ela não tem continuidade.
8. Proporcione um processo de apelo para o empregado insatisfeito com o resultado
da investigação inicial. Ofereça um advogado (do DRH) para assistir o empregado
que quer apelar de um resultado desfavorável a ele.
9. Uma política disciplinar bem sucedida requer mais do que um simples
procedimento escrito. Ela requer comprometimento de toda a organização, do
topo até a base. É esse compromisso que cria um ambiente ético de trabalho.
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Disciplina ProgressivaA disciplina progressiva é a forma mais utilizada de procedimento disciplinar. Consiste numa série de intervenções progressivas e paulatinas que dão ao funcionário a oportunidade de corrigir o seu comportamento antes que seja demitido da organização. O procedimento de disciplina progressiva tem vários passos de advertência, cada um dos quais envolvendo uma punição que aumenta em severidade conforme o comportamento indesejável persista.
Disciplina Progressiva Em Quatro EtapasAdvertência
VerbalAdvertência Escrita Suspensão Demissão
O funcionário comete uma falta
grave.
O funcionário comete outra falta grave
semelhante.
O funcionário comete mais outra
falta grave semelhante.
O funcionário comete mais
outra falta grave semelhante.
Recebe uma advertência verbal do seu superior para que não repita outra falta semelhante, senão terá uma punição mais severa.
Recebe uma advertência escrita a qual adverte que a repetição da falta grave terá punição mais severa.
Recebe uma suspensão do trabalho, sem remuneração, por uma semana.Recebe também outra advertência escrita de que mais uma falta grave semelhante provocará a sua demissão da empresa
É demitido da empresa por justa causa.
O procedimento de disciplina progressiva mais comum é o de quatro etapas, e inclui:
1. Advertência verbal: o funcionário que comete uma infracção pequena às regras da organização recebe uma advertência verbal do seu supervisor e é avisado de que, se o problema continuar dentro de um determinado período de tempo (uma semana ou um mês), haverá uma punição mais severa para a violação.
2. Advertência escrita: o funcionário que comete a mesma infracção num certo período de tempo recebe uma advertência escrita do seu supervisor.
3. Suspensão: o funcionário que não consegue corrigir o seu comportamento indesejável num certo período de tempo ou comete novamente a mesma infracção recebe uma suspensão do trabalho, sem remuneração, por um determinado tempo, como uma semana. Recebe uma advertência escrita final do seu supervisor comunicando a suspensão e avisando que uma nova violação redundará em demissão sumária por justa causa.
4. Demissão: o funcionário volta a cometer a mesma violação à regra, dentro de um determinado período de tempo, e é demitido por justa causa.
As infracções podem ser catalogadas em duas categorias: as violações leves e as violações graves, conforme o quadro abaixo.
Categorias de Infracções__________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 353 de 366Manual do Formando
Faltas Leves Faltas Graves Atrasos Faltas ao trabalho Fumar em locais proibidos Incompetência Violação de regras de
segurança Dormir no trabalho Violação do código de
vestuário Falta de atenção ao trabalho Agressão verbal
Uso de drogas no trabalho Desonestidade Furto ou roubo Desrespeito ao supervisor Sabotagem das operações da
empresa Alcoolismo exagerado Insubordinação Desempenho precário Agressão física
Disciplina PositivaEm muitas situações, a punição não consegue motivar o empregado a mudar o seu comportamento indesejável. Ao contrário, a punição pode provocar ressentimento ou medo no funcionário. Como a disciplina progressiva coloca ênfase na punição, ela pode encorajar o empregado a enganar o seu supervisor em vez de corrigir as suas acções. Para evitar isso, algumas organizações adoptam a disciplina progressiva juntamente com a disciplina positiva.
A disciplina positiva é um procedimento que encoraja o empregado a monitorar o seu próprio comportamento e assumir responsabilidade pelas consequências das suas acções. Ela é similar à disciplina progressiva no sentido de que ambas utilizam uma série de passos ou etapas que aumentam em termos de urgência e severidade até que a última etapa termina com a demissão sumária. Na prática, a disciplina positiva substitui a punição da disciplina progressiva por sessões de aconselhamento entre empregado e supervisor. Essas sessões, focam que o empregado deve aprender com os erros passados e iniciar um plano pessoal para fazer uma mudança positiva no seu comportamento.
A Union Carbide começou a utilizar a disciplina positiva a partir de 1970 nas suas fábricas. Os supervisores receberam um programa de dois dias de formação para se familiarizarem com as políticas e práticas de disciplina positiva e com as competências e a autoconfiança para utilizá-la eficazmente. A formação fez com que os supervisores deixassem a sua tendência a reagir aos problemas de desempenho de maneira punitiva. Os supervisores receberam formação para documentar as suas discussões de maneira a se basear em factos e permitir defesa hábil.
Padrões de Mau Comportamento
Estágio Absentismo Comportamento Genérico Desempenho
Inicial
Atrasos. Saídos antecipados. Ausência
das situações de trabalho. "Bebo para
reduzir tensão."
Queixas dos colegas pelo outro não fazer a sua parte. Reacções
exageradas. Queixas por não se sentir bem. Faz
afirmações não verdadeiras.
Comete erros frequentemente. Falha nos prazos. Baixa eficiência
no trabalho.
MédioFaltas frequentes por
razões vagas ou implausíveis. "Sinto
Mudanças perceptíveis. Faz afirmações
inseguras. Evita colegas.
Críticas do chefe. Deterioração
geral. Falta de __________________________________________________________________________________________________________Manual de Comportamento Organizacional 354 de 366Manual do Formando
culpa por beber" "Tenho tremores."
Empresta dinheiro de colegas. Hospitalização
frequente. Pequenos acidentes repetidos.
concentração. Lapsos de memória.
Advertências do chefe.
Médio Avançado
Faltas prolongadas e frequentes. Não retorna
após o almoço. "Não tenho vontade de
comer." "Não quero falar."
Comportamento beligerante e agressivo. Problemas domésticos interferem no trabalho. Dificuldades financeiras.
Hospitalização mais frequente. Resignação:
não quer discutir os seus problemas. Problemas
com a lei na sua comunidade.
Poucas expectativas.
Acção disciplinar punitiva.
Quase Terminal
Ausências imprevistas prolongadas. "O meu trabalho interfere na
minha bebida."
Provavelmente bebe no trabalho.
Completamente dependente.
Hospitalização repetida. Sérios problemas financeiros. Sérios
problemas familiares.
Desequilibrado. Incompetente.
Enfrenta a demissão ou
hospitalização.
As duas principais limitações da disciplina positiva são:
1. Custos de formação das competências de aconselhamento dos supervisores.2. Tempo de trabalho dedicado às sessões de aconselhamento entre supervisor
e empregado.
SUGESTÕESAconselhamento de funcionários
1. Documente o problema de desempenho. Registe os comportamentos específicos de trabalho (como absentismo, atrasos, baixa qualidade) em termos de datas, tempos e o que aconteceu. Isto proporciona dados objectivos.
2. Lide com o funcionário com objectividade, justiça e equidade. Trate cada funcionário como todos os demais. Os assuntos discutidos devem focalizar o comportamento do desempenho e não a pessoa em si.
3. Confronte o desempenho apenas com os factos. Foque apenas as coisas que afectam o desempenho. Se o problema é pessoal, conduza-o a um especialista no assunto.
4. Ofereça assistência para ajudar o funcionário. Indicar o problema apenas não é um propósito útil, pois aguça a autodefesa do funcionário. Faça um esforço para que ele perceba que está do lado dele.
5. Espere pela autodefesa e resistência ao feedback. É da natureza humana apresentar feedback construtiva ou negativa. Se a discussão pode ser desconfortável para o funcionário, seja bastante objectivo e claro.
6. Faça o funcionário ver o problema. O funcionário deve assumir a
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responsabilidade do seu comportamento e procurar meios de corrigir o problema.
7. Desenvolva um plano de acção para corrigir o desempenho. Se o funcionário assumiu o problema, desenvolva com ele um plano de acção para corrigi-lo. Seja específico acerca do que fazer e de quais recursos são necessários para isto.
8. Identifique resultados para corrigir o problema. Deve informar quais são as consequências se o funcionário não seguir o plano de acção.
9. Monitore e controle o progresso. Avalie o progresso do funcionário. Forneça feedback do que está a observar. Reforce esforços positivos.
Direito de ApeloEm princípio, todo funcionário é bom até que se prove o contrário. E todo o funcionário deve ter o direito de apelar de uma decisão injusta. Muitas organizações que mantêm uma política de abertura com os seus funcionários proporcionam um mecanismo para que eles tenham condições de falar a respeito das suas reacções às decisões superiores que porventura causem a percepção de que sejam injustas. Portanto, existem procedimentos de apelo que permitem que os funcionários falem sobre as suas reacções às decisões e políticas que a organização adopta.
SUGESTÕESOmbudsman
A palavra ombudsman, de origem sueca, designa o funcionário que actua como advogado do público nos conflitos entre o cidadão e o Estado. Tal função estendeu-se também, nos últimos tempos, às empresas (públicas e privadas) nas quais o ombudsman funciona como canal de comunicação e fiscalização entre os consumidores, empregados e directores da empresa.
A figura do ombudsman emerge como um “ouvidor” ou um mediador entre o público em geral e o Estado ou empresas, etc. Para exercer essa posição, o funcionário deve ter estabilidade (cuja forma varia) que lhe garanta o livre exercício da crítica e fiscalização dos poderes constituídos. No E.U.A., tal figura é bastante disseminada, principalmente em jornais e cadeias de comunicação.
EXERCÍCIO DE GRUPOO trabalho esporádico e o contingencial
O trabalho esporádico e o trabalho em tempo parcial estão em alta na percentagem de empregos. Faça um diagnóstico do trabalho em tempo parcial nas empresas, através de consultas a jornais, revistas,
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estatísticas do IEFP e dados do governo, Internet, etc. Com esses dados, forme um grupo de trabalho em sala de aula, mostre aos seus colegas o resultado e discuta as informações obtidas, obtenha e analise as ideias do grupo, as implicações pessoais e sociais e prepare uma sessão de diálogo com a turma, na qual o grupo será dividido em quatro subgrupos, cada qual defendendo as seguintes posições:
Grupo 1. Como Director de RH de uma grande empresa retalhista de roupas que pretende admitir trabalhadores esporádicos.
Grupo 2. Como proprietário de uma loja de discos e CD’s que precisa admitir empregados esporádicos para o último trimestre do ano.
Grupo 3. Como gestor recém-formado na universidade e convidado a trabalhar temporariamente numa empresa retalhista de roupas.
Grupo 4. Como pessoa casada e com dois filhos e que trabalha como empregado esporádico numa loja de discos e CD’s.
As questões a serem respondidas são:
Para os grupos 1 e 2: O que a força de trabalho esporádica representa para a minha empresa?
Para os grupos 3 e 4: O que o trabalho esporádico significa para mim?
14.8. Gestão de Conflitos
As pessoas nunca têm objectivos e interesses idênticos. As diferenças de objectivos e de interesses pessoais produzem sempre alguma espécie de conflito. O conflito é inerente à vida de cada indivíduo e faz parte inevitável da natureza humana. Constitui o lado oposto da cooperação e da colaboração. A palavra conflito está ligada ao desacordo, discórdia, divergência, dissonância, controvérsia ou antagonismo. Para que haja conflito, além da diferença de objectivos e interesses, deve haver necessariamente uma interferência deliberada de uma das partes envolvidas.
Há vários tipos de conflitos: o conflito in terno e o conflito externo. O interno (intrapessoal) envolve dilemas de ordem pessoal. O externo envolve vários níveis: interpessoal, intragrupal, intergrupal, intra-organizacional e inter-organizacional.
O conflito pode ocorrer em três níveis de gravidade, a saber:
1. Conflito percebido: ocorre quando as partes percebem e compreendem que o conflito existe porque sentem que os seus objectivos são diferentes dos objectivos dos outros e que existem oportunidades para interferência ou bloqueio. É o chamado conflito latente, que as partes percebem que existe potencialmente.
2. Conflito experimentado: quando o conflito provoca sentimentos de hostilidade, raiva, medo, descrédito entre uma parte e outra. É o chamado conflito velado, quando é dissimulado, oculto e não manifestado externamente com clareza.
3. Conflito manifestado: quando o conflito é expressado e manifestado através de um comportamento, que é a interferência activa ou passiva por pelo menos uma das partes. É o chamado conflito aberto, que se manifesta sem dissimulação.
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Como o conflito é inevitável, o gestor precisa de conhecer as suas possíveis soluções ou resoluções. A solução de um conflito passa quase sempre pelo exame das condições que o provocaram.
Condições Antecedentes dos ConflitosExistem, dentro das organizações, certas condições que tendem a gerar conflitos. São condições inerentes à natureza das organizações e tendem a criar percepções entre pessoas e grupos, as quais predispõem ao conflito. Recebem o nome de condições antecedentes por constituírem as razões dos conflitos. Basicamente, existem quatro condições antecedentes dos conflitos:
Ambiguidade de papel
Objectivos concorrentes
Recursos compartilhados
Interdependência de actividades
As Condições Antecedentes do Conflito e as Percepções Resultantes
O Processo de ConflitoO conflito desenrola-se num processo dinâmico no qual as partes influenciam-se mutuamente. As condições antecedentes (diferenciação, recursos partilhados e interdependência) criam as condições para a ocorrência de conflitos. Uma das partes percebe que existe uma situação potencial de conflito (incompatibilidade de objectivos e a oportunidade de interferência) passa a desenvolver sentimentos de conflito em relação à outra e envolve-se num comportamento de conflito. A acção de uma das partes conduz a alguma forma de defesa ou de reacção da outra. Dessa reacção (que pode ser positiva ou negativa), pode haver uma intensificação do conflito ou uma forma de resolução.
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Resultado:Processo de Conflito:Condições Antecedentes:
Resultado
Ambiguidade do Papel
Objectivos Concorrentes
Recursos Partilhados
Interdependência das Actividades
Percepção da Incompatibilidade
de Objectivos
Percepção da Oportunidade de
Interferência
Conflito
O Processo de Conflito
Gestão de ConflitosComo os conflitos são comuns na vida organizacional, o gestor deve saber desactiva-los a tempo e evitar a sua eclosão. Uma qualidade importante no gestor é a sua capacidade de gerir conflitos. O gestor tem à sua disposição três abordagens para gerir os conflitos:
1. Abordagem estrutural: O conflito surge das percepções criadas pelas condições de diferenciação, de recursos limitados e escassos e de interdependência. Se esses elementos puderem ser modificados, as percepções e o conflito resultante poderão ser controlados. Trata-se de actuar sobre uma das três condições que predispõem ao conflito, a saber:
Reduzir a diferenciação dos grupos Interferir nos recursos partilhados Reduzir a interdependência
2. Abordagem de processo: é a abordagem que procura reduzir conflitos através da modificação do processo, isto é, de uma intervenção no episódio do conflito. Pode ser utilizada por uma das partes em conflito, por pessoas de fora ou por uma terceira parte (como um consultor, um gestor neutro ou um director da organização). Pode ser realizada de três maneiras diferentes:
Desactivação do conflito Reunião de confrontação entre as partes Colaboração Abordagem mista
Ao contrário do consultor de processo ou da terceira parte, que são passageiros, os papéis integradores são permanentes na organização. O gestor pode assumir um papel integrador sempre que surja a necessidade de intervir nas condições
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Episódio de Conflito
Condições Antecedentes
Percepção do Conflito
Comportamento de Conflito de
uma das Partes
Resolução
Resultado
Comportamento da Outra Parte
estruturais e na dinâmica do conflito.
AVALIAÇÃO CRÍTICAO procedimento de solução de problemas da Honeywell Defense
Passo 1: Primeiro, o assunto deve ser discutido integralmente com o seu supervisor para que haja uma mútua compreensão. Deve discutir com toda franqueza. O seu supervisor tem a responsabilidade de ouvir, investigar, avaliar e responder de maneira completa e justa.Passo 2: Se há algum conflito de personalidade entre si e o seu superior ou um assunto que perceba que o seu superior é incapaz de resolver ou não deseja fazê-lo, pode levá-lo directamente ao Representante de Relações com Empregados (RRE), que o assistirá na solução do problema. Nesta etapa, o RRE entrevistá-lo-à a si e ao seu supervisor. As cópias das entrevistas estarão disponíveis desde que solicitadas pelas partes. O DRH deverá ouvir, investigar e ajudar a encontrar a solução para o problema.Passo 3: Se sentir que o seu assunto não foi resolvido após as discussões com o RRE e o seu supervisor, o seu próximo passo será uma revisão formal do assunto com o seu Gestor Departamental. Esta reunião será marcada pelo seu supervisor e pelo RRE. O gestor deverá examinar os factos apresentados, conduzir as entrevistas necessárias, avaliar as solu-ções possíveis e dar a sua posição. Se, por qualquer razão, ainda não estiver satisfeito com a solução apresentada, prossiga com o passo 4.
Passo 4: Tem a oportunidade de discutir o seu assunto com o Gestor de Relações com Empregados (GRE). Se após esta discussão, não se encontrar nenhuma solução razoável, o GRE pedirá que apresente o seu assunto ao Comité de Apelos. Essa apresentação poderá ser feita das seguintes maneiras: Você próprio apresenta o seu assunto ao Comité de Apelo. Você escolhe o RRE para fazer a apresentação. Você e o RRE apresentam o assunto em conjunto. Você e uma terceira parte da sua escolha apresentam o assunto. Você também tem a opção de incluir o RRE.
Estilos de Gestão de ConflitosHá vários estilos de gestão de conflitos. Num extremo, existem estilos que dão ênfase ao desejo de satisfazer os próprios interesses (assertividade) e, num outro extremo, estilos que levam em conta os interesses da outra parte (cooperação). De um lado, uma dimensão assertiva (tentativa de satisfazer os próprios interesses e objectivos) e, de outro, uma dimensão cooperativa (tentativa de satisfazer os interesses de outras pessoas). A partir dessas duas dimensões, Thomas propõe um modelo que retrata cinco estilos de gerir conflitos.
1. Estilo de Evitar: reflecte uma postura nem assertiva nem cooperativa, na pretensão de evitar ou fugir ao conflito.
2. Estilo de acomodação: reflecte alto grau de cooperação para suavizar as coisas e manter a harmonia. Consiste em resolver os pontos menores de discordância e deixar os problemas maiores para a frente.
3. Estilo competitivo: é o comando autoritário que reflecte forte assertividade para impor o seu próprio interesse.
4. Estilo de compromisso: reflecte uma combinação de ambas as características de assertividade e de cooperação.
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5. Estilo de colaboração: ou de solução de problemas. Reflecte elevado grau de assertividade e de cooperação. O estilo colaborativo habilita ambas as partes a ganhar, enquanto utiliza a negociação e o intercâmbio para reduzir diferenças.
As Três Abordagens de Gestão de ConflitosAbordagens Estruturais Abordagens Mistas Abordagens de
Processo Objectivos comuns Sistemas de
recompensas grupais Reagrupamento Separação Rotação
Regras e regulamentos
Grupos e equipas de trabalho
Papéis de ligação Papéis integradores
Desactivação Confrontação
directa Colaboração
Os estilos de gestão dos conflitos podem criar diferentes resultados.
1- Evitar ou acomodação: Pode criar um conflito do tipo perder-perder, no qual nenhuma parte alcança aquilo que pretende e as razões do conflito permanecem intactas.
2- Acomodação ou suavização: Destaca as diferenças, similaridades e as áreas de possível acordo. A coexistência pacífica e o reconhecimento de interesses comuns é o seu objectivo. Na prática, a suavização pode ignorar a essência real do conflito.
3- Competição ou comando autoritário: Tende a criar um conflito do tipo ganhar-perder. Uma das partes ganha às custas da outra.
4- Compromisso: Tende a criar um conflito do tipo ganhar-perder. Ocorre quando cada parte dá algo e ganha algo de valor. Como nenhuma parte fica totalmente satisfeita, os antecedentes para futuros conflitos ficam mantidos.
5- Colaboração ou solução de problemas: Tende a reconciliar diferenças entre as partes. É o estilo mais eficaz de gestão de conflitos. É uma forma de ganhar-ganhar, na qual os assuntos são discutidos e resolvidos para benefício mútuo das partes.
14.9. Resumo do CapítuloNum mundo caracterizado por um ambiente instável e sujeito a mudanças imprevisíveis, as organizações precisam de ser ágeis e flexíveis. Uma onda de reorganizações aconteceu nas últimas décadas. A mudança impõe novas práticas e novas soluções e exige o desenvolvimento das pessoas. Existem métodos de desenvolvimento de pessoas relacionados com o cargo actual e fora do cargo, além do próprio desenvolvimento de carreiras.
As relações com empregados dependem do estilo de gestão que predomina na organização. O desenho de um programa de relações com empregados deve
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atender aos objectivos da GRH, dos gestores departamentais e dos funcionários.
Programas de sugestões e de reconhecimento sempre são bem-vindos. Programas de assistência ao empregado (PAE) requerem uma política escrita e um coordenador actuante. A disciplina envolve vários factores e exige procedimentos e critérios claros. A política disciplinar geralmente envolve disciplina progressiva, disciplina positiva e direito de apelo.
A gestão de conflitos faz parte integrante da actividade de RH e dos gestores departamentais. Torna-se importante conhecer as condições antecedentes dos conflitos e o processo de conflito para geri-los adequadamente através de estilos. Os efeitos do conflito podem ser construtivos ou destrutivos, dependendo de como são administrados.
14.10. Exercícios
1. Defina o conceito de desenvolvimento de pessoas.2. Quais são os métodos de desenvolvimento de pessoas ligados ao cargo
actual?3. Quais são os métodos de desenvolvimento de pessoas fora do cargo?4. Explique o desenvolvimento de carreiras.5. Como conciliar interesses?6. Quais as ferramentas utilizadas para o desenvolvimento de carreiras?7. Quais os esquemas de orientação aos funcionários?8. Explique alguns programas bem sucedidos de gestão de carreiras.9. Como funciona o programa da cadeia de Hotéis Hyatt?10. Defina os estilos e sistemas de gestão. Explique-os.11. Defina o conceito de relações com empregados.12. Como se desenha um programa de relações com empregados?13. Explique o programa de sugestões.14. Explique o programa de recompensas.15. Como são as políticas da HP quanto às relações com empregados?16. O que significa política de portas abertas?17. Conceitue os programas de assistência ao empregado (PAE).18. Quais os dois principais componentes do PAE?19. Explique os conceitos tradicionais e modernos de disciplina. Compare-os.20. Quais os factores relacionados com a disciplina? Explique-os.21. Explique os procedimentos e critérios de disciplina.22. Quais as três linhas fundamentais da acção disciplinar?23. Como é que desenvolveria uma política disciplinar?24. O que é a disciplina progressiva? Como funciona?25. O que é a disciplina positiva? Como funciona?26. O que é o direito de apelo?27. O que é um ombudsman? Como poderia ser utilizado o conceito em RH?28. Defina conflito e os seus três níveis de gravidade.29. Quais são as condições antecedentes do conflito? Explique.30. Explique o processo de conflito e o episódio de conflito.31. Explique a abordagem estrutural na gestão de conflitos.32. Explique a abordagem de processo na gestão de conflitos.33. Explique a abordagem mista na gestão de conflitos.34. Como é o procedimento de solução de problemas da Honeywell Defense?35. Quais os estilos de gestão de conflitos e seus resultados?36. Explique os efeitos construtivos e destrutivos dos conflitos.
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Aconselhamento de funcionários é um método de desenvolvimento de pessoas fora do cargo no qual o gestor proporciona aconselhamento no sentido de assistir funcionários no desempenho de seu cargo.
Aprendizagem prática é uma técnica de formação através da qual o formando dedica-se a um trabalho de tempo integral para analisar e resolver problemas em certos projectos ou noutros departamentos.
Atribuição de comissões significa uma oportunidade para a pessoa participar em comissões de trabalho, partilhando da tomada de decisões, aprender pela observação dos outros e pesquisar problemas específicos da organização.
Carreira é uma sucessão ou sequência de cargos ocupados por uma pessoa ao longo da sua vida profissional.
Centros de desenvolvimento internos ou in-house development centers, são métodos baseados em centros localizados na empresa para expor os gestores e as pessoas a exercícios realísticos para desenvolver e melhorar competências pessoais.
Conflito é uma situação em que além da diferença de objectivos e interesses, deve haver necessariamente uma interferência deliberada de uma das partes envolvidas.
Conflito percebido: ocorre quando as partes percebem e compreendem que o conflito existe porque sentem que os seus objectivos são diferentes dos objectivos dos outros e que existem oportunidades para interferência ou bloqueio.
Conflito experimentado: quando o conflito provoca sentimentos de hostilidade, raiva, medo, descrédito entre uma parte e outra.
Conflito manifestado: quando o conflito é expressado e manifestado através de um comportamento, que é a interferência activa ou passiva por pelo menos uma das partes.
Desactivação do conflito: Ocorre quando uma parte reage cooperativamente e não agressivamente – ao comportamento de conflito da outra, encorajando um comportamento menos conflituoso ou desarmando o conflito.
Disciplina refere-se a como as pessoas conduzem-se a si próprias de acordo com as regras e procedimentos de um comportamento aceitável pela organização
Disciplina positiva é um procedimento que encoraja o empregado a monitorar o seu próprio comportamento e assumir responsabilidade pelas consequências das suas acções.Disciplina progressiva consiste numa série de intervenções progressivas e paulatinas que dão ao funcionário a oportunidade de corrigir o seu comportamento antes que seja demitido da organização.
Estudo de casos é um método de desenvolvimento no qual a pessoa defronta-se com uma descrição escrita de um problema organizacional para ser analisado e resolvido.
Exercícios de simulação a simulação extrapolou a selecção de pessoal e tornou-se também numa técnica de formação e desenvolvimento. Os exercícios de simulação incluem estudos de casos, jogos de empresas, simulação de papéis (role playing).
Jogos de empresas: também denominados management games ou business games, são técnicas de desenvolvimento nas quais as equipas de funcionários ou de gestores competem umas com as outras tomando decisões informatizadas acerca de situações reais ou simuladas de empresas.
Posições de assessoria significa dar a oportu-nidade para que uma pessoa com elevado potencial possa trabalhar provisoriamente sob a supervisão de um gestor bem sucedido em diferentes áreas da organização.
Prémios de reconhecimento são créditos concedidos a empregados ou equipas que proporcionaram contribuições extraordinárias à organização.
Programa de sugestões é geralmente desenhado para solicitar, avaliar e implementar sugestões oferecidas pelos empregados e recompensar aqueles que forneceram ideias que tenham aplicações e gerem resultados para a organização.
Rotação de cargos significa a movimentação das pessoas em várias posições na organização
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GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVE
no esforço de expandir as suas competências, conhecimentos e capacidades.
Tutoria é um método de desenvolvimento de pessoas fora do cargo na qual funcionários que aspiram subir a níveis mais elevados dentro da organização recebem assistência e advocacia de executivos da cúpula.
Teoria X – a abordagem tradicional – envolve convicções negativas a respeito das pessoas e influencia o estilo de gestão dos gestores, moldando-o em características autocráticas e impositivas.
Teoria Y – a abordagem moderna – envolve convicções positivas que levam os gestores a assumir uma postura democrática e consultiva.
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14.11. Referências Bibliográficas1. B.O'Reilly. "How Executives Learn Now", Fortune, 1993.2. James A. Stoner, R. Edward Freeman e Daniel R. Gilbert Jr. Management,
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Organization”, NY, Doubleday, 1990.4. Kurt Lewin. "Frontiers in Group Dynamics: Concept, Method, and Reality in Social
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John Wiley & Sons, 1996.6. Commerce Clearing House. "Should Your Company Encourage Mentoring?”
Human Resources Management: Ideas and Trends, 1994.7. Carlos Walter Aumond. "Ampliar Conhecimentos Evita Desemprego". Caderno de
Empresas, O Estado de SP, 1998.8. T.G. Gutteridge, Z.B.Leibowitz e J.E.Shore. “Organizational Career Development:
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9. R. Tucker e M. Moravec. "Do-it-yourself Career Development", Training Magazine, 1992.
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11. Thomas Cummings e Christopher Worley. “Organization Development and Change”, Minneapolis, West Publishing Co., 1993.
12. John R. Schermerhorn, Jr. “Basic Organizational Behavior”, NY, John Wiley & Sons, 1995.
13. Stephen P. Robbins. “Organizational Behavior: Concepts, Controversies, Applications”, Englewood Cliffs, NJ, Prentice Hall, 1996.
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